99
LAURA TATHIANNE RAMOS ARAÚJO ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA ESPOROTRICOSE EM REGIÃO DE FRONTEIRA BRASIL-BOLÍVIA. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL CAMPUS DO PANTANAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM ESTUDOS FRONTEIRIÇOS

ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

LAURA TATHIANNE RAMOS ARAÚJO

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA ESPOROTRICOSE EM REGIÃO DE FRONTEIRA BRASIL-BOLÍVIA.

CORUMBÁ-MS

2019

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL CAMPUS DO PANTANAL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM ESTUDOS FRONTEIRIÇOS

Page 2: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

ii

LAURA TATHIANNE RAMOS ARAÚJO

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA ESPOROTRICOSE EM REGIÃO DE FRONTEIRA BRASIL-BOLÍVIA.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Mestrado em Estudos Fronteiriços da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal, em linha de pesquisa Saúde e Trabalho da População de Fronteira, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Estudos Fronteiriços.

Orientadora: Profª. Drª. Raquel Soares Juliano.

CORUMBÁ-MS

2019

Page 3: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

iii

LAURA TATHIANNE RAMOS ARAÚJO

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA ESPOROTRICOSE EM REGIÃO DE FRONTEIRA BRASIL-BOLÍVIA.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Mestrado em Estudos Fronteiriços da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal, em linha de pesquisa Saúde e Trabalho da População de Fronteira, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Estudos Fronteiriços.

Aprovado em: 12/02/2019.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________________________

Orientadora: Profª. Drª. Raquel Soares Juliano (UFMS/CPAN)

Presidente

Profª. Drª. Luciana Escalante Pereira (UFMS/CPAN)

Avaliador Interno

__________________________________________________________________________

Profª. Drª. Aiesca Oliveira Pellegrin (Embrapa Pantanal)

Avaliador Externo

Prof. Dr. Igor Alexandre Hany Fuzeta Schabib Peres (Embrapa Pantanal)

Avaliador Externo (Suplente)

Page 4: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

iv

Dedico essa dissertação ao meu pai, por

simplesmente ser a pessoa que foi, nunca

deixando de ser uma eterna fonte de

incentivo em busca de meus objetivos.

Page 5: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

v

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à minha família, por estar sempre presente em

minha vida, pelo amor incondicional e união constantes, como também pelo

incentivo à minha carreira e às escolhas pessoais.

Ao meu companheiro Dionatan Dias, pelo amor, cumplicidade e dedicação em

todos os momentos convividos.

Ao amigo Edwaldo Costa, pelo incentivo e colaboração no início deste projeto

de pesquisa, como também pelo apoio à vida acadêmica.

À Prof.ª Dr.ª Raquel Juliano pela contribuição constante na linha de pesquisa,

por seus ensinamentos acadêmicos e técnicos, assim como pela disposição e

compreensão nesta tão sonhada etapa profissional e em momentos pessoais

difíceis.

Às professoras Aiesca Pellegrin, Luciana Escalante, Vanessa Figueiredo e

Cassia Leal pela colaboração nesta pesquisa, a partir da apresentação de críticas e

sugestões que aprimoraram ainda mais nosso resultado final, assim como ao

professor Igor Peres pela disponibilidade em participar e colaborar nesta banca de

defesa.

Ao professor Raul Assef pelo apoio de extrema importância na análise

estatística dos dados desta pesquisa.

Aos médicos veterinários e dermatologistas consultados, que participaram

não somente como fonte de consulta de dados, mas contribuíram inestimavelmente

em todo o desenrolar desta pesquisa, atuando como disseminadores de suas

experiências profissionais, e tornando real nosso esforço em concluir este projeto.

Às amigas Flávia Dutra e Nataly Falcão pela contribuição documental e

técnica sobre a patologia em estudo.

Aos gestores dos órgãos públicos visitados, que permitiram o

desenvolvimento da pesquisa, favorecendo um melhor conhecimento da situação da

esporotricose nos municípios estudados.

Aos indivíduos envolvidos em associações protetoras de animais, estimados

pelo cuidado constante para com estes, e atuantes como peças-chave na

colaboração da busca ativa de casos suspeitos da patologia na localidade.

Aos professores do Mestrado em Estudos Fronteiriços da Universidade

Federal de Mato Grosso do Sul, em especial à Edgar Costa e Marco Aurélio

Page 6: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

vi

Machado, por suas fomentadoras didáticas ao aprendizado, tornando maior a

vontade e o estímulo do aluno em aprender e atuar como pessoas proativas ao

interesse comum e social em região de fronteira.

Aos colegas de turma do mestrado pelos adoráveis momentos convividos

durante todas as disciplinas cursadas, compartilhando conhecimentos e

experiências da vida acadêmica, e pela oportunidade das amizades construídas.

Ao CAPES e Fundect pelo apoio e fomento ao Programa de Pós Graduação

em Estudos Fronteiriços e aos projetos de pesquisa.

E, finalmente, aos meus queridos animais de estimação, gato Floriano e cão

Minduim, por serem meus amáveis membros da família, sempre demonstrando amor

e carinho puros e incansáveis.

Page 7: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

vii

“A verdadeira viagem de descobrimento não

consiste em procurar novas paisagens, mas

em ter novos olhos”.

Marcel Proust

Page 8: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

viii

RESUMO

Fronteiras são espaços de permanências e de passagens de diversas ordens: econômica, social, cultural, sanitárias, de circulação atmosférica, dentre outras. Em razão das especificidades das áreas fronteiriças, e por estas se caracterizarem como regiões estratégicas para o controle de agravos, o desenvolvimento de políticas e ações direcionadas para essas regiões ganham caráter crucial nos programas de saúde de qualquer país. O trabalho apresenta uma discussão do perfil epidemiológico da esporotricose felina nos municípios de Corumbá e Ladário, área de fronteira do Mato Grosso do Sul – Brasil, sendo este o primeiro estudo relativo à identificação desta zoonose no estado. A partir da coleta de informações de prontuários veterinários, foi realizado o mapeamento dos casos dessa doença em animais, permitindo a caracterização da situação espaço-temporal. Utilizou-se estatística descritiva para a frequência das variáveis, métodos de análise geo-estatística e taxas de ocorrência da doença nos felinos. A análise dos dados resultou na identificação das localidades com maior número de casos, coincidentes com os bairros mais populosos, com aumento a partir do ano de 2017, assim como permitiu a observação de possíveis fatores de risco relacionados às características dos animais e à sua evolução na população de felinos. A partir desta avaliação inicial da situação da doença, espera-se contribuir com sugestões para a melhoria na construção e desenvolvimento de políticas públicas em saúde, enfatizando a discussão sobre vigilância em saúde, métodos diagnósticos e terapêuticos para a esporotricose, aplicáveis ao sistema público e às realidades locais, bem como medidas preventivas e de controle desta zoonose.

Palavras-chave: micose, saúde pública, zoonose.

Page 9: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

ix

ABSTRACT

Borders are spaces of permanence and passages of several orders: economic, social, cultural, sanitary, atmospheric circulation, among others. Because of the specificities of the border areas, and because they are characterized as strategic regions for the control of diseases, the development of policies and actions directed to these regions are crucial in the health programs of any country. This work presents a discussion of the epidemiological profile of feline sporotrichosis in Corumbá and Ladário, border area of Mato Grosso do Sul - Brazil, being the first study to identify this zoonosis in the state. Using the information from veterinary records, the cases of this disease were mapped in animals, allowing space-time characterization. Descriptive statistics were used for the frequency of variables, methods of geostatistical analysis and rates of disease occurrence in felines. The analysis of the data resulted in the identification of the sites with the highest number of cases, coinciding with the most populated neighborhoods, increasing from 2017, as well as allowing the observation of possible risk factors related to the characteristics of the animals and their evolution in the feline population. Based on this initial evaluation of the disease situation, we hope to contribute with suggestions for improvement in the construction and development of public health policies, emphasizing the discussion on health surveillance, diagnostic and therapeutic methods for sporotrichosis, applicable to the public system and local realities, as well as preventive and control measures of this zoonosis.

Key words: mycosis, public health, zoonosis.

Page 10: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

x

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Lesões cutâneas de apresentação da esporotricose em humanos..... 27

Figura 2. Lesões ulceradas de esporotricose em felinos, forma cutânea

disseminada, em locais mais incidentes............................................................... 28

Figura 3. Mapa mostrando os países da América do Sul, o Brasil, e, em

evidência, o Estado de Mato Grosso do Sul, com destaque para os municípios

de Corumbá e Ladário.......................................................................................... 31

Figura 4. Imagem geoespacial, mostrando a configuração de aglomerados

populacionais dos municípios (destaque em círculos), na fronteira Brasil-

Bolívia................................................................................................................... 32

Figura 5. Mapa do município de Corumbá, MS, subdividido em distritos............ 34

Figura 6. Imagem geoespacial do distrito de Corumbá, com delimitação de

regiões (roxo - central, laranja - oeste, azul - leste, e vermelho - sul) e bairros... 35

Figura 7. Coleta de material biológico nos felinos com suspeita clínica de

esporotricose, por meio de suabe de lesões ulceradas........................................ 37

Figura 8. Fluxograma mostrando validação dos dados coletados de casos de

esporotricose para localização dos respectivos endereços, em Corumbá, MS... 42

Figura 9. Imagem geoespacial dos casos de esporotricose identificados nos

municípios de Corumbá e Ladário, MS, entre os anos de 2011 a 2018............... 43

Figura 10. Número de casos suspeitos e confirmados de esporotricose entre

os anos de 2011 a 2018, distribuídos por bairros, em Corumbá,

MS...................

45

Figura 11. Dendograma formado a partir da distância euclidiana padronizada,

relacionando o número de casos de esporotricose felina e número de

habitantes em bairros, no município de Corumbá, MS, nos anos de 2017 e

2018...................................................................................................................... 46

Figura 12. Número de casos suspeitos e confirmados de esporotricose entre

os anos de 2011 a 2018, em Corumbá e Ladário, MS......................................... 47

Figura 13. Distribuição mensal do número de casos suspeitos e confirmados

de esporotricose animal, entre os anos de 2011 a 2018, em Corumbá e

Ladário, MS........................................................................................................... 48

Figura 14. Mapa com a localização dos bairros de Corumbá, MS, que

apresentaram isoladamente maior número de casos (na cor verde) e maiores

Page 11: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

xi

taxas de ocorrência (na cor vermelha) de esporotricose felina, e essas duas

características ocorrendo simultaneamente (nas cores verde e vermelha), no

período de 2015 a 2018 (1º semestre)................................................................. 50

Figura 15. Distribuição dos casos de esporotricose por idade do animal (em

anos), em Corumbá e Ladário, MS....................................................................... 51

Page 12: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

xii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Vacinação antirrábica em felinos nos bairros do município de

Corumbá, MS, durante os anos de 2015 a 2018 (1º semestre)........................... 39

Tabela 2. Taxa de ocorrência de esporotricose felina no município de

Corumbá, MS, durante os anos de 2015 a 2018 (1º semestre)........................... 49

Tabela 3. Taxa de ocorrência de esporotricose felina em bairros do município

de Corumbá, MS, durante os anos de 2015 a 2018 (1º semestre)...................... 49

Tabela 4. Características dos pacientes humanos com esporotricose no

município de Corumbá, MS, durante os anos de 2014 a 2018 (1º semestre)...... 53

Tabela 5. Diagnóstico e evolução da esporotricose em humanos no município

de Corumbá, MS, durante os anos de 2014 a 2018 (1º semestre)...................... 54

Page 13: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

xiii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CCZ Centro de Controle de Zoonoses

CRMV-MS Conselho Regional de Medicina Veterinária do Mato

Grosso do Sul

FAMEZ Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

GPS Global Positioning System

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ITZ Itraconazol

KI Iodeto de Potássio

MS Mato Grosso do Sul

NCZ Núcleo Controle de Zoonoses

ONGs Organizações Não-Governamentais

OPAS Organização Pan-Americana da Saúde

PCR Reação em Cadeia da Polimerase

PE Pernambuco

QGIS Quantum Geographic Information System

RJ Rio de Janeiro

S. brasiliensis Sporothrix brasiliensis

S. globosa Sporothrix globosa

S. lurei Sporothrix lurei

S. schenckii Sporothrix schenckii

SIG Sistema de Informação Geográfica

SIS Fronteiras Sistema Integrado de Saúde das Fronteiras

SNS Sistema Nacional de Saúde

SP São Paulo

SPSS Statistical Package for the Social Sciences

SUS Sistema Único de Saúde

UFMS/CPAN Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Campus do

Pantanal

Page 14: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

xiv

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................

2 REVISÃO DE LITERATURA....................................................................

15

172.1 Considerações iniciais.......................................................................2.2 Fronteira.............................................................................................

1718

2.3 Epidemiologia e saúde em região fronteiriça.....................................2.4 Saúde Única (One Health).................................................................

1922

2.5 Esporotricose.....................................................................................2.5.1 Etiologia.............................................................................................2.5.2 Aspectos históricos e epidemiologia..................................................2.5.3 Fatores de risco e transmissão..........................................................2.5.4 Formas clínicas diagnósticas.............................................................2.5.5 Diagnóstico laboratorial.....................................................................2.5.6 Tratamento.........................................................................................2.5.7 Profilaxia e controle da doença.........................................................

2323242526282829

3 OBJETIVOS............................................................................................. 303.1 Geral.................................................................................................. 303.2 Específicos......................................................................................... 30

4 METODOLOGIA......................................................................................4.1 Delineamento do estudo....................................................................4.2 Coleta de dados.................................................................................4.3 Localização dos casos.......................................................................4.4 Amostragem de casos suspeitos para pesquisa do fungo.................4.5 Análise estatística..............................................................................

313132333637

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................... 40

6 CONCLUSÃO.......................................................................................... 56

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 57

REFERÊNCIAS............................................................................................. 59

APÊNDICES.................................................................................................. 66APÊNDICE A - Modelo de Termo de Autorização destinado aos Secretários Municipais de Saúde e Coordenadores dos Centros de Controle de Zoonoses.................................................................................... 66APÊNDICE B - Modelo de Termo de Consentimento destinado aos médicos veterinários e médicos dermatologistas.......................................... 67

Page 15: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

15

1 INTRODUÇÃO

A esporotricose, doença causada pelo fungo dimórfico Sporothrix schenckii,

tem distribuição mundial, ocorrendo especialmente em zonas tropicais e

subtropicais, e é classificada como a micose subcutânea mais comum na América

do Sul (BARROS et al., 2004).

Esta zoonose vem apresentando destaque em decorrência do aumento no

número de casos em humanos e em animais domesticados ou de vida livre,

detectados em áreas urbanas, em alguns municípios dos estados de Rio de Janeiro,

São Paulo e Pernambuco.

