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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
DIRETORIA DE PESQUISA
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC : CNPq,
CNPq/AF, UFPA, UFPA/AF, PIBIC/INTERIOR, PARD, PIAD, PIBIT, PADRC E FAPESPA
RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO
Período: Agosto/ 2015 a Janeiro/ 2016
( X ) PARCIAL
( ) FINAL
IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO
Título do Projeto de Pesquisa: A Punição é um Processo Assimétrico ao Reforçamento?
Uma Análise Experimental.
Nome do Orientador: Marcus Bentes de Carvalho Neto.
Titulação do Orientador: Doutor
Faculdade: Psicologia (ESAMAZ)
Instituto/Núcleo: Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento (NTPC/UFPA)
Laboratório: Laboratório de Processos Comportamentais Complexos
Título do Plano de Trabalho: Efeitos da punição sobre a resposta instrumental e sobre a
resposta consumatória usando diferentes eventos aversivos (Choque Elétrico e Jato de ar
Quente) em ratos.
Nome do Bolsista: Denilson Cesar Mardock Nunes
Tipo de Bolsa: (X) PIBIC/ CNPq
( ) PIBIC/CNPq – AF
( )PIBIC /CNPq- Cota do pesquisador
( ) PIBIC/UFPA
( ) PIBIC/UFPA – AF
( ) PIBIC/ INTERIOR
( )PIBIC/PARD
( ) PIBIC/PADRC
( ) PIBIC/FAPESPA
( ) PIBIC/ PIAD
( ) PIBIC/PIBIT
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Alguns autores defendem uma explicação assimétrica da punição em relação ao
reforçamento (Dinsmoor, 1954; Sidman, 1989; Skinner, 1953/2003, por exemplo). Nessa
teoria apenas o reforçamento seria um processo comportamental primário capaz de mudar
a probabilidade da resposta. Outros autores, porém, como Azrin e Holz (1966), Catania
(1998/1999), Morse e Kelleher (1977) e Rachlin e Herrnstein (1969), por exemplo,
defendem uma explicação simétrica, na qual ambos seriam processos comportamentais
primários e ambos alterariam a probabilidade da resposta.
A punição, tal como definida por Azrin e Holz (1966), é "uma redução da
probabilidade futura de uma resposta específica, como resultado da aplicação imediata de
um estímulo que afetou a resposta" (p. 181). Entre os fatores que influenciam os efeitos da
punição em responder é a posição dentro da sequência de comportamento onde é aplicada
(Church, 1969; Gray, 1987; Bertsch, 1976; Solomon, 1964).
Em uma cadeia de respostas a punição pode atingir diferentes elos. Quando a
punição incide sobre a resposta mais próxima do reforço, chama-se de punição da resposta
“consumatória”. Quando, porém, a punição ocorre contingente a uma resposta mais
distante do reforçador final da cadeia, em geral acionando um mecanismo que libera ou
produz o reforçamento, chama-se de punição da resposta “instrumental”.
Uma das primeiras revisões dos efeitos supressivos da punição de respostas
consumatórias foi feita por Solomon (1964). O autor apresenta estudos tanto mostrando
que a punição consumatória é mais eficaz na supressão do responder de uma cadeia de
respostas (por exemplo, Bertsch, 1972), quanto estudos mostrando exatamente o oposto:
punir a resposta instrumental suprimiria mais eficazmente o responder (por exemplo,
Church, 1969). Por sua vez, Myer (1973) não encontrou diferença entre os dois tipos de
punição.
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O autor também revela que há teorias que explicariam ambos os dados. A punição
consumatória seria explicada como mais eficaz porque, em tese, estaria mais próxima do
reforçador final, propiciando um pareamento aversivo pavloviano entre a comida e o
aversivo usado, em geral um choque elétrico. Já a punição instrumental seria explicada
como mais eficaz por estar nela o evento aversivo contingente a um elo inicial da cadeia, o
que desorganizaria todos os demais elos subsequentes. Tais estudos também usam
principalmente choque elétrico em diferentes intensidades.
OBJETIVO
O objetivo deste estudo será verificar os efeitos supressivos diferenciais da punição
de respostas instrumentais e consumatórias usando dois diferentes estímulos aversivos: o
Jato de Ar Quente (JAQ) e o Choque Elétrico (CE).
