Colocar local de estágio
Colocar nome completo do Estudante
RELAT ÓRI OD E EST Á GI O
M 2016- 17
REALIZADO NO ÂMBITO DO MESTRADO INTEGRADO
EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
Farmácia Sacoor do Fórum Oeiras
ULSNE Bragança
Catarina Toledo Paula 201109374
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas
Relatório de Estágio Profissionalizante
Farmácia Sacoor do Fórum Oeiras
janeiro de 2017 a maio de 2017
Catarina Toledo Paula
Orientador : Dra Sofia Boavida
________________________________________
Tutor FFUP: Prof. Doutor (a) Helena Vasconcelos
________________________________________
Setembro de 2017
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
Declaração de Integridade
Eu, _______________________________________________, abaixo assinado, nº
__________, aluno do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade
de Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na
elaboração deste documento.
Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo,
mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou
partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores
pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras,
tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________ de
______
Assinatura: ______________________________________
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
Agradecimentos
Em primeiro lugar gostaria de agradecer à Faculdade de Farmácia da
Universidade do Porto e à comissão de estágios, por todo o trabalho realizado em prol
da nossa formação.
Em particular, e para a realização deste relatório, tenho a agradecer à
Professora Helena Vasconcelos, pela disponibilidade demonstrada ao longo da
realização do relatório.
À Drª Carla Silveiro, diretora técnica da na Farmácia Sacoor do Fórum Oeiras
pela oportunidade de realização do estágio curricular, pela confiança que me incutiu,
pela amabilidade e pela ajuda prestada sempre que solicitada.
À Drª Marta Gaspar e Sofia Boavida pela excelente orientação prestada, pelo
conhecimento transmitido, pela segurança que depositaram em mim e pela alegria que
demonstravam todo os dias.
À Joana por todas as vezes que me assegurou os erros, pela segurança que
me deu e pela amizade e companheirismo.
À Paula Pinto por me fazer perder o medo do telefone, pela amabilidade e pelo
seu sentido de organização irredutível.
À Grishma, à Lara e à Luciana pela boa disposição, pelas dúvidas que me
esclareceram e pela calma e tranquilidade que me transmitiam
À Matilde pela alegria de todas as manhãs.
A toda a equipa da NP consultoria e gestão pela amabilidade, pelos
conhecimentos transmitidos e pela disponibilidade.
Por fim, gostaria de agradecer a todos os que me acompanharam ao longo dos
5 anos de curso, aos que comigo aprenderam a ser mais e melhor. Aos meus
incansáveis amigos, à minha família, às minhas Irmãs e Mãe por tudo o que me
fizeram e fazem ser. E a ti Pai por seres o sossego que trago ao peito.
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
I
ÍNDICE
Resumo I
Índice de Tabelas II
Índice de anexos III
Abreviaturas V
Parte I: Descrição das atividades desenvolvidas no estágio 1
1. A farmácia Sacoor do Fórum Oeiras 1
1.1. Localização e estrutura externa 1
1.2. Estrutura Interna e horário de funcionamento 1
1.3. Recursos Humanos 1
1.4. Os utentes 2
2. Gestão da farmácia 2
2.1. Sistema informático 2
2.2. Gestão de stocks 3
2.3. Encomendas 3
2.3.1. Gestão de Encomendas 3
2.3.2. Receção de encomendas 4
2.3.3. Armazenamento de encomendas 5
2.3.4. Devoluções e quebras 6
2.4. Controlo de qualidade: prazos de validade 6
3. Dispensa de medicamentos e produtos farmacêuticos 7
3.1. A Receita médica 7
3.2. Regime de comparticipação de medicamentos 9
3.3. Sistema de Preços referência 10
3.4. Conferência e Faturação de receituário 10
3.5. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) 11
3.6. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) 12
3.7. Medicamentos genéricos 13
3.8. Medicamentos manipulados 13
3.9. Medicamentos sujeitos a legislação especial 14
3.9.1. Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes Mellitus 14
3.9.2. Estupefacientes e psicotrópicos 14
4. Outros produtos farmacêuticos 15
4.1. Medicamentos de uso veterinário 15
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
4.2. Dispositivos médicos 15
4.3. Puericultura 16
4.4. Produtos Dermocosméticos e de Higiene Corporal 16
4.5. Suplementos alimentares 17
4.6. Produtos homeopáticos 17
4.7. Nutrição específica 18
5. Cuidados e serviços farmacêuticos 18
5.1. O papel do farmacêutico 18
5.2. Automedicação 19
5.3. Farmacovigilância 19
6. ValorMed 20
7. Formação continua 20
8. Conclusões 21
ParteII 22
Caso de estudo 1: Avaliação do risco Cardiovascular: rastreio de triglicerídeos 22
1. Enquadramento geral e objetivos 22
1.1. Diabetes Mellitus 23
1.2. Excesso de peso e perímetro abdominal 23
1.3. Tabagismo 24
1.4. Hipertensão 25
1.5. Consumo de álcool 25
1.6. Colesterol 25
1.7. Triglicerídeos 26
2. Risco cardiovascular: SCORE 27
3. Rastreio de triglicerídeos 28
4. Considerações finais 28
Caso de estudo 2: Importância dos serviços farmacêuticos: determinação de parâmetros
bioquímicos e fisiológicos. 29
1. Enquadramento geral e objetivos 29
2. Determinação de parâmetros bioquímicos 31
2.1 Determinação da glicémia: Conceito, procedimento e cuidados a ter 31
2.2. Colesterol total, Colesterol-HDL e Colesterol_LDL e triglicerídeos 32
2.3. Rácio Internacional Normalizado (INR) 33
2.4. Análise à urina 33
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
2.5. Teste de gravidez 34
2.6. Pressão arterial 34
2.7. Enzimas GOT, GGT, GPT 35
2.8. Creatinina 35
2.9. Hemoglobina 36
2.10. Hemoglobina glicada 36
2.11. Cessação tabágica 36
2.12. Administração de vacinas 37
2.13. Pensos e Feridas 37
2.14. Determinação de perímetro abdominal, índice de massa corporal e consulta de
nutrição 37
2.15. Ácido Úrico 38
3. Considerações finais 38
Caso de estudo 3: A importância do marketing farmacêutico 40
Bibliografia 41
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
I
Resumo
O estágio curricular em farmácia comunitária é uma etapa obrigatória para o
culminar do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, servindo este relatório
como forma de transmitir os conhecimentos adquiridos ao longo dos 4 meses de
estágio, nomeadamente no que concerne ao nível prático e científico.
Foram inúmeras as áreas com as quais pude contactar ao longo do estágio, tal
como os desafios que foram surgindo no seu decorrer, quer a nível do
aconselhamento do doente, quer a um nível de gestão organizacional. O principal
objetivo é perceber qual o princípio regente do local onde se inicia a carreira
profissional propriamente dita, pois é a partir desse que toda a conduta é realizada e
desenvolvida.
A primeira missão pressupõe de um envolvimento nas demais temáticas que
fazem parte de farmácia comunitária, sendo que o primeiro desafio é o contacto com o
utente, que cada vez se torna mais imprescindível no que diz respeito à valorização do
farmacêutico enquanto profissional de saúde.
A elaboração de casos de estudo permitiu um maior envolvimento e
complementou a minha formação, uma vez que a execução de rastreios me
possibilitou uma maior aproximação da comunidade e por sua vez a revisão e
elaboração de fichas técnicas de apoio aos serviços farmacêuticos me fez perceber a
importância do acompanhamento do utente e da monitorização do mesmo com
análises simples e rápidas que poderão prevenir e salvaguardar o doente de algumas
patologias.
No decorrer do estágio pude ainda assistir a formações que me foram uteis a
fim de conhecer os produtos farmacêuticos mais a pormenor e começar a desenvolver
algum espirito crítico.
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
II
Índice de Tabelas
Tabela 1: Resumo das atividades desenvolvidas e formações assistidas
durante o estágio ……………………………………………………………………….pág 18
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
III
Índice de anexos
Anexo 1: Percentagem de óbitos pelas principais causas de morte no total das
causas de morte em Portugal.
Pág50
Anexo 2: Efeitos adversos da obesidade (adaptado de 38). Pág 50
Anexo 3: Mecanismo do dano vascular e do miocárdio na obesidade (adaptado de
38).
Pág 51
Anexo 4: Indicadores de mortalidade relativos a doenças isquémicas do coração
(todas as idades, < 65 anos e ≥ 65 anos), por sexo, em Portugal Continental (2008 a
2012).
Pág 51
Anexo 5: Documento de registo de determinações no rastreio de triglicerídeos. Pág 52
Anexo 6: Relatório de avaliação de risco cardiovascular Pág 52
Anexo 7: Ficha técnica - Procedimento de URYSIS Pág 53
Anexo 8: Ficha técnica- Procedimento Glucocard: Pág 53
Anexo 9: Ficha Técnica – Coaguchek XS Pág 54
Anexo 10: Ficha técnica- Procedimento Tensiómetro Pág 54
Anexo 11: Ficha técnica- Procedimento Tanita Pág 55
Anexo 12: Ficha técnica- Procedimento I-CHROMA Pág 55
Anexo 13: Ficha técnica- Procedimento Reflotron Pág 56
Anexo 14: Ficha técnica- Determinação da glicose Pág 56
Anexo 15: Ficha técnica- Determinação da Colesterol Total Pág 57
Anexo 16: Ficha técnica- Determinação da Colesterol-LDL e HDL Pág 57
Anexo 17: Ficha técnica- Determinação de triglicerídeos Pág 58
Anexo 18: Ficha técnica- Indicações alimentares Pág 58
Anexo 19: Ficha técnica- Determinação de INR Pág 59
Anexo 20: Ficha técnica- Análise à urina Pág 59
Anexo 21: Ficha técnica-Teste de Gravidez Pág 60
Anexo 22: Ficha técnica- Determinação de Pressão Arterial Pág 60
Anexo 23: Ficha técnica- Determinação de GPT Pág 61
Anexo 24: Ficha técnica- Determinação de GGT Pág 61
Anexo 25: Ficha técnica- Determinação de GOT Pág 62
Anexo 26: Ficha técnica- Determinação de creatinina Pág 62
Anexo 27: Ficha técnica- Determinação da Hemoglobina Pág 63
Anexo 28: Ficha técnica- Determinação da Hemoglobina Glicada Pág 63
Anexo 29: Ficha técnica- Cessação Tabágica Pág 64
Anexo 30: Ficha técnica- Cessação tabágica: tabelas de orientação Pág 64
Anexo 31: Ficha técnica- Administração de Vacinas e injetáveis Pág 65
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
IV
Anexo 32: Ficha técnica- Procedimentos Pensos e Feridas Pág 65
Anexo 33: Ficha técnica-Determinação de IMC Pág 66
Anexo 34: Ficha técnica- Determinação do Ácido Úrico Pág 66
Anexo 35: Ficha técnica- Determinação do Perímetro Abdominal Pág 67
Anexo 36: Ficha técnica- Aconselhamento de obesidade Pág 67
Anexo 37: Ficha técnica- Determinação de Ácido úrico Pág 68
Anexo 38: Anúncio efetuado na rede Social Facebook ®: campanha de solares Pág 68
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
V
Abreviaturas
CT Colesterol Total
DC Doenças Coronárias
DCV Doenças Cardiovasculares
DCI Denominação Comum Internacional
DM Dispositivo Médico
DM2 Diabetes Mellitus 2
DT Diretor(a) Técnico(a)
FEFO First Expire first Out
FIFO First In First Out
FSFO Farmácia SACOOR do Fórum Oeiras
GH Grupo Homogéneo
GGT Gama Glutamil Transferase
GOT Glutamato Oxaloacetato Transaminase
GPT Glutamato Piruvato Transaminase
IMC Índice de Massa Corporal
INFARMED Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de
Saúde, I.P.
INR Rácio Internacional Normalizado
MG Medicamento Genérico
MM Medicamento Manipulado
MNSRM Medicamento não sujeito a receita médica
MSRM Medicamento sujeito a receita médica
MUV Medicamento de Uso Veterinário
PR Preço Referência
PVP Preço de Venda ao Público
SAMS Serviços de assistência médico-social do sindicato dos
bancários do norte
SI Sistema Informático
SNS Sistema Nacional de Saúde
TP Tempo de Protrombina
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
1
Parte I: Descrição das atividades desenvolvidas no estágio
1. A farmácia Sacoor do Fórum Oeiras
1.1. Localização e estrutura externa
O meu estágio curricular teve como lugar a Farmácia Sacoor do Fórum Oeiras
(FSFO), localizada na Rua Dr. José da Cunha 28A,em Oeiras. Faz parte do grupo
Sacoor, composto por mais 3 farmácias Sacoor, a farmácia Sacoor do
Riviera,Farmácia Sacoor do Chiado e a farmácia Sacoor (Palmeiras), a farmácia Mãe,
e ainda a farmácia Almeida Araújo, Seixas Martins e a mais recente a farmácia Bairro
Azul.
De acordo com o Decreto-Lei nº307/2007, de 31 de agosto, o nome do diretor
técnico deve encontrar-se visível interna e externamente com uma placa de
identificação. Para além disso na zona exterior pode-se encontrar a cruz verde que
está iluminada sempre que a farmácia se encontra de serviço [1].
Fisicamente dispõe de duas portas de vidro e ainda de 6 montras, onde é
colocada a publicidade pretendida para o mês em questão.
1.2. Estrutura Interna e horário de funcionamento
Internamente encontra-se dividida em várias zonas, sendo estas: zona de
atendimento, local de receção de encomendas, backoffice, gabinete de apoio ao
utente, casa de banho e armazém.
A zona de atendimento é constituída por 4 balcões, havendo mais 2 que não servindo
para atendimento são usados para rececionar encomendas diárias, em torno destes
encontra-se uma ampla área de lineares de fácil acesso ao público, onde podem
encontrar na sua maioria produtos de dermocosmética e puericultura.
Relativamente ao horário de funcionamento, de segunda a sábado, a farmácia
encontra-se aberta das 8:30 às 20:30, sendo que aos domingos e feriados se encontra
aberta das 10 às 20 horas. É de ressalvar que a farmácia se encontra inserida no
regime de rotatividade dos dias de serviço, sendo que nesse dia esta se encontra
aberta até às 24 horas e a partir daí é feita por um postigo.
1.3. Recursos Humanos
A equipa de recursos humanos da Farmácia Sacoor do Fórum Oeiras é
multidisciplinar e composta tanto por farmacêuticos com técnicos de farmácia e
auxiliares, sendo que cada tem a seu cargo diferentes objetivos e responsabilidade a
partir do qual gerem e organizam o seu dia a dia. A equipa:
● Diretora Técinca (DT): Dr.ª Carla Silveiro
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
2
● Dr.ª Sofia Boavida: Farmacêutica
● Dr.ª Marta Gaspar: Farmacêutica Substituta
● Dr.ªCatarina Toscano: Farmacêutica
● Luciana Neves: Técnica de Farmácia
● Grishma Dramce: Técnica de Farmácia
● Joana Fonsesa: Auxiliar
● Ana Paula Pinto:Técnica Auxiliar de Farmácia
1.4. Os utentes
A localização da FSFO permite-lhe uma abrangência variada do tipo de
comunidade que a frequenta, uma vez que se situa no Fórum Oeiras, um local ao ar
livre circundado com outros pontos comerciais e na proximidade de pontos de saúde
como clínicas médicas privadas e hospitais privados que lhe facilita a afluência de
doentes com receituário. No entanto, e porque está inserida em ambiente de habitação
familiar, é de notar a afluência de casais jovens, normalmente com filhos e pessoas
mais idosas, já clientes habituais.
Foi me percetível o ambiente familiar no qual está inserida a FSFO, não
deixando de ser versátil e diversificado uma vez que está próximo, como já referido,
nas proximidades de unidades de saúde.
2. Gestão da farmácia
2.1. Sistema informático
O sistema informático usado no atendimento e do armazém da FSFO é o
sistema Sifarma 2.9.2. Este programa é dotado de diversas funcionalidades que
promovem um fácil atendimento ao utente e uma gestão adequada de produtos. Este
sistema é uma ferramenta indispensável à gestão eficiente da farmácia pois minimiza
o tempo de trabalho, uma vez que facilita as tarefas, tanto de gestão de stocks e como
de projeção de encomendas e a sua receção. Através das suas funcionalidades é
possível uma maximização da produtividade e uma maior atenção ao utente, tornando
o seu atendimento eficaz, seguro e prestável.
É uma ferramenta bastante intuitiva e de simples perceção, pois apresenta uma
interface onde é feito o registo dos produtos dispensados e posterior impressão de
fatura e recibo; um ecrã de gestão e receção de encomendas, onde são efetuadas e
rececionadas as encomendas; gestão de lotes por faturar; gestão de utentes, que
permite aceder à lista de utentes que têm ficha registada na farmácia; e uma opção de
gestão de produtos, onde constam todos os produtos disponíveis na farmácia.
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
3
O Sifarma é bastante útil para consulta de stocks, verificação de preços,
comparticipações, identificação de componentes de medicamentos, reações adversas,
interações medicamentosas, confirmar posologias, e ainda encomendá-lo caso não
faça parte do stock da farmácia.
2.2. Gestão de stocks
Uma das etapas mais importantes na gestão de uma empresa, e
respetivamente numa farmácia, é a gestão de stocks, uma vez que é assim que se
torna possível atingir um equilíbrio financeiro e a sustentabilidade da farmácia. Sendo
por isso de extrema importância saber, em cada momento, a quantidade exata de
produto existente em armazém.
O stock deve estar referenciado no sistema informático, ou seja, desde a sua
compra até à sua saída, para que os registos sejam os mais próximos dos stocks
reais, garantindo assim uma boa racionalização de medicamentos. Uma vez que caso
a quantidade seja baixa poderá existir comprometimento de qualidade do serviço
farmacêutico, levando a uma possível insatisfação por parte do utente, por poder ter
de esperar pela encomenda do mesmo, já uma quantidade elevada de produto poderá
acarretar perdas monetárias, e um aumento de desperdício.
O Sifarma® permite fazer uma análise de cada produto quanto ao seu stock,
máximo e mínimo recomendado, propondo a sua encomenda ao responsável pelas
encomendas. Para além disso, informa acerca da data em que foi feita a última
compra e venda, bem como a sua evolução e o número de saídas do produto do
stock, sendo, por isso, uma ferramenta útil na orientação da quantidade de cada
produto a encomendar.
A gestão do stock é ajustada tendo em conta que a sazonalidade das vendas
de alguns produtos, sendo essencial ajustar as quantidades mínimas e máximas nas
diferentes épocas do ano. No entanto, e apesar do sistema informático permitir
contagens de produto, é por vezes necessário atualiza-o, pois poderão existir
discrepâncias nas existências, sendo por isso útil efetuar inventários. Durante o meu
estágio pude participar na execução de inventário.
2.3. Encomendas
2.3.1. Gestão de Encomendas
As encomendas podem ser efetuadas de duas maneiras distintas, ou são feitas
diretamente aos laboratórios de indústrias farmacêuticas ou são feitas pelos
distribuidores grossistas. As encomendas feitas diretamente ao laboratório são menos
frequentes, uma vez que só serão feitas quando existe algum beneficio para a
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
4
farmácia, ou porque se pretende adquirir uma quantidade mais volumosa ou porque há
vantagens económicas associadas ao produto. Por estas razões é habitual a farmácia
optar pelos distribuidores grossistas, selecionando pelo menos dois para poder
simplificar todo o processo. A FSFO conta com vários distribuidores sendo que apenas
4 possibilitam encomendas instantâneas pelo sistema informático, sendo elas: a OCP
Portugal, Alliance Healthcare, Botelho e Plural, a Botelho e a OCP Portugal, são os
principais fornecedores, no entanto o principal distribuidor é a Botelho.
O fornecedor principal faz 4 rotas diárias: 09h,12h30, 15h30,18h30, aos
sábados e feriados são apenas 3. Nos dias de serviço permanente há uma entrega
extra por volta das 21h
O sifarma® está dotado de uma componente de Gestão de Encomendas que
possibilita a elaboração de diferentes encomendas: encomendas diárias, encomendas
tipo, encomendas de reforço de stock, encomendas dos esgotados.
2.3.2. Receção de encomendas
A receção de encomendas é efetuada em local apropriado provido de um
computador destinado a dar entrada dos produtos informaticamente. As encomendas
chegam à farmácia em contentores específicos de cada armazenista e fazem-se
acompanhar de uma fatura, com duplicado e original, ou guia de remessa.
Primeiramente é conferido o local destinatário, para garantir que a encomenda não se
destinada a outra farmácia, posteriormente à conferência inicial, deve-se escolher o
item Receção de Encomendas do Sifarma®, que irá mostrar algumas das encomendas
que estão a ser efetuadas ou ainda pendentes, o passo seguinte passa por procurar o
numero de encomenda respetivo, pesquisando em cada uma o seu conteúdo. Após se
ter encontrado a encomenda respetiva, associa-se esta ao número de fatura e o seu
valor monetário. Caso se trate de encomendas instantâneas, e caso venham juntas no
mesmo contentor, estas devem ser associadas, uma vez que o Sifarma® assim o
permite.
Para dar inicio à receção propriamente dita começa-se por inserir os códigos
de barra respetivos dos produtos, a sua quantidade previamente conferida e há alguns
aspetos que também devem também ser tidos em conta como: o prazo de validade, o
preço de venda à farmácia (PVF), o preço de venda ao público (PVP), a margem de
lucro para produtos que não apresentem preço inscrito na cartonagem (PIC) e o
imposto sobre o valor acrescentado (IVA).
Após todos os produtos terem sido introduzidos no programa é conferido o valor
apresentado com o valor faturado, tal como o número de produtos, caso haja alguma
anomalia, esta deve ser reportada ao armazenista, caso seja preciso devolver, pedir
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
5
nota de crédito, ou mesmo caso esteja em falta algum produto. Findada a
confirmação, a receção fica concluída com a impressão da confirmação no verso da
fatura original num local apropriado correspondente a cada armazenista.
No final, caso haja produtos que necessitem são impressos os códigos de
barras para os quais seja necessário fazer a marcação de preço, incluindo produtos de
cosmética e de venda livre.
Caso haja benzodiazepinas, substâncias psicotrópicas e estupefacientes na
encomenda estas vêm acompanhadas de uma requisição, que deve ser armazenada
num local apropriado tal como os medicamentos, uma vez que não podem estar num
local comum aos outros produtos. Uma farmacêutica é responsável pela preparação e
emissão das listas de entradas e saídas de psicotrópicos, estupefacientes e
benzodiazepinas da farmácia.
2.3.3. Armazenamento de encomendas
Após a receção e conferência da encomenda, é da responsabilidade da
farmácia garantir a segurança e viabilidade dos produtos, devendo para esse efeito,
armazena-los em locais apropriados a fim de manterem as suas características.
O armazenamento é feito tendo em conta o espaço disponível, a rapidez e a facilidade
do seu acesso, estando para isso todos os locais devidamente etiquetados para que
possam ser facilmente alcançados. As características do produto rececionado também
influencia no seu armazenamento, sendo que os Medicamentos Sujeitos a Receita
Médica (MSRM) são armazenados numa área reservada, fora do alcance dos utentes,
enquanto que os Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) e os
produtos de venda livre estão em locais de maior visibilidade, próximas da zona de
atendimento, possibilitando uma maior visibilidade.
