20
SALVE, SALVE ESTUDANTES DE BIOLOGIA DE TODO O BRASIL!!! É com imensa satisfação que traze- mos a primeira edição do jornal da ENEBio des- te ano! Chegamos ao fim de mais um ano de gestão da Articulação Nacional (AN´s)* da ENE- Bio. Chegamos a mais um Encontro Nacional (ENEB). O MEBio (Movimento Estudantil de Biologia) completa quase 30 anos de existência e é chegado o momento de pararmos para refletir sobre o quanto caminhamos, o quanto foi conquistado até agora e o que enfrentamos de obstáculos nesse percurso. Durante essa gestão, a ENEBio se fez presente na construção dos CFPBio´s (Cursos de Formação Política da Biologia) das regiões Nor- deste (2ª. edição) e Sul (1ª. edição), dos EREB´s (Encontros Regionais) das regiões Nordeste e Sudeste, do CONEBio (Conselho Nacional de Entidades de Base da Biologia), de COREBio´s (Conselhos Regionais) e do XXX ENEB, que a- contecerá este mês em Londrina-PR. Estivemos também em parceria com outros movimentos na construção de EIV´s (Estágios Interdisciplina- res de Vivência), na construção do II CFA (Curso de Formação em Agroecologia), na participação no Fórum Social Mundial (FSM) e fomos convi- dados para enviar representantes ao I Curso Nacional de Formação Política da FEAB e da ABEEF (Federação de Estudantes de Agronomia do Brasil e Associação Brasileira de Estudantes de Engenharia Florestal, respectivamente), I CNFP FEAB/ABEEF, aonde estavam presentes também executivas nacionais de outros cursos. Observamos ainda a realização do Congresso Nacional de Estudantes (CNE), que ocorreu em Junho deste ano, no Rio de Janeiro. Produzimos cartilhas para fomentar debates, elaboramos uma proposta para o I Seminário Nacional de Formação Profissional e fizemos passadas (viagens a outras universida- des com fins de divulgar materiais e fazer reuni- ões), elaborando uma sugestão de metodologia base para estas. Iniciamos por fim, uma articu- lação mais orgânica e efetiva com o norte do país, região esta historicamente de difícil aces- so ao MEBio, através do deslocamento de mili- tantes. Nesta edição do jornal trazemos textos que aprofundam melhor o desdo- bramento destas atividades da gestão (ENEBio no FSM, II CFA, XXX ENEB e a polí- tica de realização de passadas), textos sobre temáticas que estão sendo debati- das pelas escolas de biologia no país, aon- de a luta e a mobilização em torno destas está sendo construída, como é o caso da Agroecologia, da Educação à Distância, da Lei de Concessão de Florestas e dos Trans- gênicos, e alguns elementos para reflexão, que são eixo central do contexto histórico que nos deparamos hoje, como é a Crise Econômica e o Papel da Ciência. Desejamos à tod@s uma boa leitura e aproveitamos para divulgar nossa lista e nosso site. Para entrar na lista de discus- sões da biologia nacional mande um e- mail em branco para biologia- [email protected] e para acessar nosso site www.enebio.org . Grande abraço mebiano! RESISTIR, LUTAR E CONQUIS- TAR MEBio! A ENEBio é de LUTA! “Ou os estudantes se identificam com o destino do seu povo, com ele sofrendo a mesma luta, ou se dissociam do seu povo, e nesse caso, serão aliados daqueles que exploram o povo.” Florestan Fernandes NESTA EDIÇÃO: Um pouco de história... 2 ENEBIO no Fórum Social Mundial 3 Os programas de Ensino á Dis- tância (EaD) no Brasil 4 II Curso de Formação em Agroe- cologia 7 A ordem dos transgênicos: engu- la esse progresso! 8 Agroecologia e a ENEBIO 10 Crise Econômica, e eu com isso? 11 Por dentro da Lei n° 11.284/2006 13 Ciência pra que te quero? 14 I Curso Nacional de Formação Política 16 ENEBIO e as “Passadas” 18 Volume 1, edição 1 - 20/07/ 2009 ENEBIO E NTIDADE NACIONAL DE E STUDANTES DE B IOLOGIA

Volume 1, edição 1 - 20/07/ 2009 ENEBIO · Por dentro da Lei n° 11.284/2006 13 Ciência pra que te quero? 14 I Curso Nacional de Formação Política 16 ENEBIO e as “Passadas”

  • Upload
    lamdung

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

SALVE, SALVE ESTUDANTES DE BIOLOGIA DE TODO O BRASIL!!!

É com imensa satisfação que traze-mos a primeira edição do jornal da ENEBio des-te ano!

Chegamos ao fim de mais um ano de gestão da Articulação Nacional (AN´s)* da ENE-Bio. Chegamos a mais um Encontro Nacional (ENEB). O MEBio (Movimento Estudantil de Biologia) completa quase 30 anos de existência e é chegado o momento de pararmos para refletir sobre o quanto caminhamos, o quanto foi conquistado até agora e o que enfrentamos de obstáculos nesse percurso.

Durante essa gestão, a ENEBio se fez presente na construção dos CFPBio´s (Cursos de Formação Política da Biologia) das regiões Nor-deste (2ª. edição) e Sul (1ª. edição), dos EREB´s (Encontros Regionais) das regiões Nordeste e Sudeste, do CONEBio (Conselho Nacional de Entidades de Base da Biologia), de COREBio´s (Conselhos Regionais) e do XXX ENEB, que a-contecerá este mês em Londrina-PR. Estivemos também em parceria com outros movimentos na construção de EIV´s (Estágios Interdisciplina-res de Vivência), na construção do II CFA (Curso de Formação em Agroecologia), na participação no Fórum Social Mundial (FSM) e fomos convi-dados para enviar representantes ao I Curso Nacional de Formação Política da FEAB e da ABEEF (Federação de Estudantes de Agronomia do Brasil e Associação Brasileira de Estudantes de Engenharia Florestal, respectivamente), I CNFP FEAB/ABEEF, aonde estavam presentes também executivas nacionais de outros cursos. Observamos ainda a realização do Congresso Nacional de Estudantes (CNE), que ocorreu em Junho deste ano, no Rio de Janeiro.

Produzimos cartilhas para fomentar debates, elaboramos uma proposta para o I Seminário Nacional de Formação Profissional e fizemos passadas (viagens a outras universida-des com fins de divulgar materiais e fazer reuni-ões), elaborando uma sugestão de metodologia base para estas. Iniciamos por fim, uma articu-lação mais orgânica e efetiva com o norte do país, região esta historicamente de difícil aces-so ao MEBio, através do deslocamento de mili-tantes.

Nesta edição do jornal trazemos textos que aprofundam melhor o desdo-bramento destas atividades da gestão (ENEBio no FSM, II CFA, XXX ENEB e a polí-tica de realização de passadas), textos sobre temáticas que estão sendo debati-das pelas escolas de biologia no país, aon-de a luta e a mobilização em torno destas está sendo construída, como é o caso da Agroecologia, da Educação à Distância, da Lei de Concessão de Florestas e dos Trans-gênicos, e alguns elementos para reflexão, que são eixo central do contexto histórico que nos deparamos hoje, como é a Crise Econômica e o Papel da Ciência.

Desejamos à tod@s uma boa leitura e aproveitamos para divulgar nossa lista e nosso site. Para entrar na lista de discus-sões da biologia nacional mande um e-mail em branco para biologia-

[email protected] e para

acessar nosso site www.enebio.org .

Grande abraço mebiano!

RESISTIR, LUTAR E CONQUIS-TAR MEBio!

A ENEBio é de LUTA!

“Ou os estudantes se identificam com o destino do seu povo, com ele sofrendo a mesma luta,

ou se dissociam do seu povo, e nesse caso, serão aliados daqueles que exploram o povo.”

Florestan Fernandes

NES T A E D I Ç ÃO :

Um pouco de história... 2

ENEBIO no Fórum Social Mundial 3

Os programas de Ensino á Dis-tância (EaD) no Brasil

4

II Curso de Formação em Agroe-cologia

7

A ordem dos transgênicos: engu-la esse progresso!

8

Agroecologia e a ENEBIO 10

Crise Econômica, e eu com isso? 11

Por dentro da Lei n° 11.284/2006 13

Ciência pra que te quero? 14

I Curso Nacional de Formação Política

16

ENEBIO e as “Passadas” 18

Volume 1 , edição 1 - 20/07/ 2009

ENEBIO

ENTIDADE NACIONAL DE ESTUDANTES DE B IOLOGIA

Bem-vindo à história do Movi-mento Estudantil da Biologia (MEBio)! Aqui você poderá entender como ele caminhou, desde seu início até os dias atuais. Acreditamos que co-nhecer a História de um movi-mento é refletir sobre essa caminhada, para que assim ele possa seguir coerente e aguerrido, consciente de suas forças e fraquezas, suas lutas e contradições. Refletir sobre o MEBio é refletir também sobre o processo de mercanti-lização dos recursos naturais e sobre a exploração do ser humano, sobre os processos de luta e disputa na socieda-de. Faça bom uso desse espa-ço e reconheçamo-nos en-quanto agentes da História...

A nossa caminhada começa por volta de 1970. Em meio à luta contra ditadura, estudan-tes do Sul e Sudeste do país iniciaram sua organização em defesa da regulamentação da profissão biólogo. As escolas desses e de outros estados se encontravam em congressos da área e faziam as Reuniões Nacionais de Escolas de Biolo-gia (RENEB´s), sendo em 1980 aprovada a lei que regula-mentava a profissão. Desse ano em diante os/as estudan-tes sentem a necessidade de continuar se articulando e conquistando novas vitórias. Para isso foi proposto o nosso 1° Encontro Nacional de Estu-dantes de Biologia (ENEB), que teve a participação de 600 pessoas, de 48 escolas de 17 estados brasileiros! Ele se deu na UFMG, em Minas Ge-rais. Com caráter político-científico-cultural, deveria ser um momento único durante cada ano em que se somasse tudo o que de melhor se pro-duziu sobre esses três eixos. Nesse sentido, foram discuti-dos temas que nos tocavam em termos profissionais e estudantis e foi realizada uma importante troca de informa-ções, intercâmbio cultural e debates politizados. Esse en-

contro foi organizado através das RENEB´s. A partir dessa década o MEBio, segue se articulando, discutindo sobre um currículo mínimo para os estudantes de biologia e as formas de representar e unir os estudantes da área.

