ANÁLISE DE TENSÕES NA PRÓTESE FIXA
DENTO-IMPLANTO SUPORTADA PELO
MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS (MEF)
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE ODONTOLOGIA
ANÁLISE DE TENSÕES NA PRÓTESE FIXA DENTO-IMPLANTO
SUPORTADA PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS (MEF)
MARCOS DANIEL SEPTÍMIO LANZA
BELO HORIZONTE
2008
MARCOS DANIEL SEPTÍMIO LANZA
ANÁLISE DE TENSÕES NA PRÓTESE FIXA DENTO-IMPLANTO
SUPORTADA PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS (MEF)
BELO HORIZONTE-MG
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DA PUC-MG
2008
Dissertação apresentada à Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Clínicas Odontológicas,
área de concentração: Prótese Dentária. Orientador: Prof. Dr. Paulo Isaias Seraidarian
FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Lanza, Marcos Daniel Septímio
L297a Análise das tensões de uma prótese fixa dento-implanto suportada pelo
método dos elementos finitos (MEF) / Marcos Daniel Septímio Lanza. Belo
Horizonte, 2008. 184f. : Il.
Orientador: Paulo Isaias Seraidarian Dissertação (Mestrado) - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Odontologia
1. Biomecânica. 2. Implantes dentários. 3. Prótese dentária parcial. 4.
Mobilidade dentária. I. Seraidarian, Paulo Isaias. II. Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação
em Odontologia. III. Título.
CDU: 616.314-089.28
FOLHA DE APROVAÇÃO
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à todos meus familiares, a você meu querido pai, velho
amigo, meu espelho de caráter, honestidade, inteligência que me ensina a
cada minuto uma coisa nova na odontologia e, que sempre esteve e está do
meu lado me apoiando e me ajudando;
À minha querida e grandiosa mãe Vera que, com muita determinação,
coragem, carinho e principalmente, amor, me ajudou a chegar até aqui;
Às minhas irmãs que sempre acreditaram em mim e me apoiaram em todos
momentos;
À minha querida Flávia que com seu jeito simples e carinhoso sempre está me
apoiando, me incentivando me enchendo de vontade de continuar;
Ao meu tio Lincoln que sempre será minha segunda referência de amizade,
carinho, companherismo e profissionalismo;
E, ao meu velho amigo falecido tio Zé, que infelizmente não poderá estar
presente mas sei, que lá de cima, de algum lugar, olha e torce por mim.
A TODOS VOCÊS DEDICO ESTE TRABALHO.
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao professor, amigo e orientador Paulo Seraidarian pelos
ensinamentos ao longo da nossa trajetória que com muita confiança tornou
possível a realização desse trabalho;
Agradeço também ao professor Welington Jansen pelo carinho e determinação
em seus ensinamentos;
Muito obrigado à todos colegas de mestrado que apesar de termos tido poucos
encontros, conseguimos formar uma turma unida, homogênea e o mais
importante, com muita amizade e alegria conseguimos realizar nossos sonhos;
Agradeço às secretárias da pós graduação Angélica e Silvânia que estavam
sempre dispostas a nos atender com nossas angústias e ansiedades, à todos
funcionários da faculdade de odontologia da PUG-Minas;
Meu agradecimento especial para o grande e genial engenheiro Antônio Carlos
Barbosa (CALÉ) que não só me ajudou profundamente na confecção desse
trabalho como também me ensinou que devemos sempre ser persistentes e
nunca podemos pensar em pesquisa de forma arbitrária porque, a partir de
uma simples dúvida, podemos descobrir e aprender coisas fascinantes.
Agradeço também sua esposa Herzília por ter emprestado seu companheiro.
Agradeço ao grande amigo Wellington (baxinho) que sempre está do meu lado
me apoiando e acreditando no meu trabalho.
Agradeço ao prof. Eduardo Lemos (fubá) por fazer parte dessa caminhada me
incentivando e ensinando, ao amigo Thadeu Polleto por me ajudar em todos os
momentos de dificuldade durante toda minha formação.
Agradeço à todos que não foram aqui citados que com toda certeza, sei o que
cada um, de forma direta ou indireta, me apoiaram e incentivaram para meu
crescimento profissional e intelectual.
AGRADEÇO A TODOS VOCÊS!!!
SUMÁRIO PÁGINAS
1. LISTA DE ABREVIATURAS...................................................11
2. LISTA DE FIGURAS...............................................................12
3. LISTA DE TABELAS...............................................................14
4. RESUMO................................................................................15
5. INTRODUÇÃO........................................................................17
6. OBJETIVOS............................................................................21
7. REVISÃO DA LITERATURA...................................................22
7.1 Diferença estrutural e biomecânica entre dentes e implantes....22
7.2 Complicações das PF dento-implanto suportadas...................39
7.3 Porque utilizar ou não utilizar esse tipo de união....................46
7.4 Qual melhor tipo de união...................................................51
8. MATERIAIS E MÉTODOS......................................................60
9. ABSTRACT.............................................................................84
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................86
11. ARTIGOS ANEXO..................................................................95
Artigo 1: ANÁLISE DE TENSÕES NA PRÓTESE FIXA DENTO-IMPLANTO SUPORTADA PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS (MEF)
VARIANDO À QUANTIDADE DE IMPLANTES COMO PILARES ..............95
Artigo 2: ANÁLISE DE TENSÕES NA PRÓTESE FIXA DENTO-IMPLANTO SUPORTADA PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS (MEF) VARIANDO
A QUANTIDADE DE DENTES COMO PILARES.....................................120
Artigo 3: ANÁLISE DAS TENSÕES DE UMA PRÓTESE FIXA DENTO-IMPLANTO SUPORTADA PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS (MEF) VARIANDO À QUANTIDADE DE DENTES E IMPLANTES COMO
PILARES..........................................................................................143
Artigo 4: COMPORTAMENTO BIOMECÂNICO DE UMA PRÓTESE FIXA IMPLANTO DENTO SUPORTADA COM VARIAÇÃO NA LOCALIZAÇÃO DO
CARREGAMENTO............................................................................164
1. LISTA DE ABREVIATURAS
MEF - Método dos Elementos Finitos
N - Newton
mm - Milímetro
µm - Micrometros
MPa - Mega Pascal
PFIDS - Prótese Fixa Implanto Dento Suportada
MOD 1 - Modelo um (prótese com um implante)
MOD 2 - Modelo dois (prótese com dois implantes)
MOD 3 - Modelo três (prótese com dois dentes)
S1 - Tensões Principais Máximas de Tração
S3 - Tensões Principais Máximas de Tração
SEQV - Tensões Equivalentes de Von Mises
MN - Valor Mínimo
MX - Valor Máximo
DMX - Deslocamento Máximo
UY - Deslocamentos Verticais
UX - Deslocamentos Horizontais
SMX - Tensão Máxima
SMN - Tensão Mínima
3D - Tridimensional (planos XYZ)
Ni-Cr - Liga de Metal Níquel Cromo
Au - Ouro
2. LISTA DE FIGURAS
FIGURAS PÁGINA
Figura 1 - Linhas (modelo 1) um dente e um implante 62
Figura 2 - Linhas (modelo 2) um dente e dois implantes 62
Figura 3 - Linhas (modelo 3) dois dentes e um implante 63
Figura 4 - Volumes (região do primeiro Pré-Molar superior) 64
Figura 5 - Volumes (perspectiva das coroas em porcelana) 65
Figura 6 - Volumes (perspectiva das coroas em porcelana) 65
Figura 7 - Volumes (perspectiva das coroas em porcelana) 66
Figura 8 – Volumes (perspectiva de infra-estrutura metálica modelo 1) 66
Figura 9 - Volumes (vista vestibular da infra- estrutura metálica modelo
2)
67
Figura 10 – Volumes (vista vestibular da infra- estrutura metálica
modelo 3)
67
Figura 11 - Volumes do Implante (em perspectiva) 68
Figura 12 - Volumes do Implante (vista disto-mesial) 69
Figura 13 - Volumes (um dente e um implante) 69
Figura 14 - Volumes (um dente e dois implantes) 70
Figura 15 - Volumes (dois dentes e um implante) 70
Figura 16 - Volumes (prótese modelo 1) 71
Figura 17 - Volumes (prótese modelo 2) 71
Figura 18 - Volumes (prótese modelo 3) 72
Figura 19 - Volumes (prótese fixa contendo um dente, um implante e
cortical óssea)
72
Figura 20 - Volumes (prótese fixa contendo um dente, dois implantes e
cortical óssea)
73
Figura 21 - Volumes (prótese fixa contendo dois dentes, um implantes e
cortical óssea)
73
Figura 22 - Volumes modelo 1 (vista vestibular) 75
Figura 23 - Volumes modelo 2 (vista vestibular) 75
Figura 24 - Volumes modelo 3 (vista vestibular) 75
Figura 25 - Malha de elementos finitos do modelo 1 76
Figura 26 - Malha de elementos finitos do modelo 2 76
Figura 27 - Malha de elementos finitos do modelo 3 77
Figura 28 - Malha de elementos finitos com zoom respectivo ao
ligamento periodontal em vermelho
77
Figura 29 - Malha de elementos finitos com zoom respectivo à conexão
rígida (pôntico/ coroa implanto suportada)
78
Figura 30 - SOLID92 (hexaédrico) 79
Figura 31 - SHELL93 79
Figura 32 - Carregamento nodal equivalente a 100N para o modelo 1 82
Figura 33 - Carregamento nodal equivalente a 100N para os modelos 2
e 3
83
3.LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Dados quantitativos dos modelos 1, 2 e 3.
Tabela 2 – Propriedade elástica dos vários materiais que compõem os modelos
4. RESUMO
Em algumas situações clínicas, ocorrem casos de pacientes
parcialmente edêntulos com indicação para prótese através da união de dentes
com implantes. Entretanto, esse tipo de conexão ainda é controverso na
literatura, tendo em vista possíveis complicações biomecânicas, pelas
diferenças de mobilidade e forma de absorver e distribuir as cargas funcionais.
O sucesso de tal procedimento está diretamente associado aos cuidados
especiais no planejamento criterioso desse procedimento visando à
minimização de possíveis incompatibilidades. Há indicações para que, a união
de implante e dente natural seja realizada através de dois implantes com
apenas um dente ou dois dentes com apenas um implante (CLEPPER,1997).
Por outro lado, outros autores contra indicam esse tipo de prótese
(RENOUARD, 2008). Este estudo visa simular o comportamento mecânico de
uma prótese fixa de união rígida entre dente natural e implante osseointegrado,
variando-se a quantidade de implantes e dentes envolvidos. Essa análise é
realizada através do Método dos Elementos Finitos (MEF), cuja aplicação na
área da Biomecânica, nas últimas três décadas, vem sendo cada vez mais
utilizada em trabalhos relacionados à análise de tensões e deformações de
regiões do corpo humano. Foi utilizado o programa Ansys Revisão 5.7 como
ferramenta computacional para a modelagem geométrica, geração automática
da malha de elementos finitos, processamento numérico e plotagem de
resultados. Foi aplicada uma carga vertical com um valor nominal de 100 N,
distribuída uniformemente nas superfícies oclusais de todo o conjunto protético.
A análise de resultados permitiu concluir que, para as PFIDS de união rígida
entre dente e implante osseointegrado, o conjunto contendo dois implantes e
um dente apresentou níveis menores de tensões e deslocamentos (sentido
ocluso gengival), quando comparado com os demais modelos, associado a
uma maior ancoragem desse tipo de prótese. Os resultados numéricos obtidos
indicam a viabilidade da união entre dente e implante. Tal opção de tratamento,
mesmo sendo biomecanicamente previsível, não deve ser considerada como a
primeira opção de tratamento. As próteses implanto-dento suportadas devem
ser limitadas em relação ao espaço edêntulo (no máximo 2 pônticos ou
distância em torno de 10 mm). A colocação de implantes adicionais na prótese,
mostra, numericamente, ser indicada como uma opção possível para se atingir
uma diminuição dos valores de tensões e deslocamentos do conjunto protético,
compatível com as cargas oclusais funcionais admissíveis.
Unitermos: Biomecânica; Implantes Dentários; Prótese Parcial;
Mobilidade Dental.
5. INTRODUÇÃO
O advento dos implantes de titânio promoveu uma modalidade de
tratamento com alto grau de aplicabilidade a variadas situações clínicas
(KAY,1989). As experiências clínicas ao longo do tempo mostraram que os
princípios da osseointegração desenvolvidos por Bränemark oferecem uma
ancoragem a longo prazo para próteses fixas no tratamento de pacientes
totalmente edêntulos (NAERT et al, 1992). Entretanto, nas últimas décadas,
tem se mostrado que os implantes dentários tem sido utilizados com sucesso
no tratamento de pacientes parcialmente edêntulos (BUSER, et al 1997;
NAERT, et al 2002). A prótese sobre implantes é de fato, o tratamento de
escolha para o edentulismo (RANGERT, 1995; RENOUARD, 2008).
A filosofia no conceito de tratamento para reabilitações de arcos
parcialmente edentulos e a decisão de prótese que une dente com implante
permanecem tópicos de discussão, não somente pelas diferenças
biomecânicas mas também pelas divergentes conclusões derivadas a partir de
estudos clínicos (HOSNY, et al 2000). O uso da combinação de implantes e
dentes surgiu em meados da década de 1980 (PESUN, et al, 1999), aplicado a
pacientes parcialmente edêntulos, contrariando o protocolo de Bränemark que
se fundamentava no isolamento dos implantes, dos dentes naturais.
As próteses implanto-dento-suportadas por décadas tem sido
questionadas por razões das diferenças de mobilidade entre o dente
(Micromovimento) e o implante (Micronmovimento) WEINBERG, 1993;
2003, no risco de intrusão do pilar natural bem como na atrofia do ligamento
periodontal. Em relação ao aspecto estrutural, poderíamos dizer que os dentes
estão fora do osso maxilar, pois não possuem contato direto com ele, enquanto
que nos implantes (anquilose funcional, SCHROEDER 1976) existe um intimo
contato entre implante e osso, isto é, ausência de ligamento periodontal,
consequentemente, não existe receptores periodontais, mas, sim, nociceptores
ósseos. Isto influencia a sensibilidade táctil quando implantes orais são
carregados oclusalmente (PESUN, 1999).
As razões para união entre dentes e implantes estariam fundamentadas
diante de áreas anatômicas limitantes à colocação de um número ideal de
implantes, tais como proximidade do nervo alveolar e altura óssea insuficiente
(RANGERT, 1991). Além disso, se os dentes adjacentes ao espaço protético já
requerem intervenção restauradora, a utilização destes associados com
implantes torna-se viável (PAREL,1996). Adicionalmente, a distribuição dos
dentes no arco pode induzir a adoção de próteses implanto-dento-suportadas
(LANGER & SULLIVAN,1989).
A implantodontia agregou uma nova alternativa na Reabilitação Oral,
mas, em nenhum momento, os implantes osseointegráveis conseguem
assemelhar-se aos dentes naturais quanto às suas características (NAERT, et
al,1992). O sucesso da reabilitação de pacientes portadores de prótese
implanto-suportada está relacionado à justaposição entre o osso e o titânio a
nível de Angstrons, que significa que ambos apresentarão mobilidade como
uma unidade, sob aplicação de cargas, favorecendo assim a distribuição de
estresse, conferindo aos implantes uma mobilidade, às custas da resiliência
óssea, com menor amplitude quando comparada aos dentes naturais
(SKALAK, 1983).
A grande diferença entre um implante osseointegrado e um dente natural
está na forma de união estrutural, além do diferente mecanismo de absorção e
dissipação de forças (SHEETS & EARTHMAN, 1997) o que torna a união dente
implante um dilema biomecânico, pela diferença entre a mobilidade axial de um
dente natural saudável e o implante. Entretanto, ao unir um dente natural a um
implante, inevitavelmente serão produzidas tensões na cortical que envolve o
implante, como conseqüência da mobilidade dentária e da imobilidade do
implante. Todavia, as pesquisas demonstram que, em princípio, essas
diferenças não representariam maior importância, pois poderiam ser
compensadas pelo grau de mobilidade dentária; elasticidade óssea; flexão da
infra-estrutura e flexão dos componentes protéticos (RANGERT,1991;
NAERT,1992; BECHELLI, 2006).
Alguns autores defendem a idéia desse tipo de união devido à presença
de estruturas anatômicas importantes o que torna a colocação de implantes
osseointegrados inviáveis, a não ser que utilize técnicas suplementares,
implicando em maior número de seções, com aumento da morbidade e
aumentando os custos para o paciente tornando dessa forma, a união de
dentes naturais com implantes osseointegrados, uma opção de tratamento
viável (RANGERT,1991; CLARKE,2006; MISCH,2006). Porém, fica a dúvida de
qual seria a melhor forma de união entre estes pilares. Foi sugerido que seria
ideal a união de dois implantes com um dente, pois dessa maneira, os
implantes melhorariam a estabilidade do pilar natural ou então, adicionar
pilares naturais no contexto dessa prótese (CLEPPER,1997; INGBERG,1997;
LIN,2007) Por outro lado, outros autores contra-indicam esse tipo de união
devido ao possível efeito de cantillever oriundo de uma maior rigidez da prótese
(LANGER,1998; RENOUARD,2008).
Diante de tal situação, o presente estudo propõe estudar o
comportamento mecânico de uma prótese fixa de união rígida entre dente
natural e implante osseointegrado, a partir de uma carga funcional vertical de
100 N, variando a quantidade de implantes e dentes por meio do Método dos
Elementos Finitos (MEF). O MEF, aplicado à biomecânica, vem sendo cada
vez mais utilizado, na últimas três décadas, em trabalhos relacionados à
análise de tensões e deformações de regiões do corpo humano como, por
exemplo, ossos e dentes, na tentativa de simular e compreender o
comportamento das estruturais naturais e de prever possíveis implicações
associadas às intervenções e modificações típicas dos avanços da Medicina e
Odontologia. Este método envolve uma série de procedimentos computadoriais
para calcular tensão e deformação em cada elemento dos biomateriais e
tecidos humanos envolvidos nesse trabalho, que são difíceis de serem
mensurados in vivo. (WAKABAYACHI, et al 2008; GENG et al, 2001).
6. OBJETIVOS:
6.1 Objetivo geral: Avaliar qual a viabilidade das próteses fixa implanto-dento suportada na
análise das tensões utilizando o Método dos Elementos Finitos (MEF).
6.2 Objetivos específicos:
Diante do fato já provado de que as conexões rígidas promovem uma
melhor distribuição de cargas nas prótese dento-implanto suportadas, o
objetivo desse estudo é avaliar as questões biomecânicas deste tipo de
prótese, em segmento reto, a partir do MEF, em uma região posterior da
maxila humana parcialmente edêntula lado esquerdo, variando a
quantidade de pilares naturais e a quantidade implantes.
6.2.1) Ocorrerá simulação de cargas verticais de 100N sobre uma
prótese fixa implanto-dento suportada de conexão rígida contendo um dente
e um implante (modelo 1);
6.2.2) Ocorrerá simulação de cargas verticais de 100N sobre uma
prótese fixa implanto-dento suportada de conexão rígida contendo um dente
e dois implante (modelo 2);
6.2.3) Ocorrerá simulação de cargas verticais de 100N sobre uma
prótese fixa implanto-dento suportada de conexão rígida contendo dois
dentes e um implante (modelo 3).
7. REVISÃO DA LITERATURA
7.1 Diferença estrutural e biomecânica entre dentes e implantes
BRANEMARK, et al (1985) avaliaram os aspectos biomecânicos da
combinação entre implante e dente natural. A boa distribuição de carga aos
elementos de suporte é essencial. Se o dente natural não suportar quantidade
de carga suficiente, o implante poderá ser sobrecarregado ou até mesmo
falhar. Entretanto, dentes que não são suficientemente submetidos à carga
podem apresentar atrofia por desuso dos tecidos de suporte. Além disso, a
ancoragem de um implante é maior, quando comparado a um dente natural,
pois o implante está em contato direto com o osso, ao passo que o dente
apresenta o ligamento periodontal, que lhe permite complacência. Qualquer
força aplicada ao implante é transmitida ao osso, sem mudanças da magnitude
e duração, devido a aposição do implante ao osso. Sendo assim, a combinação
entre dente natural e implante depende do tipo de conexão e comportamento
de cada unidade de suporte. Para conexões rígidas, forças verticais aplicadas
no meio entre as duas estruturas de suporte (dente e implante), serão
distribuídas aproximadamente com as mesmas magnitudes. Por outro lado,
forças horizontais aplicadas na ponte, 75% da magnitude serão suportada pelo
implante e o restante dos 25% será suportada pelo dente. Diante disso, os
autores concluíram que a distribuição de forças aplicada a prótese implanto-
dento suportada depende da geometria das estruturas de suporte e a
flexibilidade da prótese interfere na absorção e dissipação da carga sendo
assim, seria aconselhável o uso de materiais que absorvam choque, como as
resinas acrílicas, para evitar transmissão de stress aos implantes.
ERICSSON,I.; et al.(1986), afirmaram que quando se utiliza a
combinação de prótese dento-implanto suportada, a diferença de movimento
entre esses dois tipos de pilares criaria um potencial risco de complicações
biomecânicas. Tal fato seria devido a presença do ligamento periodontal, que
permite pequenos movimentos intrusivos e extrusivos e, as fixações rígidas
(implantes), não apresentam estas micromovimentações. Concluíram que suas
avaliações foram satisfatórias nos casos estudados, porém, devido ao reduzido
tempo de estudo e o número pequeno de pacientes, não poderiam tecer
recomendações consideráveis neste tipo de tratamento.
