UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NO
PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Rosangela Machado Zambrano
Orientadora:
Profa. Marta Relvas
RIO DE JANEIRO
2016
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NO
PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Apresentação de monografia à
Universidade Cândido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Neurociência Pedagógica
Por: Rosangela Machado Zambrano
AGRADECIMENTOS
Ao Criador por mais essa vitória
Aos meus familiares pelo apoio e
incentivo
A Profa. Marta Relvas pela orientação
deste estudo
DEDICATÓRIA
A todas as pessoas que sempre
torceram por mim
RESUMO
Esta monografia tem por objetivo apresentar um estudo sobre a
importância da afetividade no processo de aprendizagem, considerando as
pesquisas em neurociência, pois a criança é naturalmente envolvida com
emoções. Sua iniciação escolar é sempre penosa no sentido de que é uma
experiência nova e afastada do seio familiar, único grupo que convivia até
ingressar na escola. O estudo enfatiza a função do educador na integração da
criança na escola, que precisa sentir-se feliz e sentir prazer em aprender.
Palavras chave: Aprendizagem – Afetividade - Neurociência
METODOLOGIA
Para tanto, adotou-se, como metodologia, um estudo do tipo bibliográfico,
qualitativo e descritivo e a coleta de dados deverá ser em livros, periódicos e
artigos virtuais para conhecer a aplicação dos principais conceitos referentes à
temática “afetividade e aprendizagem”. Dentre os diversos autores pesquisados
encontram-se: Antunes (2006), Chalita (2004), Dantas (2002), Leite (2011),
Lent (2002), Salla (2002).
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO 1 – NEUROCIÊNCIA E AFETIVIDADE 09
CAPÍTULO 2 – PAPEL DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DE
APRENDIZAGEM
16
CAPÍTULO 3 – RELAÇÃO ALUNO – PROFESSOR COM BASE NA
AFETIVIDADE
29
CONCLUSÃO 36
REFERÊNCIAS 38
ÍNDICE 40
FOLHA DE AVALIAÇÃO 41
8
INTRODUÇÃO
A afetividade está dentro do ser humano em todas as suas relações,
seja com a família, com amigos, no ambiente de trabalho e no ambiente
educacional. O homem não existe sem sentimentos e emoções, sejam boas ou
não, mas elas estão inseridas na vida de todos. O primeiro contato da criança é
com a família, onde experimenta os primeiros sentimentos e recebe os
primeiros ensinamentos, fatores fundamentais para a formação de sua
personalidade e seu processo de aprendizado.
A reflexão sobre a afetividade no processo de aprendizagem muitas
vezes passa despercebida ou até mesmo é ignorada por alguns professores.
Os efeitos negativos dessa prática podem ser percebidos durante todo o
percurso escolar, devendo ser considerada desde as séries iniciais do ensino
fundamental.
O convívio afetivo entre o professor e o aluno é o tema que envolve
este estudo que se propõe, na forma de objetivo geral, demonstrar o quanto a
afetividade está presente em todo o ambiente escolar das crianças, e o quanto
isso afeta em sua escolarização.
Em função disso este estudo tem como problemática o seguinte
questionamento: De que forma a afetividade influência no processo de
aprendizagem?
Escolheu-se esse tema por haver inquietação na autora do trabalho,
desde o início do curso de Pedagogia, em como trabalhar a interação
afetividade e aprendizagem no dia a dia da sala de aula, buscando uma
maneira de contribuir para que a escola seja um ambiente de relações mais
agradáveis entre professores e alunos, no qual um possa respeitar melhor o
outro.
Na forma de objetivos gerais o estudo propõe-se a: Comentar sobre a
afetividade de uma forma geral; Relacionar afetividade com aprendizagem;
Analisar o relacionamento do professor com o aluno com base na afetividade.
9
CAPÍTULO 1
NEUROCIÊNCIA E AFETIVIDADE
1.1 Comentários gerais sobre neurociência
Segundo Relvas (2009 apud Leite, 2011), o encéfalo encontra-se
localizado no interior do crânio, protegido por um conjunto de três membranas,
que são as meninges. E constituído por um conjunto de estruturas
especializadas que funcionam de forma integrada para assegurar unidade ao
comportamento humano. E formado por Bulbo raquidiano, Hipotálamo, Corpo
caloso, Córtex cerebral, Tálamo, Formação reticular, Cerebelo e Hipófise.
A neurociência é um termo que reúne as disciplinas biológicas que
estudam o sistema nervoso, normal e patológico, especialmente a anatomia e a
fisiologia do cérebro inter-relacionando-as com a teoria da informação,
semiótica e linguística, e demais disciplinas que explicam o comportamento, o
processo de aprendizagem e cognição humana bem como os mecanismos de
regulação orgânica e por ser uma área da ciência é preciso sempre preocupar-
se em estar se atualizando. Segundo Relvas (2009, p.21 apud Leite, 2011) diz
que,
(...) o universo biológico interno com centena de milhões de pequenas células nervosas que formam o cérebro e o sistema nervoso comunicam-se umas com as outras através de pulsos eletroquímicos para produzir atividades muito especiais: nossos pensamentos, sentimentos, dor, emoções, sonhos, movimentos e muitas outras funções mentais e físicas, sem as quais não seria possível expressarmos toda a nossa riqueza interna e nem perceber o mundo externo, como o som, cheiro,sabor.
O campo científico da neurociência cognitiva recebeu este nome no final
da década de 70, numa conversa informal entre o fisiologista cognitivo George
A. Miller e Michael S. Gazzaniga. Para esclarecer o significado deste termo é
preciso voltar atrás e olhar não somente para a história do pensamento
humano, mas também para as disciplinas científicas.
Conforme explica Lent (2002), desde a antiguidade, a curiosidade e as
observações, contribuíram para que o ser humano relacionasse a mente com a
cabeça (cérebro), originando varias teorias e descobertas científicas que
10
permeiam, transformam vidas, sociedade e consequentemente a humanidade.
Na história antiga, a teoria ventricular (iniciada no século 4º d.C.) aborda que
os processos mentais, ou as faculdades da mente estavam localizadas em
câmaras ventriculares no cérebro. Entre os gregos, predominava também a
teoria de que os ventrículos cerebrais eram órgãos sede dos humores (sangue,
fleuma, bílis amarela e bílis negra, procedentes, respectivamente, do coração,
sistema respiratório, fígado e baço) e nos quais estava localizada também a
capacidade intelectual do homem.
Segundo Hipócrates, as doenças surgiriam pelo desequilíbrio entre o
sangue, a fleuma, a bílis e a atrabile. Esta é a famosa teoria dos quatro
humores corporais, que dependendo das quantidades presentes no corpo,
levariam a estados de equilíbrio ou de doença e dor. Esta teoria veio a
influenciar posteriormente Galeno, que desenvolveu a teoria dos humores, que
dominou o conhecimento até ao século XVIII. (LENT, 2002)
Para Hipócrates, a mente estava no cérebro. Já o Aristóteles considerou
que a alma não era substancialmente diferente do corpo, embora as suas
funções: a alimentação, a sensação, a motricidade e a intelecção, fossem
similares. Defendeu a hipótese que a mente tinha sede no coração e o cérebro
resfriava o sangue, tipo um sistema hidráulico, os nervos ocos que circulavam
o espírito animal. (LENT, 2002)
Galeno, médico grego completou a doutrina de Hipócrates, foi o primeiro
que fez correlação entre forma e função, ao distinguir quatro temperamentos e
ao defender que os espíritos se formavam em órgãos diferentes: os espíritos
naturais, no fígado, os espíritos vitais, no coração e os espíritos animais, no
cérebro. Suas experiências contribuíram para aumentar os seus
conhecimentos sobre a anatomia do cérebro e para a criação da hipótese
cefalocêntrica. Ele teorizava que se retirassem as ramificações de suporte dos
ventrículos, ficava o esférico e que o poder da sensação, do movimento fluía no
cérebro e ainda o que é racional na alma tem ali a sua existência. A sua teoria
de localização do espírito no fluído dos ventrículos perdurou por vários séculos.
