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www.csjose.com .br @ csjose_asfhic /saojoseinterativo Aluno(a): Número: Ano: 1º Turma: Unidade: 2ª Data: Área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas- História Professor(a): Paulo Leite Trabalho Ensino Médio “Um olhar providencial de Deus vela por nós!” Mãe Clara Os três (3) textos a seguir devem funcionar como elementos provocadores do tema que proponho para o nosso trabalho da 2ª e da 3ª unidades, a saber: Histórias de mulheres negras na Bahia e no Brasil. Texto 1 Heroínas negras na história do Brasil Por Jarid Arraes - abril 17, 2015 Na história do Brasil, conta-se muito pouco a respeito das mulheres negras. Na escola, são pouquíssimas as aulas que citam as grandes guerreiras e líderes quilombolas, ou que simplesmente mencionem a existência das mulheres negras para além da escravidão. Em um país em que a escravidão não é retratada como uma vergonha para a nação - pelo contrário, ainda se insiste que a população negra não lutou contra esse quadro -, isso não é nenhuma surpresa. Nós, brasileiros, passamos vários anos na escola aprendendo sobre todos os detalhes das vidas de Dom Pedro I e II, seus familiares, seus casos sexuais e viagens. Na televisão, os imperadores viram protagonistas de minisséries, enquanto os atores e atrizes negros são reduzidos a papéis de escravos sem profundidade. Grandes lutadores como Zumbi dos Palmares, Dragão do Mar e José Luiz Napoleão, são pouco mencionados. Aliás, eles são lembrados apenas no mês de novembro, em razão do Dia da Consciência Negra; mas as mulheres negras, que contribuíram de tantas formas na luta contra a escravidão e nas conquistas sociais do Brasil, nem sequer são mencionadas.

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Page 1: ospyciu.files.wordpress.com · Web viewAliás, eles são lembrados apenas no mês de novembro, em razão do Dia da Consciência Negra; mas as mulheres negras, que contribuíram de

www.csjose.com.br @csjose_asfhic /saojoseinterativoAluno(a): Número:

Ano: 1º Turma: Unidade: 2ª Data:

Área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas- História Professor(a): Paulo Leite

Trabalho

Ensino Médio “Um olhar providencial de Deus vela por nós!” Mãe Clara

Os três (3) textos a seguir devem funcionar como elementos provocadores do tema que proponho para o nosso trabalho da 2ª e da 3ª unidades, a saber:

Histórias de mulheres negras na Bahia e no Brasil.

Texto 1

Heroínas negras na história do Brasil

Por Jarid Arraes - abril 17, 2015

Na história do Brasil, conta-se muito pouco a respeito das mulheres negras. Na escola, são pouquíssimas as aulas que citam as grandes guerreiras e líderes quilombolas, ou que simplesmente mencionem a existência das mulheres negras para além da escravidão. Em um país em que a escravidão não é retratada como uma vergonha para a nação -  pelo contrário, ainda se insiste que a população negra não lutou contra esse quadro -, isso não é nenhuma surpresa. Nós, brasileiros, passamos vários anos na escola aprendendo sobre todos os detalhes das vidas de Dom Pedro I e II, seus familiares, seus casos sexuais e viagens. Na televisão, os imperadores viram protagonistas de minisséries, enquanto os atores e atrizes negros são reduzidos a papéis de escravos sem profundidade. Grandes lutadores como Zumbi dos Palmares, Dragão do Mar e José Luiz Napoleão, são pouco mencionados. Aliás, eles são lembrados apenas no mês de novembro, em razão do Dia da Consciência Negra; mas as mulheres negras, que contribuíram de tantas formas na luta contra a escravidão e nas conquistas sociais do Brasil, nem sequer são mencionadas.

Cordel sobre Dandara dos Palmares, líder quilombola e companheira de Zumbi.

O esquecimento das mulheres negras na história é algo que contribui para a vilipendiação da população negra. Por conta disso, as garotas negras crescem achando que não há boas referências intelectuais e de resistência nas quais possam se espelhar. Para descobrir seus referenciais, é preciso que se mergulhe em uma pesquisa individual, muitas vezes solitária, juntando peças de um enorme quebra-cabeça para no fim descobrir que pouquíssimo foi registrado a respeito de mulheres como Dandara dos Palmares ou  Tereza de Benguela  – importantes líderes quilombolas.

