astroPT magazine
Agosto 2012 Volume 2 Edição 8
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ESPECIAL Agosto 2012
Curiosity poisou em Marte!
Correu tudo como era esperado. O robot Curiosity poisou em segurança na superfície de Marte pelas 06:32 (hora de Lisboa)! A loucura irrompeu na sala de controlo da missão no momento em que a confirmação chegou retrans-mitida pela veterana sonda Mars Odyssey para uma das antenas do Deep Space Network, em Camberra, Austrália. Minutos depois seguiu-se a retransmissão das primeiras imagens duma superfície rochosa e poeirenta localizada algures no sopé do monte Sharp, no interior da cratera Gale. Novas imagens serão obtidas nos próximos dias à medida que o robot explora o seu novo lar. Para-béns a todos os que tornaram possível esta extraordinária jornada até ao planeta vermelho!
Sérgio Paulino
Mars Reconnaissance Orbiter foto-grafa a descida do Curiosity! Espectacular! A Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) conseguiu fotografar o Curiosity pouco depois de ter aberto o seu gigantesco paraquedas! Em 2008, a MRO já havia conseguido obter uma imagem da Phoenix durante a sua descida até às planícies de Vastitas Borealis. 4 anos depois, a venerável sonda da NASA repete a proeza, desta vez retra-tando a chegada do mais recente visitante do planeta vermelho. Que dia magnífico!
Sérgio Paulino
A sombra do robot Curiosity na superfície de Marte. Primeira
imagem obtida por uma das câmaras frontais minutos depois
da chegada. São visíveis partículas de poeira sobre a cobertura
que protege a lente da câmara (esta cobertura deverá ser remo-
vida em breve).
Crédito: NASA/JPL-Caltech.
A descida do robot Curiosity vista pela sonda Mars Reconnaissance Orbi-
ter.
Crédito: NASA/JPL/University of Arizona.
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Volume 2 Edição 8 ESPECIAL
Esta manhã, o robot Curiosity testou pela primeira vez as suas NavCam, apontando-as para norte, na direcção das vertentes da cratera Gale. Eis uma panorâmica construí-da por um dos membros do fórum UnmannedSpaceflight.com com as primeiras 4 imagens transmitidas para a Terra na máxima resolução.
A vista é simplesmente magnífica! Em pri-meiro plano estende-se parte do leque alu-vial que o Curiosity deverá explorar no seu caminho para o monte Sharp. A superfície parece mergulhar depois numa região mais baixa que se prolonga por cerca de 20 quilómetros até à cadeia montanhosa visível ao longe – os limites setentrionais da cratera Gale. As riquezas geológi-cas do monte Sharp encontram-se na direcção
oposta. A grandiosa montanha de 5,5 km de altu-ra deverá ser um dos próximos alvos das duas NavCam. Vamos aguardar!
Sérgio Paulino
Panorama sobre as vertentes da cra-tera Gale
As montanhas que delimitam a cratera Gale vistas do local de amartagem
do Curiosity.
Crédito: NASA/JPL/James Canvin.
Podem (finalmente!) sossegar os mais ansiosos. A NASA divulgou há poucas horas a primeira panorâmica a cores doCuriosity! Apreciem-na:.
Apesar de impressionante, esta panorâmica é ain-
da uma pequena amostra do que virá em breve. Devido a limitações na velocidade de transmissão de dados (normais nesta fase da missão), o Curiosity enviou para a Terra apenas pequenas
Curiosity: novas imagens, incluindo um auto-retrato e uma primeira panorâmica a cores
Panorâmica a 360º em cores naturais do local de amartagem do Curiosity, obtida a 08 de Agosto de 2012 pela MastCam de 34
mm. Versão preliminar construída com 130 pequenas imagens, cada uma com um tamanho de apenas 144 por 144 pixels
(cliquem aqui para verem a panorâmica na sua máxima resolução). Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS.
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versões de cada uma das imagens obtidas pela MastCam-34. Nos próximos dias, a equipa da mis-são espera receber as imagens no seu tamanho máximo de 1.200 por 1.200 pixels, pelo que podem imaginar o que nos espera nas próximas semanas! As sombras projectadas pelo mastro onde se encontram as duas MastCam (a de 34 mm e outra de 100 mm) denunciam a hora tardia a que estas imagens foram captadas. Os halos acinzentados situados nas proximidades do robot são provavel-mente fracções do leito rochoso expostas pelos foguetes do skycrane durante a fase final da amartagem. O monte Sharp (local a explorar nos próximos meses) encontra-se exactamente a meio da panorâmica, e exibe já, a esta distância, algumas variações cromáticas interessantes. Nos extremos da panorâmica são visíveis as monta-nhas da orla setentrional da cratera Gale, as mes-mas recentemente fotografadas pelas NavCam. Entretanto, chegaram também novas versões das primeiras imagens obtidas pelas NavCam logo
após o levantamento do mastro. Estas imagens são particularmente interessantes porque mos-tram o estado em que se encontra o convés do robot, local onde se aninham alguns dos princi-pais instrumentos científicos da missão (vejam em baixo à esquerda).
Aparentemente, os foguetes do sky crane não lançaram muito poeira sobre o robot. No entanto, tiveram força suficiente para projectar alguns pedaços grandes de gravilha para cima do convés! Vejam uma das imagens do convés na sua máxi-ma resolução (em baixo à direita).
Por agora é tudo. Espero trazer-vos neste fim-de-semana um resumo de todas as actividades realizadas pelo Curiositydurante esta primeira semana, bem como o essencial das actividades planeadas para a próxi-ma semana.
Sérgio Paulino
Auto-retrato do Curiosity construído com 20 imagens obtidas pelas NavCam a 08
de Agosto de 2012.
Crédito: NASA/JPL/James Sorenson.
Gravilha no convés do Curiosity numa imagem obtida
por uma das NavCam a 08 de Agosto de 2012.
Crédito: NASA / JPL / Emily Lakdawalla.
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O rover Curiosity, em Marte, enviou uma fantástica imagem de Marte. A espectacular fotografia a cores mostra o belo Monte Sharp – de nome oficial, Aeolis Mons -, que se encontra dentro da cratera Gale:
Uma imagem de alta definição do Monte Sharp, encontra-se aqui:
Carlos Oliveira
Curiosidade esperta
Sempre que é anunciado algum avanço
científico, inovação tecnológica ou a
exploração de uma nova fronteira, é
impossível não reparar num determina-
do tipo de comentários infelizes. Pode-
mos até tentar ignorá-los, mas a verda-
de é que eles estão sempre lá, desde as
brumas da memória, como emplastros
omnipresentes que tentam assassinar a
curiosidade e imaginação huma-
nas. “Bater com pedras para fazer faís-
cas é um desperdício de tempo”.
“Agricultura é uma parvoíce, sempre
recolhemos tudo da floresta”. “Para que
servem essas rodas se a carroça anda
bem de rojo pelo chão? Estás só a armar-te em bom!”.
Por incrível que possa parecer, há gente que acha que tentar desvendar os mistérios da vida e do Universo é um enorme desperdício de tempo e dinheiro. Uma posição tão difícil de entender como aquele formidável malaba-rismo de lógica, em que uma mãe proclama que comer brócolos é uma obrigação moral do filho uma vez que algures no mundo uma outra criança está a passar fome. Um paradoxo que se acentua
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Curiosidade Curiosidade –– será que todos a será que todos a
possuem?possuem?
