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Projeto:
Módulo 1I / 2015.2
PIBID-UEPB/LETRAS
Nome:___________________________________________________________________________Série:___
Endereço:_________________________________________________________________________Nº:_____
E-
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Universidade Estadual da Paraíba-UEPB
Programa institucional de Bolsa de Iniciação à Docência-PIBID
Subprojeto Letras-Língua Portuguesa
Escola de Atuação: E.E.E.F.M Caic José Joffily
Coordenadora de Área: Magliana Rodrigues da Silva
Supervisora: Alessandra Magda de Miranda
Docentes: Fernanda Félix
Joseilma Barros
Renally Arruda
Roberlânia Barbosa
Roberta Tiburcio
Projeto:
Nas Trilhas da Língua Portuguesa: o texto em foco
A vida não é a que a gente viveu, e sim a que a gente recorda, e como recorda para contá-la (Gabriel Garcia Márquez) –Viver para
contar
TEMÁTICA: UM OLHAR ÍNTIMO SOBRE A CULTURA PARAIBANA
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UMA MENSAGEM PARA VOCÊ:
Caro (a) aluno(a),
O Projeto Nas Trilhas da Língua Portuguesa: o texto em foco tem a honra de recebê-lo(a) como integrante da nossa equipe. Hoje, você faz parte do projeto que a cada dia obtém melhores resultados do trabalho desenvolvido nas escolas selecionadas. Esperamos que aproveite ao máximo essa oportunidade que surgiu em sua vida.
Este módulo contém uma coletânea de textos e de informações relacionadas à Língua Portuguesa, cujo objetivo é servir de apoio para as discussões e análises a serem realizadas neste primeiro período. Iniciaremos conhecendo um pouco mais sobre a nossa terra paraibana, refletiremos a respeito de nossas raízes históricas estudando sobre um grupo que foi e é tão importante para o nosso estado, mas que é muito desvalorizado, o grupo afro-brasileiro. Posteriormente conheceremos mais sobre a nossa cidade de Campina Grande e descobriremos quais os mistérios envolvidos na constituição da cultura campinense e sua relação com a história da Paraíba como um todo.
Esperamos contar com a sua presença durante todo o ano, para podermos juntos desenvolver ainda mais os nossos conhecimentos, tanto a respeito do estado, quanto sobre a língua portuguesa. Sendo assim, organize sua bagagem, deixe um espaço para o conhecimento e vamos embarcar nessa viagem trilhando caminhos paraibanos!
Atenciosamente: As professoras
CONTATOS DO PROJETO:
Blog: http://nastrilhasdalinguaportuguesa.blogspot.com.br/
Página: https://www.facebook.com/nastrilhasdalinguaportuguesauepb?fref=ts
Perfil no Facebook: https://www.facebook.com/NasTrilhasdaLinguaPortuguesa?fref=tsGrupo no Whatsaap : Alunos do Pibid. Administradores: Joseilma (83)99190-1981; Fernanda (83)99193-4839; Renally (83)98743-6552; Roberlânia (83) 98116-3740; Roberta (83)99147-2940.
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(RE) APRESENTANDO A PARAÍBA
PARAÍBA, SIM SENHOR!
Paraíba, sim senhor!
Do meu querido sertão,
Das terras de Santa
Helena,
Antes, Canto do Feijão,
Uma cidade pequena,
Mas de grande coração.
Sou Paraíba seu moço
Cheio de orgulho e fé,
Que admira o burro
brabo,
A cachaça, o arrasta-pé,
O repente, a vaquejada,
A cantoria, a embolada,
E é chamado de seu Zé.
Paraíba, sim senhor!
Amante da poesia,
Que preza o bom forró
A qualquer hora do dia,
Aprecia o raiar do sol,
O canto do rouxinol
E as cantigas de Maria.
Em diversas regiões
A Paraíba é dividida:
Litoral, agreste, brejo
E não deve ser esquecida
As terras do meu sertão,
Orgulho da minha vida.
É bem provável que eu
Aqui deixe de citar
Personagens e/ou fatos,
Mas queira me desculpar,
Dei preferência aos
relatos
Que consegui me lembrar.
Na minha terra há o
cultivo
De arroz, milho e feijão,
Fartura de abacaxi,
Um dia foi o algodão.
Tem tanta riqueza aqui
Só falta distribuir
Tudo isso com o povão.
Planta-se a mandioca,
O sisal pra exportação
E a cana de açúcar
É levada em caminhão
Pro porto de Cabedelo
Para que o estrangeiro
Compre nossa produção.
A Paraíba é linda,
Mas convive com uma
tristeza,
É que uma parte do povo
Vive em grande pobreza,
O muito fica com poucos,
Que defendem como
loucos
Toda a sua realeza.
Pra acabar com a miséria
Há mais que uma solução:
Quando botarmos um fim
Nessa tal corrupção;
Quando elegermos
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políticos
Honestos para a nação.
Deu no jornal que um
estudo
Foi feito e nos mostrou
Que se a nossa rica classe
Tivesse um pouco de
amor
O mínimo que ela doasse
Acabava com o clamor.
Eram quatorze reais
O preço para ajudar,
Pra acabar com a
indigência,
Para a fome se matar;
E me diga se por mês
No bolso de um burguês
Esse valor ia faltar?!
Tem muita gente
sofrendo,
Esquecida e humilhada:
Os negros, os indigentes,
Os índios, a garotada,
A população carente,
Que quando fica doente,
Sabe o que é ser
maltratada.
A justiça é um reflexo
Do que ocorre no Brasil,
Mataram a Margarida
E até hoje não se viu
Nenhum usineiro punido,
Ou um capataz servil.
Só que o povo é sempre
humilde,
Gentil e acolhedor,
Recebe bem o turista
Faz o possível que for
Pra tratar uma visita
Com o saber de um
professor.
Por falar em professor
Esse aqui é esquecido,
Ganha um salário de
morte,
Zoada no pé do ouvido,
E entregue a própria sorte,
Vive estressado e sem
norte,
Mas nunca será vencido.
Há riquezas magníficas,
Brincadeiras populares,
Folclore e danças típicas,
Um rebanho de muares,
De gado e de ovinos,
De leitão e asininos
Pelos centros populares.
Nós temos aqui também
Muita gente de destaque,
Que divulga a terrinha
Até mesmo no Iraque
Ao citar nossa caninha,
Nossa música e nosso
charque...
Ao falar que há riquezas,
Patrimônio cultural,
A beleza arquitetônica
Da era colonial,
As bençãos da natureza
Do sertão ao litoral.
O Vale dos Dinossauros,
Em Sousa nós o
encontramos.
Lá na Pedra de Ingá,
A Pré-História estudamos.
Já o rio Sanhauá,
Foi por onde começamos.
Temos o Pico do Jabre,
O mais alto do Nordeste.
Cajazeiras é linda,
Localizada a oeste,
Onde há mais que o
tabuleiro
E a sombra do juazeiro,
Símbolos do cabra da
peste.
Durante o mês de junho
Tem festa em Campina
Grande.
Pelas ruas tem forró
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E onde quer que a gente
ande
A conversa é uma só:
- Vem aí a "Micarande"!
Em João Pessoa nós
temos
Ponto mais oriental
Da América do Sul
É verdade, é cabal,
Chama-se Ponta do
Seixas,
Onde o sol primeiro deixa
Claridade colossal.
Aqui o sol nasce primeiro;
A cidade arborizada
É a segunda do planeta;
Uma gente abençoada
Que branca, índia ou preta
Preconceito não aceita,
Nem também ser
humilhada.
Humilhação me aborrece
E me faz entristecer
Quando zombam do meu
povo
Na rua, rádio ou tv
E ao chamar de Paraíba
Com o intuito de desfazer.
O jogador do São Paulo
Denominado de França
Falou mal da nossa gente
Um bocado de lambança,
No rádio um cabra falou:
" - Ele não venha aonde
vou
Se não lhe ensino uma
dança!"
Um tal de Alexandre Pires
Comentou que por aqui
Só havia mulher feia
E só pra se distrair
Falou mais outras
besteiras,
Só que achou uma
pedreira
Que dá vontade de rir.
No programa Jô Soares
Ele queria se mostrar
Chamou uma bela moça
Para seu disco doar,
Só que ele deu azar,
Pois era uma paraibana,
Em atitude bacana
Jogou no chão o CD
E explicou o porquê:
- É Só Pra Contrariar.
