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GLÁUCIA GLEICE MACIEL SANTOS

“ANÁLISE SISTEMÁTICA DE VIGAS-PAREDE BIAPOIADAS DE CONCRETO ARMADO”

Dissertação apresentada aoDepartamento de EngenhariaCivil da PUC-Rio como partedos requisitos para obtenção

do tĂ­tulo de Mestre em CiĂȘnciasde Engenharia Civil - Estruturas

Orientadores:Prof. Khosrow GhavamiProf.a Marta de S. L. Velasco

Departamento de Engenharia Civil

PontifĂ­cia Universidade CatĂłlica do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro, 03 de Março de 1999.

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A Deus

Aos meus pais

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Khosrow Ghavami pela orientação e sugestÔes dadas;

À Profa. Marta Velasco pela orientação, conselhos e apoio dados;

Ao meu amigo e colega de sala Zenon José Gusmån Nunes del Prado pelas longas conversas, a

boa convivĂȘncia e a ajuda na utilização do Grapher;

À Sylvia, pela convivĂȘncia nos Ășltimos meses, conselhos e ajuda na utilização do Mathcad;

À Ângela e Ă  Karina, pela amizade consolidada neste Ășltimo ano;

A todos os amigos e colegas que, de alguma maneira, contribuíram para a realização deste

trabalho.

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ABSTRACT

The major codes that contain recommendations and discussions concerning the design

of deep beams, including the ACI Building Code 318-95, the Canadian Code CAN-A23.3-

M84, the CEB-FIP Model Code and the CIRIA Guide 2, present design methods that do not

cover adequately the dimensioning of this type of beams. Nevertheless, some other codes

don’t give any special recommendation. The Brazilian Code (NBR 6118), for instance, just

explains that this type of beams should be calculated as a plate in elastic range. Another

example is the current British Code BS 8110, which explicitly states that “for design of deep

beams, reference should be made to specialist literature”.

Because of reasons as those mentioned above, obtaining a rational method not only

based on a clear mechanism of failure but taking into account the main parameters that have

influence on the ultimate strength of deep beams, has been the purpose of several researchers

in the whole world in the last two decades.

In this work, some methods for the design of simply supported reinforced concrete

deep beams are presented, examined and commented upon. These methods are applied to a

total of 37 beams tested in the Laboratory of Structures and Materials (L.E.M) of PUC-Rio,

since 1979, and to some beams reported in the literature, in order to yield a method which can

predict results of ultimate load closer to those ones obtained experimentally. The future aim is

to achieve recommendations that could be proposed to the Brazilian Code.

The tests of the 37 beams just referred are included in theoretical-experimental

research done by GuimarĂŁes (1980), Vasconcelos (1982) and Velasco (1984), which took place

in PUC-Rio, orientated by Professor Khosrow Ghavami. Several concluding remarks were

obtained in each Master Thesis, apart from one another, but there wasn’t any work that

compared these results. The present work is also intended to provide some comparative

information regarding the 37 deep beams mentioned above, with the support given by the

current literature.

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RESUMO

As principais recomendaçÔes para o dimensionamento de vigas-parede, como o ACI

318-95, o CEB-FIP, a Norma Canadense CAN-A23.3-M84 e o Guia 2 da CIRIA, apresentam

métodos de cålculo que não cobrem satisfatoriamente o projeto de tais vigas. Outras normas,

ainda, não trazem nenhuma indicação especial de dimensionamento. A própria Norma

Brasileira, a NBR 6118, por exemplo, declara apenas que vigas desse tipo devem ser

calculadas como chapas no regime elĂĄstico. O CĂłdigo BritĂąnico corrente BS 8110

explicitamente comenta que “para o projeto de vigas-parede, referĂȘncia deve ser feita Ă 

literatura especializada”.

Por razÔes como as citadas acima, a obtenção de um método racional, baseado em um

claro mecanismo de ruptura e que leve em conta os principais parĂąmetros que influenciam a

resistĂȘncia Ășltima das vigas-parede tem sido o objetivo de vĂĄrios pesquisadores de todo o

mundo nas duas Ășltimas dĂ©cadas.

Neste trabalho são apresentados, comentados e analisados vårios métodos de

dimensionamento de vigas-parede biapoiadas de concreto armado. Os métodos de cålculo são

aplicados ao total de trinta e sete vigas ensaiadas no LaboratĂłrio de Estruturas e Materiais

(L.E.M) da PUC-Rio, desde 1979, e a algumas vigas descritas na literatura, visando a

obtenção de um mĂ©todo que gere resultados de carga Ășltima os mais prĂłximos possĂ­veis dos

obtidos experimentalmente, e tendo como objetivo futuro a obtenção de recomendaçÔes que

possam ser propostas para a Norma Brasileira.

Os ensaios das trinta e sete vigas, no total, referenciadas acima, fazem parte de

pesquisas teĂłrico-experimentais realizadas na PUC-Rio por GuimarĂŁes (1980), Vasconcelos

(1982) e Velasco (1984), sob a orientação do Prof. K. Ghavami. Vårias conclusÔes foram

obtidas em cada uma dessas dissertaçÔes de mestrado, separadamente, mas nenhum estudo

havia sido feito no sentido de comparar os resultados encontrados. O presente trabalho

também tem como objetivo obter informaçÔes comparativas relacionadas às 37 vigas citadas,

com o respaldo da literatura atualizada.

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III

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................... VIII

LISTA DE TABELAS ...................................................................................................... XII

LISTA DE SÍMBOLOS .................................................................................................. XIV

TABELA DE CONVERSÃO DE UNIDADES ................................................................ XXI

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO ....................................................................................... 01

1.1 - ConsideraçÔes gerais ....................................................................................... 01

1.2 - Objetivos e relevĂąncia da pesquisa ................................................................... 03

CAPÍTULO II - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................. 05

2.1 - Introdução ....................................................................................................... 05

2.2 - ConsideraçÔes gerais ....................................................................................... 06

2.3 - ConsideraçÔes sobre a relação "/h .................................................................... 09

2.4 - Mecanismos de ruptura .................................................................................... 10

2.5 - ResistĂȘncia Ă  flexĂŁo ......................................................................................... 17

2.6 - ResistĂȘncia ao cisalhamento ............................................................................. 18

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IV

2.6.1 - ParĂąmetros considerados ................................................................... 20

2.6.1.1 - a/h x τ max cf ' ..................................................................... 20

2.6.1.2 - wl x τ max cf ' ...................................................................... 20

2.6.1.3 - wt x τ max cf ' ...................................................................... 21

2.7 - InfluĂȘncia da armadura de alma ........................................................................ 22

2.8 - InfluĂȘncia da espessura de alma ........................................................................ 24

2.9 - InfluĂȘncia da rigidez dos apoios ....................................................................... 28

2.10 - InfluĂȘncia da posição do carregamento ........................................................... 31

2.11 - InfluĂȘncia de abertura na alma ........................................................................ 36

2.12 - Modelos de bielas e tirantes ........................................................................... 39

2.13 - MĂ©todos de dimensionamento de vigas-parede ............................................... 46

2.13.1 - MĂ©todo apresentado no Boletim no 150 do CEB .............................. 47

2.13.2 - Método da Analogia da Treliça ........................................................ 48

2.13.3 - FĂłrmula de Kong ............................................................................ 48

2.13.4 - MĂ©todo apresentado no Guia 2 da CIRIA ........................................ 48

2.13.5 - RecomendaçÔes do CEB-FIP (1978) .............................................. 51

2.13.6 - MĂ©todo apresentado pelo CĂłdigo Canadense CAN3-A23.3-M84 .... 52

2.13.6.1 - Proposta e idéia ................................................................ 52

2.13.6.2 - CondiçÔes apresentadas pelo código ................................ 52

2.13.7 - RecomendaçÔes do ACI 318-95 ...................................................... 55

2.13.8 - Método do Caminho da Força Compressiva .................................... 57

2.13.8.1 - Proposta e idéia ................................................................ 57

2.13.8.2 - Modelagem da viga-parede ............................................... 58

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V

2.13.8.3 - MĂ©todo de projeto ............................................................ 59

2.13.9 - MĂ©todo de AnĂĄlise para Vigas-parede Biapoiadas segundo Subedi ... 60

2.13.9.1 - Proposta e idéia ............................................................... 60

2.13.9.2 - Descrição .......................................................................... 61

2.13.10 - Método do Modelo de Treliça com Amolecimento ....................... 65

2.13.10.1 - Proposta e idéia .............................................................. 65

2.13.10.2 - FĂłrmula para cĂĄlculo da resistĂȘncia ao cisalhamento ....... 67

2.13.11 - MĂ©todo do Modelo de Bielas e Tirantes Refinado .......................... 68

2.13.11.1 - Proposta e idéia ............................................................... 68

2.13.11.2 - Descrição ........................................................................ 69

CAPÍTULO III - APRESENTAÇÃO DAS 37 VIGAS-PAREDE CONSIDERADAS .... 71

3.1 - Notação das vigas ............................................................................................ 72

3.2 - Propriedades dos materiais, geometria e armadura ........................................... 75

3.2.1 - Vigas ensaiadas por GuimarĂŁes, G. B. (1980) .................................... 75

3.2.2 - Vigas ensaiadas por Vasconcelos, J. R. G. (1982) .............................. 75

3.2.3 - Vigas ensaiadas por Velasco, M. S. L. (1984) .................................... 76

3.3 - InformaçÔes comparativas .............................................................................. 80

CAPÍTULO IV - RESULTADOS ..................................................................................... 85

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VI

4.1 - Guia 2 da CIRIA ............................................................................................. 85

4.2 - CEB-FIP (1978) .............................................................................................. 85

4.3 - CAN3-A23.3-M84 .......................................................................................... 86

4.4 - ACI 318-95 ..................................................................................................... 87

4.5 - Método do Caminho da Força Compressiva ..................................................... 88

4.6 - MĂ©todo de AnĂĄlise para Vigas-parede Biapoiadas segundo Subedi .................. 89

4.7 - Método do Modelo de Treliça com Amolecimento ........................................... 90

4.8 - MĂ©todo do Modelo de Bielas e Tirantes Refinado .......................................... 93

CAPÍTULO V - COMENTÁRIOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS .......................... 96

5.1 - Guia 2 da CIRIA ............................................................................................. 96

5.2 - CEB-FIP (1978) .............................................................................................. 99

5.3 - CAN3-A23.3-M84 ........................................................................................ 102

5.4 - ACI 318-95 ................................................................................................... 104

5.5 - Método do Caminho da Força Compressiva ................................................... 106

5.6 - MĂ©todo de AnĂĄlise para Vigas-parede Biapoiadas segundo Subedi ................. 109

5.7 - Método do Modelo de Treliça com Amolecimento ......................................... 111

5.8 - MĂ©todo do Modelo de Bielas e Tirantes Refinado .......................................... 115

CAPÍTULO VI - ANÁLISE DE VIGAS APRESENTADAS NA LITERATURA ........ 120

6.1 - Propriedades dos materiais, geometria e armadura das vigas .......................... 121

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VII

6.1.1 - Vigas ensaiadas por Kong et al. ....................................................... 121

6.1.2 - Vigas ensaiadas por Smith e Vantsiotis ............................................. 122

6.1.3 - Vigas testadas por de Paiva e Siess .................................................. 122

6.2 - Resultados de carga Ășltima, comparação e comentĂĄrios .................................. 126

6.2.1 - CĂłdigo Canadense CAN3-A23.3-M84 ............................................ 126

6.2.2 - MĂ©todo de AnĂĄlise para Vigas-parede Biapoiadas segundo Subedi ... 130

6.2.3 - Método do Modelo de Treliça com Amolecimento .......................... 133

6.2.4 - MĂ©todo do Modelo de Bielas e Tirantes Refinado ............................ 135

CAPÍTULO VII - CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES ................................ 139

7.1 - ConclusÔes .................................................................................................... 139

7.2 - SugestÔes ...................................................................................................... 141

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 143

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VIII

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 Distribuição de tensĂŁo em vigas de tramo Ășnico ............................................ 08

Figura 2.2 Ilustração da ruptura por flexão .................................................................... 12

Figura 2.3 Mecanismo de ruptura e deformação aproximada de uma viga-parede

biengastada rompendo por cisalhamento ...................................................... 13

Figura 2.4 Ilustração da ruptura por fendilhamento ou tração diagonal para uma viga-

parede biapoiada ........................................................................................... 14

Figura 2.5 Ilustração da ruptura por compressão diagonal para uma viga-parede biapoiada

..................................................................................................................... 14

Figura 2.6 Mecanismo de ruptura de flexĂŁo-cisalhamento para uma viga-parede biapoiada

..................................................................................................................... 15

Figura 2.7 Mecanismo de ruptura e deformação aproximada de uma viga-parede

biengastada rompendo por flexĂŁo-cisalhamento ........................................... 16

Figura 2.8 Viga-parede biapoiada sob mecanismo de ruptura local ................................. 17

Figura 2.9 Modo de ruptura local para uma viga-parede biengastada ............................. 17

Figura 2.10 Efeito da relação a/h na resistĂȘncia ao cisalhamento ...................................... 20

Figura 2.11 Efeito da taxa mecĂąnica de armadura longitudinal na resistĂȘncia ao cisalhamento

..................................................................................................................... 21

Figura 2.12 Efeito da taxa mecĂąnica de armadura transversal na resistĂȘncia ao cisalhamento

..................................................................................................................... 22

Figura 2.13 SeqĂŒĂȘncia tĂ­pica na qual as fissuras aparecem em vigas-parede esbeltas

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IX

carregadas no bordo superior ....................................................................... 26

Figura 2.14 Representação da fissura diagonal crítica: linha pontilhada para vigas-parede

espessas; linhas cheia e tracejada de corte para vigas-parede esbeltas ............ 27

Figura 2.15 Seção transversal da viga, com a definição das excentricidades e1 e e2 ........ 27

Figura 2.16 Viga-parede rompendo por flambagem (viga C-29-0.1; Kong et al.,1986) ..... 27

Figura 2.17 Exemplos de vigas-parede com extremidades engastadas (Subedi, 1994) ...... 29

Figura 2.18 Detalhes das vigas testadas por SchĂŒtt (Cusens, 1990) .................................. 29

Figura 2.19 IsostĂĄticas e distribuição das tensĂ”es σ y , σ x e τ xy em vigas-parede com

" /h = 1.0, com e sem enrijecimento dos apoios (Leonhardt e Mönning, 1979)

..................................................................................................................... 30

Figura 2.20 DimensÔes e detalhes de armadura das vigas-parede de pequena espessura

testadas por Besser (1983) e Cusens e Besser (1985) ................................... 32

Figura 2.21 Efeito da armadura vertical sobre o espaçamento médio das fissuras sob

carregamento na base (L2 ) ........................................................................... 33

Figura 2.22 Desenvolvimento da abertura de fissura para vigas carregadas no topo (L1) ..34

Figura 2.23 Desenvolvimento da abertura de fissura para vigas carregadas na base (L2 ).. 35

Figura 2.24 Desenvolvimento de abertura de fissura para vigas carregadas igualmente no

topo e na base (L3 ) ...................................................................................... 35

Figura 2.25 Trajetória de tensÔes para uma viga-parede com abertura de alma

(modeloM 4 (Haque et al., 1986)) ................................................................. 37

Figura 2.26 Modelos de fissuração na ruptura ................................................................. 38

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X

Figura 2.27 Exemplo de aplicação do processo do caminho de carga em uma viga-parede ...

......................................................................................................................42

Figura 2.28 Viga-parede sob carregamento uniformemente distribuĂ­do no bordo superior .

..................................................................................................................... 43

Figura 2.29 Modelos para vigas-parede sob ação de carregamento uniformemente

distribuĂ­do no bordo superior ....................................................................... 44

Figura 2.30 Viga-parede submetida à ação de uma força concentrada .............................. 44

Figura 2.31 Distribuição de tensÔes horizontais no meio do vão, para força concentrada . 45

Figura 2.32 Modelos para vigas-parede com " /h ≄ 1.0 .................................................... 45

Figura 2.33 Modelos para vigas-parede com " /h < 1.0 ................................................... 46

Figura 2.34 Definição dos parùmetros da Equação (2.4) .................................................. 50

Figura 2.35 Modelo de bielas e tirantes para uma viga-parede ......................................... 54

Figura 2.36 Modelo para uma viga-parede sob a ação de uma carga concentrada e duas

cargas concentradas e/ou carregamento uniforme ......................................... 58

Figura 2.37 Procedimento para dimensionamento de uma viga-parede ............................ 60

Figura 2.38 Anålise de uma viga-parede: equilíbrio de forças ........................................... 63

Figura 2.39 Definição de símbolos e do elemento de cisalhamento ................................... 66

Figura 2.40 CondiçÔes de tensÔes no elemento de cisalhamento ...................................... 66

Figura 2.41 Modelo convencional de bielas e tirantes para uma viga-parede sob a atuação

de carregamento concentrado no bordo superior .......................................... 70

Figura 2.42 Modelo de bielas e tirantes refinado para uma viga-parede sob a atuação de

duas cargas concentradas no bordo superior ....................................... 70

Figura 3.1 DimensÔes das vigas testadas notaçÔes .................................................. 73

Figura 3.2 Tipos comuns de fissura ............................................................................... 84

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XI

Figura 4.1 GrĂĄfico P

PU CEB

U TESTE

( )

( )

78 x PU TESTE( ) ........................................................ 86

Figura 4.2 GrĂĄfico P

PU CAN

U TESTE

( )

( )

84 x PU TESTE( ) ........................................................ 87

Figura 4.3 GrĂĄfico P

PU ACI

U TESTE

( )

( )

95 x PU TESTE( ) ........................................................ 88

Figura 4.4 GrĂĄfico P

PU CFC

U TESTE

( )

( ) x PU TESTE( ) .......................................................... 89

Figura 4.5 GrĂĄfico P

PU AVPB

U TESTE

( )

( ) x PU TESTE( ) ......................................................... 90

Figura 4.6 GrĂĄfico P

PU MTA

U TESTE

( )

( ) x PU TESTE( ) .......................................................... 92

Figura 4.7 GrĂĄfico P

PU MBTR

U TESTE

( )

( ) x PU TESTE( ) ........................................................ 93

Figura 6.1 GrĂĄfico P

PU CAN

U TESTE

( )

( )

84 x PU TESTE( ) ...................................................... 127

Figura 6.2 GrĂĄfico P

PU AVPB

U TESTE

( )

( ) x PU TESTE( ) ....................................................... 131

Figura 6.3 GrĂĄfico P

PU MTA

U TESTE

( )

( ) x PU TESTE( ) ........................................................ 134

Figura 6.4 GrĂĄfico P

PU MBTR

U TESTE

( )

( ) x PU TESTE( ) ...................................................... 136

Figura 6.5 GrĂĄfico da razĂŁo PU(TESTE)/PU(MBTR) x a/h ................................................... 138

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XII

LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1 Limites superiores da relação "/h, " 0 /h ou " 0 /d para as vigas-parede segundo

diversas normas ..................................................................................... ...... 02

Tabela 2.1 Efeito da armadura transversal para pequenas razÔes de a/h .......................... 23

Tabela 2.2 Notação, espaçamento e taxa da armadura vertical das vigas ensaiadas ......... 31

Tabela 2.3 Cinco combinaçÔes de carregamento utilizadas ............................................. 31

Tabela 2.4 CritĂ©rio para teste de controle da resistĂȘncia de alma .................................... 63

Tabela 2.5 Critério para teste do modo de ruptura: flexão-cisalhamento ou fendilhamento

diagonal (cisalhamento) ................................................................................ 63

Tabela 2.6 Apresentação das quatro situaçÔes possíveis de contribuição dos diversos

parĂąmetros na carga Ășltima ........................................................................... 64

Tabela 3.1 SĂ©ries de vigas-parede de concreto armado, biapoiadas, sujeitas a carregamento

no bordo superior, analisadas na PUC-Rio .................................................... 72

Tabela 3.2 DimensÔes das vigas de teste ....................................................................... 77

Tabela 3.3 Características geométricas das armaduras principal e de alma ...................... 78

Tabela 3.4 Carga Ășltima obtida experimentalmente (PU(TESTE)), comparação das cargas de

fissuração e da carga de escoamento com a carga Ășltima, modo de ruptura para

cada viga e caracterĂ­sticas do concreto utilizado ........................................... 79

Tabela 3.5 Características do aço ................................................................................... 80

Tabela 4.1 Carga Ășltima determinada experimentalmente (PU(TESTE)) para cada viga e a sua

comparação com a carga Ășltima obtida por vĂĄrios mĂ©todos ........................... 94

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XIII

Tabela 4.2 Valores de c'CAN84, c

'CFC e c" CFC e a comparação entre eles, modo de ruptura

previsto pelo método de Anålise para Vigas-parede Biapoiadas (segundo

Subedi), para cada uma das 37 vigas consideradas ........................................ 95

Tabela 6.1 Propriedades das 35 vigas ensaiadas por Kong et al. (1970) ....................... 123

Tabela 6.2 Propriedades das 52 vigas ensaiadas por Smith e Vantsiotis (1982) ...... 124/125

Tabela 6.3 Propriedades das barras da armadura .......................................................... 125

Tabela 6.4 Propriedades das 19 vigas ensaiadas por de Paiva e Siess (1965) ................ 126

Tabela 6.5 Comparação entre os resultados de carga Ășltima obtidos pelos diversos

métodos e os obtidos experimentalmente para as vigas ensaiadas por

Kong et al. (1970), Smith e Vantsiotis (1982) e de Paiva e Siess (1965) ..........

...................................................................................................... 128/129/130

Tabela 6.6 MĂ©dia e desvio padrĂŁo de RAVPB obtidos para as 87 vigas apresentadas na

Tabela 6.5 que possuem valores para o mesmo........................................... 131

Tabela 6.7 MĂ©dia e desvio padrĂŁo de RMTA obtidos para as 63 vigas presentes na Tabela 6.5

que possuem valores para o mesmo ............................................................ 134

Tabela 6.8 MĂ©dia e desvio padrĂŁo de RMBTR obtidos para as vigas apresentadas na

Tabela 6.5 que possuem valores para o mesmo ........................................... 135

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XIV

LISTA DE SÍMBOLOS

CapĂ­tulo I

" vĂŁo teĂłrico da viga (centro a centro dos apoios)

" 0 vĂŁo livre da viga (face interna a face interna dos apoios)

h altura total da viga

d altura Ăștil da viga

CapĂ­tulo II

σx tensĂŁo normal horizontal

σy tensĂŁo normal vertical

τxy tensĂŁo de cisalhamento

σ1 tensĂŁo principal de tração

σ2 tensĂŁo principal de compressĂŁo

Rst força resultante das tensÔes de tração (Fig. 2.1)

Rcc força resultante das tensÔes de compressão (Fig. 2.1)

Rst1 força de tração no modelo de bielas e tirantes (Fig. 2.27)

Rcc3 força de compressão no modelo de bielas e tirantes (Fig. 2.27)

Rc1 força na biela horizontal no modelo de bielas e tirantes (Fig. 2.29)

Rc2 força na biela inclinada no modelo de bielas e tirantes (Fig. 2.29)

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XV

Rst força no tirante no modelo de bielas e tirantes (Fig. 2.29)

LN linha neutra

z braço de alavanca interno da viga (distùncia entre as forças resultantes

das tensÔes de tração e de compressão)

z2 braço de alavanca (Fig. 2.33)

z1 braço de alavanca (Fig. 2.33)

he altura efetiva da viga

b espessura da viga

a vão de cisalhamento (distùncia de centro a centro da placa de aplicação

da carga ao apoio mais prĂłximo)

a ' vĂŁo de cisalhamento medido do centro da placa de carregamento ao bordo do

apoio mais prĂłximo

e excentricidade efetiva da carga aplicada

e1 excentricidade da reação de apoio (Fig. 2.15)

e2 excentricidade da carga aplicada no bordo superior (Fig. 2.15)

q carga acidental uniformemente distribuĂ­da

g carga permanente uniformemente distribuĂ­da

f c' resistĂȘncia cilĂ­ndrica Ă  compressĂŁo do concreto

f sy tensão de escoamento da armadura principal de tração

fly tensão de escoamento do aço longitudinal

fty tensão de escoamento do aço transversal

τ mĂĄx tensĂŁo de cisalhamento mĂĄxima (resistĂȘncia ao cisalhamento) da viga

τ max cf ' tensĂŁo de cisalhamento normalizada

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XVI

wl taxa mecĂąnica de armadura longitudinal

wt taxa mecĂąnica de armadura transversal

ρ l taxa geomĂ©trica de armadura longitudinal total

ρ t taxa geomĂ©trica de armadura transversal

ρs taxa geomĂ©trica da armadura principal de tração

ρ w"taxa geomĂ©trica de armadura de alma longitudinal (horizontal)

P carga aplicada

VU(TESTE) força de cisalhamento Ășltima obtida experimentalmente

PU carga Ășltima total

Vc resistĂȘncia nominal ao cisalhamento fornecida pelo concreto

Vs resistĂȘncia nominal ao cisalhamento fornecida pela armadura de cisalhamento

As årea da armadura principal de tração

Es módulo de elasticidade do aço

Ec mĂłdulo de elasticidade do concreto

" , h, d possuem a mesma definição apresentada no Capítulo I desta Lista de Símbolos.

Os sĂ­mbolos presentes no item 2.13 estĂŁo definidos no prĂłprio texto, pois para cada

método de dimensionamento de vigas-parede hå uma definição específica de símbolos.

CapĂ­tulo III

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XVII

a vão de cisalhamento (distùncia de centro a centro da placa de aplicação

da carga ao apoio mais prĂłximo)

x vĂŁo livre de cisalhamento

"t vĂŁo total da viga

"0 vĂŁo livre da viga (face interna a face interna dos apoios)

" vĂŁo teĂłrico da viga (centro a centro dos apoios)

c dimensão do apoio na direção longitudinal da viga

ba dimensão do apoio na direção transversal à viga

b espessura da viga

d altura Ăștil da viga

h altura total da viga

φ diĂąmetro das barras

As årea da armadura principal de tração

Awh ĂĄrea da armadura de alma horizontal

Awv ĂĄrea da armadura de alma vertical

ρsA

bds , taxa geométrica da armadura principal de tração

ρ hA

bdwh

ρvA

bwv

"0

f y tensão de escoamento do aço

f su limite de resistĂȘncia do aço

f c' resistĂȘncia cilĂ­ndrica Ă  compressĂŁo do concreto

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XVIII

f t resistĂȘncia cilĂ­ndrica Ă  tração por fendilhamento do concreto

Δ y deformação correspondente ao limite de escoamento do aço

Es módulo de elasticidade do aço

PU carga Ășltima total

P carga total aplicada

PU(TESTE) carga Ășltima experimental total

Pf 1 carga correspondente ao aparecimento da primeira fissura de flexĂŁo

(tipo ① - Fig. 3.2)

Pf 2 carga correspondente ao aparecimento das primeiras fissuras de cisalhamento

(tipo ② - Fig. 3.2)

Pf 3 carga correspondente ao aparecimento das segundas fissuras de cisalhamento

(tipo ⑱ - Fig. 3.2)

Py carga de escoamento do aço

2 C.C. duas cargas concentradas

C.U.D. carregamento uniformemente distribuĂ­do

F flexĂŁo

C cisalhamento

FC flexĂŁo-cisalhamento

L (A) ruptura local no apoio

L (C) ruptura local sob os pontos de aplicação de carga

CapĂ­tulo IV

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XIX

VU força de cisalhamento Ășltima (PU/2)

c’CFC largura da biela inclinada determinada pelo MĂ©todo do Caminho da Força

Compressiva

c” CFC largura da biela inclinada que satisfaz o equilíbrio citado no item c da Fig. 2.37

c’CAN84 largura mĂ©dia da biela inclinada determinada pela CAN-A23.3-M84

Ast ĂĄrea da armadura longitudinal total

Os parùmetros h, b, x, f c' e f t , além de F, C, PU , PU(TESTE) encontram-se definidos

no CapĂ­tulo III desta Lista de SĂ­mbolos.

CapĂ­tulo V

PU(TESTE) carga Ășltima experimental total

PU(PREVISTA) carga Ășltima prevista, similar Ă  Pp

R PU(PREVISTA) / PU(TESTE) ou Pp/ PU

” média aritmética

σ desvio padrĂŁo

Os demais símbolos estão definidos, para cada método considerado, no item 2.13.

CapĂ­tulo VI

As’ área da armadura principal de compressão

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XX

ρs’ A

bds'

, taxa geométrica da armadura principal de compressão

ρw taxa geomĂ©trica da armadura de alma (horizontal ou vertical)

f sy tensão de escoamento da armadura principal de tração

f sy' tensĂŁo de escoamento da armadura principal de compressĂŁo

f wy tensĂŁo de escoamento da armadura de alma

Os parĂąmetros ", "0, "t, h, b, d, a, x, As, ρs, ρh, ρv, f y , f c' , f t , alĂ©m de PU(TESTE)

encontram-se definidos no CapĂ­tulo III desta Lista de SĂ­mbolos.

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XXI

TABELA DE CONVERSÃO DE UNIDADES

in mm in2 cm2 lb N lb/in2 N/mm2

1 polegada

1 milĂ­metro

1 polegada quadrada

1 centĂ­metro quadrado

1 libra

1 NEWTON

1 libra por pol2

1 NEWTON por mm2

1

3.937 x 10-2

-

-

-

-

-

-

25.4

1

-

-

-

-

-

-

-

-

1

0.155

-

-

-

-

-

-

6.452

1

-

-

-

-

-

-

-

-

1

0.2248

-

-

-

-

-

-

4.448

1

-

-

-

-

-

-

-

-

1

1.450 x 102

-

-

-

-

-

-

6.895 x 10-3

1

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CAPÍTULO I

1. INTRODUÇÃO

1.1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS

Vigas-parede sĂŁo estruturas laminares planas verticais apoiadas de modo descontĂ­nuo,

solicitadas por carregamento atuante em seu prĂłprio plano, para as quais nĂŁo Ă© vĂĄlida a

hipĂłtese fundamental da teoria de flexĂŁo de Navier-Bernouilli, em virtude de apresentarem

relaçÔes geométricas inferiores a certos limites måximos estabelecidos para "/h (vão

teĂłrico/altura total da viga), " 0 /h (vĂŁo livre/altura total da viga) ou, ainda, para " 0 /d (vĂŁo

livre/altura Ăștil da viga).

As vigas-parede de concreto armado constituem-se num assunto de considerĂĄvel

interesse na pråtica da engenharia estrutural, podendo ser citadas as suas aplicaçÔes em

fachadas de edifícios, em estruturas offshore, em reservatórios como caixas d’água e silos, e

suas utilizaçÔes como blocos de coroamento de estacas, em tetos de transição (suportando

carga de pilares), como elementos de contenção em subsolos e, ainda, em estruturas de

centrais nucleares. Dadas as suas funçÔes, a demanda por um critério de dimensionamento

dessas vigas tem sido gerada, tendo em vista que um real entendimento do seu

comportamento é um pré-requisito essencial para a otimização de projeto.

A classificação de uma viga como uma viga-parede varia de acordo com a norma

estrutural utilizada. Na Tabela 1.1 a seguir sĂŁo apresentados alguns limites.

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2

NORMAS Simplesmente Apoiada ContĂ­nuaACI 318-95 (1995)

FLEXÃO

CISALHAMENTO" 0 /h ≀ 1.25

" 0 /d ≀ 5.0

" 0 /h ≀ 2.5

" 0 /d ≀ 5.0

CEB-FIP (1978) "/h ≀ 2.0 "/h ≀ 2.5GUIA N° 2 DA CIRIA (1977)

(reimpresso em 1984)"/h < 2.0 "/h < 2.5

NBR 6118 (1978) "/h ≀ 2.0 "/h ≀ 2.5

Tabela 1.1 - Limites superiores da relação "/h, " 0 /h ou " 0 /d para as

vigas-parede segundo diversas normas.

As principais recomendaçÔes de projeto de vigas-parede resumem-se ao Guia 2 da

CIRIA de 1977, ao CĂłdigo do CEB-FIP de 1978 e de 1990, ao CĂłdigo do ACI 318-95 de

1995 e ao CĂłdigo Canadense CAN-A23.3-M84 de 1984. Contudo, nenhuma delas cobre

satisfatoriamente o projeto de tais vigas. Os métodos apresentados possuem enfoques

diferentes que serĂŁo abordados e analisados no decorrer deste estudo. Pode-se comentar, por

exemplo, que o CEB-FIP (1978) considera mais detalhadamente a resistĂȘncia Ă  flexĂŁo,

enquanto o ACI 318-95 (1995) apresenta de forma mais detalhada o cĂĄlculo da resistĂȘncia ao

cisalhamento das vigas. Ambos nĂŁo pretendem avaliar a resistĂȘncia Ășltima das vigas-parede,

e, sim, fazem recomendaçÔes que, se observadas, permitem o dimensionamento de tais vigas,

geralmente, com boa margem de segurança quanto Ă  sua resistĂȘncia Ășltima e,

simultaneamente, obedecendo a certos critérios relativos aos estados de utilização,

principalmente ao estado de fissuração.

O critĂ©rio de projeto do ACI 318-95 (1995) para resistĂȘncia ao cisalhamento de vigas-

parede consiste de um conjunto de regras empĂ­ricas baseadas numa grande quantidade de

dados provenientes de testes. A contribuição dos vårios fatores que influenciam esta

resistĂȘncia nĂŁo Ă© explicitamente desenvolvida a partir de um claro mecanismo de ruptura.

O CĂłdigo Canadense CAN3-A23.3-M84 (1984), assim como o CĂłdigo Modelo

CEB-FIP (1990), recomenda a utilização do modelo de bielas e tirantes para descrever o

mecanismo de ruptura de uma viga-parede. Ambos sugerem valores para os parĂąmetros de

resistĂȘncia das bielas e regiĂ”es nodais.

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3

O Código Britñnico corrente BS 8110 (1985) explicitamente declara que “para o

projeto de vigas-parede, referĂȘncia deve ser feita Ă  literatura especializada”.

O Guia 2 da CIRIA (1977) Ă© o Ășnico que dĂĄ recomendaçÔes para resistĂȘncia Ă 

flambagem de vigas-parede esbeltas, podendo ser considerado o mais completo dentre os

métodos citados (Tan et al., 1997; Subedi et al., 1986).

A própria Norma Brasileira, a NBR 6118 (1978), não traz nenhuma indicação especial

sobre o dimensionamento de tais vigas, permitindo apenas que elas sejam calculadas como

chapas no regime elĂĄstico.

Como jå pÎde ser percebido, as principais recomendaçÔes de projeto de vigas-parede

deixam a desejar em vĂĄrios aspectos.

1.2 - OBJETIVOS E RELEVÂNCIA DA PESQUISA

A obtenção de um método racional, baseado em um claro mecanismo de ruptura e que

leve em conta os principais parĂąmetros que influenciam a resistĂȘncia Ășltima de vigas-parede

tem sido o objetivo de vĂĄrios pesquisadores nas Ășltimas duas dĂ©cadas.

A partir de 1979 iniciaram-se, no Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio, sob

a orientação do Prof. Khosrow Ghavami, vårias pesquisas teórico-experimentais sobre o

estudo de vigas-parede de concreto armado, resultando nas dissertaçÔes de mestrado de

GuimarĂŁes, G. B. (1980), Vasconcelos, J. R. G. (1982), Velasco, M. S. L. (1984) e

servindo de base para o estudo paramétrico de Melo, G. S. S. A. (1984).

Vårias conclusÔes foram obtidas em cada dissertação, separadamente, mas nenhum

estudo havia sido feito no sentido de comparar os resultados encontrados, visando a obtenção

de informaçÔes comparativas relacionadas às 37 vigas-parede ensaiadas.

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4

O presente trabalho possui dois objetivos principais:

a. Obter informaçÔes comparativas, a partir dos resultados obtidos nos ensaios das

vigas-parede biapoiadas de concreto armado descritos nas dissertaçÔes de mestrado

elaboradas por GuimarĂŁes, Vasconcelos e Velasco, referenciadas acima, com o respaldo da

literatura atualizada;

b. Pesquisar mĂ©todos mais recentes de cĂĄlculo da resistĂȘncia de vigas-parede, para

confrontar os resultados assim encontrados com aqueles obtidos experimentalmente para as

vigas ensaiadas no LaboratĂłrio de Estruturas e Materiais (L.E.M.) da PUC-Rio e para

algumas vigas apresentadas na literatura, visando encontrar um método que gere resultados os

mais prĂłximos possĂ­veis dos experimentais.

