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Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
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Vamos produzir um BLOG? Inovação no Ensino Superior por meio de rupturas com a forma, saberes e participação
discente tradicionais
Patrícia Smith Cavalcante1 (UFPE)
Deise France Ferreira2 (UFPE)
Resumo: Dentro do tema Gêneros Digitais – BLOG, este artigo analisa a produção de
onze blogs por alunos do Curso de Pedagogia, da UFPE. Partindo dos pressupostos teóricos para a inovação no Ensino Superior de Cunha (2008), discutimos produção de blogs como metodologia ativa e se promoveu rupturas necessárias à melhoria da qualidade no Ensino Superior. Em paralelo, utilizamos a matriz para tipificação de blogs de Primo (2008) para classificar a natureza dos blogs produzidos. Durante 2013.1, pesquisamos e discutimos sobre o gênero digital blog com os alunos. Criamos categorias de análise de conteúdo temática dos blogs, que também foram avaliados por todos os alunos. Os resultados mostraram que foram criados blogs de diversos tipos e que esta atividade auxiliou na ruptura com a forma tradicional de ensino, na promoção da gestão participativa na sala de aula e no protagonismo discente. PALAVRAS-CHAVE: blog; Ensino Superior; TICs. Resumen: Dentro del tema Géneros digitales - Blog, este artículo examina la producción de once blogs por estudiantes de Pedagogía, de la UFPE. A partir de supuestos de la teoría a la innovación en la educación superior de
Cunha (2008), discutido la producción de los blogs como metodología activa y los descansos necesarios promovieron la mejora de la calidad en la educación superior. En paralelo, se utilizó la matriz para escribir blogs de Primo (2008) para clasificar la naturaleza de los blogs producidos. Durante 2013.1, investigado y discutido sobre género Blog digital con los estudiantes. Hemos creado categorías de análisis de contenido temático de los blogs, que también fueron evaluados por todos los estudiantes. Los resultados mostraron que los blogs se han creado de varios tipos y que esta actividad ayudó a romper con la forma tradicional de la enseñanza, la promoción de la gestión participativa en el aula y en el papel de los estudiantes. PALABRAS CLAVE: blog, Educación Superior, las TICs.
1 Patrícia Cavalcante, Professora Dr
a
Professora do Programa de Pós-graduação em Educação Matemática e Tecnológica da UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) – [email protected] 2 Deise Ferreira, Mestranda.
Aluna do Programa de Pós-graduação em Educação Matemática e Tecnológica da UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) – [email protected]
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INTRODUÇÃO
A inovação no ensino, especialmente em nível superior, tem sido tema de
diversas pesquisa e experimentações em sala de aula (Pereira, Celani e Grassi-
Kassisse (orgs.), 2011; Masetto, 2011).
Uma das alternativas para viabilizar estas inovações tem sido o uso de
tecnologias aplicadas à aprendizagem dos conceitos, processos e atitudes.
Por exemplo, a sala de aula invertida, “flipped classroom” desenvolvida por
Manzur (2013), da Universidade de Harvard nos Estados Unidos da América, e a
webgincana (Scavenger Hunts) criada pelo professor Jarbas Jovelino Barato
juntamente como SENAC (http://www1.sp.senac.br/hotsites/gde/index.asp?me=1;
http://aprendente.blogspot.com.br/2005/03/webgincana-1.html).
