Curso de Especialização em Farmacologia
Cibele Savi Stelmach
A Intervenção da Prática da Massoterapia na Redução do Uso
de Polifarmácia em Idosos
Londrina
2011
Cibele Savi Stelmach
A Intervenção da Prática da Massoterapia na Redução do Uso de
Polifarmácia em Idosos
Monografia apresentada ao Curso de Especialização
em Farmacologia do Centro Universitário Filadélfia-
UniFil, para a obtenção do título de especialista.
Orientação: Profª Dra Damares Tomasin Biazin.
Londrina
2011
Cibele Savi Stelmach
A Intervenção da Prática da Massoterapia na Redução do Uso de
Polifarmácia em Idosos
Monografia apresentada ao Curso de Especialização
em Farmacologia para banca examinadora do
Centro Universitário Filadélfia - UniFil para a
obtenção do título de especialista.
Aprovado em: ____/____/____
__________________________________________________
Profª Dra Damares Tomasin Biazin.
Orientadora
__________________________________________________
Profª Dra Lenita Brunetto Bruniera.
Membro da Banca Examinadora
Aos meus amores Jefferson e Krica,
pelo amor incondicional, apoio e
incentivo para realizar mais este
desafio em minha vida ...
AGRADECIMENTO
A vida nos proporciona situações que muito nos engrandecem, especialmente
quando temos a honra e o privilégio de estar em contato com pessoas incríveis cujo
objetivo maior é ver o progresso do próximo.
Agradeço:
À Deus.... Fonte de toda sabedoria, conhecimento e de toda ciência: “pois todas as
coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez!”
Ao meu marido Jefferson pelo incentivo e apoio durante mais essa etapa da minha
vida.
Aos Amigos que fiz nesta trajetória, pela amizade, companheirismo e aprendizado.
A Professora Dra. Damares Tomasin Biazin , que aceitou a orientação e pelo
apoio a mim prestado.
As demais pessoas que direta ou indiretamente exerceram alguma influenciam
nessa fase da minha vida.
Muito Obrigada!
STELMACH, Cibele Savi. A Intervenção da Prática da Massoterapia na Redução do Uso de Polifarmácia em Idosos. 2011. 40 f. Monografia (Especialização em Farmacologia). Centro Universitário Filadélfia – UniFil. Londrina, Pr., 2011.
RESUMO
O presente trabalho teve como intuito levantar dados junto à bibliografia científica especializada, de forma a refletir sobre a prática da massoterapia na redução do uso de polifarmácia em idosos, demonstrando que é possível a redução ou até a interrupção da utilização de fármacos desnecessários, evitando desta forma a ocorrência de reações adversas e interações medicamentosas. A vulnerabilidade dos idosos aos problemas decorrentes do uso de medicamentos é bastante alta, o que se deve a complexidade dos problemas clínicos, à necessidade de múltiplos agentes terapêuticos e às alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas inerentes ao envelhecimento. Deste modo, racionalizar o uso de medicamentos e realizar tratamentos alternativos como a massagem terapêutica pode evitar os agravos advindos da polifarmácia.,
Palavras chave: Massoterapia; Idosos, Polifarmácia.
ABSTRACT
This study was aimed to collect data with the specialized scientific literature, to reflect on the practice of massage therapy in reducing the use of polypharmacy in the elderly, showing that it is possible to reduce or even stopping the use of unnecessary drugs, thus avoiding as the occurrence of adverse reactions and drug interactions. The vulnerability of the elderly to the problems arising from the use of drugs is quite high, which is due to the complexity of clinical problems, the need for multiple therapeutic agents and the pharmacokinetic and pharmacodynamic changes associated with aging. Thus, to rationalize the use of alternative medications and perform treatments such as massage therapy can avoid the complications arising from polypharmacy. Key words: Massage Therapy; Elderly; Polypharmacy.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO............................................................................7
2. MÉTODOS .................................................................................9
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................9
3.1 Idosos .......................................................................................10
3.1.1 Características Fisiológicas da Idade ......................................14
3.2 Massoterapia ...........................................................................15
3.2.1 Fisiologia da Massagem Terapêutica .....................................25
3.2.2 Os Benefícios da Massagem...................................................26
3.2.3 A Massoterapia e o Idoso .......................................................27
3.3 Polifarmácia ............................................................................28
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................33
REFERÊNCIAS .................................................................... 34
7
1. INTRODUÇÃO
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou em 2010 a
Tábua Completa de Mortalidade 2009, mostrando que entre 2008 e 2009 a
expectativa de vida do brasileiro passou de 72,8 anos para 73,17 anos,
caracterizando assim, um aumento da expectativa de vida para o ser humano.
De acordo com Lorda (1990) o aumento das pesquisas direcionadas ao
envelhecimento está associado a um aumento gradativo de pessoas com mais de 60
anos de idade. O crescimento desse número pode ser explicado por muitos fatores
como o desenvolvimento das pesquisas na medicina, em especial no que se refere à
prevenção de doenças, na melhoria da alimentação, qualidade de vida, entre outros.
Considerando o avanço da idade ocorrem diversas alterações
“biopsicossociais”. Envelhecer com qualidade de vida torna-se um desafio que exige
uma visão integral de cuidado ao ser humano, não apenas do ponto de vista
curativo, mas, sobretudo, preventivo (MONEZI; BUENO 2009).
Segundo Menezes et al. (2000) os idosos representam uma grande parcela
da população vulnerável ao aparecimento de doenças degenerativas e patologias
associadas ao envelhecimento.
O envelhecimento é processo biológico natural, no qual as funções de
diferentes órgãos tornam-se deficientes, alterando a atividade dos medicamentos. A
presença de diversas patologias concomitantes também é comum, o que facilita a
polifarmácia (SOUZA, 2010).
Com o envelhecimento aumenta o número de doenças crônicas e com elas a
consequente necessidade de utilizar medicamentos para o seu controle, pelo menos
85% dos idosos usam um fármaco prescrito, e a maioria usa mais do que um
(GALVÃO, 2006).
Os problemas de saúde dos idosos são responsáveis pela frequência aos
consultórios médicos e pela procura de tratamentos que possam aliviar seus
sofrimentos. A multiplicidade de queixas resultantes das pluripatologias faz a
população idosa consumir quantidades significativas de medicamentos, que muitas
vezes não são necessários; produzindo alguns efeitos benéficos, por outro, são
capazes de provocar reações adversas, funcionando desse modo, como agentes
agressores (MENEZES et al., 2000).
8
A multipatologia é uma evidência nos idosos, bem como a existência de
diversos fatores determinantes da necessidade de uso de vários medicamentos
concomitantes (MENEZES et al., 2000).
Segundo Secoli (2010) o uso de medicamentos constitui-se hoje uma
epidemia entre idosos, cuja ocorrência tem como cenário o aumento exponencial da
prevalência de doenças crônicas e das sequelas que acompanham o avançar da
idade, o poder da indústria farmacêutica e o marketing dos medicamentos e a
medicalização presente na formação de parte expressiva de profissionais da saúde.
As consequências do amplo uso de medicamentos têm impacto no âmbito
clínico e econômico repercutindo na segurança do paciente. E a respeito dos efeitos
dramáticos que as mudanças orgânicas decorrentes do envelhecimento ocasionam
na resposta aos medicamentos, a intervenção farmacológica é, ainda, a mais
utilizada para o cuidado da pessoa idosa (SECOLI, 2010).
Vem sendo observado na literatura e nos ambientes clínicos um aumento na
procura e utilização da massoterapia como mais um recurso para obtenção de
melhora da qualidade de vida, proporcionando a diminuição do quadro de dores de
certas patologias e diminuindo de forma considerável o consumo de fármacos.
Relatos na literatura indicam que a população idosa utiliza-se da massagem
para diversos fins, entre eles no alívio da dor, redução do estresse, indução de
relaxamento, aumento do bem-estar, na redução da ansiedade e depressão, no
tratamento da insônia e outros distúrbios do sono (MONESI; BUENO, 2009).