Os trabalhos publicados no Brasil envolvem relatos de casos descritos no Rio

de Janeiro ou em outros estados do país, com ou sem envolvimento zoonótico

(SCHUBACH et al.,2004; BARROS et al., 2010, SILVA et al., 2012; PEREIRA et al.,

2014; BRASIL, 2016). Não foram encontrados trabalhos sobre a detecção de

esporotricose em felinos no Mato Grosso do Sul (MS), sendo este o primeiro estudo

relativo à pesquisa da doença, na sua forma zoonótica, no estado.

Tem-se conhecimento da ocorrência da doença por médicos veterinários e

profissionais de saúde, atuantes em Corumbá e Ladário, notadamente a partir de

2016, onde casos foram noticiados pela mídia ou por meio de orientações técnicas

disponibilizadas por órgãos de saúde (BABO TERRA, 2016; GALHARDO, 2016). No

entanto, há uma escassez aparente de recursos humanos qualificados e de

infraestrutura adequada para o diagnóstico e tratamento da doença.

O desconhecimento sobre a situação epidemiológica da esporotricose na

região e em Mato Grosso do Sul interfere diretamente na aplicação de estratégias de

prevenção e controle desta zoonose, podendo resultar em importante risco de

agravos à saúde pública das populações desses municípios, principalmente por

tratar-se de área de fronteira, que são regiões peculiares e estratégicas na aplicação

de políticas públicas direcionadas à atenção em saúde e ao controle de endemias ou

doenças infectocontagiosas (BRUNIERA-OLIVEIRA et al., 2014).

Diante do exposto, justifica-se a realização de estudo epidemiológico com a

finalidade de identificar os casos de esporotricose e suas particularidades nos

municípios fronteiriços de Corumbá e Ladário, MS. Esta região é caracterizada como

importante local de fluxo econômico e de pessoas, apresentando proximidade

Page 16: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

16

geográfica com os municípios fronteiriços vizinhos de Puerto Quijarro e Puerto

Suárez, na Bolívia.

Nesse contexto, espera-se colaborar para o delineamento de um plano de

trabalho que atenda às questões de vigilância epidemiológica, diagnóstico,

tratamento, profilaxia e controle da zoonose, permitindo assim a tomada de decisões

estratégicas que visem o aperfeiçoamento da qualidade de atenção à saúde.

Page 17: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

17

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Considerações iniciais

O conhecimento sobre as diversas doenças que acometem os gatos

domésticos, em especial os agentes infecciosos com potencial zoonótico, possuem

relevante importância, pois a espécie envolvida pode atuar como um reservatório,

disseminando patógenos no ambiente e transmitindo doenças a outros animais e ao

homem, representando grande risco à saúde pública.

Genaro (2010) mostrou a relevância dos felinos como animais de companhia

e apontou a dimensão da importância desses animais, a partir da exposição de

dados epidemiológicos quantitativos em diversos países. Nos Estados Unidos, no

ano de 2002, foram registrados aproximadamente 76 milhões de gatos, superando

os 61 milhões de cães. Em outros países, como a China, onde as proporções são

ainda mais díspares, houve um registro de 53 milhões de gatos em comparação aos

23 milhões de cães. Citou ainda que, no Brasil, os cães ainda se apresentam em

maior número, com estimativa de 30 milhões, quando comparados aos gatos, que

perfazem em torno de 12 milhões de animais. Entretanto o autor ressalta que cada

situação específica na qual esses animais se encontrem no ambiente, deve ser

considerada e não estar limitada apenas à análise de números absolutos.

Em relação à esporotricose, a participação dos felinos no ciclo da doença,

assim como o potencial de transmissão do fungo nestes animais vem se destacando

na história natural da doença. No estado do Rio de Janeiro, ocorreram alterações na

epidemiologia da doença nos últimos anos, com a existência de surtos epidêmicos, e

associada à possibilidade de situação de endemia (SCHUBACH et al.,2004;

BARROS et al., 2010).

Barros et al. (2010) citaram que embora a esporotricose se apresente, na

maioria dos casos humanos, com um quadro clínico dermatológico exuberante, de

baixa gravidade e sem acometimento de órgãos nobres, ela pode acarretar impactos

indiretos aos pacientes, relacionados ao sofrimento e estigmas de eventuais lesões

cicatriciais, podendo repercutir em afastamento das atividades de trabalho, com

prejuízos sociais e econômicos.

Martins (2014) fez referência ao forte impacto social que a doença pode

causar no indivíduo afetado e em seu núcleo familiar, apontando os seguintes

Page 18: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

18

fatores: a demora conclusiva do diagnóstico; o aspecto desagradável e estigmático

das lesões, tanto na fase ativa quanto na fase cicatricial; a incapacidade laborativa

promovida; e a presença de sentimentos tais como angústia, medo, rejeição,

desconhecimento, preocupação com o provimento familiar, falta de credibilidade e

minimização da gravidade da doença.

Nos gatos, a esporotricose tem um curso clínico mais duradouro,

frequentemente com acometimento sistêmico, podendo evoluir para formas graves,

de difícil tratamento e com desfecho para o óbito em muitos casos (BARROS et al.,

2010). O tratamento pode tornar-se longo e oneroso, em vista da necessidade de

monitoramento clínico-laboratorial para a avaliação de possíveis efeitos adversos

relativos ao uso de medicação específica. Tais fatores vêm se apresentando como

entraves ao tratamento dos animais doentes, permanecendo como desafio ao

controle desta zoonose.

2.2 Fronteira

Introduzindo o entendimento de fronteira, Costa (2012) a conceitua como uma

região formada por duas ou mais unidades político-administrativas componentes de

Estados Nacionais, articuladas numa contiguidade territorial, controladas e

confrontadas por diferentes forças e relações de poder.

Segundo Martins et al. (2010), fronteira representa muito além de um limite

que separa dois ou mais Estados-Nações; é um território de reciprocidade,

estabelecida de maneira formal ou informal, marcada pela realidade ambígua que

traz, por um lado, riquezas e diversidades, e, por outro, riscos e desafios. Não pode

ser considerada somente um espaço de permanência, pois apresenta aspectos

dinâmicos envolvendo passagens de ordens econômica, social, cultural, animal, de

vetores de doenças e de circulação atmosférica, dentre outras (BENEDETTI, 2011).

Segundo Raffestin (2005), não se pode reduzir fronteira em determinação

física, pois ela atua como um dos elementos da comunicação biossocial, assumindo

função reguladora e de expressão de equilíbrio dinâmico, seja no sistema territorial

como em todos os sistemas biossociais.

Nota-se que qualquer que seja a fronteira, ela não se limita apenas ao fator

geográfico, já que vai além das dimensões territoriais e cartográficas. De acordo

com Albuquerque (2010, p.34):

Page 19: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

19

As fronteiras não são somente marcos de delimitação fixada no território físico. Elas representam o fim e o início da jurisdição estatal, dos limites da cidadania e dos símbolos oficiais da pátria.

Sendo assim, pode-se dizer que fronteira vai além de uma simples separação

de duas nações. É um local onde ocorrem aproximações entre as pessoas,

harmoniosas ou mesmo conflituosas, interferindo diretamente nas suas vidas, e

estão relacionadas direta ou indiretamente à ocorrência de enfermidades, no seu

aspecto mais amplo, envolvendo a tríade ambiente-agente-hospedeiro.

2.3 Epidemiologia e saúde em região fronteiriça

A epidemiologia remete ao estudo das grandes epidemias e sua relação com

o tempo, o lugar e as pessoas. Ela tenta determinar se houve aumento ou

decréscimo de determinada doença ao longo dos anos, se uma área geográfica é

mais afetada do que outras, e se as características das pessoas enfermas ou suas

condições se distinguem daquelas que não adoeceram (LILIENFELD e LILIENFELD,

1980).

Como outras doenças ou situações que representam danos eventuais à

saúde humana, as zoonoses estão relacionadas à transmissão por animais e estão

inseridas em estudos de saúde pública. Sua abordagem predominante envolve o

risco de contato entre humanos e animais, assim como o meio de transmissão de

agentes patogênicos, seja diretamente ou por intermédio de seus produtos ou

vetores (ACERO-AGUILAR, 2016).

Em razão da especificidade das áreas fronteiriças, e por estas se

caracterizarem como regiões estratégicas para o controle de agravos, o

desenvolvimento de políticas e ações direcionadas ganham caráter crucial nos

programas de saúde de qualquer país ou bloco econômico multinacional

(BRUNIERA-OLIVEIRA et al., 2014).

Ampliando-se a visão crítica sobre a fronteira, aqui abordada entre Brasil e

Bolívia, verifica-se, nas cidades de Corumbá e Ladário, que a mobilidade e a

dinâmica compartilham atividades do cotidiano das populações, devido à constância

e facilidade de comercialização de produtos alimentícios e de consumo, do

deslocamento de famílias e animais, das trocas culturais, das relações sociais e do

acesso a atendimento médico (ARAÚJO et al., 2017).

Page 20: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

20

Além disso, na Bolívia, os serviços de saúde públicos que integram o

chamado Sistema Nacional de Saúde (SNS) organizam os cuidados em saúde de

forma segmentária e desigual, já que os serviços gratuitos em saúde são destinados

apenas a grupos vulneráveis, como gestantes, crianças menores de cinco anos e

idosos acima de 60 anos, diferente do que ocorre no Brasil (FERREIRA et al., 2015).

Tal fato pode ser considerado o principal motivo da procura dos serviços de saúde

do Sistema Único de Saúde (SUS), nos municípios brasileiros, por pacientes de

origem boliviana.

Com a abertura dos mercados, o volume de comercialização de produtos

aumentou consideravelmente, além do aumento e garantia da livre circulação de

pessoas e serviços entre os países. Tal fato, associado ao desenvolvimento de

novas tecnologias de comunicações e transportes, resultaram em uma constante

mobilização de pessoas e bens entre países, em um período muito curto de tempo.

Tais redes e fluxos migratórios favorecem ao aparecimento de condições propícias à

transmissão de doenças, e, nesse contexto, as fronteiras dos países tornaram-se

substancialmente abertas à circulação e à entrada de doenças infecciosas

emergentes e reemergentes, assim como de seus vetores (BRUNIERA-OLIVEIRA et

al., 2014).

Fonseca (2011) destacou que essa região de fronteira é endêmica para

alguns agravos à saúde, destacando-se no, lado brasileiro, patologias como a

dengue, leishmaniose, raiva canina, hanseníase e tuberculose; enquanto no território

boliviano, acrescentando-se às doenças já listadas, há preocupação com ocorrência

de doença de Chagas, malária e febre amarela. O mesmo autor também citou a

existência de apenas dois acordos de cooperação para o desenvolvimento de ações

de vigilância em saúde nesta fronteira: um acordo formal para o controle da raiva

canina, mediado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS); e um acordo

informal, pactuado pelo Programa de combate à dengue na fronteira Brasil-Bolívia,

elaborado pela Prefeitura Municipal de Corumbá, para a implementação de ações

conjuntas entre os municípios fronteiriços; os demais agravos são monitorados

pontualmente pela vigilância epidemiológica brasileira.

Corumbá é o principal município articulador de um arranjo populacional

fronteiriço entre Brasil e Bolívia, com uma população urbana fronteiriça constituída

por Corumbá e o município vizinho de Ladário, no sítio brasileiro, somadas a de

Puerto Quijarro e o entorno de Puerto Suárez, no lado boliviano, perfazendo

Page 21: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

21

aproximadamente 151 mil habitantes, e, destes, constituindo aproximadamente 28

mil bolivianos (IBGE, 2016).

Com o processo de integração econômica, associado a grande ocorrência

migratória de brasileiros em direção ao outro lado da fronteira, passou-se a exigir

uma política específica direcionada à garantia dos direitos à saúde nas regiões

fronteiriças. O sistema desigual e precário de atendimento à saúde incentiva o

estrangeiro a atravessar a fronteira em busca de melhores condições de vida, e,

assim, de forma indireta, pressiona o município a melhorar a qualidade do serviço

prestado aos estrangeiros e à sua própria população (FERREIRA et al., 2015).

Através do único hospital público da região, Corumbá realiza o atendimento,

por meio do SUS, não somente de sua população, mas também do município de

Ladário e de pessoas estrangeiras, com predomínio de pessoas provenientes do

país vizinho (aproximadamente 90% destes estrangeiros). Entre os anos de 2010 e

2011, foram atendidos 629 estrangeiros, sendo 563 bolivianos e 66 de outras

nacionalidades, correspondendo cerca de 89,5% dos atendimentos; nos anos de

2012 e 2013, foram 564 imigrantes, sendo 90,2% de bolivianos; em 2014, 92,2% dos

estrangeiros atendidos eram bolivianos, totalizando 205 estrangeiros; e em 2015,

159 estrangeiros foram atendidos, com cerca de 90,5% sendo de origem boliviana

(GALVÃO, 2016).

Diante da problemática observada em regiões de fronteira, o Ministério da

Saúde, através da Portaria nº 1.120/GM de 06 de julho de 2005, instituiu o Sistema

Integrado de Saúde das Fronteiras – SIS Fronteiras, com o objetivo de fornecer

recursos aos municípios fronteiriços, sobrecarregados pelo volume de atendimentos

à população itinerante (estrangeiros e brasileiros residentes no país vizinho),

fortalecendo assim os sistemas locais de saúde desses municípios (BRASIL, 2005).

Entretanto, o que se observou na prática foram dificuldades para a

implementação e execução do SIS Fronteiras, levando-se ao insucesso do

programa. Tamaki et al. (2008) relataram a complexidade da situação nos

municípios de fronteira do Mato Grosso do Sul, envolvendo questões de direitos

humanos, direito à saúde, relações internacionais, integração regional e

financiamento da saúde, dentre outros, concluindo que os problemas de saúde nos

municípios de fronteira só poderão encontrar um caminho técnico, legal e

consistente para a sua solução se essas questões forem colocadas e devidamente

Page 22: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

22

equacionadas por todas as autoridades competentes e esferas de governo dos

países envolvidos.

É importante ressaltar que o aporte de recursos financeiros não caracteriza a

única condição necessária para garantir a saúde das populações fronteiriças. Seria

necessária a existência de um esforço conjunto entre os países envolvidos para

assegurar maior autonomia aos municípios fronteiriços na negociação de políticas

públicas e implantação de programas de saúde compartilhados entre Brasil e

Bolívia.

Com medidas de descentralização de decisões no âmbito federal, todo o

processo seria mais ágil e eficiente, favorecendo o cumprimento de acordos

bilaterais de cooperação técnica, científica e tecnológica (BRASIL, 2007), para

atender às demandas relacionadas à saúde ambiental, ao controle de endemias, à

saúde infantil e ao acesso a medicamentos.

