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Sumário
Cap I – O Adversário....................................9
Cap II - A Ciência ou As Torres...................25
Cap III - A Religião ou Os Bispos.................38
Cap IV - A Política ou Os cavalos.................89
Cap V – A Alma Perfeita ou A rainha............97
Cap VI - O Jogo........................................130
Cap VII -―En Passant‖...............................143
CapVIII - O cavalo Joga............................148
Cap IX - O Bispo Joga...............................152
Cap X - O Jogo do Adversário....................160
Cap XI - O Jogo da Rainha........................174
Cap XII - O Jogo do Bispo.........................177
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Cap XIII - Rainha e o Bispo.......................191
Cap XIV - A Torre, O Bispo e a Rainha.......201
Cap XV - ―Xeque‖.....................................238
Cap XVI - A Batalha..................................258
Cap XVII - O Juízo Final............................299
Cap XVIII - A Estratégia............................303
Cap XIX - ―Xeque Mate‖ — A Ressurreição.322
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Anatátema:
— Va, je suis satisfait de ton Eternité :
— Tu l‘aspour me punir? — Je l‘ai pour te
maudire.
Trad.:
— Vá, eu estou satisfeito com tua Eternidade:
— Tu a tens para punir-me? — Eu a tenho
para maldizer-te*
___________________//_________________
— Tu descendras alors de ton suberbe trône !
— Quelques justes épars recevront la
couronne
Pour avoir pratiqué ta loi !
— Mais frémissant de rage et chérissant leurs
crimes
Le reste dês humains, roulant dans les abîmes
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Viendra t‘y maudire avec moi ! — (―Satan)‖
Trad.:
— Tu descerás então de teu soberbo trono!
— Alguns justos, aqui e ali, receberão a coroa
Por terem cumprido tua lei!
— Mas tremendo de raiva e amando teus
crimes!
— O resto dos humanos, rolando nos abismos
Virão juntos comigo, maldizer-te! — (Satã) **
____________________//________________
*-Esquisses infernales (Debuxos infernais)-
Polydore Bounin.
**-Anátema literária lançada por Alfred Le
Poittevin, sec. XVIII.
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Prólogo
Desde tempos imemoriais o homem
convive com a idéia de uma entidade maligna
que o faz cometer atrocidades com seus
semelhantes, justificando a sua intrínseca
perversidade.
— O que seria hipoteticamente, do homem, se
esta ―Entidade maligna‖ não mais existisse?
— E se este ―ser‖ personificasse, filoso-
ficamente, esta premissa de bondade e justiça
e, ― decidisse‖ que não mais quisesse carregar
esta culpa de estar induzindo o homem a se
corromper e a perder a sua divina
descendência?
— Na realidade seria ele o culpado desta
dualidade (bem e mal) que circunda o homem
em todas as suas mazelas humanas?
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— Mas ―a priori‖! — Quem seria esta entidade
que trouxera a essência da maldade e a
danação eterna ao nosso mundo?
— Quem é este ser maligno que ronda nossos
sonhos transformando-os em pesadelos?
— Quem é este ―Anjo‖ que se precipitara dos
céus como o Satã, rei do mundo inferior?
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— Então! — Querem saber quem sou?
Sentado em seu enorme trono de ouro,
em seus quase dez metros de altura, ele,
aquele que não tem amor, se declara o mestre
de toda a malignidade:
— Claro! — Com prazer! — Acariciarei vossas
curiosidades sobre minhas feições assus-
tadoras! — Mesmo por que! — Para Piron e
Voltaire, não passo de ―imaginações obscenas,
abomináveis e absurdas‖! — Mas para John
Milton e Lord Byron, sou o símbolo da beleza e
virilidade.
— Então! — Decidam vocês, o que sou!
— Meus olhos são como a pedra ônix! — O
homem que me olhar dentro dos olhos verá o
abismo lhe olhando de volta — Meu corpo não
tem sexo, embora seja o explorador da
sexualidade humana — Minhas asas têm vinte
metros de envergadura, embora seja um ser
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transcendental que voa em dimensões
celestiais!
— À minha direita, trago minha enorme
espada flamejante de aço esplêndido forjada,
70 x 490 vezes, em minhas intermináveis lutas
celestiais! — Ela já me acompanha há uma
eternidade!
— Meu rosto é perfeito! — Sou a mais amada
obra do Impronunciável! — Meu corpo é
resplandecente embora esteja condenado às
trevas — Meus cabelos são grandes,
encaracolados e transparentes com um
aspecto opaco do pelo de um urso polar, o
que me dá a aparência grosseira de guerreiro
viking.
— Porém, ao transcender ao mundo terreno,
me torno um lindo homem, viril, delicado, de
traços finos e bem contornados — exibindo
classe e estilo, sempre em trajes de seda pura
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e jóias adornando minhas delicadas mãos —
Gosto de sentir a leveza da seda a acariciar
minha pele — Quando em aparência humana
sou extremamente sensível ao toque.
— Encanto aos olhos de quem me vê, seja ele,
homem ou mulher, com apenas um simples
sorriso! — No mundo terreno sou um ser
sexuado e com um inesgotável apetite para
bebidas, sexo, orgias, sangue e morte, em
prazeres infindáveis.
— Estes são meus maiores castigos — Os
prazeres terrenos e não o amor celestial, o
qual foi dado ao homem e este não o valoriza!
— Em meu mundo inferior estou sempre
cercado de meus Anjos caídos, demônios e
espíritos pagãos! — Estes sim! — Tem uma
aparência amedrontadora explorando todos os
medos intrínsecos dos homens.
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— Meu nome é Lúcifer, mas em hebraico em
tempos remotos, me chamariam de heilel - bin
- shachar! — Em grego na Septuaginta me
chamariam de heosphoros, que derivada
do Latim (lucem ferre) que quer dizer
"portador de luz"!
— Talvez eu seja diferente do que imaginam!
— Represento também a estrela da manhã (a
estrela matutina), a estrela D'Alva,
o planeta Vênus! — Mas também foi o nome
dado a mim como o anjo caído, da ordem dos
Querubins, como descrito no texto Bíblico do
Livro de Ezequiel, no capítulo 28!
— Nos dias de hoje, em muitos lugares onde
caminho, numa nova interpretação da palavra,
me chamam de Diabo, caluniador, acusador,
ou Satã , cuja origem é o hebraico Shai'tan, ou
simplesmente adversário — o adversário
eterno da criação da imagem e semelhança do
Impronunciável!
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— Et habemus firmiorem propheticum
sermonem cui bene facitis adtendentes quasi
lucernae lucenti in caliginoso loco donec dies
inlucescat et lucifer oriatur in cordibus
vestries‖ — Pedro 1:19
— Mas talvez eu tenha sido apenas Lúcifer,
um Rei Assírio da Babilônia! — Ainda temos
mais segura à palavra dos profetas, a qual
fazeis bem de atender, como a uma candeia
que alumia num lugar escuro, até que o dia
esclareça e a estrela da alva surja nos vossos
corações‖ — Pedro 1:19
— ―Como caíste do céu, ó Lúcifer, tu que ao
ponto do dia parecias tão brilhante?" —
Isaías 14:12
— De acordo com São Jerônimo, um grande
oposicionistas de meus feitos, meu nome,
Lúcifer, era o nome do principal anjo caído! —
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E meu nome em hebraico, helel, seria
derivado do verbo lamentar, pois lamentaria a
minha queda e a perda do meu brilho, caindo
na escuridão eterna!
— Hora! — Esta visão prevalece até hoje entre
as Igrejas, de forma que Lúcifer não fosse o
meu nome, mas apenas o estado anterior à
minha queda!
— Claro! — Segundo a Igreja católica romana,
eu era o mais forte e o mais belo de todos os
Querubins! — Então, o impronunciável me deu
uma posição de destaque entre todos os seus
auxiliares! — Segundo a mesma, eu me tornei
orgulhoso de meu poder, não aceitando servir
a uma criação do Impronunciável, "O
Homem"! — E revoltei-me contra meu criador!
— Hora! — Ele nunca me pedira para servir ao
homem! — Mas...! — Ditos são ditos...!
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— O Arcanjo Miguel! — Este sim é o meu arc-
inimigo! — Ele liderou as hostes do
Impronunciável na luta contra mim e minhas
legiões de anjos revoltosos! — Os anjos leais
ao Impronunciável me derrotaram e me
expulsaram do céu, juntamente com meus
seguidores! — Isto sim é uma verdade! —
Mas! — Ainda ei de confrontá-los novamente!
— Desde então, o mundo vive esta guerra
eterna entre mim e o Impronunciável! — De
meu lado eu, Lúcifer e minhas legiões
tentariam corromper o homem! — Do outro
lado, O Impronunciável, os anjos, arcanjos,
querubins e Santos travam batalhas diárias
contra as minhas forças malignas!
— Todos querem saber como sou! — Mas
poucos querem me ver! — A minha aparência
pode variar! — Chamado de Diabo posso
assumir a forma que desejar, podendo passar
por qualquer pessoa ou animal! — Meu
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aspecto físico criado pela Igreja em seus
primeiros séculos e posteriormente herdado
pelas várias religiões cristãs, fora copiado de
várias entidades das mitologias e religiões de
diferentes povos antigos, não exatamente liga-
das à maldade!
— Todos querem saber se tenho jardim! —
Mas ninguém quer ser meu jardineiro! — Meu
reino, os Infernos, sofreu influência do Tártaro
da mitologia grega, morada de Hades!
— Hora! — Hades seria eu! — O tártaro, meus
jardins. Seriam o local para onde iam as almas
dos mortos, cuja porta de entrada era
guardada por Cérbero, meu Cão de três
cabeças!
— Meus chifres eram do deus Pã, uma
entidade grega protetora da natureza! — Por
mim! Tudo bem! — Eu gosto de sentar
18
debaixo de uma árvore bem frondosa! —
Lembra-me ―Os jardins do Édem‖!
— Quanto aos chifres! — Uso quando quero
aterrorizar as mentes fantasiosas dos
humanos! — Minha fama de representar uma
força eternamente em conflito com o
Impronunciável veio do Zoroastrismo!
— Ainda me espanto como estas criaturas
humanas evoluem tão vagarosamente. Vejo
ainda coincidências com crenças dos antigos
Egípcios, quando se acreditava que o deus
Anúbis, o Chacal! — Na realidade, eu, —
carregaria a alma dos mortos cujo coração ao
ser pesado numa balança, fosse mais pesado
que uma pluma!
— Durante a "baixa Idade Média", entretanto,
como "Anjo Decaído" ganhei a hedionda
aparência com a qual o mundo me conhece
hoje! — Asas de morcego, pés de bode, olhos
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de fogo, chifres enormes na cabeça, olhar
aterrorizante!
— No período Medieval, causei grandes
destruições e mortes sem igual! — Fora um
momento fértil para a propagação de minhas
malignidades! — Mas na realidade, a causa
maior de todas as desgraças fora a ganância e
a falta de higiene dos próprios humanos! —
Isto fortaleceu as crenças nas ações de forças
demoníacas agindo sobre o mundo!
— Os milhões de mortos nas epidemias
de peste negra geraram, juntamente com a
ocorrência de guerras sangrentas, a idéia de
que eu, "o Anticristo estaria atuando no
mundo junto com minhas legiões"!
— Vocês ficariam chocados com tantas
maldades feitas por estas criaturas do
impronunciável sem minha interferência!
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— Foi aí que eu passei a representar a
personificação do mal da forma mais intensa e
poderosa que vocês me conhecem hoje —
Surge a crença de que para cada ser humano
vivo na Terra, eu, Lúcifer criei um Demônio
particular, encarregado de corromper aquele
indivíduo!
— Já O Impronunciável não poderia deixar por
menos! — Criou para cada ser humano um
"Anjo da Guarda" ao qual incumbia da missão
de proteger e zelar pela alma daquela pessoa.
— Interessante é que o próprio Jesus Cristo,
tomou minha personificação ou meu lugar nos
céus! — Ele é a estrela da manhã que ilumina
até o fim dos tempos toda escuridão, trevas,
como em Apocalipse 22:16 onde está escrito:
—"Eu, Jesus, enviei o meu anjo! — Ele atestou
para vocês todas essas coisas a respeito das
21
Igrejas! — Eu sou a raiz e o descendente de
Davi, sou a estrela radiosa da manhã!"
— Assim como em Pedro 1:19 diz:
— "E temos, mui firme, a palavra dos profetas,
à qual bem fazeis em estar atentos, como a
uma luz que alumina em lugar escuro, até que
o dia amanheça, e a estrela D'alva apareça em
vossos corações!"
— Hora! — Hora! — Hora! — Meu nome
significa "o portador da luz" ou "o portador do
archote" (a palavra Lúcifer tem sua origem
no latim, lux ou lu-cis com o significado de
"luz"; ferre com o significado de "carregar")!
— Ou seja! — De acordo com a origem, o
significado do meu nome é "eu sou aquele que
carrega a luz"!
— Apesar de ser conhecido como Satã,
Satanás, originalmente como Lúcifer! — Sou
aquele que perdeu seu posto ao desejar subir
22
às alturas acima do Impronunciável, para o
―Seu Ungido‖, Jesus Cristo!
— Mas o mais importante que tenho a lhes
dizer! — Meu nome esconde uma
multiplicidade de significados alegóricos, dos
quais talvez o mais importante é sua
identificação com ―Manas‖! — A Mente dual!
— A inteligência espiritual que habita em todos
os homens, que tanto condescende
voluntariamente em cair na matéria! — Ela é o
agente que foge por si mesmo da animalidade
e resgata-se para uma vida superior, sendo ao
mesmo tempo o Tentador e o verdadeiro
Redentor interno de cada um!
— Mas diga você mesmo!
— O que seria do homem sem a minha
presença? — Sem a presença do demônio das
trevas na terra! — Esta entidade física
aterradora?
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— E se eu, ―O Anjo das trevas‖ resolvesse que
não mais me interessa esta missão de ser o
Satã e rei do mundo inferior! — Se sim,
quisesse eu, definitivamente me tornar ou
retornar a minha condição de ―Anjo de luz‖,
mesmo que para isso, tivesse de me sucumbir
com toda minha essência, ao julgo eterno do
Criador!
— Se, além disto! — O que seria do homem se
eu, ―Satã, o Senhor do mundo inferior‖, me
reconciliasse com o Impronunciável e
retornasse ao mundo da luz! — Se me
tornasse Lúcifer novamente! — Se deixasse
vocês se virarem com seus pecados e
maldades!
— Afinal de contas! — Até mesmo eu, mereço
uma segunda chance! — Não é mesmo?
24
— Mas talvez nos planos do Impronunciável,
minha segunda chance seja o recomeço de
tudo!
— Além de tudo! — Como seria, se eu, Lúcifer
me apaixonasse perdidamente por uma
humana e quisesse definitivamente viver este
amor! — Sentimento tão invejável que ―O
Impronunciável‖ criara exclusivamente para os
homens, como um presente que eles insistem
em não reconhecer!
— Como seria se eu resolvesse viver um
grande amor, mesmo que para isso tivesse
que me tornar um mortal?
— Como seria se o homem fosse abandonado
à sua própria essência?
— Estariam estes homens preparados para a
morte de Satã?
25
— Estaria o livre arbítrio preparado para
assumir a própria identidade?
— Será que todo o mal da terra cessaria?
Cap. II
A Ciência ou As Torres
26
21/Dezembro/2012 02h00min p.m.,
Observatório Naval dos Estados
Unidos (United States Naval Observa-
tory ou USNO), uma das agências científi-
cas mais natigas dos Estados Unidos.
Localizado no quadrante noroeste de
Washington D.C. Um dos poucos observa-
tórios localizados em uma área urbana.
Quando foi construído se encontrava
longe da poluição luminosa gerada por aquilo
que era então uma cidade pequena. Foi
inaugurado em 1830 sob o nome de - Depot
of Charts and Instruments - (Depósito de
cartas náuticas e instrumentos). Em 1842 ele
se tornou um observatório nacional. O projeto
foi atribuído a James Melville Gilliss.
27
A missão principal do observatório é
cuidar dos cronômetros, das cartas de
navegação e de outros objetos de navegação
da Marinha dos Estados Unidos. Calibram os
cronômetros dos barcos medindo o tempo de
trânsito das estrelas através do meridiano.
Dr. James, como de costume prepara
seu almoço na cozinha improvisada nos fundos
do observatório em meio a velhos equipa-
mentos e centenas de livros espalhados.
Vinte anos se passara desde sua
formatura como astrofísico e físico teórico na
universidade de West Point, California, USA.
Rechaçado pela comunidade científica
internacional por suas teorias incompatíveis
com as leis da física tradicional, aceitara o
cargo de técnico e administrador do Observa-
tório Naval dos Estados Unidos.
28
Suas teorias matemáticas foram
banidas junto com sua cátedra de professor e
pesquisador em Havard, por aceitar a
interferência espiritual como uma forma de
força definida matematicamente.
Embora Dr. James não se importasse
com o que pensavam a respeito de seus
trabalhos, continuava sua vida escrevendo-os
e escondendo cada manuscrito de suas teorias
dentro do armário do vestiário. Suas teorias
abordavam a estrutura bíblica apocalíptica já
abordada nos estudos de Isaac Newton.
Isaac Newton não cria na existência de
uma trindade divina e, à luz da Bíblia,
compreendia que existia uma diferença
hierárquica entre o Filho de Deus, Deus e o
Espírito Santo de Deus, embora em natureza
sejam idênticos.
29
Dr. James traduzira artigos do espanhol
sobre Isaac, nos quais afirmavam a firme
crença de Newton no Criador, a quem ele se
referia freqüentemente como o 'Pantokrator', o
―Todo - poderoso‖, que tem autoridade sobre
todas as coisas existentes, sobre a forma do
mundo natural e o curso da história humana.
Segundo o texto, Newton foi muito
claro em afirmar suas convicções:
— "Devemos acreditar que há só um Deus ou
Monarca Supremo a quem devemos temer,
guardar suas leis e lhe dar honra e glória.
Devemos acreditar que ele é o Pai de quem
provêm todas as coisas, e que ama a seu povo
como seu pai provedor.
Devemos acreditar que ele é o
'Pantokrator', Senhor de tudo, com poder e
domínio irresistíveis e ilimitados, do qual não
temos esperança de escapar se nos
30
rebelarmos e seguirmos a outros deuses, ou
se transgredirmos as leis de sua soberania. É
dele que podemos esperar grandes
recompensas se fizermos sua vontade.
Devemos acreditar que ele é o Deus
dos judeus, que criou os céus e também a
terra e tudo o que neles existem, como
expressam os ―Dez Mandamentos‖, de modo
que possamos lhe agradecer por nossa
existência e por todas as bênçãos desta vida.
Devemos evitar o uso de seu nome em vão ou
adorar imagens ou outros deuses."
Simples e compenetrado, Dr. James
levava um vida solitária e em comunhão com
sua fé, era tímido e introspectivo. Filho de pai
Judeu e mãe Holandesa de família tradicio-
nalmente católica fora dado para a adoção
com nove anos de idade, após a morte de seu
pai, o que lhe rendera mais tarde alguns anos
31
em um reformatório na Virgínia do Norte, para
meninos com dificuldades em se interagir.
Sua infância e adolescência foram
muito tristes e sofridas. Com muito esforço
conseguira se formar no colegial e ingressar
na universidade onde conhecera Sara, sua ex-
mulher, com quem teve dois filhos, Hanry e
Mark.
Separado de Sara à quase cinco anos,
dedicara-se inteiramente a ciência. Seus
óculos grossos e seu rosto redondo,
contrastando com sua enorme barba branca
lhe davam uma aparência austera de rabino
Judeu, resultado de sua admiração por seu
pai, que lhe fora um grande amigo e mentor.
Joseph, seu pai, era um homem bom,
atencioso e muito carinhoso, mas sua relação
com Maryth, sua Mãe, sempre fora muito
conturbada pela diferença de crenças e pelo
32
temperamento de Maryth que nunca sedia em
suas proposições religiosas.
As intensas brigas e discussões
terminaram com Maryth os abandonando
quando James ainda era um bebê de apenas
dois anos. Joseph passara então a intercalar
os cuidados com James, suas aulas de história
antiga no templo judaico de Maryland e de
hebraico bíblico para novos rabinos. Às vezes
dava suas aulas com James dormindo em seu
colo.
Quando adoecera, a falta de seu
carinho e dedicação deixaram um grande vazio
em Dr. James. James adquirira uma
personalidade forte e investigadora nos
poucos anos em que conviveram como pai e
filho. Herdara por isso muitas de suas manias.
Gostava de seu bife sempre bem passado,
com as beiradas tostadas.
33
Todos os dias, enquanto preparava sua
salada em vasilhas de trituração que mais
pareciam ―jeringonças‖ criadas de suas
sucatas, deixava seu bife em fogo brando
durante cinco minutos embebido em bastante
azeite português. Seu almoço levava
exatamente cinco minutos e quatorze
segundos para ser preparado. Dr. James
sempre o terminava com uma pequena
margem de erro em fração de segundos, já
esperada, para mais ou para menos. Todos os
dias, religiosamente, fazia seus cálculos na
hora do lanche. Uma de suas manias de
pensador inveterado era brincar com o tempo.
Neste dia, porém, teve a sensação que
seu bife já passara de cinco minutos em fogo
alto e não esquentara. O relógio atômico do
observatório estava ligado ao fogareiro em
mais um de seus experimentos mirabolantes,
mas não funcionara. Curioso, pegou o
34
termômetro e mediu a temperatura do
fogareiro. A gordura estava fria. Em seguida
colocou o termômetro diretamente no fogo e
ele estava frio, mas mantinha a combustão.
Um fenômeno físico incompatível com a sua
natureza.
Uma combustão que não liberasse calor
era algo impensável em sua visão de cientista.
Combustão ou queima é uma reação quími-
ca emtre uma substância (o combustível) e
um gás (o comburente ou oxidante),
geralmente o oxigênio, com a liberação de
calor e luz. Pensou por um momento
imaginando estar vendo coisas. Ao olhar sua
bússola notou que esta girava sem parar.
Assustado correu para dentro do
observatório para consultar outros aparelhos.
Todos os marcadores de tempo estavam
parados e os sensores eletromagnéticos
35
orbitais estavam marcando inversão do campo
magnético da terra:
— Meu deus! — Uma catástrofe irá se abater
sobre nós! — Pensou Dr. James.
Mas os marcadores sísmicos não se
alteraram. James corre até a janela e vê uma
faixa enorme de aurora boreal cobrindo o céu.
Ele sabia que a aurora boreal e austral são
fenômenos visuais que ocorrem nas regiões
polares de nosso planeta. Só Poderiam ser
visualizadas, no período noturno ou final de
tarde, a olho nu nas regiões onde ocorrem.
São verdadeiros balés de luzes coloridas e
brilhantes, que ocorrem em função do contato
dos ventos solares com o campo magnético do
planeta Terra.
Quando este fenômeno ocorre em
regiões próximas ao pólo norte é chamado de
aurora boreal e quando acontece no pólo sul é
36
chamado de aurora austral. Estes fenômenos
são mais comuns entre os meses de fevereiro,
março, abril, setembro e outubro.
— Estamos em dezembro! — Pensou.
A aurora boreal pode aparecer em
vários formatos: pontos luminosos, faixas no
sentido horizontal ou circulares. Porém,
aparecem sempre alinhados ao campo
magnético terrestre. As cores podem variar
muito como, por exemplo, vermelha, laranja,
azul, verde e amarela. Muitas vezes aparecem
em várias cores ao mesmo tempo.
Imaginara que os aparelhos foram
prejudicados por uma tempestade solar. Em
momentos de tempestades solares, a Terra é
atingida por grande quantidade de ventos
solares. Nestes momentos as auroras são mais
comuns. Porém, se por um lado somos
agraciados com este lindo show de luzes da
37
natureza, por outro somos prejudicados. Estes
ventos solares interferem em meios de
comunicação (sinais de televisão, radares,
telefonia, satélites) e sistemas eletrônicos
diversos.
— Porém isto não explicaria uma combustão
sem a liberação de calor! — Pensava
Dr.James. A aurora boreal estava tão grande
que cobria todo o horizonte, mas nenhum
evento estava sendo detectado pelos
aparelhos.
Dr. James pega o telefone e tenta se
comunicar com a base de dados da NASA, mas
é em vão. Tudo que Dr. James observava
indicava para um evento cataclísmico, mas
nada acontecera. Ele se lembra de suas
teorias e corre até seus armários para rever
seus cálculos. Já previra algo parecido antes.
39
A Religião ou Os Bispos
02h30min p.m., Biblioteca hebraica,
segundo andar, Vaticano, Itália.
Padre Manuel sobe às pressas as
escadarias dos enormes porões do interior da
biblioteca papal, entrando abruptamente na
sala de Monsenhor Josué. Sempre invés-
tigando os segredos religiosos, monsenhor
Josué estava compenetrado em seus estudos
bíblicos:
40
— Monsenhor! — Monsenhor! — Clama padre
Manuel ao Bispo Josué.
— Uma tragédia abateu sobre o Vaticano! —
Continuou.
Monsenhor Josué era o Bispo mais
respeitado do vaticano pelos seus conhe-
cimentos bíblicos e por sua perspicácia em
solucionar os mais diversos problemas da
diocese. Versado em mais de doze idiomas,
traduzia textos e pergaminhos antigos com
rapidez e eficácia. Dizem os rumores que
vagueiam pelos corredores da diocese, que
descobrira alguns segredos que não revelara
nem mesmo ao Papa.
Ele era um homem robusto, de
semblante alegre. Com quase dois metros de
altura, mantinha seus óculos sempre na ponta
do nariz. Andava sempre de pés descalços e
com uma grande cruz de madeira depen-
41
durada ao pescoço. Quando lia ou explicava
alguma coisa ficava a enrolar seus enormes
fios de barbas grisalhas, vagarosamente.
Mantinha secretamente seus vínculos com a
Ordem Carolíngia ou ordem do caminho da
«magia».
Esta ordem reservada aos pensadores
religiosos que desafiavam os dogmas religio-
sos católicos fora excomungada pelo vaticano
na baixa idade média por exorbitar em suas
especulações filosófico-teóricas, o velho
testamento. É neste quadro de
crenças, (no caminho dos santos), que há a
procura de Deus em todas as suas
manifestações, sejam elas as suas bênçãos
ou maldições.
Este caminho de exegese de todas as
manifestações de Deus, fora aquele que
homens santos, iluminados e fiéis procuravam
a verdade divina em todas as facetas dos
42
eventos catastróficos e apocalípticos eviden-
ciados pelas sagradas escrituras. Estes ho-
mens pertenciam às fraternidades dos monges
Templários, ou monges da secretíssima ordem
carolíngia.
— Diga-me Irmão Manuel! — O que te aflige
tanto? — Perguntou monsenhor Josué, in-
terrompendo sua leitura calmamente e girando
a cabeça em direção a porta onde Padre
Manuel estava a bufar de cansaço.
— O selo da cripta de João Paulo sexto foi
violado! — Respondeu Padre Manuel.
— Não me diga uma coisa destas! Homem de
Deus! — Se levantado rapidamente,
Monsenhor Josué arregala os olhos e sai
andando em sua direção. Desceram os dois
correndo e encontraram a cripta aberta como
Irmão Manuel havia lhe dito. A estrutura de
concreto e vidro de alta resistência lacrada a
43
vácuo estava completamente destruída. Sobre
o peito da múmia de João Paulo VI estava um
livro apócrifo que suspeitavam ser de São
Marcus, um manuscrito nunca antes revelado
ao mundo, por tratar de assuntos que
afetavam o futuro e a importância da igreja
católica.
E estava aberto na página 22 em uma
profecia que dizia:
— ―E ele se rebelará contra sua própria
escolha e a alma perfeita renascerá e o
espírito perfeito se ligará a ela e a carne pura
se negará ao pecado e o que era feito de luz
será devolvido à claridade e o que era senhor
se tornará escravo e o que era homem se
mostrará a Deus e no dia do juízo o sol
soprará seus ventos e Deus se rebelará contra
a sua criação, assim tudo terminará e
renascerá na eternidade de sua perfeição‖.
44
— Como isto aconteceu? — Perguntou
perplexo, Monsenhor Josué.
— Não faço a mínima idéia, Monsenhor! —
Respondeu padre Manuel.
— Chame a segurança do vaticano
imediatamente! — Feche todas as saídas! —
Continuou ele.
— Temos que levar ao conhecimento de Vossa
Santidade, o papa! — Disse Monsenhor Josué.
Ao atravessar o segundo salão da
biblioteca se depararam com monsenhor
Antônio crucificado de cabeça para baixo.
Padre Manuel cai sentado com o susto, ao ver
o corpo.
— Santíssima trindade! — Tendes piedade de
nós! — Gritou Padre Manuel, fazendo o sinal
do santo sacramento.
45
— Sacrilégio! — Sacrilégio! — Continuou
Monsenhor Josué.
