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Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
A PRESENÇA DAS MULHERES NAS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS:
UM PANORAMA DE DESIGUALDADE
Anna Carolina Venturini1
Resumo: Este estudo pretende contribuir para a discussão sobre a participação das mulheres nas
universidades brasileiras. A pesquisa utiliza dados quantitativos para traçar um panorama da
participação feminina no ensino superior brasileiro e descrever a distribuição das mulheres nas
diferentes áreas de conhecimento e níveis hierárquicos. A metodologia adotada foi a análise
descritiva dos seguintes dados: Censo da Educação Superior divulgado pelo Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), bancos de dados com informações dos
currículos cadastrados na Plataforma Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq), Censos Demográficos divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) e informações constantes no site do CNPq e da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Os dados demonstram que, apesar do
rápido processo de inserção das mulheres no ensino superior, tal avanço continua lento em algumas
áreas e níveis hierárquicos. As mulheres representam a maioria dos concluintes de cursos de
graduação e de pós-graduação stricto senso (mestrado e doutorado), mas a maior parte dos cargos
de docência continuam sendo ocupados por homens. A inserção das mulheres em posições de
prestígio e alto poder decisório e a concessão de bolsas de produtividade em pesquisa também
permanece desproporcional. Os indicadores também mostram que a inclusão na educação superior
também não abrangeu de forma proporcional todos os grupos que compõe a população brasileira,
especialmente os pretos e pardos.
Palavras-chave: Ensino Superior. Universidade. Pesquisa Científica. Mulheres. Gênero.
Introdução
Por muitos anos a educação superior foi considerada um privilégio masculino e a presença
das mulheres nas universidades brasileiras era bastante reduzida. Tal situação apenas começa a se
alterar na década de 1970, com o início de questionamentos a respeito da posição social e
econômica da mulher e o maior acesso do contingente feminino às universidades.
O propósito do presente artigo é traçar um panorama da participação feminina no ensino
superior brasileiro, de modo a descrever a distribuição das mulheres nas diferentes áreas de
conhecimento e níveis hierárquicos. O estudo pretende contribuir para a discussão sobre a
participação das mulheres nas universidades brasileiras, em razão da importância do acesso às
universidades no alcance de maior equidade entre homens e mulheres no mercado de trabalho e na
organização da sociedade em geral. Além dos dados de gênero, o estudo também contém um recorte
1 Doutoranda em Ciência Política pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(UERJ). Pesquisadora visitante na Universidade de Harvard (EUA - 2017). E-mail: [email protected].
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racial, visto que a relação entre gênero, raça e escolaridade é relevante para a compreensão das
desigualdades históricas existentes no acesso ao ensino superior brasileiro.
A metodologia adotada foi a análise descritiva dos seguintes dados: Censo da Educação
Superior divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
(INEP), bancos de dados com informações dos currículos cadastrados na Plataforma Lattes do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Censos Demográficos
divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e informações constantes no
site do CNPq e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Primeiramente foram analisados os dados relativos ao ingresso das mulheres em cursos de
graduação. Em seguida, analisamos indicadores sobre a conclusão de cursos de pós-graduação pelo
contingente feminino, bem como sua distribuição nas grandes áreas do conhecimento, na concessão
de bolsas e na docência. Por fim, o estudo analisa a participação das mulheres nos principais órgãos
consultivos da educação superior no Brasil. Não se pretende esgotar o debate a respeito da inclusão
das mulheres na academia, mas sim traçar um panorama da participação das mulheres em diversos
níveis e esferas do ensino superior brasileiro através da consolidação de dados que possam
contribuir para discussões e análises futuras.