“Quando as pessoas inteligentes anunciam uma [nova] com-preensão da base da realidade, o outro tipo de pessoas per-
guntam o porquê de se preocuparem com isso. E é impossí-
vel de responder, porque este tipo de pessoa pensa que “ser
capaz de entender coisas” é elitista.
Quando as pessoas perguntam, “Qual é o objectivo de entender algo?”, elas desqualificam-se de imediato de utili-
zarem perguntas e deveriam desaparecer num puff de con-
tradição. No entanto, elas não entendem e continuam a exis-
tir, sendo estas as suas duas únicas estratégias para a vida. Estes são os macacos que se sentavam no fundo da caverna
a coçarem-se, enquanto reclamavam sobre a perda de tempo
que era bater pedras umas contra as outras. Excepto que
nesse tempo eles tinham uma desculpa melhor para as suas
testas inclinadas e para se coçarem em público.”
Luke McKinney, Cracked.Com
“Não comer. Não beber. Ser inútil!”
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Volume 2 Edição 8 EDUCAÇÃO
ainda mais, atendendo ao facto mais que certo, de que todos os dias utilizam os frutos da curio-sidade que tanto parecem abominar.
Os comentários que vou mostrar a seguir foram
retirados de sites de notícias sobre a missão
da Curiosity nestes últimos dias, tanto em Por-
tugal como no Brasil, mas podiam ter sido facil-
mente tirados das recentes notícias no bosão
de Higgs e do CERN, ou de qualquer outro passo
importante dado pela ciência. É de referir que
uma destas pessoas deu-se ao trabalho de dei-
xar a sua opinião de que a Curiosity não serve
para nada em pelo menos cinco notícias sobre o
assunto, inclusive de jornais diferentes. Para
algo “sem importância” parece chamar-lhe
demasiado a atenção.
“Qual é o objectivo? Isto não serve para nada”
Reza à lenda que quan-do Michael Faraday apresentou a sua descober-ta da electricidade à rainha Victoria, esta lhe perguntou para que servia, ao que ele retor-
quiu: “Senhora, para que serve um bebé?” Ele não poderia sequer imaginar as aplicações prá-ticas da electricidade e do magnetismo. E no entanto, hoje não podemos imaginar a nossa vida sem elas.
Quando Isaac Newton se dedicou a entender a
natureza do arco-íris, alguns poetas como Jonh
Keats, declaram que ele estaria a arruinar a
beleza do arco-íris. O que é absurdo, ninguém
deixa de apreciar a beleza de uma flor por saber
como funciona o ciclo reprodutivo dessas plan-
tas. Pelo contrário, saber como as coisas funcio-
nam, permite-nos tomar consciência da verda-
deira complexidade da realidade e apreciá-la
em todo o seu esplendor. Ninguém na altura
poderia prever que frutos daria aquele simples
acto de curiosidade. As novas perguntas, as
novas áreas de saber e a nova tecnologia.
A espectroscopia é descendente directa das
experiências de decomposição da luz que New-
ton realizava, uma técnica com aplicações em
áreas tão distintas como a saúde e a astrono-
mia. O mesmo princípio que permite examinar
o nosso sangue quando temos de fazer análises,
possibilita também estudar a composição quí-
mica de estrelas longínquas e, por extensão, o
seu passado e o seu futuro.
As inovações e benefícios da investigação cientí-fica são muitas vezes imprevisíveis, precisamen-te porque a ciência opera na fronteira do desco-
nhecido. Mas podem crer que os benefí-cios serão sempre imensos, derivando tanto das descobertas em si, como do desenvolvimento da tecnologia necessária para as alcançar. Só relativamente à exploração espacial, existem numerosas aplicações práticas que utilizamos todos os dias, muitas das vezes sem nos aperce-bemos de onde vêm. Já falámos
“Aaaii! Era a última vida…”
delas aqui.
De cada vez que é feito um investimento na ciência, seja em que área for, podem ter a certeza absoluta que isso irá tra-duzir-se em riqueza, excedendo em muito o investimento inicial. Mesmo que não gere empregos imediatamen-te, e a missão daCurio-sity gerou sete mil, podem ter a certeza que vai criar oportunidades de trabalho para os vos-sos filhos e netos. Há algumas décadas atrás quem pensaria que seria possível monetizar a Internet?
“Qual é o objectivo? Isto não serve para nada” – Versão Miss Universo
Temos de adorar a lógica
dos falsos moralismos. E
o computador que estão a usar? Parece-me uma
grande futilidade quando há pessoas a passar
fome, especialmente tendo em conta que só é
utilizado para espalhar disparates e não para
aprender. Francamente, estou admirado por a
ciência não ser culpada por isto também.
Como é possível achar que o dinheiro que se gasta na exploração espacial ou em qualquer outro projecto científico, é que está a impedir que se acabe com a miséria e a fome no mundo? Não terá antes a ver com políticas, ideologias, corrupção e os conflitos inerentes a estes facto-res? Aqui podemos ver a fatia ridiculamente insignificante do orçamento norte-americano que é destinada à NASA. E olhando ainda para os
gastos que os países têm com as suas forças armadas vs a ajuda externa, ficamos com uma ideia das prioridades dos governos (e por exten-
são, das pessoas que votam neles). E que tal os 12 mil milhões de euros gastos nos Jogos Olímpicos de Londres? A NASA foi a outro mun-do com menos 10 mil milhões que isso.
Em 1970 uma freira escreveu uma carta a Ernst Stuhlinger, o então director científico do Marshall Space Flight Center da NASA, a per-guntar como ele podia sugerir que se gastasse milhares de milhões de dólares no desenvolvi-mento de uma missão tripulada a Marte, quan-do tantas crianças estavam a passar fome na Terra. A sua resposta cordial e reflectiva conti-nua tão actual como sempre, tendo sido mais
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“Isto chega?” – Norman Borlaug (1914-2009)
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tarde publicada pela NASA sob o título “Porquê explorar o espaço?”, e que pode ser lida na ínte-gra aqui.
A ciência já contribui para acabar com o flagelo
da fome, mas é claro que a única coisa que pode
fazer é contribuir para a resolução dos proble-
mas relacionadas com a produção e conservação
dos alimentos. A distribuição justa desses mes-
mos alimentos é algo a que é completamente
alheia.
Ainda assim, sendo o tema o papel da ciência no combate à fome, ou se eu tivesse de escolher um dos melhores seres humanos que alguma vez caminhou à face Terra, assim do topo da minha cabeça, escolheria sem grande dúvida um senhor chamado Norman Borlaug. Enquanto os pessimistas do costume andavam a bradar aos céus por não existir comida suficiente para todos, Norman Borlaug arregaçou as mangas e meteu-se a viajar pelo mundo para ajudar as populações de países como o México, Índia e Paquistão. Com os seus conhecimentos de melhoramento genético, que permitiram a cria-ção de novas cultivares de trigo de maior rendi-mento, e em conjunto com a introdução de prá-ticas de agricultura moderna, conseguiu pratica-mente duplicar a produção deste cereal na Índia e Paquistão, e ainda tornar o México num país exportador de trigo. É frequentemente credita-do pelo salvamento de mais de mil milhões de pessoas da fome, tendo por isso recebido o Prémio Nobel da Paz em 1970. Tudo isto gra-ças à ciência. E eu aposto que a maioria das pes-soas nunca sequer ouviu falar dele. Aliás, algu-mas até pretendem destruir o trabalho que ele começou.
