Upload
lamanh
View
213
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E
MUCURI FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
USO DO CONCEITO DE PROTEÍNA IDEAL NA FORMULAÇÃO
DE RAÇÕES PARA FRANGOS DE CORTE
Graciene Conceição dos Santos
DIAMANTINA 2007
2
USO DO CONCEITO DE PROTEÍNA IDEAL NA FORMULAÇÃO DE RAÇÕES PARA FRANGOS DE CORTE
Graciene Conceição dos Santos Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Zootecnia, como parte dos requisitos exigidos para a conclusão do Curso.
APROVADA em ... /.../...
_______________________________ Prof. Aldrin Vieira Pires – UFVJM
_________________________________ Prof. Édison José Fassani - UFVJM
________________________________ Prof. Joerley Moreira – UFVJM (Orientador)
DIAMANTINA 2007
4
AGRADECIMENTO
Aos meus pais, Roberto e Geralda, pela presença em todos os momentos, por todo
amor, por acreditarem em meus sonhos e por fazerem de tudo para que eles tornassem
realidade.
Aos meus irmãos Glêison (que tanto me ajudou nesta caminhada), Betinho e
Wemerson.
Às amigas de república: Bruna que está fazendo muita falta nestes últimos meses,
Cibele e Grazy.
Aos grandes amigos Daya, Andrade, Jaque, Rômulo, Amélia, Cíntia, Luana, Fran,
Luciana, Vanessa etc., pelos momentos muito agradáveis de convivência.
Aos amigos do GEPAM.
Às pessoas que não estão nominalmente citadas e que fizeram ou fazem parte da minha
vida, agradeço.
Aos professores, Joerley Moreira e Edison Fassani, pela paciência, dedicação e
disponibilidade em me ajudar na conclusão deste trabalho.
5
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................... vi
ABSTRACT............................................................................................................... vii
LISTA DE TABELAS............................................................................................... viii
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 01
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................... 03 2.1 O conceito de proteína ideal............................................................................ 03 2.2 Perfis de proteína ideal.................................................................................... 05 2.3 Fatores que afetam as relações ideais de aminoácidos.................................... 09 2.4 Aplicação do conceito de proteína ideal......................................................... 11
2.4.1 Redução do teor protéico......................................................................... 17 2.4.2 Utilização de subprodutos de origem animal com base no conceito de proteína ideal..................................................................................................... 19
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 22
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 23
6
RESUMO
SANTOS, G. C. Uso do conceito de proteína ideal na formulação de rações para frangos
de corte. 2007. 25p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Zootecnia).
Faculdade de Ciências Agrárias, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e
Mucuri, Diamantina, 2007.
Um importante avanço na pesquisa em nutrição animal, e, portanto, na nutrição de
frangos de corte foi o desenvolvimento do conceito de proteína ideal. A proteína ideal é
um balanço adequado de aminoácidos cuja composição atende às exigências dos
animais para os processos de mantença e crescimento. Todos os aminoácidos essenciais
são expressos em taxas ideais ou em porcentagem em relação a um aminoácido de
referência. O aminoácido utilizado como referência é a lisina, que é o primeiro
aminoácido limitante em dietas de suínos e segundo em dietas para aves. O uso do
conceito de proteína ideal na formulação de rações para aves, preconiza a redução dos
níveis de proteína bruta da dieta, através da utilização de aminoácidos sintéticos ou com
o uso de ingredientes com maior aporte em aminoácidos, e isso, além de reduzir os
custos da alimentação contribui para a redução na excreção de N ao meio ambiente.
Dietas formuladas no conceito de proteína ideal, para frangos de corte no Brasil, têm se
tornado uma prática cada vez mais comum, com bons resultados de desempenho e
rendimento das aves. A formulação das dietas com uso deste conceito tende a crescer e
substituir o uso da formulação com base na quantidade de proteína bruta, devido ao fato
da melhoria da relação custo – beneficio exigências nutricionais e menos poluição
ambiental.
Palavras chave: avicultura, aminoácidos essenciais, aminoácidos digestíveis, lisina.
7
ABSTRACT
SANTOS, G. C. Ideal protein concept used in feed formulation to broilers. 2007. 25p.
Course Conclusion Work (Animal Science Graduation). Faculdade de Ciências
Agrárias, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina,
2007.
An important advance in animal nutrition research and, therefore, in broilers nutrition
was the ideal protein concept development. Ideal protein is an amino acids or proteins
balance whose composition attends to animal requirements for keeping and growing.
Overall essential amino acids are expressed in ideal rates or a reference amino acid
percentage. The amino acid used as reference is lysine, which is the first hedging amino
acid in swine diet and the second in poultry diet. Ideal protein concept used in poultry
feed formulation profess gross protein level reduction in the diet through synthetic
amino acids utilization or by ingredients use with greater amino acids amount, and this,
beyond to reduce food costs, contribute for N excretion decrease in the ambient. Diets
formulated in ideal protein concept to poultry in Brazil have been became an
increasingly common practice with good performance and yield results from broilers.
Diet formulation with this concept use tends to increase and prevail rather gross protein
use, due cost/benefit improvement fact.
Key Words: aviculture, essential amino acids, digestible amino acids, lysine.