2.4 Saúde Única (One Health)

A abordagem da saúde em área de fronteira reforça um conceito atual como

ferramenta de abordagem em epidemiologia: a Saúde Única (One Health).

A Saúde Única abrange a interface da tríade ecossistema-animal-homem,

paradigma que engloba não somente algumas doenças infecciosas e zoonóticas

importantes, sendo determinada por um continuum abrangente, inclusivo e

interdependente de causa e efeito, em ecossistemas, populações humanas e

animais. Envolve também questões de segurança alimentar, biodiversidade,

prosperidade econômica e bem-estar emocional e mental, refletindo uma atividade

multidisciplinar e multisetorial (EVANS e LEIGHTON, 2014).

Bidaisee e Macpherson (2014) mostraram a interrrelação entre a Saúde Única

e zoonoses, evidenciando as vantagens e benefícios dessa abordagem na redução

de doenças zoonóticas, em países desenvolvidos, onde a aceitação e a prática

desse conceito de saúde vem crescendo rapidamente nos útlimos anos,

promovendo impactos significativos no conrtrole de doenças infecto-contagiosas.

Destoumieux-Garzón et al (2018) ressaltaram que a maior barreira para o

desenvolvimento da Saúde Única seria a lacuna de comunicação existente entre a

Medicina Humana, a Medicina Veterinária e as Ciências Ecológicas, Evolutivas e

Ambientais, reforçando assim a necessidade de abordagens e ações integradas

Page 23: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

23

transdisciplinares, necessárias para um melhor entendimento das doenças

infectocontagiosas emergentes e reemergentes, assim como na criação de

estratégias de controle que acarretem impactos na saúde pública.

2.5 Esporotricose

2.5.1 Etiologia

Sporothrix schenckii é um fungo caracteristicamente termodimórfico, já que

ele assume uma morfologia diferente de acordo com as condições de temperatura

disponíveis para o seu desenvolvimento, assumindo uma configuração micelial em

temperatura ambiente (a 25ºC), sendo encontrado no solo ou em vegetais na forma

saprófita; já em sua forma parasitária ou em meio de cultura a 37ºC, ele se torna

leveduriforme (TEIXEIRA et al., 2016).

O S. schenckii pode ser encontrado em ambientes úmidos e quentes, como

no solo, em plantas e cascas de árvores, em vegetais e nos materiais orgânicos em

decomposição (MONTEIRO et al., 2008). De Bièvre e Mariat (1978) realizaram um

estudo comparativo entre o complexo S. schenckii e os Ascomicetas pertencentes

ao gênero Ceratocystis, demonstrando que ambos foram frequentemente isolados

dos mesmos fragmentos de plantas, como o pinheiro ou o eucalipto.

Estudos filogenéticos definiram diferentes espécies de Sporothrix,

classificadas em um clado ambiental denominado complexo Sporothrix mexicana e

um clado patogênico contendo as espécies S. schenckii, S. brasiliensis, S. globosa e

S. lurei. O S. schenckii e o S. brasiliensis estão associados à esporotricose de

caráter zoonótico com manifestações patogênicas distintas (MARIMON et al., 2007).

O conhecimento da existência de fatores de virulência auxilia na

compreensão da patogenia e no mecanismo de resposta do hospedeiro frente à

infecção. Mario (2015) afirmou que alguns fatores estão associados à infecção, na

medida em que propicia a invasão e instalação do fungo no tecido hospedeiro,

interfere na resposta imune e favorece sua transição para a forma leveduriforme,

processo esse que dura aproximadamente 13 dias. A mesma autora descreve como

fatores a presença de enzimas extra-celulares, a termotolerância, a composição da

parede celular e a presença de grânulos de melanina na célula fúngica, este último

representando um dos principais fatores de virulência, interferindo desde a

Page 24: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

24

suscetibilidade aos antifúngicos, o que compromete o tratamento; e ainda no

incremento da virulência, repercutindo no estresse oxidativo causado nesta micose.

Rodrigues et al. (2014) detectaram a presença das espécies S. schenckii, S.

brasiliensis, S. globosa e S. mexicana em território brasileiro como agentes da

esporotricose humana e felina. Observaram alta frequência da espécie S.

brasiliensis em felinos, em localidades com epidemias da doença nesses animais.

Sendo assim, os felinos atuariam como responsáveis pela prevalência desta espécie

em casos de esporotricose humana nos estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do

Sul. Nos demais estados avaliados pelo estudo, onde não houve surtos de

esporotricose felina, ocorreu o predomínio da espécie S. schenckii em humanos,

indicando outras fontes de aquisição da micose.

2.5.2 Aspectos históricos e epidemiologia

O primeiro caso em humanos descrito na literatura ocorreu em 1898, nos

Estados Unidos da América, descrito por Benjamin Schenck, que isolou o fungo e

classificou-o como Sporotrichum. Posteriormente o patógeno foi nominado por

Hoktoen e Perkis em 1900 como S. schenckii, a partir do relato de caso clínico

semelhante em uma criança (SILVA, 2010).

No Brasil, o primeiro caso de esporotricose foi descrito em 1907 por Lutz e

Splendore. Em 1998, um surto local de transmissão de esporotricose, disseminada

por gatos domésticos, foi reportado na cidade do Rio de Janeiro, contabilizando

nove casos em humanos, seis desses com história de contato prévio com felinos

portando lesões cutâneas. O surto tomou grandes proporções, e em 2009 foram

contabilizados 2.200 casos humanos e 3.244 casos felinos diagnosticados

(BARROS et al., 2010). O aumento no número de casos na época foi atribuído à

transmissão por gatos (domiciliados ou errantes), caracterizando uma epidemia, ou

mesmo, uma hiperendemia de esporotricose (FREITAS et al., 2010).

O fungo apresenta distribuição geográfica universal, predominando em países

com climas temperados, como nos Estados Unidos e Japão, em regiões subtropicais

da África do Sul, assim como em países tropicais e intertropicais da América Latina,

tais como Brasil, Colômbia, México, Peru, Venezuela, Uruguai e em alguns países

da América Central, encontrando-se de forma endêmica no Brasil e Peru

(ACKERMANN et al., 2017).

Page 25: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

25

A Esporotricose não é um agravo de notificação compulsória no Brasil, sendo

notificado compulsoriamente apenas em algumas cidades onde previamente foram

identificados surtos e epidemias, tais como Rio de Janeiro-RJ, Guarulhos-SP e

Recife-PE, conforme determinação de resoluções municipais (BRASIL, 2017).

Na Bolívia, da mesma forma, a doença não é uma enfermidade

compulsoriamente notificada. Dados oficiais de acometimento da doença não são

disponíveis, entretanto a literatura mostra a ocorrência de casos isolados da doença

em humanos (AZOGUE, 1981; MICHELENA et al., 2009; CABRERA et al., 2010).

2.5.3 Fatores de risco e transmissão

A transmissão considerada clássica ocorre por meio da inoculação do fungo a

partir de lesões traumáticas, com material contaminado, na pele e no tecido

subcutâneo do indivíduo recém-infectado. De caráter ocupacional, a enfermidade

está relacionada a atividades ligadas ao cultivo e manuseio do solo, pois o contato

com plantas e solo é uma forma ambiental comum na contaminação em humanos e

animais.

A maioria das 51 espécies incluídas no gênero Sporothrix são fungos

ambientais não-patogênicos, entretanto os membros do complexo S. schenckii,

causadores da esporotricose humana e animal, são patógenos de mamíferos

altamente bem-sucedidos, em parte pela sua capacidade de mudança de um estilo

de vida saprófita a 25°C no ambiente, para uma célula de levedura parasitária a

temperaturas elevadas entre 35° a 37°C (GREMIÃO et al., 2017).

O gato doméstico é a principal espécie na transmissão zoonótica da

esporotricose, por ter elevada carga fúngica em suas lesões, além de possuir

hábitos que facilitam a inoculação do agente por meio de arranhaduras (CRUZ,

2013). Alternativamente, a infecção pode ocorrer durante a transmissão animal entre

gatos ou entre gatos e cães, principalmente associada a partir de arranhaduras ou

mordeduras de gatos infectados (GREMIÃO et al., 2017).

Schubach et al. (2002) demonstrou o potencial zoonótico de felinos em estudo

realizado na cidade do Rio de Janeiro, com a presença de Sporothrix em diferentes

espécimes clínicos coletados, tanto em gatos com esporotricose, como em animais

aparentemente saudáveis. O fungo já foi isolado a partir de secreção nasal, de saliva

e de material contido em unhas dos gatos, o que reforça a possibilidade de

Page 26: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

26

transmissão por arranhadura ou mordedura, associado ao fato de que os felinos

apresentam o hábito de cavar buracos e afiar suas garras em troncos de árvores,

podendo carrear o patógeno nas unhas de forma assintomática (NELSON e

COUTO, 2006).

No meio silvestre, os tatus podem apresentar a infecção e atuar como

transmissores do fungo através da arranhadura, apesar do S. schenckii não ter sido

ainda isolado nessa espécie; já em alguns casos da doença relatados em humanos,

têm sido associados a transmissão por mosquitos, abelhas, cobras, cavalos, ratos,

cachorros e peixes (FREITAS et al., 2010). Os indivíduos que, em virtude da

profissão ou por hábitos de vida, lidam com situações de aumento do risco de

contato com o fungo na natureza, são os mais predispostos à infecção, tais como

floristas, jardineiros, fazendeiros, horticultores, mineiros, feirantes, veterinários e

tratadores de animais (SCHUBACH et al.,2001).

Os padrões epidemiológicos dessa enfermidade mudaram, seja pelo modo de

transmissão ou pela distribuição geográfica dos casos, que podem estar associados

à interferência de fatores ambientais, a um aumento da urbanização ou a

possibilidade de melhores métodos diagnósticos (BARROS et al., 2011).

Existem ainda diferenças relacionadas à distribuição, à virulência e a

manifestações clínicas da esporotricose, sugerindo o envolvimento de várias

espécies de Sporothrix. O S. brasiliensis, por exemplo, é a espécie mais virulenta e

predominante em gatos, nas regiões Sul e Sudeste do Brasil (RODRIGUES et al.,

2014).

2.5.4 Formas clínicas diagnósticas

Nos humanos, as formas clínicas da esporotricose são identificadas de

acordo com a disposição das lesões, sendo encontradas predominantemente sob a

forma de nódulos ou ulcerações, podendo então ser classificadas nas variantes:

cutânea fixa ou localizada, cutâneo-linfática, cutânea disseminada, mucosa e extra-

cutânea (ou sistêmica). Estas costumam ser restritas à pele, tecido celular

subcutâneo e vasos linfáticos adjacentes, mas, em raras ocasiões, podem

disseminar-se para outros órgãos. Podem ainda ter apresentação primariamente

sistêmica, resultante da ocorrência de inalação de esporos, principalmente em

pacientes imunodeprimidos (BARROS et al., 2010).

Page 27: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

27

Na Figura 1, visualiza-se o aspecto de duas das principais formas clínicas da

esporotricose em humanos.

Figura 1. Lesões cutâneas de apresentação da esporotricose em humanos: 1a – forma cutânea fixa, com lesão exulcerada e recoberta com crosta em região cubital direita; 1b – forma cutâneo-linfática, mostrando ferida exulcerada e recoberta por crosta hemática, próxima ao tornozelo esquerdo (1b.I), associado à típica linfadenomegalia “em cordão” (1b.II).

Fonte: Imagens cedidas por Dra. Flávia Dutra.

Já nos felinos, a mesma classificação é difícil de ser aplicada, em virtude da

frequência de acometimento de mais de uma forma clínica simultaneamente. No

entanto, as formas clínicas cutâneas, fixa ou disseminada, são as mais frequentes,

com apresentação das lesões sendo habitualmente encontradas no focinho, em

regiões peri-oculares, na cauda e nos membros posteriores dos animais, por serem

estes os locais mais afetados durantes as brigas (BAZZI, 2015).

A Figura 2 ilustra o aspecto da apresentação clínica das lesões acometendo

felinos com suspeita da doença.

Page 28: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

28

Figura 2. Lesões ulceradas em felinos, forma cutânea disseminada, em locais mais incidentes: 2a -

focinho, 2b - membro posterior.Fonte: Do autor.

2.5.5 Diagnóstico laboratorial

O diagnóstico complementar laboratorial inclui diversos métodos, como os de

citologia, cultura fúngica, histopatologia, provas sorológicas, testes intradérmicos,

inoculação do fungo em animais e Reação em Cadeia da Polimerase (PCR).

Entretanto, o isolamento de Sporothrix spp. em cultura, a partir de espécimes

clínicos como exsudato, escarro ou raspado da lesão é o padrão-ouro para o

diagnóstico da doença (LARSSON, 2011).

2.5.6 Tratamento

O Itraconazol é o fármaco antifúngico de eleição para o tratamento da

esporotricose cutânea, e pode ser associado ao uso de Iodeto de Potássio

(BARROS et al., 2004).

Ackermann et al. (2017) citaram outras modalidades de tratamento, que

incluem a Anfotericina B, reservado para os casos disseminados da doença, assim

como o uso da termoterapia local. Os autores também destacaram que a resolução

espontânea sem tratamento específico é possível, entretanto pouco comum.

Page 29: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

29

2.5.7 Profilaxia e controle da doença

Medidas de controle e profilaxia da doença podem ser adotadas para evitar a

contaminação com o agente causador, tais como: uso de luvas e roupas de mangas

longas para o manuseio de plantas ou outros materiais que possam facilitar a

exposição ao fungo; uso de calçados em trabalhos rurais (BARROS et al., 2011);

assim como encaminhamento de indivíduos e animais com lesões suspeitas de

esporotricose a serviços de referência em dermatologia e veterinária.

No caso da esporotricose zoonótica, medidas podem igualmente ser

instituídas, sejam relacionadas ao tratamento dos animais doentes, e, quando

possível, o isolamento destes até a cicatrização das lesões; à castração dos gatos,

para diminuir suas visitas às ruas e promover uma redução do número de animais

errantes; cremação dos animais mortos com diagnóstico de esporotricose, em locais

apropriados, para evitar que o fungo se mantenha no ambiente e se perpetue na

natureza; descontaminação das instalações que abrigavam animais doentes com

hipoclorito de sódio; conscientização da população contra condutas de abandono de

animais doentes e de descarte inapropriado das carcaças dos óbitos com a doença;

esclarecimento aos proprietários de animais acerca da doença, dos modos de

transmissão, do diagnóstico e de medidas de profilaxia (SCHUBACH et al., 2001;

BARROS et al., 2011).

