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Vida e Obra de Fernando Namora

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«Que eram as pessoas? Ilhas. Ilhas isoladas e um braço estendido, a

fazer de ponte, por onde se esperava que passasse alguém.»

Fernando Namora

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Resumo biobibliográfico. Fernando Gonçalves Namora (Condeixa-a-Nova, 15 de Abril de

1919 - Lisboa, 31 de Janeiro de 1989) foi um escritor português. Nasceu em Condeixa-a-Nova, a

15 de Abril, licenciou-se em Medicina pela Universidade de Coimbra e exerceu a profissão na sua

terra natal e nas regiões da Beira Baixa e Alentejo. Romancista, ensaísta, poeta e também pintor

português, nasceu em Condeixa-a-Nova em 15 de Abril. Licenciou-se na Universidade de

Coimbra em Medicina. Exerceu a sua profissão em Condeixa-a-Nova e nas regiões da Beira

Baixa e Alentejo e foi assistente no Instituto Português de Oncologia, em Lisboa.

A sua obra de estreia literária foi Relevos (1938), livro de poesia

ligado ainda às tendências do grupo da Presença. Três anos mais tarde,

Terra (também poesia) dava início à publicação do Novo Cancioneiro,

órgão do neo-realismo, que então começava a afirmar-se. A sua obra

evoluiu, de uma forma geral, no sentido de um amadurecimento da

estética desta corrente, embora tenha paulatinamente seguido um

caminho mais pessoal. Confrontando-se com a análise de problemas

sociais, os seus textos foram sendo progressivamente marcados por

aspectos de picaresco, por observações naturalistas e, até, por alguma

ressonância das perspectivas existencialistas desenvolvidas na época. Foi

um escritor dotado de uma profunda capacidade de análise psicológica, a que se aliou uma

linguagem de grande carga poética.

Alguns estudiosos dividem a sua obra em três momentos: (1) o ciclo rural, composto de

obras como A Noite e a Madrugada e O Trigo e o Joio; (2) o ciclo urbano, fruto da mudança do

médico do meio rural para o citadino, marcado pelos romances O Homem Disfarçado e Domingo

à Tarde; (3) os cadernos de um escritor, influenciados pelas viagens do autor a outros países,

como a poesia de Marketing e as reflexões de Jornal sem Data (1988).

O romance Domingo à Tarde foi adaptado ao cinema em 1966 por António de Macedo. O

livro Retalhos da Vida de um Médico foi adaptado ao cinema por Jorge Brum do Canto (1962),

além de ter sido produzida uma série televisiva por Artur Ramos e Jaime Silva (1979-1980).

Escreveu, para além de obras de poesia e romances, contos, memórias e

impressões de viagem. Minas de San Francisco (2003); Sentados na Relva

(2000); Retalhos da Vida de um Médico I e II (1990 e 2000); Encontros (1998);

Diálogo em Setembro (1996); A Noite e a Madrugada (1995); Estamos no

Vento (1995); Cavalgada Cinzenta (1984 e 1993); Nome para uma Casa

(1993); O Rio Triste (1992); As Frias Madrugadas (1991); Um Sino na

Montanha (1991); Os Clandestinos (1991); Casa da Malta (1988 e 1990); As

Sete Partidas do Mundo (1990); Resposta a Matilde (1990); Jornal sem Data

(1989); Deuses e Demónios da Medicina I e II (1980 e 1989); Domingo à Tarde

(1989); Fogo na Noite Escura (1988); Os Adoradores do Sol (1988); A Nave de Pedra (1984);

Marketing (1982); As Frias Madrugadas (1981); Cidade Solitária (1972).

Fontes: http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/namora.htm; http://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Namora.

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Um comentário de Eduardo Lourenço à obra de Fernando Namora,

especificamente à relação entre a sua escrita e o problema da dor e do

sofrimento, a nível da doença e a nível social.

«A saúde é pouco propícia à efabulação. O mesmo sucede com a pura

doença. A escrita nasce e prospera no espaço equívoco que separa e une uma

à outra. Triunfante ou falhada, manifesta sempre um desejo de invulnerabilidade

(…). O itinerário do escritor-médico Fernando Namora levou-o insensivelmente

para paragens em que a invulnerabilidade e a loucura constituem um só sonho,

de dupla leitura. Mas, na realidade, não é esse o seu domínio próprio. A escrita, neste autor humanista,

quase sempre fiel à errância do discurso romanesco clássico, contador de histórias transparentes, não é

(ainda) doença. Mas é uma escrita fascinante, num grau perturbante, pelo universo da doença e seus

fantasmas. Fascinação tanto mais estranha que nada, na visão conscientemente confiante no triunfo dos

valores humanos que é próprio ao escritor e à geração literária a que pertence, parece poder justificá-la.

Todavia, estas páginas são eloquentes: em todas nos é sensível e presente a sombra da doença e com

força suficiente para perturbar a saúde ideal da sua visão humanista nunca desmentida. Contradição

gritante, ou sinal de uma verdade mais profunda, acaso escondida aos olhos daquele que, tacteando

através de uma obra considerável, não deixou nunca de se aproximar do seu ser mais autêntico e

indomável?

