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INFÂNCIA NA SOCIEDADE IRECEENSE: CONCEPÇÕES E GARANTIA DOS
DIREITOS
Joseane Conceição de Matos
1
Naara Ferreira Campos
Edineiram Maciel2
Joelma Bispo3
Resumo: O presente artigo discute o surgimento e a construção do conceito de infância e como o
direito de brincar é vivenciado na sociedade ireceense. Toma como pontos de partida estudos teóricos
e observação em dois bairros na cidade de Irecê (Novo Horizonte e Centro). Neste sentido,
entendemos ser pertinente conhecer o processo que o conceito de infância percorreu ao longo dos
séculos, os direitos adquiridos pelas crianças respaldados em lei e conhecer como as brincadeiras
acontecem em nossa cidade considerando a influência das tecnologias e da mídia, visto que na
sociedade atual ambas vêm influenciando o desenvolvimento da infância. A questão principal desta
pesquisa foi analisar como as crianças da sociedade ireceense vivenciam o brincar considerando o
contexto sócio-econômico-cultural no qual estão inseridas, tendo como objetivo compreender o
desenvolvimento da infância nesta realidade evidenciando as experiências vividas por crianças
pertencentes a contextos diferentes e compará-las com mudanças que estão ocorrendo na
contemponaneidade. O método aplicado durante a pesquisa foi qualitativo, através dele colhemos
informações e intercalamos com os autores Ariès, Sarmento, Postman, Vygotsky, entre outros. Com o
resultado da análise e o referencial teórico utilizado, percebemos como contextos diferentes, podem
influenciar na maneira que as crianças vivem a sua infância.
Palavras-chave: Criança; Infância; Mídia.
INTRODUÇÃO
Sabe-se que a infância compreende um universo muito relevante e abrange o
fundamento da realidade evolutiva humana. E para compreendermos o conceito de infância
existente na contemporaneidade, faz-se necessário que consigamos entender que este varia de
acordo com a história e o contexto social em que as crianças estão inseridas. Na perspectiva
de Borba
“Se entendermos que a infância é um período em que o ser humano está se
constituindo culturalmente, a brincadeira assume importância fundamental
como forma de participação social e como atividade que possibilita a
apropriação, a ressignificação e a reelaboração da cultura pelas crianças”.
(BORBA, 2007, p.12)
1 Graduandas do 5° semestre do Curso de Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia - Departamento de
Ciências e Tecnologias - Campus XVI- Irecê/BA.
2 Orientadora. Professora Mestre em Educação e Contemporaneidade pela Universidade do Estado da Bahia -
Departamento de Ciências e Tecnologias - Campus XVI- Irecê/BA.
3 Orientadora. Professora Mestranda em Educação e Contemporaneidade pela Universidade do Estado da Bahia -
Departamento de Ciências e Tecnologias - Campus XVI- Irecê/BA.
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Dessa forma, a infância contribui para o desenvolvimento dos sujeitos, se for vivida de
maneira plena e real pelas crianças. Nesse sentido, pode ser considerada a fase mais
importante vivenciada pelo ser humano, pois é o inicio da construção gradativa do ser, visto
que solidifica o processo de formação desenvolvendo habilidades físicas, cognitivas e morais,
as quais são levadas pela vida inteira e são aperfeiçoadas no decorrer do tempo.
Segundo estudos realizados por Ariès, Sarmento, Postman, Vygotsky e artigos
estabelecidos pelo Estatuto da criança e do adolescente, uma maneira de viver a infância é
através da brincadeira. Além de ser um direito adquirido pelas crianças, o brincar é um
requisito essencial para o crescimento e desenvolvimento das mesmas, pois o aprendizado se
dá por meio das interações e do convívio com o outro, o que vai permitir a ampliação do
universo de informações, além de apropriar-se da cultura, construindo a sua identidade como
cidadã. Assim compreendemos que é indiscutível, a importância do brincar no processo de
construção do aprendizado e da apropriação da cultura pelas crianças.
