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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2017. 11. 4. · Catálise e Petroquímica (LCP/UFRN), pela ajuda, ... diâmetro de poros ordenados dos materiais mesoporosos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

INSTITUTO DE QUÍMICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA

VINÍCIUS PATRÍCIO DA SILVA CALDEIRA

SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE ZEÓLITA BETA HIERARQUIZADA E

MATERIAIS HÍBRIDOS MICRO-MESOPOROSOS APLICADOS NO

CRAQUEAMENTO DE PEAD

Natal – RN 2013

Vinícius Patrício Da Silva Caldeira

Síntese e caracterização de zeólita beta hierarquizada e materiais híbridos micro-

mesoporosos aplicados no craqueamento de PEAD

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em cumprimento às exigências para a obtenção do título de Doutor em Química.

Orientador no Brasil: Dr. Antonio Souza de Araujo (UFRN)

Orientador no Exterior: Dr. David Pedro Serrano (URJC)

Natal – RN 2013

Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN

Biblioteca Setorial de Química

Caldeira, Vinícius Patrício da Silva. Síntese e caracterização de zeólita beta hierarquizada e materiais híbridos

micro-mesoporosos aplicados no craqueamento de PEAD / Vinícius Patrício da Silva Caldeira, Natal, RN, 2013

143 f; il.

Orientador: Antonio Souza de Araujo Orientador: David Pedro Serrano

Tese (Doutorado em Química) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Química.

1. Zeólita - Tese. 2. Beta Hierarquizada - Tese. 3. Híbrido Micro-

Mesoporoso – Tese. 4. Craqueamento - Tese. I. Araujo, Antonio Souza de. II. Serrano, David Pedro. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título.

RN/UFRN/BSE- Instituto de Química CDU 661.183.6(043)

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais e irmãos, Carlos Alberto, Maria José, Elmo Robson e Larissa, por

todo o amor incondicional, sábia educação, ensinamentos éticos e morais, apoio, incentivo e

compreensão de minhas atitudes, o qual serei sempre grato em toda a minha vida.

A minha amada Anne Gabriella, pelo companheirismo, carinho, válidas

contribuições, incentivo, admiração e amor.

Ao Prof. Antonio Souza de Araujo, pela competente orientação para o

desenvolvimento do presente trabalho, como também pela nobre confiança no desempenho de

minhas atividades acadêmicas.

Ao Prof. David Pedro Serrano, pela confiança, paciência, ensinamentos e

principalmente pelo comprometimento em orientar com imensa sabedoria.

Aos Professores, Angel Peral e Maria Linares pela amizade, companheirismo e

paciência nos ensinamentos diários sempre com muita atenção e presteza.

Aos Professores, Sibele Pergher, Eledir Sobrinho, Antônio Osimar e José Geraldo,

que compuseram a banca examinadora deste trabalho, merecendo respeito e admiração.

Aos admiráveis amigos, Marcela, Patrícia, Edjane, Geraldo, Marcílio, Mirna, João

Paulo, Késia, Maria, Aline, Larissa, Adalgisa, Ana Beatriz, Regineide, Cícero, Aruzza,

Daniele, Franciel, Taísa, Lidiane, Aneliese e Andressa, companheiros do Laboratório de

Catálise e Petroquímica (LCP/UFRN), pela ajuda, colaboração e convívio.

Aos simpáticos amigos espanhóis, Antonio, Arturo, Arcádio, Belén, Idóia, Juan,

Ana, Luiz, Eloy, Raul, Sérgio, Victória, Marta, Pani, Sílvia, Inês, Maria, Rebeca, Laura,

Rubén, David, Gisela, Gema, Alfredo, Fernando, Jesús e Yolanda, pela receptividade,

ajuda e amável convívio diário.

Aos Professores do Programa de Pós-Graduação em Química/UFRN, que

contribuíram para minha formação acadêmica.

A Capes – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – pelo total

financiamento da pesquisa, inclusive pela concesão da bolsa de doutorado sanduíche.

A toda a Minha Família pelo incentivo e apoio imensurável.

E por fim, agradeço a todos que direta ou indiretamente contribuíram para conclusão

do presente trabalho.

RESUMO

Um catalisador de grande interesse na comunidade científica tenta unir a estrutura de

diâmetro de poros ordenados dos materiais mesoporosos e as propriedades de estabilidade e

atividade ácida similares às zeólitas microporosas. Assim um grande número de materiais foi

desenvolvido nas décadas passadas, onde embora sendo intrinsecamente relatadas como

zeólitas deixam de cumprir com algumas características pertinentes às zeólitas, e

recentemente foram nomeados de materiais zeolíticos de elevada acessibilidade. Dentre as

diversas estratégias de síntese empregadas, o presente trabalho de pesquisa abordou os

métodos de síntese da cristalização de unidades protozeolíticas silanizadas e o método de

unidades protozeolíticas moldadas ao redor de micelas de surfactantes, para obter materiais

definidos como zeólitas hierarquizadas e materiais híbridos micro-mesoporoso,

respectivamente. Como meta foram desenvolvidos catalisadores híbridos BEA/MCM-41 com

estrutura porosa bimodal formada por núcleos da zeólita Beta e surfactante catiônico

cetiltrimetilamônio. Como também, sintetizados com sucesso a zeólita Beta hierarquizada que

possui uma porosidade secundária, em adição aos típicos e uniformes microporos zeolíticos.

Ambos os catalisadores foram aplicados em reações de craqueamento catalítico de polietileno

de alta densidade, para avaliação de suas propriedades na atividade catalítica, visando a

reciclagem de plásticos residuais para obtenção de matérias-primas de elevado valor agregado

e combustíveis. Os materiais híbridos BEA/MCM-41 com 0 dias de pré-cristalização não

demonstraram propriedades suficientes para aplicação em reações de craqueamento catalítico,

porém evidenciaram propriedades catalíticas superiores comparados aos materiais

mesoporosos ordenados do tipo Al-MCM-41. A estrutura da zeólita Beta de porosidade

hierarquizada favorece a acessibilidade das moléculas volumosas do PEAD aos centros

ativos, devido à elevada área externa. E proporciona maior conversão a hidrocarbonetos na

faixa da gasolina, principalmente olefinas que possuem grande interesse na indústria

petroquímica.

Palavras-chave: Zeólita; Beta Hierarquizada; Híbrido Micro-Mesoporoso; Craqueamento.

ABSTRACT

A catalyst of great interest to the scientific community tries to unite the structure of

ordered pore diameter from mesoporous materials with the properties of stability and acid

activity to microporous zeolites. Thus a large number of materials was developed in the past

decades, which although being reported as zeolites intrinsically they fail to comply with some

relevant characteristics to zeolites, and recently were named zeolitic materials of high

accessibility. Among the various synthesis strategies employed, the present research

approaches the synthesis methods of crystallization of silanized protozeolitic units and the

method of protozeolitic units molded around surfactant micelles, in order for get materials

defined as hierarchical zeolites and micro-mesoporous hybrid materials, respectively. As goal

BEA/MCM-41 hybrid catalysts with bimodal pore structure formed by nuclei of zeolite Beta

and cationic surfactant cetyltrimethylammonium were developed. As also was successfully

synthesized the hierarchical Beta zeolite having a secondary porosity, in addition to the

typical and uniform zeolite micropores. Both catalysts were applied in reactions of catalytic

cracking of high density polyethylene (HDPE), to evaluate its properties in catalytic activity,

aiming at the recycling of waste plastics to obtain high value-added raw materials and fuels.

The BEA/MCM-41 hybrid materials with 0 days of pre-crystallization did not show enough

properties for use in catalytic cracking reactions, but they showed superior catalytic properties

compared to those ordered mesoporous materials of Al-MCM-41 type. The structure of Beta

zeolite with hierarchical porosity leads the accessibility of HDPE bulky molecules to active

centers, due to high external area. And provides higher conversion to hydrocarbons in the

gasoline range, especially olefins which have great interest in the petrochemical industry.

Key-Words: Zeolite; Hierarchical Beta; Micro-Mesoporous Hybride; Cracking.

LISTA DE SIGLAS

Al-MCM-41 - Material mesoporoso de estrutura ordenada e incorporação de alumínio.

Al-SBA-15 - Material mesoporoso de estrutura ordenada e incorporação de alumínio.

APTMS - (3-aminopropyl)-trimethoxysilane, Aminopropil-Trimetoxisilano.

BEA - Topologia da Zeólita Beta definida pela International Zeolite Association

(IZA)

BEA/MCM-41 - Material catalítico híbrido micro-mesoporoso.

BET - Modelo matemático desenvolvido por Brunauer, Emmett e Teller.

Beta - Sólido cristalino microporoso classificado como Zeólita.

BJH - Modelo matemático desenvolvido por Barrett, Joyner e Halenda.

C1, ... C15 - Hidrocarbonetos com número de carbonos na estrutura definidos.

C12TMACl - Cloreto de dodeciltrimetilamônio.

C16TMABr - Brometo de cetiltrimetilamônio.

CALC - Calcinado.

CTABr - Brometo de cetiltrimetilamônio.

DRX - Difração de Raios-X.

DTG - Termogravimetria derivada.

FAPTMS - Fenilaminopropil-Trimetoxisilano.

FCC - Fluid Catalytic Cracking, Reação de Craqueamento Catalítico Fluidizado.

FTIR - Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier.

h-Beta - Sólido cristalino definido como Zeólita Beta Hierarquizada.

HRTEM - Microscopia Eletrônica de Transmissão de Alta Resolução.

ICP-AES - Espectroscopia de Emissão Atômica por Acoplamento de Plasma Induzido

IPA - Isopropóxido de Alumínio.

IUPAC - International Union of Pure and Applied Chemistry.

KBr - Brometo de potássio.

M41S - Família de materiais da Mobil Composition of Matter.

MCM-41 - Mobil Composition of Matter, Material mesoporoso de estrutura ordenada.

MET - Microscopia Eletrônica de Transmissão.

NC - Não calcinado.

NL-DFT - Non Localized Density Functional Theory, modelo matemático.

PEAD - Polímero Polietileno de Alta Densidade

PEBD - Polímero Polietileno de Baixa Densidade.

PELBD - Polímero Polietileno linear de baixa densidade.

PET - Polímero Politereftalato de etila.

PHAPTMS - phenyl-aminopropyl-trimethoxysilane, Fenilaminopropil-Trimetoxisilano.

PMMA - Polímero Polimetacrilato de metila

PP - Polímero Polipropileno.

PS - Polímero Poliestireno.

PTFE - politetrafluoretileno.

PVC - Polímero Policloreto de vinila.

R. Si/Al - Razão Silício/Alumínio.

RMN - Ressonância Magnética Nuclear.

SBA-15 - Santa Barbara Amorphous-15, Material mesoporoso de estrutura ordenada.

Si/Al - Razão Silício/Alumínio

T.Máx - Temperatura máxima.

TCD - Thermal Conductivity Detector, Detector de Condutividade Térmica.

TEA+ - Cátion Tetraetilamônio.

TEAOH - Hidróxido de Tetrapropilamônio.

TEOS - Tetraetil-Ortosilicato.

TPA+ - Cátion tetrapropilamônio.

TPD - Dessorção Térmica Programada de Amônia.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação de algumas zeólitas em relação aos seus microporos. ................................... 22

Tabela 2 - Bandas de adsorção de FTIR típicas de aluminossilicatos. .................................................. 68

Tabela 3 - Propriedades químicas e ácidas das zeólitas Beta e h-Beta. ................................................ 87

Tabela 4 - Propriedades texturais obtidas por adsoração/dessorção de Argônio das zeólitas Beta e h-

Beta. .................................................................................................................................... 90

Tabela 5 - Propriedades químicas e ácidas dos materiais híbridos BEA/MCM-41, zeólitas Betas e Al-

MCM-41. ............................................................................................................................. 99

Tabela 6 - Propriedades texturais obtidas por adsorção/dessorção de N2 dos materiais híbridos

BEA/MCM-41, zeólitas Betas e Al-MCM-41. ................................................................. 107

Tabela 7 - Propriedades texturais obtidas por adsorção/dessorção de Argônio dos híbridos BEA/MCM-

41 e zeólita Beta-20. .......................................................................................................... 110

Tabela 8 - Valores de conversão, seletividade e atividade catalítica em reação de craqueamento de

PEAD (T=380 ºC; Pol/Cat=100). .................................................................................... 118

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Esquema demonstrativo do arranjo estrutural de algumas zeólitas. ..................................... 21

Figura 2 - Tipos de seletividade geométrica. ........................................................................................ 23

Figura 3 - Representação dos sítios ácidos de Brönsted e de Lewis. .................................................... 25

Figura 4 - Representação da desidratação de sítio ácido de Brönsted para geração de sítio ácido de

Lewis. ............................................................................................................................... 25

Figura 5 - Unidades estruturais da estrutura BEA. ................................................................................ 27

Figura 6 - Estrutura BEA, correspondente à zeólita Beta. .................................................................... 28

Figura 7 - Dimensões da estrutura BEA na direção [100](A) e direção [001](B)................................. 29

Figura 8 - Família M41S incluindo os materiais MCM-41, MCM-48 e MCM-50. .............................. 33

Figura 9 - Mecanismos de formação do material mesoporoso MCM-41. ............................................. 34

Figura 10 - Mecanismo de formação de uma estrutura mesoporosa da família M41S. ........................ 36

Figura 11 - Esquema representativo do arranjo mesoporoso do MCM-41 antes e após calcinação, e

DRX padrão do MCM-41 calcinado. ................................................................................ 37

Figura 12 - Isotermas de nitrogênio a 77K (a) e distribuição de poros BJH (b) para sólidos porosos

característicos. .................................................................................................................. 44

Figura 13 - Esquema ilustrativo da interação do organosilano com unidades protozeolíticas da zeólita

ZSM-5. .............................................................................................................................. 47

Figura 14 - Representação estrutural da síntese do híbrido BEA/MCM-41, em particulares temperatura

(T) e tempo (t). .................................................................................................................. 48

Figura 15 - Fluxograma dos métodos de reciclagem química. .............................................................. 53

Figura 16 - Valores de atividade obtidos no craqueamento de resíduos de polietileno a 360 ºC sobre

zeólitas tipo ZSM-5 (P/C=100). ....................................................................................... 61

Figura 17 - Fluxograma dos procedimentos de síntese dos híbridos BEA/MCM-41. .......................... 65

Figura 18 - Difratograma de raios-X para amostras de zeólita Beta (A) e Al-MCM-41 (B). ............... 67

Figura 19 - Isoterma de adsorção e dessorção de N2 para uma zeólita Beta. ........................................ 69

Figura 20 - Isoterma de N2 (A) e distribuição de poros (B) para o material mesoporoso MCM-41. .... 69

Figura 21 - Isoterma de Argônio (A), distribuição de diâmetro de poro e volume acumulado (B) para

zeólita Beta. ...................................................................................................................... 72

Figura 22 - Comparação entre a isoterma experimental e a obtida pelo método NL-DFT. .................. 72

Figura 23 - Micrografia de TEM para material Al-MCM-41................................................................ 74

Figura 24 - Curva de TPD de amônia para a zeólita Beta. .................................................................... 76

Figura 25 - Espectro de RMN de 27Al para uma amostra zeólita Beta. ................................................. 78

Figura 26 - Instalação experimental para craqueamento de polímeros. ................................................ 79

Figura 27 - Difratogramas de raios-X das zeólitas Beta e h-Beta a baixo (A) e alto (B) ângulo 2θ. .... 83

Figura 28 - Espectros de infravermelho das zeólitas na forma calcinada (Calc) e não calcinada (NC). 84

Figura 29 - Espectros de infravermelho em diferentes intervalos de número de onda das zeólitas na

forma não calcinadas (NC). .............................................................................................. 85

Figura 30 - Curvas de TPD-NH3 para as amostras calcinadas de zeólitas Beta e h-Beta. .................... 86

Figura 31 - Espectros de RMN de 27Al para zeólitas Beta e h-Beta calcinadas (CALC) e não calcinadas

(NC). ................................................................................................................................. 88

Figura 32 - Isotermas de adsorção/dessorção de Argônio em escala linear (A) e logarítmica (B) para

zeólitas Beta e h-Beta. ...................................................................................................... 89

Figura 33 - Distribuição do diâmetro de poro e volume de poro acumulado para as zeólitas Beta e h-

Beta. .................................................................................................................................. 90

Figura 34 - Micrografias de Transmissão Eletrônica para zeólitas Beta e h-Beta. ............................... 91

Figura 35 - Difratogramas de raios-X dos híbridos BEA/MCM-41 com razão Si/Al = 20 a baixo (A) e

alto (B) ângulo 2θ. ............................................................................................................ 93

Figura 36 - Difratogramas de raios-X dos híbridos BEA/MCM-41 com razão Si/Al = 30 a baixo (A) e

alto (B) ângulo 2θ. ............................................................................................................ 94

Figura 37 - Espectros de infravermelho dos híbridos BEA/MCM-41 com razão Si/Al =20 na forma

calcinada (CALC) e não calcinada (NC). ......................................................................... 95

Figura 38 - Espectros de infravermelho dos híbridos BEA/MCM-41 com razão Si/Al =30 na forma

calcinada (CALC) e não calcinada (NC). ......................................................................... 96

Figura 39 - Curvas de TPD-NH3 para as amostras calcinadas de zeólitas Beta. ................................... 97

Figura 40 - Curvas de TPD-NH3 para híbridos BEA/MCM-41 e Al-MCM-41 com razão Si/Al iguais a

20 (A) e 30 (B). ................................................................................................................. 98

Figura 41 - Espectros de RMN de 27Al para zeólitas Beta variando a razão Si/Al nas formas não

calcinadas (A) e calcinadas (B). ..................................................................................... 100

Figura 42 - Espectros de RMN de 27Al para híbridos BEA/MCM-41 e Al-MCM-41 razão Si/Al =20

nas formas não calcinadas (A) e calcinadas (B). ............................................................ 101

Figura 43 - Espectros de RMN de 27Al para híbridos BEA/MCM-41 e Al-MCM-41 razão Si/Al =30

nas formas não calcinadas (A) e calcinadas (B). ............................................................ 102

Figura 44 - Isotermas de adsorção/dessorção de N2 e distribuição do diâmetro de poro para amostras

com razão Si/Al=20. ....................................................................................................... 103

Figura 45 - Distribuição do diâmetro de poro (A) e isotermas de adsorção/dessorção de N2 (B) para as

amostras Beta-20 e HBM-320. ....................................................................................... 105

Figura 46 - Isotermas de adsorção/dessorção de N2 e distribuição do diâmetro de poro para amostras

com razão Si/Al=30. ....................................................................................................... 106

Figura 47 - Isotermas de adsorção/dessorção de Argônio em escala linear (A) e logarítmica (B) para

híbridos BEA/MCM-41. ................................................................................................. 108

Figura 48 - Volume de poro acumulado (A) e distribuição do diâmetro de poro (B) para os híbridos

HBM-020 e HBM-120. ................................................................................................... 108

Figura 49 - Volume de poro acumulado (A) e distribuição do diâmetro de poro (B) para os materiais

HBM-320 e Beta-20. ...................................................................................................... 109

Figura 50 - Isoterma em escala logarítmica (A), volume de poro acumulado (B) e distribuição do

diâmetro de poro (C) para o híbrido HBM-330. ............................................................. 109

Figura 51 - Micrografias de Transmissão Eletrônica para híbridos HBM-020 e HBM-120. .............. 112

Figura 52 - Micrografias de transmissão eletrônica para o híbrido HBM-320. .................................. 113

Figura 53 - Propriedades de área específica e ácidas das amostras sintetizadas com razão Si/Al=20. 114

Figura 54 - Propriedades de área específica e ácidas das amostras sintetizadas com razão Si/Al=30. 115

Figura 55 - Propriedades físico-químicas das amostras Beta-20, HBM-320 e h-Beta-20. ................. 119

Figura 56 - Distribuição por número de átomos de carbono dos produtos de reação obtidos do

craqueamento catalítico de PEAD. ................................................................................. 120

Figura 57 - Composição dos produtos obtidos por tipo de hidrocarbonetos para as amostras Beta-20

(A), HBM-320 (B) e h-Beta-20 (C). ............................................................................... 121

Figura 58 - Esquema do craqueamento de hidrocarbonetos por um centro ácido zeolítico. ............... 122

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................15

2 OBJETIVOS ....................................................................................................................................17

2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................................................ 17

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................................................. 17

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................................19

3.1 ZEÓLITAS .............................................................................................................................................. 19

3.1.1 Propriedades Gerais ............................................................................................................................... 19

3.1.2 Zeólita Beta ............................................................................................................................................. 27

3.1.3 Aplicação Industrial das Zeólitas ........................................................................................................... 30

3.2 MATERIAIS MESOPOROSOS ORDENADOS TIPO M41S ................................................................ 32

3.2.1 Estrutura MCM-41 ................................................................................................................................. 34

3.3 MATERIAIS ZEOLÍTICOS DE ELEVADA ACESSIBILIDADE ......................................................... 38

3.3.1 Zeólitas de Porosidade Hierarquizada ................................................................................................... 43

3.3.2 Materiais Híbridos Micro-Mesoporosos ................................................................................................ 48

3.4 RECICLAGEM QUÍMICA DE POLÍMEROS ....................................................................................... 51

3.4.1 Processos Térmicos de Reciclagem Química ......................................................................................... 53

3.4.2 Craqueamento Catalítico de Polietileno de Alta Densidade (PEAD) ................................................... 56

4 METODOLOGIA EXPERIMENTAL ............................................................................................62

4.1 SÍNTESE DE CATALISADORES ......................................................................................................... 62

4.1.1 Preparação de Materiais de Referência ................................................................................................. 62

4.1.1.1 Material Microporoso Zeólita Beta ......................................................................................................... 62

4.1.1.2 Material Mesoporoso Al-MCM-41 .......................................................................................................... 63

4.1.2 Preparação de Zeólita Beta Hierarquizada ........................................................................................... 63

4.1.3 Preparação de Materiais Híbridos BEA/MCM-41 ................................................................................ 64

4.2 TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO DE MATERIAIS ...................................................................... 66

4.2.1 Difração de Raios-X ............................................................................................................................... 66

4.2.2 Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier ......................................................... 67

4.2.3 Adsorção/Dessorção de N2 a 77 K .......................................................................................................... 68

4.2.4 Adsorção/Dessorção de Argônio a 87 K ................................................................................................ 70

4.2.5 Microscopia Eletrônica de Transmissão................................................................................................ 74

4.2.6 Dessorção Térmica Programada de Amônia ......................................................................................... 75

4.2.7 Espectroscopia de Emissão Atômica por Acoplamento de Plasma Induzido ....................................... 76

4.2.8 Ressonância Magnética Nuclear ........................................................................................................... 77

4.3 REAÇÃO DE CRAQUEAMENTO DE POLIETILENO DE ALTA DENSIDADE (PEAD) ................. 78

4.3.1 Instalação Experimental e Procedimentos de Reação .......................................................................... 79

4.3.2 Análise dos Produtos de Reação ............................................................................................................ 80

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................................82

5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS HÍBRIDOS E ZEÓLITA HIERARQUIZADA.................... 82

5.1.1 Zeólita Beta Hierarquizada .................................................................................................................... 82

5.1.1.1 Propriedades Cristalográficas e Estrutura ............................................................................................. 82

5.1.1.2 Composição Química e Propriedades Ácidas ......................................................................................... 85

5.1.1.3 Propriedades Texturais ........................................................................................................................... 88

5.1.1.4 Morfologia ............................................................................................................................................... 91

5.1.2 Materiais Híbridos BEA/MCM-41 ......................................................................................................... 92

5.1.2.1 Propriedades Cristalográficas e Estrutura ............................................................................................. 92

5.1.2.2 Composição Química e Propriedades Ácidas ......................................................................................... 96

5.1.2.3 Propriedades Texturais ......................................................................................................................... 102

5.1.2.4 Morfologia ............................................................................................................................................. 111

5.1.2.5 Resumo da Caracterização dos Híbridos BEA/MCM-41 ...................................................................... 113

5.2 REAÇÃO CATALÍTICA ...................................................................................................................... 116

5.2.1 Craqueamento de Polietileno de Alta Densidade (PEAD) .................................................................. 117

6 CONCLUSÕES .............................................................................................................................. 123

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .......................................................................... 125

REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 126

15

1 INTRODUÇÃO

Os resíduos plásticos constituem um problema social crescente devido à perda de

recursos naturais, à poluição ambiental e ao esgotamento de espaços nos aterros de lixo. A

gestão de resíduos plásticos se destina a diminuir o impacto ambiental de acordo com

procedimentos de: minimização dos resíduos, reutilização, reciclagem, recuperação energética

e a deposição em aterros. A reciclagem se apresenta como uma solução ambiental mais

adequada, porque permite a partir de resíduos plásticos a recuperação dos mesmos

(reciclagem mecânica) ou produção de combustíveis e/ou produtos químicos como matéria-

prima em processos industriais (reciclagem química). Frente a esta abordagem uma

estratégica de reciclagem química, o craqueamento catalítico de poliolefinas (plásticos) torna-

se promissor para o combate à poluição ambiental e proporciona uma nova fonte de recurso

energético.

Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Plástica (ABIPLAST), o

consumo de transformados plásticos chegou a R$ 59 bilhões em 2012, porém o Brasil conta

com 815 recicladoras de plásticos, que faturaram juntas em 2011 R$ 2,4 bilhões. Portanto o

Brasil ainda desempenha um baixo exercício na reciclagem de plásticos e evidencia um

potencial econômico promissor a ser desbravado.

Para obtenção de combustíveis e matérias-primas para processos industriais através do

craqueamento catalítico de poliolefinas, a utilização de um catalisador adequado no processo

é de fundamental importância. Desta forma, os processos químicos necessitam de novos

materiais catalíticos com propriedades excepcionais, tais como, elevada área específica,

diâmetro de poros bem definidos e compatíveis às moléculas processadas, alta estabilidade

térmica e hidrotérmica, acidez controlada à aplicação desejada e pertinente seletividade de

produtos.

O processo de craqueamento catalítico sobre catalisadores zeolíticos tradicionais X, Y

ZSM-5, Beta, entre outros, é restringido pela inacessibilidade de moléculas volumosas aos

seus poros de pequenos diâmetros, dificultando a difusão molecular no interior da estrutura. E

a aplicação de materiais mesoporosos, com diâmetro de poros entre 2 e 12 nm, da família

M41S (Mobil Composition of Matter – MCM-41, MCM-48 e MCM-50) torna-se ineficiente

por apresentarem baixa atividade catalítica e estabilidade hidrotérmica. A partir destes fatos,

são fornecidas motivações suficientes para o desenvolvimento de novos catalisadores cada

vez mais ativos e seletivos para reações que necessitem conversão de compostos de grande

16

diâmetro cinético e de longa cadeia carbônica, ou seja, catalisadores com propriedades físico-

químicas que minimizem ao máximo o impedimento estérico dos reagentes e/ou moléculas

intermediárias.

Materiais de grande interesse na comunidade científica são definidos como materiais

de elevada acessibilidade e estrutura com arranjo hierárquico de poros, onde os pesquisadores

tentam combinar a elevada atividade catalítica das zeólitas com a melhor acessibilidade de

materiais mesoporosos ordenados de fase amorfa. Tais materiais integram no mínimo dois

níveis de porosidade e apresentam vantagens associadas com cada nível de porosidade, pois a

funcionalidade de cada nível é a característica diferencial com respeito a um material poroso

desordenado ou zeólita microporosa. Dentre as diversas estratégias de síntese de materiais de

elevada acessibilidade, o presente trabalho de pesquisa abordou os métodos de síntese da

cristalização de unidades protozeolíticas silanizadas e o método de unidades protozeolíticas

moldadas ao redor de micelas de surfactantes, para obter materiais definidos como zeólitas

hierarquizadas e materiais híbridos micro-mesoporoso, respectivamente.

As zeólitas hierarquizadas possuem, em adição aos típicos e uniformes microporos

zeolíticos, uma porosidade secundária. Esta porosidade secundária consiste em poros com

diferentes diâmetros estendendo-se dos supermicroporos, para os mesoporos ou até mesmo

macroporos. Apesar disto, em muitos casos a porosidade secundária encontra-se dentro da

faixa mesoporosa, com diâmetro de poros variáveis dependendo fortemente da estratégia de

síntese empregada. Estes catalisadores demonstram propriedades texturais excepcionais para

difusão molecular, além das propriedades pertinentes das zeólitas microporosas, tornando-se

promissoras para várias aplicações catalíticas.

Nas últimas décadas, os materiais híbridos com arranjo hierárquico de poros na escala

micro-mesoporosa atraíram grande atenção e interesses dos pesquisadores. Visto que estes

apresentam atividade ácida similares às zeólitas microporosas, e diâmetro de poros ordenados

dos materiais mesoporosos. Exemplos relevantes destes materiais híbridos recentemente

relatados na literatura consistem em sólidos formados a partir do arranjo mesoporoso da

família M41S com zeólitas microporosas do tipo FAU, MFI, BEA. As potenciais

propriedades e aplicações destes materiais híbridos ainda são pouco conhecidas.

Desta forma, o presente trabalho de pesquisa visa a obter materiais do tipo zeólita Beta

hierarquizada e materiais híbridos micro-mesoporosos tipo BEA/MCM-41, e a avaliar suas

atividades catalíticas na aplicação do craqueamento catalítico do polímero polietileno de alta

densidade.

17

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Este projeto tem como meta o desenvolvimento e otimização de catalisadores que

reúnam as vantagens das zeólitas microporosas convencionais com as dos materiais meso-

estruturados de paredes amorfas, obtendo materiais híbridos com arranjo de poros na escala

micro-mesoporosa. Estes materiais permitiriam, por um lado, superar as restrições difusionais

o qual estão sujeitas as zeólitas quando se utilizam moléculas volumosas, e por outro lado,

aumentaria sua força ácida, assim como sua estabilidade térmica e hidrotérmica com respeito

aos materiais mesoporosos convencionais. É de grande interesse a preparação de materiais

que combinem elevada acidez e acessibilidade das moléculas volumosas aos centros ácidos do

catalisador. Pois, o potencial de aplicação destes catalisadores é amplo, e dentre as principais,

o campo de gestão de resíduos plásticos supõe-se um importante caminho dentro de um meio

ambiental sustentável. A utilização destes materiais no craqueamento catalítico de resíduos

plásticos pode proporcionar um avanço neste método de reciclagem química que, juntamente

com outras estratégias existentes, deve permitir reduzir o volume de plásticos descartados que

se acumulam nos lixões e reduzir os impactos ambientais na natureza.