É preciso enfrentar
Com coragem o
preconceito
E saber argumentar,
Ir ao juiz de direito
Pra poder denunciar
Engraçadinho que achar
Que Paraíba é um defeito.
Paraíba tem é poetas!
Um celeiro é Monteiro.
Flávio José se destaca
Tal como flor em canteiro
Ao cantar o seu forró
Que toca no mundo
inteiro.
E falando em qualidade
É necessário citar
Elba e Zé Ramalho;
Chico César, Pedro
Osmar,
Fuba, Vital Farias,
Renata Arruda e eu diria:
Gente boa pra danar.
Que dizer de um Sivuca,
De um Herbert Viana,
São artistas dos melhores
Das terras paraibanas,
Que estão sempre nas
paradas
E suas músicas gravadas
Por muita gente bacana?
Temos Washington
Espínola,
Flamarion e Dornelas.
Na poesia e na música:
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Oliveira de Panelas;
Cordelistas em Campina
Homem, mulher e
menina,
Cada estrofe uma coisa
bela.
Jocélio Amaro, Amazan,
Vera Lima, no
estrangeiro,
Por ano vai divulgar
O nosso cancioneiro.
Ceiça Farias e tantos
Anônimos compositores
Afirmam que ente os
autores,
Grande é Jackson do
Pandeiro.
O Assis Chateaubriand
Hoje é vulto histórico.
O pintor Pedro Américo,
Foi um professor heróico.
O nosso Augusto dos
Anjos,
Que não tocava um banjo,
Inventou versos
melódicos.
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Já Epitácio Pessoa
Chegou até a Presidência;
O escritor Zé Lins do
Rêgo
Deixou obras de decência;
Zé Américo foi Senador,
Ministro, Governador,
Literato na essência.
Na poesia de cordel
Nós somos a tradição,
Leandro Gomes de
Barros
Foi quem fez divulgação
Em Pombal,
primeiramente,
E depois a toda gente
Do Nordeste da nação.
Um bocado de artista
No mundo se destacou:
Flávio, um campinense,
Na França é restaurador;
Zé Lezin é humorista;
Marcélia já tá na lista
Das atrizes de valor.
No esporte há quem fale
Da Paraíba com carinho:
Jogador de futebol
De Bilica e Marcelinho,
Mas Júnior e Nelson
Piquet
Parecem se esquecer
Do início do caminho.
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Mesmo fazendo "sucesso"
Há coisa que não me
agrada.
No brega eu não ingresso,
Nem na música estilizada
Que teimam em chamar
forró,
Mas nem na caixa bozó
Ela é assim avaliada.
Por isso que dessas
bandas
Não vou relacionar
Nenhuma, porque pra
mim
Elas só pensam em lucrar
Fazendo música ruim
Misturando água e capim
Como se fosse manjar.
Por aqui ainda há seca
Que castiga os animais,
Destruindo a plantação
Cada dia, sempre mais,
Tirando o homem do
campo
Pra sofrer nas capitais.
O nosso homem da roça,
O vaqueiro, o artesão
E também o pescador
Sonham com a irrigação,
Pois não há necessidade
De ir embora pras
cidades,
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Largando seu velho chão.
A irrigação ao chegar,
Para todos atender,
Teremos grande mudança
Acaba o padecer.
A seca será herança,
Guardada só na
lembrança,
Mas que vamos esquecer.
Enquanto isso não vier
Não adianta ilusão,
É preciso organizar
O povo num mutirão
Pra cobrar da autoridade
A nossa felicidade,
Que é ser visto cidadão.
Conquistar cidadania
Começa em ter
consciência
Que é necessário acabar
Com a fome, com a
violência,
Tirar da rua as crianças,
Que vivem sem
esperanças,
Quando estão
abandonadas
E por serem maltratadas
Caminham pra
delinqüência.
Há que se querer também
Cuidar bem dos
esquecidos,
Do Sem-terra, do Sem-
teto,
Não importando o partido,
Acabar com a pobreza,
Dividindo a riqueza
Com todo o pobre sofrido.
Pois é, meu caro leitor,
A coisa tem que mudar,
O povo da Paraíba
Não pode se maltratar
E ao sofrer o preconceito,
Humilhação, desrespeito
Não deve mais se calar.
Aos poucos aprenderemos
A exigir e a falar,
Inda há muito o que fazer,
Tanto para conquistar,
Mas primeiro é bom saber
Como a gente escolher
Candidato pra votar.
Só que isso não é fácil
É preciso ser astuto,
Pois aqui o que mais tem
É político corrupto,
Um doutor em enganar,
Que é capaz de comprar
Do sabido ao matuto.
Veja só o que aconteceu
Com alguns desses
danados:
Um deixou mais de 6
meses
O pagamento atrasado
Do pobre do funcionário
Que trabalha no Estado.
Um dos que eu conhecia
Foi à escola que eu
estudava,
Prometeu que entregaria
Seu registro que faltava
Do órgão da educação,
Mas depois da eleição,
Só o diabo o encontrava.
Outro, tinha a proposta:
Fim da aposentadoria
Pra quem era deputado,
Pra variar, quem diria,
Ele ao não se reeleger
Foi direto receber
O que antes não queria.
De repente eu me
pergunto:
Em quem vou acreditar,
Quem eu achava ter ética
Foi me decepcionar?
Porém sou um otimista,
Ainda vejo um governista,
Povo pobre respeitar.
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Será que impossível?
Não, o povo tem o poder!
E mesmo devagarzinho
Mudo eu, muda você,
Se erramos numa ocasião,
Numa outra eleição
Não é para acontecer.
Pois o nosso povo é forte,
Digo e não me engano.
Quem tem fama de
valente
Igual ao paraibano?
Só lhe falta a patente
De sempre ser
independente
De todo tipo de insano.
É uma difícil conquista,
Mas só depende de nós,
Que temos de nos unir,
Não podemos ficar sós,
O certo é exigir
Respeito, pra garantir
Melhor vida pra criança,
Muita saúde, bonança
Pro adulto e pros avós.
FIM
(Francisco Diniz)
Disponível em: http://www.projetocordel.com.br/novo/paraibasimsenhor.htm. (Acessado em 02-09-
2015)
Guerreiro do Quilombo(Mestre Barrão)
RAÍZES DA CULTURA AFRICANA
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Sou Guerreiro do Quilombo, QuilombolaLê lê lê ô
Eu sou Negro dos Bantos de AngolaNegro nagô
Fomos trazidos pro BrasilMinha família separou
Minha mana foi vendidaPra fazenda de um senhor
O meu pai morreu no troncoNo chicote do feitor
O meu irmão não tem a orelhaPorque o feitor arrancouNa mente trago tristezaE no corpo muita dor
Mas olha um diaPro quilombo eu fugi
Com muita luta e muita garraMe tornei um guerreiro de Zumbi
Ao passar do tempo
Pra fazenda eu retorneiSoltei todos os escravosE as senzalas eu queimei
A liberdadeNão tava escrita em papelNem foi dada por princesa
Cujo nome IsabelA liberdade
Foi feita com sangue e muita dorMuitas lutas e batalhasFoi o que nos despertou
Sou Guerreiro do Quilombo QuilombolaLê lê lê ô
Eu sou Negro dos Bantos de AngolaNegro nagô
Sou Guerreiro do Quilombo QuilombolaLê lê lê ô
Eu sou Negro dos Bantos de AngolaNegro nagô
Disponível em: http://www.vagalume.com.br/mestre-
barrao/guerreiro-do-quilombo.html#ixzz3k2OQMx6Z (acesso em
29/08/2015 as 14h:32 min)
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Totonha
(Marcelino Freire )
Capim sabe ler? Escrever? Já viu cachorro letrado, científico? Já viu juízo de valor? Em quê? Não quero aprender, dispenso.
Deixa pra gente que é moço. Gente que tem ainda vontade de doutorar. De falar bonito. De salvar vida de pobre. O pobre só precisa ser pobre. E mais nada precisa. Deixa eu, aqui no meu canto. Na boca do fogão é que fico. Tô bem. Já viu fogo ir atrás de sílaba?