Page 30: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

30

3 OBJETIVOS

3.1 Geral:

Investigar a ocorrência de casos de esporotricose em felinos e humanos nos

municípios de Corumbá e Ladário, MS, com a finalidade de descrever um

perfil epidemiológico da doença na região estudada.

3.2 Específicos:

Fazer a busca retrospectiva e ativa dos casos de esporotricose em felinos;

Realizar o cálculo das taxas de ocorrência da doença em felinos;

Caracterizar a distribuição espacial e temporal dos casos detectados em

felinos da região em estudo, e descrever as características epidemiológicas

e clínicas dos animais doentes, estratificando conforme idade, sexo,

implementação de tratamento e evolução dos casos;

Fazer uma avaliação crítica a partir do conhecimento da situação

epidemiológica dessa enfermidade, colaborando para uma melhor qualidade

de atenção à saúde nesses municípios.

Page 31: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

31

4 METODOLOGIA

4.1 Delineamento do estudo

Trata-se de um estudo de delineamento observacional e retrospectivo, a partir

da verificação de prontuários veterinários de animais com diagnóstico clínico e/ou

laboratorial de esporotricose, nos municípios de Corumbá e Ladário (Figura 3).

Figura 3. Mapa mostrando os países da América do Sul, o Brasil, e, em evidência, o Estado de Mato Grosso do Sul, com destaque para os municípios de Corumbá e Ladário.

Fonte: Do autor.

Corumbá é uma das cidades mais antigas do estado e está localizada em

faixa de fronteira, apresentando relação territorial com Ladário, à leste, no lado

brasileiro; e com o distrito de Puerto Quijarro, pertencente à província de Germán

Busch, no departamento de Santa Cruz de la Sierra, a oeste, assim como

proximidade regional com o distrito de Puerto Suárez, ambos no lado boliviano

(ESPÍRITO SANTO et al., 2017), como podemos visualizar na Figura 4.

Page 32: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

32

Figura 4. Imagem geoespacial, mostrando a configuração de aglomerados populacionais dos municípios (destaque em círculos), na fronteira Brasil-Bolívia. Círculos em destaque na Bolívia: vermelho - Puerto Suarez, amarelo - Puerto Quijarro; no Brasil: branco - Corumbá, azul – Ladário; linha preta: limite municipal de Ladário; linha verde: limite internacional Brasil-Bolívia.

Fonte: Do autor.

4.2 Coleta de dados

Foram contatados 15 profissionais médicos veterinários, totalizando 83% do

total de profissionais atuantes, que realizam atendimentos de animais de pequeno

porte em clínicas veterinárias privadas e/ou em domicílios, bem como os

profissionais que prestam serviço a órgãos municipais responsáveis pela vigilância

epidemiológica de zoonoses nos dois municípios estudados: Centro de Controle de

Zoonoses (CCZ) de Corumbá e Núcleo Controle de Zoonoses (NCZ) de Ladário.

Tais profissionais disponibilizaram dados relativos a atendimentos de casos

da doença em felinos e cães, desde o ano de 2011 e até o mês de julho de 2018.

Tais dados fazem referência a informações relativas ao endereço do proprietário ou

localizador do animal; idade, espécie e sexo do animal; métodos de diagnóstico da

Page 33: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

33

doença; tratamento, quando ofertado; e evolução clínica do animal com desfecho,

quando disponível.

A coleta de dados foi realizada durante o período de junho de 2017 a julho de

2018, realizando-se mediante prévia concordância por termos de consentimento,

pelos órgãos públicos competentes (Secretarias Municipais de Saúde, CCZ e NCZ

dos municípios envolvidos), pelas clínicas veterinárias e médicas privadas, e pelos

profissionais veterinários envolvidos no atendimento de animais de pequeno porte

em domicílio, por intermédio de concordância com Termo de Consentimento

Esclarecido (Apêndices A e B).

Para verificar a ocorrência da esporotricose em humanos, foram contatados

02 médicos dermatologistas, totalizando 50% dos profissionais atuantes em ambos

os municípios, seguindo os mesmos critérios investigativos e procedimentos

anteriormente descritos para os casos em animais.

Os critérios diagnósticos empregados para considerar um caso com

esporotricose, seja em animais ou humanos, foram: (I) diagnóstico clínico, a partir da

verificação de lesões suspeitas; e/ou (II) diagnóstico laboratorial, a partir da coleta

de secreção corpórea para pesquisa de fungos em meio de cultura ou biópsia de

lesão; ambos realizados por médico veterinário ou dermatologista. Ressalta-se que

essas informações foram consideradas como critérios de inclusão quando

estritamente relatadas nos prontuários médicos e veterinários coletados.

4.3 Localização dos casos

Após concluída a coleta dos dados, o trabalho foi realizado em três etapas

seguintes: (I) construção do banco de dados em planilhas, (II) localização das

coordenadas dos casos por intermédio do aplicativo Google Maps e (III) busca de

coordenadas in loco com GPS (Global Positioning System).

Corumbá é um município com grande extensão territorial, sendo dividido em

07 zonas distritais, (Figura 5), com maior concentração populacional situado no

distrito de mesmo nome, onde está localizada sua sede municipal (PREFEITURA

MUNICIPAL DE CORUMBÁ, 2015).

Page 34: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

34

Figura 5. Mapa do município de Corumbá, subdividido em distritos. Fonte: Adaptado de Corumbá, Prefeitura Municipal.

O distrito de Corumbá, área com maior urbanização neste município,

encontra-se subdividido em 23 bairros (Figura 6), agrupados na região central

(Centro, Arthur Marinho, Beira Rio, Borrowisk, Cervejaria, Dom Bosco, Generoso e

Universitário), na região oeste (Aeroporto, Jardim dos Estados, Nossa Senhora de

Fátima e Popular Nova), na região leste (Centro América, Cristo Redentor, Industrial,

Maria Leite, Padre Ernesto Sassida, Popular Velha e Previsul) e região sul (Guarani,

Guatós, Nova Corumbá e Pantanal).

Nota-se que a área territorial do município de Ladário, com menor extensão,

encontra-se numa disposição de inserção em relação ao território de Corumbá, com

proximidade à sua área urbana e de maior concentração populacional.

Durante o processo de localização dos casos, realizou-se uma padronização

dos endereços identificados, buscando corrigir erros frequentes, incluindo os

ortográficos, padronizando componentes relacionados aos tipos dos logradouros

(avenida, rua, alameda) e títulos (Presidente, Professor, Almirante), eliminando,

assim, uma maior quantidade de erros possíveis e aumentando a quantidade de

endereços passíveis de localização automaticamente.

Page 35: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

35

Figura 6. Imagem geoespacial do distrito de Corumbá, com delimitação de regiões (roxo - central, laranja -

oeste, azul - leste, e vermelho - sul) e bairros.

Fonte: Adaptado de Prefeitura Municipal de Corumbá.

Endereços eventualmente sem descrição de número foram localizados a partir dos

pontos médios dos referidos logradouros, para evitar maiores perdas de dados

epidemiológicos. Quando não contido na pesquisa do aplicativo, o endereço foi

considerado como perda primária.

Page 36: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

36

Após identificadas as perdas primárias, os endereços não localizados pelo

aplicativo foram submetidos a uma abordagem adicional de localização, através de

pesquisa por intervenção manual com uso de aparelho de GPS (modelo Etrex

Garmin®). Ainda assim, os casos de endereços não identificados por busca

presencial foram, então, considerados como perdas definitivas. É importante

ressaltar que tais perdas definitivas foram excluídas apenas da etapa de análise

geoespacial, no nível de processamento dos logradouros localizados, sendo estes

endereços incluídos quantitativamente nas análises estatísticas com outras variáveis

estudadas (distribuição temporal dos casos, taxas de ocorrência, características dos

animais acometidos, dentre outros).

Concluída a localização das coordenadas, todas estas foram lançadas em um

software livre de Sistema de Informações Geográficas (SIG) denominado QGIS

(Quantum Geographic Information Systems), versão 3.4.2, que permitiu a

visualização e análise de dados localizados dos casos de esporotricose.

4.4 Amostragem de casos suspeitos para pesquisa do fungo

Alguns casos de animais suspeitos de esporotricose, entregues para

eutanásia ao CCZ de Corumbá foram amostrados aleatoriamente (n=18),

representando em torno de 14% dos 129 animais encaminhados a este órgão

durante o período de coleta de dados.

Os animais selecionados foram submetidos à procedimento de coleta de

material biológico, por meio de suabe de secreção de lesões ulceradas, como

podemos visualizar na Figura 7. O material foi semeado em meio de cultura ágar-

Saboreaud dextrose, incubados a 25ºC, durante 10 a 14 dias (SOUZA et al., 2006),

e encaminhado para diagnóstico microbiológico, no laboratório de Microbiologia da

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FAMEZ) da Universidade Federal

de Mato Grosso do Sul (UFMS), na cidade de Campo Grande.

Page 37: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

37

Figura 7. Coleta de material biológico nos felinos com suspeita clínica de esporotricose, por meio de

suabe de lesões ulceradas: 7a – membro anterior, 7b – focinho.

Fonte: Do autor.

4.5 Análise estatística

Os resultados das fichas de atendimento foram avaliados por meio de

estatística descritiva para a exposição das frequências das variáveis espaço e tempo

de ocorrência da doença em animais e humanos nos municípios estudados,

complementando-se com a realização de análise geoespacial de distribuição dos

casos em felinos com endereços localizados (FERREIRA et al., 2018).

A seguir, foi realizado o teste de Correlação Linear de Pearson, como uma

medida de associação linear entre variáveis (GARSON, 2009; FILHO e JÚNIOR,

2009), utilizando-se duas variáveis: (I) número de habitantes por bairro nos

municípios de Corumbá e Ladário, a partir de dados do Censo Demográfico 2010

(IBGE, 2010), caracterizado como variável independente; e (II) número de casos

registrados de esporotricose nos dois municípios estudados (variável dependente),

nos anos de 2017 e 2018, anos com maior quantitativo de casos diagnosticados. A

interpretação varia de -1 a 1, onde o sinal indica a direção da relação; quando o

valor de “r” for 1 ou -1, tem-se uma correlação linear perfeita; e quando for zero, não

existe correlação linear. O sinal negativo significa uma relação inversa entre as duas

variáveis como, por exemplo, quando uma aumenta, a outra diminui (HAIR et al.,

2005)

A classificação de resultados da Correlação Linear de Pearson foi utilizada

conforme especificado por Dancey e Reidy (2005), podendo ser classificada como

fraca, quando o valor de “r” corresponder entre os valores de 0,10 a 0,30; moderada,

quando estiver entre 0,40 a 0,60; e forte, quando for entre 0,70 a 1.

Realizou-se a aplicação do método de Análise de Regressão de Mínimos

Quadrados, uma estimativa por meio de modelo econométrico de regressão, com a

Page 38: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

38

finalidade de se estimar a tendência de ocorrência da doença em caso de mudanças

no número total de habitantes. A seguir, obteve-se a equação de regressão,

responsável por expressar uma relação entre dada variável dependente (x) e dada

variável independente (y). A partir desta relação, é possível, com base nos modelos

de regressão, estimar variações da variável dependente em função de variações na

variável independente (y) (HILL et al., 2003).

A partir da Análise de Regressão de Mínimos Quadrados, o melhor modelo de

regressão é o de Regressão de Mínimos Quadrados - Modelo Linear, uma vez que,

o melhor estimador será aquele que tenha a menor soma dos quadrados dos erros,

neste caso, o modelo linear.

Realizou-se análise de agrupamento (clusters) nos dados estratificados

conforme a localização por bairros dos casos de esporotricose, classificando os

objetos da amostragem em grupos homogêneos (SEIDEL et al., 2008, SALUME et

al., 2016).

Aplicou-se ainda estatística descritiva para a exposição das frequências dos

dados relativos às características dos animais acometidos, tais como espécie, sexo,

idade ocorrência ou ausência de castração, tratamento e evolução dos casos. Uma

metodologia semelhante foi realizada para as informações coletadas dos casos

ocorridos em humanos.

Uma estimativa da doença nos animais na região pôde ser feita a partir da

verificação da taxa de ocorrência de esporotricose em felinos, que em nosso estudo

foi calculado pelo número de animais registrados com suspeita ou com diagnóstico

laboratorial confirmatório de esporotricose felina, em razão da estimativa do número

total de felinos existentes nos municípios, obtida a partir do número de animais

vacinados pelo órgão público de vigilância de zoonoses (CCZ).

Foram verificadas as taxas de ocorrência da doença, conforme ano e

localidade (por bairros) de ocorrência, em Corumbá, a partir de dados provenientes

de série histórica do quantitativo de animais vacinados na área urbana durante os

anos de 2015 ao mês de julho de 2018 (CORUMBÁ, 2018), conforme podemos

observar na Tabela 1. As taxas de ocorrência foram calculadas apenas em relação à

área urbanizada do município.

As informações referentes ao número de animais vacinados por clínicas

veterinárias privadas dos dois municípios não foram disponibilizadas durante o

período de coleta de dados nestes locais visitados.

Page 39: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

39

Tabela 1. Vacinação antirrábica em felinos nos bairros do município de Corumbá, MS, durante os anos de 2015 a 2018 (1º semestre).

BAIRROS / ANOS 2015 2016 2017 2018Aeroporto 406 360 430 188Arthur Marinho 86 181 152 74Beira-Rio 56 36 61 23Centro 911 943 933 386Centro-América 290 339 168 101Cervejaria 68 105 101 48Cristo Redentor 949 994 967 384Dom Bosco 219 269 276 23Generoso 129 170 126 64Guarani 119 132 149 80Guatós 465 410 419 205Industrial 22 20 240 10Jardim dos Estados 464 451 456 166Maria Leite 521 665 468 291Nª Srª Fátima 164 195 154 69Nova Corumbá 672 677 793 305Popular Nova 392 347 269 124Popular Velha 740 690 715 300Previsul 148 130 63 39Universitário 318 288 441 133TOTAL 7139 7402 7381 3013

Fonte: Centro de Controle de Zoonoses de Corumbá, MS, 2018

Adicionalmente, foi feita uma busca em dados oficiais e na literatura

especializada acerca da ocorrência da doença na Bolívia, no intuito de identificar

casos suspeitos ou confirmados de esporotricose em humanos ou animais.

O método para o desenvolvimento das análises estatísticas foi realizado a

partir da utilização do software SPSS (Statistical Package for the Social Sciences).