8
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Principais perfis de proteína ideal usados para frangos de corte........ 06 TABELA 2 – Perfis de aminoácidos totais (expressos em valores absolutos e como porcentagem da lisina) de acordo com diferentes critérios de formulação de rações no período de 1 a 21 dias................................................................................ 07 TABELA 3 – Perfis de aminoácidos digestíveis (expressos em valores absolutos e como porcentagem da lisina) de acordo com diferentes critérios de formulação de rações no período de 1 a 21 dias................................................................................ 07 TABELA 4 – Desempenho de frangos de corte alimentados com diferentes recomendações, baseadas em aminoácidos totais, no período de 1 a 21 dias de idade .......................................................................................................................... 08 TABELA 5 – Desempenho de frangos de corte alimentados com diferentes recomendações, baseadas em aminoácidos digestíveis, no período de 1 a 21 dias de idade...................................................................................................................... 08 TABELA 6 - Consumo de ração (CR), ganho de peso (GP), conversão alimentar (CA) de frangos de corte, machos, no período de 1 – 21 dias e de 1 – 42 dias de idade segundo o conceito protéico e a linhagem....................................................... 12 TABELA 7 - Consumo de ração (CR), ganho de peso (GP), conversão alimentar (CA) de frangos de corte, fêmeas, no período de 1 – 21 dias e de 1 – 42 dias de idade segundo o conceito protéico e a linhagem....................................................... 14 TABELA 8 - Desempenho de frangos de corte alimentados com dietas formuladas a base de proteína bruta (PB) e proteína ideal (PI) no período de 1 a 21 dias ....................................................................................................................... 16 TABELA 9 - Desempenho de frangos de corte alimentados com dietas formuladas à base de proteína bruta (PB) e proteína ideal (PI) no período de 1 a 21 dias........................................................................................................................ 16 TABELA 10 - Consumo de ração (CR), ganho de peso corporal (GP), peso corporal (PC), conversão alimentar (CA) e viabilidade criatória (VC) de frangos de corte de 7 a 21 dias de idade................................................................................. 19 TABELA 11 - Desempenho de frangos de corte de 1 a 21 dias recebendo dietas formuladas com base na proteína bruta e na proteína ideal e com duas fontes de proteína animal...........................................................................................................21
9
1 INTRODUÇÃO
Durante muitos anos as dietas para aves e suínos foram formuladas com base na
proteína bruta, e isso resultava em dietas com um conteúdo de aminoácidos superiores
ou em desequilíbrio em relação ao exigido pelos animais. Com a redução dos custos dos
aminoácidos sintéticos e, portanto, após sua viabilidade econômica, as dietas podem ser
formuladas com base em aminoácidos essenciais, com um menor nível protéico e com o
nível de aminoácidos mais próximo às necessidades das aves. Além disso, a maior
disponibilidade dos aminoácidos sintéticos ajuda na diminuição da poluição ambiental
pela diminuição da quantidade de nitrogênio excretado (ROSTAGNO, 2006).
Um importante avanço na pesquisa em nutrição animal foi o desenvolvimento do
conceito de proteína ideal (HACKENHAAR & LEMME, 2005). Todos os aminoácidos
essenciais são expressos em taxas ideais ou em porcentagem de um aminoácido de
referência (BRAGA & BAIÃO, 2001). O aminoácido utilizado como referência é a
lisina, que é o primeiro aminoácido limitante em dietas de suínos e segundo em dietas
para aves. Isto se justifica pelo fato de a análise de lisina ser mais fácil de ser realizada
que a de metionina e de cistina, sendo a lisina utilizada exclusivamente para produção
de proteína (ARAÚJO et al., 2001).
Na produção avícola, os custos com a alimentação representam cerca de 75%,
sendo a proteína um dos nutrientes mais caros da ração. Assim, o uso do conceito de
proteína ideal na formulação de rações para aves, preconiza a redução dos níveis
protéicos da dieta com utilização de aminoácidos sintéticos, e isso, além de reduzir os
custos da alimentação promove melhora da poluição ambiental, uma vez que dietas
formuladas com este conceito promovem uma redução dos níveis de N excretado nas
fezes.
10
Desta forma, essa revisão bibliográfica teve por objetivo apresentar e avaliar o
uso do conceito de proteína ideal no balanceamento de rações para frangos de corte.
11
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 CONCEITO DE PROTEÍNA IDEAL
A primeira a definição do conceito de proteína ideal foi realizada por Mitchell
(1964) citado por Araújo et al. (2001) como sendo uma mistura de aminoácidos ou
proteína cuja composição atende às exigências dos animais para os processos de
mantença e crescimento. Segundo Parsons & Baker (1994) a proteína ideal é uma
mistura de aminoácidos ou de proteínas com total disponibilidade de digestão e
metabolismo, capaz de fornecer, sem excessos nem deficiências, as necessidades
absolutas de todos os aminoácidos exigidos para manutenção e produção animal, para
favorecer a deposição protéica com máxima eficiência.
Este conceito foi primeiramente desenvolvido para a nutrição de suínos, vindo o
ARC (Conselho Britânico de Pesquisa Agrícola) propor o uso da proteína ideal a partir
de 1981 (MOURA, 2004).
Segundo Araújo et al. (2001) não existem dúvidas de que as proporções de
aminoácidos devem ser expressas em termos de aminoácidos digestíveis ao invés de
totais e, caso sejam incluídos outros alimentos além do milho e da soja, é importante
considerar as diferenças na digestibilidade desses alimentos e, consequentemente,
elaborar a formulação baseada no conteúdo de aminoácidos digestíveis.
O conceito de proteína ideal estabelece que todos os aminoácidos essencias
sejam expressos como proporções ideais ou porcentagens de um aminoácido de
referência.
12
O aminoácido geralmente usado como referência é a lisina. Em situações
práticas os aminoácidos sulfurados, lisina, treonina, triptofano, valina e arginina, são os
mais importantes para produção de suínos e aves (BRAGA & BAIÃO, 2001).
Entre os aminoácidos essenciais a lisina foi escolhida como aminoácido de
referência pelas seguintes razões:
• É o primeiro aminoácido limitante em dietas para suínos e o segundo limitante
em dietas para aves;
• Trata-se de um aminoácido estritamente essencial, ou seja, não há síntese
endógena;
• É de análise relativamente simples;
• Sua exigência é bastante conhecida sobre diversas condições de ambientes e de
genética;
• Existe muita informação sobre sua concentração e digestibilidade nos
ingredientes;
• Aminoácido envolvido exclusivamente com a síntese protéica;
• Sua suplementação é economicamente viável; (FARIA FILHO & TORRES,
2007).
A grande vantagem da proteína ideal é que as relações de aminoácidos
essenciais digestíveis/lisina digestível não são influenciadas por fatores que
normalmente afetam as exigências de aminoácidos (FARIA FILHO & TORRES, 2007).