Acesso à universidade e aos cursos de graduação
Durante muito tempo a população brasileira foi marcada por uma desigualdade histórica no
processo de escolarização, no qual o contingente masculino era mais escolarizado do que o
feminino. Apenas na década de 1970 a situação de inferioridade social e econômica da mulher passa
a ser questionada e o acesso às universidades passa a exercer um papel importante para que seja
alcançada maior equidade entre homens e mulheres na sociedade brasileira (Barroso & Mello, 1975,
p. 47). Dados do Censo Demográfico do IBGE indicam que em 1970 as mulheres representavam
26,6% da população com nível universitário, proporção esta que subiu para 45,5% em 1980
(Guedes, 2008, p. 124). Barroso e Mello (1975) sustentam que, apesar de em 1970 as mulheres
representarem a maioria dos formandos do ensino médio, a participação delas era predominante no
curso normal, o que reduzia suas chances de ingresso nas universidades em razão dos vestibulares
exigirem um currículo de orientação mais acadêmica como o curso científico. Tal cenário fazia com
que as mulheres portadoras do diploma de professora primária tivessem suas opções de cursos mais
limitadas e focassem em cursos nas áreas de ciências humanas ou letras, enquanto os homens – em
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sua maioria concluintes do ensino científico – possuíam mais chances de ingressar em cursos
socialmente mais valorizados, como os de ciências biológicas e exatas (Barroso & Mello, 1975, p.
48-50).
A análise do processo de escolarização feminina e sua inserção em cursos superiores é
fundamental, pois o acesso às universidades representa a possibilidade de ascensão social e
concorrência por melhores postos de trabalho, bem como a ocupação de espaços tradicionalmente
ocupados por homens (Guedes, 2008, p. 121). Não se pode esquecer que o acesso à educação
formal é uma das principais vias de mobilidade social, sendo essencial a obtenção de diplomas de
ensino superior para a qualificação e ascensão social (Marteleto, 2012; Costa Ribeiro, 2006, p. 855).
Assim, a educação exerce um papel fundamental na distribuição de oportunidades aos indivíduos,
influenciando diretamente o processo de mobilidade.
É possível sustentar que as últimas décadas foram marcadas por um processo de
democratização do ensino superior para ambos os sexos, especialmente para as mulheres, uma vez
que hoje há uma maior proporção de mulheres que completam o ensino fundamental, médio e,
também, o ensino superior. Dados do Censo da Educação Superior divulgados pelo INEP indicam
que em 2015 as mulheres representaram 59,88% dos estudantes que concluíram cursos de
graduação presenciais no Brasil. Conforme demonstrado no gráfico abaixo, o percentual de
mulheres que concluíram cursos de graduação presenciais manteve-se próximo a 60% no período de
1999 a 2015, o que comprova a tese da consolidação da inserção feminina nas instituições de ensino
superior.
Gráfico 1: Série temporal de concluintes em cursos de graduação presenciais segundo o sexo.
Fonte: Sinopses Estatísticas da Educação Superior – Graduação. INEP.
59,88%59,25%59,62%58,77%60,57%62,91%61,30%
40,12%40,75%40,38%41,23%39,43%37,09%38,70%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
2.015 2.014 2.013 2.012 2.011 2.010 2.009 2.008 2.007 2.006 2.005 2.004 2.003 2.002 2.001 2.000 1.999
Feminino Masculino
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No entanto, é importante ressaltar que a aparente igualdade ou superioridade numérica das
mulheres nos cursos de graduação não representa uma real equidade entre os gêneros, visto que
apesar da expansão feminina em diversas carreiras, há uma tendência de maior peso feminino nas
carreiras de menor prestígio (Guedes, 2008, p. 125). Tal tendência se comprova com os dados
constantes das Estatísticas de Gênero (IBGE, 2014):
Apesar da superioridade escolar feminina, pois, conforme exposto, a população adulta
feminina tem maior nível de instrução que a masculina, os resultados no mercado de
trabalho não favorecem as mulheres. A Tabela 17 mostra que as áreas gerais de formação
nas quais as mulheres de 25 anos ou mais de idade estão em maior proporção, isto é,
Educação (83,0%) e Humanidades e Artes (74,2%), são justamente aquelas que registram
os menores rendimentos médios mensais entre as pessoas ocupadas (R$ 1 810,50 e R$ 2
223,90, respectivamente), independentemente do setor onde essas pessoas trabalhem. Além
disso, o rendimento feminino não se iguala ao masculino em nenhuma das áreas gerais,
conforme evidencia a razão entre o rendimento das mulheres e o rendimento dos homens.
