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Brasília -DF • a no XXXiX • nº 209 • EspEcial • J  an  /FEv  /M  ar 2011 cEntro DE coMunicação social Do E  Xército “Academia Militar: dois séculos formando Oficiais para o Exército”

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Brasília -DF • a no XXXiX • nº 209 • EspEcial • J an /FEv  /M ar 2011 cEntro DE coMunicação social Do E Xército

“Academia Militar:

dois séculos formandoOficiais para o Exército”

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2 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

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3  – a no xxxix – nº 209 – eSpeCial – J an /Fev  /m ar 2011

Gen Bda Cals Albet Neva BacellsChefe do CCOMSEx

 – a no xxxix – nº 209 – eSpeCial – J an /Fev  /m ar 2011

Editorial

Chefe do CCOMSE: Gen Bda Carlos Alberto Neiva Barcellos

Subchefe do CCOMSE:Cel Inf QEMA Kepler Santos de Oliveira Bastos

Chefe de Produção e Divulgação:Cel Art QEMA Guido Amin Naves

CONSELHO EDITORIALCel Inf QEMA Antonio Carlos Freitas de CórdovaCel Art QEMA Guido Amin NavesCel Cav QEMA Hertz Pires do NascimentoCel R/1 Jefferson dos Santos Motta

SUPERVISÃO TÉCNICACel R/1 Jefferson dos Santos Motta

REDAÇÃOMaj QCO Edson de Campos Souza

1º Ten OTT Charlles Fúlvio Rocha Setúbal 

PROJETO GRÁFICO1º Ten QAO Adm G Osmar Leão Rodrigues

1º Ten QCO Karla Roberta Holanda Gomes Moreira1º Ten QAO Sau Eduardo Augusto de Oliveira

2º Ten QAO Adm G Pallemberg Pinto de Aquino

ST Com Edson Luiz de Melo2º Sgt Inf Fabiano Mache

COORDENAÇÃO E DISTRIBUIÇÃOCentro de Comunicação Social do Exército

IMPRESSÃOELLITE – Gráfica e Editora Ltda,

Rua Cati, Qd 100, Lts 09/10 e 11 – 74933-290

Ap. de Goiânia-GO – Fone: (62) 3548-2224

TIRAGEM50.000 exemplares – Circulação dirigida

(no País e no exterior)

FOTOGRAFIAS 

Arquivo CCOMSEx

JORNALISTA RESPONSÁVEL 

Maria José dos Santos Oliveira

RP/DF/MS 3199

PERIODICIDADE 

Trimestral

DISTRIBUIÇÃO GRATUITAQuartel-General do Exército – Bloco B – Térreo

70630-901 – Setor Militar Urbano – Brasília/DF

Telefone: (61) 3415-6514 – Fax: (61) 3415-4399

[email protected]

Disponível em PDF na página eletrônica

www.eercito.gov.br 

NOSSA CAPA

Foto cedida pela Editora Action

Prezado Leitor,

  A Revista Verde-Oliva, nesta209ª edição, sente-se honrada em ter, como foco central de seus artigos, temas relacionados às comemoraçõesdo segundo centenário da mais  tradicional escola de formação deoficiais do Exército Brasileiro: a AMAN– Academia Militar das Agulhas Negras.

  A AMAN tornou-se, ao longo

da história do Brasil, a depositária das  tradições, inovações e memórias dasantigas escolas que a precederam naimportante missão de formar oficiaispara o Exército Brasileiro. Essa história  tem início em 1811, na antiga Casado Trem, passando pela AcademiaReal Militar, Escola da Praia Vermelha,Escola Militar do Rio Pardo, EscolaMilitar de Porto Alegre, Escola Militar do Realengo e, enfim, Escola Militar 

de Resende, que viria a se tornar o que hoje é a AMAN, concretizaçãodo sonho de toda a vida do Marechal Js Pessa.

Todas essas instituições pautarama formação do oficial brasileiro em

  valores caros à profissão militar,  tais como honestidade, probidade,lealdade e responsabilidade, contribuin-do para forjar homens, moral eintelectualmente, impregnados desentimento de bravura e patriotismo. A formação do Cadete busca, então,inspiração no caráter do nobre soldadoLís Alves de Lma e Slva, o Duquede Caxias.

Caxias é a sublime referência

para a formação do Cadete, que,em seu primeiro ano de formação,numa significativa cerimônia, recebe oespadim, réplica em miniatura do sabre  vencedor do Patrono do Exército.Nesse símbolo da honra militar, estãorepresentados o caráter invencível e as virtudes do soldado, como patriotismo,cultura, energia, bravura e bondade.

Para conhecer um pouco maissobre o que é a Academia, o leitor 

passará por artigos sobre a formaçãode oficiais, a trajetória das escolasmilitares e os valores da profissãomilitar, os eventos comemorativosdo bicentenário, a escolha do novolocal, a construção de uma nova

  Academia, a vinda para Resende,os melhoramentos realizados nasinstalações nesses últimos anos, aidealização e a concretização de umaescola militar nos moldes das maismodernas do mundo, a importância damanutenção das tradições na formaçãodo oficial, a simbologia do espadimde Caxias, a história de HenqeLage – o Cadete nº 1, os vitrais da  AMAN, o Monumento ao Tenente

Expedicionário, a Academia de HistóriaMilitar Terrestre do Brasil, finalizandocom as Olimpíadas Acadêmicas.

Como fecho desta edição, oPersonagem de Nossa História éo General Pld da FnsecaQntanlha Jd, profissionalbrilhante diretamente ligado à históriado ensino e da formação militar dooficial no Exército.

Uma boa viagem por mais esta

etapa da história de nosso queridoExército.

É permitida a reprodução de artigos, desde que citada a fonte, eceto de matérias que contiverem indicação em contrário.

PUBLICAÇÃO DO CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DO ExÉRCITO (CCOMSE x )

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4 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

O Espadim de Caxias – Histórico, simbolismo e tradições

 A Primeira Cerimônia da AMAN

Os vitrais da AMAN

Henrique Lage, o Cadete nº 1 – A integração entre civis e militares

Melhoramentos e ampliação da AMAN

Bicentenário da Academia Militar das Agulhas Negras: Eventos comemorativos

Homenagem aos antigos Cadetes

 A Academia de História Militar Terrestre do Brasil e o Bicentenário da AMAN

Olimpíadas da AMAN

Personagem de Nossa História: General Polidoro da Fonseca Quintanilha Jordão

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Sumário

 Acmpanhe nesta Edç

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O Marechal José Pessoa, o Duque de Caxias e o Exército de Grandeza

 As Escolas Militares e os valores da profissão militar 

Idealização da Academia Militar das Agulhas Negras

Monumento ao Tenente Expedicionário

 A Escolha do Novo Local

 A vinda da Escola Militar para Resende

 A Construção da Escola Militar de Resende

O Resgate das Tradições

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 A AMAN deve formar oficiais para um Exército de Grandeza –

muito mais sensível que um

Exército Poderoso ou umExército de Potência.

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6 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito6 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

Duque de Caxias

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2011Marechal José Pessoa

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8 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito8 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

O Marechal José Pessoa,

o Duque de Caxias

e o Exército de Grandeza

“O Cadete da concepção de José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque tinha de ser asemente do Oficial com todas as grandezas da servidão militar.”

 José Lins do Rego – 17 / 10 / 1949, O Globo

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Em linha de sucessão evolutiva ininterrupta, desde

os primeiros cursos de 1699, estes estiveram voltados para ensino de natureza tecnológica na

antiga chamada Casa do Trem (hoje Museu HistóricoNacional, situado na cidade do Rio de Janeiro).

Na Academia Real Militar, criada por Carta Régia firmadapelo Regente Dm J, os cursos iniciaram-se em 1811,e – vividas outras sedes, das quais se destacaram a Escola daPraia Vermelha, a Escola Militar do Rio Pardo, a Escola Militar dePorto Alegre, a Escola Militar do Realengo – eles passariam a serealizar na Escola Militar de Resende, que, em 1951, receberiaseu nome definitivo de Academia Militar das Agulhas Negras.

Por dois séculos, como principal centro formador da

oficialidade, em suas diversas sedes, manteve-se o respeito à

nacionalidade brasileira, à soberania, à unidade nacional e ao seuCódigo de Honra, demarcado por quatro valores inalienáveis:hnestdade, pbdade, lealdade e espnsabldade,presentes no espírito militar brasileiro.

Entretanto, na Escola Militar do Realengo, entre os anosde 1931 e 1934, um fato catalisador gerou uma energiarenovadora e revigoradora, cuja intensidade perdura, emespecial, por alimentar-se do pensamento e do Ideal do maisimportante dos construtores de nossa nacionalidade como paísindependente, estimulado pelo jovem Comandante daquelaEscola.

Em 15 de janeiro de 1931, aos 42 anos de idade, oCoronel   Js Pessa Cavalcant de Albqeqe assumiuo Comando da Escola Militar do Realengo. Um dos únicosex-combatentes brasileiros da Força Terrestre, na I GrandeGuerra, impulsionado pelo momento histórico, seu espíritoprofissional e patriótico e por sua personalidade criativa edinâmica, legaria ao Exército Brasileiro, nos anos seguintes, umsonho realizado, um ideal a ser perpetuado e uma duradouraherança moral de valor inestimável. Vinte anos depois daqueladata histórica para o Ensino de Formação de Oficiais da Ativada Força Terrestre, e já Marechal na reserva, seu sonho viria

a ser concretizado, quando o Presidente da República, Dr.

Em 23 de abril de 2011, a Naçãobrasileira estará, com grande

 júbilo, comemorando o segundocentenário da criação do

Ensino de Formação de Oficiaisda Ativa do Exército.

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10 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito10 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

Getúl Vagas, como Chefe de Estado, em 23 deabril de 1951, rebatizou a nova Escola Militar. Ao seintegralizar o sonho do marechal, neste ato, o EstadoBrasileiro demarcava, em sua Política de Defesa, umdos mais importantes pontos de inflexão na evoluçãodo Ensino Militar Terrestre Brasileiro, com reflexosna Força Aérea, que recebera os Oficiais Aviadores

da 5ª Arma do Exército, formados no Realengo,estreitando os laços mais firmes com os feitosgrandiosos dos heróis brasileiros do passado.

Nos quatro anos de seu comando, iluminar-se--ia o segmento áureo na vida militar do chefe notável,

idealista e realizador, que foi o Marechal  Js Pessa,com repercussões que não se pode deixar desvanecer, e

que merecem ser cultuadas, para o bem do Exército, dasForças Armadas e de nossa Nação.

Por esse motivo, será sempre muito limitada ainterpretação de seu papel meramente como idealizador de

uma nova construção física de uma escola e seu patrimôniomilitar. O marechal ultrapassou, em muito, tal limite de atuação.Na realidade, na República, foi o chefe militar que maisprofundamente atingiu o âmago da alma militar terrestre, aoaplicar, em seu comando no Realengo, um verdadeiro projetode fortalecimento do espírito militar brasileiro, cuja maior 

 força reside na verdade histórica da trajetória de seu principalsímbolo: o Duque de Caxias.

 A essência desse projeto foi a restauração da memória eda valorização dos incontestes méritos de Lís Alves de Lmae Slva, que justificam, em sua plenitude, as razões de o entãoCoronel, e logo General,  Js Pessa, haver construído seuprojeto à luz dos exemplos do notável brasileiro.

Três vezes Ministro do Império, o Duque de Caxias foi omais destacado Chefe Militar do Império, exemplo de exaçãoe probidade pública, Pacificador e Unificador do Brasil, umanação complexa, assentada na base geopolítica de um País dedimensões continentais. No entanto, desde a Proclamação daRepública até 1923, seus feitos históricos, títulos, exemplosmais positivos não mais eram exaltados na imprensa, nos livrosde História, nem alimentavam, em seus programas, o efeitomultiplicador do ensino militar.

O próprio título de Cadete, conferido aos alunos da EscolaMilitar, no I e II Reinados, como herança histórica da vinculação

à nobreza de Portugal, caíra em desuso.Em 1923, quando os então “alumnos” da Escola Militar doRealengo inauguraram a tradição que se firmaria de nomear a turma de formatura – “promotion”, influência da Missão Militar Francesa – com o nome de uma batalha ou de um herói,sugestão do Major francês Bze de Fsse, escolheram eles

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o do Duque de Caxias. Era fruto das aulas do Professor Militar Coronel Ped Cdln, que deram partida à ressurreição

histórica do Duque, com a chama da verdade sobre a memóriado notável brasileiro, com todo o sentido de sua grandeza, fatoque ocorreria, também, em função do lançamento, à época,de aulas sobre a Guerra da Tríplice Aliança do General TassFags, cuja publicação só viria a ser realizada em meadosdo século XX. Os feitos do jovem oficial Lís Alves de Lma eSlva, depois Barão, ao enfrentar esforços separatistas e conflitosentre irmãos de um Brasil de independência recente, fizeram-seenvolvidos pelo espírito pacificador e de conciliação, por meioda anistia, do perdão e da justiça para com os vencidos, quer naslutas internas e, já como Duque, nas externas, tão logo obtidas

as condições para tal, após o cessar-fogo, quando o estender a mão ao adversário de ontem, conduzia ao fortalecimentodo organismo nacional: irmãos brasileiros, passavam a formar ombro a ombro, e não peito a peito, e embora, muitas vezes,por vias diversas, na mesma direção geral, no mesmo objetivode engrandecer e valorizar a Nação Brasileira. Inegavelmente,o renascer do justo tributo ao Duque de Caxias era fato novona República e refletir-se-ia no próprio Gabinete Ministerial.

Em 1924, o Ministro Setembn de Alenca  decidiu--se pela criação do Dia do Soldado, na data do aniversáriodo notável militar: 25 de agosto, a mais importante das datas

do calendário da Força Terrestre do Brasil independente,

a que consagra a lealdade de seus componentes à grandezade seu espírito militar. Esse momento antecede em 38 anosa oficialização do reconhecimento do Duque como Patronodo Exército, o que só ocorreria em 1962, pelo Decreto den° 51.429, de 13 de março. Naquele ano de 1924, Tenente--Coronel, Fiscal Administrativo da Escola Militar do Realengo, Js Pessa, estudioso de História, espírito antecipado a seu

 tempo, entendera, já, a importância da restauração da memóriade um dos mais importantes construtores de nossa soberaniae de nossos valores de honradez, de ética, de liderança comhumanidade, de exemplo de bravura e sacrifícios pela Pátria,na base da formação do espírito militar: seus Cadetes, futurosmultiplicadores de seus excelsos e verdadeiros exemplos.

Coronel, ao ser convocado, em novembro de 1930,pelo Ministro Lete de Cast, para receber, do Presidente daRepública, a missão de comandar a Escola Militar do Realengo,  Js Pessa era Comandante do Corpo de Bombeiros doDistrito Federal, e vivia, ainda, o luto pelo assassinato do irmão

 J Pessa, fato apresentado como uma das motivações darecente Revolução de 3 de outubro. À época, a designaçãodos Comandantes das Escolas de Formação de Oficiais da Ativa era da competência do Chefe de Estado, uma herançaque permanecera desde a Regência de D. J, no Brasil. Emsuas palavras ao Coronel, o Presidente transmitiu a essênciade sua diretriz como Chefe de Estado: “Formar Oficiais paraum Exército de Grandeza”. Não poderia haver missão maisadequada para um idealista e patriota chefe militar.

