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Escola de EnfermagemUniversidade de São Paulo
ENP 382 – Enfermagem no Cuidado à Criança e Adolescente na Experiência de Doença
Profª Drª Camila Amaral Borghi
2019
Enfermagem no cuidado à criança
com afecções respiratórias e sua
família
Contextualizando....
TRATO RESPIRATÓRIO INFERIOR: parte inferior da
traqueia, brônquios principais e sedimentares, bronquíolos e
alvéolos
TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR:
orofaringe, faringe, laringe e parte
superior da traqueia.
� Principal motivo de consulta e hospitalização
� 40 a 50% dos casos atendidos em PS
�Principal motivo para a administração de
antibióticos;
Afecções Respiratórias
(Botelho et al, 2003; Chiesa, Westphal, Akerman, 2008)
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Afecções Respiratórias
� 10% dos casos – pneumonias
� Pneumonias – 30% das hospitalizações em
crianças
� Uma das principais causas de morte em crianças
menores de 5 anos (Pneumonia)
(Botelho et al, 2003; Chiesa, Westphal, Akerman, 2008)
Vulnerabilidade infantil
� Anatomia das vias aéreas respiratórias na
infância
� Características fisiológicas: imaturidade
imunológica,
� Maior consumo de Oxigênio
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Fatores associados
� Demográficos (sexo; idade)
� Socioeconômicos (renda; educação familiar;
local; moradia)
� Ambientais (fumaça; confinamento; frio e
umidade; alta
Fatores associados
� Nutricionais (baixo peso ao nascimento;
desnutrição; desmame precoce)
� Individuais (alergias; falta de imunização)
Fisiopatologia
� Transmissão: mãos contaminadas e aerossóis de
secreções respiratórias
� Invasão viral, presença de secreção, resposta inflamatória:
diminui movimento muco ciliar (tal como fumaça, fumo,
drogas antitussígenas e expectorantes).
� Favorece invasão e desenvolvimento bacteriano
Inflamação local / geral
� Processo autolimitado e de caráter benigno
� Etiologia: 90% viral e 10% bacteriana
� Duração: 2 a 7 dias, resolução em 14 dias
� Períodos mais sintomáticos coincidem com maior
excreção viral (resfriado 3-5º dia)
Características gerais das IRAs
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�Tratamento
Cuidados gerais
Sintomático
Reavaliações
Características gerais das IRAs
Vias Aéreas Superiores
75% dos casos
� Rinofaringite aguda
� Faringoamigdalite
� Otite média
� Sinusite
Vias Aéreas Inferiores
25% dos casos
� Laringite
� Epiglotite
� Bronquite
� Bronquiolite
� Pneumonia
Classificação das IRAs
Principais doenças
respiratórias
�Viral
�Disseminação por contato direto
�Brandas / Graves
�Pode haver complicações – PN viral grave, encefalite,
infecções bacterianas secundárias, OMA, sinusite
�O pior é o risco de infecção secundária
Influenza –Gripe
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�Tratamento – sintomáticos – oseltamivir (Tamiflu)
� Vacina
� Alterações Respiratórias
Influenza –Gripe
� Atinge crianças maiores de 6 anos
� Inflamação das grandes vias aéreas (traqueia e
brônquios), em geral, associada a uma IRA
� Aguda – aumento do muco – traqueia e brônquios –tosse
secretiva.
� Crônica – com lesão em estrutura – lesão obstrutiva ou
restritiva – bronquite asmática (prova função pulmonar)
� Tratamento-sintomáticos
Bronquite
� Infecção viral
� Até 2 anos de idade
� VRS, adeno, parainfluenza são os mais comuns
� Mucosa dos bronquíolos edemacia e o lúmen fica cheio
de muco e exsudato, ocorre aumento de células
inflamatórias nas paredes e por consequência há
obstrução. Isso causa hiperinsuflação do pulmão e até
atelectasia
Bronquiolite
� Os casos graves podem levar à acidose respiratória e
hipoxemia
� Tratamento – aumentar umidade
� Internação – pacientes muito debilitados, problemas com
cuidadores ou desconforto respiratório importante
associado
Bronquiolite
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� Inflamação do parênquima pulmonar
� Lobar –totalidade ou grande parte de um ou mais dos lobos atingida. Quando atinge os dois pulmões –bilateral ou dupla
� Broncopneumonia – começa nos bronquíolos terminais –formação de placas e obstrução por exsudato muco purulento
� Intersticial –processo inflamatório dentro das paredes alveolares
Pneumonia
� Classificação
� Viral – causada por vírus
� Bacteriana – em geral, posterior a um quadro viral
� Atípica – 10 - 20% M. pneumoniae
� Aspirativa – por corpo estranho e alimentação
� Hospitalização – drenagem torácica
Pneumonia
�Obstrução ou estreitamento da via aérea com irritabilidade
brônquica após a exposição à vários estímulos
�Pode haver diminuição do calibre dos bronquíolos
�Aumenta a resistência, aumenta a dificuldade respiratória
pelo lúmen estreitado, gerando a expiração prolongada,
forçada.
