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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS, AMBIENTAIS E BIOLÓGICAS Monitoramento do comportamento fisiológico da espécie Florestal Schizolobium amazonicum Huber ex. Ducke (Paricá) sob condição de déficit hídrico. ELAYNE KÁTIA DOS SANTOS GALVÃO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS, AMBIENTAIS E BIOLÓGICAS

Monitoramento do comportamento fisiológico da espécie Florestal

Schizolobium amazonicum Huber ex. Ducke (Paricá) sob condição de

déficit hídrico.

ELAYNE KÁTIA DOS SANTOS GALVÃO

Cruz das Almas, Abril-2015.

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ELAYNE KÁTIA DOS SANTOS GALVÃO

Monitoramento do comportamento fisiológico da espécie Florestal

Schizolobium amazonicum Huber ex. Ducke (Paricá) sob condição de

déficit hídrico.

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Colegiado do

Curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal do

Recôncavo da Bahia - UFRB pela estudante Elayne Kátia dos

Santos Galvão como requisito parcial para obtenção do grau de

Bacharel em Engenharia Florestal, sob a orientação do Prof.

Manoel Teixeira de Castro Neto.

Cruz das Almas, Abril-2015

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Monitoramento do comportamento fisiológico da espécie Florestal

Schizolobium amazonicum Huber ex. Ducke (Paricá) sob condição de

déficit hídrico.

ELAYNE KÁTIA DOS SANTOS GALVÃO

Aprovada em ____/____/_____.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________Manoel Teixeira de Castro Neto

Ph.D - UFRB

__________________________________________________Ricardo Franco Cunha Moreira

Doutor - UFRB

_________________________________________________Mayana Matos de Oliveira Santos

Mestre - UEFS

CONCEITO FINAL: _____________________

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À minha mãe, Glayde Suely, pelo amor e apoio incondicional a todo

tempo.

Dedico

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente ao meu Deus, pelo dom da vida.

Aos ausentes, que ao lado do pai celebram a minha vitória. Em especial Tio Allyson, as minhas avós Judite Lima, Isabel Vieira, Cecília Gomes e ao meu

avô Antonio Anatólio, a eles também a minha imensa e eterna saudade.

À minha mãe por fazer dos meus sonhos os seus sonhos, por estar ao meu lado orientando e educando durante a minha vida inteira, a ela o meu amor e a

minha infinita gratidão.

Aos meus pais Antonio e Adenilson, pelo apoio e incentivo.

À Jorge Boaventura, pelo carinho e companheirismo.

Aos meus irmãos, pela torcida e amizade.

Aos meus parentes e amigos que sempre me incentivaram.

Aos meus docentes pelos conhecimentos compartilhados, em especial ao meu Orientador Manoel Teixeira pela confiança e parceria firmadas.

À Rogerio Ribas pela atenção e contribuição.

A Thúlio e Fernanda pela ajuda prestada durante a execução dos experimentos.

Aos meus colegas de turma, Engenharia Florestal 2010.1, em nome de Lucas Barbosa e Lucas Ribeiro, por todas as experiências compartilhas durante esses

cinco anos intensos anos.

Enfim a Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia, pela bolsa de estudos e auxilio financeiro.

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RESUMO

Schizolobium amazonicum Huber ex. Ducke (Paricá), é uma arvore nativa das florestas

amazônicas caracterizada pelo rápido crescimento e boa cotação da madeira no mercado. Vem

sendo cultivado, principalmente, nas regiões Norte e Nordeste do país, regiões estas,

historicamente reconhecidas como de má distribuição pluviométrica anual. Há uma deficiência

de informações sobre as respostas fisiológicas da espécie relacionadas às condições de regimes

pluviométricos em campo. O presente trabalho teve como objetivo monitorar o comportamento

fisiológico de plantas jovens de Paricá submetidas a déficit hídrico. O estudo iniciou quando as

plantas apresentavam cerca de 40 dias, e formaram dois grupos. Um grupo foi submetido à

condição de campo e outro a condições controladas, sendo ambos submetidos ao déficit hídrico

(por suspensão da irrigação) até próximo do ponto de murcha, quando então foram re-irrigados.