Para atingir o objetivo principal do projeto, propõem-se os seguintes objetivos

específicos:

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos para desenvolvimento deste projeto de tese foram:

• Sintetizar materiais híbridos do tipo BEA/MCM-41, a partir de um método de síntese

onde núcleos zeolíticos da zeólita Beta recobrem micelas de surfactante (brometo de

cetil-trimetil-amônio) pertencentes a uma estrutura mesoporosa do tipo MCM-41.

• Investigar na síntese dos materiais híbridos do tipo BEA/MCM-41: A influência do

conteúdo de alumínio incorporado para determinar uma acidez satisfatória ao material,

variando a razão silício/alumínio em 20 e 30; A formação dos núcleos zeolíticos

18

precursores da zeólita Beta para definir uma cristalinidade pertinente ao material,

alterando o tempo de pré-cristalização de 0, 1 e 3 dias.

• Sintetizar uma zeólita de porosidade hierarquizada com estrutura zeólita Beta e

elevado conteúdo de alumínio incorporado, para avaliar um material de porosidade

bimodal e elevada acessibilidade.

• Caracterizar os materiais sintetizados através de técnicas que possibilitem

compreender as principais propriedades físico-químicas.

• Avaliar as características dos materiais comparando com zeólitas do tipo Beta

convencionais e materiais mesoporosos do tipo Al-MCM-41, sintetizados com a

mesma razão silício/alumínio.

• Aplicar os materiais em reação de craqueamento de Polietileno de Alta Densidade

(PEAD) para determinar o potencial da atividade catalítica dos materiais, visando a

uma aplicação na reciclagem química de poliolefinas.

19

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Esta seção irá abranger os conhecimentos necessários para o simples domínio do

conteúdo abordado no presente trabalho. E tais conhecimentos estão sub-divididos nos

seguintes temas:

• Zeólitas o Propriedades Gerais o Zeólita Beta o Aplicação Industrial das Zeólitas

• Materiais Mesoporosos Ordenados do Tipo M41S o Estrutura MCM-41

• Materiais Zeolíticos de Elevada Acessibilidade o Zeólitas de Porosidade Hierarquizada o Materiais Híbridos Micro-Mesoporosos

• Reciclagem Química de Polímeros o Processos Térmicos de Reciclagem Química o Craqueamento Catalítico de Polietileno de Alta Densidade (PEAD)

3.1 ZEÓLITAS

3.1.1 Propriedades Gerais

Dentre os materiais microporosos utilizados na catálise heterogênea, as zeólitas

tornaram-se promissoras devido às suas pertinentes propriedades físico-químicas e catalíticas.

Segundo Luna e Schuchardt (2001), a partir da aplicação pioneira em 1962 em processos de

craqueamento de petróleo, as zeólitas assumiram hoje a posição de catalisadores mais

importantes na indústria química. Os sólidos microporosos denominados zeólitas, consistem

em aluminossilicatos cristalinos formados por um retículo tridimensional de tetraedros de

silício e alumínio. A combinação dos tetraedros TO4 (T = Si, Al), onde os átomos de oxigênio

estão unidos através dos vértices compartilhados, formam um retículo cristalino de

empacotamento compacto com interstícios em seu interior, denominados canais. O retículo

cristalino das zeólitas apresenta uma estrutura com cargas negativas localizadas no interior de

seus canais, tais cargas são pertinentes aos tetraedros AlO4-, neutralizadas por cátions de

compensação ou contra-íons. Os cátions de compensação permitem a troca iônica com

moléculas e íons capazes de penetrar nos canais da zeólita.

20

A fórmula estrutural de uma zeólita baseia-se na sua cela unitária cristalográfica

(menor unidade representativa da estrutura), sendo genericamente representada pela Equação

1:

( ) ( ) OwHSiOAlOM yxnx 222/ . Equação 1

onde n é a valência do cátion M, w consiste no número de moléculas de água por cela

unitária, x+y compreende o número total de tetraedros SiO4 e AlO4- por malha elementar e y/x

é a razão atômica Si/Al e assume valor maior ou igual a 1, pois os Al3+ não podem ocupar

sítios adjacentes segundo a Regra de Löwenstein1. A água presente nas zeólitas pode ser

eliminada de forma reversível sob aquecimento, deixando livre uma estrutura microporosa

que pode representar mais de 50% em volume (LUNA e SCHUCHARDT, 2001;

FLANIGEN, 2001).

Existem as encontradas livremente na natureza (zeólitas naturais) ou pode-se prepará-

las mediante diversos procedimentos no laboratório (zeólitas sintéticas). Dos quarenta tipos de

zeolitas naturais conhecidas, as mais importantes comercialmente são a chabacita, faujasita e

mordenita. Entrentanto, para efeitos de aplicações catalíticas são as sintéticas as mais

importantes, devido a sua maior pureza e a ausência de imperfeições cristalinas (BRAGA e

MORGON, 2007). Segundo a IZA (International Zeolite Association), atualmente se

conhecem mais de 180 estruturas zeolíticas sintéticas, que se classificam de acordo com um

código de três letras, sendo as mais importantes por suas aplicações comerciais, as zeólitas A

(LTA), Y (FAU), X (FAU), ZSM-5 (MFI) e mordenita sintética (MOR).

De acordo com Martínez e Pariente (2002), embora se utilize a palavra cristalização, o

processo de formação de uma zeólita supõe-se um sistema mais complexo, onde a síntese

(reação química) e cristalização (formação dos cristais) ocorrem de modo concomitante. A

cristalização de zeólitas sem sementes é um processo controlado pela nucleação, a qual ocorre

devido à heterogeneidade do meio, geralmente um gel alcalino, uma temperatura de síntese

compreendida entre 80 e 300 ºC, e presença dos cátions direcionadores (templates) para as

diferentes formas cristalinas. Ainda relatado por Martínez e Pariente (2002), os seguintes

fatores são capazes de afetar a cristalização das zeólitas: tipos de fontes de sílica e alumina,

composição da mistura de reação, temperatura, pressão e tempo. Como também, os fatores

1 A Regra de Löwenstein exige que cada átomo de Al (átomo T) seja ligado por oxigênios a quatro átomos de Si,

ou seja, não deve haver ligações Al-O-Al na estrutura zeolítica.

21

mecânicos podem afetar a síntese das zeólitas, determinando a cinética de cristalização e a

estrutura formada.

A disposição dos tetraedros SiO4 e AlO4- de forma espacial constrói uma rede

cristalina definida por unidades estruturais secundárias (SBU, “Secondary Building Units”),

que por sua vez, formam as unidades poliédricas conectadas sob determinada ordenação. Os

diferentes arranjos dos poliedros diversificam a formação das zeólitas, definindo estrutura e

sistema de canais pertinente a cada zeólita, como demonstrado na Figura 1. A seletividade de

forma geométrica de íons e moléculas para difusão no interior das zeólitas origina-se a partir

da estrutura e dimensão de canais. Uma das principais características das zeólitas é apresentar

tamanhos de poros distintos em função da quantidade e do arranjo que os tetraedros que os

compõem venham a assumir (FLANIGEN, 2001).

Figura 1- Esquema demonstrativo do arranjo estrutural de algumas zeólitas.

Fonte: Adaptado de Gonçalves (2006).

O arranjo dos canais e cavidades das zeólitas formados a partir do número de

tetraedros ou número de átomos de oxigênio na abertura dos poros e diâmetro de poros pode

classificar as zeólitas segundo o tamanho de seus microporos, conforme Tabela 1.

22

Tabela 1- Classificação de algumas zeólitas em relação aos seus microporos.

Tamanho do Microporo

Nº de Tetraedrosa

Dpb (Å) Nome Comum Símbolo Estrutural

Dimensiona-lidadec

Maior Molécula Adsorvível

Extragrande >12

13,2 x 4,0 12,1

7,9 x 8,7

Cloverita VPI-5 AlPO-8

CLO VFI AET

3 1 1

- triisopropribenzeno

- Grande

12 ~6 x ~7 7,4 7,3

Zeólita β Zeólita X, Y AlPO-5

BEA FAU AFI

3 3 1

- tributilamina neopentano

Médio 10

5,5 x 6,2 3,9 x 6,3 5,3 x 5,6

ZSM-12 AlPO-11

TS-1, ZSM-5

MTW AEL MFI

1 1 3

- ciclo-hexano ciclo-hexano

Pequeno 8 4,1 Zeólita A LTA 3 n-hexano a Número de tetraedros ou número de átomos de oxigênio na abertura dos poros. b Diâmetro de poros. c Dimensionalidade dos canais: Geometria do sistema de canais.

Fonte: Adaptado de Luna, Schuchardt (2001).

Como demonstrado na Tabela 1, a dimensão espacial interna apresenta outra

classificação baseada no arranjo dos canais e cavidades das zeólitas desidratadas, que

influencia diretamente o caminho percorrido pelas moléculas dentro da estrutura porosa.

Desta forma, existem três tipos de estruturas zeolíticas:

a) Unidimensional – Formados por canais contínuos sem interceptação;

b) Bidimensional – Formados por canais que se interceptam em dois eixos;

c) Tridimensional – Formados por canais que se interceptam em três eixos;

A característica das zeólitas serem classificadas como peneiras moleculares é devido à

propriedade de seletividade de forma geométrica. Conforme Pace et al. (2000), o diâmetro de

poros e dos canais são de um tamanho certo para as moléculas comumente utilizadas,

impedindo o acesso, em alguns casos, e dificultando, em outros, a difusão de moléculas muito

volumosas dentro do espaço intracristalino. A seletividade geométrica é à base de inúmeros

processos industriais de refino e petroquímica, tais como, “Selectoforming”, “M-forming”,

“Dewaxing”, alquilação de tolueno, isomerização de xilenos, transformação de metanol em

gasolina, etc.

Pode-se distinguir três tipos essenciais de seletividade geométrica, segundo Pace et al.

(2000), e esquematizadas na Figura 2.

23

Figura 2- Tipos de seletividade geométrica.

Fonte: Adaptado de Pace et al. (2000).

Uma propriedade importante das zeólitas consiste na razão Sílica/Alumina (SAR) –

Silica/Alumina Ratio – parâmetro este calculado para definir a composição estequiométrica

molar da zeólita e que pode ser relacionado a diversas propriedades físico-químicas da

mesma. Tal propriedade influencia na estabilidade térmica e química da zeólita, pois limita a

capacidade de troca iônica e densidade de sítios ácidos de Brönsted, visto que para cada

composto AlO4- na rede existirá um cátion de compensação de carga. Então, o aumento da

SAR na composição da zeólita é inversamente proporcional à capacidade de troca iônica e

densidade de sítios ácidos de Brönsted.

A principal propriedade das zeólitas consiste em seu potencial ácido, apresentando em

sua rede cristalina sítios ácidos de Brönsted e Lewis. A natureza destes sítios ácidos depende

da forma coordenada dos átomos de Si e Al estruturados na rede cristalina, pois a geração de

espécies de Al extra-rede (ALER) tenderiam a reduzir a atividade catalítica. Os sítios ácidos

de Lewis são aceptores de elétrons, pois um átomo de Al com coordenação trigonal pode

aceitar um par de elétrons sendo, portanto, um ácido de Lewis. Os sítios ácidos de Brönsted

são doadores de prótons e ocorrem quando os cátions de compensação da carga negativa na

24

estrutura da zeólita são prótons (H+), associados às pontes Si-O(H+)-Al (hidroxilas ácidas)

(HUMPHFUES et al. 1993).

A existência da força ácida através de sítios ativos depende da temperatura de

calcinação que o hidróxido ou óxido hidratado de alumínio foi submetido. Acima de 300 °C a

superfície do material sofre desidratação intensa e, até 430 °C, a desidratação ocorre pela

reação entre duas hidroxilas vizinhas, liberando água, deixando na superfície uma vacância

aniônica e um íon oxigênio exposto. Ambos os defeitos têm caráter ácido e básico fracos,

respectivamente. Em temperaturas maiores que 430 °C começam a aparecer irregularidades

no processo de desidratação. Prótons da superfície e cátions tornam-se móveis e trocam suas

posições na estrutura. Nestas condições novos defeitos são gerados com vacâncias aniônicas

múltiplas (três ou mais cátions Al3+ em vizinhança próxima), que possuem caráter ácido forte,

tipo Lewis, e aglomerados de íons O2-, que possuem caráter básico forte. Estes defeitos locais,

tipo deficiência de íon oxigênio, são responsáveis pela acidez de Lewis, enquanto a presença

de grupos hidroxilas pela acidez de Brönsted (WEITKAMP e HUNGER, 2007).

A acidez de Brönsted consiste no potencial de transferência de um próton H+ (atuando

como cátions de compensação equilibrando a carga aniônica da rede cristalina) da zeólita para

a molécula adsorvida, enquanto a acidez de Lewis é definida pela capacidade de receber pares

eletrônicos formando ligações coordenadas através de seus orbitais d incompletos com as

moléculas adsorvidas, por exemplo, a presença de átomos de alumínio que se encontram

deficientes de elétrons (MORENO e RAJAGOPAL, 2009). Um dado sólido ácido não possui

uma única classe de sítios ácidos, mas frequentemente mostra grande distribuição de sítios

ácidos de Brönsted e Lewis no mesmo sólido, podendo até mesmo apresentar sítios ditos

superácidos, originados pela interação entre um sítio de Brönsted da rede e um sítio de Lewis,

geralmente, espécies de alumínio extra-rede na forma catiônica. A Figura 3 representa os

sítios ácidos de Brönsted e de Lewis na rede cristalina das zeólitas.

25

Figura 3- Representação dos sítios ácidos de Brönsted e de Lewis.

Fonte: Adaptado de Moreno e Rajagopal (2009).

Geralmente os sítios ácidos de Brönsted são gerados por calcinação da zeólita na

forma amoniacal. Em temperaturas altas (acima de 500ºC), no entanto, a desidratação é

favorecida, resultando na formação de sítios ácidos de Lewis a partir de dois sítios ácidos de

Brönsted, conforme Figura 4.

Figura 4- Representação da desidratação de sítio ácido de Brönsted para geração de sítio ácido

de Lewis.

Fonte: Adaptado de Moreno e Rajagopal (2009).

De acordo com Moreno e Rajagopal (2009), a acidez depende essencialmente da

localização e do conteúdo de alumínio na estrutura do silicato, além do estado de coordenação

do alumínio, sendo freqüentemente desejável, no caso das zeólitas, a coordenação tetraédrica

AlO4-. A quantidade de sítios ácidos nas zeólitas está relacionada à razão Si:Al ou SiO2/Al2O3

(ou SAR – Silica/Alumina Ratio), ou seja, quanto menor esta relação, mais alumínio está

presente na estrutura e maior a quantidade de cátions de compensação, isto é, maior o número

de sítios ácidos, no caso de estar na forma protônica. No entanto, como a geração dos sítios

ácidos está associada ao desbalanceamento de cargas gerado pela substituição isomórfica de

ânions de cargas diferentes, quanto maior o número de átomos de alumínio, menos

desbalanceada estará a rede e menor será a força dos sítios ácidos. Diminuindo-se o SAR da

26

zeólita, a estrutura também se torna menos estável, podendo comprometer ou mesmo destruir

o arranjo cristalino.

No caso de haver baixa densidade de sítios ácidos de Brönsted, como na zeólita Y ou

ZSM-5 nas formas protônicas, a força ácida é alta, pois os prótons não dissociados pouco

interagem entre si. Com a finalidade de aumentar a força dos sítios ácidos e a estabilidade da

estrutura, zeólitas com baixo teor de alumínio são preparadas por processos de

desaluminização. Zeólitas Y que passam por este procedimento são chamadas de zeólitas Y

ultra-estáveis (USY – UltraStable Y zeolite) e comportam vasta aplicação nos processos de

craqueamento catalítico, entre outros (MORENO; RAJAGOPAL, 2009).

Segundo Pace et al. (2000), a desaluminização pode ser dividida em duas grandes

classes:

• Desaluminização por troca: O alumínio extraído é substituído na sua posição na

estrutura cristalina por um átomo de Si proveniente de um agente externo (SiCl4,

(NH4)2SiF6, etc.). Este método deveria conduzir, em princípio, à obtenção de zeólitas

sem modificações de porosidade e cristalinidade;

• Desaluminização por remoção: O alumínio extraído não é substituído, na estrutura

cristalina, por átomos de Si extra-zeolíticos. As vacâncias criadas pela remoção de

alumínio são preenchidas por átomos de Si cuja origem ainda não está totalmente

esclarecida, mas que podem ser provenientes de um processo de recristalização

simultâneo à desaluminização, ou da sílica ocluída e/ou superficial. Como exemplo

desta classe temos as desaluminizações com vapor d’água (ultraestabilização), com

ácidos, com reagentes voláteis (COCl2, CCl4, SOCl2, etc.) e com agentes

complexantes. Estes processos de desaluminização produzem, geralmente,

modificações na porosidade e cristalinidade do sólido, que se manifestam pela

formação de meso e macroporos no interior de zonas cristalinas bem organizadas. O

alumínio extraído, que não é removido na forma gasosa, se deposita no interior dos

poros zeolíticos na forma de clusters de alumina, bloqueando parcialmente os canais

da zeólita.

27

3.1.2 Zeólita Beta

A zeólita Beta foi sintetizada pela primeira vez em 1967 por WADLINGER et al.

(1967), em uma patente assinada pela Mobil Oil Corporation, com a seguinte fórmula geral:

( )[ ] OwHySiOAlOTEAxxNa 222 ..1. −

Onde: x ≤ 1,0 (em geral 0,4); 5 < y < 100 (em geral 10); w ≤ 4 e TEA = íon

tetraetilamônio.

De acordo com Pace et al. (2000), esta zeólita de elevada relação Si/Al foi a primeira a

ser sintetizada empregando compostos orgânicos no gel de síntese. E grandes esforços foram

realizados para elucidar a estrutura desta zeólita Beta, indicada como uma das mais

complexas.

A estrutura zeolítica BEA esta definida por uma unidade de construção formada por

dois anéis de seis membros (S6R), conectados entre si por dois anéis de quatro membros

(S4R) e por quatro anéis de cinco membros. Estas unidades de construção se conectam por

suas faces pentagonais para formar cadeias ao longo da direção [001]. Finalmente as cadeias

estão ligadas através de ciclos de quatro membros (S4R) para completar um plano estrutural

(PACE et al. 2000), representada na Figura 5.

E por último, as ligações entre os planos originam a estrutura tridimensional. Esta

estrutura tridimensional consiste em um crescimento interconectado de dois polimorfos,

denominados A e B, e um polimorfo C derivado da união entre A e B (SUN et al. 2007),

representados na Figura 6.

Figura 5- Unidades estruturais da estrutura BEA.

Fonte: Adaptado de Linares (2011).

28

A estrutura BEA possui três sistemas de canais: dois deles são ortogonais lineares e

perpendiculares à direção [001], sendo sua abertura de aproximadamente 7,7 x 6,6 Å. O

terceiro sistema de canais é perpendicular à direção [100] com uma abertura de 5,6 x 5,6 Å

(LINARES, 2011). Os três tipos de canais estão formados por anéis de 12 tetraedros e suas

dimensões estão representadas na Figura 7.

A zeólita Beta foi sintetizada em 1967 por Wadlinger et al. (1967), porém a

determinação de sua estrutura se deu em 1988 por Higgins et al. (1988). Na síntese se utiliza

hidróxido de tetraetilamônio como agente direcionador da estrutura, e geralmente a

cristalização se dá entre 75 a 200 ºC, com um tempo de síntese que varia entre 40 dias a

temperatura mais baixa até 6 dias a 150 ºC. Embora a razão Si/Al desta zeólita está

compreendida entre 10 e 100, pode-se chegar a obter amostras com razão tão elevada como

150, porém se desenvolveram métodos que permitem obter amostras puramente sílicas de

zeólita Beta (VAN DER WAAL, et al. 1994; CAMBLOR, et al. 1997).

Figura 6- Estrutura BEA, correspondente à zeólita Beta.

Fonte: Adaptado de Linares (2011) e Sun et al. (2007).

29

Figura 7- Dimensões da estrutura BEA na direção [100](A) e direção [001](B).

Fonte: Adaptado de www.iza-structure.org.

A maioria dos trabalhos sobre a síntese desta zeólita teve como objetivo o estudo da

incorporação do alumínio na estrutura do material ou a redução dos elevados tempos de

cristalização requeridos. Enquanto a incorporação do alumínio, esta é favorecida pela

presença do sódio no gel de síntese e pela baixa alcalinidade do mesmo (VAUDRY, et al.

1994). No que se refere à redução do tempo de síntese, pode-se conseguir utilizando géis de

síntese que combinem potássio e sódio com o hidróxido de tetraetilamônio. Além disto, a

presença do potássio ajuda a obter distribuições mais estreitas de tamanhos de cristal

(SCHOEMAN, et al. 2001; ZAIKU, et al. 2001). Após observar o efeito dos cátions potássio

no aumento do tamanho do cristal, Camblor et al. (1998) sintetizaram amostras altamente

cristalinas com tamanhos de cristal próximos aos 50 nm na ausência de cátions alcalinos.

Estes autores demonstraram contrariamente ao que se pensava até então, que era possível a

cristalização da zeólita Beta em um meio completamente livre de cátions alcalinos e sem a

utilização de sementes de núcleos de zeólita. Por este método se obteve suspensões coloidais

estáveis de zeólita Beta com partículas de tamanhos compreendidos no intervalo dos

nanômetros (10-100 nm). Ademais estes cristais puderam ser separados da água mãe de

cristalização sob centrifugação depois de adicionar água para diminuir a viscosidade do meio

e aumentar a velocidade de sedimentação. Segundo os autores, a variável chave que determina

tanto o tamanho do cristal como o tempo necessário para a cristalização foi o conteúdo de

alumínio do gel de síntese. Assim, conforme aumenta a razão Si/Al, aumenta o tamanho de

cristal e diminui o tempo de cristalização (LINARES, 2011).

Gündüz et al. (2004) acreditavam que as características intrínsecas da zeólita poderiam

ser mudadas significativamente usando métodos diferentes de síntese ou por pré-tratamento

térmico, apesar dos longos períodos de indução e nucleação comparada a outras zeólitas.

30

Kim, et al. (2004) prepararam a zeólita Beta por síntese direta sob irradiação de

microondas a 150°C por 4 h. Este trabalho mostrou que a zeólita beta foi rapidamente

sintetizada pelo método de microondas com a ajuda de espécies de flúor. Após a irradiação de

microondas, o período reduzido na etapa de indução de nucleação com a adição da espécie de

flúor é considerada crucial para a síntese rápida deste material. Entretanto, a adição de

sementes para a solução de síntese não é tão eficaz para reduzir o tempo de síntese na

ausência de espécies de flúor. Acredita-se que o papel essencial dos íons fluoreto na síntese

sob irradiação microondas implica na reposição rápida da água moléculas no modelo de

cátions hidratados por alumínio oligômeros na presença de íons fluoreto.

No presente trabalho foi selecionado o procedimento de Camblor et al. (1998), como

referência à sintese da zeólita Beta como padrão.

3.1.3 Aplicação Industrial das Zeólitas

A aplicação de catalisadores em diversos processos químicos visa principalmente o

setor econômico, pois sempre existirá a busca incessante por processos mais eficientes com

menor custo de produção. O grande interesse da aplicação das zeólitas nos processos

catalíticos industriais deve-se principalmente às suas propriedades únicas, citadas

anteriormente, e que conduzem à seletividade dos produtos desejados.

De acordo com Pace et al. (2000), nos processos industriais as zeólitas são utilizadas

como:

• Adsorventes – A capacidade de adsorção das zeólitas depende do volume poroso e do

diâmetro dos poros (daí o nome de peneiras moleculares), isto permite que elas sejam

utilizadas como adsorventes tanto em processos de purificação como em processos de

separação.

• Trocadores Iônicos – Silicoaluminatos muito ricos em alumínio tais como as zeólitas

A e X, são utilizadas como trocadores iônicos para diminuir a dureza de águas

domésticas e industriais e para a purificação de água potável. Por esta capacidade de

troca iônica, nos últimos tempos, se utilizam certas zeólitas como suportes de

fertilizantes, drogas medicinais e rejeitos radioativos.

• Catalisadores ou Suporte de Catalisadores – Numerosos processos industriais de

refino, petroquímica e química fina utilizam catalisadores à base de zeólitas. A

substituição de catalisadores convencionais por zeólitas em determinados processos se

31

deve às melhoras na atividade e seletividade. Estas melhoras estão relacionadas a uma

maior acidez e/ou estrutura cristalina que, pelo tamanho de seus poros e cavidades,

exercem uma seletividade de forma tanto aos reagentes, produtos como aos estados de

transição.

Conforme Linares (2011), o emprego de zeólitas como adsorventes, tanto em fase

gasosa como em fase líquida, se deve às suas pertinentes propriedade como peneira

molecular, sua elevada porosidade (no caso da zeólita A e X pode chegar até um 50%), a sua

alta seletividade que permite uma boa separação, e ao diferente caráter hidrofílico/hidrofóbico

que apresentam em função do seu conteúdo de alumínio. Assim, a zeólita A é aplicada

industrialmente no processo Molex para a separação de parafinas lineares de isoparafinas, mas

esta mesma zeólita se aplica também para a secagem de gases, dado seu caráter fortemente

hidrofílico derivado do elevado conteúdo de alumínio (Si/Al=1). As zeólitas com baixa razão

Si/Al adsorvem principalmente moléculas polares e portanto, são empregados como agentes

de secagem. A transição desde um caráter hidrofílico a um caráter hidrofóbico se produz

quando o valor da relação SiO2/Al2O3 é aproximadamente 20 (DAVIS, 1991).

A presença de centros ácidos na rede cristalina, e a possibilidade de introduzir novos

sítios ácidos convertem as zeólitas em excelentes catalisadores com enormes aplicações,

especialmente na industria petroquímica e na farmacêutica. Embora as propriedades ácido-

base das zeólitas indique um papel importante nas reações catalíticas em que atuam, também

deve-se ter em conta a seletividade de forma das zeólitas, que faz possível encaminhar a

reação até os produtos desejados. Além de descrito em alguns casos que as zeólitas se

utilizam como catalisadores básicos, como é o caso da zeólita X trocada ionicamente com

Césio, são suas características ácidas as que provocam que as zeólitas seja utilizadas em

reações (craqueamento, hidrocraqueamento, alquilação, oligomerização, aromatização, etc.)

com hidrocarbonetos, o qual às convertem na atualidade nos catalizadores de maior

importância no campo do refino de petróleo (O´CONNOR, et al. 1996). Posteriormente, nos

anos 90 se realizaram estudos para introduzir seu uso em reações de química fina

(ARMENGOL, et al. 1997; ARMENGOL, et al. 1995; BEKKUM, et al. 1994), campo em

que a catálise homogênea é predominante.

De acordo com Guisnet e Ribeiro (2004), as vantagens trazidas pelas zeólitas estão

sobretudo relacionadas com o aumento da seletividade, uma vez que um pequeno aumento no

32

rendimento do produto desejado conduz frequentemente a benefícios substanciais. Como

alguns exemplos:

• Craqueamento Catalítico – Aumento notável do rendimento em gasolina e

diminuição da seletividade em coque, em virtude da substituição das sílico-aluminas

pelas zeólitas.

• Alquilação do benzeno em etilbenzeno (EB) ou em cumeno (C) – Com

catalisadores zeolíticos os rendimentos em EB e C são respectivamente REB = 99,6% e

RC = 99,7%, enquanto com AlCl3 se obtém REB = 98,5% e com ácido fosfórico

suportado sobre silício RC = 95,0%. Além disto, a pureza destes produtos é igualmente

superior, sendo 99,96% (para EB e C) em vez de 99,85% (para EB) e 99,92% (para

C).

• Isomerização da fração C8 aromática – Diminuição da seletividade em produtos

secundários de hidrocracking (alcanos leves), desalquilação e dismutação, em virtude

da substituição dos catalisadores Pt/sílico-alumina por catalisadores Pt/zeólitas.

Apesar de todas essas vantagens as zeólitas como trocadores iônicos, adsorventes e

catalisadores, vale-se ressaltar a limitação do diâmetro de poro tão pequeno na hora de

processar moléculas volumosas, como as envolvidas em processos de interesse do

craqueamento ou hidrocraqueamento a vácuo de gasóleo, ou os de interesse em química fina,

cosmética e na eliminação de contaminantes (LINARES, 2011). Nestes casos, os microporos

das zeólitas não permitem a difusão de moléculas volumosas, necessitando uma estrutura

porosa no intervalo dos mesoporos (CORMA, 1997).

3.2 MATERIAIS MESOPOROSOS ORDENADOS TIPO M41S

Sólidos porosos são utilizados tecnicamente como adsorventes, catalisadores e

suportes para catalisadores devido às suas elevadas áreas específicas (CIESLA; SCHÜTH,

1999). De acordo com definições da IUPAC, os sólidos porosos são divididos em três classes,

em função de seu diâmetro de poro (Dp):

• Microporos: Dp < 2 nm (Dp < 20 Å);

• Mesoporos: 2 < Dp < 50 nm (20 < Dp < 500 Å);

33

• Macroporos: Dp > 50 nm (Dp > 500 Å).

Como já discutido, as zeólitas são membros da classe microporosa, onde fornecem

excelentes propriedades catalíticas em virtude de sua estrutura de aluminosilicatos cristalinos.

Entretanto suas aplicações são limitadas por seu diâmetro de poros. Esforços substanciais

foram voltados para o aumento do tamanho de poros de materiais microporosos puros, o que

levou à síntese bem sucedida de peneiras moleculares mesoporosas com diferentes

composições, estruturas e tamanho de poros.

A preparação da nova família de materiais mesoporosos M41S, relatada pela primeira

vez em 1992 (BECK et al., 1992; KRESGE et al., 1992), foi uma das maiores conquistas na

síntese de novos materiais porosos. Estes materiais, com poros bem definidos entre 15 e 120Å

de diâmetro, e elevadas áreas específicas podendo chegar até 1400 m2/g, formam uma nova

família de peneiras moleculares (MINTOVA e CEJKA, 2007). Os representantes típicos desta

família de peneiras moleculares mesoporosas M41S são: MCM-41, sistema de poros

unidimensional com arranjo hexagonal de mesoporos; MCM-48, sistema de poros

tridimensional com arranjo cúbico de mesoporos; MCM-50, arranjo lamelar constituído por

camadas de sílica alternadas e por camadas duplas de surfactante, conforme demonstrado na

Figura 8.

Figura 8- Família M41S incluindo os materiais MCM-41, MCM-48 e MCM-50.

Fonte: Adaptado de Kresge (2004).

