122
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ASPECTOS OPERACIONAIS E METALÚRGICOS DA SOLDAGEM COM ARAME METAL CORED. AUTOR: ALEXANDRE SALDANHA DO NASCIMENTO UFPA/CT/CMEM CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO GUAMÁ BELÉM-PARÁ-BRASIL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

ASPECTOS OPERACIONAIS E METALÚRGICOS DA SOLDAGEM COM ARAME METAL CORED.

AUTOR: ALEXANDRE SALDANHA DO NASCIMENTO

UFPA/CT/CMEM CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO GUAMÁ

BELÉM-PARÁ-BRASIL

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

ii

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

ASPECTOS OPERACIONAIS E METALÚRGICOS DA SOLDAGEM COM ARAME METAL CORED.

AUTOR:

ALEXANDRE SALDANHA DO NASCIMENTO Dissertação submetida à banca examinadora aprovada pelo colegiado

do Curso de Mestrado em Engenharia Mecânica do Centro Tecnológico da Universidade Federal do Pará, como requisito para obtenção do grau de mestre em Engenharia Mecânica na área de Materiais e Processos de Fabricação.

APROVADA EM: 28 / 01 / 2005 BANCA EXAMINADORA:

________________________________________________ Prof. Dr. CALOS ALBERTO MENDES DA MOTA (UFPA)

Orientador

________________________________________________ Prof. Dr. EDUARDO DE MAGALHÃES BRAGA (UFPA)

Membro

________________________________________________ Prof. PhD. AMÉRICO SCOTTI (UFU)

Membro

_______________________________________________ Prof. Dra. CARMEM G. BARROSO TAVARES DIAS (UFPA)

Coordenadora do PPGEM/CT/UFPA

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

iii

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Francisco J. G. do Nascimento e Eunice S. do Nascimento.

Aos meus irmãos Adriana, Andréia e Cleiton.

A minha noiva Leda C. O. do Nascimento.

Aos meus sobrinhos.

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

iv

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por conceder-me esta realização;

Ao Prof. Dr. Carlos Alberto Mendes da Mota pela orientação, atenção e

contribuição científica dedicada a este trabalho e pelo companheirismo e

amizade;

Ao Prof. Dr. Eduardo de Magalhães Braga, pela contribuição técnico-científica e

pela amizade;

Aos Professores do Departamento de Engenharia Mecânica da UFPA pelo apoio;

Ao meu companheiro de pesquisa e execução de ensaios, Prof. M.Sc. Antônio

Duarte Dias;

Aos Professores M.Sc. Carlos Benedito Abreu da Silva Filho e M.Sc. Hélio

Antônio Lameira de Almeida, pelos incentivos, ajuda, orientações e amizade;

Aos amigos e colegas mestrandos Amilton, Gilvandro, Leslie, Dineusa e

Arildomá, pelas contribuições e sugestões;

Aos bolsistas do GETSOLDA do curso de Engenharia Mecânica da UFPA, pela

ajuda e contribuição na execução dos experimentos;

Aos técnicos do Departamento de Engenharia Mecânica da UFPA, Jesus, Odilon,

Edmundo e outros não citados, pelo apoio e amizade;

E, finalmente, a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a

realização deste trabalho.

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

v

SUMÁRIO

RESUMO...............................................................................................................................VII

ABSTRACT..........................................................................................................................VIII

ÍNDICE DE FIGURAS ........................................................................................................... 10

ÍNDICE DE TABELAS........................................................................................................... 12

OBJETIVOS E CONTRIBUIÇÕES........................................................................................ 13

1- INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 14

2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................ 16

2.1 - CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE SOLDAGEM ARAME TUBULAR ............16

2.1.1 - Características Gerais .......................................................................................................16

2.1.2 - Metal de Adição .................................................................................................................18

2.1.3 - Classificação ......................................................................................................................19

2.1.4 - Características Operacionais e Econômicas .....................................................................23

2.2 - CONSIDERAÇÕES SOBRE O ARAME COMPOSTO ...........................................................25

2.2.1 - Vantagens dos Arames Compostos ....................................................................................27

2.2.2 - Desvantagens dos Arames Compostos ...............................................................................29

2.2.3 - Classificação dos Arames Compostos................................................................................30

2.3 - TRANSFERÊNCIA METÁLICA .............................................................................................35

2.3.1 – Forças Atuantes no Destacamento da Gota Metálica.......................................................38

2.4 - GÁS DE PROTEÇÃO ...............................................................................................................41

2.5 - CONSIDERAÇÕES SOBRE CORRENTE PULSADA............................................................43

2.6- MICROESTRUTURAS .............................................................................................................46

2.6.1 – Classificação das Fases nos Aços C-Mn. ..........................................................................48

2.6.2 - Microestrutura em Soldagem Múltiplos Passes.................................................................51

2.6.3 - Relação entre Tenacidade, Microestrutura e Elemento de Liga........................................53

3 - MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 54

3.1 - MATERIAIS NECESSÁRIOS PARA A EXECUÇÃO DAS SOLDAGENS ...........................54

3.1.1 - Consumíveis .......................................................................................................................54

3.1.2 - Metal Base..........................................................................................................................56

3.2 – DESCRIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS....................................................................................57

3.2.1 - Central de Soldagem Multiprocessos.................................................................................57

3.2.2- Acessórios ...........................................................................................................................58

3.2.3- Equipamentos para Ensaios Metalográficos ......................................................................60

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

vi

3.2.4- Programas Computacionais................................................................................................62

3.3 – PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL....................................................................................62

3.3.1 - Metodologia Experimental.................................................................................................64

3.3.1.1 -Metodologia Experimental para Determinação de Parâmetros de Soldagem..............64

3.3.1.2 - Metodologia Experimental para Análise das Características Geométricas.................72

3.3.1.3 - Metodologia Experimental para Análise das Características Econômicas .................72

3.3.1.4 - Metodologia Experimental para Análise Metalográfica .............................................74

3.3.1.5 - Metodologia Experimental para Avaliação das Propriedades Mecânicas. .................75

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES...................................................................................... 78

4.1 – RESULTADOS DA DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS DE SOLDAGEM. ...............78

4.1.1 – Parâmetros de Soldagem para Corrente Pulsada.............................................................78

4.1.2 – Parâmetros de Soldagem para Corrente Convencional....................................................82

4.1.3 – Análise de Estabilidade de Arco........................................................................................82

4.2 - RESULTADOS CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS .......................................................91

4.3 – RESULTADOS CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS.........................................................96

4.4 – RESULTADOS DA ANÁLISE METALOGRÁFICA ...........................................................101

4.4.1 – Macrografia.....................................................................................................................101

4.4.2 - Micrografia ......................................................................................................................104

4.5 - RESULTADOS DO ENSAIO DE IMPACTO (CHARPY). ....................................................110

4.6 - RESULTADOS DO ENSAIO DE DUREZA ..........................................................................113

5. CONCLUSÕES ............................................................................................................... 116

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................................. 118

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 119

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

vii

Nascimento, A. S. do, “Aspectos operacionais e metalúrgicos da soldagem com

arame metal cored”. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Pará,

Belém, Pa.

RESUMO

Neste trabalho foi analisado o efeito da natureza da corrente de soldagem e

do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do

processo e sobre as características geométricas e metalúrgicas do metal depositado,

além do comportamento mecânico, através da avaliação das propriedades de

resistência da solda. Um arame com fluxo metálico da série AWS E80C-G foi

utilizado como metal de adição e, como metal de base, chapas de aço USI-SAC 350.

As soldagens, em corrente pulsada e convencional, foram automatizadas em

simples deposição e na condição de chanfro (V 45º), com múltiplos passes. Os

resultados indicaram um efeito significativo do tipo de gás sobre as características

econômicas e geométricas do metal de solda. A soldagem em corrente pulsada

propiciou soldas com uma estrutura mais refinada e dureza superior. As

microestruturas não apresentaram diferenças significativas de fases nas diversas

condições de soldagem, havendo a predominância de ferrita acicular e ferrita

primária. ___________________________________________________________________ Palavras chave: Arame Composto, Corrente Pulsada, Gás de Proteção,

Características Econômicas e Geométricas, Propriedades Mecânicas.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

viii

ABSTRACT

In this work the effect of the nature of the welding current was analyzed and of

the type of protection gas on the operational characteristics of the process,

geometric, economical and metallurgical of the deposited metal, besides the

mechanical behavior through the evaluation of the resistance properties of the welds.

The wire with metallic flow of the series AWS E80C-G was used as filler metal and,

as base metal, steel plates USI-SAC 350. The weldings were automated in simple

deposition and in the condition of chamfer (V 45º) with multiples passes. The results

indicated a significant effect of the type of gas on the economical and geometric

characteristics of the metal of welds. The welding in pulsed current propitiated weld

with a more refined structure and superior hardness. The microstructure didn't

present significant differences of phases in the several welding conditions, having the

predominance of acicular ferrite and primary ferrite.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

ix

“O povo julga bem as coisas, porque está na ignorância natural, que é o

verdadeiro lugar do homem. A ciência tem duas extremidades que se tocam. A

primeira é a pura ignorância natural, na qual se encontram todos os homens

ao nascer. A outra extremidade é aquela a que chegam as grandes almas que,

tendo percorrido tudo quanto os homens podem saber, acham que nada

sabem e voltam a encontrar-se nessa mesma ignorância da qual tinham

partido; mas é uma ignorância sábia que se conhece. Pois os do meio, que

saíram dessa ignorância natural e não puderam chegar à outra, têm umas

pinceladas dessa ciência suficiente, e armam-se em entendidos. Esses

perturbam o mundo e julgam mal de tudo. O povo e os verdadeiramente sábios

compõem a ordem do mundo; estes desprezam-na e são desprezados”.