O governo me dê o dinheiro da feira. O dente o presidente. E o vale-doce e o vale-linguiça. Quero ser bem ignorante. Aprender com o vento, ta me entendendo? Demente como um mosquito. Na bosta ali, da cabrita. Que ninguém respeita mais a bosta do que eu. A química.
Tem coisa mais bonita? A geografia do rio mesmo seco, mesmo esculhambado? O risco da poeira? O pó da água? Hein? O que eu vou fazer com essa cartilha? Número?
Só para o prefeito dizer que valeu a pena o esforço? Tem esforço mais esforço que o meu esforço? Todo dia, há tanto tempo, nesse esquecimento. Acordando com o sol. Tem melhor bê-á-bá? Assoletrar se a chuva vem? Se não vem?
Morrer, já sei. Comer, também. De vez em quando, ir atrás de preá, caruá. Roer osso de tatu. Adivinhar quando a coceira é só uma coceira, não uma doença. Tenha santa paciência!
Será que eu preciso mesmo garranchear meu nome? Desenhar só pra mocinha aí ficar contente? Dona professora, que valia tem o meu nome numa folha de papel, me diga honestamente. Coisa mais sem vida é um nome assim, sem gente. Quem está atrás do nome não conta?
No papel, sou menos ninguém do que aqui, no Vale do Jequitinhonha. Pelo menos aqui todo mundo me conhece. Grita, apelida. Vem me chamar de Totonha. Quase não mudo de roupa, quase não mudo de lugar. Sou sempre a mesma pessoa. Que voa.
Para mim, a melhor sabedoria é olhar na cara da pessoa. No focinho de quem for. Não tenho medo de linguagem superior. Deus que me ensinou. Só quero que me deixem sozinha. Eu e minha língua, sim, que só passarinho entende, entende?
Não preciso ler, moça. A mocinha que aprenda. O doutor. O presidente é que precisa saber o que assinou. Eu é que não vou baixar minha cabeça para escrever.
Ah, não vou.
Disponível em: http://a-letreira.blogspot.com/2011/06/totonha.html (Acesso em 29-08-2015)
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SOBRE O CONTO:
Estrutura do Conto
1 – Unidade dramática2 – Unidade de tempo3 – Unidade de espaço4 – Número reduzido de personagens5 – Diálogo dominante6 – Descrição e narração (tendem a anular-se)7 – Dissertação (praticamente ausente)
CONTO – História completa e fechada como um ovo. É uma célula dramática, um só conflito, uma só ação. A narrativa passiva de ampliar-se não é conto.Poucas são as personagens em decorrência das unidades de ação, tempo e lugar. Ainda em consequência das unidades que governam a estrutura do conto, as personagens tendem a ser estáticas, porque as surpreende no instante climático de sua existência. O contista as imobiliza no tempo, no espaço e na personalidade (apenas uma faceta de seu caráter).O conto se semelha a uma tela em que se fixasse o ápice de uma situação humana.
ESTRUTURA - É essencialmente objetivo, horizontal e narrado em 3ª pessoa. Foge do introspectivismo para a realidade viva, presente, concreta.Divagações são escusadas. Breve história. Todas as palavras hão de ser suficientes e necessárias e devem convergir para o mesmo alvo. O dado imaginativo se sobrepõe ao dado observado. A imaginação, necessariamente presente, é que vai conferir à obra o caráter estético. Jamais se perde no vago. Prende –se à realidade concreta. Daí nasce o realismo, a semelhança com a vida.
LINGUAGEM – Objetiva; utilizar metáforas de imediata compreensão para o leitor; despe-se de abstrações e da preocupação com o rebuscamento.O conto desconhece alçapões subterrâneos ou segundas intenções. Os fatos devem estar presentes e predominantes. Ação antes da intenção. Dentre os componentes da linguagem do conto, o diálogo é o mais importante de todos. Está em primeiro lugar; por dramático, deve ser tanto quanto possível dialogado.Os conflitos, os dramas residem na fala das pessoas, nas palavras ditas, etc.
TRAMA - Linear, objetiva. A cronologia do conto é a relógio, de modo que o leitor vê os fatos se sucederem numa continuidade semelhante à vida real.O conto, ao começar, já está próximo do epílogo. A precipitação domina o conto desde a primeira linha. No conto, a ação caminha claramente à frente. Todavia, como na vida real, que pretende espelhar, de um momento para o outro deflagra o estopim e o drama explode
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imprevistamente. A grande força do conto e o calvário dos contistas consiste no jogo narrativo para prender o interesse do leitor até desenlace, que é, regra geral, um enigma.
O final enigmático deve surpreender o leitor, deixar-lhe uma semente de meditação ou de pasmo perante a nova situação conhecida. A vida continua e o conto se fecha sem uma sequência determinada. Casos há em que o enigma vem diluindo no decorrer do conto. Neste caso ele se aproxima da crônica ou corresponde a episódio de romance.
FOCO NARRATIVO – 1ª e 3ª pessoa. O conto transmite uma única impressão ao leitor. Começo e epílogo: O epílogo do conto é o clímax da história. Enigmático por excelência, deve surpreender o leitor. O contista deve estar preocupado com o começo, pois das primeiras linhas depende o futuro do resto, do que terminar.O começo está próximo do fim. E o contista não pode perder tempo com delongas que enfastiam o leitor, interessado no âmago da história.O início é a grande escolha. O contista deve saber como começar, o romancista.A posição do leitor diante do conto é de quem deseja, às pressas, desentediar – se. Ele procura no conto o desenfado e o deslumbramento perante o talento que coloca em reduzidas páginas tanta humanidade em chama.O contista sacrifica tudo quanto possa perturbar a ideia de completude e unidade.
CONCLUSÃO
A narrativa passível de ampliar-se ou adaptar-se a esquemas diversos, ainda que o seu autor a considere, impropriamente, não pode ser classificada de conto.
Disponível em: http://www.asesbp.com.br/literatura/conto.htm (Acesso em 29-08-2015)
Taxa de analfabetismo entre negros é maior, aponta relatório
Negros têm pior desempenho escolar e condições de ensino precárias.Estudo foi feito por laboratório ligado à UFRJ.
Estudo feito pelo Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (Laeser), instituto ligado ao Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE-UFRJ), aponta que a taxa de analfabetismo entre os negros é maior do que o dobro entre a população branca. Dos 6,8 milhões de analfabetos em todo o país que frequentam ou tinham frequentado a escola entre 2009 e 2001, 71,6% são pretos e pardos.
O resultado é parte do 2º Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil: 2009-2010 divulgado nesta terça-feira (19). A pesquisa trata, fundamentalmente, dos direitos sociais da
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população brasileira em relação à Constituição Brasileira de 1998 e a evolução das diferenças de cor ou raça e gênero desde o momento de sua promulgação. A primeira edição foi publicada em 2008.
O relatório aponta também que jovens afrodescendentes são mais expostos ao abandono escolar e à frequência à escola em idade superior à desejada. Em 2008, das crianças entre 6 e 10 anos, 45,4% não estudava na série adequada. Entre os brancos este percentual era de 40,4%, e entre os pretos e pardos, alcançava quase metade do contingente.Entre as crianças de 11 e 14 anos, o problema de repetência e abandono se torna ainda pior, pois 55,3% não estudavam na série correta. Entre os jovens brancos este percentual era de 45,7%. Entre os jovens pretos e pardos chegava a 62,3%
O estudo aponta que a taxa de crianças negras estudando em escolas públicas é de 90% (80% das crianças brancas estão nas escolas públicas). Mais de um terço das escolas públicas frequentadas por alunos negros tem ou nenhuma ou pouca condição de adequação de infraestrutura. Nem 20% têm condições de segurança boa ou muito boa.Existe um imenso abismo entre as condições das escolas privadas e das escolas públicas, de acordo com o estudo. Por exemplo, em 2005, na 4ª série do ensino fundamental, 35,4% dos estudantes dos estabelecimentos públicos estudavam em escolas com 'pouca ou nenhuma adequação', ao passo que nas escolas particulares este percentual era sete vezes menor (5,0%).