Apesar da presença obsessiva do mundo da doença, em Fernando Namora descobre-se depressa

que constitui apenas a última das máscaras, aquela que lhe permite experimentar e pôr à prova uma

vulnerabilidade misteriosa, incurável, sem cessar renascente. É no interior da escrita, que assume às

claras esta vulnerabilidade diante da doença, que a outra, mais íntima, se esconde e vigia. Há, todavia,

uma osmose permanente entre a busca de invulnerabilidade no círculo que a doença define e mascara e

aquela que o autor persegue, enquanto homem de escrita, diante dos olhos meduzantes do seu leitor

ausente, incircunscrito e implacável.

A primeira é de uma grande visibilidade. O mais distraído dos seus leitores notará que é no

contacto com o magma dos sofrimentos humanos que os heróis, ou o autor-herói, das novelas, dos contos

ou dos romances de Fernando Namora experimentam, com uma sensibilidade de esfolados vivos, a sua

inegável fragilidade ontológica. Tornado seu companheiro habitual, o antigo «oceano da dor» apresenta ao

homem e ao médico o rosto cru e obsceno da vida. Para o escritor, tornar-se-á numa espécie de monstro

proliferante e monótono contra o qual levantará, ensaiando em vão domesticá-lo, as muralhas impotentes

dos seus contos, narrações, romances. Por detrás delas é fácil descortinar sempre o mesmo ser invadido

por um pânico sem nome, um ser ferido pela terrífica desordem dos corpos, através da qual transparece a

mais misteriosa desordem do mundo. Um mundo que foi, muito cedo, apreendido por Fernando Namora

como selva social, corroído por uma espécie de cancro fabuloso, fabricado tanto pela injustiça como pela

infelicidade. No fim de contas, o encontro com o mundo da doença e a ocasião que lhe oferece de

ressentir com mais acuidade a fragilidade da condição humana, e a sua própria, serviram-lhe apenas de

revelador desmedido. (…) Da vida, que nunca grita mais alto que na planície triste do sofrimento humano,

Namora oferece-nos o aspecto escondido, lamentável, grotesco ou atroz das verdadeiras intimidades,

aquelas que se confiam ao padre e ao médico.»

Eduardo Lourenço, prefácio a Retalhos da vida de um médico, 2ª série. Fonte: Namora, Fernando

(2000). Retalhos da vida de um médico, 16ª ed. Lisboa: Europa-América.

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PERCURSO BIOBLIOGRÁFICO.

1919: Fernando Gonçalves Namora nasce em Condeixa a 15 de

Abril, filho de António Mendes Namora e de Albertina Augusta

Gonçalves Namora. 1929: Concluída a instrução primária na escola

local, inicia os estudos liceais no Colégio Camões, em Coimbra.

1932: Transita para o Liceu Camões, em Lisboa, onde permanece durante dois

anos, sendo aí condiscípulo de Jorge de Sena. Redige e ilustra um jornal do

Liceu, manuscrito. Acentua-se a sua vocação para as artes plásticas,

manifestada desde a infância.

1935: De novo estudante em Coimbra, agora no Liceu José

Falcão, surge como director do Jornal académico Alvorada.

Durante esse período escreve o seu primeiro livro, Almas

sem Rumo, colectânea de novelas, que fica inédito.

1936: Matricula-se nos preparatórios médicos da Faculdade de Medicina de Coimbra.

1937: Em co-autoria com Carlos de Oliveira e Artur Varela, publica o livro de contos

Cabeças de Barro. No mesmo ano é anunciada a próxima publicação da novela Pecado

Venial, que não chega a vir a lume.

1938: É publicado o seu primeiro livro de poemas, Relevos. Com outros companheiros de geração,

intervém na organização dos Cadernos da Juventude, cujo primeiro e único número é apreendido e

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destruído antes de ser posto à venda. No mesmo ano publica o romance As Sete Partidas do Mundo, que

obteve o Prémio Almeida Garrett. É-lhe atribuído o Prémio Mestre António Augusto Gonçalves, de artes

plásticas.

1939: Surge como co-director da revista literária Altitude, conjuntamente com João José Cochofel e

Coriolano Ferreira.

1940: Inicia a redacção do romance Arado, que não chega a concluir. Casa

com Arminda Bragança de Miranda, também estudante, que morre de parto nove

meses depois. Nasce a sua primeira filha, Arminda Maria. É publicado o livro de

poemas Mar de Sargaços.

1941: Juntamente com outros companheiros, concretiza a ideia do «Novo

Cancioneiro», que assinala o advento do neo-realismo, demarcando uma viragem na literatura portuguesa.

Essa colecção poética principia com o seu livro Terra.

1942 Conclui a licenciatura em Medicina e abre consultório em Condeixa. Publica o romance Fogo

na Noite Escura na colecção «Novos Prosadores».

