Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
248
Ano 7, Vol XIII, Nmero 2, Jul- Dez, 2014, Pg. 248-277.
O ENEM E OS PROFESSORES DE QUMICA:
Um estudo qualitativo sobre as mudanas que o ENEM provocou nos trabalhos
pedaggicos dos professores do Ensino Mdio
Julimax de Andrade Holanda*
Vandreza Souza dos Santos**
RESUMO: Este artigo consiste em uma investigao sobre as principais mudanas
realizadas pelos professores de uma Escola Estadual, no municpio de Benjamin
Constant - AM. As mudanas investigadas foram relativas aos trabalhos pedaggicos e
currculos desenvolvidos pelos professores, com a finalidade de prepararem os alunos
concludentes do Ensino Mdio e candidatos ao ENEM. Apresenta uma discusso sobre
as atitudes adotadas pelos professores em relao a busca pelo conhecimento do ENEM
como poltica pblica de avalio e analisa as posies tomadas por professores e
alunos em relao a importncia do ENEM como mtodo avaliativo e forma de ingresso
ao ensino superior.
Palavras-chaves: trabalhos pedaggicos, currculos, poltica pblica.
THE ENEM AND TEACHERS OF CHEMISTRY:
A qualitative study on the changes that resulted in ENEM pedagogical work of
high school teachers
ABSTRACT: This article is an investigation of the major changes made by the State
School Teachers, in the town of Benjamin Constant - AM. The changes were investigated
concerning work teaching and curricula developed by teachers in order to prepare finalist
students and ENEM candidates. It presents a discussion of the attitudes adopted by the
teachers regarding the search for the knowledge of ENEM as public policy appraisal and
analyzes the positions taken by teachers and students on the importance of ENEM as
evaluation method and form of entry to higher education.
Keywords: Pedagogical works, curriculum, public policy.
INTRODUO
Segundo o Ministrio da Educao, o Exame Nacional do Ensino Mdio (Enem)
foi criado em 1998 e tem o objetivo de avaliar o desempenho do estudante ao fim da
escolaridade bsica. Podem participar do exame alunos que esto concluindo ou que j
concluram o ensino mdio em anos anteriores.
No decorrer de sua trajetria histrica, o Enem vem se constituindo como uma
iniciativa do governo brasileiro de remodelar as formas de acesso ao ensino superior.
Segundo Amauro (2004):
Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
249
[...] notadamente, quando a perspectiva adotada para a formao
dos estudantes a de que todos os alunos que entram no 1 ano
do segundo grau sejam, por definio, candidatos ao vestibular,
que percebemos que os objetivos deste nvel passam a se
distanciar daquele proposto pelo Ministrio da Educao (MEC)
que a de orientar os programas, as atividades, os projetos e os
currculos para a preparao bsica para o trabalho e para o
exerccio da cidadania.
E ainda, o Enem utilizado como critrio de seleo para os estudantes que
pretendem concorrer a uma bolsa no Programa Universidade para Todos (ProUni).
Alm disso, cerca de 500 universidades j usam o resultado do exame como critrio de
seleo para o ingresso no ensino superior, seja complementando ou substituindo o
vestibular.
Analisando dessa maneira, nota-se, que o Enem tem foco direto na avaliao do
ensino mdio, e aqueles que j o concluram podem usar essa ferramenta para adentrar
nas Universidades Pblicas Brasileiras. Assim o Brasil abre as portas das Universidades
para aqueles que tiveram bom aproveitamento enquanto alunos do Ensino Mdio, e,
alm disso, tiveram a oportunidade de ter professores comprometidos com a qualidade
do ensino.
Pois, todas as disciplinas do Ensino Mdio so de grande utilidade, e devem ser
bem ministradas pelos seus respectivos professores para que assim os alunos possam
obter melhores resultado ao responderem a prova do ENEM.
Nesta pesquisa foi abordada a disciplina de Qumica, que como toda disciplina
precisa de esforo, empenho e interesse por parte dos alunos em aprender, alm de
professores comprometidos com o exerccio de ensinar.
Schnetzler e Santos (2000) defendem que o conhecimento qumico se enquadra
nas preocupaes com os problemas sociais que afetam o cidado, os quais impem
posicionamentos quanto s possveis solues.
Os professores de qumica devem ser preparados, e dessa forma estarem aptos
sabendo que a profisso e a rea de atuao no so to simples e que o professor de
qumica precisa renovar e tornar suas aulas mais atraentes, criando novas metodologias
de modo que os alunos que vo realizar o ENEM possam chegar prova ao menos com
o conhecimento bsico da disciplina.
Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
250
Por essas e outras razes no mais possvel enxergar o exerccio do
magistrio como algo essencialmente simples, para o qual basta saber alguns contedos
e pass-los aos alunos para que estes os devolvam da mesma forma nas provas
(MALDANER, 2000, p. 75).
Portanto, esta pesquisa buscou identificar se o ENEM instigou mudanas nos
trabalhos pedaggicos dos professores de Qumica, se estes esto modificando suas
metodologias para dar aos alunos o preparo indispensvel para a realizao da prova,
alm da identificao por parte dos alunos, se eles esto preparados para a realizao do
exame, em especial, para responderem as questes de Qumica contidas na prova.
2 O EXAME NACIONAL DO ENSINO MDIO ENEM
O Exame Nacional do Ensino Mdio ENEM foi realizado, pela primeira vez,
no ano de 1998 com o propsito de avaliar os estudantes oriundos desse nvel de
escolaridade. Surgiu apenas com essa finalidade, ou seja, ser um processo avaliativo,
um instrumento de verificao da qualidade da educao bsica para o Governo Federal.
Entre 1998 e 2008, o Enem era constitudo de 63 questes aplicadas em apenas
um dia de prova e somente algumas Universidades utilizavam a porcentagem da nota
em alguma das fases do vestibular. Em 2009, um novo modelo de prova para o Enem
foi lanado, com 180 questes objetivas e uma questo de redao, e com ele surgiu a
proposta de unificar o vestibular das universidades federais brasileiras.
O ENEM no obrigatrio, porm a cada ano tem atrado um nmero cada vez
maior de estudantes. Isto ocorre, pois muitos vestibulares utilizam os resultados do
ENEM como um dos critrios para selecionar candidatos nos vestibulares. A avaliao
aplicada no tem como objetivo apenas a verificao do aprendizado de contedos
bsicos.
O foco principal da avaliao verificar as competncias e habilidades que o
aluno domina. O aluno deve demonstrar capacidade para interpretar grficos, textos,
mapas e informaes em diversas linguagens. O exame tambm verifica se ao aluno
capaz de argumentar, solucionar problemas cotidianos e prticos, elaborar propostas de
interveno na realidade e apresentar ideias bem estruturadas. (ENEM, 2013).
Contudo, os ajustes nas correes e o aumento da segurana em torno do
concurso, revelam a tendncia de que, no futuro, ele ir substituir totalmente os
vestibulares da maioria das instituies de ensino (UNINASSAU, 2013).
http://www.suapesquisa.com/educacaoesportes/dicas_vestibular.htmhttp://www.suapesquisa.com/educacaoesportes/vestibular
Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
251
Mediante a esse contexto, podemos afirmar que o ENEM alm de ser um
mecanismo de avaliao do Ensino Mdio, hoje uma ferramenta muito importante
para os alunos concludentes que almejam ingressar na Universidade. O ENEM ganha
importncia tanto para os alunos do Ensino Mdio como para aqueles que j o
concluram, no sentido de ser uma maneira de oportunizar aos alunos um novo meio de
acesso ao ensino superior.
