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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL – ULBRA
UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO
CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS
Taís de Oliveira
A GRAVURA ALIADA ÀS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
Canoas/RS
2010
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Taís de Oliveira
A GRAVURA ALIADA ÀS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado (a) em Artes Visuais, pelo Curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Luterana do Brasil.
Orientadora Me. Ana Lúcia Beck
Canoas/RS
2010
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RESUMORESUMORESUMORESUMO
Este trabalho é o resultado de uma sequência de observações, sondagens,
pesquisas e a aplicação do projeto A Gravura Aliada às Histórias em Quadrinhos.
Sua aplicação aconteceu na turma 63 da Escola Técnica 31 de Janeiro, do
município de Campo Bom-RS.
Serão encontradas informações em relação ao projeto A Gravura Aliada às
Histórias em Quadrinhos, bem como análises e discussões quanto ao tema
proposto, apresentando obras do artista Iberê Camargo e utilizando-se do auxílio
dos autores como Fayga Ostrower, Mirian Celeste Ferreira Dias Martins, Benedito
Nunes e Alexandre Barbosa.
O projeto teve como tema a Gravura e as Histórias em Quadrinhos, o
objetivo geral deste era o uso da técnica da Gravura como meio de produção das
HQ’s. O desejo era de estimular os alunos a produzirem suas histórias de uma forma
diferente, por meio de uma técnica não convencional, mais desafiadora tentando
desestereotipar a forma de produzi-las.
Foi no decorrer da aplicação das técnicas propostas que os alunos foram
estabelecendo uma alta na auto-estima, pois com o aumento da confiança e da
familiaridade no manuseio das ferramentas de trabalho da técnica, fez com que eles
se preocupassem em fazer o melhor que conseguiam e começar a encontrar beleza
no que produziam.
Foram realizadas atividades em que os alunos exploravam possíveis
materiais que poderiam ser utilizados como matriz de impressão de formas, como
papelão, rolhas, objetos com formas diferentes. Bem como, exercícios de
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monocromias com giz de cera e tinta guache, com o propósito dos alunos irem
perdendo o medo e conseguirem estabelecer confiança com a técnica da Gravura.
Com o intuito de que quando chegassem à atividade de produzir uma Tirinha com a
própria técnica, eles já estivessem confiantes em realizar as impressões sem
demonstrar anseio em errarem, deixando de acreditar que estavam insatisfatórias na
análise da professora.
Nas atividades das HQ’s, onde tiveram de criar suas próprias personagens
colocando características psicológicas nos mesmo, foi possível encontrar
particularidades dos alunos nos mesmos. O que me surpreendeu, pois nesta atitude
já era uma demonstração da identificação dos alunos com o trabalho proposto.
Minha expectativa era que as aulas tivessem resultados positivos e
pudessem agradar a turma. No entanto, no final do projeto me deparei com
resultados positivos e resultados também negativos, mas pude analisar através
desta experiência, que elaborar um projeto não é algo que se possa prever todas as
conseqüências. Mas o que posso é supor resultados e estar aberta a superar novos
desafios decorrentes das superações dos alunos.
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Dedico este trabalho à minha família,
que esteve presente ao meu lado,
dando apoio e oferecendo palavras
de conforto e incentivo nos
momentos de exaustão. E a todos os
amigos que me apoiaram e estiveram
juntos nos momentos de tensão.
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AGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que estiveram ao meu lado durante este período de
intensa dedicação e que não me deixaram desistir.
A Deus, pela força espiritual que sempre me fortaleceu, muitas vezes me
amparou indicando de forma misteriosa que valia a pena o esforço e a persistência.
Aos meus Pais, minha imensa gratidão, pois me ofereceram sempre o
melhor e compreenderam toda a dificuldade no processo de conclusão deste
trabalho. Aconselharam-me e mantiveram meu discernimento em relação ao que era
bom ou ruim.
À minha família Mineira, que me adotou e esteve ao meu lado, oferecendo-
me auxílio e permitiu meu ingresso na Universidade.
Aos amigos, pela compreensão, que de muitas formas, cada um ajudou-me
de sua maneira a diminuir a pressão de toda a responsabilidade que muitas vezes
deixava o meu medo transparecer.
Ao Gabriel pela força e encorajamento. A Hélen, que revisava minhas linhas
e ao Leandro que foi compreensivo em lhe permitir tempo para isso. A Denise, como
uma boa sagitariana ensinou-me o pensamento positivo juntamente com a Ana
Cristina, que me ajudavam a acreditar em meu potencial. E a Geniane a “Amiga
Toddynho”.
Aos mestres educadores precursores desta semente de conhecimento e a
todos aqueles que, de alguma forma, passaram por mim nesta mesma caminhada,
contribuindo na conclusão de mais uma etapa no meu processo de aprendizado.
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SUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 9
1. INICIAÇÃO À GRAVURA ............................................................................ 12
1.1 a) Um Breve Histórico da Gravura ........................................................... 12 1.1 b) Xilogravura ........................................................................................... 16
1.2 Histórias em Quadrinhos ou Banda Desenhada ...................................... 19
1.2 a) Formatos ............................................................................................. 24 1.2 b) Tira ...................................................................................................... 24 1.2 c) Revista em quadrinhos ........................................................................ 24 1.2 d) Graphic novel ....................................................................................... 25 1.2 e) Webcomic ............................................................................................ 25 1.2 f) Storyboard ............................................................................................ 25 1.2 g) Fanzine ................................................................................................ 26 1.2 h) História em Quadrinhos no Brasil ......................................................... 26
2. A IMPORTÂNCIA DO TEMA A GRAVURA ALIADA ÀS HISTÓRIAS
EM QUADRINHOS ............................................................................................. 28
3. DIÁLOGO COM A ESCOLA ....................................................................... 37
3.1 Observações realizadas no Centro de Educação Integrada .................... 37
3.1 a) 1ª Aula e 2ª Aula .................................................................................. 37 3.1 b) 3ª Aula e 4ª Aula .................................................................................. 38 3.1 c) 5ª e 6ª aula .......................................................................................... 40
3.2 Observações no Colégio Sinodal Tiradentes ............................................ 40
3.2 a) 1ª Aula e 2ª Aula .................................................................................. 40
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3.2 b) 3ª Aula e 4ª Aula .................................................................................. 43 3.2 c) 5ª Aula e 6ª Aula .................................................................................. 44
3.2 Análises das Observações ................................................................... 45
4. PROJETO DE ENSINO EM ARTES VISUAIS ........................................ 48
4.1 Projeto de Ensino ......................................................................................... 48
4.1 a) 1ª Aula e 2ª Aula ............................................................................... 50 4.1 b) Aula 1 .................................................................................................. 56
4.1 c) Aula 2 .................................................................................................. 57 4.1 c) 3ª Aula e 4ª Aula ................................................................................ 58 4.1 d) Aula 3 .................................................................................................. 59 4.1 e) Aula 4 .................................................................................................. 60 4.1 f) 5ª Aula e 6ª Aula ................................................................................. 64 4.1 g) Aula 5 .................................................................................................. 66 4.1 h) Aula 6 .................................................................................................. 66 4.1 i) 7ª Aula e 8ª Aula ................................................................................. 69 4.1 j) Aula 7 ................................................................................................... 69 4.1 k) Aula 8 .................................................................................................. 72 4.1 l) 9ª Aula e 10ª Aula ............................................................................... 74 4.1 m) Aula 9 e 10 ......................................................................................... 75 4.1 n) 11ª Aula e 12ª Aula ............................................................................ 79 4.1 o) Aula 11e 12 ......................................................................................... 81 4.1 p) 13ª Aula e 14ª Aula ............................................................................ 84 4.1 q) Aula 13 e 14 ......................................................................................... 85 4.1 r) 15ª Aula e 16ª Aula ............................................................................. 87 4.1 s) Aula 15 e 16 ......................................................................................... 87
CONCLUSÃO ...................................................................................................... 90
REFERÊNCIAS ................................................................................................... 94
APÊNDICE ............................................................................................................ 96
1. Questionário com a Diretora ..................................................................... 96 2. Questionário com a Coordenadora .......................................................... 97 3. Questionário com a Professora Titular ..................................................... 98 4. Questionário com os Alunos ................................................................... 100
ANEXO CD-ROM com cópia em PDF do trabalho .................................................... 103
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INTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃO
O interesse particular em Histórias em Quadrinhos (HQ’s) foi o primeiro fato
relevante para a escolha deste projeto, assim como a magia envolta na leitura das
HQ’s, as quais carrego comigo desde a infância. Muitas vezes gostaria de ser igual
aos protagonistas das histórias, podendo ter super poderes e conseguindo combater
meus anseios infantis. Este conteúdo é algo que mexe com a mente criativa jovem,
podendo fazer com que eles mesmos possam se identificar com as personagens e
até mesmo desligar-se da realidade que os cerca. A partir deste desejo, senti
vontade em trabalhar com este tema em sala de aula, pois é algo que sempre me
despertou interesse, bem como o fato de gostar de todo o processo de criar
gravuras.
Neste trabalho serão encontradas informações em relação ao projeto A
Gravura Aliada às Histórias em Quadrinhos. Análises e discussões quanto ao tema
proposto, utilizando como auxilio obras do artista Iberê Camargo e autores como
Fayga Ostrower, Mirian Celeste Ferreira Dias Martins, Benedito Nunes e Alexandre
Barbosa.
No primeiro capítulo será apresentada uma explicação quanto aos temas
escolhidos, um breve histórico da Gravura, conceituando também o que é
Xilogravura e o que são Histórias em Quadrinhos.
Já no segundo capítulo, há uma análise da importância do tema a Gravura
aliada às HQ’s, enfatizando seu potencial em ser uma ferramenta de trabalho no
projeto elaborado.
Pois ideia norteadora foi a utilização da técnica da Gravura como ferramenta
de trabalho impulsionador na elaboração da História em Quadrinhos. Refletindo a
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partir desta prática, que as HQ’s podem ser confeccionadas sem utilização de um
processo convencional. Podendo encontrar na Gravura um indicador positivo, aliada
na produção das HQ’s, traz a possibilidade de desestereotipar a maneira de
confeccioná-las. Foi, a partir deste objetivo, que se procurou aplicar atividades
diversificadas, revezando teoria e prática durante a aplicação do projeto. Visando
desafiar os alunos a encontrarem, em suas obras, identificar resultados positivos e
confiando que estavam atingindo a proposta da professora.
No capítulo três, será encontrado um conteúdo de sondagem, uma descrição
das escolas visitadas e das turmas observadas, que permitiram a escolha do tema
do projeto. Estará disposto também o planejamento por aula proposta e um relatório
dos resultados obtidos na aplicação das mesmas. Nesta parte teórica do relatório foi
realizada uma análise com fundamentações teóricas em cada aula aplicada.
Visando descrever o que foi aplicado com sucesso e o que foi necessário modificar
conforme os interesses da turma, bem como observar o crescimento desta quanto a
sua produção em sala de aula.
Estas observações foram realizadas na Escola de Educação Integrada –
CEI, na cidade de Campo Bom, na 6ª série, no período dos meses de abril e maio,
do ano de 2009. Onde inicialmente, observei algumas aulas nesta turma com o
objetivo de sondar quais eram as dificuldades encontradas em sala de aula e
encontrar alguns indicadores de interesses dos alunos. A segunda etapa da
aplicação do projeto em sala de aula foi realizada na Escola Técnica Estadual 31 de
Janeiro, a turma de 6ª série 63. A escola em questão está localizada no centro da
cidade, tem como característica o fato de receber alunos de todos os bairros. Ou
seja, não se consegue identificar nos alunos um reconhecimento da escola como
sua própria identidade, fato que é perceptível em uma escola que se localiza em um
bairro, por exemplo. O perfil desta turma era de serem alunos agitados,
desestimulados e desacreditados quanto aos seus trabalhos realizados em sala de
aula, não somente nas aulas de Artes, mas em todas as disciplinas.
Diante destas observações silenciosas, percebeu-se que os alunos tinham
uma comodidade em trabalhar de forma convencional e pouco estimulante,
estereotipando a maneira de trabalhar o conteúdo, engessando-os e permitindo
simplificarem a criação de HQ´s. Ou seja, havia um comodismo dentro das turmas,
pois realizavam desenhos sem explorar suas competências e habilidades.
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Por fim, será apresentada na conclusão, uma visão particular destes
resultados, visando analisar a positividade e a negatividade resultante da ação do
projeto em sala de aula. Também poderá ser observada, quão estimulante e
fascinante foram às descobertas das novas possibilidades de trabalho, encontradas
a partir da aplicação do projeto. Havendo neste capítulo a descoberta do
crescimento da turma quanto a sua auto-estima e suas expectativas, bem como
seus anseios e dificuldades em aceitar novos desafios.
Estarão no apêndice os questionários aplicados com as diretoras e diretores
das escolas observadas, com a coordenação pedagógica e também com os alunos.
Por fim, em anexo um CD-ROM, contendo uma cópia deste mesmo trabalho
e informações complementares.
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INICIAÇÃO À GRAVURAINICIAÇÃO À GRAVURAINICIAÇÃO À GRAVURAINICIAÇÃO À GRAVURA
Gravura é a arte de formar por meio de incisões e talhos, ou de fixar por ação química em pedra, metal, madeira etc. [...] imagens a entalhe ou plano para reprodução e multiplicação por entintamento e estampagem manual ou mecânica em papel ou outro material [...] e não se serve de fotografia ou de processos mecânicos, dependendo unicamente da habilidade manual e da capacidade interpretativa do gravador [...] (BUARQUE, 2008, p. 440)
1.1 a) Um Breve Histórico da Gravura
As técnicas de riscar, gravar, sulcar a argila, ossos, madeira ou a pedra
dura, desenhando ou contornando formas ou relevos, datam desde as origens da
humanidade e deixam transparecer a necessidade imperiosa do homem em marcar
e dominar a matéria. Tão antigo como a pintura ou a escultura encontramos estes
exemplos lá na pré-história, na era quaternária, no interior das cavernas.
Mais tarde no Egito o ato de gravar teve uma importância direta nos baixos
relevos e na cerâmica. Caldeus, Assírios e muitos outros povos da antiguidade
deixaram suas marcas gravando sobre os mais variados materiais incisões em
pedra, no interior das cavernas, em chifre de rena, em casca de árvores, em placas
de argila ou de chumbo como os Romanos que se utilizavam desta arte para gravar
seus poemas e assim perpetuá-los. Mesmo as mais variadas civilizações como
Incas, Maias e a civilização Asteca foram nos mostrando, embora tosca os
fundamentos que caracterizaram os precursores da arte de gravar. Estes exemplos
sejam pela semelhança de execução, ou soluções plásticas contribuíram para nos
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oferecer um roteiro que nos levará ao surgimento da estampa, ou seja, da gravura
impressa.
O desenvolvimento econômico, cultural, e a grande liberdade religiosa pela
qual passava a China no Século VI e VII é o que leva a mesma a usar a escrita
como base de gravação sobre madeira. Em alguns documentos eram usados
carimbos sobre papel, o mesmo acontecia nas estampas de selo. Das
multiplicações, dos textos religiosos do Budismo, para a impressão tabular é um
passo. Chama-se tabular a gravação feita em uma única tábua. Tudo isso favorece
para que aconteça na China o surgimento das primeiras estampas bem como o
primeiro livro impresso e datado, em 868 d.C. conhecido como Sutra do Diamante.
Segundo Cavalcante (1999) é no Japão, no ano de 700 de nossa era, que a
tiragem de até um milhão de exemplares, com os talismãs búdicos que a gravura
atinge índices de grande popularidade.
Já na Europa a gravura tem seu surgimento em meados do século XIV, o
que se pode considerar é que a gravura em madeira foi o primeiro meio de cultura e
divulgação acessível ao povo, quer das imagens dos santos ou das cartas de
baralho de tarô, todas impressas manualmente. Ou seja, estes eram os únicos
meios de comunicação e contemplação das imagens religiosas que o povo podia
adquirir, sendo assim seus preços eram acessíveis e a divulgação facilmente
propagada.
Gravura de Dürer; Melancolia; Séc. XV;
http://www.gravura.art.br/historiadagravura.asp - Acesso em 04/2009
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O que acontece com o tempo é que os livros escritos à mão aos poucos vão
dando espaço à técnica de impressão; que passa a ser cada vez mais exigida para
as ilustrações de missais, cartas topográficas, das reproduções de desenhos,
pinturas e das cartas de baralho. A descoberta da imprensa pelo alemão John
Gutenberg, que só acontece por volta de 1450, quando o mesmo aperfeiçoa o prelo
de pancada junto com os tipos móveis e ocasiona um impulso na arte de imprimir. É
desta época a técnica da gravura em topo, que vem a substituir a madeira de fio, já
que a mesma permite uma variação maior de detalhes e tons.
Xilogravura mais antiga do século XV; 1443; São Cristóvão
http://www.gravura.art.br/historiadagravura.asp - Acesso em 04/2009
A impressão em massa de livros foi tão revolucionária na época que
democratizava o conhecimento e o poder. Além da propagação e difusão do
conhecimento e ideias, promoveu a fixação das línguas e da literatura. No início
eram editados o livro da Bíblia e textos sacros seguidos de panfletos, livros de
estudos e clássicos latinos. Como o povo começa a procurar pelas edições gera o
aumento da demanda de impressões ocasionando uma liberação de publicações e
de assuntos.
A gravura em metal (buril, ponta seca, e água-forte) mais rica em recursos e
possibilidades de maiores detalhes, pela metade de 1500, logo entra no gosto dos
artistas o que gera uma queda e o desuso da xilografia. Passando a ser utilizada
somente pelas camadas mais pobres para execução de cartazes, panfletos e
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folhetos de imagens baratas ou como complemento da tipografia, que depois vai se
firmando como meio mais importante de produção gráfica.
O surgimento da litografia, que é um processo de gravura plana, passa a ser
logo a técnica aprovada e largamente utilizada nos meios gráficos. A expansão da
litografia é imediatamente aprovada pelos artistas do século XIX. Os processos
litográficos que até recentemente ainda eram utilizados nas gráficas foi aos poucos
substituído pelo Off-set e pelos processos fotomecânicos, finalmente libertando a
gravura das amarras de reprodução ou meramente ilustração.
Litografia; Eduardo Munch; O grito; 1895;
http://www.itaucultural.org.br - - Acesso em 04/2009
Artistas como Vallaton na França, Gauguin no Taiti e Munch na Noruega,
veem na xilogravura uma possibilidade de fazer experiências com as gravuras,
independentes das gráficas comerciais, o que causa impacto entre os artistas da
época.
No período que antecede a primeira guerra mundial, a xilogravura surge na
Alemanha de forma significativa, os expressionistas encontram nesta técnica, de
cortes diretos e bruscos, uma forma melhor do que qualquer outra de expressarem
suas ideias e suas revoltas.
Neste período do entre-guerras o surgimento das múltiplas tendências
utiliza-se das artes gráficas, tendo, inclusive, alguns artistas se notabilizando através
da gravura. O surgimento de novos materiais, por exemplo: o linóleo para uso como
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matriz, em 1920, cria um novo impulso na gravura expandindo-a por todo mundo.
Grandes nomes das artes como Kandinsky, Kirchner, Matisse, Picasso e etc.,
utilizam-se desta técnica.