Esse diferencial se mantém mesmo quando a proporção de mulheres se torna equivalente à
dos homens, como na área de Ciências Sociais, Negócios e Direito, em que as mulheres
recebiam apenas 66,3% do rendimento dos homens. Esse valor médio do rendimento abarca
tanto as escolhas por profissões e carreiras diferentes entre homens e mulheres dentro dessa
área geral, por exemplo, a de Ciências Sociais, Negócios e Direito, quanto uma possível
discriminação por gênero no mercado de trabalho, entre outros fatores. (IBGE, 2014, p.
107)
Além das questões de gênero, o ensino superior brasileiro também é historicamente marcado
por uma grande desigualdade racial. Até a criação dos programas de reservas de vagas, os alunos
negros2 (pretos e pardos), indígenas e provenientes de escolas públicas eram excluídos das
universidades públicas, visto que as vagas, especialmente as dos cursos de maior prestígio e mais
disputados, eram preenchidas quase em sua totalidade por estudantes brancos e oriundos de escolas
particulares (Vieira, 2006, p. 376).
De acordo com levantamento das políticas de ação afirmativa elaborado pelo GEMAA
(Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa), houve um incremento expressivo na
presença de pretos e pardos nas universidades federais. Em 2003 os pretos representavam 5,9% dos
alunos e pardos 28,3%, enquanto em 2014 esses números aumentaram para 9,8% e 37,8%,
respectivamente, de forma que no agregado fomos de 34,20% de pretos e pardos no total de alunos
para 47,57% (GEMAA, 2015, p.3-4).
2 Para fins do presente trabalho, a categoria” negro” irá se referir à junção de pretos e pardos.
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52,23%47,77%
Proporção de mestres e doutores por sexo
Sexo Feminino
Sexo Masculino
Dados divulgados pela Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
(SEPPIR)3 indicam que as ações afirmativas tiveram um efeito positivo na inclusão de estudantes
negros no ensino superior. Entre 2013 e 2015, a política de cotas criada pela Lei Federal n°
12.711/2012 garantiu o acesso de aproximadamente 150 mil estudantes negros em instituições de
ensino superior no país. Ademais, a nota divulgada pela Secretaria também indica que dentre os
jovens de 18 e 24 anos que cursavam ou haviam concluído o ensino superior, os negros
representavam 1,8% e os pardos, 2,2% em 1997, percentuais estes que, no ano de 2013, subiram
para 8,8% e 11%, respectivamente. Os dados apresentados atentam para a persistência das
desigualdades entre brancos e negros no acesso aos cursos de graduação, mas demonstram que a
adoção de ações afirmativas representou um passo importante no sentido de redução dessas
desigualdades.
Conclusão de cursos de pós-graduação e acesso à docência
No que se refere à proporção de mulheres que concluíram cursos de pós-graduação stricto
senso (mestrado e doutorado), dados estatísticos divulgados pelo CNPq indicam que as mulheres
representam 52,23% dos mestres e doutores brasileiros atuantes nas áreas de ensino e pesquisa e
também em funções administrativas, técnicas e outras. Se analisarmos a distribuição de mestres e
doutores de acordo com a atividade, nota-se que há maior participação feminina em funções
administrativas e técnicas (53,67%) do que em atividades de ensino e pesquisa (49,71%). Constata-
se um equilíbrio na distribuição por sexo nas atividades de ensino e pesquisa, visto que os
percentuais de homens e mulheres são próximos.
Gráfico 2 e 3: Proporção de mestres e doutores por sexo e por atividade
3 http://www.seppir.gov.br/central-de-conteudos/noticias/2016/03-marco/em-3-anos-150-mil-negros-ingressaram-em-universidades-
por-meio-de-cotas
49,71%
53,67%
50,29%
46,33%
Ensino e Pesquisa
Admistrativa Técnico eoutras
Distribuição por sexo segundo atividade
Sexo Masculino Sexo Feminino
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Fonte: Elaboração da autora a partir dos Dados Estatísticos – Distribuição por Sexo, Faixa Etária e Grande Área de Atuação
disponíveis no Painel Lattes – CNPq.
Ao separar os dados relativos a mestres e doutores, constata-se que há maior proporção de
mulheres portadoras do título de mestre (54,54%) do que do título de doutora (48,47%). A opção
das mulheres por continuar estudando e serem a maioria em cursos de mestrado e doutorado pode
estar relacionada a existência de menos alternativas no mercado de trabalho, enquanto o abandono
do curso universitário e da pós-graduação pelos homens pode ter relação com à necessidade de
trabalhar e à representação tradicional do homem como provedor da família (Guedes, 2008, p. 127).