Blaise Pascal, “A IGNORÂNCIA”, IN PENSAMENTOS.

"Tudo o que o homem ignora não existe para ele, por isso a criação se

reduz, para cada um, ao tamanho que abrange o seu saber".

(autor desconhecido)

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

10

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Esquema representativo da soldagem a arame tubular com proteção gasosa. ... 17

Figura 2 - Representação esquemática do equipamento para soldagem FCAW. ................ 18

Figura 3 - Geometria de seções transversais típicas de arames tubulares........................... 24

Figura 4 - Identificação e classificação de arames compostos para aço baixa liga. ............. 31

Figura 5 - Identificação e classificação de arames compostos para aço carbono. ............... 34

Figura 6 - Forças atuantes na transferência metálica ........................................................... 37

Figura 7 - Balanço de forças atuando sobre uma gota.......................................................... 39

Figura 8 - Taxa de Geração de Fumos.................................................................................. 42

Figura 9 - Soldagem por corrente pulsada ............................................................................ 44

Figura 10 - Representação esquemática de constituintes microestruturais. ......................... 50

Figura 11 - Microestrutura com indicação dos diferentes constituintes................................. 51

Figura 12 - Bancada de ensaios............................................................................................ 57

Figura 13 - Detalhes do sistema de posicionamento automático da tocha. .......................... 58

Figura 14 - Sistema de monitoração da produtividade em operações de soldagem............. 59

Figura 15 - Sistema de aquisição portátil (SAP).................................................................... 59

Figura 16 - Detalhe do sistema de aquisição óptico computadorizado ................................. 60

Figura 17 - Máquina automática de serrar............................................................................. 61

Figura 18 - Oscilograma típico de Tensão x Tempo no processo convencional. .................. 66

Figura 19 - Gráfico Corrente média (Im) x Velocidade de alimentação de arame (Va). ........ 67

Figura 20 - Histograma de tempo modal típico...................................................................... 68

Figura 21 - Gráfico Corrente média x Volume modal. ........................................................... 69

Figura 22 - Gráfico Volume modal x Tempo modal. .............................................................. 70

Figura 23 - Esquema do perfil geométrico do cordão de solda. ............................................ 72

Figura 24 - Lay-out amostras para a caracterização da junta soldada.................................. 74

Figura 25 - Tipo de chanfro e dimensões para soldagem multipasses. ................................ 75

Figura 26 - Região de retirada do CP e posicionamento do entalhe para ensaio charpy. .... 76

Figura 27 - Aspecto do CP de resistência ao impacto charpy-V. .......................................... 76

Figura 28 - Impressões de dureza nos corpos de prova ....................................................... 77

Figura 29 - Corrente média de transição versus velocidade de alimentação........................ 79

Figura 30 - Gráfico corrente média X volume modal. ............................................................ 80

Figura 31 - Gráfico volume modal X tempo modal. ............................................................... 80

Figura 32 - Oscilograma de tensão para Va=10m/min. Gás argônio e modo pulsado.......... 84

Figura 33 - Oscilograma de tensão para Va=8m/min. Gás argônio e modo pulsado............ 84

Figura 34 - Oscilograma de tensão para Va=6m/min. Gás argônio e modo pulsado............ 85

Figura 35 - Oscilograma de tensão para Va=6m/min. Gás C25 e modo pulsado. ................ 86

Figura 36 - Oscilograma de tensão para Va=8m/min. Gás C25 e modo pulsado. ................ 86

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

11

Figura 37 - Oscilograma de tensão para Va=10 m/min. Gás C25 e modo pulsado. ............. 87

Figura 38 - Oscilograma de tensão para Va=6m/min. Gás argônio e modo convencional. .. 88

Figura 39 - Oscilograma de tensão para Va=8m/min. Gás argônio e modo convencional. .. 89

Figura 40 - Oscilograma de tensão para Va=10m/min. Argônio e modo convencional......... 89

Figura 41 - Oscilograma de tensão para Va=6m/min. Gás C25 e modo convencional......... 90

Figura 42 - Oscilograma de tensão para Va= 8m/min. Gás C25 e modo convencional........ 90

Figura 43 - Oscilograma de tensão para Va= 10m/min. Gás C25 e modo convencional...... 91

Figura 44 - Influência da energia do arco (kJ/cm) sobre a largura ........................................ 94

Figura 45 - Influência da energia do arco (kJ/cm) sobre a penetração ................................. 95

Figura 46 - Influência da energia do arco (kJ/cm) sobre o reforço ........................................ 96

Figura 47 - Influência da energia do arco (kJ/cm) sobre a taxa de fusão.............................. 98

Figura 48 - Influência da energia do arco ( kJ/cm) sobre a taxa de deposição. .................... 99

Figura 49 - Influência da energia do arco (kJ/cm) sobre o rendimento. .............................. 101

Figura 50 - Macrografia da junta soldada com argônio e modo pulsado............................. 102

Figura 51 - Macrografia da junta soldada com C25 e modo pulsado. ................................. 103

Figura 52 - Macrografia da junta soldada com argônio e modo convencional. ................... 103

Figura 53 - Macrografia da junta soldada com C25 e modo convencional.......................... 104

Figura 54 - Micrografia região colunar do CP usando Argônio e modo pulsado ................. 105

Figura 55 - Micrografia região refinada do CP usandoArgônio e modo pulsado................. 105

Figura 56 - Micrografia região colunar do CP usando C25 e modo pulsado....................... 106

Figura 57 - Micrografia região refinada do CP usando C25 e modo pulsado...................... 106

Figura 58 - Micrografia região colunar do CP usando Argônio e modo convencional......... 107

Figura 59 - Micrografia região refinada do CP usando Argônio e modo convencional ....... 108

Figura 60 - Micrografia região colunar do CP usando C25 e modo convencional .............. 108

Figura 61 - Micrografia região refinada do CP usando C25 e modo convencional ............. 109

Figura 62 - Energia absorvida em função da temperatura .................................................. 113

Figura 63 - Resultado de dureza ......................................................................................... 115

Figura 64 - Posicionamento dos pontos de medição de dureza.......................................... 116

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

12

ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1 - Significado do último dígito da classificação de arames tubulares para aço

carbono.......................................................................................................................... 20

Tabela 2 - Composição química exigida para metais de solda de eletrodo composto para aço

carbono.......................................................................................................................... 32

Tabela 3 - Composição química exigida para metais de solda de eletrodos compostos para

aço baixa liga................................................................................................................. 33

Tabela 4 - Designador suplementar opcional de hidrogênio difusível. .................................. 35

Tabela 5 – Composição química do metal depositado.......................................................... 55

Tabela 6 – Propriedades mecânicas do metal depositado.................................................... 55

Tabela 7 – Propriedades Mecânicas do aço USI – SAC 350. ............................................... 56

Tabela 8 – Composição química (% em massa ) USI – SAC 350......................................... 56

Tabela 9 – Fatores e níveis do planejamento fatorial............................................................ 63

Tabela 10 - Parâmetros de pulso para a mistura gasosa C25. ............................................. 81

Tabela 11 - Parâmetros de pulso para o gás Argônio puro................................................... 81

Tabela 12 – Parâmetros operacionais de soldagem para o modo convencional. ................. 82

Tabela 14 - Valores médios dos parâmetros geométricos .................................................... 93

Tabela 15 – Análise de Variância (ANOVA) para Características Geométricas. .................. 93

Tabela 16 - Valores médios dos Parâmetros Econômicos.................................................... 97

Tabela 17 – Análise de Variância (ANOVA) para Características Econômicas. ................... 97

Tabela 18 – Resultados médios do ensaio de impacto Charpy V ....................................... 112

Tabela 19 – Resultados de análise de variância para os ensaios de impacto. ................... 112

Tabela 20 – Resultados médios do ensaio de dureza (HRc) .............................................. 114

Tabela 21 – Resultados de análise de variância para os ensaios de dureza...................... 114

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

13

OBJETIVOS E CONTRIBUIÇÕES

Este trabalho tem como objetivo principal a análise dos efeitos da natureza da

corrente e do tipo de gás de proteção, na soldagem a arame tubular de fluxo

metálico, sobre:

A estabilidade de arco voltaico;

As características econômicas do processo: consumo, produção e

rendimento;

As características geométricas da solda: largura, penetração e reforço;

Os aspectos macrográficos e a microestrutura do metal de solda;

As propriedades de resistência mecânica do metal de solda: dureza e

resistência ao impacto (Charppy).