Page 40: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

40

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos 15 médicos veterinários visitados durante o período de coleta de dados,

oito forneceram informações sobre os animais identificados com esporotricose (seis

profissionais autônomos e dois atuantes em órgãos governamentais); e cinco

citaram que, mesmo tendo realizado atendimento de casos suspeitos da doença,

não possuíam registros detalhados dos atendimentos realizados ou, por algum

motivo, apresentaram perdas de tais informações, casos estes que foram excluídos

de nossa análise. Verificou-se que as informações contidas nos prontuários de

atendimentos médico-veterinários e nas fichas de notificação dos centros de

zoonoses eram frequentemente incompletas ou ausentes, dificultando a construção

de um banco de dados para estudos epidemiológicos.

O médico veterinário tem atuação relevante na saúde pública e vigilância

epidemiológica, principalmente na detecção, prevenção e controle de zoonoses, pois

possui capacidade técnica de avaliar o processo e suas inter-relações. Carvalho et

al. (2017) descreveram a importância deste profissional na ação de promover a

educação em saúde, atuando como um importante elo entre a saúde animal e a

humana. Ressaltaram a importância das disciplinas curriculares direcionadas à

prevenção de zoonoses e ao controle e erradicação de doenças infectocontagiosas,

bem como a higiene e inspeção de alimentos de origem animal.

Nota-se a importância em reforçar nos diferentes setores de atuação

profissional, a necessidade de implantar protocolos padronizados para coleta de

informações sobre o atendimento à saúde animal, facilitando, quando necessário, a

obtenção de dados para estudos que possam colaborar, inclusive, à saúde pública.

Foram identificados 315 casos registrados de esporotricose em animais (cães

e gatos), seja com diagnóstico clínico, a partir da detecção de lesões suspeitas da

doença, ou com confirmação diagnóstica por meio de exames laboratoriais (citologia

e isolamento microbiológico). Observou-se que os órgãos de vigilância

epidemiológica (CCZ e NCZ), assim como a maior parcela dos profissionais

veterinários realizam o diagnóstico a partir de dados clínicos dos atendimentos

realizados, restando apenas para poucos profissionais (n=2) a realização de

confirmação diagnóstica por meio de exames laboratoriais, a partir do

encaminhamento de amostras de espécimes coletadas para laboratórios de

referência localizados fora dos municípios em estudo.

Page 41: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

41

Do total de animais descritos, 121 destes (38,4%) apresentaram informações

insuficientes sobre os casos, com dados restritos ou incompletos, principalmente em

relação a localização dos animais. Destes, 108 (89,0%) não apresentaram nenhuma

informação, observando-se que todos esses casos foram de animais recebidos pelo

NCZ de Ladário, destinados a eutanásia. Tal fato inviabiliza parcial ou totalmente o

processo de atendimento aos agravos à saúde e o entendimento da real situação

epidemiológica desta zoonose, comprometendo negativamente o desempenho da

sua missão junto à saúde pública.

O Ministério da Saúde, em publicação técnica destinada a órgãos de controle

de zoonoses, já destacou a importância de uma eficiente coleta de dados

epidemiológicos em saúde pública, enfatizando que uma coleta irregular e sua má-

documentação interferem diretamente no bom desempenho da programação e

atuação dos órgãos de vigilância, tendo em vista o conceito de que os CCZ e NCZ

são unidades de saúde pública com atribuições destinadas à prevenção e controle

das zoonoses, a partir do desenvolvimento de sistemas de vigilância sanitária,

epidemiológica e ambiental em saúde, por meio do controle de populações de

animais domésticos, sinantrópicos e vetores, além do importante papel de educação

sanitária para a comunidade, inclusive para os profissionais que atuam na área de

saúde (BRASIL, 2007).

A partir dos 194 casos (61,6%) com informações pertinentes aos respectivos

endereços, foi realizada a localização dos casos por meio do aplicativo Google

Maps. Observou-se que 12 destes casos (6,19%) não foram localizados pelo

aplicativo, caracterizando-se como perdas primárias. Sendo assim, as coordenadas

foram coletadas, posteriormente, in loco, restando ao final, dois logradouros não

localizados (1,0%) e classificados como perdas definitivas (Figura 8).

A localização presencial, casa a casa, mostrou-se eficaz para um maior

aproveitamento dos endereços não identificados pelo aplicativo on line, justificando a

construção de um melhor banco de dados, entretanto, essa estratégia implicou em

maior custo e tempo para sua realização. Houve grande dificuldade na localização

de alguns logradouros, pelo fato de algumas residências não apresentarem

numeração ou uma sequência ordenada.

Silveira et al. (2017) discutiram situações e dificuldades para a realização de

georreferenciamento, dentre elas destacaram a qualidade dos dados coletados, a

falta de Sistemas de Informações Geográficas (SIG) municipais estruturados, a

Page 42: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

42

carência de bases cartográficas digitais e cadastros oficiais de endereços, além da

complexidade da infraestrutura urbana, principalmente em áreas com ocupações

irregulares e favelas, onde é comum a não-padronização dos endereços.

Figura 8. Fluxograma mostrando validação dos dados coletados de casos de esporotricose para

localização dos respectivos endereços, em Corumbá, MS.Fonte: Do autor.

Em virtude da semelhança com as situações encontradas no presente estudo,

entende-se que a estruturação cartográfica e do SIG desses municípios, assim como

a melhoria na coleta e documentação de informações dos casos identificados

proporcionaria agilidade aos estudos epidemiológicos e à tomada de decisões para

intervenção em programas de saúde.

As coordenadas identificadas dos 182 casos foram registradas no software

QGIS para obtenção de informações geográficas, visualização e análise dos dados

(Figura 9). Optou-se por selecionar apenas os casos localizados primariamente pelo

aplicativo Google Maps, utilizando-se somente uma metodologia de obtenção de

coordenadas, a fim de minimizar a possibilidade de viés.

Casos Detectados: n=315

Dados incluídos: n=194

Perdas primárias:n=12

Perdas definitivas:n=02

Exclusão por dados insuficientes:

n=121

Page 43: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

43

Figura 9. Imagem geoespacial dos casos de esporotricose identificados nos municípios de Corumbá e Ladário, MS, entre os anos de 2011 a 2018. Destaque para: linha vermelha: limite internacional Brasil-Bolívia; linha azul: limite intermunicipal Corumbá-Ladário.

Fonte: Do autor.

Na Figura 9, cada círculo amarelo corresponde a um endereço com

coordenada geográfica localizada, podendo cada ponto estar relacionado a

presença de um ou mais animais detectados. Reforça-se que o número de casos

destacados na representação gráfica poderia ser maior e mais fidedigno à realidade

dos municípios estudados, se o registro de informações fosse realizado

adequadamente.

A imagem sugere que os casos detectados estão presentes em áreas

urbanizadas, e que alguns acidentes geográficos (áreas de morros) possam atuar

como barreiras geográficas à disseminação do fungo bem como de seus

veiculadores (felinos), limitando a propagação de novos casos da doença

Barros et al. (2010), em seu estudo referente à situação epidemiológica de

casos humanos de esporotricose em área metropolitana do Rio de Janeiro,

revelaram fatores ambientais favoráveis ao crescimento do S. schenckii, tais como

presença de plantas diversas, áreas de terra e material de construção e entulho nos

quintais. Situação semelhante pode ser observada em Corumbá e Ladário, o que

Page 44: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

44

reforça a hipótese de manutenção do agente em ambiente favorável à sua

adaptação.

Em Corumbá, os bairros onde houve maior concentração de casos de

esporotricose foram: Centro, Popular Velha e Nova Corumbá (Figura 10). O Centro

teve uma população declarada de 18.400 habitantes; e Nova Corumbá com 7.900 e

estão entre os bairros mais populosos da cidade (IBGE, 2010).

Após o desenvolvimento da aplicação do teste de Correlação Linear de

Pearson, para observar a associação entre o tamanho da população estudada (por

habitantes), a frequência de ocorrência de casos detectados e a localização, obteve-

se o valor do coeficiente igual a 0,75, com nível de significância de p = 0,05,

evidenciando uma forte correlação (DANCEY e REIDY, 2005), reforçando a hipótese

de que há um maior número de casos nos bairros onde há um maior contingente

populacional. O coeficiente de determinação, que mede o ajustamento do modelo, é

de 0,57, ou seja, 57% da variável dependente (casos de infecção) pode ser

explicada pela variável independente (tamanho da população no bairro).

O aumento da população humana nas zonas urbanas foi acompanhado por

um aumento da população de gatos, visto que estes passaram a ter acesso a fontes

antropogênicas de alimento, promovendo atualmente um aumento de populações de

gatos que vivem nas ruas, em zonas urbanas ou nas suas periferias, numa estreita

relação entre esses animais e as habitações humanas (GUERRA, 2016).

O conceito de área de vida dos felinos também deve ser levado em

consideração na disseminação da esporotricose nesses municípios. O conhecimento

da distribuição geoespacial e do uso do espaço por esses animais faz-se

necessário, visto que estes podem atuar como potenciais veiculadores de patógenos

e colaborar para a disseminação de doenças entre os animais e de zoonoses

(RAMOS, 2015).

Guerra (2016) citou que a área do território dos felinos pode variar segundo o

seu sexo, com estimativa de até 2 km2 nas fêmeas, e de até 10 km2 nos machos, em

animais não esterilizados; em média, o território dos machos é 3,5 vezes maior que

o das fêmeas, podendo mesmo o território ser expandido em períodos de

acasalamento. Ressalta-se que a castração dos animais reduz a sua área de vida,

reforçando que esta seria uma prática positiva no controle de doenças e

manutenção da saúde animal e humana.

Page 45: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

45

AeroportoCentro

Centro Améric

a

Cristo Redentor

Dom Bosco

Guatós

Guarani

Industrial

Jardim dos E

stados

Maria Le

ite

Nossa Senhora de F...

Nova Corumbá

Pantanal

Popular Nova

Popular Velha

Previsul

Universi

tário

Não referencia

do 0

5

10

15

20

25

30

35

40

10

35

14

108

1 1 2

6 6

20

23

1

9

31

1

14

2

Bairros

Núm

ero

de ca

sos

Figura 10. Número de casos suspeitos e confirmados de esporotricose entre os anos de 2011 a

2018, distribuídos por bairros, em Corumbá, MS.Fonte: Do autor.

Em Ladário, dos 121 casos detectados, apenas 12 possuíam informações

relativas aos endereços, 10 deles localizados no Centro e outros 02 nos bairros da

Cohab e Boa Esperança. Ressalta-se ainda que apenas 10 desses casos

apresentaram informações suficientes quanto à informação de seus logradouros, e,

por isso, realizou-se sua localização geográfica.

O teste de análise de regressão de mínimos quadrados, para estimar uma

tendência de ocorrência de novos casos com a mudança no número de habitantes,

resultou em 20 novos casos de esporotricose animal, caso haja uma variação de 10

mil habitantes.

A partir da análise de agrupamento (clusters), utilizando o método de Ward,

observou-se a formação de dois grupos, sendo um (I) com os bairros de maior

densidade populacional (Nova Corumbá, Popular Velha, Cristo Redentor e Centro);

e o segundo grupo (II) com os bairros com menor densidade populacional (Figura

11). O agrupamento de ocorrência de infecção relacionou-se ao número de

habitantes por bairro, corroborando os resultados da análise de correlação linear.

Page 46: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

46

Figura 11. Dendograma formado a partir da distância euclidiana padronizada, relacionando o número de casos de esporotricose felina e número de habitantes em bairros, no município de Corumbá, MS, nos anos de 2017 e 2018. Destaque em vermelho para os bairros do grupo II e em azul para os bairros do grupo I.

Fonte: Do autor.

Na distribuição temporal dos casos de esporotricose (Figura 12), observou-se

um aumento do número de casos nos dois municípios a partir do ano de 2016

(n=12), e um crescimento acentuado nos anos de 2017 (n=146) e 2018 (n=147).

Destaca-se em relação à distribuição mensal dos casos, nos anos de 2017 e

2018, um comportamento semelhante durante os meses de janeiro a abril, com um

aumento no número de casos em maio de 2018 (Figura 13).

Apesar do registro de alguns casos de esporotricose felina, por clínicos

veterinários e pelo próprio CCZ, entre os anos de 2011 e 2015, a ocorrência da

doença só foi divulgada pela mídia em 2016. Em virtude das notícias

disponibilizadas na internet sobre os casos de esporotricose felina em Corumbá e

Ladário, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Mato Grosso do Sul

(CRMV-MS), disponibilizou orientações técnicas direcionadas aos médicos

veterinários e proprietários de animais (ARAÚJO et al., 2017).

Page 47: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

47

2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 20180

20

40

60

80

100

120

140

160

1 0 1 4 412

146 147

Ano

Núm

ero

de ca

sos

Figura 12. Número de casos suspeitos e confirmados de esporotricose entre os anos de 2011 a 2018 (1º semestre), em Corumbá e Ladário, MS.

Fonte: Do autor.

O maior conhecimento sobre a doença pode ter refletido em um maior número

de casos registrados e verificou-se um comportamento sazonal na notificação dos

mesmos (Figura 13). Provavelmente, houve um período de tempo entre a ocorrência

da infecção no animal, o aparecimento dos sinais clínicos e o atendimento

veterinário ou a realização da eutanásia. Pereira et al. (2014) citaram que no Rio de

Janeiro esse prazo foi de aproximadamente 80 dias. Sendo assim, sugere-se que

em nosso estudo os períodos de maior transmissão possam ter ocorrido entre os

meses de janeiro e fevereiro, resultando maior número de notificações em março e

abril de 2017 e um aumento expressivo de casos em maio de 2018.

Os estados de São Paulo, Pernambuco e Rio Grande do Sul têm manifestado

a preocupação com a ocorrência e o aumento de casos suspeitos de esporotricose

(SÃO PAULO, 2015; PERNAMBUCO, 2018; CASTRO et al., 2017). O histórico

epidemiológico dessa enfermidade nesses estados é bastante semelhante ao

ocorrido em Corumbá e Ladário, no que se refere ao volume de casos e ao aumento

nos anos de 2016 e 2017. Resumidamente, as estratégias adotadas para abordar a

situação, considerada como surto da doença, foram: busca ativa de casos em

animais e humanos, diagnóstico laboratorial, tratamento e acompanhamento dos

casos com a colaboração dos proprietários e Organizações Não-Governamentais

(ONGs) de proteção animal, esterilização para controle populacional, inserção da

Page 48: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

48

doença na lista de agravos de notificação compulsória, capacitação de profissionais

(públicos e autônomos) que atuam na área de saúde, e educação sanitária das

comunidades onde ocorreram os casos.