Uma cena terrível. Seus olhos tinham
sido arrancados e em sua testa estava escrito
o número 666 e logo abaixo ―Deus Munque
Jus, Ordo ab Chaos‖.
Uma corda de cipó de acácia estava
prendendo os pés de Monsenhor Antônio à
viga de sustentação do sistema de alarme a
quase cinco metros de altura. No chão com o
sangue estava escrito Petrus duas vezes em
cruz, usando-se a letra ―t‖ na interseção das
duas palavras.
Monsenhor Josué em estado de choque
permaneceu olhando, por uma fração de
tempo, aquela imagem aterradora, enquanto
padre Manuel corria de aparelho em aparelho
de emergência tentando chamar os
seguranças. Todos estavam mudos. Não
46
obtendo sucesso, gritou com todas as suas
forças pelos guardas do vaticano.
Ao fundo da biblioteca algo se movera
sorrateiramente, chamando a atenção de
Monsenhor Josué. Ele percebe uma sombra
que se esgueira entre as estantes, parecendo
ser um monge franciscano com seu tradicional
capuz. Todo o recinto estava à meia luz,
sistema automático, cujas luzes só se
intensificam se houver movimentação entre os
corredores, o que não aconteceu. Grande e
confiante em sua força física, monsenhor
Josué se prepara para um embate corpo a
corpo. Porém um cheiro terrível lhe chama
atenção, cheiro de ovo podre, odor de
enxofre, característico em aparições
demoníacas. Caminhando em direção àquele
vulto com curiosidade e medo, tropeça em um
livro aberto ao chão. Estava respingado e
marcado em sangue.
47
— Aquela sombra poderia ser o assassino! —
Pensou monsenhor agindo cautelosamente.
Abaixou-se tomou o livro em sua mão
esquerda, se armou com sua enorme cruz em
sua mão direita, deu dois passos em direção a
chave de alarme de incêndio e esperou um
pouco. Sabia que a única maneira daquele
assassino escapar seria passando por ele.
Sua curiosidade, porém voltou-se ao
livro. Era um antigo exemplar da bíblia
sagrada datada do século treze. Estava aberto
no livro do apocalipse de São João (Apocalipse
4:1). Estava marcado em sangue todo o
trecho que se seguia e havia anotações em
papéis apensos a ela:
Num deles estava escrito:
— ―Visão do Trono de Deus (Apocalipse 4:1-
11)‖. Logo abaixo algumas anotações:
48
— ―Depois de terminar as cartas aos anjos das
sete igrejas, João passa para uma nova parte
da revelação‖.
Anotações:
— ―E vi a glória de Deus, apresentando
primeiro, o Pai no seu trono e, depois, o Filho
glorificado ao lado dele. Como vi Daniel 7:9-
14‖.
Monsenhor Josué voltou seus olhos
curiosos àquela sombra, mas não mais a vira.
Olhou por entre os corredores e salas e nem
sinal de qualquer pessoa. Era impossível
escapar daquele recinto sem passar pelo seu
campo de visão. Um frio cadavérico lhe subiu
pela espinha. Assustado mas curioso sentou-
se a uma cadeira que estava próxima ao corpo
de irmão Antônio.
A sensação mórbida lhe chamou à fé.
Ajoelhou-se imediatamente diante do corpo de
49
Monsenhor Antônio, cerrou seus olhos e rezou
um ―Pai Nosso‖ e duas ―Ave Marias‖ com
muito fervor e comunhão. Sentiu gradativa-
mente aquele cheiro se dissipar no ar, mas
antes um sopro de vento passou por entre os
fios de cabelos sobre suas orelhas lhe dizendo
em sussurro:
— Ainda não acabou!
Sentiu a presença de uma entidade
demoníaca que fora se afastando
vagarosamente. Abriu seus olhos, aliviado,
após alguns segundos de meditação. Soube
naquele momento que estava lhe dando
exatamente com espectros malignos.
Continuou a ler as anotações que
encontrara enquanto os seguranças não
chegavam:
— Apocalipse 4:1:
50
— ―Depois destas coisas, olhei, e eis não
somente uma porta aberta no céu, como
também a primeira voz que ouvi, como de
trombeta ao falar comigo, dizendo:
— Sobe para aqui! — E te mostrarei o que
deve acontecer depois destas coisas!‖
— ―Depois destas coisas, olhei‖! — Exclamou
em vos baixa Monsenhor Josué.
— Esta é a uma ideia de transição nas
mensagens do Apocalipse! — Pensou ele,
assustado.
— Jesus já ditou as suas cartas a cada uma
das sete igrejas! — O resto do livro pertence a
todas elas e, obviamente, serve para a
instrução de outros discípulos em outros
lugares e em outras épocas! — Analisando
Monsenhor Josué, a passagem bíblica. Sua
experiência lhe dizia que aquele evento era de
51
certa forma uma mensagem de Deus aos
homens.
— ―João olhou e viu! Continuou ele a ler
frisando novamente a natureza desta
revelação.
— Deus continuou mostrando visões ao
apóstolo! — Concluiu Monsenhor Josué.
Estava circulada com sangue a frase:
-— ―Uma porta aberta no céu‖:
— Que privilégio! — João viu uma porta aberta
dando-lhe acesso ao céu! — Analisou
monsenhor Josué, sorrindo sozinho. Estava em
êxtase de curiosidade.
— Aqui a ênfase não está no acesso ao céu
em termos da salvação final e eterna dele,
nem no sentido de entrar em comunhão com
Deus! — Estes são encontrados em João 1:51;
52
Atos 7:55-56! — Continuou Monsenhor Josué
analisando e falando baixinho.
Marcado em sangue, novamente,
estava:
— ―(Efésios 2:6; Filipenses 3:20)‖.
— ―João viu o céu aberto porque Deus queria
lhe mostrar as coisas que estavam
acontecendo lá‖.
E marcado novamente estava:
— ―Ezequiel 1:1‖.
— ―Jesus já falou, transmitindo-lhe mensagens
importantes para as igrejas. Agora, João
subirá ao céu, nestas visões, para buscar
outras mensagens para os servos do Senhor
na terra‖.
— ―A primeira voz que ouvi, como de
trombeta‖.
53
Monsenhor Josué se compenetrara
naqueles escritos, sentia um aperto no peito,
uma angústia misturada com ansiedade. Algo
já lhe dizia que um evento bíblico estava para
acontecer, já estava previsto por suas teorias,
só não imaginava acontecer tão cedo.
Continuou a ler as marcações com
preocupação:
— ―João virou para ver quem falava e viu
Jesus no meio dos candeeiros‖.
— ―Sobe para aqui e te mostrarei o que deve
acontecer depois destas coisas‖! — O Filho de
Deus convida João para ver, no céu, as coisas
que iam acontecer! — Será que está para
acontecer? — Indaga baixinho Monsenhor
Josué. A cada leitura Monsenhor se convencia
mais de que as profecias estavam dando sinais
de se cumprir.
54
Em 1:19, ele falou para João escrever o
que ele viu, o que estava acontecendo
naquele momento, e o que ia acontecer
depois. Tudo isso ainda está dentro dos limites
de tempo de ―em breve‖ e ―próximo‖.
Marcado novamente em sangue estava:
— ―limites de tempo‖.
Monsenhor Josué olhou para o seu
relógio e estava parado, olhou para o relógio
suspenso sobre o pórtico da entrada do salão
e também estava parado. Teve um calafrio
que lhe arrepiou os cabelos. Continuou a ler o
que estava em seguida:
— Jesus já falou sobre o estado das igrejas
naquele momento! — Fala sobre as coisas que
estes discípulos ainda teriam de enfrentar! —
Agora simplesmente sugere uma seqüência de
transição entre o que já passou e o que ia
55
acontecer? — Indagou a ele mesmo,
Monsenhor Josué.
Os guardas e os seguranças chegaram
ao local. Monsenhor Josué imediatamente
segura os pulsos de Jonas, o chefe de
segurança e confere seu relógio. Também
estava parado.
— O que foi Monsenhor? — Perguntou Jonas
assustado.
— Seu relógio Parou! — Disse ele.
— Estranho! — Este relógio foi presente de
minha avó! — Nunca havia parado antes! —
Exclamou Jonas.
— Não se preocupe! — O problema não é o
seu relógio! — Exclamou Monsenhor Josué.
— Algo ou alguém se anuncia! — Voltando
seus olhos ao livro continuando a lê-lo:
56
— Apocalipse, 4:2:
— ―Imediatamente, eu me achei em espírito, e
eis armado no céu um trono, e, no trono,
alguém sentado‖.
— Imediatamente, eu me achei em espírito! —
A mesma expressão que João usou em 1:10!
— Frisando seu estado de receber revelações
por meio de visões! — Pensou monsenhor
Josué.
Novamente marcado com sangue:
— ―Armado no céu um trono, e, no trono,
alguém sentado‖
— Um trono no céu! Pensou Monsenhor Josué.
— Muitos vizinhos dos cristãos da Ásia
achavam que o trono principal do universo
estivesse em Roma, e que o imperador
sentado nele fosse o Deus supremo! — Outros
vizinhos adoravam outros diversos deuses e
57
deusas! — Mas João convida todos os seus
leitores a enxergarem, por meio desta visão, o
trono no céu e o verdadeiro Deus sentado
nele! — Completou Monsenhor enrolando os
fios grisalhos de sua enorme barba.
— O trono de Deus é mencionado 38 vezes
no Apocalipse, repetidamente frisando o tema
da soberania de Deus e do seu domínio sobre
os reinos da terra! — A descrição da pessoa
sentada no trono e do seu ambiente no céu
virá logo em seguida! — Concluiu ele.
Enquanto peritos e policiais isolavam o
local do crime, Monsenhor continuava sua
leitura sem cessar. Padre Manuel olhava
aterrorizado o corpo de Irmão Antônio. Não
conseguia segurar suas lágrimas que saltavam
de seus olhos silenciosamente. Tinha muito
amor e admiração por Monsenhor Antônio.
Monsenhor Antônio era o responsável direto
por todas as transcrições de análises bíblicas
58
de ordens exotéricas e de cientistas renoma-
dos.
Era um crítico de obras envolvendo os escri-
tos de ordens secretas e seculares. Fora várias
vezes ameaçado por fanáticos e radicais de
algumas delas. De certa forma isto estava
sendo esperado, mas não com este requinte
de crueldade e frieza. O mais intrigante era
como fora realizado dentro dos porões
monitorados do vaticano sem que ninguém
notasse.
— Vá rápido à sala de monitoramento e veja
se ouve alguma filmagem! — Ordena
monsenhor Josué ao padre Manuel, voltando
novamente sua atenção para o livro em suas
mãos, não conseguia tirar os olhos daqueles
escritos e anotações:
— Apocalipse, 4:3
59
— ―... e esse que se acha assentado é
semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de
sardônio, e, ao redor do trono, há um arco-íris
semelhante, no aspecto, à esmeralda‖.
— ―E esse que se acha assentado é
semelhante, no aspecto‖! — João jamais
acharia palavras adequadas para descrever
perfeitamente a aparência de Deus! — Pensou
monsenhor Josué.
No livro, o apóstolo João começa a
explicar, usando comparações com coisas
conhecidas, a visão que ele teve do Soberano
no seu trono celestial. Pedra de jaspe e de
sardônio... arco-íris semelhante...a esmeralda:
— Duas pedras brilhantes refletem sua luz e
produzem o efeito de um arco-íris ao redor do
trono! — Como são o caso de muitas pedras
preciosas, as cores de jaspe e sardônio não
são únicas e absolutas! — Jaspe branco e
60
sardônio vermelho, sárdonix, assim sugerindo,
respectivamente, a santidade e a justiça de
Deus! — Pensava Monnsenhor Josué. Sabia
que aqueles escritos faziam parte daquele
pavoroso quebra- cabeça.
— O salmista disse que ―justiça e
juízo‖ ou ―justiça e direito são o
fundamento‖ do trono de Deus no (Salmo
89:14; 97:2)! — Outros sugerem que o jaspe
fosse verde, a cor mais comum desta pedra,
uma explicação que combina com a cor de
esmeralda do arco-íris! — Independente das
cores refletidas, certamente a luz da glória de
Deus e o fogo de seu poder saem do seu
trono! — Esta luz mostra seu poder para julgar
e castigar!
— O arco-íris nos lembra, também, da
benevolência de um Deus que faz aliança com
as suas criaturas! — Pensava Monsenhor
Josué.
61
Padre Manuel volta quase sem fôlego:
— Monsenhor! — O senhor precisa ver isto! —
Exclama apavorado padre Manuel.
— Ver o quê? — Perguntou preocupado,
Monsenhor Josué. Sentiu medo de ele ter
achado mais corpos sacrificados.
— As filmagens, Monsenhor! — Venha logo! —
Respondeu Padre Manuel. Monsenhor
levantou-se e foram a passos largos à sala de
monitoração de segurança.
— A filmagem não mostra os autores! — Mas
um frenesi de espectros disformes! — Porém a
imagem do relógio no pórtico está nítida e ele
permaneceu marcando 03h00min da manhã!
Concluiu padre Manuel.
— A Hora da misericórdia! — Disse Monsenhor
Josué.
62
— O que é isto Monsenhor? — Perguntou
Jonas, Chefe da segurança.
— A irmã Faustina ou Santa Faustina teria
recebido uma mensagem de Jesus! —
Segundo a santa, Jesus disse...
"Às três horas da tarde implora à Minha
Misericórdia, especialmente pelos pecadores,
e, ao menos por um breve tempo, reflete
sobre a Minha Paixão, especialmente sobre o
abandono em que me encontrei no momento
da agonia. Esta é a hora de grande
Misericórdia para o mundo inteiro‖.
"Nessa hora nada negarei à alma que me
pedir em nome da Minha Paixão."
E Jesus disse a ela:
— "Lembre-te, Minha filha, que todas as vezes
que ouvires o bater do relógio, às três horas
63
da tarde, deves mergulhar toda na Minha
misericórdia, adorando-a e glorificando-a.
Invoca a sua onipotência em favor do mundo
inteiro e especialmente dos pobres pecadores,
porque nesse momento ela está largamente
aberta para cada alma. Nessa hora,
conseguirás tudo para ti e para os outros.
Naquela hora, o mundo inteiro recebeu uma
grande graça: a Misericórdia venceu a
Justiça‖.
— Procura rezar nessa hora a Via-Sacra, na
medida em que te permitirem os teus deveres,
e se não puderes rezar a Via-Sacra, entra ao
menos por um momento na capela, e adora a
meu Coração, que está cheio de Misericórdia
no Santíssimo Sacramento. Se não puderes ir
à capela, recolhe-te em oração onde estiveres,
ainda que seja por um breve momento.
— Jesus morreu as 15h00min ou 3 horas da
tarde! — O diabo para gozar do fato escolheu
64
à hora oposta, ou seja, 3 horas da manhã! —
Na maior parte das vezes os feiticeiros que
trabalham com as entidades das trevas
consideram que seus ritos devem ser
concluídos até as 03h00, sendo na verdade
esse o horário limite onde os demônios
principais atuam! Horário que começa, como
se sabe na chamada Hora-Grande, à meia-
noite. Explicou Monsenhor Josué.
— Muitos bruxos acreditam que das três horas
(madrugada) em diante apenas os demônios
subalternos continuam atuando, até cerca das
quatro horas, quando já se inicia o processo
do amanhecer! — Cabe observar que a partir
das quatro horas os galos podem cantar! — O
que determina o imediato retorno dos
demônios ao reino subterrâneo! — Completou
Padre Manuel.
65
— Que coisa fantástica! — Isto me dá
calafrios! — Exclamou Jonas, perplexo com as
imagens que estava vendo.
Monsenhor retorna ao local do crime
novamente sem tirar seus olhos da leitura do
livro em suas mãos:
-Apocalipse, 4:4! Continua a ler:
— ―Ao redor do trono, há também vinte e
quatro tronos, e assentados neles, vinte e
quatro anciãos vestidos de branco, em cujas
cabeças estão coroas de ouro‖.
— ―Ao redor do trono‖! — João começa com a
figura central, aquele sentado no trono, e
começa a olhar ao redor! — Tudo começa com
Deus! Analisa Monsenhor Josué:
— ―Vinte e quatro tronos... vinte e quatro
anciãos‖:
66
Vinte e quatro tronos representam
aqueles que reinam com Deus, uma descrição
da igreja, dos vencedores vestidos de branco
que recebem suas coroas e reinam com o
Senhor! Continua Monsenhor Josué.
Ao descerem o corpo de Irmão Antônio,
os peritos descobrem sua batina branca,
rasgada ao meio, mostrando seu torso.
— Qual o significado do número 24? —
Perguntou Jonas.
— Porque perguntas? — Indagou Monsenhor
Josué.
— Há vinte quatro perfurações em cruz no
peito de Monsenhor Antônio! — Interrompeu
Padre Manuel, horrorizado ainda mais,
respondendo assustado e apontando para o
corpo do mesmo. Monsenhor Josué levantou-
se se aproximou do corpo de Irmão Antônio e
indagou:
67
— Em se tratando da ligação deste caso
específico com os detalhes a nós revelados,
duas explicações diferentes chegam à mesma
conclusão! — Alguns entendem 12 tribos,
representando o povo de Deus no Velho
Testamento, mais 12 apóstolos, representando
o povo dele no Novo Testamento! — Dando
um total de 24! — Outros sugerem 24 como o
número de turnos de sacerdotes no Velho
Testamento, citado em Crônicas 24:1, 7-19! —
Assim entendemos o reino de sacerdotes (1:6)
ou sacerdócio real (Pedro 2:9) composto de
pessoas que entram ―na Casa do
Senhor‖ (Crônicas 24:19)! — No final, estas
duas interpretações do significado dos 24
anciãos chegam ao mesmo entendimento
prático! Representam o povo de Deus! — São
nobres nos seus tronos sujeitos ao Soberano
Rei no trono principal! — Folheando a bíblia
em suas mãos, responde Monsenhor Josué,
continuando sua leitura:
68
— ―Vestidos de branco‖! — Continuou a ler em
voz baixa, Monsenhor Josué.
— A santidade e a pureza dos servos fiéis! —
As únicas vestimentas adequadas aos
vencedores! — Exclamou monsenhor Josué.
— ―Coroas de ouro‖:
Coroa, vem da palavra grega stephanos,
usada no Apocalipse para identificar as coroas
dos vencedores (2:10; 3:11; 4:4; 4:10; 6:2;
12:1; 14:14)! — Encontraremos outra palavra,
diadema, usada tanto para falar dos falsos
líderes (12:3; 13:1) como para descrever o
verdadeiro Rei (19:12)! — Uma
vez, stephanos se encontra na descrição dos
inimigos de Deus, mas o próprio versículo
sugere a falsidade da nobreza deles! —
Continuou monsenhor Josué.
— ―Havendo como que coroas parecendo de
ouro‖ (9:7)! — Os anciãos sentados nos 24
69
tronos têm todo direito de usar coroas
verdadeiras! — Pensou Monsenhor Josué.
Continua a leitura Monsenhor Josué:
— Apocalipse, 4:5!
—– ―Do trono saem relâmpagos, vozes e
trovões, e, diante do trono, ardem sete tochas
de fogo, que são os sete Espíritos de Deus‖.
— Do trono saem relâmpagos, vozes e
trovões! — Sai do trono de Deus o poder para
falar, julgar e castigar! — Disse em voz alta
Monsenhor Josué.
— Isto está em Salmo 18:13-14; 144:6 e
Êxodo 19:16-19! — Exclamou Padre Manuel.
— Estas manifestações do poder de Deus são
características da última fase das séries de
sete selos (8:5), sete trombetas (11:19) e sete
taças (16:18)! — Continuou Padre Manuel.
70
— Sete tochas de fogo, que são os sete
Espíritos de Deus! — As tochas diante do
trono são identificadas como os sete Espíritos
de Deus, o Espírito Santo! — Ele ilumina ao
homem e vai para onde Deus o envia! — As
sete tochas mostram a onisciência e a
onipresença de Deus! — Analisou Monsenhor
Josué.
Ao retornar sua atenção em direção à
cena do crime, se lembra que providências
deveriam ser tomadas junto ao papa.
Enquanto os guardas isolavam todo o lugar,
eles subiram as escadarias em direção aos
aposentos de Bento XVI.
— Monsenhor Josué! — Estás cansado? —
Perguntou Padre Manuel.
— Não! — Não estou! — Respondeu.
71
— Viste que subimos com rapidez e não
sentimos o peso da idade? — Indagou Padre
Manuel.
— Por um minuto imaginei que estava em boa
forma no auge de meus setenta anos! — Mas
como você mesmo disse, há algo estranho
acontecendo! — Respondeu Monsenhor Josué.
As portas dos aposentos do papa eram
fortemente vigiadas pela guarda vaticanas em
seus belos trajes medievais. Ao chegarem são
anunciados pelo Cardeal Galdino, um homem
extremamente anti - social e desconfiado. Ele
abre as grandes portas e Bento XVI, sentado
em seu trono de pontífice leão, pergunta aos
seus apresentados:
— Que rostos assustados são estes que vejo
em minha frente?
Bispo Josué se aproxima e conta-lhe o
ocorrido entregando-lhe o livro de São Marcus.
72
— Meu Deus! — Ela se cumpriu! Grita Bento
XVI, caindo de joelhos.
— Estamos entregues a nossa própria sorte!
— Em prantos começou a rezar.
— O que está acontecendo aqui Vossa
Santidade? — Perguntou Monsenhor Josué.
— A profecia está se cumprindo! — Chame a
todos para a vigília! — Gritou Bento XVI.
— Vossa Santidade! — Encontrei este outro
livro próximo ao corpo de Irmão Antônio! —
Ele possui algumas marcações que podem ser
de utilidade na solução deste assassinato! —
Disse Monsenhor Josué.
— Não foi assassinato, Monsenhor Josué! —
Fora auto Sacrifício! — Respondeu Bento XVI.
— Mas como ele pode fazer aquilo sozinho? —
Se pendurar a cinco metros de altura? — Fazer
73
vinte e quatro perfurações em seu próprio
peito? — Indagou Padre Manuel.
— Ele não fez sozinho! — Ele teve a ajuda de
Demônios materializados! — Respondeu Bento
XVI.
— Demônios! — Aqui! — Exclamou Monsenhor
Galdino.
— Sim! — Estão mandando-nos um recado! —
Alertando-nos quanto ao cumprimento das
profecias! — Respondeu Bento XVI.
— Mas que recado? — Perguntou Padre
Manuel.
— Que o fim está próximo! — Respondeu
BentoXVI.
— Desde quando me entendo por pessoa,
escuto que o juízo está próximo! — Vossa
Santidade! — Retruca padre Manuel, se
desculpando em seguida.
74
— Desta vez é real, meu filho! — Respondeu
Bento XVI com paciência e tristeza.
— O juízo Final! — Complementou Monsenhor
Josué.
Abrindo o livro continuou a ler em voz
alta as partes marcadas:
— Apocalipse, 4:6
— ―Há diante do trono um como que mar de
vidro, semelhante ao cristal, e também, no
meio do trono e à volta do trono, quatro seres
viventes cheios de olhos por diante e por
detrás‖.
— ―Mar de vidro, semelhante ao cristal‖
— O Deus imortal ―habita em luz
inacessível‖ (Timóteo 6:16), separado dos
outros por um mar de vidro! — No Velho
Testamento, os sacerdotes tinham de se lavar
no mar de fundição antes de chegar perto de
75
Deus com os sacrifícios (Crônicas 4:1-6),
assim sugerindo a importância da santificação!
— Deus é santo, separado de suas criaturas!
— Mas, na imagem de comunhão perfeita com
os vitoriosos no final do livro, ―o mar já não
existe‖ (21:1)! — Explicou Bento XVI
interrompendo monsenhor Josué.
— Quatro seres viventes cheios de olhos:
— Veremos melhor as características dos
quatro seres viventes nos versículos sete e
oito! — Observamos o fato de estarem cheios
de olhos, novamente enfatizando a capacidade
de ver tudo! — Ao redor de Deus estão servos
capazes de ver tudo o que acontece! Nada
escapa ao conhecimento do Soberano Deus!
— Continuou Bento XVI.
— Tudo está interligado e responde às nossas
perguntas! — É preciso buscar as respostas na
Bíblia! — Disse Monsenhor Josué.
76
— Nem Sempre, Monsenhor Josué! —
Exclamou Bento XVI.
— Deus escreve certo por linhas tortas! —
Precisamos entrar em comunhão com ele para
saber o que ele espera que façamos! — De
qualquer modo entre em contato com aquele
cientista, o qual já conversamos a respeito! —
Exclamou Bento XVI.
-— Dr. James? — Perguntou Monsenhor
Josué.
— Sim! — Ele mesmo! — Respondeu Bento
XVI.
— Aquele lunático! — Exclamou Monsenhor
Galdino, em uma de suas poucas intromissões.
— Sim! — Este lunático mesmo! — Respondeu
Bento XVI.
77
— Acho que agora teremos que concordar
com suas teorias mirabolantes! — Completou
Bento XVI.
— Eu já li algumas de suas teorias! — Imagino
que poderá ser útil! — Exclamou Monsenhor
Josué.
Monsenhor Josué se retira dos
aposentos de Bento XVI e vai para o seu
escritório, estava ansioso por ler o restante
daquelas anotações:
— Padre Manuel! — Chama Monsenhor Josué.
— Já leste a Septuaginta? — Pergunta
Monsenhor Josué.
— Sim Monsenhor Josué! — Varia vezes! — Já
traduzi algumas passagens do grego para o
latim! — Respondeu Padre Manuel.
— O que é septuaginta? — Perguntou Jonas, o
chefe de segurança.
78
— Septuaginta, é o nome da versão da Bíblia
hebraica para o grego koiné, traduzida em
etapas entre o terceiro e o primeiro século
a.C. em Alexandria! — Dentre outras tantas, é
a mais antiga tradução da bíblia hebraica para
o grego! — Língua franca do Mediterrâneo
oriental pelo tempo de Alexandre, o Grande!
— Respondeu Padre Manuel.
— A tradução ficou conhecida como a Versão
dos Setenta! — Ou Septuaginta! — Palavra
latina que significa setenta, ou ainda LXX, pois
doze rabinos trabalharam nela e, segundo a
história, teriam completado a tradução em
setenta e dois dias! — Completou Monsenhor
Josué.
— Porque perguntaste se já a li, Monsenhor?
— Perguntou Padre Manuel.
79
— Preciso que me ajude na transcrição destas
anotações! — Respondeu Monsenhor Josué,
mostrando-lhe a bíblia que achara.
— Ficaria muito honrado em lhe ajudar,
monsenhor! — Exclamou padre Manuel
— Então continue a ler e me fale o que vê! —
Concluiu Monsenhor Josué.
Monsenhor Josué entregou-lhe a bíblia
e desceram juntos para sua sala.
— Apocalipse, 4:7-8! — Começou a ler:
—– ―O primeiro ser vivente é semelhante a
leão, o segundo, semelhante a novilho, o
terceiro tem o rosto como de homem, e o
quarto ser vivente é semelhante à águia
quando está voando‖.
— ―E os quatro seres viventes, tendo cada um
deles, respectivamente, seis asas, estão cheios
de olhos, ao redor e por dentro‖.
80
— Os quatro seres viventes nos lembram de
outras passagens que descrevem a presença
do Deus glorioso! — As visões de Ezequiel são
especialmente relevantes, pois falam de
quatro seres viventes com quatro rostos
diferentes, rostos que correspondem às quatro
criaturas vistas aqui (Ezequiel 1:5-14)! —
Exclamou padre Manuel.
— Ele chama os seres viventes de querubins
(Ezequiel 10:9-17) e mostra o papel deles em
defender e levar o trono de Deus conforme a
vontade do Soberano! — Completou
Monsenhor Josué.
— Entendendo que os seres viventes são os
querubins, lembramos também dos querubins
que ficavam acima da arca da aliança! —
Exclamou novamente Padre Manuel.
— Na visão de João, os seres viventes são
semelhantes a quatro criaturas! — Leão! — O
81
forte predador, o símbolo de realeza! —
Novilho! — Em Ezequiel, o boi era um animal
conhecido por sua força! — O homem! — A
figura do homem acrescenta outra
característica, juntando à força a inteligência!
— Em último a águia! — Um predador rápido,
capaz de localizar e atacar a sua vítima! —
Completou monsenhor Josué.
— João continua sua descrição de outras
características dos seres viventes! — Exclama
padre Manuel.
— Seis asas! — Capazes de se locomover, e de
transportar o trono de Deus (Ezequiel 1:20)!
— Também usavam as asas para cobrir a arca
da aliança ( Crônicas 28:18)! — Os serafins de
Isaías 6:2-3, como os seres viventes
do Apocalipse, tinham seis asas, enquanto os
querubins de Ezequiel tinham quatro! —
Analisou Monsenhor Josué.
