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Page 1: Araujo RT 2010 Dieta do boto cinza painel

DIETA DO BOTO-CINZA (Sotalia guianensis VAN BENEDEN, 1864) (CETACEA:

DELPHINIDAE) NA REGIÃO DA BAÍA DE SEPETIBA, RJ, BRASIL

Araujo1,2*, A. C.; Melo2, C. L. C.; Lima2, I. M. S.; Flach, L.3; Bassoi,4 M.; Lailson-Brito2, J. Jr.; Dorneles2, P. R.;

Azevedo2, A. F.

Introdução

Materiais e métodos

Resultados e discussão

Conclusão

1 Mestranda Bolsista CAPES do Programa de Pós-Graduação em Oceanografia, Faculdade de Oceanografia,Universidade do Estado do Rio de Janeiro,

UERJ *[email protected]

2 Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores “Profa. Izabel Gurgel” (MAQUA), Faculdade de. Oceanografia, UERJ. [email protected]

3 Projeto Boto Cinza, Rua Sta Terezinha 531, Muriqui- Mangaratiba/RJ, 23860-000, Brasil

4 Census of Antarctic Marine Life (CAML), Universidade Federal do Rio de Janeiro, Depto de Zoologia, Av Pau Brasil, 211, Ilha do Fundão, 21941-590 -

Rio de Janeiro, RJ – Brasil

• Estudos sobre o hábito alimentar são importantes para caracterizar as relações tróficas num ecossistema e entender a relação entre presa e predador (Clarke, 1986).

• O boto-cinza, Sotalia guianensis, Van Beneden, 1864 (Cetacea:Delphinidae) distribui-se desde Honduras, na América Central, até Florianópolis no estado de Santa Catarina, Brasil (BASTIDA et al., 2007).

• O objetivo do presente estudo é caracterizar a dieta de Sotalia guianensis da Baía de Sepetiba, Rio de Janeiro, Brasil, cujos objetivos específicos são: caracterizar qualitativa e quantitativamente as principais presas consumidas por esta espécie e comparar a dieta de S. guianensis quanto ao sexo e estações do ano.

Figura 1: (A) e (B) S. guianensis. (A) Fonte: Rafael Ramos; (B) Fonte: José Lailson-Brito Jr

B A

• Um total de 49 estômagos de botos-cinza foi analisado, sendo 13 fêmeas

(CT=1,7 + 0,2m) e 36 machos (CT=2,03 + 1,4m) encalhados entre 1995 a

2010.

• Os otólitos de peixes teleósteos encontrados foram identificados com base

em uma coleção de referência do Laboratório de Mamíferos Aquáticos

(MAQUA-UERJ) e de literatura recomendada: BASTOS (1990) e DI

BENEDITO (2000).

• Para a analise da dieta do Boto-cinza foram utilizados os seguintes índices:

freqüência de ocorrência (FO), freqüência numérica (FN), % de biomassa e

índice de importância relativa (IIR).

• Estimou-se o comprimento total (cm) e peso (g) dos teleósteos consumidos a

partir do comprimento dos otólitos, utilizando equações de regressão

encontradas na literatura para essas espécies (BASSOI, M., 2005; DI

BENEDITTO, 2000; BASSOI, M., 1997; BASTOS, 1990).

• Para a comparação da dieta em relação ao sexo, utilizou-se o teste U de

Mann-Whitney.

Figura 2: Fotos das quatros principais presas, com seus respectivos otólitos : (A) Micropogonias

furnieri (Corvina); (B) Cynoscion jamaicensis (Goete); (D) Umbrina canosai (Castanha) e (C)

Sardinella brasiliensis (Sardinha-verdadeira). Fonte: Melo, C. L. C e Fishbase.

A A

B

• Identificou-se um total de 22 espécies de teleósteos. As presas mais

importantes na dieta do boto-cinza da Baía de Sepetiba, segundo o índice

de importância relativa (IIR), foram à corvina (Micropogonias furnieri), o

goete (Cynoscion jamaicensis), a sardinha verdadeira (Sardinella

brasiliensis), e a castanha (Umbrina canosai) (Figura2).

• O teleósteo que apresentou maior FO foi à corvina (M. furnieri) com 32%

de ocorrência nos estômagos. A presa de maior FN foi à sardinha-boca-

torta (Cetengraulis edentelus) com 22,6%.

•Em relação à comparação entre sexo, o teste U de Mann-Whitney (p=0,00)

apurou diferença significativa para o tamanho e peso dos teleósteos

encontrados, sendo que as fêmeas consumiram presas de porte (CT=13.4+

6.3 cm) e biomassa maiores (M= 31.4 + 23.6 g) que aquelas consumidas

pelos machos (CT= 8.3 + 5.3 cm) e (M= 18.9 + 37.5 g) (Figura 3).

• Em relação à sazonalidade, verificou-se que a principal presa encontrada

na dieta no período entre primavera-verão foi à corvina (M. furnieri)

(IIR=1071,9) e no período de outono-inverno o goete (C. jamaicensis)

(IIR=5550,6) (Figura 4).

•O boto-cinza ingeriu tanto peixes demersais quanto pelágicos,

alimentando-se ao longo de toda a coluna d’ água.

As variações na dieta do boto-cinza na Baía de Sepetiba

podem estar relacionadas com a distribuição e sazonalidade

de ocorrência de suas presas na região.

Comprimento dos Teleósteos

Media

Media+EP

Media+DPF M

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

Peso dos Teleósteos

Media

Media±EP

Media±DP F M

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

50

60

Laboratório de Mamíferos

Aquáticos e Bioindicadores -

UERJ

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

5500

6000

PRI - VER OUT- INV

Arius spixii

Chloroscombrus chrysurus

Cynoscion guatucupa

Cynoscion jamaicensis

Diapterus rhombeus

Dules auriga

Engraulis anchoita

Lycengraulis grossidens

Menticirrhus spp

Micropogonias furnieri

Ortropristis ruber

Pagrus pagrus

Paralonchurus brasiliensis

Pellona harroweri

Porichthys porosissimus

Sardinella brasiliensis

Stellifer sp

Syacium spp

Trichiurus lepturus

Umbrina canosai B

C

B

C

D D

Figura 3. Estimativas de (A) Comprimento Total e (B) Peso dos teleósteos consumidas por machos e fêmeas de

boto-cinza da Baía de Sepetiba, entre 1995 a 2010.

A B

Figura 4. Gráfico da variação da dieta de Boto-cinza na Baía de Sepetiba em

relação ao índice de importância relativa (IIR) no período entre Pri-Ver e Out-Inv.

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