AÇÕES DE LOGÍSTICA REVERSA NAS
REVENDAS DE ÓLEO COMBUSTÍVEL
Luciana Oranges Cezarino (UFU)
Daiane Magalhaes Prado (UFU)
Michelle de Castro Carrijo (UFU)
O estudo tem como objetivo descrever ações de logística reversa
do setor de revenda de combustíveis. Especificamente, aborda o movimento
logístico de reciclagem de embalagens utilizadas de óleo lubrificante ou
contaminado (OLUC), filtros de óleo, estopas e outros resíduos contaminados.
Sendo assim, foi realizada uma pesquisa de caráter exploratório e qualitativo
no segmento de postos de combustíveis utilizando como método o estudo de
caso. Constatou-se que a logística reversa é usualmente aplicada devido às
obrigações fiscais, mas a tendência é que seja utilizada como estratégia
mercadológica pelo posto de combustível em questão. Também foi
destacada a relevância da criação de uma consciência sustentável, tendo em
vista os impactos dos resíduos no ambiente. Este trabalho, portanto, permite
afirmar que a logística reversa se tornou fator relevante de estratégia
ambiental e competitiva para o desenvolvimento da unidade de análise,
principalmente por estar inserida em setor envolvendo alto nível de
regulação ambiental.
Palavras-chave: Logística Reversa; Postos de combustíveis;
Sustentabilidade.
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1 INTRODUÇÃO
As práticas sustentáveis ganharam atenção no ambiente organizacional diante dos
danos desencadeados pelo consumo desenfreado da sociedade capitalista. Problemas como
poluição do ar, degradação do solo e contaminação da água são exemplos decorrentes do
descarte inadequado de determinados produtos no meio ambiente (COSTA; TEODÓSIO,
2011).
Neste ínterim, as organizações passam a ser cobradas pelo processo de devolução,
troca e controle ambiental de suas embalagens e produtos, desenvolvendo processos
chamados de logística reversa. Ela é responsável por garantir uma destinação adequada aos
resíduos gerados numa determinada atividade e reintroduz-los na cadeia produtiva (LEITE,
2003).
Este trabalho apresenta um estudo da logística reversa no setor de postos de
combustíveis, abordando especificamente o comércio de lubrificantes, que gera como resíduo
o frasco vazio obtido no pós-venda, o Óleo Lubrificante Usado ou Contaminado (OLUC)
esgotado do cárter do veículo durante a execução da troca de óleo e outros resíduos
contaminados pelo óleo, como estopas, filtros de óleo e de combustível usados. Pergunta-se:
quais as ações de um posto de gasolina para garantir a logística reversa do OLUC?
2. Objetivos e Método
Em linhas gerais, este trabalho tem como objetivo descrever ações de logística reversa
do setor de revenda de combustíveis. São abordados especificamente os resíduos gerados no
comércio de lubrificantes, tomando como exemplo o Posto Jardim Veneza em Uberlândia,
Minas Gerais.
No que tange aos aspectos metodológicos, esta pesquisa se caracteriza como
exploratória de natureza qualitativa com estudo de caso. Como instrumento de coleta de
dados, o estudo foi embasado na literatura da logística reversa e em uma entrevista com o
gestor da empresa. As perguntas que compõem o instrumento de pesquisa, características de
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estudo exploratório, foram criadas por indagações gerais a respeito de como e por quê o
fenômeno se apresenta.
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Logística reversa
Leite (2003) define a logística reversa como uma nova área da logística empresarial
que concentra seus estudos nos fluxos reversos de distribuição, os quais fluem no sentido
contrário ao da cadeia direta. Essa crescente preocupação com o estudo dos canais de
distribuição reversos se dá pelo grande desenvolvimento da tecnologia de informação e do
comércio eletrônico, pela busca de competitividade por meio de novas estratégias de
relacionamento entre empresas, pela diversidade de novos produtos lançados a todo momento
e pela própria conscientização ecológica.
Nesse contexto, Rego (2005) acrescenta que a Legislação Ambiental, a busca por
vantagem competitiva e o potencial econômico ainda pouco explorado são algumas das razões
pelas quais as organizações têm incorporado cada vez a logística reversa em suas atividades.