A principal contribuição científica a alcançar nesta dissertação está relacionada à

motivação para estudos avançados de investigação, com vistas ao desenvolvimento

de conhecimentos sobre a soldagem com arame tubular em fluxo metálico, cujas

aplicações são ainda muito reduzidas. A contribuição tecnológica esperada

relaciona-se à expectativa dos resultados obtidos na soldagem nos modos em

corrente pulsada e convencional, utilizando dois tipos de gás de proteção.

Uma outra contribuição tecnológica bastante significativa é o estabelecimento de

pacotes operacionais em corrente pulsada como função do tipo e do diâmetro do

arame, para a geração de um banco de dados auxiliar, capaz de reduzir as

limitações operacionais impostas a este processo de soldagem e torná-lo de domínio

popular.

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

14

1- INTRODUÇÃO

Atualmente a soldagem é um dos mais importantes processos de fabricação

em uso na indústria mecânica, atingindo a vários setores industriais. Pesquisas e

descobertas arqueológicas demonstram que as operações de fabricação utilizando a

soldagem são bastante antigas. Segundo Ramalho (1993), os pilares de ferro da

cidade de Delhi, estruturas sólidas com aproximadamente 400 milímetros de

diâmetro e 20 metros de comprimento, foram unidas por forjamento (soldagem por

pressão) há, aproximadamente, 2000 anos.

Desde os primeiros avanços tecnológicos em soldagem da era moderna,

quando em 1801 Sir Humprey criou um arco elétrico entre dois terminais de um

circuito, até os dias de hoje, a tecnologia de soldagem muito evoluiu. Neste sentido,

destacam-se o desenvolvimento de projetos das modernas fontes eletrônicas de

soldagem, que possibilitaram a melhoria do controle e facilitaram a realização de

soldagens totalmente automatizadas e o desenvolvimento de novos materiais, de

consumíveis alternativos para a soldagem e, com isso, a ampliação das aplicações

industriais dos processos de soldagem automáticos e semi-automáticos, como o

MIG, o MAG, o arco submerso e o arame tubular. Este último processo, segundo

Mota (1998), é um processo de relevante importância tecnológica, uma vez que

reúne vantagens do processo eletrodo revestido e do MIG/MAG.

O processo de soldagem por arame tubular se tornou um método viável a

partir de 1957, consolidando-se nos anos de 70 e 80 nos Estados Unidos, Japão e

Europa, como um importante processo de soldagem. No Brasil, apesar de tentativas

de implantá-lo nos anos 80, apenas na década de 90 o processo ganhou impulso

diante da necessidade dos fabricantes nacionais em aumentar sua produtividade e a

qualidade do seu produto, bem como reduzir custos (DOMINGUES e ROS, 1996).

A soldagem a arco com arame tubular (Flux-Cored Arc Welding - FCAW) é

caracterizada por um processo que produz a coalescência dos metais pelo seu

aquecimento por um arco elétrico, estabelecido entre um eletrodo metálico tubular,

contínuo, consumível e a peça de trabalho. A proteção do arco e do cordão de solda

é feita por um fluxo de soldagem contido no interior do arame eletrodo e que pode

ser suplementada por um fluxo de gás fornecido por uma fonte externa. Além da

proteção, os fluxos podem ter outras funções, semelhantes as dos revestimentos

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

15

dos eletrodos, como desoxidar e refinar o metal de solda, adicionar elementos de

liga à solda, fornecer elementos que estabilizam o arco, etc (WAINER, 1992).

Os benefícios da soldagem com arame tubular têm relação com a

produtividade dos arames contínuos, enquanto os benefícios metalúrgicos são

provenientes da decomposição do fluxo interno e da ação auxiliar da escória líquida

na forma, no aspecto, e na sustentação do cordão de solda.

Neste trabalho foi analisado o desempenho do arame tubular composto da

classe AWS E80C-G utilizando as correntes convencional e pulsada com dois

diferentes tipos de gás de proteção (Ar puro e Ar+25CO2), através das seguintes

variáveis de resposta: a estabilidade do arco; as características econômicas do

processo e geométricas das soldas depositadas; os aspectos metalúrgicos da solda

assim como algumas propriedades de resistência mecânica.

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

16

2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 - CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE SOLDAGEM ARAME

TUBULAR

A soldagem com Arame Tubular constitui num processo de soldagem com

arco voltaico estabelecido entre o metal base e um tubo metálico continuamente

alimentado. O arame é preenchido por um fluxo fusível. O processo pode ser

automático ou semi-automático e apresenta duas variações: uma com a proteção

adicional de um gás externo (Gás Shield Arc Welding / GSAW) e outra sem a

proteção externa de gás ou autoprotegido (Self-Shielded Arc Welding / SSAW ou

Self-Shielded Flux Cored Arc Welding / SS-FCAW).

O processo de soldagem a Arame Tubular foi explorado inicialmente por volta

de 1920, em varetas de pequenas extensões. Existiam grandes dificuldades para a

fabricação de arames em pequenos diâmetros, impossibilitando assim a sua

disposição em bobinas. Além desta limitação, havia a dificuldade de determinar uma

relação de densidade ótima entre a escória e o metal fundido que garantisse a

sobreposição total da escória, e assim, uma proteção adequada. Estas limitações

levaram à perda de interesse pelo processo.

Com o avanço da tecnologia do processo de soldagem MIG (Metal Inert Gás),

por volta de 1950, despertou-se novamente o interesse pelo processo de soldagem

arame tubular. Hoje, este processo detém uma relevante importância pelo fato de

aliar vantagens do processo de soldagem eletrodo revestido, como aquelas do

sistema de proteção e da disponibilidade comercial de uma considerável variedade

de consumíveis no mercado, com as vantagens do processo de soldagem

MIG/MAG, tais como a alta produtividade e facilidade de automação.

2.1.1 - Características Gerais

No processo de soldagem com Arame Tubular autoprotegido, somente a

escória, os elementos desoxidantes e desnitretantes e os gases produzidos pela

decomposição do seu recheio protegem o metal de solda da ação da atmosfera

(principalmente O2 e N2). Outro método utiliza, além do fluxo interno ao arame, um

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

17

gás de proteção adicional, geralmente o CO2 puro, ou misturas desse gás com

argônio. A Figura 1 representa esquematicamente a soldagem com arame tubular

com proteção gasosa.

Arco elétrico

Fluxo

Eletrodo Tubular

Metal Fundido

Escoria Líquida Metal Solidificado

Bocal

Bico de contato

Gás de Proteção

Escória

Figura 1. Esquema representativo da soldagem a arame tubular com proteção

gasosa (Braga, 1997).

O equipamento necessário para a soldagem com arame tubular autoprotegido

é mais simples, necessitando apenas de uma fonte de energia e de um adequado

sistema de alimentação de arame. Dispensa o armazenamento e a alimentação

externa de gás e os reguladores de pressão. Já na soldagem que utiliza proteção

auxiliar de gás, a tocha é mais robusta, necessitando de um bocal para o

direcionamento do gás, que reduz a visibilidade do soldador à poça de fusão. A

Figura 2 apresenta o equipamento de soldagem a arame tubular com proteção

gasosa.

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

18

A fonte de energia geralmente empregada tem característica de tensão

constante (plana), a qual permite a estabilização do comprimento do arco através de

um controle chamado auto-ajustagem.

Figura 2- Representação esquemática do equipamento para soldagem FCAW.

2.1.2 - Metal de Adição

Os arames tubulares apresentam em seu interior um fluxo fusível que pode

ser rutílico ou básico. Além destes, existe o arame tubular do tipo composto cujo

fluxo é constituído de componentes metálicos.

O fluxo do tipo rutílico é mais comumente utilizado no processo FCAW devido

à facilidade de formação da gota. Além disso, possibilita a soldagem fora de posição

devido à formação de escória com uma composição que inicia a solidificação em

temperaturas altas, permitindo um bom suporte para a sustentação da poça de fusão

(FRENCH e BOSWORTH, 1995).

Os arames com fluxo do tipo básico são usados quando elevadas

propriedades mecânicas do metal de solda e muito baixo nível de hidrogênio são

requeridos. Uma grande desvantagem destes arames é o seu baixo desempenho

operacional. Comparados com o arame de fluxo rutílico, eles têm um arco mais

instável, com altos níveis de salpicagem. Mesmo em pequenos diâmetros, os

arames de fluxo básico não são satisfatórios para a soldagem fora de posição,

porque em baixas correntes de soldagem, necessárias para a soldagem fora de

posição, a transferência metálica ocorre em grandes gotas, as quais dependem da

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

19

força da gravidade para uma satisfatória formação. Além disso, no estado líquido a

escória básica não garante um suporte adequado de sustentação para a poça de

fusão como o da escória líquida produzida pelo arame rutílico (FRENCH e

BOSWORTH, 1995).

Os arames com recheio metálico fornecem uma alta taxa de deposição e

baixíssima formação de escória. Eles normalmente operam usando proteção gasosa

rica em argônio e em densidades de corrente e de tensão que facilitem a

transferência metálica no tipo spray. Correntes de soldagem para estes arames, são

então, usualmente de altos valores. Em baixas correntes o metal é transferido em

grandes gotas e, como resultado, a capacidade de soldagem fora de posição fica

comprometida (FRENCH e BOSWORTH, 1995).