A massagem vem sendo vista também como um atrativo a mais aos idosos,
pois possuem características de carência e falta de atenção, assim o simples toque
pode proporcionar efeitos benéficos na saúde e no contentamento do idoso.
O presente trabalho teve como intuito de levantar dados junto à bibliografia
científica de forma a apresentar e discutir o tema, a fim de esclarecer e suscitar
novas questões relativas à utilização de diferentes práticas da terapia alternativa,
especificamente a massoterapia como terapia complementar na redução da
polifarmácia em idosos.
Desta forma, foi objetivo de estudo realizar uma pesquisa bibliográfica para
analisar a correlação da massoterapia na diminuição do uso de polifarmácia em
idosos.
9
2. MÉTODOS
Este estudo foi conduzido por meio de uma Pesquisa Bibliográfica realizada
no período de Julho a Novembro de 2011, na qual foram consultados livros e
periódicos e realizada a busca de artigos científicos nos bancos de dados da Bireme
e Scielo, por meio das fontes Lilacs e Medline. A busca nos bancos de dados foi
realizada utilizando às terminologias cadastradas nos Descritores em Ciências da
Saúde criados pela Biblioteca Virtual em Saúde, desenvolvido a partir do Medical
Subject Headings da U.S. National Library of Medicine, que permite o uso da
terminologia comum em português, inglês e espanhol. As palavras-chave utilizadas
na busca foram: Massoterapia; Polifarmácia e Idosos.
Segundo Biazin e Scalco (2008, p.76) Pesquisa Bibliográfica “é aquela
desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e
artigos científicos”, caracterizando “uma análise aprofundada sobre o tema”.
Os critérios de inclusão para o estudo foram à abordagem da massoterapia na
redução da polifarmácia em idosos usando a interação com a modalidade em
estudo, com intuito de diminuir o consumo de fármacos em idosos. Foram utilizados
como critérios de exclusão os trabalhos que não fizessem correlação entre terapia
alternativa e redução de terapia medicamentosa em idosos.
Assim foi realizada uma revisão dentro da literatura especializada,
compreendendo o período dos últimos 11anos em um total de 30 trabalhos que
correlacionava os critérios de inclusão, uma análise sobre a utilização e indicação da
massoterapia na redução de polifarmácia em idosos.
Todo material selecionado foi submetido à leitura cuidadosa e a análise
apresentada de forma descritiva.
10
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Considerando o questionamento gerado por esta pesquisa, neste capítulo
foram abordadas revisões bibliográficas que contribuíram para a fundamentação e
discussão do tema proposto.
3.1 IDOSOS
Define-se gerontologia como o estudo do processo de envelhecimento de
todos os organismos vivos, o qual aborda fenômenos biológicos e aspectos
psicológicos, sociais e ambientais. Já a geriatria ocupa-se estritamente de
problemas médicos de idosos. Os objetivos primários da medicina geriátrica é
aliviar o sofrimento da população idosa e aumentar o número de anos livres de
limitações funcionais e incapacitações. Desta forma, não há uma preocupação em
só aumentar a expectativa de vida, mas também em manter sua qualidade.
Segundo Ferreira (2010) em alguns estudos, a definição de idoso está ligada
a idéia da fase em que há perda do papel do indivíduo na sociedade, acompanhada
de declínio físico significativo. Em oposição a idade cronológica, o envelhecimento
é demarcado em muitos países desenvolvidos pelo ponto em que a contribuição
ativa do indivíduo não é mais possível.
O envelhecimento populacional iniciou-se no final do século XIX, em alguns
países da Europa Ocidental, espalhou-se para o resto do Primeiro Mundo, no
século passado e estendeu, nas últimas décadas, por vários países do Terceiro
Mundo, inclusive no Brasil. No caso brasileiro, observou-se, a partir dos anos 60,
rapidíssima e generalizada queda da fecundidade e como consequência, um célere
processo de envelhecimento da população (CARVALHO; GARCIA, 2003).
Segundo Carvalho e Garcia (2003) este processo será necessariamente mais
rápido e com mudanças estruturais, demograficamente falando, mais profundas
que nos países do Primeiro Mundo por duas razões: o declínio da fecundidade, no
país deu-se em um ritmo maior e origina-se de uma população mais jovem do que
aquela dos países desenvolvidos.
11
O Brasil é um país que envelhece a passos largos. A alteração na dinâmica
populacional são claras, inexoráveis e irreversíveis. No início do século XX, um
brasileiro vivia em média 33 anos, ao passo que hoje a expectativa de vida dos
brasileiros atinge os 68 anos (RAMOS, 2003).
A diminuição no ritmo de nascimento resulta em médio prazo, no incremento
proporcional da população idosa. Neste mesmo período de 20 anos, a expectativa
de vida aumentou em 8 anos. Hoje, a população de idosos ultrapassa os 15
milhões de brasileiros (para uma população total de cerca de 170 milhões de
habitantes), que em 20 anos serão 32 milhões (VERAS et al., 2002).
De acordo com o IBGE (2010) avanços na medicina e melhorias nas
condições gerais de vida da população levaram a diminuição na taxa de natalidade
e aumento na expectativa de vida em todas as classes sociais e em todas as
regiões do Brasil, contribuindo para o envelhecimento populacional observado.
Nos dias atuais, o relógio biológico da espécie humana atinge 90-95 anos
(VERAS, 2001; VERAS et al., 2002). Em menos de 40 anos, o Brasil passou de um
perfil de mortalidade típico de uma população jovem para um quadro caracterizado
por enfermidades complexas e onerosas, próprias das faixas etárias mais
avançadas (VERAS, 2003).
De acordo com Lopes et al. (2009) o idoso necessita de maior atenção e
geralmente de cuidados mais específicos em razão das transformações
características do processo de envelhecimento. Essas mudanças envolvem aspectos
multifatoriais, pois, diante das doenças que preexistem e se exacerbam, ou das que
surgem no decorrer desse processo, criam circunstâncias de dependência com
necessidade de adaptação tanto para o idoso quanto para seus familiares.
Segundo Nogueira et al. (2008) o aumento da população idosa colabora para
maior prevalência de inúmeras e variadas patologias, cujos tratamentos em geral
incluem recursos farmacológicos.
Estima-se que no Brasil, a cada ano, 650 mil novos idosos são incorporados a
população e proporção significativa apresenta doenças crônicas e limitações
funcionais , levando a maior utilização de serviços de saúde e elevado consumo de
medicamentos (VERAS, 2007).
As doenças dos idosos são crônicas e múltiplas, perduram por vários anos e
exigem um acompanhamento médico constante e medicação contínua (VERAS,
2003).
12
Para Celich e Galon (2009) a dor, quando presente na vida do idoso, instiga,
consome, enfraquece o que ele tem de mais precioso, a vida. A dor confronta o
idoso com sua fragilidade e ameaça sua segurança, autonomia e independência,
impedindo muitas vezes sua capacidade de realizar as atividades da vida diária, bem
como limitando sua capacidade de interação e convívio social, situações que
diminuem consideravelmente sua qualidade de vida.
A dor é considerada pela Associação Internacional de Estudos da Dor (IASP)
como uma experiência desagradável, sensitiva e emocional, associada ou não ao
dano real ou potencial de lesões dos tecidos e relacionados com a memória
individual, com as expectativas e as emoções de cada pessoa, podendo ser aguda
ou crônica. Trata-se de uma manifestação subjetiva, que envolve mecanismos
físicos, psíquicos e culturais (CELICH; GALON, 2009.)
Segundo Lopes et al. (2009) o toque pode aliviar as tensões advindas das
frustrações, de desapontamentos, que causam dor e desalento a muitos dos que
envelhecem. Existem ainda inúmeras situações que comprometem a autonomia do
idoso, conferindo a estes certas limitações, com prejuízo para a realização de suas
atividades de vida diária, como, por exemplo, deambular, vestir-se e alimentar-se.