Já Castiglioni (2009) cita a questão da redução do ciclo de vida dos produtos, dado que o ciclo
começa com sua introdução, seguida do crescimento, maturidade e declínio; segundo o autor,
“[...] a vida de um produto, do ponto de vista logístico, não termina com sua entrega ao
cliente. Produtos se tornam obsoletos, danificados ou não funcionam e devem retornar ao seu
ponto de origem para serem adequadamente descartados, reparados ou reaproveitados”.
3.3 Revenda de combustíveis
Conforme os termos da Portaria ANP n. 116, de 5 de julho de 2000, modificada pela
Resolução n. 15/2005, a revenda de combustíveis é uma atividade de utilidade pública,
regulamentada pela Lei n. 9.847/1999 e exercida por postos revendedores que tenham registro
de revendedor varejista expedido pela ANP. Caracteriza-se a revenda como o processo de
entrega do combustível ao consumidor final (SINDIPOSTO, 2009).
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Por se tratar de um mercado extenso, conta com aproximadamente 90 mil agentes
reguladores. A fiscalização exercida pela ANP ou por órgãos públicos conveniados em todo o
país tem como objetivo garantir o cumprimento da legislação, o que assegura uma posição
igualitária de competição para todos os postos revendedores. Consequentemente, atestam-se a
segurança e a qualidade dos produtos revendidos e evita-se a concorrência desleal (ANP,
2014).
A primeira obrigação de um revendedor do setor é estar com a documentação sempre
atualizada e disposta em local visível no estabelecimento. Dentre os principais documentos
exigidos estão o cadastro de registro de revendedor varejista de combustíveis da ANP, o
licenciamento junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA), o pagamento da taxa de fiscalização ambiental, o alvará do Corpo de
Bombeiros, o alvará de funcionamento, o certificado de Licenciamento Ambiental e o
certificado de destinação e tratamento de resíduos contaminados, citados no formulário de
fiscalização de revenda varejista de combustível automotivo do Ministério Público de Minas
Gerais (MPMG) (MINAS GERAIS, 2014).
Outro requisito é informar ao consumidor a origem do produto comercializado, e
compete ao revendedor a decisão de informar ou não a marca da distribuidora fornecedora do
combustível. Dessa forma, quando optar por exibir a marca, será considerado um posto
bandeirado, o que restringe a ele a venda de outras marcas. Ao contrário, quando optar por
não exibir a marca comercial do produto, será nomeado Posto Bandeira Branca, podendo
comercializar qualquer marca, embora deva destacar em cada bomba abastecedora o
distribuidor que fornece o respectivo produto (MINAS GERAIS, 2014).
Após a edição da Resolução n. 273 do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA) (BRASIL, 2000c), os postos de combustíveis foram obrigados a realizar ajustes
milionários relacionados às questões ambientais, por se tratar de uma atividade
potencialmente poluidora.
3.3.2 Logística reversa na revenda de combustíveis automotivos
São classificados como resíduos sólidos contaminados em postos de combustíveis o
OLUC, as embalagens de lubrificantes já utilizadas, as estopas, os filtros de ar e de
combustível usados ou qualquer outro material contaminado por substâncias derivadas de
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hidrocarbonetos (BRASIL, 2010b). É previsto que todos os postos devem garantir uma
destinação adequada de seus resíduos tóxicos, sendo que o descumprimento pode acarretar
multa entre R$ 1.000,00 e R$ 50.000,00 (BRASIL, 1998).
O óleo retirado dos automóveis é popularmente conhecido como óleo queimado e deve
ser armazenado no posto em tanques subterrâneos até que uma empresa refinadora faça a
coleta. As refinadoras são responsáveis pelo o processo de re-refino, o qual remove os
produtos de oxidação, aditivos e contaminantes, retornando-o à condição de óleo básico, que é
destinado às indústrias de óleos lubrificantes para que seja reaproveitado – a cada 100 barris
de OLUC, são extraídos 85 de óleo mineral básico (LWART, 2014).
Nesse sentido, a Portaria ANP n. 125 (BRASIL, 2000b) estabelece a regulamentação
para a atividade de recolhimento, coleta e destinação final do óleo lubrificante usado ou
contaminado.
Figura 2: Ciclo de vida do óleo lubrificante.
