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U S P U N I V E R S I D AD E D E S Ã O P AU L O

R e i t o r : Ado lph o J o s é Me l f i

Vice-Rei tor : H é l i o N o g u ei r a d a C r u z

FACULDADE DE FILO SO FIA, LE TRAS E CIÊ NCIAS HUMANAS

D i r e t o r : S e d i H i r a n o

Vic e - D i re to r a : E n i d e M es q u it a S a m a r a

DE P ARTAME NTO DE LE TRAS CLÁSS ICAS E VE RNÁCU LAS

C h e f e d o D e p a r t a m e n t o : B e n ja m i n Ab d a l a J u n i or

Vice-Chefe : M a r i a V i ce n t i n a P . d o Am a r a l D i ck

ÁREA DE ESTUDOS COMPARADOS DE LITERATURAS DE LÍNGUA PORTUGUESA

C o o r d e n a d o r : B e n ja m i n Ab d a l a J u n i or

Vic e - C o o rde n a do ra : R i t a d e C á s s ia N a t a l C h a v e s

Vi a At l â n t i c a / D e p a r t a m e n t o d e L e t r a s C l á s s i ca s e

V er n á c u la s . F a c u ld a d e d e F i l os o fi a , L e t r a s e C i ê n ci a sH u m a n a s . U n i v e r s id a d e d e S ã o P a u l o – n . 5 (2 00 2) – . –

S ã o P a u l o : D e p a r t a m e n t o d e L e t r a s C l á s s i c a s e

Vern ácu las , 2002.

ISSN 1516-5159

1. L í n g u a p or t u g u e s a 2. L i t e r a t u r a d e e xp r es s ã o p or -

t u g u e s a 3. L i t e r a t u r a c om p a r a d a I . U n i v er s i d a d e d e S ã o

P a u l o . F a c u l d a d e d e F i l o s o f i a , L e t r a s e C i ê n c i a s H u m a -

n a s . D e pa r t a m e n t o d e L et r a s C l á s s i ca s e Ve r n á c u la s .

CDD-469

869

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P u b l i c a ç ã o d a Á r e a d e E s t u d o s C o m p a r a d o s d e L i t e r a t u r a s d e L í n g u a P o r t u g u e s a

D e p a r t a m e n t o d e L e t r a s C l á s s i ca s e V er n á cu l a s

F a cu l d a d e d e F i l os of i a , L e t r a s e C i ê n ci a s H u m a n a s

U n i v e r s id a d e d e S ã o P a u l o

n . 5 S ã o P a u lo 2002

AtlânticaVia

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E n d e r e ç o p a r a c or r e s p on d ê n c i a :

Rua do Lago , 717 – Sã o Pa ulo – SP – C EP 05508-900

Fone: (011) 211-4214 – e-mail: [email protected]

Via At lânt ica , n . 5 , 2002

E s t a p u b l i c a ç ã o c o n t a c o m a u x í l i o f i n a n c e i r o d a C A P E S

E d i t o r e s   B e n j a m i n A b d a l a J u n i o r

E l z a M i n é

N á d i a B a t t e l l a G o t l i b

R i t a C h a v es

C o n s e l h o E d i t o r i a l   A n a P a u l a F e r r e i r a

B e n j a m i n A b d a l a J u n i o r

C a r l o s R e i sE l z a M i n é

I s a b e l P i r e s d e L i m a

J o ã o Al e xa n d r e B a r b o sa

M a r i a Ap a r e ci d a d e C . B r a n d o S a n t i l l i

N á d i a B a t t e l l a G o t l i b

R i t a C h a v es

Ta n i a M a c ê d o

C o n s e l h o C o n s u l t i v o   A n t o n i o D i m a s

B e n i l d e J u s t o L a c o r t e C a n i a t o

C l e o n i c e B e r a r d i n e l l i

D a v i d J a c k s on ( E U A )E . M. de Melo e Ca s t ro

E t t o r e F i n a z z i -Ag r ò ( I t á l i a )

