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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE GURUPI MESTRADO EM PRODUÇÃO VEGETAL MEMORA PEREGRINA: ANÁLISE ANATÔMICA DO CAULE E CONTROLE COM O HERBICIDA TOGAR (TRICLOPIR + PICLORAN) APLICADO NO CAULE COM DOIS TIPOS DE VEÍCULOS (ÓLEO DIESEL E GLICERINA). GURUPI-TO SETEMBRO DE 2012 i

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINSCAMPUS UNIVERSITÁRIO DE GURUPIMESTRADO EM PRODUÇÃO VEGETAL

MEMORA PEREGRINA: ANÁLISE ANATÔMICA DO CAULE E CONTROLE COM O HERBICIDA TOGAR (TRICLOPIR + PICLORAN) APLICADO NO

CAULE COM DOIS TIPOS DE VEÍCULOS (ÓLEO DIESEL E GLICERINA).

GURUPI-TOSETEMBRO DE 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINSCAMPUS UNIVERSITÁRIO DE GURUPIMESTRADO EM PRODUÇÃO VEGETAL

MEMORA PEREGRINA: ANÁLISE ANATÔMICA DO CAULE E CONTROLE COM O HERBICIDA TOGAR (TRICLOPIR + PICLORAN) APLICADO NO

CAULE, COM DOIS TIPOS DE VEÍCULOS (ÓLEO DIESEL E GLICERINA).

MELQUEZEDEQUE DO VALE NUNES Engº Agrônomo

Dissertação apresentada a Universidade Federal do Tocantins (UFT), Campus Universitário de Gurupi no dia 30 de Julho de 2012, como parte das exigências para a obtenção do titulo de Mestre em Produção Vegetal.

GURUPI-TOSETEMBRO DE 2012

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Trabalho realizado junto ao laboratório de Plantas Daninhas, Universidade

Federal do Tocantins, Campus Universitário de Gurupi, sob orientação do

Professor: Prof. Dr.: Eduardo Andrea Lemus Erasmo e como Co-Orientador, o

Prof. Dr.: Luíz Gustavo de Lima Guimarães.

BANCA EXAMINADORA:

_________________________________Professor: Doutor: Eduardo Andrea Lemus Erasmo

Universidade Federal do TocantinsOrientador

________________________________ Professor: Doutor: Luíz Gustavo de Lima Guimarães

Universidade Federal do TocantinsCo-Orientador

___________________________________Professor: Doutor: Tarcisio Castro Alves de Barros Leal

Universidade Federal do Tocantins

___________________________________Doutor: José Iran Cardoso da Silva

Universidade Federal do Tocantins

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Esta Dissertação foi apresentada e aprovada em 30 de Julho de 2012, como

parte das exigências para a obtenção do titulo de Mestre em Produção

Vegetal.

Ofereço este trabalho á Deus, meu pai eterno, e Jesus Cristo seu filho,

meu Senhor e Salvador por sempre está comigo e me conceder,

inteligência, Saúde e o dom da vida.

Ofereço

Ao senhor Manoel Antonio de Vale e senhora Maria das Dores

Freire, meus pais, por serem essenciais em meus ensinamentos,

exemplos de vida e dignidade.

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Dedico.

Agradecimento especial

Venho através deste simples parágrafo, agradecer a uma pessoa

muito especial, que muito contribuiu para a minha formação ética,

pessoal e social. Como forma de gratidão eu dedico esta

dissertação à professora Celina dos A. Andrade, a quem sou

eternamente grato.

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AGRADECIMENTOS

• À Universidade Federal do Tocantins, pela oportunidade de realização deste curso.

• A coordenação do curso de pós - graduação em Produção Vegetal e todo corpo docente pelos conhecimentos transmitidos e fundamentais para minha formação acadêmica.

• À Universidade Federal de Lavras, em especial ao professor Paulo Trurgilho, Antonio Claret de Matos e aos pós-graduandos do departamento de Ciências Florestais.

• Ao professor Eduardo Andrea Lemus Erasmo, pelas orientações ensinamentos e paciência.

• Ao professor Luis Gustavo de Lima Guimarães, pela colaboração na logística do trabalho.

• Aos membros da banca pelos comentários, sugestões e conhecimentos que aprimoraram este trabalho.

• Aos meus colegas Dhiego Brito, Fábio Pinto dos Reis, João Josué Neto, Deyvid Brito pelo apoio na idealização e consolidação deste trabalho.

• Ao grupo de Pesquisa do Laboratório de Plantas Daninhas/UFT, em especial ao Thomas Nunes, por ceder toda estrutura para realização deste trabalho.

• E a todos que de alguma forma contribuíram nesta grandiosa tarefa.

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SUMÁRIO

Pg 1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA 12 REVISÃO DE LITERATURA 42.1 A PECUÁRIA NO BRASIL 42.2 PLANTAS DANINHAS EM PASTAGENS 42.2.1 MEMORA PEREGRINA: ESPÉCIE DANINHA PRESENTE EM ÁREAS DE PASTAGENS

7

2.3 MANEJO DE PLANTAS DANINHAS EM PASTAGENS 72.3.1 CONTROLE QUÍMICO 82.4 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO HERBICIDA TOGAR 1

02.5 ABSORÇÃO DOS HERBICIDAS PELAS PLANTAS 1

02.6 PENETRAÇÃO E ABSORÇÃO DE HERBICIDAS PELO CAULE 1

32.7 MORFOLOGIA E COMPOSIÇÃO QUIMICA DE CAULE DE PLANTAS 1

52.7.1 MORFOLOGIA DO CAULE 1

52.8 GLICERINA: CO-PRODUTO DA PRODUÇÃO DE BIODIESEL 2

12.8.1 UTILIZAÇÃO DA GLICERINA COMO VEICULO EM PULVERIZAÇÕES AGRÍCOLAS

23

3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 25

CAPITULO I 34

CARACTERIZAÇÃO ANATÔMICA E QUÍMICA DO CAULE DE M. peregrina

34

RESUMO 35

ABSTRACT 36

INTRODUÇÃO 37

MATERIAL E MÉTODOS 39

RESULTADOS E DISCUSSÃO 41

CONCLUSÃO 48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 4

vii

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9CAPÍTULO II 5

4UTILIZAÇÃO DA GLICERINA CO-PRODUTO DA PRODUÇÃO DE BIODIESEL, COMO VEÍCULO NA APLICAÇÃO DO HERBICIDA TOGAR* TB NO CONTROLE DE Memora peregrina.

54

RESUMO 55

ABSTRACT 56

INTRODUÇÃO 57

MATERIAIS E MÉTODOS 60

RESULTADOS E DISCUSSÃO 64

CONCLUSÃO 73

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 74

LISTA DE TABELAS

Pg.TAB. 1 ANÁLISE QUÍMICA DA M. PEREGRINA 4

3TAB. 2 TRATAMENTOS A SEREM AVALIADOS FÍSICA E QUIMICAMENTE.

62

TABELA 3. TRATAMENTOS DA AVALIAÇÃO NO CAMPO. 63

TAB. 4 CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DA GLICERINA BRUTA UTILIZADA.

64

TAB. 5 ANÁLISE QUÍMICA DA GLICERINA PRÉ – PURIFICADA COM H3PO4

64

TAB. 6 VISCOSIDADE E TENSÃO SUPERFICIAL DA GLICERINA PRÉ - PURIFICADA

67

TAB. 7 AVALIAÇÃO NO CAMPO DO EFEITO DA GLICERINA SOBRE A M. PEREGRINA

70

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LISTA DE QUADROS

Pg.QUADRO 1. PLANTAS DANINHAS CONTRLADAS PELO HERBICIDA TOGAR TB*

9

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LISTA DE FIGURAS

Pg.FIG. 1 IMPACTOS CAUSADOS PELAS ESPÉCIES INVASORAS 5FIG. 2 ESTRUTURAS QUÍMICAS DO PICLORAN E DO TRICLOPIR. 8FIG. 3 APLICAÇÃO DE HERBICIDA VIA CAULE NA M. PEREGRINA. 1

0FIG. 4 CORTE TRANSVERSAL DO CAULE VEGETAL PERTENCENTE Á FAMÍLIA BIGNONIACEAE EM DIFERENTES ESTÁDIOS DE DESENVOLVIMENTO.

18

FIG. 5 ANATOMIA DE UM CAULE JOVEM E DESENVOLVIDO. 1

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9FIG. 6 ANATOMIA DO CAULE DE MEMORA PEREGRINA. 4

1FIG. 7 VISUALIZAÇÃO DAS FASES (ÁCIDOS GRAXOS, GLICERINA E SAIS)

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LISTA DE SIGLAS

PIB PRODUTO INTERNO BRUTOCM CENTIMETROUS$ CIFRÃO DO DÓLAR % PORCENTAGEM

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UA/HÁ UNIDADE ANIMAL POR HECTARE KG QUILOGRAMAPH PODER HIDROGENIÔNICOBR BRASIL

MMHG MILIMETRO DE MERCÚRIOE.A/L INGREDIENTE ATIVO POR LITRO

ºC GRAU CÉLCIUSPPM PARTE POR MILHÃORNA ACIDO RIBONOCLEICODNA ÁCIDO DESOXIRRIBONUCLEICO PKA CONSTANTE DE EQUILÍBRIO ACIDEZKOW PARTIÇÃO OCTANOL ÁGUAKOC CONSTANTE CARBONO ORGÂNICO

MESH UNIDADE DE MEDIDAAIA ÁCIDO INDOL ACÉTICO2,4D ÁCIDO 2, 4 – DICLOROFENOXIACÉTICO

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1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

A pecuária constitui-se no setor mais importante nas exportações

nacionais, com uma participação de 8,39% no PIB do país (IBGE, 2010). Do

total da área de pastagem estabelecida, 18 % estão concentradas na região

norte do Brasil, totalizando especificamente no estado do Tocantins 12.000.000

ha, com um rebanho de 7.585.791 milhões de cabeça (ADAPEC, 2012).

Dias-Filho (2011) relatou que cerca de 70 milhões de hectares de

pastagens, nas regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil, estariam degradadas

ou em processo de degradação, isto é, seriam pastagens improdutivas ou de

muito baixa produtividade. Diversos fatores contribuem para isto, como solos

de baixa fertilidade, forrageiras inadequadas, alta pressão de pastejo e elevada

infestação das plantas daninhas, sendo estes, reflexo direto de um manejo

inadequado.

Uma espécie vegetal é considerada como planta daninha se estiver

direta ou indiretamente prejudicando determinada atividade humana, como, por

exemplo, plantas interferindo no desenvolvimento de culturas comerciais ou

plantas tóxicas em pastagens (CONCENÇO, 2012).

Entre as plantas daninhas de mais difícil controle encontram-se as

arbustivas, sendo de maior importância as que possuem estruturas

reprodutivas vegetativas (CHRISTOFFOLETI et al., 2004). Entre estas, nas

áreas de cerrado, destaca-se a Memora peregrina, conhecida popularmente

como ciganinha. É uma planta pertencente à família Bignoniaceae, nativa da

flora do cerrado e que se tornou invasora de pastagens cultivadas (KOLLER,

2011). Segundo Grassi et al. (2005) isto se deve ao fato de a mesma ser uma

espécie de muito difícil controle.

A dificuldade de controle da ciganinha, assim como, a capacidade de

regenerar a parte aérea quando cortadas, ou mal controladas, tem promovido o

surgimento de métodos de controle pouco tradicionais, porém eficazes como,

por exemplo, a utilização de herbicidas aplicados no toco ou a aplicação

diretamente no caule, utilizando-se como veículo de aplicação o óleo diesel

(VITORIA FILHO, 2002).

O uso de óleo diesel nestes tipos de aplicação torna-se muito oneroso

para o produtor, visto a expressiva quantidade utilizada nas pulverizações,

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correspondendo á 92% de volume da calda. Outra variável em questão é a

contaminação que o óleo diesel tende a causar no meio ambiente, sendo

necessária a substituição deste contaminante por um produto menos tóxico e

mais barato para o produtor.

A atividade biológica de um herbicida na planta ocorre de acordo com a

sua absorção, translocação, metabolismo e sensibilidade da planta perante o

mesmo e, ou, a seus metabólitos. Por isso, o simples fato de um herbicida

atingir as folhas e, ou, ser aplicado no solo não é suficiente para que ele exerça

a sua ação. Há necessidade de que ele penetre na planta, transloque e atinja o

local de ação (FERREIRA et al., 2010).

Para melhorar a eficiência do controle químico de plantas, ocorre a

associação dos herbicidas com produtos denominados adjuvantes e/ ou

surfactantes, sendo que estes atuam diretamente no molhamento,

espalhamento, formação de espuma, e dispersão da calda de pulverização

(MELO et al., 2012)

Uma das funções dos adjuvantes na calda de pulverização juntamente

com herbicidas é ampliar a eficiência destes últimos, agindo na estrutura

molecular da solução, quebrando a tensão superficial, agregando energia de

quebra molecular, agindo diretamente no tecido vegetal, facilitando e auxiliando

na penetração cuticular (MACIEL et al., 2011).

A implantação da obrigatoriedade da adição gradativa de Biodiesel ao

óleo diesel, determinada por meio de lei federal, incrementou a instalação de

usinas produtoras de Biodiesel acarretando junto com isto a produção de

diversos co-produtos. Um dos mais expressivos é a glicerina, visto á

quantidade resultante no processo de transesterificação, em média 10 litros

para 100 litros de Biodiesel produzido (DADOSGOV, 2012).

No Brasil, no ano de 2011, a produção de Biodiesel foi 16.955.989

barris equivalente de petróleo, sendo que no estado do Tocantins o total foi de

aproximadamente 641.897 barris equivalente de petróleo, gerando uma oferta

de glicerina bruta de aproximadamente 10% (DADOSGOV, 2012). No ano de

2011, no Brasil foram oferta de glicerina foi de 1.695.598 barris equivalente de

petróleo, no entanto a demanda da glicerina no Brasil foi de aproximadamente

24 milhões de litros (ASSOCIAÇÃO DA INDÚSTRIA QUÍMICA BRASILEIRA,

2012). Frente a esta diferença, diversas áreas de pesquisa procuram

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alternativas para a utilização da glicerina, além daquelas tradicionalmente

utilizadas no setor químico, alimentício e farmacêutico.

Este composto apresenta propriedades físico-químicas que abrem a

possibilidade da utilização mesmo no setor agrícola, especificamente como

adjuvante nas caldas de pulverização de defensivos.