Com esse mote, em 1989 foi fundada a Executiva Nacional de Estudantes de Biologia (ENAB). Nos anos 90, o MEBio levanta novas bandeiras de luta e se preocupa cada vez mais com a participação dos estudantes, desenvolvendo

um olhar mais crítico sobre a educação e sobre o meio ambiente. Criam-se estrutu-ras como o arquivo histórico e os Centros de Estudos e Tra-balhos dos Estudantes de Biologia (CETEB´s). Por moti-vos ainda desconhecidos, em 1994 a Executiva muda de nome, passando a ser chama-da de ENEBio (Executiva Na-cional dos Estudantes de Bio-logia), com sede fixa em Belo Horizonte. Em 1996 a partici-pação dos estudantes no E-NEB foi pequena, mas a estru-tura do movimento, a ENEBio, foi colocada em xeque. Esse processo culmina na sua “teórica” (não há registros oficiais do ocorrido) diluição, em 1997, onde as suas únicas funções passam a ser de re-passe de informações e arqui-vos, além de organização do ENEB. De 1998-2002 há pou-

cos documentos e registros, mas sabe-se que o movimen-to recebe grande influência anarquista.

Com esse processo, os ENEB´s mudaram seu caráter, ficaram mais lúdicos. Havia uma gran-de dificuldade de se ter um movimento forte nacional-mente porque não se dava o direito de se falar em nome da ENEBio, não se legitimava qualquer forma de participa-ção, ou deliberação nacional-mente. Foi assim que no ano de 2003 começou-se a questi-

onar a falta de combatividade do movimento, e centraliza-ção apenas local, na escola sede do ENEB. É assim que o MEBio dá início ao seu pro-cesso de reorganização.

Foi através desses caminhos que em 2007, no XXVIII ENEB, na UFV (Viçosa-MG), a partir de vários anos de discussão e de amadurecimento, a ENEBio é reerguida (agora então co-mo Entidade Nacional de Estudantes de Biologia), o estatuto é reformulado e é lançada a Carta de Princípios do movimento, juntamente com suas bandeiras de luta. Em 2008, no XXIX ENEB, no estado do Maranhão, tratou-se de discutir mais aprofunda-damente as bandeiras de luta do MEBio, voltadas para os eixos de educação e meio ambiente, para que pudésse-mos caminhar rumo à cons-

Página 2

UUUU MMMM P O U C OP O U C OP O U C OP O U C O D ED ED ED E HHHH I S T Ó R I AI S T Ó R I AI S T Ó R I AI S T Ó R I A . . .. . .. . .. . .

.

trução de um outro projeto de sociedade.

Em 2009, rumamos para o XXX ENEB, que ocorrerá ago-ra, no mês de Julho, na UEL (Universidade Estadual de Londrina, no Paraná), e que traz como tema “A ORDEM DOS TRANSGÊNICOS: ENGULA ESSE PROGRESSO!”. Lá o ME-Bio completará pelo menos 30 anos de existência, e a ENEBio, 2 anos. Este é um momento de reconstrução, consolidação e aprofunda-mento de nossas bases.

Para onde vamos? Cabe a você participar desse debate. Saiba mais, discuta mais, in-vestigue mais... Um bom co-meço é ler o que os GTP´s tem a dizer, e um deles o Arquivo Histórico traz mais detalhes dessa história, além de relato-rias e cartazes dos espaços do MEBio.

Novos caminhos estão sendo traçados e cabe a você assu-mir essa responsabilidade. De construir um movimento em defesa da vida, em defesa de um sistema justo e sustentá-vel para tod@s, com muito mais verde e vermelho pelos anos que hão de vir!!!

W W W . E N E B I O . O R G

ENEBIO Página 3

E N E B I O E N E B I O E N E B I O E N E B I O N ON ON ON O FFFF Ó R U MÓ R U MÓ R U MÓ R U M S O C I A LS O C I A LS O C I A LS O C I A L MMMM U N D I A LU N D I A LU N D I A LU N D I A L

sociedade civil com os movi-mentos sócio-ambientais e das próprias organizações entre si, foi o principal objeti-vo do Fórum.

Nesse sentido, objetivando articular contatos e divulgar a ENEBio, dentro do contexto exposto acima, que durante o XXII Conselho Nacional de Entidades de Biologia (XXII CONEBio), realizado em No-vembro de 2008 na UnB, per-cebeu-se a necessidade de nossa recém recriada entida-de nacional (do XXVIII ENEB, Viçosa-MG, 2007) estar parti-cipando do FSM para que isso se tornasse viável. Alugamos um ‘estande’, que foi utilizado para divulgar nosso material (camisa, adesivo, textos, carti-lhas, etc.) entre os participan-tes do encontro.

Foi possível, dessa forma, em Belém, estabelecer os primei-ros contatos com alguns estu-dantes de biologia do restan-

te do país que ainda não co-nheciam a entidade e com outras organizações, dentre elas, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais e Sem Terra), a FEAB (Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil), a ABEEF (Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal), o MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), alguns Diretó-rios Centrais de Estudantes, dentre outros.

Além da divulgação da ENEBi-o, houve ainda uma reunião das escolas/entidades/estudantes de biologia pre-sentes no espaço com a Arti-culação Nacional (AN) da ENEBio, que é a estrutura executiva da entidade, res-

ponsável por construir (junto às outras escolas de biologia do país) ao longo do ano, as deliberações surgidas dos ENEB´s (Encontros Nacionais de Estudantes de Biologia), para o Movimento Estudantil de Biologia. A AN é descentra-lizada e hoje é composta por 5 escolas. Essa reunião plane-jou parte das atividades da gestão 2008-2009, a partir das proposições do XXIV E-NEB, São Luís-MA, 2008, e congregou todas as 5 regiões geopolíticas do Brasil.

Apesar das várias falhas na organização do FSM, avalia-mos que foi positiva a partici-pação nesse espaço, tanto devido ao diálogo com os estudantes de biologia e com outros movimentos, como exposto acima, como por termos conseguido alcançar a sociedade de maneira mais ampla, o que se torna estraté-gico para a construção de um

outro pro-jeto de socie-dade.

Ape-sar das várias

falhas na organização do FSM, avaliamos que foi positiva a participação nesse espaço, tanto devido ao diálogo com os estudantes de biologia e com outros movimentos, como exposto acima, como por termos conseguido alcan-çar a sociedade de maneira mais ampla, o que se torna estratégico para a construção de um outro projeto de socie-dade.

O Fórum Social Mundial (FSM) ocorre desde 2001 e das oito edições, cinco foram realiza-das em Porto Alegre (RS). Em 2006, o encontro foi descen-tralizado e ocorreu em países de três continentes: Mali (África), Paquistão (Ásia) e Venezuela (Américas). Porém, no ano seguinte, o FSM voltou a ser centralizado e ocorreu no Quênia (África). A edição de 2009 foi realizada em Bel-ém/PA, durante o mês de Janeiro, e o mesmo foi organi-zado por um comitê compos-to de diversas entidades.

O FSM é um espaço aberto de

encontro – plural, diversifica-

do, não-governamental, não-

deliberativo e não-partidário

–, que estimula de forma des-

centralizada o debate, a refle-

xão, a formulação de propos-

tas, a troca de experiências e

a articulação entre organiza-

ções e movimentos sócio-

ambientais.

O tema “ U m O u t r o Mundo é Possível” e s t e v e ligado ao encontro d e s d e sua pri-meira edição, pois se preten-dia, a partir da mobilização da sociedade civil, articular ações locais e internacionais, pela construção de uma outra realidade, mais solidária, de-mocrática e justa.

O Fórum não teve caráter deliberativo, portanto não encaminhou nenhuma ação. Nesse sentido, como se pre-tendia ‘mudar o mundo’, se ele mesmo não propôs nada de prático? Bom, ele se alvi-trou apenas a ser um espaço onde as entidades e a socie-dade civil tiveram para se conhecerem e estabelecerem contato, para que desta for-ma pudessem agregar forças e pensar em ações conjuntas, a posteriori. O contato da

“O FSM estimula o

debate, a reflexão, a

formulação de

propostas, a troca de

experiências e a

articulação entre

organizações e

movimentos sócio-

ambientais.”

W W W . E N E B I O . O R G

Os cursos superio-res à distância – considerados como frutos das inovações tecnológicas atuais – na reali-dade não representam uma grande novidade. Os cursos por correspondência surgiram em 1890 na Alemanha. Logo depois, outros países adota-ram o mesmo modelo. Já em 1969, a Inglaterra cria o pro-grama 'Open University' que institucionaliza o ensino à distância em moldes mais sofisticados.

No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educa-ção (LDB) em 1996 e o decre-to nº 5.622/05 estabeleceram os critérios que possibilitam a criação de cursos à distância. Depois dessa regulamenta-ção, várias universidades particulares e públicas come-çaram a estruturar programas de ensino semi-presencial, com destaque para os progra-mas do governo federal Uni-

versidade Aberta do Brasil

(UAB), implementado em 20 de Dezembro de 2005 e o programa do governo paulista Universidade Virtual do Esta-

do de São Paulo (Univesp)

ratificado em convênio com as estaduais paulistas ainda em 2007. As justificativas utilizadas pelo governo fede-ral e paulista para a imple-mentação de tais programas focam a questão de acesso de setores da juventude hoje excluídos do ensino superior e a questão do déficit de pro-fessores formados na rede básica pública de ensino.

Em um momento em que a tendência à massifi-cação dos cursos semi-presenciais é cada vez maior, é fundamental um debate que atente aos documentos dos programas e à conjuntura da nova política educacional brasileira.

Considerações iniciais – premissas equivocadas

Antes de iniciar um debate sobre o próprio cará-ter de tais programas, é ne-cessário apontar o equívoco de duas premissas colocadas pelo ante-projeto da Univesp e pelos documentos oficiais da UAB.

