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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE DISCENTE: ANNA PAULA SANTOS EMERENCIANO VOLUME I NATAL/RN NOVEMBRO/2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

DISCENTE: ANNA PAULA SANTOS EMERENCIANO

VOLUME I

NATAL/RN

NOVEMBRO/2014

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ANNA PAULA SANTOS EMERENCIANO

Casa Intergeracional: um lar por toda a vida.

Trabalho Final de Graduação apresentado ao

curso de Arquitetura e Urbanismo da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

para obtenção do grau de Arquiteta e

Urbanista.

Orientadora: Profª. Dra. Glauce Lilian Alves de

Albuquerque.

NATAL/RN

NOVEMBRO/2014

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Catalogação da Publicação na Fonte. Universidade Federal do Rio Grande do Norte / Biblioteca Setorial de Arquitetura.

Emerenciano, Anna Paula Santos. Casa Intergeracional: um lar por toda a vida/ Anna Paula Santos Emerenciano. – Natal, RN, 2014. 140f. : il.

Orientadora: Glauce Lilian Alves de Albuquerque. Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura.

1. Moradia unifamiliar – Monografia. 2. Projeto Arquitetônico

– Natal – Monografia. 2. Residência unifamiliar - Intergeracional – Monografia. 3. Desenho Universal – Monografia. 4. Flexibilidade – Monografia. I. Albuquerque, Glauce Lilian Alves de. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSE15 CDU 728.3

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ANNA PAULA SANTOS EMERENCIANO

Casa Intergeracional: um lar por toda a vida.

Trabalho Final de Graduação apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte para obtenção do grau de Arquiteta e Urbanista.

Área de concentração: Projeto e Tecnologia.

Data:__de__________de2014.Hora:________.Local:_____________________

BANCA EXAMINADORA

Professor orientador: Glauce Lilian Alves de Albuquerque., Dra.

Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_______________________________________________________Nota:____

Professor do DARQ: ______________________________.

Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_______________________________________________________Nota:____

Profissional convidado: ____________________________.

Instituição: ____________________________________

_______________________________________________________Nota:____

Nota Final:_______________

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus e a Nossa Senhora Auxiliadora que

iluminam os caminhos da minha vida e abençoaram essa jornada.

A meus pais - meus maiores alicerces e exemplo de pessoas - minhas

irmãs - minhas fiéis companheiras e amigas - que me ajudaram me apoiando

todos os dias e me fazem acreditar que sou capaz. A meus avôs, meus

inspiradores, e meu sobrinho, nossa alegria diária.

A minha orientadora Glauce, que me acolheu nesse desafio e foi sempre

presente me dando apoio e coragem para o desenvolvimento do trabalho.

Aos professores Edna Moura, Eugênio e Hélio que me deram estímulos

para o projeto. A Daniele Sá, Silvana Rosado, Juliana Dias, Paula Duarte e

Sandra Perito que contribuíram com suas referências.

A todos os professores que me ajudaram e me acolheram na universidade

contribuindo para meu crescimento como estudante.

A Nilberto Gomes pela oportunidade de estagiar na área de acessibilidade

e por me inspirar para esse projeto. A todos do escritório de Marília Bezerra que

possibilitaram o meu primeiro contato com um escritório de arquitetura. A todos

do escritório de Flávio Gois que me ajudaram e me ensinaram muito sobre

aspectos que vão além da arquitetura. A todos do escritório de Gracita Lopes

que acompanharam minha batalha diária e me ajudaram muito todos os dias.

A minha turma 2009.1, pessoas com que compartilhei dificuldades do

curso e também momentos de muita alegria. Em especial a Priscila, Nathalia,

Andreza, Tais, Ana Júlia, Mariana, Viviane e Tatiana, as melhores amigas para

trabalhos, risadas, intercâmbio, viagens e confraternizações.

Enfim, a todos os amigos pelas palavras de estímulo e desejo de vitória.

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo desenvolver o projeto arquitetônico

de uma residência unifamiliar intergeracional que possa ser utilizada por uma

família em qualquer fase do seu ciclo familiar. A família que habitará a casa tem

como particularidade ser composta por membros em todas as fases de vida,

criança, adulto, idoso, e uma pessoa com deficiência. Para que o projeto da casa

seja seguro, acessível, e se adapte a configuração familiar foram empregados

os conceitos do desenho universal e da flexibilidade de um sistema estrutural.

Sendo assim, foi feita uma ampla pesquisa relacionada a aplicação do desenho

universal no âmbito da habitação unifamiliar e também de sistemas estruturais

leves que permitissem a flexibilidade na planta baixa e a adaptabilidade do

projeto da casa.

PALAVRAS CHAVES: Projeto arquitetônico, Intergeracional, Desenho

Universal, Flexibilidade.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Tomada universal............................................................................. 20

Figura 2 - Mobiliário universal .......................................................................... 20

Figura 3 - Flexibilidade na planta ..................................................................... 20

Figura 4 - Uso simples e intuitivo ..................................................................... 21

Figura 5 - Informação de fácil percepção ......................................................... 21

Figura 6 - Segurança ........................................................................................ 22

Figura 7 - Esforço físico mínimo ....................................................................... 22

Figura 8 - Mesa dimensionada ......................................................................... 22

Figura 9 - Casa Núcleo, Mies van der Rohe..................................................... 26

Figura 10 - Quarties Modernes Frugès, Le Corbusier ...................................... 27

Figura 11- MIMA House ................................................................................... 29

Figura 12 - Planta Baixa, MIMA House ............................................................ 30

Figura 13 - Fachadas, MIMA House ................................................................. 30

Figura 14: Calhas metálicas, MIMA House ...................................................... 30

Figura 15: Estrutura, MIMA House ................................................................... 30

Figura 16 - Entrada principal, Maison à Bordeaux ........................................... 32

Figura 17 - Perspectiva, Maison à Bordeaux.................................................... 32

Figura 18 - Plantas baixas, Maison à Bordeaux ............................................... 32

Figura 19 - Detalhe das janelas piso superior, Maison à Bordeaux ................. 33

Figura 20 - Detalhe das janelas piso superior 2, Maison à Bordeaux .............. 33

Figura 21 - Plataforma elevatória, Maison à Bordeaux .................................... 33

Figura 22- Escritório, Maison á Bordeaux ........................................................ 33

Figura 23 - Perspectiva Estrutura, Maison à Bordeaux ................................... 34

Figura 24 - Cabo Tensionado, Casa à Bordeaux ............................................. 34

Figura 25 - Esquema estrutural, Maison à Bordeaux ....................................... 34

Figura 26 - Contexto da Casa Blundell ............................................................. 35

Figura 27 - Casa Blundell ................................................................................. 35

Figura 28 - Planta baixa, Casa Blundell ........................................................... 36

Figura 29 - Rampa de acesso, Casa Blundell .................................................. 36

Figura 30 - Sala de estar integrada com cozinha, Casa Blundell ..................... 37

Figura 31 - Sala de estar integrada com terraço, Casa Blundell ...................... 37

Figura 32 - Corredores com facilidade de circulação, Casa Blundell ............... 37

Figura 33 - Banheiro 1, Casa Blundell .............................................................. 38

Figura 34 - Banheiro 2, Casa Blundell .............................................................. 38

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Figura 35 - Cozinha, Casa Blundell .................................................................. 38

Figura 36 - Cozinha móveis, Casa Blundell...................................................... 38

Figura 37 - Casa Mill Creek Netzero ................................................................ 39

Figura 38 - Sala, Casa Netzero ........................................................................ 39

Figura 39 - Planta baixa primeiro pavimento, casa Netzero. ............................ 40

Figura 40 - Planta baixa segundo pavimento, casa Netzero ............................ 41

Figura 41 - Proposta da biblioteca, casa Netzero ............................................. 42

Figura 42 - Proposta do segundo pavimento independente, casa Netzero ...... 42

Figura 43 - Planta de implantação, casa Netzero ............................................. 43

Figura 44 - Localização, residência 1 ............................................................... 44

Figura 45 - Fachada principal, residência 1...................................................... 44

Figura 46 - Planta Baixa primeiro pavimento, residência 1 .............................. 45

Figura 47 - Planta Baixa segundo pavimento, residência 1 ............................. 45

Figura 48 - Escritório, residência 1 ................................................................... 46

Figura 49: Escada e jardim de inverno, residência 1 ........................................ 46

Figura 50: Espaço para elevador ..................................................................... 46

Figura 51 - Portas largas .................................................................................. 47

Figura 52 - Sala intima, residência 1 ................................................................ 47

Figura 53 - Suíte casal, residência 1 ................................................................ 48

Figura 54 - Banheiro idoso, residência 1 .......................................................... 48

Figura 55 - Jardim, residência 1 ....................................................................... 48

Figura 56 - Fachada principal, residência 2...................................................... 49

Figura 57 - Planta baixa primeiro pavimento, residência 1 ............................... 50

Figura 58 - Planta baixa segundo pavimento, residência 2 ............................. 50

Figura 59 - Sala, residência 2 ........................................................................... 51

Figura 60 - Plataforma elevatória, residência 2 ................................................ 51

Figura 61 - Planta baixa de reforma, residência 2 ............................................ 52

Figura 62 - Planta baixa pós reforma ............................................................... 52

Figura 63 - Banheiro suíte casal, residência 2 ................................................. 53

Figura 64: Área do chuveiro, residência 2 ........................................................ 53

Figura 65 - Bancadas banheiro, residência 2 ................................................... 53

Figura 66 - Canône de Proporções Anatômicas............................................... 55

Figura 67 - Modulor ......................................................................................... 56

Figura 68 - Human Scale................................................................................. 57

Figura 69 - Dimensões para deslocamento da pessoa em pé ......................... 58

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Figura 70 - Dimensões para deslocamento da pessoa em cadeira de rodas ... 58

Figura 71: Alcance manual e ângulo de visão .................................................. 59

Figura 72 - Dimensões de portas e circulação ................................................. 60

Figura 73 - Áreas de manobra .......................................................................... 60

Figura 74 - Catálogo do Produto Inclusivo ....................................................... 62

Figura 75 - Dimensionamento de portas .......................................................... 64

Figura 76 - Dimensionamento do banheiro ...................................................... 65

Figura 77 - Dimensionamento do banheiro ...................................................... 65

Figura 78 - Dimensionamento do quarto e cozinha .......................................... 66

Figura 79 - Localização do Bairro de Ponta Negra ........................................... 67

Figura 80 - Ponta Negra ................................................................................... 68

Figura 81 - Restaurante Camarões .................................................................. 68

Figura 82 - Praia Shopping, Av. Eng. Roberto Freire ....................................... 68

Figura 83 - Supermercado Extra, Av. Eng. Roberto Freire ............................... 68

Figura 84 - Farmácia, Av. Eng. Roberto Freire................................................. 68

Figura 85 - Prédios, Av. Eng. Roberto Freire ................................................... 68

Figura 86 - Localização do terreno e das residências ...................................... 69

Figura 87 - Localização do terreno e detalhe ................................................... 70

Figura 88 - Inclinação do terreno ...................................................................... 71

Figura 89 - Visual do terreno, Rua Hélio Galvão .............................................. 71

Figura 90 - Zoneamento Bioclimático Brasileiro ............................................... 72

Figura 91 - Ventos e trajetória solar no terreno ................................................ 73

Figura 92 - Vegetação no terreno ..................................................................... 73

Figura 93 - Bairro de Ponta Negra, Legislação Urbanística e Ambiental ......... 74

Figura 94 - ZPA 06 ........................................................................................... 75

Figura 95 - ZET 01 ........................................................................................... 76

Figura 96 - Subzoneamento ZET 01 ................................................................ 76

Figura 97 - Quadro de Prescrições Urbanísticas .............................................. 77

Figura 98 - Fases de vida ................................................................................. 78

Figura 99 - Faixas etárias ................................................................................. 79

Figura 100 - Configuração familiar ................................................................... 80

Figura 101 - Configuração Familiar Final ......................................................... 82

Figura 102: Esquema da estrutura ................................................................... 86

Figura 103 - Painéis da casa japonesa ............................................................ 87

Figura 104 - Painéis da Casa MIMA ................................................................. 87

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Figura 105 - Modulação ................................................................................... 88

Figura 106 - Primeiros estudos no terreno ....................................................... 88

Figura 107 - Quadro de Esquemas da volumetria ........................................... 89

Figura 108 - Corte esquemático com níveis ..................................................... 91

Figura 109 - Rampas e circulação vertical ....................................................... 92

Figura 110 - Quadro dos ambientes ................................................................. 92

Figura 111 - Quadro de critérios do mobiliário ................................................. 93

Figura 112 - Estudos de mobiliário ................................................................... 93

Figura 113 - Laje radier .................................................................................... 94

Figura 114 - Ligação Pilar - Fundação ............................................................. 95

Figura 115 - Ligação Pilar-Viga ........................................................................ 95

Figura 116 - Sistema Estrutural ........................................................................ 97

Figura 117 - Telha zipada ................................................................................ 98

Figura 118 - Telha policarbonato ...................................................................... 98

Figura 119 - Telha reflective ............................................................................. 98

Figura 120 - Fases da construção .................................................................... 99

Figura 121 - Possibilidade de ampliabilidade ................................................. 100

Figura 122 - Possibilidade de desmembramento ........................................... 100

Figura 123 - Circulação Simples e intuitiva .................................................... 101

Figura 124 - Conforto Ambiental .................................................................... 101

Figura 125 - Visuais ....................................................................................... 101

Figura 126 - Cálculo de rampas ..................................................................... 130

Figura 127 - Caixa d'água .............................................................................. 135

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Tabela de população idosa no Brasil ................................................ 14

Tabela 2 - Área mínima dos ambientes ............................................................ 64

Tabela 3 - CVS - Método de Margarido .......................................................... 131

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SUMÁRIO

Introdução ........................................................................................................ 12

1. Definições projetuais ................................................................................. 14

1.1 A habitação unifamiliar intergeracional ..................................................... 15

1.2 O desenho universal na habitação unifamiliar ............................................ 18

1.3 Sistema Estrutural Flexível ......................................................................... 26

2. Estudos de referências ................................................................................. 31

2.1 Estudos de referências indiretos ................................................................ 31

2.1.1 Maison à Bordeaux .............................................................................. 31

2.1.2 Casa Blundell ....................................................................................... 34

2.1.3 Casa Mill Creek Netzero ...................................................................... 39

2.2 Estudos de Referências Diretas ................................................................. 43

2.2.1 Residência Unifamiliar 01 .................................................................... 43

4.2.2 Residência Unifamiliar 2 ...................................................................... 49

3 Concebendo o projeto ................................................................................... 54

3.1 Recomendações ........................................................................................ 54

3.1.1 Dimensionamento espacial .................................................................. 54

3.1.2 Dimensionamento físico dos ambientes .............................................. 63

3.2 O terreno ................................................................................................... 66

3.2.1 Condicionantes físicos ......................................................................... 67

3.2.3 Condicionantes legais .......................................................................... 74

3.3 Programa de necessidades e pré dimensionamento ................................. 78

4. O projeto....................................................................................................... 85

4.1 Desenvolvimento da proposta .................................................................... 85

4.2 Proposta Final ............................................................................................ 94

4.2.1 O sistema estrutural ............................................................................. 94

4.2. 2 A construção e sua evolução .............................................................. 99

4.2. 3 Os tipos de planta e layout ............................................................... 102

4.3 Aspectos Complementares ...................................................................... 130

4.3.1 Cálculo das rampas ........................................................................... 130

4.3.2 Cálculo da Estrutura .......................................................................... 131

4.3.3 Cálculo da Caixa D’água ................................................................... 134

4.3.4 Escolha do Elevador .......................................................................... 135

Considerações finais ...................................................................................... 136

Referências bibliográficas .............................................................................. 137

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Introdução

O presente trabalho discorre sobre a concepção de um projeto arquitetônico

de uma Casa Intergeracional, um lar por toda a vida, cujo o objetivo é conceber

uma residência para uma família que possa ser utilizada durante toda a sua vida

independente da evolução de sua configuração familiar.

A ideia desse trabalho surgiu pelo questionamento de como um ambiente

tão essencial para o homem vem precisando ser projetado e re-projetado

inúmeras vezes seja pelo nascimento, envelhecimento ou por alguma deficiência

adquirida por um dos membros na família. Pensou-se assim, em elaborar um

projeto de uma casa que além de confortável e funcional seja flexível, segura e

acessível para que, independentemente das condições físicas e mentais dos

seus usuários, ela possa ser habitada por essa família ao longo de toda sua vida.

Para desenvolver esse projeto, utilizou-se como base a aplicação de dois

importantes conceitos: os princípios do desenho universal e o emprego de um

sistema estrutural flexível. Aplicar os princípios do desenho universal significa

criar um projeto que possa ser utilizado pelos mais diversos tipos de usuários, e

empregar um sistema estrutural flexível é permitir que o projeto arquitetônico se

adapte às necessidades desses usuários. Para que esses conceitos pudessem

ser aplicados, foram feitas pesquisas relacionadas a cada uma dessas duas

áreas e como elas se relacionam com o projeto de residências unifamiliares.