Todos os produtos farmacêuticos estão distribuídos segundo métodos de
armazenagem FEFO "First-Expire, First-Out" e FIFO “First-In, First-Out” ou seja, os
produtos rececionados mais recentemente e os produtos com prazos de validade
maiores são armazenados atrás dos já existentes em stock, garantindo que as
primeiras existências a entrar em armazém e com menor prazo de validade são as
primeiras a ser escoadas. As zonas de armazenamento devem respeitar determinadas
condições de iluminação, temperatura, humidade e ventilação de forma a assegurar o
estado de conservação dos medicamentos. Segundo as recomendações gerais, os
medicamentos devem ser conservados a uma temperatura ambiente entre 15-25ºC,
controlada por um ar condicionado, e num teor de humidade não superior a 65%, já os
medicamentos de frio deverão ser conservados a temperaturas entre 2-8ºC, num
frigorifico apropriado para o efeito [2]. De forma a garantir o cumprimento destas
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
6
condições, existem vários termohigrómetros dispersos pela farmácia, que controlam a
humidade e temperatura. Mensalmente é feita a recolha dos gráficos das variações de
temperatura e humidade onde se efetua o registo da temperatura e da humidade
máxima e mínima de forma a verificar se houve uma conformidade ou não
conformidade dos parâmetros analisados.
2.3.4. Devoluções e quebras
Quando existem anomalias tanto na receção como no armazenamento dos
produtos, podem ser feitas devoluções. As irregularidades podem ser diversas, tais
como: produtos não recebidos, mas faturados ou encomendados, produtos enviados
mas não encomendados, embalagens danificadas ou mesmo produtos com preços
desatualizados. Nestes casos, o Sifarma® permite a emissão de um documento de
devolução ao fornecedor, onde consta o número da guia de transporte, nome da
farmácia, código do produto, quantidade devolvida e motivo devolução. Dependendo
da política do próprio fornecedor, a devolução pode ser, ou não aceite, caso seja
aceite, pode ser emitida uma nota de crédito. Caso a devolução seja revogada este é
devolvido à farmácia, ficando este em situação de quebra, que deve ser devidamente
documentada, a fim de justificar o seu valor contabilístico.
Um produto farmacêutico pode ainda ser devolvido quando o seu prazo de validade
termina num período de 2 meses, no entanto produtos que fazem parte do programa
de controlo da diabetes (tiras, lancetas, etc) têm que ser devolvidos com 5 meses de
antecedência. Produtos comprados diretamente ao laboratório ou produtos
alimentares como Resource, Leites Infantis só são devolvidos no mês em que termina
a validade. Estes produtos deverão ser separados num contentor especifico e
enviados para o seu fornecedor, fazendo-se acompanhar com a nota de devolução
respetiva.
2.4. Controlo de qualidade: prazos de validade
O controlo de qualidade dos prazos de validade assume elevada importância
no que concerne à diminuição de desperdícios, à minimização de gastos e perdas
económicas e a um aumento na segurança e qualidade do serviço farmacêutico, uma
vez que se evita a dispensa de produtos com prazo de validade curto ou expirado. Por
esse motivo é importante que no ato de rececionar se atualizem os prazos de validade
quando o stock do mesmo se encontra nulo.
Para garantir que todo o processo de controlo se efetue de modo inequívoco,
mensalmente é feita uma verificação dos prazos de validade, auxiliada por uma
listagem de produtos cujos prazos de validade terminem em dois meses, é também
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
7
elaborada uma listagem dos produtos que têm entre 2 e 6 meses de validade para
fazer a sinalização do que é necessário escoar com prioridade. Conforme essa mesma
listagem procede-se à remoção física dos produtos que se encontrem dentro dos
limites. Com este procedimento é possível assegurar a remoção atempada dos
produtos, podendo estes, posteriormente, ser devolvidos ao fornecedor, e alertar os
demais produtos prioritários a serem vendidos, colocando-os em locais chave de fácil
visualização e acesso.
3. Dispensa de medicamentos e produtos farmacêuticos
A dispensa ou cedência de medicamentos é o ato profissional em que o
farmacêutico se encontra envolvido, após uma avaliação criteriosa da medicação
estes são cedidos mediante uma prescrição médica ou em regime de automedicação
ou ainda sob indicação farmacêutica. Esta tarefa deve ser sempre acompanhada de
toda a informação de forma a permitir um uso correto dos medicamentos. O
farmacêutico deve ter ainda em atenção a identificação de possíveis interações e
problemas que possam advir do uso dos medicamentos a dispensar, de modo a
proteger a saúde do doente e garantir a sua segurança e eficácia destes [2].
3.1. A Receita médica
A receita médica intitula-se como um documento imprescindível para a
dispensa de medicamentos. Esta encontra-se regulamentada segundo a Portaria n.º
137-A/2012, de 11 de maio, que prevê que a prescrição médica seja efetuada em
formato eletrónico, excetuando situações como: falência informática, inadaptação
fundamentada pelo prescritos, caso a prescrição seja feita ao domicílio, entre outras
situações, nunca ultrapassando as 40 receitas manuais por mês [3].
Segundo a Lei nº 11/2012, de 8 de março, tornou-se obrigatório, ainda, a
prescrição pela Denominação Comum Internacional (DCI), adequando-se assim o
formato das receitas médicas a estas mudanças [4].
Para que a receita seja válida há alguns requisitos que têm de satisfazer, estes
são: a) Número da receita; b) Local de prescrição; c) Identificação do médico
prescritor; d) Nome e número de utente ou de beneficiário de subsistema; e) Entidade
financeira responsável; f) Referência ao regime especial de comparticipação de
medicamentos (caso se aplique); g) Denominação comum internacional da substância
ativa (DCI); h) Dosagem, forma farmacêutica, dimensão da embalagem, número de
embalagens; i) Assinatura do médico prescritor. Só depois de verificados todos os
pontos acima mencionados é que a receita se encontra pronta para ser aviada.
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
8
Ao longo do tempo foram surgindo diferentes modelos de receitas, hoje existem 3
tipos, as manuais, as eletrónicas renováveis por 30 dias, podendo apresentar até 3
vias, e as mais recentes eletrónicas, denominadas como receita eletrónica sem papel
em que podem constar na mesma receita medicamentos com prazos de validade
diferente (30 dias ou 6 meses).
Relativamente à receita eletrónica com papel em cada receita podem ser prescritos
até 4 medicamentos distintos, ou seja, medicamentos que não tenham a mesma
substância ativa, dosagem, forma farmacêutica ou agrupamento de forma
farmacêutica. Por medicamente podem ser prescritas, no máximo, duas embalagens.
No entanto, caso os medicamentos prescritos sejam apresentados sob forma de
embalagem unitária podem ser prescritas até quatro embalagens.
Relativamente à receita manual, esta cumpre uma série de requisitos para ser
considerada válida, uma vez que: não pode estar rasurada, conter caligrafias
diferentes, ser escrita com canetas de cor diferente ou mesmo ser redigida a lápis, o
número de embalagens deve aparecer em número cardinal e por extenso. Outra
particularidade deste tipo de receita é só poder apresentar uma via. Na receita manual
para além dos requisitos mencionados anteriormente, são necessários outros pontos
como: vinheta de identificação do médico prescritor, identificação do local de
prescrição (podendo ou não constar), contacto telefónico do prescritor e identificação
de especialidade médica (se aplicável).
É de ressalvar que as receitas eletrónicas incluem um código de barras na parte
superior destas, para que possa ser feita a sua introdução automática nos sistemas
informáticos, tal como um código de barras correspondente ao medicamento prescrito
que facilita o acesso à base de dados de medicamentos com as características
referidas idênticas (medicamentos do mesmo grupo homogéneo ou com o mesmo
Código nacional de prescrição eletrónica médica (CNPEM), permitindo que o doente
tenha o direito de escolha. Informações como tipo de receita e regime de
comparticipação são também facultadas pelo código associado a cada receita,
tornando-a única e inviolável.
Relativamente à prescrição médica, esta pode ainda incluir denominação
comercial, por marca ou nome de titular de autorização de introdução de mercado,
caso se trate de um medicamento de marca, para o qual não existe medicamento
genérico comparticipado; ou quando o médico prescritor apresenta as exceções à
prescrição por DCI, que podem ser: a) Margem ou índice terapêutico estreito (A receita
tem que conter a menção “Exceção a) do n.º 3 do art. 6.º”); b) Reação adversa prévia
(A receita tem de conter a menção “Exceção b) do n.º 3 do art. 6.º - reação adversa
prévia”) esta alínea aplica-se em casos onde tenha ocorrido uma reação adversa
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
9
prévia reportada à Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P.
(INFARMED). O prescritor deve ainda registar esta opção no processo clínico do
doente, para monitorização. Podem ainda apresentar a exceção c) Continuidade de
tratamento superior a 28 dias (A receita tem de conter a menção “Exceção c) do n.º 3
do art. 6.º - continuidade de tratamento superior a 28 dias”), aplicando-se em
tratamentos com duração estimada superior a 28 dias. É de salientar que apesar da
exceção, o utente pode optar por medicamentos dentro do mesmo Grupo Homogéneo
(GH), ou seja, com a mesma DCI, forma farmacêutica, dosagem e tamanho de
embalagem similares ao prescrito desde que o seu preço seja inferior a este [3].
Segundo o despacho de 25 de fevereiro de 2016, a receita sem papel adquiriu
caráter obrigatório a partir de 01 de abril de 2016. Este modelo eletrónico, para além
de ser prático, simples e mais sustentável, permite a prescrição de diferentes tipos de
medicamentos, ou seja, pode incluir tanto medicamentos comparticipados como
tratamentos não comparticipados, e permite, ainda, a prescrição de mais do que 4
medicamentos por receita. Este modelo permite ainda que o utente possa aviar todos
os produtos ou parte deles, em locais e dias diferentes desde que a receita se
encontre com validade. O utente poderá apresentar no seu telemóvel a mensagem do
Ministério da Saúde com o número da receita, o “código de acesso e dispensa” e o
“código de direito de opção” que após introduzidos no sistema permite o acesso à
prescrição. Caso seja necessário é fornecido pelo médico uma guia de tratamento com
os medicamentos prescritos e a sua posologia [5,6]. Ou ainda ser apresentada a
mesma informação por email.
3.2. Regime de comparticipação de medicamentos
A comparticipação é variável consoante a classificação farmacoterapêutica dos
medicamentos, sendo que no regime geral de comparticipação existem diferentes
escalões, nomeadamente o escalão A: 90% comparticipação do preço de referência
pelo estado, o escalão B:69%; escalão C: 37% e por último o escalão D:15%.
Caso o utente seja pensionista à comparticipação geral acresce 5% no escalão A, e
um aumento de 15 % nos restantes escalões [7].
Para além destas situações existem ainda os regimes especiais de
comparticipação, nomeadamente para certas patologias, ou grupos de doentes, onde
se verifica majoração da comparticipação. Sendo assim o preço do regime geral é o
valor pago pelo utente, que corresponde ao PVP deduzido da comparticipação, já o
regime especial corresponde ao valor pago na farmácia pelos pensionistas deste
regime.
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
10
Existem ainda enumeras entidades que fazem complementaridade na
comparticipação, tais como: como os Serviços de Assistência Médico-Social do
Sindicato dos Bancários do Norte (SAMS), o Serviço de Assistência Médico-Social do
Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SAMS- QUADROS), seguros
de saúde como Médis, Multicare e de acidentes de trabalho como Fidelidade, Generali
entre outras. Nestes casos é necessário procurar qual o código do organismo
correspondente, para que o sistema informático possa efetuar a comparticipação
devida. Nestes casos é necessário ainda verificar sempre que necessário o cartão do
organismo de saúde do utente, tal como a sua validade, e por vezes é necessária uma
cópia do mesmo.
3.3. Sistema de Preços referência
Este sistema é aplicável a todos os medicamentos passiveis de
comparticipação incluídos no mesmo grupo homogéneo que sejam prescritos e
dispensados no âmbito do SNS. O responsável pela atualização das listagens
referentes aos GH é o INFARMED.
O Preço de Referência (PR) diz respeito ao “valor sobre o qual incide a
comparticipação do Estado no preço dos medicamentos incluídos em cada um dos
grupos homogéneos, de acordo com o escalão ou regime de comparticipação que lhes
é aplicável” e deve corresponder à média dos cinco medicamentos mais baratos
existentes no mercado integrados em cada grupo homogéneo [8,9].
É de salientar que o PVP dos novos medicamentos a comparticipar, quando já
existe um GH onde estes se incluam, deve ser inferior em 5 % relativamente ao PVP
máximo do medicamento genérico de preço inferior, com pelo menos 5 % de quota do
mercado de medicamentos genéricos no grupo homogéneo [10]. Nos casos em que o
PVP seja inferior ao PR, a comparticipação é calculada atendendo ao PVP, caso em
que o contrário se verifique a comparticipação irá ser calculada em função do PR,
sendo o calor adicional suportado pelo utente [8]. Este sistema possibilita uma
diminuição nos custos da comparticipação, permitindo uma alternativa económica ao
utente, garantindo sempre uma eficácia e qualidade do produto.
3.4. Conferência e Faturação de receituário
No ato na dispensa é necessário verificar o cumprimento dos requisitos das
receitas para que estas sejam válidas. No passo seguinte à validação e à dispensa
dos medicamentos, no verso da receita, excetuando as receitas sem papel, é impresso
um documento de faturação identificando a farmácia, o(s) medicamento(s)
dispensado(s), o preço, o valor total da receita, o encargo do utente em valor, a
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
11
comparticipação do Estado por medicamento e no seu total, data da dispensa, número
de registo dos medicamentos e o seu código de barras respetivo, tal como um espaço
dedicado para a assinatura do utente e as declarações necessárias. Após impressão
no verso da receita o utente deve assinar a declaração e o farmacêutico deve
carimbar, assinar e colocar a data respetiva. A receita deve ser guardada num local
especifico, para que depois possa ser feita uma conferência do receituário. A
conferência do receituário consiste em agrupar as receitas, separando-as pelos seus
organismos, agrupando-as por lotes, com um máximo de 30 receitas por lote.
Posteriormente é feita uma nova revisão de todos os requisitos a que uma receita
deve obedecer, verificando ainda se os medicamentos dispensados foram os corretos,
ou seja se a substância ativa, dosagem e forma correspondem, se a comparticipação
e os organismos foram bem identificados. Caso se verifiquem erros procede-se à
correção destes através do SI. Por fim procede-se ao fecho do lote, onde se imprime o
verbete, resumo do lote, anexado-os após estarem carimbados e rubricados. Para o
efeito emite-se ainda a Relação Resumo de Lote e Fatura Final Mensal, em triplicado.
Esta documentação referente ao SNS é por fim enviada até o dia 5 de cada mês para
o centro de conferência de faturas do SNS, que fica encarregue do pagamento à
farmácia do montante relativo às receitas do SNS, até ao dia 20 do respetivo mês. Os
documentos referentes a outros organismos são enviados por correio à APF atá ao dia
5, sendo que uma das cópias fica na farmácia para ser enviada para a contabilidade.
Se houverem receitas devolvidas à farmácia procede-se à correção destas sendo
posteriormente emitido uma nota de crédito no mês seguinte. A conferência de
receituário é uma das áreas que exige maior concentração, apesar de ser uma tarefa
bastante intuitiva. Durante o meu estágio tive a oportunidade de observar e praticar
todas as etapas incluídas, o que foi uma mais valia porque me elucidou melhor acerca
dos organismos e dos sistemas de comparticipação.
3.5. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM)
Os medicamentos sujeitos a receita médica só são dispensados, aquando da
presença de uma receita por vários motivos, sendo estes: caso o medicamento se
destine a administração parentérica; caso sejam utilizados sem vigilância médica; se
destinem a uso frequente em quantidades consideradas para fins não terapêuticos
assegurados; caso possam constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde do
utente; caso sejam medicamentos que contenham substâncias cuja atividade ou as
suas reações adversas necessitem de ser aprofundadas. A dispensa destes
medicamentos pode ser efetuada depois da receita ser validade consoante o
mencionado no ponto anterior, consoante o tipo de receita apresentado. Nas receitas
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
12
sem papel o primeiro passo será a leitura do código com o número da receita, o código
de acesso e dispensa, posteriormente são apresentados todos os medicamentos que
poderão ser dispensados, cabendo ao utente identificar os que quer aviar, caso seja
necessário é ainda disponibilizado o código de direito de opção. Posteriormente é feita
a recolha dos produtos a serem dispensados, seguindo-se a verificação dos produtos
através do seu código CNP, feito pelo SI, caso seja um receita sem papel o regime de
comparticipação é feito automaticamente, a não ser que tenha um organismo de
comparticipação não incluído, devendo, o utente, mostrar sempre o seu número de
benificiário, para comprovar o mesmo, neste tipo de receitas não é necessário a
impressão no verso da receita, caso seja uma receita manual, ou eletrónica deverá ser
feita a escolha do regime de comparticipação, tal como a impressão no verso da
receita, e caos haja outros regimes de comparticipação é necessária uma cópia desta
para poder imprimir o regime da mesma.
Para além do ato da dispensa propriamente dita, os utentes devem ser
devidamente elucidados acerca da posologia, via de administração, contraindicações,
interações e ainda outras informações que sejam por estes solicitadas. O farmacêutico
deve ainda perceber se é feito um uso correto, se há adesão à terapêutica e possíveis
efeitos adversos. Este processo de acompanhamento individualizado ao doente é
imprescindível para que a terapêutica esteja salvaguardada tal como a saúde do
doente.
3.6. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM)
Os medicamentos não sujeitos a receita médica, tal como nome indica, são
isentos de apresentação de receita no ato da dispensa, no entanto podem constar na
receita, caso seja de indicação por parte do médico, normalmente estes produtos não
são abrangidos pelos preços dos MSRM, sendo este, determinado pela farmácia na
sua maioria. Para além da sua venda em farmácias, alguns destes medicamentos
podem, também, ser vendidos em locais devidamente autorizados pela entidade
reguladora do medicamento, o INFARMED, desde que a dispensa seja garantida por
um profissional devidamente qualificado. Neste grupo de medicamentos constam
produtos usados para afeções menores, como problemas gastrointestinais,
constipações, e afeções respiratórias leves, tratamento sintomático de alergias, entre
outros tipos de afeções que não necessitem de consulta médica. Apesar do seu
carater mais liberal, o farmacêutico deve garantir a segurança e eficácia da dispensa,
devendo estar seguro da dispensa efetuada, explicando ao utente todas as
informações necessárias para o uso racional e consciente do medicamento. É de
salientar, ainda, que na incapacidade de diagnóstico ou de dúvida por parte do
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
13
farmacêutico, este deve encaminhar o utente para o seu médico, para que o seu
diagnóstico seja feito corretamente, não colocando em risco a saúde do mesmo [11].
3.7. Medicamentos genéricos
Um Medicamento Genérico (MG) define-se como um medicamento em que a
mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas (SA), a mesma
forma farmacêutica e cuja bioequivalência com o medicamento de referência tenha
sido demonstrada por estudos de biodisponibilidade apropriados [11]. Este tipo de
medicamentos é facilmente identificável, uma vez que apresentam na sua embalagem
a designação de MG. Após a entrada em vigor da Lei n.º11/2012 de 8 de março o
farmacêutico tem o dever de informar o utente quais os medicamentos que estejam
contemplados no mesmo GH, sendo possível ao utente optar pelo medicamento da
sua preferência. Os MG, são 20 ou 35% mais baratos do que o medicamento de
referência, caso não haja grupo homogéneo, o que se torna uma vantagem económica
para os utentes e para o SNS, o que nos permite concluir que, na sua maioria, estes
têm a mesma qualidade, eficácia e segurança e um preço inferior ao do medicamento
original. As farmácias devem dispor de um stock no mínimo de três dos cinco
medicamentos de preço mais baixo, pertencentes ao mesmo grupo homogéneo,
dispondo de um prazo de 12h para restabelecer o stock e garantir a presença dos MG
na farmácia.
No decorrer do estágio foi-me possível verificar que ainda há algum receio por
parte da população no que diz respeito à toma de medicamentos genéricos,
nomeadamente se estes tiverem regimes de complementaridade, no caso de
antibióticos e se for medicação que estejam a fazer pela primeira vez. Por sua vez,
alguma população mais idosa opta pela medicação genérica, muito em parte pela
vantagem económica.
3.8. Medicamentos manipulados
A área de manipulação farmacêutica encontra-se regulamentada pelo Decreto-
Lei nº 95/2004, de 22 de abril, que define um Medicamento Manipulado (MM) como
qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal executado segundo as indicações
inscritas na farmacopeia ou em um formulário, preparado em farmácia de oficina ou
em ambiente hospitalar, nomeadamente nos serviços farmacêuticos e dispensado sob
responsabilidade de um farmacêutico [12].
Na FSFO não se realizam MM, no entanto uma das farmácias do grupo
SACOOR é responsável pelos MM de todas as farmácias do grupo, enviando-os, em
corretas condições de conservação, por um auxiliar responsável para esse efeito.
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
14
Durante o meu estágio tive a oportunidade de elaborar dois MM, um deles uma
vaselina salicilada, e um outro, um álcool boricado. Para além da elaboração, tive
ainda oportunidade de perceber qual a dinâmica entre farmácias, no pedido e na
previsão do PVP, sendo que este, nas farmácias de oficina, é calculado conforme os
critérios estabelecidos na Portaria n.º 769/2004, de 1 de julho destes medicamentos.
Os MM podem ter uma comparticipação até 30% de acordo com o Decreto-Lei n.º106-
A/2010, desde que na receita esteja mencionado “manipulado” ou “f.s.a”(fac secundum
artem), e desde que constem na Farmacopeia Portuguesa ou no formulário Galénico
Português [13].
3.9. Medicamentos sujeitos a legislação especial
3.9.1. Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes Mellitus
No sentido de existir um maior controlo da diabetes em Portugal, o Ministério
da saúde e o setor farmacêutico têm colaborado entre si. Esta patologia tem-se
tornado uma das mais prevalentes nos dias de hoje, sendo debilitante e tornando a
população dependente de medicação. Houve, portanto, a necessidade de criar um
Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes Mellitus regulada pela
Portaria n.º 364/2010, de 23 de junho [14]. A comparticipação para os medicamentos e
os dispositivos médicos difere, sendo que as insulinas para o controlo da glicémia, e
os dispositivos médicos de medição, incluindo lancetas e agulhas, são
comparticipadas em 100%, já não acontece para as tiras reativas, que são
comparticipadas em 85%. É de ressalvar que no atendimento nestes casos deve ser
feita a consciencialização do utente para esta temática, tal como para a importância da
automedicação.
3.9.2. Estupefacientes e psicotrópicos
Considera-se estupefaciente toda a substância capaz de atuar no Sistema
Nervoso Central (SNC), com capacidade psíquica estimulante, depressora ou
desviante, como por exemplo analgesia e inconsciência. Sendo por esse motivo de
uso exclusivo em patologias do foro psíquico e no tratamento da dor, uma vez que são
passiveis de causas dependência, levando a abusos no seu uso. Devido às suas
características farmacológicas e às suas ações no SNC estes estão sujeitos a um
controlo rigoroso, consoante o descrito no Decreto-Lei n°15/93 de 22 de janeiro [15].
Assim sendo a encomenda destes produtos deve fazer-se acompanhar de uma
requisição dos mesmos em duplicado, onde devem constar vários pontos, tais como: a
designação da substância, quantidade, data do pedido, número da requisição e
número do registo interno. O duplicado é no final de cada mês assinado, carimbado e
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
15
enviado ao fornecedor correspondente, ficando o original arquivado durante 3 anos na
farmácia. Para um maior controlo o armazenamento destes produtos é feito
separadamente dos demais, num local fora do alcance do público [16,17].
No que diz respeito à dispensa, esta apresenta algumas particularidades, pois
a receita vem assinalada com a sigla de receita especial “RE”, e para que se possa
fazer a dispensa o utente, que pode não ser o mesmo que faz a medicação, tem de
fornecer os seus dados pessoais como número e validade do cartão de identificação,
morada, data de nascimento, entre outros dados necessários.
