A PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITAProfessora: Thuinie Medeiros Vilela Daros
A invenção dos níveis psicogenéticos de escrita
Emília Ferreiro e Ana Taberosky no livro a psicogênese da língua escrita aponta como as crianças passam pelos mesmos níveis de conceitualização da língua escrita durante a sua apropriação;
A divulgação de seus livros no Brasil, a partir de meados dos anos 1980, causou um grande impacto sobre a concepção que se tinha do processo de alfabetização, influenciando as próprias normas do governo para a área, expressas nos Parâmetros Curriculares Nacionais.
O grande mérito desta obra está em considerar o que as crianças sabem sobre a escrita antes/durante da escolarização possibilitou ajustar as lentes para outros problemas das práticas escolares até então não colocados em pauta, o que gerou outros horizontes didáticos na alfabetização.
( p.28)
Práticas preparatórias foram severamente questionadas pela psicogênese a partir do momento em que os rabiscos infantis foram alcançados á condição de escrita;
Nos rabiscos o professor já encontraria uma criança que pensa sobre a escrita e lhe atribui sentidos;
Escrita do nome
DESENHOS
Isso significou deslocar de sentido uma variedade de práticas enraizadas secularmente na cultura escolar, que identificavam escrita á copia de modelos fornecidos pelos professores, assim como a leitura identificada como decifração de uma codificação alfabética;
Até hoje encontramos professores que classificam como leitoras crianças que conseguem ler globalmente desconhecendo o princípio alfabético gerativo; ( bola,gato, maleta) p.29
L A R A
A SONDAGEM...
A psicogênese da língua escrita forneceu um instrumental que aparelhou os professores para aferir conhecimento lingüísticos das crianças por meio da escrita de 4 palavras (dissílaba, trissílaba, polissílaba e monossílaba e uma frase contendo a palavra dissílaba ditada anteriormente)
Vídeo nova escola
Diagnóstico /sondagem
A partir da identificação do que as crianças sabiam sobre a escrita se elaborou práticas pedagógicas alfabetizadoras que levam a criança a pensar sobre a escrita e o que elas precisam avançar;
Práticas que não substituíram as práticas em vigor (métodos para alfabetização), compartilharam mesmo espaços;
Embora Ferreiro, em inúmeras entrevistas, aponte que a psicogênese não quis prescrever nenhuma metodologia ou sequer inventaria práticas pedagógicas possíveis para alfabetização, é fato concreto que autora dialoga com a escola através do relatório de pesquisa que deu origem ao livro;
Construtivismo
Construtivismo na alfabetização adquire notoriedade a partir de variados trabalhos, em especial Esther Pillar Grossi. (GEEMPA);
Circulação em massa das ideias de Ferreiro;
Segundo Ferreiro , a criança possui uma verdadeira escrita que é inibida pelos métodos de alfabetização, que utilizariam a cópia como prática central para o ensino da leitura e da escrita.
A verdadeira escrita, nessa conjuntura, seria a escrita espontânea: aquela que proporcionaria á criança a pensar sobre o sistema de escrita; p.29
Algumas Reflexões sobre leitura e escrita
Leitura e escrita fazem parte do mundo da criança desde seu nascimento.
Estão inscritas em seu cotidiano através dos diferentes aspectos que lhe são apresentados seja no grupo familiar ou social.
Algumas Reflexões sobre leitura e escrita
Quando a criança chega à fase de alfabetização é necessário que os educadores estejam atentos aos conhecimentos prévios, que ela dispõe em relação à leitura e escrita e, com isso, ajudá-la na construção e formalização da escrita e leitura convencionais.
Este é um momento de grandes descobertas, desafios, inseguranças, alegrias e ansiedades por parte de todos os atores envolvidos neste processo: pais, crianças e professores.
Algumas Reflexões sobre leitura e escrita
Cada um de nós tem seu papel a desempenhar no sentido de dar tranqüilidade e condições de aprendizagem a cada criança respeitando sua individualidade porém, incentivando-a a avançar sempre.
Algumas Reflexões sobre leitura e escrita
Algumas questões sobre alfabetização
Dúvidas dos pais...Respostas dos professores...
Por que letra caixa alta? A letra caixa alta é mais fácil de aprender pois está inserida nos livros, logotipos, cartazes, rótulos, etc. Faz parte do contexto da criança muito mais do que a letra cursiva.
A escrita cursiva é parte integrante de nossa cultura; porém, é muito mais simples usar a letra caixa alta devido à facilidade de seu traçado.
Por que meu filho (a) ainda não escreve\lê e seu colega sim?
É preciso que todos tenham consciência das diferenças entre os indivíduos procurando respeitá-las. Cada criança necessita de um determinado tempo para a construção de sua aprendizagem levando-se em conta, a maturidade, concentração e desenvolvimento emocional. Cabe a nós incentivar, propor atividades que propiciem uma evolução, cada vez maior, no processo de leitura e escrita.
O que fazer para ajudar neste processo? Não fazer comparações, é o primeiro passo.
Estar atento e seguir a mesma proposta usada pela escola. Conversa entre educador / pais / coordenador.