(LENT, 2002)
Continua Lent (2002) relatando que no Brasil, o Imperador Pedro II,
amante das artes e das ciências se correspondeu com o fisiologista alemão Du
Bois Reymond, acerca da fundação de um instituto de "physiologia" na cidade
do Rio de Janeiro, mas que jamais teve efetividade prática. A história da
11
neurociência no Brasil se confunde com a própria história da fisiologia
brasileira, que começou com Álvaro e Miguel Ozório de Almeida, no Rio de
Janeiro, os quais também iniciaram (principalmente Miguel Ozório) as
pesquisas em neurofisiologia. Álvaro Ozório criou uma escola nesse campo,
que culminou com seu discípulo Paulo Enéas Galvão, que foi para o Instituto
Biológico de São Paulo e tornou-se o segundo professor de Fisiologia da
recém-criada Escola Paulista de Medicina, substituindo outro discípulo carioca,
Thales Martins que, em parceria com Ribeiro do Valle, ajudou fundar a
neuroendocrinologia brasileira. Miguel Ozório de Almeida, entretanto,
pesquisou a vida toda fisiologia e fisiopatologia do sistema nervoso.
O Brasil foi agraciado com vários pesquisadores que lutaram para
postular o conhecimento científico em solo brasileiro, permitindo a sociedade
atual o contato com a: Neurofisiologia, Neurobiologia, Fisiologia, Biofísica
dentre outras.
O sonho que norteia os pesquisadores em desvendar a máquina
humana, os códigos, os sinais e os circuitos pelos quais trafega a informação
vital dos seres humanos, permitiu à humanidade evoluir e tomar consciência a
cerca da concepção da natureza e da sua relação com o corpo, sua evolução
biológica, adaptativa para a manutenção e sobrevivência da espécie. Forneceu
melhoria na qualidade de vida da sociedade atual, avanços na medicina que
disponibilizam tratamentos efetivos não somente para as doenças
degenerativas, mais os quadros Psiquiátricos, psicossomáticos. Ressaltando
também o desenvolvimento das tecnologias que auxiliam para a visualização
das imagens do funcionamento cerebral e mapeamento direto da atividade
neuronal em suas especificidades. Toda pesquisa pode levar a infindáveis
benefícios para a humanidade, bem como podem levar à sua decadência, se
mal empregadas.
Segundo colocação de Pátaro (2006, p.68) “o sujeito psicológico é, ao
mesmo tempo, um ser biológico, que sente fome, frio e sede, mas que também
tem sentimentos, emoções, desejos”. Por isso a necessidade de se conhecer o
sujeito psicológico de uma forma total, pois o homem é um ser complexo em
todas as suas formas de pensar, agir e sentir. Cada ser é único e particular em
sua complexidade, pois resulta da interação de várias dimensões internas e
externas.
Araújo (apud PÁTARO, 2006, p.69) condensa bem esta questão:
12
O sujeito psicológico é constituído por diferentes dimensões – cognitiva, afetiva, biológica e sociocultural – e seu funcionamento se dá a partir das inter-relações destas entre si e com o mundo externo – físico, interpessoal e sociocultural – com o qual o sujeito interage.
Leite (2011) diz que neuropedagogos estudam sobre o processo de
aquisição de aprendizagem e da memória tendo o cérebro como elemento
principal, realizam pesquisas, testes e teorias as quais resultarão em benefícios
para todos. Por outro lado, encontram-se os educadores que anseiam em por
em prática tais pesquisas, testes e teorias, é um trabalho significativo e, juntar
estes dois segmentos, é compensador uma vez que irá exigir dos envolvidos
análises e aplicações destes conhecimentos científicos traduzindo-os para as
salas de aulas.
Continua a autora dizendo que esta colaboração mútua enriquece tanto
o trabalho dos cientistas cognitivos como dos educadores, onde estes poderão
desenvolver e aplicar métodos de ensino que melhor possam ser adaptados
aos seus alunos, em busca de que estes métodos facilitem a aprendizagem. A
Neurociência tem um papel fundamental de intima ligação com a prática
pedagógica ela investiga o processo de como o cérebro aprende e lembra,
desde o nível molecular e celular até as áreas corticais, o estudo da
aprendizagem une estas duas áreas logo quanto mais se estuda a fisiologia
nervosa cada vez menos se pode dissociar o estudo anatômico da abordagem
funcional ao sistema nervoso.
O aprender e o lembrar do estudante ocorre no seu cérebro, conhecer
como este cérebro funciona não é a mesma coisa do que saber qual é a melhor
maneira de ajudar os alunos a aprender. A aprendizagem, a neurociência e a
educação estão intimamente ligadas ao desenvolvimento cerebral o qual se
molda aos estímulos do ambiente, o ensino bem sucedido provoca alterações
significativas na taxa de conexões sinápticas.Inúmeras áreas do córtex cerebral
são simultaneamente ativadas no transcurso de nova experiência de
aprendizagem, situações que reflitam o contexto da vida real, de forma que a
informação nova se junte a compreensão anterior. A neurociência oferece um
grande potencial para nortear a pesquisa educacional e futura aplicação em
sala de aula. (LEITE, 2011)
13
Segundo Cardoso e Sabbatinni (2000), o cérebro humano é uma
maravilhosa máquina que transforma uma simples sensação em pensamento,
é um órgão complexo, desvendado parcialmente pela ciência, composto por
células nervosas e glândulas. Dentro desta complexidade é importante
ressaltar as funções do encéfalo e dos neurotransmissores, o encéfalo
diferente do cérebro, é um conjunto de estruturas que estão anatomicamente e
fisiologicamente ligadas, são estruturas especializadas que funcionam de
formas integradas, para assegurar, unidade ao comportamento humano.
Possui uma constituição elaborada ao receber mensagens que informam ao
homem a respeito do mundo que o cerca além de receber um permanente fluxo
de sinais de outros órgãos que o capacita a controlar os procedimentos vitais
do individuo, batimento cardíaco, a fome e a sede, as emoções, o medo, a ira,
o ódio e o amor tudo iniciando no encéfalo tendo o cérebro, a parte maior e
mais importante.
Na aprendizagem a criança tem na concentração e atenção aspectos
importantes e fundamentais para o desenvolvimento cognitivo e motor, o
aprendizado depende de alguns outros fatores, estimulo, interesse e da
funcionalidade adequada das estruturas que irão receber tais estímulos e
principalmente da atenção desta criança. Se a atenção é fundamental para a
aprendizagem é através do desempenho de uma estrutura complexa localizada
na parte central do tronco encefálico denominada de formação reticular (age
como se fosse um filtro), que mantém o córtex em condições para que possa
receber novos estímulos, decodificá-los e interpretá-los principalmente os
sensitivos que devem ser selecionados onde somente os estímulos importantes
passam por este "filtro", chegando ao córtex o que os torna conscientes
impedindo que os constantes bombardeios não venham atingir o córtex de
forma indiscriminada. (CARDOSO; SABBATINI, 2000)
Quanto aos neurotransmissores, são substancias químicas produzidas
pelos neurônios. As células nervosas, por meio delas podem enviar
informações a outras células, podem também estimular a continuidade de um
impulso ou efetivar a reação final no órgão ou músculo alvo, elas agem nas
sinapses que são o ponto de junção do neurônio com outra célula.
Os neurotransmissores possibilitam que os impulsos nervosos de uma
célula influenciem os impulsos nervosos de outra permitindo assim que as
células do cérebro por assim dizer, "conversem entre si". O interesse dos
14
neuropesquisadores, suas descobertas, tem crescido em resposta á
necessidade de, não somente entender os processos neuropsicobiológicos
normais mais principalmente para respaldar a ciência da educação. Modernas
técnicas estão começando a revelar como o cérebro tem conseguido a notável
proeza da aprendizagem, as ciências cognitivas modernas, estão sendo
capazes de estudar objetivamente muitos componentes do processo mental
tais como atenção, cognição visual, linguagem, imaginação mental etc.
(CARDOSO; SABBATINI, 2006)
1.2 Sobre afetividade
A afetividade está com o ser humano desde que ele nasce até que
morra, é uma fonte que gera energia e potência em todas as situações de sua
vida. Diversos são os momentos que a afetividade está presente, tanto nos
alegres como nos de tristeza.
Conforme explica Saltini (2008) a afetividade valoriza tudo na vida, tudo
aquilo que está fora das pessoas, como os fatos e acontecimentos, bem como
aquilo que está interno (causas subjetivas), como os medos, os conflitos, os
anseios, etc. É preciso cuidar da afetividade, para que não se veja o mundo da
forma incorreta. A dificuldade de estudar a afetividade está na definição do que
realmente significa o termo. Antunes (2005) diz que de uma forma geral, o
afeto está sempre relacionado com sentimentos de ternura, carinho e simpatia.