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CAPÍTULO II

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 - INTRODUÇÃO

As primeiras revisÔes da literatura sobre o comportamento de vigas-parede foram

compiladas por Albritton, em 1965, pela Associação de Concreto e Cimento, em 1969, e pela

Pesquisa da IndĂșstria da Construção e Associação de Informação (CIRIA — Construction

Industry Research and Information Association), em 1977, e complementadas por Tang, em

1987, por Wong, em 1987, e por Chemrouk, em 1988 (Kong, F. K. e Chemrouk, M., 1990).

As pesquisas iniciais foram, na sua maioria, baseadas no comportamento elĂĄstico das vigas-

parede. Contudo, uma séria desvantagem dos estudos elåsticos consiste na usual suposição da

utilização de materiais isotrópicos obedecendo a Lei de Hooke e, portanto, estas investigaçÔes

não chegaram à orientação suficiente para projetos pråticos.

Nos anos 60, os testes sistemĂĄticos de carga Ășltima foram utilizados por de Paiva e

Siess (1965) e Leonhardt e Walther (1966). Esses testes constituem-se no principal passo de

pesquisas de tais vigas. A seguir são citados vårios trabalhos desenvolvidos na década de 70 e

na de 80.

A solução de um problema típico de vigas-parede usando os conceitos de plasticidade

foi relatada por Nielsen (1971) e Braestrup e Nielsen (1983). Kong e Robins (1971)

mencionaram que a armadura de alma inclinada era altamente efetiva para tais vigas, o que foi

confirmado por Kong e Singh (1972) e Kong et al. (1972). Foi proposto um método para

comparar quantitativamente os efeitos dos diferentes tipos de armadura de alma (Kong et al.,

1972). Kong e Sharp (1973) pesquisaram a resistĂȘncia e modos de ruptura de vigas-parede

com abertura na alma; a fĂłrmula proposta para prever a carga Ășltima foi subseqĂŒentemente

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6

refinada (Kong e Sharp, 1977; Kong et al., 1978) e adotada pelo Livro dos Projetistas de

Concreto Armado (Reynolds e Steedman, 1981 e 1988) (Kong, F. K. e Chemrouk, M.,

1990).

Robins e Kong (1973) utilizaram o MĂ©todo dos Elementos Finitos para prever a carga

Ășltima e os modelos de fissuração de tais vigas. Taner et al. (1977) relataram que este mĂ©todo

gerava bons resultados quando aplicado Ă s vigas-parede com flange.

Trabalhabilidade e ruptura sob cargas repetidas foram estudadas por Kong e Singh

(1974). Garcia (1982) estå entre os primeiros a concluir testes de flambagem numa série de

vigas-parede esbeltas de concreto (Kong, F. K. e Chemrouk, M., 1990).

Os efeitos de carregamento no topo e/ou na base de vigas-parede foram estudados por

Cusens e Besser (1985) e, anteriormente, por alguns outros pesquisadores (CIRIA, 1977).

Rogowsky et al. (1986) realizaram extensivos testes em vigas-parede contĂ­nuas. Mau

e Hsu (1987) aplicaram a “teoria do modelo de treliça com amolecimento” nas vigas

biapoiadas. Kotsovos (1988) realizou estudos visando o esclarecimento das causas

fundamentais da ruptura por cisalhamento desse tipo de vigas.

Ainda podem ser citados os trabalhos de Barry e Ainso (1983), Kubik (1980), Mansur

e Alwis (1984), Regan e Hamadi (1981), Rasheeduzzafar e Al-Tayyib (1986), Roberts e Ho

(1982), Shanmugan (1988), Singh et al. (1980), Smith e Vantsiotis (1982), Subedi (1988) e

Swaddiwwdhipong (1985) (Kong, F. K. e Chemrouk, M., 1990).

2.2 - CONSIDERAÇÕES GERAIS

Na prĂĄtica corrente de projeto, a anĂĄlise para estruturas de concreto armado em flexĂŁo

é geralmente baseada na suposição de que as seçÔes planas permanecem planas após a ação

do carregamento e na de que o material Ă© elĂĄstico e homogĂȘneo. Contudo, a teoria elementar

de flexĂŁo para vigas esbeltas, da ResistĂȘncia dos Materiais, nĂŁo mais se aplica no caso de

vigas-parede pois, sob a atuação de carregamento, as seçÔes não permanecem planas após a

deformação. Mesmo considerando um material homogĂȘneo e perfeitamente elĂĄstico, a

distribuição de tensÔes normais não é linear e a das cisalhantes não é parabólica. Na

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7

determinação dos esforços internos, devem ser levadas em conta condiçÔes de equilíbrio,

contorno, compatibilidade e relaçÔes constitutivas mais complexas.

A transição do comportamento de vigas comuns para o de vigas-parede é gradual,

começando a ser notada a partir de "/h = 2. Quanto menor é a relação "/h, mais as tensÔes se

afastam da distribuição prevista pela anålise de vigas esbeltas e mais a linha neutra se dirige

para baixo. Na Figura 2.1 encontra-se um exemplo da variação da distribuição de tensĂ”es σ x

(normais à seção transversal), na seção do meio do vão, em vigas-parede simplesmente

apoiadas submetidas a açÔes uniformemente distribuídas para vårias relaçÔes "h . As

resultantes das tensÔes de tração (Rst ) e de compressão (Rcc) são caracterizadas por sua

posição ao longo da altura da viga, sendo z a distùncia entre elas. Na viga com altura h = "/4

(Fig. 2.1.a) a distribuição de tensÔes é linear e as seçÔes permanecem planas após a

deformação. Para a viga com altura h = "/2 (Fig. 2.1.b) as seçÔes jå não permanecem planas

após as deformaçÔes e a linha neutra passa a 0.4h medida a partir da borda inferior. Na viga

com h = " (Fig. 2.1.c), a linha neutra passa a 0.28h. Para vigas-parede com h ≄ " (Fig. 2.1.d), o

valor da resultante de tração (Rst ) varia pouco, indicando que somente a parte inferior com

altura he ≅ " colabora na resistĂȘncia, sendo h e a altura efetiva da viga. A parte superior (zona

morta) atua apenas como ação uniformemente distribuída, e pode ser dimensionada como um

pilar-parede.

O grande nĂșmero de variĂĄveis que tĂȘm influĂȘncia no comportamento das vigas-parede Ă©

responsĂĄvel em grande parte pelas dificuldades de dimensionamento. Entre essas variĂĄveis,

podem ser citadas:

a. PrĂłpria geometria da viga

‱ espessura;

‱ relação"/h;

‱ enrijecimento dos apoios.

b. Tipo de apoio

c. ResistĂȘncia do concreto

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8

d. Armadura

‱ taxa e distribuição;

‱ ancoragem das barras.

e. Tipo de carregamento atuante e seu ponto de aplicação

Figura 2.1 - Distribuição de tensĂŁo em vigas de tramo Ășnico.

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9

Embora a relação vĂŁo/altura ("/h) seja o parĂąmetro mais freqĂŒentemente referenciado

como o determinante no comportamento de vigas-parede, a importùncia da relação vão de

cisalhamento/altura, sendo o vĂŁo de cisalhamento a distĂąncia de centro a centro da carga

aplicada ao apoio mais prĂłximo, foi enfatizada hĂĄ muitos anos atrĂĄs (Kong e Singh, 1972);

para flambagem e instabilidade, a relação altura/espessura da viga (h/b) e a relação

excentricidade da carga/espessura (e/b) sĂŁo ambas relevantes (Garcia, 1982; Kong et al., 1986)

(Kong, F. K. e Chemrouk, M., 1990).

Para uma viga-parede, a carga Ășltima Ă© determinada pela transferĂȘncia de forças entre a

carga aplicada e o apoio. ConseqĂŒentemente, a capacidade que pode ser denominada de

flexĂŁo ou de cisalhamento depende do detalhamento do carregamento e do apoio.

Conforme serĂĄ comentado no decorrer da presente pesquisa, trĂȘs processos sĂŁo

correntemente usados para o projeto de membros de transferĂȘncia de cargas como as vigas-

parede:

‱ MĂ©todos de projeto empĂ­ricos ou semi-empĂ­ricos;

‱ Análise bi ou tridimensional, tanto linear quanto não linear;

‱ Utilização de treliças compostas de bielas de concreto e tirantes de aço.

VĂĄrios pesquisadores (Siao, 1993 e 1994; Collins e Mitchell, 1986; Teng et al.,

1996; Adebar e Zhou, 1996; Tan et al., 1997) concordam que, nos Ășltimos anos, a teoria do

modelo de bielas e tirantes tem proporcionado um caminho mais promissor no cĂĄlculo da

resistĂȘncia de tais vigas.

No presente trabalho, atenção especial serĂĄ dada aos mĂ©todos que tĂȘm por base esse

modelo, como o proposto pela norma canadense CAN3-A23.3-M84 (1984).

2.3 - CONSIDERAÇÕES SOBRE A RELAÇÃO ""/h

Não hå uma relação de "/h mínima adotada mundialmente para que uma viga possa ser

considerada uma viga-parede. As fĂłrmulas em cĂłdigos de projeto adotadas por diversos paĂ­ses

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10

e institutos acadĂȘmicos sĂŁo desenvolvidas a partir de limites dessa relação, conforme jĂĄ visto

na Tabela 1.1.

A transição do comportamento de uma viga comum para o de uma vigas-parede é

gradual, começando a ser notada a partir de "/h = 2. Segundo Kong (1986), para propósitos

de projeto, esta transição é geralmente considerada ocorrer a uma relação vão/altura em torno

de 2.5. De Paiva e Siess (1965), ao considerar resultados de testes em dezenove vigas-parede

simplesmente apoiadas e, partindo do princípio de que deve haver uma gradual transição do

comportamento de uma viga esbelta para o de uma viga-parede onde os conceitos da primeira

ainda podem ser utilizados, estabelecem esse intervalo de transição como sendo entre 2 e 6, ou

seja, 2 ≀ "/h ≀ 6, e definem essas vigas como vigas-parede moderadas, ou, ainda, como vigas

moderadamente altas.

Pesquisadores (Kong et al., 1970; Smith e Vantsiotis, 1982; Lin e Raoof, 1995;

Subedi, 1988) do comportamento de vigas-parede geralmente incluem como tais as vigas com

valores de "/d (vão teórico / distùncia do centróide da armadura de tração à fibra comprimida

extrema) em torno de 3.

É importante reconhecer as diferentes definiçÔes quando da utilização das

recomendaçÔes de projeto.

2.4 - MECANISMOS DE RUPTURA

O conhecimento e o entendimento dos mecanismos de ruptura das vigas-parede Ă© de

importùncia fundamental para o desenvolvimento de uma formulação mais apropriada para o

dimensionamento de tais vigas.

A grande maioria das vigas biapoiadas ensaiadas por GuimarĂŁes (1980), Vasconcelos

(1982) e Velasco (1984) possuĂ­a um enrijecimento nos apoios, representando a existĂȘncia de

pilares laterais ou de vigas-parede transversais. Desse modo, as cargas suportadas pelas vigas

eram transmitidas aos apoios de uma maneira indireta, ao longo de toda a altura da viga-

parede.

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11

Para que se tenha um melhor entendimento dos modos de ruptura dessas vigas, serĂŁo

descritos abaixo e ilustrados tanto os apresentados por vigas biapoiadas quanto os de vigas

biengastadas.

De maneira geral, pode-se ter:

a. Ruptura por FlexĂŁo;

b. Ruptura por Cisalhamento;

c. Ruptura por FlexĂŁo-Cisalhamento;

d. Ruptura por Esmagamento do Concreto sobre o Apoio ou sob Cargas Concentradas

(Ruptura Local).

Melo, na revisão bibliogråfica de sua dissertação (Melo, 1984), salienta uma subdivisão

no modo de ruptura por cisalhamento: a Ruptura por CompressĂŁo Diagonal e a Ruptura por

Fendilhamento ou Tração Diagonal. Subedi (1988), na consideração dos mecanismos de

ruptura bĂĄsicos, nĂŁo faz nenhuma divisĂŁo, relatando como modo de ruptura por cisalhamento

apenas o por Tração Diagonal ou Fendilhamento.

GuimarĂŁes (1980), Velasco (1984) e Subedi (1988) consideram, ainda, um outro

modo de ruptura para vigas-parede biapoiadas: o de FlexĂŁo-Cisalhamento.

Fafitis e Won (1994) comentam que, dos quatro mecanismos descritos por Subedi

(1988) Flexão, Flexão-Cisalhamento, Cisalhamento (Fendilhamento ou Tração Diagonal) e

Ruptura Local os dois mais importantes modos de ruptura sĂŁo FlexĂŁo-Cisalhamento e

Fendilhamento Diagonal, embora a Ruptura Local citada acima nĂŁo seja rara.

Subedi (1994) foi a Ășnica referĂȘncia encontrada que descrevia em detalhes os modos

de ruptura de vigas-parede biengastadas.

a. FlexĂŁo

É caracterizada principalmente pelo escoamento da armadura de flexão (no meio do

vão). Hå o surgimento de fissuras verticais, na base da viga, que se prolongam até quase toda a

altura desta. A ruptura ocorre geralmente com o escoamento da armadura e, sĂł em casos

raros, com o esmagamento do concreto. Na Figura 2.2 encontra-se a ilustração de duas vigas

rompendo por flexão, uma sob a ação de um carregamento uniformemente distribuído (Fig.

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2.2.a) e a outra sob a ação de duas cargas concentradas (Fig. 2.2.b). Para vigas-parede

biengastadas, este modo de ruptura nĂŁo Ă©, praticamente, considerado. Geralmente, Ă© assumido

que estas vigas tĂȘm resistĂȘncia adequada contra a flexĂŁo pura.

(a) (b)

Os nĂșmeros em (b) indicam a ordem dos eventos. Os eventos 1 e 2 correspondem aoaparecimento de fissuras e o evento 3 corresponde ao esmagamento do concreto.

Figura 2.2 - Ilustração da ruptura por flexão.

b. Cisalhamento

O cisalhamento depende fundamentalmente da localização e distribuição das cargas

aplicadas. Para as vigas-parede biapoiadas submetidas a um carregamento aplicado no bordo

superior, a ruptura tem inĂ­cio com a formação sĂșbita de uma fissura diagonal principal em

ambos os painéis de cisalhamento, próxima aos apoios, que se propaga em direção ao ponto

de aplicação da carga mais próxima (caso de cargas concentradas) ou em direção ao ponto

localizado a 1/3 do vĂŁo a partir do apoio (caso de cargas distribuĂ­das). O aparecimento das

fissuras diagonais principais citado acima também é uma das principais características

apresentadas pelas vigas-parede biengastadas. Nestas, existe o esmagamento do concreto nas

extremidades das fissuras diagonais (“rótula nocional”), completando um mecanismo, e há a

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ausĂȘncia das fissuras de flexĂŁo nos apoios extremos engastados. O mecanismo e a deformação

aproximada encontram-se na Figura 2.3.

Para as vigas biapoiadas, dependendo, entre outros fatores, da existĂȘncia e da eficĂĄcia

da armadura de alma, pode-se ter:

‱ Ruptura por fendilhamento ou tração diagonal;

‱ Ruptura por compressão diagonal.

Fendilhamento ou Tração Diagonal

Geralmente, ocorre simultaneamente à formação da fissura diagonal. À medida que a

carga é aplicada, crescem os valores das forças de compressão ao longo da biela inclinada e,

conseqĂŒentemente, da tração indireta transversal Ă  mesma. Este tipo de ruptura estĂĄ ilustrado

na Figura 2.4.

CompressĂŁo Diagonal

ApĂłs o desenvolvimento da primeira fissura de cisalhamento entre o apoio e o ponto de

aplicação da carga, surgem novas fissuras, paralelas à primeira, formando uma biela

comprimida. A ruptura ocorre com o esmagamento do concreto desta biela, conforme

ilustrado na Figura 2.5 (GuimarĂŁes, 1980).

(a) (b)

Os nĂșmeros em (a) indicam a ordem os eventos.

Figura 2.3 - Mecanismo de ruptura (a) e deformação aproximada (b)de uma viga-parede biengastada rompendo por cisalhamento.

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Figura 2.4 - Ilustração da ruptura por fendilhamento outração diagonal para uma viga-parede biapoiada.

Figura 2.5 - Ilustração da ruptura por compressão diagonal para uma viga-parede biapoiada.

c. FlexĂŁo - Cisalhamento

O processo de ruptura Ă© iniciado pelo escoamento da armadura seguido pelo

esmagamento do concreto na zona de compressĂŁo; porĂ©m, a resistĂȘncia Ășltima ao cisalhamento

Ă© atingida antes do esmagamento total do concreto na zona de compressĂŁo. Por esta razĂŁo,

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15

este mecanismo de ruptura Ă© denominado de “flexĂŁo - cisalhamento” (GuimarĂŁes, 1980). Ele

encontra-se ilustrado na Figura 2.6 para uma viga-parede biapoiada.

Os nĂșmeros indicam a ordem dos eventos.

Figura 2.6 - Mecanismo de ruptura de flexão – cisalhamento para uma viga-parede biapoiada.

No caso de vigas-parede biengastadas (Figura 2.7), as principais caracterĂ­sticas deste

modo de ruptura sĂŁo:

‱ A formação de uma fissura de flexão principal ao longo de um dos apoios engastados

extremos;

‱ A formação de uma fissura diagonal principal no painel de cisalhamento aposto ao da

fissura de flexĂŁo citada;

‱ O esmagamento do concreto nas duas extremidades da fissura diagonal (no bordo da carga

e no canto inferior da viga; estas posiçÔes estĂŁo assinaladas como “rĂłtula nocional”, na

Figura 2.7, nas quais grande deformação rotacional ocorre no colapso);

‱ Uma grande rotação na extremidade inferior da fissura de flexão, mas não necessariamente

esmagando o concreto na regiĂŁo.

O mecanismo na ruptura e a deformação aproximada da viga perto do instante de

colapso estĂŁo mostrados na Figura 2.7.

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(a) (b)

Os nĂșmeros mostrados em (a) indicam a ordem dos eventos.

Figura 2.7 - Mecanismo de ruptura e deformação aproximadade uma viga-parede biengastada rompendo por flexão - cisalhamento.

d. Local

O estado de tensÔes sobre o apoio ou sob cargas concentradas é tal que pode ocorrer

esmagamento do concreto nestas regiÔes, devido às elevadas tensÔes de compressão, antes que

a capacidade resistente da viga tenha sido esgotada. Assim, deve ser dada especial atenção ao

dimensionamento e detalhamento dos apoios e às regiÔes sob os pontos de aplicação de carga

concentrada. Velasco (1984), para o ensaio de vigas-parede esbeltas, projetou um reforço de

apoio para as vigas que não possuíam enrijecimento lateral, e, nas vigas altas (relação

"/h = 1.0), acrescentou uma armadura de fretagem na região de aplicação das cargas

concentradas para evitar o esmagamento local.

Vigas-parede de concreto armado com apoios extremos biengastados sĂŁo

particularmente vulneråveis a uma ruptura local sob a zona de aplicação da carga concentrada.

Com uma geometria de apoios engastados, as vigas usualmente possuem uma grande

resistĂȘncia global, o que concede a ela prĂłpria a possibilidade de ruptura local (Subedi, 1994).

Nas Figuras 2.8 e 2.9 encontra-se a ilustração de uma viga-parede biapoiada e de uma

viga-parede biengastada, respectivamente, rompendo localmente. Os nĂșmeros indicam a ordem

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dos eventos. Na Figura 2.8 os eventos 1 e 2 correspondem ao aparecimento de fissuras e o

evento 3 corresponde ao esmagamento do concreto.

Os nĂșmeros indicam a ordem dos eventos.

Figura 2.8 - Viga-parede biapoiada sob mecanismo de ruptura local.

Os nĂșmeros indicam a ordem dos eventos.

Figura 2.9 - Modo de ruptura local para uma viga-parede biengastada.

2.5 - RESISTÊNCIA À FLEXÃO

Na literatura, geralmente, em relação às vigas-parede, é dada maior atenção à

resistĂȘncia ao cisalhamento do que Ă  resistĂȘncia Ă  flexĂŁo, porque Ă© considerado que para uma

taxa geomĂ©trica de armadura principal de tração bem distribuĂ­da e ancorada, a resistĂȘncia Ă 

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flexĂŁo Ă© sempre superior Ă  de cisalhamento. O CEB-FIP (1978), entretanto, considera mais

detalhadamente a resistĂȘncia Ă  flexĂŁo. O dimensionamento, neste caso, resume-se na

determinação da armadura, observando- se o limite de escoamento, não havendo a necessidade

de se verificar as tensÔes de compressão do concreto.

O procedimento de se adotar um braço de alavanca (z) obtido com base numa anålise

elĂĄstica-linear, para avaliar a resistĂȘncia Ășltima Ă  flexĂŁo de vigas-parede resulta num esforço de

tração calculado na armadura principal maior do que o real. ConseqĂŒentemente, a armadura

estå trabalhando com certa margem de segurança, conforme jå comprovado por trabalhos

experimentais (GuimarĂŁes, 1980; Kong et al., 1970; Kong et al., 1972; Vasconcelos, 1982 e

Velasco, 1984).

Guimarães (1980), iniciou um estudo para a determinação do braço de alavanca em

vigas- parede no estado fissurado, e concluiu que z depende, dentre outros parĂąmetros, da taxa

geométrica da armadura.

O estudo paramĂ©trico realizado por Melo (1984) determina a influĂȘncia de parĂąmetros

como a relação "/h, a taxa geomĂ©trica de armadura principal (ρs), a espessura da viga (b), a

resistĂȘncia Ă  compressĂŁo do concreto (fc' ) e a tensĂŁo de escoamento do aço (f sy ) na

resistĂȘncia Ă  flexĂŁo das vigas. No seu trabalho, Melo (1984) observa que, considerando como

estado limite Ășltimo aquele correspondente ao escoamento da armadura, a resistĂȘncia Ășltima Ă 

flexão pode ser estimada conhecendo-se apenas o braço interno de alavanca e as características

da armadura. Melo (1984) ainda propÔe uma fórmula para a determinação do braço de

alavanca.

2.6 - RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO

A resistĂȘncia ao cisalhamento de vigas-parede Ă© significativamente maior do que aquela

prevista pelo uso de expressÔes desenvolvidas para vigas esbeltas, por causa de sua particular

capacidade de redistribuir forças internas antes da ruptura e de desenvolver mecanismos de

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transferĂȘncia de forças bem diferentes dos de vigas de proporçÔes normais (Smith e

Vantsiotis, 1982).

A resistĂȘncia ao cisalhamento Ă© usualmente o problema dominante na prĂĄtica de projeto

das vigas desse tipo, e tem sido estudada por vĂĄrios pesquisadores, tanto experimentalmente

quanto teoricamente. Podem ser citados os trabalhos de Klingroth (1942), de Paiva e Siess

(1965), Zsutty (1971), Smith e Fereig (1974), Nielsen (1984), Mau e Hsu (1989) (Wang et al.,

1993).

Smith e Vantsiotis (1982) ensaiaram 52 vigas-parede de concreto armado, biapoiadas

e sujeitas a duas cargas concentradas no bordo superior, aplicadas a 1/3 e a 2/3 do vĂŁo. O

objetivo era o de estudar os efeitos de alguns parùmetros na formação da fissura inclinada de

cisalhamento, na resistĂȘncia Ășltima ao cisalhamento, na deflexĂŁo no meio do vĂŁo, na

deformação da armadura de tração e na abertura das fissuras das vigas analisadas. A taxa de

armadura de alma vertical variava entre 0.18 e 1.25 %, e, a horizontal, de 0.23 a 0.91 %; as

vigas possuíam relação a/d entre 1.00 e 2.08 e relação " /d entre 2.67 e 4.83. Foi observado

que hĂĄ um decrĂ©scimo na carga que leva Ă  fissura inclinada e na carga Ășltima, com o

crescimento da razĂŁo a/d. TambĂ©m foi observado que um aumento na resistĂȘncia do concreto

implica num aumento na capacidade de carga Ășltima da viga. Este crescimento Ă© mais

pronunciado em vigas com baixa razĂŁo a/d e parece diminuir com o aumento de a/d.

Resultados de testes relatados na literatura (Smith e Vantsiotis, 1982; de Paiva e

Siess, 1965) mostram um grande crescimento na capacidade de cisalhamento além da carga

que leva Ă  fissura inclinada para a/d ≀ 2.5. Este aumento na resistĂȘncia Ășltima de cisalhamento

observado para a/d ≀ 2.5 Ă© principalmente atribuĂ­do Ă  ação de arco, que parece decrescer com

o aumento da razĂŁo a/d.

De acordo com Mau e Hsu (1987; 1989), trĂȘs fatores podem ser considerados os mais

importantes no cĂĄlculo da resistĂȘncia ao cisalhamento normalizada (τ max cf ' ) de vigas-parede.

São eles a relação vão de cisalhamento/altura (a/h), a taxa mecùnica de armadura longitudinal

( )wl e a taxa mecĂąnica de armadura transversal ( )wt , onde wl = ρ l ly cf f⋅ ' e wt = ρ t ty cf f⋅ ' ,

sendo ρ l e ρ t , a taxa geomĂ©trica de armadura longitudinal e transversal, respectivamente; fly

e fty , a tensão de escoamento do aço longitudinal e transversal, respectivamente.

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A seguir encontra-se descrito o estudo paramétrico realizado por Mau e Hsu (1987).

Este estudo foi feito a partir de equaçÔes desenvolvidas levando-se em conta condiçÔes de

equilíbrio, compatibilidade e relação tensão-deformação.

2.6.1 - ParĂąmetros Considerados

2.6.1.1 - a/h x τ max cf '

A razĂŁo τ max cf ' geralmente decresce com o aumento da relação a/h. A taxa de

decréscimo é maior para os casos com menor taxa geométrica de armadura transversal,

conforme mostra a Figura 2.10.

a/h

Figura 2.10 - Efeito da relação a/h na resistĂȘncia ao cisalhamento.

2.6.1.2 - wl x τ max cf '

Como pode ser constatado pela Figura 2.11, a razĂŁo τ max cf ' cresce com o aumento de

wl . Isto significa que o aço longitudinal é efetivo para relaçÔes de a/h de 0.5 a 2.0 e com wt

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variando de 0.05 a 0.55. A efetividade Ă© relativamente maior quando wl varia de 0.1 a 0.3,

mas se torna gradualmente menor Ă  medida que wl aumenta.

ρ l ly cf f⋅ '

Figura 2.11 - Efeito da taxa mecĂąnica de armadura longitudinal na resistĂȘncia ao cisalhamento.

2.6.1.3 - wt x τ max cf '

A variação de τ max cf ' com wt Ă© mostrada na Figura 2.12 para seis combinaçÔes de

a/h e wl . Para razĂ”es de a/h = 1.0 e 2.0, τ max cf ' cresce com o aumento de wt , especialmente

para pequenos valores de wt . Para a pequena relação de a/h de 0.5, contudo, τ max cf ' decresce

levemente com o aumento de wt . Isto ocorre porque sob grande compressĂŁo transversal

efetiva (pequena razão a/h), maior taxa de armadura transversal leva a uma deformação de

compressão relativamente menor, que, por sua vez, leva a um maior “amolecimento”

(softening) do concreto. É razoável estabelecer que a efetividade da armadura transversal

decresce quando a/h decresce de 2.0 para 0.5.

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ρ t ty cf f⋅ '

Figura 2.12 - Efeito da taxa mecĂąnica de armadura transversal na resistĂȘncia ao cisalhamento.

2.7 - INFLUÊNCIA DA ARMADURA DE ALMA

O uso de armadura de alma em forma de malha ortogonal Ă© considerado essencial nĂŁo

só para o controle de abertura de fissuras, mas também porque reduz a probabilidade de

ruptura por instabilidade (Kotsovos, 1988).

A armadura de alma é mais eficiente quando colocada perpendicularmente à direção

das fissuras. Ela pode ser formada por estribos horizontais somente, por estribos verticais

somente, por uma malha ortogonal, ou, ainda, ser inclinada. A armadura do tipo malha

ortogonal Ă© a mais utilizada, e Ă© recomendada pelas normais estruturais.

De Paiva e Siess (1965) ensaiaram 19 vigas-parede biapoiadas, algumas sem armadura

de alma e outras com armadura de alma consistindo de estribos verticais ou inclinados, sujeitas

à aplicação de duas cargas concentradas a 1/3 e a 2/3 do vão. As vigas possuíam

2.0 ≀ "/d ≀ 4.0, com " constante igual a 600 mm e a = 200 mm. Foi observado que a adição de

até 1.42% de armadura de alma (taxa de armadura total) não provocava efeito no

desenvolvimento de fissuras inclinadas e parecia ter pouco efeito sobre a resistĂȘncia Ășltima das

vigas, sem levar em conta o modo de ruptura. Todas as vigas com armadura de alma

apresentaram menor dano na ruptura quando comparadas com as sem este tipo de armadura.

Na pesquisa realizada por Smith e Vantsiotis (1982) foi observado que a armadura

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de alma é efetiva na redução da abertura das fissuras para todos os níveis de carga e,

particularmente, em vigas com a/d > 1.0. Além disso, verificou-se que, em geral, a armadura

de alma aumenta a resistĂȘncia Ășltima ao cisalhamento, o que pode ser constatado pelo estudo

paramétrico feito por Mau e Hsu (1987; 1989) e representado pelas Figuras 2.11 e 2.12.

Somente para pequenas razĂ”es de a/h hĂĄ um ligeiro decrĂ©scimo nessa resistĂȘncia, quando do

aumento da taxa de armadura transversal.

A ineficiĂȘncia da armadura transversal para baixas razĂ”es de a/h pode tambĂ©m ser

observada nos testes feitos por Kong et al.(1970). TrĂȘs pares de vigas testadas com a/h ≀ 0.5

estão listados na Tabela 2.1 (Mau e Hsu, 1990) . Em cada par de vigas, a relação a/h e a

porcentagem de armadura longitudinal (ρ l ) sĂŁo idĂȘnticas, mas a porcentagem de armadura

transversal (ρ t ) Ă© muito diferente. Pode ser percebido que as trĂȘs vigas com menor taxa de

armadura transversal (ρ t = 0.86%) apresentaram forças de cisalhamento mĂĄximas

experimentais iguais ou até superior àquelas apresentadas por vigas com maior taxa de

armadura transversal (ρ t = 2.45%). Quando a/h ≀ 0.5 uma taxa geomĂ©trica de armadura

transversal superior a 0.25% nĂŁo Ă© efetiva no crescimento da resistĂȘncia ao cisalhamento de

vigas-parede. Na notação apresentada, 1 ou 2 é a série considerada, de acordo com a

quantidade e tipo de armadura de alma; 30, 25 ou 20 Ă© a altura da viga, dada em in (polegada).

Os valores de fc' e de VU TESTE( ) , originalmente em psi e lb, respectivamente, foram convertidos

em unidades do SI utilizando-se a Tabela de ConversĂŁo de Unidades presente no inĂ­cio deste

trabalho.

VIGAS

(Notação)a/h

ρ l

(%)

ρ t

(%)fc

'

( N mm2 )

VU TESTE( )

(kN)

1 - 302 - 30

0.330.33

0.520.52

2.450.86

21.7919.45

238.86249.09

1 - 252 - 25

0.400.40

0.630.63

2.450.86

24.8718.86

224.18224.18

1 - 202 - 20

0.500.50

0.800.80

2.450.86

21.5120.12

189.48215.28

Tabela 2.1 - Efeito da armadura transversal para pequenas razÔes de a/h.

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Rogowsky, MacGregor e Ong (1986) ensaiaram 7 vigas-parede biapoiadas e 17

contĂ­nuas de dois vĂŁos com diferentes relaçÔes a/d, com ρ t variando de 0.15 % a 0.6 % e ρ w"

(taxa de armadura de alma longitudinal) variando de 0.25 % a 0.39 %. Para as vigas

biapoiadas, a/d era 1.0, 1.5 ou 2.0. As vigas com menor taxa de estribos aproximaram-se do

modelo resistente de arco-atirantado na ruptura. Isto aconteceu independentemente da

quantidade de armadura de alma horizontal presente nas vigas. As rupturas foram repentinas,

com pouca deformação plåstica. Por outro lado, as vigas com grande quantidade de estribos

romperam de uma maneira dĂșctil. Foi observado que a presença de armadura de alma

horizontal influenciou muito pouco a resistĂȘncia das vigas analisadas, o que nĂŁo estĂĄ de acordo

com o ACI 318-95. O CĂłdigo ACI 318-95 (1995) considera que a armadura de alma

horizontal Ă© sempre mais efetiva do que a vertical.

2.8 - INFLUÊNCIA DA ESPESSURA DE ALMA

Nas Ășltimas trĂȘs dĂ©cadas, a maior parte da pesquisa sobre o comportamento de vigas-

parede de concreto armado sob carga Ășltima foi concentrada na sua resistĂȘncia Ă  flexĂŁo, ao

cisalhamento e na resistĂȘncia do apoio. Atualmente, se tornou claro que a flambagem de tais

vigas é um critério de ruptura que precisa ser considerado em projeto (Kong e Wong, 1990).

Estritamente falando, o termo “flambagem” se refere a um processo no qual uma estrutura se

move de um estado de equilĂ­brio neutro ou indiferente para um estado de equilĂ­brio instĂĄvel.

“Ruptura por flambagem” Ă© usada mais livremente para se referir a um estado de ruptura com

pronunciados deslocamentos fora do plano.

Realmente, com os avanços esperados na tecnologia dos materiais, serå possível a

utilização de vigas-parede cada vez mais esbeltas, ou seja, com seçÔes transversais cada vez

mais estreitas, e, assim, a flambagem provavelmente ditarĂĄ o projeto dessas vigas.

Dos quatro principais documentos de projeto de vigas-parede, que sĂŁo o CĂłdigo

Canadense (CAN3-A23.3-M84), o CĂłdigo Americano (ACI 318-95), o CĂłdigo Modelo CEB-

FIP e o Guia 2 da CIRIA, somente este Ășltimo apresenta recomendaçÔes diretas para o cĂĄlculo

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da resistĂȘncia Ă  flambagem. Contudo, por causa da falta de dados experimentais, as

recomendaçÔes de flambagem da CIRIA tiveram de ser baseadas em estudos teóricos,

utilizando-se o bom senso de engenharia; no final do ApĂȘndice C (ResistĂȘncia Ă  flambagem de

vigas-parede) deste guia, Ă© assinalado que “nĂŁo hĂĄ evidĂȘncia experimental para comprovar

estes procedimentos”.

O Guia da CIRIA (1977) recomenda trĂȘs mĂ©todos para a previsĂŁo da resistĂȘncia Ă 

flambagem de vigas-parede esbeltas: as Regras Suplementares, o MĂ©todo do Painel Único e o

MĂ©todo do Painel Duplo. É aconselhado por pesquisadores (Kong et al., 1986) que as Regras

Suplementares sejam usadas sempre que forem aplicĂĄveis. Quando nĂŁo forem, deve-se evitar o

MĂ©todo do Painel Único e aplicar preferencialmente o do Painel Duplo. Os resultados obtidos

segundo as recomendaçÔes da CIRIA são conservativos (Kong et al., 1986). Contudo,

levando-se em conta que as rupturas por flambagem sĂŁo catastrĂłficas e difĂ­ceis de serem

previstas, um razoåvel fator de segurança ainda se faz necessårio.

Velasco (1984), na PUC-Rio, estudou experimentalmente a influĂȘncia da espessura da

alma no comportamento de vigas-parede. Segundo Leonhardt e Mönning (1979), para

impedir a flambagem lateral Ă© necessĂĄrio que a viga tenha b ≄ " /20. Contudo, nĂŁo ocorreu

instabilidade por flambagem para nenhuma das vigas ensaiadas por Velasco, mesmo para as

que possuĂ­am b = " /24.

Os primeiros resultados publicados sobre o comportamento Ășltimo de vigas-parede

com altas razÔes altura/espessura (h/b) são provavelmente das quatro vigas testadas por Besser

e Cusens (1984) e das 38 vigas ensaiadas por Kong et al. (1986) (Kong e Wong, 1990).

Desses resultados relatados, uma das vigas testadas por Besser e Cusens e 30 das vigas

testadas por Kong romperam por flambagem.