“Qual é o objectivo? Isto não serve para nada” –
Versão Cancro
Não faz sentido algum mandar os cientistas pararem com tudo aquilo que estão a fazer e
concentrarem-se apenas em curar o cancro. Pri-meiro, porque como já vimos, as descobertas mais fantásticas surgem muitas vezes da investi-gação básica, sem qualquer objectivo prático em mente. Segundo, porque nunca vai ser possível curar “o” cancro, porque para começar existem vários tipos de cancro, com causas distintas, que por isso exigem terapias distintas. Aliás, no mes-mo doente existem células cancerígenas com uma composição genética distinta.
Se fosse fácil já teria sido feito. Mas havemos de chegar lá, todos os anos as taxas de sobrevivên-cia aumentam, precisamente devido a investiga-ção e desenvolvimento de novos fármacos, tera-pias e meios de diagnóstico precoce. E indepen-dentemente do que dizem os teóricos da conspi-ração, a indústria farmacêutica não tem qual-quer interesse em esconder a cura do cancro, já que as patentes, cuja validade se estende duran-te décadas, irão garantir lucros obscenos a quem conseguir desenvolver uma terapia totalmente eficaz contra qualquer tipo de cancro.
“Isto é tudo mentira, a mim ninguém me enga-na!”
A confraria dos chapéus de folha de alumínio
não poderia deixar de marcar presença sempre
que o assunto seja a exploração espacial e espe-
cialmente a NASA.
Quais Dom Quixo-
tes da era digital, a
lutar contra mons-
tros que se escon-
dem nas sombras e
cuja única ambição
de vida é enganá-
los. Depois da reve-
lação da VERDA-
DE™ num qualquer
site escrito com 12
tamanhos de letra PU
BP
UB
diferentes, 6 cores distintas e uma quantidade
desconcertante de CAPS LOCK, tornam-se em
cavaleiros solitários, para sempre condenados a
carregar o peso do mundo às costas. O profeta
original ninguém o conhece. Presume-se que
tenha sido eliminado após ter chegado demasia-
do perto da VERDADE™. Suspeita-se de uma
ordem secreta de invasores reptilianos adorado-
res de Satã.
É claro que existem verdadeiras “conspirações” no mundo, uma das mais famosas foi o caso Watergate. Mas as teorias da conspiração, como as que conhecemos na internet, baseiam-se muitas vezes na associação de factos comple-tamente díspares de forma a criar padrões onde nenhuns existem. Acabando por atingir níveis de incoerência e complexidade que simplesmente as tornam impraticáveis.
De todas as formas de negacionismo, tendo em
conta a enorme quantidade de evidências dispo-
níveis, a recusa em acreditar que o homem foi à
Lua é das mais aberrantes ao nível
de dissonância cognitiva que existe. Ao mesmo
tempo é possível acreditar que a ida à Lua é um
feito tecnológico demasiado complexo para ser
possível, mas que a ida a Marte por teletrans-
portação é tão corriqueira como andar de bici-
cleta. É possível acreditar que os conspiradores
são tão inteligentes e poderosos que conseguem
silenciar toda a gente no mundo e forjar qual-
quer tipo de prova, mas que, simultaneamente,
esqueceram-se de fechar a porta do estúdio de
filmagens deixando uma corrente de ar entrar.
Qualquer prova que lhes seja mostrada é sem-pre tomada como evidência, não de que estão errados, mas de que a conspiração é ainda mais profunda e complexa do que pensavam anterior-mente. A única forma de convencer um teórico da conspiração a abdicar das suas certezas, é oferecer-lhe uma outra teoria da conspiração ainda mais inacreditável. É precisamente o tipo de mentalidade que torna alguém num alvo per-feito para os aldrabões deste mundo, que como é natural dizem apenas aquilo que as pessoas desejam ouvir, fazendo-as sentir inteligentes e especiais. A informação está toda disponível de forma gratuita, mas como aquilo que os move não é a curiosidade genuína, mas simplesmente a vontade de se sentirem especiais, procuram exclusivamente as fontes que suportam as suas convicções.
Mas nem tudo são más notícias
Não precisam de perder a esperança na humani-
dade. Felizmente haviam também bastantes
pessoas prontas a chamar a atenção para os dis-
parates que estavam a ser ditos. (veja os comen-
tários aqui)
Marco Filipe
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“Estes tipos do CERN só sabem gastar dinheiro, isto nem dá para
fazer pipocas!”
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Volume 2 Edição 8 EDUCAÇÃO
Paul Zaloom tem muitas histórias para contar. Um mundo de histórias. Formado bonequeiro – manipulador de marionetes, se preferir – nos anos 70, Zaloom é um bem sucedido satirista político do teatro norte-americano. Contudo o personagem que tornou esse nova iorquino conhecido mundialmente não tem nada a ver com política. Tampouco começou no teatro. Tra-ta-se do maluco e divertido cientista Beakman, estrela da série de televisão O Mundo de Beak-man.
Com 91 episódios gravados entre setembro de 1992 e dezembro de 1997, O Mundo de Beak-man foi uma das séries infantis mais premiadas da TV dos Estados Unidos. Apenas no Emmy Awards, principal premiação da televisão mun-dial, recebeu 23 indicações e ganhou três esta-tuetas. Sucesso que não se restringiu à crítica: o programa caiu no gosto do público; inclusive o adulto. “52% da audiência do programa nos Estados Unidos era composta por adultos”, afir-ma Zaloom. “Os adultos sabiam que podiam entender a ciência no programa já que era desti-nado às crianças”.
Por conta de tudo isso, não estranhamente O Mundo de Beakman chegou a ser transmitido em mais de 90 países. Entre os quais, o Brasil – onde, claro, obteve enorme sucesso. Aliás, a série ainda é transmitida por aqui em TV aberta: pela Rede Cultura, de segunda a quarta, a partir das 19h30 (horário de Brasília).
Aos 60 anos, pai de Amanda e avô de duas garo-tas, Mabel e Sadie, Paul Zaloom continua na ati-va. Porém longe das telinhas: no teatro. Inclusi-ve como Beakman. Entre junho e julho, Zaloom apresentou-se em dois eventos no Brasil. E apro-
veitou a estadia para conhecer o Museu de Arte de São Paulo (MASP). “É um lugar incrível e memorável”, relata o ator.
No último dia quatro, Zaloom concedeu uma entrevista com exclusividade ao Astro PT. Falou sobre o programa de TV que o consagrou, a car-reira como satirista político, a estranha faculda-de que frequentou, seu interesse pela ciência e muito mais.
Fato: O jaleco verde e a peruca de Beakman não foram usados durante a entrevista. Mas simpa-tia e bom papo, duas características marcantes do personagem, estiveram presentes.
Astro Pt: Pouco antes de vir ao Brasil você disse que tinha interesse em saber por que o Beak-man era tão popular por aqui. Encontrou a res-posta?
Paul Zaloom: Não, mas continuo perguntando! Suspeito que não foi apenas o conteúdo cientí-fico, mas algo sobre o espírito anárquico do programa que realmente agrada às pessoas no Brasil.