Caso se trate de uma receita eletrónica o SI emite um talão no final da dispensa, de
movimento de psicotrópico, o qual deve ser arquivado no seu local destinado a
armazenamento. Mensalmente é feito o envio ao INFARMED do registo de
movimentos de medicamentos psicotrópicos do mês anterior [18].
4. Outros produtos farmacêuticos
4.1. Medicamentos de uso veterinário
O Medicamentos de Uso Veterinário (MUV) são “toda a substância, ou
associação de substâncias, apresentada como possuindo propriedades curativas ou
preventivas de doenças em animais ou dos seus sintomas, ou que possa ser utilizada
ou administrada no animal com vista a estabelecer um diagnóstico médico-veterinário
ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar,
corrigir ou modificar funções fisiológicas” segundo o decreto-lei n.º 148/2008, de 29 de
julho [19].
Na FSFO a dispensa deste tipo de produto farmacêutico corresponde a uma
pequena parcela no volume total de vendas, no entanto há ainda alguma procura,
também pelo facto de existir uma clinica veterinária próxima.
Os medicamentos mais solicitados são os antiparasitários para os animais de
estimação, de toma oral ou de aplicação tópica local, tal como alguns
anticoncecionais.
Durante o meu estágio fui-me apercebendo que esta temática deveria ser mais
aprofundada tanto a nível académico como a nível de formação profissional, pois o
serviço de aconselhamento farmacêutico nestes casos é tão importante como os
medicamentos para uso humano, que são muitas vezes usados em animais.
4.2. Dispositivos médicos
Definem-se como dispositivos médicos, segundo o decreto-lei nº145/2009 de17
de junho, todos instrumentos, aparelhos, equipamentos, software material e ou artigo
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
16
destinado a ser utilizado em seres humanos, mas cujo o mecanismo de ação ou efeito
não é atingível por meios imunológicos, farmacológicos ou metabólicos, embora a sua
função possa ser apoiada por esses meios, sendo destinado pelo fabricante a ser
utilizado para fins de diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de
uma doença, de uma lesão ou de uma deficiência e ainda estudo, substituição ou
alteração da anatomia ou de um processo fisiológico e controlo da conceção [20]. É de
salientar que os dispositivos médicos são classificados consoante as suas
características e funções, duração do contacto com o corpo humano, invasibilidade,
entre outros.
A FSFO dispunha de uma grande variedade em dispositivos médicos, incluindo
dispositivos para ostomia, material de penso, meias de compressão, material de uso
para controlo da glicémia, entre outros.
É de ressalvar a importância de um conhecimento mais aprofundado por parte
dos profissionais para conseguir assegurar um uso correto destes dispositivos, tal
como assegurar a segurança e eficácia da sua aplicação, explicando de modo simples
e correto o modo de utilização.
4.3. Puericultura
A puericultura é a área da saúde que se preocupa com o desenvolvimento
infantil, proporcionando um acompanhamento integral do processo de
desenvolvimento da criança. Destina-se a proporcionar o conforto tanto a nível do
sono, como relaxamento e a higiene das crianças. Estes produtos encontram-se num
local de fácil acesso ao utente.
4.4. Produtos Dermocosméticos e de Higiene Corporal
De acordo com o decreto lei n°189/2008 de 24 de setembro, “um produto
cosmético é qualquer substância ou mistura destinada a ser posta em contacto com as
partes externas do corpo humano (epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e
órgãos genitais externos) ou com os dentes e as mucosas bucais, tendo em vista,
exclusiva ou principalmente, limpá-los, perfumá-los, modificar-lhes o aspeto, protegê-
los, mantê-los em bom estado ou corrigir os odores corporais.” [21].
A crescente preocupação com a pele e patologias associadas a este, tem vindo
a despoletar um consumo crescente deste tipo de produtos, o que tem aumentado o
interesse pela indústria nesta área, desenvolvendo cada vez mais produtos e
tornando-os cada vez mais particulares e inovadores.
A FSFO trabalha com enumeras marcas, possibilitando um aconselhamento
vasto e individualizado. Os cosméticos englobam uma panóplia alargada de produtos,
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
17
desde produtos de higiene, hidratação, tratamentos cutâneos tanto curativos como
preventivos, produtos de beleza, maquilhagem, vernizes, tintas capilares, entre outros.
Ao longo do estágio pude contactar com diversos produtos, o que me fez ter
uma ideia muito geral destes, no entanto deparei-me com alguma dificuldade
relativamente ao aconselhamento, uma vez que senti que, por vezes, me faltavam
algumas bases e pormenores relativos ao produto. Por este motivo tomei a liberdade
de começar a ler os folhetos de cada produto, falar com alguns dos delegados sobre
produtos que desconhecia, e tirar duvidas com os farmacêuticos e técnicos sempre
que surgiam.
4.5. Suplementos alimentares
Os suplementos alimentares são definidos como “géneros alimentícios que se
destinam a complementar o regime alimentar normal e que constituem fontes
concentradas de determinados nutrientes ou outras substâncias com efeito nutricional
ou fisiológico" [22].
Este tipo de produtos tem vindo a ser alvo de uma procura crescente, uma vez que a
preocupação da população com a suplementação é uma das temáticas cada vez mais
abordadas em saúde.
Tal como em todos os aconselhamentos, o farmacêutico deve deter
conhecimento acerca destes produtos de modo a prestar um melhor acompanhamento
e aconselhamento ao utente, indicando o melhor suplemento adequando-o à terapia
do utente, salvaguardando-o de eventuais efeitos adversos ou mesmo interações.
4.6. Produtos homeopáticos
Um medicamento homeopático é “um medicamento obtido a partir de
substâncias denominadas stocks ou matérias-primas homeopáticas, de acordo com
um processo de fabrico descrito na farmacopeia europeia, ou na sua falta, em
farmacopeia utilizada de modo oficial num Estado membro, e que pode ter vários
princípios” [23].
Os medicamentos homeopáticos seguem a regra de que quanto mais diluídos
estes estiverem, maior a sua potência. Na FSFO existem alguns produtos
homeopáticos nomeadamente os do laboratório Boiron® existentes para várias
patologias. A farmácia contacta ainda com a farmácia Melo, especializada em
formulações de homeopatia, a fim de encomendar algumas preparações caso o utente
assim o desejar e a farmácia disponibilizar.
Apesar de serem ainda produtos que suscitam alguma relutância já se verifica
algum acréscimo nas vendas deste tipo de produtos.
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
18
4.7. Nutrição específica
A nutrição específica compreende todos os produtos utilizados numa alimentação
especial, sendo destinados a complementar a alimentação em determinadas
condições, nas quais o indivíduo necessita de um aporte nutritivo suplementar [24].
O uso de nutrição complementar destaca-se em situações de desnutrição,
anorexia, úlceras, doentes oncológicos ou com determinados problemas metabólicos
ou mesmo quando existe uma necessidade de produtos isentos de determinados
compostos. Pode também incluir-se a nutrição geriátrica, uma vez que nesta faixa
etária começam a surgir algumas deficiências energéticas, vitamínicas e minerais, e
também a nutrição infantil. Apesar da preferência pela amamentação dos bebés até
aos 2 anos de idade devido a todas as vantagens descritas relativamente ao leite
materno, nem sempre é possível optar e por este motivo terem sido criadas fórmulas
adaptadas capazes de mimetizar o leite materno. É de salientar ainda que cada vez
mais se criam fórmulas adequadas a certo tipo de necessidades e a certas
intolerâncias alimentares, como por exemplo leites isentos de glúten e lactose e com
proteína de leite de vaca hidrolisada.
5. Cuidados e serviços farmacêuticos
De acordo com a Portaria nº 1429/2007, de 2 de novembro as farmácias
podem e devem prestar cuidados e serviços farmacêuticos, sendo o farmacêutico
capaz de prestar um seguimento farmacoterapêutico ao utente, promover a educação
para a saúde, monitorizar parâmetros bioquímicos e/ou fisiológicos e administrar
medicamentos [25,26].
Estes serviços devem ser divulgados de modo a todos os utentes terem conhecimento
dos mesmos, tal como o seu respetivo preço definido e visível. Os cuidados e os
serviços farmacêuticos têm sido cada vez mais solicitados pelo utente e, do mesmo
modo, anunciados pelos profissionais de saúde, com intuito de promover uma maior
monitorização, e aumentar a confiança do utente para com o farmacêutico.
5.1. O papel do farmacêutico
O farmacêutico, na maioria dos casos, é o profissional que contacta em
primeira linha com o utente, quando prevêem algum problema de saúde, quando têm
alguma dúvida ou mesmo antes de recorrer aos hospitais. Por este motivo, o
farmacêutico detém um papel multidisciplinar e duplo de promotor de saúde pública,
cabendo-lhe prezar pelo uso racional e correto do medicamento, tal como aconselha-lo
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
19
de modo a salvaguardar o objetivo primordial da prática farmacêutica, passando pelo
zelo e pela saúde e bem-estar do utente.
É ainda importante salientar que a excelência de um aconselhamento
farmacêutico tem como finalidade um aumento de adesão à terapêutica, aumentar a
proximidade ao utente, e possibilitar uma terapêutica segura e sobretudo eficaz.
5.2. Automedicação
A automedicação é definida como: “a utilização de medicamentos não sujeitos
a receita médica de forma responsável, sempre que se destine ao alívio e tratamento
de queixas de saúde passageiras e sem gravidade, com a assistência ou
aconselhamento opcional de um profissional de saúde”. No entanto, ao longo do
tempo, tem se verificado um aumento nesta prática, tendo, por esse motivo, existido a
necessidade de se limitar esta de modo a torna-la segura, estas situações encontram-
se definidas segundo o Despacho n.º 17690/2007, de 23 de julho.
Cabe ao farmacêutico a tarefa de perceber a etiologia dos pedidos do utente,
tentar reverter a espontaneidade dos mesmos, e direcionar o utente para a melhor
opção, e se necessário encaminha-lo para um profissional de saúde. Nesta medida, o
farmacêutico assume um papel de proteção de saúde pública e social do
medicamento, não deixando que se transforme numa prática irracional e
inconsequente.
5.3. Farmacovigilância
A farmacovigilância visa a gestão do ciclo do medicamento para uso humano
de modo a garantir a sua segurança, em defesa do utente e da saúde pública, através
da deteção, avaliação e prevenção de possíveis reações adversas ou outros
problemas relacionados com o medicamento [27,28].
A importância da monitorização está relacionada com o facto da ausência de
certas notificações de efeitos adversos, que por várias razões não são detetáveis nos
ensaios clínicos realizados aquando da saída do medicamento para o mercado. Por
esse motivo é imprescindível notificar novas reações adversas, que poderão ser
efetuadas através do portal de notificação, via online, por via telefónica, ou ainda por
email. [27]
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
20
6. ValorMed
A ValorMED,criada em 1999 é sociedade gestora de resíduos de embalagens
vazias e medicamentos fora de uso que tem como principal objetivo a gestão de todos
estes resíduos de embalagens vazias e medicamentos sem uso [29].
As seringas e outros produtos biologicamente contaminados devem ser colocados em
contetores próprios que não os do valorMed. Quando o contentor se encontra cheio o
mesmo deve ser selado e pesado, cabendo a um distribuidor levar e assinar na altura
da recolha. Recentemente foram criados contentores de menor capacidade que o
utente pode levar para casa, utilizar e posteriormente devolver à farmácia.
Durante o meu estágio pude constatar que os utentes da FSFO se encontram
familiarizados com esta temática, e sensibilizados para a questão da importância da
preservação ambiental.
7. Formação continua
A formação contínua tem-se mostrado cada vez mais imprescindível na
atividade farmacêutica uma vez que nos encontramos numa época em que a inovação
é constante, a exigência é cada vez maior e a qualidade se torna um ponto chave na
atividade farmacêutica.
No decorrer do estágio tive a oportunidade de assistir a várias formações em
várias áreas de interesse, o que me facultou informação por mim desconhecida,
tornando-se uma mais valia para a minha formação.
Na tabela 1 é possível verificar quais as formações que pude assistir.
Tabela 1Resumo das atividades desenvolvidas e formações assistidas durante o
estágio.:
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
21
Data Formações e atividades
7-02-2017 Formação Ginocanesten e da nova gama de hidratação da Uriage
20-02-2017 a
27-02-2017
Rastreio de triglicerídeos
21-02-2017 Formação de produtos de dermocosmética da Lierac
03-04-2017 Dia na Farmácia das Palmeiras ( grupo SACOOR): área de
manipulados
(vaselina salicilada e álcool boricado)
04-04-2017 a
7-04-2017
Semana na Np consultoria e gestão
18-04-2017 Formação sobre Risco Cardiovascular facultada pela Bial
19-04-2017 Formação sobre produtos Curaprox
20-04-2017 Formação sobre vulvovaginites facultada pela Ordem dos
Farmacêuticos
8. Conclusões
Durante o período de estágio em farmácia comunitária tive a oportunidade de
contactar com uma realidade desconhecida, com profissionais de saúde exemplares
que me instruíram de um modo gratificante.
Numa fase inicial foi uma experiência desafiante, quer a nível pessoal quer
profissional, uma vez que foi dos primeiros contactos com o público e com o
medicamento em si. Ao longo do tempo fui-me apercebendo das valências e das
responsabilidades de um farmacêutico, tal como da sua importância, muitas vezes
desvalorizada pelo utente. Cabe-me assim continuar a reconhecer a formação que
obtive tal como a aprendizagem e o respeito pela profissão.
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
22
PARTEII
Caso de estudo 1: Avaliação do risco Cardiovascular: rastreio de
triglicerídeos
1. Enquadramento geral e objetivos
As doenças cardiovasculares (DCV) são o atual flagelo da sociedade, uma vez que
são as causas mais comuns de morbilidade e mortalidade mundialmente. As
constantes mudanças nos padrões de morbilidade e mortalidade na população têm
vindo a ser alvo de estudo e preocupação por parte das entidades reguladoras da
saúde, estando estas cada vez mais associadas a planos de ação e de investigação
de modo a encontrar soluções para prevenir e assegurar a saúde da população [30].
As DCV estão associadas a fatores de risco complexos e multivariáveis uma vez que
se tratam de doenças capazes de induzir alterações objetivas ao nível da saúde dos
indivíduos, a curto e longo prazo. Um fator de risco á uma condição capaz de
aumentar o risco cardiovascular, ou seja, que eleva a probabilidade de sofrer um
evento cardiovascular, estes podem ser modificáveis, ou não modificáveis, sendo os
modificáveis: diabetes, hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia, hipertensão arterial,
excesso de peso e obesidade, tabagismo, consumo excessivo de bebidas alcoólicas e
sedentarismo, já os não modificáveis são todos os fatores inalteráveis como a idade, o
género e a história familiar de doenças cardiovasculares, ou seja fatores genéticos[31].
O leque de fatores de risco é diverso sendo que estes fatores por vezes se conjugam
aumentando a probabilidade de um individuo vir a sofrer um evento cardiovascular.
Torna-se por este motivo importante ressalvar a relevância da monitorização destes
fatores de risco de modo a obter uma maior resposta face a estas variáveis por vezes
incontornáveis, tornando-se cada vez mais importante a consciencialização para esta
temática. No anexo 1 é possível verificar que, apesar da tendência decrescente
descrita em anos anteriores, as taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares
mantêm-se na mesma posição como principal causa de morte [32].
Com o intuito de promover a consciencialização da população para a temática das
doenças cardiovasculares e do risco de sofrer eventos coronários, a FSFO permitiu
que fosse feito um rastreio de triglicerídeos com duração de uma semana entre 20 e
24 de fevereiro. Outro dos objetivos desta ação comunitária visava aproximar o utente
ao profissional de saúde, tentando melhorar o acompanhamento do utente, permitindo
uma melhor adequação da terapia, ajudando também a perceber algumas das
patologias já apresentadas por estes e permitindo uma farmacovigilância mais eficaz e
segura.
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
23
1.1. Diabetes Mellitus
A diabetes Mellitus do tipo 1 (DM1) é caracterizada por uma deficiência absoluta
de insulina causada por uma destruição autoimune mediada por células T de células β
pancreáticas. A diabetes tipo 2 é caracterizada por uma disfunção nas células β
pancreáticas uma diminuição de libertação de insulina e ainda uma tolerância
periférica a esta. Em ambos os casos há diferenças no que diz respeito ao surgimento
de doenças cardiovasculares, uma vez que ambas têm um perfil fisiopatológico
diferente, variável e individual. Não obstante o comprometimento dos vasos é
igualmente preocupante e induz diversas consequências cardiovasculares podendo
colocar em risco a população portadora deste tipo de patologia [33].
Estudos recentes concluem que a aterosclerose num contexto de DM1 é
caracterizada por estenoses mais severas (maior pressão) e por um envolvimento
mais extenso em número de vasos afetados, relativamente a pacientes não portadores
de DM [34]. O risco cardiovascular está aumentado em doentes com diabetes, uma
vez que este tipo de doentes se encontra associado a outro tipo de condicionantes,
como a hipertensão, excesso de peso, colesterol e triglicerídeos aumentados, tal como
um défice de atividade física [35]. Relativamente à epidemiologia da diabetes a
Organização Mundial de Saúde, prevê ainda um aumento global da prevalência da
diabetes para o dobro, chegando aos 300 milhões até 2025 [36]. Por este motivo a
sinalização de doentes com este tipo de patologia tem se mostrado uma mais valia,
uma vez que permite aos profissionais de saúde uma monitorização mais alargada e
eficaz, pois poderão ser evitadas algumas das consequências inerentes a estes casos
1.2. Excesso de peso e perímetro abdominal
A obesidade é um dos fatores de risco estabelecido das doenças cardiovasculares,
tendo vindo a aumentar em proporções epidémicas tanto nos adultos como em
crianças. A obesidade é definida, nos adultos, como índice de massa corporal superior
ou igual a 30Kg/m2. Já o perímetro abdominal é considerado preocupante quando em
mulheres se encontra superior a 88 cm e em homens superior a 102 cm [37].
A obesidade está associada a uma menor função endotelial arterial e a um aumento
da aterosclerose subclínica, contribuindo parcialmente para o aumento do risco de
eventos cardiovasculares em adultos com obesidade. É de ressalvar os benefícios em
saúde vascular em resposta ao tratamento associado a uma perda de peso e a um
estilo de vida saudável colocados em maior perspetiva, tanto no cenário de pesquisa
como potencialmente na prática clínica. Estudos recentes permitiram elucidar acerca
do impacto das alterações estruturais e fisiológicas associadas à obesidade, sendo
que se observaram alterações na espessura da intima da carótida e da dilatação
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
24
mediada pelo fluxo sanguíneo. Na população com obesidade verificou-se a existência
de um aumento na espessura da intima e uma diminuição na dilatação arterial
mediada pelo fluxo sanguíneo. Estes marcadores poderão vir a ser usados em ensaios
clínicos para intervenção de perda de peso na obesidade, tal como na diminuição do
perímetro abdominal, que se sabe ser um dos fatores a ter em conta em casos de
doentes com patologias associadas ao risco cardiovascular [37]. No anexo 2
encontram-se apresentados os efeitos adversos associados à obesidade, desde a
resistência à insulina até ás neoplasias. No anexo 3 é possível analisar um dos
mecanismos de patofisiologia da obesidade. O adipócito atua como um órgão
endócrino capaz de regular os níveis de leptina, uma hormona que controla a ingestão
de comida e o metabolismo energético. Uma desregulação nos níveis desta hormona,
levarão a certas consequências, como é o caso de aumento da resistência à insulina,
aparecimento de diabetes tipo 2, hipertensão e por consequência um aumento do
dano vascular e do miocárdio [38].
1.3. Tabagismo
Apesar do seu estatuto de fator independente para o risco cardiovascular, o tabaco
apresenta ainda efeitos multiplicativos de interação entre outros fatores de risco para
as doenças cardiovasculares, uma vez que a presença de tabagismo isolado dobra a
probabilidade de vir a sofrer um evento cardiovascular e caso existam outros fatores
de risco, este risco quadruplica [39].
Fumar contribui para o endurecimento e para a diminuição da elasticidade das
artérias, promovendo a aterosclerose, isto é, a acumulação de gordura na parede dos
vasos responsável pelo desenvolvimento de um estado inflamatório, tal como a
indução de um estado de hipercoagulação, proporcionando episódios trombóticos.
Estudos recentes permitiram verificar que níveis de nicotina doseados através de
amostras de cabelos estavam correlacionados diretamente com a pressão sanguínea
e com a proteína C reativa do soro e inversamente com o colesterol de elevada
densidade (colesterol-HDL). Com isto conseguiu-se concluir que a nicotina está
relacionada com um aumento dos fatores inflamatórios, um aumento da pressão
arterial tal como uma diminuição de colesterol-HDL importante no metabolismo dos
lípidos.
É de ressalvar que o tabagismo passivo acarreta também implicações a nível
cardiovascular, principalmente em idade juvenil [40].
No anexo 4 é possível observar os indicadores de mortalidade relativos a doenças
isquémicas do coração em todas as idades, por sexo, em Portugal Continental de
2008 a 2012, a figura permite-nos ainda verificar que tem havido uma diminuição das
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
25
taxas de mortalidade associadas, em muito relacionadas com as campanhas de
cessação tabágica que têm vindo a ser dinamizadas ao longo dos anos [41].
1.4. Hipertensão
Existe uma relação contínua, forte e gradual entre a pressão arterial e as doenças
cardiovasculares, no entanto não existe nenhum valor limiar concreto que individualize
os que terão ou não eventos cardiovasculares futuros.
No entanto, é de conhecimento científico que o risco cardiovascular depende da
pressão arterial, e da coexistência com outros fatores de risco capazes de induzir
comprometimento orgânico [42]. A pressão arterial elevada aumenta o fluxo de sangue
no interior dos vasos sanguíneos o que poderá provocar lesões nas paredes destes.
Neste processo de reparação das lesões, o tecido acaba por aumentar a chamada ao
local de glóbulos brancos, colesterol e outras substancias essenciais ao processo de
reparação, que contribuirão para o processo de espessamento da parede, limitando a
sua elasticidade, capacitando a formação de coágulos que levam à sua oclusão e
consequente dano vascular [34,44].
Em Portugal sabe-se que a taxa de prevalência da Hipertensão Arterial (HTA) se
situa nos 26,9%, sendo mais elevada no sexo feminino (29,5%) do que no masculino
(23,9%) [3]. Compreender a epidemiologia da hipertensão terá resultados significativos
na diminuição da morbidade e mortalidade associadas à hipertensão.
1.5. Consumo de álcool
O consumo moderado de álcool tem sido associado a bons indicadores de
diminuição de doenças cardiovasculares, uma vez que os seus constituintes
antioxidantes são responsáveis por alguns efeitos, tais como: diminuição da
resistência à insulina, diminuição da coagulação sanguínea e alteração dos processos
inflamatórios. Não obstante o seu uso excessivo poderá estar relacionado com efeitos
nefastos à saúde, como por exemplo o aumento de triglicerídeos e do colesterol total.
O consumo de álcool está ainda associado a um dano orgânico e celular, uma vez
que interfere com ciclos celulares e com a oxigenação das células, pelo aumento da
pressão arterial e ainda por alterações no metabolismo da glicose [45,46].
O consumo de álcool não deve ultrapassar os 6 copos por semana, para que os
malefícios deste não se sobreponham às suas vantagens [46].
1.6. Colesterol
O colesterol é uma molécula biológica essencial para a estrutura e função da
membrana celular e para a síntese de hormonas e vitaminas nos mamíferos.