O comportamento geral de vigas-parede esbeltas carregadas no topo pode ser resumido

brevemente como abaixo, de acordo com Kong et al. (1986):

a. Sob carregamento, as primeiras fissuras a se formar sĂŁo as de flexĂŁo, na regiĂŁo do meio do

vão (Figura 2.13, fissuras ①). A carga que provoca tais fissuras encontra-se, geralmente,

entre 20 e 40 % da carga Ășltima e Ă© menor do que aquela para uma viga-parede espessa de

comparĂĄvel razĂŁo "/h;

b. Sob carga adicional, longas fissuras diagonais (Figura 2.13, fissuras ②) são formadas,

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usualmente com grande ruĂ­do. Tipicamente, essas fissuras diagonais iniciam-se nĂŁo na base,

mas na extensĂŁo da altura da viga. Comparando com as vigas-parede espessas, as primeiras

fissuras diagonais principais das vigas esbeltas tendem a se formar a cargas menores e a ser

mais inclinadas sobre a horizontal. A sua direção encontra-se usualmente entre aquela da

linha sĂłlida e aquela da linha tracejada de corte da Figura 2.14;

c. Quando a carga é incrementada, o modo de ruptura depende fortemente da relação h/b e

da relação excentricidade da carga/espessura (e/b). De uma maneira geral, quanto maiores

essas razÔes, maiores são as probabilidades de que a ruptura por flambagem ocorra. Nos

testes feitos por Kong (Kong et al., 1986), foi percebido que quando a razĂŁo efetiva de

e/b, definida como 0.4 e b1 + 0.6 e b2 (com e1 e e2 definidos na Figura 2.15), nĂŁo excedia

0.03, nenhuma das 38 vigas testadas rompiam por flambagem mesmo quando a razĂŁo h/b

era maior do que 50. Contudo, quando a razĂŁo efetiva e/b era de 0.1 ou mais, mesmo as

vigas testadas de razĂŁo h/b abaixo de 25 rompiam por flambagem. O modo de flambagem Ă©

caracterizado por uma fissuração horizontal proeminente, usualmente sobre o comprimento

da viga (Figura 2.13, fissuras ⑱), que Ă© acompanhada por uma significante redução na

carga de ruptura.

Na Figura 2.16 encontra-se a ilustração de uma viga-parede rompendo por flambagem.

Figura 2.13 - SeqĂŒĂȘncia tĂ­pica na qual as fissuras aparecem emvigas-parede esbeltas carregadas no bordo superior.

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27

Figura 2.14 - Representação da fissura diagonal crítica:linha pontilhada para vigas-parede espessas;

linhas cheia e tracejada de corte para vigas-parede esbeltas.

Figura 2.15 - Seção transversal da viga, com a definição das excentricidades e1 e e2 .

Figura 2.16 - Viga-parede rompendo por flambagem (viga C-29-0.1; Kong et al., 1986).

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2.9 - INFLUÊNCIA DA RIGIDEZ DOS APOIOS

Subedi, N. K. (1994) salienta que as vigas-parede de concreto armado com as

condiçÔes de apoio engastadas são mais provåveis de ocorrer em estruturas na pråtica do que

as biapoiadas. Por exemplo, em edifĂ­cios, as vigas-parede apoiadas em vigas transversais sĂŁo

efetivamente ou parcialmente engastadas, as restriçÔes sendo fornecidas pelas vigas

transversais (Figura 2.17.a). Outros exemplos que podem ser citados sĂŁo as vigas-parede

apoiadas em grossos pilares (Figura 2.17.b) e as conectadas em estruturas de

contraventamento (shear wall structures) (Figura 2.17.c).

Quando uma viga-parede é apoiada em pilares laterais, os esforços são transmitidos aos

apoios ao longo da interseção viga - pilar, alterando a distribuição das tensÔes normais e

cisalhantes da viga. A anålise elåstica mostra que a linha neutra sofre uma elevação e as

resultantes de tração e compressão são menores, pois o braço de alavanca z aumenta.

Entre as pesquisas realizadas visando quantificar a influĂȘncia do enrijecimento dos

apoios no comportamento de vigas-parede, pode-se citar os ensaios feitos por SchĂŒtt em 1956

(Cusens, A. R., 1990), cujos detalhes das vigas testadas encontram-se na Figura 2.18, e os

trabalhos realizados, na PUC-Rio, por GuimarĂŁes (1980) e Vasconcelos (1982).

GuimarĂŁes analisou nove vigas-parede de concreto armado, simplesmente apoiadas,

sujeitas a duas cargas concentradas aplicadas no bordo superior. Das nove vigas ensaiadas, seis

apresentavam rigidez lateral. Foi observado que o enrijecimento dos apoios nĂŁo chegava a

causar nenhum efeito na resistĂȘncia Ășltima Ă  flexĂŁo e provocava somente uma ligeira elevação

na resistĂȘncia Ășltima ao cisalhamento das vigas analisadas. Vasconcelos continuou na mesma

linha de pesquisa, ensaiando 16 vigas-parede biapoiadas, oito submetidas a carregamento

concentrado (duas cargas pontuais) e oito submetidas a carregamento uniformemente

distribuĂ­do. Das dezesseis vigas analisadas, 14 possuĂ­am rigidez lateral.

Na Figura 2.19 encontram-se as isostĂĄticas e a distribuição das tensĂ”es σ σy x, e τ xy em

vigas-parede com "/h = 1.0, com e sem enrijecimento dos apoios, e submetidas a um

carregamento uniformemente distribuído. T e C representam, respectivamente, as forças

resultantes das tensÔes de tração e de compressão (Leonhardt e Mönning, 1979).

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Viga apoiada emvigas transversais

Viga apoiada emgrossas colunas

Vigas decontraventamento

(a) (b) (c)

Figura 2.17 - Exemplos de vigas-parede com extremidades engastadas (Subedi, 1994).

(Unidade: mm)

Figura 2.18 - Detalhes das vigas testadas por SchĂŒtt (Cusens, 1990).

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Figura 2.19 - IsostĂĄticas e distribuição das tensĂ”es yσ , xσ e xyτ em vigas-parede

com "/h = 1.0, com e sem enrijecimento dos apoios (Leonhardt e Mönning, 1979).

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2.10 - INFLUÊNCIA DA POSIÇÃO DO CARREGAMENTO

Uma série de testes realizados por Besser (1983) e Cusens e Besser (1985) foi utilizada

para a avaliação dos efeitos, na resistĂȘncia Ășltima de vigas-parede de pequena espessura, de

diferentes combinaçÔes de cargas agindo no topo e na base de tais vigas. Este trabalho

constitui-se na pesquisa mais abrangente relatada sobre o tema (Cusens, A. R., 1990).

Detalhes da armadura e as dimensÔes das dezessete vigas testadas encontram-se na Figura

2.20. Todas possuíam igual geometria e armadura principal, porém, diferentes taxas de

armadura transversal, com diferentes espaçamentos. Na Tabela 2.2 abaixo encontram-se o

espaçamento dos estribos verticais, a taxa de armadura vertical e a notação da viga; na Tabela

2.3 encontram-se listadas as cinco combinaçÔes de carregamento.

NOTAÇÃODA VIGA

ESPAÇAMENTO DAARMADURA VERTICAL (mm)

TAXA DE ARMADURA VERTICALρ t (%)

W1 74 1.06

W 2 98 0.80

W 3 56 1.40

W 4 - 0.0

W 5 39 2.0

Tabela 2.2 - Notação, espaçamento e taxa da armadura vertical das vigas ensaiadas.

NOTAÇÃO DOCARREGAMENTO

COMBINAÇÃO DE CARGA

L 1 carga uniformemente distribuĂ­da no topo da viga

L 2 carga uniformemente distribuĂ­da aplicada na base

L 3 combinação de cargas no topo e na base na razão 1:1

L 4 combinação de cargas no topo e na base na razão 2:1

L 5 combinação de cargas no topo e na base na razão 1:2

Tabela 2.3 - Cinco combinaçÔes de carregamento utilizadas.

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DimensÔes em mm

Figura 2.20 - DimensÔes e detalhes de armadura das vigas-parede de pequena espessura testadas por Besser (1983) e Cusens e Besser (1985).

Apesar das diferenças na armadura vertical, os modelos de fissuração são similares para

as vigas W1, W2 e W3 sob carregamento L1. Sob carregamento L2 , o desenvolvimento de

fissuras em todas as vigas (W1 a W5 ) Ă© largamente influenciado pela quantidade dessa

armadura. O espaçamento médio entre fissuras na seção vertical central das vigas varia com o

espaçamento da armadura vertical. A Figura 2.21 mostra que para grandes taxas dessa

armadura, o espaçamento médio entre fissuras horizontais é reduzido.

Sob cargas no topo e na base combinadas, o modelo de fissuração é influenciado tanto

pela razĂŁo entre os carregamentos do topo e da base quanto pela taxa de armadura vertical.

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A maior abertura de fissura, para as amostras carregadas no topo (L1), foi gerada por

uma fissura diagonal, e, para as carregadas na base, por uma fissura horizontal. A Figura 2.22

apresenta as mĂĄximas aberturas de fissura para o carregamento L1. Para as trĂȘs vigas testadas,

esta medida foi feita a uma altura de 250 mm da base. Examinando-se a Figura 2.22, a abertura

mĂĄxima de fissura parece ter se desenvolvido muito similarmente nas vigas W1e W2 .

Espaçamento da armadura vertical (mm)

Porcentagem de armadura vertical

Figura 2.21 - Efeito da armadura vertical sobre o espaçamentomédio das fissuras sob carregamento na base (L2 ).

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Abertura de fissura (mm)

Figura 2.22 - Desenvolvimento da abertura de fissura para vigas carregadas no topo (L1).

Os valores de abertura mĂĄxima de fissura para as vigas sob carregamento L2 estĂŁo

resumidos na Figura 2.23, e, para carregamento L3 , na Figura 2.24. Pelas duas figuras,

percebe-se que quando a carga Ă© aplicada na base, a abertura de fissura Ă© diretamente

dependente da quantidade de armadura vertical.

O Guia da CIRIA (1977) apresenta recomendaçÔes de projeto para vigas-parede

carregadas no topo e na base simultaneamente. Além disso, recomenda arranjos particulares

de armadura de cisalhamento para casos de cargas aplicadas na base.

O ACI 318-95 não tem nenhuma disposição especial para carregamento aplicado na

base e, geralmente, Ă© muito conservativo para as vigas carregadas no topo (Cusens, A. R.,

1990).

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Abertura de fissura (mm)

Figura 2.23 - Desenvolvimento da abertura de fissura para vigas carregadas na base (L2 ).

Abertura de fissura (mm)

Figura 2.24 - Desenvolvimento de abertura de fissura paravigas carregadas igualmente no topo e na base (L3 ).

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2.11 - INFLUÊNCIA DE ABERTURA NA ALMA

Em vårias formas de construção, aberturas na região da alma de vigas-parede são

algumas vezes preparadas para serviços essenciais e acessibilidade.

Embora testes em vigas de concreto forneçam recomendaçÔes utilizĂĄveis na resistĂȘncia

de vigas-parede com furos, os dados assim desenvolvidos não fornecem informaçÔes

compreensivas de distribuição de tensÔes em regiÔes críticas.

O guia de projeto de vigas-parede da CIRIA, tratando do projeto e detalhamento de

aberturas de alma, foi principalmente baseado em dados da literatura publicada, percepção

intuitiva para a distribuição das tensĂ”es e experiĂȘncias de construção. Essas aproximaçÔes

tendem a ser cautelosas na falta de dados adequados de testes (Ray, S. P., 1990).

M. Haque, Rasheeduzzafar e A. H. J. Al-Tayyib (1986) realizaram um programa de

testes, utilizando técnicas fotoelåsticas, envolvendo 13 vigas-parede, para estabelecer os

efeitos da relação "/h, da presença das aberturas (furos) e da posição das mesmas na

distribuição de tensÔes. O vão das vigas, a posição das cargas aplicadas e o tamanho e a forma

das aberturas foram mantidas invariantes para o programa. Desta pesquisa concluiu-se que o

modelo do fluxo de tensÔes para as vigas com furos é diferente do de vigas de alma sólida

somente na regiĂŁo em torno da abertura. O efeito da abertura de alma em termos do

crescimento das tensÔes de flexão críticas foi significante somente nas vigas mais baixas

("/h = 2.0) das séries de teste, tornando-se desprezível nas vigas mais altas ("/h = 1.46 e 1.0).

A localização da abertura de alma é o principal fator que influencia os níveis de tensão e a

resistĂȘncia da viga.

A título de ilustração, pode ser visto na Figura 2.25 a trajetória de tensÔes para o

modelo testado M4 (Haque et al., 1986).

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Figura 2.25 - Trajetória de tensÔes para uma viga-paredecom abertura de alma (modelo M4 (Haque et al., 1986)).

Na Figura 2.26 encontram-se modelos de fissuração na ruptura de típicas vigas-parede

com aberturas de alma sob a ação de dois pontos de carga, um a 1/3 e outro a 2/3 do vão. Na

Figura 2.26.a as aberturas sĂŁo retangulares e, na Figura 2.26.b, circulares. Nos dois casos, as

primeiras fissuras inclinadas visĂ­veis geralmente aparecem na regiĂŁo dos apoios e a partir das

bordas das aberturas a cargas que variam entre 36 e 55% da carga Ășltima. As fissuras de

flexĂŁo aparecem em pouca quantidade e geralmente ocorrem entre 60 e 95% da carga Ășltima.

A ruptura ocorre a partir da fissura diagonal, por cisalhamento. Dos dois tipos de abertura

considerados, o circular é mais efetivo na transmissão da carga e apresenta fissuração

diagonal bem definida. Este tipo, portanto, pode ser recomendado em projeto.

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(a)Viga-parede com aberturas

retangulares na alma.

(b)Viga-parede com aberturas

circulares na alma.

Figura 2.26 - Modelos de fissuração na ruptura.

Ray, S. P. (1990) salienta que os fatores que afetam o comportamento e o

desempenho de vigas-parede com aberturas de alma sĂŁo:

i. Relação "/h da viga;

ii. Propriedades da seção transversal (retangular, T, etc);

iii. Quantidade e localização da armadura longitudinal principal;

iv. Quantidade, tipo e posição da armadura de alma;

v. Propriedades do concreto e das armaduras;

vi. Relação a/h da viga;

vii. Tipo e posição do carregamento;

viii. Tamanho, forma e localização da abertura de alma.

Pode-se perceber que os fatores acima listados sĂŁo os mesmos que influenciam o

comportamento de uma viga-parede sem furos, sendo acrescentados, somente, os parĂąmetros

relacionados Ă  prĂłpria abertura de alma.

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2.12 - MODELOS DE BIELAS E TIRANTES

Alguns métodos de dimensionamento de vigas-parede, como a Norma Canadense

CAN3-A23.3-M84 (1984), o MĂ©todo do Modelo de Bielas e Tirantes Refinado (Siao, 1993) e

o CĂłdigo Modelo CEB-FIP (1990) baseiam-se no modelo de bielas e tirantes. Os dois

primeiros métodos serão descritos mais adiante; contudo, para que eles sejam melhor

compreendidos, o conceito de modelos de bielas e tirantes jĂĄ serĂĄ aqui descrito.

a. Definição - Os modelos de bielas e tirantes são representaçÔes dos campos de tensão

discretizados nos elementos estruturais de concreto armado. As bielas são idealizaçÔes dos

campos de tensão de compressão no concreto, e os tirantes, dos campos de tensão de tração

que sĂŁo usualmente absorvidos pelas barras da armadura. O modelo idealizado, que Ă© uma

estrutura de barras de treliça, concentra todas as tensÔes em barras comprimidas e tracionadas

ligando-as através de nós. Um nó pode ser definido como um volume de concreto que envolve

as interseçÔes das bielas comprimidas, em combinação com forças de ancoragem e/ou forças

de compressão externas (açÔes concentradas ou reaçÔes de apoio).

b. ConsideraçÔes Gerais - As vigas-parede são classificadas como regiÔes de perturbação

(regiÔes descontínuas) (Schlaich et al., 1987), as quais são caracterizadas por uma

distribuição não linear de deformação. SoluçÔes elåsticas de vigas-parede fornecem uma boa

descrição de seu comportamento antes da fissuração (Leonhardt e Walther, 1966), mas,

depois da fissuração, uma importante redistribuição de tensÔes ocorre e a capacidade da viga

deve ser prevista pela anĂĄlise inelĂĄstica, como o modelo de bielas e tirantes, recentemente

aperfeiçoado (Marti, 1985; Rogowsky e MacGregor, 1988; Siao, 1993) (Ashour e Morley,

1996).

A utilização de modelos de treliça no dimensionamento de estruturas de concreto

armado foi inicialmente proposta por Ritter (1899) e Mörsch (1909), na virada para o século

XX. Após décadas de estudos, vårios pesquisadores sugeriram modificaçÔes no modelo

original, visando implementĂĄ-lo e adequĂĄ-lo aos resultados experimentais. O primeiro

desenvolvimento importante foi a generalização do ùngulo de inclinação das bielas de concreto

(inicialmente considerado de 45°), por Lampert e Thurlimann (1968). Esta teoria ficou

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conhecida como o “modelo de treliça de ñngulo variável”. O segundo desenvolvimento foi a

dedução da equação de compatibilidade por Collins (1973) para determinar o ùngulo de

inclinação das bielas de concreto. Como este ùngulo é suposto coincidir com o ùngulo de

inclinação da tensão e da deformação principal de compressão, esta teoria é também conhecida

como a “teoria do campo de compressĂŁo”. Nesta, a condição de deformação mĂ©dia deveria

satisfazer o círculo de deformaçÔes de Mohr e a tensão nas bielas de concreto deveria

satisfazer o círculo de tensÔes de Mohr. O terceiro desenvolvimento foi a percepção do

“amolecimento” das bielas de concreto por Robinson e Demorieux (1968) e a quantificação

desse fenĂŽmeno por Vecchio e Collins (1981). Vecchio e Collins propuseram uma curva

tensão-deformação com amolecimento, na qual o efeito do amolecimento depende da razão

das duas deformaçÔes principais (Mau e Hsu, 1990).

Conhecendo-se um modelo adequado para uma determinada regiĂŁo de uma estrutura,

as forças nas bielas e nos tirantes serão automaticamente calculadas através do equilíbrio entre

forças externas e internas. O dimensionamento dos tirantes e a verificação do concreto das

bielas e nós são feitos de modo que eles suportem estas forças atuantes. É importante assinalar

que a resistĂȘncia do concreto nos campos de compressĂŁo depende, substancialmente, do seu

estado multiaxial de tensÔes e das perturbaçÔes causadas pelas fissuras e armaduras.

O comportamento e funcionamento estrutural das vigas-parede sĂŁo fortemente

influenciados pelo tipo e ponto de aplicação das açÔes e pelas condiçÔes de vinculação. A

modelagem deve ser feita, então, em função desses parùmetros.

A geometria do modelo pode ser obtida analisando-se:

‱ os tipos de açÔes atuantes;

‱ os ñngulos entre as bielas e os tirantes;

‱ a ĂĄrea de aplicação das açÔes e das reaçÔes;

‱ o nĂșmero de camadas da armadura;

‱ o cobrimento da armadura.

A abordagem convencional para o cĂĄlculo da resistĂȘncia ao cisalhamento de vigas-parede conta com algumas equaçÔes empĂ­ricas em cĂłdigos de projeto como o ACI 318-95 e o

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Guia da CIRIA. Em ambos os cĂłdigos, a resistĂȘncia Ășltima ao cisalhamento compreende duas

partes a contribuição do concreto, Vc , e a contribuição da armadura de alma, Vs . Para a

avaliação das duas contribuiçÔes, os códigos apresentam equaçÔes separadas. O cålculo da

resistĂȘncia ao cisalhamento torna-se, portanto, a soma das parcelas representantes dessas

contribuiçÔes (Vc + Vs ) multiplicada por um fator de segurança considerado adequado. Desta

maneira, os referentes códigos assumem que ambas as contribuiçÔes são de natureza distinta e

não interferem e nem interagem uma com a outra. Esta aproximação direta é largamente aceita,

pois gera uma avaliação rĂĄpida da resistĂȘncia ao cisalhamento da viga-parede e, tambĂ©m,

convenientemente, libera o engenheiro estrutural de fazer qualquer suposição sobre o critério

de ruptura do concreto (Tan et al., 1997).

Embora essa aproximação convencional seja de fåcil aplicação, ela não gera uma

interpretação física da complexa relação entre Vc e Vs . Para o projeto em estruturas de

concreto, o método de bielas e tirantes é considerado uma aproximação mais racional,

aplicåvel a qualquer forma estrutural, o que då ao engenheiro uma visão do fluxo das forças

internas nos membros estruturais.

c. Processo do Caminho de Carga - Modelos de bielas e tirantes podem ser sistematicamente

desenvolvidos através do fluxo de cargas dentro da estrutura pelo processo do caminho de

carga. Na Figura 2.27 encontra-se um exemplo de aplicação do processo do caminho de carga

em uma viga-parede. O equilĂ­brio externo da estrutura deve ser sempre satisfeito, assim como

o interno (equilíbrio dos nós). A ação de carregamento distribuído deve ser substituída por

forças concentradas equivalentes. Duas cargas opostas devem ser interligadas por caminhos

de carga os mais curtos possĂ­veis; as curvaturas existentes nesses caminhos representam

concentraçÔes de tensÔes. Após desenhar todos os caminhos de carga entre as cargas

externas, deve-se substituĂ­-los por linhas de um polĂ­gono e equilibrar os nĂłs, formando o

modelo.

d. Dimensionamento das bielas, dos tirantes e dos nĂłs - O dimensionamento das bielas e

dos tirantes não consiste somente na definição da seção necessåria para absorver as forças

atuantes. Deve-se tambĂ©m assegurar a transferĂȘncia das forças entre eles atravĂ©s da verificação

das regiĂ”es do nĂł. A resistĂȘncia das bielas que chegam aos nĂłs e dos tirantes neles ancorados

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depende do detalhamento escolhido para o nĂł. Isto ocorre porque o detalhe do nĂł definido

pelo projetista afeta o fluxo de forças. Caso o seu detalhamento seja modificado, por questÔes

construtivas, o seu dimensionamento também deverå ser revisto. A título de ilustração serão

mostrados abaixo alguns modelos de bielas e tirantes para vigas-parede simplesmente apoiadas,

submetidas a açÔes no bordo superior.

Figura 2.27 - Exemplo de aplicação do processo do caminho de carga em uma viga-parede:(a) A estrutura e suas açÔes no contorno;(b) O caminhamento das açÔes externas;(c) As linhas do polígono;(d) O modelo;(e) O equilíbrio dos nós.

e. Modelos para vigas-parede simplesmente apoiadas

Nas figuras mostradas a seguir, para os modelos apresentados, as linhas pontilhadas

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representam as bielas e as cheias, os tirantes. Para as trajetórias de tensÔes elåsticas, as tensÔes

de compressão são ilustradas pelas linhas pontilhadas e as de tração, pelas linhas cheias.

Ação Uniformemente Distribuída no Bordo Superior - As trajetórias de tensÔes elåsticas

devidas a este tipo de ação são mostradas na Figura 2.28.a. A Figura 2.28.b apresenta a

distribuição de tensÔes horizontais nas seçÔes verticais no meio do vão, e, a Figura 2.28.c, a

configuração fissurada obtida em ensaios.

(a) (b) (c)

Figura 2.28 - Viga-parede sob carregamento uniformemente distribuĂ­do no bordo superior.

O modelo utilizado neste caso pode ser o da Figura 2.29.a, em que a ação

uniformemente distribuída é dividida em duas partes e substituída por forças concentradas

equivalentes. No modelo refinado da Figura 2.29.b, a ação é dividida em quatro partes. Para se

obter as forças nas bielas e nos tirantes torna-se necessårio definir geometricamente o modelo,

através do ùngulo Ξ ou do braço de alavanca z. Na Figura, Rc1 e Rc2 são a força na biela

horizontal e na biela inclinada, respectivamente; Rst é a força no tirante e (g + q), a soma da

carga permanente com a carga acidental atuante. Schlaich e Schaefer (1989) mostram que o

braço de alavanca z varia linearmente de 0.6" para "h ≀ 1 atĂ© 0.34" para "h = 2. Assim, o

Ăąngulo Ξ varia de 68° para "h ≀ 1 atĂ© 55° para "h = 2.

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Força Concentrada Aplicada no Bordo Superior - As trajetórias de tensÔes elåsticas

devidas à força concentrada são apresentadas na Figura 2.30.a. A Figura 2.30.b apresenta a

configuração fissurada obtida em ensaios, segundo MacGregor (1988).

Figura 2.29 - Modelos para vigas-parede sob ação de carregamentouniformemente distribuído no bordo superior:

(a) Modelo simplificado;(b) Modelo refinado.

Figura 2.30 - Viga-parede submetida à ação de uma força concentrada:(a) Trajetórias de tensÔes elåsticas;(b) Configuração fissurada.

Na Figura 2.31.a encontra-se a distribuição de tensÔes horizontais no meio do vão

para vigas-parede com relação "h > 1 e, na Figura 2.31.b, para "

h < 1. No segundo caso,

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surgem tensÔes de tração significativas próximas à extremidade superior da viga por causa da

introdução da carga. Schlaich e Schaefer (1989) sugerem a utilização de modelos diferentes

dependendo da relação "h . A Figura 2.32.a apresenta um modelo simplificado para "

h ≄ 1 e

a Figura 2.32.b apresenta um modelo refinado.

Figura 2.31 - Distribuição de tensÔes horizontais no meio do vão,

para força concentrada: (a) "h > 1 e (b) "h < 1.

Figura 2.32 - Modelos para vigas parede com "h ≄ 1:

(a) Modelo simplificado;(b) Modelo refinado.

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A Figura 2.33 mostra modelos para 0.5 < "h < 1 (a) e "h ≀ 0.5 (b). No modelo

ilustrado na Figura 2.33.a, o braço de alavanca z2 varia linearmente de 0.23" para "h = 1 até

0.44" para "h = 0.5. Para o modelo da Figura 2.33.b pode-se adotar z2 = 0.48" . Para todos

os quatro modelos apresentados o Ăąngulo Ξ varia linearmente de 68° para "h ≀ 0.8 atĂ© 41°

para "h = 2.

Figura 2.33 - Modelos para vigas parede com "h < 1:

(a) 0.5 < "h < 1 ;

(b) "h ≀ 0.5.

2.13 - MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO DE VIGAS-PAREDE

Neste item serão descritos vårios métodos de dimensionamento de vigas-parede

disponíveis na literatura. Alguns deles (Método do Boletim 150 do CEB, a Analogia da Treliça

e o MĂ©todo de Kong) serĂŁo brevemente resumidos, pois jĂĄ foram descritos e utilizados para

comparação de resultados em trabalhos anteriores (Guimarães, 1980; Vasconcelos, 1982;

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Velasco, 1984). Os métodos do CEB-FIP (1978), do Guia 2 da CIRIA e do ACI, apesar de

tambĂ©m jĂĄ terem sido descritos e utilizados para comparação de carga Ășltima, serĂŁo resumidos

mais detalhadamente, pois serĂŁo alvo de comentĂĄrios no CapĂ­tulo V, por serem cĂłdigos de

projeto reconhecidos mundialmente.

O Código Canadense CAN3-A23.3-M84 (1984), o Método do Modelo de Treliça com

Amolecimento para previsĂŁo da resistĂȘncia ao cisalhamento (Mau e Hsu, 1989), o MĂ©todo de

projeto baseado no conceito do Caminho da Força Compressiva (Kotsovos, 1988), o Método

de AnĂĄlise para Vigas-parede Biapoiadas (Subedi, 1988) e o MĂ©todo do Modelo de Bielas e

Tirantes Refinado (Siao, 1993) serĂŁo explicados mais detalhadamente e, no CapĂ­tulo IV, serĂŁo

apresentados os valores de carga Ășltima obtidos por esses mĂ©todos e os obtidos

experimentalmente, para as vigas ensaiadas por Velasco (1984), Vasconcelos (1982) e

GuimarĂŁes (1980). Os resultados serĂŁo analisados no CapĂ­tulo V. Os valores de carga Ășltima

considerados são sempre os nominais, não havendo, portanto, a incorporação, nos cålculos, de

nenhum coeficiente de segurança.

2.13.1 - MĂ©todo apresentado no Boletim nÂș 150 do CEB

No boletim n° 150 do CEB é apresentado por Schlaich e Weischede um método que

permite calcular qualquer tipo de estrutura de concreto armado. A idéia constitui-se em dividir

a estrutura em elementos que sĂŁo dimensionados separadamente e depois unidos. Os autores

elaboraram um catĂĄlogo onde sĂŁo encontrados diversos tipos de elementos apresentando

condiçÔes de contorno diferenciadas e submetidos às mais variadas solicitaçÔes. Com o auxílio

desse catĂĄlogo pode-se determinar a melhor maneira de proceder Ă  divisĂŁo e escolha dos

elementos mais apropriados para cada situação. A partir das trajetórias das tensÔes principais,

determinadas pela Teoria da Elasticidade, uma treliça isoståtica båsica, a qual pode ser

refinada, se necessårio, é associada a cada elemento. A treliça em questão permite o

dimensionamento Ă  ruptura (Schlaich e Weischede, 1982).

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48

2.13.2 - Método da Analogia da Treliça

As fĂłrmulas desenvolvidas com base na analogia da treliça avaliam a resistĂȘncia Ășltima

das vigas-parede submetidas a cargas concentradas ou distribuĂ­das aplicadas no bordo

superior, considerando vårios mecanismos de ruptura. Na dedução das equaçÔes, vårias

hipĂłteses sĂŁo admitidas. A carga correspondente Ă  ruĂ­na da viga Ă© determinada a partir da

anålise da ruptura de cada um dos elementos da treliça. Pode ocorrer ruptura do banzo

tracionado ou ruptura das diagonais comprimidas (Kumar, 1976).

2.13.3 - FĂłrmula de Kong

F. K. Kong, P. J. Robins, A. Singh e G. R. Sharp (1972) propuseram uma fĂłrmula

baseada nos resultados experimentais de 135 vigas-parede simplesmente apoiadas, incluindo

vigas de concreto leve, submetidas a cargas aplicadas no bordo superior, para determinação do

esforço cortante Ășltimo em tais vigas. A fĂłrmula relaciona as principais variĂĄveis que

influenciam na resistĂȘncia ao cisalhamento e estabelece que tal resistĂȘncia Ă© obtida superpondo-

se as resistĂȘncias oferecidas pelo concreto e pela armadura.

2.13.4 - MĂ©todo apresentado no Guia 2 da CIRIA

O Guia 2 da CIRIA apresenta as “Regras Simples” para vigas-parede submetidas a

carga uniformemente distribuída e as “Regras Suplementares” para as submetidas a cargas

concentradas, carregamento indireto e apoios indiretos. Contudo, serĂŁo consideradas aqui

somente as regras utilizadas para as vigas submetidas a cargas concentradas no bordo superior.

Para vigas-parede com " ha ≀ 1.5, onde ha Ă© o menor valor entre h e " , de acordo

com as recomendaçÔes da CIRIA, nĂŁo se torna necessĂĄria a verificação da resistĂȘncia do

concreto na regiĂŁo comprimida devido Ă  flexĂŁo. A capacidade resistente da viga pode ser

limitada pelas tensĂ”es admissĂ­veis no apoio. Se " ha ≄ 1.5, o momento aplicado deve satisfazer

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a equação abaixo, na qual M Ă© o momento aplicado e f c' Ă© a resistĂȘncia cilĂ­ndrica Ă 

compressĂŁo do concreto.

M < 0.12 f c' b ha

2 (2.1)

A armadura principal de tração é calculada pela expressão As = Mf zsy

, onde f sy Ă© a

tensão de escoamento do aço utilizado. Para vigas-parede biapoiadas, o braço de alavanca z

entre as resultantes de tração e de compressão é obtido de forma aproximada no regime

elåstico, através da expressão (2.2) abaixo:

z = 0.2" + 0.4ha para " / h < 2.0 (2.2)

O esforço de tração T a ser resistido pela armadura principal é obtido, então, pela

expressĂŁo

T = M

z (2.3)

A resistĂȘncia Ășltima ao cisalhamento nĂŁo Ă© a mesma se a carga estiver aplicada no

bordo superior, no bordo inferior, ou de maneira indireta. Deve-se verificar a interação dos

carregamentos combinados.

A carga Ășltima para vigas-parede com cargas concentradas aplicadas no bordo superior

Ă© obtida por meio da fĂłrmula (2.4), similar Ă  FĂłrmula de Kong. Os valores dados aos

coeficientes C1 e C2 abaixo são nominais, não havendo a incorporação de nenhum coeficiente

de segurança, pois a procura estĂĄ sendo pelo esforço Ășltimo nominal.

Vu = C1 1 0 35−

. 'x

hf bh

ac a

+ C2 Ay

h

n

a1

2∑ sen α (2.4)

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na qual Vu = esforço cortante Ășltimo em N;

C1 = coeficiente empĂ­rico igual a 1.4 para concreto normal e 1.0 para concreto leve;

C2 = coeficiente empĂ­rico igual a 130 N/mm2 para barras lisas e 300 N/mm2 para

barras nervuradas;

A = ĂĄrea, em cm2 , da barra que intercepta a linha que liga a face interna do apoio Ă 

face externa da placa de aplicação de carga, denominada diagonal crítica;

n = nĂșmero total de barras que interceptam a linha definida acima, incluindo as

barras da armadura principal;

α = Ăąngulo formado entre a barra e a diagonal crĂ­tica (α ≀ π/2);

y = distùncia do ponto de interseção de cada barra da armadura com a diagonal

crĂ­tica ao bordo superior, mostrada na Fig. 2.34.

A carga Ășltima total (PU) Ă© dada por 2Vu.

x

BARRA DAARMADURA

αh

y

Figura 2.34 - Definição dos parùmetros da Equação (2.4).

A fĂłrmula representada pela Eq. 2.4 relaciona as principais variĂĄveis que influenciam

na resistĂȘncia ao cisalhamento e estabelece que a resistĂȘncia ao cisalhamento da viga Ă© obtida

superpondo-se as resistĂȘncias oferecidas pelo concreto e pela armadura. A contribuição do

concreto estå representada pelo primeiro termo da equação. A quantidade C 1 f c' bha é uma

medida da capacidade da biela comprimida entre o apoio e o ponto de aplicação de carga. O

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termo 1 0 35−

.

x

ha

representa a influĂȘncia da relação x

ha

. A contribuição da armadura estå

representada pelo segundo termo da equação. Quando o vão de cisalhamento é muito pequeno

Ă© provĂĄvel que as tensĂ”es admissĂ­veis no apoio limitem a resistĂȘncia Ășltima ao cisalhamento.

2.13.5 - RecomendaçÔes do CEB-FIP (1978)

É recomendado pelo CEB-FIP, para o dimensionamento de vigas-parede simplesmente

apoiadas submetidas a qualquer tipo de carregamento, um método de cålculo no qual a

resistĂȘncia Ă  flexĂŁo Ă© tratada mais detalhadamente do que a de cisalhamento.

O cålculo da armadura principal de tração é feito a partir da determinação do braço de

alavanca z entre as forças resultantes de tração e de compressão, de forma aproximada no

regime elåstico, através das expressÔes

z = 0.2 (" + 2h) para 1 ≀ " / h < 2

(2.5)

z = 0.6 " para " / h < 1

O esforço de tração T a ser resistido pela armadura é obtido, então, pela expressão

T = M

z (2.6)

onde M Ă© o momento fletor mĂĄximo.

A resistĂȘncia Ășltima ao cisalhamento deve ser limitada ao menor dos valores obtidos

pelas duas expressÔes a seguir:

V u cbhf= 0 10. '

(2.7)

V u cblf= 0 10. '

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52

O mĂ©todo visa a segurança das vigas-parede com respeito ao estado limite Ășltimo e aos

estados limites de utilização (principalmente o estado de fissuração).

2.13.6 - MĂ©todo apresentado pelo CĂłdigo Canadense CAN3-A23.3-M84

2.13.6.1 - Proposta e idéia

O Código Canadense de Concreto permite, para cisalhamento, o uso de dois métodos

de projeto alternativos: o método simplificado e o método geral. Para membros estruturais

como as vigas-parede, contudo, só é permitido o uso do método geral, o qual é baseado na

teoria do campo de compressão, nos conceitos de plasticidade e nos modelos de treliça.

A resistĂȘncia de membros em cisalhamento ou em cisalhamento combinado com torção

pode ser determinada satisfazendo-se as condiçÔes aplicåveis de equilíbrio e de compatibilidade

de deformaçÔes, e pelo uso apropriado das relaçÔes de tensão-deformação para a armadura e

para o concreto fissurado diagonalmente. As dimensÔes da seção transversal devem ser

escolhidas de modo a garantir que o concreto fissurado diagonalmente seja capaz de resistir Ă s

tensÔes compressivas inclinadas. Armaduras longitudinal e transversal capazes de equilibrar

este campo de compressĂŁo diagonal devem ser providenciadas (Collins e Mitchell, 1986).