Estes estudos partem do princípio de que os alunos de hoje estão imersos na
cultura digital e são usuários proficientes das redes sociais. Ferreira e Cavalcante
(2013) aplicaram um questionário online construído no Google Docs, no 1° semestre
de 2013, a 23 alunos da disciplina de Educação e TICs, do Curso de Pedagogia, da
UFPE, para investigar qual era o uso que os alunos faziam das ferramentas digitais
disponíveis nos dispositivos móveis (DMs). Os resultados mostraram que a metade
dos alunos pesquisados possuíam Smartphones ou similares, e a outra metade
algum tipo de celular. Elas constataram que mais da metade dos alunos faziam uso
do celular todos os dias e que 56% deles checavam o celular a todo instante ou
imediatamente quando ele alertava. Ao serem questionados sobre quanto tempo
usavam o aparelho celular para estudar, apenas um aluno pesquisado informou não
utilizá-lo para este fim, enquanto que 47% afirmaram utilizá-lo de 1h a 3h por dia,
com este intuito. Os demais alunos afirmaram usar de 3h a 5h por dia (13%), de 30
a 60 minutos (21%) e menos de 30 minutos por dia para estudar (8%). Quando
indagados sobre o que fazem com o DMs durante uma pausa no sofá, 45% alegaram
ler, 25% ver vídeos, 15% utilizam para escrever e 15% não usam. Os dados
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mostraram números interessantes de como os estudantes atuais do Ensino Superior
já utilizam os DMs para estudar e o potencial deste dispositivo como estratégia de
aprendizagem. Além disso, reforçaram a ideia de que realmente os alunos já
encontravam-se inseridos plenamente na cultura digital.
Como docente do Curso de Pedagogia, da disciplina de Educação e
Tecnologias da Informação e Comunicação, faz parte de minhas atribuições teorizar
e experimentar inovações no ensino a partir das tecnologias. Desta forma, este
artigo insere-se numa série de atividades usando tecnologias da informação e
comunicação para ensinar e aprender, que vem sendo usadas e analisadas nesta
disciplina, ao longo de 2012 e 2013.
Trataremos o tema a partir de três perspectivas distintas e inter-
relacionadas: a inovação no Ensino Superior e as metodologias ditas ativas, o uso de
blogs na educação e as inovações tecnológicas no contexto da sala de aula de
graduação.
PROMOVENDO RUPTURAS NECESSÁRIAS AO ENSINO SUPERIOR
Inicialmente, definiremos o conceito de inovação no Ensino Superior. Para
Cunha (2008) inovação tem lugar, tempo e circunstância determinados e são
produto de uma ação humana sobre o ambiente ou meio social. Neste sentido,
ações que podem ser consideradas inovadoras para uma determinada instituição,
não são necessariamente para outras. Inovações aplicadas hoje podem perder o
efeito no futuro, ou ainda, ações muito simples podem ser consideradas inovadoras
para determinadas comunidades. Em qualquer caso, a inovação necessita de uma
ruptura paradigmática com a prática exercida no momento. Isto para permitir a
reconfiguração do meio social educacional. Esta ruptura não é apenas a inclusão de
novidades, por exemplo, as tecnológicas, mas envolve mudanças na forma de
entender o conhecimento (Cunha, 1998).
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Tomando como referência os estudos sobre docência no Ensino Superior, de
Cunha (2008), temos várias rupturas necessárias à inovação neste nível de ensino:
ruptura com a forma tradicional de ensinar e aprender: concebe outras
formas de produção de saberes, incorporando a dimensão sócio-histórica do
conhecimento e sua dimensão axiológica que une sujeito e objeto, e não
apenas a dimensão conhecimento factual, positivistas da ciência moderna.
ruptura com gestão centralizada: quebra da estrutura vertical de poder na
sala de aula, responsabilizando o coletivo pelas propostas formuladas para o
processo de ensino e aprendizagem. O professor é o responsável pela
condução dos processos, mas os estudantes decidem junto com ele os
percursos e as atividades desenvolvidas. Esta gestão participativa “requer
atitudes reflexivas frente ao conhecimento, pois pressupõe a diversidade de
compreensões valorativas e habilidades para tratar com a complexidade.”
a reconfiguração dos saberes: “requer a anulação ou diminuição das
clássicas dualidades dos seres e dos saberes, do saber científico/saber
popular, da ciência/cultura, da educação/trabalho, do corpo/alma, da
teoria/prática, das ciências naturais/ciências sociais, da
objetividade/subjetividade, da arte/ciência, do ensino/pesquisa” (pagina 25).
