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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS O PROGRESSO ECONÔMICO DO MUNICÍPIO DE CEARÁ MIRIM/RN CAIO CÉSAR PEREIRA COUTINHO NATAL/RN 2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Figura 1 – Mapa de Localização atual da cidade de ... Ruínas da Usina Ilha Bela ... Ministério do Trabalho e do Emprego, como

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

O PROGRESSO ECONÔMICO DO MUNICÍPIO DE CEARÁ MIRIM/RN

CAIO CÉSAR PEREIRA COUTINHO

NATAL/RN 2016

CAIO CÉSAR PEREIRA COUTINHO

O PROGRESSO ECONÔMICO DO MUNICÍPIO DE CEARÁ MIRIM/RN

Monografia de Graduação apresentada ao Departamento de Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas. Orientador: Professor Dr. William Eufrásio N. Pereira

CAIO CÉSAR PEREIRA COUTINHO

O PROGRESSO ECONÔMICO DO MUNICÍPIO DE CEARÁ MIRIM/RN

Monografia de Graduação apresentada ao Departamento de Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas.

Aprovada em: __/__/____

____________________________________________________ Professor Dr. Wiliam Eufrásio Nunes Pereira

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Orientador

_____________________________________________________ Professor Dr. Francisco Wellington Duarte

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Avaliador (a)

A Deus, em primeiro lugar, pela força e coragem

durante toda esta caminhada no qual me

proporcionou essa graduação.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus por ter me concedido o dom da vida e

assim participar de todos esses momentos nos quais serão inesquecíveis.

Agradeço em seguida aos meus pais; Susana Maria Pereira Coutinho e

Ridalvo Pereira Coutinho nos quais foram os maiores incentivadores em tudo

aquilo que faço em minha vida e sempre estiveram no meu lado em momento

difíceis, assim como ao meu irmão Carlos André e a minha namorada Rafaela

Silva. A toda minha família que me apoiou nessa fase da vida, são tantas pessoas

que não dar para citar todos aqui.

Agradeço aos docentes do curso de Ciências Econômicas, o Professor

Edward, que foi um grande professor na área de métodos quantitativos, área no

qual gosto muito, ao Professor Breno responsável pela disciplina de técnicas de

pesquisa onde foi muito importante para a realização desse trabalho.

Ao professor William Eufrásio por ter me dado a honra de ter sido escolhido

seu orientando nesse meu trabalho final. A turma de Ciências Econômicas 2010.2

no qual ajudávamos uns aos outros com as correrias de provas e trabalhos e que

com certeza levarei amigos para vida toda. Agradecer a amigos de outras turmas

como Thibério, José Nilson, Rayssa, Marconi e Rafael.

Um grande amigo que me acompanhou nessa jornada foi Werller, no qual

um ajudava ao outro nos momentos difíceis. Um agradecimento ao amigo

Alexsandro Rodrigo, nosso primeiro Monitor e que foi de extrema importância para

nosso começo de curso. Meu amigo Osmar no qual me ajudou bastante na

construção da minha monografia através de dados e pesquisa dos municípios do

RN. São muitos amigos como João Pedro, Ives, Arthur, Ricardo, Carol, Ciro, Ana

Sara, Pedro Victor e Rafael.

Sou grato ao curso também por ter me possibilitado a oportunidade de

estágio na empresa Banco do Brasil S.A, no qual pude fazer boas amizades e

vivenciar na prática os conhecimentos adquiridos no âmbito acadêmico. Agradecer

ao meu supervisor de Estágio José Marcos e ao gerente geral Ricardo Mendes no

qual sempre me deram dicas e apoio tanto no meu ambiente de estágio como

também na vida pessoal.

“Se o dinheiro for a sua esperança de independência, você jamais a terá. A

única segurança verdadeira consiste numa reserva de sabedoria, de experiência e

de competência. ” (Henry Ford)

COUTINHO, Caio César Pereira. O Progresso Econômico do município de Ceará Mirim/RN. Monografia (Bacharel) – Curso de Ciências Econômicas, Departamento de Economia, UFRN. Natal, 2016

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo descrever a economia do município de

Ceará Mirim como também dar uma forte atenção ao mercado de trabalho na

cidade. Demonstrar como ocorreu a formação do município, ilustrar dados como

finanças públicas, características populacionais e o emprego formal nos setores

econômicos. Para isso será realizada uma bibliografia com base em autores que

escreveram sobre Região Metropolitana, Mercado de Trabalho, Desenvolvimento

Econômico, entre outros. O problema de pesquisa fundamenta-se na questão da

economia do município, como ocorreu o processo de crescimento da economia

município? Para isso foi preciso consultar dados secundários para ter acesso às

informações relevantes do município de Ceará Mirim, que faz parte da Região

Metropolitana de Natal. O objetivo geral do trabalho tem como base, descrever os

impactos na evolução da economia do município. Quanto aos aspectos

metodológicos, foi realizada uma pesquisa descritiva e exploratório de caráter

bibliográfica com base em autores que estudaram os temas sobre mercado de

trabalho, desenvolvimento econômico, regiões metropolitanas, como também foi

necessário consultar dados secundários sobre a economia do município.

Palavras-chave: Município. Ceará Mirim. Emprego Formal. Região Metropolitana.

Desenvolvimento Econômico.

COUTINHO, Caio César Pereira. The Economic Progress of Ceará Mirim County / RN. Monograph (Bachelor) – Course of Economics, Department of Economics, UFRN. Christmas, 2016.

ABSTRACT

This paper aims to describe the economy of Ceará Mirim municipality but also give

a strong attention to the labor market in the city. Demonstrate how was the

formation of the municipality, illustrate data such as public finance, population

characteristics and formal employment in the economic sectors. For this there will

be a bibliography based on authors who wrote about Metropolitan Region, Labour

Market, Economic Development, among others. The research problem is based on

the question of the city's economy, as was the process of growth of the economy

municipality? For this it was necessary to consult secondary data to gain access to

relevant information from the municipality of Ceará Mirim, which is part of the

Metropolitan Region of Natal. The overall objective of the work is based, describe

the impact on the evolution of the city's economy. As for the methodological

aspects, a descriptive and exploratory research literature character based on

authors who have studied the issues on the labor market was held, economic

development, metropolitan areas, it was also necessary to consult secondary data

on the city's economy.

Keywords: Town. Ceará Mirim. Formal employment. Metropolitan region. Economic development.

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – População total de Ceará Mirim por gênero....................................... 29

Gráfico 2 – População residente na área urbana.................................................. 31

Gráfico 3 – População residente na área rural...................................................... 31

Gráfico 4 – Número de empregos e estabelecimentos formais na agricultura em Ceará Mirim/RN............................................................................ 35 Gráfico 5 – Produto interno bruto por setor da economia em Ceará Mirim/RN no ano de 2012.................................................................................. 36 Gráfico 6 – Número de estabelecimentos formais na indústria em Ceará Mirim/RN.................................................................................. 37 Gráfico 7 – Produto interno Bruto na indústria em Ceará Mirim/RN..................... 37

Gráfico 8 – Pessoal ocupado na indústria em Ceará Mirim/RN............................ 38

Gráfico 9 – Número de estabelecimentos no setor de serviços em Ceará Mirim/RN................................................................................... 39 Gráfico 10 – Produto Interno Bruto no setor terciário em Ceará Mirim/RN............ 39

Gráfico 11 – Orçamento municipal a preços correntes em Ceará Mirim/RN........ 40

Gráfico 12 – Receita arrecadada (em um real) em Ceará Mirim/RN – 2012........ 41

Gráfico 13 – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal em Ceará Mirim/RN................................................................................ 43 Gráfico 14 – Renda familiar per capita por domicilio (R$)..................................... 44