Não ter receio! Afinal, você, provavelmente, faz parte daqueles que foram educados de maneira diferente e os educadores poderão lhe dar "dicas"importantes para colaborar na aprendizagem de seu filho.
Elogie seu filho com relação aos progressos feitos e o motive a avançar (sem menosprezá-lo e, nem muito menos, valorizá-lo demasiadamente). Faça-o sentir que está fazendo conquistas na leitura e escrita.
Incentive-o a realizar atividades lúdicas que envolvam a leitura e escrita como jogos, cruzadinhas, etc.
Guarde suas ansiedades e discuta-as com o educador não deixando que seu filho as perceba. Sua ansiedade é transmitida a seu filho e isso pode ser prejudicial a ele.
Como funciona o processo de construção da escrita?
A invenção da escritafoi um processo histórico
de construção de um sistema de
representação, não um sistema de
codificação de unidades fonéticas!
A REINVENÇÃO DO SISTEMA DE ESCRITA NA ALFABETIZAÇÃO
Não se trata das crianças reinventarem
as letras, nem os números...
Mas de compreenderem esse processo de
representaçãoe suas regras de
produção!
A TRAJETÓRIA NA CONSTRUÇÃO DE UM SISTEMA DE ESCRITA
NÍVEL 1 :Icônico – Não icônico NÍVEL 2:Pré-silábico
NÍVEL 1
( icônico e não - icônico)
A criança relacionaria a escrita é reprodução de traços típicos da escrita, como linhas e formas semelhantes emes em letra cursiva.
Apenas que escreveu poderia saber o que foi o registro. Solicitada a escrever, a criança do nível 1 pode não distinguir desenho de escrita, recorrendo a utilização de desenhos.
As crianças não diferenciam o
desenho da escrita: representam suas idéias através dos
desenhos ou de rabiscos.
NÍVEL 1:NÍVEL 1: ICÔNICO
NIVEL 1 ICÔNICO
NÍVEL 1 : NÃO-ICÔNICONÍVEL 1 : NÃO-ICÔNICO
Diferenciação do desenho (icônico) e da escrita (modo não-icônico): pensam que
escrever não é a mesma coisa que desenhar.
As crianças não diferenciam letras de números, embora já
percebam que, além do desenho, existam letras e
números.
NIVEL 1 NÃO ICÔNICO
Escrita do nome
DESENHOS
Começam a descobrir a linearidade e a arbitrariedade
do nosso sistema de escrita;
NIVEL 1 : NÃO-ICÔNICONIVEL 1 : NÃO-ICÔNICO
Grafismos Primitivos: possuem grafias que
tentam se parecer com as letras, com maior ou
menor sucesso;
NÍVEL 2 PRÉ-SILÁBICONÍVEL 2 PRÉ-SILÁBICO
As crianças começam a diferenciar as letras dos números;
As crianças estão trabalhando com o signo lingüístico em sua totalidade (IDÉIA).
Tudo vai depender, também, da
quantidade de estoque gráfico que cada criança
dispuser.
IMPORTANTE!
Quanto maior o estímulo no processo de ensino-aprendizagem, melhor será o processo de
compreensão deste sistema de escrita.
ESCRITAS SEM CONTROLE DE QUANTIDADE.
Aqui as crianças já sabem que para escreverem devem utilizar signos especiais:
letras ou números.
Neste momento evolutivo, ora asescritas ocupam toda a extensão
da página.
Ora, basta por uma só letra por palavra.
NOMEREPERTÓRIO DE LETRAS
QUE POSSUI
A- ASPECTO QUANTITATIVO:
• uma letra para representar o nome de JOÃOZINHO: - M;
•muitas letras para representar o nome do ZEZÉ: MCLUDIALSTURIA;
•Muitas letras, nunca menos de três para representar nomes.
HÁ O PROBLEMA DE COMO PODER ESCREVER COISAS DIFERENTES!
AS PALAVRAS SE DIFERENCIAM DE ACORDO COM O TAMANHO E QUANTIDADES DE OBJETOS A SEREM
REPRESENTADOS
Objeto grande e pequeno: muitas/poucas
letras ou aumenta ou diminui-se
o tamanho das letras.
Tamanho: objetos iguais, merecem escritas iguais. Mas se um deles for maior, merece mais letras.
Plural: repete-se a palavra tantas vezes quanto o número de objetos ao qual o plural se refere.
DIFERENCIAÇÃO NA QUANTIDADE, NA ORDEM OU VARIEDADE DE LETRAS!
Ora variam o repertório de letras,
Ora mantêm o repertório de letras, variando suas posições.
As crianças, ao escreverem diferentes palavras...
Todas as palavras possuem a mesma quantidade de letras, com variação no repertório e na ordem das mesmas.
Aumenta-se as letras das palavras, conforme vai escrevendo.
Muda-se tanto a quantidade de letras como a ordem e a variedade de letras de cada palavra.
Nível 3 HIPÓTESE SILÁBICA
Nesta fase o aluno acredita que cada letra serve para representar uma sílaba oral.