Com o uso do conceito de proteína ideal, o processo de formulação de ração é
simplificado, uma vez que é necessário somente definir as exigências em lisina
digestível e aplicar o conceito de proteína ideal para obter as exigências dos demais
aminoácidos.
13
2.2 PERFIS DE PROTEÍNA IDEAL
Vários estudos já foram realizados com o propósito de determinar a proporção
ideal de aminoácidos para aves.
Uma das formas de se obter um perfil ideal de aminoácidos é através da revisão
da literatura, já o ideal seria a utilização dos métodos de abordagem fatorial e os
métodos de dose-resposta, são métodos mais eficientes de se obter os perfis ideais de
aminoácidos.
A abordagem fatorial é baseada no conceito de que a exigência de um
aminoácido pode ser dividida em três compartimentos: exigência para deposição de
proteína corporal, para crescimento das penas e para mantença (HACKENHAAR &
LEMME, 2005).
Segundo Faria Filho & Torres (2007), no método dose-resposta as exigências
são determinadas com base nas características zootécnicas como o ganho de peso e a
conversão alimentar, sendo essa exigência posteriormente expressa em porcentagem de
lisina.
O primeiro perfil de proteína ideal para frangos de corte foi publicado por Baker
e Han (1994), baseados em estudos utilizando dietas purificadas, ou seja, com
nitrogênio proveniente de aminoácidos sintéticos, que são 100% digestíveis (FARIA
FILHO & TORRES, 2007). Vários outros autores também definiram perfis de
aminoácidos, segundo diferentes métodos, e fase de vida das aves, na Tabela 1 são
relacionados alguns perfis de aminoácidos.
14
TABELA 1 - Principais perfis de proteína ideal1 usados para frangos de corte
Pesquisas (Período em dias)
BAKER &
HAN
(1994)
MACK
et al.
(1999)
ROSTAGNO
et al. (2005)
BAKER
et al.
(2002) Aminoácidos
1 a
21
21 a
42
20 a 40 1 a
21
22 a
42
43 a
56
8 a 21
Lys 100 100 100 100 100 100 100
Met+cys 72 75 75 71 72 72 -
Trp 16 17 19 16 17 17 16,6
Thr 67 70 63 65 65 65 55,7
Arg 105 105 112 105 105 105 -
Ile 67 67 71 65 67 67 61,4
Val 77 77 81 75 77 77 77,5
Leu 109 109 -2 108 109 109 -
His 32 32 - 36 36 36 -
Phe+tyr 105 105 - 115 114 115 -
1 todos os aminoácidos essenciais digestíveis são determinados como uma porcentagem da lisina digestível. 2 valores não determinados.
Adaptado de Faria Filho, (2003)
Araújo et al. (2002) desenvolveram dois experimentos com o objetivo de avaliar
critérios de formulação de rações, baseados em aminoácidos totais e digestíveis, para
frangos de corte no período de um a 21 dias de idade. Foram utilizados quatro critérios
de formulação de rações, para atender às exigências em aminoácidos totais, (NRC
(1994), Rostagno (1992), Degussa (1997) e AEC (1993) ) e para atender as exigências
15
em aminoácidos digestíveis foram utilizados três perfis de proteína ideal na formulação
das rações, (Rostagno et al. (2000), Baker & Han (1994) e Degussa (1997)), como
mostrado nas Tabelas 2 e 3.
TABELA 2 - Perfis de aminoácidos totais (expressos em valores absolutos e como
porcentagem da lisina) de acordo com diferentes critérios de formulação de rações no período de 1 a 21 dias
Critérios
Aminoácido NRC (1994) Rostagno (1992) Degussa (1997) AEC (1993)
Lisina
Metionina
Met + cis
Treonina
100 (1,10)
45 (0,50)
82 (0,90)
73 (0,80)
100 (1,10)
41 (0,45)
74 (0,81)
65 (0,72)
100 (1,10)
45 (0,50)
77 (0,85)
62 (0,68)
100 (1,10)
53 (0,58)
88 (0,97)
74 (0,81)
Adaptado de Araújo (2002)
TABELA 3 - Perfis de aminoácidos digestíveis (expressos em valores absolutos e como porcentagem da lisina) de acordo com diferentes critérios de formulação de rações no período de 1 a 21 dias
Critérios
Aminoácido Rostagno (2000) Baker & Han (1994) Degussa (1997)
Lisina
Metionina
Met + cis
Treonina
100 (1,18)
39 (0,46)
71 (0,84)
59 (0,70)
100 (1,18)
36 (0,42)
72 (0,85)
67 (0,79)
100 (1,18)
48 (0,57)
77 (0,91)
60 (0,71)
Adaptado de Araújo (2002)
Os resultados encontrados pelos autores demonstram não haver diferença no
desempenho das aves ao serem alimentadas com diferentes critérios de formulação
baseados em aminoácidos totais. Ao formular dietas com aminoácidos digestíveis, o
16
padrão estabelecido por Baker & Han (1994) resultaram em melhor desempenho das
aves no período avaliado, como mostrado nas Tabelas 4 e 5.
TABELA 4 - Desempenho de frangos de corte alimentados com diferentes
recomendações, baseadas em aminoácidos totais, no período de 1 a 21 dias de idade
Tratamentos Características
Ganho de peso (g) Consumo de ração (g) Conversão alimentar (g/g)
Critérios
NRC
Rostagno
Degussa
AEC
CV (%)
665 a
657 a
646 a
635 a
3,19
1,067 a
1,046 a
1,056 a
1,067 a
4,58
1,61 a
1,51 a
1,61 a
1,61 a
4,96
Dentro de cada coluna, médias seguidas de mesma letra não diferem pelo teste de Tukey (p>0,05) Adaptado de Araújo (2002)
TABELA 5 - Desempenho de frangos de corte alimentados com diferentes
recomendações, baseadas em aminoácidos digestíveis, no período de 1 a 21 dias de idade
Tratamentos Características
Ganho de peso (g) Consumo de ração (g) Conversão alimentar (g/g)
Critérios
Rostagno
Baker & Han
Degussa
CV (%)
667 b
700 a
689 ab
2,20
1,120 a
1,085 a
1,096 a
3,54
1,68 a
1,55 a
1,59 ab
1,92
Dentro de cada coluna, médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (p>0,05) Adaptado de Araújo (2002)
As aparentes diferenças atribuídas entre os vários perfis de aminoácidos
apresentados podem ser devidas ao método aplicado para determinação da proteína
17
ideal, assim como às interações entre as exigências de aminoácidos e outros fatores
relacionados ao animal ou ao ambiente.
