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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
GENY DA SILVA NASCIMENTO LISBOA
A IMPLEMENTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO TRABALHO DO ENFERMEIRO DE UMA INSTITUIÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA.
São Bernardo do Campo
2005
GENY DA SILVA NASCIMENTO LISBOA
A IMPLEMENTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO TRABALHO DO ENFERMEIRO DE UMA INSTITUIÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Psicologia da Saúde
Orientadora: Profª Drª Laura Belluzzo de Campos Silva
São Bernardo do Campo 2005
LISBOA, G.S.N. Efeitos da Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem
nos Enfermeiros de uma Instituição de Saúde Pública. 2004. 95p. Dissertação (Mestrado em
psicologia da Saúde)- Faculdade de Psicologia e Fonoaudiologia, Universidade Metodista de
São Paulo, 2004.
BANCA EXAMINADORA Presidente: Prof ª Dr ª Laura Belluzzo de Campos Silva Examinador: Prof º José Roberto Heloane Examinadora: Prof ª Marília Martins Vizzotto
Dissertação defendida e aprovada 28/02/2005.
LISBOA, G.S.N. Efeitos da Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem
nos Enfermeiros de uma Instituição de Saúde Pública. 2004. 95p. Dissertação (Mestrado em
psicologia da Saúde)- Faculdade de Psicologia e Fonoaudiologia, Universidade Metodista de
São Paulo, 2004.
RESUMO
O presente estudo teve como objetivos investigar a opinião do enfermeiro sobre a
Sistematização da Assistência de Enfermagem, verificar os efeitos da Sistematização da
Assistência de Enfermagem na organização do trabalho do enfermeiro e identificar se a
Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem causa sofrimento psíquico
nesses profissionais. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, realizada com 22 enfermeiros que
atuam em uma instituição pública de saúde do grande ABCD, no Estado de São Paulo. Foram
utilizadas entrevistas semi-estruturadas, por meio de gravação dos depoimentos. A análise dos
dados foi realizada buscando apreender os conteúdos representacionais sobre os efeitos da
Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem nos Enfermeiros. As
categorias de análise sobre a influência da SAE nos sujeitos foram: a)conhecimento sobre a
SAE: tem conhecimento e tem pouco conhecimento; b)opinião sobre a SAE: favorável e
parcialmente favorável; c)desenvolvimento da SAE no contexto do trabalho: ocorre
parcialmente e não ocorre; d)influência da Implementação da SAE no desempenho das
tarefas: afeta e não afeta; e)ocorrência de sofrimento psíquico na Implementação da SAE : há
e não há expressões diretas de sofrimento psíquico. Os dados revelaram que os efeitos da
Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem nos Enfermeiros causam
sofrimento psíquico, resultantes das condições de trabalho inadequadas para promover a
Sistematização da Assistência de Enfermagem.
Palavras chaves: enfermagem, processo de enfermagem, sistematização da assistência de
enfermagem, sofrimento psíquico.
LISBON, G.S.N. Effect of the Implementation of the Systematization of the Nursing
Assistance on the Nurses of an Institution of Public Health. 2004. 95p. Essay (Master’s
degree in psychology of the Health) - Psychology and Phonology College, Methodist
University of São Paulo, 2004.
ABSTRACT
The present study had as an objective to investigate the opinion of the nurse on the
Systematization of the Nursing Assistance, verify the effect of the Systematization of the
Nursing Assistance on the organization of the work of the nurse and identify if the
Implementation of the Systematization of the Nursing Assistance causes psychical suffering
in these professionals. It is about a qualitative research, carried through with 22 nurses who
act in a public institution of health of the great ABCD, in the State of São Paulo. Semi
structuralized interviews has been used, by means of recording of the depositions. The
analysis of the data was carried through trying to apprehend the representational content of
the effect of the Implementation of the Systematization of the Nursing Assistance on the
Nurses. The categories of analysis under the influence of the SNA on the citizens had been:
a)knowledge of the SNA: it has knowledge and it has little knowledge; b)opinion about the
SNA: favorable and partially favorable; c)development of the SNA in the context of the
work: it occurs partially and it does not occur; d)influence of the Implementation of the SNA
on the performance of the tasks: it affects and it does not affect; e)occurrence of psychical
suffering in the Implementation of the SNA: it has and it does not have direct expressions of
psychical suffering. The data has disclosed that the effect of the Implementation of the
Systematization of the Nursing Assistance on the Nurses causes psychical suffering, as a
result of the inadequate conditions of the work to promote the Systematization of the Nursing
Assistance.
Words keys: nursing, process of nursing, systematization of the nursing assistance, psychical
suffering.
AGRADECIMENTOS
À Orientadora Prof ª Dr ª Laura Belluzzo de Campos Silva, pela dedicação e
competência com que conduziu minhas orientações, pela sua extrema capacidade e
dedicação, meu afeto...
À minha família por não ter desamparado e permitido que não desistisse ou fraquejasse.
Ao Alberto, pelo carinho absoluto e respeito pela minha identidade pessoal e
profissional, este é o sentido maior de nossa convivência.
À Deise, Eliete e Terezinha, pelo gentil espírito de cooperação.
À Prof ª Dr ª Cristiane C. Mori de Angelis pela atenção.
Aos profissionais Enfermeiros que colaboraram para a elaboração desta pesquisa.
Sumário 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................08
1.1. Um breve histórico da enfermagem .......................................................................09
1.1.1. Cenário mundial....................................................................................................09
1.1.2. A Enfermagem no Brasil.......................................................................................14
1.2. O processo de enfermagem......................................................................................17
1.3. A sistematização da assistência de enfermagem..................................................... 20
1.4. A sistematização da assistência de enfermagem e as novas modulações do
capitalismo................................................................................................................22
1.5. O enfermeiro diante das novas exigências profissionais .........................................27
2. MÉTODO..................................................................................................................32
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................................36
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................53
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................... ...............................................55
ANEXOS
Anexo A – Parecer do Comité Ético de Pesquisa/Instituição de Saúde............59 Anexo B – Resolução COFEN- 189/1996.........................................................61 Anexo C – Decisão COREN-SP/DIR/008/1999...............................................63 Anexo D – Resolução COFEN-272/2002........................................................65 Anexo E – Termo de consentimento livre e esclarecido...................................66 Anexo F – Roteiro de entrevista........................................................................67 Anexo G – Transcrição das entrevistas.............................................................68
1. INTRODUÇÃO
Foi a partir da minha experiência profissional como enfermeira que atua na área
hospitalar desde 1993, que surgiu o desejo de desenvolver uma pesquisa sobre os possíveis
efeitos que as mudanças sócio-político-econômicas do país ocasionam na organização do
serviço de enfermagem e afetam o modo como o Enfermeiro executa suas atividades de
trabalho nas Instituições de Saúde.
Ultimamente, o enfermeiro vem sendo convocado a exercer mudanças na sua prática
profissional em decorrência das novas exigências no mercado de trabalho, provocadas pela
reestruturação produtiva na área da saúde, segundo Pires (1998).
A necessidade de promover a organização do serviço de enfermagem, por meio da
Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), tem criado conflitos
para o enfermeiro, entre o que é exigido pelo Conselho Profissional e as reais condições de
trabalho propostas pelas Instituições de Saúde, que por sua vez não acompanham as
exigências profissionais da categoria e sobrecarregam o trabalhador com várias exigências no
serviço.
As exigências das Instituições de Saúde para aumentar a produtividade das ações de
enfermagem, sem que haja perda da qualidade da assistência, tem esbarrado em dificuldades
que comprometem o cuidado, como por exemplo: deficiência de recursos humanos
qualificados, deficiência de equipamentos tecnológicos apropriados para o atendimento
oferecido e, ainda, dificuldade em promover o aprimoramento dos profissionais, com objetivo
de realizar reeducação profissional.
A modificação na organização do trabalho da enfermagem, conforme a SAE, aliada às
condições de trabalho oferecidas pelas Instituições de Saúde, cria para o Enfermeiro, que deve
se adequar a essas novas condições, situações que podem afetar a sua subjetividade.
Essa questão é fundamental e abre uma reflexão sobre como o enfermeiro consegue
conciliar esta realidade social, no ambiente de trabalho, e prestar atendimento ao cliente ou
paciente necessitado do cuidado de enfermagem.
É em busca da compreensão desses prováveis efeitos que teremos que trilhar caminhos
que retratem a história da profissão de enfermagem, desde a sua origem até os dias atuais.
Com este percurso histórico poderemos identificar situações contextualizadas que nos
auxiliarão a demonstrar as mudanças na organização do trabalho de enfermagem, priorizando
as novas exigências profissionais, para sistematizar a assistência de enfermagem.
1.1 UM BREVE HISTÓRICO DA ENFERMAGEM
1.1.1 CENÁRIO MUNDIAL
Segundo Geovanini (2002), a história da enfermagem está articulada ao
desenvolvimento das práticas de saúde; em particular, da enfermagem no mundo primitivo,
medieval e moderno, focalizando as variáveis sócio-político-econômicas a que estas práticas
estão historicamente condicionadas. Estas variáveis são classificadas da seguinte maneira:
• As práticas de saúde instintivas, caracterizadas pelas práticas do cuidar nos grupos
nômades primitivos, tendo como pano-de-fundo as concepções evolucionista e
teológica.
• As práticas de saúde mágico-sacerdotais que abordam a relação mística entre as
práticas religiosas e as práticas de saúde primitivas desenvolvidas pelos sacerdotes
nos templos. Este período corresponde à fase de empirismo verificada antes do
surgimento da especulação filosófica que ocorreu por volta do século V a C.
• As práticas de saúde no alvorecer da ciência que relacionam a evolução das
práticas de saúde ao surgimento da filosofia e ao progresso da ciência, quando
essas questões se baseavam nas relações de causa e efeito. Iniciaram-se no século
Va C. estendendo-se até os primeiros séculos da Era Cristã.
• As práticas de saúde monástico-medievais que focalizavam a influência dos
fatores sócio-econômicos e políticos do mundo medieval e da sociedade feudal nas
práticas de saúde e as relações dessas com o Cristianismo. Essa época corresponde
ao aparecimento da enfermagem como prática leiga, desenvolvida por religiosos e
abrange o período medieval compreendido entre os séculos V e XIII.
• As práticas de saúde pós monásticas que evidenciaram a evolução das práticas de
saúde e, em especial, da prática de enfermagem no contexto dos movimentos
Renascentistas e da Reforma Protestante, correspondendo ao período que vai do
final do século XIII ao início do século XVI.
• As práticas de saúde no mundo moderno que analisam as práticas de saúde e em
especial a de enfermagem, sob a ótica do sistema político-econômico da sociedade
capitalista, ressaltando o surgimento da enfermagem como prática profissional
institucionalizada. Esta análise inicia-se com a Revolução Industrial no século
XVIII e culmina com o surgimento da enfermagem Moderna na Inglaterra, no
século XIX.
A Revolução Industrial iniciou-se no século XVIII, impulsionada pela melhoria de
condições dos meios da comunicação, do tráfego terrestre e marítimo que, paralelamente às
grandes descobertas, aceleraram a expansão econômica e científica dos vários países da
Europa, América e Ásia. Essas mudanças marcaram o início do mundo moderno.
A partir do século XIX, o capitalismo industrial foi estabelecido definitivamente,
através da expansão mundial da economia burguesa, a migração dos povos e a dominação
cultural européia. É por esta razão que:
“...a canalização dos conhecimentos científicos e tecnológicos, em
favor do desenvolvimento do sistema de produção, contribuiu por sua
vez, para a consolidação da nova ordem social capitalista, assumindo
esse processo características peculiares em diferentes contextos
econômicos-geográficos” ( GEOVANINI, 2002, p.21).
No nascimento da Revolução Industrial, a principal nação capitalista do século XVIII,
a Inglaterra, tentou, com a Guerra da Criméia, conter as investidas expansionistas da Rússia
que ameaçavam a integridade imperialista britânica. Com seu poder econômico, entretanto,
coexistia um triste quadro nosológico em que o elevado índice de mortalidade infantil e as
doenças infecto-contagiosas surgiam como indicadores precários das condições econômicas e
de saúde em que vivia a população.
É nesse cenário que Florence Nightingale (1820-1910) passou a atuar e é convidada
pelo Ministro da Guerra da Inglaterra para trabalhar com os soldados feridos em combate na
Guerra da Criméia (1854 -1856) e que, por falta de cuidados, morriam em grande número nos
hospitais militares, chamando a atenção das autoridades inglesas.
Florence Nightingale, que já possuia algum conhecimento de Enfermagem adquirido
com as diaconisas de Kaiserwerth e que, segundo a historiografia, era portadora de grande
aptidão vocacional para tratar de doentes, foi precursora desta nova Enfermagem que, como a
Medicina, encontrava-se vinculada à política e à ideologia da sociedade capitalista.
Segundo Geovanini (2002), as concepções teórico-filosóficas da Enfermagem
desenvolvidas por Florence Nightingale apoiaram-se em observações sistematizadas e
registros estatísticos extraídos de sua experiência prática no cuidado aos doentes e destacam
quatro conceitos fundamentais: ser humano, meio ambiente, saúde e enfermagem. Esses
conceitos, considerados revolucionários para a sua época, foram revistos e ainda hoje
identificam-se com as bases humanísticas da Enfermagem, tendo sido revigorados pela Teoria
Holística.
Após a Guerra, Florence Nightingale fundou a Escola de Enfermagem no Hospital
Saint Thomas que passou a servir de modelo para as demais escolas que foram fundadas
posteriormente.
A disciplina rigorosa do tipo militar era uma das características da escola
nightingaleana, bem como a exigência de qualidades morais das candidatas. O curso era de
um ano e consistia em aulas diárias ministradas por médicos.
As escolas nightingaleanas formavam duas categorias distintas de enfermeiras: as
ladies que procediam de classes sociais mais elevadas e que desempenhavam funções
intelectuais representadas pela administração, supervisão, direção e controle dos serviços de
enfermagem; e as nurses que pertenciam aos níveis sociais mais baixos e que sob a direção
das ladies desenvolviam o trabalho manual de enfermagem.
A subdivisão de tarefas propostas pela escola de formação ecoava os princípios do
capitalismo vigente já que propunha, de algum modo, uma segmentação do trabalho e uma
disntinção entre o trabalho braçal e o trabalho intelectual.
O modo de produção capitalista exigia a divisão de trabalho em diferentes operações,
que antes formavam um todo na produção de mercadorias artesanais, levando os operários a
desenvolverem habilidades parciais e automáticas que requerem menos inteligência. Dessa
forma, altera-se sua capacidade intelectual e sua imaginação, tornando-se o trabalhador
incapaz de conduzir sua habilidade para outro objetivo, que não seja exclusivamente a tarefa,
para a qual foi ensinado. Sem o domínio completo do ofício, o trabalhador fica, cada vez
mais, subserviente ao poder e ao controle capitalista que detém o saber total do sistema de
produção.
A enfermagem nasce, assim, como uma prática essencialmente dicotomizada, na qual
o trabalho manual é considerado inferior e deve ser executado por pessoas socialmente
inferiores, às quais nega-se a possibilidade do pensar. Já o trabalho intelectual, considerado
superior, deve ser executado por pessoas vindas de camadas superiores da sociedade. Desse
modo, a divisão de classes sociais geradas pelo capitalismo reflete-se na Enfermagem, a qual,
por sua vez, participa e consolida esta mesma divisão, perpetuando o sistema.
Além disso, a reordenação hospitalar, que visa tornar o hospital um instrumento de
cura e impedir que este seja foco de desordem, fez com que os mecanismos disciplinadores
fossem introduzidos pelas mãos dos médicos redimensionando os objetivos dessas instituições
e projetando a medicalização.
“ Se os hospitais militares e marítimos tornaram-se o modelo, o
ponto de partida da reorganização hospitalar, é porque as
regulamentações econômicas tornaram-se mais rigorosas no
mercantilismo, como também porque o preço dos homens tornou-se
cada vez mais elevado. É nesta época que a formação do indivíduo,
sua capacidade, suas aptidões passam a ter um preço para a
sociedade” (FOUCAULT,1996,p.104).
Segundo Foucault (1996), nesta época, surge uma reorganização administrativa e
política chamada de “um novo esquadrinhamento do poder no espaço do hospital militar”. A
reorganização hospitalar não partiu de uma técnica médica que o hospital marítimo e militar
foi reordenado, mas a partir de uma tecnologia política chamada de disciplina.
A enfermagem se torna institucionalizada com as ações burocráticas, favorecendo a
prática administrativa do enfermeiro, que por sua vez envolvido com este contexto (normativo
e regimental) se afastará progressivamente da assistência direta ao doente.
Na reorganização hospitalar, os requisitos exigidos para a formação da enfermagem
estavam de acordo com as metas do projeto de profissionalização que a sociedade inglesa
tinha interesse em empreender e viriam a encaixar-se perfeitamente na cadeia hierárquica e no
espaço disciplinador, atendendo às novas recomendações hospitalares.
Assim, a Enfermagem surge não mais como atividade empírica, desvinculada do saber
especializado, mas como uma ocupação assalariada, que vem a atender a necessidade de mão-
de-obra nos hospitais, constituindo-se como uma prática social institucionalizada e específica.
Na medida em que a enfermagem se introduziu no hospital e que o nível de
complexidade técnico-científica da medicina crescia, requerendo cada vez mais a capacidade
intelectual de seus executores, os médicos começaram a passar para o braço feminino da
enfermagem as tarefas manuais de saúde que lhes cabiam, ficando com a parte intelectual
correspondente ao estabelecimento de hipóteses, diagnósticos, prescrição e tratamento.
Segundo Geovanini (2002), nessa época, o enfermeiro ocupava uma posição
mediadora, legitimando a estrutura de poder através do exercício, muitas vezes acrítico, de
funções administrativas e controladoras, colocando a força de trabalho do pessoal subalterno a
serviço da ideologia no sistema.
O surgimento da doutrina da organização científica do trabalho, tal como proposta por
Taylor, teve uma influência muito grande na enfermagem enquanto prática profissionalizante.
Frederick Winslow Taylor (1856-1915) foi considerado o maior expoente da teoria da
organização científica do trabalho e seus seguidores tinham como proposta básica o aumento
da produção pela eficiência do nível operacional. Por essa razão, preconizavam a divisão do
trabalho, a especialização do operário e a padronização das atividades e tarefas por eles
desenvolvidas. Assim, o operário passava a saber cada vez menos do todo que constituía o seu
trabalho, para passar a saber cada vez mais a respeito da parte que lhe cabia.
Nesta época, Taylor realizou vários estudos de “tempo e movimento”, visando ao
aumento da produção que, juntamente com a padronização, determinavam o como fazer a
tarefa e o tempo necessário para sua execução. Outro aspecto também valorizado pela
administração científica do trabalho foi o incentivo salarial e o prêmio compatível à produção;
logo, quanto maior a produção, maior a remuneração.
A organização científica do trabalho caracterizou a supervisão funcional, permitindo
que com a especialização do operário ocorresse também a especialização do elemento
supervisor, caracterizando a chamada autoridade funcional. O trabalhador passou a se
reportar a diferentes elementos supervisores, segundo as diferentes tarefas que executava, para
garantir o controle da produção.
A relação da organização científica do trabalho com a área de enfermagem tem sido
demonstrada como uma preocupação constante da enfermagem enquanto prática profissional.
Ainda hoje, segundo Kurcgant (1991), a divisão do trabalho, aliada à padronização das
tarefas, tem norteado esta prática. A elaboração ou simples adoção de manuais de técnicas e
de procedimentos tem sido uma das maiores preocupações dos enfermeiros que assumem a
responsabilidade dos serviços de enfermagem. As escalas diárias de divisão de atividades
estabelecem um método de trabalho funcionalista que é típico da fase mecanicista da
administração.
Como a Organização Científica do Trabalho na área de Enfermagem é fragmentada,
torna cada vez mais difícil a assistência de enfermagem ser integralizada. De modo que cada
elemento executor é atribuída uma ou mais tarefas. Com isso, o elemento executor se
distancia do todo, impossibilitando a atenção integral no atendimento ao indivíduo.
O profissional Enfermeiro não consegue dar conta de todas as exigências no seu
ambiente de trabalho, porque convive com a fragmentação da organização do trabalho de
enfermagem, desde a sua formação profissional, que é fundamentada pela divisão de tarefas
regido pelo modelo nightingeleano, e não a assistência integral ao indivíduo. Assim, o
cuidado de enfermagem integral ao paciente, que é aquele que permite ao executor participar
do planejamento, execução e avaliação de todas as atividades que integram a assistência,
ocorre somente no atendimento aos pacientes graves. Nestes casos, há uma urgência no
atendimento, devido a iminência da morte e, por tal razão, o profissional Enfermeiro que
atende o paciente deverá, em breve espaço de tempo, planejar, organizar, executar e controlar
todas as ações, de modo a garantir a sobrevivência do sujeito. A fragmentação de ações, em
casos graves, implicando aumento no tempo de atendimento, poderia significar a perda do
paciente ou agravamento de seu quadro.
1.1.2 A ENFERMAGEM NO BRASIL
As influências da teoria da organização científica do trabalho na Enfermagem fazem-
se sentir também – e de modo idêntico àquele ocorrido na Europa e EUA – na Enfermagem
brasileira, a partir do século XX, quando ocorre o processo de profissionalização de
enfermagem. Anteriormente a este período, a Enfermagem no Brasil passou por outras duas
fases importantes: a primeira é caracterizada pela organização da enfermagem sob o controle
de ordens religiosas e a segunda é marcada pelo crescimento da educação institucional das
práticas de saúde pública. A figura do profissional Enfermeiro somente surge na terceira fase
– a de profissionalização – quando, então, os ecos do taylorismo se farão presentes de modo
enfático.
A terceira fase da Enfermagem institui-se no chamado Brasil Moderno, época
marcada pela estabilização do processo de industrialização. Em termos de saúde, a tecnologia
hospitalar e a indústria farmacêutica ocupavam lugar de destaque na Medicina Curativa,
paradigma de sistema de saúde vigente, cujo principal centro é o hospital. Esta realidade
explica a concentração dos Enfermeiros na área hospitalar; ao mesmo tempo, os programas
universitários e governamentais que garantiam a educação em enfermagem também dirigiam
a formação deste profissional para o trabalho em hospitais. Esta tendência de atendimento
hospitalar fazia-se presente não só, no nível universitário, que começava a se instituir, nesta
época, mas também no nível médio e técnico, responsáveis respectivamente, pela formação do
atendente, do auxiliar e do técnico de enfermagem.
“O trabalho da Enfermagem, inserido no sistema de produção
capitalista, não diverge da regra. Como prestadora de serviço, a
Enfermagem, no desenvolvimento das suas atividades, mobiliza
grande parcela de bens permanentes e de consumo, provenientes de
investidas onerosas das indústrias farmacêuticas e de equipamentos
hospitalares, as quais conseqüentemente envolvem interesses de
grupos detentores do capital e, por isso, possuidores de forte
influência político-ideológica” (GEOVANINI, 2002, p.38).
Com isso, a dicotomia da prática profissional representada pelo saber e o fazer,
atribuída aos Enfermeiros e ocupacionais (parteiras, atendentes, auxiliares e técnicos) de
enfermagem atende às expectativas dos modelos administrativos que regem as instituições,
gerando e potencializando o fracionamento do processo de trabalho, favorecendo a
disciplinarização e a organização do serviço que, paralelamente, levam à alienação
profissional.
Embora os currículos dos cursos de graduação fossem pautados no conhecimento da
totalidade do trabalho de enfermagem, os Enfermeiros encontravam-se afastados da
possibilidade de reflexão crítica sobre seu fazer, porque, em suas práticas profissionais,
vivenciavam a fragmentação e não a integralidade do serviço de enfermagem.
A fragmentação do serviço de enfermagem, na prática diária as instituições de saúde,
apoiava-se fortemente na figura do Enfermeiro desempenhando tarefas administrativas e nos
ocupacionais realizando as tarefas ligadas aos cuidados do paciente. Uma das principais
razões, para esta divisão de tarefas reside no próprio modelo nightingaleano que norteava as
escolas de formação em Enfermagem.
Vale ressaltar, neste ínterim, que, em 1923, o governo americano, em concordância
com o governo brasileiro, por meio da pessoa de Carlos Chagas, na época Diretor do
Departamento Nacional de Saúde Pública, manda para o Brasil algumas Enfermeiras para
organizarem a primeira escola de enfermagem, a Escola de Enfermagem Anna Nery, baseada
na adaptação americana do modelo nightingaleano.
Esta escola redimensionou o modelo de enfermagem profissional no Brasil,
selecionando para o seu quadro as jovens de camadas sociais mais elevadas, tendo apoio
político interessado em fomentar o desenvolvimento da profissão, atendendo aos projetos
estabelecidos pela esfera dominante, passando a ser reconhecida como padrão de referência
para as demais escolas.