Considerando que o avanço da idade promove diversas alterações
“biopsicossociais”, envelhecer com qualidade de vida torna-se um desafio que
exige uma visão integral de cuidado ao ser humano, não apenas do ponto de vista
curativo, mas, sobretudo, preventivo (CELICH; GALON, 2009.)
Davis (1991) em seu livro O poder do toque, relata que inúmeros profissionais
médicos e enfermeiros afirmam que o contato físico é um dos aspectos mais
importantes da reabilitação, seja nos ferimentos traumáticos, seja nas enfermidades
agudas, e que de nada vale todos os remédios e recursos materiais, se o paciente
não desejar viver.
Destaca ainda que os sentimentos de amor têm consequências físicas; que o
contato físico que transmite amor pode desencadear alterações metabólicas e
químicas no corpo, as quais auxiliam na cura, e que a estimulação tátil e as emoções
positivas podem controlar a endorfina, que alivia a dor, proporcionando uma
sensação de bem-estar (DAVIS, 1991).
Para Lopes et al. (2009) esses resultados provam o real benefício do toque-
massagem, o que traz possibilidades para o tratamento das aflições vivenciadas
pelo idoso.
13
De acordo com Monezi e Bueno (2009) cresce na literatura os relatos e
discussões sobre a adoção de técnicas da chamada Medicina Alternativa e
Complementar como recurso de acompanhamento terapêutico do envelhecer e
suas possíveis contribuições para a qualidade de vida dessa parcela da população,
uma vez que a base destas práticas, ditas não-convencionais, reside no cuidado
integral à pessoa. Ainda de acordo com Monezi e Bueno (2009) em 2002, a
Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou um conjunto de estratégias a
serem adotadas em relação à utilização e investigação destas terapêuticas,
estimulando à adoção de tais procedimentos nos sistemas de saúde, de forma
integrada às técnicas da medicina convencional.
Lopes et al. (2009) enfatizam que idosos quando mediante a realidade social
ainda pouco estimulante, vêm buscando alternativas, como as terapias que utilizam
o toque, incluindo massagens, técnicas de relaxamento, entre outras. Os idosos
podem desenvolver processos patológicos e muitos deles, doenças crônico não
transmissíveis. Assim, observa-se que alguns idosos têm maior ou menor dificuldade
diante das transformações biológicas de um processo que, embora progressivo, é
perfeitamente natural. O toque alivia o desconforto e promove um estado de bem-
estar, que contribui positivamente com o tratamento clínico.
É de grande importância a aplicação da massagem em idosos para
contribuição de uma possível investigação sobre os efeitos que podem acarretar
tanto envolvendo aspectos físicos, psicológico, afetivo e social, quanto na
interferência de uma qualidade de vida melhor (MONEZI; BUENO, 2009).
A massagem para Domenico e Wood (1998) é particularmente útil para o
relaxamento e alívio da dor em pessoas idosas. Contudo, ao ser efetuada a
massagem, devem ser levadas em consideração as necessidades em constante
mudança do paciente, como tolerância, idade e o estado da pele (ressecamento,
rigidez, fragilidade). Para pessoas idosas e saudáveis, estes são os únicos senões
que devem ser considerados, afora isso, qualquer das técnicas em uso poderá ser
satisfatória, desta forma a importância do toque como meio de comunicação, ao
promover uma sensação de bem-estar e confiança, não deve ser ignorada ou
subestimada.
De acordo com Neves e Chen (2002) vários estudos referem um aumento na
prevalência de dores persistentes, musculoesqueléticas, neuropáticas e
fibromiálgicas relacionadas com o aumento da idade. A falta de avaliação e
14
diagnóstico apropriados, o uso indiscriminado de analgésicos e antiinflamatórios
como único método de controle da dor, tem sido fatores agravantes desta situação
com o aparecimento de agravos secundários como deambulação prejudicada,
quedas, redução das atividades funcionais, depressão, distúrbios de sono, falta de
apetite e má nutrição, que podem definir condições de incapacidade. É fundamental
que se associe cuidados alternativos como as massagens, acupuntura, yoga,
exercícios relaxantes, recursos terapêuticos como os alongamentos, a eletro, termo
e hidroterapia, e também suporte emocional na identificação e cuidado de outras
causas relacionais.
Segundo Deed e Mehta (1995) a massagem é uma das formas de minimizar o
desconforto provocado pelo envelhecimento, pois diminui a dor, a rigidez e mantém
a mobilidade, o que se torna um bom auxílio para o idoso.
3.1.1 CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS DA IDADE
Para Ferreira (2010) as mudanças fisiológicas associadas à idade são
inúmeras, afetando diferentes órgãos e variando de acordo com a influência
genética, ambiental e psicológica. Tais mudanças por si só não caracterizam estudos
de doença, sendo consideradas normais.
Ferreira (2010) argumenta que, à medida que o tempo passa, a perda de
reservas fisiológicas pode tornar os indivíduos mais vulneráveis a patologias ou
acidentes, em comparação aos jovens. Essa redução da capacidade de adaptação a
sobrecargas funcionais é denominada homeostenose.
Ferreira (2010) menciona ainda que, pode haver diversas alterações
psíquicas, sociais e afetivas, favorecendo o desenvolvimento da ansiedade,
depressão e solidão. Esses são fatores, que eventualmente somados a efeitos de
fármacos, contribuem para a ocorrência de eventos indesejáveis, enfatizando a
necessidade do atendimento global ao paciente geriátrico. Embora seja comumente
difícil é importante separar efeitos da idade e alterações de estilo de vida daqueles
provenientes de doenças concomitantes.
15
3.2 MASSOTERAPIA
A massoterapia é a terapia através da massagem, que vem crescendo de
forma significativa e sendo considerada como uma nova ciência com diversos
ramos de atuação. Todas as técnicas de massagem no âmbito geral têm como
propósito aliviar as dores, prevenir doenças, promover o retorno da saúde e manter
o equilíbrio físico-emocional.
A massagem como recurso terapêutico vem sendo reconhecida como uma
das terapias mais eficazes para alívio de dores e prevenção de doenças. Tem
como proposta de trabalho, dentro de uma visão holística, tornar o indivíduo
consciente do seu corpo, das suas tensões, da sua respiração e das suas cargas
emocionais, bem como melhorar a nutrição dos tecidos pelo aumento da circulação
sanguínea e linfática, além de outros benefícios físicos e emocionais (SEUBERT;
VERONESE, 2008).
A massagem apresenta-se como importante instrumento terapêutico por
possibilitar o cuidado e a promoção à saúde. Um fato a ser ressaltado é a aceitação
significativa por parte dos usuários, seja atuando de maneira passiva recebendo a
massagem, ou mais ativa através da automassagem e da realização da massagem
nos bebês (FREIRE, 1989; 1993; BRÊTAS; SILVA, 1998; BRÊTAS, 1999; BRÊTAS
et al., 2000; HUBER, 2002; SOUSA, 2002).
A frequência com que a massagem terapêutica tem sido integrada ao
atendimento geral da saúde, principalmente em idosos, faz com que esse progresso
surja não apenas pelo aumento do conhecimento de pessoas leigas sobre a
medicina complementar, mas também pelos resultados muito perceptíveis e
positivos que têm sido conquistados com a massoterapia.
A massagem contemporânea deve seu progresso não necessariamente aos
pioneiros, mas a um grande número de profissionais que a utilizam em clínicas,
domicílios, hospitais e cirurgias. Por sua eficácia, a massagem garantiu uma firme
posição entre outras terapias complementares. Sendo tanto uma arte quanto uma
ciência, sua evolução continuará enquanto continuar sendo explorada e pesquisada
por estudantes e profissionais (CASSAR, 2001).
