1 | M e d i c i n a - U F R J
Caros calouros,
Ns, veteranos, gostaramos primeiramente de
parabeniz-los pelo ingresso na Faculdade de
Medicina da UFRJ. Estamos contentes em receb-los.
Parabns por terem vencido uma das primeiras
etapas para se formarem mdicos! Agora, mais uma
etapa se inicia em suas vidas. Estamos aqui para
orient-los e ajud-los da melhor forma possvel.
O primeiro passo da carreira acadmica de vocs
ser estudar disciplinas do Ciclo Bsico. Infelizmente,
antecipamos que, na M1 e durante o ciclo bsico,
existem poucos assuntos diretamente ligados prtica
mdica. Por isso, resolvemos criar o projeto BLS-
Suporte Bsico de Vida, permitindo a vocs um
primeiro contato com a prtica mdica.
Ao final, pedimos que avaliem o projeto e enviem
suas crticas e sugestes, pois fundamental para
continuarmos sempre em aperfeioamento. No se
esqueam que, futuramente, sero vocs quem
assumiro os cargos que exercemos atualmente.
Sintam-se em casa e bem-vindos famlia fundo,
Projeto BLS 2012.1
Veteranos da Faculdade de
Medicina/ UFRJ
O que o Suporte Bsico de Vida
O BLS, como o prprio nome sugere, consiste em
um conjunto de aes e medidas iniciais que
aplicamos a uma vtima fora do ambiente hospitalar,
com o intuito de preservar sua vida e evitar o
agravamento de leses.
Assim, o socorrista deve:
- (1) identificar urgncias clnicas e/ou traumticas;
- (2) manter e monitorar a viabilidade dos rgos
vitais; e, como j foi dito,
- (3) no gerar novas leses e evitar o
agravamento das j existentes.
O servio de urgncia deve ser acionado (192:
SAMU / 193: Bombeiros). O socorro aplicado
enquanto se aguarda a chegada do servio de
urgncia (que realizar o transporte do acidentado at
o hospital).
Um BLS rpido e bem executado melhora muito as
chances de sobrevivncia do acidentado.
Nas prximas pginas, voc aprender melhor
acerca dos procedimentos e tcnicas utilizados em
diversas situaes, e que podem garantir um suporte
de vida adequado. A nvel didtico, dividiremos o
nosso curso em 5 reas:
1) BLS em Parada Cardiorrespiratria (PCR);
2) Obstruo Vias Areas e Corpos Estranhos;
3) Fraturas e Queimaduras;
4) Convulso e Parto; e
5) Hemorragias e Feridas.
2 | M e d i c i n a - U F R J
Informaes gerais sobre o BLS e conselhos da faculdade que voc precisa saber
Avaliando a Primeira Assertiva
Preste bastante ateno nisso:
[1] Cerca de 70% das pessoas sentem-se des-
preparadas para agir durante uma emergncia
cardaca, pois no sabem como administrar
Ressuscitao Cardiopulmonar (RCP)
Podem at existir profissionais da rea de sade e
colegas (estudantes de Medicina), infelizmente, que
no se sentem capazes de aplicar a RCP.
Cabe a voc decidir se seu dever, como futuro
mdico, conhecer as tcnicas e se aprimorar no
sentido de poder salvar vidas em situaes de
emergncia, mesmo sendo da M1. S fazendo o
currculo da M1, este conhecimento est longe de ser
alcanado. A matria bastante carregada em
Biologia Celular, temas de laboratrio, e possui
poucos assuntos mdicos.
A UFRJ muito rica: possui vrias ligas que
abordam vrios temas mdicos, professores
excelentes. Mas nada ir at voc. Como veteranos,
queremos aconselhar vocs a buscarem, por iniciativa
prpria, a participarem de ligas, confirmar presena
em palestras do interesse de vocs, estudar assuntos
mdicos. Estamos aqui, no projeto, para tentar
transmitir a vocs o conhecimento mnimo necessrio
que precisam saber e dar a oportunidade de terem um
primeiro contato com a Medicina.
Vdeo recomendado:
- FAA A RCP! Antigo comercial da Ass. Americana do Corao
Link: http://www.blsufrj.com.br/video1.php
Avaliando a Segunda Assertiva
[2] A cada minuto decorrido, diminui em 10%
as chances de sobrevivncia e, em dez
minutos, a chance de salvamento mnima.
Por esse motivo, at leigos podem iniciar os
procedimentos de BLS para salvar a vtima. Vocs,
como futuros mdicos, podem fazer mais do que
pensam.
Todos os procedimentos sero ensinados na teoria
e prtica. Tenha sempre em mente que a RCP precisa
ser iniciada o mais rapidamente possvel. Voc no
pode perder tempo. NUNCA SE ESQUEA:
Grfico: Paciente apresentou PCR
(x) = tempo decorrido sem socorro
(y) = chance de sobrevivncia da vtima
Faa o treinamento de modo que o BLS (e RCP)
seja assimilado e prontamente executado por
voc, de maneira correta, rpida e eficiente.
Leia esse fragmento de uma matria do Terra:
[3] Na Noruega, por exemplo, um programa nas escolas de ensino bsico instrui crianas de dez a 12
anos a realizar a reanimao cardaca. Estas, por sua
vez, repassam o aprendizado aos pais e familiares. O
objetivo que todos os noruegueses saibam. Isso, em
um pas em que o socorro demora de cinco a seis
minutos para chegar. Em So Paulo ou Rio, com o
trnsito, sem dvida, o resgate leva mais que seis
minutos. Terra online sade (modificado)
At adolescentes podem fazem a RCP. O ideal seria
que toda a populao brasileira aprendesse, mas
sabemos que isso est muito longe de acontecer.
[1], [2], [3]: http://saude.terra.com.br/noticias/0,,OI4719909-EI16563,00-
Massagem+cardiaca+pode+salvar+vidas+Saiba+como+fazer.html
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Dados estatsticos de PCR
A partir de uma parada cardaca, ocorre tambm
parada respiratria em seguida. Ou o contrrio.
(varia de 3 a 5 minutos; h divergncia do tempo
exato pelos pesquisadores).
Paradas cardacas so mais comuns do que se
pensa e podem ocorrer com qualquer pessoa. Estima-
se, segundo a American Heart Association (AHA), que
cerca de 300.000 paradas cardacas ocorrem
anualmente fora de um centro mdico, sendo 80%
delas em casa. Muitas das vtimas apresentam-se
sadias e sem doenas cardacas conhecidas.
E no Brasil, assim como em todo o mundo, a parada
cardaca aparece como uma das principais causas de
morte, principalmente quando causada por Infarto
Agudo do Miocrdio (IAM).
Explicando melhor a Parada Cardaca e IAM
Parada Cardaca e IAM a mesma coisa?
No a mesma coisa: O IAM causa a Parada
Cardaca.
Alm de fazer com que o sangue circule pelo corpo,
o corao tambm precisa de sangue para o prprio
funcionamento de clulas musculares.
O Infarto Agudo do Miocrdio ocorre quando o
suprimento sanguneo que chega at parte do
msculo cardaco interrompido. Assim, o tecido
morre e, dependo da extenso do infarto, o corao
pode parar de funcionar, ocorrendo uma Parada
Cardaca. A Parada Cardaca pode ter vrias causas.
Na maioria dos casos, ocorre por IAM.
Uma das principais causas de IAM a formao de
placas de gordura ao longo do vaso (ateromas), que,
juntamente com um cogulo, pode obstruir a
passagem do sangue (aterotrombose oclusiva).
Fatores de Risco para IAM
Segundo os dados de 2011-2012 da AHA, entre os
fatores de risco que auxiliam no diagnstico esto:
- Diabetes mellitus
- Dislipidemias (colesterol alto)
- Hipertenso Arterial
- Sobrepeso e obesidade
- Sedentarismo
- Fumo
- Deficincias nutricionais
Portanto, estar familiarizado com os fatores de risco
e procedimentos pertinentes durante uma parada
cardaca essencial para qualquer pessoa e,
principalmente, para o profissional da sade.
Sinais e Sintomas Clssicos do IAM
Geralmente duram mais que 15 minutos:
- Dor em aperto no peito (sensao de peso),
previsivelmente piorada com esforo. Desta forma,
o paciente que est infartando sente sua dor aumentar
quando um esforo produzido;
- Desconforto na nuca, pescoo e braos;
- Respirao ofegante (dispnia);
- Sudorese intensa (diaforese);
- Pulso fraco e rpido;
- Nuseas e vertigem que duram mais que 15 minutos
- Em alguns casos, observa-se dor na regio
epigstrica (no se preocupem, ser visto na clnica)
OBSERVAO: no necessrio que o paciente
relate ou apresente TODOS esses sintomas; s
vezes, apenas alguns so relatados pelo mesmo.
Conforme o paciente apresenta um maior nmero de
sintomas mencionados aqui, maior a probabilidade
de ser uma dor tipicamente cardaca.
Introduo ao Suporte Bsico de Vida
O Suporte Bsico de Vida (Basic Life Support - BLS)
consiste na realizao de aes seqenciais
essenciais no atendimento inicial da vtima que visam
a manuteno da vida atravs de procedimentos
acessveis tanto ao profissional de sade quanto ao
cidado, at que a vtima receba assistncia
especializada e suporte avanado. Este atendimento
deve ser de urgncia, ou seja, o mais rpido possvel
para evitar agravos e/ou de emergncia quando se
visa recuperar e/ou manter os sinais vitais da vtima
sob risco de morte.
4 | M e d i c i n a - U F R J
O maior objetivo em realizar a Reanimao Cardio-
pulmonar (RCP) prover oxignio ao crebro e
corao at que o tratamento adequado restaure os
batimentos cardacos normais, ou que permita o
tempo necessrio para a chegada de uma equipe de
Suporte Avanado de Vida.
Quando o incio da RCP for retardado, a chance
de sobrevida prejudicada e o tecido cerebral
sofre danos irreversveis, resultando em morte ou
seqela neurolgica severa ou permanente.
importante lembrar que o atendimento bsico
pode, e deve ser efetuado por qualquer pessoa, desde
que possua um treinamento, de forma que seja
possvel ajudar e, sobretudo, no piorar o estado da
vtima.
BLS para Adultos (!)- Como Proceder
PASSO 1: Avaliao da Segurana de Cena e
Responsividade da Vtima
Priorize a segurana aplicando a Regra dos 3 S:
- Scene (cena): avaliar o local onde a vtima se encontra.
