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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ CURSO DE TURISMO BACHARELADO Juliana Gomes de Oliveira TURISMO PEDAGÓGICO: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE INSTITUIÇÕES DE ENSINO PÚBLICAS E PRIVADAS DO MUNICÍPIO DE CURRAIS NOVOS/RN CURRAIS NOVOS 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ

CURSO DE TURISMO BACHARELADO

Juliana Gomes de Oliveira

TURISMO PEDAGÓGICO: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE INSTITUIÇÕES DE ENSINO PÚBLICAS E PRIVADAS DO MUNICÍPIO

DE CURRAIS NOVOS/RN

CURRAIS NOVOS 2017

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Juliana Gomes de Oliveira

TURISMO PEDAGÓGICO: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE INSTITUIÇÕES DE ENSINO PÚBLICAS E PRIVADAS DO MUNICÍPIO

DE CURRAIS NOVOS/RN

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, campus Currais Novos, para obtenção do grau de bacharel em Turismo. Orientadora: Profa. Dra. Carolina Todesco

CURRAIS NOVOS 2017

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ensino Superior do

Seridó - CERES Currais Novos

Oliveira, Juliana Gomes de.

Turismo pedagógico: uma análise comparativa entre instituições

de ensino públicas e privadas do município de Currais Novos/RN /

Juliana Gomes de Oliveira. - Currais Novos, 2017.

92f.: il. color.

Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Ensino Superior do Seridó. Departamento de

Ciências Sociais e Humanas. Curso de Turismo.

Orientador: Prof. Dra. Carolina Todesco.

1. Turismo Pedagógico - Monografia. 2. Instituições de Ensino

- Públicas e Privadas - Monografia. 3. Ensino Médio -

Monografia. I. Todesco, Carolina. II. Título.

RN/UF/BSCN CDU 338.48

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TURISMO PEDAGÓGICO: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE INSTITUIÇÕES DE ENSINO PÚBLICAS E PRIVADAS DO MUNICÍPIO DE

CURRAIS NOVOS-RN

O trabalho apresentado foi julgado e aprovado para a obtenção do grau de bacharel em turismo, no curso de graduação em turismo bacharelado da Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN.

Currais Novos-RN, ___ de _______ de 2017.

______________________________ Profa. Dra. Carolina Todesco

Coordenador do Curso de Turismo

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________ Profa. Dra. Carolina Todesco

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Orientador

___________________________________________________

Prof. Me. Rodrigo Cardoso da Silva Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Examinador

___________________________________________________ Profa. Esp. Edneide Maria Pinheiro Galvão

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Examinador

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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de Direito e que se fizerem necessários, que assumo

total responsabilidade pelo material aqui apresentado, isentando a Universidade

Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, à Coordenação do Curso, a Banca

Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do aporte

ideológico empregado ao mesmo.

Conforme estabelece o Código Penal Brasileiro, concernente aos crimes contra a

propriedade intelectual o artigo n.º 184 – afirma que: Violar direito autoral: Pena –

detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. E os seus parágrafos 1º e 2º,

consignam, respectivamente:

§1º Se a violação consistir em reprodução, por qualquer meio, no todo ou em parte,

sem autorização expressa do autor ou de quem o represente, (...): Pena – reclusão,

de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, (...).

§ 2º Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à venda,

aluga, introduz no País, adquire, oculta, empresta, troca ou tem em depósito, com

intuito de lucro, original ou cópia de obra intelectual, (...), produzidos ou reproduzidos

com violação de direito autoral.

Diante do que apresenta o artigo n.º 184 do Código Penal Brasileiro, estou ciente

que poderei responder civil, criminalmente e/ou administrativamente, caso seja

comprovado plágio integral ou parcial do trabalho,

Currais Novos-RN, ___ de ____________ de 2017.

________________________________

Juliana Gomes de Oliveira

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Dedico este símbolo de uma trajetória à minha família, em reconhecimento ao apoio incondicional e à professora orientadora dessa pesquisa, Carolina Todesco, pelo profissionalismo e sensibilidade.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu bom Deus pelas bênçãos durante os quatro anos e seis

meses de amadurecimento. Agradeço, pois, quando em momentos de fragilidade

emocional, deu-me sabedoria para saber que todas as experiências seriam válidas.

À minha mãe Maria Albanita, meu exemplo de vida, ser humano digno de

honra, que desde o primeiro dia sempre me apoiou em tudo, absolutamente tudo

aquilo que fosse favorável ao meu desenvolvimento. Devo total reconhecimento,

este título também é mérito seu. Obrigada painho, José Marcílio, pela educação

dada, por ensinar que sem respeito, ética, humildade, honestidade não se aprende

muito, não se pode ir muito longe. Ao meu único irmão, Júlio César, pela amizade,

amor fraterno, conselhos e, por sempre estar disposto a contribuir para o meu

crescimento pessoal. A distância necessária de minha Família me fez valorizá-la

ainda mais, o apoio em todos os sentidos desses meus verdadeiros amigos foi

primordial para caminhar até aqui, sem base não se edifica. Obrigada minha família

por ser minha fortaleza.

Agradeço a todos os professores por contribuírem para minha formação

acadêmica. Essa profissão maravilhosa possibilita que também nos eduquem como

pais e deem conselhos como amigos. Não tive laços afetivos com todos, mas admiro

todos em algo que destacou enquanto profissionais. Saibam que de cada um levo ao

menos um exemplo, por isso, permaneçam e aperfeiçoem na condição de

profissionais da educação, pois serão sempre espelho de alguém. Em especial,

agradeço à Carol, professora e orientadora, sempre disposta e persistente, orientou

não somente na construção desse trabalho, como também, na minha construção

enquanto profissional e ser humano. E, a professora Rosana França, que contribuiu

durante a minha vida acadêmica, sempre me recordo das aulas divertidas, obrigada

também, por contribuir para o conteúdo desse estudo.

Obrigada colegas de turma, aos que saíram em algum momento dessa

viagem e a todos que permaneceram até o fim (nós seis), estes considero como

amigos, sou apaixonada por cada um, do modo como nossa afetividade permite. Em

especial, Diana, menina de coração grandioso, assim como seu nível de exigência

(risos), com a qual tive mais proximidade. Amadureci junto a vocês em cada

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experiência compartilhada, a cada viagem realizada, no cotidiano de nossa vida

acadêmica. Agradeço a todos os meus amigos e tantas outras pessoas que, de

algum modo, fizeram parte dessa fase de minha vida.

Muito obrigada!

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Não é sobre chegar no topo do mundo

E saber que venceu

É sobre escalar e sentir

Que o caminho te fortaleceu

Ana Vilela

Trecho da Música: Trem Bala

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RESUMO

O trabalho aborda o Turismo Pedagógico no contexto das instituições de ensino médio públicas e privadas do município de Currais Novos, devido à relevância dada ao turismo como instrumento no processo de ensino-aprendizagem. O objetivo geral foi realizar uma análise comparativa, a fim de identificar as principais diferenças e semelhanças do Turismo Pedagógico desenvolvido nas escolas. Os procedimentos metodológicos da pesquisa o método comparativo, de caráter qualitativo, utilizando como instrumento de coleta de dados roteiros de entrevistas semiestruturadas, a partir do qual se aplicou a técnica de análise de conteúdo para realizar as interpretações acerca das informações levantadas durante a pesquisa de campo, que foram sistematizadas em seis categorias de análise. O estudo abrangeu cinco instituições de ensino médio de Currais Novos e uma empresa que desenvolve o segmento no município. Subsidiada pelos capítulos que tratam dos temas, histórico do Turismo Pedagógico, importância enquanto instrumento metodológico de ensino, o ensino público e privado, a pesquisa apresentou o contexto das instituições públicas e privadas, possibilitando compreender que as instituições demonstraram ter semelhanças e diferenças quanto à prática do Turismo Pedagógico, identificadas especialmente pelo desenvolvimento de forma alternativa para efetivar a atividade, o processo de planejamento, organização e execução dos roteiros, as dificuldades impostas pelo gargalo financeiro, a falta de disponibilidade de tempo dos docentes, dentre outros fatores que são favoráveis à prática ou entraves para a realização do Turismo Pedagógico. O incentivo público financeiro possibilita o desenvolvimento das atividades e o planejamento antecipado favorece a efetivação dos projetos de viagens.

Palavras-Chave: Turismo Pedagógico. Instituições de Ensino Públicas e Privadas.

Ensino Médio.

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ABSTRACT

This work talks about the Pedagogical Tourism on public and private high school institutions in Currais Novos context, considering the importance given to the tourism as teaching-learning tool. The general main was to make a comparative analysis in order to identify the main differences and similarities on Pedagogical Tourism developed on schools. The methodological research procedures, the comparative method of qualitative nature, using as data collect script half-structured interviews, from those it was applied the subject analysis technique to realize the interpretations about collected info during the field research, which were systemized in six categories. The studying covered five High School institutions of Currais Novos and one company which develop this segment on city. It was Subsidized for chapters which deal the theme: Historic of pedagogical Tourism, the importance of it as teaching methodological tool, the public and private teaching. The research showed the public and private institutions context, which made possible to understand the differences and similarities about the practice of Pedagogical Tourism, identified especially on alternative way on development in order to make effective the activity, the planning process, organization and route execution, the money difficulties, the lack of teaching time disponibility, among other favourable factors to the practice or the Pedagogical Tourism realization hindrances. The public financial incentive makes possible activity developed the previous planning favours the traveling projects effectiveness. Key-words: Pedagogical Tourism; Public and Private Institutions; High school.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

9ª DIRED – 9ª Diretoria Regional da Educação, da Cultura e dos Desportos

CCT – Colégio Camilo Toscano

CF/88 – Constituição da República Federativa do Brasil de 1988

EETB – Escola Estadual Tristão de Barros

EJM – Educandário Jesus Menino

IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

IFRN – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

IVP – Escola Estadual Instituto Vivaldo Pereira

LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MTur - Ministério do Turismo

PPE – Plano Estadual de Educação

PPP – Projeto Político-Pedagógico

ProEMI – Programa Ensino Médio Inovador

RN – Rio Grande do Norte

SEEC/RN – Secretaria de Estado da Educação e da Cultura do Rio Grande do Norte

SEMEC/CN – Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes de Currais

Novos

UNWTO - United Nations World Tourism Organization

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - IDEB - Instituições de Ensino Médio Públicas e Privadas do Brasil (2015).

.................................................................................................................................. 34

Tabela 2 - IDEB - Instituições de Ensino Médio Públicas e Privadas do Rio Grande

do Norte (2015). ........................................................................................................ 36

Tabela 3 - Matrículas Iniciais da Educação Básica - Redes Estadual e Municipal de

Ensino de Currais Novos (2016) ............................................................................... 38

Tabela 4 - IDEB - Instituições Públicas de Ensino de Currais Novos (2015) ............ 39

Tabela 5 - Quantidade de Destinos das Instituições de Ensino Médio Públicas e

Privadas de Currais Novos ........................................................................................ 58

Tabela 6 - Métodos Avaliativos do Pós Viagem das Instituições de Ensino Médio

Públicas e Privadas de Currais Novos ...................................................................... 70

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LISTA DE MAPAS

Mapa 1. Destino das Instituições Públicas de Ensino ............................................... 59

Mapa 2. Destino das Instituições Privadas de Ensino ............................................... 60

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12

2 TURISMO PEDAGÓGICO .................................................................................. 18

2.1 ANTECEDENTES HISTÓRICOS E DENOMINAÇÕES DO TURISMO

PEDAGÓGICO ...................................................................................................... 18

2.2 UM INSTRUMENTO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM .......... 24

3 ENSINO PÚBLICO E PRIVADO NO BRASIL .................................................... 28

3.1 ENSINO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE ................................... 35

3.2 INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE CURRAIS NOVOS ...................................... 37

3.3 AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SELECIONADAS ......................................... 41

3.3.1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do

Norte – IFRN ...................................................................................................... 41

3.3.2 Escola Estadual Tristão de Barros – EETB ........................................... 42

3.3.3 Escola Estadual Instituto Vivaldo Pereira – IVP .................................... 43

3.3.4 Colégio Camilo Toscano – CCT .............................................................. 43

3.3.5 Educandário Jesus Menino – EJM ......................................................... 44

4 TURISMO PEDAGÓGICO: POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES ....................... 45

4.1 CONCEPÇÃO DOS PROJETOS DE VIAGENS EMPREENDIDOS PELAS

INSTITUIÇÕES DE ENSINO ................................................................................. 45

4.2 ORGANIZAÇÃO DAS VIAGENS PEDAGÓGICAS .......................................... 54

4.2.1 Agência de Turismo Pedagógico em Currais Novos ............................ 61

4.3 RELAÇÃO DAS VIAGENS COM O CONTEÚDO DAS DISCIPLINAS ............. 65

4.3.1 Métodos de Avaliação Após as Viagens ................................................ 70

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 73

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 76

APÊNDICES ............................................................................................................. 81

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1 INTRODUÇÃO

O turismo possui profunda relação com a educação e, essa concepção

não se fundamenta no contexto das práticas sociais da atualidade, pois, já no século

XVI, na Europa, ocorreram deslocamentos com fins educacionais que se tornaram

históricos, como o Grand tour. Segundo o Ministério do Turismo (2010), ao longo do

tempo viagens de caráter educativo se difundiram em diversas culturas do

continente europeu e nos Estados Unidos da América, amplamente utilizadas por

colégios e universidades particulares. No Brasil, foi empregada por alguns colégios

de elite.

Tais costumes sociais passaram a fazer parte, então, do universo

educacional e, como explana Beni (2001), é a retomada da antiga prática social de

outras culturas. Trata-se da organização de viagens que tem o ensino como objetivo

principal, incluindo a participação de professores, a fim de realizar estudos fora do

ambiente escolar tradicional, visitando locais específicos para explorá-los de modo a

acrescentar à formação do aluno.

O termo Turismo Pedagógico pode expressar uma prática social que

pressupõe atividades turísticas que auxiliam no processo de ensino-aprendizagem

pela experiência proporcionada pelo contato com ambientes naturais e

socioculturais.

A experiência turística é valorizada pelas instituições de ensino dos

diversos níveis de escolaridade para contemplar metodologias alternativas e

inovadoras visando o aprimoramento do processo de ensino-aprendizagem. Há uma

quantidade significativa de trabalhos científicos que abordam tal temática e que

expõem estudos de caso, ressaltando a importância do caráter pedagógico que o

turismo possui e sua contribuição para o ensino. Podemos citar como referência

Milan (2007), Lopes e Pontuschka (2009), Bonfim (2010), Matos (2012).

Devida à relevância dada ao turismo como instrumento no processo de

ensino-aprendizagem, as instituições de ensino têm utilizado cada vez mais as

viagens pedagógicas como um dos métodos de abordar os conteúdos ministrados

em sala de aula, de forma a dimensioná-los e aprofundá-los na experiência

empírica.

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Como afirma Milan (2007, p. 12), “as instituições de ensino precisam

estimular o educando a desenvolver sua autonomia, espírito crítico e curiosidade no

processo de construção do saber”. Assim, faz parte desse processo, metodologias

de ensino diferenciadas, que estimulem o indivíduo a pensar, pesquisar, analisar.

Nessa dinâmica se encontra o turismo, pelas suas diversas possibilidades de

incentivar a busca pelo conhecimento.

A “coexistência de instituições públicas e privadas de ensino”, Artigo 3°,

inciso V da Lei Nº 9.394, de 20 de Dezembro de 1996, permite que a educação seja

ofertada por tipos de instituições as quais possuem características peculiares. No

que se refere à educação brasileira e a relação entre o público e o privado, segundo

Dourado e Bueno (2001), há pontos de convergências e divergências, que refletem

no caráter dos diversos níveis educacionais.

Sabendo da importância que o Turismo Pedagógico tem para a

construção e formação do sujeito social e, visualizando que tal prática tem sido

utilizada pelas instituições de ensino de Currais Novos, temos como questão central:

quais as principais diferenças e semelhanças do turismo pedagógico realizado pelas

instituições de ensino públicas e privadas do munícipio de Currais Novos?

Ainda como questões secundárias, temos: Quais as possibilidades e

limitações do Turismo Pedagógico nas instituições? Quem são os atores

empreendedores dessas viagens pedagógicas? Como os agentes do mercado de

Turismo Pedagógico no município de Currais Novos-RN estão atuando?

Diante desse cenário, o objetivo geral da pesquisa foi de realizar uma

análise comparativa da prática de Turismo Pedagógico nas instituições de ensino

médio públicas e privadas no município de Currais Novos-RN, a fim de evidenciar as

semelhanças e diferenças dessa atividade nas escolas.

E, como objetivos específicos: identificar o perfil das escolas que

desenvolvem atividades de Turismo Pedagógico; compreender o processo de

elaboração dos roteiros de Turismo Pedagógico empreendidos pelas escolas de

Currais Novos; e verificar a atuação dos agentes de mercado na área de Turismo

Pedagógico de Currais Novos.

O interesse em abordar a temática, turismo e educação, inseridos no

contexto das instituições de ensino públicas e privadas do município de Currais

Novos, deu-se pelo fato que o Turismo Pedagógico é tema comumente discutido,

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porém, numa abordagem focada apenas na sua importância para o processo de

ensino-aprendizagem. Nosso interesse está em investigar a realidade vivenciada

pelas diferentes instituições de ensino no que se refere à dinâmica do Turismo

Pedagógico em suas práticas educacionais.

Tendo em vista, o número de instituições de ensino localizadas no

município de Currais Novos, incluindo públicas e privadas, definiu-se o nível médio

da educação básica, uma vez que, estando nesta fase, o aluno tende a ter uma

bagagem de experiências que auxilie na compreensão do fenômeno turístico de

modo objetivo e crítico-reflexivo, bem como, foi preciso reduzir a abrangência dessa

investigação para que a pesquisa se tornasse viável e possível extrair com nível

detalhado as informações necessárias, a fim de contemplar os seus objetivos.

Observa-se que a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que

estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, sobre os Princípios e

Fins da Educação Nacional, em seu Artigo 3º diz: “O ensino será ministrado com

base nos seguintes princípios”, dentre esses, pode-se destacar no inciso X a

“valorização da experiência extra-escolar”. Desse modo, visualiza-se que, o principal

documento que dispõe sobre a educação no país, expressa a relevância da

experiência empírica que contribua para a formação do individuo.

O mesmo documento na Seção IV, que diz do Ensino Médio, apresenta

no Artigo 35 as suas finalidades:

I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos; II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.

Este nível de ensino é a etapa final da educação básica,

simultaneamente, período em que o indivíduo está na transição para ou na fase

adulta. Nesse contexto, o educando vai se tornando cada vez mais formador de

opinião, desenvolvendo sua crítica, aprimorando e formando seus próprios ideais. As

experiências práticas favorecem o aprendizado e absorção dos conhecimentos e a

compreensão de modo eficiente dos conteúdos trabalhados.

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Como meios para alcançar os objetivos apresentados, tem-se o método

comparativo, pois visou levantar e analisar as similitudes e divergências da atividade

de Turismo Pedagógico realizada pelas instituições de ensino públicas e privadas. A

pesquisa é de caráter qualitativo, uma vez que, “preocupa-se em analisar e

interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do

comportamento humano” (MARCONI; LAKATOS, 2011, p.269). Assim, esta

metodologia de pesquisa foi utilizada, pois visou uma abordagem subjetiva do objeto

de estudo.

Para complementar a metodologia e obter resultados proveitosos, o

instrumento de coleta de dados trabalhado foi entrevista semiestruturada, que ocorre

“quando o entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situação em qualquer

direção que considere adequada”, com base em um roteiro de perguntas abertas,

segundo Marconi e Lakatos (2011, p. 281), a partir da qual se realizou a técnica de

análise de conteúdo que tem por finalidade “descrever, sistematicamente, o

conteúdo das comunicações” (MARCONI; LAKATOS, 2007, p. 130) com meio

principal de desenvolver as interpretações sobre o objeto do estudo. Dessa forma,

tal análise foi pautada em categorias de análise apresentadas a seguir.

Tendo em vista o direcionamento dos dados coletados, definiu-se

algumas categorias de análise sendo elas: 1. O planejamento e relação com projeto

político-pedagógico da Instituição ou documentos base para planejamento

pedagógico. Pretendeu-se aqui averiguar o processo inicial de planejamento

realizado pela instituição, identificar o envolvimento de cada ator da escola no

processo de planejamento das viagens, sendo eles a gestão, os professores e os

alunos, além das famílias dos alunos. Categoria apresentada no tópico (4.