A necessidade dos alunos estarem preparados para o Exame Nacional do Ensino
Mdio um fato incontestvel. Contudo, cumpre dizer que toda preparao demanda
tempo, orientao. necessrio ressaltar a importncia da presena de um orientador,
papel exercido pelo professor, para que o educando possa sentir-se acompanhado nesse
processo, e assim, possa obter bons resultados com a realizao do exame.
nessa perspectiva que o INEP vem realizando o ENEM, para o universo de
alunos concluintes e de egressos deste nvel de ensino. Esse exame difere de outras
avaliaes j propostas pelo Ministrio da Educao. Centra-se na avaliao de
desempenho por competncias e vincula-se a um conceito mais abrangente e estrutural
da inteligncia humana. O exame constitudo de uma prova nica e abrange as vrias
reas de conhecimento em que se organizam as atividades pedaggicas da escolaridade
bsica no Brasil.
Para estruturar o exame, concebeu-se uma matriz com a indicao de
competncias e habilidades associadas aos contedos do ensino fundamental e mdio
que so prprias ao sujeito na fase de desenvolvimento cognitivo, correspondente ao
trmino da escolaridade bsica. Tem como referncia a LDB, os Parmetros
Curriculares Nacionais (PCN), a Reforma do Ensino Mdio, bem como os textos que
sustentam sua organizao curricular em reas de Conhecimento, e, ainda, as Matrizes
Curriculares de Referncia para o SAEB.
A realizao anual do ENEM junto aos alunos que completaram ou esto
completando a escolaridade bsica poder fornecer uma imagem realista e sempre
atualizada da educao no Brasil (INEP, 2013).
2.1 O ENSINO DE QUMICA NO ENSINO MDIO
O Ensino de Qumica no Ensino Mdio deveria ter como foco as explicaes
qumicas necessrias vida do aluno/cidado (Holman e Hunt, 2002;
MEC/SEMTEC,1999), pois elas tm significado prtico na vida dos indivduos,
Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
252
permitem que as pessoas entendam muitas das notcias veiculadas na mdia, nas quais
questes de dimenso cientfica esto envolvidas e podem mudar a maneira como o
aluno/cidado percebe o mundo, despertando novos interesses.
perceptvel a preocupao que tm os autores sobre o ensino de Qumica
realizado por muitos professores que ministram a disciplina. certo que h um conceito
tomado de que os professores de qumica, para serem considerados competentes, devem
possuir suficiente formao terica, metodolgica e epistemolgica, alm de estarem
preparados para a utilizao das novas metodologias.
Nesse sentido, Mendes Sobrinho (2006, p. 89) pontua que:
No exerccio da prtica docente percebemos que um desafio
presente e constante contextualizar com eficincia os
conhecimentos tericos, metodolgicos e pedaggicos, capazes
de transformar o ato de ensinar e aprender entre professor e
aluno.
Os professores de qumica tm papel fundamental e quando aderirem as novas
metodologias conseguiro preparar de forma mais objetiva os alunos que participaro
dos mais diversos exames, vestibulares e outras formas de ingressos nas faculdades
pblicas.
Santos e Schnetzler (2003, p.131), ressaltam que:
[...] necessrio que no tenhamos a resistncia de transformar a
qumica da sala de aula em um instrumento de conscientizao,
com o qual trabalharemos no s os conceitos qumicos
fundamentais para a nossa existncia, mas tambm os aspectos
ticos, morais, sociais, econmicos e ambientais a eles
relacionados.
Quem j teve a oportunidade de assumir uma sala de aula e teve que ministrar a
disciplina de qumica sabe realmente o que diz o autor, que mostra a dificuldade em
contextualizar os pontos tericos e prticos da disciplina, e quando isso no acontece, a
aula terica, mesmo sendo repleta de informaes, passa a ser um momento de grande
estresse para o aluno, ficando evidente uma relao improdutiva entre alunos e
Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
253
professores, deixando assim de existir o momento prazeroso, amistoso, de parceria e
confiana que certamente existiria se houvesse a contextualizao.
Uma disciplina como a Qumica deveria sempre ter a frente um profissional
preparado, que aceitasse os novos desafios, dentre eles, podemos aqui citar o Enem
como um grande desafio para os professores de Qumica.
De acordo com os Parmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Mdio, o
aprendizado de Qumica, no Ensino Mdio:
[...] deve possibilitar ao aluno a compreenso tanto dos
processos qumicos em si, quanto da construo de um
conhecimento cientfico em estreita relao com as aplicaes
tecnolgicas e suas implicaes ambientais, sociais, polticas e
econmicas (BRASIL, MEC/SEMTEC, 2000, p. 31).
Para que essas metas educacionais possam ser alcanadas, necessria a
presena de um profissional que esteja determinado a atuar nessa perspectiva. O
profissional destinado ao processo do ensino de Qumica deve estar embasado no
apenas de teorias, mas tambm de fundamentos prticos e dinmicos para que as aulas
possam ser proveitosas.
2.2 POSSVEIS INFLUNCIAS DO NOVO ENEM NOS CURRCULOS
EDUCACIONAIS DE QUMICA
urgente se reavaliar, repensar o currculo escolar pontuando as mudanas
paradigmticas vigentes de modo a contemplar as diferentes exigncias dessas
mudanas sociais que influenciam diretamente as relaes escolares. Na disciplina de
Qumica, necessrio um olhar mais aguado, e para isso, modificaes urgentes so
necessrias. No podemos mais permanecer apenas com metodologias ultrapassadas, e
sim realizarmos a renovao, para que o processo de ensino e aprendizagem seja
executado de forma a obter bons resultados.
Nota-se, que a inteno do governo federal de interferir no Ensino Mdio, indica
que o Enem ser o critrio de avaliao do desempenho acadmico das escolas e seus
estudantes, o que fica mais exposto exame, que declara como principais objetivos:
democratizar as oportunidades de acesso s vagas federais de ensino superior,
possibilitar a mobilidade acadmica e induzir a reestruturao dos currculos do ensino
mdio (BRASIL, 2011).
Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
254
Maceno et al. (2011) apontam que a nova matriz do exame preconiza a
integrao das disciplinas, a articulao do conhecimento cientfico com a tecnologia e
a mobilizao de informaes diante de situaes do cotidiano, considerando dimenses
amplas e indo alm da aprendizagem por memorizao.
Todas essas influencias existentes a partir do novo ENEM, devem ser pensadas e
articuladas com a inteno de melhorar e qualificar o processo de aprendizagem o que
h de mais importante no ambiente escolar.
Maceno e colaboradores (2011, p. 154-157) encontram na atual matriz
referencial do exame o enfoque na interdisciplinaridade, nas relaes entre cincia e
tecnologia, na contextualizao e na valorizao da linguagem como meio de
construo do conhecimento.
nesse sentido que a ateno dos professores deve estar direcionada. A escola
tambm deve nortear seu quadro docente para que os currculos de Qumica sigam um
caminho onde o objetivo seja a contextualizao e a relao interna da cincia e da
tecnologia, para que os alunos possam tambm demonstrar interesse pelas aulas e pela
disciplina.
Percebemos nas ltimas dcadas, um declnio no interesse e no aproveitamento
das aulas de Qumica no ensino mdio em escolas brasileiras. Com dados de 2007,
aproximadamente 25% dos alunos matriculados no ensino mdio no cursam a srie
seguinte, seja por evaso ou repetncia (CORTI; FREITAS, 2010).
Alguns motivos podem ser elencados para explicar esse fenmeno. A grande
frequncia de aulas expositivas realizadas pelos professores parece ser um dos
principais fatores.
Nessas aulas, importantes conceitos so reduzidos a comprovaes tericas e
repeties de modelos desvinculados dos fenmenos que os aliceram. (LAMBACH,
2008; LIMA e GRILLO, 2008).
Isso mostra a necessidade urgente do currculo de qumica passar por mudanas,
j que esses currculos muitas vezes so utilizados h anos e no acompanharam as
modificaes que aconteceram ao longo dos anos.
A escolha de um currculo adequado para a escola no apenas deciso pessoal
e pedaggica do professor, mas tambm uma deciso poltica, devendo ser coletiva.
Lopes (1999) afirma que:
Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
255
[...] a poltica curricular trata de um processo de seleo e de
produo de saberes, de vises de mundo, de habilidades, de
valores, de smbolos e significados, portanto, de culturas
capazes de instituir formas de organizar o que selecionado,
tornando apto a ser ensinado.