 A escolha do Duque de Caxias como um modelo parao projeto de formação de oficiais da ativa visando a um

“Exército de Grandeza” não significava um novo Exército, poisessa não era a intenção, mas a valorização da grandeza nelehistoricamente amadurecida. O fato de basear-se na obra do futuro Patrono foi um desdobramento lógico e consequente darealidade de sua vida, de sua obra, de seu valor.

Em seu inspirado projeto, o culto ao Duque de Caxias representou o reconhecimento da concretude e da verdadeda vida do mais destacado brasileiro de seu tempo, no que serefere aos pilares capitais da Força: a Disciplina, a Hierarquia eo Moral; e aos pilares capitais da vida nacional: a pacificação dosespíritos, a conciliação pela anistia, o respeito à dignidade da

pessoa humana, na paz e na guerra, e os esforços unificadoresda Pátria, impedindo a fragmentação do espaço soberano doBrasil, o que alimenta, até nossos dias, o ímpeto dos bonsbrasileiros na luta pela salvaguarda de um milímetro que sejado território brasileiro que nos foi legado por todos aquelesque construíram este país continental, ao longo de nossa  vasta fronteira terrestre, de nosso mar territorial e nossoespaço aeroespacial. Representou, pois, o mais legítimoreconhecimento ao elo espiritual que une o Exército Brasileirode todas as fases, internamente e em interação com os demaissegmentos da sociedade brasileira, marcado pelo simbolismo

nascido da realidade da vida do Patrono.

Em 15 de janeiro de 1931, o Coronel José Pessoaassumiu o Comando da Escola Militar do Realengo

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12 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito12 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

Um projeto para ser realizadoem duas fases: a primeira, na EscolaMilitar do Realengo, que assumirae logo trataria de reformar,para, modernizada, aguardar asegunda: a da construção doque, em sua Ordem do Dia de

assunção de Comando, naquele15 de janeiro de 1931, e coma convicção de que obteria osmeios necessários para tal,

referira-se a “Cadetes (e não mais‘Alumnos’): Vivamos a partir de hoje,

a mentalidade da Nova Escola Militar que vamos construir”.

O mais importante na obra do Ma-rechal   Js Pessa foi a manifestação deuma mentalidade idealizada com a convicção de que a Institui-

ção a abraçaria, o que realmente ocorreu, para o que contri-buiu a perseverança com que perseguiu seu sonho, até vê-lorealizado. O primeiro passo foi o de reformar o “velho casa-rão acaçapado, coberto por oitis”, como descreve, como basepara implantar a valorização do ensino militar que ansiava ver aplicada à Escola Militar. Mas a reforma dos velhos pavilhões emesmo a construção de uma nova Academia Militar eram ape-nas manifestações materiais, finitas, e o que almejava era muitoalém disso: a educação militar, plena de valores espirituais, como sentido da permanência, capazes de fluir por toda a vida e  transferir-se a seus comandados. Injetando-lhes o idealismo

que o impulsionava, alimentando suas almas com a força dainspiração para novas e criativas ideias, procurava afastar seusoficiais e seus Cadetes do risco da estagnação e da perda damotivação para enfrentar os desafios institucionais e da vida. É oque se observa multiplicado em seus capitães, como no exem-plo do Capitão Hmbet de Alenca Castell Banc, queinterpretaria esse ensinamento, adequando a seus oficiais-alu-nos, quando General Comandante da Escola de Comando eEstado-Maior do Exército (ECEME), em conceito bem conhe-cido: “O Oficial de Estado-Maior é um renovador e um criador.Deve lutar contra o conservantismo, tornando-se permeável

às ideias novas, a fim de que possa escapar à cristalização, ao formalismo e à rotina”. O Projeto era fadado ao êxito.

Os que conviveram com o Marechalafirmaram que o traço apaixonado de suapersonalidade, capaz de mantê-lo coma mente, o coração e a alma militar empermanente prontidão, na consecuçãodas boas ideias em favor da Instituição,  vinha-lhe da herança atávica resultante do

amálgama de influências de traços presentesem três famílias nordestinas, com inúmerosrepresentantes de tradição empreendedora,que lhe conformaram o nome: os Pessas,os Cavalcants e os  Albqeqes, estes,em linhagem direta do patriarca Jeônm.Porém a impulsão para aquele momentorenovador encontrou dois outros fatoresde estímulo: o próprio fato revolucionáriode 1930, com um forte viés de mudanças

e transformações, e a experiência europeia por ele vivida e, em

seu caso, predominantemente francesas.  A Academia Militar de Saint Cyr contribuiu paramotivá-lo à renovação do ensino militar de formaçãoda oficialidade brasileira.   Js Pessa – na França desdeantes da 1ª Grande Guerra – antecipara-se em relaçãoaos oficiais que, após 1919, receberiam o sopro darenovação trazida pela Missão Militar Francesa.

Humberto de Alencar Castello Branco interpretoucom lucidez os ensinamentos do Marechal José Pessoa

Duque de Caxias – Símbolo de grandeza do Exército Brasileiro

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Tendo servido como tenente comandante de dois pelotõesdo 4º Regimento de Dragões Franceses, um deles formado por soldados turcos, o já Capitão Js Pessa, promovido por atosde bravura e detentor da mais alta condecoração da Bélgica,

por destaque na Batalha de Flandres, retornou ao Brasil, nomesmo ano da chegada do General Mace Gameln, quechefiava a Missão Francesa.

  A interseção de suas vidas logo se revelaria quandoo general francês prefaciou o livro Os tanques na Guerra

Europeia, de autoria do capitão, o primeiro assinado por autor com experiência na guerra, de que se tem notícia, publicadono continente americano, com aspectos técnicos e táticosimportantes sobre o emprego de blindados, antes mesmo dos  textos publicados sobre o tema por Ldell Hat, a partir de1930, e por Henz Gdean, cujo primeiro livro importante

sobre blindados foi “Achtung – Panzer!”, escrito em 1936-37.Não se pode caracterizar  Js Pessa como um discípulo

ou um colaborador da Missão Francesa, ou a ela vinculado,senão por laços de amizade e respeito mútuos com seus oficiais.Mas não se pode deixar de ressaltar que a convivência e aexperiência escolar e guerreira, junto e como parte do ExércitoFrancês, marcou seu espírito e seu comportamento. Talvez, nosentido deste artigo, a principal influência possa ser identificadano plano moral, com o amadurecimento da valorizaçãohistórica do símbolo galvanizador do sentimento nacional ecastrense nas vibrações de seu espírito militar, representado, na

França, por Naple Bnapate, e, no Brasil, pelo Dqe deCaxas, símbolo da grandeza do Exército Brasileiro.

Compreende-se, em plenitude, a lógica de sua escolha,quando se observa haver sido a expressão da missão recebida– Formar oficiais para um Exército de Grandeza – muito maissensível que um Exército Poderoso ou um Exército de Potência;na realidade, a primeira expressão integra as duas qualidades:na primeira, a grandeza espiritual tem um significado muitomais amplo e rico do que a da grandeza material. Traduz a força de valores morais e éticos, favorece a coesão, fortaleceo combatente ante o sacrifício, amplia a vibração de seu

espírito militar, alimenta-lhe a alma com inesgotável sentimento

nacional, torna-o respeitado e apoiado por seus concidadãos.Nesse sentido, essa interpretação de grandeza sempre

existiu como base da vida castrense brasileira e sempre existirá.Os “Jovens Turcos” e a “Missão Indígena” foram exemplos que

contribuíram para o fortalecimento profissional de naturezadiferenciada em relação à dos franceses, mas igualmenteimportantes em suas características e limites.

Porém o período que antecedera à Revolução de 1930,considerando-se o fracasso de Canudos, a sucessão de sediçõese rompimentos da ordem, desde a primeira década do século XX (1910, 1922,1923,1924, 1926 a 1928, e a Coluna MiguelCosta-Prestes), em meio a movimentos políticos civis deconfronto à realidade da Primeira República, representaram ummomento histórico em que se tornara necessário valorizar oselos disciplinares e de sentimento militar.

O projeto renovador de   Js Pessa inseriu-se nessequadro, e o mergulho profundo a que se dedicou, resultou noque de melhor se poderia esperar:

– a renovação material da Escola Militar do Realengo,entre 1931 e 1934, aprimorando condições de dignidade aos“alumnos”, novamente denominados, até nossos dias, comoCadetes, tudo como base do grande projeto;

– o fortalecimento do espírito militar – com a colaboraçãodos Capitães Má Tavasss, Alexande Chaves, Hmbetde Alenca Castell Banc, gerando um conjunto de valoresque persistem há quase oito décadas, conformando inegável

 tradição, com :– a Criação do Corpo de Cadetes e do Estandarte –

“Terreno em que a poderosa semente, pequena como a nozdo carvalho, terá de germinar, despontar, e enraizar-se” –Marechal Js Pessa Cavalcant de Albqeqe.

– o Espadim do Cadete – “Reprodução da espada gloriosa(do Duque de Caxias) de cujo aço se forjaram os elos da uniãonacional”. – Marechal Js Pessa Cavalcant de Albqeqe .

– os uniformes históricos – “Esse programa formou aideia da criação de um tipo de fardamento definitivo para oCadete, até então, envergando uniformes inexpressivos, que

nada diziam com o histórico da nossa indumentária militar”.

Escola Militar do Realengo, renovada e aprimoradadurante o comando do Coronel José Pessoa

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14 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito14 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

Marechal Js Pessa Cavalcant de Albqeqe.– o Brasão do Cadete – “Assim é que, fácil e

rapidamente, a mentalidade do Corpo de Cadetesassimilará as forças psicológicas que se encontramcondensadas no brasão. Eis porque é de se esperar que,em curto prazo, a nova entidade que deve ser o Corpode Cadetes manifeste-se amplamente no cenário das

atividades do Exército, e, consequentemente, daNação”. – Capitão Má Tavasss.– o novo Regulamento – “Fazer-se obedecer 

requer domínio de outrem, o que, por sua vez, exige

domínio de si mesmo.” Marechal   Js Pessa Cavalcant de Albqeqe.

– a revalorização do título de Cadete – “O Marechal  JsPessa conciliou na República a tradição de 132 anos, ligadaao posto de Cadete, no que este encerrava de padrão moral

e distinção nas sociedades colonial e pós-imperial brasileira”.

HirAM CâMArA Coronel R/1 – Turma Duque de Caxias (1962)

Membro Efetivo da Academia de História Militar Terrestre

Coronel Clád Mea Bent – Presidente da Academia deHistória Militar Terrestre do Brasil.

Todos, consubstanciando o sentido “da nova Escola que vamos construir”.

 Vivida essa fase, o General deixou o Comando da EscolaMilitar do Realengo em 1934, revestida com um novo espíritoe com um plano completo de construção da nova Escola, com

plantas do Arquiteto ral Penna Fme. Jamais perderia o contatocom seu ideal. E, embora em outras missões, particularmente voltadas para a Artilharia de Costa e para a Inspetoria de Cavalaria,que ocupou por muito anos, jamais se afastaria do ideal da “novaescola que vamos construir”. Em 1938, as sombrias perspectivasde guerra na Europa criaram as condições concretas para aconstrução da Escola Militar em Resende. De fora da Comissão –declinara do convite para participar da Comissão de Construção– sugeria, propunha, alertava. Em 1944, a nova construção abriuseu Portão Monumental, pela primeira vez, para os Cadetes doRealengo, sob o Comando do antigo Capitão Má Tavasss,

que tanto apoiara o General Js Pessa, em Realengo.Persevera   Js Pessa, entretanto, em duas frentesprincipais: a construção do Panthéon de Caxias, previsto noplano da Academia, “lugar de honra, à direita de quem entrana Escola, isolado em local de plena quietude e voltado para as Agulhas Negras, fecho de ouro de toda essa série de magníficasconstruções da Escola Militar”, não concretizado até hoje, apesar dos esforços de diversos de seus sucessores; e na defesa donome consagrador da majestade orográfica do Pico das AgulhasNegras, com todo o significado de fortaleza moral que lheimprimira o geopolítico General Má Tavasss, desde Capitão

sob o comando do então General Js Pessa, no Realengo; umdebate que durou até 1951, quando, novamente, o PresidenteGetúl Vagas, em seu retorno ao governo, rebatizou a Escola,consolidando o sonho realizado do Marechal   Js Pessa, jána Reserva, desde 1949, com o nome que lhe emprestara oprojeto inicial de 1931: Academia Militar das Agulhas Negras.

Um prêmio, ainda em vida, que pode vir a ser complementado, meio século depois de seu passamento,com a construção do Panthéon, de acordo com o planooriginal da Academia, e o traslado dos restos do Patronoe sua esposa, Dra.   Ana Lza, acrescido do traslado

do Marechal   Js Pessa e de sua esposa Dra. BlancheMay , para repousarem guardados por seus Cadetes, comoúltimo e justo reconhecimento ao invulgar Chefe Militar brasileiro, que trouxe ao estamento de defesa terrestre aenergia espiritual consolidadora de um projeto com a forçamoral, ética e histórica do Marechal de Campo Lís Alvesde Lma e Slva, Duque de Caxias, Patrono de umExército de Grandeza.

Coronel Mário Travassos entrega a chave ao primeiro claviculário da Escola Militar de Resende

Instrução de manejo do armamento pelos novos Cadetes

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   1   9   4   5

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As Escolas Militares e osvalores da profissão militar

 Ao longo da história, o ExércitoBrasileiro vem contribuindo para

a formação da nacionalidadebrasileira, ao forjar homens,

moral e intelectualmente,impregnados de sentimentos de

bravura e de patriotismo.Por meio dos seus Estabelecimentosde Ensino, prepara os seus recursoshumanos – altamente qualificados,

treinados, motivados e bemequipados –, que são a parcela mais

importante do Exército.

C om a chegada do Príncipe Regente D. J esua Corte ao Brasil, em 1808, foi criada, por intermédio da Carta Régia de 4 de dezembro de

1810, a Academia Real Militar, raiz histórica da AcademiaMilitar das Agulhas Negras (AMAN).

Sua instalação no Rio de Janeiro, na Casa do Trem, atualMuseu Histórico Nacional, ocorreu a 23 de abril de 1811, dataconsiderada como do aniversário da AMAN.

Em 1812, a Academia teve sua sede transferida para um

edifício do largo de São Francisco, onde atualmente funciona aEscola de Engenharia.

  Após a Proclamação da Independência do Brasil, a Academia passou a denominar-se Imperial Academia Militar, até1832, quando teve seu nome modificado para Academia Militar da Corte.

Em 1839, passou a ser denominada Escola Militar e, coma reformulação do ensino, foi introduzido o grau de Doutor Bacharel em Ciências Físicas e Matemáticas para os alunos querealizassem o curso completo.

Em 1855, foi criada a Escola de Aplicações, com sede na

Fortaleza de São João, no Rio de Janeiro, anexando ainda os

Casa do Trem – quadro de Newton Coutinho

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16 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito16 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

 terrenos de uma chácara vizinha, no bairro da Urca.  A partir de 1858, a Escola Militar passou a ser 

chamada de Escola Central, permanecendo sua sedeno largo de São Francisco. Paralelamente, a Escolade Aplicações teve seu nome modificado paraEscola Militar e de Aplicações, sendo instaladana Praia Vermelha.

Em 1898, a Escola Militar e de Aplicaçõesda Praia Vermelha passou a denominar-se EscolaMilitar do Brasil.