Gráfico 15 – PIB em reais no município de Ceará Mirim nos três setores............ 45

LISTA DE FIGURAS E QUADROS

Figura 1 – Mapa de Localização atual da cidade de Ceará Mirim/RN................ 16

Figura 2 – Engenho Carnaubal em 1960............................................................. 19

Figura 3 – Ruínas da Usina Ilha Bela................................................................... 21

Quadro 1 – Distribuição dos engenhos nas cidades ou vilas do Rio Grande do Norte em 1862............................................................................... 20

Quadro 2 – Produção da Cana de açúcar no RN................................................. 21

Quadro 3 – Principais produtores de Cana de açúcar no RN (Produção agrícola em 2013) ............................................................ 22

Quadro 4 – Área colhida e quantidade produzida................................................. 22

Quadro 5 – Produto interno Bruto a preços correntes e Produto interno Bruto per capita em mil reais....................................................................... 25

Quadro 6 – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – 2010..................... 27

Quadro 7 – População total segundo idade em 2010........................................... 30

Quadro 8 – Distribuição do emprego formal no município de Ceará Mirim.......... 34

LISTA DE SIGLAS

FIERN – Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte

FPM – Fundo de Participação dos Municípios

ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

IDEMA – Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande

do Norte

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

IDHM - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano

IPVA – Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores

ISS – Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza

MTE – Ministério do Trabalho e Emprego

PIB – Produto Interno Bruto

PMCMV – Programa Minha Casa Minha Vida

RAIS – Relação Anual de Informações

RMN – Região Metropolitana de Natal

RN – Rio Grande do Norte

TCE – Tribunal de Contas do Estado

UFPE – Universidade Federal de Pernambuco

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

ÚNICA – União da Indústria de cana-de-açúcar

SUMÁRIO

RESUMO ....................................................................................................... 8

ABSTRACT ................................................................................................... 9

LISTA DE TABELAS .................................................................................. 10

LISTA DE GRÁFICOS E FIGURAS ............................................................ 11

LISTA DE SIGLAS ...................................................................................... 12

1. INTRODUÇÃO .................................................................................... 13

2. A HISTÓRIA DO MUNICÍPIO CEARÁ MIRIM/RN .............................. 15

2.1 O SETOR PRIMÁRIO CEARÁ-MIRINENSE AO LONGO DA HISTÓRIA

............................................................................................................ 17

2.2. CEARÁ MIRIM E A REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL ............. 23

3. CARACTERÍSTICAS SOCIOECONÔMICAS DO MUNICÍPIO DE

CEARÁ MIRIM/RN................................................................................28

3.1 MERCADO DE TRABALHO EM CEARÁ MIRIM/RN........................... 31

3.2 FINANÇAS MUNICIPAIS .................................................................... 39

4. EXPECTATIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E

SOCIAL. ............................................................................................. 41

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................ 45

6. REFERÊNCIAS .................................................................................. 47

13

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo descrever o município de Ceará

Mirim através de fatos históricos e econômicos, como também, dar uma forte

atenção ao mercado de trabalho no município. Ilustrar o emprego formal nos

setores econômicos, em qual segmento emprega mais a população de Ceará

Mirim. Para isso, será realizada uma bibliografia com base em autores que

escreveram sobre Região Metropolitana, Mercado de Trabalho, Desenvolvimento

Econômico, entre outros.

O município de Ceará Mirim, segundo o censo de 2010, possui uma

população total residente de 68.141 habitantes, sendo que 35.494 vivem na área

urbana e 32.647 na área rural, ou seja, 52,3% da população deste município reside

no meio urbano e 47,7% na área rural. Segundo o IBGE a população estimada no

município em 2015 era de 72.878 habitantes e entre 2000 e 2010 a população

cresceu aproximadamente 5.717 habitantes.

Para elaborar o presente Trabalho de Conclusão de Curso – TCC foram

constituídos diversos processos que buscam orientar e abordar o foco do trabalho,

o qual se baseia em um paradigma crítico e descritivo da economia, realizando

uma análise fundada na história, na política e, principalmente, na economia do

município.

O problema de pesquisa fundamenta-se na questão econômica do

município. Como ocorreu o desenvolvimento da economia municipal? Para isso foi

preciso consultar dados secundários para ter acesso às informações relevantes do

município de Ceará Mirim, que faz parte da Região Metropolitana de Natal.

O objetivo geral do trabalho é descrever o processo de crescimento

econômico ocorrido ao longo do tempo e o que representou de positivo para a

sociedade atual. Um trabalho descritivo que pretende mostrar os principais

acontecimentos históricos e econômicos. Para isso foi preciso consultar autores

que falaram sobre o assunto, cooperando assim para elaboração deste trabalho.

O objetivo específico tem como base, mostrar qual setor é mais relevante

para o município, mudando assim a realidade econômica da cidade ao longo do

tempo e que fez tornar Ceará Mirim importante no cenário econômico do estado.

14

A justificativa da escolha do referente tema, que trata do progresso

econômico do município é a inexistência de trabalhos acadêmicos sobre o

município. Existem muitos trabalhos, mas que se preocupam em estudar a Região

Metropolitana, porém, sem muita ênfase ao município.

Quanto aos aspectos metodológicos, foi realizada uma pesquisa descritiva e

exploratória, de caráter bibliográfico, com base em autores que estudaram os

temas sobre mercado de trabalho, desenvolvimento econômico, municipal, regiões

metropolitanas. Foi preciso consultar dados do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), como também dados da Relação de Informações Sociais

(RAIS), disponibilizada pelo Ministério do Trabalho e do Emprego, como da

Secretaria do Tesouro Nacional (STN).

O presente trabalho, além da introdução, conclusões e referências, divide-se

em 4 capítulos. O primeiro capítulo fala da História do município de Ceará

Mirim/RN, no qual aborda como ocorreu o surgimento da cidade e as primeiras

economias da região. O segundo capítulo que é Ceará Mirim e a Região

Metropolitana de Natal, analisa a importância do município dentro da RMN, já o

terceiro capítulo, detalha sobre o comportamento populacional da cidade e os

setores da economia, enquanto que o quarto capítulo mostra o conceito de

desenvolvimento econômico relacionando-se através de dados como o IDH do

município por exemplo.

15

2. A HISTÓRIA DO MUNICÍPIO CEARÁ MIRIM/RN

O presente capítulo tem como objetivo retratar historicamente a fundação de

Ceará Mirim. Pretende-se mostrar informações sobre a evolução econômica do

município. O espaço rural a época é de extrema importância para conhecer do

ponto de vista estrutural, organizacional e funcional o andamento da sociedade

atual no que se refere à questão econômica e social por exemplo.

De acordo com Montenegro (2004, p. 17):

Nesse sentido, espaço e sociedade guardam entre si características semelhantes senão articuladas, de modo a fundirem-se numa permuta que, paradoxalmente, carrega consigo os traços das diferenças. Santos aborda o conceito de espaço enfatizando-o como a dúvida mais instigante que tem acometido os estudiosos e pesquisadores da área até então. Retomando as suas explicações acerca do tema, ele diz que abordar a sociedade através da categoria espaço, supõe necessariamente considerar os “[...] ingredientes sociais e naturais” (MONTENEGRO 2004, APUD SANTOS, 1997).

O espaço é a forma material das mudanças ocorridas ao longo do tempo. As

mudanças ocorridas em Ceará Mirim na sua história demonstram que as atividades

desenvolvidas na região (cana-de-açúcar, fruticultura irrigada, caprinocultura e

assentamentos) correspondiam às novas estruturas organizacionais.

A cidade atualmente faz divisa com Extremoz, São Gonçalo do Amarante,

Ielmo Marinho, Taipu, Pureza e Maxaranguape, possuindo uma área de 726,3 km²

sendo a 15ª maior cidade potiguar, totalizando 1,37% da superfície estadual.