Essas medidas poderiam ser a base de atuação das autoridades em saúde

pública de Corumbá e Ladário, no combate à esporotricose, evitando a ocorrência

de um surto em maiores proporções, como o que vem sendo notificado no Rio de

Janeiro, onde os primeiros casos foram detectados a partir de 1998. No Rio de

Janeiro foram implantadas medidas de prevenção, controle e educação sanitária a

partir de 2011, e em 2013 a doença foi inserida na lista de agravos de notificação

compulsória. Apesar disso, esta zoonose é considerada negligenciada, com

notificação de mais de 1.000 casos/ano em humanos e ocorrência alarmante em

felinos (PEREIRA et al, 2014; RIO DE JANEIRO, 2018).

JANEIRO

FEVEREIRO

MARÇO ABRIL

MAIOJU

NHOJU

LHO

AGOSTO

SETEMBRO

OUTUBRO

NOVEMBRO

DEZEMBRO0

5

10

15

20

25

30

35

40

2011 2012 2013 20142015 2016 2017 2018

Figura 13. Distribuição mensal do número de casos suspeitos e confirmados de esporotricose animal, entre os anos de 2011 a 2018, em Corumbá e Ladário, MS.Fonte: Do autor.

O aumento da taxa de ocorrência em 2018, comparando-se aos anos

anteriores (Tabela 2), considerando como denominador o número de felinos

vacinados, pode sinalizar presença de surto ou epidemia da doença em felinos no

município de Corumbá, refletindo um maior risco à saúde humana.

Page 49: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

49

Tabela 2. Taxa de ocorrência de esporotricose felina no município de Corumbá, MS, durante os anos de 2015 a 2018 (1º semestre).

Anos 2015 2016 2017 2018 (1º sem.)Casos de esporotricose felina 3 6 74 105Nº de felinos vacinados 7139 7402 7381 3013Taxa de ocorrência 0,04% 0,08% 1,00% 3,50%Fonte: Do autor.

Tendo como informação o número de casos georreferenciados e o número de

felinos vacinados contra raiva, foi possível estimar a taxa de ocorrência por

localidade, entre os anos de 2015 a 2018 (Tabela 3). Entretanto, foram suprimidos

desse cálculo os bairros que não dispunham de informações sobre vacinações, os

casos sem georreferenciamento e os bairros que não apresentaram registro de

casos da doença.

Tabela 3. Taxa de ocorrência de esporotricose felina em bairros do município de Corumbá, MS, durante os anos de 2015 a 2018 (1º semestre).

Taxa de ocorrência de esporotricose(nº de casos/nº felinos vacinados contra raiva)

BAIRROS / ANOS 2015 2016 2017 2018Aeroporto 0 0 1,86%

(8/430)1,06%(2/188)

Centro 0,22% (2/911)

0,21%(2/943)

0,32%(3/933)

6,99%(27/386)

Centro América 0 0 2,98%(5/168)

7,92%(8/101)

Cristo Redentor 0 0 0,21%(2/967)

2,08%(8/384)

Dom Bosco 0 0 1,45%(4/276)

17,39%(4/23)

Guarani 0 0 0,67%(1/149)

0

Guatós 0 0 0 0,49%(1/205)

Industrial 0 0 0,83%(2/240)

0

Jardim dos Estados 0 0 1,10%(5/456)

0,60%(1/166)

Maria Leite 0 0 0,43%(2/468)

0,69%(2/291)

Nª Srª de Fátima 0 0 7,14%(11/154)

13,04%(9/69)

Nova Corumbá 0 0,15%(1/677)

1,51%(12/793)

2,95%(9/305)

Popular Nova 0 0 1,12%(3/269)

4,84%(6/124)

Popular Velha 0 0,29%(2/690)

1,26%(9/715)

6,67%(20/300)

Previsul 0 0 0 2,56%(1/39)

Universitário 0,31%(1/318)

0,35%(1/288)

1,36%(6/441)

3,76%(5/133)

Fonte: Do autor.

Page 50: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

50

Apesar de ser um cálculo estimado, observou-se que ao estratificar a taxa de

ocorrência de esporotricose por bairros, surgiu uma outra perspectiva de risco em

bairros que não se destacaram previamente, quando avaliados a partir do número

absoluto de casos de esporotricose. Os bairros Dom Bosco, Nossa Senhora de

Fátima, Centro América, Centro, Popular Velha e Popular Nova, apresentaram, em

ordem decrescente, as maiores proporções de casos em relação ao número de

felinos.

Sobrepondo os bairros com maior número de casos absolutos, com os bairros

que apresentaram as maiores taxas de ocorrência (Figura 14), surge uma área

hipotética de maior risco para a esporotricose felina no município de Corumbá,

constituída pelos bairros que apresentaram, simultaneamente, maior número de

casos e taxa de ocorrência (Centro, Centro América, Nossa Senhora de Fátima e

Popular Velha).

Figura 14. Mapa com a localização dos bairros de Corumbá, MS, que apresentaram isoladamente

maior número de casos (na cor verde) e maiores taxas de ocorrência (na cor vermelha) de esporotricose felina, e essas duas características ocorrendo simultaneamente (nas cores verde e vermelha), no período de 2015 a 2018 (1º semestre).

Fonte: Do autor.

Dos 315 casos identificados nesse trabalho, 98,4% (n=310) ocorreram em

felinos, e apenas em cinco cães foram notificados como suspeitos da doença. O

Page 51: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

51

baixo número identificado em cães pode estar relacionado ao fato de a doença ser

considerada rara e ter baixo potencial zoonótico nessa espécie (BAZZI, 2015).

Em 159 casos (50,5%), não havia referência sobre a idade dos animais,

entretanto, houve uma concentração do número de casos na faixa etária de um a

cinco anos (Figura 15), somando 114 (73,1%) casos.

< 1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 >10 0

5

10

15

20

25

30

9

2826

21 20 19

97

5

2

10

Idade em anos

Núm

ero

de ca

sos

Figura 15. Distribuição dos casos de esporotricose por idade do animal (em anos), em Corumbá e Ladário, MS.

Fonte: Do autor.

A informação sobre o sexo do animal estava disponível em 206 (65,4%)

casos, sendo 146 (70,9%) machos e 60 (29,1%) fêmeas, destacando-se que uma

pequena porcentagem desses eram castrados, 6,3% e 3,8% para machos e fêmeas,

respectivamente. Os resultados corroboram com Rossi et al. (2013) que relataram

uma maior predisposição da doença a afetar machos felinos não castrados, em

função destes apresentarem maior acesso extradomiciliar e pela facilidade de

envolverem-se em brigas por território ou por fêmeas durante os períodos

reprodutivos.

Houve confirmação laboratorial do diagnóstico em 21,3% (n=67) dos casos,

todos avaliados a partir da realização de microscopia com coloração de Gram e

cultura para pesquisa de fungo do gênero S. schenckii. A importância do diagnóstico

laboratorial para confirmação da doença está relacionada à implementação de

medidas eficazes de prevenção e controle da esporotricose para a saúde pública,

assim como de aplicação de terapêutica direcionada aos animais acometidos,

Page 52: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

52

evitando transmissão para animais e humanos, custos desnecessários com

tratamento ou mesmo efeitos colaterais para o paciente.

Das 18 amostras, coletadas de animais eutanasiados, e encaminhadas para

isolamento microbiológico, não houve nenhum resultado positivo para a presença do

S. schenckii. O isolamento do fungo em meio de cultura nem sempre é possível fora

dos laboratórios de referência, por se tratar de um processo oneroso, lento e

exigente quanto à estrutura laboratorial, de biossegurança e de recursos humanos

capacitados para a realização desse método diagnóstico (SILVA et al., 2015). Além

disso, a menor sensibilidade do método pode estar associada à coleta ou ao

transporte inadequado da amostra, e de contaminação saprófita. Por isso, a

associação de exame citopatológico, histologia com coloração de Grocott e

imunoistoquímica podem aumentar a acurácia do diagnóstico precoce de

esporotricose, quando o diagnóstico microbiológico não está disponível (SILVA et

al., 2018).

A possibilidade do envolvimento de um outro agente do complexo Sporothrix

pode ser sugerida. Nesse caso, a realização de exames complementares, tais como

métodos de citologia, histopatologia, provas sorológicas e testes intradérmicos,

seriam relevantes para um diagnóstico definitivo (LARSSON, 2011). A importância

em se estabelecer modalidades diagnósticas sustentáveis e a longo prazo, mais

próximas do nível local quanto possível, é um passo fundamental para identificar e

alertar prontamente às autoridades de saúde pública, evitando situações de

disseminação de zoonoses (BIRD e MAZET, 2018).

A grande maioria das suspeitas clínicas de esporotricose foram enviadas para

a realização de eutanásia (n=241) aos órgãos públicos de controle de zoonoses. Tal

fato pode evidenciar uma carência de condições econômicas dos proprietários ou

uma falta de interesse das pessoas em realizar o cuidado adequado dos animais.

Barros et al. (2010) citaram que no Rio de Janeiro esse tipo de ocorrência foi muito

frequente, mesmo com o fornecimento gratuito de medicações, reforçando a

necessidade de programas de conscientização sobre guarda responsável,

domiciliação e esterilização dos animais (SÃO PAULO, 2015; PERNAMBUCO,

2018).

Ramos (2015) também ressaltou a importância do oferecimento de cuidados

médico-veterinários, da vacinação dos animais e do encaminhamento à castração

Page 53: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

53

para cães e gatos tutelados, ações estas que contribuem ao bem-estar dos animais,

ao controle populacional e à redução da veiculação de patógenos.

Quanto à evolução dos casos, somente 74 animais (23,5%) foram submetidos

à tratamento, com cura ocorrida em 64,9% (n=48), e 26 (35,1%) foram a óbito:

naturalmente (n=21) ou encaminhados para eutanásia (n=5). É importante destacar

que a grande maioria destes animais que realizaram tratamento clínico (n=64),

tiveram a possibilidade de confirmação diagnóstica, tratando-se portanto de casos

verdadeiramente positivos para a doença.

Os índices de cura encontrados no presente estudo são compatíveis com os

resultados descritos por Reis (2016), que obteve 50,6% (n=42) de cura utilizando

somente o Itraconazol (ITZ), e em 88,0% (n=73) quando o tratamento com

Itracozazol foi associado ao uso de Iodeto de Potássio (KI). Entretanto o autor relata

que por ser um tratamento de longa duração, falhas ou abandono na terapêutica

podem comprometer os resultados.

A situação de casos humanos em Corumbá e Ladário é desconhecida, porém

ao serem questionados os médicos dermatologistas informaram pelo menos sete

casos atendidos. Os indivíduos identificados apresentavam-se na faixa etária entre

33 e 52 anos, com leve predomínio dos casos no sexo feminino (n = 04), e em quase

totalidade dos casos com detecção de algum contato prévio com felinos criados em

suas residências, animais estes com suspeita concomitante da doença (Tabela 4).

Esses números podem ser subestimados, entretanto a literatura consultada

não faz menção ao cálculo de taxas de morbidade, ocorrência ou prevalência dessa

enfermidade, tanto em animais quanto em humanos. Os artigos disponibilizam

números absolutos de casos estratificados em percentuais, conforme sexo, faixa

etária, características clínicas, dentre outras variáveis. O Rio de Janeiro acumulou

3.804 casos diagnosticados em gatos, no período de 1998 a 2011 (PEREIRA et al.,

2014), e entre 1997 a 2011, 4.188 casos em humanos, caracterizando nesta

população a esporotricose zoonótica causada pelo S. brasiliensis (SILVA et al.,

2012).

CASOS IDADE SEXO PROCEDÊNCIA / BAIRRO CONTATO

Page 54: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

54

HUMANOS COM FELINOSPaciente 1 33 anos Feminino Ladário (Centro) SimPaciente 2 48 anos Feminino Corumbá (Nova Corumbá) SimPaciente 3 50 anos Masculino Corumbá (Centro) SimPaciente 4 35 anos Masculino Ladário (Centro) NãoPaciente 5 52 anos Feminino Corumbá (Popular Nova) SimPaciente 6 37 anos Feminino Ladário (Santo Antônio) SimPaciente 7 45 anos Masculino Corumbá (Universitário) Sim

Tabela 4. Características dos pacientes humanos com esporotricose no município de Corumbá, MS,

durante os anos de 2014 a 2018 (1º semestre).

Fonte: Do autor.

Em relação ao diagnóstico e evolução da doença, tais pacientes foram

diagnosticados entre os anos de 2014 a 2018, com quadro clínico de todos os casos

apresentando-se com lesões cutâneo-linfáticas, e, em três desses pacientes, o

diagnóstico foi confirmado laboratorialmente a partir da realização de cultura para

detecção do fungo; todos os pacientes foram submetidos a tratamento com uso de

itraconazol, e todos eles com evolução satisfatória (Tabela 5).

Tabela 5. Diagnóstico e evolução da esporotricose em humanos no município de Corumbá, MS,

durante os anos de 2014 a 2018 (1º semestre).

Fonte: Do autor.

Devido à inexistência de relatos científicos oficiais da presença do fungo e da

ocorrência da esporotricose animal em Mato Grosso do Sul e nos municípios

fronteiriços, é pertinente suspeitar a existência de casos não diagnosticados, seja

por falta de procura por assistência médico-veterinária ou de recursos técnicos e

laboratoriais para o diagnóstico correto da enfermidade. Tal fato também pode

explicar, inclusive, o pequeno número de casos encontrados em humanos.

CASOS HUMANO

S

ANO LESÕES DIAGNÓSTICO TRATAMENTO EVOLUÇÃO

Paciente 1 2014 Cutâneo-linfáticas

Micológico Sim Cura

Paciente 2 2014 Cutâneo-linfáticas

Micológico Sim Cura

Paciente 3 2018 Cutâneo-linfáticas

Micológico Sim Cura

Paciente 4 2018 Cutâneo-linfáticas

Clínico Sim Em remissão

Paciente 5 2016 Cutâneo-linfáticas

Clínico Sim Cura

Paciente 6 2017 Cutâneo-linfáticas

Clínico Sim Cura

Paciente 7 2016 Cutâneo-linfáticas

Clínico Sim Cura

Page 55: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

55

Não é possível afirmar, com absoluta certeza, que a proximidade entre o país

vizinho interfere na cadeia epidemiológica da esporotricose felina ou humana da

região de fronteira Brasil-Bolívia. O fato é que a questão da mobilidade urbana e dos

fluxos migratórios contínuos nessa região deve ser considerada em relação aos

agravos à saúde, e merece ser melhor investigada.

Na Bolívia, dados oficiais de ocorrência da doença não foram

disponibilizados, entretanto a literatura evidenciou casos em humanos, inclusive no

departamento de Santa Cruz, na década de 80 (AZOGUE, 1981); a partir de 2009

novos trabalhos relataram a ocorrência de casos isolados nesse país (MICHELENA

et al., 2009; CABRERA et al., 2010).