O trabalho está então dividido em quatro partes. Na primeira são

apresentadas as definições projetuais, ou seja, o referencial teórico do trabalho,

no qual são abordados o conceito de uma residência unifamiliar intergeracional,

os princípios do desenho universal e a aplicação de um sistema estrutural

flexível.

Na segunda parte são apresentadas as referências projetuais

arquitetônicas diretas e indiretas do trabalho, destacando principalmente a área

de projetos de casas acessíveis e flexíveis já que este seria um diferencial do

projeto aqui desenvolvido.

Na terceira parte estão as pesquisas e estudos necessários para a

concepção do projeto. Inicia-se com as recomendações, sendo destacados o

dimensionamento espacial e o físico dos ambientes tendo como principais fontes

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o Manual Desenho Universal para a habitação Social, o Manual Recomendações

Casa Mais Segura e a NBR 9050/2004. Depois são apresentados os estudos

acerca do terreno da área de projeto e toda sua legislação. Esses estudos foram

feitos através de visitas a área e por pesquisas ao Plano Diretor de Natal e ao

Código de Obras de Natal. Em seguida, a definição do programa de necessidade

e o pré-dimensionamento que foram elaborados principalmente com base nos

estudos de referências.

A última parte aborda o projeto da casa desde sua evolução até a proposta

final. Para demonstrar o projeto de forma mais clara, foi elaborado um memorial

com destaque para o sistema estrutural, as propostas de layout e itens que

tornam a casa flexível, segura e acessível. Finaliza-se com a sinalização de

alguns produtos indicados pelo Catálogo do Produto Inclusivo, complementando

o estudo com os cálculos de estrutura, rampas, caixa d’água e a indicação do

elevador.

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1. Definições Projetuais

Para o início da concepção do projeto e dos seus estudos, foi necessário

primeiramente definir a configuração da família que habitaria nessa residência.

Tomou-se a decisão de incluir uma pessoa com deficiência física na

família ao pesquisar dados da configuração atual da população brasileira.

Constatou-se que 45,60 milhões de brasileiros possuem algum tipo de

deficiência, correspondendo assim a 23,9% da população (Censo IBGE,2010).

Dentre os dados levantados, vemos que a região Nordeste concentra os

municípios com maiores percentuais dessa população que se caracteriza por ter

algum tipo de deficiência, seja ela visual, auditiva ou motora, com diferentes

graus de severidade. Além das pessoas com deficiência serem um número

bastante expressivo na população brasileira, esse tipo de fatalidade está sujeito

a qualquer ser humano e foi colocado como um ponto importante para a definição

do projeto.

A população de idosos também foi outra que se destacou. Desde meados

do século XX, ela vem crescendo devido ao acelerado processo de

envelhecimento da população, que tem como consequência o aumento na

expectativa de vida. Sendo assim, de acordo com o Censo 2010 (IBGE 2010)

10,47% da população brasileira tem 60 anos ou mais. Além disso, se em 1960 a

esperança de vida ao nascer era em média de 48 anos, em 2010 esse valor já

alcança 73, 4 anos.

Tabela 1: Tabela de população idosa no Brasil

Tabela 1.1.1 - População residente, por situação do domicílio e sexo, segundo os

grupos de idade - Brasil – 2010. Grupos de idade População residente

Total 190 755 799 60 a 64 anos 6 509 120 65 a 69 anos 4 840 810 70 a 74 anos 3 741 636 75 a 79 anos 2 563 447 80 a 84 anos 1 666 972 85 a 89 anos 819 483 90 a 94 anos 326 558 95 a 99 anos 98 335

100 anos ou mais 24 236 Fonte: IBGE, 2010.

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Juntou-se a esses fatores, a ideia de que a habitação unifamiliar tinha

como principal conceito ser utilizada por toda a vida de seus habitantes. Definiu-

se, assim, que era necessário ter como usuário uma família intergeracional, ou

seja, uma família composta por membros em diferentes gerações – crianças,

jovens, adultos e idosos – considerando também o caso de um desses membros

possuir deficiência física.

Dessa forma, a família inicial seria composta por 5 membros, ( um casal

com dois filhos e um idoso com deficiência física), sendo possível desenvolver

um projeto com o maior número de variações de configuração familiares,

comprovando que a mesma pode ser utilizada por toda a vida dos seus usuários.

Nesse sentido, para desenvolver o projeto, primeiramente é necessário

entender o conceito de habitação unifamiliar intergeracional e também destacar

as duas principais definições que orientam o projeto: os princípios do desenho

universal e um sistema estrutural flexível.

1.1 A habitação unifamiliar intergeracional

A habitação, casa, espaço de moradia ou lar, segundo Carli (2004), é o

território primário do ser humano, representando para ele um espaço

diretamente ligado a sua proteção. É um dos espaços mais importantes para o

homem, pois é nele que “o usuário se apropria do espaço, transforma-o segundo

as suas necessidades, buscando encontrar sua identidade e fazendo prevalecer

seu direito à privacidade e ao convívio familiar” (CÍRICO, 2001, p. 17).

A habitação é ainda um direito de todo e qualquer cidadão como está

previsto no artigo VI da Constituição Federal e na Declaração Universal dos

Direitos Humanos:

(...) “São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle” (grifo próprio) (BRASIL, 1988).

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É nesse ambiente que o homem desenvolve seu refúgio dentro de si

mesmo, sendo a maior expressão de sua individualidade (CARLI, 2004), além

de ser nele que se desenvolvem as principais atividades diárias do homem:

dormir, comer e se reunir com a família servindo também como abrigo, lugar de

proteção e área privada da família.

Em decorrência da transição demográfica pela qual passa o Brasil e das

transformações advindas nas famílias contemporâneas, assiste-se a

“multiplicação de famílias contando com várias gerações” (GÓIS, 2012, p. 01),

ou seja, as famílias vêm se configurando em um espaço intergeracional que pode

ser definido como aquele no qual ocorrem “relações entre indivíduos

pertencentes a diferentes gerações” (LOPES apud MEDEIROS, 2008).

Dentro desses espaços, há necessidade de que essas gerações se

relacionem, ou seja, a presença de um adulto deve auxiliar no desenvolvimento

da criança, como também a presença de crianças e adultos na habitação pode

trazer qualidade para a vida dos idosos.

Ao pensar no espaço de morar como um local intergeracional, imagina-se

um local no qual todos convivam juntos, como afirma Medeiros (2008): “com seus

direitos, deveres, potencialidades e necessidades reconhecidas e respeitadas”.

O conceito de espaço intergeracional vai além do campo da habitação,

sendo bastante estudado nos últimos tempos para ressaltar que devemos buscar

uma sociedade para todos. Medeiros (2008) continua afirmando que os espaços

intergeracionais buscam a:

“eliminação de preconceitos e estereótipos negativos, possibilitando que todos os indivíduos realizem plenamente sua capacidade de participação nos mais diversos âmbitos – familiar, social, político, econômico e cultural –, sem discriminação e em condições de igualdade, combatendo, assim, o isolamento e garantindo a integração social desde a infância até a velhice.”

Ao estudar a habitação como um território intergeracional, é necessário

destacar que esse território varia de pessoa para pessoa. Sendo assim, dentro

de uma mesma família, cada um possui suas prioridades, cada ambiente possui

sua importância, e cada um tem suas preferências.

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Sebba e Churchman (1983 apud CARLI 2004) definem que o território da

casa tem quatro áreas, a área individual, as áreas divididas, as áreas públicas e

de jurisdição sendo:

“individual: quarto individual de uma criança ou o escritório do pai; dividido: quarto do casal ou quarto compartilhado; público: sala, banheiro, corredores; jurisdição: a cozinha que é de responsabilidade da mãe, ou o jardim, que é responsabilidade do pai.”

Dessa forma, eles afirmam que para as crianças e adolescentes o quarto

é o território primário, pois nesse espaço eles sentem sua autonomia e

privacidade. Mas, à medida que a criança vai crescendo e se tornando adulta,

essa importância vai diminuindo, porém, a necessidade cresce novamente a

partir dos setenta anos, quando a pessoa já atinge a fase idosa.

Sendo assim, dependendo de cada indivíduo, sua idade, e seu grau de

responsabilidade, os ambientes podem ter maior importância ou não. Apesar

disso, a habitação deve ser apropriada e confortável para todos os indivíduos

independentes de sua idade ou gosto pessoal, para que a habitação seja um

elemento importante para o desenvolvimento, tanto para crianças como para os

idosos. (Bechtel 1997, p. 198 apud CARLI, 2004).

Esse conceito de moradia adequada para todos pode ser explicado

através do Centro das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos

(Habitat), que define moradia adequada como:

Agenda Habitat, parágrafo 60: “Moradia adequada é mais do que um teto sobre a cabeça. Também significa privacidade adequada; espaço adequado; acessibilidade física; segurança adequada; segurança da posse; estabilidade estrutural e durabilidade; iluminação, aquecimento e ventilação adequados; infraestrutura básica adequada, como equipamentos de água, esgoto e coleta de lixo; qualidade ambiental e fatores relacionados à saúde apropriados; bem como localização adequada e acessível ao trabalho e outros equipamentos básicos: tudo isso deve estar disponível a custos acessíveis. A adequação deve ser determinada conjuntamente com a população em questão, tendo em mente a perspectiva para o desenvolvimento gradual” (FERNANDES, 2003).

Portanto, para que o espaço seja além de um local de interação entre

diferentes gerações ele pode e, na verdade todos deveriam ser, confortáveis,

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funcionais para todas as gerações, se adequando a necessidade de cada

indivíduo.

1.2 O desenho universal na habitação unifamiliar

Com relação ao desenho universal, este pode ser definido, de acordo com

Correia (2009), como um conjunto de preocupações, conhecimentos,

metodologias e práticas que visam a concepção de espaços, produtos e

serviços, utilizáveis com eficácia, segurança e conforto pelo maior número de

pessoas possível, independentemente das suas capacidades.

Steinfeld (1994 apud CARLI 2004) complementa essa definição ao afirmar

que o desenho universal tem por meta quebrar as barreiras físicas e incluir uma

redefinição de deficiência como uma condição universal, uma condição

diferenciada que todos nós partilhamos.

De acordo com Cambiaghi (2007, p.16), a utilização da palavra universal

foi feita tanto pela concepção se destinar a qualquer pessoa, como pela

aplicação dos seus princípios serem fundamentais para tornar possível a

realização das ações essenciais do ser humano praticados na vida cotidiana,

sendo assim, na verdade, uma consolidação dos pressupostos dos direitos

humanos.

A utilização do conceito e dos princípios do desenho universal na

concepção de projetos arquitetônicos busca “democratizar, facilitar, simplificar o

uso e promover segurança” (SÃO PAULO, 2010, p.05) do usuário seja no

ambiente urbano, em comércios, serviços, nas vias, praças ou em residências.

Com a aplicação do desenho universal, todos os usuários podem circular e

utilizar todos os ambientes de modo autônomo e seguro, implementando a

chamada arquitetura inclusiva ou sem barreiras.

O conceito de desenho universal surgiu, de acordo com Carletto (2008,

p.08), depois da Revolução Industrial, quando foi questionada a massificação

dos processos produtivos e o porquê da criação de ambientes fora da

necessidade reais do usuário.

Em 1961, ocorre uma conferência internacional na Suécia reunindo

países como Japão, EUA e outras nações para “reestruturar e recriar o velho

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conceito que produz para o dito ‘homem padrão’, que nem sempre é o ‘homem

real’”. Em 1963, em Washington, nasce a Barrier Free Design, uma comissão

com o objetivo de discutir desenhos de equipamentos, edifícios e áreas urbanas

adequadas à utilização por pessoas com deficiência ou com mobilidade

reduzida. (CARLETTO, 2008).

Começam a surgir assim reivindicações de dois segmentos sociais:

O primeiro composto por pessoas com deficiência que não sentiam suas necessidades contempladas nos espaços projetados e construídos. O segundo formado por arquitetos, engenheiros, urbanistas e designers que desejavam maior democratização do uso dos espaços e tinham uma visão mais abrangente da atividade projetual. (SÃO PAULO, 2010).

E assim, em 1985, o arquiteto Ron Mace usa a expressão Universal

Design (Desenho Universal) pela primeira vez nos Estados Unidos, definindo

que este seria um conceito aplicado a um projeto que consistiria na criação de

ambientes e produtos que possam ser usados por todas as pessoas, na sua

máxima extensão possível (MACE 2011 apud SÃO PAULO, 2010).

Já na década de 1990, um grupo de arquitetos e defensores de uma

arquitetura e design mais centrados no ser humano e na sua diversidade, reuniu-

se no Center for Universal Design, da Universidade da Carolina do Norte, nos

Estados Unidos.

Nessa conferência foram estabelecidos sete Princípios do Desenho

Universal que atualmente variam entre autores na nomenclatura, mas que, em

suma, explicam as mesmas diretrizes, porém cada uma de um ponto de vista

diferente. Por isso, destacou-se três autores que são as principais referências

desse trabalho e que definem os sete princípios basicamente em: o uso

equiparável, equitativo ou até mesmo a acessibilidade, o uso flexível, o uso

simples e intuitivo, a informação perceptível, a tolerância ao erro, a pouca

exigência de esforço físico e o tamanho e espaço para o acesso e o uso.

De acordo com o Manual Desenho Universal para a habitação Social

(SÃO PAULO, 2010) esses critérios são:

1) O uso equitativo: deve-se propor espaços, objetos (Figura 1) e produtos

que possam ser utilizados por usuários com capacidades diferentes, oferecer

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privacidade, segurança e proteção para todos os usuários e desenvolver e

fornecer produtos atraentes para todos os usuários (Figura 2).

Figura 1 - Tomada universal

Fonte: www.arquitetonico.ufsc.br.

Figura 2 - Mobiliário universal

Fonte: www.arquitetonico.ufsc.br.

2) O uso flexível: deve-se criar ambientes ou sistemas construtivos que

permitam atender às necessidades de usuários com diferentes habilidades e

preferências diversificadas, admitindo adequações e transformações (Figura 3).

Além de possibilitar adaptabilidade às necessidades do usuário.

Figura 3 - Flexibilidade na planta

Fonte: SÃO PAULO, 2010.

3) O uso simples e intuitivo: deve-se permitir fácil compreensão e

apreensão do espaço, independente da experiência do usuário, de seu grau de

conhecimento, habilidade de linguagem ou nível de concentração. Sendo assim,

pode-se eliminar complexidades desnecessárias (Figura 4) e ser coerente com

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as expectativas e intuição do usuário além de disponibilizar as informações

segundo a ordem de importância.

Figura 4 - Uso simples e intuitivo

Fonte: SÃO PAULO, 2010.

4) Informação de fácil percepção: utilizar diferentes meios de

comunicação, como símbolos, informações sonoras, táteis, entre outras, para

compreensão de usuários com dificuldade de audição, visão, cognição ou

estrangeiros (Figura 5). Deve-se disponibilizar formas e objetos de comunicação

com contraste adequado maximizando com clareza as informações essenciais e

tornando fácil o uso do espaço ou equipamento.

Figura 5 - Informação de fácil percepção

Fonte: SÃO PAULO, 2010.

5) Tolerância ao erro (segurança): considerar a segurança na concepção

de ambientes e a escolha dos materiais de acabamento e demais produtos -

como corrimãos (Figura 6), equipamentos eletromecânicos, entre outros - a

serem utilizados nas obras, visando minimizar os riscos de acidentes.

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Figura 6 - Segurança

Fonte: NBR 9050.

6) Esforço físico mínimo: dimensionar elementos e equipamentos para

que sejam utilizados de maneira eficiente, segura, confortável e com o mínimo

de fadiga (Figura 7). Minimizar ações repetitivas e esforços físicos que não

podem ser evitados.

7) Dimensionamento de espaços para acesso e uso abrangente: permitir

acesso e uso confortáveis para os usuários, tanto sentados quanto em pé.

Possibilitar o alcance visual dos ambientes e produtos a todos os usuários,

sentados ou em pé e acomodar variações ergonômicas, oferecendo condições

de manuseio e contato para usuários com as mais variadas dificuldades de

manipulação, toque e pegada (Figura 8).

Figura 7 - Esforço físico mínimo

Fonte: SÃO PAULO, 2010.

Figura 8 - Mesa dimensionada

Fonte:www.arquitetonico.ufsc.br.

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Cambiaghi (2007, p.73) define também os sete princípios do desenho

universal de forma similar, porém com algumas considerações diferentes que

precisam ser destacadas. São eles:

1) Equiparação nas possibilidades de uso: deve disponibilizar os mesmos

recursos de uso para todos os usuários – idênticos sempre que possível,

equivalentes caso não o sejam, evitar segregar ou estigmatizar qualquer usuário

e disponibilizar privacidade, segurança, e proteção igualmente para todos os

usuários.