O acesso à escola também afeta as crianças negras com menos de 6 anos. O relatório mostra que 84,5% das crianças negras de até 3 anos não frequentavam creches; 7,5% das crianças negras de 6 anos estavam fora de qualquer tipo de escola e apenas 41,6% estavam no sistema de ensino seriado.Entre os brancos, 79,3% das crianças com menos de 3 anos não frequentavam creches; 4,8% das crianças de 6 anos estavam fora da rede de ensino e 49% já frequentava o ensino seriado
O estudo aponta que nos últimos 20 anos também houve avanços. A média de anos de estudos das pessoas pretas e pardas acima de 15 anos passou de 3,6 anos de estudo, em 1988, para 6,5, em 2008. Entre os brancos, a taxa subiu de 5,2 para 8,3 anos de estudoEm 2008, a taxa de cobertura da rede escolar para as crianças pretas e pardas foi de 97,7%; contra 98,4% entre os brancos.
Disponível em : http://g1.globo.com/educacao/noticia/2011/04/taxa-de-analfabetismo-entre-negros-e-maior-aponta-relatorio.html (Acesso em 27-08-2015)
Sobre a Notícia:
Em virtude de a notícia compor a categoria preconizada pelo ambiente jornalístico, caracteriza-se como uma narrativa técnica. Tal atribuição está condicionada principalmente à natureza linguística, pois diferente da linguagem literária, que, via de regra, revela traços de intensa subjetividade, a imparcialidade neste âmbito é a palavra de ordem.
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Assim sendo, como a notícia pauta-se por relatar fatos condicionados ao interesse do público em geral, a linguagem necessariamente deverá ser clara, objetiva e precisa, isentando-se de quaisquer possibilidades que porventura tenderem a ocasionar múltiplas interpretações por parte do receptor.
De modo a aprimorar ainda mais os nossos conhecimentos quanto aos aspectos inerentes ao gênero em foco, enfatizaremos sobre seus elementos constituintes:
Manchete ou título principal – Geralmente apresenta-se grafado de forma bem evidente, com vistas a despertar a atenção do leitor.
Título auxiliar – Funciona como um complemento do principal, acrescentando-lhe algumas informações, de modo a torná-lo ainda mais atrativo.
Lide (do inglês lead) - Corresponde ao primeiro parágrafo, e normalmente sintetiza os traços peculiares condizentes ao fato, procurando se ater aos traços básicos relacionados às seguintes indagações: Quem? Onde? O que? Como? Quando? Por quê?
Corpo da notícia – Relaciona-se à informação propriamente dita, procedendo à exposição de uma forma mais detalhada no que se refere aos acontecimentos mencionados.
Diante do que foi exposto, uma característica pertinente à linguagem jornalística é exatamente a veracidade em relação aos fatos divulgados, predominando o caráter objetivo preconizado pelo discurso.
Disponível em: http://www.portugues.com.br/redacao/anoticiaumgenerotextualcunhojornalistico.html ( Acessado em 06-09-2015)
Sobre o Texto Narrativo:
O texto narrativo apresenta uma história vivida por determinadas personagens, um tempo e um lugar definidos. Um narrador conta a história. Quando há trechos descritivos, servem para que o leitor visualize melhor os acontecimentos narrados.Narração:Quem “fala” – narradorConteúdo – ações, acontecimentos
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Objetivo – relatar
Referência: SARMENTO, Leila Lauar. TUFANO, Douglas. Português: literatura, gramática, produção de texto. São Paulo: Moderna, 2004.
A estrutura do texto narrativo é composta de:
Apresentação Desenvolvimento Clímax Desfecho.
Os Elementos da Narrativa: Narrador - Quem narra a história. Dividem-se em: narrador-observador; narrador
personagem e narrador- onisciente. Enredo - É a estrutura da narrativa, ou seja, a trama em que se desenrolam as ações.
Pode ser: Enredo Linear, Enredo Não linear, Enredo Psicológico e Enredo Cronológico.
Personagens - São aqueles que compõem a narrativa. São classificadas em Personagens Principais (Protagonista e Antagonista) e Personagens Secundários (Adjuvante ou Coadjuvante).
Tempo - Marcação do tempo, data, momento, dentro da narrativa. O tempo pode ser Cronológico ou Psicológico.
Espaço - Local (s) onde a narrativa se desenvolve. Podem ocorrer num Ambiente Físico, Ambiente Psicológico ou Ambiente Social. Tipos de Narrador
Narrador-Personagem - A história é narrada em 1ª pessoa no qual o narrador é um personagem e participa da história.
Narrador-Observador - Narrado em 3ª pessoa, esse tipo de narrador conhece os fatos porém, não participa da ação.
Narrador-Onisciente - Esse narrador conhece todos os personagens e a trama. Nesse caso, a história é narrada em 3ª pessoa e quando apresenta fluxo de pensamentos dos personagens, a ação é narrada em 1ª pessoa. Tipos de Discurso Narrativo
Discurso Direto - No discurso direto, a própria personagem fala. Discurso Indireto - No discurso indireto o narrador interfere na fala da personagem.
Em outras palavras, é narrado em 3ª pessoa uma vez que não aparece a fala da personagem.
Discurso Indireto Livre - No discurso indireto-livre há intervenções do narrador e das falas dos personagens. Nesse caso, funde-se o discurso direto com o indireto.
Exemplos de Textos Narrativos
Importante frisar que dependendo da intenção do narrador, a narrativa pode ser elaborada nos discursos: direto, indireto e indireto-livre. Vejamos alguns exemplos:
Discurso Direto
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Discurso Indireto
Discurso Indireto Livre
Disponível em: http://www.todamateria.com.br/texto-narrativo/(Acessado em 06-09-2015)
Sexta-feira da paixão e a rezadeira - Glória Moura
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Meu avô gostava muito de caçar. Sexta-feira da Paixão, que é dia de oração e respeito, ele armou uma arapuca para pegar uma caça. Minha avó disse: -João, hoje não é dia para caça, fique quieto. Reze para o Cristo morto. -Que é isso minha velha, qualquer dia é dia de caça. -Vamos ver o que vai acontecer, disse ela. Meu avô ficou vigiando a arapuca, mas nenhuma caça apareceu. Ele ficou cansado e foi dormir, deixando a arapuca armada.
De noite ouviu-se muito barulho do lado de fora da casa, mas ninguém quis ir ver o que estava acontecendo. Pela manhã, quando meu avô foi ver a arapuca, tinha um diabinho preso nela. Ele levou o maior susto e foi buscar uma rezadeira para fazer o diabinho desaparecer. A rezadeira chegou e disse: - O senhor foi armar arapuca na sexta-feira da Paixão, por isso o diabinho apareceu. Se eu não rezar bem rezado ele vai ficar morando perto do senhor.
Ela começou a reza e teve muito trabalho para fazer o diabinho desaparecer. O meu avô nunca mais quis caçar na sexta-feira da Paixão.
Narrador: Vando Comunidade: Kalunga/GO
Ano: 2000 Pesquisadora: Gloria Moura
Referência:MOURA, Glória. Estórias quilombolas. 3.ed. Brasília: Caminho das Pedras, 2010.
O tambor de Mina – Glória Moura
Em São Luis, havia um terreiro assentado pelo pessoal que veio em navios muito antigos. Nesse lugar, realizava-se o Tambor-de-Mina: uma prática religiosa africana que cultuava as forças da natureza, que surgiam sob a forma de voduns, encantados e invisíveis. Eles apareciam para o pessoal do terreiro, para proteger, aconselhar e conversar. A comunidade rezava o terço em latim e cantava muitas músicas em língua africana, acompanhada de tambores. Cada comunidade do Tambor-de-Mina é chefiada por uma mãe-de-santo, que orienta os trabalhos e comanda as filhas-de-santo – designação usada para todas as iniciadas na religião.
D. Georgina conta que ainda pequena participou de uma cerimônia numa ilha, onde foi construída uma palhoça para esperar um navio que ia aportar. Os tripulantes iam saltando, desde o comandante até os cozinheiros.
Eram voduns, encantados ou invisíveis que vinham festejar com a comunidade. Uma vez na terra, dançavam a noite toda até que, de manhã, o navio virasse de popa. Aí todos embarcavam de volta, e os participantes do terreiro retornavam a São Luís.
Narradora: D. Georgina Comunidade: Santa Rosa dos Pretos, MA
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Ano: Junho/1987 Pesquisadora: Gloria Moura
Referência:MOURA, Glória. Estórias quilombolas. 3.ed. Brasília: Caminho das Pedras, 2010.