Page 56: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

56

6 CONCLUSÃO

Os resultados encontrados possibilitaram concluir que a esporotricose felina

está presente nos municípios de Corumbá e Ladário, o número de casos é

proporcionalmente maior em bairros mais populosos, e houve um aumento

importante a partir de 2017.

Os animais infectados são principalmente felinos adultos jovens, machos

não-castrados. A maioria dos casos foi encaminhada para eutanásia, sem

diagnóstico laboratorial ou tratamento, entretanto, os animais tratados apresentaram

satisfatória recuperação e cura.

O trabalho possibilitou uma avaliação inicial da situação dessa enfermidade

em felinos e humanos, podendo ser a base para a melhoria da atenção à saúde da

esporotricose nesses municípios. As estratégias de controle devem priorizar a

notificação de casos suspeitos, o diagnóstico da esporotricose animal e humana, a

aplicação e acompanhamento do tratamento, além de maior esforço na realização

de educação sanitária, posse responsável e controle populacional de felinos.

Acredita-se que dessa forma será possível garantir uma maior qualidade de

atenção em saúde pública, especialmente sob o conceito de Saúde Única na

fronteira.

Page 57: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

57

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Esporotricose é uma doença infecciosa com relevantes aspectos à saúde

pública, no que diz respeito à disseminação local e/ou regional, no entanto

observamos a falta de informações oficiais sobre a ocorrência dessa zoonose e o

desconhecimento sobre seu impacto nessa região de fronteira. Pouco ainda se

conhece ou está sendo feito em relação à tomada de decisões estratégicas para

uma vigilância epidemiológica eficaz da doença nos municípios estudados e no

estado, tais como notificação do agravo, acompanhamento dos casos e implantação

de medidas de controle. Destacamos a importância da realização de ações de

capacitação, para que os profissionais da área de saúde atuem na identificação,

notificação e controle da esporotricose de forma padronizada e eficiente.

Nesse contexto, a participação dos órgãos de vigilância epidemiológica

municipais, atuando na prevenção e promoção de saúde, a partir da aplicação de

um plano de ação direcionado a esta zoonose, seria primordial.

A importância de uma efetiva coleta de dados e sua documentação pelos

serviços de saúde atuantes mostra-se necessária, visto que a ausência de dados

não permite um rastreio adequado dos casos, dificultando a implementação de

medidas de diagnóstico e controle da doença na região.

O conhecimento de dados epidemiológicos de morbidade dos animais e

pacientes atendidos nas unidades de saúde dos municípios permite a tomada de

decisões estratégicas, visando o aperfeiçoamento da qualidade de atenção local e

transterritorial, além de fornecer subsídios aos clínicos veterinários de pequenos

animais para encaminhamento na realização de diagnóstico definitivo da doença,

com vistas à instituição de terapia adequada e implantação de medidas sanitárias

profiláticas no âmbito intra e peridomiciliar dos animais afetados. 

A notificação dos casos pode contribuir para que ações sejam prontamente

executadas, com o intuito de controlar focos nas diferentes localidades. Os médicos

veterinários, médicos dermatologistas e clínicos, e os indivíduos envolvidos com

associações protetoras de animais têm sido os principais colaboradores na busca

ativa dos casos suspeitos de esporotricose humana e animal em Corumbá e

Ladário, e são fundamentais como parceiros do poder público, principalmente no

trabalho de educação sanitária e guarda responsável, junto às comunidades.

Page 58: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

58

Ações práticas efetivas devem ser desenvolvidas, com a finalidade de

promover maior atenção à saúde e controle efetivo da doença, transmitindo aos

profissionais de saúde, ao meio acadêmico, aos cuidadores e à entidades protetoras

dos animais (sob a forma de palestras educativas), informações relativas à

transmissão e cuidados com a doença, enfatizando, sobretudo, a educação sobre a

posse responsável, no intuito de restringir o acesso dos felinos à rua e o contato

com outros animais doentes, para promover um controle populacional e esclarecer

cuidados básicos de higiene.

Um maior esclarecimento à população visa, ainda, a possibilidade de procura

por atendimento médico precoce por parte dos humanos com lesões suspeitas, e o

atendimento de animais doentes para tratamento adequado ou para eutanásia (em

casos de animais com impossibilidade terapêutica).

A instituição de diagnóstico complementar para confirmação da doença, a

partir de métodos diagnósticos mais sensíveis, torna-se uma ação essencial. A

instalação de laboratórios públicos que realizem o diagnóstico complementar, assim

como a capacitação de profissionais de saúde para a realização dos métodos nestas

instituições, e, ainda, a criação de serviços de referência para encaminhamento e

atendimento de pacientes suspeitos seriam medidas imperativas para esta

finalidade.

Finalmente, esperamos que esse estudo contribua para o desenvolvimento de

políticas públicas de saúde conjuntas entre os municípios da fronteira Brasil-Bolívia,

expandindo as atividades de vigilância e defesa sanitária, a fim de bloquear a

propagação desta e de outras enfermidades, por tratar-se de área de importantes

fluxos migratórios.

Page 59: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

59

REFERÊNCIAS

ACERO-AGUILAR, M. Zoonosis y otros problemas de salud pública relacionados con los animales: reflexiones a propósito de sus aproximaciones teóricas y metodológicas. Rev Gerenc Polít Salud, v.15, n.31, p.232-245, 2016.

ACKERMANN, C.; VOMERO, A.; FERNÁNDEZ, N.; PÍREZ, C. Esporotricosis linfocutánea. A propósito de un caso pediátrico. Arch Pediatr Urug, v.88, n.2, p. 85-90, 2017.

ALBUQUERQUE, J.L.C. A dinâmica das fronteiras: os brasiguaios na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. 1 ed. São Paulo: Annablume, 2010, 25 p.

ARAÚJO, L.T.R.; JULIANO, R.S.; SILVA, W.A. Região fronteiriça e epidemiologia: estudo da esporotricose e sua relação na dinâmica da fronteira Brasil-Bolívia. Revista Geo Pantanal, v.12, p.97-105, 2017.

AZOGUE, M. Esporotricosis cutânea en el departamento de Santa Cruz – Bolivia. Bol. inf. CENETROP, v.7, n.1, p. 48-52, 1981.

BABO TERRA, V.J. Alerta: esporotricose para veterinários. Disponível em: http://crmvms.org.br/files/kcfinder/files/ALERTA%20esporo%20para%20vets%281%29.pdf. Acesso em 8 setembro 2017.

BARROS, M.B.L.; SCHUBACH, A.O.; DO VALLE, A.C.; GUTIERREZ-GALHARDO, M.C.; CONCEIÇÃO-SILVA, F.; SCHUBACH, T.M.; REIS, R.S.; WANKE, B.; MARZOCHI, K.B.; CONCEIÇÃO, M.J. Cat-Transmitted Sporotrichosis Epidemic in Rio de Janeiro, Brazil: Description of a Series of Cases. Clin Infect Dis, v.38, n.4, p. 529–35, 2004.

BARROS, M.B.L.; SCHUBACH, T.P.; COLL, J.O.; GREMIÃO, I.D.; WANKE, B.; SCHUBACH, A. Esporotricose: a evolução e os desafios de uma epidemia. Rev Panam Salud Publica, v.27, n.6, p.455–60, 2010.

BARROS, M.B.L.; ALMEIDA-PAES, R.; SCHUBACH, A.O. Sporothrix schenckii and sporotrichosis. Clin Microbiol Vet, v.24, n. 4, p. 633-54, 2011.

BAZZI, T. Características clínico-epidemiológicas, histomorfológicas e histoquímicas da esporotricose felina. 2015. 39 p. Tese (Mestrado em Medicina Veterinária) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria.

BENEDETTI, A. Lugares de frontera y movilidades comerciales en el sur sudamericano: una aproximación multiescalar. In: COSTA, E.A.; COSTA, G.V.L.; OLIVEIRA, M.A.M. Fronteiras em foco. Campo Grande: UFMS, p.33-55, 2011.

BIDAISEE, S.; MACPHERSON, C.N.L. Zoonoses and One Health: a review of the literature. Journal of Parasitology Research, v. 2014, p. 1-8, 2014.

BIRD, B.H.; MAZET, J.A.K. Detection of emerging zoonotic pathogens: an integrated One Health approach. Annu Rev Anim Biosci, v. 15, n. 6, p. 121-39, 2018.

Page 60: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

60

BRASIL. Portaria nº 1.120, de 06 de Julho de 2005. Institui o Sistema Integrado de Saúde das Fronteiras – SIS Fronteiras. Ministério da Saúde. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvc/saudelegis/gm/2005/prto1120_06_07_2005. html. Acesso em: 15 jan. 2016. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual técnico de Centros de Controle de Zoonoses. Brasília, 2007.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Situação atual da vigilância da esporotricose. Brasília, 2017. Disponível em: https://pt.slideshare.net/CONASS/situao-atual-da-vigilncia-da-esporotricose. Acesso em: 15 jan. 2016.

BRUNIERA-OLIVEIRA, R.; HORTA, M.A.P.; BELO, V.S.; CARMO, E.H.; VERANI, J.F.S. Desenvolvimento da Vigilância Epidemiológica de Fronteira no contexto da Globalização: conceitos e marcos teóricos. Tempus, Actas de Saúde Colet., v.8, n.3, p.75-93, 2014.

CABRERA, E.R.; RAMIREZ, P.P.; VISCARRA, C.R.; TORRICO, F.T. Esporotricosis linfangitica. Gaceta Médica Boliviana, v.33, n.2, p. 55-8, 2010.

CARVALHO, L.R.O.; RODRIGUES, H.S.M.C.; NETO, O.J.S.; SOLA, M.C. A atuação do médico veterinário em Saúde Pública: histórico, embasamento e atualidade. J Health Sci Inst, v. 35, n. 2, p. 131-6, 2017.

CASTRO, N.B.; ROLIM, V.M.; NASCIMENTO, LI.C.; SILVEIRA, A.F.V.; ARGENTA, F.F.; FERREIRO, L.; DRIEMEIER, D.; SONNE, L. Doenças micóticas em gatos no Rio Grande do Sul. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.37, n.11, p.1313-21, 2017.

CORUMBÁ, Comunicação pessoal de Walkiria Arruda da Silva, médica Veterinária do CCZ de Corumbá. Secretaria Municipal de Saúde. Série histórica do período de 2015 ao 1º semestre de 2018 da vacinação antirrábica de cães de gatos na área urbana do município de Corumbá/MS. Enviado por e-mail em 29 de novembro de 2018.

CORUMBÁ. Plano de Mobilidade Urbana e Rural de Corumbá. Produto 1: Plano de trabalho. Prefeitura Municipal de Corumbá, 2015.

COSTA, E.A. Os bolivianos em Corumbá-MS: construção cultural multitemporal e multidimensional na fronteira. Cadernos de estudos culturais, v.4, n.7, p.17-33, 2012.

CRUZ, L.C.H. Complexo Sporothrix schenckii. Revisão de parte da literatura e considerações sobre o diagnóstico e a epidemiologia. Veterinária e Zootecnia, v.20, p.08-28, 2013.

DANCEY, C.; REIDY, J. Estatística Sem Matemática para Psicologia: Usando SPSS para Windows. Porto Alegre: Artmed, 2006. 608 p.

Page 61: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

61

DE BRIÈV, C.; MARIAT, F. Ecological and epidemiological relationships between Sporothrix schenckii, a fungus pathogenic for man and the Ceratocystis genu. Bull Soc Pathol Exot Filiales, v. 71, n. 2, p. 203-10, 1978.

DESTOUMIEUX-GARZÓN, D.; MAVINGUI, P.; BOETSCH, G.; BOISSIER, J.; DARRIET, F.; DUBOZ, P.; FRITSCH, C.; GIRAUDOUX, P.; LE ROUX, F.; MORAND, S.; PAILLARD, C.; PONTIER, D.; SUEUR, C.; VOITURON, Y. The One Health concept: 10 years old and a long road ahead. Frontiers in Veterinary Science, v. 5, n. 14, p. 1-13, 2018.

ESPÍRITO SANTO, A.L.; COSTA, E.A.; BENEDETTI, A.G. A feira livre de Corumbá/MS na fronteira Brasil-Bolívia. Bol geogr, v. 35, n. 3, p. 93-108, 2017.

EVANS, B.R.; LEIGHTON, F.A. A history of One Health. Rev Sci Tech Off Int Epiz, v. 33, n.2, p. 413-20, 2014.

FERREIRA, C.M.P.G.; MARIANI, M.A.P.; NETO, A.F.O. O projeto Sistema Integrado de Saúde das Fronteiras em Corumbá-MS, Brasil. Revista GeoPantanal, v.10, n.18, p.71-92, 2015.

FERREIRA, C.M.P.G.; MARIANI, M.A.P.; BRATICEVIC, S.I. As múltiplas fronteiras presentes no atendimento à saúde do estrangeiro em Corumbá, Brasil. Saude soc, v. 24, n. 4, p. 1137-50, 2015.

FERREIRA, L.M.; SÁFADI, T.; LIMA, R.R. Técnicas da estatística espacial na análise de dados de áreas no estudo da dengue. Revista Univap, v.24, n.44, p.13-27, 2018.

FILHO, D.B.F.; JUNIOR, J.A.S. Desvendando os Mistérios do Coeficiente de Correlação de Pearson (r). Revista Política Hoje, Pernambuco, v. 18, n. 1, p. 115-46, 2009.

FONSECA, B.O. As políticas públicas de vigilância em saúde na fronteira Brasil-Bolívia. 2011. 58 p. Tese (Mestrado em Estudos Fronteiriços) – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Corumbá.

FREITAS, D.F.S.; DO VALLE, A.C.; PAES, A.R.; BASTOS, F.I.; GALHARDO, M.C. Zoonotic sporotrichosis in Rio de Janeiro, Brazil: a protracted epidemic yet to be curbed. Clin Infect Dis, v. 50, n.3, p.453, feb. 2010.

GALHARDO, J.A. Alerta: esporotricose para proprietários. Disponível em: http://crmvms.org.br/files/kcfinder/files/ALERTA%20ESPOROTRICOSE%281%29.pdf. Acesso em 08 setembro 2017.

GALVÃO, C. Pacientes bolivianos sobrecarregam atendimento no hospital de Corumbá. Jornal Diário Corumbaense, Corumbá, 27 fev. 2016. Disponível em: https://diarionline.com.br/?s=noticia&id=83168. Acesso em: 15 de dezembro de 2018.

Page 62: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

62

GARSON, G. David. Statnotes: Topics in Multivariate Analysis. 2009. Disponível em: http://faculty.chass.ncsu.edu/garson/PA765/statnote.htm . Acesso em 07 de julho de 2016.