2.13.6.2 - CondiçÔes apresentadas pelo código

a. ResistĂȘncia Ă  flexĂŁo - Para projeto de flexĂŁo, a viga-parede Ă© definida como uma viga na

qual a relação "0 /h é menor do que 1.25, no caso de vigas simplesmente apoiadas, e, menor

do que 2.5, para vigas contĂ­nuas.

b. Armadura mĂ­nima de tração - A taxa de aço da armadura principal (ρs) nĂŁo deve ser

menor do que ρ min da Eq. 2.8 abaixo:

ρ min = 1.4 /f sy (2.8)

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onde

ρ min = A bds , As Ă© a ĂĄrea da armadura principal de tração, b Ă© a espessura da viga, d

Ă© a altura Ăștil e f sy Ă© a resistĂȘncia do aço, dada em N/mm2.

c. Armadura de alma - Um sistema de armadura de alma ortogonal Ă© requerido, com barras

em cada face. A ĂĄrea mĂ­nima de armadura horizontal e vertical deve satisfazer a Eq. 2.9:

A bsv v ≄ 0.2% (2.9.a)

A bsh h ≄ 0.2% (2.9.b)

onde

Av é a årea total da armadura de alma vertical dentro do espaçamento sv , o qual não

deve exceder d/5 e nem 300 mm, e Ah Ă© a ĂĄrea total da armadura de alma horizontal dentro

do espaçamento sh , o qual não deve exceder d/3 e nem 300 mm.

d. ResistĂȘncia ao cisalhamento - O CĂłdigo Canadense usa o conceito de relação vĂŁo de

cisalhamento/altura da viga e não o de relação vão/altura. As provisÔes para cisalhamento se

aplicam Ă quelas partes do membro estrutural, nas quais:

i. A distùncia do ponto de cisalhamento zero até a face do apoio é menor do que 2d; ou

ii. A carga que causa mais do que 50 % do cisalhamento num apoio Ă© localizada a menos de

2d da face do apoio.

Os cålculos são baseados no modelo de treliça consistindo de bielas e tirantes,

conforme mostrado na Figura 2.35. Os parĂąmetros presentes nesta Figura serĂŁo definidos a

seguir.

A menos que uma armadura especial de confinamento seja providenciada, as tensÔes

compressivas do concreto nas zonas nodais, definidas como as regiÔes nas quais hå o encontro

de bielas e tirantes (Figura 2.35), nĂŁo devem exceder, em projeto: 0.85φ c cf ' em zonas nodais

contornadas somenter por bielas de compressĂŁo; 0.75φ c cf ' em zonas nodais ancorando um

tirante, ou 0.60φ c cf ' em zonas nodais ancorando tirantes em mais de uma direção, onde φ c Ă©

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um fator de resistĂȘncia do material, igual a 0.6 para concreto, e fc' Ă© a resistĂȘncia Ă  compressĂŁo

cilĂ­ndrica do concreto.

Fluxo de forças Vista da extremidade Modelo de treliça (a) (b) (c)

Figura 2.35 - Modelo de bielas e tirantes para uma viga-parede.

As condiçÔes limites de tensão das zonas nodais, juntamente com as condiçÔes de

equilíbrio, determinam a geometria da treliça, tal como a altura das zonas nodais e as forças

agindo nas bielas e tirantes. A principal armadura de tração é determinada a partir da força do

tirante. Essas barras da armadura devem ser efetivamente ancoradas para transferir a tração

requerida para as zonas nodais inferiores da treliça, para garantir o equilíbrio. O código, então,

requer a checagem das bielas contra um possĂ­vel esmagamento do concreto, conforme abaixo:

f f max2 2< (2.10)

onde

f2 Ă© a tensĂŁo mĂĄxima na biela de concreto, e f max2 Ă© a resistĂȘncia ao esmagamento

diagonal do concreto, dada por:

f max2 = λ φ c cf ' / (0.8 + 170 Δ 1) (2.11)

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onde λ é um fator de modificação para levar em conta o tipo de concreto, (λ = 1.0 para

concreto normal) e Δ 1é a deformação principal de tração, cruzando a biela. A Eq. 2.11

considera o fato de que a existĂȘncia de uma grande deformação principal de tração reduz

consideravelmente a habilidade do concreto de resistir às tensÔes de compressão.

Para propósitos de projeto, Δ 1 pode ser computada como:

Δ Δ Δ Ξ120 002= + +x x tg( . ) (2.12)

onde

Δ x é a deformação longitudinal do aço e Ξ é o ùngulo de inclinação das tensÔes

diagonais de compressĂŁo com o eixo longitudinal do membro (Figura 2.35).

2.13.7 - RecomendaçÔes do ACI 318-95

Ao contrårio do método proposto pelo CEB-FIP (1978), o ACI considera mais

detalhadamente a resistĂȘncia ao cisalhamento. As fĂłrmulas propostas, para o dimensionamento

ao cortante apenas, aplicam-se Ă s vigas-parede simplesmente apoiadas sujeitas a cargas

aplicadas no bordo superior e consideram os principais fatores que influenciam essa resistĂȘncia.

A resistĂȘncia total Ă© dada a partir da superposição das resistĂȘncias oferecidas pelo concreto e

pela armadura de alma.

A tensão de cisalhamento resistida pelo concreto (vc) é determinada a partir da equação

abaixo:

v c = 3 5 2 5. .−

M

V du

u

0158 2500. 'fV d

Mc s

u

u

+

ρ ≀ 0.5 fc

' (2.13)

na qual deve-se ter

3 5 2 5. .−

M

V du

u

≀ 2.5 (2.14)

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e M u e V u (momento fletor Ășltimo e esforço cortante Ășltimo, respectivamente) calculados na

seção crítica situada, para cargas concentradas, no centro da distùncia horizontal entre o ponto

de aplicação da carga e a face interna do apoio, e, para cargas distribuídas, a 0.15" 0 a partir

da face interna do apoio.

Na Eq. (2.13) deve-se utilizar f c' em N/mm2, obtendo-se vc também em N/mm2.

O segundo termo entre colchetes da Eq. (2.13) representa o esforço cortante

correspondente à formação da primeira fissura inclinada e o primeiro termo representa a

capacidade resistente da viga acima do esforço cortante responsåvel pela formação da fissura

referida anteriormente.

A tensĂŁo total de cisalhamento (vu) Ă© dada por

v u = V

bdu (2.15)

Deve-se ter

v u ≀ 0.67 fc' para

l

d0 < 2

(2.16)

v u ≀ 1

18 (10 +

l

d0 ) fc

' para 2 ≀ l

d0 ≀ 5

Nas Eqs. (2.16), f c' deve ser dado em N/mm2, obtendo-se vu também em N/mm2.

Quando a tensĂŁo v c Ă© menor do que a tensĂŁo v u , a armadura de alma deve ser tal que

a equação abaixo seja satisfeita:

( )A

s

l d A

s

l d v v b

fv

v

h

h

u c

y

1

12

11

120 0+

+−

=−/ /

(2.17)

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onde

f y = tensĂŁo de escoamento da armadura de alma;

sv = espaçamento entre os estribos verticais;

sh = espaçamento entre os estribos horizontais;

Av = årea dos estribos verticais no espaçamento sv ;

Ah = årea dos estribos horizontais no espaçamento sh .

A contribuição da armadura de alma, avaliada pela Eq. (2.17), é desenvolvida levando-

se em conta o encaixe do agregado ao longo de uma fissura inclinada conhecida e

considerando o coeficiente de atrito igual a 1 (um).

O uso da armadura de alma Ă© obrigatĂłrio e ela deve ser disposta de maneira a formar

uma malha ortogonal, observando-se os valores mĂ­nimos recomendados.

2.13.8 - Método do Caminho da Força Compressiva

2.13.8.1 - Proposta e idéia

É proposto por Kotsovos (1988) o dimensionamento de uma viga-parede a partir do

conceito do “caminho da força compressiva”, que estabelece que a capacidade de suporte de

carga de uma viga estĂĄ associada com a resistĂȘncia do concreto na regiĂŁo do caminho ao longo

do qual a força de compressão é transmitida aos apoios.

No método em questão, é feito um equilíbrio de forças e de momento, a partir de um

modelo de bielas e tirantes.

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2.13.8.2 - Modelagem da viga-parede

O fluxo de tensÔes de compressão possui uma parte horizontal e outra inclinada, ou

seja, é bilinear, e é considerado ter uma seção transversal retangular com uma espessura igual à

espessura da viga. A altura da porção horizontal pode ser avaliada de forma tal que a força de

compressão se iguale à força suportada pela armadura de tração.

Uma altura razoåvel para o fluxo de tensÔes da parte inclinada é considerada ser a/3,

onde a Ă© o vĂŁo de cisalhamento; se a/3 for menor do que a largura efetiva do apoio, deve ser

substituĂ­do pela largura do apoio. Na Figura 2.36 encontra-se o modelo proposto para vigas-

parede sob (a) uma carga concentrada e (b) duas cargas concentradas e/ou carregamento

uniforme. Na referida figura, C representa a força de compressão na biela horizontal, T

representa a força de tração na armadura principal e x representa a altura da biela horizontal.

(a) (b)

Figura 2.36 - Modelo para uma viga-parede sob a ação de(a) uma carga concentrada e(b) duas cargas concentradas e/ou carregamento uniforme.

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2.13.8.3 - MĂ©todo de projeto

Uma viga-parede irå suportar a ação de uma carga aplicada se as açÔes internas

resultantes puderem ser seguramente sustentadas pelos membros do modelo proposto. O

objetivo do procedimento de projeto, portanto, deve ser o de obter as dimensÔes desses

membros.

Para o caso de dois pontos de carga, tem-se o seguinte procedimento:

a. Assumindo que b e d são dados, avalie a altura (x) da porção horizontal do fluxo de tensÔes

de compressão, satisfazendo a condição de equilíbrio do momento em relação à intersecção

das direçÔes da reação de apoio e da armadura principal de tração. Se a condição citada não

puder ser satisfeita com os valores de b e d fornecidos, os mesmos devem ser ajustados;

b. Considerando que a armadura de tração escoa antes que a capacidade de carga da porção

horizontal do fluxo de tensÔes é alcançada, avalie a quantidade de armadura de tração

requerida para satisfazer a condição de equilíbrio das açÔes internas horizontais;

c. Cheque se a componente vertical da força compressiva suportada pela porção inclinada do

fluxo de tensÔes é maior do que a força externa resistida pelo fluxo no apoio ou igual à mesma.

Se nĂŁo, ajuste b e repita o processo.

O procedimento descrito acima estĂĄ ilustrado na Figura 2.37. O mesmo procedimento

pode ser estabelecido para o caso de uma viga-parede biapoiada submetida a um carregamento

uniformemente distribuĂ­do, transformando-se esse carregamento em duas cargas concentradas

equivalentes ao mesmo, aplicadas a 1/3 e a 2/3 do vĂŁo da viga. Na figura, ϕ Ă© o Ăąngulo que

mede o declive da biela inclinada em relação Ă  horizontal, definido pela geometria (tg ϕ = z/a).

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a) Equilíbrio de momentos: Cz = Pa gera x;b) Equilíbrio das forças horizontais: T = C gera As ;

c) Checar se a/3 satisfaz o equilĂ­brio de forças verticais: Cϕ senϕ = PSe nĂŁo, ajustar b e repetir o processo.

Figura 2.37 - Procedimento para dimensionamento de uma viga-parede.

2.13.9 - MĂ©todo de AnĂĄlise para Vigas-parede Biapoiadas Segundo Subedi

2.13.9.1 - Proposta e idéia

É proposto por Subedi (1988) um mĂ©todo geral, baseado no equilĂ­brio de forças na

ruptura numa seção da viga entre o apoio e o bordo interno da placa sobre a qual a carga estå

aplicada, para a anålise de vigas-parede de concreto armado, biapoiadas e de seção transversal

retangular. A principal suposição nessa anålise é a de que as vigas-parede rompem

predominantemente pelo desenvolvimento de fissuras ao longo de um plano entre a carga e o

apoio. O mĂ©todo prevĂȘ o modo de ruptura da viga, considerado ser flexĂŁo, flexĂŁo-

cisalhamento ou cisalhamento (fendilhamento diagonal), avalia a contribuição da armadura

principal, determina se o controle da resistĂȘncia da alma Ă© feita pelo concreto ou pelo aço e

sua respectiva contribuição, e obtĂ©m a carga Ășltima.

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2.13.9.2 - Descrição

A previsĂŁo do modo de ruptura e da carga Ășltima Ă© sugerida a partir de trĂȘs estĂĄgios.

Abaixo, segue-se um roteiro para a obtenção dessa previsão. O Estågio II serå descrito

posteriormente de forma detalhada e o EstĂĄgio III serĂĄ complementado. A anĂĄlise do EstĂĄgio

I, por ser bem conhecida do projeto de vigas comuns, nĂŁo serĂĄ mais discutida.

EstĂĄgio I

(i) Assuma o modo de ruptura: flexĂŁo;

(ii) Use compatibilidade de deformaçÔes;

(iii) Determine a carga Ășltima Pu1 .

EstĂĄgio II

(i) Assuma o modo de ruptura: flexĂŁo-cisalhamento ou fendilhamento diagonal;

(ii) Use o critĂ©rio mostrado na Tabela 2.4 para determinar se a resistĂȘncia de alma Ă©

controlada pelo concreto ou pela armadura;

(iii) Determine, a partir do equilíbrio das forças horizontais, a altura da zona de

compressĂŁo;

(iv) Use o critério apresentado na Tabela 2.5 para determinar o modo de ruptura:

flexĂŁo-cisalhamento ou fendilhamento diagonal (cisalhamento);

(v) Determine a contribuição da armadura principal;

(vi) Determine a carga Ășltima Pu2 .

Pu1 e Pu2 devem ser comparados: o menor valor darĂĄ a carga Ășltima prevista PU e o

correspondente modo de ruptura.

EstĂĄgio III

Para a carga Ășltima prevista, as tensĂ”es na placa sob as cargas aplicadas e as tensĂ”es no

apoio devem ser checadas e mantidas dentro de limites aceitĂĄveis.

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MĂ©todo proposto para a anĂĄlise do EstĂĄgio II

Na Figura 2.38 é mostrada uma seção de uma viga-parede. A seção transversal consiste

de uma zona de compressĂŁo, de altura tc , de uma zona de cisalhamento de altura hw e de uma

zona de tração localizada entre o bordo inferior da viga e o centróide da armadura principal.

As forças que mantém a seção em equilíbrio são:

Ftc - Força de fendilhamento diagonal normal ao plano de ruptura e que depende do limite

de resistĂȘncia Ă  tração f tc . Sua componente horizontal Ă© igual Ă  f bhtc we a vertical Ă f bxtc ;

Pc - Força compressiva na região superior da viga;

V - Força de cisalhamento vertical;

Pst - Força trativa horizontal, a qual consiste na contribuição da armadura principal de tração;

Ph e Pv - Forças horizontal e vertical, respectivamente, devidas à armadura de alma;

PU/2 - Reação de apoio.

Por equilĂ­brio de momentos, a carga Ășltima PU pode ser expressa por:

Ph x h t

xbf

h t

xP

h t

xP

x

xPU

w w ctc

w cst

w ch v=

+ ++

++

++

( ) ( ) ( )' ' ' '

2 2 2 (2.18)

A altura tc é calculada através do equilíbrio das forças horizontais, supondo-se um

bloco retangular de tensÔes de intensidade 0.67f c' ,

onde

f c' - resistĂȘncia cilĂ­ndrica Ă  compressĂŁo do concreto;

x’ - distñncia entre o centro do apoio ao bordo da placa de carregamento;

x - vĂŁo livre de cisalhamento.

Como a armadura de alma passa por compatibilidade de deformaçÔes, a componente

horizontal total da força de fendilhamento do concreto vale f bh A ftc w h s+ e a vertical vale

f bx A ftc v s+ , onde f sé a razão modular (E Es c ) multiplicada por f tc . Ah e Av são as åreas

das barras horizontais e verticais, respectivamente, que cruzam o plano de ruptura inclinado.

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63

Figura 2.38 - Anålise de uma viga-parede: equilíbrio de forças.

Teste f bh A ftc w h s+ f bx A ftc v s+ ResistĂȘncia da alma Ă© controlada

1 < A fh wy < A fv wy pela armadura

2 >ou >A fh wy

ou <

> < A fv wy

>

pelo concreto

Tabela 2.4 - CritĂ©rio para teste de controle da resistĂȘncia de alma.

Teste HSP(componente horizontal da força de

fendilhamento de alma)

Modo de rupturaprevisto

Contribuiçãoda armadura

principal

1> A fs sy

(ou seja, a armadura principal escoa)

flexĂŁo-cisalhamento

A fs sy

2

< A fs sy

(ou seja, a armadura principal nĂŁo Ă©completamente efetiva)

fendilhamentodiagonal

(cisalhamento)HSP

Tabela 2.5 - Critério para teste do modo de ruptura:flexão-cisalhamento ou fendilhamento diagonal (cisalhamento).

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64

Os critĂ©rios para teste de controle da resistĂȘncia da alma e para a obtenção do modo de

ruptura estão expostos na Tabela 2.4 e na Tabela 2.5, respectivamente. O critério apresentado

na Tabela 2.4 irĂĄ determinar os componentes horizontal e vertical apropriados (HSP e VSP,

respectivamente) da força de fendilhamento de alma e o critério apresentado na Tabela 2.5 irå

determinar a contribuição da armadura principal. Nas referidas tabelas, f wy significa a tensão

de escoamento da armadura de alma, f sy significa a tensĂŁo de escoamento da armadura

principal e As representa a årea da armadura principal de tração.

Carga Ășltima (PU)

A carga Ășltima Ă© calculada pela Eq. (2.18). Os vĂĄrios parĂąmetros da equação fazem

contribuiçÔes apropriadas para um caso específico de uma viga. Hå quatro situaçÔes possíveis,

as quais sĂŁo as seguintes:

Modo de ruptura

Controle da resistĂȘncia de alma

flexĂŁo--cisalhamento

fendilhamentodiagonal

(cisalhamento)

pelo concretoP A f

P A f

P A f

st s sy

h h s

v v s

=

==

;

;

.

P f bh A f

P A f

P A f

st tc w h s

h h s

v v s

= +==

;

;

.

pela armadura

P A f

P A f

P A f

st s sy

h h wy

v v wy

=

=

=

;

;

.

λλ

1

2

f tc nĂŁo contribuirĂĄ.

P A f

P A f

P A f

st h wy

h h wy

v v wy

=

=

=

λλλ

1

1

2

;

;

.

f tc nĂŁo contribuirĂĄ.

Tabela 2.6 - Apresentação das quatro situaçÔes possĂ­veis de contribuição dos diversos parĂąmetros na carga Ășltima.

Na Tabela 2.6 acima, λ1 e λ 2 são fatores que dependem da razão h xw e da

armaduraAh e Av .

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65

Limite de tensÔes para anålise no Estågio III

No caso das ĂĄreas de apoio com armadura adicional de confinamento, como, por

exemplo, armadura de fretagem, Ă© considerado que uma tensĂŁo limite de 0.85f c' sob a carga

aplicada e de 0.70f c' sobre a ĂĄrea de suporte (apoio) da viga seria apropriada para propĂłsito

de avaliação da carga de ruptura. Subedi (1988), contudo, salienta que esses valores não são

recomendaçÔes de projeto.

2.13.10 - Método do Modelo de Treliça com Amolecimento

2.13.10.1 - Proposta e idéia

Mau e Hsu (1987) propĂ”em, inicialmente, para cĂĄlculo da carga Ășltima de vigas-

parede, um método iterativo numérico baseado nas condiçÔes de equilíbrio, de compatibilidade

e na relação tensão-deformação de um elemento de cisalhamento, levando-se em conta o

processo de “amolecimento” (softening) do concreto. Este elemento, que se encontra

apresentado na Figura 2.39, estå sujeito às tensÔes mostradas na Figura 2.40, na qual p é a

tensĂŁo de compressĂŁo efetiva (efeito da compressĂŁo transversal) e v Ă© a tensĂŁo de

cisalhamento média. Nota-se que quanto maior a relação a/h, menor é o valor de p, dando a

mesma força cisalhante V. Portanto, p pode ser desenvolvida como uma função de V e a/h.

Ainda na Figura 2.40, α é o ùngulo de inclinação da biela em relação ao eixo " , o qual

representa a direção longitudinal (horizontal); f" e f t simbolizam, respectivamente, a tensão

na armadura longitudinal e na armadura transversal; σd e σr representam, respectivamente, a

tensĂŁo normal na direção principal d e a tensĂŁo normal na direção principal r . σ"c e σtc sĂŁo a

tensĂŁo normal no concreto na direção " e t , respectivamente; τ"tc Ă© a tensĂŁo de cisalhamento

no concreto, no sistema de coordenadas " -t; σ"s e σts representam, respectivamente, a tensĂŁo

normal total na armadura longitudinal (horizontal) e a tensĂŁo normal total na armadura

transversal (vertical). As direçÔes d, r, " e t (transversal) estão mostradas na Figura 2.40. Na

Figura 2.39, a altura efetiva do elemento de cisalhamento dv Ă© tomada como a distĂąncia entre

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66

o centróide do aço de compressão e o centróide do aço de tração. Quando não existe

armadura de compressĂŁo na viga-parede, a altura dv Ă© estimada em 0.9d.

Figura 2.39 - Definição de símbolos e do elemento de cisalhamento.

Figura 2.40 - CondiçÔes de tensÔes no elemento de cisalhamento.

Contudo, pelo fato de a solução iterativa não ser conveniente para projetos pråticos, foi

desenvolvida pelos mesmos pesquisadores (Mau e Hsu, 1989) uma fórmula de aplicação

imediata, a partir das trĂȘs equaçÔes de equilĂ­brio, para cĂĄlculo da resistĂȘncia ao cisalhamento

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de vigas-parede biapoiadas, submetidas a um carregamento aplicado no bordo superior,

levando em conta os principais fatores de influĂȘncia na resistĂȘncia. Os principais fatores

considerados sĂŁo a/h (vĂŁo de cisalhamento/altura total da viga), fc' (resistĂȘncia do concreto),

resistĂȘncia do aço, ρ t (taxa geomĂ©trica de armadura transversal) e ρ l (taxa geomĂ©trica de

armadura longitudinal total). Estes fatores sĂŁo expressos em termos de quatro variĂĄveis. As

constantes na fĂłrmula sĂŁo entĂŁo calibradas usando os dados de testes disponĂ­veis na literatura.

2.13.10.2. - FĂłrmula para cĂĄlculo da resistĂȘncia ao cisalhamento

Uma fórmula adimensional foi obtida através do uso das equaçÔes de equilíbrio

somente e manipulação de parùmetros. A fórmula inclui quatro constantes que foram

calibradas utilizando-se resultados experimentais, chegando-se Ă  seguinte fĂłrmula explĂ­cita:

( ) ( ) ( )( )τ max

cl l l tf

K w K w w w'

. . . . .= + + + + + +

≀1

20 03 0 03 4 0 03 0 03 0 32 2

(2.19)

com as limitaçÔes

wl = ρ l ly cf f⋅ ' ≀ 0.26 e wt = ρ t ty cf f⋅ ' ≀ 0.12

e onde

K = 2 dv / h 0 < a/h ≀ 0.5 (2.20)

K = d

h

h

av 4

3

1

2−

0.5 < a/h ≀ 2 (2.21)

K = 0 a/h > 2 (2.22)

Os parĂąmetros τ max, wl , wt , fly e fty , utilizados acima, encontram-se definidos no

item 2.6.

A fĂłrmula (Eq. 2.19) foi calibrada a partir de dados experimentais disponĂ­veis dentro

dos seguintes intervalos:

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a. 0.95 ≀ "0

d≀ 3.3;

b. 0 ≀ ( / ) .ρ wl wl hA bs= ≀ 0 0091;

c. 0.0018 ≀ ρ t ≀ 0.0245;

d. 0 ≀ ρ s' ≀ 0.92%;

e. fc' prĂłximo a 21 MPa (3000psi);

onde

ρ wl - taxa geomĂ©trica de armadura longitudinal de alma;

Awl - ĂĄrea de armadura longitudinal de alma;

ρ s' - taxa geomĂ©trica de armadura de compressĂŁo.

As vigas-parede utilizadas na calibração das constantes eram biapoiadas, carregadas no

bordo superior por forças concentradas e romperam por cisalhamento.

A força de cisalhamento Ășltima (VU ) pode ser calculada por:

V U =τ max⋅b⋅dv (2.23)

No cålculo da porcentagem de aço longitudinal do elemento de cisalhamento, a

armadura longitudinal principal de tração (inferior) e a de compressão (superior) são também

incluĂ­das.

2.13.11 - MĂ©todo do Modelo de Bielas e Tirantes Refinado

2.13.11.1 - Proposta e idéia

É proposta por Siao (1993) uma equação para o cĂĄlculo da carga Ășltima de

cisalhamento de vigas-parede, a partir de um modelo de bielas e tirantes refinado, através do

equilíbrio das forças apresentadas no modelo.

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2.13.11.2 - Descrição

Na Figura 2.41 estĂĄ apresentado o caminho de carga convencional numa viga-parede

submetida à atuação de duas cargas concentradas aplicadas no bordo superior. A reta AB

representa o eixo da biela inclinada, cuja força de compressão é Fc e cujo ùngulo formado com

a horizontal é Ξ. Na Figura 2.42 encontra-se o respectivo sistema de bielas e tirantes refinado.

Desta Ășltima figura, tem-se:

FF V

sen

V

sent

c= = ='

2

1

2 2 4Ξ Ξ

onde

Ft - força resultante das tensÔes de tração;

Fc’ - força resultante das tensĂ”es de compressĂŁo;

V - força de cisalhamento na viga.

Então, supondo-se z = 0.9d, a tensão de tração (f t’) cuja direção forma um ñngulo

reto com AB Ă©:

fF

bz

F

bdtt t'

sen

sen

.= =

2 2

0 9ΞΞ

Assim, tem-se:

V f bdU t= 18.

onde

a resistĂȘncia Ă  tração por fendilhamento do concreto, f t , vale 6 96. 'f c (psi), equivalendo a

0.578 f c' (MPa), de acordo com a Tabela de ConversĂŁo de Unidades apresentada no inĂ­cio

do presente trabalho.

Quando a armadura de alma estå presente, obtém-se:

V f bd nU c h v= + +105 1 2 2. [ ( sen cos )]' ρ Ξ ρ Ξ (Unidades do SI) (2.24)

onde

n - razão modular entre o aço da armadura de alma e o concreto (E Es c );

ρ ρh v, - taxa geomĂ©trica de armadura de alma horizontal e vertical, respectivamente.

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70

O segundo termo da Eq. (2.24) leva em conta a presença da armadura de alma, a qual é

suposta ter uma deformação similar àquela do concreto antes da fissuração.

Para o cĂĄlculo da resistĂȘncia Ășltima Ă  flexĂŁo, Siao (1995) sugere que se faça o

equilíbrio de momentos das forças externas e das forças internas, e que z tenha o valor de d.

Figura 2.41 - Modelo convencional de bielas e tirantes para uma viga-paredesob a atuação de carregamento concentrado no bordo superior.

Figura 2.42 - Modelo de bielas e tirantes refinado para uma viga-paredesob a atuação de duas cargas concentradas no bordo superior.

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CAPÍTULO III

3. APRESENTAÇÃO DAS 37 VIGAS-PAREDE CONSIDERADAS

Neste capĂ­tulo serĂŁo apresentadas as caracterĂ­sticas do total de 37 vigas-parede

ensaiadas no LaboratĂłrio de Estruturas e Materiais (L.E.M.) da PUC-Rio por GuimarĂŁes

(1980), Vasconcelos (1982) e Velasco (1984). O objetivo é a obtenção de informaçÔes

comparativas relacionadas Ă s mesmas, com o respaldo da literatura atualizada.

A Tabela 3.1 apresenta tĂ­tulo, autor(a) e objetivo dos trĂȘs trabalhos de base teĂłrico-

experimental referidos acima, além da anålise feita e das principais variåveis consideradas nos

mesmos. Todas as vigas ensaiadas foram submetidas à ação de duas cargas concentradas

aplicadas a 1/3 e a 2/3 do vão teórico, com exceção das vigas que apresentavam "/h = 2.0, as

quais foram submetidas a um carregamento uniformemente distribuĂ­do.

As nomenclaturas originais das 37 vigas nĂŁo foram mantidas. Optou-se por uma

notação mais uniformizada, sistemåtica, apresentada a seguir.

No próximo capítulo, os métodos de cålculo descritos no Capítulo II serão aplicados a

essas vigas, visando a obtenção de um mĂ©todo que gere resultados de carga Ășltima os mais

prĂłximos possĂ­veis dos encontrados experimentalmente.

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TÍTULO DOTRABALHO

E AUTOR(A)

ANÁLISE OBJETIVOPRINCIPAISVARIÁVEIS

“Análise Experimentalde Vigas-Parede deConcreto Armado

Enrijecidas por PilaresLaterais”.

Giuseppe B. GuimarĂŁes

SĂŁo analisadas novevigas-parede sujeitas a

duas cargasconcentradas.

Investigar a influĂȘnciado enrijecimento dosapoios proporcionado

por pilares lateraissobre o

comportamento eresistĂȘncia de tais

vigas.

DimensÔes daseção transversal

dos pilares e ataxa geométrica

de armadura.

“Estudo Teórico-Experimental de Vigas-

Parede de ConcretoArmado com

Enrijecimento dosApoios”.

José Roberto G. deVasconcelos

SĂŁo analisadas dezesseisvigas-parede: as com

"/h = 2.0 foramsubmetidas a um

carregamentouniformemente

distribuĂ­do, e as demais,com "/h = 1.5, foram

submetidas a duascargas concentradas.

Investigar o efeito doenrijecimento dosapoios laterais na

resistĂȘncia Ășltima, nasdeformaçÔes e na

abertura edesenvolvimento defissuras de vigas-

parede.

DimensÔes daseção transversal

dos apoios,armadura de

alma, tipos decarregamento e

relaçãovão/altura da

viga ("/h).

“InfluĂȘncia da Espessurada Alma no

Comportamento deVigas-Parede de

Concreto Armado”.

Marta de S. L. Velasco

Foram ensaiadas até aruptura doze vigas-

parede sujeitas a duascargas concentradas.

Fornecimento dedados sobre ainfluĂȘncia daespessura no

comportamento devigas-parede.

Taxa geométricada armadura,

enrijecimento dosapoios, relação

vĂŁo/altura eespessura da

viga.

Tabela 3.1 - SĂ©ries de vigas-parede de concreto armado, biapoiadas,sujeitas a carregamento no bordo superior, analisadas na PUC-Rio.

3.1 - NOTAÇÃO DAS VIGAS

Neste trabalho foi criada, para as 37 vigas, uma notação uniformizada, de modo que

através dela certas características de cada viga, como a geometria, a taxa geométrica de

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armadura principal e a presença ou não de armadura de alma ficassem explícitas. As vigas

foram divididas em dois grupos: Grupo 1 e Grupo 2. As do Grupo 1 apresentam espessura (b)

constante igual a 100 mm e correspondem Ă s numeradas de 1 a 25 na Tabela 3.2; as do Grupo

2 apresentam espessura de 50 ou 75 mm e correspondem Ă s numeradas de 26 a 37 na mesma

tabela. A notação considerada para as dimensÔes das vigas encontra-se na Figura 3.1.

P/2 P/2

"

x x

A A

h

c c

bba

CORTE A-A

"o

"t

Figura 3.1 - DimensÔes das vigas testadas notaçÔes.

Grupo 1

A notação é feita da maneira descrita abaixo, nesta ordem:

1. Todas as vigas sem armadura de alma e com armadura de alma sĂŁo representadas pela letra

V e W, respectivamente;

2. As vigas altas ("/h = 1.0), médias ("/h = 1.5) e baixas ("/h = 2.0) são representadas pelas

letras A, M e B, respectivamente;

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3. Os nĂșmeros 1, 2, 3 ou 4 representam os valores de ba: 1 indica ba = 100 mm; 2 indica

ba = 200 mm; 3, ba = 300 mm e 4, ba = 400 mm;

4. O nĂșmero seguinte, 1, 2 ou 3, representa a taxa geomĂ©trica de armadura principal:

1 indica ρs = 0.262%; 2 indica ρs = 0.645% e 3, ρs = 0.889%;

5. ApĂłs o traço, encontra-se o nĂșmero 12, 18 ou 24, representando os valores da variĂĄvel c

de 120, 180 ou 240 mm, respectivamente.

Para diferenciar a viga de no 5 da de no 19 e a de no 8 da de no 23 (ver numeração na

Tabela 3.2), foi adicionado à notação das mesmas o valor de x: 25 indica x = 250 mm e

26 indica x = 260 mm.

Grupo 2

Os itens 1 e 2 citados para o Grupo 1 também são vålidos para o Grupo 2.

3. A letra P significa viga-parede sem enrijecimento nos apoios e a letra E, com

enrijecimento;

4. Os nĂșmeros 5 ou 7 representam a largura da viga: 5 indica b = 50 mm e 7 indica

b = 75 mm;

5. O nĂșmero seguinte (1, 2 ou 3) indica a taxa geomĂ©trica de armadura principal : 1 Ă©

referido Ă  taxa ρs = 0.330%; 2, Ă  ρs = 0.560% e 3, Ă  ρs = 0.690%. As vigas altas, por

apresentarem a mesma taxa de armação (ρs = 0.220%), nĂŁo recebem nenhum nĂșmero;

6. Assim como o item 5 do Grupo 1, apĂłs o traço encontra-se o nĂșmero 12 ou 18: 12 indica

c = 120 mm e 18 indica c = 180 mm.

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3.2 - PROPRIEDADES DOS MATERIAIS, GEOMETRIA E ARMADURA

Todas as 37 vigas descritas a seguir apresentam um vĂŁo teĂłrico (") de valor constante e

igual a 1200 mm. A Tabela 3.2 apresenta os valores das dimensÔes das vigas, cujas notaçÔes

encontram-se na Figura 3.1. Pelas Tabelas 3.3 e 3.5 obtĂȘm-se, respectivamente, as

características geométricas das armaduras e as características do aço. Na Tabela 3.4,

encontram-se os valores de carga Ășltima obtidos experimentalmente (PU(TESTE)), a comparação

das cargas de fissuração e da carga de escoamento com a carga Ășltima, o modo de ruptura

apresentado por cada viga e as características do concreto utilizado na execução das

mesmas. Nesta tabela, F significa FlexĂŁo, C significa Cisalhamento e FC, FlexĂŁo-

Cisalhamento; a ruptura local no apoio estĂĄ designada por L(A) e a local sob os pontos de

aplicação de carga, por L(C) .

3.2.1 - Vigas ensaiadas por GuimarĂŁes, G. B. (1980)

Correspondem Ă s vigas do Grupo 1 numeradas de 1 a 9 na Tabela 3.2.

A ancoragem da armadura principal Ă© feita com ganchos horizontais. Todas as barras

são de aço CA 50 (nervuradas), com exceção das usadas nos estribos dos pilares (CA 60). Na

Tabela 3.5, o aço utilizado na armação das vigas corresponde aos nĂșmeros 1, 2 e 3, de acordo

com a Tabela 3.3. O desenvolvimento dos ensaios e maiores detalhes sobre a disposição das

armaduras podem ser obtidos diretamente de GuimarĂŁes (1980).

3.2.2 - Vigas ensaiadas por Vasconcelos, J. R. G. (1982)

São testadas dezesseis vigas-parede, divididas em duas séries de oito vigas. Cada uma

das séries possui um valor para "/h e, das oito vigas, somente quatro possuem armadura de

alma. A espessura dos pilares de enrijecimento dos apoios Ă© variĂĄvel. As vigas da SĂ©rie 1

correspondem Ă s de nĂșmero 10 a 17 na Tabela 3.2, e as da SĂ©rie 2 correspondem Ă s de

nĂșmero 18 a 25.