Segundo a análise Estatísticas de Gênero divulgada pelo IBGE em 2014, o atraso escolar atinge
mais fortemente os homens em diversos níveis e pode estar relacionado aos diferentes papéis de
gênero que antecipam sua entrada no mercado de trabalho. O estudo indica que em 2010, a
proporção de jovens de 15 a 17 anos de idade que só trabalhavam foi quase o dobro entre os
homens, se comparada à das mulheres (7,6% e 4,0%, respectivamente).
Gráfico 4: Proporção de mestres e doutores segundo sexo
Fonte: Elaboração da autora a partir dos Dados Estatísticos disponíveis no Painel Lattes – CNPq.
No entanto, é importante ressaltar que apesar das mulheres representarem a maioria dos
portadores de títulos de mestrado e doutorado, tal superioridade não se reflete em outros aspectos da
pesquisa científica no Brasil. Uma análise da distribuição de bolsas de pesquisa do CNPq no ano de
2015 (Tabela 1) demonstra que as mulheres são maioria em quatro tipo de bolsas no país (iniciação
científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado). Nota-se, portanto, que há uma prevalência de
bolsistas mulheres nas modalidades iniciantes da pesquisa acadêmica brasileira.
Tabela 1: Número de bolsas-ano de acordo com a modalidade e sexo do bolsista, 2015.
Bolsas-ano das principais modalidades segundo sexo do bolsista - 2015
Bolsas no país
Modalidades Mulheres Homens
Quantitativo % Quantitativo %
54,54%
48,47%
45,46%
51,53%
Mestres
DoutoresSexo Masculino
Sexo Feminino
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Iniciação Científica 16.338 59% 11.380 41%
Mestrado 4.807 52% 4.353 48%
Doutorado 4.143 51% 4.020 49%
Pós-Doutorado 959 56% 749 44%
Produtividade em Pesquisa 5.013 36% 9.092 64%
Estimulo à inovação para Competitividade
8.438 49% 8.681 51%
Outras 10.741 45% 13.054 55%
Total 50.438 50,44% 51.330 49,56%
Fonte: CNPq/AEI. Elaboração da autora.
Entretanto, na modalidade de “produtividade em pesquisa”, a qual é considerada a
modalidade mais importante e valorizada de produção científica, os homens ainda são a maioria
(64%). A bolsa de produtividade em pesquisa é destinada aos pesquisadores que desfrutam de um
alto reconhecimento entre seus pares e possui uma dinâmica distinta das demais modalidades de
bolsa oferecidos no Brasil (Guedes et. al, 2015), sendo estruturada em três categorias: sênior,
pesquisador 1 (subdividida em níveis) e pesquisador 2. A categoria sênior se situa no topo da
hierarquia e é acessível apenas aos pesquisadores que comprovarem a prévia posse da bolsa na
categoria 1 (níveis A ou B) por, pelo menos, 15 anos (consecutivos ou não).
Estudo sobre os bolsistas de produtividade em pesquisa (PQ) do CNPq indica que há “uma
desproporção por sexo entre os agraciados com a PQ, incongruente com o número e o grau de
qualificação acadêmica alcançado pelas mulheres nas últimas décadas” (Guedes et. al, 2015, p.
370). Os autores do estudo destacam que tal desproporção possui relação com o fato das áreas mais
contempladas pela PQ serem as de Ciências Exatas e da Terra e Engenharias, áreas estas marcadas
pela baixa representatividade feminina, enquanto a grande área de Linguística, Letras e Artes –
tradicionalmente feminina – possui o menor número de PQs.
Ademais, Moema Guedes (2014) ressalta que a participação feminina nas bolsas de
produtividade diminui conforme sobe o nível hierárquico:
Enquanto entre os pesquisadores avaliados na categoria 2F (mais baixa) as mulheres
representam 29,5%, nas categorias 1 A quanto e Sênior (mais altas) o peso feminino cai
para apenas 23,7% e 24,4% respectivamente. [...]