Em 1905, fruto das lições aprendidas naCampanha de Canudos, o ensino foi reformulado,

sendo substituído o título de doutor pelo de aspirante aoficial. Foram então criadas a Escola de Guerra, em Porto

 Alegre, a Escola de Aplicações de Infantaria e de Cavalaria,em Rio Pardo, e as Escolas de Artilharia e Engenharia e de

 Aplicações de Artilharia e Engenharia, no Realengo.Em consequência dos ensinamentos colhidos após a

Primeira Guerra Mundial, em 1918, o ensino foi unificado naEscola Militar do Realengo.Em 1931, foi idealizada a transferência da sede da Escola

Militar do Realengo para Resende, buscando maior espaço  físico e melhor localização geoestratégica. Assim, iniciou-se aconstrução da nova Escola Militar em Resende em 1938.

Em 1944, foi criada a Escola Militar de Resende e declaradaextinta a Escola Militar do Realengo.

Em 23 de abril de 1952, foi assinado um decreto que transformou a Escola Militar de Resende em Academia Militar das Agulhas Negras.

Hoje a Academia recebe candidatos selecionadospor meio de concurso público, por intermédio da EscolaPreparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), localizada nacidade de Campinas (SP).

 Ao ingressar na AMAN, o aluno da EsPCEx, na condição depraça especial, recebe o título de Cadete, posição hierárquicasituada entre o subtenente e o aspirante a oficial.

  A AMAN é um estabelecimento de ensino de nívelsuperior, cuja principal missão é formar os oficiais da linha deensino militar bélico do Exército Brasileiro. Para isso, desenvolveatividades educacionais de nível superior, orientadas por 

currículos e métodos reconhecidos pelas leis de ensino do País.Sua grade curricular inclui disciplinas ligadas às Ciências

Humanas, Exatas e outras eminentemente militares, queconstituem as Ciências Militares, uma das especialidadesreconhecidas por parecer da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação. Ao final do curso, oconcludente é declarado aspirante a oficial e recebe o grau debacharel em Ciências Militares.

  Ao longo do Curso, o Cadete também participa dediversas atividades comuns, consideradas fundamentaisao aprimoramento da personalidade militar. Dentre estas,

podem ser citadas:

Escola Central – quadro de Newton Coutinho

Escola Militar e de Aplicações da Praia Vermelhaquadro de Newton Coutinho

Escola de Guerra de Porto Alegre – quadro de Newton Coutinho

Escola Militar do Realengo – quadro de Newton Coutinho

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17  – a no xxxix – nº 209 – eSpeCial – J an /Fev  /m ar 2011

– o Treinamento Físico Militar, planejado e conduzido pelaSeção de Educação Física, promovendo o condicionamentonecessário à melhoria do desempenho nos exercícios emcampanha;

– a Olimpíada Acadêmica, realizada durante uma semanade intensas atividades esportivas, envolvendo as diferentes re-presentações dos Cursos, proporcionando uma saudável con-  fraternização, no mais autêntico

espírito olímpico;– as instruções de tiro de fu-zil e pistola, ministradas nas mo-dernas e funcionais instalaçõesda Seção de Tiro, visando aoadestramento nessa que é umadas mais importantes atividadesmilitares;

– os diversos estágios deinstrução especial, ministradospela Seção de Instrução Especial (SIEsp), possibilitando ao

Cadete enfrentar desafios em novas missões, com emprego de técnicas especiais, em ritmo de operações continuadas, pressãopsicológica controlada e a máxima imitação do combate;

– a prática equestre, realizada pela Seção de Equitação,que tem como principal objetivo estimular a iniciativa, a decisãoe a coragem, atributos considerados indispensáveis à atividadedo combate;

– a Manobra Escolar, exercício de campanha desenvolvidoao término de cada ano letivo, no qual as Armas realizam

missões de forma integrada, propiciando ao Cadete as melhorescondições para o desempenho das funções de comando;

– os Serviços de Escala, permitindo ao Cadetedesempenhar tarefas de comando, fazendo-o conhecer, emprofundidade, o serviço dos subordinados;

– a participação em diferentes clubes, agremiaçõese grupos religiosos, propiciando atividades extraclasse de

entretenimento e de lazer, contribuindo para um maior convívio social e espiritual dos Cadetes com a comunidade civile militar, especialmente por ocasião da Páscoa Acadêmica;

– o projeto interdisciplinar, permitindo ao Cadetededicar-se a um projeto de pesquisa, elaborar uma monografiae realizar um exercício prático para desenvolvimentoda liderança; e

– a participação em atividades que estimulem o trabalhoem equipe e o desempenho do grupo estão presentesno processo ensino-aprendizagem. As formaturas diárias,

concursos de ordem unida,

provas e testes em equipe e emgrupo são constantes ao longodo ano letivo.

Em 1988, impulsionadapela projeção do Exército parao século XXI, a AMAN sofreumudança organizacional e suasinstalações foram ampliadas,conservando, entretanto, suaslinhas arquitetônicas originais.

Os valores cultuados no Exército Brasileiro forjam os

comportamentos e as atitudes do Cadete das Agulhas Negras,estimulando-o a desenvolver as virtudes militares, práticasconstantemente vivenciadas no dia a dia acadêmico.

  A AMAN dedica especial atenção e cuidado com a  formação moral e cívico-profissional dos Cadetes, paraentregar ao Exército oficiais íntegros, convictos da necessidadede possuírem honra, honestidade, respeito, lealdade, senso de justiça, disciplina, patriotismo e camaradagem. Devem, ainda, ter capacidade para cooperar no desenvolvimento do espírito

O Cadete no Treinamento Físico Militar

Estágio de Instrução Especial

Posse do Conselho de Honra da AMAN

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18 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito18 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

de corpo das Unidades aonde forem servir.Se o esforço dedicado pela Academia para conduzir os

Cadetes à aquisição de competência profissional e à aceitação

de valores é vital para a formação dos futuros oficiais, nãomenos importantes são as ações executadas para nelesdesenvolver, de forma sistemática, atributos que lhes facilitarãoestabelecer sólidos laços de liderança com os integrantesdos grupos militares que comandarão. Desses atributos,destacam-se: a adaptabilidade, a autoconfiança, a coerência, acooperação, a coragem, a criatividade, a decisão, a dedicação,o entusiasmo, o equilíbrio emocional, a iniciativa, a persistênciae a responsabilidade.

  A AMAN, como estabelecimento de ensino superior 

militar, é herdeira da tradição bicentenária na formação dooficial subalterno e do capitão não aperfeiçoado e, com osolhos postos no futuro, inicia a formação do chefe militar.

Durante esse largo período, perpassando as mudançasque transformaram a história do mundo, do País e dos diversoslugares por onde passou, a Academia Militar permaneceuimutável na forja dos valores cultuados pelo Exército Brasileiro.

  A AMAN continua sendo uma Escola de Formação deLíderes por excelência.

  Assim, como no passado, busca desenvolver, em seusCadetes, níveis de desempenho operacional eficientes emodernos, aliados aos valores tão caros à Instituição. A profundapreocupação com a formação do líder e com os instrumentosutilizados nesse desafio consubstancia o reconhecimento ao

Marechal  Js Pessa, pelo tesouro que legou ao ensino daForça Terrestre, representado no Cadete de Agulhas Negras.

Impulsionada pela projeção do Exército no século XXI,desenvolve mudanças organizacionais, melhorias em suasinstalações e avanços no ensino, conservando, entretanto,seus valores originais, coerentemente com o legado de seuidealizador.

Esse amadurecimento bicentenário permite que o futurooficial do Exército Brasileiro sintetize os valores transmitidospelas Escolas Militares de todos os tempos e está substanciadono código de honra do Cadete: “Ser Cadete é cultuar a

Lealdade, a Verdade, a Probidade e a Responsabilidade”.Desfile dos Cadetes em Paris no ano de 2005

18 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

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a general. Seu nome está para sempre associado à

história do ensino militar do Brasil, como o idealizador da criação da Academia Militar das Agulh as Negras.

Dada a sua excepcional importância como artí  fice dessamudança, torna-se adequado referir os traços gerais daintenção desse extraordinário pioneiro. Em sua primeiraordem do dia, datada de 15 de janeiro de 1931, expõe,assim, as linhas gerais do projeto que pretende realizar:

“Reuni a necessária documentação para fundamentar aremodelação integral por que passará a Escola Militar: West

O propósito primordial do Marechal JoséPessoa de Albuquerque ao escolher o local

 para a nova sede da Escola Militar era,como expressou: “Retirar a mocidadedo contato das agitações políticas e dascondições altamente prejudiciais dos

  grandes centros, para deixá-la assistidade mestres dedicados e em um meio

tranquilo, de recursos abundantes parao seu trabalho, toda ela devotada aoúnico objetivo de sua perfeita e inte gral

 preparação profissional.”

r epresentante do idealismo que inspirou arevolução de 24 de outubro de 1930, assume ocomando da Escola Militar do Realengo, nos

primeiros dias de 1931,   Js Pessa Cavalcant de

 Albqeqe, então coronel e, logo depois, promovido Cadetes na Escola Militar do Realengo

Foto: Luiz Carlos Ramirez

Idealizaçãoda Academia Militardas Agulhas Negras

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20 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCitoCentro de ComuniCação SoCial do e xérCito20

Point, Saint-Cyr, Sandhurst serão os moldes de ondesairão as linhas gerais, reforma dos processos de vossa formação militar (...). A formação do oficial

brasileiro, em seu primeiro lance na Escola Militar, terá como base a educação física, como meio, acultura geral científica e, como fim, a mais rigorosapreparação profissional.”

E acrescentava um ponto essencial:“Considerar a escolha do novo local paraEscola, em que, a par de clima apropriado à vidaintensa dos alunos, se lhes assegure meio social e

condigno.”

Inspirado nos modelos francês, americano e inglês,o General   Js Pessa deu destaque à educação físicacomo base da formação. Jehvah Mtta, que foi alunoda Escola do Realengo na época, frisa que a ação do novocomandante não se voltava para a parte propriamentedidática. Dirigia-se, sim, “para a maneira do aluno viver,para a criação do ambiente que julgava indispensável àsestimulações adequadas à formação do oficial”. Tinhagrande preocupação com a limpeza do Cadete: limpezano sentido físico, moral e social. Note-se que as condições

higiênicas do Realengo eram precárias, devido à frequente falta de água.Não modifica o regulamento, senão por partes,

quando a execução de seus planos assim o exige. Cria oDepartamento de Educação Física e a “sala de armas”. Logono primeiro ano, realiza obras para tornar mais funcionais asinstalações do velho casarão do Realengo, que continuavamextremamente deficientes. Refeitórios, dormitórios,banheiros e biblioteca são melhorados.

Pouco mais de um mês depois de assumir o comandoda Escola Militar do Realengo,   Js Pessa já estava

ativamente empenhado na busca de um local para a novasede que tinha em vista.

 A mudança para “fora do âmbito tumultuado da nossametrópole” era uma das duas condições que havia impostopara aceitar aquele comando. A outra: não terem asautoridades interferência em sua ação nesse sentido.

Como presidente da Comissão Executiva para aConstrução da Nova Escola Militar, sai à procura de local.Em fevereiro de 1931, em um domingo, um acidente deautomóvel o detém a caminho de São Paulo. Aproveita parauma visita ao município de Resende. E é então que se fixa,

pela primeira vez, no majestoso maciço de Itatiaia, onde sedestacam, soberbas, as Agulhas Negras.

Em setembro de 1931, depois de percorrer outrasregiões dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e MinasGerais, volta a Resende, acompanhado de uma comitiva deoficiais e do arquiteto ral Penna Fme, que, vencendouma concorrência, seria encarregado de projetar e construir o novo edifício. Confirma-se a sua ideia de que aquele é osítio ideal.

 João BArBoSA DA SiLVA Capitão QCO – Professor de História Militar da

 Academia Militar das Agulhas Negras

Biblioteca da Escola Militar do Realengo – 1937

Refeitório da Escola Militar do Realengo – 1937

 AMAN e o maciço de Itatiaia, onde se destacam as Agulhas Negras

 Maquete do Conjunto Principal

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o  famoso monumento em homenagem ao Tenenteda Força Expedicionária Brasileira (FEB), erguidoà entrada da Academia Militar das Agulhas Negras

(AMAN), foi inaugurado em 1951. O Cadete de Infantaria

 Amay Sá Fee de Lma, declarado aspirante a oficialnaquele ano, foi quem posou para o construtor da magníficaobra. Em artigo escrito em 2001, alusivo aos cinquentaanos da “Turma Academia Militar das Agulhas Negras”,declarou o saudoso General de Divisão Cals de MeaMatts, Herói da FEB e Ex-Instrutor Chefe do Curso deInfantaria: “Foi uma Turma que soube dignificar o Exército.Deixou na AMAN, por sua iniciativa, um símbolo de bronzee mármore imorredouro, o “Monumento de Homenagemdo Tenente das Agulhas Negras ao Tenente do Realengoque morreu na FEB”. O Cadete que posou para o arquiteto

deste monumento, “em atitude de avanço, uniforme decombate, fuzil para o alto, olhar enérgico”, lembram-sequem foi? O Amay , que ali ficou na AMAN, perpetuadono bronze da História, lembrando vocês todos da Turmade 1951. O Monumento foi const ruído na oficina da Casada Moeda, graças à influência do Má Csa (que atingiuo Generalato), cujo pai era Diretor.”

O hoje General de Divisão Reformado Amay Sá Feede Lma reside em Belo Horizonte (MG).

MANoEL SoriANo NETo

Historiador Militar 

Monumentoao TenenteExpedicionário

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22 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito22 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

A Escolha do Novo Local

Em setembro de 1931, depois de percorrer outras regiões do Estado

do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, o General José Pessoavoltou a Resende, acompanhado de uma comitiva de oficiais e doarquiteto Raul Penna Firme, que, vencendo uma concorrência, foiencarregado de projetar e construir o novo edifício. Confirma-se asua ideia de que aquele é o sítio ideal. Com as belas palavras que

se seguem, justificou sua escolha: “O local assinala a convergêncialimítrofe de três dos maiores Estados da Federação e designa o trato

mais elevado das terras brasileiras e de toda a América, fora dos Andes. Ali, numa grande extensão da rocha enegrecida do maciço deItatiaia, o trabalho erosivo das águas sulcou profundamente o flancoda montanha, semelhando o caprichoso aspecto de longas agulhas,cujas pontas se dirigem para o firmamento. Vendo e considerando o

simbolismo natural desse motivo geográfico, pensamos em ligá-lo aodestino das futuras gerações do Exército.”

22 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

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N a escolha do novo local para a construção daatual Academia Militar, outras circunstâncias,mais precisas, foram levadas em conta:

• condições morfológicas, que permitissem o treina-mento técnico-profissional com o máximo de variedade e se-gurança, particularmente quanto ao emprego do tiro de todasas armas;

• condições climáticas que, por si mesmas, asseguras-sem espontânea recuperação das energias consumidas pelosCadetes em suas atividades, tanto físicas como intelectuais;

• um meio social estável, não muito populoso e que não

 fosse centro de debates e decisões políticas, mas dotado deuma infraestrutura adequada a abrigar uma instituição de ensi-no com um corpo docente e discente de considerável porte;

• rede hidrográfica dotada de grandes e pequenos cur -sos d’água, adequados ao abastecimento da escola e familia-rização dos futuros oficiais com todos os problemas que, nos  teatros de operações, reais ou de treinamento, frequente-

mente se apresentam à tropa;• proximidade relativa de um porto de mar, para facilitar 

grandes manobras da Força Terrestre com a Esquadra.Getúl Vagas aprovou a escolha e, pela primeira vez,

esteve em Resende, em 11 de outubro de 1931, numa visitasurpresa, acompanhado pelos Ministros da Guerra, GeneralLete de Cast, e da Viação, Js Amc de Almeda. OGeneral Js Pessa explicitou a seguir sua decisão, nestes termos:

“Opinei pelos terrenos da fazenda do Castelo, a cavaleirodo Paraíba e da cidade de Resende, onde se encerra em vastos

 terrenos de topografia variada, propícios à aplicação de todasas armas, apresentando também o subsolo seco e os camposdrenados e afastados de qualquer perigo das enchentes doscursos d’água circunvizinhos.”