2.3 FATORES QUE AFETAM AS RELAÇÕES IDEAIS DE AMINOÁCIDOS
Há indicações que as relações ideais de aminoácidos podem ser afetadas em
certas circunstâncias como, por exemplo, por fatores dietéticos (nível de proteína, teor
energético, presença de inibidores de proteases), por condições ambientais (densidade
de criação, estresse térmico, padrão sanitário etc.) e por fatores genéticos (sexo e
linhagem).
Os principais exemplos das relações afetadas por condições ambientais são as
relações entre Arginina: Lisina e Treonina: Lisina (HACKENHAAR & LEMME,
2005).
Os valores citados na Tabela 1 para porcentagem de Arginina:Lisina variam de
105 a 112 %, segundo Brake et al. (1998), o ganho de peso e também a conversão
alimentar melhoram com relação Arginina:Lisina até 139% em altas temperaturas,
porém o mesmo não é observado em temperaturas moderadas. Os autores relataram
ainda que em experimentos in vitro a absorção de arginina é significativamente reduzida
pelo epitélio intestinal sob condições de estresse por calor.
De acordo com Hackenhaar & Lemme (2005) a menor taxa de absorção sob
altas temperaturas poderia ser compensada com níveis mais altos de arginina, que por
sua vez resultaria em relações ideais de Arginina: Lisina mais alta.
Kidd et al. (2002) relataram que frangos de corte de 42 a 56 dias exigiram níveis
mais altos de treonina dietética para atingir desempenho máximo ou conversão
alimentar mínima em condições de produção “sujas” em comparação aos frangos
18
criados em ambientes “limpos”. Isso pode ser explicado pelo fato da treonina fazer parte
das proteínas do sistema imunológico.
Há evidências que a genética, em termos de sexo, linhagem ou progresso
genético ao longo dos anos, pode influenciar a relação ideal de aminoácidos. Em geral,
qualquer alteração na proporção de proteína corporal, penas e exigências de mantença
podem resultar em mudanças nas relações ideais de aminoácidos (HACKENHAAR &
LEMME, 2005).
Com base neste princípio Fisher (2002) demonstrou como as relações ideais de
metionina + cistina: lisina diferem entre frangos de corte machos e fêmeas. Assim, a
relação ideal para frangos de corte machos aumentou a um máximo às cinco semanas de
idade e permaneceu neste nível até às oito semanas. Quanto às fêmeas, a relação
máxima de metionina + cistina já havia sido atingida entre três e quatro semanas de
idade, a um nível claramente mais alto, e caiu a partir daí até oito semanas de idade para
o mesmo nível relatado para machos. As fêmeas necessitam de mais metionina + cistina
durante a fase inicial do que os machos, devido ao empenamento precoce.
Barbosa et al. (2000), em trabalho para determinar a exigência nutricional de
lisina total para frangos de corte Hubbard e Ross de ambos os sexos, nos períodos de
um a 21 e 15 a 40 dias de idade, considerando-se características como ganho de peso e
conversão alimentar, observaram que para a fase de um a 21 dias a exigência foi de
1,191 e 1,198% de lisina total para machos e fêmeas Ross e de 1,174 e 1,188% de lisina
total para machos e fêmeas Hubbard. Para a fase de 15 a 40 dias, o nível de 1,125% de
lisina total na ração foi considerado adequado para ambos os sexos das duas marcas
comerciais.
Sabino et al. (2004), em trabalho sobre níveis protéicos na ração de frangos de
corte na fase de crescimento, observaram que o consumo de ração diferiu apenas entre
19
sexos, e o consumo dos machos foi significativamente maior. Este efeito já era esperado
porque os machos possuem maior potencial de crescimento, e conseqüentemente,
necessitam de maior quantidade de nutrientes para que este potencial seja maximizado.
A formulação de dietas diferenciadas para machos e fêmeas resultará em
menores custos na alimentação como conseqüência da economia de nutrientes e do
melhor balanceamento das dietas.
Dentro dos fatores dietéticos que influenciam as exigências de aminoácidos
podem ser incluídos a concentração de energia metabolizável, o desequilíbrio de
aminoácidos e o nível de proteína bruta da dieta (ROSTAGNO et al., 2006).
2.4 APLICAÇÃO DO CONCEITO DE PROTEÍNA IDEAL
O maior benefício da aplicação do conceito de proteína ideal é a
simplificação do processo de formulação de ração, uma vez que é necessário somente
definir as exigências em lisina digestível e aplicar o perfil ideal.
Toledo et al. (2004) conduziram dois experimentos com o objetivo de avaliar o
desempenho e analisar a viabilidade econômica entre dois conceitos protéicos (proteína
bruta e proteína ideal) e duas linhagens de frangos de corte (Hybro G e Hybro PG)
criados no período de inverno. Os machos não mostraram interação entre proteína x
linhagens para as variáveis estudadas, entretanto, machos alimentados no conceito de
proteína bruta consumiram mais ração. De acordo com o autor a provável explicação
para o maior consumo de ração das aves alimentadas com o conceito de proteína bruta,
é a de que o consumo também pode ser influenciado pelo teor de proteína da dieta. No
caso de uma carência, as aves, em especial, tendem a consumir exageradamente o
alimento, como se tentassem assegurar uma ingestão suficiente de aminoácidos. No
20
caso das linhagens, o maior consumo da linhagem Hybro PG em relação à linhagem
Hybro G, pode estar associado ao seu maior peso vivo.