F á t i m a M e n d on ç a (M oç a m b i q u e )

F e r n a n d o M a r t i n h o ( U n i v e r s i d a d e d e L i s b o a )

H é l d e r G a r m e s

H e l d e r M a c e d o ( I n g l a t e r r a )

J o ã o Ad o l f o H a n s e n

J o r g e F e r n a n d e s d a S i l v ei r a

L a u r a C a v a l c a n t e P a d i l h a

L é li a P a r r e i r a D u a r t e

M a r i a d os P r a z e r e s M en d e sM a r i a H e l en a N e r y G a r ce z

M a r i a L ú ci a P i m e n t el d e S a m p a i o G óe s

M a r i a L u i z a R i t z e l R e m é d i o s

M a r i s a L a j ol o

Nel ly Nov aes Coe lho

P e p e t e l a ( A n g o l a )

R i a L e m a i r e (F r a n ç a )

R i t a d e C á s s i a N a t a l C h a v e s

R o b er t o d e Ol i v ei r a B r a n d ã o

S a n d r a N i t r in i

S u e l y F a d u l V i l li b or F l or y

Ta n i a C e l e s t i n o d e M a c e d o

Vi lma Areas

P repara ção de Originais  : M a r in a R u iv o

R e v i s ã o  : Ma r in a R u ivo e Vim a L ia d e R os s i Ma r t in

Assessor ia : C r eu s a R ibei r o d e L im a e Má r cia C r i s t in a d e S ou z a B icu d o

E d i t o r a ç ã o E l e t r ô n i c a : L a to S en so – B u r ea u d e E dit or a çã o

C a p a : C ola g em a pa r t i r d a i lu s t r a çã o M a m e l u c a , Alber t Eckhou t

I m p r e s s ã o e A c a b a m e n t o  : E d i t or a e G r á f i ca V i da & C o ns ci ên ci a

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sumárioE d it or ia l . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

D O S S I Ê – J O S É C R AVE I R I N H A

 José Craveirinha: nota biobibliográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

A fraternidade das palavras

Ana Ma fa ld a L eit e . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

António Jacinto, José Craveirinha, Solano Trindade – O sonho (diurno)

de uma poética popular

B en ja m in Abda la J un ior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

A apoteose da palavra e do canto: a dimensão “neobarroca” da poética

de José Craveirinha

C a r m en L uci a Tin dó R ib eir o S ecco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

O conceito de nação em José Craveirinha, Rui Knopfli e Sérgio Vieira

F á t im a Me n d on ça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

J os é C r a v e ir i n h a : p a r a a l é m d a u t op ia

F r a n cis co N oa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

 José Craveirinha “Impoética Poesia”J org e F ern a nd es da S i lvei r a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

S o b r e a p o es i a d e J o sé C r a v e ir i n h a

R ui B a lt a za r . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88

CR AVEI RI NH A em poes i a : se leção de poema s d o a u t or . . . . . . . . . . . . 108

OUTROS ENSAIOS

Língua portuguesa e línguas crioulas nos países africanos

B en ild e J us t o C a n ia t o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128

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Lisboa Reinventada n’O Ano da Morte de Ricardo Reis 

I za bel Ma r ga t o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140

Desvelando as malhas da escrita: entre o mito e a realidade

Ma ria H eloísa Ma rt ins D ia s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152

Até as Mãos Sangrarem...: a oscilante identidade discursiva

de O complexo de Van Gogh

Mir el la Má r cia L ong o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162

R E S E N H A S

Um baú cheio de Pessoas – Escritos sobre Fernando Pessoa de Antonio Tabucchi

Aur or a B er n a r di n i . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 174

O pensamento mestiço e uma poética da mestiçagem

H éld er G a r m es . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182

A Caverna, de José Saramago

H or á cio C os t a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 186

Viagem à luta armada: entre a ficção e a história

Ma r in a R u iv o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190

Eça de Queirós, Textos de Imprensa IV 

H elena C a rv a lhã o B ues cu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 198

P R O J E TO S D A ÁR E A D E E C L L P /U S P

P r ojet os d e a lu n os . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203

P r ojet os de pr ofes sor es . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229

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editorialFiel ao projeto a que está vinculada, a Revista Via Atlântica, em seu

quinto número, cumpre o objetivo de veicular textos que integram o reper-tório de conhecimentos produzido no universo cultural dos países de língua

oficial portuguesa.

