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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC : CNPq,
CNPq/AF, UFPA, UFPA/AF, PIBIC/INTERIOR, PARD, PIAD, PIBIT, PADRC E FAPESPA
RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO Período : Agosto/2014 a Agosto/2015
( ) PARCIAL
(X) FINAL IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO
Título do Projeto de Pesquisa (ao qual está vinculado o Plano de Trabalho ): PROJETO DE
COOPERAÇÃO INTERINSTITUCIONAL EM BIOTECNOLOGIA: DESENVOLVIMENTO DE
NANOCARREADORES DE FÁRMACOS
Nome do Orientador: CLAUDIO NAHUM ALVES Titulação do Orientador: DOUTORADO Faculdade: FACULDADE DE QUÍMICA Instituto/Núcleo: INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS Laboratório: LABORATÓRIO DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE FÁRMACOS Título do Plano de Trabalho: SÍNTESE DE HIDRÓXIDO DUPLO LAMELAR E
INTERCALAÇÃO DE FÁRMACO
Nome do Bolsista: THAIS CRISTINE DE SOUSA SANTOS Tipo de Bolsa : PIBIC/ CNPq
2
THAIS CRISTINE DE SOUSA SANTOS
SÍNTESE DE HIDRÓXIDO DUPLO LAMELAR E INTERCALAÇÃO DE FÁRMACO
Relatório técnico-científico apresentado como
requisito parcial necessário para desenvolvimento da
bolsa PIBIC - CNPq, na Faculdade de Química, na
Universidade Federal do Pará.
Orientador (a): Prof. Dr. Claudio Nahum Alves.
Belém
2015
3
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 4
2. JUSTIFICATIVA ........................................................................................ 5
3. OBJETIVOS ............................................................................................... 6
4. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................ 7
4.1. MATERIAIS E REAGENTES .................................................................... 7
4.2. SÍNTESE DO HIDRÓXIDO DUPLO LAMELAR ......................................... 7
4.2.1. MÉTODO DA COPRECIPITAÇÃO À PH CONSTANTE............................ 7
4.3 SÍNTESE HDL-FÁRMACO......................................................................... 10
4.4 CARACTERIZAÇÃO.................................................................................. 11
4.4.1 DIFRAÇÃO DE RAIOS-X (DRX)................................................................ 12
4.4.2 ESPECTROFOTOMETRIA UV-VIS........................................................... 13
4.4.3 ESPECTROSCOPIA INFRAVERMELHO.................................................. 13
4.4.4 MICROSCOPIA ELETRÔNICA POR TRANSMISSÃO E POR
VARREDURA....................................................................................................... 14
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................... 14
6. CONCLUSÃO ........................................................................................... 15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................... 16
4
1. INTRODUÇÃO
Alguns hidróxidos duplos lamelares (HDLs) são parte ou antecessores de uma família
mais geral de compostos, designados como estruturas lamelares pilarizadas, ou seja, divididas
em pequenos segmentos (pilares). As PLS (do inglês “pillared layered structures”) apresentam
nanoestruturas constituídas pela ligação química de moléculas ou coloides em um “hospedeiro”
lamelar. Estes materiais exibem uma notável gama de propriedades estruturais, químicas,
eletrônicas, iônicas, ópticas e magnéticas (CREPALDI et al, 1997). Os HDLs são conhecidos
como materiais híbridos, formados pelo empilhamento de camadas de hidróxidos mistos de
cátions bivalentes e trivalentes contendo ânions hidratados entre as camadas, que podem ser
inorgânicos ou orgânicos (REIS, 2004). Os HDLs são chamados também de argilas aniônicas
(VACCARI, 1998).
Os hidróxidos duplos lamelares, apesar de não serem abundantes na natureza, podem
ser sintetizados no laboratório a um custo relativamente baixo. A síntese de hidróxidos duplos
lamelares teve seu início em 1930 com Feitknecht, quando ele realizou a reação de soluções
diluídas de sais metálicos com base (REICHLE, 1986). Após a Segunda Guerra Mundial um
número considerável de pesquisadores estudaram aspectos estruturais, de síntese e
propriedades desses compostos; entre estes pesquisadores podem ser destacados Brindley,
Taylor, Reichle, Allmann, dentre outros.