SULLIVAN,D.;(1986) verificou que a elasticidade dos sistemas de
implantes e osso se aproxima do potencial de movimento fisiológico do
ligamento periodontal. De acordo com seus estudos, um dente saudável
apresentaria mobilidade clínica de valor zero em direção vertical. O movimento
vertical inicial real, seria por volta de 28µm e esse valor não variaria entre
dentes anteriores e posteriores. Nos implantes, o movimento em direção
vertical verificado foi entre 2 a 3µm e seria devido principalmente as
propriedades viscoelásticas do osso subjacente. Assim, nas próteses fixas
onde ocorre união entre dente e implante também ocorreria movimento, devido
a flexão do parafuso protético do abutment. Dessa forma, o movimento de
próteses parciais fixas dento implanto suportadas auxiliaria a compensar as
diferença na mobilidade vertical de dente saudável e o implante. A flexibilidade
inerente do conjunto do sistema de implante mais a elasticidade óssea seria
compatível com a mobilidade vertical do dente natural. Assim, o risco de fratura
do conjunto é pequeno na diferença biomecânica de implante e dente.
RANGERT,B; et al no ano de 1991 definiram que quando a junção
aparafusada no sistema Branemark é submetida à momento de flexão (forças
oblíquas), ocorre a inclinação do cilindro de ouro em relação ao abutment e do
abutment em relação ao implante. Se esta inclinação aumentar, a junção
aparafusada pode fraturar e isto ocorre sob uma magnitude de força de
120Ncm. Na carga vertical, essa tensão é dividida igualitariamente entre o
implante e o dente, mesmo sem qualquer contribuição da resiliência do osso.
Para uma prótese com uma extensão de 16mm, contendo um pôntico entre um
pilar natural e um implante osseointegrado, se a força vertical atingir o centro
do dente, uma parte se dissipa sobre o mesmo e um pequeno momento de
flexão se mostra no parafuso. Se a força vertical for posicionada entre o
implante e o dente ou seja, no pôntico, há uma distribuição quase igualitária
entre ambos. Entretanto, se a força for aplicada sobre o implante, a carga será
diretamente transferida ao implante. Sendo assim, a mobilidade transversal do
dente conectado deve ser limitada para evitar sobrecarga no implante.
Em relação às propriedades mecânicas do implante sob força vertical
em prótese fixa dento-implanto suportada, a junção aparafusada do cilindro de
ouro e o intermediário protético transmucoso, formam um sistema flexível
compatível com a mobilidade vertical do dente suporte. Diante de tal
constatação, a flexibilidade do sistema e a elasticidade óssea permitem a
confecção de próteses unindo pilares naturais e implantes dentários.
ASTRAND et al (1991) acompanhou no período de dois anos 23
pacientes classificados como classe I de Kennedy mandibular, que receberam
implantes nos dois segmentos sendo que em um lado foi confeccionado uma
prótese implanto-suportada e no lado contralateral, foi confeccionado uma
prótese dento-implanto suportada. O arco antagonista foi restaurado por meio
de próteses totais superiores, com padrão de oclusão balanceada bilateral.
Esse estudo teve por objetivo comparar a performance entre os dois tipos de
prótese levando em consideração à estabilidade, ausência de mobilidade
detectável da prótese e integridade dos implantes.
Em relação à biomecânica de prótese implanto-dento suportada, a maior
parte da carga funcional inicial é absorvida pelo implante. Devido a elasticidade
do osso e flexibilidade da junção aparafusada, parte da carga é distribuída ao
dente. Os resultados do estudo segundo os autores, não indicam nenhuma
desvantagem em conectar implante a dente. Falhas na osseointegração foram
detectadas no mesmo nível em ambos os tipos de próteses.
KLING (1991) avaliaram as reações dos tecidos periodontais que
circundam implantes e dentes quando pilares de uma PFIDS. O autor verificou
que diferentes mecanismos de conexão podiam resultar em variadas taxas de
destruição, principalmente se esses pilares estivessem imobilizados por um
conector rígido. Os resultados sugeriram que a infecção bacteriana
desenvolveu-se mais lentamente no tecido marginal ao redor do implante;
contudo, nesse local, a interrupção da doença seria mais difícil em função de
problemas de tratamento da superfície do implante. Quando próteses
suportadas por esses implantes foram combinadas com dentes naturais, o
periodonto foi afetado, tendo em vista a maior rigidez do primeiro, tornando-se
relativamente imóvel e contrastando com a mobilidade do elemento natural.
Segundo o autor essa união apresentou alguns problemas, os quais ainda não
foram totalmente esclarecidos. Entretanto, pareceu claro para ele que havia
uma maior vulnerabilidade do ligamento periodontal em dentes que suportavam
próteses combinadas.
NAERT (1992) afirmou que a elasticidade dos sistemas de implantes
osseointegrados se aproximaria do potencial de movimento fisiológico do
ligamento periodontal. Assim, nas próteses fixas em que ocorre a união de
dente e implante também apresentaria movimentos, devido à flexão da
estrutura e do parafuso protético do abutment. Dessa forma, o movimento da
prótese parcial fixa auxiliaria a compensação de alguma diferença entre a
mobilidade de um dente saudável e o implante.
A biomecânica da distribuição de forças entre os membros de um
sistema, segundo WEINBERG (1993), depende da sua relativa dureza/deflexão
destes. Entretanto, há um paradoxo envolvendo o papel da rigidez e
flexibilidade, quando comparados dente e implantes. O abutment do implante
introduz pequeno grau de flexibilidade, como resultado da deformação do
parafuso de retenção. Parafusos de ouro são flexíveis e permitem
micromovimentos suficientes para a distribuição de forças. Assim, para prevenir
fraturas do parafuso de conexão, causados pela fadiga do metal, em caso de
sobrecarga dos implantes, é recomendável a reposição desse parafuso durante
a vida clínica da prótese. Além disso, a relativa intimidade da adaptação da
interface da prótese aos abutments altera a distribuição das forças, sendo
assim, o parafuso de ouro deve ser suficientemente apertado (10Ncm de pré-
carga). O autor definiu os tipos de movimentos que os constituintes da prótese
parcial fixa dento suportada podem sofrer classificando como:
MACROMOVIMENTO(movimento maior que 0.5mm e de fácil observação);
MICROMOVIMENTO(movimento de 0.1mm a 0.5mm que não é facilmente
observação);MICRON-MOVIMENTO(movimento microscópico menor que
0.1mm ou seja, abaixo de 100µm).
Devido ao micromovimento permitido pelo ligamento periodontal uma
força oclusal vertical produz uma resultante (F) que apresenta o centro de
rotação localizado no terço apical da raiz do dente. Os implantes não
apresentam micromovimentos suficientes para causar uma distribuição de
forças, de forma semelhante aos dentes. O módulo de elasticidade do osso
permite um grau de deflexão medida por microns. Forças posteriores no lado
de trabalho e guia anterior tendem a produzir forças inclinadas vestibularmente
no arco da maxila, que pode produzir separação horizontal da prótese. Na
mandíbula, a linha de resultante de força é usualmente direcionada para lingual
e apresenta menor tendência de separar os componentes da prótese,
horizontalmente. Forças laterais podem ser efetivamente diminuídas pela
redução de inclinação da cúspide, aproximando a linha de resultante de força
do centro de rotação do dente.
A partir desses conceitos, concluiu que a combinação de prótese usando
implante e dente natural, deveria ser conduzida com cautela e que para
promover redução do braço de alavanca em próteses implanto-dento
suportada, sugeriu que conexões internas e/ou coroas telescópicas fossem
utilizadas. Todavia, a transmissão de forças seria completamente diferente, em
ambos os segmentos. Afirmou que os pilares implantados sempre suportariam
os dentes naturais melhor que o inverso, devido à diferença de mobilidade
entre o micromovimento do ligamento periodontal e a interface osseointegrada
do implante. O attachment deve ser relativamente não rígido pois os
attachments rígidos podem sobrecarregar o braço de alavanca no implante.
ULRICH (1993).afirmou que a presença do ligamento periodontal
promove absorção e neutralização do impacto das forças mastigatórias; função
sensorial e protetora e transformação das tensões em estímulo à remodelação
óssea. Dessa forma, mediante a ausência de ligamento periodontal na
osseointegração, haveria uma diferença significativa na dissipação de forças
mastigatórias, que, nos implantes, são transmitidas de forma direta aos
componentes protéticos e ao tecido ósseo.
A delicada capacidade sensorial oferecida pelos proprioceptores do
ligamento periodontal permite a este captar e informar instantâneamente ao
sistema nervoso central, a presença de contatos indesejáveis, tal como,
perceber a pressão que o dente está recebendo
Concluíram que os implantes possuem alto limiar tátil, sendo sete vezes
maior que os dentes naturais, o que pode tornar um risco muito grande em
pacientes com hábitos parafuncionais. Em uma análise qualitativa de
mecanoreceptores, em dentes naturais e implantes, cem(100) pacientes foram
submetidos a força de 300N e 1.200N aplicadas nos dentes e nos implantes
durante 30 segundos. Imediatamente após o ensaio, os pacientes recebiam um
questionário com 34 adjetivos, que objetivava captar a sensação percebida nos
dentes e nos implantes após a remoção da carga. Observaram que a
percepção da carga no implante é mais demorada e mais persistente, sendo
que a intensidade de percepção, tanto no dente quanto no implante, foi quase a
mesma, variando exclusivamente na dependência da quantidade de carga.
LUNDGREN & LAURELL (1994) avaliaram os aspectos biomecânicos de
próteses fixas, suportadas por dentes e implantes osseointegrados e
demonstraram o efeito da aplicação de carga sobre prótese implanto-dento
suportada. Uma força de 10N aplicada axialmente na coroa do dente, induz, a
princípio, um efeito de cantilever no implante. Entretanto, o momento de força
de 240Nmm (resultante do comprimento da ponte e da magnitude de força de
10N) provoca angulação da coroa do implante, que apresenta 20mm de altura
em direção lateral, sendo numa amplitude aproximada de 50µm. Tal angulação
induz movimento do braço da ponte em direção apical de magnitude
correspondente (50µm) sendo que essa deflexão é suficiente para o dente,
com mobilidade natural intruir. Assim, o cantilever inicial é rapidamente
convertido em suporte bilateral, pela deflexão angular da coroa do abutment.
Este momento de força de 240Nmm é abaixo do valor limite, para manter a
integridade da interface do implante. Se o dente apresentar uma
hipermobilidade de 100µm, a raiz é ainda capaz de intruir e haver divisão da
carga, para pequenas forças axiais.
Porém, deve ser avaliado o efeito da diminuição da distância entre os
pilares em prótese implanto-dento suportada. Se a distância for reduzida pela
metade, ou seja, for de 12mm, para um mesmo momento de força de 240Nmm,
seria necessário uma força de 20N sobre a coroa do dente. A deflexão apical
do final do braço da ponte é de apenas 30µm que, adicionada à deflexão do
braço da ponte de 12µm, resulta em um valor de 42-43µm.
A magnitude, direção e intensidade de forças laterais são de importância
no prognóstico protético, principalmente na parafunção. Forças laterais devem
ser avaliadas, principalmente quando o dente está localizado próximo ao
implante. Forças direcionadas no sentido vestíbulo-lingual no dente conectado
a um implante, causam tensão de torção e stress na interface osso-implante,
sendo que a magnitude desse stress, depende da mobilidade do dente, das
dimensões da prótese (comprimento, largura, altura) e do tipo de material
composto no ponte. Quando junções aparafusadas são usadas para associar a
ponte ao implante, a resistência da torção desta junção pode ser crítica. A
conexão dente-implante deve ser aplicada em elementos com a mobilidade
vestíbulo-lingual reduzida para evitar perda de parafusos.
WEINBERG, L.A.; & KRUGER,B.;(1994)afirmaram que existe uma
diferença significativa na absorção e distribuição de força entre dentes naturais
e implantes porque, nas próteses dento-suportadas há um sistema de
amortecimento podendo permitir micro movimentos que variam de 100 a 300
µm devido a presença do ligamento periodontal. Sendo assim, esta carga seria
transmitida para o terço apical da raiz e ao osso alveolar. Diferentemente, nos
implantes, devido ao parafuso de fixação de ouro e ao intermediário protético, a
tensão resultante é concentrada na crista óssea e não ao longo do
comprimento do implante. Deste modo, essa diferente dissipação de força
causaria um braço de alavanca que, dependendo do comprimento do pôntico
produziria torque no implante, com afrouxamento ou fratura do parafuso de
fixação.
HOBKIRK,J. & TANNER,S.R.R.(1995) relataram que o deslocamento da
supraestrutura ou de seus componentes de suporte, dependeriam de variáveis
como: comprimento da prótese e do implante; viscosidade do ligamento
periodontal; distribuição desfavorável dos dentes remanescentes no arco e,
que mesmo o dente contribuindo como suporte de uma prótese, este ainda
continuaria apresentando micromovimentos, mesmo quando conectados à
implantes, contradizendo a possibilidade de anquilose dental.
RANGERT,B.; et al.,(1995) avaliaram cinco pacientes da amostra do
estudo de ASTRAND et al (1991), mencionado anteriormente, com respeito à
distribuição de carga vertical nas próteses implanto dento suportadas de três
elementos. Os pacientes foram enquadrados de acordo com a magnitude de
carga e, foram divididos e classificados, como intensidade de carga leve de até
12N, e como intensidade de carga pesada de até 95N. Estas cargas foram
medidas por meio de um garfo apoiada no pôntico, no dente ou no implante.
Concluíram que sob magnitude de força leve o dente seria pouco ativado
sendo que o implante absorveria a maior parte da carga e, sob magnitude de
força pesada, o dente dividiria a carga com o implante. A principal razão das
cargas serem divididas estaria na flexibilidade inerente ao parafuso de fixação
entre o intermediário protético e o implante que se associaria com a mobilidade
do ligamento periodontal.
GUNNE, et al (1997) realizaram um estudo da distribuição de carga
funcional em prótese implanto-dento suportadas comparadas à prótese
implanto suportadas convencionais. A conexão da prótese implanto-dento
suportadas era do tipo rígida, com um attachment de precisão associado a um
parafuso horizontal. A carga foi medida em três condições específicas: 1)
máxima força em um garfo de mordida; 2) máxima força em oclusão central;
3) mastigando uma maçã. Sendo assim, os autores concluíram que um único
implante, do tipo Branemark, rigidamente conectado a um dente, as cargas são
harmoniosamente distribuídas desde que o dente apresente bom estado de
saúde periodontal. As próteses que envolvem um implante/um dente possuem
susceptibilidade à flexão sob forças laterais entretanto, a conexão de dois ou
mais implantes a dentes é uma situação completamente diferente do ponto de
vista biomecânico porque múltiplos implantes formam uma unidade rígida.
KAYACAN, et al., (1997) a partir da criação de um modelo de uma
prótese fixa dento implanto-suportada fizeram experimentos da estimativa da
firmeza vertical translacional dos suportes e, das estimativas da inflexão
rotacional no dente e no implante. Concluíram que a diferença na mobilidade
rotacional da prótese seria fator significante no efeito de flexão no implante e
no dente, concluíram também que suportes com mobilidades similares, reduz o
chamado efeito cantilever partindo da idéia da utilização de elementos
intramóveis, parafuso do abutment flexível ou algum outro desenho no sistema
de prótese sobre implante que permitirá uma maior flexibilidade no implante. A
grande diferença na mobilidade translacional não produz, necessáriamente,
excessiva sobrecarga no implante se a mobilidade rotacional da prótese nos
suportes são grandes.
De acordo com LANGER & RANGERT (1998), os implantes são mais
rígidos em direção axial do que os dentes, mesmo quando se utilizam
elementos móveis, e a flexibilidade do ligamento periodontal não é reproduzida
pelo sistema mecânico. Por outro lado, muitos implantes podem, como
unidades isoladas, serem considerados flexíveis e se curvar, e em vários graus
compensar a mobilidade de um dente. Os diferentes tipos de conexões devem
ser considerados em relação a estas propriedades mecânicas dos implantes,
bem como para as razões de uni-los à dentes. A junção mais rígida é a prótese
soldada, que transfere as forças e os momentos em todas as direções,
enquanto diferentes tipos de attachment pré-fabricados permitem a
movimentação em direções pré-definidas de cargas, limitando a interação entre
os membros suporte.
Nas prótese implanto-dento suportadas, o desenho e a resistência
mecânica da fixação ao dente torna-se crucial. Se o dente estiver livre para
movimentar na direção do alvéolo, ele pode retornar à posição original devido
ao efeito de mola fornecido pelo ligamento periodontal e, se essa
movimentação for contraposta por fricção do attachment, o dente pode ficar
sujeitos à movimentos ortodônticos em seu eixo axial.
Os autores relatam ainda que existem três diferentes opções para unir
implantes e dente: 1) um implante dividindo a carga com um ou mais dentes
através de conexão rígida; 2) vários implantes suportando um dente ou mais
através de attchments rompe força; 3) múltiplos dentes pilares unidos a
extensas restaurações sobre implantes.
Na situação de unir um dente a um implante, o propósito é dividir as
cargas entre os membros. A flexibilidade inerente dos parafusos dos implantes,
que imita a mobilidade axial de um dente conectado rígidamente, parece ser
um pré-requisito para resultados a longo prazo. Uma vantagem dessa
modalidade é que ela pode permitir uma prótese fixa onde a anatomia somente
permitiria a colocação de apenas um implante. Entretanto, as restaurações
sobre vários implantes a dentes, formam uma unidade rígida que não se
desestabiliza com a movimentação dos dentes introduzindo, dessa forma, um
pontecial de sobrecarga porque o acoplamento age como um cantilever não
suportado para os implantes, resultando em estresse elevado aos
componentes e ao osso e, quando dentes e implantes são misturados em
restaurações extensas, os dentes não contribuem para o suporte da prótese.
BIDEZ,M, MICH,C.E.;.(1999)afirmaram que quando os dentes se opõem
uns aos outros, os movimentos combinados de intrusão em contato seria de
56µm (28µm + 28µm). Entretanto, quando um dente se opõe ao implante, o
movimento combinado de intrusão seria de 33µm (28µm+5µm). Assim, a
diferença inicial do movimento vertical dos dentes e implantes do mesmo arco
poderia ser de até 28µm. Diante de tais constatações, os contatos oclusais
devem ser responsáveis por compensar esta diferença, ou o implante
sustentará cargas elevadas. Um papel de carbono fino de articulação (menos
de 25µm de espessura) deveria ser posicionado para ajuste oclusal inicial do
implante, sob uma força de toque leve. Este primeiro ajuste teria a finalidade
de equilibrar apenas a coroa do implante. Uma força de mordida intensa
deveria ser aplicada, então, usada para avaliar o contato oclusal e a oclusão
seria modificada de maneira que cargas iguais fossem aplicadas aos dentes e
implantes.
PESUN,I.J; et al (1999) avaliaram o tecido periodontal de dentes
naturais, após cargas funcionais em próteses implanto-dento-suportadas,
durante 24 meses. Concluíram no modelo animal que, os dentes devem ser
restaurados de forma que forças sejam direcionadas com magnitude suficiente
para se enquadrarem dentro da capacidade adaptativa dos tecidos
periodontais. O quadro histológico da amostra se apresentou com mínima
quantidade de células inflamatórias, crista óssea saudável, fibras periodontais
indicando mínima remodelação. Assim, com minuciosa análise oclusal, dente
natural e implante poderiam ser combinados no planejamento de próteses
fixas.
Os autores concluíram ainda que a presença do ligamento periodontal
promove absorção e neutralização do impacto das forças mastigatórias; possui
função sensorial e protetora e transformação das tensões em estímulo à
remodelação óssea. Na ausência de ligamento periodontal, na
osseointegração, há uma diferença significativa na dissipação de forças
mastigatórias, que, nos implantes, são transmitidas de forma direta aos
componentes protéticos e ao tecido ósseo.
A delicada capacidade sensorial oferecida pelos proprioceptores do
ligamento periodontal permite a captação e informação instantânea ao sistema
nervoso central, a presença de contatos indesejáveis, da pressão que o dente
está recebendo.
BARON et al.;(2005) selecionaram 39 pacientes classe I e/ou II de
Kennedy, os quais receberam 2 implantes distalmente ao último dente natural
presente que foram unidos ao mesmo. Aguardou, em média, 37,8 meses e, por
meio de análise radiográfica utilizaram como parâmetro de referência a
distância da distal do último dente e a mesial do 1o implante e mesial do 2o
implante respectivamente com o intuito de avaliar a perda óssea. Concluíram
que as distâncias máximas entre o dente e o 1o implante deveria ser de 11mm e
entre o dente e o 2o implante deveria ser de 19mm. Inferiram que na menor
distância entre os apoios, a intrusão do dente estaria limitada pelo tipo de união
rígida do implante ao osso. Quando os espaços entre esses pilares aumenta,
haveria a formação de um ângulo de pêndulo, em toda estrutura, devido a
viscoelasticidade do osso. Mesmo assim o movimento de intrusão seria
limitado e, a ação que o implante produziria a partir deste ângulo seria imutável
até que existisse uma distância suficiente para permitir intrusão máxima do
dente.
BECHELLI, A.H.(2006) relatou que a transformação de tensões de
pressão em tração é uma das funções mais importantes do ligamento
periodontal, do ponto de vista biológico. Quando a força mastigatória é
axializada, essa é transmitida ao ligamento periodontal e transformada em
tração uniforme, sobre a cortical alveolar. Dentro de um sistema de
coordenadas, observou que no dente ocorre um rápido deslocamento no
sentido da força, até o limite máximo de elasticidade do ligamento. A partir
desse limite, mediante a persistência da força, produzir-se-ia fratura ou avulsão
do dente. No implante, o deslocamento seria contínuo e limitado
exclusivamente pela elasticidade óssea, até que ocorresse fratura na tábua
óssea ou dos componentes do implante.