Reconhece a legitimidade de diferentes fontes de saber e a percepção
integradora do ser humano e da natureza.
a reorganização da relação teoria/prática: prática social é condição da
problematização do conhecimento que os estudantes precisam produzir. A
prática não significa a aplicação e confirmação da teoria, mas é a sua fonte. A
prática é sempre única e multifacetada. Requer, por essa condição, uma
intervenção refletida da teoria numa visão interdisciplinar.
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organicidade no processo de concepção, desenvolvimento e avaliação da
experiência desenvolvida: “coerência entre objetivos, desenvolvimento e
avaliação num movimento de zigue-zague que costura cada etapa de maneira
harmônica sem, entretanto, manter a rigidez dos processos previamente
definidos, como propõem a racionalidade técnica.” (pág.26). Exige, em
muitos casos, mudanças de rumos e sensibilidade para o trato com o não
previsto.
a mediação: refere-se à inclusão das relações sócio-afetivas como condição
da aprendizagem significativa. Pressupõe “relações de respeito entre
professor e alunos, a dimensão do prazer de aprender, do gosto pela matéria
de ensino e do entusiasmo pelas tarefas planejadas.” (pág. 26).
o protagonismo: reconhece que alunos e os professores são sujeitos da
prática pedagógica, atuando como sujeitos ativos das suas aprendizagens.
“Compreende a participação dos alunos nas decisões pedagógicas, a
valorização da produção pessoal, original e criativa dos estudantes,
estimulando processos intelectuais mais complexos e não repetitivos.” (página
27).
Estas rupturas paradigmáticas por si sós já representam inovações para as
Instituições do Ensino Superior e formam importante alicerce para o
desenvolvimento das chamadas Metodologias Ativas de ensino e aprendizagem.
Estas “baseiam-se em formas de desenvolver o processo de aprender, utilizando
experiências reais ou simuladas, visando às condições de solucionar, com sucesso,
desafios advindos das atividades essenciais da prática social, em diferentes
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contextos” (Berbel, 2011, página 29). São processos de aprender que envolvem a
problematização da realidade, utilizam a pesquisa, a coleta de informações, a
experimentação, a análise, a tomada de decisões individuais e coletivas, o trabalho
em grupo, a colaboração e a cooperação.
Dentre as Metodologias Ativas temos o estudo de caso, muito utilizado na
formação de Direito, Administração, Medicina, e baseia-se na análise de problemas
e tomada de decisões pelos alunos. O método de projetos ou pedagogia de projetos
que propõe associar atividades de ensino, pesquisa e extensão, através da
produção de um produto final síntese de diversas ações teóricas e práticas, para a
solução de um determinado problema.
A pesquisa científica, planejada e desenvolvida pelos alunos com a
supervisão de professores também é tida como uma metodologia ativa de ensino e
aprendizagem. Esta talvez seja a mais amplamente usada no Ensino Superior
brasileiro, através das disciplinas de Monografia de Conclusão de Curso de
Graduação ou Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação.
Temos ainda a aprendizagem baseada em problemas ou PBL e suas variações,
introduzida no Brasil nos currículos de Medicina. Ela organiza estratégias de ensino
a partir da resolução de problemas, propostos sobre determinados conteúdos
curriculares e suas práticas sociais.
Como podemos observar a grande contribuição das metodologias ativas
inserem-se na possibilidade da ação cognitiva e aplicada dos alunos sobre situações
reais ou análogas ao real. Estas ações levam a pesquisa, reflexão, criação e
avaliação de soluções construídas por eles e seus pares, com a supervisão do
professor. Neste sentido, observamos que as metodologias ativas colocam em
prática algumas das rupturas propostas por Cunha (2008) como, por exemplo, a
ruptura com a antiga forma de ensinar e aprender, a gestão participativa, a
reconfiguração de saberes, a relação teoria e prática e o protagonismo discente.
