Das Novas Figurações à Arte Conceitual
Cachoeira - 2011
"A arte é o exercício experimental da liberdade"
Mário Pedrosa
Quando deixamos de ser modernos
A dicotomia no ocidente
Desde a antiguidade clássica até a modernidade, a arte ocidental parece ter oscilado entre o clássico e o romântico, o que criou uma tendência de ver a arte como processo evolutivo, onde os estilos se sucedem corrigindo os excessos anteriores.
A dicotomia no ocidente
Na modernidade, ainda se pode observar esse movimento de oscilação entre os que eram a favor e os que eram contra à razão técnica.
Na contemporaneidade a avaliação não se limita aos extremos opostos, mas avança sobre as ambigüidades que os unem.
Fim da purezaPara compreender os anos 60 e 70 noBrasil, é preciso reconhecer suas influências, ressonâncias e dissonâncias, em obras de vinte ou trinta anos depois. O problema está na passagem, pois a passagem entre essas duas décadas foi crucial no âmbito da contemporaneidade, tanto quanto havia sido a virada da década de 1940 e 1950 nos EUA. Pois foi nesse momento que o axioma purista da modernidade perdeu sua força.
Duchamp na AméricaQuando a capital mundial das artes se transfere definitivaente de Paris para Nova York, no final dos anos 50, o Expressionismo Abstrato norte-americano estava em declínio, e parecia ter terminado a hegemonia da arte européia sobre a arte ocidental.
Mesmo com uma tendência para uma linguagem emancipada na América do Norte, conquistada finalmente com a Pop Art, sempre houve a influência de um europeu, Marcel Duchamp.
O sujeito na açãoAs características particulares do Expressionismo Norte-americano, em especial do Action Paint, já conotava da preocupação em transformar o espaço pictórico em um campo de ação cromática, com o gesto definido a configuração formal.
Essa revisão modernista norte-americana, que desencadeou processos inéditos em relação a tradição européia, pode ter sido o último foco de resistência dessa mesma tradição.
A nova capital cultural do mundo
Artistas como Robert Rauschenberg e Jasper Johns, precursores da Pop Art, seguindo os preceitos dadaístas e o espirito readymade, criavam o diálogo da pintura com o mundo agregando às telas objetos do cotidiano, elementos banais, escolhidos ao acaso e sem nenhuma intenção estética.
Confronto crítico
Clement Greenberg, maior crítico dessa geração, ao contrário, considerava a condição artesanal e formalista do modernismo europeu, indispensável a essa instauração de linguagem, chegando a afirmar que a arte visual deveria se restringir a aspectos da experiência unicamente visual.
Confronto crítico
Contrariamente ao pensamento greebergniano, críticos como Rosalind Krauss e Leo Steinberg sustentavam que nem tudo cabia no âmbito das convenções e seguia uma norma técnica autônoma com os novos procedimentos estéticos e até que as experiências contemporâneas não cabem nas especializações tradicionais da arte, como pintura, escultura, desenho, que se tornam obsoletas.
Confronto crítico
O pensamento Maurice Marleau-Ponty, e sua obra Fenomeologia da Percepção, também contrariamente ao pensamento de Greenberg, repensa a realidade, não como um um embate de antagonismos, mas sim como um campo de cruzamentos, onde uma coisa existe graças a outra. Ele propõe tratar os pares como termos que estabelecem entre si relações que atuam na definição mesma de cada uma deles.
O Brasil pré-Pop
Brasil pré-‐Pop
•Abstração geométrica
Brasil pré-‐Pop
• Liberdade ar9s:ca• Construção lógica e formal• Mundo progressista regido pela razão técnica
• Sociedade industrial como potência redentora
Brasil pré-‐Pop
•Brasília•Parque Ibirapuera•Museus de Arte Moderna•Teatro Arena•Cinema Novo•Poesia concreta
Brasil pré-‐Pop
• Concre:stas – São Paulo• Neoconcretos – Rio de Janeiro
• Trabalhar valores abstratos e formas concretas, com materiais reais.
Alan Ridell
Escultura de Lygia Clark (Neoconcreta)
Brasil pré-‐Pop
Ponto de encontro Mary Vieira Objeto Ciné4co Abraham Palatnik
Brasil pré-‐Pop
Unidade tripar4da Max Bill Fita de Moebius
Brasil pré-‐Pop• Rompia com a arte român:ca e representacional de conteúdo ideológico ou subje:vo.