 A obra, como não podia deixar de ser, teria um custoelevado: cerca de 600.000 contos de réis. Surgiram óbices  financeiros, que, segundo o Ministro da Guerra, poderiamretardar a construção. E ocorre a Revolução Constitucionalistaque subleva São Paulo contra o governo de Getúl Vagas,de 9 de julho a 1º de outubro de 1932, conturbando a vida doPaís. O Ministro da Fazenda, osvald Aanha, toma medidas

para enfrentar a grave crise econômica.Havia também problemas de preparo do terreno e

  terraplenagem, que encareciam a obra, segundo parecer da Diretoria de Engenharia. Chegou-se a ter em vista sua  transferência para Petrópolis, num terreno doado, onde foram feitos trabalhos preliminares de levantamento, deixando frustrado o General Js Pessa.

Em meados de 1933, melhoram as perspectivas, poiso Ministro da Fazenda informa que seriam destinadas verbasanuais à edificação da nova Escola Militar em Resende. Olançamento da pedra fundamental é então marcado para

28 de outubro, como coroamento do final das manobras

Exercício de Tiro do Curso de Artilharia

Tiro de Morteiro 120 mm

Condições ideais para instruções

Preparação para o exercício no terreno – Manobrão

23  – a no xxxix – nº 209 – eSpeCial – J an /Fev  /m ar 2011

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de fim de ano. Fazem-se os preparativos para uma grandesolenidade festiva.

Mas eis que, à última hora, o General   Js Pessa recebeu o seguinte telegrama do Ministro da Guerra, General Agst inác d Espít Sant Cads:

“Não existindo até agora nenhum ato oficial sobre a futura  Academia Militar, lembro prezado camarada não convémlançamento pedra fundamental, o que deverá ser adiado paraoutra oportunidade. Cordiais saudações. General EspítSant Cads, Ministro da Guerra.”

 A explicação da medida foi dada em extenso telegrama dochefe da Casa Militar, General Pantale Pessa. Rendendohomenagem aos esforços de   Js Pessa, exortava-o a

aguardar “até que um sopro de mentalidade nova bafeje oExército inteiro, a fim de que o Cadete não sinta o contrasteentre os meios materiais de sua formação e aqueles com osquais deve exercitar sua profissão.”

Isso significava, contrariamente à concepção do General

 Js Pessa, que seria inconveniente formar o futuro oficialnum ambiente dotado de todos os recursos, e até derequintes, contrastando com as deficiências da maioria dasUnidades onde iria servir, muitas delas perdidas em distantese pobres rincões do nosso vasto país.

De qualquer modo, o telegrama do Ministro da Guerra,cancelando a inauguração, causou um forte impacto. Tudoestava preparado para a festa; foi preciso pedir desculpas à

Resende proporciona ao Cadete um meio social estável

24 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

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população de Resende e aos convidados que já iam chegando.Naquela noite – segundo contaria mais tarde o arquiteto

Penna Fme – o General   Js Pessa, profundamenteemocionado e sem qualquer caráter de desafio, longe de seuscomandados, plantou ao lado da sede da fazenda do Castelo

uma lasca de rocha das Agulhas Negras, de cerca de 50 por 60 centímetros. Era, sem alarde, o lançamento da primeirapedra fundamental da nova Escola Militar.

 Js Pessa pediu demissão do comando da Escola, maso pedido não foi aceito. Só em março de 1934 deixaria ocargo.

 A ideia de mudança permaneceu “congelada” até 1937.Quando ressurge, já não enfrenta mais obstáculos burocráticos.

Está implantado o regime do Estado Novo, que concentra nasmãos de Getúl Vagas uma enorme soma de poderes. Noplano mundial, as perspectivas são inquietantes. A Alemanharearma-se, acumulam-se as nuvens prenunciadoras de umanova guerra mundial. Tais fatores fazem renascer a ideia da

construção da Escola Militar em Resende. Js Pessa é convidado para superintender e orientar 

o projeto, mas recusa. Alega ser “demasiado complexa aorganização dos trabalhos”, que implicaria muita divisão deresponsabilidades, não podendo ele “envolver diretamentesua autoridade e responsabilidade no meio de tantas opiniões”. Ainda estava, de fato, ressentido com a campanha contra o seuprojeto pelos que consideravam “um desperdício” gastar tanto

 A rodovia Rio-São Paulo proporciona uma saída para o mar

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26 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito26 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

 João BArBoSA DA SiLVA Cap QCO – Professor de História Militar da

 Academia Militar das Agulhas Negras

dinheiro com a construção de um palácio, quando havia“um Exército sem artilharia e outros recursos elementares”.

Em fins de 1937, por determinação do Ministro daGuerra, é retomada a ideia da construção da nova escola,

com base nos projetos e nas plantas arquivadas em 1934.

 A comissão criada para a escolha do local elege Resende. OHorto Florestal e a Chácara das Sementes são consideradosas áreas mais interessantes, com base nas mesmascondições gerais estabelecidas anteriormente: bom clima,existência de curso d’água; extensão aproximada de 20quilômetros e frente de cinco quilômetros; proximidadeda Capital do País, porém fora da cidade; facilidade de

comunicações. Em princípio, os limites da área da novaescola ficam assim estabelecidos: ao norte e nordeste, aserra da Mantiqueira, com as Agulhas Negras; a oeste, apovoação de Campo Belo (Itatiaia); ao sul, o rio Paraíba; aleste, o arroio Pirapitinga.

Decidida a escolha de Resende, criou-se, em 4 de maiode 1938, a Comissão Construtora da Escola Militar, sob achefia do Tenente-Coronel Waldm Peea da Cnha.Em janeiro de 1940, substituiu-a a Comissão Especial deObras de Piquete e Resende, chefiada pelo General deBrigada Lz Sá de Affnseca. Desde o início dos trabalhos

de construção da nova Escola Militar, o empreendimentocontou com a cooperação dos oficiais: Tenente-CoronelEípdes T. Sepa, Major Glbet Mtnh ds res eCapitão oyama Clak Lete.

No dia 29 de junho de 1938, é batida a primeira estaca,marcando o início da edificação do conjunto arquitetônicoda nova Escola Militar do Brasil, a Academia Militar das Agulhas Negras.

Exercício de tiro noturno

Desembarque aeromóvel

Exercício de progressão em terreno montanhoso

   F  o

   t  o  :

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28 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito28 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

 A vinda da Escola Militarpara Resende

Não é fácil, hoje, imaginar as dificuldadesque tiveram de ser vencidas pelaComissão de Obras para construir a

nova Escola Militar de Resende. O melhor, para se tomar pulso da situação, seria começar lendo umaobra pouco citada de Mnte Lbat: Cidades

Mortas. Para escrevê-la, Js Bent MnteLbat aproveitou os anos iniciais do século XX,

quando começava sua carreira jurídica como promotor em Areias (SP). Com sua invulgar aptidão para captar arealidade cotidiana, obteve ele notáveis quadros vivos

do dia a dia de uma cidade pequena do Vale do Paraíbahá cerca de 100 anos.Embora, em toda a sua obra, ele jamais se refira a

Resende – que naquela época erradamente se grafava comZ – a descrição da monotonia, da ausência completa denovidades, um dia igualzinho ao precedente e ao seguinte,no mesmo ramerrão – uma pesquisa muito simples revelaque, salvo os nomes próprios, as cenas e os cenários eramiguais, seja em Queluz, seja em São José do Barreiro, seja emBananal, seja em Resende. Enfim, em todo o médio Vale doParaíba de então.

O reinado do café, aqui iniciado nos primórdios doséculo XIX, chegando ao auge por volta da década de1840, havia exaurido as terras e quase nada deixara como

marca de sua passagem, a não ser “pastos ensapezados eensamambaiados, velhos e esqueléticos casarões coloniais enada mais”. E seguira, ávido de terras férteis e virgens, rumoao oeste paulista.

Mas não servira nem mesmo para abrir estradas, tantoque a Rio-São Paulo da década de 1940 era a mesma pelaqual passara D. Ped, em 1822, na viagem que culminoucom a Proclamação da Independência. Getúl Vagas e suacomitiva, quando aqui estiveram, em 1938, para o lançamentoda pedra fundamental do Conjunto Principal, tiveram que vir por Barra Mansa, Bananal e Formoso, numa viagem de

mais de oito horas, por um caminho pouco mais do quecarroçável. A notícia da Proclamação da Independência levou48 horas para chegar a Resende, pelo correio a cavalo. A da Abolição da Escravatura arribou no dia seguinte, porque jáexistia o telégrafo da Estrada de Ferro Dom Ped ii. A atualrodovia Presidente Dutra só viria a ser inaugurada em 1952,14 anos mais tarde.

Há que se levar em conta que, em 1944, pouco antesda chegada dos primeiros Cadetes, que viriam ocupar as instalações ainda em final de obras, havia, em Resende,apenas 15 automóveis de passeio em todo o município, que

incluía a imensidão de terras desde Engenheiro Passos atéBarra Mansa. Nesse território, contavam-se 97 caminhões,43 charretes, 51 carroças, 4 ônibus, uma ambulância militar,

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do Sanatório Militar de Itatiaia (atual Centro GerontológicoSargento Max Wlff ).

 A vida social da cidade resumia-se aos bailes no CentroCultural Recreativo Resendense (CCRR), às sessões de

cinema no Cine-Teatro Central, na Praça Oliveira Botelho,e à chegada do “expressinho”, o trem de passageiros vindodo Rio de Janeiro, que atraía a mocidade namoradeira e aspessoas interessadas em adquirir os jornais com as últimasnotícias da Capital Federal, do País e do mundo. Por essesmotivos, a plataforma da estação ferroviária ficava pequenapara tanta gente, no horário matinal do trem, especialmentenas manhãs domingueiras. Foi em um trem, exatamente emmarço de 1944, que chegaram os quase 600 Cadetes queinaugurariam a nova Escola Militar. Resende nunca mais seriaa mesma.

  Antes ainda da conclusão das obras da Escola Militar,o Prefeito de Resende resolveu nomear uma comissãoencarregada da modernização da cidade. Dela faziam parte  vários oficiais engenheiros e planejadores da Comissão deObras da Escola Militar de Resende. Sua missão inicial foiempreender a reconstrução da Matriz de Nossa Senhora daConceição, quase totalmente consumida por um incêndioem 1945. Monsenhor  Sandp, vigário da Matriz, tevenessa Comissão o principal apoio para que, em dois anos,pudesse reerguê-la e nela rezar Missa de Ação de Graças dereinauguração em 1947.

Os planejamentos dessa Comissão foram detalhados e

amplos. A atual Avenida Saturnino Braga – que liga o túnel da AMAN à residência do Comandante da AMAN – por exemplo, foi traçada naquela época. Outro item desse plano incluía umporto fluvial no rio Paraíba, baseado na tradição histórica do

 trânsito de barcaças pelo rio, entre Santana dos Tocos e Barrado Piraí, muito utilizado entre as décadas de 1850 e 1870,para levar o café desse trecho do Vale do Paraíba ao porto doRio de Janeiro, com grande economia de frete e de tempo.Resende deixava de ser uma “cidade morta”.

 A vinda da Banda de Música da Escola Militar para cá,além de abrilhantar os eventos civis e militares maiores, criouuma tradição muito grata a todos os que foram Cadetes, bemcomo aos mais sensíveis corações resendenses: no coretoda Praça Oliveira Botelho, todos os sábados, ao anoitecer,

Primeiros Cadetes que vieram do Realengoajudar na instalação da Escola

Cerimônia de Entrada pelo Portão Monumental – Cadetes do 1º ano

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30 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito30 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

espalhavam-se, por entre as copas das árvores, osacordes inesquecíveis das retretas da Banda Sinfônica. A velha praça regurgitava de jovens, moças, rapazes,civis e militares, aguardando que tocasse a campainhaavisando que teria início a sessão de cinema do Cine--Teatro Central. Ao som das canções executadascom maestria, pela Banda de Música... Quem viveu

aqueles tempos dourados jamais os esquecerá. Anos verdadeiramente dourados...Uma das atividades que mais se desenvolveu

na cidade, com a vinda da Escola Militar, foi o ensi-no. A Escola dispunha de um notável corpo docente

 formado por concurso público de provas e títulos. Es-ses professores, aqui chegados, foram autorizados pelo

Comandante da Escola Militar, General Sza Dantas, alecionar também nos colégios civis. Com isso, a qualidade

do ensino melhorou tan- to que os alunos, ao ter-

minarem o curso médio,saíam do Colégio DomBosco e do Santa Ângela,para prestar vestibular nas faculdades de São Paulo edo Rio de Janeiro, sem ter de cursar “os prepa-ratórios”, como então senomeavam os cursinhospré-vestibulares. E eramaprovados. Aliás, muitos

deles prestaram concur-so diretamente para aEscola Militar, conformepermitia o Regulamentoda época, foram aprovados e tornaram-se brilhantes oficiaisdo Exército Brasileiro. Há ainda inúmeros remanescentes vi- vos, em Resende, das muitas gerações que, nos colégios ci- vis, foram educados por professores militares. Esse é um dosaspectos que criaram melhores elos de amizade e respeito,nesta cidade, entre civis e militares.

Quando o café perdeu realmente a relevância no

orçamento resendense, houve mais uma migração demineiros, provenientes de lugares do alto da Serra daMantiqueira, que adquiriram as terras a preço baixo e aquiiniciaram a pecuária com gado de leite. Assim, Resendeproduziu, em 1944, mais de dez milhões de litros de leite,além de açúcar, álcool e aguardente, sobretudo na AçucareiraPorto Real. Mas a cidade continuava a marcar passo em seudesenvolvimento.

Levantando as possibilidades de obter os materiais básicospara a grande empreitada, a Comissão Especial de Obras verificou que teria de erguer uma olaria própria, para fabricar 

os tijolos furados. Além disso, teria também de explorar uma

pedreira, cujo terreno foi adquirido de Fancsc Ftes, paranele instalar as britadeiras capazes de atender à demanda depedra britada para a enorme quantidade de concreto utilizada,não só nas construções, mas também no piso interno dospátios e arruamentos da Escola Militar.

Inegavelmente, apenas o início dos trabalhos de constru-ção, em 1938, já mudara muita coisa. Nesse período, a popu-

lação de Campos Elíseos duplicou, pelo que se depreende docenso de 1940. Pela primeira vez, desde o censo de 1874, apopulação da cidade realcançou o nível de habitantes daqueledistante censo. Sim, pois Resende, que tinha, então, cerca de23 mil habitantes, perdeu mais da metade com a Abolição daEscravatura e a migração de famílias inteiras de fazendeiros edos ex-escravos para o oeste paulista, sobretudo para Cra- vinhos e Ribeirão Preto. Agora, com a demanda enorme demão de obra, houve uma grande afluência de operários espe-

cializados, além dosmilitares e funcioná-

rios advenientes doRio de Janeiro.  À vista desses

argumentos, parece  ficar fácil entender que a transferên-cia da Escola Militar para Resende tenharepresentado um  verdadeiro ventode progresso a sa-

cudir toda a estru- tura social do antigo  vilarejo decorrenteda povoação de

Nossa Senhora da Conceição do Campo Alegre da ParaíbaNova. Problemas, que só muitos anos depois viriam à tona,como o da poluição, foram tratados com cuidados só conce-bíveis meio século mais tarde: a estação de tratamento de es-gotos, construída dentro dos mais apurados meios da época,devolvia a água ao Alambari em forma potável.