Vê-se, desta forma que a clássica divisão entre o trabalho braçal para a classe
dominada e o trabalho intelectual para a classe dominante também marca o início da
Enfermagem Profissional no Brasil.
Segundo Geovanini, no Brasil, a atividade de enfermagem é desenvolvida a partir da
divisão de categorias profissionais, sendo fragmentado o trabalho desde a sua origem.
“ A composição heterogênea da enfermagem brasileira é sustentada
pelo sistema de formação e (...), ao mesmo tempo, atende às
necessidades do mercado, reforça a fragmentação e a subdivisão do
trabalho na área. Forma-se uma pirâmide, em que o vértice é
ocupado pelo enfermeiro e a base pelos numerosos atendentes,
estando entre ambos os auxiliares e os técnicos de enfermagem. A
divisão de funções entre esses elementos, um tanto complexa,
determina aos atendentes e auxiliares o cuidado direto ao cliente,
limitando os enfermeiros às funções administrativas e burocráticas da
instituição” (GEOVANINI,2003,p.38 ).
Na enfermagem moderna, o enfermeiro é quem possui a formação legal e oficial para
o planejamento da assistência de enfermagem, correspondendo à chefia da equipe, como
pode-se ver na atual Lei do Exercício Profissional 7.498 de junho/86/DL 94.406 de junho/87.
E, na atualidade, o serviço de enfermagem começou a ser pressionado a desenvolver uma
organização sistematizada nas Instituições de Saúde através da Sistematização da Assistência
de Enfermagem, conforme previsto na atual Lei do Exercício Profissional COFEN nº
001/2000 de 4 de janeiro.
Segundo o COREN-SP (1999), a situação atual da profissão da enfermagem brasileira
tem como objetivo desenvolver atividades para a promoção e manutenção da saúde,
priorizando a assistência às pessoas, por meio dos cuidados desenvolvidos, estimulando seu
potencial máximo de saúde, caracterizando assim o serviço de enfermagem.
A equipe de enfermagem é formada por profissionais que desenvolvem ações com
objetivo de promover a saúde do indivíduo, por meio de atividades técnicas, que são
estabelecidas pela diferença no grau de habilitação profissional, de acordo com o Conselho
Federal de Enfermagem (COFEN), que é o órgão disciplinador do exercício profissional desta
área, representado regionalmente pelos Conselhos Regionais de Enfermagem (CORENs), a
partir de 1973 formando o Sistema COFEN/CORENs. (COFEN-1995)
Para o COREN-SP (1999), toda equipe de enfermagem é coordenada pelo Enfermeiro,
responsável técnico pelo serviço e atendimento de enfermagem desenvolvidos em qualquer
instituição de saúde. Esse profissional é quem planeja, coordena, executa, delega e
supervisiona todas as ações de enfermagem a serem executadas por sua equipe aos clientes e
pacientes nos hospitais, nos postos e clínicas de saúde.
Até 1986, a equipe de enfermagem era constituída pelas seguintes categorias:
enfermeiro profissional, cuja formação é feita pelo curso de graduação em enfermagem;
técnico de enfermagem, profissional de nível médio técnico; auxiliar de enfermagem,
profissional de nível médio; parteira, profissional de nível elementar e atendente de
enfermagem, profissional de enfermagem sem formação específica, com noções básicas de
atendimento de enfermagem.
Embora esta configuração da equipe de enfermagem possa ocorrer na prática até os
dias atuais; desde 1986, com a Regulamentação do Exercício Profissional, a equipe de
enfermagem é estruturada apenas em três níveis: enfermeiro, técnico de enfermagem e
auxiliar de enfermagem, respeitando os respectivos graus de habilitação profissional. Assim,
embora ainda existam parteiras e atendentes atuando nas Instituições de Saúde, a tendência é
que as equipes sejam formadas por apenas três tipos de profissionais, uma vez que a figura do
profissional sem formação específica tende a desaparecer.
A assistência de enfermagem é desenvolvida através da execução do trabalho
intelectual que é representado pelo exercício profissional do enfermeiro, e o trabalho manual
que é executado pelos atendentes, auxiliares e técnicos de enfermagem. Esta divisão de
trabalho fragmentado corresponde às relações sociais travadas entre a equipe de enfermagem,
para a construção e realização do cuidado ao paciente, cliente e familiares no processo de
trabalho na enfermagem.
O serviço de enfermagem é prestado ao cliente, paciente e familiares através de
cuidados planejados e executados no processo de enfermagem.
1.2 PROCESSO DE ENFERMAGEM
Segundo Horta (1979), o processo de enfermagem é um conjunto de ações organizadas
e inter-relacionadas que visam à assistência ao ser humano por meio de atividades
desenvolvidas pela equipe de enfermagem, fundamentando-se no método de resolução
científica de problemas.
A intenção de desenvolver um instrumento para organizar o cuidado de enfermagem
visa sistematizar a assistência desta enfermagem nas Instituições de Saúde. Por isso, as
escolas de Enfermagem (de todos os níveis) orientam seus alunos a aplicar o processo de
enfermagem desde 1965, época em que foi incorporado ao currículo da Universidade de São
Paulo, sob o nome de “anamnese de enfermagem”. Posteriormente, Wanda Horta (1979),
propôs o nome de “história de enfermagem” para o procedimento que visa, em última
instância, ao relato dos problemas de saúde do paciente. Desde então, a Metodologia do
Processo de Enfermagem vem sendo ensinada e exigida dos alunos de graduação e pós-
graduação. Isso significa que, atuando por este prisma, ele deixa de ser um simples executor
de tarefas ou normas ditadas por outros profissionais, para assumir a autodeterminação de
suas funções, para ajustar princípios e medidas administrativas à solução de problemas
específicos da sua competência profissional.
Para o COREN-SP (1999), outras propostas para sistematizar a assistência de
enfermagem surgiram com a criação das teorias de enfermagem, as quais visam a estabelecer
as bases de uma ciência de enfermagem, pois procuram articular os fenômenos entre si,
explicando a realidade do ser humano que funciona como um conjunto. Como por exemplo:
Teoria das Relações Interpessoais em Enfermagem (Hildegard Peplan-1952), Teoria Holística
(Myra E. Levine-1967), Teoria Modelo Conceitual do Homem (Martha Rogers-1970), Teoria
das Necessidades Humanas Básicas (Wanda Horta-1970) e Teoria Alcance dos Objetivos
(Imogenes King-1971).
No Brasil, Horta (1979) introduziu uma teoria de Assistência de Enfermagem baseada
na teoria das necessidades humanas básicas, propondo um processo de enfermagem que foi
conceituado como “a dinâmica de ações sistematizadas e inter-relacionadas que visam à
assistência ao indivíduo".
O processo de enfermagem vinculado ou não à teoria de enfermagem fundamenta-se
no método de resolutividade científica de problemas e, por isso, suas fases propõem a coleta
de informações, a definição do problema, a opção por sua solução, testando e avaliando seus
resultados e tentando outras soluções alternativas se a primeira não tiver sido satisfatória.
Essas fases foram recebendo diferentes nomes conforme seus autores. Horta (1979)
em particular, propôs para o atendimento de enfermagem a realização das seguintes etapas:
histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem, plano assistencial, prescrição de
enfermagem, evolução de enfermagem e prognóstico de enfermagem, caracterizando assim o
processo de enfermagem.
Segundo Fernandes (1987), o processo de enfermagem surgiu como um instrumento
de planejamento e execução dos cuidados de enfermagem para proporcionar a organização da
assistência de enfermagem que não se constitui em prática comum nas Instituições de Saúde,
preocupando não só os estudiosos do assunto, mas também os Enfermeiros que exercem suas
atividades e sentem a falta de uma padronização e orientação única no tratamento de
enfermagem, propondo uma taylorização do serviço de enfermagem.
Conforme Lewis (1986), o processo de enfermagem pode ser a chave para o tipo de
cuidado que caracteriza a enfermagem profissional, e pode assegurar que o cuidado de
enfermagem tenha por finalidade o atendimento das necessidades do paciente.
Para Silva (1987), o processo de enfermagem é o caminho. Através dos achados da
pesquisa realizada, informa que:
“ Quando o enfermeiro assume sua função primordial, que é a de
coordenador da assistência de enfermagem, implementando-a através
de um esquema de planejamento, garante o desenvolvimento de suas
atividades básicas: administrativas, assistenciais e de ensino,
promovendo, conseqüentemente, uma melhor organização do trabalho
da equipe que passa a direcionar seus esforços em busca de um
objetivo comum que é o de prestar uma assistência de qualidade
atendendo as reais necessidades apresentadas pelos pacientes sob
seus cuidados” (SILVA,1987,p.39).
Numa perspectiva teórica, é atribuída ao enfermeiro a função primordial de
coordenador da assistência de enfermagem para planejar a atividade a ser desenvolvida pela
equipe no serviço de enfermagem. Na prática, essa função não se consolida, devido a um
grande número de instituições hospitalares que não contribuem de maneira efetiva para o
desenvolvimento da enfermagem enquanto profissão, delimitando o espaço concreto do
enfermeiro ao nível institucional e social, ou seja, à realização de tarefas burocrático-
administrativas.
O roteiro de trabalho do enfermeiro deveria estar relacionado ao processo de
enfermagem, considerando-se que o cuidado prestado é extremamente individualizado. Nem
sempre, porém, é possível prestá-lo adequadamente, porque, na atual conjuntura do país, o
número de profissiolais enfermeiros ainda é insuficiente na maioria das Instituições de Saúde,
que não cumprem a Resolução COFEN/189/1996, que estabelece parâmetros para o
dimensionamento do quadro de profissionais de enfermagem nas Instituições de Saúde. O
resultado é que esse profissional, absorvido por atividades administrativas, distancia-se,
portanto, da interação constante e direta com o paciente.
A assistência direta tem sido a mais reforçada e assumida pelo conjunto de
trabalhadores da enfermagem; esse fato decorre, dentre outras questões, de que a assistência
direta ao paciente confere a esse trabalho um caráter mais nobre do que a simples e singela
criação de condições para que outros profissionais (como o auxiliar ou o técnico, por
exemplo) atuem com maior eficácia.
Nas últimas décadas, o desvio do enfermeiro da atividade assistencial para a atividade
administrativa tem sido apontado por vários autores:
“ ... do enfermeiro em particular, as exigências são mais em termos
de cumprimento de tarefas administrativas, sobretudo, aquelas mais
diretamente relacionadas com o controle da organização e menos
relacionadas com a coordenação da assistência de enfermagem”
(OLIVEIRA ,1983, p. 29).
O planejamento da assistência pelo processo de enfermagem é uma função exclusiva
do Enfermeiro, a qual deveria ser exercida em todas as Instituições de Saúde. No entanto, essa
prática não ocorre em todos os hospitais, postos e clínicas de saúde, comprometendo toda
assistência de enfermagem prestada nesses locais.
Essa situação proporciona insatisfações aos Enfermeiros que atuam nesses serviços,
porque não conseguem organizar o serviço de enfermagem desenvolvido por suas equipes
nessas instituições, impossibilitando a qualidade da assistência de enfermagem prestada.
1.3 A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
Como a estruturação do processo de enfermagem não foi cumprida em todas as
Instituições de Saúde vigentes no território brasileiro, e ainda, com o aumento da demanda
pela qualidade de atendimento em enfermagem nos últimos cinco anos, o Sistema
COFEN/CORENs começou a exigir das Instituições de Saúde cadastros e legalizações dos
profissionais de enfermagem, permitindo o exercício profissional apenas aos habilitados
legalmente para a função e a obrigatoriedade da sistematização da assistência de enfermagem.
Foi essa situação que levou o Conselho Federal de Enfermagem a exigir a
Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem/Processo de Enfermagem
em todas as Instituições de Saúde, públicas ou privadas, para atender as novas exigências no
mercado de trabalho.
Em 1999, o Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo, no uso de suas
atribuições, normatiza a Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem
(SAE), nas Instituições de Saúde, no âmbito do Estado de São Paulo.
“ A Sistematização da Assistência de Enfermagem, sendo atividade
privativa do Enfermeiro, utiliza método e estratégia de trabalho
científico para a identificação das situações de saúde/doença,
subsidiando a prescrição e implementação de ações de Assistência de
Enfermagem que possam contribuir para a promoção, prevenção,
recuperação e reabilitação em saúde do indivíduo, família e
comunidade” (COREN-SP,1999, p.53).
Conforme a decisão COREN-SP/DIR/008/1999, que normatiza a implementação
da SAE, o enfermeiro deverá exercer, em qualquer Instituição de Saúde pública ou privada, a
consulta de enfermagem, que é executada e registrada em impressos específicos no
prontuário, através da entrevista com o paciente apresentando as seguintes etapas:
1. Histórico de enfermagem: é a anotação de informações referentes a hábitos individuais e
biopsicossociais, visando à adaptação do paciente à unidade e ao tratamento, assim como
a identificação de problemas. No exame físico, o enfermeiro deverá realizar as seguintes
técnicas: inspeção, ausculta, palpação e percussão, de forma criteriosa, efetuando o
levantamento de dados sobre o estado de saúde do paciente e anotações das
anormalidades encontradas para validar as informações obtidas no histórico.
2. Diagnóstico de enfermagem: é a análise dos dados colhidos no histórico e no exame
físico. Identificação dos problemas de enfermagem, das necessidades básicas afetadas, do
grau de dependência. Realização de um julgamento clínico sobre as respostas do
indivíduo, da família e comunidade aos problemas/processo de vida vigentes ou
potenciais.
3. Prescrição de enfermagem: é o conjunto de medidas decididas pelo enfermeiro que
direciona e coordena a assistência de enfermagem ao paciente de forma individualizada e
contínua, objetivando a prevenção, promoção, proteção, recuperação e manutenção da
saúde. Deve ser lançado e descrito em um plano de ação para ser executado pela equipe
de enfermagem.
4. Evolução de enfermagem: é o registro feito pelo enfermeiro após a avaliação do estado
geral do paciente. Nesse registro devem constar os problemas novos identificados, um
resumo sucinto dos resultados dos cuidados prescritos e os problemas a serem abordados
nas 24 horas subseqüentes.
As propostas de reestruturação do serviço de enfermagem começaram a surgir em
2000, nos encontros, simpósios e congressos de enfermagem, com o objetivo de sistematizar a
assistência de enfermagem, em todo o território brasileiro.
Segundo o COREN-SP (1999), a SAE é a razão primordial para investir, com rigor,
na exigência de que o enfermeiro assuma o papel que a Lei lhe determina com
responsabilidade, particularmente quando o processo de enfermagem é fundamentado em um
método sistemático de cuidar. Isto significa que o trabalho, executado em termos
sistematizados, constitui-se num trabalho organizado, planejado e científico, em que as quatro
dimensões da enfermagem são plenamente atendidas, quais sejam: ensinar, pesquisar, fazer e
cuidar.
A partir de 2000, a Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem
torna-se obrigatória em toda Instituição de Saúde pública e privada que presta a assistência de
enfermagem ao indivíduo, com o objetivo de intensificar o ofício da profissão, organizar toda
a atividade da equipe de enfermagem e exigir o registro burocrático do processo de
enfermagem que é anexado ao prontuário de todos os pacientes e clientes usuários do serviço
de enfermagem.
1.4 A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À LUZ
DAS NOVAS MODULAÇÕES DO CAPITALISMO
As novas exigências do mercado de trabalho na área de saúde estão cada vez mais
sofisticadas tecnologicamente, exigindo profissionais que possam acompanhar as mudanças
que atingem o desenvolvimento técnico-científico. Buscam-se, assim, profissionais
qualificados, experientes e especializados.
Numa sociedade regida pelo capitalismo, para a expansão e obtenção de lucros há a
necessidade de mudanças técnico-organizacionais e de modificações na dinâmica da luta de
classes, sendo que ambas deverão promover o domínio dos mercados e o controle do
trabalhador.
O sistema de saúde não escapa às condições impostas pelo capitalismo e, neste
sentido, a SAE acaba por se configurar como uma ferramenta para garantir o controle da
atividade de enfermagem.
Segundo Kurcgant (1991), tal como já foi discutido anteriormente, o modo de
organização do processo de enfermagem permeado pela divisão de tarefas reflete a lógica
taylorista, segundo a qual o aumento da produtividade está atrelado a uma eficaz
operacionalização do trabalho.
Assim, a produtividade do trabalho pode ser aumentada, por meio da decomposição de
cada processo de trabalho e da organização de tarefas fragmentadas de acordo com rigorosos
padrões pré-estabelecidos.
Segundo Caracciolo, Cruz, Dutra e Ribeiro (1987), a atual situação da enfermagem,
que é implementar a sistematização da assistência de enfermagem em todos os serviços de
enfermagem atuantes, exige que o profissional se fundamente cientificamente, e que sua
atuação deixe de ser empírica e intuitiva. Exige-se também que, como profissional, o
enfermeiro defina e assuma o seu papel e responsabilidade na assistência que presta ao
paciente.
Para Harvey (1996) no final do século XX, evidenciam-se profundas mudanças nos
“processos de trabalho, hábitos de consumo, configurações geográficas e geopolíticas,
poderes e práticas do Estado etc”.
Deste modo, Harvey vai propor que os eventos recentes significam uma transição no
regime de acumulação e modo de regulamentação social e política a ele associado. Para a
“Escola de Regulamentação” – escola de pensamento à qual Harvey recorre – um regime de
acumulação “descreve a estabilização, por um longo período, da alocação do produto líquido
entre consumo e acumulação, ele implica alguma correspondência entre a transformação
tanto das condições de produção como das condições de reprodução de assalariados.”
(HARVEY,1996,p.117).
Ainda segundo esta escola, o esquema de reprodução deve ser coerente para garantir a
existência de um dado sistema de acumulação. Isso significa que o comportamento deve
assumir uma configuração tal que mantenha as engrenagens do regime de acumulação
vigente. Para tanto, este regime deve ser materializado sob a forma de normas, hábitos, leis,
isto é, deve haver uma convergência entre os comportamentos individuais e o esquema de
reprodução. “Esse corpo de regras e processos sociais interiorizados tem o nome de modo de
regulamentação”.(Lipietz,1986:19,apud Harvey,1996:117).
Segundo Harvey (1996), a viabilidade do sistema capitalista depende do
enfrentamento de dois tipos de dificuldades. A primeira delas relaciona-se às “qualidades
anárquicas dos mercados de fixação de preços”, e a segunda relaciona-se à necessidade de
controle sobre a força de trabalho, de modo a propiciar lucros positivos para o maior número
possível de capitalistas.
Na prática, esta segunda área de dificuldades incide diretamente sobre o trabalhador.
Se, por um lado, um trabalho exige, para sua realização, “concentração, autodisciplina,
familiarização com diferentes instrumentos de produção e o conhecimento das
potencialidades de várias máterias-primas”, por outro lado, “a produção de mercadorias em
condições de trabalho assalariado põe boa parte do conhecimento, das decisões técnicas,
cem como do aparelho disciplinar, fora do controle da pessoa que de fato faz o
trabalho”.(HARVEY,1996.p.119).
Trata-se, segundo Harvey, da “familiarização” do assalariado, processo longo e
complexo que deve ser reeditado a cada nova geração de trabalhadores, uma vez que, para que
haja acumulação do capital, é preciso que haja a disciplinação da força de trabalho, processo
a que Harvey se refere como “controle do trabalho”.
Esse processo envolve, segundo o autor, “uma mistura de repressão, familiarização,
cooptação e cooperação”, elementos estes presentes e organizados, não só no ambiente do
trabalho, mas também na sociedade.
É importante resaltar que, segundo Harvey (1996) o período do pós-guerra (1945 a
1973) embasou-se por “conjunto de práticas de controle do trabalho, tecnologias, hábitos de
consumo e configurações de poder político-ecônomico”, que pode ser denominado de
fordista-keynesiano, pois o fordismo se aliou ao keyesianismo (em função das contribuições
da teoria econômica de Keynes) e o Estado assumiu novos papéis e uma variedade de
obrigações. Para o autor, o declínio desse sistema a partir de 1973 iniciou um “período de
rápida mudança, de fluidez e de incertezas” e, embora não se possa concluir por mudança
radical na vida político-econômica, é evidente que “os contrastes entre as práticas político-
econômicas da atualidade e as do período de expansão do pós-guerra são suficientemente
significativos para tornar[ evidente ] a hipótese de uma passagem do fordismo para o que
poderia ser chamado regime de acumulação flexivel”. (HARVEY,1996.p.119).
Para Heloani (2003), no pós-guerra, a relação entre capital e o trabalho no contexto
pós-fordista se deu nas empresas japonesas, que necessitavam produzir para um mercado
muito restrito, levando em consideração a falta de espaço territorial, que elevava o custo de
estocagem da produção em massa. O desafio seria produzir a custos baixos e em pequenas
quantidades, num tipo de produção vinculada à demanda. Na década de 50, surge no Japão, na
fábrica automobilística Toyota, o chamado “modelo japonês ou toyotismo.
“ O modelo japonês, também denominado ohnismo, neofordismo, pós-
fordismo, fujitsuísmo, sonyismo ou toyotismo, utilizou vários
princípios do fordismo...” (HELOANI,2003,p.114).
Segundo Heloani (2003), o Pós-Fordismo surgiu nas fábricas da Toyota Motor
Corporation, no Japão. Ao perceber a inviabilidade de utilização do modelo norte americano
no mercado interno do Japão, Eiji Toyota, seu fundador, viu-se forçado a repensar o modelo
fordista, adequando-o à demanda reduzida e fragmentada de seu mercado. Aos poucos, ele foi
construindo primeiramente o modo de produção denominado de produção enxuta ou produção
flexível (lean production) e, em seguida, o modo de regulação que viria a favorecer o
crescimento da economia japonesa em poucas décadas.
Assim, para o autor, as consequências do pós-fordismo são um movimento que não se
limita à indústria automobilística, espalhando-se rapidamente para outras indústrias, conforme
vai ocorrendo a difusão da globalização, do capitalismo e do desenvolvimento científico e
tecnológico. Seus efeitos são encontrados não somente em outras indústrias, mas se refletem
em toda a estrutura das sociedades capitalistas do mundo, de diversas maneiras. Associado ao
pós-modernismo e ao neoliberalismo, o pós-fordismo avança as fronteiras e influencia todo o
comportamento humano ao redor do planeta.
Através do pós-fordismo, é possível vencer os imperativos da economia de escala,
reduzindo custos sem a necessidade de se ampliar a quantidade, atendendo à demanda mais
irregular que se encontra nas três últimas décadas do século XX.
Entretanto, o pós-fordismo traz consigo uma grande ameaça aos regimes capitalistas: a
redução do nível de emprego e da renda dos trabalhadores, uma vez que a mecanização
flexível permite maior nível de automação em algumas tarefas, o que permite reduções nos
quadros de funcionários das organizações. O trabalhador volta a fazer trabalho mais complexo
e desafiador. O padrão de emprego remanescente é muito mais exigente do que aquele
permitido pelo fordismo, restringindo a oferta de emprego para o segmento mais qualificado
da economia, transferindo grande parte do mercado de mão de obra para segmentos menos
estáveis, como trabalho autônomo, terceirização e outros tipos de trabalhos temporários.
Na área de Enfermagem, esta realidade reflete-se na busca de um profissional
especializado, que domina todo o processo de enfermagem, o que também acaba por
potencializar reduções nos quadros de funcionários nas empresas de saúde.
Segundo Heloani (2002), em sua pesquisa em espaços fabris, foi possível realçar uma
característica fundamental das novas formas de gestão: em todas as tentativas de aplicação,
tentou-se harmonizar um maior grau de autonomia dos trabalhadores para organizar um setor
de produção, com o desenvolvimento de mecanismos de controle mais sutis, que visavam
difundir a dependência ou incapacidade do trabalho em relação ao capital, revelando uma
importante mudança no ordenamento do poder, partindo da formulação de uma gramática de
dominação a partir do inconsciente, ou melhor, na expressão de Max Pagès, a extensão dos
mecanismos de poder até o inconsciente.
Na atualidade, o serviço de enfermagem é realizado dentro de um regime
organizacional bem delimitado, com escalas funcionais bem reduzidas, em que seus
profissionais têm características semelhantes aos funcionários de empresas pós-fordistas, em
que desempenham suas atividades com o máximo de criatividade, habilidade, agilidade e
acima de tudo, polivalência. Com isso, o Enfermeiro vive um dilema que é gerador de
conflitos e insatisfações na sua realidade de trabalho, impossibilitando o desejo de manter um
equilíbrio entre os princípios técnicos profissionais e a realidade de trabalho da sua área. De
certa forma, a dominação de que fala Heloani pode ser percebida na área de Enfermagem, no
momento em que o profissional Enfermeiro sente-se responsável por não dar conta de todas as
atribuições que lhe são impostas, por este novo sistema que pretende concentrar todas as
ações do processo de enfermagem, nas mãos de um único e mesmo profissional. Isso
significa, em última instância, que o Enfermeiro não é capaz de perceber falhas no sistema.