Desta maneira, o presente trabalho teve como objetivo analisar a

anatomia e composição química do caule de M. Peregrina, assim como, as

características físico-químicas da glicerina pré-purificada, de forma a ser

utilizada em substituição ao óleo diesel na aplicação do herbicida Togar* TB no

controle de plantas daninhas.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A Pecuária no Brasil e no Tocantins

A pecuária é uma das atividades econômicas mais importantes do país.

Em 2010 a produção de carne bovina, em equivalente carcaça, foi estimada em

8,75 milhões de toneladas (CONSELHO NACIONAL DA PECUÁRIA DE

CORTE, 2011). No mesmo ano, o consumo interno de carne foi de 6,66

milhões de toneladas e as exportações de 2,15 milhões de toneladas,

garantindo ao Brasil, a permanência como o maior exportador de carne bovina

do mundo, em volume comercializado. O superávit comercial de US$ 2,99

bilhões representou 6,7% do total do saldo da balança comercial brasileira, que

foi de US$ 44,76 bilhões (BRASIL, 2011).

No Estado do Tocantins estima-se que dos cerca de 12 milhões de

hectares agriculturáveis do Estado, mais da metade seja ocupada por áreas de

pastagens (IBGE, 2010), com um rebanho de 7.585.791 milhões de cabeça no

ano de 2011 (ADAPEC, 2012).

2.2 Plantas daninhas em pastagens

Segundo Harris (2010), a degradação das pastagens é um dos maiores

problemas da pecuária brasileira, e as causas de uma pastagem mal formada

ou formação desuniforme é a ocorrência de pragas, com destaque para plantas

daninhas. Estes problemas podem representar grandes perdas para o produtor.

A degradação de pastagens é um fenômeno de abrangência global

(HARRIS, 2010; MIEHE et al., 2010), sendo um evento comum em pastagens

formadas em diferentes ecossistemas da América Latina tropical.

No Brasil, esse fenômeno tem sido reportado como causa importante

de prejuízos econômicos e ambientais Dias-Filho (2011), sendo particularmente

comum nas áreas de fronteira agrícola do País. Diversos fatores contribuem

para a baixa produtividade, como solos de baixa fertilidade, forrageiras

inadequadas, pressão de pastejo inadequada, e infestação das plantas

daninhas.

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Estimativas citadas em Dias-Filho (2011) indicam que cerca de 70

milhões de hectares de pastagens, nas regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil,

estariam degradados ou em processo de degradação, isto é, seriam pastagens

improdutivas ou de muito baixa produtividade.

Uma das principais características destas áreas degradadas é a

presença abundante de plantas daninhas, as quais competem com a cultura

forrageira e intoxicam os animais, alterando o comportamento de pastejo dos

mesmos.

Em trabalho realizado por Freitas et al. (2005), foi evidenciado um

aumento de 47,3% na produção de biomassa de Brachiara brizantha quando

se utilizou o controle químico com o herbicida indicado para controle de plantas

invasoras de pastagens. Na Figura 1 podem ser observados os diferentes

aspectos envolvidos pela presença de plantas daninhas.

Figura 1 - Impactos causados pelas espécies invasoras nos ecossistemas

invadidos. Fonte: Marchante (2003).

Trabalhos de Costa et al. (2011) realizados na região norte do

Tocantins, identificaram várias espécies invasoras com efeito tóxico para

animais, as quais foram Ipomoea setifera (causadora de incoordenação em

bovinos), a Manihot glaziovii (responsável por morte súbita em bovinos), a

Senna occidentallis (causadora de miopatia em bovinos), a Enterolobium

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gumiferum (causa de fotossensibilização em ovinos), a Crotalaria sp (causa de

hepatopatia em bovinos) e Asclepias sp. (responsável por tremores musculares

em bovinos).

O sistema de produção animal é comandado por crescimento,

utilização e conversão da forragem consumida em produto animal, e quando

ocorre a desuniformidade de pastejo, todas as etapas do processo são

comprometidas, pois os animais passam a superpastejar, ocasionando

alterações estruturais nas plantas o que leva a uma diminuição na produção de

forragem tanto nas áreas subutilizadas quanto nas superpastejadas (BERNDT,

2010).

Além da redução do desempenho animal, as plantas daninhas

promovem alterações no sistema de produção diminuindo a capacidade de

suporte da pastagem, provocando mudanças na morfologia da planta forrageira

que conduzem a uma menor produção de massa, além de uma menor

utilização da forragem pelo animal. Com isso são afetados os principais

componentes da produtividade animal de um sistema, que são o desempenho

animal (ex: kg/dia, litros de leite/dia) e a taxa de lotação (UA/ha). Dessa forma

a planta daninha causa no sistema pecuário danos nas duas faces do processo

produtivo, tanto para o animal quanto para a própria planta forrageira e ainda

na interação desses dois componentes, sendo de suma importância o seu

controle para obtenção de resultados produtivos e econômicos (QUEIROZ et

al., 2012).

A identificação das principais plantas daninhas, observando suas

características morfológicas, anatômicas, ecológicas, grau de agressividade e

resposta a determinados tratamentos, é o primeiro passo para se determinar o

melhor método de manejo (DIAS-FILHO, 2011).

A infestação de pastagens por plantas daninhas na Amazônia é

formada por uma comunidade diversificada, em termos de espécies e

densidade populacional, sendo relatadas mais de 500 espécies daninhas,

distribuídas em um grande número de famílias botânicas (FONTES et al.,

2011).

As plantas daninhas no ecossistema da pastagem, de um modo geral

são constituídas por plantas dicotiledôneas arbustivas e arbóreas. Dantas &

Rodrigues (1980) realizaram um levantamento em pastagens cultivadas na

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Amazônia, apresentando uma lista de 266 espécies pertencentes a 54 famílias

e 168 gêneros.

2.2.1 Memora peregrina: espécie daninha presente em áreas de pastagens

A M. peregrina conhecida popularmente como “ciganinha”, é nativa do

Brasil e pertence à família das Bignoniaceaes, é uma planta perene, ereta de

ramos escandentes, lenhosa, pouco ramificada, com folhas de textura coriácea

e áspera e altura de 80- 140 cm. Propaga-se por sementes, contudo expande-

se numa grande reboleira através de rizomas (MENDONÇA, 2004). É típica

dos cerrados brasileiros, perpetuando nestas áreas após a sua transformação

em pastagens, tornando-se uma planta indesejável e de difícil controle.

Nunes (2002) alerta que a infestação da ciganinha já inviabilizou várias

áreas de pastagens ou mesmo propriedades, por causa dos altos níveis de

infestação e elevados custos para erradicá-la. Ainda destaca que esta alta

capacidade de infestação deve-se as eficientes formas de dispersão (sementes

aladas) e propagação vegetativa, possuem caules subterrâneos com grande

capacidade de rebrota.

Estudos realizados por Grassi et al. (2005) demonstram que extratos

metanólicos da casca do caule e extratos etanólicos e hexânicos de folhas de

M. peregrina, apresentam atividade alelopática, indicando a presença de

compostos inibidores da germinação de outras espécies. Embora esta planta

não faça simbiose com microrganismos fixadores de nitrogênio, estes mesmos

autores observaram que ela apresenta uma alta capacidade de armazenar

nitrogênio no caule subterrâneo, na forma de alantoína (cerca de 16 % do peso

seco). Esta característica pode ser uma das estratégias utilizadas por esta

espécie para se estabelecer com sucesso como invasora.

2.3 Manejo de plantas daninhas em pastagens

O manejo das plantas daninhas é a combinação de uma forma racional

de medidas preventivas com medidas de controle e erradicação. As medidas

preventivas consistem na adoção de métodos que impeçam ou minimizem a

introdução e disseminação de plantas daninhas na área. O melhor método de

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controle de plantas daninhas é evitar o aparecimento delas. Contudo podem-se

utilizar diversos tipos de controle, seja ele cultural, mecânico, biológico e

químico, sendo que este último se mostra mais eficiente, devido à capacidade

de aplicação em grandes áreas e controle de plantas com grande capacidade

de rebrota.

2.3.1 Controle químico

O controle químico é realizado com herbicidas, que provocam a

morte ou impedem o desenvolvimento das plantas daninhas. Esses produtos

devem e ser seletivos às forrageiras.

Segundo Correia et al. (2010) para o sucesso de pulverizações de

herbicidas deve-se levar em conta características foliares como o pH foliar,

ceras epicuticulares, estômatos, tricomas, bem como, características físico-

químicas da solução de pulverização, como a tensão superficial, área de

molhamento, pH da solução, tipo de formulação, etc.

Dentre as moléculas utilizadas no controle de plantas daninhas

denominadas duras (semi-arbustivas e arbustivas) destacam-se o ácido 3,5,6-

tricloro-2-piridiloxiacético (triclopir) e o ácido 4-amino-3,5,6-tricloropiridina-2-

carboxílico (picloram), que são os princípios ativos dos principais herbicidas

registrados para pastagens. Sendo estas moléculas seletivas e sistêmicas,

pertencentes á classe dos compostos que possui um anel piridínico como

estrutura base (Figura 2).

NCl

Cl Cl

NH2

CO2H NCl

Cl Cl

O CO2H

P i c l o r a n T r i c l o p i r

Figura 2 - Estruturas químicas do picloran e do triclopir.

Juntas estas moléculas formam o herbicida Togar TB*, sendo este

recomendado para o controle de plantas perenes e anuais de folhas largas em

pastagens conforme descrito no Quadro 1 (U.S.E.E.P.A, 1991).

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Quadro 1- Plantas daninhas controladas pelo herbicida Togar TB*.Indicação (Nome Comum – Nome científico) Dose

Pastagens

Cambotá – Tapirira guianensis4% a 8% (misturar 4,0 a 8,0 litros do produto em 96,0 ou 92,0 L de óleo diesel).

Limãozinho – Polygala klotzschii

6% a 8% (misturar 6,0 a 8,0 litros do produto em 94,0 ou 92,0 L de óleo diesel).

Ata-brava – Duguetia furfuraceaLeiteiro – Peschiera fuchsiaefoliaAroeirinha – Schinus terebinthifoliusGoiabinha – Psidium guianeeseCiganinha – M. peregrinaIpê-tabaco – Tabebuia chrysotrichaIpê-tabaco – Tabebuia chrysotrichaJurema-preta – Mimosa hostilis

Fonte: Adaptado da Dow AgroSciences 2012.

O picloran possui alta solubilidade, pKa 2,3, Kow 1,4 e Koc médio de 16

mL g-1 de solo (SILVA et al., 2005). As demais características são citadas

abaixo:

- Formulação: sal amina;

- Volatilidade: baixa 6,2 x 10-7 mmHg a 25ºC;

- Absorção; folhas, raiz e caule;

- Translocação: apossimplástica;

- Persistência: variável dependendo de condições ambientais;

- Tolerância de resíduos na carne: 0,2 ppm;

O triclopir apresenta alta solubilidade; pKa 2,68; Kow 2,64 e Koc médio

(RODRIGUES; ALMEIDA, 2005). As demais características são citadas

abaixo:

- Formulação: sal amina;

- Marcas comerciais: Togar (triclopir + picloran); Garlon (triclopyr) – 480

g e.a/l;

- Absorção: folhas, raiz e caule;

- Translocação: apossimplástica;

- Persistência: meia via no solo de 20 a 45 dias.

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2.4 Características gerais do herbicida Togar TB

O herbicida Togar TB*, com formulação concentrado emulsionável, é

comercializado pela multinacional DOW AgroSciences, específico para

aplicação basal dirigida (Figura 3). Sua aplicação deve ser realizada por meio

de pulverizador costal manual, em aplicação dirigida no 1/3 inferior das plantas

daninhas em todo o perímetro do caule das mesmas, até atingir o ponto de

escorrimento. Na aplicação deve-se utilizar bicos de jato tipo cone cheio,

preferencialmente de jato com ângulo variável, regulando com o menor ângulo

possível, em volume de óleo diesel suficiente para uma distribuição uniforme

(DOW AGROSCIENCES, 2012).

Figura 3: Aplicação do herbicida Togar em plantas de Memora peregrina.

Ainda segundo a Dow AgroSciences (2012), o TOGAR* TB causa

fitotoxicidade somente na área onde está a planta daninha, pois a aplicação é

localizada, nos restante da área não haverá dano à pastagem.

2.5 Absorção dos herbicidas pelas plantas

Os herbicidas podem penetrar nas plantas através das suas

estruturas aéreas (folhas, caules, flores e frutos) e subterrâneas (raízes,

rizomas, estolões, tubérculos, etc.), de estruturas jovens como radículas e

caulículo e, também, pelas sementes.

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Um mesmo herbicida pode influenciar vários processos metabólicos na

planta, entretanto a primeira lesão biofísica ou bioquímica que ele causa na

planta é caracterizada como o seu mecanismo de ação. A seqüência de todas

as reações até a ação final do produto na planta caracteriza o seu modo de

ação (SILVA et al., 2007).

Algumas características físico-químicas de herbicidas, tais como:

solubilidade em água, pressão de vapor, pKa, Kow, Koc e meia-vida, podem

explicar a maioria dos aspectos relacionados com a eficácia e o

comportamento ambiental.

A absorção de herbicidas pela planta envolve a penetração inicial por

regiões metabolicamente não ativas e, posteriormente, a absorção simplástica,

sendo a duração desse processo dependente da espécie envolvida, da idade

da planta, das condições ambientais, da concentração do herbicida, dentre

outros fatores (SILVA et al., 2007).

Segundo Concenço (2007) a translocação de herbicidas, do local de

absorção até o sítio de ação, pode ser realizada principalmente por duas vias:

xilema e floema. Uma vez que o transporte pelo xilema é unidirecional (para as

folhas), ele é de importância secundária para o transporte de herbicidas

aplicados às folhas até órgãos de crescimento rápido com baixas taxas de

respiração, como gemas, flores ou frutos. Essa tarefa é cumprida pelo floema.

Antes de apresentar ação fitotóxica, o herbicida deve ser absorvido via

apoplasto e/ou simplasto e alcançar o seu sítio de ação, geralmente localizado

no interior de uma organela. No entanto, após atingir a superfície foliar, o

herbicida está sujeito a vários destinos: escorrer, ser lavado pela ocorrência de

chuva, secar e formar substância amorfa, cristalizar após a evaporação do

solvente ou, ainda, penetrar na cutícula e permanecer retido nela, não sendo

translocado (WERLANG et al., 2003). O efeito disto é a menor absorção e,

consequentemente, a menor eficiência do herbicida.