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
26
Para alem do colesterol total é importante referir as lipoproteínas como o colesterol-
HDL, também conhecido como o “bom” colesterol, uma lipoproteína de elevada
densidade, e o colesterol-LDL comumente chamado de “mau” colesterol por ser uma
lipoproteína de baixa densidade. O colesterol-LDL tem como função transportar o
colesterol e triglicerídeos do sangue para os tecidos, já o colesterol-HDL é um
transportador retrogrado, uma vez que se encarrega de retirar o colesterol dos tecidos
e devolve-lo ao fígado para ser posteriormente excretado [47].
A relação entre colesterol e aterosclerose está associada a um aumento da sua
concentração plasmática, embora outros mecanismos também possam intervir na sua
formação. O processo começa em idade precoce com acumulação de colesterol na
camada íntima das artérias, o que produz lesões e que consequentemente irá gerar a
formação da placa aterosclerótica. Assim que esta atinge o lúmen do vaso
despoletam-se episódios trombóticos associados ao aparecimento de doenças
cardiovasculares.
A hipercolesterolemia é um fator de risco cardiovascular que aumenta a
incidência de doenças ateroscleróticas. As medidas terapêuticas recomendadas para
prevenir doenças cardiovasculares e para reduzir os níveis de colesterol, centralizam-
se em mudanças de estilo de vida e medicamentos hipolipemiantes, dando potencial
destaque às estatinas, apresentando-se como a terapias com maiores taxas de
sucesso uma vez que diminuem os níveis de colesterol total [48]. As Estatinas têm
como principal mecanismo de ação a inibição de uma das enzimas chave
responsáveis pela produção de colesterol endógeno, a 3-hidroxi-3-metil-glutaril-
coenzima A reductase (HMG-CoA).
Outras terapias foram aparecendo para colmatar os níveis elevados de colesterol-LDL
e níveis baixos de HDL-colesterol [49].
1.7. Triglicerídeos
A hipertrigliceridemia, patologia associada a um aumento de triglicerídeos no
sangue, apesar de ainda controverso é considerada como fator de risco
cardiovascular, no entanto uma hipertrigliceridemia pos-prandial tem um papel
importante na aterosclerose, principalmente se associados a níveis baixos de
colesterol-HDL [50]. Os níveis de triglicerídeos podem estar associados tanto à sua
produção excessiva como a uma diminuição do seu catabolismo, que
consequentemente irá influenciar quer níveis de colesterol-LDL como de HDL [51].
É importante ressalvar que a sobrecarga de triglicerídeos não é uma característica
patológica clássica das placas de ateroma, uma vez que os ácidos gordos fazem parte
da constituição das células e das suas membranas celulares, servindo também de
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
27
fonte de energia para os miócitos e ainda como fonte de reserva de energia
armazenada nos adipócitos. No entanto no processo metabólico destes o produto
gerado a partir dos triglicerídeos, as lipoproteínas remanescentes poderão ser
responsáveis pela formação de células semelhantes ao colesterol-LDL passiveis de
desencadear respostas proaterogénicas em células endoteliais isoladas, tal como
induzir um aumento da expressão de genes proinflamatórios como a interleucina-6,
que irão desencadear processos como a apoptose e acentuar respostas inflamatórias
[52].As causas para os níveis elevados de triglicerídeos são diversas estando muitas
vezes associadas a fatores genéticos, alimentares e à individualidade de cada doente.
A terapia de tratamento de triglicerídeos passa pela adoção de estilos de vida
saudáveis incluindo dietas pobres em ácidos gordos, prática regular e continuada de
exercício físico, podendo associar-se uma terapia farmacológica fibratos [53].
2. Risco cardiovascular: SCORE
O aumento da prevalência de doenças cardiovasculares tornou necessário a
avaliação do risco global, fatal e não fatal da população [54]. A probabilidade de
surgimento de doenças cardiovasculares está relacionada com caraterísticas
individuais capazes de despoletar eventos de origem cardiovascular ou até mesmo
complicações de outros foros [55].
O cálculo do risco cardiovascular tem como principal objetivo gerar uma estimativa
do sinergismo entre os fatores de risco individuais permitindo identificar os utentes
com riscos elevados, tal como assegurar a eficácia da intervenção terapêutica
motivando os utentes a seguir a estratégia de tratamento podendo gerar resultados
benéficos em saúde. Por outro lado, a prevenção de eventos cardiovasculares deve
ter como foco a redução de risco global associado ao utente e aos seus fatores de
risco. Para isso, foi desenvolvido um sistema de estimativa, para calcular o risco
cardiovascular europeu, que se denomina de SCORE. Este baseia-se em estudos de
coorte europeus de acompanhamento clinico de doentes, este sistema permite
conjeturar o risco de eventos cardiovasculares fatais em 10 anos. Esta avaliação tem
em conta variáveis como: género, idade, tabagismo, pressão arterial sistólica e
colesterol total (mg/dl ou mmol/l).
A classificação é feita em 7 categorias, diferenciadas através de um espetro de cores,
que variam de 1% a 15% ou superior [56]. A estratificação de escolha de utente em
análise visa priorizar a prevenção de eventos cardiovasculares e auxiliar os
profissionais e saúde acerca das terapias a implementar, incluindo terapias
farmacológicas e não farmacológicas. Este estudo engloba equipas multidisciplinares
capazes de avaliar todas as situações de modo a garantir um seguimento eficaz e
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
28
seguro da população [57]. A avaliação SCORE é efetuada aquando da ausência de
doenças cardiovasculares, diabetes mellitus, doença renal crónica ou em caso de
existência de fatores de risco vascular isolados muito elevados como hipertensão
arterial grave ou dislipidemia familiar. O risco pode ser estratificado em baixo (<1%),
moderado (≥1 e <5%), alto( ≥ e < 10%) e muito alto (≥10%).
As tabelas de cálculo de risco absoluto têm em atenção fatores como tabagismo,
colesterol, idade, e pressão arterial sistólica. É ainda possível calcular relativamente o
risco nos jovens, através de tabelas próprias, tal como calcular o risco absoluto
consoante valores de colesterol-LDL, existindo, do mesmo modo, tabelas especificas
para o efeito [54].
3. Rastreio de triglicerídeos
No âmbito da importância do cálculo do risco cardiovascular e importância da
monitorização de parâmetros fisiológicos, propus a realização de um rastreio gratuito
de triglicerídeos com duração de uma semana com intuito de estabelecer uma ponte
de contacto profissional de saúde-utente, consciencializando-o para a importância da
monitorização e do acompanhamento farmacêutico. Este tipo de abordagem tem como
objetivo aproximar o utente e assumir um compromisso com o mesmo, para que se
possam recolher resultados em saúde e melhorar o bem-estar geral da população.
Sendo o nível sérico de triglicerídeos um fator modificável, foi escolhido para ser a
variável em estudo no rastreio, uma vez que o colesterol total é mais frequentemente
pedido de modo autónomo pelo utente, seria importante dar a conhecer outros
parâmetros também considerados pertinentes para avaliar o risco cardiovascular. Para
realizar o rastreio foi pedido que o utente viesse em jejum, uma vez que é um
parâmetro variável com a alimentação.
É de ressalvar que a determinação de triglicerídeos isolada não tem vantagem sobre a
determinação de colesterol isolado, apesar da sua correlação com eventos coronários,
no entanto o objetivo é permitir a consciencialização da interindividualidade entre
doentes e aumentar a aderência a este tipo de análise de parâmetros.
No anexo 5 está representado o documento utilizado para a anotação dos resultados
obtidos, já no anexo 6 apresento o documento utilizado para posterior calculo do risco
cardiovascular.
4. Considerações finais
Considero esta intervenção uma mais valia para a FSFO e para os utentes que a
frequentam, uma vez que para além de ser uma ação de intervenção gratuita, revelou-
se um meio eficaz de aproximação com o doente, bem como, para a minha
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
29
autonomização na determinação dos parâmetros, e de algum modo perceber quais as
principais duvidas deste, conhecer o seu histórico, (muitas vezes menosprezado em
atendimento ao balcão, maioritariamente por falta de tempo e disponibilidade do
utente) acompanhar e controlar a terapia do mesmo, tornando-o cada vez mais
consciente da importância desta temática. Não obstante às vantagens por mim
inumeradas, não houve a afluência desejada, tendo em conta que o rastreio teria de
ser feito em jejum, e por ainda indisponibilidade dos utentes.
Para divulgação do rastreio, foram efetuadas campanhas de sensibilização nas
redes socias e na própria farmácia, quer no atendimento, quer em cartazes, e ainda
envio de mensagens telefónicas para os utentes com ficha.
A sensibilização do utente para o início de um novo parâmetro a realizar na FSFO,
o cálculo do risco cardiovascular, foi, também, um dos objetivos deste rastreio,
representado no modelo de relatório desenvolvido para o efeito, presente no anexo 6.
Caso de estudo 2: Importância dos serviços farmacêuticos: determinação
de parâmetros bioquímicos e fisiológicos.
1. Enquadramento geral e objetivos
Os serviços farmacêuticos têm surgido, cada vez, mais como ideia central em
torno da saúde do utente, tendo por esse motivo vindo a ser considerados como um
modo de desenvolvimento da satisfação profissional, para além de contribuírem para
uma diferenciação significativa entre farmácias, assumindo cada vez uma importância
crescente, principalmente desde a publicação do Decreto-lei 307/2007 que institui à
farmácia capacidade de prestar e promover saúde e bem-estar ao utente [58].
A determinação dos parâmetros bioquímicos e fisiológicos permite a medição
de indicadores para avaliação do estado de saúde do doente, devendo por isso ser
efetuada por pessoal qualificado. Tem-se verificado, cada vez mais importante efetuar
este tipo de determinação, uma vez que a monitorização de certos parâmetros tem
contribuído para a regressão de algumas doenças, tal como um melhor
acompanhamento do doente e farmacovigilância [59].
Os serviços farmacêuticos devem ser entendidos como um conjunto de ações
integrantes do sistema de saúde, que têm em vista a promoção do bem-estar do
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
30
utente e que permitem responder às necessidades da população individual e coletiva
obtendo ganhos em saúde pública. Há vários critérios aos quais os serviços
farmacêuticos devem obedecer tais como: o profissionalismo, a credibilidade, a
segurança, a acessibilidade e a capacidade de resposta por parte do farmacêutico.
Enquanto espaço de saúde, a farmácia possibilita a determinação de parâmetros
bioquímicos e fisiológicos dos utentes, permitindo a efetividade do seguimento
farmacoterapêutico do utente [60,61].
Atendendo à importância do aconselhamento em farmácia comunitária achei
pertinente a criação de fichas técnicas em que principal intuito fosse criação de um
manual onde constasse toda a informação necessária para tornar o aconselhamento
farmacêutico mais sustentável, credível e de fácil perceção quer para o utente quer
para o profissional de saúde. Sendo assim a ficha técnica deve conter toda a
informação necessária para que a determinação seja efetuada de forma equitativa por
todos os profissionais que o efetuarem, e para que caso hajam duvidas possam ser
esclarecidas com o referido documento. Estas fichas técnicas são documentos
informativos, uns contêm a informação científica de cada teste ou determinação, e
outros são documentos onde consta o procedimento que deve ser tomado em cada
caso, para que em cada farmácia do grupo SACOOR haja uma uniformização da
técnica, assumindo assim um compromisso com o utente de prestar um cuidado
seguro, credível e uniforme nas farmácias do grupo.
Nestas fichas técnicas foram incluídas ainda informações acerca dos cuidados a ter
nas determinações, tal como especificações que foram consideradas pertinentes a ter
em conta e aspectos que deveriam ser abordados com o utente.
A determinação dos parâmetros fisiológicos e bioquímicos é realizada numa sala
de atendimento personalizada capacitada com o material necessário para a
determinação de todos os parâmetros. O ambiente gerado permite ao farmacêutico um
maior contacto com o utente o que lhe possibilita conhecer a história clínica do utente,
perceber o seu nível de adesão à terapêutica, esclarecer as suas dúvidas, quer
relativamente à medicação quer às patologias associadas ou mesmo a casos pontuais
que necessitem de atenção especial por parte do profissional de saúde e por último
participar ativamente na promoção de saúde e prevenção da doença garantindo
ganhos em saúde. É cada vez mais fulcral a intervenção farmacêutica como mediador
de identificação precoce de fatores de risco, proporcionando o acompanhamento
farmacoterapêutico dos doentes com terapêutica instituída.na sua farmácia de
referência.
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
31
2. Determinação de parâmetros bioquímicos
Na execução clínica da determinação de parâmetros bioquímicos há certos
aspetos que devem ser tidos em conta, uma vez que poderão alterar o resultado das
determinações acarretando consequências negativas para o utente.
Nas determinações em que é necessário proceder-se à extracção de sangue ou
mesmo na determinação da pressão arterial há um logaritmo procedimental que deve
ser seguido para que o resultado obtido, qualitativo ou quantitativo, possa ser dado
como fidedigno.
É de ressalvar que na FSFO é feita uma análise e registo de alterações que
possam aparecer aquando das determinações, ou seja, sempre que um valor ou
resultado esteja fora dos valores normais este é registado acoplado aos dados
pessoais do utente, para que posteriormente possa ser contacto a fim de saber qual o
seguimento que o utente obteve e se este já se encontra normalizado.
Todas as determinações disponíveis no gabinete de apoio ao utente da FSFO
estão asseguradas por aparelhos de medição apropriados, devidamente calibrados e
conhecidos pelos profissionais responsáveis pela execução dos testes. Tal como para
os testes, foram também feitas fichas técnicas onde constassem todos os parâmetros
a respeitar no manuseamento do material a usar, tal como todos os cuidados a ter
com o procedimento do mesmo. O objetivo primordial desta ação foi a uniformização
dos procedimentos em todas as farmácias integrantes do grupo SACOOR, garantindo,
deste modo, a qualidade e a eficácia das determinações. Os anexos (8,9,10,11,12,13)
dizem respeito às fichas técnicas dos aparelhos de medição analisados segundo os
manuais da qualidade de cada um, associando sempre ao teste correspondente.
De seguida irão ser abordadas todas as determinações disponibilizadas pela
FSFO ao utente, tal como a razão da sua importância para a farmácia e para o doente.
2.1 Determinação da glicémia: Conceito, procedimento e cuidados a ter
Atendendo ao crescente aumento do número de casos de Diabetes Mellitus tipo 2
em Portugal e ao consequente aumento do número de óbitos, o que pode ser
verificado no anexo 7, destaca-se a relevância deste serviço farmacêutico no sentido
de evitar algumas das complicações, muitas das vezes irreversíveis, tal como na
deteção de novos casos e no seu acompanhamento, associado sempre à
farmacovigilância [62].
A medição de glicose no sangue é indicada principalmente para rastreio e para
controlo de possíveis alterações nos níveis de glicémia resultantes da diabetes
mellitus. Quando em jejum se verificam alterações dos níveis de glicose e de
tolerância à glicose, estes são vistos como casos de pré – diabetes e estão
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
32
associados a um elevado risco de desenvolvimento da doença. Se houver défice de
produção de insulina como no caso da diabetes tipo 1 ou uma resistência à insulina
por parte das células β como na diabetes tipo 2, o nível de glicose no sangue aumenta
[62].
A determinação é feita com auxílio de um aparelho apropriado, podendo variar
entre farmácias, no entanto o conceito de determinação é igual para qualquer
aparelho, estando o farmacêutico habilitado a qualquer um. Este serviço é
disponibilizado pela FSFO, com um custo associado. O anexo 14 faz referência à ficha
técnica da determinação da glicose capilar, onde constam os cuidados a ter na
punção, os valores de referência a ter em conta, o aconselhamento que deve ser feito
e ainda situações que possam desencadear os valores fora dos parâmetros normais.
2.2. Colesterol total, Colesterol-HDL e Colesterol_LDL e triglicerídeos
O número de mortes e de eventos cardiovasculares, tal como já referido
anteriormente têm vindo a
A determinação do colesterol e triglicerídeos é essencial para prevenção primária e
secundária de doenças cardiovasculares uma vez que são alguns dos principais
fatores de risco da aterosclerose e das doenças coronárias (DC). Deste modo, a
medição dos níveis de colesterol com precisão constitui um elemento primordial para a
avaliação do risco de DC. Devendo por esse motivo dar-se especial atenção à
avaliação dos níveis de Colesterol-Total (CT), colesterol-LDL e colesterol-HDL,
enquanto fatores de risco de DC independentes [63].
O colesterol-LDL e HDL não são realizados com a mesma frequência que o CT,
primeiramente por desconhecimento do utente da importância destes indicadores, e da
realização destes na farmácia, e porque sendo o CT uma estimativa de todos os
parâmetros é possível arbitrar um valor subjetivo para estes.
É de ressalvar a importância do jejum necessário para determinação de
triglicerídeos. [63]
O anexo 15 faz referência à ficha técnica da determinação de Colesterol-Total, o
anexo 16 à determinação de Colesterol-LDL e HDL, já o 17 diz respeito à
determinação de triglicerídeos. Ambas as fichas técnicas contêm informações relativas
aos cuidados a ter em ambas a determinações, tal como valores de referência e o
aconselhamento que deve ser dado ao utente. O anexo 18 apresenta uma tabela com
as indicações alimentares que devem ser dadas ao utente sempre que este apresente
valores preocupantes e que não se incluam nos valores de referência. Esta tabela
deve ser mostrada ao utente no ato do atendimento de modo a contribuir para uma
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
33
promoção de um estilo de vida saudável, uma vez que a alimentação, aliada ao
exercício físico, contribuem em muito para o sucesso da terapia estabelecida.
2.3. Rácio Internacional Normalizado (INR)
O INR é uma unidade de medição do tempo de protrombina (TP) que permite
medir a velocidade de coagulação do sangue. Sendo a informação chave necessária
para se escolher a dose mais adequada do medicamento anticoagulante. Existe um
intervalo no qual os valores de INR terão de se manter para que a terapêutica tenha
sucesso e para isso é fulcral o autocontrolo do INR, uma vez que vai minimizar o risco
de hemorragias ou de complicações trombóticas, tal como monitorizar a terapêutica de
anticoagulantes orais. [64]
Este tipo de determinação tem como principal objetivo aumentar a monitorização
dos utentes com patologias associadas à coagulação do sangue, para que estas se
sintam mais seguras na sua rotina habitual. Outros dos objectivos é também perceber
a progressão da doença, avaliar se a terapêutica está a ser eficaz e aproximar o
utente ao farmacêutico. No anexo 19 é possível analisar a ficha técnica da
determinação do INR, tal como as outras fichas esta contém uma breve introdução do
conceito, cuidados a ter na determinação, o aconselhamento que dever ser dado,
fatores que influenciem os valores de INR e ainda uma tabela informativa e de apoio
para que o utente comece por perceber qual o tipo de alimentação que deve ou não
seguir, e quais os alimentos que possam alterar os valores da determinação.
2.4. Análise à urina
A análise à urina é feita através de um método semi-quantitativo destinado a
identificar: doenças do trato urinário, doenças renais, doenças do metabolismo de
hidratos de carbono (diabetes mellitus) tal como doenças hepáticas e hemolíticas, pela
deteção de parâmetros como: leucócitos, nitritos, proteínas, pH, sangue (eritrócitos,
hemoglobina), densidade, glicose, corpos cetónicos, urobilinogénio e bilirrubina.
Apesar do seu carater não absoluto e semi-quantitativo, através do aparelho
disponível na FSFO a Urysis ® é possível obter um resultado quantitativo dos
parâmetros pretendidos para análise [65].
Este parâmetro tem se mostrado cada vez mais importante na prática diária na
farmácia, nomeadamente em situações de infeções urinárias recorrentes, podendo ser
um intermediário útil no diagnóstico destas situações, encaminhando posteriormente o
utente a um especialista, ou mesmo no despiste de outras patologias
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
34
No anexo 20 está representada a ficha técnica da análise à urina onde constam
informações como o seu conceito, valores de referência, parâmetros a analisar,
aconselhamento e cuidados a ter na determinação.
2.5. Teste de gravidez
O teste de gravidez baseia-se num método imunocromatográfico capaz de
pesquisar a hormona coriónica humana (β-hCG), uma glicoproteína produzida, em
quantidades elevadas, pelos trofoblastos durante a gravidez. Tal como nas outras
determinações é necessário ter alguns cuidados aquando da sua realização uma vez
que se apresenta como um teste sensível. Caso haja alguma dúvida, ou caso o
resultado se apresente positivo o aconselhamento deve passar pela indicação de ida a
um profissional de saúde adequado para o efeito [66].
É de salientar que a divulgação deste tipo de determinação deve ser imparcial,
devendo ficar no anonimato, de modo a salvaguardar a privacidade do utente.
O anexo 21 faz referência à ficha técnica do teste de gravidez, onde se pode
encontrar informação referente aos cuidados a ter na sua determinação e ao
aconselhamento e acompanhamento a dar ao utente.
2.6. Pressão arterial
O controlo da pressão arterial é um dos pontos chave dos planos que têm vindo a
ser desenvolvidos pelo Sistema Nacional de Saúde, com o objetivo de diminuir a
morbilidade e mortalidade associada a esta temática. A pressão arterial elevada é um
dos problemas cardiovasculares com maior impacto na vida de um individuo uma vez
que está associado a complicações como acidentes vasculares cerebrais (AVC) e
enfartes agudos do miocárdio (EAM).
O farmacêutico tem, deste modo, um papel imprescindível no controlo e prevenção
destes eventos cardiovasculares, monitorizando os valores dos utentes que o
solicitam, e aconselhando outros a iniciar esse mesmo controlo. Sempre que oportuno
e analogamente à monitorização de valores, deve ser feita uma avaliação dos
cuidados a ter, de possíveis terapias não farmacológicas, e, sempre que possível,
alterações a nível dos hábitos e estilos de vida. Esta prática clínica nunca deve
substituir uma ida ao médico, mas deve ser sim um complemento à prática clínica para
que em equipa multidisciplinar se possam obter os melhore resultados para o utente
[67].
O anexo 22 diz respeito à ficha técnica da pressão arterial, que se intitula como
uma dais mais utilizadas na FSFO, por ser um dos testes mais solicitados e
recomendados. Esta ficha inclui toda a informação incluída nas outras fichas e ainda
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
35
informação relativa ao modo de atuar quando o utente se encontre em híper e
hipotensão.
2.7. Enzimas GOT, GGT, GPT
A enzima GOT (glutamato oxaloacetato transaminase) ou (aspartato amino
transferase) - (AST) é uma enzima que se encontra nas mitocôndrias e no citoplasma
de todas as células, a sua determinação é um procedimento básico para o diagnóstico
e para a monitorização de doenças hepatocelulares ou lesões musculares. O aumento
da GOT está correlacionado com a extensão e a gravidade de danos celulares, uma
vez que é libertada para o sangue quando as células estão danificadas [68].
A GPT-(glutamato piruvato transaminase) ou (alanina aminotransferase ) - ALT
pertence ao grupo das transaminases, sendo uma enzima especifica do fígado cujo
aumento no sangue reflete seguramente dano hepático como por exemplo hepatite,
cirrose ou tumores hepáticos. Na maior parte dos tipos de doença hepática a atividade
da GPT é superior à da GOT; exceto no caso da hepatite alcoólica [68].
A GGT(gama glutamil transferase) é usada para o diagnóstico e monitorização de
doenças do fígado e do trato biliar. A atividade elevada desta enzima, geralmente em
isolamento, é um dos indicadores mais sensíveis da doença hepatobiliar. Esta é
também usada para a deteção de alcoolismo não declarado. Valores elevados são
também encontrados em doentes com medicação a longo prazo de fenobarbital e
fenitoina, por exemplo [68].