Esta descrição das características destes arames ilustra que, enquanto o

arame de fluxo rutílico oferece fácil operacionalidade para a soldagem em todas as

posições, os arames de fluxo básico e com recheio metálico oferecem vantagens

potenciais em termos de propriedade mecânica da solda, níveis de hidrogênio

difusível, taxa de deposição e eficiência. As principais desvantagens do arame com

fluxo básico e com recheio metálico são a restrita faixa de corrente na qual eles

operam satisfatoriamente e sua inadequação para o uso em soldagem fora de

posição (FRENCH e BOSWORTH, 1995).

2.1.3 - Classificação

A American Welding Society (AWS) classificação os arames tubulares para a

soldagem a arco voltaico, conforme o abaixo discriminado:

AWS EXYT-Z Onde:

E – Designa um eletrodo

X – Indica a resistência mínima à tração (em 10000 psi) do metal de solda

depositado.

Y – Posição de soldagem: 0 – Plana, Horizontal;

1 – Todas.

T – Indica um eletrodo tubular com alma de fluxo;

Z – Características de uso operacional.

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

20

Obs: Quando o arame possui alma metálica a letra “T” que significa tubular é

substituída pela letra “C” designando arame composto.

A Tabela 1 apresenta informações sobre o modo de proteção e a polaridade

de acordo com o último dígito (letra Z) da classificação dos arames tubulares para

aço-carbono.

Tabela 1 – Significado do último dígito da classificação de arames tubulares

para aço carbono (ASME, 1983).

Classificação AWSa Meio de proteção externa

Corrente e Polaridade

EXXT-1 (passes múltiplos) CO2 CC, eletrodo positivo

EXXT-2 (passe único) CO2 CC, eletrodo positivo

EXXT-3 (passe único) Nenhum CC, eletrodo positivo

EXXT-4 (passes múltiplos) Nenhum CC, eletrodo positivo

EXXT-5 (passes múltiplos) CO2 CC, eletrodo positivo

EXXT-6 (passes múltiplos) Nenhum CC, eletrodo positivo

EXXT-7 (passes múltiplos) Nenhum CC, eletrodo negativo

EXXT-8 (passes múltiplos) Nenhum CC, eletrodo negativo

EXXT-10 (passe único) Nenhum CC, eletrodo negativo

EXXT-11 (passes múltiplos) Nenhum CC, eletrodo negativo

EXXT-G (passes múltiplos) b b

EXXT-GS (passe único) b b a A designação EXXT-9 está intencionalmente omitida. b Conforme combinado entre o usuário e o fornecedor.

Esta especificação classifica doze tipos diferentes de eletrodos com alma de

fluxo. Cada sufixo (T-1, T-2, T-3, T-4, T-5, T-6, T-7, T-8, T-10, T-11, T-G e T-GS)

indica um grupo geral de eletrodos que contêm componentes similares de fluxo e

que apresentam características similares de usabilidade (ASME, 1993; AWS, 1996 e

AWS, 2001).

Classificação T-1: Os eletrodos do grupo T-1 são classificados nesta

especificação utilizando-se o CO2 como gás de proteção. Entretanto, também são

usadas misturas de argônio-CO2 para melhorar a usabilidade dos eletrodos,

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

21

especialmente para as aplicações que exigem soldagens fora de posição. A redução

do teor de CO2 provoca um aumento nos teores de manganês e de silício nos

depósitos, podendo melhorar as propriedades de impacto. Esses eletrodos são

projetados para soldagem em um único passe e também para soldagem em passes

múltiplos. As bitolas maiores, usualmente iguais ou superiores a 2,0 mm, são usadas

para as soldagens na posição plana e nas soldas em ângulo na posição horizontal.

Os diâmetros menores, iguais ou inferiores a 1,6 mm, são usados para as soldagens

em todas as posições. Os eletrodos T-1 são caracterizados pela transferência de

metal por gotículas, pequenas perdas devidas a salpicagem, cordão de solda com

configuração plana ou levemente convexa, e um volume moderado de escória

cobrindo completamente o cordão de solda. Os eletrodos desse grupo, em sua

maioria, apresentam uma escória de base rutílica.

Classificação T-2: Os eletrodos dessa classificação são essencialmente

eletrodos T-1, porém com teores mais elevados de manganês e de silício, ou de

ambos, e são projetados principalmente para as soldagens em um único passe, na

posição plana, e nas soldas em ângulo na posição horizontal. Os níveis mais

elevados de desoxidantes nestes eletrodos permitem as soldagens em um único

passe, mesmo em aços efervescentes ou oxidados.

Classificação T-3: Os eletrodos desta classificação são autoprotegidos,

usados com corrente contínua e polaridade positiva, apresentando uma

transferência de metal por gotículas. O sistema de escória é projetado para

proporcionar características especiais que tornam possível a obtenção de grandes

velocidades de soldagem.

Classificação T-4: Os eletrodos T-4 são autoprotegidos, operam com corrente

contínua e polaridade positiva e apresentam uma transferência de metal do tipo

globular. O sistema de escória é projetado para tornar possível taxas de deposição

muito elevadas e para dessulfurizar o metal de solda até níveis realmente muito

baixos, proporcionando depósitos de solda muito resistentes ao trincamento. Esses

eletrodos são projetados para uma pequena penetração além da raiz da solda, o que

os capacita para uso em juntas com má ajustagem, e para soldagens em um único

passe ou em passes múltiplos, nas posições plana e horizontal.

Classificação T-5: Os eletrodos do grupo T-5 são projetados para uso com

proteção de CO2 (podem ser usadas misturas argônio-CO2, similarmente às

utilizadas com os eletrodos T-1), nas soldagens em um único passe e em passes

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

22

múltiplos, na posição plana, e nas soldas em ângulo na posição horizontal. Esses

eletrodos são caracterizados por uma transferência do tipo globular, por cordões de

solda com um contorno ligeiramente convexo e por uma escória delgada, que pode

não cobrir totalmente o cordão de solda. Os eletrodos desse grupo apresentam

escória à base de fluoreto de cálcio. Os depósitos de solda produzidos por eletrodos

T-5 possuem propriedades de impacto e de resistência às trincas, superiores às dos

eletrodos de escória rutílica.

Classificação T-6: Os eletrodos desta classificação são autoprotegidos,

operam com corrente contínua e polaridade positiva e apresentam uma transferência

de metal por gotículas. O sistema de escória é projetado para proporcionar boas

propriedades de impacto em temperaturas baixas, grande penetração além da raiz

da solda e facilidade na remoção de escória em chanfros profundos. Esses eletrodos

são usados nas soldagens em um único passe ou em passes múltiplos nas posições

plana e horizontal.

Classificação T-7: Os eletrodos T-7 são autoprotegidos, operam com corrente

contínua e polaridade negativa. O sistema de escória é projetado para proporcionar

características especiais que permitem o uso de bitolas maiores desses eletrodos,

que possibilitam elevadas taxas de deposição e o emprego de bitolas menores nas

soldagens em todas as posições. O sistema de escória é também projetado para

dessulfurizar o metal de solda até níveis muito baixos, favorecendo a formação de

depósitos de solda resistente às trincas. Esses eletrodos são usados em soldagens

feitas em um único passe ou em passes múltiplos.

Classificação T-8: Os eletrodos dessa classificação são autoprotegidos,

operando com corrente contínua e polaridade negativa. O sistema de escória é

projetado para proporcionar determinadas características aos eletrodos, tornando-os

utilizáveis para as soldagens em todas as posições. O sistema de escória também é

projetado para produzir, no metal de solda, propriedades excelentes de impacto em

temperaturas baixas, e para dessulfurizar o metal de solda até níveis muito baixos,

favorecendo a resistência da solda ao trincamento. Esses eletrodos são usados em

soldagens efetuadas em um único passe ou em passes múltiplos.

Classificação T-10: Os eletrodos T-10 são autoprotegidos, operando com

corrente contínua e polaridade negativa. O sistema de escória é projetado para

desenvolver características que permitam a execução de soldas com grandes

velocidades de avanço. Esses eletrodos são usados para as soldagens em um único

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

23

passe, de materiais de várias espessuras, nas posições plana, horizontal, e vertical

descendente (em ângulos de até 20º).

Classificação T-11: Os eletrodos T-11 são autoprotegidos, operando com

corrente contínua e polaridade negativa e apresentam transferência do metal por

gotículas em arcos relativamente calmos. O sistema de escória é projetado com

determinadas características, permitindo que os eletrodos possam ser usados em

todas as posições de soldagem, com grandes velocidades de avanço. Esses

eletrodos são utilizados para aplicações gerais, nas soldagens em um único passe

ou em passes múltiplos e em todas as posições.

Classificação EXXT-G: A classificação EXXT-G refere-se a eletrodos

relativamente recentes próprios para soldagens em passes múltiplos e que ainda

não estão enquadrados em nenhuma das classificações atualmente definidas. As

propriedades de soldagem em passes múltiplos podem ser cobertas, de alguma

forma, por estas classificações. O sistema de escória, as características de arco, a

aparência da solda, e a polaridade, ainda não estão definidos.

