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ANÁLISE DO PERFIL SOCIOECONÔMICO E ESTADO NUTRICIONAL EM
ESCOLARES NO MUNICÍPIO DE TUCURUÍ, PARÁ / BRASIL.
Ananda Bastos Rocha
Licenciada em Educação Física [email protected]
Jonatha Pereira Bugarim Docente do CEDF/UEPA
Resumo O objetivo do presente estudo foi analisar e correlacionar o estado nutricional e o nível socioeconômico de escolares do município de Tucuruí-PA. Procedimentos Metodológicos: O público alvo foram 147 escolares, 66 meninas e 81 meninos na faixa etária entre 7 e 10 anos. Os participantes foram avaliados em relação ao peso e altura e coletadas as informações a respeito da situação socioeconômica da família, por meio do questionário sugerido pela Classificação econômica Brasil (ABEP). Para o cálculo do índice antropométrico, foi utilizado o software WHO Anthro plus, desenvolvido pela OMS que facilita o monitoramento do crescimento e desenvolvimento de indivíduos e populações. Resultados: Quanto ao estado nutricional, a maioria apresentou estatura adequada para a idade (62,58%), peso adequado para idade (65,46%) e eutrofia (87,65%) com o aparecimento de alguns casos de magreza (10,88%), sobrepeso (11,56%) e obesidade (8,84%) sendo que o percentual maior foi encontrado em crianças de 7 anos de idade. A avaliação da
situação socioeconômica mostrou que a maioria das famílias dos participantes se encontra na classe econômica C2 (32%) e D-E (38%). Conclusão: ao correlacionar as variáveis não se obteve associação significativa. Palavras-chave: Escolares. Estado Nutricional. Nível Socioeconômico.
INTRODUÇÃO
A problemática desse estudo é traçar o perfil nutricional e socioeconômico de
escolares de 07 a 10 anos da rede municipal de ensino da cidade de Tucuruí.
O objetivo geral é investigar o perfil socioeconômico e nutricional de
escolares. Para elencar a proposta desse estudo foram definidos os seguintes
objetivos específicos: avaliar o perfil socioeconômico dos escolares participantes;
avaliar o perfil nutricional dos escolares participantes e correlacionar o perfil
socioeconômico com o nutricional.
Salomons et al. (2007) afirma que a avaliação do estado nutricional de
crianças em idade escolar é uma informação relevante sobre a saúde de uma
população, sendo assim, uma importante medida para um melhor desenvolvimento
infantil.
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A infância é o período que se caracteriza por várias transformações no
desenvolvimento físico, psicológico e social, onde cada criança se desenvolve no
seu ritmo. Porém, quando ocorre um desequilíbrio nutricional tanto o
desenvolvimento quanto o crescimento da criança é prejudicado, deixando a mesma
vulnerável a agravos de saúde, como a desnutrição e obesidade (STEFANE, 2005).
Silva et al. (2005) descreve a condição socioeconômica como sendo influente
sobre o crescimento, pois dela depende a disponibilidade de alimentos e acesso a
informação.
De acordo com Williams (2007) crianças de países com menor nível
econômico apresentam déficits no crescimento. Porém, observa-se no mesmo pais
diferentes realidades entre crianças de famílias com maior poder aquisitivo das
crianças de famílias com menor poder aquisitivo.
Diante de tais informações definiu-se a seguinte questão norteadora: Qual a
relação do estado nutricional de crianças com a condição socioeconômica de suas
famílias?
A fundamentação teórica foi construída a parti de autores como Salomons et
al. (2007), Nogueira (2014), Perrone et al. (2015), Wolinsky e Hickson Jr (2002),
Malina et al. (2009), Mahan, Escott-Stump e Raymond (2012), Venturella et al.
(2013), Monteiro et al. (2014), Castro et al. (2005) e Ananias (2008).
1.1 ESTADO NUTRICIONAL
De acordo com Salomons et al. (2007) a avaliação do estado nutricional de
crianças em idade escolar é uma informação relevante sobre a saúde de uma
população, sendo assim, uma importante medida para um melhor desenvolvimento
infantil. Um estado nutricional inadequado pode causar problemas de desnutrição ou
excesso de peso.
A obesidade é a alteração mais grave do estado nutricional da criança, a
preferência por refeições fora de casa, ingestão de alimentos calóricos e a
diminuição da prática de atividade física regular são fatores que contribuem para o
aumento de pessoas com excesso de peso. A desnutrição é uma doença causada
pela carência de nutrientes essenciais para um desenvolvimento saudável (SOUZA,
2015).