A massagem é uma arte, bem como uma ciência, e cada tratamento, deve
combinar esses dois aspectos. Além de toda bagagem teórica, é necessário
16
habilidade de reconhecer as técnicas aplicáveis e o tempo necessário para sua
aplicação (CASSAR, 2001).
Dentro deste contexto, Stephens (2008) define a massagem terapêutica como
a manipulação dos tecidos moles com técnicas específicas para promover ou
restaurar a saúde, é possível usar as mãos para detectar e tratar problemas nos
músculos, ligamentos e tendões, a massagem baseia-se na aplicação de pressão,
deslizamento, amassamentos, percussões, entre outras manobras, em pontos
específicos de forma a eliminar a fadiga, criando sensações agradáveis e
estimulando as defesas do organismo.
A massagem é uma das mais antigas formas de tratamento conhecida da
humanidade e são encontrados vários tipos de massagens nas principais tradições
médicas mundiais (STEPHENS, 2008).
A massagem sempre foi um dos meios mais naturais e instintivos de
aliviar a dor e os desconfortos. Há registros que civilizações da antiguidade como
egípcios, hindus, gregos, romanos, chineses e japoneses, cerca de 300 a.C.,
fizeram referências sobre os benefícios da massagem para promover o bem estar
(CDOF, 2009).
O toque como método de cura parece ter inúmeras origens culturais e é
provável que a massagem tenha começado quando habitantes das cavernas
esfregavam suas contusões (FRITZ, 2002).
A história da massagem é tão antiga quanto a do homem. Em algum ponto de nossas vidas todos sofrem alguma lesão menor, dor ou desconforto. Nossa reação instintiva é a de friccionar ou segurar a área afetada para diminuir a dor. Esta técnica básica foi desenvolvida através dos milênios até o sistema de massagens que conhecemos hoje (SATOSP, 2011, p. 01).
A massagem terapêutica desenvolveu-se a partir de um dos desejos mais
básicos do ser humano, tocar e ser tocado (STEPHENS, 2008).
De acordo com Moretti e Lima (2010) o surgimento da massagem ocorreu
através da seguinte ordem cronológica:
Cerca de 3000a.C. – China
Cong Fu of the Toa Tse – o livro de massagem mais antigo conhecido foi
traduzido para o francês por volta de 1.700 d.C.
17
Cerca de 2760 a.C. – China
Nei Ching Sun Wen O Clássico do Imperador Amarelo descreve os benefícios
do toque terapêutico em vários de seus capítulos.
Cerca de 2330 a.C. – Egito
Registros sobre reflexologia são pictografados na parede da tumba de
Ankmahor (médico egípcio) em Sakkara.
Cerca de 1800 a.C. – Índia
Ayurvédica, arte da Vida, livro que inclui técnicas de massagem para a
manutenção da sáude mental, prevenção e tratamento de doenças.
Cerca de 500 a.C. - 200 a.C. Grécia
Os médicos Herodicus (século V a.C.), Hipócrates (aprox. 460-380 a.C. -
considerado “pai da medicina”) e Asclepíades (124 a.C. ou 129 a.C.) julgaram a
massagem como um instrumento terapêutico muito importante e relataram
qualidades, indicações e contraindicações referentes às técnicas de massagem.
Cerca de 25 a.C. - 50 d.C. – Itália
Aulus Cornelius Celsius, físico romano, escreveu cerca de oito livros com
muitas informações sobre massagem.
Cerca de 100 d.C. – China
Criada a primeira escola de massagem.
Cerca de 200 d.C. – Grécia
Galeno 9129-201 d.C, escreveu aproximadamente 16 livros cujo conteúdo
também abarcava o exercício da massagem. Ela era aplicada nos atletas tanto antes
quanto após um evento esportivo. Acreditava-se que preparava a musculatura para
o evento e limpava os membros de fluidos após uma atividade física intensa.
1368-1644 – China
Na dinastia Ming, a massagem pediátrica é sistematizada como uma
modalidade de tratamento.
1517-1590 – França
Ambrosio Paré publicou um trabalho sobre fricções e sua aplicação para
pacientes cirúrgicos. Essa publicação foi reconhecida e difundiu a terminologia
francesa para as técnicas específicas de massagem, que é usada até hoje. Esse
médico foi considerado o “pai da massagem” no Ocidente.
18
1600-1868 – Japão
Anma se desenvolve como técnica, a partir das técnicas de Do-in transmitidas
na China. Consiste basicamente de combinação de três recursos: An, que significa
pressionar, Ma, que significa deslizar, e Jûnetsu, que significa pressionar e
movimentar os dedos da massagem. A estes se combinam demais recursos de
tamborilamento, vibrações, entre outros; baseados no conhecimento de fisiologia da
medicina oriental, noções de pontos e meridianos de acupuntura.
1742-1823 – Inglaterra
John Grosvenor, médico-cirurgião em Oxford, especializado no tratamento da
rigidez muscular, gota e reumatismo, afirmava que a fricção evitava a necessidade
de procedimentos cirúrgicos em muitos casos.
1776-1839 – Suécia
O médico sueco Per Henrik Ling desenvolveu o que atualmente é conhecido
como massagem sueca ou massagem clássica sintetizando sua técnica com base
em seus conhecimentos sobre ginástica, fisiologia, práticas chinesas, egípcias,
gregas e romanas.
1813 – Estocolmo
Foi fundada a primeira escola que ofereceu massagem como parte do
currículo, o Central Royal Institute of Gymnastics.
1828-1917 – EUA
Introdução da massagem neste país por médicos que viajaram à Europa para
estudar com Ling. Dentre estes, citam-se: George Henry Taylor (1821-1896), Charles
Fayette Taylor (1826-1899), Silas Weir Mitchell (1798-1858), cujas publicações são
válidas até hoje.
1895- Áustria
Sigmund Freud utiliza a massagem terapêutica para o tratamento da histeria.
1900 – Alemanha
Albert Hoffa, médico-cirurgião, escreveu o livro Técnica de Massagem.
1912-1919 – Japão
Tokujiro Namikoshi cria o termo shiatsu e o Instituto de Terapia Shiatsu em
Hokaido (1925).
19
1917 – Inglaterra
James Menell (1880-1957), oficial médico encarregado do Departamento de
Massagem no Special Military Surgery, documentou os benefícios da massagem no
tratamento de ferimentos de guerra.
1929 – Alemanha
Elizabeth Dickie descobriu que a massagem profunda sobre uma parte do
corpo poderia trazer efeitos distintos observáveis em partes do corpo distantes
daquela que fora tratada. Essa técnica foi chamada zona reflexa ou
Bindegewebsmassage, mobilização de tecidos moles e técnica de liberação
miofascial.
1913 - 1930 – EUA
Dr. William Fitzgerald publicou a teoria de que o corpo pode ser dividido em
linhas ou zonas longitudinais. Após esse fato, outro médico, Dr. Joseph Shelby Riley,
desenvolvendo essa prática, fez diagramas e desenhos detalhados de pontos
reflexos localizados nos pés, e Eunice Ingham, como assistente de Riley, separou os
trabalhos sobre reflexos nos pés dos trabalhos de zonas em geral, estruturando nos
pés um “mapa” de todo o corpo.
1932 – Dinamarca
Emil Vodder e Estrid Vodder criaram a drenagem linfática manual.
1940 – Inglaterra
James Henry Cyriax (1904-1985), traumatólogo e ortopedista, desenvolveu
apontamentos sobre infiltração, manipulações e massagem transversa profunda
(técnica atualmente conhecida em todo o mundo). O método do doutor Cyriax
consiste nas avaliações em torno da função de cada tecido móvel, obtendo por meio
do toque e de manipulações passivas, respostas positivas e negativas para
selecionar a tensão desse tecido, formando um padrão cuja análise tem como base
a anatomia aplicada.