O primeiro equívoco refere-se à negligência de certos dados do MEC que apontam que há no mercado de trabalho duas vezes mais professores formados (com exceção das áreas de mate-mática e química) do que a demanda necessária para o ensino básico público desde a 5ª série do ensino fundamen-tal até a 3ª série do ensino médio. A demanda nacional apontada pelo MEC em outu-bro de 2007 é de 725.991 docentes e o número de for-mados é de 1,4 milhão. Além disso, dados de 2007 do Con-selho Nacional de Educação também apontam que a idade média do corpo docente do ensino básico brasileiro au-mentou nos últimos anos. Nesse sentido, a dedução óbvia é que diversos professo-res formados acabam optan-do por um outro trabalho, tendo em vista os péssimos salários e as condições de infra-estrutura e segurança presentes

Esses dados são importantíssimos uma vez que o déficit de professores formados presentes em esco-las públicas do ensino básico (dado também apontado pelo Conselho Nacional da Educa-ção em 2007) é utilizado nos argumentos dos apoiadores dos programas semi-presenciais, sendo que os outros dados do MEC e do Conselho Nacional de Educa-ção são ignorados. Os gover-nos federal e paulista promo-

vem, assim, uma política de “consertar a casa pelo telha-do”, ignorando diversas ou-tras questões que explicam a qualidade (ou falta de quali-dade) do ensino básico públi-co. A tática dos programas, ao invés de atentar aos reais motivos do déficit de profes-sores formados nas escolas públicas, visa à “saturação” do mercado até um nível em que as próprias vagas de em-pregos como professores do ensino básico acabam sendo preenchidas pelo exército de formados.

Um segundo equí-voco diz respeito à questão de política de permanência no ensino superior. A gratuidade ativa, como era chamada anteriormente, é um direito de todos os estudantes caren-tes da universidade, visando a sua permanência até o fim da graduação. No ante-projeto da Univesp, especialmente, não há em nenhum momento referência à política de per-manência estudantil. Mais, a partir do momento em que o governo do estado coloca como um dos alvos para o programa Univesp a categoria de “jovens trabalhadores”, ele ignora o dever do estado em garantir uma política de per-manência nas universidades.

De qualquer forma, os pro-blemas com os programas não param por aí e, portanto, iremos agora detalhar a nossa análise sobre o programa.

O programa

É importantíssimo que em todo esse debate façamos a devida ponderação de que, na realidade, existem dois debates: um debate se refere à metodologia de ensi-no e o outro se refere à apro-priação (finalidades e princí-pios) dessa metodologia. Ou seja, um debate se refere ao

Página 4

OOOO SSSS P R O G R A M A SP R O G R A M A SP R O G R A M A SP R O G R A M A S D ED ED ED E EEEE N S I N ON S I N ON S I N ON S I N O ÀÀÀÀ DDDD I S T Â N C I AI S T Â N C I AI S T Â N C I AI S T Â N C I A

( E( E( E( E AAAA D ) D ) D ) D ) N ON ON ON O BBBB R A S I LR A S I LR A S I LR A S I L ....

.

ensino à distância e o outro se refere aos programas UAB e Univesp, que se apropriam da metodologia do EaD.

Mesmo professores tacitamente críticos a tais programas não deixam de afirmar a possibilidade de formulação de cursos de gra-duação à distância desde que cumpridas certas exigências. O relatório da Comissão As-sessora para Educação Superi-or à Distância faz uma série de apontamentos para a ga-rantia da qualidade dos cur-sos à distância: análise dos conteúdos programáticos, adequação da grade e das aulas ministradas presencial-mente para os cursos de ensi-no à distância (evitando qual-quer tipo de transposição mecânica), otimização da relação subjetiva professor-aluno (evitando qualquer minimização da função do professor a uma mero tutor) e aluno-aluno.

Nota-se, portanto, que existem diversas compli-cações técnicas e, conseqüen-temente, financeiras para a garantia da qualidade de cur-sos de graduação à distância. Nesse sentido, é falaciosa a propaganda oficial sobre a possibilidade de democratiza-ção do acesso ao ensino supe-rior de qualidade por meio de programas de graduação à distância. Os cursos semi-presenciais exigem um menor número de estudantes para que sua qualidade seja garan-tida e demandam um orça-mento maior em relação aos cursos presenciais. Nesse sentido, os cursos semi-presenciais deveriam ser prio-rizados para aqueles que pos-suem complicações físicas ou outros problemas relaciona-dos que dificultem a partici-pação em um curso presencial (como defende a Associação dos Docentes da USP (Adusp).

W W W . E N E B I O . O R G

ENEBIO Página 5

à criação da 'Fundação de fomento à Universidade Aber-ta do Brasil'. Nesse documen-to ficou configurado que 'a Fundação de Fomento à UAB seria uma fundação de direito privado, sem fins lucrativos, cujo Conselho Gestor seria composto por representantes das empresas estatais partici-pantes, do MEC, da Andifes, dos consórcios públicos, da Confederação Nacional da

Indústria (CNI), da Rede de Universidades Públicas (Unirede) e da Associação Brasileira de Ensino à Distân-cia'. Nesse mesmo documen-to, em nenhum momento a Universidade Aberta do Brasil é denominada 'estatal'. Tam-pouco é qualificada como 'gratuita'. Para o Andes, 'a criação da UAB como ente privado fere o princípio da gratuidade e do ensino públi-co e os atributos que assegu-ram a condição universitária: a autonomia e a indissociabili-dade entre o ensino, a pesqui-sa e a extensão'. Em relação à Univesp, não existe ainda um orçamento público oficial-mente definido para o progra-ma, de modo que há a possi-bilidade de um destino seme-lhante ao programa paulista.

O caráter do programa – declarações e documentos

Após uma breve análise técnica dos progra-mas, é interessante também uma análise que atente a sua

contextualização. Nesse sen-tido, mostra-se bastante im-portante expor declarações de pessoas e instituições que defendem os cursos de gra-duação à distância e que co-locam claramente o caráter da maioria dos atuais cursos de graduação à distância. Mary Thorpe, diretora do Instituto de Tecnologia Edu-cacional da “Open University” Britânica na década de 90,

diz, a res-peito das Universida-des Aber-tas, que “é importante l e m b r a r que a ex-pansão da EaD na ú l t i m a d é c a d a representa muito me-nos o ‘triunfo da i d e o l o g i a do acesso aberto’ à

educação e muito mais o impacto das forças de merca-do e conseqüentes políticas governamentais de restrição de recursos aplicados à edu-cação”. Continua então sua análise dizendo que “a redu-ção dos recursos públicos para a educação superior é uma realidade nos países industrializados que tende a generalizar-se por todo o planeta na esteira no neolibe-ralismo, exigindo uma refor-mulação radical dos modelos de organização das universi-dades”. Thorpe entende as razões estruturais que levam à implementação da política das Universidades Abertas e, se defende o projeto, defen-de-o como uma adequação inevitável e como uma políti-ca neoliberal e não por meio de falsas bandeiras de demo-cratização do acesso.

Importante fazer aqui a devida contextualiza-ção histórica. Durante o início da década de 70, os indicado-res econômicos nos países

Pelo exposto, não se trata de negar as potencialidades do EaD, inclusive para o aprimo-ramento do ensino presencial que temos na universidade, mas sim de criticar a maneira como a metodologia de ensi-no está sendo apropriada pelo programa do governo do estado. No ante-projeto do governo paulista, a questão de relação professor-aluno é colocada de maneira irres-ponsável:

“A relação do aluno com o pro-fessor res-p o n s á v e l por uma disciplina, e com o tutor que acom-panha a aprendiza-gem, pode a c o n t e c e r de diferen-tes formas. A primeira destas for-mas acontece quando da visualização do professor na televisão. Isto já promove uma certa relação pessoal, do mesmo tipo da que acontece entre o espectador e um ator. Embora esta interação seja de "mão única" é nela que se busca a motivação do alunado pela aprendizagem”.

Além disso, os pro-jetos de cursos à distância elaborados após a implemen-tação dos programas UAB e Univesp apresentam, guarda-das as devidas especificida-des, diversos outros proble-mas, envolvendo a percenta-gem de aulas presenciais, o sistema de tutores, grades curriculares, razão aluno/-professor, entre outros.

Por fim, uma última problemática envolve a ques-tão de orçamento. A previsão inicial colocava as empresas estatais como responsáveis pelo financiamento do proje-to da UAB. Entretanto, pouco tempo depois, o 'Fórum das estatais pela educação' elabo-rou um documento sugerindo

“É importante lembrar que a expansão da

EaD na última década representa o impacto

das forças de mercado e conseqüentes políticas governamentais de restrição de recursos aplicados à educação”

W W W . E N E B I O . O R G

desenvolvidos estavam dei-xando a desejar. A política do Estado de Bem-estar – inicia-da no pós-II Guerra e caracte-rizada por uma maior inter-venção do estado na econo-mia – foi apresentada como uma das culpadas pela crise. Os estados então precisavam rever seus gastos, principal-mente em áreas sociais como a educação, abrindo novo espaço para a iniciativa priva-da em crise. Houve então o retorno de parte das concep-ções do liberalismo (apesar da manutenção de conglomera-dos econômicos), fato que levou à definição da nova política de “neoliberal”. Além disso, houve também o pró-prio questionamento do mo-do de produção da época: o fordismo. O fordismo – ideali-zado por Henry Ford – apon-tava para a verticalização (centralização de diversos setores da produção), massifi-cação e padronização da pro-dução. Durante o início da década de 70, a mudança dos padrões de consumo e a pró-pria saturação dos mercados pelos produtos de diversidade limitada acaba levando a To-yota e a General Motors a flexibilizarem sua produção e, dessa forma, proporem um novo modo de produção – o modo de produção flexível ou toyotismo.

Essa contextualiza-ção é importante, porque é a partir dela que as novas pro-postas para a educação estão sendo feitas. A implementa-ção do neoliberalismo e a mudança do modo de produ-ção acabam levando necessa-riamente à revisão dos custos e do próprio conteúdo dos cursos de graduação. Uma produção mais flexibilizada leva à necessidade de uma formação mais flexível (interdisciplinar em um senti-do raso da palavra) para os futuros trabalhadores. Foi a partir dessa lógica que o Tra-tado de Bologna – Tratado da Comunidade Européia para a reestruturação das universi-dades – foi planejado. Várias

universidades européias con-sistem hoje em bolsões de três anos (dois anos de núcleo básico e um ano de especiali-zação) e, em virtude disso, vários diplomas europeus já não são mais reconhecidos no país. A Universidade do ABC no Brasil já segue essa linha de reestruturação e conta com cursos de bacharelado de dois anos e com cursos de graduação com conteúdos programáticos cada vez mais técnicos. Outras universida-des federais, bem como a USP-Leste, também seguem uma tendência semelhante de reestruturação.