2) Flexibilidade no uso: deve poder ser acessível e utilizado por destros e

canhotos, facilitar a acuidade e a precisão do usuário e oferecer adaptabilidade

ao ritmo do usuário.

3) O uso simples e intuitivo: deve eliminar as complexidades

desnecessárias, ser coerente com as expectativas e intuição do usuário,

acomodar ampla gama de capacidades de leitura e habilidades linguísticas do

usuário e disponibilizar as informações facilmente perceptíveis em ordem de

importância.

4) Informação perceptível :o desenho universal deve utilizar meios

diferentes de comunicação – símbolos, informações sonoras, táteis,

disponibilizar cadastro adequado, maximizar a clareza das informações

essenciais.

5) Tolerância ao erro: isolar e proteger elementos de risco, disponibilizar

alerta no caso de erros, disponibilizar recursos que reparem as possíveis falhas

de utilização.

6) Mínimo esforço físico: deve possibilitar a manutenção de uma postura

corporal neutra, necessitar de pouco esforço para operação, minimizar ações

repetitivas e minimizar os esforços físicos que puderem ser evitados.

7) Dimensionamento de espaços para acesso e uso de todos os usuários:

deve: Possibilitar o alcance visual dos ambientes e produtos a todos os usuários,

sentados ou em pé, oferecer acesso e utilização confortáveis de todos os

componentes, para usuários sentados ou em pé. Acomodar variações de

tamanho de mãos e pegada, adequar espaços ao uso de órteses, como cadeira

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de rodas, muletas e qualquer outro elemento necessário ao usuário para suas

atividades cotidianas.

Story (2001, p. 10.7 apud CARLI, 2004) denomina diferentemente alguns

conceitos, porém em suas justificativas chega às mesmas diretrizes, elas são:

1) Acessibilidade: espaços e dimensões apropriadas para acesso,

alcance, manipulação e uso, independentemente do tamanho, postura ou

mobilidade do usuário. A necessidade de acessibilidade está embutida em todas

as atividades; as pessoas devem chegar ao seu destino e usar os ambientes

sem dificuldades, portanto, é essencial que eles sejam acessíveis a todas as

pessoas.

2) Igualdade: é o coração do universal design. O projeto é usável por todas

as pessoas com habilidades distintas. Não é suficiente as pessoas poderem usar

um ambiente com independência, mas também que esse uso não faça distinções

entre as várias categorias de pessoas. Devem-se fazer provisões para

privacidade e segurança disponíveis igualmente para todos os usuários,

evitando a segregação e estigmatização.

3) Adaptabilidade: O projeto acomoda uma grande variação de

preferências e habilidades individuais. O ambiente de uso diário deve adequar-

se às necessidades individuais do usuário diário e, para isso, deve ser adaptável.

Adaptabilidade é, portanto, uma qualidade inerente ao ambiente que permite, em

algum ponto no futuro, um fácil rearranjo do espaço ou equipamento para

adequar-se às novas necessidades que se apresentem.

4) Tolerância a erros: O projeto minimiza os riscos e as consequências

adversas de ações não intencionadas ou acidentais. O ambiente deve ser seguro

a todos, de qualquer idade, com qualquer tipo de limitação e a qualquer

momento, garantindo a segurança física do usuário.

5) Uso simples e intuitivo: O projeto é de fácil entendimento, independente

da experiência, conhecimento, prática, nível de habilidade e de concentração do

usuário. Para isso os ambientes devem eliminar complexidades desnecessárias,

ser consistentes com a intuição ou expectativa do usuário e fornecer informações

adequadas à sua importância.

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6) Perceptível: O projeto comunica efetivamente as informações

necessárias, independentemente das condições do ambiente ou das habilidades

sensoriais do usuário. Deve apresentar informações essenciais de forma

redundante (sonora, visual, tátil) e maximizar sua legibilidade.

7) Pouco esforço físico: O projeto deve ser usado com eficiência e conforto

e com o mínimo de fadiga. Para isso, deve permitir o uso com a manutenção da

posição do corpo de maneira neutra, minimizar operações repetitivas e esforço

continuado, além de exigir apenas um esforço mínimo para uso.

É importante ainda destacar que todos esses preceitos foram formulados

com a intenção de que os arquitetos, urbanistas e designers, se conscientizem

que os projetos devem ser elaborados tendo como ponto de partida as medidas

antropométricas do homem seja ele um adulto, uma criança ou idoso com

alguma limitação física ou não.

Sendo assim, para Carli (2004) para se atingir um projeto mais adequado

a “todos”, as limitações físicas e mentais devem ser analisadas em três níveis:

“Individuais, em que as disfunções podem ser diminuídas com o uso de equipamentos especiais e adaptações individuais, como por exemplo, o uso de óculos para um certo problema de visão; em grupo, onde ao ambiente normal são acrescidas algumas comodidades especiais para certas categorias de pessoas, tal como bacia sanitária para crianças em escola de primeiro grau; integrada, na qual o ambiente é desenhado de forma a ser acessível a todos, incluindo pessoas com limitações, com pouca adição de comodidades especiais.”

Apesar das dificuldades que o arquiteto pode encontrar para projetar

aplicando os princípios do desenho universal, pensando em um projeto que

alcance além da funcionalidade e questões estéticas, seguir os preceitos do

desenho universal possui vários pontos positivos.

De acordo com Cambiaghi (2007), aplicar esses princípios significa

reduzir o tempo de elaboração do programa de necessidades dos produtos ou

serviços, maximizar as possibilidades de êxito do produto, estar em situação de

vantagem perante outros profissionais por seus conceitos satisfazerem a uma

porcentagem maior de usuários, consolidar sua postura ética por apontar aos

clientes a necessidade de adequação dos ambientes para uso ao longo de toda

a sua vida.

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Além disso, o projeto universal implica numa satisfação do usuário por

mais tempo que ampliará a vida útil do produto ou do ambiente construído e

reduzirá custo, energia, produção e desperdícios. É a partir desse pensamento

que os projetos que aplicam esses princípios, como este que será desenvolvido,

são denominados como “para a vida toda”.

1.3 Sistema Estrutural Flexível

O conceito de flexibilidade, de acordo com Colombo (2011), foi introduzido

por arquitetos que buscavam a experimentação de novas tecnologias, após a

expansão da industrialização e as duas Guerras Mundiais que aumentaram

ainda mais o déficit de casas, alimentando assim o sonho por um modelo de

casa popular acessível a todos. Dessa forma, “diversos arquitetos tentaram

concretizar este sonho através de experimentos com novas tecnologias

industriais, pré-fabricação e produção em massa”.

Um dos arquitetos expoentes foi Mies van der Rohe (1886 - 1969). Ele

concebeu o projeto de uma casa para abrigar a família McCormick e também

para se tornar um protótipo de produção em massa, além de posteriormente ter

feito o projeto da Casa Núcleo (Figura 9), na qual “teve grande liberdade para

refletir sobre a habitação moderna essencial e testar novas ideias” (COLOMBO,

2011).

Figura 9 - Casa Núcleo, Mies van der Rohe.

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Fonte: Colombo, 2011.

Difunde-se assim “o conceito a partir da planta-livre, geradora de um

espaço universal, generalista, capaz de abrigar programas variados e a atender

exigências diversificadas” (JORGE, 2012). Os projetos de Mies previam a

simplificação de elementos estruturais, tornando a parede como elemento

independente, e a organização interna com painéis leves.

Le Corbusier também foi um dos grandes arquitetos que aplicou esse

conceito. Ao projetar o Quarties Modernes Frugès (Figura 10), um projeto que

“concebeu a liberdade espontânea ao usuário para se apoderar do espaço (...)

foi fruto da coerência entre os elementos estruturadores da forma – a geometria

pura dos volumes, a forma precisa das aberturas, a independência e a solidez

dos elementos estruturais e da circulação vertical, a planta livre, as

oportunidades do terraço jardim e a sensação de privacidade” (JORGE, 2012).

Figura 10 - Quarties Modernes Frugès, Le Corbusier

Fonte: http://www.fondationlecorbusier.fr/.

Ele criou uma arquitetura capaz de resistir ao tempo, de ser flexível e

ainda incorporar os desejos dos usuários de forma livre, espontânea e criativa.

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Sendo assim, o emprego da flexibilidade arquitetônica no projeto capacita

a “habitação em se manter constantemente ativa, afastar a sua substituição e

garantir a sua vida útil o maior tempo possível” (JORGE, 2012).

Schneider (2006, p.38 apud JORGE, 2012) define a utilização da

flexibilidade arquitetônica como:

a solução recomendada ao estado permanente de mudança da situação das famílias (tamanho composição) e a crescente diferenciação das necessidades de moradias, que contradizem a racionalização e estandardização para a construção de massa dos apartamentos. Segundo o autor, a planta flexível seria a alternativa que concederia a família à oportunidade de reformar a sua própria unidade, ao invés da mudança de domicilio. As possibilidades apontadas abrangem desde paredes externas até elementos de divisão interna, mudanças, na forma e tamanho dos espaços por meio de paredes móveis em geral, expansão e particularização das unidades (grifo próprio).

Para projetar apartamentos ou casas aplicando esse conceito, Brandão

(2007) realizou um estudo sobre as formas de aplicação da flexibilidade

arquitetônica, através da investigação em mais de três mil projetos de

apartamentos de 56 cidades brasileiras. Pode-se sintetizar cincos formas

principais de aplicação da flexibilidade que ser:

(a) diversidade tipológica, quando se explora apenas a variabilidade, sem

possibilidade de modificação;

(b) flexibilidade propriamente dita, quando se pode gerar mais de um

arranjo, obtendo variabilidade por meio de construção;

(c) adaptabilidade, quando se pode obter a alternância ou a sobreposição

de funções nos ambientes, sem construção, seja pela neutralidade do ambiente,

seja pelo uso de elementos móveis como portas de correr, por exemplo;

(d) ampliabilidade, quando a habitação pode ser ampliada externamente,

ou mesmo internamente, como no caso da construção de mezaninos;

(e) junção/desmembramento, quando a habitação, como um todo, pode

ser dividida em duas ou, de forma contrária, quando duas habitações contíguas

forem agrupadas, formando uma só.

Além dessas formas de se planejarem arranjos espaciais flexíveis,

Brandão (2007) definiu “seis vias ou diretrizes que possibilitam ampliar ou

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maximizar a versatilidade dos ambientes das habitações em geral”. Estas

podem se dar através de: cômodos ou ambientes reversíveis, cômodos multiuso,

alternância entre isolar e integrar, baixa hierarquia e comunicações.

Finkelstein (2009 apud Maia 2012), por sua vez, coloca como elementos

facilitadores da flexibilidade no projeto residencial alguns itens: o uso de

modulação estrutural, uso de divisórias internas (fixas) leves, uso de divisórias

móveis, uso do mobiliário como divisória, inserção de núcleos concentradores

de circulação vertical e de banheiros/cozinha, uso de shafts, fachada livre, uso

de grelhas na fachada, brises e varandas, emprego de ambientes amplos e

integrados, uso de piso elevados, armários embutidos e terraços.

Muitos desses princípios foram aplicados no projeto da casa MIMA (Figura

11), como a modulação estrutural, divisórias internas leves e móveis e integração

dos ambientes. Esse é um projeto de dois jovens arquitetos de Viana do Castelo,

Mário Sousa e Marta Brandão, que teve como principais intenções desenvolver

uma forma rápida de produção e um método eficiente de transporte e montagem.

Figura 11- MIMA House

Fonte: http://p3.publico.pt

O projeto se destacou e ganhou o prêmio de casa do ano da revista

Archidaily por ser uma casa pré- fabricada inspirada na arquitetura japonesa mas

adequada as necessidades do estilo de vida moderna. Tendo o custo de cerca

de 39 mil euros, a casa já é vendida para a maioria dos países, incluindo o Brasil

(Figura 11e Figura 12).

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Figura 12 - Planta Baixa, MIMA House

Fonte: http://cargocollective.com

Figura 13 - Fachadas, MIMA House

Fonte: http://cargocollective.com

O modelo possui de 18 a 36 m² mas pode ser completamente alterado

graças a flexibilidade das paredes. Isso é permitido pois no seu interior existem

calhas metálicas que permitem colocar ou retirar paredes, adicionando ou

subtraindo divisões na casa, oferecendo o conceito de “open space”. Essas

paredes são painéis de madeira modulados a 1,50 metros, que também podem

sofrer alteração de cores e materiais. O sistema de pilar-viga, para sustentar toda

a estrutura, é em madeira maciça.

Figura 14: Calhas metálicas, MIMA House

Fonte: http://cargocollective.com

Figura 15: Estrutura, MIMA House

Fonte: http://cargocollective.com

Dessa forma, pretende-se utilizar dos princípios da flexibilidade

arquitetônica com o objetivo de auxiliar o trabalho “no processo de produção de

espaço arquitetônico, promovendo facilidades de adaptação dos usuários no

espaço” (CÍRICO, 2010).

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2. Estudos de referências

Nesse capítulo, serão apresentados estudos de referências diretas e

indiretas que embasaram o desenvolvimento desse trabalho. A pesquisa se

dividiu em três áreas, uma sobre projetos arquitetônicos para famílias

intergeracionais, outra que tinham como usuário pessoas com mobilidade

reduzida ou pessoas com deficiência física e por último, projetos arquitetônicos

relacionados com flexibilidade arquitetônica.

Os primeiros foram importantes para a definição do programa de

necessidades e do pré-dimensionamento e os demais para o estudo das

características especificas dessa particularidade de projeto que está incluso no

trabalho aqui desenvolvido.

2.1 Estudos de referências indiretos

Foram feitos três estudos indiretos realizados através de pesquisas em

livros, trabalhos bibliográficos e acervo digital. Dois estudos são de habitações

unifamiliares que possuem como usuário pelo menos uma pessoa com

deficiência física, sendo um deles um idoso. Já o último estudo, também de uma

habitação unifamiliar, mostra a utilização na flexibilidade na concepção do

projeto.

O primeiro estudo analisa o projeto do arquiteto Rem Koolhaas intitulado

Maison à Bordeaux. O segundo estudo analisa o projeto do arquiteto Davor

Mikulcic chamado Casa Blundell. E o terceiro a Casa Mill Creek Netzero.

2.1.1 Maison à Bordeaux

A Maison à Bordeaux do arquiteto Rem Koolhaas e sua empresa OMA foi

projetado no ano de 1998 na França numa região de colinas de Bordeaux (Figura

16 e Figura 17). O projeto foi realizado para um casal e seus filhos cujo homem

era uma pessoa com deficiência física.

O projeto tinha como principal objetivo permitir ao cliente com mobilidade

reduzida de circular por todos os ambientes com facilidade e independência. A

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casa é composta de três andares que mais se parecem planos independentes

devido ao jogo de volumes.

Figura 16 - Entrada principal, Maison à Bordeaux

Fonte: http://www.archdaily.com.

Figura 17 - Perspectiva, Maison à Bordeaux

Fonte: http://www.archdaily.com.

O primeiro piso é esculpido na própria colina no qual estão ambientes de

uso intimo da família (Figura 18). Já no piso térreo (Figura 18), no nível do jardim,

está localizada a sala de estar e de televisão e a cozinha. Um grande pano de

vidro nesse andar permite que este seja completamente integrado com o

ambiente externo.

Figura 18 - Plantas baixas, Maison à Bordeaux

Fonte: http://www.archweb.it/.

O andar superior (Figura 18) possui os quartos que são separados em

duas zonas, pais e filhos, por um pátio. Esse andar é mais opaco que o térreo e

tem como particularidade janelas com buracos ovais que criam pontos de visão

para o ambiente externo até da cama (Figura 19 e Figura 20).

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Figura 19 - Detalhe das janelas piso superior, Maison à Bordeaux

Fonte: http://www.oma.eu.

Figura 20 - Detalhe das janelas piso superior 2, Maison à Bordeaux

Fonte: http://www.oma.eu.

O ponto principal do projeto é o elemento que liga esses três planos, uma

plataforma central de 3,00 x 3,50 metros (Figura 21), ou seja, uma grande parte

do piso que se eleva servindo tanto como circulação vertical ao mesmo tempo

que pode compor parte da sala de estar, da cozinha, ou ainda transformar-se em

um espaço de escritório íntimo (Figura 22).

Figura 21 - Plataforma elevatória, Maison à Bordeaux

Fonte: http://evansh.blogspot.com.br.

Figura 22- Escritório, Maison á Bordeaux

Fonte: http://evansh.blogspot.com.br.

Como afirma Kroll (2011): “Essa ideia genial de criar uma sala que é capaz

de mover-se verticalmente através da casa cria um dinamismo espacial na casa

que está sempre mudando e redefinindo o espaço”.