82
— Antes de sair do salão papal, Bento XVI me
alertou que devemos evitar a tendência de
forçar os textos para achar alguma igualdade
perfeita nos símbolos destas visões proféticas!
— Por isso convidei-lhe a me acompanhar! —
Exclamou Monsenhor Josué, alertando padre
Manuel.
— O que estamos procurando? — Perguntou
padre Manuel.
— Estamos nos preparando para um evento
bíblico iminente! — Respondeu Monsenhor
Josué.
— Independente de pequenas diferenças,
todas mostram servos de alta posição servindo
a Deus, fazendo tudo que ele manda! —
Continuou Padre Manuel, voltando sua
atenção à bíblia.
— Como as rodas que acompanhavam os
querubins em Ezequiel, estes seres estavam
83
cheios de olhos e capazes de ver em todas as
direções! — Continuou Padre Manuel.
Apocalipse, 4:8! — Continua Monsenhor
Josué.
— ―Não têm descanso, nem de dia nem de
noite, proclamando:
— Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o
Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que
há de vir‖.
— ―Não tem descanso‖! — Servem e adoram a
Deus em todo momento! — Deus descansou,
no sétimo dia, de seu trabalho da criação, mas
continuou agindo para manter o universo que
ele domina! — Exclamou Monsenhor Josué
— Os judeus descansavam, no sábado, de
seus trabalhos, mas se dedicavam naquele dia
ao serviço de Deus! — Completou Padre
Manuel
84
— Nós aguardamos o descanso eterno no céu
(Hebreus 4:1, 11), mas entendemos que
serviremos e adoraremos a Deus eternamente!
— Não nos surpreende, então, achar estes
seres viventes servindo constantemente, sem
descansar! — Exclamou Monsenhor Josué.
— ―Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus:
— Esta expressão de louvor se encontra
somente aqui e em Isaías 6:3! — A mesma
palavra repetida três vezes dá grande ênfase,
especialmente no hebraico (Velho
Testamento). Ele está acima, e separado, de
todas as suas criaturas! — Exclamou padre
Manuel.
— O Todo-Poderoso! — Deus recebe louvor,
também, como o Onipotente! — A descrição
―Todo-Poderoso‖ se encontra em quase 60
versículos na Bíblia, de Gênesis ao Apocalipse!
— Ele dá vida (Jó 33:4) e sabedoria (Jó 32:8)!
85
— Ele abençoa os homens (Gênesis 48:3;
49:25)! — Nos profetas e nos evangelhos, esta
descrição de Deus aparece freqüentemente
em passagens que falam do castigo divino
(veja Isaías 13:6; Joel 1:5; Marcos 14:62)! —
Completou Padre Manuel
— Para os fiéis, é uma garantia confortante de
proteção (Coríntios 6:18)! — Os exércitos
humanos podem mostrar algum poder, mas
Deus tem poder absoluto! — Este fato traz
grande conforto aos fiéis que são protegidos
por ele, e aterroriza os seus inimigos! —
Exclamou Monsenhor Josué.
— ―Aquele que era que é e que há de vir:
Deus eterno‖.
— Apocalipse, 4:9-11-Continuou a ler, Padre
Manuel.
— ―Quando esses seres viventes derem
glória, honra e ações de graças ao que se
86
encontra sentado no trono, ao que vive pelos
séculos dos séculos, os vinte e quatro anciãos
prostrar-se-ão diante daquele que se encontra
sentado no trono, adorarão o que vive pelos
séculos dos séculos e depositarão as suas
coroas diante do trono, proclamando‖.
— ―Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de
receber a glória, a honra e o poder, porque
todas as coisas tu criaste, sim, por causa da
tua vontade vieram a existir e foram criadas‖.
— ―Glória, honra e ações de graças...: Os
seres viventes adoram a Deus, pois ele merece
toda a honra e glória‖.
— Os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão! —
Os 24 anciãos, representando o povo de Deus,
participam entusiasticamente do louvor a
Deus! — Exclamou Monsenhor Josué.
— Depositarão as suas coroas diante do trono!
— Mesmo as coroas que receberam de Deus
87
servem para a glória do Criador, não das
criaturas! — Eles livremente entregam toda a
sua glória a Deus! — Sem Deus, eles seriam
nada! — Sem Deus, nós seríamos nada! —
Continuou Padre Manuel.
―Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de
receber.... — Disse Monsenhor Josué.
— Deus merece a glória! — Esplendor,
majestade, exaltação! — Completou padre
Manuel.
— A honra! — Reverência devida à posição! —
Exclamou Padre Manuel.
— O poder! — Força, habilidade! —
Obviamente, Deus é o Todo-Poderoso, mas os
seus servos voluntariamente lhe cedem poder
sobre as suas vidas! — Completou Monsenhor
Josué.
88
— Porque todas as coisas tu criaste...! —
Neste capítulo, que focaliza a posição de Deus
Pai, o principal motivo de louvor é a criação!
— É o motivo citado muitas vezes no Antigo
Testamento! — Continua Padre Manuel.
— Não pode haver dúvida! — Deus está no
controle! — Ele é a personagem principal no
céu, e é o Soberano absoluto que criou e
domina o universo! — Ele merece a adoração
e a obediência absoluta de todas as suas
criaturas, até dos mais exaltados seres
viventes no céu! — É o Deus Santo e Todo-
Poderoso! — Sem dúvida alguma, ele é
eterno! — Da presença dele saem trovões,
vozes, relâmpagos, e a luz resplandecente que
reflete no mar de sua santidade! — Concluiu
Monsenhor Josué.
— Que privilégio Deus concedeu a João
quando o convidou ao céu numa visão? —
Que privilégio ele nos deu quando relatou toda
90
Cap. IV
A Política ou Os cavalos
02h55min p.m., Sala de conferências,
Casa Branca, Washington DC.
— Senhor Presidente! — Estamos sob ataque!
— Todas as forças estão em alerta! — Tudo
parece estranho no mundo! — Os relógios
pararam, os transmissores de radio pararam e
91
os sistemas de satélites estão apagados! —
Diz Frederik, o chanceler de governo.
-— Na verdade estamos praticamente isolados
do mundo. O país parece estar sob um ataque
totalmente desconhecido! — Continua
Frederik, baixinho ao ouvido de Barack
Obama.
— Convoque todos os representantes das
forças de segurança, exército, marinha e
aeronáutica, para uma reunião de urgência! —
Respondeu Barack.
— Todos os meios de comunicação estão
inúteis, Senhor! — Retruca Frederik.
— -Dê um jeito! — Mande mensageiros a
cavalo! — A pé! — Montado num porco! —
Mas faça logo! — Respondeu Obama.
—Sim, Senhor! — Exclamou Frederik
92
Nem mesmo os sinais de rádio eram
detectados. Porém não se notava nem um
evento diferente. Tudo transcorria em um
ritmo completamente inusitado. O grande
medo era devido à possibilidade da aquisição
ou a construção de algum tipo de arma
eletromagnética inédita por algum país
declaradamente inimigo ou em última análise,
um ataque alienígena.
Alguns cientistas haviam cogitado uma
tempestade solar, mas a NASA descartou a
possibilidade desta ter causado efeitos em
relógios de pulso e atômicos. O Pânico tomou
conta de todos os países do eixo. As bolsas de
valores, os identificadores econômicos,
sistemas satélites e sistemas de satélites
estavam inoperantes, celulares nem
computadores pessoais não funcionavam. A
luz do mundo havia se apagado
instantaneamente. A fragilidade da
93
humanidade fora exposta em uma fração de
segundos. O dia em que o mundo parou.
No capitólio todos os cientistas se
atropelavam em uma ansiedade misteriosa.
Todos tentavam explicar o que estava
acontecendo, mas nenhuma teoria condizia
com os eventos observados. Os debates se
tornaram imprecisos e aleatórios, nada
explicava o evento misterioso. As bússolas
antes girando sem cessar agora pararam por
completo. Todos começaram a cogitar uma
catástrofe eminente. O silêncio se fez
imediatamente. Mas nada acontecera, nem
mesmo um tremor de terra.
— Senhor presidente! — Diz Frederik ao
ouvido de Obama, novamente.
— Sim! — Responde Obama.
— General Makarty deseja lhe ver,
urgentemente! — Continua Frederik.
94
— Mande-o entrar! —Responde Obama.
— Senhor presidente! — Estamos com um
grande problema! — Exclama General
Makarty.
— Disto não há dúvidas! — Responde Obama.
— Senhor! — Preciso que o senhor nos
acompanhe! —Exclamou Makarty.
Descendo as escadarias da ―Casa
Branca‖, general Makarty entra na capela
presidencial.
— Se soubesse que você queria rezar era só
me dizer! — Brinca presidente Obama.
Atrás do altar, havia uma passagem
secreta que dava em um enorme laboratório
de pesquisas exotéricas e religiosas.
— Então o ultra - secreto projeto ―Arquivo X‖ é
verdade? — Interpela Obama, ironicamente.
95
— Quase isto Senhor! — Responde General
Makarty.
Numa enorme mesa de conferências
estavam dez cardeais com aparência de
cientistas. Obama nunca os tinha visto antes.
— O que representa isto? — Pergunta Obama.
— Somos o sistema 591! — Um grupo secreto
de padres vaticanos pesquisadores,
trabalhando em conjunto com o serviço
secreto americano, em assuntos de ocultismo
e aparições bíblicas! — Responde Cardeal
Demétrius.
Uma enorme tela fora ligada e Cardeal
Demétrius, começou a mostrar filmagens
captadas por satélites, filmadoras e celulares
por todos os cantos do mundo, onde eram
observados espectros de todas as categorias e
gêneros. O mundo estava observando uma
maciça aparição de entidades bíblicas
96
apocalípticas. Em uma determinada cena um
soldado ferido no Afeganistão é carregado
para um lugar seguro por um ser alado que
parecia ter uns oito metros de altura.
— Meu Deus! — O que é este ser carregando
o soldado? — Pergunta Obama.
— Imagino! — Pelo que conheço das sagradas
escrituras! — Este ser, é um anjo, Senhor! —
Respondeu Monsenhor Demétrius.
— O que quer dizer tudo isto? — Perguntou
Obama, assustado.
— Quer dizer que estamos aproximando do
Juízo final! — Do apocalipse de São João
conforme ele havia descrito a dois mil anos
atrás, senhor! — Respondeu Cardeal
Demétrius.
— O que devemos fazer agora? — Perguntou
Obama.
97
— Ainda não sabemos o que fazer senhor! —
Respondeu Cardeal Demétrius.
— Talvez rezar e esperar, Senhor! —
Completou Cardeal Demétrius.
98
Cap. V
A Alma Perfeita ou A rainha
03h00min p.m., Praça do mercado,
Damasco, Syria
Radija observa curiosa, pela janela, a
turba de ativista que se aglomera na praça do
maior e mais antigo mercado do mundo, em
protesto contra o regime opressor de Bashar
Al Assad, um dos últimos lideres e ditadores
99
sanguinários que ainda se mantinha no poder
através de assassinatos e torturas. Damasco
fora o palco de grandes eventos bíblicos, um
deles fora a conversão de Saulo ao
cristianismo. Saulo caindo do cavalo ouvira a
voz de Jesus Cristo a lhe chamar para o
evangelho.
Radija, a filha de Jamil, o sapateiro
mais antigo da praça do mercado, observa do
segundo andar de sua casa, que era bem
próxima as muralhas de Damasco, toda a
movimentação na praça, como tinha o
costume de fazer todas as tardes:
— El Salam Aleicom, Radija! — Como está sua
mãe? — Gritou Mouhamed, que passa logo
abaixo, com seus amigos armados de faixas e
cartazes de protestos contra o regime, em
direção ao centro da praça.
100
— Aleicom Salam, Mouhamed! — Ela está um
pouco melhor! — Shukran! — Agradece
Radija.
— Afuam, Saidati! — Responde Mouhamed,
cumprimentando como era de costume.
A turba toda em êxtase, cantando
versos subversivos, já iniciavam os cortejos
anti-totalitarista, quando as tropas do governo
cercam todo o local. Hadji no terceiro andar,
sentado no parapeito da varanda filmava todo
o evento com seu celular. Conversando com
Radija logo abaixo, sorria alegremente pela
mudança que se pronunciava com o crescente
movimento popular pela liberdade de
expressão e democracia. Da varanda a vista
era privilegiada, dava para ver toda a praça
com clareza. Todo o prédio era de Jamil, pai
de Radija.
101
Mesmo sendo um sapateiro humilde,
conseguira um bom lugar para se viver e vivia
razoavelmente confortável. O terceiro andar
fora alugado para Mustapha, Pai de Hadji, um
antigo amigo de Jamil. O segundo andar
estava todo reservado a sala de chá e ao
quarto de Radija, que era grande e
confortável.
O movimento começara a ficar mais
caloroso e os jovens em sua maioria se
deixavam levar pelo ímpeto de liberdade e
direitos. Hadji olhando para o céu percebe que
as poucas nuvens começam a tomar um tom
amarelo-azulado e a movimentarem-se como
em uma tempestade eletrostática.
— Radija! — Olhe o céu! — Grita Hadji.
— O que é aquilo? — Perguntou ela.
— Parece ser a aurora boreal! — Respondeu
Hadji.
102
— Você está louco Hadji! — Isto só acontece
no pólo norte! — Indagou ela.
— Mas está acontecendo aqui Radija! —
Tenho certeza! — Respondeu Hadji.
— Filma isto Hadji! — Filma! — Grita Radija.
De repente ouve-se um tiro e logo
após, outro, e muito mais foram disparados.
Radija grita:
— Mouhamed! — Saia daí!
Mouhamed corre e se esconde atrás de
uma estátua de Maomé que enfeitava as
portas da prefeitura. Toda a multidão se
espalha, as pessoas tentam se esconder, umas
se protegem atrás de pilastras, outras se
atropelam em debandada, outras caem mortas
atingidas por tiros ou pisoteadas pelos
companheiros. Gritos de horror e gemidos são
103
ouvidos a distância. Radija horrorizada chama
por Hadji:
— Filma isto Hadji! — Filma!
— Estou filmando! — Estou filmando! —
Responde ele.
Tudo acontecia rapidamente, mas os
jovens não se intimidavam. Com paus e
pedras tentavam enfrentar as tropas do
governo que se posicionam estrategicamente.
Um grupo de jovens revolucionários,
fortemente armados chega logo em seguida e
a praça vira um palco de guerra. Em meio ao
tiroteio, aos gritos e as mortes de ambos os
lados, dois veículos de cor negra atravessam
toda a praça em direção à casa de Radija.
Parecia que ninguém os via. Eles pararam no
centro da praça e de dentro saíram sete
mulheres, todas vestidas de burca, porém de
diferentes cores. Três delas saem ao mesmo
104
tempo e se posicionam uma ao norte, outra a
oeste e a terceira a leste. E estavam vestidas
de dourado e falavam sem cessar, palavras
desconhecidas.
Na mitologia grega, as Moiras eram as
três deusas que determinavam a vida e o
destino, tanto dos deuses, quanto dos seres
humanos, responsáveis por fabricar, tecer e
cortar aquilo que seria o fio da vida de todos
os indivíduos. Suas decisões não podiam ser
transgredidas por ninguém. Retratadas na arte
e na poesia como mulheres velhas e severas,
ou como virgens sombrias, as deusas eram
freqüentemente vistas como fiandeiras.
Também conhecidas como as Fúrias.
Repartiam para cada pessoa, no momento de
seu nascimento, uma parcela do bem e do
mau, embora uma pessoa pudesse acrescer o
mau em sua vida por si própria.
105
Durante o trabalho, as Moiras fazem
uso da Roda da Fortuna (ou Roda da Vida),
que é o tear utilizado para se tecer os fios. As
voltas da roda posicionam o fio do indivíduo
em sua parte mais privilegiada (o topo) ou em
sua parte menos desejável (o fundo),
explicando-se assim os períodos de boa ou má
sorte de todos. Seus nomes eram:
106
— Cloto, a fiadeira (em grego significa "fiar"),
segurava o fuso e iniciava o tecimento do fio
da vida. Atuava como deusa dos nascimentos
e partos.
— Láquesis, a distribuidora (em grego significa
"sortear"), puxava e enrolava o fio tecido.
Atuava sorteando e distribuindo o quinhão de
atribuições que se ganhava em vida.
— Átropos, a inflexível (em grego significa
"afastar"), detinha ooder de cortar o fio da
vida, determinando assim o fim da vida no
período designado.
As Moiras eram filhas sem pai de Nix,
segundo Hesíodo. Moira, no singular, era
inicialmente o destino. Na Ilíada, representava
uma lei que pairava sobre deuses e homens,
pois nem Zeus estava autorizado a transgredi-
la sem interferir na harmonia cósmica.
107
Elas se posicionaram em meio ao
tumulto e aos projéteis que ressoavam no ar.
Projéteis resvalavam no ar e passavam pelos
seus corpos sem ao menos incomodá-las. Não
pareciam ter medo de nada. Outras quatro
mulheres saíram logo em seguida e estavam
cobertas dos pés às cabeças e as cores de
suas vestes eram vermelha, negra, verde-água
e branca.
Elas traziam consigo alguns objetos em
mãos. A primeira trazia um jarro de barro, a
segunda uma balança, a terceira uma espada
e a quarta uma máscara e um arco. A que
tinha a espada colocou-a entre os pés e
escorou suas mãos em suas hastes, a que
tinha o jarro segurou-o entre os braços de
forma que suas mãos ficassem cruzadas à
frente do jarro espalmadas para cima. A que
trazia a balança segurou-a frente ao seu rosto
com sua haste entre o dedo indicador e o
108
médio, com suas mãos espalmadas para cima.
A que trazia a mascara e o arco, colocou sua
mascara sobre o rosto coberto e posicionou o
arco sobre os braços.
As quatro mulheres formando uma
cruz, uma ao norte e as outras a leste, a oeste
e ao sul, encaixaram-se na formação das três
primeiras, formando um hexágono com a
mulher que segurava o vaso, posicionada ao
centro da figura. Permaneceram todas imóveis
e com as mãos espalmadas estendidas e em
direção aos céus.
Como em outros livros de profetas
bíblicos como Isaías, Daniel e Ezequiel,
aspectos da vida, o local, tempo, quantidade
de potestades envolvidas e o posicionamentos
da roda dos ventos são vistos de
forma simbólica e muitas vezes interpretados
de maneira relacionada a outras passagens
bíblicas e acontecimentos passados.
109
O número quatro na simbologia
numérica bíblica representa quadrangulação
em simetria, universalidade ou totalidade
simétrica, como em quatro cantos da Terra,
quatro ventos. Vemos isso também em outros
textos (Apocalipse 4:6; 7:1, 2; 9:14; 20:8;
21:16), provavelmente tornando essas quatro
mulheres como o símbolo dos Cavaleiros do
apocalipse em parte de um único evento
relacionado.
Cavaleiros em muitas culturas repre-
sentam mensageiros. O cavalo como aquele
que carrega o portador do destino é o símbolo
de impetuosidade e impulsividade relacionadas
com os desejos humanos além de ser
associado com água e fogo por serem muitas
vezes incontroláveis. Também é tido como a
relação com o divino servindo de guia de
almas, sendo que em algumas culturas, muitas
vezes os cavalos fossem enterrados junto com
110
seus donos. Exprime também vigor e viriliade
por vezes simbolizando a juventude.
No contexto histórico principalmente
nos campos de batalha o cavalo, era treinado
muitas vezes para matar soldados com suas
patas ou sua boca, portanto nessa narrativa as
mulheres como cavalos e seus objetos
representam uma campanha com mensagens
de guerra trazendo suas conseqüências por
onde passam.
E as cores de suas vestes representam-
se como estigmas caracterizados pelo Branco
da Pureza, santidade, régio, ilusão; o
Vermelho que exprime Sangue, assassinato,
guerra; o Negro que é a Obscuridade, peste,
maldição e o Descorado, verde-água ou baio
diz do Corpo em decomposição e a repulsa.
Seus ―apetrechos‖ mostram caracteres-
ticas a respeito do papel que desempenham
111
ou a conseqüência de sua chegada; o arco e a
mascara são os símbolos da guerra, do poder
e da falsidade; a espada é a principal arma
dos exércitos antigos, usada como símbolo de
assassinato; a balança neste contexto denota
desigualdade ou injustiça e a Jarra traz a
peste dentro.
A Ordem em que são chamadas revela
uma sucessão progressiva, pois elas não são
chamadas ao mesmo tempo.
Quem os chama são quatro "criaturas
viventes cheias de olhos" ou ―Querubins‖ que
estão‖ em volta do trono, em cada um dos
seus lados‖ do trono de Deus. Não se refere a
um número literal, mas representa toda a
classe ―Angelical‖ desse grupo, ou dos que
desempenham a mesma função.
Cada um é descrito como tendo a
cabeça, ou aparência, distinta. A primeira é
112
semelhante a um leão, como símbolo do poder
e da justiça.
Na visão profética de Ezequiel sobre o templo
de Deus, ao redor do trono ele também
―vê quatro querubins com quatro faces‖,
sendo uma dessas faces a de leão. A segunda,
semelhante a um novilho, ou um touro como
símbolo de força, também representado como
um atributo divino, e uma das faces dos
querubins vistos por Ezequiel.
A terceira tem o rosto semelhante ao de
homem. Como ―O homem‖ dentre as criações
é o único semelhante a Deus e capaz de amar
ou de imitar essa qualidade inerente a ele.
A quarta é semelhante a uma águia voando,
dentre outras atribuições, ela é bastante
conhecida por sua excelente visão ou como
símbolo de sabedoria, perspicácia ou
discernimento. Também é símbolo da
113
sabedoria divina e uma das faces dos
querubins vistos por Ezequiel.
Como um todo, esses querubins podem
representar a ação ou manifestação conjunta,
ou completa, dos atributos principais de Deus,
tanto que são eles que chamam os quatro
cavaleiros.
Os Sete selos, ou sinetes e o rolo são
usados como sinal de autenticidade ou
garantia a privacidade do documento levando
uma marca. O número sete é considerado um
número sagrado e representa inteireza e
o rolo, ou livro, eram usados como símbolos
de decreto, pronunciação ou onde estão
anotados o conjunto desses símbolos
denotando que esse rolo contém uma
pronunciação inteiramente autêntica de acordo
com seu contexto bíblico.
114
Os carros continuaram seu caminho e
pararam em frente à casa de Radija. Radija e
Hadji olham para baixo e perplexos esperam o
momento seguinte. De dentro do carro desce
um homem bem vestido segurando em sua
mão direita, um rolo e na outra uma bengala
com cabeça de tigre com olhos de pedra de
rubi. Ele se volta para a multidão e pronuncia:
— Que assim seja!
Em meio a toda revolução, as almas de
todos começam a ser tomadas pelas mulheres
que ali estavam. De dentro do jarro de barro
surgem espectros que sobrevoam as cabeças
dos homens como dragões. Radija fica
assustada com aquela visão fantasmagórica:
— Hadiji! — Você está vendo o que eu estou
vendo? — Gritou ela.
— Sim estou! — Respondeu Hadji.
115
— Você está filmando? — Perguntou Radija.
— Allah é maior! — Isto é de arrepiar, Radija!
— Está me deixando com muito medo! —
Exclamou Hadji.
— Não saia daí! — Filme tudo! — Respondeu
Radija.
— Ninguém iria acreditar se eu contasse! —
Exclamou Hadji.
— Pare de falar e filme tudo Hadji! —
Exclamou Radija, apreensiva.
— Estou filmando! — Estou filmando! — Não
se preocupe! — Respondeu ele.
Nitidamente aquelas mulheres sugavam
a energia das pessoas vivas e mortas em uma
alegoria bíblica. O estranho homem bate à
porta de Jamil. Radija desce correndo às
escadas gritando por seu pai. Jamil estava no
porão trabalhando em seus sapatos.
116
— O que se passa Radija? — Já não lhe disse
para não ficar do lado de fora! — Pode ser
atingida por algum projétil perdido! —
Exclamou Jamil, subindo assustado, as
escadas.
— Um homem muito estranho está batendo a
porta papai! — Respondeu ela.
— Não abra! — Não abra! — Continuou
Radija.
— Não atenda papai! — Completou ela.
— Porque, Minha filha? — Perguntou Jamil
apreensivo.
— Algo está acontecendo lá fora papai! —
Respondeu Radija.
— É mesmo, Senhor Jamil! — Há fantasmas lá
fora! — Exclamou Hadji do alto da escada.
117
— Deixa de bobagem Hadji! — Respondeu
Jamil.
— Devem ser homens das tropas do governo!
— Exclamou Jamil.
— Nós sabemos da revolução minha filha! —
Esperávamos por isso! — Continuou Jamil. As
portas de Jamil eram bem reforçadas, foram
várias revoltas e revoluções que presenciara
naquele mesmo lugar.
Já estava acostumado com tantos
movimentos populares e massacres por
homens do governo. Jamil, após a guerra dos
seis dias contra Israel, nunca interferira em
nenhum movimento, guardando sempre uma
distância segura e rígida de tudo que se
passava na política do país.
— Não é isso papai! — É outra coisa! — Grita
Radija. Por segurança, Jamil se dirige até o
armário e pega sua Ak 47, uma metralhadora
118
soviética que guardara de seus tempos jovens
de ativista político e ex-combatente. Armando-
se, posiciona em frente à porta.
— Quem está a bater? — Pergunta Jamil.
A terceira batida é acompanhada de um
tremor de terra que derruba tudo que estava
em prateleiras e armários. A porta se abre
sem interferência de ninguém. Jamil tenta em
vão puxar o gatilho, mas seus dedos não o
respeitam.
O homem tinha um semblante cínico e
sorridente. Suas mãos eram alvas como a
neve e suas roupas pareciam ser feitas da
melhor seda. Os olhos azuis como o céu,
contrastavam com seus límpidos dentes que
transpareciam todo o tempo em sua face.
— Salam Aleicom Jamil! — Disse o homem.
— Salam Aleicom Radija! — Continuou ele.
119
— Aleicom Salam! — Quem é você? —
Perguntou Radija.
— Eu sou Satã! — Respondeu ele. Jamil dá um
sorriso de descrença.
— Não ria Jamil! — Respondeu Satã.
— Não se lembra de ter deixado seu pai
morrer pedindo para que você cuidasse de sua
mãe doente? — Perguntou Satã.
— E você a abandonou à própria sorte! — Ela
morreu agonizando de fome e de sede
chamando por seu nome! — Eu estava lá e
segurava suas mãos! — Mas não se preocupe
eu disse a ela que você a encontraria
novamente em meu reino! — Continuou Satã.
— Como sabe disso — Estávamos apenas eu
e meu pai no deserto! — Pensou Jamil.
— Eu assoprei em seu ouvido para que fizesse
isto! — Não se lembra? — Indagou Satã.
120
— Não se espante! — Eu leio seus
pensamentos, Jamil! — Exclamou Satã ao ver
seus olhos arregalados.
— Allah Akbar, Rarman, Rahim! — Eu pensei
que os sobreviventes da aldeia fossem cuidar
dela! — Gritou Jamil, ajoelhando-se e pedindo
perdão a Allah.
— Allah não está aqui agora! — Respondeu
Satã.
— E não sobrou nenhuma alma viva no
bombardeio da aldeia! — Apenas sua pobre
mãe! — Que aceitou minha proposta para vê-
lo novamente! — Continuou Satã, dando um
pequeno sorriso.
— Deus não vai ouvi-lo! — Ele te abandonou!
— Exclamou Satã.
— Não! — Não! — Não! — Allah não me
abandonou! — Grita Jamil.
121
— Sim! — Sim! — Sim! — Não se lembra das
almas que me enviaste após, com tuas
bombas bem preparadas e suas execuções a
sangue frio? — Perguntou Satã.
— Papai isto é verdade? — Indagou Radija.
— Não, minha filha! — Respondeu Jamil.
— Quanto mais negares mais me agradará
meu servo! — Disse Satã.
— O que queres aqui? — Perguntou Jamil.
— Nada com você, meu servo! — Você já me
pertence, não é tão importante assim para
merecer minha presença! — Respondeu Satã.
— Vim atrás da Rainha dos apóstolos! —
Continuou Satã.
— Eu vim por causa de Radija! — Quero levá-
la comigo! — Completou Satã.
— Por que? — Gritou Jamil.
122
— Porque sua alma é perfeita! — Respondeu
Satã.
Se aproximando de Radija levou sua
mão ao lado esquerdo de seu peito e
transpassou-o. Seus olhos ficaram negros
como a noite. Ele se afastou imediatamente.
Radija não se assustou com aquela
manifestação fantasmagórica, apenas perma-
neceu observando seu comportamento. Ao se
afastar, seus olhos voltaram aos azuis
resplandecentes e seu semblante se
entristeceu. Olhando fixamente para Radija
procurou um lugar para se sentar, parecendo
estar completamente fatigado. Radija tomou
uma cadeira próxima e levou até ele:
— Sente-se aqui! — Disse ela.