As respostas biomecânicas diante de determinada força, seria portanto,
totalmente diferentes e, quando combinados, dentes naturais com implantes,
cuidados especiais como uma maior quantidade de elementos de conexão
entre implante e componentes protéticos para uma maior flexibilidade do
sistema, deveriam ser tomados no planejamento para compensar tal diferença.
MISCH,C.E.;(2006) afirmou que a mobilidade dental horizontal é maior
que o movimento vertical, porém a interface entre implante e osso também
apresenta movimento lateral. Desta forma, implante, osso e prótese
compensariam o leve movimento dental, se o mesmo apresentar mobilidade
zero. Em relação à condição periodontal do dente conectado ao implante, as
cargas máximas na área de pré-molares e molares estariam por volta de 42Kg.
Diante de tal magnitude de força, o implante não teria nenhuma possibilidade
de movimento, enquanto o dente, poderia, apresentar movimento intrusivo da
ordem de 40 a 100µm e lateralmente de 130 a 200µm. Desde que o dente não
apresente nenhum fator de risco, tais como: doença periodontal; lesão de
trauma primário, o sistema poderia funcionar perfeitamente, pois as diferenças
encontrariam compensadas.
Relatou ainda que a conexão de dentes naturais e implantes
osseointegrados em próteses rígidas gerou preocupação e publicações, com
estudos e diretrizes para ambos os extremos. Do ponto de vista biomecânico, a
grande diferença entre um implante osseointegrado e o dente natural estaria na
forma de união estrutural com o osso. Pode-se-ia afirmar que os dentes
estariam fora do osso alveolar, uma vez que não apresentam contato direto
com o mesmo, enquanto que os implantes estão unidos estruturalmente em
seu interior. Portanto, a Implantodontia agregou uma nova alternativa na
reabilitação oral, entretanto, em nenhum momento, os implantes
osseointegrados consegueriam assemelhar-se aos dentes naturais quanto às
suas características.
Sabendo que existe uma diferença de movimento fisiológico entre
dentes naturais e implantes osseointegrados e, que quando estamos diante de
pacientes com comprometimento periodontal onde há uma inversão do braço
de alavanca extra alveolar e com isso a mobilidade dental pode estar
aumentada, LIN et al.;(2006) construiram dois modelos de elementos finitos 2D
variando o suporte periodontal contendo um implante na região de 20 molar
inferior unido ao 20 pré-molar inferior em um modelo e o mesmo implante unido
ao 10 e 20 pré-molar em um outro modelo, variando o tipo de conexão em rígida
e semi rígida. Os resultados deste estudo mostraram que na avaliação das
distribuições de tensão no osso alveolar, houve uma variação de 28% em
relação ao suporte periodontal, de 3% em relação à quantidade de pilares
naturais e de 15% em relação ao tipo de conexão. Já na avaliação das
distribuições de tensão no implante, houve uma variação de 72% em relação
ao suporte periodontal, de 4% em relação à quantidade de pilares naturais e de
21% em relação ao tipo de conexão. Os valores de tensões observados na
prótese não tiveram uma variação significante (0%) em relação ao suporte
periodontal e a quantidade de pilares naturais sendo que o tipo de conexão, foi
fator para uma variação significativa (99%). Em uma análise do deslocamento
vertical, os resultados não mostraram diferença significativa nos pilares
naturais e implantes entre conexão rígida e semi rígida indiferentemente do
número de dentes englobado na prótese e tampouco em relação ao suporte
periodontal. Concluíram dessa forma que nas prótese dento implanto
suportadas, as conexões semi-rígidas devem ser usadas com cautela devido à
transferência de tensão com aumento desfavorável no implante e na prótese.
ENKLING, et al. (2006) em um estudo do tipo coorte de 62 pacientes
onde 22 integrantes possuíam uma prótese fixa unitária sobre implante na
região anterior e, 40 integrantes possuíam uma prótese fixa unitária sobre
implante na região posterior, para avaliar a sensibilidade tátil entre as coroas
protéticas opondo-se à dentes naturais fazendo comparação com a
sensibilidade tátil de dentes naturais do lado oposto do mesmo paciente.
Fizeram testes de mordida de topo a topo na região anterior (35% dos
paciente) e testes de fechamento em máxima intercuspidação na região de
molares e pré-molares (65% dos pacientes). Surpreendentemente, segundo os
autores, os resultados obtido com este trabalho foram capaz de provar, bem
fundamentado, que as atividades de percepções táteis não foram diferentes
quando compararam prótese sobre implante e dentes naturais e, que os
resultados das percepções táteis não diferiram entre a região anterior e
posterior. Os autores ainda sugerem que os ajustes feito nas restauração
devem ter uma espessura abaixo de 100µm com a utilização de carbono
articular.
7.2 Complicações das PF dento-implanto suportadas
CHEE & CHO (1997) relataram que devido ao movimento fisiológico do
dente natural, alguma flexibilidade no sistema de implante deve ocorrer
durante carga oclusal, sendo que essa flexibilidade é oriunda do osso ou dos
componentes internos do implante. Estes componentes estão sujeitas a flexões
repetidas, levando a perda do parafuso ou fadiga do metal com eventuais
fraturas dos componentes. No presente estudo, observaram o problema da
intrusão dental, em prótese implanto-dento-suportada, de conexão semi-rigida,
ao final de doze meses de observações.
SCHLUMBERGER et al., (1998) concluíram que a união dente implante
não influencia negativamente o osso marginal e tecidos moles, não sendo
possível demonstrar qualquer risco maior de deficiência para próteses fixas
implanto-dento-suportadas, comparada com próteses implanto suportadas,
sendo bem aceito principalmente em situações financeira desfavorável dos
pacientes nos casos que não são possíveis de colocação do número ideal de
implantes concordando com as conclusões de outros autores(NAERT, 1992;
OLSSON et al.,1995 ).
A incidência da intrusão do dente natural em próteses implanto-dento
suportada foi estudada por FUGAZZOTO et al (1999), utilizando attachments
de parafuso, com tempo de acompanhamento da aproximadamente 10 anos.
Se os parafusos do attachments quebraram ou perderam, e não foram
reparados ou recolocados em até três meses, ao longo do estudo, a intrusão
do dente era um significante problema. Os autores concluíram que a intrusão é
tempo-dependente. Se o dano for reparado em até três meses, provavelmente
nenhum comprometimento ao conjunto protético será evidenciado.
LINDH, et al., (2001) avaliaram próteses implanto-dento suportadas em
111 pacientes onde foram colocados 185 implantes e, a partir de análise
radiográfica de 74 implantes que foram acompanhados por um período de 3
anos, tiveram como resultado que nove dos 74 implantes tiveram uma perda
óssea marginal maior que 1mm no primeiro ano. Concluíram que o sucesso
das próteses implanto suportadas convencionais já são bem documentadas e
que continua sendo a terapia de escolha quando as condições permitirem. As
próteses dento-implanto suportadas possuem um prognóstico de sobrevivência
e de taxa de perda óssea marginal semelhante às próteses implanto
suportadas convencionais; quando for utilizar prótese unidas por dente e
implante deve-se usar conexão rígida.
MENICUCCI, et al. (2002) construíram dois modelos de uma prótese
rígida dento-implanto suportadas pelo método dos elementos finitos onde um
modelo era de 2D, mais simples, o qual foi designado para esclarecer efeitos
principais que podem ser “escondidos” nos modelos de elemento finito de 3D
devido à sua complexa geometria. O modelo 2D foi utilizado para uma análise
qualitativa preliminar e, um outro modelo 3D foi utilizado para uma análise
quantitativa da interação entre implante, dente, ligamento e osso. Foi aplicado
dois tipos de carregamento na região do pilar natural, uma carga estática de
50Kgf durante 10 segundos simulando paciente com hábito parafuncional e, um
outro carregamento de 50Kgf com intervalos de 5 milisegundos simulando a
mastigação. No modelo 2D, observaram que no primeiro carregamento, houve
uma maior concentração de tensão no pescoço do implante e, no segundo
carregamento a maior concentração de tensão era localizada na crista óssea
alveolar. Já no modelo 3D observaram maior concentração de tensão nas
cristas ósseas tanto do implante quanto do dente para o carregamento estático
(50Kgf/10seg) e, uma concentração 50% menor também nas mesmas regiões,
no carregamento dinâmico (50Kgf/5ms).
Diante de tais observações, os autores concluíram que o dente tende a
intruir dentro do alvéolo devido à deformação progressiva do ligamento
periodontal fazendo com que o pôntico e pilar natural, atue como um cantilever
do implante.
BARBOSA (2003) relatou em seu trabalho que um dos problemas mais
constantes vem sendo o fenômeno da intrusão dental, especialmente quando o
dente pilar está próximo a um implante com conexão rígida. Esse fenômeno
pode acontecer se o dente estiver entre implantes, ou na extremidade da
prótese, na mandíbula ou maxila. A vibração da estrutura protética decorrente
da sua maior rigidez, por causa dos implantes, tem sido apontada como
provável causa da ativação dos osteoclastos, com conseqüente intrusão dental.
Diante disso o autor utilizou em seu trabalho, um modelo de Elementos Finitos
3D para avaliar uma prótese fixa dento-implanto suportada de quatro
elementos na mandíbula, unidos rigidamente, a qual foi aplicada uma força de
1N. Posteriormente, um pôntico foi removido para a redução da distância entre
os pilares, a fim de verificar se essa vibração permaneceria mais tempo sobre o
dente. Os resultados mostraram que as tensões geradas na PFIDS de três
elementos foram maiores, além da ocorrência de vibração, que permaneceu
por um tempo maior sobre o dente pilar na prótese de três elementos, após
aplicação da carga. Surgiu o fenômeno da ressonância em ambas as próteses,
porém com maior intensidade na prótese de três elementos. Concluiu-se que
houve vibração, ela permaneceu por um período maior sobre o dente com a
aproximação dos pilares ou seja, na prótese de menor amplitude e, juntamente
com as evidências da literatura, poderia ser uma das prováveis causas da
intrusão dental.
Na comparação do tempo de permanência da vibração para as
diferentes distâncias entre pilares, um fator inesperado e de extrema
relevância, foi a aparecimento de um fenômeno que pode ser caracterizado
como ressonância, que consiste em uma coincidência entre a freqüência de
atuação de forças com as propriedades físicas, e características anatômicas de
uma estrutura. Essa coincidência resulta numa somatória não desejada na
engenharia, pois é capaz, muitas vezes, de causar uma falha estrutural e levar
todo o sistema a um colapso total. Nessa avaliação, esse fenômeno ocorreu
mais cedo na prótese de três elementos e de forma mais intensa, além de
manifestar mais vezes em um mesmo período de tempo, comparado à prótese
de quatro elementos. A ressonância poderia ser mais um fator com potencial
de promover a ativação dos osteoclastos, além de promover a deterioração do
cimento, facilitando ainda mais a intrusão, quando o dente estiver próximo a um
implante, devido à maior rigidez.
Diante dos resultados desse estudo, ficou evidente que a vibração pode ocorrer
em uma PFIDS e dissipar até a raiz do dente pilar. Foi revelado também, o
aumento das tensões com a aproximação dos pilares, o que resultou numa
maior rigidez estrutural da prótese, favorecendo a vibração, além da
possibilidade de ocorrência de ressonância, e de resultar em falha estrutural,
levando ao insucesso e perda do trabalho protético.
Por meio de uma sistemática revisão da literatura, LANG, et al. (2004)
fizeram uma análise das possíveis causas de falhas na união de dente com
implante. Foi avaliado a sobrevivência dos implantes, das próteses fixas, dos
abutments, complicações biológicas, complicações técnicas e intrusão dentária.
Levando-se em consideração o número de artigo publicados relacionado
aos itens mencionados, relataram que na união entre dente e implante a taxa
de sucesso dos implantes após um período de 5 anos foi de 90.1% e, de 82.1%
após 10 anos. Em relação as prótese fixas, a taxa de sucesso após 5 anos foi
de 94% e, de 77% após 10 anos. Para a sobrevivência dos abutments, 3.2%
dos pilares naturais e, 3.4% dos implantes funcionalmente carregados foram
perdidos após um período da 5 anos e, 10.6% e 15.6% após um período de 10
anos respectivamente. Em se tratando das complicações biológicas, os dados
mais relevantes foram de profundidade de sondagem ≥ 5mm e sangramento à
sondagem de 11.7% no período de 5 anos, já nas complicações técnicas, a
mais comum após o período de 5 anos, foi fratura da coroa com percentual de
9.1%, outro fator destacado foi a perda de retenção no pilar natural, que foi
observado uma taxa de 6.2% após 5 anos e de 24.9% no período de 10 anos.
Em relação aos intermediários protéticos ou parafusos dos
intermediários, a perda após 5 anos foi de 3.6% e de 26.4% após 10 anos. A
taxa de fratura desses componentes foi de 0.7% no período de 10 anos.
Outro dado importante é a respeito da intrusão do pilar natural que foi
encontrado uma taxa de 5.2% após um período de 5 anos de observação.
Diante de tais análises os autores concluíram que o planejamento de
próteses deve ser preferencialmente a implantes e/ou dentes isolados porém,
em razões de estruturas anatômicas, preferências dos pacientes para evitar
próteses removíveis e, dentes residuais com taxa de risco, pode ser justificada
as reconstruções com combinação entre dentes e implantes osseointegrados.
CORDARO et al., (2005) a partir de análise clínica, que tinha como
parâmetros a estabilidade dos implantes, perda óssea marginal e intrusão
dentária, puderam concluir que todos implantes analisados estavam estáveis.
Na análise radiográfica, não houve perda de estrutura óssea maior que 3mm e,
do total de 72 dentes pilares utilizados nesse estudo, apenas 4 sofrerão
intrusão a qual ocorreu na prótese unida com conexão semi-rígida e com
suporte periodontal normal.
ORMIANER, et al. (2005) em seu estudo, mediram in vitro, esforços em
duas prótese unilateral mandibular independentes apoiadas por dois implantes
e um dente as quais possuíam união de conexão rígida e semi-rígida.
Concluíram que deslocamentos verticais e horizontais são criados nos
desenhos de próteses que combinam união entre dente e implante e, que nas
situações de cargas contínuas, o resultado é uma força vertical causando
intrusão do dente, e um esforço horizontal próximo ao pilar natural
independente do tipo de conexão.
NICKENING et al (2006) avaliaram 84 prótese implanto-dento
suportadas por um período de 2 a 8 anos de acompanhamento. Dos 132
dentes utilizados como pilares naturais, 37% eram pré-molares inferiores onde
os implantes (43% Nobel Biocare e 41% ITI Strauman) foram colocados
adjacentes a eles. A grande maioria das restaurações foram aparafusadas
(45%), um terço eram cimentadas e 26% foram tratados com sistema
telescópico. O tamanho das próteses variaram de três ou mais pilares. Das 84
próteses implanto-dento suportadas, 28 eram unidas com conexão semi-rígida.
Os autores relataram que após o período de 5 anos 10% das prótese
apresentaram modificações técnicas como reaperto do parafuso do abutment,
fratura de coroa e, fratura da prótese. Depois do oitavo ano essa taxa
apresentou um acrécimo de 13%. Em relação ao tipo de conexão, apenas 3
das 56 conexões rígidas foram afetadas por algum tipo de complicação
enquanto que 8 das 28 conexões semi-rígidas necessitaram de modificações.
Os problemas mais encontrados nos pilares naturais após o período de 5 anos
foram complicações periodontais e/ou cáries recorrentes, já para os implantes
osseointegrados, algumas complicações de técnica foram observada como
perda ou fratura do parafuso do abutment e fratura do abutment nos casos de
próteses cimentadas onde houve falha na cimentação. Diante de tais
observações os autores concluíram que os casos onde utilizou as conexões
semi-rígidas, houve um aumento significante de falhas quando comparadas
àquelas onde foram utilizadas as conexões rígidas.
PJETURSSON & LANG (2008), em um trabalho de meta análise,
relataram que as próteses fixas dento implanto suportadas possuem um
percentual de sobrevida de 95,5% no período de 5 anos e de 77,8% no período
de 10 anos sendo que as complicações mais comumentes encontradas são a
perda e/ou afrouxamento do parafuso ou abutmant e complicações biológicas
como as mucosites e/ou periimplantites. Entretanto, afirmaram que quando
planejar reabilitações protéticas, a união de dente com implante, próteses com
cantilever e próteses adesivas deveriam ser a segunda opção de escolha.
NICKENING, et al. (2008) fizeram uma comparação clínica de 229
próteses dento implanto suportadas sendo que 178 eram fixas e, 51 eram
removíveis com apoio de uma coroa telescópica. Com uma avaliação média de
6.7 anos, puderam avaliar a necessidade de substituição de prótese fixa após
10 anos em 8.3% dos casos, em relação à sobrevida de dente e implante,
apenas 3 dos 459 implantes não osseointegraram e, 23 dos 449 dentes foram
perdidos por falhas no tratamento endodôntico. Em se tratando de
complicações biológicas nos pilares naturais, após 10 anos 11% dos dentes
necessitaram de algum tipo de tratamento periodontal, restaurador e/ou
endodôntico. Nas complicações biomecânicas e técnicas ocorridas nos
implantes, menos de 5% apresentaram algum tipo de complicação. Concluíram
que não existe diferença relacionada à complicações entre próteses dento
implanto suportadas fixas e/ou removíveis, entretanto, há maior risco quando
utiliza dentes tratados endodonticamente e dentes com reduzido suporte de
ancoragem.
7.3 Porque utilizar ou não utilizar esse tipo de união
RANGERT et al.,(1991) afirmaram que as razões para união entre
dentes e implantes estariam fundamentadas diante de áreas anatômicas
limitantes à colocação de implantes, tais como proximidade do nervo alveolar e
altura óssea insuficiente.
AMET (1993) afirmou que próteses fixas convencionais em espaço
edêntulo longo estão sujeita a falhas, incluindo fraturas radiculares, cáries e
doença periodontal recorrente, sendo que próteses parciais removíveis
confeccionadas com esses elementos remanescentes são, em geral, contra
indicadas e não desejadas por pacientes. Diante disso, manutenção de dentes
com bom estado de suporte periodontal sendo usados como pilares
intermediários com implantes, é uma boa alternativa de reabilitação do sistema
estomatognático.
INGBERG (1997) recomenda que o sucesso da conexão de dentes com
implantes ossointegrados em prótese fixa, depende do controle de forças
oclusais, incluindo numero suficiente de implantes e dentes, uso de implantes
com diâmetro suficiente em regiões posteriores, controle de contatos
excêntricos, que possam causar excessivos momentos de flexibilidade.
Segundo os autores, os implantes que suportam os dentes e não o contrário e
PFIDS podem acarretar o efeito cantillever sobre o implante sendo necessário
adotar implantes adicionais ou dentes com periodonto saudável. A conexão
dente-implante deve ser capaz de prevenir a migração dental, prevenir a
separação vertical e horizontal na interface do attchment e permitir capacidade
de remoção da prótese para manutenção. Um design do tipo T-block, que
consiste em um tipo de attchment com um parafuso de retenção transverso,
possibilitando liberação do stress através da sua flexibilidade.
CLEPPER (1997), em um estudo retrospectivo de 103 implantes
suportando 60 próteses fixas onde 54 restaurações continha um ou mais
implantes conectados a um ou mais pilares naturais, desenvolveu um protocolo
para conexão entre dente e implante da seguinte forma:
� Para próteses posteriores, se possível, utilizar pelo menos dois
implantes com um dente para suportar um pôntico. Se for possível a colocação
de apenas um implante, então dois pilares naturais devem ser usados como
retentores para suportar um pôntico. O autor considera a regra de “2 implantes
+1 dente” e/ou “1 implante + 2 dentes”;
� Conectores intracoronários não devem ser utilizados, a menos
que seja necessário para trilhar a inserção do segmento da prótese;
� A conexão entre dente-implante deve ser realizada sobre um pilar
natural que apresente relação coroa/raiz satisfatória.
LAUFER & GROSS (1998) apresentaram uma revisão dos aspectos
biomecânicos da esplintagem e relataram que o dilema envolvendo a
esplintagem de implante com dente pode ser evitado pela colocação suficiente
de implantes osseointegrados. Entretanto, em muitas situações clínicas em
reabilitações de pacientes parcialmente dentados, a esplintagem entre
implante-dente pode ser uma alternativa racional. As situações clínicas que
podem levar ao planejamento de próteses implanto-dento suportadas são: 1)
insuficiente número de pilares naturais ou de implantes para suportar uma
prótese fixa independente; 2) localização desfavorável ou distribuição dos
pilares ao longo do arco, situação esta que permite intercalar implantes entre
dentes remanescentes; 3) dentes remanescentes periodontalmente
comprometidos, assim, os dentes requerem um suporte adicional, derivado da
estabilidade dos implantes.
Os autores concluíram que os estudos de análise de tensão, tem se
demonstrado um aumento de stress peri-implantar associado com a conexão
de dente com implante. Entretanto, existe uma carência de informações
clínicas válidas em torno da esplintagem de pilares naturais e implantes
osseointegrados na confecção de próteses fixas em pacientes parcialmente
edentulos.
HOSNY et al (2000) fizeram uma comparação em relação às próteses
fixas suportadas por dentes e implantes e prótese fixa suportada somente por
implantes em uma mesma arcada. Dezoito pacientes foram acompanhados por
um período de 14 meses e após esse período, os autores relataram que
nenhuma fratura de qualquer componente do implante, complicações na
prótese bem como intrusão do pilar natural foi observado. A mudança anual do
osso marginal em volta das próteses fixas dento-implanto suportadas (PFDIS)
ou nas próteses fixas implanto suportadas (PFIS) não tiveram diferença
significante. Sendo assim, concluíram que a esplintagem dente-implante nos
tratamentos reabilitadores, não afeta, a longo prazo, os resultados comparando
com as PFIS.