Outro ponto de destaque é a estrutura da casa. O piso superior possui

apenas três pilares sendo um deles circular e localizado fora do centro (Figura

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23). Como reforço estrutural para essa instabilidade aparente foi feita uma viga

de aço que puxa um cabo tensionado que foi enterrado ao solo para estabilizar

as cargas laterais (Figura 24 e Figura 25). Kroll (2011) ainda destaca que a ideia

projetual era para que a casa se “igualar-se com a vida do cliente, dependendo

de um cabo”.

Figura 23 - Perspectiva Estrutura, Maison à Bordeaux

Fonte: http://evansh.blogspot.com.br

Figura 24 - Cabo Tensionado, Casa à Bordeaux

Fonte: http://evansh.blogspot.com.br

Figura 25 - Esquema estrutural, Maison à Bordeaux

Fonte: Shen (2012).

2.1.2 Casa Blundell

A casa do Sr. e Sra. Blundell foi projetada no ano de 2002 pelo arquiteto

Davor Mikulcic na Zona Rural da Nova Zelândia e teve a construção concluída

no ano de 2006 (Figura 26 e Figura 27). O proprietário da casa possui mobilidade

reduzida e solicitou ao arquiteto que projetasse uma casa que atendesse suas

necessidades específicas, permitindo que ele vivesse na casa até envelhecer,

lhe desse acesso total ao interior e exterior, e que fosse igualmente confortável

e funcional para a sua família.

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Figura 26 - Contexto da Casa Blundell

Fonte: http://www.archello.com/.

Figura 27 - Casa Blundell

Fonte: http://www.archello.com.

A casa tem uma área total de 267 m² com terraços ao redor de 200 m², e

uma grande vista para o jardim de mais de 450 m², totalizando 2.100 m².

Nas reuniões com o cliente para a definição do projeto Mikulcic afirma,

segundo Blundell (2012), que foram feitas mais de 10 páginas de exigências por

parte do cliente que eram muito relevantes para uma pessoa de cadeira de

rodas, dentre esses pontos, pode-se destacar:

• O Projeto deveria acomodar uma nova casa acessível mas sem

comprometer a qualidade dos espaços interiores ou exteriores;

• O design da casa "sem limites e obstáculos" internos / externos - para ser

confortável, seguro e de fácil acesso e que possa adaptar-se para as

necessidades de mudança da família;

• Deve existir uma vida ao ar livre para exercícios e jardinagem;

De acordo com o arquiteto a ideia era projetar uma casa com “boa

arquitetura, funcional, inovadora, sustentável, corajosa e imaginativa, diferente

do que os normais, que empurram 'limites' do estereótipo todos os dias”

(BLUNDELL, 2012).

Sendo assim, a casa é composta de uma garagem para três carros, hall

de entrada, cozinha, sala de estar, sala de jantar, lavanderia, despensa, quarto

principal com roupeiro e casa de banho, dois quartos para vistas com banheiro

separados e escritório (Figura 28). A área de lazer conta com deck coberto com

piscina de hidromassagem, jardim elevado e uma lagoa.

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Figura 28 - Planta baixa, Casa Blundell

Fonte: http://www.archello.com/.

O jardim possui caixa de plantas elevadas para que o cliente pudesse

ordená-las da sua cadeira de rodas (Figura 29). Além disso, a casa é toda

cercada um decks rampados. As rampas suavemente inclinadas foram utilizadas

para vencer a maioria dos obstaculos, desde o acesso do acesso da calçada até

o jardim.

Figura 29 - Rampa de acesso, Casa Blundell

Fonte: http://www.lifemark.co.nz

As portas são amplas e, em sua maioria, de correr, permitindo que os

ambientes sejam integrados visualmente e fisicamente (Figura 30 e Figura 31).

Segundo o próprio cliente, “tudo é fácil, é só eu andar completamente em linha

reta, não há etapas, não há obstáculos” (Figura 32) (STUDIO MWA, 2012).

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Figura 30 - Sala de estar integrada com cozinha, Casa Blundell

Fonte: http://www.lifemark.co.nz/

Figura 31 - Sala de estar integrada com terraço, Casa Blundell

Fonte: http://www.lifemark.co.nz/

Figura 32 - Corredores com facilidade de circulação, Casa Blundell

Fonte: http://www.lifemark.co.nz/

O banheiro do quarto principal possui o box em forma de “L” com cortina

e o piso de todo o banheiro é continuo mas se inclina até o ralo (Figura 33 e

Figura 34). As barras de apoio parecem misturar-se com o espaço ao servirem

também como aquecedor de toalha e itensilios para banho.

Na cozinha alguns detalhes foram pensados como o microondas que abre

para baixo e o forno para os lados (Figura 35 e Figura 36). Os bancos e as

bancadas também foram colocados na altura que Bludell possa utilizar.

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Figura 33 - Banheiro 1, Casa Blundell

Fonte: http://www.archello.com.

Figura 34 - Banheiro 2, Casa Blundell

Fonte: http://www.lifemark.co.nz/

Figura 35 - Cozinha, Casa Blundell

Fonte: http://www.archello.com/.

Figura 36 - Cozinha móveis, Casa Blundell

Fonte: http://www.archello.com

O projeto da casa foi premiado por New Zealand institute of Architects e é

referência para o Lifemark1 por ter utilizado os principios universais de

acessibilidade e por ter feito “uma solução totalmente integrada à vida sobre

rodas. A concepção, planejamento, construção e atenção aos detalhes foram

exaustivamente explorados e executados de modo a formar um ambiente

espaçoso, solidária e naturalmente acessíveis” (Studio MWA, 2012).

1 O Lifemark é um selo independente de aprovação da Nova Zelândia para casa com design adaptável e acessível. Com essa certificação pode-se concluir que ser a casa é um lugar que você pode viver por muito tempo, não importa qual seja sua idade, estágio ou habilidade.

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2.1.3 Casa Mill Creek Netzero

A casa Mill Creek Netzero situa-se na cidade Edmonton no Canadá e

destacou-se como um projeto inovador, principalmente na área de

sustentabilidade, por ser capaz de produzir até mais energia do que consome

(Figura 37 e Figura 38). Além disso, Conrad Nobert, co- proprietário da casa,

afirma que o projeto tem a intenção de ser o mais útil possível por toda a vida

dos seus usuários e de suas gerações. Sendo assim, o projeto pode ser

considerado flexível ao prever a evolução das necessidades dos seus

ocupantes.

Figura 37 - Casa Mill Creek Netzero

Fonte:http://greenedmonton.ca/MillCreekNetZeroHome.

Figura 38 - Sala, Casa Netzero

Fonte: http://habitat-studio.com/?project=millcreek-netzero.

Esse conceito de flexibilidade foi empregado no projeto de construção

visto que ele pode estar muito relacionado ao principal conceito da casa, a

sustentabilidade, já que, quanto mais duradouro for o projeto da casa menos

recursos serão utilizados e mais sustentável será a construção.

Essa preocupação da flexibilidade é bastante considerada pelo morador

da casa: Ele afirma:

“Temos um mau hábito na América do Norte de não planejar para o futuro.(...). Derrubar um prédio depois de 30 anos, uma prática que iria chocar a maioria dos europeus, é completamente normal aqui. Precisamos mudar essa mentalidade. Minha esposa e eu provavelmente vamos construir apenas uma casa em nossas vidas. Nós amamos Edmonton e bairro de Mill Creek, por isso queremos ficar aqui no futuro próximo. Nossas circunstâncias de vida certamente irá mudar durante os próximos 50 ou mais anos, por isso estamos construindo uma casa flexível” (NOBERT).

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A casa de Conrad Nobert será utilizada por um casal e dois filhos e conta

com dois pavimentos. No projeto origina,l o primeiro pavimento (Figura 39) é

composto por um hall de entrada, um quarto para visitas, um banheiro, a cozinha

com despensa e a sala de estar e televisão. O acesso pode ocorrer tanto por

uma rampa lateral como pelas escadas na fachada frontal da casa mostrando

assim a preocupação com a acessibilidade da casa.

Além disso, o banheiro é acessível para usuários de cadeira de rodas,

tanto pela mãe do dono da casa necessitar, como para se no futuro algum

usuário da casa necessite. Além disso, foi previsto um quarto para visitas, que

pode ser convertido no futuro para o casal, em um quarto acessível no pavimento

térreo ou também no caso da proposta de uma separação dos dois andares em

casas independentes, como será explicado posteriormente.

Figura 39 - Planta baixa primeiro pavimento, casa Netzero.

Fonte: http://habitat-studio.com/?project=millcreek-netzero.

O segundo pavimento (Figura 40) possui um hall de acesso, a suíte

máster com banheiro e closet, e dois quartos com um banheiro. Atualmente no

segundo andar pelo tamanho da família são necessários 3 quartos, um para o

casal e um para cada um dos filhos.

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Figura 40 - Planta baixa segundo pavimento, casa Netzero

Fonte: http://habitat-studio.com/?project=millcreek-netzero.

A primeira proposta de adaptação do projeto seria a criação de uma

biblioteca no hall de circulação entre os quartos (Figura 41). A outra proposta é

considerar a possibilidade de converter o segundo andar em uma casa

independente já que futuramente a família pode reduzir de tamanho não sendo

necessário tantos quartos, podendo assim utilizar um dos andares da casa como

renda de aluguel (Figura 42).

Para isso, primeiramente, foi pensado na localização da escada que

permite ser isolada posteriormente, depois projetou-se toda a estrutura elétrica

e de canos para cozinhas e banheiros para que fossem previstas também no

segundo pavimento.

A reforma consistiria basicamente em remover a parede entre a biblioteca

e a suíte máster incluindo o closet e o banheiro que já possui toda a encanação

para a cozinha. Para o fogão foi colocado um acionador elétrico no banheiro e

para a máquina de lavar roupa foi colocado a encanação no armário do corredor.

Sendo assim, essa parede foi construída de forma independente das

demais, sendo primeiramente executada a laje em concreto e depois essa

parede foi contruida em drywall.

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42

Figura 41 - Proposta da biblioteca, casa Netzero

Fonte: http://greenedmonton.ca/mcnzh-flex-house-02.

Figura 42 - Proposta do segundo pavimento independente, casa Netzero

Fonte: http://greenedmonton.ca/mcnzh-flex-house-02.

Outros detalhes projetuais foram considerados como o cuidado em

dimensionar e posicionar nas paredes as portas e as janelas. Por fim, apesar da

família não ter carro foi construída uma garagem caso no futuro a família

necessite (Figura 43).

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43

Figura 43 - Planta de implantação, casa Netzero

Fonte: http://habitat-studio.com/?project=millcreek-netzero.

Portanto, o conceito do projeto é de ser uma casa flexível se adaptando

as necessidades da família sendo capaz de modificar os cômodos sem

necessitar de grandes reformas com elevado custo e possibilitando que a casa

seja utilizada pela família por um longo período de vida.

2.2 Estudos de Referências Diretas

Os estudos de referência direta consistiram em visitas a casas

construídas na cidade de Natal/RN que tiveram de alguma forma preocupação

com a aplicação dos conceitos do desenho universal seja pelo cliente necessitar

dessas adaptações ou pelo projeto ter sido elaborado pensando no futuro da

configuração da família.

Dessa forma, primeiramente, foi realizada uma entrevista com o arquiteto

da construção ou da reforma da casa sendo possível identificar as estratégias

projetuais do arquiteto e as necessidades impostas pelos clientes.

Posteriormente foram feitas visitas as casas no qual foi possível levantar

algumas medições e também fotos do local.

2.2.1 Residência Unifamiliar 01

A residência unifamiliar visitada localiza-se na cidade de Natal/RN no

bairro de Candelária no condomínio residencial Green Village (Figura 44). Nela

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habita uma família de seis pessoas sendo um casal de idosos e sua filha com

seu marido e dois filhos, uma menina de 20 anos e um menino de 7 anos.

Figura 44 - Localização, residência 1

Fonte: Google Mapas (2014)

O projeto foi desenvolvido pela arquiteta Silvana Rosado que afirmou, em

entrevista, que fez o projeto atendendo as necessidades da família colocando

como prioridade o conforto. A forma e a função estiveram sempre aliadas as

necessidades da família que tinha como caraterística similar a grande diferença

de idade entre os membros (Figura 45). Para isso algumas medidas projetuais

foram utilizadas para que tanto a criança como os idosos e os adultos tivessem

seus espaços íntimos bem definidos na casa ao mesmo tempo em que

pudessem se integrar.

Figura 45 - Fachada principal, residência 1

Fonte: Acervo próprio (2014)

A casa é considerada de alto padrão e conta com três pavimentos. O

primeiro pavimento (Figura 46) possui uma garagem para dois carros, a cozinha

com área de serviço, dependência de empregada, sala de estar, lavabo, sala de

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jantar, escritório/sala de televisão com banheiro e um terraço voltado para o

jardim.

Figura 46 - Planta Baixa primeiro pavimento, residência 1

Fonte: Elaboração própria (2014).

O segundo pavimento (Figura 47) é a área intima da casa com a suíte

para a criança, uma suíte para a jovem, uma suíte para o casal adulto e uma

suíte para o casal idoso, além de uma sala intima. O último pavimento conta

apenas com um atelier e um solário.

Figura 47 - Planta Baixa segundo pavimento, residência 1

Fonte: Elaboração própria (2014).

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Pode-se destacar desse projeto algumas particularidades. Foi solicitado

pelo cliente idoso que o projeto previsse algumas reformas posteriores em caso

de que ele e sua mulher tivessem mobilidade reduzida quando estivessem mais

velhos. Dessa forma no primeiro pavimento da casa foi colocado o ambiente do

escritório/ sala de televisão (Figura 48) que futuramente pode se tornar a suíte

do casal tendo já previsto a área do banheiro com a inserção do lavabo.

Figura 48 - Escritório, residência 1

Fonte: Acervo próprio (2014).

Além disso foi projetada uma escada (Figura 49 e Figura 50) com jardim

de inverno no qual futuramente poderá ser inserido um elevador panorâmico

para que o casal de idosos tenham livre mobilidade por toda a casa.

Figura 49: Escada e jardim de inverno, residência 1

Fonte: Acervo próprio (2014).

Figura 50: Espaço para elevador

Fonte: Acervo próprio (2014).

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Outras medidas tomadas para permitir a acessibilidade dos idosos em

todos os ambientes foi a adoção de portas largas de 0.80 cm (Figura 51) e

ambientes amplos que permitam o giro completo de uma cadeira de rodas

principalmente no banheiro.

Figura 51 - Portas largas

Fonte: Acervo próprio (2014).

Mais uma observação feita pela arquiteta foi o zoneamento dos quartos

no segundo pavimento. O quarto do casal foi disposto de forma mais isolada do

que as demais suítes para manter uma maior privacidade, conforto e até mais

silêncio para o casal. Sendo assim, foi colocada uma sala íntima (Figura 52)

entre essas duas zonas de quarto.

Figura 52 - Sala intima, residência 1

Fonte: Acervo próprio (2014).

O quarto do casal idoso é bastante amplo e conta com dois banheiros

(Figura 53 e Figura 54). Sendo assim o casal pode ter sua privacidade entre eles

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dois. O quarto conta ainda com uma varanda disposta na fachada do sol da

manhã que permite ao casal um banho de sol.

Figura 53 - Suíte casal, residência 1

Fonte: Acervo próprio (2014).

Figura 54 - Banheiro idoso, residência 1

Fonte: Acervo próprio (2014).

Também levou-se em consideração as escolhas dos materiais, como o

piso antiderrapante no terraço que é um piso mais seguro para todos da família.

Para a criança foi colocado um amplo jardim (Figura 55) que permite as

brincadeiras com os primos, já que o casal de idosos possui um outro filho que

tem mais dois filhos homens, um de 5 anos e um de 1 ano. Sendo assim a casa

possui também tela nas janelas e guarda-corpo na varanda na altura de 1,20 m

para evitar acidentes.

Figura 55 - Jardim, residência 1

Fonte: Acervo próprio (2014).

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Dessa forma, pode-se afirmar que algumas medidas projetuais tomadas

foram importantes para atender as necessidades de toda a família sem deixar

de lado aspectos estéticos ou de conforto da família.

4.2.2 Residência Unifamiliar 2

A casa na qual foi realizado o segundo estudo de referência direto está

localizada na cidade de Natal/RN no condomínio Padre Monte (Figura 56). A

casa é de uma família de quatro pessoas sendo um casal com dois filhos, uma

menina de 12 anos e um menino de 10 anos.

Figura 56 - Fachada principal, residência 2

Fonte: Acervo próprio (2014).

A casa foi construída há alguns anos, mas precisou de uma reforma

quando o pai passou a necessitar de uma cadeira de rodas para se locomover.