— Agora sei porque Yeshua lhe escolheu! —
Exclamou Satã.
— Como? — Perguntou Radija.
123
— Maria Madalena! — Eu a encontrei! —
Exclamou Satã novamente.
— Você é realmente perfeita! — Continuou
ele.
— O senhor parece estar muito cansado! —
Aceita um chá? — Perguntou Radija educa-
damente. Parecia estar meio passada com
aquela história.
— Sim! — Respondeu Satã.
Quando se virou, Radija viu sua mãe à
porta da cozinha, havia se levantado após
tanto tempo doente. Radija sentiu-se feliz e
aliviada.
— Sabah El Hair! — Cumprimentou sua mãe a
todos.
— Sabah El Nur! — Respondeu Satã.
124
— Mamãe a senhora esta bem? — Perguntou
Radija.
— Estou ótima! — Respondeu Samira, sua
mãe.
— Sente-se vou fazer um chá! — Disse Radija.
— Pode deixar que eu faço, minha fillha! —
Exclamou sua mãe.
Radija puxou outra cadeira e se sentou
frente a Satã. Jamil meio atordoado perma-
neceu ajoelhado rezando a Allah em voz baixa.
— Então! — O que queres aqui? — Perguntou
Radija à Satã.
— Vim a sua procura Madalena! — Respondeu
ele.
— Meu nome é Radija! — Respondeu ela.
Radija não conseguia sentir medo ou raiva
125
daquele senhor que insistia em dizer que era
Satã.
— Não! — Não é! — Você é a escolhida do co-
herdeiro de Deus! — A rainha dos apóstolos!
— Exclamou Satã.
— É mesmo? — Perguntou Radija, meio
intrigada.
— Sei que este senhor não é de tal forma,
natural! — Mas parece tão frágil e sensível! —
Pensou Radija. Não acreditava realmente que
se tratasse de Satã, o Senhor dos Infernos.
— Sua alma é pura minha menina! — Mas não
é só isto! — Seu espírito também é puro! —
Retrucou Satã.
— E você é a criatura mais linda que o
impronunciável poderia ter criado! — Um
corpo sem pecados esculpido em toda a
plenitude da formosura criada por ele! — Eu
126
não consigo deixar de olhar para você! —
Exclamou Satã.
— Não se apaixone! — Já estou
comprometida! — Brincou Radija com seu
modo irreverente de ser. Satã deu um
pequeno sorriso.
— Com quem está comprometida? —
Perguntou Satã quebrando um pouco a
tensão. Na realidade não conseguia ler seus
pensamentos, estava embaraçado com sua
fraqueza na presença de Radija.
— Com Jafar! — Meu primo! — Respondeu
Radija. Radija era pura, jovial e irreverente,
mesmo em momentos tão complexos. por
outro lado, pela primeira vez Satã sentiu paz
em seu mundo infame e obscuro. Radija
conseguira desconcertar o ser mais poderoso
do mundo inferior como um jovem
127
adolescente em seus sonhos platônicos de
amor à primeira vista.
Satã se apaixonara perdidamente por
aquela alma, por aquele espírito. Mas
principalmente se apaixonara por Radija. Um
sentimento divino e humano se apossara de
alguma forma da essência de sua maldade.
Seus poderes se tornaram inúteis sobre
ela. Ele continuava a olhá-la como se fosse
uma chama a iluminar seu espírito perdido a
uma eternidade em seu mundo de escuridão.
Radija apenas sorria como uma simples
anfitriã, mantendo um inexplicável controle
naquele instante singular, tão confuso e
inesperado.
Os relógios permaneciam parados e o
tempo parecia estar correndo de forma
misteriosamente inusual. Radija não conseguia
entender, mas também não se incomodava
128
com a presença de Satã. Parecia tão
inofensivo quanto uma mosca. Ele se levanta
após algum tempo que pareceu uma
eternidade e se dirige até a porta. Radija
permaneceu olhando-o com certo carinho que
não conseguia explicar.
— Obrigado pelo chá! — Disse Satã.
— Não há porque agradecer! — Apareça
quando quiser! — Afinal! — Sabemos que se a
porta estiver fechada você a abrirá com um
terremoto! — Exclamou Radija, sorrindo com o
canto dos olhos. Satã dá uma última olhada
em sua direção, expressa um sorriso sem
graça e desaparece com o vento levando junto
consigo todas aquelas mulheres estranhas.
Tudo volta ao normal. Os relógios
começam novamente a correr e o mundo
presencia uma singularidade espiritual. Hadji
do alto da escada filmava tudo escondido.
129
— Acho que Satã se apaixonou por você,
Radija! — Disse Hadji, dando um sorriso meio
assustado.
— Deixa de bobagem Hadji! — Exclamou
Radija.
— E agora o que vamos fazer? — E agora o
que vamos fazer? — Perguntava Jamil
repetidamente, ajoelhado, balançando a
cabeça, deixando as lágrimas escorrerem por
teu rosto enrugado, contrastando com seu
semblante rude e frio.
— O que está feito, está feito, papai! —
Continue a vida! — Disse Radija ao seu
ouvido.
— Mamãe! — A senhora está bem? —
Perguntou Radija.
— Sim! — Não estou sentindo absolutamente
nada! — Respondeu ela.
132
03h15min p.m., Observatório Naval dos
Estados Unidos (United States Naval Obser-
vatory ou USNO):
Dr. James observa intrigado, o relógio e
todos os outros equipamentos voltarem ao
normal. Imediatamente corre ao telefone e se
comunica com seu companheiro em Moscow,
Dr. Ivanov.
Dr. Ivanov era um dos mais
conceituados doutores da comunidade
científica universal, ganhador do prêmio Nobel
do ano anterior, com teorias que tiveram uma
grande contribuição dos questionamentos
matemáticos de Dr. James.
Era um dos maiores físicos teóricos do
mundo e seu contraponto científico. Porém,
apesar das divergências, Dr. Ivanov tinha uma
grande admiração pela inteligência de
Dr.James. Na realidade fora por questões
133
políticas que Dr. James não fora agraciado
com o prêmio em seu lugar.
— Camarada Dr. Ivanov! — Você observou as
mudanças e a singularidade temporal? —
Pergunta Dr. James.
— Sim! — Todos nós observamos! —
Respondeu Ivanov.
— Vocês perceberam a formação da aurora
boreal! — Foi incrível! — Exclamou Dr. James.
— Isto realmente aconteceu? — Perguntou Dr.
James, sentindo-se aliviado por perceber que
faziam sentido suas teorias.
— Sim! — Aconteceu! — Imaginamos ser uma
interferência causada pela tempestade solar!
— Estaremos mais tarde em um grande
encontro de cientistas no Kremlin! — Fomos
convocados pelo primeiro ministro em regime
de urgência! — Respondeu Dr. Ivanov.
134
— Tempestades solares não param relógios,
nem o tempo e não impedem a propagação de
calor em uma reação de combustão! —
Exclamou Dr. James.
— Talvez tenha causado uma interferência no
campo magnético da terra! — Ainda é cedo
pra dizer! — Respondeu Dr. Ivanov.
— Fico feliz que todos tenham observado! —
Mas não se trata apenas de tempestades
solares, camarada Dr. Ivanov! — Trata-se de
um evento bíblico! — De Deus e o Diabo! —
Do juízo final! — Se é que você acredita! —
Continuou Dr. James.
— Não camarada! — Não acredito nestas
coisas religiosas! — Desculpe-me! — Mas acho
que você é que perdeu o juízo! — Exclamou
Camarada Ivanov.
Todos aqueles acontecimentos e muitos
outros eventos inexplicáveis foram observados
135
pela humanidade. Em todas as redes sociais o
assunto era um só:
— O que teria causado tantos eventos
fantasmagóricos?
Em pouco tempo todos no mundo
observavam atônitos a filmagem de Hadji.
Alguns não acreditavam, outros imaginavam
ser armação, outros imaginavam ser o juízo
final. Porém todos individualmente tinham
presenciado eventos simultaneamente em
todos os lugares até nos mais remotos.
Novamente Dr. James fora ignorado
pela comunidade científica por suas teorias
científico-religiosas. O telefone toca em
seguida:
— Hello! — Exclama Dr. James.
— Dr. James! — Uma voz chama do outro
lado.
136
— Sim! — Quem fala? — Pergunta Dr. James.
— Bento XVI, meu filho! — O Papa! —
Responde a voz.
— Isto não é hora para brincadeira! —
Responde Dr. James desligando o telefone
imediatamente.
O telefone tocou novamente:
— Por favor! — Deixe-me trabalhar! —
Exclamou Dr. James, antecipadamente.
— Dr. James! — Sabemos de suas teorias! —
Precisamos conversar a respeito! — Disse a
voz do outro lado antes que ele desligasse
novamente.
— Quem está falando! — Perguntou
novamente, Dr. James.
— Não desligue! — Dr. James! — Ouça-me
primeiro! — Disse Bento XVI.
137
— É a pura verdade! — Quem vos fala é Bento
XVI, o papa! — Insistiu Bento XVI.
— Você poderia vir a Roma? — Perguntou
Bento XVI.
— Isto realmente está acontecendo? —
Exclamou Dr. James.
— Sim! — Dr. James! — A profecia de São
Marcus está se cumprindo! — Disse Bento XVI.
— Eu sabia! — Respondeu Dr. James.
— Tomarei o avião amanhã pela manhã! —
Continuou ele.
— Não! — Dr. James! — Precisamos nos ver
imediatamente! — Exclamou Bento XVI.
Batem à porta neste mesmo instante.
Dr. James grita de onde estava:
138
— Espere um minuto! — Estou ao telefone
com o papa! — Respondeu com um sorriso
irônico no rosto.
— Dr. James! — Bispo Júlio e Bispo Jorge
estão a sua espera ao lado de fora! —
Estamos todos a sua espera ansiosamente! —
Conclui Bento XVI.
Diante das circunstâncias Dr. James
sabia que era realmente o papa naquela
ligação.
— Dr. James? — Chama Bento XVI ao
telefone.
— Sim! — Responde Dr. James
— Um grupo de homens, vestidos de preto, o
espera do lado de fora do observatório! — Eles
providenciarão tudo para você! — Concluiu
Bento XVI.
139
Ao abrir a porta, Dr. James se depara
com Bispo Jorge e Bispo Júlio acompanhados
de oito homens de terno preto a sua espera.
— Muito prazer, Dr. James! — Estava ansioso
por conhecê-lo! — Exclama Bispo Jorge.
— Bento XVI o espera! — Temos que nos
apressar! — Continuou Bispo Júlio.
— Mas nem arrumei minhas coisas pessoais!
— Respondeu Dr. James.
— Não é necessário! — Providenciaremos tudo
que precisar no caminho para Roma! —
Respondeu Bispo Júlio.
— Não! — Espere um pouco! — Preciso de
minhas anotações! — Exclamou Dr. James.
Dr. James correu ao vestiário e tirou de
dentro de seu armário uma enorme
quantidade de manuscritos intermináveis e
embaralhados. Colocou tudo em uma grande
140
sacola e acompanhou bispo Jorge e bispo Júlio
ao avião. No caminho Bispo Jorge contou
sobre o assassinato de Monsenhor Antônio e
os aspectos da sua morte, mostrando as
imagens pelo seu computador pessoal.
— Esta é uma representação da crucificação
de Pedro! — Retrucou Dr. James apontando
na tela, para o corpo de Monsenhor Antônio.
— Pedro pediu para ser crucificado de cabeça
para baixo para não ser comparado a Jesus!
— Continuou Dr. James.
— Isto representa a igreja católica! —
Exclamou apontando para a inscrição na testa
de Monsenhor Antônio ―Deus munque jus‖.
— Esta inscrição é usada também em ordens
maçônicas para designar o último grau de
ascensão na escada de Jacó! — A chegada aos
céus em sentido figurado! — Onde o cavaleiro
da ordem aprendeu tudo que deveria sobre os
141
segredos ali guardados! — E continuou
explicando Dr. James:
— Está escrito na bíblia:
— ―Jesus dissera a Pedro‖:
— ―Sobre ti construirei minha Igreja!‖.
— Alguém está mandando um recado ao
Papa! — Concluiu Dr. James.
Bispo Jorge mostra para Dr. James a
filmagem de Hadji. Dr. James olha as imagens
assustado e explica:
— A Ordem em que são associadas suas
saídas dos veículos revelam uma sucessão
progressiva, pois elas não saem ao mesmo
tempo, levando a associar essa visão com
acontecimentos do início do século 21,
chegando à conclusão que Jesus Cristo
anuncia sua volta como em Mateus 24:3, 21:
142
— Quem os chama são quatro"criaturas
viventes cheias de olhos".
Representa toda a classe angelical.
Cada um é descrito como tendo a cabeça, ou
aparência, distinta. O leão é símbolo do poder
e da justiça. O novilho, símbolo de força, O
homem dentre as criações é o
único semelhante a Deus, e capaz de amar ou
de imitar essa qualidade inerente a ele, e a
águia, bastante conhecida por sua excelente
visão ou como símbolo de sabedoria,
perspicácia ou discernimento. Também é
símbolo da sabedoria divina e uma das faces
dos querubins vistos por Ezequiel.
Esta aparição representa a
manifestação dos atributos principais de Deus,
ou querubins ou referência aos mesmos, tanto
que são eles quem chamam os quatro
cavaleiros do apocalipse. Os Sete selos, O
número sete é considerado um número
145
07h30min p.m., Salão papal, Vaticano-
Roma.
— Bem vindo Dr. James! — Vossa Santidade
lhe espera! — Exclama Monsenhor Galdino.
Conduzido à presença de Bento XVI, Dr.
James se embriaga com as riquezas de
detalhes dos corredores adornados do
vaticano.
— Dr. James! — Que grande prazer conhecê-
lo! — Disse BentoXVI.
— Obrigada! — Vossa Santidade! — Para mim
é uma grande honra estar aqui! — Respondeu
Dr. James.
— Gostaria que fosse em circunstâncias mais
agradáveis, mas...! — Continuou Bento XVI.
— Venha! — Preciso lhe mostrar o ocorrido! —
Não podemos perder tempo! — Exclamou
Bento XVI. Descendo as escadas, acompanha-
146
dos de guardas e bispos seguiram todos em
direção ao corpo de Monsenhor Antônio. Dr.
James se assusta com o que vê. Nunca tinha
visto ninguém morto, ainda mais daquele jeito.
— O nome Petrus escrito no chão em sangue
e em forma de cruz confirma o que disse
antes:
— Pedro quis ser crucificado de cabeça para
baixo para não ser comparado a Jesus! —
Disse Dr. James.
— As inscrições em sua testa apontam para
uma irmandade secreta:
— Os ―Franco Maçons‖! — Mas o número 666
e seus olhos retirados apontam para seitas
Satânicas! — A retirada dos olhos é para não
poder ver o que está para acontecer! —
Exclamou Dr. James.
147
— Talvez alguma visão maligna do futuro? —
Indagou Monsenhor Galdino.
— Como sabe de tantos detalhes religiosos,
sendo um Físico, Dr. James? — Perguntou
Inspetor Batisti.
— A religião faz parte do universo do homem!
— Caro Inspetor! — Respondeu Dr. James.
— Precisamos encontrar aquela garota da
Internet! — Algo me diz que há uma forte
ligação com tudo que ocorrera aqui! —
Concluiu Dr. James.
149
07h30min p.m., Salão oval, Casa
Branca, Washington D.C.
— Senhor Presidente! — Fomos informados
que um bispo fora assassinado nos porões do
vaticano. Nosso serviço de inteligência nos
alertou que há uma movimentação de ordem
extraordinária relacionado a eventos bíblicos
cataclísmicos! — Também há uma suspeita de
que o assassinato fora de autoria de uma
Fraternidade secreta ligada a maçonaria
cabalística! — Disse Mike, o assessor de
inteligência do governo.
— Mandem um representante do FBI
imediatamente! — Respondeu Obama.
— Senhor Presidente! — Há uma filmagem na
internet que o senhor precisa ver! — Exclamou
Mike. Um Iphad fora trazido e ele assistiu
estupefato às filmagens.
— Isto é real Chanceler? — Perguntou Obama.
150
— Temo que sim, Senhor! — Respondeu Mike.
— Precisamos conversar com esta garota e
saber o que foi dito por aquele Senhor! — Ou
aquela Coisa! — Disse Obama.
— Para Isto Senhor! — Precisamos de uma
ordem sua para invadir a Syria com um grupo
de elite e trazê-la! — Respondeu Mike.
— Nós Sabemos que Bashar Al Assad não nos
permitiria entrar diplomaticamente! —
Continuou Obama.
— Precisamos agir rápido ou eles podem
escondê-la em lugar protegido por forças do
governo! — Concluiu Mike.
— Está autorizado! — Faça o que tem que
fazer! — Mas traga-a aqui, o mais breve
possível! — Respondeu Obama.
Não eram apenas os americanos que
estavam atrás de Radija. Uma corrida mundial
153
08h00min p.m., Salão papal, Vaticano-
Roma.
— Vossa Santidade! — Chama Dr. James.
— Sim Dr. James! — O que precisa? —
Indagou Bento XVI.
— Precisamos entrar na Syria e trazer aquela
garota aqui antes que o governo a interpele!
— Precisamos dela! — Algo me diz que ela é a
peça mais importante deste quebra cabeça! —
Disse Dr. James.
— Irmão Galdino? — Chama Bento XVI.
— Sim Vossa Santidade! — Responde
Monsenhor Galdino.
— Entre em contato com Padre Júlio da Igreja
de Homs, na Syria e peça a ele que tente
chegar até ela o mais rápido possível e a
esconda até chegarmos lá! — Ordenou Bento
XVI.
154
— O que disse Vossa Santidade? — Perguntou
Monsenhor Galdino.
— Você é surdo, Irmão Galdino? — Terei que
repetir? — Perguntou Bento XVI.
— Não! — Tudo, não! — Vossa Santidade! —
Apenas a parte em que diz ir também! —
Retrucou Monsenhor Galdino.
— Sim! — Eu irei Irmão Galdino! —
Respondeu Bento XVI.
— Mas Vossa Santidade! — Retrucou
Monsenhor Galdino.
— Cale-se Monsenhor! — Isto é muito mais
importante do que nossas vidas! — Arrume
tudo e vamos logo! — Rápido! — Rápido! —
Retrucou Bento XVI.
Padre Júlio, logo que avisado, apressa-
se para chegar a Damasco antes das tropas de
Bashar. Padre Júlio liga para seu amigo e
155
irmão em Damasco e diz a ele da importância
de retirar Radija:
— Salam! — Irmão Júlio! — Disse Irmão
Akhmed.
— Salam! — Irmão Akhmed! — Responde
padre Júlio.
— Em que posso ser útil, meu irmão? —
Pergunta Akhmed.
— Preciso que avise Jamil, o sapateiro da
praça do mercado em frente à mesquita! —
Avise a ele para sair de lá com sua filha Radija
antes das tropas de Bashar al Assad chegar!
— Exclamou Padre Júlio.
— Mas o que as tropas de Bashar al Assad
querem com Radija? — Perguntou Akhmed.
— Eu lhe explico depois! — É uma longa
história! — Respondeu padre Júlio.
156
— Pode deixar irmão! — Ligarei imediata-
mente para ele.
Jamil sabia que o interesse das tropas
do governo em Radija não eram ajudar.
Resolve, sem pestanejar, não permitir que a
levem:
— Radija! — Grita Jamil.
— Desça para o porão! — Continuou.
— Para que, papai? — Indagou Radija.
— Não discuta! — Vá logo! — Atrás do armário
vai encontrar uma passagem subterrânea, vá
por ela e sairá na praça do mercado! — Leve
sua mãe e Hadji com você! — Vá logo! —
Ordenou Jamil.
— Jamil! — Abra a porta! — Quase que ins-
tanteneamente, general Azrakh grita por Jamil
do lado de fora:
157
— Abra Jamil ou vamos derrubar! — Continua
general Azrakh. Jamil se arma de sua Ak 47 e
com duas granadas de mão.
— Vocês não vão levar minha filha! — Grita
ele.
— Não resista Jamil! — Será pior para você! —
Grita general Azrakh, fazendo sinal para seus
homens explodirem a porta.
— Bummmmmm!!!!! — Duas granadas são
lançadas à porta de Jamil.
Jamil cai ao chão e começa a atirar
como um louco. Na troca de tiros, um tiro
acerta-lhe o ombro, Jamil já estava velho de
mais para um novo combate, mas preferia
morrer lutando a se entregar. Ele tenta lançar
as granadas, mas outro tiro lhe acerta
violentamente, perfurando-lhe o peito,
atravessando seus pulmões. Ele cai
agonizando.
158
— Fuja Radija! — Fuja! — Grita Jamil em seus
últimos suspiros.
Chorando, Radija fecha a porta do
porão e desce em disparada chegando à praça
do mercado. Do lado de fora da casa, Padre
Júlio chega logo após a invasão segue todo o
acontecimento de perto. Enquanto os guardas
vasculham a casa de Jamil, Padre Júlio tenta
dar a extrema unção a Jamil que não era
Cristão.
— Padre Júlio! — Cuide de minha filha, por
favor! — Implora Jamil.
— Onde ela está? — Pergunta padre Júlio,
chegando seu ouvido bem perto de seus lábios
trêmulos.
— Vá à praça do mercado! — Procure por
Ibraim da tapeçaria e salve-as! — Exclama
Jamil, dando seu último suspiro.
159
Padre Júlio dá-lhe a extrema unção
rapidamente, deita sua cabeça sobre uma
almofada que estava ao lado, fecha
carinhosamente seus olhos arregalados e
segue para o mercado. Do outro lado da praça
um estranho monge observa os movimentos
de Padre Júlio e o segue assim que ele sai.
161
08h30min p.m., Monte Hermom – No
salão do trono de Vibrações etéreas.
Satã está de um lado para o outro
tentando não se ligar à visão de Radija. Porém
se vê completamente dominado pela atração
que ela exercia sobre ele. Não conseguia
admitir que de alguma forma se misturasse às
qualidades humanas ao se deparar com a
imagem de Radija.
Satã estava tomado por uma crise
existencial. Queria ficar só e se entregar às
suas infames blasfêmias contra o criador.
Porém, intrinsecamente, não achava mais
interesse em lutar contra a ordem angelical. O
poder das trevas deixara de exercer poder
sobre ele. Perdido em sua eternidade, é
surpreendido por Yeshua:
O nome árabe para Jesus usado pelos
cristãos, Yasu‘a ( ), sendo derivada
162
de Yeshua (ou seja, a mesma coisa se
considerarmos que esta letra "a" que aparece
aqui no árabe tem som de "e", como
em mohammEd, e se considerarmos também
o "s" chiado), mas não é o nome usado para
"Jesus" no Alcorão e em outras fontes
muçulmanas. O nome tradicional para Jesus é
―‗Isa‖ (Ayn – Ya – Sin – Ya).
Aparentemente este nome lembra o
nome hebraico de Esaú –(ESAV, Ain – Shin –
Vav). Argumentam os Imãs árabes que este
nome árabe citado no Alcorão para Jesus é
realmente derivado do aramaico ―Yeshua'‖ -
no qual considera também ser o nome original
de "Jesus".
I S A, em outros sotaques é o mesmo
que I S Â ou I S Ô (o Yíshoh do modo
aramaico citado acima), um tipo de diminutivo
de Yeshua na pronúncia com sotaque
diferenciado; mas é i-ê-shu-ah do mesmo
163
modo para outros leitores, que sempre deve
ser lido com a tônica na letra "e" , ou primeira
sílaba - e não na letra "u", como alguns
erroneamente pronunciam, o que deturpa o
significado, que deixaria de ser "Deus (YHWH)
Salva" ou "Deus (YHWH) é a nossa salvação"
para ser utilizado apenas como a palavra
aramaica para "Salvação".
Jesus também aparece em algumas
culturas mais moderas com um nome de sete
(7) letras que formam a pronúncia de
Yahoshua (com variantes de Yauxua,
Yahushua, Yaushua, Yaoshua e etc), esses
pequenos grupos mais modernos são variantes
de igrejas outrora pentecostais e neo
pentecostais que receberam uma doutrina de
que o tetragrama (YHWH) teria sido
adicionado ao nome Yeshua (alguns grupos
variam dizendo que seria a adição em
164
Yahoshua conhecido no português como
Josué).
Os testemunhas de Yahushua como se
denominam acreditam nos conceitos cristãos e
são cristãos em doutrina, o que difere é o uso
do nome, como fonte de salvação. Eles negam
a lei judaica (Toráh) e as takhanot (tradições)
judaicas.
— O que fazes aqui Satã? — Pergunta Yeshua.
— Perdido em seus pensamentos? —
Continuou Yeshua.
— Hora! — Hora! — Hora! — Yeshua! — O
filho amado do impronunciável! — Quanta
honra! — Ou posso chamá-lo de o Heremita
sacrificado! — Responde Satã.
— Chame do que quiser! — Não faz diferença!
— Respondeu Yeshua.
165
— Há quase dois mil anos não lhe vejo! —
Retrucou Satã.
— Como está o céu? — Indagou Satã.
— Como sempre o tivera! — Retrucou Yeshua.
— O que o trazes a minha presença? —
Perguntou Satã, com ironia.
— Foi por ordem de teu Pai? — Continuou
Satã, sorrindo.
— Eu e o pai somos um! — Vim por tua causa!
— Retrucou Yeshua.
— Havia me esquecido! — Respondeu Satã,
novamente com um sorriso cínico.
— Este é o limite do tempo! — Disse Yeshua.
— Eu sou Satã! — Senhor do mundo inferior!
— Atentador eterno das almas humanas! —
Esquecestes? — Retrucou Satã.
166
— Não, não me esqueci! — Porém o pai sente
sua falta no paraíso! — Respondeu Yeshua.
— Ele tem a todos vocês para bajulá-lo! —
Não precisa de mim! — Respondeu Satã.
— Nosso pai que está nos céus precisa de
todos nós como também precisamos nós dele!
— Retrucou Yeshua.
— Lá não é meu lugar! — Respondeu Satã.
— Pelo jeito, aqui também não o é! —
Exclamou Yeshua.
— As profecias estão se cumprindo e você terá
uma chance de escolher onde ficar! — Disse
Yeshua.
— E diante do trono havia um mar de vidro
como cristal! — Disse Satã sorrindo.
— Cujo significado é, não os céus, nem as
almas dos benditos ali! — Nem a multidão dos
167
anjos santos, nem os primeiros convertidos
aos Cristianismo em Jerusalém! — Pois
aqueles que obtêm a vitória sobre a besta
serão mencionados como estando sobre o
mar, e os não- arrependidos não serão
admitidos de forma alguma! — Retrucou
Yeshua.
— Eu as conheço bem! — Continuou Satã.
— Os humanos já não precisam mais de mim!
— Já são maus o suficiente para me ignorar!
— Exclamou Satã.
— Eles são crianças ainda! — Disse Jesus.
— O mundo, como a um ―mar‖, pela multidão
das pessoas nele, são assim como muitas
águas nas escrituras, pessoas e nações, como
um mar de vidro, que é frágil, pois a
fragilidade é a transitoriedade do mundo! —
Continuou Yeshua.
168
— Os homens e as coisas do mundo são
como ―cristal‖! — Claro, porque todas as
coisas nele são abertas e manifestas ao olho
onisciente de Deus! — Mas o mundo e os
homens nele, não é normalmente comparado
a um mar quieto, como esse é, mas turbulento
e balançado pelos ventos e tempestades, cujas
águas lançam lama e sujeira! — Completou
Yeshua.
— Não estou aqui pelos espíritos e almas que
destrui e tomei do Impronunciável, mas pela
que não posso nem ao menos tocar! —
Exclamou Satã.
— Diga Yeshua! — Como escondeu aquela
alma por tanto tempo? — Indagou Satã.
— Nunca esteve escondida! — Como não é um
castigo sua escolha por ela! — Respondeu
Jesus.
169
— É como o batismo! — Do qual o mar
Vermelho, por onde os Israelitas passaram
debaixo da nuvem, era um emblema! — E que
pode ser comparado a um ―mar de vidro‖, pela
sua transparência, claramente expressando os
sofrimentos, enterro e ressurreição! — E ao
cristal, devido a sua pureza! — E tudo isso
pela sua natureza clara e estando vós diante
do trono pode denotar o caminho de volta no
Evangelho de Deus! — Completou Yeshua.
— Eu apenas cuido de levar estas almas para
meu reino, para a danação eterna! — Dou um
fim cruel a todos aqueles que não acreditam
em ti! — Exclamou Satã.
— Seu sangue para eles é a fonte aberta para
a lavagem dos pecados e pode ser comparado
a um mar pela sua eficácia abundante em
purificar! — E é isso que abre caminho para o
trono e para aquele que está sentado no
mesmo! — É um privilégio especial desfrutado
170
por aqueles que vão ao Monte Sião, ou a uma
Igreja do Evangelho! — Há sempre essa pia
para lavar suas vestimentas sujas, fazendo-as
brancas novamente! — Retrucou Satã.