JUSTIFICATIVA
O choque elétrico responde pela ampla maioria dos estudos realizados na área do
controle aversivo. Como esse estímulo possui características fisiológicas muito peculiares
(Catania, 1998/1999; Flaherty, 1985), seria imprescindível testar a generalidade dos
padrões produzidos com outros estímulos aversivos (Azrin & Holz, 1966; Catania,
1998/1999; Church, 1969; Dinsmoor, 1998; Carvalho Neto & cols., 2005).
É possível que parte da discrepância observada na literatura sobre a eficácia das
punições consumatória e instrumental resida na natureza e na intensidade dos estímulos
aversivos usados.
Recentemente o Jato de Ar Quente (JAQ) vem sendo apresentado como um estímulo
aversivo eficaz alternativo ao choque elétrico (Carvalho Neto, e cols., 2005; Carvalho
Neto, Maestri, Menezes, 2007; Carvalho Neto, Neves Filho, Borges & Tobias, 2007;
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Maestri, 2008; Nascimento & Carvalho Neto 2011; Rodrigues, Nascimento, Cavalcante &
Carvalho Neto, 2010).
Como tanto o choque elétrico quanto o JAQ já possuem seus efeitos suficientemente
conhecidos, utiliza-los na mesma tarefa de punição instrumental e consumatória, em
diferentes intensidades, permitiria avaliar os efeitos diferenciais ou não da natureza do
estímulo aversivo nesse contexto.
MÉTODO
Sujeitos
Serão utilizados 20 ratos (Rattus norvegicus), de linhagem Wistar, machos,
experimentalmente ingênuos, com aproximadamente três meses de idade, provenientes do
biotério do Instituto Evandro Chagas. Previamente às sessões os ratos serão privados de
comida até atingirem 85% do se peso ad lib.
Equipamentos & Materiais
Serão utilizadas duas Caixas de Skinner (MED Associates), uma modelo standard e
outra adaptada ao uso do JAQ.
Os estímulos punidores serão: (a) um JAQ produzido por um secador de cabelos
(REVLON, modelo RV429AB). O secador será controlado eletronicamente e será
acionado na sua intensidade máxima por cinco segundos, aumentando em dois graus à
temperatura ambiente, com a pressão de 216,5 dyn/cm2 e um nível de ruído de 85 dB; (b)
um CE de 0.4 mA com 0,1 segundos de duração. Ambos os eventos punidores serão
apresentados de maneira contingente em FR1 a resposta especificada em cada grupo.
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Ambiente
As câmaras experimentais serão duas caixas Skinner, uma adaptada para uso do jato
de ar quente (ver Figura 1) e outra para o uso do choque elétrico (ver Figura 2). Cada
câmara tinha uma alavanca localizada na parede da direita ao lado do comedouro. O teto
da caixa foi substituído por uma grade de ferro, para permitir o fluxo do jato, a grelha do
chão foi substituída pela barra de acrílico, e uma folha de acrílico foi colada na parte
superior da alavanca. Estas Substituições de acrílico foram feitas para reduzir o efeito
cumulativo do ar quente, relativa à temperatura da câmara. Na parte superior da caixa, um
secador foi posicionado.
Figura 1: Caixa de Skinner adaptada para uso do Jato de ar Quente.
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Figura 2: Caixa Skinner adaptada para uso do Choque elétrico.
Procedimento
Serão realizadas três fases:
Na primeira fase será estabelecida em FR1 e mantida em VI 60 segundos a resposta
de pressão à barra. Essa etapa será encerrada para cada sujeito quando for atingido o
critério de variação máxima de 10% entre as sessões durante cinco sessões consecutivas.
Será utilizada a comida como reforçador positivo.
Na segunda fase será introduzida a condição de punição (concorrente ao
reforçamento positivo). Serão quatro grupos diferentes: a) Punição Instrumental com JAQ
(PIJAQ); b) Punição Consumatória com JAQ (PCONJAQ); c) Punição Instrumental com
CE (PICE); d) Punição Consumatória com CE (PCONSCE). A apresentação do estímulo
punidor ocorrerá sempre em esquema FR1 (seja CE, seja JAQ). Contudo, a resposta
punida poderá ser a própria resposta de pressionar à barra (resposta instrumental) ou a
resposta de colocar a cabeça no comedouro (resposta consumatória). Essa etapa terá 10
sessões de uma hora cada.