34

Nesta família, o MCM-41 é o material mais importante, em função da sua possível

aplicabilidade industrial, bem como interesse científico por novas estratégias de síntese,

processamento e métodos de caracterização. O MCM-41 possui uma estrutura de favo de mel

que é resultado de um empacotamento hexagonal de poros cilíndricos unidimensionais. Onde,

caracterizações confiáveis da estrutura hexagonal de poros exigem a utilização de três

técnicas independentes: Difratometria de raios-X (DRX), Microscopia Eletrônica de

Transmissão (MET) e Análises de Adsorção (CIESLA e SCHÜTH, 1999).

3.2.1 Estrutura MCM-41

A formação da mesofase MCM-41 ocorre de acordo com o mecanismo de

direcionamento de cristais líquidos (liquid crystal template - LCT), o qual tetraedros de SiO4 e

espécies AlO4 interagem com o direcionador surfactante sob condições hidrotérmicas

(ARAUJO et al., 2002; KRESGE et al., 1992; SAYARI, 1996). Na Figura 9, a primeira

proposta supõem uma auto-organização do template em uma fase líquido-cristal tal como em

H1, antes de iniciar o encapsulamento por espécies inorgânicas e posterior condensação em

paredes rígidas. Este mecanismo é consistente com dados obtidos na presença de elevadas

concentrações de surfactantes. Na segunda proposta, as espécies inorgânicas participam do

processo de ordenamento do surfactante e influenciam na morfologia (SAYARI, 1996).

Figura 9- Mecanismos de formação do material mesoporoso MCM-41.

Fonte: Adaptado de Sayari (1996).

Porém segundo Huo et al. (1994), a presença de estruturas liquido-cristal pré-

organizadas ou micelas em forma de bastões antes da adição do precursor inorgânico não são

necessárias através de template "estático" para nucleação e crescimento da fase inorgânica.

35

Esta conclusão teve fundamento nas seguintes observações: (i) a fase MCM-41 hexagonal

pode ser preparada utilizando C16TMABr, C16TMACl ou C16TMAOH em concentrações

baixas; (ii) a fase hexagonal MCM-41 pode ser preparada na presença de cadeias curtas de

surfactantes, tais como C12TMAOH e C12TMACl o qual não foram relatados para formação

das micelas em forma de bastões em água; e (iii) o MCM-41 e MCM-48 podem ser

preparados a temperaturas inferiores a 70 ºC, onde micelas em forma de bastões são instáveis.

Desta forma, o mecanismo proposto por Stucky, et al. (1994) está representado na Figura 10,

e afirma que antes da adição do silicato o surfactante é um equilíbrio dinâmico entre micelas

esféricas ou cilíndricas e moléculas simples. Após a adição da fonte de sílica, ocorre uma

troca iônica com ânions OH- ou Br- para formar pares de íons orgânico-inorgânicos

acompanhados da dissociação das micelas orgânicas e agregação dos pares de íons para

formação da fase mesoporosa. A última etapa é a polimerização e condensação das espécies

inorgânicas (SAYARI, 1996; VARTULI, et al. 1994).

36

Figura 10- Mecanismo de formação de uma estrutura mesoporosa da família M41S.

Fonte: Adaptado de Vartuli (1994)

A mistura reacional que contém a estrutura inorgânica de sílica condensada sobre as

micelas de surfactante deve ser submetida a um tratamento hidrotérmico, normalmente em

autoclaves de teflon revestidas externamente por aço inoxidável, a temperaturas variáveis

entre 100 e 150 °C por períodos referentes à temperatura de até 5 dias. (ARAUJO e

JARONIEC, 2000; ARAUJO et al., 2001).

A Figura 11 demonstra o processo de calcinação do MCM-41 sob condições

pertinentes de temperatura (T) e tempo (t), as propriedades estruturais de espessura da parede

de sílica (wt), distância interplanar na direção do plano (100) (d(100)) e parâmetro mesoporoso

(ao). Como também, é exposto na Figura 11 o DRX padrão do MCM-41 com cinco picos de

reflexão característicos do arranjo hexagonal ordenado de tubos paralelos de sílica (HUO et

al., 1996; EDLER e WHITE, 1997; KHUSHALANI et al., 1996).

37

Figura 11- Esquema representativo do arranjo mesoporoso do MCM-41 antes e após

calcinação, e DRX padrão do MCM-41 calcinado.

Fonte: Adaptado de Araújo et al. (2004); Huo et al. (1996).

Matsumoto et al. (1999) relataram a síntese da peneira molecular mesoporosa MCM-

41 com incorporação de alumínio (Al-MCM-41) preparada por hidrólise de uma solução

tetraetoxisilano e isopropóxido de alumínio em presença de amônia como catalisador. Este

método proporcionou materiais tipo Al-MCM-41 com diferentes razões Si/Al de 13 a 297,

correspondendo a 0,3-7 % em mol de Al. Medidas de difração de raios-X e adsorção de

nitrogênio demonstraram que o Al-MCM-41 preparado por este método obteve elevado

ordenamento estrutural do arranjo dos poros, e que a maioria dos átomos de Al foram

incorporados tetraedricamente na estrutura.

De acordo com Sayari, (1996), materiais do tipo Al-MCM-41 foram testados em um

número de processos de refinamento de petróleo. Os metais NiMo foram impregnados no Al-

MCM-41 como catalisador (12% em peso de MoO3, 3% em peso de NiO), testado em

hidrocraqueamento de gasóleo a vácuo, e verificou-se ser mais eficaz na hidrodessulfurização

e hidrodesnitrogenação que catalisadores como NiMo incorporado em USY ou em sílica-

alumina amorfa. O elevado desempenho do NiMo/MCM-41 foi atribuída à sua elevada área

específica livremente acessivel e também à maior dispersão dos ingredientes ativos

cataliticamente. Além disso, apesar da sua baixa acidez o catalisador NiMo/MCM-41 também

se verificou que possui elevada atividade em hidrocraqueamento de gasóleo, frente aos

catalisadores baseados em sílica-alumina amorfa ou USY.

38

3.3 MATERIAIS ZEOLÍTICOS DE ELEVADA ACESSIBILIDADE

Logo após a descoberta da peneira molecular mesoporosa MCM-41, descobriu-se que

a incorporação do alumínio dentro de sua estrutura gerava funcionalidade ácida moderada.

Entretanto a longo alcance a localização tetraédrica do alumínio foi comprometida,

especialmente ao incorporar quantidades superiores a aproximadamente 8 % em mols.

Segundo Liu, et al. (2000), a acidez moderada e perda de integridade estrutural, juntamente

com baixa estabilidade hidrotérmica sobre condições de regeneração tornaram o material

hexagonal Al-MCM-41 um candidato pouco atraente para o processamento de frações de

petróleo de elevado peso molecular. Mesmo após importantes avanços em seus métodos de

síntese, trazendo melhorias na integridade estrutural do Al-MCM-41, a moderada acidez e

baixa estabilidade hidrotérmica ainda limitam a potencial aplicação no refino de petróleo.

Apesar das propriedades singulares do material mesoporoso Al-MCM-41, este não

apresenta atividade catalítica para reações que necessitem elevada densidade de sítios ácidos e

resistência hidrotérmica. Portanto, a comunidade científica tenta unir em um único catalisador

a estrutura de diâmetro de poros ordenados dos materiais mesoporosos e as propriedades de

estabilidade e atividade ácida similares às zeólitas microporosas.

De acordo com Serrano, et al. (2011), para desenvolver materiais zeolíticos com maior

acessibilidade aos sítios ativos, uma estratégia de síntese baseia-se na formação de entidades

ou fragmentos zeolíticos dentro das paredes de materiais mesoporosos ordenados, tais como

MCM-41 ou SBA-15. Estes materiais podem ser considerados como sólidos híbridos de

zeólitas e materiais mesoporosos ordenados. Neste caminho, a primeira abordagem foi

provocar uma cristalização das paredes amorfas dos materiais mesoporosos ordenados por um

tratamento pós-síntese sob presença de agentes direcionadores de estrutura zeolítica

apropriados. Entretanto, esta rota liderou uma segregação de fase com grandes cristais de

zeólita emergindo do material mesoporoso. Em contra partida, bem sucedido foi o método

aplicando sementes de zeólita, as quais foram organizadas sobre micelas de surfactantes para

produzir sólidos meso-estruturados com sementes zeolíticas das paredes mesoporosas. Em

comum acordo, Pinnavaia, et al. (2004) relatou que a estabilidade hidrotérmica e acidez de

aluminosilicatos meso-estruturados podem ser amplamente aperfeiçoadas através do uso de

precursores protozeolíticos (sementes de zeólitas) para incorporação na estrutura das paredes.

Os materiais híbridos obtidos por organização de sementes zeolíticas ao redor de

micelas de surfactante demonstram propriedades muito semelhantes aos materiais

39

mesoporosos ordenados convencionais, embora eles apresentem algumas propriedades

zeolíticas, tais como elevada acidez, aumento da estabilidade hidrotérmica e melhor atividade

catalítica em determinadas reações. A existência de fragmentos zeolíticos dentro das paredes

mesoporosas surge como uma razoável explicação para considerar as propriedades híbridas

destes materiais (SERRANO, et al. 2013).

Exemplos relevantes destes materiais híbridos, relatados na literatura, consistem em

sólidos com formação de arranjo mesoporoso da família M41S com zeólitas microporosas do

tipo FAU (KLOESTRA et al. 1996), MFI (HUANG et al. 2000; GARCÍA et al. 2005;

SERRANO et al. 2009; COSTA et al. 2011; SERRANO et al. 2011) e BEA (GUO et al. 2001;

ZHANG et al. 2008).

De acordo com Pinnavaia, et al. (2004), a abordagem de síntese de sólidos meso-

estruturados com sementes zeolíticas das paredes mesoporosas foi primeiramente

demonstrada para a formação do aluminosilicato MSU-S, um material estável ao vapor

análogo ao MCM-41, a partir de sementes de zeólita faujasita (FAU) (LIU, et al. 2000). Em

seguida, estudos adicionais obtiveram melhores resultados de estabilidade ao vapor e forte

acidez em materiais hexagonais MCM-41 derivados de sementes de zeólitas ZSM-5 (MFI) e

Beta (BEA) como precursores (LIU, et al. 2001; ZHANG, et al. 2001a; ZHANG, et al.

2001b). A idéia de utilizar sementes de zeólitas como precursores para moldar

aluminosilicatos meso-estruturados hidrotermicamente estáveis foi estendido para materiais

mesoporosos tipo SBA-15 (LIU e PINNAVAIA, 2002a; HAN, et al. 2002). Como também,

materiais análogos fortemente ácidos tipo “mesostructured cellular foams (MCF)”, definidos

como MSU-S/F, foram moldados utilizando sementes de zeólitas MFI, BEA e FAU sob pH <

2~6,5 (LIU e PINNAVAIA, 2002a). Existe uma ampla evidência química e espectroscópica

para suportar a sugestão que o ordenamento local, semelhante às subunidades das zeólitas

cristalinas, compreende a estrutura das paredes dos aluminosilicatos meso-estruturados

moldados por sementes de zeólitas (LIU e PINNAVAIA, 2002b). E este ordenamento local

contribui ao substancial aumento da estabilidade hidrotérmica e acidez.

Apoiando os métodos de síntese de materiais híbridos micro/meso-estruturados já

citados e agregando outros, Prokesová-fojtíková, et al. (2006) relatam que basicamente três

metodologias foram descritas para a preparação dos materiais micro/meso-estruturados

combinando zeólitas cristalinas e peneiras moleculares mesoporosas (LIU e PINNAVAIA,

2002b). A primeira abordagem foi preparar peneiras moleculares mesoporosas e depois

recristalizar por tratamento hidrotérmico as paredes amorfas originais em paredes cristalinas

40

zeolíticas, pela introdução de direcionador orgânico comumente utilizado para a síntese de

zeólitas (POLADI e LANDRY, 2002). De forma similar o direcionador zeolítico pode ser

adicionado à mistura reacional antes da peneira molecular mesoporosa estar completamente

auto-organizada (LIU, et al. 2000). A segunda abordagem foi baseada no uso de sementes

protozeolíticas contendo pequenos domínios cristalinos, em vez de partículas zeolíticas

completamente cristalinas. Estas sementes foram organizadas na estrutura mesoporosa usando

diferentes tipos de surfactantes (LIU e PINNAVAIA, 2002b; LIU, et al. 2001; LIU e

PINNAVAIA, 2002a). Na terceira abordagem, partículas sólidas de carbono foram

adicionadas como um direcionador secundário na mistura reacional. Quando a síntese da

zeólita está completa, ocorre a remoção destas partículas de carbono por calcinação

conduzindo a formação de mesoporos em cristais zeolíticos (MADSEN e JACOBSEN, 1999).

A introdução de zeólitas sintéticas conduziu a uma mudança de paradigma nos

processos de catálise, separação e adsorção, devido às suas propriedades únicas tais como:

cristalinidade, elevada área específica, acidez, capacidade de troca iônica e caráter de

seletividade de forma. Entretanto, a presença unicamente de microporos nestes materiais

muitas vezes impõe limitações de difusão intracristalina, rendendo baixa utilização do volume

ativo zeolítico em reações catalíticas. Desta forma, foram desenvolvidas zeólitas com elevada

acessibilidade e transporte molecular, seja com poros mais largos ou diminuindo o caminho

difusional (PÉREZ-RAMÍREZ, et al. 2008).

De acordo com Serrano, et al. (2013), um grande número de materiais foram

desenvolvidos nas décadas passadas, o qual embora sendo intrinsecamente relatadas como

zeólitas, deixam de cumprir com algumas características pertinentes às zeólitas. Então o termo

"materiais zeolíticos" apareceu para ter um significado muito mais amplo que apenas

"zeólitas".

Materiais zeóliticos não são unicamente aluminosilicatos. Logo precebeu-se que

átomos de Al poderiam ser substituidos por outro metal na estrutura zeolítica (Fe, Ge, Ti, Zn,

V, Ga, et.), dando origem a uma variedade de metalosilicatos, como também mesmo uma

estrutura zeólitica de puro silício poderia ser sintetizada. Contudo, uma nova família de

materiais microporosos foi descoberta, o qual podem ser considerados como materiais

"zeolite-like" onde átomos de Si foram substituídos completamente ou parcialmente por

átomos de P (aluminofosfatos e sílicoaluminofosfatos).

Materiais zeóliticos não são unicamente sólido microporosos. A presença de

mesoporos em zeólitas foi provavelmente detectada em amostras que foram submetidas a

41

tratamentos de desaluminação, como um caminho de aumentar a razão Silício/Alumínio de

zeólitas de baixa concentração de sílica (KERR, 1967; KERR, 1968; SCHERZER, 1989).

Embora a relevância da descoberta deste tratamento não fora inicialmente apreciado, isto

provocou um retorno à busca de zeólitas que apresentassem baixas limitações estéricas e

difusionais para processos de moléculas volumosas. Estes aspectos se tornaram especialmente

importantes quando iniciaram a aplicação de zeólitas em síntese de química fina, os quais

envolvem transformações com a participação de compostos grandes. Neste tipo de reações os

centros ativos localizados dentro da zeólita microporosa, que representa a maioria dos centros

ativos, foram em muitos casos dificilmente acessíveis aos reagentes, dando origem a baixa

atividade. Por isso, a habilidade de algumas zeólitas de catalisar transformações de compostos

volumosos foi atribuída ao papel desempenhado pelos centros ativos localizados na superfície

externa dos cristais zeolíticos (SERRANO, et al. 2013).

Alternativas para reduzir o impedimento estérico das zeólitas e aumentar a

acessibilidade aos centros ativos são exploradas, tais como a síntese de materiais zeolíticos

com largo diâmetro de poro, a descoberta da desaluminação e zeólitas bidimensionais. Este

último são materiais zeolíticos compostos por finas camadas de no máximo 3 nm de largura,

que recentemente surge com grande interesse devido às suas elevadas áreas específicas

externas, aperfeiçoando fortemente sua acessibilidade. Além do mais, durante a última década

as realizações mais bem sucedidas para diminuir as limitações estéricas e difusionais das

zeólitas ocorreram com o desenvolvimento de uma ampla variedade de métodos para

sintetizar zeólitas mesoporosas, ou como elas vêm sendo recentemente definidas, zeólitas

hierarquizadas (SERRANO, et al. 2013).

Segundo Chen et al. (2012), zeólitas com estrutura porosa hierárquicas chamam muita

atenção devido às suas impressionantes propriedades. Zeólitas hierarquizadas integram no

mínimo dois níveis de porosidade e apresentam vantagens associadas com cada nível de

porosidade, a partir da seletividade até uma difusão molecular excepcional. Estes materiais

estão classificados em três diferentes tipos de acordo com sua porosidade: zeólitas

mesoestruturadas; zeólitas macroestruturadas, e zeólitas micro-meso-macroestruturadas. O

mais importante nas zeólitas hierarquizadas foi oferecer uma solução para o problema de

transporte mássico associado com às zeólitas convencionais em reações catalíticas. Porque

elas combinam propriedades catalíticas dos microporos, melhor acessibilidade e aumento da

difusão molecular relacionada à porosidade adicional, dentro de um mesmo sólido cristalino.

42

De acordo com Pérez-ramírez, et al. (2008), materiais porosos hierárquicos integram

múltiplos níveis de porosidade. Nas zeólitas, isto pode ser alcançado pelo decrescimento do

tamanho do cristal ou pela introdução de um sistema mesoporoso adicional dentro de um

cristal individual de zeólita. Ressalta-se que para o material ser definido como hierárquico,

necessita-se que cada nível de porosidade apresente função distinta, pois a funcionalidade é a

característica diferencial com respeito a um material poroso desordenado. Existe uma urgente

necessidade de comparar quantitativamente os vários métodos de preparação, e não apenas

descrever com detalhes as propriedades dos materiais mas também estabelecer um firme laço

para catálise.

Recentemente muitas estratégias de síntese foram desenvolvidas para obtenção de

materiais zeolíticos com estrutura hierarquizada. E a organização destas estratégias pode ser

abordada de formas distintas. Chen et al. (2012), ordenou por tipo de estrutura hierarquizada,

conforme segue:

1. Estrutura Zeolítica Micro-Mesoporosa a. Template Sólido b. Template Flexível c. Pós-tratamentos

2. Estrutura Zeolítica Micro-Macroporosa a. Método de Template Rígido b. Método do Suporte Macroporoso c. Desilicação e Outros Métodos

3. Micro-Meso-Macroporos

Porém de acordo com Serrano, et al. (2013), a classificação foi realizada por tipo de

estratégia empregada na obtenção das zeólitas hierarquizadas, da seguinte forma:

1. Remoção de Átomos da Estrutura a. Desaluminação b. Desilicação c. Irradiação

2. Duplo Template com Surfactante 3. Métodos de Templates Rígidos

a. Templates de Carbono b. Templates Poliméricos c. Outros Templates Sólidos

4. Zeolitização de Sólidos Pré-formados 5. Métodos Baseados em Silanização

a. Cristalização de Nano-unidades Protozeolíticas Silanizadas b. Cristalização utilizando Polímeros Silanizados

43

c. Cristalização utilizando Organosilanos Anfifílicos 6. Abordagens Mistas

Independente do método empregado para sintetizar materiais zeolíticos com elevada

acessibilidade o mais importante é o controle de alguns fatores críticos, tais como o

compartilhamento dos centros ativos entre superfícies externa e interna, e a força e natureza

ácida de seus centros ativos, controlando assim sua função catalítica. Tal fato é de grande

importância no caso das zeólitas hierarquizadas e materiais híbridos zeolíticos, visto que a

presença de uma grande parte dos centros ácidos está fora dos microporos zeolíticos,

induzindo grandes mudanças em seu comportamento ácido e portanto, em sua atividade

catalítica (SERRANO, et al. 2011).

O presente trabalho de pesquisa irá empregar materiais do tipo: zeólitas de porosidade

hierarquizada, obtidas a partir do método de cristalização de sementes de zeólita Beta

silanizadas; e materiais híbridos micro-mesoporosos tipo BEA/MCM-41, obtidos mediante o

uso de unidades protozeolíticas Beta para posterior recobrimento de micelas de surfactante

CTAB. Como melhor descrito nas seções seguintes.

3.3.1 Zeólitas de Porosidade Hierarquizada

De acordo com Serrano, et al. (2013), o termo "zeólitas hierarquizadas" é geralmente

empregado para referir-se aos materiais zeolíticos que apresentam porosidade com no mínimo

dois níveis de diâmetro de poros. Isto significa que zeólitas hierarquizadas possuem, em

adição aos típicos e uniformes microporos zeolíticos, uma porosidade secundária. Esta

porosidade secundária consiste em poros com diferentes diâmetros estendendo-se dos

supermicroporos, para os mesoporos ou até mesmo macroporos. Apesar disto, em muitos

casos a porosidade secundária encontra-se dentro da faixa mesoporosa, com diâmetro de

poros dependendo fortemente da estratégia de síntese empregada.

Segundo Perez-ramírez et al. (2008) uma zeólita mesoporosa (Figura 12) demonstra

uma adsorção de N2 em várias regiões da isoterma, resultando num material contendo

microporosidade (0,56 nm) e mesoporosidade (5-15 nm), formando uma distribuição de poros

bimodal (ou multimodal) que em termos gerais refere-se a um sólido de porosidade

hierarquizada.

44

Figura 12- Isotermas de nitrogênio a 77K (a) e distribuição de poros BJH (b) para sólidos

porosos característicos.

Fonte: Perez-ramírez et al. (2008)

De acordo com Serrano, et al. (2013), o aperfeiçoamento das propriedades catalíticas

de uma zeólita hierarquizada, em reações que envolvem moléculas volumosas, deve-se ao

número de efeitos derivados da presença da porosidade secundária. Tais efeitos são descritos

a seguir:

(a) Redução das limitações estéricas para conversão de moléculas volumosas - Espera-se

que a localização dos centros ativos na superfície secundária das zeólitas hieraquizadas não

esteja estericamente bloqueada, demonstrando assim atividade catalítica perante reações com

grandes substratos. Portanto, sobre esta superfície secundária podem existir no mínimo dois

tipos de centros ativos, dependendo de suas exatas localizações. O primeiro consiste naqueles

centros localizados na parte de fora da estrutura cristalina, ou seja, em fragmentos da estrutura

cristalina localizados entre a entrada até os microporos. Estes centros devem ser

completamente livres de limitações estéricas para interagir com as moléculas, independente

do tamanho ou forma destas. O segundo tipo de centros inclui àqueles existentes na entrada da

boca do poro. Embora este último deva apresentar elevada acessibilidade que os centros

internos, efeitos de seletividade de forma e limitações estéricas podem aparecer neste caso

para interações com moléculas volumosas.

(b) Aumento da razão de difusão intracristalina - Como já se conhece a difusão de

moléculas através dos microporos zeolíticos é um processo lento, principalmente quando o

tamanho molecular da espécie de difusão se aproxima da dimensão dos canais zeolíticos

(difusão configuracional). Como consequência, o transporte intracristalino torna-se uma etapa

45

controladora em muitos processos de adsorção e catálise nas zeólitas. Estas limitações podem

ser amplamente superadas pelas zeólitas hierarquizadas, pois a difusão através da porosidade

secundária (geralmente mesoporosidade) é muito rápida, ocorrendo por mecanismos próximos

à clássica difusão Knudsen.

(c) Variação da seletividade em direção aos produtos desejados - Mudança na seletividade

dos produtos também pode ocorrer, uma vez que a presença da porosidade hierárquica implica

uma variação no comprimento do caminho difusional. A primeira vista, espera-se que os

efeitos de seletividade de forma sejam menos pronunciados nas zeólitas hierarquizadas, o qual

pode afetar negativamente seus desempenhos catalíticos em várias reações em termos de

distribuição de produtos. Este é o caso para a transformação para-seletiva, tais como

isomerização de xilenos e desproporcionamento de tolueno, no qual um decréscimo de

seletividade em direção ao p-xileno é observada quando o caminho difusional é encurtado,

devido à presença de mesoporos. Entretanto, a seletividade de xilenos no

desproporcionamento de tolueno aumenta devido ao menor tempo de residência dentro dos

microporos zeolíticos, o qual evita a conversão dos produtos primários através das não

desejadas reações secundárias. Portanto, em muitos casos o possível efeito da porosidade

hierarquizada na seletividade não pode ser facilmente prevista.

(d) Decréscimo do efeito de desativação por coque - É bem conhecido que a desativação de

zeólitas por formação de coque pode ocorrer de diferentes mecanismos: cobertura local,

bloqueio microporoso e deposição sobre a superfície externa nos cristais zeolíticos, o efeito de

desativação por coque aumenta na ordem citada anteriormente. Assim, a redução da

quantidade de coque depositada próximo ou sobre a superfície externa pode bloquear

completamente a entrada dos microporos, desativando todos os centros ativos internos. Este

efeito é mais pronunciado para amostras de zeólitas com grandes tamanhos de cristais, sendo

em contraste enfraquecido no caso das nanozeólitas. Um comportamento similar é esperado

para as zeólitas hierarquizadas, por isto elas devem ser altamente resistentes a desativação por

coque, pelo bloqueio microporoso e/ou deposição sobre a superfície externa. Porém, deve ser

levado em conta que o volume de poro correspondente a porosidade secundária deve ser

preenchido pelo crescimento externo da deposição de coque. O resultado final destes dois

efeitos é que uma grande quantidade de coque é formada sobre as zeólitas hierarquizadas,

apesar de, apresentarem baixa desativação comparada com uma zeólita convencional.

Zeólitas hierarquizadas demonstram muitos aspectos intermediários característicos de

zeólitas convencionais e aluminosilicatos amorfos. Este é o caso da natureza e força dos

46

centros ácidos, o caráter hidrofóbico/hidrofílico, o efeito de confinamento, a seletividade de

forma e a estabilidade hidrotérmica. Apesar disto, a área específica mesoporosa na zeólita

hierarquizada, embora sendo quimicamente muito diferente do interior microporoso, está

longe de ser desordenada como a superfície amorfa da silica-alumina, o qual provê para as

zeólitas hierarquizadas características inovadoras.

De acordo com Serrano, et al. (2013), um grande número de métodos foram

desenvolvidos nos últimos anos utilizando diferentes tipos de organosilanos para gerar uma

porosidade secundária em zeólitas. Organosilanos exibem uma grande afinidade para espécies

de silicatos ou aluminosilicatos presentes no gel de síntese, bem como para unidades

protozeolíticas formadas inicialmente antes da cristalização ou mesmo para cristalitos de

zeólita. Assim, organosilanos podem ser facilmente ancorados em espécies de silicatos e

nanopartículas, por reação com um grupo silanol contido nestes, conduzindo a diferentes tipos

de estrutura de sílica organofuncionalizada. Levando-se em conta o grande número de

organosilanos disponíveis, bem como se conhece sua diversidade em termos de tamanho,

configuração e natureza química, é fácil de imaginar que existem numerosas alternativas para

a síntese de zeólitas hierarquizadas por esta estratégia.

A estratégia de síntese para desenvolver zeólitas hierarquizadas por cristalização de

sementes zeolíticas silanizadas ou unidades protozeolíticas, compreende as seguintes etapas:

(a) Pré-cristalização do gel de síntese zeolítico para promover a formação de sementes

zeolíticas ou unidades protozeolíticas;

(b) Funcionalização das unidades protozeolíticas em sua superfície externa por reação com

organosilanos, formando uma camada protetora.

(c) Cristalização para completar a zeolitização das unidades protozeolíticas funcionalizadas.

(d) Calcinação em ar para remover o agente direcionador de estrutura e agente silanizante.

De acordo com estudos realizados por Serrano, et al. (2009), análises de ressonância

magnética nuclear de correlação heteronuclear em estado sólido bidimensional (HETCOR -

2D NMR) para 29Si{1H} e 13C{1H}, comprovaram que o organosilano utilizado foi ancorado

sobre a superfície externa das unidades primárias de zeólita e não dentro dos poros zeolíticos.

A Figura 13 demonstra um esquema proposto para ilustrar a distribuição do direcionamento

estrutural zeolítico (cátions tetra-propilamônio, TPA+) e agentes silanizantes dentro e sobre a

superfície externa, respectivamente, em nano-unidades da zeólita ZSM-5 hierarquizada.

47

Figura 13- Esquema ilustrativo da interação do organosilano com unidades protozeolíticas da

zeólita ZSM-5.

Fonte: Adaptado de Serrano, et al. (2009).

García el al (2008), sintetizou a zeólita beta hierarquizada e comparou sua atividade

catalítica com a zeólita Beta convencional em reações de acilação Friedel-Crafts, tais reações

são amplamente utilizadas para produção de cetonas aromáticas aplicadas como

intermediários em industrias de química fina e farmacêutica. Portanto para a reação de

acilação de anisol, a atividade catalítica da zeólita Beta convencional foi levemente superior à

Beta hierarquizada, provavelmente devido ao pequeno tamanho relativo do substrato.

Todavia, o oposto ocorreu na acilação de um substrato volumoso (2-metoxinaftaleno), onde a

zeólita Beta hierarquizada demonstrou maior conversão. Tal fato foi interpretado devido à

presença da porosidade hierarquizada presente neste material, o qual favoreceu a

acessibilidade aos centros ativos do material.

A aplicação de zeólitas hierarquizadas foi comparada também com zeólitas nano-

cristalinas de elevada área específica, como relatado por Serrano, et al. (2010), onde zeólitas

ZSM-5 hierarquizadas preparadas por silanização de sementes foram empregadas no

craqueamento de polímeros PEBD e PEAD a 340 ºC. As zeólitas hierarquizadas apresentaram

atividade significativamente superior, com valores até seis vezes superiores às zeólitas nano-

cristalinas utilizadas como referência. Os valores de atividade decresceram do PEBD para o

PEAD devido à ocorrência de um certo grau de ramificação na formação do polímero, o qual

atua como sítios de craqueamento preferenciais. Assim a zeólita ZSM-5 hierarquizada

preparada a partir de unidades protozeolíticas, apresentou superior atividade frente à zeólita

48

ZSM-5 nanocristalina sintetizada a temperatura ambiente e pressão atmosférica. Tais

resultados foram atribuídos à forte acidez das zeólitas hierarquizadas.

3.3.2 Materiais Híbridos Micro-Mesoporosos

A síntese de um material híbrido micro-mesoporo tentar unir em um único catalisador

a estrutura de diâmetro de poros ordenados dos materiais mesoporosos e as propriedades de

estabilidade e atividade ácida similares às zeólitas microporosas. A cristalização hidrotérmica

do material híbrido combina duas estruturas inorgânicas em síntese homogênea formando a

estrutura na escala micro-mesoporosa, conforme Figura 14.