Outros materiais vão surgindo com o tempo, o polistileno, o acrílico, etc., que
passam também a serem usados como matriz; mas, seja qual for o material
empregado, o processo continua sendo o mesmo, o que diferencia é o resultado da
qualidade gráfica.
O impacto evolutivo nas últimas décadas gerou transformações de forma
decisiva no mundo, criando alterações no campo cultural, social e político. O pós-
guerra e a década de 60 influenciaram profundamente o comportamento do homem,
e como conseqüência todos os elementos dos sistemas de arte.
As técnicas de reprodução artesanais como xilogravura, a gravura em metal
e a litografia cumpriram seu destino utilitário até o surgimento de novas técnicas
industriais de reprodução de imagens. Ilustrações de revistas, livros diversos, Atlas e
até mesmo jornais eram feitas por meio da litogravura. Ao ser superada por
processos tecnológicos mais sofisticados, ali pelo final do século XIX, a gravura
poderia ter desaparecido, assim como ocorrera com tantas outras técnicas e
disciplinas que se tornaram obsoletas frente à avalancha industrial. No entanto as
técnicas manuais de gravação conseguiram sobreviver.
Mas a gravura, segundo Frederico de Morais (1995, apud CAVALCANTE,
1999, p. 4), permanece “como último refúgio das artes plásticas”, sem negar a nova
figuração, a influência das vanguardas, a Pop Arte e mesmo a arte conceitual e as
tecnologias contemporâneas, mantendo-se fiel ao seu específico e a sua própria
tradição do Atelier, da chapa da prensa e de seus instrumentos.
1.1 b) Xilogravura
Etimologicamente, a palavra xilogravura é composta por xilon, do grego, e
por grafó, também do grego. Xilon significa madeira e grafó é gravar ou escrever.
Assim, xilogravura é uma gravura feita com uma matriz de madeira.
Explicando de maneira mais simples pode-se dizer que é um processo de
impressão com o uso de um carimbo de madeira. Para preparar uma matriz
xilográfica é preciso realizar trabalho de entalhe em um pedaço de madeira,
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deixando em relevo a imagem que se pretenda reproduzir. As partes altas (em
relevo) receberão a tinta e transferirão a imagem para o suporte. Geralmente as
xilogravuras são impressas em papel, mas também podem ser feitas por impressão
em outros tipos de suporte.
Quase sempre a impressão é feita com o emprego de tinta, que é
previamente aplicada sobre a matriz. No entanto, há xilogravuras impressas sem
tinta, nas quais o relevo provocado pela pressão da matriz sobre o papel é o
bastante para que o observador possa distinguir a imagem. A impressão pode ser
produzida por uma prensa de rosca (de parafuso vertical), ou uma prensa de
cilindros, ou até sem prensa nenhuma. Com a pressão de uma colher de pau (ou
outro instrumento arredondado, liso e sem arestas) exercida no verso do papel,
pode-se pressioná-lo centímetro a centímetro contra a matriz, provocando a
transferência da tinta da matriz para o papel. No Oriente, em vez de colher de pau,
usam para essa impressão manual de xilogravuras um instrumento que denominam
baren, uma espécie de bolacha feita de um recheio firme e flexível (barbante
enrolado, cartão), revestida por folha de bambu e dotada de um pegador do mesmo
material. No século catorze os xilógrafos europeus usavam, para exercer pressão
sobre o papel, uns tampões com miolo de crina revestidos de pano.
Alguns artistas alçaram na xilografia vôos mais elevados, em especial o alemão Albrecht Dürer (1471-1528) que iniciou novo capítulo dessa arte com a série do Apocalipse (1499), na qual conduziu seus traços em busca das potencialidades da madeira, dando-lhe uma linguagem plástica peculiar e notável. (CAVALCANTE,1999, p.9),
Dürer; Apocalipse; 1499;
http://www.gravura.art.br/historiadagravura.asp - Acesso em 04/2009
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Estas xilogravuras de Dürer acabaram influenciando grandemente a
ilustração alemã.
Outro centro onde a xilográfica foi bem difundida e utilizada, na época do
Renascimento, foram às cidades italianas de Veneza e Florença. Embora
subordinada à ilustração de livros, a xilogravura italiana desdobrou-se em
criatividade, graças à tradição miniaturista na qual, os italianos, exercitavam certa
liberdade ornamental. Quando já prestava seus serviços em toda a Europa, a
xilografia veio, entretanto, a perder terreno. A partir do século dezesseis, sofreu forte
concorrência da gravura em metal.
Gravura de Dürer; Séc. XV;
http://www.gravura.art.br/tecnicadagravura.asp - Acesso em 04/2009
Porém, no Japão, a gravura em madeira obteve um momento de esplendor
com a Escola Ukyio-e. Produzida principalmente em Edo, hoje Tókio, do século XVII
ao XIX, a gravura Ukyio-e representa a primeira libertação da xilografia em relação
ao livro. Produzida em folhas avulsas, com tiragens enormes, propiciadas pelo
trabalho de equipes de entalhadores e impressores reunidos em oficinas coletivas,
atendeu, com seu abundante colorido e pela descrição das paisagens e do dia-a-dia,
ao gosto dos comerciantes, contrapondo-se à arte aristocrática, que no Japão da
época imitava os padrões chineses, mais idealizados e menos ligados ao real.
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Dragão; Ukiyo-e; 1750;
http://en.wikipedia.org/wiki/Wikipedia:Featured_picture_candidates/Ukiyo-e_dragon - Acesso em 04/2009
Já na Europa, a xilografia voltaria a ser utilizada para ilustrar livros, jornais e
revistas, graças ao aparecimento da técnica de topo, que se difundiu durante o
século dezenove pelas mãos do gravador inglês Thomas Bewick (1753-1828). No
entanto, essa xilografia de ilustração em topo, que é usualmente chamada xilografia
de reprodução ou xilografia de interpretação, sofreu um colapso no século vinte,
porque encontrou-se em desvantagem em relação ao clichê metálico, então
largamente difundido fruto da fotografia aliada à corrosão química de metais.
Quando a xilogravura perdeu sua função utilitária, fato este que condenou ao
desemprego os xilógrafos de reprodução, a gravura em madeira conheceu,
entretanto, um ressurgimento no campo artístico. Liberada da subserviência que lhe
impunham as encomendas dos veículos de comunicação, ela passou a ser usada
com liberdade criativa por artistas plásticos empolgados com a força dessa
linguagem plástica, na qual se evidenciam dramáticos contrastes entre branco e
preto.
1.2 Histórias em Quadrinhos ou Banda Desenhada
História em Quadrinhos é a forma de expressão artística que tenta representar um movimento através do registro de imagens estáticas. Assim, é Historia em Quadrinho toda a produção humana, ao longo de toda sua
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História, que tenha tentado narrar um evento através do registro de imagens, não importando se esta tentativa foi feita numa parede de caverna há milhões de anos, numa tapeçaria, ou mesmo numa única tela pintada. Não se restringe, nesta caracterização o tipo de superfície empregado, o material usado para o registro, nem o grau de tecnologia disponível. Engloba manifestações na área da Pintura, Fotografia, principalmente a fotonovela, do Desenho de Humor como a charge, o cartum, e sob certos aspectos a caricatura, e até algumas manifestações da Escrita, como as primeiras formas de ideografia. (RENARD, 1978, p.11)
Banda desenhada e história aos quadradinhos ou história em quadrinhos,
quadrinhos, gibi, HQ é uma forma de arte que conjuga texto e imagens com o
objetivo de narrar histórias dos mais variados gêneros e estilos. São, em geral,
publicadas no formato de revistas, livros ou em tiras publicadas em revistas e
jornais. São conhecidos como comics nos Estados Unidos, bande dessinée na
França, fumetti na Itália, tebeos na Espanha, historietas na Argentina, muñequitos
em Cuba, mangás no Japão, manhwas na Coréia do Sul, manhuas na China e com
várias outras designações pelo mundo fora, em muitos países, incluindo o Brasil,
também é conhecida por Arte sequencial.
A banda desenhada é chamada de "Nona Arte", o termo "arte sequencial"
(traduzido do original sequential art), criado pelo quadrinhista Will Eisner (1985),
define esta arte como o arranjo de fotos ou imagens e palavras para narrar uma
história ou dramatizar uma idéia, é utilizado para definir a linguagem usada nesta
forma de representação. Senso assim uma fotonovela e um infográfico jornalístico
também podem ser considerados formas de arte sequencial.
É possível remontar aos tipos de registro pictórico utilizados pelo homem
pré-histórico para representar, por meio de desenhos, as suas crenças e o mundo
ao seu redor. Ao longo da história esse tipo de registro se desenvolveu de várias
formas, desde a escrita hieroglífica egípcia até às tapeçarias medievais, bem como
aos códigos/histórias contidos numa única pintura. Por exemplo, a obra de Bosch no
Museu de Arte Antiga, em Portugal, "As Tentações de Santo Antão",
representam sequencialmente passos da vida do santo.
Porém, a banda desenhada (BD) não se confina à obra original, sendo antes
um produto que nasce da novidade que foi a Imprensa escrita. Assim, terá de ser
impressa e distribuída por formatos como sejam a revista ou o álbum. Só assim é a
arte que conhecemos. Qualquer analogia com aqueles exemplos históricos é apenas
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coincidência, pois a Banda Desenhada não é a única arte a contar uma história por
método sequencial.
Como a BD tem ligação com à Imprensa, encontra seus precedentes nas
sátiras políticas publicadas por jornais europeus e norte-americanos, que traziam
caricaturas acompanhadas de comentários ou pequenos diálogos humorísticos
entre as personagens retratados. Mais tarde esse recurso daria origem aos "balões",
recurso gráfico que indica ao leitor qual das personagens em cena está falando
(donde o termo italiano "fumetti" - os balões lembram fumaça saindo da boca dos
interlocutores).
Juca e Chico; Obra precursora das HQ; Max und Moritz; 1865;
http://pt.wikipedia.org/wiki/Banda_desenhada - Acesso em 04/ 2009
No século XIX o livro Max und Moritz, do escritor e desenhista alemão
Wilhelm Busch é considerado como o precursor dos quadrinhos - pois cada ação era
ricamente ilustrada, tornando o texto mais agradável ao público infantil.
Porém, a primeira obra com as histórias em quadrinhos conhecidas hoje em
dia foi um livro de Rodolphe Töpffer. Detalhes na versão em inglês, digitando-se
"comics". Deve-se registrar ainda o trabalho original publicado na imprensa do Brasil,
de autoria do artista italiano Angelo Agostini, que fez inúmeras charges e caricaturas
de figuras políticas da época de Dom Pedro II, além de criar história em quadrinhos
com textos na forma de legenda, consideradas por vários como igualmente
precursoras desse tipo de arte.
Os quadrinhos de 1897 e editados até os dias atuais, a usar o formato pelo
qual passaram os quadrinhos a ser identificados, foram criados pelo teuto-americano
Rudolph Dirks, retratando as aprontações de um par de gêmeos, Hans e Fritz -
editados no Brasil como Os Sobrinhos do Capitão, e título original “Katzenjammer
22
Kids”. Outra personagem antiga que sobreviveu ao tempo foi Popeye, criado ainda
em 1929.
No ocidente, a forma de publicação mais popular era basicamente em tiras,
como as publicadas pelos jornais ainda hoje, e em páginas dominicais coloridas.
Com sua crescente popularidade, foi uma das molas propulsoras do crescimento
dos impérios de mídia de William Randolph Hearst e Joseph Pulitzer. Distribuídas
por agências (syndicates), essas tiras e dominicais da década de 1920 conquistaram
a imaginação de leitores do mundo inteiro e foram adaptados para o cinema, em
seriados e filmes.
No ano de 1930, essas tiras começaram a ser colecionadas em revistas,
dando origem aos primeiros "comic books". Esses primeiros "gibis" tiveram grande
sucesso, e logo o material disponível não era suficiente. Surgiram então os estúdios
especializados na produção de histórias produzidas especificamente para a página
de revistas. A liberdade de usar a página (livre das restrições da "tira") permitiu aos
quadrinistas um salto criativo.
Em 1938, com a publicação e o estrondoso sucesso da primeira história do
Superman, surgiu o gênero dos super-heróis, que se tornaria o paradigma dos
quadrinhos norte-americanos. Em torno desses heróis mascarados, a partir da
década de 1940, desenvolveu-se uma verdadeira indústria do entretenimento.
Primeira edição da HQ do Superman; Jerry Siegel e Joe Shuster; 1938;
http://www.universohq.com/quadrinhos - Acesso em 05/2009
23
Já no ano de 1950, a popularidade e a variedade das revistas em
quadrinhos norte-americanas eram enormes (a maioria traduzida ao redor do
mundo). Faziam muito sucesso, além dos super-heróis, revistas de guerra e terror.
Considerados excessivamente violentos e uma influência perniciosa para a
"juventude", os quadradinhos passaram a sofrer fortes pressões governamentais.
Essas pressões acabaram por forçar, nos EUA, a criação do Comics Code Authority,
um código de "ética" que conseguiu praticamente exterminar a criatividade dos
quadradinhos norte-americanos nas duas décadas seguintes. Praticamente, porque
na década de 1960 autores underground como Robert Crumb começaram a vender
nas esquinas seus quadradinhos extremamente autorais, sem limites. Crumb e
numerosos colaboradores da lendária Zap Comix influenciaram uma nova geração,
mostrando que os quadradinhos eram um meio de expressão de grande potencial.
Hoje, os quadrinhos são publicados em média impressa e eletrônica e
agregam ao seu redor um universo de criações que são adaptadas aos jogos, ao
cinema, às artes plásticas e a produtos como brinquedos, coleções de roupas, etc.
Entre os elementos de linguagem, além do já citado balão, podem ser
destacados: o uso de sinais gráficos convencionados (como as onomatopéias para a
tradução dos sons, pequenas estrelas sobre a cabeça de um personagem indicando
dor ou tontura, o próprio formato do balão pode indicar o volume ou tom da fala e até
mesmo informar que se trata de um pensamento); uso da "calha" para separar um
quadro de outro e estabelecer um sentido de evolução no tempo entre as cenas
representadas; uso de cartelas ou recordatórios para estabelecer uma "voz do
narrador" dentro da história; e o uso de diagramação versátil dos quadros, de acordo
com a necessidade dramática de cada cena, entre outros.
Com a popularização da impressão, a partir do começo do século XIX para o
XX a banda desenhada tornou-se imensamente popular em todo o mundo. A sua
linguagem é cada vez mais apurada e, apesar de ser tratada, muitas vezes com
preconceito, como uma forma de expressão menor seu respeito nos meios
acadêmicos vem crescendo a cada dia.
24
1.2 a) Formatos
A banda desenhada como uma forma de arte poderá representar diversos
estilos e formatos de publicação, muito embora seja discutível, ainda hoje e nos
meios acadêmicos, se o cartoon (por exemplo) não será antes uma arte autônoma:
Cartoons.
O cartoon ou cartum, originalmente tratado como os esboços de um artista,
é considerado por muitos especialistas, entre eles R.C. Harvey (1996), como um
formato de arte sequencial animada. Embora composto de uma única imagem, foi
debatido que, uma vez que o cartum combina tanto palavras quanto imagens e
constrói uma narrativa, ele merece sua inclusão entre os formatos de quadrinhos.
1.2 b)Tira
A tira, também conhecida como tira diária, é uma sequência de imagens. O
termo é atualmente mais usado para definir as tiras curtas publicadas em jornais,
mas historicamente o termo foi designado para definir qualquer espécie de tira, não
havendo limite máximo de quadros, sendo o mínimo de dois.
Primeira Tira do Garfield; Jim Davis; publicada em 19/061978;
http://tirinhasdogarfield.blogspot.com/2006/07/primeira-tirinha-19061978.html - Acesso em 05/2009
1.2 c) Revista em quadrinhos
A revista em quadrinhos, como é chamada no Brasil, ou "comic book" como
é predominantemente conhecida nos Estados Unidos, é o formato usado para a
25
publicação de histórias do gênero, desde séries românticas aos populares super-
heróis. Em Portugal a expressão usada é 'Revista de Banda Desenhada'.
1.2 d) Graphic novel
Graphic novel é um termo para um formato de revista em quadrinhos que
geralmente trazem enredos longos e complexos, frequentemente direcionados ao
público adulto. Contudo o termo não é estritamente delimitado, sendo usado muitas
vezes para implicar diferenças subjetivas na qualidade artística entre um trabalho e
outro. Em Portugal usa-se também a tradução: Novela Gráfica, mas raramente.
1.2 e) Webcomic
Webcomics, também conhecido como "online comics", "web comics" ou
"digital comics" são histórias em quadrinhos publicadas na Internet. Muitas
webcomics são divulgadas e vendidas exclusivamente na rede (exemplo: Absolutus
Empire), enquanto outras são publicadas em papel, mas mantendo um arquivo
virtual por razões comerciais ou artísticas. Com a popularização da Internet, o
formato webcomic evoluiu, passando a tratar desde as tradicionais tiras diárias até
graphic novels.
1.2 f) Storyboard
Storyboards são ilustrações dispostas em sequência, com o propósito de
prever uma cena animada ou real de um filme. Um storyboard é essencialmente
uma versão em quadrinhos de um filme ou de uma seção específica de um filme,
produzido previamente para auxiliar os diretores e cineastas a visualizar as cenas e
encontrar potenciais problemas antes que eles aconteçam. Os storyboards muitas
vezes trazem setas e instruções que indicam movimento.
26
Storyboard do filme O Grilo Feliz; Waldercy Ribas e Rafael Ribas; 2001; http://entreter.wordpress.com/2009/01/18/grilo-feliz-e-os-insetos-gigantes-trailer-e-making-of/ - Acesso
em 05/2009
1.2 g) Fanzine
Um fanzine é uma revista em quadrinhos amadora, feita de forma artesanal
a partir de máquinas de Xerox ou mimeógrafos. É uma alternativa barata àqueles
que desejam produzir suas próprias revistas para um público específico, e conta
com estratégias informais de distribuição. Diversos cartunistas começaram desta
maneira antes de passarem para espécies mais tradicionais de publicação,
enquanto outros artistas estabilizados continuam a produzir fanzines paralelamente
à suas carreiras.
O termo é também usado para definir publicações amadoras feitas por fãs
de outros meios de entretenimento, trazendo notícias e ensaios sobre música,
esportes e programas de televisão em geral.
1.2 h) História em Quadrinhos no Brasil
As histórias em quadrinhos começaram, no Brasil, no século XIX, adotando
um estilo satírico conhecido como cartuns e que depois se estabeleceria com as
populares tiras diárias. A publicação de revistas próprias de histórias em quadrinhos
no Brasil começou no início do século XX. Mas, apesar do país contar com grandes
artistas durante a história, a influência estrangeira sempre foi muito grande nessa
27
aérea, com o mercado editorial dominado pelas publicações de quadrinhos
americanos, europeus e japoneses. Atualmente, o estilo comics dos super-heróis
americanos é o predominante, mas vem perdendo espaço para uma expansão muito
rápida dos quadrinhos japoneses (conhecidos como Mangá). Artistas brasileiros têm
trabalhado com ambos os estilos. No caso dos comics alguns já conquistaram fama
internacional (como Roger Cruz que desenhou X-Men e Mike Deodato que
desenhou Thor, Mulher Maravilha e outros).