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Na terceira fase a contingência de punição será suspensa e será estabelecida uma
contingência de FR1 para a resposta de pressionar à barra. Serão realizadas cinco sessões
de uma hora cada.
Análise dos dados
Será registrado o número de pressões à barra emitidas por minuto, por sujeito em
cada uma das sessões, bem como o tempo decorrido entre a liberação da pelota de
alimento e a resposta de colocar a cabeça no comedouro. Serão observados: 1) o efeito da
introdução do estímulo aversivo sobre a taxa de respostas (instrumental e consumatória)
para os grupos experimentais; 2) o efeito da eliminação da contingência aversiva sobre as
mesmas medidas; 3) a comparação do desempenho dos grupos experimentais entre si (JAQ
Instrumental X JAQ Consumatória; Choque Instrumental X Choque Consumatória; JAQ
Instrumental X Choque Instrumental; JAQ Consumatória X Choque Consumatória). Será
adotada a medida de percentual de supressão (Fase 2) e de recuperação (fase 3), utilizando
cada sujeito como sua própria linha de base. A comparação entre os grupos será feita com
base nesses valores.
ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS NOS PRÓXIMOS MESES
Nos próximos meses, será realizada a coleta e análise de dados do experimento com
a utilização do Choque Elétrico como em Bertsch (1972), e replicar o experimento usando
outro estímulo aversivo o Jato de ar quente, compondo a finalização do relatório e a
preparação do artigo para a publicação em periódico científico.
8
REFERÊNCIAS
Azrin, N. H., & Holz, W. C. (1966). Punishment. Em W. K. Honig (Ed.). Operant
behavior: Areas of research and application (pp. 380-447). New York: Appleton-
Century-Crofts.
Baron, A., & Galizio, M. (2006). The distinction between positive and negative
reinforcement: Use with care. The Behavior Analyst, 29(1), 141–151.
Baum, W. M. (2004). Responses to Staddon, Shimp, Malone, and Donahoe. Journal of the
Experimental Analysis of Behavior, 82(1), 117–120.
Bertsch, G. J. (1972). Punishment of consummatory and instrumental behavior: Effects on
licking and bar pressing in rats. Journal of Comparative and Physiological Psychology,
78, 478-484.
Bertsch, G. J. (1976). Punishment of consummatory and instrumental behavior: A review.
The Psychological Record, 26, 13-31.
Carvalho Neto, M. B., Maestri, T. C., Tobias, G. K. S., Ribeiro, T. C., Coutinho, E. C. N.,
Miccione, M. M., Oliveira, R. de Cássia V., Ferreira, F. S. S., Farias, D. C. & Moreira,
D. (2005). O jato de ar quente como estímulo punidor em Rattus norvegicus. Psicologia
Teoria e Pesquisa, 21, 335-340.
Carvalho neto, M. B., Maestri, T. C.; Menezes, E. S. R. (2007). O jato de ar quente como
estímulo aversivo: efeitos de sua exposição prolongada em Rattus norvegicus. Acta
Comportamentalia, 15, 171-190.
Carvalho Neto, M. B.; Neves Filho, H. B.; Borges, R. P. & Tobias, G. K. S. (2007).
Efeitos da apresentação contingente (FI1min.) e não-contingente (FT1min.) de um
9
evento aversivo (jatos de ar quente) sobre a freqüência de pressão à barra em Rattus
norvegicus. Em: W. C. M. P. Silva. (Org.), Sobre Comportamento e Cognição Vol. 20
(pp. 149-153). Santo André, SP: ESETec.
Catania, A. C. (1999). Aprendizagem: Comportamento, linguagem e cognição (D. G.
Souza, Trad.). Porto Alegre, RS: Artmed. (Trabalho original publicado em 1998)
Church, R. M. (1969). Response suppression. In: B.A. Campbell & R.M. Church (Eds.),
Punishment and aversive behavior (pp. 111–156). New York: Appleton-Century-
Crofts.
Dinsmoor, J. A. (1998). Punishment. Em: W. T. O'Donohue (Ed.), Learning and behavior
therapy (pp. 188–204). Needham Heights, MA: Allyn & Bacon.