CORDARO et al (2005) afirmaram que ainda que contrariando o
protocolo original de Branemark de que os implantes deveriam ser unidos
apenas com outros implantes, pode-se indicar este tipo de união entre dente e
implantes quando os dentes pilares não apresentarem com aumento da
mobilidade; deficiência de osso para o posicionamento dos implantes e/ou
recusa do paciente em submeter-se às técnicas de reconstruções ósseas;
localização dos números de pônticos entre os dentes pilares; colocação de
cantilever distais; condições financeiras.
MISCH (2006) sugeriu que quando o osso adjacente a um dente não
puder ser enxertado para colocação de implantes, uma das opções seria inserir
um implante mais distal e confeccionar uma prótese parcial fixa que conecte
um implante a um dente sem mobilidade, ou se o elemento dental apresentar
mobilidade, outra alternativa seria melhorar a distribuição de estresse pela
esplintagem de implantes a pilares naturais adicionais desde que seja
observada mobilidade clinica zero.
CLARKE,et al (2006) relataram que devido à reabsorções do osso
alveolar e presença de estruturas anatômicas importantes como o nervo
alveolar inferior e o seio maxilar, tornam a colocação de implantes
osseointegrados inviáveis, a não ser que se utilize técnicas suplementares
para aumento do rebordo ósseo. Isto implicaria em maior número de seções,
com aumento da morbidade e aumentando os custos para o paciente. Desta
forma a união de dentes naturais com implantes ósseos podem ser uma opção
de tratamento viável.
LINDH (2008), questionou se “Deveríamos extrair dentes para evitar
combinação entre dente e implantes?” e, a partir de uma revisão da literatura
concluiu que não existe suporte científico para tal questionamento, pelo
contrário, os estudos controlados comparam essa particular modalidade
protética com próteses suportadas exclusivamente por implantes, avaliando a
sobrevivência e complicações de ambos e em regiões específicas na
mandíbula (região posterior). Relatou ainda que não existe suporte científico
para extração dentária em favor da colocação de implantes para evitar tal tipo
de união mesmo que em outras regiões dos maxilares.
Afirmou ainda que os dentes não devem ser extraídos em favor da
colocação de implantes dentários sem indicação específica e, próteses
implanto-dento suportadas devem ser consideradas como uma opção protética
viável.
Segundo RENOUARD & RANGERT (2008), a combinação de dois
sistemas (dente/implante) que possuem rigidez muito diferentes apresenta o
risco de uma má distribuição das cargas quando em função. As pressões
concentram-se sobre o elo fraco da restauração que neste caso, encontra-se
no dente natural. Todavia, em razão de fatores anatômicos limitantes, quando
apenas um implante pode ser colocado para posterior do dente mais distal,
deve-se considerar a confecção de uma prótese mista entre os pilares com
conexão rígida a fim de distribuir a carga entre o implante e o dente. De
maneira semelhante, se puder ser colocado dois implantes para posterior do
dente mais distal porém, permanecendo o espaço de um pôntico, é preferível
unir o implante mais mesial ao dente e construir uma coroa isolada no segundo
implante, isso evita um efeito de cantilever na prótese implanto suportada, já
que os implantes possuem uma ancoragem mais rígida que os dentes.
7.4 Qual melhor sistema de união
Uma comparação entre tensão estrutural das PFIDS com conexão rígida
e semi-rígida foi avaliada por Misch e Ismail (1993) pelo MEF 3D. O modelo
tridimensional foi escolhido por ser mais preciso e fornece valores mais reais,
tanto qualitativos quanto quantitativos, segundo os autores. O modelo consistia
de 950 elementos tetraédricos e hexaédricos, com um total de 1.110 nós. O
osso foi considerado como uma estrutura completamente homogênea, tendo
um único valor para o módulo de elasticidade. Uma força estática de 2,27 Kg
foi aplicada sobre cada unidade da ponte fixa resultando na soma de 6,8 Kg.
Os resultados tiveram uma avaliação qualitativa e mostraram uma mínima
diferença entre as duas conexões, apesar de que os picos de tensões máximos
foram ligeiramente maiores na união rígida.
CAVICCHIA & BRAVI (1994) realizaram um estudo comparativo do
comportamento de 31 próteses implanto suportadas e 30 próteses implanto-
dento suportadas. Os pacientes foram avaliados em um mesmo esquema
oclusal, baseado em guia canina. A conexão não-rígida não melhora a
distribuição de stress entre os diferentes pilares e, ocasionalmente permite a
migração do dente. Sugeriram que a conexão deve ser rígida, com attchment
de precisão com parafuso de retenção ou próteses telescópicas. Problemas
biomecânicos ocorreram mais frequentemente em prótese implanto
suportadas, possivelmente devido a insuficiente propiocepção dos implantes
osseointegrados que podem levar à aplicação de forças mastigatórias
indiscriminadas. Outra explicação possível, seria a resiliência dos abutments,
atuando de forma associada ao ligamento periodontal podendo ter habilidade
de compensar, em certo grau, uma adaptação ineficiente da prótese, reduzindo
insucessos.
HOBKIRK & TANNER (1995) propuseram a técnica de conexão semi
rígida onde a fêmea era confeccionada na coroa do implante para reduzir o
possível efeito de cantilever e melhorar o direcionamento de forças diante da
combinação de dente com implante.
A distribuição do stress entre implantes e dentes foi examinada por
NISHIMURA et al (1999) unidos por meio de conexão rígida e semi-rígida sobre
estimulação de carga funcional, usando modelo da técnica de análise de
tensão por fotoelasticidade. A variação decorrente da colocação de 1 ou 2
implantes também foi avaliada. O modelo foi reproduzido posicionando o pré-
molar “natural” e os implantes numa distancia de 9mm de separação entre si.
Múltiplas restaurações foram fabricadas incorporando três tipos de conexão: 1)
nenhuma conexão entre dente e implante, somente o contato proximal; 2)
conexão rígida; 3) conexão não-rígida.
As cargas verticais foram aplicadas em pontos localizados da superfície
oclusal da restauração implante-dente. Notaram que a carga transmitida ao
osso de suporte depende do número de implante e na sua distribuição e que,
quanto mais distal a carga é aplicada, maior é o stress apical gerado no
implante localizado distalmente.
Em situações onde o número de implantes é reduzido, ou necessita-se
associar implantes a dentes naturais, a conexão pode ser realizada,
apresentando a vantagem da manutenção da propiocepção. A conexão não-
rígida apresenta a facilidade da manutenção da prótese e do efeito cantilever.
Entretanto, clinicamente, uma conexão não-rígida pode induzir a intrusão do
dente, levando a um estresse por efeito cantilever do implante e osso
adjacente. A decisão de utilizar conexão rígida deve ser baseada em critérios
clínicos como mínima mobilidade dental, implantes com boa osseointegração e
possibilidade de remoção da superestrutura em caso de fracasso. O uso da
conexão rígida, quando há apenas 1 implante, causa um ligeiro aumento no
stress, comparando às conexões não-rígidas. Todavia, o conector rígido mostra
uma transferência de tensão mais difundida e balanceada no caso da união
usando dois implantes.
Um trabalho usando o Método de Elementos Finitos (MEF), realizado por
Akpinar, Anil e Parnas (2000), mostrou que a intrusão dental poderia ser
prevenida quando usado um sistema de implante que absorvesse esforços
oclusais. Foi montado um modelo matemático que consistia de um molar
superior, tendo como antagonista uma prótese sobre um implante (IMZ). Por
possuir um componente intermediário intramóvel, feito de um material
resiliente, esse sistema de implante foi capaz de absorver cargas oclusais. Os
autores lembraram que o fenômeno da intrusão apareceu com o advento da
união rígida entre implante e dente, o que poderia gerar tensões, ocasionando
a intrusão. O modelo matemático montado revelou que a maioria das tensões
foi absorvida pelo componente resiliente do implante, o que não aconteceu
quando o sistema era completamente rígido.
Em um estudo do tipo coorte de 15 anos de avaliação clínica de 133
pacientes tratados com próteses parciais fixas dento- implanto suportadas e, de
123 pacientes com próteses parciais fixas implanto suportadas, NAERT, et
al.,(2001) relataram que o sucesso acumulativo das próteses unidas entre
dente e implante foi de 94.9% e que, nas próteses implanto suportadas
convencionais foi de 98.4%. Concluíram que neste estudo um número maior de
fracassos nas próteses dento implanto suportadas porém, sem significância
estatística. Entretanto, intrusão dentária ocorreu em 3.4% dos casos e, quando
for indicada as próteses parciais fixas dento implanto suportadas, elas devam
ser unidas rígidamente para evitar intrusão do pilar natural embora a etiologia
da intrusão dentária permanece incompreensível.
De acordo com estudo prospectivo de BLOCK (2002) avaliaram durante
5 anos 42 pacientes que possuíam prótese fixa dento implanto suportadas
(PFDIS) na região posterior da mandíbula bilateralmente com conexão rígida
de um lado e conexão semi-rígida do outro lado e, tendo como antagonista
uma prótese total removível. Na prótese que unia implante ao pilar natural com
conexão do tipo rígida, foi construída uma coroa telescópica do dente de tal
forma que o coping metálico era fixado com cimento permanente e, a coroa
protética com cimento temporário e no implante foi construída uma coroa
aparafusada para que, desta forma, a PFIDS pudesse ser removida para
avaliação. No lado oposto, foi construída uma coroa com conexão do tipo semi-
rígida que foi cimentada permanentemente no pilar natural e no implante, foi
confeccionada uma coroa aparafusada que desta forma, pode-se fazer uma
análise individual dos pilares. Dos 30 pacientes que puderam ter um
acompanhamento prospectivo de 5 anos considerando a perda óssea, os
autores concluíram que, para os implantes, não existiu diferença entre o tipo
de conexão (rígida ou semi-rígida) e que na avaliação do pilar natural, houve
uma maior perda de crista óssea nos casos que foram reabilitados com
conexão rígida.
OCHIAI; et al (2003) comparando o tipo de intermediário protético em
um estudo fotoelástico, onde utilizaram um modelo com um desenho de uma
prótese que continha 2 implantes unidos à 1 dente. Os tipos de intermediários
protéticos utilizados eram o pilar UCLA e o pilar cônico. Aplicaram carga em
seis pontos diferentes no desenho da prótese e, observaram uma mínima
diferença de distribuição das tensões entre os dois diferentes tipos de pilares
protéticos estudados. Deve ser igualmente dada as considerações de
indicações naqueles casos onde existe um suporte ósseo com uma
osseointegração adequada do implante e, com os dentes com periodonto
normal sobretudo, nos casos onde o implante e o dente tem prognóstico
questionados, indicou-se o uso do pilar intermediário onde a coroa protética é
aparafusada no pilar cônico, devido a uma ligeira diminuição da distribuição
das tensões em regiões mais distantes ao ponto da carga.
Entretanto, os mesmos autores afirmam que a seleção dos componentes
protéticos deve ser mais apropriadamente baseada em outros fatores como a
inclinação e posição dos implantes, contornos restauradores, espaço
interarcos, ou outrs considerações mecânicas. Afirmaram ainda, que quando se
utiliza 2 implantes unidos, reduz, ou até mesmo, elimina a necessidade da
união com o dente.
CORDARO et al (2005) concluíram que casos de intrusão dental estava
associada aos pacientes que possuíam suporte periodontal normal e, nas
próteses que foram unidas com conexão semi-rígidas e que nos pacientes com
próteses similares e com suporte periodontal reduzido, não foi observados tal
fenômeno. Entretanto, afirmaram que quando os pilares estavam unidos com
conexão rígida, não foi observado o fenômeno da intrusão.
MISCH (2006) afirmou que os implantes não devem ser unidos a dentes
com mobilidade, por adicionar um cantilever no implante. Assim, o pilar natural
conectado a um implante fixado de forma rígida não deve apresentar
mobilidade clinica. Próteses sobre implantes podem usar pilares naturais
secundários adicionais para diminuir o movimento da prótese, de forma que a
fixação rígida do implante não seja comprometida. Considerando a
possibilidade de uma união rígida entre o dente e o implante, se ocorrer um
aumento da mobilidade dentária, isto é, mobilidade progressiva, ocorreria a
perda da osseointegração do implante por deformação plástica das trabéculas
em torno dele.
Em relação à localização dos encaixes macho/fêmea em uma prótese de
conexão semi-rígida, BECHELLI(2006) afirmou que ao se localizar o sistema
fêmea no dente e a parte macho localizada no pôntico, frente às cargas
mastigatórias, o dente pilar sofrerá um movimento de intrusão e, como a
prótese não é elástica e o implante não possui mobilidade, haverá uma relativa
liberdade de movimento para o dente. O implante não colabora, desta forma,
com a dissipação das tensões oriundas de cargas horizontais. Por outro lado,
se utilizarmos a conexao semi-rigida junto ao implante,com localização do
sistema fêmea no implante, atuando como apoio, e no momento da aplicação
das cargas mastigatórias, todo conjunto composto por dentes e pônticos
poderá movimentar-se o permitido pelo ligamento periodontal, axializando
melhor as cargas transmitidas ao implante.
MISCH (2006) afirmou que embora tenham sido preconizadas as
conexões semi-rigidas na literatura, raramente está indicada em protese fixa
unilateral. Esse tipo de conexão não melhora a distribuição de estresse entre
os pilares, sendo causadora de migração de dentes naturais.
AKÇA, et al. (2006) avaliaram no período de dois anos, 34 próteses fixas
implanto-dento suportadas, sendo que o implante era localizado distalmente ao
pilar natural, com conexão rígida, com intuito de elucidar as mudanças na força
de fechamento máximo e altura do osso marginal periimplantar. Para isso,
utilizaram um sensor mastigatório de 3.5mm de altura por 6.35mm de diâmetro
que era conectado à um sistema de aquisição e um programa computadorial
correspondente. Os leitores eram carregados com o paciente sentado em
posição de alimentação para simular a posição de mastigação natural. Para
avaliação do nível ósseo periimplantar, foi mensurada radiografias periapicais
feitas pela técnica do paraelismo e digitalizadas e analizadas por um progama
de análise de imagem. Após o término do período de observação, os autores
concluiram que maiores forças foram produzidas nos implantes do que no pilar
natural mais mesializado. Foi observado também, um aumento no nível ósseo
no lado mesial do implante o que pode deduzir que união rígida entre dente e
implante proporciona uma situação extremamente estável.
LIN, et al. (2003) a partir de dois modelos de elemento finito 2D,
avaliaram a dissipação das tensões em duas protese fixa de 3 elementos
dento-implanto suportada composta de um pré-molar, um pôntico de primeiro
molar e, uma coroa no implante que estava na região do segundo molar. A
coroa cimentada no implante em um modelo e, no outro modelo a coroa era
aparafusada no implante. Eles observaram que quando a força era aplicada na
região do pre molar, o deslocamento das proteses eram semelhantes em
ambos as tipos de união, tanto na união da coroa com o implante (cimentada
ou aparafusada) como no tipo de conexão entre os elementos pilares(conexão
rigida ou semi rigida).
Na avaliação da dissipação de tensão, esses mesmos autores
concluiram que quando se aplica uma carga no dente, a protese dento
implanto suportada de conexão semi rigidas, apresentam valores
menores(3.2MPa) se comparando com aquelas de conexao rigida(77.56MPa).
Isso e devido a quebra de trasnferencia das tensões para o dente resultante do
encaixe. Já quando se aplica uma carga no pontico, há um aumento
significativo de tensões nas prótese de conexão semi rigidas(135MPa) e nas
proteses de conexão rigida(122MPa). E, finalmente, quando se aplica carga na
coroa do implante, a analise de tensões se mostrou similar tanto nas protese
de conexão semi rigidas(95MPa) como nas proteses de conexao
rigida(93MPa). Todavia, quando a carga de intensidade de 250N foi aplicada
em todo o conjunto houve uma diferença significante nas próteses de conexão
semi-rígidas (297MPa) contra 148 MPa nas próteses de conexão rígidas.
Já em 2007, os mesmos autores variando a intensidade e direção de
cargas, construiram um modelo composto de 2 dentes naturais unindo ao
implante variando o tipo de conexão em rígida e semi-rígida. Em uma primeira
análise, aplicaram uma carga vertical e oblíqua de 200N em todo o conjunto
simultâneamente, em uma outra análise aplicaram carga verticais e obliquas
de 200N apenas nos pilares naturais e num terceiro momento, as cargas
verticais e obliquas de 200N foram aplicadas no implante e nos pilares naturais
e, uma carga também com as mesmas direções porém com uma intensidade
de 40N foi aplicada no pôntico. Na análise de resultados, verificaram que as
tensões foram menores em todos os tipos de carregamento, quando uniram
dois pilares naturais com conexão rígida. Concluíram que em prótese implanto
suportada isolada, os valores de tensão são menores do que nos casos de
união dente implante tanto para conexão rígida como para conexão semi-
rígida. Concluíram também que as condições da carga é o fator preponderante
na distribuição das tensões em comparação ao tipo de conector e o número de
pilares naturais e, o uso de conectores semi-rígidos pode ser mais eficiente em
termos de compensar a diferença de mobilidade entre o dente natural e o
implante entretanto, deve ser utilizada com cautela devido ao aumento de
tensão gerados na prótese.
8. MATERIAIS E MÉTODO
Nas últimas duas décadas, o Método dos Elementos Finitos (MEF),
aplicado à Biomecânica, vem se destacando como uma ferramenta útil
extremamente utilizado para avaliar, numericamente, tensões e deformações
associadas ao comportamento mecânico dos biomateriais e tecidos humanos,
tendo em vista a dificuldade de se fazer tal avaliação in vivo (WAKABAYACHI,
et al., 2008), na tentativa de simular e compreender o comportamento estrutural
e possíveis implicações de tensões geradas durante uma atividade funcional
e/ou parafuncional, nas diversas áreas da Odontologia. Segundo GENG et al.
(2001) para cada aplicação específica, as diversas variáveis que envolvem o
problema devem ser cuidadosamente analisadas e fornecidas como dados a
um programa computacional. Essa análise inclui etapas que podem ser
classificadas em cinco grupos básicos:
a) Levantamento de dados e criação da geometria, aplicando-se
aos volumes as propriedades elásticas dos diversos materiais
e tecidos que compõem o domínio do problema;
b) Geração da malha dos elementos finitos;
c) Aplicação das condições de contorno, na forma de
deslocamentos impostos (iguais a zero);
d) Aplicação de cargas atuantes e processamento para obtenção
das tensões e deformações;
e) Análise de resultados.
O MEF é uma técnica numérica, largamente utilizada, para obter-se a
solução de problemas mecânicos, idealizados a partir de pontos virtuais (nós),
e da conectividade de regiões discretas (elementos), que representam o
domínio do problema. Esse conjunto gerado de nós e elementos, chamado de
malha de elementos finitos representa, numericamente, o modelo físico real.
Após a solução numérica do sistema de equações, a resposta encontrada está
diretamente relacionada ao grau de simplificações impostas à natureza do
problema, a partir da geometria e discretização estabelecidas. Simplificações
da geometria podem implicar em alterações na rigidez local e global do corpo
elástico, o que por sua vez, conduz a erros numérico, típicos do método.
Nas aplicações do MEF à Biomecânica, o domínio do problema a ser
analisado é formado por uma geometria irregular, que pode ser chamada de
“escultural”, sujeita a uma gama de variações de formas e dimensões, que são
determinantes na obtenção de medidas básicas necessárias à entrada de
dados exigida por esse método.
Neste trabalho, o programa Ansys Revisão 5.7 foi utilizado para
desenvolver a modelagem tridimensional do segmento posterior de uma
maxila, composta por um ou dois pré-molares unido através de um pôntico a
um ou dois implantes. A partir de keypoints conectados por linhas (figuras 1, 2
e 3), esses pontos foram interpolados através de splines (união de dois ou mais
pontos através de linhas curvas), que determinam as superfícies (áreas) e, a
seguir, os volumes que compõem as estruturas a serem analisadas. Nestes
volumes, as cores estão associadas aos diversos tipos de materiais.
Figura 1 – Linhas (modelo 1)
Figura 2 – Linhas (modelo 2)
Figura 3 – Linhas (modelo 3)
A criação de um modelo matemático de elemento finito passa
inicialmente, pela definição do objeto a ser pesquisado, podendo ser qualquer
estrutura dento maxilo facial. O objeto será desenhado graficamente em um
programa computacional específico, onde a morfologia das estruturas
representadas podem ser baseadas em tomografias computadorizadas, atlas
de anatomia, crânios secos e/ou dentes extraídos (LOTTI, 2006).
O modelo 3-D do MEF é uma representação aproximada de uma
geometria in vivo, com características físicas de um modelo real. O modelo
original do pré-molar, incluindo o esmalte, dentina, ligamento periodontal, osso
cortical e esponjoso foi obtido através da rotina desenvolvida por Vieira, A. C.
B. (2002) conforme mostrado na figura 4.
Figura 4 – Volumes (região do primeiro Pré-Molar superior)
Os volumes e as superfícies gerados a partir da rotina citada foram
utilizados para gerar os domínios representativos do modelo proposto. A partir
dessa geometria básica foram criados os volumes representativos dos
implantes, pilares intermediários e coroas protéticas. A região do esmalte foi
substituída por porcelana (figuras 5, 6, e 7). Entre a porcelana e a dentina foi
simulada uma superfície metálica de uma liga não nobre de NiCr (figuras 8, 9 e
10).