No Brasil 6,8% das crianças sofrem com retardo de crescimento e 35,5% das
crianças de cinco a nove anos sofrem com o excesso de peso (Pesquisa de
Orçamentos Familiares, 2008-2009). Atualmente, o país passa por um processo de
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transição nutricional, devido a redução do baixo peso e crescente prevalência do
excesso de peso. Tanto a obesidade quanto a desnutrição são problemas de saúde
pública que merecem atenção, considerando o prejuízo que podem trazer ao
crescimento e desenvolvimento da criança (NOGUEIRA, 2014).
Segundo Perrone et al. (2015) alterações nutricionais podem expor crianças a
riscos graves de saúde, problemas interpessoais e sociais dentro de uma
comunidade. Assim, as alterações nutricionais estão entre os maiores desafios da
população brasileira devido ao processo de transição nutricional.
Em crianças desnutridas a um risco maior de morbidade, mortalidade, atraso
no desenvolvimento motor e metal. Entre os risco para crianças com excesso de
peso destacasse a elevação da pressão sanguínea, maior resistência à insulina e
diabetes tipo 2 (Salomons et al., 2007).
A avaliação do estado nutricional de escolares tem se tornado cada vez mais
importante para se obter informação sobre o crescimento da população analisada, e
é instrumento para prevenção e diagnostico de distúrbios nutricionais (Ministério da
Saude,2002).
Os distúrbios nutricionais podem prejudicar o desempenho físico e as
habilidades necessárias para realização de exercícios físicos. Diante disso a
nutrição é fundamental no desempenho funcional e para boa saúde em geral
(WOLINSKY E HICKSON JR, 2002).
A alimentação de uma criança é influenciada pelas pessoas com quem
convive no âmbito familiar e escolar. As crianças passam por mudanças nos hábitos
alimentares quando ingressam na escola, a instituição passa a ser sua fonte de
conhecimento sobre a alimentação, pois é na escola que elas passam a maior parte
do dia. (SOUZA et al., 2015)
O estado nutricional pode ser avaliado através de medidas antropométricas
como peso e altura, que está entre os métodos de avaliação nutricional mais
utilizado por ser de baixo custo, técnica simples, fácil interpretação e de aceitação
universal, pois é, utilizado em diversos estudos epidemiológicos (MAHAN, ESCOTT-
STUMP e RAYMOND, 2012). O estado nutricional nada mais é do que a relação
entre a ingestão alimentar diária e as necessidades nutricionais do indivíduo
(FISBERG; MARCHIONI; COLLUCI, 2009).
A nutrição e o crescimento estão diretamente ligados, uma vez que a
alimentação tem seu papel no processo de crescimento e o desequilíbrio na
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ingestão alimentar diária contribui para subnutrição, perda de peso, sobrepeso e
obesidade (MALINA et al., 2009).
Durante todo o processo de crescimento ocorrem mudanças no corpo da
criança, como a distribuição de nutrientes entre os sistemas do organismo no
entanto quando há uma má nutrição pode ocasionar o déficit de crescimento
(WILLIANS, 2007).
Mahan, Escott-Stump e Raymond (2012) afirmam que a avaliação nutricional
infantil, nas primeiras fases de vida, é fundamental para que se possa observar e
acompanhar o padrão de crescimento de um indivíduo assim podendo diagnosticar
se o mesmo se encontra no padrão nutricional ou não e se há alguma condição até
mesmo social que o afasta do padrão.
1.2 NIVEL SOCIOECONOMICO
O desenvolvimento e crescimento infantil sofrem influência de diversos fatores
que interagem entre si. Dentre esses fatores tem-se a influência socioeconômica
sobre o estado nutricional da criança (VENTURELLA et al.,2013).
A hipótese de que o nível socioeconômico influencia no estado nutricional da
criança, no que tange o acesso a uma boa alimentação, foi confirmada em estudo
que apresentou ser significativa a relação entre a renda familiar e a insegurança
alimentar (MONTEIRO et al., 2014). Portanto, as condições sociais e econômicas
das famílias, interferem no estado nutricional da criança, na ocorrência de alterações
nutricionais tanto de baixo peso, quanto de excesso de peso (MORAES, 2012).
A boa alimentação está fortemente relacionada ao poder aquisitivo das
famílias, de onde dependem a disponibilidade, a quantidade e a qualidade dos
alimentos consumidos (AQUINO, PHILIPPI, 2002).