Concepção dos projetos de viagens empreendidos pelas instituições de ensino).

Como segunda categoria tem-se: 2. Organização das viagens e relação

com as empresas/agências, neste ponto procurou-se compreender de que forma

está sendo trabalhada a organização técnica da viagem, a logística e execução dos

roteiros e, consequentemente, identificar a relação com empresas privadas ou

outros tipos de organizações que possam estar envolvidas nesta etapa. Outra

categoria definida foi: 3. Frequência das viagens, ou seja, a quantidade de viagens

que a instituição realiza visando o uso do Turismo Pedagógico no processo de

ensino-aprendizagem. Além disso, buscou-se, também, na quarta categoria, elencar,

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4. Destinos visitados, para identificar as características dos destinos que estão

sendo selecionadas para realizar as viagens. Estas três categorias (2, 3 e 4) estão

dispostas nos tópicos (4.2 Organização das viagens pedagógicas e 4.2.1 Agência de

Turismo Pedagógico em Currais Novos).

Na quinta categoria verificou-se a 5. Relação das viagens com conteúdo

teórico/prático das disciplinas, aqui a finalidade foi compreender, principalmente por

meio dos professores e dos alunos, o vínculo que se percebe entre o teórico e o

empírico nas viagens. A sexta categoria visou levantar, 6. Métodos de avaliação

após as viagens, ou seja, se acontece esse tipo de abordagem e que tipo de

atividades são realizadas, a fim de que, pudesse ser detectado se há uma

preocupação em compreender dos alunos quanto à reflexão da teoria/prática. As

categorias (5 e 6) estão apresentadas nos tópicos (4.3 Relação das viagens com o

conteúdo das disciplinas e 4.3.1 Métodos de avaliação após as viagens).

A pesquisa de campo abrangeu cinco instituições de ensino médio de

Currais Novos, sendo elas três escolas públicas, uma do sistema educacional

federal, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do

Norte e duas da rede estadual de ensino, a Escola Estadual Tristão de Barros e a

Escola Estadual Instituto Vivaldo Pereira. Além de duas instituições de ensino

privadas, sendo uma apenas de natureza privada, o Colégio Camilo Toscano e outra

de caráter privado e filantrópico, o Educandário Jesus Menino. Além das instituições

de ensino, uma empresa que desenvolve o segmento de Turismo Pedagógico de

Currais Novos, a empresa CN Turismo, também participou da pesquisa, tendo em

vista que, compreender a atuação de empresa privada que trabalhe o segmento de

mercado aqui definido é um dos objetivos da pesquisa.

Nas instituições de ensino as entrevistas estavam direcionadas para: 01

(um) representante da gestão ou da coordenação pedagógica, sendo uma entrevista

em cada escola; com professores, em média 04 (quatro) docentes de áreas distintas

da ciência de cada instituição. E, em média 09 (nove) alunos, somados os três anos

do ensino médio, primeira, segunda e terceira séries.

Segundo está disposto na LDB, no que se refere ao ensino médio,

conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educação, as áreas do conhecimento

são, (art. 35-A): I - linguagens e suas tecnologias; II - matemática e suas

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tecnologias; III - ciências da natureza e suas tecnologias; IV - ciências humanas e

sociais aplicadas.

O método de coleta de dados utilizado, entrevista semiestruturada,

também foi aplicado com a empresa CN Turismo, único ator do setor de turismo

formalizado do município de Currais Novos que desenvolve o Turismo Pedagógico.

O roteiro de entrevista estava estruturado de forma semelhante para cada

público (Gestão/coordenação pedagógica, professores e alunos), variando no modo

de abordagem do questionamento e em perguntas específicas, a fim de, extrair do

entrevistado a visão dele diante da realidade vivenciada. Os roteiros continham em

média quatorze perguntas. O roteiro de entrevista direcionado a empresa distingue

daquele aplicado nas escolas, tendo em vista o tipo de informação que se pretendeu

levantar, este continha doze questionamentos. Os roteiros de entrevista estão em

apêndices (D, E, F e G).

As entrevistas foram realizadas no período de 29 de novembro de 2016 a

21 de dezembro de 2016, registradas em gravação de áudio para posterior análise e

restrito acesso da pesquisadora, não sendo apresentada a identidade dos

entrevistados, apenas citados como alunos, professores ou gestão/coordenação

pedagógica de instituição pública ou privada.

O tempo de duração de cada entrevista foi variado, com menor extensão

04 (quatro) minutos e 15 (quinze) segundos e a mais extensa com 32 (trinta e dois)

minutos e 15 (quinze) segundos. No total foram realizadas 05 (cinco) entrevistas

com Gestão/coordenação pedagógica; 22 (vinte e duas) entrevistas com

professores; e 38 (trinta e oito) com alunos; 01 (uma) com empresa privada.

Portanto, foram 66 (sessenta e seis) entrevistas para coleta de dados dessa

pesquisa.

Pesquisar é um ato que exige paciência e dedicação e, quando envolve

diálogos com o público-alvo do objeto em análise, torna-se delicado, pois de certo

modo ocorre um contato com a intimidade das pessoas, explorar suas experiências,

questioná-las sobre as reflexões acerca de uma prática social a qual já vivenciou

torna-se um processo que exige do pesquisador não somente atenção à fala do

entrevistado, como também, a compreensão da sua forma de pensar para tentar

extrair do mesmo, informações significativas para a pesquisa e favorecer um

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momento no qual possa ficar à vontade de modo a expor as ideias de maneira mais

espontânea.

2 TURISMO PEDAGÓGICO

2.1 ANTECEDENTES HISTÓRICOS E DENOMINAÇÕES DO TURISMO

PEDAGÓGICO

O ser humano sempre precisou se deslocar para realizar diversas

atividades. As viagens constituíam-se e constituem-se como uma das formas que a

sociedade desenvolve seus trabalhos e dinamiza suas relações. Segundo Lima

(2014), o povo grego foram aqueles que, historicamente, realizavam viagens com

objetivos diversos, tais como motivação esportiva, religiosa e cultural. As viagens

gregas propiciaram difusão de vários conhecimentos pelo mundo por meio do

contato entre os povos. Assim, vê-se a relevância dada aos deslocamentos como

meio de compartilhamento dos saberes.

No século XVI, a sociedade vivenciava o tempo do renascimento, a Idade

Moderna, que rompeu com a visão limitada da sociedade medieval diante da ciência.

A busca pelo conhecimento era uma das principais características desse tempo. A

viagem era motivada pela possibilidade de ampliar os conhecimentos por meio da

experiência.

Neste contexto, no campo da educação, os filhos de nobres e

comerciantes ingleses tinham, por obrigatoriedade, que aperfeiçoar e completar

seus conhecimentos culturais, adquiridos em seu país, realizando uma grande

viagem pelas outras nações do velho continente para cumprir com as exigências

culturais da sociedade moderna (BARBOSA, 2002).

Essas viagens de cunho cultural/educacional tendo como motivação os

estudos e as experiências foram denominadas de grand tour, movimentação turística

que se destaca na época do renascimento europeu, no período da Idade Moderna, e

“configurou-se por fluxos de destinos e de origem específicos, e começou a adquirir

suas características já no final do século XVII, atingindo seu ápice em 1715”

(BRASIL, 2010, p.14).

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Essa prática, no princípio, basicamente era dos filhos da aristocracia e da

gentry (pequena nobreza). Viajar por puro prazer, por amor à cultura, era

considerado, pelos bem-sucedidos, uma forma de conhecer outros universos

culturais, cujo propósito era vivenciar experiências, a fim de formar indivíduos de

caráter sólido e preparados para a guerra, sendo que, posteriormente, ao retornar do

grand tour, o interesse principal tratava-se de tomar posse de cargos políticos, civis,

militares de seu país de origem, como a Inglaterra (BARRETTO, 2006).

Segundo Barbosa (2002), aos jovens da aristocracia e os nobres era dada

a possibilidade de vivenciar aquilo que já conhecia por meio das fontes literárias.

Assim, a experiência empírica era vista como algo enriquecedor intelectualmente,

culturalmente, socialmente. A viagem era acompanhada de um tutor, com duração

de seis meses a um ano e meio ou podia se estender a dois anos. “Essa etapa,

chamada por alguns historiadores de “barroca”, estava caracterizada por uma

viagem realizada por jovens acompanhados de seu professor particular” (BARRETO,

2003, p. 47).

O grand tour tinha o majestoso título de viagens de estudos, pois

valorizava o conhecimento cultural adquirido em experiências fora do seu local de

residência habitual, e, também, era considerado uma forma de distinção de classe,

já que apenas a classe-alta realizava este tipo de viagem.

Como explana Matos (2012, p. 2), interesse pelo grand tour também era

devido à manutenção de um status social (como se pode também notar nos tempos

atuais):

Para os ingleses, sobretudo, era uma prática comum e cultural enviar seus parentes para escolas renomadas, já que indicava o fomento do poder e a manutenção de uma classe social majoritária em termos de elite social. Também há o fato de que quanto mais viajado fosse o indivíduo, mais cultura adquirida havia na bagagem da pessoa, princípio consolidado até os dias atuais.

De acordo com Barretto (2003), nesse tempo, os filósofos discutiam os

efeitos das viagens, pois argumentavam que essas desenvolviam vícios nos jovens,

e não promoviam uma educação desejável, trazendo assim, malefícios. Já os

defensores dessa prática social compreendiam que os resultados pedagógicos das

viagens, as instituições de ensino não o conseguiriam apenas em sala de aula.

Ao longo do tempo, outras classes sociais inglesas de poder aquisitivo

considerável passaram a vivenciar esse tipo de atividade. Já nos anos finais do

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século XVIII, viajar com finalidade educacional constituía-se como atividade

realizada por diversas camadas sociais. Posteriormente, viajar para aprender

ganhou novas dimensões, sendo praticado no continente europeu e nos Estados

Unidos, tornando-se costume de diversas nações e amplamente utilizado por

colégios e universidades particulares (BRASIL, 2010). Porém, a cultura de realizar o

grand tour foi interrompida em 1789 devido a Revolução Francesa e, posteriormente

com as guerras napoleônicas. Aproximadamente em 1814, essas viagens

praticamente acabaram (Milan, 2007).

As práticas culturais da sociedade renascentista deixaram o sentido que

as viagens de cunho educacional são aquelas em que o aprendizado acontece,

estando a busca pelo conhecimento e a necessidade de realizar estudos diversos,

como principais interesses. Assim, cabe salientar que a possibilidade de ampliar o

conhecimento está presente em todos os segmentos de turismo, pois de acordo com

Netto (2005), o conhecimento possui três vertentes: empirismo, racionalismo e o

criticismo1 . Com base no empirismo, o conhecimento é a experiência, assim, o

contato, as sensações do sujeito com o que lhe é externo promove a construção, a

formulação de ideias, que o desenvolve intelectualmente.

Desta forma, Panosso Netto (2005, p. 29) afirma que “o turismo, por sua

vez, é experiência.” A experiência promovida pela atividade turística é uma forma de

desenvolvimento do conhecimento pelo modo empírico. Portanto,

deslocar-se para aprender sobre algo não é privilégio apenas do turismo pedagógico, este princípio de aprendizagem está presente na maioria dos segmentos turísticos, no entanto há de se perceber uma motivação dotada de especificidades acerca deste segmento [...] (MATOS, 2012, p.2).

Embora ao Turismo Pedagógico não seja exclusiva a possibilidade de

aprendizagem e, longe dessa concepção centralizada, a pesquisa tem como pano

de fundo tal segmento da atividade turística. Os segmentos de mercado são apenas

uma forma mercadológica de nomear os tipos de práticas sociais.

No Brasil esta prática é denominada pelo Ministério de Turismo como

Turismo de Estudos e Intercâmbios, porém, o termo que foi utilizado nesse trabalho

foi Turismo Pedagógico, devido a sua relação com a pedagogia, a qual está

1 Segundo Netto (2005, p.34-35), “para o racionalismo, a experiência não é a forma única de

conhecimento, pois considera a razão como preponderante no processo cognitivo”. Criticismo: “[...] um estudo meticuloso do ato de conhecer, sempre colocando o problema na percepção conjunta do sujeito-objeto”.

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diretamente ligada ao ensino. A prática definida pelo órgão de turismo refere-se,

principalmente, às atividades educacionais proporcionadas pelo deslocamento com

finalidade de estudo, aprimoramento de conhecimentos, experiência que favoreça o

desenvolvimento pessoal e profissional. O Turismo Pedagógico não difere desta

finalidade, porém, a definição e prática do Turismo de Estudos e Intercâmbio,

geralmente tem base na ideia de comercialização de um complexo de infraestrutura

e serviços turísticos para atender às necessidades de demandas de grupo de

estudantes e/ou de programas educacionais em viagens nacionais e, especialmente,

internacionais.

Embora o Turismo Pedagógico tenha o objetivo de atividade educacional,

não utiliza, necessariamente, dessa estrutura comercial para se realizar. A

preocupação principal está no que se refere ao conteúdo das atividades. Assim, o

segmento específico pode explorar diversos locais e espaços, que possa inexistir

infraestrutura turística.

Outra distinção necessária a se fazer é entre Turismo Pedagógico e

Estudo do Meio, pois são duas práticas que possuem características semelhantes

em sua essência, mas, possuem arranjos distintos em sua funcionalidade. Nas

atividades de Estudo do Meio, os espaços a serem visitados são diversos e podem

estar próximos aos arredores da instituição de ensino, como por exemplo, o bairro, o

fundo de vale mais próximo, um prédio público e seus arredores, uma área de mata

nativa, inclusive lugares como uma cidade histórica, um parque ecológico, dentre

outros ambientes (LOPES; PONTUSCHKA, 2009).

Para Giaretta (2003, p.45 apud MILAN, 2007, p. 27), Estudo do Meio é um

“método de ensino que estabelece uma relação entre teoria e prática, utilizando um

objeto de estudo para que o aluno possa continuar o processo de aprendizado

iniciado em sala de aula”. E, como complementa Milan (2007), trata-se muitas vezes

da análise direta dos ambientes nos quais o aluno se insere.

Segundo Lopes e Pontuschka (2009), a utilização do método de ensino

denominado Estudo do Meio ganhou relevância na atualidade, porém, o uso do

termo para se referir às vivências no ambiente externo à escola acaba sendo

indiscriminado, não se atentando para a real complexidade que tal prática

pedagógica tem para a formação do indivíduo. Assim, compreende-se que, esse

termo não corresponde ou não supre a dimensão da atividade que se pretende

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analisar, bem como, não evoca o sentido de viagem (mesmo que sejam

deslocamentos curtos no sentido de tempo/espaço), já que este estudo pretende

analisar a dinâmica de um segmento do turismo com objetivo educacional. A

realização de atividades de cunho educacional não se ressume a sair do ambiente

escolar e visitar algum local de interesse. O estudo antecedente do lugar, bem

como, a adequação à proposta da disciplina, principalmente por parte dos

professores, irá refletir diretamente no aprendizado.

De acordo com a página na internet, Língua Portuguesa Fácil - Prof.

Gleide Castro, quando se discute a relação entre teoria e prática na educação, o

nome do pedagogo francês Celéstin Freinet desponta como idealizador e estudioso

no assunto pedagogia da educação. Sua ideologia corresponde a corrente da Escola

Nova, surgida nas primeiras décadas do século XX, oposta ao ensino

tradicionalista e sugerindo uma educação ativa em volta do aluno.

Assim, como explana Spínola da Hora e Cavalcanti (2003), essa ideia de

realizar a aula formal unida à dinâmica de uma viagem, visando favorecer o

processo de ensino-aprendizagem, sofreu influência do educador Freinet, um dos

primeiros educadores defensores de um modelo de ensino no qual fossem

desenvolvidas as experiências externas a escola como parte do processo

educacional. Ele desenvolveu técnicas que estimulava o aprendizado fora da sala de

aula, uma delas é denominada de aula passeio.

A aula passeio é percebida com uma conexão entre a pedagogia e o

turismo. Assim, o termo pedagogia, evoca o sentido da educação e, aliado ao termo

turismo, que dimensiona os meios utilizados para desenvolver a prática pedagógica,

monta a nomenclatura apropriada para definir a prática social que envolve os dois

vieses objetos desse estudo, a educação e o turismo.

Muito embora se entenda turismo com uma prática, definida pelo principal

órgão mundial do turismo da seguinte forma:

Tourism is a social, cultural and economic phenomenon which entails the movement of people to countries or places outside their usual environment for personal or business/professional purposes. These people are called visitors (which may be either tourists or excursionists; residents or non-residents) and tourism has to do with their activities, some of which involve tourism expenditure (UNWTO, 2014).

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E, conceituada pelo Ministério do Turismo, com base na definição da

UNTWO, como “as atividades que as pessoas realizam durante viagens e estadas

em lugares diferentes do seu entorno habitual, por um período inferior a um ano,

com finalidade de lazer, negócios ou outras” (BRASIL, 2010, p.4). A prática de

Turismo Pedagógico no contexto aqui analisado não se desenvolve, em sua

totalidade, nos moldes definidos, no que se refere ao que seja turismo, pelos

principais órgãos da atividade, em nível mundial e nacional, respectivamente.

A essência desses fluxos é a experiência com finalidade educacional,

restringir os aspectos temporais e espaciais dos mesmos é limitar a dimensão de

sua abrangência. Turismo também é experiência, como bem explica o autor

Panosso Netto aqui já citado, portanto será trabalhado com a concepção pautada

neste sentido, para que possa ser percebida e analisada toda a dinâmica de sua

ocorrência no território definido para o estudo.

Dessa forma, foi base para orientação das análises, o deslocamento

externo à escola inserido em um processo de planejamento pedagógico das

instituições de ensino e que possuía organização em sua estrutura desde o

planejamento, até os momentos de discussão e avaliação após a atividade

pedagógica, seja com apoio de empresa privada e/ou com elaboração, organização

e execução por parte da própria instituição.

Pode-se perceber que os termos para se referir as atividades de cunho

educacional externas à escola são diversos, os conceitos daqueles comumente

utilizados são amplos e alvo de diversas interpretações, bem como, taxativos. Há

uma confusão de ordem semântica e metodológica nos conceitos, como explana

Milan (2007). Definições podem ser equivocadas, assim, não se busca analisar um

objeto que se encaixe em um conceito, mas sim, estudar o objeto que faça parte dos

critérios acima apresentados para atividades com características essenciais de um

Turismo Pedagógico e, mais que isso, analisar a dinâmica das atividades e seu

contexto vivenciado.

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2.2 UM INSTRUMENTO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

A aprendizagem acontece de diversas formas, segundo Libedinsky (1997

apud MILAN, 2007) existem três categorias para a educação, sendo elas a informal,

não formal e formal. Na educação informal o processo educacional ocorre nas

experiências das atividades cotidianas, quando o indivíduo vivencia ambientes

sociais como a família, o trabalho, as mídias e, torna-se apto a adquirir qualidades,

virtudes, valores, habilidades e conhecimentos.

A educação não formal trata-se de atividades específicas que intencionem

agir com finalidade educacional, entretanto não está relacionada ao sistema

educacional formal. Pode-se dar como exemplos, cursos de idiomas, informática,

oficinas de treinamento, dentre outros. A educação formal acontece nos espaços

escolares do sistema educacional em todos os níveis de ensino.

Com base nessas três categorias, onde se encaixaria o Turismo

Pedagógico? Uma vez que, sua ocorrência tem por finalidade a aprendizagem ligada

diretamente à educação formal, às instituições de ensino. Entretanto, ele ocorre fora

dessas instituições, externo ao ambiente escolar e, além dessa característica,

promove o aprendizado de sociabilidade, desenvolvimento de novas habilidades,

contato com ambientes diversos estimulando as sensações, dentre outras

influências, o que, em definição acontece por meio da educação informal.

O segmento turístico proporciona, portanto, a inter-relação entre os tipos

de educação apresentados. Assim, favorece o desenvolvimento múltiplo do

indivíduo. Os estudos de Célestin Freinet, como já mencionado neste trabalho,

datados do período de 1920 a 1966, já defendia a ampliação dos ambientes de

aprendizagem para os educandos. Estudar o mundo no mundo possibilita uma

melhor compreensão deste, pois o conhecimento empírico é uma das formas de

aprimorar os conhecimentos.