Figura 5 – Volumes (perspectiva das coroas em porcelana)
Figura 6 – Volumes (perspectiva das coroas em porcelana )
Figura 7 - Volumes (perspectiva das coroas em porcelana )
Figura 8 – Volumes (perspectiva de infra-estrutura metálica modelo 1)
Figura 9 – Volumes (perspectiva de infra-estrutura metálica modelo 2)
Figura 10 - Volumes (perspectiva de infra-estrutura metálica modelo 3)
Foi modelado um implante ITI Straumann®, de 10,00 mm de
comprimento, 4,1 mm de diâmetro, com plataforma de 4,8 mm. Adaptado ao
implante existe um intermediário protético do tipo pilar sólido (ITI Strauman®)
com uma altura de 4,0 mm, que recebeu uma coroa protética de um pré-molar
superior, seguindo as especificações do fabricante de acordo com o diâmetro
da plataforma (figuras 11 e 12), para ser analisado a partir de três
configurações. A primeira contempla um dente e um implante (figura 13). A
segunda configuração contempla um dente e dois implantes (figura 14) e a
terceira configuração, contempla dois dentes e um implante (figura 15). O
modelo apresenta algumas simplificações em sua geometria, sem incorrer
riscos de alterar os resultados em relação à forma dos implantes, com e sem
roscas inserido no osso, pelo simples fato de que a avaliação de tensões
resultantes não será realizada em um ponto da rosca, mas na sua distribuição
da interface osso/implante, maxila, componentes protéticos, dente e cortical
que envolve o implante.
Foi modelada uma coroa protética na forma de pôntico com as mesmas
dimensões das coroas presentes no dente e no implante (figuras 16 a 18).
Esse pôntico serviu como meio de união entre os elementos pilares
apresentando uma conexão rígida. A conexão do tipo rígida foi escolhida para
esse estudo, por já existir trabalho semelhante na literatura mostrando que a
conexão semi-rígida em PFIDS gera níveis mais elevados de tensões
(LIN,2003).
Figura 11 – Volumes do Implante (em perspectiva)
Figura 12 – Volumes do Implante (vista disto-mesial)
Figura 13 – Volumes (um dente e um implante)
Figura 14 – Volumes (um dente e dois implantes)
Figura 15 - Volumes (dois dentes e um implante)
Figura 16 - Volumes (prótese com um dente,pôntico, e um implante)
Figura 17 – Volumes (prótese com um dente, pôntico e dois implantes)
Figura 18 - Volumes (prótese com dois dentes, pôntico e um implante)
A interface osso/implante foi considerada homogênea, isotrópica e
linearmente elástica com 100% de osseointegração, com 1,0 mm de espessura
da cortical alveolar, simulando a lâmina dura constituída por uma camada
contínua em toda a superfície do implante e cuja propriedade elástica é de
osso cortical maduro (Sertgoz,1996), ilustrado nas figuras 19, 20 e 21.
Figura 19 – Volumes (prótese fixa contendo um dente, um implante e
cortical óssea)
Figura 20 – Volumes (prótese fixa contendo um dente, dois implantes e
cortical óssea)
Figura 21 – Volumes (prótese fixa contendo dois dentes, um implantes e
cortical óssea)
Após a criação de todos os volumes apresentados, os modelos foram
finalizados a partir de três configurações:
� PFIDS contendo um dente e um implante (modelo 1);
� PFIDS contendo um dente e dois implantes (modelo 2);
� PFIDS contendo dois dentes e um implante (modelo 3),
conforme ilustrado nas figuras 22 a 24.
Figura 22 – Volumes modelo 1 (vista vestibular)
Figura 23 - Volumes modelo 2 (vista vestibular)
Figura 24 - Volumes modelo 3 (vista vestibular)
A partir da geometria básica criada e a atribuição das propriedades
elásticas dos diversos materiais e estruturas associadas, procede-se a geração
da malha de elementos finitos (figuras 25 a 29).
Figura 25 - Malha de elementos finitos do modelo 1
Figura 26 - Malha de elementos finitos do modelo 2
Figura 27 - Malha de elementos finitos do modelo 3
Figura 28 – Malha de elementos finitos com zoom respectivo ao
ligamento periodontal em vermelho
Figura 29 – Malha de elementos finitos com zoom respectivo à conexão
rígida (pôntico/ coroa implanto suportada)
Para a geração da malha, foram adotados os elementos SOLID92 e
SHELL93. A FIG. 30 ilustra a configuração do elemento SOLID92 que simula o
comportamento estrutural para modelos 3-D. Este elemento (hexaédrico) é
constituído por 10 nós, e os números inscritos nos círculos mostram as faces
passíveis de aplicação de pressão.
Figura 30 – SOLID92 (hexaédrico)
A configuração do elemento SHELL93 (quadrático) que simula o
comportamento estrutural para cascas finas para modelos 3-D é constituído
por 8 nós, e os números mostrados, nos círculos mostram as faces passíveis
de aplicação de pressões (figura 31).
Figura 31 – SHELL93
O critério utilizado para a geração da malha de elementos finitos é
baseado no tamanho máximo da aresta do elemento. Esse critério é
especificado através de uma variável denominada ESIZE, que determina, em
última análise, a quantidade de nós e elementos da malha.
Tendo em vista as variações de dimensões dos elementos e curvatura das
linhas (splines) foram adotados os seguintes valores:
• ESIZE = 1,0 mm em todo o domínio dos volumes que representam osso
cortical e esponjoso;
• ESIZE = 0.5 mm em todo o domínio dos volumes que representam
tecidos do dente, estruturas da prótese e implante.
Esse critério contempla, além do exposto, a necessidade de se obter uma
discretização adequada para esse tipo de problema, evitando-se a geração de
elementos distorcidos. A Tabela 1 ilustra os dados relativos à geração do
modelo geométrico e da malha de elementos finitos correspondente.
Tabela 1- Dados quantitativos dos três modelos
UM DENTE E UM IMPLANTE
MODELO 1
UM DENTE E DOIS IMPLANTES
MODELO 2
DOIS DENTES E UM IMPLANTE
MODELO 3
Keypoints 473 612 706
Linhas 1.164 1.511 1752
Áreas 836 1.098 1276
Volumes 147 201 234
Nós 297.096 376.311 529.930
Elementos 213.129 271.360 383.670
A modelagem geométrica em 3-D de uma PFIDS, composta por
implante, dente e estruturas protéticas, foi realizada, atribuindo-se aos diversos
materiais as suas respectivas propriedades elásticas e coeficiente de poisson,
utilizando-se valores aproximados encontrados na literatura (BENZING, et
al.,1995; VAN ROSSEN, et al., 1990; CARTER E HAYES,1977; MOFFA, et
al.,1973; LEWINSTEIN et. al,1995; SUANSUWAN E SWAIN, 1999;
WEINSTEIN, et al.,1980; SITE:www.matweb.com; MIDDLENTON, et al.,1996;
GALLOZA, 2004), conforme Tabela 2.
Tabela 2 – Propriedades elásticas dos vários materiais que compõem o modelo
MATERIAL
MÓDULO DE ELASTICIDADE
(MPa)
COEFICIENTE DE POISSON
Titânio 110.000,O 0.35
Osso cortical 13.700,0 0.30
Osso esponjoso 1.370,0 0.30
Ligamento Periodontal 170,0 0.45
Niquel-Cromo 204.000,0 0.30
Dentina 18.600,0 0.31
Porcelana 66.900,0 0.29
As propriedades elásticas dos materiais foram adotadas no regime
linear, em cuja hipótese, a deformação dos corpos elásticos é proporcional à
forca aplicada. Além disso, essas propriedades foram consideradas constantes
e isotrópicas (iguais em todas as direções). As estruturas foram modeladas
como um corpo único, considerando-se as uniões entre os componentes como
rígidas, não permitindo qualquer movimentação entre os mesmos, ou seja,
ausência de desajuste (gap), resultando numa análise estática (cargas
constantes ao longo do tempo) e linear (deformações proporcionais às
tensões).
O estudo da biomecânica é uma análise da distribuição de tensões para
o osso quando os dentes estão ocluindo. Tem-se observado clinicamente que
forças laterais não são bem toleradas pelas estruturas dentárias e ósseas
como ocorre nas forças axias. Dessa maneira, optou-se por aplicar uma carga
vertical, considerada de nominal de 100 N na face oclusal em todo o conjunto
protético, aplicada e distribuída uniformemente, simulando uma função
mastigatória com bolo alimentar interposto, para posterior análise de tensões e
deformações das estruturas (figuras 32 e 33). Esse conceito de carga nominal
refere-se a uma carga para comparações a partir da tensão de escoamento
dos materiais contidos neste modelo com a força de mordida fisiológica
unilateral (van der BILT, 2008). A carga de 100 N foi dividida pelas superfícies
oclusais, proporcionalmente, de acordo com a quantidade de elementos das
respectivas superfícies.
Figura 32 – Carregamento nodal equivalente a 100N para o modelo 1
Figura 33 – Carregamento nodal equivalente a 100N para os
modelos 2 e 3
A distribuição interna de tensões e deformações obtida via MEF,
quantifica a magnitude destas tensões no modelo, proporcionando dados para
comparação com observações clínicas. Trata-se apenas de um método de
simulação matemática da realidade e, portanto, não invasivo. De posse dos
resultados qualitativos e quantitativos, passa-se à fase de interpretação dos
mesmos, para posterior análise e discussão.
9. ABSTRACT
On a daily clinical basis, partially edentate patients seem to be fit to a
prosthesis treatment using the union of teeth with implants. However, this type
of connection is still a controversial procedure according to the literature
because of possible biomechanical damages due to different relative
displacements and irregular absorption of functional loads. The final success of
the treatment is directly related to special care associated with careful planning
in order to minimize possible incompatibilities. Some authors prescribe the
implant and natural tooth union by using two implants with one tooth or, as an
alternative, two teeth and one implant (CLEPPER,1997). In contrast, others
have an unfavorable opinion of this type of connection (RENOUARD, 2008).
The aim of this study is to simulate the mechanical behavior of a rigid union
between a natural tooth with an osteointegrated implant by using different
configurations of implants and teeth. This analysis uses the Finite Element
Method (FEM), a successful application tool in the area of Biomechanics in the
last three decades in works related to stress and strain numerical evaluations of
certain specific regions of the human body. The Ansys Rev. 5.7 program has
been used as a computational tool to perform the geometric modeling,
automatic mesh generation, numerical equations solving and plotting of results.
A vertical nominal load of 100 N, was applied as a uniform distributed pressure
of the occlusion surfaces of the prosthetics set. Data analyses lead to the
conclusion that a SDIFP connecting rigidly a tooth and an osteointegrated
implant which includes two implants and a single tooth results in lower stress
and displacement (occlusion gingival direction) levels when compared with the
other configurations. This behavior may be explained by better load distribution
as well as higher stiffening prosthesis type. The numerical results stand for a
reliable rigid union between tooth and implant. This treatment option, though
biomechanically predictable, should not be considered as the first one. The
SDIFP should be limited to the edentate space. Adding more implants to the
prosthesis shows that results can be numerically a possible option in order to
achieve a significant diminishing of the prosthesis set stress and displacement
values according to the admissible functional occlusion loads.
Keywords: Biomechanics, Dental Implants, Partial Prosthesis, Tooth
Mobility
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11.ARTIGOS ANEXO
Artigo 1:
ANÁLISE DAS TENSÕES DE UMA PRÓTESE FIXA DENTO-IMPLANTO
SUPORTADA PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS (MEF)
VARIANDO À QUANTIDADE DE IMPLANTES COMO PILARES
MARCOS DANIEL S. LANZA1; ANTONIO CARLOS BARBOSA VIEIRA2; PAULO ISAIAS SERAIDARIAN3; WELLINGTON CORREA JANSEN4; MARCOS DIAS LANZA5
1: Endereço para correspondência: Rua Ancona, no 65, Bairro Bandeirantes.
CEP: 31 340 720, Belo Horizonte-MG/ Brasil.
Telefone: (31) 3335 9438/ (31) 917173 54. Email: [email protected]
Titulação: Especialista em Prótese Dentária (UFMG); Mestre em Prótese Dentária
(PUC-MG).
2: Titulação: Mestre em Engenharia de Estruturas (UFMG).
3: Titulação:Professor Pós-Graduação PUC-MG; Doutor em Odontologia Restauradora
(UNESP).
4: Titulação:Professor Pós-Graduação PUC-MG; Doutor em Materiais Dentários (USP-
São Paulo).
5: Titulação:Professor Pós-Graduação PUC-MG; Doutor em Reabilitação Oral (FOB-
USP).
ANÁLISE DAS TENSÕES DE UMA PRÓTESE FIXA DENTO-IMPLANTO
SUPORTADA PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS (MEF)
VARIANDO À QUANTIDADE DE IMPLANTES COMO PILARES
Statment of the problem: Em algumas situações clínicas, deparamos
com pacientes parcialmente edentados tornando-se, às vezes, necessário na
prótese, a união de dentes com implantes.
Proposição: O objetivo desse estudo foi avaliar o comportamento de
uma prótese fixa metalo-porcelana implanto dento suportada, de segmento
reto, localizada na região posterior da maxila, variando a quantidade de
implantes como pilares.
Material e Métodos: Foi modelado uma prótese fixa de três elementos
sendo composta por um dente e um implante (modelo 1) e uma prótese fixa de
quatro elementos composta por um dente e dois implantes (modelo 2). Foi
aplicada carga de 100 N, distribuída uniformemente em todo o conjunto
simulando uma mastigação funcional para posterior análise das tensões
principais SEQV (Von Mises) que foram comparadas ao limite de escoamento
dos materiais.
Resultados: Em uma análise quantitativa, pode-se observar que na
prótese contendo um implante, a tensão máxima SEQV foi de 47.84 MPa,
enquanto que para prótese contendo dois implantes a tensão máxima SEQV foi
de 27.11 MPa, ambas localizadas na região entre o dente e o pôntico.
Conclusão: Nas próteses contendo um implante adicional, as tensões
foram menores; com base no limite de escoamento dos materiais, a porcelana
apresentou valores abaixo do limite de mastigação funcional.
Implicações Clínicas: As próteses implanto dento suportadas são uma
opção viável de tratamento e biomecanicamente previsíveis.
Unitermos: Biomecânica; Implantes Dentários; Prótese Parcial;
Mobilidade Dental.
Introdução
O advento dos implantes de titânio promoveu uma modalidade de
tratamento com alto grau de aplicabilidade a variadas situações clínicas.1
Embora o protocolo original fosse inicialmente destinado ao tratamento de
pacientes edêntulos totais, surgiu a necessidade de extrapolar as alternativas
de tratamento com implantes osseointegrados para pacientes parcialmente
edentados.
A implantodontia agregou uma nova alternativa na Reabilitação Oral,
mas, em nenhum momento, os implantes osseointegráveis conseguem
assemelhar-se aos dentes naturais quanto às suas características2.
O uso da combinação de implantes e dentes surgiu em meados da
década de 19803, aplicado a pacientes parcialmente edêntulos, contrariando o
protocolo de Branemark, que se fundamentava no isolamento de implantes dos
dentes naturais. Entretanto, a distribuição dos dentes no arco pode induzir a
adoção de próteses combinadas4,5.
As próteses implanto-dento-suportadas (PFIDS) por décadas tem sido
questionadas por razões das diferenças de mobilidade entre os pilares, no risco
de intrusão do pilar natural bem como na atrofia do ligamento periodontal 6,7,8 e
no grande risco geral de complicações técnicas9,10,11,12,13,14. A grande diferença
entre um implante osseointegrado e um dente natural está na forma de união
estrutural com o osso, além do diferente mecanismo de absorção e dissipação
de forças, o que torna a união dente implante um dilema biomecânico15,16.
A possibilidade de conectar implantes a dentes em próteses fixas com
prognóstico favorável foi estudada por vários autores2,4,12,14,17,18 onde
concluíram que a união dente implante não influencia negativamente o osso
marginal e tecidos moles, não sendo possível demonstrar qualquer risco maior
de deficiência para próteses fixas implanto-dento-suportadas, comparada com
próteses implanto suportadas, sendo bem aceito principalmente em situações
financeiramente desfavorável dos pacientes que não são possíveis a colocação
do número ideal de implantes.
Entretanto, a conexão de dentes naturais e implantes osseointegrados
por prótese rígida gerou preocupação e publicações, com estudo e diretrizes
para ambos os extremos. Existe uma diferença significativa na absorção e
distribuição de força em dentes naturais e implantes, porque nas próteses
dento suportadas há um sistema de amortecimento promovendo um micro
movimento de 100 a 300 µm, devido a presença do ligamento periodontal,
sendo que esta carga será transmitida para o osso com estimulação benéfica
pela transformação das tensões de pressão em tração uniforme sobre a cortical
alveolar. Nos implantes, a tensão resultante é concentrada na crista óssea,
sendo que essa diferente dissipação de força pode causar um braço de
alavanca, que depende do comprimento do pôntico produzindo torque no
implante, com afrouxamento ou fratura do parafuso de retenção10,11,19 .
Diante de tal situação, tem sido preconizado a utilização das conexões
semi-rígidas, levando em consideração que esse tipo de conexão pode ser
mais eficiente em termos de compensar a diferença de mobilidade entre os
pilares20,21.
Todavia, outros autores relataram que as conexões semi-rigidas
raramente está indicada em protese fixa unilateral 5,22. Esse tipo de conexão
não melhora a distribuição de estresse entre os pilares, sendo causadora de
migração de dentes naturais8,21,23,24,25.
As próteses fixas dento-implanto suportadas (PFDIS) ideais são aquelas
onde o espaço é pequeno, incluindo apenas um dente e um implante com
possibilidade de no máximo dois pônticos26,27 e, se houver possibilidade da
colocação de mais de um implante, deve-se unir os implantes adjacentes ao
pilar natural para melhorar a estabilidade deste28, porém, outros autores8,29
relatam que é preferível unir o implante mais mesial ao dente e construir uma
coroa isolada nos implantes subsequentes, isso evita um efeito de cantilever na
prótese implanto suportada, já que os implantes possuem uma ancoragem
mais rígida que os dentes.
Esse estudo tem por objetvo avaliar por meio de testes de Elemento
Finito a geração de tensões em uma prótese fixa dento implanto suportada com
conexão rígida, variando o número de implantes como pilares.
Materiais e métodos
Nos últimos anos, o Método dos Elementos Finitos (MEF), aplicado à
Biomecânica, está se tornando uma ferramenta útil extremamente utilizado
para avaliar, numericamente, tensões e deformações associadas ao
comportamento mecânico dos biomateriais e tecidos humanos.30 Neste
trabalho, o programa Ansys Revisão 5.7 foi utilizado para desenvolver a
modelagem tridimensional do segmento posterior de uma maxila, composta
pelo primeiro pré-molar unido através de um pôntico com conexão rígida a um
ou dois implantes.
O modelo 3-D do MEF é uma representação aproximada de uma
geometria in vivo, com características físicas de um modelo real. Para isso, foi
modelado o primeiro pré-molar superior e suas estruturas adjacentes e um
implante ITI Strauman®, de 10,00 mm de comprimento, 4,1 mm de diâmetro,
com plataforma de 4,8 mm , posicionado na região posterior da maxila, para
ser analisado a partir de duas configurações. A primeira contempla um implante
(modelo 1). A segunda configuração contempla dois implantes (modelo 2).
Coroas protéticas na forma de pré-molar foram confeccionadas para compor
essa prótese de acordo com as figuras 1 e 2.
Foi criado os volumes representativos dos implantes, pilares
intermediários e coroas protéticas. A região do esmalte foi substituída por
porcelana. A ligação dessa prótese foi simulada através de uma superfície
metálica de uma liga não nobre de NiCr. Dessa forma, a partir da geometria
básica criada, foi atribuídas as propriedades elásticas dos diversos materiais
utilizando-se valores aproximados encontrados na literatura (TABELA 1).
As propriedades elásticas dos materiais foram adotadas no regime
linear, em cuja hipótese, a deformação dos corpos elásticos é proporcional à
força aplicada. Além disso, essas propriedades foram consideradas constantes
e isotrópicas (iguais em todas as direções).
A partir da criação da geometria básica, procedeu-se a geração da
malha de elementos finitos composta de 297.096 nós e 213.129 elementos
para o modelo contendo um implante (Modelo 1) e, 376.311 nós e 271.360
elementos para o modelo contendo dois implantes (Modelo 2) de acordo com
as figuras 3 e 4.
O estudo da biomecânica é, entretanto, uma análise da distribuição de
forças para o osso quando os dentes estão ocluindo. Tem-se observado em
testes que a intensidade de força fisiológica bilateral e unilateral é de 569 N e
430 N respectivamente39 e observações clínicas, mostram que forças laterais
não são bem toleradas pelas estruturas dentárias e ósseas como ocorre nas
forças axias11. Nesse modelo foi aplicado uma carga vertical de 100 N na face
oclusal em todo o conjunto protético, distribuída uniformemente de acordo com
a quantidade de elementos das respectivas superfícies (figura 5 e 6).
Resultados
Este modelo foi assim idealizado e submetido a uma carga vertical onde
seu efeito foi avaliada quantitativamente em N/mm2 (MPa) e qualitativamente.
Através das imagens geradas pelo programa utilizado, possibilitou uma
compreensão bastante ampla e significativa da distribuição destas tensões no
tecido ósseo bem como nos componentes protéticos e estruturas associadas.
Os resultados quantitativos estão resumidos na Tabela 2 com as
plotagens da tensão máxima de Von Mises (SEQV) para as PFIDS de um e
dois implantes. Consta também na tabela, os resultados do deslocamento
máximo (DMX) do conjunto.
Em uma análise qualitativa, pode ser observado que o deslocamento
vertical da PFIDS contendo um implante, apresentou um maior movimento no
sentido apical (figuras 7) comparado com o conjunto o qual foi adicionado um
implante distalmente à essa prótese (figuras 8). Na análise das tensões SEQV,
foi observado que a tensão máxima na PFIDS contendo um implante (modelo
1) foi de 47.84 MPa enquanto que para prótese contendo dois implantes
(modelo 2) a tensão máxima foi de 27.11 MPa, ambas localizadas na região
entre o dente e o pôntico conforme mostrado nas figuras 9 e 10.