1952 – EUA
Janet G. Travell (1901-1997), médica, desenvolveu pesquisas sobre dores
miofasciais e trigger points (pontos gatilhos).
1955 – Japão
O shiatsu é oficialmente reconhecido pelo governo Japonês, em conjunto com
anma e moxabustão.
20
1974 – China
Foi criado e implantado o primeiro Departamento de Acupuntura, Tuiná e
Traumatologia na Universidade de Shanghai de Medicina Tradicional Chinesa.
1982 – EUA
David Palmer ministra o primeiro treinamento de massagem sentada no
Instituto de Anma de Massagem Tradicional Japonesa.
Como visto, as origens da massagem terapêutica podem ser encontradas
tanto na civilização oriental, quanto na ocidental.
Muitos povos antigos ocidentais usavam o esfregar das mãos para aliviar
uma dor de um traumatismo qualquer. Até os gregos e os romanos usavam a
massagem para os esportistas e para tratamento de doenças (CASSAR, 2001).
Mas foi no oriente que a massagem terapêutica mais se desenvolveu
principalmente na Medicina Chinesa, e depois passando para o Japão. Na medicina
oriental, foram desenvolvidos vários sistemas de técnicas de massagem que até hoje
são amplamente empregados em vários tipos de tratamentos (CASSAR, 2001).
O valor terapêutico de uma massagem é conquistado por meio da habilidade
pessoal do massoterapeuta em observar a postura corporal, sentir as respostas dos
tecidos e “ouvir” as informações, necessidades e expectativas fornecidas pelo
receptor, além de utilizar manobras adequadas para cada caso (MORETTI; LIMA,
2010).
Para que um atendimento de massagem seja efetuado com segurança,
independentemente de sua duração ou finalidade, é necessário avaliar o estado do
receptor. Um possível caminho é observar o estado atual do cliente e estabelecer um
diálogo, buscando conhecer um pouco de sua história de vida. No ambiente de
trabalho a anamnese é fundamental, visto que facilitará o acompanhamento das
sessões, a avaliação da efetividade dos atendimentos e a elaboração de relatórios
caso seja solicitado (MORETTI; LIMA, 2010).
É importante explicar os benefícios, indicações, contra-indicações e possíveis
reações à massagem são itens fundamentais, pois, embora ela promova bem-estar e
induza o relaxamento, não oferece “cura instantânea” para distúrbios orgânicos.
(MORETTI; LIMA, 2010).
Outro fator de grande impacto no valor terapêutico da massagem é o
posicionamento do massoterapeuta. Uma postura adequada proporciona controle
sobre a qualidade das manobras efetuadas, menos desgaste físico, mobilidade para
21
se adequar às necessidades do cliente e continuidade na execução das manobras.
(MORETTI; LIMA, 2010).
Durante a realização da massagem, a confiança, o respeito mútuo e uma
apreciação das sensibilidades são de extrema importância, além do conhecimento
teórico e prático, sendo assim a fundamentação fisiológica é essencial para se obter
resultados satisfatórios.
A massagem é uma terapia natural e milenar beneficiando tanto a parte
física quanto a emocional, por meio de ações especificas. A técnica de massagem
terapêutica oferece grande benefício podendo ser aplicada como auxiliar em
tratamentos de depressão, ansiedade, perda de concentração, insônia, crises de
pânico, pós-parto, entre outros” (AMARAL, 2009).
A massagem como recurso terapêutico vem sendo reconhecida como uma das terapias mais eficazes para alívio de dores e prevenção de doenças. Tem como proposta de trabalho, dentro de uma visão holística, tornar o indivíduo consciente do seu corpo, das suas tensões, da sua respiração e das suas cargas emocionais, bem como melhorar a nutrição dos tecidos pelo aumento da circulação sanguínea e linfática além de outros benefícios físicos e emocionais (SEUBERT; VERONESE, 2008, p. 01).
Ao longo da história, a massagem foi usada como ferramenta terapêutica e
seu valor foi reconhecido por múltiplas e variáveis culturas. A fundamentação
fisiológica em suporte ao uso da massagem tem progredido de puramente empírica
à algo mais científico (CDOF, 2009).
Apesar de vários dispositivos elétricos estarem disponíveis para a realização
da massagem, o uso das mãos é considerado o método com maior efeito
(CDOF, 2009).
Os métodos de massagem terapêutica são simples e eficientes para produzir respostas mediadas por meio do sistema nervoso, da interação com o sistema endócrino, do tecido conectivo e dos sistemas circulatórios. Técnicas de massagem terapêutica são capazes de substituir as farmacêuticas em casos de manifestações brandas de sintomas em determinadas disfunções (FRITZ, 2002, p. 174).
Do ponto de vista de Blasco e Pietro (2007) a massagem é uma manobra
manual ou mecânica que se executa sobre uma parte ou a totalidade do corpo
22
humano para mobilizar os tecidos e produzir efeitos preventivos e ou terapêuticos
sobre o organismo. Para os autores a massagem é uma experiência física, mental e
emocional, restabelece o equilíbrio, a energia, melhora a resistência ao estresse e
aos bloqueios nervosos e mentais, controla as tensões evitando espasmos
musculares e dores, em suma, é um prazer para o corpo e uma forma de cuidar da
saúde.
Os efeitos se dão em várias partes do corpo, principalmente nos tecidos, e se
diferenciam de acordo com a intensidade da massagem, quando lenta e superficial
tem propriedades relaxantes e analgésicas, quando lenta e profunda tem
propriedades desintoxicantes, quando rápida e profunda tem propriedades nutritivas,
tonificantes, quando rápida e superficial tem propriedades excitantes do sistema
nervoso (CASSAR, 2001).
A massagem pode estimular o fluxo sanguíneo e liberar as toxinas dos
músculos e tecidos, também pode ajudar a quebrar o ciclo espasmo-dor, relaxando
os músculos que estão tensos ou em espasmo, aumentando a circulação,
melhorando o fluxo de oxigênio e de nutrição para a área dolorosa (CATALANO;
HARDIN, 2004).
Tem sido sugerido que a massagem ajuda a romper o ciclo da dor por seus
efeitos mecânicos e reflexos e pela melhora na circulação. Relaxar e alongar o
tecido muscular reduz a contração prolongada (CASSAR, 2001).
Além disso, Cassar (2001) menciona que nos distúrbios constitucionais mais
generalizados, o papel da massagem é estimular a eliminação de toxinas e resíduos
substâncias oriundas de infecções, inflamações, espasmos musculares e alterações
similares. A massagem atinge seus objetivos pela influência sobre a circulação, em
particular a do retorno venoso e linfático.
A massagem pode ser uma experiência relaxante e revitalizante e um
acréscimo excelente a um programa de controle da dor. Seus efeitos terapêuticos
incluem acalmar os músculos doloridos e aumentar o bem-estar emocional
(CATALANO; HARDIN, 2004).
O valor terapêutico da massagem estende-se além do relaxamento, embora
este seja curativo e produza uma série de benefícios, parte dos movimentos de
massagem tem como efeitos terapêuticos adicionais o alívio da tensão muscular e a
melhora da circulação (CASSAR, 2001).
23
A massagem terapêutica como suplemento de ajuda à terapia
medicamentosa pode “auxiliar na redução das dosagens e na duração do uso
de fármacos, diminuindo assim o risco de efeitos colaterais” (FRITZ, 2002, p. 174).
As técnicas de massagem terapêutica e outros tipos e estilos de trabalhos corporais são meras variações da aplicação fundamental de manipulações, que proporcionam estimulação sensorial externa e efeitos internos. Os benefícios das técnicas são resultados de efeitos fisiológicos básicos desencadeados pelo estímulo tátil (FRITZ, 2002, p. 151).
A massagem terapêutica tem como base movimentos como deslizamento,
amassamento, fricção e percussão, sempre utilizando óleo vegetal ou creme
específico para a realização da massagem.