Brincar é também um grande canal para o aprendizado, senão o único canal
para verdadeiros processos cognitivos. Para aprender precisamos adquirir
certo distanciamento de nós mesmos, e é isso o que a criança pratica desde
as primeiras brincadeiras transicionais, distanciando-se da mãe. Através do
filtro do distanciamento podem surgir novas maneiras de pensar e aprender
sobre o mundo. Ao brincar, a criança pensa, reflete e organiza-se
internamente para aprender aquilo que ela quer, precisa, necessita, está no
seu momento de aprender; isso pode não ter a ver com o que o pai, o
professor ou o fabricante de brinquedos propõem que ela aprenda.
(MACHADO, 2003, p.37)
De acordo com Ariès (1981), até a idade média não existia infância como a temos na
atualidade, as crianças eram percebidas pela sociedade da época como adultos em miniatura.
Só depois de muito tempo os adultos perceberam a necessidade de tratar as crianças de
maneira diferente, surgindo então a noção de “vergonha moralista” citada por Postman (1999)
onde a criança precisava ser protegida dos segredos e assuntos do mundo adulto, percebendo
também a necessidade de escolarização, cuidado e proteção à criança. Ao longo deste
processo de surgimento da infância, a criança adquiriu direitos e respeito às suas
individualidades.
Enquanto uma parcela pequena da sociedade tem uma condição financeira
considerável, outra grande parte não tem nem mesmo o direito a alimentação e moradia,
deixando visível uma diferença social existente entre os ricos e os pobres. Neste sentido
percebemos que as crianças são as grandes prejudicadas com os problemas sociais, por não
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conseguirem se defender sozinhas e por estarem expostas a todo tipo de vulnerabilidade
social.
A conquista de viver a infância e a garantia de direitos assegurados por lei aguçou a
nossa curiosidade em compreender acerca de como estas vivenciam a infância através do
brincar em nossa cidade, procurando evidenciar as experiências vividas por crianças
pertencentes a realidades sócio-econômica-culturais diferentes e compará-las com as
mudanças que estão ocorrendo na atual sociedade, intercalando com alguns direitos que são
assegurados às mesmas.
A partir dos estudos realizados e das informações obtidas é pertinente fazermos um
breve levantamento do processo de surgimento do conceito de infância e as possíveis
modificações que vem sofrendo levando em consideração a influência da mídia neste
percurso. Neste sentido, realizamos uma observação em dois bairros na cidade de Irecê para
percebermos como estas crianças vivenciam a infância e o brincar considerando as diferenças
existentes entre estes dois contextos sociais.
O SURGIMENTO DA INFÂNCIA E O SEU PROCESSO EVOLUTIVO
A noção de infância varia de acordo com o meio em que a criança está inserida. Na
idade média não existia a consciência de infância que temos hoje, nem tão pouco as
particularidades deste ser. As crianças eram tratadas como adultos em miniatura. Nesse
período a criança estava à margem da família, e só era considerada um sujeito quando
alcançava a maioridade, antes disso, elas eram desconhecidas, sendo de certa maneira
descriminalizadas.
Ariès (1981) realiza um estudo da formação e evolução da história social através da
arte, analisando imagens, quadros, retratos, monumentos desde o século XII, e constata que
até o fim do século XIII as crianças não são representadas como tais. Elas são mostradas em
atitudes e comportamentos adultos, e o próprio corpo das figuras infantis tinha as
características de um adulto. Evidencia-se dessa forma a indiferença sofrida pela infância e a
perda de suas características próprias.
Até por volta do século XII, a arte medieval desconhecia a infância ou não
tentava representá-la. É difícil crer que essa ausência se devesse à
incompetência ou à falta de habilidade. É mais provável que não houvesse
lugar para infância nesse mundo. (ARIÈS 1981, p.17).