Nas mais variadas literaturas, afetividade está relacionada aos mais diversos
termos: emoção, estados de humor, motivação, sentimento, paixão, atenção,
personalidade, temperamento e outros tantos. A maior parte das vezes,
confundida com emoção.
A afetividade é fundamental no processo desenvolvimento da
personalidade da criança. Há de se considerar que o desenvolvimento não é
um processo estático, como um projeto que após se alcançar o objetivo,
finaliza. O desenvolvimento não acaba, é um processo contínuo, pois o homem
nunca está pronto e acabado, não é uma produção; apesar de fisicamente para
de crescer, está sempre crescendo mentalmente e adequando-se fisicamente
as novas faixas etárias, considerando sempre a individualidade de cada um.
(ALMEIDA, 1999, p.41)
15 Continua o mesmo autor explicando que, da mesma forma que a
inteligência, a afetividade não fica pronta um dia, está sempre evoluindo, sendo
construída ao longo da vida. Tanta a inteligência como a afetividade se
desenvolve de acordo com as situações experenciadas pelo indivíduo, e as
necessidades afetivas se tornam cognitivas.
- Algumas considerações sobre afetividade nos estudos de Piaget
Conforme coloca Arantes (2003) Piaget mostrou interesse pela lógica
do pensamento, na qual a gênese está na lógica das ações dos primeiros 2
anos de vida da criança. O núcleo da teoria piageniana está na busca e
descrição das estruturas ou formas de organização da inteligência, levando
para a psicologia da inteligência da época uma nova colocação que veio da
epistemologia genética e do método de investigação clínica.
A tese defendida por Piaget é a relação entre as construções afetivas e
cognitivas, por todo tempo de vida das pessoas, recorrendo também a
integração entre afetividade, inteligência e vida social com o propósito de
explicar a gênese da moral. Souza (apud ARANTES, 2003) diz que as duas
são indissociadas e integradas no desenvolvimento psicológico. Sendo
possível ter duas psicologias, uma da afetividade e outra da inteligência, para
explicar os comportamentos. Na descrição do desenvolvimento representado
através do jogo simbólico e da imitação, nos períodos entre zero e dois anos
(chamado de sensóriomotor), e dois a seis anos (chamado de pré-operatório),
é abordado o papel representado pelos sentimentos e pelas relações
interindividuais na construção dos esquemas afetivos e nos simbolismos
infantil, assim como a dupla face (cognitiva e afetiva) do desenvolvimento
psicológico.
Souza (apud ARANTES, 2003, p.62) diz que é possível destacar os
seguintes tópicos na afetividade vista por Piaget:
a) inteligência e afetividade são diferentes em natureza, mas indissociáveis na conduta concreta da criança, o que significa que não há conduta unicamente afetiva, bem como não existe conduta unicamente cognitiva; b) a afetividade interfere constantemente no funcionamento da inteligência, estimulando-o ou perturbando-o, acelerando-o ou retardando-o; c) a afetividade não modifica as estruturas da inteligência, sendo somente o elemento energético das condutas.
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Quando Piaget discute sobre o papel da afetividade e das inteligências
nas condutas, fica clara sua colocação de que toda forma de agir está
diretamente ligada à adaptação, ocorrendo o desequilíbrio em função de uma
impressão afetiva particular. (ARANTES, 2003).
- Algumas considerações sobre afetividade nos estudos de Wallon
De acordo com Galvão (apud ARANTES, 2003) a afetividade na visão
de Wallon tem por objeto a gênese dos processos psíquicos que formam o
indivíduo. Tem por base uma visão compactada do desenvolvimento humano,
vendo-o como um ato motor, da afetividade e da inteligência, além da relação
que a pessoa estabelece com o meio. O autor explica que a teoria de Wallon
tinha o propósito de acabar com as visões que entendiam as emoções como se
fosse um acessório da atitude do indivíduo, ou no mínimo, um elemento que a
perturbasse, voltando-se para o começo da vida e esclarecendo que nesse
período que as emoções são mais eminentes.
Galvão (apud ARANTES, 2003, p.66) afirma que Wallon diferencia as
emoções de quaisquer outras manifestações da afetividade, na qual a gênese
está ligada à representação simbólica como as paixões e os sentimentos. Nas
palavras do autor:
Acompanhadas de variações do tônus muscular que podem imprimir modificações no funcionamento neurovegetativo-intensidade da salivação, dos batimentos cardíacos, dos movimentos peristálticos, da respiração e no sistema expressivo tom e melodia da voz, qualidade dos gestos, expressão fácil, postura corporal, as emoções tem incontestável valor plástico e demonstrativo. Logo de início, por meio dos seus gestos impulsivos, contorções ou espasmos corporais, bem como das mais primitivas expressões emocionais, como o choro ou o sorriso, o bebê humano mobiliza as pessoas do seu entorno numa espécie de contágio afetivo.
Vale comentar que além do caráter expressivo das emoções, Wallon
considera ainda sua dimensão subjetiva, diretamente ligada aos estados
vividos pelo indivíduo que passa por uma emoção. O fator original que envolve
esta colocação é o fato de que o gesto, manifestado em uma postura ou atitude
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corporal, tem a função de executar, exprimi as disposições afetivas do sujeito.
As expressões que o indivíduo possa vir a manifestar servem como produtoras
de emoções e a recíproca é verdadeira, pois as variações tônico-posturais
podem ocorrer em função de emoções. Ou seja, os estados emocionais
internos provocam emoções, mas as variações externas também podem fazer
o mesmo. (SOUZA, apud ARANTES, 2003).
Galvão (1995) finaliza a discussão sobre a teoria de Wallon dizendo
que ela é um poderoso instrumento que pó colaborar muito com professor no
sentido do entendimento deste sobre as possibilidades do aluno no processo
ensino-aprendizagem, inclusive na aprendizagem de novos comportamentos,
novas ideias, novos valores. No momento que esta teoria permite a descrição
de cada estágio de desenvolvimento, oferece também elementos para uma
reflexão para tornar o processo ensino/aprendizagem mais produtivo,
propiciando ao professor pontos de referência para orientar e testar atividades
adequadas aos alunos concretos que tem em sua sala de aula.
1.3 O desenvolvimento da afetividade na Família e na Escola
A necessidade de fazer parte de um ambiente, de receber afeto,
segurança e educação acompanha a criança desde o seu nascimento e são
fatores essenciais para que a criança torne-se receptiva ao aprendizado. Daí o
dito de que os primeiros mestres de uma criança são seus pais, seus
familiares, pois uma vez bem estruturada nesta área, o desenvolvimento
cognitivo será de resultados positivos. É fundamental lembrar que para um bom
desenvolvimento da personalidade é preciso ter afetividade.
Segundo Boing e Crepaldi (apud RUIZ; OLIVEIRA, 2005, p.7): “o
desenvolvimento da aprendizagem e da consciência de um bebê, depende dos
sentimentos maternos, que são passados, pois eles criam um clima emocional
que transmite ao bebê muitas experiências vitais”.
Uma relação amorosa e contínua entre mãe e filho desempenha papel
importante para a saúde mental de uma criança, bem como na formação de
sua personalidade. De acordo com Chalita (2004) a carência afetiva materna
não só produz choque imediato, mas deterioração progressiva, tanto mais
grave, quanto mais longa e precoce for à carência. Essa deterioração é um
18
processo evolutivo que pode culminar numa desintegração da personalidade,
como também provocar distúrbios sérios na área somática.
“A família é essencial para que a criança ganhe confiança, para que se
sinta valorizada, para que se sinta assistida”. (CHALITA, 2004, p.26). Por isso é
de extrema importância criar um elo de comunicação entre a família e a escola.
Ambas necessitam uma da outra. É na família que a criança aprende a
equilibrar suas emoções, que são tão importantes quanto aprender na escola,
ler, escrever, calcular e viver sociável, a afetividade unida ao bom aprendizado
se completa na escola, local onde a criança passa boa parte de sua vida, está
por sua vez tem a responsabilidade de reafirmar e continuar a construção
iniciada em casa pela família. O professor é o espelho dos alunos, é ele quem
organiza e instiga a busca do conhecimento, despertando o interesse das
crianças para o aprendizado.