- Security (segurana): o socorrista deve prezar pela prpria segurana antes de decidir tomar
qualquer atitude em relao a uma vtima com
potencial Parada Cardiorrespiratria (PCR). Sob
condies adversas, deve aguardar ou providenciar o
acesso seguro vtima e, se possvel, retir-la do
ambiente de perigo.
- Situation (situao): o socorrista deve avaliar o que de fato aconteceu, a cinemtica do trauma, o
nmero, estado e responsividade da vtima (pela
manobra Shake and Shout).
Verificando a responsividade pela Manobra
Shake and Shout
Para verificar a responsividade, encoste nos ombros
da vtima de forma enftica e pergunte, chame-a em
tom audvel Voc est bem?. Voc no est
procurando uma resposta, mas sim algum tipo de
reao contraes das plpebras, movimento
muscular, virar-se para o som e assim por diante. Se
no houver resposta, a vtima no est responsiva.
Observe a figura ao
lado. Ao executar a
manobra, uma vtima
consciente pode
levantar subitamente
e, assustada, acabar
ferindo o socorrista.
Por isso, este deve
manter um dos ps
no cho enquanto a
outra perna est em flexo de quadril, permitindo que
se levante rapidamente caso seja necessrio.
Verificando o pulso
Avalie o pulso da A. cartida comum.
ATENO: O pulso perifrico pode no ser
palpvel! NO palpe o pulso da A. radial.
O pulso tambm pode ser realizado na A. femoral (regio da virilha); mas as pessoas podem ficar assustadas e achar que voc est abusando da vtima. ATENO: no demore mais que 10 segundos checando o pulso.
5 | M e d i c i n a - U F R J
PASSO 2: Chamar o Servio Mdico de
Emergncia
Uma vez percebida a situao de emergncia, ou
seja, quando a vtima est inconsciente e sem
respirao ou apresentando respirao anormal, o
socorrista deve acionar, ou pedir que outro acione o
servio mdico de emergncia.
Ligando para o nmero
193, o socorrista aciona o
Corpo de Bombeiros, caso
esteja em ambiente
externo, como praias, ruas
ou estacionamentos.
Ou pode tambm acionar o
SAMU, ligando para 192,
quando a emergncia ocorre
em ambiente fechados,
como residncias ou locais
de trabalho.
Ao acionar esses servios, o socorrista (ainda que
leigo) deve informar corretamente o endereo do local
onde se encontra, com referncias adequadas; tipo de
emergncia (desmaio, queda, etc.); condio das
vtimas e do ambiente ao redor; e o nome e telefone
para contato. ATENO: no desligue o telefone
at a confirmao e permisso do atendente.
PASSO 3: A Seqncia da Vida
Elos de Sobrevivncia pra Adultos
Uma vez que a vtima esteja inconsciente e sem
pulso, o socorrista deve iniciar as manobras de
ressuscitao cardiopulmonar. Caso a vtima no
respire ou apresente respirao insuficiente ou
afogante (chamado gasping), o socorrista tambm
deve assumir que haja parada cardaca.
Antigamente era utilizado, em parada
cardiorrespiratria, a sequncia ABC. Todavia, as
pessoas perdiam tempo demais verificando as
Vias Areas e Respirao. A cada minuto, a
chance de sobrevivncia diminui em 10%.
Por isso, a partir de 2010, a American Heart
Association mudou a seqncia para C-A-B.
Antes de comearmos a falar sobre a letra C
(Circulation Compresses Torcicas), voc
precisa saber como Posicionar suas Mos para
efetuar a massagem cardaca. Para isso, voc precisa
saber a Anatomia da regio.
Posicionamento das Mos
Anatomia do osso esterno (veja melhor no Anexo I-
pgina 46 dessa apostila):
O posicionamento correto das mos sobre o trax
da vtima essencial para se evitar a ocorrncia de
leses internas decorrentes das compresses
torcicas e para a perfeita efetividade da manobra.
Suas mos devem ficar sobre a extremidade inferior
do esterno. Devem ser posicionadas 2 dedos acima
do processo xifide; isso fica, aproximadamente,
na linha intermamilar. Trace uma linha imaginria
entre os mamilos, o ponto mdio localiza-se no exato
local que sua mo dever posicionar-se para as
compresses torcicas. Nesse ponto, o esterno
flexvel possvel comprimi-lo sem fratur-lo.
Coloque o calcanhar da mo (loja tenar e
hipotenar) no esterno com a outra mo por cima, com
os dedos de ambas as mos apontando na direo
oposta sua. Entrelace os dedos ou estenda-os,
mantendo-os afastados do trax da vtima (veja as
figuras na prxima pgina).
6 | M e d i c i n a - U F R J
- S a loja tenar e hipotenar da mo (em
vermelho na figura da mo, esquerda) devem
estar encostados no esterno. Assim a fora de
seu corpo est sendo aplicada sobre uma menor
rea (P=F/A). Logo, maior a presso.
- A loja tenar e hipotenar da mo devem ser
colocadas 2 dedos acima do processo xifide ou
na linha intermamilar, como indicam as figuras.
- Uma compresso torcica mal realizada (fora do
esterno) pode gerar complicaes: fratura de
costelas. As costelas fraturadas podem lacerar
diferentes rgos internos, como mostram as
figuras acima. Portanto, conhea a anatomia!
- Pode ser que, durante as compresses
torcicas, voc oua barulhos relativos
fratura de costelas. No se assuste! melhor
o paciente vivo com as costelas fraturadas do
que morto com as costelas inteiras.
7 | M e d i c i n a - U F R J
Visto como posicionar suas mos, faa o C-A-B:
1) Circulation (compresses torcicas):
Essa manobra consiste em imprimir fora e presso
de maneira rtmica sobre a metade inferior do externo,
criando um fluxo sanguneo devido ao aumento da
presso intratorcica e a compresso direta do
corao, permitindo assim o aporte de oxignio para o
crebro e para o miocrdio.
Para a realizao eficaz das compresses,
necessrio que a vtima encontre-se deitada em
uma superfcie rgida e o socorrista deve
posicionar-se ao lado da vtima, ajoelhando-se caso
esteja deitada no cho ou de p ao seu lado, se ela
estiver em uma maca.
Os braos do socorrista devem estar estendidos
frente do tronco, ficando perpendiculares a ele.
Deve posicionar suas mos uma sobre a outra,
tendo por cima a mo dominante. Nessa posio,
deve-se posicionar a loja tenar e hipotenar sobre a
metade inferior do osso esterno, ou entre os mamilos
(linha intermamilar) da vtima, como j foi explicado.
A aplicao correta e eficaz da manobra implica
deprimir o esterno aproximadamente 5
centmetros e permitir que ele volte totalmente,
sem fletir (dobrar) os cotovelos.
A fora deve ser gerada na coluna lombar e
somente transmitida aos braos. O ritmo de
compresses torcicas de alta eficincia
(depresso torcica entre 4 e 5 cm) deve ser de,
no mnimo, 100 por minuto. O ciclo de 30
compresses (em 18-23 segundos), seguidas de duas
ventilaes.
Os ombros do socorrista devem estar na linha do
nariz da vtima, em um ngulo de aproximadamente
90 graus com o cho, como ilustra a figura a seguir.
2) Airways (abertura das vias areas):
As manobras de abertura de vias areas devem ser
realizadas de maneira rpida e eficiente, para que a
interrupo das compresses torcicas seja mnima,
uma vez que essas so prioridade no BLS do adulto.
Caso no haja suspeita de leso cervical (regio
do pescoo) ou cranioenceflica, deve-se realizar a
abertura das vias areas usando a manobra Head-
tilt Chin-lift, que a maneira mais simples de abrir
as vias areas.
8 | M e d i c i n a - U F R J
Manobra Head-tilt Chin-lift (inclinao da
cabea elevao do queixo)
Consiste em apoiar a palma de uma das mos sobre
a testa da vtima, fazendo presso para trs, enquanto
os dedos da outra se apiam no queixo, elevando a
mandbula.
Se voc estiver em dvida se h leso cervical,
ento considere que h leso cervical. Nos casos
de leso cervical, no utilize a Head-tilt Chin-lift;
utilize a manobra Jaw-Thrust.
Manobra Jaw-Thrust (anteriorizao e trao
da mandbula)
Essa tcnica tem como vantagem o fato de no
mobilizar a coluna cervical, visto que promove a
desobstruo das vias areas por projetar a
mandbula anteriormente, deslocando tambm a
lngua.
Como desvantagem, esta manobra mais difcil de
ser realizada. Precisamos supervision-lo
pessoalmente para ter certeza que voc est fazendo-
a corretamente. Ser abordada na aula prtica do
projeto.
Executar da seguinte forma:
1) Apoiar a regio tenar da mo sobre a regio
zigomtica da vtima, bilateralmente, estando
posicionado na sua "cabeceira";
2) Colocar a ponta dos dedos mdio, anelar e mnimo
atrs do ngulo da mandbula, bilateralmente,
exercendo fora suficiente para desloc-Ia
anteriormente (voc utilizar a articulao temporo-
mandibular para fazer esse procedimento);
3) Apoiar os dedos indicadores na regio mentoniana,
imediatamente abaixo do lbio inferior, e promover a
abertura da boca.
3) Breathing (respirao com boa ventilao):
Uma vez iniciadas as compresses, deve-se realizar
a manobra de ventilao. O socorrista deve inclinar-se
sobre a vtima, abrindo suas vias areas.
Depois, deve inspirar normalmente e colocar os
lbios ao redor da boca da vtima, vedando-a
totalmente. Deve-se fechar completamente as
narinas da vtima, apertando em formato de
pina.
Uma ventilao correta requer expirao lenta, com
durao de 1 segundo, assegurando-se que o trax da
vtima expanda-se a cada respirao. O tempo de
expirao no deve ser maior que 2 segundos, para
evitar que o aumento da presso intratorcica reduza
o retorno venoso para o corao e diminua o dbito
cardaco. Alm disso, um grande volume de ar pode
resultar em expanso gstrica, ocasionando refluxo e
possvel broncoaspirao do contedo gstrico.
9 | M e d i c i n a - U F R J
O ciclo 30:2 (30 compresses : 2 respiraes)
deve ser mantido at que:
- O Desfribrilador Externo Automtico (DEA) esteja
disponvel;
- A vtima mostre reao, sinais de vida;
- A equipe de resgate chegue e assuma o controle da
situao;
- O socorrista atinja o cansao extremo, ficando
impossibilitado de continuar.