As massagens são fisiologicamente específicas e bem definidas pelo
modo de aplicação como esfregar, tracionar, pressionar, pela velocidade e a
profundidade da pressão sendo sustentada ou lenta, rítmica, intervalada ou
rápida, e pela intensidade do toque como leve e profundo ou uma combinação dos
dois, utilizando parte do corpo do terapeuta como dedos, mão, antebraço ou
joelho na aplicação das técnicas (FRITZ, 2002).
O efeito da massagem é resultado do inter-relacionamento do sistema
nervoso central e periférico, além do sistema nervoso autônomo e do controle
neuroendócrino. O sistema nervoso responde pela estimulação dos receptores
sensoriais estimulados pelo toque. A estimulação sensorial interrompe o padrão
existente no centro de controle do sistema nervoso central, resultando em uma
mudança de impulsos motores acarretando uma alteração da homeostase,
regulando os padrões vitais e a liberação de neurotransmissores (MORETTI;
CARO, 2006).
Os principais conceitos que explicam o efeito da massagem terapêutica se
baseiam no princípio de que a massagem age diretamente nos tecidos moles ou
nos fluidos corporais estimulando o sistema nervoso, o sistema endócrino e as
substâncias químicas do corpo, além de sua ação como efeito placebo (MORETTI;
CARO, 2006).
24
È importante lembrar que quando os pacientes são tocados, a sua psique também é tocada, é literalmente possível separar a psique do corpo. È comum que o tratamento físico seja capaz de alterar o estado psicológico do paciente, em forma de alterações de humor, de uma nova percepção da imagem corporal e em mudanças de comportamento (MORETTI; CARO, 2006, p.53).
Segundo Werner (2005) o estímulo tátil como o toque terapêutico, não
ameaçador, age aprimorando o funcionamento do eixo hipófise supra-renal
elaborando uma resposta saudável ao estresse, ansiedade e depressão,
demonstrando que a aplicação da massagem terapêutica por meio do estímulo
tátil pode agir equilibrando o organismo e buscando a homeostase.
Alguns dos benefícios da massagem terapêutica são: alivia o estresse e
promove uma sensação geral de relaxamento; alivia a dor e a tensão; reduz a
inflamação; promove a rápida recuperação de lesões; aumenta a mobilidade e
permite uma maior flexibilidade articular e amplitude de movimento; melhora a
circulação; melhora e fortalece o sistema imunológico; alivia problemas
osteomusculares e melhora a postura; alivia os desconfortos da gravidez; reduz a
ansiedade e promove uma sensação geral de bem-estar; aumenta a consciência
corporal (CASSAR, 2001).
Segundo Cezimbra (2009) a massagem pode ser indicada como tratamento
complementar nas seguintes patologias: angústia; ansiedade; artrites; artroses;
cefaléias; cervicalgias; depressão; desequilíbrios internos; doenças ou lesões
músculo-esquelético; estresse; fibromialgias; insônia; irritabilidade; lombalgias;
ombros doloridos; problemas circulatórios; problemas digestivos; tendinites; tensão
pré-menstrual.
Em relação aos sinais de alerta e contra indicações para aplicação da
massagem Lourenço (2008) e Cezimbra (2009) destacam: câncer; cardíacos com
marca-passo; casos graves de osteoporose; dermatites; diabéticos; doença infecto
contagiosa; doenças degerenativas; fraturas; gravidez; hipersensibilidade à dor;
lesões recentes; problemas degenerativos ósseos; quadros hemorrágicos;
tromboflebites e varizes expostas.
25
3.2.2 FISIOLOGIA DA MASSAGEM TERAPÊUTICA
De acordo com Moretti e Lima (2010) a função do sistema nervoso é
coordenar e regular as funções corporais pela percepção das variações do meio
(interno e externo ao corpo), pela difusão dessas variações e pela elaboração das
respostas adequadas para que seja mantida a homeostase (nível de controle interno
do corpo).
Os neurônios são as células do sistema nervoso responsáveis pela recepção
e transmissão dos estímulos, os quais por conexões e impulsos nervosos geram
uma reação em cadeia. Os corpos celulares dos neurônios, o encéfalo e a medula
espinhal formam o sistema nervoso central (SNC), cujas funções gerais são o
processamento e integração de informações. Do SNC partem os prolongamentos
dos neurônios, formando feixes chamados nervos e gânglios, que constituem o
sistema nervoso periférico (SNP), cuja função é conduzir informações entre órgãos
receptores de estímulos, o SNC e órgãos efetuadores (músculos, glândulas, entre
outros) (FOX, 2007).
As contrações voluntárias dos músculos estriados esqueléticos estão sob o
controle do SNP voluntário ou somático. As contrações involuntárias são controladas
pelo sistema nervoso periférico autônomo (SNPA) e têm função de regular o
ambiente interno do corpo, controlando as atividades dos sistemas digestivo,
cardiovascular, excretor e endócrino. O SNPA é dividido em dois ramos: simpático e
parassimpático. Os gânglios da via simpática se localizam ao lado da medula
espinhal, e os gânglios das vias parassimpáticas estão próximos ou mesmo dentro
do órgão efetuador. O SNPA simpático auxilia o organismo a responder a situações
de estresse e é responsável, dentre outros possíveis exemplos, pela aceleração dos
batimentos cardíacos, pelo aumento da pressão sanguínea, pelo aumento da
concentração de açúcar no sangue e pela ativação do metabolismo geral do corpo,
já o SNPA parassimpático estimula principalmente atividades relaxantes, como a
redução do ritmo cardíaco e da pressão sanguínea, entre outros (FOX, 2007).
As manobras de massagem utilizadas como estratégia terapêutica podem ter
efeitos mecânicos e/ou reflexos. O alongamento e relaxamento dos músculos, a
condução dos conteúdos intestinais e da linfa são exemplos de efeitos mecânicos. O
26
efeito reflexo ocorre por meio da ação manual sobre os receptores cutâneos que
ativam as conexões neurais e seus múltiplos trajetos (MORETTI; LIMA, 2010).
Cassar (2001) afirma que os receptores cutâneos podem ser classificados
em terminais nervosos livres (sensíveis a estímulos que causam dor) ou axônios
espessos mielinizados (sensíveis ao toque).
Os mecanoceptores da pele, receptores sensíveis à pressão pelo toque,
podem ser do tipo A, responsáveis pelas sensações de toque, movimento, vibração
e cócegas, ou do tipo B, que provocam sensação de pressão (FOX, 2007).
Os nociceptores, ou receptores da dor, são sensíveis a qualquer estímulo
(pressão, variação de temperatura, estimulação mecânica ou substâncias químicas)
que possam causar danos aos tecidos. Quando os receptores cutâneos são
estimulados, ocorre uma ação reflexa cujo trajeto pode gerar contração ou
relaxamento do tecido muscular. Normalmente a sensação de dor provoca uma
resposta simpática, enquanto o relaxamento gerado por uma rotina de massagem
provoca uma resposta parassimpática (FOX, 2007).
O que ocorre é que o sistema nervoso periférico sensorial, levará os
estímulos ao sistema nervoso central, que acionará o sistema nervoso autônomo
parassimpático, que inibirá o sistema nervoso autônomo simpático, e
consequentemente isso vai acalmar e relaxar o paciente.
3.2.2 OS BENEFÍCIOS DA MASSAGEM
Para Seubert e Veronese (2008) de forma geral, os benefícios gerais da
massagem é agir na melhora da percepção e da sensibilidade do corpo, amplia a
consciência corporal e o cuidado ofertado durante a sessão de massagem gera
maior confiança e sensação de acolhimento e bem-estar. Outros benefícios como
perda de peso, diminuição da ansiedade, da carência emocional, amenização no uso
de drogas como álcool, tabaco e aceleração do processo de cura e analgesia nos
casos de dores e contusões são também verificados.