Observa-se que o ser humano, de diversas culturas, já entendia os

deslocamentos a outros ambientes, como uma das formas de aprendizagem. Em

registro se tem, como apresentado, o grand tour como uma prática que relacionava

a educação ao turismo, embora a concepção de turismo neste tempo não estivesse

nos moldes como se conhece e está disseminado na atualidade. O Turismo

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Pedagógico é a retomada de uma prática social antiga, porém, com nova

modelagem. O uso desse segmento do turismo como ferramenta no processo de

ensino-aprendizagem por instituições de ensino passou a ser frequente.

A necessidade de novos métodos de abordagem dos conteúdos,

objetivando a maior possibilidade de aprimorar os conhecimentos dos educandos e

incentivar a reflexão das informações é um dos desafios dos professores e

instituições de ensino. Há, não um obstáculo a ser superado, mas, um caminho a ser

percorrido, que é acompanhar o ritmo em que vive a sociedade atual para que a

formação dos indivíduos se desenvolva com máximo de aproveitamento. Pois, como

explana Bonfim, (2010, p.03),

[...] a educação oferecida na maioria das instituições educacionais está em defasagem com as necessidades e os desafios da pós-modernidade, uma vez que os princípios e métodos sobre os quais está fundada, não estão condizentes com a consciência que se faz necessária no mundo contemporâneo.

A mudança das práticas pedagógicas para se adequar ao novo, às novas

possibilidades de ensino se torna indispensável, atualizar-se constantemente é vital.

Então, é neste contexto de transformações na metodologia de ensino que se

apresenta e ganha relevância o Turismo Pedagógico, uma vez que,

o vínculo do aluno com a escola é, ainda, fortemente marcado pelo modelo de ensino tradicional, que o coloca na condição de espectador e reprodutor dos saberes do professor e do livro. No processo de transição para uma nova concepção, é necessário que o professor efetivamente propicie situações nas quais o aluno seja desafiado a buscar novas formas de interagir, favorecendo o desenvolvimento de segurança que se traduzirá em autoconfiança e auto-estima. Esses são os pontos de partida para qualquer aprendizagem (MILAN, 2007 p.24).

A forma comumente utilizada de ensino se dá por meio de aulas

expositivas e dialogadas na educação formal. Neste método de lecionar, as

possibilidades de cultivar a capacidade exploratória, de observação, comparação

com a realidade dos alunos se tornam limitadas, tendo em vista que o estudo teórico

dos conteúdos é expressivo. O professor tem o papel não só de formar o aluno,

mas, também, de incentivar o estudante a desenvolver a capacidade critica reflexiva.

E, mais que isso, o educador deve inserir no processo de ensino-aprendizagem a

cultura de pesquisador, a fim de estimular a aptidão investigativa dos educandos,

pois a aprendizagem também ocorre por meio da exploração (BONFIM, 2010).

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Compreende-se, assim, a relevância dada à experiência turística por ser

uma forma de aprendizagem, uma vez que, o contato com o meio externo possibilita

o conhecimento e a reflexão acerca da realidade do ambiente visitado, aprimorando

o repertório de informações que o indivíduo adquire ao longo do tempo por meio de

suas vivências. O turismo de caráter pedagógico se apresenta como um instrumento

no processo de ensino-aprendizagem de diversas instituições de ensino, auxiliando

a formação acadêmica, profissional e pessoal dos estudantes devido ao contato com

outras culturas e espaços.

Nesse sentido, Scremin e Junqueira (2012, p.2) destacam a relevância

desse tipo de atividade utilizando do termo Turismo Pedagógico:

O turismo pedagógico por envolver diversas áreas do conhecimento vem sendo considerado como um instrumento importante na aprendizagem, uma vez que pode ser um diferencial na vida escolar dos educandos, por ser um misto de profissionais engajados neste trabalho.

A experiência turística pode proporcionar ampliação do repertório de

informações dos educandos, uma vez que, as relações estabelecidas entre o sujeito

e o meio favorece o despertar pelo conhecer e, a forma empírica do saber que este

segmento desenvolve auxilia no processo educacional. Desse modo, por meio do

empirismo as aulas fora do ambiente escolar proporcionam ao professor diversas

possibilidades de estimular o desenvolvimento das habilidades de explorador,

pesquisador em seus alunos, uma vez que, estarão mergulhados na realidade,

naquilo que é tangível.

Os ambientes diversos possíveis de serem utilizados para a finalidade

pedagógica expõe o aluno a situações de descobertas e, nessa dinâmica

diferenciada, seu olhar para os objetos em análise ganha foco, pois, a experiência

permite a percepção por meio dos sentidos, o que aflora as sensações e possibilita

ao indivíduo conseguir assimilar teoria e prática com nível de conhecimento sobre

realidade de maneira ampliada. E, como explica Bonfim (2010, p. 12) as aulas que

utilizam esse tipo de metodologia tornam-se “mais dinâmicas e menos maçantes”,

assim, são estimulantes para o aprendizado.

É notável a relevância das atividades práticas para o ensino, no entanto, é

preciso que tais metodologias estejam alinhadas à cultura educacional da escola,

que sejam desenvolvidas em conjunto entre professores e gestão escolar, de

maneira inter-relacionada e faça parte de um objetivo amplo que pretenda alcançar o

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interesse de todas as disciplinas e atividades escolares, visando seus reflexos na

formação do educando.

Então, para que o Turismo Pedagógico possa ser utilizado como um meio

efetivo na educação é necessário explicar o sentido de estar conhecendo

determinado ambiente para o público-alvo, uma vez que, a visita é uma extensão

das aulas tradicionais, além de estarem em um espaço diferente daquele onde

comumente aprendem.

Sensibilizar o aluno da relação que o local visitado tem com aquilo

estudado em teoria é influente para a absorção dos conteúdos. E, também por este

fator, o planejamento das viagens é primordial, para que sejam analisados como

cada momento irá possibilitar ao aluno reflexão e observação com olhar de

pesquisador (BONFIM, 2010).

A estruturação de uma viagem com finalidade pedagógica necessita estar

relacionada intimamente aos conteúdos trabalhados pelos professores em sala de

aula. Como explana Freire (2000 apud LOPES; PONTUSCHKA, 2009, p. 2):

a seleção do lugar a ser visitado, bem como a formulação das principais questões a serem respondidas na pesquisa de campo, todas as etapas de sua realização, o planejamento, a execução e a avaliação, são orientadas, por um lado, pela “dialogicidade” e, por outro, pelo despertar da “curiosidade epistemológica” de todos os membros da comunidade escolar.

Dessa forma, o que deve ser observado, investigado, estudado nas

experiências de Turismo Pedagógico deve contemplar as necessidades dos

educandos a fim de aplicar conhecimentos teóricos e/ou acrescentar ao seu

conhecimento o que se pode absorver da prática.

Tendo por base essas afirmações, compreende-se que qualquer atividade

turística de cunho pedagógico pode ser moldada para atender ao que cada disciplina

desenvolve, de modo que, as suas expectativas possam ser alcançadas. Neste

sentido, os professores, a instituição de ensino e os agentes que planejam,

promovem e executam as atividades pedagógicas precisam estar atentos para a

inter-relação dos componentes curriculares com o planejamento da atividade de

Turismo Pedagógico.

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3 ENSINO PÚBLICO E PRIVADO NO BRASIL

No Brasil, a educação escolar teve seu primeiro registro em 1533, quando

os “Franciscanos fundaram na Bahia o primeiro estabelecimento de ensino” (ALVES,

2009, p.1). Durante o período colonial (1500-1759), a escola confessional católica

caracterizou a educação no território brasileiro, subsidiada de maneira parcial pelo

poder público, porém, mantendo sua autonomia e princípios. O governo colonial

após ter criado as Capitanias Hereditárias, em 1532, preocupava-se também em

promover a instrução e com isso designou a igreja para cumprir tal tarefa. Assim,

foram trazidos os Jesuítas ao Brasil para ensinar a língua portuguesa, a doutrina

cristã, à leitura e a escrita. “O cuidado com a aprendizagem profissional e agrícola

revela, nestes princípios da colonização, a preocupação em se dá uma educação

adaptada ao contexto local e às necessidades da colônia” (ALVES, 2009, p.2).

A primeira fase da educação no Brasil (por suas características, de

caráter privado) se deu pelos Jesuítas, destinada à população aristocrata e foi

finalizada após a expulsão da Companhia de Jesus de Portugal e do Brasil em 1759.

Este momento histórico não promoveu a estagnação da iniciativa privada na

educação, seu crescimento continuou devido aos estabelecimentos existentes e,

após este fato, o Estado passou a intervir na educação de forma direta (ALVES,

2009).

Em 1834, um marco legal, o Ato Adicional à Constituição de 1824, dá

novas configurações decisivas para a educação no país, que alimentou os debates

sobre a descentralização da educação:

Quem teria o poder de legislar sobre educação? A quem caberia a tarefa de organizar a instrução pública? Ao governo geral ou às províncias? Foram questões que esquentaram as discussões entre políticos, administradores, professores e intelectuais (CASTANHA, 2006, p. 171).

Segundo Murasse (2005), a intervenção legal definiu que o governo

central tinha a responsabilidade de legislar sobre todos os níveis de ensino na

capital do Império e do nível superior em todo o país. Estando, assim, os governos

provinciais a cargo do ensino primário, secundário e profissional nos seus

respectivos territórios.

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Devido à escassez de recursos do Estado para promover o ensino público

e gratuito, a iniciativa privada ganha espaço e passa a ser financiada diretamente

pelas famílias dos estudantes, ocorrendo o aumento das escolas privadas.

Conforme Alves (2009, p.4),

o ensino privado prossegue a sua expansão não somente pela má qualidade da escola pública, mas, sobretudo, por um amplo entendimento da sociedade de que a escola particular lhes oferecia perspectiva educacional culturalmente enriquecida, universalizada e prenhe de valores liberais.

Até 1889, ano da Proclamação da República, nada de significativo e

concreto foi feito à educação brasileira. Ao longo do tempo modificações

sociopolíticas e econômicas refletiram na educação, como o sistema de governo

presidencialista no período da Primeira República (1889-1929) quando, “na

organização escolar percebe-se influência da filosofia positivista”, ideologia que tem

como princípios orientadores a liberdade e laicidade do ensino e gratuidade da

escola primária (BELLO, 2001, p. 6). Os objetivos eram de uma educação formadora

do indivíduo para o ensino superior, bem como, a predominância de um ensino

científico sobre o literário.

Nas primeiras décadas do século XX, no Brasil, começam a surgir

manifestações do pensamento da Escola Nova, uma nova ideologia educacional,

uma geração de educadores que se empenhava por um ensino público de

qualidade, liberal e laico, contra o ensino tradicionalista (ALVES, 2009).

A formação do indivíduo para a doutrina escolanovista consistia em

métodos de ensino direcionados a uma aprendizagem onde os sujeitos tivessem

papel ativo, capazes de fazerem julgamento próprio, prontos para enfrentar os

desafios durante o transcorrer de suas vidas. Desse modo, seria necessário reciclar

os conhecimentos, pois esses se tornam ultrapassados rapidamente e teriam que ter

a capacidade de aprender a aprender. Com isso, o individuo passa de objeto da

educação para sujeito da educação. A proposta era centralizar o ensino no aluno,

para que a aprendizagem tivesse base nas necessidades e interesses dele. (DI

GIORGI, 1986).

Neste contexto de mudanças, durante o governo de Getúlio Vargas, em

1930, foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública, momento em que a

Constituição de 1934 dispõe, pela primeira vez, que a educação é direito de todos:

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Art 149. A educação é direito de todos e deve ser ministrada, pela familia e pelos poderes publicos, cumprindo a estes proporcional-a a brasileiros e a estrangeiros domiciliados no paiz, de modo que possibilite efficientes factores da vida moral e economica da Nação, e desenvolva num espirito brasileiro a consciencia da solidariedade humana.

Desse modo, conforme Bello (2001), alguns ajustes legais dão à

educação brasileira novas perspectivas. Entre os anos 1946 e 1963 as discussões

governamentais, no que se refere à educação, foram pautadas na gestão e

regulamentações do ensino.

As discussões mais marcantes relacionaram-se à questão da responsabilidade do Estado quanto à educação, inspirados nos educadores da velha geração de 1930, e a participação das instituições privadas de ensino (BELLO, 2001, p.9).

Em 1953, o Ministério da Educação e Saúde se desmembra, sendo criado

o Ministério da Educação e Cultura. Após mais de uma década de discussões e

criação de anteprojetos, em 20 de dezembro de 1961, foi promulgada a Lei nº

4.024/61, que Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em que se

sobressaíam “as reivindicações da Igreja Católica e dos donos de estabelecimentos

particulares de ensino no confronto com os que defendiam o monopólio estatal para

a oferta da educação aos brasileiros” (BELLO, 2001, p.10). E em 1962, é criado o

Conselho Federal de Educação e instituído o Plano Nacional de Educação e o

Programa Nacional de Alfabetização.

A Lei nº 4.024/61 foi alterada ao longo dos anos e a Lei nº 9.394, de 20 de

dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional –

LDB foi, então, instituída, isto após um período político conflituoso (Regime Militar

1964 - 1985), onde a educação, assim como outros setores da sociedade, passou

por privações.

Bonamino (2003, p.2) afirma que, “a partir dos anos de 1980, a relação

entre o público e o privado no que tange à educação foi alterada, no quadro mais

geral da reforma do Estado e da restruturação das políticas sociais”. Este foi um

período de redemocratização do Estado, onde a educação participou desse

processo de desenvolvimento. Os direitos sociais tornaram-se mais acolhidos na

Constituição Federal.

Na atual Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CF/88),

o artigo 205 define que:

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A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será

promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando

ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício

da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Também, conforme a CF/88 é competência comum da União, dos

estados e dos municípios proporcionar os meios de acesso à educação. No entanto,

conforme o artigo 209 da CF/88, o ensino é livre à iniciativa privada se atendidas as

seguintes condições:

I - cumprimento das normas gerais da educação nacional; II - autorização e avaliação de qualidade pelo poder público.

Sendo que ainda é atribuída privativamente à União legislar sobre as

diretrizes e bases da educação nacional. E, de acordo com o artigo 20 da Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96), as instituições de ensino se

classificam nas seguintes categorias administrativas:

I - públicas, assim entendidas as criadas ou incorporadas, mantidas e administradas pelo Poder Público; II - privadas, assim entendidas as mantidas e administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado.

Estando as instituições privadas enquadradas nas seguintes categorias

(art. 20 da Lei 9.394/96):

I - particulares em sentido estrito, assim entendidas as que são instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas de direito privado que não apresentem as características dos incisos abaixo; II - comunitárias, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas educacionais, sem fins lucrativos, que incluam na sua entidade mantenedora representantes da comunidade; III - confessionais, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas que atendem a orientação confessional e ideologia específicas e ao disposto no inciso anterior; IV - filantrópicas, na forma da lei.

Assim, as configurações legais possibilitaram à educação brasileira

caminhos diversos de desenvolver-se, embora a iniciativa privada tenha que

responder às definições estatais, estando limitadas no sentido da “autonomia

pedagógica, curricular, administrativa e financeira” (ALVES, 2009, p.8).

Ao longo de toda a história da educação no Brasil, percebem-se

intervenções governamentais e do setor privado. A educação pública passou por

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períodos de abandono, como também, de ajustes e tentativas de melhorias, que

contribuíram para a sua evolução ao longo do tempo e a educação privada vivenciou

momentos de liberdade econômica, como também, de dependências estatais.

Independentemente de suas características jurídicas e de suas possibilidades e

limitações, ambas são responsáveis pela formação da sociedade. O ensino tornou-

se gradualmente acessível à população no Brasil, mas “a educação brasileira não

evoluiu muito no que se refere à questão da qualidade” (BELLO, 2001, p.12).

O debate entre instituições públicas e instituições privadas de ensino é

um tema que perpassa décadas, a busca pela melhoria da educação, embora

muitas vezes sem êxito, foram tentativas que refletiram de forma benéfica ou

maléfica para a sua evolução. O direito social não pode ser uma peça do jogo de

interesses político-econômicos, deve ser visto como um dos principais meios de

desenvolvimento da sociedade de modo geral.

No Brasil dispomos de um órgão público que visa atender os objetivos

referentes à rede educacional brasileira, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais Anísio Teixeira (INEP), criado a partir da Portaria nº 2.255, de 25 de

agosto de 2003,

é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação (MEC), cuja missão é promover estudos, pesquisas e avaliações sobre o Sistema Educacional Brasileiro com o objetivo de subsidiar a formulação e implementação de políticas públicas na área educacional a partir de parâmetros de qualidade e equidade, bem como produzir informações claras e confiáveis aos gestores, pesquisadores, educadores e público em geral (INEP, 2017).

Nesse sentido, um dos métodos de avaliar a educação é o Índice de

Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), que foi criado em 2007 e é um

indicador que trabalha com dois conceitos: o fluxo escolar e as médias de

desempenho nas avaliações. O cálculo do indicador é realizado com os dados da

aprovação escolar, levantados por meio do Censo Escolar 2 e, das médias de

desempenho nas avaliações do INEP, que são do Sistema de Avaliação da

Educação Básica3 - Saeb (unidades da federação e para o país) e a Prova Brasil4

(destinada para os municípios) (INEP, 2017).

2 Censo Escolar: Principal instrumento de coleta de informações da educação básica e o mais

importante levantamento estatístico educacional brasileiro nessa área (INEP, 2017). 3 Saeb: Composto por um conjunto de avaliações externas em larga escala e tem como principal

objetivo realizar um diagnóstico da educação básica brasileira e de alguns fatores que possam

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Cabe ressaltar que a educação básica (Art. 21. Inciso I da Lei 9.394/96) é

formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, organizada

especificamente da seguinte forma: educação infantil (creche e pré-escolar– 0 aos 5

anos), ensino fundamental (anos iniciais do 1º ao 5º e anos finais do 6º ao 9º- faixa

etária 6 aos 14 anos), ensino médio (1º ao 3º público-alvo jovens de 15 a 17 anos),

além da educação profissional técnica de nível médio.

De acordo com os dados do Censo Escolar de 2016, no Brasil existem

186,1 mil escolas de educação básica, estando concentrado o número de escolas da

educação básica sob a responsabilidade da instância municipal, cerca de 2/3 das

instituições (114,7mil) e a rede privada passou de 21,1% em 2015 para 21,5% em

2016, do percentual total de escolas da educação básica. Com isso, são mais de 2

milhões de professores atuando na educação básica, sendo que 75,6%

desempenham suas atividades exclusivamente na rede pública (federal, estadual e

municipal), já na rede privada atuam 20,6% dos docentes e, um percentual de 3,8%

trabalham nas duas redes de ensino concomitantemente.

O percentual de escolas por dependência administrativa em 2016 na

educação básica: a rede federal contava com 0,4%, a estadual 16,5%, a rede

municipal com 61,7% e a rede privada com 21,5%. Desse modo, perceber-se que o

maior percentual de instituições de ensino está na rede pública municipal. Essas

instituições estão localizadas, em grande parte, na zona urbana dos municípios,

sendo 66,1% e um percentual de 33,9% estão localizadas na área rural.

No que se refere especificamente ao ensino médio, nos últimos oito anos

cresceu em 11,6% a sua oferta. Este mesmo Censo Escolar (2016) mostra que, no

Brasil eram 8,1 milhões de matrículas no ensino médio deste, 95,6% dos

matriculados frequentaram escolas urbanas e 12,5% dos matriculados estavam em

escolas privadas, rede esta que cresceu 4,5% em oito anos. A quantidade de

escolas de ensino médio por dependência administrativa foi de 517 instituições da

rede federal, 19.301 da estadual, os municípios estavam com 251 escolas no total e

a rede privada com 8.260. É notável o número de estabelecimentos de ensino sob a

responsabilidade da rede estadual, considerando apenas o ensino médio, assim os

estados são os principais formadores, quantitativamente, desse nível de ensino no interferir no desempenho do estudante, fornecendo um indicativo sobre a qualidade do ensino ofertado (INEP, 2017). 4 Prova Brasil: Avaliação diagnóstica que visa investigar as habilidades desenvolvidas pelas crianças

matriculadas no 2º ano do ensino fundamental das escolas públicas brasileiras (INEP, 2017).

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Brasil. Quando se refere ao IDEB, para o ensino médio, a meta era chegar à nota

4.5, entretanto o índice alcançado foi de 3.7 de acordo com o último IDEB5 calculado

em 2015. Abaixo é possível visualizar os índices de 2005 a 2015 e suas respectivas

metas projetadas.

Tabela 1. IDEB - Instituições de Ensino Médio Públicas e Privadas do Brasil (2015).