Sendo assim as arquitetas, Paula Duarte e Ana Emilia, desenvolveram um

projeto de reforma que segundo a arquiteta Paula Duarte teve como principal

objetivo possibilitar que o homem se locomovesse de forma independente na

maioria dos cômodos da casa de reforma confortável e também discreta.

Sendo assim, o projeto original foi feito em um terreno com área total de

quase 400 m² sendo de área construída aproximadamente 260 m². No primeiro

pavimento (Figura 57) foi projetada uma ampla sala de estar e televisão, toda a

área de serviço da casa e também um quarto para hospedes. Já no segundo

pavimento (Figura 58) está toda a área intima da casa.

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Figura 57 - Planta baixa primeiro pavimento, residência 1

Fonte: Fornecido por Duarte e adaptação própria.

Figura 58 - Planta baixa segundo pavimento, residência 2

Fonte: Fornecido por Duarte e adaptação própria.

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Para a reforma da residência no primeiro pavimento não foram feitas

adaptações já que a varanda, a sala de jantar e estar já eram bem amplos não

necessitando maiores modificações. A maior mudança ocorreu na configuração

do layout (Figura 59). Foram retirados alguns móveis para que a circulação de

0,90 cm fosse sempre possível.

Para que fosse o possível o acesso ao primeiro pavimento, foi inserida

uma plataforma vertical na área que antes era um jardim de inverno. A plataforma

escolhida é em vidro compondo o ambiente da sala de forma discreta (Figura

60).

Figura 59 - Sala, residência 2

Fonte: Acervo próprio (2014).

Figura 60 - Plataforma elevatória, residência 2

Fonte: Acervo próprio (2014).

Já no segundo pavimento, foram necessárias reformas maiores (Figura

61). A suíte master, no projeto original, era composta de um closet, um banheiro

e uma varanda. Para que o cliente pudesse se locomover de forma mais fácil, a

varanda foi retirada e nela foi criado um closet, e na área do closet foi feita a

ampliação do banheiro (Figura 62).

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Figura 61 - Planta baixa de reforma, residência 2

Fonte: Fornecido por Duarte.

Figura 62 - Planta baixa pós reforma

Fonte: Fornecido por Duarte.

Dessa forma o banheiro agora é mais amplo, para que a área de banho

fosse adequada para o cliente. Na primeira área, o cliente pode fazer o giro

completo e utilizar de um chuveiro que foi adicionado (Figura 63 e Figura 64). No

banheiro, ele utiliza de uma cadeira adequada para o banheiro que permite a

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utilização do chuveiro e do vaso sanitário que foi trocado para que fosse

adequado para a altura da cadeira. Sendo assim, não foram colocadas barras

de apoio porque o cliente ainda não sentiu necessidade.

Figura 63 - Banheiro suíte casal, residência 2

Fonte: Acervo próprio (2014).

Figura 64: Área do chuveiro, residência 2

Fonte: Acervo próprio (2014).

Foram ainda trocadas todas as bancadas sendo colocadas na altura de

0,90 m que era uma altura adequada para o cliente (Figura 65). No closet, os

armários também possuem altura adequada para que o cliente possa se trocar

sozinho.

Figura 65 - Bancadas banheiro, residência 2

Fonte: Acervo próprio (2014).

As portas também foram modificadas sendo agora de 0,90 cm, permitindo

que a cadeira passe com facilidade.

Portanto, conclui-se que a adaptação da casa para o cliente ocorreu

atendendo as necessidades do usuário de cadeira de rodas sem deixar de lado

o conforto e alguns aspectos estéticos do projeto.

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3 Concebendo o projeto

3.1 Recomendações

Ao explanar os conceitos de habitação intergeracional e desenho

universal fica claro que um interfere notadamente no outro. Para que a habitação

intergeracional seja adequada, confortável e acessível para todos os usuários,

deve-se aplicar os princípios do desenho universal que tornam a casa universal

para qualquer usuário.

Além das recomendações do Desenho Universal outros instrumentos

devem auxiliar no dimensionamento adequado dos ambientes. Nesse trabalho

optou-se por separar dois tipos de dimensionamento tanto para fins didáticos

para como melhor entendimento das recomendações dividindo o

dimensionamento espacial do dimensionamento físico.

Considerou-se dimensionamento espacial as distâncias e alturas do

mobiliário, as áreas de circulação, e outros cuidados necessários para projetar

uma casa acessível. Já o dimensionamento dos ambientes físicos, consiste em

projetar uma residência levando em consideração as áreas mínimas de cada

ambiente, o pé direito mínimo, dentre outros aspectos que possibilitem o conforto

dos usuários.

Dessa forma, serão explicados posteriormente as principais

recomendações compiladas para esse tipo de projeto.

3.1.1 Dimensionamento espacial

O dimensionamento espacial consiste em alturas de móveis, distâncias

de circulação e de mobiliário e algumas recomendações de tipos de materiais e

objetos que devem ser utilizados para projetar uma casa acessível e universal.

Primeiramente, pode-se destacar os estudos antropométricos e

ergonômicos, já que no processo de projeto de arquitetura é fundamental

conhecer as medidas humanas para dimensionar o espaço, e o arranjo dos

mobiliários, além de possibilitar o cálculo da área necessária para o alcance e

possibilidade de manipulação, uso ou acionamento de um objeto.

Desta forma, é essencial o estudo da antropometria, palavra de origem

grega que vem do anthropo que identifica “homem” e metry que significa

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“medida” (Círico, p.32, 2001). Sendo assim, a antropometria é a ciência que

estuda as medidas do corpo humano determinando as diferenças e variações

que podem ocorrer pela idade, pelo sexo e pela raça (Canepa, p. 140, 2011).

A antropometria compõe junto com outras áreas de conhecimento como

a biomecânica, fisiologia, psicologia, toxicologia, engenharia mecânica, desenho

industrial, eletrônica, informática e gerência industrial a Ergonomia. (Dul e

Weerdmeester).

O termo ergonomia é derivado das palavras gregas ergon (trabalho) e

nomos (regras) sendo considerada uma ciência aplicada ao projeto de

máquinas, equipamentos, sistemas e tarefas, com o objetivo de melhorar a

segurança, saúde, conforto e eficiência no trabalho. (Dul e Weerdmeester).

Aplicar a ergonomia significa considerar que os objetos e os

equipamentos devem ser projetados para o uso coletivo. Portanto, ao estudar a

antropometria e a ergonomia o arquiteto pode realizar um projeto de forma mais

racional e funcional ao considerar as medidas antropométricas como essenciais

para a definição do projeto.

Os estudos relacionados às medidas antropométricas começam a se

manifestar desde as civilizações egípcias, mas é no período renascentista que

vamos encontrar o Canône de Proporções Anatômicas (Figura 66) desenvolvido

por Leonardo da Vinci, que influenciou Jean Cousin a publicar o tratado das

proporções do corpo humano.” (Círico, p. 32, 2001).

Figura 66 - Canône de Proporções Anatômicas

Fonte:http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.042/642.

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Alguns estudos se destacaram-se nas teorias da antropometria moderna

como Zeising (1810-1876) com a secçio aurea, ou “Módulo harmônico do corpo

humano” e também o arquiteto Le Corbusier(1887-1965) que estabelece o seu

“Modulor” (Figura 67) com dimensões para a escala humana, aplicável

universalmente na arquitetura.(Lopes Filho;Silva, 2003)

Figura 67 - Modulor

Fonte:http://work.popperschule.at/projekte/wahrnehmung/daten/index.php?id=211

Na década de 60 surgiram novos estudos baseados nas medidas

antropométricas que visam mostrar que os homens não são todos iguais,

existem variantes como sexo, idade e a capacidade das pessoas, ou seja,

passam a ser estudas as medidas antropométricas de pessoas portadoras de

alguma deficiência. Nesse contexto, destaca-se Selwyn Goldsmith autor de

Designing for the Disabled (1963), que fornece orientações sobre o acesso de

pessoas com deficiência às instalações e edifícios.Como afirma Lopes Filho:

“a pessoa adulta em cadeira de rodas passa a figurar nos manuais de antropometria (...) os objetos, as dimensões nas edificações, e o mundo, também poderiam a ser vistos, tendo por base a realidade do homem em uma cadeira de rodas, as suas possibilidades de alcance e uso do meio onde vive.” (LOPES FILHO;SILVA, 2003).

Já na década de 80, o “Human Scale” (Figura 68), de H. Dreyfuss,

acrescenta a criança nos estudos antropométricos levando ainda em

consideração a criança com cadeira de rodas.

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Figura 68 - Human Scale

Fonte:http://2.bp.blogspot.com/-skjx9Z-kcCw/TadgNiaV0pI/AAAAAAAABcA/DnOSByZ8VK4/s1600/human_factors.jpg

.

O estudo antropométrico para o dimensionamento espacial dos ambientes

começa a se inserir na arquitetura inclusiva. Ao pensar nas necessidades

funcionais de um maior número de pessoas, mais inclusiva será a arquitetura.

É importante ainda destacar que os dados antropométricos, segundo

Lopes Filho (2003), “devem refletir e basear-se nos dados médios da população

e apresentar critérios que atendam o uso do maior número possível de pessoas”.

Por isso, deve-se utilizar como base para o desenvolvimento desse trabalho as

recomendações da Norma Brasileira de Acessibilidade, NBR 9050, que define

os parâmetros antropométricos do homem que devem ser levados em

consideração para o projeto.

A norma afirma que para essa definição de medidas foi considerada as

medidas entre 5% a 95% da população brasileira, ou seja, os extremos

correspondentes a mulheres de baixa estatura e homens de estatura elevada.

As dimensões estão presentes no decorrer de grande parte da norma,

destaca-se aqui as mais importantes para a definição do projeto como as

medidas de homem que necessita de uma bengala, um andador, apoio ou cão

guia (Figura 69).

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Figura 69 - Dimensões para deslocamento da pessoa em pé

Fonte: NBR 9050.

É ainda importante destacar as dimensões referenciais para cadeiras de

rodas manuais ou motorizadas no qual foi estabelecido pela norma um módulo

de referência a projeção de 0,80 m por 1,20 m no piso. Além disso, são

recomendadas as passagens mínimas necessárias para locomoção, da cadeira

e as medidas e os ângulos de manobras (Figura 70).

Figura 70 - Dimensões para deslocamento da pessoa em cadeira de rodas

Fonte: NBR 9050.

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Por fim, é importante destacar os alcances visuais definidos para uma

pessoa em pé, sentada, ou na cadeira de rodas, além de mostrar as medidas

para áreas de trabalho, mesas e alcances de uma pessoa com cadeira de rodas

(Figura 71).

Figura 71: Alcance manual e ângulo de visão

Fonte: NBR 9050

Além dos estudos antropométricos e ergonômicos para o

dimensionamento espacial, pode-se levar em consideração as recomendações

do Manual Desenho Universal para a habitação Social (São Paulo, 2010), o

Manual de Recomendações Casa mais segura que reforçam os princípios do

desenho universal e as recomendações da NBR 9050 e também acrescentam

algumas considerações mais práticas como materiais e objetos que devem ser

utilizados.

O Manual do Desenho Universal para a habitação Social, por exemplo,

lista algumas medidas que tornam o projeto da residência um projeto que vai

além de uma casa acessível (Figura 72 e Figura 73). Para isso deve-se:

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“adequar vãos de portas e largura dos corredores ; correta solução de abertura de portas e janelas; facilidade de manobra e acesso às janelas em todos os ambientes, a partir do módulo de referência; soluções adequadas para ventilação; correta intercomunicação entre ambientes e locação dos pontos de comando (alturas apropriadas para todos os usuários); instalação de interruptores paralelos e/ou intermediários para quartos e corredores; pontos para instalação de campainhas com sinais sonoros e/ou luminosos; reserva de área para instalação de elevadores ou plataformas; adequação na altura de visibilidade nas áreas de estar; instalação de revestimentos antiderrapantes; especificação de metais sanitários adequados; e instalação de bancadas nas áreas molhadas” (SÃO PAULO, 2010).

Figura 72 - Dimensões de portas e circulação

Fonte: SÃO PAULO, 2010.

Figura 73 - Áreas de manobra

Fonte: SÃO PAULO, 2010.

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Já o Manual da Casa mais Segura descreve recomendações para a

prevenção de acidentes domésticos principalmente com crianças e idosos. Esse

manual foi criado pela Associação Médica Brasileira2 em 2000 e é intitulado Casa

mais Segura ,abrindo as portas para a segurança. O projeto foi idealizado pelo

Dr. Rogério de Toledo Júnior e traz em um Manual recomendações e cuidados

para pessoas leigas os profissionais.

Essas recomendações foram baseadas em estudos das maiores

ocorrências de acidentes registrados pelo sistema VIVA, pelo resgate (SAMU) e

OMS além de diversas estáticas e estudos em hospitais.

Dentre as principais recomendações para os ambientes em geral da casa

podemos destacar:

1. Proteger janelas com grade de proteção;

2. Cuidado com piso molhado, escorregadio, quebrados ou soltos;

3. Tapetes antiderrapantes ou fixados no chão, sem bordas reviradas;

4. As tomadas elétricas devem ter proteção;

5. Os acessos à escada e à cozinha devem, preferencialmente, ser

protegidos com portões;

6. Nunca manter móvel (mesa, cadeira, sofá, banco) embaixo da janela

7. Caso seja possível, ter um extintor de incêndio sempre pronto para uso e

em local acessível;

8. Aconselha-se que as escadas possuam corrimão, piso antiderrapante e

sejam bem iluminadas. Se possível, destacar com fitas ou cor diferente as

bordas dos degraus. Além disso, deve ser bem nivelada e não pode

possuir vãos;

O Manual estabelece ainda alguns cuidados por ambiente da casa. Na

cozinha, pode-se destacar a utilização de prateleiras altas para produtos de

limpeza, inseticidas; o forno elétrico ou micro-ondas fora do alcance da criança,

bordas da mesa e outros móveis arredondadas.

No quarto do casal, nunca deixar móveis embaixo da janela, evitar o uso

de cortinas com cordão/puxador e evitar tapetes escorregadios ao lado ou no pé

2 A Associação Médica Brasileira é uma sociedade fundada em 1951 sem fins lucrativos, fundada com o objetivo de defender a dignidade do médico e dar assistência a qualidade e a saúde da população brasileira.

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da cama. Já nos quartos das crianças, guardar brinquedos em caixas ou local

que possa ser fechado, não manter móveis perto da janela e preferir camas a

beliches. No quarto do bebê, os berços devem ter um espaço pequeno entre as

grades, de forma a não possibilitar a passagem da cabeça, braços ou pés do

bebê e também se deve tomar cuidado com os objetos ao redor do berço e

verificar se não há possibilidade do bebê alcançá-los.

No banheiro, os cuidados são tantos para idosos, como para crianças e

bebês, deve-se inserir película protetora no box de vidro ou trocá-lo por cortina;

a fechadura deve ser com chave de emergência, não se deve usar piso

escorregadio, e se deve utilizar suportes de apoio no box e vaso sanitário.

Nas salas e na varanda, destaca-se que não se deve utilizar mesas de

centro – principalmente quando as bordas são pontiagudas –, sendo mais

adequado guardar garrafas de bebidas em prateleira alta e fixar bem a televisão

ou manter em móvel alto, nunca deixar sofá embaixo da janela e manter a

iluminação do espaço forte e de fácil acessibilidade.

Por fim, utiliza-se como referência de produtos o Catálogo do Produto

Inclusivo que dispõe de maçanetas, torneiras, pias, mesas, que se adéquam ao

padrão do design universal (Figura 74).

Figura 74 - Catálogo do Produto Inclusivo

Fonte: IBDA (2009)

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63

Portanto, baseado nessas recomendações e normas pode-se

dimensionar de forma adequadas as dimensões espaciais do projeto.

3.1.2 Dimensionamento físico dos ambientes

O dimensionamento físico dos ambientes deve ser feito seguindo as

normas e diretrizes contidas no Código de Obras da Cidade e a Norma de

Acessibilidade Brasileira, NBR 9050, que determinam não só os

dimensionamentos mínimos dos ambientes para uma residência como também

recomendam soluções projetuais para portadores de necessidades especiais e

pessoas com mobilidade reduzida.

Destaca-se, inicialmente, a Lei Complementar nº055/00, que institui o

Código de Obras e Edificações do Município de Natal, estabelecendo no Capitulo

Ill da Classificação e do dimensionamento dos compartimentos no Artigo 139

que “todo compartimento da edificação deve ter dimensões e formas adequadas

de modo a proporcionar condições de higiene, salubridade e conforto ambiental

condizentes com a sua função e habitabilidade”.

Já no Artigo 140, é definido que os compartimentos da edificação podem

ser classificados em três quesitos de acordo com o seu tempo de permanência.

O primeiro quesito são os ambientes de uso prolongado, que são aqueles que

abrigam a função de dormir ou repousar, trabalhar, comercializar, estar, ensinar,

estudar, consumir alimentos, reunir, recrear e tratar ou recuperar a saúde.