Fonte: Lwart (2014).
Segundo a NBR n. 10.004 (ABNT, 2004), o OLUC é classificado como resíduo
perigoso, e o seu descarte inadequado torna-se um grande poluidor ambiental. Dados
apresentados pela ANP mostram que, de todo o OLUC presente no mercado, somente 44%
são coletados para o processo de re-refino (ANP, 2014). Para se ter uma ideia, o equivalente a
três navios Exxon Valdez de OLUC são desviados do sistema de logística reversa e lançados
na natureza (SINDIRREFINO, [s.d.]).
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O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes
(SINDICOM) isentou a realização de um acordo setorial específico para a logística reversa de
OLUC, visto que não existe descarte desse resíduo. Por ser um produto passível de
reutilização, pode ser reintroduzido na cadeia de suprimentos após o re-refino, retornando ao
estágio de matéria-prima. Logo, trata-se de uma medida energética, pois o volume de petróleo
nacional não é capaz de gerar óleo básico em quantidade necessária, sendo dependente da
importação desse componente (FISCHER, 2013).
Figura 3: Sistema de logística reversa em implantação.
Fonte: Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (2014).
Nesses termos, “[...] o único acordo setorial assinado para a implantação de um
sistema de logística reversa foi o setor de embalagens plásticas de óleos lubrificantes, em
2012” (FISCHER, 2013), doravante denominado Sistema, como pode ser visto no Anexo I, a
fim de cumprir com os termos da Lei n. 12.305 (BRASIL, 2010b), citada no item 3.3.2 deste
estudo. São signatários do Sistema o Sindicom, o Sindicato Interestadual das Indústrias
Misturadoras e Envasilhadoras de Produtos Derivados de Petróleo (SIMEPETRO), o
Sindicato Interestadual do Comércio de Lubrificante (SINDILUB), o Sindicato Nacional do
Comércio Transportador, Revendedor, Retalhista, Óleo Diesel, Óleo Combustível e
Querosene (SINDITRR), a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes
(FECOMBUSTÍVEIS) e a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
(CNC) (BRASIL, [s.d.]).
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Sob determinação do Sistema, as embalagens de óleo lubrificante devem ser entregues
pelos consumidores aos estabelecimentos comerciantes varejistas, após o uso. Os varejistas
devem manter os frascos em reservatórios exclusivos. Durante o recolhimento é realizada uma
pesagem do material e emitido um certificado de retirada do resíduo para o posto, que pode
ser cobrado em eventuais fiscalizações. Aliás, os dados obtidos são enviados
instantaneamente para um banco de dados do Sistema, bem como as informações relacionadas
ao contratante (BRASIL, [s.d.]).
Assim que chegam às centrais de recebimento e após a realização de uma nova
pesagem, as embalagens passam pelos processos de drenagem, segregação, compactação e
moagem. O óleo lubrificante residual obtido tem destinação adequada, conforme determina a
legislação ambiental em vigor. Seguidamente, o material é armazenado até que seja
encaminhado para a disposição final conveniente (BRASIL, [s.d.]).
Já os comerciantes atacadistas podem seguir o mesmo procedimento adotado pelos
varejistas ou destinar as embalagens recebidas para seus fabricantes e importadores, para que
eles possam conduzir o material a empresas recicladoras licenciadas. As embalagens
recebidas pelas recicladoras são transformadas em matéria-prima ou destinadas à disposição
final de forma legítima (BRASIL, [s.d.]).
Figura 4: Cadeia produtiva do lubrificante.
Fonte: Sindirrefino ([s.d.]).
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Nesse enfoque, além das embalagens de lubrificantes vazias, qualquer material que
contenha resquício de óleo deve ter uma disposição final apropriada, considerando o potencial
poluidor do óleo lubrificante.
4 RESULTADOS
4.1 Descrição da empresa
A empresa utilizada como unidade de análise neste estudo foi o Posto Jardim Veneza
Ltda., inaugurado em 15 de março de 2012, situado na região Sul da cidade de Uberlândia-
MG. O posto é bandeirado pela Rede Ipiranga Produtos de Petróleo S/A e possui atualmente
uma equipe formada por 21 funcionários especialmente treinados para garantir a excelência
do atendimento. O posto conta com dois tanques subterrâneos bipartidos, com capacidade
igual a 15 mil litros em cada compartimento, e outro tanque pleno que comporta 15 mil litros,
distribuídos da seguinte maneira: o primeiro tanque estoca gasolina comum; o segundo
contém gasolina aditivada e etanol; e o terceiro apenas óleo diesel.