Fonte: INEP/IDEB (2017)

Considerando o índice da rede privada em 2015 que foi (5.3), a meta do

total (4.3) estaria ultrapassada. Como discutido anteriormente, as instituições

privadas, ao longo de sua trajetória, foram consideradas as melhores em diversos

aspectos em comparação às instituições públicas, no índice citado elas apresentam

desempenho acima do definido para a educação nacional.

Como visto, a educação básica no Brasil é predominantemente da rede

pública de ensino e concentrada, com mais de 50%, na responsabilidade

administrativa da instância municipal. Sendo o domínio privado em pouco mais de

20% do número de escolas e, mesmo com esse percentual o índice de

desenvolvimento da educação básica (5.3) está à frente dos índices da rede pública

(3.5), considerando o IDEB de 2015. Os estados são os responsáveis por pouco

mais de 16% da educação básica, porém ao atentarmos especificamente para o

ensino médio, nível de ensino foco desse estudo, a rede estadual é a que possui o

maior número de instituições de ensino, chegando a 19.301 a quantidade de escolas

em 2016.

5 O Ideb é calculado a cada biênio.

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3.1 ENSINO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

Os primeiros vestígios legais no que se refere à educação no estado do

Rio Grande do Norte, data de 1906. Conforme consta no Plano Municipal de

Educação de Currais Novos (2015-2025),

A primeira lei existente no estado que dava conta da educação no Rio Grande do Norte, data de 22 de novembro de 1906. Tratava-se da Lei n° 249, que autorizava o governo a reformar a instituição pública, dando ênfase especial ao ensino primário. Dessa lei é fruto a construção do primeiro Grupo Escolar do estado, o Grupo Escolar Augusto Severo, localizado na praça de mesmo nome, no bairro da

Ribeira em Natal, em 1906 (CURRAIS NOVOS, 2015, p.18).

Desde esta intervenção surgiram outros grupos escolares que foram

construindo a educação potiguar. O estado do Rio Grande do Norte, já no período

de 1950 a 1960, vivenciou tempos de atenção aos problemas educacionais. Período

em que ocorreram investimentos consideráveis e revolucionários para a educação

norte-rio-grandense, com a criação da Universidade do Rio Grande do Norte,

Institutos Educacionais, Secretaria de Educação, essa que iniciou um processo de

melhorias na sua estruturação. A preocupação do governo estadual nesta época era

de organizar e aumentar a rede escolar na estrutura física e na capitação

profissional dos educadores, e contou com a contribuição significativa da professora

Lia Campos para realizar as reformulações necessárias ao ensino (VIEIRA, 2005).

A administração pública da rede de ensino potiguar está distribuída em 16

Diretorias Regionais de Educação e Cultura (DIREC) ligadas a Secretaria de Estado

da Educação e da Cultura do Rio Grande do Norte - SEEC/RN. De acordo com os

dados do INEPDATA6 de 2014, o Rio Grande do Norte possuía até 2014, 3.744

instituições de ensino da educação básica.

A secretária da SEEC/RN, em entrevista ao Tribuna do Norte 7 em

setembro de 2016, afirmou que o índice da educação básica do estado apresentou

resultados críticos. O Rio Grande do Norte alcançou a meta projetada pela última

vez no ano de 2009. “A projeção para 2015 era que o estado alcançasse 3,8, mas a

6 O InepData tem por objetivo fornecer dados sobre o número de estabelecimentos de ensino,

matrículas e funções docentes na educação básica e superior. 7 Jornal potiguar de referência no Rio Grande do Norte

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nota ficou em 3,2. A quinta pior do país, segundo os dados”, diz a professora.

(ARAÚJO, 2016).

A tabela a seguir apresenta os resultados observados e as metas

projetadas do IDEB do ensino médio para o Rio Grande do Norte, considerando

instituições públicas e privadas de ensino médio. Os índices destacados em verde

são as notas que atingiram as metas dos seus respectivos anos. Para 2017 o

objetivo é alcançar o índice 4.3.

Tabela 2. IDEB - Instituições de Ensino Médio Públicas e Privadas do Rio Grande do Norte (2015).

Fonte: INEP/IDEB (2017)

Ainda de acordo com a secretária de educação, um dos fatores que

refletem no baixo desempenho dos anos finais da educação básica, bem como, da

educação básica de modo geral no estado, é o reduzido número de professores.

Ainda existe um déficit de docentes nas escolas. Uma vez havendo a ausência do

professor em sala de aula, os conteúdos das disciplinas não são trabalhados,

refletindo nas avaliações nacionais que exigem tais conhecimentos. Nesse ciclo, os

índices são impossibilitados de avançar. Em 2016, no Rio Grande do Norte, existiam

55 mil alunos aptos a cursar o ensino médio fora da escola, há vagas, mas o

obstáculo é a qualidade do ensino, que não consegue atender às necessidades de

aprendizagem, o que influencia no desinteresse dos jovens em permanecer na

escola (ARAÚJO, 2016).

Com objetivo de promover melhorias no ensino público potiguar, o

governo do estado definiu metas e estratégias no Plano Estadual de Educação -

PEE, aprovado pela Lei nº 10.049, de 27 de janeiro de 2016. Tais metas estão

contidas nas seguintes dimensões, art. 2º:

I - universalização, expansão e democratização do acesso à educação básica;

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II - qualidade da educação básica: condições de aprendizagem, avaliação e melhoria do fluxo escolar; III - educação e trabalho: formação técnica e tecnológica de nível médio; IV - ensino superior: expansão e diversificação da graduação e da pós-graduação; V - valorização dos profissionais da educação; VI - gestão democrática: participação, responsabilização e autonomia dos sistemas de ensino; VII - financiamento da educação básica e superior estadual; VIII - educação: movimentos sociais, inclusão e direitos humanos.

Observa-se que as metas do governo visam expandir o ensino, com

finalidade de formar cada vez mais a população desde a educação básica à

superior, bem como, promover um ensino de qualidade e profissionalizante. Garantir

corpo docente especializado e qualificado e aperfeiçoar a formação desses, além de

favorecer a gestão democrática e dar apoio técnico aos municípios. Estas são

algumas das intervenções que o PEE objetiva realizar para reformular a educação

potiguar.

3.2 INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE CURRAIS NOVOS

O município de Currais Novos está localizado na mesorregião central do

estado do Rio Grande do Norte, na microrregião do Seridó, distante da capital do

estado por aproximadamente 186 km. Com população estimada de 45.060

habitantes em 2016 (IBGE), é o segundo município mais populoso da região do

Seridó.

A partir da década de 1930, começaram a surgir escolas sob a

responsabilidade do município e, a partir desse ano, foram sancionadas leis

municipais que dispunham sobre a criação de escolas. Entre 1936 e 1940, foram

criadas 15 (quinze) instituições de ensino, principalmente nas áreas rurais do

município e, gradativamente, passou-se a estabelecer escolas na área urbana

(CURRAIS NOVOS, 2015).

No que diz respeito à educação básica em Currais Novos, atuam a 9ª

Diretoria Regional da Educação, da Cultura e dos Desportos – DIRED, jurisdição

composta pelos municípios (Acari, Carnaúba dos Dantas, Cerro Corá, Cruzeta,

Currais Novos, Equador, Florânia, Lagoa Nova, Parelhas, Santana do Seridó, São

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Vicente e Tenente Laurentino Cruz), além da Secretaria Municipal de Educação,

Cultura e Esportes – SEMEC.

A seguir, apresentamos os resultados finais do Censo Escolar 2016 do

município de Currais Novos, sobre o número de matrículas das redes estaduais e

municipais, urbanas e rurais em tempo parcial e integral e o total de matrículas

nessas redes de ensino.

Tabela 3. Matrículas Iniciais da Educação Básica - Redes Estadual e Municipal de Ensino de Currais Novos (2016)

Unidades da Federação Municípios

Dependência Administrativa

Matrícula inicial

Ensino Regular EJA

Educação Infantil Ensino Fundamental Médio EJA Presencial

Creche Pré-escola Anos Iniciais Anos Finais

Parcial Integral Parcial Integral Parcial Integral Parcial Integral Parcial Integral Fundamental Médio

CURRAIS NOVOS

Estadual Urbana 0 0 0 0 0 74 886 1 1.140 0 266 288

Estadual Rural 0 0 0 0 40 0 42 0 21 0 45 0

Municipal Urbana 558 0 624 0 1.216 466 537 210 0 0 214 0

Municipal Rural 38 0 75 0 163 121 25 178 0 0 10 0

Estadual e Municipal 596 0 699 0 1.419 661 1.490 389 1.161 0 535 288

Fonte: Censo Escolar, INEP (2016)

Neste cenário, a educação básica de Currais Novos possuía 7.238

matrículas em 2016, considerando apenas as redes estadual e municipal de ensino,

das quais o ensino médio contava com 1.449, sendo 1.161 matrículas do ensino

médio regular e 288 matrículas no ensino médio EJA – Educação de Jovens e

Adultos.

Com relação ao índice da educação básica do município, o IDEB de

Currais Novos foi de 4.1 em 2015, considerando o resultado do 8º/9º ano do ensino

fundamental, sendo que a meta projetada para esse ano havia sido 4.3, estando

abaixo do esperado. Porém, de modo geral,

as metas estabelecidas pelo Ideb são diferenciadas para cada escola e rede de ensino, com o objetivo único de alcançar 6 pontos até 2022, média correspondente ao sistema educacional dos países desenvolvidos (BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2017).

A seguir apresentamos o IDEB observado e as respectivas metas

projetadas de 2005 a 2015 para o último ano do ensino fundamental das instituições

públicas de Currais Novos.

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Tabela 4. IDEB - Instituições Públicas de Ensino de Currais Novos (2015) Fonte: INEP/IDEB (2017)

De acordo com o levantamento da pesquisa, tendo como fontes a 9ª

Diretoria Regional de Educação e Desporto e a Secretaria Municipal de Educação,

Cultura e Esportes de Currais Novos em 2016, bem como, levantamentos da

pesquisa de campo no mesmo ano, 42 (quarenta e dois) é o número total de escolas

da educação básica de Currais Novos, considerando a educação infantil, ensino

fundamental e ensino médio.

Especificamente Currais Novos oferece em sua rede educacional da

educação básica: 01 (um) instituto federal; 10 (dez) instituições públicas estaduais;

26 (vinte e seis) instituições públicas municipais; 05 (cinco) instituições privadas

(Apêndice A). Assim, considerando o número de instituições de ensino da educação

básica existente no município de Currais Novos, foi necessário definir critérios para

selecionar número de escolas que fosse viável para efetivar essa pesquisa do ponto

de vista logístico e no que se refere às análises de conteúdo.

Para tanto, a pesquisa de caráter qualitativa teve como técnica selecionar

três instituições públicas de ensino médio regular e três instituições privadas de

ensino médio regular, a fim de, realizar análise comparativa equilibrada. O critério de

escolha das três instituições públicas foi o número de alunos matriculados no ano de

2016, ano de realização da pesquisa de campo, considerando aquelas que

apresentavam maior número de matrículas ativas.

As instituições públicas de ensino médio de Currais Novos são da rede

federal de ensino, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio

Grande do Norte com 563 alunos matriculados em 2016 no ensino médio integrado

regular; da rede pública estadual de ensino e seus respectivos números de alunos

matriculados em 2016, Escola Estadual Capitão Mor Galvão (375 alunos), Escola

Estadual Tristão de Barros (359 alunos), Escola Estadual Instituto Vivaldo Pereira

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(310 alunos), Escola Estadual Dr. Sílvio Bezerra de Melo (155 alunos), e Escola

Estadual Manoel Salustino (13 alunos), estas instituições desenvolvem o ensino

médio regular. Na rede pública de ensino de Currais Novos existe um total de seis

instituições de ensino médio regular.

Desse modo, como base nas informações fornecidas pela Secretaria

Acadêmica do IFRN, bem como, pela 9ª DIRED em pesquisa de campo, a Escola

Estadual Tristão de Barros e a Escola Estadual Capitão Mor Galvão eram as

instituições com maior número de alunos matriculados, porém essa última, no

período de realização da pesquisa de campo (29 de novembro de 2016 a 21 de

dezembro de 2016), estava indisponível para responder à pesquisa, pois se

encontrava em atividades curriculares diversas.

A Escola Estadual Instituto Vivaldo Pereira foi, então, selecionada, tendo

em vista que atendeu ao critério de seleção definido. Portanto, as instituições

selecionadas da rede pública foram: Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia do Rio Grande do Norte; Escola Estadual Tristão de Barros; Escola

Estadual Instituto Vivaldo Pereira.

As instituições privadas de ensino médio de Currais Novos são: Colégio

Camilo Toscano; Educandário Jesus Menino; Única Master. Currais Novos tem na

rede educacional privada três instituições de ensino médio. A Única Master não

participou dessa pesquisa, pois no período de realização da coleta de dados (29 de

novembro de 2016 a 21 de dezembro de 2016), estava indisponível para responder

à pesquisa devido às atividades curriculares diversas. Com isso, apenas duas

instituições privadas participaram desse estudo.

Portanto, fazem parte da pesquisa as instituições de ensino:

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande Do Norte

– IFRN

Escola Estadual Tristão de Barros – EETB

Escola Estadual Instituto Vivaldo Pereira – IVP

Colégio Camilo Toscano – CCT

Educandário Jesus Menino – EJM

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3.3 AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SELECIONADAS

3.3.1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do

Norte – IFRN

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do

Norte, Campus Currais Novos – IFRN está localizado na Rua Manoel Lopes Filho, n°

773, Bairro Valfredo Galvão. Foi fundado no ano de 2006, com 10 anos de atuação.

O número de alunos matriculados incluindo Ensino Médio Integrado é de 577 e do

Ensino Médio Integrado EJA são 20, no total são 597 alunos vinculados a esta

escola cursando o ensino médio integrado. Estando matriculados no ensino médio

integrado regular na primeira série 198 alunos; segunda série 133; 137 alunos na

terceira série e 89 alunos na quarta série. Diferente das instituições públicas que

trabalham com os últimos anos da educação básica, esta possui a quarta série,

devido à existência de curso técnico integrado ao ensino médio, o que demanda

carga horária extensiva. O índice de evasão escolar é contabilizado frequentemente,

assim, foi possível a secretaria acadêmica da instituição informar o número de 08

alunos dos cursos técnico integrado que desistiram no ano de 2016. O IFRN

funciona nos turno matutino, vespertino e noturno, também oferece ensino superior

no curso de Licenciatura em Química, Graduação Tecnológica em Alimentos e

Sistemas para Internet e Curso Técnico em Alimentos – Subsequente.

Os dados descritos foram fornecidos pela secretaria acadêmica com base

em informações extraídas do Sistema Unificado de Administração Pública - Suap-

Edu em dezembro de 2016. As informações do Integrado - Ensino Médio são do

período letivo 2016.1 e Integrado EJA são do período letivo 2016.2.

Nesta instituição de ensino a entrevista com a gestão foi realizada com o

Diretor Geral, o qual dedicou-se a profissão de professor e atuou em diversas

viagens com objetivo pedagógico através da referida escola. Os professores

entrevistados foram de Geografia, História, Química e Técnico em Informática.

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3.3.2 Escola Estadual Tristão de Barros – EETB

A Escola Estadual Tristão de Barros – EETB está localizada na Rua

Bernadete Xavier, n° 115, Centro. Foi fundada no ano de 1978, com 38 anos de

atividades. A instituição funciona com Ensino Fundamental e Ensino Médio, o total

de alunos matriculados em 2016 foi de 675, sendo 345 do ensino médio, destes 135

são da primeira série; 129 da segunda série e 81 alunos da terceira série. A

instituição funciona nos turnos matutino, vespertino e noturno.

Em nível de gestão, a entrevista foi realizada com a supervisão

pedagógica, pois segundo a gestão escolar, esta contribuiria com informações mais

precisas sobre a temática da pesquisa e os professores das disciplinas de História,

Língua Portuguesa e Língua Inglesa foram entrevistados.

Esta instituição foi a única que apresentou, na pesquisa de campo deste

estudo, participação no Programa Ensino Médio Inovador – ProEMI do Governo

Federal. Deseja-se aqui, informar sobre este programa, tendo em vista a profunda

relação com o desenvolvimento das atividades pedagógicas da escola, o que está

diretamente relacionado com as viagens de estudo.

O ProEMI foi instituído por meio da Portaria n° 971 de 09 de outubro de

2009 pelo Ministro de Estado da Educação, no âmbito do Ministério da Educação.

De modo geral, o programa pretende, art. 1° “apoiar e fortalecer o desenvolvimento

de propostas curriculares inovadoras nas escolas de ensino médio não profissional”.

No art. 2° está disposto que,

O Programa visa apoiar as Secretarias Estaduais de Educação e do

Distrito Federal no desenvolvimento de ações de melhoria da

qualidade do ensino médio não profissionalizante, com ênfase nos

projetos pedagógicos que promovam a educação científica e

humanística, a valorização da leitura, da cultura, o aprimoramento da

relação teoria e prática, da utilização de novas tecnologias, e o

desenvolvimento de metodologias criativas e emancipadoras

(BRASIL, 2009, p. 1).

Desse modo, observa-se que o programa foi uma tentativa de apoiar às

instituições de ensino médio públicas estaduais no que se refere a melhorias no

processo de ensino-aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento de novas

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abordagens metodológicas a fim de estimular o aprendizado, bem como, de

promover a permanência do jovem na escola.

O artigo 3° da portaria diz que, o programa prestará apoio técnico e

financeiro as ações mediante análise, seleção e aprovação de propostas. Este

incentivo do Ministério da Educação possibilitou avanços pedagógicos a esta

instituição, como será possível perceber ao longo desse trabalho.

3.3.3 Escola Estadual Instituto Vivaldo Pereira – IVP

A Escola Estadual Instituto Vivaldo Pereira - IVP está localizada na Rua

Cândido Mendes, n° 511, Centro. Foi fundada no ano de 1965, com 51 anos de

exercício. A instituição trabalha com os níveis fundamental e médio, o número total

de alunos matriculados em 2016 foi de 403, sendo do ensino médio 181 e, destes 75

são da primeira série; 67 da segunda série e 39 alunos da terceira série. O índice de

evasão, considerando dados de 2015, foi de 13,16%. A instituição funciona nos

turnos matutino, vespertino e noturno. Essas informações foram fornecidas pela

coordenação pedagógica da instituição em pesquisa de campo realizada em

dezembro de 2016.

A coordenação pedagógica desta escola foi o representante da gestão

escolar que contribuiu para este trabalho. Os professores participantes da pesquisa

foram das disciplinas de História, Geografia, Língua Inglesa e Educação Física.

3.3.4 Colégio Camilo Toscano – CCT

O Colégio Camilo Toscano - CCT faz parte do sistema de ensino privado

de Currais Novos e está localizado a Rua Bernadete Xavier, n° 173, Centro e foi

fundado em 1992. Com 24 anos de atuação, a instituição funciona com ensino

infantil, fundamental e médio, totalizando 400 alunos matriculados em 2016.

Especificamente no Ensino Médio estavam matriculados, 66 alunos sendo, 20

alunos da primeira série; 26 na segunda série e 20 na terceira série. O índice de

evasão escolar está em torno de 10%, segundo o gestor da instituição. Essas

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informações foram fornecidas pelo gestor da instituição em pesquisa de campo

realizada em novembro de 2016.

O gestor foi o representante da instituição entrevistado. Além dos

professores de Sociologia, Filosofia, Geografia, Língua Inglesa, Língua Portuguesa,

Biologia e Matemática.

3.3.5 Educandário Jesus Menino – EJM

O Educandário Jesus Menino - EJM é uma escola de natureza privada e

filantrópica, pois também atua como entidade beneficente, localizada na Rua Vivaldo

Pereira Araújo, 305, Centro. Foi fundado no ano de 1944, com 72 anos de exercício.

Funciona com ensino infantil, fundamental e médio. Matriculados no ensino médio

em 2016 estavam 142 alunos, sendo 54 da primeira série; 47 alunos na segunda

série e 41 na terceira série. Estas informações foram coletadas junto à coordenação

pedagógica da instituição.

A coordenação pedagógica foi o representante do corpo gestor da

instituição que respondeu aos questionamentos da pesquisa. Os professores de

História, Sociologia, Artes, Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Biologia e Química,

também participaram do estudo.