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Em todas as vigas com "/h = 1.5 foram aplicadas, no bordo superior, duas cargas

concentradas, ao passo que nas com "/h = 2.0 foi aplicado um carregamento uniformemente

distribuĂ­do. A armadura principal Ă© constituĂ­da de 6 φ 10.0 mm e ancorada por ganchos

horizontais. A armadura de alma Ă© constituĂ­da por uma malha ortogonal, formada por oito

barras horizontais e oito estribos verticais, todas com φ = 6.3 mm. SĂŁo utilizadas barras

deformadas de aço CA 50B para o diùmetro de 10.0 mm, enquanto que as barras com 6.3 mm

de diĂąmetro sĂŁo lisas, de aço CA 60A. Na Tabela 3.5, correspondendo aos nĂșmeros 4 e 5,

encontram-se as características do aço utilizado na execução das vigas, de acordo com o

exposto na Tabela 3.3. Detalhes da aplicação dos carregamentos e da disposição das

armaduras podem ser obtidos diretamente de Vasconcelos (1982).

Na Tabela 3.4, pode ser observado que o autor utiliza a mesma resistĂȘncia cilĂ­ndrica Ă 

compressĂŁo e a mesma resistĂȘncia cilĂ­ndrica Ă  tração por fendilhamento para todas as vigas.

3.2.3 - Vigas ensaiadas por Velasco, M. S. L. (1984)

Correspondem Ă s vigas do Grupo 2 (nĂșmero 26 ao 37), na Tabela 3.2.

A armadura principal das vigas Ă© constituĂ­da por ferros retos que se estendem ao longo

de todo o vão. A ancoragem é feita com ganchos horizontais, de acordo com a orientação do

CEB-FIP (1978). Todas as vigas ensaiadas possuem armadura de alma, disposta de modo a

formar uma malha ortogonal, constando de estribos verticais e horizontais, conforme

recomendado pelo CEB-FIP (1978) e pela CIRIA (1977). Para as vigas sem enrijecimento foi

projetado um reforço de apoio, com o objetivo de evitar rupturas localizadas. O reforço

constitui-se de uma placa de aço onde são soldados estribos verticais. A armadura principal das

vigas é constituída por barras de aço CA 50, nervuradas, com diùmetros de 6.3 mm e 8.0 mm.

Para a armadura de alma de todas as vigas foram utilizadas barras de aço CA 60 com diùmetro

de 4.2 mm. Todos os pilares foram armados com barras de aço CA 50, nervuradas, com bitola

de 10.0 mm. Na Tabela 3.5, nos nĂșmeros de 6 a 9, encontram-se as caracterĂ­sticas do aço

utilizado na armação das vigas, de acordo com a Tabela 3.3.

Maiores detalhes da armadura, assim como do ensaio e dos materiais utilizados na

confecção das vigas, encontram-se em Velasco (1984).

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No VIGAS b(mm)

ba

(mm)c

(mm)x

(mm)"o

(mm)"t

(mm)h

(mm)"/h x/h "/d a/d c/ba

1 VM11-12 100 100 120 280 1080 1440 800 1.5 0.35 1.59 0.53 1.202 VM21-18 100 200 180 250 1020 1380 800 1.5 0.31 1.59 0.53 0.903 VM21-24 100 200 240 220 960 1440 800 1.5 0.27 1.59 0.53 1.204 VM12-12 100 100 120 280 1080 1440 800 1.5 0.35 1.64 0.55 1.205 VM22-18/25 100 200 180 250 1020 1380 800 1.5 0.31 1.64 0.55 0.906 VM22-24 100 200 240 220 960 1440 800 1.5 0.27 1.64 0.55 1.207 WM12-12 100 100 120 280 1080 1440 800 1.5 0.35 1.64 0.55 1.208 WM22-18/25 100 200 180 250 1020 1380 800 1.5 0.31 1.64 0.55 0.909 WM22-24 100 200 240 220 960 1440 800 1.5 0.27 1.64 0.55 1.2010 VB13-18 100 100 180 300* 1020 1380 600 2.0 0.50* 2.26 0.83 1.8011 VB23-18 100 200 180 300* 1020 1380 600 2.0 0.50* 2.26 0.83 0.9012 VB33-18 100 300 180 300* 1020 1380 600 2.0 0.50* 2.26 0.83 0.6013 VB43-18 100 400 180 300* 1020 1380 600 2.0 0.50* 2.26 0.83 0.4514 WB13-18 100 100 180 300* 1020 1380 600 2.0 0.50* 2.26 0.83 1.8015 WB23-18 100 200 180 300* 1020 1380 600 2.0 0.50* 2.26 0.83 0.9016 WB33-18 100 300 180 300* 1020 1380 600 2.0 0.50* 2.26 0.83 0.6017 WB43-18 100 400 180 300* 1020 1380 600 2.0 0.50* 2.26 0.83 0.4518 VM12-18 100 100 180 260 1020 1380 800 1.5 0.33 1.64 0.55 1.8019 VM22-18/26 100 200 180 260 1020 1380 800 1.5 0.33 1.64 0.55 0.9020 VM32-18 100 300 180 260 1020 1380 800 1.5 0.33 1.64 0.55 0.6021 VM42-18 100 400 180 260 1020 1380 800 1.5 0.33 1.64 0.55 0.4522 WM12-18 100 100 180 260 1020 1380 800 1.5 0.33 1.64 0.55 1.8023 WM22-18/26 100 200 180 260 1020 1380 800 1.5 0.33 1.64 0.55 0.9024 WM32-18 100 300 180 260 1020 1380 800 1.5 0.33 1.64 0.55 0.6025 WM42-18 100 400 180 260 1020 1380 800 1.5 0.33 1.64 0.55 0.4526 WMP51-18 50 50 180 210 1020 1380 800 1.5 0.26 1.58 0.53 3.6027 WME51-12 50 200 120 240 1080 1320 800 1.5 0.30 1.58 0.53 0.6028 WMP53-18 50 50 180 210 1020 1380 800 1.5 0.26 1.69 0.56 3.6029 WME53-12 50 200 120 240 1080 1320 800 1.5 0.30 1.69 0.56 0.6030 WMP71-18 75 75 180 210 1020 1380 800 1.5 0.26 1.63 0.54 2.4031 WME71-12 75 200 120 240 1080 1320 800 1.5 0.30 1.63 0.54 0.6032 WMP72-18 75 75 180 210 1020 1380 800 1.5 0.26 1.63 0.54 2.4033 WME72-12 75 200 120 240 1080 1320 800 1.5 0.30 1.63 0.54 0.6034 WAP5-18 50 50 180 190 1020 1380 1200 1.0 0.16 1.03 0.34 3.6035 WAE5-12 50 200 120 220 1080 1320 1200 1.0 0.18 1.03 0.34 0.6036 WAP7-18 75 75 180 190 1020 1380 1200 1.0 0.16 1.06 0.35 2.4037 WAE7-12 75 200 120 220 1080 1320 1200 1.0 0.18 1.06 0.35 0.60

* indica que os valores de x expostos para as vigas submetidas a um C.U.D. foram tomadosiguais a "/4.

Tabela 3.2 - DimensÔes das vigas de teste.

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78

ARMADURAPRINCIPAL

ARMADURA DE ALMA

VIGA HORIZONTAL VERTICALDiĂąm.(mm)

As

(cm2)ρs

(%)DiĂąm.(mm)

Awh

(cm2)ρh

(%)DiĂąm.(mm)

Awv

(cm2)ρv

v

(%)VM11-12 4 φ 8.0 1.980 0.262 - - - - - -VM21-18 4 φ 8.0 1.980 0.262 - - - - - -VM21-24 4 φ 8.0 1.980 0.262 - - - - - -VM12-12 6 φ 10.0 4.712 0.645 - - - - - -

VM22-18/25 6 φ 10.0 4.712 0.645 - - - - - -VM22-24 6 φ 10.0 4.712 0.645 - - - - - -WM12-12 6 φ 10.0 4.712 0.645 8 φ 6.3 2.534 0.348 8 φ 6.3 2.534 0.235

WM22-18/25 6 φ 10.0 4.712 0.645 8 φ 6.3 2.534 0.348 8 φ 6.3 2.534 0.248WM22-24 6 φ 10.0 4.712 0.645 8 φ 6.3 2.534 0.348 8 φ 6.3 2.534 0.264VB13-18 6 φ 10.0 4.712 0.889 - - - - - -VB23-18 6 φ 10.0 4.712 0.889 - - - - - -VB33-18 6 φ 10.0 4.712 0.889 - - - - - -VB43-18 6 φ 10.0 4.712 0.889 - - - - - -WB13-18 6 φ 10.0 4.712 0.889 8 φ 6.3 2.534 0.478 8 φ 6.3 2.534 0.248WB23-18 6 φ 10.0 4.712 0.889 8 φ 6.3 2.534 0.478 8 φ 6.3 2.534 0.248WB33-18 6 φ 10.0 4.712 0.889 8 φ 6.3 2.534 0.478 8 φ 6.3 2.534 0.248WB43-18 6 φ 10.0 4.712 0.889 8 φ 6.3 2.534 0.478 8 φ 6.3 2.534 0.248VM12-18 6 φ 10.0 4.712 0.645 - - - - - -

VM22-18/26 6 φ 10.0 4.712 0.645 - - - - - -VM32-18 6 φ 10.0 4.712 0.645 - - - - - -VM42-18 6 φ 10.0 4.712 0.645 - - - - - -WM12-18 6 φ 10.0 4.712 0.645 8 φ 6.3 2.534 0.348 8 φ 6.3 2.534 0.248

WM22-18/26 6 φ 10.0 4.712 0.645 8 φ 6.3 2.534 0.348 8 φ 6.3 2.534 0.248WM32-18 6 φ 10.0 4.712 0.645 8 φ 6.3 2.534 0.348 8 φ 6.3 2.534 0.248WM42-18 6 φ 10.0 4.712 0.645 8 φ 6.3 2.534 0.348 8 φ 6.3 2.534 0.248

WMP51-18 4 φ 6.3 1.247 0.330 8 φ 4.2 1.108 0.291 7 φ 4.2 0.970 0.379WME51-12 4 φ 6.3 1.247 0.330 8 φ 4.2 1.108 0.291 5 φ 4.2 0.693 0.256WMP53-18 8 φ 6.3 2.534 0.690 8 φ 4.2 1.108 0.311 7 φ 4.2 0.970 0.379WME53-12 8 φ 6.3 2.534 0.690 8 φ 4.2 1.108 0.311 5 φ 4.2 0.693 0.256WMP71-18 6 φ 6.3 1.870 0.330 8 φ 4.2 1.108 0.200 7 φ 4.2 0.970 0.253WME71-12 6 φ 6.3 1.870 0.330 8 φ 4.2 1.108 0.200 5 φ 4.2 0.693 0.170WMP72-18 6 φ 8.0 3.016 0.560 8 φ 4.2 1.108 0.200 7 φ 4.2 0.970 0.253WME72-12 6 φ 8.0 3.016 0.560 8 φ 4.2 1.108 0.200 5 φ 4.2 0.693 0.170WAP5-18 4 φ 6.3 1.247 0.220 12 φ 4.2 1.662 0.286 7 φ 4.2 0.970 0.379WAE5-12 4 φ 6.3 1.247 0.220 12 φ 4.2 1.662 0.286 5 φ 4.2 0.693 0.256WAP7-18 6 φ 6.3 1.870 0.220 12 φ 4.2 1.662 0.195 7 φ 4.2 0.970 0.253WAE7-12 6 φ 6.3 1.870 0.220 12 φ 4.2 1.662 0.195 5 φ 4.2 0.693 0.170

Tabela 3.3 - Características geométricas das armaduras principal e de alma.

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VIGAPU(TESTE)

(kN)P Pf U1 P Pf U2 P Pf U3 P Py U fc

'

(N/mm2)

f t

(N/mm2)

MECANISMODE RUPTURA

VM11-12 480.0 0.43 0.67 - 0.81 24.80 2.40 FVM21-18 430.0 0.33 0.47 0.98 0.90 19.20 2.14 FCVM21-24 450.0 0.33 0.47 - 0.87 16.30 1.96 FCVM12-12 546.0 0.31 0.51 1.00 - 22.30 2.23 C

VM22-18/25 596.0 0.29 0.44 0.97 - 21.50 2.28 CVM22-24 460.0 0.30 0.46 0.98 - 13.70 1.45 CWM12-12 652.0 0.26 0.37 0.81 - 21.50 2.28 C

WM22-18/25 750.0 0.23 0.27 - - 22.30 2.23 CWM22-24 670.0 0.27 0.37 0.75 - 19.10 1.98 CVB13-18 570.0 0.22 0.32 0.46 - 19.4 1.80 L (A)VB23-18 840.0 0.11 0.15 0.54 - 19.4 1.80 CVB33-18 766.0 0.10 0.13 0.57 0.85 19.4 1.80 CVB43-18 810.0 0.13 0.31 0.49 0.79 19.4 1.80 CWB13-18 800.0 0.25 0.32 0.52 0.89 19.4 1.80 L (A)WB23-18 883.0 0.17 0.28 - 0.85 19.4 1.80 CWB33-18 718.0 0.21 0.25 0.55 - 19.4 1.80 L (C)WB43-18 960.0 0.07 0.24 0.34 0.88 19.4 1.80 CVM12-18 403.0 0.35 0.69 - - 19.4 1.80 L (A)

VM22-18/26 550.0 0.27 0.56 0.85 - 19.4 1.80 L (C)VM32-18 540.0 0.24 0.63 0.65 - 19.4 1.80 L (C)VM42-18 540.0 0.37 0.59 0.65 - 19.4 1.80 CWM12-18 694.0 0.32 0.42 0.86 - 19.4 1.80 L (C)

WM22-18/26 650.0 0.38 0.55 - - 19.4 1.80 L (C)WM32-18 584.0 0.26 0.44 0.58 - 19.4 1.80 L (C)WM42-18 600.0 0.45 0.47 0.67 - 19.4 1.80 L (C)

WMP51-18 370.0 0.12 0.43 0.70 0.85 20.4 2.20 FCWME51-12 390.0 0.21 0.49 0.77 0.87 20.0 2.40 FCWMP53-18 450.0 0.13 0.38 0.62 - 21.6 2.20 CWME53-12 380.0 0.13 0.37 0.82 - 18.0 1.90 CWMP71-18 520.0 0.14 0.54 0.88 0.85 20.0 2.20 FCWME71-12 520.0 0.21 0.56 0.77 0.96 20.0 1.94 FCWMP72-18 520.0 0.18 0.54 0.94 - 18.0 2.10 CWME72-12 500.0 0.21 0.50 0.74 - 17.4 1.86 CWAP5-18 520.0 0.23 - 0.67 0.98 22.2 2.40 L (A)WAE5-12 510.0 0.33 0.61 0.61 - 22.0 2.15 CWAP7-18 630.0 0.27 0.81 0.81 0.97 17.4 1.86 FCWAE7-12 700.0 0.23 0.67 0.61 0.97 19.0 1.90 FC

1fP , 2fP e 3fP - carga correspondente ao aparecimento da 1Âș fissura de flexĂŁo, da 1Âș fissura

de cisalhamento e da 2Âș fissura de cisalhamento, respectivamente; yP - carga de escoamento.

Tabela 3.4 - Carga Ășltima obtida experimentalmente (PU(TESTE)), comparaçãodas cargas de fissuração e da carga de escoamento com a carga Ășltima,modo de ruptura para cada viga e caracterĂ­sticas do concreto utilizado.

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NoBitola (φ)

(mm)f y

(N/mm2)

f su

(N/mm2)Δ y

(mm/m)

Es

(N/mm2)

1 6.3 597 812 - 2.125⋅105

2 8.0 534 730 3.0 2.125⋅105

3 10.0 582 887 3.1 2.125⋅105

4 6.3 680 820 5.0 2.290⋅105

5 10.0 600 790 4.3 2.500⋅105

6 4.2 628 786 5.1 2.030⋅105

7 6.3 582 774 4.8 2.050⋅105

8 8.0 594 794 4.9 2.082⋅105

9 10.0 512 798 4.5 2.051⋅105

Tabela 3.5 - Características do aço.

3.3 - INFORMAÇÕES COMPARATIVAS

Analisando-se todas as vigas ensaiadas, algumas informaçÔes comparativas puderam

ser obtidas, para vigas-parede de concreto armado, biapoiadas, submetidas a duas cargas

aplicadas a 1/3 e a 2/3 do vĂŁo, no bordo superior. Pouco foi obtido sobre as vigas sujeitas a um

carregamento uniformemente distribuĂ­do, tendo em vista que somente Vasconcelos (1982)

ensaiou vigas submetidas a esse tipo de carregamento e, portanto, as informaçÔes podem ser

obtidas diretamente de seu trabalho.

As informaçÔes e observaçÔes estão listadas abaixo, onde 2 C.C. significa duas cargas

concentradas e C.U.D. significa carregamento uniformemente distribuĂ­do.

1. Em todas as vigas, as primeiras fissuras que se formam são as de flexão (tipo ① - Figura

3.2), surgindo no centro do vĂŁo (exatamente no meio deste ou um pouco deslocadas) e

quando a carga aplicada atinge cerca de 30% da carga Ășltima, no caso de 2 C.C.. Elas se

desenvolvem no sentido vertical, atingindo cerca de 2/3 da altura das vigas.

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2. As vigas altas (WAP5-18, WAE5-12, WAP7-18 e WAE7-12) ensaiadas por Velasco (1984)

e todas as vigas ensaiadas por GuimarĂŁes (1980) apresentam um mesmo intervalo da

razĂŁo carga de fissuração/carga Ășltima (P Pf U1 ): de 23% a 33%, excetuando-se somente a

viga VM11-12, que apresenta P Pf U1 = 43%. Nas vigas ensaiadas por Vasconcelos

(1982), submetidas a ação de 2 C.C., essa carga de fissuração situa-se entre 24% e 45%

de PU, tendo como valor médio 33%. Nas vigas baixas analisadas por Velasco, as primeiras

fissuras de flexĂŁo surgem para uma razĂŁo P Pf U1 entre 12% e 21%, sendo que os

maiores valores sĂŁo apresentados pelas vigas enrijecidas. Para as vigas submetidas a um

C.U.D. ensaiadas por Vasconcelos, esta taxa diminui, ficando em torno de 15% de PU, ou

seja, caindo à metade do valor obtido para o caso da aplicação de 2 C.C..

3. A carga de fissuração correspondente à fissura do tipo ② (primeira fissura de cisalhamento,

Figura 3.2), Pf 2 , situa-se em torno de 50% da carga Ășltima, para todas as vigas submetidas

a 2 C.C., possuindo poucos valores discrepantes, o que estĂĄ de acordo com os resultados

obtidos por Smith e Vantsiotis (1982), que observaram que as cargas que levam ao

aparecimento da fissura inclinada variam entre 40% e 50% das cargas Ășltimas respectivas.

Deve-se atentar para o fato de que essa semelhança de resultados foi obtida apesar das

diferenças (às vezes bastante significativas) das relaçÔes "/h, a/d e da taxa geométrica de

armadura entre as vigas ensaiadas por Velasco, GuimarĂŁes e Vasconcelos, e as ensaiadas

por Smith e Vantsiotis. Para as vigas analisadas por Vasconcelos, sujeitas a um C.U.D., o

valor de 50% observado para a razão Pf 2 / PU cai para 25%, em média.

Smith e Vantsiotis também observaram que hå um decréscimo na carga que leva à

fissura inclinada e na carga Ășltima, com o crescimento da razĂŁo a/d, para vigas submetidas

a ação de 2 C.C.. Como as vigas ensaiadas por Guimarães e Vasconcelos possuíam

relaçÔes a/d muito próximas, isto não pÎde ser claramente observado. Contudo, o

decréscimo citado é facilmente percebido quando da comparação entre as vigas médias

(maior a/d) e altas (menor a/d) ensaiadas por Velasco.

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Observando-se as vigas VM12-12, WM12-12, VM22-18/25, WM22-18/25, VM22-24

e WM22-24, analisadas por GuimarĂŁes, e as vigas analisadas por Vasconcelos e sujeitas

a 2 C.C., similares duas a duas, e diferenciando-se somente pela presença ou não de

armadura de alma, pĂŽde-se constatar que as vigas com este tipo de armadura apresentaram

menor razão Pf 2 / PU. Nas vigas ensaiadas por Velasco, observação similar não pÎde ser

feita, pois todas as vigas apresentavam armadura de alma.

4. A mĂ©dia das cargas correspondentes Ă  formação da fissura do tipo ⑱ (segundas fissuras de

cisalhamento, Figura 3.2), situa-se em torno de 90% de PU para as vigas de GuimarĂŁes, as

quais apresentam uma relação "/h constante e igual a 1.5. As vigas de Velasco com a

mesma relação "/h (vigas médias) apresentam um valor de Pf 3 médio igual a 80% de PU, e

as vigas altas ("/h = 1.0), em torno de 70% de PU, sendo esta a mesma porcentagem

apresentada pelas vigas ensaiadas por Vasconcelos, com "/h = 1.5. Para as vigas

submetidas a um C.U.D. a razão Pf 3 / PU é de 50%, em média.

5. Quando da comparação da carga Ășltima apresentada pelas vigas analisadas, com

proporçÔes e armadura próximas, pode-se concluir que a capacidade de carga das vigas-

parede Ă© menor para as vigas de pequena espessura, que Ă© o caso das vigas ensaiadas por

Velasco, devido a uma menor seção de concreto.

6. Os mecanismos de ruptura predominantes nas vigas ensaiadas pelos pesquisadores

GuimarĂŁes (1980) e Velasco (1984) sĂŁo flexĂŁo - cisalhamento e cisalhamento, os quais

sĂŁo os dois mais importantes modos de ruptura segundo Fafitis e Won (1994).

7. A formação e o desenvolvimento das fissuras de flexão e das primeiras fissuras de

cisalhamento praticamente nĂŁo sofrem alteração devido Ă  existĂȘncia dos pilares laterais, no

caso de vigas sujeitas a 2 C.C..

8. Nas vigas com menor taxa de armação, os alongamentos das barras são mais acentuados

do que nas vigas com maior taxa de armação.

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83

9. Todas as vigas com maior taxa de armação não apresentam, na curva carga x deformação,

o trecho que representa o comportamento inelĂĄstico das vigas.

10. A ancoragem da armadura principal merece atenção especial, pois não é raro que, após o

surgimento das fissuras de cisalhamento, os alongamentos da armadura nos pontos

prĂłximos aos apoios ultrapassem os alongamentos medidos no meio do vĂŁo.

11. O enrijecimento dos apoios nĂŁo parece causar nenhum efeito significativo nos

alongamentos da armadura principal na seção média das vigas.

12. Nas vigas com enrijecimento dos apoios hĂĄ uma tendĂȘncia de a ruptura ocorrer segundo

uma fissura crítica na região entre o ponto de aplicação das cargas e os apoios, pela

concentração de tensÔes nessa região, principalmente nas vigas sem armadura de alma,

para vigas submetidas à ação de 2 C.C..

13. A teoria é comprovada: Para todas as vigas, a distribuição das tensÔes horizontais de

flexão não é linear, e a linha neutra se localiza mais para baixo quando da comparação com

as vigas comuns. Além disso, também é observado que, após a fissuração, à medida que a

carga Ă© aumentada, a linha neutra se desloca para cima, diminuindo a ĂĄrea comprimida e

aumentando o braço de alavanca. Nas vigas enrijecidas a linha neutra apresenta-se mais alta

do que nas nĂŁo enrijecidas. À proporção que o nĂșmero e a abertura das fissuras crescem,

mais o comportamento das vigas se afasta do previsto para a fase elĂĄstica.

14. Os pilares laterais, geralmente, nĂŁo modificam o mecanismo de ruptura das vigas

analisadas, mas provocam uma pequena variação na carga Ășltima das vigas.

15. Com a redução da espessura das vigas, hĂĄ um pequeno aumento no nĂșmero de fissuras,

não havendo alteração na configuração das mesmas.

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84

16. Comprova-se a teoria de que a armadura de alma Ă© necessĂĄria para o controle da abertura

de fissuras; as vigas sem armadura de alma exibem espessura de fissuras consideravelmente

maior na ruptura.

17. A presença de armadura de alma gera um aumento na resistĂȘncia Ășltima ao cisalhamento

tanto para 2 C.C. quanto para C.U.D..

18. As deflexÔes, mesmo sob cargas elevadas e em vigas de pequena espessura, são pequenas,

não chegando a prejudicar a estética e a funcionalidade do membro estrutural.

19. A taxa geométrica de armadura principal praticamente não influencia os deslocamentos e as

deformaçÔes da armadura durante o estado não fissurado.

20. A influĂȘncia da taxa de armadura se manifesta apĂłs a fissuração quando as tensĂ”es na

regiĂŁo tracionada da viga sĂŁo absorvidas pela armadura.

21. Após a fissuração, as tensÔes ao longo da armadura são praticamente constantes.

22. HĂĄ um aumento na carga Ășltima da viga-parede quando a taxa geomĂ©trica de armadura

principal Ă© aumentada. Contudo, este aumento nĂŁo Ă© muito significativo nas vigas que

rompem por cisalhamento.

4 4

12 2

3 3

Figura 3.2 - Tipos comuns de fissura:

① - Corresponde à primeira fissura de flexão;② - Corresponde à primeira fissura de cisalhamento;⑱ - Corresponde à segunda fissura de cisalhamento.④ - Fissura vertical na região entre a viga e os apoios enrijecidos.

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CAPÍTULO IV

4. RESULTADOS

Neste capĂ­tulo serĂŁo apresentados os resultados de resistĂȘncia Ășltima obtidos atravĂ©s de

vĂĄrios mĂ©todos de cĂĄlculo da resistĂȘncia de vigas-parede, para confrontar os resultados assim

encontrados com aqueles obtidos nos ensaios realizados no LaboratĂłrio de Estruturas e

Materiais (L.E.M.) da PUC-Rio por GuimarĂŁes (1980), Vasconcelos (1982) e Velasco

(1984), visando encontrar um método que gere resultados os mais próximos possíveis dos

experimentais.

Nas tabelas a seguir, as vigas assinaladas com o símbolo ‱ apresentaram ruptura local.

4.1 - GUIA 2 DA CIRIA

O Guia 2 da CIRIA Ă© datado de 1977, sendo reimpresso em 1984. Por se tratar de um

mĂ©todo de cĂĄlculo antigo, e jĂĄ ter sido utilizado para comparação de carga Ășltima das vigas

ensaiadas por GuimarĂŁes (1980), Vasconcelos (1982) e Velasco (1984), nestas prĂłprias

referĂȘncias, os resultados obtidos nĂŁo serĂŁo aqui listados; porĂ©m, serĂŁo comentados no

prĂłximo capĂ­tulo.

4.2 - CEB-FIP (1978)

Na Tabela 4.1, no final deste capĂ­tulo, encontra-se, para cada uma das 37 vigas-parede

consideradas, a carga Ășltima experimental (PU(TESTE)) e a comparação desta com a carga Ășltima

calculada pelo método do CEB-FIP (1978) (PU(CEB78)), representada pela razão RCEB78, onde

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86

( )

( )R

P

PCEB

U CEB

U TESTE78

78= . Os pontos com coordenadas (PU TESTE( ) , RCEB78) para cada uma das vigas

estĂŁo apresentados na Figura 4.1 abaixo.

200 .0 0 400 .0 0 600 .0 0 800 .0 0 100 0 .00PU(TESTE) (kN )

0.20

0 .40

0 .60

0 .80

1 .00

PU

(CE

B78

)/P

U(T

ES

TE

)

Figura 4.1 - GrĂĄfico P

PU CEB

U TESTE

( )

( )

78 x PU TESTE( ) .

4.3 - CAN3-A23.3-M84

Na Tabela 4.1 encontra-se a razĂŁo RCAN84 , onde( )

( )R

P

PCAN

U CAN

U TESTE84

84= , sendo PU (CAN84) a

carga Ășltima calculada pelo cĂłdigo canadense, e na Tabela 4.2 encontra-se o valor de c'CAN84,

sendo c'CAN84 a largura média da biela inclinada, para cada uma das vigas.

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87

Os pontos com coordenadas (PU TESTE( ) , RCAN84 ) para cada viga estĂŁo mostrados na

Figura 4.2.

200 .0 0 400 .0 0 600 .0 0 800 .0 0 100 0 .00PU(TESTE) (kN )

0.20

0 .40

0 .60

0 .80

1 .00P

U(C

AN

84)/

PU

(TE

ST

E)

Figura 4.2 - GrĂĄficoP

PU CAN

U TESTE

( )

( )

84 x PU TESTE( ) .

4.4 - ACI 318-95

A Tabela 4.1 apresenta, para cada uma das vigas, a comparação entre a carga Ășltima

calculada pelo mĂ©todo do ACI 318-95 (PU(ACI95)) e a carga Ășltima experimental (PU(TESTE))

através da razão RACI95, onde ( )

( )R

P

PACI

U ACI

U TESTE95

95= .

Os pontos com coordenadas (PU TESTE( ) , RACI95) para cada uma das 37 vigas

consideradas encontram-se na Figura 4.3.

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88

200 .0 0 400 .0 0 600 .0 0 800 .0 0 100 0 .00PU(TESTE) (kN)

0.20

0 .40

0 .60

0 .80

1 .00

PU

(AC

I95)

/PU

(TE

ST

E)

Figura 4.3 - GrĂĄfico P

PU ACI

U TESTE

( )

( )

95 x PU TESTE( ) .

4.5 - MÉTODO DO CAMINHO DA FORÇA COMPRESSIVA

A Tabela 4.1 apresenta, para cada uma das vigas, a comparação entre a carga Ășltima

calculada pelo mĂ©todo do Caminho da Força Compressiva (PU(CFC)) e a carga Ășltima

experimental (PU(TESTE)), através da razão RCFC , sendo ( )

( )R

P

PCFC

U CFC

U TESTE

= . Na Tabela 4.2

encontra-se o valor de c'CFC (maior valor entre a/3 e a largura do apoio) e o valor de c''

CFC

para cada viga, sendo c''CFC a largura da biela inclinada que satisfaz o equilĂ­brio citado no item

c da Fig. 2.37. Na referida tabela, também encontra-se a comparação dos valores de c'CFC e de

c''CFC com os de c'

CAN84 .

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89

Os pontos com coordenadas (PU TESTE( ) , RCFC) para cada uma das 37 vigas estĂŁo

apresentados na Figura 4.4 a seguir.

200 .0 0 400 .0 0 600 .0 0 800 .0 0 100 0 .00PU(TESTE) (kN )

0.40

0 .80

1 .20

1 .60P

U(C

FC

)/P

U(T

ES

TE

)

Figura 4.4 - GrĂĄfico P

PU CFC

U TESTE

( )

( ) x PU TESTE( ) .

4.6 - MÉTODO DE ANÁLISE PARA VIGAS-PAREDE BIAPOIADAS SEGUNDO

SUBEDI

A Tabela 4.1 apresenta, para cada uma das vigas, a comparação entre a carga Ășltima

calculada pelo método de Anålise para Vigas-parede Biapoiadas proposto por Subedi (1988)

(PU(AVPB)) e a carga Ășltima experimental (PU(TESTE)), atravĂ©s da razĂŁo RAVPB, onde

( )

( )R

P

PAVPB

U AVPB

U TESTE

= . Na Tabela 4.2 encontra-se o modo de ruptura previsto pelo método em

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90

questĂŁo, para cada viga. Nesta Tabela, F significa FlexĂŁo e C, Cisalhamento (fendilhamento

diagonal) .

Os pontos com coordenadas (PU TESTE( ) , RAVPB) estĂŁo apresentados na Figura 4.5.

200 .0 0 400 .0 0 600 .0 0 800 .0 0 100 0 .00PU(TESTE) (kN)

0.00

0 .40

0 .80

1 .20

1 .60

PU

(AV

PB

)/P

U(T

ES

TE

)

Figura 4.5 - GrĂĄfico P

PU AVPB

U TESTE

( )

( ) x PU TESTE( ) .

4.7 - MÉTODO DO MODELO DE TRELIÇA COM AMOLECIMENTO

Na Tabela 4.1 encontram-se as razĂ”es (valores de RMTA) entre a carga Ășltima obtida

pela fĂłrmula explĂ­cita representada pelas Eqs. 2.19 e 2.23 (PU(MTA)) e a obtida

experimentalmente (PU(TESTE)) para todas as vigas ensaiadas por GuimarĂŁes (1980),

Vasconcelos (1982) e Velasco (1984). Também para efeito de comparação, encontram-se na

mesma tabela as razÔes RRA e RPS, obtidas, respectivamente, através da utilização da fórmula de

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91

Ramakrishnan e Ananthanarayana (Ramakrishnan e Ananthanarayana, 1968) e da fĂłrmula

de de Paiva e Siess (de Paiva e Siess, 1965), para cĂĄlculo da carga Ășltima. Ambas as fĂłrmulas

foram utilizadas por Mau e Hsu, autores do método em questão, para comparação de

resultados em Mau e Hsu, 1989 e, desta maneira, torna-se interessante utilizå-las também no

presente trabalho.

A fĂłrmula de Ramakrishnan e Ananthanarayana Ă© representada pela Eq. 4.1 e a de de

Paiva e Siess pela Eq. 4.2. Na primeira, f t Ă© a resistĂȘncia cilĂ­ndrica ao fendilhamento do

concreto e, na segunda, x Ă© o vĂŁo de cisalhamento livre e Ast representa a armadura

longitudinal total.

Na Tabela 4.1 hĂĄ dois valores de RRA, pois dois valores de carga Ășltima para a fĂłrmula

de Ramakrishnan e Ananthanarayana sĂŁo encontrados. Na segunda coluna estĂŁo os resultados

obtidos utilizando-se para f t o valor encontrado experimentalmente; na primeira coluna estĂŁo

os valores encontrados utilizando-se o valor de f t resultante da fĂłrmula f t = 7.2 fc' (psi),

equivalente Ă  f t = 0.598 fc' (MPa).

V f bhU t= π2

(4.1)

V bhx

hf

A

bhU cst= −

+ +

08 1 0 6 200 0188 21300. . . ' (4.2)

Na Tabela 4.1 tem-se: ( )

( )R

P

PRA

U RA

U TESTE

= , ( )

( )R

P

PPS

U PS

U TESTE

= , ( )

( )R

P

PMTA

U MTA

U TESTE

= , onde

PU(RA), PU(PS) e PU(MTA) significam, respectivamente, a carga Ășltima obtida pela fĂłrmula de

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92

Ramakrishnan e Ananthanarayana, de Paiva e Siess e pelo método do Modelo de Treliça com

Amolecimento.

O sĂ­mbolo * , que aparece apĂłs alguns valores de RMTA, na Tabela 4.1, encontra-se nas

vigas que rompem por cisalhamento, estão sob a ação de duas cargas concentradas aplicadas

no bordo superior e que obedecem às condiçÔes explicitadas de a. até e. no item 2.13.10.2.

Os pontos com coordenadas (PU TESTE( ) , RMTA) para cada uma das 37 vigas analisadas

encontram-se na Figura 4.6.

200 .0 0 400 .0 0 600 .0 0 800 .0 0 100 0 .00PU(TESTE) (kN )

0.40

0 .80

1 .20

1 .60

2 .00

PU

(MT

A)/

PU

(TE

ST

E)

Figura 4.6 - GrĂĄfico P

PU MTA

U TESTE

( )

( ) x PU TESTE( ) .

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93

4.8 - MÉTODO DO M ODELO DE BIELAS E TIRANTES REFINADO

A Tabela 4.1 apresenta, para cada uma das vigas, a comparação entre a carga Ășltima

calculada pelo mĂ©todo do Modelo de Bielas e Tirantes Refinado (PU (MBTR)) e a carga Ășltima

experimental (PU (TESTE)), explicitada pela razĂŁo RMBTR, sendo( )

( )R

P

PMBTR

U MBTR

U TESTE

= .

Os pontos com coordenadas (PU TESTE( ) , RMBTR) para cada uma das 37 vigas estĂŁo

apresentados na Figura 4.7 a seguir.

200 .0 0 400 .0 0 600 .0 0 800 .0 0 100 0 .00PU(TESTE) (kN)

0.40

0 .80

1 .20

1 .60

2 .00

PU

(MB

TR

)/P

U(T

ES

TE

)

Figura 4.7 - GrĂĄfico P

PU MBTR

U TESTE

( )

( ) x PU TESTE( ) .