Martins et al. (2009) estudando a ação de adjuvantes na absorção e

translocação de glifosato em plantas de Eichhornia crassipes, afirmaram que

períodos inferiores a seis horas após a aplicação do glifosato não é suficiente

para uma absorção e/ou translocação eficiente e controle efetivo das plantas.

Segundo Araldi (2010) a absorção e translocação de herbicidas

dependem das propriedades apresentadas acima, sendo que a principal

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característica é constituída pelas propriedades lipofílicas e hidrofílicas dos

herbicidas, as quais podem ser medidas através do coeficiente de partição

octanol-água (Kow). Este coeficiente representa a proporção entre as

quantidades de um determinado herbicida que migram para um solvente

orgânico apolar (geralmente o octanol) ou para a água (polar). Sendo que

quanto maior o coeficiente de partição do herbicida, maior a sua lipofilicidade,

sendo verificada correlação linear inversa entre os valores de tal coeficiente e a

solubilidade em água.

Briggs et al. (1982) verificaram que herbicidas com Kow próximos a 100,

são os que apresentam maior facilidade para atravessar a plasmalema, ou

seja, entram e saem com maior facilidade no simplasto, e são mais facilmente

transportados das raízes à parte aérea das plantas. Produtos mais lipofílicos,

(Kow > 10.000) ou hidrofílicos (Kow < 0,32), foram transportados à parte aérea

com grande dificuldade, apesar do grande acúmulo dos produtos lipofílicos nas

raízes. De acordo com Briggs (1984) compostos lipofílicos podem sofrer forte

adsorção pela matéria orgânica do solo, dificultando sua absorção pela planta,

no entanto, quando absorvido por esta, compostos com Kow entre 10 e 30

tendem a ser melhor transportados para a parte aérea da mesma, apesar de os

máximos transportes terem sido verificados para compostos que possuem

valores de Kow próximos a 100.

O Kow de alguns herbicidas utilizados na cultura da cana-de-açúcar é de

16 para o amicarbazone, 11,3 para hexazinone, 671 para o tebuthiuron e em

torno de 0,01 para o imazapic (RODRIGUES; ALMEIDA, 2005). De acordo com

a observação de Briggs (1984) é possível inferir que o amicarbazone apresente

melhor condição de ser absorvido pelas plantas devido à faixa de abrangência

ótima do Kow de 10 a 30.

Mendonça (2004) estudando a absorção e translocação do ácido 2,4-

diclorofenoxiacético (2,4-D) e a mistura deste composto com o picloram,

aplicados via foliar em plantas de M. peregrina, concluiu que a translocação do

herbicida 2,4-D isolatamente ou em mistura com picloran, foi insignificante em

plantas de M. Peregrina. Desta forma a utilização do 2,4-D como método de

controle desta espécie não é recomendada.

O controle foliar não funciona para a M. peregrina devido ao fato de

suas folhas serem bastante grossas impedindo a absorção do produto para

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posterior translocação, e também devido a alta quantidade de reservas de

nutrientes que a planta armazena em seu sistema radicular o que permite que

ela perca suas folhas, mas não morra, recompondo sua área foliar em pouco

tempo (BRAGA et al., 2012). Esse método pode funcionar apenas em plantas

bem novas, quando ainda apresentam folhas finas e macias, necessitando de

avaliação criteriosa da situação.

2.6 Penetração e absorção de herbicidas pelo caule

A M. peregrina possui um caule aéreo e outro subterrâneo, tendo este

último, gemas prontamente dispostas a germinarem, dependendo do estresse

sofrido pela parte aérea da planta, como por exemplo, uma roçada. No controle

desta planta comumente recomenda-se iniciar um programa de erradicação

utilizando herbicidas quando a planta ainda se encontra em seu estado jovem,

com caule herbáceo, o que aumenta consideravelmente a eficiência de

controle.

De acordo com Raven et al. (2007), caules herbáceo tendem á ser

tenros, flexíveis, possuem epiderme recoberta por cutícula, parênquima

cortical, colênquima e medula (cilindro central), sendo assim mais susceptíveis

à herbicidas.

A camada cuticular funciona como uma barreira à perda de água e

também como uma barreira à entrada de pesticidas e microrganismos na

planta. O processo de absorção de um herbicida é complicado em razão da

espessura, composição química e permeabilidade da cutícula, que variam em

função da espécie, da idade da folha e do ambiente sob o qual a folha se

desenvolve (SILVA et al., 2007).

A penetração de herbicidas através do caule de plantas resistentes a

aplicação foliar, é uma opção muito aproveitada na prática nos dias atuais.

Entretanto, o caule também possui componentes estruturais que podem

dificultar a entrada dos herbicidas, como a periderme recoberta pela cutícula,

presença de taninos, ácidos graxos, lignina, celuloses e terpenos.

Baseado na sua estrutura e composição, a periderme apresenta baixa

permeabilidade à água e, também, aos herbicidas aplicados na parte aérea,

principalmente os polares. No entanto, existem estruturas especificas

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denominadas lenticelas que atravessam a periderme, sendo, portanto rotas

importantes para a penetração de herbicidas via caule. Além de pequenas

rupturas na casca que ocorrem com o crescimento do caule, em diâmetro

(SILVA et al., 2007).

Para a atuação de herbicidas aplicados via caule, eles são preparados

em formulações lipofílicas, usando-se óleo como veículo, sendo esses

aplicados em altas concentrações (5% - 10%), através de pulverização ou

pincelamento. Alternativa prática mais eficiente seria injetar o herbicida com

equipamento próprio com uma pistola injetora, até a região do câmbio. Neste

caso, o herbicida será mecanicamente introduzido através da casca, este

processo está sendo implantado em algumas empresas de reflorestamento,

usando o herbicida imazapir 20 a 30 dias antes da derrubada das árvores de

eucalipto, visando evitar a rebrota das cepas (SILVA et al., 2007).

Mendonça (2000) estudando características bioquímicas de espécies

daninhas observou que as espécies daninhas que apresentaram ceras

epicuticulares com maior porcentagem de compostos apolares, prejudicam a

absorção de herbicidas com baixo Kow. De acordo com Silva et al. (2007), os

herbicidas lipofílicos (alto Kow) se solubilizam nos componentes lipofílicos da

cutícula e se difundem através desta. Com relação aos herbicidas hidrofílicos,

admite-se que a cutícula tenha uma estrutura porosa, que se mantém

hidratada, dependendo das condições ambientais, sendo esta água de

hidratação da cutícula a rota de penetração hidrofílica. Velini e Trindade (1992)

citam como outra possível rota de absorção dos herbicidas polares os

filamentos de pectina dispersos na matriz da cutina, que podem cruzar toda a

cutícula. Esses filamentos, desde que hidratados, podem atuar como via de

transporte desses produtos.

Passine et al. (1997), estudando uma forma de se controlar o Tecoma

stans (Amarelinho), concluíram que a melhor forma de controle é a

pulverização no caule utilizando a mistura de 2,4-D, picloram e óleo mineral,

uma vez que, esta planta mostrou-se bastante resistente perante a

pulverização foliar.

Monquero et al. (2004), caracterizando a composição das ceras

epicuticulares das plantas daninhas Commelina benghalensis, Ipomoea

grandifolia e Amaranthus hybridus, correlacionando-as com a absorção

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diferencial do glifosato entre essas espécies, concluíram que um dos

mecanismos de tolerância em C. benghalensis a herbicidas é a penetração

diferencial devido à composição química das ceras epicuticulares, que

apresentam componentes de natureza lipofílica em maior concentração que as

demais espécies estudadas.

O mecanismo de ação das moléculas que compõem o herbicida Togar*

TB envolve o metabolismo de ácidos nucléicos e a plasticidade da parede

celular. Estes herbicidas provocam a acidificação da parede celular através do

estímulo da atividade da bomba de prótons da ATPase, ligada à membrana

celular. A redução no pH apoplástico induz à elongação celular pelo aumento

da atividade de certas enzimas responsáveis pelo afrouxamento celular. Baixas

concentrações destes herbicidas também estimulam a RNA polimerase,

resultando em aumentos subseqüentes de RNA, DNA e biossíntese de

proteínas. Aumentos anormais nestes processos levam à síntese de auxinas e

giberilinas, as quais promoverão divisão e alongamento celular acelerado e

desordenado nas partes novas da planta, ativando seu metabolismo e levando

ao seu esgotamento. Por outro lado, em concentrações mais altas, estes

herbicidas inibem a divisão celular e o crescimento, geralmente nas regiões

meristemáticas, as quais acumulam tanto assimilados provenientes da

fotossíntese quanto o herbicida transportado pelo floema. Estes herbicidas

estimulam a liberação de etileno que, em alguns casos, produzem sintomas

característicos de epinastia associados à exposição a estes herbicidas.

2.7 Morfologia e composição quimica do caule

2.7.1 Morfologia do caule

Para entender a penetração de herbicidas na planta por meio do caule,

inicialmente, deve analisar a morfologia e a composição química do mesmo,

que interagirão com as características físico-químicas do herbicida aplicado.

O caule é um órgão da planta que desempenha diversas funções como

sustentação, transporte, armazenamento, produção de folhas e estruturas

reprodutivas. Origina-se a partir do epicótilo do embrião e ao contrário da raiz,

o caule é dotado de nós e entrenós. Os nós são as regiões de onde se

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originam as folhas e os entrenós são delimitados por dois nós. Em cada nó,

origina-se uma folha e na sua axila uma gema lateral ou axilar. A gema lateral

permanece dormente até que um estímulo quebre a sua dormência para que

esta se desenvolva produzindo um ramo lateral (RAVEN et al., 2007).

Em um corte transversal do caule, observa-se a epiderme, o córtex, o

cilindro vascular e a medula. A epiderme, via de regra é unisseriada

apresentando cutícula e algumas vezes estômatos. O córtex é a região de

sistema fundamental que está abaixo da epiderme e externo ao cilindro

vascular. No córtex podem estar presentes laticíferos, ductos de mucilagem ou

de resina (VIDAL et al., 2000).

Viana et al. (2010) caracterizando anatomicamente o caule de

Anemopaegma arvense (VELL.) constataram a presença de uma epiderme

unisseriada e tricomas unicelulares, sendo que o córtex é formado por células

do colênquima e parênquima. Apresentando ainda um crescimento secundário,

formado por raios de xilema secundário. Ainda observaram células de

metaxilema e protoxilema, que são circundados por vasos de floema.

Uma visualização melhor da estrutura anatômica do caule pode ser

vista na Figura 4, especificamente na espécie Tynanyhus fasciculatus Miers da

família Bignoniaceae, mesma família da M. peregrina, objeto de estudo deste

trabalho.

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Figura 4: Corte transversais do caule de Tynanyhus fasciculatus em diferentes

estádios de desenvolvimento. Legenda: A: Fase meristemática; B: Crescimento

primário estabelecido e inicio do crescimento secundário; C: Crescimento

secundário usual; D – F: Crescimento secundário não usual; CP: Cordões

procambiais; Ep: Epiderme; F: Floema primário; Fi: Fibras periciclicas; FS:

Floema secundário usual; FSN: Floema secundário não usual; M: medula; MF:

meristema fundamental; P: Periderme; Pd: Protoderme; X: Xilema primário; XS:

Xilema secundário usual; XSN: Xilema secundário não usual; Barras variando

de 300 a 5000 µm.

Fonte: Adaptado de Nascimento (2008).

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Na formação de um caule, o meristema apical do sistema caulinar

origina meristemas primários, protoderme, procâmbio e meristema

fundamental, que se desenvolvem no corpo primário da planta originando:

epiderme, tecidos vasculares (xilema primário e floema primário). O córtex do

caule geralmente contém parênquima com cloroplastos, e colênquima, e em

algumas plantas, é o esclerênquima e não o colênquima que se desenvolve

como tecido de sustentação. A parte mais interna do tecido fundamental, a

medula, é composta de parênquima (RAVEN et al., 2007).

O crescimento secundário resulta da atividade de dois meristemas

laterais: o câmbio vascular e o câmbio da casca, originados a partir dos

meristemas primários, procâmbio e meristema fundamental de forma

respectiva. O câmbio vascular será responsável pela produção de xilema e

floema secundários no caule, resultando na formação de um cilindro de tecidos

vasculares. Comumente, muito mais xilema secundário do que floema

secundário é produzido no caule, como acontece na raiz, causando a

destruição da região medular. Com o crescimento secundário o floema é

empurrado para fora e suas células de parede fina são destruídas (RAVEN et

al., 2007).

Na Figura 5 pode ser observado um comparativo de dois caules em

diferentes estádios de desenvolvimento. No caule jovem, observa-se o

parênquima medular e o xilema (protoxilema e metaxilema) em estádio de

formação, o floema ainda não está totalmente desenvolvido, bem como ainda

observa-se a presença do colênquima, este se origina do meristema

fundamental, sendo o tecido de sustentação constituído por células vivas. No

caule adulto, observa-se que os vasos condutores (xilema e floema), estão

bem desenvolvidos, o parênquima já se apresenta na sua forma adulta

(globular), e os tecidos de revestimentos, como por exemplo, a periderme, em

estádio avançado de desenvolvimento, sendo que este é formada pelo súber

pluriestratificado, felogênio e feloderme.

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Figura 5: Anatomias de um caule jovem (A) e de um caule desenvolvido (B).

Fonte: Adaptado de (RAVEN et al., 2007).

O caule é constituído por celulose, lignina e hemiceluloses como

componentes estruturais e por diversos compostos não pertencentes à parede

celular, denominados de extrativos (GULLICHSEN; PAULAPURO, 2000). Esse

termo se refere a substâncias de baixa ou média massa molecular, que podem

ser extraídas em água ou solventes orgânicos.

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Os constituintes do caule solúveis em água são principalmente alguns

sais ou minerais inorgânicos, açúcares e polissacarídeos. Os compostos

solúveis em solventes orgânicos pertencem às classes dos ácidos e ésteres

graxos, alcoóis de cadeia longa, esteróides, compostos fenólicos e glicosídeos

(MORAIS et al., 2005).

Alves et al. (2011) estudando a composição química de Struthanthus

marginatus Desr. Blume, concluíram que seus compostos bioquímicos

(extrativos, lignina), aumentaram em função do tempo. Dentre os compostos

bioquímicos deve-se ressaltar a importância dos pertencentes á classe dos

ésteres graxos, que na planta tem função de defesa, e estão contidos na

cutícula, estes previnem a perda de água e entrada de patógenos e de

moléculas químicas indesejáveis, como por exemplo, de herbicidas (RAVEN et

al., 2007). Com o passar do tempo, estes compostos tendem á aumentar em

quantidade, tornando a planta ainda mais resistente, por este motivo

recomenda-se efetuar o controle de plantas daninhas denominadas duras, a

exemplo da M. peregrina, no seu estado juvenil onde o caule é mais herbáceo

e menos lignificado.