A única vertente dos quadrinhos da qual se pode dizer que se desenvolveu
um conjunto de características profundamente nacional é a tira. Apesar de não ser
originária do Brasil, no país ela desenvolveu características diferenciadas. Sob a
influência da rebeldia contra a ditadura durante os anos 60 e mais tarde de grandes
nomes dos quadrinhos underground nos 80 (muitos dos quais ainda em atividade), a
tira brasileira ganhou uma personalidade muito mais "ácida" e menos comportada do
que a americana.
28
A IMPORTÂNCIA DO TEMA A IMPORTÂNCIA DO TEMA A IMPORTÂNCIA DO TEMA A IMPORTÂNCIA DO TEMA A A A A
GRAVURA ALIADA ÀS GRAVURA ALIADA ÀS GRAVURA ALIADA ÀS GRAVURA ALIADA ÀS
HISTÓRIAS EM QUADRINHOSHISTÓRIAS EM QUADRINHOSHISTÓRIAS EM QUADRINHOSHISTÓRIAS EM QUADRINHOS
Neste trabalho falarei sobre a necessidade do ensino da Gravura e das
Histórias em Quadrinhos, enfatizando qual a função e objetivo do Ensino da Arte no
ambiente escolar.
Segundo Mirian Celeste Martins (1998, p. 13), a arte é importante na escola,
principalmente porque é importante fora dela. Por ser um conhecimento construído
pelo homem através dos tempos, a arte é um patrimônio cultural da humanidade e
todo ser humano tem direito ao acesso a esse saber.
Com a necessidade do ser humano desenvolver sua capacidade de
expressar-se, segue a uma definição do que consiste este processo:
É o ato que consiste em relacionar certos dados atuais ou presentes a objetos ocultos ou distantes [...] Diz-se que as palavras exprimem pensamentos porque servem de veículo às idéias. Um poema [...] exprime, por meio de comparações, metáforas e imagens, ou múltiplos sentimentos evocados por uma caneleira feminina. (NUNES, 1989, p.71)
2222
29
Ou seja, a expressão artística faz com que na arte o aluno consiga converter
em imagens a própria intuição que prescinde dos conceitos abstratos e gerais, que
se constitui em expressão sentimental e emotiva. Cabe ao educador conciliar e
proporcionar condições para que isso aconteça, buscando metodologias para o seu
aluno possa “imprimir-se” a si mesmo, o que interessa e é fundamental é o processo
e não o que obterá como produto.
Para Croce (1949 apud NUNES, 2008, p.74), “o que distingue a Arte de
outras manifestações do Espírito é a preponderância marcante, na poesia lírica, de
sentimentos e emoções. [...] o processo de criação artística é fundamentalmente o
da poesia lírica, e sendo assim, qualquer que seja a arte com que estamos lidando,
pintura ou música, e qualquer que seja o gênero literário que consideramos, o
essencial e o sentimento vivido pelo artista.”
É interessante proporcionar aos alunos esta diversidade de técnicas para
que consigam expressar-se através da arte, tendo oportunidade de fazê-lo
explorando o que não é convencional. Pois é notável, os professores acabam
realizando sempre as mesmas atividades no decorrer dos anos, talvez
desestimulados, desmotivados, decorrente de varias questões como a falta de
recursos e apoio para poderem fugir do convencional. O papel do Arte-Educador é
fazer com que o aluno libere suas emoções, sendo que o educador tem a função de
encontrar condições próprias para o aluno expressar seu potencial de criador.
O ensino de Arte é centrado no aluno produtor, tem a função de liberar as emoções, cabendo ao professor o papel de propiciar um ambiente adequado para que o aluno possa expressar seu potencial criador. (FUSARI; FERRAZ, 1992, p. 36)
Com o foco nesta necessidade que o ser humano tem de “imprimir” seus
sentimentos, busco através do tema Gravura, poder estimular os alunos a buscarem
novas formas de exercerem sua criatividade expressiva. Pois na impressão da
gravura, é permitido ao aluno observar o processo de seriação, apesar da matriz de
registro ser sempre a mesma, no momento de sua impressão algo em particular
tornará a imagem única até chegar numa seriação em que não haverá diferença.
[...] a técnica da reprodução destacado domínio da tradição o objeto reproduzido. Na medida em que ela se multiplica a reprodução substitui a existência única da obra por uma existência serial. E, na medida em que essa técnica permite à reprodução vir ao encontro do espectador em todas
30
as situações, ela atualiza o objeto reproduzido. (BEJAMIN, 1994, p. 168-169)
Assim, diante do desafio de trazer tal tema para a sala de aula, é importante
observar se o aluno é capaz de compreender a gravura como um processo criativo,
indireto, prático, histórico, técnico e material. Observar se ele é capaz de materializar
um pensamento visual, graficamente como um esboço e transportá-lo para a matriz,
considerando a inversão. Assim dize-se que a gravura é um processo que exige
antecipação de decisões; planejamento de ações, tais como: elaboração do projeto;
transposição de projeto para matriz e gravação.
Quando nos referimos à gravura, falamos também de impressão, de uma
marca ou um sinal da pressão deixada por uma forma que vai gerar outra forma.
Fazer uma impressão, provavelmente todo mundo já fez. Quem não deixou seu
rastro em uma areia molhada, não fez a impressão da sua digital, de um pé recém
nascido, brincou com carimbos ou esfregou um giz de cera em uma folha ou uma
moeda sob o papel? Produzir as aparências das coisas, duplicar ou produzir a
semelhança como o negativo, é uma invenção de uma memória das formas que se
faz através de um contato.
Parece ser uma coisa fácil e banal já que fazer impressão requer gestos tão
simples e materiais elementares podendo ser argila, mão, pigmentos, moldes, cortes
e diferentes texturas que podemos observar em nosso meio. De acordo com
Georges DiDi-Huberman (1997), a palavra impressão cobre tantas práticas, tantos
resultados que podemos detectar processos de impressão nos tempos mais
remotos, como por exemplo: os dinossauros que já deixavam suas impressões na
argila ou até um fóssil de pólen.
Dentro deste processo de ensino aprendizagem na Arte, é imprescindível
que o aluno seja estimulado a criar. Sendo assim, é importante que o educador
permita que seu aluno possa mostrar com suas produções artísticas impressões do
meio em que esta inserido, ou seja:
Descobrir o espaço e descobrir-se nele representa para cada indivíduo uma experiência a um só tempo pessoal e universal. A partir dos primeiros movimentos físicos do corpo, a criança começa a ensaiar o espaço, a discerni-lo e a conhecê-lo, a vivenciá-lo, vivenciando a si mesma, consciente e inconscientemente. São processos que se interligam ao próprio curso de estruturação da percepção, consciente, às possibilidades da pessoa sentir e pensar-se dentro do meio ambiente em que vive. (OSTROWER, 1983, p. 30)
31
Assim, o homem desde os primórdios primitivos sentia a necessidade de
gravar suas experiências, o que podemos comparar ao processo que o educador
pode experienciar na impressão de gravuras.
Segundo o artista plástico Tàpies (2005) o artista tem em suas mãos o poder
de transformar a idéia da realidade. Ou seja, o educando pode ter a oportunidade na
gravura ou na História em Quadrinhos de transformar ou modificar esta realidade do
meio em que está inserido. A impressão da gravura oportuniza o aluno a descobrir
as infinitas possibilidades inventivas de uma repetição, é uma técnica, arte, que não
esgota leituras, pois pode propor outras novas.
Como afirma Fayga Ostrower (1983), tudo aquilo que nos afeta intimamente
em termos de vida precisa assumir uma imagem espacial para poder chegar ao
nosso consciente [...] tudo o que queremos comunicar sobre valores de vida
traduzimos em imagens de espaço.
No entanto, assim como a gravura permite que o educando expresse seus
sentimentos e seu mundo através de suas impressões, as Histórias em Quadrinhos
poderão auxiliar na forma de escolha desta narração de fatos, ou seja, na maneira
de organizá-los. Segundo Daniel Horn da Rosa (2007), como todas as formas de
arte, as Histórias em Quadrinhos representam genuinamente o que acontece na
realidade de quem produz e até mesmo consome.
Para argumentar sobre a importância das Histórias em Quadrinhos, leva-se
em consideração que desde a Pré-História podem-se verificar registros de imagens
exercitadas pelo homem, com representações de animais selvagens que faziam
parte deste universo primitivo. No entanto, nos perguntamos do por que ou com que
propósito o homem teria começado a desenhar imagens gráficas, e organizadas em
uma seqüência narrativa, no interior das cavernas?
Os acadêmicos dizem que os desenhos famosos das cavernas pré-históricas que foram a primeira história em quadrinhos que já se fez eram um ‘ensaio de controlar magicamente o mundo’ [...] estes desenhos controlavam a realidade e eram mágicos sem mais. GAIARSA (1970, p. 115)
Entre todas as linguagens que fazem parte do mundo contemporâneo,
iremos abordar uma que realiza a integração entre a linguagem escrita e a
linguagem visual: a das histórias em quadrinhos.
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Conforme o conceito dado as Histórias em Quadrinhos:
História em Quadrinhos é a forma de expressão artística que tenta representar um movimento através do registro de imagens estáticas. Assim, é História em Quadrinhos toda produção humana, ao longo de toda sua História, que tenha tentado narrar um evento através do registro de imagens, não importando se esta tentativa foi feita numa parede de caverna há milhares de anos, numa tapeçaria, ou mesmo numa única tela pintada. Não se restringe, nesta caracterização, o tipo de superfície empregado, o material usado para o registro, nem o grau de tecnologia disponível. Engloba manifestações na área da Pintura, Fotografia, principalmente a fotonovela, do Desenho de Humor como a charge, o cartum, e sob certos aspectos, a caricatura, e até algumas manifestações da Escrita, como as primeiras formas de ideografia. (GUIMARÃES, 1999, p. 11)
O texto referido a cima, procura conceituar a História em Quadrinhos (HQ)
de forma ampla e não descaracteriza como HQ a tentativa de representar um
movimento através de uma única imagem. E ainda, passa a considerar o Cartum e a
Charge como tipos de histórias em quadrinhos.
Ainda se não bastasse, as Histórias em Quadrinhos tem um papel
importante relacionado ao processo de alfabetização do aluno, pois existe uma
linguagem, algumas vezes envolvendo uma própria em que aparecem gírias e
expressões particulares.
As Histórias em Quadrinhos tem como objetivo principal a narração de fatos procurando reproduzir uma conversação natural, na qual os personagens interagem face a face, expressando-se por palavras e expressões faciais e corporais. Todo o conjunto do quadrinho é responsável pela transmissão do contexto enunciativo ao leitor. Assim como na literatura, o contexto é obtido por meio de descrições detalhadas através da palavra escrita. Nas Histórias em Quadrinhos, esse contexto é fruto da dicotomia verbal / não verbal, na qual tanto os desenhos quanto as palavras são necessárias ao entendimento da história. (EGUTI, 2001, p. 03)
Ao afirmar que os quadrinhos têm grande importância na alfabetização, é
necessário compreender o que é linguagem, para isso a classificamos em verbal,
não verbal, possuindo signos – ou seja, servem de meio para a expressão e
comunicação entre o ser humano; sendo ela oral, gráfica, tátil, auditiva, olfativa,
gustativa, ou a que nos interessa: a artística.
Quando conseguimos nos dar conta de que nossa leitura da realidade é
realizada por meio das linguagens, por um sistema simbólico de signos e grafias,
vemos que a linguagem é a forma essencial da nossa experiência no mundo e
33
reflete como nos vemos e o que somos nesse mundo, ou seja, nosso modo de estar-
no-mundo. Segundo Martins; Picosque; Guerra (1998, p. 41) “a arte é uma forma de
criação de linguagens [...]”. Ou seja, como ela se concretiza utilizando-se de signos
pictóricos, permite para quem a realiza ou ate mesmo para quem a contempla o
facínio de expressar-se ou interpretá-la de diferentes maneiras, conforme a sua
própria leitura de mundo.
Toda linguagem artística é um modo singular de o homem refletir – reflexão/relfexo – seu estar-no-mundo. Quando o homem trabalha nessa linguagem, seu coração e sua mente atuam juntas em poética intimidade. [...] o homem leva ao extremo sua capacidade de inventar e ler signos com fins artísticos-estéticos. (MARTINS; PICOSQUE; GUERRA, 1998, p. 48)
Sendo assim, as Histórias em Quadrinhos tem certa importância para a
construção do pensamento e para a aprendizagem dos educandos. Levando em
consideração estes aspectos quanto as suas finalidades e conforme citações
anteriores, estas afirmam que os alunos sempre estarão recebendo influencias do
seu mundo, do meio em que nascem e da linguagem local em que vivem. No
entanto, quando a criança se insere dentro do convívio escolar ela passa a ter como
objetivo aprender a ler, escrever e falar a sua própria língua. Porém, segundo Álvaro
de Moya (2007), se colocar uma história em quadrinhos na frente de uma criança
antes dela aprender a ler e a escrever, ela imediatamente entende que aqueles
quadrinhos narram uma história.
É importante ressaltarmos um dos principais elementos da linguagem das
Histórias em Quadrinhos, que seria o próprio desenho com sua função narrativa, ou
seja, sua tentativa de representar um movimento.
A importância desta leitura de imagens que a História em Quadrinhos traz,
permite a realização de um exercício de percepção quando leva os educandos a
interpretar as imagens que aparecem nos quadrinhos e narram tais histórias. É em
relação a percepção que podemos acentuar a importância das interpretações de
HQ’s. É de suma importância que estes dois exemplos de linguagens artísticas
demonstram que a percepção do sujeito esta ligada ao que ele traz de bagagem
psicológica do seu mundo próprio.
O filósofo e psicólogo francês Maurice Merleau-Ponty (1961 apud NUNES,
p.75) diz que a “consciência é percepção, e percepção é consciência”. Para ele, “o
34
ponto de partida de toda a experiência perceptiva é a experiência corporal”, ou seja,
quer dizer que o corpo seria o meio que conduz o ser no mundo.
Mesmo que estejamos falando de HQ’s e a produção de gravuras, ainda que
seja a mais simples das expressões artísticas, o educando processa suas sensíveis
percepções e as organiza, compara, seleciona, sente e se emociona, pensa sobre
elas e, quando as ordena na criação artística, através de um pensamento que irá ser
projetado, remetendo-as em pintura ou em qualquer outra forma de expressão.
Cada um de nós, combinando percepção, imaginação, repertório cultural e histórico, lê o mundo e o reapresenta à sua maneira, sob o seu ponto de vista, utilizando formas, cores, sons, movimentos, ritmo, cenário [...] (MARITINS; PICOSQUE; GUERRA,1998, p.57)
Se pensar sobre a simplicidade de criação das Histórias em Quadrinhos,
arriscaria em afirmar que ela é uma arte pouco complexa, no entanto se não
levarmos todas as regras de sua produção em conta, porém a HQ que os
educandos em sala de aula estão acostumados a realizarem, que já tem facilidade e
demonstram interesse por esta forma de expressão, apresenta uma forma simples
de produção. Entretanto, segundo Jacques Marny (1973) declarou que a arte
autentica é simples, mas a simplicidade exige o máximo de arte.
Na verdade muito se especulava em relação ao uso das Histórias em
Quadrinhos em sala de aula, pois alguns educadores acreditavam que os
quadrinhos afastavam as crianças e adolescentes dos livros e que seus conteúdos
poderiam ser um risco por conterem histórias com violência. Mas não encontramos
fundamentação se levar em consideração a importância dos quadrinhos no Ensino
da Arte, se analisar pelo aspecto de que todos os principais conceitos de artes
plásticas estão embutidos nas paginas de uma História em Quadrinhos. Assim, é
fácil de avaliar como educadores, que os quadrinhos podem vir a ser uma poderosa
ferramenta, capaz de explicar e mostrar aos alunos de forma divertida e prazerosa a
aplicação prática de recursos artísticos, sendo alguns até mesmo sofisticados, por
exemplo: a perspectiva, representação da figura humana, luz e sombra, geometria,
as cores e composições.
É fato que nos quadrinhos há uma falta de palavras no que diz respeito à
caracterização da fala dos personagens e do narrador. Da mesma forma, as
imagens também não são completas de informações. A baixa quantidade de
informação dos signos visuais, no entanto, quando aliados nos quadrinhos não
35
compromete a leitura e a interpretação, pelo contrário, eles se complementam
permitindo que o leitor preencha as lacunas como um leitor ativo.
O conjunto estruturado de imagens nos quadrinhos é uma característica que
o assemelha às demais linguagens escritas, visto que existe uma narração figurada.
Mais importante que a duplicidade de códigos é a estrutura narrativa que nele se
apresenta em que aparece o desenvolvimento das ações dos personagens, o
enredo, o tempo e o espaço. Há uma sucessão de quadrinhos, com ou sem balões,
que sintetiza uma narrativa, portanto requer a leitura das imagens para conferir-lhe
sentido.
A seriação de quadrinhos, que se assemelha a uma lenta projeção cinematográfica – ou a cenas fixas, de uma singela peça de teatro –, pode considerar-se, na medida solicitada pela mente infantil, adequada ilustração do texto; na realidade, assume o caráter de verdadeiro relato visual ou imagístico, que sugestivamente se integra com as rápidas conotações do texto escrito, numa perfeita identificação e entrosamento das duas formas de linguagem: a palavra e o desenho. Exatamente como convém ao caráter sincrético e intuitivo do pensamento infantil. (MOYA 1993, p. 150)
O educando passa por constantes adaptações e por processos de
aprendizagens, tem necessidade de adquirir conhecimentos, aprender coisas novas,
ou seja, desenvolver-se cognitivamente. Os quadrinhos vêm ao encontro dessas
necessidades, despertando o interesse, conquistando sua imaginação e ampliando
os horizontes de conhecimento do aluno. E, de modo geral, as histórias em
quadrinhos satisfazem também pela familiarização que a dualidade de códigos
permite, em que as imagens, textos e idéias, além do próprio vocabulário, são
acessíveis a ela. Ao adaptar-se ao nível intelectual e ao interesse das crianças, os
quadrinhos rompem as barreiras que existem contra a prática de sua leitura.
Encontra-se, dessa forma, na leitura das histórias em quadrinhos um
instrumento pedagógico eficiente no sentido de despertar o gosto e a necessidade
da leitura.
Afinal, as histórias em quadrinhos envolvem toda uma concepção de desenhos, de humor, de ritmo acelerado, de intervenção rápida das personagens nas situações com as quais se defrontam [...] Contêm algo de conciso, vertiginoso, quase cinematográfico [...] E, como em qualquer outro tipo de história, há as ótimas, as medíocres, as muito bem feitas, as de carregação, as extremamente inventivas, as que se repetem [...] Como em qualquer outra forma literária, se escolhem, se procuram as que dizem mais, desistindo das que satisfazem menos e suscitam menos emoção,
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menos envolvimento, menos inesperados [...] Elas fazem parte integrante da cultura deste século e é tolo e preconceituoso esnobá-las ou não levá-las a sério [...] (ABRAMOVICH, 1995, p. 158)
Quando se aborda o assunto das Histórias em Quadrinhos e sua utilidade na
escola, faz-se necessário analisá-las com o objetivo de conhecer seus elementos e
seu potencial como ferramenta educativa de incentivo à prática de leitura, sendo
esta a interpretação da própria escrita e a interpretação das expressões pictóricas
do enredo da história.