19
CAPÍTULO 2
PAPEL DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DE
APRENDIZAGEM
O repasse de informações não é a única função do processo de
aprendizagem/educar, nem tão pouco ensinar o caminho a ser seguido. Educar
é mais do que isso, é colaborar com o educando no sentido da conscientização
de si mesmo, de seu papel na sociedade e dos outros. É saber aceitar-se como
pessoa e, principalmente, aceitar ao outro com seus defeitos e qualidades.
Além do que, é papel do educador fornecer as ferramentas necessárias para o
educando possa trilhar seu próprio caminho e saiba fazer suas próprias
escolhas.
O educador é, sem dúvida, a peça fundamental nesse processo de
educar verdadeiramente. Quanto maior e mais rica for sua história de vida e
profissional, maiores serão as possibilidades de desempenhar uma prática
democrática efetiva que eduque positivamente.
Sobre esse assunto Nóvoa (1991, p.35) afirma que “não é possível
construir um conhecimento pedagógico para além dos professores, isto é, que
ignore as dimensões pessoais e profissionais do trabalho docente”. Porém, não
se quer dizer, com isso, que o professor seja o único responsável pelo sucesso
ou insucesso do educando durante sua vida educativa, mas sim, que o seu
papel é de vital importância, seja como pessoa ou como profissional.
Para que haja esse processo educativo efetivo é necessário que algo
mais permeie essa relação aluno-professor. É esse algo a mais que falta em
diversas instituições de ensino. A afetividade, uma relação mais estreita entre o
educando e o educador.
A preparação da criança para a escola passa pelo desenvolvimento de
competências emocionais – inteligência emocional – designadamente
confiança, curiosidade, intencionalidade, autocontrole, capacidades de
relacionamento, de comunicação e de cooperação. Sem o auxílio e o exemplo
do professor pode se tornar uma tarefa árdua, pois a criança se espelha no
exemplo e quem é o exemplo na escola se não o professor.
20 . Paulo Freire, em seu livro Professora sim, Tia não (1997, p.18), afirma
a importância dos componentes afetivos e intuitivos na construção do
conhecimento. Diz que:
...é necessário que evitemos outros medos que o cientificismo nos inoculou. O medo, por exemplo, de nossos sentimentos, de nossas emoções, de nossos desejos, o medo de que ponham a perder nossa cientificidade. O que eu sei, sei com o meu corpo inteiro: com minha mente crítica, mas também com os meus sentimentos, com minhas intuições, com minhas emoções. O que eu não posso é parar satisfeito ao nível dos sentimentos, das emoções, das intuições. Devo submeter os objetos de minhas intuições a um tratamento sério, rigoroso, mas nunca desprezá-los.
Dentro da abordagem democrática, a afetividade ganha um novo
enfoque no processo de ensino e aprendizagem, pois se acredita que a
interação afetiva auxilia mais na compreensão e na modificação das pessoas
do que um raciocínio brilhante, repassado mecanicamente. A afetividade, no
processo educacional, ganha seguidores ao colocar as atividades lúdicas no
processo de aprendizagem. Pois, a descoberta do prazer em aprender trouxe
enormes ganhos ao processo. Vale ainda ressaltar que esse prazer deva ser
mútuo, tanto do aluno e aprender quanto do professor em ensinar.
Apesar de se saber da importância do afeto no processo de
aprendizagem, é possível perceber, vivenciando o assunto, que na maioria das
unidades escolares não ocorre à afetividade, pois o aluno é visto como mero
objeto de aprendizado, ou seja, um ‘lugar’ onde o conteúdo deve ser
depositado.
Conforme colocação de Antunes (2006, p.5) a afetividade é:
Um conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções que provocam sentimentos. A afetividade se encontra “escrita” na história genética da pessoa humana e deve-se a evolução biológica da espécie. Como o ser humano nasce extremamente imaturo, sua sobrevivência requer a necessidade do outro, e essa necessidade se traduz em amor.
O mesmo autor acredita que a aprendizagem é uma mudança
comportamental que resulta da experiência, é, portanto, uma forma de
adaptação ao ambiente. Do mesmo modo que Antunes reflete sobre a
necessidade do amor, Maldonado (1994) aborda o medo e a desconfiança
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como fatores que dificultam o relacionamento interpessoal, assinalando que o
amor pode estar escondido sob camadas de mágoa, medo, tristeza,
ressentimento, decepção, vergonha e raiva. Na verdade, o que ocorre é que o
aluno precisa sentir confiança no relacionamento com seus educadores,
especialmente, na sua chegada. O medo inicial de relacionar-se com pessoas
novas, como professores, funcionários da escola e colegas, deve ser
combatido com a construção de uma relação de afetividade.
Maldonado (1994, p.39) faz a seguinte colocação:
Atitudes ríspidas, grosseiras e agressivas expressam, com freqüência, a necessidade de formar uma carapuça protetora contra o medo de ser rejeitado, contra sentimentos de inadequação (“já que sou mesmo incompetente para tantas coisas, por aí eu me destaco”) e contra a dor do desamor (“ninguém gosta de mim mesmo, quero mais é explodir o mundo”).
O professor precisa estar atento às reações de seus alunos, pois as
situações assinaladas anteriormente podem acontecer nas relações
interpessoais em sala de aula. Normalmente atitudes inadequadas como gritos,
atitudes ríspidas, grosserias, palavrões, empurrões, podem revelar problemas
com a auto-estima. Assim, se o professor não tiver sensibilidade para perceber
esse problema e disponibilidade para ajudar os alunos com tais problemas, ele
pode sentir-se não merecedor de estima e de consideração.
Para o mesmo autor, o professor pode reconhecer quando um processo
de construção do conhecimento está sendo efetivo, quando o mesmo se
permite sentir o processo. Assim como sente quando está havendo
aprendizagem, se o clima em sala de aula é desagradável ou rico e construtivo.
Nesse sentido, Woolfolk (2000) acrescenta que o fato do professor ser,
muitas vezes, incapaz de conhecer a dinâmica do comportamento humano, faz
com que tenha interpretações equivocadas quanto a seus alunos. Esses
comportamentos internos (emoções, sentimentos, valores, pensamentos) e de
movimento acabam sendo observados e confundidos como indisciplina. Essas
situações provocam nos alunos as emoções de medo, de tristeza, de mágoa,
de raiva e de insegurança. Desse modo:
Os professores são a melhor fonte de ajuda para os alunos que enfrentam problemas emocionais ou interpessoais. Quando os alunos têm uma vida familiar caótica e imprevisível, eles
22
precisam de uma estrutura firme e atenta na escola. Eles precisam de professores que estabeleçam limites claros, sejam consistentes, apliquem as regras firme, mas não punitivamente, respeitem os alunos e mostrem uma preocupação genuína com o seu bem estar. Como professor, você pode estar disponível para conversar sobre problemas pessoais sem exigir que seus alunos o façam (WOOLFOLK, 2000, p.47).
A criança deseja aprender quando há em si motivos profundamente
humanos que desencadeiem tais aprendizagens. Sendo que:
A aprendizagem escolar depende, basicamente, dos motivos intrínsecos: uma criança aprende melhor e mais depressa quando sente-se querida, está segura de si e é tratada como um ser singular (...). Se a tarefa escolar atender aos seus impulsos para a exploração e a descoberta, se o tédio e a monotonia forem banidos da escola, se o professor, além de falar, souber ouvir e se propiciar experiências diversas, a aprendizagem infantil será melhor, mais rápida e mais persistente. Os motivos da criança para aprender são os mesmos motivos que ela tem para viver. Eles não se dissociam de suas características físicas, motoras, afetivas e psicológicas do desenvolvimento (RODRIGUES, 1976, p.174).
Para ele, a criança precisa de aprovação, liberdade e valorização. O
ensino não deve ser triste, restrito, autoritário e vulgar, mas sim objetivo e
dinâmico, e o professor deve ser sensível, conhecer a criança, corresponder a
sua confiança. Assim, a motivação escolar depende da intenção que o aluno
tem para aprender e, do conceito sobre si, o professor e o ensino. O autor
destaca:
As situações de ensino agradáveis suscitam no aluno um desejo de repetir e renovar a aprendizagem. Quando, por infelicidade, o contrário acontece, o aluno tende a rejeitar não só a disciplina que não consegue aprender, mas também tudo quanto a ela se refira, inclusive o mestre e ate a própria escola. Se a situação de aprendizagem é gratificante e agradável, o aprendizado tende a se dinamizar, a extrapolar-se para situações novas e similares e, por fim, a inspirar novas aprendizagens (RODRIGUES, 1976, p.179).