Astro Pt: Como foi sua estadia em São Paulo? Conheceu algum lugar da cidade?
Entrevista exclusiva com Paul Entrevista exclusiva com Paul
Zaloom, o BeakmanZaloom, o Beakman
O ator Paul Zaloom (foto acima) é o intérprete do cientista
Beakman
Crédito: zaloom.com/Howard Wise
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Paul Zaloom: Eu pude visitar o Museu de Arte de São Paulo (MASP), que é um lugar incrível e memo-rável. Em particular, gostei dos dois El Grecos, o tremendo (Paul) Cezanne, o alucinante Hierony-mus Bosch e uma belíssima exposição de fotogra-fia brasileira.
Astro Pt: Quais eram seus principais trabalhos antes da oportunidade de atuar como Beakman?
Paul Zaloom: Tenho feito shows de marionetes para adultos por muitos anos. O conteúdo é princi-palmente voltado à sátira social e política, com foco na política externa norte-americana, profana-ção do meio ambiente, e meu próprio papel hipó-crita em colaborar com uma sociedade que eu criti-co tão veementemente.
Astro Pt: Vi uma declaração, atribuída a ti, de que você foi o único “louco” a aceitar o papel de Beak-man. Procede tal informação? Se sim, por que foi “loucura”?
Paul Zaloom: Penso que não foi exatamente isso que eu disse. O que provavelmente quis dizer foi que eles descobriram o mais louco lunático que poderiam encontrar para interpretar o papel. Aju-dou o fato de ser um ator iconoclasta e excêntrico (e único!) para fazer um bom trabalho no papel.
Astro Pt: O Mundo de Beakman possui algumas características bastante marcantes, entre as quais, mais de mil efeitos sonoros por episódio e câmeras fixas no estúdio. Como esses padrões técnicos foram definidos? Você participou desse processo?
Paul Zaloom: As câmeras não se moviam de jeito algum. Nada de zoom ou câmeras em grua. Elas ficavam fixas com lentes de ângulo bem amplo e nós ficávamos tão perto delas que praticamente as tocávamos. Ao invés das câmeras se mexendo, nós, apresentadores (Rato Lester, a assistente de laboratório e Beakman), nos movíamos de câmera para câmera, criando um olhar cinético e estranho, que era único para a televisão naquele tempo. O diretor Jay Dubin foi o inventor e o mentor deste olhar.
Astro Pt: Há um episódio (“Blood, Beakmania & Dreams”) no qual Lester caiu após tentar sentar em
uma cadeira. A Josie (a primeira das três “assistentes de laboratório” do programa) riu bas-tante. Tudo aquilo me pareceu extremamente natu-ral, não propriamente encenado. Embora vocês seguissem um roteiro, era comum que alguns erros e improvisos fossem ao ar?
Paul Zaloom: Nós tínhamos uma regra: você não está permitido a parar no meio de uma tomada porque algo deu errado. Por quê? Porque muitas vezes os erros eram engraçados. Então nós os incluíamos na versão final do programa.
Astro Pt: Você afirma que na sua infância se sentia atraído por ciências naturais e dinâmica (física). Após o programa, outros assuntos, como astrono-mia, também passaram a causar-lhe interesse?
Paul Zaloom: Sou curioso sobre todos os aspectos do que acontecem em nosso universo. O programa despertou meu interesse em muitos aspectos que a ciência nos proporciona em uma maneira de olhar para a existência.
Astro Pt: Você trabalhou com públicos mais jovens em Mundo de Beakman, mas também desempe-nhou papéis com temas mais sérios, como a políti-ca, em obras como Dante’s Inferno. Qual destes gostou mais?
Paul Zaloom: Gosto deles igualmente. Eu amo atuar para as crianças no palco e na televisão, assim como é um grande privilégio atuar para adultos no palco e no cinema.
Astro Pt: Ao contrário do que muitos imaginam, O Mundo de Beakman também foi um enorme suces-so entre adultos. Até qual ponto esse resultado pode ter vindo pelo fato de que esses adultos foram crianças refreadas e viram em seu programa algo inovador?
Paul Zaloom: Eu não sei o que você quis dizer com crianças refreadas. De qualquer modo, aqui vai uma resposta: 52% da audiência (do Mundo de Beakman) nos Estados Unidos era composta por adultos. Por quê? Porque os adultos sabiam que podiam entender a ciência no programa já que era destinado às crianças. Nós não podemos nos inti-midar pelo que nós entendemos como dificuldade
para entender a ciência. Sabemos que um pro-grama infantil poderia deixá-la, ao menos, mais compreensível. Inúmeros adultos me dizem que esse era o motivo pelo qual assistiam o programa, assim como pelo humor esquisito e pelo seu estilo visual estranho.
Nota: Após a resposta, expliquei a Paul o que quis dizer com refreadas: pessoas que durante a infância eram privadas pelos pais, por exemplo, de efetuar experiências científicas, semelhantes às que o próprio Zaloom executava em O Mundo de Beakman. A pergunta seguinte foi baseada nessa observação.
Astro Pt: Carl Sagan dizia que “Todas as crianças nascem cientistas, com uma curiosidade inata pelo mundo à sua volta, aplicando um método de tentativa e erro. No entanto, os adultos refreiam essa curiosidade científica inata das crianças. Algumas, poucas, passam pelo sistema de aprendizagem, e continuam entusiasmadas e maravilhadas com o conhecimento científico”. O que pensa sobre essa afirmação?
Paul Zaloom: Penso que é absolutamente ver-dadeira. E penso que poderíamos facilmente trocar a palavra “cientista” pela palavra “artista”. O problema com nossa educação nos Estados Unidos é o fato dela ser muito focada no que é indicado nos testes e assim por dian-te. Mas o verdadeiro objetivo da educação é nos ensinar a pensar, tirar conclusões, para criar soluções, ser imaginativo e criativo, inte-lectualmente corajosos.
Astro Pt: Aliás, por falar em crianças, há uma pergunta inevitável… Você era um bom aluno?
Paul Zaloom: Na maior parte do tempo.
Astro Pt: Você é graduado “bonequeiro” (manipulador de marionetes) pela Goddard College. Li, entre algumas coisas, que vocêentregou apenas um trabalho por lá. E que ninguém se preocupava com um cara que prati-cava tiro no pátio da faculdade. Foi uma faculda-de diferente das outras, não é?
Paul Zaloom: A Goddard College certamente foi um lugar bem maluco. Poderia compartilhar algumas histórias contigo, mas suspeito que você não iria acreditar na maioria delas. No entanto, tive uma grande educação porque me deixavam trabalhar com meus próprios obje-tos, podendo criar uma vertente educacional que resultou no meu aprendizado de manipula-ção de marionetes e em habilidades para o tea-tro, tais quais faço uso hoje.
Astro Pt: A eleição à presidência dos Estados Unidos ocorre em novembro. Até que ponto o apoio a áreas como ciência e a arte está na agenda dos atuais candidatos?
Paul Zaloom: Não muito.
Astro Pt: Você já afirmou que poucas vezes foi reconhecido como o intérprete de Beakman nas ruas. Mas quando você coloca jaleco verde e peruca a situação é bem diferente. Pessoas afir-mam que seu personagem influenciou até na escolha da profissão delas. Esperava que um programa de televisão tivesse tamanha influên-cia na vida dessas pessoas?