Para os períodos irrigados, de déficit hídrico e de recuperação, foram monitoradas as variáveis

de crescimento e de trocas gasosas, condutividade estomatal e teor relativo de água. Sob a

condição controlada, a umidade do solo foi reduzida 69% do valor encontrado quando

hidratadas. Com isso foi observada redução de 33% no teor relativo de água do tecido foliar,

93% na taxa de assimilação líquida de CO2, 100% na condutância estomática e 95% na

transpiração. Sob condição de campo as reduções ocorreram com o solo com 68% da umidade

inicialmente apresentada. Para no teor relativo de água do tecido foliar a redução foi de 26%, na

taxa de assimilação líquida de CO2 de 89%, na condutância estomática de 84%, na transpiração

82%. O Paricá demonstrou baixo controle estomático de perda de água sob pressão de déficit

hídrico.

Palavras chave: Paricá. Relações hídricas. Trocas gasosas

Monitoring of physiological behavior in Forest species Schizolobium amazonicum Huber ex. Ducke (Paricá) under water stress condition.

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ABSTRACT

Schizolobium amazonicum (Paricá) is a native tree of the Amazon forests characterized by rapid

growth and good price of wood on the market. It has been cultivated mainly in the north and

northeast regions of the country that have been recognized, historically, as uneven mean annual

rainfall distribution. Thus, the newly installed plants in the field are subject to water deficiency.

Also there is deficiency of information on the physiological responses of this species related to

the conditions of rainfall regimes in the field. This study aimed to monitor the physiological

behavior of forty-days-old Paricá seedlings exposed to water deficit. Some plants were

submitted to field conditions, and others to controlled conditions. Both groups were submitted

to water deficit pressure by withholding water, until the soil wilting point had been reached,

when all plants were re-irrigated. Plants were monitored for growth variables, photosynthetic

rate, transpiration, stomatal conductivity and leaf relative water content. Under controlled

conditions, soil moisture was reduced by 69% of the fully irrigated soil value. Thus, it was

observed a 33% reduction in the leaf relative water content, and 93% in the rate of net CO2

assimilation, 100% in stomatal conductance, and 95% transpiration. Under field conditions, the

reductions occurred when the soil reached 68% of the moisture initially presented. Under this

condition leaf tissue relative water content reduced by 26%, net assimilation rate reduced by

89%, stomatal conductance by 84%, and transpiration reduced by 82%, of the fully irrigated

plants. The Paricá demonstrated low stomatal control of water loss under high drought pressure.

Keywords: Paricá. Water relations. Gas exchange

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INTRODUÇÃO

Schizolobium amazonicum  (Paricá), pertencente à família Fabaceae, é uma

essência  florestal nativa da Amazônia brasileira, venezuelana, colombiana, peruana e

boliviana. Apresenta-se como uma árvore caducifólia, com folhas bipinadas e grandes.

Seu tronco é uniforme e reto, e na fase adulta apresenta sapopema e atingem 40 m de

altura e 100 cm de diâmetro (Carvalho, 2007). Sua madeira possui coloração branca-

amarelada-claro e tonalidade róseo-pálida com superfície sedosa e lisa, sendo de fácil

trabalhabilidade, demonstra bom acabamento e vem sendo amplamente utilizada no

processo de produção de laminas de madeiras, compensados para a fabricação de forros

e afins, palitos e similares (Rondon, 2002; Lobão, 2012).

De acordo com Urbinati, (2013) dado a uma combinação de fatores, o Paricá tem

despertado o interesse de silvicultores e empresários do ramo madeireiro. A excelente

qualidade da madeira para produção de laminados, o rendimento e a qualidade superior

as espécies tradicionalmente usadas na indústria de compensados, o valor comercial, o

seu rápido crescimento e o bom incremento volumétrico, são alguns dos fatores que

vem contribuindo para o significativo aumento nas áreas plantadas no país.