O dossiê está centrado na obra de José Craveirinha, um dos mais co-

nhecidos poetas moçambicanos, que completou 80 anos em maio último.

Nesta seção, estudiosos do Brasil, de Moçambique e de Portugal apresen-

tam artigos empenhados em explorar relevantes aspectos da sua vasta e

vigorosa obra, e o resultado é a confirmação, uma vez mais, do significado

de uma poética que sabe articular a dimensão estética da literatura com

um projeto ético que se destaca pela firmeza.

Além de exprimir a convicção de que essa data especial pode e deve

motivar uma homenagem a quem já teve o seu trabalho reconhecido de

tantas formas, a decisão de reunir um conjunto de textos sobre José

Craveirinha manifesta a preocupação de assegurar um espaço considerável

à produção literária africana. Associado ao dossiê África, editado em nosso

número 3, o dossiê José Craveirinha deve ser visto também como um esfor-ço para tirar as Literaturas Africanas de Língua Portuguesa do terreno das

“ignoradas”, como apontava Manuel Ferreira.

Essa seleção de textos que o leitor vai encontrar aqui não se caracteriza

pelo ineditismo. Ao lado daqueles só agora apresentados ao público, situam-se

alguns escritos ao longo da carreira do poeta homenageado. Duas razões nos

levaram a optar por essa incorporação diacrônica: por um lado oferecemos aos

leitores, e em especial aos estudiosos da Literatura Moçambicana no Brasil, a

possibilidade de entrar em contato com textos que até o momento não circula-ram entre nós; por outro lado, pode-se captar a importância da obra de

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Craveirinha ao longo dos anos e as perspectivas de abordagem que, em sua

trajetória, essa poética vem suscitando.

O dossiê é aberto por um texto curto que cumpre apenas a tarefa de

apresentar o poeta, cujo perfil será delineado pelos artigos a seguir. Prepa-

rado por Nataniel Ngomane, temos o registro de alguns dados biográficos e

notas referentes à bibliografia do escritor em foco.

Ana Mafalda Leite, uma das maiores conhecedoras da poesia

moçambicana e autora de uma tese de doutoramento a respeito do poeta,

para nomear seu texto escolhe o título de um poema de Craveirinha. E em

“A fraternidade das palavras”, ela oferece-nos mais que um trabalho sobre

sua escrita ao pinçar aspectos da vida do homem e do cidadão, alinhavandopontos que concorrem para uma visão integrada desse personagem da his-

tória das letras e da República de Moçambique.

Em texto apresentado em 1991, Benjamin Abdala Jr. situa o papel do

“sonho diurno” na elaboração de uma poética popular. Reconhecida a força

da imaginação utópica, o crítico distingue na obra do poeta moçambicano a

concepção do presente como um espaço que deve ser hostil à ação “reificante

da civilização degradada”. A partir dessas noções, Craveirinha surge asso-

ciado ao angolano António Jacinto e ao brasileiro Solano Trindade, inte-

grando-se a uma linhagem a que também pertence o cubano Guillén.

Alguns elementos que estruturam a contemporaneidade dessa poéti-

ca são trazidos por Carmen Lúcia Tindó R. Secco. Dando destaque aos sig-

nos da rebeldia em seu canto, a estudiosa assinala, com vigor, os dados que

atestam a incorporação de uma vertente estética a que estão ligados Alejo

Carpentier, Lezama Lima e Severo Sarduy, denominada por este último

“neobarroca”. Dessa forma, o autor de Xigubo e Karingana ua karingana,entre outros títulos, estabelece laços com um universo literário que supera

as fronteiras da língua portuguesa.