A povoação da região se deu as margens do rio Pequeno, hoje o rio Ceará

Mirim, através dos índios potiguares que comercializavam pau-brasil com os

europeus em troca de especiarias. (IBGE)

16

Figura 1 - Mapa de Localização atual da Cidade Ceará Mirim/RN

Fonte: Montenegro (2004)

As terras de Ceará-Mirim eram habitadas pelos índios potiguares, Antônio

Felipe Camarão (o índio Poty) recebeu bem a ideia dos portugueses no sentido de

organizarem um povoamento. Diante de tal fato ocorreu o surgimento de um

convento na aldeia de Guajiru, consequentemente, a construção da igreja, ergueu-

se um prédio utilizado para ser uma cadeia e a câmara municipal. A partir do bom

trabalho realizado no povoado, os padres seguiram conquistando a confiança dos

índios de Guajiru. Senna (1974, p. 82) relata em seu livro:

A companhia dos jesuítas, então no Brasil, procurou parlamentar pacificamente com os elementos locais, estabelecidos na aldeia Guajiru, resultando no estabelecimento da freguesia São Miguel. Tornando-se religiosos, os índios aceitaram os conselhos dos jesuítas, evitando uma resistência que seria fatal. O contato com os índios durante essa campanha benemérita, originou a estima e o bom trato dos jesuítas. Guajiru, agora São Miguel de Guajiru, em homenagem ao padroeiro local, desfrutava de a paz desejada, com respeito às suas propriedades e famílias.

17

Os Portugueses não aceitaram tal fato, pois tinham a intensão de conseguir

as terras prósperas do vale e, com isso, precisavam tirar os jesuítas do caminho.

Esta providência não demorou a acontecer e no dia 6 de julho de 1755, foi

assinado um Alvará denominando Guajiru como Vila Nova de Extremoz do Norte,

ao qual seria comandado por uma pessoa de confiança da corte portuguesa.

Porém tal fato ainda não tinha se consolidado como mostra Senna (1974, p. 82-83).

Decorreram porém quase 4 anos sem que a instalação se fizesse, prova em que não estava em condições materiais para a transformação. (...) A 3 de setembro de 1759, porém, D. José, El Rei de Portugal, influenciado pelo Marquês de Pombal, assinava a carta Régia que proibia, sumariamente, a administração dos jesuítas. Tinha chegado a hora da consumação.

A transferência da sede para a povoação da Boca da Mata, ocorreu devido a

razões de natureza econômica, passando assim a se chamar vila do Ceará Mirim.

Em 1882 por intermédio da Lei n° 837, Ceará Mirim recebeu status de cidade

(IBGE, 2013). Negros escravos foram trazidos pelos colonizadores, começando

assim a utilização de trabalho cativo e, consequentemente, um ciclo econômico na

região. Surgia uma civilização independente baseada nos senhores de engenho

que tinha poder econômico da região. No século XIX o vale crescia cada vez mais

com a produção canavieira, conservando-se por certo tempo um núcleo de

ostentação e luxo através de bailes aristocratas, carruagens confortáveis e grandes

festas, traços esses que marcaram uma época patriarcal e escravocrata do açúcar.

2.1 O SETOR PRIMÁRIO CEARÁ-MIRINENSE AO LONGO DA HISTÓRIA

Nos primeiros anos de ocupação do Vale do rio Ceará Mirim as atividades

econômicas que predominavam na região era a criação de gado seguida pela

agricultura de subsistência.

Até o século XIX, o açúcar não tinha papel importante na economia potiguar.

Porém a seca ocorrida entre os anos 1844-1846 fez com que muitos fazendeiros

migrassem para o cultivo da cana-de-açúcar na região da zona da mata

(BERTRAND, 2010).

18

A cultura canavieira se desenvolve ao longo do litoral, devido a extensas

terras úmidas como também a facilidade no escoamento da produção e, assim, o

litoral brasileiro acaba sendo a primeira região povoada no país.

Montenegro (2004, p. 29) nos diz que:

Os estados da Bahia e de Pernambuco se constituíram nos principais centros açucareiros no decorrer do século XVII e as cidades de Recife, Olinda e Salvador, localizadas nas regiões onde a cana-de-açúcar foi mais expressiva constituíram pontos propagadores do povoamento da região nordestina. Motivados pelas conquistas da terra para a expansão da cultura canavieira e a criação do gado para abastecer os engenhos, os desbravadores portugueses alcançaram a capitania do Rio Grande do Norte tendo aí iniciado a ocupação das terras com a fundação de uma fortaleza (Reis Magos) para a defesa do território e logo após a criação da cidade de Natal para marcar a posse do lugar.

Não se sabe de modo exato como a cana-de-açúcar chegou na região

potiguar. Alguns estudiosos afirmam que ela tenha sido trazida diretamente pelos

portugueses, via Extremoz ou ainda tempos antes da chegada dos próprios

portugueses, pois os franceses já realizavam operações comerciais pela região.

(SENNA, 1974)

Um novo modelo de produção baseado na cana-de-açúcar trouxe consigo

agentes modificadores, os quais se exigiam novas formas de espaço, como por

exemplo, áreas de cultivo na cana-de-açúcar e também o erguimento de engenhos,

casas grandes e senzalas. Começa assim a formação de sociedades patriarcais,

de caráter rural, no qual o senhor de engenho era o representante máximo na

escala social.

No século XIX, iniciam-se as primeiras produções canavieiras e,

consequentemente, o primeiro engenho denominado Carnaubal, o qual tinha como

dono o português Antônio Bento Vianna. Nesse Período começam os ciclos de

beneficiamento da cana de açúcar como mostra Andrade (1980. pag.71):

19

A instalação e o desenvolvimento de um engenho implicavam num grande emprego de capital, não só devido à construção dos prédios indispensáveis como a ‘moita’ onde se localizavam a caldeira e o assentamento a ‘casa de purgar’ onde o açúcar era posto em forma, em estrados sobre um tanque para onde escorria o mel de furo, o seca onde, após o escoamento do mel, ele era posto a secar ao sol, e o encaixamento onde ele era acondicionado para exportação, como também dos prédios complementares como o curral, a estrebaria, a casa-grande, a casa do feitor e a senzala.

Figura 2: Engenho Carnaubal em 1960.

Fonte: Acervo Gibson Alves

Segundo Oliveira, o açúcar produzido em Ceará Mirim ganha cada vez mais

espaço no cenário potiguar. Em 1862 contava com 44 engenhos, produzindo em

média 91mil arrobas anuais.

Quadro 1 – Distribuição dos engenhos nas cidades ou vilas do Rio Grande do

Norte em 1862

MUNICÍPIOS Nº DE ENGENHOS Nº DE ENGENHOCAS

Natal 07 02

São Gonçalo 27 06

Ceará Mirim 44 -

Touros 05 04

São José de Mipibu 33 -

Papari 27 -

Goianinha 18 -

Canguaretama 12 -

Total 173 12 Fonte: Relatório do Presidente Pedro Leão Velloso, 16 de fevereiro de 1862, p.50.

20

A província se especializa no cultivo da cana de açúcar e na produção de

açúcar para exportação, desenvolvendo-se bastante em um espaço de tempo

relativamente pequeno. Ceará Mirim chega a ser responsável por 60% de toda a

produção do RN.

Na segunda metade do século XIX, o açúcar brasileiro começa a perder

competitividade no cenário internacional, pois países produtores estavam cada vez

mais industrializando sua produção. Diante de tal fato produtores brasileiros viram

como obrigação a necessidade de modernizar sua produção. No entanto, a

modernização só veio a ocorrer no início do século XX e o caso de Ceará Mirim

não foi diferente, através de parcerias com o estado de Pernambuco no intuito de

aperfeiçoar a produção, instalam-se as primeiras usinas na região, porém de forma

tardia se comparado ao próprio Pernambuco, por exemplo (MONTENEGRO, 2004).

