AVALIAÇÃO PAULO FREIRE
MULTICULTURALISMO
A concepção de avaliação que marca a trajetória de alunos e educadores, até então, é a que define essa ação como um julgamento de valor dos resultados alcançados (avaliação
classificatória).
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Os educadores percebem a ação de educar e ação de avaliar como dois momentos distintos e não relacionados.
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Registros e resultados bimestrais, trimestrais ou semestrais, estabelecem uma rotina de tarefas e provas periódicas
desvinculadas de sua razão de ser no processo de construção do conhecimento.
O professor cumpre penosamente uma exigência burocrática, e o aluno, por sua vez, sofre o processo avaliativo.
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Para Hoffmann, a dicotomia educação e avaliação é uma grande falácia.
A AVALIAÇÃO É ESSENCIAL À EDUCAÇÃO. Inerente e indissociável enquanto concebido como problematização,
questionamento, reflexão sobre a ação. 5
Equívocos frequentemente
cometidos
Avaliação como sinônimo de medida
Medimos extensão, quantidade, volume outros
atributos dos objetos e fenômenos.
O que medimos deve ser invariavelmente
expresso em escalas ou graus numéricos.
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Estabelecem-se notas e conceitos através de métodos impressionistas ou por comparação
O professor, em geral,vale-se de sua impressão geral a respeito do aluno
para atribuir-lhe notas
O aluno ideal (definido subjetivamente pelo professor)
é o aluno nota 10, os demais recebem notas conforme piores
ou melhores do que ele.
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O termo conceito assume, na escola, significado de medida
- A medida assume, muitas vezes, papel
absoluto nas decisões de eliminação
- O teste é entendido como instrumento de constatação e
mensuração e não de investigação
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Avaliação: mito e desafio
O mito é decorrente de sua história, que vem
perpetuando os fantasmas do controle e
do autoritarismo há muitas gerações.
O desafio surge porque é necessário desestabilizar
práticas rotineiras e automatizadas, a partir de
uma tomada de consciência coletiva sobre o significado
dessa prática.
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Uma nova perspectiva de avaliação exige do professor:
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A - O aprofundamento em teorias do conhecimento; B - Uma visão ampla e detalhada de sua disciplina;C - Fundamentos teóricos que lhe permitam estabelecer conexões entre as hipóteses formuladas pelo aluno e a base científica do conhecimento.
A AVALIAÇÃO COMO PROCESSO
Deixa de ser um momento terminal do processo educativo (como hoje é concebida) para se transformar na busca
incessante de compreensão das dificuldades do educando e na dinamização de novas oportunidades de conhecimento. 11
A Avaliação como mediação
O que meu aluno compreende?
Por que não compreende?
Tarefa primeira e essencial da ação
avaliativa
No sentido de aproximar-se do aluno, refletindo sobre o significado de suas respostas construídas a partir de
vivências próprias. 12
Perspectiva da ação avaliativa como uma das mediações pela qual se encoraja a reorganização do saber.
Objetivo: encorajar e orientar os alunos à produção de um saber qualitativamente
superior, pelo aprofundamento das questões propostas, pela oportunização de novas vivências, leituras ou procedimentos
enriquecedores ao tema em estudo.
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As condições concretas da prática avaliativa atual, autoritária e coercitiva, determinam situações de sucesso
e fracasso escolar com base em exigências de memorização e reprodução de dados pelo aluno.
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A avaliação assume a função comparativa e classificatória, negando as relações dinâmicas necessárias à construção
do conhecimento e solidificando lacunas de aprendizagem.
Para uma avaliação consciente o caminho é legitimar a responsabilidade ativa do professor quanto a um
processo avaliativo mediador. 15
Nesse contexto, a correção somente é válida se contribui para a possibilidade de o estudante tomar
consciência das contradições.
A avaliação como mediação contribui para a superação das relações de poder no ambiente escolar.
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-Ação individual e competitiva-Concepção classificatória, sentenciva-Intenção de reprodução das classes sociais-Postura disciplinadora e diretiva do professor-Privilégio à memorização-Exigência burocrática periódica
Características da avaliação numa visão liberal
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Características da avaliação numa visão libertadora-mediadora
-Ação coletiva e consensual-Concepção investigativa, reflexiva-Proposição de conscientização das desigualdadessociais e culturais-Postura cooperativa entre educadores e todos osenvolvidos na ação educativa-Privilégio à aprendizagem significativa-Consciência crítica e responsável de todos, sobre ocotidiano
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PRINCÍPIOS NORTEADORES DA AVALIAÇÃO MEDIADORA:
- Conversão dos métodos de correção tradicionais (de verificação, de erros e acertos) em métodos investigativos
- Privilégio a tarefas intermediárias e sucessivas em todos os graus de ensino, descaracterizadas de funções de registro
periódico por questões burocráticas.