Paul Zaloom: Não, eu sempre fico muito surpre-so quando as pessoas dizem que são cientistas por minha causa. Enquanto gravávamos O Mundo de Beakman, não tínhamos a menor ideia que teria esse tipo de impacto. Eu percebi que estávamos ensinando um pouco de ciência e dando ao público umas boas risadas. Nunca me ocorreu que poderíamos influenciar a vida das pessoas. Isso veio como um grande e bas-tante agradável choque para mim, e eu sou eternamente grato de ter a oportunidade de influenciar as escolhas das pessoas com relação às carreiras que elas iriam escolher.
Veja também: Outra entrevista com Paul Zaloom Paul Zaloom abre as portas de sua casa à LA Times Entrevista com Jok Church, criador do persona-gem Beakman Texto e perguntas por Rafael Ligeiro. Colaborou Thia-go Ligeiro
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Volume 2 Edição 8 EDUCAÇÃO
Às 20 horas em Portugal, Jay Barbree anunciou na cadeia de televisão americana MSNBC – sendo seguido por Lester Holt e Brian Williams na NBC News com um programa especial sobre o assunto – que Neil Armstrong morreu.
Neil Armstrong foi o primeiro ser humano a cami-nhar na Lua, após ter pousado com segurança o módulo lunar, na missão Apollo 11. O evento histórico deu-se a 20 de Julho de 1969. Uma das frases mais marcantes da história huma-na é dele, quando pisava a Lua: “Um pequeno passo para o Homem, um passo gigantesco para a humanidade.”
Armstrong tinha sido operado ao coração no iní-cio de Agosto, para aliviar uma artéria que estava bloqueada. Faleceu devido a complicações relacionadas com essa operação.
Neil
Armstrong morreu hoje, às 2:45pm, hora de Nova Iorque (19:45, hora de Lisboa). Faleceu aos 82 anos.
Os heróis não morrem. Armstrong será recordado para todo o sempre, enquanto existir Humanida-de. Foi o primeiro a dar o “grande passo”. Foi o primeiro Humano a colocar um pé num corpo espacial que não a Terra.
Carlos Oliveira
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EDUCAÇÂO Agosto 2012
Morreu Neil ArmstrongMorreu Neil Armstrong
Neil Armstrong e o Lugar do InícioNeil Armstrong e o Lugar do Início
Entre a pegada fossilizada do Australopithecus afa-rensis – o hominídeo que viveu parcialmente nas árvores, mas já era capaz de caminhar como nós – e a pegada de Neil Arms-trong na Lua, a 20 de julho de 1969, decorre-ram 3.7 milhões de anos.
Se descer das árvores e caminhar de forma ereta pudessem ser isolados num único momento his-tórico, então talvez também se dissesse que um certo dia, há muito, muito tempo, um hominídeo
dera um pequeno passo, mas um salto de gigante.
E também gosto de imaginar o momento longín-quo no futuro em que descendentes dos seres inteligentes que outrora se guerrearam na Terra
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Volume 2 Edição 8 EDUCAÇÃO
honrarão as pegadas de Neil Armstrong como a marca de um novo «Lugar do Início», para citar o nome de um belo livro da escritora de ficção cien-tífica Ursula K. Le Guin.
Lugar do Início: o início do triunfo popular da Ciência sobre a superstição e do conhecimento sobre a ignorância, o lugar de Armstrong e das suas primeiras pegadas. Depois das missões Apollo e da visão única e esplendorosa do nosso «pálido ponto azul» de Carl Sagan, Terra e Lua passariam a ser pequenas árvores de onde poderíamos descer e explorar os imensos campos cósmicos diante de nós. E a esperança de o conseguirmos iria parecer, tam-bém, infinita.
Armstrong morreu ontem, dia 25 de agosto, 43 anos e 35 dias após ter proferido a célebre frase «Um pequeno passo para um homem, um salto
gigantesco para a Humanidade».
Um lugar de destaque no panteão destes novos navegadores não era honra que lhe interessasse muito. Foi o primeiro na Lua, mas nunca deixou de ser um homem muito terra-a-terra. Quando lhe perguntaram sobre as pegadas que deixou na Lua, respondeu: «Espero que um dia destes alguém suba lá e as apague». E sobre a própria Lua: «É um sítio muito interessante para se estar. Recomendo-o». Morreu aos 82 anos sem ter podido ver concreti-zada a promessa de uma nova era de descobertas e explorações e pegadas: três missões canceladas logo em 1970, programa definitivamente fechado em 1972 pelo presidente Nixon, mais preocupado em financiar a galopante guerra no Vietname; ainda testemunhou a aventura dos vaivém e das sondas-robô, mas não chegou a ver seres huma-
nos em mundos extraterrestres.
A Ciência criou o astronauta, a Economia matou-o
As missões Apollo só foram possíveis graças aos cientistas, mas foram os políticos a for-necer o combustível. Quando os soviéti-cos foram vencidos e a corrida deixou de ser politicamente recompensadora, as missões foram canceladas. Terminara a era de ouro da NASA e de astronautas como Armstrong.
Com o programa dos vaivém cancelado após quase trinta anos de serviço (1982 – 2011) e os planos de uma nova missão tripulada à Lua abandonados devido a cortes orçamentais, o fotógrafo norte-americano Neil de Costa – o mesmo nome próprio que Armstrong – imaginou a figura de um astronauta corroído pelo dilema de uma existência sem sentido.
Neil criou então uma série de fotografias através das quais procurou encenar a depressão e o subsequente suicídio do astronauta.
Obviamente nada mais do que uma metáfora, mas o próprio Armstrong sabia muito bem que os tempos pionei-ros de aventura e exploração humana no Espaço podiam estar perdidos para sempre. Na última entrevista que deu, em maio deste ano, falou na NASA como um dos investimentos públicos de maior sucesso em motivar os estudantes.
«Mas é triste», considerou com a expressão tran-quila de sempre, «ver o programa a caminhar numa direção em que a motivação e o estímulo que dá aos jovens é já tão reduzido».
«A Casa Branca e o Congresso têm uma visão pró-pria do que deve ser o futuro da NASA e a institui-ção é empurrada para uma ou outra direção, à medida que um lado procura impôr ao outro a sua visão do caminho que deve seguir».
A entrevista, de meia-hora, pode ser acompanha-da na íntegra nesta página.
O sangue-frio de Armstrong
Neil Armstrong sempre foi sóbrio, equilibrado,
discreto e avesso à fama, um homem capaz de manter a cabeça fria em momentos complicados – esta última característica foi determinante para ser escolhido como o primeiro homem na Lua.
Os seus nervos de aço haviam-se revelado um ano antes da chegada à Lua, durante os testes com o Lunar Landing Research Vehicle (LLRV), uma aeronave modificada que operava com impulso de retro-foguetes e se destinava a simu-lar as condições que o piloto teria de enfrentar quando tentasse pousar na Lua. Os testes pareciam estar a correr normalmente, mas durante o movimento de aproximação ao local designado para a aterragem algo falhou: o
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EDUCAÇÂO Agosto 2012
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Volume 2 Edição 8 EDUCAÇÃO
veículo não respondeu aos comandos e começou a perder altitude com demasiada rapidez. Armstrong não entrou em pânico, tentando até à ultima recuperar o controlo do aparelho. Ejetou-se quando estava a apenas a 60 metros do chão, descendo em segurança no para-quedas enquan-to o LLRV se despenhava no solo com uma explo-são que teria morto qualquer pessoa a bordo (a história completa no Daily Mail). Ainda nessa manhã, Armstrong já testava outro protótipo como se nada de especial tivesse acontecido.