GENARO, G. Gato doméstico: futuro desafio para controle da raiva em áreas urbanas? Pesq Vet Bras, v. 30, n.2, p.186-89, 2010.

GUERRA, I.C.L. Ecologia urbana do gato doméstico Felis silvestris catus na cidade de Barcelona. 2016. 86 p. Tese (Mestrado Integrado em Medicina Veterinária) – Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa.

GREMIÃO, I.D.F.; MIRANDA, L.H.M.; REIS, E.G.; RODRIGUES, A.M.; PEREIRA, S.A. Zoonotic Epidemic of Sporotrichosis: Cat to Human Transmission. PLoS Pathog, v.13, n.1, p.1-7, 2017.

HAIR, J.F.J.R.; ANDERSON, R.E.; TATHAM, R.L.; BLACK, W.C. Análise multivariada de dados. 5 ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. 591 p.

HILL, R.C.; GRIFFITHS, W.E.; JUDGE, G.G. Econometria. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2003. 471 p.

IBGE. Censo Demográfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. Disponível em: http://censo2010.ibge.gov.br. Acesso em: 18 nov. 2018.

IBGE. Arranjos populacionais e concentrações urbanas no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2016.

LARSSON, C.E. Esporotricose. Braz J Vet Res Anim Sci, São Paulo, v.48, n.3, p.250-59, 2011.

LILIENFELD, A.M.; LILIENFELD, D.E. The Epidemiologic Approach to Disease. In: ___. Foundations of Epidemiology. 2nd ed. London/New York: Oxford University Press, 1980. Chapter 1, p. 3–22.

MARIMON, R.; CANO, J.; GENÉ, J.; SUTTON, D.A.; KAWASAKI, M.; GUARRO, J. Sporothrix brasiliensis, S. globosa, and S. mexicana, three new Sporothrix species of clinical interest. J Clin Microbiol, v.45, n.10, p.3198–206, 2007.

MARIO, D.A.N. Complexo Sporothrix schenckii: inativação fotodinâmica, influência da melanina na atividade dos antifúngicos e combinação de fármacos. 2015. 90 p. Tese (Doutorado em Ciências Farmacêuticas) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria.

MARTINS, A.C.C. Percepção do risco de zoonoses em pacientes atendidos no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Rio de Janeiro, Brasil. Oficina do CES, v. 412, p. 1-39, 2014.

MARTINS, G.I.V. et al. Mato Grosso do Sul sem fronteiras: Características e interações territoriais Bolívia, Brasil, Paraguai. 1. ed. Campo Grande: Visão, 2010.

Page 63: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

63

MICHELENA, M.A.; GARRITANO, M.V.; CHIAVASSA, A.M.; RAFTI, P.; OTTINO, A.; MESTRONI, S. Esporotricosis cutánea micetomatoide: a propósito de un caso. Arch Argent Dermatol, v. 59, n. 5, p. 211-15, 2009.

MONTEIRO, H.R.B.; TANENO, J.C.; NEVES, M.F. Esporotricose em felinos domésticos. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, v.6, n.10, p. 1-6, 2008.

NELSON, R. W.; COUTO, C.G. Medicina interna de pequenos animais. 3 ed. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

PEREIRA, S.A.; GREMIÃO, I.D.F.; KITADA, A.A.B.; BOECHAT, J.S.; VIANA, P.G.; SCHUBACH, T.M.P. The epidemiological scenario of feline sporotrichosis in Rio de Janeiro, State of Rio de Janeiro, Brazil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.47, n.3, p.392-93, 2014.

PERNAMBUCO, Diretoria geral de controle de doenças da Secretaria de Saúde. Esporotricose Humana, Boletim de vigilância em saúde, 4p., 2018. Disponível em: https://docs.wixstatic.com/ugd/3293a8_4076b337ef7a4681885b bea9fa1d6aa1.pdf. Acesso em: 01 jan. 2018.

PREFEITURA MUNICIPAL DE CORUMBÁ. Pesquisa da Prefeitura mostra potencial econômico dos bairros de Corumbá. Disponível em: http://www.corumba.ms.gov.br/noticias/pesquisa-da-prefeitura-mostra-potencial-economico-dos-bairros-de-corumba/16588/. Acesso em: 01 set. 2018.

RAMOS, I.F.B. Manejo populacional de gatos (Felis silvestris catus): uma abordagem comportamental. 2015. 99 p. Tese (Mestrado em Ciências) – Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.

REIS, E.G. Ensaio clínico comparativo entre Itraconazol e associação de Itraconazol e iodeto de potássio no tratamento da esporotricose felina. 2016. 120f. Tese (Doutorado em Pesquisa Clínica em Doenças Infecciosas) – Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Rio de Janeiro.

RIO DE JANEIRO, Secretaria de estado de saúde do Rio de Janeiro. Vigilância e cenário epidemiológico: esporotricose no estado do RJ. Período de 2015 a 2018. Boletim Epidemiológico Esporotricose, 001/2018, p.1-6. Disponível em:http://www.riocomsaude.rj.gov.br/Publico/MostrarArquivo.aspx?C=mgfY3RQJkek%3D. Acesso em: 04 mai. 2018.

RAFFESTIN, C. Por uma geografia do poder. São Paulo: Ática, p. 13, 2005.

RODRIGUES, A.M.; HOOG, G.; ZHANG, Y.; CAMARGO, Z.P. Emerging sporotrichosis driven by clonal and recombinant Sporothrix species. Emerg Microb Infect, v.3, p.1-10, 2014.

ROSSI, C.N.O.; DAGUIRI, J.; LARSSON, C.E. Clinical and epidemiological characterization of sporotrichosis in dogs and cats (São Paulo, Brazil). Ciências Agrárias, v.34, n.6, p. 3889-96, 2013.

Page 64: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

64

SALUME, P.K.; GUIMARÃES, L.O.; VALE, G.M.V. Análise de clusters. Vantagens da abordagem baseada em dinâmica de sistemas. Desenvolvimento em Questão, v.14, n.37, p. 115-43, 2016.

SÃO PAULO, Coordenadoria de controle de doenças – CCD. Surto de esporotricose em gatos – investigação e ações de controle, município de São Paulo/SP. Boletim Epidemiolágico Paulista – BEPA, v.12, n.133, p.1-16, 2015.

SCHUBACH,T.M.; VALLE, A.C.; GUTIERREZ-GALHARDO, M.C.; MONTEIRO, P.C.; REIS, R.S.; ZANCOPÉ-OLIVEIRA, R.M.; MARZOCHI, K.B.; SCHUBACH, A. Isolation of Sporothrix schenckii from the nails of domestic cats (Felis catus). Med Mycol, v.39, n. 1, p.147-9, 2001.

SCHUBACH, T.M.; DE OLIVEIRA SCHUBACH, A.; DOS REIS, R.S.; CUZZI-MAYA, T.; BLANCO, T.C.; MONTEIRO, D.F.; BARROS, B.M.; BRUSTEIN, R.; ZANCOPÉ-OLIVEIRA, R.M.; FIALHO MONTEIRO, P.C.; WANKE, B. Sporothrix schenckii isolated from domestic cats with and without sporotrichosis in Rio de Janeiro, Brazil. Mycopathologia, v.153, n.2, p.83-6, 2002.

SCHUBACH, T.M.P.; SCHUBACH, A.O.; OKAMOTO, T.; BARROS, M.B.L.; FIGUEIREDO, F.B.; CUZZI, T.; MONTEIRO, P.C.F.; REIS, R.S.; PEREZ, M.A.; WANKE, B. Evaluation of an epidemic of sporotrichosis in cats: 347 Cats (1998-2001). Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 224, p.1623-29, 2004.

SEIDEL, E.J.; JÚNIOR, F.D.J.M.; ANSUJ, A.P.; NOAL, M.R.C.N.C. Comparação entre o método Ward e o método K-médias no agrupamento de produtores de leite. Ciência e Natura, v. 30, n. 1, p. 07-15, 2008.

SILVA, M. B. T. Distribuição socioespacial da esporotricose humana de pacientes atendidos no Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas no período de 1997 a 2007, residentes no Estado do Rio de Janeiro. 2010. 143 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro.

SILVA, M.B.T.; COSTA M.M.M.; TORRES, C.C.S.; GALHARDO, M.C.G.; VALLE, A.C.F.; MAGALHÃES, M.A. Urban sporotrichosis: a neglected epidemic in Rio de Janeiro, Brazil. Cad. Saúde Pública, v.28, n.10, p.1867-80, 2012.

SILVA, J.N.; PASSOS, S.R.L.; MENEZES, R.C.; GREMIÃO, I.D.F.; SCHUBACH, T.M.P.; OLIVEIRA, J.C.; FIGUEIREDO, A.B.F.; PEREIRA S.A. Diagnostic accuracy assessment of cytopathological examination of feline sporotrichosis. Medical Mycology, v.53, n.8, p.880-84, 2015.

SILVA, J.N.; MIRANDA, L.H.M.; MENEZES, R.C.; GREMIÃO, I.D.F.; OLIVEIRA, R.V.C.; VIEIRA, S.M.M.; CONCEIÇÃO–SILVA, F.L.; PEREIRA; S.A. Comparison of the Sensitivity of Three Methods for the Early Diagnosis of Sporotrichosis in Cats. J. Comp. Path., v. 160, p.72-78, 2018.

Page 65: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

65

SILVEIRA, I.H.; OLIVEIRA, B.F.A.; JUNGER, W.L. Utilização do Google Maps para o georreferenciamento de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade no município do Rio de Janeiro, 2010-2012. Epidemiol. Serv. Saúde, v. 26, n. 4, p. 881-86, 2017.

SOUZA, L.L; NASCENTE, O.S.; NOBRE, M.O; MEINERZ, A.R.M.; MEIRELES, M.C.A. Isolamento de Sporotrix schenckii em unha de gatos sadios. Braz J Microbiol, v. 37, n.3, p. 372-74, 2006.

TAMAKI, E. M. et al. O Projeto SIS-Fronteira no Estado de Mato Grosso do Sul. In: SOUZA, M. L. et al. (org). A saúde e a inclusão social nas Fronteiras. Florianópolis: Fundação Beiteux, 2008. p.177-208.

TEIXEIRA, G.N.R.F.; SOARES, D.F.M.; KELLER, K.M.; SILVA, J.A.M.C.; PAIS, G.C.T.; MORAIS, M.H.F. Esporotricose e implicações à saúde pública com vistas à ocorrência da doença no município de Belo Horizonte. Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, v. 2016, n.82, p. 46-58, 2016.

Page 66: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

66

APÊNDICES

APÊNDICE A. Modelo de Termo de Autorização destinado aos Secretários Municipais de Saúde e Coordenadores dos Centros de Controle de Zoonoses.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SULCAMPUS DO PANTANAL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM ESTUDOS FRONTEIRIÇOS

Ilmo Sr. ____________________________________________________________________________(Secretário Municipal de Saúde/Coordenador do Centro de Controle de Zoonoses)

Cumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n° 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que regulamenta procedimentos para o uso científico de animais em atividades de ensino e pesquisa, estamos nos apresentando e descrevendo o estudo que realizaremos a partir de coleta de informações de material documental, bem como de material biológico de animais (gatos e cães) de animais destinados à eutanásia no Centro de Controle de Zoonoses, necessitando de sua autorização para que seja feito neste referido centro, no município de _______________ (Corumbá/Ladário-MS).

Somos Raquel Soares Juliano, médica veterinária, pesquisadora da Embrapa Pantanal, com doutorado em Sanidade Animal; e Laura Tathianne Ramos Araújo, médica, mestranda em estudos fronteiriços.

Nosso projeto de pesquisa intitulado “Estudo epidemiológico da esporotricose em região de fronteira Brasil-Bolívia”, será desenvolvido durante os anos letivos de 2017 e 2018, com o objetivo principal de identificar o perfil epidemiológico de esporotricose felina e humana nos municípios de Corumbá e Ladário, com propósito também de posterior trabalho educativo científico e à comunidade em geral.

Para esta pesquisa, preciso realizar a busca de fichas de notificação e/ou relatos de prontuários de felinos encaminhados ao CCZ para eutanásia, com ferimentos suspeitos da doença, bem como coleta de material das feridas destes animais para encaminhamento ao laboratório de Microbiologia da FAMEZ/UFMS em Campo Grande-MS, para tentativa de confirmação laboratorial dos casos suspeitos.

Coloco-me à disposição para qualquer dúvida ou esclarecimento, e agradeço a atenção e colaboração.

___________________________________________ Raquel Soares Juliano

___________________________________________ Laura Tathianne Ramos Araújo

Autorizo a realização desta pesquisa descrita acima.

____/___/____

___________________________________________________________________

(Secretário Municipal de Saúde/Coordenador do Centro de Controle de Zoonoses)

Page 67: ppgefcpan.ufms.br€¦ · Web viewCumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que

67

APÊNDICE B. Modelo de Termo de Consentimento destinado aos médicos veterinários e médicos dermatologistas.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SULCAMPUS DO PANTANAL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM ESTUDOS FRONTEIRIÇOS

Ilmo Sr(a)____________________________________________________________________________(Médico veterinário/Médico(a) dermatologista)

Cumprindo requisito do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Lei n° 11.794 de 08 de Outubro de 2008, que regulamenta procedimentos para o uso científico de animais em atividades de ensino e pesquisa, estamos nos apresentando e descrevendo o estudo que realizaremos a partir de coleta de dados de material documental, necessitando de sua autorização para que seja feito neste referido centro

Somos Raquel Soares Juliano, médica veterinária, pesquisadora da Embrapa Pantanal, com doutorado em Sanidade Animal; e Laura Tathianne Ramos Araújo, médica, mestranda em estudos fronteiriços.

Nosso projeto de pesquisa intitulado “Estudo epidemiológico da esporotricose em região de fronteira Brasil-Bolívia”, será desenvolvido durante os anos letivos de 2017 e 2018, com o objetivo principal de identificar o perfil epidemiológico de esporotricose felina e humana nos municípios de Corumbá e Ladário-MS, a fim de posterior trabalho educativo à população e à comunidade acadêmico-científica.

Para esta pesquisa, preciso realizar a busca de relatos de prontuários de ____________ (animais/humanos), em referência a informações relativas ao endereço do proprietário do animal; idade, espécie e sexo do animal, métodos de diagnóstico da doença; tratamento, quando ofertado; e evolução clínica da patologia do animal com desfecho, quando disponível.

Coloco-me à disposição para quaisquer dúvidas ou esclarecimentos, e agradeço desde já a atenção e colaboração ofertadas.

____________________________________ Raquel Soares Juliano

____________________________________ Laura Tathianne Ramos Araújo

Autorizo a realização desta pesquisa descrita acima.

____/___/____

_________________________________________________ (Médico veterinário / Médico(a) dermatologista)