Consideraes Finais, DEA e Resumo do BLS
O ritmo cardaco que ocorre inicialmente em parada
cardaca, com maior frequncia (80-90% dos casos)
a fibrilao ventricular. Neste ritmo, os ventrculos
contraem-se desordenadamente, no resultando em
pulsao.
Sendo assim, a desfibrilao rpida de suma
importncia, pois o choque permite que os seus
marcapassos naturais voltem a disparar
ordenadamente. No entanto, o choque no capaz de
recomear o corao, logo, se o corao parar
(assistolia), a desfibrilao no ser vivel.
Aps o choque, h a possibilidade do corao voltar
a funcionar em um ritmo ordenado, porm lento
(braquicardia), que no eficiente para bombear o
sangue. Neste caso o RCP deve ser realizado.
Atualmente, existe o desfibrilador externo
automtico (DEA), um dispositivo mdico
computadorizado. Um DEA pode examinar o ritmo
cardaco de uma pessoa. Ele pode reconhecer um
ritmo que necessite de um choque e pode avisar ao
socorrista quando um choque necessrio. O DEA
usa mensagens sonoras, luzes e mensagens de texto
para indicar ao socorrista os passos a tomar. At se
voc colocar as ps de choque erradamente, o DEA
lhe avisa. um sistema inteligente. Confira abaixo:
Alm do DEA, existem outros tipos de
desfibriladores, mas que no so inteligentes. Seu uso
requer treinamento prvio. O ajuste da potncia (em
Joules) manual. So os desfibriladores mecnicos
que constituem a maioria dos disponveis.
Paramos por aqui. Mais para frente, nos perodos de
Medicina altos, voc aprender a usar o desfibrilador.
O que podemos avisar o seguinte: cuidado ao
dar o choque, se no voc ser mais uma vtima!
Curiosidade: um choque pode ter at 360J de
potncia! Quantos J voc acha que tem uma nica compresso torcica? Veja na pg. 45.
10 | M e d i c i n a - U F R J
11 | M e d i c i n a - U F R J
Bsico sobre Corpos Estranhos
Definio
Um corpo estranho um material que, em contato
com qualquer lugar do organismo, causa desconforto,
ferimento ou prejuzo de alguma funo.
So objetos, de variada origem e constituio fsica
que, muitas vezes, apesar de aparentemente
inofensivas, podem causar danos fsicos e desconforto
srio. Os exemplos mais clssicos so vidros,
madeiras, poeira, carvo, areia, limalha de ferro, gros
diversos, peas de brinquedos, grampos, espinhas de
peixe e at mesmo insetos.
Esses objetos estranhos podem penetrar
acidentalmente nos olhos, ouvidos, nariz e garganta,
sendo essas ocorrncias muito comuns.
Corpos Estranhos: Olhos
Classificao
1. MVEIS (ciscos, clios,
insetos)
2. FIXOS
Primeiros Socorros para C. Estranhos: Olhos
A primeira coisa a ser feita procurar reconhecer o
objeto e localiz-lo visualmente e pedir que a vitima
no esfregue o olho.
Primeiros Socorros para CE mveis
- pedido vtima que pisque repetidamente para
permitir que as lgrimas lavem os olhos e,
possivelmente, removam o corpo estranho.
- No obtendo sucesso, deve-se realizar a lavagem do
olho com gua corrente do canto interno do olho, junto
ao nariz, para o externo, durante 15 minutos.
- Se a manobra no obtiver sucesso, cubra e
encaminhe para o hospital.
12 | M e d i c i n a - U F R J
Quando o objeto se localizar na plpebra superior, a
manobra de everso palpebral pode ser realizada,
facilitando o acesso ao objeto.
Primeiros Socorros para CE fixos
- Nunca deve-se tentar remover o objeto.
- Se no for possvel o fechamento do olho, o certo
fixa-lo cobrindo-o com copos, gazes ou outros objetos,
evitando destruio dos tecidos pela movimentao.
- Tambm pode ser feita a ocluso do olho
contralateral, j que os movimentos oculares
tendem a ser conjuntos.
- Encaminhar a um mdico preparado para tais
situaes.
Primeiros Socorros para C. Estranhos: Orelha
Corpos estranhos podem penetrar acidentalmente
nas orelhas, sendo estes acidentes mais comuns com
crianas. Geralmente so insetos. Entre os sinais e
sintomas deste acontecimento esto surdez, zumbidos
e dor. Nesses casos, pode-se tentar identificar o
objeto estranho.
1. OBJETO EM MOVIMENTO
13 | M e d i c i n a - U F R J
- No caso de pequenos insetos, a primeira medida
tentar atra-lo para fora usando uma luz colocada
prximo ao canal auditivo, puxando-se a orelha
acometida para trs, de preferncia, esse
procedimento deve ser realizado em ambiente escuro.
- Caso no resolva, a medida seguinte deve ser a
colocao de algumas gotas de leo, a fim de
imobilizar os movimentos de asas ou patas do inseto.
Aps, inclina-se a cabea para o lado na tentativa de
colocar o inseto para fora do ouvido, que dever
deslizar com o leo.
2. OBJETO INERTE
- Posicione a cabea da pessoa de maneira que o
lado afetado fique para baixo.
- Movimente o lbulo da orelha acometida de um lado para outro e ao mesmo tempo realize movimentos suaves com a cabea, tentando fazer com que o objeto caia por ao da gravidade.
Primeiros Socorros para C. Estranhos: Nariz
O objeto pode causar irritao, infeco ou
obstruo da respirao. Siga os procedimentos
abaixo:
- Pea a pessoa que respire pela boca.
- Se possvel, aperte suavemente a narina livre e pea
que a pessoa feche a boca e expire pela narina
obstruda, ajudando a expulso do objeto estranho.
- Se o objeto no tiver
sido introduzido at o
fundo do nariz, tente
pressionar a base do
nariz pelo lado de
fora (no alto, perto
dos olhos) e empurrar
o objeto para baixo.
Caso o procedimento no obtenha sucesso, e o
objeto no saia com facilidade, o auxlio mdico
deve ser procurado imediatamente.
Obstruo das Vias Areas (!)- Primeiros Socorros para C. Estranhos: Faringe
Corpos estranhos na garganta podem obstru-la,
provocar leses e asfixia, por impedir a entrada de ar
nos pulmes. Essa obstruo pode ocorrer por
objetos, vmito, sangue, entre outros.
Morte por obstruo de vias areas por corpo
estranho (OVACE) muito comum, porm ao mesmo
tempo, totalmente evitvel. O caso mais comum de
OVACE em adultos por comida e ocorre durante as
refeies. J as crianas, alm de comida, podem
engolir objetos pequenos que acabam obstruindo as
suas vias areas.
Um OVACE possui sinais em comum com outros
eventos como o AVC, a convulso e o desmaio. Cabe
ao socorrista ser capaz de diferenci-los.
Sinais de OVACE
- SEGURAR O PESCOO, como indica a foto abaixo.
Este o sinal universal de asfixia e requer socorro
imediato.
- Dificuldade de Respirar
- Cianose
- Agitao
- Tosse Silenciosa
- Inabilidade de falar (obstruo total)
- Ausncia de choro (criana)
De acordo com o posicionamento do corpo estranho
nas vias areas da vtima, existem dois tipos de
obstruo: parcial ou total.
Primeiros Socorros para Obstruo Parcial
das Vias Areas
Diante dessa situao a vtima ainda capaz de
falar e at mesmo tossir, mesmo que com dificuldade,
pois ocorre a passagem de ar de forma parcial. Neste
caso, o socorrista no deve interferir diretamente, mas
sim estimular a vtima a expelir o corpo estranho por
meio da tosse. Somente se deve interferir caso a
vtima vier a demonstrar sinais de obstruo severa
(total) como o aumento na dificuldade de respirar,
tosse tornar-se silenciosa ou perda da conscincia.
14 | M e d i c i n a - U F R J
Se a vitima for um beb tente no chacoalh-lo (isso
tambm vale para crianas maiores), bater em suas
costas ou vir-lo de cabea para baixo. Se o objeto
estiver visvel e sua remoo for simples, retire-o com
a mo. Caso contrrio, no tente retirar.
Primeiros Socorros para Obstruo Total das
Vias Areas
Nessa situao, o corpo estranho posiciona-se de
tal forma que bloqueia completamente a passagem de
ar, tornando a vtima incapaz de falar, tossir e,
principalmente, respirar.
Na obstruo total das vias areas, o auxlio do
socorrista de grande importncia, pois a vtima
por si s provavelmente no ser capaz de expelir o
corpo estranho somente com seu reflexo de tosse.
O socorrista pode se utilizar de algumas manobras
na tentativa de auxiliar a vitima enquanto o socorro
especializado no chega; sero descritas seguir:
1. MANOBRA DE HEIMLISH
utilizada para adultos e crianas maiores. No
recomendada para bebs e grvidas, pois pode
causar leses.
- Com a vtima em p, se posicione atrs da vtima e
envolva a regio abdominal desta com os braos.
- Posicione o punho cerrado
de uma das mos cerca de
dois dedos acima do umbigo.
- Rotacione este punho at
que seu polegar se posicione
no processo xifide
(pintado em vermelho na
figura ao lado) do osso
esterno (vocs aprendero
na Anatomia M1) da vtima.
- Use a outra mo para envolver a primeira
- Mantenha seu corpo bem prximo do corpo da vitima
e inicie as compresses
- As compresses devem ser fortes e feitas com
movimentos rpidos, para dentro e para cima (em
formato de J vocs vero melhor na aula prtica).
- A sequncia deve ser repetida at que o corpo
estranho seja expelido.
O socorrista deve posicionar uma de suas pernas
entre as pernas da vtima e a outra afastada
posteriormente, de modo a amparar a vtima caso
perca a conscincia.
Em caso de perda da conscincia, ampare a vtima
at o cho, posicionando-a em decbito dorsal
(barriga para cima), em seguida aplicando as
manobras de Ressucitao Cardiopulmonar. No
mais recomendado que se aplique a compresso
abdominal, devido ao maior risco de broncoaspirao.
15 | M e d i c i n a - U F R J
A manobra de Heimlish pode ser usada em
crianas. Nesse caso, o mais adequado que o
socorrista ajoelhe-se, de modo ficar na altura do
beb. Se o socorrista aplicasse de p a manobra
na criana, a fora contra o diafragma poderia no
ser a ideal, alterando a eficcia do procedimento.