1943: Passa a exercer clínica em Tinalhas, localidade das proximidades de Castelo Branco, em pleno

surto do volfrâmio, onde escreverá em oito dias, a novela Casa da Malta.

1944: Realiza a sua única exposição individual de pintura, em

Castelo Branco. Casa com Isaura de Campos Mendonça, estudante.

Em Outubro do mesmo ano, muda-se para Monsanto da Beira, como

médico municipal substituto. A paisagem física e humana dessa

aldeia iria vincar profundamente a sua obra.

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1945: Nasce em Monsanto a sua segunda filha, Margarida Maria. Publica a novela Casa da Malta.

1946: Em Outubro desse ano vai ocupar o cargo de médico municipal de Pavia, no Alentejo.

Publica o romance Minas de San Francisco, que fora escrito em Monsanto. 1949: É

publicada a primeira série de Retalhos da Vida de Um Médico, que obterá o Prémio Vértice,

disputado entre os dez melhores livros dos últimos dez anos, segundo uma selecção feita

por essa revista de cultura. Participa, em Paris, numa exposição internacional de artistas plásticos médicos.

1950: Sai o romance A Noite e a Madrugada. Em Dezembro desse ano, abandona

Pavia e é admitido como assistente do Instituto Português de Oncologia, em Lisboa.

1951: Publica no Boletim do Instituto Português de Oncologia os primeiros

capítulos de um livro inacabado: Memórias Imaginárias de Um Médico. Passa a colaborar

assiduamente, sobretudo como editorialista, no semanário Jornal do Médico.

1952: Dá a lume a primeira versão de Deuses e Demónios da Medicina, obra que fora prevista para

a colecção «Vidas Célebres». É-lhe atribuído o Prémio Ricardo Malheiros pela nova versão do romance

Minas de San Francisco. Realiza a sua primeira viagem ao estrangeiro, visitando a França, Bélgica e

Holanda.

1954: Sai a primeira edição estrangeira dos seus livros: Escenas de la vida de un médico, com

prefácio de Gregório Marañon, que repercutiu rapidamente noutros países. É publicado o romance O Trigo

e o Joio.

1955: Eleito membro da Academia das Ciências de Lisboa.

1956: Participa num Colóquio Internacional de Literatura, em Saragoça.

1957: Publica o romance O Homem Disfarçado, que provoca acesas e opostas reacções, tanto no

meio médico como no meio intelectual.

1958: Inicia o romance O Príncipe, interrompido pouco tempo depois. Um trecho desse livro seria

publicado na revista Eva.

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1959: Edita Cidade Solitária e a colectânea As Frias Madrugadas, na qual reúne toda a sua produção

poética anterior.

1960: Sai o romance Domingo à Tarde, que obtém o Prémio José Lins do Rego.

O mesmo romance é seleccionado como finalista do Prémio Internacional de Romance

de Arenys del Mar.

1962: Adaptado ao cinema o livro Retalhos da Vida de Um Médico, por Jorge Brum do Canto. O

filme é seleccionado para o Festival de Berlim.

1963: Publica a nova versão, refundida e ampliada, de Deuses e Demónios da Medicina, em dois

volumes, e a segunda série de Retalhos da Vida de Um Médico.

1964: Obtém o 2.º prémio de Pintura na Exposição Colectiva de

Artistas Médicos organizada no Porto e seguidamente repetida em

Lisboa. Coordena, prefacia e apresenta um álbum dedicado a Aquilino

Ribeiro. Publica, na Vértice, um trecho de mais um romance inacabado,

a que dera o título Rio de Mouros.

1965: Manuel Guimarães adapta ao cinema o romance o Trigo e

o Joio. Convidado a participar nos Encontros Internacionais de Genebra, recolhe aí elementos para um livro

que abre um novo caminho na sua obra, entre o ensaísmo e a ficção: Diálogo em Setembro. Abandona o

lugar de assistente do Instituto Português de Oncologia.

1966: António Macedo adapta ao cinema o romance Domingo à Tarde. O filme é seleccionado para

o Festival de Veneza. Começa a preparar um romance sobre a emigração com o título provisório As

Formigas do Inverno.

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1967: O ensaísta Mário Sacramento publica Fernando Namora – a Obra e o Homem. 1968: Editado

o primeiro volume da série «Cadernos de Um Escritor», com o título Um Sino na Montanha. 1969: Sai o

livro de poemas Marketing, que reúne a produção poética compreendida entre 1959 e 1969. Manuel

Guimarães realiza um filme sobre a sua vida e obra, com texto de Álvaro Salema.

1971: É publicado o volume Os Adoradores do Sol, na série «Cadernos de Um

Escritor». 1972: Publica Os Clandestinos, finalista do prémio internacional instituído

em Barcelona pela editora Seix Barral. É-lhe atribuído o Grande Prémio SOPEM,

destinado a galardoar o conjunto da obra de um escritor médico. Convidado a realizar

palestras e colóquios no Canadá. No prosseguimento dessa viagem visita pela primeira vez Nova Iorque.