Portanto, além da influência das políticas neoli-berais de Estado, existe tam-bém a influência das políticas de reestruturação do ensino superior elaboradas em res-posta a novas demandas de formação, visando inicialmen-te à formação do novo perfil de operariado e que acabam estendidas ao próprio profes-sorado.

A implementação do neoliberalismo e a mudan-ça do modo de produção na década de 70 acabam levando necessariamente à revisão dos custos e do próprio con-teúdo dos cursos de gradua-ção. Sustentando essa análise, diversos documentos elabora-dos por comissões do Banco Mundial e da Unesco irão pontuar a questão de forma-ção de professores. A Comis-são Econômica para América Latina e Caribe (Comissão ligada à Unesco), por exem-plo, diz em relatório que:

“Os docentes deixam de ser os principais depositários e passam a ser consultores metodológicos e animadores de grupos de trabalho. Esta estratégia obriga a reformular os objetivos da educação. O desenvolvimento de compe-tências-chave (...) substitui a sólida formação disciplinar até então visada (grifo nosso). O uso de novas tecnologias educativas leva ao apagamen-to dos limites entre as discipli-nas, redefinindo, ao mesmo

tempo, a função, a formação e o aperfeiçoamento dos docentes”.

Como observou Marilena Chauí, passou-se a confundir a educação, enten-dida num sentido amplo, como “movimento de trans-formação interna daquele que passa de um suposto saber ao saber propriamente dito” com “reciclagem”, exigida pelas condições do mercado de trabalho. Idéia confirmada por Anthony Giddens – ícone da terceira-via e do neolibera-lismo – que diz que “a educa-ção precisa ser redefinida de forma a se concentrar nas capacidades que os indivíduos poderão (grifo nosso) desen-volver ao longo da vida”. É por todas as razões aqui colo-cadas, que, entendendo a educação como processo de emancipação intelectual, nos colocamos contra o programa Univesp – política proposta pelo governo do Estado que segue uma tendência mundial de revisão dos cursos superio-res em adequação às necessi-dades do mercado.

E os estudantes de Biolo-gia com isso?

As atuais políticas de reestruturação do ensino superior não estão poupando os biólogos e futuros biólo-gos. Muito pelo contrário. Um dos primeiros cursos à distân-cia que podem ser aprovados no programa Univesp é o curso de Licenciatura em Ciências Biológicas à distância na USP. Ou seja, uma das primeiras áreas a contar com professores de biologia for-mados à distância no progra-ma paulista pode ser a de biologia. Como colocado, os governos preferem saturar o mercado a rever a política de sucateamento da escola, mo-tivo pelo qual existe um défi-cit de professores de biologia formados atuando na rede pública.

Além disso, vários cursos de Biologia, por reco-mendações do Ministério da

Página 6 .

Educação (MEC), apresenta-ram nos últimos anos modifi-cações profundas em suas grades curriculares. No curso de Biologia da USP, o curso tradicional foi revisto e substi-tuído por um curso dividido em um núcleo básico com disciplinas e conteúdos bási-cos seguido de um núcleo avançado destinado a especi-alização em um determinado ramo das ciências biológicas. Na prática, trata-se de um processo de especialização precoce, em que o curso de graduação é reestruturado para formar mais um ecólogo, biólogo molecular, fisiologista do que, de fato, um biólogo. Disciplinas de botânica que totalizavam 16 créditos foram reduzidos a 4 créditos e, nes-se sentido, apenas aqueles que escolherem uma maior especialização em botânica terão a base teórica que há alguns anos todos os estudan-tes do instituto tinham. Ou-tras disciplinas seguiram a mesma tendência. Por esses motivos, o EREB-SE acabou levantando a questão de for-mação do biólogo. Nesse momento, é importante que todos os biólogos e futuros biólogos discutam o dia-a-dia de sua universidade e de sua faculdade e lute para que o ensino superior melhore, revertendo essa tendência de especialização e sucateamen-to. A qualidade da nossa for-mação e dos nossos futuros trabalhos como biólogos de-penderá disso.

W W W . E N E B I O . O R G

ENEBIO Página 7

nais e regionais sempre se deu em grupos menores, como os GD’s (Grupos de Discussões) com um número reduzido de pessoas, e com um debate mais superficial, devido ao espaço ser curto dentro da grade desses en-

contros, ainda que estes te-nham se feito sempre presen-tes nestes espaços.

Devido a isto, a construção do CFA vem con-solidar esta necessidade de discutir, aprofundar e politizar ainda mais o debate da Agro-ecologia, além de aproximar ainda mais o Movimento Es-tudantil (ME) e os Grupos de Agroecologia (GA´s). Buscou-se estabelecer passos concre-tos entre estes sujeitos, forta-lecendo o papel militante da Agroecologia dentro dos GA’s e compreendendo a Agroeco-logia como uma bandeira de luta para uma transformação social.

A construção coleti-va do II CFA entre as três Enti-dades estudantis presentes

foi muito significativa, pois a ENEBio estreitou laços com o intuito político de somar-se com a FEAB e a ABEEF que já caminhavam juntas na luta Agroecológica. A ENEBio ape-sar de ser uma entidade no-va, está se mostrando inte-

ressada a dar passos firmes, já que esta se propôs construir a Agroecologia como um instrumento de luta, contra hegemo-nia e para a transfor-mação social que acreditamos.

O 2ª Curso de For-mação em Agroecologia (II CFA) foi realizado pelo GTP (Grupo de Trabalho Perma-nente em Agroecologia) da ENEBio, pela atual gestão do NTA (Núcleo de Trabalho em Agroecologia) da ABEEF, pela FEAB, pelo Grupo EVA (Espaço de Vivência Agro-ecológica), e o MST-SE (Movimento dos Trabalha-dores Rurais Sem Terra do Estado de Ser-gipe), no As-sentamento Quissamã, em Sergipe, entre os dias 6 e 13 de junho de 2009.

O CFA teve como objetivo princi-pal politizar o debate da Agroecologia, trazendo al-guns elemen-tos para a for-mação de seus cursistas para disseminar a luta Agroecológi-ca, entendendo a importância da organização nesse proces-so.

O curso foi pensado para debater temas como a relação capitalismo e meio ambiente, a questão agrária, o histórico das agriculturas de base ecológica e a apropria-ção da Agroecologia pelo capital, perpassando por te-mas como soberania alimen-tar, etnoconhecimento e ter-ritório, nos desafiando para a construção de um novo para-digma Agroecológico e para implementação da Agroecolo-gia em nossas organizações.

O debate da Agroe-cologia dentro do histórico dos nossos encontros nacio-

I I CI I CI I CI I C U R S OU R S OU R S OU R S O D ED ED ED E FFFF O R M A Ç Ã OO R M A Ç Ã OO R M A Ç Ã OO R M A Ç Ã O E ME ME ME M AAAA G R O E C O L O G I AG R O E C O L O G I AG R O E C O L O G I AG R O E C O L O G I A

“A ENEBio se propôs construir a

Agroecologia como um instrumento de luta,

contra hegemonia e para a transformação social que acreditamos.”

W W W . E N E B I O . O R G

Que fatores influen-ciam o avanço da produção de cultivos transgênicos no planeta? Assentados sobre a construção perversa de uma suposta revolução científico–tecnológica global, as grandes empresas e corporações pri-vadas responsáveis pelo culti-vo e comercialização mundial dos transgênicos, digam-se Monsanto, Syngenta e Bunge, entre outros exemplos, justifi-cam que estes vêm como solução pronta para o proble-ma da fome no mundo, não oferecendo risco algum à saúde da população e do am-biente.

Na realidade, a par-

tir de uma análise mais pro-

funda sobre a questão, passa-

mos a refletir sobre a real

necessidade dos cultivos

transgênicos. A falta de clare-

za sobre o seu impacto no

meio, ao contrário do que

apregoam seus entusiastas,

ameaçam a manutenção na-

tural e a estruturação da vida

no planeta terra. A falta de

clareza (ou a falsa falta de

clareza) da existência de rela-

ções sociais desiguais, em que

uma minoria acumula e explo-

ra a maior parcela dos recur-

sos em detrimento da ampla

maioria, ou seja, a divisão de

classes existente na socieda-

de, culmina na construção

desse famigerado discurso

dos ditos benefícios e contri-

buições dos transgênicos à

produção de alimentos e

combate à fome. Culmina,

ainda, na construção de um

falso ideário de um possível

“emprego social” dos transgê-

nicos.

O monopólio das

sementes, o fomento à estru-

tura fundiária historicamente

construída e constituída no

país – o Latifúndio – estrutura

que causa desde o esgota-

mento dos solos, devido ao

excessivo plantio de monocul-

turas para manter o modelo

de produção que objetiva o

acúmulo financeiro a qual-

quer custo, à redução da bio-

diversidade (uma vez que

para as grandes empresas

apenas pouquíssimas espécies

são de valor econômico e

devem ser cultivadas), agra-

vam a situação. Para se ter

um exemplo claro, estima-se

que 80% dos recursos alimen-

tícios provém de 20 espécies

de cultivo no mundo, apesar

de existirem em torno de 20 à

50 mil outras que poderiam

ser utilizadas com finalidades

alimentícias.

É preciso considerar

ainda como impactos do culti-

vo de transgênicos, a altera-

ção do ciclo da água, devido

ao desmatamento das matas

para a formação de imensos

“desertos verdes” (latifúndios

monocultores); e a desvalori-

zação das culturas locais, uma

vez que toda a tradição de

manejo de terras, técnicas

agrícolas, melhoramento por

cruzamentos, soberania ali-

mentar do camponês, acabam

sendo suplantadas pela imple-

mentação de “técnicas pron-

tas” propostas pelas grandes

empresas (os pequenos agri-

cultores, na maioria das ve-

zes, não possuem recursos

para tal manejo e acabam

sendo forçados a sair do cam-

po e ir para a cidade sobrevi-

ver, gerando problemáticas

sociais nas grandes cidades).