Em caso de se estar sozinho ou em algum local sem
pessoal treinado para a realizao da manobra, pode-
se tentar utilizar uma cadeira. A vtima deve projetar o
abdmen sobre a cadeira de forma a gerar uma
compresso significativa, como ilustra a figura abaixo:
2. TAPOTAGEM
Esta manobra deve ser realizada para lactentes e
crianas pequenas. Siga as instrues abaixo:
- Apoie a cabea da vtima com sua mo e deite-a
com o rosto voltado para baixo sobre seu antebrao e
coxa. Essa posio cria um desnvel que permite o
auxlio da gravidade.
- Formando uma concha com uma das mos, o
socorrista aplica cinco palmadas nas costas da
criana, no meio e na metade superior das costas
(regio mediana na linha infraescapular).
- Aps essa manobra, vire a criana para voc,
mantendo a inclinao original e observe a presena
do corpo estranho na cavidade oral da mesma.
- Caso no haja nada que possa ser retirado, aplique
cinco compresses torcicas abaixo do ponto da
compresso cardaca (abaixo da linha imaginria
traada entre os mamilos). Observe a imagem abaixo:
16 | M e d i c i n a - U F R J
Bsico sobre Fraturas
Definio
Fratura a perda estrutural da soluo de
continuidade do osso.
Introduo
O leigo, ao falar de
fratura, geralmente se
refere s fraturas
provocadas por algum
mecanismo traumtico.
Essas so resultado de
presses importantes
sobre uma determinada
rea ssea.
Tal presso deve ser
superior a presso que o
tecido capaz de suportar, uma vez que os ossos
tm, naturalmente, uma capacidade de deformao.
Uma observao importante a se fazer que, ao
contrrio do que muitos acreditam, um osso trata-se
de um tecido vivo, com elevado metabolismo, alm de
contar com um grande suprimento vascular
(sanguneo) e conter reservas adiposas
(principalmente quando nos referimos aos ossos
longos ex: fmur, mero).
Dessa forma, uma fratura pode levar a severas
perdas sanguneas, suficientes at mesmo para levar
a morte, especialmente quase se est diante de
mltiplas fraturas ou fraturas expostas.
Classificao das Fraturas
A. EXPOSIO
- Exposta (aberta): h comunicao ssea com o
meio externo. O osso pode estar exteriorizado ou no.
O dano cutneo pode ocorrer pelo trauma, pelos
fragmentos sseos e pelo manuseio inadequado da
vtima, tornando uma fratura fechada em aberta.
A exposio da fratura para o ambiente externo
produz contaminao local, o que aumenta o risco de
infeco. Assim, pode-se ter consequncias como:
osteomielite (infeco do osso), perda do membro,
septicemia (bactrias na corrente sangunea), alm
de poder levar a bito.
Lembre-se que algumas cavidades so
consideradas meio externo. O tubo digestivo
considerado meio externo, como se
envolvssemos um tubo de ar. Assim, fraturas de
pelve que tenham lacerao de nus so
consideradas fraturas expostas.
As fraturas expostas so consideradas uma
emergncia cirrgica. Desde que o paciente esteja
estabilizado, deve-se lev-lo imediatamente para a
sala de cirurgia.
17 | M e d i c i n a - U F R J
- No exposta (fechada): no h comunicao da
fratura com o meio externo. A pele sobre a leso
ssea apresenta-se intacta; todavia, envolve danos
subcutneos (abaixo da pele) e de outros tecidos
moles, incluindo artrias, veias, nervos, msculos e
rgos.
18 | M e d i c i n a - U F R J
Sintomas e Reconhecimento de Fraturas
Fique atento aos seguintes sinais e sintomas:
- Dor intensa, profunda e localizada, que aumenta
com os movimentos ou presso.
- Edema (inchao devido ao acmulo de lquido
intersticial) gerado devido ao trauma.
- Posio anormal do membro atingido. O
segmento apresenta angulaes, rotaes e
encurtamentos evidentes simples observao da
vtima, comparando-se o membro lesado com o no
afetado. Ocorre devido ao deslocamento das sees
dos ossos fraturados ou acmulo de sangue ou
plasma no local.
- Crepitao ssea. A sensao de crepitao
transmitida durante a palpao pelo contato dos
fragmentos de fraturas uns com os outros (som
parecido com o amassar de papel). Aps a
identificao da fratura, no aconselhado demais
reprodues intencionais de crepitao, j que
provoca dor e aumenta a leso entre os tecidos
vizinhos fratura, alm de poder gerar danos aos
rgos e hemorragia interna. - Perda de funo do membro lesado e/ou fora
- Hematomas
- Palidez cutnea
- Hipotenso arterial, taquicardia e suor frio
(associados com perda sangunea ou com leso de
algum rgo).
Primeiros Socorros para Fraturas
O que no fazer
To importante quanto s atitudes a serem tomadas
para socorrer o acidentado so as que no podem ser
realizadas. So elas:
- No movimente a vtima com fraturas antes de
imobiliz-la adequadamente.
- Se houver risco real de incndio, desabamento ou
exploso, arraste a vtima por meio do maior eixo do
corpo. Se houver necessidade de posicionar a vtima
para instituir RCP (Ressuscitao Cardiopulmonar),
proceda de modo a manter em alinhamento os
segmentos fraturados.
- No d qualquer alimento ao ferido, nem gua.
- NUNCA tente colocar o osso no lugar ou, em caso
de articulaes, retific-la.
O que fazer: Primeiros Socorros
Antes de dar incio avaliao da fratura, todos os
cuidados referentes segurana do prprio socorrista
e sua equipe devem ser tomados, alm de estabilizar
os demais fatores que possam por em risco a vida da
vtima mais imediatamente (avaliao do ABC da
vida). Ao avaliar a fratura:
- Acalme o acidentado, de preferncia evitando com
que ele olhe o local fraturado.
- Realize um breve exame fsico na vtima para
avaliar possveis fraturas (SEMPRE UTILIZANDO
LUVAS E EQUIPAMENTO DE PROTEO
INDIVIDUAL - EPI), palpando-a no sentido crnio-
caudal, procurando por deformidades e protuberncias
- Exponha as reas de possvel leso e observe as
caractersticas da fratura, como presena ou no de
soluo de continuidade, sangramentos, entre outros.
- Remova jias, sapatos e qualquer objeto que possa
ficar preso com o edema e atrapalhar a circulao.
- Caso haja hemorragia, aplique gaze esterilizada ou
pano limpo.
- Faa um curativo cobrindo a rea lesionada,
protegendo-a contra contaminaes maiores.
- Aplique bolsa de gelo, o que resultar na
vasoconstrio (diminuio do calibre dos vasos) na
regio afetada
19 | M e d i c i n a - U F R J
- Imobilize a rea fraturada como mostra a figura
abaixo, utilizando papeles e suportes, procurando
colocar o membro na posio que for menos dolorosa
para o acidentado, o mais naturalmente possvel.
- Trabalhe com delicadeza e cuidado, pois os
menores erros podem gerar sequelas irreversveis.
- Providencie atendimento mdico especializado o
mais rpido possvel, realizando transporte
adequado. Nunca transporte algum sem estar
devidamente imobilizado.
Casos Especiais de Fratura
Algumas fraturas, como a de crnio, de trax e de
pelve so conhecidas como fraturas de difcil
manejo. Diante de tais situaes, deve-se acionar o
Servio Mdico de Emergncia (SME)
imediatamente, todavia, o socorrista pode auxiliar de
algumas maneiras.
- PELVE: sua identificao feita pela apalpao
simultnea das cristas ilacas (parte do osso da pelve),
que normalmente se apresentariam fixadas, mas em
tal situao, encontram-se instveis. A medida a ser
adotada a estabilizao da pelve por meio de sua
fixao com um cinto, lenol ou algo que possa
envolv-la (como indica a
figura ao lado), ao mesmo
tempo em que realiza
compresso. Essa fratura
tambm pode ser danosa aos
rgos internos, e, devido
intensa vascularizao da
pelve, a fratura pode gerar
hemorragias, e os pacientes
podem evoluir para bito.
- CRNIO: a fratura de crnio corresponde a um
traumatismo crnio enceflico (TCE). , portanto, uma
sria emergncia porque pode comprometer as vias
areas e a respirao. Diante de uma fratura de
crnio, a medida mais adequada a ser tomada a
estabilizao da coluna cervical at que o socorro
adequado chegue ao local. Alm disso, deve-se estar
atento aos sinais vitais da vtima que pode a qualquer
momento sofrer recadas.
- TRAX: para que possamos identificar fraturas no
trax, importante que seja avaliado a integridade das
clavculas e costelas por meio da palpao, sempre
atento a qualquer abaulamento, contuso e
instabilidade. Esta pode ser observada quando a
vtima inspirar, por conta da presso negativa, a
poro instvel sugada internamente, e torna-se
protuberante quando na expirao. Neste caso, o
segmento instvel pode ser temporariamente
estabilizado (A) por meio de rolos de toalha, fita ou
sacos de areia colocados contra ele, ou (B) virando
a vtima lateralmente sobre uma almofada
compressiva no local da leso, como indica a figura
abaixo. importante notar que muitos desses
pacientes possuiro tambm leses torcicas internas.
Leses em Tecidos Moles
As leses de tecidos moles so traumas
relacionados aos msculos, tendes ou ligamentos.
As leses podem ser internas e/ou externas; causadas
por trauma direto ou indireto. As causas mais comuns
das leses de tecidos moles so a prtica de esportes,
por golpes diretos ou movimentos articulares
violentos, mas, s vezes, uma contrao muscular
suficiente para causar uma luxao, por exemplo.
Dependendo da violncia do acidente, poder ocorrer
o rompimento do tecido que cobre a articulao.
Observe o quadro da prxima pgina.
20 | M e d i c i n a - U F R J
Primeiros Socorros para Tecidos Moles
O cuidado no manejo de leses envolvendo tecidos
moles visa acelerar a recuperao e prevenir o
edema, alm de reduzir o risco de injrias recorrentes.
Para isso, necessrio reduzir a temperatura local e
as demandas metablicas, amenizar a dor, proteger o
tecido lesado para evitar o agravamento da leso,
minimizar a inflamao e evitar fibrose.
Na prtica, adota-se o mtodo PRICE:
1) Protection (proteo): imobilize o membro afetado utilizando bandagens, talas ou ataduras elsticas, com
o objetivo de amenizar a dor e permitir a continuidade
da cicatrizao, alm de evitar novas leses. Muletas
podem ser utilizadas para permitir sustentao do
peso; tipias podem ser utilizadas para imobilizar um
brao ou ombro.