Portal do Ibase: Entrevista com Tania Pacheco
Flávia MattarDiego Santos
O II Seminário Brasileiro de Combate ao Racismo Ambiental, realizado no final de março, em Fortaleza, chegou ao fim com saldo positivo. Tania Pacheco, consultora do Projeto Brasil Sustentável Democrático (BSD) da Fase e organizadora do seminário, fala sobre os avanços conquistados com a realização do evento e mostra como o racismo ambiental está relacionado com conflitos urbanos, inclusive a remoção de favelas.
Ibase – O que é racismo ambiental e qual a sua relação com conflitos urbanos?
Tania Pacheco – Nós definimos racismo ambiental como “as injustiças sociais e ambientais que recaem de forma implacável sobre grupos étnicos vulneráveis ou vulnerabilizados (i.e., tornadas vulneráveis pela ação do capital) e outras comunidades, discriminadas por sua origem ou cor”. Essas injustiças estão democraticamente distribuídas entre as populações do campo e das cidades e podemos dizer que estão na própria origem dos conflitos urbanos que hoje presenciamos de forma crescente e, para muitos, ameaçadora.Se lembrarmos, por exemplo, que o Brasil tem hoje uma população 83% urbana e considerarmos a imensidão de seu território, uma pergunta óbvia se impõe. Por que apenas 17% dos brasileiros e das brasileiras continuam no campo? A resposta é dolorosamente simples: porque, de uma forma ou de outra, desde o início da nossa colonização, o capital os expulsou de seus locais de origem, de suas matas, florestas e terras, e forçou-os a buscar em outros locais uma sobrevivência em geral precária, em que são submetidos a uma exclusão quase obrigatória.
Ibase – Como se dá essa expulsão?
Tania Pacheco – Nos processos de expansão do modelo de desenvolvimento vigente, povos indígenas, remanescentes de quilombos, ribeirinhos, pescadores artesanais e uma série de outras comunidades tradicionais são sumariamente destituídos de seus direitos de cidadania.
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Suas terras são expropriadas (e junto com elas seus familiares, amigos, meios e modos de vida, práticas religiosas, cultura e tradições).
Muitas vezes, durante algum tempo, essas pessoas são ainda usadas, “em nome do progresso e do desenvolvimento”, para ajudar na destruição dos manguezais, para retirar as raízes das árvores que os acolhiam e alimentavam. São obrigados, para sobreviver, a participar da política de “terra arrasada” necessária à construção da estrutura básica para o estabelecimento dos grandes projetos de monoculturas, por exemplo.
Num segundo momento do processo de produção, tornam-se “mão-de-obra descartável”; viram indesejáveis a serem de alguma forma “invisibilizados”, quer pela violência, quer pela sumária expulsão. A partir daí, para alguns, principalmente povos indígenas, o suicídio será a solução. Mas para grande parte desses refugiados ambientais a procura da sobrevivência nos centros urbanos, maiores ou menores, acaba sendo a única alternativa.
Há algumas décadas, era comum, no interior do Brasil e principalmente no Nordeste, os tradicionais “serviços de alto-falantes da Matriz” serem usados para auxiliar na arregimentação de mão-de-obra barata para o Sul Maravilha, onde iriam trabalhar em ofícios menores, principalmente como peões de obra. Hoje, até mesmo isso virou coisa do passado. Mas legiões de migrantes internos continuam a fazer suas viagens. Não mais em busca do sonho da sobrevivência na grande cidade e da possibilidade de voltar às suas terras em condições de viver dignamente e/ou de auxiliar seus familiares, mas como não-cidadãos tornados párias, excluídos e marginalizados.
A cidade não mais os receberá de braços falsamente abertos, mas, ao contrário, como indesejáveis que irão se somar aos contingentes das favelas ou de áreas urbanas degradadas por lixões e depósitos de rejeitos tóxicos. Para muitos restarão a mendicância, a prostituição, a droga, a destituição dos últimos resquícios de cidadania. E isso em meio a uma opinião pública e a aparatos do próprio estado que os veem a priori como marginais, principalmente se forem negros. Para as mulheres, um epíteto distintivo: são mães de futuros marginais.
Ibase – Então é possível relacionar a remoção das favelas ao racismo ambiental…
Tania Pacheco – Sim. Anteontem, acompanhando via internet os comentários sobre Dandara, a ocupação que está se processando em Belo Horizonte, fiquei especialmente chocada com um comentário revelador, postado no YouTube.
Uma mulher comentava o fato com visível ódio, afirmando, em dado momento: “Vocês não estudam, vivem de bicos, põe(m) filhos no mundo sem condição, apesar dos programas de planejamento familiar do governo, não aprendem o simples ato de tomar um anticoncepcional, que também é doado! Um não basta, tem de parir uns três pelo menos! Um de cada pai! Adoram viver das migalhas do governo, as bolsas esmolas, e depois querem o que é dos outros porque não dão conta de suas vidas? Quem é honesto e trabalhador adquire
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as coisas, não rouba! A cidade está cheia de projetos e ONGs que fornecem tudo para vocês e suas crias”. Algumas frases semelhantes depois, terminava: “Em breve o pau vai comer nessa ocupação em BH!”
Confesso que, mais que tudo, esse “você e suas crias”, que me transportou direto para o tempo das senzalas, por pouco me tira do sério. Mas a verdade é que esse é o senso comum da maioria da chamada classe média, que continua a ser escravocrata nas próprias relações que mantém com as trabalhadoras domésticas.
E o final do comentário fecharia a minha resposta à sua pergunta se anteontem, 14, um jovem de 17 anos, Felipe dos Santos Correia de Lima, trabalhador e estudante, não tivesse sido morto com um tiro na cabeça, às 11 horas da manhã, por policiais que entraram atirando na favela da Maré. O Observatório das Favelas, que dedicou seu editorial ao caso, terminou seu comentário também com uma frase tristemente real e contundente: “Isso não é notícia”.
Ibase – Se voltarmos na história, a partir de que momento se constata o surgimento desse tipo de racismo?
Tania Pacheco – Essa pergunta tem uma resposta fácil e curta: no momento em que os portugueses aqui chegaram e deram início ao chamado genocídio indígena.
Ibase – Na sua opinião, como é possível enfrentar o racismo ambiental?
Tania Pacheco – Uma resposta macro e que, até segunda ordem, faz parte da nossa utopia a ser perseguida: por meio de uma revolução política, social e cultural, que mudasse o nosso padrão civilizatório e derrubasse o sistema capitalista que nos subjuga e desumaniza. Algo óbvio, mas difícil. Na prática, vamos dando pequenos passos nessa direção. O embate que o Grupo de Trabalho de Combate ao Racismo Ambiental vem travando é um deles. Criado dentro da Rede Brasileira de Justiça Ambiental, em 2005, e hoje integrado por dezenas de entidades e muitas pessoas físicas igualmente comprometidas, de todo o país, atuamos por meio de campanhas, denúncias e de apoios a grupo atingidos. Paralelamente, nos preocupamos também com a produção de materiais diversos, buscando sensibilizar e contribuir para uma nova visão do Brasil que queremos. Queremos dar a nossa contribuição contra toda forma de racismo, institucional e ambiental, construindo um discurso contra-hegemônico que ajude a combater a verdadeira “orquestração” movida pelo aparato dos meios de comunicação. Para isso, é fundamental que consigamos desmontar a “lógica” presente nas páginas de Opinião da grande imprensa por intelectuais que usam suas credenciais acadêmicas para construir uma legitimação ideológica para um estado de coisas em si totalmente ilegítimo, em nome da “propriedade privada”, do “desenvolvimento” e do “progresso”.
Publicado em 17/4/2009, no Portal do Ibase.(adaptado)
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Disponível em: http://www.ibase.br/modules.php?name=Conteudo&pid=2622 (Acesso em
27/08/2015)
Cartaz
Verifique se o texto verbal informa ou convence as pessoas a respeito do assunto escolhido. Observe se ele apresenta uma linguagem simples e direta, de acordo com a variedade padrão e apropriada ao público q que se destina. Veja se a imagem apoia adequadamente o texto verbal, e vice-versa, e se a disposição do cartaz está interessante.
Referência: CEREJA, William Roberto. MAGALHÃES, Tereza Cochar. Português: linguagens. vol 2. 5.ed. São Paulo: Atual, 2005.