Ao realizarmos a análise dos quadrinhos como um todo, percebemos que a
forma como são dispostos alguns elementos como as imagens e as palavras,
demonstram característica especificas como imagens repetitivas e símbolos
reconhecíveis. A leitura dos quadrinhos desencadeia um processo duplo – leitura de
textos e leitura de imagens. A própria leitura das imagens em si também é dupla, no
sentido de que o leitor lê aquilo que vê na página e aquilo que imagina ver. O olho
limita-se ao que esta sendo demonstrado explicitamente e analisa os elementos que
compõem o que esta sendo visto. Assim, no final, somam-se o repertório das
próprias expectativas de cada leitor, a fim de atribuir sentido ao que ele lê.
Pude perceber em ambas as turmas observadas, que existe uma carência
de propostas de trabalho que despertem a criatividade dos alunos e que explorem o
fazer diferente.
A proposta é realizar em sala de aula um trabalho prazeroso em que os
alunos sejam levados a produzirem gravuras narrando uma história em movimento,
justamente com o auxilio da metodologia das Histórias em Quadrinhos. Como as
HQ’s exploram a figura humana, será proporcionado um trabalho em que os
educandos poderão aperfeiçoar e até mesmo tentar desestereotipar tal desenho,
também buscará demonstrar algumas noções de perspectiva para a composição de
tais narrativas. E ainda, incentivá-los a expressar-se, imprimindo todos seus
sentimentos e expondo de maneira lúdica a realidade em que esta inserida, pois a
proposta é que o educando acabe se identificando e até mesmo que ele venha a se
valorizar com a narrativa poética que ele será incentivado a realizar ao contar a
história criada.
Será importante que o educando compreenda que ele será o autor e a
ferramenta mais importante, juntamente com a iniciativa do educador, para fazer a
proposta ser bem sucedida em todos os objetivos e metas a serem alcançados.
37
OBSERVAÇÕES SILENCIOSASOBSERVAÇÕES SILENCIOSASOBSERVAÇÕES SILENCIOSASOBSERVAÇÕES SILENCIOSAS
Neste capítulo serão apresentadas as observações silenciosas realizadas
em duas escolas e suas respectivas análises.
Os materiais das análises são das aulas de Ensino Fundamental e Médio.
3.1 Centro de Educação Integrada (Escola Municipal)
Aulas observadas na 6ª Série, da Escola Municipal CEI, do Município de
Campo Bom, composta por 30 alunos tendo como professora titular a Prof.ª
Marilúcia Furquim, formada em Artes Plásticas pela Universidade Feevale, de Novo
Hamburgo.
3.1 a) 1ª Aula e 2ª Aula
A aula teve início após o recreio, à turma estava muito agitada e a
professora iniciou a aula com dificuldade em acalmá-los.
A professora recolheu os trabalhos realizados na aula anterior.
3333
38
Em seguida, foi solicitado que fosse pego uma folha de desenho para
realização de um trabalho com linhas.
Os alunos deveriam escolher um símbolo de Páscoa para desenhá-lo de
forma colorida e utilizar grafite ou canetinha preta, para compor o fundo com
diferentes tipos de linhas. Ela sugere que seja feito um esboço, primeiramente, do
desenho. E ainda demonstra como pode ser feito o molde de um dos símbolos
pascoais (ovo), deixando fixado no quadro um exemplo pronto do trabalho.
Os alunos conversavam demasiadamente durante a atividade e durante as
explicações da professora. Ela circula entre eles e os orienta tirando suas dúvidas.
Conforme o tempo vai passando a turma vai se acalmando e começam a se
dedicar com mais atenção à atividade. No entanto, poucos alunos ainda
permanecem agitados circulando pela sala e a professora permanece sentada em
sua cadeira.
Observo que nenhum aluno optou em escolher outro símbolo que não fosse
o ovo.
Os alunos têm dificuldades em criar o seu próprio desenho, muitas criações
são cópias do trabalho mostrado pela professora e do próprio exemplo que ela
elaborou no quadro.
As linhas são desenhadas com o auxilio de régua.
Ao final da aula, a professora, solicita que todos guardem os materiais e não
faz combinações para orientá-los sobre a entrega dos trabalhos.
3.1 b) 3ª Aula e 4ª Aula
A professora inicia a aula recolhendo os trabalhos realizados na aula
anterior.
Em seguida, solicita que copiem do quadro, em uma folha de desenho o
conteúdo relacionado aos tipos de linhas (Linhas: vertical curva ou sinuosa; inclinada
quebrada; espiraladas; vertical reta; horizontal reta; onduladas; inclinada reta;
horizontal curva ou sinuosa).
Durante a cópia muitos perguntam como podem dispor estas linhas na folha
então, a professora orienta que façam retângulos para organizar as linhas dentro
deles.
39
Muitos alunos não trouxeram a régua, fato que a professora observa e
comenta que este é um material obrigatório para as aulas de artes. Para solucionar
tal fato, um dos alunos acaba emprestando suas cartas de Cards para que usem de
molde.
Enquanto efetuam a cópia, a educadora circula na sala, para controlar se a
turma esta copiando a matéria.
Para os alunos que encerraram a cópia ela distribui uma folha de exercícios
para que explorem um desenho com linhas. Como o exercício tem um desenho de
exemplo, a maioria tenta copiá-lo.
A turma conversa com demasia, porém alguns estão concentrados.
A atividade proposta em seguida, é que os alunos em outra folha de
desenho, sem margem, dividam a folha com quatro colunas na vertical e duas na
horizontal, formando doze quadrinhos.
Exemplo da atividade aplicada durante a aula
Os alunos irão escrever seu nome na folha em letras diferentes, como
letreiro, e nos quadrinhos deverão dispor os diferentes tipos de linhas. O contorno do
nome deverá ser em preto e seu interior colorido, já as linhas terão o contorno
somente em preto.
Alguns alunos aparecem com as folhas dobradas para dividir as colunas
sem riscá-las, porém a professora solicita que refaçam utilizando a régua.
A turma esta muito agitada, falam muitos palavrões e ficam gritando uns com
os outros.
A professora combina que esta atividade será concluída na próxima aula.
40
3.1 c) 5ª Aula e 6ª Aula
A professora solicita para que os alunos terminem a atividade da aula
anterior, para aqueles que já encerraram o trabalho ela explica a próxima atividade,
esta será relacionada ao dia do índio, ou seja, os alunos terão que reproduzir em
linhas a Arte Indígena realizada com pinturas corporais.
Em duas folhas de desenho, unidas, formando uma faixa, os alunos criam
Faixas Indígenas, utilizando somente as cores pretas e vermelhas.
Novamente a professora fixa no quadro exemplos destes tipos de Faixas
Indígenas e seus significados quanto às linhas utilizadas, exemplo: linhas intituladas
como sendo Borboleta, Cobra, Espinha de Peixe, Casco de Jabuti, Casca de
Palmeira.
Os alunos, novamente, acabam copiando um destes exemplos.
Ao realizarem esta atividade, cantam e gritam na sala, alguns alunos
circulam pela sala e a professora fica sentada em sua cadeira. Eles não demonstram
interesse pela atividade.
No final da aula, a educadora lembra a todos que a entrega será na próxima
aula.
3.2 Colégio Sinodal Tiradentes (Escola Particular)
Aulas observadas no 1ª Ano do Ensino Médio, do Colégio Sinodal
Tiradentes, do Município de Campo Bom, composta por 40 alunos tendo como
professora titular a Prof.ª Silvia Rangel, acadêmica em Artes Visuais pela
Universidade Feevale, de Novo Hamburgo.
3.2 a) 1ª Aula e 2ª Aula
A professora comenta que esta turma, no início, tinha certa dificuldade em
realizar trabalhos em grupos, pois eles eram introvertidos. Muitos alunos são novos
e apenas sete são remanescentes.
41
Os alunos haviam tido aula de Sociologia no período anterior.
Ao entrar na sala de aula a professora não realizou a chamada, apenas
apresentou-me como sendo uma professora estagiária que estava visitando a turma
para observação, um trabalho de faculdade.
No primeiro momento ela solicitou que fosse finalizado o trabalho em grupos,
que já estava encaminhado na aula anterior. Este era uma atividade em conjunto
com a disciplina de Matemática. A proposta das educadoras era sobre um trabalho
feito com gráficos (Matemática) e a estética sobre tais cartazes.
A atividade da aula observada era para que os grupos voltassem a se reunir
para reavaliarem seus próprios trabalhos e os de seus colegas. Junto do cartaz
avaliado circulou uma folha de anexo, em que os grupos escreveram o que deveria
ser revisto pelo grupo que o confeccionou.
A organização da turma para que se dividissem nos grupos foi rápida e
ordenada.
A educadora tem domínio de turma. Circula pelos grupos enquanto realizam
a atividade, orientando e esclarecendo dúvidas.
A turma é participativa, porém permaneceu conversando durante toda a
atividade, o que não interviu no andamento dos trabalhos. Eles são dedicados,
organizados e comprometidos. São lentos para concretizar a atividade, a professora
necessita instigá-los para concluírem. Ela observa que eles levaram mais ou menos
seis aulas para concluírem os cartazes.
Ao estarem circulando os trabalhos entres os grupos, aconteceram algumas
interferências dos alunos nos trabalhos alheios. A professora teve que parar a
atividade e solicitar para que os alunos respeitassem e tivessem mais cuidado.
Para concluir a atividade, os grupos tiveram um tempo para lerem as
avaliações e discutirem em seus próprios grupos os resultados obtidos.
Para dar continuidade à atividade os trabalhos serão revistos pela
professora de Matemática, para que ela avalie a composição dos gráficos.
A professora explica que os alunos poderão refazer o trabalho para
consertarem o que foi sugerido nas avaliações, para depois poderem entregar à
professora de Matemática.
42
No segundo momento da aula, a professora solicitou que os alunos
deixassem sob a classe o material solicitado na aula anterior (sete cores de
canetinhas, cola branca e tesoura).
Os alunos se dispõem na sala em circulo. No meio da sala a professora
deixa um pequeno cesto com uma casca de ovo dentro do mesmo.
No início a professora tem dificuldade em manter o silêncio e a atenção dos
alunos para a conversação.
A educadora faz alguns questionamentos: Por que o ovo esta no meio da
sala? Quem já pintou ou pinta casca de ovo na Páscoa?
Uma aluna comentou que sua avó tem o costume de pintar casquinhas na
Páscoa e dar aos netos, já outro aluno comenta que a avó também pinta ovos e os
esconde no jardim de sua casa para que os netos façam a caça aos ovinhos. Alguns
alunos se surpreenderam com os relatos e disseram que nunca pintaram ovos.
Em seguida, a professora explica sobre a origem da tradição de dar ovos de
chocolate na Páscoa.
Durante esta conversação os alunos se dispersam facilmente e várias vezes
a professora solicita para que permaneçam em silêncio e prestem atenção.
Ao término da explicação, a professora propõe que os alunos desenhem em
uma meia cartolina um ovo. Alguns alunos encontram dificuldade em acatar e
aguardar as próximas ordens, perguntando se o desenho deveria ser um ovo
embrulhado, ou se era para primeiro desenhar e depois passar o contorno.
O ovo deverá ser dividido em sete partes, sendo utilizados diferentes linhas.
Um dos alunos questiona o porquê das sete linhas e as sete cores diferentes,
fazendo com que a professora solicite que seja realizada uma pesquisa em casa
sobre este significado. Após a divisão do desenho, a professora solicitou que eles
fizessem o recorte do contorno do desenho e atrás destes pedacinhos escrevessem
sete desejos que gostariam de realizar no ano de 2009.
Percebo que a maioria dos educandos utilizou metade da cartolina para
fazerem o desenho, no momento de realizarem o recorte encontram dificuldades,
pois o desenho era pequeno.
Para colorir os pedaços de recorte, a professora indica que, conforme o
desejo seja relacionado uma cor ao seu significado.
Ficou para a próxima aula a conclusão da atividade.
43
3.2 b) 3ª Aula e 4ª Aula
Professora retoma a atividade anterior.
Voltam a perguntar sobre a questão do significado do número sete, alguns
alunos expõem que pesquisaram em relação ao assunto.
A professora traz um dicionário de símbolos, um dos alunos é escolhido para
fazer a leitura. Durante a leitura alguns alunos estão dispersos.
Solicita os materiais da aula anterior: retalhos de papéis coloridos, ou
tecidos, E.V.A e cartolinas. Percebo que a maioria participa trazendo os mesmos.
Em seguida, faz uma recapitulação em relação a Teoria das Cores, alguns
alunos participam da conversação respondendo as questões da professora.
O ovo produzido na aula anterior deverá ser colado numa folha em branco,
para em seguida, produzirem um móbile. Na parte branca do ovo deveriam trabalhar
com os materiais nas cores pretas e brancas.
A turma deverá se dividir em sete grupos, independentes do número de
integrantes, neste processo se dividem calmamente e não há problemas de alunos
não serem aceitos dentro dos grupos.
Durante a atividade, a professora, circula entre os grupos realizando
assistência quanto à montagem do móbile, pois os grupos demonstraram dificuldade
em conseguir manter o equilíbrio do mesmo. A professora ouve as opiniões quanto
as idéias de como irão montar o fundo dos ovos em preto e branco, incentiva e
sugere soluções quanto a algumas dificuldades. E ainda, alguns alunos encontram
dificuldade em compreender o que deveria ser realizado, alguns alunos tornam a
perguntar sobre a atividade e outros colam o ovo na folha branca e voltam a recortá-
lo em pedaços novamente.
Além dos materiais que eles trouxeram de casa para confeccionar o móbile a
professora disponibiliza para os grupos arame, alicate e barbante para a montagem.
São criativos para solucionar a composição do fundo, utilizam diferentes
materiais e técnicas como colagem, pintura, desenho e texturas.
44
3.2 c) 5ª Aula e 6ª Aula
Professora dá continuidade ao término dos trabalhos com os móbiles dos
ovos.
Os grupos voltam a se reunir, estão bem mais calmos em relação as aulas
anteriores.
Um dos grupos que concluiu a tarefa já esta pendurando o móbile e se
dispõe a auxiliar a turma. Outros alunos ao verem tal atitude, ao acabarem seus
trabalhos também tomam a iniciativa de auxiliar os outros grupos. Estes alunos
ajudam a encontrar maneiras de dar equilíbrio ao móbile, já que esta é a maior
dificuldade encontrada pelos grupos.
A professora também circula de grupo em grupo.
Depois de concluída a atividade e os móbiles estarem pendurados na sala, a
professora solicita para que a turma faça um circulo. Discutem sobre como farão
para colocar todos os móbiles em uma mesma base de arame e unificá-los. O
desafio, novamente enfatiza a educadora, é encontrar uma maneira de equilibrar
todos.
Após as tentativas a turma realiza uma conversação analisando como foi
efetuar a atividade, quais as dificuldades, se gostaram ou não, como foi o trabalho
em grupo. Como foi a escolha dos materiais para decorar os ovos e a semelhança
existente entre eles, que surgiu por acaso na formação dos grupos. Qual a relação
de aparecer o colorido em um lado e a utilização do preto e branco do outro.
Nesta conversação os alunos não participam espontaneamente, há a
necessidade de serem instigados a expor suas opiniões, quanto à estética e
harmonia dos mesmos.
A educadora deixa combinado entre a turma, que durante o ano eles
poderão modificar a disposição do móbile na sala, tentando encontrar diferentes
formas de equilibrá-lo e harmonizá-lo.
Como no início da aula houve uma tentativa frustrada em instalar o
datashow na sala, os alunos são levados ao Labinfo para assistirem uma
apresentação de powerpoint, que demonstra um artista chamado Alexander Calder,
que trabalha com diferentes tipos de móbiles. Porém, em função da falta de tempo a
explicação é rápida e os alunos não prestam atenção. A professora deixa combinado
que retomará a apresentação para aprofundarem o conhecimento.
45
3.3 Análises das Observações
Durante estas semanas em que estive realizando as observações
silenciosas nestas duas turmas, uma de Ensino Fundamental e outra de Ensino
Médio, tive a oportunidade de avaliar as possibilidades de trabalho que eu como
arte-educadora teria como desafio tentar ou suprir a falta de algo que eu observasse
que fosse necessário realizar com outras propostas e metodologias, ou tentar de
alguma forma superar as expectativas dos alunos. Pois nestas turmas encontrei
duas realidades muito diferentes e também duas educadoras com metodologias
distintas.
Cada aula das duas professoras tinha uma proposta de trabalho com o tema
Páscoa, segundo Martins, Picosque e Guerra (1998) o educador [...] é aquele que
prepara uma refeição, que propõe a vida em grupo, que compartilha o alimento, que
celebra o saber. É do entusiasmo do educador que nasce o brilho dos olhos do
aprendiz.
Sendo assim, com a preparação das aulas realizadas pelas educadoras é
que surgem a maneira que ambas encontram para melhor trabalhar o tema proposto
com os educandos, pois cada aula é um momento mágico, cabe a educadora
escolher contextos significativos para o aprendiz tecer sua rede de significados.
Metáfora que proporciona a compreensão da construção de significados como feixes de relações. A não-linearidade, a multiplicidade de percursos possíveis, a diversidade de relações constitutivas de cada feixe, entre outros aspectos, fazem com que essa idéia tenha repercussões pedagógicas (MACHADO, 1995, p. 51).
Não posso afirmar se o motivo de ter percebido uma divergência de
comportamento entre as duas turmas seja pelo motivo desta metodologia
diversificada entre as duas professoras, ou se é pelo motivo da faixa etária dos
alunos, mas a turma de Ensino Médio era de certa forma mais comprometida e
interessada nas atividades, no entanto as do Ensino Fundamental eram agitados,
dispersos nos momentos de realização das mesmas, era perceptível que as
atividades não faziam sentido para eles, apesar estarem sendo trabalhadas data
comemorativas.
Em relação à aula da turma de Ensino Médio onde tiveram que reavaliar
seus próprios trabalhos, analisando o que poderiam melhorar, percebi respeito na
46
turma, souberam realizar a atividade sendo críticos e demonstraram seriedade para
aceitar as opiniões dos colegas, gostei da proposta da educadora, pois fazem
observar e reavaliar seu trabalho buscando um olhar mais atento na hora em que
avaliam.
Além dos impulsos do inconsciente, entra nos processos criativos tudo o que o homem sabe os conhecimentos, as conjeturas, as propostas, as dúvidas, tudo o que ele pensa e imagina. Utilizando seu saber, o homem esta apto a examinar o trabalho e fazer novas opções (OSTROWER, 1978, p. 55).
Os alunos do primeiro ano do Ensino Médio pareciam demonstrar mais
criatividade em suas atividades, tinham mais motivação em buscar resolver esta
problemática, pois a educadora não trouxe imagens em relação ao que ela estava
propondo, ou seja, a educadora da turma de Ensino Fundamental trazia exemplos
de trabalhos de outros alunos e expôs na turma, o que gerou cópia dos mesmos, os
alunos acabavam sendo induzidos a realizarem os mesmos tipos de traços e
desenhos. Talvez se ela não tivesse demonstrado exemplos ou tivesse deixado o
tempo todo sob os olhares dos alunos as imagens eles não sentiriam facilidade em
realizar a cópia dos mesmos.
