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Sivan / Tamuz 5775 1
VELAS DE SHABAT
Hagaon Harav Shmuel Halevi
Wosner zt”lDINHEIRO
EM XEQUEParquímetro
NAPOLEÃO BONAPARTE – AMIGO DOS JUDEUS?
2 Sivan / Tamuz 5775
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Sivan / Tamuz 5775 3
4 Sivan / Tamuz 5775
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6 Sivan / Tamuz 5775
Sivan / Tamuz 5775 7
Editorial
No calendário judaico os anos são contados em ciclos de
sete anos. Este ano de 5775 é um ano de shemitá – um ano sabático. Há vá-rias leis especiais relativas a este ano.
Uma das leis que vigora no ano de She-
mitá inclusive fora de Êrets Yisrael é a lei
de shemitat kessafim. Conforme esta lei da
Torá, no final do sétimo ano, as dívidas dos
anos precedentes deixam de ser válidas –
não podem mais ser cobradas.
Nossos sábios, no entanto, para evitar
que as pessoas, temendo prejuízo, deixas-
sem de emprestar dinheiro umas às ou-
tras, criaram o pruzbul. O pruzbul é um
contrato que transfere as promissórias do
credor para um tribunal rabínico. Como a
lei de shemitat kessafim não recai sobre os
tribunais rabínicos, estes têm o poder de
fazer com que as dívidas continuem válidas
mesmo depois do sétimo ano, repassando-
-as então a seu credores originais.
Quando alguém ouve sobre o pruzbul e
seu significado, é comum ouvir-se também
o comentário: “É... os rabinos deram um
jeitinho”, ou alguma de suas variações.
Mas na Torá não existem “jeitinhos”.
As leis humanas, criadas pelos estados
e seus governos nunca são perfeitas. Isso
é facilmente compreensível, já que os ho-
mens que as criaram são limitados e não
podem prever ou analisar todas as pos-
sibilidades que envolvem o cumprimento
ou não de determinada lei. Quanto mais
a sutileza de detalhes que surgem com a
combinação de várias leis, muitas vezes
conflitantes!
Assim, a lei do homem está repleta de
brechas e furos, além de variar muito de
uma região para outra. Um bom advogado,
que conheça os meandros das leis regio-
nais, pode encontrar omissões ou contra-
dições nas leis e usá-las a seu favor. Isso,
na maioria das vezes, é considerado per-
feitamente legal.
A ilusão de que a Torá se assemelha às
leis humanas, causa a impressão de que
também na halachá pode-se encontrar
brechas e usá-las em benefício próprio.
Esta visão é completamente errada e dis-
tante da realidade.
A Torá é a expressão da sabedoria Di-
vina. D’us é Onisciente. Assim, a lei Divi-
na possui qualidades inalcançáveis ao ser
humano. D’us é capaz de prever todas as
possibilidades contidas em Suas leis e pode
facilmente evitar o uso de artimanhas. As-
sim, quando nossos sábios nos indicam um
caminho, isso não é uma brecha na hala-
chá, mas sim a própria expressão da Lei.
O pruzbul não é um “jeitinhos”, mas sim a
própria vontade Divina.
A Torá é absoluta, não permite “meio
certos”. Os talmidê chachamim de cada
geração possuem um profundo conheci-
mento da Torá. Eles têm o discernimento
para entender o que é correto e aprovado
pela Torá, bem como o que é contrário à
halachá.
Os livros sagrados explicam, ainda, que
os decretos rabínicos de cada época e os
novos aspectos da halachá que vêm à luz a
cada geração, só são possíveis porque são
uma revelação do Todo-Poderoso naquele
momento. Uma revelação secreta da Torá
específica para aquela determinada época.
O entendimento de que a Torá e suas
leis são um retrato da sabedoria Divina,
correta e irrefutável em seus mínimos
detalhes, não só torna seu cumprimento
mais fácil, mas também mais prazeroso,
pois somente assim obtemos a certeza de
estarmos cumprindo a vontade de D’us em
todos os momentos.
8 Sivan / Tamuz 5775
Nesta EdiçãoNº 138
Capa:
Velas de Shabat
Comportamento, pág. 41.
Sivan / Tamuz 5775 1
VELAS DE SHABATHagaon Rav
Shmuel Halevi Wosner zt”l
DINHEIROEM XEQUE
Parquímetro
NAPOLEÃO BONAPARTE — AMIGO DOS JUDEUS?
A revista Nascente é um órgão bimestral de divulgação da
Congregação Mekor Haim.
Rua São Vicente de Paulo, 276 CEP 01229-010 - São Paulo - SP Tel.: 11 3822-1416 / 3660-0400
Fax: 11 3660-0404 e-mail: [email protected]
supervisão: Rabino Isaac Dichi
diretor de redação: Saul Menaged
colaboraram nesta edição: Ivo e Geni Koschland
e Silvia Boklis
projeto gráfico e editoração: Equipe Nascente
editora: Maguen Avraham
tiragem: 11.500 exemplares
O conteúdo dos anúncios e os conceitos emitidos nos artigos
assinados são de inteira responsa bilidade de seus autores, não representando,
necessariamente, a opinião da diretoria da Congregação Mekor Haim ou
de seus associados.
Os produtos e estabelecimentos casher anunciados não são de responsabilidade da Revista Nascente. Cabe aos leitores indagar
sobre a supervisão rabínica.
a Nascente contém termos sagrados. Por favor, trate-a com respeito.
Expediente
1016
41Comportamento “Velas de Shabat?”
19Personalidade “Hagaon Harav Shmuel Halevi Wosner zt”l”.
47Era Uma Vez “As Quatro Esposas do Rei”.
Datas & DadosDatas e horários judaicos, parashiyot e haftarot para os meses de sivan e tamuz.
54Infantil“Um Velho Conhecido”.
História “Napoleão Bonaparte – Amigo dos Judeus?
14Dinheiro em Xeque “Parquímetro”.A lei judaica sobre casos monetários polêmicos do dia a dia.
Sivan / Tamuz 5775 9
Nossa GenteAcontecimentos que foram destaques na comunidade.
30
43Leis e Costumes “Conduta na Sinagoga”.Rabino I. Dichi
46 45Mussar “Maravilhosa Torá!”.Rabino Zvi Miller
25Pensando Bem “Pensamentos”.
23Visão Judaica I“O Yêtser Hará”.Rabino I. Dichi
18Variedades I “Coincidência?”.
27Visão Judaica II“Mentes Abertas”.R. Yochanan David Salomon
51De Criança para Criança“Amigo de Todos”. Chayim Walder
Livros do Povo do Livro “Rabi Saadya Gaon”.
26Variedades II“Bircat Hamazon Resumido Para Mulheres”.
10 Sivan / Tamuz 5775
Napoleão Bonaparte:Amigo dos
Judeus?Em 1806 Napoleão declarou: “Seria uma fraqueza enxotar
os judeus; seria um sinal de força corrigi-los!” e convocou
uma assembleia de judeus notáveis, instaurando o
“San’hedrin de Napoleão”, um impressionante evento
histórico na História Moderna.
Emancipação Judaica
No final do século XVIII, a Revolução France-
sa (1789) rompeu sobre a Europa com promes-
sas de liberdade, igualdade e fraternidade para
todos os homens.
Em 1791, a Declaração dos Direitos Huma-
nos foi adotada pela revolucionária Assembleia
Nacional em Paris. Ela garantiu, para todos, os
direitos de liberdade, propriedade, segurança,
resistência à opressão e liberdade de expres-
são. Apesar de larga oposição, dois anos após
a extensão de direitos de igualdade a todos os
povos não católicos, plenos direitos de cidadania
foram também estendidos aos judeus. Os judeus
franceses responderam com veemência. Muitos
se alistaram no exército e contribuíram genero-
samente com os custos das campanhas militares.
Na década seguinte, a integração dos judeus na
vida francesa aumentou sobremaneira. Eles pas-
saram a assumir profissões que antes lhes eram
proibidas, cargos públicos e, em muitos casos,
enviaram suas crianças para escolas públicas.
Mas os sonhos da Revolução Francesa rapi-
damente se degeneraram num império de ter-
ror, caos e destruição. Então, em 1799 Napoleão
Bonaparte (1769–1821) ascendeu ao poder. Ele
trouxe justiça, liberdade e ordem para a Fran-
ça, e começou a construir um império francês
poderoso.
Seus exércitos alcançaram tão longe ao leste
História
Sivan / Tamuz 5775 11
quanto a Terra Santa. Por todos os lugares
onde Napoleão passava, os judeus ganhavam
direitos civis e as paredes dos guetos caíam.
Os judeus franceses, embebidos pela nova
liberdade, apressaram-se em se assimilar à
sociedade francesa. Os cidadãos não judeus
da França, Prússia, Áustria e outros países
não ficaram felizes com a emancipação dos
judeus. Séculos de anti-semitismo não pode-
riam ser apagados apenas com as assinaturas
das novas leis. Mas os judeus seguiram inge-
nuamente adiante na era da emancipação e
do Iluminismo.
Após a emancipação napoleônica, os
judeus entraram em todas as áreas da vida
francesa. Eles alcançaram muito sucesso,
mas este sucesso foi uma bênção duvidosa,
trazendo muita inveja e medo. A “influência
judaica” era vista como uma perigosa ame-
aça à sociedade francesa e uma literatura
anti-semita passou a ser largamente publi-
cada e lida.
O San’hedrin de Napoleão
No ano de 1805, Napoleão se encontrou
com enfurecidos cidadãos da Alsácia, que lhe
apresentaram petições contra seu alvo favo-
rito de ressentimentos: os judeus. Tais cam-
poneses deviam dinheiro aos emprestadores
judeus e, como os tempos revolucionários
eram difíceis, eles se viram impossibilitados
de liquidar suas dívidas. Culparam os judeus
por seu empobrecimento. Transtornado pelas
queixas dos alsacianos, Napoleão retornou a
Paris decidido a impor rigorosas restrições aos
usurários judeus. Aconteceu que, justamen-
te nesta época, um dos principais jornais da
França publicou um artigo sustentando que a
emancipação dos judeus havia sido um dos la-
mentáveis erros da Revolução. Na opinião do
povo francês, os judeus nunca poderiam ser
cidadãos verdadeiros, a não ser que se tornas-
sem cristãos. Napoleão, sinceramente impres-
sionado por essa posição, pensou primeiro em
declarar uma moratória sobre todas as dívidas
para com emprestadores de dinheiro judeus,
mas teve uma ideia muito mais grandiosa, e
declarou: “Seria uma fraqueza enxotar os ju-
deus; seria um sinal de força corrigi-los.” Essa
grandiloquente afirmação foi seguida não só
por uma moratória de um ano sobre dívidas
a emprestadores judeus, mas também pela
decisão de convocar uma assembleia judaica
de notabilidades para “estudar meios de re-
mediar a situação”.
Com esse intuito, em 1806 Napoleão
convocou uma assembleia de 112 judeus
notáveis em Paris. O rico e culto financista
Abraham Furtado, descendente de marranos,
foi eleito presidente. Foi-lhes apresentado um
conjunto de doze questões abordando uma
variedade de tópicos. A questão chave era:
Os judeus consideravam a França como seu
país e estavam dispostos a obedecer suas leis
e defendê-las?
Quando foi finalmente elaborado o docu-
mento conclusivo, Napoleão foi surpreendido
com respostas que lhe satisfizeram muito. En-
tão, em 1807 ele decidiu legitimar a exposição
dos delegados por um órgão de autoridade
religiosa, instaurando um novo San’hedrin,
modelado no tribunal judaico de mesmo nome
– o “Grande San’hedrin” – que existira 1.400
anos antes. Seria um tribunal judaico com po-
der supremo para legislar assuntos judaicos,
que converteria em doutrina as respostas for-
muladas pela assembleia anterior. O Conde
Molé, conselheiro de Napoleão para questões
judaicas, afirmou que as decisões tomadas por
esse tribunal deveriam ser colocadas lado a
lado com o Talmud, e deveriam adquirir aos
olhos dos judeus de todos os países a maior
autoridade possível, para “conferir uma expli-
cação nobre para destruir todas as interpre-
tações falsas”.
Napoleão convocou setenta e um rabinos,
líderes e leigos (ortodoxos e reformistas) para
participar dos debates. Havia entre eles um
nassi (presidente), um av bêt din (vice-presi-
dente) e um chacham (segundo vice-presiden-
te). Ele esperava finalmente resolver o “pro-
blema judaico” através de um plano racional.
Direitos iguais e novas oportunidades torna-
riam os judeus do império em leais e moder-
nos cidadãos. Assimilação, casamentos mistos
e conversões fariam o resto.
História
12 Sivan / Tamuz 5775
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Ele entregou ao San’hedrin a mes-
ma lista da assembleia, com as doze
questões imperiais definindo a “corre-
ta” crença e comportamento judaicos.
Ficava subentendido que as respostas
novamente deveriam ser aceitáveis a
Napoleão. As questões eram extrema-
mente sensíveis: “Os não judeus france-
ses são considerados irmãos ou estra-
nhos?”, “Um divórcio judaico é válido,
sendo que a lei francesa não reconhece
o divórcio?”. As questões tratavam das
questões básicas no sentido de se os
judeus são obrigados a obedecer leis
civis ou religiosas relacionadas com o
casamento e divórcio, transações finan-
ceiras, responsabilidades cívicas, os
poderes administrativos e judiciais das
comunidades organizadas e relacio-
namentos com não judeus. A questão
relacionada com os casamentos mistos
era a predileta de Napoleão.