 A estação de tratamento da água obedeceu a tamanhos

parâmetros de concepção e grandeza que hoje, 60 anospassados, ainda fornece água potável para os bairros civis doParaíso, Alambari e Campos Elíseos.

Um outro aspecto que não deve ser olvidado no que tange à alta qualidade com que foi concebida a Escola Militar deResende foi o do paisagismo. Como foi levado extremamentea sério, acabou antecipando, por alguns decênios, o cuidadocom a rearborização, utilizando essências naturais desta região.Quem tiver a paciência de cotejar as árvores e arbustos dos jardins acadêmicos notará que o planejamento tocou as raiasdo detalhe, ao cuidar de que, nas cores florais, predominasse

o verde/amarelo, símbolo nacional.

Praça General Affonseca. Ao fundo, o Bosque da AMAN

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Para os Cadetes, também constituiu notável evolução.Saíram eles do Realengo, onde era fácil arrebanhá-los paraqualquer movimento político que degenerasse em levante.Se o levante tivesse êxito, tudo bem. Mas, caso contrário, apunição mais comum era, no dia do Aspirantado, mandar oCadete passar um ano como soldado em um corpo de tropada fronteira e só receber sua espada e estrela de aspirante

um ano depois. Digamos que o ambiente resendense tenhasido, através dos anos, mais propício à formação do oficial.Embora esta enorme mudança se tenha dado e passadodurante a Segunda Guerra Mundial, a formação do oficial doExército Brasileiro não sofreu solução de continuidade.

  Ainda dentro da ótica do Cadete, obviamente a novaEscola oferecia bem mais conforto. Para os licenciamentos,havia, nos primeiros anos, a previsão, pela Estrada de FerroCentral do Brasil, de composições ferroviárias especiais, parao Rio de Janeiro e, algumas vezes, para São Paulo. Já emmeados da década de 1950, chegou a hora e vez dos ônibus

especiais. Hoje, nos grandes licenciamentos e nas férias, aSociedade Acadêmica Militar freta ônibus para o extremo sule para o nordeste. Sinal dos tempos...

 A Casa do Laranjeira ganhou foros de órgão oficial doCorpo de Cadetes, já no final da década de 1950. O Cadete  tinha, desde 1944, entrada franca no CCRR, e esses fatoselevaram cada vez mais o seu status social.

 Ao fim e ao cabo, Resende passou a representar a cidadedos Cadetes. Em contrapartida, os aspirantes a oficial aqui  formados levam, carinhosamente, o nome de Resende a todos os recantos deste país-continente.

 As relações entre as famílias dos militares provenientes

do Realengo e as famílias resendenses sempre, desde oinício, foram extremamente cordiais. De idêntica forma,

com os Cadetes. Nestes 60 anos de convivência, forammuitos os casamentos de oficiais egressos da Academia commoças das famílias de Resende. Obviamente, para tal, muitoconcorreram as olimpíadas, as competições, as festas das Armas, a Entrega de Espadins e a de Espadas e respectivosbailes. Desde sua chegada à cidade, o relacionamentoentre os Cadetes e as famílias locais foi marcado pelasimpatia e pelo bom acolhimento, marcas registradas dopovo resendense desde os recuados tempos de Sm daCnha Gag, quando estas plagas tinham designação longae poética: Nossa Senhora da Conceição do Campo Alegre

da Paraíba Nova.

 A senhora mais idosa de Resende faz a entrega doEstandarte da Escola Militar oferecido pela população civil da cidade

Banda de Música da AMAN

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32 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito32 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

Segundo o Marechal José Pessoa:

“... A formação do Oficial brasileiro

 terá como base a educação

 física, como meio, a cultura geral

e científica e, como fim, a mais

rigorosa preparação profissional.”

“... o Cadete deveria primar pela

limpeza no sentido físico, moral e

social.”

 Manobrão

 MontanhismoOperações Aquáticas

Educação FísicaInstrução Especial

32 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

   F  o

   t  o  :

   A   i  r   t  o  n

   S  o  a  r  e  s

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34 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito34 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

 A Construção da EscolaMilitar de Resende

P ara falar da construção da Escola Militar deResende, faz-se necessário relembrar algunsprédios que acolheram a formação dos oficiais

do Exército Brasileiro. Inicialmente, a Casa do Trem,um casarão antigo, com seu amplo portão de praça fortificada, abrindo ao fundo do beco do trem e ondedepois instalou-se o Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro.Em seguida, o Largo de São Francisco, prédio histórico

do Rio de Janeiro, hoje Instituto de Filosofia e Ciências

Humanas e Sociais. O terceiro endereço foi o prédio daEscola Militar da Praia Vermelha, em um longo edifíciode 180 metros de comprimento, ligando, pelo areial dapraia, a pedra da Babilônia à pedra da Urca, e erigidono recinto da fortificação ali construída pelo Vice-ReiMarquês de Lavradio. Por fim, a Escola do Realengo,um velho casarão em uma região pouco adequada, emedificação datada, ao fim do seu funcionamento, em mais

de um século, apressadamente acrescida de construções

Escola Militar de um país tem alma, que está presente na continuidadede seus Exércitos e em uma quantidade de ideias que dão unidadeà força armada que a escola forma, renovando sucessivamente os

quadros de oficiais por meio de uma mescla de sentimentos e objetivos permanentes, e por atualizações e modernizações no aspecto doutrinário.

 Assim, a Casa do Trem é a origem da Academia Militar das AgulhasNegras e esta é a sua continuidade.

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que a alongaram, deixando-a encerrada entre habitaçõesparticulares, sem respiradouros e liberdade para osinternados e sem campo de instrução até para exercíciosprimários das diversas Armas de seu curso.

  Assim, esses quatro velhos casarões foram a espinhadorsal da Escola Militar do Exército, não sendo únicos emseus períodos. Só que, sucessivamente, foram incapazes de

satisfazer às exigências do ensino da arte militar. Exauridassuas possibilidades, partiu-se para uma solução que até osdias de hoje se configurasse como definitiva: a Escola Militar de Resende.

Para a construção de uma nova escola, foi nomeada,em 1931, uma Comissão Executiva, contando com aparticipação do Coronel Js Pessa e os Capitães Tavasss e   Alexande Chaves. Essa Comissão é conhecida como“Pequena Cruzada”, devido ao caráter insólito da viabilidadedo objetivo. As cidades visitadas por essa Comissão foram:Petrópolis, Teresópolis, Pinheiros e São João Del Rey.

Mas, fruto de um caso fortuito ocorrido na localidadede Resende, uma pane no automóvel da Comissão faz comque esta conheça a região e se interesse por aprofundar um estudo de viabilidade de implantação da Escola Militar na região do Horto Florestal daquela cidade, decidindopositivamente por essa área. Em 1932, o Coronel  JsPessa tenta lançar a “pedra fundamental” na região deResende, mas, sem o apoio oficial do governo, essa etapaé frustrada.

Em 1938, é nomeada nova Comissão, que confirmao nome de Resende, tendo agora a obra encontrado

incentivo no Diretor de Engenharia, General Manelrabel. No dia 29 de junho de 1938, o Presidente Getúl Vagas assina a ata de início da construção da Escola Militar de Resende e lança a pedra fundamental, quando deixaregistrado o seguinte:

Para a realização dos trabalhos foi, preliminarmente,  feito um levantamento aerofotogramétrico dos terrenos daárea, sendo um trabalho de grande sofisticação para a época.Foi ainda realizado concurso para a escolha do anteprojetoarquitetônico da escola, sagrando-se vencedor o arquiteto

ral Penna Fme.Inicialmente, foram realizados os serviços de campo e de

 terraplanagem, além de trabalhos preliminares de construção.Tendo sido essa fase superada, foi substituída a Comissão deConstrução por uma Comissão Especial de Obras de Piquete e

Construção do Conjunto Principal

“A Escola Militar, cuja primeira estaca acaba de ser lançada, constitue uma aspiração geral do Exército desde os seus mais humildes representantes até os mais graduados.É uma aspiração justa e generosa dos seus Cadetes, dos seus professores, dos seuscomandantes, entre os quais cumpre salientar o nome do General José Pessoa, atéaquele que no momento representa duplamente o Exército junto ao governo nacional

 pela sua função de ministro e pelas virtudes militares – o General Eurico Gaspar Dutra.O Instituto de Educação e de Preparação Militares a ser construído é uma realizaçãodo Estado Novo. O plano de sua execução sofreu várias vicissitudes e teve de vencerextrema dificuldade. Dentro da grandiosidade do panorama em que foi localizada e da

 perfeição do seu aparelhamento modelar, estou certo de que cada Cadete ao penetrarnos seus humbrais sentir-se-á elevado pela própria imponência do edifício monumentalonde vai efetuar os seus estudos.”

Getúlio Vargas – Presidente da República

Hospital Escolar

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36 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito36 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

Resende, sob a chefia do General Lz Sá de Affnseca.  A complexidade da obra é enorme, pois trata

da construção de várias e grandes Unidades em umlocal que não dispõe de fornecimento comercial demateriais, água, energia etc.

E, para divisão dos trabalhos, toda a obra ficoua cargo da 1ª Residência, que se dividia em quatro

ajudâncias:– 1ª Ajudância – Conjunto Principal, GrandePicadeiro e Campo de Equitação, Conjunto Hospitalar e Conjunto Desportivo;

– 2ª Ajudância – Entrada Monumental, BairrosResidenciais, Parques das Armas, Oficinas e Quartel do

contingente;– 3ª Ajudância – Rede de Abastecimento de Água,

Rede de Esgotos Sanitários, Rede de Esgotos de Águas Pluviaise Rede de Iluminação e Energia Elétrica; e

– 4ª Ajudância – triangulações, medição das fazendas,

cálculo da rede de estradas, campo de aviação, rodoviasinternas, paisagismo, terraplenagem etc.Nos seis anos da construção da nova Escola Militar, vários

desafios foram encontrados e muitas decisões foram tomadaspara que a forma final da Escola surgisse. Hoje, podemosperceber se uma ou outra decisão foi ou não foi acertada, em função do funcionamento da escola ou das mudanças que o tempo exigiu. Ou, ainda, se o planejamento inicial poderia ser concluído como foi idealmente pensado ou não. Porém issonão diminuiu a envergadura da empreitada, pois a qualidadecom que foi realizada a obra é visível. Os prédios parecem que

ainda são recém-construídos, depois de 60 anos de intensautilização.

Uma das decisões que foram tomadas e que influencioue continua a influenciar a Escola Militar foi a escolha da fontede energia. A comissão tinha três linhas de ação: a primeira,por meio de uma queda d’água, fazer o fornecimento de

energia por meios próprios na modalidade hidrelétrica; umasegunda opção seria a geração térmica; e, por fim, a compra daenergia de companhia privada do Rio de Janeiro. A primeira viamostrou-se muito onerosa em função do custo de construçãoda pequena hidrelétrica e suas linhas de transmissão. Osuprimento por meio de combustíveis criaria um custo fixomuito alto. A linha de ação vencedora foi a compra da energiade companhia privada. Esta, assim como outras decisões,revelam a importância e o gigantismo da obra, demonstrandoque aqueles que foram responsáveis diretos por ela influem naatividade acadêmica até os dias de hoje.

Construção do reservatório de água

Conjunto desportivo

   F  o

   t  o  :

   A   i  r   t  o  n

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  Algumas obras previstas no projeto original não seconcretizaram, como, por exemplo, a via férrea quedeveria alcançar o interior da Escola até a região onde hoje

é a Prefeitura Militar e a Editora da Academia. O necrotério

PAuLo HENriQuE BArBoSA LACErDA Cap QCO – Professor de História Militar da

 Academia Militar das Agulhas Negras

Vista aérea do Conjunto Principal

Editora Acadêmica

Prefeitura Militar

do conjunto hospitalar também foi outra obra que não serealizou. Provavelmente, essas obras não foram executadaspela obsolescência das suas atividades-fim. Mas uma das obrasmais caras para os idealizadores e planejadores da escola eque não pôde ser realizada foi a transferência do Panteão de

Caxias.O Panteão de Caxias seria lugar de honra, colocado à

direita de quem entra na Escola, isolado em local de absolutaquietude e voltado para as Agulhas Negras, perfeitamentebanhado pelos raios solares, com linhas arquitetônicas emgracioso estilo romano, dispondo de museu, capela etc.,e tendo, à sua frente, a maravilhosa e imponente estátuaequestre do Duque de Caxias. Talvez, no futuro, essa maior lacuna da construção da Escola Militar possa ser sanada.

Por fim, há de se reconhecer o grandioso trabalhorealizado por aqueles que construíram esta Escola Militar. A 

solidez das construções, as dimensões das obras, o cuidadona previsão de cada pequena necessidade (por exemplo: aposição do sol em relação aos prédios), a visão de futuro(por exemplo: em caso de necessidade urgente, poderia ser dobrado o efetivo de Cadetes), dentre inúmeras realizaçõesque o grande empreendimento exigia. Realmente, aconstrução da Escola Militar de Resende fez justiça àsnecessidades do Exército Brasileiro.

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38 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito38 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

E ssas palavras de compromisso são proferidas pelosCadetes da Academia Militar das Agulhas Negras emuma das cerimônias mais significativas de sua vida

acadêmica. Nessa solenidade, que ocorre na Semana do

Soldado, os Cadetes do primeiro ano, envergando um vistoso uniforme de parada com barretina, recebem umespadim, réplica da espada de Lís Alves de Lma e Slva,o Duque de Caxias, Patrono do Exército Brasileiro.

O espadim e o uniforme são alguns componentes de umprocesso de resgate das tradições do ensino militar e da ForçaTerrestre que remonta ao início da década de 1930, realizado sobinspiração do Coronel Js Pessa Cavalcant de Albqeqe,então comandante da Escola Militar do Realengo.

O Coronel   Js Pessa, militar de elevada capacidadeprofissional e invulgar cultura geral, influenciado pelo clima

de renovação que havia naquele período no Brasil, reflexo da

O Resgatedas Tradições

“Recebo o sabre de Caxiascomo o próprio símbolo da

honra militar”

Revolução de 1930, almejavarealizar profundas transformações na formação do oficial do Exército.

Podemos constatar seu pensamento em trechos de suaOrdem do Dia de 15 de janeiro de 1931:

“A Revolução não terminou. Resta salvar a Nação,engrandecer a Nação é o único e verdadeiro fim. O Exército,instituição democrática, mais rapidamente se deve recompor.Urge remodelá-lo, aparelhá-lo e, sobretudo, retomar em mão

os seus quadros. O Comando da Escola Militar é a missão maishonrosa de toda a minha vida. Saint-Cyr, West Point e Sandhurstserão os moldes de onde sairão as linhas gerais do processo de formação militar”.

Dentre as remodelações delineadas pelo Coronel  JsPessa, estava a ideia de criar-se, na Escola Militar, símbolosque inculcassem nos alunos uma mentalidade ligada ao cultivodas tradições militares brasileiras. Os símbolos deveriam também estimular o aluno a ter uma atitude especial, diferentedas de um estudante comum, caracterizada pelo entusiasmo,responsabilidade, elevada moral, idealismo e sentimento de

autossacrifício em prol da pátria.

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Destarte, mergulha-se na História do Exército Brasileiroà procura de símbolos.