Os HDLs podem ser sintetizados por diferentes métodos e com composições químicas
variadas (variando cátions e suas proporções, e/ou substituição do ânion intercalado), que
influenciam diretamente em suas características e propriedades de acordo com a finalidade
desejada (VIEIRA, 2009). Os estudos sobre tal material nos últimos 20 anos se intensificaram
com base no grande potencial e diversificação da aplicabilidade, entre os ramos mais
explorados estão: uso como adsorventes (MANJU et al., 1999; LAZARIDIZ et al., 2003),
trocadores iônicos (MANJU et al.,1999), estabilizadores poliméricos, catalisadores (KAGUNYA
et al., 1996), desenvolvimento de compósitos para a obtenção de matrizes para a liberação
controlada de medicamentos e fármacos (VATIER et al., 1994; SEIDA et al., 2002; TRONTO et
al., 2001), dentre outras.
O sinergismo de materiais híbridos nano-estruturados permite a aplicação de novos
materiais com características únicas, muitas vezes não encontradas nos precursores isolados.
Estes materiais nanoestruturados combinados apresentam várias e notáveis propriedades,
dentre elas, a capacidade de intercalação/desintercalação de espécies aniônicas, um exemplo
específico, a intercação/liberação de fármacos.
5
O presente trabalho terá como foco a aplicação do hidróxido duplo lamelar como
carreador do fármaco ácido acetilsalicílico para liberação controlada. Os sistemas de liberação
controlada apresentam uma série de vantagens em relação aos sistemas de liberação
tradicional, como permitir o uso de droga em menores concentrações plasmáticas, maior
eficiência e a minimização de efeitos colaterais. O desenvolvimento desses sistemas utiliza um
“impedimento” físico ou químico, que controla a velocidade de liberação e assegura a dose
requerida. Desta forma, os HDLs são de grande interesse para essa área farmacêutica devido
às suas propriedades de biocompatibilidade e biodegradabilidade (RIBEIRO, 2013).
O ácido acetilsalicílico é um fármaco do grupo dos anti-inflamatórios não esteroides,
utilizado como anti-inflamatório, antipirético, analgésico e também como antiplaquetário. É, em
estado puro, um pó cristalino branco ou cristais incolores. É pouco solúvel na água, facilmente
solúvel no álcool, e solúvel no éter. Um dos medicamentos mais famosos à base de ácido
acetilsalicílico é a Aspirina (MORENO, 2013).
O trabalho organiza-se em primeiro plano no detalhamento da metodologia utilizada nos
ensaios, bem como as fórmulas e materiais utilizados. Em segundo plano apresenta os
resultados obtidos para cada síntese, ou seja, o rendimento do procedimento e a
caracterização química dos compostos sintetizados.
2. JUSTIFICATIVA
A intensidade do efeito farmacológico é, em princípio, diretamente proporcional à
concentração de fármaco no local de ação desejado. A distribuição do fármaco, a substância
ativa, pelo organismo está baseada em suas propriedades físico-químicas, que não são
necessariamente compatíveis com a área afetada. Dessa forma, grandes quantidades de
fármaco são administradas para a obtenção do efeito farmacológico desejado, o que acarreta o
aparecimento de toxidade decorrente da ação do fármaco em outros locais – efeito colateral.
Para minimizar esse problema, vêm sendo pesquisado intensamente o desenvolvimento
de sistemas de liberação controlada de fármacos (Controlled Drug Delivery Systems) com o
objetivo de controlar a velocidade de liberação de fármacos no organismo e podendo contribuir
no direcionamento do fármaco para o local afetado. Esses sistemas penetram em barreiras
biológicas e atingem o alvo farmacológico (local desejado), evitando assim, seu acúmulo em
tecidos não específicos (efeito colateral). Esses sistemas podem apresentar várias vantagens
sobre outros sistemas convencionais. O direcionamento do fármaco ao seu local de ação pode
6
não só melhorar sua eficácia terapêutica como também contribuir para a redução da dose
administrada, com consequente redução de seus efeitos colaterais (CREPALDI et al, 1997).