Na plotagem, quando se remove as estruturas que compõem as coroas
protéticas, podemos verificar que a tensão máxima SEQV ocorrem no lado
mesial na região do pescoço do implante, na junção com a cortical óssea com
valores de 12.15 e 8.57 MPa para as próteses contendo um e dois implantes
respectivamente conforme ilustrado nas figuras 11 e 12. Pode ser verificado
que na prótese contendo dois implantes, a carga é absorvida praticamente pelo
implante mais mesial sendo que o segundo implante absorve cargas
praticamente nulas.
Na análise das tensões equivalentes de Von Mises (SEQV) geradas no
metal e na porcelana isoladamente, nota-se que a máxima tensão encontra-se
na mesma região entre o pilar natural e o pôntico, para ambos os modelos. Os
valores para tensões máximas SEQV no metal são de 50.0 MPa para o modelo
contendo um implante e 27.97 MPa para o modelo contendo dois implantes
(figuras 13 e 14). Esses valores máximos no metal indicam que, na região entre
o dente e o pôntico, há uma maior flexão da barra metálica. Na porcelana,
observou uma tensão máxima SEQV de 36.82 MPa no modelo 1 localizada na
região distal do dente e, para o modelo 2, a máxima tensão SEQV foi de 23.3
MPa localizadas na face mesial do pôntico (figuras 15 e 16).
No trabalho de eletromiografia avaliando a intensidade de força
fisiológica bilateral e unilateral foi encontrado um resultado de uma força
bilateral de 569 N e 430 N quando medido unilateralmente.39 Dessa forma, de
acordo com a Tabela 3, podemos fazer uma comparação para cargas
funcionais a partir do limite de escoamento dos materiais. Essa tabela nos
permite observar que a porcelana utilizada nesse estudo, com as propriedades
específicas, quando submetida ao carregamento no modelo 1, apresentou valor
para cargas oclusais admissíveis (K x 100N), menor do que o encontrado como
máxima carga fisiológica.
Discussão
Partindo de um princípio real proposto na literatura porém, ponderado pela mesma,
onde a união entre dentes e implantes não deve ser considerada como primeira
alternativa de reabilitação, sendo preferível adotar o planejamento de próteses
implanto-suportadas isoladas.3,4,14,18Todavia, devido a limitações anatômicas, que
poderiam requerer técnicas cirúrgicas avançadas, com elevação do custo, ou se
dentes já requerem intervenção restauradora e estão favoravelmente distribuidos
no arco, pode ser adotada a combinação entre dente e implante com taxas de
sucesso semelhante às prótese fixas implanto suportadas. 4,5,12,14,26
A literatura é bastante vasta em relação ao desafio biomecânico da
conexão entre dentes e implantes. Autores relataram que essa complicação é
devido a, diferença na mobilidade entre eles, diferente mecanismo de absorção
e dissipação de forças e propriedades mecanoreceptoras. As respostas
biomecânicas diante de uma força, são portanto, totalmente diferentes e, em
próteses implanto-dento-suportadas, cuidados especiais devem ser tomados
no planejamento para compensar tal diferença. 6,10,11
Para isso, alguns autores tem sugerido as conexões semi-rígidas.18
Contudo, podemos dizer, de acordo com a literatura pertinente, que as
conexões do tipo semi-rígida em PFDIS gera mais tensão aos componentes da
prótese20,22 sendo que a conexão rígida tem sido preferida em detrimento à
semi-rigida. 14,19,23,25
Podemos observar nesse estudo que a PFIDS que contem dois
implantes apresenta um menor deslocamento de suas estruturas se comparada
ao modelo contendo apenas um implante. Entretanto, para todos os dois
modelos, houve um maior deslocamento na região do pôntico devido a flexão
da barra metálica. Diante disso podemos dizer que a distância entre os pilares
deve ser limitada(máximo 2 pônticos) visto que a flexão da barra é proporcional
ao cubo do comprimento do espaço edêntulo, colaborando com outros
achados26,27.
O menor deslocamento do conjunto protético contendo dois implantes
unidos a um dente, contradizem a teoria de cantilever no pilar natural proposto
por alguns autores8,29 . Para esses autores, quando se tem implantes
adicionais, apenas um deve ser unido ao dente para evitar tal efeito devido a
maior intrusão do elemento natural pela maior rigidez do conjunto. De acordo
com os resultados adquiridos nesse trabalho, podemos dizer que a diferença
de tensões comparadas entre os dois modelos, pode ser explicada pelo fato de
que mesmo o valor do carregamento tenha sido igual, foi melhor distribuído no
modelo contendo dois implantes e por conseqüência, aumentou a ancoragem
do conjunto indo de encontro com o protocolo proposto.28
De acordo com estudos, nos implantes, a tensão resultante é
concentrada na crista óssea,10,11 concordando com os resultados obtidos nesse
trabalho, onde as tensões máximas SEQV ocorrem no lado mesial na região do
pescoço do implante,concordando com outros autores.15,20
Conclusões:
De posse das análises quantitativas e qualitativas do presente estudo, e
com as limitações do mesmo, podemos concluir que:
1. As próteses implanto dento suportadas devem ser limitadas em relação
ao espaço edêntulo sendo uma opção viável de tratamento e
biomecanicamente previsível;
2. A colocação de implantes adicionais estão indicadas no planejamento
das aplicações clínicas, pelo fato de exibirem uma maior ancoragem,
diminuindo os valores de tensões resultantes;
3. O tipo de liga utilizada na infra-estrutura metálica exerce, papel
fundamental no deslocamento do conjunto protético;
4. As maiores tensões localizadas por proximal pode ser explicada pela
decomposição lateral da carga axial.
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Tabela 1- Propriedades elásticas dos vários materiais que compõem o modelo
MATERIAL
MÓDULO DE ELASTICIDADE
(MPa)
COEFICIENTE DE POISSON
Titânio 110.000,O 0.35
BENZING31, et al.,1995;
VAN ROSSEN32, et al., 1990
Osso cortical 13.700,0 0.30 CARTER E HAYES33,1977
Osso esponjoso 1.370,0 0.30 SUANSUWAN; SWAIN34,
1999
Ligamento Periodontal 170,0 0.45 WEINSTEIN35, et al.,1980
Niquel-Cromo 204.000,0 0.30 www.matweb.com36
Dentina 18.600,0 0.31 MIDDLENTON37, et
al.,1996
Porcelana 66.900,0 0.29 GALLOZA38, 2004
Tabela 2 – Análise quantitativa
PLACED ONE IMPLANT MODEL 1
TWO IMPLANTS MODEL 2
DMX
(µm)
SEQV
(MPa)
DMX
(µm)
SEQV
(MPa)
PFIDS 5.0 47.84 2.8 27.11
TOOTH 2.7 - 1.8 -
IMPLANT 2.3 12.15 1.5 8.57
PORCELAIN 5.0 36.82 2.8 23.3
METAL 4.7 50.0 2.8 27.97
Tabela 3 - Valores de tensões máximas SEQV comparadas com as tensões de escoamento SE e cargas de oclusão admissíveis para os materiais
SEQV (máximo) MPa
SE / SEQV=K
K x100 N MATERIAIS
MODELO 1
MODELO 2
TENSÃO DE
ESCOAMENTO
(SE) MPa
MODELO1 MODELO 2
MODELO 1
MODELO 2
PORCELANA 36.82 23.30 140 3.8 6.00 380 600
METAL (NiCr) 50.0 27.97 427 8.5 15.30 850 1530
IMPLANTE (Ti) 12.15 8.57 275 22.6 32.0 2260 3200
Figura 1- Volumes modelo 1
Figura 2- Volumes modelo 2
Figura 3- Malha de elementos finitos do modelo 1
Figura 4- Malha de elementos finitos do modelo 2
Figura 5- Carregamento nodal equivalente a 100N para o modelo 1
Figura 6- Carregamento nodal equivalente a 100N para o modelo 2
Figura 7- Deslocamento UY modelo 1(sentido ocluso-gengival)
Figura 8- Deslocamento UY modelo 2(sentido ocluso-gengival)
Figura 9- Visão global das tensões SEQV modelo1
Figura 10- Visão global das tensões SEQV modelo 2
Figura 11- Tensão SEQV no implant modelo 1
Figura 12- Tensão SEQV no implant modelo 2
Figura 13- Tensão SEQV na infra estrutura metálica modelo 1
Figura 14- Tensão SEQV na infra estrutura metálica modelo 2
Figura 15- Tensão SEQV na porcelain modelo 1
Figura 16- Tensão SEQV na porcelain modelo 2
Artigo 2:
ANÁLISE DAS TENSÕES DE UMA PRÓTESE FIXA DENTO-IMPLANTO
SUPORTADA PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS (MEF)
VARIANDO A QUANTIDADE DE DENTES COMO PILARES
MARCOS DANIEL S. LANZA1; ANTONIO CARLOS BARBOSA VIEIRA2; PAULO ISAIAS SERAIDARIAN3; WELLINGTON CORREA JANSEN4; MARCOS DIAS LANZA5
1: Endereço para correspondência: Rua Ancona, no 65, Bairro Bandeirantes.
CEP: 31 340 720, Belo Horizonte-MG/ Brasil.
Telefone: (31) 3335 9438/ (31) 917173 54. Email: [email protected]
Titulação: Especialista em Prótese Dentária (UFMG); Mestre em Prótese Dentária
(PUC-MG).
2: Titulação: Mestre em Engenharia de Estruturas (UFMG).
3: Titulação:Professor Pós-Graduação PUC-MG; Doutor em Odontologia Restauradora
(UNESP).
4: Titulação:Professor Pós-Graduação PUC-MG; Doutor em Materiais Dentários (USP-
São Paulo).
5: Titulação:Professor Pós-Graduação PUC-MG; Doutor em Reabilitação Oral (FOB-
USP).
ANÁLISE DAS TENSÕES DE UMA PRÓTESE FIXA DENTO-IMPLANTO
SUPORTADA PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS (MEF)
VARIANDO A QUANTIDADE DE DENTES COMO PILARES
Proposição: Em algumas situações clínicas, deparamos com pacientes
parcialmente edentados tornando-se, às vezes, necessário a união de dentes
com implantes. O objetivo desse estudo foi avaliar uma prótese fixa metalo-
cerâmica implanto dento suportada, de segmento reto, localizada na região
posterior da maxila, variando a quantidade de dentes como pilares.
Material e Métodos: Foi modelado uma prótese fixa de três elementos
sendo composta por um dente e um implante (modelo 1) e uma prótese fixa de
quatro elementos composta por dois dentes e um implante (modelo 2). Uma
carga de 100 N foi aplicada, distribuída uniformemente em todo o conjunto
simulando uma mastigação funcional para posterior análise das tensões
principais SEQV (Von Mises) que foram comparadas ao limite de escoamento
dos materiais. Resultados: Em uma análise quantitativa, pode-se observar que
na prótese contendo um dente, a tensão máxima SEQV foi de 47.84 MPa,
enquanto que para prótese contendo dois dentes a tensão máxima SEQV foi
de 35.82 MPa, ambas localizadas na região entre o pôntico e o dente.
Conclusão: Nas próteses contendo o dente adicional, as tensões foram
menores; com base no limite de escoamento dos materiais, a porcelana
apresentou valores abaixo do limite de mastigação funcional.
Unitermos: Biomecânica; Implantes Dentários; Prótese Parcial;
Mobilidade Dental.
Introdução
O advento dos implantes de titânio promoveu uma modalidade de
tratamento com alto grau de aplicabilidade a variadas situações clínicas.1
Embora o protocolo original fosse inicialmente destinado ao tratamento de
pacientes edêntulos totais, surgiu a necessidade de extrapolar as alternativas
de tratamento com implantes osseointegrados para pacientes parcialmente
edentados.
A implantodontia agregou uma nova alternativa na Reabilitação Oral,
mas, em nenhum momento, os implantes osseointegráveis conseguem
assemelhar-se aos dentes naturais quanto às suas características2.
O uso da combinação de implantes e dentes surgiu em meados da
década de 19803, aplicado a pacientes parcialmente edêntulos, contrariando o
protocolo de Branemark, que se fundamentava no isolamento de implantes dos
dentes naturais. Entretanto, a distribuição dos dentes no arco pode induzir a
adoção de próteses combinadas4,5.
As próteses implanto-dento-suportadas por décadas tem sido
questionadas por razões das diferenças de mobilidade entre os pilares, no risco
de intrusão do pilar natural bem como na atrofia do ligamento periodontal 6,7,8 e
no grande risco geral de complicações técnicas9,10,11,12,13,14. A grande diferença
entre um implante osseointegrado e um dente natural está na forma de união
estrutural com o osso, além do diferente mecanismo de absorção e dissipação
de forças, o que torna a união dente implante um dilema biomecânico15,16.
A possibilidade de conectar implantes a dentes em próteses fixas com
prognóstico favorável foi estudada por vários autores2,4,12,14,17 onde concluíram
que a união dente implante não influencia negativamente o osso marginal e
tecidos moles, não sendo possível demonstrar qualquer risco maior de
deficiência para próteses fixas implanto-dento-suportadas, comparada com
próteses implanto suportadas, sendo bem aceito principalmente em situações
financeiramente desfavorável dos pacientes que não são possíveis a colocação
do número ideal de implantes14,18.
Entretanto, a conexão de dentes naturais e implantes osseointegrados
em prótese rígida gerou preocupações e publicações, com estudo e diretrizes
para ambos os extremos. Existe uma diferença significativa na absorção e
distribuição de força em dentes naturais e implantes, porque nas próteses
dento suportadas há um sistema de amortecimento promovendo um micro
movimento de 100 a 300 µm, devido a presença do ligamento periodontal,
sendo que esta carga será transmitida para o osso com estimulação benéfica
pela transformação das tensões de pressão em tração uniforme sobre a cortical
alveolar. Nos implantes, a tensão resultante é concentrada na crista óssea,
sendo que essa diferente dissipação de força pode causar um braço de
alavanca, que depende do comprimento do pôntico produzindo torque no
implante, com afrouxamento ou fratura do parafuso de retenção10,11.
Diante de tal situação, tem sido preconizado a utilização das conexões
semi-rígidas, levando em consideração que esse tipo de conexão pode ser
mais eficiente em termos de compensar a diferença de mobilidade entre os
pilares19,20,21,22. Todavia, outros autores relataram que as conexões semi-
rigidas raramente está indicada em protese fixa unilateral 5,8,23,24,25,26. Esse tipo
de conexão não melhora a distribuição de estresse entre os pilares, sendo
causadora de migração de dentes naturais8,23,27,28,29.
As próteses fixas dento-implanto suportadas ideais são aquelas onde o
espaço é pequeno30, incluindo apenas um dente e um implante com
possibilidade de no máximo dois pônticos31 todavia, outros autores relataram
que as PFIDS ideais são aquelas com maior número de pilares naturais para
promover maior rigidez à essa prótese. 8,32,33
Esse estudo tem por objetvo avaliar por meio de testes de Elemento
Finito a geração de tensões em uma prótese fixa implanto dento suportada com
conexão rígida, variando o número de dentes como pilares.
Materiais e métodos
Nos últimos anos, o Método dos Elementos Finitos (MEF), aplicado à
Biomecânica, está se tornando uma ferramenta útil extremamente utilizado
para avaliar, numericamente, tensões e deformações associadas ao
comportamento mecânico dos biomateriais e tecidos humanos.34 O modelo 3-D
do MEF é uma representação aproximada de uma geometria in vivo, com
características físicas de um modelo real. Neste trabalho, o programa Ansys
Revisão 5.7 foi utilizado para desenvolver uma modelagem de uma maxila
parcialmente edêntula concebido através do MEF 3-D, na qual foi construída
uma prótese fixa implanto dento suportada. Foi criado os volumes
representativos dos implantes, pilares, coroas protéticas e osso cortical e
esponjoso. A ligação dessa prótese foi simulada através de uma superfície
metálica de uma liga não nobre de NiCr, variando a quantidade de dentes
unidos a um implante osseointegrado ITI Strauman®, de 10,00 mm de
comprimento, 4,1 mm de diâmetro, com plataforma de 4,8 mm. Para compor
essa prótese, foi construída coroas em metalo-ceramica na forma de pré-molar,
que foram unidas através de um pôntico utilizando conexão rígida, para serem
analisado a partir de duas configurações. A primeira contempla um dente e um
implante (modelo1). A segunda configuração contempla dois dentes e um
implante (modelo 2) de acordo com as figuras 1 e 2.
Figura 1
Figura 2
Dessa forma, a partir da geometria básica criada, foi atribuídas as
propriedades elásticas dos diversos materiais utilizando-se valores
aproximados encontrados na literatura (TABELA 1). As propriedades elásticas
dos materiais foram adotadas no regime linear, em cuja hipótese, a deformação
dos corpos elásticos é proporcional à força aplicada. Além disso, essas
propriedades foram consideradas constantes e isotrópicas (iguais em todas as
direções).
Tabela 1- Propriedades elásticas dos vários materiais que compõem o modelo
MATERIAL
MÓDULO DE ELASTICIDADE
(MPa)
COEFICIENTE DE POISSON
Titânio 110.000,O 0.35
BENZING35, et al.,1995;
VAN ROSSEN36, et al., 1990
Osso cortical 13.700,0 0.30 CARTER E HAYES37,1977
Osso esponjoso 1.370,0 0.30 SUANSUWAN; SWAIN38,
1999
Ligamento Periodontal 170,0 0.45 WEINSTEIN39, et al.,1980
Niquel-Cromo 204.000,0 0.30 www.matweb.com40
Dentina 18.600,0 0.31 MIDDLENTON41, et
al.,1996
Porcelana 66.900,0 0.29 GALLOZA42, 2004
A partir da criação da geometria básica, procedeu-se a geração da
malha de elementos finitos composta de 297.096 nós e 213.129 elementos
para o modelo contendo um dente e um implante (Modelo 1) e, 529.930 nós e
383.670 elementos para o modelo contendo dois dentes e um implante (Modelo
2) de acordo com as figuras 3 e 4.
Figura 3
Figura 4
O estudo da biomecânica é, entretanto, uma análise da distribuição de
forças para o osso quando os dentes estão ocluindo. Tem-se observado em
testes que a intensidade de força fisiológica bilateral e unilateral é de 569 N e
430 N respectivamente43 e observações clínicas mostram que, forças laterais
não são bem toleradas pelas estruturas dentárias e ósseas como ocorre nas
forças axias11. Nesse modelo foi aplicado uma carga vertical de 100 N na face
oclusal em todo o conjunto protético, distribuída uniformemente de acordo com
a quantidade de elementos das respectivas superfícies (figuras 5 e 6).
Figura 5
Figura 6
Resultados
Desta forma, este modelo foi assim idealizado e submetido a uma carga
vertical onde seu efeito foi avaliado quantitativamente em N/mm2 (MPa) e
qualitativamente. Através das imagens geradas pelo programa utilizado,
possibilitou uma compreensão bastante ampla e significativa da distribuição
destas tensões no tecido ósseo bem como nos componentes protéticos e
estruturas associadas.
Os resultados quantitativos estão resumidos na Tabela 2 com as
plotagens da tensão de Von Mises (SEQV) para as PFIDS de um e dois
dentes. Consta também na tabela, os resultados do deslocamento máximo
(DMX) do conjunto.
Tabela 2 – Análise quantitativa
LOCALIZAÇÃO UM DENTE MODELO 1
DOIS DENTES MODELO 2
DMX (µm) SEQV (MPa) DMX (µm) SEQV (MPa)
PFIDS 5.0 47.84 3.7 35.82
DENTE 2.7 - 1.9 -
IMPLANTE 2.3 12.15 1.8 8.85
METAL 4.7 50.0 3.5 37.14
Em uma análise qualitativa, pode ser observado que o deslocamento
vertical da PFIDS contendo um dente e um implante, o dente apresentou um
maior movimento no sentido apical (figuras 7) todavia, quando foi adicionado
um dente mesialmente à essa prótese, foi observado uma redução no
deslocamento vertical do mesmo (figuras 8).
Figura 7
Figura 8
Na análise das tensões SEQV, foi observado que a tensão máxima na
PFIDS contendo um dente (modelo 1) foi de 47.84 MPa enquanto que para
prótese contendo dois dentes (modelo 2) a tensão máxima foi de 35.82 MPa,
ambas localizadas na região entre o dente e o pôntico conforme mostrado nas
figuras 9 e 10. Na seleção de imagens, quando se remove as estruturas que
compõem as coroas protéticas, podemos verificar que a máxima tensão SEQV
ocorre no lado mesial na região do pescoço do implante, na junção com a
cortical óssea com valores de 12.15 e 8.85 MPa para os modelos 1 e 2
respectivamente conforme ilustrado nas figuras 11 e 12. Pode ser verificado
que na prótese contendo dois dentes, a carga é absorvida praticamente pelo
implante com um ligeiro aumento de tensão no dente mais próximo ao pôntico
porém, essas cargas podem ser consideradas insignificantes.
Figura 9
Figura 10
Figura 11
Figura 12
Na análise das tensões equivalentes de Von Mises (SEQV) geradas no
metal, nota-se que a máxima tensão encontra-se na mesma região entre o pilar
natural e o pôntico, para ambos os modelos, com valores de 50.0 MPa para o
modelo 1 e 34.14 MPa para o modelo 2 (figuras 13 e 14). Essa localização do
valor máximo no metal indica que, na região entre o dente e o pôntico, há uma
maior flexão da barra metálica.