Figura 14- Representação estrutural da síntese do híbrido BEA/MCM-41, em particulares

temperatura (T) e tempo (t).

De acordo com Serrano et al. (2013), a estratégia de template duplo compreende a

combinação do agente direcionador de estrutura para a síntese da zeólita e o surfactante para a

preparação da meso-estrutura, ambas adicionadas no início da síntese no meio reacional. A

idéia fundamental foi que o surfactante geraria as micelas o qual serviria como o template

para a meso-estrutura enquanto o agente direcionador de estrutura da zeólita conduziria a

cristalização das entidades zeolíticas nas paredes dos poros da meso-estrutura. Entretanto, o

primeiro estudo apontou que ambos, surfactante e agente direcionador da estrutura zeolítica,

juntos no início da mistura reacional não renderiam um material híbrido micro-mesoporoso.

Ao contrário, a ocorrência de uma segregação de fase foi apreciada em muitos casos levando

principalmente em direção a preparação da zeólita, material mesoporoso ou suas misturas

físicas.

Após estas descobertas, Liu, et al. (2000; 2001), propôs uma alternativa apropriada

consistindo na formação inicial de unidades protozeolíticas o qual poderiam ser moldadas no

49

surfactante. Assim, estes autores executaram a montagem de nano-unidades de zeólita pré-

formadas, chamadas "sementes de zeólita", em presença de surfactantes (CTABr) e

conseguiram a formação de aluminosilicatos mesoporosos. Entretanto, apesar de tais materiais

apresentarem aprimorada estabilidade e atividade catalítica, ainda apresentaram ausência de

cristalinidade e estrutura microporosa.

A ausência de reflexões de Bragg representada como picos estreitos de elevada

intensidade no padrão de raios-X em alto ângulo para um material mesoestruturado é uma

clara evidência da falta de cristalinidade nas paredes do material. Entretanto, isto não quer

dizer que as paredes estão desprovidas de ordenamento local ou subunidades estruturais.

Prokesová-fojtíková, et al. (2006) sintetizaram materiais micro/mesoporosos

preparados via reação de uma solução coloidal contendo sementes de zeólita Beta e solução

do precursor mesoporoso sob condições hidrotérmicas. Porém, este tipo de material é de

difícil caracterização, mesmo empregando diversas técnicas tais como: difração de raios-X,

microscopia eletrônica de varredura, análises térmicas, espectroscopia de infravermelho e

adsorção de nitrogênio. Visto que tais técnicas não comprovam os níveis de porosidade

interconectados, provocando dualidade com misturas físicas de fases microporosa e

mesoporosa independentes. Porém de acordo com Prokesová, et al. (2005) uma avaliação

detalhada por microscopia eletrônica de transmissão é possível identificar se o material

micro/mesoporoso apresenta domínio cristalinos zeolíticos interconectados com o arranjo

mesoporoso ordenado.

Segundo estudo relatado por Guo, et al. (2001), foram obtidos com sucesso

compósitos do material híbrido BEA/MCM-41 através de um processo de cristalização em

duas etapas, a partir da combinação de um gel de baixa cristalinidade da zeólita Beta com uma

solução do surfactante CTMABr. As propriedades do material híbrido foram comparadas a

uma mistura mecânica da zeólita Beta com o material MCM-41. Desta forma, os resultados de

DRX demonstraram que o híbrido apresentou mesoporos bem ordenados da fase MCM-41 e

da fase zeólita Beta, como também, através de análises de adsorção de N2 os compósitos

indicaram sistema de mesoporos bimodais e estrutura microporosa da zeólita Beta. Além

disso, análises de RMN de Xe129 e DTG sugeriram que as paredes mesoporosas do compósito

foram construídas por várias unidades estruturais secundárias características da zeólita Beta,

diferenciando e muito do caráter amorfo do MCM-41 na mistura mecânica.

O material híbrido BEA/MCM-41 também pode ser sintetizado hidrotermicamente

através de um pré-tratamento com sementes de zeólita Beta, conforme pesquisa realizada por

50

Zeng et al. (2005). Em um processo de cristalização de duas etapas, se o período de pré-

tratamento for curto prevalece a estrutura característica do MCM-41, e se o pré-tratamento for

longo demais o material apresenta uma transição gradual principal da zeólita Beta. Após a

preparação do material BEA/MCM-41 em variados tempos de pré-tratamento, os

pesquisadores incorporaram níquel e tungstênio ao híbrido, bem como aos suportes amorfos

Sílica-Alumina e Al-SBA-15. E para a avaliação catalítica destes materiais, o catalisador de

niquel-tungstênio suportado em BEA/MCM-41 (sob pré-tratamento de 6 horas) apresentou

maior seletividade de produtos isomerizados para o hidrocraqueamento de n-decano.

A estrutura do material híbrido BEA/MCM-41, com arranjo hierárquico de poros na

escala micro-mesoporosa também pode ser comprovada por análise de microscopia eletrônica

de transmissão com alta resolução (HRTEM), segundo estudo realizado por Mrak, et al.

(2006). Os pesquisadores obtiveram compósitos de BEA/MCM-41 contendo Titânio e

Alumínio, e as micrografias HRTEM dos materiais foram analisadas a partir de diferentes

orientações e na maioria dos casos os canais de ambas as fases foram orientados

perpendicularmente à direção de observação. Como também puderam observar que ambas as

fases microporosas e mesoporosas estão sempre interconectadas, constatando durante a

síntese que ambas as fases cristalizaram simultaneamente, resultando em uma mistura de fases

melhor que a mistura mecânica dos cristais ou partículas de diferentes fases.

A avaliação da estabilidade térmica e hidrotérmica do material híbrido BEA/MCM-41

é de grande importância, visto que, deseja-se aplicar tais materiais a processos catalíticos sob

condições severas de temperatura. Desta forma, Xu, et al. (2009) avaliou a estabilidade

hidrotérmica de compósitos de materiais micro-mesoporosos BEA/MCM-41 preparados a

partir de uma combinação de aglomerados e produtos hidrolisados de uma solução de zeólita

Beta em presença de direcionador CTMABr, sob condições de síntese hidrotérmica estática

ou sobre agitação, onde todos os materiais híbridos obtidos demonstraram elevada

estabilidade hidrotérmica.

De acordo com Zhang e Li (2008), os compósitos do híbrido BEA/MCM-41 obtidos a

partir de uma fonte de sílica-alumina originada de um tratamento alcalino da zeólita Beta

apresentaram sistema de mesoporosos característicos do MCM-41 e estrutura microporosa da

zeólita Beta. A estabilidade hidrotérmica e acidez de tais materiais foram superiores ao

MCM-41, devido à introdução das unidades estruturais secundárias da zeólita Beta nas

paredes mesoporosas do material híbrido. Além de, sobre este material híbrido os

pesquisadores impregnaram paládio e platina para a hidrogenação de naftaleno em presença e

51

ausência de compostos sulfurados, os quais demonstraram um aumento da atividade e

tolerância ao enxofre durante a hidrogenação.

Como também a aplicação potencial do material híbrido ZSM-5/MCM-41 em reações

de degradação catalítica de polietileno de alta densidade foi investigada por García et al.

(2005). Onde o material híbrido micro-mesoporoso foi preparado a partir de sementes

zeolíticas obtidas em diferentes estágios de cristalização, variando o tempo de sintese, e

posteriormente adicionadas às micelas de surfactante (CTABr). As amostras do material

híbrido ZSM-5/MCM-41 obtiveram atividade catalítica notável, comparada aos materiais Al-

MCM-41 e ZSM-5. A distribuição de produtos observada nos materiais híbridos foram

próximas aos obtidos no craqueamento do PEAD para a ZSM-5, com uma grande proporção

de hidrocarbonetos leves. Portanto, os produtos da reação apresentaram elevado conteúdo de

olefinas C3-C5, o qual se torna um resultado interessante levando-se em conta que é possível

utilizar tais produtos como matérias-primas.

3.4 RECICLAGEM QUÍMICA DE POLÍMEROS

Os resíduos plásticos constituem um problema social crescente devido à perda de

recursos naturais, à poluição ambiental e ao esgotamento de espaços nos aterros de lixo. A

gestão de resíduos plásticos se destina a seguir uma abordagem para diminuir o impacto

ambiental de acordo com a ordem seguinte: minimização dos resíduos, reutilização,

reciclagem, recuperação energética, e a deposição em aterros. Minimização de resíduos e

reutilização são opções com aplicabilidades limitadas. Portanto, reciclagem e recuperação

energética são alternativas viáveis que podem ser consideradas. Recuperação energética por

incineração, a princípio, parece constituir uma solução adequada que aproveita o elevado teor

energético dos plásticos (semelhante ao óleo, cerca de 2 vezes maior que o carvão), mas

atualmente é largamente questionada devido à possível emissão de compostos tóxicos (por

exemplo: dioxinas e furanos). Portanto, a reciclagem se apresenta como uma solução

ambiental mais adequada, porque permite a partir de resíduos plásticos a recuperação de

materiais plásticos (reciclagem mecânica) ou produção de combustíveis e/ou produtos

químicos como matéria-prima em processos industriais. A situação para a reciclagem

recentemente melhorou, porem faz-se necessário uma constante evolução em seus processos

tecnológicos e boa orientação à sociedade (AGUADO, et al. 2008).

52

Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Plástica (ABIPLAST, 2013a), o

consumo de transformados plásticos chegou a R$ 59 bilhões em 2012, representando um

crescimento de 8,5 % em relação aos R$ 54,4 bilhões somados no ano anterior. A entidade

também confirma a queda de 0,43% na produção no ano passado, impactado especialmente

pelo resultado negativo no segmento de laminados plásticos (-6,71 %). O segmento de

embalagem de material plástico recuperou-se no último trimestre, fechando o ano com alta de

0,43 %. Já o de artefatos plásticos diversos foi o que apresentou melhor resultado no ano, com

crescimento de 1,88 %. No acumulado do ano, os preços do setor aumentaram 5,75 %,

ficando abaixo dos índices de preços ao consumidor - IPCA e INPC.

De acordo com o projeto “Recicla Plastech Brasil” (ABIPLAST, 2013b), o Brasil

conta com 815 recicladoras de plásticos, que faturaram juntas em 2011 R$ 2,4 bilhões, frente

aos R$ 1,95 bilhão faturado em 2010, ou seja, um crescimento de 23%. Essas empresas

geraram 22,7 mil empregos diretos. Segundo Miguel Bahiense, presidente da Plastivida

Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos, o índice tende a crescer se o país investir em coleta

seletiva. “Dos 5.565 municípios brasileiros, apenas 443, ou seja, 8% contam com algum tipo

de coleta seletiva, o que pode melhorar com medidas educativas à população”, afirma.

De acordo com Aguado, et al. (2008), os principais componentes dos resíduos

plásticos de uso doméstico incluem as seguintes cinco famílias de plásticos: Polietileno

(polietileno de baixa densidade - PEBD; polietileno linear de baixa densidade - PELBD;

polietileno de alta densidade - PEAD), polipropileno (PP), policloreto de vinila (PVC),

poliestireno (PS), e politereftalato de etileno (PET), que contam exclusivamente para 74% de

todos os resíduos plásticos.

Dois tipos de reciclagem podem ser distinguidos: reciclagem mecânica, que recupera o

material plástico para aplicação similar ou de menor qualidade para tais plásticos; e

reciclagem química, que transformam os resíduos plásticos por meio de reações químicas em

matérias-primas químicas ou combustíveis. Atualmente, a reciclagem química representa

apenas 2 % do total de reciclagem, enquanto a reciclagem mecânica é a estratégia preferida de

reciclagem (16 %).

O fluxograma da Figura 15 representa os diferentes processos de reciclagem química

para obtenção energética, combustíveis e matérias-primas pra processos industriais.

53

Figura 15- Fluxograma dos métodos de reciclagem química.

Fonte: Adaptado de Kumar, et al. (2011)

Plásticos individuais são tratados quimicamente ou despolimerizados e transformam-

se novamente em monômeros. A despolimerização utiliza agentes químicos como

catalisadores para completa recuperação das resinas plásticas. A despolimerização inclui uma

variedade de processos, tais como, glicólise, hidrólise, metanólise e alcoólise.

A gaseificação é um processo onde se insere oxigênio insuficiente para que ocorra a

combustão completa, ocorrendo simultaneamente a pirólise e a combustão no interior do leito.

Neste processo, que ocorre na presença de oxigênio e vapor d’água em temperaturas entre

1200 e 1500 ºC são recuperados CO e H2 e pequenas quantidades de CH4, CO2, H2O e alguns

gases inertes.

Na seção a seguir serão melhores abordados os processos térmicos envolvidos na

reciclagem química.

3.4.1 Processos Térmicos de Reciclagem Química

Segundo Aguado, et al. (2008), esta categoria de processos compreende o tratamento

térmico dos resíduos plásticos de 400 a 800 ºC sob uma atmosfera inerte. Um ponto a ser

considerado é a elevada viscosidade e baixa condutividade térmica dos plásticos, que

conduzem a problemas como transferência de calor e massa. Consequentemente, a escolha

adequada do reator é um assunto de extrema importância. A degradação térmica conduz

geralmente (por exemplo, PEAD, PEBD e PP) para uma ampla distribuição de

54

hidrocarbonetos dos produtos de reação, com exceção de certos materiais poliméricos, em que

a recuperação do monômero é viável (polimetacrilato de metila - PMMA; poliestireno - PS;

politetrafluoretileno - PTFE).

Conforme Kumar, et al. (2011), o craqueamento térmico ou pirólise, envolve a

degradação dos materiais poliméricos por meio de aquecimento sob ausência de oxigênio. O

processo é geralmente conduzido a temperaturas entre 500 e 800 ºC e resulta na formação de

material carbonizado e uma fração volátil, que pode ser separada em hidrocarbonetos líquidos

condensáveis e um gás não condensável de elevado poder calorífico. A proporção de cada

fração e a sua composição exata depende principalmente da natureza dos resíduos plásticos,

mas também das condições do processo.

Nos processos de pirólise, uma proporção das espécies geradas diretamente a partir da

reação de degradação inicial são transformadas em produtos secundários devido à ocorrência

de reações inter e intramoleculares. A extensão e a natureza destas reações dependem tanto da

temperatura de reação como do tempo de residência dos produtos no meio reacional, um

aspecto que é principalmente afetado pelo projeto do reator.

Algumas características da degradação térmica de hidrocarbonetos de elevado peso

molecular são descritas abaixo, segundo Kumar, et al. (2011):

1. Elevada produção de compostos C1 e C2 nos produtos gasosos.

2. As olefinas são menos ramificadas.

3. Algumas diolefinas são produzidas a alta temperatura.

4. Baixa seletividade a gasolina, ou seja, os produtos líquidos compreendem uma ampla

distribuição de moléculas de elevado peso.

5. Elevada produção de gás e coque.

6. Reações lentas comparadas com as reações catalíticas.

Segundo Aguado, et al. (2008), a utilização de catalisadores permite que o mecanismo

da degradação de plásticos seja alterado, no que diz respeito ao craqueamento térmico puro.

Inicialmente, dois efeitos positivos são esperados pela incorporação do catalisador no meio de

reação: (i) redução da temperatura de craqueamento, e (ii) o controle adequado da

seletividade, o que permite a formação de produtos mais valiosos.

No craqueamento catalítico, muitos pesquisadores procuram formas de melhorar a

qualidade dos produtos líquidos a partir dos resíduos plásticos, porque a adição do catalisador

55

no processo de pirólise traz muitas vantagens. Certo número de estudos experimentais foram

realizados por vários pesquisadores com o objetivo de melhorar o rendimento dos

hidrocarbonetos líquidos a partir da pirólise de plásticos pela introdução de catalisadores.

Plásticos comuns, tais como, PE e PP já foram extensivamente testados e os catalisadores

testados são principalmente aqueles utilizados na indústria de refino petroquímico. As zeólitas

são, de longe, os catalisadores mais utilizados. Estes são aluminossilicatos microporosos

formados pela união de tetraedros de SiO4 e AlO4. As zeólitas mostrar um monodimensional,

bidimensional, ou tridimensional sistema de canais de poros, com diâmetros de poros na faixa

de 0,4-1,0 nm, o que as transformam em peneiras moleculares (apresentando seletividade de

forma). Por outro lado, a presença de alumínio fornece às zeólitas propriedades ácidas

(centros de Brönsted e Lewis), que variam de uma zeólita a outra de acordo com a sua

topologia. As estruturas zeolíticas HY, HZSM-5, e HBeta são os catalisadores utilizados

industrialmente para o craqueamento de frações de petróleo (KUMAR, et al. 2011;

AGUADO, et al. 2008).

Algumas características da degradação catalítica de hidrocarbonetos de elevado peso

molecular são descritas abaixo, segundo Kumar, et al. (2011):

1. Decréscimo do tempo de reação e temperatura de degradação.

2. Elevada produção de compostos C3 e C4 nos produtos gasosos.

3. As olefinas são produtos primários e mais ramificados por isomerização.

4. Elevada seletividade a gasolina, ou seja, produtos líquidos contêm componentes na faixa de

C5-C10.

5. Compostos aromáticos são produzidos por desidrogenação de naftalenos e ciclização de

olefinas.

6. Moléculas grandes são mais reativas.

7. Compostos aromáticos puros não reagem.

8. Parafinas são produzidas por transferência de hidrogênio.

9. A distribuição de produtos sobre a degradação catalítica pode ser controlada pela seleção de

um catalisador adequado e sua modificação.

O hidrocraqueamento é um processo pelo qual as moléculas de hidrocarbonetos de

grande cadeia são quebradas em moléculas mais simples, tais como gasolina ou querosene, a

partir da adição de hidrogênio sob elevada pressão e na presença de um catalisador. O

56

hidrocraqueamento de resíduos de polímero tipicamente envolve a reação com hidrogênio

sobre um catalisador em reator em batelada sob agitação, a temperaturas e pressões

moderadas (tipicamente 423-673 K e 3-10 MPa de hidrogênio).

3.4.2 Craqueamento Catalítico de Polietileno de Alta Densidade (PEAD)

De acordo com Kumar, et al. (2011) Até a década de 1950 o único tipo de polietileno

produzido foi o polietileno de baixa densidade (PEAB). Polietileno de baixa densidade foi

inicialmente produzido em pressões extremamente elevadas. Esta polimerização a elevada

pressão criou o polietileno com muitas ramificações, as ramificações são criadas devido à

transferência de cadeia intermolecular e intramolecular durante a polimerização. A utilização

do polietileno de baixa densidade é limitada devido ao elevado número de ramificações,

gerando baixa propriedade de força e necessitando de condições extremas de pressão para a

sua produção.

Karl Ziegler, um cientista alemão, fez a maior contribuição para a produção de

polietileno de alta densidade enquanto prepara polietileno, utilizando um catalisador à pressão

atmosférica. No entanto, num primeiro momento, este processo não foi muito bem. Primeiro

Ziegler reagiu trietil-alumínio com gás etileno a pressão atmosférica. A reação só produziu

polietileno com um peso molecular de 4000. A razão para isto é devido ao mecanismo da

reação, onde a ligação carbono-alumínio gera uma ligação dupla. Ziegler percebeu que o

problema era devido à reatividade de trietil-alumínio. Depois disso, Ziegler reagiu trietil-

alumínio com um composto organometálico, tetracloreto de titânio. Ele esperava que a reação

dos dois compostos criaria um sítio ativo, onde a polimerização iria ocorrer. Quando os dois

compostos foram colocados num recipiente para reacionarem formou-se o precipitado de

tricloreto de titânio ao longo da reação com pequenas quantidades de trietil-alumínio que não

reagiu. O tricloreto de titânio apresenta um menor estado de valência que o tetracloreto de

titânio, desta forma tornando-o mais reativo que o tetracloreto de titânio na presença do

monômero de etileno. Quando o etileno foi introduzido ao precipitado juntamente com um

solvente inerte, polietileno com um elevado peso molecular e poucas ramificações foi

formado. Esta polimerização ocorreu em pressão atmosférica a 100 ºC (SINGH E SHARMA,

2008).

A diferença entre o polietileno de alta densidade e o de baixa densidade é o grau de

ramificação. As propriedades mecânicas são alteradas drasticamente quando comparado o

57

polietileno de alta densidade ao polietileno de baixa densidade. Em geral, o grau de

ramificação no polietileno determina as suas propriedades mecânicas. Por exemplo, o

polietileno de alta densidade é mais cristalino do que o de baixa densidade, porque contém

menor quantidade de ramificações.

O polietileno de alta densidade é um material termoplástico composto por átomos de

carbono e hidrogênio formando produtos de elevado peso molecular. O gás metano é

convertido em etileno, em seguida com a aplicação de aquecimento e pressão, é convertido

em polietileno. A cadeia do polímero pode possuir de 500.000 a 1.000.000 de unidades de

carbono conectadas. O PEAD apresenta uma estrutura linear com pouca ou nenhuma

ramificação. Cadeias laterais curtas e/ou longas de moléculas existem conectadas à cadeia

principal de moléculas do polímero. Quanto mais longa a cadeia principal, maior o número de

átomos e consequentemente maior seu peso molecular. O peso molecular, a distribuição do

peso molecular, e a quantidade de ramificações determinam muitas das propriedades

mecânicas e químicas do produto final. A resina de polietileno de alta densidade apresenta

uma maior proporção de regiões cristalinas do que o polietileno de baixa densidade. O

tamanho e distribuição das regiões cristalinas são determinantes para a resistência à tensão e a

resistência ao rompimento natural do produto final.

Walendziewski e steininger (2001) relataram a degradação térmica de polietileno na

faixa de temperatura 370-450 ºC. No caso da degradação térmica de polietileno, um aumento

na temperatura de degradação conduziu a um aumento dos produtos gasosos e líquidos, e uma

diminuição de resíduos (ponto de ebulição > 360 ºC). No entanto, o aumento de gás não foi

tão significante comparado com a diminuição acentuada do resíduo com o aumento da

temperatura.

De acordo com Serrano et al. 2012, o craqueamento catalítico de poliolefinas

demonstra várias vantagens frente ao anteriormente comentado craqueamento térmico. Em

primeiro lugar, o craqueamento catalítico procede através de um mecanismo de carbocátions,

em que o carbocátion é formado por captação de um íon hidreto por um centro ácido de Lewis

para formar um íon carbênio, ou por protonação do hidrocarboneto em centros ácidos de

Brönsted, gerando um íon carbônio. Uma vez que estes carbocátions são formados, diferentes

reações catalisadas por ácido podem ocorrer pelos centros ácidos, tais como isomerização,

oligomerização, ciclização, aromatização e craqueamentos. Ciclização e aromatização reagem

por meio de reações de transferência de hidrogênio, enquanto o craqueamento geralmente

ocorre por meio de reações de cisão-β. Estas reações de craqueamento podem ocorrer

58

aleatoriamente dentro da cadeia principal do polímero ou preferencialmente, no fim da cadeia.

A ocorrência de uma ou outra possibilidade depende principalmente da acidez e estrutura

porosa do catalisador escolhido.

A diferença nos rendimentos de produto entre a degradação térmica e catalítica de

resíduos de PEAD utilizando catalisadores de FCC em um reator semi-batelada sob agitação,

em escala laboratorial foi estudado por Lee e Shin (2003). Em comparação com a degradação

térmica, a degradação catalítica demonstrou um aumento do rendimento de líquidos enquanto

que a do resíduo foi reduzido, devido à decomposição de resíduos mais pesados em produtos

líquidos mais leves. A diferença da distribuição de rendimento acumulado no produto líquido,

entre a degradação térmica e catalítica de resíduos de PEAD, foi claramente aparente. A

degradação catalítica produziu compostos líquidos com maior rapidez, com elevada razão de

degradação e também um maior rendimento, em comparação com a degradação térmica.

A degradação catalítica da fase liquida de PEAD sobre zeólitas BEA, FAU, MWW,

MOR e MFI zeólitas com diferentes poros em um reator de batelada a 380 ºC e 410 ºC foi

estudada por Park et al. (2002). Entre as zeólitas, alta atividade foi obtida com as zeólitas

BEA e MFI, devido à sua estrutura porosa suprimindo a deposição de carbono, enquanto a

zeólita MOR apresentou baixa atividade, devido ao rápido bloqueio da estrutura linear porosa

mesmo por uma pequena quantidade de depósito de carbono. Os poros grandes

tridimensionais da zeólita FAU aumentaram a transferência de massa, resultando num elevado

rendimento aos produtos líquidos. Como também a difusão lenta dos produtos craqueados na

zeólita MWW provocou maior rompimento da cadeia gerando hidrocarbonetos leves. Assim,

a forma dos poros das zeólitas foi muito importante em determinar a atividade e distribuição

de produtos na degradação de polímeros.

Manos et al. (2000) realizaram um estudo mais aprofundado da influência da estrutura

zeolítica no craqueamento catalítico do PEAD a 360 ºC num reator semi-batelada. Tal

pesquisa englobava as seguintes estruturas zeolíticas: HY, USY, Beta, H-Mordenita e HZSM-

5. Descobriu-se que a proporção de produtos mais leves diminuía de acordo com a seguinte

ordem: HZSM-5 > H-mordenite > Beta > Y > USY. Isto significa que zeólitas com maior

tamanho de poros produziram hidrocarbonetos mais pesados do que zeólitas com tamanho

médio de poros. Além disso, a ocorrência de duplas ligações diminuiu seguindo a mesma

tendência, enquanto que os alcanos foram principalmente isoparafinas. Portanto, a estrutura

do tamanho de poro desempenha um papel chave na razão olefinas/parafinas obtida, uma vez

que reações de transferência de hidrogênio biomoleculares, responsáveis pela formação de

59

hidrocarbonetos saturados e coque, são impedidas sobre os anéis de 10 membros da zeólita

HZSM-5. Enquanto, sobre a zeólita USY que apresenta canais de anéis de 12 membros (0,74

nm), a formação de parafinas e coque ocorre facilmente em suas grandes cavidades.

Segundo Serrano et al. (2012), um fato importante observado nos experimentos com

zeólitas foi que parece existir um limite no decréscimo da temperatura de craqueamento nos

experimentos que podem ser realizados pelo aumento da quantidade de catalisador. Isto foi

demonstrado na degradação termogravimétrica de misturas de PEAD/USY, variando 1:1 até

9:1 visto que a temperatura onset para a degradação diminuiu de 500 ºC, sem nenhuma carga

de catalisador para cerca de 257 ºC com proporções de 1:2, 1:1, ou 2:1, o qual foram muito

semelhantes.

A acidez do catalisador, em termos de tipo, força e quantidade exerce uma profunda

influência sobre o desempenho do catalisador, uma vez que determina a atividade e a

seletividade dos catalisadores. A presença de alumínio, responsável pela acidez da zeólita, é

crucial para exibir atividade catalítica, como por exemplo a silicalita (zeólita ZSM-5, sem

alumínio na sua composição) exibiu praticamente nenhuma atividade para a conversão de

PEAD a 360 ºC em reator de leito fluidizado. A atividade dos catalisadores aumenta com a

sua força, desde que impedimentos estéricos ou difusionais não ocorram. Outro aspecto

interessante é a quantidade relativa de centros ácidos de Brönsted e Lewis, uma vez que, os

centros de Brönsted são conhecidos por serem mais ativos para o craqueamento de

poliolefinas e também podem conduzir para diferentes seletividades. A razão de centros

ácidos de Bronsted e Lewis no catalisador pode ser alterada por adição de diferentes

heteroátomos de Al na sua estrutura. A este respeito, a introdução de Ga na estrutura zeolítica

pareceu ser uma opção viável para atingir altas quantidades de compostos aromáticos, que são

produtos químicos importantes. Assim, a presença de gálio em vez de alumínio na zeólita

resultou num H-galosilicato que demonstrou notável seletividade a compostos aromáticos na

degradação catalítica de polietileno de baixa densidade em 375-550 ºC, usando tanto um

reator de leito fixo e fluxo contínuo como reator em batelada. Assim, a seletividade de BTX

(BTX: benzeno + tolueno + xileno) de 58 % foi detectado a 500 ºC sobre este galosilicato

(SERRANO et al. 2012)

Serrano et al. (2000) destacou a importância da utilização de nanozeólitas no

craqueamento catalítico a 400 ºC de uma mistura padrão semelhante aos resíduos domésticos

comuns (46,5 % em peso de PEBD, 25 % de PEAD e 28,5% de PP) em um reator de semi-

batelada. Foi observado que a zeólita ZSM-5 nanocristalina com um tamanho médio de cristal

60

cerca de 75 nm e uma área de superfície externa de 81 m2/g (cerca de 19% da área total de

superfície BET) apresentou maior conversão próximo a 84 %, enquanto que um padrão

HZSM-5 com um tamanho de cristal de 3 µm e uma área de superfície externa equivalente a 7

m2/g (apenas 2% da área total de superfície BET) proporcionou conversão inferior a 10%.

Consequentemente, a maior proporção da superfície externa da nanozeólita HZSM-5,

totalmente acessível para as macromoléculas do polímero, aperfeiçoou consideravelmente a

atividade catalítica no craqueamento. Portanto, a atividade catalítica foi claramente superior

ao aumentar a área da superfície externa, e os principais produtos foram hidrocarbonetos C3-

C5, muitos deles olefinas.

Marcilla et al. (2007) avaliaram uma nanozeólita Beta com superfície externa de 183

m2/g no craqueamento catalítico de PEBD por termogravimetria. E tal zeólita Beta

demonstrou maior atividade que a zeólita HZSM-5 quando pequenas quantidades de

catalisador foram adicionadas, devido à sua notável superfície externa. Vale ressaltar que a

nanozeólita Beta apresentou proporções de isobutano/butano e parafinas/olefinas superiores à

HZSM-5, devido ao seu maior tamanho de poro. Estes resultados apontam que os passos

iniciais do craqueamento ocorreram na superfície externa e nas bocas dos poros, enquanto

reações secundárias como a transferência de hidrogênio ocorreu no interior dos microporos da

zeólita Beta.

De acordo com Serrano, et al. (2012), um avanço recente e importante no campo do

craqueamento catalítico de poliolefinas está em desenvolvimento com o uso de zeólitas

hierarquizadas. Ao contrário das zeólitas convencionais em que apenas microporos e, por

vezes, uma pequena quantidade de mesoporos estão presentes, estes catalisadores são

caracterizados por possuírem uma distribuição de tamanho de poro bimodal micro-

mesoporoso com uma participação considerável de mesoporos.