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Devido ao machismo, é muito difícil encontrar registros da história das mulheres, especialmente aqueles que sejam contados de forma aprofundada e responsável. Ainda hoje, poucas mulheres, mesmo entre as brancas ou europeias, são citadas e celebradas por suas conquistas. No entanto, quando essas mulheres são negras, a negligência é ainda maior. Em um país onde mais de 50% da população é negra, a situação desse quadro é absurda. Mesmo com os esforços racistas para apagar a história das mulheres negras, racismo nenhum será capaz de enterrar a memória de ícones como Luísa Mahin e Tia Simoa. Mulheres negras inteligentes, com grande capacidade estratégica, imensa coragem e ímpeto de transformação, que jamais se conformaram ou se dobraram diante do racismo e da misoginia; pelo contrário, lutaram e deram suas vidas para que mulheres negras como eu pudessem viver em liberdade e escrever, ocupando espaços que, ainda hoje, nos são de difícil acesso. Infelizmente, tive que descobrir essas guerreiras por conta própria, contando com a ajuda de outras mulheres negras, companheiras de luta, que me apresentaram textos e materiais onde suas vidas foram contadas, ainda que brevemente. Por isso, decidi utilizar minha produção literária, meus cordéis, para contar as histórias dessas mulheres e fazer com que mais pessoas tomassem conhecimento de suas batalhas e do quanto são importantes para a história do Brasil. Até o momento, tenho vários cordéis biográficos que contam as trajetórias de Aqualtune e Carolina Maria de Jesus, além de outras já citadas nesse texto.

Nosso papel é fazer com que essas mulheres negras sejam conhecidas e seus feitos sejam estudados. Seja por meio do cordel, das redes sociais ou de trabalhos acadêmicos, precisamos registrar e divulgar essas memórias. Com elas, provamos que a população negra sempre lutou por seus direitos, provamos que as mulheres negras sempre foram protagonistas dos movimentos negros e de mulheres e que nunca se omitiram ou saíram das trincheiras. Afinal, essas mulheres são espelhos e exemplos do que todas as meninas e jovens negras podem ser.

Fonte: http://www.revistaforum.com.br/questaodegenero

Texto 2

Escritora mapeia produção literária de mulheres negras da Bahia

1. Helô D'Angelo

7 de julho de 2017

Calila das Mercês, idealizadora do projeto Escritoras Negras da Bahia (Foto Jemima Bracho)  

“De quais escritoras negras brasileiras você já ouviu falar e quantas já leu?”. A pergunta, direta, vem da escritora e jornalista baiana Calila das Mercês. Cansada de ver mulheres negras excluídas dos círculos literários, ela decidiu tomar o problema pelas próprias mãos e propor uma solução.

Calila lança nesta sexta (7), no Mês Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, o site Escritoras Negras da Bahia, que apresenta a produção literária de contistas, poetas e romancistas negras do estado. Há nomes pouco conhecidos do grande público, como Rita Santana, Mel Adún e Celeste Pacheco.

“Sempre senti falta de mulheres que me representassem no campo literário. Na Bahia, um estado em que a população negra é maioria, prestigiamos grandes escritores homens, mas temos também grandes mulheres negras escrevendo”, afirma Calila, que é doutoranda em Letras pela UnB.

Em 2015 ela lançou um projeto semelhante, o Escritoras Mulheres na Bahia, que catalogava a produção de cinquenta autoras do Estado, mas sem o recorte de raça.

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www.csjose.com.br @csjose_asfhic /saojoseinterativo 3“Quando você faz só o recorte de raça [no mercado editorial], deixa de fora as mulheres negras,

porque os homens negros são mais publicados que nós. E quando faz o recorte de gênero, são as mulheres negras que ficam de fora de novo, já que mulheres brancas estão mais inseridas que as negras no meio literário. Precisamos de um espaço nosso”, diz Kênia Freitas, doutora em Comunicação e Cultura da UFRJ, e uma das colaboradoras do projeto.

Além do portal, o Escritoras Negras da Bahia traz um e-book em português e em inglês com artigos acadêmicos sobre negritude e escrita, perfis de autoras negras e uma lista de intervenções artísticas na Bahia.

Calila também promove, até o dia 20 de julho, um ciclo de oficinas e palestras gratuitas voltadas a mulheres de comunidades afro-indígenas com temas ligados a literatura, cinema e tecnologia.

Para Kênia Freitas, esse contato representa o momento mais importante do projeto, com o qual será possível de fato ouvir as autoras: “Não queremos chegar com um discurso acadêmico pronto, mas construir junto com elas.”

A ideia é propor uma troca: levar algo às mulheres dessas comunidades, mas também trazer vivências, práticas e ideias de volta para a academia. As oficinas acontecem no extremo Sul da Bahia, nas cidades de Alcobaça, Caravelas e Prado.

“As trocas são indispensáveis para o projeto ganhar força. Estamos criando uma vanguarda que não se enquadra nos velhos moldes burgueses, por estar sendo feita pela comunidade negra e principalmente pelas mulheres”, afirma Raquel Galvão, doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ.

A ideia é, mais tarde, estender o mapeamento para outros estados do país, com parcerias locais. Isso porque o objetivo do projeto vai além da literatura, segundo Calila, e busca “empoderar” as autoras para que elas mesmas compreendam que são capazes de ingressar de maneira profissional no meio literário.

“Ao reconhecer a invisibilidade das mulheres negras, tanto em legitimidade no campo literário quanto na representação em obras, nota-se que a lacuna segue diretamente proporcional em relação ao que a sociedade já oferece a nós”, define.