Portanto, cabe a todo conjunto, aos professores, aos alunos, a gesto e ao corpo
escolar, sejam docentes ou discentes, a escolha correta e a realizao de mudanas no
currculo de qumica, de forma a acompanhar as inseres advindas do Enem ou de
outros mecanismos de avaliao.
Pois, o Enem realizado anualmente nas escolas que oferecem Ensino Mdio, e
os professores de Qumica devem estar atentos para realizarem possveis modificaes
em seus currculos educacionais para que possam proporcionar suporte aos alunos que
participaro, trabalhando com atividades que se aproximam da realidade que os
estudantes encontraro no Exame.
Sabe-se que os primeiros currculos se pautavam em objetos e procedimentos
para alcanar determinados resultados. Esse modelo segundo (HORNBURG, SILVA,
2007, p. 62) foi chamado de tradicional, e pode, ento, ser resumido em: contedos,
objetivos e ensino destes contedos de forma eficaz para ter a eficincia nos resultados
de forma neutra.
Porm, atualmente necessria a utilizao de uma linguagem mais clara para
facilitar a comunicao entre o professor e o aluno, alm de propor meios para
conseguir estabelecer uma ligao entre os objetivos, as atividades e a avaliao.
Os objetivos educacionais so definidos como a descrio das maneiras pelas
quais os alunos sero modificados por meio do processo educativo (BLOOM, 1956,
p.26), ou seja, como eles sero mudados em seu pensar, agir e sentir.
2.3 PRTICAS PEDAGGICAS DOS PROFESSORES DE QUMICA
No exerccio da prtica docente percebemos que um grande desafio presente e
constante contextualizar com eficincia os conhecimentos tericos, metodolgicos e
pedaggicos, capazes de transformar o ato de ensinar e aprender entre professor e aluno,
numa relao prazerosa, amistosa, de parceria e confiana em que possa se discutir com
franqueza e lealdade s questes educacionais, tanto na educao bsica, como na
Universidade.
Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
256
Portanto, compreendemos que ser professor de Qumica requer alm de
conhecimentos cientficos especficos, habilidades para fazer o aluno decodificar que ao
aquecer gua ou congel-la, ele est aplicando as leis da termodinmica, fazendo-os
sentir que [...] a cozinha o ancestral dos modernos laboratrios (CHASSOT, 2006c,
p. 222).
O autor contextualiza uma realidade vivida em grande parte das escolas. Muitas
vezes essa compreenso ainda no assimilada pelos professores. Na atual realidade os
professores devem entender a necessidade que existe em fazer com que os alunos
possam mesmo compreender algumas leis e alguns conceitos referentes a disciplina de
Qumica.
Alm disso, preciso que os professores enfatizem as suas Prticas Pedaggicas
no trabalho profissional, de forma que a aumentar a sua contribuio para a construo
de uma educao libertadora como ferramenta para a vida profissional e pessoal do
cidado.
De acordo com Zanchet (2003), os dados produzidos a partir do ENEM
poderiam contribuir para que os professores possam refletir sobre a prtica
desenvolvida, sobre a participao no desenvolvimento dos sujeitos e uma prtica
avaliativa que levasse em conta tais aspectos.
Como este exame se prope a focar em questes contextualizadas, poderia
apontar para os professores formas alternativas e contribuir para a superao da
racionalidade tcnica.
Os professores de Qumica no precisam deixar de trabalhar suas prticas
pedaggicas, alm de no terem que pensar que se esto modificando suas formas de
lecionar, esto ao mesmo tempo ultrapassados. Ao contrrio, professores que realizam
adaptaes em suas metodologias e modificam suas prticas, esto na verdade
acompanhando os avanos educacionais e permitindo que seus alunos possam obter
melhores resultados.
2.4 A IMPORTNCIA DO PREPARO DOS ALUNOS PARA A REALIZAO DO
ENEM
O preparo dos alunos, futuros ingressos na universidade pblica, um fator de
alta importncia, pois com o aumento contnuo da concorrncia necessrio mais tempo
de estudo para se ingressar num curso superior de qualidade. Muitas escolas tm seus
Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
257
cursos de ensino mdio voltados para a preparao para o ENEM e Vestibular,
principalmente as particulares. Porm, o aluno de escola pblica, independente do turno
que estuda e da qualidade do ensino em sua escola de leva desvantagem em relao aos
correntes das escolas privadas, pois esse aluno alm de estudar, geralmente tem outras
atividades, dentre elas, trabalhar para ajudar no sustento da famlia.
A princpio o ENEM era um mero instrumento do Governo Federal para analisar
a qualidade do ensino mdio no Brasil. Poucos eram aqueles que se dispunham a
realizar o exame e dedicar-se para atingir uma boa pontuao. Hoje tudo mudou. O
Enem passou a ser o instrumento do ProUni (Programa Universidade para Todos), que
oferece bolsas de estudo em universidades particulares para alunos comprovadamente
carentes. (Brasil Escola, 2013).
Analisando dessa forma, valido dizer que os alunos precisam de preparos reais
para que possam ter chances de conquistar uma vaga em um curso superior, mediante a
alta concorrncia que existe na atualidade. Hoje o ENEM no apenas uma prova para
mensurar a qualidade do ensino, mas tambm uma grande possibilidade de conquistar
uma vaga e optar por inmeros cursos superiores.
Por mais que a interpretao e o raciocnio estejam evidentemente priorizados na
prova, necessria ainda uma grande base terica para a resoluo das questes. O
contedo clssico do Ensino Mdio ainda cobrado e os conceitos precisam estar
solidificados na cabea do aluno para que ele possa resolver as questes. (ENEM,
2013).
A base terica mencionada acima conquistada pelos alunos que buscam com
mais intensidade o preparo para a realizao da prova. Esse preparo possvel quando
os alunos no medem esforos e seguem atrs de novos conhecimentos, e no esperam
apenas os conhecimentos que podem ser obtidos em salas de aulas. Porem, todo o
preparo dos alunos do Ensino Mdio deve comear ainda nas salas de aulas, pois o
compromisso e o papel do professor no pode ser cancelado nem minimizado.
3 METODOLOGIA
A pesquisa foi realizada em uma Escola Estadual, localizada na Rua Monsenhor
Tomaz, no municpio de Benjamin Constant AM.
O pblico submetido pesquisa foram os professores da disciplina de qumica,
alm dos alunos de duas turmas do 3 ano do Ensino Mdio do turno vespertino.
Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
258
Fizeram parte da pesquisa 06 professores da disciplina de Qumica, e 50 alunos
que foram aleatoriamente selecionados, sendo 25 alunos de cada turma.
3.1 CLASSIFICAO DA PESQUISA
Para Gil (1999, p.42), a pesquisa tem um carter pragmtico, e um processo
formal e sistemtico de desenvolvimento do mtodo cientfico. O objetivo fundamental
da pesquisa descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos
cientficos.
Na presente pesquisa, fez-se uso da pesquisa-ao, pois, uma metodologia
muito utilizada em projetos de pesquisa educacional.
Define Thiollent (1988):
A pesquisa ao um tipo de investigao social com base
emprica que concebida e realizada em estreita associao com
uma ao ou com a resoluo de um problema coletivo no qual
os pesquisadores e os participantes representativos da situao
ou do problema esto envolvidos de modo cooperativo ou
participativo.
Nessa pesquisa portanto a investigao social foi realizada exatamente como diz
o autor, tendo em vista que os alunos e os professores foram os principais participantes.
Com a aplicao da pesquisa ao, foi possvel perceber quais os principais problemas e
benefcios que o ENEM trouxe para o processo de ensino e aprendizagem na disciplina
de Qumica no Ensino Mdio.
Diante do estudo proposto e da necessidade da coleta dos dados, com base nos
objetivos, tambm foi necessrio desenvolver uma pesquisa exploratria de perfil
qualitativa e a quantitativa, pois os dados coletados foram colocados em grficos.