Nos países em desenvolvimento os problemas de saúde e nutrição durante a
infância em sua maioria estão relacionados ao consumo alimentar inadequado e
infecções de repetição, sendo relacionadas com o padrão de vida da população, no
qual o acesso à alimentação, moradia e assistência à saúde estão incluídos
(CASTRO et al., 2005).
Ter acesso a uma alimentação adequada é fundamental para a promoção da
saúde de uma população e é um direito assegurado pela Constituição Brasileira
(MINISTERIO DA SAUDE, 2013). Dentre as políticas brasileiras de alimentação e
saúde destacam-se o Programa Bolsa Família (PBF) que tem como objetivo a
transferência de renda para promover o alívio imediato da pobreza, ter acesso a
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direitos sociais básicos nas áreas de saúde, educação e assistência social e o
desenvolvimento das famílias para que consigam superar a situação de
vulnerabilidade (MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL) e a Política
Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) que fundamenta-se na compreensão
de que a alimentação saudável é um direito humano, e na necessidade de articular e
buscar garantir a segurança alimentar e nutricional (SISVAN, 2011).
O governo brasileiro, desde 2003, vem priorizando a eliminação da fome e da
pobreza (ANANIAS, 2008) e a implantação de tais políticas sociais, tem
representado um papel importante na diminuição das iniquidades sociais,
principalmente com relação à desnutrição e à mortalidade infantil (MONTEIRO et al.,
2009).
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Esta investigação foi caracterizada como pesquisa de campo com uma
abordagem quantitativa, a coleta de dados foi realizada por meio do questionário
CCEB 2014 (Critério de Classificação Econômica Brasil 2014) da ABEP (Associação
Brasileira de Empresa de Pesquisas, 2012), que utiliza um sistema de pontos para
classificar as classes de acordo com a totalidade de posse de itens na residência,
grau de instrução do chefe da família e os Cortes do critério Brasil, dispondo de
resultados aproximados para mensurar o extrato mensal das famílias dos escolares
participantes.
Classe Pontuação Renda Familiar
A 45-100 R$ 11.037
B1 38-44 R$ 6.006
B2 29-37 R$ 3.118
C1 23-28 R$ 1.865
C2 17-22 R$ 1.277
D-E 0-16 R$ 895,00
Os instrumentos utilizados para coleta do Índice de Massa Corporal (IMC)
foram a balança antropométrica mecânica WELMY R-110 (Brasil) capacidade de
150kg com intervalos de 100g e o estadiômetro. O método utilizado para a análise
do desenvolvimento nutricional foi de acordo com as normas da OMS (2007), que
classifica crianças na faixa etária de 7 a 10 anos por estatura para idade, peso para
idade e IMC para idade. Os dados foram obtidos através do programa Who
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Antroplus, recomendado pela OMS, os resultados são apresentados em percentis e
escore – Z.
Para crianças de 5 a 10 anos (referência: OMS 2007)
Estatura para Idade
VALORES CRÍTICOS DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL
< Percentil 0,1 < Escore-z -3 Muito baixa estatura para a idade
> Percentil 0,1 e < Percentil 3
> Escore-z -3 e < Escore-z
-2
Baixa estatura para a idade
≥ Percentil 3 ≥ Escore-z -2 Estatura adequada para a idade
Peso para Idade
VALORES CRÍTICOS DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL
< Percentil 0,1 < Escore-z -3 Muito baixo peso para a idade
> Percentil 0,1 e < Percentil 3
> Escore-z -3 e < Escore-z -2
Baixo peso para a idade
> Percentil 3 e < Percentil 97
> Escore-z -2 e < Escore-z +2
Peso adequado para a idade
> Percentil 97 > Escore-z +2 Peso elevado para a idade*
* Observação: este não é o índice antropométrico mais recomendado para a avaliação do excesso de peso entre crianças. Avalie esta situação pela interpretação do IMC para Idade
IMC para Idade
VALORES CRÍTICOS DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL
< Percentil 0,1 < Escore-z -3 Magreza acentuada
> Percentil 0,1 e < Percentil 3
> Escore-z -3 e < Escore-z -2
Magreza
> Percentil 3 e < Percentil 85
> Escore-z -2 e < Escore-z +1
Eutrofia
> Percentil 85 e < Percentil 97
> Escore-z +1 e < Escore-z +2
Sobrepeso
> Percentil 97 e < Percentil 99,9
> Escore-z +2 e < Escore-z +3
Obesidade
> Percentil 99,9 > Escore-z +3 Obesidade grave
Observação: Não tem os parâmetros de peso-para-estatura na referência da OMS (2007)
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2.1. UNIVERSO, AMOSTRAGEM E AMOSTRA
2.1.2. Universo
O universo foi constituído de 147 crianças moradoras do município de
Tucuruí, no Estado do Pará, Brasil. Matriculadas e frequentadoras de escolas
públicas do município.