É importante delimitarmos que na área de enfermagem a tentativa em oferecer ao
Enfermeiro condições para organizar o serviço de enfermagem através da SAE, nas
Instituições de Saúde, muda a organização de trabalho dessa categoria profissional, tornando
o processo de trabalho, totalizado na sua prática, deixando de ser fragmentado. Com isso, o
serviço de enfermagem está passando do modelo fordista para o pós-fordista.
O trabalho da enfermagem vem acompanhando as mudanças sócio-político-
econômicas do país, desde o nascimento da área profissional com modelos tayloristas, depois
fordistas e atualmente vivência uma realidade pós-fordista. Talvez isso se dê com o objetivo
de intensificar o ofício numa posição de dependência em relação ao capital, pois a
Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem é imposta pelo Sistema
COFEN-CORENs, pela Decisão COFEN nº 001/2000 de 04 de janeiro de 2000 para organizar
o serviço de enfermagem, através de modelos de trabalho, propondo o controle da produção
das atividades de enfermagem dentro de um sistema capitalista.
1.5 O ENFERMEIRO DIANTE DAS NOVAS EXIGÊNCIAS PROFISSIONAIS
O Enfermeiro procura de alguma forma conciliar todas as exigências realizadas pelo
Conselho Profissional e as condições reais das Instituições de Saúde na busca de planejar e
organizar o serviço de enfermagem. Mas nem sempre isso é possível. Essa situação
apresentada tem demonstrado uma necessidade do enfermeiro de revisar seu papel e modificar
sua prática profissional, no sentido de estampar uma nova característica da sua atuação
profissional.
Esse comportamento é proporcional ao clima atual das organizações que,
impulsionadas pelas rápidas mudanças do mundo moderno, exigem de seus profissionais
prontidão de ações, adaptabilidade, criatividade e inovações. Condições essas consideradas
essenciais para garantir sua sobrevivência no campo de trabalho.
Para Heloani (2002), as formas de exercício do poder sofisticam-se ainda mais e se
voltam para obter a aceitação das regras ou normas das empresas. A dominação estará
baseada muito mais na introjeção dessas normas do que na repressão propriamente dita. A
gestão dessa dimensão psicológica de dominação caracteriza esta empresa neocapitalista.
“ A empresa pós-fordista, altamente competitiva e flexível, necessita
desenvolver a iniciativa, a atividade cognitiva, a capacidade de
raciocínio lógico e o potencial de criação para possibilitar respostas
imediatas por parte de seus funcionários. Para manter a
confiabilidade sobre as decisões delegadas, essa empresa deve
organizar mecanismos de controle indiretos sobre a atuação dos
indivíduos. Por este motivo, ao lado da autonomia concedida, a
organização constrói situações que levam os indivíduos a assimilar as
regras de funcionamento da companhia, a incorporarem-nas como
elementos de sua percepção e, por último, a reordenação até de sua
subjetividade para garantir a persistência dessas regras”.
(HELOANI,2002,p.97).
O serviço de enfermagem, a partir de 2000, foi obrigado a ser normatizado em todo o
território brasileiro através da Sistematização da Assistência de Enfermagem, que consiste
num modelo organizacional de controle da produção das atividades de enfermagem, para
padronizar e intensificar o ofício do trabalho nesta área. Porém, não são todas as Instituições
de Saúde que conseguem oferecer condições de trabalho que permitam que o Enfermeiro
possa desenvolver a implementação desse modelo, garantindo o serviço melhor qualificado
exigido pelo Conselho Profissional para sistematizar o trabalho de enfermagem.
Pode-se considerar que a SAE permite ao Enfermeiro uma maior autonomia, na
medida em que ele concentra em suas mãos as diversas etapas do processo de enfermagem; ao
mesmo tempo porém, a exigência da SAE em que ele registra todas as suas ações assemelha-
se ao que Heloani se refere como “mecanismos de controle indiretos sobre a atuação dos
indivíduos”.
O Enfermeiro é pressionado a todo momento a manter os padrões das novas
exigências direcionadas a sua área, na ilusão talvez de concretizar a normatização do serviço
de enfermagem no país. Mas sua condição de trabalho nem sempre é favorável a esse
desenvolvimento, porque as empresas de saúde estão interessadas exclusivamente em obter
lucros na produção de saúde e implementar serviços conforme as legislações profissionais que
requerem investimentos altos como contratação de pessoal qualificado, recursos tecnológicos
e materiais.
Um exemplo típico dessa situação é a realidade de trabalho desenvolvida pelas equipes
de enfermagem das Instituições Públicas de Saúde, na rede municipal, estadual e federal que
apresentam um déficit de recursos humanos, materiais e tecnológicos qualificados que possam
acompanhar todas as exigências no mundo moderno impulsionadas pelas rápidas mudanças
do sistema capitalista.
Um trabalho precursor sobre as questões subjetivas na área de enfermagem é
encontrado em Izabel Menzies. Esta autora, bem como alguns conceitos dejourianos, serão
importantes para compreendermos um pouco melhor as insatisfações vividas pelo Enfermeiro
em sua vivência de trabalho.
Segundo Menzies (1970),na enfermagem, o processo de trabalho estimula ansiedades
primitivas e intensas, caracterizadas como sofrimento psíquico, em que qualquer mudança
traz uma ansiedade excepcionalmente severa. A fim de fugir desta ansiedade, o processo de
trabalho, na medida do possível, evita a mudança, tentando agarrar-se àquilo que é conhecido.
Dessa forma, para a autora, o enfermeiro controla o sofrimento psíquico, inclusive
negando a sua existência, como forma de manter a pertinência a uma cultura
institucionalizada.
Segundo Dejours (1993), a relação homem-tarefa colocada no contexto do trabalho faz
sobressair três fatores importantes:
a) o organismo do trabalhador não é um motor banal submetido a um só tipo de
excitação, devendo gerenciar ao mesmo tempo excitações exteriores e interiores;
b) o trabalhador não chega ao seu trabalho como uma máquina nova, ele tem uma
história pessoal, que se concretiza por uma certa qualidade de suas aspirações, de
desejos, de suas motivações e de suas necessidades psicológicas. Isso confere a
cada indivíduo características únicas e pessoais que combatem o mito do
“trabalhador médio” tão ao gosto do taylorismo;
c) o trabalhador, em função de sua história, dispõe de vias de descarga preferenciais
que não são as mesmas para todos e que participam na formação daquilo que se
chama estrutura da personalidade.
Com isso, a relação do trabalho com a carga psíquica é extremamente diferente de
uma problemática da carga física, em que o perigo está empregado exageradamente nas
aptidões fisiológicas. Quanto à carga psíquica, o perigo primordial é o da “subutilização ou a
da repressão das aptidões psíquicas, fantasiosas ou psicomotoras” que ocasiona uma
retenção de “energia pulsional”, como tensão nervosa. Segundo Dejours (1993), o bem estar
psíquico não provém da ausência de funcionamento, mas ao contrário, de um livre
funcionamento em relação ao conteúdo da tarefa. Se o trabalho favorecer esse livre
funcionamento, ele será fator de equilíbrio, e se ele se opuser a esse funcionamento, ele será
fator de sofrimento e de doença.
Para ter um trabalho equilibrante que possibilite uma descarga de energia pulsionante
ou tensão nervosa, não é necessário colocar questões relativas ao ambiente físico ou químico
do trabalho, mas é primordial considerar a organização do próprio trabalho. O conflito surge
quando o desejo do trabalhador se opõe à realidade do trabalho, colocando face a face “o seu
projeto espontâneo e a organização do trabalho que limita a realização desse projeto e
prescreve um modo operatório preciso”.
A organização do trabalho é, de um lado, a divisão das tarefas, que
conduz alguns indivíduos a definir por outro, o trabalho a ser
executado, o modo operatório e os ritmos a seguir. Por outro lado, é
a divisão dos homens, isto é, o dispositivo de hierarquia, de
supervisão, de comando, que define e codifica todas as relações de
trabalho.(DEJOURS,1993, p.104).
Quando se correlaciona o funcionamento psíquico e a organização do trabalho,
descobre-se que certas organizações são perigosas e outras não. As organizações perigosas
destróem o desejo do trabalhador, provocando doenças mentais e físicas. Por exemplo, no
trabalho repetitivo sob pressão de tempo ou no trabalho por peças, não existe absolutamente
lugar para a atividade fantasiosa, por esta razão é que a descarga psíquica está fechada,
permitindo que a energia psíquica se acumule, transformando-se em fonte de tensão e
desprazer, até que se inicie a fadiga, depois a astenia e em seguida a patologia. Já as
organizações não perigosas são favoráveis à saúde, oferecendo um campo de ação mais
amplo, em que o trabalhador concretiza suas aptidões, suas idéias, suas imaginações e seus
desejos, permitindo uma organização do trabalho flexível.
Segundo Dejours (2004), a relação entre o homem e a organização do trabalho não é
um bloco rígido, e sim dinâmico, em contínuo movimento. A estabilidade aparente dessa
relação está assentada em um equilíbrio livre e aberto à evolução e às transformações. No
entanto essa dinâmica pode estar travada ou até mesmo bloqueada:
“A experiência mostra que uma tal situação não pode ser duradoura,
pois ela leva à ineficácia no registro da produção, traduzida a
qualquer instante por uma crise, ou seja pela ruptura da estabilidade.
É justamente nessas ocasiões que os pesquisadores em psicodinâmica
do trabalho são convocados para uma intervenção no campo, sobre a
situação do trabalho”. (DEJOURS, 2004, p.58).
Na verdade, a psicopatologia do trabalho nos anos 70, por meio do diálogo entre as
ciências da saúde (com a inclusão da psicanálise) e as ciências do trabalho, com a
incorporação da ergonomia, chegou à conclusão da existência de um intervalo irredutível
entre a tarefa prescrita e a atividade real do trabalho, ou seja, de uma contradição inexorável
entre o que a organização do trabalho propõe e o que efetivamente ocorre na prática.
Segundo Dejours (2004), depois de numerosas pesquisas de campo, constatou-se que,
além da contradição entre a organização do trabalho prescrita e a organização de trabalho real,
a organização do trabalho em si é repleta de contradições. Cada incidente ou acidente leva à
elaboração de uma prescrição ou de uma nova regulamentação. Com o tempo, leis,
regulamentações, normas, regras formam um corpo de tamanha complexidade que torna a
conciliação extremamente difícil entre si, chegando ao limite de tornar impossível a execução
do trabalho, caso todo o conjunto de regras e normas venha a ser cumprido. Com isso,
concebidas para organizar o trabalho, as prescrições da organização do trabalho levam às
vezes, à desorganização.
Na área de enfermagem, a Implementação da SAE é, a rigor, uma nova forma de
organização do trabalho, isto é, um novo conjunto de normas e regras elaboradas para permitir
uma melhor realização das ações. Cabe questionar, no entanto, os efeitos deste novo sistema
organizacional sobre o profissional Enfermeiros, ou seja, sobre o trabalhador.
A questão que se afigura é a de discutir se as Empresas de Saúde serão para o
Enfermeiro, com a Implementação da SAE, organizações “perigosas” ou “saudáveis”, A rigor,
um serviço de enfermagem organizado, em que há flexibilização na organização do trabalho,
é um lugar que permite uma maior liberdade para que o Enfermeiro organize seu modo
operatório e encontre gestos que serão capazes de lhes dar prazer e até mesmo diminuir a
carga psíquica de seu trabalho.
No entanto, não é possível ignorar as limitações a que os Enfermeiros são submetidos,
sobretudo em função das condições materiais e técnicas de trabalho, as quais geram angústia e
sofrimento. Saber o que estes profissionais pensam a respeito da SAE – sua opinião – pode ser
um bom caminho para compreender os efeitos deste novo sistema.
Segundo Moscovici (1978), “a opinião”, tal como se explicou Diderot ao escrever para
Necker, é um móbil de que conhecemos toda a força para o bem ou para o mal, é apenas, em
seu princípio, o efeito exercido por um pequeno número de homens que falam depois de
terem pensado.
Assim, constituem-se como objetivos desta pesquisa:
Objetivo geral:
•compreender o significado da SAE na organização do trabalho do Enfermeiro à luz das
novas modulações do capitalismo.
Objetivos específicos:
• investigar a opinião do enfermeiro sobre a sistematização da assistência de enfermagem ;
• verificar os efeitos da implementação da sistematização da assistência de enfermagem na
organização do trabalho do enfermeiro;
• descrever a associação entre a implementação da sistematização da assistência de
enfermagem e o sofrimento psíquico no enfermeiro.
2. MÉTODO
Esta pesquisa teve como objetivo compreender o significado da Sistematização da
Assistência de Enfermagem na organização do trabalho do Enfermeiro à luz das novas
modulações do capitalismo. Esta perspectiva foi sustentada pelas estratégias metodológicas
que privilegiam o acesso aos discursos dos sujeitos buscando investigar a opinião do
enfermeiro sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem; os efeitos da
Sistematização da Assistência de Enfermagem na organização do trabalho do enfermeiro e a
associação entre a Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem e o
sofrimento psíquico no enfermeiro, em uma instituição hospitalar pública, localizada no
grande ABCD, no Estado de São Paulo.
Segundo Leininger (1985), as metodologias qualitativas são indicadas em estudos que
tratam da natureza, da essência dos fenômenos e se referem aos métodos e técnicas de
observação, documentação, análise e interpretação de atributos, modelos, características e
significados específicos no próprio contexto em que o fenômeno ocorre, como é o caso da
investigação proposta.
Os dados foram coletados por meio da comunicação com os sujeitos e tratados por
meio de interpretação, aqui entendida como um modo de organizar um texto para obter a
compreensão do objeto.
A pesquisa foi desenvolvida após a aprovação do Comité de Ética em Pesquisa,
Protocolo n º 150/04 anexado ao Comité de Ética e Educação Continuada da Instituição de
Saúde que aceitou a proposta da investigação (Anexo A).
Amostra:
A presente investigação foi realizada com 22 profissionais Enfermeiros, trabalhadores
em uma instituição hospitalar da rede pública de um município do grande ABCD, no Estado
de São Paulo e que desenvolve a Sistematização da Assistência de Enfermagem.
A opção por enfermeiros que atuavam em instituições hospitalares da rede pública do
grande ABCD deu-se porque eles exerciam suas atividades em instituições que apresentavam
uma grande demanda no atendimento ao público, com déficit de recursos humanos
qualificados, por apresentarem dificuldades de contratação devido à falta de recursos
financeiros para atender adequadamente e terem como exigência profissional a
Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem.
Das instituições hospitalares da rede pública do grande ABCD que satisfaziam os
critérios acima apenas uma concordou com a proposta de pesquisa apresentada. Para a escolha
dos Enfermeiros desta instituição que participariam da pesquisa foram estabelecidos dois
critérios: tempo mínimo de formação de cinco anos e tempo mínimo do vínculo empregatício,
na época da coleta de dados, de dois anos. Este prazo foi considerado como sendo um
período suficientemente significativo para a inserção do profissional na instituição.
Para a composição da amostra foi elaborada uma lista com nomes de todos os
enfermeiros que satisfaziam os critérios estabelecidos, chegando-se aos 22 sujeitos, os quais
aceitaram participar da pesquisa. Os princípios de anonimato e participação consentida e
esclarecida foram respeitados. Assim, foram entrevistados 22 profissionais Enfermeiros, 21
do sexo feminino e 1 do sexo masculino, com idades entre 32 a 56 anos, com número de
filhos entre nenhum a três filhos, e tempo de formação profissional entre 8 a 31 anos. A
predominância das características dos sujeitos entrevistados corresponde a profissionais do
sexo feminino, entre a faixa etária de 40 a 49 anos de idade, casados, constituindo família,
com dois filhos e com formação profissional entre 10 e 19 anos.
Os Enfermeiros entrevistados exercem as suas atividades profissionais em diferentes
setores entre eles: pronto socorro, unidade de terapia intensiva, clínica médico-cirúrgica,
gerência de enfermagem, berçário, maternidade, centro-obstétrico, centro cirúrgico e central
de material estéril. O tempo de serviço destes profissionais está entre 2 a 14 anos de trabalho,
com carga horária de serviço de 40hs/semanais, e 12 enfermeiros possuem outro vínculo
empregatício.
A predominância dos dados de identificação profissional corresponde ao setor da
Clínica-Médica, com tempo de serviço entre 2 e 11 anos na instituição pública, com carga
horária de 40hs/semanais e existência de outro vínculo empregatício.
Tais dados são importantes para compreendermos como os sujeitos desta pesquisa
desenvolvem a implementação da sistematização da assistência de enfermagem, no seu
ambiente de trabalho. Estas questões serão apresentadas a seguir nas categorias de análise
desta investigação.
Local:
As entrevistas foram realizadas individualmente, após o consentimento do sujeito para
participar da pesquisa proposta. Sendo marcado um encontro, fora do ambiente de trabalho,
em um local tranqüilo, para que o entrevistado pudesse se sentir bem e confortável. Por
exemplo: 70% das entrevistas foram realizadas na sala da residência do próprio entrevistado,
os outros 30% no carro, na praça, e no restaurante. Sua realização se deu no período de 28 de
agosto a 28 de setembro de 2004.
Instrumento:
A coleta de dados da presente investigação utilizou como instrumento de pesquisa, um
Roteiro de Entrevista, elaborado especialmente para o presente estudo e que contemplou
temas que atendiam aos objetivos propostos, além do levantamento de dados de características
dos sujeitos, dados de identificação profissional e a formação de categorias de análise a partir
da influência da SAE nos entrevistados, para uma descrição da amostra estudada. Utilizou-se
da técnica de entrevista semi-estruturada (Anexo F). Essas informações foram possíveis a
partir de registros obtidos através de gravação dos depoimentos dos sujeitos.
Procedimento:
Após a seleção e consentimentos dos sujeitos para participarem da pesquisa, estes
foram entrevistados em outros locais que não o ambiente de trabalho. As entrevistas tiveram
duração aproximada de 40 a 60 minutos. As entrevistas foram gravadas e, com a gravação dos
depoimentos, seguindo-se a seqüência do roteiro de entrevista, foram realizadas as
transcrições das 22 entrevistas, sendo possível a construção de três fases:
- primeira fase corresponde à característica do sujeito com a coleta de informações
partindo do controle das seguintes variáveis: quanto ao sexo, idade, estado civil, número de
filhos e tempo de formação profissional;
- segunda fase apresenta os dados de identificação profissional com o controle das
seguintes variáveis: quanto à área de atuação na instituição, tempo que trabalha na instituição,
carga horária de trabalho e se tem outro vínculo empregatício;
- terceira fase demonstra a influência da SAE no sujeito a partir de perguntas pré-
estabelecidas com o controle das seguintes variáveis: quanto ao conhecimento sobre a SAE, o
que acha da SAE, como desenvolve a SAE no seu período de trabalho, se desenvolver a SAE
afeta o seu trabalho e, se desenvolver a SAE o afeta.
A primeira e a segunda fase foram estabelecidas para obter a identificação do
entrevistado, enquanto que a terceira fase corresponde à formação de cinco categorias de
análise da pesquisa proposta, tais dados foram analisados conforme a técnica de análise de
conteúdo proposta por Bardin (1988) explicitada na análise dos dados.
A análise dos dados:
A análise dos dados foi realizada a partir da formação de categorias de análise,
mediante a técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin (1988), buscando apreender os
conteúdos representacionais.
Segundo esta autora, para efetuar a análise e o tratamento dos dados, o material deve
ser submetido a três fases: a pré-análise, a descrição analítica e a interpretação inferencial.
Na pré-análise, o material a ser analisado e submetido à leitura flutuante, com a
enumeração dos discursos produzidos. Trata-se de uma leitura integral, buscando apreender o
sentido global do discurso produzido.
A descrição analítica dá-se através da codificação, que é o processo de recorte e
escolha das unidades de registros, fazendo um inventário que demarca os elementos
considerados nos discursos. Após a codificação, o material é categorizado, processo em que
os dados são comparados entre si e agrupados por afinidades.
A interpretação inferencial faz a classificação das unidades temáticas, a partir de um
sistema categorial.
Na presente pesquisa, foram realizadas duas das três etapas propostas por Bardin,
especificamente a primeira – leitura flutuante – e a terceira - a interpretação inferencial. As
quais só foi possível chegar às unidades temáticas (aqui nomeadas como “categorias”)
considerando-se o conteúdo integral das falas. Cabe ressaltar que foram delimitadas cinco
categorias às quais se fazem corresponder duas subcategorias, tal como se fará ver no próximo
capítulo.
A delimitação das unidades temáticas (categorias) foi realizada tendo em vista, por um
lado, os objetivos propostos e, por outro, os referenciais teóricos, os quais deverão, por sua
vez, possibilitar a análise e a interpretação dos achados.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como mencionado anteriormente, os objetivos deste trabalho foram os de levantar a
opinião dos enfermeiros sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem na
organização do trabalho, verificar os efeitos da Implementação da Sistematização da
Assistência de Enfermagem nos profissionais enfermeiros e descrever a associação entre a
Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem e o sofrimento psíquico
nestes profissionais.
Para atingir tais objetivos, após a pré-análise, a fala dos entrevistados foi estruturada
nas seguintes categorias: conhecimento sobre a Sistematização da Assistência de
Enfermagem, opinião sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem,
desenvolvimento da Sistematização da Assistência de Enfermagem no contexto do trabalho,
influência da Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem no
desempenho das tarefas e a ocorrência de sofrimento psíquico na Implementação da
Sistematização da Assistência de Enfermagem.
Cada uma destas cinco categorias derivou, tendo em vista a natureza do que era
investigado, subcategoria específica. A categoria e suas respectivas subcategorias serão
discutidas e precederão a análise propriamente dita.
Vale ressaltar que as opiniões emitidas e aqui analisadas refletem o momento
particular que estava sendo vivenciado pelos enfermeiros em seu ambiente de trabalho e,
portanto, trata-se de opiniões que podem sofrer alterações em função de mudanças que
possam ocorrer neste mesmo ambiente.
1o. QUANTO AO CONHECIMENTO DA SAE
Esta primeira categoria de análise corresponde ao “Conhecimento sobre a
sistematização da assistência de enfermagem”, e que foi subdividida em duas subcategorias:
ter idéia sobre o que é a SAE; ter pouco conhecimento sobre a SAE.
A primeira subcategoria __ tem conhecimento sobre a sistematização da assistência
de enfermagem __ relaciona-se a conhecer, ter idéia sobre o que é a SAE e caracteriza a
maioria das respostas encontradas que trazem, em seu conteúdo, expressões que confirmam o
conhecimento do modelo de trabalho proposto como um organizador do serviço de
enfermagem. As falas abaixo devem evidenciar a análise feita:
S1 “ Conheço”
S 2 “ Conheço. É um instrumento que veio direcionar melhor a enfermagem, dentro da
visão de atendimento, prestação de serviço ao cliente”
S9 “ Sim”
Assim, vinte Enfermeiros entrevistados retratam que conhecem a Sistematização da
Assistência de Enfermagem, sabem da sua existência como modelo organizador para
intensificar o ofício da profissão, tal como exigido pelo Conselho Profissional de
Enfermagem, através do Sistema COFEN/CORENs.
A segunda subcategoria __ tem pouco conhecimento sobre a sistematização da
assistência de enfermagem __ foi encontrada em dois depoimentos, as quais, na verdade,
indicam haver não um “desconhecimento” sobre a SAE, mas antes um conhecimento em
construção. As respostas indicam que alguns profissionais encontram-se ainda em fase de
adaptação ao modelo de trabalho exigido pelo Sistema COFEN/CORENs. Isso pode ser
evidenciado pelas seguintes falas:
S6 “Sim já ouvir falar”
S8 “Estou me familiarizando com ela”
Assim, percebe-se que nesta categoria de análise, a idade e o tempo de formação
profissional são variáveis importantes que relacionadas ao conhecimento da sistematização
da assistência de enfermagem, interferem na aplicabilidade da implementação deste modelo
na Instituição de Saúde, talvez devido à resistência encontrada dos sujeitos da pesquisa, em
implementar a SAE no ambiente de trabalho, porque a sistematização para ser implantada
necessita de aprendizado específico e contínuo, direcionado ao modelo de trabalho.
Comparando-se as respostas obtidas nesta primeira categoria de análise às variáveis
“idade” e “tempo de formação profissional”, pôde-se perceber que os profissionais mais
jovens e com menor tempo de formação demonstram maior conhecimento sobre a SAE. Ao
contrário, os sujeitos que indicaram ter um menor conhecimento integram, majoritariamente,
o grupo de profissionais mais velhos e com maior tempo de formação O que parece possível
derivar deste quadro é que os profissionais mais jovens aceitam mais facilmente as mudanças
impostas, relativamente àqueles profissionais mais experientes que tendem a resistir às
mudanças. Deste modo, pode-se afirmar que a idade e o tempo de formação profissional
mostraram-se variáveis significativas na composição do quadro acerca do conhecimento sobre
a SAE.