1974: É publicado o livro Estamos no Vento, a que o autor chama «narrativa

literário-sociológica», no qual aborda a temática da juventude e a ruptura entre

gerações. 1975: Sérgio Ferreira realiza um filme sobre a sua vida e obra. Dá à estampa

novo volume da série «Cadernos de Um Escritor», sob o título A Nave de Pedra.

1976: Convidado a participar no Congresso Internacional de Escritores, realizado em Moscovo, tem

uma intervenção na sessão final. A Casa Sassetti edita um disco com uma selecção de textos de Retalhos da

Vida de Um Médico, ditos por Sinde Filipe.

1977: Convidado a participar no Congresso Internacional de Escritores, em Sófia, não assiste

porque, na mesma data, a convite da Comissão Nacional de Comemorações das Comunidades

Portuguesas, realiza em São Paulo uma conferência sobre «Camões e a Portugalidade». Participa no

Congresso de Crítica Literária, realizado em Campina Grande, Brasil, onde apresenta uma comunicação. É

completada a edição em fascículos, ilustrada pelo pintor Júlio Resende, de Retalhos da Vida de Um Médico,

comemorativa do 25.º aniversário desta obra. É publicada a narrativa Cavalgada Cinzenta, que documenta

a viagem realizada

1980. Publica Resposta a Matilde.

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1982: Publica Rio Triste, romance a que foi atribuído o Prémio Fernando

Chinaglia.

1984: Sai o livro de poemas Nome para uma Casa.

1986: Publica Sentados na Relva, mais um volume de «Cadernos de um

Escritor», e URSS, Mal Amada, Bem-Amada. Adaptação para televisão de Resposta

a Matilde.

1988: É publicado Jornal sem Data (Cadernos de um Escritor). Comemora-se o 50.º ano da sua vida

literária. É agraciado com a Grã Cruz da Ordem do Infante Dom

Henrique.

1989: Morre em Lisboa, a 31 de Janeiro.

1990 - CASA MUSEU. Foi inaugurada a 30 de Junho de 1990, em Condeixa, ocupando a casa que foi residência de seus pais e sua, quando se estabeleceram em Condeixa com um estabelecimento comercial que ocupava o rés-do-chão desta casa que hoje é museu. Ali se encontram objectos e documentos pessoais, quadros de sua autoria e livros.

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Obras literárias de Fernando Namora

Almas sem Rumo, 1936 Cabeças de Barro, 1937 (com Carlos de Oliveira e Artur Varela)

Pecado Venial, 1937 (é anunciado, mas não chegou a ser publicado) Relevos, 1938 As

Sete Partidas do Mundo, 1938 Mar de Sargaços, 1940 Arado, 1940 (não chega a

publicar) Terra, 1941 Fogo na Noite Escura, 1943 Casa da Malta, 1945 Minas de S.

Francisco, 1946 Retalhos da Vida de um Médico, 1949 A Noite e a Madrugada, 1950

Memórias Imaginárias de um médico, 1951(inacabado; só publicados os primeiros

capítulos) Deuses e Demónios da Medicina, 1952 O Trigo e o Joio, 1954 O Homem Disfarçado, 1957 O

Príncipe (iniciado e interrompido pouco depois), 1958 As Frias Madrugadas, 1959 Cidade Solitária, 1959

Domingo à Tarde, 1961 Rio de Mouros (inacabado), 1964 Diálogo em Setembro, 1966 As Formigas de

Inverno (romance sobre a imigração, que não passou da fase preparatória), 1966 Cadernos de um Escritor

(Um Sino na Montanha),

1968 Marketing, 1969 Os Adoradores do Sol, 1971 Os Clandestinos, 1972 Estamos no vento,

1974 A Nave de Pedra, 1975 Cavalgada Cinzenta, 1977 Resposta a Matilde, 1980 O Rio

Triste, 1982 Tinha chovido de véspera, 1982 Nome para uma Casa, 1984 Sentados na Relva,

1986 URSS, Mal Amada, Bem Amada, 1986 Jornal sem Data (Cadernos de um Escritor),

1988.

TRADUÇÕES

É um dos escritores portugueses mais traduzidos em todo o mundo. A primeira edição estrangeira

dos seus livros, foi Escenas de la vida de un médico, com prefácio de Gregório

Marañon.

Os seus romances foram traduzidos em dezenas de países, tendo sido,

juntamente com Soeiro Pereira Gomes e Eça de Queiroz, um dos três primeiros

escritores portugueses a serem traduzidos na China. França, Alemanha, Roménia,

Polónia, União Soviética, Brasil, Argentina, Espanha, Itália, Venezuela, Inglaterra,

etc … formam uma extensa lista de países onde Namora conquistou público

bastante para esgotar muitas dessas edições. Por exemplo, na Roménia foram traduzidos os livros Casa da

Malta (Casa vagabonzilor), por Micaela Ghitescu, Rio Triste (Fluviul trist), por Odette Margaritescu, Os

Clandestinos (Mastile), por Odette Margaritescu e O trigo e o joio (Graul si neghina), por Aurel Covaci.