Vygotsky (1994, p.54) destaca a importância das interações sociais,
ressaltando a idéia da mediação e da internalização como aspectos
fundamentais para a aprendizagem e, defendendo que a construção do
conhecimento ocorre a partir de um intenso processo de interação entre as
pessoas. Portanto, é a partir de sua inserção na cultura que a criança, através
23
da interação social com as pessoas que a rodeiam, vai se desenvolvendo na
constituição do seu eu.
Apropriando-se das práticas culturalmente estabelecidas, ela vai
evoluindo das formas elementares de pensamento para formas mais abstratas,
que a ajudarão a conhecer e controlar a realidade. Nesse sentido, Vygotsky
(1994 apud Rego, 1995) destaca a importância do outro no processo não só de
construção do conhecimento, mas também de constituição do próprio sujeito e
de suas formas de agir.
Cabe mencionar que, para Vygotsky (apud Rego, 1995), a escola
desempenha um importante papel no desenvolvimento intelectual e conceitual
das crianças, pois é ela que se apropria da experiência culturalmente
acumulada, desenvolvendo o pensamento conceitual e a construção dos novos
conhecimentos. Isso faz com que a escola deva partir do que a criança já sabe
para, então, ampliar os seus conhecimentos. Nessa perspectiva, construir
conhecimentos implica uma ação partilhada, em que:
As interações sociais (entre alunos e professores) no contexto escolar passam a ser entendidas como condição necessária para a produção de conhecimentos por parte dos alunos, particularmente aquelas que permitem o diálogo, a cooperação e troca de informações mútuas, o confronto de pontos de vista divergentes e que implicam na divisão de tarefas onde cada um tem uma responsabilidade que, somadas, resultarão no alcance de um objeto comum. Cabe, portanto, ao professor não somente permitir que elas ocorram, como também promovê-las no cotidiano das salas de aula (VYGOTSKY apud REGO, 1995, p.110).
Conforme coloca Saltini (2008) o afeto é uma importante ferramenta no
auxílio ao professor, devendo ser desenvolvido em sala de aula para alcançar a
atenção do aluno, o que, provavelmente, uma boa receptividade por parte do
aluno, mesmo que não queira aprender (reação imediata), quer ser
participativo. Continua o autor dizendo que em função da interação afetiva
entre aluno, professor e colegas, que acontece a troca de informações através
do diálogo, em que o aluno vai se desenvolver intelectualmente na interação
das atividades.
Cunha (2008) a importância de se conhecer os estágios do
desenvolvimento cognitivo da criança, pois a partir do momento que esta
verdade torna-se presente, certamente a prática pedagógica será influenciada
24
e, ainda, cada etapa acontecerá em seu tempo e respeitada em suas
particularidades. Mas, o que se observa no dia a dia é que a afetividade é a
base sobre o qual se constrói o conhecimento. Isso relata que no primeiro
momento o professor conquista a confiança do aluno, através de um diálogo
afetivo, para depois começar a ensinar, através de exercícios que desenvolvam
o aluno. Segundo Montessori (apud Cunha, 2008, p.59):
Um educador mal preparado para observar a alma infantil e o dinamismo das nuances do seu desenvolvimento cognitivo pode calcar a sua natural necessidade para o aprendizado escolar e, consequente de expressar-se. É necessário manter a prodigiosa aptidão da criança que, enquanto vive plenamente, aprende.
A referida autora fala da importância do estar devidamente preparado e
com uma sensibilidade que permita um olhar atento por parte do educador, que
deve atender as expectativas e proporcionar momentos significativos que
destaquem as aptidões da criança, a criança precisar vivenciar situações de
aprendizado, as quais possibilitem que a mesma possa expressar-se. Um
educador mal preparado impede este avanço por parte da criança, todo um
crescimento, que para a criança ficarão as consequências.
Para Cunha (2008, p.63)
O modelo de educação que funciona verdadeiramente é aquele que começa pela necessidade de quem aprender e não pelos conceitos de quem ensina. Ademais, a prática pedagógica para afetar o aprendente deve ser acompanhada por uma atitude vicária do professor.
Saltini (2008) mostra o quanto é preciso estabelecer um vínculo afetivo
com o aluno, é necessário aceitar o fato de que por ser uma criança, ela por si
só é dotada de sentimentos, desejos, necessidades desde físicas e espirituais.
É fundamental, assim, conhecer o aluno, saber quem é, e como é, estar
disposto ma ajudar, valorizando-o e fazendo-o perceber que é um ser, em
constante desenvolvimento e que poder socializar essa relação será algo
prazeroso.
Considerando a importância das interações sociais no contexto da
educação, Oliveira (1999), baseando-se em uma perspectiva vygostskiana, diz
que o indivíduo internaliza o conhecimento através da interação com outros
indivíduos e objetos existentes no seu ambiente sócio-histórico. Ressalta a
25
importância da mediação como condição necessária no processo de ensino e
aprendizagem. A criança adquire as habilidades essenciais para sua
sobrevivência na interação afetiva com as pessoas de seu contexto sócio-
cultural, demonstrando assim, a importância da afetividade na aprendizagem
geral.
Este mesmo autor entende que o professor deve ter empatia,
sensibilidade para perceber qual é a atividade mais adequada àquele momento
e à realidade do aluno. Além disso, o sucesso do encontro exige motivação das
partes envolvidas, requer momento e local favoráveis e que o assunto a ser
abordado seja condizente com pelo ritmo individual de cada aluno.
Seguindo a mesma perspectiva, Dantas (2002) o professor deve ter
claro que o processo de ensino e aprendizagem é uma via de mão dupla, um
vai-e-vem dele para o aluno e do aluno para ele. Ele ensina, porém seu aluno
também possui saberes que o professor nem sempre possui. Fica assim
caracterizado o movimento da troca. Buscar, portanto, uma maior aproximação
afetiva com o aluno, também através do diálogo e até mesmo, citando seu
nome algumas vezes e fazendo perguntas, entre outras manifestações de
interesse, mostra uma atitude afetiva para com ele, o que, de certa forma, faz o
aluno se sentir motivado para realizar as atividades escolares.
O mesmo autor também ressalta que a afetividade influencia na
construção do conhecimento, pois o tempo, no qual a aprendizagem de
conteúdos se processa, depende do clima afetivo na sala de aula. O professor
deve se relacionar afetivamente com seus alunos para que não se sintam
desmotivados, dificultando assim a aprendizagem do mesmo.
Dando ênfase ao importante papel desempenhado pela escola no
desenvolvimento das crianças, Wadsworth (1997, p.65) assinala que Piaget
refere-se ao importante papel do afeto no desenvolvimento intelectual, uma vez
que, paralelamente ao desenvolvimento cognitivo, acontece o desenvolvimento
afetivo. É impossível encontrar aspectos do desenvolvimento que sejam
apenas cognitivos ou apenas afetivos, pois todo comportamento apresenta os
dois elementos.
Diante disso, as crianças assimilam as experiências aos esquemas
afetivos, do mesmo modo que assimilam as experiências às estruturas
cognitivas. Piaget apud Wadsworth (1997, p.70) ressalta:
26
Ninguém é movido a fazer algo se não houver um pouco de motivação que origina esforço para desenvolver determinada atividade intelectual. O interesse é um exemplo de como são selecionados as atividades intelectuais. Esta seleção é provocada pela afetividade e não pelas atividades cognitivas. Portanto, faz-se necessário pensar em afeto como sentimentos, desejos, interesses, valores e todo tipo de emoção.
Ainda vale a pena assinalar que Wadsworth, apoiado na teoria
piagetiana, resume as características de uma criança no desenvolvimento das
operações concretas, no âmbito da afetividade, da seguinte maneira:
À medida que as crianças se desenvolvem afetivamente, mudanças paralelas podem ser observadas em seus julgamentos morais. O desenvolvimento do afeto normativo, da vontade e do raciocínio autônomo influencia a moral e a vida afetiva da criança operacional concreta. As crianças desenvolvem a capacidade de perceber o ponto de vista dos outros, de considerar as intenções e de melhor se adaptarem ao mundo social (WADSWORTH, 1997 p.74).