Este tipo de determinação é invulgarmente solicitada pelos utentes na FSFO,
muitas vezes por desconhecimento do seu valor e da sua importância, sendo pedida
em casos específicos de doentes que padeçam de alguma doença hepática.
Contudo não deixa de ser considerada uma mais valia para a farmácia.
O anexo 23 refere-se à ficha técnica à GPT, o 24 à GGT e o anexo 25 à
determinação da GOT. Ambos os anexos incluem informação relativa aos cuidados a
ter nas determinações, aos valores de referência e ao aconselhamento indicado para
cada situação.
2.8. Creatinina
A creatinina é o marcador mais importante da função renal, pelo facto de ser
produzida de forma constante pelos músculos e eliminada através dos rins pela urina,
é produzida a partir da creatina e da fosfocreatina, durante o metabolismo do músculo.
Na função renal normal, é eliminada pela filtração glomerular. A sua determinação é
usada no diagnóstico e monitorização de distúrbios renais crónicos e agudos, na
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
36
monitorização da diálise, tal como na monitorização de alguns fármacos como as
estatinas [69].
Este tipo de determinação é também pouco solicitado na FSFO, uma vez que, tal
como descrito se intitula como uma determinação com alguma especificidade e
desconhecida pela maioria dos utentes. Não obstante é de salientar a sua importância
na monitorização de utentes que façam terapia com estatinas, uma vez que o seu
consumo está associado a níveis elevados de creatinina [70].
2.9. Hemoglobina
A Hemoglobina é uma metaloproteína constituída por ferro que está presente nos
eritrócitos, esta é responsável pelo transporte de oxigénio no sangue, desde os
pulmões até aos tecidos, transportando também dióxido de carbono dos tecidos para
os pulmões. A sua determinação tem-se tornado importante no diagnóstico de
possíveis anemias, na monitorização de algumas patologias e ainda em casos
pontuais de despiste de certas anomalias sanguíneas [71].
2.10. Hemoglobina glicada
O doseamento da hemoglobina glicada, também chamada de hemoglobina
glicosilada, hemoglobina A1c ou simplesmente HbA1c, é um exame de sangue muito
utilizado para o acompanhamento dos utentes diabéticos, por ser uma forma eficaz de
avaliar os níveis médios da glicose sanguínea nos últimos 2 ou 3 meses, uma vez que
o tempo de semi vida do eritrócito é de 120 dias. A hemoglobina glicada também pode
ser utilizada para o diagnóstico de diabetes, apesar da glicemia em jejum ainda ser o
exame mais utilizado para esse fim. Esta monitorização tem-se mostrado fulcral, dado
que níveis glicêmicos persistentemente elevados de glicose desencadeiam danos para
o organismo e o descontrolo prolongado resultar em complicações graves, muitas
vezes associado a danos em diversos tecidos, perda da função normal e falência de
vários órgãos [72].
Este tipo de determinação tem vindo a ser mais divulgado e pedido pelos
profissionais de saúde, no entanto ainda não se tornou prática clinica em farmácias.
Uma das principais vantagens é controlar o nível de glicose em 120 dias, o que já não
acontece com a glicose determinada por punção capilar.
2.11. Cessação tabágica
Sendo o hábito tabágico um problema de saúde mundial, a cessação tabágica
constitui uma das vertentes fundamentais para o controlo desta epidemia, cabendo ao
farmacêutico a consciencialização dos seus utentes para esta que é uma das maiores
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
37
ameaças à saúde evitáveis A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que o
consumo de tabaco seja causa maioritária de morte prematura, de cerca de 6 milhões
de pessoas por ano [73].
Esta campanha tem um objetivo informativo de caracter preventivo para os utentes da
FSFO relativamente aos riscos do consumo de tabaco e aos benefícios da cessação
tabágica, tal como avaliar e promover programas de prevenção personalizáveis à
imagem de cada utente.
Este tipo de campanha está neste momento em suspenso, no entanto a FSFO
pretende num futuro próximo começar por implementar este serviço de modo corrente
e de forma a dar resposta a este problema emergente de saúde pública.
2.12. Administração de vacinas
Segundo a Deliberação do Conselho Directivo do Infarmed (nº 139/CD/2010 e nº
145/CD/2010), “a administração de vacinas nas farmácias é da responsabilidade do
farmacêutico, executada apenas por farmacêuticos com formação adequada
reconhecida pela Ordem dos Farmacêuticos. A administração de vacinas não incluídas
no Plano Nacional de Vacinação é um dos serviços de promoção da saúde prestados
na FSFO, com custo associado. Este serviço tem-se tornado um meio de aproximação
farmacêutico utente, atribuindo-lhe sentido de responsabilidade e valor profissional
[74].
2.13. Pensos e Feridas
A área de pensos e feridas é também uma das responsabilidades dos
farmacêuticos enquanto promotores de saúde pública. Esta temática está associada a
uma formação constante uma vez que implica uma revisão de conteúdos e conceitos
contínua.
É de ressalvar que o gabinete de apoio ao utente possui todo o material
necessário para o efeito, sendo também atribuído um valor consoante os casos.
Neste tipo de abordagem e serviço farmacêutico é necessário salvaguardar a
segurança do utente e do farmacêutico, devendo por isso haver um rigor mais
acentuado nesta prática. Caso não se consiga oferecer um serviço capaz de promover
o bem-estar do utente este deve ser dirigido a um especialista.
2.14. Determinação de perímetro abdominal, índice de massa corporal e
consulta de nutrição
Tendo em conta o crescente aumento da obesidade em Portugal e sendo este um
problema de saúde pública, cabe ao farmacêutico a promoção de um estilo de vida
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
38
saudável e capaz de diminuir a morbilidade associada. Neste sentido a FSFO tentou
proporcionar aos seus utentes a possibilidade de ter acesso a consultas de nutrição,
como resposta à crescente preocupação sentida com esta temática. Para isso todas
as quintas-feiras da parte da tarde, o gabinete de apoio ao utente da FSFO estava
reservado para consultas com a nutricionista do programa DIETA EASYSLIM®, que
adequa o plano a cada utente proporcionado um acompanhamento coerente e
individualizado de forma a conseguir alcançar objetivos realistas e que se possam
manter posteriormente [75].
Nestas consultas é possível determinar vários parâmetros imprescindíveis para a
avaliação do utente, sendo da responsabilidade do nutricionista esta determinação,
caso este pretenda iniciar o programa.
Caso o utente pretenda apenas uma avaliação a fim de tomar conhecimento dos seus
valores, poderá efetuar medições de vários parâmetros, como o perímetro abdominais,
peso, índice de massa corporal, índice de massa gorda e magra, gordura visceral,
entre outras, recorrendo a um aparelho denominado Tanita®.
É importante referir que muitos dos dados recolhidos nestas determinações podem ser
fulcrais na avaliação do risco cardiovascular, como por exemplo, a determinação de
perímetro abdominal, muito associado a doenças cardiovasculares, sendo por isso
imprescindível a avaliação por parte do farmacêutico a fim de incentivar o utente na
alteração do estilo de vida, adotando um estilo de vida mais saudável e correto.
2.15. Ácido Úrico
O ácido úrico é uma substância produzida pelo fígado após metabolização das
purinas, presentes em diversos tipos de alimentos, principalmente nos de origem
animal. Cerca de 40% das purinas são obtidas pela dieta e 60% produzidas pelo
próprio organismo. A determinação do ácido úrico é usada para o diagnóstico e
monitorização de vários distúrbios renais e metabólicos, como a insuficiência renal,
gota, leucemia, psoríase, situações de jejum ou outras doenças com distúrbios
nutricionais, assim como em doentes tratados com antineoplásicos [76].
Este tipo de determinação era muitas vezes solicitada de forma autónoma pelos
utentes da FSFO, o que era uma mais valia quer para o utente como para o
farmacêutico pois permitia um maior contacto entre ambos e um maior controlo do
próprio utente.
3. Considerações finais
Considero que a elaboração das fichas técnicas foram uma mais-valia para as
farmácias do grupo Sacoor, uma vez que possibilitou a existência de um documento
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
39
capaz de resumir todos os serviços disponibilizados pelo grupo. Este documento tinha
como objetivo primordial, tornar a prática uniforme, capacitar o profissional para a
determinação dos parâmetros, esclarecer as dúvidas dos profissionais quer dos dos
utentes e assegurar a eficácia/excelência dos serviços.
É evidente a importância do estabelecimento do contacto com o utente, bem como
a determinação de parâmetros biológicos no sentido de perceber as suas dúvidas,
incentivar a terapêutica, caso esteja a realizar alguma, e sempre que possível
incentivar estilos de vida saudáveis, para que o bem-estar do utente seja o lema de
todos os atendimentos.
Torna-se também importante reconhecer o valor do farmacêutico tornando-o um
meio de promoção para a saúde.
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
40
Caso de estudo 3: A importância do marketing farmacêutico
O marketing e a publicidade são, cada vez mais, pontos chave e de
importância crescente na as empresas, o que não é exceção no setor farmacêutico,
uma vez que este inclui uma vertente comercial inerente e indissociável. As
campanhas publicitárias têm, primariamente, a função de captar a atenção do utente,
tentando deste modo que este se dirija à farmácia. A FSFO possui uma empresa de
marketing, consultoria e gestão que inclui farmacêuticos responsáveis pela gestão do
marketing da farmácia, a NP Gestão e Consultoria.
O marketing em ambiente de farmácia comunitária tem como objetivo
primordial a comunicação e a informação captativa dirigida ao utente. De modo a
assegurar um interesse exponencial do utente pela farmácia, a FSFO valoriza a
inovação e a individualidade dos seus espaços físicos, tornando-os fieis à imagem da
empresa, garantindo a uniformidade do grupo SACOOR.
Não só a nível do espaço, mas também a nível do medicamento e de outros
produtos farmacêuticos é feito um esfoço constante de organização de lineares,
campanhas publicitárias e promocionais, de modo a reter a atenção do utente para
produtos com interesse comercial para a farmácia, não só para produtos com prazo de
validade curto, mas também no que diz respeito a produtos sazonais.
Deste modo foi-me proposto uma visita à NP Gestão e Consultoria, para que pudesse
reter e perceber melhor o conceito e as atividades realizadas por parte do setor de
marketing, sendo esta uma das vertentes que tem vindo a ser implementada, com
maior grau de inovação, e com importância comercial para as farmácias. Durante esta
visita pude criar uma das publicações feita no Facebook® da farmácia (anexo 38), de
uma das campanhas publicitárias de verão, esta plataforma tem-se declarado, do
mesmo modo, vantajosa uma vez que aumenta o alcance da publicidade de forma
gratuita e com um grande impacto.
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
41
Bibliografia
[1] Ministério da Saúde. Decreto de Lei nº 307/2007, de 31 de Agosto: Regime jurídico
das farmácias. Diário da República nº 168/2007, Série I de 2007-08-31
[2] Conselho Nacional da Qualidade da Ordem dos Farmacêuticos, Boas Práticas
Farmacêuticas para Farmácia Comunitária (2009). Acessível em:
http://www.ordemfarmaceuticos.pt/xFiles/scContentDeployer_pt/docs/Doc3082.pdf
[acedido a 4 de maio de 2017].
[3] Regras de prescrição de medicamentos, Ministério da Saúde. Portaria n.º 137-A
2012, de 11 de Maio. Sect. I, n.º 92, (2012).
[4] Despacho n.º 15700/2012, de 30 de novembro. Aprova os modelos de receita
médica, no âmbito da regulamentação da Portaria n.º 137-A/2012, de 11 de maio.
[5] Infarmed: Despacho n.º 15700/2012, de 30 de novembro- Aprova os modelos de
receita médica, no âmbito da regulamentação da Portaria n.º 137-A/2012, de 11 de
maio.
[6] Ministério da saúde : Receita sem papel. Acessível em Monitorização do Mercado.
Acessível em: http://spms.min-saude.pt/product/receita-sem-papel/ [acedido em 14 de
abril de 2017]
[7] Infarmed: Decreto-Lei n.º 48-A/2010, de 13 de maio- Procede à criação do Sistema
Nacional de Avaliação de Tecnologias de Saúde.
[8] Sistema de preços de referência para efeitos de comparticipação pelo Estado no
preço dos medicamentos. Decreto-Lei n.º 270/2002, de 2 de Dezembro.
[9] Decreto-Lei n.º 106-A/2010, de 1 de Outubro. Adota medidas mais justas no acesso
aos medicamentos, combate à fraude e ao abuso na comparticipação de
medicamentos e de racionalização da política do medicamento no âmbito do Serviço
Nacional de Saúde (SNS).
[10] Regime geral das comparticipações do Estado no preço dos medicamentos.
Decreto-Lei n.º 103/2013, de 26 de julho.
[11] Estatuto do Medicamento. Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de Agosto.
[12] Portaria n.º 594/2004, de 2 de Junho. Aprova as boas práticas a observar na
preparação de medicamentos manipulados em farmácia de oficina e hospitalar.
[13] Decreto-Lei nº 106-A/2010, de 1 de outubro 2010. Adota medidas mais justas no
acesso aos medicamentos, combate à fraude e ao abuso na comparticipação de
medicamentos e de racionalização da política do medicamento no âmbito do Serviço
Nacional de Saúde (SNS) e altera os Decretos-Leis nº 176/2006, de 30 de Agosto,
242-B/2006, de 29 de Dezembro, 65/2007, de 14 de Março, e 48-A/2010, de 13 de
Maio.
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
42
[14]NHS,Diabetes–Overview.Disponível em:
http://www.nhs.uk/Conditions/Diabetestype2/Pages/Introduction.aspx. [acedido a 23 de
abril de 2017].
[15] Ordem dos Farmacêuticos: Circular Informativa nº 166/CD/100.20.200- Infarmed
harmoniza procedimentos para registo de psicotrópicos e estupefacientes
[16] Regime jurídico do tráfico e consumo de estupefacientes e psicotrópicos. Decreto-
Lei n.º 15/93, de 22 de janeiro 1993.
[17] Decreto Regulamentar n.º 28/2009, de 12 de outubro 2009. Procede à terceira
alteração ao Decreto Regulamentar n.º 61/94, de 12 de Outubro, que veio proceder à
regulamentação do Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de Janeiro, relativo ao controlo do
tráfico ilícito de estupefacientes, de substâncias psicotrópicas e dos precursores e
outros produtos químicos essenciais ao fabrico de droga.
[18] Ordem dos Farmacêuticos: Circular Informativa nº 166/CD/100.20.200- Infarmed
harmoniza procedimentos para registo de psicotrópicos e estupefacientes
[19] Ministério da Agricultura do Desenvolvimento Rural e das Pescas, “Decreto-Lei n.º
148/2008 de 29 de julho,” Diário da República, 1.ª série, n.º 145, pp. 5048 – 5095.
[20] Regras a que devem obedecer a investigação, o fabrico, a comercialização, a
entrada em serviço, a vigilância e a publicidade dos dispositivos médicos e respetivos
acessórios. Decreto-Lei nº 145/2009, de 17 de junho.
[21]Infarmed.Disponívelem: http://www.infarmed.pt/web/infarmed/entidades/cosmeticos
[Acedido em 10 de maio de 2017
[22] Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas. Decreto-Lei n.º
136/2003, de 28 de junho.
[23]Infarmed:Disponívelem:http://www.infarmed.pt/web/infarmed/entidades/medicamen
tos-uso-humano/autorizacao-de-introducao-no-mercado/medicamentos-homeopaticos,
[acedido a 30 Maio 2017]
[24] Regime geral dos géneros alimentícios destinados a alimentação especial.
Decreto- Lei 74/2010, de 21 de junho.
[25] Santos, H.J., et al., Boas Práticas Farmacêuticas para a Farmácia Comunitária
(BFP); 3.ª edição; Conselho Nacional da Qualidade, Ordem dos Farmacêuticos. 2009.
Boas Práticas Farmacêuticas
[26] Infarmed: Portaria 1429/2007, de 2 de Novembro - Define os serviços
farmacêuticos que podem ser prestados pelas farmácias.
[27] Regulamento de Execução (UE) N.o 520/2012 da Comissão de 19 de junho de
2012 relativo à realização das atividades de farmacovigilância previstas no
Regulamento (CE) nº 726/2004 do Parlamento Europeu e do Conselho e na Diretiva
2001/83/CE do Parlamento Europeu e do Conselho.
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
43
[28] Portal de perguntas frequentes do INFARMED sobre Farmacovigilância. Acessível
em:http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/PERGUNTAS_FREQUENTE
S/MEDICAMENTOS_USO_HUMANO/MUH_FARMACOVIGILANCIA#P. [acedido a 8
de junho de 2017].
[29]Valormed: Disponível em http://valormed.pt/pt/conteudos/conteudo/id/5 [Acedido
em 4 de Maio de 2017]
[30]Fundação Portuguesa de Cardiologia Fatores de risco, Disponível em
:http://www.fpcardiologia.pt/saude-do-coracao/factores-de-risco/ [acedido a 14 junho
de 2017]
[31]Gomes Ribeiro, A, Cotta M, Minardi R, & Rocha Ribeiro, S M. (2012). A Promoção
da Saúde e a Prevenção Integrada dos Fatores de Risco para Doenças
Cardiovasculares. Revista Ciência & Saúde Coletiva, 17:1.
[32]Direção Geral de Saúde. Doenças cérebro e cardiovasculares em
números.Disponível em: https://www.dgs.pt/em-destaque/portugal-doencas-cerebro-
cardiovasculares-em-numeros-201511.aspx [acedido a 3 junho 2017]
[33] Candido R, Srivastava P, Cooper M E, & Burrell, L. M. (2003). Diabetes mellitus: a
cardiovascular disease. Current opinion in investigational drugs (London, England:
2000), 4(9): 1088-1094.
[34] De Ferranti, S D., De Boer, I H, Fonseca, V, Fox, C S., Golden, S H, Lavie, C J
Zinman, B. (2014). Type 1 diabetes mellitus and cardiovascular
disease.Circulation,130(13):1110-1130.
[35] American Heart Association: Cardiovascular disease and Diabetes.Disponível em:
http://www.heart.org/HEARTORG/Conditions/More/Diabetes/WhyDiabetesMatters/Car
diovascular-Disease-Diabetes_UCM_313865_Article.jsp [acedido em 7 junho 2017]
[36] Berry, J, Keebler, M E, & McGuire, D K (2004). Diabetes mellitus and
cardiovascular disease. Herz, 29(5):456-462.
[37] Lavie, C J., Milani, R V, & Ventura, H O (2009). Obesity and cardiovascular
disease. Journal of the American College of Cardiology, 53(21):1925-1932.
[38] Ne, J Y. A, Cai, T Y, Celermajer, D S., Caterson, I D, Gill, T, Lee, C M, and Skilton,
M R (2017). Obesity, arterial function and arterial structure–a systematic review and
meta‐analysis. Obesity Science & Practice.
[39] Groner, J A, Huang, H, Joshi, M S, Eastman, N, Nicholson, L., and Bauer, J A
(2017). Secondhand Smoke Exposure and Preclinical Markers of Cardiovascular Risk
in Toddlers. The Journal of Pediatrics.
[40] on Smoking, O, and Centers for Disease Control and Prevention. (2010).
Cardiovascular Diseases.
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
44
[41] Direção Geral de Saúde. Portugal Prevenção e Controlo do Tabagismo em
Números – 2014. Disponível em:https://www.dgs.pt/estatisticas-de-saude/estatisticas-
de saude/publicacoes/portugal-prevencao-e-controlo-do-tabagismo-em-numeros-
2014.aspx [acedido a 7 junho 2017]
[42] Padwal, R, Straus, S E, & McAlister, F. A. (2001). Evidence based management of
hypertension: cardiovascular risk factors and their effects on the decision to treat
hypertension: evidence based review. BMJ: British Medical Journal, 322(7292):977.
[43] Franklin, S S, & Wong, N D (2013). Hypertension and cardiovascular disease:
contributions of the Framingham Heart Study. Global heart, 8(1): 49-57.
[44] Sowers, J R, Epstein, M, & Frohlich, E D (2001). Diabetes, hypertension, and
cardiovascular disease. Hypertension, 37(4):1053-1059.
[45] Djoussé, L, Lee, I M, Buring, J E., & Gaziano, J M (2009). Alcohol consumption
and risk of cardiovascular disease and death in women. Circulation, 120(3):237-244.
[46] Howie, E K, Sui, X, Lee, D C, Hooker, S P, Hébert, J R, and Blair, S N (2011).
Alcohol consumption and risk of all-cause and cardiovascular disease mortality in
men. Journal of aging research, 2011.
[47] Félix-Redondo, F J, Grau, M, and Fernández-Bergés, D (2013). Cholesterol and
cardiovascular disease in the elderly. Facts and gaps. Aging and disease, 4(3):154.
[48] Sniderman, A D, Williams, K, Contois, J H, Monroe, H M, McQueen, M J, de Graaf,
J., & Furberg, C. D. (2011). A meta-analysis of low-density lipoprotein cholesterol, non-
high-density lipoprotein cholesterol, and apolipoprotein B as markers of cardiovascular
risk. Circulation: Cardiovascular Quality and Outcomes,110.
[49] Brugts, J J, Yetgin, T, Hoeks, S E, Gotto, A M, Shepherd, J, Westendorp, R G J,
and van Domburg, R (2009). The benefits of statins in people without established
cardiovascular disease but with cardiovascular risk factors: meta-analysis of
randomised controlled trials. Bmj;338, b2376.
[50] Sarwar, N, Danesh, J, Eiriksdottir, G, Sigurdsson, G, Wareham, N, Bingham, S,&
Gudnason, V (2007). Triglycerides and the risk of coronary heart
disease.Circulation,115(4): 450-458.
[51] Bansal, .S, Buring, J E, Rifai, N, Mora, S, Sacks, F M, & Ridker, P M. (2007).
Fasting compared with nonfasting triglycerides and risk of cardiovascular events in
women.Jama,298(3): 309-316.
[52] Nordestgaard, B G, & Varbo, A (2014) Triglycerides and cardiovascular
disease.The Lancet,384(9943):626-635.
[53] Remick, J, Weintraub, H, Setton, R, Offenbacher, J, Fisher, E, and Schwartzbard,
A. (2008). Fibrate therapy: an update. Cardiology in review, 16(3):129-141.
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
45
[54] Sociedade Portuguesa de Aterosclerose. Recomendações Portuguesa para a
prevenção primária e secundária da aterosclerose da Sociedade Portuguesa de
Aterosclerose, Lisboa, 2009.
[55] Direção Geral de Saúde. Norma nº 005/2013 de 19 de março de 2013. Avaliação
do Risco Cardiovascular SCORE (Systematic Coronary Risk Evaluation).
[56] Conroy, R, Pyörälä, K, Fitzgerald, A E, Sans, S, Menotti, A, De Backer, G., and
Njølstad, I (2003). Estimation of ten-year risk of fatal cardiovascular disease in Europe:
the SCORE project. European heart journal, 24(11:, 987-1003.
[57] D’Agostino, R B, Vasan, R S, Pencina, M J, Wolf, P A, Cobain, M, Massaro, J M, &
Kannel, W B (2008) General cardiovascular risk profile for use in primary
care.Circulation,117(6):743-753.
[58] Smith, C C, Bernstein, L I, Davis, R B, Rind, D M, & Shmerling, R H (2003)
Screening for statin-related toxicity: the yield of transaminase and creatine kinase
measurements in a primary care setting. Archives of Internal Medicine, 163(6):688-692.
[59] Ibañez, J. e Caelles, N. (2010). Por qué la gestión en el marco sanitário. Misión y
valores en una farmácia. Qué es un servicio cognitivo?. In: “Módulo 1 – Curso de
implantación y gestión servicios profesionales en farmacia comunitaria.”. Madrid,
SEFAC, :1-27.