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Na Polónia foram traduzidos Domingo à tarde, por Anna Hermanowicz-Palka e Marek Baterowicz, O

Homem disfarçado, por Janina Klawa e Tinha chovido na véspera, por Krystyna e Wojciech Chabasinscy.

Em França, Fogo na noite escura foi traduzido por René Bandé para as

Éditions Stock, em 1971 e rapidamente esgotou. Retalhos da vida de um médico

foi traduzido por Jacques Alibert e Alzer Barreto com a colaboração de Janine

Baud, para as Nouvelles Éditions latines. O trigo e o joio foi traduzido por

Paulette Demerson, para as Éditions Plon «Feux Croisés».

O Homem Disfarçado, 1957), traduzido por Paulette

Demerson e Robert Paufique, para as Éditions Plon, «Feux

croisés», esgotado. Domingo à Tarde, traduzido por Paulette

Demerson para as Éditions Plon, «Feux croisés», esgotado. Os

Clandestinos, traduzido por Roberto Quemserat para Éditeurs

Français Réunis, esgotado. Rio Triste, traduzido por Catherine Meunier para as Éditions

La Différence, «Littérature étrangère» e Fondation Calouste Gulbenkian.

Foram feitas edições em Braille de Retalhos da vida de um médico, Os Clandestinos e As sete

partidas do mundo.

REVISTAS EM QUE COLABOROU

Para além das revistas que criou ou dirigiu (Jornal do Liceu Camões, Jornal

Académico Alvorada, Revista literária Altitude), deixou colaboração dispersa pelas revistas

Sol Nascente, Diabo, Seara Nova, Colóquio-Letras, JL, Mundo Literário, Ver e Crer,

Presença, Altitude, Revista de Portugal, Eva, Vida Mundial Ilustrada, Vértice, Boletim do

Instituto Português de Oncologia, Jornal do Médico e outras.

CINEMA – Obras realizadas a partir da sua obra.

Retalhos da Vida de Um Médico (1962), realizado por Jorge Brum do Canto, com

Jorge Sousa Costa, João Guedes, Emílio Guimarães, Irene Cruz. Seleccionado para o

Festival de Berlim.

O Trigo e o Joio (1965), realizado por Manuel Guimarães, com Manuel da Fonseca.

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Domingo à Tarde (1966), realizado por António Macedo e produzido por Cunha

Telles, sendo a estreia em 13ABR1966 no Cinema Império, Lisboa, com Isabel de Castro

(Clarisse), Ruy de Carvalho (Jorge), Isabel Ruth (Lúcia), Alexandre Passos (Preso),

Constança Navarro (Velha do Poço), Cremilde Gil (Enfermeira) e Fernanda Borsatti

(Maria Armanda). Seleccionado para o Festival de Veneza.

O Rapaz do Tambor (1990), realizado por Vítor Silva, com João Luís Silva, José

Eduardo, Raquel Maria (curta metragem).

TELEVISÃO

Fernando Namora – Vida e Obra, realizado por Sérgio Ferreira

Retalhos da Vida de um Médico, série televisiva por Artur Ramos e

Jaime Silva (1979-1980).

Fernando Namora, (1969), realizado por Manuel Guimarães.

A Noite e a Madrugada, realizada por Artur Ramos.

Resposta a Matilde, adaptada a televisão em 1986, por Dinis Machado e

Artur Ramos com Rui Mendes, Júlio César, Estrela Novais, Filipe Ferrer, Canto e

Castro, Aida Baptista, Fernanda Borsatti, Fernanda Coimbra, Luís Alberto,

António Anjos, Gil Matias e Maria Alberta e a participação de Raul Solnado e

Rogério Paulo.

ARTES PLÁSTICAS – exposições e prémios de Fernando Namora

Em 1938, recebeu o Prémio Mestre António Augusto Gonçalves de

artes plásticas.

Em 1944, realiza a sua única exposição individual de pintura,

em Castelo Branco.

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Em 1949, expõe obras suas em Paris, numa exposição colectiva e

internacional de artistas médicos.

Em 1964, obteve o 2.º Prémio de Pintura na Exposição Colectiva de

Artistas Médicos, realizada na cidade do Porto e posteriormente

repetida em Lisboa.

CENSURA NO ESTADO NOVO. Uma página de Fernando Namora «riscada»

pela censura…

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ACTIVIDADE INTERNACIONAL

Participa, em Paris, numa exposição internacional de artistas plásticos médicos, 1949.

1952: Realiza a sua primeira viagem ao estrangeiro, indo a França,

Bélgica e Holanda. Daí em diante, tornar-se-ão frequentes, mas sempre breves,

as suas estadas no estrangeiro (na Europa, nas Américas e em África), e essa

experiência de viajante ampliará as perspectivas e a temática da sua obra.

Participa num Colóquio Internacional de Literatura, em Saragoça, 1956.