3. OBJETIVOS:
Objetivos alcançados:
Foram sintetizados HDLs nanoestruturados do tipo hidrotalcita em diferentes proporções
de cátions Mg+2/Al+3 nas lamelas.
As amostras de HDLs foram sintetizadas nos valores da fração Mg/Al de 1.8, 2.0, 2.5 e
3.0 sob uma taxa de gotejamento do agente precipitante de 1ml/min.
A intercalação do fármaco ácido acetilsalicílico no HDL nas razões 1.8, 2, 2.2, 3;
Objetivos não alcançados:
Determinar a quantidade do fármaco liberada in vitro com auxílio da técnica de
espectrofotometria UV-Vis.
Analisar os dados das medidas de difração de raios-x, de espectroscopia infravermelho,
de microscopia eletrônica por transmissão e por varredura realizadas na UNESP por
meio do projeto casadinho para amostras dos nanocarreadores puros (HDLs),
intercalados com fármaco (HDL-fármaco) e do fármaco puro.
7
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1. MATERIAIS E REAGENTES
Balança analítica BIOPRECISA;
Bomba de peristáltica MARLEX;
pHmetro METROHM;
Bomba de vácuo TECHNAL;
Bureta;
Balão de três saídas;
Agitador magnético com chapa
aquecedora;
Proveta;
Becker;
Pipeta volumétrica;
Funil de Buchner;
Espátulas;
Kitasato;
Condensador;
Hidróxido de Sódio (NaOH);
Nitrato de Alumínio Hidratado -
Al(NO3)3.9H2O;
Nitrato de Magnésio Hidratado -
Mg(NO3)2.6H2O;
Ácido Clorídrico (HCl);
Álcool etílico;
Água destilada;
Água deionizada e purificada
Ácido acetilsalicílico.
4.2. SÍNTESE DO HIDRÓXIDO DUPLO LAMELAR
4.2.1. MÉTODO DA COPRECIPITAÇÃO À PH CONSTANTE (REICHLE, 1986)
Nesse método, a solução dos sais dos cátions (solução ácida) é adicionada ao mesmo
tempo em que a solução alcalina na solução básica do balão reator. As vantagens envolvem
maior flexibilidade quanto ao controle das condições e maior homogeneidade dos materiais
obtidos, entretanto requer um aparato mais aprimorado e oneroso em relação ao método de
coprecipitação à pH variável. A partir da literatura, alguns trabalhos em que a adição foi
realizada a temperaturas mais elevadas observou-se resultados inferiores, principalmente
quanto à cristalinidade e pureza, sendo assim é preferível realizar a adição das soluções dos
sais e da solução alcalina sob forte agitação e à temperatura ambiente (CREPALDI, 1997).
As razões molares Mg+2/Al+3 escolhidas para os sais foram: 1.8, 2.0, 2.2, 2.5 e 3.0. As
massas de sais referentes a cada razão estão ilustradas na Tabela 1. Na prática, as massas
8
pesadas variam pouco dependendo da habilidade do operador. É importante ressaltar que para
manter a razão é preciso manter as massas nos valores corretos
Tabela 1: massas teóricas dos sais.
Amostra Razão Mg+2/Al+3
Massa teórica do
Mg(NO3)2ˑ6H2O (g)
Massa teórica do
Al(NO3)3ˑ9H2O (g)
1 2,0 2,8877 2,1123
2 2,5 3,1542 1,8458
3 3,0 3,3610 1,6390
4 2 2,8877 2,1123
5 1,8 2,7582 2,2418
6 2,2 3,0030 1,9970
Fonte: Autor.