De forma específica a massagem:
“melhora a imunidade, a estimulação da pele produz ativação dos
linfócitos T no organismo” (MONTAGU,1998, p.195);
27
possui efeito calmante (MONTAGU,1998, p.382)
“o toque terapêutico diminui a ansiedade aguda em pacientes
hospitalizados em procedimentos pós-cirúrgicos”;
”a massagem atua sobre o sistema nervoso autônomo, acalmando as
emoções” e reabsorve edemas (MONTAGU,1998, p.195);
facilita a circulação do retorno venoso, onde esta se encontra lenta ou
estagnada (LEDUC, 2000);
“reabsorve diversas toxinas e reativa a circulação de proteínas do meio
intersticial” e reduz a estafa (JACQUEMAY, 2000, p.21);
“ajuda a aliviar os efeitos do estresse como a hipertensão, úlceras,
indigestão, doenças infecciosas, distúrbios gastrointestinais, insônia,
dores de cabeça, ansiedade e depressão”; libera endorfinas (proteínas
com propriedade analgésica) (DOUGANS; ELLIS, 2001, p. 41);
“o toque estimula o cérebro a produção de endorfinas pela glândula
pituitária.” (DOUGANS; ELLIS, 2001 p. 44).
Segundo Pereira e Pereira (2002), a estimulação tátil tem efeitos profundos
sobre o organismo do indivíduo, sendo a pele fonte imunológica de hormônios para a
diferenciação de células protetoras, desempenhando um papel de destaque na
regulação da pressão e fluxo sanguíneo. Citam ainda, dentre as funções
relacionadas ao toque, as de sediar receptores sensoriais e a de mediar sensações.
Todas essas funções podem favorecer o estado de saúde do indivíduo, já
que, ao acionar os receptores sensoriais, o toque pode produzir emoções mais
reconhecidamente benéficas no enfrentamento e recuperação de doenças.
3.2.3 A MASSOTERAPIA E O IDOSO
A massoterapia e as técnicas de relaxamento estão relacionadas com a
respiração, o tato, o contato, com o movimento consciente, com a flexibilidade e com
a propriocepção.
28
Segundo Monezi e Bueno (2009) são destacados alguns benefícios referentes
a massoterapia e atividades de relaxamento relacionados aos idosos, tais como:
melhora da saúde óssea com consequente redução no risco de osteoporose;
melhora da estabilidade postural, reduzindo assim o risco de quedas, lesões e
fraturas associadas; e incremento da flexibilidade e amplitude de movimento,
contribuindo, assim, para um estilo de vida independente e saudável, melhorando
muito a capacidade funcional e a qualidade de vida.
Estudos ainda indicam que as técnicas de relaxamento em idosos produzem
sensações de alívio, relaxamento, tranquilidade, diminuição do nervosismo e
tensões musculares, especialmente na região dorsal (MONEZI; BUENO, 2009).
3.2 POLIFARMÁCIA
Polifarmácia tem sido definida de modo variado na literatura.
A polifarmácia, ou polimedicação, consiste na utilização simultânea de múltiplos
fármacos/ medicamentos. Este conceito tem habitualmente uma conotação negativa
porque está, muitas vezes, associado à utilização inapropriada de medicamentos,
mais que à sua utilização racional (BROEIRO, 2008).
Alguns consideram a existência da polifarmácia quando há uso de múltiplos
medicamentos e/ou administração de mais fármacos do que seta clinicamente
indicado, representando uso desnecessário (SALAZAR et al., 2007).
Outros, porém, estabelecem o número de cinco medicamentos ou mais
como ponto de referência. O termo “polifarmácia excessiva” tem sido atribuído ao
uso de dez medicamentos ou mais (FERREIRA, 2010).
Segundo Flores e Mengue (2005) apesar de não existir um consenso sobre
qual número expresse a polifarmácia, ela tem sido definida basicamente, de duas
formas: como o uso concomitante de fármacos medida por contagem simples dos
medicamentos ou como administração de um maior número de medicamentos do
que os clinicamente indicados, avaliada nas revisões clínicas, usando critérios
específicos.
De acordo com Secoli (2010) a polifarmácia é definida como uso de cinco ou
mais medicamentos; aumentou de modo importante nos últimos anos, apesar de não
29
ser uma questão contemporânea. A magnitude deste fenômeno evidenciou-se nos
Estados Unidos, quando esta prática passou a configurar como um dos problemas
de segurança relacionado ao uso de medicamento. Sua etiologia é multifatorial,
desta forma todas as doenças crônicas e as manifestações clínicas decorrentes do
envelhecimento, apresentam como os principais elementos.
Não há consenso na definição de polifarmácia, Carlson (1996) a definiu como
uso de pelo menos um medicamento considerado como não necessário ou o
aumento do número de drogas, considerando-se, para tal, cinco ou mais
associações.
Segundo Pandolfi et al. (2010) de acordo com o número de medicamentos, a
polifarmácia ainda pode ser categorizada como pequena com duas ou três drogas,
moderada com quatro ou cinco drogas e grande com mais de cinco drogas.
Veehof et al. (2000) afirmam que para ser considerada polifarmácia há
necessidade de considerar também o tempo de uso do medicamento, que este deve
ser consumido por, pelo menos, sessenta dias durante um quarto de ano. Além
disso, há de se lembrar da utilização de um fármaco a fim de controlar o efeito
adverso de outro.
A polifarmácia pode ser apropriada como, por exemplo, na diabetes mellitus. O
que importa é avaliar se o perfil da medicação é excessivo ou desnecessário. O
termo polifarmácia é como um chapéu-de-chuva que cobre: o número excessivo de
medicamentos, múltiplas doses e/ou consumo desnecessário. Recentemente, o
termo que melhor reflete a utilização de múltiplos medicamentos é o de
hiperfarmacoterapia (BROEIRO, 2008).
A polifarmácia é praticada em grande escala, seja por prescrição médica ou
automedicação, favorecendo a ocorrência de efeitos adversos e interações
medicamentosas.
A polifarmácia tem alta prevalência em idosos, secundariamente a
comorbilidade. Recomendações clínicas atuais propõem o uso de múltiplos
medicamentos em diversas doenças crônicas, como AIDS, tuberculose e
hipertensão arterial sistêmica (SALAZAR et al., 2007).
De acordo com Marin et al. (2008) no Brasil, um estudo transversal realizado
em uma cidade paulista, envolvendo 301 idosos da área de abrangência do
Programa de Saúde da Família (PSF), 23% utilizavam cinco ou mais medicamentos,
sendo que 4% utilizavam oito ou mais.
30
A maioria dos idosos no Brasil consome pelo menos, um medicamento, e
cerca de um terço deles consome cinco ou mais simultaneamente. A média de
produtos usados por idoso oscila entre dois ou cinco. Esse uso irracional se traduz
em consumo excessivo de medicamentos supérfluos, ou não indicados, e
subutilização de outros, essenciais para controle de doenças (ROZENFELD, 2003).
A população geriátrica do Brasil é o segmento mais medicado da sociedade,
sendo que os idosos constituem 50% das pessoas que utilizam muitos
medicamentos (FERREIRA, 2010).
O declínio de funções fisiológicas se traduz por alterações em alguns
parâmetros farmacocinéticos e farmacodinâmicos existindo respostas diferenciadas
em idosos, especialmente com respeito a medicamentos sedativos e psicotrópicos,
quando se observa efeito paradoxal (SOUZA, 2010).
Ferreira (2010) relata que outro fator a ser considerado é a presença de
potenciais interações medicamentosas, particularmente comuns em idosos, devido à
maior presença da polifarmácia.
A polifarmácia esta associada ao aumento do risco e da gravidade das
reações adversas aos medicamentos (RAM), de precipitar interações
medicamentosas (IR), de causar toxicidade cumulativa, de ocasionar erros de
medicação, de reduzir a adesão ao tratamento e elevar a morbimortalidade
(SECOLI, 2010).
