8/2/2019 Na Ilha Chamada Triste - J.T.Parreira - Poesia Evanglica
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J. T. Parreira
Poemrio
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Na Ilha Chamada Triste
Sumrio
Apresentao 3
Chegada 5
Agreste 6Dirio Mnimo 7
Amanhecer 8
Exteriores 9
Domingo 10
A Viso de Patmos 11
A Viso 12Uma cidade entre as vises 13
Um rio entre as vises 14
Chuva na Ilha 15
Inverno do nosso exlio em
Patmos 16
Visita dos velhos amigos 17
Visitas 18
Poesia Final 19
O poeta 20
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Apresentao
Raro tecelo potico encontramos na pessoa dopoeta J. T. Parreira. Expoente da assim chamadaNova Poesia Evanglica, movimento de renovaodeflagrado na dcada de 70 pelo poeta Joanyr deOliveira, no Brasil, tendo em Portugal Parreira comoseu co-signatrio e promotor em conjunto com o
jovem poeta Brissos Lino. JTP contabiliza j mais dequatro dcadas de singular produo potica. E digotecelo pela habilidade do bardo em utilizar-se dostomos-palavras, e recri-los enquanto tecido,matria-prima para formar poemas que por diversasvezes chegam quele cume ideal que seconvencionou chamar poesia maior. E alm de
mestre da tecelagem, o poeta fez-se tambm mestredo corte, verdadeiro alfaiate ao dar-lhe (ao verso) ajusta forma, com a maestria da conciso, que tantasvezes o ouro da poesia. E poesia, riqussima em suasnuances de significado e sonoridade, o que o leitorencontrar aqui neste a um tempo conciso e vasto
poemrio.Nos 16 poemas que compem este opsculo, iniciadono Recife, defronte do mar, em Abril de 1995, econcludo em Aveiro pelo mesmo ano, o poeta enfeixaas vozes de uma Patmos do Exlio e suacompanheira sequaz, seu quase duplo que a
Solido. Ilha (e ilha interior) da pura contemplao do
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profeta (apstolo Joo) e do poeta (JTP) que
produzem num a Revelao (Apocalipse), que comseu tesouro de ora literalidade, ora alegoria, nos traza Advertncia e a Esperana; e noutro a poesia quere-conta, re-vive, re-vigora e trans-vigora com a vervede sua voz potica as vivncias do Apstolo em seuexlio insular.
Eis-nos Patmos, (uma) estranha ilha (chamada)
Triste, mas de uma tristeza segundo Deus (2Co7.10), que opera em seu fim a salvao.
pois com imenso prazer que venho a editorar eapresentar, neste formato de e-book, este singelo eat aqui indito presente aos apreciadores da
verdadeira Ars Poetica.
Sammis Reachers
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Chegada
Patmos esconde a durezaSob o espelho das guas.A superfcie olhacom o olhar da pedra ao sol.
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Agreste
Os meus olhos suavizam a ilhaCmplices da florQue o mar alimenta nas rochas;
SolitrioComigo o meu velho corao
Carregado de lembranasQue um anjo ps dentro, no Cu.
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Dirio Mnimo
O sol est de novo no poenteO mar afunda-se com o solNuma abertura de luzDepois, a noite deixaA sensao da ilha no ter fim.
Rosas, jasmins, violetas so odoresQue no podemos seno tactearO anoitecer na ilha um cheiroQue est no mar.
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Amanhecer
Todo um rebanho de cabras o cheiro que a manh acabaDe levantar na ilha.
O pastor uma figura grcilParece voltil com a poeira
Com as pedras semeadasEntre razes.
Acordo os meus olhosPara eles vencerem um rebanhoQue j vai enchendo o dia
De rudos, balindo, bulindoA solido da ilha.
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Exteriores
Mandem-me de feso um pouco de salDa nossa terra venha um pergaminhoDesenrolar maravilhas,Tragam tambm um cntico para passarNo corao a voz dos irmos,Mandem todo o fogo que ardia
Do primeiro amor,Um cheiro do anoitecer no vento,Mandem-me para amenizar o azulQuente que vem do mar.
Queria tambm que as trevas
No enchessem o pouco verdeda ilha.
Enviem-me pssaros para fazerDas asas as sombras do vento,A frescura quando assento
Nas pedras, o silncio do olhar.
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Domingo
No est longe, um pouco maisdo escuro a dissipar-seentre as estrelas, erguereimeu corpo ento da pele da cama
E pisarei o vento que teima
em meter entre as fendas, no silncioa nostalgia
H vozes que ouo no interiorque espreitam no meu coraoNenhuma delas temo, antes me alivia
da minha solido
O domingo comea no cu de Patmosque vai estar ao alcance da minha mo.