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94

VIGA PU (TESTE)

(kN)RCEB78 RCAN84 RACI95 RCFC RAVPB RRA RPS RMTA R MBTR

VM11-12 480.0 0.63 0.34 0.74 0.82 0.81 1.56 1.26 1.35 1.15 0.84VM21-18 430.0 0.70 0.43 0.73 0.91 0.89 1.53 1.25 1.30 1.17 0.94VM21-24 450.0 0.58 0.45 0.65 0.86 0.75 1.35 1.09 1.14 1.06 0.90VM12-12 546.0 0.65 0.74 0.64 1.19 0.80 1.30 1.03 1.19 1.61 1.33

VM22-18/25 596.0 0.58 0.74 0.57 1.28 0.71 1.17 0.96 1.10 1.42 1.19VM22-24 460.0 0.48 0.61 0.59 1.35 0.59 1.21 0.79 1.12 1.17 1.23WM12-12 652.0 0.53 0.59 0.70 1.24 0.79 1.07 0.88 1.051.30* 1.11

WM22-18/25 750.0 0.48 0.61 0.62 1.22 0.81 0.95 0.75 0.961.17* 0.99WM22-24 670.0 0.46 0.58 0.64 1.22 0.96 0.98 0.74 1.001.12* 1.02‱VB13-18 570.0 0.41 0.58 0.41 0.90 0.33 0.87 0.60 0.73 0.97 0.86VB23-18 840.0 0.28 0.39 0.28 0.62 0.23 0.59 0.40 0.49 0.66 0.58VB33-18 766.0 0.30 0.43 0.30 0.70 0.25 0.65 0.44 0.54 0.72 0.64VB43-18 810.0 0.29 0.41 0.29 0.66 0.23 0.61 0.42 0.51 0.68 0.60

‱WB13-18 800.0 0.29 0.35 0.39 0.67 0.36 0.62 0.42 0.80 0.69 0.63WB23-18 883.0 0.26 0.30 0.35 0.61 0.32 0.56 0.38 0.54 0.63 0.57‱WB33-18 718.0 0.32 0.46 0.43 0.74 0.40 0.69 0.47 0.60 0.77 0.70WB43-18 960.0 0.24 0.33 0.32 0.56 0.30 0.52 0.35 0.56 0.58 0.52‱VM12-18 403.0 0.77 0.82 0.79 1.11 0.92 1.64 1.12 1.51 1.90 1.67

‱VM22-18/26 550.0 0.56 0.60 0.58 1.35 0.68 1.20 0.82 1.10 1.39 1.23

‱VM32-18 540.0 0.57 0.61 0.59 1.41 0.69 1.23 0.84 1.12 1.42 1.25VM42-18 540.0 0.57 0.61 0.59 1.24 0.69 1.23 0.84 1.12 1.42 1.25

‱WM12-18 694.0 0.45 0.47 0.62 1.11 0.89 0.95 0.65 0.94 1.10 0.99

‱WM22-18/26 650.0 0.48 0.51 0.66 1.13 0.95 1.02 0.70 1.01 1.18 1.06

‱WM32-18 584.0 0.53 0.56 0.73 1.01 1.06 1.13 0.77 1.12 1.31 1.18

‱WM42-18 600.0 0.52 0.55 0.71 1.10 1.03 1.10 0.75 1.09 1.27 1.15WMP51-18 370.0 0.44 0.61 0.62 0.67 0.91 0.92 0.75 0.89 1.13 0.74WME51-12 390.0 0.41 0.26 0.58 0.67 0.85 0.86 0.71 0.81 1.05 0.71WMP53-18 450.0 0.38 0.65 0.49 0.90 0.77 0.78 0.67 0.730.92* 0.78WME53-12 380.0 0.38 0.43 0.53 0.99 0.80 0.84 0.63 0.840.91* 0.85WMP71-18 520.0 0.46 0.37 0.63 0.73 0.73 0.97 0.80 0.91 1.14 0.77WME71-12 520.0 0.46 0.52 0.63 0.73 0.68 0.97 0.76 0.89 1.14 0.77WMP72-18 520.0 0.42 0.70 0.60 1.15 0.73 0.58 0.70 0.901.03* 0.96WME72-12 500.0 0.42 0.47 0.61 1.03 0.69 0.94 0.70 0.881.04* 0.98‱WAP5-18 520.0 0.50 0.49 0.70 0.76 1.22 1.02 0.87 1.05 1.34 0.81WAE5-12 510.0 0.51 0.39 0.71 0.64 1.23 1.04 0.79 1.04 1.35 0.82WAP7-18 630.0 0.50 0.39 0.75 0.78 1.17 1.12 0.83 1.08 1.27 0.98WAE7-12 700.0 0.49 0.37 0.70 0.85 1.13 1.05 0.77 1.01 1.25 0.88

* indica as vigas que apresentam todas as condiçÔes necessårias para a aplicação do métododo Modelo de Treliça com Amolecimento;

‱ indica ruptura localizada.

Tabela 4.1 - Carga Ășltima determinada experimentalmente (PU(TESTE)) para cada vigae a sua comparação com a carga Ășltima obtida por vĂĄrios mĂ©todos.

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95

VIGAc'

CAN84

(mm)

c'CFC

(mm)

c''CFC

(mm)

cc

CFC

CAN

'

'84

cc

CFC

CAN

''

'84

MODO DERUPTURA PREVISTO

VM11-12 131.7 133.3 90.4 1.012 0.686 FVM21-18 165.8 180.0 115.9 1.086 0.699 F / C *VM21-24 199.2 240.0 135.8 1.205 0.682 C *VM12-12 160.1 133.3 168.1 0.833 1.050 C

VM22-18/25 200.2 180.0 206.9 0.899 1.033 CVM22-24 251.6 240.0 265.8 0.954 1.056 CWM12-12 184.5 133.3 219.0 0.722 1.187 C

WM22-18/25 215.2 180.0 238.7 0.836 1.109 CWM22-24 243.6 240.0 249.1 0.985 1.022 C‱VB13-18 210.4 180.0 180.8 0.855 0.859 CVB23-18 212.7 180.0 184.2 0.846 0.866 CVB33-18 217.3 180.0 190.6 0.828 0.877 CVB43-18 217.3 180.0 190.6 0.828 0.877 C

‱WB13-18 217.3 180.0 190.6 0.828 0.877 CWB23-18 217.3 180.0 190.6 0.828 0.877 C‱WB33-18 214.9 180.0 187.4 0.838 0.872 CVM12-18 217.3 180.0 190.6 0.828 0.877 C‱VM12-18 168.1 180.0 136.1 1.071 0.810 C

‱VM22-18/26 201.5 180.0 223.4 0.893 1.109 C

‱VM32-18 203.7 180.0 227.9 0.884 1.119 CVM42-18 190.8 180.0 201.0 0.943 1.053 C

‱WM12-18 204.8 180.0 230.1 0.879 1.123 C

‱WM22-18/26 200.4 180.0 221.2 0.898 1.104 C

‱WM32-18 179.9 180.0 175.9 1.000 0.978 C

‱WM42-18 188.8 180.0 196.4 0.953 1.040 CWMP51-18 208.1 180.0 139.5 0.865 0.670 F *WME51-12 185.8 133.3 150.0 0.717 0.807 F / C *WMP53-18 239.2 180.0 220.8 0.753 0.923 CWME53-12 231.3 133.3 247.1 0.576 1.068 CWMP71-18 210.8 180.0 146.0 0.854 0.693 C *WME71-12 185.7 133.3 146.0 0.718 0.786 C *WMP72-18 252.3 180.0 257.2 0.713 1.019 CWME72-12 219.8 133.3 230.0 0.606 1.046 C‱WAP5-18 224.8 180.0 188.2 0.801 0.837 FWAE5-12 193.2 133.3 156.8 0.690 0.811 F *WAP7-18 227.6 180.0 201.5 0.791 0.885 F *WAE7-12 206.8 133.3 222.8 0.644 1.077 F *

* Modo de ruptura previsto pelo método de Anålise de Vigas-parede Biapoiadas é diferente doobtido experimentalmente; não foram consideradas as vigas que romperam localmente.

Tabela 4.2 - Valores dec'CAN84, c'

CFC e c''CFC e a comparação entre eles,

modo de ruptura previsto pelo método de Anålise para Vigas-paredeBiapoiadas (segundo Subedi), para cada uma das 37 vigas consideradas.

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CAPÍTULO V

5. COMENTÁRIOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capítulo serão apresentados os comentårios sobre a grande maioria dos métodos

descritos no item 2.13 do CapĂ­tulo II e a anĂĄlise dos resultados obtidos no CapĂ­tulo IV.

No cålculo da média e do desvio padrão da razão R (PU(PREVISTA) /PU(TESTE)) para cada

método não serão considerados os dados provenientes das vigas que romperam localmente, a

menos que seja dito o contrĂĄrio.

5.1 - GUIA 2 DA CIRIA

a. No cålculo à flexão, o braço de alavanca z é calculado de forma aproximada no regime

elĂĄstico, dependendo somente do vĂŁo efetivo (" ) e da altura efetiva (ha ). NĂŁo Ă© levado em

conta que, com o surgimento das primeiras fissuras de flexĂŁo, z aumenta e, ainda, que este

varia com a taxa geométrica de armadura;

b. A Eq. 2.4 Ă© essencialmente a FĂłrmula de Kong. O Guia, contudo, modifica os valores

numéricos dos coeficientes C1 e C2 para introduzir o fator de segurança necessårio para

propósitos de projeto. No item 2.13.4 essa modificação não foi feita, pois foi considerado

um fator de segurança unitårio;

c. A Eq. 2.4 se aplica somente ao intervalo de 0.23 a 0.70 para x ha . Contudo, a partir de

alguns resultados de testes realizados posteriormente (Kong et al., 1986), acredita-se que

a equação citada pode ser aplicada ao intervalo de 0 a 0.70 para x ha ;

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d. No lado direito da Eq. 2.4, a quantidade C1 f bhc a' Ă© uma medida da capacidade de

carga da biela de concreto, ao longo da linha Y-Y apresentada na Figura 2.34. Da figura, Ă©

visto que a capacidade cresce com o Ăąngulo α; na Eq. 2.4, o fator ( )1 0 35− . x ha leva em

conta a observação experimental do modo no qual esta capacidade é reduzida com α (com

um crescimento na razĂŁo xha). Quando a carga suportada pela biela de concreto Ă©

superior ao limite de resistĂȘncia da mesma, uma ruptura por fendilhamento do concreto

ocorre, resultando na formação da fissura diagonal ao longo de Y-Y mostrada na Figura

2.34. Após a formação da fissura diagonal, a biela de concreto se torna, em efeito, duas

bielas carregadas excentricamente. Estas bielas sĂŁo restringidas contra flexĂŁo no plano, pela

armadura de alma;

e. No lado direito da Eq. 2.4, o segundo termo representa a contribuição da armadura à

resistĂȘncia ao cisalhamento da viga. A armadura permite que a biela de concreto fendilhada

continue a suportar cargas, restringindo a propagação e ampliação da fissura diagonal. A

viga tem uma tendĂȘncia a romper num mecanismo no qual a sua porção de extremidade se

move para fora, num movimento rotacional em torno do ponto de carga (Kong e Sharp,

1973) (Kong e Chemrouk, 1990). EntĂŁo, quanto mais para baixo a barra de armadura

intercepta a fissura diagonal, mais efetiva é em restringir esta rotação. Assim, na Eq. 2.4, a

contribuição do aço C2 Ay

ha

n

1

2∑ sen α Ă© proporcional a y. As leis do equilĂ­brio sĂŁo

desconhecedoras da discriminação do projetista entre as barras rotuladas como “armadura

de alma” e aquela rotulada como “armadura principal”. A equação citada considera que

qualquer barra de armadura fornecida, efetivamente ajuda a preservar a integridade de alma

do concreto pela restrição da propagação e da ampliação da fissura diagonal. A

contribuição de uma barra individual é julgada por sua årea A, a altura y e o ùngulo de

interseção α;

f. Quando aplicada a vigas-parede esbeltas, a Eq. 2.4 tende a superestimar a capacidade de

cisalhamento e reduzir o fator de segurança. Contudo, ela ainda é muito conservativa para

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vigas muito esbeltas (Kong et al., 1986);

g. Embora o conceito de projeto seja diferente no ACI 318-95 (1995) e no Guia 2 da CIRIA

(1977), hĂĄ algumas similaridades. Por exemplo, ambos assumem que a ruptura de vigas-

parede ocorre a partir de uma fissura diagonal principal que se estende do apoio ao ponto

de aplicação da carga. A capacidade de suporte de carga Ășltima Ă© calculada usando regras

empíricas nas quais as contribuiçÔes do concreto, da armadura de alma e das barras

principais são incorporadas. O ACI 318-95 impÔe um limite måximo de capacidade de

carga baseado na resistĂȘncia do concreto e o Guia 2 da CIRIA impĂ”e um limite similar

baseado no valor limite da tensĂŁo de cisalhamento Ășltima permitida numa viga;

h. O Guia 2 da CIRIA assume que a contribuição das barras horizontais, incluindo a armadura

principal, depende somente da posição da barra com respeito ao topo da viga. Em certas

vigas, porém, a contribuição assim determinada não é precisa. Em vigas com grande

quantidade de armadura principal de tração a ruptura ocorre por fendilhamento diagonal, e

o aço principal de tração não é totalmente efetivo;

i. A Eq. 2.4 mantém sua atenção nas características båsicas do que é, na realidade, um

complexo mecanismo de transferĂȘncia de carga. Isto Ă© feito desconsiderando-se

quantidades as quais sĂŁo menos importantes comparadas com os elementos principais;

j. Os valores de resistĂȘncia Ășltima ao cisalhamento para vigas-parede de pequena espessura

ensaiadas por Cusens e Besser (Cusens, A. R., 1990) mostram que os valores de projeto

de carga Ășltima apresentados pela CIRIA estĂŁo muito prĂłximos dos valores da carga de

aparecimento da primeira fissura diagonal;

k. Considerando as vigas-parede ensaiadas, obtém-se uma média de 0.86 para a razão RCIRIA

(PU(TESTE)/ PU(CIRIA)) e um desvio padrĂŁo de 0.21 para a mesma. Para as vigas submetidas a

um carregamento uniformemente distribuĂ­do e que nĂŁo romperam localmente, RCIRIA

oscilou entre 0.50 e 0.60, valores bem conservativos. Os valores mais discrepantes (mais

afastados da unidade) de RCIRIA foram encontrados para a viga VM12-12 (RCIRIA = 1.19) e

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para a viga VB23-18 (RCIRIA = 0.50);

l. Comparando-se as vigas VM12-12 com WM12-12, VM22-18/25 com WM22-18/25,

VM22-24 com WM22-24, que, duas a duas, se diferenciam somente pela presença ou não

da armadura de alma, percebe-se que as com este tipo de armadura apresentam resultados

de carga Ășltima mais prĂłximos dos reais do que as sem esta armadura. Pode concluir,

então, que a presença de armadura de alma faz-se necessåria, tornando os resultados

menos dispersivos.

m. Todas as vigas ensaiadas por Velasco apresentaram valores de RCIRIA conservativos, porém

relativamente próximos da unidade. RCIRIA oscilou entre 0.77 e 0.93, gerando o valor médio

de 0.87 e o desvio padrĂŁo de 0.042. Pode-se concluir que a Eq. 2.4 gera melhores

resultados para vigas-parede esbeltas do que para as comuns (“grossas”), pelo menos

quando a relação b/h varia de 10.7 a 24, que é o caso das vigas em questão. Em relação ao

que foi comentado no item anterior, deve-se atentar para o fato de que todas essas vigas

apresentavam armadura de alma.

5.2 - CEB-FIP (1978)

a. As Eqs. (2.7) fornecem valores conservativos (GuimarĂŁes, 1980). Embora nĂŁo

considerem os diversos fatores que influenciam a resistĂȘncia ao cisalhamento das vigas-

parede (ver item 2.6), os valores fornecidos apresentam pouca dispersĂŁo quando existe

armadura de alma;

b. O CEB-FIP de 1978 nĂŁo apresenta diretrizes especĂ­ficas de como calcular a armadura de

alma para resistir às forças cortantes;

c. Pode-se notar que o cĂĄlculo de resistĂȘncia Ă  flexĂŁo de vigas-parede Ă© feito sem a

consideração da resistĂȘncia Ă  compressĂŁo do concreto e da espessura da viga; contudo,

esses dois parùmetros aparecem na limit ação do cortante;

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d. As fĂłrmulas para o dimensionamento Ă  flexĂŁo foram desenvolvidas com base na

distribuição das tensÔes no estado não fissurado. O esforço de tração calculado a partir do

braço de alavanca obtido nessas condiçÔes (Eqs. 2.5) representa, portanto, o esforço

resultante das tensÔes de tração no concreto armado. Todavia, com o surgimento das

primeiras fissuras de flexĂŁo, o braço interno de alavanca aumenta e, conseqĂŒentemente, o

esforço de tração na armadura principal deve ser menor do que o calculado. Logo, a

armadura obtida estarå trabalhando com certa margem de segurança, o que gera resultados

conservativos no cĂĄlculo da carga Ășltima;

e. Uma comparação entre a carga Ășltima de vigas-parede com 1 ≀ "/h ≀ 2 rompendo por

flexĂŁo e a carga correspondente ao escoamento da armadura calculada a partir das

expressĂ”es (2.5) e (2.6), pode ser encontrada na referĂȘncia (GuimarĂŁes, 1980). Na mesma

referĂȘncia tambĂ©m se encontra uma comparação entre o esforço cortante Ășltimo calculado

pelas expressĂ”es (2.7) e o esforço real de vigas-parede com 1 ≀ "/h ≀ 2 rompendo por

cisalhamento. Como resultado, percebe-se que o método aqui apresentado fornece valores

conservativos, e, geralmente, bem conservativos tanto em relação Ă  resistĂȘncia Ășltima Ă 

flexĂŁo quanto ao esforço cortante Ășltimo;

f. A carga de escoamento calculada pelo método, baseada numa anålise no regime elåstico, é

sempre menor do que a real, pois o braço de alavanca adotado é sempre menor do que o

real, o que foi comprovado experimentalmente por Velasco (1984);

g. Como pode ser notado, as expressĂ”es (2.7) sĂŁo dependentes somente da resistĂȘncia Ă 

compressão do concreto e das dimensÔes da viga. A relação a/h (no caso de aplicação de

carga concentrada) ou " h (no caso de carga distribuĂ­da) nĂŁo Ă© considerada, assim como

a contribuição da armadura de alma. Contudo, o CEB-FIP recomenda o uso desta Ășltima,

observando-se a disposição (estribos horizontais e verticais, formando uma malha

ortogonal) e os valores mĂ­nimos estabelecidos para a mesma, com a finalidade de manter

pequena a abertura de fissuras;

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101

h. As duas expressÔes apresentadas para o cålculo do braço de alavanca (Eqs. 2.5) mostram

que este varia a uma pequena razĂŁo com a altura h. Quando a altura excede o vĂŁo, z se

torna independente da altura da viga;

i. Nas expressÔes representadas pelas Eqs. (2.5) para cålculo de z não é considerada a

influĂȘncia da taxa geomĂ©trica de armadura;

j. O CEB-FIP de 1978, assim como o ACI 318-95, relaciona a resistĂȘncia ao cisalhamento

da viga- parede com a resistĂȘncia do concreto Ă  compressĂŁo;

k. Melo (1984) salienta que, de modo geral, para um dado valor de ρs (taxa geomĂ©trica de

armadura principal de tração), hå um pequeno aumento na relação z/d quando a relação

" h Ă© diminuĂ­da. É importante ressaltar que esta tendĂȘncia vai de encontro Ă s

recomendaçÔes do CEB78, que estabelecem que z cresce com " h ;

l. Observando-se os resultados de carga Ășltima obtidos e mostrados na Tabela 4.1, pode-se

notar que, para todas as vigas, a carga Ășltima prevista pelo CEB-FIP foi inferior Ă 

experimental e, na grande maioria das vezes, bem inferior;

m. Considerando-se todas as vigas, exceto as que romperam localmente, tem-se para a média

de RCEB78 o valor de 0.46 e, para o desvio padrĂŁo, o valor de 0.12;

n. Para todas as vigas, com exceção das vigas VM11-12 e VM21-18, WAP5-18 e WAE5-12,

a carga Ășltima foi obtida a partir da limitação do cortante. Desta maneira, levando-se em

consideração as observaçÔes feitas nos itens a e g acima pode-se concluir que realmente as

Eqs. (2.7) nĂŁo sĂŁo adequadas para o cĂĄlculo da resistĂȘncia Ășltima de cisalhamento, pois

representam limitaçÔes impostas que reduzem demasiadamente essa resistĂȘncia;

o. Para as vigas submetidas a um carregamento uniformemente distribuĂ­do, os menores

valores de RCEB78 foram encontrados, podendo-se concluir que os resultados de carga

Ășltima sĂŁo ainda mais conservativos para esse tipo de carregamento.

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5.3 - CAN3-A23.3-M84

a. Para as vigas listadas na Tabela 4.1, desconsiderando-se as que romperam localmente,

tem-se para a média de RCAN84 o valor de 0.49 e, para o desvio padrão, o valor de 0.14.

Esse valor de mĂ©dia de RCAN84 Ă© muito baixo, indicando uma carga Ășltima mĂ©dia prevista de

metade do valor experimental;

b. Foram encontrados resultados conservativos para a carga Ășltima de todas as vigas

analisadas (Tabela 4.1), sem exceçÔes, inclusive para as 11 vigas-parede que romperam

localmente. Para essas Ășltimas, dever-se-ia ter uma carga Ășltima prevista superior Ă  obtida

no ensaio, tendo em vista que a ruptura local Ă© prematura, o que indica que as referidas

vigas, se nĂŁo tivessem rompido localmente, ainda suportariam um aumento de carga.

Contudo, conforme jĂĄ citado, isso nĂŁo ocorreu;

c. Pela CAN84, no modelo de bielas e tirantes considerado, devem ser feitas verificaçÔes de

tensÔes na zona nodal superior, na zona nodal inferior, na biela horizontal e na biela

inclinada, esta Ășltima tanto no topo quanto na base;

d. A influĂȘncia da armadura de alma em forma de malha Ă© negligenciada no projeto, na

CAN84, mas Ă© recomendada uma taxa mĂ­nima a ser utilizada;

e. Na obtenção da carga Ășltima resistida pelas vigas sĂŁo levados em conta quase todos os

principais parĂąmetros que influenciam a resistĂȘncia ao cisalhamento de vigas-parede (ver

item 2.6), ausentando-se somente os parĂąmetros relacionados Ă  armadura de alma;

f. É necessário garantir, no projeto, que a armadura seja detalhada tal que as forças

requeridas nos tirantes possam ser obtidas;

g. A capacidade Ășltima da viga a ser determinada Ă© sensĂ­vel Ă  maneira da qual as zonas

nodais sĂŁo detalhadas;

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h. Em geral, os menores resultados de RCAN84 foram obtidos para as vigas submetidas a um

carregamento uniformemente distribuído e para as vigas submetidas à ação de duas cargas

concentradas que romperam por flexĂŁo ou por flexĂŁo-cisalhamento, o que leva a concluir

que o método é pouco adequado para esses casos;

i. Em relação ao comentårio feito no item anterior, para o caso de vigas que rompem por

flexĂŁo ou por flexĂŁo-cisalhamento, deve ser acrescentado que a CAN84 nĂŁo apresenta um

mĂ©todo de cĂĄlculo de resistĂȘncia Ă  flexĂŁo e, sim, uma recomendação de taxa geomĂ©trica de

armadura principal mĂ­nima a ser utilizada;

j. Para todas as 37 vigas-parede, a carga Ășltima prevista (PU(CAN84)) apresentada na Tabela 4.1

acabou não sendo determinada por equilíbrio de momentos, e, sim, através das verificaçÔes

de tensÔes feitas na zona nodal superior, na zona nodal inferior, ou, ainda, na base da biela

inclinada. Como todos os resultados encontrados foram conservativos, e, muitas vezes,

bem conservativos, pode ser concluído que essas verificaçÔes de tensÔes nas bielas e nos

nós não são suficientemente adequadas. O CEB-FIP de 1990 considera que a tensão média

em qualquer superfície ou seção de um nó singular não deve exceder, considerando valores

nominais, o valor de 0.85 f c' [1 - f c

' /250] (MPa) para a resistĂȘncia de nĂłs onde somente

bielas se encontram e o valor de 0.60f c' [1 - f c

' /250] (MPa) para a resistĂȘncia de nĂłs onde

barras da armadura principal sĂŁo ancoradas. Os valores obtidos a partir das duas

expressÔes acima são próximos dos obtidos pela norma canadense, porém, inferiores aos

mesmos. Assim, o CEB-FIP de 1990 apresenta valores de resistĂȘncia dos nĂłs ainda mais

conservativos do que os obtidos pela norma canadense;

k. Na comparação dos valores da largura da biela inclinada obtidos pelo método do Caminho

da Força Compressiva e pela CAN84 (ver Tabela 4.2) encontra-se para a média da razão

c’CFC/c

’CAN84 o valor de 0.850 e o desvio padrĂŁo de 0.132, e para a mĂ©dia da razĂŁo

c”CFC/c

’CAN84 o valor de 0.931 e o desvio padrão de 0.147. Nos cálculos, foram

consideradas todas as vigas, inclusive as que romperam localmente. Pode-se perceber que

os valores de largura de biela inclinada determinados a partir do método do Caminho da

Força Compressiva estão próximos dos obtidos através da norma canadense.

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5.4 - ACI 318-95

a. O ACI 318-95 (1995) apresenta as mesmas fĂłrmulas de dimensionamento utilizadas no

ACI 318-83 (1983) (revisado em 1986). Hå modificação, contudo, na taxa de armadura de

flexĂŁo mĂ­nima requerida (item 10.5 do ACI 318-95). Pelo ACI 318-83 deve-se ter

ρ s yf≄ 200 e pelo ACI 318-95 deve-se ter ρ s c yf f≄ 3 ' e ρ s yf≄ 200 . Nessas

expressÔes, f y e f c' são dados em lb/in2. Usando a Tabela de Conversão de Unidades

apresentada no início do presente trabalho, as duas expressÔes tornam-se, respectivamente,

ρ s c yf f≄ 0 249. ' e ρ s yf≄ 1379. , para f y e f c' dados em N/mm2 . Pode ser observado

que, no caso do ACI 318-95, as duas expressÔes apresentadas resultam no mesmo valor de

ρ s para um f c' de 30.65 N/mm2 (em torno de 4444 psi). Assim, a obtenção da taxa

mĂ­nima de armadura de flexĂŁo Ă© comandada pela segunda expressĂŁo (ρ s yf≄ 200 ) se a

viga-parede a ser dimensionada tiver f c' < 30.65 N/mm2 e, pela primeira (ρ s c yf f≄ 3 ' ),

caso contrårio. O ACI 318-95 também apresenta algumas recomendaçÔes de ancoragem

de armadura (itens 12.11.4 e 12.12.4 do ACI 318-95), nĂŁo apresentadas no ACI 318-83;

b. O ACI 318-95 não contém recomendaçÔes detalhadas para o projeto de vigas-parede por

flexão, exceto que a não linearidade de distribuição de deformaçÔes e a flambagem lateral

devem ser consideradas;

c. O critĂ©rio de projeto do ACI 318-95 para resistĂȘncia ao cisalhamento de vigas-parede

consiste de um conjunto de regras empĂ­ricas baseadas numa grande quantidade de dados

provenientes de testes. Ela Ă© considerada ser conservativa com uma grande margem de

segurança quando aplicada a casos de vigas simplesmente apoiadas (Mau e Hsu, 1989).

As fĂłrmulas do ACI consideram os principais fatores que influenciam a resistĂȘncia ao

cisalhamento; contudo, tal conservadorismo é geralmente inevitåvel quando a contribuição

dos vĂĄrios fatores Ă  resistĂȘncia ao cisalhamento nĂŁo Ă© explicitamente desenvolvida de um

claro mecanismo de ruptura;

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d. O CĂłdigo considera que a armadura de alma horizontal Ă© mais efetiva do que a vertical. No

limite "0 5d = , os fatores de peso ( )112

0+ " / d e ( )11

120− " / d

apresentados na Eq.

2.17 são iguais. À medida que "0d decresce, as barras de aço horizontais se tornam

crescentemente mais efetivas quando comparadas com as verticais. Contudo, nos testes

apresentados por Rogowsky, MacGregor e Ong (1986), a presença de armadura de alma

horizontal nĂŁo provocou nenhum efeito na resistĂȘncia das vigas. AlĂ©m disso, os resultados

dos testes mostraram que hĂĄ pouca concordĂąncia entre os valores medidos

experimentalmente para a capacidade cisalhante nominal e aqueles previstos pelo ACI;

e. O ACI considera obrigatĂłrio o uso de armadura de alma, especialmente quando a tensĂŁo

de cisalhamento a ser resistida pelo concreto for ultrapassada. Smith e Vantsiotis (1982),

numa investigação experimental, concluíram que as expressÔes utilizadas pelo ACI

subestimam a contribuição do concreto e superestimam a contribuição da armadura de

alma;

f. No caso de vigas sujeitas à ação de duas cargas concentradas, os resultados fornecidos

pelas fĂłrmulas do ACI apresentam pouca dispersĂŁo, mas sĂŁo conservativos, como

comprovam os resultados experimentais expostos na Tabela 4.3. Uma comparação entre

o esforço cortante Ășltimo calculado por este mĂ©todo e o real, observado

experimentalmente, de vigas-parede com 1 ≀ "/h ≀ 4, rompendo por cisalhamento, pode

ser encontrada na referĂȘncia (GuimarĂŁes, 1980). Os resultados comprovam o

conservadorismo;

g. O mĂ©todo nĂŁo avalia a resistĂȘncia Ășltima das vigas-parede e, sim, faz recomendaçÔes que,

se observadas, permitem o dimensionamento de uma peça com boa margem de segurança

quanto Ă  sua resistĂȘncia Ășltima e, simultaneamente, obedecendo a certos critĂ©rios relativos

aos estados de utilização, sobretudo o de fissuração (Guimarães, 1980);

h. Hå similaridades entre o ACI 318-95 e o Guia da CIRIA, apesar das diferenças no conceito

de projeto: ambos os métodos assumem que a ruptura de vigas-parede ocorre a partir de

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uma fissura diagonal principal que se estende do apoio ao ponto de aplicação da carga. A

capacidade de suporte de carga Ășltima Ă© obtida atravĂ©s de regras empĂ­ricas nas quais as

contribuiçÔes do concreto, da armadura de alma e armadura principal são incorporadas;

i. Os valores de resistĂȘncia Ășltima ao cisalhamento para vigas-parede de pequena espessura

ensaiadas por Cusens e Besser (Cusens, A. R., 1990) mostram que os valores de projeto

de carga Ășltima apresentados tanto pela CIRIA quanto pelo ACI estĂŁo muito prĂłximos

dos valores da carga de aparecimento da primeira fissura diagonal;

j. De um ponto de vista teórico, o método apresentado pelo ACI pode não satisfazer a

condição de compatibilidade, a menos que os materiais (concreto e aço) sejam assumidos

ter plasticidade infinita;

k. Todos os valores obtidos para RACI95 mostrados na Tabela 4.1 foram inferiores Ă  unidade,

inclusive para as vigas que romperam localmente;

l. Considerando-se as vigas que não romperam localmente, tem-se para a média e o desvio

padrĂŁo de RACI95 , o valor de 0.57 e de 0.14, respectivamente. O baixo valor encontrado

para a média de RACI95 deve-se, provavelmente, aos vårios fatores comentados nos itens

acima;

m. Os piores resultados de RACI95, ou seja, os valores de RACI95 mais afastados da unidade,

foram encontrados para as vigas submetidas a um carregamento uniformemente

distribuĂ­do. Para a viga VB23-18 o valor de RACI95 foi de 0.28, ou seja, a carga Ășltima

prevista foi praticamente 1/4 do valor da carga Ășltima experimental.

5.5 - MÉTODO DO CAMINHO DA FORÇA COMPRESSIVA

a. No cålculo da força que age na biela horizontal e da força que age na biela inclinada, não é

levado em conta que a tensĂŁo atuante nĂŁo Ă© fc' , e, sim, algum valor menor do que fc

' ,

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dependendo se a região estå submetida somente a esforços de compressão ou se hå

também esforços de tração. O autor do método não utiliza a redução existente para a

tensão de compressão. Esta redução é requerida em normas de projeto como a CAN3-

A23.3-M84 (1984) e o CEB-FIP (1990), para levar em conta a resistĂȘncia real da biela, a

qual Ă© inferior Ă  fc' ;

b. Para a biela inclinada Ă© considerada uma largura de a/3 ou a prĂłpria largura do apoio, se o

valor desta Ășltima for superior ao da primeira. Pelo mĂ©todo, deve-se ajustar a largura da

viga, b, caso a largura a/3 citada acima não satisfaça o equilíbrio de forças. Contudo, como

as vigas utilizadas jå estavam com armadura, dimensÔes e carregamento pré- determinados,

e somente a carga Ășltima era procurada, essa checagem de equilĂ­brio nĂŁo influenciou o

valor da carga Ășltima resultante, pois as dimensĂ”es das vigas nĂŁo poderiam ser mudadas,

independentemente da obtenção ou não do equilíbrio considerado. Como foi obtida a carga

Ășltima experimental para todas as vigas, o que significa que os ensaios foram realizados atĂ©

que as vigas fossem rompidas, o valor de bc fc' ' senϕ , considerando-se c' igual ao maior

valor entre a/3 e a largura do apoio, deveria ser sempre igual ou inferior à reação de

apoio. Todavia, isto nĂŁo ocorreu nas vigas VM11-12, VM21-18, VM21-24, WMP51-18,

WME51-12, WMP71-18, VM12-18 e WM32-18, o que significa que, por este método,

estas vigas nĂŁo deveriam ter rompido com a carga determinada. Isto se deve

particularmente ao fato de não ter sido considerado um fator de redução para a tensão de

compressĂŁo nas bielas e de ter-se usado o valor a/3 jĂĄ comentado para a largura da biela

inclinada, nĂŁo se determinando realmente esta largura;

c. Pelo método, são utilizadas somente equaçÔes de equilíbrio; não são levadas em

consideração equaçÔes de compatibilidade e relaçÔes de tensão-deformação, conforme as

estabelecidas no método do Modelo de Treliça com Amolecimento;

d. Neste mĂ©todo nĂŁo Ă© considerada a influĂȘncia da armadura de alma na resistĂȘncia da viga;

e. Na Tabela 4.2 encontram-se os valores de c'CFC e de c''

CFC, definidos no item 4.5. Para as

vigas submetidas a carregamento uniformemente distribuĂ­do os valores de c'CFC e de c''

CFC

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obtidos foram muito prĂłximos entre si. Para as demais hĂĄ valores discrepantes, com

algumas exceçÔes;

f. A mĂ©dia (”) e o desvio padrĂŁo (σ) de RCFC para as 26 vigas-parede que nĂŁo romperam

localmente foram de 0.91 e de 0.25, respectivamente;

g. As vigas que romperam localmente deveriam apresentar para RCFC um valor superior Ă 

unidade, pois romperam prematuramente e, assim, não alcançaram sua capacidade måxima

de carga. Porém, do mesmo modo como obtido para o método do Modelo de Bielas e

Tirantes Refinado (item 5.8), os valores da razĂŁo entre a carga Ășltima prevista e a

experimental foram inferiores Ă  unidade para as vigas submetidas a carregamento

uniformemente distribuĂ­do com rompimento local. O mesmo aconteceu com a viga

WAP5-18;

h. Todas as vigas submetidas a carregamento uniformemente distribuĂ­do apresentaram

resultados conservativos; o pior resultado foi obtido para a viga WB43-18 (RCFC = 0.56);

i. As vigas VM12-12, VM22-18/25, VM22-24 (sem armadura de alma) e as WM12-12,

WM22-18/25, WM22-24 (idĂȘnticas Ă s primeiras, diferenciando-se somente pela presença

de armadura de alma) ensaiadas por GuimarĂŁes apresentaram resultados nĂŁo conservativos.

Para a viga VM22-24 foi encontrado o pior resultado (valor de RCFC mais afastado da

unidade): 1.35, indicando uma resistĂȘncia Ășltima calculada 35.0% superior Ă  real;

j. As vigas WM12-12, WM22-18/25, WM22-24, que se diferenciam entre si principalmente

pela presença e dimensÔes da rigidez de apoio apresentaram resultados de RCFC muito

prĂłximos entre si. O mesmo nĂŁo aconteceu com as vigas VM12-12, VM22-18/25 e

VM22-24, indicando que na presença de armadura de alma hå pouca dispersão de

resultados, apesar das diferenças na rigidez de apoio;

k. Todas as vigas ensaiadas por Velasco (1984), com exceção da viga WMP72-18 e da

WME72-12, apresentaram resultados conservativos. Os melhores resultados foram obtidos

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para as vigas WMP53-18 (RCFC = 0.90) e WME53-12 (RCFC = 0.99) e o valor de RCFC

mais afastado da unidade foi encontrado para a viga WAE5-12 (RCFC = 0.64). Analisando

as duplas de vigas que se diferenciam fundamentalmente pela presença ou não de rigidez

nos apoios, pode-se concluir que nĂŁo houve influĂȘncia dessa rigidez nos resultados de

RCFC para as vigas médias com taxa geométrica de armadura 1.