Precisa-se, inicialmente, de um patrono de exemplar capacidade profissional e moral. Tais prerrogativas conduzema Lís Alves de Lma e Slva, o Duque de Caxias. Idealiza-se, então, a formação do oficial à imagem de Caxias.

  A graduação de Cadete, extinta por influência

republicana no governo do presidente Pdente deMaes, é restabelecida. Os republicanos acreditavamque a graduação de Cadete era um título de nobrezaconsanguínea, que lembrava a extinta monarquia brasileira.Em alguns países da Europa, em determinados períodos daIdade Moderna e Contemporânea, Cadete era o soldadode família nobre que passava a oficial sem passar pelospostos inferiores. Retomada, a graduação de Cadete deverianão mais representar a fidalguia, mas, sim, a nobreza dainteligência, da cultura e da formação moral.

O uniforme usado pelos Cadetes deveria ser 

reformulado, pois, segundo o Coronel   Js Pessa, erainexpressivo, não se coadunando com o histórico da nossaindumentária militar. É estabelecido um novo uniforme, comas seguintes características: cor predominante, o azul-ferrete;como padrão de influência geral, os uniformes dos Batalhõesde Fuzileiros de 1852, dos quais a barretina foi conservada;os cordões com palmatórias e borlas utilizados na época doimpério passaram a figurar como distintivo de ano. Segundouma lenda, o comandante de um batalhão, que debandouem combate, incitou seus oficiais a conduzirem um cordão

amarrado ao pescoço, com o qual se enforcariam caso serepetisse a desonra do combate anterior. Desde então,

passou a ser utilizado como símbolo de bravura e chefia.O Corpo de Cadetes, que havia sido abolido em 1889,é restabelecido e seu estandarte entregue em 25 de agostode 1931.

É criado o Brasão do Cadete, que se encontra noEstandarte do Corpo de Cadetes, visando dar à Escola umaalma militar. O brasão desenhado por  Js Wasth rdges é constituído por um escudo orlado de azul-turquesa,  tendo, em campo de ouro, o perfil estilizado das AgulhasNegras (o local da nova escola, em Resende, já havia sidoescolhido), representando a unidade estrutural do Exército;

em abismo, temos uma torre de ouro, símbolo da EscolaMilitar do passado; as armas de então são representadaspelas lanças, fuzis em riste, um canhão por trás do terçoinferior do escudo e o próprio castelo; o escudo, por sua vez, é emoldurado com folhas de carvalho, pois seuidealizador deseja que o Cadete cristalize seus impulsos nomais alto posto de sua carreira, o generalato; as palavras“Escola Militar”, inicialmente escritas, posteriormente sãosubstituídas por “Agulhas Negras”; e, acima de tudo, a estrelade ouro, como guia.

Finalmente, faltava ao Cadete uma arma simbólica.

Surge a ideia de uma espada de tamanho menor, réplica daespada de um sustentáculo de nossa Nação: o Duque deCaxias. É criado o espadim: em sua lâmina, são gravados onome do Patrono, o Brasão de Armas e o sol de Itororó.

Dessa forma, procurou-se, por meio de símbolos,resgatar as tradições do ensino militar e do Exército,instilando no Cadete os mais caros valores da Pátria, quenorteiam o destino da Academia Militar.

ELoNir JoSé SAViANCapitão QCO – Professor de História Militar da

 Academia Militar das Agulhas NegrasEspadim, barretina e os paramentos usados pelo Cadete

Cadetes usando o novo uniforme azul-ferrete

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40 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito40 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

o Espadim de Caxias foi criado pelo Decreto n°20.438, de 24 de setembro de 1931, do Chefedo Governo Provisório do Brasil, que instituiu

o Plano de Uniformes de Cadetes. O referido Decreto

estabeleceu, na letra a, artigo 5° do título II:“Espadim” – com 60 cm de comprimento – cópia da

espada do Duque de Caxias. Em 15 de dezembro de 1932, teve lugar, na Escola Militar do Realengo, a primeira cerimôniade entrega de espadim, na qual os Cadetes, pela primeira vez,proferiram estas palavras do cerimonial, inalteradas de lá paracá:

“Recebo o Sabre de Caxias como o próprio símbolo dahonra militar”.

O espadim é uma cópia fiel do sabre utilizado pelo Duquede Caxias, como oficial-general, na pacificação de São Paulo e

Minas Gerais em 1842, no Rio Grande do Sul em 1845 e no

comando dos brasileiros nas lutas externas de 1851 a 1870.O sabre de Caxias, do qual os espadins foram copiados,encontra-se, desde 1925, no Museu do Instituto Histórico eGeográfico Brasileiro, avenida Augusto Severo, número 8

– Lapa – Rio de Janeiro (RJ) e constitui-se na maior relíquiadaquela instituição dedicada à preservação da MemóriaNacional e da qual Duque de Caxias foi Membro Honorário.

Segundo ideias escritas pelo idealizador do Espadim deCaxias, o então Comandante da Escola Militar do Realengoem 1931 e 1932, Coronel   Js Pessa Cavalcant de Albqeqe, em sua Ordem do Dia de 16 de dezembro de1932 e em artigo na revista da mesma Escola em 1939, sob o título “Histórico do Espadim de Caxias”:

“Arma miniatura fiel do Sabre usado pelo Duque de Caxiasem campanha e que o Cadete do Exército é único integrante a

 ter a honra e o privilégio de cingi-la ao cinto, como a síntese e a

O Espadim de CaxiasHistórico, simbolismo e tradições

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expressão mais viva e sublime das virtudes militares do soldadobrasileiro e como característica da alta responsabilidade doCadete como futuro chefe”.

“Arma distintivo que reproduz o Sabre glorioso do invictosoldado Duque de Caxias, que com atos de sublime grandezaesmaltou, com refulgência inigualável, as páginas gloriosasda história nacional, marcando-as de traços imperecíveis eassinalando seu nome como o cidadão que melhor serviu àPátria e mais a estremeceu. Sabre glorioso que na destra mãodo Patrono do Exército mostrou sempre aos nossos soldados

o caminho da Vitória”.“Na lâmina do Espadim, as palavras Duque de Caxias, o

Brasão de Armas da Academia, no qual brilha o sol do Itororómais crítico e glorioso momento do Patrono do Exército comseu sabre. É um conjunto simbólico representando um talismã,guia dos Cadetes para uma vida de grandes sucessos, de amor ao Exército e à Pátria Brasileira”.

“O Sabre de Caxias é considerado o Símbolo da HonraMilitar por sua invencibilidade e por representar o patriotismo,a cultura, a energia, a bravura e a bondade do Duque deCaxias, o Patrono do Exército, que foi o exemplo vivo de todas

as virtudes militares do soldado do Brasil”.

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42 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito42 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

 A PrimeiraCerimônia da AMAN

 V iajando de trem, chegava à estação de Resende oprimeiro contingente de Cadetes que iriam ocupar as instalações da nova Escola Militar. Fruto dos

anseios do Marechal   Js Pessa, a nova Escola Militar  fora construída para proporcionar aos Cadetes as melhorescondições de aprendizagem técnico-profissionais.

Na estação, encontravam-se o comandante, CoronelMá Tavasss, e toda a oficialidade da Escola Militar.  Além desses, um grande número de cidadãos resendensesprestigiavam o evento.

 Após desembarcarem, os Cadetes, em forma, romperammarcha em passo ordinário rumo à nova Escola, sob os aplausosdas pessoas que formavam alas ao longo das ruas.

Em frente ao Portão Monumental, foi comandado “Alto!” As Agulhas Negras, ao fundo, compunham uma imagem

de incomparável beleza para a primeira cerimônia.Do lado de dentro dos portões, encontravam-se os

construtores: o General Lz de Sá Affnseca, o Coronel

Mendes e o Capitão Pessa. Do lado de fora, o Coronel MáTavasss, o Subdi retor do Ensino Fundamental, CoronelSyns de Faa e outros oficiais e professores.

 A solenidade teve início com a entrega da chave da Escolaao seu primeiro comandante. O General Lz de Sá Affnseca avançou até o Portão Monumental, abriu-o o suficiente

para passar, retirando a chave que se achava ornada em fitas verde-amarelas. Oficiais da Comissão Construtora abriram osportões de par em par. Com os portões abertos, o CoronelTavasss avançou, simbolizando a continuidade daqueleprocesso evolutivo institucional, recebendo das mãos doGeneral Affnseca a chave do Portão Principal.

 A nova Escola recebia o “bastão” do Ensino de Formaçãodo Exército, passando a ter vida orgânica na linha da InspetoriaGeral do Ensino.

O Coronel Má Tavasss leu, então, sua primeiraOrdem do Dia, breve documento, apresentando a Escola aos

Cadetes:

Na tarde do dia 11 de março de 1944,

ocorreu um fato marcante na História do Exército Brasileiroe da cidade de Resende: era inaugurada a nova Escola Militar.

Cerimônia de entrada dos Cadetes da primeira turma

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ELoNir JoSé SAViANCapitão QCO – Professor de História Militar da

 Academia Militar das Agulhas Negras

Em seguida, é rendida a primeira Parada. As Armassão apresentadas em continência ao terreno e as primeirassentinelas assumem seus postos. Canta-se a primeira canção“Escola Militar”. Logo após, o Corpo de Cadetes marcha emdireção às instalações da nova escola.

  A cerimônia encerra-se com efusivos cumprimentos.Todos os presentes, porém, estavam cônscios de que umanova era do ensino militar brasileiro começava.

“Cadetes! Acabais de chegar diante do marco fundamental de uma nova era para o Exército – as novas instalações da

Escola Militar. Aqui existe quanto há de mais moderno para a saúde do corpo e do espírito. Nada falta para o completo

beneficiamento do Cadete como matéria-prima de escol e para que o Aspirante, como produto acabado, saia perfeito. Até mesmo nós, os mais velhos – os vossos chefes, professores e instrutores – estamos sentindo os mágicos efeitos danova maquinaria, com que teremos de manipular as vossas energias físicas, morais e intelectuais. E o divino fenômeno

do eterno renascimento das coisas que se manifesta.Somos os pioneiros desta nova jornada. A Escola Militar de Resende será o que dela fizeremas vibrações de nossa alma, de nossa fé na grandeza do Exército e na defesa da Pátria. Dentre os  pioneiros, sois vós – os Cadetes que primeiro transpõem os umbrais da nova Escola Militar – justoos que suportarão o peso dessa soberba massa arquite tônica que vos espera como ao seu primeiro‘ai’ de vida.

O destino tem caprichos em verdade insondáveis.Esquecei os vossos dissabores, renascei de vós mesmos como as claridades de um novo dia nascem das trevas

aparentes da noite!General Affonseca: a chave com que simbolicamente acabais de entregar-me a obra monumental

a que vindes dedicando, com os vossos auxiliares, as máximas energias de vossas brilhantes capacidades,não abre apenas materialmente esse palácio encantado às novas gerações de oficiais, senão,em verdade, à nova era do Exército Nacional, que os propósitos do Excelentíssimo Senhor Presidentee do Ministro da Guerra tiveram em vista com a realização da nova Escola Militar, o grandesonho que o General José Pessoa, há mais de dois lustros, sonhou.

Cadetes!Entrai na nova Escola Militar. Dela só deveis sair com honra, como o exigem as velhas tradições do Realengo.

Que as Agulhas Negras, esse marco geográfico inconfundível, já estampado no Brasão de Armas da Escola Militar,vos inspirem no cumprimento de vosso papel de pioneiro!”

Esta mensagem continua atual, destinada àqueles que, aochegarem à Academia pela primeira vez, sentem o impacto damassa arquitetônica e do sentido histórico que ela representa.

Também na Ordem do Dia, está contido o reconhecimentoexpresso ao Marechal Js Pessa.

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General Luiz Sá de Affonseca na Cerimônia de Entregadas Chaves da Nova Academia ao Coronel Mário Travassos

Chegada dos primeiros Cadetes à Estação de trens de Resende

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Q uem chegaà Acade-mia, em

dias de visitação oude solenidade, é re-cebido em um saguãoque tem o nome deDm J Vi, cria-

dor da Academia RealMilitar. Ao adentrar ao

prédio principal da Esco-la, depara-se com o Saguão

Barão do Rio Branco. Nessesaguão histórico, na parede

 voltada para o pátio interno,há um conjunto de vitrais emque a luz externa faz gerar,na transparência das cores deseus segmentos em mosaico,uma bela imagem.

Os vitrais fazem alusãoà mitologia greco-romana.O primeiro deles refere-se aPrometeu – o Titã, no episódioem que é punido por Júpiter 

por ter furtado seu fogo.Mostra Prometeu acorrentadoao Cáucaso, onde uma águiahaveria de comer-lhe o fígado.Posteriormente ele foi liberado desse castigo. Representa oreconhecimento da autoridade que emana do chefe dentroda hierarquia militar.

O segundo mostra Vulcano, deus do fogo e dos metais,  forjando refulgente bigorna junto aos seus companheirosde trabalho. Representa a valorização do trabalho árduo,componente básico da vida do profissional militar.

 A terceira obra destaca Minerva, deusa da sabedoria,das ciências, das artes e da guerra, saída da cabeça de Júpiter e, também, soltando o grito da Vitória, com o qualguia sabiamente os Exércitos ao sucesso nas batalhas.Representa a importância do comandante enérgico einteligente, justo e preparado para conduzir suas tropas à vitória.

O último vitral apresenta Marte com sua espada ea lança que o acompanham nos combates vitoriosos.Seguem-lhe Ênio, a destruidora das cidades, e Éris, asanguinolenta discórdia, ambas representando a confusão,

a destruição e a discórdia criadas pela guerra. Representa

a vontade de vencer e a disposição que deve possuir omilitar para superar todas as dificuldades da guerra.

Prosseguindo para atingir os andares superiores,pelas escadarias revestidas de mármore, encontramos,no patamar entre o 1º e o 2º piso, mais dois vitrais. Oprimeiro mostra Apolo em seu carro de luz resplandecente,esclarecendo aqueles que se dedicam às letras, às ciências

e às artes, componentes importantes da preservação daespécie humana. Representa a necessidade de a profissãomilitar voltar-se para o estudo dessas áreas, na medidaem que elas dão a sensibilidade humana necessária aoprofissional das armas.

O vitral seguinte apresenta Plutão, o deus das sombrase conhecedor dos mistérios das profundezas da Terra, onde  vivia com seu cão Cérbero de três cabeças, entregandoaos homens os minerais úteis ao desenvolvimento da  vida. Representa a necessidade de o profissional militar conhecer, com precisão, o emprego adequado dos metais

na paz e na guerra.

Os vitrais da AMAN

44 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

 Apolo Plutão

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Prosseguindo na caminhada, no patamar entre o 3º eo 4º piso, encontramos mais duas obras. A primeira delasapresenta Ícaro precipitando-se no espaço, após o sol haver derretido a cera de suas asas. Representa a grandeza daconquista dos ares, importante para a obtenção da vitóriano campo de batalha.

Finalmente, o último vitral apresenta Júpiter, senhor onipotente, empurrando os raios para fulminar aquelesque incorrem em sua ira, mas, também, distribui  justiça, bondade, hospitalidade e amizade. Representaos atributos essenciais que devem ser cultivados por  todos os militares.

Em um vitral, embora o traço não seja tão detalhado

quanto o de um desenho a bico de pena e as coresnão ocorram como em uma tela, com a força e aexpressividade de seus matizes e tons, o tema cogitadopelos que o construíram é apresentado por um mosaico departes nítidas que se integram em um só conjunto. Com a transparência que o caracteriza, gera forte impressão nosque o veem. Ao admirá-lo, todos os que conhecem aimportância do trabalho que é realizado nesta Casa hão decompreender a razão da presença permanente dos mitosali representados, pela arte de um pintor e a ciência deum escultor, capazes de traçar, em perfeito equilíbrio, as

divisórias do mosaico em liga metálica.Eles estão estrategicamente colocados, em locais de

passagem utilizados por todos os integrantes da Academia,servindo de referencial e estímulo para que sejamreproduzidos, no futuro, os feitos inspirados por essas figuras mitológicas.