Classificação EXXT-GS: A classificação T-GS refere-se a eletrodos

relativamente recentes próprios para soldagens em um único passe e que ainda não

estão enquadrados em nenhuma das classificações atualmente definidas. As

propriedades de soldagem em um único passe podem ser cobertas, de alguma

forma, por estas classificações. O sistema de escória, as características do arco, a

aparência da solda, e a polaridade, ainda não estão definidos.

2.1.4 - Características Operacionais e Econômicas

Machado (1996), Braga (1997) e Mota (1998) afirmam que, comparado com a

soldagem com Eletrodo Revestido e MIG, o processo de soldagem a arame tubular

apresenta uma maior taxa de deposição e a possibilidade de redução nos chanfros,

com a conseqüente vantagem econômica da redução no volume da massa de metal

de adição necessário para o preenchimento total do chanfro.

Na soldagem com arame tubular autoprotegido existe a flexibilidade para a

utilização de grandes comprimentos do arame eletrodo, o que facilita o aumento da

taxa de deposição, o acesso e a visibilidade ao fundo de chanfros estreitos em

juntas de grande espessura (OTEGUI e VEDIA, 1985).

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

24

É um processo de soldagem recomendado para a soldagem no campo, pois

promove adequada proteção ao metal de solda e ao arco voltaico se exposto a

velocidade de vento de até 5 m/seg. Além disso, está habilitado para soldar em

todas as posições (OTEGUI e VEDIA, 1985; WIDGERY, 1994 ).

A composição do fluxo neste processo de soldagem possibilita condições

para a transferência metálica no modo spray mesmo com o CO2 usado como gás de

proteção, o que não se observa no processo de soldagem MAG.

Uma desvantagem do processo de soldagem arame tubular é o elevado custo

relativo do metal de adição, que ocorre devido às dificuldades operacionais em seu

processo de fabricação e, também, devido à pequena demanda de mercado, para o

produto. A elevada geração de fumos durante a operação de soldagem somada a

necessidade de custos adicionais para a remoção de escória, são fatores que ainda

inibem o uso deste tipo de arame em relação aos arames maciços usados nos

processos de soldagem MIG, MAG e Arco Submerso (MACHADO, 1996; NORRISH,

1992).

Os consumíveis comumente utilizados neste processo de soldagem,

geralmente são fabricados em diâmetros que variam de 1,0 a 3,2 mm e a

configuração geométrica metal/fluxo, em sua seção transversal, pode apresentar-se

como tubular simples ou “multifoder”, conforme é ilustrado na Figura 3. Geralmente,

as formas simples, figura 3(e), são de mais fácil fabricação e mais baratas. Nas

seções mais complexas, figura 3(a, b, c, d), projetadas para arame de maior

diâmetro, as características operacionais (estabilidade) do arco são superiores e

propiciam melhor soldabilidade, no entanto, têm dificuldades para a soldagem fora

da posição plana (DIAS, 2004).

Figura 3 - Geometria de seções transversais típicas de arames tubulares

(DIAS, 2004).

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

25

Neste processo de soldagem, o fluxo dos arames tem funções similares

aquelas dos eletrodos revestidos, ou seja:

Desoxidar o metal de solda, devido a presença de elementos

desoxidantes como o Al, Mg, Si, K, Mn, Na e Ca;

Transferir elemento de liga ao metal de solda;

Aumentar a taxa de deposição, através do uso do pó de ferro;

Formar escória e gás de proteção;

Estabilizar o arco voltaico;

Produzir uma conveniente geometria para o cordão.

2.2 - CONSIDERAÇÕES SOBRE O ARAME COMPOSTO

O principal objetivo do usuário de um processo de soldagem na fabricação ou

na recuperação de peças, componentes e/ou estruturas, é reduzir os custos

enquanto mantém altos níveis de qualidade, produtividade e propriedades

mecânicas. Em operações onde o custo com a mão de obra representa uma parcela

significativa do valor total da obra, um processo de soldagem que apresente

características de maior eficiência operacional terá, certamente, preferência na

competição de mercado. Onde as despesas com a mão de obra são

significativamente altas os custos associados aos consumíveis usados na soldagem

podem, freqüentemente, se transformar no fator controlador e determinante do custo

total da obra. Neste caso, consumíveis com altas taxas de deposição e altos níveis

de eficiência podem ser efetivamente selecionados e usados para reduzir os custos

totais de fabricação (IRVING, 1994).

Neste contexto, os arames compostos foram reformulados para se

adequarem às mudanças impostas aos fabricantes a partir das necessidades dos

consumidores. Este novo produto pode apresentar uma taxa de deposição cerca de

10-30% maior do que os arames maciços ou os arames tubulares. Eles depositam

pouca ou nenhuma escória na superfície do cordão. Assim, soldas em múltiplos

passes são possíveis sem a necessidade de uma limpeza rigorosa entre passes. Os

arames compostos exibem uma eficiência de deposição de até 95%, haja vista que

eles geram pouca salpicagem e produzem baixos níveis de fumos quando usados

com a proteção de gás rico em argônio (LYTTLE, 1996).

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

26

Similares no projeto e na sua concepção aos convencionais arames

tubulares, os arames compostos consistem de uma fina capa metálica de aço

carbono preenchida com um recheio composto com pó de ferro, traços de

desoxidantes e estabilizadores de arco. Para produzir a nova geração de arames

tubulares, os fabricantes estão utilizando tecnologia própria para alterar a

composição da capa metálica e do recheio. Baixos teores de carbono e reduzida

quantidade de vapor em alta pressão e/ou constituintes facilmente dissociados

(como o, NaF e CaCO3). Estes elementos propiciam a chave para a baixa taxa de

geração de fumos e melhor performance do arco (LYTTLE, 1996).

Os arames compostos têm sido usados com vantagens na substituição de

arames tubulares tradicionais de grandes diâmetros (maior que 2,0 mm) protegidos

com 100% CO2 e operando na posição plana. Eles propiciam uma melhoria

significativa na estabilidade do arco, na produtividade, e na qualidade do depósito.

Quando da união de materiais espessos onde a soldagem em múltiplos passes é

requerida, os arames compostos podem melhorar substancialmente a produtividade

da operação de soldagem, porque a limpeza entre passes é minimizada ou até

eliminada completamente, especialmente pela ausência de escória. Além disso,

arames compostos protegidos por argônio geram pouca salpicagem comparados

com a grande quantidade e tamanho dos salpicos gerados por arame tubular

convencional protegido por CO2 (FRENCH; BOSWORTH, 1995).

Na América do Norte, Europa e partes da América do Sul e Ásia, a exposição

de trabalhadores aos efeitos da operação de soldagem e de outros processos

industriais é estritamente controlada. A exposição de soldadores a fumos e gases

gerados pelos processos de soldagem a arco voltaico tem sido preocupação das

indústrias de soldagem. A melhor solução para uma situação de exposição é

minimizar a quantidade de fumo de soldagem gerada na fonte - o arco voltaico. Visto

que as novas gerações de arames compostos produzem níveis de fumos entre 20-

50% mais baixos do que os arames tubulares convencionais, eles podem ser usados

em aplicações onde os fumos devem ser reduzidos (FERREE, 1995).

Na operação de soldagem com arames maciços, onde, por algumas razões

operacionais ou de natureza específica, haja limitações para a elevação dos níveis

superiores da corrente de soldagem, impondo desta maneira restrições às elevações

da taxa de deposição e da velocidade de soldagem, a solução pode ser a

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

27

substituição dos arames maciços pelos arames compostos, haja vista, que estes

podem aumentar a taxa de deposição em até 15% (FERREE, 1995).

2.2.1 - Vantagens dos Arames Compostos

Elevada taxa de deposição

Os arames tubulares são construídos por tiras de aço carbono enrolada na

forma de tubo preenchido com fluxo/componentes metálicos. Neste sentido, a

corrente de soldagem transferida do bico de contato para o eletrodo flui

predominantemente através da capa metálica. Este fato é responsável pela grande

densidade de corrente que caracteriza a operação de soldagem com os eletrodos

tubulares. Para um mesmo nível de corrente, isso explica as maiores taxas de fusão

e de deposição, deste tipo de arame em relação aos arames maciços. Quando

comparados com um arame maciço equivalente (tipo e diâmetro), os arames

compostos depositam cerca de 10 – 20% mais do metal de adição incorporado ao

metal de solda.

Grande rendimento

O rendimento de um processo de soldagem é definido como a relação entre a

taxa de deposição e a taxa de fusão do arame. Inerentemente, processos de

soldagem com arame maciço possuem geralmente valores maiores de rendimento.

Visto que eles geram pouca escória e fumos de soldagem, a perda de material

consiste sobretudo dos salpicos que não fazem parte do cordão de solda. Sendo a

formação de escória, geração de fumos de soldagem e salpicos uma função do gás

de proteção usado e do tipo de transferência metálica obtida, para arames maciços

uma faixa de eficiência de 90 – 98% é comumente alcançada. Já para arames

tubulares que produzem uma camada de escória no cordão de solda e geram altos

níveis de fumos de soldagem, e com alguns tipos de arame níveis significativos de

salpicos, as faixas de eficiência são de 80 – 87% para arames de 2,4 a 1,2 mm de

diâmetro. Arames compostos com seus níveis mínimos de escória, fumo e salpico

(quando usado com gás baseado em misturas de argônio), exibem eficiência de

deposição na faixa de 91 – 95% (1,2 mm) e 93 – 96% (1,6 mm) para uma variedade

de tipos de liga.