Dentre as regiões produtoras de Paricá as empresas madeireiras do norte e

nordeste do país tem se destacado, especialmente nos estados do Pará e Maranhão, onde

pode-se constatar, ainda que empiricamente, que no período de implantação as mudas

no campo passam por deficiência hídrica causada pela má distribuição pluviométrica

(Carvalho, 2005).

Apesar do aumento significativo dos investimentos em áreas plantadas com o

Paricá no país nos últimos anos, e de já existir um mercado consolidado da madeira

desta espécie, ainda há uma carência de informações sobre as respostas fisiológicas da

cultura quando expostas a situações de estresse.

A água é o principal constituinte do tecido vegetal, representando cerca 50% da

massa fresca nas plantas lenhosas, sendo essencial para o metabolismo vegetal, na

turgescência e multiplicação celular, no transporte e translocação de solutos e no

comportamento estomatal (Taiz; Zeiger, 2013).

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Larcher (2000) define o estresse em plantas como um desvio significativo das

condições ótimas para o desenvolvimento da mesma, causando mudanças e respostas

em todos os níveis funcionais do organismo, que podem ser irreversíveis ou reversíveis.

Uma vez que todos os aspectos de crescimento e desenvolvimento das plantas

são comprometidos pela deficiência hídrica, o sucesso do plantio depende dentre outras

características, do conhecimento de suas exigências hídricas, o que torna imprescindível

conhecer o comportamento da cultura sob diferentes regimes hídricos para então

determinar regiões condizentes com a exigência da espécie, indicar o manejo de

irrigação mais adequado, e/ou determinar qual o mecanismo fisiológico importante no

melhoramento genético da espécie. Objetivou-se neste estudo, monitorar a capacidade

de plantas jovens de Paricá em recuperar seu status hídrico e trocas gasosas durante e

após período de déficit hídrico, ocasionado por suspensão da irrigação.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado no município de Cruz das Almas-BA, na Universidade

Federal do Recôncavo da Bahia, em condições controladas no Laboratório de

Ecofisiologia Vegetal (LEV) e em condição de campo. Durante o período de avaliações

a temperatura média do ambiente no LEV foi de 25ºC dia/noite, umidade relativa média

do ar de 75%, fotoperíodo de 12 horas com luz natural, com aproximadamente média de

300 mol.m2.s-1, e o campo apresentou temperatura média diária de 29ºC, e umidade

relativa do ar média de 70% e fotoperíodo de 12 horas.

As sementes de Schizolobium amazonicum, adquiridas da empresa comercial,

foram escarificadas, com lixa d’água No. 80, próximo ao eixo embrionário e submetidas

a imersão em água destilada por um período de 24 horas, para a quebra de dormência, e

então semeadas em sacos plásticos de 4 l preenchidos com uma mistura de solo:areia

grossa:esterco bovino curtido (1:1:1), adubado com 5 kg/m3 da formulação 10:28:20.

O período de desenvolvimento das mudas se deu no campo experimental da

UFRB, em viveiro com 50% de sombra e fotoperíodo natural (12 horas), sendo

mantidas irrigadas diariamente para manter a umidade do substrato próximo à

capacidade de campo. Quando as mudas atingiram aproximadamente 30 dias da

semeadura, foram selecionadas conforme a uniformidade em altura e número de folhas,

para serem encaminhadas para os locais de avaliação, a fim de possibilitar que estas se

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aclimatassem sob tais condições. Oito dias antes de iniciar as avaliações procedeu-se

uma adubação com a formulação 10:28:20, sendo que 3 kg da formulação foram

diluídos em 50 litros de água e as plantas foram irrigadas até capacidade de campo

durante todo o dia para evitar qualquer deficiência nutricional.