Convidado a participar nos Encontros Internacionais de Genebra, recolhe

aí elementos para um livro que abre um novo caminho na sua obra, entre o

ensaísmo e a ficção: Diálogo em Setembro.

A partir desta experiência humana e cultural, o contexto português, na obra do

autor, passa a ser confrontado com um contexto universal, 1965.

Estada nos países escandinavos e na Rússia nórdica, 1971.

Convidado a realizar palestras e colóquios no Canadá. No

prosseguimento dessa viagem visita pela primeira vez Nova Iorque, 1972.

Convidado a participar no Congresso Internacional de Escritores, realizado em

Moscovo, onde tem uma intervenção na sessão final, 1976.

Convidado a participar no Congresso Internacional de Escritores, em Sófia,

1977, a que não assiste porque, na mesma data, a convite da Comissão Nacional de

Comemorações das Comunidades Portuguesas, realiza em São Paulo uma conferência

sobre «Camões e a Portugalidade». Participa no Congresso de Crítica Literária,

realizado em Campina Grande, Brasil, onde apresenta uma comunicação.

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Actividade na criação da SOPEM - Sociedade Portuguesa dos Escritores Médicos

Embora fosse uma ideia que durante muitos anos germinou na cabeça de

alguns dos médicos que se dedicavam à escrita, só no ano de 1969 é que se

concretizou a criação desta Sociedade.

Foi criada inicialmente com a designação de Sociedade Portuguesa dos

Escritores Médicos – a SOPEM – e teve como seu primeiro presidente o Prof.

Barahona Fernandes, como vice-presidente Fernando Namora e como secretário

geral Mário Cardia. Faziam também parte dessa primeira direcção, Taborda de

Vasconcelos, Alexandre Sarmento, Lopes Dias, Pacheco Neves e Seabra Dinis.

Logo no ano da sua criação, a SOPEM fez-se representar, na pessoa do seu secretário geral

Mário Cardia, no 9º Congresso da União Mundial dos Escritores Médicos, criada em 1960 e,

nesse ano, realizado em Nice.

A primeira manifestação pública da SOPEM, realizou-se na Ordem dos

Médicos, numa sessão pública de homenagem a Júlio Dinis, comemorativa do

centenário do seu nascimento.

Fernando Namora NA PRIMEIRA PESSOA

«Ser escritor hoje, em Portugal, é exercer uma actividade que, apesar de

bem castigada com tributos, deve ser das raras que o Estado desconhece em

termos de encorajamento. Seríamos tentados a acrescentar Lisboa, mas Lisboa é

outra coisa.

Menos perdidamente civilizada e menos eufemística, Lisboa prefere a

navalhada ao virar da esquina, prefere ser rasca. Tece conjuras na sombra, com

qualquer poeta adunco e piloso a distribuir pelo gang lâminas de barba com que

golpear as canelas da vítima, cospe grosso, verte bílis - mas tudo isso numa

Lisboa rasteira. E à meia volta. Com a ambígua excepção dos velhacos importados, que, ao

aclimatarem-se, refinam o veneno luso com um tempero cosmopolita.

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Com efeito, a chamada indecência da vida literária não nos é exclusiva. A castradora inveja (quem

disse que a inveja é o mais dramático sinal da frustração?), o golpe baixo, a mesquinhez e

a torpeza estão longe de ser estigmas nossos, é só eu, Eu, EU. É um espectáculo triste ver escritores lúcidos

incharem de tal modo o balão do seu caso, o balão da sua pessoa, que nada mais fica do que a expectativa

do inevitável estoiro. O mundo todo é deles. É deles. Os outros existem apenas porque não há palco sem

auditório.

Por mim, que tenho investido na arte uma experiência existencial e não uma simples elaboração

cerebral, a escrita impregna-se de uma atmosfera afectiva – mesmo quando os meus livros reflectem uma

vincada preocupação social.

Confesso não ter vergonha de acreditar naquilo em que acredito: no cada vez mais raro

companheirismo, por exemplo; na dedicação a pessoas ou na fidelidade a objectivos.

Sim, é antigo e sempre se retoma, tantas vezes de modo errado, esse conflito entre críticos e

artistas, embora sejamos de opinião que as profundas razões se encontram noutro lado, talvez

na falta de rigor e de verdade com que, tão leviana e constantemente, se erguem hossanas em louvor de

certos escritores ou artistas e se proferem veementes protestos contra outros que, pela sua obra e pelo

exemplo das posições assumidas, deviam merecer outra aceitação ou justificar uma rigorosa atitude

crítica. Sabemos bem que existem diferentes padrões para encarar a arte

(ou a criação literária) e que, enquadrando-se essa mesma arte e criação no seu tempo e espaço próprios,

a crítica deverá assim necessariamente corresponder aos mesmos postulados estéticos

e ideológicos. Criticar é, e sempre foi, apostar, dizer o que vale e não vale, segundo as nossas opções e

preferências, dizer do seu pessoal modo de ler e compreender os homens e o mundo».