• Propõe uma produção informada pelo saber cien:fico.
A Pop Arte norte Americana
+ Propondo uma nova imagem da Arte+ Unindo Arte e Vida+ Efetivando Princípios da Criticidade que com sua radicalidade celebra a morte da arte+ Rompia a hegemonia do projeto construtivo+ Problematizava o circuito
Questionando:A autonomia da pintura e da esculturaCentramento retinianoDesidealizando o conceito de arteA imagem do artistaValorização da técnica.
Assume a o mundo empírico banalidade como objetos de interesse artistico.
Utilizava das linguagens comerciais e a vida urbana
Quebrava os limites entre as disciplinas criando uma interlíngua dispondo de todos os meios de comunicação
Não tinha por objetivo criticar a nova sociedade, antes adere ao sistema incluindo em seus processos os mesmos processos utilizados no comércio
e na indústria na construção dos objetos artisticos
Retomada da figuração reproduzindos anonimos frios e desprovidos de inquietações existenciais.
Seu caracter repetitivo da figuração serve como anúncio da falência do novo e iguala o artista a uma
máquina reprodutora de cópias
Questionando a posição do artista nessa nova sociedade onde o consumo e reprodução em massa
ditam
Iguala a obra de arte a qualquer produto da cadeia do cotidiano comercial
Passa a aderir às linguagens do mundo real.
Comentando e revendo o modo de vida das sociedades pós-industrial e a nova
condição humana.
Deu um valor numérico e serial como de uma mercadoria e ao artista uma incapacidade de formular juizos
Principais artistas da Pop Art Americana.
Andy WaholRoy Lichtenstein
Principais artistas da Pop Art Americana.
Roy Lichtenstein A obra dele mais significativa é quase toda baseada em quadrinhos. Logo, se você ver alguma coisa que lembre quadrinhos exposta numa galeria, há grandes chances do
artista ser ele.
Principais artistas da Pop Art Americana.
Yayoi Kusama é uma artista pop Japonesa viva até hoje. Se você ver um monte de bolinhas em alguma obra, grandes chances de ser ela a dona. Não, não me perguntem o que quer dizer os pontos, mas vai dizer que as obras não são bonitinhas?
Principais artistas da Pop Art Americana.
Wayne Thiebaud é o artista dos doces retrô. Se o quadro tem alguma guloseima antiga meiga, chute ele como autor do quadro.
Principais artistas da Pop Art Americana.
Jasper Johns: Ele fez um quadro chamado flags, aquele com uma bandeira por cima da outra, que você já deve ter visto.
Principais artistas da Pop Art Americana.
Richard Hamilton: Um inglês considerado o cara que iniciou a pop art, com o quadro “O que faz os lares de hoje serem tão diferentes, tão chamativos?“.
A Arte Conceitual no Brasil
A Arte Conceitual no Brasil
Lygia Pape – Divisor - 1969
Nelson Leiner – são Paulo O porco empalhado
Hélio Oiticica - Bólides
CANONGIA, Ligia. O Legado dos Anos 60 e 70. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005.
DIAS, Juliana Gomes de Souza. Entre o espaço público e o privado na arte de Curitiba. Curitiba: 2008.
O Livro da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 1999.REIS, Paulo. Arte de Vanguarda no Brasil. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Ed., 2006
A arte nos anos 70 no Brasil e no mundo
Vários fatores fizeram uma mudança significativa na arte nos anos 70. Com o rompimento do pós-modernismo , o campo das artes se estende dando lugares a outras técnicas artísticas como a arte pop e o minimalismo.Embora outras manifestações tenham se desenvolvido à época como a Land Art, a Arte Processo e a Arte Conceitual, nenhuma sustentava um corpo de princípios tão bem delimitados, com questões tão coesas como o minimalismo.O minimalismo surge após o ápice do expressionismo abstrato nos Estados Unidos, movimento esse que marcou a mudança do eixo artístico mundial da Europa para os Estados Unidos. Contrapondo-se a esse movimento, o minimalismo procurava através da redução formal e da produção de objetos em série, que se transmitisse ao observador uma percepção fenomenológica nova do ambiente onde se inseriam. Exemplo desse projeto estaria nas obras de Dan Flavin, que através de tubos luminosos modifica o ambiente da galeria.Seus principais representantes foram Donald Judd, Sol Lewitt, Dan Flavin e Carl Andre.