Esses dados mostram que também no campo científico há uma clara dificuldade de
progressão feminina se tomamos como referência a dinâmica masculina. Evidentemente
estas distribuições mudam significativamente dentro das grandes áreas e ao longo das séries
históricas. Chama atenção, no entanto, a manutenção da baixa proporção de mulheres no
segmento de bolsistas de produtividade no período recente. O quadro avançou pouco nos
últimos dez anos. (GUEDES, 2014, p. 6-7)
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Também chamam atenção os dados relativos à composição racial dos cursos de pós-
graduação no Brasil. Apesar da ausência de dados e estudos aprofundados a respeito do acesso dos
diversos a tais cursos, dados iniciais retirados dos Censos Demográficos demonstram que este nível
educacional é composto predominantemente por brancos, bem como possui intensas desigualdades
regionais, étnico-raciais e econômicas (Rosemberg, 2013).
O argumento da exclusão dos negros do ambiente acadêmico também é corroborado por
dados do Censo Demográfico do IBGE de 2000 e 2010. De acordo com relatório de pesquisa da
Fundação Carlos Chagas elaborado por Amélia Artes, os negros (pretos e pardos) representam
apenas 15,2% dos doutores titulados e 19,3% dos mestres, o que corresponde a 18,1% do total de
titulados (Artes, 2015, p. 45). Ao comparar os dados do Censo de 2000 e 2010, Amélia Artes
demonstrou que o percentual de negros titulados na pós-graduação aumentou de 11% em 2000 para
18,1% em 2010 (Artes, 2015, p. 43), percentuais estes que estão longe de espelhar a composição
racial da população brasileira.
Partindo de uma análise do banco de dados divulgado pelo CNPq com informações sobre
gênero e raça declarado pelos doutores em seus currículos na Plataforma Lattes, constata-se que os
detentores de títulos de pós-graduação stricto senso no Brasil são predominantemente brancos.
Dentre todos os doutores registrados na plataforma Lattes e que declararam sua raça e cor – o que
corresponde a 78,77% dos doutores - os titulados declarados brancos representam 79,01%,
enquanto há apenas 3,05% de pretos, 15,29% de pardos e 0,42% de indígenas.
Os dados demonstram que a composição racial dos doutores não está sequer próxima da
composição racial média do país segundo o Censo de 2010, principalmente no que se refere aos
pretos e pardos. De acordo com dados do Censo de 2010 do IBGE, 47,73% dos habitantes do país
se declararam brancos, 43,13% pardos, 7,61% pretos, 1,09% amarelos e 0,43% indígenas. Nota-se,
assim, que os percentuais de pretos e pardos são muito inferiores à média nacional, menos da
metade da proporção, enquanto os percentuais de brancos e amarelos são superiores à média e há
equilíbrio no percentual de indígenas. Na distribuição por raça/cor e sexo dos doutores, a sub-
representação de doutoras pretas, pardas e indígenas é ainda menor: em torno de três vezes menor à
média nacional para pretos e pardos.
Gráficos 5 e 6: Proporção de doutores segundo cor/raça e sexo4
4 As proporções indicadas no gráfico se referem aos doutores registrados na plataforma Lattes e que declararam sua raça e cor – o
que corresponde a 78,77% dos doutores.
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Fonte: Elaboração da autora a partir de banco de dados dos currículos Lattes disponibilizado pelo CNPq.
A baixa participação de pretos e pardos em cursos de pós-graduação está relacionada a um
processo histórico de exclusão desses grupos das universidades brasileiras, não apenas na pós-
graduação, como também cursos de graduação.
Distribuição de Mestres e Doutores nas Grandes Áreas
A CAPES organiza as áreas de conhecimento em níveis hierárquicos, os quais abrangem
nove grandes áreas: Ciências Exatas e da Terra5, Ciências Biológicas6, Engenharias7, Ciências da
Saúde8, Ciências Agrárias9, Ciências Sociais Aplicadas10, Ciências Humanas11, Linguística, Letras e
Artes e a área Multidisciplinar12.