Pela beleza de seus vitrais e a imponência do mármoreque reveste o piso e as paredes dessa parte central doconjunto principal, a região onde se encontram os SaguõesDom João VI e Rio Branco, do 2º, do 3º e do 4º piso, e oauditório General Médici, é um dos pontos mais destacados

da área arquitetônica da Academia Militar.

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Ícaro Júpiter

Prometeu – o Titã Vulcano Minerva Marte

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46 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito46 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

 A  

  tradição foiconfirmada na

Escola Militar,em Realengo, porém teve início na Escola Mi-litar da Praia Vermelha,

quando Antn MansLage Flh, fundador da

Companhia de NavegaçãoCosteira, em 1891, e pro-

prietário de jazidas carboníferasem Santa Catarina, tomou co-nhecimento de que os Cadetes,

oriundos dos mais longínquosrincões do País, não tinhamrecursos para, no período de férias, visitarem suas famílias.

Em vista disso, o armador decidiu que sua companhia denavegação passaria a fornecer aosCadetes passagens, de ida e volta,do Rio de Janeiro para qualquer ponto do País em que aportas-sem seus navios. Dessa forma, os

Cadetes de outrora, quando em  férias, viajavam de cortesia nosnavios do empresário, sendo tra- tados com admirável fidalguia.

Seu filho e sucessor, HenqeLage, intensificou e ampliou essaatividade, passando a ter umrelacionamento mais intenso coma Escola Militar, já localizada emRealengo, comparecendo às sole-nidades lá realizadas e concedendo

prêmios aos Cadetes mais bemclassificados em cada um doscursos. Nascido a 14 de marçode 1881, na cidade do Rio de Janeiro, assumiu os negóciosda família em 1918, passando a defender uma políticade industrialização nacional, numa época em que a baseeconômica do país era a agropecuária.

O relacionamento de Henqe Lage com os Cadetes foi estreitado ao longo do comando do General Js Pessa,de quem se tornou amigo fraterno, amizade que perduroupor toda a vida.

Foi de grande importância seu apoio para a realização

de competições esportivas entre as escolas militares. Foiinstituída a “Taça Henrique Lage”, disputada, inicialmente,entre a Escola Militar e a Escola Naval. Em 1941, com acriação do Ministério da Aeronáutica, a sua nova escolapassou, também, a participar das competições.

 A grande amizade entre o armador e o General levou-oa engajar-se no projeto de construção da nova escola militar,sonhada pelo General   Js Pessa. Foi de Henqe Lage 

uma grande parcela de ajuda material para a construção, por 

Henrique Lage, o Cadete nº 1 A integração entre civis e militares

Henrique Lage é condecorado pelo Presidente Getúlio Vargas,no Dia do Soldado, com a Ordem do Mérito Militar

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meio da doação do mármore utilizado no revestimento degrande parte do Conjunto Principal, da fundição dos portõesda Academia nas oficinas dos estaleiros da Companhia (naIlha do Viana, no Rio de Janeiro) e da doação de toda aprataria para o refeitório dos Cadetes.

Casado com a Sra. Gabela Hezanzn, não deixou  filhos. Quando de seu falecimento, em 1942, foi alvode significativas homenagens da Escola Militar e de seusCadetes. Seu ataúde foi coberto pelo Estandarte do Corpode Cadetes, que lhe havia sido ofertado pelo General  JsPessa em solenidade realizada na Escola Militar, comoreconhecimento a tudo o que esse grande brasileiro faziapelos Cadetes. Dedicara aos Cadetes o carinho que dedicariaaos filhos que não tivera. O General, em emocionantediscurso, enalteceu o seu extraordinário apoio aos Cadetes,à Escola Militar e à nova Academia que estava nascendo.

O Cadete Jabas Passanh, agradeceu, em eloquentepronunciamento, o apoio prestado por Henqe Lage aosCadetes ao longo de toda uma vida.

Pelo Boletim Escolar nº 59, de 13 de março de 1943, ocomandante da Escola Militar, Coronel Má Tavasss, decidiuconceder ao Sr. Henqe Lage, o título de CADETE nº 1.

I – CADETE Nº 1O comandante da escola militar deliberou, como homenagem excepcional ao grande patriota Henrique Lage,conceder, em sua memória, o título CADETE Nº 1, deixando de distribuir este número aos Cadetes da Escola.Passando amanhã, 14 de março, data natalícia do insigne brasileiro, o maior amigo da Escola Militar, este Comando,

baixa as seguintes instruções sob o título acima:O CADETE Nº 1 pertencerá sempre ao estado efetivo da Escola Militar e do Corpo de Cadetes e figurará nasrelações gerais de uso interno; Anualmente, o CADETE Nº 1 será incluído na subunidade a que pertence o Cadete Porta-Estandarte da Escola e figurará como efetivo dessa subunidade;Em todas as chamadas das “Revistas do Recolher”, o sargento de dia à subunidade da letra b chamará o CADETENº 1, cabendo ao Cadete Porta-Estandarte responder: Henrique Lage;Quando o Cadete Porta-Estandarte deixar de figurar na “Revista do Recolher”, caberá ao cabo de dia responderà chamada do CADETE Nº 1.

II – INCLUSÃO DO CADETE Nº 1 EM SUBUNIDADEEm consequência do item anterior, é nesta data incluído, na Bateria de Artilharia desta Escola, o CADETE

Nº 1 – HENRIQUE LAGE, o qual passará a figurar nos pernoites dessa subunidade a partir de 15 do corrente.

 A fundição dos portões de entrada e o mármore utilizado no saguão de entrada foram doações de Henrique Lage

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48 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito48 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

N

esses sessenta e sete anos de existência, a Academia Militar da Agulhas Negras recebeu,em diversas oportunidades, melhoramentos

estruturais, internos e externos, para adequar-se àevolução do ensino. Novas salas de aula, restaurações deambientes, gabinetes para divisões e seções de ensino,instalações administrativas conformadas às característicasde cada época, às necessidades para o atendimento

Melhoramentos eampliação da AMAN

de sua missão e aos meios atualizados que facilitavama consolidação do ensino e da aprendizagem.

Em 1988, impulsionada pela ação de comando do então

Ministro do Exército, General de Exército Leôndas PesGnçalves, projetando o Exército para o século XXI, a AMANsofreu mudança organizacional, e suas instalações foramampliadas, conservando, entretanto, suas linhas arquitetônicasoriginais.

Os trabalhos foram conduzidos pela Comissão Especialde Obras, chefiada pelo então Coronel do Quadro deEngenheiros Militares Lz Agst C. Mnz de Aag,  tendo sido construídas novas alas para alojamentos, umrefeitório idêntico ao original, um teatro com capacidade para2.850 pessoas, parques de instrução para os cursos Básico e

 Avançado, uma nova biblioteca, um novo pátio de formaturas,instalações para as atividades administrativas e de apoio aoensino, e um moderno polígono de tiro dotado de meiosnecessários ao apoio dessa importante atividade.

Mais recentemente, durante o período de implantaçãoda modernização do ensino, a Academia complementou suaatual conformação com a criação de ambientes para os clubesde idiomas e remodelação de outros para o lazer de oficiais egraduados da Escola.

No que se refere à segurança, no mesmo período, aEscola implantou um sistema de vigilância eletrônica com a

utilização de câmeras de captação de imagens dinâmicas.Refeitório dos Cadetes

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Curso Avançado

 Alojamento

Polígono de Tiro

Biblioteca

Pátio de Formaturas

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50 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito50 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

Bicentenário da AcademiaMilitar das Agulhas Negras:

Eventos comemorativos

Criada pela Carta Régia de 4 de dezembro de 1810, a Academia Real Militarcomeçou a funcionar em 23 de abril de 1811, na Casa do Trem, depois Arsenal de

Guerra do Calabouço, onde hoje está instalado o Museu Histórico Nacional. Foiconcebida como um instituto formador de oficiais para o Exército e de engenheiros

 para a Colônia. Em 1812, a Academia teve sua sede transferida para um edifíciodo largo de São Francisco. Iniciava-se aí a sua trajetória, que passaria pela Praia

Vermelha, por Porto Alegre, pelo Realengo, até que, em 1944, chegou a Resende,onde permanece até hoje. Em 23 de abril de 1951, recebeu sua atual denominação:

 Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN).

 A   Academia Militar, em um ambiente de estudo,

reflexão e trabalho, recebe, anualmente, umcontingente aproximado de quinhentos alunos

  voluntários, selecionados em concurso público, pelomérito próprio e que irão compor os Quadros de Oficiaisdas Armas, do Serviço de Intendência e do Quadrode Material Bélico do Exército Brasileiro. A AMAN também recebe meia centena de Cadetes de naçõesamigas, um reconhecimento inconteste da excelênciado ensino nela ministrado.

Em 2011, completa duzentos anos dedicados à  formação do oficial de carreira da linha de ensino militar 

bélico do Exército Brasileiro.

O evento de abertura das comemorações ocorreu em

4 de dezembro de 2010, com a realização da cerimôniade Declaração de Aspirantes da Turma General EmílioGarrastazu Médici.

O calendário geral das comemorações do bicentenárioda AMAN prevê a realização de uma série de eventos a transcorrerem ao longo deste ano de 2011, como se poderáapreciar a seguir:

– 08 de fevereiro – Relançamento do livro em homena-gem a Resende, de autoria do Coronel Ne Pal Panzztt;

– 10 de março – Solenidade em homenagem aos An- tigos Cadetes de Realengo, Exposição e colocação de placa

comemorativa na antiga Escola;

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– 16 a 24 de julho – reali-zação dos Jogos Mundiais Mili- tares na AMAN – Competiçãode Saltos com Paraquedas; e

– em setembro – realiza-ção do Congresso Acadêmicode Defesa, com a participação

da Escola Naval, da Academiada Força Aérea e de Universi-dades civis, sob coordenaçãodo Ministério da Defesa.

  As comemorações serãoencerradas em 10 de dezem-bro, com a cerimônia de De-claração de Aspirantes da Tur-ma Bicentenário da AcademiaReal Militar.

Passados dois séculos

da criação da Academia Realmilitar, continua ela sendo uma Escola de Formação de futuros chefes e líderes militares por excelência.

  Assim como no passado, hoje e sempre buscadesenvolver, em seus Cadetes,níveis de desempenho adequadosaos padrões de eficiência e eficáciaexigidos no combate moderno,aliados aos atributos morais e éticos,que integram o culto aos valores e tradições do nosso Exército.

Nela se fortalece a alma dosoldado, envolvida por valorescuja sensibilidade se refletirápor toda a carreira militar. Essesentimento é intuído no sagradomomento do compromisso dooficial e do recebimento de suaespada – símbolo de liderança,que o acompanhará por toda a sua  vida castrense, sendo fortalecidocomo aluno das Escolas que

complementam a sua formaçãomilitar e é renovado ao atingir ogeneralato.

  Academia Militar das Agulhas Negras, sucessora de todas as Escolas Militares na formação do oficial de carreirada linha de ensino militar bélico do nosso Exército, éshoje a imagem de teu grande idealizador, o Marechal  JsPessa Cavalcant de Albqeqe, que, ao te visitar em12 de setembro de 1949, assim se referiu: “Meu coraçãode soldado jamais vibrou tão intensamente como hoje. A  Academia das Agulhas Negras foi meu sonho supremo e me

sinto feliz ao vê-lo concretizado.” 

– 11 de março – Solenidade de recepção aos antigosCadetes de 1946, primeira turma integralmente formada na AMAN;

– 21 a 27 de março – Realizaçãodas Olimpíadas Acadêmicas, alusivasao bicentenário;

– 08 de abril – Exposiçãona Escola Central (Largo de SãoFrancisco) e colocação de placa;

– 09 de abril – Abertura do

Salão de Artes e apresentação daBanda Sinfônica do Exército;

– 12 de abril – Exposição naCasa do Trem e colocação de placacomemorativa;

– 13 de abril – Encerramento doSalão de Artes, entrega de prêmios,apresentação da Banda Sinfônica da AMAN e coquetel;

– 15 de abril – Palestra na AMAN, alusiva ao bicentenário; lan-

çamento do livro do Bicentenário,do selo postal, da medalha históricae do cartão telefônico; colocação deplaca alusiva ao bicentenário e reunião de confraternizaçãoentre os atuais e antigos integrantes da Escola;

– 16 de abril – Solenidade comemorativa ao Bicente-nário, constando de homenagem aos Ex-Comandantes econdecoração do Estandarte da AMAN.

– em abril – Premiação do Concurso de Redação eExposição e colocação de placa comemorativa nas antigasEscolas – na Praia Vermelha, em Porto Alegre, em Rio Pardo

e em Fortaleza;

Relançamento do Livro em homenagem a Resende

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52 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito52 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

Rememoração da entrada dos novos Cadetes de 1944

Homenagemaos antigos Cadetes

 A   Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN)realizou a Cerimônia de Rememoração daEntrada dos Novos Cadetes de 1944 e da

Saída dos Novos Aspirantes de 1945. A solenidade fazparte das comemorações do Bicentenário da AcademiaMilitar no Brasil e homenageia aqueles que foram osprimeiros a cruzarem os portões históricos da AMAN. Vinte representantes das duas turmas abrilhantaram oevento, que foi repleto de emoção.

O Coronel renat, ao lado do Cadete Lcas Celh,mais novo matriculado no Curso Básico em 2011, abriu oportão de Entrada dos Novos Cadetes para a passagem dosdemais. Já o portão de saída foi aberto pelo General Sampa.

Na sequência, o Coronel Ham proferiu uma palestra

sobre o Marechal   Js Pessa, idealizador da AMAN, e

Patcpantes da Slendade de rememaçda Entada ds Nvs Cadetes de 1944 e da Saída ds Nvs Aspantes de 1945:

  todos os convidados almoçaram no rancho, como nos tempos de Cadete.

Tma 1945:Gen Ex oswald Mnz olvaGen Ex Má oland rbe SampaGen Bda Js Antôn Babsa de MaesCel Js Cavalcant JadmCel Ne La Nnes de Cavalh

Tma 1946:Gen Ex Ped Lís de Aaúj BagaGen Ex Lís da Slva VascncelsGen Dv Anáp Gmes FlhCel Ledan Cáss SlvaCel Alnd de Aaúj PeeaCel Cals Csa Gtees TaveaCel Geald Js Esteves

Cel Cesma Peea de AlmedaCel Mll de Andade CaqejaCel Js Alys Maqes de olveaCel Salvad de BasCel Asvald Tavaes Gmes da SlvaCel Ped Bzatt CstaCel renat GmaesCap Hl da rcha Camag

Palestra proferida pelo Coronel Hiram

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53  – a no xxxix – nº 209 – eSpeCial – J an /Fev  /m ar 2011

Oficiais das Turmas de 44, 45, 46 e 47 em frente à antiga Escola Militar no Realengo. Na primeira fila, da esquerda para a direita:

Cel Adriano, Cel Aloysio, Gen Div Anápio, Gen Ex Jonas, Cel Jardim, Cel Ariosvaldo, Cel Hugo (Febiano) e Gen Ramiro. Na segunda fila:Cel Esteves, Gen Ex Braga, Gen Ex Vasconcellos, Cel Carqueja, Cel Arlindo, TC Creusmar e Gen Fábrega (convidado da 9ª Bda Inf Mtz)

Rememoração da saída dos novos aspirantes de 1945

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54 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito54 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

 A    Academia de História Militar Terrestredo Brasil (AHIMTB) foi fundada emResende, junto à Academia Militar das

 Agulhas Negras (AMAN), em 1º de março de 1996,data do aniversário do término da Guerra da Tríplice Aliança (1865 – 1870), por iniciativa de seu presidente e

 fundador, o historiador militar Coronel Clád MeaBent, instrutor de História Militar na AMAN entre1978 e 1980.