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

28

Mínima escória na superfície do cordão de solda

Os arames compostos são diferentes de outros arames tubulares pelo fato de

produzirem pouca escória no cordão de solda depositado. A quantidade de escória

produzida por um arame é afetada pela sua formulação específica, mas é função

também do gás de proteção utilizado. Gases com baixo potencial de oxidação, tais

como misturas de argônio com pequenas adições de oxigênio (<2%) ou dióxido de

carbono (<10%), produzem as menores quantidades de escória e freqüentemente

permitem ao usuário soldar novamente esta superfície sem o risco de possibilitar a

ocorrência de defeitos de inclusão de escória. A minimização ou eliminação de

limpeza entre passes tem uma influência positiva na produtividade da mão de obra.

Este aumento de produtividade pode resultar em redução substancial nos custos de

soldagem. Um outro benefício da ausência de escória em soldas dos arames

compostos é o potencial para uso em chanfros estreitos e, por conseguinte, poucos

passes de solda são requeridos em metais de base espessos. Visto que são poucas

as chances da camada de escória vir a ficar presa nas paredes da junta soldada,

torna-se possível a redução de ângulo de juntas de um simples 60º, usados no

GMAW e/ou FCAW, para 45º. Isto reduz o volume do metal de solda requerido para

preencher a junta em, até aproximadamente, 60%. Este fato se reflete numa redução

considerável dos custos com a mão de obra e com o tempo de execução da obra.

Ambos podem resultar em custos de soldagem significativamente mais baixos.

Baixa salpicagem

Às últimas gerações de arames compostos têm sido acrescentados

elementos estabilizadores de arco, o que lhes confere uma transferência metálica

estável no modo spray com baixa salpicagem. Esta performance é bastante similar a

dos arames maciços. Reduções na salpicagem de 20 – 40% podem ser alcançadas

quando um arame composto é comparado a um arame tubular protegido por CO2,

cuja transferência no modo globular ocorre com grandes diâmetros de gota. A

economia de material de solda pode ser refletida na redução do custo de mão de

obra e de material associado com limpeza pós-soldagem e tempo.

Boa forma e aparência do cordão

Devido as excelentes características do arco e os baixos níveis de fumo e de

salpicagem, o uso dos arames compostos possibilitam fácil acesso e boa visibilidade

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

29

ao fundo de chanfros profundos e obter mais facilmente o tamanho de solda

requerido para uma aplicação específica. Isto significa que menos metal de solda

será desperdiçado para completar a união soldada. Visto que juntas soldadas são

freqüentemente “retrabalhadas”, e isso significa depositar uma quantidade maior de

material do que pelo procedimento especificado. Isto é um potencial significativo

para reduzir custos de material e de soldagem se o tamanho do cordão de solda

puder ser controlado com mais exatidão.

Redução no nível de fumos gerados na soldagem

Uma das mais significativas melhorias na nova geração de arames compostos

é o reduzido nível de fumo exibido em mais altos níveis dos parâmetros de

soldagem. Os arames compostos desenvolvidos por vários fabricantes produzem

níveis de fumos gerados similares aos arames maciços. Este fator sozinho tem sido

a força motriz para muitas conversões do arame tubular convencional protegido por

CO2 para arame composto. Quando comparado com base na geração de fumos por

peso de metal de solda depositado, os arames compostos protegidos por misturas

argônio-oxigênio ou argônio-dióxido de carbono, geram aproximadamente a mesma

quantidade de fumos geradas pelos arames maciços, mas são 100-150% melhores

do que os arames tubulares protegidos por CO2. Recentes desenvolvimentos

associados com MIG Pulsado tem mostrado que significantes reduções na geração

de fumos podem ser alcançadas com esta variante do processo e arame maciço.

Testes com corrente controlada tem mostrado que reduções acima de 50% nos

níveis de fumos também podem ser alcançadas quando os arames compostos são

usados com corrente pulsada.

2.2.2 - Desvantagens dos Arames Compostos

A grande desvantagem associada aos arames compostos é o alto custo inicial

para o aço baixo carbono e a variedade deste produto (20-25% menores do que o

arame tubular convencional). Além disso, a nova geração de arames compostos

requer produção tecnológica especial para assegurar baixas taxas de geração de

fumos mantendo altos níveis de qualidade de solda. Isto geralmente resulta em

elevação dos custos de fabricação e comercialização.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

30

2.2.3 - Classificação dos Arames Compostos

Até recentemente os arames compostos para soldagem de aço carbono

foram descritos na classificação de consumíveis da AWS como arames tubulares

(AWS 5.20-79). Apesar de sua construção se assemelhar a dos arames tubulares,

os arames compostos são muito parecidos com arames maciços em matéria de

performance e usabilidade. Em reconhecimento a essas similaridades, os arames

compostos foram recentemente reclassificados e enquadrados dentro das

especificações relacionadas com os arames maciços para soldagem MIG (AWS

5.18-94, E70C-3X(C ou M) e E70C-6X(C ou M)). Eles são considerados um tipo

separado de consumíveis com algumas características similares aos arames

tubulares e outras aos arames maciços (LYTTLE, 1996 ).

SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO

O sistema para a identificação e a classificação de eletrodos compostos

segue o modelo padrão usado em outras especificações AWS para metal de adição,

como mostrado na figura 4 para aços baixa liga e na figura 5 para aço carbono

(AWS, 1996; AWS, 2001).

A especificação é dividida de acordo com o tipo de metal base a ser soldado:

aço baixa liga (Norma AWS A5.28-96: Especificação de eletrodos e varetas de

Soldagem a Arco Protegido por Gás para aço baixa liga) e aço carbono (Norma

AWS A5.18/A5.18M-2001: Especificação de eletrodos e varetas de Soldagem a Arco

Protegido por Gás para aço carbono).

Neste sistema de classificação dos arames compostos, o prefixo “E” designa

um eletrodo. Os dois ou três dígitos seguintes (70, 80, 90, 100, 110 ou 120) indicam

a resistência mínima à tração requerida ao metal de solda, em múltiplos de 1000 psi

(6,9 Mpa). Esta resistência mínima à tração é determinada usando o eletrodo de

acordo com as condições de soldagem contidas na especificação AWS A5.28-96. A

letra C da especificação designa um eletrodo composto ou de fluxo metálico (metal

cored). O sufixo após o hífen indica a composição química do metal de solda sujeito

a certas condições de teste. Um designador opcional suplementar pode vir depois

(H16, H8, H4 ou H2), indicando que o eletrodo encontrará um nível máximo de

hidrogênio difusível de 16, 8, 4 ou 2 ml/100g de metal de solda quando testado como

esquematizado na especificação.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

31

Esta especificação inclui metal de adição classificado como EXXC-G. O “G”

indica que este metal de adição é de uma classificação geral. Isto é, “geral” porque

nem todos os requerimentos particulares especificados para as outras classificações

são especificadas para esta classificação.

Os arames compostos são especificados de acordo com a composição

química e propriedades mecânicas do metal de solda e o tipo de gás de proteção

empregado. A Tabela 2 mostra a composição química requerida para metal de solda

de arames compostos para aço carbono e a Tabela 3 apresenta a composição

química requerida para metal de solda de arames compostos para aço baixa liga.

E XX C – XXX HZ

Figura 4 - Sistema para identificação e classificação de eletrodos compostos

para aço baixa liga.

Indica Eletrodo para soldagem a arco

Indica eletrodo composto ou de fluxo metálico

Designador suplementar opcional indicanhidrogênio difusível, onde Z representa 16, 8,

do o nível máximo de 4 ou 2.

Indica a composição química do mearame composto.

Indica em incrementos de 1000 psi (6,9 Mpa), a resistência mínima a tração do metal de solda produzido pelo eletrodo quando testado de acordo com a especificação.

tal de solda produzido por um

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

32

Tabela 2 - Composição química exigida para metais de solda de eletrodo composto para aço carbono (ASME, 1983).