Para ganho de peso (GP) e conversão alimentar (CA), os autores observaram que
as aves alimentadas com o conceito de proteína ideal ganharam mais peso tanto na fase
inicial, como no período total do experimento, com CA altamente significativo no
período total. Isso mostra que deve ter ocorrido um melhor balanceamento de
energia/aminoácido das dietas baseadas no conceito de proteína ideal, pois embora as
aves alimentadas com o conceito de proteína bruta tenham consumido no período total,
mais alimento do que as aves alimentadas com o conceito de proteína ideal, aquelas
ganharam 5,5% menos peso e apresentaram CA 7,2% pior, provavelmente devido ao
gasto de energia para eliminar os catabólitos de nitrogênio ou, devido à digestibilidade
dos aminoácidos existentes nos ingredientes como mostrado na Tabela 6.
TABELA 6 - Consumo de ração (CR), ganho de peso (GP) e conversão alimentar (CA)
de frangos de corte machos, nos período de 1 – 21 dias e de 1 – 42 dias de idade, segundo o conceito protéico e a linhagem
1 a 21 dias 1 a 42 dias
CR (g) GP (g) CA CR (g) GP (g) CA
Conceito protéico (CP)
Proteína bruta 1241 721 b 1,726 4698 a 2408 b 1,942 b
Proteína ideal 1237 744 a 1,663 4602 b 2541 a 1,811 a
Linhagem (L)
Hybro G 1220 b 705 b 1,733 b 4492 b 2344 b 1,911 b
Hybro PG 1258 a 760 a 1,656 a 4806 a 2606 a 1,842 a
Probabilidade
Conceito protéico 0,798 0,041 0,118 0,063 0,0001 0,0001
Linhagem 0,030 0,0001 0,059 0,0001 0,0001 0,003
Interação CP x L 0,233 0,508 0,234 0,285 0,661 0,507
CV (%) 3,20 3,62 5,60 2,54 1,81 2,68
a,b = médias seguidas de letras diferentes nas colunas, diferem pelo teste F Fonte: Toledo et al. (2004).
21
Para CR em fêmeas, no período de um a 21 dias, os autores observaram
diferença significativa somente entre linhagens. Quanto ao GP houve diferença
significativa tanto entre conceitos, como entre linhagens. Entretanto, somente houve
interação significativa entre conceitos e linhagens para a variável CA. No período total,
para CR houve diferença significativa somente entre linhagens, para GP na fase final
não houve diferença significativa, para CA houve interação entre conceitos e linhagens,
como mostrado na Tabela 7. Na análise econômica dos resultados, foi observado que a
formulação de dietas com o conceito de proteína ideal, para ambos os sexos, foi mais
rentável.
22
TABELA 7 - Consumo de ração (CR), ganho de peso (GP) econversão alimentar (CA) de frangos de corte fêmeas, nos períodos de 1 – 21 dias e de 1 – 42 dias de idade, segundo o conceito protéico e a linhagem
1 a 21 dias 1 a 42 dias
CR (g) GP (G) CA CR (g) GP (g) CA
Conceito protéico (PG)
Proteína bruta 1172,8 655,0 b 1,774 4205 2027 b
Proteína ideal 1171,9 695,3 a 1,686 4232 2144 a
Linhagem (L)
Hybro G 1142,8 b 647,9 b 1,779 4051 b 1983 b 2,049
Hybro PG 1201,8 a 702,3 a 1,681 4387 a 2189 a 1,953
Interação
Proteína bruta Hybro G 1154,5 631,0 1,856 b 4021 1915 2,095 a
Proteína bruta Hybro PG 1191,1 679,0 1,692 a 4390 2142 2,003 b
Proteína ideal Hybro G 1131,2 664,9 1,702 a 4080 2052 1,964 bc
Proteína ideal Hybro PG 1212,6 725,7 1,671 a 4394 2337 1,941 c
Probabilidade
Conceito protéico 0,949 0,0001 0,007 0,530 0,0001 0,0001
Linhagem 0,0005 0,0001 0,003 0,0001 0,0001 0,0003
Interação CP x L 0,132 0,452 0,034 0,369 0,369 0,017
CV (%) 2,97 3,02 4,14 2,69 2,69 1,61
a,b,= médias seguidas de letras diferentes nas colunas, diferem entre si pelo teste F Fonte:Toledo et al. (2004)
Mendonza et al. (2001), avaliaram o desempenho de frangos de corte, sexados,
submetidos a dietas formuladas pelos conceitos de proteína bruta (PB) versus proteína
ideal (PI) no período de um a 42 dias de idade. As dietas experimentais baseadas no
conceito de PB foram formuladas segundo as recomendações do NRC (1994) e as dietas
formuladas pelo conceito de PI adaptadas de HAN & BAKER (1994). Os autores
avaliaram consumo alimentar, ganho de peso, peso corporal, ganho médio diário,
conversão alimentar e índice de eficiência nutricional e observaram que estes
parâmetros foram mais influenciados na fase inicial. As dietas formuladas pelo conceito
23
de PI, baseada no conteúdo de aminoácidos digestíveis (AAD), influenciaram
positivamente os parâmetros estudados, proporcionando significativas melhorias no
ganho de peso e eficiência alimentar, tanto para os machos quanto para as fêmeas nas
fases inicial e total, sendo similares nas demais fases. As aves alimentadas com AAD
apresentaram uma maior lucratividade nas fases inicial e crescimento. Esses dados
permitem concluir que dietas à base de milho e farelo de soja, formuladas para atender
às exigências de AAD, proporcionam melhores desempenhos biológico e econômico,
em relação àquelas formuladas à base de PB, do primeiro até os 35 dias de idade. No
entanto na fase final o efeito foi o contrário, sendo o conceito de PB mais econômico do
que a PI.