Os dados da base de dados da Plataforma Lattes sobre a distribuição de mestres e doutores
de acordo com a grande área de atuação13 mostram que há maior concentração de mulheres em
5 A grande área de Ciências Exatas e da Terra inclui especialidades como: Matemática, Probabilidade e Estatística, Ciência da
Computação, Astronomia, Física, Química e Geociências. 6 A grande área de Ciências Biológicas inclui especialidades como: Biologia Geral (Genética, Morfologia, Fisiologia, Bioquímica,
Biofísica, Farmacologia, Imunologia, Microbiologia e Parasitologia) e Biodiversidade (Ecologia, Oceanografia, Botânica e
Zoologia). 7 A grande área de Engenharias inclui especialidades como: Engenharia Civil, Sanitária, de Transportes, de Minas, de Materiais e
Metalúrgica, Química, Nuclear, Mecânica, de Produção, Naval e Oceânica, Aeroespacial, Elétrica e Biomédica. 8 A grande área de Ciências da Saúde inclui especialidades como: Medicina, Nutrição, Odontologia, Farmácia, Enfermagem, Saúde
Coletiva, Educação Física, Fonoaudiologia e Fisioterapia e Terapia Ocupacional. 9 A grande área de Ciências Agrárias inclui especialidades como: Agronomia, Recursos Florestais e Engenharia Florestal, Engenharia
Agrícola, Zootecnia, Recursos Pesqueiros e Engenharia da Pesca, Medicina Veterinária e Ciência e Tecnologia de Alimentos. 10 A grande área de Ciências Sociais Aplicadas inclui especialidades como: Direito, Administração, Turismo, Economia, Arquitetura
e Urbanismo, Desenho Industrial, Planejamento Urbano e Regional, Demografia, Ciência da Informação, Museologia, Comunicação
e Serviço Social. 11 A grande área de Ciências Humanas inclui especialidades como: Filosofia, Teologia, Sociologia, Antropologia, Arqueologia,
História, Geografia, Psicologia, Educação e Ciência Política. 12 A grande área Multidisciplinar inclui especialidades como: Ensino, Materiais, Biotecnologia e Ciências Ambientais. 13 As proporções constantes do Gráfico __ foram calculadas levando em consideração todos os mestres e doutores nas atividades de
Ensino e Pesquisa e nas atividades Administrativas e Técnicas.
80,02%
14,60%2,75% 0,28% 2,35%
Proporção de doutores do sexo feminino segundo cor/raça
Branca Parda Preta Indígena Amarela
79,01%
15,29%3,05% 0,42% 2,22%
Proporção de doutores segundo raça/cor
Branca Parda Preta Indígena Amarela
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áreas como Ciências Humanas (18,88%), Ciências da Saúde (18,08%) e Ciências Biológicas
(13,69%), enquanto há baixa participação de mulheres em Engenharias (4,24%) e Ciências Exatas e
da Terra (8,98%). O diminuto número de mulheres em cursos de Engenharia não é uma
exclusividade da pós-graduação, mas possui relação direta com o ingresso na graduação e com um
aspecto cultural da sociedade brasileira, a qual vê tais cursos como territórios masculinos.
As carreiras de engenharia estão entre as profissões que exigem formação acadêmica onde
se inscreve mais fortemente a marca da masculinidade. Acredito que uma das condições
que torna possível que isso ocorra encontra-se nessa mesma tradição ocidental moderna,
que construiu o lugar da produção de bens como um lugar masculino. Dizer que a
engenharia é profissão “para homens” constitui-se, ainda, numa afirmativa fácil e
frequentemente aceita. (SARAIVA, 2008, p.49).
Já no caso dos homens, há maior participação nas áreas de Ciências Exatas e da Terra
(17,59%), Ciências Sociais Aplicadas (13,26%) e Engenharias (12,28%), sendo que a menor
proporção de mestres e doutores do sexo masculino é na área de Linguística, Letras e Artes
(4,29%), a qual é tradicionalmente conhecida como uma área de profissões femininas. A partir da
análise dos dados constata-se também que apenas em duas grandes áreas a proporção de homens e
mulheres fica em patamares próximos e corresponde a uma diferença de aproximadamente 2%:
Ciências Agrárias (9,02% de homens e 7,46% de mulheres) e Ciências Sociais Aplicadas (13,26%
de homens e 11,09% de mulheres).
Gráfico 7: Proporção de mestres e doutores segundo sexo e grande área.