[60] Gregório, J (2011). Análise de cenários para o planeamento de recursos humanos
da saúde: o farmacêutico comunitário em Portugal, 2020.
[61] Decreto lei n.º 307/2007, de 31 de Agosto: Regime jurídico das farmácias de
oficina, estabelece um quadro global e de enquadramento do sector.
[62]Por data: Óbitos de residentes em Portugal por algumas causas de morte:
disponívelem:http://www.pordata.pt/Portugal/%C3%93bitos+de+residentes+em+Portug
al+por+algumas+causas+de+morte-156.[acedido a 3 julho de 2017]
[63] Félix-Redondo, F J, Grau, M, & Fernández-Bergés, D (2013). Cholesterol and
cardiovascular disease in the elderly. Facts and gaps. Aging and disease, 4(3), 154.-
[64] Shirazi, A H (2007). International Normalized Ratio (INR). Gomal Journal of
Medical Sciences, 5(1).
[65] Regeniter, A, Haenni, V, Risch, L, Kochli, H P, Colombo, J P, Frei, R, & Huber, A.
R. (2001). Urine analysis performed by flow cytometry: reference range determination
and comparison to morphological findings, dipstick chemistry and bacterial culture
results-a multicenter study. Clinical nephrology, 55(5): 384-392.
[66] Ministério da Saúde. Exame beta hCG- diagnóstico de gravidez. Disponível em:
http://www.mdsaude.com/2013/10/beta-hcg.html.[ Acedido a 23 junho de 2017]
[67] Ramsey, M (1979). Noninvasive automatic determination of mean arterial
pressure. Medical and Biological Engineering and Computing, 17(1): 11-18.
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
46
[68] Burch, H B, Lowry, O H, Kuhlman, A M, Skerjance, J, Diamant, E J, Lowry, S R,
and Von Dippe, P (1963). Changes in patterns of enzymes of carbohydrate metabolism
in the developing rat liver. Journal of Biological Chemistry, 238(7): 2267-2273.
[69] Burmeister, C P N (2007). Creatinina plasmática normal significa função renal
normal Does normal serum creatinine means normal renal function. Revista da
AMRIGS, 51(2):114-120.
[70] Phillips, P S, Haas, R H, Bannykh, S, Hathaway, S, Gray, N L, Kimura, B J, and
England, J. D. (2002). Statin-associated myopathy with normal creatine kinase levels.
Annals of internal medicine, 137(7): 581-585.
[71] Adair, G S (1925) The hemoglobin system VI. The oxygen dissociation curve of
hemoglobin. Journal of Biological Chemistry, 63(2):529-545.
[72] Sumita, N M, and Andriolo, A (2008). Importância da hemoglobina glicada no
controle do diabetes mellitus e na avaliação de risco das complicações crônicas.
Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial.
[73] World Health Organization. Report on the global tobacco epidemic. The MPOWER
package. Geneva: WHO, 2008
[74] Decreto lei nº 139/CD/2010 e nº 145/CD/2010 de 21 outubro aprova a
administração de vacinas e medicamentos injectáveis em farmácia comunitária.
[75] Dieta easy-slim. Disponível em: https://www.dietaeasyslim.com/. [acedido a 5 julho
de 2017]
[76] Martinon, F., Pétrilli, V., Mayor, A., Tardivel, A., & Tschopp, J. (2006). Gout-
associated uric acid crystals activate the NALP3 inflammasome. Nature, 440(7081),
237.
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
47
ANEXOS
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
48
Anexo 1: Percentagem de óbitos pelas principais causas de morte no total das causas
de morte em Portugal
Anexo 2: Efeitos adversos da obesidade (adaptado de 38)
Efeitos adversos da obesidade
Aumento da resistência à insulina Intolerância à glicose
Síndrome metabólico
DM2
Hipertensão
Dislipidemia
Colesterol Total, LDL, não HDL Elevados
Triglicerídeos elevados
Aumento de apolipoproteína-B
Decréscimo de Colesterol-HDL
Diminuição de Apo-A1
Geometria anormal do ventrículo esquerdo Hipertrofia ventricular
Disfunção endotelial
Aumento do estado inflamatório e protrombótico
Disfunção sistólica e diastólica
Falha cardíaca
Fibrilação atrial
Apneia do sono
Albuminúria
Osteoartrite
Cancro
Anexo 3: Mecanismo do dano vascular e do miocárdio na obesidade (adaptado de 38)
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
49
Anexo 4: Indicadores de mortalidade relativos a doenças isquémicas do coração
(todas as idades, < 65 anos e ≥ 65 anos), por sexo, em Portugal Continental (2008 a
2012
Obesidade
Resistência à
leptina
Hiperleptinemia
Resistência à
insulina
DM2
Hipertensão
Dano vascular e
do miocárdio
SNC
SNP
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
50
Anexo 5: Documento de registo de determinações no rastreio de triglicerídeos
Anexo 6: Relatório de avaliação de risco cardiovascular
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
53
Anexo 7: Ficha técnica - Procedimento de URYSIS
Anexo 8: Ficha técnica- Procedimento Glucocard:
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
54
Anexo 9: Ficha Técnica – Coaguchek XS
Anexo 10: Ficha técnica- Procedimento Tensiómetro
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
55
Anexo 12: Ficha técnica- Procedimento I-CHROMA Anexo 11: Ficha técnica- Procedimento Tanita
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
56
Anexo 13: Ficha técnica- Procedimento Reflotron Anexo 14: Ficha técnica- Determinação da glicose
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
57
Anexo 15: Ficha técnica- Determinação da Colesterol Total Anexo 16: Ficha técnica- Determinação da Colesterol-LDL eHDL
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
58
Anexo 17: Ficha técnica- Determinação de triglicerídeos Anexo 18: Ficha técnica- Indicações alimentares
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
59
Anexo 19: Ficha técnica- Determinação de INR Anexo 20: Ficha técnica- Análise à urina
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
60
Anexo 21: Ficha técnica-Teste de Gravidez
Anexo 22: Ficha técnica- Determinação de Pressão Arterial
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
61
Anexo 23: Ficha técnica- Determinação de GPT Anexo 24: Ficha técnica- Determinação de GGT
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
62
Anexo 25: Ficha técnica- Determinação de GOT Anexo 26: Ficha técnica- Determinação de creatinina
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
63
Anexo 27: Ficha técnica- Determinação da Hemoglobina Anexo 28: Ficha técnica- Determinação da Hemoglobina Glicada
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
64
Anexo 30: Ficha técnica- Cessação tabágica: tabelas de orientação Anexo 29: Ficha técnica- Cessação Tabágica
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
65
Anexo 31: Ficha técnica- Administração de Vacinas e injetáveis Anexo 32: Ficha técnica- Procedimentos Pensos e Feridas
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
66
Anexo 33: Ficha técnica-Determinação de IMC Anexo 34: Ficha técnica- Determinação do Ácido Úrico
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
67
Anexo 35: Ficha técnica- Determinação do Perímetro Abdominal Anexo 36: Ficha técnica- Aconselhamento de obesidade
Relatório de Estágio Farmácia Comunitária Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
68
Anexo 38: Anúncio efetuado na rede Social Facebook ®: campanha de solares Anexo 37: Ficha técnica- Determinação de Ácido úrico
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas
Relatório de Estágio Profissionalizante
ULSNE: Unidade Local de Bragança
maio de 2017 a julho de 2017
Catarina Toledo Paula
Orientador : Dr.(a) Maria Angela Gonçalves Rocha Aragão
_____________________
Setembro 2017
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
Declaração de Integridade
Eu, _______________________________________________, abaixo assinado, nº
__________, aluno do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade
de Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na
elaboração deste documento.
Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo
por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele).
Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a
outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso
colocado a citação da fonte bibliográfica.
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________ de
______
Assinatura: ______________________________________
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
Agradecimentos
Em primeiro lugar gostaria de agradecer à Faculdade de Farmácia da
Universidade do Porto e à comissão de estágios, por todo o trabalho realizado em prol
da nossa formação.
Em particular, e para a realização deste relatório, tenho a agradecer à Professora
Helena Vasconcelos, pela disponibilidade demonstrada ao longo da realização do
relatório.
Gostaria ainda de agradecer aos Serviços Farmacêuticos da ULSNE de
Bragança pela oportunidade e pelos excelentes profissionais que abarca.
À Doutora Ângela pelo empenho notório, pelo apoio incondicional, pela simpatia
e delicadeza.
À equipa de técnicos que sempre me ajudou em todos os momentos e que
sempre me esclareceu as dúvidas.
À Dona Lurdes pela amabilidade e pela disponibilidade garantida.
Aos meus, porque sem eles nada seria igual.
Índice
Abreviaturas ................................................................................................................................... I
Índice de Anexos .......................................................................................................................... II
Resumo ......................................................................................................................................... III
Introdução .................................................................................................................................... 1
1. Organização da unidade Local de Saúde do Nordeste ............................................................... 1
1.1 Serviços Farmacêuticos da Unidade Local do Nordeste ......................................................... 1
1.2. Horário de funcionamento ........................................................................................ 1
1.3. Recursos humanos .................................................................................................... 2
1.4. Qualidade ...................................................................................................................... 2
1.5. Sistema informático ...................................................................................................... 2
2. Ciclo de medicamento ....................................................................................................... 2
2.1.Seleção ................................................................................................................................ 3
2.2. Aquisição de Estupefacientes e Psicotrópicos .............................................................. 4
2.3. Receção e conferência de produtos adquiridos ............................................................ 4
2.4. Armazenamento de produtos farmacêuticos ............................................................... 5
3. Sistemas de distribuição de medicamentos ...................................................................... 5
3.1. Distribuição clássica ...................................................................................................... 6
3.2. Sistema de Distribuição Individual Diária em Dose Unitária ......................................... 6
3.3. Reposição de stock por níveis ....................................................................................... 7
3.3.1. Armazéns de recurso ............................................................................................. 7
3.3.2. Carros de emergência ........................................................................................... 7
3.4. Distribuição semi-automática: pyxis ............................................................................. 8
3.5. Distribuição em regime de ambulatório ....................................................................... 9
3.6. Distribuição de medicamentos sujeitos a controlo especial ....................................... 10
3.6.1. Hemoderivados ................................................................................................... 10
3.6.2. Estupefacientes e psicotrópicos .......................................................................... 11
3.6.3. Estimulantes da eritropoiese .............................................................................. 11
4. Distribuição para agrupamentos de centros de saúde ................................................... 11
5. Devoluções ...................................................................................................................... 11
6. Validação da prescrição médica ...................................................................................... 12
7. Farmacotecnia: produção e controlo de medicamentos ................................................ 12
7.1. Unidade de reembalamento e fracionamento ................................................................ 12
7.2. Unidade de preparação de medicamentos não estéreis ................................................. 13
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
8. Comissões ........................................................................................................................ 14
8.1. Comissão de Farmácia e Terapêutica ............................................................................... 14
8.2. Comissão de controlo da infeção e resistência aos antimicrobianos .............................. 14
8.3. Comissão de ética ............................................................................................................. 15
9. Centro de informação do medicamento ......................................................................... 15
9.1. Informação sobre medicamentos e outras atividades de farmácia clinica ...................... 15
10. Farmacovigilância e monitorização da terapêutica .................................................... 16
10.1. Norma de medicamentos LASA ........................................................................... 16
10.2. Identificação de medicamentos potencialmente perigosos ............................... 17
11. Farmácia clínica ........................................................................................................... 17
12. Considerações finais .................................................................................................... 18
Bibliografia .................................................................................................................................. 19
I
Abreviaturas
AIM Autorização de Introdução no Mercado
AE Autorização Excecional
AO Assistentes Operacionais
AT Assistentes Técnicos
AUE Autorização de Utilização Excecional
CFTH Comissão de Farmácia e Terapêutica do
Hospital
CIM Centro de Informação e Medicamento
CNFT Comissão Nacional de Farmácia e
Terapêutica
DCI Denominação Comum Internacional
DT Diretora Técnica
EPE Empresa Publica Empresarial
FEFO First expired first out
FIFO First in first out
FNM Formulário Nacional do Medicamento
INFARMED Autoridade Nacional do Medicamento e
Produtos de Saúde
NE Nota de encomenda
RCM Resumo das Caraterísticas do
Medicamento
SDIDDU Sistema de Distribuição Individual Diária
em Dose Unitária
SF Serviços Farmacêuticos
ULSNE Unidade Local de Saúde do Nordeste,
E.P.E.
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
II
Índice de Anexos
Anexo 1: Organograma do Serviço de Farmácia Pág 23
Anexo 2. Impresso para a requisição de estupefacientes, psicotrópicos e benzodiazepinas.
Pág 24
Anexo 3. Modelo n.° 1804 – Impresso para a requisição, distribuição e administração de Hemoderivados.
Pág 25
Anexo 4. Autorização de Utilização Excecional. Pág 26
Anexo 5. Modelo n.° 1509 – Impresso para a requisição de estupefacientes, psicotrópicos e benzodiazepinas.
Pág 27
Anexo 6. Lista de medicamentos Sound-alike look-alike Pág.28
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
III
Resumo
A realização de um estágio curricular em diversas áreas profissionais é uma mais
valia para o aluno, não só porque possibilita um primeiro contacto com a realidade da
profissão de farmacêutico, mas também porque permite ao mesmo estabelecer noções
mais gerais acerca da atividade. Sendo assim, foi me possível realizar um estágio nos
serviços farmacêuticos da ULSNE- unidade local e saúde do Nordeste, sobre orientação
da Dª Luísa Fernandes, de modo a acompanhar todo o trabalho desenvolvido tal como
conhecer e perceber as tarefas adjacentes a um farmacêutico hospitalar e reconhecer
a sua relevância enquanto profissional de saúde.
Sendo um hospital uma equipa multidisciplinar, os farmacêuticos assumem uma ação
de elevada importância e relevância, uma vez que contribuem para uma aquisição
racional e uma boa gestão, que preparam e distribuem com rigor e segurança de forma
eficaz e que geram a informação de que o sistema carece.
O principal objetivo do farmacêutico é assegurar o processo terapêutico do
doente e promover o uso racional do medicamento. É de igual forma importante
ressalvar que existe uma vertente cientifica e pedagógica aliada à prática farmacêutica
o que lhe confere ainda mais qualificação.
A oportunidade de estabelecer uma ligação entre a teoria adquirida no decorrer do curso
e o mundo do trabalho é uma mais valia, uma vez que permite ao aluno aprofundar e
obter competências, tanto, cientificas como técnicas e deontológicas.
É importante assumir um papel multidisciplinar e de autonomia perante esta nova
realidade, que nos permite assumir um papel de responsabilidade no que diz respeito
ao reconhecimento do farmacêutico como papel fulcral no meio hospitalar, dotado de
competências na gestão, execução, validação e ensino.
Deste modo, o presente relatório tem como objetivo descrever todo o trabalho efetuado,
de modo sistemático, claro e conciso, as diversas áreas em que se insere a prática
farmacêutica.
1
Introdução
1. Organização da unidade Local de Saúde do Nordeste
A Unidade Local de Saúde Do Nordeste (ULSN), E.P.E., foi criada segundo o
Decreto-Lei n.º 67/2011, de 2 de junho, substituindo assim o Centro Hospitalar do
Nordeste, E.P.E. A criação da ULSN surge no seguimento de um processo a nível
nacional, iniciado em 1999 com a constituição da Unidade local e saúde de Matosinhos,
E.P.E. A ULSN é constituída pelos cuidados especializados através das Unidades
Hospitalares de Bragança, Macedo de Cavaleiros e Mirandela, e pelos cuidados
primários por todos os centros de saúde do distrito de Bragança.
O meu estágio decorreu nos serviços farmacêuticos da unidade hospitalar de
bragança composta por aproximadamente duzentas e sessenta camas, distribuídas
pelos respetivos serviços clínicos.
1.1 Serviços Farmacêuticos da Unidade Local do Nordeste
De acordo com o Decreto-Lei nº 44 204, de 2 de fevereiro de 1962, os serviços
farmacêuticos (SF) integram departamentos com autonomia técnica, sem prejuízo de
estarem sujeitos à orientação geral dos órgãos da administração, respondendo pelos
resultados do seu exercício [1].
O Farmacêutico Hospitalar (FH) é todo o farmacêutico que trabalha em ambiente
hospitalar representado pela Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares
(APFH), estando ainda inscrito na Ordem dos Farmacêuticos (OF) como membro
efetivo. O FH tem como funções: o desenvolvimento e preparação de diversas formas
farmacêuticas; aquisição, seleção, armazenamento, conservação e distribuição dos
medicamentos e dispositivos médicos de uso humano; interpretação e avaliação das
prescrições médicas; colaborar com todos os profissionais de saúde, promovendo o uso
seguro, eficaz e racional dos medicamentos; dispensar ao doente o medicamento
correspondente à prescrição médica ou exercer a escolha que melhor satisfaça a
relação benefício/risco e benefício/custo; deve, também, assegurar que em todas as
situações as boas práticas estejam garantidas [2].
1.2. Horário de funcionamento
Os serviços farmacêuticos encontram-se abertos de Segunda a Sexta-feira das
9h-00 Horas às 18h-00 Horas e sábado das 10h-00 às 16h-00 Horas, no entanto, aos
sábados, os serviços são assegurados por um Farmacêutico, um Técnico de
Diagnóstico e Terapêutica e um Auxiliar de Ação Médica. É de ressalvar que existe um
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
2
regime de prevenção caso surja a necessidade de algum medicamento, fora do horário
de funcionamento, sendo este regime assegurado por um Farmacêutico [3].
1.3. Recursos humanos
Segundo o exigido pela legislação em vigor, a direção dos SF está a cargo de
um farmacêutico hospitalar. Esse farmacêutico é nomeado pelo Conselho de
Administração do Hospital. Atualmente a direção clínica dos SF está sob
responsabilidade da Drª. Ângela Aragão que gere uma equipa de 8 farmacêuticos, 8
técnicos de diagnóstico e terapêutica (TDT) e 4 assistentes operacionais (AO).
Consultar o Anexo 1 do organograma dos SF da ULSNE.
Relativamente aos SF da Unidade Hospitalar de Bragança, a equipa multidisciplinar é
constituída por quatro farmacêuticos e quatro Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica
uma Assistente Técnica e dois Assistentes Operacionais.
1.4. Qualidade
A qualidade em saúde é um conceito que compreende um diverso leque de
propriedades que têm como objetivo primordial conferir eficácia na satisfação das
necessidades inerentes ao doente [4].
O sistema de garantia de qualidade tem como base procedimentos padronizados, que
visam o estabelecimento de uma uniformização, pois estes devem ser, documentados,
revistos e atualizados periodicamente. De forma a garantir essa mesma qualidade e de
modo a implementar uma politica de qualidade assente num acréscimo da satisfação
por parte do utente é possível encontrar o “Manual de qualidade” nos serviços
farmacêuticos. [4]
1.5. Sistema informático
Nos SF da ULSNE é usada a plataforma informática denominada SGIS
desenvolvida pela Glintt Healthcare solutions. A promoção da informatização tem sido
cada vez maior, uma vez que permite um aumento na segurança, reduzindo os erros de
medicação, tal como os riscos de interações medicamentosas, uma vez que a avaliação
farmacológica se encontra facilitada desta forma. Da mesma forma, com esta promoção,
foi também possível fazer um controlo maior e mais rigoroso do stock, facilitando assim
o uso racional do medicamento.
2. Ciclo de medicamento
O ciclo de vida do medicamento compreende várias etapas desde a sua seleção,
aquisição, armazenamento, distribuição e por ultimo a dispensa ao doente. De acordo
com o Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto, o medicamento é “toda a substância
ou composição que possua propriedades curativas ou preventivas das doenças e dos
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
3
seus sintomas, do homem ou do animal, com vista a estabelecer um diagnóstico médico
ou a restaurar, corrigir ou modificar as suas funções” [4]. Aos SF Hospitalares compete
a gestão de existências dos produtos farmacêuticos, incluindo etapas como a seleção,
aquisição e armazenamento, de modo a garantir a sua dispensa apropriada e o uso
correto dos mesmos, salvaguardando a racionalização e a diminuição de desperdícios
[4].
De modo a uniformizar a informação relativa aos medicamentos em meio hospitalar
foi criado o Código Hospitalar Nacional do Medicamento (CHNM), um código atribuído
pelo Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (INFARMED) a todos
os medicamentos com autorização de introdução no mercado (AIM) ou com autorização
de utilização especial (AUE), Anexo 2) que possibilita, que os hospitais, possam aceder
de forma automática a um conjunto de informações imprescindíveis para o bom
desempenho das suas funções [5,6].
2.1.Seleção
A seleção de medicamentos deve ter em conta o Formulário Nacional de
Medicamentos (FNM) assim como as necessidades terapêuticas dos doentes
integrantes do hospital. De acordo com o Despacho n.º 8333/2014, de 19 de junho, os
serviços que integram o Sistema Nacional de Saúde (SNS), como os SF hospitalares,
apenas podem adquirir medicamentos que constem no Formulário Nacional de
Medicamentos (FNM), o qual é estabelecido pela Comissão Nacional de Farmácia e
Terapêutica (CNFT), comissão técnica especializada e pelo INFARMED [4]. Segundo o
decreto-lei nº. 18/2008, a aquisição de medicamentos carece de obrigatoriedade de se
integrar no catálogo dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS). O SPMS
têm, deste modo, a missão de centralização das funções de compras, financeira de
recursos humanos do Ministério da Saúde, contribuindo também para a promoção da
eficácia da gestão de recursos. Deste modo esta entidade está encarregue de lançar
concursos públicos de aprovisionamento, com respetivos fornecedores ou serviços que
serão posteriormente adquiridos pelas entidades de saúde em causa. No caso de serem
medicamentos biológicos, ou caso a situação financeira o justifique, a obrigatoriedade
de aquisição consoante os acordos-quadro, é dispensada, consoante o previsto pela
circular normativa nº.1/2015 do SPMS. Se o medicamento não constar no SPMS é
possível adquiri-lo por ajuste direto, concurso público ou concurso público internacional.
Esta escolha estará condicionada ao valor do contrato. A seleção de medicamentos é
baseada em evidências clínicas, eficácia, segurança e qualidade, tendo em
consideração a relação custo/benefício [9]. Caso o hospital necessite de um
medicamento que não tenha Autorização de Introdução no Mercado (AIM) em Portugal,
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
4
pode fazer um pedido de autorização de utilização especial (AUE) ao INFARMED. O
hospital deve apresentar anualmente um pedido único de AUE por medicamento
pertencente ao FNM, para vigorar no ano seguinte. Este inclui o preenchimento de um
impresso próprio e uma justificação clinica (ver anexo VII). Após tomada de
conhecimento o INFARMED irá decidir a sua aprovação ou revogação do pedido. Um
outro tipo de autorização que necessita de distinção é a autorização excecional (AE),
que corresponde a uma autorização destinada a um medicamento detentor de AIM, de
uso exclusivo hospitalar, para que a autorização seja válida é necessária uma
justificação clínica, sendo que a autorização é individual e especifica para um doente. O
pedido de AE deve ser executado pelo médico responsável, onde devem constar:
diagnóstico, história clínica, nome e número do processo do doente. Numa segunda
etapa o pedido carece de aprovação por parte do INFARMED [10,11,12].
2.2. Aquisição de Estupefacientes e Psicotrópicos
No caso de medicação como estupefacientes, psicotrópicos ou
benzodiazepinas, os SF elaboram um pedido de compra, atendendo à média mensal de
consumos e aos stocks existentes, posteriormente, e tendo em conta a legislação
própria, a nota de encomenda, gerada original (NE) segue via correio, juntamente com
o Anexo VII da Portaria nº 981/98, de 8 de junho (Anexo 2) [13].