- Compromisso do educador com o acompanhamento do processo de construção do conhecimento do educando
numa postura epistemológica que privilegia o entendimento e não a memorização.
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Teorias que fundamentam a concepção de avaliação mediadora de Hoffmann
Uma proposta construtivista de
educação
A partir da teoria psicogenética de
Jean Piaget
EUma pedagogia libertadora,
conscientizadora das diferenças sociais e culturais.
A partir dos ensinamentos de
Paulo Freire
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O autoritarismo da avaliação emerge do próprio planejamento do ensino que se efetiva (da educação infantil
à universidade) sem a reflexão necessária sobre o significado das propostas pedagógicas desenvolvidas
(avaliação do currículo).
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A avaliação é uma tarefa didática necessária e permanente do trabalho docente, que deve acompanhar passo a passo o
processo de ensino e aprendizagem.
É uma reflexão sobre o nível de qualidade do trabalho escolar tanto do professor como dos alunos.
AVALIAÇÃO PARA JOSÉ CARLOS LIBÂNEO
Os dados coletados no decurso do processo de ensino, quantitativos ou qualitativos, são interpretados em relação a um padrão de
desempenho e expressos em juízos de valor (conceitos) acerca do aproveitamento escolar.
Cumpre funções pedagógico-didáticas, de diagnóstico e de controle em
relação às quais se recorre a instrumentos de verificação do
rendimento escolar.
Verificação: coleta de dados sobre o aproveitamento dos alunos, através de provas, exercícios e tarefas ou de meios auxiliares, como observação de desempenho, entrevistas etc;
Qualificação: comprovação dos resultados alcançados em relação aos objetivos e, conforme o caso, atribuição de notas ou conceitos;
Apreciação qualitativa: avaliação propriamente dita dos resultados, referindo-os a padrões de desempenho esperados.
TAREFAS DA AVALIAÇÃO ESCOLAR
FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO ESCOLAR
Pedagógico-didática: se refere ao papel da avaliação nocumprimento dos objetivos gerais e específicos da educaçãoescolar. Servindo para evidenciar o atendimento ou não dasfinalidades do ensino e contribuindo para a assimilação e fixaçãodos conhecimentos ensinados;
Diagnóstico: permite identificar progressos e dificuldades dosalunos e a atuação do professor que, por sua vez, determinammodificações do processo de ensino para melhor cumprir asexigências dos objetivos;
Controle: Se refere aos meios e à frequência das verificaçõese de qualificação dos resultados escolares, possibilitando odiagnóstico das situações didáticas.
No segundo caso, a
avaliação se perde na
subjetividade de
professores e alunos, além
de ser uma atitude muito
fantasiosa.
Os equívocos apontados mostram duas posições extremas
em relação à avaliação escolar: considerar apenas os
aspectos quantitativos ou apenas os qualitativos.
No primeiro caso, a
avaliação é vista
apenas como medida
e, ainda assim, mal
utilizada.
CARACTERÍSTICAS DA AVALIAÇÃO ESCOLAR
- Reflete a unidade objetivos-conteúdos-métodos
- Possibilita a revisão do plano de ensino
- Ajuda a desenvolver capacidades e habilidades
- Voltar-se para a atividade dos alunos
- Ser objetiva
- Ajuda na autopercepção do professor
- Reflete valores e expectativas do professor em relação aos alunos
A avaliação educacional, em geral, e a avaliação de aprendizagem escolar, em particular, são meios e não fins, em
si mesmas, estando assim delimitadas pela teoria e pela prática que as circunstancializam
A avaliação não se dá nem se dará num vazio conceitual, mas sim dimensionada por
um modelo teórico de mundo e de educação, traduzido em prática pedagógica
Reconhecer as diferentes trajetórias de vida dos educandos implica flexibilizar os objetivos, os conteúdos, as formas de ensinar e avaliar, ou seja, contextualizar e recriar o currículo
O ato de avaliar tem sido utilizado como
forma de classificação e não
como meio de diagnóstico
A avaliação deveria ser um momento de
“fôlego”, uma pausa para pensar a prática e
retornar a ela, como um meio de julgar a prática
Sendo utilizada como uma função diagnóstica, seria um momento dialético do processo para avançar no desenvolvimento da ação, do
crescimento para a autonomia e competência.