5.6 - MÉTODO DE ANÁLISE PARA VIGAS-PAREDE BIAPOIADAS SEGUNDO

SUBEDI

a. No caso da resistĂȘncia Ă  flexĂŁo, o autor do presente mĂ©todo (Subedi, 1988) sugere que a

carga Ășltima seja obtida a partir de compatibilidade de deformaçÔes, da mesma maneira que

nas vigas comuns, ou seja, é sugerida a utilização de um diagrama linear de deformaçÔes.

Contudo, é sabido que, numa viga-parede, tanto o diagrama de deformaçÔes quanto o de

tensÔes em qualquer seção da viga exibe um comportamento não linear;

b. Pelo método, é estabelecido que se a viga é superarmada à tração, então, a ruptura é

governada pela resistĂȘncia da alma em fendilhamento diagonal, e a armadura principal serĂĄ

somente parcialmente efetiva;

c. O método proposto examina cada viga pela sua capacidade na seção do meio do vão e na

sua alma. A mais fraca das duas regiĂ”es irĂĄ decidir seu modo de ruptura e a resistĂȘncia

Ășltima;

d. A altura do bloco de compressão para o Estågio II é calculada pela consideração do

equilíbrio das forças horizontais na seção inclinada da viga (Fig. 2.38). O seu valor não

pode ser fixado com base numa simples proporção de altura, e varia de acordo com a

resistĂȘncia Ă  compressĂŁo da viga, com sua armadura principal e de alma, com a resistĂȘncia

do concreto e com a geometria;

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110

e. O método proposto apresenta uma fórmula para uso no Estågio II, a partir do equilíbrio

de forças no plano inclinado considerado. Nessa fórmula estão presentes os principais

parĂąmetros que influenciam o modo de ruptura da viga e sua resistĂȘncia Ășltima. Esses

parĂąmetros englobam a resistĂȘncia dos materiais (f c' , f wy e f sy ), a quantidade de armadura

( As , Ah e Av ), a geometria da viga (" , h, b) e a posição da carga (x, x’);

f. O autor desse método de anålise (Subedi, 1988), para validação do método proposto,

utiliza para comparação de carga Ășltima e do modo de ruptura os resultados previstos com

os resultados obtidos através do ensaio de 19 vigas-parede realizado por ele próprio

(Subedi, 1986), de 35 vigas-parede ensaiadas por Kong (Kong et al., 1970) e de 52

vigas-parede ensaiadas por Smith e Vantsiotis (1982). Os resultados obtidos foram

razoåveis, em média, mas chegando a apresentar vårios valores discrepantes de carga

Ășltima, principalmente para as vigas ensaiadas por Kong e Smith e Vantsiotis (ver item

6.2.2);

g. As vigas ensaiadas por GuimarĂŁes (1980), Vasconcelos (1982) e Velasco (1984)

possuíam valores de relaçÔes de parùmetros como " h , x h , A bds , A b sh h e A bsv v

dentro ou próximo dos limites das 158 vigas-parede analisadas por Subedi (1988) através

do método proposto, havendo uma grande discrepùncia somente no valor da relação h/b

para as vigas ensaiadas por Velasco. Para essas vigas tem-se a relação h/b de 10.67, 16 ou

24, enquanto que as 158 vigas analisadas por Subedi apresentavam um intervalo de h/b de

3.5 a 10.0;

h. As vigas com " /h = 2.0 apresentaram uma relação RAVPB muito baixa, variando de 0.23 a

0.40. Como essas foram as Ășnicas vigas ensaiadas que apresentavam como carregamento

uma carga uniformemente distribuĂ­da no bordo superior e tendo em vista que todas as 158

vigas utilizadas por Subedi para validação do método eram submetidas à ação de duas

cargas concentradas, pode-se concluir que alguma modificação deve ser necessåria no

método para tornå-lo aplicåvel a vigas sujeitas a cargas distribuídas;

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111

i. Na previsĂŁo do modo de ruptura das 37 vigas, nĂŁo foi encontrado nenhum mecanismo de

ruptura de flexĂŁo-cisalhamento, o que seria o caso para as vigas VM21-18, VM21-24,

WMP51-18, WME51-12, WMP71-18, WME71-12, WAP7-18 e WAE7-12; ou seja: o

método não conseguiu prever corretamente o modo de ruptura em se tratando de flexão-

cisalhamento;

j. As vigas altas (WAP5-18, WAE5-12, WAP7-18, WAE7-12) apresentam RAVPB superior a

1.0, variando de 1.13 a 1.23, indicando uma carga Ășltima de ruptura prevista superior Ă 

real;

k. A média obtida para RAVPB foi de 0.72 e o desvio padrão de 0.27. Nos cålculos, não

foram considerados os valores relativos Ă s vigas que sofreram ruptura local. Se as vigas

submetidas a um carregamento uniformemente distribuĂ­do nĂŁo forem consideradas, esses

valores mudam para 0.83 e para 0.17, respectivamente;

l. Comparando-se o modo de ruptura previsto para as 26 vigas que nĂŁo romperam

localmente (Tabela 4.2) com o real (Tabela 3.4) pode ser observado que nĂŁo hĂĄ

concordĂąncia de mecanismo de ruptura para 9 das 26 vigas apresentadas, o que equivale Ă 

35 % desse total, o que pode ser considerada uma porcentagem bem significativa.

5.7 - MÉTODO DO MODELO DE TRELIÇA COM AMOLECIMENTO

a. A fĂłrmula explĂ­cita proposta leva em conta os fatores mais importantes na resistĂȘncia ao

cisalhamento de vigas-parede: a relação a/h, a resistĂȘncia do concreto (fc' ) e do aço, a taxa

mecĂąnica de armadura longitudinal (wl ) e a taxa mecĂąnica de armadura transversal (wt )

das vigas;

b. Na fĂłrmula explĂ­cita (2.19) estĂĄ presente o parĂąmetro w", definido como taxa mecĂąnica de

armadura longitudinal. No cĂĄlculo desse parĂąmetro estĂĄ presente ρ", que Ă© a taxa

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geométrica de armadura longitudinal. Dessa maneira, é perceptível que não hå distinção

entre a armadura de alma horizontal e a armadura principal (tanto de tração quanto de

compressĂŁo). Todas essas armaduras estĂŁo incorporadas igualmente em ρ", pelo fato de

estarem presentes no elemento de cisalhamento considerado, contribuindo para a

resistĂȘncia ao cisalhamento;

c. O método só é aplicåvel a vigas-parede que rompem por cisalhamento. Contudo, não é

salientado como ter conhecimento a priori (sem a realização de ensaios) do mecanismo de

ruptura desse tipo de vigas, com precisão suficiente, para saber se o método pode ou não

ser aplicado;

d. É assumido o escoamento tanto da armadura horizontal quanto da vertical, o que nem

sempre ocorre em se tratando de cisalhamento como modo de ruptura;

e. SĂŁo utilizados valores limites para w"e para wt , pois Ă© considerado que a resistĂȘncia

Ășltima ao cisalhamento pode nĂŁo ser controlada pelo escoamento do aço. Em tais casos, a

Eq. (2.19) Ă© ainda aplicĂĄvel com os limites superiores de w"e w t , mas os resultados

apresentados podem ser ligeiramente conservativos;

f. Toda a dedução para se chegar à fórmula (2.19) é feita a partir de uma viga-parede

biapoiada submetida à ação de duas cargas concentradas no bordo superior. A validação do

mĂ©todo Ă© realizada com base na comparação dos resultados de carga Ășltima de 63 vigas-

parede, 15 das quais ensaiadas por Kong (Kong et al., 1970), 46 ensaiadas por Smith e

Vantsiotis (1982) e 2 por de Paiva e Siess (1965). Todas as vigas acima referidas

romperam por cisalhamento, estavam submetidas a duas cargas concentradas aplicadas no

bordo superior e obedeciam aos limites estipulados de a até e no item 2.13.10.2. Os

resultados obtidos foram bastante razoĂĄveis, obtendo-se para RMTA, sendo RMTA =

PU(MTA)/PU(TESTE), o valor médio de 1.01 e o desvio padrão de 0.08;

g. Considerando-se somente as vigas marcadas com o sĂ­mbolo * , que sĂŁo aquelas que

apresentam as condiçÔes recomendadas para a aplicação da fórmula explícita representada

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113

pela Eq. 2.19, além de romperem por cisalhamento e serem submetidas a forças

concentradas no bordo superior, que são as condiçÔes utilizadas no desenvolvimento de

todo o processo do método iterativo numérico que gerou a fórmula simplificada, tem-se

para a mĂ©dia (”) e o desvio padrĂŁo (σ) de RMTA, 1.07 e 0.14, respectivamente. Por estes

valores apresentados, pode-se dizer que a previsĂŁo feita para a carga Ășltima de

cisalhamento Ă© bem razoĂĄvel. Contudo, Ă© necessĂĄrio salientar que somente 7 das 37 vigas-

parede ensaiadas apresentaram essas condiçÔes e que, assim, nenhuma conclusão definitiva

pode ser concebida com base nesses resultados;

h. Pelo fato de o interesse principal do presente trabalho ser a obtenção de um método

simples que possa ser aplicado ao maior nĂșmero possĂ­vel de vigas-parede, e que apresente

resultados de carga Ășltima os mais prĂłximos possĂ­veis dos reais (obtidos

experimentalmente), na Tabela 4.1 encontram-se resultados de carga Ășltima gerados pela

fórmula (2.19) para todas as 37 vigas-parede referidas nas dissertaçÔes de Guimarães

(1980), Vasconcelos (1982) e Velasco (1984) obedecendo ou não às restriçÔes citadas no

item f. A média obtida para RMTA foi de 1.08 e o desvio padrão foi de 0.26. Nesse cålculo

não foram consideradas as vigas que romperam localmente. O valor médio encontrado foi

bem razoåvel, apesar de ser contra a segurança; porém, o desvio padrão foi relativamente

alto, donde se conclui que realmente o método não gera bons resultados quando aplicado a

vigas que não estão de acordo com as restriçÔes jå citadas;

i. Pode ser notado pela Tabela 4.1 que todas as vigas que foram submetidas a carregamento

uniformemente distribuĂ­do, tanto com quanto sem armadura de alma, independentemente

do seu modo de ruptura, apresentaram resultados conservativos;

j. Todas as vigas apresentaram resultados de carga Ășltima prevista nĂŁo conservativos, com

exceção daquelas submetidas a um carregamento uniformemente distribuído e das vigas

WMP53-18 e WME53-12.

Conforme jĂĄ dito no item 4.7, a fĂłrmula apresentada por Ramakrishnan e

Ananthanarayana (Ramakrishnan e Ananthanarayana, 1968) e a fĂłrmula apresentada por

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de Paiva e Siess (de Paiva e Siess, 1965), para cĂĄlculo da carga Ășltima, foram utilizadas por

Mau e Hsu, autores do método em questão, para comparação de resultados em Mau e Hsu

(1989), o que tornou interessante a utilização de ambas também no presente trabalho, para

efeito de comparação de resultados. Os comentårios sobre as referidas fórmulas encontram-se

a seguir.

‱ Fórmula de Ramakrishnan e Ananthanarayana

A fĂłrmula de Ramakrishnan e Ananthanarayana (Eq. 4.1) nĂŁo Ă© exatamente uma

fĂłrmula empĂ­rica. Ela Ă© desenvolvida baseada na suposição de que a resistĂȘncia ao

cisalhamento de vigas-parede depende somente da resistĂȘncia Ă  fissuração do concreto. Esta

fĂłrmula sĂł leva em conta a resistĂȘncia cilĂ­ndrica de fendilhamento do concreto e a geometria

da seção transversal da viga, não considerando a contribuição da armadura de alma e nem a

influĂȘncia da relação a/h.

Para f t foi utilizada a resistĂȘncia ao fendilhamento obtida experimentalmente para as

vigas, para a obtenção dos resultados da segunda coluna de RRA (Tabela 4.1). Usando os

valores de f t fornecidos por Kong, Robins e Cole (1970), o valor de f t pode ser relacionado

a fc' através da fórmula f t = 7.2 fc

' (com fc' em psi), sem grande erro, equivalente Ă 

f t = 0.598 fc' (MPa). O valor de f t utilizado para a previsĂŁo da carga Ășltima tambĂ©m foi

obtido desta maneira, e os resultados encontram-se na primeira coluna de RRA.

GuimarĂŁes (1980) utiliza, na comparação da resistĂȘncia Ășltima de cisalhamento, a

fĂłrmula V f bhU t= 112. , que Ă© uma variante da fĂłrmula original. Ramakrishnan e

Ananthanarayana verificaram, experimentalmente, que a substituição de π2

por 1.12, na

fĂłrmula, gerava melhores resultados. Contudo, isto nĂŁo foi verificado para as vigas ensaiadas

pelo prĂłprio GuimarĂŁes. Para elas, o fator π2

gerou valores de resistĂȘncia mais prĂłximos dos

experimentais do que o fator 1.12.

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A mĂ©dia (”) e o desvio padrĂŁo (σ) de RRA foram de 0.88 e 0.16, respectivamente,

para as vigas assinaladas com * . Para as 26 vigas que nĂŁo romperam localmente, tem-se 0.97

para a mĂ©dia (”) dos valores da primeira coluna deRRA e ,para o desvio padrĂŁo (σ) respectivo,

0.29. Para os valores da segunda coluna de RRA tem-se, respectivamente, 0.76 e 0.24 para a

média e o desvio padrão. Desse modo, para as 26 vigas consideradas, os dois valores de

desvio padrĂŁo encontrados foram relativamente altos, donde se conclui que a fĂłrmula

representada pela Eq. (4.1) nĂŁo gera resultados adequados para uma grande parte das vigas.

‱ Fórmula de de Paiva e Siess

A fórmula proposta por de Paiva e Siess (Eq. 4.2) é uma modificação de uma fórmula

mais primitiva, de Laupa, Siess e Newmark (1989). Ela leva em conta a geometria da viga

(incluindo o vĂŁo livre de cisalhamento), a resistĂȘncia Ă  compressĂŁo cilĂ­ndrica do concreto e a

armadura longitudinal total (armadura principal + armadura horizontal de alma), nĂŁo

considerando a armadura de alma transversal.

Para as vigas assinaladas com * , a mĂ©dia (”) e o desvio padrĂŁo (σ) de RPS foram de

0.91 e 0.11, respectivamente. Para as 26 vigas que nĂŁo romperam localmente tem-se 0.92 para

o valor médio de RPS e 0.24 para o desvio padrão respectivo. Assim sendo, a fórmula

proposta por de Paiva e Siess também apresentou um desvio padrão relativamente alto quando

de sua aplicação nas vigas consideradas e, dessa maneira, também não fornece uma boa

aproximação de carga Ășltima.

5.8 - MÉTODO DOMODELO DE BIELAS E TIRANTES REFINADO

a. Siao (1995) obtĂ©m uma fĂłrmula para o cĂĄlculo da resistĂȘncia Ășltima ao cisalhamento de

vigas-parede, a partir do equilíbrio de forças de um modelo refinado de bielas e tirantes. Na

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116

fĂłrmula apresentada, todos os principais parĂąmetros (ver item 2.6) que influenciam a

resistĂȘncia ao cisalhamento de tais vigas sĂŁo levados em conta (direta ou indiretamente);

b. Siao (1995) sugere que a resistĂȘncia Ă  flexĂŁo seja calculada atravĂ©s do equilĂ­brio de

momentos das forças externas (carga aplicada e reação de apoio) e das forças internas

(força de compressão resistente do concreto e força de tração da armadura principal), que

Ă© essencialmente o procedimento de cĂĄlculo adotado pelo CEB-FIP de 1978. HĂĄ uma

diferença, contudo, no cålculo do braço de alavanca utilizado, em relação ao utilizado por

este Ășltimo. Siao sugere que z tenha o mesmo valor de d. Assim, o braço de alavanca

estaria relacionado somente com a altura da viga, sendo negligenciada a sua variação com

o comprimento da viga e com a taxa geométrica de armadura principal da mesma;

c. Não é feita nenhuma verificação de tensão nas bielas, nos nós e nas ancoragens;

d. No método apresentado é sugerido que o valor de f t seja obtido através da utilização da

fĂłrmula f ft c= 6 96. ' (psi), equivalente Ă  f ft c= 0578. ' (MPa). O valor assim

encontrado difere um pouco do valor recomendado pelo ACI 318-95 (1995), que Ă© o

obtido através da fórmula f ft c= 6 7. ' (psi), equivalente à f ft c= 0556. ' (MPa);

e. Siao (1995) apresenta uma tabela com as cargas de ruptura previstas pelo método, para

comparação com as cargas de ruptura reais para 35 vigas-parede. Nesta comparação, ele

obtĂ©m para P PU p (carga Ășltima / carga prevista) um valor mĂ©dio de 1.01 e um desvio

padrĂŁo de 0.12. Todas as cargas Ășltimas previstas que constam na tabela apresentada sĂŁo

obtidas a partir da fĂłrmula (2.24). Contudo, 10 das vigas analisadas, apesar de terem

rompido por fendilhamento diagonal na prĂĄtica, apresentaram uma carga calculada de

ruptura por flexĂŁo menor do que a de cisalhamento e, assim, a carga Ășltima de flexĂŁo Ă© que

deveria estar presente na tabela, para essas vigas. Considerando a referida carga para as 10

vigas citadas, o valor médio de P PU p aumentaria, assim como o desvio padrão;

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f. A taxa geomĂ©trica de armadura principal nĂŁo Ă© considerada no cĂĄlculo da resistĂȘncia ao

cisalhamento, no método do Modelo de Bielas e Tirantes Refinado, diferentemente do que

ocorre no mĂ©todo do Modelo de Treliça com Amolecimento. Nesse Ășltimo, conforme jĂĄ

comentado, a resistĂȘncia ao cisalhamento Ă© calculada tendo ρ" como um dos parĂąmetros,

sendo ρ" definido como a taxa geomĂ©trica de armadura longitudinal, a qual abrange a

armadura de alma e a armadura principal. No primeiro mĂ©todo, em VU (resistĂȘncia ao

cisalhamento), o parĂąmetro ρ h engloba somente a armadura de alma horizontal,

negligenciando a contribuição da armadura principal;

g. Para as vigas-parede ensaiadas, a mĂ©dia (”) deRMBTR foi de 0.88 e o desvio padrĂŁo (σ)

encontrado foi de 0.22. Nesse cĂĄlculo nĂŁo foram consideradas as vigas que romperam

localmente;

h. Considerando-se apenas as vigas submetidas à ação de duas cargas concentradas no bordo

superior e que não romperam localmente, obtém-se 0.95 para a média de RMBTR e 0.18 para

o desvio padrĂŁo;

i. Todas as 12 vigas ensaiadas por Velasco, independentemente de serem altas (h = 1200 mm)

ou médias (h = 800 mm) e de possuírem menor ou maior taxa geométrica de armadura

principal e de, ainda, terem espessura de 50.0 ou 75.0 mm, apresentaram resultados de

carga Ășltima conservativos, porĂ©m prĂłximos dos reais. Para as vigas WMP51-18 e

WME51-12 foram encontrados os piores resultados de RMBTR , ou seja, os mais afastados

da unidade: 0.75 e 0.71, respectivamente. Analisando as duplas de vigas que se diferenciam

basicamente por possuírem ou não rigidez nos apoios, pode-se concluir que a presença

dessa rigidez nĂŁo influenciou significativamente os resultados de RMBTR obtidos;

j. As vigas médias, ensaiadas por Velasco, com maior taxa geométrica de armadura principal

apresentaram resultados melhores (mais prĂłximos da carga Ășltima experimental) do que as

mesmas com menor taxa;

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118

k. As vigas altas com espessura de 75.0 mm apresentaram resultados melhores do que as

mesmas com espessura de 50.0 mm. O mesmo aconteceu com as vigas médias, indicando

que o método é menos preciso para vigas de pequena espessura;

l. Para todas as vigas que romperam localmente, dever-se-ia ter um valor de RMBTR superior

Ă  unidade, pois as mesmas nĂŁo atingiram sua capacidade mĂĄxima de carga. Contudo, isso

nĂŁo se verifica para nenhuma das vigas submetidas a carregamento uniformemente

distribuĂ­do e que romperam localmente, e nem para as vigas WAP5-18 e WM12-18. Esta

Ășltima, porĂ©m, apresentou RMBTR = 0.99, indicando que o rompimento local ocorreu

praticamente simultaneamente Ă  obtenção da resistĂȘncia Ășltima;

m. Todas as vigas submetidas a um carregamento uniformemente distribuĂ­do apresentaram

resultados conservativos, independentemente de possuĂ­rem ou nĂŁo armadura de alma e da

espessura de rigidez de apoio. Os valores podem ser obtidos na Tabela 4.1;

n. Todas as vigas ensaiadas por Vasconcelos submetidas à ação de duas cargas concentradas

apresentaram resultados nĂŁo conservativos, excetuando-se somente a viga WM12-18 jĂĄ

referida no item l;

o. Para as vigas VM11-12, VM21-18 e VM21-24 os resultados de carga Ășltima foram

conservativos, porém próximos dos reais. Essas 3 vigas possuíam uma taxa geométrica de

armadura principal inferior Ă s demais vigas ensaiadas por GuimarĂŁes, e nĂŁo possuĂ­am

armadura de alma. Para as demais vigas referidas os resultados nĂŁo foram conservativos,

exceção feita à viga WM22-18/25. A maior discrepùncia foi encontrada para a viga VM12-

12: um valor de RMBTR de 1.33, indicando uma resistĂȘncia prevista 33.0% superior Ă  real.

Comparando- se as vigas VM12-12 com WM12-12, VM22-18/25 com WM22-18/25 e

VM22-24 com WM22-24 pode-se concluir que a presença da armadura de alma fez com

que as vigas que a possuĂ­am apresentassem resultados de carga Ășltima mais prĂłximos dos

reais do que as sem essa armadura;

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119

p. É interessante notar que todas as vigas que romperam por flexão ou por flexão-

cisalhamento tiveram sua carga Ășltima prevista obtida atravĂ©s da fĂłrmula de flexĂŁo, jĂĄ

comentada no item b, ou seja, o resultado de resistĂȘncia Ășltima obtido por esta fĂłrmula foi

inferior ao obtido pela fĂłrmula de cĂĄlculo da resistĂȘncia de cisalhamento. JĂĄ as que

romperam por cisalhamento tiveram sua carga Ășltima prevista obtida a partir da fĂłrmula

representada pela Eq. (2.24), indicando que a carga Ășltima de cisalhamento assim

encontrada foi inferior à obtida pela fórmula de flexão. Desta maneira, o método, apesar

de nĂŁo ter a intenção de prever o modo de ruptura das vigas, acaba por fazĂȘ-lo com

grande precisão, tendo em vista que não hå uma formulação específica de cålculo de carga

Ășltima para flexĂŁo-cisalhamento.

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CAPÍTULO V I

6. ANÁLISE DE VIGAS APRESENTADAS NA L ITERATURA

Vårios métodos descritos no Capítulo II (item 2.13) foram validados a partir de

resultados de carga Ășltima gerados atravĂ©s de ensaios descritos na literatura. Os resultados

mais utilizados com esta finalidade foram os obtidos por Kong et al. (1970), Smith e

Vantsiotis (1982) e de Paiva e Siess (1965). Todas as vigas ensaiadas eram biapoiadas e

estavam submetidas à ação de duas cargas concentradas no bordo superior, aplicadas a 1/3 e

a 2/3 do vão. A relação "/h para as vigas ensaiadas por Kong (Tabela 6.1) varia de 1.0 a 3.0.

Para as ensaiadas por Smith e Vantsiotis (Tabela 6.2), essa relação varia de 2.29 a 4.14 e para

as ensaiadas por de Paiva e Siess (Tabela 6.4), a variação é de 1.85 a 3.43. Para vårias normas

de projeto, como o Guia 2 da CIRIA (1977), o CEB-FIP (1978) e a NBR 6118 (1978), por

exemplo, uma viga biapoiada Ă© considerada uma viga-parede quando apresenta "/h < 2.0.

Assim, para essas normas, uma parte das vigas referidas acima nĂŁo poderia ser considerada

uma viga-parede (ver item 2.3).

Para efeito de comparação e anålise de resultados de uma forma mais global, serão

apresentadas neste capĂ­tulo as propriedades das vigas ensaiadas pelos pesquisadores acima

referidos. Visando uma uniformização, todos os valores encontrados nas tabelas relacionadas

acima, originalmente em unidades inglesas, estĂŁo apresentados em unidades do Sistema

Internacional. A conversĂŁo de unidades foi feita a partir da Tabela de ConversĂŁo de Unidades

inserida no início dessa dissertação. A notação original apresentada para as vigas foi mantida.

Maiores detalhes, como o detalhamento, a disposição das armaduras e demais características

relevantes nĂŁo comentadas no decorrer do presente trabalho, podem ser obtidos diretamente

das referĂȘncias Kong et al. (1970), Smith e Vantsiotis (1982) e de Paiva e Siess (1965). A

seguir, serĂŁo apresentados os resultados de carga Ășltima obtidos experimentalmente e os

obtidos através de vårios métodos de cålculo para essas vigas. O objetivo é a comparação e

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121

uma anĂĄlise global de resultados obtidos a partir dessas vigas com aqueles encontrados a

partir das 37 vigas-parede ensaiadas por GuimarĂŁes (1980), Vasconcelos (1982) e Velasco

(1984), visando obter, dentre os métodos pesquisados, o que melhor se adapte ao

dimensionamento de tais vigas.

Não serão considerados os métodos de dimensionamento mais antigos como o CEB-

FIP de 1978 e o Guia da CIRIA de 1977 por apresentarem um processo de cĂĄlculo jĂĄ bastante

comentado, ao longo dos anos, por vĂĄrios pesquisadores (Kong et al., 1986; Subedi,

1988;GuimarĂŁes, 1980; Vasconcelos, 1982; Velasco, 1984; Tan et al., 1997; Subedi, 1986).

O ACI 318-95 (1995) por possuir a mesma formulação do ACI 318-83 (1983) e jå tendo

sido este também muito comentado (Rogowsky e MacGregor, 1986; Rogowsky et al., 1986;

Subedi, 1988; GuimarĂŁes, 1980; Vasconcelos, 1982; Velasco, 1984; Tan et al., 1997), da

mesma forma nĂŁo serĂĄ considerado.

Dos métodos de cålculo mais recentes, somente o do Caminho da Força Compressiva

não serå discutido neste capítulo, por jå ter sido mostrado não ser um método razoåvel (ver o

primeiro comentĂĄrio do item 5.5).

6.1 - PROPRIEDADES DOS MATERIAIS, GEOMETRIA E ARMADURA

DAS VIGAS

6.1.1. - Vigas ensaiadas por Kong et al.

Na Tabela 6.1 encontram-se as propriedades de 35 vigas estudadas experimentalmente

por Kong et al. (1970). Todas as vigas possuĂ­am " = 762 mm , b = 76 mm, h - d = 38 mm,

As = 1φ19.0 mm = 284mm2 com f sy= 292.0 MPa; ρh para as SĂ©ries 6 e 7 foi tomado como

(årea total de armadura de alma/seção transversal da viga).

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122

6.1.2. - Vigas ensaiadas por Smith e Vantsiotis

Na Tabela 6.2 encontram-se as propriedades das 52 vigas ensaiadas por Smith e

Vantsiotis (1982). Todas as vigas possuĂ­am As = 3 φ 16.0 mm=603 mm2, ρs = A

bds 100 194%= .

e As’ = 1 φ 6.3 mm = 31 mm2, ρs

’ = A

bds'

.100 010%= , sendo As’ e ρs

’ , a área da armadura

principal de compressão e sua taxa geométrica, respectivamente. Todas apresentavam

h = 355.6 mm, d = 304.8 mm e b = 101.6 mm. A armadura de alma foi constituĂ­da por barras

de φ = 6.3 mm.

Como o valor de f t nĂŁo era um dado disponĂ­vel dos ensaios, o seu cĂĄlculo foi feito a

partir da expressĂŁo abaixo (Tan et al., 1997):

f t = 0.32 (f c' )2/3 (6.1)

onde a unidade de f t e f c' Ă© MPa.

Na Tabela 6.3 encontram-se as propriedades das barras constituintes das armaduras das

52 vigas.

6.1.3. - Vigas testadas por de Paiva e Siess

Na Tabela 6.4 encontram-se as propriedades das 19 vigas ensaiadas por de Paiva e

Siess (1965). Para todas as vigas tem-se " = 609.6 mm , " t = 711.2 mm e a = 203.2 mm.

A armadura de alma apresentada pelas vigas G33S-12, G33S-32, F3S3, F3S2, F4S22

e F4S1 consiste de estribos verticais e a apresentada pelas vigas F2S2 e F2S1 consiste de

estribos inclinados. Os estribos possuem φ = 4.5 mm e fwy = 220.64 MPa. Os detalhes da

armação podem ser obtidos diretamente de de Paiva e Siess (1965).

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123

Como o valor de f t nĂŁo era um dado disponĂ­vel dos ensaios, o seu cĂĄlculo foi feito a

partir da expressĂŁo (6.1).

VIGAS ρs

(%)

ρh

(%)

ρv

(%)

f wy

(MPa)

h

(mm)

a

(mm)

" /h " /d a/d a/h x/h f c'

(MPa)

f t

(MPa)

1-301-251-201-151-10

0.520.630.791.091.73

0.000.000.000.000.00

2.452.452.452.452.45

285.0285.0285.0285.0285.0

762635508381254

254254254254254

1.01.21.52.03.0

1.051.281.622.223.53

0.350.430.540.741.18

0.330.400.500.671.00

0.230.280.350.470.70

21.925.021.721.722.1

2.883.022.842.842.88

2-302-252-202-152-10

0.520.630.791.091.73

0.000.000.000.000.00

0.860.860.860.860.86

309.0309.0309.0309.0309.0

762635508381254

254254254254254

1.01.21.52.03.0

1.051.281.622.223.53

0.350.430.540.741.18

0.330.400.500.671.00

0.230.280.350.470.70

19.619.020.323.220.5

2.672.602.742.952.78

3-303-253-203-153-10

0.520.630.791.091.73

2.452.452.452.452.45

0.000.000.000.000.00

285.0285.0285.0285.0285.0

762635508381254

254254254254254

1.01.21.52.03.0

1.051.281.622.223.53

0.350.430.540.741.18

0.330.400.500.671.00

0.230.280.350.470.70

23.021.419.622.323.1

2.902.812.662.942.75

4-304-254-204-154-10

0.520.630.791.091.73

0.860.860.860.860.86

0.000.000.000.000.00

309.0309.0309.0309.0309.0

762635508381254

254254254254254

1.01.21.52.03.0

1.051.281.622.223.53

0.350.430.540.741.18

0.330.400.500.671.00

0.230.280.350.470.70

22.421.420.522.423.1

2.622.812.932.622.75

5-305-255-205-155-10

0.520.630.791.091.73

0.610.610.610.610.61

0.610.610.610.610.61

285.0285.0285.0285.0285.0

762635508381254

254254254254254

1.01.21.52.03.0

1.051.281.622.223.53

0.350.430.540.741.18

0.330.400.500.671.00

0.230.280.350.470.70

18.919.620.522.323.0

2.552.662.932.942.90

6-306-256-206-156-10

0.520.630.791.091.73

0.510.510.510.510.51

0.000.000.000.000.00

309.0309.0309.0309.0309.0

762635508381254

254254254254254

1.01.21.52.03.0

1.051.281.622.223.53

0.350.430.540.741.18

0.330.400.500.671.00

0.230.280.350.470.70

26.625.626.626.625.6

3.113.043.113.113.04

7-30A7-30B7-30C7-30D7-30E

0.520.520.520.520.52

0.000.170.340.680.85

0.000.000.000.000.00

309.0309.0309.0309.0309.0

762762762762762

254254254254254

1.01.01.01.01.0

1.051.051.051.051.05

0.350.350.350.350.35

0.330.330.330.330.33

0.230.230.230.230.23

25.626.625.621.721.7

3.043.113.042.742.74

Tabela 6.1 - Propriedades das 35 vigas ensaiadas por Kong et al. (1970).

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124

VIGAS ρh

(%)ρv

(%)a

(mm)"

(mm)"/h

(mm)

a/d a/h "/d "0/d f c

'

(MPa)

f t

(MPa)0A0-440A0-481A1-101A3-111A4-121A4-511A6-372A1-382A3-392A4-402A6-413A1-423A3-433A4-453A6-46

0.000.000.230.450.680.680.910.230.450.680.910.230.450.680.91

0.000.000.280.280.280.280.280.630.630.630.631.251.251.251.25

304.80304.80304.80304.80304.80304.80304.80304.80304.80304.80304.80304.80304.80304.80304.80

812.80812.80812.80812.80812.80812.80812.80812.80812.80812.80812.80812.80812.80812.80812.80

2.292.292.292.292.292.292.292.292.292.292.292.292.292.292.29

1.001.001.001.001.001.001.001.001.001.001.001.001.001.001.00

0.860.860.860.860.860.860.860.860.860.860.860.860.860.860.86

2.672.672.672.672.672.672.672.672.672.672.672.672.672.672.67

2.332.332.332.332.332.332.332.332.332.332.332.332.332.332.33

20.4820.9318.6818.0316.0620.5521.0621.6819.7520.3419.1318.4119.2420.8219.93

2.402.432.252.202.042.402.442.492.342.382.292.232.302.422.35

0B0-491B1-011B3-291B4-301B6-312B1-052B3-062B4-072B4-522B6-323B1-083B1-363B3-333B4-343B6-354B1-09

0.000.230.450.680.910.230.450.680.680.910.230.230.450.680.910.23

0.000.240.240.240.240.420.420.420.420.420.630.770.770.770.771.25

368.30368.30368.30368.30368.30368.30368.30368.30368.30368.30368.30368.30368.30368.30368.30368.30

939.80939.80939.80939.80939.80939.80939.80939.80939.80939.80939.80939.80939.80939.80939.80939.80

2.642.642.642.642.642.642.642.642.642.642.642.642.642.642.642.64

1.211.211.211.211.211.211.211.211.211.211.211.211.211.211.211.21

1.041.041.041.041.041.041.041.041.041.041.041.041.041.041.041.04

3.083.083.083.083.083.083.083.083.083.083.083.083.083.083.083.08

2.752.752.752.752.752.752.752.752.752.752.752.752.752.752.752.75

21.6822.0620.1020.8219.5119.1719.0017.4821.7919.7516.2420.4119.0019.2420.6517.10

2.492.522.372.422.322.292.282.162.502.342.052.392.282.302.412.12

ContinuaTabela 6.2

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125

VIGAS ρh

(%)ρv

(%)a

(mm)"

(mm)"/h

(mm)a/d a/h "/d "0 /d f c

'

(MPa)

f t

(MPa)

0C0-501C1-141C3-021C4-151C6-162C1-172C3-032C3-272C4-182C6-193C1-203C3-213C4-223C6-234C1-244C3-044C3-284C4-254C6-26

0.000.230.450.680.910.230.450.450.680.910.230.450.680.910.230.450.450.680.91

0.000.180.180.180.180.310.310.310.310.310.560.560.560.560.770.630.770.770.77

457.20457.20457.20457.20457.20457.20457.20457.20457.20457.20457.20457.20457.20457.20457.20457.20457.20457.20457.20

1117.601117.601117.601117.601117.601117.601117.601117.601117.601117.601117.601117.601117.601117.601117.601117.601117.601117.601117.60

3.143.143.143.143.143.143.143.143.143.143.143.143.143.143.143.143.143.143.14

1.501.501.501.501.501.501.501.501.501.501.501.501.501.501.501.501.501.501.50

1.291.291.291.291.291.291.291.291.291.291.291.291.291.291.291.291.291.291.29

3.673.673.673.673.673.673.673.673.673.673.673.673.673.673.673.673.673.673.67

3.333.333.333.333.333.333.333.333.333.333.333.333.333.333.333.333.333.333.33

20.6819.2421.8922.6821.7919.8619.2419.3120.4420.7521.0316.5518.2719.0019.5818.5519.2418.5121.24

2.412.302.502.562.502.352.302.302.392.422.442.082.222.282.332.242.302.242.45

0D0-474D1-13

0.000.23

0.000.42

635.00635.00

1473.201473.20

4.144.14

2.082.08

1.791.79

4.834.83

4.504.50

19.5116.06

2.322.04

Tabela 6.2 - Propriedades das 52 vigas ensaiadas por Smith e Vantsiotis (1982).