A atividade catalítica na reação de craqueamento de resíduos de polietileno a 360 ºC e

razão plástico/catalisador igual a 100, para zeólitas hierarquizadas com estrutura ZSM-5

sintetizadas com diferentes agentes silanizantes foi avaliada por Serrano, et al. (2010) (Figura

16). Tal estudo demonstrou a superior atividade catalítica das zeólitas HZSM-5

hierarquizadas (APTMS; IBTES; PHAPTMS), comparadas com uma zeólita de referência (n-

HZSM-5) e zeólitas nanocristalinas HZSM-5 (LTC-1; LTC-2). De acordo com Serrano, et al.

(2010), a atividade aumentou de acordo com a maior quantidade de área superficial externa

dos catalisadores. Porém os catalisadores não demonstraram apenas superior superfície

61

externa, mas também forte acidez, fazendo com que a combinação das duas propriedades

conduzisse a um melhor craqueamento do polietileno.

Figura 16- Valores de atividade obtidos no craqueamento de resíduos de polietileno a 360 ºC

sobre zeólitas tipo ZSM-5 (P/C=100).

Fonte: Serrano, et al. (2010)

Desta forma o campo do craqueamento catalítico de poliolefinas merece grande

atenção, visto que seu desenvolvimento é notório desde décadas atrás. E o aperfeiçoamento

deste processo deve-se ao emprego de catalisadores cada vez mais ativos, e segundo Serrano,

et al. (2012), as zeólitas hierarquizadas podem ser consideradas um significativo passo à

frente, de modo que novas conquistas são esperadas por sua utilização.

62

4 METODOLOGIA EXPERIMENTAL

Esta seção possui a finalidade de descrever detalhadamente os métodos e

procedimentos experimentais utilizados nos processos de síntese, remoção de direcionador

orgânico, caracterização dos sólidos e avaliação através de reação catalítica.

4.1 SÍNTESE DE CATALISADORES

4.1.1 Preparação de Materiais de Referência

4.1.1.1 Material Microporoso Zeólita Beta

A síntese da zeólita microporosa Beta foi executada de acordo com uma adaptação do

método empregado na literatura (CAMBLOR, et al. 1997). Para efeito de avaliação do

conteúdo de alumínio, a razão silício/alumínio foi estabelecida em 20 e 30. As fontes de

silício e alumínio utilizadas foram: sílica pirogênica (Aldrich) e alumínio em escamas

(Aldrich), e o direcionador estrutural orgânico foi hidróxido de tetraetilamônio (TEAOH -

Alfa solução 35%).

O procedimento de síntese seguiu pela preparação de uma solução de escamas de

alumínio, TEAOH e água deionizada sob agitação constante a temperatura ambiente por 6

horas. Em paralelo preparou-se outra solução formada por sílica fumed, TEAOH e água

deionizada sob agitação constante a temperatura ambiente até que houvesse completa

homogeneização da mistura. Por fim misturaram-se as duas soluções para obtenção do gel de

síntese. As quantidades em massa para os reagentes foram calculados para se obter a seguinte

proporção estequiométrica: Al2O3:60SiO2:15,5TEAOH:1000H2O. Após 20 horas de

envelhecimento do gel de síntese a temperatura ambiente, a cristalização ocorreu em

autoclaves de teflon revestidas externamente por aço inoxidável em condições estáticas a

temperatura de 135 ºC durante 7 dias. O produto obtido após a cristalização foi centrifugado a

11000 rpm durante 20 minutos 3 vezes seguidas, lavado com água deionizada, seco em estufa

a 110ºC por 12 horas e calcinado durante 6 horas a 550 ºC com uma rampa de aquecimento de

1,8 ºC/min e atmosfera estática de ar. As nomenclaturas utilizadas para os materiais secos e

calcinados, referente às suas respectivas razões Si/Al foram Beta-20 e Beta-30.

63

4.1.1.2 Material Mesoporoso Al-MCM-41

A síntese do material mesoporoso Al-MCM-41 foi executado de acordo com método

descrito por Matsumoto et al. (1999). Semelhante à síntese da zeólita Beta, empregaram-se as

razões silício/alumínio 20 e 30, por fins de comparação relacionados ao conteúdo de alumínio.

As fontes de silício e alumínio utilizadas foram: tetraetilortosilicato (TEOS - 98% - Aldrich) e

isopropóxido de alumínio (IPA - 98% - Aldrich), respectivamente. Como agente

mineralizante utilizou-se solução de amônia (NH4OH – 32% - Scharlau), e o surfactante

empregado foi o brometo de cetiltrimetilamônio (CTABr – 99% - Aldrich).

Inicialmente foram preparadas duas soluções: Uma formada por uma suspensão de

IPA em isopropanol (2-propanol; 99,8% - Scharlau) e TEOS que foi submetida à agitação em

banho de gelo durante uma hora; outra solução constituída por solução de NH4OH e CTABr

sob agitação a temperatura ambiente por 30 minutos. Em seguida, a solução de NH4OH e

CTABr foi adicionada à solução de IPA e TEOS, mantendo temperatura ambiente e agitação

de 30 minutos para formação do gel de síntese. A composição estequiométrica do gel de

síntese foi: Al2O3:60 SiO2:9CTAB:165NH3:8000H2O. O gel de síntese foi adicionado à

autoclave (semelhante à zeólita beta) e submetido a tratamento térmico de 110 ºC por 48

horas. O produto obtido após tratamento térmico foi lavado e filtrado diversas vezes com água

deionizada, seco em estufa a 110 ºC por 12 horas e calcinado durante 6 horas a 550 ºC com

uma rampa de aquecimento de 1,8 ºC/min. As nomenclaturas utilizadas para os materiais

secos e calcinados referente às suas respectivas razões Si/Al foram Al-MCM-41(20) e Al-

MCM-41(30).

4.1.2 Preparação de Zeólita Beta Hierarquizada

O método de cristalização de núcleos previamente silanizados para síntese de zeólita

Beta com porosidade hierárquica foi empregado de acordo com trabalhos prévios obtidos pelo

grupo coordenado por David P. Serrano (Universidad Rey Juan Carlos), aonde o agente

silanizante fenil-aminopropil-trimetoxi-silano (FAPTMS) apresentou melhores resultados

para reações de craqueamento (SERRANO, et al. 2007; SERRANO, et al. 2006).

Em uma primeira etapa, semelhante à preparação da zeólita Beta convencional, foi

preparado um gel de síntese com a seguinte proporção estequiométrica:

64

1,5Al2O3:60SiO2:15,5TEAOH:1000H2O. Após 20 horas de envelhecimento a temperatura

ambiente, o gel foi submetido a uma pré-cristalização em autoclave a temperatura de 135 ºC

por 3 dias. Posteriormente se adicionou o agente silanizante em uma proporção molar de 8%

referente ao conteúdo de silício existente no meio de síntese (AGUADO, et al. 2008;

GARCÍA, et al. 2008). Para obter uma melhor homogeneização do gel de síntese foi

adicionado juntamente com o agente silanizante uma solução de TEAOH a 13%

(TEAOH/SiO2=0,5), e em seguida a mistura foi aquecida a 90 ºC sob refluxo durante 6 horas.

Após este período, a suspensão de núcleos silanizados foi cristalizada a pressão autógena em

autoclave a 135 ºC por 7 dias. O produto obtido após a cristalização foi centrifugado a

11000rpm durante 3 vezes de 20 minutos, lavado com água deionizada, seco em estufa a 110

ºC por 12 horas e calcinado durante 6 horas a 550 ºC com uma rampa de aquecimento de 1,8

ºC/min. A nomenclatura utilizada para o material seco e calcinado, referente à razão Si/Al

igual a 20, foi h-Beta-20.

4.1.3 Preparação de Materiais Híbridos BEA/MCM-41

A síntese dos materiais híbridos BEA/MCM-41 ocorreram de acordo com

procedimentos descritos por (LIU, et al. 2001; GARCÍA, et al. 2005), onde está baseado na

síntese de precursores zeolíticos que posteriormente recobrem o entorno de micelas de

surfactantes aniônicos. Para efeito de avaliação do conteúdo de alumínio, a razão

silício/alumínio foi estabelecida em 20 e 30. Como também para avaliação da formação dos

precursores zeolíticos, o tempo de cristalização foi estabelecido em 0, 1 e 3 dias. Os

procedimentos de síntese empregados estão demonstrados na Figura 17.

65

Figura 17- Fluxograma dos procedimentos de síntese dos híbridos BEA/MCM-41.

Na etapa de preparação dos precursores zeolíticos empregou-se escamas de alumínio,

sílica pirogênica e TEAOH como agente direcionador da estrutura microporosa da zeólita

Beta. E para a formação das micelas, pertinentes a uma estrutura mesoporosa, aplicou-se o

surfactante CTABr. O gel de síntese compreendeu a seguinte composição estequiométrica:

Al2O3:60 SiO2:15,5TEAOH:15CTAB:2400H2O.

O procedimento parte de uma solução formada por escamas de alumínio, TEAOH e

água sob agitação vigorosa a temperatura ambiente até completa dissolução do alumínio. Em

seguida se prepara outra solução com SiO2, TEAOH e água sob agitação vigorosa a

temperatura ambiente e após completa homogeneização foram misturadas as duas soluções

deixando envelhecer por 20 horas. Após envelhecimento do gel precursor a pré-cristalização

ocorreu em autoclave à temperatura de 135 ºC pelo tempo estabelecido (0, 1 e 3 dias). Depois

da pré-cristalização, ao conteúdo foram adicionados CTABr e água, mantendo a solução sob

agitação por 2 horas, seguido de tratamento hidrotérmico em autoclave a 110 ºC por 2 dias em

condições estáticas. O produto obtido após tratamento hidrotérmico foi lavado e filtrado

diversas vezes com água deionizada, seco em estufa a 110 ºC por 12 horas e calcinado durante

6 horas a 550 ºC com uma rampa de aquecimento de 1,8 ºC/min. Para o material híbrido

BEA/MCM-41 seco e calcinado a nomenclatura utilizada foi HBM-xy, sendo x referente ao

tempo de pré-cristalização e y respectivo à razão Si/Al de 20 e 30. Como exemplo, os códigos

HBM-030, HBM-130 e HBM-330 correspondem aos materiais híbridos com 0, 1 e 3 dias de

pré-cristalização e razão silício/alumínio de 30. E os códigos HBM-020, HBM-120 e HBM-

66

320 correspondem aos materiais híbridos com 0, 1 e 3 dias de pré-cristalização e razão

silício/alumínio de 20.

4.2 TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO DE MATERIAIS

Os materiais sintetizados no presente trabalho foram caracterizados mediante

diferentes técnicas de análises, com o objetivo de determinar suas propriedades físico-

químicas e estruturais. As técnicas empregadas permitiram interpretar os resultados em

conjunto e predizer propriedades catalíticas pertinentes aos materiais. A seguir se descrevem

brevemente as técnicas empregadas, assim como as condições de análises no qual foram

efetuadas as medidas.

4.2.1 Difração de Raios-X

A difração de raios-X é uma técnica muito útil na caracterização de materiais

zeolíticos, já que permite identificar as fases cristalinas e determinar o grau de cristalinidade

dos materiais.

Os difratogramas de raios-X foram realizados utilizando radiação Kα de Cu (λ =

1,54056 nm) em um difratômetro PHILIPS X'PERT MPD com corrente de 40 mA, potencial

de 450 kV e monocromador secundário de grafite.

Para uma varredura de ângulo 2θ de 0,5-5 °, o passo empregado foi de 0,03 ° com um

tempo de acumulação por passo de 5 segundos, já para uma varredura de 2θ de 5-50 °, foram

aplicados 0,04 ° e 2 segundos, respectivamente.

A Figura 18 demonstra o padrão de difração de raios-X da zeólita Beta, em que a

posição e a intensidade das reflexões permitem identificar a estrutura da fase cristalina.

Também se expõe na Figura 18, o difratograma típico a baixo ângulo 2θ do material

mesoporoso Al-MCM-41.

67

Figura 18- Difratograma de raios-X para amostras de zeólita Beta (A) e Al-MCM-41 (B).

10 20 30 40 501 2 3 4 5 6 7

2θ 2θ

B

Inte

nsid

ad

e (

u.a

.)

A

Normalmente esta técnica se aplica a materiais cristalinos, e sua utilização em

materiais mesoporosos estudados neste trabalho se deve ao arranjo regular dos poros, que

produzem reflexões que se manifestam como picos a baixo ângulo 2θ de difração (Figura18).

Os difratogramas obtidos permitem identificar simetrias e assinalar os índices de Miller

correspondentes. Entre as diferentes estruturas mesoporosas, a simetria p6mm que representa

o material MCM-41 faz com que seus difratogramas sejam facilmente identificados devido ao

ordenamento hexagonal bidimensional de seus canais, que proporciona unicamente reflexões

(h k 0).

4.2.2 Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier

As medidas espectroscópicas de infravermelho são de grande utilidade, pois permite

uma grande quantidade de informações sobre os materiais sintetizados, como o grau de

cristalinidade e caracterização superficial dos materiais sintetizados. Como também a

presença de determinadas bandas de absorção características permite por uma parte identificar

estruturas zeolíticas específicas, e por outra, estabelecer a presença de certos heteroátomos

incorporados na estrutura. As medidas de infravermelho foram realizadas em um

espectrômetro VARIAN EXCALIBUR series 3100 – UMA 600. As amostras foram

preparadas na forma de pastilhas por diluição em KBr, na proporção de 1:200 em peso. Após

a mistura dos catalisadores no KBr, estes são submetidos à compressão com aplicação de uma

pressão de 9000 kg/cm2 por um minuto. Os espectros foram obtidos nos comprimentos de

onda entre 400-4000 cm-1, com resolução de 4 cm-1 e um número de varreduras de 64. Na

68

Tabela 2, podem-se visualizar os comprimentos de onda mais característicos dos

aluminossilicatos.

Tabela 2- Bandas de adsorção de FTIR típicas de aluminossilicatos.

Número de Onda (cm-1) Intensidade Ligação Associada

450 Forte T-O-T (deformação angular)

550 Média Anéis pentasil (vibração)

800 Fraca T-O-T (tensão simétrica interna)

960 Forte e Fraca Si-OH (vibração)

1000-1100 Forte T-O-T (tensão assimétrica interna)

1150-1230 Forte T-O-T (tensão assimétrica externa)

anéis pentasil

1430-1475 Média C-CH2 e C-CH3 (deformação)

1640-1650 Média e Fraca H2O adsorvida

2800-3000 Forte C-H (tensão)

3550-3600 Forte Si-OH (tensão simétrica)

Fonte: Adaptado de Peral (2009)

4.2.3 Adsorção/Dessorção de N2 a 77 K

A técnica de adsorção e dessorção de nitrogênio (N2) a temperatura constante de 77 K

permite determinar as propriedades texturais dos catalisadores. O adequado tratamento da

isoterma resultante permite calcular diferentes parâmetros dos catalisadores, tais como:

superfície específica, superfície externa, volume de microporos, etc.

O sistema utilizado para tal análise foi um equipamento MICROMERITICS

TRISTAR 2050. As amostras foram desgaseificadas previamente com fluxo de nitrogênio a

300 ºC durante 12 horas. A continuação se dosificaram as quantidades adequadas de

nitrogênio para cobrir todo o intervalo de pressões relativas até aproximadamente a de

saturação, registrando-se as isotermas de adsorção e dessorção. A Figura 19 demonstra a

isoterma de adsorção e dessorção de N2 para a zeólita Beta sintetizada por método

convencional.

69

Figura 19- Isoterma de adsorção e dessorção de N2 para uma zeólita Beta.

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

0

50

100

150

200

250

300

350

400

Vo

lum

e A

dso

rvid

o (

cm

3/g

)

Pressão Relativa (p/p0)

O cálculo da superfície específica foi obtido de acordo com o método B.E.T.

(Brunauer, Emmett e Teller) (BRUNAUER, et al. 1938). A equação B.E.T. foi aplicada no

intervalo de pressões parciais p/p0 = 0,05-0,16 para as zeólitas, e p/p0 = 0,05-0,20 para os

materiais mesoporosos. Ainda que a validade desta equação para os materiais microporosos é

questionável (ROUQUEROL, et al. 2002), pois os valores resultantes podem ser utilizados

razoavelmente a efeitos comparativos.

Para determinar a distribuição do diâmetro de poros para os materiais mesoporosos,

foi aplicado o modelo matemático B.J.H. (Barrett, Joyner, Halenda) para a isoterma de

adsorção (BARRETT, et al. 1951). A Figura 20 representa uma isoterma típica de um material

mesoporoso do tipo MCM-41 e a distribuição do diâmetro de poros pelo método B.J.H.

Figura 20- Isoterma de N2 (A) e distribuição de poros (B) para o material mesoporoso MCM-

41.

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1 10 100

B

Vo

lum

e A

dso

rvid

o (

cm

3/g

)

Pressão Relativa (p/p0)

A

dV

/dlo

gD

(cm

³/g

-nm

)

Diâmetro de Poro (nm)

70

O volume total de poro se calcula a partir da quantidade total de vapor adsorvido a

uma pressão relativa muito próxima a 1,0, assumindo que a essa pressão todos os poros estão

preenchidos com adsorbato líquido. O volume de nitrogênio líquido contido nos poros pode-

se calcular mediante o volume adsorvido (Vads) utilizando a seguinte Equação 2:

TR

VVPV madsaliq .

..=

Equação 2

Onde, Pa e T são a pressão atmosférica e temperatura, respectivamente e Vm o volume

molar do adsorbato líquido (34,7 cm3/mol para N2). No caso do volume mesoporoso

(VMES0,45), este foi calculado aplicando-se a mesma equação do volume total, no ponto

próximo a pressão parcial 0,45, onde ocorre aproximadamente o fim da condensação capilar

para os mesoporos presente no material com estrutura MCM-41.

A determinação da área de microporos e da superfície externa da zeólita com

porosidade hierarquizada foi executada a partir dos dados obtidos aplicando o modelo NL-

DFT (Non Localized Density Functional Theory) na isoterma de adsorção e dessorção de

argônio, procedimento explicado com maiores detalhes na seção seguinte.

4.2.4 Adsorção/Dessorção de Argônio a 87 K

A adsorção e dessorção de argônio a sua temperatura de ebulição (87,3 K) permite

estudar a microporosidade e determinar a distribuição do diâmetro de poro dos catalisadores.

Esta técnica se postula como a mais recomendada para avaliação do tamanho dos micorporos,

frente à adsorção e dessorção de nitrogênio ou argônio a 77 K (GROEN, et al. 2003;

STORCK, et al. 1998; NAKAI, et al. 2007).

O equipamento utilizado para obter as isotermas foi um MICROMERITICS modelo

ASAP 2010, empregando Argônio como adsorbato a temperatura do argônio líquido (87,3 K).

Este equipamento apresenta uma bomba turbomolecular que permite alcançar pressões

relativas de 10-7. Previamente as amostras foram desgaseificadas a vácuo sob aquecimento de

300 ºC por mais de 6 horas, para eliminar todo o tipo de possíveis compostos adsorvidos

sobre a superfície do catalisador ou no interior dos microporos zeolíticos.

As isotermas obtidas foram tratadas com o software AUTOSORB 1 (AS1Win Version

1.51), ministrado por Quantachrome Instruments, com o objetivo de determinar a completa

71

distribuição de tamanho de poro dos materiais micro/mesoporosos sintetizados. Para isto

aplicou-se o método NLDFT (Non-Local Density Functional Theory) utilizando o kernel

“NLDFT-Ar zeolite/silica equilibrium transition at 87 K”, baseado em um modelo de poro

cilíndrico e implementado no software AS1Win, cuja aplicação se recomenda para diâmetros

de poro na faixa de 0,35-100 nm (AUTOSORB-1 2005).

A seleção deste modelo se deve pelo conhecimento que métodos baseados em teorias

macroscópicas clássicas, como por exemplo Dubinin-Radushkevich (D.R.), ou o de Barret-

Joyner-Halenda (B.J.H.), ou os tratamentos semi-empíricos tais como os de Horwath–

Kawazoe (H.K.), ou Saito–Foley (S.F.), não proporcionam uma descrição realista do

preenchimento dos microporos. Além disto, nenhum destes métodos permite determinar a

distribuição do diâmetro de poro completa em um intervalo de micro a mesoporos (0-500 Å).

O método NL-DFT permite relacionar as interações que sofrem os fluidos não homogêneos a

nível molecular e macroscópico, descrevendo de uma forma mais correta sua estrutura local

próxima de paredes sólidas curvadas. Para isto, o método determina isotermas de adsorção em

poros modelo, baseando-se nos potenciais intermoleculares das interações fluido-fluido e

sólido-fluido. A relação entre as isotermas determinadas por estas aproximações

microscópicas, e a isoterma experimental obtida sobre um sólido poroso, pode-se interpretar

em termos de uma equação denominada Isoterma de Adsorção Generalizada (IAG). Esta

equação assume que a isoterma completa consiste na soma de múltiplas isotermas individuais,

obtidas para poros modelo com um tamanho definido (que se calculam mediante NL-DFT

para um determinado sistema adsorbato/adsorvente), e multiplicadas por seu peso relativo na

distribuição do diâmetro de poro global. A resolução da equação da IAG permite determinar a

distribuição do diâmetro de poro completa em um intervalo que, dependendo do sistema

adsorbato/adsorvente e do modelo escolhido, pode ir desde 3,5 Å até 1000 Å (LINARES,

2011; PERAL, 2009).

Na Figura 21 se representam tanto a isoterma de adsorção e dessorção de Argônio a

87,3 K em escala logarítmica, como a distribuição do diâmetro de poro e volume de poro

acumulado calculados empregando o método NL-DFT, aos dados experimentais obtidos para

uma amostra cristalina de zeólita Beta. Cada ponto de inflexão na curva de volume de poro

acumulado corresponde com um máximo na curva de distribuição do diâmetro de poro,

indicando a saturação dos poros de mesmo diâmetro.

72

Figura 21- Isoterma de Argônio (A), distribuição de diâmetro de poro e volume acumulado

(B) para zeólita Beta.

10 100 10000

1

2

3

4

1E-5 1E-4 1E-3 0,01 0,1 1

0

50

100

150

200

250

300

dV

/dlo

g(D

p)

(cm

3/A

.g)

Diâmetro de Poro (A)

Volu

me d

e P

oro

Acum

ula

do

(cm

3/g)

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

B

Volu

me

Ad

sorv

ido

(cm

3/g

)

Pressão Relativa (p/p0)

A

Portanto este método realiza uma aproximação calculando, mediante simulação

molecular, o potencial químico do fluido adjacente a parede do sólido. O potencial químico

será determinado por diferentes contribuições que dependerão da posição ou localização na

parede do poro das diferentes moléculas de adsorbato. Para saber se o kernel selecionado foi

adequado, é possível comparar as isotermas simuladas com a original obtida

experimentalmente, tal como demonstrado na Figura 22.

Figura 22- Comparação entre a isoterma experimental e a obtida pelo método NL-DFT.

1E-5 1E-4 1E-3 0,01 0,1 1

0

50

100

150

200

250

300

Experimental

NLDFT plot

Vo

lum

e A

dso

rvid

o (

cm

3/g

)

Pressão Relativa (p/p0)

A vantagem de dispor do gráfico de volume de poro acumulado, obtido aplicando o

modelo NL-DFT nas isotermas de adsorção e dessorção de Argônio, é identificar de forma

simples e confiável o volume adsorvido sobre qualquer intervalo de diâmetro de poro

73

desejado. Assim pode-se obter o volume total adsorvido e discriminar entre o associado

estritamente aos microporosos zeolíticos, e o volume restante que não está associado com o

sistema microporoso zeolítico. Esta porosidade secundária pode englobar o volume

relacionado com os microporos de maiores dimensões que os puramente zeolíticos e

mesoporos de diferentes diâmetros.

Para relacionar os volumes obtidos aplicando o modelo NL-DFT, com valores de

superfície que sejam comparáveis com os determinados aplicando o método B.E.T.

tradicional, se executou o seguinte procedimento:

1) Uma zeólita Beta de referência foi selecionada para obter a isoterma de adsorção e

dessorção de N2 a 77 K. A partir desta, determinou-se a superfície específica

(SBET), e aplicando o método t-plot calculou-se a superfície externa (SEXT). A

diferença entre estas duas superfícies proporciona a superfície de microporos

(SMicro). Para amostras deste tipo, que não possuem uma micro-mesoporosidade

adicional importante, pode-se assumir que a SMicro obtida, corresponde unicamente

ao sistema microporoso zeolítico.

2) Para a mesma zeólita de referência executaram-se as isotermas de adsorção e

dessorção de Argônio. A partir desta determinou-se a superfície específica (SBET),

e aplicando o modelo NL-DFT obteve-se a distribuição do diâmetro de poro e

volume de poro acumulado. Mediante estes gráficos determinou-se o volume que

corresponde exclusivamente aos microporos zeolíticos (VMicro), calculando o

volume adsorvido no intervalo de 4,5-10 Å, aproximadamente. Onde para o

presente trabalho foi obtido o valor de 0,2926 cm3/g para a zeólita Beta.

3) A partir dos valores de superfície de microporos determinados aplicando o método

t-plot na isoterma de adsorção de N2, e do volume de microporos determinado

aplicando o modelo NL-DFT na isoterma de adsorção de Argônio, se estabelece a

"relação α = (S/V)Micro" para a estrutura Beta:

4) Conhecida esta relação, e uma vez determinado o volume de microporos zeolíticos

aplicando o modelo NL-DFT na isoterma de adsorção de Argônio para qualquer

outra zeólita Beta, é possível determinar sua superfície de microporos zeolíticos

(SMicro).

74

5) Finalmente, conhecida a SBET e a SMicro, pode-se determinar mediante diferença a

superfície correspondente à porosidade externa aos microporos (SEXT-MIC) para

qualquer amostra de zeólita Beta.

4.2.5 Microscopia Eletrônica de Transmissão

A técnica de Microscopia Eletrônica de Transmissão (TEM) é utilizada para

determinar a morfologia, distribuição e dimensão das partículas. Esta técnica permite

resoluções de cerca de 3 Å e está indicada para materiais que apresentam tamanhos de cristais

reduzidos (<1 µm). O equipamento utilizado para obtenção das imagens por microscopia

eletrônica de transmissão foi um microscópico PHILIPS TECHNAI 20 com uma resolução de

0,27 nm e um ângulo de inclinação da amostra de ± 70°. A fonte de elétrons usada consiste

em um filamento quente de tungstênio que por efeito termiônico emite elétrons, que são

acelerados por um potencial de 200 KV.

A Figura 23 mostra uma micrografia de um material meso-estruturado do tipo Al-

MCM-41.

Figura 23- Micrografia de TEM para material Al-MCM-41.

A preparação da amostra ocorreu por dispersão em acetona, agitação em banho de

ultrasom e posterior deposição de algumas gotas da solução sobre uma grade de cobre,

coberta com uma capa de celulose impregnada com carbono. Após um tempo secando as

amostras foram introduzidas diretamente no microscópico e procedidas as análises.

75

4.2.6 Dessorção Térmica Programada de Amônia

As medidas de dessorção térmica programada de amônia (TPD – NH3) foram

realizadas em um equipamento MICROMERITICS 2910 (TPD/TPR) com o objetivo de

determinar a densidade dos centros ácidos e força ácida.

Esta técnica consiste em se tratar o catalisador com amônia, que se adsorve em seus

centos ativos acessíveis, e submetê-lo a uma rampa de aquecimento controlada. Ao aquecer, a

dessorção de amônia efetua-se a maiores ou menores temperaturas em função da força ácida

dos centros presentes no sólido. A seleção da amônia como molécula sonda se faz por suas

características básicas, que permite sua adsorção em praticamente todos os centros ácidos

presentes mesmo àqueles mais fracos, e pelo tamanho reduzido de sua molécula possibilita o

acesso aos centros que se encontram no interior dos microporos das zeólitas.

O procedimento de medida ocorre em várias etapas. Inicialmente os catalisadores são

submetidos a um tratamento de desgaseificação a fim de eliminar as substâncias adsorvidas

fisicamente aos centros ácidos. A desgaseificação ocorre em uma vazão pequena de hélio e

uma rampa de aquecimento de 15 °C/min até alcançar a temperatura de 550 °C, mantendo-se

nessa temperatura por 30 minutos. Depois de feita a desgaseificação, esfria-se a amostra até

180°C e passa-se uma corrente de NH3 (35 N.mL/min) durante 30 minutos. Em seguida, é

feito um procedimento padrão, no qual se passa sobre o catalisador um fluxo de hélio durante

90 minutos, esse procedimento realiza-se no intuito de eliminar a NH3 adsorvida fisicamente

na superfície para que permaneça somente a NH3 adsorvida quimicamente nos centros ácidos

do catalisador. Por último se executa a dessorção térmica programada propriamente dita,

submetendo a amostra a uma rampa de aquecimento controlada (15 °C/min) sob fluxo de He

(50 N.mL/min) desde a temperatura de 180 °C até alcançar 550 °C, mantendo nessa

temperatura por 30 minutos. A amônia dessorvida em diferentes temperaturas é arrastada pela

corrente de hélio e registrada por um detector de condutividade térmica (TCD), obtendo assim

a curva de TPD-NH3.

A Figura 24 demonstra a variação do sinal de condutividade térmica (TCD) com a

temperatura, ao se realizar a análise de TPD- NH3 de um catalisador de referência.

76

Figura 24- Curva de TPD de amônia para a zeólita Beta.

0 10 20 30 40 50 60

0,00

0,03

0,06

0,09

0,12

0,15

0,18

Sin

al (u

.a.)

Tempo (min)

Tem

pera

tura

(°C)

150

200

250

300

350

400

450

500

550

600

A quantidade total de centros ácidos existentes no catalisador se calculada a partir da

área da curva de dessorção mediante a aplicação de um fator de resposta obtido na calibração

prévia. A temperatura correspondente ao máximo da curva de dessorção se encontra

estreitamente relacionada com a força ácida dos centros e é considerada como uma medida

direta da mesma para fins comparativos. No entanto, esta técnica apresenta limitações, pois

não permite distinguir a natureza dos centros ácidos, sejam centros ácidos de Brönsted ou

Lewis, já que a amônia se adsorve em ambos.

4.2.7 Espectroscopia de Emissão Atômica por Acoplamento de Plasma Induzido

Através desta técnica espectroscópica é possível determinar e quantificar uma grande

variedade de elementos, mesmo que estes estejam em baixíssimas concentrações (inclusive

em traços), definindo a composição química (porcentagem em peso de um determinado

elemento) dos catalisadores sintetizados. No caso dos catalisadores desenvolvidos neste

trabalho esta medida foi realizada no intuito de avaliar a porcentagem em peso do alumínio

presente nos catalisadores.