Principais Representantes do Minimalismo
Dan Flavin
É um ar:sta minimalista dos EUA. Seu trabalho se caracteriza por instalações, pinturas e esculturas, entre outros.
Sol LewiG
Foi um ar:sta estadunidense de arte minimalista.Um dos principais protagonistas da arte minimalista, Sol Lewi^ criou, nos anos 60, estruturas compostas de elementos cúbicos ou derivadas do cubo, em variações organizadas sobre uma grade. Eram volumes simples, que convidavam o espectador a reconstruir o retrato mental das variações possíveis de uma dada figura. Desde o início de sua carreira, Sol Lewi^ dedicou-‐se a mudar nossa compreensão das convenções pela alteração de nossos sen:dos.
Donald Judd
Interessa-‐lhe a tridimensionalidade da escultura e a relação que os objetos estabelecem com o espaço e com o solo. Nos seus trabalhos, que resultam de uma radical simplificação das formas, dos materiais e das cores, o ar:sta pretende acentuar as qualidades bsicas e plás:cas, sem imitar ou expressar nada para além da realidade bsica e sensível das formas. Esta redução expressiva e formal é acompanhada pela quase eliminação do contacto direto do ar:sta na produção das peças que muitas vezes eram inteiramente produzidas em fábricas. Os materiais que mais u:liza são o contraplacado, o ferro, o alumínio e a madeira, muitas vezes pintados. Um dos seus trabalhos mais conhecidos, a série de esculturas que são designadas por "Pilhas", resultam da repe:ção ver:cal de caixas retangulares, ao longo de uma parede. Apresentam uma das ideias de composição recorrentes nas obras de Judd: a serialidade, a combinatória e a variação de figuras simples.
Carl AndreÉ um ar:sta plás:co e autor de poemas visuais estadunidense, e um dos membros do movimento minimalista nos anos 1960.O trabalho de Andre é único e tem sua origem numa tradição de escultura. Carl Andre usa materiais modernos ou materiais que foram processados por meios industriais e suas obras são enfa:camente an:ilusionistas; talvez mais do que a de qualquer outro ar:sta da época. Evitando-‐se qualquer efeito de desafio à gravidade escolhendo não prender, colar, soldar, cavilhar, parafusar ou manter os elementos juntos de alguma outra maneira, assim sendo esculturas de disposição.
Convex Piramide1,93 x 53
No Brasil a internacionalização da arte e do mercado abriu possibilidades de usos de materiais dis:ntos como aço, acrílico, plás:co, alumínio, etc, desenvolvendo com isso uma mistura um tanto quanto contraditória de experimentalismo, marginalidade e mercado. No Brasil, nas artes plás:cas, o Minimalismo não teve representantes importantes, mas o Pós-‐minimalismo influencia vários ar:stas, José Resende entre eles. Em algumas obras, Resende derrama parafina quente sobre um pedaço de couro cru, e o resultado é conseqüência da troca térmica entre os dois materiais: o couro se enruga e a parafina endurece. O movimento se enfraquece no início dos anos 80 com a revalorização da pintura.
Artur Barrio
Artur Barrio, artista que aparece em meio a efervescência que abalaram o entre-décadas, logo impõe um novo paradigma que dá à experimentação um caráter demolidor, errático e energético dilatando a capacidade perceptiva a sensorial a níveis inéditos. O artista estabelece o fundamento iconoclasta de sua obra desde as Trouxas Ensangüentadas, que foram espalhadas no Rio de Janeiro (1969) e Belo Horizonte (1970).
Cildo MeirelesCildo Meireles, outro importante artista da década, segue a mesma direção dessa política maior, que se confronta com a lógica elitista do capitalismo. Ele parecia satirizar o consumo mercantil massificado e ao mesmo tempo em que criava uma circulação subversiva e autônoma para a arte. Ele fez isso, em 1970, com as séries Inserções em Círculos Ideológicos, Projeto Coca-Cola e Projeto Cédula. O artista criava “uma espécie de graffiti móvel” com contra-informações, estabelecendo para a arte um território aberto a penetração pública.
• CANONGIA, Ligia. O Legado dos anos 60 e 70. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2005.
• FAVORETTO, Celso. Das novas figurações à arte conceitual. In ITAÚ CULTURAL. Tridimensionalidade: arte brasileira do século XX. São Paulo, Cosac Naify,1999.p. 110 - 115.