Donahoe, J. W. (2004). Ships that pass in the night. Journal of the Experimental Analysis
of Behavior, 82(1), 85–93.
Flaherty, C. F. (1985). Animal learning and cognition. New York: McGraw-Hill, Inc.
Gray, J. A. (1971). A psicologia do medo e do “stress” (J. Mallas & M. I. L. Vianna,
Trads.). Rio de Janeiro: Zahar. (Trabalho original publicado em 1976).
Morse, W. H., & Kelleher, R. T. (1977). Determinants of reinforcement and punishment.
Em: W. K. Honig & J. E. R. Staddon (Eds.). Handbook of operant behavior (pp. 174-
200). Englewood Cliffs: N. J. Prentice Hall.
Myer, J. S. (1973). Effects of punishing elements of a simple instrumental-consummatory
response chain. Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 19(2), 251-257.
Rachlin, H., & Herrnstein, R.J. (1969). Hedonism revisited: On the negative law of effect.
In B.A Campbell, & R.M. Church (Eds.). Punishment and aversive behavior (pp. 83–
109). New York: Appleton-Century-Crofts.
Sidman, M. (1989). Coercion and its fallout. Boston, MA: Authors Cooperative.
10
Solomon, R. L. (1964). Punishment. American Psychologist, 19, 239-253.
Skinner, B. F. (2003). Ciência e comportamento humano (J. C. Todorov, & R. Azzi,
Trads.). São Paulo: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1953).
DIFICULDADES - Relacionar os principais fatores negativos que interferiram na
execução do projeto.
O maior impedimento para o andamento da pesquisa foi a falta de sujeitos. A demora
para a aprovação do projeto por parte do comitê de ética se apresentou como fator
determinante para a estagnação do projeto. Foi enviado o formulário para o pedido desde
outubro de 2015. Somente no dia 23/02/2016 o projeto foi autorizado para dar seguimento
ao pedido dos sujeitos.
PARECER DO ORIENTADOR: Manifestação do orientador sobre o desenvolvimento
das atividades do aluno e justificativa do pedido de renovação, se for o caso.
O aluno vem cumprindo as atividades programadas. Apesar do atraso na coleta de dados,
pelo qual não somos responsáveis, o aluno se dedicou ao levantamento e fichamento da
literatura. O aluno também trabalhou na preparação do equipamento e no refinamento do
procedimento. Seu desempenho até o momento é bom, mas ainda lhe falta mais dedicação,
iniciativa e curiosidade, do contrário, a pesquisa científica será apenas uma atividade
burocrática e a bolsa de iniciação científica um emprego de meio expediente.
DATA: 26/02/2016
_________________________________________
ASSINATURA DO ORIENTADOR
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____________________________________________
ASSINATURA DO ALUNO
INFORMAÇÕES ADICIONAIS: Em caso de aluno concluinte, informar o destino do
mesmo após a graduação. Informar também em caso de alunos que seguem para pós-
graduação, o nome do curso e da instituição.
12
FICHA DE AVALIAÇÃO DE RELATÓRIO DE BOLSA DE INICIAÇÃO
CIENTÍFICA
O AVALIADOR DEVE COMENTAR, DE FORMA RESUMIDA, OS SEGUINTES
ASPECTOS DO RELATÓRIO :
1. O projeto vem se desenvolvendo segundo a proposta aprovada? Se ocorreram
mudanças significativas, elas foram justificadas?
2. A metodologia está de acordo com o Plano de Trabalho ?
3. Os resultados obtidos até o presente são relevantes e estão de acordo com os objetivos
propostos?
4. O plano de atividades originou publicações com a participação do bolsista? Comentar
sobre a qualidade e a quantidade da publicação. Caso não tenha sido gerada nenhuma,
os resultados obtidos são recomendados para publicação? Em que tipo de veículo?
5. Comente outros aspectos que considera relevantes no relatório
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6. Parecer Final:
Aprovado ( )
Aprovado com restrições ( ) (especificar se são mandatórias ou recomendações)
Reprovado ( )
7. Qualidade do relatório apresentado: (nota 0 a 5) _____________
Atribuir conceito ao relatório do bolsista considerando a proposta de plano, o
desenvolvimento das atividades, os resultados obtidos e a apresentação do relatório.
Data : _____/____/_____.
________________________________________________
Assinatura do(a) Avaliador(a)