A água utilizada na síntese foi a deionizada (purificada). 12,5mL de água foram
colocados dentro do balão, mantida sob um fluxo de nitrogênio constante para minimizar a
contaminação com gás atmosférico e para que não ocorra a intercalação do ânion carbonato
com o sólido sintetizado. A solução de sais foi então gotejada lentamente na taxa de 1 ml/min
através de uma bomba peristáltica e a solução alcalina de NaOH à 2M foi gotejada
simultaneamente e manualmente através de uma pipeta, para que o pH fosse mantido em
torno de 10. Um pHmêtro auxiliou nesse controle do pH. O sistema fica 1h em agitação sob
fluxo de nitrogênio constante à temperatura ambiente. Finalizando a síntese (Figura 1), após as
1h a temperatura foi ligada para que atinja 80º C. O tempo de envelhecimento foi de 24h, com
o objetivo final de permitir o crescimento dos cristais de HDL.
9
A solução formada após as 24h foi retirado do balão e colocada diretamente no papel de
filtro. A solução foi filtrada e, em seguida, foi lavada com água purificada cerca de 20 vezes
com auxílio de uma bomba de vácuo (Figura 2). O HDL foi seco em estufa por 12h à 50ºC, e
por último, foi macerado formando o material final (Figura 3).
Figura 1: Síntese em andamento.
Fonte: Autor.
Figura 2: Filtração e lavagem da solução retirada do balão após as 24h de envelhecimento.
Fonte: Autor.
10
4.3. SÍNTESE HDL-FÁRMACO
O ácido acetilsalicílico foi escolhido como modelo de rota sintética. A síntese desse
fármaco com HDL não se diferencia em demasia da síntese do HDL sozinho. A diferença
marcante é que para solubilizar o fármaco é necessário colocar álcool e água em determinada
proporção calculada previamente, visto que o mesmo é pouco solúvel em água e muito solúvel
em álcool. Testes foram realizados e foi observado que na proporção 37,5% de álcool e 62,5%
de água, a mistura contendo o fármaco turva, concluindo com isso que a porcentagem de
álcool deve ser maior que 37,5% para que todo o fármaco solubilize. O decidido foi a proporção
de 50% para cada. Sendo assim, na síntese foi utilizado 25mL de álcool etílico e 25mL de
água. A quantidade de fármaco foi escolhida como sendo o dobro do número de mols do sal
em menor quantidade, no caso o Al3+.
A água utilizada nessas sínteses também foi deionizada (purificada). Primeiramente,
foram colocados os 25mL de álcool dentro do balão, e o fármaco foi colocado lentamente.
Durante esse procedimento de solubilização, a mistura estava sob agitação dentro do balão.
Os sais foram solubilizados em 10mL de água, e os 15mL restantes foi despejado dentro do
balão. Diferentemente da síntese do HDL puro, para deixar o pH em torno de 10, foi necessário
Figura 3: Antes e depois da maceração respectivamente.
Fonte: Autor.
11
adicionar NaoH em grande quantidade à solução presente no balão, visto que normalmente a
solução de fármaco diluído torna-se uma solução tampão. Após atingir o ph 10, A solução de
sais foi então gotejada lentamente na taxa de 1 ml/min através de uma bomba peristáltica e a
solução alcalina de NaOH à 2M foi gotejada simultaneamente e manualmente através de uma
pipeta, para que o pH fosse mantido em torno de 10. Em torno de 24mL a 28mL são gastos de
NaOH desde o começo do procedimento até o final. Um pHmêtro também auxiliou nesse
controle do pH. O sistema fica 1h em agitação sob fluxo de nitrogênio constante à temperatura
ambiente. A finalização da síntese HDL-AAS se assemelha à síntese de HDL, que já foi
explicada anteriormente.
Os procedimentos de lavagem e filtragem foram os mesmos da síntese de HDL puro. O
HDL-AAS foi seco em estufa também por 12h à 50ºC, e por último, foi macerado formando o
material final. A maceração foi mais demorada. Enquanto a do HDL foi realizada em torno de
30min, a do HDL-AAS foi necessário em torno de uma hora para que os cristais ficassem bons.