A obra de arte é um objeto de prazer, que visa a provocar determinada experiência gratificante, que consiste numa espécie de vivência sensorial-preceptivo-intelectual, onde não são engajadas especialmente a memória e a imaginação. (TREVISAN, 1990, p. 77)
Acredito que desta forma a professora não esta estimulando o aluno, seu
método faz com ele fique limitado, eles não exercitam e não estabelecem seus
próprios processos de criação.
Entre as atividades observadas aquela que mais me chamou atenção foi a
aplicada na turma 111 do Colégio Sinodal Tiradentes, onde eles tiveram que dar
significado as cores que escolhiam conforme os desejos que haviam escrito no ovo
de Páscoa.
A cor se caracteriza pela carga de sensualidade que lhe é inerente. Ao vê-la diante de nós, sensual, é que podemos dar-nos conta do quanto nosso conhecimento anterior, através das informações verbais, fora intelectual. Isto acontece com todas as pessoas e em todos os casos. Por maior que seja a nossa experiência prática, uma coisa é imaginar cores e outra, completamente diferente, é percebê-las. [...] Há uma excitação dos
47
sentidos, que é a própria da cor e que não existe em nenhum outro elemento visual. (OSTROWER, 1983, p. 236)
A professora da turma de Ensino Médio também buscou realizar um trabalho
em equipe, onde primeiramente resolviam uma atividade em pequenos grupos e em
outro momento deveriam tentar resolver a atividade em grande grupo. Foi muito
produtivo, uma vez que a turma tinha como característica ser bem individualista, pois
a maior parte dos alunos eram novos na escola. No entanto, com este trabalho foi
importante a ajuda mutua que dividiram, todos muito atenciosos uns com os outros.
Na sala de aula, muitas vezes, é mais eficiente formar equipes criadoras ao invés de manter a autoria individual. Isso é geralmente viável quando o que mais importa é a compreensão do processo e não a expressão individual (CAMNITZER, 2007, http: // www. bienalmercosul. art. br/novo/index. php?option=com_noticia&task=detalhe&Itemid=5&id=636)
Creio que, por mais que o professor tenha experiência na área em que atua,
ele sempre deverá estar procurando novas metodologias de ensino e novas
propostas de trabalho, buscando sempre planejar sua aula com objetivos para se
manter focado no que realmente quer alcançar e auxiliar o aluno em seus processos
de criação e expressão. Acredito que realmente o grande desafio do arte-educador é
estimular os educandos a ver a arte em diferentes linguagens e maneiras de
expressão e poder identificá-la em seu meio reconhecendo-a como uma maneira de
aumentar nossa sensibilidade e percepção em relação ao mundo.
48
PROJETO DE ENSINOPROJETO DE ENSINOPROJETO DE ENSINOPROJETO DE ENSINO EM EM EM EM
ARTES VISUAISARTES VISUAISARTES VISUAISARTES VISUAIS
Projeto aplicado na 6ª Série, turma 63, na Escola Técnica 31 de Janeiro, da
cidade de Campo Bom, contendo 37 alunos tendo como professora titular a
professora Simone, formada na Universidade Feevale. Período de aplicação nos
meses de Novembro a Dezembro.
Após a oitava aula aplicada, eu assumi a turma como professora titular, em
virtude de ter sido
4.1 Projeto de Ensino
TÍTULO: A Gravura Aliada às Histórias em Quadrinhos
TEMA / ASSUNTO: Desestereotipação da forma de elaboração das HQ’s
PERÍODO: Novembro a Dezembro de 2009
4444
49
JUSTIFICATIVA
A partir das observações silenciosas realizadas nas turmas em que acabei
visitando, percebi que estavam necessitando de uma proposta que pudessem se
expressar de forma mais livre, despreocupando-se de algumas atividades
convencionais, podendo explorar técnicas e concepções diferentes do Ensino da
Arte. A proposta em trabalhar a Gravura juntamente com as Histórias em
Quadrinhos, foi um desejo particular em unir os dois assuntos, para ensinar uma
forma diferenciada de elaboração das HQ’s. Assim, este projeto visa uma proposta
de atividades mais prazerosas, visando uma produção e experimentação por parte
do educando, possibilitando a ele diferentes tipos de técnicas dentro da Gravura
gerando uma produção de Histórias em Quadrinhos. Em que os alunos se utilizarão
da técnica em questão para produzirem uma impressão em série das tiras criadas e
idealizadas, oportunizando assim, que o aluno imprima de maneira lúdica seus
sentimentos e a sua própria realidade. Desestereotipando a maneira de produzir as
HQ’s, geralmente realizadas da mesma forma em sala de aula, sem estimular os
alunos a produzi-las mais elaboradas.
OBJETIVO GERAL
Estimular os alunos a produzir suas HQs de forma diversificada e inovadora,
a partir da Gravura, uma técnica não convencional; desesteriotipando a maneira de
produzir HQs, instigando os alunos a criar e valorizar sua obra.
METODOLOGIA
• Debate; • Aula expositiva; • Técnicas diversas; • Exposição; • Confecção de Almanaque coletivo.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Debater em sala de aula com base em leitura de textos e análise de
vídeos propostos pela educadora.
• Participar com desenvoltura das conversações.
50
• Conhecer o que é Gravura, aplicando suas diferentes técnicas.
• Compreender o conceito de Histórias em Quadrinhos.
• Planejar e criar uma História em Quadrinhos, observando as etapas de
elaboração de roteiro.
• Expressar na Gravura e nas Histórias em Quadrinhos suas “impressões”
do próprio mundo.
• Explorar diferentes técnicas.
• Elaborar um Almanaque de Histórias em Quadrinhos, utilizando a técnica
da Gravura.
4.1 a) Planejado 1ª Aula e 2ª Aula
Tema: Arte para quê?
Duração: 50 min. cada aula
Objetivos:
• Participar de uma conversação debatendo “O que é Arte”, respeitando a
opinião dos seus colegas.
• Estabelecer e associar um conceito de Arte, realizando uma construção
textual.
• Reconhecer através de pesquisa e recorte em revistas o que é Arte.
• Conhecer o conceito de Gravura.
• Realizar a técnica de Frotagge proposta pela educadora.
Conteúdo: O que é Arte, Gravura
Desenvolvimento
Será realizada a leitura de um texto: Entendendo a Arte.
Entendendo a Arte O que é arte? Como a arte entra na nossa vida? Quem é o artista?
Como podemos desenvolver habilidades para apreciar as artes visuais? Quais são os elementos fundamentais na construção da imagem? Como a arte se transformou no decorrer da história? Estas são algumas das indagações que os artigos aqui transcritos do livro “Explicando a Arte” pretende provocar e responder. Comprometo-me a repassar semanalmente um capítulo, e sugiro até que seja impresso para pronta consulta posterior,
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pois possui uma linguagem acessível e de grande validade didática. (“Explicando a Arte” - de Jô Oliveira e Lucília Garcez- Ediouro).
A Arte na nossa vida
Você pode pensar que não conhece arte, que não convive com objetos artísticos, mas estamos todos muito próximos da arte. Nossa vida está cercada dela por todos os lados. Ao acordar pela manhã e olhar o relógio para saber a hora, você tem o primeiro contato do dia com a arte. O relógio, qualquer que seja o seu desenho, passou por um processo de produção que exigiu planejamento visual.
Especialistas estudaram e aplicaram noções de arte. A forma de seu relógio é resultado de uma longa história da imaginação humana e das suas preferências. A cor, a forma, o volume, os materiais que foram escolhidos estão testemunhando o tempo e a transformação do gosto e da técnica. Ao observá-lo, você percebe se é um objeto antigo ou moderno, você reconhece que quem o desenhou preferia formas curvas ou retas, cores discretas ou fortes. Quem escolhe um relógio para comprar, decide com base em suas preferências pessoais. Alguns preferem os mais elaborados, outros preferem os mais simples. É o gosto pessoal que predomina, e este pode variar infinitamente. Varia porque recebe influências de acordo com a idade, com a época, com o meio social em que a pessoa vive.
Em outros objetos de seu quarto e de seu cotidiano você pode observar a presença da arte: na estampa do seu lençol, no desenho da sua cama, no formato da sua escova de dentes, no desenho da torneira, na xícara, nos talheres, no carro, no formato do telefone. Em todos os objetos há um pouco de arte aplicada.
Este esforço para produzir objetos bonitos, agradáveis ao olhar, atraentes e harmoniosos, está em todas as culturas, em todas as civilizações e em nosso dia-a-dia.
A Arte e sua Função
Andando pelas ruas de nossa cidade, você passa por uma praça e vê uma escultura, em um prédio vê uma pintura, na igreja vê o mosaico ou o vitral colorido. Se você é observador sensível com certeza gosta de ficar admirando todos os detalhes.
Essas formas, diferentes dos objetos utilitários que usamos no dia-a-dia, tem a função de encantar, de provocar a reflexão e a admiração, de proporcionar prazer e emoção.
Essas sensações são despertadas por um conjunto de elementos: a imaginação do artista, a composição, a cor, a textura, a forma, a harmonia e a qualidade da idéia. Nem todo o objeto artístico tem uma utilidade prática imediata além de estimular o pensamento, a sensibilidade ou causar prazer estético.
As obras de arte expressam um pensamento, uma visão do mundo e provocam uma forma de inquietação no observador, uma sensação especial, uma vontade de contemplar, uma admiração emocionada ou uma comunicação com a sensibilidade do artista. A este conjunto de sensações chamamos de experiência estética.
Nem sempre esta experiência é ligada unicamente ao prazer, pois às vezes ficamos inquietos, pensativos, emocionados e chocados. "O Grito", 1893, do pintor norueguês Edvard Munch, é um exemplo de arte que causa desespero. Na atualidade, há artistas que procuram provocar o público, causar um choque.
O que nos atrai é a sensibilidade do artista, sua imaginação, seu intelecto, sua percepção especial da vida, mesmo quando apresenta aspectos negativos.
52
O gosto e a sensibilidade de apreciar a arte variam de pessoa para pessoa, de região, de sociedade, de época. Assim, as manifestações artísticas trazem a marca do tempo, do lugar e dos artistas que a criaram, pois refletem esta variação no conceito de beleza e na função do objeto artístico.
Em muitas sociedades a arte é utilizada como forma de homenagear os deuses, ou seja, está ligada a religião. Em outras culturas e épocas, a arte surge unicamente como forma de expressão para quem produz.
O artista pode se manifestar de diversas formas: pelo som, pela linguagem verbal, oral ou escrita, pela imagem visual ou pela linguagem corporal, ou ainda, pela mistura de várias linguagens. (Fonte: OLIVEIRA; GARCEZ, 2001, P.17)
Em seguida, a turma realizará um debate expondo sua opinião quanto aos
seguintes questionamentos, que serão escritos no quadro. De maneira a serem itens
norteadores durante a conversação.
• Para que serve Arte? • Que contribuições ela traz? • De que forma um artista pode se manifestar? • Belo ou Feio? Os alunos irão elaborar um texto, em duplas, conceituando o que é Arte e
uma colagem com possíveis imagens retiradas de revistas que eles acreditem terem
relação com Arte. No final irão unir o texto e as imagens em um Livro de Imagens.
Logo após, a professora realizará uma explicação do que é Gravura para os
alunos utilizando o Power-Point, exibindo imagens relacionadas ao assunto.
Gravura Ciclista; Iberê Camargo; 1991;
Fonte: http://www.iberecamargo.org.br – Acesso em 05/2009
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Mulder e Scully; Taís de Oliveira; 2008; Mulder; Taís de Oliveira; 2008; Scully & Mulder; Taís de Oliveira; 2008; Scully; Taís de Oliveira; 2008;
Fonte: Oliveira Fonte: Oliveira Fonte: Oliveira Fonte: Oliveira
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Será distribuída aos alunos uma folha com o resumo da explicação da
educadora.
Gravura: conceito, história e técnicas
O termo "gravura" é muito conhecido pela maioria das pessoas, no entanto, as várias modalidades que constituem esse gênero, costumam confundir-se entre si, ou com outras formas de reprodução gráfica de imagens. Isto faz da gravura uma velha conhecida, da qual pouco sabemos de fato.
De um modo geral, chama-se "gravura" o múltiplo de uma Obra de Arte, reproduzida a partir de uma matriz. Mas trata-se aqui de um reprodução "numerada e assinada uma a uma", compondo desta forma uma edição restrita, diferente do "poster", que é um produto de processos gráficos automáticos, e reproduzido em larga escala sem a intervenção do artista.
Um carimbo pode ser a matriz de uma gravura, a grosso modo. Mas quando esse "carimbo" é fruto da elaboração e manipulação minuciosa de um artista, temos um "original" - uma matriz - de onde surgirão as imagens que levarão um título, uma assinatura, a data e a numeração que a identificam dentro da produção desse artista: torna-se uma Obra de Arte.
Cada imagem reproduzida desta forma é única em si, independentemente de suas cópias, consequentemente, cada gravura "é única", é uma Obra original assinada. O fato de haver cópias da mesma imagem, nada tem a ver com a questão de sua originalidade. Ao contrário disso, a arte da gravura está justamente na perícia da reprodução da imagem, na fidelidade entre as cópias, este é um dos fatores que distinguem o artista "gravador".
Quando falamos de gravura, temos em mente um processo inteiramente artesanal. Desde a confecção da matriz, até o resultado final da imagem impressa no papel, a mão do artista está em contato com a Obra.
Depois de impressa, cada gravura recebe a avaliação particular do artista, que corrige os efeitos visuais ou os tons e cores, ou ainda, acrescenta ou elimina elementos que reforcem o caráter que quer dar à imagem.
Quando a imagem chega ao "ponto", define-se a quantidade de cópias para a edição. As gravuras editadas são assinadas, numeradas e datadas pelo próprio artista. Em geral a numeração aparece no canto inferior esquerdo da gravura - 1/ 100, ou 32/ 50, por exemplo - isto indica o número do exemplar (1 ou 32), e quantas cópias foram produzidas daquela imagem (100 ou 50). O número de cópias varia muito, e depende de fatores imprevisíveis, que vão desde a possibilidade técnica que cada modalidade permite, ou também da demanda "comercial", ou do desejo do artista apenas. Grandes edições não chegam a 300 cópias, mas em geral o número é muito menor, ficando por volta de 100. Gravuras em Metal costumam ser as de menor tiragem, devido ao desgaste da matriz, que não costuma agüentar muito mais de 50 cópias.
Outras indicações também são usadas em gravuras: PI (prova do impressor), BPI (boa para impressão, quando chega-se ao resultado desejado para todas as cópias), PE (prova de estado, que indica uma etapa da imagem antes de sua configuração final), PCOR ( prova de cor, correspondendo à investigação de combinações de cores e tons), e também PA (prova do artista, que representa um percentual que o artista separa para seu acervo, em geral 10% da edição)
Além do trabalho do artista, há também a preciosa atuação do "impressor", uma figura que está atrás do pano, por assim dizer, alguém que
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não cria a imagem, tampouco assina a Obra, mas faz com que ela "apareça" aos olhos do artista, literalmente.
O impressor é quem domina os segredos do "processamento da matriz e da reprodução fiel das cópias". Há artistas impressores também, mas no geral, a gravura é fruto de um trabalho coletivo.
A gravura é um meio de expressão que sempre ocupou lugar de destaque na produção da maioria dos artistas, pois possui características sem equivalência em outras modalidades artísticas. Suas operações sofisticadas e a invenção dos métodos de imprimir, e das próprias prensas, fizeram do ofício do artista gravador um misto de gênio da criação, com engenheiro e alquimista. Não é difícil imaginar as dificuldades de produção de uma gravura em Metal, ou Litografia em épocas que eram iluminadas a fogo, num tempo em que a carroça e o cavalo eram os transportes mais comuns nas grandes cidades, e que nada se sabia sobre plástico ou nem se imaginava a possibilidade de comprar uma lixadeira elétrica na loja de ferragens.
A Arte da gravura exigia conhecimentos que iam muito além do seu próprio universo. E igualmente, sua penetração na sociedade nada tinha de comum com o que hoje observamos, daí seu alto valor como técnica e conhecimento dentro das atividades humanas num mundo pré-industrial.
Existem vários tipos de gravura, ou, técnicas distintas de reproduzir uma Obra. As mais utilizadas pelos artistas são: a gravura em Metal, a Litografia, a Xilografia, o Linóleo e a Serigrafia.
Com giz de cera e folha de papel jornal, os alunos irão realizar exercícios de
Frottage, explorando o ambiente da sala de aula e no pátio da escola.
Como tarefa para ser realizada em casa, os alunos deverão coletar imagens
de Gravuras para a próxima aula, trazendo também tinta guache e materiais de
sucata como:
• Rolhas; • Papelão; • E.V.A; • Esponja; • Tinta guache; • Etc.
Recursos
• Data show; • Fotocópias; • Revistas; • Folha de Ofício Desenho; • Canetinha Hidrocor; • Materiais diversos.
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4.1 b) Realizado Aula 1
Na primeira aula os alunos estranharam o fato que o horário das aulas de
Artes havia sido modificado, pois a aula passou a acontecer em períodos separados
de 50 min. cada. A turma esta acostumada e habituada a ter dois períodos juntos.
Esta turma se caracteriza por gostar muito das aulas de Artes.
Para minha surpresa eles acabaram também estranhando o fato de que
propus a eles realizarem a leitura do material que explicava o que era Arte, alguns
ficaram frustrados pelo simples fato de não poderem desenhar.
Depois de realizada a leitura, comecei a questioná-los quanto ao conteúdo
do mesmo, solicitei que a aluna Natália fosse até o quadro e auxiliasse na escrita de
algumas explicações dos alunos.
Conforme iam discutindo a respeito do tema, em um determinado momento
os alunos Dionatan e Fabio acabaram puxando o assunto das diferenças do Artista e
do Artesão. O aluno Fabio disse: “os artesão utilizam diferentes materiais, mas suas
obras são artesanais e eles fazem em quantidade suas ‘obras’, já o artista faz para
expressar seus sentimentos”.
Quanto às questões de estética eles rapidamente responderam que era
apresentar um trabalho com um bom acabamento, organizado, limpo. Foi uma
resposta rápida, pois eu cobro deles estes aspectos.
Deixei-os discutirem livremente, já que estavam se sentindo seguros, em
estarem expondo suas ideias, intervinha quando necessário, para oferecer um
embasamento.
Foi o grupo destes alunos, que ao solicitar que todos procurassem em
revistas as figuras que eles acreditavam ser Arte, acabou prontamente arrumando-
se e organizando-se para procurar e identificar tais figuras nas revistas.
[...] a arte é um conceito intrinsecamente aberto e mutável, um campo que se orgulha de sua originalidade, novidade e inovação. Mesmo se pudéssemos descobrir um conjunto de condições determinantes que englobassem todas as obras de arte, isso não garantiria que a arte futura se conformaria a esses limites. Na verdade, temos todas as razões para supor o contrário. Em suma, “o caráter extremamente expansivo e instável da arte” torna sua definição “logicamente impossível”. (SHUSTERMAN, 1998, p. 25)
57
Para auxiliar os outros grupos eu passei em todos eles ajudando a identificar
algumas figuras.
Como a atividade não foi concluída neste período, ficou combinado que
todos trouxessem o livro semi-pronto, para na próxima aula, nos primeiros 15min.,
poderem organizar as últimos detalhes do livro.
4.1 c) Realizado Aula 2
Logo quando cheguei na sala de aula, os alunos já estavam organizados nos
grupos concluindo os últimos detalhes do livro.