Como função classificatória, constitui-se num instrumento estático e freador do processo de crescimento,
A avaliação desempenha um papel significativo para o modelo social liberal-conservador, ou seja, o papel disciplinador
O professor ao planejar suas atividades não estabelece o mínimo necessário a ser aprendido efetivamente pelo aluno, utilizando-se da “média” de notas, o que não expressa a competência do aluno,
não permitindo a sua reorientação.
A média então, é realizada a partir da quantidade e não da qualidade, não garantindo o mínimo de conhecimento.
A partir desta análise, podemos dizer que a prática “dita” como avaliação da aprendizagem, não passa de uma verificação da
aprendizagem.
Nas práticas pedagógicas
preocupadas com a transformação, a
avaliação é utilizada como um mecanismo
de diagnóstico da situação enxergando o avanço e o crescimento
e não a estagnação disciplinadora.
Sendo assim, para romper com o modelo de sociedade devemos romper
com a pedagogia que o traduz.
A avaliação tem por base acolher uma situação, para, então (e só então), ajuizar a sua qualidade, tendo em vista dar-lhe suporte de
mudança, se necessário.
A avaliação, como ato diagnóstico, tem por objetivo a inclusão e não a exclusão; a inclusão e não a seleção
O diagnóstico tem por objetivo aquilatar coisas, atos, situações, pessoas, tendo em vista tomar decisões no sentido de criar
condições para a obtenção de uma maior satisfatoriedade daquilo que se esteja buscando ou construindo.
Paulo Freire
Conhecido principalmente pelo
método de alfabetização de
adultos que leva seu nome, ele desenvolveu
um pensamento pedagógico
assumidamente político
Para ele, o objetivo maior da educação é conscientizar o aluno
Em relação às parcelas desfavorecidas da sociedade, levá-las a entender sua situação de oprimidas e agir em favor
da própria libertação
Paulo Freire , defende o educador democrático, problematizador,
preocupado com as condições para o aluno construir o conhecimento e não em transferir informações ao mesmo.
Ele ressalta a importância da reflexão constante do professor sobre sua prática. E fala ainda sobre a impossibilidade de o
educador ser neutro
Paulo Freire é inspirador de um método revolucionário que alfabetizava em 40 horas, sem cartilha ou material didático. Em
Natal, no ano de 1962, no Rio Grande do Norte, surgia a campanha De Pé no Chão Também se Aprende a Ler.
Influências: Heráclito / Sócrates / Karl Marx / Gramsci
Freire condenava o ensino oferecido pela ampla maioria das escolas (isto é, as
“escolas burguesas”), que ele qualificou de educação bancária.
Educação Bancária
Nela, segundo Freire, o professor age como quem depositaconhecimento num aluno apenas receptivo, dócil
O “método” Paulo Freire não visa apenas tornar mais rápido e acessível o aprendizado, mas pretende habilitar o aluno a “ler o
mundo”.
Tudo está em permanente transformação e interação
“O mundo não é, o mundo está sendo””
Esse ponto de vista implica a concepção do ser humano como “histórico e inacabado” e conseqüentemente sempre pronto a
aprender
Momentos de aprendizagem
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• O educador se inteira daquilo que o aluno conhece, não apenas para poder avançar no ensino de conteúdos mas principalmente para trazer a cultura do educando para dentro da sala de aula
2
• Exploração das questões relativas aos temas em discussão – o que permite que o aluno construa o caminho do senso comum para uma visão crítica da realidade
3• Problematização: o conteúdo em questão apresenta-se
“dissecado”, o que deve sugerir ações para superar impasses
M U L T I C U L T U R A L I S M O N A S E S C O L A S
A escola é o local onde os fenômenos sociais e as diversas maneiras e concepções de vida social são trabalhados, analisados
e discutidos nas diferentes disciplinas
Pela convivência com as diversas manifestações culturais, impregnadas de crenças, costumes e valores, espera-se que cada
indivíduo passe a reconhecer e respeitar o direito do outro à diversidade
Sistema Simbólico - construção de referências culturais, o desenvolvimento cognitivo e a formação e circulação de valores
As diversas formas de expressão dos educandos devem ser respeitadas, em função da sua história de vida.
Experiências de vida, linguagem e valores culturais relativos
Não existem conhecimentos que sejam melhores ou mais legítimos do que outros
Não cabe à escola, desqualificar ou ignorar essas experiências, e sim tentar incorporá-las, a fim de que o educando perceba uma
articulação da vida social com seu cotidiano.
A postura ética e crítica do indivíduo abarca a assimilação e reconstrução dos conceitos, da cultura e do conhecimento
público da comunidade social no qual o educando está inserido
A escola deve desenvolver no educando a capacidade de expressar e comunicar suas ideias, participando e interpretando
as produções (multi)culturais.
Atitude de respeito às diversidades e autoconfiança