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Neste período os adultos não consideravam a inocência das crianças e tinham a
“prática familiar de associá-las às brincadeiras sexuais dos adultos, isto fazia parte do costume
da época e não chocava o senso comum” (ARIÈS 1981, p.77). Visto que, eles não concebiam
diferença das características entre adultos e crianças: “no mundo das fórmulas românticas, e
até o fim do século XIII, não existem crianças caracterizadas por uma expressão particular, e
sim homens de tamanho reduzido” (ARIÈS, 1981, p. 51).
Ainda de acordo com Ariès, na idade média os adultos consideravam que
A primeira idade é a infância que planta os dentes, e essa idade começa de
quando nasce e dura até os sete anos, e nessa idade aquilo que nasce é
chamado de enfant (criança), que quer dizer não falante, pois nessa idade a
pessoa não pode falar bem nem formar perfeitamente as palavras. (ARIÉS,
1981, p. 36).
Neste sentido a infância era caracterizada pela falta de racionalidade e de
comportamentos adequados, sendo a criança vista como um ser incapaz de pensar.
A concepção de infância foi mudando ao longo dos séculos, e depois da idade média
surgiu a noção de vergonha moralista. O que foi significativo porque protegeu as crianças do
mundo adulto, especialmente da sexualidade, e posteriormente algumas famílias,
influenciadas pela religião, começaram a dar atenção à idade e ao crescimento da criança,
estabelecendo com isso novos significados para a noção de moralismo, o que ocasionou a
criação de escolas com intuito de ensinar virtudes, valores, os quais asseguraram a criança
como um ser diferente do adulto, com suas particularidades. Postman revela que
Os romanos começaram a estabelecer uma conexão, aceita pelos modernos,
entre a criança em crescimento e a noção de vergonha. Foi este um passo
crucial na evolução do conceito de infância. A questão é, simplesmente, que
sem uma noção bem desenvolvida de vergonha a infância não pode existir.
(1999, p.22 e23).
O autor afirma que com a invenção da prensa tipográfica houve uma separação
daqueles que sabiam ler, ou seja, os adultos, daqueles que ainda estavam se alfabetizando, as
crianças. Assim, houve outra mudança de estrutura social, e as crianças então passaram a
serem vistas não mais como uma miniatura de adulto, mas como um adulto ainda não
formado.
Depois da prensa tipográfica, os jovens teriam de se tornar adultos e, para
isso, teriam de aprender a ler, entrar no mundo da tipografia. E para realizar
isso precisariam de educação. Portanto a civilização europeia reinventou as
escolas. E ao fazê-lo, transformou a infância numa necessidade.
(POSTMAN, 1999, p.50).
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Esta invenção veio a contribuir para a diferenciação da vida adulta da fase infantil,
sendo um marco divisório importante entre estes dois mundos, com tantas diferenças e tão
pouco percebido anteriormente. Com isso a infância começava ter importância e as
particularidades infantis começavam a ser respeitadas.
A CONQUISTA DOS DIREITOS
No século XVIII o iluminismo contribuiu para anunciar a ideia de infância, desde
então tivemos contribuições importantes que nos ajudaram a compreender os estágios das
crianças. Vários teóricos trouxeram subsídios para que pudéssemos compreender o
desenvolvimento das mesmas, a exemplos das concepções a seguir.
John Locke entendia as crianças como tábulas rasas e dessa maneira os pais, mestres e
governo seriam responsáveis pelos escritos em suas mentes, por isso se uma criança viesse a
fracassar o fracasso seria dos pais.
Rousseau também estabeleceu que a vida intelectual e emocional da criança é
importante. Para ele a infância estabelece o estágio da vida em que o homem mais se
aproxima do seu estado de natureza demonstrando espontaneidade, pureza, vigor e alegria.
Freud revelou haver uma estrutura e conteúdos especiais na mente da criança, na sua
visão a mente das crianças está penetrada de complexo e pulsões psíquicos instintivos.
Os estudos de Piaget sobre o universo infantil revelaram que a lógica e formas de
pensar de uma criança são completamente diferentes da lógica dos adultos. O autor identifica
quatro estágios de evolução mental de uma criança, cada estágio é um período onde o
pensamento e o comportamento infantil é caracterizado por uma forma específica de
conhecimento e raciocínio. Sendo assim, vivenciar a infância é fundamental para estruturação
humana.