A absorção de herbicidas pelo caule é influenciada pela disponibilidade

dos produtos nos locais de absorção e por fatores ambientais (temperatura, luz,

umidade relativa do ar e umidade do solo), que influenciam também a

translocação destes até o sítio de ação. Além destes fatores, cita-se a proteção

mecânica da planta, como fonte de impedimento á absorção e translocação da

molécula até o sítio de ação. A proteção mecânica dos vegetais tem como

principal responsável a cutícula, sendo que esta recobre todas as células da

epiderme da planta, incluindo aquelas tecidos presentes no caule vegetal

(SILVA et al., 2007).

A cutícula é recoberta por uma camada de cera e esse conjunto,

freqüentemente, é referido como camada cuticular. Em geral, essa camada é

uma complexa mistura de alcanos de longas cadeias (21 - 37 carbonos),

álcoois, cetonas, aldeídos, ésteres, ácidos graxos, etc. (FERREIRA et al.,

2005). Em conseqüência da variabilidade de seus componentes o grau de

polaridade das cutículas varia muito. Comumente as ceras são compostos

químicos apolares, e nos caules evitam a entrada de moléculas de herbicidas

em quantidade suficiente para o efetivo controle. No caso de plantas duras, não

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se recomenda aplicar o herbicida com a água como veículo, e sim uma solução

contendo o herbicida mais um aditivo apolar, no caso o óleo diesel. Este além

de ter afinidade com compostos lipofílicos promove a ruptura da cutícula do

caule, facilitando à absorção e translocação da molécula do herbicida em

quantidade suficiente para causar danos à planta daninha.

2.8 Glicerina: Co-produto da produção de biodiesel

O uso extensivo de combustíveis fósseis, a fonte de energia mais

popular para o transporte, têm causado um impacto negativo cumulativo sobre

o meio ambiente (HOUGHTON et al., 2001), o que tem motivado a busca de

fontes de energia "limpa" para sua substituição, a exemplo do biodiesel.

O biodiesel é biodegradável e não tóxico, apresenta perfis de baixa

emissão de CO e CO2, e consequentemente menor impacto sobre o meio

ambiente (DORADO et al., 2003). Esta energia alternativa é atualmente

produzida a partir de óleo vegetal, óleo de cozinha usado e gordura animal

(DEMIBRAS, 2005).

No Brasil conforme a Resolução CNPE nº 6 de 16/9/2009 a partir de

01/01/2010, o Biodiesel passou a ser adicionado ao óleo diesel na proporção

de 5% em volume. No processo de produção de biodiesel (transesterificação)

ocorre a produção de um co-produto denominado de glicerina (Figura 6), sendo

que, de cada 100 litros de Biodiesel produzido se formam 10 litros de glicerina.

A produção de biodiesel no ano de 2011 foi de 16.955.989 barris equivalentes

de petróleo, deste total produzido aproximadamente 10% é composta por

glicerina bruta (DADOSGOV, 2012). Segundo a Associação Brasileira da

Indústria Química (2001), a demanda pela glicerina no mercado, acerca de 40

milhões de litros/ano, o que gera um excedente considerável.

A glicerina ou glicerol (1,2,3-propanotriol), é um poliálcool oleoso,

incolor, viscoso e de sabor doce, solúvel na água e no etanol em todas as

proporções (LOPES et al., 1999).

A glicerina resultante do processo de transesterificação (glicerina bruta)

apresenta cerca de 30% de impureza, o que evidencia a necessidade de

purificá-la, a fim de viabilizar seu emprego no setor industrial. As impurezas

encontradas na glicerina bruta são: água, catalisador (alcalino ou ácido), álcool

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(não reagido), impureza provinda dos reagentes, ácidos graxos, ésteres,

propanodióis, monoéteres, oligômeros de glicerina e polímeros (FERRARI et

al., 2005).

A glicerina é normalmente usada na preparação de diversos produtos

tais como remédios, produtos de uso pessoal, comida, bebida, tabaco, resinas

alquídicas, poliol-poliéter, celofane e explosivos, todavia o seu uso é

condicionado ao seu grau de pureza, que deve estar usualmente acima de

95%.

Segundo Ribeiro et al. (2001) a glicerina vegetal oriunda do Biodiesel

pode ser empregada como composto de partida para síntese de compostos

que são largamente produzidos pela indústria petroquímica, tais como o ácido

fórmico e o ácido acrílico, além do tradicional uso na indústria farmacêutica e

cosmética, esta ainda pode ser utilizada na agricultura, como aditivos em

misturas com herbicidas.

2.8.1 Utilização da glicerina como veículo em pulverizações agrícolas

A utilização de herbicidas é a principal estratégia utilizada para o

controle de plantas daninhas na agricultura empresarial. Esse produto é

largamente utilizado em função de sua alta eficiência; facilidade de utilização;

por ter ação rápida e a um custo acessível (ARAÚJO et al., 2007).

A ação dos herbicidas é dependente de constituintes da calda de

pulverização, que, embora não compondo o ingrediente ativo, têm a

capacidade de melhorar sua eficácia. Ramsdale e Messersmith (2001) afirmam

que os adjuvantes melhoram, em muitos casos, a eficácia das aplicações, no

entanto, a interação adjuvante herbicida é um processo complexo, que envolve

muitos aspectos físicos (tensão superficial e viscosidade), químicos e

fisiológicos, e varia para cada condição testada.

Os adjuvantes atuam de maneira diferente entre si, afetando o

molhamento, a aderência, o espalhamento, a formação de espuma e a

dispersão da calda de pulverização (MONTÓRIO et al., 2004; MENDONÇA et

al., 2007). Lan et al. (2007) comentam que a adição de adjuvantes altera o

desempenho das aplicações, no entanto seu efeito pode ser positivo ou até

mesmo negativo no que se refere à deposição do produto no alvo.

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A água é utilizada como solvente para moléculas polares e é o veículo

mais utilizado na diluição das formulações de herbicidas. Entretanto, a água

não surte efeitos satisfatórios quando aplicada sobre alvos com superfícies

cerosas e hidrofóbicas, como é o caso do caule da M. peregrina. Com isso

torna-se necessária a adição de surfactantes (adjuvantes) e/ou aditivos à calda

de pulverização. Os surfactantes agem na tensão superficial do fluido,

contribuindo para a formação de filmes líquidos sobre a superfície das plantas.

Cunha et al. (2009) avaliando o efeito da adição de adjuvantes, em

diferentes doses, nas características físico-químicas de soluções aquosas,

concluíram que o efeito dos adjuvantes mostrou-se dependente de sua

composição química e formulação. O comportamento dessas características

não foi semelhante, mesmo para produtos com mesma indicação de uso. A

alteração da dose influenciou as características físicoquímicas de maneira

diferenciada para cada adjuvante. O pH, tensão superficial e a viscosidade

foram as propriedades mais sensíveis à adição dos adjuvantes. A adição de

alguns adjuvantes pode levar à instabilidade da calda, requerendo maior

agitação da calda no tanque dos pulverizadores.

Segundo Fleck (1993) os aditivos são substâncias que aumentam a

absorção dos herbicidas devido à sua ação direta sobre a cutícula das plantas.

Enquadram-se nesta categoria, o óleo mineral ou vegetal, o sulfato de amônio

e a uréia, entre outros.

Segundo Carmona et al. (2001), os óleos minerais, como por exemplo,

o diesel é largamente utilizado como aditivo em aplicações em pós-

emergência, aumentando a eficácia de um grande número de herbicidas

apresenta efeito fitotóxico, por causarem a solubilização das paredes celulares,

levando à desintegração celular e extravasamento do seu conteúdo para os

espaços intercelulares. Estes autores, estudando a eficácia agronômica e

econômica de herbicidas no controle das plantas daninhas de pastagens:

Acacia farnesiana e Mimosa pteridofita, ambas plantas daninhas duras,

concluíram que estas plantas são controladas eficientemente quando cortadas

ao nível do solo sendo o toco pincelado com solução aquosa de 2,4-D +

picloram + óleo diesel, na concentração de 4% do herbicida, em plantas com

qualquer tamanho, ou com óleo diesel puro desde que a altura máxima das

plantas seja de 2,5 m para A. farnesiana e 1,5 m para M. pteridofita.

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Lima et al. (2007) avaliando o índice de eficiência da glicerina

resultante da reação de transesterificação como adjuvante agrícola, concluíram

que o glicerol pode ser utilizado como agente surfactante na preparação de

defensivos agrícolas, já que reduziu a tensão superficial do líquido de

pulverização, aderindo às superfícies foliares de maneira satisfatória, não

interferindo nas características e propriedades fitotóxicas do herbicida aplicado,

promovendo conseqüentemente uma maior eficiência do produto agrícola.

A glicerina ideal para substituição do óleo diesel em aplicação no

controle da M. peregrina deve ter características físico-químicas semelhante ao

diesel. Segundo a ANP (2012) o óleo diesel é formado basicamente por

hidrocarbonetos, formado por átomos de hidrogênio e carbono, oxigênio,

nitrogênio e enxofre. O diesel apresenta-se em forma de líquido amarelado

viscoso, límpido, pouco volátil, cheiro forte e marcante e com nível de

toxicidade mediano.

24

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CAPITULO I

CARACTERIZAÇÃO ANATÔMICA E QUÍMICA DO CAULE DE Memora

peregrina.

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RESUMO

A Memora peregrina, conhecida popularmente como ciganinha, é um arbusto

pertencente à família Bignoniaceae, nativa da flora do cerrado e que se

apresenta como daninha de pastagens cultivadas. Suas características

fisiológicas e anatômicas a constituem em uma planta de difícil controle. O

controle eficiente vem sendo conseguido pela aplicação do herbicida Togar* TB

via caule. O presente trabalho objetivou realizar a caracterização anatômica do

caule de plantas de M. peregrina em idade (plantas jovens) recomendada para

aplicação de herbicidas, considerando não existirem estudos anatômicos a este

respeito. Para a realização das análises anatômicas, foram realizados cortes

transversal, longitudinal radial e longitudinal tangencial. Para determinação do

teor de lignina, holocelulose e extrativos totais, foi utilizada a metodologia

normatizada pela ABCP (Associação técnica brasileira de celulose e papel) nº

M3/69 ABTCP 1974 e M70/71 ABTCP 1974, e a determinação do poder

calorífico superior teve como base a norma ABNT NBR 8633/84. A

determinação elementar foi realizada através do equipamento de análise vario

MICRO CHN, e a determinação dos compostos apolares e polares dos

extrativos do caule. Anatomicamente, o caule da M. peregrina possui vasos

parcialmente solitários e em arranjo radial múltiplo contendo pontoações

guarnecidas ao longo da parede do elemento de vaso. O parênquima axial é do

tipo apotraqueal difuso e as fibras apresentam pequenas aréolas e pontoações

simples. Quimicamente o caule da M. peregrina possui uma quantidade

expressiva de nitrogênio, se comparada com outras espécies, e alto teor de

lignina que lhe caracteriza como espécie mais resistente. Na idade em que o

caule foi coletado, apresenta-se com propriedade predominantemente polar. A

característica anatômica e química constatadas no caule de M. peregrina lhe

distingue como planta típica de ambientes limitados (escassez de recursos

essenciais para a sobrevivência) e submetidos á condições extremas (altas

temperaturas, luminosidade, solos ácidos e etc.).

Palavras-chave: Ciganinha, Fitoquímica, Anatomia.

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ABSTRACT

The Memora peregrina, popularly known as ciganinha, is a shrub belonging to

the family Bignoniaceae, native flora of the cerrado and presenting as weed of

cultivated pastures. Their physiological and anatomical characteristics to

constitute a difficult plant to control. Efficient control has been achieved by the

application of the herbicide Togar* TB via stem. This study aimed to

characterize the anatomical stem of plants of M. peregrina age (young plants)

recommended for herbicide application, considering there are no anatomical

studies in this regard. To carry out the anatomical analyzes were performed

cross sections, longitudinal and radial longitudinal tangential. For determination

of lignin, holocellulose and extractives, standardized methodology was used by

the ABCP (Brazilian Technical Association of Pulp and Paper) No. M70/71

M3/69 ABTCP ABTCP 1974 and 1974, and the determination of gross calorific

value was based ABNT NBR 8633/84. The determination was performed by

elemental analysis equipment vario MICRO CHN, and determination of no polar

compounds and polar extractives of stem. Anatomically, the stem of M.

peregrina has partially vessels solitary and in radial arrangement containing

multiple pits trimmed along the wall of the vessel element. The axial

parenchyma is diffuse and apotracheal type fibers have small areolas and

simple pits. Chemically the stem of M. peregrina has a significant amount of

nitrogen, compared with other species, and high lignin content which

characterizes how most resistant species. At the age when the stem was

collected, presents with predominantly polar property. The anatomical and

chemical found in the stem of M. peregrina distinguishes him as typical of plant

environments limited (scarcity of resources essential for survival) and submitted

to extreme conditions (high temperature, luminosity, and acidic soils etc.).

Keywords: Ciganinha, Phytochemistry, Anatomy.

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INTRODUÇÃO

Segundo Dias-Filho (2011), dos 70 milhões de hectares de pastagens,

nas regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil, estima-se que 80% estão

degradados ou em processo de degradação. Isso se deve principalmente a

solos de baixa fertilidade, forrageiras inadequadas, alta pressão de pastejo, e

elevada infestação das plantas daninhas.

Entre as plantas daninhas invasoras de pastagens, ressalta-se a

importância da ciganinha (M. peregrina), considerada planta nativa da flora do

cerrado, que se tornou invasora de pastagens cultivadas, tendo como

característica especial, a propagação por rizomas (KOLLER, 2011). Nunes

(2002) alerta que a infestação da ciganinha já inviabilizou várias áreas de

pastagens ou mesmo propriedades, por causa dos altos níveis de infestação e

elevados custos para erradicá-la. Ainda destaca que esta alta capacidade de

infestação deve-se as eficientes formas de dispersão (sementes aladas) e

propagação vegetativa, uma vez que, possuem caules subterrâneos com

grande capacidade de rebrote.