As primeiras usinas criadas no Vale do Ceará Mirim foram: a Ilha Bela

(1913), a Guanabara igualmente com a São Francisco (1929) e Santa Terezinha

(1948). Anos depois a Usina Ilha Bela passa a controlar a usina Guanabara e a

Usina Terezinha (MONTENEGRO, 2004).

Figura 3 – Ruínas da Usina Ilha Bela

Fonte: blog do Barão de Ceará Mirim

21

A criação das usinas na região confirma que a indústria açucareira não foi

algo passageiro na região, e sim de importância relevante no desenvolvimento de

uma região bastante refém da cana-de-açúcar. (CAMILO, 2013)

A cultura da cana-de-açúcar dominou por muito tempo o cenário econômico

do nosso estado, tornando-se em 2010 a principal atividade produtora rural,

ultrapassando a produção de Melão. Porém, nos anos seguintes houve uma queda

considerável na sua produção como mostra o quadro a seguir:

Quadro 2: Produção de Cana de açúcar no RN

Ano Produção (milhões toneladas)

1990 2.492

1995 2.336

2000 2.376

2010 3.516

2014 2.082 Fonte:IBGE / Unica e Cocaplana/RN

Quadro 3: Principais produtores de Cana de açúcar no RN (Produção agrícola em

2013)

Municípios Valor da produção (Mil reais)

Baía Formosa 71.582

Canguaretama 46.690

Goianinha 28.000

Brejinho 25.200

São José de Mipibu 20.930

Arês 20580

Pedro Velho 10.800

Pureza 9.030

Tibau do Sul 8.400

Ceará Mirim 5.130 Fonte: IBGE/ Elaboração própria

A cana de açúcar perde espaço no município e, consequentemente, deixa

de ser uma das principais fontes de economia, passando assim a ter, no setor de

serviços, o maior valor agregado em relação ao PIB.

22

De acordo com Montenegro (2000) ao longo do percurso histórico da cana-

de-açúcar na região, destaca-se ainda outras atividades agrícolas que não tiveram

uma importância tão significativa para a economia da cidade como, por exemplo, o

coco, o mamão, a mandioca entre outros.

Quadro 4 – Área colhida e Quantidade produzida.

Produto Área colhida (há) Produção (t)

Banana 200 3.600

Castanha de caju 330 99

Coco-da-baía* 2.210 6.630

Mamão 30 1.200

Manga 10 100

Abacaxi* 7 140.000

Batata doce 100 800

Feijão 225 200

Mandioca 500 5.000

Milho 225 138 Fonte: IBGE Nota: * em mil frutos

Apesar de outras atividades aos longos dos anos, a cana-de-açúcar foi o

carro chefe no que se trata de transformações econômicas e sociais, atualmente a

mesma não contribui de maneira expressiva para a economia, mas, foi responsável

por transformar a cidade em umas das principais do RN.

23

2.2 CEARÁ MIRIM E A REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL

A criação da região metropolitana de Natal (RMN) ocorreu em 1997

juntamente com a formação de outras regiões metropolitanas pelo Brasil. No

entanto, os primeiros traços de região metropolitana começam a aparecer já em

1970 com a expansão das periferias urbanas e o surgimento das cidades

dormitórios. A RMN era formada por seis municípios: Ceará Mirim, Extremoz,

Macaíba, Natal, Parnamirim e São Gonçalo do Amarante. No ano de 2002 Nísia

Floresta e São José de Mipibu foram acrescentadas, 3 anos depois foi a vez de

Monte Alegre se tornar parte da região metropolitana. Atualmente a região conta

também com os municípios de Maxaranguape, Vera Cruz e Ielmo Marinho

totalizando 12 municípios pertencentes à RMN. (IPEA).

A RMN teve de fato o início do seu dinamismo econômico a partir da década

de 1970 através do bom desempenho dos segmentos modernos da economia. Na

época, o setor têxtil, extrativo mineral e a agricultura de exportação que ao longo

dos anos foram transformando o cenário de Natal e das regiões ao entorno. Vale a

pena destacar a indústria tradicional (têxtil e confecções) no qual se tornou muito

representativa na questão da oferta de emprego na região. (CLEMENTINO, 2009).

O surgimento da RMN se deu em uma década muito turbulenta,

consequências essas vindas da década de 1980, caracterizada como década

perdida. Em 1994 com a implantação do plano real, os altos índices inflacionários

foram baixando e, assim, a economia do país foi se estabilizando. O país adota a

abertura econômica e privatização, acarretando forte incentivos a investimentos

nacionais e estrangeiros, evoluindo assim a estrutura industrial.

A Região metropolitana de Natal representa apenas 6,16% do território

Potiguar, porém concentra mais de 40% de toda a população do estado

(1.508.906), sendo que ao analisar-se apenas a RMN, Natal concentra 57,13% de

toda sua população. (IBGE, 2014).

No mesmo ano em quem foi criado a Região Metropolitana de Natal, foi

criado, através da mesma lei, o comitê gestor da RMN, o qual tinha como objetivo

reunir todos os prefeitos periodicamente para se debater melhorias entre as

relações de cada cidade da RMN. Porém isso nunca saiu do papel. Em 2008 foi

apresentado o Plano de Desenvolvimento sustentável da Região Metropolitana de

24

Natal, no qual foi elaborado por professores da UFRN e da UFPE, tendo como

princípio, a criação de projetos viários e de gestão para uma melhor integração das

cidades da RMN.

Durante a década 2000 houve um crescimento notório do PIB da RMN, este

crescimento está intimamente ligado aos crescimentos do investimento e da

ocupação-emprego ocorrido. Um dos fatores chaves para tal crescimento foi a

criação do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) que expandiu as

atividades imobiliárias da região, gerando empregos e circulando renda na RMN.

Quadro 5 – Produto interno Bruto a preços correntes e Produto interno Bruto per

capita em mil reais.

Cidades População

2012 PIB Total

2012 Participação Relativa

(PIB total 2012) PIB Per

capita 2012

Natal 817.590 17.666.580 72,44% 21.608,12

Macaíba 71.670 1.081.149 4,43% 15.085,10

Parnamirim 214.199 2.948.677 12,10% 13.766,06

SG Amarante 90.376 968.729 3,97% 10.718,88

Extremoz 25.324 266.034 1,09% 10.505,23

São J. Mipibu 40.511 421.880 1,73% 10.413,96

Nísia Floresta 24.501 218.244 0,89% 8.907,57

Ceará Mirim 69.005 488.406 2,00% 7.077,44

Ielmo Marinho 12.462 83.375 0,34% 6.690,31

Maxaranguape 10.810 65.440 0,27% 6.053,64

Vera Cruz 11.051 62.379 0,26% 5.644,65

Monte Alegre 20.959 118.178 0,48% 5.638,51

Total 1.408.458 24.389.071 100% 122.109,47 Fonte: IBGE/Elaboração Própria

Outro aspecto relevante para o crescimento da economia na RMN na

década de 2000 foi o crescimento da indústria de produtos alimentares, Ceará

Mirim, por exemplo, foi a cidade que mais se destacou com a cultura canavieira,

concentrando 28,2% da produção de cana-de-açúcar do RN (IBGE, 2000). Porém

no ano de 2013 ocorreu uma queda acentuada na produção canavieira. Entre as

cidades da RMN a única que se destaca atualmente nessa produção é São José

de Mipibu.