— Embora esse mar, sendo de vidro, não
parece ser designado para se lavar nele! — E,
portanto, eu acredito que isso significa o
Evangelho Deus! — Comparado a um ―mar‖
devido às coisas profundas do impronunciável
e os mistérios da graça que estão nele! — Um
mar de ―vidro‖, pois ele é contemplado, como
em um espelho! — A sua glória, seu espírito
santo, ofício e justiça, bem como muitas
outras coisas maravilhosas! — Para mim
sobrou apenas à danação eterna e minha
eterna resignação! — Complementou Satã.
— Diga-me Yeshua! — Como poderei me
redimir com o impronunciável? — Indagou
Satã.
171
— É como ―cristal‖, pela sua clareza,
perspicácia e evidência das verdades contidas
nele! — É um firme e quieto mar, porque é o
Evangelho de paz, amor, graça, e misericórdia
que trás paz, alegria e tranqüilidade as mentes
atribuladas! — Inclusive a tua! — Disse
Yeshua.
— Não é agitado, espumante, com ondas de
ira e fúria, mas bom, estável, sólido e
tranqüilo! — Continuou Yeshua.
— Eu sei e é dito! — Como estando diante do
trono, onde está o arco-íris do meu pacto! —
Eu Pactuei com o Pai a minha decadência! —
O Evangelho é uma transcrição! — Mas como
serei eu perdoado de corromper os céus? —
Perguntou Satã.
— Será onde os vinte e quatro anciãos, ou
membros das igrejas estarão para o deleite
deles e conforto! — E é onde os sete espíritos
172
de Deus estarão! — Para suprir os homens
com os dons para pregar! — É onde as quatro
criaturas viventes, ou ministros da palavra,
têm o lugar deles! — E lá desfará o seu Pacto
e se tornará luz! — Respondeu Yeshua.
Em harmonia com essa forma figurativa
de falar, os Judeus chamam a ―o mar da lei‖,
e ―mar da sabedoria‖; e frequentemente dão
características aos doutores, por serem muito
eruditos, ―no mar do Talmude‖, ou ―doutrina‖
— Não Temas o que Deus vos legou, ainda
que seja forte, pois o poder vem do espírito
Santo de Deus e a ele é dada toda glória e
poder! — Ele vos quer no amor e na alegria e
como Arcanjo que ainda és sabes que aos
humanos fora dado o maior e mais perfeito de
todos os poderes! — O amor. Continuou
Jesus.
173
Desaparecendo como apareceu, Yeshua
deixou a Satã a palavra do pai. Satã se
enfurece e blasfema novamente contra Deus,
mas ao terminar se depara com a visão de
Radija sendo perseguida pelos soldados de
Bashar. Senta-se e apenas fica a observar de
seu mundo obscuro e infame decidindo que
caminho tomar.
175
09h30min p.m., Praça do mercado,
Damasco, Syria.
Padre Júlio Procura por Ibrahim o mais
rápido que pode, mas não percebe que estava
sendo seguido por um Monge.
— Ibrahim! — Abra! — É o padre Júlio! —
Precisamos levar Radija para um lugar seguro.
— Como vou saber se você não está com o
governo? — Pergunta Ibrahim.
— Se tivesse já teriam derrubado as portas! —
Respondeu padre Júlio.
— Abra logo! — Precisamos fugir com Radija!
— O mundo todo está a sua procura! —
Respondeu Padre Júlio.
— Para onde iremos? — Perguntou Radija.
176
— Primeiro vamos para minha igreja! — Lá
tentaremos providenciar sua saída do país! —
Respondeu Padre Júlio.
178
09h45min p.m.. Biblioteca hebraica,
Vaticano-Roma.
— Dr. James! — O agente especial do FBI
deseja vê-lo! — Exclama inspetor Batisti.
— Mande o entrar! — Respondeu Dr. James.
— Muito Prazer! — Agente especial Patrick! —
Responde.
— Sente-se! — Continuou Dr. James.
— O presidente está muito preocupado com o
que está ocorrendo e colocou-nos a inteira
disposição para que possamos ajudar no que
for preciso! — Disse Agente Patrick.
— Você acredita em Deus Agente Patrick? —
Perguntou Dr. James.
— Sim Claro! — Respondeu Patrick.
— Você acredita no diabo? — Perguntou
novamente Dr. James.
179
— Sim Claro! — Respondeu Patrick.
— Então agente Patrick! — Deves acreditar em
uma ordem sobrenatural e atuante além de
nossa visão terrena! — Certo? — Continuou
Dr. James.
— Certo! — Respondeu Patrick.
— Então devo dizer-lhe que Satã está tendo
problemas com seu mundo inferior e que
estamos aqui para ajudá-lo a encontrar uma
luz no final do túnel, antes do Juízo final! —
Exclamou Dr. James. Agente Patrick deu um
pequeno sorriso de canto de boca,
discretamente, porém foi notado por Dr.
James.
— Agente Patrick! — Creio que você é a
pessoa certa para nos ajudar! — Respondeu
Dr. James.
180
— Precisamos tirar Radija da Syria! —
Exclamou Dr. James.
— Como sabe o nome dela? — Perguntou
Patrick.
— Há um Padre da Paróquia da cidade de
Homs, Syria que conhece a família e está indo
contatá-la! — Ele vai tentar levá-la a um lugar
seguro! — Respondeu Dr. James.
— Faremos tudo que for preciso, para apoiá-
los! — Concluiu Patrick.
— Primeiro quero que me ajude a encontrar
Satã! — Disse Dr. James.
— Hahahahaha! — Agente Patrick soltou uma
pequena gargalhada.
— Desculpe-me senhor eu não pretendia! —
Disse Patrick tentando se desculpar da risada.
181
— Não se desculpe, agente Patrick! — Eu
entendo sua ironia! — Respondeu Dr. James.
— Como farei isto? — Perguntou Patrick,
dando outro sorriso de incredulidade.
— Primeiro tem que acreditar que ele exista!
— Respondeu Dr. James.
— Depois! — Quero que faça um
levantamento de sua vida, de seus amigos de
seu comportamento! — Afinal de contas
estamos atrás de um indivíduo extremamente
procurado e perigoso não acha? — Concluiu
Dr. James, retribuindo o sorriso cínico.
Agente Patrick pede licença e sai
completamente desconcertado. Dr. James
torna-se em direção ao Papa:
— Precisamos ir Vossa Santidade! — O tempo
urge! — Indagou Dr. James.—
182
— Esqueça as formalidades Dr. James! — Sou
apenas Bento XVI! — Respondeu o papa.
Monsenhor Josué trás a bíblia achada por ele e
a entrega a Dr. James:
— Dr. James! — Encontrei esta bíblia próximo
monsenhor Antônio! — Exclamou Monsenhor
Josué.
— Deixe me Ver! — Apocalipse de São João!
— Estamos lidando com uma ressurreição! —
Talvez uma extinção, ou o ―Juizo final‖! —
Devemos encontrar Radija urgentemente! —
Concluiu.
— Agente Patrick! — Agente Patrick! — Grita
agente Malkom.
— O que se passa Malkom? — Responde
Agente Patrick.
— O presidente quer lhe falar urgentemente!
— Responde agente Malkom.
183
— Onde? — Pergunta agente Patrick.
— Sala de conferências Senhor! — Responde
Agente Malkom.
— Senhor presidente! — Exclama agente
Patrick frente ao visor.
— Sim agente Patrick! — Responde Obama.
— Querem que encontremos Satã o mais
rápido possível! — Retruca agente Patrick.
— É alguma piada agente especial Patrick? —
Exclama Obama.
— Não Senhor! — E não é só isto! — Bento
XVI, o papa, pediu para que o senhor
convocasse todos os integrantes da ONU para
uma conferencia internacional para amanhã,
com a participação de todos os presidentes
dos 193 países integrantes! — Concluiu
agente Patrick.
184
— Você só pode estar brincando agente
Patrick! — Exclamou Obama.
— Não Senhor! — Infelizmente não, Senhor!
— Responde agente Patrick.
— Senhor Presidente! — Senhor Presidente! —
Chama Mike, Seu assessor imediato de
segurança.
— O que é desta vez Mike? — Responde
Obama.
— Um homem está ao portão e diz que o
senhor o espera! — Respondeu agente Mike.
— Como assim! — Eu o espero? — Pergunta
Obama.
— Ele diz ser Satã! — O rei do mundo inferior!
— Respondeu Mike.
— Está todo mundo brincando! — Ou o mundo
está louco! — Se ele for mesmo Satã não
185
precisa de meu consentimento para poder
entrar! — Respondeu Obama.
— Senhor! — O presidente disse que se for
mesmo Satã já estaria lá! — Os seguranças
externos da ―Casa Branca‖ responderam a
Satã em meio a gargalhadas e risadas cínicas.
Satã se vê ironizado.
— Hora! — Hora! — Hora! — Barrado pelos
meus servos! — Retruca Satã.
— Discípulos de Tomé! — Têm que ver para
crer, não é mesmo! — Exclamou Satã
ironicamente. Seus olhos ficaram vermelhos,
seus pés tomaram o formato de cascos
ungulígrados como as patas de um porco. Os
seguranças pararam de sorrir e tomaram um
susto se afastando imediatamente. As asas de
Satã se projetaram para fora e seus chifres
começaram a crescer.
186
— É deste jeito que gostariam de me ver? —
Perguntou Satã, com uma voz tão grave que
trepidavam as janelas, algumas chegando a se
espatifarem como se estivessem sendo
apedrejadas. Seu corpo cresceu cerca de três
metros, tudo ao seu redor começou a se
derreter com o calor emanado de seu brilho
incandescente. Guardas e seguranças
tentaram atirar, Mas em vão.
— Senhor presidente! — O senhor precisa ver
isto! — Exclamou Mike trazendo lhe a vídeo-
câmara.
— Meu Deus! — Exclamou Obama.
— Não parece ser Deus, Senhor! — Parece ser
o demônio! — Exclama Mike.
— Eu sei muito bem a diferença, Agente Mike!
— Retrucou Obama.
— O que fazemos Senhor? — Perguntou Mike.
187
— Deixe-o entrar! — Respondeu Obama. Em
meio a toda a imprensa mundial Satã caminha
vagarosamente em direção ao salão
presidencial. Seu enorme corpo se equilibra
sobre seus cascos imensos.
— Quero ficar bem bonito para a televisão! —
Disse ele a um repórter que entrou
corajosamente à sua frente. O mundo
observava estupefato Satã caminhar pelos
corredores da casa Branca. Barack Obama o
esperava no salão oval.
— Senhor presidente dos EUA! — Quanta
satisfação estar aqui em pura matéria para lhe
cumprimentar por tantas ordens cumpridas
sob meu comando! — Indagou Satã.
— Estás enganado, ser abominável! — Ou seja
lá o que for! — Respondeu Obama.
— Pode me chamar de Satã! — Você me
conhece apenas pela própria consciência! —
188
Mas estou sempre junto de ti e ao redor de ti!
— Respondeu Satã.
— O que queres de nós? — Perguntou Obama.
— Primeiro agradecer por expor a minha
imagem como símbolo de seu poder! — Disse
Lúcifer.
— Qual imagem? — Retrucou Obama.
— Hora! — Meu querido servo! — A estátua da
liberdade! — Ou esqueceste que sou Lúcifer, a
estrela da manhã e o portador da luz! —
Exclama Satã, com ironia.
— Saiba que o fim se aproxima! — É hora de
me mostrar! — Amanhã o mundo será julgado
por suas obras e eu também! — Continuou
Satã
— Eu gostaria de aparecer em meu glamoroso
terno de seda! — Mas se é assim que vocês
189
gostariam de me ver, assim eu sou! —
Respondeu Satã.
— Você já sabe o que deves fazer! — Disse
Satã ao presidente dos USA. Num piscar de
olhos desapareceu no ar. Todos que ali
estavam ficaram em estado de choque.
O mundo todo observara por todas as
redes de TV e internet aquela aparição
fantástica. As igrejas lotaram-se de fiéis e o
pânico tornou-se generalizado.
O mundo tentara se arrepender de
todos os pecados enlouquecidamente. Pais
pediam perdão aos filhos e filhos pediam
perdão aos pais. Ladrões corriam para
entregar objetos roubados, assassinos
ajoelhavam e choravam compulsivamente,
namorados e maridos tentavam se reconciliar
com seus cônjuges. Adúlteros contavam suas
aventuras aos seus pares e traídos perdoavam
190
instantaneamente. Políticos tentavam a todo
custo, devolver o dinheiro por eles desviado.
Todos queriam esconder sua intrínseca
imoralidade. Satã de volta ao seu trono
observava tudo com sarcasmo.
— Criei um grande mostro —! Ainda não sei
por que Deus ama tanto estes seres
repugnantes? — Exclamava ele.
192
09h45min p.m., Cidade de Homs –
Syria.
Padre Júlio chega a sua paróquia e
segue com Radija, Hadji e Samira, sua mãe
para os fundos da sacristia. Ao retornar a
entrada da igreja para trancar as portas, se
depara com um Monge alto e magro, com a
cabeça completamente coberta com o capuz.
Parado de mãos cruzadas às costas, no
corredor central permaneceu esperando por
padre Júlio.
— Não posso atender-lhe agora Irmão! —
Tenho que fechar a Igreja! — Disse Padre
Júlio ao Monge.
Balançando apenas uma de suas mãos,
aquele estranho monge faz com que as portas
da igreja fechem-se com rispidez, emitindo um
enorme barulho. Padre Júlio quase desmaia de
susto.
193
— A igreja já esta fechada Padre! —
Responde o estranho monge. Inclinando-se o
corpo à frente, aproxima-se de padre Júlio.
Apenas uma sombra disforme é vista
por ele, não havia rosto. Padre Júlio teve um
acesso de pânico e começou a tremer e a
rezar.
— Não tenha medo padre! — Não queremos
você! — Queremos Maria Madalena a
prostituta! — Disse o monge.
— Se a queres! — Porque ainda não a
pegastes durante tantas centenas de anos! —
Disse Padre Júlio entre tremores e rezas.
— Tudo há seu tempo padre! — Busque-a
Padre! — Exclamou o monge com arrogância.
— Busque-a você! — Não sou seu escravo! —
Respondeu Padre Júlio. O monge se
aproximou ainda mais de Padre Júlio. Padre
194
Júlio viu seu reflexo naquela sombra
medonha, era seu rosto completamente
disforme vagando na escuridão. Aquela voz
ressoava em seu ouvido como o som de uma
sereia. Não conseguiu resistir ao hipnotismo
causado por aquela coisa, foi até a sacristia e
chamou por Radija. Ao chegar ao altar da
igreja, Radija se depara com aquele monge
fantasmagórico.
Padre Júlio se posiciona atrás de Radija
e dá-lhe uma gravata em seu pescoço
tentando estrangulá-la. Radija quase
sucumbindo é surpreendia pela aparição da
―Morte‖ em entidade espectral, que num golpe
lançou padre Júlio à uns dois metros de
distância.
— Como ousa me convocar sem a permissão
do mestre? — Indagou a ―Morte‖ ao estranho
monge.
195
— Ele já não pode mais interferir em minhas
vontades! — Respondeu ele.
— Não tenho outro mestre senão Satã! — Não
respondo a outros demônios inferiores! —
Respondeu a Morte.
— Breve! — Tudo mudará! — Exclamou o
monge.
— Quem disse-lhe isto? — Perguntou Satã.
Aparecendo do nada.
— Mestre! — Estou tomando por minha, tua
vontade! — Disse o demônio.
— Como ousa se antecipar a mim? —
Respondeu Satã.
— Estás fraco e inseguro! — Por isso tomo
para mim o reino das trevas! — Respondeu o
demônio.
196
— Estás se rebelando ao meu comando
demônio infame? — Perguntou Satã.
— Sim! — Também não te rebelastes contra o
impronunciável? — Indagou o Monge.
— Não tens poder contra mim! — Não tem o
poder de pensar! — Exclamou Satã.
— Somos a essência do mal, mestre! — Somos
apenas o que somos! — Respondeu demônio.
— Pois saiba que ainda sou o senhor das
trevas! — Ainda sou eu, quem domina todas
as entidades sombrias! — Exclamou Satã.
— Levante-se Radija! — Disse Satã. A morte
curvou-se perante Satã e desapareceu na
escuridão. Vendo que o demônio continuava
insistente, grita:
— O que fazes aqui em minha presença ainda,
demônio infame! — Desapareça! — Ordena
Satã. Numa explosão surda e mal cheirosa, o
197
monge das trevas desapareceu logo em
seguida.
— Você novamente? — Indagou Radija.
— Obrigado! — Disse ela.
— Não faço isto por você! — Faço por mim! —
Respondeu ele.
— Obrigado assim mesmo! — Disse Radija,
chegando perto de Satã e dando-lhe um suave
beijo no rosto, deixando-o desconcertado.
— Não conheces a minha aparência? — Não
lhes disseram que tenho patas de carneiro,
chifres de touro e rabo de dragão? —
Perguntou Satã.
— Não beijei o que vi! — Beijei o que senti! —
Beijei seu gesto de coragem! — Respondeu
Radija.
198
— Coragem por salvar-lhe a vida da maldade
de meus súditos? — Perguntou ele.
— Não! — Coragem por assumir sua preocu-
pação comigo! — Respondeu ela.
— O que queres tu de mim? — Perguntou
Satã.
— Diga você, Satã! — O que quero eu de
você? — Respondeu Radija.
— A resposta está no evangelho de São João!
— Mas confie apenas no homem que tiver
acompanhado do Leão! — Disse ele
mostrando certo distanciamento.
Satã se enfurece, com sua fraqueza
perto de Radija, mas não consegue
demonstrar isto a ela. Radija dá um pequeno
sorriso e tenta acudir padre Júlio. Ela o
carrega e o põe em um banco ao lado da
porta da sacristia.
199
— Padre! — Acorde! — Acorde! — Chama ela.
— O que aconteceu! — Perguntou padre Júlio.
— Se contasse você não iria acreditar! —
Respondeu Radija. Ao lado de fora, sombras
sobrevoam como abutres a torre da igreja. As
horas passam e a ansiedade vai tomando
conta.
— O que será daqui para frente! — Perguntou
Radija.
— Não sei Radija! — Respondeu Padre Júlio.
— Padre! — Meu pai sofreu muito? —
Perguntou Radija, com lágrimas descendo pelo
seu rosto.
— Não Radija! — Ele foi em paz como herói
que sempre fora, salvando você do mal! —
Respondeu Padre júlio.
200
Samira, sua mãe, não parava de chorar.
Hadji perguntava a todo o momento por que
aquilo estava acontecendo.
— Não se preocupe! — Tudo vai acabar bem!
— Dizia padre Julio.
— Espero que sim! — Quero voltar pra casa!
— Respondeu Hadji. Mesmo padre Julio
improvisando algumas almofadas com as
toalhas do altar, passaram a noite deitados
todos juntos nos bancos desconfortáveis da
Sacristia.
202
10h00min a.m. – Dia seguinte - Homs-
Damasco.
Bate fortemente as porta da Igreja. Era
Dr. James e Bento XVI acompanhados de
monsenhor Josué. Padre Júlio corre até a
porta preocupado com as notícias:
— Onde está Radija! — Pergunta Bento XVI.
Padre Júlio se ajoelha ao ver o papa
pessoalmente.
— Vossa Santidade! — Exclama ele.
— Não precisa de formalidades meu Irmão! —
Estamos todos no mesmo barco! —
Respondeu Papa Bento XVI.
— Radija está lá nos fundos com sua mãe! —
Respondeu padre Júlio.
— Muito Prazer! — Dr. James! — Exclamou
Padre Júlio.
203
— Entre! Fique a vontade! — Continuou padre
Júlio. Ao ver Radija Papa Bento XVI cai de
joelhos e começa a chorar.
— Porque choras Padre? — Pergunta Radija.
— Este é o papa Bento XVI, Radija! — O
Pontífice leão! — Disse Padre Júlio.
— Porque o papa se ajoelha aos meus pés? —
Não deveria ser ao contrário? — Perguntou
ela.
— Não minha filha! — Graças ao bom Deus
tenho o privilégio de estar ajoelhado aos pés
da escolhida de Cristo, o cordeiro de Deus! —
Respondeu Bento XVI.
— Quem é você? — Perguntou Radija.
Olhando em direção ao Dr. James.
— Muito Prazer! — Dr. James! — Respondeu
ele.
204
— É padre também? — Perguntou Radija.
— Não! — Sou apenas um Homem Comum! —
Respondeu Dr. James. Radija se lembrou do
que Satã lhe dissera e contou-lhes o ocorrido.
— Monsenhor Josué! — Onde está aquela
bíblia com as anotações que achaste? —
Perguntou Dr. James.
— Está aqui Dr. James! — Respondeu
Monsenhor Josué.
Dr. James começou a ler em voz alta e
analisar o que estava escrito:
— E no meio do trono, e ao redor do trono,
havia quatro bestas! — Ou ―criaturas
viventes‖! — Por quem significa não os anjos,
embora haja muitas coisas que se
harmonize com eles! — Eles são mencionados
como os ―quatro espíritos‖ dos céus, dos quais
205
procedem diante do Senhor de toda a terra! —
Exclamou Dr. James.
— Eles podem ser corretamente chamados de
criaturas viventes! — Visto que eles vivem
uma vida muito feliz nos céus, não acha Dr.
James? — Indagou Padre Júlio.
— A posição deles é diante do trono! — Na
presença de Deus! — E eles sendo assim
assíduos, diligentes, e atentos em fazer a
vontade de Deus, são Representados ―cheios
de olhos atrás, e na frente, e dentro‖! — A sua
aparência imponente faz com que sua força
possa simbolicamente ser comparada à de um
―leão‖ e a perseverança deles no serviço de
Deus, pelo "boi"! — Complementou Dr. James.
— A sabedoria deles, prudência, e conheci-
mento, pela ―face de um homem‖! — A
prontidão deles em obedecer à ordem divina
pela ―águia‖! — O número de asas deles
206
harmoniza-se com a dos serafins para a qual a
alusão parece ser! — E o trabalho deles, em
atribuir continuamente a glória a Deus, se
harmoniza com eles! — Exclamou Papa Bento
XVI.
— Para o qual pode ser acrescentado, que os
Judeus freqüentemente falam de quatro anjos,
ao redor de seu trono! — Exclamou Dr. James
Continuando a Leitura:
— O trono de Deus; cujos nomes são Miguel,
Gabriel, Uriel e Rafael; os três primeiros eles
colocam dessa forma, Miguel à sua mão
direita, Uriel à sua esquerda, e Gabriel diante
dele!Complementou BentoXVI.
— Às vezes, Miguel à sua direita, Gabriel à sua
esquerda, Uriel diante dele, e Rafael atrás
dele, e o santo e bendito Deus no meio! —
São expressamente chamados por eles as
207
quatro criaturas viventes, querendo dizer as
da visão de Ezequiel! — Continuou Dr. James.
— E eles fazem menção da inteligente criatura
vivente que estão ao redor do trono! —
Exclamou Padre Júlio.
— Apesar de tudo isso, os anjos não podem
ser referidos, pois essas quatro criaturas
viventes são mencionadas como
redimidos pelo sangue de Cristo! — E são
distinguidos dos anjos em Ap. 5:8! — Nem são
os quatro Evangelhos, com os quatro
evangelistas aqui o significado! — Pois
qualquer harmonia que possa ser fantasiada
entre esses é a semelhança com as criaturas
viventes! — Concluiu Bento XVI.
— Como Mateus que pode significar a criatura
que tem a face de homem, porque ele inicia o
evangelho com a genealogia de Cristo, como
homem! — E Marcos pelo leão! — Porque ele
208
inicia seu Evangelho com a voz de alguém
clamando no ermo! — E Lucas pelo boi,
porque ele inicia seu evangelho com o relato
de Zacarias, o sacerdote, oferecendo no
templo! — E João pela águia, porque ele inicia
o seu evangelho de uma forma bem
especial, com a própria divindade de Cristo! —
Concluiu Dr. James em voz alta.
— E com qualquer verdade que possa ser dita
desses que eles estão cheios de luz divina e
conhecimento, e rapidamente espalhado no
mundo, e continuamente dão glória a Deus! —
Ainda, não pode ser dito deles, com qualquer
propriedade, como é dito dessas quatro
criaturas viventes, que eles se ajoelham diante
de Deus, e o adoram, e são redimidos pelo
sangue do cordeiro! — Além disso, esses
quatro são representados como chamando
João no inícios dos quatro selos para vir e ver
209
o que estava para acontecer! — Exclamou
Monsenhor Josué.
— E um deles é dito como dando aos sete
anjos uma tigela com a ira de Deus para
despejar, Ap. 5:8! — Para o qual pode ser
acrescentado que esse sentido pode ser
sustentado de forma inconveniente, visto fazer
de João uma das quatro criaturas! —
Continuou Bento XVI.
— Nem são particularmente quatro apóstolos,
como Pedro, João, Paulo e Barnabé, como
outros pensam! — Nem a igreja apostólica
pura! — Pois a igreja é representada pelos
vinte e quatro anciãos e essas quatro criaturas
são diferenciadas dos cento e quarenta e
quatro mil no Monte Sião em Ap. 14:1! —
Completa Bento XVI.
— Padre Júlio em suas teorias, tem um
pensamento muito ingênuo sobre essas
210
palavras! — Ele acha que essas quatro
criaturas viventes se referem a quatro oficiais
na igreja Cristã, o ancião presidente, o pastor,
o diácono, e o instrutor! — O ancião
presidente pelo ―leão‖, que precisa de
coragem para ligar com homens em caso de
pecados! O pastor pelo ―boi‖, por sua
laboriosidade ao pisar o grão! — O diácono
pelo que tem a ―face de um homem‖! — Para
que ele possa demonstrar misericórdia e
piedade pelo pobre, como é o coração do
homem! — E o instrutor pela ―águia alada‖,
que é rápida para encontrar erros, e investigar
os mistérios! — Indagou Monsenhor Josué.
— Esta é uma teoria de minha tese de
faculdade! — Onde você a leu? — Perguntou
Padre Júlio.
— Tenho estudado todas as suas teorias a
mais de dez anos! — Respondeu Monsenhor
Josué.
211
— Eu não acho que seja ingênua! — Exclamou
Dr. James.
— Pode ser observado que não há tal oficial
como ancião presidente na igreja, distinto do
pastor; e que o pastor e o instrutor são um,
de forma que há apenas dois oficiais na igreja,
o pastor e o diácono — Filip 1:1! — Do qual
pode ser acrescentado que as quatro criaturas
viventes estão todas na mesma situação, e
são igualmente cheias de olhos, e têm o
mesmo número de olhos, e têm o mesmo
número de asas, e são empregados no mesmo
trabalho! — Complementou Dr. James.
— Tudo isso não pode ser dito também dos
oficiais na igreja? — Por essas quatro criaturas
viventes, eu entendo, são os ministros do
Evangelho no geral, nas eras sucessivas da
igreja, e a quem todas as características bem
se harmonizam! — Exclamou Padre Júlio.
212
— Embora não possa ser achado em todo
mundo, pelo menos uma coisa em todos eles,
ainda são um, e neles todos considerados! —
Eles são mencionados como sendo ―quatro‖,
sendo poucos em número do que os membros
das igrejas, que são significados pelos vinte e
quatro anciãos, e ainda um número suficiente!
— E em alusão aos quatro padrões do
acampamento de Israel no ermo, a qual
parece haver alguma referência ao inteiro
relato:
— Como o tabernáculo era colocado no meio,
assim o trono de Deus aqui! — Considerou
Monsenhor Josué.
— Assim como os sacerdotes e os Levitas
estavam ao redor dele, assim os vinte e quatro
anciãos aqui! — E havia sete lâmpadas com os
candelabros no tabernáculo, queimando
continuamente, de forma que há sete espíritos
aqui diante do trono! — E havia quatro
213
príncipes, que eram os sustentadores das
colunas, colocadas nos quatro cantos do
acampamento, assim aqui quatro criaturas, ou
ministros da palavra, que são sustentadores
das colunas da verdade! — Continua Bento
XVI.
— Estas passagens definem um lugar Público
e conhecido de todos os homens. Analisa Dr.
James.
— A coluna de Judá, com Issacar e Zebulão
com ele, estava no Leste do Tabernáculo! —
Efraim, Manassés e Benjamim, a oeste! —
Rúben, com Simeão e Gade, ao sul! — Dan,
com Asher e Naftali, ao norte, e os escritores
judaicos dizem que a coluna de Judá era a
figura de um leão! — Na figura de Efraim, de
um boi, a figura de Rubem o de um homem!
— E na figura de Dan a de uma águia, para a
qual os quatro seres viventes são comparados
aqui! — Continuou a Analisar Dr. James.