2.1.3. Amostragem
Partindo do universo do presente estudo, aplicou-se os seguintes critérios de
inclusão e exclusão.
Critério de inclusão
Ser matriculado no 2º ou 3º ano do ensino fundamental, ser do sexo
masculino ou feminino, ter idade entre 7 até 10 anos, ser saudável e estar apto
fisicamente para participar das aulas de Educação Física no ano de 2016 e ter
assinado do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido de Participação
Consentida pelo responsável legal da criança convidada a participar do estudo.
Critérios de Exclusão
Ser portador de necessidades especiais e crianças que, por qualquer razão
tenham sido consideradas inaptas a participar das aulas de Educação Física.
2.1.4. Amostra
A amostra foi constituída de 147 crianças, saudáveis, sendo 81 do sexo
masculino e 66 do sexo feminino, distribuídas nas faixas etárias entre sete e dez
anos, moradoras do município de Tucuruí, frequentando as aulas em escola pública.
2.1.5. Ética da pesquisa
Este estudo atendeu às normas para realização de pesquisa em seres
humanos, de acordo a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde.
Os responsáveis legais dos participantes desse estudo foram orientados
sobre a pesquisa, informados quanto ao seu objetivo e, de forma espontânea,
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido de Participação
Consentida. (TCLE).
A pesquisa não apresentou riscos aos participantes, levando em
consideração que durante a coleta de dados os métodos utilizados não foram
classificados como invasivos e os dados dos entrevistados são mantidos sob sigilo.
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4. RESULTADO E DISCUSSÃO
Perfil socioeconômico
Os resultados apresentados no gráfico abaixo mostram que a maioria das
famílias dos participantes se encontra na classe econômica C2 (32%) e D-E (38%),
ou seja, se encontram em vulnerabilidade socioeconômica.
Para Rissin et al (2011) os fatores socioeconômicos interferem no ambiente
do indivíduo, onde o local de residência pode ser um fator de risco ou proteção.
A condição socioeconômica é um fator que tem influencia sobre as condições
de saúde e qualidade de vida de uma população (GORE et al., 2012). Isto porque a
baixa condição econômica pode estar associada à desnutrição e posteriormente à
obesidade, devido à troca do padrão alimentar, ou seja, a preferência por ingerir
alimentos industrializados (ANJOS, 2006).
Gráfico 1: dados da análise do nível socioeconômico realizado através de um
questionário dirigido aos pais dos escolares participantes
Desenvolvimento nutricional
Em relação ao estado nutricional, temos as análises de estatura para idade,
peso para idade e IMC para idade, sendo que na idade de 10 anos não se aplica
peso para idade de acordo com WHO (2007) apenas estatura para idade e IMC para
idade. Os resultados são apresentados nas tabelas 1,2 e 3.
D-E 32%
C1
C2
11%
B2 38% 11%
A
B1
Nível Socioeconômico 2% 6%
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Gráfico 2: classificação geral do estado nutricional das 147 crianças
participantes
Os resultados apresentados no gráfico acima mostram que apenas 11% dos
participantes estão abaixo do peso e que 10% estão com sobrepeso e outros 10%
são obesos, a grande maioria (69%) se encontra em estado nutricional adequado,
ou seja, são eutróficos.
Os resultados encontrados nesta pesquisa corroboram com os resultados
obtidos no estudo de SILVA e ZURITA (2012) realizado com 86 alunos, onde a
maioria dos investigados apresentou um estado nutricional adequado.