Sobre a Entrevista:
A entrevista é um tipo de texto que tem a utilidade de informar as pessoas sobre algum acontecimento social ou fazer com que o público conheça sobre as ideias e opiniões da pessoa que é entrevistada.
Desta maneira, tanto o entrevistado quanto o entrevistador devem se posicionar de maneira correta, procurando pronunciar as palavras de forma correta e mantendo uma boa aparência, para que possa causar uma boa impressão diante daqueles que irão assistir a uma entrevista ou lê-la. Mas não podemos nos esquecer de que tudo aquilo é planejado com antecedência, tem mais chances de obter um bom resultado. Dessa forma, é muito importante elaborar as perguntas de maneira clara e objetiva, procurando sempre facilitar o entendimento.
Estruturalmente, a entrevista compõe-se dos seguintes elementos:
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Manchete ou título – Essa é uma parte que deverá despertar interesse no interlocutor envolvido, podendo ser uma frase criativa ou pergunta interessante.
Apresentação – É o momento em que se apresentam os pontos de maior relevância da entrevista, como também se destaca o perfil do entrevistado, sua experiência profissional e seu domínio em relação ao assunto abordado.
Perguntas e respostas – Basicamente, é a entrevista propriamente dita, na qual são retratadas as falas de cada um dos envolvidos.
Disponível em: http://marista.edu.br/diocesano/genero-textual-a-entrevista-e-sua-funcao-informativa/ (acesso em 29/08/2015 as 15h:33 min.
Tropeiros da Borborema
(Luiz Gonzaga)
Estala relho marvadoRecordar hoje é meu tema
Quero é rever os antigos tropeiros da Borborema
São tropas de burros que vêm do sertãoTrazendo seus fardos de pele e algodão
O passo moroso só a fome galopaPois tudo atropela os passos da tropaO duro chicote cortando seus lombos
Os cascos feridos nas pedras aos tombosA sede e a poeira o sol que desaba
Rolando caminho que nunca se acaba
Estala relho marvadoRecordar hoje é meu tema
Quero é rever os antigos tropeiros da Borborema
Assim caminhavam as tropas cansadasE os bravos tropeiros buscando pousada
CULTURA CAMPINENSE
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Nos ranchos e aguadas dos tempos de outroraSaindo mais cedo que a barra da auroraRiqueza da terra que tanto se expande
E se hoje se chama de Campina GrandeFoi grande por eles que foram os primeiros
Ó tropas de burros, ó velhos tropeiros.
Disponível em: http://www.vagalume.com.br/luiz-gonzaga/tropeiros-da-borborema.html#ixzz3k2LXwTHr Acesso em: 27/08/2015
Sobre a canção e os tropeiros
Os tropeiros da Borborema sintetizaram a coragem inaudita do povo interiorano em vencer barreira, razão pela qual a imortalidade suscitada na eterna composição de Asfora e Cavalcanti tem a característica de ser oportuna e pioneira na homenagem aos grandes seres humanos que hoje estão representados em monumento em Campina Grande.
A belíssima canção reconhece em seus refrães finais que Campina Grande somente tem a sua grandeza devido à presença dos antigos tropeiros que buscavam pousadas quando demandavam a Pernambuco em tempos idos, mas que as brumas do tempo não conseguem apagar, graças, em muito, à genialidade de dois fenômenos extraordinários que foram beneficiados pela voz e pelo talento de outro gênio chamado Luiz Gonzaga do Nascimento, responsável pela impecável voz para a eternidade da música, pois quando o eterno“Rei do Baião” interpretou “Tropeiros da Borborema”, gravada em 1972, lançou imediatamente as bases da imortalidade desta magistral poesia nordestina surgida nas paragens da antiga Vila Nova da Rainha.
Sobre Luiz Gonzaga
"Se eu nascesse de novo e pudesse escolher, mais do que sou não queria ser, mais do que fiz não queria fazer.
Queria ser filho de Januário e Santana, nascer naquela madrugada de Santa Luzia, de 1912, na fazenda Caiçara, lugar onde nasceu dona Bárbara Alencar; queria ser um menino vivido no mato, nos mistérios do riacho da Brígida, onde tomava banho e pescava traíra e corró nas locas do poços; o mesmo menino arrancador de caroá e vendedor de corda na feira de Exu. (...)
Se eu nascesse de novo, queria voltar a receber o abraço amigo, o aplauso sincero dos que me julgaram portador de uma missão: divulgar, no Brasil, a música autêntica do nosso Nordeste"
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- Luiz Gonzaga
Disponível em: http://hotsites.diariodepernambuco.com.br/2012/gonzaga/biografia.shtml Acesso em: 25/08/2015.
Vídeo - Patrimônio Cultural de Campina Grande – Parte 1 - http://www.youtube.com/watch?v=ExBEw7pskEU
Vídeo - Patrimônio Cultural de Campina Grande – Parte 2 - http://www.youtube.com/watch?v=U1wgTBiwZ-g
Vídeo - Patrimônio Cultural de Campina Grande - Parte 3 - http://www.youtube.com/watch?v=B3jv4YgLimk
Blog: Retalhos históricos de Campina Grande. Criado por Adriano Araújo e Emmanuel Sousa
Monumento aos Pioneiros - O Translado das Estátuas (1964)
No dia 29 de Maio de 2011, em matéria assinada pelo jornalista Márcio Rangel, o Diário da Borborema nos trouxe uma curiosa e interessante história do homem responsável pelo transporte das gigantescas estátuas componentes do Monumento "Pioneiros da Borborema", localizada às margens do Açude Velho, erguido em homenagem ao Centenário de Campina Grande.
O cidadão em questão é o caminhoneiro aposentado José Firmino dos Santos, de 74 anos, que no ano de 1964 foi contratado para transportar do Rio de Janeiro para Campina Grande, as três peças que pesam, em média, 1.500kg cada uma, utilizando um caminhão Chevrolet 1963.
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José Firmino dos Santos (Foto Márcio Rangel/DB)
"Eu estava no Rio de Janeiro, aguardando a chegada de algum serviço para retornar à Paraíba. Me lembro quando o meu patrão me informou que a minha missão seria transportar três estátuas de pedra que foram adquiridas pela prefeitura para serem instaladas no Açude Velho. A recomendação e o cuidado com a carga era imensa. Para vocês terem ideia, apenas para colocar as três peças em cima do caminhão foi necessário um dia inteiro de atividades com o auxílio de um guincho."
Vários foram os fatores que obstacularam o trajeto até seu destino. A viagem durou 10 dias no mês de maio daquele ano. Porém, a recomendação era de que houvesse o maior cuidado possível com a carga, nem que o percurso fosse feito o mais lento possível, para que nenhum dano fosse provocado às peças.
Ao chegar em Campina Grande, outro entrave fora o descarrego das peças, uma vez que não havia estrutura adequada na cidade, tendo sido necessário alugar o maquinário para para fazê-lo.
"Demoramos mais tempo aqui pra descarregar. Aqui nesta área do açude velho não existia nem calçamento, nem asfalto, tudo era barro. Naquela época, o Açude Velho não era tão poluído e as pessoas lavavam até carros aqui dentro".
O jornalista Márcio Rangel, além de prestar um excelente serviço de resgate histórico, prestou uma homenagem à esse bravo ex-caminhoneiro, hoje morador do bairro Vila Castelo Branco, na Zona Leste, que se emociona toda vez que contempla o Monumento, com suas lembranças e, claro, com todo orgulho que seu feito pode lhe conferir.
"É a primeira vez, em 46 anos, que alguém lembra de mim. Certo que meu serviço não foi tão relevante, mas foi fundamental para a chegada dessa obra aqui na cidade. Todas as vezes que passo aqui, olho, contemplo e lembro de muita coisa." (José Firmino dos Santos)
Disponível em: http://cgretalhos.blogspot.com.br/2013/09/monumento-aos-pioneiros-o-translado-das.html#.Vd_BQPl1yf4 Acesso em: 27/08/2015.