2º. QUANTO À OPINIÃO SOBRE A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE
ENFERMAGEM
Esta segunda categoria de análise reflete à “Opinião dos Enfermeiros entrevistados
sobre a SAE”. Observa-se que dos profissionais entrevistados nenhum é desfavorável à SAE
e, assim, a análise das respostas levou a criação de duas subcategorias, quais sejam:
favoráveis e parcialmente favoráveis.
A primeira subcategoria __ favorável à sistematização da assistência de enfermagem __
relaciona-se à posição de ser a favor e reúne opiniões que consideram o modelo de trabalho
proposto como positivo à organização do serviço de enfermagem. Essa posição pôde ser
percebida por meio de expressões que indicavam a importância, a prioridade, a organização, a
melhoria e a facilitação do serviço de enfermagem. As falas abaixo devem evidenciar a
análise:
S2 “Eu acho que a SAE é um instrumento que veio direcionar melhor a
enfermagem dentro da visão de atendimento, prestação de serviço ao cliente. É importante
sim.”
S3 “Eu acho muito boa, ela dá para trabalhar, é importante. Ela te facilita na
atuação do teu serviço, como você tem pronto condições de aplicar.”
S4 “A SAE, administrativamente falando, ela na realidade regulariza, ela formaliza,
documenta o que você aprende na faculdade, que é examinar o paciente e determinar a
necessidade dele.”
S9 “Depende, se for numa instituição que te dê todo um número de funcionários
suficiente, que tenha enfermagem adequada para cada paciente, número de paciente por
enfermeiro. Acho que funciona, acho válido, acho muito válido a sistematização. Isso ajuda a
cobrar melhor a assistência e deixa ficar nada para trás. Você consegue trabalhar melhor
com o paciente.”
S18 “Acho importante no paciente, a gente ter uma visão melhor, você consegue ver
toda dificuldade dele, e uma melhora da qualidade do serviço prestado para ele, você dar
uma assistência melhor e mais do que você precisa melhorar a assistência.”
S21 “Eu acho assim: é muito bom para o paciente e também facilita muito para
enfermagem também. A enfermagem passa conhecer melhor, tem aquela parte de histórico,
tem toda aquela parte de prescrição de enfermagem, eu acho muito bom.”
S20 “Eu acho que é bom, a gente conhecer o paciente detalhado, história. Bom, meio
caminho andado.”
S22 “Um método de trabalho para uma melhor qualidade na assistência de
enfermagem, onde o enfermeiro encabeça e coordena esse trabalho.”
Assim, considerando-se as falas acima, percebe-se que o posicionamento favorável
dos Enfermeiros entrevistados relaciona-se pontualmente à Sistematização da Assistência de
Enfermagem como um elemento organizador e facilitador para o serviço de enfermagem.
A segunda subcategoria __ parcialmente favorável à SAE __ relaciona-se àquilo que
convencionamos nomear como uma posição “parcialmente favorável à SAE”. É importante
explicitar que esta subcategoria reúne as falas daqueles Enfermeiros que, embora reconheçam
as qualidades do modelo proposto, enfatizam as dificuldades para a implantação e ou
efetivação deste modelo. Via de regra, estas dificuldades relacionam-se a condições
desfavoráveis no ambiente de trabalho, ligadas, sobretudo, a déficits de recursos
organizacionais. Dentre as dificuldades apontadas, podemos destacar: dificuldade para o
desenvolvimento das tarefas, implicando bastante tempo para sua realização. Vê-se, assim,
que as críticas atrelaram-se mais à questão da possibilidade de efetivação da SAE e menos à
SAE propriamente dita. Isso pode ser evidenciado pelas seguintes falas:
S1 “Eu acho que ajuda a gente a organizar o nosso serviço, o serviço de
enfermagem, o cuidado de enfermagem e o que o paciente precisa. Poder programar como a
gente vai fazer isso. Então, acho importante a gente conseguir fazer, facilita o nosso
trabalho. Mas no momento, isso é uma obrigação, eu acho que a gente tem que cumprir, e a
gente se sente não cumprindo uma parte do nosso dever...”
S5 “... Acho que é uma forma de organizar a assistência, só que é assim: eu acho
que nós temos algumas prioridades. A principal prioridade é ter um recursos humanos
qualificado e o número de enfermeiros adequados para você colocar a SAE funcionando
adequadamente. Hoje você tem que ajudar realmente, estar participando da assistência junto
com o auxiliar de enfermagem, estar cobrando técnica do auxiliar que está saindo da escola,
sem saber o básico, com uma carência enorme de profissionais e, eu acho que a SAE fica
prejudicada nisso aí. Eu acho que organiza a assistência, mas acho que você tem que ter
uma base para poder trabalhar com a SAE. Esta base falta um pouquinho no Brasil. Alguns
hospitais têm, mas na maioria não.”
S14 “ Eu acho até que para uma clínica inteira, que não seja o meu caso com a
maternidade que é muito fragmentada, tem vários momentos que esta paciente passa. A
gestante passa por vários momentos na maternidade. Então é muito quebrado, os setores são
muito quebrados, então é mais difícil você manter a SAE. Mas talvez numa clínica mais
estável, quando você pega o paciente, começa fazer o histórico dele na clínica, talvez até
funcione. Aqui, vários profissionais lidam com esta paciente, a gente tem uma equipe no
centro obstétrico lidando com esta paciente. Começa por lá no centro obstétrico; é um
processo todo. A maternidade é um ciclo. Lá, chega a gestante vai ser feito o exame físico e
histórico naquele momento, quando ela sobe, aqui, a gente é outra equipe aguardando, tem
que dar continuidade, eu não vou fazer novamente o exame físico e o histórico de
enfermagem, eu vou dar continuidade nisto. Então, tem que ser uma coisa muito unida, tem
que ser uma coisa muito em conjunto. O que a gente não consegue muito, é que é uma equipe
lá, uma equipe cá, depois tem o bebê que é outra equipe. Então, a gente tem um pouco de
dificuldade no que a SAE dá na maternidade por conta disso.”
S16 “É importante, porém é assim atrapalha o dia-a-dia da gente. É complicado
trabalhar na UTI Neonatal e desenvolver a SAE, requer muito tempo e o nosso tempo é
curto. Não só aqui como no outro serviço também. Aqui, as primeiras crianças que eu vejo e
faço a SAE é na UTI , no outro, são 22 crianças, eu tomo praticamente o período todo fazendo
a SAE, eu sei que é importante, mas eu deixo de dar outros cuidados, por exemplo: eu
substituo o cuidado ao recém nascido para fazer a SAE.”
Assim, a opinião dos Enfermeiros entrevistados não é favorável à Sistematização da
Assistência de Enfermagem no que tange às condições exigidas no ambiente de trabalho, as
quais relacionam-se a um déficit de recursos humanos qualificados e a um déficit de recursos
materiais, ambos necessários à Implementação da SAE. Esses fatores geram o desconforto
demonstrado pelos sujeitos, uma vez que estes profissionais não conseguem desenvolver suas
atividades adequadamente. Por um lado, o modelo proposto pela SAE demanda uma intensa
exigência do profissional e estabelece rígidas condições para a realização do trabalho. Por
outro lado, o profissional não encontra as condições materiais e humanas suficientes para
cumprir as exigências. Esta situação paradoxal parece explicar o desconforto e, até mesmo, o
sofrimento demonstrados pelos profissionais entrevistados.
É importante destacar que essa categoria de análise considerou a “opinião” dos
sujeitos, segundo a definição de Moscovic (1978), como referencial para a compreensão de
como a SAE influencia na organização do serviço de enfermagem.
Portanto, a opinião dos sujeitos entrevistados é essencial para fortalecermos o percurso da
análise sobre o desenvolvimento da SAE no ambiente de trabalho, uma vez que os
enfermeiros conhecem a sistematização e têm como exigência profissional desenvolver esse
modelo de trabalho em todas as Instituições de Saúde.
3º. QUANTO AO DESENVOLVIMENTO DA SAE NO TRABALHO
Esta terceira categoria de análise é relativa ao “Desenvolvimento da Sistematização da
Assistência de Enfermagem no contexto do trabalho dos enfermeiros entrevistados”,
derivando duas subcategorias: ocorre parcialmente e não ocorre. Observa-se que nesta
categoria de análise não há nenhuma subcategoria que retrate a realização integral da
sistematização da assistência de enfermagem nas unidades de trabalho entre estes
profissionais.
A primeira subcategoria __ desenvolvimento parcial da SAE __ relaciona-se no
contexto do trabalho dos sujeitos entrevistados. Ela reúne, assim, relatos que exprimem a
existência da SAE apenas nos setores do pronto socorro, unidade de terapia intensiva,
berçário e clínica médico-cirúrgica. Suas opiniões são pontuadas por expressões que
demonstram a falta de conhecimento teórico para aplicabilidade da SAE, resistência,
sobrecarga de trabalho e falta de tempo. Isso pode ser evidenciado pelas seguintes falas:
S2 “Eu creio que se houvesse um pouco mais de divisão de tarefas, alguns enfermeiros
a mais dentro do setor, facilitaria muito. Porque hoje o enfermeiro mesmo respondendo, no
caso como eu que respondo pela coordenação da UTI. Eu sou enfermeiro de cabeceira, o
enfermeiro assistencial, enfermeiro de supervisão, o enfermeiro de coordenação tudo em uma
única pessoa e, ao mesmo tempo, com toda esta responsabilidade, tenho que estar orientando
todo grupo em estar acompanhando todo desenvolvimento da equipe, na parte da UTI, e
conseqüentemente tudo isso tenho que priorizar. É o paciente na verdade que tenho que
priorizar. Depois desta parte do meu paciente, tem a burocrática que daria o retorno ao
paciente. Mais isso é sempre segundo ou terceiro plano. Então, tudo isso é complicador,
porque eu não tenho tempo hábil e, por outro lado, os enfermeiros que atuam não se
comprometem tanto. A SAE hoje na UTI é realizado com muita resistência. Por outro lado
não é um complemento maior, ele é muito pouco pelo muito que se pode fazer. Mas com isso
já demos os primeiros passos, estamos chegando, falta pouco, é só chegar duas ou três
enfermeiras que tudo vai se acalmar. Com certeza este SAE vai sair.”
S4 “Sim. Priorizo os pacientes graves, identifico imediatamente a necessidade de
identificar quais as necessidades dos pacientes e faço a seleção, que é abordar o cliente de
uma forma diferenciada.”
S7 “Sim. Eu priorizo os paciente mais graves e aplico a SAE e se der tempo a gente
faz de toda clínica. Mas o paciente grave... o tratamento precisa ser seguido”.
S8 “Agora está acontecendo. Aqui na instituição estamos desenvolvendo com o exame
físico, que eu não estou bem familiarizada, eu tenho dificuldade ainda, a prescrição e
evolução são mais usadas, que é feito de todos os pacientes da UTI.”
S9 “Desenvolvo mais ou menos, por falta de tempo, porque só tem eu de enfermeiro,
coordenadora no período da manhã e a gente não consegue dar toda assistência... É até
difícil de aplicar a SAE no berçário, porque você tem várias atividades conjuntas: o
atendimento na assistência, orientar os funcionários novos que acabaram de chegar e não
têm nenhuma experiência. Além de você avaliar os auxiliares, você tem que ver o assistencial
e mais a sistematização, para conseguir desenvolver um bom trabalho. Tudo isso em seis
horas de trabalho.”
S15 “Mais ou menos, praticamente já vem tudo pronto, faço de acordo com cada
paciente, visito cada cliente e faço a prescrição de enfermagem que falta.”
S16 “Em partes, não totalmente como deveria... É assim: plantonista é difícil ver o
todo, eu não estou durante o dia na visita médica, que muitas coisas, eu deixo de ver, por
isso que esta atividade deveria ser feita no período da manhã, pela enfermeira diarista, que
tem mais contato no dia-a-dia com a criança, e eu acabo fazendo à noite para colaborar com
a colega.”
S18 “Desenvolver, nós desenvolvemos, meia boca Ha! Ha! Ha! É difícil desenvolver
total, a gente faz mais ou menos, muito superficial, só não é melhor porque nós nem
conseguimos ver todos os pacientes, por exemplo: os paciente não chegam aqui com histórico
do pronto socorro, a gente não consegue fazer uma evolução do paciente, você mal conhece a
história, você conhece muito superficial o caso do paciente e a gente prescreve umas coisas
assim muito inadequada e não consegue chegar no que deveria ser.”
Assim, as opiniões dos Enfermeiros entrevistados retratam o desenvolvimento parcial
da SAE no seu ambiente de trabalho, justificado pelas reais condições de trabalho vivenciadas
por estes sujeitos, que impossibilitam a continuidade e a consolidação da implementação da
SAE. Por exemplo, os sujeitos entrevistados S2, S9, S10, S11, S13, S16, S18, S21 e S22,
apresentam, em seus depoimentos, expressões que demonstram comportamentos semelhantes
aos dos trabalhadores de empresas pós-fordistas, exercendo suas atividades em uma dinâmica
de trabalho exaustiva com dupla função, acúmulo de cargos, e desenvolvimento de todo o
serviço dentro da mesma jornada de trabalho.
A segunda subcategoria __ não implementação da SAE __ refere-se o que se dá em
alguns setores específicos da instituição em que trabalham os Enfermeiros, quais sejam:
centro obstétrico, centro cirúrgico e maternidade. As opiniões emitidas pelos sujeitos
entrevistados marcam-se por expressões que remetem a um déficit organizacional gerado pela
falta de recursos humanos e materiais; a uma sobrecarga de trabalho, ao aumento de tarefas e
à falta de tempo. As falas abaixo evidenciam tais posturas:
S6 “Não. Como já falei, a gente ainda não está fazendo ainda. Tem projeto para fazer,
tem planos, mas ainda não deu para fazer.
S11 “Acho que dá pra dizer que não, entendeu? Eu acho que é assim: você faz
parcialmente, às vezes faz, às vezes não faz. Então, hoje eu diria que a gente não faz. Isso eu
acho pior, o dia-a-dia do enfermeiro, ele não propicia a desenvolver. Talvez a culpa seja
nossa, eu acho que o enfermeiro terminou sendo responsável por um monte de outras coisas,
entendeu?....”
S14 “Oficialmente não, o que a gente faz é a SAE numa forma informal. Na verdade,
com algumas anotações isoladas, o histórico da paciente ele é feito na verdade, pelo médico,
nós temos uma ficha de histórico feita pelo médico, depois a gente tem a prescrição de
enfermagem, que geralmente é feita junto com a prescrição médica, porque a enfermeira da
maternidade, ela é enfermeira obstétrica, e ela tem dentro do protocolo do hospital esta
autonomia de fazer prescrições, tem algumas medicações, alguns cuidados, então a gente tem
como hábito prescrever junto com a prescrição do médico e os cuidados também, não é
aquela coisa padronizada. A gente faz o exame físico das pacientes mais graves, das
patológicas, das mais graves, existe esta norma, mas não é uma coisa organizada como a
SAE propõe para gente.”
S17 “Não, aqui no centro obstétrico nós não estamos desenvolvendo por falta de
pessoal, eu, à noite fico no centro cirúrgico e no centro obstétrico e a gente não conseguiu
implantar a sistematização ainda.
S19 “Não, nós ainda não desenvolvemos, comprovado, não. Por quê? Ainda não
saberia te responder o porquê! Na verdade, lá não tem impresso nenhum, não chegou pra nós
ainda. Eu sei, que lá no pré parto deveria no primeiro momento, com a paciente, fazer a
entrevista, fazer o primeiro exame físico e desenvolver o histórico de enfermagem. Mas não
tem.”
S20 “Aqui não, porque não é rotina, e também não está implantado. Só temos a rotina
do cuidado e não temos sistematização.”
Os depoimentos dos Enfermeiros acima transcritos indicam que o não
desenvolvimento da SAE em seus ambientes de trabalho deve-se à falta de recursos
organizacionais. Esta carência de recursos foge do controle não só dos Enfermeiros, como
também da própria Gerência de Enfermagem e, deste modo, afigura-se como a principal
justificativa para o Sistema COFEN/CORENs (caso haja alguma fiscalização) por não haver o
desenvolvimento da SAE.
Alguns depoimentos indicam, ainda, que há situações em que um mesmo Enfermeiro
se responsabiliza por dois centros distintos, o obstétrico e o cirúrgico, o que inviabiliza a
implementação da SAE. Assim, as falas dos Enfermeiros demonstram, de modo geral, que a
operacionalização da SAE no momento e nas condições de trabalho atualmente vivenciadas é
impraticável. Para estes sujeitos, nestas condições, não se justifica o desenvolvimento da
organização sistematizada do serviço de enfermagem. Deste modo, os sujeitos entendem que
devem aguardar a reestruturação dos recursos organizacionais nesta instituição de saúde
pública para que, então, a SAE seja possível.
De modo que, fazendo uma paralelo com Horta (1979), já na graduação, por meio de
disciplinas teóricas, pode-se conhecer o “processo de enfermagem”, conhecimento este que,
ainda segundo a autora, é o caminho para o crescimento do serviço da enfermagem. A SAE é,
então, o resultado de uma adaptação deste “processo de enfermagem”, por meio da redução de
suas etapas. Assim, a SAE foi a maneira encontrada pelo Sistema COFEN/CORENs para
exigir a aplicação do “ processo de enfermagem” nas Instituições de saúde, como o objetivo
de fazer com que estas instituições organizem, de forma sistematizada, todo o serviço de
enfermagem e controlem a produção aí existente. No entanto, não são todos os Enfermeiros
entrevistados que conseguem acompanhar o ritmo e a complexidade das mudanças
organizacionais que atingem o serviço de enfermagem.
De modo geral, trata-se de profissionais mais velhos, com um maior número de anos
de serviço e esta condição, como já discutimos, explicaria a resistência à mudança que
demonstram, a qual se concretiza pela não busca de informações que os ajudariam a
acompanhar e compreender o funcionamento proposto pela SAE.
A nosso ver, é possível considerar a SAE como uma forma de gestão que também
aposta mais na introjeção das normas, do que na repressão. Isso explicaria porque os
Enfermeiros sentem-se, eles próprios, responsáveis pelo “fracasso” da operacionalização do
serviço, sendo incapazes de perceber que há uma estrutura maior que explicaria as
dificuldades.
4º. QUANTO À INFLUÊNCIA DA IMPLEMENTAÇÃO DA SAE NO TRABALHO
Esta quarta categoria de análise demonstra à “Influência da SAE no desempenho das
tarefas pelos Enfermeiros entrevistados”, estabelecendo duas subcategorias: afeta e não afeta.
A primeira subcategoria – afeta – reúne as opiniões dos Enfermeiros que sentem, em suas
práticas, os efeitos da SAE. É curioso observar que tais efeitos são invariavelmente, negativos
e se relacionam à impossibilidade de realizar a SAE, pela falta de recursos organizacionais e
pelo aumento da atividade de trabalho. Isso pode ser evidenciado pelas seguintes falas:
S1 “De uma certa forma, sim, porque no momento não realizamos(...) Tenho um desejo que
seria que a gente conseguisse ter o profissional certo para cada tipo de serviço. Por exemplo:
enfermeiro fique com a parte de enfermagem mesmo, não ter que parar de fazer o meu
trabalho para ver outra coisa; e trabalhar com pessoas que tivesse o mesmo objetivo que, de
repente, não puxasse pra si também tantas coisas de outras áreas. Se você tem uma equipe
que você pode dividir as tarefas, mas se você não pensa igual essa equipe, ou a equipe está
fora ou você está fora do padrão. Às vezes eu me sinto assim. Gostaria de trabalhar assim,
num lugar que eu me sentisse mais padrão, no momento não me sinto”
S7 “Sim. Há muita coisa a fazer, muitas solicitações. Se tem duas pessoas eu consigo fazer o
SAE, mas se não, não dá. Se tivesse mais dois enfermeiros... Eu penso assim, é por causa do
serviço.”
S9 “Sim, no momento, para mim afeta, porque você tenta pelo menos seguir direitinho
a rotina do serviço e não consegue, porque a gente tem funcionários novos chegando e, além
do mais, dentro da UTI Neonatal com quatro crianças de alto risco, mas os recém nascidos
no médio risco, você não consegue fazer sistematização, fica difícil fazer sistematização.
Você só consegue se tiver mais uma enfermeira assistencial para te auxiliar. Você sozinha,
você não consegue fazer, aplicar a sistematização sozinha até é inviável, ainda mais com
recém nascido de alto risco.”
S11 “Afeta, a partir do momento que eu não consigo pôr em prática. Eu pelo menos valorizo,
eu acho que é uma coisa que você deveria fazer. Ela vai afetar o meu trabalho a partir do
momento, que eu acho que eu vou está mais satisfeita. Se eu fizer desta forma, a minha
satisfação com o meu trabalho vai estar melhor. A partir do momento que você tem um dia-a-
dia que não te deixa desenvolver este trabalho, e você não consegue chegar nele para você
realmente desenvolver.”
S13 “Pra dizer a verdade, acho que sim, porque eu perco muito tempo fazendo a SAE,
tudo que tem que fazer corretamente e muitas vezes a gente tem que a SAE e deixa de dar
uma assistência mais integral ao paciente.”
S16 “Afeta pelo fato de tomar o meu tempo, eu fico presa nisso, levo mais de 4 horas
para acabar, me envolvendo nisso aí. Eu venho, começo, tenho que parar para dar outro
tipo de atendimento, aí eu volto, perco o fio da meada, aí tenho que recomeçar, então perde
muito tempo, eu acho que é um desperdício, para a criança faz falta a gente não estar ali.
Tenho certeza que é uma perda de tempo isso aqui.”
S17 “Olha, aumenta um pouco o serviço, se tivesse aqui implantado iria afetar, pois,
fazer o histórico, evolução, prescrição de enfermagem tem que ter pessoal, tem que ter
enfermeiros, ter mais dois iria facilitar um pouco, mas que iria afetar um pouco, sim, afeta.”
S18 “Eu acredito que se você tiver condições, tempo para fazer o SAE, não tem coisa
melhor que eu possa imaginar para o paciente, agora, só que no serviço público não dá para
a gente ter esse tempo, porque a gente fica sobrecarregada, sem condições e sem chance de
dar esta assistência sistematizada.”
Assim, os Enfermeiros entrevistados consideram a influência da implementação da
SAE no desempenho de suas tarefas como algo que afeta, desfavoravelmente sua rotina,
porque muda a forma de desenvolver o serviço, criando mais atividades a serem
desenvolvidas pelos sujeitos. A implementação deste modelo de trabalho na enfermagem
exige um aparato de atividades burocráticas, como, por exemplo, preenchimento de
impressos, confecções de normas e rotinas, além de orientações quanto ao paciente, quanto à
própria equipe que visam à organização do serviço de enfermagem. Essas mudanças no
serviço de enfermagem exigem adequação de recursos humanos qualificados que favoreçam
a concretização das exigências profissionais estabelecidas pelo Sistema COFEN/CORENs,
mas estas nem sempre são cumpridas pelas Instituições de Saúde, explicando, assim, a
posição desfavorável manifestada pelos entrevistados.
A segunda subcategoria __ não afeta – reúne as opiniões aos Enfermeiros que não se
sentem, em suas atividades práticas, afetadas pela SAE. É fundamental explicitar, no entanto,
que esta subcategoria reúne dois grupos de sujeitos distintos: há sujeitos que relatam que a
SAE não afeta o desempenho do seu trabalho, porque na prestação do seu serviço já existe, de
uma certa forma, a incorporação da sistematização da atividade da enfermagem que, embora
limitada, é realizada, e há sujeitos que relatam nas entrevistas que não há influência da SAE
no desempenho de suas tarefas, porque não executam a implementação do modelo no seu
ambiente de trabalho; por esta razão, se não fazem, ainda não afeta. Isso pode ser evidenciado
pelas seguintes falas:
S3 “Não, como você está vendo, não é uma SAE completa que eu gostaria que fosse,
uma avaliação mais completa de acompanhar o paciente no dia-a-dia. Não está afetando,
até, mas é muito automático o que a gente faz aqui.”
S4 “Não. A sistematização não. Não existe razão para afetar não. Não afeta, porque o
meu trabalho tem a SAE incluído nele. A SAE faz parte do meu trabalho, então, se isso faz
parte do meu trabalho, é como um procedimento. Se eu sei fazer o procedimento, então eu
posso ter dificuldade em executá-lo rapidamente, mas eu sei como fazer. Então, não
considero que a sistematização afete o trabalho (...)”
S5 “Não. Eu acho que ela ajuda organizar. Eu acho que ela visa organizar a
assistência, ajuda a gente a cobrar(...)”
S6 “Não, pelo contrário, acho que vai melhorar bastante. A gente vai conhecer
melhor o paciente, vai poder tratar melhor. Como já te falei, não está fazendo ainda, mas
atrapalhar, de jeito nenhum.”
S8 “Não afeta. Ele melhora o trabalho, ele te deixa com mais condição de trabalhar,
com mais qualidade de trabalho.”