Segundo Victória Filho (2009) o melhor controle para a ciganinha é a

utilização do herbicida Togar* TB (triclopir + picloram) diluído em óleo diesel,

em aplicação dirigida no caule. Neste tipo de aplicação é interessante ter o

conhecimento da estrutura anatômica e composição química do caule, de

forma a contribuir não só no conhecimento da absorção e translocação do

herbicida, mas também, em estratégias a serem tomadas para aumentar a

eficiência dos mesmos.

Viana et al. (2010) realizando a caracterização anatômica do caule de

espécies jovem da família Bignoniaceae, constataram a presença de uma

epiderme unisseriada e tricomas unicelulares, sendo que o córtex é formado

por células do colênquima e parênquima, ainda, citam que, apresentam um

crescimento secundário, formado por raios de xilema secundário, sendo que as

células de metaxilema e protoxilema são circundadas por vasos de floema.

Segundo Raven et al. (2007), um dos compostos bioquímicos

fundamentais para as plantas, são os pertencentes á classe dos ésteres graxos

(ceras), visto que estes revestem a cutícula da epiderme do caule, tendo

função de defesa, e previnem contra a perda de água para o ambiente, entrada

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de patógenos e moléculas químicas indesejáveis, como é o caso de herbicidas.

Ainda segundo Raven et al. (2007) estes compostos tendem á aumentar em

quantidade, e complexidade molecular em função da idade da planta, ou seja,

uma planta herbácea jovem é menos lignificada e contem menos extrativos que

uma planta em maior estádio de desenvolvimento, como demonstrado em

trabalho de Alves et al. (2011), que estudando a composição química do caule

de Struthanthus marginatus Desr. Blume, concluíram que seus compostos

bioquímicos (extrativos, lignina), aumentaram em função do tempo.

Segundo Araldi (2010) a entrada de herbicidas nas plantas depende

das propriedades ambientais, físico-química dos herbicidas e das plantas,

sendo que a principal característica é constituída pelas propriedades lipofílicas

e hidrofílicas dos herbicidas, as quais podem ser medidas através do

coeficiente de partição octanol - água (Kow). Este coeficiente representa a

proporção entre as quantidades de um determinado herbicida que migram para

um solvente orgânico apolar (geralmente o octanol) ou para a água (polar).

Sendo que, quanto maior o coeficiente de partição do herbicida, maior a sua

lipofilicidade, ocorrendo uma correlação linear inversa entre os valores de tal

coeficiente e a solubilidade em água.

Mendonça (2000) em estudos dos componentes bioquímicos de

plantas daninhas, concluiu que as espécies que apresentam ceras

epicuticulares com maior porcentagem de compostos apolares, prejudicam a

absorção de herbicidas com baixo Kow. Silva et al. (2010) explicam que os

herbicidas lipofílicos (alto Kow) se solubilizam nos componentes lipofílicos da

cutícula e se difundem através desta.

Visto à carência de trabalhos sobre a absorção de herbicidas via caule,

e, principalmente estudos específicos na espécie em questão, o presente

trabalho de pesquisa foi conduzido com o objetivo de conhecer a estrutura

anatômica e composição química do caule de plantas de M. peregrina, em

idade recomendada para aplicação de herbicida.

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MATERIAL E MÉTODOS

Os caules das plantas daninhas da espécie M. perergina foram

colhidos em uma área pertencente ao município de Alvorada – TO, localizado

nas coordenadas geográficas, 12° 28' 48” de latitude Sul e 49° 07' 29'' de

longitude W.Gr, a 280 m de altitude, no mês de Julho de 2011. Estas plantas

encontravam-se com caules de 3 cm de diâmetro, conforme tamanho

recomendado para controle com o herbicida Togar* TB.

As análises anatômicas foram realizadas no Departamento de Ciências

Florestais da Universidade Federal de Lavras (DCF/UFLA). Fragmentos do

caule de M. peregrina foram submersos em um recipiente contendo água até

que ocorresse a saturação. Após esta etapa foram feitos cortes transversais,

longitudinal radial e longitudinal tangencial, por meio de um micrótomo de

deslizamento (Jung SM 2000), e em seguida estes cortes foram desidratados

em série etílica (etanol 30%, 40%), posteriormente corados com safrablau e

montados entre lâmina e lamínula em etellan. A documentação fotográfica foi

obtida em fotomicroscópio (DiagTech). A descrição anatômica realizada seguiu

a recomendação do IAWA committee (1989).

Para a análise química do caule, amostras de três cm de diâmetro e 20

cm de comprimento foram retiradas, e secas em estufa de circulação de ar

forçada à temperatura de 70º C, até alcançar peso constante. Após isto as

amostras foram moídas em um moinho de martelo, e passadas por peneiras de

40 e 60 Mesh. Para determinação do teor de lignina, holocelulose e extrativos

totais, foi utilizada a metodologia normatizada pela ABCP (Associação técnica

brasileira de celulose e papel) nº M3/69 ABTCP 1974 e M70/71 ABTCP 1974,

sendo as análises realizadas em triplicatas. A determinação do poder calorífico

superior teve como base a norma ABNT NBR 8633/84 (ABNT, 1984), sendo

utilizada uma bomba calorimétrica (IKAR, C 200). Para determinação elementar

quantitativa de C, N, H, S e O, foram utilizadas as amostras compostas

classificadas com fração de 200 mesh. Em seguida, as mesmas foram secas

em estufa a 103 +/- 2°C durante 4 horas e, posteriormente, levadas para o

analisador “vario MICRO CHN”, para a quantificação de carbono, hidrogênio,

nitrogênio, enxofre e, por diferença, o oxigênio do material, sendo que a

constituição elementar compreende a formação essencialmente orgânica do

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vegetal. Essa analise foi realizada no Laboratório de Energia da Biomassa

(LEBF) do DCF/UFLA.

Os trabalhos foram realizados em diferentes locais, por exemplo, a

coleta do material vegetal foi no município de Alvorada, as análises químicas

foram realizadas no campus de Gurupi/ UFT e em Lavras no DCF/UFLA.

Para determinação do teor de componentes apolares e polares dos

extrativos do caule de M. peregrina, após a coleta de caules herbáceos, no

mesmo diâmetro e idade de recomendação para a aplicação de herbicidas,

estes foram secados em estufa com temperatura de 70º C por 72 Horas.

Triturou-se a amostra em moinho de martelo, até atingir uma fração de 60

Mesh. Foram utilizados dois gramas da amostra (60 mesh). Esta foi

acondicionada em papel de filtro e colocada dentro do extrator Soxhlet de tal

forma que a mesma permanecesse submersa no solvente hexano

(determinação teor de compostos apolares) e metanol (determinação teor de

compostos polares). Pesou-se o balão de 250 mL em uma balança analítica de

quatro casas decimais. Adaptou-se o sistema, em uma manta aquecedora

(110º), deixando o solvente circular por um período de 12 horas de acordo com

as normas da AOCS – Método AC 3.11, 1983. Após este período, foi

interrompida a extração exatamente após o esvaziamento da câmara de

extração, posteriormente este foi colocado no dessecador por 30 minutos até

atingir a temperatura ambiente. Eliminou-se o solvente em evaporador rotativo.

Pesou-se o balão novamente na balança analítica e por diferença se calculou a

porcentagem de ésteres (composto apolar), o mesmo procedimento foi utilizado

para a determinação dos compostos polares, e o que variou foi o solvente,

sendo que para este último foi utilizado o metanol. Este procedimento

experimental foi realizado em quadruplicatas.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Anatomicamente em corte transversal observou-se xilema secundário

tipicamente poroso, com vasos parcialmente solitários e parcialmente em

arranjo radial múltiplo, variando de dois a dois (Figura 6A). Ainda verificou-se a

presença de “Tiloses e/ou caloses”, nos elementos de vasos e nas células de

parênquima axial e radial (Figura 6B). O parênquima axial é do tipo apotraqueal

difuso (Figura 6A). Foi possível observar pontoações guarnecidas ao longo da

parede do elemento de vaso (Figura 6C). As fibras apresentam pequenas

aréolas e pontoações simples (Figura 6D).

Figura 6: Anatomia do caule de Memora peregrina. A B e D - cortes

Transversais; C e F Cortes Longitudinais radiais; e E corte Longitudinal

Tangencial. Ev: Elemento de vaso; Pr: Parênquima radial; Pa: Parênquima

axial; Fi: Fibras. Seta Figura 6C: pontoações guarnecidas e na Figura 6D:

fibras.

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Läuchli (1972) atribuiu ao parênquima radial a função de transporte de

íons entre xilema e floema. Entretanto, Braun (1984) propôs que os dois tipos

de parênquima, axial e radial, constituem tecidos acessórios aos elementos

condutores, cuja principal função seria originar maior força osmótica dentro dos

vasos através da mobilização de substâncias osmoticamente ativas,

aumentando o fluxo nos vasos, favorecendo, assim, as espécies que as

apresentam.

Quanto ao parênquima axial, alguns trabalhos relacionam sua maior

abundância nos espécimes de ambientes mais secos (FAHN et al., 1986). O

parênquima axial de M. peregrina apresenta-se de maneira difusa, não sendo

possível sua nítida distinção. Mesmo assim ele pode estar contribuindo para

favorecer o estabelecimento da espécie em estudo em ambientes com

restrições de água, e com limitações de nutrientes e submetidos á altas

temperaturas e luminosidades como é o caso do cerrado.

Ainda de acordo com o observado neste trabalho, o raio do caule da M.

peregrina, apresenta porções unisseriadas e multisseriadas de duas a quatro

fileiras de células e é ainda não estratificado (Figura 6E), heterocelular com

células procumbentes e quadradas (Figura 6F).

Segundo Shiratsuchi et al. (2002) plantas jovens, são mais susceptíveis

a pulverização de herbicida para o mesmo volume de calda, devido a

condições próprias como: cutícula mais fina e epiderme menos espessa.

Portanto, torna-se importante a época de aplicação do herbicida, pois as fases

fenológicas da planta influenciam na eficiência do herbicida.

Segundo Silva et al. (2007), o processo de absorção de moléculas

químicas de herbicidas pela planta envolve penetração por regiões não ativas

na planta e posteriormente a absorção ocorre por meio da via simplástica, ou

seja, no caule, primeiramente o herbicida terá que atravessar a camada da

cutícula recoberta por ceras, região lipofílica, passando pela região do córtex,

onde se encontra o parênquima axial, que, na M. peregrina, como observado

na (Figura 6A), é do tipo apotraqueal difuso, para uma posterior translocação

até o local de ação.

De acordo com a análise observou-se a presença de conteúdos,

possivelmente “tiloses” ou “caloses” nos elementos de vasos nas células de

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parênquima axial e radial (Figura 6B), possivelmente estas “tiloses” e/ou

“caloses” dificultam o transporte pelos vasos, inclusive a translocação de

herbicidas aplicados via caule, visto que estes vasos são importantes para a

translocação da molécula até o sítio de ação.

Para o controle da M. peregrina atualmente é utilizado o herbicida

Togar TB* diluído em óleo diesel, na proporção 8% (v/v) do herbicida e 92%

(v/v) do óleo diesel pulverizados via caule. Segundo Oliveira Jr. et al. (2011),

este herbicida pertence ao grupo químico do ácido piridinacarboxílico, tendo

como mecanismo de ação a mimetização de auxina (efeito semelhante ao da

auxina natural). Na planta funciona da seguinte forma; primeiramente o

herbicida precisa atravessar a cutícula, rompendo as ceras (Figura 6A), a partir

daí, o mesmo atravessa a região do córtex, passando e se redistribuindo pelo

parênquima axial e radial (Figura 6B), atingindo os elementos de vaso (Figura

6C) ocorrendo então sua translocação até o local de ação.

Ainda segundo Oliveira Jr. et al. (2011), a ação deste herbicida é

semelhante à auxina natural. No entanto, são mais persistentes e mais ativos

que o ácido indol acético, e todos são translocados pelos elementos de vaso

(floema e xilema) (Figura 6C).

A composição química do caule da M. peregrina (Tabela 1) é

caracterizada pela presença dos componentes elementares, macromoleculares

e acidentais (extrativos e cinzas). Segundo a análise elementar dos compostos

orgânicos, este é composta por 46,6% de carbono, 6,12% e hidrogênio, 0,04%

de enxofre, 1,8% de nitrogênio e 45,4% de oxigênio.

Tabela 1 - Análise química do caule da Memora peregrina

Teores (%) Kcal . g-1

HO ET LIG C H C/H O N C/N S PC

62,12 9,32 28,55 46,6 6,12 7,61 45,4 1,8 25,8 0,04 4686,21

HO: teores de holocelulose; ET: extrativos totais; LIG: lignina total; C: carbono;

H: hidrogênio; C/H: relação carbono/hidrogênio; O: oxigênio; N: nitrogênio; C/N:

relação carbono/nitrogênio; S: enxofre; PC: poder calorífero do caule de M.

peregrina.

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Dentre estes elementos, o nitrogênio, de acordo com a análise, foi

muito significativo para M. peregrina, assumindo assim papel especial, tendo

função primordial na fotossíntese, por fazer parte da molécula da clorofila. O

que se observa nesta espécie, é a capacidade de armazenar nitrogênio em

forma de ureídeos, sendo estes utilizados em momento de seca prolongada,

fazendo com que esta espécie resista bem ao estresse hídrico, e não tenha

problemas por falta do nitrogênio (LORENZI et al., 2000).

Segundo Grassi et al. (2005) o alto teor de ureídeos, juntamente com o

comportamento de M. peregrina como planta daninha, sugere alguma relação

com estratégias adaptativas e de competitividade com outras espécies. Apesar

de os ureídeos serem considerados compostos de síntese complexa,

apresentam certas vantagens relacionadas ao menor custo energético, e ainda

são úteis e específicos no transporte de nitrogênio, levando-o aos órgãos de

interesse na planta, onde são rapidamente metabolizados (THOMAS et al.,

1981).

Grassi et al. (2005), realizando uma investigação química e a avaliando

a atividade alelopática de M. peregrina, constataram a presença do composto

4–hidróxi-N-metilprolina. O teor desta substância e alguns de seus análogos

em tecidos celulares vegetais tem sido correlacionado ao estresse hídrico,

podendo tais compostos estar envolvidos no mecanismo de ajuste osmótico.

Ainda, de acordo com a Tabela 2, observa-se a presença de 62,12%

de holocelulose, 9,32% extrativos totais e 28,55% de lignina. Dentre as folhas,

caule e raiz, o caule tende a ser mais lignificado, o que dificulta a entrada do

herbicida. Fato constatado por Lacerda et al. (2006), que estudando a

concentração de lignina na parte aérea de (Avena byzantina L.) medida por

quatro métodos analíticos, concluíram que a concentração de lignina foi mais

elevada na fração caule do que na folha.

