III SEMINARIO DE PESQUISA E EXTENSAO DO EXTREMO SUL DA BAHIA Diversidade cultural e Desenvolvimento Educacional
Anais III SEMINARIO DE PESQUISA E EXTENSAO DO EXTREMO SUL DA BAHIA 30 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB – DEDC – Campus X- Teixeira de Freitas
Editora EDUNEB – Salvador, 2007
AS ESCOLAS INDÍGENAS NAS ALDEIAS DE CUMURUXATIBA (BA) E A
RECONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE CULTURA PATAXÓ
Helania Thomazine Porto Veronez
Profª da Universidade do Estado da Bahia – UNEB/Campus X
Este trabalho apresenta como temática de estudo a análise do cotidiano dos grupos Pataxó de
Cumuruxatiba (BA), sua etno-história, seus modos de vida e a conquista da educação escolar
nos últimos tempos. Assim, as análises, descrições e considerações ao longo do estudo foram
motivadas pela pretensão de se compreender como vivem os atuais Pataxó, seus rituais, o novo
espaço político e geográfico e esses atores culturais frente aos novos desafios, especificamente
a implantação das escolas nas aldeias Cahi, Pequi, Alegria Nova e Tibá. As questões que
nortearam a nossa pesquisa foram: i) que conhecimento os professores em acerca da educação
indígena, suas leis e propostas? ii) que significados são atribuídos à escola pelos docentes,
discentes e lideranças das comunidades Pataxó? iii) Como são inseridas as manifestações
culturais indígenas nas propostas pedagógicas da escola? iv) Em que condições a escola pode
significar a garantia da construção de uma educação diferenciada, específica, intercultural e
bilíngue com vistas ao fortalecimento da identidade desse grupo? A leitura analítica do
fenômeno educativo das comunidades indígenas esteve pautada nos estudos de Ferreira (2001),
Grupioni (2001), Silva (2001), (2004) e Melià (1979) ao nível de uma polifonia em que não se
excluísse os sujeitos dos discursos. Para compreendermos a implantação das escolas das aldeias
foi necessário que abordássemos a construção da identidade coletiva indígena – como
fundamentação teórica, dialogando com Novaes (1993). Os dados foram produzidos a partir de
entrevistas semi-estruturadas, que foram gravadas e transcritas, além da análise de materiais
didáticos produzidos pelos professores, caciques, vice-caciques, idosos e alunos das escolas das
aldeias. Elegemos as observações participativas como outra metodologia para a coleta dos
dados, estas foram registradas no diário de campo. Os discursos apresentados pelos depoentes
foram selecionados segundo as ideias apresentadas de forma que respondessem as indagações
eleitas durante pesquisa empírica. Quanto aos resultados, percebemos que os Pataxó de forma
organizada delimitam quais são os seus símbolos contrastivos, tais como viver em aldeamento,
partindo do sentimento de pertencimento, usando trajes indígenas nas festividades religiosas e
no awê. Os Pataxó de Cumuruxatiba estão construindo um novo estilo de vida, com novas
estratégias e alternativas, em que a retomada do território tem uma dimensão essencialmente
política e cultural. Nesse novo espaço geográfico estão se revitalizando e recuperando as
manifestações culturais de seus ancestrais, por meio de práticas educativas escolares. A escola
para esses grupos é vista como uma das formas de se construir a identidade de cada aluno Pataxó
e prepara-lo para viver essa cultura que é ressignificada. Eles também veem a escola como meio
de conferir poder aos estudantes em termos de justiça social, de transferir conhecimentos que
retornem em ações de sustentabilidade econômica da aldeia e ainda, legitimar e reproduzir as
ideologias e interesses desses grupos. A educação escolar para essa comunidade é considerada
parte integrante do universo social da cultura tendo no espaço da aldeia um lugar de maior
importância.
Palavras-chave: Comunidades indígenas, Identidade, Práticas Pedagógicas.