Como mencionado por Wadsworth (1997), à afetividade é pensada como
sentimentos, desejos, interesses e emoções, uma vez que tanto os aspectos
afetivos quanto os aspectos cognitivos participam no desenvolvimento
intelectual da criança.
Ao destacar a escola como ambiente relevante para o desenvolvimento
cognitivo e afetivo, Dias, (2007) diz que a afetividade é a dinâmica mais
profunda na qual o ser humano pode participar, e que se inicia no momento em
que um sujeito se liga a outro por amor. A escola tem como função
proporcionar aos alunos oportunidades de evoluir como seres humanos; o
trabalho pedagógico deve fazer com que os alunos cumpram regras, impondo-
se limites. Desse modo:
Algumas escolas preocupam-se apenas com a quantidade de informações que transmitem por meio de competição e do uso de modernas tecnologias, de forma meramente burocrática e mercadológica. Afastam-se assim do “ser humano”, tratando os alunos apenas como numero de registro. Com isso, apesar de dispor de um grande espaço onde os jovens passam metade do seu dia durante duzentos dias por ano, acabam por perder a oportunidade de ajudá-los a desenvolver a afetividade. (DIAS, 2007)
27
Pelo fato da escola não ser apenas um ambiente de aprendizagem
cognitiva, Dias (2007) assinala que os currículos escolares brasileiros deveriam
abordar a afetividade, e defender uma educação compromissada com a
formação de pessoas livres, autônomas, responsáveis e amorosas. Para ela, o
avanço da modernidade, a necessidade de sobrevivência, a mudança de
papéis desempenhados pela família e as inovações tecnológicas trouxeram
para a escola um novo homem, o qual necessita de uma formação baseada
nos valores do grupo social. Porém, o que se percebe na fala dos profissionais
da educação é que “o problema da educação se resolveria com a melhoria das
salas de aula, bibliotecas, laboratórios, materiais pedagógicos, equipamentos
de informática e audiovisuais” (DIAS, 2007).
Ainda vale a pena ressaltar que numa perspectiva piagetiana, o
desenvolvimento da criança é inseparável do conjunto dos relacionamentos
afetivos, sociais e morais que constituem a vida na escola. Como o aspecto
afetivo tem uma profunda influência sobre o desenvolvimento intelectual, ele
pode acelerar ou diminuir o ritmo de desenvolvimento da criança.
Sobre a mesma preocupação, segundo Ribeiro e Jutras (2006), a
dimensão afetiva contribui para a aquisição de atitudes positivas em relação a
professores, às disciplinas por eles ministradas e para a aprendizagem
cognitiva dos alunos em sala de aula. A afetividade é, na verdade, importante
porque contribui para o processo de ensino e aprendizagem, na criação de um
clima de compreensão, confiança, respeito mútuo e motivação. Sendo que:
Os resultados positivos de uma relação educativa movida pela afetividade opõem–se àqueles apresentados em situações em que existe carência desse componente. Assim, num ambiente afetivo, seguro, os alunos mostram–se calmos e tranqüilos, constroem uma auto–imagem positiva, participam efetivamente das atividades propostas e contribuem para o atendimento dos objetivos educativos. No caso contrário, o aluno rejeita o professor e a disciplina por ele ministrada, perde o interesse em freqüentar a escola, contribuindo para seu fracasso escolar. O professor que possui a competência afetiva é humano, percebe seu aluno em suas múltiplas dimensões, complexidade e totalidade (RIBEIRO e JUTRAS, 2006).
O professor afetivo é aquele que desenvolve estratégias pedagógicas,
educativas, dinâmicas e criativas, demonstra prazer em ensinar, estimulando
os alunos e envolvendo-os nas decisões e nos trabalhos do grupo. O professor
28
deve estar centrado na pessoa do aluno, compreendendo suas principais
necessidades e incluindo-as no planejamento do ensino.
A afetividade é importante para que “se estabeleça uma melhor relação
educativa entre professores e alunos, favorável, conseqüentemente, a
aprendizagem dos conteúdos escolares” (RIBEIRO e JUTRAS, 2006). Pelas
discussões que se sustentam acerca deste tema, a afetividade é realmente um
aspecto importante no processo de aprendizagem das crianças nos anos
iniciais do ensino fundamental, porque fundamenta a relação entre o professor
e o aluno. Ela não deve ser pensada como o único meio de atingir a
aprendizagem, mas deve ser considerada como um dos elementos
influenciadores do processo de ensino e aprendizagem.
No que diz respeito à influência da afetividade no final dos anos iniciais
do ensino fundamental, pode-se perceber que o professor desempenha um
papel de grande relevância no processo de aprendizagem, uma vez que a
escola deve promover um espaço no qual as crianças possam se expressar e
dialogar com os colegas e com os professores.
Por meio das discussões em torno da afetividade, torna-se
preponderante assinalar que muitos foram os autores e artigos dos quais se
teve contato durante o trabalho. Porém, de acordo com a natureza do trabalho,
foi preciso atentar-se para os que viessem corroborar diretamente com a
problemática dessa pesquisa.
29
CAPÍTULO 3
RELAÇÃO ALUNO – PROFESSOR COM BASE NA
NEUROCIÊNCIA E NA AFETIVIDADE
3.1 Aluno/professor/afetividade
A afetividade está com o ser humano do nascimento à morte. Ela
domina a vida do ser humano em todas as esferas perceptivas, na memória, no
pensamento, nas ações na sensibilidade corporal, pois comporta-se como
forma de equilíbrio e harmonia da personalidade. A construção da pessoa parte
das relações entre um mundo externo, estruturado pela cultura e pelas
condições históricas; e por mundo interno, não apenas no aspecto cognitivo,
mas afetivo, que envolve desejos, sentimentos, emoções, portanto é
extremamente importante aproveitar essas relações na prática educativa.
Conforme coloca Sanches (2001) educar é ensinar a olhar para fora e
para dentro, superando a distância entre objetividade e subjetividade tão
comum na sociedade. A afetividade possui um conceito amplo que envolve
relações afetivas e emocionais inerentes ao processo de ensino-aprendizagem.
A escola constitui-se como um espaço essencialmente educativo, cuja função
principal é a de mediar o conhecimento, possibilitar ao educando o acesso à
reconstrução do saber. Essa função está imbricada inexoravelmente às
relações, pois a transmissão do conhecimento se dá na interação entre
pessoas. Assim, nas relações ali estabelecidas, professor/aluno,
aluno/professor, aluno/aluno o afeto está presente. Um dos componentes
essenciais para que esta relação seja significativa e represente uma parceria
no processo de aprendizagem, é o diálogo.
Almeida (1999) enfatiza o diálogo como imprescindível na relação
professor/aluno, o que não significa desconsiderar a diretividade necessária ao
processo de ensino-aprendizagem ou a má interpretação de que o bom
professor é “o bonzinho”, “o que permite tudo”, ou “o que entende o aluno em
todas suas as suas atitudes”. A relação professor/aluno por sua natureza
antagônica, oferece riquíssimas possibilidades de crescimento. Os conflitos
oriundos desta relação desigual podem e devem ser aproveitados, pois
30
resolvê-los pressupõe o exercício constante de equilíbrio entre razão e
emoção. Devido à natureza paradoxal das emoções, há um antagonismo entre
as mesmas e atividade intelectual. É possível perceber que quando ocorre a
elevação da temperatura emocional, o desempenho intelectual diminui,
impedindo a reflexão objetiva, e quando a atividade intelectual está voltada
para a compreensão da emoção seus efeitos são reduzidos. O
desenvolvimento deve conduzir à predominância da razão, sem que a emoção
esteja excluída.
Maturana (1999) diz que em se tratando de adolescentes é importante
que a relação afetiva seja mais cognitiva, que se concretize considerando o
outro como legítimo outro na convivência. Ou seja, que a relação professor-
aluno se dê como uma parceria afetivo-cognitiva, evidenciada através de uma
linguagem onde haja espaço para o elogio, o incentivo e mesmo para a
repreensão necessária, direcionada ao outro como possibilidade de reflexão,
conscientização e formação. É essencial que esta relação esteja pautada no
interesse pelo sujeito singular, gestado no coletivo e, principalmente, pela
crença na capacidade do ser humano.