O San’hedrin de Napoleão foi um
importante e impressionante even-
to histórico. Ele atraiu o interesse de
todo o mundo. As cerimônias eram
majestosamente formais e elabora-
das. Os participantes eram vestidos
com becas de juízes; os procedimentos
eram conduzidos em hebraico, as des-
pesas dos participantes eram pagas
pelo império.
Sob a liderança do grande sábio
Rabi David Sinzheim, rabino de Stras-
burgo, o San’hedrin formulou cuida-
dosamente nove respostas gerais que
agradariam Napoleão sem contrariar a
lei judaica. Napoleão aceitou as respos-
tas e decretou-as legalmente vigentes.
Ele esperava que elas permitissem aos
judeus da França serem encarados, no
mínimo, como cidadãos franceses in-
tegrados e “normais”. Logo depois, o
judaísmo recebeu o status de uma cren-
ça oficialmente reconhecida na França.
Com tudo isso, a convocação da as-
sembleia dos notáveis e do San’hedrin
de Napoleão trouxe o status de igual-
dade civil aos judeus no rastro da Re-
volução Francesa. Por muitos judeus,
Napoleão foi aclamado como o grande
libertador.
Em meio ao entusiasmo gerado
entre muitos judeus pelo gesto dramá-
tico do San’hedrin, Napoleão foi capaz
de realizar certas reformas que, de
outra forma, teriam encontrado resis-
tência. A comunidade judaica francesa
perdeu sua autonomia corporativa e
foi reorganizada de modo a ser con-
trolada pelo Estado. Grande parte da
jurisdição rabínica das cortes judai-
cas foi transferida para as cortes se-
culares francesas. Além disso, foram
impostas certas restrições, exclusivas
aos judeus, à prática de empréstimos
de dinheiro. Finalmente, foram ins-
tauradas algumas restrições quanto à
instalação de domicílios judaicos em
certas áreas.
Os judeus de todos os países segui-
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O San’hedrin de Napoleão
Sivan / Tamuz 5775 13
ram cuidadosamente as deliberações
do San’hedrin de Napoleão. Os judeus
tradicionais estavam apreensivos e
atormentados. Como poderia se confiar
em um rei não judeu? Quem poderia
saber como prosseguiria Napoleão com
seus planos? Já os judeus reformistas
estavam encantados, certos que a re-
denção judaica estava a caminho. Os
não judeus acompanhavam tudo com
desconfiança. Eles estavam convenci-
dos que o interesse de Napoleão nos
judeus era uma prova do grande poder
e influência judaicos.
O grande projeto de Napoleão re-
lacionado com o povo judeu não pro-
duziu mudanças nas leis judaicas, mas
o simples fato de que um “San’hedrin”
tinha sido estabelecido, afetou sen-
sivelmente o mundo judaico. Muitos
consideraram-no como um convite
real, dando boas-vindas aos judeus ao
mundo secular. Os judeus franceses de
uma forma geral ficaram extasiados.
Outras comunidades estavam menos
entusiasmadas, considerando que isso
era meramente uma manobra política.
Napoleão e o Iluminismo
Em 1799, Napoleão invadiu a Terra
de Israel, que estava sob domínio tur-
co. Os judeus da Terra Santa estavam
unidos em sua oposição a ele. O assédio
de Napoleão ao porto de Aco fracassou
e ele foi forçado a retirar-se daquela
região.
Em 1812, ele invadiu a Rússia com
um exército de meio milhão de solda-
dos. Muitos judeus na Rússia, especial-
mente entre os chassidim, opuseram-se
a ele. O Czar era um furioso anti-semita
e um ditador brutal, mas muitos sábios
temiam que as leis liberais de Napoleão
apresentassem uma ameaça maior à
existência judaica do que a conduta de
crueldade física do czar russo.
O exército francês trouxe o começo
da modernidade e do esclarecimento à
Rússia retrógrada. Apesar de forçados
a retroceder, os franceses deixaram sua
língua e cultura. A influência francesa
na sociedade russa foi forte. Ela afetou
os não judeus e judeus. Ideais france-
ses viriam à tona durante a “Hascalá”
– 1812–1900, o movimento iluminista
judaico – e deixariam sua marca nas co-
munidades judaicas da Europa Oriental.
Por todas as suas intenções libe-
rais e iluministas, Napoleão esfriou o
mundo tradicional da Torá, represen-
tando mais uma tentativa de tornar o
judaísmo e os judeus “mais aceitáveis”
ao mundo não judaico. O Humanismo
ocidental e o Iluminismo estavam enga-
jados em uma grande batalha contra o
modo de vida tradicional da Torá.
“Sand And Stars” – Shaar Press;“The Diaspora Story” – Steimatzky
História
14 Sivan / Tamuz 5775
ParquímetroTodas as dúvidas e divergências monetárias de nossos dias podem ser encontradas em nossos livros sagrados!
Efráyim e Levi chegaram no mesmo horário
para a aula matinal de natação. Cada um chegou dirigindo seu carro. Eles estacio-naram seus respectivos automóveis lado a lado na rua em frente ao clube.
Naquele local havia parquímetros e era
necessário pagar pelo estacionamento. Cada
usuário das vagas da rua precisava colocar mo-
edas no parquímetro posicionado em frente à
sua vaga.
Efráyim colocou dinheiro no aparelho, mas
Levi não quis colocar. Ele alegou que era muito
cedo, e que geralmente não havia fiscalização
naquele horário.
Após a aula, quando voltaram para seus car-
ros, constataram que no carro de Efráyim – que
havia colocado dinheiro no parquímetro – estava
afixada uma multa. No entanto, no carro de Levi
– que não colocara moedas no parquímetro – não
havia nada.
Ao verificar melhor o parquímetro, Efráyim
Dinheiro em Xeque
Sivan / Tamuz 5775 15
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constatou que de fato ele havia inserido
as moedas, porém aquele era o parquí-
metro que controlava a vaga do carro de
Levi! Por isso, quando o fiscal passou,
não multou o carro de Levi e multou o
seu, cujo parquímetro estava zerado.
Indignado, agora Efráyim quer que
Levi lhe pague o valor da multa. Ele ale-
ga que somente a recebeu pelo fato de
Levi não ter colocado dinheiro no seu
parquímetro. Portanto, a culpa de seu
carro ter recebido a multa é de Levi.
Será que Levi tem que arcar com o
valor da multa?
O veredicto
Parece que Levi está isento de pa-
gar a multa para Efráyim.
A multa foi colocada no carro de
Efráyim e a cobrança chegou em sua
casa, em seu nome. Portanto, é óbvio
que a prefeitura multou a Efráyim e não
a Levi. Além disso, Levi não causou ne-
nhum dano “com as mãos” a Efráyim
ao deixar de efetuar o pagamento no
parquímetro. A consequência de sua
omissão foi muito indireta.
No entanto, Levi está obrigado a
devolver para Efráyim o dinheiro co-
locado no parquímetro, já que obteve
um grande benefício dele – foi por cau-
sa deste dinheiro que ele não recebeu
uma multa.
Do semanário “Guefilte-mail” ([email protected]).
Traduzido de aula ministrada pelo Rav Hagaon Yitschac Zilberstein Shelita
Os esclarecimentos dos casos estudados no Shulchan Aruch Chôshen Mishpat são facil-
mente mal-entendidos. Qualquer detalhe omitido ou acrescentado pode alterar a sen-tença para o outro extremo. Estas respostas
não devem ser utilizadas na prática sem o parecer de um rabino com grande
experiência no assunto.
Dinheiro em Xeque
16 Sivan / Tamuz 5775
As Quatro Esposas do Rei“Qual de vocês pode me acompanhar?”, disse o rei.
Era uma vez um rei que tinha qua-tro esposas.
Ele amava muito a quarta esposa. Vivia dan-
do-lhe lindos presentes, joias e roupas caras.
Ele dava a ela tudo que desejava – sempre
do bom e do melhor!
O rei também amava muito sua terceira es-
posa. Gostava até de exibi-la para os reinados
vizinhos. Contudo, tinha receio de que um dia
ela o trocasse por outro.
Ele também amava a sua segunda esposa.
Ela era sua confidente e estava sempre ao seu
dispor, com grande amabilidade e paciência.
Sempre que o rei enfrentava um problema,
ele confiava nela para atravessar os tempos de
dificuldade.
A primeira esposa era uma parceira muito
leal e fazia tudo que estava ao seu alcance para
manter o rei muito rico e poderoso. Mas ele não
amava sua primeira esposa. Apesar de que ela
o amava profundamente, poucas vezes o rei lhe
dava alguma atenção.
Um dia o rei ficou doente e percebeu que
seu fim estava próximo. Ele pensou em toda a
luxúria da sua vida e ponderou: “Agora tenho
quatro esposas comigo, mas quando eu morrer,
ficarei sozinho...”.
Então ele perguntou para a quarta esposa:
Era uma vez
Sivan / Tamuz 5775 17
– Eu a amei tanto, querida. Cobri
você das mais finas roupas e joias.
Sempre demonstrei o quanto eu a
amava, cuidando bem de você. Agora
que eu estou morrendo, você é capaz
de morrer comigo, de me acompanhar
para não me deixar sozinho?”.
– Não. Não farei isso – respondeu a
quarta esposa e saiu do quarto.
Essa resposta cortou o coração do
rei como se fosse uma faca afiada.
Tristemente, o rei então perguntou
para a terceira esposa:
– Eu também a amei tanto minha
vida inteira! Agora que eu estou mor-
rendo, você é capaz de vir comigo, para
não me deixar sozinho?”.
– Não! – respondeu a terceira es-
posa com sinceridade. – Quando você
morrer, eu vou me casar novamente
com outra pessoa...
O coração do rei quase sangrou de
tanta dor.
Com uma última esperança, o rei
perguntou à segunda esposa:
– Eu sempre recorri a você quando
precisei de ajuda e você sempre esteve
ao meu lado. Você pode continuar co-
migo quando eu morrer?”.
– Sinto muito, mas desta vez, eu
não posso fazer o que você me pede.
– Respondeu a segunda esposa. O máxi-
mo que eu posso fazer é enterrar você.
Como uma enorme martelada na
cabeça do rei, esta resposta deixou-o
completamente arrasado.
Então uma voz se fez ouvir:
– Pois eu partirei com você e o se-
guirei por onde for!”.
O rei levantou seus olhos cheios de
lágrimas e viu sua primeira esposa, tão
mal nutrida, tão sofrida. Com o coração
partido e a voz embargada, o rei falou:
– Como não percebi isso antes?...
Eu deveria ter cuidado muito melhor de
você enquanto eu ainda podia!
* * *
De fato, nós todos temos “quatro
esposas” em nossas vidas.
Nossa quarta esposa é o nosso cor-
po. Apesar de todos os esforços que
fazemos para mantê-lo saudável e bo-
nito, ele nos deixará após nossos anos
na Terra.
Nossa terceira esposa são nossas
posses, nossas propriedades, nossas
riquezas. Quando morremos, tudo isso
é entregue para outros.
Nossa segunda esposa é nossa fa-
mília e nossos amigos. Apesar de nos
amarem muito e estarem sempre nos
apoiando, o máximo que eles podem
fazer é nos enterrar.
Nossa primeira esposa é a nossa
alma. Muitas vezes ela é deixada de
lado por perseguirmos, durante a vida
toda, a riqueza, o poder e os prazeres
do nosso ego.
Apesar de tudo, nossa alma é a
única coisa que sempre estará conosco,
não importa aonde formos.
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18 Sivan / Tamuz 5775
Coincidência?Se a realidade é mais surpreendente que a ficção, é porque tem um Autor melhor!
Nikolaus Albrecht era um menino que mo-
rava em Schwaebisch-Hall, uma pequena cidade na Alemanha ocupada, após a Se-gunda Guerra. Certo dia, voltando da es-cola para casa, presenciou um terrível aci-dente. Um motociclista alemão “furou” um farol vermelho e acabou sendo atropelado por um caminhão do exército americano, morrendo no local.
Durante o bate-boca entre os moradores
locais – que não gostavam da ocupação mili-
tar americana – e os soldados, o motorista do
caminhão percebeu o pequeno Nikolaus parado
por ali. Jogou-lhe, então, um pacote de balas
como um gesto de boa vontade.
Alguns anos depois, Nikolaus se mudou para
Portland, Oregon, nos EUA. Lá ele se graduou
em Direito na Willmette Law School.
Um dos primeiros clientes do jovem advoga-
do Nikolaus foi uma senhora, cujo filho estava
encontrando sérias dificuldades para conseguir
um emprego. Em sua ficha do exército consta-
va que ele havia sofrido uma baixa desonrosa
por ter matado um homem com seu veículo na
Alemanha. A mulher insistia em dizer que a
culpa não fora dele. Ela alegava que seu filho
dirigia um caminhão numa pequena cidade na
Alemanha ocupada, quando um motoqueiro fa-
talmente ignorou um sinal vermelho. Seu filho
não agira, absolutamente, com negligência ou
imprudência. Portanto, ele não merecia ter uma
“ficha suja”.
O texto a seguir foi extraído de um boletim
da Corte de Justiça do Oregon, e descreve o que
Nikolaus e o ex-motorista falaram quando se
encontraram novamente nos Estados Unidos:
Nikolaus (agora advogado do ex-motorista):
– Obrigado pelas balas.