Em “O conceito de nação em José Craveirinha, Rui Knopfli e Sérgio

Vieira”, Fátima Mendonça põe em foco a ligação da poesia de José

Craveirinha com a constituição do sentimento nacional. O paralelo com dois

outros poetas moçambicanos evidencia as especificidades de uma poesia

que nasce e se consolida atentando para o papel social da literatura num

universo marcado pelo conflito.

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Editorial

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A utopia é também o eixo buscado no texto de Francisco Noa, empe-

nhado em ressaltar a energia utópica que se inscreve no exercício literário

a que o escritor se entrega. Ao percorrer a obra do poeta, detendo-se, inclu-

sive, em versos ausentes dos livros por ele editados, Noa revela-nos um

poeta que, atento ao cotidiano, não renuncia à lucidez da invenção. Com

 base na leitura atenta dos versos, o crítico detecta em sua capacidade de

transcender os limites do real uma marca significativa do que reconhece

como sua “genialidade inconformada”.

 Jorge Fernandes da Silveira oferece-nos um texto centrado, segundo o

próprio, em indagações. Com sua participação, a essas páginas se integram

palavras de quem viveu a responsabilidade e o privilégio de fazer parte do júri do Prêmio Camões em 1991 e contemplar o poeta. Em sua exposição,

apresentada no mesmo ano, assomam questões que permitem verticalizar

o sentido de um projeto poético povoado pela inquietação e pelo apuro esté-

tico. Em sua sensível argumentação, podemos perceber alguns pontos que

explicam e justificam a escolha que ele ajudou a fazer.

O texto que fecha o dossiê é emblemático da trajetória de José

Craveirinha na medida em que temos acesso a uma palestra proferida anos

antes da independência de seu país. A dimensão que seus poemas alcança-

ram ainda na sociedade colonial revela que nem mesmo a segregação e

outros tristes traços que caracterizavam o elitismo da vida social na capital

moçambicana dos anos 50/60 conseguiram diluir a energia de seu talento.

Com um olhar agudo e uma poderosa sensibilidade, Rui Baltasar, na confe-

rência realizada e editada, em 1972, pela Associação dos Naturais de

Moçambique, apresenta uma poesia e um poeta cuja qualidade seria

ratificada pelos anos, como viriam comprovar as outras vozes que a essaleitura pioneira se associam para mais uma merecida homenagem ao poeta

de Moçambique.

Ainda compondo o dossiê, temos uma seleção de alguns poemas de

 José Craveirinha. Essa breve antologia, articulada às questões críticas le-

vantadas pelos artigos, certamente permite aprofundar o conhecimento sobre

a história e a obra poética do escritor que escolhemos homenagear no pre-

sente número.

Na seção “Outros Ensaios”, mediante diferentes perspectivas de abor-

dagem, diversos ensaístas detêm-se sobre obras literárias produzidas no

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espaço que, preservando uma destacada pluralidade, não deixa de ter a

língua portuguesa como elemento de ligação. No diálogo entre as duas se-

ções, percebe-se a pertinência de uma reflexão que busca no estabelecimen-

to de paralelos uma via para a compreensão do conjunto sem perder de

vista a relevância das especificidades de cada espaço sócio-histórico-cultu-

ral atravessado pelos signos da história colonial e as variadas tentativas de

superação por ela engendrada.

Benilde Justo Caniato, docente do Programa, traz-nos uma reflexão

sobre a complexa rede linguística que encontramos nos países africanos

que foram colonizados por Portugal. Os dados por ela levantados revelam,

para além da existência de línguas crioulas, a dinâmica da língua portu-guesa em contextos diferenciados. Seu texto vem confirmar, inclusive, a

importância do estudo das literaturas desses países como uma forma de

compreender os movimentos gerados na estrutura do idioma a partir de

realidades culturais distintas.