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A Viso de Patmos
O poeta estende os braos para o arda ilha, para encontrar uma brisaque venha refrescar a respirao
O poeta ainda no sabiaque iria descer no cu
que escutaria a voz do anjodeixando em seus ouvidosmaravilhas.
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A Viso
Voltei-me para escreverComo meter nas palavrascom to pouco espaotoda a vistapara a eternidade?
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Uma cidade entre as vises
E vi a cidade que desciatrazendo o cuao nortedo Trpico de Cncerpara acabar com o hbitoda morte
E eu, Joo, vi a cidadeque uma grande voz no cu
Em redor da sua praao vidro treme
como gua no cristal
A luz lavaa palavra noitee h rostoscomo que voltando do sol.
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Um rio entre as vises
Passa um rio na claridadedo vidro, sem peixes e sem algas um rio que passa minha vida, de olhar as guas
Talvez os anjos lhe toquem
nas suas margens flautase cavalos em brancos saltoscomo nos sonhos dos homens
um rio que lembra o artranquilo das margens
dos anjos sem vestgiosde asas um rio sobre coisas claras.
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Chuva na Ilha
Caa uma chuva do Universo
E dos baixosrelevos dos frontes das casascom figuras esculpidas numa lutaem mrmore, e pedras
a tomar nas aves o lugardas asas
Uma chuva flor das nuvensque descem para espreitarnas vidraas
A chuva que caa do Universoe das goteiras das casas.
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Inverno do nosso exlio em Patmos
Desde ento tem chovidomuito sobre as ruas de Patmospedras suspensas entre lamasparecem boiarentre o que resta das guas
Toda a minha mobliaficou na ltima jornadaMeus olhos ficaram no cuminha mo direita est prontapara trazer o que vi
Todo o meu material celesteagora se resumea esta chuva no meu coraoe no solo rido.
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Visita dos velhos amigos
Nenhum velho amigo desata a noitedos fios da chuva e vem visitarcurvado ao vento e aos tojoso meu corao que chovesangue por dentro
Nenhum velho amigo vir das mosembriagadas de Domicianonenhuma companhia de amigovir sempre que nasa o cucom tanta luz, at nossos olhosarderem ao sol que branqueia as casas
De longe nenhum velho amigovir falar-me do fundo do peitono qual minha cabea reclinava.
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Visitas
Entra el campo a mi quartoOctavio Paz
No s o cheiro das pedrasentra atravs da noite no meu quarto
O mar que atiraum cheiro subtil a espumacontra as rochas
As plumas que descansam dos seus voosa erva onde o orvalho deita prolas
rente ao cho, o silncioque entre as rvores enche o espaovisitam o meu quarto
At as flores rompem o sal e a guaque o vento entorna nas paredes
e entram frente de outros cheirosno rastro do meu sono
Tambm a noite entra, lado a ladoas estrelas entram e arrumamsua luz aos poucos no meu quarto.
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Poesia Final
E no escolho mais as minhas visesMrio de Andrade
Estava sentado em certo lado do CuDepois acometido de um ventoMeu olhar entrou com o devagar
da minha velhice no azul.
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O Poeta
J.T.Parreira (Joo Tomaz Parreira, Lisboa, 1947-)
Joo Tomaz (do Nascimento)Parreira, Lisboa, 1947. poeta eescritor. Autor de 5 livros de poesiae um ensaio teolgico e participaoem Antologias. Escreve na revistaevanglica Novas de Alegriadesde 1964 e no Portal da AlianaEvanglica Portuguesa. Na
juventude escreveu poesia e artigosno suplemento juvenil do"Repblica", entre 1970-1972, sob a
direco de Raul Rego. Tendocomeado em 1965 tambm noJuvenil do "Dirio de Lisboa", deMrio Castrim. Est representadono Projecto Vercial, a maior base dedados da literatura portuguesa.
Mantm os blogs Poeta Salutor ePapis na Gaveta, e colabora emLiricoletivo e na Confeitaria Crist.
http://novasdealegria.capu.pt/http://www.portalevangelico.pt/http://www.portalevangelico.pt/http://www.poetasalutor.blogspot.com/http://www.papeisnagaveta.blogspot.com/http://www.papeisnagaveta.blogspot.com/http://liricoletivo.blogspot.com/http://www.confeitariacrista.blogspot.com/http://www.confeitariacrista.blogspot.com/http://liricoletivo.blogspot.com/http://www.papeisnagaveta.blogspot.com/http://www.poetasalutor.blogspot.com/http://www.portalevangelico.pt/http://www.portalevangelico.pt/http://www.portalevangelico.pt/http://novasdealegria.capu.pt/