Para Gil (2007) a pesquisa exploratria:
[...] tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o
problema, com vistas a torn-lo mais explcito ou a construir
hipteses. A grande maioria dessas pesquisas envolve: (a)
levantamento bibliogrfico; (b) entrevistas com pessoas que
tiveram experincias prticas com o problema pesquisado; e (c)
anlise de exemplos que estimulem a compreenso.
Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
259
De acordo com o autor, essa pesquisa realmente proporcionou uma relao mais
prxima, alm de um contato direto com o pblico alvo. As entrevistas, onde foram
realizados os questionrios foram de grande utilidade, alm de permitir que fossem
levantadas algumas informaes atravs de conversar informais, o que aconteceu em
contato com os professores e alunos.
A pesquisa qualitativa no se preocupa com representatividade
numrica, mas, sim, com o aprofundamento da compreenso de
um grupo social, de uma organizao, etc. Os pesquisadores que
adotam a abordagem qualitativa opem-se ao pressuposto que
defende um modelo nico de pesquisa para todas as cincias, j
que as cincias sociais tm sua especificidade, o que pressupe
uma metodologia prpria. Assim, os pesquisadores qualitativos
recusam o modelo positivista aplicado ao estudo da vida social,
uma vez que o pesquisador no pode fazer julgamentos nem
permitir que seus preconceitos e crenas contaminem a pesquisa
(GOLDENBERG, 1997, p. 34).
Na pesquisa qualitativa, o cientista ao mesmo tempo o sujeito e o objeto de
suas pesquisas. O desenvolvimento da pesquisa imprevisvel. O conhecimento do
pesquisador parcial e limitado. O objetivo da amostra de produzir informaes
aprofundadas e ilustrativas: seja ela pequena ou grande, o que importa que ela seja
capaz de produzir novas informaes (DESLAURIERS, 1991, p. 58).
Conforme diz o autor, no importa quo grande o tamanho das informaes,
mas sim o que elas so capazes de nos dizer. Nessa pesquisa, as informaes foram de
grande importncia, pois retrataram uma realidade convivida por inmeros alunos. A
produo das novas informaes sero capazes de nos permitir, pensar sobre como os
alunos esto buscando o preparo imprescindvel para a realizao do exame, e o que os
professores esto fazendo para que os alunos possam conseguir resultados positivos.
Quanto a Pesquisa Quantitativa, esclarece Fonseca (2002, p. 20):
Diferentemente da pesquisa qualitativa, os resultados da
pesquisa quantitativa podem ser quantificados. Como as
amostras geralmente so grandes e consideradas representativas
da populao, os resultados so tomados como se constitussem
um retrato real de toda a populao alvo da pesquisa. A pesquisa
quantitativa se centra na objetividade. Influenciada pelo
positivismo, considera que a realidade s pode ser compreendida
com base na anlise de dados brutos, recolhidos com o auxlio
de instrumentos padronizados e neutros. A pesquisa quantitativa
Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
260
recorre linguagem matemtica para descrever as causas de um
fenmeno, as relaes entre variveis, etc. A utilizao conjunta
da pesquisa qualitativa e quantitativa permite recolher mais
informaes do que se poderia conseguir isoladamente.
Seguindo a linha do pensamento do autor, nessa pesquisa buscou-se pesquisar
atravs da utilizao no somente da pesquisa quantitativa, como tambm da pesquisa
qualitativa. Assim, os dados coletados foram importantes e permitiram visualizar
informaes que no estariam presentes apenas em perguntas do mesmo tipo de
classificao.
3.2 MTODOS E TIPO DE PESQUISA
O mtodo dedutivo, como lembra Santos (2008) tem bases nos pensadores
racionalistas Descartes, Spinoza e Leibniz, tendo como pressuposto que apenas a razo
pode conduzir ao conhecimento verdadeiro.
Ele parte de princpios tidos como verdadeiros e inquestionveis (premissa
maior), para assim o pesquisador estabelecer relaes com uma proposio particular
(premissa menor) e, a partir do raciocnio lgico, chegar verdade daquilo que prope
(concluso). Ou, utilizando as palavras de Galliano (1979, p. 39) a deduo consiste
em tirar uma verdade particular de uma verdade geral na qual ela est implcita.
Dessa forma, foi possvel, atravs da aplicao do mtodo de pesquisa dedutivo,
apontar as mudanas nos trabalhos pedaggicos realizados pelos professores de
Qumica em virtude da realizao do Enem, alm de averiguar se os professores
sentiam-se estimulados a contribuir para o bom desempenho dos seus alunos, ao
realizarem a prova do Enem e de que forma os professores repassavam aos seus alunos
o estmulo para que participem do exame.
3.3 INSTRUMENTOS PARA COLETA E ANLISE DE DADOS
Nessa pesquisa os dados foram coletados atravs de questionrio, levando em
conta que sua aplicao foi de grande importncia, e permitiu recolher os resultados
necessrios. O questionrio utilizado foi o Questionrio Misto, pois, continha
caractersticas do questionrio aberto e tambm do questionrio fechado.
Os dados obtidos foram de carter qualitativo, representando assim
caractersticas acerca do tema em questo, mas, dados de cunho quantitativos tambm
Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
261
foram evidenciados. Nessa perspectiva os dados foram agrupados em grficos e tabelas,
possibilitando uma melhor visualizao dos resultados.
4 RESULTADOS E DISCUSSO
4.1 ANLISE SOBRE AS MUDANAS REALIZADAS PELO ENEM NOS
CURRCULOS E TRABALHOS PEDAGGICOS DOS PROFESSORES.
Primeiramente, buscou-se a identificao da formao do professor, e o interesse
em saber o tempo de docncia de cada um. O Quadro 01 sistematiza as respostas dadas
pelos professores sobre as questes.
Quadro 01. Formao do professor e tempo de atuao como docente.
Professor Formao: Graduao Tempo de atuao
1 Cincias: Biologia e Qumica 2 anos
2 Biologia 9 anos
3 Cincias: Biologia e Qumica 2 anos
4 Matemtica 10 anos
5 Cincias: Biologia e Qumica 2 anos
6 Cincias: Biologia e Qumica 2 anos
Percebeu-se que, entre os professores participantes dessa pesquisa, a maioria dos
profissionais so recm-formados.
GARCIA (1999, p.27) diz que no se pode exigir que a formao inicial oferea
produtos acabados, mas sim, que ela possibilite a compreenso de que a formao
inicial uma primeira fase de um longo e diferenciado processo de desenvolvimento
profissional.
Assim, o pouco tempo de atuao docente dos professores no pode ser encarado
como ponto negativo, e sim, como o incio do percurso de uma fase onde o professor
entrar em contato com as diversidades e dificuldades enfrentadas diariamente e que,
necessitar de empenho e dedicao constante.
Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
262
A questes 3 e 4 permitiram a identificao por parte dos professores, quanto o
acompanhamento e o preparo das aulas, de acordo com o contedo programtico do
ENEM.
Os dados obtidos a partir dessas perguntas nos mostrou que dos professores
entrevistados, 4 deles afirmaram que preparam e acompanham os contedos
programticos do ENEM, por acreditarem ser esta uma forma de possibilitar aos alunos,
mais informaes, alm de prepar-los para a realizao do exame, levando em
considerao a complexidade das questes contidas nele.
A partir dos resultados obtidos com a pesquisa, pode-se constatar de fato, que os
professores acreditam realmente na importncia do ENEM, e que so atores importantes
no processo de preparao dos alunos para a realizao do mesmo.
Apenas dois professores disseram no acompanhar, nem preparar suas aulas de
acordo com o que preconiza o ENEM. Em resposta a essa questo, o professor 4
respondeu que no acompanha e prepara suas aulas conforme o contedo programtico
do ENEM para a disciplina de Qumica, porque no formado na rea, e tem
dificuldades de entender alguns contedos e conceitos.