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4 TURISMO PEDAGÓGICO: POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES

4.1 CONCEPÇÃO DOS PROJETOS DE VIAGENS EMPREENDIDOS PELAS

INSTITUIÇÕES DE ENSINO

O contexto econômico, social e pedagógico em que cada instituição de

ensino analisada nesse estudo se insere, reflete no seu modo de gerir a educação.

No panorama do setor público, temos uma instituição federal que possui maior

flexibilidade no que se refere a questões financeiras, tendo em vista que há um

recurso direto para esta instituição desenvolver suas atividades pedagógicas.

Como observado em pesquisa de campo na entrevista com o Diretor

Administrativo do IFRN, no início do ano letivo a direção administrativa da instituição

requer um valor total destinado especificamente para projetos de viagens que devem

ocorrer ao longo do ano, para custear os itens básicos, como hospedagem e

alimentação. Para a liberação do recurso é preciso que tenha um

professor/coordenador responsável pela parte burocrática desse tipo de projeto, uma

vez que, é necessário solicitar recurso financeiro. Sobre esta solicitação, existem

alguns documentos que fazem parte desse processo burocrático, descritos na Nota

Técnica n° 06/2011, documento este que “regulamenta rotina de processamento da

concessão de auxílio financeiro ao estudante e professor, especialmente no que diz

respeito às aulas externas”.

O encaminhamento da solicitação para realização de aula externa deverá ser protocolada em até 10 (dez) dias antes da data inicial da viagem e instruído com Memorando Padrão disponível nas diretorias acadêmicas, plano de aula externa e relação dos participantes assinada (professores e alunos) e ratificada pelo respectivo diretor acadêmico (SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL, 2011).

Já as instituições estaduais de ensino apresentam contextos diferentes,

pois não são beneficiadas com recursos financeiros destinados as atividades de

Turismo Pedagógico, como ocorre na instituição federal. A Escola Estadual Tristão

de Barros, como mencionado na sua caracterização, recebeu recursos do Programa

Ensino Médio Inovador - ProEMI durante dois anos, período este em que foi possível

desenvolver com maior flexibilidade atividades pedagógicas fora da instituição.

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Porém, na ausência deste programa, a instituição teve dificuldades em efetivar

viagens pedagógicas.

O Instituto Vivaldo Pereira não foi beneficiado pelo programa citado e não

recebe recursos diretos para financiamento de viagens, sendo a questão financeira o

principal obstáculo para desenvolver este tipo de metodologia de ensino. Porém,

esta não é uma realidade apenas de uma escola em condições limitadas, no que se

refere ao aspecto econômico, pois como percebeu-se por meio das entrevistas, o

problema financeiro também é obstáculo para a realização de viagens de caráter

pedagógico das instituições privadas, tendo em vista que o ambiente econômico no

país não estava favorável para as organizações, bem como, para as famílias dos

alunos tanto de escolas públicas como privadas.

Um ponto divergente entre instituições públicas e privadas é que, na

segunda o planejamento das viagens ocorre em certa frequência mesmo em um

ambiente econômico desfavorável, pois faz parte da cultura da organização, em

especial quando falamos do Colégio Camilo Toscano, em que há uma preocupação

em elaborar aulas práticas, tendo em vista a qualidade do aprendizado do alunado.

Assim, a instituição CCT apresenta alternativa, como facilitar o pagamento para que

as famílias tenham mais condições de custear o orçamento de uma viagem. Esta

escola, como também, o Educandário Jesus Menino – EJM e as escolas públicas

analisadas optam por escolher locais próximos a Currais Novos ou até mesmo no

próprio município, seja na zona urbana ou rural, como visitas a laboratórios de

instituições na própria cidade, comunidades rurais próximas, dentre outros

ambientes, objetivando baratear essas atividades para torná-las mais acessíveis.

Observou-se que as escolas buscam caminhos para solucionar ou

minimizar a barreira financeira, sendo outra possibilidade visualizada por uma

instituição estadual, solicitar transporte público municipal e transporte coletivo do

IFRN campus Currais Novos na tentativa de reduzir os custos e a realizar viagem.

Firmar parcerias com empresas da região e/ou órgãos e instituições públicas

visando desenvolver o Turismo Pedagógico é um dos objetivos da gestão dessa

escola pública que não recebe recursos suficientes para promover atividades

diferenciadas. A gestão, professores e alunos dessa mesma escola promoviam

sorteios na tentativa de angariar recursos para custear o que fosse possível nas

viagens, a fim de, possibilitar ao educando novas experiências. Entretanto, tem sido

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dificultoso, disse a supervisora pedagógica, conseguir recursos por meio do sorteio,

porque a venda é baixa e os professores não têm disponibilidade para vender.

Na concepção da professora de história do Educandário Jesus Menino, os

projetos de Turismo Pedagógico deveriam ser organizados na semana pedagógica

e, na primeira reunião dos pais, apresentar informações básicas sobre possíveis

viagens. Fazendo esse processo, segundo ela, é possível que os pais se planejem.

Com o espaço de tempo em que os projetos são elaborados, as famílias têm

dificuldades de organizar o orçamento da viagem, o que reflete na desistência de

alunos, prejudicando o objetivo das atividades. É possível que essa alternativa

facilite o acesso dos educandos das escolas públicas estaduais a esse tipo de

atividade pedagógica.

A questão financeira limita algumas ações, mas não é motivo de

paralização das atividades de Turismo Pedagógico, pelo contrário as instituições

tanto públicas como as privadas, pesquisam novas possiblidades, pois a maioria dos

gestores e professores participantes da pesquisa demonstrou compreender e

reconhecer a importância em utilizar as viagens como instrumento metodológico.

Outro motivo que reflete negativamente o desenvolvimento das viagens é

a organização da estrutura técnica de uma viagem que exige dos docentes, tempo,

pesquisa e dedicação. Além disso, as atividades precisam ser associadas à carga

horária do professor na instituição, mas, às vezes, é difícil conciliá-las. Durante as

entrevistas nas instituições privadas, principalmente, há relatos – e é a realidade

desse profissional no Brasil – que o docente atua com mais de um vínculo

trabalhista, sobrecarregando a carga horária desse profissional.

Além disso, devido a compromissos profissionais, os professores não se

envolvem frequentemente nas viagens. Ainda no contexto das instituições privadas,

as atividades diversas desenvolvidas na escola, como eventos, consomem tempo e

dedicação dos envolvidos. Algumas vezes, a equipe deve optar para qual

atividade(s) direcionar os esforços.

Basicamente, tanto as instituições públicas quanto as privadas realizam

um processo de planejamento onde o professor é o principal personagem do ponto

de vista pedagógico e técnico. Geralmente a etapa de planejamento da viagem inicia

a partir do interesse do docente ou professores em grupo.

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No caso da instituição pública federal, é necessário que um docente seja

o coordenador do projeto de viagem (por questões burocráticas) que em conjunto

com outros professores interessados irão elaborar o roteiro. Em todos os casos

ocorrem reuniões com professores interessados em realizar a atividade e

coordenação ou supervisão pedagógica para discutirem o que pode ser

contemplado para cada disciplina e turmas.

Para a escola privada CCT, a ideia de um projeto de viagem pode partir

de uma demanda do (s) professor (es) ou de proposta da gestão escolar, com isso,

quando alguém propõe um projeto, há um estudo sobre as possibilidades e

dificuldades e, a partir desse ponto, se dá início ao planejamento. Desse modo,

percebe-se que utilizar o Turismo Pedagógico como instrumento no processo de

ensino-aprendizagem não é apenas uma visão do professor, como também, da

gestão escolar que reconhece o valor agregado desse tipo de atividade para a

formação dos seus alunos, diferenciando-se das demais escolas.

Observa-se, neste caso, a relação flexível entre professores e gestão no

planejamento da viagem, possibilitando a troca de informações efetivas. Turismo

Pedagógico é um assunto presente nas discussões para o ano letivo, é uma

metodologia aplicada frequentemente nesta escola, tanto que a instituição já iniciou

o processo de planejamento em 2016 para o ano letivo de 2017, elaborando um

projeto de viagem interdisciplinar, discutindo-o e ajustando-o à realidade da escola,

estabelecendo detalhes para contratação de empresa de turismo para viagens a

destinos distantes.

No EJM, conforme os professores afirmaram, muitas vezes ocorre que

alguns projetos de viagens acabam não sendo efetivados devido às diversas

atividades que a instituição e os professores se envolvem e a situação financeira,

então, esses projetos passam por reformulações objetivando ser aplicados no ano

letivo seguinte. Com isso, vemos que em um mesmo tipo de instituição (privada) há

pontos divergentes no que se refere ao planejamento das viagens, reflexos da

cultura de cada instituição.

O planejamento das viagens tem o objetivo final de contribuir para a

formação dos estudantes, entretanto, nota-se que o público-alvo desses projetos

não é inserido de modo efetivo nas discussões. Isso pode refletir no modo como o

aluno irá usufruir da atividade, como observado nas falas dos alunos de uma escola

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pública, onde relataram que, devido não haver um envolvimento dos discentes de

modo ativo, número significativo de estudantes enxergam a atividade pedagógica

com superficialidade, entendendo que as aulas em outros ambientes são mera

diversão, não percebendo a relevância das viagens para a sua formação. É

necessário considerar que também existem alunos que não demonstram interesse

nas atividades da escola por motivos diversos que podem ou não estarem

relacionados ao modo que está sendo gerida a educação pela instituição.

Os alunos não são envolvidos ativamente no processo de elaboração das

viagens, mas, observou-se que ocorrem discussões pontuais nas quais eles opinam

sobre algum item da viagem, como por exemplo, o destino a ser escolhido.

Geralmente, esse diálogo se dá em reunião informal em algum momento da aula,

onde o professor traz o assunto e procura conhecer os anseios dos alunos, essa é

uma realidade de escola pública estadual. Principalmente nas escolas privadas e na

pública federal os alunos recebem o roteiro impresso de viagem e, no caso do IFRN

cumprem protocolos de segurança da instituição.

Além dos gestores, coordenadores, professores e alunos, outro ator

dessa dinâmica são as famílias dos alunos que precisam inteirar-se do projeto de

viagem o qual seus parentes irão participar, inclusive por serem adolescentes e a

grande maioria é menor de idade, então eles precisam dar permissão. Notou-se que

a escola privada apresenta maior preocupação em envolver os pais ou responsáveis

nesse processo, havendo reunião prévia para informá-los sobre o destino, o motivo

de viajar, os custos, dentre outros aspectos e, quando não ocorre reunião presencial

é enviado um documento com informações da viagem para que os familiares

possam conhecer a proposta e permitir ou não que o estudante realize-a. No

contexto público, essa abordagem não foi percebida na mesma perspectiva em que

se dá no privado, assim, as instituições públicas não têm inserido os pais e/ou

responsáveis de modo ativo e frequente nessas atividades, ocorrendo contatos

pontuais com estes.

Foi nosso interesse compreender esse processo inicial de planejamento,

sendo necessário verificar o posicionamento dado a esta atividade nos documentos

das instituições, por isso questiona-se sobre o Projeto Político-Pedagógico8 - PPP e

se tal instrumento pedagógico, as viagens, é inserido no texto desse documento,

8 Instrumento que reflete a proposta educacional da escola.

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que é um das principais bases para a gestão da educação das instituições de

ensino. Quanto à importância desse documento, Veiga (2013, p.12-13), considera

que,

[...] o projeto político-pedagógico vai além de um simples agrupamento de planos e de atividades diversas. O projeto não é algo que é construído e em seguida arquivado ou encaminhado às autoridades educacionais como prova do cumprimento de tarefas burocráticas. Ele é construído e vivenciado em todos os momentos, por todos os envolvidos com o processo educativo da escola.

Dada sua relevância, durante a pesquisa tivemos acesso ao PPP na

íntegra do Instituto Federal do Rio Grande do Norte e da Escola Estadual Tristão de

Barros e parte desse documento do Instituto Vivaldo Pereira, considerando a

vigência até o ano de 2016, tendo em vista que esses documentos estão sendo

revisados e atualizados para os próximos anos. O Colégio Camilo Toscano não

dispõe desse documento, pois está em processo de elaboração, assim, a

coordenação pedagógica orientou pesquisarmos o site do Sistema Ari de Sá – SAS

para que pudéssemos conferir algumas orientações seguidas pela instituição.

O SAS é uma plataforma de educação que “elabora materiais didáticos e

soluções educacionais que abrangem da Educação Infantil ao Pré-Universitário”

(SISTEMA ARI DE SÁ, 2017), que é base do ensino para esta escola, do 1° ao 5° ano

do ensino fundamental e das três séries do ensino médio. O sistema dá apoio

pedagógico e mercadológico a 620 escolas atualmente em todo o território nacional.

Ao analisarmos essa plataforma de educação, percebemos a visão

inovadora e tecnológica que o sistema trabalha, a partir da qual a escola tem base

para desenvolver seu ensino. As ações desenvolvidas são focadas nos alunos, com

objetivo de estimular a “autonomia e a construção do pensamento crítico e reflexivo,

que respeite crenças, valores e diversidade de ideias” (SISTEMA ARI DE SÁ, 2017).

Podemos relacionar este pensamento inovador com os ideais escolanovistas dos

anos inicias do século XX no Brasil, doutrina que consistia em métodos de ensino

direcionados a uma aprendizagem onde os sujeitos tivessem papel ativo (DI

GIORGI, 1986).

A plataforma não disponibiliza modelo de Projeto Político-Pedagógico,

pois o acesso é restrito às instituições conveniadas, porém entende-se que a

atuação da instituição CCT segue parâmetros para desenvolver um ensino com

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metodologias diferenciadas. Já no EJM a coordenação pedagógica informou que no

PPP da escola não dispõe sobre viagens pedagógicas.

Desse modo, as instituições privadas não possuem em seu documento

referências diretas sobre o Turismo Pedagógico. As escolas públicas apresentaram

em seus PPP referências pontuais sobre essa atividade pedagógica, como podemos

citar um trecho do PPP do IFRN no tópico que diz das diretrizes e indicadores

metodológicos, aquilo que evoque métodos de ensino do qual as viagens façam

parte, sob o termo visitas técnicas,

h) diversificar as atividades acadêmicas, utilizando, por exemplo, aulas expositivas dialogadas e interativas, momentos colaborativos e cooperativos da aprendizagem, desenvolvimento de projetos, aulas experimentais (em laboratórios), visitas técnicas, seminários, debates, atividades individuais e em grupo, exposição de filmes e grupos de estudos (IFRN, 2013 p.106).

As atividades de visitas técnicas como pode ser identificado o Turismo

Pedagógico nesse trecho do documento, é definida como um dos métodos de tornar

as aulas diversificadas e estimulantes. Como esta instituição desenvolve o ensino

técnico integrado é dito ainda que “a prática profissional ancora-se tanto nos

princípios da unidade entre teoria e prática, da interdisciplinaridade e da

contextualização quanto na gestão de processos de produção específicos da área

técnica” (IFRN, 2013, p. 104), com isso, a vivência da teoria e prática é necessária,

tanto em laboratórios na própria instituição como nas experiências fora do ambiente

escolar.

A proposta pedagógica da EETB também define viagens de estudo em

seu PPP, como é possível visualizar nos seguintes trechos, “o ensino será

caracterizado por aulas presenciais desenvolvidas em sala ambiente, laboratório,

biblioteca e em campo, de modo a viabilizar um processo pedagógico diferenciado e

inovador [...]”. Tendo como um dos pontos definidos: “articular teoria e prática,

vinculando o trabalho intelectual com atividades práticas experimentais” (ESCOLA

ESTADUAL TRISTÃO DE BARROS, 2016, p. 33). A instituição preza em seu

documento por metodologias de ensino que propiciem ao estudante experiências

diversas e construtivas, que estimulem o aprendizado por meio de ambientes

múltiplos e, o aprimoramento dos conhecimentos, da reflexão e da crítica. Constata-

se que o termo - aulas em campo – pode expressar o sentido do Turismo

Pedagógico.

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Esta escola pública, como mencionamos em parágrafos anteriores,

recebeu recursos do ProEMI e, um dos investimentos promovidos pelo programa

foram as viagens pedagógicas. Então, este foi um dos principais incentivos para que

a escola começasse a inovar em suas metodologias de ensino. Ficou claro nas falas

dos professores e da supervisão pedagógica que o programa influenciou tanto à

gestão escolar da instituição quanto aos professores a um pensamento inovador e

ativo no ensino, bem como, o olhar mais direcionado à formação do aluno, fazendo-

os observar a forma de aprendizagem que estavam utilizando e as novas

possibilidades de tornar as aulas atrativas para a faixa etária. Ultrapassar os limites

físicos das salas de aulas é entendido como motivação, para os atores dessa

escola.

Assim, como explana Bonfim (2010, p.03),

[...] a educação oferecida na maioria das instituições educacionais está em defasagem com as necessidades e os desafios da pós-modernidade, uma vez que os princípios e métodos sobre os quais está fundada, não estão condizentes com a consciência que se faz necessária no mundo contemporâneo.

Com isso, foi possível visualizar os reflexos positivos que o incentivo ao

Turismo Pedagógico pode promover a esta instituição, influenciou aos seus atores a

um pensamento dinâmico e de propostas diferenciadas para o ensino. Aos poucos,

nota-se não um obstáculo sendo superado, no que se refere a tecnologias no

ensino, mas, novos caminhos começando a ser percorridos, que é o acompanhar

esse ritmo em que vive a sociedade atual, para que a formação dos indivíduos se dê

com o máximo de aproveitamento.

As instituições públicas estão em um contexto desfavorável, se

considerarmos o gargalo financeiro, porém algumas ações governamentais

despertaram o espírito inovador dessa escola e seus atores souberam responder

como profissionais da educação para a formação qualificada de seus alunos. A

qualidade da educação não depende apenas dos órgãos públicos para tornar-se

melhor, os educadores tem papel fundamental, eles são a conexão entre as

diretrizes educacionais e os alunos dessa complexa rede em que funciona o sistema

educacional. Para isso, é preciso ter um corpo docente em número e qualidade

suficientes para melhorar a qualidade da educação no estado. Como explanou a

secretária de educação do estado do RN em entrevista ao Tribuna do Norte em

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2016, que há um déficit de professores na rede pública, o que reflete diretamente no

desempenho dos alunos nas avaliações nacionais.

O PPP da escola pública Escola Estadual Instituto Vivaldo Pereira

apresenta no capítulo que diz das diretrizes curriculares, especificamente sobre o

ensino médio no tópico “II. Adotar metodologias de ensino e de avaliação de

aprendizagens que estimulem a iniciativa dos estudantes” (2016, p.41), que as

atividades teórico-práticas constituem parte do processo de ensino-aprendizagem,

utilizando ambientes diversos que potencializem a formação do indivíduo. Esse foi o

trecho identificado no documento que faz referência ao Turismo Pedagógico citado

como atividades práticas.

Segundo um professor dessa escola, ocorreu uma viagem na qual ele não

estava envolvido no planejamento, tendo que adaptar seu conteúdo no dia da

viagem para que pudesse aproveitar a oportunidade e, assim, elaborou roteiro de

perguntas para que seus alunos extraíssem desse momento informações que

contemplasse a disciplina.

Entende-se que o docente foi flexível em encontrar um meio de aproveitar

o momento de experiência, entretanto nota-se a falta de um planejamento integrado,

pois, a informação sobre a possiblidade de ocorrer uma viagem não foi repassada.

Então, possivelmente existem problemas de comunicação e isso são questões que

devem ser sanadas, podendo fazer a diferença e transformar uma viagem mesmo

que seja curta em uma experiência interdisciplinar rica de conteúdos.

Podemos extrair desse tópico que em ambos os contextos, público e

privado, há barreiras no planejamento das atividades de Turismo Pedagógico,

refletidas principalmente pela insuficiência financeira das escolas e das famílias dos

alunos, o que não impossibilita a utilização desse instrumento pedagógico, pois as

escolas buscam alternativas para continuar desenvolvendo-o. Algumas instituições

possuem ou já possuíram condições favoráveis ao desenvolvimento de projetos de

viagens, algumas são mais preparadas do ponto de vista técnico.

E, principalmente as escolas públicas definem, embora com outros

termos, o Turismo Pedagógico em seu PPP, as privadas já não abordam este

instrumento como metodologia de ensino no documento. Porém, mesmo não

tratando com total direcionamento em seu documento, todas as escolas visualizam a

relevância que este segmento do turismo tem para a formação pessoal e profissional

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dos seus alunos, cada uma pratica esse instrumento pedagógico da forma como a

cultura da instituição e as condições econômicas lhes permitem.