A vogal também foi à Lua
Não era homem de grandes exaltações. Só reco-nheceu a importância de dizer algo de memorável para uma ocasião memorável quando foi tornado público que seria ele o primeiro a descer e passou a receber milhares de cartas com sugestões sobre o que devia afirmar, desde citações da Bíblia a frases de Shakespeare.
Toda a gente – imprensa, colegas astronautas, instrutores, chefes de missão – insistiu no assunto nas semanas que antecederam a partida para a Lua, querendo saber o que iria dizer aquele homem sereno e de poucas falas.
Na altura nem ele sabia, como contou no livro biográfico First Man: The Life of Neil A. Arms-trong, publicado em 2005, pois só começou a pensar numa frase durante o período de seis horas e 40 minutos entre a aterragem e o momento em que ele e Buzz Aldrin puderam finalmente abandonar o véiculo e pisar a Lua.
A frase de Armstrong mais citada – One small step for man, one giant leap for Mankind – está errada e não faz qualquer sentido. O que ele realmente disse foi «One small step for a man, one giant leap for Mankind».
A vogal faz a diferença, neste caso – e em portu-guês percebe-se bem –, entre «Um pequeno pas-so para o Homem, um salto gigante para a Huma-nidade», uma redundância pouco heróica; e «Um pequeno passo para um homem, um salto gigan-tesco para a Humanidade», como de facto acon-
teceu.
Como pronunciou a vogal demasiado depressa e a qualidade da transmissão não era a melhor, o «a» em falta fez com que durante muitos anos se dis-sesse que um dos momentos mais importantes da nossa História fora definido com uma frase dispa-ratada. Mas análises recentes ao som das trans-missões mostraram que o «a» fora dito. Ao contrário do que defendem os conspiracionis-tas da balhelhalogia cósmica, tanto Armstrong como a sua vogal estiveram mesmo na Lua.
Para o Infinito e mais além
A memória dos feitos de Armstrong e dos astro-nautas das missões Apollo poderá vir a sobrepor-se aos cortes orçamentais e levar-nos, um dia, a Marte – é pena que já cá não esteja para teste-munhar o feito, pois merecia ter vivido uma nova aventura.
Quer sejamos pessimistas ou otimistas em rela-ção ao futuro da Humanidade e ao papel que a Ciência terá nas nossas vidas, existem desde 1969 duas luas no nosso imaginário coletivo:
a lua dos poetas, músicos, amantes e místicos; a lua dos astronautas, uma paisagem desolada mas veladamente bela, um caminho de aventura e exploração iniciado em pequenos passos de bebé saltitante. Marco Santos
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Os filmes, bem como a maioria das ficções cientí-ficas, acostumaram-nos a extraterrestres com for-ma humanóide. Não precisa ser os Vulcanos de Jornada nas Estrelas. Os camarões de Distrito 9 podem ser bem assustadores, mas também são humanóides: tronco, cabeça, dois braços e duas pernas.
Isso acontece por duas razões principais. Uma delas é o público: temos certa dificuldade em aceitar algo que não siga nosso padrão de visão de um ser inteligente. A outra é científica: essa forma física libera os movimentos, permite mani-pular objetos, interagir socialmente, etc. O fato é que temos uma quantidade limitada de blocos de construção, evolução e variáveis ambientais e isso torna seres distintos morfologicamente seme-lhantes. Por exemplo, se você precisa voar, vai desenvolver asas. Foi o que os insetos fizeram, o que os pterossauros fizeram, as aves fizeram e os morcegos também. Seres taxonomicamente dis-tintos, mas que desenvolveram a seu modo a mesma solução para o mesmo tipo de ambiente e necessidade.
Apesar disso tudo levar ao senso de que a forma física humanóide a seres inteligentes é a mais lógica – o que a candidataria a ser a mais comum no espaço, é algo que não se pode saber ao certo. Animais de outros mundos, sujeitos a outras variáveis, poderiam evoluir para formas muito diferentes. Carl Sagan citou que se víssemos um alienígena descer dum disco voador ele se pare-ceria mais à uma gosma do que a algo que conhe-cemos. Pode ser que sim, pode ser que não. Mes-mo Sagan deve ter tido alguma dificuldade em imaginar seres que fossem completamente distin-tos dos padrões terrestres: os flutuadores de Júpi-ter, por mais exóticos que sejam, são semelhan-tes a águas vivas na fase medusa, por exemplo –
uma simetria radial. Isso é sinal de que a vasta biodiversidade da Terra nos atrapalha ao imaginar uma forma de vida realmente exótica e verossímil. No entanto, temos imaginação e referências para isso: Eosapiens: Os seres de inteligência primitiva do documentário “Planeta Alien“, que se baseou na obra de Wayne Barlo-
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ASTROBIOLOGIA Agosto 2012
Quais formas poderiam ter Alienígenas Quais formas poderiam ter Alienígenas
inteligentes?inteligentes?
Eosapiens
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Volume 2 Edição 8 ASTROBIOLOGIA
we intitulada Expedition (Expedição), são uma das mais notáveis formas de vida inteligen-te imaginadas com um aspecto não-humanóide. A inspiração provavelmente é o Polvo, um animal interessante por ser o mais inteligente dos inver-tebrados e ser capaz de manipular objetos. Não obstante, outra série dos canais de documentá-rios chamada “Futuro Selvagem” relata a evolu-ção dos polvos não só para animais racionais, mas também como conquistadores da terra firme.
Golfinhos: Os golfinhos não são nem de perto a forma a esperar de um ser inteligente, eles não tem a capacidade de manipular objetos, por exemplo. Mas o intrigante é que esses animais estão entre os mais espertos da natureza. Eles são um dos melhores exemplos daquilo que a Universidade de Oxford define como inteligência. Para eles, um ser inteligente reúne três condições básicas: ideia de altruísmo (basicamente, recipro-cidade nas atitudes, noções de causa e efeito na relação com seus semelhantes), “política” (noções de agrupamentos, divisões e lideranças) e empa-tia (a grosso modo, capacidade de ter e interpre-tar emoções, a sua e dos demais). Em sociedades no reino animal, tais habilidades são frequente-mente demonstradas. Não que nossos simpáticos amigos aquáticos sem polegares opositores pos-sam vir a desenvolver uma segunda espécie tec-nológica na Terra, mesmo assim estudá-los é importante tanto do ponto de vista a entender o que realmente é um ser inteligente quanto ao mais interessante: mapear a habilidade da lingua-gem e seu desenvolvimento em outra espécie além da nossa, uma utilidade para um futuro “contato imediato”. Artrópodes: Tropas Estelares adoptam o tema e os colocam como enxames de artrópodes gigantes guiados telepaticamente por superinteligências aracnídeas contra a huma-nidade. Mas existe uma espécie de tamanho limi-te a um ser com exoesqueleto – razão pela qual nunca atingiram o tamanho de um dinossauro, por exemplo, o que os condena a pequenos cére-
bros, aparentemente sem grandes complexida-des. Entretanto, são um filo animal muito antigo e bem sucedido, e uma pesquisa realizada na Uni-versidade de Adelaide, na Austrália, revela que o cérebro de insetos, embora tenha o tamanho da cabeça de um alfinete, é capaz de grandes proe-zas. No estudo, pela primeira vez foi avaliada a forma como esses animais calculam a velocidade de objetos em movimento, e o resultado mostrou que essa capacidade, nos insetos, é igual a de outros animais, inclusivé do Homem.