Com a saída dos pequenos

agricultores, invariavelmente

essas terras vão parar nas

mãos das grandes empresas,

o que contribui ainda mais

para a concentração de terras

e o acréscimo de latifúndios

no país.

Com o advento dos agro-combustíveis, a situação torna-se ainda mais grave, uma vez que as grandes mo-noculturas de grãos, geral-mente transgênicas, vêm para suprir a crise energética gera-da pelo próprio sistema eco-

Página 8

A A A A O R D E MO R D E MO R D E MO R D E M D O SD O SD O SD O S TTTT R A N S G Ê N I C O SR A N S G Ê N I C O SR A N S G Ê N I C O SR A N S G Ê N I C O S

.

nômico problemático e con-traditório. Outro ponto a ser discutido é a real segurança no consumo desses alimen-tos, uma vez que não se pode assegurar com absoluta certe-za se a alteração gênica des-ses alimentos não pode alte-rar outros ciclos metabólicos com sua ingestão. E é nesse panorama

geral que esbarramos, en-

quanto estudantes universitá-

rios, no espaço da universida-

de como sendo o lócus fo-

mentador da ampla maioria

das pesquisas desenvolvidas

nesta área, cujos princípios

norteadores fundamentam-se

na crença de que o conheci-

mento produzido nestas insti-

tuições deve submeter-se às

leis do mercado, deixando de

lado a relação da universida-

de com a sociedade, os pro-

blemas desta e as suas reais

necessidades. O mercado não

é somente o local em que o

suposto “futuro promissor”

acontece, mas é, ele mesmo,

o motor do “progresso soci-

al”. Nesse sentido, para a

elevação do padrão de vida

da população, apropria-se de

um discurso que está no âma-

go das ideologias da moderni-

zação e da globalização capi-

talista. Que caracterizou, e

que ainda caracteriza forte-

mente, o início da participa-

ção do país no jogo global de

novas regras, de que quem

gera conhecimento tem o

poder, o novo estágio da eco-

nomia mundial.

Esse processo de reestruturação produtiva pensado para os países ditos subdesenvolvidos necessita que uma nova relação estabe-leça-se entre a ciência e o trabalho. E, como exposto anteriormente, é no espaço das universidades que a es-magadora maioria da pesqui-

W W W . E N E B I O . O R G

ENEBIO Página 9

que rompa com o modelo tradicional que segue a lógica produtivista, hierárquica, cartesiana e tecnocrática vigente e ainda que contribua para um elevado nível de qualidade, só terá espaço quando (ou enquanto) a uni-versidade for capaz de produ-zir de forma autônoma e in-dependente dos grandes mo-nopólios e dos interesses das elites. A produção de transgê-nicos nas universidades hoje nos mostra que essa tendên-cia é oposta.

O Movimento Estu-dantil de Biologia (MEBio) tem procurado criar espaços que se constituam como al-ternativas à cruel realidade que se coloca na ordem do dia. Que a problematizem e demonstre que existem alter-nativas viáveis. Defendemos a disseminação e o desenvolvi-mento de técnicas e práticas de manejo, a partir de meios de produção coletivizados, que respeitem os ecossiste-mas locais e a biodiversidade natural, e que estejam volta-das para as reais necessidades das comunidades, tal como a Agroecologia. Nesse sentido, os Cursos de Formação em Agroecologia (CFA´s) que temos procurado implemen-tar, em parceria com outros movimentos, mostram-se como iniciativas interessantes para uma nova compreensão de como pode se dar a rela-ção homem-natureza. Nós discordamos de qualquer sistema sócio-econômico que seja baseado na exploração insustentável sobre a vida, na exploração do ser humano pelo ser hu-mano, na privatização e mer-cantilização dos recursos na-turais, como é no sistema capitalista, e lutamos pela superação desse modelo. Nós lutamos pelo fim da concen-tração fundiária, a fim de atender a uma distribuição igualitária das terras na qual todas/os tenham acesso ao uso sustentável dessas. Reco-nhecemos, por fim, frente ao cenário de destruição da bios-

fera pelo ser humano, a res-ponsabilidade desse pela manutenção e restauração da biodiversidade. Por compreender-mos que o cultivo e a comer-cialização dos transgênicos coloca em risco a manuten-ção destes princípios, nos colocamos contrários aos mesmos. Acreditamos que somente assim ainda restará espaço para que possamos semear as sementes de um novo amanhã. Texto elaborado no IX CORE-

Bio/NE (UFAL)

sa é desenvolvida, uma nova lógica e, portanto, uma nova concepção de universidade é também estabelecida. É desse modo que a educação e a produção científico-tecnológica passam a ser controladas por centros finan-ceiros e por grandes indús-trias. É assim que as chama-das Parcerias Público-Privadas (PPP´s) ganham espaço e são admitidas, sendo exatamente aí que passamos a conceber uma educação mercantilizada e privatizada, aos moldes do que apregoa o ideário neoli-beral.

Havemos de nos

perguntar para quê e para

quem, especialmente, esta

universidade está sendo pen-

sada. O quê produzir, como

produzir, como usar e para

quem propiciar são questio-

namentos que se tornam

fundamentais para poder-se

discutir de fato o porquê da

tecnologia a ser criada e como

a pesquisa deve ser pensada,

para auxiliar na capacidade de

criação e questionamento de

uma real formação. Para ter-

mos a clareza de que tipo de

universidade estamos crian-

do. Necessitamos refletir mais

profundamente sobre o

‘neopositivismo

pistemológico’ que ganha

cada vez mais espaço dentro

da academia, da universidade,

da ciência. Que nega as lutas

sociais, ignora as classes, etni-

as e toda a estrutura de poder

que expropria as camadas já

miseráveis e pauperizadas

desta sociedade.

A produção do co-nhecimento como uma ferra-menta da emancipação huma-na, que fuja da compreensão de uma ciência pura, falsa-mente neutra e apolítica, isenta de responsabilidades dos benefícios e malefícios do seu emprego social, que não esteja baseada na exploração insustentável sobre a vida e

“Que fatores influenciam o avanço da produção de cultivos

transgênicos no planeta?”

W W W . E N E B I O . O R G

Agroecologia: Ciên-cia, técnicas agrícolas susten-táveis, instrumento de luta, respeito à natureza e diversas outras explicações poderiam ser colocadas aqui, mas cabe a nós refletirmos sobre as mesmas de modo a não limi-tarmos a agroecologia a de-terminados cursos acadêmi-cos, ou a estudos relaciona-dos ao plantio.

A Agroecologia é uma ciência constituída de teorias e metodologias ecoló-gicas, de caráter interdiscipli-nar no trabalho com a ques-tão agrária. Utiliza-se de téc-nicas que vêm a natureza como algo sistêmico onde tudo está interligado, inclusi-ve nós, fazendo parte da teia da vida.

O atual modelo agrícola baseado nas grandes monoculturas, na exploração da mão-de-obra e na destrui-ção da diversidade, vem sen-do implantado desde o final da 2º guerra mundial, com a conhecida “revolução verde”, que sobre o pretexto de pro-duzir alimentos para a popu-lação que crescia na época, iniciou uma intensa mecaniza-ção no campo e a utilização de insumos químicos nas plantações. Hoje observamos de maneira clara que os altos ganhos produtivos através desse modelo mecanizado foram alcançados por meios injustificáveis. Tanto ambien-talmente quanto socialmente. A produção não é distribuída para quem realmente precisa e o que temos é a fome dos povos e a desertificação de áreas super-exploradas.

A agroecologia vem apoiando um processo de transição agrícola, trazendo consigo princípios socialmen-te justos, conceitos ecologica-mente corretos e técnicas economicamente viáveis. Ela

leva em consideração aspec-tos como a cultura campone-sa e a atuação política através da organização social, sendo pautada na ética sustentável.

Os estudantes de biologia vêm discutindo timi-damente a Agroecologia há algum tempo dentro dos En-contros Regionais e Nacionais, e visto que as universidades obedecendo a lógica do capi-tal não trazem esta discussão, os encontros tentam suprir esta e outras lacunas na for-mação d@ biólog@. Estamos passando por um momento

histórico na biologia, pois pela primeira vez temos uma esco-la responsável por estudar, trabalhar e difundir materiais e discussões, promovendo um aprofundamento da recém fundada Entidade Nacional

dos Estudantes de Biologia (ENEBIO) na Agroecologia.

Esta escola deverá mudar a cada ano, dentro do Encontro Nacional (ENEB) e se chama GTP (Grupo Temático Permanente. Este ano o GTP/-agroecologia está com a UFS. E existem outros GTP’s, como o de “Arquivo histórico” e o de “Universidade”)

Entidades Estudan-tis como a ABEEF (Associação Brasileira de Estudantes de Engenharia Florestal) e FEAB (Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil) já de-

Página 10

AAAA G R O E C O L O G I AG R O E C O L O G I AG R O E C O L O G I AG R O E C O L O G I A EEEE AAAA E N E B I OE N E B I OE N E B I OE N E B I O

.

senvolvem trabalhos neste sentido e neste ano, junta-mente com a ENEBIO e o MST (Sergipe) organizaram o II CFA ( II Curso de Formação em Agroecologia- de 06 a 13 de junho de 2009 – em Sergipe) com a proposta de trazer debates e conhecimentos acerca desta ciência e minimi-zar a dicotomia existente entre Grupos Agroecológicos (GA’s) e Movimento estudan-til (ME) dentro das universida-des, já que a agroecologia é instrumento de luta pela transformação social que o ME almeja e a agroecologia descontextualizada deste referencial transformador pode ser apropriada pelo capital, se limitando a produ-ção de alimentos saudáveis, como o caso dos produtos orgânicos.

Técnicas como com-postagem (produção de adu-bo natural), SAF’s (Sistemas AgroFlorestais), defensivos naturais, cobertura seca en-tre outras, são utilizadas na agroecologia . Ela busca Expe-riências acumuladas através do conhecimento popular, bem como estudos científicos e tecnológicos que proporcio-nem sua efetivação.