Na perspectiva de Vygotsky o convívio social é fundamental para a construção do
sujeito, pois fornece oportunidade de adquirir conhecimento a partir das trocas sociais. Nesse
sentido reconhece as crianças por suas individualidades e focaliza que o desenvolvimento das
mesmas ocorre através da interação entre os sujeitos. Diante disso acreditamos que essa
interação é um instrumento que favorece a aprendizagem ao longo da vida.
No decorrer deste processo a criança adquiriu reconhecimento, tornando-se um ser de
respeito, e formando-se dentro do convívio familiar como um ser especial, com necessidades
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diferentes dos adultos. Assim aos poucos foram se tornando cidadãs visíveis, com seus
direitos respaldados em leis e normas que asseguravam a sua proteção.
Durante o período de construção social e política do Brasil, foram constituídas leis que
favoreceram consideravelmente a sua transformação. A Constituição Federal de 1988 definiu
os direitos de todos os cidadãos, e favoreceu a criação do Estatuto da Criança e do
Adolescente – ECA (BRASIL, 2002). Com ele os beneficiados (as crianças) passaram a ser
vistos como pessoas em desenvolvimento, sujeitos de direitos e destinatários de proteção
integral. Os artigos 15, 16, 17 e 18 do ECA abrangem o direito à Liberdade, ao Respeito e à
Dignidade, direitos estes, que contribuem para mudanças nos comportamentos sociais e que
prevê a garantia de um crescimento físico, psíquico, intelectual e afetivo, com liberdade e
dignidade às crianças.
Apesar da Constituição e do ECA assegurarem os direitos da criança, os meios de
comunicação mostram diariamente fatos revelando o não cumprimento desses direitos, como
crianças morando nas ruas, escolas superlotadas, mal estruturadas, professores
despreparados e mal remunerados para exercer a função, preconceito de toda ordem, número
de homicídios de crianças e adolescentes altíssimos, exploração sexual, criminalidade
exercida por crianças, e consequentemente, projeto de redução da maioridade penal, dentre
muitos outros fatos. Esta triste e alarmante realidade nos leva a pensar que o previsto em lei
fica somente no papel não sendo aplicado em sua plenitude, deixando, em muitos casos, as
crianças à margem de uma sociedade que muitas vezes não contribui para o cumprimento
destes direitos.
A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NO DESENVOLVIMENTO DA INFÂNCIA
A atual sociedade vive num contexto de inúmeras transformações, políticas,
econômicas, sociais e culturais. Em meio a essas mudanças, a mídia e as inovações
tecnológicas se transformaram em grandes mediadores sociais provocando impactos nas
relações entre os indivíduos, deslocando identidades e agregando novos valores. Neste cenário
de transitoriedade as crianças são os seres mais afetados, uma vez que o meio exerce
influência na construção do seu desenvolvimento. Segundo Vygotsky (1998) “o
desenvolvimento só se efetiva no meio social e é nele que a criança realiza a apropriação dos
comportamentos humanos”. Nesse sentido, a influência midiática pode estar construindo um
novo conceito de infância, limitando as crianças a ficarem “robotizadas” frente à suas
novidades tecnológicas.
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Após a invenção da prensa tipográfica, que possibilitou uma dicotomia entre o mundo
infantil e o mundo adulto, houve inúmeras e extraordinárias invenções tecnológicas das quais
podemos destacar a televisão, que veio modificar a divisão construída ao longo dos tempos
entre o que é permitido ou não ao público infantil. Segundo Postman
A televisão destrói a linha divisória entre infância e idade adulta porque não
requer treinamento para apreender a sua forma, não faz exigências
complexas nem à mente nem ao comportamento, e principalmente não
segrega seu público alvo. (1999, p. 94).