2) Rest (repouso): deixe a vtima descansada e evite atividades que possam causar dor, como andar,
prevenindo o agravamento da injria e reduzindo o
fluxo sanguneo. Isso diminui a formao de edemas e
hematomas.
3) Ice (gelo): aplique gelo sobre a leso, sempre envolvido em uma toalha ou utilize pacotes de gelo
para esporte. Faa a aplicao durante 20 minutos a
cada uma ou duas horas. Nunca coloque o gelo
diretamente em contato com a pele, assim voc evita
queimaduras por geladura. A baixa temperatura
causa vasoconstrico, que tem efeito anti-
inflamatrio, reduzindo a dor e o edema.
4) Compression (compresso): aplique uma bandagem firme que no prejudique a circulao no
local ou cause maior dor, realizando uma presso
uniforme. Ocorre reduo do edema ao inibir a
infiltrao em espaos no tecido subjacente e ao
auxiliar a disperso do excesso de fluido. Substitua a
compresso aps 24 horas e prossiga realizando-a,
ao menos, durante 72 horas.
5) Elevation (elevao): eleve o membro acima do nvel do corao, se no houver suspeita de fraturas,
sustentando com almofadas ou como preferir. Este
procedimento deve ser adotado principalmente nas
primeiras 72 horas. A fora gravitacional ajuda a
reduzir o acmulo de fluido intersticial, relacionado ao
edema.
21 | M e d i c i n a - U F R J
Utilize o mtodo PRICE em caso
de leses de tecidos moles.
Bsico sobre Queimaduras
Definio
Queimaduras so leses provocadas pela
temperatura, geralmente calor, que podem atingir
graves propores de perigo para a vida ou para a
integridade da pessoa, dependendo de sua
localizao, extenso e grau de profundidade.
O efeito inicial e local, comum em todas as
queimaduras, a desnaturao de protenas com
consequente leso ou morte celular, por este motivo
elas tm o potencial de desfigurar, causar
incapacitaes temporrias ou permanentes ou
mesmo a morte.
A pele o maior rgo do corpo humano e a
barreira contra a perda de gua e o calor pelo corpo,
tendo tambm um papel importante na proteo
contra infeces. Acidentados com leses extensas na
pele tendem a perder temperatura e lquidos corporais
tornando-se mais propensos a infeces.
Todo tipo de queimadura uma leso que requer
atendimento mdico especializado imediatamente
aps a prestao de primeiros socorros, seja qual for
a extenso e profundidade.
Afastar o acidentado da origem da queimadura o
passo inicial e tem prioridade sobre os outros
tratamentos. muito importante tambm observar a
segurana pessoal do socorrista, com mximo de
cuidado, durante o atendimento a queimados.
Gravidade
Depende da causa, profundidade, percentual de
superfcie corporal queimada, associao com outras
leses, comprometimento de vias areas e estado
prvio do acidentado.
Ocorrem como efeitos gerais (sistmicos) das
queimaduras:
a) Choque primrio (neurognico): vasodilatao
b) Choque secundrio: hipovolemia
c) Infeco bacteriana secundria a leso
d) Paralisia respiratria e fibrilao: choque eltrico
Classificao
A. AGENTE CAUSADOR
- Queimaduras Trmicas: causadas pelo calor,
representadas tanto por fogo direto, vapor ou lquidos
quentes ou ainda em contato com objetos quentes.
- Queimaduras Qumicas: causadas pelo contato
com agentes qumicos, principalmente, cidos, lcalis
e compostos orgnicos.
- Queimaduras Eltricas: causadas pelo contato da
pele com correntes eltricas (choque eltrico),
geralmente aparecendo nos locais de entrada e sada
de corrente.
B. PROFUNDIDADE OU GRAU
a) GRAU I
- Principal exemplo: queimaduras solares.
- Atinge apenas a camada mais superficial da pele.
- Presena de eritema (vermelhido), que clareia
quando pressionado; presena de dor e edema leve.
- Ausncia de bolhas e comprometimento dos anexos
cutneos (folculos pilosos, glndulas sudorparas e
sebceas).
- No ocorre fibrose na sua resoluo.
- Leses tratadas atravs de analgesia com anti-
inflamatrios orais e solues tpicas hidratantes.
- No possui significado fisiolgico de impacto (exceto
nos extremos da idade).
22 | M e d i c i n a - U F R J
b) GRAU II, dividida em superficial e profunda:
SUPERFICIAL
- Compromete parcialmente a derme.
- Muito dolorosa, com superfcie rosada e mida.
- Presena de bolhas. Estas surgem em 12 a 24h, o
que pode nos levar classificao errnea de
queimadura de primeiro grau no atendimento inicial.
PROFUNDA
- Exemplo: chamuscao e lquidos efervescentes.
- Apresenta-se seca com colorao rosa plida.
- Quando ocorre alterao na sensibilidade, observa-
se diminuio da sensibilidade ttil com preservao
da sensibilidade presso (barestsica).
c) GRAU III, dividida em superficial e profunda:
- Exemplo: queimaduras de entrada e de sada de
choques eltricos.
- Atinge todas as camadas da pele e parte do tecido
subcutneo.
- Pele com aspecto coriceo, ceroso ou nacarado.
- Sua textura firme, semelhante ao couro.
- indolor, pois h destruio das terminaes
nervosas da pele. Pode haver apenas uma dor aguda
inicial e, alm disso, pode ocorrer dor oriunda das
queimaduras circundantes de menor grau.
d) GRAU IV:
Alguns autores consideram alm dos trs primeiros
graus de queimaduras j mencionados, tambm a
queimadura de 4 grau, que extremamente grave.
Nesse caso, so queimaduras que envolvem tecidos
mais profundos como msculos, ossos e rgos
internos.
C. EXTENSO
A determinao do percentual da superfcie corporal
queimada (SCQ) de importncia fundamental, sendo
este valor diretamente proporcional gravidade da
leso, funcionando como ndice prognstico. Uma
queimadura de primeiro grau, que abranja uma vasta
extenso, por exemplo, ser considerada de muita
gravidade.
Vrios so os diagramas e frmulas para sua
determinao, mas uma regra simples, a REGRA
DOS NOVE, permite a avaliao rpida e segura nos
pacientes, sendo que este mtodo deve ser ajustado
para crianas menores de 10 anos. Cada parte do
corpo possui um valor especfico de SCQ, de acordo
com o quadro abaixo:
23 | M e d i c i n a - U F R J
D. LOCALIZAO
Dependendo do local onde a queimadura ocorre,
considera-se o risco esttico e funcional da vtima,
podendo haver maior ou menor risco potencial de
aprofundamento das leses, de formao de leses
subsequentes e formao de cicatrizes.
Queimaduras nas seguintes reas so consideradas
de maior relevncia e podem se tornar graves:
- FACE: associada queimadura de vias areas,
inalao de fumaa, intoxicao por monxido de
carbono, desfigurao da vtima e edema de faringe.
- MOS E PS: pode induzir incapacidade
permanente aps o processo de cicatrizao devido
s retraes da rea afetada.
- OLHOS: pode causar cegueira.
- ORIFCIOS NATURAIS (ex: perneo): apresentam
alta incidncia de infeco, sendo de difcil tratamento.
Primeiros Socorros para Queimaduras
A primeira atitude de quem presta socorro, em toda
queimadura, retirar a vtima do contato com o agente
causador da leso. Em seguida, cada tipo de
queimadura exige uma abordagem de conduta
24 | M e d i c i n a - U F R J
diferenciada. A seguir, sero listadas as principais
medidas de primeiros socorros nesse tipo de leso:
1) QUEIMADURAS DE GRAU I
- Resfriar em gua corrente temperatura ambiente
por pelo menos 10 minutos ou at que a dor seja
aliviada.
- No se deve aplicar gelo, pois ele tambm pode
causar queimaduras, alm de ser um agente
vasoconstritor, o que levaria reduo da irrigao
sangunea para a rea afetada.
- No aplicar pastas, pomadas, cremes, p de caf,
pois podem agravar a leso por serem fontes de
contaminao. Remdios s devem ser aplicados sob
orientao de um profissional.
2) QUEIMADURAS DE GRAU II NO EXTENSAS
(2%
SCQ) E QUEIMADURAS DE GRAU III
- Nesse caso, como h repercusses sistmicas da
queimadura, deve-se seguir o ABCDE da vida.
- Observar sinais ou sintomas e prevenir o choque.
- Remover roupas ou joias do acidentado, exceto
aquelas que estiverem grudadas ao seu corpo.
- Cobrir as queimaduras com curativo no aderente,
gaze ou pano limpo umedecido.
Curiosidade: Queimaduras por Eletricidade
Estas queimaduras so produzidas pelo contato com
eletricidade de alta ou baixa voltagem. Os principais
danos sade do acidentado so os provocados pelo
choque eltrico. Os danos resultam dos efeitos diretos
da corrente e converso da eletricidade em calor
durante a passagem da eletricidade pelos tecidos, so
difceis de avaliar, pois dependem da profundidade da
destruio celular, e mesmo as leses que parecem
superficiais podem ter danos profundos alcanando os
ossos, necrosando tecidos, vasos sanguneos e
provocando hemorragias.
A severidade do trauma depende do tipo de
corrente, magnitude da energia aplicada, resistncia,
durao do contato e caminho percorrido pela
eletricidade. A corrente de alta tenso geralmente
causa os danos mais graves, porm leses fatais
podem ocorrer mesmo com as baixa voltagens das
residncias.
A pele o fator mais importante na resistncia
passagem da eletricidade, mas a umidade reduz muito
esta resistncia, podendo aumentar, em muito, a
gravidade do choque.
A corrente alternada mais perigosa que a corrente
contnua de mesma intensidade. O contato com a
corrente alternada pode causar contraes tetnicas
da musculatura esqueltica, que impedem que o
acidentado se libere da fonte de eletricidade, e
prolongam a durao da exposio corrente. O fluxo
de corrente transtorcico, mo a mo, tem maior risco
de ser fatal que a passagem de corrente mo para p
ou p a p.
A complicao mais importante das queimaduras
eltricas a parada cardaca. A leso local nestas
queimaduras raramente necessita de cuidado
imediato, porm as paradas respiratria e cardaca
sim. Geralmente a parada respiratria ocorre primeiro
e, se no for tratada de imediato, rapidamente
seguida pela parada cardaca.
As queimaduras eltricas podem ser mais graves do
que aparentam na observao inicial. Em geral, a
ferida pequena, porm a corrente eltrica destri
caracteristicamente uma quantidade considervel de
tecido abaixo do que parece ser uma ferida cutnea
sem gravidade.