Puhl et al. (2007) estudando a morfoanatomia das folhas e dos caules

jovens da Arrabidaea chica, espécie pertencente à família Bignoniaceae,

concluíram que no caule desta espécie, ocorre estruturação reticulada de

parênquima e esclerênquima junto aos tecidos condutores. Cita ainda, a

presença de cristais prismáticos na medula, e testes microquímicos mostraram

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a presença de compostos fenólicos e principalmente a presença de gotículas

de lipídeos (ceras) no tecido.

De acordo com os resultados obtidos no presente trabalho, verificou-se

que M. peregrina seguiu um padrão típico de plantas pertencentes á ambientes

limitados, e submetidos á condições extremas, como por exemplo, solos

ácidos, déficit hídrico, altas temperaturas e baixa fertilidade. Este fato pode ser

explicado pelo teor de extrativos observados, os quais são oriundos do

metabolismo secundário em respostas á condições adversas, corroborando

assim, com a afirmação de Nunes (2002) que cita a rusticidade da M. peregrina

em resposta a fatores edafoclimáticos limitados.

Dentre algumas plantas resistentes do cerrado cita-se a Achyrocline

satureoides (Macela), Anadenanthera falcata (Angico), Anemopaegma arvense

(Catuaba), Caryocar brasiliense (Pequi), Dimorphandra mollis (Faveira),

Eugenia dysenterica (Cagaita), Mysine guianensis (Cafezinho), Psidium

myrsinoides (Araçá), Sclerobium paniculatum (Carvoeiro), Solanum lycocarpum

(Lobeira), Stryphnodendron barbadetimam (Barbatimão), Curatella Americana

(Lixeira), dentre outras.

O poder calorífico é a quantidade de energia na forma de calor,

liberada pela combustão de uma unidade de massa de vegetal, podendo ser

expresso em calorias/grama ou quilocalorias/quilograma. Conforme Burger e

Richter (1991) a combustibilidade e o poder calorífico são altamente

influenciados pelo teor de lignina e pela presença de materiais extrativos

inflamáveis (óleos, resinas, ceras, etc.).

Santana (2009) estudando as espécies Eucalyptus grandis e

Eucalyptus urophylla em função da idade, concluiu que para 74 meses as duas

espécies possuem um poder calorífero de 4587,25 cal/grama. Contudo a M.

peregrina foi superior a essas espécies estudadas por e usadas como matéria

prima para combustão em siderúrgicas.

Segundo dados obtidos neste trabalho, conclui-se que o teor de

extrativos totais correspondeu a 9,32% (alto teor), o que pode explicar à

adaptação desta espécie a ambientes limitados. A M. peregrina possui

considerável teor de extrativos, seguindo um padrão de outras espécies ricas

em extrativos como, por exemplo, o Carvalho (10,47%), Sassafrás (11,57%),

Cerejeira (17,91%), Angelim (8,88%), Óleo bálsamo (10,55%), Jatobá

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(13,32%), Peroba do campo (10,39%), Sucupira (8,24%), Angico vermelho

(15,31%), Jequitibá rosa (9,46%) (MORI et al., 2003).

Quanto à análise da proporção de compostos apolares (estéres) e

polares dos extrativos do caule de M. peregrina, constatou-se teores de 5 % e

95%, respectivamente. Os compostos apolares determinados a partir dos

extrativos da planta são ácidos graxos, lipídios, ceras extraídas ou outros

compostos apolares não identificados, extraídos pelo hexano. Já os demais

são compostos polares foram extraídos pelo metanol.

Os extrativos são compostos químicos da parede celular, geralmente

formados a partir de graxas, ácidos graxos, alcoóis graxos, fenóis, terpenos,

esteróides, resinas ácidas, resinas, ceras, e alguns outros tipos de compostos

orgânicos (GULLICHSEN; PAULAPURO, 2000). Os extrativos totais são todos

os metabólitos secundários.

Oliveira et al. (2011), analisando o teor de extrativos, fenóis totais e

lignina, encontraram saponinas, taninos, alcalóides, flavonóides, terpenos e

esteróides. Outra característica interessante é que os extrativos são formados

por diferentes tipos de substâncias. Essas substâncias são retiradas do vegetal

através de solventes de acordo com sua polaridade. Carvalho et al. (2009)

estudando a composição fitoquímica do caule da Tynnanthus fasciculatus,

espécie da família Bignoniaceae, concluíram que esta apresentava

quantidades significantes de taninos, flavonóides e heterosídeos cardiotônicos.

Segundo Vitoria Filho (2009) a cutícula impede à penetração dos

herbicidas, sendo esta constituída de cera, cutina, pectina e celulose. As ceras

são lipofílicas, a cutina é parcialmente lipofílica, a pectina e celulose são

hidrofílicas. Portanto, existem duas rotas de penetração de substâncias através

da cutícula: a rota aquosa, que ocorre com as substâncias polares (ex.: água),

que atravessam a cutícula difundindo-se nas substâncias polares da cutícula

(ex.: pectina); e a rota lipoidal, que ocorre com as substâncias não polares (ex.:

óleo), que penetram mais facilmente pela cera e pela cutina. Portanto, de modo

geral, os óleos e herbicidas veiculados em óleo penetram mais facilmente pela

cutícula do que a água e herbicidas mais hidrofílicos. A passagem de qualquer

substância pela cutícula é por difusão, ou seja, o movimento do produto

químico é feito pelo gradiente de concentração, sendo que a espessura da

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cutícula varia de 0,1 a 10μm dependendo da espécie e das condições

ambientais (VITORIA FILHO, 2009).

De acordo com os resultados constatados no presente trabalho, o teor

de lignina encontrado na M. peregrina é de 28,55%, sendo classificada como

caules resistentes, de acordo com (BONONI, 1999 e LARS, 2000).

Comprovando assim, o observado neste trabalho sobre a rusticidade e

adaptabilidade da mesma.

A lignina, além das funções inerentes à fisiologia das plantas,

apresenta-se como uma barreira de defesa física e química, dificultando a

penetração de microrganismos e substâncias nocivas, protegendo as plantas

contra os fatores bióticos e abióticos, advindos do ambiente. Essas funções

justificam-se por ser encontrada principalmente na parede celular e na lamela

média de células xilemáticas e de outras partes de diferentes origens

citológicas, como: folha, caule, casca e raízes (FIRMINO et al., 2006).

Segundo Taiz e Zeiger (2009) a lignina é uma substância fenólica muito

complexa, só perdendo em abundância, nas plantas, para a celulose. A

estrutura da lignina ainda não é completamente conhecida, mas sua presença

é fundamental para a rigidez das células e tecidos e na resistência a estresses

bióticos a abióticos.

Juntamente com a holocelulose, a lignina é um dos principais

constituintes da planta, e sua finalidade é de conferir rigidez, impermeabilidade

e resistência contra ataques biológicos aos tecidos vegetais. Esta é um bio -

polímero aromático amorfo, tridimensional, formado via polimerização oxidativa.

A lignina ocorre na parede celular de plantas superiores em diferentes

composições, como, por exemplo: em madeiras duras, de 25 a 35%; madeiras

macias, de 18 a 25%; e gramíneas, de 10 a 30% (BONONI, 1999; LARS,

2000).

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CONCLUSÕES

Anatomicamente, o caule da M. peregrina possui vasos parcialmente

solitários e em arranjo radial múltiplo contendo pontoações guarnecidas ao

longo da parede do elemento de vaso. O parênquima axial é do tipo

apotraqueal difuso e as fibras apresentam pequenas aréolas e pontoações

simples.

Quimicamente o caule da M. peregrina possui uma quantidade

expressiva de nitrogênio, se comparada com outras espécies, e alto teor de

lignina que lhe caracteriza como espécie mais resistente.

Como foi analisado o caule como todo, e não somente a casca, e

teoricamente os compostos apolares tendem a se concentrar em maior

quantidade na região da casca da planta, na idade em que o caule foi coletado,

apresenta-se com propriedade predominantemente polar.

A característica anatômica e química constatadas no caule de M.

peregrina lhe distingue como planta típica de ambientes limitados (escassez de

recursos essenciais para a sobrevivência) e submetidos á condições extremas

(altas temperaturas, luminosidade, solos ácidos e etc.).

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CAPÍTULO II

UTILIZAÇÃO DA GLICERINA, RESULTANTE DA PRODUÇÃO DE

BIODIESEL COMO VEÍCULO NA APLICAÇÃO DO HERBICIDA TOGAR* TB

NO CONTROLE DE Memora peregrina.

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RESUMO

A pecuária é uma das atividades econômicas mais importantes do

Brasil, participando com 8,39% do PIB nacional. No entanto a produtividade no

setor, na maioria das áreas, é baixa, com uma lotação de 1UA/ha, isto se deve

a solos de baixa fertilidade, forrageiras inadequadas, e principalmente o

manejo inadequado de plantas daninhas, dando ênfase a Memora peregrina,

popularmente conhecida como Ciganinha. Este estudo teve como objetivo

caracterizar a glicerina pré-purificada, em relação a alguns parâmetros físicos e

químicos, bem como avaliar o efeito da mesma como aditivo do herbicida

Togar TB, no controle da Memora peregrina no Sul do estado do Tocantins. A

glicerina bruta foi adquirida junto á Usina de Biodiesel BIOTINS. Para as

características físicas foram determinadas: Tensão superficial e viscosidade. Já

para caracterização química, foram analisadas: Umidade; Índice de acidez,

poder hidrogeniônico; cloretos; compostos voláteis a 180 ºC; cinzas e

impurezas. A elevação da concentração de ácido fosfórico provocou aumento

do índice de acidez, concentração de cloreto, nas soluções com glicerina. Os

tratamentos contendo a glicerina pré - purificada com 5% e 6% de H3PO4

obtiveram maiores viscosidades e foram superiores aos demais tratamentos.

Nos tratamentos contendo glicerina pré-purificada, a tensão superficial foi

sempre maior quando comparados com o tratamento envolvendo o óleo diesel.

Na avaliação da rebrota, os tratamento contendo a glicerina, não se mostraram

eficientes no controle da M. peregrina. O tratamento contendo o óleo diesel em

mistura com o herbicida Togar* TB na proporção de 8% V/ V, mostrou-se

eficiente no controle da M. peregrina.

Palavras chave: Ciganinha, Controle, Defensivos.

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ABSTRACT

Livestock is one of the most important economic activities in Brazil, accounting

for 8.39% of the national GDP. However productivity in the sector, in most

areas, is low, with a capacity of 1UA/ha, this is due to low soil fertility,

inadequate fodder, especially the inadequate management of weeds,

emphasizing the Memora peregrina popularly known as Ciganinha. This study

aimed to characterize the pre-purified glycerin, in relation to some physical and

chemical parameters, and to evaluate its effect as an additive herbicide Togar

TB in control Memora peregrina in the Southern state of Tocantins. The crude

glycerin was acquired near the Biodiesel Plant Biotins. For the physical

characteristics were determined: Surface tension and viscosity. As for chemical

characterization were analyzed: Moisture; Acid value, Hydrogen power,

chlorides, volatile compounds at 180°C, ash and impurities. Raising the

concentration of phosphoric acid caused an increase in acid number,

concentration of chloride in solution with glycerol. Treatments containing

glycerin pre - purified with 5% and 6% H3PO4 and had higher viscosities were

higher than other treatments. In treatments containing glycerin pre-purified, the

surface tension was always larger when compared with treatment involving

diesel oil. In assessing the regrowth, the treatment containing glycerin, not

efficient in controlling M. peregrina. The treatment containing diesel fuel mixed

with the herbicide Togar* TB in the proportion of 8% V/V, was effective in

controlling the M. peregrina.

Keywords: Ciganinha, Control, Defensive.

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INTRODUÇÃO

A pecuária é uma das atividades econômicas mais importantes do país,

sendo que o rebanho nacional, em 2010, era de 209,5 milhões de cabeças,

distribuídos em 152 milhões de ha de pastagens (IBGE, 2010), participando

com 8,39% do PIB nacional.

No entanto a produtividade no setor é considerada na grande maioria

das áreas como baixa, com capacidade média de um animal por hectare.

Diversos fatores contribuem com essa realidade, tais como, solos de baixa

fertilidade, forrageiras inadequadas, pressão de pastejo inadequada, e manejo

inadequado de plantas daninhas, entre outros (FILHO, 2009).

Entre as plantas daninhas de mais difícil controle encontram-se as

arbustivas, sendo aquelas que possuem estruturas reprodutivas vegetativas

(Ferreira et al., 2003). Entre estas, nas áreas de cerrado, destaca-se a Memora

peregrina, conhecida popularmente como ciganinha, é uma planta pertencente

à família Bignoniaceae, nativa da flora do cerrado e que se tornou invasora de

pastagens cultivadas (LORENZI et al., 2000). O seu controle é extremamente

difícil uma vez que consegue se propagar por rizomas, e se recuperar

facilmente.

No mercado há um herbicida recomendado para o controle dessa

planta, sendo aplicado via caule e comercializado pela Dow AgroSciences com

o nome de Togar TB. Este produto possui como princípio ativo a mistura das

moléculas de picloram (4,85 m/m) e triclopir (9,22 m/m), cujos mecanismos de

ação correspondem aos mimetizadores de auxina, de translocação sistêmica

(NUNES et al., 2002).

Uma das particularidades na aplicação desse herbicida é a utilização

do óleo diesel como veículo de pulverização, que apesar da sua eficiência,

corresponde à maior parcela no custo da aplicação, além de, ser tóxico as

forrageiras e ao meio ambiente, uma vez que o mesmo é composto

principalmente por hidrocarbonetos, compostos que podem poluir o solo.

Alternativas de substituição do óleo diesel por produtos mais baratos e de

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menor impacto ambiental, porém, com a mesma efetividade, seria de grande

valia no sistema de produção de pastagens.

O Biodiesel é uma das alternativas na substituição do diesel, uma vez

que é um produto originário de recursos de origem vegetal ou animal.

Atualmente a legislação obriga a mistura de 5% Biodiesel no diesel comum,

sendo produzidos em 2010, 2,4 bilhões de litros. Para cada 100 litros de

Biodiesel produzido são gerados aproximadamente 10 litros de glicerina, no

ano de 2010 foram gerados 240.000 litros deste co-produto (ANP, 2010).