Ainda afirmou que est ministrando aulas de Qumica devido falta de
professores formados, mas, que pretende voltar a lecionar aulas de matemtica, onde
poder trabalhar com mais propriedade, mas, reconheceu a importncia de se trabalhar
conforme a proposta do ENEM, e disse que no se considerava habilitado para trabalhar
prticas em laboratrios, como experincias, porque no estava apto a manusear os
reagentes, e atribuiu isso a falta de conhecimento na rea de ensino que estava atuando,
porm, que no era sua formao.
Segundo os professores 1 e 3, mesmo com algumas dificuldades enfrentadas no
cotidiano, como falta de materiais, o pouco tempo de aula, a falta de interesse de alguns
alunos e a falta de apoio da escola para realizarem algumas atividades, ainda assim
consideram o ENEM um importante mtodo avaliativo para os alunos e para eles
prprios, pois alm de diagnosticar se os alunos esto aprendendo, eles tambm avaliam
a si prprios e percebem as modificaes que devem ser realizadas em suas
metodologias para que os alunos consigam resultados mais positivos, alm da
preparao para realizao do Exame.
Alm disso, todos os professores acham necessrio que as aulas estejam de
acordo com os contedos programticos do ENEM. Segundo eles, se as aulas estiverem
Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
263
de acordo com o que ele preconiza, cotidianamente os alunos estaro sendo preparados
para a realizao do exame, e as questes sero compreendidas com mais facilidade.
Os professores tambm afirmaram que a escola prioriza o ENEM. Isso se
confirmou com o fato da direo e a coordenao pedaggica da escola solicitar a todos
os professores, que elaborem seus planos anuais destacando e dando relevncias as
habilidades e competncias preconizadas de acordo com o ENEM.
Alm dos planos anuais realizados pelos professores, a escola, juntamente com a
coordenao pedaggica, solicita aos professores de todas as disciplinas que utilizem
com mais nfase as novas metodologias. Alm disso, o currculo escolar, segundo os
professores, tambm sofreu modificaes para adequar-se a proposta do ENEM.
Os professores entrevistados disseram que os contedos selecionados so
baseados na proposta curricular do Ensino Mdio, elaborada em consonncia com a
Secretaria de Educao do Estado do Amazonas, e que as escolas fazem essa solicitao
aos professores de todas as disciplinas, inclusive, para a disciplina de Qumica.
Grfico 01: Modificao por parte dos professores em suas metodologias de ensino
baseados nas propostas e contedos que o ENEM estabelece e credibilidade de que os
alunos esto preparados para responderem as questes de Qumica contidas no Exame.
Na pesquisa de Zanchet (2003),
O ENEM estaria gerando mudanas nas prticas pedaggicas e
alterando o trabalho de professores, pois mesmo que eles
estivessem centrados na racionalidade tcnica, teriam
demonstrado certa preocupao em mudar suas prticas
pedaggicas frente s questes deste exame, levando-os a
pensarem em formas alternativas para desenvolver os contedos
das disciplinas.
6783
3317
0%
20%
40%
60%
80%
100%
MODIFICARAM SUAS METODOLOGIAS ACREDITAM NO PREPARO DOS ALUNOS
SIM NAO
Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
264
Os resultados analisados no Grfico 01, foram concordantes com os obtidos pelo
autor acima, no qual os professores modificaram as suas formas de lecionar,
intencionados na realizao das novas metodologias, e alm disso, mudanas nas
prticas pedaggicas, e portanto, o desenvolvimento dos contedos da disciplina de
Qumica com mais clareza.
Mediante a essas modificaes pedaggicas realizadas, a maioria dos
professores afirmaram que acreditam no preparo dos alunos, para responderem as
questes de Qumica contidas no ENEM.
O professor 3 justificou em sua resposta dizendo que os alunos esto preparados
para responderem as questes de Qumica respectivas aos contedos trabalhados em
sala de aula, pois, alm das mudanas pedaggicas, a escola realizou simulados do
Exame.
Em concordncia com o professor 3, a realizao do simulado permite aos
alunos um mapeamento dos contedos mais requisitados no exame. Alm disso,
qualquer simulado realizado nas mesmas caractersticas de uma avaliao que ser
realizada posteriormente, aumentam as chances do candidato.
O professor 6 afirmou tambm, que acredita na capacidade dos alunos de
responderem as questes da disciplina de Qumica contidas no exame, e que ao
responderem a avaliao conseguiro ndices satisfatrios. Alm disso, o professor
relatou ainda que os alunos preparam-se mais para a realizao do certame, devido o
interesse em conquistar suas vagas nas universidades pblicas que aceitam as notas do
ENEM.
Porm, o professor 2 no acredita no preparo dos alunos para responderem as
questes de Qumica contidas no ENEM, e justificou sua resposta afirmando que a
aprendizagem um assunto pessoal, onde o aluno decide se aprende ou apenas conclui a
srie que est cursando, e ainda comentou, em conversa informal, que os alunos no
estudam em casa, e portanto, ficam restritos ao que ensinado apenas em sala de aula.
O Documento Bsico do ENEM apresenta as definies dadas pelo Ministrio
da Educao e Cultura - MEC, que de fato preparam os alunos para suas avaliaes: As
competncias e as habilidades.
Nos explica Gama (2006) que:
As competncias so estruturas mentais que, em princpio,
Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
265
podem ser desenvolvidas por meio de mtodos de ensino
apropriados. Nas situaes tpicas de sala de aula no temos,
todavia, quaisquer instrumentos e meios para medir/avaliar se
dado aluno mais ou menos competente.
O que podemos medir ou avaliar sempre ser referente s
habilidades que um aluno pode demonstrar, e isto depende da
qualidade do estgio e da abrangncia das suas estruturas
mentais. Quanto mais elas so boas, no sentido de serem
capazes de recorrer a diversos conhecimentos, estabelecer
tantas relaes quantas sejam possveis entre eles, e, ainda,
sinergicamente, coordenar tudo isto para resolver questes no
mundo real, tanto mais se poder afirmar sobre suas
habilidades.
Para que os alunos estejam realmente preparados, h a necessidade de que os
professores trabalhem em seus alunos essas definies, com a finalidade de torn-los
mais suscetveis a obterem bons resultados com a realizao do certame. De acordo
com o autor, preciso haver consonncia entre as competncias e as habilidades dos
alunos, e estas devem ser trabalhadas pelos professores, de acordo com os contedos
abordados.
4.2 ANLISE DAS RESPOSTAS DOS ALUNOS SOBRE O ENEM E SUAS
PERCEPES SOBRE AS MUDANAS REALIZADAS NOS TRABALHOS
PEDAGGICOS E CURRCULOS DE SEUS PROFESSORES
Grfico 02: Concordncia de que o ENEM seja uma forma de acesso dos alunos a
Universidade e se o consideram um importante mtodo avaliador do Ensino Mdio.
Como pode ser analisado no Grfico 02, a maioria dos alunos concordou com o
acesso direto s Universidades, utilizando as notas obtidas com a realizao da prova do
ENEM. Em conversa informal, alguns alunos afirmaram que o acesso as Universidades
utilizando as notas adquiridas favorvel para aqueles que realmente esto preparados,
6740
3360
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Concordam que o ENEM seja uma formadireta de acesso.
Consideram o ENEM um importantemtodo avaliador.
SIM NAO
Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
266
e que esse preparo no pode ser obtido apenas na sala de aula, mas tambm, estudando e
se preparando em casa nas horas livres.
Os alunos que disseram no concordar com o acesso direto nas universidades,
utilizando as notas adquiridas com a realizao do ENEM, justificaram as respostas
dizendo que o vestibular seria a melhor forma de ingressar nas Universidades e que o
ENEM complicado, possui linguagens tcnicas e questes complexas, alm de serem
de difcil compreenso.
Na realidade, o ENEM tem premissas que j constam na Lei de Diretrizes e
Bases da Educao(Lei9.394/96), que tambm incitam outras profundas melhorias e
transformaes de nosso Ensino Mdio, como, por exemplo, outros mecanismos de
acesso ao ensino superior.