De acordo com dados do IBGE (2000) referentes a Indicadores para

identificação do Nível de integração na Dinâmica de aglomeração da RMN, Ceará

25

Mirim encontra-se em níveis baixos, devido ao fato de não se limitar com Natal. No

entanto se basearmos pelo volume de pessoas que realizam o movimento

pendular, podemos considerar que a cidade se aproxima de uma situação de

média integração. Em entrevista realizada pelo Jornal Tribuna do Norte*, com uma

moradora do Distrito de Lagoa Grande, zona rural do município de Ceará Mirim a

mesma retrata a dificuldade em sua rotina diária para se locomover até o seu

trabalho localizado em Natal. A mesma acorda às 4h da manhã e pega um carro da

comunidade de Lagoa Grande até a estação de Trem. Às 5h20 pega a locomotiva

totalmente lotada em direção a capital. O fato demonstra apenas um dos

problemas da RMN que é a questão da mobilidade urbana. Percebe-se que o

quanto os municípios se tornam distantes do polo, ocorre uma queda na sua

condição social, como mostra o quadro a seguir.

No Censo realizado pelo IBGE, no ano de 2000 a RMN possuía uma

população de cerca de 765.815 com 15 anos e mais, equivalente a 70% da

população total, sendo que do total 110.392 não sabiam ler. Ceará Mirim possuía

uma população com 40.288 com 15 anos e mais, no qual 28,6% eram analfabetos,

tornando-se a segunda cidade da RMN com a maior taxa de analfabetismo. Tal fato

estaria ligado pelo fato da cidade ter sido dominada na época pelo cultivo da cana-

de-açúcar. E se relacionarmos ao analfabetismo funcional (população com menos

de 4 anos de estudo e que não dominam o código escrito e falado) Ceará Mirim

encontra-se em primeiro lugar com 43% de taxa.

* Entrevista realizada pelo Jornal Tribuna do Norte, publicada no seu site no dia 13/07/2014.

26

Quadro 6 – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - 2010

Cidades Índices

Parnamirim 0,766

Natal 0,763

São Gonçalo do Amarante 0,661

Extremoz 0,660

Macaíba 0.640

Nísia Floresta 0,622

Ceará Mirim 0,616

São José de Mipibu 0,611

Monte Alegre 0,609

Maxaranguape 0,608

Vera Cruz 0,587

Ielmo Marinho 0,550 Fonte: IBGE / Elaboração própria

Os empregos formais na RMN são heterogêneos, marcado por situações

distintas. Por um lado, surgem empresas globalizadas dos ramos têxtil e de

confecções onde agrupam tecnologia e capital, mas ainda utilizam considerável

contingente de trabalhadores, como a indústria da construção civil e a rede

hoteleira de primeira linha de hotéis de 3, 4 e 5 estrelas por exemplo. Em outro

ponto, existe grande variedade de pequenos negócios unidos ao turismo e outras

atividades correspondentes onde garantem emprego a uma parcela significativa de

mão de obra, e que são marcados pela baixa produtividade, baixos ganhos e pelas

relações informais de trabalho (CLEMENTINO, 2007).

Na RMN os setores em que o capital consegue manter maiores percentuais da

População Economicamente Ativa (PEA), no conjunto dos municípios que

compõem a região são os de prestação de serviços, as atividades administrativas e

o do comércio de mercadorias. O segundo maior município da RMN, é Parnamirim,

pois, chama a atenção por proporcionar uma percentagem que pode ser

considerado elevado nas atividades administrativas. Outro aspecto relevante são

os dados de absorção da PEA referentes às atividades industriais: parte do distrito

industrial de Natal encontra-se em Parnamirim e nos municípios de São Gonçalo

do Amarante e Extremoz. Em Macaíba e em Ceará Mirim, tais atividades também

aparecem com respectiva representatividade. No município de Macaíba, foi

edificado o Centro Industrial Avançado (CIA). Em Ceará Mirim, estão instaladas

27

empresas produtoras de açúcar e álcool. No setor agropecuário, continuam

mantendo percentuais razoáveis de sua PEA nos demais municípios da RMN

(CLEMENTINO, 2007).

Quando se observa os dados intra-municipais do emprego formal na RMN, constata-se que o setor público ainda é o grande responsável pela maior parte do emprego nos municípios. Na RMN, essa atividade emprega entre 17,6% (Parnamirim) e 58,2% (Extremoz) do emprego formal. Além do sub-setor da atividade de administração pública, alguns outros segmentos se destacam em seus respectivos municípios, indicando tanto uma função quanto uma “vocação” desses municípios para as atividades econômicas ali desenvolvidas, configurando o desse A indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos apresenta elevada participação no emprego formal em São Gonçalo do Amarante (32,4%), Macaíba (28,7%), e Parnamirim 13,4%); a indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico em Macaíba (21,4%) e Ceará Mirim (16,5%); o segmento de comércio e administração de imóveis, valores mobiliários, serviços técnicos nos municípios de São José do Mipibu (22,9%) e em Monte Alegre (20,4%); o segmento de alojamento, alimentação, reparação, manutenção, redações etc, apresenta uma sui generis5 participação no município de Monte Alegre (32,6%); e, no setor primário, destaca-se Nísia Floresta com 25,9% do emprego formal municipal no referido setor (CLEMENTINO, et.al. 2007, p.17).

As Regiões Metropolitanas mostram-se como importante instrumento de

gestão e planejamento de territórios, que apresentam dinâmicas e problemas

comuns. Todavia a gestão e o planejamento dessas áreas restringem-se à

resolução de soluções para problemas pontuais, bem como esbarram

constantemente na autonomia municipal. O município de Ceará Mirim por fazer

parte da Região Metropolitana, é de grande importância para o seu

desenvolvimento econômico.

28

3. CARACTERÍSTICAS SOCIOECONÔMICAS DO MUNICÍPIO DE CEARÁ

MIRIM/RN

O Rio Grande do Norte chegou em 2010 a uma população de 3.168.027

habitantes, sendo que, em relação os anos 2000, o incremento foi 1,4 milhões de

pessoas aproximadamente.

De acordo com o censo de 2010 a população total residente de Ceará Mirim

é de 68.141 habitantes, dos quais 33.747 são do sexo masculino e 34.394 do sexo

feminino, sendo que 35.494 (52,3%) vivem na área urbana e 32.647 (47,7%) na

área rural. Sua densidade demográfica é de 94,07 hab/km².

Estima-se que a população da cidade em 2015 seja de 72.878 habitantes.

Entre 2000 e 2010 a população cresceu 5.717 habitantes.

No que se refere a população norte rio-grandense em termo de gêneros, o

perfil demográfico de 2010 mostra um equilíbrio entre homens e mulheres, tendo

um pouco de vantagens para as mulheres. O quadro a seguir mostra a evolução da

população do município por gênero:

Gráfico 1 – População total de Ceará Mirim por gênero

Fonte: IPEA/DATA. Elaboração Própria.

A quantidade de mulheres sempre foi superior a quantidade de homens,

seguindo assim a realidade do nosso estado, porém se analisarmos a população

residente e a população rural percebemos uma divergência nisso, pois a população

rural masculina manteve uma tendência superior a população rural feminina.

26.04328.802 31.156 32.329

33.747

26.11429.181 31.268 32.635

34.394

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

40.000

1991 1996 2000 2007 2010

Homens Mulheres

29

De acordo com dados do Atlas Brasil nos anos de 2000 até 2010, a razão de

dependência do município foram de 71,02% para 55,23%, encadeado

principalmente por uma queda da população menor de 15 anos, já a taxa de

envelhecimento subiu de 6,07% para 6,97%, ou seja, demonstrando que houve

uma melhora na expectativa de vida da população.