7,46%
13,69%
18,08%
8,98%
18,88%
11,09%
4,24%
7,77%
9,02%
9,08%
11,73%
17,59%
13,43%
13,26%
12,28%
4,29%
0,00% 2,00% 4,00% 6,00% 8,00% 10,00% 12,00% 14,00% 16,00% 18,00% 20,00%
Ciências Agrárias
Ciências Biológicas
Ciências da Saúde
Ciências Exatas e da Terra
Ciências Humanas
Ciências Sociais Aplicadas
Engenharias
Linguistica, Letras e Artes
Mestres e Doutores - Sexo Masculino Mestres e Doutores - Sexo Feminino
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Fonte: Elaboração da autora a partir dos Dados Estatísticos – Distribuição por Sexo, Faixa Etária e Grande Área de Atuação
disponíveis no Painel Lattes – CNPq.
Na docência, também se constata uma diferença de quase 10 pontos percentuais na
participação de homens e mulheres. Dados do Censo da Educação Superior divulgados pelo INEP
indicam que em 2015 os homens representavam 54,61% dos docentes em exercício e as mulheres
45,39%.
Gráficos 8 e 9: Proporção de docentes segundo sexo e organização acadêmica.
Fonte: Sinopses Estatísticas da Educação Superior – Graduação. INEP.
Participação feminina nos órgãos consultivos da educação superior
A presença das mulheres também é baixa nos principais órgãos consultivos da educação
superior, tais como o Conselho Deliberativo do CNPq e o Conselho Superior da CAPES.
O Conselho Deliberativo é a maior instância de poder decisório do CNPq e é composto por
18 (dezoito) membros, incluindo o presidente do CNPq, o secretário-executivo do Ministério da
Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e representantes da Capes, da
Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de
Amparo à Pesquisa (CONFAP), das comunidades científica, tecnológica e empresarial e dos
53,95% 53,62% 55,00%62,02%
54,61%
46,05% 46,38% 45,00%37,98%
45,39%
Universidades CentrosUniversitários
Faculdades IF e CEFET Total
Docentes em exercício por organização acadêmica
Masculino Feminino
54,61%45,39%
Docentes em exercício
Masculino Feminino
12
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servidores do CNPq. As responsabilidades e competências do Conselho Deliberativo incluem a
formulação de propostas para o desenvolvimento científico e tecnológico do país, apreciação
orçamentária, a definição dos critérios orientadores das ações do CNPq, bem como a aprovação das
normas de funcionamento dos colegiados, a composição de comitês de assessoramento, entre
outras.
Segundo dados constantes no site do CNPq, atualmente o Conselho Deliberativo é composto
predominantemente por homens (83,33%), havendo apenas 3 mulheres – o que corresponde a
16,67% do total de membros.
Já a Diretoria Executiva do CNPq é responsável pelo planejamento, acompanhamento e
avaliação de ações e programas implementados pela instituição e possui apenas 1 mulher dentre os
seus 5 membros, o que corresponde a uma participação feminina de 20% no órgão.
Gráficos 10 e 11: Composição dos órgãos deliberativos do CNPq segundo sexo.
Fonte: Elaboração da autora a partir de dados do CNPq.
Na Capes, o órgão colegiado deliberativo é o Conselho Superior, ao qual compete
estabelecer as prioridades e linhas orientadoras das atividades da entidade, apreciar a proposta do
Plano Nacional de Pós-Graduação, apreciar critérios, prioridades e procedimentos para a concessão
de bolsas de estudos e auxílios, entre outras atividades. O Conselho Superior é composto por 7
membros natos, incluindo a presidência da Capes, do CNPq e da Associação Nacional dos
Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES) e 13 membros designados
incluindo representantes do setor acadêmico, do setor industrial, do Fórum de Pró-Reitores de
Pesquisa e Pós-Graduação (FOPROP), da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) e
16,67%
83,33%
CONSELHO DELIBERATIVO DO CNPQ
Sexo Feminino Sexo Masculino
20,00%
80,00%
DIRETORIA EXECUTIVA CNPQ
Sexo Feminino Sexo Masculino
13
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outros dirigentes da Capes. Atualmente, dentre os 20 membros há apenas 4 mulheres (20%), sendo
1 membra nata e 3 membras designadas.