As avaliações foram iniciadas com as mudas totalmente irrigadas e finalizadas

após estas o solo atingirem o ponto de murcha, quando foram re-irrigadas. As variáveis,

crescimento em altura, fotossíntese, transpiração, condutância estomática e teor relativo

de água na folha foram monitoradas durante todo o ciclo. A re-hidratação foi

monitorada duas vezes, sendo a primeira 72 horas após as mudas atingirem o ponto de

murcha e serem re-hidratadas e a segunda 72 horas após a primeira.

O crescimento em altura das plantas foi determinado mediante monitoramento

do colón até o ápice caulinar, com o auxilio de uma régua graduada. A fotossíntese, a

transpiração e a condutividade estomática foram monitoradas diariamente, entre 8 h e

10 h da manhã, com o auxílio de um analisador infravermelho de gases portátil

(LcPro+, ADC, UK.), com fonte artificial de radiação a 313 mol.m2.s-1, utilizando

folíolos totalmente expandidos da folha madura mais recente. Foram monitoradas as

variáveis taxa fotossintética líquida (A), transpiração (E), condutância estomática (gs) e

a Eficiência do uso da água (A/E). A umidade do solo foi monitorada volumetricamente

(m3/m3) usando o sistema Decagon (Pullman, WA, USA) usando-se uma sonda 5TE que

monitora as características dielétricas do solo. Para determinação do teor relativo de

água (TRA), um par de folíolos da folha em expansão foi retirado, colocado em pesa-

filtro e imediatamente pesados em balança analítica de precisão 0,01mg, para a

obtenção do peso fresco (PF). Após a pesagem, os folíolos ficaram por 24 horas em

água destilada, no escuro, para obtenção do peso túrgido (PT). O peso seco foi obtido

secando-se os folíolos em estufa de ventilação forçada a 70 °C até adquirir peso

constante. O TRA foi determinado de acordo com a metodologia de Weatherley (1950).

Os resultados foram submetidos á analise de média usando-se os desvios padrão das

amostragens.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A suspensão da irrigação ocasionou estagnação do incremento em altura de todas

as plantas (Figura 1). O experimento sob condição controlada teve maior duração sendo

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possível visualizar melhor o reflexo do estresse sobre o crescimento da espécie. O

crescimento paralisou no 5º dia, quando as plantas apresentavam TRA de 67,71%

(Figura 2), valor este 12% menor do que aquela para as plantas totalmente hidratadas.

Essa paralisação no crescimento no 5º dia é dada ao fato do crescimento ser uma das

atividades dependente da turgidez. Segundo os autores Taiz; Zeiger (2013), conforme o

teor relativo de água diminui a célula encolhe cada vez mais e as paredes relaxam

ocorrendo perda de turgidez, sendo este o primeiro efeito biofísico do déficit hídrico.

Além da paralisação do crescimento, ainda nos primeiros dias de estudo, pode-se

observar uma perda parcial das folhas nas plantas submetidas ao déficit. Chaves et al.

(2004), aponta a diminuição da área foliar como uma das primeiras formas de defesa

das plantas contra a deficiência hídrica, visa diminuir a área fotossinteticamente ativa e

assim reduzir a transpiração conseqüentemente a perda de água.

No 17º dia as plantas foram reidratadas elevando o TRA para valores semelhantes

aos encontrados inicialmente quando as plantas encontravam-se hidratadas. Observa-se

que após a reidratação as plantas voltaram a crescer. Duarte (2014) estudando o déficit

hídrico em paricá com 60 dias da emergência verificou também que os maiores valores

de teor relativo de água proporcionaram maior crescimento em altura.

Figura 1. Crescimento em alturas de plantas jovens de Schizolobium amazonicum durante ciclo hídrico em condição controlada. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas (BA), 2015.

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Fazendo uma analise dos resultados encontrados para TRA e Umidade do solo

(Figura-2 B-B) para a condição de campo, pode-se perceber que houve uma queda

acentuada nos parâmetros no 7º dia, expressando uma diminuição na umidade do solo

de 68% e uma queda de 20% do TRA nos tecidos foliares Observar-se que na condição

de ambiente controlado ocorre no 17º dia de estudo uma diminuição de 33% no TRA e

de 69% da Umidade do solo (Figura-2 A-A).