ClassificaçãoAWSa Peso em Porcentagemd

A5.18 A5.18M Numero UNSb Gás de Proteção C Mn Si S P Nie Cre Moe Ve C Classificação de Múltiplos Passes E70C-3X E48C-3X W07703 75-80%Ar/balanceado 0,12 1,75 0,90 0,03 0,03 0,50 0,20 0,30 0,08 0,50 Com CO2 ou 100% CO2 E70C-6X E48C-6X W07706 75-80%Ar/balanceado 0,12 1,75 0,90 0,03 0,03 0,50 0,20 0,30 0,08 0,50 com CO2 ou 100%CO2 E70C-G(X) E48C-G(X) --- f sem especificaçãog Classificação de um Único Passe E70C-GS(X) E48C-GS(X) --- f sem especificaçãoh

NOTAS: a. O final X mostrado na classificação representa um “C” ou “M” correspondente ao gás de proteção com que cada eletrodo é classificado. O uso do “C” representa

proteção de 100% de CO2 (AWS A5.32 Classe SG-C). “M” representa 75-80% de Ar/ mistura CO2 (AWS A5.32 Classe SG-AC-Y, onde Y está de 20 a 25). Para E70C-G [E48C-G] e E70C-GS [E48C-GS], o final “C” ou “M” deve ser omitido se estes gases não são usados conforme a classificação.

b. Sistema de Numeração Unificado SAE/ASTM para metais e ligas c. O uso de outro gás de proteção sem ser o especificado, resultará numa composição de metal de solda diferente. d. Quando mostrado apenas um valor, este representa o valor máximo . e. A soma de Ni, Cr, Mo e V não excederá 0,50%. f. O gás de proteção será como combinado entre o comprador e o fornecedor, a menos que designado pelo sufixo “C” ou “M”. g. A composição será informada; a requerida é aquela combinada entre o comprador e o fornecedor. h. A composição do metal de solda desta classificação não é especificada, já que eletrodos desta classificação são destinados somente para solda em um único

passe.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

33

Tabela 3 - Composição química exigida para metais de solda de eletrodos compostosa para aço baixa liga (ASME, 1983).

Peso em porcentagemb.c

Classificação Número Total de outros AWSd UNSe C Mn Si P S Ni Cr Mo V Ti Zr Al Cu Elementos

Metal de Solda de Manganês-Molibdênio E90C-D2 W19230 0.12 1.00-1.90 0.90 0.025 0.030 -- -- 0.40-0.60 -- -- -- -- 0.35 0.50

Metal de Solda Cromo-Molibdênio E70C-B2L W52130 0.05 0.40-1.00 0.25-0.60 0.025 0.030 0.20 1.00-1.50 0.40-0.65 -- -- -- -- 0.35 0.50 E80C-B2 W52030 0.05-0.12 0.40-1.00 0.25-0.60 0.025 0.030 0.20 1.00-1.50 0.40-0.65 -- -- -- -- 0.35 0.50 E80C-B3L W53130 0.05 0.40-1.00 0.25-0.60 0.025 0.030 0.20 2.00-2.50 0.90-1.25 -- -- -- -- 0.35 0.50 E90C-B3 W53030 0.05-0.12 0.40-1.00 0.25-0.60 0.025 0.030 0.20 2.00-2.50 0.90-1.25 -- -- -- -- 0.35 0.50

Metal de Solda Aço-Níquel E80C-Ni1 W21030 0.12 1.50 0.90 0.025 0.030 0.80-1.10 -- 0.30 -- -- -- -- 0.35 0.50 E70C-Ni2 W22030 0.08 1.25 0.90 0.025 0.030 1.75-2.75 -- -- -- -- -- -- 0.35 0.50 E80C-Ni2 W22030 1.12 1.25 0.90 0.025 0.030 1.75-2.75 -- -- -- -- -- -- 0.35 0.50 E80C-Ni3 W23030 0.12 1.50 0.90 0.025 0.030 2.75-3.75 -- -- -- -- -- -- 0.35 0.50 Outros Metais de Solda de Baixa Liga EXXC-G sem especificaçãof

NOTAS: a. A química exigida para eletrodos compostos está baseada na análise do seu metal de solda, nas condições de soldagem e usando gás de proteção conforme sua especificação. b. O metal de solda será analisado pra cada valor mostrado neste tabela, conforme o elemento específico. c. Quando mostrado apenas um valor, este representa o valor máximo d. Eletrodos sólidos geralmente são recomendados para Soldagem a Arco Tungstênio com Atmosfera Gasosa (GTAW) ou para a Soldagem a Plasma (PAW). e. Sistema de Numeração Unificado SAE/ASTM para metais e ligas. f. A fim de que cumpra a exigência da classificação G, o eletrodo deve ter um mínimo de um ou mais de : 0.5 por cento de níquel. 0.30 por cento de cromo ou 0.20 por cento de molibdênio. g. A composição será informada; a requerida é aquela combinada pelo comprador com o fornecedor.

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

34

Figura 5 - Sistema para identificação e classificação de eletrodos compostos

para aço carbono.

E 70 C – X Y N HZ 48

Designa o uso somente como Eletrodo.

Indica em incrementos de 1000 psi (6,9 Mpa), a resistência mínima a tração do metal de solda produzido pelo eletrodo quando testado de acordo com a especificação A5.18. Neste caso, 70 indica 70 000 psi.

Indica eletrodo composto ou de fluxo metálico.

Designador suplementar opcional de hidrogênio difusível (ver Tabela 4).

Indica a composição química do metal de solda produzido por um arame composto. O uso do sufixo “GS” designa metal de adição indicado somente para aplicação em passe único.

O “N” é usado conforme a nota “a”.

Indica o tipo de gás de proteção usado para classificação de eletrodos compostos. Dióxido de carbono é indicado pela letra “C” e mistura Argônio-CO2 é indicada por “M”.

Indica em incrementos de 10 MPa, a resistência mínima a tração do metal de solda produzido pelo eletrodo quando testado de acordo com a especificação A5.18M. Neste caso, 48 indica 480 MPa.

Nota a: A letra “N” como um sufixo nesta classificação significa que o metal de solda é indicado para vasos reatores nucleares. O sufixo muda os limites de fósforo e cobre como segue: P = 0,012% máximo Cu = 0,08% máximo.

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

35

Tabela 4 - Designador suplementar opcional de hidrogênio difusível.

Opcional Requerimento de Hidrogênio Difusível

Classificações

AWS

Designador Opcional

Suplementar de

Hidrogênio Difusívela,b

Hidrogênio Difusível

Máximo (mL/100g Metal

Depositado)c

Todas H16 16,0

Todas H8 8,0

Todas H4 4,0 Notas:

a. O teste de hidrogênio difusível é requerido somente quando especificado pelo comprador ou

quando o fabricante coloca o designador no rótulo.

b. Esse designador é adicionado no fim da classificação completa do eletrodo.

c. Algumas classificações podem não ser capazes de alcançar os baixos níveis médios de

hidrogênio difusível (H8 e H4).

2.3 - TRANSFERÊNCIA METÁLICA

A transferência metálica pode ser descrita como o transporte de gotas

fundidas da ponta de um eletrodo consumível para a poça de fusão. Wang, Liu e

Jones (1995) afirmam que de acordo com o tamanho e características da

transferência da gota fundida, diferentes modos de transferência metálica podem ser

definidos, tais como, curto-circuito, globular e spray. Segundo Kim e Eagar (1993)

estes modos de transferência metálica apresentam diferenças na estabilidade de

arco, poça de fusão, penetração, produção de salpicos, porosidade e nível de gás

aprisionado.

Uma forma prática de controlar diretamente a transferência metálica consiste

em empregar sensores que identifiquem a transferência da gota e reajustar os

parâmetros de soldagem (caso necessário) para melhorar a transferência metálica e,

conseqüentemente, otimizar o processo. Entretanto, isto nem sempre é fácil de ser

realizado em virtude da complexidade dos fenômenos envolvidos, o que dificulta a

identificação da transferência metálica (MIRANDA, 2002).

Diversas técnicas são empregadas para identificar o tipo de transferência

metálica durante a soldagem, entre elas tem-se:

Identificação por meio de filmagem em alta velocidade (Shadowgrafia);

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

36

Identificação por meio dos sinais de tensão e de corrente de soldagem

(oscilogramas);

Identificação por meio dos sinais sonoros;

Identificação por meio da intensidade luminosa.

Miranda (2002), em sua tese, construiu um eficiente sistema para

reconhecimento e controle da transferência metálica na soldagem MIG/MAG

pulsada, baseando-se na identificação por meio da intensidade luminosa. Uma das

importâncias deste estudo é a possibilidade de identificarmos o destacamento de

uma gota por pulso que é o desejável. Caso isso não ocorra, o método favorece o

ajuste dos parâmetros para que esta condição seja alcançada.

O modo de identificação por meio de sinais de tensão e corrente de soldagem

foi utilizado por Wang, Liu e Jones (1995) para classificar o modo de transferência

metálica. Eles perceberam que como resultado da formação e destacamento de uma

gota, o comprimento de arco aumenta e diminui periodicamente.

Conseqüentemente, cada evento de transferência corresponde a um pico e um vale

de tensão. Através de programas computacionais, os quais identificam os picos e

vales de tensão, pode-se obter uma variação de tensão (ΔU) para cada evento

durante um determinado intervalo de tempo. Deste modo um critério de variação de

tensão (ΔU) foi adotado por Wang, Liu e Jones (1995), no qual correlacionavam o

modo de transferência metálica com a variação entre o pico e o vale de tensão. Para

a transferência metálica com o eletrodo E71T-1 e com Ar-25%CO2 como gás de

proteção os autores propuseram a seguinte relação:

Curto-circuito: ΔU > 10 V

Globular: 1 < ΔU < 10 V

Spray: 0,3 < ΔU < 1 V

Ruídos: ΔU < 0,3 V

Um outro modo de caracterizar o tipo de transferência metálica é através de

filmagens em alta velocidade, também chamada de “Shadowgrafia”. Neste método,

admite-se que se o diâmetro de uma gota for menor do que o diâmetro do arame

eletrodo, considera-se a transferência no modo spray. Se o diâmetro da gota for

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

37

maior do que o diâmetro do arame, fica caracterizada a transferência no modo

globular; se a gota toca a poça de fusão, fica reconhecida como transferência em

curto-circuito (VILARINHO, 2000).