Gráficos 12: Composição do Conselho Superior da CAPES segundo sexo
Fonte: Elaboração da autora a partir de dados da CAPES.
Nota-se, portanto, que apesar das mulheres representarem a maioria da população14 e dos
concluintes de cursos de graduação há algumas décadas, bem como representarem um número
expressivo dos detentores de títulos de mestrado e doutorado, elas continuam subrepresentadas nos
órgãos responsáveis pela definição dos rumos do ensino superior no Brasil.
Considerações finais
O estudo buscou analisar os dados relativos ao processo de escolarização feminina no Brasil
e como se dá a distribuição entre os sexos nos mais variados níveis da educação superior. Os dados
demonstram que, apesar do rápido processo de inserção das mulheres no ensino superior, tal avanço
continua lento em algumas áreas e níveis hierárquicos. Em linhas gerais, as mulheres representam a
maioria dos concluintes de cursos de graduação e de pós-graduação stricto senso (mestrado e
doutorado), mas a maior parte dos cargos de docência continuam sendo ocupados por homens.
Além disso, nota-se que ainda há áreas que se destacam historicamente como redutos masculinos,
especialmente aqueles ligados à área tecnológica, tais como as Engenharias e as Ciências Exatas e
da Terra.
Os indicadores também mostram que a inclusão na educação superior também não abrangeu
de forma proporcional todos os grupos que compõe a população brasileira, especialmente os pretos
e pardos. Pesquisas e dados recentes demonstram que ainda persiste a desigualdade entre brancos e 14 Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, divulgada pelo IBGE em 2015, indicam que as mulheres representavam
51,5% (105,5 milhões) da população brasileira, enquanto os homens 48,5% (99,4 milhões).
20,00%
80,00%
Sexo Feminino Sexo Masculino
14
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negros no acesso aos cursos de graduação, mas mostram que as ações afirmativas representaram um
passo importante para a redução dessas desigualdades. Na pós-graduação a desigualdade entre
brancos e negros é ainda mais marcante, visto que os dados demonstram que este nível educacional
é composto predominantemente por brancos. A análise dos dados do banco de dados de doutores
cadastrados na Plataforma Lattes do CNPq indica que os percentuais de pretos e pardos são muito
inferiores à média nacional, menos da metade da proporção e que na distribuição por raça/cor e
sexo dos doutores, a sub-representação de doutoras pretas, pardas e indígenas é ainda menor.
A inserção das mulheres em posições de prestígio e alto poder decisório também permanece
desproporcional. Pesquisas recentes indicam que há uma desigualdade de gênero na concessão de
bolsas de produtividade em pesquisa, o que pode estar relacionado com os processos institucionais
de escolha dos pesquisadores. Por se tratar das bolsas mais valorizadas, análises mais aprofundadas
e cuidadosas sobre as razões da não entrada feminina são fundamentais para melhor compreensão
da questão.
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Paulo: Direito GV/Malheiros, 2006.
The presence of women in Brazilian universities: a panorama of inequality
Astract: This study intends to discuss the participation of women in Brazilian universities. The
research uses quantitative data to draw a panorama of female participation in Brazilian higher
education and to describe the distribution of women in the different areas of knowledge and
hierarchical levels. The methodology adopted was the descriptive analysis of the following data:
Higher Education Census released by the National Institute of Educational Studies and Research
“Anísio Teixeira” (INEP), databases with information on curricula registered in the Lattes Platform
of the National Council for Scientific and Technological Development (CNPq), Demographic
Census published by the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE) and information on
the CNPq website and the Coordination for the Improvement of Higher Education Personnel
(CAPES). The data demonstrate that, despite the rapid process of insertion of women into higher
education, such progress remains slow in some areas and hierarchical levels. In general, women
represent the majority of graduates of undergraduate and postgraduate courses (master and doctoral
degrees), but most of the Professor positions continue to be occupied by men. The inclusion of
women in decision-making positions and the granting of research productivity grants also remains
disproportionate. The indicators also show that inclusion in higher education did not proportionally
cover all the groups that constitute the Brazilian population, especially blacks and browns.
Keywords: Higher Education. University. Scientific research. Women. Gender.