Enquanto eles se organizavam eu instalei o datashow para apresentar o
conteúdo sobre Gravura.
Apenas um grupo não conseguiu entregar o livro no tempo estipulado, então
combinei que eles trouxessem na próxima aula.
Como o recurso da qual eu estava utilizando não era algo que comumente a turma
tenha acesso, todos ficaram atentos em relação a explicação, da mesma forma que
a atenção deles redobrou quando eu mostrei além das obras nos slides, algumas
Gravuras que foram feitas por mim.
Primeiramente, eles duvidaram que as Gravuras tivessem sido feitas com os
materiais das quais elas eram confeccionadas, em seguida, questionaram qual era o
tipo de tinta, de matriz e ate mesmo qual o tipo de papel na qual ela havia sido
impressa.
Quando solicitei para que eles fizessem uma experiência com a técnica de
Frottage eles ficaram um pouco desconfiados do por que realizarem esta tarefa tão
fácil.
Como afirma Camargo (1994, p. 18) “A experiência só existe em relação a
um referencial. Na falta desse, os fatos passam despercebidos, não são percebidos
como fatos – não entram em nosso campo de visão”.
Mas assim como o Ensino Médio conseguiu estabelecer uma conexão com
esta técnica e a Gravura, eles também chegaram a concluir que nas partes onde o
giz não conseguia tocar acabava ficando sem cor, em branco, e naquelas partes em
que o giz passava ficava colorido, da mesma forma que na gravura.
58
Porém, novamente, para minha surpresa, o aluno Fabio observa que nas
Gravuras que foram utilizadas metal como matriz a linha permaneceu preta, como
acontece quando se desenha, foi ai que eu tive de rapidamente explicar o porquê,
que nesta técnica o processo de impressão se diferenciava.
Por fim, observo dizendo, mesmo que os recursos me auxiliaram para que
eles se mantivessem focados na minha explicação, tive dificuldade que no fato de
que este período é o último da tarde e até no final do mesmo, eles já estão dispersos
em suas atividades.
4.1 c) Planejado 3ª Aula e 4ª Aula
Tema: Criando Gravuras
Duração: 50 min. cada aula
Objetivos:
• Elaborar um cartaz explicativo com o tema proposto em sala de aula.
• Confeccionar carimbos com materiais de sucata.
• Explorar os carimbos confeccionados elaborando uma composição
pictórica.
Conteúdos: Gravura
Desenvolvimento
Com as imagens coletadas no tema da aula anterior, a turma montará um
Mural contendo os exemplares das Gravuras selecionadas pelos alunos. A turma
deverá debater entre si o que será colocado e o porquê de algumas imagens não
serem coladas.
Em seguida com os materiais de sucata trazidos pelos alunos deverão
produzir “carimbos”. Tentando realizar uma composição com o que conseguirem
aproveitar dos mesmos.
Para próxima aula será solicitado:
• Tinta Guache preta e branca; • Pincel; • Pote plástico;
59
• Jornal; • Pano velho. • Giz de Cera; • Uma carcaça de caneta.
Recursos
• Papel Pardo; • Tinta Guache; • Cola; • Tesoura; • Folha de Ofício Desenho; • Canetinha Hidrocor; • Materiais diversos de sucata.
4.1 d) Realizado Aula 3
A maioria da turma não trouxe o material solicitado, os únicos que
pesquisaram sobre o assunto proposto, foram a aluna Juline e o aluno Fábio. No
entanto, como eu já imaginava que eles não iriam trazer a pesquisa das imagens, eu
trouxe uma seleção de imagens e uma seleção de conceitos sobre o assunto para
distribuir nos grupos, auxiliando-os na realização da atividade, questionando-os
sobre o assunto e deixando-os discutirem sobre suas opiniões em relação ao
mesmo.
A busca das fontes de informação devem ser feita, portanto, por alunos e professores juntos. O trabalho em colaboração oferece aos alunos a possibilidade de resolverem seus problemas, aprendendo as se situarem diante das informações a partir de suas próprias possibilidades e recursos. Também permite que os alunos envolvam outras pessoas nessa busca, desfazendo-se de um duplo preconceito: por um lado exclui-se a idéia de que o aluno pode aprender tudo por si mesmo; e, por outro lado exclui-se a idéia de que o aluno é um ser receptivo frente a informação que supostamente deve ser apresentada unicamente pelo professor. Isso significa compreender que a educação é um ato comunicativo e que não esta restrita a escola. (COUTINHO, 2006, p. 4)
A aluna Juline participou ativamente da conversação assim como o Fábio,
justamente por terem conseguido pesquisar sobre o assunto em casa, tendo
cumprido com a tarefa deixada de tema de casa.
60
Quando foram questionados sobre tais imagens foram selecionadas para
serem coladas no cartaz, o aluno Leandro chamou a atenção da turma quando
comentou que a Gravura seria todas as imagens impressas artesanalmente e que
necessita de uma matriz.
4.1 e) Realizado Aula 4
Para minha surpresa, os alunos (a grande maioria) trouxeram o material
solicitado na aula anterior. Para aqueles poucos que não trouxeram acabei cedendo
papelão e material de ponta-seca para que pudessem realizar a atividade.
Neste dia a turma estava muito agitada, o que dificultou a explicação da
atividade, necessitando que eu explicasse várias vezes o processo de “impressão”.
A turma tem como característica uma baixa auto-estima, pois eles são
excluídos pela maioria dos professores, pois existem vários problemas de
aprendizagem neste grupo. E este foi um dos motivos que me fez escolher esta
turma para atuar em meu estágio. Quero que através destes trabalhos eles possam
confiar sobre aquilo que produzem que é realmente bom, que eles são capazes e
que podem se expressar através da arte sua realidade englobando a expressão de
seus anseios e sentimentos.
Segundo Santomé (1993 apud SILVEIRA, 2006, p.165):
Os programas escolares e, portanto, os professores e professoras que rejeitam ou não concedem reconhecimento a cultura popular e, mais concretamente, as formas culturais da infância e de juventude (cinema, rock and roll, rap, quadrinhos, etc.) como veículo de comunicação de suas visões da realidade e, portanto, como algo significativo para o alunado, estão perdendo uma oportunidade maravilhosa de aproveitar os conteúdos culturais e os interesses que essas pessoas possuem como base de qual partir para o trabalho cotidiano nas salas de aula. Uma instituição escolar que não consigam conectar essa cultura juvenil que tão apaixonadamente os/as estudantes vivem em seu contexto, em sua família, com suas amigas e seus amigos, com as disciplinas acadêmicas do currículo, está deixando de cumprir um objetivo adotado por todo mundo, isto é, o de vincular as instituições escolares com o contexto, única maneira de ajudá-los a melhorar a compreensão de suas realidades e a comprometer-se em suas transformações.
61
Desta forma a turma não tem compromisso com as tarefas que executam e
quando o fazem sempre acreditam que estão fazendo errado ou que não é o
suficiente, ficando inseguros.
Quando eu demonstrei um exemplo de como eles poderiam utilizar o
papelão e as rolhas, como sendo as matrizes dos desenhos que eles produzissem, o
aluno Luan acabou expondo sua insatisfação dizendo que ele iria fazer, mas que
duvidava no resultado positivo da técnica.
O aluno Leandro, no momento em que estavam realizando a prática,
chamou minha atenção ao perguntar-me se ele poderia fazer um molde diferente do
que eu havia demonstrado como deveriam fazer. Ele queria fazer uma espécie de
matriz, riscando o papelão com a ponta seca e não somente recortando. Deixei-o
fazer as ranhuras no papelão, para que ele se sentisse livre no momento de sua
criação e pudesse explorar de forma a se satisfazer o seu material.
Instiguei a turma para relembrarem que ao desenharem ou escreverem algo
na matriz, quando fossem imprimir a imagem no papel esta estaria em sentido
contrário, em negativo. Então lembrei que deveriam escrever de modo espelhado.
O aluno Fábio foi o único que trouxe rolha para usar como matriz, ele fez
alguns cortes, mas ficou insatisfeito. Como os alunos têm esta característica de
serem inseguros no que realizam e produzem, ele perguntou se poderia mudar e
utilizar o mesmo molde que seus colegas estavam utilizando, o de papelão.
Expliquei a ele que mesmo o resultado final do seu trabalho não fosse o esperado,
era para ele continuar, entintar a rolha e fazer uma experiência de como iria ficar,
para experimentar o material. Mas por fim, ele optou em não imprimir com a rolha e
acabou realizando a impressão com uma matriz de papelão.
Como já mencionado, a turma tem esta característica de ser muito insegura,
portanto eles têm esta necessidade de ficarem chamando todos os momentos em
que acreditam não estarem fazendo o correto.
Quando a turma começou a imprimir, o aluno Leandro que havia feito a
matriz a partir de sulcos no papelão e não recorte surpreendeu-se ao perceber que
as linhas sulcadas acabaram ficando sem tinta, sua reação foi comparar com o
resultado da impressão de uma xilogravura.
62
Gravura produzida pelo aluno Leandro; O farsante; 2009; Fonte: Oliveira
Já a aluna Ana, como não havia trazido tinta, decidiu tomar a iniciativa de
encontrar uma solução para conseguir imprimir a partir de seu molde, ela fez o
processo de Frottage. Esta aluna é uma das poucas que consegue tomar iniciativa e
sempre encontra soluções ou faz experimentações com seu material.
Frottage realizada pela aluna Ana; Estrelas; 2009;
Fonte: Oliveira
O aluno Rafael também ficou empolgado com o resultado da impressão de
sua matriz e me chamou para mostrar como havia ficado “perfeito, sora” o seu
desenho. Assim como também ficou satisfeito o aluno Lucas com o resultado.
63
Gravura produzida pelo aluno Rafael; Caveira sem Destino; 2009;
Fonte: Oliveira
Gravura produzida pelo aluno Lucas; Lukas; 2009;
Fonte: Oliveira
Os alunos solicitaram para que eu mostrasse, novamente, o processo de
assinar a gravura, pois queriam repetir o que eu havia ensinado sobre isso nas aulas
anteriores.
64
Gravura produzida pela aluna Natália; Maninhas; 2009;
Fonte: Oliveira;
Gravura produzida pelo aluno Mateus O Navio; 2009;
Fonte: Oliveira;
4.1 f) Planejado 5ª Aula e 6ª Aula
Tema: Monotipia é Gravura?
Duração: 50 min. cada aula
Objetivos:
• Conhecer o conceito de Monotipia recriando exemplos da mesma através
do desenho de monocromia.
• Realizar um desenho utilizando somente cores pretas e brancas.
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• Compreender o processo de criação da Monotipia.
Conteúdo: Monotipia
Desenvolvimento
Com o auxílio de um cartaz a professora explicará o que é Monotipia.
Em seguida, os alunos copiarão o resumo do texto exposto.
Como primeira tentativa para compreender o processo da Monotipia os
alunos deverão colorir toda uma folha de desenho com giz de cera preto, em
seguida, com a carcaça de caneta deverão raspar o giz para realizarem o desenho.
Realizando um desenho de monocromia, para tentarem compreender como seria
uma Monotipia.
Segunda tentativa, elaborar um desenho com a Tinta Guache nas cores
pretas e brancas.
Ao terminarem as atividades, realizarão uma conversação para
compreenderem o que aconteceu nos dois processos:
• Quando traçaram o desenho na primeira tentativa, ele ficou preto como é
quando se desenha com grafite?
• No segundo processo o que aconteceu ao pintarem com as tintas?
Para a próxima aula:
• Bandejas de isopor;
• E.V.A.;
• Rolinho de Tinta;
• Colher de Pau.
Recursos
• Tinta Guache;
• Folha de Ofício Desenho;
• Pincel;
• Pote plástico;
• Jornal;
• Rolinho de tinta;
66
• Pano velho.
4.1 g) Realizado Aula 5
A partir da explicação que realizei com o auxílio do cartaz com o conteúdo
da monotipia, o aluno Rafael fez uma observação dizendo que nunca um professor
havia trazido um cartaz com o conteúdo da aula para ser copiado em seus cadernos.
A turma logo compreendeu e associou que a monotipia estava presente nas
gravuras que eles viram nas aulas anteriores, principalmente as que eram de metal.
No momento de realizarem a cópia do conteúdo eles demoraram bastante,
pois a turma estava muito agitada.
Pelo motivo da demora em realizarem esta cópia, combinei com eles que
deveriam realizar a atividade de pintura da folha de desenho com tinta guache em
casa.
4.1 h) Realizado Aula 6
Eles trouxeram os desenhos realizados em casa, e muitos ficaram se
perguntando o que eles iriam fazer com os tais desenhos, uma vez que nunca
tinham pensando em ter que pintar uma folha toda de preto e depois desenhar com
a tinta branca por cima.
O aluno Brendom observou dizendo que haviam feito a mesma coisa que na
Gravura, pois o traçado do desenho que realizaram havia ficado branco, como nas
imagens do próprio cartaz que eles haviam selecionado como sendo Monocromias.
67
Monocromia com Tinta Guache, produzida pelo aluno Leandro; Sem Título; 2009;
Fonte: Oliveira;
Monocromia com Tinta Guache, produzida pelo aluno Brendom; Sem Título; 2009;
Fonte: Oliveira
Para dar continuidade à conversação e para que eles pudessem comparar,
realizaram a atividade de pintar a folha com giz de cera preto, para em seguida
rasparem com uma ponta seca.
O que me surpreendeu foi o fato de não haver agitação na turma na aula de
hoje. Todos ficaram compenetrados no momento de pintarem a folha com giz preto.
O aluno Lucas ficou muitas vezes repetindo e me desafiando dizendo que
não iria dar certo a atividade, que era impossível aparecer algum tipo de desenho
somente raspando a folha.
Os primeiros que conseguiram realizar o desenho estavam sem ideias do
que iriam fazer, então fizeram um desenho bem estereotipado, como no caso da
68
aluna Juline. No entanto, essa aluna usou do recurso o qual sugeri, o de
empregarem mais linhas no momento de comporem seus desenhos. No desenho de
Brendom também foi possível observar o uso desse recurso, ele conseguiu alcançar
um efeito de luz e sombra, dando também uma sensação de volume ao trabalho e a
linha expressada.
Vendo as linhas, é como se ouvíssemos a voz de alguém que nos fala com certo timbre e certa cadência. Evidentemente, as linhas se referem a alguma coisa; elas vêm carregadas de emoção, e a emoção faz com que o artista se expresse de uma maneira específica e não de outra (OSTROWER; 1996; p.32).
Monocromia com Giz de Cera, produzida pelo aluno Brendom; Sem Título; 2009;
Fonte: Oliveira
Monocromia com Giz de Cera, produzida pela aluna Juline; Sem Título; 2009;
Fonte: Oliveira;
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4.1 i) Planejado 7ª Aula e 8ª Aula
Tema: Mais técnicas de Gravura
Duração: 50 min. cada aula
Objetivos:
• Realizar a técnica de isopogravura, explorando suas possibilidades.
• Compreender o processo de criação da Monotipia.
• Efetuar impressões de gravuras utilizando materiais diversos.
Conteúdo: Gravura
Desenvolvimento
Relembrar a discussão da aula anterior.
Com as bandejas de isopor trazidas pelos alunos a turma realizará a técnica de
imprimir gravuras a partir dos desenhos criados sob o material.
Em seguida utilizarão pequenos retângulos de E.V.A para impressões.
Para próxima aula:
• Folha Canson A3;
• Canetinha Hidrocor;
Recursos
• Tinta Guache; • Folha de Ofício Desenho; • Pote plástico; • Jornal; • Rolinho de tinta; • Pano velho; • Colher de Pau.
4.1 j) Realizado Aula 7
Ao recordarem da discussão da aula anterior, os alunos logo pensaram que
se eles fossem escrever algo, deveria ser de forma espelhada, quanto mais linhas
colocassem no desenho mais bonito ficaria.
70
Como de costume levei algumas bandejas de isopor para distribuir aos
alunos, assim como a aluna Juline também doou algumas à turma.
Conforme eles iam desenhando sob o isopor foram ficando impacientes, pois
não conseguiam ver o que estava sendo traçado.
Mesmo solicitando para que evitassem a realização de escrita de nomes e
símbolos, alguns alunos fizeram este tipo de grafia.
Gravura produzida pelo aluno Luan; Lua; 2009; Fonte: Oliveira
Gravura produzida pelo aluno Leandro; Sem Título; 2009; Fonte: Oliveira
Primeiramente eles imprimiram as imagens da maneira que eu havia
explicado. Deixei-os trabalharem livremente para analisarem o que eles poderiam
fazer diferente. Douglas foi um dos primeiros a conseguir imprimir, ele não gostou do
seu desenho e queria quebrar o isopor para colocá-lo fora. Disse a ele o que poderia
fazer de diferente, no final ele acabou gostando do seu trabalho. No entanto, ele
ficou preso a um desenho com poucas linhas e detalhes, utilizando-se de um
desenho estereotipado, assim, fizeram Matheus e a aluna Juline.
71
O estereótipo é a (imagem) repetida, fora de toda magia, de todo entusiasmo; como se fosse, a cada vez adequada por razões diferentes, como se imitar pudesse deixar de ser sentido como imitação. (Imagem) sem cerimônia, que pretende a consistência e ignorar sua própria insistência. (BARTHES, 1994, p. 4)
Apesar de já ter abordado com a turma as questões sobre os desenhos
estereotipados, sempre estão presentes nas aulas, mas tenho consciência de que
este fato não é algo que cessará repentinamente, através de um único projeto de
ensino realizado, mas que este é um processo lento e gradual. Cabe ao professor
incentivar e questionar os alunos a perceberem qual a validade de tais desenhos,
sugerindo outras possibilidades de representação, chamando a atenção para a
impessoalidade dessas expressões. Cabe ao educador incentivá-los a perceber que
suas próprias expressões são válidas e muito mais significativas.
Gravura produzida pelo aluno Mateus; Paisagem de Manhã; 2009;
Fonte Oliveira;
Gravura produzida pela aluna Nathalia; Luar; 2009;
Fonte: Oliveira
72
Apesar de todo o processo da isopogravura ser simples pude perceber que
eles estavam muito angustiados esperando para que a impressão ficasse perfeita.
Foi a partir desta angustia que a aluna Juline chegou a conclusão de que se, depois
de entintada a matriz e em seguida retirasse com a ponta seca o excesso de tinta
dos sulcos, finalmente teria uma impressão bem sucedida. Após todos verem o que
ela havia feito, eles ficaram mais calmos e repetiram o processo.
4.1 k) Realizado Aula 8
Distribuí aos alunos, que não trouxeram E.V.A., um pequeno pedaço do
material.
Percebi que nesta aula o processo de riscar a matriz e em seguida entintar,
para depois imprimir, foi realizado com mais facilidade entre os alunos, pois já
estavam habituados com este processo, a única diferença era que agora era o
material, o E.V.A..
Os alunos Fábio e Luan, logo que comecei a explicar sobre as coisas que
eles deveriam lembrar, explicaram que deveriam pensar sobre o que fosse riscado,
que ficaria branco e o que ficasse liso ficaria preto.
Os alunos Juline, Matheus e Luan, revelaram que gostaram mais de
imprimirem com E.V.A., pois segundo eles a tinta não entrou nos sulcos como
acontecerá com o isopor, não aparecia a textura (os poros) do isopor. Porém,
mesmo incentivando para que realizassem desenhos mais elaborados, contendo
linhas, eles detiveram-se a desenhos simples.