A televisão trata o público de maneira homogênea e o acesso a programas inadequados
se torna possível através da fácil manipulação do objeto e da falta de controle dos
responsáveis. Existe uma programação própria de acordo com o horário e a idade da criança,
no entanto, o desrespeito a essa classificação as deixam expostas aos segredos do mundo
adulto porque “biologicamente estamos todos equipados para ver e interpretar imagens e para
ouvir a linguagem que se torna necessária para contextualizar a maioria dessas imagens”
(POSTMAN, 1999, p. 94), o que permite que qualquer criança possa ter acesso a conteúdos
inadequados à sua idade através da televisão.
Neste contexto de inúmeras “inovações”, a criança recebe muitas informações
advindas da sociedade, dos meios de comunicação, em especial da televisão, a qual muitas
vezes limita o relacionamento entre as crianças, visto que ocorre uma interação do sujeito com
o objeto, o que pode impedir também o desenvolvimento social da criança. A televisão utiliza
de recursos de alta tecnologia que seduz as crianças, deixando-as cada vez mais dependentes
deste objeto, colocando as relações interpessoais e as brincadeiras com outras crianças em
segundo plano. A mídia no geral desperta curiosidade com programas inadequados para
crianças, exercendo fascínio sobre elas podendo terminar roubando a inocência típica da
idade.
Através dos programas televisivos inadequados para sua faixa etária, incentivam as
crianças a se vestirem semelhante aos adultos, as meninas em geral usam sapatos altos,
maquiagem excessiva. Até mesmo as festas de aniversário sofreram rupturas, os tempos
modernos levam todos para um salão de beleza onde fazem unhas, cabelos, meninas imitam
as top models; os imitam meninos os craques de futebol com penteados e cortes
extravagantes. Criam ídolos produzidos pela mídia, que muitas vezes não representam bons
exemplos, idealizam uma vida de celebridade para ganhar dinheiro, geralmente influenciados
pelos pais e valores midiáticos. Diante disso, parece que o mundo mágico das brincadeiras
infantis mudou o sentido e está ganhando outra roupagem.
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Segundo Vygotsky (1998) a criança precisa interagir com outras, através das
brincadeiras, pois este contato contribui para a construção dos sujeitos e de conhecimentos
que são adquiridos por meio das descobertas e significados por elas realizados, além de
contribuir no relacionamento da criança com os objetos. “A criança vê um objeto, mas age de
maneira diferente em relação ao que vê. Assim, é alcançada uma condição que começa a agir
independentemente daquilo que vê” (p. 127), fazendo uma relação diferenciada entre o ver e o
agir atribuindo significados advindos desta interação.
A INFÂNCIA NA SOCIEDADE IRECEENSE, E A CONTRIBUIÇÃO DO CONTEXTO
SOCIAL E CULTURAL
Observando as brincadeiras de crianças em dois bairros na cidade de Irecê (Centro e
Novo Horizonte). Escolhemos estes bairros como foco de pesquisa, pois partimos do
pressuposto que os indivíduos, enquanto seres que se constituem na relação com o outro,
podem ser influenciados e sofrem interferências da sociedade, neste sentido, escolhemos estes
bairros por serem opostos em relação a condição financeira e social. Constatamos que, mesmo
se tratando de uma única cidade, consequentemente uma mesma cultura, essas brincadeiras
ocorrem de forma desigual.
A cidade de Irecê tem uma população 66.181 habitantes, está situada a 478 km da
cidade de Salvador, localizada na Chapada Diamantina Setentrional, abrangendo toda a área
do Polígono das Secas e pertence à bacia do São Francisco. O município de Irecê é
reconhecido pelo grande potencial agrícola e agropecuário, tendo recebido na década de 1980
e 1990 o título de "Cidade do Feijão" pelas grandes safras colhidas nesta região, tendo sido
considerado o primeiro produtor de feijão do nordeste, e o segundo do País. (Rubem, 2006)
A economia do município e da região é baseada na produção agrícola de policultura,
tem como destaque além da produção de feijão, também há produção de alimentos por meio
da cultura irrigada de cebola, tomate, beterraba, cenoura e pinha. Além destes produtos
destaca-se a pecuária e o comércio local, que se tornou independente da produção agrícola,
tornando-se logo autossuficiente e crescendo cada dia mais. Seu comércio é destaque no
cenário estadual com muitas lojas de todos os segmentos e vários grupos empresariais
importantes, que só têm contribuído para o crescimento da cidade e da região, passando a ser
conhecida também como polo de vestuário, onde muitos comerciantes locais passaram a ser
atacadistas e varejistas, contribuindo assim para economia do município. O município
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também é polo de prestação de serviços na área de saúde, da rede bancária e empresas
estatais.