Colaborando para a confirmação dos resultados aqui encontrados, Oliveira et. al.

(2002) e autores, estudando o déficit hídrico em pupunheira, verificaram que à medida

que decresceu a umidade do solo diminuiu também o teor relativo de água nos tecidos

foliares. Com a aplicação da reidratação (seta indicativa) e a umidade do solo

restabelecida, as plantas de ambas as condições, apresentaram recuperação de cerca

86% e 106% nos valores do TRA, condição de campo e condição controlada,

respectivamente. Isto evidencia a rápida recuperação do status hídrico da espécie. Pode-

se observar que em ambas condições o comportamento das curvas são bem similares, e

que a evolução do teor relativo de água no tecido foliar responde positivamente com a

umidade do solo, uma vez que com o passar dos dias a umidade vai diminuindo o TRA

também, e com a reidratação há um restabelecimento simultâneo do TRA.

Albuquerque et al, 2013 ao avaliar plantas jovens de mogno africano (Khaya

Ivorensis) verificou que a reidratação das plantas estressada também provocou uma

rápida recuperação do status hídrico, os autores inferem que o déficit hídrico não causou

danos irreversíveis á absorção e ao transporte de água da raiz para a parte aérea, desta

forma o mesmo pode se inferir para o presente estudo.

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Figura 2. A- Umidade do solo e Teor Relativo de Água (TRA%) em plantas jovens de Schizolobium amazonicum durante e após suspensão da irrigação em condição de controlada. B- Umidade do solo e Teor relativo de água em plantas jovens de Schizolobium amazonicum durante e após suspensão da irrigação em condição de campo. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas (BA), 2015.

Para determinar a capacidade máxima fotossintética da espécie sob condição

controlada de radiação foi obtida a curva de resposta do paricá a radiação (Figura 3).

Diferente de outros estudos (Amarante, 2007) os dados aqui não receberam nenhum

ajuste matemático, apenas foram observados. O Paricá demonstrou comportamento

padrão de resposta à radiação ( Long; Bernacchi, 2003Amarante et al., 2007).

As espécies arbóreas apresentam valores distintos para taxas fotossintéticas (A).

Segundo Larcher (2000), as espécies tropicais possuem valores médios que variam de

12 a 20 µmol m-2 s-1, as pioneiras de 10 a 16 µmol m-2 s-1, tropicais climáticas de 8 a 10

µmol m-2 s-1, e para temperadas caducifólias é de 8 a 15 µmol m-2 s-1.

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Sendo o Paricá uma espécie caducifólia, deveria ter apresentado A de 8 a 10

µmol m-2 s-1. Analisando a curva de resposta (Figura 3) nota-se que o Paricá apresentou

baixo ponto de compensação luminoso e baixo ponto de saturação, características estas

atribuídas a plantas de florestas que vivem em áreas relativamente de baixa incidência

de radiação. Boardman (1977) relata que espécies de sol, assim como o paricá,

crescendo em ambientes sombreados tende a apresentar comportamento semelhante a

espécies de sombra.

Figura 3- Curva de resposta a radiação luminosa de plantas jovens de Schizolobium amazonicum. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas (BA), 2015.

Na condição de ambiente controlado no 17º dia a umidade do solo foi reduzida a

0,076 m³/m³ cerca de 69% do valor encontrado quando hidratadas (1º dia) (Figura 2-A).

Com a restrição hídrica, foram observadas reduções em todas variáveis fisiológicas

(Figura 4). A taxa de assimilação líquida de CO2 sofreu uma redução percentual de

93%, a condutância estomática se igualou a zero, representando um fechamento total

dos estômatos aos 17 dias de restrição hídrica, a transpiração foi reduzida a 95% em

relação aos valores encontrados quando as plantas hidratadas.