4.4. CARACTERIZAÇÃO
A caracterização dos HDLs estruturalmente foi realizada por ALLAMANN (1968) e
TAYLOR (1969), através de estudos dos monocristais de piroaurita e esjorgrenita
[Mg6Fe2+3(CO3)(OH)16
.4H2O]. Esses minerais são similares em suas propriedades estruturais,
mas podem ser distinguidos por difração de raios X (DRX). O HDL mais estudado atualmente é
a hidrotalcita (MgAl-CO3-2) e seus equivalentes sintéticos. A estrutura dos HDLs é constituída
por camadas do tipo [Mg(OH)2], conhecida como brucita, carregadas positivamente e com
ânions hidratados na região interlamelar (VIEIRA, 2009). As camadas são formadas por ions
M2+ coordenados octaedricamente com grupos hidroxila, compartilhando arestas e formando
camadas neutras mantidas empilhadas através de pontes de hidrogênio. Determinado
momento certa quantidade de íons divalentes M+2 são isomorficamente substituídos por íons
trivalentes M3+, quando isso acontece uma carga residual positiva é gerada na camada lamelar.
Essa carga positiva é neutralizada por moléculas de água e ânions intercalados Am- entre as
camadas, empilhando-as umas sobre as outras, resultando assim na estrutura dos HDLs
(CREPALDI et al, 1998). Essa estrutura descrita acima é comum a todos os HDLs, desta forma
pode ser representada de modo geral pela seguinte formulação:
12
[M2+1-x M3+
x (OH)2]x+Am-x/m.nH2O
Onde:
M2+ cátion metálico divalente;
M3+ cátion trivalente;
Am- ânion intercalado com carga m- ;
x razão M3+/( M2++ M3+);
n número de moles de água.
As espécies presentes nas microestruturas em geral apresentam características
bastante diferenciadas e exigem um número relativamente grande de técnicas complementares
para a sua caracterização. A determinação da estrutura cristalina normalmente envolve a
utilização de técnicas de difração, tais como difração de raios x, elétrons ou nêutrons. A
composição química das fases e microrregiões pode ser estudada a partir de várias técnicas,
sendo que as mais utilizadas são análises de raios x por comprimentos de onda ou por
dispersão de energia. A quantidade, tamanho, morfologia e distribuição das fases e defeitos
cristalinos são estudadas com auxílio de microscopia óptica, eletrônica de varredura, eletrônica
de transmissão e de campo iônico. A microestrutura dos materiais normalmente apresenta
defeitos e constituintes dentro de uma ampla faixa de dimensões,
Como já foi dito, há diversas formas de caracterizar uma microestrutura, no caso do
trabalho é de hidroxilo duplo lamelar, seja com fármaco intercalo ou não, entretanto as
escolhidas no trabalho foram: espectrofotometria UV-Vis, difração de raios-x, espectroscopia
infravermelho e microscopia eletrônica por transmissão e por varredura. É importante entender
como cada uma funciona basicamente.
4.4.1. DIFRAÇÃO DE RAIOS X – DRX
Dentre as várias técnicas de caracterização de materiais, a técnica de difração de raios x
é a mais indicada na determinação das fases cristalinas presentes em matérias cerâmicos. Isto
é possível porque na maior parte dos sólidos (cristais), os átomos se ordenam em planos
cristalinos separados entre si por distâncias da mesma ordem de grandeza dos comprimentos
de onda dos raios X. Ao incidir um feito de raios X em um cristal, o mesmo interage com os
átomos presentes, originando o fenômeno de difração. A difração de raios X ocorre segundo a
13
lei de Bragg, a qual estabelece uma relação entre o ângulo de difração e a distância entre os
planos que a originaram (característicos para cada fase cristalina). A simplicidade, rapidez e
confiabilidade do método estão entre as vantagens dessa técnica para a caracterização de
fases. Há também a possibilidade de análise quantitativa destas fases (ALBERS et al, 2002).