Na área da educação a cidade possui um campus da Universidade do Estado da Bahia
(UNEB), um campus do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia da Bahia
(IFBA), e um polo da Universidade Federal da Bahia (UFBA), contando ainda com
faculdades particulares - Anhanguera, Unidades de Ensino Superior do Sertão da Bahia
(UESSBA), Universidade Norte do Paraná (UNOPAR), Sistema Educacional de Ensino a
Distância (EADCON) e Faculdade de Tecnologias e Ciências (FTC) todas oferecendo ensino
na modalidade à distância. No ensino básico, conta com escolas públicas estaduais e
municipais, e ainda escolas particulares que também contribuem de forma significativa para a
formação das crianças de Irecê. Faz-se necessário destacar que no bairro Novo Horizonte
localizado na área periférica, não encontramos nas suas imediações nenhuma Universidade,
Escola Estadual ou Escola particular, o que pode demonstrar falta de interesse e descaso das
políticas públicas e sociais com as pessoas que moram num bairro periférico, esta perspectiva
favorece ainda mais para a legitimação das desigualdades sociais, afetando principalmente as
crianças que são os seres mais prejudicados com tais banalizações.
O trabalho de observação foi realizado nos bairros Novo Horizonte e Centro,
procurando perceber como as crianças vivenciam a infância nestes dois contextos diferentes.
O bairro Novo Horizonte é situado na parte periférica da cidade, e conta com mercadinhos,
um posto de saúde, bares e residências. Em algumas ruas a violência é frequente tirando a
segurança das pessoas, enquanto em outras ruas a violência é pouco percebida, assim as
crianças têm momentos de liberdade para brincar nas ruas e praças. Durante a semana as
crianças utilizam a praça para brincar, mas nos finais de semana, por terem em suas
imediações alguns bares, música muito alta e o consumo de bebidas alcoólicas, termina
impossibilitando o acesso de crianças a estes espaços, que geralmente não são adaptados às
brincadeiras infantis, por não possuir equipamentos que as auxilie na atividade do brincar.
Neste bairro não existe quadra poliesportiva e nem parquinho, deste modo a crianças têm
como opção somente as ruas sem segurança, as praças não equipadas, o âmbito familiar e um
terreno baldio que fica ao lado do bairro para realizar as suas atividades e brincadeiras.
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A grande maioria da população deste bairro tem pouco poder aquisitivo e
consequentemente, nem todos têm acesso às novas tecnologias que surgem no mercado.
Assim, as crianças pertencentes a esta realidade com tão pouco investimento, não têm acesso
a games, internet e brinquedos eletrônicos em suas casas, isso só vindo a acontecer quando
pagam para ter acesso em outros ambientes que disponibilizam estas tecnologias, e nem
sempre isto é possível pela falta de recursos financeiros. Por conta disto, as crianças deste
bairro buscam diversão através das brincadeiras ao ar livre, e na companhia dos colegas; vale
ressaltar que estas crianças revivem antigas brincadeiras o que é tão pouco visto nos dias
atuais. Desenvolvem brincadeiras como amarelinha, futebol, elástico, andam de bicicleta e
mais rotineiramente empinam pipa. Estas atividades ocorrem quase sempre no final da tarde,
brincam livremente e exploram bem a rua onde moram. Geralmente as brincadeiras reúnem
meninas e meninos, com idade de cinco a catorze anos, e quase sempre sem supervisão de
adultos. O relacionamento entre as crianças ocorre de forma harmoniosa e percebemos
afetividade nas relações e autonomia nas brincadeiras através de palavras e atitudes. Esses
momentos são relevantes para o desenvolvimento das crianças.