Considerando que a demanda da glicerina no Brasil foi de aproximadamente 12

milhões de litros/ano (ABIQUIM, 2007), o restante constitui-se em um grande

passivo ambiental.

A glicerina é uma matéria-prima que pode ser empregada em diversos

setores das indústrias de cosméticos, saboaria, farmacêutico, alimentício, entre

outros. É chamado de glicerina os produtos comerciais com aproximadamente

95% de glicerol, o 1,2,3-propanotriol, mas atualmente, com o aumento da

produção de Biodiesel em todo o mundo, uma fração com cerca de 80% de

glicerol é normalmente denominada de glicerina loira ou bruta (MOTTA;

PESTANA, 2011).

A glicerina obtida pela reação de transesterificação de óleos vegetais

(produção de Biodiesel) apresenta impurezas como água, catalisador alcalino,

álcool não reagido, e ácidos graxos, entre outros compostos (MOTTA;

PESTANA, 2011), o que pode limitar a sua utilização em determinadas áreas,

sendo necessário uma pré-purificação normalmente realizada através da

utilização de ácidos.

Na aplicação de um herbicida devem ser levadas em consideração as

seguintes características físico-químicas: solubilidade em água, pressão de

vapor, pKa, Kow, Koc e tempo de meia-vida, viscosidade, tensão superficial e etc.

pois tais propriedades podem explicar a maioria dos aspectos relacionados

com a eficácia e o comportamento do herbicida na planta.

A glicerina com propriedades desejáveis para substituição do óleo

diesel em aplicação no controle da M. peregrina deve ter características, físico-

química semelhante ao mesmo. Segundo a ANP (2012), o óleo diesel é uma

mistura de hidrocarbonetos, e outros compostos constituídos de átomos de

hidrogênio, carbono, oxigênio, nitrogênio e enxofre. O mesmo apresenta-se

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em forma de líquido amarelado viscoso, límpido, pouco volátil, possui cheiro

forte e marcante e nível de toxidade mediano.

Frente a esta realidade, diversas áreas de pesquisa procuram

alternativas para utilização da glicerina além daquelas, tradicionalmente

utilizadas no setor químico, alimentício e farmacêutico.

Desta maneira o presente trabalho objetivou avaliar os parâmetros

físicos e químicos bem a utilização da glicerina produzida no processo de

produção do Biodiesel, na substituição do diesel, utilizado como veículo na

aplicação do herbicida Togar TB* no controle da planta daninha de pastagens

M. peregrina.

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MATERIAIS E MÉTODOS

Foram realizados dois trabalhos, um em laboratório para avaliação dos

parâmetros físico-químicos das amostras e outro em campo para avaliar a

eficiência do herbicida Togar TB* no controle de M. peregrina utilizando a

glicerina pré-purificada como veiculo de aplicação.

- Avaliação dos parâmetros físico-químicos das amostras:

A glicerina bruta (sub-produto da fabricação do biodiesel), foi adquirida

junto á Usina de Biodiesel “BIOTINS”, localizada no município de Paraíso do

Tocantins. A glicerina foi obtida a partir da fabricação do Biodiesel, tendo como

fonte de matéria prima o óleo de soja. Este foi transesterificado utilizando como

catalisador do NaOH (hidróxido de sódio). Devido à presença de diversos

contaminantes esta foi previamente pré-purificada, com diferentes

concentrações de ácido fosfórico (85%), conforme procedimento sugerido por

Swearingen (2012). Após a adição do ácido fosfórico, a glicerina foi colocada

em funil de separação, onde permaneceu por um período de descanso de 24

horas, para posterior separação das fases (TAQUEDA, 2007).

Conforme pode ser observado na Figura 7, após o processo anterior

ocorre a formação de três fases: no topo (fase escura) com ácido graxo livre no

estado líquido; na fase intermediária (cor âmbar) está a glicerina, e no fundo

(cor clara) os sais formados da mistura de catalisador e ácido fosfórico.

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Figura 7: Visualização das fases (ácidos Graxos, glicerina e sais) após pré-

purificação da glicerina bruta com 20% de H3PO4 á 85% de Pureza.

Inicialmente foi instalado um experimento inteiramente casualizados

com onze tratamentos (Tabela 2) e uma testemunha de referência (água

destilada), para avaliação de características físicas e químicas dos

componentes das caldas de pulverização a serem utilizadas na segunda parte

do trabalho, sendo realizado em triplicatas.

Tabela 2: Tratamentos utilizados no experimento a campo e que tiveram suas propriedades físicas e químicas caracterizadas.

TratamentosÁgua Destilada

Glicerina Pré-purificada com 5% de H3PO4 a 85% de Concentração.Glicerina Pré-purificada com 6% de H3PO4 a 85% de Concentração.Glicerina Pré-purificada com 8% de H3PO4 a 85% de Concentração.Glicerina Pré-purificada com 9% de H3PO4 a 85% de Concentração.

Glicerina Pré-purificada com 5% de H3PO4 a 85% de Concentração mais Togar TB.Glicerina Pré-purificada com 6% de H3PO4 a 85% de Concentração mais Togar TBGlicerina Pré-purificada com 8% de H3PO4 a 85% de Concentração mais Togar TBGlicerina Pré-purificada com 9% de H3PO4 a 85% de Concentração mais Togar TB

Togar TBDiesel

Togar TB + Diesel

Na glicerina pré-purificada foram avaliados os seguintes parâmetros

físicos: viscosidade, tensão superficial e químicos: pH, umidade (%), índice de

acidez (mg/l), teor de cloreto (mg/l), concentração de voláteis, concentração de

cinzas (%) e concentração de impurezas (%).

Inicialmente foi determinada a densidade das amostras, utilizando a

equação d=massa/volume. Para isso pesou-se um balão de 50 mL vazio e com

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as amostras, posteriormente determinou-se a massa da amostra subtraindo a

massa do balão com a mesma da massa do balão vazio, dividiu-se a diferença

por 50, obtendo assim a densidade da amostra em g/mL ou g/cm³.

Para determinação da viscosidade foi utilizado o metodologia descrita

por (RANGEL, 2006).

A fórmula para realizar o cálculo da viscosidade foi:

Ya/ Yh = Da x Ta/ Dh x Th

Em que:

Ya: Viscosidade da amostra

Yh: Viscosidade da água

Ta: Tempo de escorrimento da amostra

Dh: Densidade da água

Th: Tempo de escorrimento da água.

A determinação da tensão superficial das amostras foi calculada pelo

método da gota, (PILLA, 1979). Utilizando a seguinte fórmula:

Em que:

γ: tensão Superficial;

mi: massa de uma gota;

g: aceleração da gravidade cm/s;

π: 3,14159;

r: raio de uma gota;

f: fator de correção.

Utilizou-se a seguinte equação (r= - 0,02815 + 3,81292 x m) para

determinar o raio a partir da massa de uma única gota; encontrou-se a relação

r / V⅓ para cada amostra e determinou a correção f por meio de tabelas.

Os parâmetros pH, umidade (%), índice de acidez (mg/l), teor de

cloreto (mg/l), concentração de voláteis, concentração de cinzas (%) e

concentração de impurezas (%), dos diferentes tratamentos utilizados no

trabalho, foram determinados por laboratório especializado.

fr

gmi....2

.

πγ =

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- Avaliação a campo da eficiência do herbicida Togar TB* no controle de M.

peregrina utilizando a glicerina pré-purificada como veiculo de aplicação:

O trabalho de campo foi instalado, em uma área de produção de gado

de corte em modo extensivo, no município de Alvorada do Tocantins situado a

uma Latitude de 12º 48’ 05” e Longitude de 49º 12’ 54”.

O experimento seguiu o modelo de blocos casualizados com seis

tratamentos (Tabela 3) e quatro repetições. As unidades experimentais foram

constituídas por seis plantas de M. peregrina por tratamento. Estas plantas

foram escolhidas mantendo-se um padrão, de mesma idade e diâmetro de

caules (3 cm).

Tabela 3: Tratamentos para avaliação de campo.

TratamentosGlicerina Pré-purificada com 5% de H3PO4 a 85% de Concentração mais Togar TB.Glicerina Pré-purificada com 6% de H3PO4 a 85% de Concentração mais Togar TBGlicerina Pré-purificada com 8% de H3PO4 a 85% de Concentração mais Togar TBGlicerina Pré-purificada com 9% de H3PO4 a 85% de Concentração mais Togar TB

Togar TB + Diesel : Padrão comercialTestemunha: Sem aplicação.

As aplicações (200 ml/planta) foram feitas no terço inferior da planta,

na forma de aplicação basal dirigida, utilizando pulverizador costal manual, com

bico tipo cone, sem o core interno (jato cone cheio), aplicando-se em todo o

perímetro do caule até ocorrer o ponto de escorrimento.

Estas plantas foram avaliadas quanto ao controle, aos 30 e 60 DAA por

meio de escala percentual de notas visuais, variando de 0 a 100 %, onde 0

(zero) corresponde a nenhuma injuria na planta e 100 (cem) à morte das

plantas e aos 270 dias após a aplicação (DAA) foram avaliados por meio da

contagem do número de brotações por planta, considerando-se para nível de

aceitação, eficiência de no mínimo 80%. Este método segue as normas

propostas por Frans (1986) e pela Sociedade brasileira da ciência das plantas

daninhas, (1995).

Todos os dados foram analisados pelo software estatístico SISVAR, as

médias foram comparadas pelo teste Skott Knott. (FERREIRA, 2000).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Analisando-se as características químicas da glicerina bruta utilizada

no presente trabalho (Tabela 5), verifica-se o teor de glicerol de 62,14% e pH

12,6 evidenciando a presença de catalisador básico. O teor de cinzas

sulfatadas e material orgânico não glicérico (MONG) apresentaram valores de

9,6 e 25,43 %, respectivamente, enquanto o resíduo de metanol foi de 7,09.

Tabela 4: Características químicas da glicerina bruta.

Características Método de análise TotalTeor de água (%) ASTM E 203 2,83Cinzas sulfatadas (%) ASTM E D 874 9,6Glicerol total (%) AOCS Ea 6-94/Mod 62,14MONG¹ (%) ISO 2464 25,43Metanol EN 14110 7,09pH NBR 10891 12,60

1 Matéria Orgânica não glicérica.Fonte: Laboratório SAYBOLT L.T.D.A / BIOTINS. 2011.

Tendo em vista que o objetivo do trabalho foi avaliar a utilização da

glicerina como veículo de pulverização de herbicidas, fez-se necessário tratá-la

com concentrações diferentes de ácido fosfórico de forma a se obter diferentes

pH(s) e resíduos, conforme descrito na Tabela 6.

Tabela 5: Análise química da glicerina pré-purificada com H3PO4 85%.

ParâmetrosConcentrações de H3PO4 (%)

5 6 8 9

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Umidade (%) 4,03 4,46 4,93 4,96 Índice de acidez (mg/L) 2,10 15,9 15,4 22,7 pH 6,20 2,32 2,28 2,01Cloreto (mg/L) 514,46 2.033,49 2.176,80 2.621,04Voláteis a 180 ºC Ausente Ausente Ausente AusenteCinzas (%) 18,76 13,46 24,80 37,90 Impureza (%) 0,2 0,2 0,2 0,1 Fonte: QUINOSAN Laboratório Químico Ltda – Brasília – DF. 2011.

Conforme esperado o incremento da concentração de H3PO4 (85%) à

glicerina bruta, aumentou o índice de acidez e concomitantemente expressou

uma redução nos valores de pH, correspondendo a 6,20, 2,32, 2,28 e 2,01 para

as glicerinas pré-purificadas com 5, 6, 8 e 9 % de H3PO4 (85%),

respectivamente.

Isto já havia sido observado por Cubas et al. (2010) os quais

encontraram que com adição do ácido fosfórico a 85% de concentração em

doses crescentes na glicerina bruta, ocorre a diminuição do seu pH, e

separação das fases, como por exemplo, os ácidos graxos, sais e glicerol.

Os valores de cloreto e cinzas (exceto 6%) expressaram um

incremento em função do aumento da concentração de ácido fosfórico. O

aumento das doses de ácido fosfórico promoveu aumento no teor de cloreto

presente na glicerina, este provavelmente devido às reações químicas que

ocorrem neste processo, visto que o cloreto surge como contaminante do

processo de transesterificação para obtenção do biodiesel.

Ferreira (2009) estudando o processamento químico do Biodiesel e

derivado, concluiu que o cloreto é um íon que provém do pró-processamento

da transesterificação de óleos e gorduras, na produção do biodiesel. Knothe et

al. (2009) citaram que a neutralização da glicerina com o ácido, clorídrico ou

fosfórico, promove a sua purificação a “glicerina loira” que depois de ser

destildada pode atingir uma pureza de 60 a 80%, separando nitidamente os

sais e cloretos.

O cloreto pode interagir com o sódio da solução, formando o NaCl,

sendo este um agente espessante capaz de aumentar a viscosidade da

solução, através da interação com os agentes tensoativos empregados, desde

que os níveis salinos não ultrapassem certos limites (COUTO et al., 2007).

Segundo Brown et al. (2002), a presença de íons cloretos na solução promove

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aumento na tensão superficial devido ao aumento das interações

intermoleculares (maior coesão entre as moléculas).

Em relação à presença do cloreto nos tratamentos utilizados, observa-

se um aumento nítido em função do aumento da quantidade de H3PO4, sendo

que este pode influenciar significativamente, aumentado à tensão superficial e

viscosidade, interferindo diretamente na eficiência de aplicação. Montório et al.

(2005) diz que uma calda de pulverização ideal é aquela que apresenta

elevado ao coeficiente de eficácia associada às tensões mínimas. Portanto, a

pulverização de líquidos que tenham maior viscosidade e maior tensão

superficial produz gotas maiores (CHRISTOFOLETTI, 1999).

Segundo Miller e Butler Ellis (2000), as mudanças nas propriedades do

líquido pulverizado podem influenciar tanto o processo de formação das gotas

quanto o comportamento destas em contato com o alvo, alterando o risco

potencial de deriva na aplicação. Apesar de não ter sido quantificado o teor de

glicerol nos diferentes tratamentos, é de se esperar o incremento do mesmo,

uma vez que com a acidificação, ocorrerá maior separação dos resíduos

presentes, principalmente ácidos graxos e sabões. Segundo Gervajio (2005)

quando se acidifica a glicerina bruta com H3PO4, ocorre à separação nítida de

ácidos graxos, sais como o fosfato de sódio, se o catalisador da reação for

NaOH, ou o fosfato de potássio, se o catalisador da reação for KOH.