Tabela 1: classificação para meninos e meninas referentes à estatura para
idade
Idade (anos)
N
Muito baixa estatura para
idade n(%)
Baixa estatura para
idade n(%)
Estatura adequada para idade
n(%)
Feminino 33 - 12 (36,36%) 21 (63,63%)
7 Masculino 34 3 (8,82%) 10 (29,41%) 21 (61,76%)
Geral 67 3 (4,47%) 22 (32,83%) 42 (62,68%)
Feminino 23 2 (8,69%) 9 (39,13%) 12 (52,17%)
8 Masculino 28 1 (3,57%) 7 (25%) 20 (71,42%)
Geral 51 3 (5,88%) 16 (31,37%) 32 (62,74%)
Feminino 6 2 (33,33%) 1 (16,66%) 3 (50%)
9 Masculino 15 2 (13,33%) 3 (20%) 10 (66,66%)
Geral 21 4 (19,04%) 4 (19,04%) 13 (61,90%)
Estado Nutricional
10% 11%
10% Baixo peso
Eutróficos
Sobrepeso
Obesidade
69%
10
Feminino 3 - 1 (33,33%) 2 (66,66%)
10 Masculino 5 - 2 (40%) 3 (60%)
Geral 8 - 3 (37,5%) 5 (62,5%)
Feminino 66 4 (6,06%) 23 (34,84%) 39 (62,58%)
Total Masculino 81 6 (7,40%) 22 (27,16%) 53 (59,09%)
Geral 147 10 (6,80%) 45 (30,61%) 92 (62,58%)
Ao observarmos os resultados da variável estatura para idade, notamos que
todas as idades estudadas apresentaram maior porcentagem para estatura
adequada para idade. Sendo que as meninas de 7 e 8 anos apresentaram uma
porcentagem alta na baixa estatura para idade 36,36% e 39,13% respectivamente.
Tabela 2: classificação para meninos e meninas referentes ao peso para idade
Idade (anos)
N
Muito baixo peso para idade
n(%)
Baixo peso para idade
n(%)
Peso adequado para idade
n(%)
Peso elevado
para idade n(%)
Feminino 33 - 3 (9,09%) 20 (60,60%) 9 (27,27%)
7 Masculino 34 1 (2,94%) 3 (8,82%) 22 (64,70%) 8 (23,52%)
Geral 67 1 (1,49%) 6 (8,95%) 43 (64,17%) 17 (25,37%)
Feminino 23 1 (4,34%) 2 (8,69%) 15 (65,21%) 5 (21,73%)
8 Masculino 28 - 3 (10,71%) 21 (75%) 4 (14,28%)
Geral 51 1 (1,96%) 5 (9,80%) 36 70,58%) 9 17,64%)
Feminino 6 1 (16,66%) - 2 (33,33%) 3 (50%)
9 Masculino 15 1 (6,66%) 1 (6,66%) 9 (60%) 3 (20%)
Geral 21 2 (9,52%) 1 (4,76%) 12 (57,14%) 6 28,57%)
Feminino 61 2 (3,27%) 5 (8,19%) 37 (60,65%) 17 (27,86%)
Total Masculino 78 2 (2,56%) 7 (8,97%) 54 (69,23%) 15 (19,23%)
Geral 139 4 (2,87%) 12 (8,63%) 91 (65,46%) 32 (23,02%)
Ao observarmos os resultados da variável peso para idade, notamos que
todas as idades estudadas apresentaram maior porcentagem para peso adequada
para idade. Sendo que na faixa etária de 7 anos, encontra-se a maior porcentagem
no grupo peso elevado para idade, tanto no feminino (27,27%) quanto no masculino
(23,52%).
Gallahue e Donnelly (2008) afirmam que o crescimento e o desenvolvimento
são processos não lineares de aceleração, considerados mais rápidos na primeira
infância, desacelerando na infância e acelerando novamente na pré-adolescência.
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Tabela 3: classificação para meninos e meninas referentes ao IMC para idade
Idade (anos)
Magreza acentuad
a n(%)
Magreza n(%)
Eutrofia n(%)
Sobrepeso n(%)
Obesidade n(%)
Obesidade grave n(%)
Feminino 1 (3,03%) 3 (9,09%) 20 (60,60%) 5 (15,15%) 2 (6,06%) 2 (6,06%)
7 Masculino - 5 (14,70%) 23 (67,64%) 4 (11,76%) 1 (2,94%) 1 (2,94%)
Geral 1 (1,49%) 8 (11,94%) 43 (64,17%) 9 (13,43%) 3 (4,47%) 3 (4,47%)
Feminino - 1 (4,34%) 18 (78,26%) 3 (13,04%) 1 (4,34%) -
8 Masculino - 4 (14,28%) 21 (75%) 1 (3,57%) 2 (7,14%) -
Geral - 5 (9,80%) 39 (76,47%) 4 (7,84%) 3 (5,88%) -
Feminino - - 4 (66,66%) 2 (33,33%) - -
9 Masculino - 2 (13,33%) 11 (73,33%) - 1 (6,66%) 1 (6,66%)
Geral - 2 (9,52%) 15 (71,42%) 2 (9,52%) 1 (4,76%) 1 (4,76%)
Feminino - - 1 (33,33%) 1 (33,33%) 1 (33,33%) -
10 Masculino - - 3 (60%) 1 (20%) 1 (20%) -
Geral - - 4 (50%) 2 (25%) 2 (25%) -
Feminino 1 (0,68%) 4 (2,72%) 43 (29,25%) 11 (7,48%) 4 (2,72%) 2 (1,36%)
Total Masculino - 11 (16,66%) 58 (87,87%) 6 (9,09%) 5 (7,57%) 2 (3,03%)
Geral 1 (1,23%) 15 (18,51%) 71 (87,65%) 17 (20,98%) 9 (11,11%) 4 (4,93%)
Ao observarmos os resultados da variável IMC para idade, notamos que todas
as idades estudadas encontram-se em sua maioria no nível eutrófico, sendo que na
idade de 7 anos foi apresentada a menor porcentagem tanto no feminino (60,60%)
quanto no masculino (67,64%).