Diante das finalidades almejadas pelo novo projeto de educao, as
metodologias, o currculo e as diversas maneiras de avaliao sero desenvolvidos de
modo que o aluno, no final do Ensino Mdio, demonstre:
I-domnio dos princpios cientficos e tecnolgicos que presidem
a produo moderna;
II- conhecimento das formas contemporneas de linguagem;
III-domnio dos conhecimentos de Filosofia e de Sociologia
necessrios ao exerccio da cidadania. (DCNEM, 1999, P. 69).
Com essas atribuies, pode-se esperar que os alunos obtenham possibilidades
reais de conclurem o Ensino Mdio e seguirem para o ensino superior realizando
apenas o ENEM. As determinaes implicadas pela LDB aos educandos concludentes
do Ensino Mdio, so satisfatrias para que eles possam dar prosseguimentos no ensino
superior. O importante saber se os alunos esto conseguindo alcanar esses
conhecimentos e domnios a partir das modificaes metodolgicas realizadas pelos
professores.
De acordo com o Grfico 02, mesmo concordando que o ENEM seja uma forma
direta de acesso as universidades, a maioria dos alunos entrevistados no considera o
Exame, um mtodo avaliativo to importante. A maior parte deles justificaram suas
respostas que trata-se apenas de mais uma prova inserida pelo governo federal, mas que
na verdade no avalia da forma correta.
Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
267
Em conversa informal, alguns alunos disseram que os professores enfatizam os
contedos pertinentes a suas disciplinas, semanas antes da realizao do exame, e que
aps passar os dias de prova, as aulas voltam a ser ministradas sem a devida
preocupao por parte dos professores, em continuarem trabalhando os contedos
programticos do ENEM. Alm disso, alguns alunos afirmaram que no conseguem
compreender as questes contidas no Exame, por serem de difcil interpretao.
Mallmann (2008) chama ateno para:
O que ocorre quando a Avaliao torna-se padronizada
nacionalmente e com carter controlador a desconsiderao
das especificidades enquanto aspectos: geogrficos, sociais,
econmicos, estruturais e de formao dos profissionais da
educao. Fatores que interferem no processo pedaggico e
necessitam ser analisados e considerados no processo de
avaliao das escolas de educao bsica.
H de se concordar com a ateno chamada pelo autor, pois o ENEM um tipo
de avalio realmente padronizada. Nesse formato, no so levadas em considerao as
contextualizaes e singularidades de cada regio.
A afirmao dos alunos em relao a complexa e difcil linguagem utilizadas nas
elaboraes das provas do ENEM, podem estar indo de encontro justamente com essa
padronizao.
Em concordncia com o autor, seria interessante, estabelecer um mecanismo
para regionalizao das questes, de modo que os alunos fossem avaliados sem a
desconsiderao de suas peculiaridades, assim seria realmente possvel afirmar que o
ENEM seria de certa forma, um bom mtodo avaliativo dos alunos do Ensino Mdio.
Alguns dos alunos que responderam que o ENEM um importante mtodo
avaliativo do Ensino Mdio, afirmaram que, realizando o exame possvel obter o
diagnstico do nvel de conhecimento dos alunos, alm, da identificao dos possveis
problemas que estejam dificultando o processo de ensino e aprendizagem.
De acordo com a maioria dos alunos entrevistados, a escola tambm acredita na
importncia do ENEM como mtodo avaliativo, e incentiva no somente os alunos
concludentes, como tambm os alunos do 1 e 2 ano do Ensino Mdio.
Segundo eles, durante alguns dias a escola divulga sites e disponibiliza uma
pessoa para auxiliar os alunos a realizarem suas inscries.
Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
268
76
4
24
96
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Realizaram ou pretendem realizar oexame
Preparados para responderem asquestes de Qumica
SIM NAO
De acordo com os alunos, na prpria escola, possvel a obteno de acesso
internet, para efetuarem a inscrio e ainda a impresso do comprovante. Para muitos
alunos essa contrapartida da escola uma ajuda significativa, tendo em vista que muitos
deles no possuem internet em suas residncias, nem condies para acessarem em
locais particulares, tornando ainda mais difcil a inscrio e a participao no exame.
Grfico 03: Alunos que j realizaram ou tem vontade de realizar o ENEM e se esto
preparados ou no para responderem as questes de Qumica contidas no exame.
As informaes analisadas no Grfico 03, mostram que a maioria dos alunos j
realizou ou almeja realizar a avaliao do ENEM. Alguns alunos, ao justificarem suas
respostas disseram que o Exame um bom momento para testar os conhecimentos
adquiridos em sala de aula.
Porm, os dados do Grfico 03 mostram tambm que dentre eles, h um nmero
nfimo que se consideram preparados para a realizao do exame, mesmo assim esto
decididos a realizarem a prova para testarem e mensurarem seus conhecimentos. Alguns
alunos afirmaram, que no iro realizar o ENEM, porque no esto confiantes, e no
possuem conhecimentos suficientes para realizao do mesmo.
A necessidade de que os alunos sintam-se preparados para o ENEM um fato
incontestvel. Para que o aluno possa ter o preparo indispensvel para obter bons
resultados ao realizar o exame, precisa ter boas orientaes, e cabe a escola, e
principalmente aos professores, realizarem essas orientaes, no apenas os
conhecimentos que os alunos precisam, mas, tambm preparar os alunos
emocionalmente para a prova.
importante que o aluno concludente do Ensino Mdio realize o ENEM, alm
de ser importante para o aluno, tambm para a escola, para o municpio e para o
Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
269
20%
64%
16%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Principais sugestes dos estudantes
Uso do laboratorio Simulados do ENEM Aulas dinamicas em sala de aula
estado, por ser um dos indicadores de qualidade de ensino da escola. Alm disso, os
interessados em prestar o ProUni (Programa Universidade para Todos) s podero faz-
lo mediante a realizao do ENEM.
Grfico 04: Sugestes dos estudantes para que as aulas de Qumica sejam mais
proveitosas e proporcionem a realizao de uma boa prova do ENEM.
Em relao s atividades sugeridas, para potencializar o preparo dos estudantes
para realizarem o certame, podemos analisar no grfico 04, que grande parte dos alunos
sentem a necessidade da realizao dos simulados do ENEM para familiarizarem-se
com os tipos de questes contidas na avaliao.
Com a realizao dos simulados seria mais fcil para os alunos sanar as dvidas
pertinentes, e acostumarem-se com o contexto que o exame apresenta.
O simulado importante porque ele ajuda no trip do vestibular, ou seja, ajuda
na questo do conhecimento, da calma e da confiana. No que se refere ao
conhecimento, ele ajuda porque os simulados do um feedback do seu desempenho em
cada matria.
No que se refere calma e a confiana, os benefcios do simulado so por via
indireta, mas no menos importantes. Ao realizar um simulado, voc ir experimentar
em algum grau a mesma sensao que quando estiver fazendo o exame. (A importncia
dos Simulados, 2013).
http://oguiadosvestibulandos.blogspot.com/2010/09/o-tripe-do-vestibular.html
Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
270
As aulas dinmicas e contextualizadas, tambm foram sugeridas pelos
estudantes, com o intuito de tornar o ambiente escolar mais agradvel, tornando as aulas
de Qumica, momentos de interao entre alunos e professores, facilitando a
compreenso dos contedos ministrados.
Pois sabe-se que, contextualizar a Qumica no promover uma ligao artificial
entre o conhecimento e o cotidiano do aluno. No citar exemplos como ilustrao ao
final de algum contedo, mas que contextualizar propor situaes problemticas reais
e buscar o conhecimento necessrio para entend-las e procurar solucion-las. (PCN+,
p.93).
Alguns estudantes tambm sugeriram aos professores que utilizassem com mais
frequncia o laboratrio de cincias da escola, pois, segundo eles, as aulas em
laboratrio so mais produtivas e permitiriam que analisassem os fenmenos qumicos
por um ngulo diferente, de forma participativa, alm de poderem compreender com
mais facilidade as explicaes do professor.