4.2 ORGANIZAÇÃO DAS VIAGENS PEDAGÓGICAS

A questão financeira praticamente define os caminhos a serem trilhados

pelas instituições quando se fala em viagens. As instituições públicas IFRN e IVP,

não utilizam de agências de viagens. No primeiro caso devido à experiência dos

professores e da gestão escolar na elaboração, organização e execução dos

roteiros, não havendo dificuldades quanto à organização técnica, sendo complexa,

especialmente, a etapa de definição dos locais, tendo em vista que é preciso

considerar diversos fatores, como contemplar as disciplinas envolvidas, selecionar

locais que tenham segurança para o grupo, por exemplo.

No caso do IVP, devido à privação dos recursos financeiros, tanto da

instituição, por ausência de programas de investimento público, quanto dos alunos

pela situação socioeconômica, opta por deslocar-se a locais próximos, o que requer

menos complexidade com relação na organização da viagem, consequentemente

requeira custos acessíveis, sendo professores, coordenação e gestão os

planejadores do conteúdo, roteiro e logística das viagens.

Já a Escola Estadual Tristão de Barros, devido ao financiamento advindo

do ProEMI, contratou uma agência de viagem durante o primeiro ano do programa

na escola. Entretanto, após a primeira, a gestão realizou uma reunião e analisaram

que era possível desenvolver viagens com custo financeiro reduzido, sendo possível

aproveitar e direcionar os recursos de maneira efetiva. A partir dessa experiência a

escola passou a contratar serviços necessários de forma independente, quando

observaram a notável diferença na economia nos projetos de viagens.

Portanto, as escolas públicas não têm utilizado o serviço de agência de

viagem devido ao alto custo financeiro, orçamento que não condiz com as condições

socioeconômicas das famílias ou a instituição possui estrutura técnica suficiente

para desenvolver as viagens sem auxílio de empresa privada. Essa realidade não se

dá apenas no contexto público, pois os valores dos serviços prestados pelas

agências são pouco acessíveis para a realidade socioeconômica das famílias.

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Assim, as escolas privadas também optam por não utilizarem dos serviços em todas

as viagens e, assim, organizar a logística necessária, firmando contrato com

serviços específicos, como de transporte, por exemplo. Porque independente do tipo

de instituição, as viagens são custeadas pelas famílias, exceto para os alunos do

IFRN, no que diz respeito aos itens básicos, como por exemplo, hospedagem,

alimentação, transporte.

No entanto, as instituições privadas quando definem viagens a destinos

mais distantes, como fora do estado do Rio Grande do Norte, contratam agência

para organizá-las, tanto por questões de segurança, quanto pela facilidade do ponto

de vista técnico, mas projetos de viagens à destinos mais distantes passam por um

processo de elaboração em espaço de tempo maior e não ocorre com frequência. Já

que envolve empresa de turismo, geralmente, ocorre o repasse do projeto de viagem

à empresa, de modo que esta seja informada sobre o que a escola pretende abordar

e são feitos os ajustes necessários para que o roteiro possa ser executado.

No que se refere ao roteiro de viagem, independentemente de qual tipo

de escola, este é definido em diálogos e adequação entre a proposta da escola em

explorar os conteúdos e a oferta da programação do guia de turismo, considerando

que a maioria das viagens é realizada sem apoio de uma agência de viagens.

Principalmente nas viagens a destinos dentro do Rio Grande do Norte.

Quanto à contratação do guia de turismo, dentro do estado geralmente

não ocorre. Desse modo, os professores são os responsáveis por executarem a

programação, isso se dá frequentemente nas viagens a locais próximos, ou seja,

nos deslocamentos curtos. Comumente os locais de visitação dispõem de

condutores ou monitores de turismo, facilitando o desenvolvimento das atividades,

do ponto de vista logístico, principalmente para os professores responsáveis pelo

grupo de alunos.

Registra-se uma exposição de um dos entrevistados de escola pública,

quando comentou que os guias de turismo precisam divulgar o trabalho, pois a

escola não tem conhecimentos suficientes sobre os profissionais disponíveis que

possam contribuir para a realização os projetos com apoio técnico. É fundamental

que os guias de turismo atuantes visitem as escolas para apresentar as propostas

de roteiros, como também, observa-se a carência no município de Currais Novos,

com relação à exploração dos recursos do local.

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A escola CCT elabora um roteiro com informações para os alunos, com

perguntas sobre o que será observado na visita e o material para anotações, bem

como, o roteiro programático da viagem, entregues de uma a duas semanas de

antecedência. No IFRN fica a critério dos professores definirem se irão repassar um

roteiro de perguntas ou outro tipo de material que deseja trabalhar. Nas outras

instituições observamos que não é frequente o uso de materiais base para as

análises in loco ficando a critério dos professores envolvidos.

Tendo em vista o aproveitamento dos projetos de viagens, o modelo

interdisciplinar é prioridade em todas as instituições para realização das viagens,

geralmente definido por turma ou para mais de uma turma, dependendo do limite de

vagas no transporte. Mas, de modo geral, não são realizadas viagens para muitas

turmas em um mesmo projeto de viagem.

Na realidade do IFRN, prioritariamente são definidos os projetos de

roteiros com base na demanda das turmas integradas, ou seja, dependendo dos

conteúdos abordados pelas disciplinas que envolvem o ensino técnico. Tendo em

vista que, as turmas que realizam viagens pedagógicas geralmente estão

relacionadas a demandas do nível técnico, também porque os estudantes precisam

de maturidade no que se refere ao conhecimento na área. Com isso, são elaborados

projetos de viagens notadamente para contemplar as turmas a partir da segunda

série do ensino médio integrado regular.

De acordo com os entrevistados de todas as instituições de ensino, essas

viagens têm a característica de ocorrem em menos de 24 horas, ou seja, não ocorre

pernoite e é conhecida popularmente por bate-e-volta, são viagens curtas que duram

menos de um dia aproximadamente. Raramente as escolas definem um projeto de

viagem que contemple mais de uma diária, no máximo são três dias viagem. Essa

prática social reflete novamente as condições financeiras devido aos custos

aumentarem no caso da viagem com pernoites.

Como explana Beni (2001), Turismo Pedagógico é uma retomada da

antiga prática social do século XVIII. Porém, diferente de como ocorria nessas

grandes viagens de estudos da Idade Moderna, a atividade identificada no contexto

das instituições de ensino analisadas, não percorre longas distâncias, nem duram de

seis meses a um ano e meio ou se estendem durante dois anos, como acontecia no

grand tour, pois, ocorrem frequentemente a locais próximos do local de residência

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habitual e em um espaço de tempo consideravelmente menor que das antigas

viagens, mas a essência da motivação é a mesma, a educação, o aprendizado.

Embora o MTur considere como turismo as atividades realizadas durante

viagens e estadas a lugares diferentes do seu local de residência habitual, por um

período inferior a um ano, estes aspectos espaciais e temporais não condiz com a

realidade constada. Todavia, considera-se a experiência, pautada em um

planejamento diretamente ligado aos conteúdos ministrados em sala de aula, pois,

conforme Netto (2005, p. 29) “o turismo [...] é experiência.” A experiência promovida

pela atividade turística é uma forma de desenvolvimento do conhecimento pelo

modo empírico.

A utilização do Turismo Pedagógico como forma de aproximar os

conteúdos a uma dada realidade é uma prática comum realizada pelas instituições

de ensino. Assim, não é possível definir média da quantidade de viagens que cada

tipo de instituição efetiva, pois das escolas públicas o IFRN, é a que possui estrutura

técnica necessária para realizá-las frequentemente. Segundo o diretor

administrativo, ocorrem aproximadamente, 20 a 30 viagens ao ano letivo, se formos

comparar às outras instituições públicas aqui analisadas, a diferença é considerável,

pois realizam no máximo três viagens ao ano.

Das escolas privadas o CCT é o colégio mais estável quanto ao número

de viagens. Segundo o gestor, ocorrem duas a destinos mais distantes e outras três

na região, contabilizando cinco viagens, todas no formato interdisciplinar. Já o EJM

não possui uma regularidade de frequências das viagens, mas segundo os

entrevistados ocorrem de duas a três por ano.

Há uma acentuada diferença ao consideramos a frequência de viagens da

instituição federal, mas as outras instituições entre si se aproximam da quantidade

de viagens realizadas. O que facilita ao IFRN desenvolver um número de viagens

significativas, além dos recursos financeiros destinados a esse tipo de atividade,

como já foi discutido anteriormente, é a disponibilidade do transporte coletivo

próprio, desse modo, torna-se possível praticar esse tipo de atividade com

frequência.

De acordo com o observado ao longo da pesquisa, a frequência de

atividades de Turismo Pedagógico realizada pelas instituições é determinada pela

sua capacidade financeira, de elaboração e da disponibilidade de tempo da equipe.

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Um dos pontos que faz parte da estruturação de uma viagem com

finalidade pedagógica, como explana Freire (2000 apud LOPES; PONTUSCHKA,

2009), é a escolha do lugar a ser visitado, que precisa estar relacionado ao conteúdo

trabalhado em sala de aula. Com isso, verificamos que as instituições públicas já

realizaram viagens a 21 cidades diferentes e as instituições privadas a 18 cidades,

considerando que foram mencionados municípios visitados nos últimos dez anos,

conforme recordavam-se os participantes da pesquisa. Notou-se que dez destinos

se repetem nos dois tipos de instituição. Sendo esses, sete cidades do estado do

Rio Grande do Norte: Acari, Carnaúba dos Dantas, Ceará-Mirim, Cerro Corá, Currais

Novos, Mossoró e Natal; E, três capitais de estados nordestinos próximos: Fortaleza-

CE, João Pessoa-PB e Recife-PE.

Abaixo, dispomos a tabela que apresenta a quantidade de destinos por

instituição e o total por tipo de instituição (pública e privada), bem como, se os

municípios são do estado do Rio Grande do Norte ou se pertencem a outros estados

do Brasil, para que tais informações fossem transmitidas de modo visual.

Tabela 5. Quantidade de Destinos das Instituições de Ensino Médio Públicas e Privadas de Currais Novos

Instituições Total de Destinos Destinos do RN Destinos de outros estados

Instituições Públicas 21 16 5

IFRN 16 11 5

EETB 9 7 2

IVP 3 2 1

Instituições Total de Destinos Destinos do RN Destinos de outros estados

Instituições Privadas 18 13 5

CCT 12 10 2

EJM 16 11 5

Fonte: Dados da Pesquisa (2017)

Verificou-se que os destinos acabam se repetindo ou divergindo entre as

instituições, por isso que o número de municípios visitados por tipo de instituição não

representa a somatória total dos destinos de cada tipo escola (pública e privada). No

Apêndice B é possível verificar todas as cidades citadas durante a pesquisa de

campo, este que foi base para a elaboração dos mapas ilustrativos, elaborados na

malha cartográfica do IBGE, 2010 e em ambiente TerraView 4.2.2 por França, R.

2017, apresentados a seguir.

O mapa abaixo apresenta os municípios contemplados pelas atividades

de Turismo Pedagógico das instituições públicas. Podemos visualizar que os

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munícipios escolhidos, em sua maioria, são capitais dos estados nordestinos

próximos, principais cidades do Rio Grande do Norte e desses estados, como

Paraíba, Pernambuco e Ceará e cidades pequenas da região do Seridó Potiguar.

Aquelas que se localizam fora do estado estão em pequeno número, isso se dá pelo

fato de que viagens a destinos mais distantes requer maior complexidade de

organização e custos elevados, o que as tornam menos acessíveis do ponto de vista

financeiro. Como já discutido, a questão financeira é um dos principais obstáculos

para desenvolver o Turismo Pedagógico pelas escolas.

Mapa 1. Destino das Instituições Públicas de Ensino Médio

Fonte: França, R. (2017)

Na realidade das instituições privadas de ensino, como podemos

visualizar no mapa a seguir, os municípios contemplados assemelham-se à

dinâmica das escolas públicas. Pontualmente, ocorreu o deslocamento mais distante

ao município de Paulo Afonso, estado da Bahia.

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Mapa 2. Destino das Instituições Privadas de Ensino Médio

Fonte: França, R. (2017)

Na concepção dos gestores e professores, definir os locais de visitação

torna-se um dos pontos mais complexos na etapa de organização, tendo em vista

que é preciso considerar os recursos disponíveis e a demanda das disciplinas

envolvidas no projeto de viagem. Deste modo, é laborioso conciliar todos os itens

capazes de propiciar uma experiência proveitosa em diversos aspectos. Além disso,

outro obstáculo pontuado com relação à escolha dos locais é determinar a exclusão

daqueles que possam oferecer insegurança ao grupo, assim, limitando a seleção

dos ambientes a serem visitados.

A professora de língua portuguesa de uma escola pública expôs que a

falta de valorização da cultura potiguar em nosso Estado faz com que existam

poucos locais para visitação. Por isso, ela opta por levar os alunos aos Estados

onde a cultura popular é mais valorizada, a exemplo do Estado de Pernambuco.

Outra docente, mas da rede privada, relatou que há insegurança em arriscar outros

roteiros, ocorrendo reprodução de atividades de outras realidades que obtiveram

êxito. Segundo ela é preciso explorar o local, o regional, propor viagens que

explorem as riquezas do lugar. E, talvez essa insegurança reflita em uma

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instabilidade em diversos aspectos presente no país, como na segurança pública e

na economia, por exemplo.

Alunos de escola privada, também percebem que há uma repetição de

roteiro, e afirmam que essa condição não estimula o aprendizado. Ocorre a

reprodução de roteiros, pois é favorável para a instituição realizar programações já

consolidadas ao invés de propor o desconhecido do ponto de vista da elaboração da

viagem, bem como, da segurança.

Conforme Bonfim (2010), a necessidade de novos métodos de

abordagem dos conteúdos, objetivando a maior possibilidade de aprimorar os

conhecimentos dos educandos e incentivar a reflexão das informações é um dos

desafios dos professores e instituições de ensino. Visto isso, além da inserção de

práticas pedagógicas diferenciadas para tornar o ensino dinâmico e atrativo, a faixa

etária em questão, jovens de 12 a 18 anos de idade, anseia pelo novo e, mesmo o

Turismo Pedagógico já praticado pelas escolas ser em si uma proposta diversificada

no processo de ensino-aprendizagem, há sempre o interesse por experiências

inéditas.

Como a insegurança, em diversos aspectos, acaba limitando a

possibilidade de desenvolver roteiros diferentes elaborados pelas instituições, a

responsabilidade de organizar e executar projetos de viagens com auxílio técnico de

uma empresa possibilita certa estabilidade neste ponto de vista, bem como, pelo fato

dos professores poderem explorar mais os conteúdos e preocupar-se menos quanto

às questões logísticas de uma viagem.

4.2.1 Agência de Turismo Pedagógico em Currais Novos

A atuação de uma empresa que organize uma proposta de Turismo

Pedagógico junto à escola é uma forma de facilitar o desenvolvimento da atividade.

No que se refere à agência de turismo de Currais Novos que trabalhe o segmento

foco dessa pesquisa, verificamos que no município existe uma empresa privada

formalizada, como afirmou a empresária entrevistada na pesquisa de campo.

A empresa que trabalha com Turismo Pedagógico especificamente,

realizando roteiros locais, regionais e a outros municípios do estado é a CN Turismo,

localizada na Rua Bernadete Xavier, n° 157, Centro. Atua há 05 (cinco) anos no

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mercado de turismo em Currais Novos com dois administradores apenas. A

proprietária é Licenciada em Geografia com pós-graduação em Geografia do

Semiárido e Educação Ambiental, na área de turismo tem formação técnica em

Guiamento Regional.

Segundo a empresária, a definição do segmento de mercado teve

influência, primeiramente devido às experiências enquanto professora, trabalho esse

que a fez perceber a necessidade e dificuldade que as escolas tinham em planejar,

organizar e executar as viagens de Turismo Pedagógico. Neste contexto, iniciou o

curso técnico de guia de turismo, a partir do qual passou a ter mais conhecimento na

área.

Como observamos, a empresária afirmou que enquanto professora,

percebia que as escolas apresentavam dificuldades em desenvolver esse tipo de

atividade, o que a influenciou trabalhar o segmento. Esta consideração também foi

percebida na fala da coordenação pedagógica de escola pública, quando expôs

seus anseios, manifestando a necessidade que a escola tinha e tem de conhecer os

trabalhados dos Guias de Turismo atuantes e que é oportuno que estes profissionais

divulguem seus trabalhos nas escolas, para que possam colaborar com seus

projetos de viagens.

Os serviços oferecidos pela empresa são Transporte; Contratação de

Condutor/Monitor de Turismo; Acompanhamento de Guia Regional; Serviço de

Bordo; Kit de Material Pedagógico (Caneta, Pasta e bloco de anotação, Crachá,

Pulseira de identificação); Venda de Passagens Aéreas (Nacional e Internacional);

Venda de Pacotes de Viagens (Nacional e Internacional); Reservas de

Hospedagem; Locação de Veículo; Venda de Pacotes para Cruzeiros e Organização

de Eventos. Um diferencial que a empresa oferece é o registro de momentos da

viagem, que posteriormente é organizado em arquivo digital e entrega à escola

como recordação da experiência.

A empresária declarou que as instituições de ensino Colégio Camilo

Toscano, Educandário Jesus Menino, Centro Integrado de Vivências Educacionais,

Escola Estadual Tristão de Barros, Escola Estadual Capitão Mor Galvão, Escola

Municipal Nossa Senhora, Escola Municipal Professor Salustiano Medeiros dentre

outras instituições de ensino de Currais Novos, já contrataram serviços da empresa

para a execução de roteiro de Turismo Pedagógico, bem como, para algum serviço

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específico. Algumas instituições fizeram orçamento, mas a contratação não foi

efetivada.

Devido à empresa já ser conhecida em Currais Novos bpor um número

significativo de escolas, geralmente ocorre da instituição entrar em contato com a

agência quando pretende realizar viagens pedagógicas. Além disso, todo início de

ano letivo a empresa vai às escolas para apresentar propostas de roteiros e

serviços.

No que diz respeito ao planejamento, a empresa tem definido propostas

de roteiros, já que no início de ano letivo o serviço é apresentado às escolas por

meio de reunião pedagógica com gestão escolar e professores, porém, se o roteiro

proposto não estiver de acordo com os objetivos da escola, a empresa se adequa

aos interesses da instituição. Como também, a proposta pode partir da escola,

assim, a empresa se adapta às necessidades da instituição. De qualquer forma,

independente de quem partir a iniciativa, a adaptação da empresa é indispensável,

pois é preciso articular possiblidades de explorar os conteúdos desenvolvidos em

sala de aula e trabalhá-los em campo.

O processo de planejamento envolvendo a empresa ocorre da seguinte

forma. Após a apresentação das propostas da CN Turismo, a gestão escolar e os

professores fazem reunião interna para definir o roteiro e com base nas definições é

feito o orçamento. No momento em que a escola aceita a proposta para posterior

avaliação dos familiares dos alunos, é então realizada reunião com estes para

apresentar a proposta de roteiro com orçamento e, depois disso, a escola decide se

o projeto de viagem será efetivado, considerando a quantidade de alunos

participantes. Segundo a empresária, geralmente, as escolas programam viagens,

especialmente para o primeiro semestre do ano letivo. E, para atuar no segmento,

conforme notícia no portal do MTur escrita por Braga (2014),

[...] os agentes e guias de turismo precisam se qualificar. “A agência tem que estar 100% alinhada com o professor. É esse alinhamento que faz o aprendizado funcionar”, diz Grisostomo. O consultor afirma também que, para garantir a qualidade do aprendizado dos alunos, a agência deve promover reuniões detalhadas com a direção da escola e os professores, a fim de estabelecer qual a infraestrutura e locais mais adequados para complementar o conteúdo de sala de aula.

Os principais destinos comumente visitados pelas instituições de ensino,

segundo a empresa, são no Rio Grande do Norte: Natal, Mossoró, Ceará-Mirim, São

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José do Mipibú e a região do Seridó onde trabalham com o Roteiro Seridó. Fora do

Estado, os municípios mais visitados são: João Pessoa, Recife, Olinda e Fortaleza.

Tais destinos assemelham-se aos levantados nesta pesquisa, sendo capitais de

estados próximos, cidades principais do estado do RN e na região do Seridó.