No centro da cidade estão situados vários estabelecimentos comerciais, praças, clínicas
particulares, bares, um hospital regional e residências. Apesar de o bairro ser bem localizado,
as suas praças (João XXIII, Góes Calmon, do Feijão, Caraíbas e do Regional) não são
atrativas para as crianças, pois não dispõem de recursos como parque, quadra, campo, ponto
cultural e objetos que representem o universo infantil, que permitam as crianças explorarem o
local como ponto de lazer. A infraestrutura das praças não concebe as crianças como seres de
direitos, e esse local público acaba sendo não adequado para crianças uma vez que nas
imediações estão situados comércio e bares. As referidas praças são utilizadas por jovens e
adultos como pontos de encontros.
Praça Novo Horizonte
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O centro geralmente é habitado por pessoas de poder financeiro um pouco mais
elevado que as classes populares, geralmente esse bairro recebe mais investimentos por parte
do poder público e dos setores privados.
Diferentemente do outro bairro estudado, registramos poucas crianças brincando nas
ruas. Ao longo de duas semanas de observação, somente por duas vezes, notamos a presença
de crianças brincando, uma vez de bola, na calçada, influenciadas por um jogo de futebol que
estava sendo transmitido na televisão. Em outro momento brincando com carrinhos também
na calçada da casa de uma das crianças em questão. Vale ressaltar que as brincadeiras eram
supervisionadas o tempo inteiro pela mãe de uma das crianças.
A observação nos mostra que a influência tecnológica e midiática pouco altera a vida
das crianças do bairro Novo Horizonte. Elas exercem o pleno direito do brincar o que
desenvolve suas habilidades físicas, sociais, intelectuais e afetivas, mas infelizmente o direito
assegurado pelo Artigo 18 do (ECA) “é dever de todos velar pela dignidade da criança e do
adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento” fica violado, pois
o bairro não oferece muita segurança. O bairro referido não tem recursos financeiros que lhes
permitem utilizar de brinquedos recreativos e das inovações atuais, e isso pode influenciar na
maneira que estas crianças vivenciam a infância, oportunizando uma maior interação com o
outro.
Falamos anteriormente das transformações tecnológicas e da influência midiática na
vida das pessoas, em especial das crianças, e ao observamos as brincadeiras das crianças no
centro da cidade de Irecê, nos parece haver alguns impactos da tecnologia na vida dessas
crianças. Visto estes aspectos, a observação no centro da cidade evidencia que, a infância
parece ter adquirido uma nova roupagem, a da tecnologia. Isso foi evidenciado, pois as
Praça João XXIII Praça do Regional
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crianças passam a maior parte do tempo livre dentro de casa onde provavelmente têm acesso a
jogos de computador, vídeo game e programação televisiva, as brincadeiras coletivas são
raras. Segundo Sarmento “a infância tem tempos múltiplos, em diferentes épocas, sociedades
e contextos, por isso a infância se caracteriza como infâncias, cada uma com diferente
significação e singularidade” (2001, p.14). Nesse sentido o conceito se torna variável
conforme a colocação da criança na classe social e na sociedade em geral. Essa nova
roupagem da infância, adquirida pelas novidades tecnológicas merece uma atenção acentuada,
pois estando envolvidas pela tecnologia, as brincadeiras das crianças acontecem de forma
solitária.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo deste trabalho foi perceber as características da infância através do brincar
das crianças de contextos sociais diferentes, procurando evidenciar as experiências vividas
pelas mesmas e compará-las com as mudanças que estão ocorrendo na atual sociedade,
intercalando com alguns direitos que são assegurados às crianças. Tendo como base teórica
Ariès, Postman, Machado, Vygotsky, Sarmento e o ECA, os dados colhidos foram
comentados a partir destes autores. As informações obtidas com a pesquisa evidenciaram que
o meio social em que a criança está inserida contribui na maneira como esta vivencia a
infância.