Quadro 7 – População total segundo idade em 2010

Censo demográfico Número

0 a 4 anos 6007

5 a 9 anos 6207

10 a 14 anos 7201

15 a 19 anos 7108

20 a 24 anos 6726

25 a 29 anos 5906

30 a 39 anos 9875

40 a 49 anos 7515

50 a 59 anos 4700

60 a 69 anos 3688

70 anos ou mais 3206

Fonte: IBGE 2010

O quadro 7 mostra a população da cidade em 2010 segundo faixa etária.

Nota-se que a quantidade populacional maior encontra-se na faixa etária das

pessoas de 30 a 39 anos de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de

geografia e Estatística (IBGE). No ano pesquisado a população entre 40 e 49 anos

possuem 7515 pessoas, considerados os adultos em ativa no mercado.

A faixa etária com o maior número de pessoas do sexo masculino no ano de

2010 foi a faixa de 30 a 39 anos com 4.914 homens, seguido pela faixa de 10 a 14

anos com 3.639 homens. Com relação ao sexo feminino a maior faixa etária

continua a de 30 a 39 anos com 4.961 pessoas, seguido pela faixa etária dos 40 a

49 anos com 3.894 mulheres.

Razão de dependência: Percentual da população com menos de 15 anos e da população de 65 anos e mais (população dependente) em relação à população de 15 e 64 anos (população economicamente ativa). Taxa de envelhecimento: Razão da população com 65 anos ou mais em relação a população total.

30

Como já citado no início do capítulo, de acordo com os dados do IBGE

(2010) a população urbana possui uma maior participação na população total do

município, apesar da grande extensão territorial da cidade.

Gráfico 2 - População residente na área urbana

Fonte: IPEA/DATA. Elaboração Própria.

Gráfico 3 - População residente na área rural.

Fonte: IPEA/DATA. Elaboração Própria.

1256113853

14.85915.708

16.954

13.44114.913

15.980 16.944

18.540

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

1991 1996 2000 2007 2010

Homens Mulheres

13.48214.949

16.297 16.621 16.793

12.673

14.26815.288 15.691 15.854

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

16.000

18.000

1991 1996 2000 2007 2010

Homens Mulheres

31

É importante observar que no gráfico 3 a população feminina sobressai

sobre a masculina, diferentemente do gráfico 4, o que demonstra que as mulheres

cada vez mais estão procurando o centro da cidade, devido aos trabalhos mais

pesados encontrado nas áreas rurais.

3.1 MERCADO DE TRABALHO EM CEARÁ MIRIM/RN

O mercado de trabalho é o espaço que permite a maximização do conforto,

ou seja, serve como um reforço para busca do bem estar. Quando nos deparamos

com o termo mercado de trabalho, podemos atribuir vários conceitos para o

mesmo. Pode ser considerado um espaço onde ocorrem relações, modificando-se

constantemente, dando origem a múltiplas formas de compreender tais relações.

Adam Smith foi o primeiro autor que fez referências ao termo, caracterizando que o

mercado de trabalho funciona parecido com os demais mercados, através de

comportamentos econômicos de firmas e indivíduos, onde as funções de oferta e

demanda de emprego dependem do nível de salários. (OLIVEIRA, PICCININI,

2011).

O desempenho da economia está diretamente ligado com o desempenho do

mercado de trabalho, pois fatores como distribuição de renda, incrementos de

produtividade, taxas de emprego e desemprego afetam diretamente o cenário

econômico de uma região. Caso haja algum desequilíbrio entre oferta e demanda,

como por exemplo, a falta de emprego para todos os operários, significa dizer que

o nível dos salários encontra-se muito alto.

Durante os anos 90, o país demonstra indicadores de aumento de

insegurança no mercado de trabalho, ocasionando um aumento de pessoas

desempregadas. Observa-se ainda que esses problemas foram vivenciados já na

década de 80 através de duas distintas dimensões. A primeira tratava da

permanência de problemas de mercado tradicionais de países periféricos como,

por exemplo, baixos salários e informalidade, enquanto que a segunda dimensão

diz respeito aos grandes índices de desemprego causados pela economia

industrializada. (POCHMANN, 1998).

32

O termo emprego significa uma forma especifica de inserção no mercado de

trabalho, caracterizado pela existência da relação de trabalho estável, remunerado

com carteira assinada e contrato por prazo determinado ou não, dentre outros

aspectos, somente passou a ter utilização corrente a partir de metade do século

XX. O termo ocupação passou a ser utilizado para referência ao conjunto das

formas de inserção de prestação de serviços. Como a situação do comprador da

força de trabalho o (capitalista) e do vendedor de força de trabalho o (trabalhador),

onde um vende sua força de trabalho para sobreviver, enquanto o outro compra

essa força de trabalho para obter lucros. Isso é uma característica das sociedades

capitalistas modernas (SILVA, 2008).

Então o emprego formal é aquele em que o trabalhador tem sua carteira

assinada, ou seja, no qual está protegido pelas leis trabalhistas tendo direito a

férias, décimo terceiro salário, seguro desemprego entre outros. Para um cidadão

ter acesso a bens de consumo ele precisa de uma renda para obter tudo aquilo que

precisa, sendo fundamental para a vida em sociedade.

Conforme a visão marxista, a jornada de trabalho é composta de duas frações

que são denominadas respectivamente de tempo de trabalho necessário, ou seja, o

tempo de trabalho em que a força de trabalho reproduz seu próprio valor de

compra e o tempo de trabalho excedente, ou seja, o tempo de trabalho de uma

jornada diária em que o trabalhador produz além do valor de sua força de trabalho.

Nas ideias de Marx, o trabalhador trabalha para obter seu próprio sustento, e

trabalha para fornecer o lucro para o capitalista. Em pleno século XXI, é possível

observar essas questões, pois vivemos em função do trabalho. (OLIVEIRA,

PICCININI, 2011).

O crescimento econômico da região Nordeste tornou-se mais dinâmica em

relação ao cenário econômico e no caso do RN, não foi diferente, acompanhando

assim a tendência nordestina. No estado são criados esforços governamentais

para fortalecer a indústria e, assim, crescer e desenvolver a economia regional

(SANTOS, CARVALHO, 2011).

33

Tendo em vista tudo isso que foi discutido sobre o mercado de trabalho, o

presente capítulo tem como objetivo mostrar o emprego formal na cidade de Ceará

Mirim, que como mencionado antes, faz parte da RMN como também a quantidade

de estabelecimentos ativos no município segundo o Ministério do Trabalho e do

Emprego.

Quadro 8 – Distribuição do emprego formal no munícipio de Ceará Mirim

Emprego formal nos setores 1990 1995 2000 2005 2010 2013

Extrativa Mineral 99 124 65 39 24 20

Indústria de Transformação 4360 1681 1845 861 740 884

Indústria de Produtos Alimentícios 3141 1625 1633 706 491 559

Ind. de Prod. químicos, farmacêuticos, veterinários e perfumaria

1213 9 2 0 0 3

Indústria da madeira e do mobiliário 6 1 1 0 0 6

Indústria Têxtil 0 2 164 27 0 0

Ind. de confecção vestuário e acessórios 0 0 0 41 160 232

Indústria Prod. Mineral não metálico 0 44 45 53 20 12

Ind. Papel e gráfica 0 0 0 0 21 17

Indústria Metalúrgica 0 0 0 3 6 11

Indústria de borracha e plástico 0 0 0 31 40 9

Indústria de máquinas e equipamentos 0 0 0 0 0 1

Indústria de Móveis 0 0 0 0 2 25

S. Industriais de Utilidade Pública 46 63 83 74 78 88

Construção Civil 0 8 45 48 322 450

Comércio 121 72 321 550 974 1322

Comércio Varejista 112 72 278 478 805 1036

Comércio Atacadista 9 0 9 20 9 30

Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas

0 0 34 52 160 256

Serviços 187 146 247 367 618 726

Administração Pública 613 802 1138 1799 1801 2062

Agropecuária 8 25 122 630 771 307

Outros 50 65 0 0 0 0

Total 5484 2986 3866 4368 5328 5850

Fonte: RAIS/MTE

Na primeira metade dos anos 90, o número de pessoas que trabalhavam na

indústria de transformação no Brasil, diminuiu cerca de 18%, na construção civil,

houve um aumento de 6% e no comércio e serviços, mais de 8% (IPEA, 1997).