S10 “Não. Eu acho que em princípio a gente até acha que dificulta, porque parece
muito detalhe, porque você tem que ir atrás de muitos detalhes, mas eu acho que depois se
torna até mais fácil para você checar e verificar se está sendo feito, o retorno de trabalho é
bom, você acaba descobrindo outras coisas sobre o paciente e fica mais direcionado, acho, o
serviço.”
S12 “Não, pelo contrário, acho que é uma complementação e também uma
confirmação da sua participação, do desempenho do seu trabalho.”
S19 “Não afeta, geralmente se faz um check list, normalmente são xiszinhos, todo
mundo sabe fazer. Não afetaria, só melhoraria.”
No que refere a esta categoria de análise, pôde-se perceber que os sujeitos sofrem
influência desfavorável da implementação da sistematização no desempenho de suas tarefas.
A maioria dos entrevistados relata dificuldades em desenvolver a SAE e, apenas uma minoria
não se sente afetada, seja porque não a desenvolve, seja porque seu desenvolvimento já está
suficientemente incorporado à sua rotina.
Se cotejarmos as respostas consideradas para a configuração desta categoria àquelas
que compuseram a categoria relativa à opinião dos Enfermeiros sobre a SAE (item 3.2)
afigura-se um quadro bastante curioso: embora a maioria dos entrevistados seja favorável a
SAE, também é a maioria que sente os efeitos da SAE em sua rotina, efeitos estes, negativos.
Isso significa que mesmo sentindo que a SAE interfere negativamente na organização do seu
trabalho, os Enfermeiros não deixam de considerá-la um modelo adequado o que, em última
instância, reforça nossa análise de que a maioria dos entrevistados aprova a SAE enquanto
modelo para a sistematização do serviço de enfermagem. Podemos inferir, o que seria objeto
de estudo de novos trabalhos, mas pensamos que estes profissionais já são formados neste
modelo, ou seja, de certa forma, sem discriminar, incorporam o modelo. Pode-se aqui retomar
Heloani (2002) para argüir esta análise, quando o autor afirma que as formas de exercício do
poder sofisticam-se ainda mais e se voltam para obter a aceitação das regras ou normas das
empresas (o que equiparamos com os órgãos de formação profissional – academia- que
reproduz o mesmo modelo vigente de formar aquilo que a instituição ou organização de
trabalho deseja). Ainda segundo este mesmo autor, a dominação estará baseada muito mais na
introjeção dessas normas do que na repressão propriamente dita. A gestão dessa dimensão
psicológica de dominação caracteriza esta empresa neocapitalista. É neste contexto que estão
inseridos nossos sujeitos de pesquisa.
Todavia, também surgiu o conflito entre os profissionais que incorporam como a
tarefa deve ser feita (tarefa escrita), mas sabem que não fazem, como deveriam ser feito,
devido a vários fatores externos no ambiente de trabalho que dificultam e sobrecarregam as
suas atividades diariamente.
5º. QUANTO À OCORRÊNCIA DE SOFRIMENTO PSÍQUICO NA IMPLEMENTAÇÃO
DA SAE PELOS ENFERMEIROS ENTREVISTADOS
Esta quinta categoria de análise refere-se à “Ocorrência de sofrimento psíquico nos
Enfermeiros decorrente da implementação da SAE”, a qual derivou duas subcategorias: há
expressões diretas de sofrimento psíquico e não há expressões diretas de sofrimento psíquico.
A primeira subcategoria __ há expressões diretas de sofrimento psíquico – relaciona-
se a certas expressões presentes nas falas dos entrevistados, tais como: insatisfação, tristeza,
chateação, impotência, ansiedade, angústia, incômodo, irritação, resistência, frustração e
sensação de vazio. Isso pode ser evidenciado pelas seguintes falas:
S1 “De uma certa forma sim.(...) Não fico bem, porque a gente se sente longe do
papel de enfermagem, desde ir lá, de cuidar, verificar a nossa equipe, verificar o nosso
paciente, poder planejar a nossa assistência, poder ver se a assistência está de acordo,
supervisionar o trabalho. Então, não acontece. É muito triste. A gente se sente assim, a gente
não fez o trabalho(...)”
S2 “Isso me afeta. Isso me causa um pouco de ansiedade, porque eu tenho que fazer e
não consigo fazer. Seria assim querer fazer o melhor. Dedicar um tempo maior(... )”
S3 “Afeta nesta parte aí, que a gente fica insatisfeita, você fica achando que fica
faltando alguma coisa, que poderia ser melhor. Afeta. Não sei se é a consciência que você
não está fazendo o que deveria ser feito, a gente não tem aqui, que também deveria ser bom,
uma reavaliação, sabe? Uma reunião para reavaliar se é isso que tem que fazer, se não é.
Não era bem reavaliação que eu queria falar, era um aprimoramento, refazer cursos,
reprimorar. Nem sei se esta palavra existe mas é reprimorar.”
S5 “Eu, como uma enfermeira antiga, eu tenho uma certa resistência, porque a gente
está acostumada a supervisionar o auxiliar. A gente está acostumado, os enfermeiros mais
velhos, apesar da Faculdade ter começado a SAE, mas não era uma coisa obrigatória, enfim.
Mas as enfermeiras davam uma outra atenção. Então estas enfermeiras mais antigas, elas
têm uma certa resistência. Eu sinto uma certa resistência pra fazer a SAE. Eu cobro como
diretora de enfermagem. Eu faço, mas eu tenho uma certa resistência, porque justamente pela
falta de estrutura, porque se eu tivesse um corpo de enfermeiros adequado para este serviço,
você tem tempo de fazer a SAE, de supervisionar. Você fica para isso, para cuidar do
paciente mais grave, de fazer a técnica mais complicada. Mas hoje não, hoje a gente está
fazendo, puncionando uma veia. Então, não sobra tempo para você fazer a SAE
adequadamente, mesmo assim eu tenho uma certa resistência. “
S9 “Eu acho que a gente até fica frustrada, sente impotente de não conseguir aplicar
a sistematização conforme o COREN solicita pra gente(...) Eu não acho que seja ruim. Eu
acho um sentido bom, porque existe a empresa de contratar mais enfermeiros, porque o
enfermeiro não pode fazer tudo sozinho. Eu acho que tem que ter outro enfermeiro para
poder dar assistência e a própria sistematização ajuda a melhorar a parte assistencial,
melhora tudo, o tempo do desenvolvimento do auxiliar. E se você faz tudo, você não consegue
ver o que os auxiliares estão fazendo tecnicamente ou se o seu serviço está tendo um bom
desenvolvimento no seu trabalho. Sozinha você não consegue avaliar isso. Fica muito
difícil”.
S16 “Afeta, porque eu sei que estou perdendo tempo com isso, não estou dando
assistência adequada para as crianças, exatamente pelo tempo que eu perco, poderia estar
dando os cuidados.”
S20 “Sim, afeta sim. Aqui não faz e sinto que está faltando alguma coisa. Ha! Ha! Tem
que falar? Ha!Ha! Falta o registro daquilo que eu faço, parece que não existe. Eu faço o
cuidado, passo visita, faço exame físico, faço a ação, mas não há registros desses passos,
oriento os funcionários, falo com as mães. Fica faltando algo.”
As expressões diretas de sofrimento psíquico relatadas pelos Enfermeiros
entrevistados ligam-se a insatisfações profissionais. Estas insatisfações estão atreladas ao fato
de os Enfermeiros não poderem realizar a assistência direta ao paciente de forma integral,
impossibilitando a efetivação da SAE. Essa impossibilidade está interligada a uma questão
essencialmente administrativa, pois as Instituições de Saúde ainda sobrecarregam os
Enfermeiros com as funções administrativas, gerando condições que distanciam ainda mais o
profissional do cuidado direto proposto pela sistematização. A SAE vem justamente tentar
minimizar essa angústia, buscando aproximar a assistência do Enfermeiro do cuidado direto
ao cliente, paciente e familiares. No entanto, as instituições ainda não estão preparadas para
arcarem com toda a reestruturação de um melhor serviço de enfermagem, o que implicaria
contratação de recursos humanos qualificados para proporcionar dimensionamento de pessoal,
bem como aquisição de recursos materiais e tecnológicos.
A segunda subcategoria __ não há expressões diretas de sofrimento psíquico __
reúne um grupo de entrevistados, cujas falas demonstram, de modo geral, não haver
sofrimento psíquico relacionado à implementação da SAE. Embora nas falas de S10 e S17
sejam identificadas expressões de descontentamento, então, estão explicitamente relacionadas
a questões pontuais no desenvolvimento do trabalho. Isso pode ser evidenciado pelas
seguintes falas:
S4 “Não me afeta de jeito nenhum na condição do primeiro serviço. Mas afeta na
condição de é :: eu quero fazer e não tenho como fazer, isso aparece na condição do meu
segundo serviço. Isso me incomoda muito, porque eu identifico o problema e não consigo
chegar nele pra reconhecer e intervir(... )”
S6 “Também não, desde que tenha condições para poder cuidar dos pacientes e poder
fazer esse serviço numa boa.”
S7 “Não, não me afeta, eu me sinto bem. Eu não paro, eu converso com o paciente, eu
levanto dados e sei como ele passou durante o dia, tudo isso me ajuda. Eu me sinto bem
fazendo isso. Se aí tiver algum problema com o paciente, eu comunico ao médico e já é
resolvido o problema.”
S10 “Não. Mas volta naquilo lá, quando você não tem o tempo, aí fica difícil, às vezes
você fala, deixa para a colega, a colega faz, mas a colega também não faz, então, às vezes,
fica meio frustrante, porque você não consegue fazer de todos os pacientes e nem como
deveria ser feito. Mas não me afeta.”
S13“A mim, não, porque é um trabalho que eu gosto de fazer - exame físico - de fazer
diagnóstico de enfermagem, os cuidados e a prescrição, a mim, como enfermeira, não. Acho
sim que a gente perde tempo e o paciente, às vezes, fica sem assistência necessária. Eu fico
angustiada, às vezes, porque sou cobrada para fazer por lei, porque é uma responsabilidade
que a gente tem que fazer, é cobrado da gente, e como eu gosto de fazer as coisas certas, eu
deixava de fazer o SAE para com o paciente e parecia que ficava faltando alguma coisa que
eu não completei naquele dia.”
S14 “Eu não, não me afeta Ha! Ha! Eu continuo fazendo o meu trabalho, eu gosto
muito do que eu faço, eu acho que eu vou fazer bem, com ou sem a SAE. Isso não afeta a mim
não, nem como profissional, nem como pessoa.”
S15 “Não”.
S17 “Não, a SAE no início é difícil, mas depois torna uma rotina, você vai conseguir
fazer as etapa, com tempo você vai aceitando mais, se adaptando e torna até mais fácil
mesmo. Me afeta, em parte, devido à sobrecarga de serviço que tenho e a SAE é para dar
uma atenção especial e tal, e você tem que estar ali, fazer prescrição, evolução e você tem um
pouco de tempo. Pra isso tem que ter pessoal.”
Vale ressaltar que os entrevistados (exceção a S6 que realiza a SAE parcialmente) que
não expressaram, em suas falas, manifestações de sofrimento psíquico são aqueles
Enfermeiros que trabalham nos setores que não implementaram a SAE, a saber: centro
obstétrico e maternidade.
A expressão destes profissionais sobre esta nova sistematização nos remete a Dejours
(1993) quando o autor analisa o sofrimento do homem no trabalho dado à própria
automatização deste; assim como a SAE trouxe ao serviço de enfermagem. Mesmo com a
tentativa de “melhorar o serviço” a SAE, ou como fora implantada trouxe outrossim,
sofrimento ao trabalhador da saúde. Também lembramos Dejours (1993) quando argumenta
sobre o contrário do sofrimento, ou seja, bem estar psíquico. Este bem-estar provém de um
livre funcionamento entre o conteúdo da tarefa prescrita com a tarefa real. Assim, se o
trabalho na área de enfermagem favorecer este livre funcionamento entre as duas tarefas, ele
será fator de equilíbrio para o profissional no seu ambiente de trabalho; se ele opuser a este
funcionamento, conseqüentemente será fator de desequilíbrio gerando sofrimento e doença.
Em outras palavras, segundo Dejours (2004), um sofrimento que se sobrepõe ao
sofrimento intrapsíquico, no pior dos casos, é duplamente ressentido e não deixa ao operário
senão um pequeno espaço de negociação; corresponde, assim, àquele que separa a
organização prescrita do trabalho da organização real.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Da experiência profissional da pesquisadora foi extraído o ponto principal deste
estudo, em torno do qual esta investigação foi constituída: para compreender o significado da
Sistematização da Assistência de Enfermagem na organização do trabalho do enfermeiro à luz
das novas modulações do capitalismo; investigar a opinião do Enfermeiro sobre a
Sistematização da Assistência de Enfermagem; verificar os efeitos da Sistematização da
Assistência de Enfermagem na organização do trabalho do enfermeiro; e descrever a
associação entre a Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem e o
sofrimento psíquico no Enfermeiro.
Nesta pesquisa, o significado da SAE na organização do trabalho do Enfermeiro à luz
das novas modulações do capitalismo como objetivo geral da investigação, permite uma
reflexão sobre como o serviço de enfermagem sofre influência referentes às mudanças sócio-
político-econômicas demonstradas nos seus caminhos históricos, desde o início com o
surgimento da área profissional, com uma realidade taylorista e hoje apresenta uma
reestruturação na organização do trabalho do serviço de enfermagem, equivalentes ao
toyotismo com profissionais polivalentes, que acumulam conhecimentos multiprofissionais e
executam suas atividades profissionais muito mais qualificadas do que antes.
Refletindo um pouco sobre os objetivos específicos desta investigação:
A opinião dos Enfermeiros é a de que a SAE é um modelo de trabalho favorável à
organização do serviço de enfermagem, funcionando como instrumento facilitador para
promover a qualidade no atendimento. Os Enfermeiros opinam ainda sobre a
operacionalização da sistematização do serviço de enfermagem e declaram que esta vê-se
comprometida em função de condições desfavoráveis presentes na realidade do trabalho.
Os efeitos da SAE na organização do trabalho dos Enfermeiros entrevistados foram
pontuados através da influência que a implementação da SAE provocou no desempenho das
tarefas realizadas pelos sujeitos. Há afetação quando os sujeitos têm consciência da
importância do modelo de controle, mas vivenciam uma realidade de trabalho conflituosa, em
que a implementação do modelo é exigida dentro de uma condição de trabalho limitada, com
falta de recursos organizacionais, o que aumenta a quantidade de trabalho a ser realizado. Não
há afetação quando os sujeitos não têm conhecimento desta realidade de trabalho, porque não
a realizam.
A associação entre a implementação da SAE e o sofrimento psíquico aos sujeitos
entrevistados, o que pôde ser percebido por meio de expressões diretas de insatisfação,
tristeza, chateação, impotência, ansiedade, angústia, incômodo, irritação, resistência,
frustração e sensação de vazio. Os relatos feitos pelos profissionais ressaltam a
impossibilidade em desenvolver a sistematização no seu ambiente de trabalho, o que justifica
as expressões de sofrimento encontradas. Apenas não há expressões diretas de sofrimento
psíquico quando os sujeitos relatam em seus depoimentos que não têm condições de trabalho
para aplicar a SAE, nas empresas de saúde. Esses profissionais se sentem incapacitados em
desenvolver a SAE, porque a instituição de saúde em que trabalham não consegue reestruturar
o serviço de enfermagem, de acordo com as novas exigências profissionais, talvez devido aos
custos associados a essa reorganização. Assim, como não realizam a SAE, não há sofrimento.
Dos dados levantados e analisados depreende-se, então, que a afetação e o sofrimento
psíquico incidem diretamente naquelas instituições de saúde que exigem a Implementação da
SAE, mas, ao mesmo tempo, não disponibilizam os recursos necessários à sua execução. Esta
situação é exemplar da discrepância entre as chamadas organização prescrita e organização
real do trabalho (Dejours,2004).
O que é previsto/prescrito pela SAE institui, na prática diária dos Enfermeiros, uma
contradição, uma vez que eles não dispõem das condições efetivas para a realização do
processo de enfermagem na sua totalidade/integralidade.
A introjeção de um conjunto de normas e regras, mostra-se evidente, pois os
enfermeiros não implementam a SAE por falta de recursos, mas sim pela dificuldade em
executar a tarefa prescrita com a tarefa real, na organização do serviço de enfermagem
através do modelo de trabalho atual. Estes profissionais se sentem responsáveis por isso e
consequentemente, sofrem, contribuindo para que o sistema pareça organizado e efetivo.
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ANEXO B – RESOLUÇÃO COFEN 189 Resolução COFEN-189 Estabelece parâmetros para Dimensionamento do Quatro de Profissionais de Enfermagem nas instituições de saúde O Conselho Federal de Enfermagem, no uso da competência que lhe confere o Art. 8º, inciso IV e XIII, da Lei nº 5.905, de 12 de julho de 1973, tendo em vista o disposto no Art. 16, incisos XI e XIII e Art. 28, inciso II de seu Regimento, e cumprindo deliberação do Plenário em sua 241ª Reunião Ordinária, bem como o que mais consta do PAD-COFEN-51/94; Considerando inexistir matéria regulamentando a relação profissionais/leitos; Considerando haver vacância na lei sobre a matéria; Considerando os Seminários Nacionais e Oficinas de Trabalhos coordenados e organizados pelo Sistema COFEN/CORENs, contando com segmentos representativos da Enfermagem; Considerando que o caráter disciplinador e fiscalizador dos Conselhos de Enfermagem sobre o exercício das atividades nos Serviços de Enfermagem do país, aplica-se também, aos quantitativos de profissionais de Enfermagem, por leito, nas instituições de saúde; Considerando que, para garantir a segurança e a qualidade da assistência ao cliente, o quadro de profissionais de Enfermagem, pela continuidade ininterrupta, e a diversidade de atuação depende, para seu dimensionamento, de parâmetros específicos; Considerando os avanços tecnológicos e a complexidade dos cuidados ao cliente, quanto às necessidades físicas, psicossomáticas, terapêuticas, ambientais e de reabilitação; Considerando que compete ao Enfermeiro estabelecer o quadro quantiqualitativo de profissionais, necessário para a prestação da Assistência de Enfermagem, Resolve: Art. 1º - As instituições de saúde do país deverão levar em conta, para o quantitativo mínimo dos diferentes níveis de formação dos profissionais de Enfermagem, o estabelecido na presente Resolução. Art. 2º - O dimensionamento do quadro de profissionais de Enfermagem deverá basear-se em características relativas I - à instituição/empresa: - missão;
- porte; - estrutura organizacional e física; - tipos de serviços e/ou programas; - tecnologia e complexidade dos serviços e/ou programas; - política de pessoal, de recursos materiais e financeiros; - atribuições e competências dos integrantes dos diferentes serviços e/ou programas; - indicadores hospitalares do Ministério da Saúde. II - ao serviço de Enfermagem: - fundamentação legal do exercício profissional, (Lei nº 7.498/86; Decreto nº 94.406/87); - Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem e as Resoluções COFEN e Decisões dos CORENs. - Técnico- Administrativa: • Dinâmica das Unidades nos diferentes turnos. • Modelo Gerencial. • Modelo Assistencial. • Métodos de Trabalho. • Jornada de Trabalho. • Carga Horária Semanal. • Níveis de Formação dos Profissionais. • Padrões de Desempenho dos Profissionais. - Índice de Segurança Técnica (IST) não inferior a 30%. - Índice da proporção de profissionais de Enfermagem de nível superior e de nível médio. - Indicadores de avaliação da qualidade da assistência, com vista à adequação quanti/qualitativa do quadro de profissionais de Enfermagem. III - A clientela: - Sistema de Classificação de Pacientes (SCP); - realidade sociocultural e econômica. Art. 3º - O referencial mínimo para o quadro de profissionais de Enfermagem, incluindo todos os elementos que compõem a equipe, referido no Art. 2º da Lei nº 7.498/86, para as 24 horas de cada Unidade de Serviço, considerou o sistema de classificação de pacientes (SCP), as horas de assistência de Enfermagem, os turnos e a proporção funcionário/leito. Art. 4º - Para efeito de cálculo, devem ser consideradas como horas de Enfermagem, por leito, nas 24 horas: - 3,0 horas de Enfermagem, por cliente, na assistência mínima ou autocuidado: - 4,9 horas de Enfermagem, por cliente, na assistência intermediária; - 8,5 horas de Enfermagem , por cliente, na assistência semi-intensiva; - 15,4 horas de Enfermagem, por cliente na assistência intensiva. § 1º - Tais quantitativos devem adequar-se aos elementos contidos no Art. 2º desta Resolução. § 2º - O quantitativo de profissionais estabelecido deverá ser acrescido do Índice de Segurança Técnica (IST) não inferior a 30% do total. § 3º - Para áreas, como Centro Cirúrgico ou outras, onde as horas de assistência de Enfermagem não são calculadas por leito, o dimensionamento será objeto de Resolução complementar. § 4º - O quantitativo de Enfermeiros para o exercício de atividades gerenciais, educação continuada e missões permanentes, deverá ser dimensionado de acordo com a estrutura da organização/empresa. § 5º - Para efeito de cálculo deverá ser observada a cláusula contratual quanto à carga horária. Art. 5º - A distribuição percentual, do total de profissionais de Enfermagem, deverá observar as seguintes proporções, observando o Sistema de Classificação de Pacientes (SCP): 1 - Para assistência mínima e intermediária, 27% de Enfermeiros (mínimo de seis) e 73% de Técnicos e Auxiliares de Enfermagem. 2 - Para assistência semi-intensiva, 40% de Enfermeiros e 60% de Técnicos e Auxiliares de Enfermagem. 3 - Para assistência intensiva, 55,6% de Enfermeiros e 44,4% de Técnicos de Enfermagem. Art. 6º - Cabe aos Enfermeiros, classificar os clientes para fins de assistência de Enfermagem, segundo o SCP (Sistema de Classificação de Pacientes): mínima ou autocuidado, intermediária, semi-intensiva e intensiva. Art. 7º - O Atendente de Enfermagem não foi incluído na presente Resolução, por executar atividades elementares de Enfermagem não ligadas à assistência direta ao paciente, conforme disposto da Resolução COFEN nº 186/95. Art. 8º - O disposto nesta Resolução aplica-se a todas as instituições de saúde.
Art. 9º - Estes parâmetros aplicam-se no que couber a outras instituições. Art. 10 - As expressões e cálculos estão explicitados nos anexos que acompanham a presente Resolução. Art. 11 - A presente Resolução entrará em vigor na data de sua publicação. Art. 12 - Ficam revogadas as disposições em contrário. Rio de Janeiro, 25 de março de 1996. Ruth Miranda de C. Leifert COREN-SP nº 1.104 Primeira-secretária Gilberto Linhares Teixeira COREN-RJ nº 2.380 Presidente Anexo 1 Notas explicativas: A - Os cálculos para sete dias da semana devem ser realizados para os turnos da manhã (M), tarde (T) e noite (N), sendo seis horas para os períodos da manhã e tarde e doze horas para o noturno. B - O número previsto para o serviço noturno deve ser duplicado para escala de 12/36h. C - para efeito de cálculo, classificar o pessoal de nível superior e médio, devendo o de nível médio ser dividido em Técnico e Auxiliar de Enfermagem, a critério da instituição, pela demanda e oferta de mão-de-obra existente, obedecendo ao percentual estabelecido. Na assistência intensiva utilizar o Técnico de Enfermagem. D - Ao total, apresentado no modelo acima, deverá ser acrescido 30% como Índice de Segurança Técnica (IST). E - Está previsto 01 (um) Enfermeiro para atividades administrativas, com 08 (oito) horas de trabalho. F - A carga horária para efeito deste cálculo será de 36 horas semanais, para atividade assistencial e 40 horas semanais para atividades administrativas, e adaptada à carga horária estabelecida nos respectivos contratos de trabalho dos profissionais de Enfermagem.