DIÂMETRO DA BARRA (mm) 6.3 16.0 16.0*Área da seção transversal (mm2) 32.2 200 200Tensão de escoamento (MPa) 437.4 431.0 421.5

Deformação de escoamento (‰) 2.349 2.140 2.170Módulo de elasticidade (MPa) 1.86207 . 105 2.01402 . 105 1.94240 . 105

* Barras utilizadas somente nas vigas 0A0-48, 0B0-49, 0C0-50 e 0D0-47.

Tabela 6.3 - Propriedades das barras da armadura.

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126

VIGAS ρs

(%)ρs

ÂŽ

(%)ρw

(%)f sy

(MPa)

f sy'

(MPa)

b(mm)

d(mm)

h(mm)

"/h "/d x/h a/h a/d f c'

(MPa)

f t

(MPa)

G23S-11G23S-21G24S-11G24S-21G33S-11G33S-12G33S-21G33S-31G33S-32G34S-11G34S-21G43S-11G44S-11

0.830.460.830.461.671.670.832.582.581.670.831.671.67

0.460.210.460.210.920.920.460.830.830.830.460.920.92

00000

1.0900

1.090000

315.10354.40315.10354.40326.13326.13311.65311.65304.76325.44324.07304.07330.27

337.17304.76337.17304.76355.09355.09348.20346.82346.82353.02340.61350.27331.65

50.850.850.850.876.276.276.276.276.276.276.2101.6101.6

304.8304.8304.8304.8203.2203.2203.2203.2203.2203.2203.2152.4152.4

330.2330.2330.2330.2228.6228.6228.6228.6228.6228.6228.6177.8177.8

1.851.851.851.852.672.672.672.672.672.672.673.433.43

2222333333344

0.310.310.310.310.440.440.440.440.440.440.440.570.57

0.620.620.620.620.890.890.890.890.890.890.891.141.14

0.670.670.670.671.001.001.001.001.001.001.001.331.33

24.5523.5838.6136.1323.3119.9321.0319.9320.0635.1634.2024.2036.96

2.702.633.663.502.612.352.442.352.363.443.372.683.55

F2S1F2S2F3S2F3S3F4S1F4S22

0.831.290.831.670.831.67

0.460.460.460.920.460.92

1.421.420.941.310.700.98

317.17308.90326.82326.82322.00335.10

342.00342.00337.86350.27340.61335.10

50.850.876.276.2101.6101.6

304.8304.8203.2203.2152.4152.4

330.2330.2228.6228.6177.8177.8

1.851.852.672.673.433.43

223344

0.310.310.440.440.570.57

0.620.620.890.891.141.14

0.670.671.001.001.331.33

33.9231.7224.3434.3434.2734.68

3.353.212.693.383.383.40

Tabela 6.4 - Propriedades das 19 vigas ensaiadas por de Paiva e Siess (1965).

6.2. - RESULTADOS DE CARGA ÚLTIMA, COMPARAÇÃO E COMENTÁRIOS

6.2.1. - CĂłdigo Canadense CAN3-A23.3-M84

Na Tabela 6.5 encontram-se a carga Ășltima experimental (PU (TESTE)) e a comparação

desta com a carga Ășltima prevista pelo mĂ©todo canadense (PU (CAN84)) atravĂ©s da razĂŁo RCAN84

para 49 vigas ensaiadas por Smith e Vantsiotis (1982).

Os pontos com coordenadas (PU TESTE( ) , RCAN84 ) apresentados na Tabela 6.5 para cada

uma das 49 vigas consideradas estão mostrados na Figura 6.1. Para estas vigas, a média de

RCAN84 obtida foi de 0.45 e o desvio padrĂŁo, de 0.15. Estes valores estĂŁo muito prĂłximos dos

respectivos valores de média e de desvio padrão de RCAN84 obtidos para as vigas-parede que

constam da Tabela 4.1 e que nĂŁo romperam localmente. Todos os resultados obtidos sĂŁo

conservativos.

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127

A carga Ășltima prevista (PU(CAN84)) para todas as vigas apresentadas na Tabela 6.5 nĂŁo

foi determinada por equilíbrio de momentos, e, sim, através da verificação de tensÔes feita na

base da biela inclinada. Desta maneira, conforme jĂĄ comentado no item j de 5.3, os valores de

carga Ășltima acabam por ser demasiadamente conservativos, indicando que essa verificação de

tensÔes restringe esses valores além do que deveria.

1 00.00 2 00 .00 3 00 .00 4 00 .00PU(TEST E) (kN)

0 .00

0 .20

0 .40

0 .60

0 .80

1 .00

PU

(CA

N84

)/P

U(T

ES

TE

)

Figura 6.1 - GrĂĄfico P

PU CAN

U TESTE

( )

( )

84 x PU TESTE( ) .

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128

VIGASPU TESTE( )

(kN) RCAN84

MODO DERUPTURAPREVISTO

RAVPB RMTA RMBTR

1-30 477.72 - F 0.94* 1.06 0.981-25 448.36 - F 0.82* 1.09 0.851-20 378.97 - F/C 0.72 1.08 0.801-15 328.26 - C 0.48 0.88 0.671-10 178.81 - C 0.40 1.01 0.782-30 498.18 - F 0.90* 0.97 0.942-25 448.36 - F/C 0.82 0.97 0.852-20 430.57 - C 0.58 0.89 0.702-15 279.33 - C 0.58 1.05 0.792-10 172.58 - C 0.34 0.87 0.803-30 552.44 - C 1.34 - 1.213-25 451.03 - C 1.05 - 1.173-20 415.44 - C 0.68 - 0.953-15 318.48 - C 0.52 - 0.943-10 172.58 - C 0.45 - 1.064-30 483.94 - F/C 1.41 - 1.204-25 402.10 - C 1.07 - 1.164-20 361.18 - C 0.76 - 0.994-15 218.84 - C 0.71 - 0.834-10 191.26 - C 0.39 - 0.895-30 478.60 - F 1.38* 1.15 1.105-25 416.33 - C 1.10 1.13 1.065-20 345.16 - C 0.77 1.13 1.035-15 254.42 - C 0.61 1.22 1.065-10 155.68 - C 0.47 1.17 1.116-30 593.36 - C 1.26 - 1.006-25 531.98 - C 0.97 - 0.936-20 489.28 - C 0.76 - 0.816-15 345.16 - C 0.57 - 0.846-10 196.60 - C 0.45 - 0.90

7-30A 505.29 - F 0.89* - 1.157-30B 599.59 - F 0.99* - 0.987-30C 518.64 - F/C 1.39 - 1.157-30D 527.53 - C 1.22 - 1.077-30E 594.25 - C 1.10 - 0.96

Continua

* Modo de ruptura previsto pelo método de Anålise de Vigas-parede Biapoiadas (segundoSubedi) é diferente do observado experimentalmente.

Tabela 6.5

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129

VIGASPU TESTE( )

(kN) RCAN84

MODO DERUPTURAPREVISTO

RAVPB RMTA RMBTR

0A0-44 279.07 0.79 C 0.50 - -0A0-48 272.22 0.82 C 0.52 - -1A1-10 322.48 0.54 C 0.40 0.97 0.891A3-11 296.68 0.57 C 0.50 1.03 0.961A4-12 282.45 0.52 C 0.52 0.97 0.971A4-51 341.87 0.59 C 0.44 0.99 0.901A6-37 368.16 0.57 C 0.42 0.94 0.862A1-38 348.99 0.63 C 0.43 1.06 0.892A3-39 341.16 0.55 C 0.50 0.99 0.862A4-40 343.83 0.58 C 0.66 1.01 0.902A6-41 323.81 0.55 C 0.80 1.01 0.943A1-42 322.03 0.51 C 0.40 0.97 0.913A3-43 345.43 0.52 C 0.49 0.95 0.883A4-45 357.08 0.58 C 0.64 0.99 0.903A6-46 336.27 0.58 C 1.00 1.01 0.940B0-49 298.02 0.52 C 0.44 - -1B1-01 294.90 0.54 C 0.45 1.00 1.051B3-29 287.12 0.50 C 0.43 0.96 1.041B4-30 280.67 0.54 C 0.46 1.01 1.091B6-31 306.69 0.44 C 0.40 0.87 0.982B1-05 257.98 0.51 C 0.45 1.16 1.132B3-06 262.43 0.51 C 0.57 1.13 1.122B4-07 252.20 0.45 C 0.77 1.10 1.132B4-52 299.80 0.75 C 0.66 1.10 1.062B6-32 290.45 0.46 C 0.67 1.05 1.053B1-08 261.54 0.30 C 0.38 1.03 1.043B1-36 317.90 0.43 C 0.39 1.06 0.963B3-33 316.70 0.38 C 0.48 0.99 0.943B4-34 310.02 0.40 C 0.63 1.02 0.983B6-35 332.26 0.42 C 0.84 1.05 0.964B1-09 306.91 0.30 C 0.35 0.92 0.93

Continua

Tabela 6.5

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130

VIGASPU TESTE( )

(kN) RCAN84

MODO DERUPTURAPREVISTO

RAVPB RMTA RMBTR

0C0-50 231.30 0.40 C 0.42 - -1C1-14 237.97 0.32 C 0.39 0.88 1.211C3-02 246.86 0.40 C 0.43 0.94 1.251C4-15 261.99 0.40 C 0.42 0.91 1.211C6-16 244.64 0.40 C 0.44 0.95 1.292C1-17 248.20 - C 0.37 0.98 1.192C3-03 207.28 0.43 C 0.57 1.15 1.412C3-27 230.63 0.35 C 0.51 1.03 1.272C4-18 249.09 0.35 C 0.62 1.00 1.232C6-19 248.20 - C 0.62 1.01 1.243C1-20 281.56 0.34 C 0.36 1.07 1.103C3-21 249.98 0.20 C 0.47 0.96 1.103C4-22 255.32 0.26 C 0.60 1.04 1.073C6-23 274.44 0.27 C 0.78 1.00 1.094C1-24 293.12 0.27 C 0.33 0.97 1.034C3-04 257.09 0.27 C 0.46 1.04 1.144C3-28 304.69 - C 0.39 0.91 0.994C4-25 305.13 0.22 C 0.50 0.88 0.974C6-26 318.92 0.29 C 0.68 0.96 1.010D0-47 146.78 0.30 C 0.44 - -4D1-13 174.81 0.11 C 0.31 - -

G33S-12 169.02 - - - 0.99 0.89G33S-32 202.83 - - - 0.83 0.74

Tabela 6.5 - Comparação entre os resultados de carga Ășltima obtidos pelosdiversos mĂ©todos e os obtidos experimentalmente para as vigas ensaiadas

por Kong et al. (1970), Smith e Vantsiotis (1982) e de Paiva e Siess (1965).

6.2.2. - MĂ©todo de AnĂĄlise para Vigas-parede Biapoiadas segundo Subedi

Na Tabela 6.5 encontram-se a a carga Ășltima experimental (PU (TESTE)), a razĂŁo RAVPB

(PU(AVPB)/PU(TESTE)) e o modo de ruptura previsto pela anĂĄlise para as 35 vigas ensaiadas por

Kong et al. (1970) e para as 52 vigas ensaiadas por Smith e Vantsiotis (1982). Na referida

tabela, F significa FlexĂŁo e C significa Cisalhamento. Os pontos com coordenadas

( )(TESTEUP , AVPBR ) encontrados na Tabela 6.5 para cada uma das 87 vigas consideradas sĂŁo

mostrados na Figura 6.2.

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131

1 00.00 2 00 .00 3 00 .00 4 00 .00 5 00 .00 6 00 .00PU(TEST E) (kN)

0 .00

0 .40

0 .80

1 .20

1 .60

PU

(AV

PB

)/P

U(T

ES

TE

)

Figura 6.2 - GrĂĄfico P

PU AVPB

U TESTE

( )

( ) x PU TESTE( ) .

Na Tabela 6.6 encontram-se a média e o desvio padrão calculados para RAVPB,

considerando as 87 vigas relacionadas na Tabela 6.5 que possuem valores para o mesmo,

considerando, separadamente, somente as 35 vigas ensaiadas por Kong et al. e somente as 52

vigas ensaiadas por Smith e Vantsiotis.

VIGAS MÉDIA DE RAVPB DESVIO PADRÃO DE RAVPB

todas as 87 0.64 0.2735 ensaiadas por Kong et al. 0.82 0.32

52 ensaiadas por Smith e Vantsiotis 0.51 0.14

Tabela 6.6 - MĂ©dia e desvio padrĂŁo de RAVPB obtidos para as 87 vigasapresentadas na Tabela 6.5 que possuem valores para o mesmo.

VĂĄrios valores discrepantes de carga Ășltima tanto para as vigas ensaiadas por Kong

quanto para as ensaiadas por Smith e Vantsiotis foram obtidos. Para as vigas ensaiadas por

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132

Kong, a média de RAVPB (sendo R P PAVPB U AVPB U TESTE= ( ) ( ) ) obtida foi de 0.82 e o desvio

padrĂŁo foi de 0.32; RAVPB variou de 0.34 a 1.41. No caso das vigas ensaiadas por Smith e

Vantsiotis, a média de RAVPB foi de 0.51, e, o desvio padrão, de 0.14; RAVPB variou de 0.31 a

1.00. Ou seja: no primeiro caso, a média de RAVPB encontrada é razoåvel, e, o desvio padrão,

alto; no segundo caso, a situação se inverte: o desvio padrão é razoåvel, contudo o valor da

mĂ©dia de RAVPB Ă© muito baixo, indicando uma carga Ășltima mĂ©dia prevista de praticamente

metade do valor experimental.

Para as vigas ensaiadas por Kong, as discrepĂąncias de carga Ășltima encontradas foram

explicadas por Subedi (1988), autor do método em questão, a partir das condiçÔes de suporte

das vigas, que geravam restriçÔes (cuja magnitude dependia de vårios fatores), e das altas

tensÔes encontradas nos apoios e sob os pontos de aplicação de carga. Para as vigas ensaiadas

por Smith e Vantsiotis, os valores conservativos encontrados, segundo Subedi, podem ser

decorrentes de uma possível restrição inadvertidamente introduzida no arranjo de teste,

afetando a livre deformação das vigas e resultando em altos valores de carga Ășltima

experimental.

Contudo, as explicaçÔes dadas por Subedi para justificar a falta de adequação dos

resultados obtidos para a grande maioria das vigas ensaiadas por Kong e por Smith e Vantsiotis

podem nĂŁo ter fundamento tendo em vista que os resultados de carga Ășltima gerados pelo

Método da Treliça com Amolecimento apresentaram-se muito mais próximos dos reais e

nenhum problema relacionado com os apoios foi salientado. Deve ser comentado, porém, que

o Método da Treliça com Amolecimento só é aplicado a vigas-parede com armadura de alma

horizontal e vertical e, assim, os valores de carga Ășltima previstos sĂł foram obtidos para as

vigas com esse tipo de armadura.

Somente 6.9% do total das 87 vigas consideradas para essa anĂĄlise nĂŁo apresentaram

concordĂąncia do modo de ruptura real com o previsto.

Pela Tabela 6.5 pode ser notado que para as vigas 3-30, 4-30, 5-30, 6-30, 7-30C,

7-30D e 7-30E as cargas de ruptura reais sĂŁo muito menores do que as cargas de ruptura

previstas respectivas. Para as vigas com h = 508 mm ou h = 635 mm, o modo de ruptura

previsto e a resistĂȘncia Ășltima geralmente concordam razoavelmente bem com os resultados

experimentais. Para as vigas de menor altura (h = 381 mm ou h = 254 mm) a previsĂŁo se torna

menos precisa à medida que a altura decresce. É interessante notar que para cada uma das

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Séries de 1 a 6, os valores de RAVPB decrescem com o decréscimo da altura e com o aumento

da taxa geométrica de armadura principal, sem exceçÔes, sendo bem discrepantes quando

comparados dentro de uma mesma Série de vigas. Assim, percebe-se que o método não

consegue quantificar corretamente a influĂȘncia da relação " /h e/ou da taxa de armadura no

cĂĄlculo da carga Ășltima. Como esses dois parĂąmetros se mantiveram constantes dentro dos

Grupos (A, B, C e D) das vigas apresentadas por Smith e Vantsiotis, nenhum estudo mais

aprofundado pĂŽde ser feito, para se obter uma conclusĂŁo definitiva.

Em relação às vigas ensaiadas por Smith e Vantsiotis, nota-se pela Tabela 6.5 que o

modo de ruptura foi corretamente previsto: todas as vigas romperam por cisalhamento

(fendilhamento diagonal). Para todas as 52 vigas os resultados de carga Ășltima previstos foram

conservativos e, geralmente, consideravelmente conservativos. Vigas com uma pequena ou

uma grande taxa de armadura de alma em uma direção somente mostraram maior disparidade

de resultados; vigas com uma grande taxa de armadura de alma em ambas as direçÔes

(horizontal e vertical) mostraram melhor concordĂąncia de resultados de carga Ășltima.

6.2.3 - Método do Modelo de Treliça com Amolecimento

Na Tabela 6.5 encontram-se a carga Ășltima experimental (PU TESTE( ) ) e a razĂŁo (RMTA )

entre a carga Ășltima prevista pelo mĂ©todo do Modelo de Treliça com Amolecimento (PU MTA( ) )

e esta, para as vigas ensaiadas por Kong et al. (1970), Smith e Vantsiotis (1982) e de Paiva e

Siess (1965) que obedecem às restriçÔes de a até e do item 2.13.10.2.

Os pontos com coordenadas (PU(TESTE) , RMTA), que encontram-se na Tabela 6.5, para

cada uma das 63 vigas consideradas, estĂŁo mostrados na Figura 6.3. A Tabela 6.7 a seguir

contém a média e o desvio padrão calculados para RMTA , considerando todas as 63 vigas

relacionadas na Tabela 6.5 que possuem valores para o mesmo, considerando, em separado,

somente 15 vigas ensaiadas por Kong e somente 46 vigas ensaiadas por Smith e Vantsiotis.

Não hå a necessidade da obtenção desses parùmetros de comparação para as vigas ensaiadas

por de Paiva e Siess, pois somente 2 vigas estudadas experimentalmente por estes

pesquisadores constam da Tabela 6.5.

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134

VIGAS MÉDIA DE RMTA DESVIO PADRÃO DE RMTA

todas as 63 1.01 0.0815 ensaiadas por Kong et al. 1.04 0.11

46 ensaiadas por Smith e Vantsiotis 1.00 0.07

Tabela 6.7 - MĂ©dia e desvio padrĂŁo de RMTA obtidos para as 63 vigaspresentes naTabela 6.5 que possuem valores para o mesmo.

1 00.00 2 00 .00 3 00 .00 4 00 .00 5 00 .00PU(TEST E) (kN)

0 .80

0 .90

1 .00

1 .10

1 .20

1 .30

PU

(MT

A)/

PU

(TE

ST

E)

Figura 6.3 - GrĂĄfico P

PU MTA

U TESTE

( )

( ) x PU TESTE( ) .

A partir das 63 vigas analisadas presentes na Tabela 6.5, obtém-se para a média e o

desvio padrĂŁo de RMTA os valores de 1.01 e 0.08, respectivamente, que podem ser

considerados muito bons. Contudo, a fĂłrmula explĂ­cita (2.19) obtida a partir do modelo de

treliça com amolecimento só gera bons resultados quando aplicada a vigas cujos parùmetros se

encontram dentro de certos intervalos (ver item 2.13.10.2) e, portanto, apesar de ser uma

fórmula pråtica, sua utilização é restrita. Por exemplo, do total das 37 vigas-parede cujas

propriedades foram apresentadas no Capítulo III, somente 7 possuíam relaçÔes de parùmetros

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135

que obedeciam aos limites estipulados. Desse modo, para a estimativa de carga Ășltima das

outras vigas torna-se-ia necessårio se recorrer a outros métodos de cålculo. Além disso, dentre

as sete vigas citadas, trĂȘs apresentaram valores de RMTA bem acima da unidade.

Deve ser salientado, ainda, que a grande maioria das 63 vigas analisadas neste item

havia sido utilizada para a calibração da fórmula explícita (Eq. 2.19) e, dessa maneira,

resultados de carga Ășltima prĂłximos dos reais jĂĄ eram esperados.

6.2.4. - MĂ©todo do Modelo de Bielas e Tirantes Refinado

Na Tabela 6.5 encontra-se a comparação entre a carga Ășltima prevista pelo mĂ©todo do

Modelo de Bielas e Tirantes Refinado (PU MBTR( ) ) e a carga Ășltima experimental (PU TESTE( ) ),

através da razão RMBTR, para 35 vigas ensaiadas por Kong et al. (1970), 46 ensaiadas por

Smith e Vantsiotis (1982) e 2 ensaiadas por de Paiva e Siess (1965).

Os pontos com coordenadas (PU TESTE( ) , RMBTR) que constam da Tabela 6.5, para cada

uma das 83 vigas analisadas, estĂŁo mostrados na Figura 6.4.

Na Tabela 6.8 são encontrados a média e o desvio padrão calculados paraRMBTR,

considerando todas as 83 vigas relacionadas na Tabela 6.5 que possuem valores para o mesmo,

considerando, separadamente, somente as 35 vigas ensaiadas por Kong e somente 46 vigas

ensaiadas por Smith e Vantsiotis. Não hå a necessidade da obtenção desses parùmetros de

comparação para as vigas ensaiadas por de Paiva e Siess, pois somente duas vigas testadas

por estes pesquisadores foram utilizadas.

VIGAS MÉDIA DE RMBTR DESVIO PADRÃO DE RMBTR

todas as 83 1.00 0.1435 ensaiadas por Kong et al. 0.96 0.15

46 ensaiadas por Smith e Vantsiotis 1.04 0.13

Tabela 6.8 - MĂ©dia e desvio padrĂŁo de RMBTR obtidos para as vigasapresentadas na Tabela 6.5 que possuem valores para o mesmo.

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1 00.00 2 00 .00 3 00 .00 4 00 .00 5 00 .00 6 00 .00PU(TEST E) (kN)

0 .60

0 .80

1 .00

1 .20

1 .40

1 .60

PU

(MB

TR

)/P

U(T

ES

TE

)

Figura 6.4 - GrĂĄfico P

PU MBTR

U TESTE

( )

( ) x PU TESTE( ) .

A média e o desvio padrão de RMBTR para as 83 vigas relacionadas na Tabela 6.5

foram de 1.00 e 0.14, respectivamente. Para as vigas ensaiadas por GuimarĂŁes (1980),

Vasconcelos (1982) e Velasco (1984), considerando-se somente as que nĂŁo romperam

localmente e que foram submetidas à ação de duas cargas concentradas, tem-se 0.96 para a

média de RMBTR e 0.18 para o desvio padrão. Assim, pode ser constatado que os valores de

média e desvio padrão de RMBTR para estas vigas estão próximos dos valores respectivos

apresentados pelas 83 vigas citadas anteriormente. Além disso, os valores de média de RMBTR

estĂŁo muito prĂłximos da unidade e os valores de desvio padrĂŁo encontrados sĂŁo razoĂĄveis.

Pode-se concluir que o método do Modelo de Bielas e Tirantes Refinado, além de ser

um mĂ©todo prĂĄtico de cĂĄlculo, apresenta resultados de carga Ășltima condizentes com a carga

de ruptura real, tanto para vigas-parede biapoiadas sem rigidez nos apoios quanto para as com

essa rigidez, para a maioria das vigas consideradas. Contudo, vĂĄrios valores de RMBTR acima

da unidade foram encontrados (ver Tabela 6.5 e Tabela 4.1), o que significa que a carga

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Ășltima prevista Ă© maior do que a real para essas vigas e que, assim, o mĂ©todo estaria

trabalhando contra a segurança nesses casos.

Pelas Figuras 2.41 e 2.42 Ă© observado que o Ăąngulo Ξ pode variar de 0 a 90Âș, medido a

partir da horizontal, sendo, assim, um Ăąngulo do 1Âș quadrante. Para Ξ > 45Âș, tem-se

senΞ > cosΞ e sen2Ξ > cos2Ξ; para Ξ < 45Âș, tem-se cosΞ > senΞ e cos2Ξ > sen2Ξ; para Ξ = 45Âș,

tem-se senΞ = cosΞ e sen2Ξ = cos2Ξ. Na Eq. (2.24) estão presentes os parùmetros fŽc , b, d, a

relação Es/Ec e as parcelas ρh sen2Ξ e ρv cos2Ξ, onde Ξ = arctg z

a = arctg

0 9. d

a. Desse modo,

pela Eq. (2.24) a parcela ρh sen2Ξ serĂĄ mais efetiva do que a parcela ρv cos2Ξ quando Ξ > 45Âș

e, menos, quando Ξ < 45Âș, ou seja: no primeiro caso o peso da armadura de alma horizontal Ă©

maior do que o da armadura vertical e, no segundo caso, a situação se inverte.

O mecanismo de ruptura real apresentado pelas 83 vigas consideradas foi o de

cisalhamento. Contudo, os valores de carga Ășltima mostrados, na mesma tabela, para as vigas

da SĂ©rie 1 (1-30, 1-25, 1-20, 1-15, 1-10) e da SĂ©rie 2 (2-30, 2-25, 2-20, 2-15, 2-10) ensaiadas

por Kong foram determinados a partir da equação de flexão (ver item 2.13.11.2) e não a partir

da Eq. (2.24), pois o valor de carga Ășltima obtido por esta foi superior ao obtido pela primeira.

Como conseqĂŒĂȘncia, os resultados de RMBTR obtidos para a maioria das vigas das SĂ©ries 1 e 2

foram relativamente baixos. Observando-se todos os valores de RMBTR encontrados na Tabela

6.5, nota-se que dos cinco menores valores, quatro foram obtidos para vigas dessas duas

séries.

A Eq. (2.24) proposta prevĂȘ a resistĂȘncia ao cisalhamento de vigas-parede de forma

bem aproximada quando a/h ≀ 1.04. Pela Figura 6.5 pode ser percebido que para a/h ≄ 1.29 a

validade da Eq. (2.24) declina rapidamente porque o comportamento de viga-parede nĂŁo mais

se aplica. De acordo com dados obtidos de trabalho experimental de Subedi (Subedi, 1988), Ă©

percebido que quando a/h > 1.04 a suposição de comportamento de viga-parede resulta em

uma superestimação da resistĂȘncia real ao cisalhamento. Ainda da Figura 6.5, pode-se dizer

que a curva apresentada Ă© formada por trĂȘs partes: uma reta (k=1), uma zona de transição

(1.1 < a/h < 1.3) e uma curva em declive.

Siao (1993, 1995) sugere que a Eq. (2.24) seja usada com um fator de modificação k,

que representa a razĂŁo entre a resistĂȘncia ao cisalhamento real e a prevista pela prĂłpria

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equação, obtido a partir do grĂĄfico da Figura 6.5, onde k = 1 quando a/h ≀ 1.0 e k < 1 quando

a/h > 1.0. A Eq. (2.24) torna-se, entĂŁo:

( )[ ]V f kbd nU c h v= + +105 1 2 2. sen cos' ρ Ξ ρ Ξ Eq. (6.1a)

Deve-se ter V bdfU y h v≄ +18 2 2. ( sen cos )ρ Ξ ρ Ξ Eq. (6.1b)

Os parùmetros presentes em ambas as equaçÔes acima jå foram definidos no item

2.13.11.2. Para o aço da armadura de alma ser totalmente efetivo ele deve ser completamente

ancorado; de outro modo, a Eq. (6.1b) não é vålida. Esta equação é obtida a partir da

expressão V f bdU t= 18. (item 2.13.11.2), considerando que após a fissuração a armadura

resiste a toda a tração induzida (Siao, 1993). Para as 83 vigas consideradas, apresentadas na

Tabela 6.5, a Eq. (6.1b) nĂŁo foi utilizada, pois nĂŁo Ă© claro se a armadura de alma foi

completamente ancorada para essas vigas.

Considerando-se, dentre as 83 vigas, somente aquelas que apresentam relação

a/h ≀ 1.04 (65 vigas no total), tem-se para a mĂ©dia e o desvio padrĂŁo de RMBTR, os valores de

0.96 e 0.12, respectivamente.

Figura 6.5 - GrĂĄfico da razĂŁo PU TESTE( ) / PU MBTR( ) x a/h .

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CAPÍTULO VII

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES

7.1 - CONCLUSÕES

a. O CEB-FIP (1978), o ACI 318-95 (1995) e a CAN-A23.3-M84 (1984) apresentam

resultados de carga Ășltima em torno de 50% da carga real de ruptura;

b. A Norma Canadense, que apresenta um modelo de bielas e tirantes, limita

exageradamente as tensÔes nos nós e bielas. Esta restrição é na grande maioria das vezes

responsĂĄvel pelas discrepĂąncias encontradas entre valores de carga Ășltima experimental e

carga Ășltima prevista;

c. Nenhum dos métodos pesquisados conseguiu prever, com boa aproximação, a carga

Ășltima para as vigas-parede submetidas Ă  ação de um carregamento uniformemente

distribuído. Todos os resultados encontrados foram conservativos. Dos métodos aplicåveis

a vigas-parede submetidas a esse tipo de carregamento, os resultados de carga Ășltima mais

próximos dos reais foram gerados pelo método do Caminho da Força Compressiva.

Contudo, nenhuma das vigas encontradas na literatura e somente 8 das 37 vigas analisadas

foram submetidas a esse carregamento e, portanto, nenhuma anĂĄlise mais profunda de

resultados pĂŽde ser feita;

d. Os métodos de dimensionamento estudados, em geral, apresentam formulaçÔes para

cĂĄlculo de resistĂȘncia Ășltima por flexĂŁo e/ou cisalhamento. Nenhum mĂ©todo apresenta

uma formulação para flexão-cisalhamento, com exceção do método de Anålise para

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Vigas-parede Biapoiadas segundo Subedi. Este método, porém, não consegue prever

corretamente esse modo de ruptura, não cumprindo, assim, o que se propÔe;

e. Todas as vigas ensaiadas por Kong et al. possuem um vĂŁo constante igual Ă  762 mm. Este

comprimento pode ser considerado pequeno quando de sua comparação com o vão de

vigas-parede usualmente utilizadas em projeto e até mesmo com o vão da maioria das

vigas consideradas neste trabalho. Alguns resultados discrepantes de carga Ășltima

encontrados podem ter sido gerados devido ao “efeito de escala”;

f. Dentre os métodos de cålculo pesquisados, o do Modelo de Bielas e Tirantes Refinado se

destaca dos demais, por ser um mĂ©todo prĂĄtico de cĂĄlculo de carga Ășltima de vigas-parede

biapoiadas, por não apresentar restriçÔes quanto ao seu uso (utilizando-se o fator de

modificação k quando necessĂĄrio) e por gerar resultados de carga Ășltima razoavelmente

prĂłximos dos reais;

g. Comparando-se vigas idĂȘnticas, diferenciadas somente pela presença ou nĂŁo de armadura

de alma, percebe-se que as vigas com esse tipo de armadura apresentam maior resistĂȘncia

Ășltima ao cisalhamento. Desta maneira, a maioria dos mĂ©todos que nĂŁo consideram essa

influĂȘncia acabam por prever relaçÔes PU(PREVISTA)/PU(TESTE) muito baixas para as vigas

que rompem por cisalhamento. A presença de armadura de alma em forma de uma malha

ortogonal tambĂ©m gera resultados de carga Ășltima menos dispersivos entre si;

h. Nenhum dos métodos de cålculo pesquisados leva em consideração o enrijecimento dos

apoios. Contudo, conforme jĂĄ comentado nos trabalhos de GuimarĂŁes (1980),

Vasconcelos (1982) e Velasco (1984), essa rigidez nĂŁo tem influĂȘncia significativa nos

resultados experimentais de carga Ășltima e, assim, tambĂ©m nĂŁo influencia

significativamente a razĂŁo PU (PREVISTA) / PU (TESTE).

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141

7.2 - SUGESTÕES

Na pesquisa bibliogrĂĄfica realizada foram encontradas somente trĂȘs referĂȘncias

(Tizatto, 1981; Ray, 1990; Haque et al., 1986) sobre o comportamento de vigas-parede com

abertura de alma: a dissertação de mestrado de Tizatto, obtendo resultados de ensaios de cinco

vigas-parede de concreto leve armado com furos retangulares; a anĂĄlise dos efeitos (em

natureza e magnitude) de alguns parùmetros na distribuição de tensÔes em treze vigas-parede,

com abertura na alma, ensaiadas por Haque, Rasheeduzzafar e Al-Tayyib e o estudo feito por

Ray, abrangendo o comportamento de vigas sob dois pontos e quatro pontos de carga, com

abertura de alma retangular e circular. S. P. Ray ainda apresenta equaçÔes para cålculo da

resistĂȘncia Ășltima das vigas-parede com abertura na alma e faz recomendaçÔes para projeto.

Assim, existe pouco material sobre vigas-parede biapoiadas com abertura de alma, na

literatura publicada. Fica sugerido, entĂŁo, que sejam realizados mais ensaios em laboratĂłrio,

com o objetivo de determinar como os principais parĂąmetros influenciam o comportamento de

vigas-parede com furos. Pode-se, por exemplo, fixar os subitens i ao vii do item 2.11 e variar

o subitem viii (tamanho, forma e localização da abertura de alma) do mesmo item, utilizando

as dimensÔes e armaduras iguais às das vigas ensaiadas por Guimarães (1980), Velasco

(1984) e Vasconcelos (1982), assim como o tipo e condiçÔes de carregamento, para que o

comportamento de tais vigas possam ser comparados entre si. Os ensaios sĂŁo importantes para

a obtenção de informaçÔes necessårias ao desenvolvimento de um projeto de cålculo

adequado para essas vigas.

Uma outra sugestĂŁo estĂĄ relacionada a um tipo de concreto muito pesquisado e

utilizado ultimamente: o concreto de alta resistĂȘncia. De toda a bibliografia consultada, foi

encontrada somente uma referĂȘncia (Fang et al., 1993) sobre vigas-parede feitas com esse

tipo de concreto: um trabalho datado de 1993, tendo como objetivo o estudo do

comportamento de tais vigas sob açÔes sísmicas. O esforço para aumentar a razão

resistĂȘncia/peso prĂłprio de estruturas de concreto armado tem, hĂĄ muito, sido o tĂłpico de

pesquisadores (“State-of-the- art”, 1984; Russell, 1985). O concreto de alta resistĂȘncia Ă© uma

das alternativas para se obter um uso econÎmico de estruturas duråveis. Até o momento, este

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tipo de concreto tem sido utilizado em muitos prédios altos, pontes de grandes vãos e

estruturas offshore (Hester et al., 1990) (Fang et al., 1993). É interessante que seja pesquisado

o comportamento de painĂ©is prĂ©-moldados enrijecidos, feitos de concreto de alta resistĂȘncia,

inclusive para quantificar melhor a influĂȘncia do parĂąmetro fc' no comportamento dessas

peças estruturais.

Também é interessante a realização de ensaios de vigas-parede de concreto reforçado

por fibras, formando um membro estrutural compĂłsito, visando o estudo do comportamento

dessas vigas e, principalmente, a determinação de sua resistĂȘncia ao cisalhamento. Entende-se

por compósito qualquer material multifåsico que exiba uma significante proporção das

propriedades das fases constituintes, tal que uma melhor combinação de propriedades seja

obtida.

Particularmente para continuação do que se propÔe o presente trabalho, é sugerido que

os métodos recentes de cålculo de vigas-parede relacionados com elementos finitos (Fafitis e

Won, 1994; Balakrishnan e Murray, 1988; Cook e Mitchell, 1988; Lin e Raoof, 1995)

sejam utilizados e, os resultados assim obtidos, comparados com os experimentais.

Dentre todo o material pesquisado, somente foi encontrado um trabalho (Subedi,

1994) sobre previsĂŁo de carga Ășltima para vigas-parede biengastadas. O mesmo apresenta

uma formulação para o caso de vigas-parede submetidas à ação de uma carga concentrada no

meio do vĂŁo. Como a maioria das vigas apresentadas no CapĂ­tulo III possuem um

enrijecimento lateral, seria interessante o desenvolvimento de uma formulação, baseada nesse

estudo, para a ação de duas cargas concentradas, visando a aplicação da mesma às vigas

ensaiadas na PUC-Rio para comparação de resultados.

A partir de um estudo ainda mais aprofundado de métodos de dimensionamento, como

sugerido acima, espera-se obter recomendaçÔes para a NBR 6118.

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143

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