O desenho é uma atividade perceptiva, algo que não se completa, mas que nos convida, sugere, evoca. É menos uma técnica ou meio expressivo e muito mais um modo de comportar-se (por exemplo, fazer aflorar um certo intimismo do artista, um tom confessional como se desenho fosse um diário, cartilha do ser). (OSTROWER; 1983; p. 58)
Como já mencionado, eles são inseguros, e isso faz com que eles não
acreditem em seus potenciais, e fiquem com medo de colocar suas ideias no papel.
Mesmo que o desenho se impregne de um objetivo muito preciso e definido, a pesquisa em busca da melhor solução final irá requisitar a
73
natureza essencial da linguagem do desenho, inclusive para se pensar melhor. O desenho é uma forma de raciocinar sobre o papel. (OSTROWER; 1983; p. 98)
Quem acabou realizando esta experiência de querer realizar a técnica de
outra forma que eu não havia explicado, foi a aluna Ana, que queria imprimir sua
imagem de forma que só aparecessem as linhas com tinta e o restante do desenho
com menor grau de tinta. Ela sugeriu que iria passar tinta na matriz e retiraria com
uma régua o excesso, raspando delicadamente. Deixei que ela realizasse o trabalho
desta forma para sentir-se valorizada em estar sugerindo um novo processo o que a
deixou muito segura. No final, ela gostou da gravura que produziu.
Gravura produzida pela aluna Ana; Sem Título; 2009;
Fonte: Oliveira
Gravura produzida pela aluna Ana, tentativa II; Sem Título; 2009;
Fonte: Oliveira
74
4.1 l) Planejado 9ª Aula e 10ª Aula
Tema: Meu Super-Heroi de Histórias em Quadrinhos
Duração: 50 min. cada aula
Objetivos:
• Compreender as etapas de elaboração de uma História em Quadrinhos.
• Criar um personagem, compreendendo que ele será utilizado como ícone
para sua HQ, imprimindo a partir de uma das técnicas já trabalhadas em
aulas anteriores.
• Assistir ao filme proposto pela educadora, conhecendo alguns dos Herois
criados em Histórias em Quadrinhos.
• Elaborar um roteiro de uma HQ, observando coerência.
Conteúdos: Histórias em Quadrinhos – Etapas de Elaboração
Desenvolvimento
Será exibido um vídeo Os Super-Herois dos Quadrinhos, documentário de
50 min., da Discovery Chanel, produzido no ano de 2002. Neste vídeo os alunos
conhecerão alguns dos mais famosos Herois do mundo e seus respectivos
criadores. Conhecerão também a história de criação através dos relatos de alguns
criadores.
A atividade proposta aos alunos será a elaboração de um roteiro para uma
História em Quadrinhos e a idealização de um Super-Heroi para a mesma.
Por fim, os alunos terão que imprimir em qualquer um dos recursos já
utilizados na aula anterior o personagem criado.
Para a próxima aula:
• Folha A3 Canson; • Canetinha Hidrocor; • Lápis de Cor;
Recursos
• Televisor; • DVD; • MUC.
75
Observações
Nesta aula houve uma modificação no que foi planejado, ocasionando
mudanças no projeto. Um dos objetivos era que no final todos conseguissem
confeccionar, juntos, um Almanaque, porém como foi sugerido por um dos alunos
em não realizar a impressão através da Gravura de uma personagem de HQ e nem
imprimir toda a HQ com a técnica, acabei modificando a idéia para no final do projeto
fossem impressas Tirinhas com as personagens criadas como protagonistas.
4.1 m) Realizado 9ª Aula e 10ª Aula
Diferente das outras aulas, os alunos ficaram quietos para a exibição do
documentário sobre os Super-Heróis, pois eles estavam ansiosos para descobrirem
quais eram os dez maiores Super-Heróis das Histórias em Quadrinhos.
Ficavam a todo instante comentando, entre eles, o que gostariam de ter no
perfil das personagens criadas, querendo que suas personagens tivessem poderes
como os super-heróis do documentário apresentado.
Após o documentário, a turma retornou para a sala animada para
conseguirem criar suas personagens para serem as protagonistas de suas próprias
histórias.
Realizei uma conversação para enfatizar os aspectos de que a maioria dos
personagens apresentados no documentário tinham alguma ligação a algum fato
importante que estava acontecendo na sociedade, estavam ligados a algum fato
histórico.
Expliquei também que as HQ’s tem muito mais do que arte envolvida, tem
muitos outros aspectos e meios de ser utilizadas como ferramentas para auxiliarem
em várias outras áreas, como no cinema, por exemplo.
Em entrevista à Revista On-line do Instituto de Humanistas da Unisinos
(2007), Daniel Horn da Rosa diz que os quadrinhos conseguem superar a mídia
contemporânea, pois envolve processos literários de criação, de artes plásticas,
arquitetura, narrativa cinematográfica e design gráfico. E as HQ’s acrescentam e
representam genuinamente o que acontecem na realidade de quem produz e
consome.
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Eles ficaram um pouco incomodados em terem que desenhar seus
personagens em folhas de E.V.A.. Neste instante o aluno Fábio sugeriu que ao invés
de imprimirem o Super-Herói em E.V.A. eles criassem a personagem, escrevendo
sua ficha de características e entregassem o desenho do mesmo. Acabei aceitando
a sugestão e deixei acertado com a turma que a impressão das Tirinhas seria em
material de E.V.A. o que os deixou mais tranqüilos e menos frustrados.
Desenho de estudo do Super-heroi, realizado pelos alunos Lucas e Tauan;
Ninja X; 2009; Fonte: Oliveira
Desenho de estudo do Super-heroi, produzido pelos alunos Mateus, Douglas e Juline;
Aninha de frente; 2009; Fonte: Oliveira
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Desenho de estudo do Super-heroi, Desenho de estudo do Super-heroi, Desenho de estudo do Super-heroi, produzido pelos alunos Mateus, Douglas e Juline; produzido pelos alunos Mateus, Douglas e Juline; produzido pelos alunos Brendom; Jones; Aninha de costas; 2009; Fonte: Oliveira Aninha de perfil; 2009; Fonte: Oliveira 2009; Fonte: Oliveira
78
Desenho de estudo de frente, Desenho de estudo de costas, Desenho de estudo de lado, realizado pelos alunos Lucas e Tauan; realizado pelos alunos Lucas e Tauan; realizado pelos alunos Lucas e Tauan; Ninja X; 2009; Fonte: Oliveira Ninja X; 2009; Fonte: Oliveira Ninja X; 2009; Fonte: Oliveira
79
4.1 n) Planejado 11ª Aula e 12ª Aula
Tema: Conhecendo as Histórias em Quadrinhos
Duração: 50 min. cada aula
Objetivos:
• Compreender o que são Histórias em Quadrinhos, sabendo diferenciar
seus diferentes tipos.
• Realizar um desenho de um dos tipos de HQ’s.
Conteúdos: Histórias em Quadrinhos - Tipos
Desenvolvimento
A professora fará uma explicação com o auxílio de Lâminas de retroprojetor,
contendo a explicação do que são HQ’s e quais os seus tipos, qual a diferença entre
o tamanho de quadrinhos e importância de roteirizar a história.
Serão mostradas algumas imagens como exemplo de tamanho de quadrinhos e
suas regras como característica de tempo dentro da história. Será enfatizado para
os alunos que o tamanho do quadro influencia no tempo da ação da história. Se a
cena tem maior tempo de duração o quadro deve ser maior, se a cena for rápida
deve ter um tamanho de quadro menor.
Pág. do Gibi Super-Man Origens; Geoff Jonhs; 2009;
Fonte: Oliveira
80
Pág. do Gibi Spider-man Death of Gwen Stacy; Garry Conway e Stan Lee; 1999;
Fonte: Oliveira
Serão mostradas páginas de uma história elaborada pela professora, para
que os alunos possam compreender que não é necessário ser um desenhista para
conseguir desenhar e elaborar uma HQ.
George Hubert; Taís de Oliveira; 2009;
Fonte: Oliveira
81
George Hubert; Taís de Oliveira; 2009;
Fonte: Oliveira
Após a explicação os alunos deverão elaborar em uma folha A3 canson, um
dos exemplos que foram mostrados na apresentação das lâminas, tentando seguir
as regras que foram enfatizadas. A turma poderá votar no exemplo que preferirem
para a turma toda seguir o mesmo exemplo.
No final das produções, estas serão fixadas na sala de aula, para depois de
explicado todos os processos de criação a turma possa analisar suas produções.
Recursos
• Retroprojetor; • Folha Canson A3; • Canetinha Hidrocor; • Lápis de Cor.
4.1 o) Realizado 11ª Aula e 12ª Aula
A turma estava muito agitada, várias vezes foi necessário interromper a
explicação para solicitar que prestassem atenção.
O texto oferecia a explicação do que era História em Quadrinhos e o que era
Storyboard, no entanto, quando tiveram de escolher qual das alternativas usariam
82
para elaborarem suas histórias em quadrinhos. A turma, unanimemente, escolheu
em fazer HQ’s, talvez pelo fato de ser a mais comum.
Deixei a turma trabalhar de forma livre. Disse a eles para não se
preocuparem com nenhum tipo de regra a ser seguida, pois minha intenção é que,
no final, possam analisar as suas próprias criações, percebendo se conseguiram
seguir os padrões e regras de elaboração das HQ’s.
Os alunos Douglas e Mateus estavam preocupados em querer fazer perfeita
sua História em Quadrinhos, o que os fez criarem vários personagens.
Estudo; Mateus, Juline, Douglas, Caroline, Julia H.;
Fonte: Oliveira; 2009
O grupo composto pela Juline, Douglas, Matheus e Caroline também
elaboraram uma história onde a narraram em três folhas. Minha surpresa foi que
tomaram o cuidado em utilizar os recursos do tamanho dos quadrinhos, em que eles
têm a função de diferenciarem o tempo da cena ilustrada.
83
A Roda Gigante; Juline, Douglas, Matheus e Caroline; 2009
Fonte: Oliveira
Extreme; Brendon, Rafael e Pedro; 2009;
Fonte: Oliveira
Percebi que alguns alunos tiveram a iniciativa de trazerem para a aula
algumas revistas em quadrinhos para poderem visualizar alguns elementos para
acrescentarem em suas próprias histórias.
E uma das minhas observações mais curiosas foi o fato de que os alunos
acabaram criando super-heróis em que eles transformaram em personagens fortes
com uma auto-estima, o que vai de encontro contrário à personalidade deles
próprios, segundo Rama (2009, p.14) “as histórias em quadrinhos devem ser um
84
instrumento de educação, formação moral, propaganda dos bons sentimentos e
exaltação das virtudes sociais e individuais”.
Super Punk; Leandro e Vinícius; 2009;
Fonte: Oliveira
Naturalmente, alguns outros grupos não tiveram muita sensibilidade em
preocuparem-se em utilizar dos efeitos de tempo que o tamanho dos quadros
oferece nas histórias.
4.1 p) Planejado 13ª Aula e 14ª Aula
Tema: Gravura e Historias em Quadrinhos
Duração: 50 min. cada aula
Objetivos:
• Conhecer o conceito de Tirinha e Charge, reconhecendo a diferença
existente entre elas.
• Elaborar uma Tirinha utilizando a técnica da Gravura.
• Reconhecer em suas obras a importância de suas habilidades e
potenciais, respeitando a individualidade de cada um.
• Respeitar suas produções aceitando-as como forma de expressão.
85
Conteúdos: Histórias em Quadrinhos - Tiras
Desenvolvimento
A educadora explicará, através de lâminas de retroprojetor, quais são as
etapas para elaborar uma Tirinha e qual a diferença delas para Charge. Mostrará
imagens como exemplo para instigar os alunos a não estereotiparem suas
produções, mas buscarem formas diferenciadas.
Em seguida, os alunos serão divididos em grupos para elaborarem em uma
matriz de E.V.A. uma Tirinha, com a técnica da Gravura, contendo como
personagem protagonista aquele elaborado nas aulas anteriores.
Recursos
• Folha A3; • Lápis 6B; • Rolinhos de tinta; • Tinta Guache; • Palitos de Churrasquinho; • Pano; • Pote; • Lâminas de Retroprojetor; • Rertroprojetor.
4.1 q) Realizado 13ª Aula e 14ª Aula
Naturalmente a turma estava muita agitada, motivados por quererem realizar
trabalhos de Natal. Alguns alunos não queriam concluir as atividades, pois a
professora nesta mesma época no ano anterior estava trabalhando com o tema da
data comemorativa.
Eu expliquei o conceito da diferença entre Tirinha e Charge, os alunos Fábio
e Tauan, ficaram curiosos, pois mencionaram acreditar que as Charges eram a
mesma coisa que Tirinhas.
Quando expliquei a eles que deveriam elaborar uma Tirinha, em que
utilizassem somente três a quatro quadros para narrar algo rápido em relação a
personagem criada, os alunos Mateus e Dionatan ficaram apreensivos, pois eles
disseram que seria impossível contar uma história em tão poucos quadrinhos.
86
Porém, quando eu demonstrei no quadro um exemplo de uma Tirinha que eu
mesma havia criado, protagonizando meu personagem, todos acabaram mudando
de idéia.
Primeiramente eles, por conta própria, decidiram criar um rascunho da
Tirinha, pois queriam mostrar para mim antes de passarem para o E.V.A.. A única
observação que fiz, foi lembrá-los do fato que deveriam observar que tudo aquilo
que fossem desenhar ficaria de forma espelhada, até mesmo as falas das
personagens, se estas aparecessem; e que tudo aquilo que fosse riscado no E.V.A.
ficariam impresso em branco. Sugeri então, que no próprio rascunho eles
trabalhassem com tons, lembrando do efeito preto e branco.
Os primeiros alunos a terminarem a Tirinha foi o grupo da Juline, Douglas,
Matheus, Julia e Ana. Assim, que olhei o trabalho eles já começaram a desenhar
sobre o E.V.A. Porém, quando realizaram a primeira impressão esta não ficou muito
nítida, pois utilizaram pincel para passar a tinta sobre o material da matriz. Sugeri
então, devido ao tempo que tínhamos restando de aula, que deixassem para a
próxima aula fazerem uma impressão passando a tinta com rolinho. O grupo não
ficou muito animado, pois queriam logo livrar-se da atividade, pois este era um dos
grupos que está ansioso para realizarem atividades de Natal.
Tirinha de Gravura; Mau Cheiro; Juline, Douglas, Matheus, Julia e Ana; 2009;
Fonte: Oliveira
87
4.1 r) Planejado 15ª Aula e 16ª Aula
Tema: Gravura e Historias em Quadrinhos
Duração: 50 min. cada aula
Objetivos:
• Concluir a impressão de suas Tiras, comprometendo-se zelar pela
estética de suas produções.
• Elaborar uma Tirinha utilizando a técnica da Gravura.
• Reconhecer em suas obras a importância de suas habilidades e
potenciais, respeitando a individualidade de cada um.
• Respeitar suas produções aceitando-as como forma de expressão.
Conteúdos: Histórias em Quadrinhos - Tiras
Desenvolvimento
Estas aulas serão necessárias para os alunos concluírem as Tirinhas e para
realizarem uma auto-avaliação, através de uma conversação do trabalho elaborado
ao longo das aulas deste projeto.
Recursos
• Folha A3; • Lápis 6B; • Rolinhos de tinta; • Tinta Guache; • Palitos de Churrasquinho; • Pano; • Pote.
4.1 s) Realizado 15ª Aula e 16ª Aula
Ainda estavam agitados nesta aula, porém a maioria da turma havia
terminado em casa os rascunhos das Tirinhas, o que acelerou o processo, pois eu
passei nas duplas verificando se haviam coisas para mudarem. Foi neste momento
que o aluno Douglas lembrou que ao observarem sua própria impressão, realizada
na aula anterior, a ordem da leitura da Tirinha havia ficado ao contrário (com efeito
88
espelhado). Foi então, que toda a turma chegou a conclusão que deveriam recortar
os quadrinhos e imprimirem um por um para poderem acertar a ordem.
O grupo das alunas Gabrielle, Julia e Julia Haubert, surpreenderam ao
entregarem seu trabalho contendo uma sequência de quadros contando uma história
criativa, com desenhos elaborados e com capricho. Ao entregarem elas me
questionaram se o trabalho seria exposto porque elas haviam gostado do resultado.
Inclusive estavam preocupadas se eu conseguiria devolver o trabalho, pois a aluna
Gabrielle queria guardar de recordação, uma vez que nunca tinha gostado tanto de
algo que havia produzido.
Tirinha de Gravura; Se Beber não Dirija; Gabrielle; 2009;
Fonte: Oliveira
O aluno Rafael e Brendom foram os primeiros que solicitaram auxílio para
conseguirem imprimir a tirinha. Estavam preocupados, pois queriam que ficasse
certa. Quando todos os quadrinhos haviam sido impressos eles ficaram bem
animados, pois apareceu muito bem os traços do desenho. O Rafael olhou para mim
e disse: Ficou muito bom, né Sora?! Eu gostei!
89
Tirinha de Gravura; Ninja X; Pedro e Tauan; 2009; Fonte: Oliveira
Para a realização de todas as impressões eu acabei auxiliando todos os
grupos, pois os alunos demonstraram apreensão em conseguirem acertar.
O que pude observar foi que na elaboração das Tirinhas poucos utilizaram
das ferramentas da HQ, onde realizam determinados focos nas cenas desenhadas,
eles acabaram realizando desenhos simples e estereotipados. Alguns alunos
criaram outros personagens que não eram os mesmos protagonistas das HQ’s,
assim, criaram personagens estereotipados.
Tirinha de Gravura; Jones; Rafael, Brendon e Ademar; 2009;
Fonte: Oliveira
Por fim, quando os alunos avaliaram os trabalhos finais e montaram juntos o
almanaque, todos ficaram muito satisfeitos, orgulhosos do que haviam criado. Eles
até esqueceram de me cobrar que gostariam de estar realizando trabalhos de Natal.
Alguns alunos até me questionaram do porque não distribuíamos as histórias
xerocando-as.
90
CONCLUSÃOCONCLUSÃOCONCLUSÃOCONCLUSÃO
A escolha do tema deste projeto “A Gravura Aliada às Histórias em
Quadrinhos” tinha como princípio norteador o uso da técnica da Gravura como meio
de produção das HQ’s. Tal objetivo originou-se do desejo de estimular os alunos a
produzirem suas histórias de forma diversificada, utilizando uma técnica não
convencional. A partir deste objetivo, procurou-se aplicar atividades variadas,
intercalando teoria e prática durante a aplicação do projeto.
Os pontos a serem analisados dentro deste processo em que será retomado
todo toda a caminhada de aplicação do projeto de ensino serão: as expectativas dos
alunos e os meus, refletindo se estes foram alcançados ou não. A forma
convencional em elaborar as HQ’s que as faziam ficarem estereotipadas, o
crescimento da familiaridade e da confiança em relação aos materiais que estavam
utilizando. O desenvolvimento de uma auto-estima ligada ao fato de estarem tendo
mais autonomia e iniciativa em solucionarem problemas, tais dificuldades surgiam do
resultado da própria falta de auto-estima que a turma apresentava.