ANEXO C – DECISÃO COREN-SP 008/1999 DECISÃO COREN-SP/DIR/008/1999 "Normatiza a Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE - nas Instituições de Saúde, no âmbito do Estado de São Paulo." O Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo, no uso de suas atribuições a que alude a Lei 5905/73 e a Lei 7498 de 25 de junho de 1986, e tendo em vista deliberação do Plenário em sua 485ª reunião ordinária, realizada em 19 de outubro de 1999, e ainda, Considerando a Constituição Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de 1988
nos artigos 5o, XIII e 197; Considerando os preceitos da Lei no. 7498 de 25 de junho de 1986, e o Decreto Lei no. 94406 de 08 de junho de 1987, no artigo 8o., I, alíneas c, e, f ; Considerando o contido no Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, nos termos que dispõe a Resolução COFEN-160/93; Considerando que a Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE - sendo atividade privativa do Enfermeiro, utiliza método e estratégia de trabalho científico para a identificação das situações de saúde/doença, subsidiando a prescrição e implementação de ações de Assistência de Enfermagem que possam contribuir para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação em saúde do indivíduo, família e comunidade; Considerando a institucionalização do SAE como a prática de um processo de trabalho adequado às necessidades da comunidade e como modelo assistencial a ser aplicado em todas as áreas de assistência à saúde pelo Enfermeiro; Considerando que a implementação do SAE constitui, efetivamente, na melhoria da qualidade da Assistência de Enfermagem; Decide: Artigo 1o. Ao Enfermeiro incumbe: I- privativamente A implantação, planejamento, organização, execução e avaliação do processo de enfermagem, que compreende as seguintes etapas: Consulta de Enfermagem Compreende o histórico ( entrevista ), exame físico, diagnóstico, prescrição e evolução de enfermagem.Para a implantação da assistência de enfermagem ,devem ser considerados os aspectos essenciais em cada uma das etapas, conforme descriminados a seguir: Histórico Conhecer hábitos individuais e biopsicosociais visando a adaptação do paciente a unidade e ao tratamento , assim como a identificação de problemas. Exame Físico O enfermeiro deverá realizar as seguintes técnicas: inspeção, ausculta, palpação e percussão, de forma criteriosa, efetuando o levantamento de dados sobre o estado de saúde do paciente e anotação das anormalidades encontradas para validar as informações obtidas no histórico. Diagnóstico de Enfermagem O enfermeiro após ter analisado os dados colhidos no histórico e exame físico, identificará os problemas de enfermagem , as necessidades básicas afetadas, grau de dependência e fará um julgamento clínico sobre as respostas do indivíduo, da família e comunidade aos problemas/processos de vida vigentes ou potenciais. Prescrição de Enfermagem A prescrição de enfermagem é o conjunto de medidas decididas pelo enfermeiro, que direciona e coordena a assistência de enfermagem ao paciente de forma individualizada e contínua., objetivando a prevenção, promoção, proteção, recuperação e manutenção da saúde. Evolução de Enfermagem É o registro feito pelo enfermeiro após a avaliação do estado geral do paciente. Desse registro devem constar os problemas novos identificados, um resumo sucinto dos resultados dos cuidados prescritos e os problemas a serem abordados nas 24 horas subsequentes. Artigo 2o. A implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE - torna-se obrigatória em toda Instituição de Saúde, pública e privada, como Hospital, Casa de Saúde, Asilo, Casa de Repouso, Unidade de Saúde Pública, Clínicas e Ambulatórios, Assistência Domiciliar (Home-
Care); Artigo 3o. A implementação do SAE, considerando-se a necessidade de ocorrer, préviamente, a organização dos Serviços de Enfermagem, obedecerá aos seguintes prazos a seguir:
Até 30.07.2000 : a todos os pacientes considerados graves/críticos e de UTI (adulto, infantil e neo-natal) e um mínimo percentual de 10 à 20 % a ser determinado pelo Enfermeiro, nos casos de Assistência Domiciliar - Home Care - e Ambulatórios, considerando-se a incidência epidemiológica e ou cadastro epidemiológico associado aos níveis de riscos envolvidos;
Até 30.07.2001 :a todos os pacientes internados ou assistidos (casos de Ambulatórios, Assistência Domiciliar - Home Care - )
Artigo 4o. A implementação do SAE nas Unidades de Saúde Pública deverá obedecer aos seguintes prazos a seguir:
Até 30.07.2000 : ao paciente portador de Doença crônico-degenerativa, Doença transmissível sexual ou não, Gestantes de risco, e aos enquadrados dentro do programa de imunização, em todos os postos de saúde, dentro de um percentual de 10 à 20 % a ser determinado pelo Enfermeiro, considerando-se a incidência epidemiológica e ou cadastro epidemiológico associado aos níveis de riscos envolvidos; Até 30.07.2001 : a todo o paciente portador de Doença crônico-degenerativa,
Doença transmissível sexual ou não, Gestantes de risco, e aos enquadrados dentro do programa de imunização, em todos os postos de saúde;
Artigo 5o. A implementação do SAE deverá ser registrada formalmente no prontuário do paciente/cliente, devendo ser composta por:
• Histórico de Enfermagem • Exame Físico • Prescrição da Assistência de Enfermagem • Evolução da Assistência de Enfermagem • Relatório de Enfermagem
Parágrafo único: nos casos de Assistência Domiciliar - Home Care - , este prontuário deverá permanecer junto ao paciente/ cliente assistido, de acordo com o disposto no Código de Defesa do Consumidor Artigo 6o. Os casos omissos no presente ato decisório serão resolvidos pelo COREN-SP. Artigo 7o. A presente decisão entrará em vigor após homologação pelo COFEN e devida publicação no órgão de Imprensa Oficial do Conselho.São Paulo, 19 de outubro de 1999. AKIKO KANAZAWA FUZISAKO PRIMEIRA SECRETÁRIA RUTH MIRANDA DE CAMARGO LEIFERT PRESIDENTE Decisão homologada pelo Conselho Federal de Enfermagem através da Decisão COFEN nº 001/2000 de 04 de janeiro de 2000.
ANEXO D – RESOLUÇÃO COFEN 272/2002 Resolução COFEN-272/2002. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE - nas Instituições de Saúde Brasileiras. O Conselho Federal de Enfermagem - COFEN, no uso de suas atribuições legais e regimentais; CONSIDERANDO a Constituição Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de 1998 nos artigos 5º, XII e 197; CONSIDERANDO a Lei nº 7.498/86 c.c. o Decreto nº 94.406/86, respectivamente no artigo 11, alíneas "c", "i" e "j" e artigo 8º, alíneas "c", "e" e "f"; CONSIDERANDO o contido no Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, aprovado pela Resolução COFEN 240/2000; CONSIDERANDO o disposto nas Resoluções-COFEN nºs 195/1997, 267/2001 e 271/2002; CONSIDERANDO que a Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE, sendo atividade privativa do enfermeiro, utiliza método e estratégia de trabalho científico para a identificação das situações de saúde/doença, subsidiando ações de assistência de Enfermagem que possam contribuir para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, família e comunidade; CONSIDERANDO a institucionalização da SAE como prática de um processo de trabalho adequado às necessidades da comunidade e como modelo assistencial a ser aplicado em todas as áreas de assitência à saúde pelo enfermeiro; CONSIDERANDO que a implementação da SAE constitui, efetivamente, melhora na qualidade da Assistência de Enfermagem;
CONSIDERANDO os estudos elaborados pela CTA/COFEN, nos autos do PAD-COFEN Nº 48/97; RESOLVE: Art. 1º - Ao Enfermeiro incumbe: I - Privativamente: A implantação, planejamento, organização, execução e avaliação do processo de enfermagem, que compreende as seguintes etapas: Consulta de Enfermagem Compreende o histórico (entrevista), exame físico, diagnóstico, prescrição e evolução de enfermagem. Para a implementação da assistência de enfermagem, devem ser considerados os aspectos essenciais em cada uma das etapas, conforme descriminados a seguir: Histórico: Conhecer hábitos individuais e biopsicossociais visando a adaptação do paciente à unidade de tratamento, assim como a identificação de problemas. Exame Físico: O Enfermeiro deverá realizar as seguintes técnicas: inspeção, ausculta, palpação e percussão, de forma criteriosa, efetuando o levantamento de dados sobre o estado de saúde do paciente e anotação das anormalidades encontradas para validar as informações obtidas no histórico. Diagnóstico de Enfermagem: O Enfermeiro após ter analisado os dados colhidos no histórico e exame físico, identificará os problemas de enfermagem, as necessidades básicas afetadas e grau de dependência, fazendo julgamento clínico sobre as respostas do indíviduo, da família e comunidade, aos problemas, processos de vida vigentes ou potenciais. Prescrição de Enfermagem: É o conjunto de medidas decididas pelo Enfermeiro, que direciona e coordena a assistência de Enfermagem ao paciente de forma individualizada e contínua, objetivando a prevenção, promoção, proteção, recuperação e manutenção da saúde. Evolução de Enfermagem: É o registro feito pelo Enfermeiro após a avaliação do estado geral do paciente. Desse registro constam os problemas novos identificados, um resumo sucinto dos resultados dos cuidados prescritos e os problemas a serem abordados nas 24 horas subsequentes. Artigo 2º - A implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE - deve ocorrer em toda instituição da saúde, pública e privada. Artigo 3º - A Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE deverá ser registrada formalmente no prontuário do paciente/cliente/usuário, devendo ser composta por: -Histórico de enfermagem. -Exame Físico. -Diagnóstico de Enfermagem. -Prescrição da Assistência de Enfermagem. -Evolução da Assitência de Enfermagem. -Relatório de Enfermagem. Parágrafo único: Nos casos de Assistência Domiciliar - HOME CARE - este prontuário deverá permanecer junto ao paciente/cliente/usuário assistido, objetivando otimizar o andamento do processo, bem como atender o disposto no Código de Defesa do Consumidor. Artigo 4º - Os CORENS, em suas respectivas jurisdições, deverão promover encontros, seminários, eventos, para subsidiar técnica e cientificamente os profissionais de Enfermagem, na implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE; Artigo 5º - É de responsabilidade dos CORENS, em suas respectivas jurisdições, zelar pelo cumprimento desta norma. Artigo 6º - Os casos omissos, serão resolvidos pelo COFEN. Artigo 7º - A presente resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogando disposições em contrário. Rio de Janeiro, 27 de agosto de 2002.
GILBERTO LINHARES TEIXEIRA COREN-RJ Nº 2.380
PRESIDENTE
CARMEM DE ALMEIDA DA SILVA COREN-SP Nº 2.254
PRIMEIRA SECRETÁRIA
ANEXO E -TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
FACULDADE DE PSICOLOGIA E FONOAUDIOLOGIA
Eu,__________________________________________________________________
consinto em particular do estudo “Efeitos da Implementação da Sistematização da Assistência
de Enfermagem nos Enfermeiros de uma Instituição Pública.” que tem como objetivo
investigar a opinião do enfermeiro sobre a SAE, verificar os efeitos da SAE na organização
do trabalho do enfermeiro, e identificar se a Implementação da SAE causa sofrimento
psíquico nesses profissionais. Fui informado(a) que será utilizado para a coleta de dados
informações para caracterização do sujeito e dados de identificação profissional. Este estudo
tem caráter acadêmico e será coordenado por Drª Laura Belluzzo de Campos Silva Prof(a) da
Universidade Metodista de São Paulo. Declaro, ainda, ter compreendido que não sofrerei
nenhum tipo de prejuízo de ordem psicológica ou física e que minha privacidade será
preservada. Concordo que os dados sejam publicados para fins acadêmicos ou científicos,
desde que seja mantido o sigilo sobre a minha participação. Estou também ciente de que
poderei, a qualquer momento, comunicar minha desistência em participar do estudo.
__________________________________________________________________________
(Local e data)
_____________________________________________
Assinatura do participante da pesquisa.
Documento de Identificação:______________________
______________________________________________
Assinatura do coordenador da pesquisa.
ANEXO F - ROTEIRO DE ENTREVISTA
1.CARACTERÍSTICA DO SUJEITO
1.1- Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
1.2- Idade -----------------------------------------
1.3- Estado civil ---------------------------------
1.4- Nº de filhos---------------------------------
1.5- Tempo de formação profissional:-------
2. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO PROFISSIONAL
2.1- Área de atuação na instituição:
2.2- Tempo em que trabalha nesta instituição:
2.3 - Carga horária de trabalho:
2.4 - Tem outro vínculo empregatício:
3. INFLUÊNCIA DA SAE NO SUJEITO
3.1- Você conhece a SAE?
3.2- O que você acha da SAE?
3.3- Como você desenvolve a SAE no seu período de trabalho?
3.4- Você acha que a SAE afeta o seu trabalho?
3.5- Você acha que a SAE afeta você?
ANEXO G – TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS
SUJEITO I
1. SEXO? Feminino 2. IDADE? 32 anos 3. ESTADO CIVIL? Casada 4. NÚMERO DE FILHOS? 2 filhos 5. TEMPO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL? 10 anos 6. ÁREA DE ATUAÇÃO NA INSTITUIÇÃO? Pronto Socorro 7. TEMPO EM QUE TRABALHA NESTA INSTITUIÇÃO? 5 anos 8. TEM OUTRO VÍNCULO? Sim. Docente EPE 9. VOCÊ CONHECE A SAE? Conheço 10. O QUE VOCÊ ACHA DA SAE?
Eu acho que ajuda a gente a organizar o nosso serviço, o serviço de enfermagem, o cuidado de enfermagem, o que o paciente precisa, poder programar como a gente vai fazer isso. Então acho importante a gente conseguir fazer, facilita o nosso trabalho. Mas no momento isso é uma obrigação, eu acho que a gente tem que cumprir, e a gente se sente não cumprindo uma parte do nosso dever.
Bom, acho que é importante para a gente fazer. Acho que ainda a gente, enfermeiros, como eu posso explicar. A partir do momento que você percebe a importância, eu acho que a gente consegue adaptar para o nosso dia-a-dia. Então é assim, eu sinto muita dificuldade em aplicar no dia-a-dia, como uma coisa normal, uma coisa fácil, uma coisa simples. Porque falta é exatamente isso, é fixar que realmente ajuda, que realmente é importante e é para poder aplicar. E isso é realmente difícil de aplicar. A maior dificuldade que tenho ainda é no ambiente de trabalho em poder aplicar.
Na faculdade quando eu me formei, ainda era uma coisa assim, na faculdade a gente aprendeu, a gente viu, mas não era como está hoje. Então, quando eu saí foi mais difícil de entender o processo como um todo, como era realmente a SAE. O que é? Para que serve? Então saber assim o que era, mais exatamente na prática, como aplicar na prática, isso foi difícil. Logo quando saí, trabalhei numa maternidade que não tinha o processo e naquela época eu não saberia relacionar, como colocar, como fazer. Mas hoje pelo conhecimento já tenho condições. 11. COMO VOCÊ DESENVOLVE A SAE NO SEU PERÍODO DE TRABALHO? No momento realmente não está ocorrendo, no setor que eu trabalho, na unidade em que eu, enfermeira não estou cumprindo com esta obrigação de realmente fazer. Por estas questões já comentadas . A gente está no momento onde a prioridade são outras tarefas administrativas, mais administrativas, mais educacionais. A gente está no momento mais de formação de equipe de enfermagem, do que propriamente assim, do enfermeiro cumprir o seu papel assistencial mesmo. Muitas vezes me sinto mais enfermeira administrativa do que uma enfermeira assistencial. Esta é a minha maior dificuldade. Bom é assim. É difícil! Em condições normais deveria acontecer no decorrer da avaliação, no passar da visita a cada paciente já detectar os problemas, já ver a equipe, já ver as orientações que a gente precisa passar. Deveria ser normalmente assim. Eu acredito que deveria ser na metade do tempo do plantão, independente do plantão ser doze ou seis horas, mais assim na metade do tempo do plantão. Mas hoje eu tenho dificuldade para colocar no meu trabalho, no meu dia a dia. Tem algumas coisas, alguns momentos em que simplesmente a gente não consegue efetivar, fazer mesmo, aplicar mesmo na prática. Sei que precisa fazer, sinto falta. Pelo dia-a-dia por acabar atribulando outra atividade, ele acaba sendo uma coisa
difícil de acontecer, de ser uma prática da mesma forma de fazer escala, checar material. Mais ainda não é assim! Não é assim porque o enfermeiro acaba absorvendo tantas atividades, tantas outras coisas que acabam dificultando o fazer da prática de enfermagem mesmo. De repente eu me vejo assim resolvendo problema de outra natureza. Problemas por exemplo de construção, em adequar o ambiente de trabalho no meio de uma reforma, então eu tenho que parar para falar que aquela porta está no lugar errado, abrir uma janela, que tem uma parede no lugar errado, abrir muro. Eu acho que a gente leva isso muito no dia-a-dia, trazendo outras coisas, outros problemas e a nossa parte de enfermagem acaba ficando mais difícil dessa forma. 12.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA O SEU TRABALHO? De uma certa forma, sim, porque no momento não realizamos. Não fico bem, porque a gente se sente longe do papel de enfermagem, desde ir lá, de cuidar, verificar a nossa equipe, verificar o nosso paciente, poder planejar a nossa assistência, poder ver se a assistência está de acordo, supervisionar o trabalho. Então, não acontece. É muito triste. A gente se sente assim, a gente não fez o trabalho Tenho um desejo que seria que a gente conseguisse ter o profissional certo para cada tipo de serviço. Por exemplo: o enfermeiro fique com a parte de enfermagem mesmo, não ter que parar de fazer o meu trabalho para ver outra coisa; e trabalhar com pessoas que tivesse o mesmo objetivo que, de repente, não puxasse pra si também tantas coisas de outras áreas. Se você tem uma equipe que você pode dividir as tarefas, mas se você não pensa igual essa equipe, ou a equipe está fora ou você está fora do padrão. Às vezes eu me sinto assim. Gostaria de trabalhar assim, num lugar que eu me sentisse mais padrão, no momento não me sinto. 13. VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA VOCÊ? De uma certa forma sim. Acho que o COREN poderia junto com as Instituições, ouvindo os profissionais, tentar ver se não está ocorrendo a SAE, saber o porquê? Acho que a falha está na visão da instituição que tem do profissional enfermeiro que de repende exige tanto outras coisas e não oferece condições adequadas para fazer. Aí falta maturidade do enfermeiro, aí eu me incluo, de repente parar e falar CHEGA! Desse jeito não dá. A gente não vai conseguir fazer, a gente não consegue trabalhar dessa forma, a gente não tem esta maturidade. Realmente se cobra e se acha que deveria fazer sim a qualquer custo sim. E na realidade não é isso. Na realidade é as condições mesmo como um todo.
SUJEITO II 1.SEXO? Feminino 2.IDADE? 43 anos 3.ESTADO CIVIL? solteira 4.NÚMERO DE FILHOS? 1 filhos 5.TEMPO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL? 19 anos 6.ÁREA DE ATUAÇÃO NA INSTITUIÇÃO? Unidade terapia intensiva adulto 7.TEMPO EM QUE TRABALHA NESTA INSTITUIÇÃO? 13 anos 8.TEM OUTRO VINCULO? Não 9.VOCÊ CONHECE A SAE? Conheço 10. O QUE VOCÊ ACHA DA SAE? Eu acho que o SAE é um instrumento que veio direcionar melhor a enfermagem dentro da visão de atendimento, prestação de serviço ao cliente. É importante sim. 11.COMO VOCÊ DESENVOLVE A SAE NO SEU PERÍODO DE TRABALHO? Eu creio que se houvesse um pouco mais de divisão de tarefas, alguns enfermeiros a mais dentro do setor, facilitaria muito. Porque hoje o enfermeiro, mesmo respondendo, no caso, como eu que respondo pela coordenação da UTI, eu sou enfermeiro de cabeceira, o enfermeiro assistencial, enfermeiro de supervisão, o enfermeiro de coordenação tudo em uma única pessoa e, ao mesmo tempo, com toda esta responsabilidade, tenho que está orientando todo grupo, de está acompanhando todo desenvolvimento da equipe na parte da UTI, e conseqüentemente tudo isso tenho que priorizar. É o paciente na verdade que tenho que priorizar. Depois desta parte do meu paciente, tem a burocrática que daria o retorno ao paciente. Mas isso é sempre segundo ou terceiro plano. Então, tudo isso é complicador, porque eu não tenho tempo hábil e, por outro lado, os enfermeiros que atuam não se comprometem tanto. A SAE hoje na UTI é realizado com muita resistência. Por outro lado não é um complemento maior, ele é muito pouco pelo muito que se pode fazer. Mas com isso já demos os primeiros passos, estamos chegando, falta pouco, é só chegar duas ou três enfermeiras que tudo vai se acalmar. Com certeza este SAE vai sair.
Sou otimista, espero que este quadro mude, mude um pouco e que realmente possamos trabalhar com o que é normatizado pelo SAE, e que se pede para que seja feito, para que haja comprometimento dos enfermeiros. Saia um pouco só do olhar do grupo, em que veja a UTI como um todo. E que principalmente veja o paciente que entra na UTI, que deva ser melhor visto. E que toda e qualquer tipo de ação que seja tomada para nós passa a ser vital, sendo vital todo funcionário que for trabalhar com esse paciente vai ter um entendimento maior, porque se não, qual a razão dele estar ali? Não só para o paciente, quanto para os familiares, puxando um pouco da parte de humanização. Todo um grupo e toda parte de atenção à família. 12.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA O SEU TRABALHO? Bem, quanto à questão a afetar o meu trabalho. O SAE dentro da UTI é encarado como prioridade. Todos os pacientes que entram na UTI a gente já está fazendo o que o COREN coloca, cuidar do paciente, colher todos os exames, faz anamnese, prescrições, evoluções. Em primeiro momento até é feito, o enfermeiro está sempre presente neste primeiro momento, faz a evolução e prescrição, traça as diretrizes para este paciente. Depois para as prescrições do dia isso passa não ser mais prioridade por vários fatores, pois o enfermeiro é responsável por vários cuidados a todos os pacientes e toda aquela parte burocrática que nos é colocada. Você até realiza o SAE, mas não como prioridade, como deveria ser feito, ele passa a não ser mais prioridade. Há outras atividades que tornam a ser prioridades. Tem toda uma questão: por mais que você tente dimensionar ou direcionar, você tem de ter tempo para pensar, você volta ao leito para estar conversando, questionando, investigando o
paciente, ou ler diariamente o prontuário, toda a história, conversando com os familiares. Isso acabava como prioridade. Cada dia fica como prioridade ver se aquele paciente está sendo bem cuidado pela enfermagem, está sendo medicado, está sendo olhado por toda uma equipe. Todos os dias a gente fica brigando para que ele tenha uma sobrevida. Esta é a prioridade. A partir do momento que eu cuido do paciente, eu quero que ele saia dali com uma certa sobrevida. O que é complicado é isso. 13. VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA VOCÊ? Isso me afeta. Isso me causa um pouco de ansiedade, porque eu tenho que fazer e não consigo fazer. Seria assim: querer fazer o melhor. Dedicar um tempo maior. Que fosse 30 ou 40 min com o paciente. O não poder fazer e que é feito a partir de no mínimo com 10min, com 20 min. Não sendo feito apenas com um paciente e mais outros. Há tanta necessidade ou mais no paciente a ser realizada que uma prescrição de enfermagem. Principalmente também por uma certa maneira que posso colocar como uma cobrança que nos é colocada de forma imposta pelo COREN. Mas que é uma cobrança. Você tem que realizar a SAE. Esta questão que tem que realizar! Vai ser realizado, mas tenho plena consciência que é uma questão de tempo.
SUJEITO III
1.SEXO? Feminino 2.IDADE? 56 3.ESTADO CIVIL? Separada 4.NÚMERO DE FILHOS? 0 5.TEMPO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL? 8 anos 6.ÁREA DE ATUAÇÃO NA INSTITUIÇÃO? Clínica Médico-Cirúrgica. 7.TEMPO EM QUE TRABALHA NESTA INSTITUIÇÃO? 5 anos 8. TEM OUTRO VÍNCULO? Não 9.VOCÊ CONHECE A SAE ? Conheço 10.O QUE VOCÊ ACHA DA SAE ? Eu acho muito boa, ela dá para trabalhar, é importante. Ela te facilita na atuação do teu serviço, como você tem pronto condições de aplicar. 11.VOCÊ DESENVOLVE A SAE NO SEU TRABALHO? Eu acho que não, o que a gente faz é prescrição de enfermagem que não é SAE. Porque é assim, aqui no hospital nunca aplicou a SAE completa, nunca teve. A gente nunca teve SAE completo aqui, a gente começou com histórico e prescrição e estamos nisso até hoje. A gente não faz levantamento de problemas, só faz evolução quando dá. A gente não faz prescrição de enfermagem de acordo com os problemas levantados. A gente faz prescrição que já está pré-pronta, ela é adequada ao setor pré-pronta, mas não há uma avaliação no dia-a-dia, se pode piorar ou melhorar ou se o paciente piorou ou melhorou, a gente não evolui neste sentido. Acho que todos ainda não tiveram o curso da SAE, outros não estão preparados, não dão, não há uma continuidade e porque o tempo também, tem muito paciente para pouco enfermeiro. 12.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA O SEU TRABALHO? Não, como você está vendo, não é uma SAE completa que eu gostaria que fosse, uma avaliação mais completa de acompanhar o paciente no dia-a-dia. Não está afetando até, mas é muito automático o que a gente faz aqui. 13.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA VOCÊ? Afeta nesta parte aí, que a gente fica insatisfeita, você fica achando que fica faltando alguma coisa, que poderia ser melhor. Afeta. Não sei se é a consciência que você não está fazendo o que deveria ser feito, a gente não tem aqui, que também deveria ser bom, uma reavaliação, sabe? Uma reunião para reavaliar se é isso que tem que fazer, se não é. Não era bem reavaliação que eu queria falar, era um aprimoramento, refazer cursos, reprimorar. Nem sei se esta palavra existe, mas é reprimorar.