Para Moreira e Levandowski (1983), a atividade de laboratrio um importante
elemento para o ensino de Qumica e esse tipo de atividade pode ser direcionado para
que atinja diferentes objetivos, tais como facilitao de aprendizagem, habilidades
motoras, hbitos, tcnicas e manuseio de aparelhos, aprendizagem de conceitos e suas
relaes, leis e princpios.
O uso de experimentos nas escolas foi influenciado, h mais de cem anos, pelo
trabalho experimental que estava sendo desenvolvido nas universidades. Estas aulas
experimentais tinham por objetivo melhorar a aprendizagem do contedo cientfico,
pois os educandos aprendiam os contedos, mas no sabiam aplic-los. Passado todo
esse tempo, o problema continua presente no ensino de Qumica (Izquierdo, Sanmart e
Espinet, 1999).
Para resolver de vez alguns problemas que at hoje ainda interferem no ensino
de Qumica, precisamos colocar em prtica o que aprendemos ainda na graduao. Os
alunos do ensino mdio so, em sua totalidade, indivduos que naturalmente necessitam
de aes renovadores, sendo assim seria muito interessante se os professores de
Qumica fossem mais atentos para as solicitaes dos alunos.
No h o que discutir, as aulas dinmicas e experimentais so indispensveis,
porm, as maiorias dos professores no as utilizam com intensidade, e assim deixam
uma lacuna importante no processo de ensino, a lacuna chamada experimentao.
Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
271
8396
174
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Acreditam no preparo dosestudantes
Estudantes que acreditam estarpreparados
SIM NAO
A experimentao se justifica por motivos ligados estrutura da cincia,
Psicopedagogia, Didtica especfica, reformulao conceitual entre outros, sendo
considerada ferramenta para o ensino e aprendizagem de Qumica. Embora atividades
experimentais aconteam pouco, tanto em espaos destinados para este fim ou mesmo
nas salas de aula, a maioria dos educadores acredita que esta pode ser a soluo a ser
colocada em prtica, que auxiliaria na to esperada melhoria do ensino de Qumica
(SCHWAHN, 2009).
Para Hodson (1988), o aluno deve perceber que todo experimento para ser
realizado deve estar sustentado pela teoria (matriz terica), por convenes, mtodos ou
protocolos de como realiz-lo (matriz procedimental) e de diversas teorias que
envolvem a instrumentao (matriz instrumental).
Em outras palavras, para este autor, no existe experimentao sem a teoria,
devendo ser utilizada como um recurso de complementao dos contedos vistos em
sala de aula, o que realmente coloca em evidncia estas duas estratgias de ensino.
Vale ressaltar que os professores que participaram dessa pesquisa responderam
que j realizam essas atividades, mas, que a aplicao dessas atividades pedaggicas so
planejadas de acordo com o contedo a ser trabalhado. Ainda afirmaram que os
simulados, que por sua vez, corresponderam s maiores sugestes dos alunos, so
realizados durante o ano letivo, e essa atitude uma forma adotada pela escola para que
os alunos possam ter resultados positivos.
4.3 PROFESSORES X ESTUDANTES: O PREPARO EM RELAO AS
QUESTES QUE QUMICA CONTIDAS NO ENEM
Grfico 05: Comparao entre as respostas dos professores e estudantes quanto ao
preparo dos mesmos para responderem as questes de Qumica contidas no ENEM.
Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
272
Como mostra o Grfico 05, h uma grande controvrsia entre alunos e
professores. Por um lado, a maioria dos professores afirmou que os alunos concludentes
do Ensino Mdio esto preparados para realizarem o exame, visto que modificaram seus
trabalhos pedaggicos e acreditam que seus alunos podem obter resultados positivos ao
realizarem o ENEM.
Em contrapartida, os alunos responderam que no se consideram aptos a
realizarem a avaliao. Alguns alunos disseram que querem fazer o exame, mas, sabem
que os resultados no sero positivos.
Muitos professores utilizam os horrios de aula apenas para ministrar os
contedos, quer sejam aulas tericas ou prticas. Mas para que os alunos e os
professores possam desfrutas de as aulas mais proveitosas, preciso que acontea em
sala de aula, momentos de trocas de ideias entre os professores e os alunos. Os alunos
muitas vezes no esto tendo bons resultados nas explicaes que esto recebendo, nem
mesmo nos tipos de aulas que so ofertadas.
Ainda segundo os alunos, a falta de preparo para alcanarem bons resultados no
certame, atribudo ao fato dos professores no organizarem suas aulas, e seus
trabalhos pedaggicos serem sempre repetitivos.
Quando os professores no modificam seus trabalhos pedaggicos, acabam por
prejudicar o resultado dos alunos na avaliao, fazendo com que os mesmos no se
sintam preparados para realizar o exame, e se realizarem, podem no obter bons
resultados.
Segundo Zabala (1998, p.162) o aprendizado se d quando o aluno consegue
utilizar o conhecimento adquirido em uma exemplificao ou em situaes que ele
consegue pr em prtica, com aes ou palavras, os conceitos por ele formulados.
O fato de o educador utilizar novas metodologias pedaggicas para promover
junto ao educando condies de aprendizado no o exime de utilizar prticas ditas
tradicionais como listas de exerccios, avaliaes escritas, aulas expositivas para avaliar
a participao efetiva do educando nas aulas e garantir-lhe possibilidades de
aprendizagem como cita Schatzman (apud Medeiros e Bezerra Filho, 2000, p.108):
A cincia no pode ser ensinada como um dogma
inquestionvel. Um ensino da cincia que no ensine a pensar, a
refletir, a criticar, que substitua a busca de explicaes
convincentes pela f na palavra do mestre, pode ser tudo menos
Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
273
um verdadeiro ensino da cincia. antes de mais nada um
ensino de obedincia cega incorporado numa cultura repressiva.
nessa ideia que podemos afirmar o quanto preciso que os professores de
Qumica sejam atores responsveis de irem alm do ato de ensinar. Para que os alunos
realmente possam ser considerados seres capazes de resolver problemas de
complexidades como os encontrados no certame do ENEM, preciso que a preparao
acontea ainda em sala de aula e, alm disso, importante que os alunos tenham a
possibilidade de lidar com questes que exijam a utilizao do pensamento, da reflexo
e da crtica, e que essas atribuies possam ser mais que meramente um entendimento
de explicaes de antigas teorias.
Um dos alunos ainda afirmou em resposta ao seu questionrio que o professor de
Qumica trabalha com simulados do ENEM apenas uma semana antes da realizao da
prova, o que para ele no supre a necessidade dos alunos, sendo que simulados do
ENEM, deveriam ser realizados durante todo ano, j que um mtodo que avalia no
somente os alunos, mas avalia a escola e seus professores.
CONCLUSO
Diante dos resultados e dos objetivos alcanados neste trabalho, pode-se
detectar que o ENEM tem implicaes diretas nas escolas. Essas implicaes
precisam ser conhecidas. vlido afirmar que as mudanas realizadas nos trabalhos
pedaggicos executadas pelos professores devem ser perceptveis aos alunos para
que viabilizem resultados positivos.
Caso contrrio, se as mudanas acerca dos trabalhos pedaggicos e dos
currculos no forem identificadas pelos estudantes, os resultados negativos sero
evidenciados.
importante que os professores e os alunos estejam preparados quando o
assunto for realizao do ENEM e o que a antecede. Os resultados da pesquisa
mostraram que os professores e alunos reconhecem a importncia do ENEM, sabem
o que preciso e como devem fazer para alcanarem bons resultados, mas,
preciso colocar em prtica esses novos procedimentos, bem como as mudanas que
surgiram, com a finalidade de preparar os alunos para o exame.
Com isso, o ENEM tem sido pouco produtivo tanto para a escola onde essa
Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
274
pesquisa foi realizada, quanto para os entrevistados. De acordo com os estudantes, o
ENEM causou tantas mudanas como foram ditas pelos professores, tambm no
instigou os alunos a buscarem meios de prepararem-se para realizarem a avaliao
com segurana.