FERNANDO NAMORA, BALANÇO CRÍTICO

Depois da publicação de dois romances, que reflectem a experiência universitária coimbrã, numa já

segura articulação entre a análise psicológica e a atenção às determinantes sociais e históricas da conduta

do indivíduo, a publicação da novela A Casa da Malta irá inscrever este autor na corrente neo-realista,

opção facilitada pelo contacto com a realidade social e humana que a experiência de médico em meios

rurais lhe impunha. Entre as narrativas que marcam mais visivelmente esta intenção social contam-se o

célebre volume Retalhos da Vida de um Médico e as narrativas Minas de São Francisco , A Noite e a

Madrugada e O Trigo e o Joio , embora Fernando Namora tenha sempre rejeitado qualquer dicotomia

entre literatura de cunho social e de cunho psicológico, considerando, pelo contrário, que "a sondagem

'psicológica' e a 'sociológica' pertencem à mesma incessante tentativa de nos conhecermos, situados na

circunstância que nos molda e condiciona" (id. ibi ., p. 34). Romances como O Homem Disfarçado ou

Cidade Solitária situam-no já no âmbito da geração de 50, ou de uma segunda geração neo-realista,

registando o influxo do existencialismo na novelística portuguesa. Em 1965, abandonou a medicina para se

consagrar à literatura, tendo então aceitado o cargo de presidente do Instituto de Cultura Portuguesa, no

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âmbito do qual desenvolveu iniciativas de apoio aos leitorados portugueses e presidiu à publicação de uma

colecção de iniciação à cultura: a "Biblioteca Breve". Convicto de que o papel do escritor deverá ser o "de

consciencializar e contestar, obstando à sacralização das pessoas e das fórmulas" (id. ibi. , p. 110), a obra

de Fernando Namora registou até às suas últimas produções, como constantes mais salientes, "a procura

de uma íntima coerência (o rasgar das máscaras), o apelo à dignificação da existência, o apelo a tudo o que

possa resgatar os humilhados e os atormentados, a descida aos abismos da solitude" (id. ibi ., p. 31).

Fernando Namora. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2010. [Consult. 2010-04-

14]. Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$fernando-namora>.

ALGUMAS SOCIEDADES LITERÁRIAS E CIENTÍFICAS A QUE PERTENCEU

Instituto de Coimbra. Instituição de Fernando, o Católico, de Saragoça. Academia das Ciências de

Lisboa. Academia Brasileira de Letras. Associação Brasileira de Escritores Médicos. Instituto de História da

Medicina. Universidade do Alasca (membro honorário). Instituto Médico de Sófia. Hispanic Society of

America (Nova Iorque). Academia Europeia das Ciências, Artes e Letras (membro eleito, 1986).

PRÉMIOS E DISTINÇÕES RECEBIDAS

Prémio Almeida Garrett em 1938, para o livro As sete partidas do mundo.

Prémio Mestre António Augusto Gonçalves, 1938 para a sua obra de artes plásticas.

Prémio Vértice, em 1949, para Retalhos da vida de um médico, disputado entre os dez melhores

livros dos últimos dez anos.

Prémio Ricardo Malheiros em 1952 para o livro Minas de S. Francisco (nova versão).

Prémio José Lins do Rego em 1960, para o livro Domingo à tarde.

Prémio Internacional de Romance de Arenys del Mar (Domingo à tarde foi seleccionado, em 1960,

como finalista).

2.º Prémio de Pintura na Exposição Colectiva de artistas médicos organizada no Porto e depois

repetida em Lisboa (1964).

Prémio Internacional Seix Barral, de Barcelona (Os Clandestinos, em 1972, foi seleccionado como

finalista). Grande Prémio SOPEM, 1972.

Prémio D. Diniz, da Fundação Casa de Mateus, 1982 para o livro Resposta a Matilde.

Prémio Fernando Chinaglia para o livro Rio Triste 1982. Agraciado com a Grã Cruz da Ordem do

Infante Dom Henrique, em 1988.

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São inúmeras as cidades e vilas de Portugal que perpetuam o nome de Fernando Namora nas suas

ruas, avenidas ou pracetas. Lisboa, Coimbra, Monsanto, Lousã, Massamá, Pavia, Condeixa, Castelo Branco,

Pedrouços-Maia, Beja, Idanha-a-Nova.

Existem também Escolas Secundárias que escolheram para seu patrono o nome de Fernando

Namora, de que é exemplo a Escola Secundária da Brandoa (Amadora) e a Escola Secundária de Condeixa-

a-Nova.

Fontes: Cecília Meireles e Carlos Vieira Reis, http://www.vidaslusofonas.pt/namora.htm

Imagens: http://images.google.pt

POLÉMICA - LUÍZ PACHECO E FERNANDO NAMORA

«E aquela história do Fernando Namora, O Caso do Sonâmbulo Chupista?