A inserção das tecnologias da Informação e da Comunicação pode auxiliar na
implementação das metodologias ativas e na consolidação das inovações no Ensino
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Superior, porque proporcionam uma quantidade grande de informações de toda
natureza. Estas informações podem ser acessadas e trabalhadas em rede por meio
da cooperação e da colaboração. O uso das ferramentas digitais para a produção de
conteúdos em diversos formatos por docentes e discentes também promove o uso
das metodologias ativas.
Uma destas ferramentas digitais são os dispositivos móveis tais como celulares
smartphones, tablets, e-books e notebooks, que vem abrindo novas possibilidades
metodológicas para a sala de aula no Ensino Superior, quer seja na modalidade
presencial ou à distância. A aprendizagem móvel realizada por meio destes
dispositivos pode viabilizar o trabalho em grupo virtual, o estudo online e a
produção em multimídia discente.
Os blogs, por exemplo, podem fazer parte de metodologias ativas acessados,
assistidos, discutidos e desenvolvidos através dos computadores, tablets e celulares
dos alunos e professores.
BLOGAR: O QUE ISTO TRAZ PARA A EDUCAÇÃO?
O gênero do discurso eletrônico Blogs são um gênero emergente que
transmuta outros anteriores (Marcuschi,2005). Pela facilidade em criar um blog e
disponibilizá-lo na rede, muitas escolas e docentes estão produzindo e mediando
seus blogs. A Edublogosfera (http://edublogosfera.blogspot.com.br/2008/01/sobre-
o-edublogosfera.html), por exemplo, tem diversos blogs cadastrados por região, tema
e ano.
Diante dos inúmeros tipos e a diversidade de finalidades de Blogs, não cabe
mais conceituarmos os Blogs de diários pessoais utilizado apenas por adolescente,
como definiu Marcuschi (2005). Primo (2008) discute em um dos seus textos a
natureza dos blogs. Para ele os blogs podem ser categorizados e classificados pela
tipificação.
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Na pesquisa em que o autor categoriza os Blogs, ele apresenta 16 gêneros
que são discutidos e definidos, segue:
• Profissional: Blog escrito por pessoa com especialidade em determinada área
de atuação, independente de educação formal. Seus posts são valorizados e
oferecem uma reputação de um perito sobre determinado assunto, possui o
argumento da autoridade e por ser um blog temático não significa ser
inquestionável, assim o blogueiro também pode oferecer sua opinião sobre o
assunto. Além disso, é considerado Blog profissional, os que têm
direcionamento para publicação de propagandas, de cunho lucrativo. Esses
tipos de Blog estão classificados os blogueiros, que torna o blogar uma
atividade profissional e que atuam apenas como tais ou com atividades
paralelas. Porém, a rentabilidade desses tipos de Blog, depende da
quantidade de visitas e interações nos mesmos. Nesse tipo de blog, refere-se
apenas aos profissionais no assunto (independente de formação específica)
determinado, com objetivos e estratégias definidos, com foco na profissão
do autor.
- Profissional Informativo:
http://caminhosparachegar.blogspot.com.br/ Descrição: Blog criado para o
Curso de Especialização em Informática na Educação - UFRGS - agora, para
todas as minhas atividades.
- Profissional Reflexivo:
http://beewebhead.net/2004/01/ Descrição: Blog pessoal em inglês
documentando meu desenvolvimento profissional através de atividades em
redes internacionais usando mídia social e novas tecnologias.
• Pessoal: Há pouco tempo, os Blogs eram definidos como diários pessoais. E
hoje é claro que são meios de comunicação, e não se pode mais ser definidos
assim. É considerado apenas mais um tipo de Blog, versa em uma produção
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individual. Difere da profissional, por não ter caráter especifico temático.
Nesse tipo de Blog, o blogueiro também pode obter uma boa reputação
entre os leitores. Alguns Blogs pessoais, também podem vincular
propagandas comerciais, porém não é seu foco. O estilo de escrita do Blog
pessoal é totalmente conduzido por interesses pessoais.