Em “Lisboa revisitada n’O ano da morte de Ricardo Reis , Izabel

Margato, docente e coordenadora da Cátedra Pe. Antonio Vieira de Estu-

dos Portugueses, da PUC-RJ, mergulha no instigante romance de José

Saramago. Examinando as imagens tecidas de Lisboa, procura percorrer os

caminhos trilhados pelo autor para captar uma noção de utopia que “(...)

realiza-se na tensão de dois tempos, num movimento de análise que põe em

diálogo passado e presente.”

Maria Heloísa Martins Dias, da UNESP, vai buscar um autor pouco

estudado entre nós : Ascêncio de Freitas. Escritor português, que viveu

anos em Moçambique, é dono de uma obra significativa, povoada de ele-

mentos bastante relevantes na convulsionada teia de ligações que o Impé-rio cultivou. Em seu artigo, a autora privilegia o caráter mitopoético da

narrativa, demorando seu olhar nas relações entre linguagem e mundo que

encontra no conto selecionado algumas singularidades do trabalho desse

talentoso ficcionista.

Em “Até as mãos sangrarem ... : a oscilante identidade discursiva de

O Complexo de Van Gogh”, Mirella Márcia Longo, da Universidade Federal

da Bahia, ao abordar o romance de Álvaro Manuel Machado, estabelece

conexões com a escrita de David Mourão-Ferreira, identificando na cons-

trução textual fantasmas coletivos e pessoais vigorosamente enfrentados,

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Editorial

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demonstrando que, em sua estrutura multifacetada, a narrativa pode ser

vista como a biografia de uma geração.

Nas páginas finais, estão algumas resenhas, cuja seleção vem confir-

mar a orientação deste projeto editorial. Horácio Costa aborda A Caverna,

um dos mais recentes títulos da destacada obra de José Saramago,

enfatizando as linhas de força de sua estruturação. Aurora Bernardini tra-

ta do livro Um baú cheio de Pessoas – Escritos sobre Fernando Pessoa, de

Antonio Tabucchi, reiterando as singularidades de uma escrita e um autor

trabalhadas de maneira arguta por um leitor muito especial. A ficção de

Carlos Eugênio Paz, apresentada por Marina Ruivo, leva-nos de volta aos

conturbados tempos da resistência à última ditadura no Brasil. Viagem àluta armada, livro que, pelo expressivo testemunho de uma época, tem sido

objeto de estudo de historiadores, traz-nos uma narrativa que merece a

atenção dos estudos literários. A leitura de O pensamento mestiço , de Serge

Gruzinski, feita por Hélder Garmes, assinala pontos importantes para a

reflexão que envolve conceitos complexos como o hibridismo e mestiçagem,

entre outros.

Figura nesse número a transcrição do texto de apresentação feita pela

Profa. Dra. Helena Carvalhão Buescu (Universidade de Lisboa) da edição

crítica de Textos de Imprensa IV (da Gazeta de Notícias) de Eça de Queirós,

na sessão de lançamento, em Portugal, do volume cuja preparação esteve a

cargo da Profa. Dra. Elza Miné (DLCV/USP) e da Profa. Dra. Neuma

Cavalcanti (IEB/USP). Integrando uma coleção dirigida pelo Professor Dr.

Carlos Reis (Universidade de Coimbra), que presidiu a referida sessão, o

livro foi apresentado ao público em Julho de 2002 na Livraria da Biblioteca

Nacional de Lisboa. Dessa forma, a Revista divulga alguns dos resultadosdos vínculos estabelecidos com instituições, dentro e fora do país, pela Área

de Pós-Graduação em Estudos Comparados de Língua Portuguesa.

OS EDITORES

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dossiê: José

Craveirinha