Portanto, preciso que as escolas e seus prprios professores de Qumica
sintam-se incentivados a realizarem mudanas no sentido pedaggico, de forma que
haja definitivamente, modificaes e melhorias no processo de ensino e
aprendizagem.
importante tambm, que os estudantes assumam a responsabilidade de
obteno do preparo necessrio para responderem as questes de Qumica contidas no
Exame, e no deixem essa atribuio apenas para o professor, pois, a educao, o
ensino, o bom desempenho e os resultados de uma educao de qualidade devem ser
responsabilidade de todos.
Portanto, diante dos resultados obtidos em relao ao Exame Nacional do Ensino
Mdio, analisados pelo ponto de vista de professores e estudantes da rede pblica de
ensino no Municpio de Benjamin Constant - AM pode-se compreender que o ENEM
permitiu aos professores a identificao de um motivo a mais para que haja
modificaes de algumas metodologias, e assim permitir aos alunos que esto
concluindo o Ensino Mdio a possibilidade de chances reais de conquistarem suas vagas
nos mais diversos cursos de graduao, em inmeras instituies de ensino, que aceitem
parcial ou totalmente as notas obtidas com a realizao do exame.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
___. Ministrio de Educao e Cultura. Secretaria de Educao Mdia e Tecnolgica.
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Mdio. Braslia: 1999a.
AMAURO, Nica Quintino. Caracterizao do conhecimento Qumico exigido dos
alunos egressos do ensino mdio brasileiro. 2004.1 76f.; Dissertao (Mestrado),
Instituto de Qumica de So Carlos Universidade de So Paulo, So Carlos.
BLOOM, B. S. (Ed.). Taxonomy of Educational Objectives: The classification of
Educational Goals. Handbook I: Cognitive Domain. New York: Longmans, 1956.
BRASIL, MEC. Em Aberto (Currculo: referenciais e tendenciais). INEP, Braslia,
N 58, abril/jun. 1993.
BRASIL, Ministrio da Educao, Secretaria de Educao Mdia e Tecnologia.
Parmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Mdio: Cincias da Natureza,
Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
275
Matemtica e suas Tecnologias. Braslia: MEC/SEMTEC, 2000. Disponvel em:
. Acesso em 18 setembro
2013.
BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira.
Sobre o Enem, 2011. Disponvel em: . Acesso em: 9 set. 2013.
CHASSOT, Attico. Alfabetizao cientfica: questes e desafios para a educao. Iju:
Uniju, 2006.
CORTI, A.P.; e FREITAS, M.V. Universalizao e Obrigatoriedade do Ensino Mdio.
In: CAVALCANTE, M.H.K.; e SOUZA, R.A. Ensino Mdio: mudanas e
perspectivas. Porto Alegre: EDiPUCRS. 2010.
DESLAURIERS, J. & KRISIT, M. O delineamento de pesquisa qualitativa. In:
POUPART, Jean et al. A pesquisa qualitativa: Enfoques epistemolgicos e
metodolgicos. Petrpolis, RJ: Vozes, 2008 (p. 127/153).
ENEM, Exame Nacional do Ensino Mdio. Acesso em: 10/10/2013. Disponvel em:
.
FONSECA, Joo Jos Saraiva da; Metodologia da Pesquisa Cientfica. Fortaleza.
GALLIANO, A. G. O Mtodo Cientfico: Teoria e Prtica. So Paulo: Harbra, 1979.
GAMA, Zacarias Jaegger; OLIVEIRA, Eloiza da Silva Gomes. Mtodos e Tcnicas de
Avaliao. v. 1, Rio de Janeiro: Fundao CECIERJ, 2006.
GARCIA, Carlos Marcelo. Formao de Professores: para uma mudana educativa.
Porto Portugal. Porto Editora Ltda., 1999b. Coleo Cincias da Educao.
GIL, Antnio Carlos. Mtodos e tcnicas de pesquisa social. So Paulo: Atlas, 1999.
GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar. Rio de Janeiro: Record, 1997.
HODSON, D. Experimentos na cincia e no ensino de cincias. Educacional Filosofia
e Teoria, 20, 53 -66, 1988.
HOLMAN, J. e HUNT, A. What does it mean to be chemically literate? Educ.
Chem., v. 39, n. 1, p. 12-14, 2002.
HORNBURG, N.; SILVA, R. Teorias sobre currculo: uma anlise para
compreenso e mudana. Revista de Divulgao Tcnico-cientfica do ICPG, v. 3, n.
10, p. 61-66, jan./jun. 2007.
IZQUIERDO, M; SANMART, N; ESPINET, M. Fundamentacin y diseo de las
prcticas escolares de ciencias experimentales. Enseanza de las Ciencias. v. 17,
n.1, p. 45-60, 1999.
Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
276
LIMA, V.M.R, GRILLO, M.C.. Como organizar os contedos cientficos de modo a
constituir um currculo para o sculo 21? In: GALIAZZI, M.C.; AUTH, M.A.;
MORAES, R.; MANCUSO, R. (org.) Aprender em rede na Educao em Cincias.
Iju: Editora. Uniju, 2008.
LOPES, A.C. Conhecimento escolar: cincia e cotidiano. Rio de Janeiro: EDUERJ.
1999.
MACENO, N. G. et al. A Matriz de referncia do Enem 2009 e o desafio de recriar o
currculo de qumica na educao bsica. Qumica Nova na Escola, v. 33, n. 3, p. 153-
159, ago. 2011.
MALDANER, O. A. A formao inicial e continuada de professores de qumica.
Iju: Ed. UNIJU, 2000.
MALLMANN, Vera Carmosina da Silva, EYNG, Ana Maria. Polticas de avaliao da
educao bsica: limites e possibilidades para a gesto da escola pblica. Disponvel
em: http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2008/anais/pdf/385_846.pdf Acesso
em: 22 jul.2013.
MEDEIROS, A.; BEZERRA FILHO, S. A natureza da cincia e a instrumentao
para o ensino de Fsica. Cincia & Educao, v. 6, n. 2, p. 108, 2000.
MENDES SOBRINHO, Jos Augusto de Carvalho. A formao continuada de
professores: modelos clssicos e contemporneo. Linguagens, Educao e Sociedade,
Teresina, ano 11, n. 15, jul./dez. 2006. p. 75-92.
MOREIRA, M.A., LEVANDOWSKI, C.E., Diferentes Abordagens ao Ensino de
laboratrio. Porto Alegre: Ed. da Universidade - UFRGS, 1983.
SANTOS, J. H. V. Consideraes Acerca Dos Mtodos Dedutivo E Indutivo 2008.
Disponvel em: . Acesso em: 20 Outubro 2013.
SANTOS, W. L. P. dos; SCHNETZLER, R. P. Educao em Qumica: Compromisso
com a Cidadania. 3 ed. Iju: Ed. Uniju 2003. 144 p. (Coleo Educao em
Qumica).
SCHNETZLER, R. P; SANTOS, W. L. P. Educao em Qumica: compromisso com
a cidadania. 2.ed. Iju: Ed. UNIJU, 2000. 144p.
SCHWAHN, M. C. A. Objetivos para o uso da experimentao no ensino de
qumica: a viso de um grupo de licenciandos. 2009. Disponvel em:
. Acesso em: 23 de outubro. 2013.
THIOLLENT, M. Metodologia da Pesquisa-ao. 14 edio. So Paulo: Cortez
Editora, 2005.
ZABALA, A. A prtica educativa: Como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.
Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente
LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)
277
ZANCHET, B.M.A. A prtica avaliativa do Exame Nacional do Ensino Mdio
(Enem): pressupostos conceituais e implicaes no contexto escolar. 400f. Tese
(Doutorado em Educao) Setor de Educao, Unisinos, 2003. p.12-89.
Recebido em 05/8/2013. Aceito em 15/11/2013.
Sobre autores e contato: *Graduando em Cincias: Biologia e Qumica, e-mail: [email protected]
**Licenciada em Cincias: Biologia e Qumica UFAM e Especialista em Metodologia
de Ensino da Qumica - FGF, e-mail: [email protected]