A forma convencional que me preocupava era o fato dos alunos sempre
trabalharem da mesma forma ao produzirem HQ’s. Utilizavam lápis e papel, poucas
vezes atribuindo cores ao que produziam e também não aderindo a outros meios de
desenhar as personagens, sendo sempre estes de forma estaqueada, sem
expressões ou movimentos. Aparecendo pouca exploração dos cenários e sem
utilizar de recursos atribuídos a maneira de elaborar as HQ’s. O que ocasionava,
para quem lia tais histórias um desestímulo, pois não eram atrativas.
No entanto, o princípio desta escolha surgiu da preferência pessoal em
relação aos temas, pois gosto das maneiras que se pode explorar as habilidades
91
dos alunos com tal tema, podendo estimulá-los a desestereotipar a forma em que
pudessem produzir suas próprias HQ’s.
Diante desta metodologia, inicialmente, os alunos estranharam o fato de que
no primeiro encontro eles não partiram diretamente para a prática, mas foram
levados a ler e debater sobre o assunto proposto, gerando um sentimento de
frustração que precisou ser trabalhado na turma. Tal frustração foi percebida na
entrega das primeiras produções de gravuras, pois não apresentavam riqueza de
expressão, provavelmente pela turma não estar acostumada a observar e refletir
sobre obras de artistas em sala de aula, assim como realizar análises e leituras das
mesmas. Na atividade do primeiro encontro, houve dificuldade em buscar nas
revistas, gravuras que ilustrassem o conceito de Arte. Apesar de a turma expor
ideias coerentes durante as conversações realizadas, não conseguiam identificar
nas imagens, diferenças básicas do que era ou não considerado uma produção
artística. No decorrer das atividades, percebeu-se maior confiança na turma em
expressar seus pontos de vista, pois, no terceiro encontro, houve notável facilidade
dos alunos em compreender o que era Gravura.
A expectativa e frustração inicial da turma se baseavam no fato de que o
material com o qual foram instigados a trabalhar era algo novo e o grupo não tinha
noção do resultado que obteria. Nos primeiros encontros, notou-se certa resistência
em manuseá-los, faltando-lhes confiança para fazê-lo. Sendo assim, os objetivos
que estavam inicialmente voltados à compreensão e conhecimento da técnica da
Gravura, precisaram ser alterados para focar o suprimento das expectativas dos
alunos quanto ao resultado de seu próprio trabalho. O grupo necessitava de
motivação para ter autonomia e valorizar suas produções, pois acreditavam que
seus desenhos e gravuras não alcançariam os propósitos das aulas. Como exemplo
desta falta de autoconfiança, pode-se citar as atividades do quarto encontro, onde os
alunos demonstraram pouca criatividade e muita insegurança durante a produção
nas matrizes de materiais diversos. Neste encontro, os alunos deveriam produzir
nestas matrizes, alguns desenhos dos quais gostavam. Nesta atividade, surgiram
vários desenhos infantis e muitas representações de marcas de produtos que
utilizavam. Assim como reproduções das letras iniciais de seus nomes, parecendo
ser uma espécie de marca gráfica pessoal. Uma maneira de demonstrarem que
estavam, inconscientemente, pedindo para serem vistos, reconhecidos como
92
indivíduos e que o professor pudesse respeitá-los dentro de suas individualidades,
habilidades, dificuldades e competências.
Durante esta experiência senti insegurança, pois a turma mostrava-se
agitada e dispersa. Apesar das orientações serem repassadas diversas vezes, eram
cometidos erros consecutivos originários de falta de atenção. Resultados positivos
foram perceptíveis quando alguns alunos demonstraram autonomia ao procurar
soluções para seus problemas nas impressões de gravuras. Um aluno elaborou sua
matriz de forma distinta do que vinham fazendo e conseguiu obter o efeito esperado,
surpreendendo toda turma. Assim, pela primeira vez, o grupo pôde visualizar um
resultado positivo e, juntamente com o incentivo da professora, foram instigados a
experimentar os materiais e buscar algo diferente para então conseguir atingir o
sucesso almejado.
Na aula do quinto encontro, os alunos começaram a demonstrar confiança e
desenvoltura nas conversações realizadas em sala de aula, participando com
respostas significativas e coerentes ao conteúdo trabalhado. Sempre muito
incentivados com questionamentos e o uso de exemplos para que se pudesse fazer
as intervenções necessárias, ainda precisavam de estímulos constantes para criar
com autonomia. Foi apresentada então a técnica da monocromia, focando o efeito
de luz e sombra, e também a riqueza de linhas. Com este estímulo, surgiu um
trabalho com estas características, apresentando uma quantidade significativa de
linhas que se destacou entre os usuais desenhos estereotipados apresentados na
turma. Os trabalhos seguintes apresentaram características pessoais dos alunos,
mostrando um começo de familiarização e iniciativa na elaboração dos mesmos.
Porém, a cada troca de materiais, a turma regredia no que diz respeito à confiança e
autonomia, superando estes obstáculos no decorrer de suas experimentações.
Diante disso, foi possível notar que a turma atingia um estágio crescente de
confiança e autonomia. A atitude de uma aluna durante a oitava aula deixou a turma
curiosa e instigada a partir para iniciativas diversificadas, pois ela decidiu realizar um
processo diferente de impressão e conseguiu um ótimo resultado. Ela resolveu fazer
uma experimentação com seu material entintando a matriz de uma forma diferente
do qual eu havia solicitado, assim ela obteve uma gravura parecida com uma
impressão de matriz utilizando metal.
Chegando às atividades de produção das HQ’s, a maior preocupação era que
houvesse uma desestereotipação da forma de elaboração das mesmas. Realizou-se
93
uma estimulação visual, os alunos foram levados a manusear gibis e imagens dos
mesmos, com várias possibilidades de elaborá-los, com o intuito de que não
confeccionassem histórias sem um roteiro que estimulasse o leitor a concluir a
leitura.
Porém, o que não me dei conta, foi fato de que trouxe gibis que faziam parte
do meu acervo pessoal, não levando outros de temáticas diferentes e que focassem
temas mais relacionados ao mundo jovem, que pudessem facilitar a identificação
dos alunos com as personagens.
No término do projeto, quando os alunos produziram suas HQ’s e mais tarde,
suas tirinhas, impressas através da Gravura, percebeu-se o desenvolvimento dos
alunos quanto as suas produções plásticas. Suas histórias eram estimulantes, com
personagens nos quais poderíamos identificar características pessoais de cada um,
intrínsecas nas atitudes e vestimentas das personagens. A confiança e a força para
enfrentar os desafios fictícios nas histórias criadas pela turma poderiam ser
relacionadas aos sentimentos dos próprios alunos durante o desenvolver do projeto
e os desafios pelos quais passaram. Diante desta superação, na qual os alunos
mostraram reconhecer suas produções como sendo belas e dignas de admiração,
pude verificar que o grupo até mesmo ultrapassou as expectativas iniciais. Além de
superar os estereótipos na produção das HQ’s, os alunos cresceram também como
educandos, confiantes em seus potenciais.
Foi possível perceber, através da realização deste projeto, que o resultado
das aulas propostas nem sempre supera as expectativas do professor e nem mesmo
do aluno. Surgirá sempre a descoberta de novos objetivos a serem alcançados,
desafiando o professor a desenvolver novas competências no desenvolver de seu
trabalho, quando os alunos ultrapassarem as expectativas. Neste processo de
aprendizagem e conhecimento, cabe ao educador proporcionar uma nova visão ao
aluno, quebrando o paradigma de que não há estímulo suficiente para que os
educandos encontrem sentido no que lhes é ensinado nas aulas de arte-educação.
Por fim, pode-se analisar através desta experiência, que elaborar um projeto
não nos faz ser capazes de prever todas as conseqüências. Pode-se apenas supor
resultados e estar aberto a superar os desafios que surgirem no percurso,
decorrente da superação dos alunos.
94
REFERÊNCIASREFERÊNCIASREFERÊNCIASREFERÊNCIAS
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95
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Assunto Gravura: http://www.revistamuseu.com.br – Acessado em 09/ 2009.
Assunto Histórias em Quadrinhos: http://www.ihuonline.unisinos.br –
Acessado em 11/2009.
Assunto Histórias em Quadrinhos: http://www.universohq.com – Acessado
em 10/2009.
96
APÊNDICEAPÊNDICEAPÊNDICEAPÊNDICE
Questionários
Seguirão em anexo o questionário aplicado com o Diretor (a) das escolas em
que realizei as observações silenciosas, assim como o questionário com a
Coordenadora Pedagógica e a Professora das turmas observadas. Em todos os
questionários haviam dez perguntas, no entanto apenas no questionário reservado
as professoras haviam quatorze.
Todas as questões eram subjetivas, menos as que foram direcionadas
especificamente aos alunos, estas eram objetivas.
Questionário com o Diretor (a)
ANEXO 1 – Questionário Direção
97
EMEF CEI
Diretora Aparecida
A diretora Aparecida, relata no questionário (anexo 1), que esta no cargo na
escola EMEF CEI desde o ano de 2008, mas que já é diretora há doze anos. Quanto
ao fato de ter experiência em atuar em sala de aula explica que já ministrou aulas de
1ª a 5ª série uni docente e como professora substituta nas séries de 1ª a 8ª série.
Ao ser questionada sobre a quantidade de profissionais que atuam na
escola, revela que a equipe é formada por trinta e sete docentes, sendo que vinte e
três são formados em áreas especificas e que somente seis profissionais ainda
estão cursando ensino superior. Destes existem quatro professores de Artes na
instituição e toda a equipe atende 938 alunos.
Afirma que costuma escutar a opinião do grupo levando em consideração a
opinião de cada um nos momentos que necessita tomar decisões, procurando
atender a todos com bom senso.
Ela explica que a escola disponibiliza de uma sala de artes com mesas
grandes, armários, lavatório e etc.
No final afirma que o ensino de artes é importante para o desenvolvimento
do aluno, pois estimula a criatividade, libera as tensões e possibilita a expressão. E
explica que vê arte em espaços próprios e nas ruas, calçadas e parques.
Questionário com a Coordenadora
ANEXO 2 – Questionário para Coordenação
98
EMEF CEI
Coordenadora Pedagógica Roselaine Machado
O questionário respondido pela Coordenadora Pedagógica (anexo 2),
Roselaine Machado, do Centro Integrado de Educação – CEI, diz que esta neste
cargo a um mês, é formada em Letras – Português/Inglês, explica que há somente
uma pessoa formada na coordenação pedagógica.
Ela explica que já atuou em todas as séries do Ensino Fundamental e nas de
Ensino Médio, além disso, também lecionou no curso Técnico e no EJA.
Em relação ao fato da coordenação dar sugestões aos profissionais da área
de Artes, relata que apesar de adorar arte ainda não teve a oportunidade de dar
sugestões.
Sobre a realização das reuniões pedagógicas, estas são realizadas de 5ª a 8ª
série e afirma que costuma levar em consideração a opinião da equipe escolar.
Roselaine também explica que as reuniões de formação não são coordenadas
especificamente pela escola, mas que a SMEC proporciona para todos os
profissionais em eventos durante o ano.
Segundo ela, acredita que o Ensino da Arte é importante para o
desenvolvimento do educando, pois é através dela que o aluno desenvolve sua
criatividade e suas habilidades psicomotoras.
Por fim, diz que a arte pode ser vista nas atividades realizadas pelos seres
humanos através de percepções, ideias e emoções, pois ela estimula nossa
consciência e desperta em nós diferentes sentimentos.
Questionário com a Professora Titular
ANEXO 3 – Questionário do(a) professor (a)
99
EMEF CEI
Professora Marilúcia Furquim
A professora Marilúcia Furquim revela em seu questionário (anexo 3), que é
formada em Magistério pelo Colégio Medianeira, na cidade de Santiago e que sua
formação de Ensino Superior foi realizada na Feevale em 1988, no curso de Artes.
Já trabalhou vinte e cinco anos na Escola Estadual de Ensino Fundamental
Ildefonso Pinto, em Campo Bom e que atualmente esta trabalhando na EMEF CEI,
sendo que durante este tempo também atuou quinze anos na Escola de Arte-
Educação da mesma cidade.
O que a fez escolher o curso, diz que sempre gostou de trabalhos artísticos
e que quando criança gostava de desenhar e isso a acompanhou durante toda a sua
vida escolar, como é apaixonada por arte a vê em todo lugar. Ao vir morar no Vale
dos Sinos foi quando decidiu fazer a faculdade de Artes na Feevale.
Sobre quais as fontes que utiliza para auxiliar em seu planejamento, relata
que faz uso de livros, revistas e pesquisas na internet. Em relação a organização
destas aulas, afirma que segue o Plano da Escola e ainda explica sobre que é difícil
atingir todos os alunos, alguns gostam e outros nem tanto. Que há uma preferência
dos alunos quererem somente desenhar, não gostam de colorir. Já outros preferem
trabalhos com pintura de lápis de cor ou tinta. Sobre a receptividade dos alunos
durante as aulas diz que a maioria gosta delas.
Ela acredita que os principais desafios que o profissional de Artes encontra
são em relação aos alunos não trazerem o material, nem lembrando de trazer o
básico e a falta de interesse.
Os materiais utilizados nas aulas de artes são geralmente: lápis, borracha,
folha de desenho, trabalhos com lápis de cor, canetinha e materiais de sucata. E
ainda é de seu costume utilizar imagens em suas aulas e que estas ela retira de
seus próprios livros e, quando necessário, leva os alunos para a sala de informática,
para visualizá-las virtualmente.
Afirma também, que a escola possui um espaço destinado às aulas de artes,
uma sala própria.
Sobre a questão de visitar ou não exposições, ela faz quando é possível,
afirma que já levou várias turmas de alunos a Bienal do Mercosul.
100
Ao ser questionada, sobre o fato de costumar expor os trabalhos de seus
alunos na escola, revela que sempre procura expor os trabalhos e que atualmente
há alguns exemplares em exposição nos painéis da escola.
Em sua ultima questão, revela que trabalha com conteúdos teóricos, sendo
estes específicos de cada série.
O que eu pude observar quanto à professora, foi o fato que ela revelou em
uma de suas aulas, que estava atuando em sala de aula, justamente no CEI, porque
estava aguardando o chamado vindo da SMEC para poder retornar a trabalhar na
Escola de Arte-Educação, onde lá desenvolve um trabalho a partir de oficinas,
deixando de lecionar no CEI. Sendo este o trabalho e a forma de trabalhar que mais
gosta, pois tem a possibilidade de desenvolver um trabalhos com crianças que estão
matriculadas no curso de Artes, porque o que forem aprender é do seu interesse, ou
seja porque gostam.
Talvez este seja um dos motivos que me fez perceber uma falta de
motivação por parte da profissional, mas não pude perceber esta deficiência ao
questioná-la sobre sua prática docente, esta percepção surgiu a partir dos diálogos
que trocávamos durante as observações.
Questionário dos Alunos
ANEXO 4 – Questionário dos Alunos Ensino Fundamental
A turma 603 do Centro de Educação Integrada – CEI é composta por 20
alunos do sexo masculino e 10 alunas do sexo feminino, totalizando 30 alunos.
Sendo que a faixa etária dos alunos é diversificada, tendo 14 alunos na idade de 13
101
anos, 05 alunos na idade de 12 anos, 07 alunos na idade de 14 anos, três alunos
com 15 anos e um aluno na faixa etária de 17 anos.
Tem como característica serem individualistas, pois a maioria dos alunos
são novos na instituição, então são um pouco reservados em seus relacionamentos
com os colegas.
Em relação a importância que vêem no Ensino de Arte 22 alunos
responderam que é importante tanto quanto qualquer outra disciplina, 08 alunos
disseram que existem disciplinas mais importantes do que Artes e nenhum aluno
optou pela resposta que não via sentido em aprender Artes na escola.
Quando questionados sobre a frequência que procuram trazer os materiais
que a professora solicita 24 alunos disseram que trazem sempre que é solicitado e
06 alunos disseram que trazem às vezes e nenhum aluno respondeu que nunca
deixam de trazer.
Quanto aos materiais mais comuns utilizados em sala de aula foi citada
várias alternativas e os alunos teriam que optar pelos materiais que mais gostam de
utilizar em sala de aula, 11 alunos responderam que gostam de trabalhar com tintas
em geral, 11 vezes optaram por lápis de cor, 09 disseram que gostam de folha de
Ofício Desenho, 08 alunos escolheram lápis 6B, 06 vezes votaram em canetinha
hidrocor e 01 vez optaram em dizer que gostavam de trabalhar com giz de cera.
Sobre os materiais que nunca utilizaram nas aulas de artes 23 vezes
votaram em carvão vegetal, 20 alunos selecionaram a alternativa madeira. Já 16
alunos responderam que nunca trabalharam com material reciclado, 14 disseram
que nunca trabalharam com E.V.A. (folha emborrachada), 13 escolheram a
alternativa giz pastel, 11 argila, 08 alunos optaram por tinta acrílica, 02 alunos
votaram tanto em giz de cera quanto tinta têmpera, sendo assim sobrou desta lista,
sem voto nenhum, a alternativa: papel sulfite.
A questão que perguntava se os alunos já haviam visitado com a escola
alguma exposição de arte teve como resultado: 24 alunos responderam que nunca
foram, 05 alunos disseram que já foram uma vez e 01 aluno revelou que já foi mais
que uma vez.
No entanto, também foram questionados se já visitaram junto com a família
alguma exposição artística 25 alunos disseram que nunca, 03 uma vez e 02 mais
que uma vez.
102
Em relação ao interesse deles por assuntos relacionados a Arte a maioria da
turma respondeu que sim, tem interesse, sendo votada 25 vezes esta alternativa. Já
04 alunos disseram que não tem interesse por assuntos relacionados e 02 optaram
em dizer que são indiferentes.
Questionei a turma sobre a participação deles em alguma atividade artística
que possivelmente já participaram, ou participam, e que não tenha ligação com a
escola, assim 20 disseram que não participam, mas dentro das alternativas haviam
como optar por algumas modalidades sendo a mais escolhida Dança com 05 votos,
Música 03 alunos votaram, 02 alunos disseram que já fizeram ou fazem Desenho,
01 aluno optou por Pintura e 01 aluno disse que faz outra atividade que não sejam
estas relacionadas na questão.
Sobre a questão em que deveriam dizer o que gostariam que tivesse nas
aulas de Artes 13 vezes optaram em dizer que gostariam que tivesse musica
durante as atividades, 11 disseram que as aulas poderiam ser realizadas em
diferentes lugares na Escola como no pátio, quadra poliesportiva e 08 vezes
indicaram a alternativa que dizia que gostariam de ter aulas com diferentes tipos de
materiais.
Quanto ao fato da educadora trazer imagens de artistas para a sala de aula
20 alunos disseram que ela traz, mas 07 disseram que somente às vezes e 03
disseram que ela não traz.
Por fim, na última questão foi perguntado se os alunos já haviam ouvido
sobre algum artista o que lhes dava a chance de dizer quais deles, assim, 23 alunos
disseram que sim, já ouviu falar e os mais lembrados eram: Portinari com 06 votos,
Van Gogh com 05 votos, Monet e Leonardo Da Vinci com 02 votos cada um e
Picasso 01 voto. Porém 07 alunos não se lembraram de citar um nome e 07 alunos
disseram que nunca ouviram falar de algum artista.
103
AAAANEXONEXONEXONEXO