214
— E este número ―quatro‖ pode ser o bastante
mencionado, no que diz respeito às quatro
partes do mundo, e os cantos da terra, onde
os ministros do Evangelho são enviados a
pregar, e para onde sua comissão deve
atingir! — Havendo dos eleitos de Deus em
todas as partes a serem recolhidos pelo
ministério deles! — E eles podem muito bem
ser chamado de ―criaturas vivas‖, porque eles
estão vivos em si, sendo vivificados pelo
Espírito de Deus! — Ou de outra forma não
seriam aptas para o trabalho e porque o seu
trabalho exige vivacidade no exercício da
graça, e fervor no cumprimento do dever! —
Este lugar seria onde todas as nações e
representantes do mundo se reúnem! —
Exclamou Bento XVI.
— E porque eles são um meio na mão de
Deus de vivificar os pecadores mortos, e de
reviver santos caídos pela palavra da vida, que
215
eles discorrem! — A situação dos quatro seres
viventes concorda com eles, que estão a ser
dito, tanto no meio, e ao redor do trono! — E
assim estavam mais próximos a ele do que os
vinte e quatro anciãos, que estavam entre
eles! — E como os ministros do Evangelho são
definidos em primeiro lugar na igreja, tem
proximidade com Deus! — E muito de sua
presença, que é particularmente lhes
prometido, ficar entre Deus e o povo, e
receber um e comunicar outro, e levar à
adoração de Deus, como estes quatro fazem!
— Concluiu BentoXVI
— É o que deve ser dito em Ap. 4:9! — Cheio
de olhos! — De luz espiritual, e conhecimento
evangélico! — E têm necessidade de que
todos os olhos possam olhar para as Escrituras
da verdade, a buscar e descobrir o sentido e o
significado dos mesmos! — Vigiar o rebanho
que eles tomaram! — Por supervisão! — Ao
216
olhar para si mesmo, a sua doutrina e a sua
conduta, a espiar os inimigos e perigos, e dar
conhecimento dos mesmos para as igrejas, a
olhar para Deus sobre o trono, e ao Cordeiro,
no meio, para novos suprimentos de dons e
graça, e para ver a ele, que todas as suas
ministrações tendem para a glória de Deus! —
A honra de um Redentor, e para o bem das
almas! — Continuou Monsenhor Josué.
— E tinham os olhos! — Que olhos são estes?
— Perguntou Padre Júlio.
— Poderia ser a Organizacão das nações
unidas? — Continuou Padre Júlio.
— Sim! — Isto mesmo! — Muito bem
pensado! — Exclamou Dr. James.
— ―Na frente‖ deles, para olhar para a palavra
de Deus, e as coisas no fundo, o que
continuamente se encontra diante de si, e
para as coisas que ainda estão por vir
217
relacionadas com o Reino e a Igreja de Cristo!
— E ―atrás‖ deles, para observar como todos
os sacrifícios e os tipos, as previsões e
promessas, tiveram a sua realização em
Cristo!
— Eles têm os olhos diante de si para a
atenção sobre a igreja que está no meio, e
que é o rebanho que está diante deles, e os
olhos para trás, para protegê-los contra
Satanás e seus emissários, os falsos mestres,
que, por vezes, às escondidas e em segredo,
vem sobre eles, pois eles têm os olhos, na
frente deles, para olhar para Aquele que está
sentado no trono, a quem está à dependência
deles, e de quem são as suas expectativas, e
eles têm os olhos por trás deles, para olhar
para os vinte e quatro anciãos, os membros
das igrejas, quem eles ministram! Completou
Dr. James.
218
— Seria o Julgamento de Satã, visualizados
por todos os cantos da terra! — Ele deverá se
arrepender de todas as suas infâmias e
arrepender-se diante de Deus e dos homens
para se ressurgir das trevas e tornar-se
novamente anjo de Luz! — A reconciliação de
Deus e Lúcifer, o Anjo da luz! — Concluiu Dr.
James.
— Isto não vai agradar nadinha os outros
anjos caídos! — Exclamou Padre Júlio
— Os anjos decaídos com ele tentarão impedi-
lo! — Respondeu Bento XVI.
— Onde está Radija? — Perguntou Dr. James.
— Ela estava aqui agora mesmo! — Exclamou
Hadji.
— Vamos Procurem-na! — Ela não pode se
afastar! — Ordenou Bento XVI. Radija não
entendendo a discussão que se instalara a
219
respeito das sagradas escrituras se afastou em
busca de um copo com água. O dia estava frio
e o sol enchia de luz o céu límpido. Radija não
sentia medo ou ansiedade, de alguma forma
aceitava seu destino seja qual fosse. Tinha o
espírito calmo e tranqüilo, mas o que lhe trazia
às lágrimas a todo momento era a lembrança
de seu pai.
Muito havia em jogo para todo um
universo de poderes sobrenaturais. A
Irmandade Opus Dei também estava a sua
procura, os sacerdotes sabiam da sua
importância como sabiam também, as
irmandades satanistas, do perigo que ela
representava para as potestades malignas.
— Radija! — Onde está você? — Radija se vira
e ao tentar responder é surpreendida por um
sacerdote que tampa sua boca e a arrasta
para um furgão que estava parado ao lado de
fora da paróquia. Padre Júlio chega logo em
220
seguida, mas o furgão saiu em disparada,
cantando pneus. Ele corre até a rua e
consegue gravar o número da placa. Volta- se
e grita por Dr. James.
Dr. James lembra-se da Ajuda oferecida
pelo agente especial Patrick, do FBI:
— Monsenhor! — Ligue para o agente Patrick!
— Precisamos localizar Radija o mais rápido
possível! — Aconselha Dr. James.
— Estamos a caminho Senhor! — Agente
Patrick responde à ligação de Monsenhor
Josué. A entrada de Tropas americanas na
Syria seria muito complicada, o que fez com
que Agente Patrick pedisse ao agente de
campo da CIA para deixar em alerta todos os
agentes disponíveis. Uma caça à Radija fora
iniciada.
221
— Dr. James! — A placa pertence ao mosteiro
de Maloula ao norte daí! — Disse Agente
Patrick ao telefone.
— Vamos! — Temos que agir rápido! — Eles
foram para o mosteiro de Maloula! — Gritou
Dr. James.
— Isto me parece ação da Opus Dei! —
Exclamou Bento XVI.
— O que eles pretendem fazer com ela? —
Perguntou Padre Júlio.
— Eles querem protegê-la também! — Mas
protegê-la de Satã para que a profecia não se
cumpra e Satã permaneça na terra! —
Respondeu Bento XVI.
— Que profecias são essas? — Perguntou
padre Júlio.
— O fim do inferno e de Satã! — Respondeu
Bento XVI.
222
— O que é o inferno afinal? — Perguntou
Samira, mãe de Radija.
— A paróquia possui algum carro, Padre Júlio?
— Pergunta Bento XVI.
— Sim, Vossa santidade! — Temos um furgão!
— Respondeu Padre Júlio.
— Então, o que está esperando meu filho! —
Pegue logo este veículo! — Não temos tempo
a perder! — Exclamou Bento XVI
— Enquanto eu explico para Samira, o que é o
inferno! — Vamos atrás de Radija! —
Continuou Bento XVI.
— Entraram todos no furgão da paróquia de
padre Júlio e enquanto o carro deslizava em
alta velocidade pelas estradas desérticas da
Syria, Bento XVI explicava:
— A palavra ―inferno‖, Samira! — Vem do
latim ―inferii‖ e significa ―lugar inferior‖! — A
223
idéia de inferno como um lugar de fogo, para
onde vão almas incorpóreas condenadas, não
se encontra nas Escrituras, apesar de
aplicações que normalmente se fazem de
textos simbólicos e parábolas!
— Esta palavra foi colocada nas traduções em
português para substituir cinco outras
palavras, com significado completamente
diferente do conceito religioso popular do
inferno! — Isso ocorreu devido à crença que o
tradutor nutria previamente, e que o
influenciou a colocar a palavra ―inferno‖ nas
traduções que fez!
— Em Apocalipse. 20:13, onde se lia ―a morte
e o inferno‖! — Encontra-se agora, ―a morte e
o além‖! — Nesta passagem, a palavra grega
é Hades, que pode significar ―sepultura‖!
— Palavras traduzidas por ―inferno‖! — São,
GEENA (hebraico) que é uma forma
224
simplificada da expressão Ge, vale! — Bim,
filho e Hinom, nome da família proprietária de
uma área próxima a Jerusalém! — Ou seja! —
―Vale dos filhos de Hinom‖! — Essa palavra se
encontra nos evangelhos como em Mat. 5:22,
29 e nada tem a ver com um inferno de fogo
eterno!
— Era um vale onde se faziam sacrifícios
humanos e se queimavam os corpos de
pessoas aos ídolos! — O profeta Jeremias
profetizou que ali seriam lançados os corpos
dos desobedientes, e lá ficariam expostos,
como diz em Jer. 7:31-34!
— Nos dias de Jesus, o local continuava a ser
depósito de animais e lixo em putrefação, e os
moradores sempre ateavam fogo para
consumir os restos ali deixados!
— Esse lugar Jesus usou para simbolizar o fim
trágico que aguarda os desobedientes! —
225
Apenas corpos físicos eram consumidos no
GEENA, por isso que havia bichos nos corpos
podres, coisa que ―almas‖ não têm! — Nada a
ver com almas/espíritos queimando num fogo
eterno!
— HADES em grego! — Usada juntamente
com SHEOL em hebraico! — Significam
―sepultura‖, ―lugar dos mortos‖, ―morada dos
mortos‖! — Entre outros textos! — Hades
aparece em Apoc. 20:13! — Aqui o inferno! —
Na verdade a sepultura! — É o lugar onde
estão os mortos! — O inferno! — É igual à
sepultura! — Pois ele mesmo é lançado no
lago de fogo, onde é destruído como diz em
Apoc. 20:14! — Pois a sepultura é o símbolo
da morte que Jesus destruiu! — Sheol! — Seu
equivalente em hebraico! — Também significa
―sepultura‖! — Sendo equivocadamente
traduzida por ―inferno‖!
226
— Em Jó 17:16 declara-se que os mortos
ficam no pó! — E em Isa. 14:9-11 se declara
que o inferno (sheol) é um lugar onde os
bichos comem os cadáveres! — Também nada
a ver com lugar de fogo eterno! — Aliás, ainda
em Apoc. 20:10 se diz que o próprio Diabo
somente será lançado no lago de fogo, que se
forma quando Jesus volta no Juízo Final,
quando Deus derrama fogo do céu!
— No verso 14 diz-se que o próprio inferno,
sepultura, também é lançado nesse final lago
de fogo! — Posteriormente, explicarei sobre o
fogo ser ―eterno‖!
— TANATO! — Do grego, é uma palavra que
ocorre em vários lugares, mas é traduzida em
1Cor. 15:55, como ―inferno‖! — Na realidade,
a falha de tradução foi tão clara que nem os
que crêem no inferno tradicional mantiveram o
227
erro, e corrigiram! — Lá diz ―onde está a
morte ou ―tanato‖!
— ―Morte! — A tua vitória onde está? —
Inferno! o teu aguilhão?‖
— O verso 54, diz que a morte e o inferno
perdem a vitória e o aguilhão
respectivamente, porque Jesus nos dá a
imortalidade! — Também não tem nada a ver
com um lugar de fogo onde as pessoas ficam
queimando!
— A última palavra é TÁRTAROS ou ―lugar de
trevas‖! — Esta palavra ocorre na Bíblia
apenas uma vez em Pe 2:4! — O próprio
texto declara que os anjos foram expulsos da
presença de Deus! Ou seja! — De onde está a
verdadeira luz, para o exterior que são as
trevas!
— Privados da luz do céu onde moravam! —
Conforme o texto, esse ―inferno‖ também não
228
tem fogo! — Somente a escuridão da ausência
de Deus! — Além do mais, em harmonia com
Apoc. 20:9, 10,14 eles estão aguardando o
―Juízo Final‖, quando, somente então, serão
lançados no ―Lago de Fogo‖ produzido pelo
fogo que desce do Céu e que os destrói
juntamente com os que rejeitaram a salvação
de Cristo!
— Esta palavra! — A última! Também nada
tem a ver com o inferno tradicional! Concluiu
Bento XVI.
— E o fogo eterno? — Pergunta Samira.
— O ―fogo eterno‖ que Apoc. 20 diz que se
formará depois do milênio! — Mas não diz qual
milênio! — Diz que é com fogo e enxofre que
desce do céu! — O fogo eterno da Bíblia! —
Mas a palavra grega para ―eterno‖, ou
equivalente, é aion! — Que significa uma
duração relativa ao que se refere! — Pode
229
estar falando que é eterno ―sem fim‖, ou que
é eterno ―enquanto dura‖! — Ou seja,
precisamos examinar o contexto para saber se
é eterno sem fim, ou eterno até que acabe! —
Respondeu Dr. James.
— Em Apoc. 20:10 diz-se que serão
atormentados pelos séculos dos séculos! —
Aion ton aion! — Em grego, quer dizer ―para
sempre‖! — ―Eternamente‖! — Conforme
algumas traduções! — Mas esse ―pelos séculos
dos séculos‖ é previamente explicado no verso
anterior, que diz que o fogo que desceu do
céu os ―CONSUMIU‖ ! — Do grego
KATAPHAGEN! — Porém esta é a mesma
palavra que Jesus utiliza na parábola do
semeador para dizer que as aves COMERAM
as sementes que estavam à beira do caminho,
como está escrito aqui em Mat. 13:4!
Monsenhor Josué mostra a passagem da bíblia
para Samira.
230
— Logo! — Serão atormentados ―eterna-
mente‖ até que toda a substância seja
consumida, tendo como resultado, a
destruição! — Que será ―eterna‖! —
Complementou Monsenhor Josué.
— Outro exemplo que nos ajuda a entender
este ―fogo eterno‖ é o texto de Judas 6,7! —
Onde diz de forma clara que os anjos estão
em trevas esperando o Juízo! — O mesmo que
diz Pedro, em ―algemas ETERNAS‖, aion! —
Interrompeu Bento XVI.
— Hora! — As algemas eternas serão tiradas
quando chegar o Juízo e a condenação final, a
sentença for decretada! — Assim! — A algema
é ―eterna‖ somente até que se cumpra o seu
objetivo! — Acrescentou Monsenhor Josué.
— O verso sete diz que o ―exemplo do fogo
eterno‖ é o da punição que caiu sobre Sodoma
231
e Gomorra e as cidades vizinhas! — Continuou
Bento XVI.
— Qual foi a punição de Sodoma e Gomorra?
— Perguntou Hadji.
— Estão queimando até hoje? — Continuou
Hadji.
— Claro que não! — Respondeu Bento XVI.
— O apóstolo Pedro declara que Sodoma e
Gomorra se tornaram em ―cinzas‖ em Pe 2:)!
— Para mostrar o exemplo do que acontecerá
aos que vivem impiamente! — Deus é amor!
— Como podemos crer que ele deixaria
alguém ficar por milênios, pela eternidade
afora, sendo queimado em dores
inimagináveis por pecados de uma vida
passageira? — Continuou Bento XVI.
— Deus nunca falou isso! — Mas disse que o
homem que pecasse, morreria! — A
232
conseqüência de comer da árvore da Ciência
do Bem e do Mal era a morte! — Quem lançou
o ensino da imortalidade não foi Deus, mas
sim o diabo como diz em Gên. 3:4! —
Completou Dr. James.
— No relato da parábola do rico e Lázaro em
Lucas cap.16:19-31! — Observa-se a diferença
entre o céu e o inferno! — Nela, o justo não
vai para o céu, mas para o simbólico ―seio de
Abraão‖! — Não se trata de ―almas‖! — No
conceito moderno espírita, no fogo! — Mas de
corpo físico com dedo, língua e que sente
calor e pede água para matar a sede! — Disse
Bento XVI.
— O rico teve muitas oportunidades para
socorrer a Lázaro, mas não o fez! —
Evidentemente não tratou mal ao
desventurado que, sem dúvida o supunha o
rico! — Estava sofrendo um castigo de Deus!
233
— Sua atitude foi similar a que expressou
Caim quando respondeu:
— ―Sou eu guardador do meu irmão? — diz‖
em Gên. 4:9! — Não maltratou a Lázaro, mas
não foi misericordioso com ele! — Adotou uma
posição negativa frente a suas
responsabilidades nesta vida, em vez de
assumir uma atitude positiva! — Não conhecia
o verdadeiro significado do segundo grande
mandamento da lei, que ordena amar ao
próximo! — Este rico, como a nação judia, não
estava fazendo nenhum bem positivo, e por
isso era culpado de um grave mal! —
Apropriava-se de todas as vantagens que o
céu lhe tinha concedido, desfrutando delas
apenas para seu próprio prazer e
complacência! — Essa era a lição que Jesus
queria ensinar com a parábola, conforme o
próprio contexto da passagem nos esclarece!
— Não tinha nada que ver com o destino dos
234
mortos, mas sim com a falta de compaixão
que a nação judaica nutria pelos então
considerados ―ímpios‖! — Aí surgiu a doutrina
do Inferno! — Completou Monsenhor Josué.
— É clara a intenção dos teólogos de
concretizar na mente das pessoas a idéia de
um inferno literal! Como destino para aqueles
que morressem desligados da salvação! —
Segundo Paul Johnson, em seu livro História
do Cristianismo, ―os escritores pastorais eram
muito mais específicos a respeito do Inferno
que do Céu!
— Escreviam como se tivessem estado lá! —
Os três grandes doutrinadores medievais! —
Agostinho, Pedro Lombardo e Aquino,
insistiam em que as penas infernais eram
tanto físicas quanto mentais e espirituais! — E
fogo de verdade tomava parte dos tormentos‖!
— Concluiu Monsenhor Josué.
235
— A mitologia grega foi a grande influência
sobre o cristianismo, com relação ao tema do
inferno! — Os gregos faziam uso constante da
figura do Hades! — O local onde eles
acreditavam que a alma dos mortos
permanecia ardendo em fogo eterno! — O que
foi posteriormente introduzido e desenvolvido
na teologia católica e cristã como um todo!—
Disse Dr. James.
— A História Cristã demonstra que a doutrina
do inferno desenvolveu-se paulatinamente,
desde o início do catolicismo romano! — E foi
cada vez ganhando mais força e adeptos ao
longo da Idade Média, chegando até os dias
atuais! Interrompeu Bento XVI.
— Finalmente, o apóstolo Paulo ensina que
mesmo os que morreram em Cristo não estão
ainda habitando o céu, a não ser quando
ocorrer a ressurreição! — Eles não vão nem
236
para o céu, nem para um lugar de tormento
ao morrerem! — Isso somente ocorrerá com a
final destruição dos ímpios na volta de Jesus!
— Também não vão como almas sem corpo!
— A Bíblia ensina que se não houver
ressurreição ―naquele dia‖, todos os que
morreram em Cristo, mesmo eles, estarão
perdidos! — Concluiu Dr. James.
— É interessante notar como a doutrina da
ressurreição dos mortos é pouco falada nos
púlpitos que ensinam a vida após a morte! —
Seria uma grande contradição tentar conciliar
estes dois ensinos! — Ressurreição x
recompensa logo após a morte! Imagine o
caso de Lázaro! — Ser ressuscitado! — Ou
retirado da ―Glória‖ como ensinam alguns
cristãos de hoje! — E devolvido para a miséria
deste nosso mundo doente! Interpelou
Monsenhor Josué.
237
— Em Ezeq. 18:23 Deus declara que não tem
prazer na morte do ímpio! — Não se compraz
em seu tormento eterno! — Perder a salvação,
sofrer ―conforme as suas obras‖ e receber a
morte e o esquecimento eterno é a maior
punição que Deus pode dar a alguém! — É um
verdadeiro sadismo se deleitar na dor
prolongada de alguém! — Deus não faz isso,
nem mesmo no ato da morte, quanto mais na
contemplação eterna de alguém em infinitas
agonias! — Concluiu Bento XVI.
— Graças a Deus! — Que sua Palavra nos
informa:
— ―Não tenho prazer na morte de ninguém‖!
— Mesmo que seja ímpio! — A extinção é a
pena máxima! — Concluiu Monsenhor Josué.
239
10: 00 a.m., Dia seguinte, Altar de
Satã, nas profundezas de Pérgamo, atual
Bergama, Turquia. Salão imperial de Satã,
reino dos infernos.
―E ao anjo da igreja que está em Pérgamo
escreve:
— Isto diz aquele que tem a espada aguda de
dois fios:
— Conheço as tuas obras, e onde habitas, que
é onde está o trono de Satanás; e reténs o
meu nome, e não negaste a minha fé, ainda
nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o
qual foi morto entre vós, onde Satanás
habita."
E o inferno fora criado com a queda
de Lúcifer do Céu. Lúcifer teria caído
em Jerusalém, a Terra Santa. Portanto, ali
estaria o Portal de entrada do Inferno que
desce em espiral aos confins da terra. O
240
inferno torna-se mais profundo a cada espiral,
cujos pecados são mais graves. Assim os
pecadores com pecados menos graves estão
logo no ínicio e com os mais graves no final. O
Portal do Inferno não tem portas ou cadeados,
somente um arco com um aviso que adverte:
— Uma vez dentro, deve-se abandonar toda a
esperança de rever o céu, pois daquelas
profundezas não se pode voltar. A alma só
tem livre-arbítrio enquanto permanece em um
corpo vivo, portanto é em vida que se decide
pelo céu ou pelo inferno. Depois da morte, a
alma perde a capacidade de raciocinar e tomar
decisões.
— "O céu e o inferno são estados onde uma
escolha é permanentemente recompensada de
forma positiva ou negativa. Existe um estado
onde a negação da escolha é recompensada
de forma negativa. Aquele que recusar a
escolha é escolher a indecisão.
241
— "O vestíbulo é a morada dos indecisos e dos
covardes que passaram a vida "em cima do
muro".
Eles nunca assumiram compromissos
ou tomaram decisões firmes, por se
entregarem a mesquinhez ou oportunismos,
sempre em benefício do próprio egoísmo. Os
covardes são condenados a correr em filas
atrás de uma bandeira que corre rapidamente.
Eternamente estes, serão perseguidos e
picados por vespas e moscões em uma
representação danteana.
Entre o vestíbulo e o primeiro círculo
está o rio Aqueronte, o primeiro dos rios do
inferno, onde Caronte, silenciosamente
trabalha com sua balsa transportando os
mortos para a danação eterna. Ali se encontra
o grande salão dos condenados, onde todos os
anjos caídos e demônios estão reunidos em
um grande evento antes do ―Juizo Final‖.
242
A anarquia se instala no reino de
Hades. As potestades malignas se tornam
mais fortes a cada minuto que se passa. Satã
não toma mais partido das decisões de seu
reino. Perdera a identidade superior da
maldade. Vencido pela pureza de Radija
espera passivo o desfecho dos
acontecimentos.
Sentado em seu trono de vibrações, nos
arautos do monte Hermom observa de longe
seu reino de escuridão, com seus subalternos
demônios amotinados, em reunião
deliberativa.
A hierarquia do mal é dividida em
Reinos, Principados e Domínios, seguindo o
exemplo da cabala dos anjos. Há demônios
patronos e governantes de países e regiões,
do mesmo modo que há santos, anjos,
patronos e padroeiros no reino celestial.
243
Há nomes e atribuições baseados nas
tradições cristãs e mulçumanas, variando de
acordo com seitas e outros grupos de antigos
de seguidores. Lúcifer ou Satã é o rei do
inferno, ex-arcanjo de Deus e líder da rebelião
dos anjos contra o domínio único de Deus.
A Besta do Apocalipse e Belial irão se
unir no fim dos tempos, formando assim um
único ser.
No reino do inferno reunidos no grande
salão, sentados ao redor de uma enorme
mesa feita de ouro maciço, cravejada de jaspe
e diamantes, cercada de moiras, vestas e
fadas, regados a vinhos e carnes de caça, o
momentum profético se inicia:
— Silêncio! — Grita Asmodeu. Demônio
hebreu cujo domínio é a ira e a luxúria.
— Calem-se todos! — O ministro quer falar! —
Grita ―A Besta‖, Demônio que terá seu reino
244
no apocalipse, assim como Belial. Todos se
calam por alguns segundos, mas logo em
seguida um zumbido ensurdecedor novamente
toma conta do inferno.
Belzebu, príncipe dos demônios e
senhor das Moscas, um dos governantes do
inferno, cujo domínio é o orgulho, encarnação
do mal absoluto e um antigo deus do
Mediterrâneo oriental estava ao topo da mesa,
seguido de Leviatã, príncipe dos demônios,
cujo domínio é a heresia.
A sua direita, logo após, Belial, demônio
da loucura e arrogância, um dos demônios do
apocalipse, está sentado Astaroth, ex-
querubim celeste, cuja função é a do controle
do inferno. Logo após Ataroth, senta-se
Baalberith, demônio do assassinato e da
blasfêmia, ex-líder dos querubins celeste e
braço direito de Lúcifer.
245
Em seguida senta-se Nergal, poderoso
demônio sumeriano que na tradição cristã
assumiu o comando de policiamento do
inferno. Nos lugares restantes, Pazuzu, Iblis e
mais quatro Djins, completam o conselho dos
doze demônios.
Ao redor do altar, Abramelech,
Demônio guardião e servo de Lúcifer, Pazuzu,
rei dos Espíritos malignos, possuidor de
mentes humanas, Arimã, príncipe de uma
legião de demônios e dos ―Demônios
terrenos‖, criação de Satã, também chamados
de Iniquos ou Gênios contrários organizam
seus bandos ou legiões.
Asmodeu começa a deliberar sobre o
lugar de Satã e o destino dos Humanos. Em
unanimidade os Djins gritavam:
246
-Vamos destruir os homens e possuir suas
mulheres! Vamos gerar gigantes e novas
gerações de demônios para as nossas guerras!
-Não se pode destruir a obra do criador!
Tentaríamos o orgulho do impronunciável!
Respondeu Belzebu.
-Então vamos possuí-los e fazer com que
destruam uns aos outros! Grita Pazuzu rei dos
espíritos malignos.
- Isto eles já fazem pela própria natureza do
seu livre arbítrio! Respondeu Leviatã dando
uma enorme gargalhada.
-Devemos fazer com que o impronunciável
deixe de amá-los! Exclamou Asmodeu.
-Como Faremos isto? Pergunta Pazuzu.
-Mate Radija! E traga o mestre de volta! Disse
Astaroth.
247
— Calem-se! — Grita Samyaza, o senhor dos
sortilégios, líder do pacto do Monte Hermon,
chegando com seu exército de 200 sentinelas.
— Onde está o mestre! — Grita ele.
— Não está aqui! — Respondeu Asmodeu.
— Como ousas conspirar contra o mestre? —
Retruca Samyasa.
— Akibel? — Grita Samyasa. Akibel é um dos
sentinelas de Samyasa. Ensinara o homem a
simbologia dos Sinais, era sempre ordenado a
avisar de alguma forma o homem sobre as
adversidades futuras.
— Sim Mestre! — Responde Akibel.
— Vá até Satã e peça permissão para levar os
sinais aos combatidos! — Exclama Samyasa
baixinho em teus enormes ouvidos.
248
— Não permitirei que conspirem contra o
mestre! — Disse Samyasa a Asmodeu.
— Azazyzel! — Grita Samyasa novamente.
Azazyzel era o anjo que ensinou aos homens
como fazer espadas, facas e armaduras. Após
desafiar os Anjos Miguel e Gabriel, Azazyel foi
amarrado e subjugado pelo Anjo Rafael com a
permissão de Javé.
— Sim mestre! — Respondeu Azazyzel.
— Arme a todos os sentinelas imediatamente!
— A batalha se aproxima! — Exclama
Samyasa.
— Barkayal! — Grita novamente Samyasa.
Barkayal ensinou astrologia aos homens.
— Sim mestre! — Responde Barkayal.
— Quanto tempo temos até que aja o
alinhamento dos astros para que se cumpra a
profecia? — Pergunta Samyasa.
249
— Temos apenas seis horas mestre! —
Respondeu Barkayal.
— Armers! — Grita Samyasa. Armers, ensinou
aos homens os segredos das porções mágicas.
— Sim mestre! Respondeu ele.
— Procure o líder dos homes e a ele dê a
oportunidade de se defender! — Respondeu
Samyasa.
— Asaradel! — Grita Samyasa Novamente.
Asaradel, ensinou ao homem o movimento da
lua.
— Sim, Mestre! — Responde Asaradel.
— Permaneça junto a Radija e mantenha-a
sob vigilância! — Exclamou Samyasa.
— Porque mestre? — Perguntou ele.
— Não questione! — Apenas cumpra a
profecia! — Responde Samyasa.
250
— Amarak! — Grita Samyasa. Amarak ensinou
aos homens como fazer feitiços com raízes.
— Sim mestre! — Responde Amarak.
— Vá até Bento XVI e leve a porção dos
desejos dos anjos! — Responde Samyasa.