Barbosa (2009) trabalhando com glicerina proveniente da produção de

sebo bovino verificou que a acidificação desta com ácido fosfórico (85%)

abaixou seu pH de 12,57 (glicerina bruta) para 4,00 (glicerina pré-purificada),

promovendo um aumento de 25,8% na quantidade de glicerol. Segundo Kirk -

Othmer (2007) o glicerol tende à ser higroscópio e seu teor máximo de água

chega á 5%, fato este evidenciado neste trabalho, onde o teor de umidade das

amostras não ultrapassou 5%.

Pasquetti (2011) verificou maior concentração de ácidos graxos na

glicerina bruta (21,5%) do que na semi-purificada (5,1%), também observou

uma redução no teor de MONG de 32,8 para 13,22%, respectivamente. No

presente trabalho, tal fato foi evidenciado, mas como não foram determinadas

estas duas características nas amostras de glicerina pré-purificada, isto pode

ser visualizado na Figura 8, onde se percebe nitidamente a separação dos

ácidos graxos da glicerina. O incremento no teor de cinzas pode ter sido devido

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à acidificação pelo uso de um ácido inorgânico, como é o caso do H3PO4, visto

que as cinzas são basicamente constituídas de sais inorgânicos

remanescentes do processo fabril do biodiesel, que acaba sendo incorporado à

glicerina bruta. Martines (2007) cita que as cinzas sulfatadas (sódio, potássio,

etc.) indicam resíduos do catalisador utilizado durante a reação de

transesterificação e que não foram removidos na sua totalidade no processo de

purificação do Biodiesel.

Na Tabela 6, estão apresentados os valores de viscosidade e tensão

superficial correspondentes aos tratamentos avaliados. Verificou-se maiores

valores de viscosidade variando de 19 a 22 cP nos tratamentos com a glicerina

pré-purificada, sendo que, os tratamentos glicerina 5% e glicerina 6%

apresentam maior viscosidade diferindo significativamente dos outros e não

diferindo entre si. Estes foram praticamente cinco vezes superiores a aqueles

determinados no diesel e na mistura diesel mais herbicida Togar TB.

Tabela 6. Viscosidade e tensão superficial da glicerina pré-purificada com

diferentes concentrações de ácido fosfórico (85%), isolada ou em mistura com

o herbicida Togar TB, assim como, da água, do herbicida e do diesel.

Tratamentos Viscosidade (cP*) Tensão superficial (mN/m-1)Glicerina 5 % 21.95a 35.43 bGlicerina 6 % 21.80a 34.25 cGlicerina 8 % 20.85c 35.37 bGlicerina 9 % 21.17b 33.19 d

Glicerina 5 % + Togar TB 20.83c 30.36 eGlicerina 6 % + Togar TB 21.17b 30.23 eGlicerina 8 % + Togar TB 20.43d 28.45 fGlicerina 9 % + Togar TB 19.80e 28.37 f

Togar TB 3,28 g 23.34 hDiesel 4,91 f 23.47 h

Togar + Diesel 4.80 f 24.36 gÁgua Destilada 0.99 h 72.40 a

F 4356.46** 6874.31**CV % 1.50 0.82

*centi-Poise. Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem

estatisticamente entre si, de acordo com o teste de Skott Knott a 5% de

probabilidade.

A viscosidade do óleo diesel verificada no trabalho está próximo da

descrita pela normas técnicas da Petrobras, que é de 2,05 a 4,84 cP a 40 °C.

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Enquanto herbicida Togar* TB ficou um pouco acima daquela apresentada no

relatório técnico da empresa que comercializa o produto (DOW AgroScience)

cujo valor é de 3,04 cP a 25ºC.

Nos compostos que contém grupos OH, a exemplo da glicerina (três

grupos OH), estes podem formar ligações de hidrogênio intermoleculares,

aumentando assim a viscosidade (ATKINS 2006).

Outro fator a ser considerado na determinação da viscosidade de

fluídos é a temperatura. Quanto maior for à temperatura durante o processo de

avaliação menor será a viscosidade, fato que pode ser explicado pela

expansão das moléculas, ou seja, menor coesão.

Santos (2007) trabalhando com glicerina etoxilada constatou valores de

viscosidade de 646,9 cP a 10 °C, enquanto a 40 °C esta foi de 169,0 cP.

Cordoba (2011) verificou que a viscosidade da glicerina bruta a 70 °C é

aproximadamente 22 vezes superior a da loira e 528 vezes a do óleo diesel.

O grau de pulverização está diretamente ligado à viscosidade e

escoamento da solução. Além disso, características como estabilidade e

densidade também influenciam no processo de formação da gota, cujo

conhecimento é fundamental para o sucesso de uma aplicação de agrotóxico.

Butler et al. (1993) e Liu e Stansly (2000) ressaltam que os produtos

com maior viscosidade, quando utilizados junto a defensivos agrícolas

sintéticos, reduzem a evaporação e podem reduzir a lavagem dos mesmos

durante estações chuvosas. Ainda segundo Butler et al. (1993), Liu e Stansly

(2000) e Basf (2012), estes produtos ainda oferecem melhor poder de

penetração na cutícula cerosa, além de melhorar a deposição dos defensivos

nas folhas, permitindo que este defensivo possa agir de forma mais efetiva e,

desta forma, o volume aplicado pode ser reduzido.

Outra propriedade importante da calda para a aplicação do agrotóxico

é a tensão superficial, resultante de forças que agem nas moléculas da

superfície do líquido. Uma molécula que se localiza no interior do líquido fica

sujeita a forças intermoleculares de todas as moléculas em próximas. Contudo,

a tensão superficial das gotas e sua interação com a superfície alvo influenciam

não só a molhabilidade, mas também o processo de absorção, que é

fundamental para a efetividade da aplicação (MENDONÇA et al., 2007).

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Quando se analisa a tensão superficial observa-se que nos tratamentos

onde se fazia presente a glicerina pré-purificada, a tensão superficial foi maior,

variando de 28 a 36 mN/m-1, sendo que os tratamentos glicerina 5% e glicerina

8% diferiram significativamente dos outros, porém não entre si.

Segundo Santos (2007) a tensão superficial é responsável pela forma

esférica das gotas pulverizadas, sendo que a capacidade de um líquido molhar

ou espalhar-se sobre uma superfície sólida (molhamento) depende diretamente

da tensão superficial.

Menor tensão superficial foi constatada nos tratamentos: diesel, Togar e

Togar mais diesel (23,34 a 24,36 mN/m-1). Segundo o fabricante (DOW

Agroscience) o herbicida Togar TB possui tensão superficial de 31,58 mN/m-¹

a 25ºC, valor superior ao encontrado no trabalho (23,34 mN/m-1). Isto pode ser

explicado pelo fato de não se ter o controle total da temperatura no

experimento.

A tensão superficial está diretamente relacionada com a temperatura,

ou seja, a temperatura promove a quebra das interações intermoleculares do

composto, deixando-o com menos coesão, assim reduzindo sua tensão. Foi o

que observou Sundaram (1987) avaliando o efeito da temperatura na

determinação da tensão superficial, sendo que estes valores de tensão

superficial apresentaram pequeno decréscimo com o aumento da temperatura

Schampheleire et al. (2008) afirmaram que o grau de pulverização, está

ligado diretamente à viscosidade e à tensão superficial da calda ou seja, uma

menor tensão superficial permitindo transpor obstáculos como a presença de

pelos foliares, aumentando a quantidade de princípio ativo que atinge as áreas

de absorção.

A efetividade dos tratamentos no controle da M. peregrina foi avaliado

a campo por meio de notas de intoxicação e porcentagem de rebrota das

plantas após um período de tempo 30, 60 DAA e 270 DAA para a rebrota

(Tabela 7).

O tratamento comercial (óleo diesel + Togar TB) foi o mais rápido e

efetivo no controle da planta daninha, provocando porcentagem de toxicidade

acima de 84%, o que é considerado excelente, assim como apenas uma

rebrota por planta. A aplicação do herbicida com a glicerina pré – purificada a 5

% pode ser considerado como o segundo tratamento mais expressivo no

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controle de M. peregrina, porém com notas de intoxicação abaixo de 70%

(67,50% aos 60 DAA) considerado como controle ruim. Neste tratamento foi

observado o menor número de rebrotas em comparação aos tratamentos onde

se utilizou a glicerina, correspondendo a uma redução de 54,16 % quando

comparado à testemunha. No tratamento padrão Togar* TB + Diesel esta

redução correspondeu a 83,33%.

Tabela 7: Avaliação do efeito do herbicida Togar* TB em Memora peregrina

aplicado no caule, com diferentes veículos de aplicação.

Tratamentos

Porcentagem de intoxicação

Brotações/ tratamento

30 DAA* 60 DAA 270 DAA

Togar* TB + Glicerina 5 % 33.50b 67.50ab 2.75c Togar* TB + Glicerina 6 % 25.00b 33.75c 3.75bcTogar* TB + Glicerina 8 % 27.00b 41.60bc 4.50bTogar* TB + Glicerina 9 % 27.00b 50.00b 3.00c

Togar* TB + Diesel 84.50ª 88.75a 1.00dTestemunha 0.00c 0.00d 6.00a

F 42.67** 20.85** 45.00**DMS 19,59 31,18 1,16CV % 25.97 28.68 14.44

* DAA: Dias após aplicação;

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre

si, de acordo com o teste de Tukey a 5% de probabilidade.

A qualidade da solução é fator importante no desempenho dos

agroquímicos. Uma solução alcalina com pH acima de 7,0 podem diminuir a

eficiência dos herbicidas, especialmente de dessecantes à base de glifosato

(THEISEN; RUEDELL, 2004).

Segundo Carbonari et al. (2005) alguns herbicidas têm sua eficiência

aumentada na planta com a redução do pH da água a valores próximos a 4,0.

Além disso, em pH mais baixo, a taxa de hidrólise é retardada, mantendo a

folha úmida por maior tempo, pois a superfície das folhas tem um pH neutro,

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havendo uma interação com o pH da calda. Este fato pode ser comprovado no

uso do Togar TB* mais Glicerina 5% pH 6,20 ocorreu um maior controle da M.

Peregrina de acordo com a Tab. 6, mas se comparado com os demais

tratamentos, a acidez não influenciou no controle.

O processo de pulverização para converter um líquido em gotas e o

destino final destas gotas depende das propriedades físico-químicas das

soluções empregadas (PROKOP E KEJKLÍCEK, 2002). O grau de pulverização

está diretamente ligado à viscosidade e escoamento da solução. Além disso,

características como estabilidade e densidade também influenciam no

processo de formação da gota, cujo conhecimento é fundamental para o

sucesso de uma aplicação de agrotóxico.

Contudo, a tensão superficial das gotas e sua interação com a

superfície do alvo influenciam não só a molhabilidade, mas também o processo

de absorção, que é fundamental para a efetividade da aplicação. Em geral, a

elevação da viscosidade está associada à geração de gotas de pulverização

maiores e, portanto, com menor perda por deriva. No entanto, não está definida

a magnitude desta elevação necessária para o aumento do diâmetro das gotas

(CUNHA et al., 2003).

Uma boa retenção ou adesividade dos produtos fitossanitários na

superfície foliar é conseqüência de uma boa molhabilidade. Esta ocorre em

função do ângulo de contato que a gota pulverizada forma com o alvo, que por

sua vez é influenciado pela presença de surfactantes na calda (TANG et al.,

2008).

De acordo com a Tabela 7, nota-se que aos 30 DAA, não houve uma

diferenciação significativa entre os tratamentos em que se utilizou a glicerina

mais o herbicida Togar TB, sendo que o tratamento padrão comercial atual,

que é o Diesel mais o herbicida Togar TB a 8% V/V, foi superior e diferiu de

todos os tratamentos realizados de acordo com o teste Tukey a 5% de

probabilidade. Vale destacar que foi evidenciado maior controle da ciganinha

apenas aos 60 DAA, podendo ser explicado devido às características físico-

química do herbicida.

Segundo Silva (2005) em geral herbicidas contendo a molécula

picloram, como é o caso do Togar TB, apresenta efeito lento, porém

extremamente persistente, ou seja, a planta não consegue metabolizar

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rapidamente este herbicida, e com isso o controle tende á ser mais eficiente em

função do tempo.

Na parcela onde foi aplicado o herbicida mais o óleo diesel, observou-

se rápida intoxicação visual nas plantas de M. peregrina nos primeiros 30 dias

após a aplicação. Tal fato pode ser explicado pela agressividade do diesel

sobre os tecidos vegetais, destruindo a cutícula e promovendo a secagem da

planta, maximizando a eficiência do herbicida. Conforme Akobundu (1987) e

Deuber, (1992) o óleo diesel apresenta efeito fitotóxico, por causar a

solubilização das paredes celulares, levando à desintegração celular e

extravasamento do seu conteúdo para os espaços intercelulares.

Aos 60 DAA observou-se que o resultado da aplicação da glicerina a

5% mais herbicida Togar TB* não difere estatisticamente do tratamento no qual

se utiliza o óleo diesel mais o herbicida Togar TB, sendo que neste período foi

evidenciada maior intoxicação nas plantas causada pelo herbicida. Nunes et.

al., (2002), em estudos para controle basal da M. peregrina, utilizando as

moléculas picloram e triclopir, obtiveram resultados promissores com esse

método, tendo nível de desfolha de 100% aos 421 DAA.

Na avaliação da taxa de rebrota, aos 270 DAA não foi evidenciado o

nível de controle aceitável, maior que 80% para os tratamentos que utilizam a

glicerina. Contudo para o tratamento contendo o óleo diesel, houve nível de

controle de 83,3%, valores estes acima do valor de referência para aceitação

que é de 80%. Valores semelhantes foram constatados por Nunes et al. (2002),

aos 421 DAA.

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CONCLUSÕES

A elevação da concentração de ácido fosfórico provocou aumento do

índice de acidez, concentração de cloreto, nas soluções com glicerina;

Os tratamentos contendo a glicerina pré - purificada com 5% e 6% de

H3PO4 obtiveram maiores viscosidades e foram superiores aos demais

tratamentos;

Nos tratamentos contendo glicerina pré-purificada, a tensão superficial

foi sempre maior quando comparados com o tratamento envolvendo o óleo

diesel;

Na avaliação da rebrota, os tratamento contendo a glicerina, não se

mostraram eficientes no controle da M. peregrina;

O tratamento contendo o óleo diesel em mistura com o herbicida Togar

TB na proporção de 8% V/ V, mostrou-se eficiente no controle da M. peregrina.

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