Araújo et al. (2001) realizaram dois experimentos com o objetivo de avaliar o
desempenho de frangos de corte no período de um a 21 dias alimentados com dietas
formuladas nos conceitos de proteína bruta e proteína ideal. No primeiro experimento,
foram utilizados 400 pintos machos de um dia de idade da linhagem Cobb, com dois
tratamentos (proteína total e proteína ideal). No segundo experimento, foram utilizados
800 pintos, 400 machos e 400 fêmeas, com duas formulações, proteína bruta e proteína
ideal e dois sexos. As dietas foram formuladas atendendo às exigências estabelecidas
pela DEGUSSA (1997). Aos 21 dias, foram avaliados, o ganho de peso, o consumo de
ração e a conversão alimentar. No experimento um, as aves alimentadas com dietas
formuladas no conceito de proteína ideal apresentaram maior ganho de peso e maior
consumo de ração. No experimento dois, as aves que se alimentaram com a dieta
formulada com base da proteína ideal apresentaram melhor ganho de peso e melhor
conversão alimentar, não influenciando o consumo de ração, conforme apresentado nas
Tabelas 8 e 9.
24
TABELA 8 - Desempenho de frangos de corte alimentados com dietas formuladas a base de proteína bruta (PB) e proteína ideal (PI) no período de 1 a 21 dias (experimento 1)
Características Proteína Bruta Proteína Ideal CV (%)
Peso inicial (g) 42 a 42 a 1,94
Peso final (g) 807 b 834 a 0,67
Ganho de peso (g) 763 b 792 a 0,62
Consumo (g) 1077 b 1125 a 1,27
Conversão alimentar (g) 1,41 a 1,42 a 1,18
Medias seguidas de mesma letra, na mesma linha, não diferem pelo teste de Tukey Adaptado de Araújo et al. (2001)
TABELA 9 - Desempenho de frangos de corte alimentados com dietas formuladas à
base de proteína bruta (PB) e proteína ideal (PI) no período de 1 a 21 dias (experimento 2)
Características Tratamentos
Proteína bruta Proteína ideal
machos fêmeas machos fêmeas CV(%))
Peso inicial (g) 42 a 43 a 42 a 43 a 1,02
Peso final (g) 693 b 685 b 778 a 764 a 1,54
Ganho de peso (g) 651 b 642 b 736 a 721 a 1,25
Consumo (g) 1074 a 1065 a 1082 a 1075 a 2,80
Conv. Alimentar (g) 1,62 a 1,66 b 1,47 a 1,49 b 2,16
Medias seguidas de mesma letra, na mesma linha, não diferem pelo teste de Tukey Adaptado de Araújo et al. (2001)
Os resultados desses experimentos confirmam a vantagem de se fornecer ao
frango de corte uma dieta formulada com base em aminoácidos digestíveis. Embora o
consumo de ração tenha apresentado comportamentos diferentes nos dois experimentos,
observou-se que o peso corporal e ganho de peso dessas aves foram melhorados quando
as aves alimentaram-se com dietas formuladas com aminoácidos digestíveis, denotando
maior aproveitamento desses aminoácidos pelos animais.
25
2.4.1 REDUÇÃO DO TEOR PROTÉICO
A redução do teor protéico é possível pelo uso do conceito da proteína ideal,
sendo os níveis dos aminoácidos dietéticos mantidos através da utilização de
aminoácidos sintéticos. Os aminoácidos disponíveis para a alimentação animal na forma
sintética são a metionina, lisina, treonina e triptofano. Os demais aminoácidos
essenciais e os não essenciais podem ser obtidos das linhas farmacêuticas de algumas
empresas, no entanto, em preços que não permitem sua utilização na alimentação
animal.
Dentre as diversas vantagens da redução do teor protéico, insere-se a redução
dos excessos de aminoácidos aproximando as dietas do perfil ideal de aminoácidos.
Outra vantagem da redução do teor protéico é a redução da excreção de nitrogênio
para o ambiente. Por ser a proteína o nutriente mais caro da ração após a energia, a
redução protéica é uma das vias de possível melhoria dos custos de produção
(SUIDA, 2001).
Uma vantagem importante da redução do teor protéico refere-se à
possibilidade de redução do incremento calórico das dietas, o que é bem visto para
situações de estresse por calor.
Uma das conseqüências da alimentação é a geração de calor. A digestão de
proteína provoca incremento calórico maior que carboidratos e lipídios que são
digeridos quase sem produção de calor (SUIDA, 2001).
Com o objetivo de avaliar o desempenho da utilização de dietas com baixo
teor protéico, formuladas usando o conceito de proteína ideal, para frangos de corte
de 7 a 21 dias criados em diferentes temperaturas, Faria Filho (2003) conduziu um
26
experimento utilizando 900 pintos machos de 7 dias de idade,da marca Cobb-500,
foram utilizadas três dietas, uma utilizando o conceito de PB (controle com 21,5% de
PB) e duas usando o conceito de proteína ideal com redução de 1,5 e 3,0 pontos
percentuais no teor de PB em relação à dieta controle (20,0 e 18,5% de PB). O nível
de lisina digestível das dietas com 20,0 e 18,5% de PB foram iguais aos da dieta
controle, enquanto que os demais aminoácidos digestíveis foram estabelecidos
através da relação ideal aminoácido:lisina proposta por BAKER & HAN (1994), e
três temperaturas ambiente (fria = 18,3°C a 21,1°C, termoneutra = 26,3°C a 29,0°C e
quente = 33,3°C a 33,6°C). Foram avaliados o desempenho, rendimento de carcaça e
de cortes comerciais, porcentagem de gordura abdominal, temperaturas superficiais e
cloacal e a perda de calor por radiação. O teor protéico das dietas e a temperatura
ambiente proporcionaram resultados independentes para todas as características
avaliadas. As temperaturas quente e fria prejudicaram o desempenho dos pintos de
maneira diferente, sendo que a temperatura quente acentuou a queda no ganho de
peso, que pode ter ocorrido pela diminuição do consumo de ração em altas
temperaturas para tentar aliviar o estresse por calor. A temperatura fria proporcionou
a pior conversão alimentar. O desempenho foi prejudicado pela redução dos níveis de
proteína bruta, os resultados estão apresentados na Tabela 10. A temperatura quente
conduziu a um maior rendimento de carcaça, asas, gordura abdominal e menor
rendimento de peito. A redução do teor protéico em três pontos percentuais reduz o
rendimento de peito, aumenta o de coxa+sobrecoxa e a gordura abdominal.
27
TABELA 10 - Consumo de ração (CR), ganho de peso corporal (GP), peso corporal (PC), conversão alimentar (CA) e viabilidade criatória (VC) de frangos de corte de 7 a 21 dias de idade.