Continua o autor dizendo que é uma via de mão dupla, professor/aluno,
aluno/professor, que faz da sala de aula uma teia de valores, necessidades,
aspirações e frustrações que se entrecruzam e, portanto, se influenciam
reciprocamente. Por isso, tanto professor quanto aluno são responsáveis por
dar o tom a essa relação, mas é imprescindível que se compreenda os
professores são maestros nessa sinfonia, que seja pela formação, experiência
ou pela diferença em relação ao aluno, sujeito em formação, em busca de sua
identidade.
A relação afetiva entre os sujeitos envolvidos no processo ensina-
aprender, o exercício do diálogo, o fazer compartilhado, o respeito pelo outro, o
estar aberto, o saber escutar e dizer configura-se como elemento de
fundamental importância par a aprendizagem.
3.2 A aprendizagem com o olhar da neurociência
Com as novas descobertas da neurociência, percebe-se que com todo o
histórico da educação de jovens e adultos, não poderia deixar de destacar as
lacunas encontradas na vida escolar desses alunos. Segundo Chalita (2004) ,a
31
escravidão não subjuga o corpo, mas a mente. A verdadeira escravidão existe
quando o escravo nem desconfia de sua condição de escravo. Ela é sutil e
discreta. Na sociedade moderna, pretensamente democrática, a escravidão
apresenta-se de outras formas. Aquele que é disléxico, hiperativo; que
apresenta qualquer disfunção neurológica passa sem ser notado. Isso muito
contribui para o aluno de Educação de Jovens e Adultos, ter uma auto-estima
baixa. Segundo Relvas (2009 apud Leite, 2011): “Temos duas memórias, uma
que se emociona, sente ,comove outra que compreende, analisa, pondera,
reflete... Trata-se de emoção e razão”. Esta escola é um local, dentre outros
(trabalho, família,) onde professores e alunos exercem a sua cidadania, ou
seja, comportam-se em relação á seus direitos e deveres de alguma maneira.
Acontece de muitas das vezes por falta de informação, o docente e
alguns funcionários cometerem algum equivoco: por não conhecerem o lado
emocional dos alunos. No entanto, segundo Galvão (apud ARANTES, 2003)
Wallon diz que tudo se passa como se a educação fosse algo extático, algo
eterno, imutável, pronto e acabado, necessitando de uma reflexão de nossas
atitudes em Educação de Jovens e Adultos. Queixam-se professores de um
lado, aborrecem-se alunos de outro e todos juntos perpetuam uma situação
escolar praticamente insustentável, como se fosse uma fatalidade cuja a
resolução não lhes dissesse respeito.
Esquecem-se ambos de que existem os direitos e deveres do
profissional Professor, descritos no seu estatuto; existem os direitos e deveres
da criança e do adolescente, recém garantidos pela nossa constituição. Para
além deles existem os interesses dos professores que podem querer formar em
seus alunos este ou aquele tipo de consciência, deste ou daquele modo, seja
apenas informando os alunos, seja orientando experiências participativas para
este aprendizado. Existem os interesses dos alunos, próprios de suas idades e
do momento de seu processo de maturação, e que os faz vibrar, se
envolverem, se empolgarem e aprenderem muito mais, quando são sujeitos
ativos e participativos do que quando são apenas leitores ou ouvintes.
Portanto, o desenvolvimento da cidadania, a formação da consciência do eu
tem na escola um local adequado para sua realização através de um ensino
ativo e participativo, capaz de superar os impasses e insatisfações vividas de
modo geral pela escola na atualidade, calcado em modos tradicionais. (LEITE,
2011)
32
É preciso usar o conhecimento que o professor já dispõe sobre o
trabalho escolar com a informação baseada no livro que atesta a importância
que as informações da neurociência traz a educação. Vive-se em uma
sociedade em que o conteúdo está em baixa, são muitas informações, mas
pouco conteúdo, sutilmente sempre defasados ao que acontece no mundo, as
informações são muitas, pouco se apreende. É a neurociência que seria este
norteador para mostrar as possíveis falhas do sistema educacional. O princípio
básico desse profissional é a compreensão das respostas cerebrais aos
estímulos externos e assim, o desenvolvimento das potencialidades. Em geral,
o neurocientista é responsável por investigar a integração do indivíduo com o
meio ambiente, detectando os processos físicos e químicos, que
desencadeiam respostas musculares e glandulares. (LEITE, 2011)
Segundo coloca Arantes (2003) dentre as mais diversas formas de
investigação, um dos principais objetivos do neurocientista é interpretar as mais
variadas mudanças que possa ocorrer no comportamento fixo ou variante e,
através da análise, contribuir para modificar esse comportamento. Essa
mudança chama-se: aprendizado. Ela ocorre no sistema nervoso e pode ser
chamada de plasticidade cerebral. Fundamentalmente a neurociência
possibilita um aprofundamento do estudo dos processos da percepção, da
consciência e da cognição.
Em sua máxima, consciência é o atributo pelo qual o indivíduo se integra
ao mundo. É a percepção dos fenômenos internos, afetivos, volitivos,
intelectuais e das realizações externas. Nas últimas décadas a neurociência
tem se tornado uma ciência amplamente pesquisada e bastante reconhecida,
contribuindo de maneira significativa para o desenvolvimento de soluções de
diversas doenças e transtornos, sobretudo educacionais. (ARANTES, 2003)
O profissional em Neuropedagógia tem como principio compreender as
respostas cerebrais que surgem através dos estímulos externos. É responsável
pela investigação e integração deste indivíduo com o meio onde ele está
inserido, observando seu processo físico e químico e as respostas que
emanam deste sujeito. O Neurocientista deve interpretar as mais variadas
mudanças que ocorre em todo processo em volta do individuo desde seu
comportamento fixo há suas variantes. Em suma o neuropedagogo através de
seu olhar visa observar: Processo interno (cognição, decisão, fazer, aprender).
Processo externo (adaptação, forma de adequação ao novo ambiente,
33
habilidades de adaptação, alterações no processo de interação). (ARANTES,
2003)
3.3 A neuroeducação e suas transformações
Conforme Salla (2002), a neuroeducação é um modelo sistêmico de
intervenções evolutivas desenhado para atuar nas matrizes de inteligências do
sistema mental e estruturar o caminho de manifestação do potencial inteligente
da consciência. Ela atua no campo da educação desenvolvendo ferramentas
holográficas capazes de corrigir as dificuldades de aprendizagem escolar
oferecendo instrumentos de inclusão social capaz de extrair o máximo do
potencial funcional de cada individuo ao transformá-lo em todas as
capacidades independentemente de sua origem social, qualidade de ensino
escolar ao qual está submetido ou grau de desenvolvimento pessoal. Portanto,
mais que eliminar dificuldades de aprendizagem, a neuroeducação auxilia
também jovens e adultos a modificar suas estruturas funcionais limitantes,
aperfeiçoando suas operações das matrizes de inteligência, possibilitando a
expressão máxima da sua potencialidade: a genialidade pessoal.
Segundo a neuropedagoga Adriana Peruzo, "apostar nos estudos da
neurociência pedagógica é apostar numa evolução crescente e segura, é
vincular o educador a idéias, a comportamentos e a pensamentos complexos, é
levar ao educando a noção do sujeito do processo da aquisição e da produção
do conhecimento". (LEITE, 2011)
Continua a autora dizendo que a neurociência pedagógica é um ramo da
ciência que compatibiliza o cognitivo (técnica de ensino) e o cérebro humano,
adequando o funcionamento do cérebro para melhor entender a forma como
este recebe, seleciona, transforma, memoriza, arquiva, processa e elabora
todos as sensações captadas pelos diversos elementos sensoriais para a partir
deste entendimento poder adaptar as metodologias e técnicas educacionais a
todas as crianças e principalmente aquelas com as características cognitivas
emocionais diferenciadas.
Salla (2002) explica que a neuroeducação entre várias funções torna o
ato de estudar, frequentar a escola, ler, enfim aprender, interessante,
prazeroso e fácil, as pessoas vêm sendo trabalhadas com esta ciência tanto
para eliminar incapacidades de aprendizagem como para expandir
34
conhecimentos específicos, é uma ferramenta moderna e eficiente na
construção e transformação do aprendente. A união entre a neurociência e a
pedagogia, está dando origem a estratégias educacionais inovadoras, a
plasticidade cerebral, a aquisição da linguagem e a formação da mente
simbólica, são analisadas em profundidade, é um extenso e fascinante
universo de potencialidades que cada ser humano tem - o cérebro.