Durante a execução do roteiro, obrigatoriamente para todas as viagens,

contrata-se condutor e/ou monitor de turismo, ficando a cargo desses profissionais

conduzirem e apresentarem informações sobre os locais, os docentes nesse

contexto contribuem pontualmente com algum conteúdo específico e os alunos e

todo o grupo dispõem do roteiro programático. Após a viagem, a empresa aplica

questionário com professores e alunos, a fim de receber um feedback das escolas

sobre a execução dos roteiros.

A Empresa considera que “Turismo Pedagógico é o segmento de viagem

alternativa extra sala, [que envolve] entretenimento, com desenvolvimento, aspectos

afetivos e sociais dos alunos”. Infere-se, pois, que na visão da organização privada o

segmento é um dos caminhos pelos quais o ensino pode ocorrer tendo como um de

suas características o entretenimento e que, as experiências contribuirão para o

desenvolvimento do indivíduo pessoal, social e profissionalmente.

Vê-se que atuar neste segmento é uma tarefa que exige do profissional

de turismo também uma visão de profissional da educação, tendo em vista os

reflexos na formação do sujeito. Desse modo, questionada sobre as principais

dificuldades que a empresa possa ter em realizar o Turismo Pedagógico, a

empresária afirmou, assim como em qual atividade da empresa, a situação

financeira do mercado é o que se pode considerar como limitante para efetivação de

seus objetivos.

Um fator que pode agregar valor as atividades dessa empresa é a

formação de sua proprietária como professora e guia de turismo, que a possibilita

enxergar tanto os aspectos da educação quanto do turismo e, assim, propor roteiros

que possam contemplar ao máximo possível os conteúdos desenvolvidos em sala

de aula, contribuindo significativamente para a formação do educando.

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65

4.3 RELAÇÃO DAS VIAGENS COM O CONTEÚDO DAS DISCIPLINAS

Quanto à relação dos conteúdos trabalhados em sala de aula com a

temática desenvolvida nos locais de visitação, todas as instituições de ensino

apresentaram similitudes, pois em ambos os tipos de instituições o objetivo em

realizar o Turismo Pedagógico se dá para complementar os conteúdos ministrados

em sala de aula, uma vez que, a forma comumente praticada de lecionar se dá por

meio de aulas expositivas e dialogadas. Com este método de ensino, as

possibilidades de cultivar a capacidade exploratória, de observação, comparação

com a realidade dos alunos estão associadas, principalmente, ao estudo teórico dos

conteúdos, que é expressivo, como explana Bonfim (2010).

Devido ao modelo interdisciplinar dos projetos de viagens, os locais

visitados não abrangem os conteúdos de todas as disciplinas envolvidas. Desse

modo, quando o assunto discutido em aula de campo não tem relação direta com o

que está sendo aplicado em sala de aula, os professores desenvolvem atividades

para explorar o conteúdo que é possível trabalhar, pesquisando junto aos alunos

para que possam aproveitar a oportunidade, isso se dá no contexto público e

privado. Porém, na escola federal essa situação raramente acontece, pois, de

acordo com os professores e estudantes, os ambientes visitados, geralmente estão

relacionados aos conteúdos das disciplinas técnicas.

A partir dos comentários de dois docentes, um de uma escola pública e

outro de escola privada, pode-se compreender que é corrente acontecer dos alunos

que tiveram alguma experiência de Turismo Pedagógico, recordarem e/ou usarem

como exemplo, nas séries seguintes ou conteúdos posteriores, o que vivenciaram na

viagem. Dessa forma, observa-se como a experiência prática pode refletir em

análises, podendo servir como exemplo em outras discussões, comparação e,

assim, possibilitar ao estudante reflexões como base teórico-prática. As experiências

de Turismo Pedagógico possibilitam o aprimorando do repertório de informações

que o indivíduo adquire ao longo do tempo, refletindo diretamente no seu

aprendizado e desenvolvimento.

A temática abordada nos locais de visitação está, geralmente, relacionada

ao conteúdo já desenvolvido em sala de aula em período anterior a viagem, além

disso, os professores, em especial aqueles das instituições privadas, prezam por

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também discutir, apresentar informações, especificamente sobre o(s) município(s)

e/ou os locais que irão ser visitados, buscando sensibilizar os alunos a pesquisarem

acerca dos destinos, para que possam reconhecer mais facilmente a dinâmica a ser

analisada posteriormente em campo. Essas abordagens prévias, diretamente

associadas ao local a ser visitado, são primordiais para que os alunos enxerguem de

fato a dimensão desses projetos de viagens, pois já irão experienciar com um aporte

teórico das disciplinas, bem como, já o conectando aos aspectos a serem analisados

dos ambientes.

Na realidade do EJM, quando ocorre de o aluno não participar da viagem,

este tem a tarefa de pesquisar sobre o local para inteirar-se do conteúdo. Assim,

realiza-se um momento preparatório com embasamento teórico sobre os locais e,

tanto aqueles que participarão quanto aqueles que não se envolverão adquirem

conhecimentos sobre o destino a ser visitado.

No caso dessa escola, quando o professor está impossibilitado de

participar, mas que deseja envolver a disciplina a qual leciona, ele pode direcionar

tarefa relacionada à disciplina para que os alunos aproveitem a oportunidade, isto

com supervisão dos outros docentes em campo. Um ponto fraco dessa realidade é a

ausência do professor durante a visitação, pois, ele estando presente, orienta e,

assim, conduz o olhar do educando. Esta possibilidade de participação docente não

foi percebida nas outras instituições.

Com relação ao desenvolvimento dos conteúdos durante a visita in loco,

em todas as instituições, o professor atua complementando, com informações

científicas, a fala do profissional de turismo que esteja conduzindo o grupo. Quando

ocorre do local não dispor do profissional, o docente posiciona-se na função de guia

de turismo, monitor e/ou condutor o que não ocorre com frequência, estando como

orientador dos alunos.

As viagens, enquanto metodologia de ensino, são solicitadas com

frequência pelos alunos, isso se dá devido à atratividade que a vivência fora da sala

de aula tem para os educandos, em especial se formos considerar a faixa etária dos

estudantes do ensino médio. As aulas que utilizam esse tipo de metodologia tornam-

se “mais dinâmicas e menos maçantes” (BONFIM, 2010, p. 12), assim, são

estimulantes para o aprendizado e interessantes para o alunado. Mas, há

estudantes que não reconhecem valor pedagógico das viagens.

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67

Como visto, as escolas públicas estaduais demonstram ter mais

dificuldades em efetivar os projetos de viagem, do que a pública federal e as

privadas, tendo em vista alguns fatores limitantes, mas compreende-se os esforços

da gestão escolar e dos professores em realizar atividades diversificadas com intuito

de contribuir para a aprendizagem. Explorar o regional, o local torna-se não só uma

alternativa para novas experiências, bem como, oportunidades muitas vezes inéditas

para o educando em (re)conhecer o próprio lugar.

Visualizamos esses reflexos em uma aula de campo realizada no

município de Currais Novos pela escola pública IVP na qual, segundo o professor da

disciplina de história, os alunos puderam descobrir parte da própria história, e

compreender a dinâmica das economias que ao longo do tempo contribuíram para a

construção do munícipio e retornaram à sala de aula com olhar curioso. É por meio

do empirismo que as aulas fora do ambiente escolar possibilitam ao professor

estimular o desenvolvimento das habilidades de pesquisador em seus alunos, pois

estarão envolvidos nos contextos a serem discutidos.

Outra atividade efetivada pela referida instituição, consistiu em aproveitar

o Dia da Consciência Negra e utilizá-lo como tema principal abordado em viagem

pedagógica à comunidade Negros do Riacho localizada na zona rural do município

de Currais Novos, sendo possível desenvolver reflexões por meio da história e da

sociologia e, promover a sensibilização dos alunos, na condição de cidadãos

conscientes cultural e socialmente, bem como, explorar áreas naturais e artificiais

para o ensino da educação física, favorecendo a necessidade pedagógica da

disciplina e ao reconhecimento das estruturas e possibilidades do próprio território.

A lógica de uma aula de campo se dá em explorar o local para

compreender, de maneira mais concreta, os conteúdos possíveis de relacionar com

a teoria vista nas aulas. Entretanto, uma escola trabalhou outras possibilidades de

aprendizagem. Segundo o professor da disciplina técnica informática do IFRN, em

uma viagem o grupo de alunos propôs um projeto de melhoria para o local visitado

de acordo com o que estavam abordando nos conteúdos da disciplina. Pode-se

perceber que é possível inovar, dar contrapartidas à sociedade por meio do Turismo

Pedagógico, uma vez que, essa relação possibilitou ao mesmo tempo em que os

alunos compreendiam a dinâmica do local, enxergarem novas condições para este,

concomitante apreendiam mais os conteúdos da disciplina.

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Uma curiosidade era conhecer se as disciplinas de exatas, especialmente

a matemática, utilizavam as viagens para trabalhar os conteúdos e quais as

possibilidades de utilização desse instrumento pedagógico. Em entrevista com o

professor dessa disciplina de uma escola privada, ele explicou que não se explora

muito a matemática em viagens, que há diversas possibilidades para as disciplinas

de humanas e biológicas explorarem os ambientes, por exemplo, porque existe o

aspecto atratividade.

A disciplina matemática exige saberes específicos que podem confundir

e, assim, criar obstáculos no aprendizado, o que torna dificultoso aplicá-la em aulas

de campo de forma direta e isolada. Os laboratórios são locais onde a matemática

faz-se mais concreta, porém, é diferente o estímulo quando se está em um ambiente

natural e/ou sociocultural. Como a matemática está interligada a outras ciências,

encaixá-la em abordagens dentro dessas é mais produtivo do que trabalhá-la

isoladamente.

Durante a entrevista, o professor de biologia da escola EJM, contou que

criou uma situação-problema com base na realidade de um local a ser visitado,

porém, os alunos não souberam responder. Então, discutiram em sala de aula, com

isso os alunos demonstravam não ter o conhecimento necessário para resolver

totalmente a situação-problema. Com isso, depois da viagem eles conseguiram

responderam ao roteiro de perguntas a partir do qual foi possível perceber o

conhecimento ampliado, quando conseguiram desenvolver tal questão.

A partir dessas situações, compreende-se a importância do aluno ir a

campo preparado para realizar as observações. Segundo Barretto (2003), os

resultados pedagógicos das viagens, as instituições de ensino não o conseguiriam

em sala de aula apenas. E, isso se constata-se nessa abordagem do professor.

O professor citado no 3° parágrafo, também comentou que, durante a

realização do Turismo Pedagógico o docente já consegue fazer uma avaliação do

aprendizado do seu aluno, salientou que as avaliações não devem testar o

conhecimento apenas de uma área, pois cada indivíduo tem habilidades

particulares, então terá facilidade em aprender sobre o que lhe atrai e não o padrão

definido para todos.

De acordo com este professor, é fundamental que se tenha a capacidade

de explorar do aluno aquilo que ele conseguiu aprender. Um dos problemas da rede

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de ensino é que o aluno precisa mostrar notas para poder ter um bom rendimento

nas disciplinas. Considera que é necessário aprender um pouco de cada área do

conhecimento, mas avaliações padronizadas acabam exigindo do aluno o que ele

não pode oferecer, refletindo em baixos rendimentos.

Para os professores do EJM as experiências em campo estimulam o

desenvolvimento não apenas dos educandos, como também, o professor cresce

profissionalmente ao visualizar novas formas metodológicas de abordar os

conteúdos e, pessoalmente pela interação social que é favorecida.

Esta concepção do aspecto pessoal/social também é vista como um

reflexo dessas vivências em campo, pois como mencionou o diretor do IFRN, os

alunos tem a oportunidade de aprender a se comportar nos locais, como um meio de

hospedagem, um restaurante, bem como, de experimentar espaços pela primeira

vez e, isso, os constrói como indivíduos. Desse modo, as viagens não apenas

estimulam a uma aprendizagem mais dinamizada, mas contribui para a construção

sociocultural dos estudantes.

Segundo Barretto (2003), no tempo do grand tour (século XVIII), os

filósofos debatiam os efeitos das viagens, pois argumentavam que essas

desenvolviam vícios nos jovens, e não promoviam uma educação desejável. Mas, no

caso da realidade constatada, as viagens tornam-se também um momento de

aprendizado para o mundo, como se comportar em ambientes sociais diversos,

como bem explanou os professores.

Portanto, tanto as instituições públicas quanto as privadas procuram

desenvolver nos alunos a capacidade crítica-reflexiva, bem como, habilidades de

pesquisador, de modo que, possam explorar os ambientes visitados e conseguirem

visualizar as abordagens realizadas em sala de aula e, assim, consolidar e aprimorar

o conhecimento.

Nesse sentido, para que o aluno possa materializar suas reflexões, torna-

se necessário desenvolver momentos e/ou atividades avaliativas. Observado que é

usual que os professores das instituições de ensino desenvolvam algum tipo de

método avaliativo após as viagens, pelo qual o aluno possa expressar sua visão

diante das análises in loco.

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4.3.1 Métodos de Avaliação Após as Viagens

Nesse tópico apresentamos os métodos de avaliação aplicados pelas

instituições de ensino após as viagens de Turismo Pedagógico. Os tipos de recursos

utilizados para verificar o aprendizado do aluno após ter realizado uma experiência

de viagem citados neste estudo refere-se apenas aos métodos apontados por

docentes e discentes entrevistados durante a pesquisa de campo, significando que

este levantamento pode estar limitado, sendo possível haver outros tipos de

avaliações.

As instituições públicas apresentaram uma gama maior, de métodos

avaliativos. Já as instituições privadas, trabalham com menos métodos que das

instituições públicas. Observa-se que os tipos de métodos como, debate em sala de

aula, produções textuais, relatório e seminário são aplicados praticamente por todas

as instituições.

A seguir, apresentamos uma tabela na qual estão dispostos os métodos

de avaliação por instituição e por tipo de instituição.

Tabela 6. Métodos Avaliativos do Pós Viagem das Instituições de Ensino Médio Públicas e Privadas de Currais Novos

IFRN EETB IVP CCT EJM

Debate em sala de aula

Edição de jornal Debate em sala de aula

Debate em sala de aula

Debate em sala de aula

Mostra Fotográfica Mostra Fotográfica Produção textual Produção textual Produção textual

Portfólio Relatório Relatório Relatório Relatório

Relatório Resumo Seminário Seminário Seminário

Resumo Seminário

Produção de Vídeo

INSTITUIÇÕES PÚBLICAS INSTITUIÇÕES PRIVADAS

Debate em sala de aula Debate em sala de aula

Edição de jornal Produção textual

Mostra fotográfica Relatório

Portfólio Seminário

Produção de vídeo

Produção textual

Relatório

Resumo

Seminário

Fonte: Dados da Pesquisa (2017)

Como é possível visualizar, as escolas desenvolvem dois modelos de

avaliação - apresentação oral e avaliação escrita - duas formas de absorver e

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estudar os conteúdos desenvolvidos nas viagens. Para as instituições, os métodos

não são prontos e aplicados após a viagem, ocorre um processo de analisar qual

convém aplicar o que fica a critério dos professores.

Geralmente, é desenvolvido um roteiro de perguntas para que os alunos

possam seguir orientados sobre o que explorar, observar, devendo fazer anotações

e reflexões dos locais visitados e, posteriormente, é solicitado a elaboração de

trabalho. Nas instituições privadas o roteiro de perguntas é mais frequente, dá

direcionamento aos estudantes, para que possam realizar as análises de forma

orientada. Mas, de modo geral, esta abordagem depende do professor, ocorrendo

viagens e/ou disciplinas que não desenvolvem o roteiro, tanto de escola pública

como privada.

Realizar avaliações após as viagens não constituía obrigatoriedade para o

colégio CCT. Quando perceberam reflexos construtivos em aplicar métodos

avaliativos sobre as viagens, passaram a inseri-los no processo de ensino-

aprendizagem. Para professores dessa instituição, o seminário é o método mais

efetivo de avaliação, propiciando autonomia e liberdade ao aluno, pois permite que

ele explore conteúdos e demonstre por meio da fala, de imagens e outros meios sua

compreensão sobre os conteúdos.

De acordo com a concepção dos atores das escolas privadas, as

atividades avaliativas são primordiais para que os alunos absorvam as informações

e reconheçam a seriedade do Turismo Pedagógico, uma vez que, a viagem para

alguns pode parecer um dia diferente, animado e, embora a ideia do lúdico

associado ao aprender não possa ser desvinculada, incentivar ao aluno a entender

que o aprendizado acontece por diversos meios e a viagem não deixa de ser uma

aula, porque este justamente é o objetivo, realizar uma aula com diferencial. Essa

realidade também é perceptível nas outras instituições, pois como relataram

discentes de escola estadual, há alunos que consideram as viagens momentos de

entretenimento apenas, não as vivenciando como uma aula de fato.

Em todas as instituições há a preocupação em realizar algum tipo de

avaliação após a viagem, objetivando fixar o conteúdo apreendido. Os professores

definem sua metodologia de ensino, se irão desenvolver algum tipo de abordagem

antes e/ou depois da viagem, a(s) atividade(s) a ser(em) aplicada(s), de acordo com

seu interesse e o que a disciplina exige.

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Desse modo, é necessário que os professores estimulem momentos de

reflexão sobre as experiências, de modo que os educandos enxerguem a seriedade

do ensino, não obrigatoriamente direcionar um trabalho, mas promover situações

favoráveis à absorção dos conteúdos de acordo com as características dos alunos,

para que possam desenvolver da capacidade crítico-reflexiva, expressar-se, de

maneira que o Turismo Pedagógico possa efetivar o seu objetivo no processo de

ensino-aprendizagem.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho apresentou o contexto do Turismo Pedagógico em instituições

de ensino médio públicas e privadas do município de Currais Novos/RN, realizando

comparações, a fim de identificar principais similitudes e divergências quanto à

prática desse instrumento pedagógico, a partir das considerações da gestão escolar,

coordenação pedagógica, professores e alunos. Além de incluir uma empresa que

desenvolve o referido segmento de mercado no município.

Verificou-se que o Turismo Pedagógico é uma prática comum em todas

as instituições analisadas, entretanto, o fator financeiro das escolas, as condições

socioeconômicas das famílias, a falta de tempo dos professores, tornam a prática

limitada para as escolas. Por outro lado, o planejamento, facilidades quanto ao

orçamento das viagens, viagens alternativas, são formas de promover experiências

que agregam a aprendizagem dos alunos.

Especialmente para as escolas públicas estaduais o fator financeiro é o

principal obstáculo para o desenvolvimento do Turismo Pedagógico. Observa-se que

as instituições públicas que receberam ou recebem recursos do governo,

conseguem efetivar esse tipo de atividade com mais facilidade, frequência e êxito.

Logo, os incentivos públicos direcionados à diversificação dos métodos de ensino

condicionam as escolas a um ambiente favorável para uma prática pedagógica

revitalizada e condizente com as necessidades e anseios dos jovens estudantes. A

atenção do poder público quanto aos recursos para fortalecer as práticas

pedagógicas contribui para que as instituições inovem no ensino.

As instituições raramente utilizam o serviço de agências de viagem que

trabalhem com roteiros pedagógicos devido ao alto custo do orçamento, o que não

condiz com a realidade socioeconômica das famílias dos alunos. Desse modo, o

serviço de guias de turismo, condutores e/ou monitores de turismo acaba dando

suporte às atividades. Percebe-se que a falta de profissionais para atuar na área de

turismo com roteiros pedagógicos na região é uma realidade que precisa ser

visualizada pelo mercado, uma vez que, as escolas anseiam por alternativas

econômicas de projetos de viagens, mas que possam desenvolver suas atividades

pedagógicas com suporte técnico sob a orientação de um profissional capacitado da

área.

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Esta necessidade de elaborar projetos de viagens junto a outros

profissionais se dá, também pelo fato dos professores, na ausência de uma agência,

terem que planejar, organizar e executar a viagem, ou seja, elaborar roteiros, marcar

locais de visitação, contratar serviços necessários, atuar na condição de condutor de

turismo, por exemplo, quando o local não dispõe do profissional, dentre outros itens

técnicos para efetivá-la, bem como, enquanto profissionais da educação precisam

elaborar a proposta pedagógica para contemplar os conteúdos de sua disciplina e,

posteriormente avaliar o aprendizado do aluno.

Embora, geralmente, desenvolva os projetos de viagens em equipe, estas

demandas técnicas e pedagógicas sobrecarregam a rotina dos docentes, que

possuem demais atividades profissionais a cumprir e, isto, pode refletir no processo

de ensino-aprendizagem dos alunos. Aos professores cabe a responsabilidade de

pensar a viagem do ponto de vista pedagógico, para que esta possa ser explorada

de maneira efetiva.