A análise de espectroscopia de emissão atômica por acoplamento de plasma induzido

(ICP-AES) consiste em excitar os átomos presentes no material mediante um plasma de

argônio que se encontra em uma temperatura de 10.000 K. Quando os átomos voltam para seu

estado fundamental emitem energia com um comprimento de onda característico, cuja

intensidade é proporcional à concentração do elemento presente na amostra. A quantificação

77

do alumínio presente nos catalisadores foi realizada a partir da linha de emissão obtida a 396

nm, sob prévia calibração do equipamento com padrões certificados. E a razão

silício/alumínio foi obtida convertendo a concentração de alumínio em massa para mols de

alumínio, calculada a concentração em massa de Al2O3 e considerando que o restante de

massa do catalisador compreenderia a massa de SiO2, calculou-se a concentração de silício

em mols, determinando por fim a razão molar silício/alumínio.

As medidas foram realizas em um equipamento VARIAN, modelo VISTA AX CCD

SIMULTANEOUS. As medidas foram realizadas após a digestão das amostras em meio

ácido, utilizando cadinhos de platina, ácidos sulfúrico e fluorídrico e em seguida aquecimento

brando, posteriormente as soluções foram aferidas em balões volumétricos de 250 mL. Estas

foram volatilizadas a 10.000 K para conseguir sua atomização e determinação.

4.2.8 Ressonância Magnética Nuclear

Mediante ressonância magnética nuclear (RMN) de sólidos é possível avaliar o

entorno dos átomos definindo sua coordenação e indicar sua localização na estrutura dos

catalisadores. Para este trabalho foram executadas medida RMN em estado sólido para o

núcleo de alumínio (27Al).

O desenvolvimento da técnica de RMN em sólidos através da introdução de rotação do

denominado ângulo mágico (MAS-RMN) permite sua aplicação em materiais sólidos micro e

mesoporosos. O giro em ângulo mágico consiste em rotacionar a amostra em uma velocidade

de giro muito elevada em torno de um eixo inclinado com ângulo de 54,7° em relação à

direção do campo magnético. Deste modo, se reduz ao mínimo as interações bipolares e

quadrupolares entre diferentes núcleos e desta forma a largura das bandas no espectro. As

medidas de ressonância magnética nulear de 27Al foram realizadas a fim de obter informações

sobre a disposição do átomo de alumínio na rede. Na Figura 25 se representa um espectro de

uma zeólita Beta calcinada, em que se pode distinguir entre o alumínio situado na rede e o

alumínio extra rede.

78

Figura 25- Espectro de RMN de 27Al para uma amostra zeólita Beta.

100 50 0 -50

AlTetraédrico

ppm

AlOctaédrico

O alumínio tem uma coordenação tetraédrica que dá lugar a um pico centrado

aproximadamente a 50ppm. No entanto, as espécies de alumínio que se encontram fora da

estrutura, mostram um pico em torno de 0 ppm, característicos de átomos de alumínio com

uma coordenação octaédrica.

As medidas foram executadas a 104,16 Hz em um espectrômetro INFINITY 400, a

uma velocidade de giro de 4000 Hz com intervalos de dois segundos entre sucessivas

acumulações. As medidas foram realizadas na temperatura ambiente, utilizando Al(H2O)63+

como padrão externo de referência.

4.3 REAÇÃO DE CRAQUEAMENTO DE POLIETILENO DE ALTA DENSIDADE

(PEAD)

Para a avaliação das propriedades catalíticas dos materiais híbridos BEA/MCM-41

executaram-se reações de craqueamento de polietileno de alta densidade (PEAD). As reações

seguiram procedimentos de acordo com (SERRANO, et al. 2003; AGUADO, et al. 2000),

para analisar a atividade em termos de conversão e seletividade aos produtos desejados nos

centros ácidos da estrutura dos materiais. A instalação e procedimentos utilizados para os

experimentos estão descritos a seguir.

79

4.3.1 Instalação Experimental e Procedimentos de Reação

Os experimentos de craqueamento de PEAD foram realizados na instalação

demonstrada na Figura 26.

Figura 26- Instalação experimental para craqueamento de polímeros.

Fonte: Adaptado de Garcia, et al. (2005).

Os componentes definidos na instalação experimental foram descritos a seguir.

Para manter o meio reacional inerte e como gás de arraste dos produtos formados, o

sistema foi alimentado por cilíndro (1) com nitrogênio (99,99 % - Praxair S.A.) sob fluxo de

40 mL/min medido por fluxímetro (2). O reator em batelada de leito fixo (3) é composto por

cilíndro de aço inoxidável, cujo diâmetro interno é de 3,5 cm e altura de 25,0 cm, com

espessura das paredes de 0,25 cm. No interior do reator se encontra um agitador helicoidal de

áco inoxidável (4) acionado por um motor elétrico (5), o qual proporciona uma

homogeneização eficiente da mistura do polímero e catalisador. A conexão e vedação são

feitas por uma junta de teflon refrigerada por água corrente. O reator se encontra no interior

de um forno (6) composto por resistências térmicas isolado por material cerâmico. A medição

da temperatura foi realizada por um termopar Chromel-Alumel (7), situado na parte inferior

do reator coberto por uma proteção de aço inoxidável em contato com a mistura reacional.

O termopar encontra-se conectado a um controlador de temperatura (8), que permite

manter a temperatura do sistema de reação no valor desejado com variações de ±5 ºC. Os

80

produtos gasosos na temperatura de reação são arrastados pela corrente de nitrogênio por uma

tubulação de aço inoxidável de 0,8 cm de diâmetro situada na parte superior. Os produtos

líquidos são condensados por uma armadilha de gelo (9) e separados dos produtos gasosos.

Ao sair da armadilha a corrente gasosa passa por um medidor de volume de gás (10) e

finalmente os gases são coletados em uma bolsa de gás Tedlar (11).

Os parâmetros experimentais utilizados foram semelhantes aos estudados por Garcia,

et al. (2005), aplicados ao craqueamento de PEAD sobre híbridos de ZSM-5. Em primeiro

lugar foram misturados 10 gramas de polímero em pellets (PEAD) com 0,1 gramas de

catalisador (proporção PEAD/Cat. = 100), e introduzido no reator. Uma vez que o reator foi

fechado, libera-se um fluxo de nitrogênio de 40 mL/min durante 30 minutos para estabelecer

uma atmosfera inerte. Mantendo o fluxo constante, iniciou o aquecimento do reator até chegar

na temperatura desejada, o qual foi obtido em aproximadamente 40 minutos. Quando o reator

se encontra em 250 ºC (momento em que o plástico está completamente fundido) foi acionada

a agitação. O tempo de reação, previsto para 2 horas, iniciou contagem quando o reator

atingiu a temperatura de reação, estabelecida em 380 ºC. Desde o instante do início do

aquecimento, os gases foram armazenados na bolsa de gás para posterior análise. Uma vez

concluído o experimento, os líquidos produzidos foram recolhidos em recipiente adequado,

quantificando sua massa e armazenados sob refrigeração para posterior análise. Ao fim do

experimento o sólido residual de reação foi removido do reator e quantificado sua massa para

posterior cálculo do balanço mássico.

4.3.2 Análise dos Produtos de Reação

Os compostos líquidos e gasosos a temperatura ambiente foram analisados por

cromatografia gasosa em um cromatógrafo VARIAN CP-3800 com as seguintes condições de

análise:

• Volume de amostra injetada: 0,5 mL (para gases) e 0,4 µL (para líquidos).

• Coluna capilar Chrompack CP SIL PIONA CB de 100 m de comprimento e 0,25 mm

de diâmetro interno.

• Fluxo de arraste da coluna: 1,4 mL/min.

• Relação de split: 1/200.

• Tipo de detector: Ionização por chama (FID).

81

• Temperatura do detector: 300 ºC.

• Programação da temperatura do forno na coluna para gases: Temperatura inicial de 35

ºC durante 15 min; Rampa de aquecimento de 1 ºC/min até 60 ºC; Isoterma a 60 ºC

durante 20 minutos. Tempo total de análise: 60 minutos.

• Programação da temperatura do forno na coluna para líquidos: Temperatura inicial de

35 ºC durante 15 min; Primeira rampa de aquecimento de 1 ºC/min até 60 ºC,

permanecendo nesta temperatura por 20 min; Segunda rampa de aquecimento de

2ºC/min até 200 ºC e terceira rampa de aquecimento de 5 ºC/min até 275 ºC. Tempo

total de análise: 145 minutos.

Os cromatogramas foram analisados com o software “Detailed Hydrocarbon Analysis

StarDHA v.5” da VARIAN (DHA), que permitiu a identificação individual da grande maioria

dos compostos por comparação de seus tempos de retenção com uma livraria de compostos

analisados nas mesmas condições. Todos os dados puderam ser processados para calcular as

porcentagens molares e mássicas. Como também foi possível classificar os compostos por

grupos como: parafinas, iso-parafinas, olefinas e aromáticos.

A continuação se define os principais parâmetros empregados para expressar os

resultados obtidos nas reações de craqueamento catalítico.

Conversão: Porcentagem de produtos (gases e líquidos) recolhidos durante a reação (em

massa), respectivo a massa de polímero inicialmente inserida no reator.

Seletividade: Porcentagem de um determinado produto ou fração (em massa), respectivo a

massa total de produtos (gases e líquidos) recolhidos durante a reação.

Atividade por centro: Massa de plástico convertido, dividido entre a massa de alumínio

presente no catalisador e o tempo de reação.

82

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Um dos objetivos do presente trabalho de pesquisa foi avaliar detalhadamente duas

variáveis de síntese, a razão silício/alumínio e o tempo de pré-cristalização, implicadas no

método de síntese de materiais híbridos BEA/MCM-41. Como também, avaliar a síntese de

uma zeólita Beta Hierarquizada, sintetizada mediante a cristalização de núcleos zeolíticos

silanizados, e comparar com os materiais híbridos obtidos. Pretende-se obter materiais

híbridos micro-mesoporosos que combinem uma elevada cristalinidade e força ácida, com

valores elevados de superfície total e externa que apresentem conversões satisfatórias em

reações de craqueamento de moléculas volumosas.

Para obter melhor compreensão sobre as propriedades físico-químicas dos materiais

híbridos BEA/MCM-41 e a zeólita Beta Hierarquizada, todos os resultados foram comparados

com amostras sintetizadas representadas por materiais microporosos (zeólita Beta) e

mesoporosos (Al-MCM-41) com razões silício/alumínio de 20 e 30.

5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS HÍBRIDOS E ZEÓLITA HIERARQUIZADA

5.1.1 Zeólita Beta Hierarquizada

5.1.1.1 Propriedades Cristalográficas e Estrutura

Com a finalidade de identificar a fase e estrutura cristalina, o grau de cristalinidade e o

ordenamento mesoporoso foram executados análises de difração de raios-X e espectroscopia

de infravermelho por transformada de Fourier.

Os difratogramas de raios-X a baixo e alto ângulo 2θ das zeólitas Beta e h-Beta estão

representados na Figura 27. Pode-se observar a baixo ângulo 2θ que não existe nenhum

ordenamento mesoporoso, confirmando unicamente a presença de um sólido microporoso. A

alto ângulo 2θ os difratogramas de raios-X apresentam uma linha base retilínea característica

da ausência de material amorfo e comprovando pertinente cristalinidade para ambas as

zeólitas. Como também o conjunto de reflexões presentes em ambas as zeólitas confirmam a

estrutura e fase cristalina BEA, de acordo com o banco de dados da International Zeolite

Association – IZA, principalmente pela presença das reflexões majoritárias 7,62 e 22,28

83

ângulo 2θ. A presença de reflexões de elevada intensidade e baixa largura a meia altura

definem boa cristalinidade do material sintetizado. A diminuição da intensidade das reflexões

da amostra h-Beta-20, em comparação a amostra de zeólita Beta-20, é consequência da

perturbação do crescimento dos cristais pelo procedimento de silanização gerando pequenos

domínios cristalinos (AGUADO, et al. 2008).

Figura 27- Difratogramas de raios-X das zeólitas Beta e h-Beta a baixo (A) e alto (B) ângulo 2θ.

5 10 15 20 25 30 35 40 45 501 2 3 4 5

BA h-Beta-20

Beta-20

In

tensid

ad

e (

u.a

.)

h-Beta-20

Beta-20

Através dos espectros de infravermelho foi possível identificar sinais vibracionais na

estrutura do material: indicando a existência de cristalinidade referente à zeólita; presença do

agente organosilano fenilaminopropil-trimetoxisilano (FAPTMS) comprovando a eficiência

do processo de silanização e correta remoção do agente direcionador de estrutura microporosa

(TEA+).

A Figura 28 representa os espectros de infravermelho das zeólitas Beta e h-Beta, em

suas formas não calcinadas e calcinadas.

84

Figura 28- Espectros de infravermelho das zeólitas na forma calcinada (Calc) e não calcinada

(NC).

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 5004000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

515

cm

-1

h-Beta-20-Calc

Beta-20-Calc

57

3cm

-1

Comprimento de Onda (cm-1)

Ab

so

rbâ

ncia

h-Beta-20-NC

Beta-20-NC

Comprimento de Onda (cm-1)

Como uma estrutura cristalina zeolítica é formada por tetraedros TO4 (T = Si, Al),

estes apresentam sinais correspondentes às vibrações atômicas em: 420-460 cm-1 –

deformação angular T-O-T, 800 cm-1 – tensão simétrica interna T-O-T, 1000-1100 cm-1 –

tensão assimétrica interna T-O-T, 1150-1230 cm-1 – tensão assimétrica externa. Os espectros

das amostras na forma calcinada (Figura 28) comprovam a estrutura formada de um sólido

cristalino, assim como demonstram a presença da estrutura BEA pelo surgimento das bandas

de absorção 515 e 573 cm-1, pertinentes unicamente nesta zeólita (CAMBLOR, et al. 1998).

Estas bandas não são observadas em sílica amorfa, confirmando assim o elevado nível de

cristalinidade das amostras (AGUADO et al. 2008). Ademais dos sinais anteriores, que

representam bandas estruturais típicas de materiais aluminossilicatos (ZHAO et al. 1993), as

bandas em 1630 cm-1 correspondem a moléculas de água adsorvidas na superfície, e 3200-

3600 cm-1 a tensão assimétrica dos grupos silanóis (Si-OH).

Nos espectros referentes às amostras sem calcinar (Figura 28), pode-se observar que a

amostra sintetizada empregando o agente organosilano (Beta Hierarquizada) apresenta bandas

de absorção localizadas nos intervalos de 700-750 cm-1, 1280-1350 cm-1, 1550-1650 cm-1 e

3000-3050 cm-1, devido aos grupos orgânicos presentes na molécula de FAPTMS. A

identificação destas bandas foi mais precisa amplificando as zonas de interesse (demonstrado

na Figura 29), onde estas bandas não estão presentes no espectro da zeólita Beta.

85

Figura 29- Espectros de infravermelho em diferentes intervalos de número de onda das

zeólitas na forma não calcinadas (NC).

850 800 750 700 6501700 1600 1500 1400 13003200 3100 3000 2900 2800

h-Beta-20-NC

Beta-20-NC

Comprimento de Onda (cm-1)

Absorb

ância

As bandas de vibração do anel aromático monosubstituído presente no agente

silanizante fazem-se presente a 3050 cm-1, 1604 cm-1, 1508 cm-1, 750 cm-1 e 693 cm-1, e

portanto não estão presentes na amostra padrão Beta (marcações na Figura 29). Ademais a

banda de vibração de tensão N-H da amina que deveria aparecer próximo de 3400 cm-1

apresenta-se ocultada pelo sinal entre 3200 e 3700 cm-1 da água contida na amostra. Como

também, não foi possível identificar os grupos metilas (CH3) (1475-1450 cm-1), assim como a

vibração de tensão das ligações C-H (3000-2840 cm-1) da cadeia alquil do FAPTMS já que

foram encobertas pelas bandas de vibração do agente direcionador de estrutura microporosa

(TEA+), de acordo com a literatura (LIN et al. 2000).

5.1.1.2 Composição Química e Propriedades Ácidas

A partir da determinação da composição química foi possível definir o percentual de

alumínio introduzido nos materiais, calculado através da razão silício/alumínio previsto

teoricamente pela proporção estequiométrica do gel de síntese. No presente trabalho a

composição química do alumínio foi determinada mediante espectroscopia de emissão

atômica por plasma acoplado indutivamente (ICP-AES). E para avaliar o entorno dos átomos

de alumínio e definir como estão coordenados, diferenciando entre a quantidade de alumínio

incorporado na rede cristalina (coordenação tetraédrica) e alumínio extra-rede (coordenação

octaédrica) foram executadas análises de ressonância magnética nuclear de 27Al. Para avaliar

86

as propriedades ácidas dos materiais, tais como a força ácida e a quantidade de centros ácidos

ativos, fez-se uso da técnica de dessorção térmica programada de amônia (TPD – NH3).

Os dados de composição química e resultados obtidos mediante ensaios de TPD-NH3

(Figura 30), expressos como número de centros ácidos e força ácida, estão dispostos na

Tabela 3.

Figura 30- Curvas de TPD-NH3 para as amostras calcinadas de zeólitas Beta e h-Beta.

0 10 20 30 40 50 60

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

0,14

0,16

0,18 Beta-20

h-Beta-20

Sin

al (u

.a.)

Tempo (min)

Tem

pera

tura

(°C)

150

200

250

300

350

400

450

500

550

600

650

700

Nas curvas de TPD-NH3 (Figura 30) aparece um pequeno ombro próximo aos 520 ºC

que se transforma em um pico claro, melhor visualizado na amostra sintetizada com o

organosilano. Este sinal pode possivelmente ser atribuído às moléculas de amônia dessorvidas

a temperaturas inferiores e adsorvidas em outros centros, sendo eliminadas assim a

temperaturas mais elevadas. Porém para efeito comparativo entre as amostras tal pico foi

desconsiderado.

A acidez total e força ácida da amostra sintetizada a partir de núcleos silanizados (h-

Beta-20) foi ligeiramente inferior à zeólita Beta. É possível que este fato deva-se à

modificação da natureza dos centros ácidos, aumentando a proporção de centros fracos de

Lewis, frente aos centros fortes de Brönsted. Para tentar compreender melhor esta natureza,

foram executadas análises de ressonância magnética nuclear de alumínio e descobrir como

estão incorporados os átomos de alumínio.

87

Tabela 3- Propriedades químicas e ácidas das zeólitas Beta e h-Beta.

Amostras Al

(%massa)a

R.

Si/Ala

T.Máx.b

(ºC)

Acidezb

(meqNH3/g)

Beta–20 2,8212 15 312 0,478

h-Beta-20 3,0317 14 290 0,449

a – Calculado através de análise de ICP-AES; b – Calculado através de análise de TPD-NH3.

Na Tabela 3, observa-se a quantidade de alumínio incorporado na síntese em

porcentagem de massa e os valores da razão Si/Al, onde pode-se constatar que os valores

encontrados estão praticamente semelhantes entre as zeólitas Beta e h-Beta. Porém os valores

da quantidade de alumínio em todas as amostras foi ligeiramente superior à introduzida no gel

de síntese. Esta diferença pode explicar-se tendo em conta que a fonte de silício empregada

segundo o procedimento foi sílica fumed, que se hidrolisa na etapa de envelhecimento e

posteriormente se reordena de acordo com a estrutura cristalina BEA. Neste processo pode-se

perder uma pequena quantidade de silício que ficou dissolvido, diminuindo a razão Si/Al.

A Figura 31 representa os espectros de RMN de 27Al nos materiais zeolíticos Beta e h-

Beta, em suas formas não calcinadas e calcinadas. As mediadas de RMN de 27Al diferenciam

principalmente o alumínio incorporado na rede (tetraédrico) e o incorporado extra-rede

(octaédrico). Na Figura 31, para as amostras sem calcinar observa-se que todo o alumínio

presente nas amostras se encontram incorporados na estrutura da zeólita (Al tetraédrico, pico

referente à 50 ppm), enquanto que nas amostras calcinadas uma parte considerável do

alumínio se encontra extra-rede cristalina (Al octaédrico, pico referente à 0 ppm). Portanto a

proporção de alumínio removido da estrutura deve-se ao processo de calcinação, aonde existe

a remoção das moléculas direcionadoras de estrutura ocluidas nos poros e água adsorvida,

desestabilizando o átomo de alumínio e condensando as ligações na rede entre os átomos de

Al e Si com oxigênio e hidroxilas. Foi possível obter informações sobre a homogeneidade e

ordenamento do entorno das espécies de alumínio determinando a largura a meia altura do

sinal centrado ao redor de 50 ppm dos espectros das amostras sem calcinar (Figura 31), pois

de acordo com (OLDFIELD et al. 1994) valores deste parâmetro superiores a 12 ppm

correspondem a materiais amorfos do tipo sílica-alumina.

88

Figura 31- Espectros de RMN de 27Al para zeólitas Beta e h-Beta calcinadas (CALC) e não

calcinadas (NC).

200 150 100 50 0 -50 -100200 150 100 50 0 -50 -100

ppm

h-Beta-20-CALC

Beta-20-CALC

29%

24%

ppm

h-Beta-20-NC

Beta-20-NC

8,98

8,62

Comparando as zeólitas sintetizadas, pode-se constatar mediante técnica de RMN de 27Al que o material sintetizado com o agente organosilano (h-Beta-20) apresentou leve

superioridade no desordenamento dos átomos de alumínio na rede cristalina tridimensional,

gerando desta forma uma distribuição mais heterogênea no entorno local dos átomos de Al.

Tal fato correlaciona-se com analises de TPD-NH3, onde a força ácida e a quantidade total de

centros ácidos foram inferiores à zeólita Beta padrão. Estes dados podem sugerir que os

centros ácidos situados na entrada dos microporos e na superfície externa, apresentem menor

força que os situados no interior do sistema microporoso zeolítico (BEVILACQUA, et al.

2006; KIM, et al. 1999), por estarem situados em um entorno menos ordenado.

5.1.1.3 Propriedades Texturais

Com o objetivo de avaliar as propriedades texturais das zeólitas sintetizadas fez-se uso

da técnica de adsorção e dessorção de argônio (Ar) a 87,3 K. As isotermas obtidas nesta

técnica permitem determinar propriedades de área e volume, tais como: superfície específica,

superfície externa aos microporos, superfície microporosa, volume total, volume microporoso

e distribuição do volume de poros em função do diâmetro dos poros.

A Figura 32 representa as isotermas de adsorção e dessorção de Argônio a 87,3 K em

escala linear e logarítmica das amostras de zeólitas Beta e h-Beta com razão Si/Al=20.

89

Figura 32- Isotermas de adsorção/dessorção de Argônio em escala linear (A) e logarítmica (B)

para zeólitas Beta e h-Beta.

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,00

50

100

150

200

250

300

350

1E-4 1E-3 0,01 0,1 1

BV

olu

me A

dso

rvid

o (

cm

3/g

)

Pressão Relativa (p/p0)

A

Pressão Relativa (p/p0)

Beta-20

h-Beta-20

A amostra sintetizada com silanização de núcleos zeolíticos (h-Beta-20) apresentou

maior adsorção que a zeólita Beta padrão em pressões relativas intermediárias indicando uma

porosidade adicional à microporosidade, porém não houve formação de mesoporos devido à

ausência de histerese. O incremento do volume de adsorção dos núcleos zeolíticos silanizados

pode-se atribuir ao bloqueio do crescimento cristalino, devido à presença do agente

silanizante durante o processo de cristalização, gerando uma porosidade secundária frente aos

microporos zeolíticos (AGUADO et al. 2008). Conforme demonstrado na Figura 32B, o

volume adsorvido a reduzida pressão relativa correspondente ao preenchimento da

monocamada em uma superfície microporosa foi semelhante para ambas as zeólitas. Para

quantificar a porosidade adicional aos microporos foi aplicado o modelo NL-DFT (Non

Localized Density Functional Theory) para obter o volume acumulado e a distribuição do

diâmetro de poro (dV/dlog(Dp)), representados na Figura 33.

Os valores de volume e área, seja dos microporos ou da porosidade adicional, obtidos

a partir das curvas de distribuição de poros e volume acumulado estão expressos na Tabela 4.

90

Figura 33- Distribuição do diâmetro de poro e volume de poro acumulado para as zeólitas Beta e h-Beta.

10 100 1000

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

dV

/dlo

g(D

p)

(cm

3/A

.g)

Diâmetro de Poro (A)

Beta-20

h-Beta-20V

olu

me

de P

oro

Acum

ula

do

(cm

3/g)

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

0,45

0,50

0,55

0,60

Tabela 4- Propriedades texturais obtidas por adsoração/dessorção de Argônio das zeólitas Beta e h-Beta.

Amostras SBET

a

(m2/g)

VMICa

(cm3/g)

VEXT-MICa

(cm3/g)

SMICa

(m2/g)

SEXT-MICb

(m2/g)

Beta-20 630 0,289 0,148 491 139

h-Beta-20 771 0,248 0,259 420 351

a – Obtidos pelo modelo NL-DFT em isotermas de Ar. b – SEXT-MIC = SBET – SMIC.

Na Figura 33, percebe-se a adsorção de volume nos microporos característicos à

estrutura da zeólita Beta (5-7 Å), onde tal volume microporoso (VMIC) foi superior na zeólita

Beta padrão. A pequena redução do volume microporoso (Tabela 4) para a h-Beta deve-se à

porosidade secundária gerada ao redor de 12 a 55 Å, classificada por supermicroporos-

mesoporos. Esta porosidade adicional gera uma superfície externa aos microporos (SEXT-MIC)

quase 3 vezes superior à zeólita padrão Beta. Esta transformação de parte da superfície interna

em externa causada pela introdução de agentes organosilanos na síntese produz um aumento

da superfície total para a adsorção de moléculas de argônio (GRACÍA et al. 2008). Portanto a

diminuição das restrições estéricas na zeólita h-Beta, que apresenta distribuição bimodal de

diâmetro de poro, explica o aumento significativo da superfície específica (SBET).

91

5.1.1.4 Morfologia

Para estudar a morfologia, distribuição e homogeneidade das partículas fez-se uso da

técnica de microscopia eletrônica de transmissão (MET). Através desta técnica foi possível

identificar e avaliar a porosidade do material, visto que são possíveis resoluções de até 3 Å,

como também determinação do tamanho das partículas ou aglomerado de partículas.A Figura

34 demonstra as micrografias para as zeólitas Beta e h-Beta com escalas de 1µm, 200 nm e 50

nm para ambas as amostras.

Figura 34- Micrografias de Transmissão Eletrônica para zeólitas Beta e h-Beta. Beta-20

h-Beta-20

92

Através das micrografias presentes na Figura 34, pode-se observar a morfologia

característica da zeólita Beta, ou seja, uma partícula arredondada de bordas retilíneas. Nas

micrografias a pequenas ampliações (escala de 1 µm), constata-se a homogeneidade do

tamanho das partículas e boa distribuição das mesmas. Para ambas as zeólitas foi possível

medir o comprimento das partículas a partir da média do conjunto de partículas observadas,

0,472 e 0,452 µm para zeólita Beta e h-Beta respectivamente. Desta forma a síntese

empregando o agente organosilano não influenciou no comprimento das partículas, no entanto

a superfície da partícula para a amostra h-Beta-20 apresentou maior fragmentação comparada

à superfície mais compacta da partícula da Beta-20. Este fato deve-se à interrupção da

cristalização dos núcleos zeolíticos gerando pequenos domínios cristalinos com distintas

orientações, diferentes da rede cristalina contínua da zeólita Beta (Figura 34). A superfície

fragmentada das partículas da h-Beta-20 se correlaciona com a porosidade adicional

apresentada pela adsorção e dessorção de Argônio, explicando assim a heterogeneidade da

distribuição do diâmetro de poro.

5.1.2 Materiais Híbridos BEA/MCM-41

5.1.2.1 Propriedades Cristalográficas e Estrutura

Com a finalidade de identificar a fase e estrutura cristalina, o grau de cristalinidade e o

ordenamento mesoporoso foram executados análises de difração de raios-X e espectroscopia

de infravermelho por transformada de Fourier.

Os difratogramas de raios-X a baixo e alto ângulo 2θ dos materiais híbridos

BEA/MCM-41 com diferentes razão Si/Al foram representados nas Figuras 35 e 36.

Na Figura 35, os difratogramas de raios-X estão dispostos em ordem crescente

referente ao tempo de pré-cristalização e razão Si/Al igual a 20, como também existe a

presença das amostras padrões Beta-20 e Al-MCM-41(20) sintetizadas com semelhante razão

Si/Al. Matsumoto et al. (1999), identificaram as reflexões (100), (110) e (200)

correspondentes aos ângulos θ = 1,26–1,34° (d = 3,51–3,30 nm); 2,19°(d = 2,01 nm) e 2,54°(d

= 1,74 nm), respectivamente. O difratograma de raios-X a baixo ângulo 2θ da amostra com 0

dias de pré-cristalização (HBM-020) demonstra a presença das reflexões (100), (110) e (200)

em ângulos 2θ = 2,33°; 4,05° e 4,66°, respectivamente. Considerando os resultados expressos

por MATSUMOTO et al. (1999) multiplicados por 2, pois estão na unidade θ, a amostra

93

HBM-020 apresenta reflexões próximas ao relatado. Tais reflexões correspondem à formação

de uma estrutura hexagonal de mesoporos para materiais do tipo Al-MCM-41, onde a amostra

HBM-020 obteve elevado ordenamento estrutural comparado ao padrão Al-MCM-41 (20) e

híbrido HBM-120, que apresentaram apenas o pico (100) em ângulo 2θ = 2,24° e 2,16°,

respectivamente. De acordo com Matsumoto et al. (1999), a incorporação do alumínio

provoca irregularidade na estrutura mesoporosa e diminuição do tamanho do poro, observado

através do deslocamento das reflexões a ângulo 2θ mais altos e maiores larguras a meia altura

das reflexões. Desta forma, as reflexões das amotras HBM-020, HBM-120 e Al-MCM-41(20)

demonstraram posicionamento próximo e picos alargados, corroborando com o relatado por

Matsumoto et al. (1999). A amostra com 3 dias de pré-cristalização (HBM-320) apresentou

baixo ordenamento mesoporoso comparado as demais amostras, porém se faz presente um

pico alargado de reflexão d100. Os difratogramas de raios-X a alto ângulo 2θ demonstram

sólidos amorfos para as amostras HBM-020 e HBM-120, exceto para a amostra HBM-320,

corroborando com os difratogramas de raios-X a baixo ângulo 2θ onde o aumento do tempo

de pré-cristalização influenciou na destruição do ordenamento mesoporoso e formação da

estrutura microporosa. O difratograma de raios-X da amostra HBM-320 apresenta

cristalinidade e estrutura comparável à zeólita microporosa Beta com razão Si/Al igual a 20.