Sobre o Gênero Memórias Literárias
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Memórias literárias são textos produzidos por escritores que dominam o ato de escrever como arte e revivem uma época por meio de suas lembranças pessoais. Esses escritores são, em geral, convidados por editoras para narrar suas memórias de um modo literário, isto é, buscando despertar emoções estéticas no leitor, procurando levá-lo a compartilhar suas lembranças de uma forma vívida. Para isso, os autores usam a língua com liberdade e beleza, preferindo o sentido figurativo das palavras, entre outras coisas. Nessa situação de produção, própria do gênero memórias literárias, temos alguns componentes fundamentais:
Um escritor capaz de narrar suas memórias de um modo poético, literário; Um editor disposto a publicar essas memórias; Leitores que buscam um encontro emocionante com o passado narrado pelo autor,
com uma determinada época, com os fatos marcantes que nela ocorreram e com o modo como esses fatos são interpretados artisticamente pelo escritor.
A situação de comunicação na qual o gênero memórias literárias é produzido marca o texto. O autor escreve com a consciência de que precisa encantar o leitor com seu relato e que precisa atender a certas exigências do editor, como número de páginas, tipo de linguagem (mais ou menos sofisticada, por exemplo, dependendo da clientela que o editor procura atingir).
O escritor de memórias literárias
O escritor de memórias literárias tem a capacidade de recuperar suas experiências de vida, verbalizando-as por meio de uma linguagem na qual é autoridade. Mais do que lembrar o passado em que viveu, o memorialista narra sua história, desdobrando-se em autor e narrador-personagem. São exemplos de autores que escreveram suas memórias Gabriel Garcia Marques e Zélia Gattai, só para citar dois mais recentes.
À medida que escreve seu texto, o escritor-autor-narrador organiza as vivências rememoradas e as interpreta, usando uma linguagem específica - a literária. Nas memórias literárias, o que é contado não é a realidade exata. A realidade dá sustentação ao texto escrito, mas esse texto é constituído, também, por uma certa dose de inventividade. Por um lado, as memórias literárias se aproximam dos textos históricos quando narram a realidade vivida; por outro lado, aproximam-se do romance porque resultam de um trabalho literário.
Como já se disse acima, ao escrever suas memórias, o autor se desdobra em narrador e personagem, num jogo literário muito sutil, narrando os fatos de uma época, olhando-a do ponto de vista de observador geral dos momentos que narra, mas também olhando para si mesmo como personagem que viveu os acontecimentos narrados, recriados pelas lembranças suas e dos outros. É possível reconhecer quando o autor se coloca como narrador das memórias pelo uso da primeira pessoa: "eu me lembro", "vivi numa época que...". Podemos reconhecer o narrador-personagem nas memórias quando o autor descreve suas sensações e emoções narrando fatos dos quais ele é o centro, mas que envolvem outros personagens das memórias. Veja os exemplos, retirados de "Viver para contar", de Gabriel Garcia Márquez: "Minha mãe disse assim: `Que bom que você ficou amigo de seu pai.'" e "O zelador riu da minha inocência". Quando é narrador, o autor fala das lembranças como um todo; quando é narrador-personagem, fala de si, muitas vezes pela voz de outros personagens que evoca.
Como, ao utilizar a memória, sempre se faz um jogo do "agora" com o "ontem", do "aqui" com o "lá", o texto narrado ficará marcado por esse vai e vem, com uma contínua
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comparação do passado com o presente. Uma vez que o autor lembra, ele usa verbos que expressam o ato de lembrar para mostrar esse vai-e-vem da memória: "rememorar", "reviver", "rever". Esses verbos são usados, ora no presente ("Eu me lembro..."), ora no pretérito ("Eutásia lavava e passava minhas roupas..."). Usa pronomes possessivos ou oblíquos da primeira pessoa: "Minha casa naquela época...", "Meu avô que era carpinteiro...", "Lembro-me com saudade...", "Fizeram-me jurar que...". O autor, por exemplo, retoma palavras utilizadas na época evocada (vitrola, flertar), usa expressões que ajudam a localizar o leitor no momento em que os fatos ocorreram ("Naquele tempo", "Em 1942"). Além disso, ele traz para o texto falas, vozes de outras personagens ("D. Mariquinha dizia que moça de família não devia se pintar"), muitas vezes em forma de diálogos que movimentam e animam o texto.
Disponível em:https://www.escrevendoofuturo.org.br/conteudo/biblioteca/artigos/artigo/1339/o-genero-memorias-literarias ( Acesso em 01-09-2015)
REVISANDO:
Memórias Literárias: são textos produzidos para rememorar o passado, vivido ou imaginado. para isso devem-se escolher cuidadosamente as palavras, orientados por critérios estéticos que atribuem ao texto ritmo e conduzem o leitor por cenários e situações reais ou imaginárias. Essas narrativas têm como ponto de partida as experiências vividas pelo autor no passado, contadas como são lembradas no presente. Há situações em que a memória se apresenta por meio de perguntas que fazemos ou que fazem para nós. Em outras, a memória é despertada por uma imagem, um cheiro, um som. Esse tipo de narrativa aproxima os ausentes, compreende o passado, conhece outros modos de viver, outros jeitos de falar, outras formas de se comportar e representa possibilidades de entrelaçar novas vidas com as heranças deixadas pelas gerações anteriores. as histórias passadas podem unir moradores de um mesmo lugar e fazer que cada um sinta-se parte de uma mesma comunidade. isso porque a história de cada indivíduo traz em si a memória do grupo social ao qual pertence. Esse encontro é uma experiência humanizadora.
Tempo: um tempo do passado: pretérito perfeito e pretérito imperfeito. eles indicam ações e têm a propriedade de localizar o fato no tempo, em relação ao momento em que se fala.
O narrador: em primeira pessoa é o narrador-personagem ou narrador-testemunha. No caso de memórias teremos, geralmente, o narrador-personagem, que tem por característica se apresentar e se manifestar como eu e fala a respeito daquilo que viveu. Conta a história dele sempre de forma parcial, considerando um único ponto de vista: o dele.
Características:
Há comparações entre o presente e o passado; Há palavras e expressões que indicam uma época, situando o leitor no tempo passado; Usa adequadamente os verbos no pretérito perfeito e imperfeito; Refere-se a objetos, lugares e modos de vida que já não existem ou se transformam; Evidenciam sentimentos, emoções e impressões sobre os acontecimentos, fatos, etc;
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Descreve, quando necessário, o que querem dizer certas expressões antigas ou o significado de certas palavras em desuso.
Expressões em primeira pessoa usadas pelo narrador, como “eu me lembro”, “vivi numa época em que”.
Verbos que remetem ao passado, como “lembrar”, “reviver”. Palavras utilizadas na época evocada, como “vitrola”, “flertar” Expressões que ajudam a localizar o leitor na época narrada, como “naquele tempo”
Disponível em: http://pt.slideshare.net/eloysouza9/o-que-so-memrias-literrias-34332019 (Acessado em 01-09-2015)
TEXTOS MOTIVADORES
Festa de São Benedito
Em Osório, o costume era fazer a festa de São Benedito com muita bebida e muita comida, muita música e muita dança. Seu Antônio Chico era o festeiro. Mas a escola da cidade estava fazendo um baile para arrecadar dinheiro e o organizador, seu Cláudio, procurou seu Antônio Chico no armazém e disse: - Seu Antônio Chico, o que o senhor acha de não fazer a festa de São Benedito esse ano para o dinheiro ir todo para a festa da escola? A escola está precisando muito e nós estamos organizando um baile com churrasco.
- Seu Cláudio, eu não sei se o senhor vai ter lucro nesse baile, porque São Benedito pode ficar sentido com a falta da festa dele. Quando chegou em casa, seu Antônio Chico falou para a mulher: - Eles vão tirar a festa de São Benedito para fazer o baile para arrecadar dinheiro e arrumar a escola das crianças. Acho que vai acontecer uma coisa grave, pois São Benedito não vai ficar satisfeito. - Ah! Não seja bobo, não vai acontecer nada. - Então você vai ver... Os organizadores apressaram os preparativos e chegou o dia do baile. A escola estava toda enfeitada de flores de papel crepom. A churrasqueira tinha sido montada no pátio.
Quando foi chegando a hora do baile, formaram-se umas nuvens no céu e começou uma ventania medonha. Caiu uma tempestade. Árvores foram arrancadas, telhas foram derrubadas. Pedras de gelo batiam com força nas janelas e nos telhados. Foi um dilúvio. Muitas casas ficaram destelhadas. O churrasco teve que ser distribuído pelo povo da cidade, para não desperdiçar carne. As flores de papel crepom se desmancharam. Em Osório, nunca mais deixaram de fazer a festa de São Benedito.