Ex-motorista: – Que balas?
Nikolaus: – As balas que você me jogou quan-
do eu estava parado perto daquele cruzamento.
Depois de olhar fixamente para Nikolaus,
analisando sua idade e seu sotaque, o ex-moto-
rista exclamou:
– Somente aquele garotinho poderia lembrar
uma coisa dessas! – e abraçou Nikolaus.
Com seu testemunho, Nikolaus conseguiu
suspender a baixa desonrosa do ex-motorista.
Quando o ex-motorista quis pagar os ho-
norários do advogado, Nikolaus respondeu: –
Você pagou adiantado com aquele pacote de
balas!
* * *
Coincidência é a forma de D’us Se manter
anônimo!
Richard Brownstein em artigo trazido pelo Meor Hashabat Semanal
Variedades I
Sivan / Tamuz 5775 19
Hagaon Harav Shmuel Halevi Wosner zt”lUm dos maiores sábios e líderes de nossa geração.
O Gaon Rabino Shmuel Ha-levi Wosner zt”l, um
dos maiores líderes e possekim de nossa geração, nasceu em Viena, Áustria-Hun-gria no ano de 1913. Em sua juventude estudou na Yeshivat Chachmê Lublin na Polônia, liderada pelo renomado sábio Rav Meir Shapira Milublin.
Em uma visita do Maharam Shapira à cida-
de de Viena, o sábio contou ao público que ele
dirigia uma yeshivá com alunos de nível bastan-
te diferenciado em Lublin. Algumas pessoas da
comunidade contaram-lhe que naquela cidade
também havia um jovem de nível diferenciado.
Sugeriram que ele fosse até o bêt hamidrash
para observar como estudava o jovem Shmuel.
Algum tempo depois, este jovem decidiu ten-
tar entrar na yeshivá Chachmê Lublin. Mas a
Personalidade
20 Sivan / Tamuz 5775
condição para entrar naquela yeshivá
era que o aluno soubesse perfeitamente
200 páginas do Sêder Cadashim, e o
Rav Wosner não foi admitido no teste.
Enquanto aguardava o horário de pe-
gar o trem para voltar a Viena, o jovem
Shmuel dirigiu-se ao bêt hamidrash
para estudar. Naquele exato momento,
o Rav Shapira entrou no bêt Hamidrash
e reconheceu o jovem de Viena. O Rav
Shapira perguntou-lhe o que ele fazia
em Lublin e o jovem respondeu-lhe que
estava retornando a Viena porque não
fora admitido na yeshivá. Foi então que
o Rav Shapira convidou-o para estudar
na yeshivá mesmo sem ter sido apro-
vado no teste de admissão.
Em outra oportunidade, o jovem
Shmuel estava estudando à luz da lua.
O Maharam Shapira perguntou o que
ele fazia de noite do lado de fora do pré-
dio. Ele respondeu que recebeu sobre
si estudar Massêchet Shabat. O sábio
ficou extremamente feliz e deu uma be-
rachá que, até mesmo em sua velhice,
o jovem não precisaria de óculos nem
de bengala para andar. E assim acon-
teceu. Com 101 anos de idade o Rav
Wosner não usava óculos, caminhava
sozinho sem bengala e dobrava seu ta-
lit sozinho.
Em 1939, com 25 anos de idade,
Rav Wosner morava em Pressburg
(Bratislava), capital da Eslováquia, já
era casado e tinha um filho. Naquela
oportunidade ele decidiu emigrar para
Êrets Yisrael. Seu sogro perguntou-lhe
por que ele deixaria seus alunos e sua
posição privilegiada para tentar uma
viagem tão arriscada. Ele respondeu
que estava visualizando a destruição do
judaísmo na Europa. Quando seu navio
se aproximou da terra firme, Rav Wos-
ner e sua esposa precisaram pular no
mar e nadar até a costa de Êrets Yisra-
Personalidade
Cerca de 100.000 pessoas compareceram à levayá
Sivan / Tamuz 5775 21
el, tentando furar o bloqueio britânico.
Graças à sua decisão de nadar longe
dos demais viajantes, visando preser-
var a tseniut de sua esposa, consegui-
ram se salvar.
Logo que chegou em Jerusalém,
apesar de sua pouca idade, foi convi-
dado a ser membro da Edá Charedit,
uma das mais conceituadas instituições
judaicas religiosas de Êrets Yisrael.
Em uma das viagens do segundo
filho do Rav Wosner para visitar seu pai
em Êrets Yisrael, sentou-se ao seu lado
no avião um yehudi. Ele logo descobriu
que seu interlocutor era filho do grande
Rav Shmuel Wosner. Este yehudi con-
tou a seguinte história para o filho do
Rav Wosner:
“Certa vez eu estava na casa do Rav
Benguis e o Rav Wosner foi levar-lhe
mishloach manot em Purim. Naquele
dia, o Rav Benguis convidou seu pai
para fazer uma revisão de todo o Shás.
A revisão sugerida aconteceria da se-
guinte forma: seu pai teria que recitar
a primeira linha da Guemará, a cada
dez folhas, de todas as guemarot. Além
disso, seu pai precisava falar a segun-
da linha do Rashi e a terceira linha
dos Tossafot a cada dez folhas. Eu era
o encarregado de pegar as guemarot
para confirmar se a recitação do seu
pai estava correta. E ele não cometeu
nenhum erro!
Posteriormente, Rav Wosner se mu-
dou para Benê Berak, convidado pelo
grande sábio Chazon Ish e incentivado
pelos rabinos Dov Berish Widenfeld
de Tshebin, pelo rabino Isser Zalman
Meltser e pelo rabino Yitschac Herzog
Halevi. Lá, estabeleceu-se no bairro de
Zichron Meir, onde foi o rabino chefe
até o final de sua vida, e onde fundou
a Yeshivat Chachmê Lublin, instituição
com o mesmo nome da yeshivá que es-
tudou em sua juventude.
Ele é o autor de importantes obras
da lei judaica, incluindo a famosa obra
Shut Shêvet Halevi, uma série abran-
gente de decisões haláchicas e respon-
sa sobre leis judaicas, que compreende
onze volumes e mais de 3.000 respos-
tas, além de vários outros livros da Torá
com o mesmo nome.
Suas opiniões haláchicas são am-
plamente citadas em inúmeros tra-
balhos sobre a lei judaica dos sábios
contemporâneos. Em maio de 2012
a organização Yichudá Hakehilot Le-
tôhar Hamachanê realizou um encon-
tro em Nova Iorque para alertar sobre
os perigos da Internet. Rav Wosner fa-
lou via conexão ao vivo de Israel para
os 60.000 participantes. Na ocasião,
ele proibiu o uso da Internet sem filtro
para a comunidade judaica, permitido
apenas a Internet com filtro para fins
comerciais.
Rav Wosner faleceu em Benê Be-
rak no último dia 3 de abril, uma sexta-
-feira, com 101 anos de idade. A levayá
aconteceu no sábado à noite com um
número estimado de 100.000 pessoas
presentes.
Entre seus filhos está o Rabino
Chayim Wosner, anteriormente dayan
da comunidade Satmar de Londres,
que se mudou para Benê Berak para
ajudar seu pai na gestão da yeshivá.
Outro filho, Rav Bentsiyon Wosner, de
Monsey, Nova York, é av bêt din do
bêt din Shêvet Halevi. Seu terceiro fi-
lho, Rav Yossef Tsvi Wosner, é um ho-
mem de negócios em Brooklyn, Nova
Iorque.
Há uma história que tornou-se fa-
mosa e foi repetida várias vezes recen-
temente sobre a mãe do Rav Wosner:
Há mais de 100 anos atrás, no iní-
cio da década de 1900, uma jovem de
sobrenome Shiff tinha uma voz surpre-
endentemente bela. Para uma moça re-
ligiosa em Viena, Áustria, criada em
uma tradicional casa de Torá, cantar
profissionalmente não era uma opção.
No entanto, seu incrível talento
propagou-se e um famoso agente pas-
sou a insistir que a jovem se tornasse
a estrela da conceituadíssima Ópera
de Viena. Apesar das recusas, o agente
não desistia e seguia abordando a jo-
vem tentando convencê-la a não perder
aquela impressionante oportunidade
de obter uma brilhante carreira.
Com o aumento da insistência, ela
decidiu discutir o assunto com seus
pais. Quando os pais ouviram sobre
a desagradável notícia, concordaram
Personalidade
22 Sivan / Tamuz 5775
que fariam de tudo ao seu alcance para
apoiá-la em sua decisão.
Seu pai logo levou a filha ao seu
rav, o rabino Shlomo Baumgarten para
que ela recebesse uma berachá e não
fosse mais importunada. Após rece-
ber a jovem, o rabino sugeriu que eles
aproveitassem para ir pedir uma bera-
chá também para o Chafets Chayim,
que estava naquele momento em Viena.
Imediatamente o pai levou sua filha
para ver o Chafets Chayim. A jovem
imaginou que, além de receber uma
berachá, poderia acabar ouvindo al-
gum sermão de fortalecimento sobre a
importância de uma bat Yisrael manter
sua pureza e tseniut. Mas a reação do
sábio foi muito diferente.
O Chafets Chayim disse-lhe muito
sentido que entendia o quanto era difí-
cil aquela situação para ela e, depois de
conversarem um pouco, perguntou-lhe:
“Diga-me, minha querida bat Yisrael,
o que este agente está lhe oferecendo?
Por que ele a importuna alegando que
esta seria uma grande oportunidade
para você? Ele está oferecendo muito
dinheiro?”.
“Não”, a menina respondeu. “Ele
afirma que eu não posso perder esta
oportunidade de ficar famosa. Que eu
seria reconhecida em todo o mundo!”.
O sábio fechou os olhos, imerso em
seus pensamentos, analisando as pa-
lavras da moça. Depois de alguns mo-
mentos, ele abriu os olhos e começou
a falar:
“Ouça com atenção, minha querida
filha. É o sonho de toda jovem judia ser
abençoada com uma criança que ilumi-
ne o mundo com o estudo de Torá. Eu
lhe dou minha berachá de que, por você
ter sacrificado a sua chance de tornar-
-se famosa com esta carreira, chegará
um momento em que você será aben-
çoada com um filho que vai iluminar
o mundo. Ele vai se tornar uma das
maiores autoridades haláchicas de seu
tempo! Você terá muita satisfação dele,
não somente neste mundo, mas tam-
bém quando você deixar este mundo.
Um dia sua fama realmente chegará,
mas será por meio dele, de seu futuro
filho.”
A jovem ouviu atentamente a ma-
ravilhosa berachá do magnânimo sábio
e voltou muito contente para sua casa.
Ela continuou respondendo às in-
sistências do agente, dizendo que nun-
ca estaria interessada em sua proposta
e que de nada adiantariam suas tenta-
tivas de persuasão, pois não poderiam
abalar sua determinação inflexível – até
que o agente desistiu de procurá-la.
O famoso sábio mashguíach Rav
Don Segal achou esta surpreendente
história no Sêfer Kehilot da Áustria e
decidiu averiguar sua continuação. Rav
Segal acabou descobrindo que esta me-
nina, eventualmente, casou-se e teve
um filho com o nome de Shmuel. Este
Shmuel cresceu para tornar-se o gran-
de possek hador Rav Shmuel Halevi
Wosner!
Quando Rav Don aproximou-se do
Rav Wosner para questionar sobre a
veracidade da história, Rav Wosner fi-
cou muito emocionado e disse que sua
mãe realmente tinha uma voz impres-
sionante. Com lágrimas nos olhos, ele
respondeu: “Tudo faz sentido, agora.
Quando eu era jovem, minha mãe sem-
pre me incentivou a estudar bem e ser
um yehudi honesto. Ela sempre disse:
‘Você não pode imaginar do que eu abri
mão por você!’”.
De fato, Rav Wosner cresceu
e cresceu, tanto em conhecimento
quanto em midot, até se tornar um dos
luminares de aprendizagem da Torá
de sua época. Zechutô yaguen alênu!
Ele pode ser um melits yôsher – um
defensor espiritual – para todo o kelal
Yisrael.
Parabeniza a Congregação Mekor Haim pelo empenho
na divulgação da herança judaica
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a comunidade
Sivan / Tamuz 5775 23
O Yêtser HaráConhecendo os conselhos dos nossos sábios sobre os artifícios utilizados pelo yêtser hará, fica mais fácil vencê-lo.
Yaacov Avínu permaneceu vinte anos traba-
lhando na casa de seu tio Lavan. Quando ele partiu, antes de encontrar-se com seu irmão Essav, foi abordado por um anjo e lutou contra ele.
Neste episódio, sobre a passagem da Torá (Bereshit 32:25): “Vayvater Yaacov levadô – E
ficou Yaacov só”, o Keli Yacar comenta que o
anjo que lutou contra Yaacov foi o anjo (samech
mem) que é o ministro de Essav. Ele é também
o Yêtser Hará (o mau instinto) e o Satan. A fina-
lidade deste ser é cegar o homem. “Cegar” em
hebraico escreve-se , e daí o seu nome: . Ele tenta sempre bloquear a visão do
yehudi, não deixando que enxergue a verdade.