Figura 35- Difratogramas de raios-X dos híbridos BEA/MCM-41 com razão Si/Al = 20 a baixo (A) e alto (B) ângulo 2θ.

5 10 15 20 25 30 35 40 45 501 2 3 4 52θ

Beta-20

HBM-320

HBM 120

HBM-020

A B

In

tensid

ad

e (

a.u

.)

Al-MCM-41 (20)

HBM-320

HBM-120

HBM-020

94

Figura 36- Difratogramas de raios-X dos híbridos BEA/MCM-41 com razão Si/Al = 30 a baixo (A) e alto (B) ângulo 2θ.

5 10 15 20 25 30 35 40 45 501 2 3 4 5

Inte

nsid

ade

(u.a

.)

Beta-30

HBM-330

HBM-130

HBM-030

A B

Al-MCM-41 (30)

HBM-330

HBM-130

HBM-030

Na Figura 36, os difratogramas de raios-X representam os materiais híbridos com

razão Si/Al igual a 30 e respectivas amostras padrões sintetizadas. A discussão anteriormente

apresentada para os híbridos com razão Si/Al=20, aplica-se para os mesmo com razão Si/Al

=30. Vale ressaltar que novamente o híbrido com 0 dias de pré-cristalização, neste caso o

HBM-030, obteve elevado ordenamento mesoporoso comparado à amostra Al-MCM-41(30)

devido à presença das reflexões (110) e (200). Porém a menor quantidade de alumínio

introduzida não acelerou a cristalização do material microporoso. O aumento do tempo de

pré-cristalização não foi tão efetivo quanto à série de híbridos com razão Si/Al =20,

demonstrando presença de estrutura mesoporosa com 3 dias de pré-cristalização (HBM-330).

Como também, para a amostra HBM-330 o difratograma de raios-X a alto ângulo 2θ

apresenta potencial formação das reflexões majoritárias da estrutura microporosa zeólita Beta,

ângulo 2θ = 7,22º e 22,42º.

Através dos espectros de infravermelho foi possível identificar sinais vibracionais na

estrutura do material: indicando a existência de cristalinidade referente a zeólita, correta

remoção dos agentes direcionadores de estrutura microporosa (TEA+), e surfactante (CTA+)

no caso de estrutura mesoporosa.

A Figura 37 representa os espectros de infravermelho dos materiais híbridos

BEA/MCM-41 com razão Si/Al = 20, em suas formas não calcinadas e calcinadas.

95

Figura 37- Espectros de infravermelho dos híbridos BEA/MCM-41 com razão Si/Al =20 na forma calcinada (CALC) e não calcinada (NC).

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 5004000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Ab

sorb

ância

Comprimento de Onda (cm-1)

HBM-020-NC

HBM-120-NC

HBM-320-NC

Comprimento de Onda (cm-1)

HBM-020-CALC

HBM-120-CALC

HBM-320-CALC

Na Figura 37, os espectros de infravermelho para os materiais tanto calcinados quanto

não calcinados demonstram bandas já mencionadas anteriormente. Porém para uma estrutura

mesoporosa do tipo Al-MCM-41 também se identificam bandas relacionadas com as ligações

T-O-T (450, 800 e 1000-1100 cm-1), assim como bandas 3300-3500 cm-1 que correspondem a

ligações por pontes de hidrogênio entre grupos OH pertencentes aos grupos silanóis e H2O

adsorvida, e a 960 cm-1 que geralmente atribui-se a grupos Si-OH nas paredes de silicatos e

aluminossilicatos mesoporosos (KLOETSTRA et al. 1997; LIU, et al. 2001). Além disto,

bandas em 1480 cm-1 e 2800-3000 cm-1 estão relacionadas com a presença de moléculas

orgânicas ocluidas nos poros destes materiais, assim estas bandas desaparecem por completo

quando o material foi submetido à calcinação, demonstrado na Figura 37, indicando completa

remoção do surfactante e agente direcionador de estrutura microporosa.

Dentre o grupo de materiais híbridos BEA/MCM-41 com razão Si/Al igual a 20, o

aumento do tempo de pré-cristalização facilitou a cristalização e formação zeolítica,

corroborando com análises de difração de raios-X. Pode-se observar também a ausência

completa das bandas de absorção 515 e 573 cm-1, pertinentes unicamente a zeólita BEA, nas

amostras HBM-020 e HBM-120. Tal fato indica a ausência de cristalinidade, corroborando

com as análises de drifração de raios-X, porém não descarta a possibilidade da presença de

pequenas subunidades zeolíticas nos materiais híbridos BEA/MCM-41. É importante salientar

que o material híbrido HBM-320 apresenta estrutura zeolítica, de acordo com análises de

DRX e FTIR, porém no espectro de infravermelho não calcinado demonstra presença de

bandas vibracionais da estrutura do surfactante, indicando possível presença de uma estrutura

96

mesoporosa. A mesoporosidade da amostra HBM-320 será melhor analisada em outras

técnicas de caracterizações.

A Figura 38 representa os espectros de infravermelho dos materiais híbridos

BEA/MCM-41 com razão Si/Al = 30, em suas formas não calcinadas e calcinadas. Devido a

semelhança dos espectros comparados com os híbridos razão Si/Al = 20, a identificação das

bandas vibracionais de absorbância compreendem os mesmos conceitos descritos acima.

Figura 38- Espectros de infravermelho dos híbridos BEA/MCM-41 com razão Si/Al =30 na forma calcinada (CALC) e não calcinada (NC).

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 5004000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Comprimento de Onda (cm-1)

HBM-030-CALC

HBM-130-CALC

HBM-330-CALC

Absorb

ância

Comprimento de Onda (cm-1)

HBM-030-NC

HBM-130-NC

HBM-330-NC

Vale ressaltar que na Figura 38, todas as amostras não apresentaram a fase cristalina

da zeólita Beta. Porém a possível cristalinidade da amostra HBM-330 demonstrada pelo

difratograma de raios-X, será melhor avaliada em outras técnicas que determinam a

microporosidade do material.

5.1.2.2 Composição Química e Propriedades Ácidas

A partir da determinação da composição química foi possível definir o percentual de

alumínio introduzido nos materiais, calculado através da razão silício/alumínio previsto

teoricamente pela proporção estequiométrica do gel de síntese. No presente trabalho a

composição química do alumínio foi determinada mediante espectrometria de emissão

atômica por plasma acoplado indutivamente (ICP-AES). E para avaliar o entorno dos átomos

de alumínio e definir como estão coordenados, diferenciando entre a quantidade de alumínio

incorporado na rede cristalina (coordenação tetraédrica) e alumínio extra-rede (coordenação

97

octaédrica) foram executadas análises de ressonância magnética nuclear de 27Al. Para avaliar

as propriedades ácidas dos materiais, tais como a força ácida e a quantidade de centros ácidos

ativos, fez-se uso da técnica de dessorção térmica programada de amônia (TPD – NH3).

As Figuras 39 e 40 demonstram as curvas de dessorção térmica programa de NH3 para

as amostras calcinadas de zeólitas Beta, Al-MCM-41 e materiais híbridos BEA/MCM-41,

todos com respectivas razões Si/Al iguais a 20 e 30. Os valores de força ácida e densidade

total de centros ácidos obtidos a mediante as curvas de TPD-NH3, assim como os resultados

das análises químicas obtidas por ICP-AES dos materiais híbridos BEA/MCM-41 e

respectivos materiais padrões sintetizados (zeólita Beta e Al-MCM-41) estão expressos na

Tabela 5.

Figura 39- Curvas de TPD-NH3 para as amostras calcinadas de zeólitas Beta.

0 10 20 30 40 50 60

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

0,14

0,16

0,18

0,20

Sin

al (u

.a.)

Tempo (min)

Beta-20

Beta-30

Tem

pera

ture

(°C)

150

200

250

300

350

400

450

500

550

600

Na Figura 39, os perfis das curvas de TPD-NH3 para as zeólitas Beta são

proporcionais à quantidade de alumínio incorporada no material, desta forma o valor de

acidez total da Beta-20 foi superior à Beta-30, porém a Beta-30 apresentou maior força ácida,

indicado pelo deslocamento do cume do pico principal de dessorção a temperaturas maiores,

provavelmente devido ao melhor posicionamento do alumínio na estrutura, visto que foi

inserida menor quantidade de alumínio no gel de síntese.

98

Figura 40- Curvas de TPD-NH3 para híbridos BEA/MCM-41 e Al-MCM-41 com razão Si/Al iguais a 20 (A) e 30 (B).

0 10 20 30 40 50 60

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

0,14

0,16

0,18

0,20S

inal (u

.a.)

Tempo (min)

Al-MCM-41(20)

HBM-020

HBM-120

HBM 320

A

0 10 20 30 40 50 60

Tempo (min)

Al-MCM-41(30)

HBM-030

HBM-130

HBM-330

Tem

pera

ture

(°C)

150

200

250

300

350

400

450

500

550

600

B

A Tabela 5 demonstra a quantidade de alumínio incorporada nos materiais

sintetizados, como também o cálculo da razão Si/Al. Os valores da razão Si/Al para todos os

materiais sintetizados foi inferior ao previsto pelo cálculo teórico da composição

estequiométrica do gel de síntese, fato este explicado anteriormente devido à fonte de silício

utilizado. Entretanto apesar da amostra padrão Al-MCM-41(20) apresentar elevada

concentração de Al, este fato não inviabilizou a comparação com os materiais híbridos do

mesmo grupo, pois a síntese de Al-MCM-41 com elevada concentração de Al é de difícil

controle. É de grande relevância observar que materiais híbridos obtiveram valores práticos

próximos aos planejados teoricamente, além do mais os materiais padrões sintetizados podem

ser bem representados a cada grupo.

Os valores de acidez total dos materiais híbridos com razão Si/Al igual a 20 foram

crescentes conforme aumenta o tempo de pré-cristalização, corroborando com as técnicas

discutidas anteriormente. Este fato deve-se à cristalização do material, visto que todos os

híbridos apresentaram conteúdo de Al semelhante, onde o processo de cristalização incorpora

maior quantidade de Al na rede do material, promovendo assim maior força ácida através de

centros ácidos de Brönsted. Vale ressaltar que o valor de acidez da amostra Al-MCM-41 (20)

foi comparável à amostra do híbrido com 1 dia de pré-cristalização devido a maior quantidade

de Al, porém a coordenação deste alumínio será melhor avaliada posteriormente. Como

também, a amostra HBM-320 apresentou valor de acidez total comparável com a zeólita Beta-

99

20, no entanto sua força ácida foi levemente superior, para melhor compreensão deste fato

faz-se uso da técnica de RMN de 27Al.

Tabela 5- Propriedades químicas e ácidas dos materiais híbridos BEA/MCM-41, zeólitas Betas e Al-MCM-41.

Amostras Al

(%massa)a

R.

Si/Ala

T.Máx.b

(ºC)

Acidezb

(meqNH3/g)

Al-MCM-41(20) 3,7610 11 276 0,236

HBM–020 2,5496 17 247 0,195

HBM–120 2,5921 17 256 0,230

HBM–320 2,7091 16 328 0,465

Beta–20 2,8212 15 312 0,478

Al-MCM-41 (30) 1,6362 27 251 0,196

HBM–030 1,7348 25 246 0,170

HBM–130 1,7037 26 258 0,172

HBM–330 1,7992 24 274 0,234

Beta–30 1,8287 24 323 0,469

a – Calculado através de análise de ICP-AES; b – Calculado através de análise de TPD-NH3.

De acordo com os perfis das curvas de TPD-NH3 para os híbridos com razão Si/Al

igual a 30 (Figura 40B) e os valores de acidez total e força ácida, pode-se comprovar que o

aumento do tempo de pré-cristalização não foi tão eficiente para melhoria das propriedades

ácidas do material, corroborando com as análises de cristalinidade destes materiais. Entretanto

a maior diferença nas propriedades ácidas foi do material híbrido com 3 dias de pré-

cristalização comparado com o de 2 dias. Assim como, apesar de manter o mesmo valor de

acidez comparando os materiais híbridos com 1 e 2 dias, a força ácida foi modificada,

provavelmente pela inserção do Al na rede.

A Figura 41 demonstra os espectros de RMN de 27Al para as amostras padrões de

zeólitas Beta sintetizadas.

100

Figura 41- Espectros de RMN de 27Al para zeólitas Beta variando a razão Si/Al nas formas não calcinadas (A) e calcinadas (B).

200 150 100 50 0 -50 -100200 150 100 50 0 -50 -100

24%

ppm

Beta-30

Beta-20

15%

B

ppm

8,62

8,52

A

Pode-se observar que todo o alumínio incorporado no gel de síntese está coordenado

de forma tetraédrica em ambas as amostras de zeólita Beta sem calcinar, como também o

valor para o ordenamento deste alumínio está de acordo com um sólido microporoso.

As Figuras 42 e 43 demonstram os espectros de RMN de 27Al para as amostras

calcinadas e não calcinadas de Al-MCM-41 e materiais híbridos BEA/MCM-41, todos com

respectivas razões Si/Al iguais a 20 e 30.

Na Figura 42, o espectro de RMN de 27Al para a amostra Al-MCM-41(20) não

calcinada, apresenta 16% de alumínio extra-rede gerando um percentual ainda maior após

calcinação. Como já comentado anteriormente, a incorporação de grande quantidade de

alumínio na síntese é de difícil controle, desta forma o material sólido calcinado apresentou

um percentual maior de alumínio extra-rede que o próprio alumínio incorporado na rede. Para

os materiais híbridos BEA/MCM-41 com razão Si/Al igual a 20 na forma não calcinada,

pode-se observar que não existe presença de alumínio extra-rede, como também através do

valor da largura a meia altura do pico identifica-se com distinção a característica microporosa

do HBM-320 frente aos híbridos com 0 e 1 dias de pré-cristalização, devido principalmente à

cristalinidade. Após a calcinação, os materiais híbridos demonstraram percentuais de Al extra-

rede cada vez menores em função do aumento do tempo de pré-cristalização, e o híbrido

HBM-020 com maior percentual ainda assim demonstrou inferior percentual ao Al-MCM-41

(20). É de grande relevância ressaltar que o híbrido HBM-320 apresentou percentual de Al

octaédrico bem inferior ao percentual da amostra padrão Beta-20, justificando provavelmente

a maior força ácida detectada por TPD-NH3. Porém, como ambas as amostras foram

101

submetidas ao mesmo processo de calcinação, apresentam similares conteúdos de alumínio e

diferenciam na distribuição do alumínio tetraédrico, provavelmente o método de síntese

empregado facilitou a incorporação do alumínio na rede do material.

Figura 42- Espectros de RMN de 27Al para híbridos BEA/MCM-41 e Al-MCM-41 razão Si/Al =20 nas formas não calcinadas (A) e calcinadas (B).

150 100 50 0 -50 -100200 150 100 50 0 -50 -100

B

15%

20%

41%

ppm

63%

ppm

HBM-320

HBM-120

HBM-020

Al-MCM-41(20)

11,48

16%

10,37

11,51

8,27

A

A amostra padrão de Al-MCM-41 (30) não calcinada (Figura 43A) apresentou

praticamente percentual de alumínio octaédrico semelhante à amostra Al-MCM-41 (20), no

entanto após calcinação houve menor percentual do Al extra-rede. Tal fato pode ser explicado

por ao inserir menor quantidade de alumínio na síntese, este se posiciona de forma mais

estável na rede do material (MATSUMOTO et al. 1999).

102

Figura 43- Espectros de RMN de 27Al para híbridos BEA/MCM-41 e Al-MCM-41 razão Si/Al =30 nas formas não calcinadas (A) e calcinadas (B).

150 100 50 0 -50 -100200 150 100 50 0 -50 -100

16%

28%

30%

ppm

HBM-330

HBM-130

HBM-030

Al-MCM-41(30)

32%

B

ppm

11,1

14%

9,96

4%

10,30

9%

10,51

A

Na Figura 43, atentando para os valores de largura a meia altura do pico para as

amostras dos híbridos não calcinados, observa-se certa semelhança nestes valores, indicando

assim certa ordem e distribuição homogênea do posicionamento do alumínio independente da

variação do tempo de pré-cristalização. Pois como já discutido anteriormente a variação do

tempo de pré-cristalização não foi tão efetiva para o conteúdo de alumínio incorporado. Após

a calcinação observam-se percentuais de Al extra-rede nas amostras HBM-030 e HBM-130

praticamente semelhantes ao material Al-MCM-41 (30), corroborando com as propriedades

ácidas analisadas por TPD-NH3. Para a amostra HBM-330 o valor de 16% de alumínio extra-

rede foi semelhante ao determinado para a zeólita Beta-30, porém este material híbrido

apresentou maior instabilidade em termos de cristalinidade e propriedades ácidas comparadas

á zeólita Beta. Portanto mesmo os materiais híbridos BEA/MCM-41 apresentando

difratogramas de raios-X próprios de aluminosilicatos amorfos e ausentes de cristalinidade,

estes apresentam maior homogeneidade no entorno dos alumínios presentes no material.

5.1.2.3 Propriedades Texturais

Com o objetivo de avaliar as propriedades texturais dos materiais sintetizados fez-se

uso de técnicas de adsorção e dessorção de nitrogênio (N2) a 77 K, e argônio (Ar) a 87,3 K.

As isotermas obtidas nestas técnicas permitem determinar propriedades de área e volume dos

materiais, e ao utilizar o tratamento adequado destas isotermas é possível calcular parâmetros,

103

tais como: superfície específica, superfície externa, superfície microporosa, volume total,

volume microporoso e distribuição do volume de poros em função do diâmetro dos poros.

A Figura 44 representa as isotermas de adsorção/dessorção de N2 e distribuição do

diâmetro de poro aplicado pelo método B.J.H. para os materiais zeólita Beta, Al-MCM-41 e

materiais híbridos BEA/MCM-41, todos com razão Si/Al iguais a 20.

Figura 44- Isotermas de adsorção/dessorção de N2 e distribuição do diâmetro de poro para amostras com razão Si/Al=20.

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

0

200

400

600

800

1000

1200

1 10 100

0

2

4

6

8

10

Volu

me A

dsorv

ido (

cm

3/g

)

Pressão Relativa (p/p0)

Beta-20

Al-MCM-41(20)

HBM-020

HBM-120

HBM-320

dV

/dlo

g(D

p)

(cm

3/g

.nm

)

Diâmetro de Poro (nm)

De acordo com a IUPAC, o perfil da isoterma para a zeólita Beta-20 é classificada

como tipo I característico para sólidos microporosos (com diâmetro inferior a 2 nm), onde a

maior parte do volume adsorvido encontra-se a baixas pressões relativas (p/p0 < 0,2)

respectivo ao preenchimento da monocamada. Como também o comportamento da isoterma

para o material mesoporoso Al-MCM-41 é classificado como isoterma do tipo IV,

correspondente a materiais com presença de mesoporos (com diâmetro entre 2 e 50 nm),

devido ao volume adsorvido entre pressões relativas intermediárias (0,2 < p/p0 < 0,8)

referente a condensação capilar. Além disso existe a presença de um ciclo de histerese,

relacionado com a evaporação do gás condensado na etapa de dessorção, onde de acordo com

a IUPAC é classificada como tipo H3 e está relacionado com o formato do poro, neste caso

em forma cilíndrica (GREGG e SING; 1982).

104

A respeito das isotermas dos materiais híbridos BEA/MCM-41 com razão Si/Al=20

(Figura 44), a amostra HBM-020 apresentou isoterma característica de material

mesoestruturado, onde observa-se o ponto de inflexão a valores de pressões relativas entre

0,25-0,4 referentes à condensação capilar nos mesoporos com diâmetro entre 2-4 nm.

Ademais o volume adsorvido na região de condensação capilar da amostra HBM-020 foi

superior à amostra padrão Al-MCM-41(20), evidenciando maior volume de mesoporos e

distribuição de poros mais uniforme, o qual está de acordo com o elevado ordenamento

mesoporoso presente no difratograma de raios-X. Para a amostra HBM-020, o salto do

volume adsorvido a pressões relativas elevadas (p/p0 > 0,9) corresponde a espaços

intersticiais devido ao aglomerado de partículas. Ao aumentar o tempo de pré-cristalização

para 1 dia, o híbrido HBM-120 apresentou volumes adsorvidos menores na faixa de

condensação capilar comparados tanto ao material HBM-020 quanto Al-MCM-41 (20), porém

ainda mantendo o perfil da isoterma para um material mesoestruturado, corroborando com o

difratograma de raios-X amorfo. O acentuado volume adsorvido a pressão relativa entre 0,75-

0,95 para o híbrido HBM-120 deve-se à presença de macroporos, frestas ou espaços

intersticiais presentes no material, gerando uma distribuição de poros entre 10 e 70 nm. Como

já discutido anteriormente, o aumento do tempo de pré-cristalização acelerou a cristalização

do material com razão Si/Al=20, assim o híbrido HBM-320 apresentou perfil de isoterma

semelhante à um sólido microporoso tal como a zeólita Beta, corroborando com as análises

estruturais de DRX e FTIR.

Conforme a distribuição de diâmetro de poro (Figura 44), foi possível constatar a faixa

do diâmetro de poro entre 2 a 4 nm respectivo à formação de micelas cilíndricas do

surfactante CTA+. Deve-se ressaltar a distribuição de poro uniforme das amostras HBM-020 e

Al-MCM-41 (20) entre 2 e 3 nm, já para a amostra HBM-120 observa-se uma distribuição

mais ampla com um deslocamento do pico para um diâmetro maior. Assim como, a amostra

HBM-120 apresentou uma distribuição de poro adicional no intervalo de 10 a 80 nm, onde tal

porosidade justificaria o menor ordenamento mesoporoso observado no difratograma de raios-

X a baixo ângulo 2θ.

A Figura 45 representa as isotermas de adsorção/dessorção de N2 e distribuição do

diâmetro de poro aplicado pelo método B.J.H. para os materiais zeólita Beta-20 e híbrido

HBM-320. Pois devido ao perfil das isotermas dos materiais mesoporosos, não foi possível

uma melhor visualização da isoterma e distribuição de poros destes materiais. Ressalta-se a

completa ausência de mesoporosidade da zeólita Beta-20, visto que este material é um sólido

105

unicamente microporoso. Além disto, observa-se a presença de uma pequena condensação

capilar entre 0,30 e 0,50 p/p0 na isoterma e uma distribuição de poro com pico entre 2 e 3 nm,

para o material híbrido HBM-320. O volume mesoporoso demonstrado na distribuição de

poros referentes aos mesoporos da HBM-320 (Figura 45) foi significativamente inferior

comparado às amostras Al-MCM-41(20), HBM-020 e HBM-120 (Figura 44). Tal fato

evidencia uma mesoporosidade adicional aos microporoso existentes, porém esta porosidade

será melhor avaliar na técnica de adsorção e dessorção de argônio a 87,3 K.

Figura 45- Distribuição do diâmetro de poro (A) e isotermas de adsorção/dessorção de N2 (B) para as amostras Beta-20 e HBM-320.

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,00

50

100

150

200

250

300

350

0,08

0,12

0,16

0,20

0,24

0,28

1 10 100

B

Vo

lum

e A

dso

rvid

o (

cm

3/g

)

Pressão Relativa (p/p0)

Beta-20

HBM-320

A

dV

/dlo

gD

(cm

³/g

-nm

)

Diâmetro de Poro (nm)

A Figura 46 apresenta as isotermas de adsorção/dessorção de N2 e distribuição do

diâmetro de poro aplicado pelo método B.J.H. para os materiais zeólita Beta, Al-MCM-41 e

híbridos BEA/MCM-41, todos com razão Si/Al iguais a 30. O comportamento das isotermas

para as amostras padrões Al-MCM-41 (30) e Beta-30 foram semelhantes às sintetizadas com

razão Si/Al igual a 20. O mesmo pode-se dizer da amostra HBM-030, o qual apresentou

comportamento semelhante à HBM-020 em comparação ao padrão Al-MCM-41 (30).

Conforme avaliação estrutural e cristalina para a influência do tempo de pré-cristalização no

grupo de materiais sintetizados com razão Si/Al igual a 30, os materiais com 1 e 3 dias de pré-

cristalização apresentaram comportamento semelhante para as propriedades texturais.

Contudo o material HBM-330 apresentou volume mesoporoso semelhante ao Al-MCM-41

106

(30) (visualizar Tabela 6), além de uma porosidade adicional entre 10 e 50 nm, justificando o

amplo pico no difratograma de raios-X a baixo ângulo.

Figura 46- Isotermas de adsorção/dessorção de N2 e distribuição do diâmetro de poro para amostras com razão Si/Al=30.

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

0

200

400

600

800

1000

1200

1 10 100

0

2

4

6

8

10

Volu

me A

dso

rvid

o (

cm

3/g

)

Pressão Relativa (p/p0)

Beta-30

Al-MCM-41(30)

HBM030

HBM130

HBM330

Diâmetro de Poro (nm)

dV

/dlo

g(D

p)

(cm

3/g

.nm

)

A Tabela 6 demonstra os valores texturais obtidos a partir das isotermas dos materiais

zeólita Beta, Al-MCM-41 e híbridos BEA/MCM-41 com razões Si/Al iguais a 20 e 30. A

partir das isotermas de N2 foi possível calcular os parâmetros dos materiais híbridos tais

como: a área específica (SBET); o volume total de poros (VT0,99); o volume de mesoporos

(VMES0,45) e o diâmetro de poro (Dp). De acordo com os valores obtidos, a área específica para

os materiais híbridos com 0 dias de pré-cristalização, independente da razão Si/Al, foram

superiores comparados com os padrões Al-MCM-41, devido ao maior volume adsorvido. Fato

este promovido pela maior formação de micelas cilíndricas ordenadas devido à presença do

agente direcionador de estrutura microporosa. Como também a medida que se aumenta o

tempo de pré-cristalização tanto a área específica quanto o volume correspondente aos

mesoporos decrescem, devido ao processo de cristalização, sendo mais expressivo no grupo

com razão Si/Al igual a 20. Ademais, não houve modificação significativa do diâmetro do

poro em função do tempo de pré-cristalização, visto que o surfactante para formação das

micelas foi o mesmo. Cabe ressaltar também que as amostras HBM-120, HBM-130 e HBM-

107

330 demonstraram uma ampla porosidade secundária aos mesoporos pertinentes à presença do

surfactante, o qual se pode atribuir a espaços intersticiais entre partículas, frestas ou cavidades

na superfície dos materiais.

Tabela 6- Propriedades texturais obtidas por adsorção/dessorção de N2 dos materiais híbridos BEA/MCM-41, zeólitas Betas e Al-MCM-41.

Amostras

Tempo

Pré-Cristal.

(dias)

SBET a

(m2/g)

VT0,99 b

(cm3/g)

VMes0,45 c

(cm3/g)

Dpd

(nm)

Al-MCM-41 (20) - 838 0,794 0,613 2,53

HBM-020 0 1102 1,320 0,821 2,50

HBM-120 1 732 1,840 0,570 2,79 + 40e

HBM-320 3 649 0,478 0,346 2,50

Beta-20 - 683 0,417 - -

Al-MCM-41 (30) - 871 0,783 0,667 2,72

HBM-030 0 1144 1,493 0,891 2,70

HBM-130 1 896 1,700 0,680 2,90 + 20f

HBM-330 3 842 1,560 0,636 2,80 + 30g

Beta-30 - 631 0,343 - -

a – SBET obtida por método B.E.T. b – VT

0,99 volume total adsorvido em p/p0 de 0,99. c – VMes

0,45 volume mesoporoso adsorvido em p/p0 de 0,45. d – Dp obtido mediante método B.J.H. na adsorção. e – Dp obtido entre uma faixa de 10 a 70 nm. f – Dp obtido entre uma faixa de 10 a 80 nm. g – Dp obtido entre uma faixa de 10 a 50 nm.

Para melhor compreensão da microporosidade existente nos materiais sintetizados,

foram executadas análises de adsorção e dessorção de argônio a 87,3 K. Portanto, foram

avaliados os materiais híbridos com razão Si/Al igual a 20, pois apresentaram maior

influência da cristalinidade, e a amostras do híbrido HBM-330 que através de análises de

DRX demonstrou possível presença de cristalinidade.

A Figura 47 representa as isotermas de adsorção e dessorção de Argônio a 87,3 K em

escala linear e logarítmica dos materiais híbridos BEA/MCM-41 com razão Si/Al=20. O

perfil das isotermas em escala linear (Figura 47A) apresenta semelhante comportamento às

isotermas de N2. Porém, pode-se observar com grande distinção a diferença entre o

comportamento das amostras nas isotermas em escala logarítmica de 1e-5 a 0,1 p/p0,

explicado anteriormente devido ao preenchimento da monocamada aos microporos, onde os

híbridos HBM-020 e HBM-120 apresentaram total ausência de superfície microporosa.

108

Figura 47- Isotermas de adsorção/dessorção de Argônio em escala linear (A) e logarítmica (B) para híbridos BEA/MCM-41.

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1E-4 1E-3 0,01 0,1

0

25

50

75

100

125

150

175

200

B

Volu

me

Adsorv

ido (

cm

3/g

)

Pressão Relativa (p/p0)

Beta-20

HBM-020

HBM-120

HBM-320

A

Pressão Relativa (p/p0)

A partir das isotermas de Argônio foi possível aplicar o modelo NL-DFT e obter o

volume acumulado e a distribuição do diâmetro de poro (dV/dlog(Dp)) para os materiais

híbridos, representados nas Figuras 48 e 49.

Figura 48- Volume de poro acumulado (A) e distribuição do diâmetro de poro (B) para os híbridos HBM-020 e HBM-120.

10 100 10000

2

4

6

8

10

0,00

0,25

0,50

0,75

1,00

1,25

1,50

1,75

2,00

10 100 1000Diâmetro de Poro (A)

Volu

me

de P

oro

Acum

ula

do

(cm

3/g

)dV

/dlo

g(D

p)

(cm

3/A

.g)

Diâmetro de Poro (A)

HBM-020

HBM-120

B

HBM-020

HBM-120

A

109

Figura 49- Volume de poro acumulado (A) e distribuição do diâmetro de poro (B) para os materiais HBM-320 e Beta-20.