O cérebro se modifica aos poucos fisiológica e estruturalmente como
resultado da experiência, a aprendizagem, a memória e emoções ficam
interligadas quando ativadas pelo processo de aprendizagem. Entre os modos
e oportunidades em que o cérebro se modifica e desenvolve a sua estrutura
para atender as novas exigências de desempenho, uma delas está em
aprender. Estas modificações também são extensivamente estudadas pela
neurociência sob vários aspectos tidos como plasticidade cerebral. A
característica plástica de uma estrutura pode ser definida utilizando-se como
ponto de partida a possibilidade de alteração estrutural, adaptabilidade a nova
morfologia ou funcionabilidade ou ainda capacidade de transformação. (LENT,
2002)
Antigamente admitia-se que o tecido cerebral não tinha capacidade
regenerativa e que o cérebro era definido geneticamente, no entanto, como
explicar o fato de pacientes com graves lesões, obterem com auxilio de
terapias e estímulos, a recuperação da função cerebral, a ciência tem
comprovado através de pesquisas que com o aumento do conhecimento sobre
o sistema cerebral e que sendo ele mais maleável e flexível do que se
imaginava ao se modificar sob efeito da experiência das percepções, das
ações e do comportamento. (LENT, 2002)
O avanço dos neurocientistas na descoberta no que diz respeito à
plasticidade cerebral oferece uma nova visão de como acontece o processo de
aprendizagem e de aquisição de novas habilidades cerebrais, a plasticidade
cerebral pode ser aplicada á educação, deve-se considerar a facilidade do
sistema nervoso em se ajustar diante das diferenças e influências do ambiente
por ocasião do desenvolvimento infantil e também na fase adulta. Segundo
Relvas (2009 apud, LEITE, (20011) "A plasticidade em um organismo normal é
o processo de aprendizado que se desdobra em duplo aspecto: o motor, que
se dá num nível inconsciente e se faz de forma automática e o segundo nível, o
consciente que depende da memória, seja emocional, seja cultural.
35
O termo aprendizagem não é falar somente o que acontece entre
paredes de sala de aula, sob o ponto de vista da neurociência, é entender que
cada um de nós é único em seu conjunto e ao mesmo tempo peculiar no
quadro de suas capacidades e de atributos que suas múltiplas inteligências
podem lhes trazer. É principalmente, mudança de comportamento e de vista,
sob olhares da neurociência, é o movimento dos neurônios que se interligam
criando ligações (sinapses), trajetórias e redes de circuitos que se reforçam e
se sustentam pela repetição e pela necessidade do "uso" e, sobretudo, da
busca incessante pela exploração de si mesmo, do meio ambiente e do outro.
(LEITE, 2011)
O aluno não pode ser tratado de maneira igual, o tratamento das
diferenças direciona melhor o ensino, e oferece qualidade na aplicação do
método, não se trata de preferência nem tampouco privilégio, é preciso envidar
esforços ao qualificar o trabalho pedagógico e consequentemente a melhoria
do padrão de ensino, saber que todos possuem diferenças essenciais e
conduzi-la de forma eficiente, demonstra competência e habilidade
consolidando o trabalho escolar. Assim, conhecer a anatomia e a fisiologia da
aprendizagem, expurga os conceitos errôneos e os pré-julgamentos de que a
criança está sempre errada, é incompetente ou até mesmo relapsa, é preciso
associar o processo de aprendizado e desenvolvimento humano ao
funcionamento do cérebro e sua plasticidade. (RELVAS apud LEITE, 2011)
A décadas que os neurocientistas não são de longe uma ciência
permanente básica, hoje praticamente ela elabora o conteúdo das ciências que
se dedicam ao estudo do sistema nervoso, pesquisadores em educação tem
tido postura otimista de que as descobertas em neurociências contribuam para
as teorias e praticas educacionais. A construção do conhecimento já não é
produto unilateral de pessoas isoladas, mas de uma vasta colaboração
cognitiva distribuída, da qual participam aprendizes humanos, sistemas
cognitivos naturais e "artificiais", o individuo está no centro, pois o
conhecimento é a moeda desta nova era que por sua vez, é incorporado ao
individuo, ou seja, não é impessoal. (RELVAS apud LEITE, 2011)
36
CONCLUSÃO
Por meio deste estudo foi possível perceber que a neurociência é uma
ciência nova em constante evolução que muda a cada instante, por isso faz
parte de um processo trabalhoso e que deve ser realizado a médio e longo
prazo. Mesmo assim sua contribuição para o processo de ensino –
aprendizagem é muito rica, na medida em que permite ao professor conhecer
melhor seu aluno, suas necessidades e facilidades, facilitando a relação entre
os dois.
Acreditar que a dificuldade de aprendizagem é responsabilidade
exclusiva do aluno ou da família, ou somente da escola é, no mínimo, uma
atitude ingênua perante a grandiosidade que é a complexidade do aprender.
A neurociência pedagógica busca apoiar junto a outras disciplinas, o
educando na direção do conhecimento pleno, a importância das atividades
neuroeducacionais onde ao apontar transformação no sistema, ressalta os
vínculos dos fenômenos plásticos cerebrais com o desenvolvimento do sistema
nervoso. Ela traz em sua bagagem, mecanismos que despertam nos
profissionais da educação uma motivação no desafio de ensinar, é preciso que
se conheça a anatomia e a fisiologia da aprendizagem tendo no educador a
função onde o encorajamento e os estímulos positivos possam proporcionar
sensação de segurança, otimismo e confiança ao aprendente.
Pensar em uma Neuroeducação é pensar no futuro, é um trabalho
exaustivo e extenso onde os resultados naturalmente tem como principio, as
pesquisas, as buscas das soluções baseadas num trabalho multidisciplinar
tendo como estimulo as conquistas já obtidas ao longo do tempo.
É necessário encurtar a distância entre as pessoas e a escola, hoje já
bem menor assim como são incompletas algumas informações sobre motivos
que levam as estatísticas apontarem o crescente número de crianças com
distúrbios e transtornos.
O cérebro foi evolutivamente concebido para perceber e gerar padrões
quando testa hipóteses e a aprendizagem sendo uma atividade social, os
alunos precisam de oportunidades para discutir tópicos, o professor deve
propor situações em que aceite aproximações e tentativas ao gerar hipóteses e
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junto com a família o ambiente de estudo deve ser tranquilo, o que encoraja o
estudante a expor seus sentimentos e idéias.
É necessário que haja uma ampliação dos horizontes da e na escola
frente a esta questão. Portanto, devemos priorizar o trabalho neuropedagógico
na escola principalmente sobre aspectos preventivos, já que se observa
questões extremamente sérias, surgidas no ambiente escolar, seja na relação
professor- aluno, escola - família que se houvesse uma intervenção prévia ao
problema talvez não se prolongasse e nem tampouco se agravaria a ponto de
impedir o desenvolvimento biopsico - social da criança.
É fundamental que educadores professores, escolas, universidades,
entendam que são os sentimentos que impulsionam a aprendizagem positiva
ou negativamente, compreendendo que o aluno é um ser emocional que
pensa, coerente com esta nova visão é importante que os mestres aprendam a
"ler e entender" as emoções de seus alunos procurando lidar de forma
adequada, com elas o aluno constrói através de diálogo, conhecimentos com
colegas, professores e pessoas desenvolvendo competências e valores
essenciais a fim de que possa viver junto á família, a sociedade e no futuro ao
exigente mundo do trabalho.
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REFERENCIAS
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTO 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO 1 NEUROCIÊNCIA E AFETIVIDADE 09 1.1 Comentários Gerais sobre Neurociência 09 1.2 Sobre afetividade 14 1.3 O desenvolvimento da afetividade na família e na escola 17 CAPÍTULO 2 PAPEL DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM 19 CAPÍTULO 3 RELAÇAO ALUNO – PROFESSOR COM BASE NA NEUROCIÊNCIA E NA AFETIVIDADE
29
3.1 Aluno/professor/afetividade 29 3.2 A aprendizagem com o olhar da neurociência 30 3.3 A neuroeducação e suas transformações 33 CONCLUSÃO 36 REFERÊNCIAS 38 FOLHA DE AVALIAÇÃO 41
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
Universidade Cândido Mendes
A importância da afetividade no processo de aprendizagem
Rosangela Machado Zambrano
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