O Yêtser Hará é comparado pelos nossos
sábios à mosca. A mosca só procura feridas ain-
da não cicatrizadas, pois não consegue perfurar
o que ainda não foi aberto. Assim também é o
Yêtser Hará: só consegue se infiltrar em quem
“abre uma brecha”. Ele não consegue influen-
ciar alguém que não se descuida com alguma
falha de conduta.
Foi isso que ocorreu no episódio do con-
fronto com Yaacov Avínu. O percebeu que
Yaacov abriu uma pequena brecha e aproveitou
a oportunidade para tentar influenciá-lo. Veja-
mos como:
D’us abençoou Yaacov Avínu com tudo de
bom, com riquezas materiais, espirituais, etc.
Mesmo assim, em sua jornada, depois de ter
atravessado um rio, ele voltou para o outro lado
para buscar latas pequenas que havia esque-
cido. Yaacov não precisava delas e, tentando
recuperá-las, foi um pouco além de suas neces-
sidades. Com isso, abriu uma brecha mínima
para que o Yêtser Hará se enfrentasse com ele.
Cabe ressaltar, entretanto, que neste confronto
Yaacov Avínu saiu totalmente vitorioso.
Neste contexto, de ser influenciado pelo
, que tenta cegar os homens, sabemos que
quem ama o dinheiro é comumente chamado de
“cego”. Quem ama o dinheiro acima dos valores
espirituais e morais, não enxerga os verdadei-
ros propósitos da vida neste mundo e acaba
tropeçando em sua conduta.
Vejamos um outro aspecto da influência do
Yêtser Hará, analisando uma atitude de Essav e
o seu desprezo pelas mitsvot.
Essav era o irmão gêmeo de Yaacov e tro-
cou a primogenitura com ele por um prato de
lentilhas. O livro “Chidushê Halev” (Parashat
Toledot) explica que a venda da primogenitu-
ra de Essav para Yaacov pode ser dividida em
duas fases.
Primeira fase: Quando Essav se convenceu,
por desejar as lentilhas, de que não lhe seria
algo bom a primogenitura. Essav levou em
consideração o argumento de que ele poderia
morrer ao realizar os trabalhos que caberiam
ao primogênito no Templo Sagrado caso fosse
inapto para tal, conforme consta na passagem
(Bereshit 25:32):
“Vayômer Essav, hinê anochi holech lamut
velama zê li bechorá – E disse Essav: ‘Eis que
eu caminho para a morte, e para que quero a
primogenitura?’”.
Segunda fase: Depois que satisfez seu de-
sejo com o prato de lentilhas, Essav sentiu um
peso na consciência e aí desprezou a primoge-
nitura, conforme descreve a Torá no final deste
episódio (25:34): “Vayívez Essav et habechorá –
E desprezou Essav a primogenitura”.
O Rabi Eliyáhu Mizrahi (Reem) comenta que,
analisando a ordem que aparecem os versículo
Visão Judaica I
Rabino Isaac Dichi
24 Sivan / Tamuz 5775
Alameda Barros, 735www.sefer.com.br
3826-1366
na Torá, constatamos que foi realmente
isso o que ocorreu. Primeiro Essav ven-
deu a primogenitura e somente depois
desprezou-a. Se o motivo pelo qual Es-
sav vendeu a primogenitura fosse o seu
desprezo por ela, deveria estar escrito
primeiro “Vayívez Essav et habecho-
rá – E desprezou Essav a primogenitu-
ra” – e depois, então, constaria: “Vayô-
mer Essav, hinê anochi holech lamut
velama zê li bechorá – E disse Essav:
‘Eis que eu caminho para a morte, e
para que quero a primogenitura?’”.
Mas a ordem dos versículos é inversa,
de mons trando que o motivo de ter ven-
dido a primogenitura foi o seu desejo
de consumir as len tilhas. O desprezo
pela primogenitura veio somente de-
pois de comer, pelo peso na consciência
de ter agido mal. Ou seja, muitas vezes
as pessoas podem desprezar as mits-
vot para livrar um peso na consciência
por alguma má conduta, tentando se
convencer de que não agiram tão mal.
O desprezo por não cumprir uma
mitsvá é a base de todos os pecados, e
a consequência disto é grave. Há pes-
soas, por exemplo, que quando não
cumprem determinada mitsvá, des-
prezam-na dizendo: “Isso não é para
mim! É só para os religiosos!...”
Como devemos nos precaver con-
tra o Yêtser Hará?
O Ramchal (Rabi Moshê Chayim
Luzzato zt”l), no livro “Dêrech Êts
Chayim” (dibur hamatchil “hinê”),
escreve que não existe outro remédio
contra o Yêtser Hará a não ser a Torá,
pois o seu estudo o enfraquece. A Torá
é o veneno contra o Yêtser Hará e o
remédio para a vida de cada yehudi.
A mishná (Avot 4:2) traz a seguinte
passagem: “Ben Azay diz: ‘Corra atrás
de uma mitsvá menos rígida e fuja do
pecado, pois uma mitsvá atrai outra e
um pecado atrai outro.’” Sobre isso, o
Rav Chayim de Wolodjin zt”l comen-
ta que as mitsvot fogem do yehudi e
as averot, os pecados, perseguem-no.
O yehudi deve correr atrás das mits-
vot da mesma maneira que correria
ao encontro de alguém que lhe deve
dinheiro, e deve fugir das averot como
aquele que é perseguido por alguém
que deseja o seu mal.
Existe um recurso curioso utilizado
pelo Yêtser Hará para tentar conven-
cer-nos a transgredir uma mitsvá. Co-
nhecendo este detalhe, fica muito mais
fácil vencer o Yêtser Hará. O livro “Alê
Shur” (vol. 2) explica que a imaginação
das pessoas antes das ações as ilude.
A imaginação é um artifício do Yêtser
Hará tentando causar com que se co-
metam pecados e não se cumpram as
mitsvot. Antes de cair no erro de fazer
um pecado, parece-nos que o prazer
que obteremos com ele será maior do
que o que realmente acontece.
Para evitar que se cumpra uma
mitsvá, o Yêtser Hará também faz pa-
recer, ilusoriamente, que seria muito
difícil sua realização. Sobre este recur-
so do Yêtser Hará, Shelomô Hamêlech
também comenta em seu livro “Mishlê”
(26:13): “Amar atsel sháchal badêrech
ari ben harchovot”, ou seja: para não
sair e cumprir uma mitsvá, imagina-
mos até que um leão está solto nas ruas.
De tudo o que analisamos sobre o
Yêtser Hará, constatamos os seguinte
pontos chaves: de acordo com o “Keli
Yacar”, Yaacov Avínu abriu uma pe-
quena brecha e o , que é o Yêtser
Hará, tentou influenciá-lo, lutando
com ele. O Yêtser Hará age da seguinte
maneira: tenta, de alguma forma, uti-
lizando os mais diversos argumentos,
convencer a pessoa a fazer um peca-
do. Depois, procura fazer com que a
pessoa despreze a mitsvá, tentando
aliviar o peso na sua consciência. Vi-
mos, também, que o remédio contra o
Yêtser Hará é o estudo da Torá e que
devemos nos cuidar com a nossa ima-
ginação, para não sermos iludidos e,
chás vechalila, venhamos a praticar
um pecado ou deixemos de cumprir
uma mitsvá.
Conhecendo melhor os conselhos
dos nossos sábios sobre como vencer
o Yêtser Hará, com a ajuda de D’us,
atingimos elevados níveis espirituais e
propiciamos bons decretos para nós e
para todo Am Yisrael.
Visão Judaica I
Jacob Freilich e Família
desejam paz e prosperidade
para toda a kehilá!
Sivan / Tamuz 5775 25
PensamentosNão conte os dias,
faça seus dias contarem!
O pessimista enxerga dificuldades em cada oportunidade, o otimista enxerga oportunidades em cada dificuldade!
Seja mestre de suas vontades e escravo de sua consciência.
Não podemos dirigir o vento, mas podemos ajustar as velas!
“No G’d, no peace. Know G’d, know peace!”
Pensando Bem#
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26 Sivan / Tamuz 5775
Bircat Hamazon Resumido Para MulheresAs mulheres também têm obrigação pela Torá de recitar o Bircat Hamazon após uma refeição com pão.Infelizmente, por falta de conhecimento ou por negligência, muitas mulheres deixam de fazê-lo.Sendo assim, é preferível que recitem ao menos este texto resumido do Bircat Hamazon a não recitarem nada.
BIRCAT HAMAZON RESUMIDO PARA MULHERES
Berich Rachamaná Maran Malcá dealma Marêh dehay pita; berich Ra-
chamaná dezan lechôla.
Nodê Lechá Ad*nay El*hênu al shehinchalta laavotênu êrets chemdá,
tová, urchavá, berit Vetorá, lêchem lassova. Baruch Atá Ad*nay al haárets
veal hamazon.
Rachem Ad*nay El*hênu alênu veal Yisrael amach, veal Yerushaláyim
irach, veal malchut ben David meshichach.
Em Shabat: Urtsê vehachalitsênu beyom Hashabat hazê.Em Rosh Chôdesh: Vezochrênu letová beyom Rosh Chôdesh hazê.Em Rosh Hashaná: Vezochrênu letová Beyom Hazicaron hazê.Em Shalosh Regalim: Vessamechênu beyom (Pêssach: Chag Hamatsot)
(Shavuot: Chag Hashavuot) (Sucot: Chag Hassucot) (Shemini Atsêret: She-mini Chag Atsêret) hazê, beyom (em yom tov: tov) micra côdesh hazê.
Uvnê Yerushaláyim ir hacôdesh bim’herá veyamênu. Baruch Atá Ad*nay
bonê Yerushaláyim, amen.
Baruch Atá Ad*nay El*hênu Mêlech haolam, Hael Avínu, Malkênu, Hamêlech,
hatov vehametiv lacol, Hu hetiv, Hu metiv, Hu yetiv lánu, Hu guemalánu,
Hu gomelênu, Hu yigmelênu laád, chen vachêssed verachamim vechol tov.
Vehu yezakênu limot Hamashíach. Ossê shalom bimromav, Hu verachamav
yaassê shalom alênu veal col amô Yisrael, veimru amen.
Variedades II
Sivan / Tamuz 5775 27
Mentes AbertasConheci um sujeito que trabalhava no departamento científico de investigações da polícia. Ele me contou uns fatos interessantíssimos sobre seu trabalho.
O investigador da polícia me disse, por exem-plo, que certa vez aconteceu um crime
numa pedreira e a polícia prendeu um suspeito. O rapaz negava veementemente o crime e dizia que nunca estivera na pedreira – nem antes nem depois do crime. Com o auxílio de um aspirador especial, aspiraram toda a sujeira de seus sapa-tos. O material foi examinado microscopicamente e nele foram encontradas partículas minúsculas do material existente naquela pedreira. Quando as provas foram apresentadas ao suspeito, ele acabou confessando o crime.
Num outro episódio, a polícia chegou na casa de
um suspeito de assassinato. Os investigadores ima-
ginaram que encontrariam manchas de sangue em
alguma camisa do indivíduo. O homem estava usan-
Visão Judaica II
28 Sivan / Tamuz 5775
do uma camisa totalmente limpa e no
armário não havia nenhuma camisa
manchada. No entanto, havia uma
camisa de molho – mas também não
parecia manchada. Os policiais não
desistiram; colheram uma amostra da
água na qual estava imersa a camisa
e levaram para o departamento cien-
tífico de investigações. Com a ajuda
de um microscópio eletrônico, os cien-
tistas encontraram uma quantidade
muito pequena e diluída do sangue do
homem assassinado.
Vocês devem estar imaginando o
que tudo isso tem a ver com o assun-
to ao qual nos propusemos a discutir.
Permitam-me continuar e vocês enten-
derão onde quero chegar.
O policial achou engraçado que
aqueles criminosos, elementos primi-
tivos, tinham certeza de que ninguém
poderia descobrir qualquer coisa se
eles não quisessem confessar. “Saiba”
– disse ele – “que toda ação de um ser
humano, ou todo lugar que ele passa,
deixa uma marca em seu corpo ou em
sua roupa. A marca pode ser ínfima,
mas ela existe e não pode ser apagada
facilmente.”
Vimos dois exemplos de marcas
que ficam nas vestes da pessoa. Gos-
taria agora de dar um exemplo de uma
marca que fica na própria pessoa, ou
seja, na sua memória. Um lojista idoso,
quando voltava para casa da sua loja,
foi assaltado. Alguém, aproveitando-
-se da escuridão, atacou-o de surpresa
e levou toda a féria daquele dia, de-
saparecendo numa ruela próxima. O
lojista não conseguia descrever o ban-
dido, pois viu-o apenas por uma fração
de minuto, em condições precárias de
luminosidade, com medo e assustado.
Seguindo o princípio de que tudo
deixa sua marca, a fisionomia do ban-
dido deveria estar residente na memó-
ria do lojista, porém a emoção impedia
o seu reconhecimento. Para acalmar o
senhor, os cientistas da polícia opta-
ram por hipnotizá-lo – com o seu con-
sentimento, é claro. Com as técnicas
hipnóticas, foi possível buscar em sua
memória aqueles segundos nos quais
ele observou o bandido. O homem con-
seguiu descrever minuciosamente a
fisionomia do elemento, possibilitando
a elaboração de um retrato falado, o
que levou a prendê-lo.
D’us nos proporcionou uma apare-
lhagem muito delicada, que capta ima-
gens e sons constantemente. Um longo
e infinito filme no cérebro da pessoa
capta imagens de tudo o que ela vê.