Características avaliadas
Fatores CR (g) GP (g) PC(g) CA (g/g) VC (%)
Temperatura ambiente
Fria 1006 a 667 b 829 b 1,51 a 99,1
Termoneutra 991 a 720 a 882 a 1,38 c 99,6
Quente 788 b 540 c 702 c 1,46 b 98,7
Proteína bruta (%)
21,5 (controle) 929 663 a 826 a 1,40 b 99,1
20,0 934 641 b 803 b 1,46 a 98,3
18,5 923 623 c 784 c 1,48 a 100,0
Probabilidades
Temperatura ambiente
(TP)
0,00 0,00 0,00 0,00 0,68
Proteína bruta (PB) 0,51 0,00 0,00 0,00 0,28
Interação TP x PB 0,17 0,39 0,38 0,65 0,14
CV (%) 2,54 2,78 2,23 2,87 2,52
Médias seguidas de letras diferentes em uma mesma coluna, dentro de cada fator, diferem pelo teste de Tukey (p>0,05%).
Fonte: Faria Filho (2003)
2.4.2 UTILIZAÇÃO DE SUBPRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL COM BASE NO CONCEITO DE PROTEÍNA IDEAL
A formulação com base no conceito de proteína ideal é mais eficiente quando
são usados ingredientes alternativos ao milho e ao farelo de soja.
Os subprodutos de origem animal apresentam dificuldade de padronização, em
função do processo produtivo e da origem dos resíduos que compõem as farinhas de
origem animal, por isso necessitam de um maior cuidado na hora da formulação de
rações.
28
Alguns subprodutos de origem animal que são utilizados na alimentação de aves
são: Farinha de penas e vísceras, farinha de penas hidrolisadas, farinha de vísceras,
farinha de carne e ossos, farinha de carne, farinha de ossos, farinha de sangue etc.
Bellaver et al. (2001) avaliaram a substituição parcial do farelo de soja (FS) pela
farinha de vísceras (FV) de aves em dietas balanceadas com base em aminoácidos totais
ou digestíveis para frangos de corte. Os tratamentos utilizados pelos autores foram T1 =
dieta com 22% e 20% de proteína bruta (PB) nas fases iniciail (FI) e de crescimento
(FC) e 3200 kcal/kg de EM durante todo o experimento; T2 = energia semelhante à
dieta T1 e PI à base de milho e farelo de soja (1,15% de lisina digestível na FI e 0,90%
de lisina digestível na FC); T3 = dieta semelhante à T2, com 20% e 25% de substituição
do FS por FV nas fases FI e FC, respectivamente; T4 = dieta semelhante à T3, com 40 e
50% de substituição do FS por FV, nas FI e FC, respectivamente; T5 = dietas
semelhantes à T4, porém com balanço por aminoácidos totais (1,10 e 1,00% de lisina
total nas FI e FC, respectivamente). Os autores observaram que a formulação com base
na PI é melhor do que aquela que considera a PB ou AA totais. Verificaram que a
inclusão de 20% FV na FI e 25% na FC de frangos de corte, em substituição ao FS,
melhorou o desempenho até os 21 dias e não alterou o desempenho até os 42 dias em
dietas formuladas dentro do conceito de proteína ideal.
Cancherini et al. (2005) realizaram experimento para avaliar a utilização de
subprodutos de origem animal em dietas para frangos de corte, formuladas com base na
proteína bruta e proteína ideal. Utilizaram duas fontes de proteína animal, farinha de
vísceras de aves e farinha de sangue bovino, dois conceitos de formulação, proteína
bruta e proteína ideal, e uma dieta testemunha a base de milho e farelo de soja. As
características avaliadas foram: ganho de peso, consumo de ração e conversão
alimentar. Houve efeito significativo das interações entre as fontes de proteína de
29
origem animal e conceito de formulação para consumo de ração e ganho de peso Tabela
11. Os melhores ganhos de peso foram obtidos com as dietas com farinha de sangue
formuladas com base na proteína bruta e com farinha de vísceras de aves com base na
proteína ideal.
TABELA 11 - Desempenho de frangos de corte de 1 a 21 dias recebendo dietas formuladas com base na proteína bruta e na proteína ideal e com duas fontes de proteína animal
Subproduto Proteína Média Testemunha CV (%)
Bruta Ideal
Ganho de peso (g)
Farinha de vísceras 840 aA 853 aA 846
Farinha de sangue 848 aA 725 bB 786
Média 844 789 805 3,38
Consumo de ração
Farinha de vísceras 1230 aB 1240 aA 1240
Farinha de sangue 1350 aA 1200 bA 1280
Média 1300 1220 1340 4,63
Conversão alimentar
Farinha de vísceras 1,47 1,46 1,47 B
Farinha de sangue 1,59 1,66 1,62 A
Média 1,54 1,56 1,67 6,03
Médias seguidas de letras minúsculas diferentes nas linhas e letras maiúsculas diferentes nas colunas diferem pelo teste Tukey (P <0,05) FONTE: Cancherini et al. (2005)
30
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O melhor conhecimento das exigências nutricionais das aves com a melhor
avaliação dos nutrientes e suas respectivas digestibilidades, permitiu desenvolver o
conceito da proteína ideal, que é uma importante ferramenta utilizada para flexibilizar a
formulação de dietas.
O uso do conceito de formulação de ração com base na proteína ideal, permite
ao nutricionista inúmeras facilidades e vantagens, no processo de formulação de rações,
uma vez que basta definir as exigências em lisina digestível e aplicar o perfil ideal. A
formulação de dietas usando o conceito de proteína ideal resulta em ótimo desempenho
dos frangos de corte, com redução da excreção de produtos nitrogenados e redução da
poluição ambiental, além de apresentar um melhor custo benefício.