A parada cardiorrespiratria por fibrilao ventricular
ou assistolia a principal causa de bito aps a leso
eltrica. A fibrilao ventricular pode ocorrer como
resultado direto do choque eltrico, principalmente a
corrente alternada. A parada cardiorrespiratria
25 | M e d i c i n a - U F R J
causada por exposio corrente contnua
frequentemente em assistolia.
A parada respiratria pode ser causada na
passagem da corrente eltrica pelo crebro causando
inibio da funo do centro respiratrio, contrao
tetnica do diafragma e da musculatura torcica e
paralisia prolongada dos msculos respiratrios.
Exemplo de queimadura eltrica fatal Primeiros Socorros para Queimaduras por Eletricidade
- A segurana da cena prioridade. No se torne tambm uma vtima. Deve-se desligar a fonte de energia antes de tocar no acidentado.
- No tente manipular alta voltagem com pedaos de pau, ou mesmo luvas de borracha. Qualquer substncia pode se transformar em condutor.
- prioridade interromper o contato entre o acidentado e a fonte de eletricidade.
- Cobrir o local da queimadura com um curativo seco esterilizado ou papel alumnio e transporte o acidentado para o atendimento especializado.
- Estas queimaduras eltricas da pele, frequentemente existem em duas reas do corpo, nos stios de entrada e sada, geradas pelo arco eltrico. Procure sempre uma segunda rea queimada e trata-la como se fez com a primeira.
- As roupas do acidentado podem incendiar-se e causar queimaduras de pele adicionais.
- A passagem da corrente atravs dos msculos pode causar violenta contrao muscular com fraturas e luxaes. Pode haver leso muscular e nos nervos. A leso de rgos internos como o fgado e o bao rara.
- As queimaduras eltricas, especialmente aquelas de alta voltagem, podem provocar parada cardaca e
perda de conscincia. Deve-se abrir as vias areas dos acidentados inconscientes com manobras manuais, instituindo a respirao artificial.
- Solicitar imediatamente apoio se o acidentado estiver inconsciente.
- Observar cuidados com a coluna cervical.
Como proceder se a roupa estiver em chamas?
- Quando a vtima est sob chamas, deve-se, antes de tudo, pedir para que ela pare de correr, pois o vento pode aumentar a extenso desse fogo.
- Com a vtima parada, deve-se tentar abafar as chamas com cobertores ou lenis ou at mesmo jogar bastante gua na vtima para tentar cessar o fogo.
- Pode-se pedir tambm para que a vtima deite no cho e role at eliminar as chamas, como mostra a foto abaixo:
26 | M e d i c i n a - U F R J
Bsico sobre Convulso
Definio
As clulas do sistema
nervoso (neurnio) so
especializadas em processar
e conduzir informao
distncia. Vocs aprendero
na M2 (PCI de Sistema
Nervoso) que a transmisso
da informao se d atravs
da propagao do impulso nervoso (potencial de
ao) ao longo do axnio. Quando a propagao do
impulso nervoso ocorre de maneira anormal em certas
regies cerebrais (como a rea responsvel pela
estimulao motora), temos uma Convulso. Como
conseqncia, voc poder notar no paciente
contraes involuntrias, espuma na boca, dentre
outros sinais e sintomas que explicaremos adiante.
Causas mais comuns
A origem da crise convulsiva no est to clara
assim pela cincia, j que pode acometer tambm
pessoas sadias. Mas pode-se fazer uma relao com:
- Ttano
- Estados hipoglicmicos
- Intoxicaes exgenas (lcool, inseticidas)
- Tumores cerebrais
- Meningites
- AVC
- Episdios febris em crianas
- Ocorre em epilepsia
Classificao
1) Tnicas: so sustentadas e imobilizam as
articulaes
2) Clnicas: so rtmicas, alterando-se contrao e
relaxamento musculares em um ritmo mais ou menos
rpido
3) Tnico-clnicas
Quadro Tpico O que geralmente ocorre
O quadro mais tpico de convulso constitui a perda
abrupta da conscincia com queda ao solo, seguindo
uma fase de enrijecimento global (fase tnica)
substituda por contraes musculares sucessivas,
generalizadas e intensas (fase clnica).
Em 2 a 5 minutos, a crise cessa e o paciente entra
em um relaxamento total e sono profundo, do qual
difcil ser despertado. O paciente algum tempo depois
acorda atordoado, com mal-estar e sem lembranas
do acontecido.
Principais sinais e sintomas
- Movimentos involuntrios
e desordenados
- Espumar pela boca
- Morder a lngua e/ou lbios
- Inconscincia
- Suor
- Olhar vago, fixo e/ou revirar dos olhos
- Lbios cianosados (azulados)
- Perda de urina e/ou fezes (relaxamento
esfincteriano)
Cuidado: Pode haver queda desamparada, na qual
a vtima incapaz de fazer qualquer esforo para
evitar danos fsicos a si mesma.
Primeiros Socorros para Convulso
- No interferir nos movimentos convulsivos, mas
assegurar-se que a vtima no est se machucando
- Tentar evitar que a vtima caia
desamparadamente, cuidando para que a cabea
no sofra traumatismo e procurando deit-la no cho
com cuidado, acomodando-a
27 | M e d i c i n a - U F R J
- No tentar retirar da
boca prteses dentrias
mveis (pontes,
dentaduras). Pode se
tornar arriscado, j que
a vtima pode acabar
mordendo seu dedo
- Remover qualquer
objeto que possa
machucar a vtima ou
remov-la de qualquer
lugar perigoso como
escadas, portas de
vidro, janelas,
eletricidade
- Afrouxar as roupas no
pescoo e cintura
- No colocar nenhum objeto rgido entre os dentes
para evitar mordedura de lngua
- IMPORTANTE: Aps o trmino da convulso, a
vtima pode permanecer inconsciente, porm
respirando. Assim, quando acabar a convulso,
mantenha a vtima em posio lateral de
segurana. Vocs aprendero a posio lateral de
segurana nas oficinas prticas, durante o projeto.
Curiosidade Clnica (!) Como os Mdicos, no Hospital, tratam a Convulso
A informao transmitida de
um neurnio para outro atravs da
sinapse. Na sinapse, a informao
pode passar sem alteraes, ser
modulada ou inibida.
Na convulso, como j vimos,
ocorre a transmisso desordenada
de impulsos nervosos no crebro.
Assim, seria desejvel que alguns
impulsos nervosos fossem bloqueados, evitando a
transmisso de informao para contrao muscular,
por exemplo.
Um dos tipos de receptores inibitrios e que evitam
a propagao dos impulsos nervosos o receptor
GABA.
No hospital, geralmente administra-se uma droga
anticonvulsiva via endovenosa (sigla: EV) ou
intramuscular (IM), como Diazepam. Este
medicamento capaz de potencializar o efeito de
GABA, levando a inibio da informao.
O efeito da administrao
endovenosa mais rpido (a
droga cai direto na corrente
sangunea) que o da injeo
intramuscular.
No futuro, vocs estudaro
Farmacologia e podero
conhecer mais esse assunto.
Bsico sobre Parto Emergencial
Introduo
A maioria dos partos se resolve espontaneamente,
apenas sendo assistidos pelo mdico ou obstetra.
Porm, no decurso da gravidez, algumas
intercorrncias podem ameaar a vida da me e/ou da
criana, configurando situaes de emergncia que
exijam a interveno do socorrista. Alm disso,
socorristas podem ser acionados para assistir ao
trabalho de parto normal, desencadeado na via
pblica. Assim justificvel prepar-los para atuar nas
emergncias obsttricas: parto normal, parto
prematuro e abortamento.
ATENO: o correto estudo da pelve (e seus
acidentes) previamente ao parto pode nos fornecer
uma noo de possveis contraindicaes ao parto
normal. bem provvel que vocs no tenham
acesso, na ocasio do parto, a essas
contraindicaes. Lembre-se: nossa inteno no
, de maneira alguma, encoraj-los a atender
pacientes que faro o parto normal. Para isso
necessrio cursar a disciplina na faculdade, alm
de bastante preparo. Nossa inteno se resume
em ajud-los em situaes emergenciais de parto,
do que se deve ou no fazer.
28 | M e d i c i n a - U F R J
Contraes Uterinas o que so?
Apesar de muitos no saberem, existem contraes
uterinas durante a gravidez.
Ento, o que realmente muda na hora do parto?
Por que o beb expulso? ....
... A grande diferena est no
trplice gradiente descendente.
Como assim?
Durante a gravidez, as
contraes uterinas so
incoordenadas, frequentes,
focais e de baixa
intensidade (so
chamadas contraes de
Braxton-Hicks). Conforme
se aproximam do parto, as
contraes vo se
tornando cada vez mais
coordenadas e frequentes.
Assim, na mecnica da contrao so necessrias 3
caractersticas (triplo gradiente descendente): as
contraes precisam ter incio, durar mais e ter
maior intensidade no fundo uterino.
Reconhecimento do Parto Emergencial
- A gestante costuma apresentar queixas de dores,
tipo clica na regio abdominal e ventre. preciso
diferenciar se as dores so por contraes uterinas,
ou se so de outro lugar de origem (regio lombar,
plvica ou a prpria regio abdominal).
- Identificadas as contraes, devem ser observadas
caractersticas como frequncia, durao e
intensidade.
- Contraes uterinas dolorosas, rtmicas, no mnimo
duas em 10 minutos (com durao de 30 a 40
segundos cada). Conforme o parto vai evoluindo, o
nmero de contraes aumenta e o tempo delas
tambm. Isso at que, no perodo expulsivo do parto,
temos 5 a 6 contraes a cada 10 minutos com
durao de 60 a 80 segundos cada.
- Eliminao atravs da vagina de secreo (muco)
com raias de sangue.
- Rompimento da bolsa dgua (bolsa amnitica). O
lquido da bolsa dgua deve ter colorao clara e com
grumos. A expulso de lquido de cor verde indica
sofrimento fetal, e a gestante deve ser levada
urgentemente para o hospital.
Conduta Inicial para o Parto
- Tranquilize a
gestante.
Demonstre uma
atitude alegre,
simptica e
encorajadora para
ela.
- Outra maneira de
acalmar a me (e
tambm facilitar os
procedimentos
durante o parto) afastar curiosos e pessoas do local,
deixando apenas o marido e/ou parentes prximo
gestante, de preferncia guiando-se pela escolha dela.