Para finalizar, colo-camos aqui que a agroecologi-a além da mudança de técni-cas e relações com o meio, propõe uma real mudança de paradigma, lutando pela idéia de justiça social, soberania alimentar, respeito á natureza e ás relações que criamos e recriamos o tempo todo entre as pessoas e o restante do mundo que nos cerca.

W W W . E N E B I O . O R G

ENEBIO Página 11

cendo, o que acabou gerando uma baixa geral nos preços dos imóveis, que também acarretou no não pagamento das hipotecas subprime con-traídas pelas famílias norte-americanas que, por fim, cul-minou na impossibilidade do mercado financeiro negociar

os derivativos, caracterizando assim o conhecido efeito do-minó, reflexo das relações econômico-lineares caracte-rísticas da economia capitalis-ta.

Ora! Um sistema que se baseia na estratifica-ção de diferentes segmentos sociais, (classes sociais), onde os trabalhadores vendem a sua força de trabalho em troca de um salário, que em função da mais valia, nunca é estabelecido de forma justa. Pois, o único intuito do em-pregador é lucrar cada vez mais, e para isso é necessário

altos padrões de consumo associados a manutenção dos salários de seus empregados em níveis baixos. (Entra-se numa contradição, mercado-rias são produzidas pelos trabalhadores, para que eles as comprem, mas o baixo poder aquisitivo deles não

permite que essa p r o d u -ção seja absorvi-d a ) . V i s t o que em c a d a m e r c a -doria é a d i c i o -n a d a va lo res irreais, o que leva a distor-ção da lei de oferta e procura com o objetivo de gerar l u c r o para a g r a n d e burgue-sia.

Aliado a isso, foi retirado n o s últ imos

anos a intervenção do estado na economia, já que é mais vantajoso, para a grande burguesia, possuir uma ampla liberdade do capital (neoliberalismo). Contudo, esta ampla liberdade é irra-cional devido à lógica preda-tória do lucro que desconsi-dera a disponibilidade de recursos. Como tal sistema poderia não entrar em colap-so? Tem-se então o que se chama de crise econômica, quando não se consegue ter a mesma taxa de lucro e nem se consegue vender a produ-ção de mercadorias. O notó-

A atual crise econô-mica que teve início após uma curta crise nos anos 2000-2001, onde os Estados Uni-dos, na tentativa de aumentar o consumo como estratégia de superar a crise, reduziram significativamente suas taxas de juros o que acabou propor-cionando uma grande especu-lação no setor i m o b i l i á r i o . Concomitante-mente, os gran-des bancos e outras institui-ções financei-ras, em sua maioria particu-lar, incentiva-ram a popula-ção norte ame-ricana a realizar e m p r é s t i m o s h i p o t e c á r i o s b a r a t o s (hipotecas sub-prime, hipote-cas de alto risco e de taxa variá-vel concedida a famílias que não possuíam renda familiar para arcar com as prestações) para comprar imóveis ou hipotecar suas casas para com-prar outras e usar o dinheiro para mais consumo, criando uma onda concêntrica de endividamento.

Como etapa seguin-te a intervenção econômica estatal, os bancos transforma-ram essas dividas, em sua maioria familiar, em títulos (derivativos negociáveis) que, no mercado de ações, foram revendidos para outros ban-cos, instituições financeiras, companhias de seguro e fun-dos de pensão. Em meados de 2005 o estado americano progressivamente aumentou as taxas de juros para contro-lar a inflação que vinha cres-

CCCC R I S ER I S ER I S ER I S E EEEE C O N Ô M I C AC O N Ô M I C AC O N Ô M I C AC O N Ô M I C A , , , , EEEE E UE UE UE U C O MC O MC O MC O M I S S OI S S OI S S OI S S O ????

“Entra-se numa contradição,

mercadorias são produzidas pelos

trabalhadores, para que eles as comprem, mas o baixo poder aquisitivo deles não permite que essa produção seja

absorvida”

W W W . E N E B I O . O R G

rio é que a crise, no final das contas, é apenas a incapacida-de de a burguesia manter as suas altas taxas de acúmulo de riqueza.

O s ciclos do capita-lismo passam por momentos de depressão, aumento do desemprego e, após isso, ocor-rem outro perí-o d o d e “prosperidade”. Na história po-de-se observar várias crises sendo elas de curta duração, ou profundas como a de 1929 e esta que se deflagra. Em todas as crises o fator comum é o aumento da pobreza e da exploração da classe trabalha-dora. No entanto, durante a “prosperidade” os imensos abismos sociais – sejam glo-bais, sejam locais – não dimi-nuem; o que ocorre é uma estabilidade econômica maior e maiores lucros e expansão de capitais.

A crise chegou ao Brasil com as demissões em massa de trabalhadores pelas grandes empresas, com que-da da produção industrial e agrícola, queda no crescimen-to econômico geral, nas ex-portações, na taxa de investi-mento das empresas e do governo, além da desvaloriza-ção do real frente o dólar. Para tentar minimizar a “marolinha” da crise no Brasil, o governo tomou várias medi-das que em muito pouco (ou quase nada) privilegia o traba-lhador. Pelo contrário, as atitudes têm privilegiado as grandes empresas.

Uma das formas que o governo encontrou para aliviar a crise - “socializá-la” - foi reduzir os impostos, promover a isenção fiscal, como a redução do IPI (Imposto sobre Produtos In-dustrializados) aos empresá-rios do setor de automóveis e

eletrodomésticos. Com isso o governo deixou de acumular quantias vultosas que poderi-am ser empregadas em seto-

res básicos (a exemplo da saúde e da educação) para o bem estar da população. Con-traditoriamente, o governo brasileiro afirma ter pouco dinheiro em virtude da crise, mas empresta dez bilhões para o FMI e isenta a grande indústria do IPI. Sendo estes os fatores responsáveis pelos cortes nos orçamentos que chegam a soma de mais de 25 bilhões. E na educação esse corte foi de 1,2 bilhões!!

As universidades e escolas de ensino básico já passam por situações estruturais críticas. Com esses cortes como ficará a educação no Brasil? Vale ressaltar que uma grande parte do orçamento destina-do às Instituições de ensino superior não é destinado à manuten-ção, mas sim a uma espécie de expansão irresponsável das Uni-versidades Federais. Uma contradição se coloca. Alega-se não haver recursos para manter minimamente o funcionamento adequado das Instituições de Ensino Superior, mas ainda assim o governo pretende expandi-las, como já o faz, o que de-monstra o interesse deste em

transformar a educação em plataforma eleitoreira, ainda que isso possa acarretar o sucateamento e a precariza-

ção da universidade pú-blica no Brasil.

Analisar a crise econômica separada de outras crises que tem ocorrido é um equívoco. A crise ambiental e ali-mentar caminham de mãos dadas com a crise financeira, já que uma das saídas apontadas para a crise é explorar cada vez mais os recursos naturais. Não dando a devida atenção aos limi-tes do ecossistema. Cada vez mais é noticiado o reflexo da natureza con-tra a exploração exacer-

bada, Oriundos da grande exploração dos recursos natu-rais frente a necessidade de desenvolvimento da socieda-de urbano-industrial, sejam dos países emergentes ou das grandes potências mundiais.

A emissão de CO2 na atmosfera em grandes proporções tem sido um dos principais fatores responsá-veis por tal degradação. Te-mos como conseqüência as alterações climáticas, o dese-quilíbrio do regimento das chuvas, o derretimento acele-

rado das geleiras do Ártico. Campanhas e acordos foram propostos, mas a ganância do desenvolvimento e do máxi-mo lucro possível tem impedi-do que certas medidas pos-

Página 12 .

sam ser tomadas Com isso, não é surpreendente o fato de a questão ambiental ter saído do foco com o advento da crise. Um caso emblemáti-co disso é a exultação do atu-al presidente para o povo consumir mais.

Vejamos uma breve explanação da conexão des-sas crises. A crise alimentar surgiu devido a falta de arroz em várias regiões do globo. Porém é sabido que isto se trata de um problema de distribuição desigual dos re-cursos, originário da necessi-dade de possuir um exceden-te da produção de alimentos em detrimento a demanda atual do planeta, para que dessa forma ocorra o lucro, satisfazendo assim a ganância da elite. Por outro lado, a expansão agropecuária é uma das maiores razões para a perda da biodiversidade, pois devasta ecossistemas inteiros para ser. Mas é sabido tam-bém que as terras estão con-centradas nas mãos de pou-cas pessoas que se dão ao luxo de devastar e desperdi-çar ao mesmo tempo, en-quanto pagam uma mão de obra extremamente explora-da.

Após todos os ele-mentos aqui colocados que

exprimem o reflexo da crise, seja na educação brasileira ou na explo-ração dos recursos naturais, questiona-se: até quando o meio ambiente e o povo vão pagar pelo capitalis-mo?

W W W . E N E B I O . O R G

ENEBIO Página 13

que os órgãos ambientais responsáveis pela fiscalização há muito não têm condições materiais e de pessoal para fazê-la, e é difícil acreditar que essas empresas irão jus-tapor seus interesses mercan-tis aos da sustentabilidade ambiental. Além do patrimô-nio genético, a diversidade de fauna, os recursos hídricos,

minerais e pesqueiros pode-rão ser utilizados de forma indiscriminada.

Outro ponto a ser avaliado é a questão das co-munidades tradicionais que serão atingidas, já que boa parte delas não possui territó-rio delimitado, e a chegada e aproximação dessas empresas poderá levá-las a extinção.

O governo acredita que esta é a melhor opção para conservar as nossas flo-restas, entretanto, sabemos que o melhor manejo para a floresta envolveria o reapro-veitamento de áreas já devas-tadas, para o plantio e o uso do solo e não realizar conces-sões e passar o cajado para a iniciativa privada. Em outros países como a Nova Zelândia essa política de concessão já foi utilizada não obtendo melhora alguma, e por que aqui no Brasil seria diferente?

O Processo de Con-cessão já começou ano passa-do (2008). A floresta na Flona de Jamari foi dividida em três

lotes e licitada por três em-presas diferentes. É só um passo para que logo todas as nossas florestas estejam nas mãos do capital estrangeiro. E o que faremos?