Narrador: Seu Antonio Chico Comunidade: Osório, RS
Ano: Maio/1996 Pesquisadora: Gloria Moura
A chuva
Em Pombal, contam que na época da seca, quando não caía nem um pinguinho de chuva, os moradores sofriam muito com a falta de água para suas plantações e para os animais. Perto da comunidade de Pombal há um córrego. Então, os moradores à noite desciam
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com velas nas mãos e uma vasilha, até o córrego. Apanhavam água e iam, em procissão, rezando e cantando até o cemitério das crianças. Chegando lá no cemitério, derramavam a água nos túmulos, do lado da cabeça das crianças, fazendo várias orações. Quando terminavam de rezar, cada um pegava uma pedra do chão e retomava o caminho do córrego, pois as pedras tinham de ser colocadas na água. Mas as pedras precisavam ser colocadas na água bem devagarzinho, com cuidado, para que a chuva viesse pródiga, para ajudar na plantação. Caso as pedras fossem jogadas com força, a chuva viria muiiito forte e seria desastrosa para as plantações. Chovia mesmo!!! O terreno ficava fértil e a colheita era farta.
Narrador: Seu OdílioComunidade: Pombal, GO
Ano:Junho/2005 Pesquisadora: Juliane Mota
Referência:http://etnicoracial.mec.gov.br/images/pdf/publicacoes/estorias_quilombola_miolo.pdf
A PROPOSTA
De acordo com os estudos realizados nas aulas anteriores, e a partir das entrevistas realizadas, redija um texto que corresponda às normas do gênero Memórias Literárias. Lembre-se que ele deverá ser escrito com base em uma das duas temáticas em que você já foi contemplado nas aulas anteriores, tais são:
Histórias de Campina Grande: Selecione um local da cidade de Campina Grande-PB que traz recordações e redija
seu texto mencionando a importância desse lugar em sua vida sempre utilizando de recursos literários para também o leitor sinta o fascínio desse lugar.
Raízes Africanas: Com base na entrevista feita aos moradores de Alagoa Grande, selecione a história
mais interessante que você ouviu sobre a cultura local, retome as informações dadas no depoimento do entrevistado e redija seu texto contemplando sua experiência em visitar esse lugar.
Bom Trabalho!
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CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
Tema: (1.5)
O texto se reporta de forma pertinente aos relatos sobre a temática no qual o aluno foi contemplado?
Adequação discursiva: (2,0)
O texto relata histórias da cidade ( exclusivo para o tema Histórias de Campina Grande) ou faz abordagens sobre os vestígios da cultura africana (exclusivo para o tema Raízes Africanas) pela perspectiva de um antigo morador?
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O texto deixa comparecer sentimentos, impressões, apreciações que atendem a finalidade de enredar o leitor?
A organização geral do texto atende à lógica interna da narrativa?
A referência a objeto, lugares, modos de vida, costumes, palavras e expressões que já existem ou se transformaram reconstroem experiências pessoais vividas?
Adequação linguística e ao Gênero:(3,0)
As memórias são assumidas em primeira pessoa?
No caso do autor recorrer a outras vozes, estão adequadamente articuladas no texto?
O uso dos tempos verbais e dos indicadores de espaço situa adequadamente o leitor em relação aos tempos e espaços retratados no texto?
O texto deixa transparecer que o autor fez entrevistas para produzi-lo, recuperando lembranças de outros tempos relacionadas ao lugar onde vive?
Marcas de autoria: (2.0)
O título instiga o leitor?
O autor elaborou de modo próprio e original as lembranças dos autores entrevistados?
Convenções da escrita: (1,5)
O texto atende as convenções da escrita? (morfossintaxe, ortografia, acentuação, pontuação)?
Quando ocorre rompimento das convenções da escrita, isso acontece a serviço do sentido do texto?
Os elementos de textualidade (coesão e coerência) foram articulados de modo adequado?
Disponível em: https://prezi.com/xuutxjda3jqk/seminario-de-analise-da-proposta-de-producao-escrita-do-generos-discursivo-memoria-literaria-nas-olimpiadas-de-lingua-portuguesa-2010/#share_embed ( Acessado em 09-01-2015)
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ANEXO DAS ATIVIDADES
E. E . E. F.M CAIC JOSÉ JOFFILY
PIBID: NAS TRILHAS DA LÍNGUA PORUGUESA: O TEXTO EM FOCO
SUPERVISORA: Alessandra Miranda
MONITORAS: Fernanda Félix; Joseilma Barros; Renally Arruda; Roberta Tiburcio;
Roberlânia Alves.
ALUNO(A)_____________________________________________________________
ATIVIDADE
1. Leia o texto a seguir e responda ao que se pede
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Curso superior
Marcelino Freire
O meu medo é entrar na faculdade e tirar zero eu que nunca fui bom de matemática fraco no inglês eu que nunca gostei de química geografia e português o que é que eu faço agora hein mãe não sei.
O meu medo é o preconceito e o professor ficar me perguntando o tempo inteiro por que eu não passei por que eu não passei por que eu não passei por que fiquei olhando aquela loira gostosa o que é que eu faço se ela me der bola hein mãe não sei.
O meu medo é a loira gostosa ficar grávida e eu não sei como a senhora vai receber a loira gostosa lá em casa se a senhora disse um dia que eu devia olhar bem para a minha cara antes de chegar aqui com uma namorada hein mãe não sei.
O meu medo também é do pai da loira gostosa e da mãe da loira gostosa e do irmão da loira gostosa no dia em que a loira gostosa me apresentar para a família como o homem da sua vida será que é verdade será que isso é felicidade hein mãe não sei.
O meu medo é a situação piorar e eu não conseguir arranjar emprego nem de faxineiro nem de porteiro nem de ajudante de pedreiro e o pessoal dizer que o governo já fez o que pôde já pôde o que fez já deu a sua cota de participação hein mãe não sei.
O meu medo é que mesmo com diploma debaixo do braço andando por aí desiludido e desempregado o policial me olhe de cara feia e eu acabe fazendo uma burrice sei lá uma besteira será que vou ter direito a uma cela especial hein mãe não sei.
a) Qual a causa central do conflito psicológico do personagem? Você acha que os receios do personagem tem boas justificativas? Justifique.
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b) Você sentiu a falta de algum elemento coesivo no decorrer do texto? Qual?
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c) A ausência desse elemento foi intencional ou involuntário? Justifique.
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d) Quem é o narrador? Quem são os personagens? Em que tempo acontece os fatos? Em que lugar?
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e) Qual o gênero do texto? Elenque características pertencentes ao gênero que você mencionou.
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ATIVIDADE PARA CASA:
(PERGUNTAS NORTEADORAS DA ENTREVISTA QUE SERÁ REALIZADA PELOS ALUNOS)
1. Você conhece alguma coisa sobre a fundação da cidade de Campina Grande?
Se souber, o quê poderia relatar?
2. Em relação aos monumentos espalhados pela cidade, você sabe a quem eles
homenageiam e/ou representam?
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3. Você já visitou algum museu da cidade? Se visitou, o que pode nos contar
sobre o lugar?
4. Você sabe por que a cidade é chamada de Rainha da Borborema?
5. Você poderia contar sobre alguma memória antiga ligada a algum
acontecimento histórico e/ou polêmico da cidade?
E. E . E. F.M CAIC JOSÉ JOFFILYPIBID: NAS TRILHAS DA LÍNGUA PORUGUESA: O TEXTO EM FOCOSUPERVISORA: Alessandra MirandaMONITORAS: Fernanda Félix; Joseilma Barros; Renally Arruda; Roberta Tiburcio;
Roberlânia Alves.
ALUNO(A)_____________________________________________________________
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QUESTÕES DO PASSEIO AOS PONTOS TURÍSTICOS DA CIDADE DE CAMPINA GRANDE-PB
1)Qual o ponto turístico que mais chamou sua atenção durante o passeio? Porque?_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
2)Você descobriu alguma curiosidade durante o passeio? Qual?_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
3)Você já conhecia a história de alguns dos pontos vistos hoje? Qual?_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
4)Em sua opinião, qual a importância dos monumentos vistos hoje para a cidade de Campina Grande?_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
5)Elabore um pequeno texto de cunho narrativo relatando os aspectos mais interessantes do passeio de hoje:______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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