Figura 13
Figura 14
No trabalho de eletromiografia avaliando a intensidade de força
fisiológica bilateral e unilateral foi encontrado um resultado de uma força
bilateral de 569 N e 430 N quando medido unilateralmente.43 Dessa forma, de
acordo com a Tabela 3, podemos fazer uma comparação para cargas
funcionais a partir do limite de escoamento dos materiais. Essa tabela nos
permite observar que a porcelana utilizada nesse estudo, com as propriedades
específicas, quando submetida ao carregamento no modelo 1, apresentou valor
para cargas oclusais admissíveis (K x 100N), menor do que o encontrado como
máxima carga fisiológica.
Tabela 3 - Valores de tensões máximas SEQV comparadas com as tensões de escoamento SE e cargas de oclusão admissíveis para os materiais
SEQV (máximo) MPa
SE / SEQV=K
K x100 N MATERIAIS
MODELO 1
MODELO 2
TENSÃO DE
ESCOAMENTO
(SE) MPa
MODELO1 MODELO 2
MODELO 1
MODELO 2
PORCELANA 36.82 27.78 140 3.8 5.0 380 500
METAL 50.O 37.14 427 8.5 11.5 850 1150
IMPLANTE 12.15 8.85 275 22.6 31.0 2260 3100
Discussão
Partindo de um princípio real proposto na literatura porém, ponderado pela mesma,
onde a união entre dentes e implantes não deve ser considerada como primeira
alternativa de reabilitação, sendo preferível adotar o planejamento de próteses
implanto-suportadas isoladas.3,4,14,18Todavia, devido a limitações anatômicas, que
poderiam requerer técnicas cirúrgicas avançadas, com elevação do custo, ou se
dentes já requerem intervenção restauradora e estão favoravelmente distribuidos
no arco, pode ser adotada a combinação entre dente e implante com taxas de
sucesso semelhante às prótese fixas implanto suportadas. 4,5,12,14,31
A literatura é bastante vasta em relação ao desafio biomecânico da
conexão entre dentes e implantes. Autores relataram que essa complicação é
devido a, diferença na mobilidade entre eles, diferente mecanismo de absorção
e dissipação de forças e propriedades mecanoreceptoras. As respostas
biomecânicas diante de uma força, são portanto, totalmente diferentes e, em
próteses implanto-dento-suportadas, cuidados especiais devem ser tomados
no planejamento para compensar tal diferença. 6,10,11
Para isso, alguns autores tem sugerido as conexões semi-rígidas.17,22
Contudo, já é conclusivo pela literatura, que as conexões do tipo semi-rígida
em PFDIS gera maior tensão aos componentes da prótese21,23 sendo que a
conexão rígida tem sido preferida em detrimento à semi-rigida. 14,19,24,25,26,27,29
A partir das análises dos resultados, o presente estudo nos permite
observar que houve uma redução no deslocamento do conjunto protético, tanto
quanto uma menor tensão, quando foi adicionado um pilar natural, confirmando
os achados de que se for possível a colocação de apenas um implante, então
dois pilares naturais devem ser usados como retentores para suportar um
pôntico, 32,33 melhorando a rigidez do conjunto. Essa diferença de tensões pode
ser explicada também, pelo fato de que, apesar do valor do carregamento ter
sido igual, as cargas foram melhores distribuídas no modelo 2.
De acordo com estudos, nos implantes, a tensão resultante é
concentrada na crista óssea,10,11 concordando com os resultados obtidos nesse
trabalho, onde as tensões máximas SEQV ocorrem no lado mesial na região do
pescoço do implante,concordando com outros autores.15,21
Tem-se afirmado que as próteses fixas dento-implanto suportadas ideais
são aquelas onde o espaço entre pilares é pequeno incluindo apenas um dente
e um implante com possibilidade de no máximo dois pônticos30,31 visto que a
flexão da barra é proporcional ao cubo do comprimento do espaço edêntulo,
concordando com os achados desse estudo, onde podemos observar um maior
deslocamento na região do pôntico e, uma maior tensão localizada entre o
pôntico e os pilares.
De posse das análises quantitativas e qualitativas do presente estudo,
podemos concluir que:
Conclusões:
1. As próteses implanto dento suportadas devem ser limitadas em relação
ao espaço edêntulo sendo uma opção viável de tratamento e
biomecanicamente previsível;
2. A colocação de dentes adicionais diminui os valores de tensões
resultantes;
3. O tipo de liga utilizada na infra-estrutura metálica exerce papel
fundamental no deslocamento da prótese, devendo preferir as de maior módulo
de elasticidade;
4. O implante de conexão interna fornece maior rigidez ao conjunto
(abutment/implante) apresentando mecanicamente níveis menores de tensão;
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Artigo 3:
COMPORTAMENTO BIOMECÂNICO DAS PRÓTESES FIXAS DENTO-IMPLANTO
SUPORTADA PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS (MEF) VARIANDO À
QUANTIDADE DE DENTES E IMPLANTES COMO PILARES
MARCOS DANIEL S. LANZA1; ANTONIO CARLOS BARBOSA VIEIRA2; PAULO ISAIAS SERAIDARIAN3; WELLINGTON CORREA JANSEN4; MARCOS DIAS LANZA5
1: Endereço para correspondência: Rua Ancona, no 65, Bairro Bandeirantes.
CEP: 31 340 720, Belo Horizonte-MG/ Brasil.
Telefone: (31) 3335 9438/ (31) 917173 54. Email: [email protected]
Titulação: Especialista em Prótese Dentária (UFMG); Mestre em Prótese Dentária
(PUC-MG).
2: Titulação: Mestre em Engenharia de Estruturas (UFMG).
3: Titulação:Professor Pós-Graduação PUC-MG; Doutor em Odontologia Restauradora
(UNESP).
4: Titulação:Professor Pós-Graduação PUC-MG; Doutor em Materiais Dentários ().
5: Titulação:Professor Pós-Graduação PUC-MG; Doutor em Reabilitação Oral (FOB-
USP).
RESUMO
Os implantes osseointegrados utilizados para reabilitação de edentulismo total
mostram um elevado grau de previsibilidade terapêutica. Entretanto, surgiu a
necessidade de extrapolar as alternativas de tratamento com implantes para pacientes
parcialmente edêntulos. Diante disso vários estudos tem sido direcionados para a
possibilidade ou não de unir tais implantes a dentes naturais visto que o
comportamento biomecânico dessas duas estrutura apresentam peculiaridades
distintas.
Foi construído dois modelos visando a simulação do comportamento mecânico
de uma prótese fixa de união rígida entre dente natural e implante osseointegrado,
variando a quantidade de implantes e dentes envolvidos a partir dos métodos de
elementos finitos (MEF). A importância deste estudo se fundamenta na necessidade de
uma análise do comportamento biomecânico dessa alternativa de tratamento, uma
vez que esta união é ainda controverso na literatura.
A partir da modelagem geométrica computacional, foi realizada a geração
automática da malha de elementos finitos. Foi aplicado uma carga nominal de 100 N,
distribuída uniformemente nas superfícies oclusais de todo o conjunto protético.
Na análise de resultado observou um maior deslocamento do conjunto da
prótese no modelo contendo dois dentes e um implante e, a tensão máxima SEQV
gerada foi de 35.82 MPa. Já o modelo contendo um dente e dois implantes a tensão
máxima SEQV foi de 27.11 MPa.
Os resultados obtidos permite concluir que a união entre dente e implante é
previsível mecânicamente. Ocorre uma decomposição lateral da força axial. A
colocação de implantes adicionais promove uma maior ancoragem para o conjunto
protético.
Unitermos: Biomecânica; Implantes Dentários; Prótese Parcial; Mobilidade
Dental.
ABSTRACT
On a daily clinical basis, partially edentate patients seem to be fit to a prosthesis
treatment using the union of teeth with implants. However, this type of connection is still a
controversial procedure according to the literature because of possible biomechanical
damages due to different relative displacements and irregular absorption of functional loads.
The final success of the treatment is directly related to special care associated with
careful planning in order to minimize possible incompatibilities.
Some authors prescribe the implant and natural tooth union by using two implants
with one tooth or, as an alternative, two teeth and one implant (CLEPPER,1997). In contrast,
others have an unfavorable opinion of this type of connection (RENOUARD, 2008).
The aim of this work is to simulate the mechanical behavior of a rigid union between a
natural tooth with an osteointegrated implant by using different configurations of implants
and teeth. This analysis uses the Finite Element Method (FEM), a successful application tool in
the area of Biomechanics in the last three decades in works related to stress and strain
numerical evaluations of certain specific regions of the human body.
The Ansys Rev. 5.7 program has been used as a computational tool to perform the
geometric modeling, automatic mesh generation, numerical equations solving and plotting of
results. A vertical nominal load of 100 N, was applied as a uniform distributed pressure of the
occlusion surfaces of the prosthetics set.
Data analyses lead to the conclusion that a SDIFP connecting rigidly a tooth and an
osteointegrated implant which includes two implants and a single tooth results in lower stress
and displacement (occlusion gingival direction) levels when compared with the other
configurations. This behavior may be explained by better load distribution as well as higher
stiffening prosthesis type.
The numerical results stand for a reliable rigid union between tooth and implant. This
treatment option, though biomechanically predictable, should not be considered as the first
one. The SDIFP should be limited to the edentate space.
Adding more implants to the prosthesis shows that results can be numerically a
possible option in order to achieve a significant diminishing of the prosthesis set stress and
displacement values according to the admissible functional occlusion loads.
Key words: Biomechanics, Dental Implants, Partial Prosthesis, Tooth Mobility
INTRODUÇÃO
O advento dos implantes de titânio promoveu uma modalidade de tratamento
com alto grau de aplicabilidade a variadas situações clínicas.1 Embora o protocolo
original fosse inicialmente destinado ao tratamento de pacientes edêntulos totais,
surgiu a necessidade de extrapolar as alternativas de tratamento com implantes
osseointegrados para pacientes parcialmente edêntulos.
Em uma revisão dos princípios e aplicações clínicas das várias possibilidades de
edentulismo parcial com necessidade de reabilitações2, que continham união
dente/dente e dente/implante em diversas situações de esplintagem observa um
aumento do estresse peri-implantar associado com a conexão dente/implante.
Porém, as razões para união entre dentes e implantes estariam fundamentadas
diante de áreas anatômicas limitantes à colocação de implantes, tais como
proximidade do nervo alveolar e altura óssea insuficiente3. Além disso, se os dentes
adjacentes ao espaço protético já requerem intervenção restauradora, a utilização
destes associados com implantes torna-se viável4-5. Adicionalmente, a distribuição dos
dentes no arco pode induzir a adoção de próteses implanto-dento-suportadas2,6. As
próteses fixas dento-implanto suportadas ideais são aquelas onde o espaço é pequeno,
incluindo apenas um dente e um implante com possibilidade de no máximo dois
pônticos7-8.
A possibilidade de conectar implantes a dentes em próteses fixas com
prognóstico favorável foi estudada,2,9-10-11-12-13-14 onde concluíram que a união dente
implante não influencia negativamente o osso marginal e tecidos moles, não sendo
possível demonstrar qualquer risco maior de deficiência para próteses fixas implanto-
dento-suportadas, comparada com próteses implanto suportadas, sendo bem aceito
principalmente em situações financeira desfavorável dos pacientes e nos casos que
não são possíveis de colocação do número ideal de implantes.
Entretanto, a conexão de dentes naturais e implantes osseointegrados em
prótese rígida gerou preocupação e publicações, com estudo e diretrizes para ambos
os extremos15. Do ponto de vista biomecânico, existe uma diferença significativa na
absorção e distribuição de força em dentes naturais e implantes, porque nas próteses
dento suportadas há um sistema de amortecimento promovendo um micro
movimento de 0,1 a 0,3mm, devido a presença do ligamento periodontal, sendo que
esta carga será transmitida para o terço apical da raiz e ao osso. Nos implantes, devido
ao parafuso de ouro e ao abutment, a tensão resultante é concentrada na crista óssea
e não ao longo do comprimento do implante. Sendo assim, essa diferente dissipação
de força pode causar um braço de alavanca, que depende do comprimento do pôntico
produzindo torque no implante, com afrouxamento ou fratura do parafuso de
retenção16.
Tem sido proposto pela literatura que a junção aparafusada no sistema
Branemark é submetida a momento de flexão ocorrendo a inclinação do parafuso de
ouro em relação ao abutment e do abutment em relação ao implante. O movimento
das próteses parciais fixas dento implanto suportadas compensariam essas diferença
na mobilidade vertical de dente saudável e o implante3,5,17-18. Vários estudos tem
relatado a respeito dos percentuais de falhas nas próteses fixas que unem dentes a
implantes.13-14,19 Podemos verificar que a maioria das publicações dessa modalidade
de tratamento, referem a implantes com sistema de retenção do tipo hexágono
externo que, por apresentar uma altura de 0.7 mm tem baixa estabilidade mecânica20,
permitindo uma movimentação de toda as estruturas associadas a esse implante,
produzindo microgaps na região da plataforma do implante onde se concentra maior
tensão21-22-23.
Para minimizar esse efeito, tem-se sugerido a utilização das conexões semi-
rígidas, levando em consideração que esse tipo de conexão pode ser mais eficiente em
termos de compensar a diferença de mobilidade entre os pilares9,23-24.
Todavia, outros autores relatam que as conexões semi-rigidas raramente está
indicada em protese fixa unilateral 6,25. Esse tipo de conexão não melhora a
distribuição de estresse entre os pilares, sendo causadora de migração de dentes
naturais18,24,26-27.
Quando o osso adjacente a um dente não puder ser enxertado para colocação
de implantes, uma das opções seria inserir um implante mais distal e confeccionar uma
prótese parcial fixa que conecte um implante a um dente sem mobilidade, outra
alternativa seria melhorar a distribuição de estresse pela esplintagem de implantes ou
colocação de pilares naturais adicionais15,28-29 porém essa alternativa é questionada
por alguns autores,18,30 alegando a possibilidade de se formar um efeito cantilever na
prótese.
PROPOSIÇÃO
Esse estudo tem por objetvo avaliar por meio de testes de Elemento Finito a
geração de tensões em uma prótese fixa implanto dento suportada com conexão
rígida, variando o número de dentes e implantes como pilares.
MATERIAIS E MÉTODOS
Nos últimos anos, o Método dos Elementos Finitos (MEF), aplicado à
Biomecânica, está se tornando uma ferramenta útil extremamente utilizado para
avaliar, numericamente, tensões e deformações associadas ao comportamento
mecânico dos biomateriais e tecidos humanos.31Neste trabalho, o programa Ansys
Revisão 5.7 foi utilizado para desenvolver a modelagem tridimensional do segmento
posterior de uma maxila, composta por dois implantes e um dente (modelo 1) e, dois
dentes e um implante (modelo2) unidos através de um pôntico com conexão rígida
(figuras 1 e 2).
FIGURAS 1
FIGURAS 2
O modelo 3-D do MEF é uma representação aproximada de uma geometria in
vivo, com características físicas de um modelo real. O modelo é composto de um ou
dois pré-molares superior e suas estruturas adjacentes e, um ou dois implantes de
conexão interna do tipo Cone Morse (ITI Strauman®) de 10,00 mm de comprimento,
4,1 mm de diâmetro, com plataforma de 4,8 mm , posicionado na região posterior da
maxila, para ser analisado a partir de duas configurações (modelos 1 e 2).
Foi criado os volumes representativos dos implantes, pilares intermediários e
coroas protéticas. A região do esmalte foi substituída por porcelana. A ligação dessa
prótese foi simulada através de uma superfície metálica de uma liga não nobre de
NiCr. Dessa forma, a partir da geometria básica criada foi atribuídas as propriedades
elásticas dos diversos materiais utilizando-se valores aproximados encontrados na
literatura (TABELA 1).
MATERIAL
MÓDULO DE
ELASTICIDADE
(MPa)
COEFICIENTE DE
POISSON
Titânio 110.000,O 0.35 BENZING32, et al.,1995;
VAN ROSSEN33, et al., 1990
Osso cortical 13.700,0 0.30 CARTER E HAYES34,1977
Osso esponjoso 1.370,0 0.30 SUANSUWAN; SWAIN35, 1999
Ligamento Periodontal 170,0 0.45 WEINSTEIN36, et al.,1980
Niquel-Cromo 204.000,0 0.30 www.matweb.com37
Dentina 18.600,0 0.31 MIDDLENTON38, et al.,1996
Porcelana 66.900,0 0.29 GALLOZA39, 2004
Tabela 1- Propriedades elásticas dos vários materiais que compõem o modelo
As propriedades elásticas dos materiais foram adotadas no regime linear, em
cuja hipótese, a deformação dos corpos elásticos é proporcional à força aplicada. Além
disso, essas propriedades foram consideradas constantes e isotrópicas (iguais em
todas as direções).
A partir da criação da geometria básica, procedeu-se a geração da malha de
elementos finitos composta de 376.311 nós e 271.360 elementos para o modelo
contendo um dente e dois implantes (Modelo 1) e 529.930 nós e 383.670 elementos
para o modelo contendo dois dentes e um implante (Modelo 2) de acordo com as
figuras 3 e 4.
FIGURAS 3
FIGURAS 4
O estudo da biomecânica é, entretanto, uma análise da distribuição de forças
para o osso quando os dentes estão ocluindo. Tem-se observado em testes que a
intensidade de força fisiológica bilateral e unilateral é de 569 N e 430 N
respectivamente15,40 e observações clínicas mostram que, forças laterais não são bem
toleradas pelas estruturas dentárias e ósseas como ocorre nas forças axias17. Nesse
modelo foi aplicado uma carga vertical nominal de 100 N na face oclusal em todo o
conjunto protético, distribuída uniformemente de acordo com a quantidade de
elementos das respectivas superfícies (figura 5).
FIGURA 5
RESULTADOS
Na análise quantitativa linear física (regime elástico para os materiais) e
geométrica (pequenos deslocamentos), os valores de tensões são linearmente
proporcionais às deformações dos elementos. A análise das tensões nas estruturas
sugere, com elevado grau de precisão, a tensão máxima de um determinado material,
podendo ser extrapolada até atingir a tensão de escoamento em uma determinada
região, possibilitando uma análise adequada da distribuição de tensões nos elementos
que compõem o modelo, pela interação entre as forças externas, implantes
osseointegrados, componentes protéticos, materiais e estruturas envolvidas.
Numa análise linear, os resultados obtidos em N/mm² (MPa) podem ser
extrapolados para simular cargas reais da atividade funcional e parafuncional. A
interpretação de resultados é realizada através do gradiente de cores que representam
níveis que estão entre os valores máximo e mínimo, que indica a intensidade de tensão
ocorrida em uma região.
Os resultados quantitativos estão resumidos na Tabela 2 com as plotagens da
tensão de Von Mises (SEQV) para as PFIDS de um dente e dois implantes (modelo 1) e,
dois dentes e um implante (modelo 2) com detalhamento das diversas regiões que
englobam a geometria do problema, a saber: metal; porcelana; estruturas ósseas;
dente e implante. Constam também na tabela, os resultados do deslocamento vertical
máximo (DMX) do conjunto selecionado.
LOCALIZAÇÃO UM DENTE/DOIS IMPLANTES
MODELO 1
DOIS DENTES/UM IMPLANTE
MODELO 2
DMX (µm) SEQV (MPa) DMX (µm) SEQV (MPa)
PFIDS 2.8 27.11 3.7 35.82
Dente 1.8 - 1.9 -
Implante 1.5 8.57 1.8 8.85
Dente/implante/
cortical
2.1 8.57 2.0 8.85
Porcelana 2.8 23.30 3.7 27.78
Metal 2.8 27.97 3.5 37.14
Tabela 2 – Análise quantitativa
O deslocamento vertical da PFIDS foi de 2.8 µm no modelo contendo um dente
e dois implantes e de 3.7 µm na prótese contendo dois dentes e um implante. Esse
nível menor de deslocamento no modelo 1, é devido a sua maior rigidez
proporcionada por esses implantes. Podemos notar que o nível máximo (em vermelho)
do deslocamento encontra-se na região do pôntico para ambos os modelos (figuras 6 e
7).
FIGURAS 6
FIGURAS 7
Na interpretação das tensões na PFIDS contendo um dente e dois implantes a
tensão máxima SEQV foi de 27.11 MPa, localizada na região entre o dente e o pôntico
conforme mostrado na figura 8 e 9. Para a prótese contendo dois dentes e um
implante, a tensão máxima SEQV foi de 35.82 MPa (figura 10 e 11) localizada entre o
pôntico e o implante e mais amplamente distribuídas entre o pôntico e o dente. Essas
diferenças de tensões pode ser explicada pelo fato do primeiro modelo movimentar
menos que o segundo.
FIGURAS 8
FIGURAS 9
FIGURAS 10
FIGURAS 11
Na análise das tensões SEQV nas estruturas associadas à essa prótese, com
detalhamento, podemos verificar que os níveis de tensões máximas ocorrem na região
do pescoço do implante no lado mesial, na junção com a cortical óssea com valores de
8.57 MPa e 8.85 MPa para os próteses contendo um dente e dois implantes e dois
dentes e um implante, respectivamente, conforme ilustrado nas figuras 12 e 13. Pode
ser verificado que, no modelo 1, a carga é absorvida praticamente pelo implante mais
mesial sendo que o segundo implante absorve cargas praticamente nulas.
FIGURAS 12
FIGURAS 13
As tensões SEQV geradas na porcelana apresentaram valores de 23.30 MPa e
27.78 MPa para os modelos 1 e 2. No metal, os valores encontrados foram de 27.97
MPa e 37.14 MPa para os modelos 1 e 2, respectivamente. Em ambos os modelos, as
tensões estão localizadas entre o dente e o pôntico, conforme ilustra as figuras 14 e
15.
FIGURAS 14
FIGURAS 15
A análise das tensões principais de Von Mises (SEQV) podem ser extrapoladas e
comparadas com valores relatados na literatura para as forças fisiológicas de
mordida15,40. De acordo com a Tabela 2, podemos fazer uma comparação para cargas
funcionais a partir do limite de escoamento dos materiais.