- Insista para que a paciente no faa fora e, em vez
disso, encoraje-a para que respire ofegantemente
durante as contraes (respirao de "cachorrinho
cansado"). Durante o primeiro perodo do trabalho, as
contraes uterinas so involuntrias e destinam-se a
dilatar o colo uterino e no a expulsar o feto. Fazer
fora, alm de ser intil, leva exausto e pode rasgar
(dilacerar) partes do canal do parto. Se voc
reconhecer que a me est no primeiro perodo (2
a 3 contraes a cada 10 minutos) do trabalho de
parto, prepare-a para transporte ao hospital.
- Durante o trabalho de parto, ideal que a gestante
adote a posio de decbito lateral esquerdo, a fim
de diminuir a presso exercida sobre a veia cava. No
entanto, a me pode adotar a posio em que se
sentir mais confortvel.
29 | M e d i c i n a - U F R J
Procedimentos para Parto Emergencial
Procedimentos Iniciais
Em caso de parto iminente, a conduta deve englobar
aes de natureza tcnica voltadas para a preparao
do parto. Ento, o socorrista deve:
- Remover roupas que possam impedir o nascimento
do beb, sem expor desnecessariamente a parturiente
- Cuidar para que a gestante esteja deitada em
uma superfcie limpa, coberta de lenis ou toalhas,
forrados por baixo com plstico ou jornal, j que
haver grande sada de lquido no decorrer do parto
- Certificar-se de manter o ambiente fechado
(portas e janelas), evitando que a temperatura caia,
pois a me e o beb precisam estar aquecidos
- Garantir a assepsia para o nascimento, lavando as
mos com sabo ou antissptico e, de preferncia,
utilizar EPI (Equipamento de Proteo Individual),
como luvas estreis descartveis. Alm disso, deve-se
limpar a regio genital e as coxas da parturiente com
gua e sabo
- No esquea de separar uma toalha ou algum
objeto limpo de forma a pegar o beb e enrol-lo
Procedimentos realizados: Parto e Ps-parto
O trabalho de parto dividido em trs etapas
principais: dilatao, expulso e dequitao
placentria. ATENO: Muitos dos procedimentos
abaixo precisam de prtica e treinamento. Devem
ser utilizados apenas para uso terico informativo.
1. Perodo de Dilatao
Primeiro perodo do trabalho de parto, que comea
com os primeiros sintomas e termina com a completa
dilatao do canal vaginal. O sinal mais importante
neste perodo de dilatao so as contraes do
tero, que fazem com que o colo se dilate de 0
(zero) a 10 (dez) centmetros.
As contraes uterinas so reconhecidas pela dor,
do tipo clica, referida pela gestante e pelo
endurecimento do tero, perceptvel palpao do
abdmen.
Como j foi falado anteriormente, o socorrista no
deve insistir que a parturiente no faa fora e, em vez
disso, encoraj-la para que respire ofegantemente
durante as contraes, o que popularmente
conhecido como respirao de cachorrinho (Divida a
expirao em quatro "sopros", por exemplo, ou se
concentre na frase "No posso fazer fora". Respire
normalmente entre as contraes).
2. Perodo de Expulso
- A paciente comea a fazer fora espontaneamente
durante as contraes uterinas, com contraes
abdominais chamadas de puxos. Em posio
ginecolgica, conforme sugerido, a me deve segurar
as coxas por trs dos joelhos, puxando a perna.
Recomenda-se que respire fundo e faa fora a cada
contrao em apneia (contendo a respirao) durante
a contrao e descanse durante o perodo de
relaxamento.
30 | M e d i c i n a - U F R J
- H repentino aumento nas descargas vaginais.
Algumas vezes os lquidos so claros, com leve
sangramento. Isso indica que a cabea da criana
est passando atravs do canal do parto, j
completamente dilatado.
- A paciente tem a sensao de necessidade de
evacuar. O socorrista no deve permitir que ela v ao
banheiro. Essa sensao , na verdade, causada pela
presso exercida pela cabea do feto sobre a ampola
retal.
- As membranas rompem-se e extravasam lquido
amnitico. Embora a "bolsa" possa se romper a
qualquer hora, mais frequente seu rompimento no
comeo do segundo perodo.
- A abertura vaginal comea a abaular-se e o orifcio
anal a dilatar-se. Esses so sinais tardios e anunciam
que o aparecimento da criana poder ser observado
a qualquer nova contrao. Episdios de vmito a
essa altura so frequentes. Caso haja vmito, cuide
para no ocorrer aspirao e obstruo da via area.
- Coroamento: a abertura vaginal ficar abaulada e o
plo ceflico da criana poder ser visto. Isso o
coroamento, o ltimo sintoma antes que a cabea e o
resto da criana nasam.
- Deixe o beb sobre o abdmen da me, em decbito
lateral, com a cabea rebaixada, para drenar fluidos
contidos na via area.
- Limpeza das vias areas: limpe a boca por fora, com
compressas de gaze; enrole a gaze no dedo indicador
para limpar por dentro a boca do recm-nascido (RN),
sempre delicadamente, tentando retirar corpos
estranhos e muco. Para aspirar lquidos, utilizar uma
seringa (sem agulha). Certifique-se de retirar
previamente todo o ar da seringa a ser introduzida na
boca ou no nariz do RN. Observe que o RN respira
primeiramente pelo nariz, da ser sua desobstruo
to importante quanto da boca. As manobras de
desobstruo da via area devem ser feitas sempre,
independentemente de o RN conseguir respirar de
imediato ou no.
- Estimule a criana, friccionando-a com a mo. No
bata na criana. Pode fazer ccegas nas plantas dos
ps, com o dedo indicador. Mantenha a criana em
decbito lateral esquerdo para as manobras de
estimulao.
- Quando a criana comear a respirar, volte sua
ateno para a me e o cordo umbilical. Caso as vias
areas tenham sido desobstrudas e o RN no tenha
comeado a respirar, inicie manobras de ressucitao.
- Faa respirao artificial sem equipamentos:
respirao boca-a-boca ou boca-nariz-boca. Faa uma
ou duas aeraes. Caso a criana consiga respirar
sozinha, deixe que o faa. Caso contrrio, institua
RCP.
- Continue at que a criana comece a respirar ou que
um mdico ateste o bito. Transporte a criana a um
hospital o quanto antes.
- Depois que a criana estiver respirando, concentre
sua ateno no cordo umbilical.
- Amarre (clampeie) o cordo com cadaro (fio) estril
ou pina hemosttica, a aproximadamente 15 a 20 cm
do abdmen do RN. Os cordes para a ligadura
devem ser feitos de algodo. A aproximadamente 2,5
cm do primeiro cordo amarre o segundo. Use ns de
marinheiro (antideslizantes) e ponha no final trs ns
de segurana. O cordo deve ser cortado
aproximadamente 3 minutos aps a sada da criana.
- Corte o cordo
umbilical entre os
dois clamps,
usando material
estril (tesoura ou
bisturi). Envolva a
criana em lenol
limpo e cobertores
e passe-a ao
cuidado de um
colega. A criana deve ser mantida em decbito
lateral, com a cabea levemente mais baixa que o
resto do corpo.
Em caso de complicao no parto, uma srie de
manobras pode ser adotada. A principal e que
resolve a grande maioria dos casos (os casos
passveis de serem resolvidos) a Manobra de Mc
Roberts, associada com a presso suprapbica.
Na manobra de Mc Roberts, as pernas da grvida
so empurradas contra o abdmen em hiperflexo,
como ilustra a figura da pgina seguinte.
31 | M e d i c i n a - U F R J
As grvidas obesas podem apresentar mais
dificuldade em realizar esta manobra.
3. Dequitao Placentria
O terceiro perodo estende-se desde a hora em que
a criana nasce at a eliminao da placenta, que
normalmente acontece em at 30 minutos. Junto com
ela vem de uma a duas xcaras de sangue. No se
alarme, porque normal. No puxe a placenta:
aguarde sua expulso natural. Retirada, guardar a
placenta numa cuba ou envolta em papel ou
compressa, e lev-Ia ao hospital, juntamente com a
me e a criana, para ser examinada quanto
possibilidade de algum pedao ter ficado na cavidade
uterina. Uma compressa estril ou um absorvente
pode ser colocado na abertura vaginal aps a sada
da placenta.
Depois da dequitao placentria, palpe o tero pela
parede abdominal. Se ele estiver muito frouxo e
relaxado e houver sangramento vaginal, massageie
suavemente o abdmen da parturiente, comprimindo-
lhe o tero. Isso ocasionar sua contrao e retardar
a sada de sangue. Continue a massagear o tero at
sent-Io firme como uma bola de futebol.
ATENO: Deve-se levar a me e criana a um hospital. As razes so descritas:
- A criana deve passar por exame mdico geral
- A me tambm deve ser examinada por mdico, que se encarregar de verificar possveis laceraes no canal do parto
- Os olhos do RN devem ser bem cuidados para prevenir infeco. Colrio de nitrato de prata aplicado pelo mdico costumeiramente
- O cordo umbilical deve ser examinado por especialista
- Me e filho devem ser observados por um perodo de tempo Imagens de parto:
32 | M e d i c i n a - U F R J
Outras imagens de parto normal, como mostra acima.
Partos com Dificuldades
1. Criana Invertida
Imediatamente aps perceber que se trata de parto
em posio "invertida", prepare-se para segurar a
criana, deixando-a descansar sobre sua mo e
antebrao, de barriga para baixo.
Em determinado momento, pernas, quadril,
abdmen e trax estaro fora da vagina, faltando
apenas a exteriorizao da cabea, o que pode ser, s
vezes, demorado. Se isso acontecer, no puxe a
cabea da criana. Se assim for, crie passagem de ar
segurando o corpo do RN com uma das mos e
inserindo os dedos indicador e mdio da outra mo no
canal vaginal da me, de tal maneira que a palma da
mo fique virada para a criana. Corra os dedos
indicador e mdio ao redor do pescoo da criana at
encontrar o queixo. Introduza os dois dedos abrindo
espao entre o queixo e a parede do canal vaginal.
Quando encontrar o nariz, separe os dedos
suficientemente para coloc-Ios um a cada lado do
nariz e empurre a face, criando espao pelo qual o ar
possa penetrar. Mantenha os dedos nessa posio at
a sada total da cabea.
Essa a nica ocasio em que o socorrista dever
tocar a rea vaginal, naturalmente utilizando luvas
estreis.
2. Cordo Umbilical OU p da criana OU mo
saindo primeiro pelo canal do parto
Transporte rapidamente a me para um servio de
emergncia, tomando especial cuidado para no
machucar a parte exteriorizada (em prolapso). No
tente repor a parte em prolapso para dentro do canal.