O segundo são aqueles ambientes de uso transitório, ou seja, são aqueles

que abrigam as funções de higiene pessoal, de guarda e de troca de roupas, de

circulação e de acesso de pessoas, de preparação de alimentos, de serviços de

limpeza e de manutenção e depósito.

Por fim, existem os de uso especial, sendo estes aqueles que possuem

características próprias e peculiares, que não se aplicam no caso do projeto de

uma residência.

Nesse mesmo capítulo, são estabelecidos os dimensionamentos mínimos

de cada compartimento de uma edificação com suas áreas mínimas e o pé direito

mínimo (Tabela 2 - Área mínima dos ambientesTabela 2). Além de determinar,

no artigo 146,. que uma unidade residencial deve ter a área mínima de 30 m²

com o mínimo de um banheiro.

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Tabela 2 - Área mínima dos ambientes

Fonte: Código de Obras de Natal.

Já a NBR 9050, apresenta em todas as suas páginas recomendações de

acessibilidade que são fundamentais para a concepção do projeto, inclusive,

podemos destacar algumas que estabelecem parâmetros essências para o

dimensionamento físico da habitação.

De acordo com a norma, os corredores devem ser uma área livre de

barreiras e obstáculos, sendo sua largura mínima de 0,90 m para aqueles com

extensão de até 4 m e de 1,20 m para aqueles com extensão de até 10 m. As

portas devem ter um vão mínimo de 0,80 m e altura mínima de 2,10 m, devendo

ter condições de ser aberta com um único movimento na maçaneta, que deve

ser do tipo alavanca e instalada a altura entre 0,90 m e 1,10 m (Figura 75).

Figura 75 - Dimensionamento de portas

Fonte: NBR 9050

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As janelas devem ter alturas de acordo com o alcance visual do usuário,

que é estabelecido nos parâmetros antropométricos do homem que está

disponível na própria norma como foi explicado anteriormente.

Com relação aos banheiros, são estabelecidos as aturas adequadas das

barras de apoio, do sanitário, da bancada, do espelho, da saboneteira, além de

dizer as dimensões mínimas de um banheiro, da área de box e as áreas de

manobras adequadas (Figura 76 e Figura 77).

Figura 76 - Dimensionamento do banheiro

Fonte: NBR 9050

Figura 77 - Dimensionamento do banheiro

Fonte: NBR 9050

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Ao falar sobre locais de hospedagem como hotéis, motéis e pousadas, a

NBR recomenda algumas dimensões para os quartos e a cozinha que devem

sempre ter uma faixa livre mínima de circulação interna de 0,90 m de largura

permitindo as áreas de manobras para o acesso ao sanitário, cama, armários,

bancadas e mesas (Figura 78).

Figura 78 - Dimensionamento do quarto e cozinha

Fonte: NBR 9050

Por fim, pode-se destacar algumas recomendações para os elementos da

vegetação que não devem interferir na faixa livre de circulação e não se deve

utilizar plantas com espinhos, produtoras de substâncias tóxicas; invasivas com

manutenção constante; que desprendam muitas folhas, flores, frutos ou

substâncias que tornem o piso escorregadio; cujas raízes possam danificar o

pavimento.

3.2 O terreno

A proposta projetual de desenvolver uma residência unifamiliar acessível,

flexível e adaptável será desenvolvida em um terreno com inclinação acentuada

partindo do princípio que esta seria a condição mais difícil de desenvolver um

projeto desse tipo, tornando-se um desafio para o projeto.

Para desenvolver o projeto, foram analisados os condicionantes físicos,

legais e ambientais do terreno

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3.2.1 Condicionantes físicos

O terreno escolhido se situa na cidade de Natal/RN, no bairro de Ponta

Negra, já que esta é uma área propícia para o projeto por possui declives

acentuados, principalmente na área de grande potencial visual do bairro,

próximo à praia.

O bairro de Ponta Negra (Figura 79) é localizado na Região Administrativa

Sul da cidade de Natal, tendo uma área de 707,16 hectares e, limita-se a norte

com o bairro de Capim Macio e o Parque das Dunas, a sul com o município de

Parnamirim, a leste com o Oceano Atlântico e a oeste com o bairro de Neópolis.

Figura 79 - Localização do Bairro de Ponta Negra

Fonte: Elaborado pela autora a partir de Natal (2009).

O bairro se caracteriza principalmente pelo seu potencial turístico, tendo

como principal atrativo visuais para o mar e para um dos principais pontos

turístico da cidade, o morro do careca (Figura 80). Dessa forma, nessa área

estão localizados grandes hotéis, pousadas e restaurantes (Figura 81).

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Figura 80 - Ponta Negra

Fonte: http://meucadernodeviagem.wordpress.com

Figura 81 - Restaurante Camarões

Fonte: Acervo próprio (2014).

Na Avenida Engenheiro Roberto Freire, via estrutural do bairro, por sua

vez, localizam-se grandes shoppings (Figura 82), supermercados (Figura 83),

bancos e farmácias (Figura 84). Além disso, a área possui ainda muitos edifícios

residenciais (Figura 85) e flats que podem usufruir de toda uma infraestrutura e

grande acessibilidade do bairro.

Figura 82 - Praia Shopping, Av. Eng. Roberto Freire

Fonte: Acervo próprio (2014).

Figura 83 - Supermercado Extra, Av. Eng. Roberto Freire

Fonte: Acervo próprio (2014).

Figura 84 - Farmácia, Av. Eng. Roberto Freire

Fonte: Acervo próprio (2014).

Figura 85 - Prédios, Av. Eng. Roberto Freire

Fonte: http://viagemsolo.blogspot.com.br/

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A concentração de residências ocorre principalmente em vias de menor

tráfego perpendiculares a Avenida Engenheiro Roberto Freire, seja na parte leste

ou na oeste da avenida.

Para obter melhores visuais da praia e, como se necessitava de um

terreno com inclinação considerável, optou-se pela escolha de um terreno na

parte leste da avenida. Nessa área, estão localizadas algumas residências de

dimensão e padrão semelhante ao do projeto, o que facilitou na escolha da área

(Figura 86).

Figura 86 - Localização do terreno e das residências

Fonte: Elaboração própria (2014).

O terreno localiza-se em um lote de meio de quadra entre as Ruas Hélio

Galvão e Pedro Fonseca Café Filho e as ruas Skal e Moacir da Cunha Melo

sendo estas duas últimas perpendiculares a Avenida Engenheiro Roberto Freire

(Figura 87).

Sua área total é de 1.410 m², tendo como testada frontal e posterior de 30

metros e medidas laterais de 47 m² aproximadamente (Figura 87).

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Figura 87 - Localização do terreno e detalhe

Fonte: Elaboração própria (2014).

O desnível do terreno é bastante acentuado totalizando uma diferença de

nível de 8 metros fator que deverá ser utilizado como partido projetual (Figura

88).

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71

Figura 88 - Inclinação do terreno

Fonte: Elaboração própria (2014).

Por fim, destaca-se que sua principal visual está na direção leste do

terreno que é a praia de Ponta Negra tendo a visualização do Morro do Careca

(Figura 89) fator que será determinante para a concepção do projeto.

Figura 89 - Visual do terreno, Rua Hélio Galvão

Fonte: Acervo próprio (2014).

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72

3.2.2 Condicionantes ambientais

Para estudar as condições ambientais do terreno para o desenvolvimento

do projeto, foram levadas em consideração a ventilação, a incidência solar e a

vegetação do terreno.

A cidade de Natal, de acordo com o Zoneamento Bioclimático Brasileiro

(ABNT, 2003, p. 3) está localizada na Zona 08 que possui o clima quente e úmido

(Figura 90). Dessa forma devem ser utilizadas como estratégias projetuais

grandes e sombreadas aberturas e vedações, paredes e coberturas, leves e

refletoras.

Figura 90 - Zoneamento Bioclimático Brasileiro

Fonte: NBR 15220, 2003

Com relação a direção dos ventos e a incidência solar foram inseridas a

carta solar de Natal e a rosa dos ventos para a cidade, tomando assim

conhecimento da direção dos ventos predominantes e de como o sol incide no

terreno (Figura 91).

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Figura 91 - Ventos e trajetória solar no terreno

Fonte: Elaboração própria (2014).

O entorno também influencia nesses fatores principalmente em relação a

sombras e ventilação. Porém como existe um grande terreno vazio na frente e

as edificações são todas de apenas 1 ou 2 pavimentos, o entorno acaba por não

influenciar diretamente nesse terreno.

Com relação a vegetação encontrada na área, como o terreno se encontra

atualmente vazio e cercado, apresentando no seu interior uma vegetação de

pequeno e médio porte desordenada e abandonada, e por isso, não será levada

em consideração para o projeto (Figura 92).

Figura 92 - Vegetação no terreno

Fonte: Acervo próprio (2014).

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3.2.3 Condicionantes legais

O bairro de Ponta Negra possui algumas peculiaridades quanto a

legislação incidente no âmbito municipal e regional (Figura 93). Destaca-se entre

eles Zonas de Proteção Ambiental (ZPA), Área Especial de Interesse

Social(AEIS), Zona Especial Turística (ZET) e Área non Edificanti.

Figura 93 - Bairro de Ponta Negra, Legislação Urbanística e Ambiental

Fonte: Natal, 2009.

O estudo de todas essas zonas foi fundamental para a escolha do terreno.

Após a leitura da legislação incidente, definiu-se que o terreno não poderia estar

situado nem nas Zonas de Proteção Ambiental, nem na área de interesse social,

mas entendê-los é importante, não só para destacar a legislação incidente, como

também para sua importância e relevância para o bairro.

Primeiramente, destaca-se a presença de duas Zonas de Proteção

Ambiental, a ZPA 05 e a ZPA 06. Esse Zoneamento Ambiental caracteriza áreas

com potencial físico e paisagístico que necessitam ser preservados e/ou

recuperados. Dessa forma, são instituídas regulamentações que “restringem o

uso e ocupação do solo urbano, visando a proteção, manutenção e recuperação

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75

dos aspectos paisagísticos, históricos, arqueológicos e científicos” (Manual de

Zoneamento Ambiental, SEMURB).

A ZPA-05 consiste na associação de Dunas e Lagoas do bairro de Ponta

Negra, conhecida como Região de Lagoinha. É uma área com vegetação com

espécies predominantes de formação de tabuleiro litorâneo e espécies Mata

Atlântica.

Já a ZPA-06 é chamada de Morro do Careca e dunas associadas que é

considerado um recanto natural de notável beleza por seus aspectos

panorâmicos, florísticos, paisagísticos, de interesse cultural, recreativo e

turístico.

Essas ZPA’s são regulamentadas pela Lei Nº 5.565, de 21 de junho de

2004 e pela Lei Complementar Nº. 08 2 de 21 de junho, respectivamente, com o

objetivo de definir o uso do solo, os limites de subzonas e prescrições

urbanísticas dessa área. Como os terrenos escolhidos não localizam-se

diretamente nas ZPA’s não serão definidos maiores detalhes dobre essa

legislação mas frisa-se apenas a importância dessas Zonas e sua proximidade

com a área de estudo.

Logo ao lado da ZPA 06 está a AEIS da Vila de Ponta Negra que, de

acordo com o Plano Diretor de Natal, é uma área que “se configura a partir da

dimensão socioeconômicas e cultural da população com renda familiar

predominante de até 3 (três) salários mínimos”. Ela é regulamentada pelo

Decreto nº 8.090, de 28 de dezembro de 2006 que dispõe sobre o licenciamento

de empreendimentos na proximidade do Morro do Careca e da Vila de Ponta

Negra (Figura 94).

Figura 94 - ZPA 06

Fonte: Rio Grande do Norte, 2011.

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76

Já com relação a Zona Especial Turística 01 (Figura 95), na qual o terreno

está inserido, foi uma área regulamentada pela Lei nº 3.607 de 18 de novembro

de 1987 e depois revisada pela da Lei Complementar 082/2007. Essa Lei tem

como objetivo “regulamentar o uso do solo e prescrições urbanísticas (...)

visando à proteção cênico-paisagística da enseada de Ponta Negra e Morro do

Careca”.

Figura 95 - ZET 01

Fonte: Natal, 2009.

Sendo assim, o art 4º desta lei estabelece um subzoneamento da ZET 01

(Figura 96), no qual para cada subárea ficam definidos diretrizes de uso e

ocupação do solo.

Figura 96 - Subzoneamento ZET 01

Fonte: Natal, 2009.

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77

Na subzona 1, é permitido a construção de usos residenciais e não

residenciais, de acordo com prescrições urbanísticas próprias. Já na subzona 2

será permitido a implantação de equipamento ou projeto de interesse de uso

público. Na subzona 3, área non edificanti, não poderão ser feitos projetos de

uso residenciais, e na subzona 4 será implantado equipamento de uso público

(mirante) e permitido usos compatíveis com os mesmos.

Sendo assim, a subzona 1 é a única propícia ao desenvolvimento de

projetos residenciais e é nesta área que o terreno se insere. Dessa forma,

destaca-se desta lei apenas os pontos relevantes para esse projeto.

No art 4º §1º, fica determinado que o lote mínimo para as 1 com uso

residencial e não residencial é de 360 m2 (trezentos e sessenta metros

quadrados) de área e testada frontal de 12 metros.

Já no §2º do mesmo artigo, são definidas as prescrições urbanísticas

contidas no Quadro I do Anexo II que define que o coeficiente de aproveitamento

é de 1,0 e a taxa de ocupação é de 50%. Com relação ao gabarito máximo

permitido, será de 2 pavimentos ou 7,50 metros medidos a qualquer ponto de

terreno (Figura 97).

Figura 97 - Quadro de Prescrições Urbanísticas

Fonte: Natal, 2009.

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3.3 Programa de necessidades e pré dimensionamento

Para o início da formação do programa de necessidades, partiu-se do

estudo do perfil dos usuários da residência unifamiliar intergeracional. Sendo

assim, como já foi destacado anteriormente, a família intergeracional será

composta de cincos membros, cada um em uma geração diferente, que seguirão

com seu ciclo de vida e o projeto da residência será adaptável e flexível para as

configurações da família que foram supostas.

Considerou-se que a família será composta de cincos membros, um idoso

com cadeira de rodas (1) e um casal adulto (2 e 3) que tem dois filhos, um menino

de 4 anos (4) e uma menina recém nascida (5). Para cada membro da família,

foi estudado a sua fase de vida, ou seja, a evolução do mesmo com o passar

dos anos (Figura 98).

Figura 98 - Fases de vida

Fonte: Elaboração própria (2014).

Hipoteticamente, podemos pensar que o idoso será sempre uma pessoa

com cadeira de rodas. A mãe, por sua vez, avançará sua idade adulta até que

se torne uma idosa com mobilidade reduzida. O pai, prosseguirá na sua vida

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para um idoso com mobilidade reduzida e posteriormente uma pessoa com

cadeira de rodas. O menino, que incialmente é uma criança de 4 anos, ficará

mais velho, se tornando um jovem, e depois um adulto, que se casará e terá

outros filhos. Ao formar outra família, ele irá se mudar de casa mas será

considerado que seus filhos frequentarão a casa dos avôs. O mesmo ciclo de

vida será considerado para a menina, tendo apenas como diferença que

inicialmente ela será um bebê.

Posteriormente, foi definido as necessidades especificas de cada membro

da família de acordo com sua fase de vida. Este foi feito com base nas

referências diretas e indiretas de estudos e após o estudo das recomendações

básicas. Acrescido a isso, foram estudados no capítulo 1 os principais princípios

e teorias que definem os determinantes de como cada ambiente da casa é

importante para uma determinada fase de vida.

Na fase seguinte, elaborou-se um quadro de acordo com a idade dos

membros. Considerou-se todas as faixas etárias da vida do ser humano. Primeiro

estão os bebês e as crianças (1), segundo os jovens (2), terceiro os adultos (3)

e em quarto os idosos (4) com mobilidade reduzidas e com cadeiras de rodas.

Figura 99 - Faixas etárias

Fonte: Elaboração própria (2014).

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Para os bebês e as crianças foram definidos como espaço fundamental

ambientes seguros e de recreação. Serão previstos então uma brinquedoteca e

um jardim e uma piscina.

No caso dos jovens, foi definido que é necessário um quarto individual

para cada, já que como foi citado por Sebba e Churchmann no capítulo 1, este

é um ambiente considerado como território primário para adolescentes e idosos.

Já para os adultos, será previsto um escritório que possibilite o trabalho

na residência quando necessário. Por fim, estão os idosos que foi pensado em

quartos amplos, acessibilidade e segurança em todos os ambientes da

residência. Além disso, foram pensados em três espaços de lazer a academia e

a área de piscina onde seria possível a hidroginástica e o jardim.