4.2 Prática de logística reversa
Tendo como base os questionamentos “como” e “por que” levantados no item
“metodologia” desta pesquisa, os resultados encontrados são aqui descritos.
Segundo o gestor da empresa, as leis do setor são atendidas, o que envolve estar com
todos os documentos obrigatórios regularizados, ter um modelo de estrutura física em
conformidade com a legislação em vigor, possuir um sistema de automação homologado pela
Receita Estadual e manter práticas de logística reversa de resíduos sólidos contaminados.
Com a ajuda de alguns parceiros, como o contador da empresa, o responsável pela automação
do sistema operacional e o assessor da Ipiranga, os funcionários administrativos sempre se
atualizam com relação às questões legais.
A empresa conta com o apoio do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de
Petróleo no Estado de Minas Gerais (MINASPETRO), que auxilia seus associados quanto às
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alterações de leis do setor, além de abordar outros assuntos pertinentes. Contudo, a gestão
aponta que ainda existem algumas dificuldades. Muitas vezes, a empresa tem conhecimento
das mudanças que irão ocorrer, mas faltam informações sobre como realizar tais
modificações. Um exemplo disso foi quando a Receita Federal começou a exigir o envio do
chamado Sped Fiscal, um relatório fiscal eletrônico que deve ser enviado no início de cada
mês. No ano de sua implantação, nem mesmo os funcionários da Receita tinham
conhecimento suficiente para sanar as dúvidas dos comerciantes.
Outro problema mencionado pelo gestor compreende os altos custos geralmente
envolvidos nos processos de regularização da empresa. É o caso da logística reversa de
resíduos sólidos contaminados. Todos os custos obtidos para cumprir com as obrigações
relacionadas à logística reversa são de responsabilidade do posto. Corresponde a resíduos
sólidos contaminados gerados atualmente no Posto Jardim Veneza o OLUC e o chamado
“barro”, efluentes líquidos gerados nas atividades que devem ser tratados em uma caixa
separadora de água e óleo, outra atribuição dos postos de combustíveis.
Para realizar a correta destinação dos frascos de lubrificantes usados, dos filtros de ar e
de combustível usados, das estopas e de papelão com resíduos de óleo, o posto optou por
contratar uma empresa especializada em gestão ambiental, algo que é feito por grande parte
dos postos. Dessa forma, fechou um contrato com a Udi Ambiental, que estipula o pagamento
de R$ 300,00 para o recolhimento do material a cada dois meses. O acordo garante a coleta de
250 kg de matéria, sendo que cada quilo adicional custaria, em média, R$ 0,94. É válido
ressaltar que os resíduos permanecem armazenados no posto até que o serviço terceirizado
seja realizado.
Com a intenção de não extrapolar o limite contratado, a fim de reduzir custos, a
empresa descarta parte dos remanescentes em lixo comum, mesmo tendo consciência de que
poderá ser punida, caso haja alguma finalização. Foi possível perceber que os próprios
frentistas desconhecem as obrigatoriedades e não se preocupam em separar os materiais
contaminados.
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Figura 9: Resíduos sólidos contaminados gerados no Posto Jardim Veneza Ltda.
Fonte: Elaboração da autora.
A cadeia reversa da Udi Ambiental é semelhante à do Programa Jogue Limpo até a
fase de armazenagem, já que não realiza a reciclagem de seus resíduos. Depois disso, o
material é incinerado e destinado a aterros específicos providos de sistema de drenagem e
tratamento de chorume. Por se tratar de um método poluente, não é o mais indicado, embora
ainda seja o mais utilizado no país.
No que diz respeito ao OLUC mantido em reservatório especial, como já informado, é
vendido para a Lwart Lubrificantes, empresa com forte presença nacional e parceira da rede
Ipiranga, responsável pela coleta, transporte e re-refino do óleo. Foi pactuado o pagamento de
R$ 0,40 por litro de OLUC por parte do comprador. Por conseguinte, a logística reversa do
OLUC não gera gastos para o posto, e sim consiste em uma receita não contabilizada.