As inovações tecnológicas atuam de maneira presente na vida das crianças, em
especial das que moram no centro da cidade, que geralmente fazem parte das classes média e
alta. O alto poder aquisitivo das famílias favorece para que estas cresçam num meio de
inovações, que influenciam no desenvolvimento da infância e consequentemente na maneira
em que estas brincam. Agregados à nova roupagem tecnológica as crianças passam a maior
parte do tempo livre em frente à televisão e fazendo uso destes recursos. As brincadeiras ao ar
livre foram pouco vistas, ficando notório que estão cada vez mais restritas, acarretando em
uma transformação na maneira como vivenciam a infância.
As crianças residentes no bairro periférico, devido a pouca renda da família, não têm
acesso a novidades tecnológicas, o que de alguma forma possibilita que brinquem de maneira
livre e autônoma, devido a isso, estão rotineiramente revivendo brincadeiras antigas como
amarelinha, pula corda entre outras. A influência midiática não impede que as crianças
brinquem, e constatamos com a observação que estas interagem entre si, construindo elos
significativos que permitem usufruir de uma infância real a partir do meio social.
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Fica notório que a influência dos meios de comunicação, das tecnologias e da
televisão em especial, tem grande contribuição para o desenvolvimento da infância no centro
da cidade. Contrapondo a isto, a realidade vivida pelas crianças do bairro Novo Horizonte,
mostrou que estas vivenciam a infância de maneira diferente com pouca influência da mídia.
Diante disso, podemos dizer que "a infância está em processo de mudança, mas mantém-se
como categoria social, com características próprias" (SARMENTO, 2004, p.19).
Percebe-se que a ideia de infância foi mudando ao longo dos séculos, e ainda hoje
essas mudanças são reflexos dos contextos sociais. Diante das inúmeras inovações midiáticas
e tecnológicas tornou-se difícil identificar a melhor maneira das crianças vivenciarem a
infância, frente a esse novo paradigma. Sarmento (2006) revela que “o lugar da infância na
contemporaneidade é um lugar de mudança, em que a cada dia vai se reconfigurando e
ganhando novo significado". Diante disto cabe a nós entendermos este processo mutável, para
que possamos reconhecer e contribuir com os diferentes modelos de infâncias.
Esperamos a partir dos resultados obtidos colaborarmos com futuras pesquisas, que
assim como esta buscam mostrar como as crianças de dois contextos diferentes vivem a
infância.
REFERÊNCIAS
ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2° ed. Rio de Janeiro: LTC,
1981.
BORBA, Ângela M. A brincadeira como experiência de cultura na educação infantil. In:
BRASIL/MEC – Revista Criança do professor de educação infantil – Brasília: Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007. Disponível em
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Educinf/revista44.pdf> Acesso em 11/03/2013.
BRASIL, Ministério da Justiça. Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
- CONANDA. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei N.8.069/1990. Brasília, 2002.
Disponível em <http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/conanda/eca3.pdf> Acesso em 02/12/2011.
MACHADO, M. M. O brinquedo-sucata e a criança. Edições Loyola, 2003.
POSTMAN Neil. O desaparecimento da infância; tradução de Suzana Menescal de Alencar
Carvalho e José Laurenio de Melo. – Rio de Janeiro: Graphia,1999.
RUBEM, Jackson. Um Pedaço Histórico da Bahia. Irecê, 2006. Disponível em
<http://irece.ba.gov.br/dados-geograficos> Acesso em 16/02/2012.
SARMENTO, M. J. As culturas da infância nas encruzilhadas da segunda modernidade.
In: SARMENTO, M.J.; CERISARA, A.B. Crianças e miúdos: perspectivas sociopedagógicas
da infância e educação. Porto/PT: Asa Editores, 2004.
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SARMENTO, M. J. A globalização e a infância: impactos na condição social e na
escolaridade. In GARCIA. São Paulo, 2006.
VYGOTSKY, L. S. Formação social da mente. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1998.
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