ASMA
Exame físico
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Exame físico da criança com IRA
• Aparência geral: dificuldade para respirar? Parece
gravemente doente?
• Tosse, secreção ou obstrução nasal
• Sinais vitais: FR, T, FC, PA
• Movimentos respiratórios: características da inspiração e
da expiração, profundidade, ritmo, simetria; ruídos
adventícios (estridor, sibilância, gemido, rouquidão)
Exame físico da criança com IRA
Sinais de desconforto respiratório: taquipnéia;
cianose; esforço expiratório; respiração bucal;
palidez; retrações torácicas; batimento de asa de
nariz; sudorese.
Exame físico da criança com IRA
� Mucosa nasal e oral posterior hiperemiada
� Amídalas hipertrofiadas, hiperemiadas, com presença
de vesículas ou de secreção purulenta
Exame físico da criança com IRA
� Linfonodos cervicais aumentados
� Recusa alimentar; dificuldade para deglutir
� Hidratação
� Distensão abdominal
� Peso
� Ausculta: diminuição de murmúrios vesiculares; roncos;
sibilos
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Diagnósticos de
Enfermagem
Possíveis diagnósticos de enfermagem
� Desobstrução ineficaz de vias aéreas
� Risco para (transmissão) infecção
� Risco para Hipertermia/hipotermia
� Dor aguda
� Risco para nutrição desequilibrada: menos do que as
necessidades corporais
� Troca de gases ineficaz
� Perfusão tissular prejudicada
Desobstrução ineficaz de vias aéreas
Tosse ineficaz ou ausenteIncapacidade para remover secreções das V.A.
• Sons respiratórios anormais• Alteração dos padrões respiratórios
aumento FR (bebês); respiração bucal (cr>); coriza; dificuldade para mamar;
D.E.: Desobstrução ineficaz de vias aéreas
� Estado em que o indivíduo apresenta uma
ameaça ao estado respiratório, relacionada à
incapacidade de tossir de modo eficaz
� Inabilidade de remover secreções ou
obstruções do trato respiratório, para manter
a via aérea permeável
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Desobstrução ineficaz de vias aéreas
Intervenções
� Posicionar para prevenir aspiração
� Proporcionar ambiente umidificado
� Planejar períodos de repouso
� Aspirar secreções das V.A.
Def: remoção de secreções de V.A. através da
inserção de catéter de sucção na via aérea oral e/ou
na traquéia do paciente
Intervenção: Aspiração das vias aéreas
� Determinar a necessidade de aspiração
� Auscultar sons respiratórios antes e após a aspiração
� Orientar criança e família
� Fazer aspiração com aspirador à vácuo ou bulbo de
borracha
� Usar precauções padrão
� Observar tipo e quantidade da secreção
� Orientar família sobre como realizar aspiração
Intervenção: Aspiração das vias aéreas
� FLUIDIFICAR SECREÇÕES para facilitar sua eliminação.
Pode provocar intensificação da tosse ou desconforto
respiratório, se remoção não eficiente
� Aumentar oferta de líquidos **
� Vaporização: Vapor de chuveiro
Com aparelho elétrico: há controvérsias
Inalação com água destilada ou SF estéril.
Atenção à limpeza do equipamento
Intervenção: Aspiração das vias aéreas
Para REMOVER as SECREÇÕES NASAIS:
� Instilar 0,5-1,0 ml de SF morno nas narinas
Atenção: soluções com droga somente com prescrição médica
� Limpar as narinas com cotonete, papel absorvente ou pano macio e
limpo
� Aspirar as narinas
� Estimular espirro
� Tapotar ou percutir a base do nariz
� Ensinar a criança a assoar o nariz
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D.E.: Risco para infecção (transmissão)
� Estado em que um indivíduo corre um risco
aumentado de ser invadido por organismos
patogênicos
� Estado em que o indivíduo apresenta riso de
transferir agente patogênico para outro
Intervenção: Controle de infecçãoDef: Minimizar a aquisição e transmissão de agentes infecciosos
� Manter ambiente ventilado
� Intensificar lavagem de mãos
� Usar lenço descartável e objetos pessoais
individualizados
� Proteger a boca quando tossir e espirrar
� Encorajar respiração e tosse profundas
Intervenção: Controle de infecção
�Orientar terapia com antibiótico, quando adequada
�Higienizar brinquedos compartilhados com outras crianças
diariamente
� Dormir em quarto/cama separada
� Promover ingestão nutricional e hídrica adequada
� Monitorar sinais de infecção, como piora do quadro e
surgimento ou piora de febre
D.E.: Risco para hipertermia
Def: Estado no qual o indivíduo apresentaelevação da temperatura corporal acima da faixanormal.