10 100 10000,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

10 100 1000Diâmetro de Poro (A)

dV

/dlo

g(D

p)

(cm

3/A

.g)

Diâmetro de Poro (A)

Beta-20

HBM-320B

Vo

lum

e d

e P

oro

Acu

mula

do

(cm

3/g

)

Beta-20

HBM-320A

A Figura 50 demonstra para o híbrido HBM-330 a isoterma em escala logarítmica de

1e-5 a 0,1 p/p0 (Figura 50A), a aplicação do modelo NL-DFT obtendo o volume de poro

acumulado (Figura 50B) e a distribuição do diâmetro de poro (Figura 50C).

Figura 50- Isoterma em escala logarítmica (A), volume de poro acumulado (B) e distribuição do diâmetro de poro (C) para o híbrido HBM-330.

1E-5 1E-4 1E-3 0,01 0,1

0

25

50

75

100

125

150

175

200

Volu

me

Adsorv

ido

(cm

3/g

)

Pressão Relativa (p/p0)

HBM-330

Beta-20

A

10 100 1000

0

1

2

3

4

5

10 100 1000

0,0

0,3

0,6

0,9

1,2

1,5

1,8

C

Diâmetro de Poro (A)

HBM-330 dV

/dlo

g(D

p) (c

m3/A

.g)

Diâmetro de Poro (A)

HBM-330

Vo

lum

e d

e P

oro

Acu

mu

lad

o (c

m3/g

)

B

110

A Tabela 7 demonstra os parâmetros calculados a partir das isotermas de adsorção e

dessorção de Argônio a 87,3 K aplicando o modelo NL-DFT para os materiais híbridos e

zeólita Beta-20.

Tabela 7- Propriedades texturais obtidas por adsorção/dessorção de Argônio dos híbridos BEA/MCM-41 e zeólita Beta-20.

Amostras SBET

a

(m2/g)

VMICa

(cm3/g)

VEXT-MICa,b

(cm3/g)

SMICa

(m2/g)

SEXT-MICc

(m2/g)

Beta-20 630 0,289 0,148 491 139

HBM-320 668 0,257 0,270 440 228

HBM-120 637 - 0,397 - -

HBM-020 902 - 0,746 - -

HBM-330 642 - 0,412 - -

a – Obtidos pelo modelo NL-DFT em isotermas de Ar. b – Volume de mesoporos medido entre 30 e 50 Å. c – SEXT-MIC = SBET – SMIC.

De acordo com as Figuras 48 e 50, constatam-se total ausência de estrutura

microporosa nos híbridos HBM-020, HBM-120 e HBM-330. Entretanto observa-se

nitidamente pela distribuição de diâmetro de poros a homogeneidade do volume mesoporoso

de 30 a 50 Å (Tabela 7) das amostras HBM-020, HBM-120 e HBM-330, porém mais elevado

para o híbrido HBM-020. Faz-se presente uma porosidade adicional no intervalo de 150 a 400

Å para o híbrido HBM-120, e de 100 a 300 Å para o híbrido HBM-330, que já foram

discutidas anteriormente. Os valores calculados para a superfície específica (SBET) e volume

mesoporoso (VMes0,45) mediante as isotermas de N2 divergem comparados as isotermas de

Argônio, pois são técnicas com tamanhos de moléculas adsorvidas diferentes, todavia o

comportamento das amostras seguem os mesmos.

Na Figura 49 e Tabela 7 observam-se a grande semelhança do volume microporoso

entre as amostras Beta-20 e HBM-320, de acordo com a formação da estrutura cristalina da

zeólita, entretanto o híbrido HBM-320 desenvolveu uma porosidade adicional correspondente

à mesoporosidade pertinente ao surfactante CTA+. A superfície externa aos microporos (SEXT-

MIC) para o híbrido HBM-320 praticamente dobrou, então tal fato evidencia a presença de uma

porosidade bimodal onde a utilização do surfactante foi eficiente para a geração desta

porosidade adicional no material híbrido. O material híbrido HBM-320 demonstrou uma

porosidade bimodal que pode ser classificada como micro-mesoporosa, todavia é necessário

saber se tal porosidade está interconectada ou se o material encontra-se em fases segregadas.

111

Para auxiliar nesta caracterização fez-se uso da técnica de microscopia eletrônica de

transmissão, onde os resultados foram discutidos no item Morfologia.

Ressalta-se também que de acordo com a Figura 50, o híbrido HBM-330 não

demonstrou volume adsorvido a baixa pressão relativa (p/p0), indicando ausência de

microporosidade, o qual contradiz o resultado do difratograma de raios-X, porém

comprovando que o híbrido HBM-330 não apresentou cristalinidade.

5.1.2.4 Morfologia

Para estudar a morfologia, distribuição e homogeneidade das partículas fez-se uso da

técnica de microscopia eletrônica de transmissão (MET). Através desta técnica é possível

identificar e avaliar a porosidade do material, visto que são possíveis resoluções de até 3 Å,

como também determinação do tamanho das partículas ou aglomerado de partículas.

Como os materiais híbridos BEA/MCM-41 com razão Si/Al igual a 20 demonstraram

maior interesse nas propriedades físico-químicas analisadas em função do tempo de pré-

cristalização, as análises de MET foram executadas apenas neste grupo de materiais.

A Figura 51 demonstra as micrografias dos materiais híbridos HBM-020 e HBM-120

com escalas de 2 µm, 200 nm e 100 nm para ambas as amostras. Nas micrografias, observa-se

que a morfologia das partículas dos híbridos diferem em comparação às partículas compactas

do material mesoporoso Al-MCM-41 (MATSUMOTO et al. 1999), visto que os híbridos

apresentaram morfologia de partículas esponjosas. Porém com elevado ordenamento dos

mesoporos presentes (Figura 51 – micrografias com escala de 100 nm), sendo o híbrido

HBM-020 superior ao HBM-120, corroborando com as análises de adsorção e dessorção de

Argônio. Na micrografia com escala de 200 nm para o híbrido HBM-120, os círculos

vermelhos sinalados representam a presença de cavidades em meio a superfície do material,

onde possivelmente estas cavidades possam correlacionar-se com a porosidade adicional de

150 a 400 Å determinada por adsorção/dessorção de Argônio.

112

Figura 51- Micrografias de Transmissão Eletrônica para híbridos HBM-020 e HBM-120. HBM-020

HBM-120

A Figura 52 demonstra as micrografias do híbrido HBM-320 com escalas de 500 nm,

100 nm e 50 nm. Através delas, pode-se observar que a morfologia do híbrido HBM-320 foi

semelhante a uma partícula de zeólita Beta (Figura 34). No entanto, é de grande relevância

observar que houve uma segregação de fase, ou seja, a presença de uma porosidade bimodal

ocorreu de forma separada e não interconectada como se esperava. Pois, na Figura 52 nota-se

com nitidez a presença de uma partícula com morfologia distinta (destacado com um

retângulo vermelho) ao híbrido, como também a ampliações maiores a presença de uma fase

mesoporosa ordenada totalmente separada da fase microporosa cristalina. Então, a porosidade

113

externa aos microporos determinada por adsorção/dessorção de Argônio para o híbrido HBM-

320, nada mais foi que a presença de uma estrutura mesoporosa do tipo MCM-41 sintetizada

em paralelo no mesmo meio de síntese.

Figura 52- Micrografias de transmissão eletrônica para o híbrido HBM-320. HBM-320

5.1.2.5 Resumo da Caracterização dos Híbridos BEA/MCM-41

Este item tem como finalidade compreender melhor as correlações existentes entre as

principais propriedades físico-químicas dos materiais híbridos BEA/MCM-41.

A Figura 53 demonstra os valores de superfície específica (SBET) (adsorção e

dessorção de N2), acidez total (TPD de NH3) e conteúdo de alumínio tetraédrico (AlTetra)

(ICP-AES e RMN de 27Al) para os materiais híbridos BEA/MCM-41 e respectivos padrões

Beta e Al-MCM-41 sintetizados com razão Si/Al igual a 20. A determinação da quantidade de

alumínio tetraédrico (AlTetra) foi efetuada multiplicando-se o valor do conteúdo de alumínio

(%massa) da Tabela 4 pela porcentagem de Al tetraédrico determinada por RMN de 27Al.

114

Figura 53- Propriedades de área específica e ácidas das amostras sintetizadas com razão Si/Al=20.

Al-MCM-41(20) HBM-020 HBM-120 HBM-320 Beta-20

0

200

400

600

800

1000

1200

SBET (m2/g)

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

Acidez (m

eqNH3 /g)

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

AlT

ET

RA (%

massa

)

Na Figura 53 observa-se que todos os materiais híbridos obtiveram superioridade de

alumínio incorporado na rede (Alumínio tetraédrico) independente do tempo de pré-

cristalização, em comparação com o material mesoporoso Al-MCM-41 (20). A acidez

superior do material Al-MCM-41 (20) foi devido à elevada incorporação de alumínio na

síntese. A superfície específica pode ser correlacionada com o ordenamento mesoporoso dos

híbridos, onde se observa a diminuição deste a partir do aumento do tempo de pré-

cristalização. Como também foi possível observar o eficiente comportamento do processo de

cristalização, para a relação Si/Al igual a 20, elevando a acidez e incorporação do alumínio na

rede.

Porém o mais relevante dado a se observar foi a comparação entre o híbrido HBM-320

e Beta-20, onde ambos os materiais apresentaram superfície específica e acidez equivalentes,

entretanto diferem no conteúdo de alumínio incorporado na rede. Este fato é de grande

importância, pois pode fornecer ao material híbrido maior força ácida e possivelmente maior

acidez de Brönsted. O híbrido HBM-320 demonstrou nitidamente uma segregação de fases

micro e mesoporosa, comprovada por micrografias de MET, definindo assim o híbrido HBM-

320 como um material zeolítico com estrutura BEA e melhores propriedades ácidas, e em

paralelo um material mesoporoso tipo Al-MCM-41.

Vale salientar também que o material híbrido HBM-120 apresentou o conteúdo de

AlTetra semelhante à zeólita Beta, todavia sua acidez foi significativamente inferior devido à

composição amorfa de seu material estrutural, conforme observado por difração de raios-X e

espectroscopia no infravermelho.

115

A Figura 54 demonstra os valores de superfície específica (SBET) (adsorção e

dessorção de N2), acidez total (TPD de NH3) e conteúdo de alumínio tetraédrico (AlTetra)

(ICP-AES e RMN de 27Al) para os materiais híbridos BEA/MCM-41 e respectivos padrões

Beta e Al-MCM-41 sintetizados com razão Si/Al igual a 30.

Figura 54- Propriedades de área específica e ácidas das amostras sintetizadas com razão Si/Al=30.

Al-MCM-41(30) HBM-030 HBM-130 HBM-330 Beta-30

0

200

400

600

800

1000

1200

SBET (m2/g)

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

Acid

ez (m

eq

NH

3 /g)

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

AlT

ET

RA (%

ma

ssa)

Na Figura 54, nota-se com nitidez o elevado ordenamento mesoporoso, se

correlacionado com os valores de superfície específica, dos materiais híbridos comparado ao

material mesoporo Al-MCM-41 (30), independente do tempo de pré-cristalização. Mesmo

assim, percebe-se pequena melhoria do conteúdo de alumínio incorporado na rede e acidez

total, principalmente para o híbrido HBM-330. Isto se deve à baixa eficiência do processo de

cristalização frente à quantidade de alumínio empregada na síntese.

O material híbrido em comparação à zeólita Beta-30, no caso do HBM-330

demonstrou praticamente semelhante conteúdo de alumínio tetraédrico, porém devido às

propriedades amorfas de sua estrutura apresentou inferior acidez total, comportamento este

similar ao híbrido HBM-120 comparado à zeólita Beta-20.

Em resumo foi possível demonstrar que o método aplicado para a síntese dos materiais

híbridos a partir de núcleos zeolíticos da Beta e posterior recobrimento das micelas de

surfactante CTA+, foi eficaz para obter materiais de elevada acessibilidade e maior número de

centros ácidos através da incorporação de átomos de alumínio, demonstrado pelos híbridos

com 0 dias de pré-cristalização (HBM-020 e HBM-030). No entanto, as melhorias obtidas nos

116

materiais híbridos BEA/MCM-41 os tornam promissores para reações que necessitem

moderada acidez e elevado ordenamento mesoporoso, visto que tais materiais não apresentam

paredes cristalinas. Pois, de fato comprovou-se que o método aplicado não produz materiais

com elevado ordenamento mesoporoso e paredes cristalinas referentes à zeólita Beta. De

acordo com SERRANO et al. (2013), tais materiais híbridos demonstram propriedades muito

semelhantes aos materiais mesoporosos ordenados convencionais, embora eles apresentem

algumas propriedades zeolíticas, tais como: melhor acidez, aumento na estabilidade

hidrotérmica e melhor atividade catalítica em determinadas reações.

E como destaque, o híbrido BEA/MCM-41 com apenas 3 dias de pré-cristalização e

razão Si/Al igual a 20 conferiu propriedades ácidas e texturais de uma zeólita Beta

convencional. Porém a presença de átomos de alumínio bem ordenados na rede cristalina

ministrou maior força ácida, no qual tal material pode demonstrar com maior eficácia

atividade catalítica para reações que necessitem resistência térmica e elevada força de seus

centros ácidos.

5.2 REAÇÃO CATALÍTICA

De acordo com a caracterização dos materiais híbridos BEA/MCM-41 pode-se

comprovar a maior influência da cristalização em função do tempo de pré-cristalização que o

grupo com razão Si/Al igual a 20 obteve. Desta forma estes materiais foram escolhidos para

os testes catalíticos, juntamente com a amostra de zeólita h-Beta-20 (zeólita Beta

hierarquizada). A cristalinidade do material influi diretamente na estabilidade estrutural, visto

que quanto mais cristalino maior a resistência hidrotérmica do material. Como também, os

centros ácidos localizados em entornos mais bem ordenados apresentam maior força ácida. E

a acessibilidade do material conduz a uma maior funcionalidade em reações que envolvam

moléculas de grande volume, visto que quanto maior a superfície externa menores serão as

limitações estéricas e difusionais de grandes substratos na estrutura do material. Portanto esta

seção visa determinar a atividade catalítica dos materiais, onde todas as propriedades destes

serão avaliadas em conjunto.

117

5.2.1 Craqueamento de Polietileno de Alta Densidade (PEAD)

Os catalisadores previamente caracterizados foram testados em reação de

craqueamento de polietileno de alta densidade (PEAD), uma reação que é sensível tanto a

temperatura como a força ácida dos catalisadores. Tal reação foi selecionada devido às

espécies macromoleculares poliméricas reagirem principalmente na superfície externa dos

catalisadores, pois as severas limitações difusionais dificultam seu acesso aos microporos

zeolíticos. Quando esta reação se executa a temperaturas inferiores a 400 ºC, as atividades

catalíticas da sílica-alumina amorfa, e materiais mesoporosos do tipo Al-MCM-41 e Al-SBA-

15 são muito inferiores, se comparadas com zeólitas, devido à baixa acidez dos materiais

(AGUADO et al. 1997). Como o tipo do reator empregado na reação de craqueamento

catalítico influi consideravelmente, aplicando instalação experimental similar ao empregado

nos experimentos aqui presentes, Serrano et al. (2003) demonstraram conversão catalítica a

400 ºC semelhante ao craqueameto térmico utilizando o copolímero PEBD e EVA (Etileno-

vinil acetato) e os catalisadores Al-MCM-41 e Al-SBA-15. Como também, GARCIA et al.

(2005) obtiveram conversão nula para o craqueamento catalítico de PEAD a 380 ºC para o Al-

MCM-41, na mesma instalação experimental. Além disto, a reação abaixo da temperatura de

400 ºC praticamente não existe degradação do polímero (PEAD) mediante fenômenos de

craqueamento térmico.

As principais condições da reação de craqueamento de PEAD foram: temperatura a

380 ºC e a relação polímero (g)/catalisador (g) igual a 100. A Tabela 8 demonstra os valores

de conversão aos produtos formados (gases e líquidos), seletividade por número de carbono e

atividade catalítica por centro ácido (massa de polímero convertido, dividido entre a massa de

alumínio presente no catalisador e o tempo de reação) aplicados aos catalisadores.

118

Tabela 8- Valores de conversão, seletividade e atividade catalítica em reação de craqueamento de PEAD (T=380 ºC; Pol/Cat=100).

Polímero Catalisador Conversão

(%)

Seletividade (%) Atividade

Catalítica (s-1) C2-C5 C6-C12 >C13

PEAD

Al-MCM-41 (20) 0 - - - -

HBM-020 0 - - - -

HBM-120 0 - - - -

HBM-320 70,33* 33,92 59,93 6,14 0,269

Beta-20 57,33* 30,19 66,52 3,29 0,221

h-Beta-20 100* 31,53 68,15 0,32 0,342

* Baseado no cálculo do balanço mássico total para gases e líquidos.

Os resultados expressos na Tabela 8 demonstram que os materiais com características

estruturais de ordenamento mesoporoso obtiveram valores de conversões nulos. Vale-se

ressaltar que as amostras HBM-020 e HBM-120 apresentaram total ausência de cristalinidade,

e juntamente com o elevado ordenamento mesoporoso, estes catalisadores não apresentaram

atividade catalítica perante a degradação de PEAD a 380 ºC. Comportamento semelhante ao

demonstrado na literatura para materiais com características similares (GARCIA et al. 2005).

Na Tabela 8, pode-se observar que os materiais com pertinente cristalinidade,

densidade e força ácida obtiveram conversões de 57 a 100% na degradação do PEAD. Os

materiais HBM-320 e Beta-20 obtiveram diferença na atividade catalítica que refletiu no valor

de aproximadamente 13 % de conversão superior do HBM-320 frente à Beta-20. Conforme a

literatura, Serrano et al. (2000) obtiveram valores de conversão de 70 % em reação de

craqueamento a 400 ºC para uma mistura de polietileno de alta e baixa densidade aplicando

uma zeólita Beta com razão Si/Al igual a 39. Portanto os valores dos materiais HBM-320 e

Beta-20 foram equivalentes, levando-se em conta as influências da temperatura e

propriedades ácidas. Além disto, a amostra da zeólita h-Beta-20 demonstrou valor de

conversão em ordem superior comparada com as demais amostras. Para melhor analisar e

discutir tais resultados fez-se necessário correlacionar com as principais propriedades físico-

químicas destes materiais, como representado na Figura 55.

A Figura 55 demonstra os valores de superfície específica externa aos microporos

(SExt-Micro) (adsorção e dessorção de Argônio), acidez total (TPD de NH3) e conteúdo de

alumínio tetraédrico (AlTetra) (ICP-AES e RMN de 27Al) para os materiais zeolíticos.

119

Figura 55- Propriedades físico-químicas das amostras Beta-20, HBM-320 e h-Beta-20.

HBM-320 Beta-20 h-Beta-20

0

50

100

150

200

250

300

350

400

SE

xt-

Mic

ro (

m2/g

)

0,40

0,42

0,44

0,46

0,48

0,50

Acid

ez (m

eq

NH

3 /g)

2,0

2,1

2,2

2,3

2,4

2,5 A

lTE

TR

A (% m

assa

)

Comparando o híbrido HBM-320 com a zeólita Beta-20, o valor da área específica

externa aos microporos (Figura 55) não influenciou como fator determinante na atividade

catalítica, visto que o híbrido HBM-320 demonstrou segregação de fases microporosa e

mesoporosa. Além do mais, a fase mesoporosa presente no híbrido HBM-320 não demonstra

atividade catalítica perante a degradação de PEAD a 380 ºC, previsto pelo comportamento

dos híbridos HBM-020 e HBM-120. Como também, analisando a estrutura microporosa de

ambos os materiais, HBM-320 e Beta-20, os valores de volume microporoso (0,26 e 0,29

cm3/g) e área microporosa (440 e 491 m2/g), respectivamente, foram praticamente

semelhantes. Desta forma, atribui-se que o superior valor de conversão para o híbrido HBM-

320 comparado à Beta-20, foi devido às propriedades ácidas do material. Onde, conforme a

Figura 55, apesar do híbrido HBM-320 demonstrar inferior acidez total, pode-se afirmar que

os centros ácidos ativos estão melhor ordenados visto pela maior quantidade de alumínios

coordenados tetraédricamente. Tal afirmação corrobora com a força ácida destes centros

ativos, pois o híbrido HBM-320 apresentou maior valor (328 ºC) comparado com a zeólita

Beta-20 (312 ºC), possivelmente por uma maior quantidade de centros ácidos de Brönsted

presentes neste material. Contudo o híbrido HBM-320 apresentou atividade catalítica à

conversão de PEAD semelhante a uma zeólita Beta.

Em seguimento, a análise do valor de conversão da amostra h-Beta-20 comparada com

as demais amostras apresentou grande magnitude de atividade catalítica. Visto que, conforme

Figura 55 a h-Beta-20 apresentou menor valor de acidez total e conteúdo de alumínio

tetraédrico (AlTetra) semelhante à zeólita Beta-20, pode-se afirmar que a propriedade ácida

120

deste material não foi o fator diferencial da elevada conversão. Assim como, as dimensões

microporosas desta zeólita h-Beta-20 foram praticamente similares ao material híbrido HBM-

320, por exemplo, volume (0,25 e 0,26 cm3/g) e área (420 e 440 m2/g) de microporos para h-

Beta-20 e HBM-320, respectivamente. Desta forma, o fator diferencial para a elevada

conversão se deve à maior superfície externa aos microporos presentes neste material.

Corroborando com a literatura para o craqueamento de polipropileno sobre zeólitas ZSM-5 e

Beta hierarquizadas (SERRANO et al. 2006).

A Tabela 8 demonstra a seletividade de hidrocarbonetos por faixas, classificadas como

gases leves (C2-C5), gasolinas (C6-C12) e compostos pesados (>C13), e a Figura 56 apresenta a

distribuição percentual mássica por número de hidrocarbonetos na reação de craqueamento de

PEAD.

Figura 56- Distribuição por número de átomos de carbono dos produtos de reação obtidos do craqueamento catalítico de PEAD.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Porcentagem

(% m

assa)

Número de Átomos de Carbono

Beta-20 HBM-320 h-Beta-20

Ao analisar a distribuição por número de átomos de carbono (Figura 56), todas as

amostras demonstraram uma faixa de hidrocarbonetos de C2 a C15, podendo-se evidenciar que

a amostra h-Beta-20 demonstrou praticamente percentual nulo de produção de compostos

pesados (>C13 – Tabela 8), de acordo com o elevado valor conversão demonstrado, por

possuir maior acessibilidade aos centros ácidos. Para interpretar melhor a seletividade por tipo

de hidrocarbonto formado, a Figura 57 demonstra a seletividade classificada por faixas.

121

Figura 57- Composição dos produtos obtidos por tipo de hidrocarbonetos para as amostras Beta-20 (A), HBM-320 (B) e h-Beta-20 (C).

Como também, a amostra h-Beta-20 demonstrou o menor percentual de compostos

aromáticos (Figura 57), devido à elevada acessibilidade aos centros ácidos e diminuição do

impedimento estérico às moléculas volumosas. Através da Figura 57, pode-se perceber que a

formação de compostos naftênicos foi praticamente semelhante entre todas as amostras,

independente das propriedades texturais ou ácidas dos catalisadores, e devido à estrutura e

estabilidade destes compostos estão situados na faixa da gasolina. Na Figura 57, a produção

de parafinas somente na faixa de gases leves para a amostra Beta-20, diferente das demais

amostras, provavelmente deve-se à reação de isomerização de parafinas leves que ocorre

sobre centros ácidos de Lewis. A amostra h-Beta-20 demonstrou maior percentual de olefinas

produzidas comparadas às demais amostra, porém o maior percentual localizado na faixa da

gasolina desfavorece a qualidade da mesma, visto que necessita-se maior percentual de

isoparafinas e parafinas para uma gasolina de qualidade. Portanto a h-Beta-20 faz-se

122

necessário elevar a acidez do material para maior formação de olefinas na faixa de gases

leves.

Conforme a Figura 56, a amostra HBM-320 produziu o maior percentual de

compostos C4, e em conformidade com o demonstrado na Figura 57, tais produtos foram

olefinas na faixa de gases leves. Para formação destes hidrocarbonetos leves é necessário uma

forte acidez indicada pela presença de sítios ácidos de Brönsted, provavelmente devido ao

maior percentual de alumínio tetraédrico (Figura 55). Onde tal mecanismo inicia com a

protonação de uma ligação C-C pelo centro ácido da zeólita e posterior rompimento

heterolítico desta ligação, formando olefinas ou parafinas em estado gasoso (CORMA, 1995),

conforme esquema na Figura 58.

Figura 58- Esquema do craqueamento de hidrocarbonetos por um centro ácido zeolítico.

Fonte: Adaptado de CORMA (1995) e AGUADO et al. (2006)

De acordo com Bevilacqua et al. (2006), os centros ácidos situados na superfície

externa dos cristais da zeólita ZSM-5 poderiam ter uma menor força ácida que os situados nos

microporos intracristalinos. Portanto, a elevada conversão da amostra h-Beta-20 conduz a

maior produção de compostos na faixa da gasolina, enquanto às demais amostras Beta-20 e

HBM-320 conduziram a formação de compostos leves pricipalmente olefinas, devido à

elevada acidez. Comportamento semelhante relatado na literatura (AGUADO et al. 2008),

onde a seletividade para reação de craqueamento de PEBD de hidrocarbonetos C2-C5 da

zeólita Beta convencional foi praticamente o dobro frente às zeólitas Beta hierarquizadas

sintetizadas com diferentes agentes silanizantes.

123

6 CONCLUSÕES

No presente trabalho de pesquisa buscaram-se avaliar a síntese dos materiais híbridos

micro-mesoporosos do tipo BEA/MCM-41, mediante variação de incorporação de alumínio e

tempo de cristalização, como também a síntese da zeólita Beta hierarquizada, e determinar as

propriedades físico-químicas destes materiais. E para definir o potencial catalítico destes

materiais aplicou-se uma reação de craqueamento de polietileno de alta densidade, obtendo as

seguintes conclusões.

1. Síntese e caracterização de materiais zeolíticos de elevada acessibilidade

O método de síntese de zeólitas com cristalização de núcleos protozeolíticos

silanizados foi eficaz para a quantidade de alumínio inserido, e produziu uma zeólita de

porosidade hierarquizada, visto que a distribuição bimodal de poros apresentou dupla

funcionalidade, proporcionando elevada área e volume externos aos microporos. Entretanto

tal estrutura porosa conduziu a uma diminuição da densidade e força dos centros ácidos.

O método de síntese aplicado para o desenvolvimento dos materiais híbridos

BEA/MCM-41 foi eficaz para híbridos com 0 dias de pré-cristalização. Pois, tais materiais

demonstraram ausência de cristalinidade e ordenamento mesoporoso superior ao material

mesoporoso Al-MCM-41 de referência, em termos de volume e área mesoporosa e melhor

posicionamento dos átomos de alumínio na estrutura, devido principalmente à presença de

núcleos protozeolíticos no meio reacional durante a síntese. Tais materiais híbridos

demonstraram propriedades catalíticas promissoras para aplicação em reações que não exijam

condições muito severas de temperaturas, visto que não apresentaram elevada estabilidade

hidrotérmica devido à falta de cristalinidade.

A avaliação da cristalização da fase microporosa na síntese dos materiais híbridos foi

mais eficiente ao empregar-se uma razão Silício/Alumínio igual a 20, visto que apenas o

material híbrido BEA/MCM-41 com 3 dias de pré-cristalização apresentou cristalinidade

significativa. Onde, apesar deste material híbrido apresentar segregação de fases microporosa

e mesoporosa, demonstrando características marcantes de uma zeólita Beta, suas propriedades

ácidas foram mais relevantes frente à zeólita Beta convencional, devido a um melhor

posicionamento dos átomos de alumínio na rede cristalina. E o tempo de tratamento

124

hidrotérmico foi apenas de 5 dias, frente aos 7 dias de tratamento hidrotérmico da síntese de

uma zeólita Beta convencional.

Comprovou-se que o método de síntese com núcleos protozeolíticos inseridos ao redor

de micelas de surfactante, para o caso da zeólita Beta e surfactante brometo de

cetiltrimetilamônio, não desenvolve materiais com estrutura mesoporosa ordenada e paredes

cristalinas. Pois, por tal método a presença de cristalinidade no material conduziu à

segregação de fases.

2. Atividade catalítica em reação de craqueamento de polietileno de alta densidade

O material híbrido BEA/MCM-41 com 3 dias de pré-cristalização apresentou

conversão (70,33%) superior em 13% comparado com a zeólita Beta convencional (57,33%) e

praticamente semelhante seletividade de produtos. Entretanto tal material apresentou

propriedades pertinentes à zeólita Beta e segregação de fases, apenas com melhor

homogeneidade dos átomos de alumínio na rede cristalina.

A estrutura da zeólita Beta de porosidade hierarquizada favorece a acessibilidade das

moléculas volumosas do PEAD aos centros ativos, proporcionando maior conversão frente a

uma zeólita Beta convencional, devido à elevada área externa. De acordo com a seletividade

de produtos a zeólita Beta hierarquizada produziu maior quantidade de compostos na faixa da

gasolina, principalmente olefinas que possuem grande interesse na indústria petroquímica.

Enquanto a zeólita Beta convencional produz maior quantidade de hidrocarbonetos leves.

A zeólita Beta hierarquizada torna-se um catalisador de grande interesse e promissor

para a reação de craqueamento catalítico de polímeros, visto que demonstra elevado valor de

conversão necessitando apenas aprimorar suas propriedades ácidas.

125

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Aprimorar a síntese da zeólita Beta Hierarquizada para gerar melhores propriedades

ácidas, através da inserção de metais durante a síntese ou em procedimentos pós-síntese.

Avaliar o procedimento de calcinação para as zeólitas em geral aumentando o tempo

de calcinação através de rampas de aquecimento, para tentar diminuir o alumínio extraído da

rede cristalina.

Investigar um tempo maior de pré-cristalização no método de síntese dos materiais

híbridos BEA/MCM-41 com razão Silício/Alumínio igual a 30 para obter cristalinidade e

avaliar se existe a segregação de fases.

Pesquisar a atividade catalítica dos materiais híbridos BEA/MCM-41 com 0 dia de

pré-cristalização em reações de acilação Friedel-Crafts em compostos aromáticos com

aplicação nas áreas da industria farmacêutica e química fina.

126

REFERÊNCIAS

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ABIPLAST - Associação Brasileira da Indústria do Plástico: Operação evidenciará a importância dos plásticos e de sua reciclagem. 26 de Agosto de 2013b. Disponível em: <http://www.abiplast.org.br/noticias/operacao-evidenciara-a-importancia-dos-plasticos-e-de-sua-reciclagem/20130826110146_g_405>. Acesso em: 12 out. 2013.

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