2.3. Receção e conferência de produtos adquiridos
Após as etapas de seleção e aquisição de um produto, segue-se a sua respetiva
receção e conferência. A receção de medicamentos e outros produtos farmacêuticos
está dividida em duas fases. Numa primeira abordagem compete ao TDT e ao AO
responsável verificar, aquando da receção da encomenda, o número de unidades
entregues, o seu estado de conservação, ou integridade, e se o local de destino
corresponde à ULSNE. Posteriormente, numa segunda fase, os prazos de validade são
conferidos, tal como o respetivo lote e as faturas. Durante este processo é necessário
priorizar os produtos de frio [16]. Se a encomenda se encontrar conforme, proceder-se-
á à assinatura e datação da guia de remessa ou fatura. No entanto, caso se verifique
alguma não conformidade a situação deve ser solucionada com o transportador [6].
Após confirmação da guia de remessa ou fatura, a informação do produto é introduzida
no programa informático por um assistente técnico (AT), sendo registados a quantidade,
o lote, o prazo de validade e o n.º de fatura ou guia de remessa. No final do processo o
produto passa a constar do stock dos SF [7].
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
5
2.4. Armazenamento de produtos farmacêuticos
O armazenamento adequado dos medicamentos é crucial para garantir a sua
qualidade, eficácia e segurança, devendo ter-se em conta as características destes, de
forma a garantir a sua conservação em condições adequadas de luminosidade,
temperatura e humidade. Com intuito de garantir uma dispensa correta e segura, os
medicamentos são organizados por ordem alfabética do seu princípio ativo, nas
respetivas áreas de armazenamento, de modo a diminuir possíveis erros na sua
identificação. Relativamente aos prazos de validade, estes, são verificados segundo
dois princípios fundamentais: “first expire first out” (FEFO) isto é, o medicamento com
prazo mais curto deve ser o primeiro a ser dispensado, e o “first in first out” (FIFO) que
indica que caso os medicamentos em causa tenham a mesma validade, o primeiro a ser
dispensado deverá ser o que se encontra à mais tempo nos SF. De modo a facilitar a
sua identificação, os medicamentos cujo prazo de validade se encontra a expirar, devem
ser identificados com uma etiqueta de cor amarela para que se torne mais fácil e seguro
o escoamento deste produto. Caso este não seja utilizado dentro do prazo esperado,
deverá ser retirado da prateleira, para que posteriormente seja devolvido ao fornecedor,
ou incinerado. [14] É de notar que alguns produtos farmacêuticos têm de ser
armazenados em áreas especificas. Toda a área de armazenamento é monitorada por
um sistema de parametrização registado, tanto da humidade, como da temperatura.
caso haja alguma anomalia o sistema aciona um alarme que transmite a informação à
farmacêutica de prevenção [15,16].
3. Sistemas de distribuição de medicamentos
A distribuição de medicamentos e de produtos farmacêuticos, por parte dos SF,
é uma das atividades com maior encargo e visibilidade a nível hospitalar, uma vez que
é nesta etapa que os SF exercem um maior contacto com os diferentes serviços clínicos.
Os principais objetivos da distribuição devem ser o cumprimento da prescrição médica,
a racionalização da distribuição e dos custos da terapêutica, a garantia da sua correta
administração e a diminuição do tempo desta. [4,16] Os SF da unidade hospitalar de
Bragança são responsáveis pela distribuição de medicamentos e dispositivos médicos
essencialmente a dois tipos de cuidados de saúde, aos Cuidados Primários de Saúde e
aos Cuidados Diferenciados. O processo de distribuição divide-se, sobretudo, em dois
grandes grupos, a Distribuição de Medicamentos a Doentes em Regime Ambulatório
(DMDRA) e Distribuição de Medicamentos a Doentes Admitidos (DMDA), sendo o
critério de distinção a admissão ou não à unidade hospitalar. A Distribuição
Individualizada subdivide-se, ainda, em Distribuição de Medicamentos em Dose Unitária
(DDU) e Distribuição Personalizada (DP), distinguem-se pelo tempo de permanência de
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
6
24 horas no caso da DDU ao contrário da DP que não pressupõe internamento nem
período de tempo pré-estabelecido. A DP é essencialmente utilizada para a dispensa
de medicamentos Psicotrópicos, Estupefacientes e Derivados do Plasma Humano. A
Distribuição não individualizada subdivide-se em Distribuição Tradicional (DT) e
Distribuição por Reposição de Nível (DRN), sendo distinguíveis pela existência de um
stock máximo e um stock mínimo. [17]
3.1. Distribuição clássica
É o sistema de distribuição mais antigo e entende-se pelo envio de uma
requisição em impresso próprio pelos serviços de enfermagem dos respetivos serviços
clínicos, aos SF. Uma vez que o envio dos medicamentos é feito para todo o serviço e
não é individualizado, reduz a especificidade ao doente, o que limita a intervenção
farmacêutica a nível da vigilância farmacoterapeutica. para além disso há formação de
stocks nos armários das enfermarias, o que poderá promover o uso inadequado dos
medicamentos, tal como erros de medicação e aumento dos desperdícios com
medicamentos. Todavia, com este sistema permite que os serviços clínicos tenham ao
seu dispor uma maior disponibilidade de medicamentos para administrar em situações
urgentes. A ULSNE tem um sistema de distribuição clássico otimizado de modo a
diminuir o desperdício, uma vez que estabelece previamente o stock que cada serviço
clinico deve ter [17].
3.2. Sistema de Distribuição Individual Diária em Dose Unitária
Este sistema de distribuição individual diário em dose unitária (SDIDDU) é
sobretudo um sistema personalizado contrariamente ao sistema de distribuição clássica.
Este tipo de distribuição aumenta a segurança no circuito do medicamento, permite um
melhor detalhe relativamente ao perfil farmacoterapêutico do utente e detetar mais
facilmente possíveis interações medicamentosas. No que diz respeito aos enfermeiros,
estes poderão disponibilizar mais tempo para os cuidados dos doentes e menos a
questões relacionadas com a gestão do medicamento. A nível da gestão da FH torna-
se possível uma melhor gestão de custos e consequentemente uma redução de
desperdícios. Neste sistema os medicamentos são dispensados por doente de modo a
salvaguardar as suas necessidades num período de 24 horas, no que diz respeito a dias
úteis, 48 horas em caso de feriado e ao fim-de-semana. Na unidade de Bragança este
sistema não abrange serviços como a urgência nem o bloco operatório. A prescrição
médica é enviada para os SF via eletrónica sendo posteriormente validada por u
farmacêutico, o que permite que haja um maior envolvimento e controlo por parte dos
farmacêuticos. A prescrição médica tem de vir identificada com o serviço ao qual o
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
7
doente pertence, o nome do utente, número do seu processo, número da cama, médico
prescritos, datação da prescrição, DCI do medicamento, forma farmacêutica, frequência
e via de administração e possíveis observações que possam ser relevantes como
alergias. Posteriormente ao envio da prescrição para os SF e a sua validação, há uma
emissão de um mapa por serviço clínico que segue para os TDT que deverão preparar
a medicação em gavetas devidamente identificadas com o serviço, nome do doente e a
sua respetiva cama, que estarão associadas a uma mala. Esta, de seguida, será
conferida pelos TDT e distribuídas pelos AO a cada um dos serviços correspondentes.
A Saída das malas é feita pelas 15 horas, no entanto no decorrer do dia vão saindo
alterações aos mapas de prescrição, estando os TDT responsáveis pela alteração da
medicação na respetiva gaveta. É de ressalvar que sempre que o AO entrega as malas
nos serviços clínicos, recolhe as que estavam lá e devolve-as aos SF, para que possam
fazer as da próxima recolha [4,17].
3.3. Reposição de stock por níveis
Este sistema de reposição de stocks surge como alternativa ao SDIDDU nos
casos em que este não permite a distribuição dos medicamentos aos doentes [4]. Neste
sistema de distribuição o stock de cada produto é acordado entre o enfermeiro chefe e
o farmacêutico, com conhecimento do diretor do serviço clínico e a diretora dos serviços
farmacêuticos. Uma vez estabelecido o número de unidades existentes de cada produto,
a reposição é feita periodicamente com períodos definidos, recorrendo a um sistema de
rotas. Todavia, os enfermeiros podem fazer pedidos eletrónicos adicionais, caso
prevejam gastos adicionais ou se houver rutura do stock. No final procede-se à respetiva
imputação de consumos por serviço clínico que posteriormente corresponderá a um
número de registo que será devidamente anotado e associado ao pedido [4].
3.3.1. Armazéns de recurso
Nas enfermarias de cada um dos serviços clínicos é possível localizar os
armários de recurso que contêm um determinada stock previamente definido. Esta
quantidade é definida de acordo com os consumos médios efetuados em cada um dos
serviços e atendendo ao tempo de reposição. Caso a medicação seja consumida, os
enfermeiros, recorrendo a um impresso próprio enviam para os SF as faltas, associando
ao doente a medicação em falta, para que possa ser efetuada a reposição.
3.3.2. Carros de emergência
O carro de emergência é uma estrutura móvel que inclui um conjunto de
equipamentos, fármacos e outros dispositivos médicos, indispensáveis à reanimação
cardiorrespiratória. A sua organização, e o seu conteúdo são ferramentas
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
8
indispensáveis para o sucesso da abordagem ao doente em estado grave, por este
motivo e segundo o Despacho nº 5414/2008, de 28 de Fevereiro os carros de
emergência devem existir em todas as salas de emergência de toos os serviços da
rede.[18] É de ressalvar que o conteúdo destes está uniformizado, sendo que a
organização dos fármacos e do material deverá ser adaptável às características do carro
de cada unidade de saúde/serviço, considerando que a facilidade e o acesso rápido são
uma prioridade, de modo a diminuir a probabilidade de erro. Os carros devem
permanecer selados até sua utilização, posteriormente a medicação deve ser reposta
após envio de uma requisição aos SF de reposição. Aos SF compete a responsabilidade
pela auditoria periódica dos e seus registos, com pré-aviso onde se faz o controlo dos
prazos de validade dos medicamentos, quantidade existente, estado físico e condições
de armazenamento. Após termino de auditoria deve ser garantida a colocação de um
novo selo, e a anotação do número do anterior quebrado. Durante o estágio foi me
possível acompanhar auditorias, aos carros de emergência dos serviços clínicos, de
psiquiatria, urgência-observação, urgência pediátrica e medicina intensiva.
3.4. Distribuição semi-automática: pyxis
De modo a garantir uma gestão automatizada da medicação, surge um sistema
semiautomático que permite estabelecer stocks mínimos e máximos para cada serviço
hospitalar, atendendo às suas características inerentes. Este sistema é constituído por
diferentes estações distribuídas pelos serviços desejados, no caso do centro hospitalar
de Bragança este encontra-se na Urgência e na unidade de cuidados intensivos,
estando os outros serviços assegurados com a distribuição tradicional, e por uma
estação central, ou consola, que se encontra no local da validação. Este sistema tem
vindo a ser associado a benefícios: operacionais uma vez que reduzem o tempo
despendido em tarefas administrativas por parte do pessoa de assistência, com o
consequente aumento da disponibilidade para prestação de cuidados diretos ao doente;
benefícios clínicos pois permite iniciar a terapia mais rapidamente, reduzindo o tempo
de espera para a primeira dose, assegura ainda a disponibilidade dos medicamentos na
unidade em que está inserida, incluindo fora do horário dos SF, minimiza os riscos desde
o inicio do processo de medicação, e limita o acesso a doses unitárias disponibilizando
informação acerca da administração e benefícios financeiros uma vez que permite uma
melhor otimização da gestão de custos, e uma redução de desperdícios, pois melhora
a racionalização de custos com redução de inventário imobilizado tal como uma
monitorização da utilização de medicamentos e produtos farmacêuticos. [19] Os Pyxis
® registam ainda todas as entradas e saídas na consola central disponibilizando
informação relevante sobre a administração dos fármacos [19sara]. Ele é composto por
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
9
três níveis de segurança: máxima, média e mínima. A segurança máxima, destina-se a
medicamentos que necessitem de um controlo rigoroso, como os estupefacientes e
psicotrópicos. Sendo apenas disponibilizado uma única unidade da substância
pretendida. Realçando, que neste caso a dispensa não requer o preenchimento do
Anexo X (Anexo 3), sendo esta a única exceção para esta classe. A segurança média,
corresponde a uma prateleira que é composta por diferentes cubies que apenas é aberta
se corresponder ao medicamento que se pretende dispensar. Dentro da segurança
média, existe ainda uma gaveta designada por carrossel, que se ocupa essencialmente
pelo armazenamento de ampolas. Na segurança mínima, encontra-se toda a medicação
que está ao dispor da equipa de enfermagem que faz o levantamento da medicação
prescrita.
3.5. Distribuição em regime de ambulatório
Segundo o Decreto-Lei n º 206/2000 de 1 de setembro a dispensa de
medicamentos pela FH foi aprovada, de modo a contrariar possíveis emergências que
pudessem comprometer a normal dispensa de medicamentos, com risco de haver
descontinuação da terapia, ou caso fosse necessário uma acessibilidade imediata ao
medicamento [20]. Este tipo de distribuição permite um maior controlo e vigilância
perante determinadas patologias e respetivas terapias, nomeadamente aquelas em que
possam ocorrer efeitos adversos, ou que necessitem especial atenção em assegurar a
adesão da terapêutica. Os medicamentos abrangidos pelo regime de ambulatório, são
comparticipados a 100% e são relativos a doenças como: doença renal crónica,
esclerose lateral amiotrófica, esclerose múltipla, Síndrome de Lennox-Gastaut,
paraplegias espásticas familiares e ataxias cerebelosas hereditárias, deficiência da
hormona do crescimento, acromegalia, doenças inflamatórias intestinais (Doença de
Crohn e colite ulcerosa), artrite reumatoide, espondilite anquilosante, artrite psoriática,
artrite idiopática juvenil e psoríase em placas, Hepatite C, Infeção pelo vírus da
imunodeficiência humana (VIH), Tuberculose, doenças oncológicas, cirurgia de
ambulatório, vacinação contra infeções por Streptococcus pneumoniae e grupos de
risco acrescido para doença invasiva pneumocócica (DIP) – em idade adulta ou
pediátrica. Para cada patologia enumerada existe um Decreto Lei que estabelece quais
os medicamentos a dispensar. [21] Atendendo ao Decreto Lei n.° 99/2003 de 27 de
agosto caso haja acidentes durante o horário laboral a dispensa de medicação em
regime de ambulatório está salvaguardada [22]. A distribuição em regime de ambulatório
deve ser feita por farmacêuticos hospitalares, devendo assegurar a privacidade do
doente com instalações com acesso exterior aos serviços farmacêuticos e
preferencialmente próximos dos locais de consultas. Segundo o Despacho nº
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
10
13382/2012, de 4 de outubro a dispensa tem de ser realizada por um sistema de
prescrição eletrónica, de modo a permitir a rastreabilidade da prescrição do doente,
reduzindo assim os erros na dispensa e aumentando a adesão à terapêutica. [23]
Quando o doente se desloca à unidade de ambulatório tem que de trazer a prescrição
eletrónica onde deve constar o nome, número de processo, número de utente,
especialidade médica e assinatura do médico prescritor. O medicamento vem
identificado por DCI, forma farmacêutica, posologia, via de administração e duração do
tratamento. Aquando do processo de dispensa o farmacêutico deverá questionar o
utente acerca da adesão à terapêutica, se este toma uma outra medicação que possa
ter interações com a dispensada, deve também detetar possíveis reações adversas e
se este segue o regime posológico pré-estabelecido [24,25]. Após validação da
prescrição, a medicação é dispensada, seguindo-se do seu registo informático de saída
do medicamento. O utente deve assinar o impresso como comprovativo de dispensa,
para isso deverá trazer consigo o documento de identificação, caso o utente não possa
fazer o levantamento, este poderá ser efetuado por qualquer cuidador, desde que seja
apresentada a devida identificação. Para que o processo esteja conforme o
farmacêutico deverá ainda proceder ao registo da quantidade dispensada, da validade
da prescrição médica e medicação e do lote. Na ULSNE, o ambulatório é constituído
por uma sala de espera e um balcão de atendimento, sendo o horário de funcionamento
das 9:00H às 18:00H nos dias úteis.
3.6. Distribuição de medicamentos sujeitos a controlo especial
3.6.1. Hemoderivados
A obtenção de produtos derivados do plasma humano encontra-se
regulamentada pelo Despacho nº 28356/2008, de 13 de outubro que circunscreve que
essa aquisição tenha de ser um processo centralizado, ou seja, todos os atos de
requisição clinica, distribuição e administração aos doentes tenham de ser registados
na ficha modelo, este registo é regulado pelo Despacho conjunto nº 1051/2000, de 14
de Setembro. Para a requisição de um hemoderivado é necessário o preenchimento de
uma ficha modelo anexo X, (Anexo 4) que tem duas vias, a “Via Farmácia” e a “Via
Serviço”. Estas vias são enviadas aos SF posteriormente ao preenchimento pelo médico
que deve identificar o doente, indicar o seu nome, nº mecanográfico, assinar e datar, tal
como indicar o nome, forma farmacêutica e via de administração, dose/frequência de
administração, duração do tratamento e justificação clínica. No ato da dispensa o
farmacêutico indica o nome do derivado, o nº de lote, a quantidade enviada, o fornecedor
e o nº de certificado do INFARMED. A “Via Farmácia” fica arquivada nos SF, ao invés
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
11
da “Via Serviço” que ficará arquivada no processo clinico do doente após registo de
administração pelo respetivo enfermeiro. [26,27]
3.6.2. Estupefacientes e psicotrópicos
Os estupefacientes e psicotrópicos são alvos de regulamentação especial uma
vez que são substâncias passiveis de causarem dependência física, psíquica, e de
estarem associados a fenómenos de tolerância. Sendo assim, a sua dispensa encontra-
se regulamentada e de acordo com portaria nº 981/98, de 8 de junho, a sua utilização
carece do preenchimento do modelo nº 1509, respetivamente anexo X (Anexo 3).[28]
Este Anexo contém a informação necessária acerca do medicamento pretendido, nele
consta a denominação comum internacional, a forma farmacêutica, a dosagem, o seu
código segundo o FNM, a quantidade e a respetiva informação do doente. O enfermeiro
responsável pela administração deve assinar o documento e discriminar a quantidade
administrada e rejeitada, caso aconteça. Este deve ser posteriormente arquivado, após
assinatura pelo DT dos SF. É de ressalvar que em cada registo apenas um
medicamento pode ser prescrito. [11,13]
3.6.3. Estimulantes da eritropoiese
De acordo com o Despacho n.º 11619/2003 de 22 de maio, n.º 10/96 de 16 de
maio, n.º 9825/98 de 13 de maio, a eritropoietina, hormona estimulante da
hematopoiese, pode ser dispensada gratuitamente aos doentes com insuficiência renal
crónica. Após requisição devidamente documentada e arquivada, a medicação deve ser
transportada em local frio, com o rótulo informativo:” Nefrologia” [4,29,30].
4. Distribuição para agrupamentos de centros de saúde
Os SF da ULSNE são responsáveis pela distribuição de medicamentos aos
ACES do distrito de Bragança. O pedido é feito eletronicamente, atendendo sempre ao
stock existente e ao mínimo e máximo acordado. A reposição de medicação para os
ACES é feita pelos TDT, em caixas apropriadas e devidamente identificadas.
Posteriormente um motorista responsável fica encarregue pela sua distribuição.
5. Devoluções
As devoluções dos fármacos aos SF após saída destes para os serviços clínicos
que por algum motivo não foram administrados aos doentes, como por exemplo, caso o
doente tenha tido alta, ou haja uma mudança de medicação, ou mesmo em caso de
óbito, ocorrem após a SDIDDU. Após chegada dos medicamentos aos SF é feita uma
análise aos mesmo, respetivamente ao seu estado, à sua validade, dosagem, forma
farmacêutica e substância ativa. Uma vez feito o reconhecimento do medicamento, este
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
12
é contabilizado, registado e arrumado no seu local respetivo. Este é um processo
importante para garantir uma gestão correta de stocks. [16]
6. Validação da prescrição médica
A validação da prescrição médica tem um papel fulcral na medida em que
minimiza potenciais problemas relacionados com os medicamentos, tal como custos
económicos que advêm destes. O principal objetivo prende-se em otimizar os resultados
da farmacoterapia através de um uso racional de medicamentos, maximizando a
eficácia e minimizando o risco de aparecimento de efeitos adversos. Os principais erros
associados à medicação incluem o erro da própria prescrição, o erro de administração
e da dispensa. No processo de validação o farmacêutico deve ter em conta vários
parâmetros e aspetos, como: dose, e se esta se adequa ao perfil farmacoterapêutico do
doente, frequência, horário de prescrição, possíveis interações medicamentosas e
reações adversas. Para que o processo de validação ocorra consoante o esperado e o
melhor possível, é cada vez mais imprescindível que o farmacêutico tenha acesso ao
perfil do doente, e a informações clinicas como o diagnóstico, análises clinicas,
medicação domiciliárias e história do doente. Caso o farmacêutico faça alguma
alteração, deve documenta-la e informar o prescritor da mesma de modo a tornar o
processo rápido e seguro para o doente. [31 e 32]
7. Farmacotecnia: produção e controlo de medicamentos
A farmacotecnia é o setor onde se efetua a preparação de medicamentos
necessários à terapêutica do doente que não se encontram disponíveis no mercado. A
existência deste setor permite assegurar e garantir uma maior qualidade e segurança
na preparação de medicamentos, uma maior resposta às necessidades especificas do
doente, uma redução significativa do desperdício relacionado com a preparação de
medicação e uma gestão mais racional dos recursos.
7.1. Unidade de reembalamento e fracionamento
Com o objetivo de uniformizar e tornar os produtos farmacêuticos dispensados
personalizados e adequados a cada doente, surge a unidade de reembalamento. Esta
abordagem permite facilitar processos como o armazenamento, distribuição, erros
associados à medicação, e tornar o processo próprio e especifico para o doente. O
intuito primordial deste processo é proceder ao fracionamento e reembalagem de
medicamentos para posteriormente disponibilizar à SDIDDU. É de ressalvar que todo o
processo deve ser efetuado de acordo com as boas práticas farmacêuticas. Todas as
unidades preparadas têm de ser devidamente identificadas, com DCI de acordo com os
princípios ativos, dose, forma farmacêutica, nº de lote, e prazo de validade. Quando para
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
13
um determinado medicamento não está comercializada uma dose é necessária por
vezes recorrer ao fracionamento, para que a prescrição seja assegurada de modo
controlado. Posteriormente ao fracionamento, os medicamentos têm de ser
reembalados, no entanto para que a técnica possa ocorrer terão de ser asseguradas
algumas condições como a proteção mecânica, da luz, do ar, humidade de modo a
conseguir preservar a integridade total do medicamento, sem que a sua atividade seja
alterada, salvaguardando assim a segurança do doente. O processo de reembalagem
é efetuado numa sala exclusiva para esta atividade, sendo o TDT o responsável pela
função de reembalar e fracionar, e o farmacêutico responsável pela supervisão,
avaliando a conformidade do processo de reembalagem. Para cada operação é
necessário documentar todas as condições em que o processo foi efetuado, o
medicamento, o material usado. Os medicamentos reembalados são devidamente
rotulados com DCI, dose, Laboratório, nº de lote original, data de reembalamento e
prazo de validade final. Existem duas situações possíveis relativamente ao prazo de
validade, existem duas situações possíveis, caso o fármaco permanecer no interior do
blister de origem, a validade será a pré definida pelo fornecedor, caso seja necessário
fracionar e remover o medicamento do blister o prazo de validade deve ser 25% da
validade do prazo original, com máximo de 6 meses. O processo de reembalagem é
efetuado de forma semiautomática, recorrendo-se a uma máquina embaladora Sargent
Auto-Print™ Unit Dose Systems, Medical Packaging INC., que se encontra acoplada a
um sistema informático que permite a programação da reembalagem, e da rotulagem
dos medicamentos reembalados. De modo a minimizar riscos de contaminação
cruzada, é recomendado a reembalagem de um único medicamento por operação [33].