O “barro” compõe mais um resíduo contaminado gerado no estabelecimento. A coleta
especializada também é de responsabilidade da contratada Udi Ambiental – tal aspecto não
será detalhado, pois não é o foco deste trabalho.
Uma alternativa encontrada pela empresa para a redução do número de frascos de
lubrificantes descartados foi a venda de lubrificantes na medida certa, por meio das franquias
de lubrificação Jet Oil e Jet Oil Motos. Os lubrificantes na medida certa são adquiridos pelo
posto em tambores de 200 litros, e a venda é feita por uma bomba semelhante à de
abastecimento de combustíveis, que completa a quantidade exata que o veículo necessita.
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Sendo assim, um cliente que necessita utilizar em seu veículo apenas 2,3 litros de óleo, pode
optar por colocar o lubrificante na medida certa, ao invés de comprar três frascos de um litro,
o que significaria uma sobra de lubrificante. Além de economizar na compra do lubrificante, o
cliente evita o descarte de três frascos do produto. Para alavancar as vendas do óleo a granel, a
empresa oferece um brinde ao cliente que optar pela troca de óleo na medida certa.
Apesar de tantos benefícios oferecidos na venda de lubrificante na medida certa, a
maioria dos consumidores ainda prefere as tradicionais embalagens de 500 mililitros ou um
litro, pois alegam desconfiar da qualidade do produto a granel, por estar armazenado em um
tambor e por não possuir rótulo. Dessa forma, ainda existe uma barreira que alimenta a
geração de grande quantidade de resíduos.
Um problema encontrado na unidade Jet Oil é a falta de opção quanto ao descarte dos
tambores de 200 litros vazios, que atualmente são armazenados no próprio posto. As empresas
do setor que realizam a coleta de resíduos contaminados não oferecem o serviço de
recolhimento dos tambores em questão, o que despertou o artifício de vendê-los. Embora seja
uma extração esporádica, o posto consegue se desfazer de parte do que é considerado entulho.
Geralmente, os tambores são adquiridos por profissionais da construção civil ou proprietários
rurais.
Por intermédio do administrador do posto, foi feito contato com o assessor comercial
da Ipiranga Produtos de Petróleo, Rafael Nunes, com o intuito de elencar as possibilidades de
a distribuidora assumir o compromisso de recolher os tambores vazios, já que podem ser
reutilizados no envasamento de novos produtos. A justificativa por não realizar o serviço se
relaciona ao alto custo logístico.
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Figura 10: Tambores de 200 litros, no ambiente do Posto Jardim Veneza, sem solução de descarte.
Fonte: Elaboração da autora.
Além da gestão de resíduos materiais, o Posto Jardim Veneza utiliza outros
mecanismos sustentáveis que foram aplicados pela rede Ipiranga como parte do conceito
Posto Ecoeficiente desenvolvido pela distribuidora. Destaca-se o uso de lâmpadas com sensor
de presença e descargas econômicas nos banheiros, torneiras temporizadas, sistema de
exaustão do calor proveniente dos refrigeradores da loja de conveniência e isolamento térmico
nas paredes e no forro, que ocasiona uma menor utilização do ar condicionado e,
consequentemente, um menor gasto energético. Apesar disso, o Jardim Veneza não se
enquadra como um posto ecoeficiente pelo fato de não possuir um sistema de
reaproveitamento de água.
Foi questionado ao empresário o porquê da não inclusão da empresa na concepção
Ecoeficiente da Ipiranga.. De acordo com ele, o sistema de reaproveitamento de água é muito
valoroso, e ele tem dúvidas quanto ao possível retorno que a empresa obterá. Logo, surgiu o
seguinte questionamento: Além do retorno econômico que as técnicas sustentáveis alcançam,
elas podem ser um fator de sucesso na captação ou fidelização de clientes? Com o propósito
de buscar esclarecimentos, foi realizada uma sucinta averiguação.