Um sujeito de noventa anos pode des-
crever com muita facilidade imagens
e sons que presenciou quando tinha
cinco anos de idade. Nenhuma lem-
brança fica perdida! O mesmo ocorre
com as experiências e sentimentos que
passam pela pessoa e ficam gravados
profundamente no seu cérebro. Este
conjunto de dados causa espanto até
mesmo nos nossos dias, numa época
de computadores com memórias gi-
gantescas.
Todos os arquivos – eletrônicos ou
não – são conjuntos de informações
passivos. Ou seja, tudo o que é arquiva-
do permanece do jeito que foi deposita-
do. As informações podem ficar assim,
imutáveis, durante anos, apenas “jun-
tando pó”. Somente se alguém procurar
por algo é que encontrará. Esse é o des-
tino de documentos, fotos e gravações
que lotam incontáveis arquivos por aí.
Eles permanecem imóveis, inoperan-
tes, enquanto ninguém for remexer o
arquivo.
As coisas são totalmente diferen-
tes quando se trata de lembranças ar-
quivadas no cérebro do ser humano.
As lembranças formam um arquivo
ativo, operante. Um pedacinho de me-
mória, uma aventura do passado, é um
fator que influencia constantemente o
pensamento do ser humano, mesmo
Visão Judaica II
ANIMAÇÃO GARANTIADA PARAPARA SEU EVENTO JUDAICO
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Tel: (11) 99293-9994
Mauricio Dayan
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AULAS DE BAR-MITZVAH
Sivan / Tamuz 5775 29
que inconscientemente. Podemos até
dizer: “Diga quais são seus pensamen-
tos e lhe direi quem é!”.
Toda a memória do ser humano
afeta sua personalidade e define quais
serão seus comportamentos e reações
inconscientes – instintivas.
Infelizmente, possuímos muitas
lembranças negativas armazenadas
em nossos “arquivos”. Presenciamos
atos ruins, visões provocativas... Ouvi-
mos coisas proibidas com grande po-
der de influência. Tudo isso está gra-
vado e nos influencia sobremaneira.
Será possível apagar da nossa memó-
ria essas lembranças? Muito difícil;
quase impossível!
Uma imagem não recatada vez por
outra surge durante um momento de
concentração; durante as orações...
Tente apagar?! Como? Com o quê?
Esse problema, de “limpeza do cére-
bro”, deveria nos preocupar constan-
temente.
O ditado popular diz que o bom
cocheiro não é aquele que sabe tirar
sua carroça de um lamaçal, mas sim
aquele que consegue evitar que ela
entre no atoleiro. A melhor sugestão
nesse sentido para as pessoas – e seus
arquivos ambulantes – é ficar de pron-
tidão e impedir que tais imagens ou
sons penetrem na mente. Deixe sua
mente longe dos lamaçais!
É fácil se convencer disso. Nossa
mente, e nossa alma, é muito mais
importante que nossa casa! Será que
qualquer transeunte pode entrar em
nossa casa e colocar suas tralhas e
objetos sujos no quarto de hóspedes?
Temos de cuidar da nossa alma pelo
menos na mesma proporção que cui-
damos do nosso lar – não deixar entrar
qualquer informação por nossos olhos
ou ouvidos. Cada pessoa deve ser um
“selecionador”, para que a sujeira não
penetre pelos portões da nossa mente.
A higiene espiritual também não
deve ser menor que a física. A mão
que segurou nas hastes dentro de um
ônibus não deve segurar uma fatia de
pão sem ser lavada. Não é preciso ser
uma pessoa delicada para tomar esta
precaução. O cuidado com o susten-
to de nossa alma não deve ser menor
do que os alimentos que escolhemos
para colocar em nossa boca. Nossos
olhos e ouvidos não são “casa de nin-
guém” – eles são entradas para a nos-
sa alma.
O mundo físico nos ensina quão
grande é a influência de um elemento
minúsculo. Um vírus, que é muito me-
nor que uma bactéria, mal é visto num
microscópio e tem a capacidade de co-
locar na cama por algumas semanas
um sujeito alto e forte. Isso na melhor
das hipóteses! Uma leviandade pode
causar um grande prejuízo na fé e na
filosofia de uma pessoa da mesma for-
ma que um vírus virtual pode estragar
tudo o que estiver armazenando num
computador.
Há pessoas cujo cérebro está
“aberto para tudo”. Elas ainda se
enaltecem dizendo-se “pessoas com
mentes abertas”, com “horizontes lar-
gos”, “pacientes com os pensamentos
alheios” e outras expressões bonitas.
Certamente, essas pessoas não se
comportam da mesma forma quando
se trata de sua saúde física ou finan-
ceira. Invertendo os valores desta for-
ma, passam a vida estragando suas
almas sagradas, suas virtudes, seus
pensamentos e, consequentemente,
suas condutas.
Um judeu consciente deve percor-
rer os caminhos da vida com orgulho
de sua herança judaica, enquanto per-
manece ocupado constantemente com
esta tarefa elevada de cuidar da pure-
za de seu cérebro e de sua alma. Não
é um trabalho fácil, pois a rua não é
estéril – muito pelo contrário – e todo
cuidado é pouco para evitar a poluição
externa. O ensinamento do Pirkê Avot
– “seja ágil como a águia” – nos ensina
que, ao nos depararmos com algo que
não deve ser visto, precisamos desviar
os olhos rapidamente, pois cada fra-
ção de segundo é decisiva.
Baseado em “Tehorá Hi” de Yochanan David Salomon
Visão Judaica II
Paraneniza a Congregação pela divulgação dos valores
judaicos!
30 Sivan / Tamuz 5775
Nossa GenteNascimentos
• Mazal tov pelo berit milá para as famílias: R. Avraham Chama, R. Meir Daniel Berdichevsky, Daniel Klein, David Azoulay, Henrique Souccar, Iossi Shakrouka, Itschak Wajner, Pessach Kauffman, Shlomo Harari e Victor Lagnado.• Mazal tov pelo nascimento da filhinha para as famílias: R. Nissim Forma, Alain Boukai, David Dayan, Efráyim Laniado, Alexandre Susyn e Israel Kacowicz.
No berit milá do filho de Moise Madjar
No berit milá do filho de Shlomo Harari
No berit milá do filho do R. Meir Daniel Berdichevsky
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Nossa Gente
No berit milá do filho de Daniel Klein
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Bar Mitsvá• Mazal tov aos jovens benê mitsvá: David Tawil, David Laniado, Ezra Sassoun, Felipe Berakha, Isaac Peres, Levi Yitzchok Beer, Marcos Memran, Moshe Haim Sisro, Rafael Bousso, Refael Zagury, Ralph Michaan, Rafael Shakrouka, Victor Simon Tworoger, Yechiel Chaim Begun e Yehudá Bahbout.
No bar mitsvá de Refael Zagury
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Sivan / Tamuz 5775 33
Nossa Gente
No bar mitsvá de Ezra Sassoun
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34 Sivan / Tamuz 5775
Nossa Gente
No bar mitsvá de Rafael Bousso
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Sivan / Tamuz 5775 35
Nossa Gente
No bar mitsvá de Moshê Hakim
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Casamentos• Mazal tov pelos noivados para as famílias: Michanie e Harari (Iossi e Mazal), Kassab e Nasser (Edmon e Batsheva), Schmueli e Graz (Michael e Miriam).• Mazal tov pelos casamentos para as famílias: Srugo e Behar (Yosi e Michal), Dayan e Zafrani (Elazar e Shulamit), Eini e Manobla (Isaac e Avigail), Shayo e Khafif (Anthony e Karen), Silberstein e Biderman (Chaim e Faigy), Srour e Sardar (Juda Chai e Shirley), Besser e Fire (Moshe Aharon e Rachel Ahuva), Grabarz e Moas (Mauricio e Paola Tamar), Ades e Zagury (Victor e Ruth Esther).
No casamento de Maurício e Paola Grabarz
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Sivan / Tamuz 5775 37
Nossa Gente
No casamento de Victor e Ruth Ades
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Nossa Gente
No casamento de Moshe Aharon e Rachel Ahuva Besser
No bar mitsvá de Yehudá Bahbout
No Pidyon Haben do filho de Daniel Klein
David Szajnbok em siyum de Massêchet Bavá Camá
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Sivan / Tamuz 5775 39
Na comemoração de Lag Baômer na Congregação
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Sivan / Tamuz 5775
Nossa Gente
Hachnassat Sêfer Torá oferecida pela família Morabia
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Sivan / Tamuz 5775 41
Velas de Shabat?As velas de yortsait que a menina acendera deram um arrepio de calafrio na mãe.
Em Israel vivia um casal e sua filha de 9 anos de idade. Como a mãe
tinha muito medo que a filha andasse em transportes públicos, embora não fossem religiosos, matricularam-na numa escola religiosa do bairro.
Na escola, a garota aprendeu sobre a beleza
da Torá e do Shabat.
Numa sexta-feira à tarde, a garotinha voltou
da escola muito entusiasmada. Contou à mãe
como sua morá (professora) tinha ensinado às
meninas a bênção sobre as velas de Shabat e
começou a recitá-la com orgulho.
– Isso é muito bonito – falou a mãe. – Mas
você sabe que não acendemos velas sexta à
tarde.
– Mas – reclamou a criança – minha morá
disse que todas as mulheres acendem velas sex-
ta-feira à tarde. Por que nós não?
A mãe ficou um pouco hesitante em explicar
para sua filha que não era religiosa e acabou
desconversando.
A pequena criança saiu do quarto desani-
mada, porém determinada. A professora e suas
colegas de classe pareciam tão animadas com o
acendimento das velas, que decidiu tomar conta
do assunto pessoalmente. Foi até a mercearia
mais próxima e pediu duas velas de Shabat.
– São para sua mãe? – perguntou surpreso o
dono do estabelecimento. Ele sabia que a família
nunca havia comprado velas antes.
– Sim! – Respondeu a garota gentilmente.
O comerciante achou que, provavelmente,
a menina não havia entendido o que sua mãe
pedira. Deu-lhe, então, as velas que pensava se-
rem as que sua mãe provavelmente queria: duas
velas de yortsait (yortsait é o dia de aniversário
de falecimento de uma pessoa).
No caminho de volta para casa, a menina
praticou a bênção sobre as velas mais uma vez.
Estava orgulhosa de poder fazer uma mitsvá re-
servada às mulheres judias.
Naquela noite, depois que seu marido chegou
em casa, a mãe chamou a família para jantar.
Comportamento
42 Sivan / Tamuz 5775
A menininha, que estava ocupada em
seu quarto, não respondeu ao chama-
do da mãe. Depois de chamar algumas
vezes, a mãe e o pai foram ao quarto da
garota e encontraram-na sentada junto
à mesa, olhando para as duas velas de
yortsait acesas para receber o Shabat.
– O que é isto?! – Exclamou a mãe.
As velas de yortsait deram um arrepio
de calafrio em seu corpo. Em sua men-
te, enxergou sua própria mãe, muitos
anos atrás, ao lado de duas velas de
yortsait que havia acendido em memó-
ria de seus avós falecidos. Ela se recor-
dou das lágrimas de tristeza e orgulho
que acompanharam aquela cerimônia.
A menina ficou de pé, inquieta e
preocupada por ter sido “pega em fla-
grante”.
– O que são estas velas? – Pergun-
tou o pai, que não sabia da conversa de
sexta-feira à tarde.
A criança olhou para as velas e
depois para seus pais, e disse: “Echad
leaba veechad leima – uma é para o
senhor, papai, e a outra para a senhora,
mamãe”.
* * *
Não conheço o desenrolar da his-
tória. Será que a mãe começou a acen-
der as velas de Shabat a partir daquela
semana? Tomara que sim!
Se os pais querem que seus filhos
amem o judaísmo e casem-se dentro
do judaísmo, precisam proporcionar-
-lhes um caloroso lar judaico. Nossos
atos e posturas são o legado que dei-
xaremos aos nossos filhos. Se amamos
o judaísmo e o vivenciamos calorosa-
mente, provavelmente nossos descen-
dentes farão o mesmo. O Shabat é algo
essencial e talvez o melhor ponto por
onde iniciar.
Muitos pais frequentemente ficam
estarrecidos que seus filhos não têm
o mesmo sentimento e entusiasmo
pelo judaísmo que eles. A resposta é
simples: sentimentos e emoções não
são transmitidos através do DNA. Fa-
lar filosoficamente e demonstrar um
apreço intelectual não toca o coração
das crianças nem transfere o amor
pelo judaísmo à geração seguinte. Se
desejamos que nossos filhos tenham
um sentimento positivo em relação ao
judaísmo, eles precisam ver isto den-
tro de casa, sentir e participar desta
alegria.
Eis um belo pensamento sobre
o acendimento de velas de Shabat,
escrito pelo Rabino Dr. Abraham J.
Twersky em seu livro “De Geração
em Geração”:
“Acender uma vela é um ato rico
em simbolismo. Há atos que fazemos
somente para nós mesmos e outros
que podem ser completamente altru-
ísticos. Gerar luz, entretanto, desafia
esta definição. Posso acender uma
vela para mim mas não posso conter
sua luz, pois ela necessariamente ilu-
minará o ambiente para os demais. Se
crio luz para o beneficio de outrem, eu
também posso enxergar melhor!
“Que maneira melhor de iniciar o
Shabat, o último passo na Criação do
Universo, se não acendendo velas –
um ato que simbolicamente une todos
os habitantes do mundo.