SUJEITO IV
1. SEXO? Feminino 2. IDADE? 43 anos 3. ESTADO CIVIL? Casada 4. NÚMERO DE FILHOS? 3 filhos 5. TEMPO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL? 15 anos 6. ÁREA DE ATUAÇÃO NA INSTITUIÇÃO? Pronto Socorro 7. TEMPO EM QUE TRABALHA NESTA INSTITUIÇÃO? 9 anos e 10 meses 8. TEM OUTRO VÍNCULO? Sim 9. VOCÊ CONHECE A SAE ? Conheço. 10. O QUE VOCÊ ACHA DA SAE ? A SAE, administrativamente falando, ela na realidade regulariza, ela formaliza, documenta o que você aprende na faculdade, que é examinar o paciente e determinar a necessidade dele. 11. VOCÊ DESENVOLVE A SAE NO SEU TRABALHO? Sim. Priorizo os pacientes graves, identifico imediatamente a necessidade de identificar quais as necessidades dos pacientes e faço a seleção, que é abordar o cliente de uma forma diferenciada. 12. VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA O SEU TRABALHO? Não. A sistematização não. Não existe razão para afetar não. Não afeta, porque o meu trabalho tem a SAE incluído nele. A SAE faz parte do meu trabalho, então, se isso faz parte do meu trabalho, é como um procedimento. Se eu sei fazer o procedimento, então eu posso ter dificuldade em executá-lo rapidamente, mas eu sei como fazer. Então, não considero que a sistematização afete o trabalho. Não, você tem que ter um conhecimento teórico prático para desenvolver a atividade que está dentro do SAE. A SAE contempla exame físico, você tem que conhecer o que é doença e fisiologia. A SAE contempla intervenção dentro das necessidades afetadas do paciente, você tem que conhecer falta de mobilidade para você poder fazer a intervenção da mobilização. Enfim, não considero isso como afetar o meu trabalho, e sim, eu tenho que conhecer, eu tenho que fazer. No meu outro serviço, a Diretoria de enfermagem, ela está batalhando bastante para implementação da SAE, pra aplicação da SAE, mas, na unidade que eu trabalho, eu trabalho numa clínica de 54 leitos, que tem mais ou menos uns 10 a 15 dias, eu identifiquei que destes 53 pacientes (porque havia um leito vago), desses 53 pacientes, 41 pacientes eram dependentes totais de cuidados de grau III, pacientes de características de semi-intensiva e intensiva. E o número de enfermeiros é insuficiente, além da qualificação que também deixa muito a desejar, porque enfermeiro especialista na unidade só tem eu, então tem um enfermeiro à noite que é especialista em neonatologia, e realmente não tem como a gente desenvolver um trabalho, então a gente não faz a SAE, a gente não executa a SAE porque é uma clínica muito atípica, é um hospital-escola, é uma clínica muito atípica, o doente grave da sala de emergência que deveria ir para UTI acaba indo para a clínica médica, e a gente não consegue realmente identificar dentro desses pacientes graves aquele que deveria ter uma assistência sistematizada. Eu tenho atualmente uma moça de 19 anos que tem AVC, esta moça, para mim, ela é prioridade de fazer a SAE, só que eu não consigo chegar na cabeceira dela porque o trabalho do enfermeiro ele faz de um tudo, menos ser enfermeiro. E o doente de 70 e de 80 anos que é o doente mais característico de clínica médica, que é o doente idoso, ele não é o doente menos importante, só que é muito diferente você ter um jovem de 19 anos de idade e um idoso; com 80 anos com o mesmo AVC, e as complicações e a condição de qualidade de vida muda tudo isso. A minha limitação está em eu sei fazer, quero fazer e não consigo chegar lá. Ou seja, o enfermeiro é muito mal utilizado, o enfermeiro serve de um
tudo, meio nutricionista, meio serviço social, meio faxineiro, meio tudo. E ser enfermeiro é :: não vou dizer que é impossível, mas é muito difícil. 13.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA VOCÊ? Não me afeta de jeito nenhum na condição do primeiro serviço. Mas afeta na condição de é :: eu quero fazer e não tenho como fazer, isso aparece na condição do meu segundo serviço. Isso me incomoda muito, porque eu identifico o problema e não consigo chegar nele pra reconhecer e intervir. Então o trabalho do enfermeiro no caso como eu que sou enfermeiro especialista em UTI e PS, o meu trabalho fica pela metade e mal feito porque o serviço administrativo toma muito tempo e na realidade o serviço assistencial, o serviço da cabeceira mesmo a gente não consegue fazer, eu não consigo fazer. Tenho as minhas limitações e não tenho interesse em ultrapassar as minhas limitações. Se eu tenho 8h para ser enfermeiro dentro, daquelas 8h eu tenho que arrumar tempo pra fazer tudo, só que tenho que fazer bem feito. A SAE, o próprio nome já diz que ela é uma atividade sistematizada, é uma atividade organizada. Então você tem que começar, entender e terminar. Não dá para a gente assumir, iniciar, fazer o histórico e ir almoçar, voltar, fazer a evolução, parar, tomar um café e fazer prescrição isso não dá, isso é impossível. E é telefone que toca, e família que pergunta, e auxiliar que solicita. Não dá, não dá, o número de enfermeiro é muito pequeno... e desse número pequeno e o tempo acaba sendo muito pequeno.
SUJEITO V
1. SEXO? Feminino 2. IDADE? 49 anos 3. ESTADO CIVIL? Casada 4. NÚMERO DE FILHOS? 3 filhos 5. TEMPO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL? 23 anos 6. ÁREA DE ATUAÇÃO NA INSTITUIÇÃO? Gerente de enfermagem 7. TEMPO EM QUE TRABALHA NESTA INSTITUIÇÃO? 8. TEM OUTRO VÍNCULO? Sim 9. VOCÊ CONHECE A SAE ? Conheço. 10. O QUE VOCÊ ACHA DA SAE ? Eu acho que é uma forma de organizar a assistência, é assim: eu conheci a SAE já na Faculdade há 23 anos atrás, eu já aprendi a sistematização não assim da maneira como está agora, mas o histórico, a prescrição já tinha 23 anos atrás Acho que é uma forma de organizar a assistência, só que é assim: eu acho que nós temos algumas prioridades. A principal prioridade é ter um recursos humanos qualificado e o número de enfermeiros adequados para você colocar a SAE funcionando adequadamente. Hoje você tem que ajudar realmente, estar participando da assistência junto com o auxiliar de enfermagem, estar comprando técnica do auxiliar que está saindo da escola sem saber o básico, com uma carência enorme de profissionais e eu acho que a SAE fica prejudicada nisso aí. Eu acho que organiza a assistência, mas acho que você tem que ter uma base para poder trabalhar com a SAE. Esta base falta um pouquinho no Brasil. Alguns hospitais têm, mas na maioria não. 11. VOCÊ DESENVOLVE A SAE NO SEU TRABALHO? Olha, aqui eu faço a parte administrativa e em outro vínculo eu faço a parte assistencial, trabalho em pronto socorro. No pronto socorro eu não consigo fazer SAE de todos os pacientes, eu faço dos pacientes internados, aqueles que ficam mais tempo, é assim: o paciente que fica 2 a 3h internado não se consegue fazer SAE. Então eu dou uma avaliada nos pacientes que eu faço a sistematização. Normalmente são pacientes graves que ficam na sala de emergência, que ficam internados por um tempo maior e a gente não consegue vaga, então eu faço a sistematização desse paciente. 12. VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA O SEU TRABALHO? Não. Eu acho que ela ajuda organizar. Eu acho que ela visa organizar a assistência, ajuda a gente a cobrar. Só que é assim, eu sempre falo para os enfermeiros: não adianta fazer a SAE, fazer a prescrição de enfermagem se você não está checando se aquilo está sendo feito. Prescrever e deixar lá, eu acho que o papel da enfermeira principal é de supervisionar o setor, é ver como o auxiliar está executando a técnica e como ele está dando a assistência. Eu prescrevo uma higiene oral e eu não vou ver como está sendo feito neste paciente, isso eu acho falho. Eu acho que os enfermeiros estão perdendo tempo fazendo a prescrição e não estão tendo tempo justamente pela falta de estrutura em estar checando se isso está sendo feito. Não adianta prescrever sem saber se foi feito. Então o paciente fica lá com uma higiene horrorosa, um banho mal dado e está tudo bem direitinho no papel, está prescrito. Mas, se foi feito adequadamente, se foi feito com qualidade... isso eu acho falho. 13. VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA VOCÊ? Eu, como uma enfermeira antiga, eu tenho uma certa resistência, porque a gente está acostumada a supervisionar o auxiliar. A gente está acostumado, os enfermeiros mais velhos, apesar da Faculdade ter começado a SAE, mas não era uma coisa obrigatória, enfim, mas as enfermeiras davam uma outra atenção. Então, estas enfermeiras mais antigas, elas têm uma certa resistência. Eu sinto uma certa resistência pra fazer a SAE. Eu cobro como diretora de
enfermagem. Eu faço, mas eu tenho uma certa resistência, porque justamente pela falta de estrutura, porque se eu tivesse um corpo de enfermeiros adequado para este serviço, você tem tempo de fazer a SAE, de supervisionar. Você fica para isso, para cuidar do paciente mais grave, de fazer a técnica mais complicada. Mas hoje não, hoje a gente está fazendo, puncionando uma veia. Então, não sobra tempo para você fazer a SAE adequadamente, mesmo assim eu tenho uma certa resistência.
SUJEITO VI
1.SEXO? Feminino 2.IDADE? 56 anos 3.ESTADO CIVIL? Casada 4.NÚMERO DE FILHOS? 03 filhos 5.TEMPO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL? 31 anos 6.ÁREA DE ATUAÇÃO NA INSTITUIÇÃO? Clínica Médica-Cirúrgica 7.TEMPO EM QUE TRABALHA NESTA INSTITUIÇÃO? 10 anos 8.TEM OUTRO VÍNCULO? Não 9.VOCÊ CONHECE A SAE ? Sim, já ouvi falar. 10.O QUE VOCÊ ACHA DA SAE ? SAE é uma boa idéia. Vai ajudar bastante no cuidado com o paciente. Só que, por enquanto, no nosso setor aqui não deu para fazer, porque falta funcionários, agora que a gente está treinando o pessoal para poder melhorar o serviço, mas até então não deu para a gente organizar este serviço, ainda por falta de tempo mesmo. Porque a gente tem que orientar os funcionários novos, organizar o andar e resolver os problemas do dia. Seria bom se a gente conseguisse fazer. 11.VOCÊ DESENVOLVE A SAE NO SEU TRABALHO? Não. Como já falei, a gente ainda não está fazendo ainda. Tem projeto para fazer, tem planos, mas ainda não deu para fazer. 12.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA O SEU TRABALHO? Não, pelo contrário acho que vai melhorar bastante. A gente vai conhecer melhor o paciente, vai poder tratar melhor. Como já te falei, não está fazendo ainda, mas atrapalhar, de jeito nenhum. 13.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA VOCÊ? Também não, desde que tenha condições para poder cuidar dos pacientes e poder fazer esse serviço numa boa.
SUJEITO VII
1.SEXO? Feminino 2.IDADE? 43 anos 3.ESTADO CIVIL? Casada 4.NÚMERO DE FILHOS? 03 5.TEMPO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL? 14 anos 6.ÁREA DE ATUAÇÃO NA INSTITUIÇÃO? Clínica Médica-Cirúrgica. 7.TEMPO EM QUE TRABALHA NESTA INSTITUIÇÃO? 5 anos e três meses 8. TEM OUTRO VÍNCULO? Sim 9.VOCÊ CONHECE A SAE ? Conheço. 10.O QUE VOCÊ ACHA DA SAE ? Acho importante, porque é principal o paciente. Um é diferente do outro. Então o tratamente também tem que ser diferenciado. A SAE ajuda nesta parte. 11.VOCÊ DESENVOLVE A SAE NO SEU TRABALHO? Sim. Eu priorizo os paciente mais graves e aplico a SAE e se der tempo a gente faz de toda clínica. Mas o paciente grave... o tratamento precisa ser seguido. 12.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA O SEU TRABALHO? Sim. Há muita coisa a fazer, muitas solicitações. Se tem duas pessoas eu consigo fazer o SAE, mas se não, não dá. Se tivesse mais dois enfermeiros... Eu penso assim é por causa do serviço. 13.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA VOCÊ? Não, não me afeta, eu me sinto bem. Eu não paro, eu converso com o paciente, eu levanto dados e sei como ele passou durante o dia, tudo isso me ajuda. Eu me sinto bem fazendo isso. Se aí tiver algum problema com o paciente, eu comunico ao médico e já é resolvido o problema.
SUJEITO VIII
1.SEXO? Feminino 2.IDADE? 50 3.ESTADO CIVIL? Casada 4.NÚMERO DE FILHOS? 3 filhos 5.TEMPO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL? 12 anos 6.ÁREA DE ATUAÇÃO NA INSTITUIÇÃO? UTI 7.TEMPO EM QUE TRABALHA NESTA INSTITUIÇÃO? 5 anos 8. TEM OUTRO VÍNCULO? Sim 9.VOCÊ CONHECE A SAE ? Estou me familiarizando com ela 10.O QUE VOCÊ ACHA DA SAE ? Uma boa iniciativa, uma nova forma de trabalho, porque você tem como dar continuidade ao trabalho da colega, da colega anterior. Como a colega te deixou, você tem como dar continuidade ao atendimento ao paciente, tendo noção de tudo que ocorreu antes de você entrar. 11.VOCÊ DESENVOLVE A SAE NO SEU TRABALHO? Agora está acontecendo. Aqui na instituição estamos desenvolvendo com o exame físico, que eu não estou bem familiarizada, eu tenho dificuldade ainda, a prescrição e evolução são mais usadas, que é feito de todos os pacientes da UTI. 12.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA O SEU TRABALHO? Não afeta. Ele melhora o trabalho, ele te deixa com mais condição de trabalhar, com mais qualidade de trabalho. 13.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA VOCÊ? Não afeta. Às vezes eu consigo fazer um pouco mais, ou um pouco menos, depende do plantão. Se for possível, quanto mais melhor. Quanto mais você fazer, mais habilidades terá para desenvolver na condição do paciente. SUJEITO IX
1.SEXO? Feminino
2.IDADE? 42 anos 3.ESTADO CIVIL? Solteira 4.NÚMERO DE FILHOS? Não tem 5.TEMPO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL? 12anos 6.ÁREA DE ATUAÇÃO NA INSTITUIÇÃO? Berçário 7.TEMPO EM QUE TRABALHA NESTA INSTITUIÇÃO? 12 anos 8. TEM OUTRO VÍNCULO? Sim 9.VOCÊ CONHECE A SAE ? Sim 10.O QUE VOCÊ ACHA DA SAE ?
Depende, se for numa instituição que te dê todo um número de funcionários suficiente, que tenha enfermagem adequada para cada paciente, número de paciente por enfermeiro. Acho que funciona, acho válido, acho muito válido a sistematização. Isso ajuda a cobrar melhor a assistência e deixa ficar nada para trás. Você consegue trabalhar melhor com o paciente. 11.VOCÊ DESENVOLVE A SAE NO SEU TRABALHO? Desenvolvo mais ou menos, por falta de tempo, porque só tem eu de enfermeira, coordenadora no período da manhã e a gente não consegue dar toda assistência. Tem o berçário patológico que é dividido em berçário de alto risco, médio risco e as atividades são divididas entre os outros enfermeiros e os auxiliares. Agora a gente tem a criação de outros setores como a pediatria e estamos com o número um pouquinho maior de auxiliares e enfermeiros para adequar no atendimento com o paciente. É até difícil de aplicar a SAE no berçário, porque você tem várias atividades conjuntas: o atendimento na assistência, orientar os funcionários novos que acabaram de chegar e não têm nenhuma experiência. Além de você avaliar os auxiliares, você tem que ver o assistencial e mais a sistematização, para conseguir desenvolver um bom trabalho. Tudo isso em seis horas de trabalho. 12.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA O SEU TRABALHO? Sim, no momento, para mim afeta, porque você tenta pelo menos seguir direitinho a rotina do serviço e não consegue, porque a gente tem funcionários novos chegando e, além do mais, dentro da UTI neonatal com quatro crianças de alto risco, mais os recém nascidos no médio risco você não consegue fazer sistematização, fica difícil fazer sistematização. Você só consegue se tiver mais uma enfermeira assistencial para te auxiliar. Você sozinha, você não consegue fazer, aplicar a sistematização sozinha até é inviável, ainda mais com recém nascido de alto risco. 13.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA VOCÊ? Eu acho que a gente até fica frustrada, sente impotente de não conseguir aplicar a sistematização conforme o COREN solicita pra gente. Um pouquinho impotente, por outro lado, a gente sabe que é difícil a gente aplicar a sistematização sendo que a gente tem um grande número de recém nascido, fora que você tem que administrar o berçário, avaliar o funcionário no dia a dia, então fica difícil de você, da gente aplicar a sistematização. Até no sentido da gente conseguir fazer tudo. Eu acho interessante sim fazer sistematização. Eu não acho que seja ruim. Eu acho um sentido bom, porque existe a empresa de contratar mais enfermeiros, porque o enfermeiro não pode fazer tudo sozinho. Eu acho que tem que ter outro enfermeiro para poder dar assistência e a própria sistematização ajuda a melhorar a parte assistencial, melhora tudo, o tempo do desenvolvimento do auxiliar. E se você faz tudo você não consegue ver o que os auxiliares estão fazendo tecnicamente ou se o seu serviço está tendo um bom desenvolvimento no seu trabalho. Sozinha você não consegue avaliar isso. Fica muito difícil.
SUJEITO X
1.SEXO? Feminino 2.IDADE? 45 anos 3.ESTADO CIVIL? Casada 4.NÚMERO DE FILHOS? 03 5.TEMPO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL? 19 anos 6.ÁREA DE ATUAÇÃO NA INSTITUIÇÃO? Clínica Médico-Cirúrgica 7.TEMPO EM QUE TRABALHA NESTA INSTITUIÇÃO? 10 anos 8. TEM OUTRO VÍNCULO? Não 9.VOCÊ CONHECE A SAE ? Sim 10.O QUE VOCÊ ACHA DA SAE ? Muito bom, a maioria dos enfermeiro não usam por comodidade, por mudanças, não aceitam as mudanças, acham trabalhoso porque precisa disponibilizar maior tempo para fazer um serviço bem feito. Acho que a maioria das instituições implantaram, mas não do jeito que deve ser realmente feito, pelo fato do número de profissionais. 11.VOCÊ DESENVOLVE A SAE NO SEU TRABALHO? Nem sempre. Em alguns setores, por exemplo, no 3º andar na Clínica cirúrgica ficamos em duas enfermeiras, até dá para fazer um trabalho legal, porque sobra mais tempo para você dedicar isso. Fora isso, é muito corrido porque você tem que ver a parte burocrática, escala de funcionários, então torna difícil. 12.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA O SEU TRABALHO? Não. Eu acho que em princípio a gente até acha que dificulta, porque parece muito detalhe, porque você tem que ir atrás de muitos detalhes, mas eu acho que depois se torna até mais fácil para você checar e verificar se está sendo feito, o retorno do trabalho é bom, você acaba descobrindo outras coisas sobre o paciente e fica mais direcionado, acho, o serviço 13.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA VOCÊ? Não. Mas volta naquilo lá, quando você não tem o tempo, aí fica difícil, às vezes você fala, deixa para a colega, a colega faz, mas a colega também não faz, então, às vezes, fica meio frustrante, porque você não consegue fazer de todos os pacientes e nem como deveria ser feito. Mas não me afeta.
SUJEITO XI
1.SEXO? Feminino 2.IDADE? 43 anos 3.ESTADO CIVIL? Separada 4.NÚMERO DE FILHOS? 01 5.TEMPO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL? 20 anos 6.ÁREA DE ATUAÇÃO NA INSTITUIÇÃO? Pronto Socorro 7.TEMPOEM QUE TRABALHA NESTA INSTITUIÇÃO? 11 anos 8. TEM OUTRO VÍNCULO? Sim 9.VOCÊ CONHECE A SAE ? Conheço. 10.O QUE VOCÊ ACHA DA SAE ? Eu, particularmente, acho que ela é perfeita, pelo desenvolvimento do trabalho do enfermeiro eu acho que sistematização é uma coisa realmente perfeita para a atuação do enfermeiro. Acho que é uma coisa louvável, viável, que deve ser colocado em prática. 11.VOCÊ DESENVOLVE A SAE NO SEU TRABALHO? Acho que dá pra dizer que não, entendeu? Eu acho que é assim: você faz parcialmente, às vezes faz, às vezes não faz. Então, hoje eu diria que a gente não faz. Isso eu acho pior, o dia-a-dia do enfermeiro, ele não propicia a desenvolver. Talvez a culpa seja nossa, eu acho que o enfermeiro terminou sendo responsável por um monte de outras coisas, entendeu? Tudo na verdade é atrás do enfermeiro. A família fala, “ eu deixei o paciente aqui ontem e não estou achando”, quem tem que dar conta é o enfermeiro. “Olha tem Dipirona”. “Olha, não tem Voltaren”, tudo, na verdade. A família vem reclamar que aquele paciente não tomou banho, que aquele paciente ali está urinado. Tudo na verdade. O usuário vem reclamar da postura e do atendimento do auxiliar de enfermagem, a ouvidoria diz; por favor, você atende aquela pessoa que quer reclamar do auxiliar de enfermagem. Tudo na verdade, entendeu, vai para o enfermeiro, e ele fica atrás dessas coisas. Cobram do livro de registro de pacientes do Drº Osvaldo, cadê o livro e aí vai 10, 20 ou 30 min que você escuta uma pessoa, eu fico particularmente chateada. Eu chego, recebo o plantão, checo todas as prescrições para verificar todos os horários das medicações, abro o livro de registro. E, finalmente quando você vai para junto do paciente isso termina como segundo plano, você tem uma organização que hoje termina botando a sistematização em segundo plano. Acho super desagradável, mas é a verdade da realidade do teu dia a dia. 12.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA O SEU TRABALHO? Afeta, a partir do momento que eu não consigo pôr em prática. Eu pelo menos valorizo, eu acho que é uma coisa que você deveria fazer. Ela vai afetar o meu trabalho a partir do momento que eu acho que eu vou estar mais satisfeita. Se eu fizer desta forma, a minha satisfação com o meu trabalho vai estar melhor. A partir do momento que você tem um dia-a-dia que não te deixa desenvolver este trabalho, e você não consegue chegar nele para você realmente desenvolver. 13.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA VOCÊ? Eu acho que é justamente isso aí. Se eu acho que ele vai me dar mais satisfação, se eu vou conseguir enxergar o meu trabalho realmente de forma melhor. Por que hoje esta coisa de ficar atrás do Voltaren, da Dolantina, da coisa miúda, isso me deixa muito chateada. Quando você senta lá para ler uma evolução, uma prescrição, ver o paciente, então chega alguém e diz: deixa eu assinar a minha freqüência, ou eu quero saber onde eu estou, ou sei lá qual a minha escala hoje. E você ter que levantar pra ir lá abrir a sala, mostrar o caderno, muitas das vezes as minhas colegas de trabalho não gostam, mas eu entrego a chave da sala para que eles possam ver, até mesmo psicotrópicos para pegarem para uso na assistência.
Eu acho que não está certo, eu acho que realmente está errado, mas se não você não consegue, entendeu, dar continuidade no que você quer ver, no que você quer entender a respeito do paciente. De repente, você se depara com o paciente que está ali e você não sabe porque, pra você entender isso você tem que ir no prontuário do paciente, ler e entender o que ele está aguardando, o que ele está esperando. Se não der oportunidade de você fazer isso, entendeu? A cada hora a parece alguma coisa. Quando você tenta pegar alguma coisa para fazer, é sempre interrompida todo momento, quando não é chamado em outro setor. Hoje realmente o negócio fica, sabe? E com isso realmente a gente não consegue fazer o nosso papel, fica apagando incêndio, está em todos os lugares, entendeu? E na verdade aonde você deveria estar que é junto do teu paciente você nunca está, você está sempre no corredor, na verdade. Para fazer um trabalho legal tem que ter enfermeiros em todas as sala do pronto socorro, conseguir ficar nestas salas todos os dias com intuito de fazer sistematização mesmo. Fazer lá o histórico do paciente, lá evoluir, olhar entendeu, vistoriar o cuidado. Tem uma paciente idosa na emergência II que estava deitada numa maca com colchão caixa de ovos e debaixo do colchão estava várias luvas cheias d´agua, entendeu? Eu pelo menos fico muito chateada com isso, puxa! A gente está aqui e não adianta nada, a gente está e não está.