Malina, Bouchard e Bar-Or (2009) afirmam que os momentos de aceleração e
desaceleração do crescimento e desenvolvimento infantil tem influência nas
mudanças do IMC infantil durante o seu período de crescimento e desenvolvimento.
Sousa et al. (2014) obtiveram resultados semelhantes do presente estudo, ao
analisarem crianças de 7 a 11 anos, observaram que 89,7% da amostra apresentou
peso normal.
A avaliação do estado nutricional ainda se baseia predominantemente no
IMC (GUEDES, 2006). Nesse estudo, foram encontrados escolares com alterações
nutricionais destacando aqueles com excesso de gordura, segundo o IMC,
classificados em sobrepeso, obesidade e obesidade grave, são 30 (20,40%) no total,
em que 13 (8,84%) são meninos e 17 (11,56%) são meninas.
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Segundo Popkin (2004) a cada ano a prevalência da obesidade cresce em
torno de 0,5% no Brasil. E o sobrepeso atinge cerca de 16% das crianças e as mais
atingidas pertencem a classe com melhor poder aquisitivo (GIUGLIANO, 2004).
Estimasse que 40 a 80% das crianças com obesidade e 50% das crianças de 7 anos
que são obesas se tornarão adultos obesos (CATANEO, 2005).
Novos estudos e estratégias são fatores importantes para continuar
avaliando o crescimento e desenvolvimento infantil e os fatores associados.
5. CONCLUSÃO
Conclui-se que, de acordo com os critérios do WHO, a maior parte dos
escolares (69%) estão dentro da faixa de normalidade. Porém, há um percentual
significativo com excesso de gordura (20%), sendo o percentual maior encontrado
em crianças de 7 anos de idade.
As famílias dos escolares participantes encontraram-se, em sua maioria, nas
classes C2 e D-E, com renda média bruta baixa e ao observarmos o grau de
associação entre as variáveis, não se obteve associação significativa.
Contudo, a intervenção nutricional é necessária, pois se sabe que as
alterações nutricionais podem causar diversos danos à saúde, ao crescimento e
desenvolvimento infantil.
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ANALYSIS OF THE SOCIOECONOMIC PROFILE AND NUTRITIONAL STATUS IN SCHOOLS IN THE MUNICIPALITY OF TUCURUÍ, PARÁ / BRAZIL.
Abstract Objective of the study present was to analyze and correlate the nutritional status and the socioeconomic level of students in the city of Tucuruí-PA. Methodological Procedures: The target audience was 147 students, 66 girls and 81 boys in the age group between 7 and 10 years. Participants were evaluated in relation to weight and height and collected the regarding information the socioeconomic situation of the family, through the questionnaire suggested by the Brazilian Economic Classification (ABEP). For the calculation of the anthropometric index, WHO Anthro plus software developed by WHO was used to facilitate the monitoring of the growth and development of individuals and populations. Results: As to nutritional status, the majority presented adequate height for age (62.58%), adequate weight for age (65.46%) and eutrophy (87.65%) with the appearance of some cases of thinness (10, 88%), overweight (11.56%) and obesity (8.84%). The highest percentage was found in 7-year-old children. The evaluation of the socioeconomic situation showed that the majority of the families of the participants are in the economic class C2 (32%) and D- E (38%). Conclusion: when correlating the variables, no significant association was obtained. Key-words: School children. Nutritional status. Socioeconomic Level.
REFERÊNCIA
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