“Ninguém pode ser uma ilha. O
que eu faço afeta você e o que você faz
tem uma influência sobre mim. Se en-
tendermos isto, poderemos entender
por que o acendimento de velas é re-
ferido na literatura rabínica como algo
essencial para o shalom báyit, a paz
dentro do lar. Discórdias e conflitos
podem acontecer somente quando as
pessoas acreditam que são entidades
separadas e distintas, e que podem
cada um seguir em seu próprio cami-
nho, não afetados um pelo outro.”
Comportamento
E-mail: [email protected] Site: www.projetokerenchai.wix.com/karen-chai Telefone: 3660-0400 ramal 121 / 99405-9980 Keren Chai
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Sivan / Tamuz 5775 43
A Famosa Tradução do Rav Saadya GaonUm tesouro redescoberto após 11 séculos: os escritos originais completos do Rav Saadya Gaon em árabe sobre os cinco livros da Torá.
Há uma importante novidade no mundo judaico: foram descober-
tos os manuscritos de um livro de tradução e comentários dos cinco livros da Torá es-crito pelo Rav Saadya Gaon zt”l há cerca de 1.130 anos.
Há 120 anos foi publicada em Jerusalém
uma edição da Torá chamada “Taj”, que em ára-
be significa “coroa”. Nesta obra, cada versículo
da Torá era seguida pela tradução de Ônkelos e
pela tradução de Rav Saadya Gaon translitera-
da do árabe para o hebraico. Muitos yehudim,
principalmente os iemenitas, cumpriam sua
obrigação de estudar “shenáyim micrá veachad
targum” – duas leituras da parashat hasha-
vua em lashon hacôdesh e uma traduzida – com
o auxílio desta obra. Faziam a leitura da Torá
duas vezes em lashon hacôdesh acompanhada
de duas traduções: a de Ônkelos em aramaico e
a de Rav Saadya Gaon em árabe.
Infelizmente, nos dias de hoje, pouquíssi-
mos iemenitas e judeus oriundos do mundo
árabe ainda conseguem ler e compreender esta
transliteração. Os comentários do Rav Saadya
Gaon estavam se perdendo aos poucos.
O Rabino Yomtov Guindi, nascido em Alepo
em 1955, fez todos os seus estudos, inclusive
os estudos judaicos, em árabe. Fugiu de Ale-
po para o Líbano, de lá foi para Paris e, final-
mente, emigrou para Israel. Em Israel estudou
engenharia elétrica e tornou-se oficial da força
área israelense. Durante o serviço militar, uma
explosão acidental acabou afetando a sua vista.
Vinte anos após este incidente ele perdeu a vi-
são totalmente e, aos 48 anos de idade, aposen-
tou-se por invalidade permanente. Ele é casado
e tem oito filhos. Hoje estuda no colel todos os
dias.
Há dois anos, o Rabino Guindi tomou co-
nhecimento que existia um texto com comen-
Livros do Povo do Livro
44 Sivan / Tamuz 5775
tários originais de Rav Saadya Gaon
sobre a Torá e interessou-se pelo
tema. Utilizando uma moderna tec-
nologia que permite a cegos ouvirem
textos utilizando computadores, o Ra-
bino Yomtov pesquisou sobre o texto
de Rav Saadya Gaon. Descobriu que
muitos comentaristas árabes afirmam
que a mais fiel tradução da Torá é a
do Gaon, que também recebe elogios
do Ben Ish Chay em Parashat Ki Tetsê
(parte 2). Rabênu Bachyê, no prefácio
de seu livro clássico Chovot Halevavot
recomenda a seus alunos que estudem
o Rav Saadya Gaon, porque isso os le-
varia a um elevado grau de compreen-
são da Torá. Maimônides, na Epístola
ao Iêmen, escreveu: “Se não fosse pelo
mérito de Rav Saadya Gaon, a Torá
poderia ter desaparecido do meio de
Israel”.
Através da Biblioteca Nacional de
Israel, o Rabino Guindi encontrou o
livro Taj e também uma amostra do
manuscrito original escrito há mais de
1.100 anos. O árabe transliterado em
letras hebraicas é de difícil compreen-
são. Por isso, o Rabino Guindi come-
çou seu trabalho incansável de rever-
ter o texto para o árabe clássico. Com
isso, estava ressuscitando o texto ori-
ginal de Rav Saadya Gaon. Dedicou-se
praticamente dia e noite por dois anos
até resgatar completamente a obra.
Muitas das quase 80.000 palavras exi-
giam grandes esforços, uma vez que o
alfabeto árabe tem mais de 30 letras e
o hebraico, apenas 22. Foi como reve-
lar um tesouro ao mundo.
Agora que a obra está disponível
em árabe, é importante que seja tra-
duzida para outros idiomas – para o
hebraico, inglês, espanhol, português.
Os interessados em participar deste
projeto, e ter o mérito da divulgação
deste texto sagrado, podem entrar em
contato com o Rabino Yomtov Guindi
pelo email: [email protected].
A gloriosa época dos gueonim fez floresce-rem geniais sábios judaicos. Trata-se do perío-do compreendido entre as épocas dos sábios savoraim (500 a 620 e.c.) e dos sábios rishonim (1.050 a 1.500 e.c.).
Rav Saadya Gaon, ou ainda, Rav Said ben Yossef Alfayum, nasceu em Dijaz, Fayum, no Egito, aproximadamente no ano de 882, e fa-leceu em Bagdá no ano de 942 e.c. Foi um dos maiores sábios e líderes judaicos de sua época. Além de exegeta e filósofo, foi tradutor, linguista e poeta. Entre as inúmeras obras que deixou, figura o renomado livro filosófico “Emu-not Vedeot”.
Rav Saadya também traduziu toda a Torá e alguns dos outros livros dos Neviim e Ketuvim para o árabe, acrescentando seus preciosos comentários.
No ano de 928, Rav Saadya foi nomeado chefe (gaon) da famosa academia de Sura, na Babilônia, fundada pelo renomado sábio talmu-dista Rav. Nunca um estrangeiro havia recebi-do este cargo máximo anteriormente. Sob sua liderança, esta academia entrou em um novo período de brilho.
Livros do Povo do Livro
Página de abertura do livro “Taj”
Sivan / Tamuz 5775 45
Maravilhosa Torá!Seu crescimento pessoal depende dos valiosos ensinamentos do mussar
Rabino Zvi Miller
Coroa ou Arado?
O Rei David escreveu (Tehilim 8:2): “Todo-
-Poderoso, nosso D’us, quão poderoso é o Seu
nome sobre toda a Terra; O senhor coloca Sua
glória sobre os Céus.”
Os ministros reais retornavam ao palácio
com uma coroa gloriosa que fora preparada
para a coroação do novo rei. Ela resplandecia
com ouro e maravilhosos diamantes. Quando se
aproximavam dos portões da cidade, avistaram
alguns camponeses que lavravam o campo.
Os ministros mostraram a coroa aos cam-
poneses, que ficaram impressionados com sua
beleza. Então um dos ministros perguntou aos
camponeses se trocariam seu arado pela coroa.
“A coroa é linda, mas se trocamos os nossos
arados não teremos como cultivar a terra!”, afir-
mou um dos camponeses.
“Você não está pensando com clareza!”, dis-
se o ministro. “Se possuísse esta coroa, você po-
deria trocá-la por milhares de moedas de ouro.
Aí poderia comprar todos esses campos e con-
tratar seus próprios trabalhadores!”
A coroa na história representa a nossa pre-
ciosa e inestimável Torá. Vale a pena “trocar-
mos” um pouco de nosso tempo durante o dia
pela preciosa dádiva do estudo da Torá. A santi-
dade, luz e benefícios eternos que receberemos
da Torá valem muito mais do que todo o ouro,
dinheiro e pedras preciosas do mundo.
Mesmo os anjos desejam a Torá e procla-
mam: “O Senhor coloca a Sua glória sobre os
Céus”, pois as palavras da Torá são como dia-
mantes radiantes na coroa de Hashem. Por meio
das palavras da Torá Ele criou os Céus e a Terra.
Possamos nós abraçar e seguir a Torá, co-
nectando-nos à própria fonte de toda a vida.
Baseado nos comentários do Chafets Chayim, Rabino Israel Meir Kagan (Polônia, 1839–1933)
Bêt de Berachá!
A primeira palavra da Torá, Bereshit (no
início), começa com a letra bêt, a segunda letra
do alfabeto hebraico.
Bêt é também a primeira letra da palavra
berachá (bênção). Portanto, a Torá começa com
a letra bêt para demonstrar que o seu estudo é
um grande manancial de bênçãos maravilho-
sas!
O álef é a primeira letra do alfabeto he-
braico. A Torá não começa com álef porque a
palavra aor (maldição) começa com álef. E não
seria apropriado iniciar a sagrada Torá com
uma palavra prejudicial.
No entanto, existem coisas ruins que come-
çam com bêt; bem como existem coisas boas
que começam com álef! Sendo assim, por que a
letra bêt foi escolhida para ser a primeira letra
da Torá?
A resposta para esta questão é a seguinte:
Se algo é bom ou ruim, depende de cada
contexto, de cada situação. Por exemplo: a
chama de uma vela geralmente é boa para
iluminar, mas é ruim se faz uma cortina pegar
fogo, por exemplo. A escuridão torna as viagens
difíceis à noite, mas é boa para se esconder dos
ladrões...
No entanto, uma bênção é intrinsecamente
– e irreversivelmente – boa. E uma maldição é
constante e irreversivelmente ruim. A bênção
é o puro “bom” em qualquer situação e nunca
pode ser alterada!
Portanto, a Torá começa com a letra bêt
para publicar e expressar bênçãos constantes
e boas.
Ao estudar Torá, desfrutemos de suas mara-
vilhosas e alegres bênçãos!
Baseado nos escritos do Rabino Yisrael Salanter (Lituânia, 1810–1883)
Mussar
46 Sivan / Tamuz 5775
Conduta na SinagogaSinagogas são recintos sagrados e demandam um coportamento diferenciado
Um santuário menor
O bêt hakenêsset e o bêt hamidrash são denominados
“micdash meat” – um santuário menor – conforme consta
em Yechezkel (11:16). O motivo de usar-se a expressão
“santuário menor” é pelo fato de a santidade do Bêt Hami-
cdash (o Templo Sagrado de Jerusalém) ser maior.
Conforme os legisladores, a mitsvá de temer o micdash
é vigente em relação a batê kenessiyot e batê midrashot.
Assim, devemos tomar os devidos cuidados com o seu
respeito e temor.
Conversas banais
Sobre aqueles que se comportam nesses recintos de
forma leviana – tsechoc vecalut rosh – atribui-se o versículo
(Yeshayá 1:12): “Mi vikesh zot miyedchem remôs chatse-
ray – Quem pediu isso de vocês, pisar em meus pátios?”.
O Zôhar Hacadosh (chelec bêt, 4, 136b) cita a gravidade
de tal conduta: “Quem fala devarim betelim (conversas ba-
nais) nas sinagogas não tem parte ‘Belokê Yisrael’”. Quem
despreza esses recintos sagrados, deixa transparecer que
não reconhece que neles se encontra a Presença Divina.
Portanto, não tem o mérito de ser incluído sob o título “os
que têm parte Belokê Yisrael”.
Conversas proibidas
Conversas com as crianças e sobre negócios, apesar de
não serem fúteis, são proibidas na sinagoga.
Certamente é necessário um cuidado extremo para não
falar lashon hará e não discutir na sinagoga. Apesar de
serem conversas proibidas mesmo em outros lugares, nos
recintos sagrados assumem uma gravidade maior. Além da
proibição em si, há um desprezo à Shechiná, e é muito mais
grave quem peca “no palácio do rei”.
A sinagoga é um lugar exclusivo para as orações e o
estudo da Torá.
Chamar alguém e fazer atalho
Quem precisa entrar na sinagoga apenas para chamar
alguém ou para retirar um objeto, deve primeiramente ler
um trecho da Torá. Se não souber recitar ou ler, deverá
permanecer na sinagoga o tempo que leva para andar 8
tefachim (aproximadamente 80cm).
Não se deve fazer da sinagoga um atalho. Mas se al-
guém entrar na sinagoga para rezar ou estudar, poderá sair
por outra porta. Neste caso, até mesmo é mitsvá sair da
sinagoga por uma porta diferente da que entrou.
Como sentar
Na sinagoga não se deve sentar reclinado para trás ou
para os lados; também não se deve esticar as pernas ou
cruzá-las.
Crianças na sinagoga
É proibido beijar os filhos na sinagoga. Com isso a pes-
soa assimila em seu íntimo o conceito de que não há um
amor como o amor do Criador.
Antes da idade de chinuch (quando a criança ainda
não tem condições de assimilar os conceitos que deseja-
mos transmitir), as crianças somente brincam na sinagoga,
profanam a sua santidade e atrapalham as orações dos
adultos. Além disso, acostumam-se com o mau hábito de
falta de respeito zzao recinto sagrado, algo difícil de aban-
donar quando crescem.
Quando a criança atingir a idade de chinuch o pai deve
levá-la à sinagoga e ensiná-la a permanecer lá com temor e
respeito. Não deve deixá-la sair de seu lugar. O pai também
deve ensinar seus filhos a responderem com o público os
amenim da Chazará da Amidá, do Cadish e a Kedushá.