Observa-se que, embora o Turismo Pedagógico seja utilizado pelas

escolas enquanto metodologia de ensino acaba sendo contemplado nos PPP das

instituições públicas de modo pontual e, as instituições privadas não demonstraram

inseri-lo neste documento. Assim, formalizá-lo em um material que é a base da

gestão de uma instituição permite que a atividade adquira formalidade e

credibilidade. É preciso efetivar o Turismo Pedagógico como método de ensino e

não apenas como uma atividade extra, uma aula alternativa e diferenciada, pois ele

é um instrumento no processo de ensino-aprendizagem que contribui para a

formação pessoal, sociocultural e profissional dos alunos.

É perceptível a importância dada pelas instituições, de modo geral,

considerando as opiniões de gestores, coordenadores pedagógicos, professores e

alunos, à prática do Turismo Pedagógico enquanto instrumento metodológico de

ensino. Há de se notar que alguns entrevistados não reconhecem o valor

pedagógico desse segmento do turismo, é necessário trabalhar a sensibilização

desses atores para que a atividade seja trabalhada em conjunto, de modo a serem

efetivados seus objetivos educacionais e sociais.

No momento em que se trata com seriedade uma atividade pedagógica e

sua função reconhecida na formação do indivíduo, ela poderá constituir parte do

ensino, bem como, cultura da instituição. Com isso, o planejamento, como explanou

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alguns professores, é o principal caminho para a efetivação dos projetos de viagens,

uma vez que, facilita às famílias se preparem para os custos do orçamento.

Percebe-se as possibilidades de relacionar a teoria com a prática

favorecida pelas experiências em campo, a influência que tem para a aprendizagem

do alunado. Conseguimos visualizar que a realização desse tipo de atividade

pedagógica contribui para a absorção dos conteúdos, para uma análise

dimensionada, pautada no concreto, estimulando no aluno um olhar de pesquisador

e que as avaliações posteriores às experiências veem fortalecer e materializar as

reflexões. Bem como, entendemos que o docente, enquanto um personagem

importante quando se fala no direcionamento dessas atividades, precisam

aperfeiçoar suas metodologias de ensino e acompanhar o ritmo em que se dá a

educação em nosso contexto.

A partir das constatações, podemos inferir que o tipo de instituição,

pública ou privada, pode influenciar no desenvolvimento das atividades

pedagógicas, nas quais se enquadra o Turismo Pedagógico. Entretanto, esta

condição não é o fator principal responsável pelas possibilidades ou limitações de

incremento à educação, pois, diante da realidade pública, investimentos públicos

podem ocorrer em quaisquer instâncias, bem como, para a realidade pública e

privada existem diversas alternativas de utilizar esse instrumento pedagógico, o que

depende de iniciativas da gestão escolar, coordenadores e professores em ações

cooperadas.

Desenvolver o Turismo Pedagógico não é uma tarefa simplista, exige

daqueles que o utilizam dedicação e olhares múltiplos, seja de educador, de

profissional de turismo ou de pais, isso de forma simultânea, pois a sala de aula

toma uma nova e ampla dimensão, os ambientes externos às escolas são grandes

laboratórios para a formação pessoal, sociocultural e educacional do indivíduo.

Compreender, estudar e pesquisar esse universo do Turismo Pedagógico

e todas as suas nuances é uma forma de elucidar a dimensão de sua abrangência,

de seus reflexos. É oportuno que outros estudos nesta temática possam apresentar

cada vez mais e em riqueza de detalhes os moldes nos quais a prática do turismo

acontece em nossa realidade.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICES

Apêndice A. Instituições de Ensino da Educação Básica de Currais Novos/RN

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N° INSTITUIÇÕES FEDERAIS ENDEREÇO NÍVEL DE ENSINO

01 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Rua Manoel Lopes Filho, n° 773, Valfredo Galvão

Ensino Médio, Técnico e Superior

N° INSTITUIÇÕES ESTADUAIS ENDEREÇO NÍVEL DE ENSINO

1 Instituto Vivaldo Pereira Rua Cândido Mendes, 511, Centro Ensino Fundamental e Médio

2 Escola Estadual Tristão de Barros Rua Bernadete Xavier, 115, Centro Ensino Fundamental e Médio

3 Escola Estadual Capitão Mor Galvão Rua Moises Galvão, 215, Gilberto Pinheiro Ensino Fundamental e Médio

4 Escola Estadual Dr. Sílvio Bezerra de Melo Rua Luíz Janailson, s/n, JK Ensino Fundamental e Médio

5 Escola Estadual Manoel Salustino Comunidade Mina Brejuí – Zona Rural Ensino Fundamental, Médio e EJA

6 CEJA – Professora Creuza Bezerra Rua Piauí, 122, Santa Maria Gorete Educação para Jovens e Adultos

7 Escola Estadual Lions Clube Av. Getúlio Vargas, 287, Antônio Rafael Ensino Fundamental e EJA

8 Escola Estadual Professora Ester Galvão Rua do Petróleo, 89, Dr. José Bezerra Ensino Fundamental

9 E.I. Dr. Sílvio Bezerra de Melo Fazenda Trangola Educação Infantil

10 E. I. Barão do Rio Branco Sítio Boa Vista Educação Infantil

N° INSTITUIÇÕES MUNICIPAIS ENDEREÇO NÍVEL DE ENSINO

1 Creche Margarida Maria da Cunha Rua Professora Maria das Graças, Bairro JK Educação Infantil

2 Creche O Mundo da Criança Rua Maria Galvão Chacon, 353 Sílvio Bezerra de Melo

Educação Infantil

3 Creche Marilene Matias da Silva Rua Maria Batista, 29 Jk

Educação Infantil

4 Creche Professor Salu Rua Riacho das Queimadas, 56, Conjunto Promorar

Educação Infantil

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5 Creche – Centro Infantil Sementes de liberdade Sítio Serrote do Melo Educação Infantil

6 Escola Isolada Barão do Rio Branco Sítio Boa Vista Educação Infantil

7 Unidade XV – São Francisco Sítio São Rafael Educação Infantil e Ensino Fundamental

8 Unidade XIII – Luiz Gonzaga Sítio Malhada da Areia Educação Infantil e Ensino Fundamental

9 Unidade XXVI – Manoel Osório Povoado São Sebastião Educação Infantil e Ensino Fundamental

10 Unidade XVI – Pedro Cipriano Dantas Sítio Maniçoba Educação Infantil e Ensino Fundamental

11 Unidade III – Francisco Brandão Sítio Bom Jardim Educação Infantil e Ensino Fundamental

12 Unidade XVII – Leonardo Banhos Marinho Sítio Maxinaré Educação Infantil e Ensino Fundamental

13 Escola Municipal Professor Francisco Rosa e Creche Criança Feliz

Rua Engenheiro Elísio Galvão Filho, 54, Gilberto Pinheiro

Educação Infantil e Ensino Fundamental

14 Escola Municipal Cipriano Lopes Galvão e Creche Girassol Povoado Totoró – Zona Rural Educação Infantil Ensino Fundamental

15 Escola Municipal Gilson Firmino da Silva Rua Rio São Bento, 99, Dr. José Educação Infantil e Ensino Fundamental

16 Escola Municipal Justino Dantas e Creche Davina Bezerra Av. Justino Dantas, 490, Povoado Cruz Educação Infantil e Ensino Fundamental

17 Escola Municipal Nossa Senhora e Creche Maria Dalila Rua Vivaldo Pereira, 308, Centro Educação Infantil e Ensino Fundamental

18 Unidade XI – Antônia B. Salustino Barreto Fazenda Jurupaiti Ensino Fundamental

19 Unidade XXVIII – São Francisco de Assis Sítio Serrote do melo Ensino Fundamental

20 Unidade IV – Cirilo Marinho Fazenda Bonifácio Ensino Fundamental

21 Escola Municipal Ausônio Araújo Rua Luis Joanilson, 365, JK Ensino Fundamental

22 Escola Municipal Pres. Castelo Branco Rua José Bento de Souza, 241, Santa Maria Gorete

Ensino Fundamental

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Fontes:

Instituições Estaduais: 9ª Diretoria Regional de Educação e Desporto (2016) Instituições Municipais: Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes de Currais Novos (2016)

Instituições Federais e Privadas: Pesquisa de Campo (2016)

23 Escola Municipal Francisco Leonis Gomes de Assis Rua Piauí, 70, Santa Maria Gorete Ensino Fundamental

24 Escola Municipal Professor Salustiano Medeiros e Creche Santa Maria Gorete

Av. Dr. Sílvio Bezerra de Melo, 500, Centro Educação Infantil, Ensino Fundamental e

EJA

25 Escola Municipal Professora Socorro Amaral e Creche Infância Alegre

Rua Oscar Alberto Dantas, 51, Paizinho Maria Educação Infantil, Ensino Fundamental e

EJA

26 Escola Municipal Professora Trindade Campelo Rua Primo Martins da Silva, 154, Sílvio Bezerra

Educação Infantil, Ensino Fundamental e

EJA

N° INSTITUIÇÕES PRIVADAS ENDEREÇO NÍVEL DE ENSINO

1 Colégio Camilo Toscano Rua Bernadete Xavier, 173 - Centro Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio

2 Educandário Jesus Menino Rua Vivaldo Pereira de Araújo, 305 - Centro Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio

3 Única Master Rua Prefeito Alcindo Gomes, 404 Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio

4 Centro Integrado de Vivências Educacionais Rua Mimosa Leite, 94 - Manoel Salustino Educação Infantil e Ensino Fundamental

5 Centro Educacional Logos Rua Cerro Corá, 69, JK Educação Infantil e Ensino Fundamental

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Apêndice B. Destinos das Instituições de Ensino de Currais Novos

INSTITUIÇÕES PÚBLICAS INSTITUIÇÕES PRIVADAS

IFRN EETB IVP CCT EJM

Acari - RN Acari - RN Currais Novos - RN Açu - RN Acari - RN

Alto do Rodrigues - RN Caicó - RN João Pessoa - PB Apodi - RN Açu - RN

Canguaretama - RN Carnaúba dos Dantas - RN Natal - RN Carnaúba dos Dantas - RN Carnaúba dos Dantas - RN

Ceará-Mirim - RN Cerro Corá - RN Ceará-Mirim - RN Ceará-Mirim - RN

Fortaleza - CE Cruzeta - RN Currais Novos - RN Cerro Corá - RN

João Pessoa - PB Fortaleza - CE João Pessoa - PB Currais Novos - RN

Macau - RN João Pessoa - PB Lagoa Nova - RN Fortaleza - CE

Martins - RN Natal - RN Macaíba - RN João Pessoa - PB

Mossoró - RN Mossoró - RN Lagoa Nova - RN

Natal - RN Natal - RN Mossoró - RN

Parnamirim - RN Parelhas - RN Natal - RN

Patu - RN Recife - PE Olinda - PE

Picuí - PB Parelhas - RN

Porta Alegre - RN Paulo Afonso - BA

Quixadá - CE Recife - PE

Recife - PE Tenente Laurentino Cruz - RN

INSTITUIÇÕES PÚBLICAS INSTITUIÇÕES PRIVADAS

Acari - RN Macau - RN Acari - RN Mossoró - RN

Alto do Rodrigues - RN Martins - RN Açu - RN Natal - RN

Caicó - RN Mossoró - RN Apodi - RN Olinda - PE

Canguaretama - RN Natal - RN Carnaúba dos Dantas - RN Parelhas - RN

Carnaúba dos Dantas - RN Parnamirim - RN Ceará-Mirim - RN Paulo Afonso - BA

Ceará-Mirim - RN Patu - RN Cerro Corá - RN Recife - PE

Cerro Corá - RN Picuí - PB Currais Novos - RN Tenente Laurentino Cruz - RN

Cruzeta - RN Porta Alegre - RN Fortaleza - CE

Currais Novos - RN Quixadá - CE João Pessoa - PB

Fortaleza- CE Recife - PE Lagoa Nova - RN

João Pessoa - PB Macaíba - RN

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Apêndice C. Caracterização das Instituições de Ensino Médio de Currais Novos

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE SERIDÓ CURSO DE TURISMO

Caracterização das Instituições de Ensino Médio de Currais Novos

Nome da Instituição

Endereço

Contato

Gestor

Ano de fundação

Número total de alunos/

Mensalidade

Número de alunos no 1º ano

Número de alunos no 2º ano

Número de alunos no 3º ano

Índice de Evasão Escola

Turno de funcionamento ( )Matutino ( )Vespertino ( )Noturno

Pública ( )Federal ( )Estadual ( )Municipal

Privada ( )Privada ( )Comunitária ( )Confessional ( )Filantrópica

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Apêndice D. Roteiro de Entrevista Semiestruturada com Gestão Escolar

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE SERIDÓ

CURSO DE TURISMO

Roteiro de Entrevista Semiestruturada com Instituições de Ensino – Gestão Escolar Pesquisadora: Juliana Gomes de Oliveira

IDENTIFICAÇÃO Data da entrevista: ___ - ___ - _____ Nome do Entrevistado:_________________________________Ocupação:______________ Nome da Escola: ___________________________________________________________ Número de Alunos do Ensino Médio: ______ E-mail: ___________________________________________ Telefone: ________________ ENTREVISTA

1. A escola realiza algum tipo de viagem de cunho pedagógico em ambientes externos

a escola?

2. O que você compreende por Turismo Pedagógico?

3. Considera importante a realização de viagens pedagógicas para o processo de

ensino-aprendizagem?

4. Quais viagens são desenvolvidas?

5. As viagens realizadas fora do ambiente escolar são definidas no Projeto Pedagógico

da instituição?

6. Essas viagens são planejadas? Como acontece esse planejamento?

7. Os professores se envolvem na organização das viagens? Qual a participação

deles?

8. Quais são os destinos das viagens de Turismo Pedagógico comumente visitados?

9. Por ano, quantas viagens pedagógicas a escola costuma desenvolver com os alunos

do ensino médio?

10. Por que a escola desenvolve o Turismo Pedagógico como instrumento no processo

de ensino-aprendizagem?

11. Ocorrem abordagens após a viagem? Que métodos são utilizados?

12. As viagens realizadas tem custo para os alunos? Se sim, geralmente é no valor de

quanto?

13. A escola contrata serviços de empresas e/ou autônomos para a execução de

roteiros?

14. A escola procura por esses serviços ou as empresas veem ofertá-los? Como

acontece esse primeiro contato?

15. Como é realizado o planejamento das viagens pedagógicas? A escola participa

desse planejamento junto à empresa?

16. Existem dificuldades para utilizar esse segmento do Turismo para cumprir demandas

pedagógicas com os alunos de ensino privado/público? Quais são os principais obstáculos?

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Apêndice E. Roteiro de Entrevista Semiestruturada com Professores

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE SERIDÓ

CURSO DE TURISMO

Roteiro de Entrevista Semiestruturada com Instituições de Ensino - Professores Pesquisadora: Juliana Gomes de Oliveira

IDENTIFICAÇÃO Data da entrevista: ___ - ___ - _____ Nome do Entrevistado:________________________________________Ocupação:_______ Nome da Escola: ___________________________________________________________ E-mail: ___________________________________________ Telefone: ________________ ENTREVISTA

1. Quais disciplinas você leciona?

2. O que você compreende por Turismo Pedagógico?

3. Já participou ou realizou viagens de cunho pedagógico fora do ambiente escolar? Se

sim, continuar entrevista. Se não, porque nunca participou/realizou?

4. Considera importante a realização de viagens pedagógicas para o processo de

ensino-aprendizagem?

5. Por ano, quantas viagens pedagógicas você costuma participar ativamente?

6. De que forma você participa do processo de planejamento das viagens?

7. As viagens que costuma participar/realizar faz uso dos serviços de agência de

viagens?

8. As viagens que costuma participar/realizar faz uso do serviço de guia de turismo?

9. No momento de repassar as informações in loco para os alunos, você que transmite

as principais informações ou isso fica a cargo de guias ou pessoas do local visitado?

10. As viagens realizadas tem custo para os alunos? Se sim, geralmente é no valor de

quanto?

11. No que se refere aos conteúdos abordados nas visitas, é trabalhado em sala de aula

a teoria de modo direcionado para a vivência na prática?

12. Quais são os destinos das viagens de Turismo Pedagógico comumente visitados em

sua disciplina?

13. Após a viagem você realiza alguma atividade para resgatar as

informações/conhecimentos adquiridos durante as viagens?

14. Quais são as principais dificuldades para desenvolver viagens pedagógicas com os

alunos de ensino privado/público?

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Apêndice F. Roteiro de Entrevista Semiestruturada com Alunos

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE SERIDÓ

CURSO DE TURISMO

Roteiro de Entrevista Semiestruturada com Instituições de Ensino - Alunos Pesquisadora: Juliana Gomes de Oliveira

IDENTIFICAÇÃO Data da Pesquisa: ____ - ____ - _______ Ocupação:________________________________________________________Idade:____ Nome da Escola:____________________________________________________________ ENTREVISTA

1. O que você compreende por Turismo Pedagógico?

2. Já participou de viagens de cunho pedagógico proporcionadas pela escola? Se não,

porque nunca participou? Se sim, continuar a entrevista.

3. Quantas viagens costuma participar por ano?

4. Essas viagens têm custo para você? Qual a média de gastos em uma viagem? ( )

Sim ( ) Não _________________.

5. Qual o nível de importância que a realização de viagens pedagógicas tem para sua

formação?

6. ( )Nenhum ( )Muito Pouco ( )Pouco ( )Importante ( )Muito Importante.

Comentário________________________________________________________________

7. Os alunos são consultados para o planejamento das viagens? De que forma vocês

são envolvidos nesse processo de organização dessas viagens?

8. Nas viagens que costuma participar, a escola faz uso dos serviços de agência de

viagens? ( ) Sim ( ) Não

9. Nas viagens que costuma participar, a escola faz uso do serviço de guia de turismo?

( ) Sim ( ) Não

10. No momento quando são repassadas as informações nos locais visitados para os

alunos, o professor transmite as principais informações ou isso fica sobre responsabilidade

de guias de turismo ou de outras pessoas?

11. Antes da viagem, é trabalhado em sala de aula a teoria focando naquilo que será

visto na prática?

12. Os conteúdos abordados nas viagens têm reação com aquilo que você estuda em

sala de aula? Explique.

13. Quais são os destinos das viagens de Turismo Pedagógico, geralmente visitados

pela sua escola? Cite alguns.

14. Após a viagem o professor realiza alguma atividade para resgatar as

informações/conhecimentos adquiridos durante as viagens? Que atividades são feitas?

Explique.

15. Você acha que sua escola tem dificuldades para desenvolver viagens pedagógicas?

Se sim, aponte as dificuldades. Se não, explique os pontos fortes dessas viagens

proporcionadas pela sua escola.

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Apêndice G. Roteiro de Entrevista Semiestruturada com Empresa

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE SERIDÓ

CURSO DE TURISMO

Roteiro de Entrevista Semiestruturada com Empresa de Turismo Pesquisadora: Juliana Gomes de Oliveira

IDENTIFICAÇÃO Data da entrevista: ___ - ___ - _____ Nome do Entrevistado: _____________________________Ocupação: __________ Nome da Empresa: ___________________________________________________ Nome do Proprietário: _________________________________________________ Número de Funcionários: _____ E-mail: _______________________________________ Telefone: ______________ ENTREVISTA

1. Quando foi fundada essa empresa?

2. O que você compreende por Turismo Pedagógico?

3. Por que a empresa escolheu atuar na área de Turismo Pedagógico aqui em Currais

Novos?

4. Quais serviços são oferecidos pela empresa?

5. Quais as escolas que já adquiriram serviços da empresa para a execução de roteiro

de Turismo Pedagógico?

6. Quais são os destinos das viagens de Turismo Pedagógico comumente visitados?

Explique.

7. Vocês que ofertam os serviços para as escolas ou as escolas que os procuram?

Como se dá esse primeiro contato?

8. Como é realizado o planejamento das viagens pedagógicas? A escola participa

desse planejamento junto à empresa?

9. A empresa oferece guia de turismo ou os professores atuam no momento das

informações sobre o destino?

10. A empresa recebe feedback das escolas sobre a execução dos roteiros? Existe o

aperfeiçoamento

11. A empresa tem concorrentes nessa área aqui em Currais Novos? E fora do

município?

12. Quais são as principais dificuldades para atuar nesse segmento do Turismo?