A análise por DRX dos HDLs apresenta difratogramas com padrões de reflexões
singulares. As reflexões (00l) correspondem ao espaçamento basal e estão relacionadas ao
empilhamento das camadas, reflexões (hk0) são associadas à organização estrutural do
interior das camadas e reflexões (0kl) representam a ordenação de uma camada em relação a
outra (VIEIRA, 2009).
4.4.2. ESPECTROFOTOMETRIA UV-VIS
A espectrofotometria na região UV-VIS do espectro eletromagnético é uma das técnicas
analíticas mais empregadas, em função da potência, custo relativamente baixo e grande
número de aplicações desenvolvidas. Os procedimentos envolvem medidas diretas de
espécies que absorvem radiação, medidas após derivação química e acoplamento a diversas
técnicas ou processos, como cromatográfica, eletroforese e análises em fluxo. Constitui-se,
também, em uma importante ferramenta para determinação de especificações físico-químicas.
A espectrofotometria é fundamentada na lei de Lambert-Beer, que é a base matemática para
medidas de absorção de radiação por amostras no sólido, líquido ou gasoso, nas regiões
ultravioleta, visível e infravermelho do espectro eletromagnético (ROCHA, 2004).
4.4.3. ESPECTROSCOPIA INFRAVERMELHO
A espectroscopia na região do infravermelho é uma técnica importante na análise
orgânica qualitativa. O infravermelho e demais métodos espectroscópicos modernos
constituem hoje os principais recursos para a identificação e esclarecimento na determinação
da pureza, quantificação de substâncias orgânicas, bem como no controle e acompanhamento
de reações e processos de separação. As vantagens desse método são: redução no tempo de
análise, diminuição considerável nas quantidades de amostra, ampliação da capacidade de
identificação ou caracterização de estruturas complexas, dentre outas (LOPES, 2004).
14
4.4.4. MICROSCOPIA ELETRÔNICA POR TRANSMISSÃO E POR VARREDURA
Como já foi dito anteriormente, tanto a microscopia eletrônica por transmissão quanto a por
varredura tem como foco a análise da quantidade, tamanho, morfologia e distribuição das fases
e defeitos cristalinos na microestrutura estudada. As duas diferem da seguinte forma: a
microscopia eletrônica de transmissão permite a análise de defeitos e fases internas dos
materiais, como discordâncias, defeitos de empilhamento e pequenas partículas de segunda
fase. Já a microscopia eletrônica de varredura, por apresentar excelente profundidade de foco,
permite a análise com grandes aumentos de superfícies irregulares, como superfícies de fratura
(PADILHA, 1997).
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Além das três amostras de razões molares Mg/Al iguais a 2.0, 2.5 e 3.0 na temperatura
de 80°C que foram sintetizadas no primeiro semestre, foram sintetizadas no segundo semestre
amostras de HDL nas razões 1.8, 2, e 2.2. Em duplicatas. E de HDL-AAS foram sintetizadas
amostras nas razões 1.8, 2, 2.2, 2.5 e 3. Apenas na razão 1.8 foi realizada em duplicata.
Todas as sínteses foram realizadas na temperatura de 80ºC. A síntese de amostras com
diferentes frações molares é importante para que se faça um estudo sistemático dessa variável
de síntese. As massas finais de HDLs estão ilustradas na Tabela 2.
Tabela 2: HDL-PURO
Amostra Razão molar Mg/Al
Massa final (g)
1 2,0 1,0546
2 2,5 0,6393
3 3,0 1,0138
4 2 1,2606
5 1,8 1,135
6 2,2 0,7084
7 2 1,147
8 1,8 1,0289
9 2,2 0,9156
15
As massas finais das amostras de HDLs intercaladas com ácido acetilsalicílico estão
ilustradas na Tabela 3.