Ao rezar
Ao rezar, não é correto olhar para os demais presentes,
para que não comece a pensar sobre assuntos ligados com
eles. Enquanto estiver rezando, deve se santificar e pensar
exclusivamente em sua proximidade com o Criador. Isto
lhe será de grande ajuda para a concentração nas orações.
Telefone celular
É proibido o uso de telefone celular na sinagoga.
Limpeza
É necessário preservar a sinagoga limpa ao menos
como as nossas casas, portanto, não se deve jogar papel
ou outras coisas no chão.
Do livro “Vaani Tefilá”.Todas as fontes pesquisadas são citadas na referida obra.
Os interessados podem adquirir gratuitamente um exemplar na secretaria da Congregação.
Leis e Costumes
Sivan / Tamuz 5775 47
ROSH CHÔDESHTerça-feira, 19 de maio.Não se fala Tachanun no dia e em Minchá da véspera.Acrescenta-se Yaalê Veyavô nas amidot e no Bircat Hamazon.Acrescenta-se Halel Bedilug em Shachrit.Acrescenta-se a oração de Mussaf.
TACHANUNNão se recita Tachanun
nos 12 primeiros dias de sivan, até 30 de maio, inclusive.
Sivan 19 de Maio de 2015 a 17 de Junho de 2015
5775
SHAVUOT
Domingo e segunda-feira, 24 e 25 de maio. Recita-se o Halel completo nos dois dias.
Shavuot comemora o majestoso acontecimento testemunhado pelo povo de Israel sete semanas
depois de sua saída do Egito, quando estava acampado ao pé do Monte Sinai. Nesta ocasião,
D’us manifestou Sua vontade a Israel e nos revelou os Dez Mandamentos.
Embora estes mandamentos não cons tituam toda a Torá, que consiste de 613 mandamentos – taryag mitsvot – eles são
o seu fundamento. Esses dez mandamentos se tornaram a base das leis de grande parte da civilização ocidental. O nome Shavuot,
pelo qual a Torá se refere a esta data, significa sim plesmente “semanas” e deriva do fato de Shavuot ser observado depois de se contar sete semanas completas, a partir
do segundo dia de Pêssach.Ticun Lêl Shavuot: Durante a primeira noite de Shavuot existe o bonito costume de se passar a noite em claro,
estudando Torá e mishná. Este ano, o estudo se realizará na sábado à noite, dia 23 de maio.
Shavuot é chamada também de “Chag Habicurim” (Festa das Primícias), “Chag Hacatsir” (Festa da Ceifa do Trigo) e “Zeman Matan Toratênu” (Época da Outorga da nossa Torá).
BIRCAT HALEVANÁ PERÍODO PARA A BÊNÇÃO DA LUAInício (conforme costume sefaradi): Segunda-feira, 25 de maio, a partir das 17h59m (horário para São Paulo).Final: Madrugada de terça-feira, 2 de junho, até as 3h33m (horário para São Paulo).
48 Sivan / Tamuz 5775
KignelFamília
Tamuz 18 de Junho de 2015 a 16 de Julho de 2015
ROSH CHÔDESHQuarta e quinta-feira, dias 17 e 18 de junho.Não se fala Tachanun no dia e em Minchá da véspera.Acrescenta-se Yaalê Veyavô nas amidot e no Bircat Hamazon.Acrescenta-se Halel Bedilug em Shachrit. Acrescenta-se Mussaf.
BIRCAT HALEVANÁ PERÍODO PARA A BÊNÇÃO DA LUA
Início (conforme costume sefaradi): Terça-feira, 23 de junho, a partir das 21h55m
(horário para São Paulo).Final: Manhã de quarta-feira, 1º de julho,
até as 06h49m (em São Paulo).
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JEJUM - 17 DE TAMUZDomingo, dia 5 de julho.Início: 05h37m. Término: 18h03m (em São Paulo).Nesta data ocorreram, em épocas diferentes, cinco trágicos acontecimentos:•Moshê quebrou as Pedras da Lei ao ver o bezerro de ouro que o Povo de Israel havia feito.•Foi suspensa a oferenda diária (Corban Tamid, de manhã e à tarde) no Primeiro Templo.•Foram rompidas as muralhas de Jerusalém na época do Segundo Templo.•Apóstomos, o Malvado (um oficial romano), queimou a Torá.•Um ídolo foi colocado no Templo.
Datas & Dados
Sivan / Tamuz 5775 49
HORÁRIO DE ACENDER AS VELAS DE SHABAT E YOM TOV EM SÃO PAULO29 de maio - 17h08m05 de junho - 17h07m12 de junho - 17h07m19 de junho - 17h08m26 de junho - 17h10m03 de julho - 17h12m
10 de julho - 17h15m17 de julho - 17h17m24 de julho - 17h20m31 de julho - 17h23m07 de agosto- 17h26m14 de agosto- 17h29m
PARASHAT HASHAVUA 23 de maio - Parashat: Bamidbar Haftará: Vehayá Mispar Benê Yisrael30 de maio - Parashat: Nassô Haftará: Vayhi Ish Echad Mitsor´á06 de junho - Parashat: Behaalotechá Haftará: Roni Vessimchi13 de junho - Parashat: Shelach Lechá Haftará: Vayishlach Yehoshua Bin Nun20 de junho - Parashat: Côrach Haftará: Vayômer Shemuel el Haam27 de junho - Parashat: Chucat Haftará: Veyiftach Haguil’adi04 de julho - Parashat: Balac Haftará: Vehayá Sheerit Yaacov11 de julho - Parashat: Pinechás Haftará: Divrê Yirmeyáhu ben Chilkiyáhu18 de julho - Parashat: Matot - Massê Haftará: Shim’u Devar Hashem25 de julho - Parashat: Devarim Haftará: Chazon Yesha’yáhu ven Amots01 de agosto - Parashat: Vaetchanan Haftará: Nachamu Nachamu
HORÁRIO DAS TEFILOT Shachrit - De segunda a sexta-feira - 20 min. antes do nascer do Sol (vatikim), 06h20m (Midrash Shelomô Khafif), 06h50m (Zechut Avot) e 07h15m (Ôhel Moshê). Aos sábado - 08h15m (principal), 08h20m (Zechut Avot), 08h40m (infanto-juvenil) e 08h45m (ashkenazim). Aos domingos e feriados - 20 min. antes do nascer do Sol, 07h30m e 08h30m. Minchá - De domingo a quinta - 15min. antes do pôr do sol.Arvit - De domingo a quinta - 10 min. após o pôr-do-sol, 19h00m e 20h00m (de segunda a quinta).
MINCHÁ DE ÊREV SHABAT22 de maio - 17h09m29 de maio - 17h08m05 de junho - 17h07m12 de junho - 17h07m19 de junho - 17h08m26 de junho - 17h10m03 de julho - 17h12m10 de julho - 17h15m17 de julho - 17h17m24 de julho - 17h20m
23 de maio - 16h45m30 de maio - 16h45m06 de junho - 16h45m13 de junho - 16h45m20 de junho - 16h45m27 de junho - 16h45m04 de julho - 16h50m11 de julho - 16h50m18 de julho - 16h55m25 de julho - 17h00m
MINCHÁ DE SHABAT
Jejum Taanit Ester (13/adar II /5776)
Purim (14/adar II /5776)
Shushan Purim (15/adar II /5776)
24/mar/16
23/mar/16
25/mar/16
22/abr/16
23/abr/16
29/abr/16
30/abr/16
1ª noite de Pêssach (15/nissan/5776)
2ª noite de Pêssach (16/nissan/5776)
7º dia de Pêssach (21/nissan/5776)
8º dia de Pêssach (22/nissan/5776)
Quarta
Quinta
Sexta
Sexta
Sábado
Sexta
Sábado
28/set/15
29/set/15
4/out/15
5/out/15
6/out/15
7/dez/15
22/dez/15
25/jan/16
1º dia de Sucot (15/tishri/5776)
2º dia de Sucot (16/tishri/5776)
Hoshaná Rabá (21/tishri/5776)
Shemini Atsêret (22/tishri/5776)
Simchat Torá (23/tishri/5776)
1º dia de Chanucá (25/kislev/5776)
Jejum Assará Betevet (10/tevet/5776)
Tu Bishvat (15/shevat/5776)
Domingo
Segunda
Terça
Terça
Segunda
Segunda
Segunda
Terça
26/jul/15
14/set/15
15/set/15
16/set/15
23/set/15
Jejum Tish’á Beav (10/av/5775)
1º dia de Rosh Hashaná (1/tishri/5776)
2º dia de Rosh Hashaná (2/tishri/5776)
Jejum Tsom Guedalyá (3/tishri/5776)
Yom Kipur (10/tishri/5776)
Segunda
Quarta
Terça
Quarta
Domingo
12/jun/16
13/jun/16
23/jul/16
1º dia de Shavuot (6/sivan/5776)
2º dia de Shavuot (7/sivan/5776)
Jejum 17 de Tamuz (17/tamuz/5776)
Domingo
Segunda
Sábado
Próximas Comemorações Judaicas
Datas & Dados
50 Sivan / Tamuz 5775
TABELA DE HORÁRIOS SIVAN / TAMUZ 5775
São Paulo
Dia Zeman Tefilin
Nets Hachamá (nasc. Sol)
Alot Hashá-
charChatsot
Sof Zeman Keriat Shemá Sof Zeman Amidá Sof Zem. Mussaf Pêleg Haminchá Shekiá (pôr-
do-sol)
Maio
Minchá Guedolá de alot
a tsetdo nets à shekiá
de alot a tset
do nets à shekiá
de alot a tset (72m)
de alot a tset
do nets à shekiá
do nets à shekiá
de alot a tset
Jun
ho
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Julh
o
Datas & Dados
Sivan / Tamuz 5775 51
“Amigo de Todos”Chayim Walder
Meu nome é Bentsi.Moro em Ofakim. Estudo na quarta série e sou considerado um bom aluno.Além disso, me dou bem com todos os meninos da classe. Com todos mesmo!Nunca briguei com ninguém e nunca aconteceu que um dos meninos da classe
agisse contra mim ou falasse mal de mim. Vocês com certeza também devem ter um menino assim em suas classes e, provavelmente, acham que é muito fácil para ele se dar bem com todos.
Mas não é bem assim.Em minha classe há 25 alunos além de mim. Cada um é muito diferente do outro.
Há meninos mais dedicados e menos dedicados, altos e baixos, fortes e fracos, cora-josos e medrosos, calmos e agitados.
Eu também tenho boas e más qualidades, assim como qualquer criança.É muito comum acontecerem discussões e brigas entre meus colegas de classe.
De Criança Para Criança
52 Sivan / Tamuz 5775
Eu presencio essas brigas quase que diariamente.Uma briga entre dois colegas começa quando um não entende o outro ou não con-
corda com a sua opinião. Às vezes, vejo garotos brigando por um motivo muito bobo. Nestes casos, quando estou por perto dos meninos que estão brigando, fico em uma si-tuação difícil. Se eu ficar do lado de um garoto, certamente o outro ficará bravo comigo.
Por isso, estabeleci uma regra para mim mesmo: não me intrometo em brigas que nada têm a ver comigo. Mesmo quando, em meu coração, acho que um deles tem razão, não digo nada. Não tomo qualquer partido. Além do mais, talvez eu mesmo não tenha razão em meus pensamentos!
Às vezes, outros meninos me deixam nervoso com alguma atitude que me pare-ce errada. Então, eu tento me conter com todas as forças para não reagir de forma agressiva. No começo foi muito difícil fazer isso. Eu fervia por dentro e não demons-trava nada por fora. Mas, quando me acostumei a me autocontrolar, passei a rir dos motivos pelos quais as crianças brigam.
Às vezes um garoto diz: “Ei! Ele olhou para mim!”, e isso já é “motivo” para começar uma rixa. Um outro menino começa a brigar porque o colega atrás dele se aproximou demais com sua mesa, e um terceiro briga pelo lugar na fila de netilat yadáyim....
No início, todas estas coisas também me incomodavam mas, pouco a pouco, acos-tumei-me a pensar que não há nada de mais se alguém está olhando para você; muito pelo contrário: seria muito triste se ninguém olhasse... E se alguém atrás de mim em-purra sua mesa, ele irá puxá-la de volta se eu pedir com educação. Já na fila de netilat yadáyim, não há motivo algum para brigar, porque nada acontecerá se eu comer meu sanduíche meio minuto mais tarde, e também porque não se pode fazer uma mitsvá (de netilat yadáyim) por intermédio de uma averá (brigando com o próximo).
Sivan / Tamuz 5775 53
Há vários outros exemplos de brigas que nunca teriam começado se as crianças pensassem um segundo antes de reagir. É exatamente isto que eu faço: penso um segundo antes de ficar bravo e, então, me acalmo.
Às vezes dois garotos vêm até mim, cada um com seus argumentos, pedindo que eu os apoie ou os justifique. Defender um deles seria a pior encrenca na qual eu po-deria entrar. Quem defende um lado numa discussão fica, automaticamente, malvisto pela outra parte.
Por isso, nunca me intrometo em uma briga que não é minha! Para me sair bem desse tipo de situação, encontro uma maneira de dizer que ambos têm razão.