� Febre x Hipertermia
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Intervenção: monitoramento da temperatura
�Monitorar a T
�Em caso de febre (T > 37,8oC):
� Manter roupas leves
� Manter ambiente arejado
� Oferecer líquidos
� Usar antitérmico (T > 38,5ºC)
Intervenção: Controle da febre.
� Monitorar a temperatura
• Observar o estado geral da criança, com atenção a sinais de
febre.
• Medir e registrar a temperatura axilar.
� Tratar a febre
• Manter roupas leves
• Manter ambiente arejado e com temperatura agradável
• Oferecer líquidos adicionais
• Usar antitérmico prescrito
• Realizar banho morno ou compressas frias
D.E.: Dor Aguda
Estado em que o indivíduo apresenta e relata a
presença de desconforto severo ou sensação
desconfortável com duração de 1 segundo até
menos que 6 meses.
A criança relata ou demonstra desconforto
Aumento FC, FR, PA; posição de defesa; choro
inconsolável; gemidos; não consegue deglutir
Intervenção: Controle da dor
Def: alívio ou redução da dor a um nível de conforto
aceitável pelo paciente
�Reduzir ou eliminar fatores ambientais capazes de
influenciar a resposta da criança ao desconforto
� Selecionar medidas para o alívio da dor:
• analgésico (paracetamol, dipirona, ibuprofeno)
• Calor seco (dor de ouvido)
• Xarope caseiro (dor de garganta)
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D.E.: Padrão respiratório ineficaz
� Inspiração e/ou expiração que não proporciona
ventilação adequada
� Estado em que o indivíduo apresenta perda
real ou potencial da ventilação adequada
relacionada à alteração no padrão respiratório.
Padrão respiratório ineficaz
� Mudanças na frequência ou no padrão respiratório
� Mudanças no pulso
� Ortopnéia
� Uso de músculos acessórios
� Alterações anatômicas tórax
� Expiração prolongada
� FR: lactente <25 ou >50/60
1-4 anos <20 ou >40
5-14 anos <14 ou >25
Intervenção: Controle das vias aéreas
Def: facilitação da permeabilidade da via aérea à passagem
do ar
� Posicionar a criança para maximizar o potencial
respiratório e aliviar a dispnéia
� Manter roupas confortáveis
� Remover secreções, encorajando a tosse ou aspirando
� Encorajar respiração lenta e profunda, virar e tossir
� Administrar broncodilatadores e tratamentos com
nebulizador conforme adequado
Intervenção: Fisioterapia respiratória
Def: auxílio à criança para mobilizar secreções das V.A. desde
as periféricas, até as centrais, para expectoração e/ou
aspiração.
MOBILIZAR E REMOVER SECREÇÕES V.A.I.
� Movimentação livre
� Estimular tosse
� Drenagem postural
� Percussão ou tapotagem
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D.E.: Risco para nutrição desequilibrada:
Menos do que as necessidades
corporais.
� Relato de ingestão inadequada de
alimentos, menos do que a porção diária
recomendada.
Intervenção: Manter a alimentação
�Orientar os familiares que a anorexia é temporária
� Fracionar a alimentação: aumentar frequência e
diminuir o volume das refeições
� Oferecer alimentos calóricos e nutritivos de boa
aceitação por parte da criança
� Identificar sinais de gravidade
� Após o término da doença, oferecer uma refeição
extra para recuperar o crescimento
Intervenção: estimular a hidratação
A desidratação é um risco durante as IRA devido à
ocorrência de febre, vômito, diarréia, além da taquipnéia
� Oferecer líquidos frequentemente:
• líquidos de boa aceitação por parte da criança
• líquidos nutritivos e calóricos: sucos, gelatinas, caldos
de legumes, de carne ou galinha
• usar brincadeiras para estimular a aceitação
Oxigenoterapia
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Consiste na administração de oxigênio numa concentração
de pressão superior à encontrada na atmosfera ambiental
para corrigir e/ou atenuar a deficiência de oxigênio ou
hipóxia.
Oxigenoterapia
� Reverter a hipoxemia e auxiliar no alcance de três metas:
� 0xigenação tissular melhorada;
� Trabalho diminuído da respiração em casos de dispnéia;
� Trabalho diminuído do coração nos pacientes
cardiopatas.
Objetivos:
� O oxigênio é prescrito em relação ao fluxo ou à
concentração, dependendo das necessidades do paciente
e da capacidade do dispositivo de administração;
� O fluxo de oxigênio é expresso em litros/minuto. A
concentração é expressa como um percentual ou como
uma fração de oxigênio inspirado (FiO2);
� Usar a concentração mínima ou o menor fluxo possível
para alcançar um nível de oxigênio sanguíneo adequado
Princípios Gerais:
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Cânula nasal
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Referências
HOCKENBERRY, M. J. Fundamentos de Enfermagem Pediátrica - Wong. 10ª.ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2017.
BOWDEN, V.R.; GREENBERG, C.S. Procedimentos de enfermagem pediátrica. Trad.
Claudia Lúcia Caetano de Araújo, Ivone E,Cabral, 2005.