Tabela 3: HDL-AAS Amostra Razão
molar Mg/Al
Massa final (g)
10 2,0 1,1265
11 2,2 1,0522
12 1,8 0,9412
13 2,5 0,9986
14 3 0,322
15 1,8 0,929
A amostra 14 da tabela 3 apresentou uma massa final muito baixa em relação às
demais, fato esse explicado pela perda de massa na hora da filtração e lavagem. Os cristais
formados foram muito pequenos e passaram quase em totalidade pelo papel de filtro. Um
estudo mais aprofundado explicaria melhor essa situação anômala, que tem por razão 3.
Não se tem resultados para as caracterizações, pois elas ainda não foram realizadas.
Todas as amostras estão devidamente guardadas paras as análises que serão realizadas em
breve.
6. CONCLUSÃO
A estrutura dos hidróxidos duplos lamelares, baseada no empilhamento de camadas
positivamente carregadas contendo no domínio interlamelar ânions e moléculas de água,
confere a estes materiais características singulares (dentre elas: biocompatibilidade e
biodegradabilidade). Essas características são de grande importância para a área farmacêutica,
em essencial para o sistema de liberação controlada de fármacos. A intercalação do fármaco em
HDL é o procedimento principal desse sistema. A partir dos procedimentos realizados, conclui-se
que o método escolhido para sintetizar tanto os HDLs puros quanto HDLs intercalados variando
o valor da fração molar entre os cátions é eficaz e ajudará a definir qual a melhor fração molar e
temperatura para que se alcance a melhor eficiência do HDL intercalado com o fármaco
acetilsalicílico.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2) ALBERS, A. P. F.; MERCHIADES, F. G.; MACHADO, R.; BALDO, J. B.; BOSCHI, A. O.
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17
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São Paulo (USP), São Paulo, 2013.
10) PADILHA, A. F. MATERIAIS DE ENGENHARIA – MICROESTRUTURA E
PROPRIEDADES. HEUMUS LIVRARIA, DISTRIBUIDORA E EDITORA S.A. CURITIBA
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11)REICHLE, W. T. Solid State Ionics, 22, 135-141, 1986.
12)RIBEIRO, L. N. de M. Síntese e Caracterização de Bionanocompósitos Magnéticos
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Biotecnologia da UFSCAR. Centro de Ciências Exatas e Naturais. São Carlos-SP, 2013.
13) REIS, M. J. Estudo da Adsorção de Tenso-ativos Aniônicos Sulfonados em
Hidróxidos Duplos Lamelares.Dissertação de Mestrado – Departamento de Química.
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, USP. Ribeirão Preto – SP,
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14)ROCHA, F. R. P.; TEIXEIRA, L. S. G. ESTRATÉGIAS PARA AUMENTO DE
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27, No. 5, p. 807-812. Jun/2004.
15) SEIDA, Y.; NAKANO, T.; NAKAMURA, Y. Crystallization of
Layered Double Hydroxides by Ultrasound and the Effect of Crystal Quality on
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16) Taylor, R. M.; Clay Minerals. 19, 591. 1984.
17) TRONTO, J.; CREPALDI, E. L.; PAVAN, P. C.; Organic Anions of Pharmaceutical
Interest Intercalated in Magnesium Aluminum LDHs by two different methods –
18
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CRYSTALS. Vol. 356, p. 227-237, 2001.
18) VACCARI, A.; Journal Catalysis Today, 41, 53-71, 1998.
19) VATIER, J.; Ramdani, A.; Vitre, M. T.; Mignon, M.; Antacid activity of calcium
carbonate and hydrotalcite tablets Comparison between in vitro evaluation using
the artificial stomach-duodenum model and in vivo pH-metry in healthy volunteers
– ARZNEIMITTEL-FORSCHUNG. Vol. 44(4): 514-518. Abril, 1994.
20) VIEIRA, A. C. Síntese, Caracterização e Aplicação de Hidróxidos Duplos
Lamelares. Dissertação de Mestrado – Universidade Federal de Ouro Preto, Faculdade
de Engenharia Ambiental. Ouro Preto – MG, 2009.
PARECER DO ORIENTADOR: A bolsista desenvolveu suas atividades dentro do cronograma
proposto. Por fim, atribuo conceito EXC para a mesma.