SUJEITO XII
1.SEXO? Feminino 2.IDADE? 50 anos 3.ESTADO CIVIL? Viúva 4.NÚMERO DE FILHOS? 2 filhos 5.TEMPO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL? 10 anos 6.ÁREA DE ATUAÇÃO NA INSTITUIÇÃO? UTI 7.TEMPO EM QUE TRABALHA NESTA INSTITUIÇÃO? 13 anos 8. TEM OUTRO VÍNCULO? Sim 9.VOCÊ CONHECE A SAE ? Conheço 10.O QUE VOCÊ ACHA DA SAE ? Olha, pra mim é uma organização melhor do serviço, você tem uma seqüência melhor de informações até do paciente em si. 11.VOCÊ DESENVOLVE A SAE NO SEU TRABALHO? Aqui na UTI eu consigo. Através da história do paciente quando ele chega, na entrada do paciente, no momento da internação, às vezes ele já vem com a história porque ele não vem direto daqui, ele passa pelo Pronto Socorro e é feito esta história no PS, mas pode acontecer de vim sem esta história. Aqui na UTI é mais difícil de fazer a história porque é mais esporádico entrar um paciente consciente na UTI, então geralmente esta história é colhida através de informações dos familiares. 12.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA O SEU TRABALHO? Não, pelo contrário, acho que é uma complementação e também uma confirmação da sua participação, do desempenho do seu trabalho. 13.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA VOCÊ? Olha, particularmente não me sinto afetada não, às vezes eu fico assim meio irritada porque não são todos que estão preocupados em dar seqüência nesse trabalho. Então, fica naquele vazio porque fulano não fez, eu não vou fazer e dependendo do estágio que você assuma aquele paciente, eu acho que é meio tarde para você fazer aquele retrocesso. O paciente já está aqui há tantos dias e não veio com uma história e aí você, às vezes, você perde coisas importantes que poderiam até estar facilitando a avaliação, o prognóstico e o diagnóstico do paciente. E tem esta falha. Esta questão depende da confiança, da disponibilidade de cada profissional, tem profissional que ele leva sério, se é para fazer, ele tem uma boa aceitação e ele faz. E tem profissionais que se sentem afrontar. “Mais coisa pra fazer!” Ele não vê tanta necessidade, cada um tem uma visão em cima disso.
SUJEITO XIII
1.SEXO? Feminino 2.IDADE? 40 3.ESTADO CIVIL? Solteira 4.NÚMERO DE FILHOS? 0 5.TEMPO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL? 10 anos 6.ÁREA DE ATUAÇÃO NA INSTITUIÇÃO? Berçário 7.TEMPO EM QUE TRABALHA NESTA INSTITUIÇÃO? 1 ano e 8 meses. 8. TEM OUTRO VÍNCULO? Sim 9.VOCÊ CONHECE A SAE ? Conheço. 10.O QUE VOCÊ ACHA DA SAE ? Bom, a SAE é uma forma da gente estar aprimorando o conhecimento do paciente, aprofundarmos na patologia e sobre as necessidades básicas do paciente. 11.VOCÊ DESENVOLVE A SAE NO SEU TRABALHO? Nós deveríamos desenvolver a SAE em todos os paciente, mas devido às intercorrências, muitas vezes, a gente não consegue desenvolver para todos os pacientes. No berçário chega até ter 20 a 25 crianças. Pois é assim, no berçário tem cerca de 20 a 25 crianças, então quando nós estamos em uma enfermeira só, não tem como fazer o SAE para todas as crianças, então priorizamos as crianças graves. 12.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA O SEU TRABALHO? Pra dizer a verdade, acho que sim, porque eu perco muito tempo fazendo o SAE, tudo que tem que fazer corretamente e muitas vezes a gente tem que fazer o SAE e deixa de dar uma assistência mais integral ao paciente. 13.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA VOCÊ? A mim, não, porque é um trabalho que eu gosto de fazer - exame físico- de fazer diagnóstico de enfermagem, os cuidados e a prescrição, a mim, como enfermeira, não. Acho sim que a gente perde tempo e o paciente, às vezes, fica sem assistência necessária. Eu fico angustiada, às vezes, porque sou cobrada para fazer por lei, porque é uma responsabilidade que a gente tem que fazer, é cobrado da gente, e como eu gosto de fazer as coisas certas, eu deixava de fazer o SAE para com o paciente e parecia que ficava faltando alguma coisa que eu não completei naquele dia.
SUJEITO XIV
1.SEXO? Feminino 2.IDADE? 37 anos 3.ESTADO CIVIL? Casada 4.NÚMERO DE FILHOS? 02 5.TEMPO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL? 15 anos 6.ÁREA DE ATUAÇÃO NA INSTITUIÇÃO? Maternidade 7.TEMPO EM QUE TRABALHA NESTA INSTITUIÇÃO? 12 8. TEM OUTRO VÍNCULO? Não 9.VOCÊ CONHECE A SAE ? Conheço 10.O QUE VOCÊ ACHA DA SAE ? Eu acho até que para uma clínica inteira, que não seja o meu caso com a maternidade que é muito fragmentada, tem vários momentos que esta paciente passa. A gestante passa por vários momentos na maternidade. Então é muito quebrado, os setores são muito quebrados, então é mais difícil você manter a SAE. Mas talvez numa clínica mais instável, quando você pega o paciente, começa fazer o histórico dele na clínica, talvez até funcione. Aqui, vários profissionais lidam com esta paciente, a gente tem uma equipe no centro obstétrico lidando com esta paciente. Começa por lá no centro obstétrico; é um processo todo. A maternidade é um ciclo. Lá, chega a gestante, vai ser feito o exame físico e histórico naquele momento, quando ela sobe, aqui a gente é outra equipe aguardando, tem que dar continuidade, eu não vou fazer novamente o exame físico e o histórico de enfermagem, eu vou dá continuidade nisto. Então, tem que ser uma coisa muito unida, tem que ser uma coisa muito em conjunto. O que a gente não consegue muito, é que é uma equipe lá, uma equipe cá, depois tem o bebê que é outra equipe. Então a gente tem um pouco de dificuldade no que a SAE dá na maternidade por conta disso. 11.VOCÊ DESENVOLVE A SAE NO SEU TRABALHO? Oficialmente não, o que a gente faz é a SAE numa forma informal. Na verdade, com algumas anotações isoladas, o histórico da paciente ele é feito, na verdade, pelo médico, nós temos uma ficha de histórico feita pelo médico, depois a gente tem a prescrição de enfermagem, que geralmente é feita junto com a prescrição médica, porque a enfermeira da maternidade, ela é enfermeira obstétrica, e ela tem dentro do protocolo do hospital esta autonomia de fazer prescrições, tem algumas medicações, alguns cuidados, então a gente tem como hábito prescrever junto com a prescrição do médico e os cuidados também, não é aquela coisa padronizada. A gente faz o exame físico das pacientes mais graves, das patológicas, das mais graves, existe esta norma, mas não é uma coisa organizada como a SAE propõe para gente. 12.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA O SEU TRABALHO? Se afeta o meu trabalho? Olha, no começo quando houve a divulgação da SAE que a gente tinha que fazer, que era aquela coisa de uma cobrança mais séria, a gente ficou um pouco preocupada, pelo número de pacientes. Como a gente iria fazer isso com 47 puérpuras e mais 40 bebês, como seria esta distribuição. Vamos fazer check list, tudo e qualquer maneira para poder implantar a SAE e que no fim acabou não sendo implantado, e então a gente relaxou, estamos aqui, como não deu para fazer, vamos fazer como a gente sempre fez, continua dando certo, a gente não deixa de prescrever aquilo que é importante para os cuidados dele, porque tem uma parte da maternidade que é muito tranqüila que é o normal, então alí é uma padronização que todo mundo já segue, e vamos nos atentar ao risco, a coisa do mais grave, a gestante patológica ao puerpério patológico e vamos continuar os trabalhos. No começo, apertou por causa da cobrança, mas depois a gente viu que não ia sair mesmo, que a gente até mesmo acabou desistindo, vou falar a verdade para você, hoje em dia ninguém fala mais em implantar a SAE na maternidade, então a gente relaxou e
continuou a dando os cuidados na maternidade, que eu não acredito que caiu a qualidade por conta disso, eu acho que a qualidade não tá na SAE, a qualidade está no profissional, na conscientização do profissional, na supervisão dos cuidados, eu acho que a qualidade está nisso, é só uma forma de organizar na verdade, como nós já tinhamos a nossa organizaçãozinha, nós continuamos. 13.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA VOCÊ? Eu não, não me afeta Ha!Ha! Eu continuo fazendo o meu trabalho, eu gosto muito do que eu faço, eu acho que eu vou fazer bem, com ou sem a SAE. Isso não afeta a mim não, nem como profissional, nem como pessoa.
SUJEITO XV
1.SEXO? Feminino 2.IDADE? 54 anos 3.ESTADO CIVIL? Viúva 4.NÚMERO DE FILHOS? 01 5.TEMPO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL? 26 anos 6.ÁREA DE ATUAÇÃO NA INSTITUIÇÃO? Clínica médica-cirúrgica 7.TEMPO EM QUE TRABALHA NESTA INSTITUIÇÃO? 5 anos e 9 meses 8. TEM OUTRO VÍNCULO? Não 9.VOCÊ CONHECE A SAE ? Conheço 10.O QUE VOCÊ ACHA DA SAE ? Importante para o auxiliar de enfermagem, também para orientar os enfermeiro no que tem que ser feito. 11.VOCÊ DESENVOLVE A SAE NO SEU TRABALHO? Mais ou menos, praticamente já vem tudo pronto, faço de acordo com cada paciente, visito cada cliente e faço a prescrição de enfermagem que falta. 12.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA O SEU TRABALHO? Acho que não, no começo tudo é adaptação e hoje é normal. 13.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA VOCÊ? Não.
SUJEITO XVI
1.SEXO? Feminino 2.IDADE? 47 anos 3.ESTADO CIVIL? Separada 4.NÚMERO DE FILHOS? 02 5.TEMPO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL? 15 6.ÁREA DE ATUAÇÃO NA INSTITUIÇÃO? Berçário- UTI neonatal 7.TEMPO EM QUE TRABALHA NESTA INSTITUIÇÃO? 10 8. TEM OUTRO VÍNCULO? Sim 9.VOCÊ CONHECE A SAE ? Conheço 10.O QUE VOCÊ ACHA DA SAE ? É importante, porém é assim: atrapalha o dia-a-dia da gente. É complicado trabalhar na UTI Neonatal e desenvolver a SAE requer muito tempo e o nosso tempo é curto. Não só aqui como no outro serviço também. Aqui, as primeiras crianças que eu vejo e faço a SAE é na UTI , no outro, são 22 crianças, eu tomo praticamente o período todo fazendo a SAE, eu sei que é importante, mas eu deixo de dar outros cuidados, por exemplo, eu substituo o cuidado ao recém nascido para fazer a SAE. 11.VOCÊ DESENVOLVE A SAE NO SEU TRABALHO? Em partes, não totalmente como deveria, histórico eu não faço, principalmente com esta prescrição, esta prescrição eu faço à noite, mas na verdade deveria ser feita no período do dia, eu faço à noite para colaborar com a colega, é muito corrido. É assim: plantonista é difícil ver o todo, eu não estou durante o dia na visita médica, que muitas coisa eu deixo de ver, por isso que esta atividade deveria ser feita no período da manhã, pela enfermeira diarista, que tem mais contato no dia-a-dia mais com a criança, e eu acabo fazendo à noite para colaborar com a colega. 12.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA O SEU TRABALHO? Afeta pelo fato de tomar o meu tempo, eu fico presa nisso, levo mais de 4 horas para acabar, me envolvendo nisso aí. Eu venho, começo, tenho que parar para dar outro tipo de atendimento, aí eu volto, perco o fio da meada, aí tenho que recomeçar, então perde muito tempo, eu acho que é um desperdício, para a criança faz falta a gente não estar alí. Tenho certeza que é uma perda de tempo isso aqui. Ha! Ha! 13.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA VOCÊ? Afeta, porque eu sei que estou perdendo tempo com isso, não estou dando assistência adequada para as crianças, exatamente pelo tempo que eu perco, poderia estar dando os cuidados.
SUJEITO XVII
1.SEXO? Masculino 2.IDADE? 37 3.ESTADO CIVIL? Casado 4.NÚMERO DE FILHOS? Dois 5.TEMPO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL? 13 anos 6.ÁREA DE ATUAÇÃO NA INSTITUIÇÃO? Centro cirúrgico e centro obstétrico 7.TEMPO EM QUE TRABALHA NESTA INSTITUIÇÃO? 12 anos 8. TEM OUTRO VÍNCULO? Sim 9.VOCÊ CONHECE A SAE ? Conheço 10.O QUE VOCÊ ACHA DA SAE ?
É interessante para saber a respeito do paciente, ficar mais junto do paciente, entender um pouco mais do paciente, dos problemas, acho importante. 11.VOCÊ DESENVOLVE A SAE NO SEU TRABALHO? Não, aqui no centro obstétrico nós não estamos desenvolvendo por falta de pessoal, eu, à noite, fico no centro cirúrgico e no centro obstétrico e a gente não conseguiu implantar a sistematização ainda. 12.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA O SEU TRABALHO? Olha, aumenta um pouco o serviço, se tivesse aqui implantado iria afetar, pois, fazer o histórico, evolução, prescrição de enfermagem tem que ter pessoal, tem que ter enfermeiros, ter mais dois iria facilitar um pouco, mas que iria afetar um pouco sim, afeta. 13.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA VOCÊ? Não, a SAE no início é difícil, mas depois torna uma rotina, você vai conseguir fazer as etapa, com tempo você vai aceitando mais, se adaptando e torna até mais fácil mesmo. Me afeta, em parte, devido à sobrecarga de serviço que tenho e o SAE é para dar uma atenção especial e tal, e você tem que estar ali, fazer prescrição, evolução e você tem um pouco de tempo. Pra isso. Tem que ter pessoal.
SUJEITO XVIII
1.SEXO? Feminino 2.IDADE? 52 3.ESTADO CIVIL? Casada 4.NÚMERO DE FILHOS? Três 5.TEMPO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL? 10 anos 6.ÁREA DE ATUAÇÃO NA INSTITUIÇÃO? Clínica Médico-Cirúrgica 7.TEMPO EM QUE TRABALHA NESTA INSTITUIÇÃO? 10 anos 8. TEM OUTRO VÍNCULO? Não 9.VOCÊ CONHECE A SAE ? Conheço 10.O QUE VOCÊ ACHA DA SAE ? Acho importante no paciente, a gente tem uma visão melhor, você consegue ver toda dificuldade dele e uma melhora da qualidade do serviço prestado para ele, você dá uma assistência melhor e mais do que você precisa melhorar a assistência. 11.VOCÊ DESENVOLVE A SAE NO SEU TRABALHO? Desenvolver, nós desenvolvemos, meia boca Ha! Ha! Ha! É difícil desenvolver total, a gente faz mais ou menos, muito superficial, só não é melhor porque nós nem conseguimos ver todos os pacientes, por exemplo: os paciente não chegam aqui com histórico do pronto socorro, a gente não consegue fazer uma evolução do paciente, você mal conhece a história, você conhece muito superficial o caso do paciente e a gente prescreve umas coisas assim muito inadequada e não consegue chegar no que deveria ser. 12.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA O SEU TRABALHO? Eu acredito que se você tiver condições, tempo para fazer o SAE não tem coisa melhor que eu possa imaginar para o paciente, agora, só que no serviço público não dá para a gente ter esse tempo, porque a gente fica sobrecarregada, sem condições e sem chance de dar esta assistência sistematizada. 13.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA VOCÊ? Não, pessoalmente, de forma nenhuma, só faz a gente crescer, crescer e poder dar uma condição melhor para o paciente, isso só satisfaz a gente. Satisfaz internamente, porque sabe que você conseguiu fazer o melhor para o paciente. Tem o conflito de não poder fazer, mas se conseguisse seria muito bom.
SUJEITO XIX
1.SEXO? Feminino 2.IDADE? 43 anos 3.ESTADO CIVIL? Casada 4.NÚMERO DE FILHOS? Dois 5.TEMPO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL? 16 6.ÁREA DE ATUAÇÃO NA INSTITUIÇÃO? Pré Parto e Centro Obstétrico 7.TEMPO EM QUE TRABALHA NESTA INSTITUIÇÃO? 8 anos 8. TEM OUTRO VÍNCULO? Não 9.VOCÊ CONHECE A SAE ? Conheço 10.O QUE VOCÊ ACHA DA SAE ? Muito bom, muito bom pelo fato que é todo um acompanhamento do histórico de enfermagem, da prescrição de enfermagem, da evolução, do diagnóstico, todas essas coisas são importantes para o atendimento ao paciente. 11.VOCÊ DESENVOLVE A SAE NO SEU TRABALHO? Não, nós ainda não desenvolvemos, comprovado, não. Por quê? Ainda não saberia te responder o porquê! Na verdade, lá não tem impresso nenhum, não chegou pra nós ainda. Eu sei que lá no pré parto deveria no primeiro momento, com a paciente fazer a entrevista, fazer o primeiro exame físico e desenvolver o histórico de enfermagem. Mas não tem. 12.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA O SEU TRABALHO? Não afeta, geralmente se faz um check list, normalmente são xiszinhos, todo mundo sabe fazer. Não afetaria, só melhoraria. 13.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA VOCÊ? Não, de jeito nenhum. Porque, porque eu tenho várias colegas que falam que é um serviço a mais, mas eu não considero um serviço a mais, é muito fácil no meu caso que pego a paciente no primeiro momento, de estar fazendo um exame físico, é uma coisa rápida, automaticamente você faz, só que não temos registro disso, então é importante estar fazendo o SAE para registrar estas coisas que a gente faz no dia-a-dia, que ficam jogadas como se nós não tivéssemos feito nada. Só vem reforçar a SAE, tem que ser feito também no pré-parto.
SUJEITO XX 1.SEXO? Feminino 2.IDADE? 39 anos 3.ESTADO CIVIL? Separada 4.NÚMERO DE FILHOS? Dois 5.TEMPO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL? 13 anos 6.ÁREA DE ATUAÇÃO NA INSTITUIÇÃO? Maternidade 7.TEMPO EM QUE TRABALHA NESTA INSTITUIÇÃO? 8 anos 8. TEM OUTRO VÍNCULO? Tenho 9.VOCÊ CONHECE A SAE ? Conheço 10.O QUE VOCÊ ACHA DA SAE ? Eu acho que é bom a gente conhecer o paciente detalhado, história. Bom, meio caminho andado. 11.VOCÊ DESENVOLVE A SAE NO SEU TRABALHO? Aqui não, porque não é rotina, e também não está implantado. Só temos a rotina do cuidado e não temos sistematização. 12.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA O SEU TRABALHO? Acho sim, porque ele facilita na hora de anotar, registrar aquilo que a gente faz, aquilo que a gente viu. Muda um pouco. Aqui a gente faz os cuidados, mas não marca, não registra e ainda não tem o impresso próprio. 13.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA VOCÊ? Sim, afeta sim. Aqui não faz e sinto que está faltando alguma coisa. Ha! Ha! Tem que falar? Ah!Ah! Falta o registro daquilo que eu faço, parece que não existe. Eu faço o cuidado, passo visita, faço exame físico, faço a ação, mas não há registros desses passos, oriento os funcionários, falo com as mães. Fica faltando algo.
SUJEITO XXI
1.SEXO? Feminino 2.IDADE? 41 anos 3.ESTADO CIVIL? Casada 4.NÚMERO DE FILHOS? Dois. 5.TEMPO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL? 19 anos 6.ÁREA DE ATUAÇÃO NA INSTITUIÇÃO? Centro Cirúrgica e Central de Material de Esterilização. 7.TEMPO EM QUE TRABALHA NESTA INSTITUIÇÃO? 14 anos 8. TEM OUTRO VÍNCULO? Não 9.VOCÊ CONHECE A SAE ? Conheço. 10.O QUE VOCÊ ACHA DA SAE ? Eu acho assim: é muito bom para o paciente e também facilita muito para enfermagem também. A enfermagem passa conhecer melhor, tem aquela parte de histórico, tem toda aquela parte de prescrição de enfermagem, eu acho muito bom. 11.VOCÊ DESENVOLVE A SAE NO SEU TRABALHO? É assim: aqui no centro cirúrgico, os pacientes ficam muito pouco tempo, quando os pacientes chegam aqui da enfermaria vão diretamente para a mesa cirúrgica para serem anestesiados e depois que termina a cirurgia vai para a recuperação anestésica, onde o paciente estar sob efeito da anestesia, quando ele acorda, eu já encaminho para a enfermaria. Quando acontece do paciente não ter vaga na enfermaria, eu faço a prescrição de enfermagem, quando não tem vaga na enfermaria, ele fica na sala recuperação anestésica. Faço toda ação do cuidado mas a SAE completa, não. 12.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA O SEU TRABALHO? É assim: quando os pacientes entram e ficam muito pouco tempo e, assim pra mim fica muito difícil de fazer porque os pacientes vão para a cirurgia, vão para a anestesia, vão pra não sei o quê, e é muito pouco tempo no centro cirúrgico. É assim, dificulta um pouquinho o trabalho. Mas quando é um paciente que fica aqui por causa de vaga, aí já é possível. 13.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA VOCÊ? Não. Mas aqui realmente, às vezes eu fico incomodada por não conseguir fazer com os pacientes que ficam mais tempo aqui. Mas assim como eu sou sozinha aqui, responsável pelo centro cirúrgico e pela central de material, e eu fico às vezes com o paciente um ou dois dias, eu faço. E quando os pacientes não ficam muito tempo não dá tempo para fazer. Porque é assim, tem paciente na sala cirúrgica, tem paciente na sala de recuperação anestésica, tem a central de material estéril para ver e não dar tempo para fazer a SAE. Nos dias mais tranqüilos sim. Mas os pacientes que saem da cirurgia e vão para a sala de recuperação pós anestésica tem que dar um tempo para este paciente, porque ele está sob anestesia e tem que fazer perguntas ao paciente para fazer o histórico, por esta razão não dá para fazer, ou melhor, nesta hora não é bom fazer. E esta informação com certeza não será correta.
SUJEITO XXII
1.SEXO? Feminino
2.IDADE? 39 anos
3.ESTADO CIVIL? Casada
4.NÚMERO DE FILHOS? Um
5.TEMPO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL? 13 anos
6.ÁREA DE ATUAÇÃO NA INSTITUIÇÃO? Centro Obstétrico
7.TEMPO EM QUE TRABALHA NESTA INSTITUIÇÃO? 12 anos
8. TEM OUTRO VÍNCULO? Não
9.VOCÊ CONHECE A SAE ? Sim
10.O QUE VOCÊ ACHA DA SAE ?
Um método de trabalho para uma melhor qualidade na assistência de enfermagem, onde o enfermeiro encabeça e coordena esse trabalho.
11.VOCÊ DESENVOLVE A SAE NO SEU TRABALHO?
Não. Bom, a gente trabalha numa instituição pública em primeiro lugar, onde vem um monte de coisas que bloqueiam a gente, primeiro verbas. Nós desenvolvemos na época anterior da nossa última gerente de enfermagem todo projeto da sistematização que poderia ser feito. Eu estava, naquela, época na coordenação do centro obstétrico, fizemos tudo que podiam ser feito, exame físico e tal. E a coordenadora da maternidade fez do Alojamento Conjunto e do Recém Nascido. Mas isso não foi para frente, porque disseram que iriam fazer os impressos, em blocos. Fica inviável para a enfermeira obstétrica aqui, que de manhã é o único horário que tem duas enfermeiras, tarde, noite e final de semana a gente fica meio, na verdade, nem é uma é meio que ela cobre centro cirúrgico e o andar ás vezes. Não dá realmente para fazer isso. Então é questão de tempo, de pessoal de trabalho e não temos o material para fazer isso no escrito.
12.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA O SEU TRABALHO?
Eu acho que no começo ia ser difícil até a gente acostumar a fazer, a escrever, na verdade, o que a gente faz, mas não escreve. A gente faz o levantamento de problemas, faz até um diagnóstico, mas não escreve nada. A gente até pede para que seja feito algum procedimento pelo auxiliar de enfermagem, mas nada é escrito. Nada é escrito. A única coisa que a gente faz é a prescrição, mas não seria de enfermagem e do pós parto que pelo protocolo do hospital a gente prescreve o parto normal que a gente realiza. Mas não é uma prescrição de enfermagem. Eu acho que no começo a gente sentiria esta diferença, eu acho até que alguns iriam reclamar na questão do tempo de estar fazendo, mas depois a gente iria acostumar.
13.VOCÊ ACHA QUE A SAE AFETA VOCÊ?
A mim, não. Eu não sei se é porque aqui a gente prescreve o parto normal, talvez, sacie a nossa vontade de estar fazendo algo mais, mas não sinto isso, esta frustração, digamos assim, de não estar realizando a SAE, eu acho que traria um pouco mais de trabalho.
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