E totalmente diferente: Poderiam ser seres sem nenhuma forma simétrica definida, sendo assim totalmente diferentes de qualquer ser vivo da Terra? Poderiam, mas não seriam diferentes de qualquer ser vivo da Terra. As Esponjas também não têm uma simetria. Para ser totalmente dife-rente e incompreensível, o único jeito é uma for-ma de vida que não use dos mesmos blocos de construção da nossa biosfera: talvez inorgânicos, talvez baseados em silício, ou talvez serem pura-mente feixes de energia irradiada, ou serem gaso-sos e fantasmagóricos, gelatinosos, líquidos…
No fim, uma boa imaginação pode sim, construir um extraterrestre verossímil, mas antes é bem útil um estudo de astronomia, biologia, química, física, não só para definir o aspecto do seu ser, mas também para saber ambientá-lo, contextuali-zá-lo. Sou um novato em todas essas mesmas ciências que citei, mas já me aventurei a criar o meu primeiro ET, e é inteligente, e conhecemos seu mundo! Segue o link: http://dominiosdosol.blogspot.com.br/2011/07/alien-imaginario-pra-um-mundo-real.html
atualizado: http://
dominiosdosol.blogspot.com.br/2012/08/
extraterrestre-cronus-versao-20.html
Jonatas Silva
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COSMOLOGIA Agosto 2012
O telescópio espa-cial WISE (Wide-field Infrared Survey Explo-rer), da NASA, revelou um número exorbitante de buracos negros supermassivos e de galá-xias distantes denomina-das hot DOGs (‘dust-obscured galaxies’ ou, em tradução literal, galá-xias encobertas por poeiras).
Estes buracos negros e
galáxias extremas
(adjectivo que concerne
à sua distância… estão,
portanto, muito longe)
foram reveladas através de milhões de imagens
capturadas pelo telescópio espacial WISE, entre
2009 e 2011. Durante este período, o WISE con-
seguia percorrer duas vezes todo o horizonte
celeste, observando o que se escondia na banda
de infravermelhos no espectro electromagnético.
O resultado destas observações foi tornado
público, permitindo que fossem feitas novas des-
cobertas pelos especialistas.
O telescópio WISE transporta consigo dois senso-res de infravermelhos mais “sensíveis” que algu-ma foram enviados para o espaço. Detém, assim, o melhor instrumento possível para revelar estes objectos que se escondem por trás de quantida-
des colossais de poeiras espaciais. O WISE, com os seus fantásticos sensores de infravermelhos, revelou o brilho intenso resultante do aqueci-mento do material que rodeia estes objectos, originado através do processo de acreção.
Um dos estudos, já baseado nestes dados do
telescópio WISE, identificou cerca de 2.5 milhões
de buracos negros supermassivos no horizonte
cósmico, em que cerca de dois terços nunca
tinham sido detectados antes. Os mais distantes
estão a cerca de 10 mil milhões de anos-luz da
Terra.
Em dois outros estudos, baseados nestes mes-
WISE Revela Milhões de Buracos WISE Revela Milhões de Buracos
NegrosNegros
Image credit: NASA/JPL-Caltech/UCLA
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Volume 2 Edição 8 COSMOLOGIA
mos dados do WISE, foram iden-tificados 1000 candidatos que se impõem como as galáxias mais bri-lhantes alguma vez descobertas. Estes objectos muito distantes conseguem pro-duzir uma quanti-dade de luz 100 trilhões de vezes superior à do nos-so Sol por esta-rem num proces-so frenético de produção de estrelas. Mas, tal como os buracos negros revelados no primeiro estu-do, estas galáxias estão envoltas por quantidades titânicas de poeiras espaciais revelando-se apenas na luz do infravermelho revelado pelo WISE.
Como explicou Peter Eisenhardt, principal autor deste último estudo e cientista do JPL para o pro-jecto WISE, “estas galáxias “poeirentas” são tão raras que, para as encontrar, o WISE teve de son-dar a totalidade do céu”. Mas, surpreendente-mente, “estamos a ver provas que estas galáxias provavelmente formaram os seus buracos negros antes mesmo de gerar a maioria das suas estrelas. Os ‘ovos’ talvez tenham aparecido antes das ‘galinhas’ “, explicou o líder deste estudo que espera que estes dados possam dar mais informa-ções sobre como os buracos supermassivos se formam no núcleo das galáxias, procurando dar consequências aos recentes estudos que indicam que estes gigantes negros e as suas galáxias hos-pedeiras evolvem numa acção simultânea e recí-proca. Os 3 artigos científicos, incluindo PDF’s, podem
ser vistos em http://arxiv.org/abs/1205.0811, http://arxiv.org/abs/1208.5517 e em http://arxiv.org/abs/1208.5518 .
Veja a notícia da NASA aqui.
Pedro Garcia
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Image credit: NASA/JPL-Caltech/UCLA/STScI
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TERRA Agosto 2012
No passado dia 5 de
Julho, a ESA lançou para
o espaço o Meteosat
Second Generation-3
(MSG-3), o mais recente
membro da frota de
satélites meteorológicos
europeus desenvolvidos
pela agência espacial
europeia em associação
com aEUMETSAT.
Ontem, da sua órbita
geostacionária, a 40 mil
quilómetros de altitude,
o MSG-3 obteve a sua
primeira imagem do
nosso planeta.
A imagem mostra a orbe
terrestre nas suas cores
naturais. O continente
africano surge em
destaque, parcialmente encoberto por um manto
de nuvens nas regiões junto ao equador e no seu
extremo austral. A norte de África, do outro lado
do mediterrâneo, encontra-se a velha Europa
vestida com as cores do Verão. A costa leste da
América do Sul é também visível do lado
esquerdo da imagem, iluminada pelos primeiros
raios matutinos.
O MSG-3 é o terceiro satélite de uma série de
quatro. Com o seu sistema de imagem SEVIRIS,
este novo satélite meteorológico irá monitorizar o
clima na Europa e em África, contribuindo a cada
15 minutos com um conjunto de imagens em alta
resolução da superfície e da atmosfera terrestres.
Sérgio Paulino
Magnífico retrato da Terra obtido pelo Magnífico retrato da Terra obtido pelo
novo satélite meteorológico europeu novo satélite meteorológico europeu
MSGMSG--33
A Terra vista pelo sistema SEVIRIS (Spinning Enhanced Visible and Infrared Imager) a 7 de
Agosto de 2012 (cliquem aqui para verem a imagem na sua máxima resolução).
Crédito: EUMETSAT.