Uma vez, ocorreu comigo um caso igual ao de uma história que eu tinha ouvido.Meir e Guidi vieram até mim, brigados. Meir começou a falar e apresentou os
seus argumentos. Eu logo lhe disse: “Meir, você tem razão”.Depois, Guidi também me apresentou seus argumentos. E eu também lhe disse
que ele tinha razão.Então, meu amigo Yossi, que estava por perto, perguntou: “Como pode ser que
tanto Meir quanto Guidi têm razão se eles estão discutindo?”.Pensei um pouco e respondi: “Sabe de uma coisa, Yossi? Você também tem razão!”.
Tradução de Guila Koschland Wajnryt
Permissões exclusivas para a Nascente.
54 Sivan / Tamuz 5775
Um Velho ConhecidoO grande tsadic Rabi Tsevi Hirsh de Liska visitou, em uma de suas viagens, a cidade de Munkács. Lá ele teve o grande prazer de encontrar um velho conhecido.
Rabi Tsevi Hirsch (1798–1874) de Liska foi um dos principais sá-
bios chassídicos da Hungria. Ele era filho do tsadic nistar Rabi Aharon de Uihely. Foi re-conhecido como um eminente estudioso da Torá e de questões haláchicas. Escreveu as obras Ach Peri Tevuá e Hayashar Vehatov. Seu descendente, o Lisker Rebe, Rabi Yossef Friedlander, sobreviveu ao Holocausto e es-tabeleceu-se no Brooklyn, em Nova Iorque, onde estabeleceu um centro de chassidut que perpetua a chassidut de Liska.
Os judeus da cidade de Monkitz, que já es-
peravam ansiosamente pela visita de Rabi Tsevi
Hirsch há vários dias, receberam o sábio com
grande alegria. De todos os cantos da cidade,
homens mulheres, velhos e crianças, vestiram
suas roupas de festa e acompanharam o grande
tsadic até a casa onde ficaria hospedado. Mui-
tos não foram acompanhar o sábio apenas para
honrá-lo, mas também para pedir seus conse-
lhos e bênçãos.
Apesar do cansaço da viagem, o rabino per-
maneceu por várias horas recebendo as pessoas
que queriam ouvir suas palavras sábias. Tanto
aos ricos, que traziam valiosas quantias em di-
nheiro para as obras de caridade empreendidas
por Rabi Tsevi, quanto aos pobres, que vinham
humildemente pedir algum tipo de ajuda, o tsa-
dic recebia-os todos com bondade e amabilidade.
Depois de várias horas aguardando para fa-
lar com o rabi, finalmente chegou a vez de um ju-
Infantil
Sivan / Tamuz 5775 55
deu vestido com roupas muito simples,
de rosto pálido, aparentando extrema
fraqueza e angústia.
O tsadic, como fazia com todos,
apressou-se em cumprimentá-lo calo-
rosamente e perguntar pelo motivo de
sua visita. O homem estava tão angus-
tiado que mal podia falar. O rabino ten-
tou acalmá-lo e deixá-lo mais à vontade
com palavras doces e ternas. Finalmen-
te, após alguns minutos, conseguiu que
o homem começasse a contar sua triste
história:
“Há apenas alguns anos, rabi, eu
não era este homem pobre e arrasado
que o senhor vê. É certo que nunca fui
muito rico, porém sempre pude sus-
tentar a mim e à minha família com
dignidade.
“Eu casei, tive filhos e eles cresce-
ram, graças a D’us, com saúde e temor
ao Todo-Poderoso. Há pouco tempo,
minha filha mais velha chegou à idade
de se casar, e eu consegui ajudá-la a
noivar com um rapaz de boa família,
cheio de virtudes e estudioso da Torá.
“Para concretizar o noivado, no en-
tanto, eu prometi aos noivos um belo
dote, para que o rapaz pudesse conti-
nuar seus estudos por pelo menos al-
guns anos depois do casamento. Eu já
estava economizando o dinheiro para o
dote há muitos anos, com trabalho duro
e honesto. Era um dinheiro guardado
com muito carinho especificamente
para este fim.
“Depois do noivado, porém, come-
cei a enfrentar vários problemas nos
negócios. Em pouco tempo, perdi quase
tudo que tinha conseguido durante uma
vida inteira de trabalho. Infelizmente,
na esperança de me recuperar, também
usei nos negócios o dinheiro que havia
economizado com tanto cuidado para
o dote da minha filha... E acabei per-
dendo tudo.
“Agora faltam apenas algumas se-
manas para o casamento. Se eu não
conseguir pagar o dote até a data mar-
cada, certamente o noivado será can-
celado. Eles não teriam como iniciar
dignamente sua vida de casados. Eu
posso aceitar a minha pobreza como
um decreto Divino, mas o sofrimento
de minha filha... A vergonha de ter o
casamento cancelado às vésperas...”.
O pobre homem não conseguiu
mais falar. As lágrimas escorriam por
seu rosto e sua cabeça balançava em
desespero.
O sábio, que tinha escutado em si-
lêncio enquanto o homem contava sua
história, olhou para o homem e pergun-
tou calmamente:
– Qual é o valor que o senhor pre-
cisa para o dote e o casamento de sua
filha?
– Cem rublos, rabi – respondeu o
homem com voz rouca.
O tsadic imediatamente abriu a
gaveta onde havia colocado todo o di-
nheiro recebido durante o dia, contou
cem rublos e entregou-os nas mãos do
pobre judeu. O homem não conseguia
acreditar que aquilo estava lhe aconte-
cendo de fato.
– Vá com sucesso! – acrescentou
Rabi Tsevi, abençoando-o. – Que sua
filha se case numa boa hora e seja feliz!
O rosto amargurado do homem
imediatamente se transformou num
largo sorriso. Lágrimas de alegria ago-
ra brotavam de seus olhos. Ele nun-
ca tinha imaginado conseguir assim
o dinheiro necessário para o dote de
sua querida filha. Sua esperança era a
de que o rabi lhe desse uma pequena
parte do dinheiro e uma carta de apre-
sentação. Depois, se ele tivesse sorte,
conseguiria juntar o resto do dinheiro
batendo de porta em porta e contando
com a piedade dos judeus da cidade.
O pobre judeu ainda ficou agrade-
cendo efusivamente a bondade do rabi-
no por alguns momentos. Finalmente,
saiu da sala cantando e erguendo lou-
vores ao Todo-Poderoso, que o havia
ajudado no momento de aperto.
Na sala, junto a Rabi Tsevi, que per-
manecia sentado com um sorriso, esta-
va um judeu velho, um dos moradores
da cidade, que acompanhara o rabino
desde a sua chegada até aquele mo-
mento. O senhor de idade ficou espan-
tado ao ver o tsadic dando uma quantia
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tão grande para uma única pessoa:
– Rabi... – gaguejou o ancião, sem
poder conter seu espanto. – Eu não
consigo entender... Por que o senhor
deu para este homem todo o dinheiro
que ele precisava? Já seria uma gran-
de caridade se o rabino desse apenas
um rublo junto com uma carta de reco-
mendação! Depois, provavelmente ele
conseguiria o restante batendo de porta
em porta e o senhor usaria o resto do
dinheiro para suas obras de caridade...
– Ouça com atenção – respondeu o
sábio com um sorriso. – Eu lhe contarei
uma história que com certeza lhe fará
entender o porquê deste meu compor-
tamento e também com quem aprendi
a agir assim:
“Quando eu era jovem, minha fa-
mília era muito pobre. Em casa mal
tínhamos o suficiente para as neces-
sidades mais elementares. O alimento
era escasso e extremamente simples.
Certa vez, com a proximidade de um
dos chaguim, tive uma vontade muito
grande de viajar até meu rabi, em Belz,
e passar os dias de festa com ele.
“A viagem até Belz, porém, era
muito longa, e eu não possuía qualquer
dinheiro para fazê-la de forma decente.
A vontade de estar em Belz para ver o
rebe e ouvir suas palavras, entretanto,
foi mais forte que o temor pela longa
viagem sem recursos. Assim, eu resolvi
viajar de qualquer maneira.
“Juntei uns poucos pedaços de pão
e me pus a caminho. A maior parte do
tempo caminhava a pé. Às vezes encon-
trava algum bom judeu, que me levava
por alguns quilômetros em sua carroça
na direção desejada.
“Quando finalmente cheguei na ci-
dade de Lemberg, que ainda era bas-
tante distante de Belz, já estava com-
pletamente exausto. O suor cobria meu
corpo e meus pés estavam inchados e
machucados pela longa caminhada.
“Continuar viajando a pé já não pa-
recia mais uma alternativa viável. Se
apenas alguns passos na cidade já fa-
ziam com que meus pés me causassem
dores insuportáveis, como conseguiria
andar dezenas de quilômetros até Belz?
“Remoendo tristemente meus pen-
samentos, caminhei até a sinagoga de
Lemberg para descansar um pouco e
decidir o que fazer em seguida. Sur-
preendentemente, descobri em frente
à sinagoga de Lemberg várias carro-
ças prontas para uma viagem. Logo
descobri que as carroças levariam um
grande grupo de chassidim justamente
para Belz! Imediatamente minhas for-
ças se renovaram. Corri em busca do
responsável pelo grupo e pedi que ele
me permitisse viajar junto com eles.
“O rapaz responsável pelo grupo
estava tão ocupado com os preparati-
vos para a viagem que mal reparou em
mim. Disse apenas que todos do gru-
po pagariam sessenta copeques pela
viagem e que, se eu pagasse, também
poderia ir. Eu respondi que não pos-
suía dinheiro algum. Então o jovem
disse categoricamente que, se eu não
pagasse, ele não poderia deixar que eu
viajasse com eles.
“Eu sabia que se não conseguisse
os sessenta copeques, acabaria tendo
que passar a festividade em Lemberg,
longe de minha família e igualmente
distante de meu rabino. Sem alterna-
tiva, comecei a rodar pela cidade, pe-
las lojas dos judeus, contando com sua
caridade.
“Os donos das lojas, no entanto,
não costumavam dar dinheiro para os
pobres que pediam tsedacá. Isso por-
que na maioria das vezes o dinheiro era
escasso também para eles. Assim, para
ajudar os necessitados, os comercian-
tes davam-lhes alguma mercadoria que
poderia ser vendida nas ruas da cidade
ou nas portas das casas.
“Na primeira loja em que entrei, o
dono me entregou um saquinho com
cerca de vinte agulhas de costura. Na
segunda, um saco com botões. E na
terceira, um pacote com graxa para
sapatos...
“Meus pés doíam terrivelmente.
Andar de uma loja para outra era um
grande esforço e o desespero foi to-
mando conta de mim. Logo o grupo de
chassidim para Belz partiria em sua
Infantil
Sivan / Tamuz 5775 57
viagem. Quanto a mim, até que conse-
guisse vender o que tinha em mãos – se
conseguisse – levaria horas, talvez dias!
“Apesar de tudo, juntei minhas
últimas forças e entrei em mais uma
loja. Ainda tinha a esperança de que
finalmente alguém me desse alguns tro-
cados. Quem sabe, o comerciante esti-
vesse disposto a comprar o que eu tinha
juntado e me pagasse com dinheiro...
“A loja em que entrei era pequena e
vendia utensílios para o lar. Quando eu
estiquei a mão para o dono da loja pe-
dindo sua ajuda, ele rapidamente subiu
num banquinho. De uma das estantes,
pegou um pequeno bule e entregou-o
em minhas mãos com um sorriso bon-
doso. Eu, no entanto, em meu deses-
pero, em vez de pegar o bule, irrompi
em prantos. O homem, assustado com
minha reação, perguntou por que eu
estava chorando, e eu resumi para ele
toda a minha história.
“Quando eu finalmente parei de fa-
lar, o comerciante pegou novamente o
bule e devolveu-o em seu lugar. Depois,
abriu uma gaveta com dinheiro, contou
sessenta copeques e colocou-os em mi-
nha mão, desejando-me boa viagem.
Eu agradeci o quanto pude a bondade
do homem e, esquecendo até mesmo
de meus pés machucados, corri para
as carroças em frente à sinagoga. Mais
alguns minutos e meus esforços teriam
sido em vão, pois a caravana já estava
partindo. Graças à bondade daquele
homem, eu pude passar um ótimo chag
junto ao grande tsadic de Belz.”
Enquanto contava a história, Rabi
Tsevi tinha permanecido a maior par-
te do tempo com os olhos fechados,
como que revivendo os acontecimen-
tos. Terminando seu relato, ele olhou
fixamente para seu interlocutor, aquele
ancião que o acompanhava desde sua
chegada, e disse:
“A partir daquele dia, eu tomei uma
resolução: se algum dia o Todo-Poderoso
me ajudasse e eu pudesse auxiliar um
pobre ou necessitado, eu faria de tudo
para ajudá-lo de forma completa. Não
faria cálculos de que outras pessoas,
além de mim, também poderiam ajudá-
-lo. Com sua bondade, aquele comer-
ciante me fez entender essa valiosa lição.
“Já se passaram muitos anos des-
ta história e certamente aquele comer-
ciante judeu já não se lembra mais de
tudo isso, mas deixe-me refrescar sua
memória: D’us realiza Seus planos de
forma extraordinária! Ele fez questão
de que nos encontrássemos hoje nessa
situação para relembrarmos esses acon-
tecimentos. Pois foi justamente o senhor
que me ajudou naquele dia! E até hoje eu
me lembro de tudo perfeitamente. Como,
então, o senhor, que me ensinou a agir
dessa forma, pode ficar espantado com o
que eu fiz por este pobre judeu?”
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