Ao interpelar alguns clientes no ambiente da organização analisada, verificou-se que a
maioria desconhece que o Posto Jardim Veneza tem alguns princípios sustentáveis e, ainda,
não tinham conhecimento sobre o trabalho de logística reversa realizado. Foram divulgadas as
premissas do fluxo reverso e da responsabilidade compartilhada referentes ao frasco de
lubrificante vazio, nomeando o posto como uma central de recebimento de embalagens usadas
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de lubrificantes. Foi observado também que muitos consumidores contemplam negócios
baseados na sustentabilidade e que estão dispostos a fidelizar empresas sustentáveis.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após analisar os dados obtidos, verifica-se que o Posto Jardim Veneza Ltda, envolvido
por uma gestão conservadora, adota medidas que colaboram para o cumprimento das leis
ambientais, evitando sansões que interfiram no exercício de suas atividades. Contudo, os
processos reversos são realizados quase que totalmente devido às obrigações fiscais. O
proprietário da empresa mostrou desconhecer a teoria envolvida na logística reversa e teme
dedicar esforços relacionados às questões sustentáveis por não acreditar que isso agregue
valor ao cliente ou que o coloque em uma posição de vantagem competitiva em relação aos
seus concorrentes. Isto posto, verifica-se a necessidade de a administração analisar os fatores
envolvidos na logística reversa, bem como suas vantagens, e repassar os resultados à sua
equipe, que também se mostrou desinformada no que tange às obrigatoriedades envolvidas.
É notório que os custos valorosos dificultam a prática absoluta da logística reversa na
empresa, tornando-a vulnerável à fiscalização em alguns momentos. Assim sendo, a
elaboração deste estudo possibilitou a apresentação do Instituto Jogue Limpo ao gestor
Regino Marcos Prado, que não conhecia o Programa até então. Foi uma proposta muito bem
aceita e que já começou a ser colocada em prática. Após o preenchimento de uma ficha
cadastral junto ao Programa, o Posto Jardim Veneza iniciará sua parceria com o Jogue Limpo,
o que significa uma redução dos custos de logística reversa e, consequentemente, a garantia
da disposição final de todas as embalagens de lubrificantes usadas geradas ou recebidas no
posto.
Recomenda-se também a criação de uma central de recebimento de frascos de
lubrificantes vazios dentro do ambiente do posto, que inclui a disponibilização de um
reservatório específico para que seus clientes possam depositar suas embalagens já utilizadas.
A tática pode funcionar como um atrativo para consumidores sustentáveis, além de facilitar a
separação dos resíduos no posto.
Conjuntamente, propõe-se a prática do levantamento dos custos fixos e variáveis no
momento da precificação de seus produtos. Desse modo, os custos desencadeados pela
logística reversa de materiais contaminados diversos são amortizados e repassados ao
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consumidor final, garantindo que a empresa não tenha prejuízo devido ao processo e não
deixe de descartar adequadamente todo o refugo.
Todavia, é primordial aliar alguns fundamentos do marketing a essa prática, com o
propósito de mostrar ao cliente as vantagens de se realizar a logística reversa e evidenciar a
preocupação sustentável por parte da instituição, visto que atualmente pode ser considerado
um fator de vantagem competitiva. Da mesma forma, um trabalho mercadológico alusivo à
unidade de troca de óleo na medida certa deve ser implementado para revelar todos os mitos e
verdades dos mecanismos envolvidos, buscando uma migração de consumidores de
lubrificantes em frascos para usuários da mecânica na Medida Certa.
Verifica-se a necessidade de a própria empresa desenvolver sua consciência
sustentável, tendo em vista o surgimento de uma nova sociedade baseada nesse preceito. É
imprescindível se adequar não somente às questões legislativas, mas também considerar os
impactos ambientais e a cultura dos consumidores.
Por fim, conclui-se que este trabalho foi válido para assimilar os conceitos envolvidos
na logística reversa, seus processos e vantagens. Permitiu o entendimento sobre as legislações
envolvidas em postos de combustíveis e a expressão “responsabilidade compartilhada”,
característica do processo reverso do setor. Especificamente, foi possível analisar o processo
de descarte das embalagens de lubrificantes usadas, dos filtros de ar e de combustível já
utilizados, do OLUC e de outros resíduos considerados contaminados. Dessa maneira, o
estudo contribuiu para evidenciar a relevância da logística reversa na revenda de
combustíveis.
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