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Volume 2 Edição 8 EXOPLANETAS
Uma equipa de astrónomos liderada por Jerome Orosz, da San Diego State University, acaba de publicar um artigo na revista Science descrevendo a descoberta do primeiro sistema planetário (2 planetas) em órbita de um sistema binário central (2 estrelas). Previamente tinham sido já descober-tos planetas em órbita de sistemas binários, e.g., Kepler-16,Kepler-34 e Kepler-35, mas nunca mais do que um planeta em cada sistema. Situado a cerca de 4900 anos-luz na direcção da constela-ção do Cisne, o Kepler-47, como foi designado, é constituído por um sistema binário de estrelas, as Kepler-47A e -47B, que se eclipsam periodicamen-te quando vistas a partir da Terra. As estrelas estão tão próximas que orbitam um centro de gravidade comum em apenas 7.5 dias. A Kepler-47A tem um tamanho semelhante ao do Sol mas apenas 84% da sua luminosidade. A Kepler-47B, por seu lado, tem apenas 1 terço do tamanho e menos de 1% do brilho da nossa luminária. Os dois planetas descobertos, Kepler-47b e -47c, orbitam em torno do centro de gravidade do sis-tema binário e não em torno de uma das estrelas individualmente. No jargão técnico planetas deste tipo designam-se de “tipo P” (circumbinários), por contraste com os planetas de “tipo S” (que orbi-tam estrelas individuais).
O sistema planetário é notável porque, para além do sistema binário de eclipse central, os dois pla-netas realizam trânsitos sobre os discos das duas estrelas! De facto, os astrónomos foram alertados para o potencial interesse do sistema pelo facto dos trânsitos dos planetas não seguirem um padrão regular. Ao contrário do que acontece com planetas que orbitam uma única estrela, o Kepler-47b e o Kepler-47c realizam trânsitos sobre estrelas em movimento orbital pelo que o intervalo entre trânsitos e a sua duração varia
substancialmente. O planeta mais interior, Kepler-47b, orbita o par de estrelas em apenas 50 dias (por comparação Mercúrio orbita o Sol em 88 dias) e tem apenas 3 vezes o raio de Terra. A sua atmosfera gasosa super-aquecida poderá estar permanentemente coberta por uma espessa névoa de hidrocarbonetos resultantes da decom-posição de metano pela radiação ultravioleta pro-veniente das estrelas. O planeta exterior, Kepler-47c, é mais interessante. Orbita o sistema binário cada 303 dias e situa-se na “zona habitável” do sistema, uma região do espaço onde a água pode-ria existir no estado líquido na superfície de um planeta. No entanto, o Kepler-47c é ligeiramente maior do que Neptuno e deverá ser, provavel-mente, um gigante de gelo semelhante ao deus dos oceanos, mas com uma atmosfera visível mui-to mais quente e formada, provavelmente, por espessas nuvens de vapor de água. Esta descoberta mostra que, para além de plane-tas isolados em órbitas estáveis, poderão existir sistemas planetários completos, estáveis, em tor-no de sistemas binários, num ambiente que outrora se pensava potencialmente adverso para a formação de planetas. Vejam o vídeo seguinte (em inglês) com a descrição da descoberta. A notícia original pode ser vista aqui. Lu+is Lopes
Kepler Descobre Sistema Planetário em Kepler Descobre Sistema Planetário em
Torno de Estrela BináriaTorno de Estrela Binária
Representação artística do sistema Kepler-47. Crédito: NASA/
JPL-Caltech/T.Pyle
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ASTRONÁUTICA Agosto 2012
Rússia lança veículo de carga rápido para a Rússia lança veículo de carga rápido para a
ISSISS
A Rússia levou a cabo o lançamento do veículo de carga Progress M-16M às 1935:15UTC do dia 1 de Agosto de 2012. Esta é a missão ISS-48P no âmbi-to do programa da estação espacial internacional. O lançamento foi levado a cabo por um foguetão Soyuz-U a partir da Plataforma de Lançamento PU-5 do Complexo de Lançamento LC1 ‘Gagarinskiy Start’ do Cosmódromo de Baikonur, Cazaquistão.
Ao contrário das anteriores missões destes veícu-los de carga que demoram cerca de dois dias a
atingir a estação espacial internacional, o Pro-gress M-16M demorou 5 horas e 49 minutos a atingir a ISS, num ensaio que uma aproximação mais rápida à estação espacial. O normal esquema de aproximação à ISS é a fase mais tensa de uma missão espacial tripulada, obri-gando as tripulações a permanecer num pequeno volume durante esse tempo. Caso este ensaio corra como previsto, todas as mis-sões russas (e não só) para a ISS poderão adop-tar esta aproximação.
O Progress M-16M tinha uma massa de 7.290 kg no lançamento, transportando 2.639 kg de carga entre a qual água, oxigénio, ar, propolen-tes, mantimentos, experiências, peças sobres-salentes e equipamentos individuais para a tri-pulação da Expedição 32.
A acoplagem com a ISS teve lugar às 0118UTC do dia 2 de Agosto.
Imagem: Roscosmos
Rui Barbosa
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A sua
revista
mensal de
astronáuti-
ca
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imagem
para saber
mais]
Página 25
Volume 2 Edição 8 DIVULGAÇÃO
Pela primeira vez poderá decidir o que o VLT vai
observar e até ganhar uma viagem ao deserto do
Atacama (Chile), para ajudar a fazer as observa-
ções.
O primeiro dos dois concursos de aniversário do
ESO chama-se Escolha o que o VLT vai observar. O
ESO já pre-selecionou alguns objetos celestes que
estarão visíveis no céu no dia do 50º aniversário
do ESO (5 de Outubro). Tudo o que tem de fazer é
votar no objeto que mais gosta, e o que tiver mais
votos será o objeto que o VLT observará.
O ESO irá sortear um vencedor e dez suplentes
entre todos os que votaram, e o vencedor ganha-
rá um iPad, com os suplentes a receber produtos
ESO, incluindo livros, DVDs, entre outros.
Poderá ainda visitar o VLT para ajudar a fazer as
observações do objeto vencedor. Para ter esta
oportunidade, participe no segundo concurso –
Tweet até ao VLT! Faça um tweet (que pode ser
em português), onde explica porque é que gosta-
ria de visitar o VLT. O feliz contemplado ganhará
uma visita ao Chile, com viagem e estadia inclui-
da, e terá a oportunidade de visitar o VLT na altu-
ra do 50º aniversário do ESO, a 5 de outubro de
2012. Essa pessoa observará o objeto selecionado
no concurso “Escolha o que o VLT vai observar”,
com as observações a serem transmitidas ao vivo
para todo o mundo.
A data limite para participar em ambos os concur-
sos é 31 de Agosto de 2012, às 22:59:59 (hora de
Portugal Continental).
Esta notícia é adaptada do comunicado de
imprensa do ESO.
CAUP
Escolha o que o VLT vai observar
astroPT
mática) da Uni-versidade do Texas em Aus-tin, que após alguns meses a andar em reu-niões para ver-mos se leváva-mos a parceria a bom porto, e após eles avaliarem a competên-cia do trabalho, a qualidade dos textos, a credibilidade da infor-mação que transmitimos, e a
Não sei se repararam, mas do lado direito passamos a ter uma secção para “parceiros”, e nas opções na parte de cima do blog existe uma secção chamada “Parcerias“. A verdade é que andamos a tra-balhar para ter parcerias profis-sionais.
A primeira parceria é do Centro para a Educação STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Mate-
visão que temos para o futuro do projecto, decidiram que uma parceria profissional faria todo o sentido. Carlos Oliveira
Parcerias
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astroPT magazine, revista mensal da astroPT Textos dos autores, Design: José Gonçalves
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