Por exemplo: se alguém perguntar à criança quantas letras são necessárias para escrever a palavra CAVALO, ela repetirá a palavra para si mesma pedaço por pedaço e responderá que são necessárias 03: uma letra para CA, uma para VA e outra para LO.
Assim sendo, a criança poderá escrever CAVALO das seguintes formas:
KVLAAOAVLKAL
Nos exemplos acima, fica claro que a criança faz correspondência das letras com o valor sonoro que cada uma tem.
NÍVEL 3 HIPOTES SILÁBICA(SEM VALOR SONORO)
Ainda podemos encontrar nesta fase a criança que, embora, use uma letra para cada sílaba oral não faça correspondência da letra com o valor sonoro que ela tem.
Por exemplo, a mesma palavra CAVALO poderá ser escrita por esta criança da seguinte forma:
TBE BLP FGT
(sem correspondência nenhuma das letras com seus valores sonoros, mas escrevendo uma letra para cada sílaba oral).
Neste nível, as crianças começam a controlar
as variações na quantidade de letras
necessárias para escreverem quaisquer
palavras que desejarem!
HIPÓTESE SILÁBICA: RELAÇÃO DO TODO E SUAS PARTES.
Primeiramente, colocam o mesmo número de letras que de sílabas,
sem fazerem a correspondência sonora:
CRI AN ÇAS
L M P
Depois, as crianças escolhem letras
semelhantes para representar “sons”
semelhantes das palavras:
correspondência sonora.
O PROBLEMA DOSMONOSSÍLABOS!
SOL
1- O O (SO-OL)2- O L (S-OL)
NÃO SE ESCREVE UTILIZANDO APENAS UMA
LETRA!
NÃO SE ESCREVE UTILIZANDO
LETRAS IGUAIS!
PALAVRAS COM LETRAS IGUAIS NÃO SÃO ESCRITAS, POIS NÃO SE LÊEM!
BATATA: AAA
PALAVRAS DIFERENTES SÃO
ESCRITAS DE MANEIRAS
DIFERENTES!
SAPO: AOPATO:POGATO:ATMATO:MO
CLÁUDIACAMILA
ANAJOÃO
OS NOMES PRÓPRIOS NÃO
PODEM SER ESCRITOS PELA
METADE!
•SOL,•OVO,•COELHO,•CHOCOLATE,•O OVO DE PÁSCOA É GOSTOSO.
Sem abandonarem a Hipótese Silábica, as crianças passam a experimentar
outra descoberta...
“Algumas letras ainda podem passar por sílabas, enquanto que outras
representarão unidades menores que a sílaba, ou seja, os fonemas!”
Nível 4 : HIPÓTESE SILÁBICO-ALFABÉTICA
MIGU
MHLI
FÃINIA
Quando a criança começa a compreender que a sílaba não pode ser considerada
como uma unidade, mas que ela é reanalisável em unidades menores...
Nível 5: HIPÓTESE ALFABÉTICA
“As crianças já entenderam a natureza intrínseca do sistema
alfabético, mas ainda não conseguem lidar com todos os traços ortográficos próprios da
linguagem!”
Os Conflitos Surgem...
E, pelo lado qualitativo, enfrentará
problemas ortográficos: a identidade de sons não
garante de letras ouvice-versa!
Pelo lado quantitativo,não basta colocar uma letra
por sílaba ou duplicar a quantidade de letras de
uma sílaba numa palavra!
É necessário que repensemos em
ambientes de alfabetização,
nas práticas de ensinoe de que forma a
linguagem escrita é apresentada
nestas práticas!
Conhecer a Psicogênese Língua Escrita não implica
permanecer estático, a espera do aparecimento
do próximo nível!
Hipótese Pré-Silábica Desenho pode servir de apoio à escrita
Garatuja: representa os movimentos da escrita
Tentativa de correspondência figurativa entre escrita e objeto
Leitura Global.
Uso das letras do próprio nome ou familiares
Hipótese Silábica A escrita representa partes sonoras da fala. Há duas fases desta hipótese.
Sem valor sonoro.Cada letra vale uma sílaba (quantidade).
Com valor sonoro.Uso do valor convencional (qualidade)
Hipótese Silábica - Alfabética
Necessidade de fazer uma análise que vá além da sílaba.
Hipótese Alfabética
A criança compreende que cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores sonoros menores que a sílaba.Surgem as dificuldades próprias da escrita.
A REPRESENTAÇÃODA LINGUAGEM
A natureza do Sistema
Alfabético de Escrita
As diferentes concepções infantis
As metodologias de Ensino
As capacidades a serem
desenvolvidas
RESOLVER AS ATIVIDADES
Referências Camini,P. Picocoli, L. Práticas pedagógicas em alfabetização: espaço, tempo e corporeidade, Erechim: Edelbra, 2012.
CURTO, L. MORILLO, M. TEIXIDÓ, M. Escrever e ler: como as crianças aprendem e como o professor pode ensiná-las a escrever e a ler. Trad. Ernani Rosa Porto Alegre, Artmed, 2000.