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Figura 4- Taxas de fotossíntese (A), transpiração (E), condutância estomática (gs), em plantas jovens de Schizolobium amazonicum durante e após suspensão da irrigação em condição controlada. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas (BA), 2015.

Observa-se ainda que o estresse provocou uma acentuada mudança nas taxas

fotossintéticas, Macfarlane (2004), estudando efeitos de déficit hídrico para Eucalyptus

globulus, encontrou valores inferiores de fotossíntese nas plantas estressadas

comparadas com as plantas irrigadas da espécie, mostrando também que a

disponibilidade hídrica influência na diminuição das taxas fotossintéticas.

Na condição de campo (Figura 5), essas reduções ocorreram no 7º dia de estudo,

quando o solo apresentava cerca de 68% da umidade inicialmente apresentada, para a

taxa de assimilação líquida de CO2 houve redução de 89%, na condutância estomática

de 84%, na transpiração 82%.

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Outros autores estudando disponibilidade de água e transpiração, em essências

florestais, encontraram resultados similares; Scalon et al. (2011) em Mutamba

(Guazuma ulmifolia), Gonçalves et al. (2009) para andiroba (Carapa guianensis) e

Cordeiro et al. (2009) para plantas jovens de mogno (Swietenia macrophylla), em todos

esses estudos observou-se que a maior transpiração de mudas se dá quando é

disponibilizada uma maior quantidade de água.

Duarte, 2014, encontrou diminuição similar ao verificado, nesta pesquisa no tange

a transpiração com mudas de paricá, o autor afirma que estas plantas conseguem

controlar eficientemente a perda de água via transpiração, regulando a abertura

estomática.

Figura 5- Taxas de fotossíntese (A), transpiração (E), condutância estomática (gs) e eficiência do uso da água (A/E), em plantas joven de Schizolobium amazonicum

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durante e após suspensão da irrigação em condição de campo à pleno sol. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas (BA), 2015.

Quando alcançaram o ponto de murcha e foram reidratadas (seta indicativa), as

variáveis fisiológicas foram restabelecidas nas duas condições (Figura 4-5). Sendo que a

condição controlada apresentou recuperação no 22º dia, seis dias após o início da

reidratação, a recuperação foi de 79% para fotossíntese, 70% para a condutância

estomática e de 113% para transpiração. Já na condição de campo a recuperação ocorreu

no 14º dia de estudo, seis dias após o início da reidratação, a recuperação foi de 120%

para fotossíntese, de 119% para condutância estomática e de 97% para transpiração.

De uma maneira geral o Paricá teve o mesmo comportamento fotossintético,

tanto sob condição controlada quanto sob condição de campo (Figuras 4 e 5). Isto se

deve, provavelmente, a condição de radiação observada em laboratório, onde as taxas

fotossintéticas foram obtidas utilizando-se a quantidade máxima de radiação para atingir

o ponto de saturação da folha do Paricá. Em relação às outras variáveis de troca gasosa,

chama-se a atenção para o comportamento da transpiração (E). Como para as duas

condições em que as plantas foram cultivadas a maior diferença foi no déficit de vapor

de pressão do ar (4,5 mBAR para a condição controlada e 15 mBAR para a condição de

campo), a transpiração respondeu a grande demanda evaporativa da condição de campo.

Com isto houve um aumento significativo entre a transpiração das plantas nos dois

ambientes (Figura 4 e 5).

Contudo, observando-se a condutividade estomática foliar das plantas nos dois

ambientes, nota-se que elas são similares. Sendo assim, não foi possível manter o

controle da perda água, o que levou a um baixo uso eficiente de água (A/E) (Figura 4 e

5).

CONCLUSÕES

As plantas de paricá não apresentam controle estomático eficiente de perda de

água quando exposta a uma condição alta de pressão de perda de água.

A reidratação permite rápida recuperação das plantas jovens de paricá, o que

demonstra boa plasticidade fisiológica dessa espécie, quando submetida ao estresse

hídrico. Sendo assim, pode-se considerar a espécie tolerante ao déficit hídrico

moderado.

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