7.2. Unidade de preparação de medicamentos não estéreis
As formas farmacêuticas não estéreis são preparadas por um TDT e
supervisionadas por um farmacêutico. O TDT é responsável, após receção e
confirmação da prescrição, pela impressão das fichas de preparação e dos rótulos
respetivos. [34]As fichas de preparação encontram-se previamente feitas, estando
compostas pela identificação da preparação, as matérias primas (lote, fornecedor,
quantidade pretendida e medida), o material usado, ensaios de verificação, e a próprio
procedimento com a técnica de preparação. É relevante referir que todas as matérias-
primas se devem fazer acompanhar pelo seu certificado de análise. Finalizada a
preparação o farmacêutico responsável verifica a conformidade da preparação
aprovando ou rejeitando a mesma. Para terminar procede-se à rotulagem da
preparação. Durante todo o processo de manipulação, deve ser garantido o emprego
dos protocolos de segurança e qualidade, tal como a aplicação das Boas Práticas de
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
14
Fabrico de Medicamentos Manipulados [35]. Para esse efeito são adotadas medidas
básicas de higiene como o uso de luvas e máscara. No decorrer do estágio tive o
privilégio de assistir e participar na preparação de uma solução alcoólica a 50% , de
uma solução de ácido acético a 3%, de uma solução de permanganato de potássio e
papeis medicamentosos de Espiramicina.
8. Comissões
Segundo o decreto regulamentar nº 3/88 de 22 de janeiro é obrigatória a criação
de comissões técnicas de apoio constituídas por órgãos consultivos, indispensáveis
para a implementação de normas e procedimentos de utilização de medicamentos e
produtos farmacêuticos. [36] A existência de comissões técnicas contribui para uma
maior reafirmação e valorização do farmacêutico na melhoria dos cuidados prestados
ao doente, uma vez que este ao se inserir nestas, possibilita um maior planeamento no
que diz respeito aos procedimentos tanto de qualidade como de segurança em
situações de risco para a saúde pública.
8.1. Comissão de Farmácia e Terapêutica
De acordo com o Despacho n.º 1083/2004, de 1 de dezembro de 2003, esta deve
ser constituída no máximo por seis membros, sendo metade médicos e metade
farmacêuticos. Têm como principais competências atuar como órgão de vínculo dos
serviços médicos e farmacêuticos, elaborar adendas de aditamento ou exclusão, emitir
pareceres e relatórios acercas de todos os medicamentos, garantir o cumprimento do
FNM, proferir acerca das alterações da terapêutica prescrita e avaliar os custos da
terapêutica. Esta comissão deve para garantir o seu bom funcionamento reunir,
obrigatoriamente, de 3 em 3 meses, podendo, no entanto, reunir sempre que for
necessário [37].
8.2. Comissão de controlo da infeção e resistência aos antimicrobianos
De acordo com o Despacho n.°15423/2013 compete coordenar localmente o
Programa de Prevenção de Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos
(PPCIRA), criado pelo Despacho nº 2902/2013, de 22 de fevereiro. Este grupo de
coordenação deve ser presidido uma equipa multidisciplinar, que inclui médicos,
enfermeiros, farmacêuticos e outros técnicos de saúde [38]. Considerando a evidência
de Portugal ser um país com elevadas taxas de infeção associada aos cuidados de
saúde , que a prática de prescrição antibiótica inclui dismorfias passíveis de correção,
que a taxa de resistência a antimicrobianos é preocupante, e a perceção de que todos
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
15
estes problemas estão intimamente relacionados e têm de ser abordados de forma
global e integrada, foi determinada a criação do programa de saúde prioritário, a
PPCIRA. Este programa visa reduzir a taxa de infeção associada aos cuidados de
saúde, a promoção do uso racional dos antimicrobianos e a diminuição da resistência
destes.
8.3. Comissão de ética
O incremento do conhecimento ao nível da ciência tal como o aparecimento de
novas terapêuticas e novos fármacos, levaram a uma consciencialização para a
responsabilidade acrescida do profissional de saúde o que levou ao surgimento de um
setor, a bioética. As comissões de ética (CES)têm como principal objetivo proteger e
garantir a dignidade e integridade humanas. As CES são órgãos multidisciplinares
constituídas por sete membros designados entre médicos, enfermeiros, farmacêuticos,
juristas, teólogos, psicólogos, sociólogos e técnicos de saúde relacionados com a área
de ciências sociais e humanas [39].
9. Centro de informação do medicamento
De modo a contribuir para uma terapêutica mais segura e racional, tal como
permitir uma participação do farmacêutico no cuidado do doente e em atividades de
promoção da saúde é cada vez mais importante disponibilizar informação acerca de
medicamentos. O centro de informação do medicamento (CIM) da Ordem dos
Farmacêuticos como um serviço destinado a disponibilizar informação independente,
avaliada e atual com intuito de resolver problemas relacionados com o uso de
medicamentos e como ajuda na tomada de decisões sobre o seu uso. O CIM
disponibiliza ainda fontes de informação que possibilitem o auxilio aos profissionais de
saúde, de modo a poderem aceder a fontes de informação seguras [40].
9.1. Informação sobre medicamentos e outras atividades de farmácia
clinica
Sendo o farmacêutico o especialista do medicamento este deverá estar apto a
solicitar e obter qualquer tipo de informação associada ao medicamento de modo a
permitir um sucesso crescente nas terapêuticas realizadas em ambiente hospitalar.
Sabe-se que o farmacêutico incute diversas vantagens com a sua presença na equipa
clínica uma vez que permite uma redução nos erros de medicação, um aumento na
relação custo-efetividade do plano terapêutico tal como uma melhoria dos padrões de
qualidade da prescrição médica.
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
16
10. Farmacovigilância e monitorização da terapêutica
A farmacovigilância denomina a ciência e as atividades associadas com a deteção,
avaliação, compreensão e prevenção de reações adversas a medicamentos (RAM).
Este conceito surge da necessidade de promover e divulgar a informação das RAM,
baseando-se num estudo sistemático e multidisciplinar dos efeitos dos medicamentos.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) uma reação adversa é uma resposta
indesejada e prejudicial a um medicamento que ocorre para doses variadas existindo
um efeito de causalidade entre a ocorrência e o medicamento [41]. Atualmente é
globalmente aceite que as RAM constituem um problema de saúde pública relevante,
constituindo ainda uma cauda de mortalidade e de internamento, justificando por vezes
um aumento do recurso aos serviços de saúde. [42]. O Sistema Nacional de
Farmacovigilância foi criado em 1992, regulado atualmente pelo Decreto-Lei n.o
242/2002 de 5 de novembro. Este sistema opera entre o INFARMED I.P, entidade
nacional responsável pelo Sistema Nacional de Farmacovigilância (SNF), as Unidades
Regionais de Farmacovigilância (URF) e a Agência Europeia do Medicamento. O
principal objetivo é a proteção da saúde pública e maior transparência para os cidadãos,
com primordial intuito de prevenir ou reduzir a probabilidade da ocorrência de uma RA
associada à exposição ao medicamento ou, no caso de esta ocorrer, minimizar a sua
gravidade. Para que o processo de farmacovigilância vigore tem sido cada vez mais
importante a sensibilização para a notificação espontânea pelos profissionais de saúde
através do preenchimento de um formulário on-line, para que possam ser gerados sinais
de alerta para determinados medicamentos, que posteriormente serão avaliados com
estudos epidemiológicos [43,44].
10.1. Norma de medicamentos LASA
Os medicamentos LASA são medicamentos cujo nome ortográfico e/ou fonético
e/ou aspeto semelhante que podem ser confundidos entre si, originando por vezes erros
e troca de medicação, sendo denominados por medicamentos look-alike ou sound-alike
. A Norma da DGS n.º 020/2014 de 31 de dezembro de 2014 visa evitar, prevenir ou
corrigir eventos adversos concomitantes ao uso de medicamentos. Uma vez que a
existência de denominações semelhantes entre princípios ativos é uma das causas mais
comuns associada a estes eventos adversos. Assim, justifica-se a normalização de
práticas que dificultem ou impeçam a ocorrência de erros [45].
De modo a minimizar possíveis erros, recorreu-se ao método Mid-type Tall Man
Lettering, método de alteração ortográfica, que se baseia na inserção seletiva de letras
maiúsculas no meio das denominações de medicamentos ortograficamente
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
17
semelhantes para a sua diferenciação. A lista destes medicamentos pode ser
consultada no Anexo 6 [45,46]
10.2. Identificação de medicamentos potencialmente perigosos
Com o intuito de melhorar e tornar clara e legível a identificação de medicamentos,
na ULSNE adotou-se uma medida de identificação por cores, atendendo ao principio
que o uso de sinalética deve ser restrito, dado que o excesso de informação gr´fica e/ou
visual poderá ser contraproducente na implementação de gestão de risco do
medicamento. Sendo assim determinou-se a utilização de sinalética de cor, sendo a cor
vermelha usada para identificação de medicamento potencialmente perigoso, a cor azul
para medicamento Sound-alike , a cor verde para medicamento Look-alike e a cor
amarela par medicamentos cujo prazo de validade se encontre próximo. Estas medidas
tornam-se um apoio fulcral na gestão de risco do medicamento, tornando o seu uso
seguro e apoiando o profissional de saúde na sua atividade clínica [46].
11. Farmácia clínica
O conceito de farmácia clínica centraliza-se no doente tendo como objetivo a
otimização da terapêutica farmacológica promovendo ou prevenindo a doença. A sua
implementação passa pela inclusão do farmacêutico numa equipa multidisciplinar,
potenciando o contacto com o doente e outros profissionais de saúde, promovendo uma
interligação entre áreas de saúde, proporcionando uma terapêutica mais eficaz, segura
e de sucesso para o doente. Dentro das inúmeras vantagens desta associação
destacam-se a são a elaboração de um plano terapêutico, o desenvolvimento e
implementação de protocolos clínicos, promover a informação acerca do uso racional
do medicamento, alargar conhecimentos acerca da farmacocinética, farmacodinâmica,
interações, monitorização da adesão à terapêutica e dos resultados da própria
terapêutica. É de ressalvar que este conceito tem como mais valia um acréscimo à
saúde do doente, sendo este o primordial objetivo de todas alterações que têm vindo a
ser feitas relativamente ao contributo do farmacêutico em meio hospitalar. A prestação
de cuidados farmacêuticos tem como ideias basilares a eficácia e segurança do perfil
farmacoterapêutico do doente, sendo por isso o farmacêutico responsável pelo total
cumprimento dessas premissas. Um dos aspetos mais importantes prende-se na
individualização da terapêutica, uma vez que deve ser tida sempre em conta a inter e
intra-variabilidade genética, que tem influencia na resposta à terapêutica. Os
polimorfismos devem ser avaliados e respeitados aquando na tomada de decisões,
sendo por isso a reconciliação da terapêutica RT) um tema de elevada importância no
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
18
que concerne à prática clínica. A RT é um processo formal de obtenção de uma lista
atualizada, completa e precisa de medicação pré-hospitalar dos doentes, que será
comparada com a lista de medicação prescrita pelo clínico nas diferentes etapas como
a admissão, transferência e alta hospitalar), para a deteção de discrepâncias. O grande
objetivo da RT é evitar os erros de medicação em todas as transições de cuidados. Além
da identificação e análise das possíveis discrepâncias é de crucial importância avaliar o
potencial de adesão do doente à terapêutica, dado o papel cada vez mais ativo que é
necessário incutir aos doentes e/ou cuidadores, no que se refere à gestão da sua
doença e da sua terapêutica [47].
12. Considerações finais
Considero estes dois meses de estágio profissionalizante uma mais valia para a
minha experiência académica e profissional, enquanto futura farmacêutica, ressalvando
a importância desta experiência, recomendando-a a futuros colegas. Foi-me possível
experienciar a importância da atividade farmacêutica num centro hospitalar e da sua
interdisciplinaridade e polivalência. Durante o estágio foi me permitido contactar com
diversas realidades vividas diariamente por um farmacêutico hospitalar, o que me
permitiu constatar a responsabilidade e importância que revelamos e da qual não
podemos prescindir nem menosprezar.
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
19
Bibliografia
[1] Decreto-Lei n.° 44204, de 2 de fevereiro de 1962. Regulamento geral da Farmácia
hospitalar. INFARMED - Gabinete Jurídico e Contencioso.
[2] Ordem dos Farmacêuticos: Farmácia Hospitalar. Lisboa 2013. Acessível em:
www.ordemfarmaceuticos.pt. [acedido em 23 de Maio de 2017].
[3] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Bragança, E.P.E. Procedimentos
de Trabalho PRO.081.FAR – Horário de funcionamento dos serviços farmacêuticos da
ULSNE ULSNE – Centro Hospitalar de Bragança, E.P.E.
[4] Manual da Farmácia Hospitalar, C. E. (2005). Manual da farmácia hospitalar. Lisboa:
Ministério da Saúde.
[5] Portaria n.º 155/2007, de 31 de janeiro de 2007. Cria o Código Hospitalar Nacional
do Medicamento(CHNM). INFARMED - Gabinete Jurídico e Contencioso.
[6] INFARMED: Código Hospitalar Nacional do Medicamento. Acessível em:
http://www.infarmed.pt/web/infarmed/perguntas-frequentes-area
transversal/codigohospitalar- nacional-do-medicament. [acedido a 14 de junho de 2017].
[7] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Bragança, E.P.E. Procedimentos
de Trabalho PRO.368.FAR – Aquisição, armazenamento e controlo de stocks nos
serviços farmacêuticos ULSNE – Centro Hospitalar de Bragança, E.P.E.
[9] FHNM acessível em: www.infarmed.pt/formulario/frames.php?fich=prefacio, acedido
[a 17 de junho de 2017]
[10] 13. Despacho n.° 8333/2014, de 19 de junho de 2014. Determina novas
competências e novos membros para a Comissão Nacional de Farmácia e Terapêutica
Diário da República, n.° 121, série II, de 26 de junho de 2014.
[11] Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto de 2006. Estatuto do Medicamento.
Artigo 92.° - Autorização de utilização excecional. INFARMED – Gabinete Jurídico e
Contencioso.
[12]Despacho n.°13877-A/2013, de 30 de outubro de 2013. Designa como centros
especializados para a utilização excecional de medicamentos (CEUEM) os
estabelecimentos que constam em anexo. Diário da República, 2.° Série, n.° 210-Supl,
de 30 de outubro de 2013.
[13]Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Bragança, E.P.E. Procedimentos
de Trabalho PRO.088.FAR – Distribuição de Estupefacientes e Psicotrópicos. ULSNE –
Centro Hospitalar de Bragança, E.P.E.
[14] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Bragança, E.P.E. Procedimentos
de Trabalho PRO.089.FAR – Circuito de distribuição da medicação. ULSNE – Centro
Hospitalar de Bragança, E.P.E.
[15] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Bragança, E.P.E. Procedimentos
de Trabalho PRO.0556.FAR – Controlo e registo de temperaturas. ULSNE – Centro
Hospitalar de Bragança, E.P.E.
[16] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Bragança, E.P.E. Políticas de
Trabalho POL.743.FAR – Armazenamento seguro, prescrição, administração e
eliminação de medicamentos ULSNE – Centro Hospitalar de Bragança, E.P.E.
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
20
[17] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Bragança, E.P.E. Procedimentos
de Trabalho PRO.090.FAR – Sistemas de distribuição de medicação ULSNE – Centro
Hospitalar de Bragança, E.P.E.
[18] Ministério da Saúde. Despacho nº 5414/2008, de 28 de Fevereiro.
[19] Grifols Intenational, S.A.Manual de Intruções, Pyxis ® MedStation ® 3500. Espanha
[20] Ministério da Saúde. Decreto de Lei nº 206/2000, de 1 de Setembro: Dispensa de
medicamentos pela farmácia hospitalar por razões objetivas. Diário da República nº
202/2000, Série I-A, de 2000-09- 01
[21].Viegas, Erica. Falcão, Fátima. Cabrita, José. Tópicos em Farmácia Clínica e
Intervenção Farmacêutica. Manuel José Guedes da Silva, Espanha.
[22] Decreto Lei n.° 99/2003, de 27 de agosto de 2003. Aprova o Código de Trabalho.
Diário da República n.º 197, série I-A, de 27 de agosto de 2003.
[23] Ministério da Saúde. Despacho nº 13382/2012, de 4 de Outubro: Determina que a
prescrição de medicamentos, para dispensa em regime de ambulatório pelas farmácias
hospitalares, é obrigatoriamente realizada através de sistemas de prescrição eletrónica.
Diário da República 2ª Série, nº 198, de 2012-10-12
[24] Ministério da Saúde. Despacho nº 28356/2008, de 13 de Outubro: Aquisição dos
produtos derivados do plasma humano. Diário da República 2ª Série, nº 215, de 2008-
11-05
[25] Lucca JM, Ramesh M, Narahari GM, Minaz N (2012). Impact of clinical pharmacist
interventions on the cost of drug therapy in intensive care units of a tertiary care teaching
hospital. Journal of Pharmacology and Pharmacotherapeutics; 3(3): 242-247
[26] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Bragança, E.P.E. Procedimentos
de Trabalho PRO.087.FAR – Distribuição de hemoderivados. ULSNE – Centro
Hospitalar de Bragança, E.P.E.
[27] Ministério da Saúde. Portaria nº 981/98, de 8 de Junho: Execução das medidas de
controlo de estupefacientes e psicotrópicos. Diário da República 2ª Série, nº 216, de
1998-09-18
[28] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Bragança, E.P.E. Procedimentos
de Trabalho PRO.088.FAR – Distribuição de Estupefacientes e Psicotrópicos. ULSNE –
Centro Hospitalar de Bragança, E.P.E.
[29] Despacho n.° 19/96, de 16 de maio de 1996. Acesso à hormona eritropoietina, para
os doentes insuficientes renais crónicos (IRC). Diário da República, Série II, n.° 135, de
12 de junho de 1996.
[30] Despacho n.° 11291/97, de 27 de outubro. Atualiza o regime de acesso por parte
dos doentes insuficientes renais ao medicamento eritropoietina humana recombinante.
Diário da República, Série II, n.° 267, de 18 de novembro de 1997.
[31] Cardinal L, Fernandes C (2014). Intervenção Farmacêutica no Processo da
Validação da Prescrição Médica. Revista Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços
de Saúde; 5(2):14-19
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
21
[32] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Bragança, E.P.E. Procedimentos
de Trabalho PRO.083.FAR – Gestão de erros de medicação. ULSNE – Centro
Hospitalar de Bragança, E.P.E.
[33] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Bragança, E.P.E. Procedimentos
de Trabalho PRO.085.FAR – Reembalagem de formas orais sólidas de medicamentos
ULSNE – Centro Hospitalar de Bragança, E.P.E.
[34] Ministério da Saúde, Decreto-Lei nº 95/2004, de 22 de Abril; Estabelece as
considerações a ter em conta na produção de medicamentos em ambiente industrial.
[35] USP Pharmacist's Pharmacopeia 31-NF26, Capítulo 795 - "Pharmaceutical
Compounding-Nonsterile Preparations”.
[36] Decreto regulamentar nº 3/88 de 22 de Janeiro
[37] Despacho n.° 1083/2004, de 1 de dezembro de 2003. Regulamenta as comissões
de farmácia e de terapêutica dos hospitais do sector público administrativo (SPA)
integrados na rede de prestação de cuidados de saúde referidos na alínea a) do n.º 1
do artigo 2.º do regime jurídico da gestão hospitalar, aprovado pela Lei n.º 27/2002, de
8 de novembro. Diário da Republica, 2.° série, n.° 14, de 17 de janeiro de 2014.
[38] Despacho n.°15423/2013, de 22 de fevereiro de 2013. Tem como objeto de fusão
o Programa Nacional de Controlo de Infeção com o Programa Nacional de Prevenção
das Resistências aos Antimicrobianos. Diário da Republica, 2.° serie, n.°229, 26 de
novembro de 2013.
[39] Decreto-Lei n.° 97/95, de 10 de maio de 1995. Regulamenta as comissões de ética
para a saúde. INFARMED – Gabinete Jurídico e Contencioso.
[40][http://www.ordemfarmaceuticos.pt/scid//ofWebInst_09/defaultCategoryViewOne.as
p?categoryID=2015]
[41] World Health Organization. Importance of Pharmacovigilance. Geneve 2002
[42] Einarson TR. Drug-related hospital admissions. Ann Pharmacother 1993;27:832-
840
[43] Herdeiro, M. T., Ferreira, M., Ribeiro-Vaz, I., Polónia, J. J., & Costa-Pereira, A.
(2012). The portuguese pharmacovigilance system. Acta medica portuguesa, 25(4),
241-249.
[44] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Bragança, E.P.E. Procedimentos
de Trabalho PRO.080.FAR – Reações adversas a medicamentos ULSNE – Centro
Hospitalar de Bragança, E.P.E.
[45] Norma n.° 020/2014 de 31 de dezembro de 2014. Medicamentos com nome
ortográfico,fonético ou aspeto semelhantes. Direção-Geral da Saúde.
[46] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Bragança, E.P.E. Procedimentos
de Trabalho PRO.0859.FAR – Identificação e armazenamento de medicamentos LASA
e potencialmente perigosos ULSNE – Centro Hospitalar de Bragança, E.P.E.
[47] Meyer C, Stern M, Wendy Woolley, Jeanmonod R, Jeanmonod D. How reliable are
patient-comleted medication reconciliation forms compared with pharmacy lists. Am J
Emerg Med. 2012;30:1048-54
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
22
ANEXOS
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
23
Anexo 1: Organograma da ULSNE
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
24
Anexo 2: Impresso para a requisição de estupefacientes, psicotrópicos e
benzodiazepinas.
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
25
Anexo 3: Autorização de Utilização Excecional.
AUTORIZAÇÃO DE UTILIZAÇÃO EXCECIONAL
Alínea a) artigo 92.º (medicamentos de benefício clínico bem
reconhecido)
JUSTIFICAÇÃO CLÍNICA
Estabeleciment
o de saúde:
Serviço
proponente:
Deliberação n.º 1546/2015
Nome do
medicamento:
Substância(s)
Activa(s): Pertence ao
F.H.N.M.: SIM NÃO
Dosagem: Apresentação:
Quantidade
unitária:
Indicações
Terapêuticas
para as quais
se pretende o
medicamento e
posologia:
Estratégia
terapêutica
para a situação
em causa:
Listagem de
terapêuticas
alternativas
existentes no
mercado e
motivos da sua
inadequação à
situação em
análise:
Fundamentação
científica da
utilização do
medicamento:
Assinatura do Diretor de Serviço (deverá ser identificada sob a forma de carimbo e/ou
vinheta):
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
26
Anexo 4: Modelo n.º 1804 – Impresso para a requisição, distribuição e administração
de Hemoderivados.
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
27
Anexo 5: Modelo n.º 1509 – Impresso para a requisição de estupefacientes,
psicotrópicos e benzodiazepina, para um doente especifico.
Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar Ano letivo 2016/2017 | Catarina Paula
28
Anexo 6: Lista de medicamentos Sound-alike Look-alike