Após essa definição, fez-se necessário estabelecer como esses

ambientes irão se adaptar de acordo com a configuração familiar, ou seja,

partindo da família base de cinco membros considerou-se a evolução de cada

um com o passar dos anos. Sendo assim, foram estabelecidas cinco

configurações familiares.

Figura 100 - Configuração familiar

Fonte: Elaboração própria (2014).

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• Configuração 1: Um idoso com cadeira de rodas e um casal com

um menino de aproximadamente 4 anos e uma menina recém

nascida.

• Configuração 2: Família com um idoso com cadeira de rodas mas

com um casal que tem agora dois filhos na idade de uma criança.

• Configuração 3: Família com um idoso com cadeira de rodas sendo

agora um casal com dois filhos jovens.

• Configuração 4: Casal adulto na fase mais idosa com mobilidade

reduzida e os filhos do casal sairão de casa, formarão uma outra

família não habitando mais na casa.

• Configuração 5: O idoso com cadeira de rodas não habita mais na

casa e o homem do casal será uma pessoa com cadeira de rodas

enquanto sua mulher continuará com mobilidade reduzida.

Com o intuito de enriquecer ainda mais o trabalho, e após estudar as

soluções de estrutura para o projeto, resolveu-se adicionar três novas

configurações familiares que mostrariam que a casa pode ser ainda construída

em diferentes fases aplicando o princípio da ampliabilidade e da junção e

desmembramento explicados no capítulo do sistema estrutural.

Nesse sentido, foram acrescentadas as seguintes configurações:

• Configuração 0: o casal habita sozinho a casa por não possuir

ainda filhos;

• Configuração 0.1: Se forma quando casal tem o seu primeiro filho

• Configuração 4.1: Casal adulto na fase mais idosa com mobilidade

reduzida e os filhos do casal se casarão e poderão habitar na

mesma casa mas de forma independente.

Portanto, a configuração familiar final possui 8 tipos diferentes que serão

trabalhados para a definição do projeto (Figura 101).

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Figura 101 - Configuração Familiar Final

Fonte: Elaboração própria (2014).

Nessas configurações familiares, alguns ambientes serão necessários e

outros dispensáveis, ocorrendo isso de forma mais clara na área intima da casa.

Estabeleceu-se assim no pré-dimensionamento que esses ambientes serão

flexíveis se adaptando de acordo com a necessidade da configuração familiar.

Por fim, foram colocados os ambientes fundamentais de uma residência

unifamiliar sendo zoneados em três partes, área intima, área social e área de

serviço. Na área intima estão os quartos, banheiro, closet, brinquedoteca, estar

íntimo, atelier e escritório. Na área social as salas, a varanda o jardim e o lavabo

e na área de serviço a cozinha, garagem, área de serviço, dependência e

banheiro de empregada.

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Para pré dimensionar todos os ambientes foi utilizado como área mínima

a estabelecida pela Código de Obras de Natal e as áreas dos estudos de

referências principalmente direto, chegando assim numa área adequada para o

pré dimensionamento do projeto.

ÁREA INTIMA

AMBIENTE ÁREA MÍNIMA ÁREA DE ESTUDOS

ÁREA

QUARTO IDOSO 8 m² 12- 30 m² 20 m² BWC IDOSO 2,4 m² 5 m² 5 m²

CLOSET IDOSO 2,5 m² 2,5 m² QUARTO CASAL 8 m² 12- 30 m² 20 m²

BWC CASAL 2,4 m² 5 m² 5 m² CLOSET CASAL 10 m² 10 m²

QUARTO CRIANÇA/BEBE/

JOVEM 8 m² 12- 30 m² 15 m²

BWC CRIANÇA/BEBE/ JOVEM

2,4 m² 2,5 m² 2,5 m²

CLOSET 5 m² 5 m² ESTAR INTIMA/

AMPLIAÇAO QUARTO 8 m² 12- 30 m² 15 m²

BRINQUEDOTECA/QUARTO/ATELIER

8 m² 12- 30 m² 15 m²

ESCRITÓRIO/ QUARTO

8 m² 12- 30 m² 15 m²

TOTAL 130 m²

ÁREA SOCIAL

AMBIENTE ÁREA MÍNIMA ÁREA DE ESTUDOS

ÁREA ESTIMADA

SALA TV 10 m² 35-90 m² 60 m² SALA ESTAR

SALA JANTAR ACADEMIA 20 m² 20 m² VARANDA - 15-50 m² 50 m² LAVABO 1,6 m² 2,5 m² 2,5 m²

TOTAL 132,5 m²

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ÁREA DE SERVIÇO

AMBIENTE ÁREA MÍNIMA ÁREA DE ESTUDOS

ÁREA ESTIMADA

COZINHA 4 m² 12- 30 m² 15 m² DESPENSA - 2- 5 m² 2,5 m²

ÁREA DE SERVIÇO - 6- 10 m² 10 m² QUARTO

EMPREGADA 4 m² 7- 10 m² 10 m²

BANHEIRO 2,4 m² 3 m² 2,5 m² TOTAL 40 m²

OUTROS GARAGEM - 25 – 40 m² 40 m²(3 carros)

JARDIM

ÁREA TOTAL Com circulação

(20%) ÁREA INTIMA 130 m² 156 m² ÁREA SOCIAL 132,5 m²

207 m² ÁREA DE SERVIÇO 40 m²

447 m² 363 m²

Com base no pré dimensionamento, pode-se considerar que o terreno é

adequado para o desenvolvimento do projeto e podendo assim dar continuidade

aos estudos de zoneamento e elaboração da proposta.

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4. O projeto

Neste capítulo será apresentado toda a proposta de projeto para a

residência unifamiliar intergeracional. O primeiro item trata do processo de

projeto, abordando a proposta do partido, a evolução do desenvolvimento das

plantas baixas e das volumetrias. Em seguida é descrito o projeto final e, por fim,

os aspectos complementares do projeto como cálculo do sistema estrutural,

cálculo de rampas, cálculo do reservatório de caixa d’água e o sistema de

elevador.

4.1 Desenvolvimento da proposta

No início da concepção do projeto alguns itens se destacaram como

essenciais antes mesmo da definição dos primeiros croquis e plantas. O primeiro

item estabelecido como definidor do partido é que o projeto precisaria oferecer a

família uma casa que se adaptasse as suas necessidades de mudança de

configuração familiar de forma rápida e econômica.

O segundo definidor do projeto seria a segurança e ausência de

obstáculos para qualquer membro da família, incluindo-se assim os bebês, as

crianças, os idosos e as pessoas com deficiências que habitam a casa em

determinadas épocas da configuração familiar.

O terceiro item é a utilização de uma estrutura leve que se adaptasse as

declividades do terreno levando a proposta a se aproximar ao máximo da

configuração do terreno existente utilizando isso como um potencial do

projeto. O outro ponto relacionado a estrutura é a possibilidade da construção

ser em fases diferentes se ampliando de acordo com a necessidade da família.

Por fim, a intenção de utilizar como um destaque da casa a grande visual

do terreno, a vista da praia de ponta negra, e permitir que de vários locais da

casa seja possível ver o mar.

Com base nesses quatro pontos iniciou-se o desenvolvimento da proposta

de projeto. Primeiramente foram feitos os estudos de como seria possível

possibilitar as reformas rápidas e econômicas na casa. Após essa fase, definiu-

se o sistema estrutural.

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Feitos alguns estudos dos tipos de estruturas, a estrutura metálica foi

considerada a mais adequada para a proposta por possibilitar grandes vãos e

por ser uma estrutura leve de fácil e rápida montagem, sendo possível a

execução de ampliações e reformas sem perturbar os usuários.

Esse tipo de estrutura pode ser ainda 100% reciclada e se comparada

com outros materiais, como o concreto, é o que tem o menor peso e volume,

exigindo elementos estruturais mais delgados o que resulta num alívio das

fundações e mais espaço para a utilização dos ambientes.

O sistema de pilares e vigas em estrutura metálica funcionaria como uma

grande caixa na qual dentro, devido a uma estrutura metálica em grelha

localizada no piso e no forro, as paredes seriam encaixadas numa calha metálica

possibilitando a remoção e instalação dessas de forma rápida e econômica.

Figura 102: Esquema da estrutura

Fonte: Elaboração própria (2014).

A instalação das paredes é inspirada nos princípios de flexibilidade da

casa japonesa. Nela, as vedações são em dois tipos de painéis, o fusuma

(painéis opacos) e o shoji (painéis translúcidos), que deslizam sobre guias e

permitem diferentes configurações de ambientes (Figura 103). Porém, essa

definição de painéis foi adaptada ao estilo da casa japonesa moderna, tendo

como referência a casa MIMA (Figura 104), já apresentada nesse trabalho. Com

base nisso, as vedações se encaixam com os trilhos em malha no chão e no teto

mas não são móveis.

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Figura 103 - Painéis da casa japonesa

Fonte: kdreamspt.wordpress.com

Figura 104 - Painéis da Casa MIMA

Fonte: http://cargocollective.com

A malha para apoio das vedações foi feita a 1,80 metros por dois motivos:

a modulação de 1,50 m não permite que seja construído um banheiro acessível

em um único módulo, já que, para isso, é necessário um vão livre de 1,70 m. O

segundo motivo é que a NBR 9050 determina também que 1,50 m é o vão

adequado para a circulação. Dessa forma, a grelha modulada a 1,80 m que

permite um vão livre de 1,70 metros para o banheiro acessível e uma circulação

adequada como o aconselhado pela norma.

A modulação dos pilares e vigas ocorreu devido as áreas do programa de

necessidades, no qual ficou definido que a área intima seria de

aproximadamente 150 m² e a área social e serviços 200 m². Sendo assim,

utilizando um vão de 10 metros para a estrutura metálica a área intima poderia

ser modulada em três módulos 10 m x 5 m e a outra zona em quatro módulos de

10 m x 5 m (Figura 105).

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Figura 105 - Modulação

Fonte: Elaboração própria (2014).

Após a definição da estrutura e do módulo, aplicou-se os estudos dos

condicionantes legais e de conforto ao terreno com base nas áreas dos módulos.

Chegou-se assim a primeira proposta de implantação e corte para o projeto

(Figura 106).

Figura 106 - Primeiros estudos no terreno

ÁREA DO TERRENO 1.400 M² Utilização 1,0 – 1,400 m² Ocupação 50% - 700 m²

Permeabilidade 30% - 420 m² Recuo Frontal 5 m Recuo Lateral 1,5 m

Recuo Posterior 5 m Limite de Gabarito 7,5 m

Fonte: Elaboração Própria (2014)

ÁREA INTIMA 156 m² ÁREA SOCIAL

207 m² ÁREA DE SERVIÇO

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Com base nesse primeiro estudo, foi feita a primeira volumetria aplicando

o módulo de 10 x 5 metros. Verificou-se assim, alguns problemas, surgindo as

evoluções do projeto até a proposta final (Figura 107).

Figura 107 - Quadro de Esquemas da volumetria

Proposta: Orientação dos blocos no sentido longitudinal do terreno posicionando as menores fachadas, as áreas de circulação e de serviço para as áreas de maior incidência solar poente.

Separação da casa em dois grandes blocos sendo um a área social com os serviços e outro a área intima. Para se aproximar da inclinação do terreno os dois blocos foram colocados em níveis diferentes, sendo a área social

na parte superior e a área intima na inferior e ainda mais embaixo a área de lazer, possibilitando uma melhor ventilação em todos os blocos e a visibilidade da praia em todas as áreas da casa.

No meio dos dois blocos estaria a circulação vertical que possibilitaria a comunicação entre as duas partes da casa e no qual estará instalado a caixa d’água facilitando a distribuição da água e economizando nas instalações.

Problema: bloco da área social muito distante da área intima

Tentativa de maior ligação dos blocos da

área social e da área intima colocando a área

de circulação vertical ao lado dos dois

blocos.

A orientação dos blocos se manteve a

mesma mantendo a ventilação natural e a

visual da praia favorável em todos.

Problema: Blocos muito afastados da

topografia original do terreno

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Mantendo ainda a orientação dos

blocos, foi feita a evolução da

proposta para aproximar os blocos

ainda mais do nível do terreno

existente, para isso deslocou-se o

bloco da área social para um nível

mais baixo ficando a sua cobertura no

nível da rua. Ao acessar a casa por

essa rua o habitante chegaria por um

grande teto jardim tendo já o visual da

praia.

Problema: A aproximação dos blocos

com o nível do terreno prejudicou a

visual da área social.

Mudança da orientação do bloco da

área intima mantendo a ventilação e

visual para a praia de todos os blocos.

Como as maiores fachadas da área

intima ficaram para a direção de maior

incidência solar a circulação foi

utilizada como elemento de

sombreamento.

Fonte: Fonte: Elaboração própria (2014).

Em seguida, foi pensado nos acessos para a casa. Partiu-se do princípio

de que era necessário que o acesso pudesse ser feito pelas duas ruas, tanto

pelos pedestres como pelos carros, o que facilita a locomoção por toda a casa e

ajudaria no caso da proposta de independência das duas casas, como foi

explicado no programa de necessidades.

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Chegou-se então a definição dos quatro níveis do projeto. O nível de cota

0m que é acessado pela Rua Hélio Galvão, o nível de cota 1.98 m que é onde

está a área intima e área de lazer, o nível de cota 4.98 m que é o da área social

e de serviço e o nível de cota 7.98 m que é o teto jardim acessado pela Rua

Pedro Fonseca Filho (Figura 108).

Figura 108 - Corte esquemático com níveis

Fonte: Elaboração própria (2014).

A diferença de níveis proporcionou grandes visuais para a praia de Ponta

Negra, destacando-se principalmente o acesso pela Rua Pedro Fonseca Filho.

O pedestre chega na casa por um grande teto jardim e tem uma vista ampla para

o mar e o maior cartão postal da cidade, já que a casa está toda em um nível

mais abaixo.

Para interligar todos esses andares, foi utilizado dois elementos de

circulação principais: um núcleo central com elevador e escada, e as rampas

(Figura 109). As rampas são um importante definidor do projeto, e elas foram

utilizadas como um elemento essencial de acesso a toda a casa com a finalidade

de promover a independência de locomoção para todos os membros da família.

Ela está em toda a fachada sudeste da casa alinhada com todo o muro, além de

estar alinhada com o bloco da área intima. Elas foram projetadas obedecendo

as normas da NBR 9050 para garantir um acesso seguro e adequado.

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Figura 109 - Rampas e circulação vertical

Fonte: Elaboração própria (2014).

Ao finalizar toda a área de acessos e níveis do projeto da casa, foram

feitos os estudos para as plantas baixas que mudam de acordo com a

configuração da família. Para isso estabeleceu-se quais ambientes

devem/podem ser substituídos de acordo com as mudanças dessa família.

Chegando assim aos ambientes finais ilustrados no quadro.

Figura 110 - Quadro dos ambientes

Fonte: Elaboração própria (2014).

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Por fim, foi pensado nas propostas de layout para cada ambiente. Para

isso, estabeleceu-se alguns critérios, com base nos estudos de recomendações

elaborados, para que o mobiliário mantivesse as características da casa

acessível e segura.

Figura 111 - Quadro de critérios do mobiliário

ACESSÍVEL

Idosos e pessoas com deficiência

SEGURO

Idosos e crianças

Áreas de aproximação de vasos e camas.

Móveis distantes das janelas

Sem mesas de centro

Ser possível Movimentar Janelas e

Armários

Sem tapetes

Sem Box no bwc Instalação de Barras de apoio

Circulação livre Cozinha fechada

para crianças

Fonte: Elaboração própria (2014)

Para a definição das circulações, foi importante considerar os módulos da

cadeira de rodas (0,80 x 1,20 m), do carrinho de bebê (1,00 x 0,60 m) e de um

idoso com duas bengalas e/ou andador com rodas (0,90 x 0,65 m). Com base

nesses módulos, foram feitos os estudos inicias de layout até chegar na proposta

final que será explicada no próximo tópico.

Figura 112 - Estudos de mobiliário

Fonte: Elaboração própria (2014)

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4.2 Proposta Final

Com o objetivo de identificar como o projeto alcançou seus objetivos,

neste capitulo será apresentado todos os itens que tornam a proposta flexível,

acessível e segura.

4.2.1 O sistema estrutural

Para a concepção do projeto final, foi considerado importante desenvolver

algumas considerações a respeito de como funcionará a parte estrutural da casa.

Sendo assim, foram feitas pesquisas sobre os tipos de fundações, tipos de

ligações pilares, vigas, e relatou-se aqui o que se considerou importante para o

entendimento do projeto.

Fundação:

Toda a área de projeto que está fixada no terreno será feita com a

instalação da laje radier (Figura 113). Essa laje é um tipo de fundação rasa que

funciona como uma laje e transmite as cargas da estrutura para o terreno sendo

utilizada pela rápida execução. Esse tipo de fundação pode ser considerado

adequado pois a vedação utilizada é muito leve não ocasionando numa altura

muito grande da laje e acarretando numa construção rápida e econômica.