- Pessoal Auto-reflexivo:
http://alcionethur.blogspot.com/ Descrição: Este é meu blog pessoal onde
abro meu coração e compartilho minhas experiências pessoais.
- Pessoal Reflexivo:
http://www.gutierrez.pro.br/ Descrição: blog pessoal. Contém minhas
reflexões, achados e diálogos sobre educação, esporte, tecnologia, pesquisa
e vida.
• Grupal: Blogs de essência grupal são os desenvolvidos por no mínimo duas
pessoas. São pessoas que resolvem juntar-se para escrever em um Blog,
podendo cada um ter seu login na rede, escrever individualmente ou
escrever coletivamente. Esse tipo de grupo pode ser formado por diversos
interesses em comum, sem cunho organizacional e sim troca de informações
entre os participantes. Nesses tipos de Blogs o consenso nem sempre existe
entre o grupo, pode ser um espaço onde os integrantes se contradigam ou
também pode ser um Blog coeso de acordo com a proposta do grupo.
- Grupal Reflexivo:
http://ideiasemblog.blogspot.com Descrição: Espaço colaborativo onde
professores trocam ideias e refletem sobre o uso das tecnologias na
educação e sobre as diferentes possibilidades de uso destas tecnologias.
Organizacional: Esse tipo de Blog tem características e formações bem
definidas, com divisões de papéis (diferenciados e hierarquizados) e funções
dentro do grupo, sempre com objetivos em comum. É sempre coletivo, com
foco no alcance dos objetivos para o sucesso da organização, ou empresa.
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Um Blog organizacional está condicionado a disputas por cargo, relação com
sindicato, relação com partidos políticos, tendo repercussões políticas e
econômicas dentro e fora das organizações. Por isso parcerias são levadas a
serio no mundo dos Blogs corporativos.
- Organizacional Informativo:
http://br-linux.org/ Descrição: Blog sobre o software livre Linux.
-OrganizacionalReflexivo:
http://marciocomunicacaoempresarial.blogspot.com/
Descrição: Destinado ao debate de assuntos relacionados a comunicação
corporativa, cultura organizacional, comunicação em momentos de crise e
jornalismo empresarial, destinado a estudantes de administração,
comunicação social, marketing e áreas afins.
Dentro de cada Tipo de Blog (Profissional, Pessoal, Grupal e Organizacional),
existem os subtipos, chamados por Primo (2008) de Gêneros de Blog, existem
quatro gêneros imersos nos tipos de Blog.
• Auto-reflexivo: Blogs que refletem sobre suas próprias atividades e opinião
individuais ou grupais, com interesse de discutir as próprias atividades. A
audiência é o foco nesses casos, é o gênero de Blog mais encontrado.
• Informativo Interno: Blogs que podem ser como bloco de notas online, para
registro de informações de interesse, as quais podem ser úteis futuramente,
como “diário de bordo”. Com procedimentos, explicitação de
conhecimentos, relato das atividades dentro do grupo ou projetos pessoais.
• Informativo: Blog que são utilizados para divulgação de textos sobre a área
de interesse e/ou para a reprodução/reescrita de notícias sobre tal tema
encontradas em outros lugares. Gênero utilizado para registro de
informação, portfólio de textos, de interesse pessoal ou compartilhado.
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Quando informativo organizacional serve como registro de informações sobre
o segmento de atuação da organização, evitando parecer pessoal.
• Reflexivo: Se caracteriza pelas opiniões e críticas que publica sobre temas
de interesse. Podendo ser de caráter pessoal ou coletivo. O foco desse
gênero é nos comentários sobre ações e produtos e organizações e pessoas. E
assim as organizações manifestam sua opinião sobre termas de seu interesse.
No estudo apresentado neste artigo, utilizamos as categorias de Primo para
analisar os blogs criados por nossos sujeitos, em função delas serem detalhadas e
bem abrangentes.