É importante considerar que as relações ideais de aminoácidos podem ser
afetadas em certas circunstâncias como, por exemplo, por fatores dietéticos, por
condições ambientais e por fatores genéticos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, L.F.; JUNQUEIRA O.M.; ARAÚJO C.S.S.; et al. Proteína Bruta e Proteína Ideal para Frangos de Corte no Período de 1 a 21 Dias de Idade. Revista Brasileira de Ciência Avícola vol.3, n.2, 2001. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo Acesso em: 10 Março 2007.
ARAÚJO, L.F.; JUNQUEIRA, O.M.; ARAUJO, C.S.S.; et al. Diferentes Critérios de Formulação de Rações para Frangos de Corte no Período de 1 a 21 Dias de Idade. Revista Brasileira de Ciência Avícola, vol.4, n.3, p.195-202. 2002.
ARAÚJO, L.F.; JUNQUEIRA, O. M; ARAÚJO, C. S.S. Redução do Nível Protéico da Dieta, Através da Formulação Baseada em Aminoácidos Digestíveis. Ciência Rural, v.34, n.4, p.1197-1201, julho-agosto 2004.
BARBOZA, W.A.; ROSTAGNO, H.S.; ALBINO,L.F.T.; et al. Níveis de Lisina para Frangos de Corte de 1 a 21 e 15 a 40 dias de Idade. Revista Brasileira de Zootecnia, 29(4), p.1082-1090, 2000.
BELLAVER, C.; BRUM, P.A.R; LIMA, G.M.M.; et al. Substituição Parcial do Farelo de Soja pela Farinha de Vísceras de Aves em Dietas Balanceadas com Base na Proteína e em Aminoácidos Totais ou Digestíveis para Frangos de Corte. Revista Brasileira de Ciência Avícola v.3, n.3, p. 233-240, set-dez. 2001.
BRAGA, P.J.; BAIÃO, C.N. O Conceito de Proteína Ideal na Formulação de Ração para Frangos de Corte. Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, n.34 p. 29-37, 2001.
BRAKE, J.D.; BALNAVE, J. J. Optimum Dietary Arginine : Lysine Ratio for Broiler Chickens is Altered During heat Stress in Association With Changes in Intestinal Uptake and Dietary Sodium Chloride. British Poultry Science 39: 639-647,2003.
CANCHERINI, L.C.; JUNQUEIRA, O.M.; ANDREOTTI, M.O. et al. Utilização de Subprodutos de Origem Animal em Dietas para Frangos de Corte com Base no Conceito de Proteínas Bruta e Ideal, no Período de 43 a 49 Dias de Idade. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.6, p.2060-2065, 2004 (Supl. 2).
xxxii
FISHER, C. Possibilities and Limitations of Ideal Protein Concepts in Evaluation of Amino Acids for Fast Growing Poultry. 11th European Poultry Conference, 6.-10.September, Bremen, Germany.2002.
FARIA FILHO, D.E. Efeito de Dietas com Baixo Teor Protéico, Formuladas Usando o Conceito de Proteína Ideal, Para Frangos de Corte Criados em Temperaturas Fria, Termoneutra e Quente. Jaboticabal: Universidade Estadual Paulista, 2003. 93p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Estadual Paulista, 2003.
FARIA FILHO, D.E.,TORRES, K.A.A. Proteína Ideal para Frangos de Corte. Revista AVEWORLD. p. 58- 63,DEZ 2006- JAN 2007.
HACKENHAAR, L.; LEMME, A. Como Reduzir o Nível de Proteína em Dietas de Frangos de Corte, Garantindo Performance e Reduzindo Custos. In: VII SIMPÓSIO GOIANO DE AVICULTURA E II SIMPÓSIO GOIANO DE SUINOCULTURA – Avesui Centro-Oeste Seminários Técnicos de Avicultura 13, 14 e 15 de setembro de 2005.
KIDD ,M.T.; DOZIER, W. A.; BARBER, S.J et al. Threonine needs of Cobb Male Broilers From Days 42 to 56. Abstracts International Poultry Science, 14 -15, January, Atlanta, Georgia, USA, 2002
MENDOZA, M. O.; COSTA, P.T.C.; KATZER, L.H.K.; et al. Desempenho de Frangos de Corte, Sexados, Submetidos a Dietas Formuladas Pelos Conceitos de Proteína Bruta Versus Proteína Ideal. Ciência Rural, v.31, n.1, p.111-115, 2001.
MOURA, A.M.A. Conceito da Proteína Ideal Aplicada na Nutrição de Aves e Suínos. Revista Eletrônica Nutritime, v.1, n1, p.31-34, julho/agosto de 2004. Disponível em: <http://www.nutritime.com.br/Arquivos/004V1N1P31_34_JUL2004.pdf.> Acesso em: 5 Março 2007.
NASCIMENTO, A. Exigências de Aminoácidos Essenciais para Frangos de Corte. In: Simpósio Sobre Manejo e Nutrição de Aves e Suínos, Campinas, SP, novembro de 2003.
ROSTAGNO, H.S.; ALBINO,L.F.T.; PAEZ,L.E.; et al. Uso da Proteína Ideal para Formular Dietas de Frangos de Corte. In: Seminário Técnico Ajinomoto Biolatina. 1º Dezembro 2006 – Brasil
xxxiii
ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE, J.L. et al. Tabela Brasileira para Aves e Suínos – Composição de Alimentos e Exigências Nutricionais 2°
ed.Viçosa. MG Brasil, 186p., 2005.
SUIDA, D. Formulação por Proteína Ideal e Conseqüências Técnicas, Econômicas e Ambientais. In: I Simpósio Internacional de Nutrição Animal: Proteína ideal, energia líquida e modelagem – Santa Maria, RS – Brasil, p. 1-17, 2001.
SABINO, H.F.N; SAKOMURA, N.K.; NEME, R.; Níveis Protéicos naRração de Frangos de Corte na Fase de Crescimento. Pesquisa Agropecuária, v.39, n.5, p. 407-412, 2004.
TOLEDO, G.S.; LOPEZ, J.; COSTA, P.T.; et al. Aplicação dos Conceitos de Proteína Bruta e Ideal Sobre o Desempenho de Frangos de Corte Machos e Fêmeas Criados no Inverno. Ciência Rural, v.34, n.6, p.1924-1931, 2004.