SEQV (máximo) MPa
SE / SEQV=K
K x 100 N (cargas admissíveis)
MATERIAIS
MOD 1 MOD 2
TENSÃO DE
ESCOAMENTO
(SE) MPa MOD 1 MOD 2 MOD 1 MOD 2
PORCELANA 23.30 27.78 140 6.0 5.0 600 500
METAL
(NiCr) 27.97 37.14 427 15.3 11.5 1530 1150
IMPLANTE
(Ti) 8.57 8.85 275 32.0 31.0 3200 3100
Tabela 3 - Valores de tensões máximas SEQV comparadas com as tensões de
escoamento SE e cargas de oclusão admissíveis para os materiais
A análise da tabela 3 permite concluir que, do ponto de vista de resistência dos
materiais empregados, os modelos 1 e 2 apresentam valores de cargas admissíveis
acima do encontrado na literatura para uma força de fechamento fisiológico que é de
430 N.40
DISCUSSÃO
A literatura pondera que a união entre dentes e implantes não deve ser
considerada como primeira alternativa de reabilitação, sendo preferível adotar o
planejamento de próteses implanto-suportadas.2,12
O grande desafio biomecânico da conexão entre dentes e implantes é devido a
diferença de mobilidade entre eles, diferente mecanismo de absorção e dissipação de
forças e propriedades mecanoreceptoras. As respostas biomecânicas diante de uma
força, são portanto, totalmente diferentes e, em próteses implanto-dento-suportadas,
cuidados especiais devem ser tomados no planejamento para compensar tal
diferença.9- 10,15-16
Para isso, alguns autores tem sugerido as conexões semi-rígidas.9,15,17 Contudo,
já é conclusivo pela literatura, que as conexões do tipo semi-rígida em PFDIS gera
maior tensão aos componentes da prótese24-25 sendo que a conexão rígida tem sido
preferida em detrimento à semi-rigida. 14-15,27
Em uma análise qualitativa, pode ser observado que o deslocamento vertical da
PFIDS contendo dois dente e um implante, apresentou um maior movimento no sentido
apical. Esses achados mostram que a colocação de implantes adicionais, reduz a
movimentação do conjunto28-29 contradizendo a teoria de formação de cantilever
proposto por alguns autores18,30. Sendo também corroborada pelas tensões geradas no
conjunto da prótese terem sido menores no caso da PFIDS contendo dois implantes.
Isso demonstra uma melhor distribuição das tensões sendo a que a tensão gerada
no implante, ocorre no pescoço do mesmo conforme demonstrado também por22,25
porém, com o acréscimo de mais um implante, verificou que esse último recebeu cargas
praticamente nulas.
Para os modelos 1 e 2 as tensões máximas SEQV estão localizadas na área de
contato proximal entre as coroas protéticas justificando a maior tensão localizada, pela
decomposição lateral da carga axial, visto que, toda carga axial tem uma
decomposição lateral recaindo na face proximal.
Na análise qualitativa gerada no metal, podemos verificar que a infra-estrutura
metálica exerce papel fundamental para o planejamento de próteses que unem dentes
a implantes. As ligas metálicas com módulo de elasticidade maior devem ser
preferíveis, para este tipo de trabalho pois, quanto menor o módulo de elasticidade
maior flexão e maior deslocamento da infra-estrutura, consequentemente sofrerá
uma maior deformação.
CONCLUSÕES
1. As próteses implanto dento suportadas devem ser limitadas em relação ao espaço
edêntulo sendo uma opção viável de tratamento e biomecanicamente previsível;
2. A colocação de implantes e dentes adicionais na prótese, favorece a distribuição
das tensões;
3. O tipo de liga utilizada na infra-estrutura metálica exerce, papel fundamental no
deslocamento da prótese;
4. A maior tensão localizada pode ser explicado pela decomposição lateral da
carga axial.
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Artigo 4:
MARCOS DANIEL S. LANZA1; ANTONIO CARLOS BARBOSA VIEIRA2; PAULO ISAIAS SERAIDARIAN3; WELLINGTON CORREA JANSEN4; MARCOS DIAS LANZA5
1: Endereço para correspondência: Rua Ancona, no 65, Bairro Bandeirantes.
CEP: 31 340 720, Belo Horizonte-MG/ Brasil.
Telefone: (31) 3335 9438/ (31) 917173 54. Email: [email protected]
Titulação: Especialista em Prótese Dentária (UFMG); Mestre em Prótese Dentária
(PUC-MG).
2: Titulação: Mestre em Engenharia de Estruturas (UFMG).
3: Titulação:Professor Pós-Graduação PUC-MG; Doutor em Odontologia Restauradora
(UNESP).
4: Titulação:Professor Pós-Graduação PUC-MG; Doutor em Materiais Dentários (USP-
São Paulo).
5: Titulação:Professor Pós-Graduação PUC-MG; Doutor em Reabilitação Oral (FOB-
USP).
TÍTULO: Comportamento Biomecânico de uma prótese fixa implanto dento suportada com variação na localização do carregamento.
TITLE: Biomechanical aspect of combined tooth-implant supported fixed partial denture varying the loading placed.
RESUMO
Em algumas situações clínicas, ocorrem casos de pacientes parcialmente edêntulos com indicação para prótese através da união de dentes com implantes. Entretanto, esse tipo de conexão ainda é controverso na literatura, tendo em vista possíveis complicações biomecânicas, pelas diferenças de mobilidade e forma de absorver e distribuir as cargas funcionais. O sucesso de tal procedimento está diretamente associado aos cuidados especiais no planejamento criterioso visando à minimização de possíveis incompatibilidades. Este estudo visa simular o comportamento mecânico de uma prótese fixa de união rígida entre dente natural e implante osseointegrado, variando a localização do carregamento. A análise dos resultados permitiu concluir que a incidência de carga nesse tipo de prótese é fator limítrofe na longevidade do conjunto.
Unitermos: Biomecânica; Implantes Dentários; Prótese Parcial;
Mobilidade Dental.
ABSTRACT
On a daily clinical basis, partially edentate patients seem to be fit to a prosthesis treatment using the union of teeth with implants. However, this type of connection is still a controversial procedure according to the literature because of possible biomechanical damages due to different relative displacements and irregular absorption of functional loads. The final success of the treatment is directly related to special care associated with careful planning in order to minimize possible incompatibilities. The aim of this study is to simulate the mechanical behavior of a rigid union between a natural tooth with an osteointegrated implant using different place of loads. This behavior may be explained by better load distribution for prosthetic survival.
Keywords: Biomechanics, Dental Implants, Partial Prosthesis, Tooth Mobility
INTRODUÇÃO
O advento dos implantes de titânio promoveu uma modalidade de
tratamento com alto grau de aplicabilidade a variadas situações clínicas1. As
experiências clínicas ao longo do tempo mostraram que os princípios da
osseointegração desenvolvidos por Bränemark oferecem uma ancoragem a
longo prazo para próteses fixas no tratamento de pacientes totalmente
edêntulos2. Entretanto, nas últimas décadas, tem se mostrado que os implantes
dentários tem sido utilizados com sucesso no tratamento de pacientes
parcialmente edêntulos.3,4 A prótese sobre implantes é de fato, o tratamento
de escolha para o edentulismo5,6,7.
A filosofia no conceito de tratamento para reabilitações de arcos
parcialmente edentulos e a decisão de prótese que une dente com implante
permanecem tópicos de discussão, não somente pelas diferenças
biomecânicas mas também pelas divergentes conclusões derivadas a partir de
estudos clínicos.8 O uso da combinação de implantes e dentes surgiu em
meados da década de 1980, aplicado a pacientes parcialmente edêntulos,
contrariando o protocolo de Bränemark que se fundamentava no isolamento
dos implantes, dos dentes naturais9.
As próteses implanto-dento-suportadas por décadas tem sido
questionadas por razões das diferenças de mobilidade entre o dente
(Micromovimento) e o implante (Micronmovimento)10,11, no risco de intrusão
do pilar natural bem como na atrofia do ligamento periodontal.12 Em relação ao
aspecto estrutural, poderíamos dizer que os dentes estão fora do osso maxilar,
pois não possuem contato direto com ele, enquanto que nos implantes
(anquilose funcional13) existe um intimo contato entre implante e osso, isto é,
ausência de ligamento periodontal, consequentemente, não existe receptores
periodontais, mas, sim, nociceptores ósseos. Isto influencia a sensibilidade
táctil quando implantes orais são carregados oclusalmente.9
Todavia, as pesquisas demonstram que, em princípio, essas diferenças
não representariam maior importância, pois poderiam ser compensadas pelo
grau de mobilidade dentária; elasticidade óssea; flexão da infra-estrutura e
flexão dos componentes protéticos2,14,15.
As razões para união entre dentes e implantes estariam fundamentadas
diante de áreas anatômicas limitantes à colocação de um número ideal de
implantes, tais como proximidade do nervo alveolar e altura óssea
insuficiente14. Além disso, se os dentes adjacentes ao espaço protético já
requerem intervenção restauradora, a utilização destes associados com
implantes torna-se viável16. Adicionalmente, a distribuição dos dentes no arco
pode induzir a adoção de próteses implanto-dento-suportadas17.
Alguns autores defendem a idéia desse tipo de união devido à presença
de estruturas anatômicas importantes o que torna a colocação de implantes
osseointegrados inviáveis, a não ser que utilize técnicas suplementares,
implicando em maior número de seções, com aumento da morbidade e
aumentando os custos para o paciente tornando dessa forma, a união de
dentes naturais com implantes osseointegrados, uma opção de tratamento
viável14,18,19.
Foi relatado no ano de 198520, que forças verticais aplicadas no meio
entre duas estruturas de suporte (dente e implante), seriam distribuídas
aproximadamente com as mesmas magnitudes concordando com outros
achados.14,21
Diante de tal situação, o presente estudo propôs estudar o
comportamento mecânico de uma prótese fixa de união rígida entre dente
natural e implante osseointegrado para serem analisadas por meio do Método
dos Elementos Finitos (MEF). Para isso, foi aplicado uma carga nominal de
100 N distribuídas uniformemente em todo o conjunto e um outro carregamento
localizado apenas na coroa protética do pôntico para fins de comparação.
MATERIAIS E MÉTODOS
Nas últimas duas décadas, o Método dos Elementos Finitos (MEF),
aplicado à Biomecânica, vem se destacando como uma ferramenta útil
extremamente utilizado para avaliar, numericamente, tensões e deformações
associadas ao comportamento mecânico dos biomateriais e tecidos humanos,
tendo em vista a dificuldade de se fazer tal avaliação in vivo 22, na tentativa de
simular e compreender o comportamento estrutural e possíveis implicações de
tensões geradas durante uma atividade funcional e/ou parafuncional, nas
diversas áreas da Odontologia. Para cada aplicação específica, as diversas
variáveis que envolvem o problema devem ser cuidadosamente analisadas e
fornecidas como dados a um programa computacional23. Essa análise inclui
etapas que podem ser classificadas em cinco grupos básicos:
f) Levantamento de dados e criação da geometria, aplicando-se
aos volumes as propriedades elásticas dos diversos materiais
e tecidos que compõem o domínio do problema;
g) Geração da malha dos elementos finitos;
h) Aplicação das condições de contorno, na forma de
deslocamentos impostos (iguais a zero);
i) Aplicação de cargas atuantes e processamento para obtenção
das tensões e deformações;
j) Análise de resultados.
O MEF é uma técnica numérica, largamente utilizada, para obter-se a
solução de problemas mecânicos, idealizados a partir de pontos virtuais (nós),
e da conectividade de regiões discretas (elementos), que representam o
domínio do problema. Esse conjunto gerado de nós e elementos, chamado de
malha de elementos finitos representa, numericamente, o modelo físico real.
Após a solução numérica do sistema de equações, a resposta encontrada está
diretamente relacionada ao grau de simplificações impostas à natureza do
problema, a partir da geometria e discretização estabelecidas. Simplificações
da geometria podem implicar em alterações na rigidez local e global do corpo
elástico, o que por sua vez, conduz a erros numérico, típicos do método.
Nas aplicações do MEF à Biomecânica, o domínio do problema a ser
analisado é formado por uma geometria irregular, que pode ser chamada de
“escultural”, sujeita a uma gama de variações de formas e dimensões, que são
determinantes na obtenção de medidas básicas necessárias à entrada de
dados exigida por esse método.
A criação de um modelo matemático de elemento finito passa
inicialmente, pela definição do objeto a ser pesquisado, podendo ser qualquer
estrutura dento maxilo facial. O objeto será desenhado graficamente em um
programa computacional específico, onde a morfologia das estruturas
representadas podem ser baseadas em tomografias computadorizadas, atlas
de anatomia, crânios secos e/ou dentes extraídos.24
Neste trabalho, o programa Ansys Revisão 5.7 foi utilizado para
desenvolver a modelagem tridimensional do segmento posterior de uma
maxila, composta por um pré-molar unido através de um pôntico a um implante
ITI Straumann® de 10mm de comprimento e 4.1mm de diâmetro e coroas
protéticas de metalo-porcelana na forma de pré-molar (figura 1 e 2).
Figura 1 prótese fixa implanto dento suportada (PFIDS)
Figura 2 prótese fixa implanto dento suportada (PFIDS) e estruturas
ósseas
A partir da geometria básica criada e a atribuição das propriedades
elásticas dos diversos materiais e estruturas associadas (Tabela 1), procede-se
a geração da malha de elementos finitos a qual foi composta de 297.096 nós e
213.129 elementos de acordo com a figura 3.
Figura 3 malha dos elementos finitos
As propriedades elásticas dos materiais foram adotadas no regime
linear, em cuja hipótese, a deformação dos corpos elásticos é proporcional à
forca aplicada. Além disso, essas propriedades foram consideradas constantes
e isotrópicas (iguais em todas as direções).
MATERIAL
MÓDULO DE
ELASTICIDADE
(MPa)
COEFICIENTE DE
POISSON
Titânio 110.000,0 0.35
BENZING25, et al.,1995;
VAN ROSSEN26, et al.,
1990
Osso cortical 13.700,0 0.30 CARTER E HAYES27,1977
Osso esponjoso 1.370,0 0.30 SUANSUWAN; SWAIN28,
1999
Ligamento Periodontal 170,0 0.45 WEINSTEIN29, et al.,1980
Niquel-Cromo 204.000,0 0.30 www.matweb.com30
Dentina 18.600,0 0.31 MIDDLENTON31, et
al.,1996
Porcelana 66.900,0 0.29 GALLOZA32, 2004
Tabela 1 Propriedades elásticas dos vários materiais que compõem o modelo
Foi aplicado uma carga vertical, considerada de nominal de 100 N na
face oclusal em todo o conjunto protético, aplicada e distribuída uniformemente,
simulando uma função mastigatória com bolo alimentar interposto (modelo 1) e,
uma carga nominal de 100 N apenas na coroa protética do pôntico (modelo 2)
para fins de comparação e posterior análise de tensões e deformações das
estruturas (figuras 4 e 5).
Figura 4 – Carregamento nodal equivalente a 100N para o modelo 1
Figura 5 - Carregamento nodal equivalente a 100N apenas no pôntico (Modelo 2)
RESULTADOS
Os resultados quantitativos estão representados na Tabela 2 com os
diferentes tipos de carregamento. No modelo 1 as cargas foram distribuidas
uniformemente para análise dos deslocamentos máximos vertical (UY) .No
modelo 2 a carga foi concentrada apenas no pôntico para análise dos
deslocamentos máximos vertical (UY) e para os deslocamentos máximos no
sentido horizontal (UX). Consta também na tabela o valor máximo da tensão de
Von Mises (SEQV).
LOCALIZAÇÃO CARREGAMENTO DISTRIBUIDO
MODELO 1
CARREGAMENTO CONCENTRADO
MODELO 2 DMX UY (µm) SEQV (MPa) DMX UY
µm) DMX UX
(µm) SEQV (MPa)
PFIDS 5.0 47.84 9.8 - 148.29
Dente 2.5 - 3.2 1.5 32.74
Implante 1.9 12.15 1.4 -2.3 -
Dente/implante/cortical
2.7 12.15 3.3 - 32.74
Metal 4.7 50.00 9.2 - 149.45
Tabela 2 – Análise quantitativa
Na análise qualitativa, pode ser observado que na PFIDS contendo um
dente e um implante modificando o tipo de carregamento (modelo 2), o
deslocamento vertical no dente apresentou um maior movimento no sentido
apical (intrusão) quando comparado com o modelo 1 conforme ilustrado nas
figuras 6 e 7. No implante, por ser mais rígido, os valores do deslocamento
para os modelos 1 e 2 tiveram variações que podem ser consideradas
insignificantes.
Figura 6 – Visão panorâmica do deslocamento da prótese com respectivos valores (modelo 1)
Figura 7 – Visão panorâmica do deslocamento da prótese com
respectivos valores (modelo 2)
Podemos observar os deslocamentos no sentido horizontal (UX) para o
modelo 2, há uma tendência de rotação das coroas protéticas desses
elementos com valores positivos para o dente e negativo para o implante (de
acordo com o sistema de coordenadas XYZ) resultante do deslocamento
vertical acentuado da barra metálica e do pôntico (figura 8).
Figura 8 Visão panorâmica do deslocamento (UX) da prótese com
respectivos valores (modelo 2)
Na interpretação das tensões na PFIDS a tensão máxima SEQV foi de
47.84 MPa no modelo 1 enquanto que no modelo 2 obteve níveis de tensão
máxima SEQV três vezes maior (148.29 MPa). Essa diferença indica que as
forças no primeiro modelo foram melhores distribuídas. Podemos observar que
as tensões máximas SEQV se localiza entre o dente e o pôntico e mais
amplamente distribuídas entre o pôntico e o implante no modelo 1 e, para o
modelo 2 (carga concentrada), a localização máxima SEQV ocorre entre
pôntico e o implante e mais amplamente distribuídas entre o dente e o pôntico,
ilustradas pelas figuras 9 e 10.
Figura 9 – Visão global das tensões SEQV (modelo 1)
Figura 10 – Visão global das tensões SEQV (modelo 2)
Na plotagem, removendo-se as estruturas que compõem a prótese
(porcelana e metal) para análise qualitativa, podemos verificar que os níveis de
tensões máximas (em vermelho) ocorrem na região da junção do implante com
a cortical óssea, no lado mesial, na com valores de 12.15 MPa para o modelo 1
(figura 11). Para o modelo 2, a máxima tensão está localizada na face distal do
dente com valores de 32.74 MPa e, distribuído mais amplamente no implante
(figura 12). Pode-se notar o deslocamento horizontal ocorrido no dente e no
implante.
Figura 11 – Visão global da tensão máxima no implante (carregamento distribuído)
Figura 12 – Visão global da tensão máxima no dente (carregamento concentrado)
Na análise das tensões SEQV geradas no metal, podemos verificar que
no modelo com carregamento distribuído, a tensão máxima foi de 50.00 MPa
localizada entre o dente e o pôntico (figura 13) com valores muito próximos
localizados entre o pôntico e o implante. A tensão máxima no modelo com
carregamento concentrado, foi de 149.45 MPa localizada entre o pôntico e o
implante porém, com valores muito próximos localizados entre o dente e o
pôntico (figura 14). Podemos dizer que a inversão da localização das tensões
máximas SEQV para o modelo 1 comparado ao modelo 2, deve-se ao fato da
maior flexão da barra metálica e, pela maior ancoragem próximo ao implante.
Figura 13 - Visão global da localização das tensões no metal do modelo 1
Figura 14 - Visão global da localização das tensões no metal do modelo 2
DISCUSSÃO
O modelo de uma maxila parcialmente edêntula concebido através do
MEF 3-D, na qual foi construída uma prótese fixa implanto dento suportada
variando a localização do carregamento, partiu de um princípio real proposto na
literatura, porém, ponderado pela mesma, onde a união entre dentes e
implantes não deve ser considerada como primeira alternativa de reabilitação,
sendo preferível adotar o planejamento de próteses implanto-suportadas
isoladas.3,4,6,9
Autores relataram que essa complicação é devido a diferença na
mobilidade entre eles, diferente mecanismo de absorção e dissipação de forças
e propriedades mecanoreceptoras. As respostas biomecânicas diante de uma
força, são portanto, totalmente diferentes e, em próteses implanto-dento-
suportadas, cuidados especiais devem ser tomados no planejamento para
compensar tal diferença.11,12
Desta forma, este modelo foi assim idealizado e submetido a uma carga
vertical onde seu efeito foi avaliada quantitativamente em N/mm2 (MPa) e
qualitativamente. Através das imagens geradas pelo programa utilizado,
possibilitou uma compreensão bastante ampla e significativa da distribuição
destas tensões no tecido ósseo bem como nos componentes protéticos e
estruturas associadas.
Nesse estudo podemos observar que as tensões foram distribuídas
igualitariamente nas mesmas regiões, porém, com magnitudes de tensões
diferentes, diferindo com outros achados.14,20,21. Essa comparação nos permite
avaliar as conseqüências geradas em uma prótese fixa implanto-dento
suportadas caso os pacientes desenvolvam um hábito parafuncional ou na
presença de interferências oclusais na região do pôntico, corroborando com a
literatura pertinente que justifica a perda de implantes ou fraturas de
componentes protéticos como fatores de risco preponderantes.6,7
CONCLUSÕES
Diante do exposto, podemos concluir que:
1. As próteses implanto dento suportadas devem ser limitadas em relação
ao espaço edêntulo sendo uma opção viável de tratamento e
biomecanicamente previsível;
2. O tipo de liga utilizada na infra-estrutura metálica exerce papel
fundamental no deslocamento da prótese, devendo preferir as de maior
módulo de elasticidade;
3. Deve-se obter uma estabilidade oclusal harmoniosa evitando sobrecarga
na prótese.
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