  A necessidade de sua criação deu-se em virtude daexistência da cadeira de História Militar, criada em 4 dedezembro de 1810, na Academia Real Militar, único núcleopermanente de ensino de História Militar no Brasil, em funcionamento há 200 anos.

Sua finalidade é desenvolver a História das ForçasTerrestres do Brasil, dos Fuzileiros Navais, da Infantaria de Aeronáutica e das Polícias e Bombeiros Militares.

Nesse contexto, tem, dentre outros, o objetivo deproceder ao resgate da História da Formação de Oficiais doExército no Brasil.

O patrono da Academia é o Marechal Lís Alves deLma e Slva, o Duque de Caxias. Ele foi escolhido por seu pioneirismo no estudo da História Militar Crítica, combase nos fundamentos da Arte e da Ciência Militar, aopesquisar sobre a Batalha do Passo do Rosário, apoiado emdepoimentos de militares brasileiros, argentinos e uruguaios,que dela participaram. Realizou essa pesquisa a pedido do

Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, ao qual pertenciacomo seu sócio honorário. Ele ousou, ao dotar nosso Exércitode uma doutrina militar genuína, quando, em 1861, noexercício das funções de Ministro da Guerra e Presidente doConselho de Ministros, adaptou as Ordenanças de Portugal(Doutrina Militar), de influência inglesa e adequadas para as

realidades operacionais europeias, às realidades operacionaisque vivenciou em 5 campanhas vitoriosas sob seu comando.Sobre tal ousadia, assim se pronunciou: “... até que o Brasildisponha de uma doutrina militar genuína”.

O Brasão da Academia, adotado desde a sua criação,contém o mapa do Brasil, sobre o qual está colocado o livrode História Militar e, sobre este, a espada de campanha doDuque de Caxias, Patrono do Exército Brasileiro.

Essa espada inspirou o então Coronel   Js Pessa, oidealizador da AMAN, para criar o “Espadim de Caxias”, armaprivativa do Cadete do Exército.

 Ao longo da realização de pesquisas históricas, a AHIMTB teve acesso ao texto que o Marechal Js Pessa escreveusobre o Espadim de Caxias, em 1939, na Revista da EscolaMilitar, utilizando o seguinte argumento:

“Escrevo sobre a História do Espadim de Caxias, paranão acontecer o que aconteceu com a Academia Real Militar,que hoje apenas sabe-se que existiu”.

Considerando esse fato, a AHIMTB decidiu lançar luzsobre os primórdios da Academia Real Militar, desconhecidossegundo o Marechal Js Pessa.

 A Academiade História Militar

Terrestre do Brasil eo Bicentenário da AMAN

 Militares e civis empossados e agraciados

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– 2010 – 200 anos da criação da Academia Real Militar,a AMAN, que relaciona todas as fontes históricas reunidaspelo autor sobre a Academia ou por ele produzidas;

– Capas da obra comemorativa dos 200 anos da criação

da Academia Real Militar, elaborada sob a égide da AHIMTBe de autoria do seu presidente, com orelhas da lavra dopresidente da FHE-POUPEx, patrocinadora da obra,General de Exército Clvs Jacy Bmann, e apresentaçãodo Comandante da AMAN em seu bicentenário.

 A AHIMTB também contribuiu para a produção da obrainstitucional a ser lançada pela AMAN em abril de 2011, nascomemorações do Bicentenário de início do funcionamentoda Academia Real Militar, em 1811, e desenvolvida por umaequipe de acadêmicos da AHIMTB.

Dando prosseguimento às comemorações do

Bicentenário de Criação da Academia Real Militar, a AHIMTBdestacou a histórica efeméride nos seguintes eventos:

– em 14 de dezembro de 2010, na AMAN, foi realizadaa posse e a condecoração de acadêmicos militares com aMedalha do Mérito Histórico Militar Terrestre do Brasil,criada em 2003, no Bicentenário do Duque de Caxias,patrono da AHIMTB;

– em 17 de dezembro de 2010, no Salão Nobredo histórico prédio onde funcionou, por largo período,a Academia Real Militar, no Largo de São Francisco, foirealizada a posse de um acadêmico civil.

Em ambas as sessões, foram distribuídas aos membrosda AHIMTB as últimas obras produzidas pela Academia: OBicentenário do Brigadeiro Sampa, o patrono da Infantaria;2010 – 200 anos da criação da Academia Real Militar –a AMAN; e a História da 1ª Brigada de CavalariaMecanizada, a penúltima obra do Projeto História doExército na Região Sul, que vem sendo desenvolvido pela AHIMTB desde 1994. Foi distribuído, ainda, o InformativoO GUARARAPES, de 8 de dezembro de 2010, que tratada História de Nossa Senhora da Conceição, rainha epadroeira de Portugal e do Exército Imperial do Brasil e de

devoção do Duque de Caxias.

Desde então, passou a reunir fontes bibliográficassobre a formação de oficiais do Exército, removendo, passoa passo, o véu que encobria o passado desconhecido. A partir de 1978, passou a reunir fontes de História sobre oEnsino Militar, a AMAN, e as escolas que a antecederamdesde 1792, a começar pela esquecida Real Academia de Artilharia Fortificação e Desenho, instalada na Casa do Trem

e destinada a formar oficiais de Infantaria, Cavalaria, Artilhariae Engenheiros militares e civis para o Brasil Colônia.Segundo a visão da AHIMTB, aquela Academia foi a

pioneira do Ensino Militar Acadêmico nas Américas e doEnsino Superior Civil no Brasil, com a criação do Cursode Engenharia Civil, antecedendo a Academia Real Militar,criada por D. J, instalada em abril de 1811, aproveitandoas suas dependências e infraestrutura.

O presidente da AHIMTB, em 2010, completou40 anos de atividades como pesquisador da História doExército, iniciadas com a edição de suas obras “As Batalhas

dos Guararapes – descrição e análise militar” e “A GrandeFesta dos Lanceiros”, lançadas em 19 de abril de 1971, nainauguração do Parque Histórico Nacional dos Guararapes,cujo projeto, construção e inauguração coordenou por incumbência do então VI Exército (atual Comando Militar do Nordeste).

Seu trabalho de pesquisa e divulgação da História daFormação de Oficiais do Exército Brasileiro foi destacadopelo Comandante da AMAN, que o considerou como umdos maiores historiadores da AMAN e de suas antecessorasao enumerar as seguintes obras do autor sobre o referido

 tema:– História da Academia Militar das Agulhas Negras

(Discurso de posse no IHGB – RIHGB jul/set 1982);– Escolas de Formação de Oficiais das Forças Armadas

do Brasil. 1972 – 1984. Editada pela FHE-POUPEx sob a forma de álbum;

– 1994 – Academia Militar das Agulhas Negras – Jubileude Ouro em Resende;

– Resende – História Militar 1744 – 2001;– Os 60 anos da AMAN em Resende – 2004;

 Militares e Civis homenageados e condecorados

Publicações da AHIMTB

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Olimpíadas da AMAN

Histórico

C

omo idealizador da Academia Militar das AgulhasNegras, o Marechal Js Pessa deu destaqueà educação física como uma das atividades

indispensáveis à formação do oficial. Tanto que, aoassumir o comando da Escola Militar do Realengo,uma de suas primeiras providências foi a criação doDepartamento de Educação Física. As atribuições dessedepartamento eram o preparo físico dos Cadetes e aorganização das competições internas da escola.

 A Olimpíada Acadêmica tem sua origem na década de1940, quando as competições ocorriam em um programadesportivo semanal. O troféu Duque de Caxias era disputadopelos cursos das Armas e do Serviço de Intendência e o  troféu General Sampa entre as subunidades do Curso

Básico. Esse modelo de competição perdurou até 1951. A partir de 1952, foi instituída a Semana Olímpica da

 AMAN, que, em 1960, passou a ser denominada Olimpíada Acadêmica.

 A 60ª Olimpíada Acadêmica

No ano das comemorações do bicentenário de criação,a AMAN realizou, no período de 18 a 25 de março, a 60ªOlimpíada Acadêmica, congregando todos os cursos da Academia e a população da região das Agulhas Negras.

Em disputa, estavam o troféu Duque de Caxias (DC),

entre os Cursos das Armas, Quadro de Material Bélico e

Serviço de Intendência; e o troféu Agulhas Negras, entreos Cursos Avançado e Básico. As competições foramdisputadas em 13 modalidades desportivas: atletismo,

basquete, esgrima, futebol, judô, natação, pentatlo militar,polo aquático, tiro de armas curtas, tiro de armas longas, voleibol, orientação e caratê.

  A cerimônia de abertura aconteceu no dia 18 demarço, no estádio Mark Clark, e, além dos atletasenvolvidos na competição, contou com as presenças deautoridades militares e civis, e personalidades do esportenacional, como o medalhista olímpico Las Gael, alémde todo o efetivo da AMAN.

Em 2011, a Olimpíada Acadêmica também contoucom a participação de atletas de alto rendimento,

pertencentes às diversas modalidades que se preparampara os 5º Jogos Mundiais Militares Rio 2011, os quaisassistiram às provas e ministraram clínicas para os atletasda AMAN.

Concomitantemente às atividades esportivas,  foram programadas, pela Sociedade Acadêmica Militar (SAM), as seguintes atrações: muro de escalada, tirolesae  paintball, direcionadas para os moradores de Resendee visitantes. Também foram realizadas a Copa SAMde Orientação e a apresentação da peça teatral “Mi-nhas Sinceras Desculpas”, com o ator e humorista 

Edad Stebltch.

56 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

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58 Centro de ComuniCação SoCial do e xérCito

General Polidoro da Fonseca

Quintanilha Jordão

P ld da Fnseca Qntanlha Jd , filho do Coronel

de Milícias   J Flênc Jd, nasceu em São Miguel

da Terra Firme (SC), em 2 de novembro de 1802.

Ingressou na Academia Real Militar, no Largo do São Francisco, no

Rio de Janeiro, em fevereiro de 1823, e, no mesmo ano, como prenúncio

de uma brilhante carreira, conquistou o primeiro lugar entre os alunos do

curso matemático.

Durante os estudos realizados na Academia, manteve sempre o

conceito de aluno aplicado, inteligente e intelectual, atingindo o posto de

capitão em dezembro de 1827, e concluindo o curso de Engenharia emdezembro 1831.

Em julho de 1837, foi promovido a major, sendo designado Vice--

Diretor do Corpo de Engenheiros. Em maio de 1839, foi movimentado

para o Quartel-General das forças que combatiam a Revolução

Farroupilha, no Rio Grande do Sul, ascendendo ao posto de tenente-

coronel, em reconhecimento aos serviços prestados no combate do

"Passo do Taquary", em 1841.

Em 1851, como coronel Comandante-Geral do Corpo Permanente

da Corte, teve participação ativa na implantação do telégrafo no Brasil.

Na Guerra da Tríplice Aliança, havendo se agravado a saúde de os,

Pld, já no posto de marechal de campo, assumiu o comando do 1ºCorpo de Exército, em 15 de julho de 1866, às vésperas de um difícil combate.

 Apesar de não ter tido tempo para estabelecer uma relação de confiança com

a tropa, conduziu os seus comandados nos combates de Boqueirão e Potrero

Pires, portando-se como um digno sucessor do valente Marques do Herval.

O General Pld possuía um caráter ilibado e destacava-se pelas

puras intenções e pelo estrito cumprimento do dever, pautando suas

atitudes pela bravura, energia, franqueza e coragem. Não se interessava

em buscar popularidade e exerceu com honestidade as distintas e

importantes comissões de Diretor do Arsenal de Guerra, Diretor-Geral

de Obras Militares, Ajudante-General e Ministro da Guerra.

Nomeado interinamente para o comando da recém-criada Escolade Aplicação do Exército, em 15 de março de 1856, esteve à frente da

 formação do oficial do Exército até 13 de janeiro de 1879. Embasado no

seu sólido conhecimento profissional, organizou e comandou a escola de

maneira estritamente militar, implantando severas normas disciplinares e

mantendo os alunos em regime de internato.

Sob sua direção, o ensino evoluiu no sentido da aplicação prática,

inclusive no terreno, dos conhecimentos teóricos obtidos nas salas de aula.

Instituiu o "estudo dirigido" e dotou a escola com os meios auxiliares de

instrução necessários para que os alunos pudessem verificar o funcionamento

dos artefatos de guerra e montar dispositivos, em terreno reduzido, de

situações de ataque e defesa. Estruturou, também, o curso preparatório

aos futuros alunos, instalado

em um prédio anexo ao da

Escola Militar.

Foi um comandante

exemplar e inflexível, cujas

características marcantes na sua

personalidade eram: o inquebran-

 tável amor ao cumprimento do dever,

o zelo que dedicava à hierarquia e à disciplina,

acompanhadas por seu acentuado espírito de justiça.Como comandante da Escola Militar, o General Pld posicionava-

-se contra a divisão da formação do oficial entre a Escola Central e a Escola

Militar e de Aplicação. Argumentava que a formação em duas escolas

dificultava o aprendizado dos conhecimentos práticos e causava prejuízo

à forja do adequado espírito militar, o que levaria à quebra da disciplina.

 Ao ser nomeado Ministro da Guerra, em 1862, introduz radicais

mudanças no ensino militar. Por intermédio de decreto editado em 1863,

a Escola Militar, instalada na Praia Vermelha, assumiu a instrução teórica

e prática dos alunos militares, que, depois de habilitados nas escolas

preparatórias, ingressariam nos cursos das Armas.

Inegavelmente, o General Pld foi um dos grandescomandantes e pedagogos que passaram pela Academia em todos

os tempos. Comandou a Escola Militar, na Praia Vermelha, quase que

ininterruptamente por cerca de vinte e três anos, afastando-se do

cargo, temporariamente, quando foi Ministro da Guerra e nas duas

oportunidades em que combateu na Guerra da Tríplice Aliança.

  Alvo de inúmeras condecorações, após a guerra, como tenente-

-general, Pld reassumiu o comando da Escola Militar, sendo distinguido

com o título de Marquês de Santa Teresa, em 1871.

No exercício dos cargos de comandante de Escola Militar e

conselheiro de guerra, faleceu em 13 de janeiro de 1879, sendo os

seus restos mortais sepultados no Cemitério de São João Batista. Por ocasião do seu falecimento, um dos jornais cariocas publicou as seguintes

palavras: "Rígido e inflexível no cumprimento dos seus deveres militares,

 foi sempre espelho vivo de oficial brioso e general disciplinado, e, como

 tal, amado dos seus subordinados".

Em memória aos relevantes serviços prestados à Pátria, seu nome

  foi dado à antiga rua Berquó, no bairro carioca de Botafogo, rua em

que ele residia, e à Praça General Polidoro, no bairro da Aclimação,

na capital paulista.

Em sua homenagem, o 13º Grupo de Artilharia de Campanha,

Cachoeira do Sul (RS), foi contemplado com a denominação histórica

"Grupo General Polidoro".

Personagemda nossa história

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