Atualmente, o uso de medicamentos pelos idosos tem gerado preocupação
quanto aos gastos excessivos e aos possíveis efeitos benéficos ou indesejáveis
(ROZENFELD, 2003).
A farmacologia para idosos tem peculiaridades, pois com a idade diminui a massa muscular e água corporal. O metabolismo hepático, os mecanismos homeostáticos, assim como a capacidade de filtração e de excreção renal ficar comprometidos. Disso decorre a capacidade de eliminação de metabólitos, o acúmulo de substância tóxicas no organismo e a produção de reações adversas. Pode, inclusive, haver superposição entre essas últimas e os quadros mórbidos pré-existentes. Há medidas importantes a serem seguidas diante do paciente idoso: estímulo ao emprego de medidas não farmacológicas; acompanhamento com revisão periódica; do conjunto dos medicamentos e seus possíveis efeitos adversos (ROZENFELD, 2010, p. 717).
31
A elevada quantidade de medicamentos consumidos parece ser
compreendida pelo fácil acesso às medicações e a alta frequência dos recursos
farmacológicos para manejo de problemas patológicos, contribuindo para o elevado
consumo de medicamentos por parte da população idosa.
Secoli (2010) afirma que o risco de reações adversas aos medicamentos
(RAM) aumenta de três a quatro vezes em pacientes submetidos a polifarmácia,
podendo imitar síndromes geriátricas ou precipitar quadros de confusão,
incontinências e quedas. É frequente o idoso apresentar de duas a seis receitas
médicas e utilizar a automedicação com dois ou mais medicamentos, especialmente
para aliviar sintomas como dor e constipação intestinal. Esta situação pode
ocasionar eventos adversos, uma vez que o uso simultâneo de seis medicamentos
ou mais pode elevar o risco de interações medicamentosas (IM) graves em até
100%.
Uma revisão sobre os óbitos mostrou que 18,2% das mortes foram
diretamente associadas ao uso de mais de um medicamento. A incidência de erros
de medicação, como conseqüência da polifarmácia, foi de 15% quando o idoso
utilizou um medicamento, elevando-se para 35% quando o número foi igual ou
superior a quatro (SECOLI, 2010).
Segundo Flores e Mengue (2005) foi observado elevado consumo de
analgésicos e medicamentos envolvendo o sistema digestório, revelando
desconforto eminente dos idosos em aliviar ou eliminar suas dores agudas,
afirmando que a polifarmácia vem aumentando com a progressão da idade,
fenômeno este que pode ser explicado por uma série de fatores, incluindo o
aumento da morbidade.
A polifarmácia no idoso deve ser adequadamente supervisionada, visto que
aumenta o risco de interações medicamentosas com efeitos adversos e redundância
terapêutica, uma vez que a tendência é a procura por vários especialistas
(PANDOLFI et al., 2010).
Os medicamentos mais consumidos, segundo um trabalho americano, incluem as drogas cardiovasculares, anti-hipertensivas, analgésicas, antiinflamatórias, sedativas e preparações gastrointestinais. Idosos na faixa de 65 a 69 anos consomem em média 13,6 medicamentos prescritos por ano, e aqueles com 80 a 84 anos podem alcançar 18,2 por ano. As principais consequências são o comprometimento da capacidade funcional
32
do idoso, o aumento na frequência de doenças iatropatogênicas e o estresse associado à dificuldade de controlar doenças crônicas, sem esquecer das internações e dos recursos públicos de saúde despendidos desnecessariamente (PANDOLFI et al., 2010, p.54).
O idoso, pelas suas alterações fisiológicas, é afetado com mais doenças
crônicas do que qualquer indivíduo e pelo uso excessivo de medicamentos. Esse
fato predispõe a faixa populacional geriátrica aos riscos da prática da polifarmácia e
aos efeitos adversos dos medicamentos (NÓBREGA et al., 2005).
Em substituição da prevenção ou das medidas não farmacológicas, tem se
dado especial ênfase, infelizmente, às medidas farmacológicas que nem sempre têm
o efeito desejado. Correndo sérios riscos de administrar fármacos com efeitos
positivos em jovens, mas nem sempre com tanta especificidade para o idoso. O
idoso é um ser único e que não pode ser comparado a um jovem. Para este, a
farmacologia é necessariamente particular.
Um problema a considerar no uso de medicamentos pelos idosos é o que diz
respeito à automedicação. A prática da automedicação tem sido incitada muitas
vezes pela publicidade das empresas farmacêuticas, sendo alvo de preocupação e
de campanhas contra essa atitude do Ministério da Saúde (MENEZES et al., 2000).
Para Menezes et al. (2000) tendo em vista que os medicamentos são o
principal instrumento terapêutico para tratar a maior parte dos problemas de saúde e
considerando os graves perigos que o uso incorreto de medicamentos vem
representando para os idosos.
Embora nem todos os idosos necessitem de medicamentos, a existência de
múltiplas doenças crônicas na mesma pessoa pode implicar a prescrição de
fármacos de diferentes grupos terapêuticos, aumentando assim os riscos de
interações medicamentosas (GALVÃO, 2006).
A alternativa mais coerente diante deste problema é a utilização da prática da
terapia alternativa por meio da massagem terapêutica como tratamento auxiliar de
algumas das principais queixas dos idosos, como constipações, dores musculares,
dores de cabeça, tensão, estresse, depressão e insônia.
A prática da massoterapia é um recurso terapêutico usado como ferramenta na
racionalização do uso de medicamentos, evitando os agravos advindos da
polifarmácia de uma forma segura, possibilitando a melhoria da qualidade de vida,
33
tornando possível a diminuição ou até mesmo a interrupção da utilização de
fármacos desnecessários que são considerados supérfluos de acordo com a
definição de polifarmácia, reduzindo de forma significativa a ocorrência de reações
adversas, interações medicamentosas e toxicidade referente ao uso indiscriminado
destes fármacos.
34
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O rápido processo de transição demográfica e do envelhecimento populacional
no Brasil faz com que haja um aumento da prevalência das doenças referentes aos
idosos, tornando de extrema importância questões como a polifarmácia.
O campo da terapia alternativa e complementar constituído por diversas técnicas
como a utilização da massoterapia no recurso terapêutico está associado no alívio
de dores, na prevenção de doenças, na promoção do retorno da saúde,
apresentando um crescente interesse por parte da população como coadjuvante às
terapias médicas convencionais. A massoterapia revela por meio de sua prática, que
os idosos podem ser mais saudáveis em nível físico, mental, emocional e mais
conscientes de sua vida.
Existe uma forte sugestão, fundamentada em dados descritos pela literatura
sobre a utilização da massoterapia como tratamento complementar na população
idosa, atuando como mais um recurso na obtenção de melhores padrões de
qualidade de vida, demonstrando recursos seguros e eficazes no acompanhamento
terapêutico do envelhecer, dispensando de forma segura e saudável o uso de
medicamentos supérfluos. Por meio dos benefícios da massoterapia apresentados
neste estudo, relaciona-se a intervenção desta prática no uso de polifarmácia,
substituindo a utilização simultânea de múltiplos fármacos/medicamentos por um
tratamento simples e eficaz, abstendo-se dos riscos que estes podem ocasionar com
as interações medicamentosas, reações adversas e toxicidade.
0 propósito do trabalho foi uma revisão de literatura relacionada com
intervenção da prática da massoterapia na redução do uso de polifarmácia em
idosos, o qual foi atingido, provando que a massagem pode melhorar de forma
significativa a qualidade de vida e substituindo o uso de medicamentos
desnecessários por uma alternativa mais segura.
Desta forma considerando a reduzida produção de trabalhos científicos que
associam a massagem e a polifarmácia, são muitas as necessidades e
possibilidades de investigação sobre esta relação que ainda devem ser abordadas.
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