INOVAÇÕES NA SALA DE AULA A PARTIR DO USO DE BLOGS
Durante 2013.1, pesquisamos e discutimos sobre o gênero digital blog com os
alunos do Curso de Pedagogia, da disciplina de Educação e Tecnologias da
Informação e Comunicação de 60hs. Disciplina teve um caráter bem aplicado,
quase de uma oficina, com leitura e discussão de textos conceituais, exploração de
ferramentas digitais e avaliação entre pares.
Os alunos visitaram blogs e discutiram textos sobre o assunto ao longo de
onde 8 hs. Outras 18 hs foram usadas na criação dos blogs pelos alunos da
disciplina, que recorriam aos textos e discutiam questões com os colegas e
professora quando necessitavam. Estas atividades foram acompanhadas pela
monitora da disciplina Patricia Matias. A produção do blog foi o trabalho final desta
disciplina.
Foram criados 11 blogs, 10 grupais e 1 individual. Destes blogs, 07 foram
categorizados como grupal informativo; 01 como grupal informativo interno; 01
como grupal auto-reflexivo; 01 como grupal reflexivo; 01 individual profissional.
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Os temas dos blogs foram:
1- CE em Rede
2- UFPE só os fortes sobrevivem
3- Terminou pedagogia, e agora?!?
4- ReciCLIK
5- Escola fora da escola
6- Educação Infantil: experiências e realidades
7- Redes sociais como ferramenta pedagógica
8- Tecnologia na educação
9- O uso de mídias na educação
10- Educa na rede
11- Ver, aprender e fazer
Observamos que as temáticas dos blogs giraram em torno de 3 ideias básicas:
a própria situação do aluno do Centro de Educação, como é o caso de “CE em
rede”; Educação e TICs, como por exemplo “Redes Sociais como ferramenta
pedagógica” e experiências específicas de ensino como o “Escola fora da Escola”.
Discutir no blog assuntos relativos à própria disciplina era esperado, mas produzir
blogs a partir das necessidades dos alunos do curso nos surpreendeu. Isto mostra
que os alunos desenvolveram habilidades de análise e crítica da realidade vivida e
decidiram compartilhar com os demais alunos de outros períodos.
Também nos chamou atenção a importância dada ao design dos blogs e a
facilidade com que os alunos, que nunca tiveram uma disciplina de informática no
curso antes desta, desenvolveram seus produtos. Inferimos que este saber tenha
vindo da prática social de uso das ferramentas digitais, revelando o quanto estes
alunos já estão vivenciando a cibercultura.
Trouxemos abaixo alguns dos blogs criados:
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Figura 1:Blog Escola Fora da Escola
Fonte: http://escolaforadaescola.blogspot.com.br
O blog “Escola fora da Escola” é um blog grupal informativo, que objetivou
trazer experiências de aulas-passeio e aulas de campo para o ensino fundamental.
Há muita informação selecionada e organizada.
Figura 2: Blog CE em Rede
Fonte: http://ceemredetics.blogspot.com.br
O blog “CE em Rede” é um blog grupal interno, com a intenção de comunicar
as ações desenvolvidas no e relacionadas à comunidade do Centro de Educação.
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Figura 3: Blog Terminou Pedagogia, e agora?
Fonte: http://terminoupedagogia.blogspot.com.br
O blog “Terminou Pedagogia, e agora?” é um blog grupal auto-reflexivo, que
expressa as preocupações e angústias deste grupinho de alunos que são formandos
de 2013 do Curso de Pedagogia.
Figura 4: Blog Ver, aprender e Fazer
Fonte: http://veraprenderfazer.blogspot.com.br
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O blog “Ver, aprender e fazer” é um blog Individual profissional. Ele traz
experiências de uma aluna/professora de pedagogia, para auxiliar no ensino
fundamental.
Observamos pelo nível de produção dos alunos, que houve total
envolvimento e empenho na atividade proposta. Muitos dos blogs criados
permaneceram ativos e sendo mediados pelos alunos desenvolvedores, que
gostaram da experiência de ter um espaço virtual de produção seu.