Eu apenas fiz a divulgação da vigarice do Namora…o Namora era um vigarista, o gajo que mais plágios fez

em toda a história da literatura...onde é que eu ia? Ah... e eu estou em Agosto na cervejaria Trindade com

o Serafim Ferreira e com o Herberto Helder, que se está a queixar que aquela gaja, a Maria Estela Guedes,

tinha feito um livro com textos que tinha roubado, e de repente o Serafim diz: “opá, isso plágios é o que

para aí há mais, eu tenho lá em casa a edição especial da Aparição que me deu o Vergílio Ferreira com

coisas anotadas que o Namora lhe roubou...”

E eu estou a ouvir aquilo e estou calado. No dia seguinte telefono para a Amadora, onde mora o Serafim, e

pergunto: “ouve lá, aquela tua conversa de ontem, aquilo era blague de café ou era a sério?” “Não, tenho

cá o exemplar da Aparição. Combinámos então o terrível crime nas escadinhas do duque, em que ao cimo

das escadinhas eu digo: “ouve lá, tu vais fazer um panfleto e eu edito-te e vamos ganhar um bocado de

massa os dois, estamos em Agosto, agora não se vende nada mas vende-se em Setembro”. E ele disse: “eu

não posso fazer” – não perguntei porquê, devia favores ao Vergílio Ferreira ou ao Namora, porque o

Serafim é um bocado marçano. E eu disse: “então passa-me para cá isso e faço eu”.

Estive semanas ou talvez mais, um mês ou dois, a confrontar na Biblioteca Nacional, foi tudo verificado...

eu mostrava às pessoas e as pessoas concordavam, aquilo era tudo roubado, o Namora, no Domingo à

Tarde, tinha copiado partes do Aparição, do Vergílio Ferreira. Fui então ao O Jornal ter com o Rodrigues da

Silva: “ouve lá, achas que isto aqui é publicável? Reposta dele: “opá, o José Carlos Vasconcelos é muito

amigo do Namora, nem pensar...” Ninguém queria publicar aquilo. Estavam com medo do Namora. Tive eu

de publicar, melhor, tive de arranjar um gajo, o Vítor Belém, ele é que fez a edição. O Belém foi comigo à

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Tipografia Mirandela, na Travessa Condessa do Rio, perto da Calçada do Combro... era a gráfica desses

gajos da extrema-esquerda… aquilo foi composto, eu revi provas, num papel muito ordinário... saiu num

folheto de 8 páginas, fiz 5 ou 6 mil exemplares. Despachei tudo, vendeu-se à maluca, alguns iam parar às

caixas do correio.

E as reacções?

O Dinis Machado foi com a mulher ao Hospital do Rego interceder para eu não publicar o folheto. A célula

do PCP na Trindade, o Batista Bastos, o Virgílio Martinho, o Dácio e outros juntaram-se e condenaram-

me... diziam que eu me tinha vendido ao Vergílio Ferreira, que tinha sido pago pela direita para dizer mal

de um escritor da esquerda. Ora o Namora era tão de esquerda como o Vergílio Ferreira. Dizia-se que o

Vergílio Ferreira me tinha dado um fato novo e 50 contos.

A reacção do Vergílio Ferreira vê-se na Conta Corrente, o gajo lamenta-se e tal… O Namora disse que me

processava e não sei que mais... O meio literário não é fácil, não é melhor nem pior que os outros... agora

avançar neste meio é facílimo...se fores vigarista até prémios ganhas...»

Fonte: http://www.triplov.com/luiz_pacheco/Entrevista-GPereira/Molero.htm

Nos tempos dos trovadores, era praticamente impossível saber quem primeiro ideara os contos e

as lendas e os romances, levados de terra em terra, de castelo em castelo, pelos contadores de histórias.

Com a descoberta da impressão, e o autor começou a assinar as suas obras, já não apreciava que outro se

aproveitasse do seu texto, dando-o como seu.

Até que “ sob a pressão das ideias românticas, se começa a desenvolver uma nova atitude em

relação à literatura.” Traduzo este trecho de “Le Plagiat” da autoria de Christian Vandenloyse.*

“A estética da imitação que reinara nas letras desde as suas origens, é substituída pela estética da

originalidade que levará a uma procura acelerada da novidade. O escritor é visto como pertencendo a uma

raça à parte, o seu génio é magnificado e a sua escrita profissionalizada. A crítica literária que também se

tornou profissional acelera essa tendência……”

Começou a caça ao plágio. Descobrem-se plágios desde Shakespeare a Dickens, desde Corneille a

Voltaire e por aí fora. (…)Surge aqui a minha dúvida: será que o segundo autor copiou na verdade,

propositadamente, aqueles trechos do primeiro autor? Não será antes que ele, tendo lido o outro livro, o

tenha apreciado tanto que fixara algumas das expressões e instintivamente as usara também? Todo o

escritor sabe quantas vezes lhe vêm à pena expressões que não são suas, que lhe ficaram de leituras

anteriores, ou de livro em que se exprimia justamente aquilo que ele também queria dizer.

Fonte: Theresa Castello Branco, http://tcbranco.blogspot.com/2009/03/de-livros-de-os-roubar-

copiar-e-adoptar.html

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Escola Secundária Fernando Namora, Condeixa-a-Nova