Samyasa cerca todo o inferno com seus
sentinelas e exige fidelidade aos comandados
de Satã com a ameaça de guerra. Seus
generais eram:
— Ananel, Arazyal, Armen, Arstikapha,
Artqoph, Asael, Azazel, Azkeel, Barakel,
Baraqel, Basasael, Bataryal, Batraal, Danel,
Danieal, Danyal, Ertael, Hermoni, kael,
kakabael, kokabel, Matarel, Ramel, Ramtel,
Ramuel, Rumel, Rumyel, Sahriel, Samsaveel,
Samsiel, Saraknyal, Semihazah, Simapiseel,
Stawel, Tamiel, Tarel, Tumael, Tummiel, Turel,
Turiel, Turyal, Urakabarameel, Yetarel,
Yhaddiel,Yomiel, Yomyael,Zavebe, Zeqiel.
251
Cada um deles levavam um exército de
200 sentinelas. e 148 demônios.
Belzebu se levanta da grande mesa
indignado pela ameaça e invoca Yekun, e seus
comandados. Yekun, o Rebelde, foi o primeiro
anjo a seduzir e desencaminhar os anjos no
reino celestial. De enorme inteligência,
também ensinou aos homens a linguagem
dos sinais e a ler e a escrever com tinta.
— Quem invoca meus préstimos tão antigos?
— Responde Yekun aos chamados de Belzebu,
aparecendo das profundezas do inferno.
— Eu! — Belzebu! — Senhor do mundo
inferior! — Responde ele.
— Onde está Satã? — Perguntou Yekun.
— Não está mais conosco! — As profecias do
impronunciável já estão se realizando! —
Respondeu Belzebu.
252
— E já tomastes dianteira antes de me
consultar? — Indagou Yekun.
— Sou o mais antigo dos anjos caídos e
general de Satã contra os exércitos do
impronunciável! — Não preciso perguntar a
ninguém o que fazer! — Respondeu Belzebu.
— Então por que me invocas? — Perguntou
Yekun.
— Agora! — Invoco pelos teus conhecimentos
das ordens celestiais! — Porém preciso de
seus conselhos estratégicos! — Respondeu
Belzebu.
— O impronunciável não pode saber de seus
planos de invadir os céus! — Exclamou Yekun.
— És o mais antigo dos anjos caídos! — Mas
será o mais poderoso? — Indagou Yekun.
— É o que veremos! — Respondeu Belzebu.
253
— Saiba que Satã o sorrateiro, foi
contaminado pela sua própria maldade! —
Queres tomar do mesmo remédio? — Indagou
novamente Yekun a Belzebu.
— Não preciso de suas charadas! — Quero
teus conselhos estratégicos e seus sentinelas!
— Respondeu Belzebu.
— Eles serão seus se assim meus generais o
desejarem! — Exclamou Yekun.
Os generais de Yekun eram lideres de
falanges com mais de 100 sentinelas cada um.
Seus nomes eram Kesabel, O segundo anjo na
hierarquia dos caídos e o primeiro a incentivar
os anjos a terem relações sexuais com os
seres humanos. Gadrel, o terceiro anjo,
ensinou os anjos sobre os poderes da ― Morte‖
e como usar uma espada para ferir outros
anjos. Penemue, o quarto Anjo, ensinou aos
254
homens como mentir e Kasyade, o Quinto
Anjo, ensinou aos homens sobre os espíritos.
— Quem de vós deseja seguir à Beuzebu,
tome seus lugares a sua esquerda! — E quem
desejas seguir a Samyasa, tome seu lugar a
sua direita! — Gritou Yekun.
Gadrel e Kasyade se juntaram a
Samyasa, Kesabel e Penemue se juntaram a
Belzebu.
— E tu Yekun, O grande rebelde! — Não
tomarás lugar algum? — Indagou Belzebu.
— Não! — Permanecerei em minha pena dada
pelo impronunciável! — Afinal de contas tudo
se resolverá logo! — E para mim basta de
escuridão! — Não há mais lugar para as
trevas! — Leve meus sentinelas! — Eles lhe
servirão como desejares! — Respondeu Yekun.
— Samyasa? — Chamou Yekun.
255
— Sim! — Respondeu Samyasa.
— Tenha uma grande batalha! — Exclamou
Yekun, desaparecendo na incandescência dos
lagos de fogo.
O inferno estava dividido entre os anjos
caídos que apoiavam a autoridade de Satã e
aqueles que a queriam tomá-la para si.
Samyasa fiel aos desígnios de Satã, mantinha
sua postura de guerra contra os exércitos de
Belzebu.
Asmodeu invoca suas sentinelas e
preparam-nos para a grande batalha. Em
seguida saem em sequência, Leviatã, logo
após, Belial, besta e Asmodeu e assim por
diante. O inferno estava repleto de potestades
em pé de guerra. Satã do alto do monte
Hermom observa tudo sem se manifestar.
Como um líder deposto permanece em sua
256
dúvida, enfraquecendo-se gradativamente.
Yekun surge penitente em sua presença:
— Mestre! — Chama Yekun.
— Sim Yekun! — Responde Satã.
— Como conselheiro de vossa potestade! —
Aconselho-lhe a conduzir as legiões ao
consenso ou todo o reino poderá ser
completamente destruído! — Exclamou Yekun.
— Escolha seu lugar Yekun! — E permaneça
até que o impronunciável lhe chame! — Eu sei
de seu desejo de voltar ao paraíso! — Se as
profecias se cumprirem também terás uma
chance de voltar! — Respondeu Satã.
— Obrigado mestre! — Exclamou Yekun,
Desaparecendo assim como apareceu.
— Morte! — Chama Satã.
— Sim Mestre! — Responde a ―Morte‖.
257
— Dentre todas as entidades! — Tu és a única
que serve a dois mestres! — Porém é fiel a
ambos! — Saiba que tu também serás a única
a não lutares e como tal servirá para recolher
o sopro de vida de anjos, homens e demônios!
— Exclamou Satã.
— Mas dizem as profecias, traduzidas nas
escrituras sagradas que também serei eu,
lançada ao fogo eterno, mestre! — Respondeu
a ― Morte‖.
— Não conte com isso! — Deus nunca vai abrir
mão de sua criação mais amada! — Ainda
mais agora que um deles nasceu perfeito! —
Se bem o conheço dará uma nova chance à
sua criação! — Exclamou Satã.
— Como diria os humanos! — Seu emprego
está garantido! — Continuou Satã, sorrindo.
259
12:00 - Dia seguinte - Mosteiro de
Maloula, Syria
O carro de Dr. James vai se
aproximando, seguido de outros dois carros de
agentes da CIA e do FBI que os apoiavam. Em
seu carro estavam Bento XVI, Padre Júlio e
Monsenhor Josué. Ao chegarem a avenida
Sharia, uma enorme e íngreme subida que
precede ao mosteiro de Maloula, se deparam
com seres enormes e estranhos que
silenciosamente, como estátuas, permanecem
em pé em cada esquina.
Apenas seus olhos como lanternas
vermelhas, eram vistos. Suas silhuetas
pereciam ter asas, mas a névoa ao seu redor
impedia a sua visualização fisiológica,
pareciam estar em dimensões paralelas ao
mesmo tempo. As ruas estavam
misteriosamente desertas e apenas o silêncio
imperava naquele vilarejo. Acima da torre
260
espíritos e potestades sobrevoavam como
abutres, todo o Mosteiro.
— O que são estes seres gigantes? —
Perguntou Hadji.
— São anjos! — Respondeu Bento XVI.
— Imaginava-os menores! — Respondeu
Hadji.
— Ossadas de homens gigantes foram
encontrados em vários lugares do mundo,
chegando a medirem cerca de 5 a 10 metros
de altura em algumas escavações! —
Respondeu Dr. James.
— Mas! — Seriam homens ou Anjos? —
Perguntou Hadji.
— Poderiam também ser demônios! — Em
uma destas escavações foram achados
enormes crânios com protuberâncias ósseas
que imaginaram serem chifres!
261
— Eles então podem morrer? — Perguntou
Hadji novamente.
— Sim! — Claro! — Mas apenas anjos,
demônios e potestades inferiores! —
Respondeu Dr. James.
— Arcanjos então não morrem? — Perguntou
Padre Júlio.
— Não! — São imortais como Deus! —
Interrompeu Bento XVI.
— Então foi por isso que Lúcifer se rebelou! —
Tinha certeza que não ia ser destruído! —
Exclamou Hadji.
— Talvez! — Muitos anjos se rebelaram com
ele e não foram destruídos! — Apenas
expulsos! — Respondeu Dr. James.
— Porque Radija é a escolhida? — Perguntou
Samira, mãe de Radija.
262
— Uma alma perfeita! — Quando deus criou o
homem fez a sua imagem e semelhança.
Criando adão e Eva , criara seres perfeitos,
desta vez não cometera o mesmo erro que
cometeu, criando Lúcifer e outros anjos.
Lúcifer porém sorrateiramente entrou em seu
jardim do Édem e corrompeu sua criação
separando-os em sexos diferentes, criando o
pecado da carne!
— Os órgão genitais foram criação de Satã! —
Por isso adão e Eva se cobriram com folhas! —
Eles viram que estavam diferentes um do
outro e isso os condenava à frente do Criador!
a O pecado está intrínseco na função dos
órgãos genitais! — Isso explica por que todo
mal do mundo de uma certa forma tem a ver
com a sexualidade do homem! — Concluiu Dr.
James.
— Radija então não tem sexo? — Perguntou
Hadji, Dando risadas inocentes.
263
— Não é isso! — Respondeu Dr. James.
— Radija não fora tocada pela maldade de sua
sexualidade! — Radija é um fenômeno
esperado pela profecia de São Marcus. Um dia
nasceria um ser perfeito como Deus esperara
de todas as suas criações. Radija é a perfeição
da criação de Deus! — Talvez uma evolução
da criação a partir de adão e Eva! — Um
refinamento que chegara a perfeição da obra
por ela mesma! — Sem a interferência do
Criador! — Respondeu Dr. James.
— Satã fora contaminado com seu próprio
veneno! — Ao tocá-la! — Ele se apaixonou por
Radija! — Ao tocá-la fora como se ele comesse
a maçã! — Fora contaminado com sua própria
magia! — Está perdidamente apaixonado por
uma humana! — Este será o seu maior
castigo! — Completou Dr. James.
264
Ao chegar ao mosteiro, todos descem
do carro inclusive os agentes da Cia e do FBI.
Dois grandes anjos guardavam os portões ao
pé das escadarias. Todos subiram exceto os
agentes, estes foram impedidos pelos seres
alados.
Um dos agentes se assusta e retira uma
de suas armas, apontando-a para aquela
coisa.
— Não faça isso! — Grita Dr. James. Mas é em
vão. Ele dispara um tiro em direção a um dos
anjos. Uma incrível e enorme asa se abre
automaticamente e de dentro o gigante
levanta sua mão com uma enorme espada
flamejante que desce sobre sua cabeça
incinerando-o instantaneamente. A asa se
fecha e o ser permanece imóvel novamente.
265
Todos sobem as escadas e encontram outros
dois anjos que guardam a entrada do
mosteiro.
— Para que tanto anjo? — Perguntou Hadji.
— É o final dos tempos! — Respondeu
Monsenhor Josué.
Ao entrar, a igreja estava lotada como
se fosse missa de domingo. Ao fundo Monges
tibetanos, Satanistas, irmandades Rosa
Cruzes, membros da fraternidade Opus Dei,
Fraternidades secretas, misteriosas e
sacerdotes israelitas discutiam em vozes que
eram impossíveis de serem entendidas. Todos
aqueles que seguiram os sinais dos anjos e
potestades se encontravam em um mesmo
lugar. Discutiam o futuro de Radija que ao
fundo mantinha-se sentada no altar da Igreja
em perfeita harmonia com seus xacras. Ao
266
entrarem, todos se calaram. Uma voz ao fundo
ressoa como um trovão:
— O vigésimo ancião e o filho do homem
adentram os umbrais do templo!
— Devem estar falando de vocês dois! — Diz
monsenhor Josué ao Papa e a Dr. James.
Um homem gigantesco desce do altar e
vem ao encontro , ordenando que os outros
assentem-se nos lugares que ainda restavam.
— Radija! — Você está bem? — Perguntou Dr.
James.
— Sim! — Estou! — Não me fizeram mal
algum! — Estão conversando sem cessar,
desde que me trouxeram para cá! — Disse ela.
— Quem são estas pessoas? — E como
chegaram até aqui? — Perguntou Padre Júlio.
267
— Vieram como os três reis magos, seguindo
os sinais dos tempos! — Respondeu
Monsenhor Josué.
— Há uma grande questão a se resolver que
envolve todos os interesses dos céus e
também da terra! — Exclamou Bento XVI.
— Será decidido o destino de Satã! — Com
isso será também decidido o destino da
humanidade! — Completou Dr. James.
— Radija! — Quem é este monge que está ao
seu lado? — Perguntou Dr. James.
— Não sei! — Mas sei que fede muito e me
segue a todo tempo me falando coisas da lua
como um papagaio! — Respondeu Radija.
Dr. James reparou seus pés e observou
que estava descalço e suas unhas eram
enormes e pontiagudas como a de uma ave de
268
rapina e estavam sujas. Seu cheiro era como
de ovo podre.
— Bento XVI! — Chamou Dr. James ao pé do
ouvido.
— Isto aqui é uma encenação! — Estamos
sendo ludibriados por demônios!
— Eles estão tentando ganhar tempo! —
Temos que tirar Radija daqui imediatamente!
— Continuou Dr. James.
— Como Faremos isto com tanto demônio nos
vigiando? — Indagou Bento XVI.
— Demônios não suportam ouvir o nome de
Cristo! — E estes são demônios antigos! —
Reze a missa! — Disse Dr. James.
— Padre Júlio! — Chamou Bento XVI.
— Você ainda reza a missa em aramaico? —
Perguntou.
269
— Sim! — Vossa Santidade! — Respondeu
Padre Júlio.
— Então faça os preparativos! — Vamos rezar
uma missa! — Exclamou Bento XVI.
— MonsenhorJosué! — Chamou Bento XVI.
— Sim Vossa Santidade! — Respondeu ele.
— Prepare a água benta e o incensário! —
Vamos fazer um grande exorcismo! —
Exclamou Bento XVI novamente.
Dr. James Pega seu celular e liga imediata-
mente para Agente Patrick.
— Agente Patrick! — Chama Dr. James ao
telefone.
— Preciso de um helicóptero urgente no pátio
ao fundo da catedral! — Você pode conseguir?
— Continuou Dr. James.
270
— Vou ver o que posso fazer! — Respondeu
Patrick
Os preparativos já estavam quase
prontos quando um desconforto geral
começou a se pronunciar. O cheiro do incenso
e as orações de Padre Júlio ao benzer a água
começara a fazer efeito. O nome de Deus e de
Jesus Cristo pronunciado em aramaico
incomodou a todos os espíritos das treva e
demônios disfarçados que estavam no local.
Papa Bento XVI aparece no altar com sua
vestimenta tradicional e começa a rezar a
missa. Ao pronunciar em latim:
— In nome de Patri et filli et espiriti Santi ! —
Amem! — Um alvoroço se formou e a luz foi
criada da escuridão. Sacerdotes viraram
demônios e monges em entidades malignas.
Os disfarces caíram diante do nome de Deus.
Espíritos tentavam tomar o corpo de
Monsenhor Josué e de padre Júlio.
271
— Resista ao demônio! — E ele fugirá de ti! —
Gritava Bento XVI em meio às suas orações.
— Não pare de rezar meus Irmãos! —
Resistam! — A catedral se transformou em um
inferno em chamas. Demônios se
transformavam em animais e parentes mortos
de Padre Júlio e Monsenhor Josué tentando
assustá-los e confundi-los.
— Não se amedrontem! — É tudo ilusão e
desassossego de espírito! — Apartai-vos de
mim em nome de Jesus Cristo filho do Deus o
único e eterno! — Apartai- vos de mim, que
não vos conheço! — Espírito imundo! —
Gritavam em coro Papa Bento XVI Monsenhor
Jósué e padre Júlio. Um redemoinho se
formou no meio da catedral e as entidades
foram sendo sugadas para o inferno.
Vendo a oportunidade que se fizera, Dr.
James chamou Papa Bento XVI:
272
— Temos que ir imediatamente!
— Eu não posso deixá-los aqui sozinhos! —
Exclamou Bento XVI.
— Eles não estão só! — Estão com as forças
do altíssimo! — Respondeu Dr. James.
— Vamos! — O helicóptero nos espera nos
fundos! — Exclamou Dr. James.
Ao tentar escapar da presença daquele
monge que a incomodava, este segura Radija
pelo braço e se mostra em sua real figura.
Radija se vira e desfere-lhe um forte tapa no
rosto.
— Não toque em mim sua coisa imunda! —
Disse ela. Seu tapa fora desferido com tanto
poder que ele fora lançado no alto da catetral,
caindo dentro do redemoinho.
— Belo Golpe! — Exclamou Hadji.
273
— Vamos não temos muito tempo! —
Exclamou Dr. James!
Subiram no helicóptero e seguiram
viagem em direção a um aeroporto
clandestino. De lá seguiriam em um jato
particular para a ONU (Organização das
Nações Unidas).
— Para onde estamos indo Dr. James? —
Perguntou Samira.
— Para a sede da ONU! — Respondeu ele.
— Porque iremos para lá? — Continuou
Samira.
— A Organização das Nações Unidas (ONU),
ou simplesmente Nações Unidas (NU), é
uma organização internacional cujo objetivo
declarado é facilitar a cooperação em matéria
de direito internacional, segurança internacio-
nal, desenvolvimento econômi-co, progresso
274
social, direitos humanos e a realização da paz
mundial! Todos os olhos do mundo estão lá!
As asas com muitos olhos! — Lembra do
apocalipse de São João? — Perguntou Dr.
James.
— A ONU foi fundada em 1945 após
a Segunda Guerra Mundial para substituir
a Liga das Nações, com o objetivo de
deter guerras entre países e para fornecer
uma plataforma para o diálogo! — Ela contém
várias organizações subsidiárias para realizar
suas missões! — Isto é a prova da essência do
que ainda é bom na humanidade! — Que o
homem está tentando se aperfeiçoar e se
redimir dos seus pecados! — Continuou Bento
XVI.
— Existem atualmente 193 estados-membros,
incluindo quase todos os estados soberanos do
mundo! — De seus escritórios em todo o
mundo, a ONU e suas agências especializadas
275
decidem sobre questões substantivas e
administrativas em reuniões regulares ao
longo do ano! — A organização está dividida
em instâncias administrativas, principalmente
a ―Assembleia Geral‖, assembléia deliberativa
principal! — ―O Conselho de Segurança‖, para
decidir determinadas resoluções de paz e
segurança! — O ―Conselho Econômico e
Social‖, para auxiliar na promoção da
cooperação econômica e social internacional e
desenvolvimento! — O Secretariado, para
fornecimento de estudos, informações e
facilidades necessárias para a ONU! —
O Tribunal Internacional de Justiça, órgão
judicial principal! — Continuou Dr. James.
— Além de órgãos complementares de todas
as outras agências do Sistema das Nações
Unidas, como a Organização Mundial de
Saúde (OMS), o Programa Alimentar Mundial
(PAM) e o Fundo das Nações Unidas para a
276
Infância (UNICEF)! — A organização é finan-
ciada por contribuições voluntárias dos seus
Estados membros, e tem seis idiomas oficiais:
— Árabe, Chinês, Inglês, Francês, Russo e
Espanhol, são os sete selos previstos nas
escrituras para divulgar a volta do pai! —
Concluiu Bento XVI.
— Mas são apenas seis idiomas Papa! —
Exclamou Hadji.
— Qual é o sétimo? — Perguntou Hadji
novamente.
— A fé meu filho! — A Fé! — O idioma que
todos aqueles que crêem escutarão com
clareza! — Respondeu Bento XVI.
Ao telefonema de Patrick para o
presidente Obama, tudo estava sendo
preparado para a recepção do Papa na ONU.
Os cientistas de todo o mundo começaram a
277
observar mudanças na estrutura física do
universo. O campo negro do espaço havia se
tornado opaco como se um portal começasse
a abrir.
A maioria deles esperava um cataclismo
estelar ou a formação de um buraco negro ou
um evento singular nunca antes observados.
Outros esperavam um deslocamento polar.
Mas era de consenso geral que mudanças
drásticas estavam iminentes de acontecer.
Uma tempestade solar de grandes proporções
estava esperada para o final do dia.
— Radija! — Diga-me! — Sua mãe tem feito
as unhas dos pés ultimamente? — Pergunta
Dr. James sorrindo e apontando discretamente
os pés de Samira para Radija.
Tomando o colar com crucifixo das
mãos de BentoXVI, coloca-o instantaneamente
no pescoço de Samira que se contorce
278
imediatamente mostrando sua forma original
de demônio. Seus pés pareciam garras de
águia e sua forma demoníaca parecia-se com
um sapo de cor verde amarelada. Possuía
dentes enormes como primatas e pequenos
chifres despontando em sua testa.
Seu olhar era negro como a noite e
não possuía cabelos. As orelhas eram
pontiagudas como as de um morcego.
Imediatamente tentou possuir o piloto do
helicóptero, mas o crucifixo não o permitia. O
piloto com o susto perdera o controle da
aeronave. Patrick tentava ajudar a controlá-la,
mas o demônio insistia em possuí-lo.
A aeronave descia em círculos e Dr.
James tentava sem sucesso segurar o colar
com o crucifixo no pescoço daquele Demônio.
Ao ver que não adiantava, Bento XVI grita:
279
— O Sangue do cordeiro de Deus tem poder
sobre ti! — Liberta-o em nome de Jesus Cristo,
teu adorado filho, eu o ordeno! — Disse
colocando o crucifixo em sua testa marcando-
o como se o queimasse com ferro em brasa.
Ele se desencarnou e pulou do helicóptero
dando um grito de terror, abrindo asas
enormes como de morcego e afastando se do
helicóptero. Radija põe-se a chorar.
— Onde está minha mãezinha? — Grita ela.
Hadji tenta consolá-la.
— Ela vai ficar bem! — Não se preocupe! —
Quando tudo acabar ela nem perceberá que
tudo isso aconteceu! — Fique tranqüila! —
Hadji consola Radija.
Com muito cuidado conseguiram pousar
no aeroporto da fronteira com a Turkia. Um
jatinho já estava esperando por eles. O
próximo passo seria chegar até a ONU.
280
— Sabe, Bento XVI! — Estamos todos
enganados! — Tudo isso é uma conspiração
para atacar o reino dos céus! — Exclamou Dr.
James.
— Por que você acha isto? — Perguntou Bento
XVI.
— Se Satã a quisesse! — Ele já estaria com
ela! — Respondeu Dr. James.
— Mas Radija disse que ele não tem poder
sobre ela! — Respondeu Bento XVI, meio
confuso.
— Não é isso! — Talvez ele esteja esperando o
momento certo de agir! — Se as escrituras
estiverem certas ele terá a oportunidade de
ressuscitar ao reino dos céus, mas o que
acontecerá com os outros anjos e demônios?
— Indagou Dr. James.
— Serão destruídos! — Respondeu Bento XVI.
281
— Então eles estão tramando alguma coisa
para evitar sua extinção! — Não concorda? —
Perguntou Dr. James.
— Se você estiver certo! — Eles podem usar
este momento para atacar os anjos e arcanjos
quando o céu se abrir! — Exclamou Bento XVI.
— Então haverá uma nova guerra no céu? —
Indagou Radija.
— Não! — A guerra vai ser na terra! — E para
testar o Criador tentarão acabar com a raça
humana por completo! — Extinguir com a
criação de Deus e em seguida tentar dominar
os anjos celestiais! — Respondeu Dr. James.
— Como Farão isto? — Perguntou Hadji.
— Quando os céus se abrirem para o juízo
final, todos os demônios serão soltos ao
mesmo tempo enquanto ao anjos e arcanjos
282
caídos atacam os anjos de Deus! —
Respondeu Bento XVI.
— Mas será que Deus não estaria preparado
para isso? — Perguntou Radija.
— Todo criador quer ver uma obra perfeita de
perto! — Talvez ele não saiba! — Talvez
estejam preparando uma cilada! — Retrucou
Dr. James.
— Talvez! — Mas de qualquer maneira ele
precisa vir a terra em forma corpórea visitá-la
como fazia com Adão e Eva no paraíso! Pois
Radija, sendo humana, não suportaria a sua
presença divina! — Esta seria a chance de
Satã ou outro Arcanjo tomar-lhe o trono! —
Respondeu Dr. James.
— Então Deus está correndo perigo? —
Perguntou Hadji.
— Se ele corre perigo! — Exclamou Dr. James.
283
— Nós seremos extintos e todo o universo
pertencerá aos seres malignos! — Continuou
ele.
— Isto seria pior que o final dos tempos! —
Exclamou Hadji.
— Seria a reversão de tudo que existe! —
Todos os bons é que seriam lançados no fogo
eterno juto com os arcanjos e anjos de Deus!
— Exclamou Bento XVI.
— Mas se Deus é imortal! — O que fariam com
ele? — Perguntou Hadji.
— O acorrentariam na ultima camada do
inferno por toda a eternidade! — Respondeu
Dr. James.
— Meu Deus isto é impensável! — Retrucou
Radija.
— Tomara que seja! — Exclamou Hadji.
284
— Mas como poderemos alertar a Deus? —
Perguntou Hadji novamente.
— Talvez em orações! — Respondeu Bento
XVI.
— Ele vai pensar que estou brincando! —
Exclamou Hadji.
— O exército de lúcifer vai tentar dificultar
qualquer tentativa de nos conectarmos com
nosso pai, agora! Precisamos de uma
estratégia! — Exclamou Dr. James.
— Mande lhe uma carta! — Exclamou Hadji.
— Tá brincando! — Retrucou Radija.
— Não! — Não estou! — Meu pai era
marinheiro e ele disse que deus está sempre
em comunhão com o mar e o mar em
comunhão com ele! — Toda vez que entrava
em um barco ele lia a oração de Isaías! — Ele
me disse que quando eu quisesse que ele me
285
ouvisse realmente! — Que escrevesse uma
carta e colocasse em uma garrafa e a jogasse
no mar! — Indagou Hadji.
— Eu escreverei a oração! — Continuou Hadji.
Pegou uma caneta que estava no
compartimento traseiro do banco do avião e
começou a redigir:
— Caro Senhor Deus, nosso pai que estás nos
céus! — Escrevo assim como escreveu-lhe
Isaías 33:1-24
— Ai de ti, despojador, que não foste
despojado, e que estão lidando
traiçoeiramente contra os que não procederam
perfidamente contra ti! — Assim que tiver
terminado como um destruidor, você será
despojado. Assim como você tem feito com
que tratam perfidamente, eles procedem
aleivosamente com você.
286
— Ó Senhor, mostra-nos favor. Em ti temos
esperado. Torne-se nosso braço cada manhã,
sim, a nossa salvação no tempo da angústia.
— Ao som da turbulência, os povos fugiram, à
sua exaltação as nações serão dispersas.
— Então ajuntar-se á o vosso despojo como se
ajunta a lagarta como os gafanhotos saltam,
assim ele saltará sobre eles.
— O Senhor certamente será colocado no alto,
para ele que está residindo na altura. Ele
preenche a Sião de retidão e justiça.
— E a confiabilidade de seus tempos devem
revelar-se uma riqueza de salvações sabedoria
e conhecimento, o temor do Senhor é o seu
tesouro.
— Eis que os seus embaixadores estão
clamando de fora; e os mensageiros de paz
estão chorando amargamente.
287
— As estradas têm sido assoladas; o passar
sobre o caminho cessou. Ele quebrou o pacto,
ele tem desprezado as cidades, ele não tomou
conta do homem mortal!
— A terra passou luto, secou. O Líbano
tornou-se envergonhado, e se
murcha. Shar'on tornou-se como o deserto; e
Basã e Car'mel estão tremendo.
— "Agora me levantarei", diz Jeová, "agora eu
vou me exaltar; agora eu vou me levantar.
— Ao conceber grama seca, você vai dar à luz
a restolho. E vosso próprio espírito vos
devorará como fogo.
— E os povos devem se tornar como as
queimas de cal. Como espinhos cortados, eles
serão incendiados.
288
— Ouvi, vós, homens que estão longe, o que
devo fazer! — E saber, vocês que estão por
perto, conhecei minha potência.
— Em Sião os pecadores se assombram; O
tremor surpreendeu os hipócritas: Quem de
nós pode residir com um fogo devorador? —
Quem dentre nós habitarás com as labaredas
eternas?
— "Há um que anda em justiça contínua e
falando o que é reto, que está rejeitando o
ganho injusto de fraudes, que está agitando
as mãos claras sem sucumbir ao suborno, que
tapa seus ouvidos para não ouvir falar de
derramamento de sangue, está fechando os
olhos para não ver o que é ruim.