Conclusão
Recuperando as inovações através de rupturas com o ensino superior
tradicional, contatamos que conseguimos criar uma gestão participativa na sala de
aula, com os alunos envolvidos na definição de seus projetos, no desenvolvimento
dos mesmos e na avaliação entre pares. A perspectiva do uso de metodologias
ativas foi alcançado, onde a aplicação prática caminhava junto com a conceituação
teórica.
A produção de blogs facilitou a reconfiguração de saberes a serem
aprendidos, incluindo a arte expressa no design, as vivências pessoais trazidas nas
mediações dos blogs, além dos conteúdos acadêmicos previstos. A mediação afetiva
foi evidente no prazer dos alunos em desenvolver a atividade, dentro de seus temas
de interesse, e na cumplicidade desta ação junto à professora e monitora da
disciplina.
A coerência no processo de ensino e aprendizagem foi mantida através da
proposta de oficinas de aplicação dos conteúdos e avaliação da aprendizagem por
meio dos produtos produzidos nas oficinas. Acima de tudo, conseguimos colocar os
alunos na posição de protagonistas das aulas, produzindo seus blogs eles
produziram conhecimento.
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A partir do acima exposto acreditamos que durante esta disciplina, a
produção de blogs transformou a forma tradicional de ensinar e aprender.
Consideramos que foi uma vivência exitosa e que pode ser repetida em outras
disciplinas.
Finalizando, é preciso lembrar que o aluno que temos hoje em nossas salas
de aula universitária são alunos tecnológicos, que já são produtores e
colaboradores virtuais nas redes sociais. Faz parte da vida deles comunicarem-se
em rede com os colegas, assistirem à vídeos e escutarem músicas em seus celulares
e, até mesmo, enviar fotos dos quadros brancos das aulas presenciais para os
colegas que estão ausentes. Os alunos, de certa maneira, já iniciaram a ruptura
para uma inovação metodológica no Ensino Superior. O que precisamos agora é
planejar e inserir estas inovações em nossos currículos, metodologias e formação
docente.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, I; MAZUR, E. Instrução pelos colegas e ensino sob medida: uma proposta para o engajamento dos alunos no processo de ensino-aprendizagem de Física (Peer Instruction and Just-in-Time Teaching: engaging students in physics learning) Caderno Brasileiro de Ensino de Física, 30(2), 362-384 (2013). Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/fisica/article/view/26150> Acesso em 28 nov. 2013.
BERBEL, N; NAVAS, A. As metodologias ativas e a promoção da autonomia de estudantes. Semina: Ciências Sociais e Humanas, Londrina, v. 32, n. 1, jan./jun, 2011. p. 25-40.
CUNHA, M. I. O professor universitário na transição dos paradigmas. Araraquara/SP, JM Editora, 1998.
______. Inovações pedagógicas: o desafio da reconfiguração de saberes na docência universitária. Cadernos Pedagogia Universitária, São Paulo, Pró-reitoria de Graduação/ USP, 2008.
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
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FERREIRA, D; CAVALCANTE, P. (2013) O uso de celulares como instrumento de aprendizagem no Ensino Superior - Usar ou não usar celulares na universidade: eis a questão! Anais do XXI Encontro de Pesquisa Educacional do Norte e Nordeste – EPENN, Recife, Pernambuco, 2013, p. 323.
MASETTO, M. T (2011) Inovação curricular no Ensino Superior. Revista e-curriculum, São Paulo, v.7, n.2, Agosto, 2011.
PEREIRA, E. M.A; CELANI, G; Grassi-Kassisse, D. M. (orgs,) Inovações curriculares : experiências no ensino superior, Campinas, SP: FE/UNICAMP, 2011.
PRIMO, A. Blogs e seus Gêneros: Avaliação estatística dos 50 blogs mais populares em língua portuguesa. In: XXXI Congresso Brasileiro da Comunicação – Intercom 2008, Natal. Anais, 2008.