Por isso, nós da Articulação Regional Nordes-te somos contra a lei nº 11.284/2006. Contrariamos essa Política de Gestão de

F l o r e s t a s Públicas, a divisão das nossas flo-restas, a passar o cajado do controle e f iscalização para empre-sas estran-geiras. So-mos contra a Lei de Con-cessão de Florestas!

É sabido que o atual governo tem seguido os ritos do neoliberalismo, e a Lei de Concessão de Florestas é mais um exemplo desse uso. Com esta lei, que dispõe sobre a Gestão de Florestas Públicas, o governo acredita impedir a degradação e devastação das florestas e viabilizar a gestão sustentável delas ao transferir parte das funções e responsabi-l i d a d e s p ú b l i c a s para a inici-ativa priva-da.

A lei prevê concessões f l o r e s t a i s m e d i a n t e c o n t r a t o administra-tivo prece-dido de licitação, onde o con-tratante pagará um preço florestal e poderá explorar pelo período de no máximo quarenta anos os produtos e serviços estabelecidos nele. De acordo com o projeto es-sas concessões poderão ser habilitadas a empresas ou outras pessoas jurídicas cons-tituídas sobre as leis brasilei-ras que tenham sede e admi-nistração no Brasil, não dei-xando de fora empresas es-trangeiras que por muito tempo exploraram e acaba-ram com as florestas tropicais asiáticas e estão vindo com sede sugar o nosso maior patrimônio ambiental.

Seria uma ingenui-dade acreditar que apenas a madeira seria explorada des-sas florestas, sabe-se que a Floresta Amazônica, o maior alvo desse projeto, detém grandes riquezas genéticas que trariam muitos lucros para a indústria farmacêutica, e mesmo sendo vetado esse tipo de exploração será bas-tante difícil esse controle, já

PPPP O RO RO RO R D E N T R OD E N T R OD E N T R OD E N T R O D AD AD AD A LLLL E IE IE IE I NNNN ° 1 1 . 2 8 4 / 2 0 0 6° 1 1 . 2 8 4 / 2 0 0 6° 1 1 . 2 8 4 / 2 0 0 6° 1 1 . 2 8 4 / 2 0 0 6

“A lei prevê concessões florestais mediante

contrato administrativo precedido de licitação, onde o contratante pagará um preço florestal e poderá

explorar pelo período de no máximo quarenta anos os produtos e serviços estabelecidos

nele.”

W W W . E N E B I O . O R G

No ano de 2006, a Organização das Nações Uni-das (ONU) divulgou um rela-tório que mapeia as condi-ções de saúde da Terra, consi-derando índices de poluição, perda de diversidade biológi-ca, aumento do efeito estufa, contrastes sociais, índices de desenvolvimento humano, concentração de riqueza, entre outros. De dois relató-rios produzidos, a ONU apre-sentou aquele considerado mais conservador, e o grave é que este relatório, ainda as-sim, mesmo sendo alarmante, apenas veio a corroborar o que uma série de cientistas por meio de estudos vem denunciando há anos. O pior é que as previsões sobre taxas de poluição, alterações climá-ticas, índices de extinções e depleção de ambientes natu-rais, além de do claro decai-mento da qualidade de vida humana, projetadas por da-dos da ONU para daqui a 50 anos, já apareciam em muitos trabalhos de 30 anos atrás.

Leis (1991) apresentando o livro intitulado Ecologia e política mundial já denunciava a preocupação ecológica que assombrava a comunidade científica desde a década de 70:

“Um claro exemplo da inércia política em questões ecológi-cas... está dado pelo conheci-mento do problema do “efeito estufa”. A temperatu-ra da Terra está aumentando. Existe um amplo consenso a respeito: nas próximas quatro décadas a temperatura média global será a mais quente dos últimos 120 mil anos [...], (p. 12).”

Leis (1991) neste mesmo tra-balho apresentou dados so-bre as populações humanas e sua relação de desordem global da biosfera:

“Atingimos 5 bilhões de pes-soas e somos ostensivamente incapazes de alimentar, alo-jar, educar e empregar, de

modo minimamente aceitá-vel, uma parte fundamental delas. O problema não radica somente na simples explosão numérica humana; mais im-portante, ainda, é a explosão de consumo. 1/5 desta popu-lação afortunada desfruta de um estilo de vida que impõe uma pressão grosseiramente desproporcional sobre o ecos-sistema planetário. Outro 1/5 de pessoas têm consumo moderado, suficiente para satisfazer as necessidades materiais básicas sem consu-mo supérfluo. Finalmente 3/5 da população não conseguem

satisfazer suas necessidades materiais básicas, vivendo na miséria. [p. 15].”

A noção de inesgotabilidade dos recursos caiu por terra nos últimos quatorze anos desde o marcante ECO 92 (PEREIRA 1992; CONCEIÇÃO 2004), realizado no Rio de Janeiro, que começara a a-pontar uma iminente crise sócio-ambiental mundial. Nos dias de hoje a situação cada vez mais se agrava: no au-mento do efeito estufa, dimi-nuição das calotas polares e área vegetal do planeta, ace-lerada perda de diversidade, modificações climáticas com conseqüências catastróficas, demonstram a necessidade de transformação radical da concepção “relação homem x

natureza”.

A proteção do mundo natural, ameaçada por todo tipo de degradação em escala plane-tária proveniente da socieda-de urbano – industrial, tor-nou-se um dos grandes temas da humanidade nestas últi-mas décadas (DIEGUES, 2000). Boff et al. (2005); traz uma definição muito clara a respeito da relação histórica estabelecida entre as socieda-des humanas e a natureza apontando a necessidade de um saber cuidar do nosso planeta como sendo:

“Um sistema e superorganis-

mo de complexo equilíbrio,

urdino ao longo de milhões e

milhões de anos. Por causa do

assalto predador do processo

industrialista dos últimos

séculos esse equilíbrio está

prestes a romper-se em cadei-

a. Desde o começo da indus-

trialização, no século XVIII, a

produção mundial cresceu

oito vezes, consumindo mais e

mais recursos naturais; so-

mente a produção, baseada

na exploração da natureza,

cresceu mais de cem vezes. O

agravamento deste quadro

com a mundialização do ace-

lerado processo produtivo faz

aumentar a ameaça e, conse-

qüentemente, a necessidade

de um cuidado especial com o

Página 14 .

futuro da Terra (p.06).”

Complementando com o ar-gumento de que:

“Para cuidar do planeta preci-

samos todos passar por uma

alfabetização ecológica e

rever nossos hábitos de con-

sumo. Importa desenvolver

uma ética do cuidado... Atual-

mente quase todas as socie-

dades estão enfermas. Produ-

zem má qualidade de vida

para todos, seres humanos e

demais seres da natureza. E

não poderia ser diferente, pois

estão assentadas sobre o

modo de ser do trabalho en-

tendido como dominação e

exploração da natureza e da

força do trabalhador (p. 10).”

Comunidades científicas e ambientais reagem denunci-ando criminosas políticas de exploração do meio ambiente de entidades privadas e esta-tais, combatendo tais postu-ras através de manifestações, programas e projetos de uso racional e consciente da natu-reza por meio de métodos, processos e aplicação de téc-nicas, sistemas econômicos alternativos, entre outros.

A questão da conservação da Biodiversidade tem sido uma questão crucial para os países tropicais subdesenvolvidos, depositários da maior parte de espécies de flora e de fau-na, mas ao mesmo tempo, confrontados com o problema da pobreza crescente e da devastação do mundo rural por modelos de desenvolvi-mento inapropriados, que são ainda mais agravados pelas políticas neoliberais marcadas pelo baixo investimento em setores básicos para as comu-nidades rurais, como a saúde e educação (DIEGUES, 2000).

Ao longo do desenvolvimento da humanidade, as relações estabelecidas com o meio ambiente se constituíram de modo a satisfazer as necessi-dades da estrutura social. Na atual conjuntura, esta relação ocorre por meio de uma de-

CCCC I Ê N C I AI Ê N C I AI Ê N C I AI Ê N C I A P R AP R AP R AP R A Q U EQ U EQ U EQ U E T ET ET ET E Q U E R OQ U E R OQ U E R OQ U E R O ????

W W W . E N E B I O . O R G

ENEBIO Página 15

A FINALIDADE DA CIÊNCIA (Bertold Brecht)

Entretanto, seremos ainda cientistas,

se nos desligarmos da multidão?

Os movimentos dos corpos celestes

se tornaram mais claros;

mas os movimentos dos poderosos continuam

imprevisíveis para seus povos;

A luta pela mensuração do céu

foi ganha através da dúvida;

e a credulidade da dona-de-casa romana fará que

ela perca sempre de novo a sua luta pelo leite.

A ciência, Sarti, está ligada às duas lutas.

Enquanto tropeça dentro de sua bruma

luminosa de superstições e afirmações antigas,

ignorantes demais para desenvolver

plenamente as suas forças,

a humanidade não será capaz de desenvolver

as forças da natureza que vocês descobrem.

Vocês trabalham para quê?

Eu sustento que a única finalidade da ciência

está em aliviar a canseira da existência humana.

E se os cientistas,

intimidados pela prepotência dos poderosos,

acham que basta amontoar saber,

por amor do saber,

a ciência pode ser transformada em aleijão,

e as suas novas máquinas serão novas aflições,

nada mais.

Com o tempo,

é possível que vocês descubram

tudo o que haja por descobrir,

e ainda assim o seu avanço

há de ser apenas um avanço

para longe da humanidade.

senfreada transformação da Natureza gerando produtos sociais valorados de forma que, conseqüentemente, se transformam em riquezas geradoras de distorções den-tro das populações. Estas populações, por meio de uma complexa engenharia social, baseiam-se em profundas contradições em que uma pequena parcela concentra quase a totalidade dos recur-sos produzidos, com isso, um forte aparelho simbólico é utilizado com o objetivo de mediar esta relação contradi-tória – a ciência. Resta-nos, enquanto futuros cientistas, apropriarmo-nos dos instru-mentos científicos para cons-truirmos as bases de supera-ção do status quo apontando para um horizonte de supera-ção.

Texto elaborado por Eduardo

Cebola, Licenciado e Bacharel

em Ciências Biológicas (UEFS)

“Resta-nos, enquanto

futuros cientistas,

apropriarmo-nos dos

instrumentos científicos

para construirmos as

bases de superação do

status quo apontando

para um horizonte de

superação.”