Fonte: https://revistacult.uol.com.br/home/escritora-mapeia-producao-literaria-de-mulheres-negras-da-bahia/

Texto 3

Mulheres NegrasYzalú

Enquanto o couro do chicote cortava a carneA dor metabolizada fortificava o caráter

A colônia produziu muito mais que cativosFez heroínas que pra não gerar escravos, matavam os filhos

Não fomos vencidas pela anulação socialSobrevivemos à ausência na novela, no comercialO sistema pode até me transformar em empregada

Mas não pode me fazer raciocinar como criadaEnquanto mulheres convencionais lutam contra o machismo

As negras duelam pra vencer o machismo, o preconceito, o racismoLutam pra reverter o processo de aniquilação

Que encarcera afrodescendentes em cubículos na prisãoNão existe lei maria da penha que nos proteja

Da violência de nos submeter aos cargos de limpezaDe ler nos banheiros das faculdades hitleristas

Fora macacos cotistasPelo processo branqueador não sou a beleza padrão

Mas na lei dos justos sou a personificação da determinaçãoNavios negreiros e apelidos dados pelo escravizadorFalharam na missão de me dar complexo de inferior

Não sou a subalterna que o senhorio crê que construiuMeu lugar não é nos calvários do Brasil

Se um dia eu tiver que me alistar no tráfico do morroÉ porque a lei áurea não passa de um texto morto

Não precisa se esconder, segurançaSei que cê tá me seguindo, pela minha feição, minha trança

Sei que no seu curso de protetor de dono praiaEnsinaram que as negras saem do mercado com produtos embaixo da saia

Não quero um pote de manteiga ou de xampuQuero frear o maquinário que me dá rodo e uru

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www.csjose.com.br @csjose_asfhic /saojoseinterativo 4Fazer o meu povo entender que é inadmissível

Se contentar com as bolsas estudantis do péssimo ensinoCansei de ver a minha gente nas estatísticas

Das mães solteiras, detentas, diaristasO aço das novas correntes não aprisiona minha mente

Não me compra e não me faz mostrar os dentesMulher negra não se acostume com termo depreciativo

Não é melhor ter cabelo liso, nariz finoNossos traços faciais são como letras de um documento

Que mantém vivo o maior crime de todos os temposFique de pé pelos que no mar foram jogados

Pelos corpos que nos pelourinhos foram descarnadosNão deixe que te façam pensar que o nosso papel na pátria

É atrair gringo turista interpretando mulataPodem pagar menos pelos mesmos serviços

Atacar nossas religiões, acusar de feitiçosMenosprezar a nossa contribuição na cultura brasileira

Mas não podem arrancar o orgulho de nossa pele negra

Mulheres negras são como mantas kevlarPreparadas pela vida para suportarO racismo, os tiros, o eurocentrismo

Abalam mais não deixam nossos neurônios cativos

Compositor: Eduardo Taddeohttps://www.vagalume.com.br/yzalu/mulheres-negras.html

Proposta de Trabalho

1. Dandara dos Palmares.2. Tereza de Benguela. 3. Luísa Mahin.4. Tia Simoa.5. Nilma Lino Gomes. 6. Maria Felipa.7. Carolina Maria de Jesus.8. Conceição Evaristo.9. Jenyffer Nascimento.

10. Lélia Gonzalez. 11. Maria Gal Quaresma.12. Elisa Lucinda.13. Calila das Mercês.14. Lívia Natália.15. Tia Ciata.16. Esperança Garcia.17. ...

As 16 mulheres citadas acima serão nossas personagens de estudo durante a 2ª e a 3ª unidades. Algumas são baianas, outras escritoras, umas mais conhecidas, outras merecem ser, umas líderes de revoltas populares. Enfim, as selecionei com o propósito de estudarmos o protagonismo de mulheres negras na história. A proposta de trabalho é criar um site em cada turma. Cada site contará aspectos das histórias de quatro (4) dessas mulheres. Para isso, obedeceremos às seguintes etapas:

1. Formação de grupos em cada turma (quantidade e número de integrantes a definir).2. Distribuição das personagens de estudo por turma.3. Em cada turma, os grupos ficarão responsáveis por funções distintas na construção dos

sites.4. As etapas básicas serão:

Pesquisa geral acerca das personagens de estudo (detalhamento a definir); Desenvolvimento do layout exclusivo; Criação dos menus; Construção de cada página; Escolha da ferramenta de administração do site; Ferramentas para estratégias de relacionamento e divulgação; Redação do conteúdo que vai ser publicado no site; Divulgação dos sites nas redes sociais.

5. Planejamento/calendário do trabalho será definido em cada turma durante as aulas.6. As etapas da criação serão realizadas em sala de aula e no laboratório de informática, em

datas agendadas previamente. 7. Valor do trabalho: 4,0 (quatro) pontos. - 2,0 (dois) pontos em cada unidade letiva.

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