— Ele é o único que residem nas alturas
próprias; as fortalezas das rochas serão o seu
alto refúgio, o seu pão lhe será dado, as suas
águas serão certas.
289
— Um rei em sua beleza é o que os seus olhos
verão, pois eles vão ver uma terra distante.
— Seu próprio coração vai comentar em voz
baixa em uma coisa terrível: Onde está o
secretário? — Onde está aquele que faz a
pagar o tributo? — Onde está a uma
contagem das torres?
— Não verás mais aquele povo atrevido, povo
de fala obscura, que não se pode
compreender e de língua tão estranha que não
se pode entender.
— Olha para Sião, a cidade das nossas
solenidades; os teus olhos verão a Jerusalém,
habitação quieta, tenda que não será
removida, cujas estacas nunca serão
arrancadas e das suas cordas nenhuma se
quebrará.
— Mas ali ó Glorioso Senhor será para nós um
lugar de rios de canais largos. Nele nenhum
290
barco de remo passará, nenhum navio
majestoso vai passar por cima.
— Porque o Senhor é nosso juiz, Jeová é o
nosso Estatuto doador, Jeová é o nosso Rei;
ele mesmo vai salvar-nos.
— As tuas cordas se afrouxaram; não
puderam ter firme o seu mastro e nem
desfraldar a vela; então a presa de
abundantes despojos se repartirá; e até os
coxos dividirão a presa!
— E nenhum residente dirá: "Estou doente."
As pessoas que estão morando na terra serão
absolvidas da iniqüidade! — Finaliza Radji Sua
Carta ao Senhor como uma oração.
— Será que ele vai lêla? — Indagou Hadji.
— Se você escreveu com fé ele vai lê-la com
alegria! — Exclamou Radija.
291
— Deus escreve certo por tortas linhas! —
Disse Bento XVI.
— Deve também ler certo pelas nossas
entrelinhas! — Continuou Dr. James.
— Por isso ele nos ama tanto, estamos com
ele como ele está com todos nós! —
Completou Bento XVI.
Hadji escreveu a oração e colocou-a na
garrafa de água mineral que estava na
geladeira do avião.
— Como vamos jogar isto ao mar? —
Perguntou Hadji.
— Não há janelas! — Completou Hadji.
— A única forma será você se arrastar pelo
duto abaixo do vaso sanitário até o
compartimento do trem de pouso! — Lá tem
um alçapão que pode ser aberto! — Mas deve
292
tomar muito cuidado pois a pressão externa
pode sugar-lhe! — Exclamou Patrick.
— De lá pode soltá-la quando estivermos em
alto mar! — Completou Patrick.
— É necessário que seja feito antes do por do
sol, Entraremos na fase quarta crescente da
lua. Esta fase marca o inicio do ano lunar. Seu
inicio era usado, quando os mensageiros do
templo de Salomão levavam a mensagem do
começo do ano lunar à todas as tribos de
Israel.
Hadji entrou no banheiro, desparafusou
o vaso com a ajuda de Dr. James e Patrick e
se arrastou se esgueirando pelas canaletas
gélidas dos compartimentos do Jato.
— Ele não suportará a pressão lá embaixo! —
Ele pode morrer de hiportermia! — Exclamou
Radija, preocupada.
293
— Mesmo que eu andasse pelo vale da
sombra da morte eu não temerei o mal...! —
Rezava Hadji sem parar. Seus lábios já
estavam roxos e o frio endurecia seus ossos.
Mas ele continuava.
Ao chegar ao alçapão que dava acesso
ao trem de pouso, Hadji liga de seu celular
para Dr. James e ele pede ao piloto que
destrave a porta do alçapão. Hadji sente por
um minuto, que poderia ser em vão, mas
lembra que seu pai lhe falara para sempre ter
fé em tudo que desejasse. Suas forças se
renovaram e ele novamente tentou abrir a
porta.
O frio congelava seus lábios e orelhas,
mas com esforço conseguiu abri-la. Ao chegar
em alto mar o piloto acende a luz de alerta do
alçapão e Hadji lança a garrafa. Ao se virar se
depara com um espírito maligno que o
espreitava, com o susto deixa a porta do
294
alçapão fechar sobre seus dedos decepando-
os e prendendo sua mão. Hadji grita
desesperadamente enquanto aquele ser
maligno olha em seus olhos sugando sua
energia:
— Socorro! — Socorro! — Socorro!— Grita
Hadji desesperado. Mas ninguém o ouvia.
Dr. James notando sua demora tenta
chegar até ele, mas era tarde demais Hadji
havia morrido congelado.
Radija se entristece com a morte de
Hadji:
— Porque ele tinha que morrer agora? —
Perguntava ela.
— Porque assim é a vida! — Respondeu Bento
XVI ajoelhando-se e chorando baixinho.
— Mas se a morte é uma entidade! — Como
ela sabe, ou, quem define a hora de recolher a
295
vida de cada um? — Quem define o momento
e porque às vezes muitas pessoas morrem ao
mesmo tempo ou morrem jovens ou muito
velhas e esquecidas? — Se a morte é uma
entidade, porque a vida também não o é? —
Porque a morte é mais forte que a vida? —
Perguntava Radija entristecida.
— São tantas perguntas em uma só dúvida! —
Mas há uma boa resposta para suas
perguntas! — Respondeu Bento XVI.
— Pense na vida como um grande canteiro de
flor e a morte como um jardineiro dedicado e
entenderás a morte e também a vida!
Continuou Bento XVI.
— Como? — Perguntou novamente Radija.
— A vida é uma obra imensa, variada e
maravilhosa! — A morte é obscura vazia e sem
beleza! — Da vida brotam milhares de flores
ao mesmo tempo, de todas as cores e
296
formatos, tamanhos e qualidades! — Todas
com suas belezas e qualidades particulares!
Todas com um valor inestimável para o seu
criador! — Tão grande e forte é este canteiro,
que nada impede sua beleza nem mesmo este
jardineiro que se esmeira em podar daqui e
dali, ceifando brotos, botões, flores jovens e
flores já murchas! — Mas logo em seguida se
vê brotar novamente daqui e dali com uma
força renovada lindos botões e flores que
engrandece a natureza! — Tão forte é esta
entidade que não basta a morte, ela é e
atormentada também por ervas daninhas e
parasitas e insetos que tentam desespe-
radamente destruí-la ou degradá-la, mas ela
ressurge novamente com sua beleza
inebriante! — A cada, segundo, a cada minuto,
a cada hora, a cada dia, a cada ano... mais
bela, sempre se renovando mais forte, até que
um dia se tornará tão forte que nem a morte,
nem os parasitas e nem as ervas daninhas vão
297
lhe corromper a beleza! — E a vida
prevalecerá sobre tudo para toda a
eternidade! — Concluiu Bento XVI.
— Confesso que nunca havia pensado a vida
por esse lado! — Retrucou Dr. James.
O avião já se aproximava de genebra e
uma imensa comitiva os esperavam para o
cortejo do papa até a sede da ONU. O tempo
já começara novamente a parar. A roda do
tempo começara seu movimento reverso como
nas bordas de um buraco negro.
Todos sentiam uma sensação de
estarem em um campo abstrato, a consciência
não acompanhava as sensações corpóreas.
Algo fantástico e preocupante se iniciava. O
tempo literalmente estava se esgotando.
Chegando a sede da ONU os
presidentes de todos os países estavam
presentes e todas as redes de TV e rádio a
298
postos para o grande evento que se
anunciava. Porém uma guerra também era
prevista como nunca se viu antes, pois fora
antes do surgimento do homem na terra, a
guerra de anjos e demônios.
300
12:30 – 22/12/2012 Segundo dia do
―Juizo Final‖, Altar de Satã, nas profundezas
de Pérgamo, (atual Bergama, na Turquia). No
Salão imperial de Satã, no reino dos infernos.
Belzebu continuava sentado a grande
mesa de ouro adornada de pedras de jaspe e
sardônio. Samyasa mantinha seus exércitos
cercando o inferno e em prontidão para a
guerra que se anunciava. Belzebu e Belial se
uniram a Asmodeu e aos outros que sentavam
a mesa em um grande exército de sentinelas
Anjos e Demônios.
Belzebu mantinha sua decisão de tomar
o lugar de Satã enquanto Samyasa mantinha
sua fidelidade ao seu mestre.
— O tempo já se finda e a decisão deve ser
tomada! — Bradou Belial.
— Nenhum demônio ou espírito sairá sem a
ordem de Satã! — Retrucou Samyasa.
301
— Satã já não tem mais poder sobre o inferno!
— Gritou um dos demônios sentado a mesa.
Samyasa com um olhar o transformou em pó.
— Não haverá guerra se não tentares tomar o
lugar de Satã! — Bradou Samyasa.
— Tarde demais! — Gritou Belial,
transformando um dos sentinelas de Samyasa
em pó da mesma forma. Instantaneamente
todos se armaram das melhores armaduras de
que dispunham, com seus feitiços e magias e
espadas flamejantes em punho. Asas negras
eram vistas em toda parte.
Demônios cresciam chifres enormes e
espíritos malévolos se esgueiravam pela
escuridão, Olhos e rostos de serpentes se
viam por todos os lados. Gritos e hurros
tomavam conta de todo o inferno com a
infâmia e a desonra. Às almas pecadoras
dobrara se as torturas e sofrimentos infligidos.
302
A essência da maldade crescia com o grito de
guerra.
Uma força maligna tomava todo o
inferno com uma energia que estremecia toda
a terra. Terremotos e maremotos começaram
a assolar a terra. Ventos e tempestades
desceram sobre a humanidade. O juízo final se
aproximava.
304
12:30 Monte Hermom- Altar de
Vibrações de Satã.
Um brilho aparece no alto da montanha
e os Arcanjos Miguel e Gabriel descem do
paraíso para recolher a decisão de Satã:
— Há quanto tempo não o vejo, Miguel! —
Exclamou Satã.
— Onde está sua espada? — Complementou
Satã.
— Venho em paz! — Apenas como
mensageiro! — Respondeu Miguel.
— Então por que vieste acompanhado? —
Perguntou Satã.
— Para evitar que seus demônios tentassem
impedir o retorno da mensagem! —
Respondeu Miguel.
305
— O tempo já se esgota e os céus logo, logo,
se abrirão! — Respondeu Miguel.
— Eu ainda tenho mais uma coisa a fazer! —
Caminhando em direção a Gabriel. Este se
arma imediatamente de sua espada.
— Não se preocupe Gabriel! — Sei que não
posso vencê-los! — Retrucou Satã.
— Preciso ir! — Continuou ele, desaparecendo
sob a névoa do Monte Hermom, aparecendo
perto de Radija. Radija abre um lindo e longo
sorriso deixando-o desconcertado novamente.
— Porque demoraste tanto? — Perguntou
Radija.
— É uma séria decisão a ser tomada! —
Respondeu Satã.
— A decisão mais importante que já tomei em
séculos e séculos de existência! — Continuou
Satã
306
— Eu preciso saber, Radija? — Perguntou
Satã.
-Se te amo?Indagou ela.
— Sim! — Desde a primeira vez que o vi! —
Continuou Radija.
— Há séculos e séculos brincando com as
paixões e os sentimentos dos homens, sinto
que criei meu próprio destino! — Sinto-me
radiante e livre de todas as amarras! — Estou
livre da dependência de minha essência
maligna! — Eu estou apaixonado e preso a um
sentimento que mudou minha natureza! —
Estou iluminado! — Exclamou Satã.
Radija interrompe sua fala com um
delicado e caloroso beijo. O corpo de Satã se
ilumina literalmente e seu sorriso se irradia de
beleza. Aplausos são ouvidos por todos em
todos os lugares do mundo. O domo do
grande auditório da ONU se abre e os céus se
307
enchem de nuvens brancas adornadas por
uma imensa faixa de aurora boreal. Jesus
cristo aparece sobre as nuvens sentado em
um trono de ouro. Ao seu lado direito estava
Miguel e ao esquerdo Gabriel. Todo o mundo
presenciava aquele acontecimento pelas redes
de TV, redes sociais e internet. Satã subia
vagarosamente em todo o seu brilho para o
trono do senhor.
Os demônios esperavam a descida do
impronunciável em figura humana para
contemplar Radija, sua criação em toda sua
perfeição, mas ele não aparecera. Satã se
torna novamente um anjo de Luz e começa a
ascender aos céus. Belial se desespera em sua
decisão de esperar e antes que Satã chegasse
aos céu ele se precipita e ordena o ataque.
Há meia altura entre o trono do senhor
e o solo da terra, um raio reluzente e
flamejante cruza velozmente todo o céu como
308
uma flecha em direção ao trono de Deus. Satã
é atingido em cheio caindo sobre o tablado ao
lado de Radija. Miguel e Gabriiel descem em
presença ao solo da terra para ajudá-lo. Outro
raio em seguida é desferido contra Gabriel que
cai ao chão ferido. Miguel grita o grito dos
tempos.
— Guerra!!!!
Dos céus Deus envia anjos e arcanjos
que caem sobre o solo da terra como chuva de
meteoro. Centenas de milhares de Demônios
começam a surgir das profundezas. Uma voz
resplandece do trono:
— Seres viventes , obras do meu agrado! —
Que toda a terra se defenda dos demônios e
espíritos!
Exércitos são mobilizados urgente-
mente. O mundo declara guerra ao submundo
do inferno e aos seus habitantes. A salvação
309
de todas as almas estava em jogo. Homens,
anjos e Arcanjos lutavam lado a lado contras
os Anjos caídos, os demônios e seus
sentinelas. Os arcanjos mediam cerca de dez
metros de altura e tinham enormes asas com
mais de 20 metros de envergadura, suas
espadas pesavam toneladas e destruíam tudo
que estava ao alcance. Demônios conseguiam
dominar homens e feras jogando uns contra
os outros.
Fogo e enxofre eram lançados por
todos os lados. As portas dos céus estavam
abertas e centenas de querubins com espadas
flamejantes evitavam a entrada dos demônios.
Gadrel, o terceiro anjo caído, sabedor de como
ferir outros anjos, se posiciona nas portas do
inferno armando todos os demônios que dali
saiam. Seus cabelos eram longos e opacos,
seus olhos refletiam a luz como uma pedra de
ônix, com quase dez metros de altura se
310
equiparava aos arcanjos em força e poder mas
era destrutível como seus oponentes. Em suas
grandes mãos trazia a maldição da morte das
criaturas celestiais com exceção dos Arcanjos.
Os exércitos de Rússia frança e USA se
mobilizam como num ataque alienígena. Dos
escritórios da ONU são enviados ordens de
guerra de Presidentes de 193 países contra as
forças malignas que se levantavam. Porém era
inútil o poderio militar usados contra
demônios. Atravessado por uma lança de
Sardônio em chamas Lúcifer agonizava nos
braços de Radija.
Fora traído por Samyasa e Yekun.
Toda a trama fora para desviar a atenção dos
mensageiros de Deus. Para que não
soubessem o verdadeiro intento de invadir os
céus e dominar o paraíso, além de destruir os
homens, que eram as criaturas preferidas de
Deus. A sorte estava lançada. Exércitos de
311
anjos desciam do paraíso e eram surpreedidos
pelos demônios em uma cilada covarde.
Espadas forjadas por Armer, o senhor das
armas, e flechas envenenadas por Amarak
com suas magias e feitiços malignos
devoravam a essência dos anjos.
Miguel destruía centenas de demônios,
mas estava só contra todos, aquele Anjos
caídos. Gabriel estava ferido em sua asa
esquerda. A terra se tornou um palco de
terror. Milhares de homens morriam a cada
segundo com a força avassaladora dos
exércitos de Samyasa e Belial. Belzebu se
lança sobre Miguel que o enfrenta ferozmente.
Era quase impossível vencê-lo.
Belial se une a Belzebu em um só
corpo de Arcanjo se tornando ainda mais forte
e poderoso. A terra parecia já está condenada.
As forças demoníacas venciam em número e
poder as forças do bem. Os homens se
312
defendiam com mísseis e armamentos
pesados, mas era praticamente impossível
vencer os demônios e espíritos.
Uma grande núven desce dos céu
cegando a todos os anjos e demônios e um
grande arco íris se forma. As sete cores dos
Raios são a divisão natural da pura Luz branca
que emana do coração de Deus, quando esta
desce pelo prisma da sua manifestação.
Elas representam as subdivisões do
Todo que é Cristo, manifestando-se em sete
aspectos qualitativos, em sete aspectos das
qualidades principais de Deus
Qualquer que seja a sua cor, todas as
chamas têm um núcleo de fogo branco de
pureza que encarna todos os atributos de
Deus
Em cada dia da semana é transmitida
para a Terra, do coração de Alfa e Ômega,
313
uma concentração especial de um dos Sete
Raios de Deus. A luz dos sete Raios é
transmitida com maior ou menor intensidade
para a nossa aura e para o plano da matéria
através dos sete chacras principais que se
situam no corpo etérico do homem,
dependendo do nosso comportamento na
Terra.
Se houver um fluxo perpétuo de
energia a mover-se como um rio de Luz
através dos chacras, ela manter-nos-á num
estado de autêntico êxtase espiritual, de
alegria e saúde perfeitas.
Ao irradiar a terra o exército de Deus se
formou completamente, cegando a todos os
demônios. Numa formação de dois, três, dois,
estavam os arcanjos celestiais e seus
comandados:
314
Na primeira fila, O Arcanjo Miguel e os
Serafins. Ao seu lado direito, príncipe Metatron
(Rei dos anjos). Com seis asas e envolto por
chamas de fogo, com poderes de purificação e
iluminação, sua força difunde o princípio da
vida universal e manifesta a glória de Deus.
São os anjos mais próximos de Deus.
Junto ao Arcanjo Miguel estava o
Arcanjo Gabriel, suas legiões de anjos do
Relâmpago Branco e os tronos. Ao seu lado
estava o príncipe Tzaphkiel (a morada de
Tzaphikiel chama-se harmonia, sentimos sua
presença quando ouvimos música ou
experimentamos sentimentos de serenidade).
São envoltos em uma roda de fogo
intransponível e cuidam do trono de Deus,
apresentam o sentido de união ao homem.
Proclama a grandeza divina e inspiram os
homens. Zelam eternamente pelo trono de
Deus
315
Na segunda fila estão o Arcanjo
Chamuel e os Querubins. Ao seu lado está o
príncipe Raziel (Raziel é o príncipe da
originalidade e dos mistérios, segundo a
tradição judaica. Adão teve problemas de
saúde e ele entregou seu livro contendo todos
os ensinamentos sobre ervas que poderiam
salvar a humanidade).
Os Querubins trazem penas de pavão
cheia de olhos, simbolizando a onisciência
divina. Eles zelam pela ordenação do caos
universal, pela sabedoria e as idéias.
Junto a ele esta o arcanjo Raphael e as
Dominações. Ao seu lado está o príncipe
Tsadkiel (Tsadkiel cumpre a vontade de Deus
através de seu poder e influência sobre a
humanidade). Eles têm no cetro e na espada
seus símbolos de poder divino sobre a criação.
Afloram nos homens a força para subjugar o
inimigo interior. Auxiliam nos conflitos e
316
questões que precisam de solução imediata.
Despertam no homem a força para dominar a
si mesmo. São os governadores do Universo.
Na terceira fila está o Arcanjo Uriel e as
potências. Ao seu lado está o príncipe Camael
com suas espadas flamejantes. São
responsáveis pela ordem e protegem a
humanidade dos inimigos exteriores. Zelam
pelos elementos água, terra, fogo e ar.
Favorecem a perpetuação de todas as
espécies que existem na natureza. Conferem
proteção contra o desequilíbrio do meio
ambiente. Sua energia é mais intensa próximo
a floresta, aos rios e aos lagos.
Junto a ele está o Arcanjo Jophiel e as
Virtudes. Ao seu lado está o príncipe Haniel
(Haniel é conhecido como chefe dos cupidos,
promove o encontro entre as almas gêmeas).
317
Prodígios e milagrosos, expressam a
vontade de Deus e zelam pelo reino mineral,
oferecendo discernimento ao homem.
Transmitem aquilo que deve ser feito pelos
outros anjos, mas sobretudo, auxiliam no
sentido de que as coisas sejam realizados de
modo perfeito. Assim eles também tem a
missão de remover os obstáculos que querem
interferir no perfeito cumprimento das obras
do criador. São considerados anjos fortes e
viris.
Junto aos Arcanjos Uriel e Jophiel está
o Arcanjo Zadkiel e os Principados e ao seu
lado o príncipe Raphael (Raphael é um dos
sete anjos que estão presentes e tem acesso
junto a glória do Senhor.
Responsável pelos reinos, estados e
países, preservam também a fauna e a flora,
os cristais e as riquezas da terra. Portam
cetros e cruzes e vigiam as lideranças, pois
318
atribuem ao homem a submissão. No livro de
Daniel são apresentados como protetores de
povos e nações:
— Dn 10:13. São os anjos que levam as
instruções e os avisos divinos, ao
conhecimento dos povos que lhe são
confiados.
— Bento XVI! — Lúcifer chama.
— Diga as homens que é preciso ter fé! — É
preciso acreditar na vitória dos céus! — Gritem
Glória ao senhor! — Disse Lúcifer agonizando.
O papa corre ao comandante das forças
da ONU e repassa o recados por todos os
transmissores eletrônicos:
— Esta é uma guerra de fé! — É a luta final
entre o bem e o mal! — Cantem comigo! —
Grita Bento XVI
319
— Santo! — Santo! — Santo! — Deus
onipotente!
— Santo! — Santo! — Santo! — Deus
onipotente!
— Santo! — Santo! — Santo! — Deus
onipotente!
As armas começavam a fazer efeito
mas ainda era pouco para vencer todo o
exército do mal. Mas o hino e a fé agradara ao
senhor dos exércitos que surgiu num enorme
raio com sua Maravilhosa armadura dourada,
com um elmo resplandecente e uma espada
de luz, logo em seguida desce Jesus em toda
sua glória com todo o poder e honra e o
espírito santo cobre todos os homens de
coragem.
O campo de batalha se divide e a terra
vira o palco da última guerra entre homens e
anjos. A frente estava Deus e o espírito de luz,
320
Jesus pairava em nuvens de glória e trazia
conforto aos corações dos homens. Logo atrás
homens, anjos e arcanjos lado a lado
mantinham suas posições. Deus, O Senhor dos
exércitos, brada como um trovão ressoando
por toda a terra :
— Atacaaaaar!!!
E a batalha final começou. Belial e
Belzebu unidos num só, atacam a Deus com
todo seu poder e fúria. Faíscas e raios
enormes devastam a terra a cada golpe. Deus
os lançava a longas distâncias no universo
vazio, mas era atacado logo em seguida por
Azmodeu e Samyasa.
Miguel destruía centenas de demônios a
cada golpe. Jesus se incorporara ao exército
dos homens e defendia a todos o quanto
podia. A morte o atormentava a cada segundo
levando a alma dos homens. Lúcifer era o
321
único que podia impedi-la, pois ela era sua
criação. Jesus a segura pela capa e a joga
próximo a Lúcifer que segura sua mão
imediatamente. Ele a ordena que pare e ela
obedece. Ajoelhando-se aos seus pés.
323
A luta seguia sem trégua e os exércitos
de Deus ganham terreno. Os homens cantam
hinos de louvor a Deus derrotando os
Demônios.
E era tão grande a honra dos homens
para a glória do senhor, que Jesus
transformou-os em anjos e formou um grande
exército para descer aos infernos e resgatar as
almas que mereciam o perdão.
E Jesus ia a frente em um imenso facho
de luz que iluminava os portões do inferno
como um grande farol a direcionar os navios.
Seus guerreiros o seguiram em cânticos de
vitória aos confins dos infernos. E cada um
traria de volta sobre suas asas dez almas e as
levariam ao paraíso para louvar aos Senhor. E
grande era seu exército e grande era a alegria
dos anjos e grande era a alegria do Senhor
Jesus.
324
Em marcha caminhavam a cada nível
dos infernos, e os gritos e gemidos aos poucos
se transformavam em pequenos louvores, e o
fogo e o enxofre davam lugar as bênçãos do
Senhor. Espadas brandiam contra demônios
que teimavam contra Jesus.
E os anjos Sobrevoavam o lago de
Sangue fervente e tomavam para si as almas
desgarradas, para a gloria do Senhor. E era
grande a luta contra os demônios. E a Besta
surgiu da terra e em sua testa estava escrito
666 e era o tempo de seu domínio sobre a
terra e era de seis mil seissentos e sessenta e
seis gerações e Jesus a amaldiçoou e foi ao
seu encontro como Principe de Glória e ele
cortou sua cabeça e furou seus olhos com a
espada flamejante para que nunca mais
olhasse para seu número. E os anjos também
se machucavam, pois não era fácil resgatar
aquelas almas condenadas.
325
Espadas envenenadas com magias e
feitiços adornavam as mãos de demônios
sorrateiros que se esgueiravam pelas frestas
de escuridão. E a dor era como queimadura e
os anjos feridos sofriam com dores terríveis.
Era uma batalha feroz. E uns ajudavam os
outros como em uma guerra de homens.
E foram muitos os feridos e foram
muitas as almas resgatadas e fora grande a
alegria na vitória do senhor e o inferno fora
tomado e Deus prevaleceu sobre o mal e tudo
que fora corrompido e era bom se converteu
novamente em beleza e Deus se Alegrou da
Vitória sobre o inferno. Como numa revoada
de pombos Anjos subiam aos céus com
centenas de milhares de almas sobre suas
asas.
Sobre a terra o Senhor dos exércitos
com seu brilho reluzente lançara Belial e
Asmodeu aos confins do universo mas em seu
326
caminho de volta, peleja com Asmodeu e a
besta que surgira do mar e era grande sua
tristeza. Cortando sua cabeça, esta nascia
novamente porque muitos homens a seguiam
para a própria destruição .
―A besta que era e não é, está para emergir
do abismo e caminha para a destruição. E
aqueles que habitam sobre a terra, cujos
nomes não foram escritos no Livro da Vida
desde a fundação do mundo, se admirarão,
vendo a besta que era e não é, mas
aparecerá‖. Apocalipse 17:8
―Então, vi uma de suas cabeças como
golpeada de morte, mas essa ferida mortal foi
curada; e toda a terra se maravilhou, seguindo
a besta‖ Apocalipse 13:3.
E Deus chamou aos querubins e
potências e deles tomou as correntes da
justiça e acorrentou suas cabeças uma as
327
outra e tapou-lhes as boca e estas nunca mais
poderão corromper ao homem e nem lançar
impropérios contra o criador. E Deus lançou-a
para as profundezas do lago de fogo para toda
a eternidade.
"Depois disto vi quatro anjos em pé
nos qua-tro cantos da terra, conservando
seguros os quatro ventos da terra, para que
nenhum vento soprasse sobre a terra, nem
sobre o mar, nem sobre árvore alguma. Vi
outro anjo que subia do nascente do Sol,
tendo o selo do Deus vivo, e clamou em
grande voz aos quatro anjos, àqueles aos
quais fora dado fazer dano à terra e ao mar,
dizendo:
— Não danifiqueis nem a terra, nem o mar,
nem as árvores, até selarmos em suas frontes
os servos do nosso Deus."
Cérbero, o cão de Satã avança sobre o
pai. Mas Miguel toma sua dianteira e luta com
ele. Deus se aproxima de Lúcifer que
agonizava ao lado de Radija. Em seu tamanho
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real, ele era enorme. Com mais de dez metros
de altura, estava deitado sobre suas enormes
asas brancas como algodão a despontar de
suas sementes.
Tão grande era que fazia Radija
parecer uma pequena fração de seu corpo.
Ajoelhada próxima aos seus ouvidos
acalentava-o com carinho. Ao aproximar-se o
espírito de Deus, Bento XVI e Dr James se
ajoelharam. Em seu Brilho opaco e débil
Lúcifer diz :
— Não temas o espírito de Deus! — Fechem
seus olhos com fervor e abram seus corações.
— Façam suas escolhas! — Ele saberá lhes
perdoar e aceitar!
— Santo! — Santo! — Santo! — Cantavam
sem cessar. O espírito de Deus se aproxima e
toma Lúcifer em seu colo. Abraçando-o com
carinho de pai e criador, brada:
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— Que assim seja! — Agora estás lavado de
seus pecados e indecisões! — Retirando a
espada flamejante que jazia enterrada ao
peito de Lúcifer.
E enviou Deus, Lúcifer e Radija para o
Édem como homem e Mulher, como fizera
com Adão e Eva, para que vivessem por toda
a eternidade e além dela, no amor e na glória
de Deus. E tornando de volta ao papa Bradou
novamente:
— Que assim seja! — E ele se transformou em
anjo de Deus e foi enviado ao paraíso.
— Dr. James! — Bradou O Senhor dos
Exércitos! — Tu! — Como Pedro! — Serás a
pedra de sustentação de um novo mundo.
— Serás homem em suas falhas e erros e
tomarás a tua honra como ponto de partida.