W W W . E N E B I O . O R G

O CNFP

O Curso Nacional de Formação Política, realizado no período de 16 a 23 de maio de 2009 na Escola Na-cional Florestan Fernandes, foi pensado e construído pe-las executivas ABEEF (Associação Brasileira de Estudantes de Engenharia Florestal) e FEAB (Federação dos Estudan-tes de Agronomia do Bra-sil). Este espaço surgiu da necessidade das executi-vas continuarem com um processo interno de for-mação - fundamental para militância orgânica - na perspectiva de formar sujeitos com opção de classe, clareza política e que atuem na transforma-ção da sociedade como um todo, e não só en-quanto sujeitos restritos aos limites das executivas.

Os eixos princi-pais que esclareceram a in-tencionalidade do curso fo-ram: História – Sentido do Trabalho – Sujeito. A História individual vivida de cada sujei-to, a história de suas organi-zações e a história da luta de classes; o trabalho como prá-xis necessária para a luta das organizações pela classe tra-balhadora; o sujeito político consciente de seu papel na história e em busca do coleti-vo, na luta de classes pela classe trabalhadora. A união dessas três categorias centrais (história, trabalho e sujeito político) se revela para organi-zadores do curso como a prá-xis, colocada como o trabalho revolucionário de nossas or-ganizações construído por cada sujeito político dentro das organizações.

Neste curso enten-de-se que a formação não é uma intervenção pontual nem muito menos puramente teórica, e sim um processo contínuo na vida da militância que está vinculado a um hori-

zonte de atuação. Portanto, a formação é uma atividade de grande importância para a construção e manutenção de uma organização comprome-tida com a luta pela transfor-mação social.

A Escola Nacional Florestan Fernandes

A ENFF é um espaço de educação e formação e está localizado em Guarare-ma, São Paulo. Uma escola que desde a sua origem vem representando a disciplina, resistência e luta dos movi-mentos populares. Foi ideali-zada pelo MST com o objetivo de democratizar a educação e formar militantes dos diversos movimentos sociais do Brasil e de outros países da América Latina.

Como se pode ob-servar, a construção e concre-tização desta escola é uma grande conquista popular. Se tornando assim, um lugar propício e estimulador para formação política, para refle-xão da prática militante e dos nossos ideais.

A presença da ENEBio no CNFP

Na perspectiva de estreitar laços e realizar lutas em conjunto com outras orga-nizações com afinidade políti-ca, a ABEEF e FEAB convidou a

ENEBio e outras executi-vas de cursos, como REPED (Rede de Educa-ção Popular dos Estu-dantes de Direito) e ABEF(Associação Brasi-leira dos Estudantes e Filosofia) Proposta de acréscimo, para o CNFP. Militantes da UNESP de São Vicente, UEFS e da UFS representaram a nossa Entidade Nacional dos Estudantes de Biolo-gia - ENEBIO, neste espa-ço de formação.

Não é novida-de dentro da ENEBio a discussão da necessida-de de se construir rela-ções mais estreitas com outras organizações e

movimentos sociais com mes-mo horizonte político, para potencializar as lutas em co-mum. Nesse curso foi possível conhecer mais de perto a organização, história, bandei-ras de luta e estruturação destas executivas, além do estabelecimento de novos contatos / relações, essenciais para esse estreitamento. Essa articulação também foi im-portante para refletirmos mais sobre nossa entidade, nossa força de atuação e es-trutura organizativa, que dife-re em alguns momentos da ABEEF e FEAB.

Outra contribuição essencial para a ENEBio foi a própria atividade de formação de seus militantes orgânicos, que cumpre seu papel no incentivo, embasamento e estabelecimento de lutas e atividades com clareza políti-ca das (os) nossas (os) militan-tes, contribuindo com o en-tendimento do papel e função que nossa organização possui na luta de classes.

Página 16 .

Entendendo a im-portância e necessidade deste curso para a construção e formação de militantes que atuem com organicidade e clareza política dentro e fora da nossa organização, encon-tramos uma conjuntura den-tro da ENEBio que ainda care-ce de atividades como esta. Embora em algumas regiões do país já tenham ocorrido os chamados CFPBio´s (Cursos de Formação Política de Biolo-gia), estes ainda acontecem de forma incipiente sem abar-car todos (as) potenciais mili-tantes. Precisamos de espa-ços como estes que além de contribuir para formação de militantes, são de extrema significância para refletirmos os objetivos da organização e suas formas trabalho. Buscan-do identificar nossas qualida-des e deficiências organizati-vas e de formação, nas ferra-mentas que trabalhamos em nossa entidade.

Texto elaborado pelas repre-

sentantes da UNESP—São

Vicente, UEFS e UFS

I CI CI CI C U R S OU R S OU R S OU R S O NNNN A C I O N A LA C I O N A LA C I O N A LA C I O N A L D ED ED ED E FFFF O R M A Ç Ã OO R M A Ç Ã OO R M A Ç Ã OO R M A Ç Ã O PPPP O L Í T I C AO L Í T I C AO L Í T I C AO L Í T I C A

W W W . E N E B I O . O R G

ENEBIO Página 17

“A ENEBio se propôs construir a

Agroecologia como um instrumento de luta,

contra hegemonia e para a transformação social que acreditamos.”

W W W . E N E B I O . O R G

As passadas consis-tem no ato de uma escola de biologia que esteja hoje inse-rida na construção orgânica do Movimento Estudantil de Biologia (MEBio), entrar em contato com outras escolas que atualmente não estejam nele atuando, ou mesmo que não estejam a par de sua organização, promovendo uma visita (in)formativa para que assim estas possam vir a conhecer a ENEBio e as suas bandei-ras de luta. Estas passa-das objeti-vam tam-bém enten-der a reali-dade das escolas visi-tadas, além de divulgar e discutir a importância dos nossos espa-ços de organização (ENEB´s, EREB´s - Encontros Nacionais e Regionais, CFPBio´s - Cursos de Formação Política, CONE-Bio´s e COREBio´s - Conselhos Nacionais e Regionais, dentre outros) e até contribuir com a construção destes espaços, junto às comissões organiza-doras dos mesmos.

A passada possui uma importância única para o sucesso do Movimento por-que a partir de um contato mais próximo e direto é possí-vel a disseminação de idéias e ideais de uma maneira efeti-va, agregando pessoas.

Desse modo, foi diante da necessidade de que

houvesse uma maior intera-ção entre as escolas de biolo-gia do Brasil, tão logo a ENEBi-o foi reconstruída no ano de 2007, e da importância do contato entre os estudantes para a construção de um mo-vimento mais forte, atuante e coeso, que as passadas foram adotadas como uma ferra-menta pela ENEBio.

Durante este ano, a g e s t ã o 2008-2009 da Articula-ção Nacio-nal (AN) da E N E B i o p r o c u r o u dar centrali-dade, espe-cial atenção à política de rea l i zação destas pas-sadas, por

compreender que na atual conjuntura que nos depara-mos no MEBio, poucas esco-las do país colocam-se efeti-vamente na construção da entidade, dado seu tempo de existência ser de apenas 2 anos. Priorizamos as regiões Nordeste, Sudeste e Sul nesta gestão, porque nessas regiões haviam escolas de biologia que se colocavam a disposi-ção para realização das mes-mas, em auxílio à Articulação Nacional. O deslocamento de escolas mais próximas das escolas a serem visitadas contribuiria para que ambas pudessem desenvolver uma relação mais efetiva, um con-tato mais direto e freqüente possível, o que seria muito positivo.

Foram assim realiza-das passadas no Piauí (UFPI, UESPI e CEFET-PI), Pernambu-co (UFPE e UFRPE, escolas sede do XIX EREB/NE), Alago-as (UFAL), Bahia (UESB), Mi-nas Gerais (UFVJM – Diaman-tina, UFV - Viçosa, UFSJ - São João Del Rei), São Paulo, Para-ná (UEPG), Espírito Santo (UFES) e Amazonas (UFAM). Ainda assim, não consegui-mos cumprir com a grande demanda de passadas plane-jadas e que a ENEBio necessi-tava, por uma questão de poucas escolas que expuse-ram condições para fazê-las.

Apesar desses fato-res avaliamos que este foi um início de um trabalho que deve ser continuado pelas próximas gestões da Articula-ção Nacional, para que deste modo tenhamos cada vez mais um movimento forte, atuante e combativo e que utilize a ENEBio como uma ferramenta para a transfor-mação da sociedade.

Página 18 .

“O correr da vida embrulha tudo.

A vida é assim: es-quenta e esfria, a-

perta e daí afrouxa,

sossega e depois desinquieta.

O que ela quer da gente é coragem.”

(Guimarães Rosa)

E N E B I O E N E B I O E N E B I O E N E B I O EEEE A SA SA SA S “ P“ P“ P“ P A S S A D A SA S S A D A SA S S A D A SA S S A D A S ””””

W W W . E N E B I O . O R G

ENEBIO Página 19

D I S C O R D A M O S D E Q U A L Q U E R S I S T E M A S Ó C I O - E C O N ÔM I C O Q U E S E J A B A S E A D O

N A E X P L O R A Ç Ã O I N S U S T E N T Á V E L

S O B R E A V I D A , N A E X P L O R A Ç Ã O D O S E R H UM A N O P E L O S E R

H UM A N O , N A P R I V A T I Z A Ç Ã O E

M E R C A N T I L I Z A Ç Ã O D O S R E C U R S O S N A T U R A I S , P E S S O A S E V A L O R E S , C OM O É O S I S T E M A

C A P I T A L I S T A , E L U T A M O S P E L A

S U P E R A Ç Ã O D E S S E MO D E L O

( C A R T A D E P R I N C Í P I O S E N E B I O )

Gestão 2008/2009

Articulação Nacional

- UEFS (Comunicação)

- UFC (Comunicação)

- UEMA/UFMA (Movimentos Sociais)

- UNIFAP (Comunicação)

- UFS (Fundo Nacional)

Articulação Regional

- UFPB (Nordeste)

- PUC-Betim, USP e UFRJ (Sudeste)

- UnB (Centro-Oeste)