Figura 113 - Laje radier

Fonte: SANTIAGO (2012).

Já em outras partes do projeto, onde os pilares metálicos encontram-se

suspensos e diretamente ligados ao terreno, como as rampas e parte da área

intima, pode ser feita a fundação em sapata de concreto

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Figura 114 - Ligação Pilar - Fundação

Fonte: SANTIAGO (2012).

Pilares e Vigas

Os pilares e vigas são metálicos em aço corten e seus perfis foram pré-

dimensionados para o desenvolvimento da proposta (ver aspectos

complementares). O aço corten se caracteriza por ter em sua composição

elementos que melhoram as propriedades anticorrosivas, por isso ele foi o

escolhido para o projeto que encontra-se numa área próxima a praia.

As ligações entre os pilares e as vigas será parafusada já que estas

permitem maior precisão e melhor qualidade na montagem.

Figura 115 - Ligação Pilar-Viga

Fonte:SANTIAGO (2012).

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Piso e Forro

O sistema feito para o funcionamento do piso e do forro teve como

referência a casa MIMA. Eles funcionam da mesma forma que está casa, ou

seja, o sistema forro- viga- forro ou piso – viga- forro. Essas vigas foram pré-

dimensionadas para as condições deste projeto (ver aspectos complementares

e prancha 6 e 7).

Painéis

Os painéis de vedação também foram todos inspirados na casa MIMA e

funcionam através de um encaixe com trilhos instalados no forro e no piso

(prancha 7). Caso seja necessário, esses trilhos podem ser vedados com uma

fita de vedação em borracha onde não ocorrer a instalação da parede.

A configuração dos painéis pode ser alterada facilmente, sendo assim,

este pode ser de vidro, de MDF pintado, podendo também ser acrescentado

brises metálicos para diminuir a incidência solar direta em alguns painéis que

são completamente de vidro.

Portanto, pode-se ilustrar a composição final do sistema estrutural com a

fundação, os pilares, as vigas, piso, forro e painéis (Figura 116).

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Figura 116 - Sistema Estrutural

Fonte: Elaboração própria, 2014.

Coberturas

Serão utilizadas dois tipos de coberturas no módulo, a cobertura com teto

jardim, a com telha zipada no módulo.

A cobertura do teto jardim (prancha 7) propicia algumas vantagens para o

projeto como a ampliação das condições de conforto térmico, o aumento da

umidade relativa do ar nas áreas próximas a sua instalação, além da sua beleza,

já que este será visto por quem chegar a casa pela Rua Pedro Fonseca Filho.

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A cobertura com telha zipada possui inclinação de apenas 5% e foi

considerada adequada para as condições do projeto. Ela possui como principal

vantagem a fácil e rápida execução.

Figura 117 - Telha zipada

Fonte: www.isocontru.com.br

Em outras partes do projeto, temos a cobertura com telha de

policarbonato, nas áreas de circulação, e a laje impermeabilizada na circulação

vertical. A telha em policarbonato escolhida foi a alveolar polysoltuion na cor

prata full reflective. Essa telha tem a vantagem de permitir a iluminação natural

e por ser refletiva reduz a transmissão de calor para o ambiente interno. Essas

áreas de circulação contam ainda com painéis em madeira que podem ser

completamente abertos permitindo a ventilação natural e evitando o

aquecimento dessas circulações.

Figura 118 - Telha policarbonato

Fonte: polysotiun.com.br

Figura 119 - Telha reflective

Fonte: polysotiun.com.br

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4.2. 2 A construção e sua evolução

A construção da casa ocorre de acordo com a configuração familiar

podendo ser dividida em três fases:

Fase 1: Construção de toda a área fixa e dos módulos 1 e 2.

Fase 2: Ampliação com a construção dos módulos 3, 4 e 5.

Fase 3: Ampliação com a construção dos módulos 6, 7 e 8.

Figura 120 - Fases da construção

Fonte: Elaboração própria, 2014.

Essas fases de construção ilustram alguns princípios que foram utilizados

no projeto, tanto relacionados a flexibilidade arquitetônica como ao desenho

universal. Com relação a flexibilidade, tem-se o princípio da ampliabilidade e do

desmembramento; ao desenho universal, o uso simples e intuitivo; e ainda os

princípios do conforto ambiental e o conceito de grandes visuais.

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Figura 121 - Possibilidade de ampliabilidade

Fonte: Elaboração própria, 2014.

Figura 122 - Possibilidade de desmembramento

Fonte: Elaboração própria, 2014.

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Figura 123 - Circulação Simples e intuitiva

Fonte: Elaboração própria, 2014.

Figura 124 - Conforto Ambiental

Fonte: Elaboração própria, 2014.

Figura 125 - Visuais

Fonte: Elaboração própria, 2014.

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4.2. 3 Os tipos de planta e layout

Os tipos de planta elaborados para o projeto foram possíveis alterando-

se as paredes dentro da malha de 1,80 metros e criando paredes hidráulicas

fixas para facilitar a instalação das tubulações. Foram elaborados os oito tipos

de plantas e o layout para cada uma dessas configurações aplicando os

princípios do desenho universal.

Para ilustrar de forma didática as mudanças das plantas, elaborou-se este

subcapítulo no qual primeiramente se relembra a configuração familiar e depois,

apresenta-se as plantas baixas, com destaque para as paredes hidráulicas e os

percursos e, por fim, as plantas de layout.

Em seguida, são apresentados alguns detalhes que tornam a casa segura

e acessível, como as rampas, a escada e a grelha. Por fim, ilustrou-se com

algumas definições de produtos e revestimentos utilizados com base nas

indicações do produto do catálogo inclusivo.

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Indicações do Catálogo do Produto Inclusivo

Área de serviço

Produto Tábua de passar fixa com sistema dobrável

Características Universais

Igualdade, Uso simples e intuitivo, pouco esforço físico, tolerância a erros, segurança e estética

Características do Produto

Tábua de passar fixa com sistema dobrável que possibilita recolhimento total da tábua junto à parede.

Produto Varais para roupas com elevador elétrico

Características Universais

Igualdade, uso simples e intuitivo, pouco esforço físico, tolerância a erros

Características do Produto

Varais com acionamento elétrico

Banheiro

Produto Barra deslizante de metal com Ducha modelo BD1518

Características Universais

Igualdade, Flexibilidade, Uso simples e intuitivo, Perceptível, Pouco esforço físico, Dimensões, Tolerância a erros, Segurança.

Características do Produto

Ducha de banho em plástico ABS, com altura regulável e controle de tipo e direcionamento do jato. Acompanha mangueira metálica flexível de 1,80m e barra metálica com modulo deslizante.

Produto Misturador monocomando Linha Ravello modelo BS-2994-RV

Características Universais

Igualdade, Flexibilidade, Uso simples e intuitivo, Perceptível, Pouco esforço físico, Dimensões, Tolerância a erros, Segurança.

Características do Produto

Componente metálico para chuveiro com controle de fluxo e de temperatura da água e acionamento por alavanca giratória.

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Produto Barra de Apoio para bacia sanitária. "Abraço Seguro"

Características Universais

Igualdade, Flexibilidade, Uso simples e intuitivo, Perceptível, Pouco esforço físico, Dimensões, Tolerância a erros, Segurança.

Produto Banco para banho

Características Universais

Flexibilidade, uso simples e intuitivo, perceptível, pouco esforço físico, tolerância a erros, segurança

Características do Produto

Banco plástico com pés de alumínio reguláveis na altura para uso diverso e adequado para banho; suporta peso máximo de até 110 kg; possui ponteiras de borracha, o que proporciona maior segurança ao usuário;

Portas

Produto Dobradiças linha DG

Características Universais

igualdade, flexibilidade, uso simples e intuitivo, perceptível, pouco esforço físico, dimensões, tolerância a erros, segurança.

Características do Produto

Dobradiça metálica que promove abertura da porta nos dois sentidos, interno e externo.

Produto Puxador Tubular IBIZA e CAPRI

Características Universais

Igualdade, uso simples e intuitivo, pouco esforço físico, dimensões, tolerância a erros, segurança e estética

Características do Produto

Puxadores tubulares em alumínio, com acabamentos polido e fosco, para portas de vidro temperado de 10mm

Produto Sistema para porta deslizante ES 200 Easy

Características Universais

igualdade, flexibilidade, uso simples e intuitivo, perceptível, pouco esforço físico, dimensões, tolerância a erros, segurança.

Características do Produto

Equipamento eletromecânico para automação de abertura e fechamento de portas deslizantes em vidro.

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Produto MAÇANETA LINHA 270

Características do Produto

Maçaneta em latão ou alumínio para qualquer tipo de ambiente: interno, externo ou banheiro.

Características do Produto

Maçaneta em latão ou alumínio para qualquer tipo de ambiente: interno, externo ou banheiro.

Janelas

Abertura do tipo alavanca

Altura do vidro na altura do alcance visual para crianças e pessoas

com deficiência

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4.3 Aspectos Complementares

4.3.1 Cálculo das rampas

O cálculo das rampas foi feito de acordo com as recomendações da NBR

9050. Utilizando-se como base as seguintes referências:

Figura 126 - Cálculo de rampas

Fonte: NBR 9050

Rampa 1:

Acesso Rua Pedro Fonseca Filho para acesso a casa no nível da área social:

Desnível de 3 metros –

I= h x 100/ c => 8,33 = 3 x 100/c => c= 36,01 metros

7,89 + 9,60 + 7,16 + 2,44 + 8,92 = 36,01 metros

Rampa 2 e 3:

Acesso Rua Hélio Galvão para área de lazer – desnível 1,98 metros

Acesso Rua para pavimento da área intima – desnível 1,98 metros

I = h x100/c => 8,33% = 1,98 x 100/c = > c= 198/8,33 => c= 23,77 metros

9,60+9,60+4,57= 23,77 metros.

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4.3.2 Cálculo da Estrutura

O método utilizado para o pré dimensionamento dos pilares e vigas foi o

método de Margarido utilizando o CVS base de acordo com a tabela seguinte:

Tabela 3 - CVS - Método de Margarido

Fonte: MOURA, 2012.

Calculou-se primeiramente o valor da força de compressão do pilar

multiplicando o número de pavimentos (N), pela área de influência (Ai) e pelo

carregamento das paredes que varia de acordo com o uso ou a quantidade de

paredes previstas (g). No nosso caso, por ser uma casa utilizou-se o valor de 10

KN/m2. Aplica-se este valor em outra fórmula para adquirir a área da seção (A),

que divide a força de compressão calculada pela resistência do material (�). Com

o resultado da equação adquire-se a área da secção (A), que permite definir as

dimensões dos perfis dos pilares de acordo com as tabelas dos fabricantes e do

tipo de perfil escolhido, CVS.

Cálculo: Sendo g= 10 KN/m²; �=12KN/cm²

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Áreas de influência

1) Ai1= 2,85 x 4,75 = 13,52 m²

F= N x Ai1 x g

F1= 2 x 13,52 x 10 = 270,4 KN

A1 = F = 270,4 KN = 22, 53 cm²

� 12 KNcm²

De acordo com a tabela=> CVS 15X18

2) Ai2= 5,4 x 4,75 = 25,65 m²

F= N x Ai1 x g

F2= 2 x 25,65 x 10 = 513 KN

A2 = F = 513 KN = 42,75 cm²

� 12 KNcm²

De acordo com a tabela => CVS 20X30

Para a padronização dos pilares adotou-se no pré-dimensionamento ad

maior seção obtida => CVS 20 x 30

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Para o cálculo das vigas considerou-se que o projeto possui dois tipos de

vigas. As vigas continuas que estão no piso e no forro e as vigas simples que

fazem o amarramento com os pilares (prancha 7).

Nesse método para calcular as vigas continuas multiplica-se o

comprimento do vão por 0,90 antes de dividi-lo por 15.

Altura 1= 0,90 x 1,80 = 0,11 cm

15

De acordo com a tabela => CVS 15 x 15

Já para as vigas simples basta dividir o tamanho do vão por 15

Altura= L1 = = 9,28= 0,61 m

15 15

De acordo com a tabela => CVS 20 X46

Altura= L2 = = 5,40 = 0,36 m

15 15

De acordo com a tabela => CVS 20 X28

Para a padronização das vigas adotou-se no pré-dimensionamento ad

maior seção obtida => CVS 20 x 28

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4.3.3 Cálculo da Caixa D’água

Para o dimensionamento da caixa d’água da casa utilizou-se como

referência a NBR 5626 que define o tamanho dos reservatórios inferiores e

superiores, não sendo aplicável para este caso um reservatório inferior pois trata-

se de uma residência unifamiliar com menos de três pavimentos.

A norma estabelece que o cálculo deve ser feito para suprir a necessidade

de água por dois dias de consumo e em função da população e da natureza da

edificação.

O cálculo é feito com base nas seguintes fórmulas

Cd = P X Cd e CR = 2 X Cd.

Sendo CD= consumo diário litros/dia

P = População da edificação

Q= consumo per capita litros/dia

CR = Consumo recomendado (2 dias)

Para fazer o cálculo foi considerada a configuração familiar com o maior

número de pessoas que seria a última configuração no caso dos filhos

continuarem morando com os pais mas numa casa separada, totalizando assim

10 pessoas. Para cada pessoa utilizou-se o consumo médio de 150 litros por dia

já que trata-se de uma residência de padrão médio.

Dessa forma, calculou-se que: Cd = 10 x 150 => Cd = 1.500 litros

Achado o valor de Cd é possível calcular CR = 2 x 1500 = 3.000 litros

A caixa d’água deve ter portanto uma capacidade de 3.000 litros, por isso

serão colocadas 3 caixas d’águas em polietileno com capacidade cada uma de

1000 L.

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Figura 127 - Caixa d'água

ESPECIFICAÇÕES DO PRODUTO

Capacidade 1.000 litros

Altura com tampa 0,94 m

Diâmetro com tampa 1,50 m

Fonte: fortlev.com.br

Esse tipo de caixa d’água tem a manutenção e impermeabilização

facilitada em relação aos reservatórios moldados in loco. Além disso, a

separação em três reservatórios diferentes facilitaria para os outros tipos de

configuração familiar no quais não são necessários a utilização das 3 caixas

d’água.

4.3.4 Escolha do Elevador

A escolha do elevador para a casa foi importante devido ao limite de

gabarito existente na área de projeto de apenas 7,5 metros. Como o elevador

precisaria atender a 3 pavimentos, o nível da área intima e de lazer, o nível da

área social e de serviço e o nível do teto jardim, que é o acesso da Rua Pedro

Fonseca Filho, seria difícil escolher um elevador convencional que precise de

casa de máquinas no pavimento superior.

Além disso, com base nas referências projetuais tinha-se a ideia de fazer

um elevador que não trouxesse a casa a ideia de plataforma para pessoas com

deficiência, mas sim que fosse um elemento leve e em harmonia com o projeto.

Escolheu-se então o sistema de elevador pneumático que levam o usuário

de um andar para o outro utilizando a diferença de pressão. Eles evitam a

necessidade de fosso de elevador e podem ser utilizados em até quatro andares.

Como exemplo desse tipo de sistema pode-se citar o fabricante Vertical

Line que dispõe de túbulos pneumáticos com uma capsulas hermética. É uma

estrutura leve e que atende as necessidades do projeto.

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Considerações Finais

A elaboração do presente trabalho tinha como objetivo desenvolver o

projeto de uma residência unifamiliar que fosse além das questões funcionais e

estéticas, incluindo as necessidades da família como prioridade e projetasse

uma residência que pudesse ser utilizada por essa família por toda a sua vida.

As maiores dificuldades encontradas para realizar esse projeto foram

inicialmente a falta de um aprofundamento acadêmico nos dois principais

definidores da concepção: projetar com estrutura metálica e aplicar os princípios

do desenho universal.

Projetar com uma estrutura metálica ainda foge dos padrões brasileiros

de construção, que são em sua maioria de concreto e alvenaria, e por isso,

percebeu-se a falta de afinidade com essa estrutura, sendo necessário a

realização de pesquisas e alguns estudos.

Já com relação ao desenho universal, pelo grande interesse no tema,

foram feitas pesquisas mais aprofundadas, levantando um grande acervo de

manuais que podemos encontrar hoje seja da casa universal, da casa segura,

chegando ainda a etiquetagem de casas universais e a catálogos de produtos

inclusivos disponíveis no mercado. A pesquisa ajudou a desenvolver formas de

projeto diferentes, pensando no usuário de forma mais aprofundada e se

adequando a todos os tipos de pessoas, sejam elas idosas, com deficiências,

jovens, adultos ou crianças.

Acredita-se assim que os resultados projetuais foram satisfatórios

atingindo aos objetivos da concepção do projeto e abrindo a mente para uma

área de projetos ainda muito esquecida.

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