Se um p, ou mo, ou o cordo estiver para fora,
cubra com material estril (gaze, compressa ou
toalha). No caso do cordo fora, seja gil: a criana
pode estar em perigo, causado pela compresso do
cordo entre a cabea e o canal de parto. Enquanto o
cordo estiver comprimido, a criana no receber
quantidades adequadas de sangue e oxignio.
No caso de prolapso do cordo, transporte a me
em decbito dorsal, com os quadris elevados sobre
dois ou trs travesseiros ou cobertores dobrados, e
administre oxignio. Isso far com que a criana
escorregue um pouco para dentro do tero e receba
mais oxignio. Se a me puder manter a posio
genupeitoral (ajudada pelo socorrista), o resultado
ser ainda melhor.
3. Grvidas que j fizeram cesariana
Ao interrogar a me, se descobrir que o parto
anterior foi cesariana, prepare-se para a possibilidade
de se romper a cicatriz da parede do tero,
ocasionando hemorragia interna, que poder ser
grave. Transporte a me imediatamente ao
hospital.
4. Partos Mltiplos
O parto de gmeos (dois ou mais bebs) no deve
ser considerado, em princpio, uma complicao; em
partos normais, ser como fazer o de uma s
criana a cada vez.
33 | M e d i c i n a - U F R J
Os partos sucessivos podem ocorrer com alguns ou
muitos minutos de diferena. Depois que a primeira
criana nasceu, amarre o cordo como faria no parto
simples. Faa o mesmo na(s) outra(s) criana(s).
Nascimentos mltiplos acontecem frequentemente
antes da gestao ir a termo.
Por isso, gmeos devem ser considerados
prematuros; lembre-se de mant-los aquecidos.
5. Recm-nascidos Prematuros
I. Introduo
Considerar a criana prematura se nascer antes de
7 meses de gestao ou com peso inferior a 2,5 Kg.
No perca tempo tentando pesar a criana; baseie o
julgamento no aspecto e na histria contada pela me.
A criana prematura bem menor e mais magra do
que a levada a termo. A cabea maior comparada
ao resto do corpo, mais avermelhada e recoberta por
uma "pasta" branca. Observe na figura abaixo (veja
o tamanho da mo do adulto e o do RN prematuro):
II. Cuidados de Emergncia
Necessitam de cuidados especiais; mesmo pesando
prximo de um quilo tm maior chance de sobrevida
se receberem cuidados apropriados. O parto normal
prematuro conduzido como outro qualquer, mas os
cuidados descritos a seguir so importantes para
manter a viabilidade do beb.
A) Temperatura Corporal
Agasalhar em cobertor e manter o RN em ambiente
temperatura de 37 graus centgrados. Uma
incubadora pode ser improvisada enrolando a criana
em cobertor ou manta envolta em uma folha de papel
alumnio. Mantenha a face da criana descoberta at
chegar ao hospital. Se o tempo estiver frio, ligue o
aquecimento antes de introduzir o RN na ambulncia.
B) Vias Areas Livres
Mantenha suas vias areas sem muco ou lquidos.
Use gaze esterilizada para limpar nariz e boca. Se
usar seringa ou bulbo, certifique-se de esvaziar todo o
ar antes de introduzi-los na boca ou nariz e aspire
vagarosamente.
C) Hemorragias
Examine cuidadosamente o final do cordo
umbilical, certificando-se de que no h sangramento
(mesmo discreto). Caso haja, clampeie ou ligue
novamente.
D) Oxigenao
Administre oxignio, cuidadosamente. Uma ''tenda''
pode ser improvisada sobre a cabea da criana com
o fluxo de oxignio dirigido para o topo da tenda e no
diretamente para sua face. Oxignio pode ser
perigoso para prematuros. Usado em doses (15 a 20
minutos) trar mais benefcios que prejuzos.
E) Contaminao
A criana prematura muito suscetvel a infeces.
No tussa, espirre, fale ou respire diretamente sobre
sua face e mantenha afastadas as demais pessoas.
Incubadoras especiais para transporte de crianas
prematuras esto disponveis em algumas reas. O
servio de emergncia mdica deve saber se esse
equipamento est disponvel, onde obt-lo e como
us-lo.
Beb de 34 semanas, de
1,5kg, relativamente menor.
Ficar na encubadora at
atingir o peso ideal.
34 | M e d i c i n a - U F R J
6. Aborto espontneo
O abortamento a expulso das membranas e do
feto antes que ele tenha condies de sobrevivncia
por si s. Geralmente isso ocorre antes de 28
semanas de gestao. A gestao normal (ou a
termo) dura 38 a 40 semanas.
Sinais e Sintomas
- Pulso rpido (taquiesfigmia)
- Transpirao (sudorese)
- Palidez
- Fraqueza
- Clicas abdominais
- Sangramento vaginal moderado ou abundante
- Sada de partculas de pequeno ou grande tamanho
pelo canal vaginal
Em outras palavras, podero estar presentes todos
os sintomas do estado de choque (vocs vero no
captulo a seguir) somados a clicas abdominais com
sangramento vaginal.
Cuidados de Emergncia
- Conserve o corpo aquecido
- Molhe seus lbios se ela tiver sede, no permitindo
que tome gua, pois poder necessitar
- De anestesia no hospital
- No toque no conduto vaginal da paciente, para no
propiciar infeco
- Coloque compressas ou toalhas esterilizadas na
abertura vaginal
- Remova a parturiente para um hospital
7. Trauma na gestao
A gestao apresenta modificaes fisiolgicas e
anatmicas, que podem interferir na avaliao da
paciente acidentada, necessitando os socorristas
desse conhecimento para que realizem avaliao e
diagnstico corretos.
As prioridades do tratamento da gestante
traumatizada so as mesmas que a da no gestante.
Entretanto, a ressucitao e estabilizao com
algumas modificaes so adaptadas s
caractersticas anatmicas e funcionais das pacientes
grvidas. Os socorristas devem lembrar que esto
diante de duas vtimas, devendo dispensar o melhor
tratamento me.
A) Alteraes Anatmicas
At a 12 semana de gestao (3 ms), o tero
encontra-se confinado na bacia, estrutura ssea que
protege o feto nesse perodo. A partir da 13 semana,
o tero comea a ficar palpvel no abdmen e, por
volta de 20 (vinte) semanas (5Q ms), est ao nvel da
cicatriz umbilical.
medida que a gestao vai chegando ao final, o
tero vai ocupando praticamente todo o abdmen,
chegando ao nvel dos arcos costais a pela 36
semana (9 ms). O tero crescido fica mais evidente
no abdmen e, consequentemente, ele e o feto, mais
expostos a traumas diretos e possveis leses.
B) Alteraes Hemodinmicas
- Dbito cardaco a partir da 10 semana de
gestao, h um aumento do dbito cardaco (=
volume de sangue bombeado pelo corao por
minuto) de 1,0 a 1,5 litro por minuto.
- Batimentos cardacos durante o 3 trimestre h
aumento de 15 a 20 batimentos por minuto.
- Presso arterial no 2 trimestre da gestao h
diminuio de 5 a 15 mmHg, voltando aos nveis
normais no final da gravidez.
OBS: A maioria das alteraes causada pela
compresso do tero sobre a veia cava inferior,
deixando parte do sangue da gestante "represada" na
poro inferior do abdmen e membros inferiores.
C) Volume Sanguneo
O volume de sangue aumenta de 40 a 50% do
normal no ltimo trimestre de gestao. Em funo
desse aumento, a gestante manifesta sinais de
choque mais tardiamente, podendo o feto estar
recebendo pouco sangue ("choque fetal").
35 | M e d i c i n a - U F R J
D) Aparelho Gastrointestinal
No final da gestao, a mulher apresenta um retardo
de esvaziamento gstrico, considerada sempre com
"estmago cheio". Poder ser necessrio SNG (sonda
nasogstrica) precoce. As vsceras abdominais no 3
trimestre da gestao ficam deslocadas e
comprimidas, estando "parcialmente" protegidas pelo
tero, que toma praticamente toda a cavidade
abdominal.
8. bito da me e Cesariana pr-hospitalar
Realizar a cesariana pr-hospitalar nos casos de
me moribunda ou em bito. O feto deve ser vivel
(aps a 26 semana), estando o tero entre a metade
da distncia da cicatriz umbilical e o rebordo costa.
Com a me mantida em RCP, realizar a inciso
mediana, retirar o feto o mais rpido possvel,
reanim-lo e transport-lo a hospital que tenha UTI
neonatal.
O fator mais importante de sobrevida fetal o tempo
entre o bito materno e a cesariana:
- De 0 a 5 minutos = excelente
- De 5 a 10 minutos = razovel
- De 10 a 15 minutos = ruim
- Acima de 15 minutos = pssimo
ATENO: muitos dos procedimentos descritos
nesse captulo (Parto) envolvem conhecimento e
prtica; alguns procedimentos envolvem at
cirurgia. So descritos apenas para dar
conhecimento voc. No queremos que voc
faa parto normal, mas apenas (se alguma mulher
estiver dando a luz) possa ter um pouco de
conhecimento e saber o que pode ou no fazer
enquanto ela transportada at o hospital.
Vale a pena ser me... (Homenagem s Mes)
Mezinha querida,
No seu dia abenoado, quando tantos sales se
abrem, festivos, para glorificarem seu nome, quero
contar-lhes que em voc que eu penso todos os
dias.
Quando volto casa, depois dos estudos, com os
dedos manchados de tinta, penso em voc para
guardar meus livros e lavar minhas mos.
Quando algum me aborrece ou magoa, corro para
voc com o desejo de ocultar-me em seu colo.
Quando o dia amanhece, quero estar ao seu lado e,
quando o cansao me encontra, cada noite, busco
voc para dormir tranqilamente.
Mezinha, quando eu errar, no me abandone ...
Ampara-me nas asas doces dos seus braos e
ensine-me a andar no caminho reto.
Voc ainda no viu quanto a amo? Fico triste se
voc chora e estou alegre quando voc sorri.
Por onde vou, sua imagem est sempre comigo,
porque voc o Anjo que Deus colocou na Terra para
guiar-me os passos.
Adoro voc e estou, em seu carinho, como a flor no
corao amoroso da rvore ...
Por isso, Mezinha querida, penso em voc, no
somente hoje, mas sempre, eternamente ...
36 | M e d i c i n a - U F R J
Bsico sobre Hemorragias
Definio
qualquer perda de
sangue do espao vascular
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