34

De acordo com o quadro 8 nota-se que Ceará Mirim teve um forte

incremento negativo de emprego formal entre 1990 e 1995, fato esse ligado a

indústria de transformação, perdas significativas nos setores da indústria de

alimentos e produtos químicos, devido ao fato que durante a década de 90 dar-se

início aos grandes incentivos a modernização tecnológica fazendo com que o

trabalho humano ceda espaço as máquinas, ocasionando assim redução no

números de postos de trabalho neste setor.

O setor agropecuário vem com uma forte crescente, devido as grandes

produções de cana-de-açúcar no estado potiguar e, principalmente, na região.

Porém de 2010 em diante percebe-se que a agricultura vai perdendo seu espaço,

principalmente pela queda considerável da produção da própria cana-de-açúcar

gerando, por exemplo, o fechamento da Companhia açucareira Vale do Ceará

Mirim em 2011, antiga Usina São Francisco a qual chegava a gerar

aproximadamente 1000 empregos diretos e indiretos na região.

Gráfico 4 – Número de empregos e estabelecimentos formais na agricultura em

Ceará Mirim/RN.

Fonte: RAIS/MTE. Elaboração própria.

8 25

122

630

771

307

2 12 2768 76 74

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1990 1995 2000 2005 2010 2013

Empregos Estabelecimentos

35

Apesar da quantidade de estabelecimentos não ter caído consideravelmente

entre 2010 e 2013, atribui-se a grande quantidade de perda de empregos pelo

fechamento da companhia açucareira do Ceará Mirim como já citado

anteriormente.

O setor industrial potiguar atualmente encontra-se principalmente na RMN,

destacando-se como principais produtos: bebidas, têxteis, agroindústria e indústria

de automóvel. Vale também destacar a indústria petrolífera que se encontra fora da

RMN mais que é de extrema importância para e economia do estado, pois é o

maior produtor nacional de petróleo em terra.

O setor secundário do munícipio atualmente encontrasse entre o setor de

serviços e o agropecuário, no entanto ainda com pouca expressão se comparado,

por exemplo, ao setor de serviços. A cidade atualmente conta com algumas

fabricas de confecção de roupas, fabricação de produtos alimentícios e bebidas por

exemplo.

Gráfico 5 – Produto interno bruto por setor da economia em Ceará Mirim/RN no ano de 2012.

Fonte: IBGE, 2012

De acordo com o FIERN e através de dados levantados do MTE/RAIS no

ano de 2012, Ceará Mirim era o 10º munícipio do estado com maior concentração

de indústrias empregada no segmento formal.

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

80,77%

11,37% 7,86%

Comércio e serviços Industria Agropecuária

36

Gráfico 6 – Número de estabelecimentos formais na indústria em Ceará Mirim/RN

Fonte: IBGE. Elaboração própria.

Gráfico 7 - Produto interno Bruto da Indústria em Ceará Mirim/RN

Fonte: IBGE. Elaboração própria.

O PIB industrial, portanto, apresenta uma tendência crescente nos últimos

anos como mostra o gráfico 7, sendo importante para o município pois a

911

18

26

35

47

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

1990 1995 2000 2005 2010 2013

0

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

2000 2001 2002 2003 2204 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

37

industrialização não traz apenas empregos, mas também, desenvolvimento

econômico para as localidades em que as indústrias estão inseridas.

Gráfico 8 - Pessoal ocupado na indústria em Ceará Mirim/RN

Fonte: IPEA/DATA. Elaboração própria

É notável perceber que atualmente existe um padrão mundial no qual há

uma ligação cada vez mais forte entre o setor de serviços e o PIB, o caso brasileiro

não é diferente disso, caracterizando assim uma “economia de serviços”. Percebe-

se que o setor vem se transformando através de serviços modernos e intensivos

em conhecimento. (CARDOSO, 2013)

O setor de serviços da cidade é o setor no qual onde se encontra o maior

volume do seu produto interno bruto. A administração pública junto com o comércio

varejista são os principais responsáveis pela oferta de emprego na região

atualmente.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1980 1985 1995

709

1449 1509

38

Gráfico 9 - Número de estabelecimentos no setor de serviços em Ceará Mirim/RN

Fonte: RAIS/MTE. Elaboração própria.

O número de empresas em Ceará Mirim nos últimos anos vem adquirindo

um crescimento significativo no setor de serviços. Em 1990, como ilustra o gráfico 9

o total de empresas ativas era de 54, ultrapassando para 448 estabelecimentos em

2013. Surgiram 394 novos estabelecimentos do setor de serviços. Em 2010 como

mostra o gráfico, o número de empresas ativas era de 340 empreendimentos, que

em três anos depois, surge 108 novos estabelecimentos.

Gráfico 10 – Produto Interno Bruto no setor terciário em Ceará Mirim/RN

Fonte: IBGE. Elaboração própria

54 60

135

202

340

448

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

1990 1995 2000 2005 2010 2013

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

400.000

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

39

3.2 FINANÇAS MUNICIPAIS

Através da Constituição de 1988 percebeu-se que os municípios foram

aumentando a sua autonomia no que diz respeito as prestações de serviços locais

e interesse social. A constituição fortaleceu os munícipios financeiramente em

relação a repasses financeiros, nos quais se destaca o FPM (Fundo de

participação dos Municípios) e o ICMS (Imposto sobre circulação de Mercadorias e

Serviços), que são as transferências dos estados para o município.

A maioria dos municípios do Rio Grande do Norte possui uma arrecadação

muito baixa devido a aspectos de base econômica regional. Como já foi citado

anteriormente apesar da constituição mostrar um fortalecimento na sua teoria na

questão dos repasses, percebe-se que o problema da distribuição se aprofundou a

partir dela e de reformas neoliberais na década de 1990, o problema a princípio

ocorreu na esfera federal e, consequentemente, afetou os municípios (BRITO et al.,

2012).

Gráfico 11 – Orçamento municipal a preços correntes em Ceará Mirim/RN.

Fonte: IPEA/DATA. Elaboração própria

0

10.000.000

20.000.000

30.000.000

40.000.000

50.000.000

60.000.000

70.000.000

80.000.000

1995 2000 2005 2010

Receitas Despesas

40

Ao analisarmos as fontes de receita dos municípios potiguares, percebemos

que a maioria tem como principal fonte de receita as transferências

governamentais, pesquisas do IBGE comprovam que o FPM é responsável por

57,3% de receitas de prefeituras com até 5.000 habitantes. No ano de 2012 quase

70% das receitas dos municípios eram formadas pelo repasse do FPM.

Gráfico 12 – Receita arrecadada (em um real) em Ceará Mirim/RN - 2012

Fonte: IDEMA/ TCE

Ceará Mirim, não fugindo da realidade nacional e do estado, tem como

principais fontes de receita o FPM e o ICMS. Repasse esse que é muito importante

para a cidade, que atualmente possui um grande dinamismo comercial, tornando-

se maior devido a produtos ou serviços na região. O ICMS possui destaque em

alguns municípios do estado (Ceará Mirim, Parnamirim, Macaíba, São Gonçalo e

Mossoró), motivado pelo fato desses municípios estarem entre os mais populosos,

possuírem maior concentração de indústrias e, com a exceção de Mossoró, serem

vizinhos da capital, fazendo parte da RMN.

FPM69%

ISS9%

IPTU2%

IPVA2%

IPI0%

ICMS17%

Royalties1%

41

4. EXPECTATIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL.

De acordo com Bresser-Pereira (2008), o desenvolvimento econômico pode

ser considerado como um processo de avanço na acumulação de capital e de

incorporação de progresso técnico em trabalho e capital que, consequentemente,

aumenta a renda per capita e modifica os padrões de bem-estar da sociedade em

questão.

A questão do desenvolvimento econômico começou a se qualificar quando

se constata que de um lado havia regiões que se industrializavam e, assim,

atingiam um bem-estar social elevado e de outro, regiões que não conseguiam se

industrializar, e continuando pobres e com desníveis sociais considerados. A partir

da independência política e a formação de governos, colocava-se a ideia de

desenvolvimento como o objetivo principal para superar os atrasos históricos.

(SANDRONI, 2005).

O desenvolvimento de cada país depende de suas características próprias (situação geográfica, passado histórico, extensão e recursos naturais). De maneira geral, contudo, as mudanças que caracterizam o desenvolvimento econômico consistem no aumento da atividade industrial em comparação com a atividade agrícola, migração de mão-de-obra do campo para as cidades, redução das importações de produtos industrializados e das importações de produtos primários e menor dependência do auxílio externo (SANDRONI, 2005, p.242).

É fácil perceber que vários autores possuem linhas de raciocínio divergentes

entre si para interpretar o conceito de desenvolvimento econômico, porém

percebemos que todos têm em comum o bem-estar da população. No caso de um

desenvolvimento econômico mais regional, especificamente nos municípios

percebe-se que exportações para o exterior e tecnologia não são os principais

requisitos para se medir o desenvolvimento da cidade (OLIVEIRA, 2015).

O desenvolvimento econômico no município não está apenas no seu

Produto Interno Bruto, mas também no grau de bem-estar social da população. As

condições dos hospitais, escolas, alimentação de boa qualidade, liberdades

políticas e econômicas, entre outras. Em uma sociedade moderna, é fundamental

que a população obtenha todos os seus direitos cumpridos. Uma boa gestão do

município gera bem-estar para toda a população residente trazendo para as

42

pessoas melhorias na qualidade de vida como, por exemplo, ofertas de empregos,

melhoria no saneamento básico da cidade, boas condições de moradia, acesso a

transporte de boa qualidade, levando assim ao desenvolvimento econômico e

social para a população (SOUZA, 2010).

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) tem por objetivo medir o

progresso de uma nação através de três fatores que são eles: renda, saúde e

educação. Isso é de grande importância para o município, pois mostra como anda

as condições da população.

Gráfico 13 – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal em Ceará Mirim

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

A partir de dados do IBGE e analisados pelo Atlas de Desenvolvimento

Urbano no Brasil podem ser realizados alguns diagnósticos importantes sobre

Ceará Mirim. O Índice de desenvolvimento Humano da cidade encontra-se em

0,616 como mostrado no gráfico acima, situando-se nos municípios com IDH nível

médio. Em 2000 o IDHM era de 0,477 considerado baixo. Comparando os índices

de 2000 e 2010 houve um aumento de 29,4% e as dimensões que mais contribuem

para o índice são a longevidade seguida da renda e educação. Ceará-Mirim

atualmente ocupa a 3771ª posição entre os municípios brasileiros segundo o

IDHM.

0,355

0,477

0,616

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

1991 2000 2010

43

Gráfico 14 – Renda familiar per capita por domicilio (R$).

Fonte: IPEA/DATA. Elaboração própria

Ao analisar o Produto Interno Bruto nos últimos anos percebe-se que o

maior valor bruto adicionado se encontra no setor de serviços, seguido pela

indústria e agropecuária. Na década de 2000 há uma troca de lugares entre os

setores agropecuário e industrial. A administração pública é o carro chefe dentre os

maiores empregadores da cidade, seguido pelo comércio e o setor agropecuário

que é o menos expressivo.

Por meio dos dados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), é possível observar no gráfico 14 que o setor que mais contribui

com o Produto Interno Bruto (PIB) do município de Ceará Mirim, é o setor de

serviços. As atividades do município estão concentradas na administração pública,

o que vem se tornando comum em muitos municípios do Estado do Rio Grande do

Norte.

0

20

40

60

80

100

120

1991 2000

73,22

101,55

44

Gráfico 15 – PIB em reais no município de Ceará Mirim nos três setores.

Fonte: IBGE. Elaboração própria

Segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), a maioria

dos municípios do estado está com uma forte concentração das ocupações na

administração pública. Isso não é muito bom para a economia, pois, aumenta a

precarização dos serviços, sabendo que para um município ser desenvolvido

precisa-se de indústrias para promover o desenvolvimento econômico da região.

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

400.000

2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012

Agropecuária

Industria

Serviços

45

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho trouxe contribuições históricas, sociais e econômicas

sobre o município de Ceará Mirim. Um estudo bibliográfico que buscou descrever a

economia deste município nos últimos anos, ilustrando questões e respostas

abordadas sobre o desenvolvimento municipal, como também dados do emprego

formal e dos estabelecimentos.

A cana de açúcar teve um papel de extrema importância na construção da

sociedade do munícipio, onde se teve no produto por muito tempo a principal

atividade econômica da região e que hoje em dia não tem tanta expressividade.

Percebeu-se que a cana-de-açúcar por ser uma cultura considerada ultrapassada,

devido a seu modo de produção, acarretou que a cidade registrasse alguns

resultados negativos ao longo do tempo, oriundo do seu cultivo, como por exemplo

uma taxa de analfabetismo alta, tendo como base as cidades da RMN. O setor de

maior peso atualmente na economia do município está nos serviços.

A população total residente no município por sexo predomina a do sexo

feminino. A população por sexo residente na zona rural está concentrada no sexo

masculino, enquanto que no meio urbano reside mais mulheres do que homens.

Em relação ao emprego formal, os setores que mais emprega a população

de Ceará Mirim é o setor de serviços, com a administração pública e o comércio.

Em 1990 o setor que mais empregava a população era a Indústria de

Transformação. Em 2013 a situação muda, a administração pública e o comércio

aparecem como os maiores empregadores com carteira assinada segundo o

Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE).

Como mencionado no trabalho, o município de Ceará Mirim faz parte da

Região Metropolitana de Natal, sendo de grande relevância para a cidade, como

também o fato da proximidade com o Aeroporto Internacional da capital Natal.

Olhando da perspectiva da RMN, Ceará Mirim está na quinta posição do PIB

perdendo apenas para Natal que ocupa a primeira posição, Parnamirim em

segundo lugar, São Gonçalo do Amarante na terceira posição, Macaíba em quarto.

Isso mostra a importância do município para a RMN.

Portanto, por meio dos dados apresentados sobre o emprego formal no

município de Ceará Mirim, foi possível observar a importância do emprego, pois ele

46

gera poder aquisitivo, onde as pessoas são livres para o auto consumo. Em uma

sociedade capitalista as pessoas vivem em função do seu trabalho. O mercado de

trabalho é responsável a trazer as pessoas o bem estar social, como também uma

boa gestão gera progresso econômico, já que uma cidade bem administrada

possibilita as pessoas melhorias na qualidade de vida.

O município de Ceará Mirim, ao longo dos anos estudados, veio

aumentando a oferta de empregos trazendo para a cidade o chamado

desenvolvimento econômico.

Apesar de ao longo dos anos ocorrer a evolução econômica da cidade, o

fato da dependência existente a repasses do governo (FPM), faz com que a cidade

se torne refém do bom desempenho da economia do estado e consequentemente

a economia nacional, realidade essa que não é diferente de várias cidades do RN.

47

6. REFERÊNCIAS

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48

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