Vários autores, Kim e Eagar (1993), Braga (1997) e Mota (1998) confirmaram

que a transferência metálica na soldagem arame tubular, dentre outros fatores, é

afetada pela composição química do arame, pelo seu diâmetro, pela geometria da

sua seção transversal e pela sua relação fluxo/metal. Devido às propriedades físicas,

elétricas e metalúrgicas bastante diferentes entre a capa metálica e o fluxo, observa-

se a ocorrência de um atraso na fusão do fluxo em relação à capa metálica (Figura

6), interferindo na estabilidade do arco voltaico e na proteção das gotas metálicas,

além de impedir a transferência axial das gotas (WIDGERY, 1994).

Como muitos fatores influenciam a transferência metálica, modelos teóricos

tais como a teoria do balanço da força estática e a teoria da instabilidade do efeito

“pinch” foram propostas para explicar o fenômeno da transferência metálica. Embora

com sucesso limitado. Kim e Eagar (1993) em seu estudo analisaram teórica e

experimentalmente os modelos mencionados acima e, utilizando a filmagem em alta

velocidade, conseguiram determinar o tamanho das gotas transferidas e

compararam com os resultados provenientes dos modelos teóricos, constatando

significante diferença entre estes valores, principalmente quando o modo spray era

avaliado. Além disso, foram propostas alterações na teoria do balanço da força

estática.

Figura 6 - Forças atuantes na transferência metálica: Força peso (Fp); Tensão

superficial gota/casca metálica (Ftm); e gota/escória (Fte); Força de compressão

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

38

(Fc); Força de arraste do plasma (Fd); Força de evaporação metálica (Fv); Força

devido às reações químicas (bolhas) (Fq) (BRANDI e SOUZA, 2000)

2.3.1 – Forças Atuantes no Destacamento da Gota Metálica

O tamanho de uma gota fundida depende das várias forças que atuam na

ponta do eletrodo. Consoante a teoria do balanço de forças estáticas atuando na

gota, a equação (1) representa o momento do destacamento e seus termos estão

representados pela Figura 7. Enquanto que no caso específico do processo arame

tubular as forças atuantes no destacamento da gota estão descritas na Figura 6

(BRANDI e SOUZA, 2000; FIGUEIREDO, 2000).

Fg + Fd + Fem = Fγ + Fv Eq. 1

onde:

Fg = força gravitacional;

Fd = força de arraste (ou dragagem);

Fem = forças eletromagnéticas;

Fγ = tensão superficial;

Fv = força de vaporização.

Figura 7 – Balanço de forças atuando sobre uma gota.

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

39

i) FORÇA GRAVITACIONAL

A força gravitacional simplificada é dada pela equação (2):

Fg = m.gz Eq. 2

Onde:

m é a massa da gota;

gz é a componente vertical da aceleração da gravidade.

A importância deste termo está no fato da influência que exerce no

destacamento da gota entre as soldas feitas na posição plana e a sobre-cabeça. A

força gravitacional muitas vezes pode ser dominante sobre outras forças de

destacamento, particularmente em baixas correntes, quando o termo da força

eletromagnética é pequeno. Quando a força gravitacional é dominante, ocorre o

modo de transferência globular (FIGUEIREDO, 2000).

ii) FORÇA DE ARRASTE

A força de arraste exercida sobre a gota metálica, de acordo com Norrish e

Richardson (1988), ocorre devido ao escoamento do gás de proteção, e é

dependente da velocidade do jato de plasma, da composição do gás e do tamanho

da got+a. Ela é expressa pela equação (3) seguinte: '22 .....5,0 ddd CRvF ρπ= Eq. 3

Onde:

ν é a velocidade do plasma;

ρ é a densidade do gás;

Rd é o raio da gota;

C’d é o coeficiente de arraste.

A força de arraste na maioria dos casos é pequena. Ela terá efeito

significativo em baixa corrente, quando o tamanho da gota for grande

(FIGUEIREDO, 2000).

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

40

iii) FORÇA ELETROMAGNÉTICA

A força eletromagnética tende a prevalecer sobre as forças de destacamento

em correntes tipicamente requeridas em soldagens com modo de transferência

spray

A força eletromagnética depende do percurso da corrente. Ela é dada pela

formulação empírica da equação (4).

dDIFem ln

100

2

= Eq. 4

Onde: IKD =

d = mínima seção ativa do eletrodo;

D = máxima seção do arco medida na maior seção da gota;

K = constante de proporcionalidade – é função do meio;

I = corrente.

iv) FORÇA DE VAPORIZAÇÃO

Em altas correntes pode ocorrer uma significante vaporização metálica na

superfície da gota, na área de contato com o arco. Uma aceleração térmica das

partículas de vapor na coluna de plasma resulta em uma força opondo ao

destacamento da gota. A força de vaporização é expressa pela equação (5). Em

geral, a vaporização somente será significante em altas correntes.

JIdm

Fv

v .0= Eq. 5

Onde:

m0 = massa vaporizada por volume por Ampère;

dv = densidade de vapor;

I = corrente;

J = densidade de corrente.

v) TENSÃO SUPERFICIAL

De acordo com Figueiredo (2000), a tensão superficial tem um importante

papel no procedimento do processo de transferência metálica. Muitos fatores se

combinam para determinar o efeito deste parâmetro sobre o modo de transferência.

Dentre eles se inclui a composição e homogeneidade da gota, a temperatura da

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

41

gota, o gradiente de temperatura da superfície, a composição do gás e a forma da

gota. A tensão superficial é calculada pela seguinte fórmula empírica (Equação 6):

( )arfgmF .

=γ Eq. 6

Onde:

f(r/a) = 1 – 0,4(r/a) e a = (2γ/ρmg)1/2

m = massa da gota;

g = aceleração devido à gravidade;

γ = tensão superficial;

r = raio do eletrodo;

a = constante de capilaridade;

ρm = densidade da gota;

2.4 - GÁS DE PROTEÇÃO

A principal função do gás de proteção na soldagem é evitar que o metal de

solda fundido seja contaminado, formando óxidos. A formação de óxidos na solda

pode ocasionar vários problemas, tais como, porosidade e fragilização. No entanto,

a vazão e o tipo de gás de proteção tem um pronunciado efeito sobre os seguintes

itens de importância na soldagem a arco voltaico (IRVING, 1994):

Características do arco;

Modo de transferência metálica;

Penetração e perfil do cordão de solda;

Velocidade de soldagem;

Tendência à mordedura;

Ação de limpeza;

Propriedades mecânicas do metal de solda.

Para avaliarmos o efeito que a vazão e o gás de proteção exercem na solda e

na operação de soldagem, deve-se analisar a influência que o oxigênio e o CO2

exercem quando adicionados ao argônio ou ao hélio. O argônio e o hélio garantem

a proteção quando usados na soldagem de metais não ferrosos. Entretanto, neste

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

42

caso, adições de oxigênio e/ou de CO2 são necessárias para proporcionar bons

resultados na soldagem de aços. Usado no estado puro, o argônio pode promover

mordedura na soldagem de aços. Estas mordeduras podem ser eliminadas com

misturas à base de argônio, adicionando 1 a 5% oxigênio ou 3 a 25% CO2.

Segundo Ferree (1995), o gás de proteção usualmente promove um efeito

substancial na taxa de geração de fumos quando se solda com arames tubulares. A

Figura 8 mostra uma significante redução de 50% na taxa de geração de fumos para

um arame tubular da classe E71T-1M, quando a quantidade de CO2 é reduzida de

25% para 5% na mistura Ar-CO2 do gás de proteção.

Figura 8 – Taxa de Geração de Fumos (TGF) em função da porcentagem de

CO2 em um gás de proteção Ar-CO2 (FERREE, 1995).

Em geral, com o acréscimo do percentual do CO2 no gás de proteção a taxa

de geração de fumos usualmente aumenta. Isso acontece devido ao CO2 reduzir a

estabilidade de arco, produzir interrupções no arco e reagir com as gotas fundidas

oxidando mais partículas metálicas para os fumos.

Todos os tipos de gás de proteção afetam a emissão de fumos na soldagem

com arame tubular. Além disso, também afetam outras características como

penetração, composição e propriedades mecânicas da solda, como já foi

mencionado anteriormente. Usualmente, os gases menos reativos, ou seja, os com

base em argônio, produzem menos penetração no metal de solda, reduzidos níveis

de salpico e fumos e ligeiramente melhores propriedade de resistência ao impacto

do que gases oxidantes como o CO2. Entretanto, alguns novos arames tubulares

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

43

possuem ótima performance com gás de proteção CO2, além de terem relativamente

baixa emissão de fumos e propriedades mecânicas bastante satisfatórias.

2.5 - CONSIDERAÇÕES SOBRE CORRENTE PULSADA

O processo de soldagem FCAW convencional ajustado no modo de

transferência “spray” apresenta grandes dificuldades para a deposição do metal de

solda fora de posição e em chapas finas. Estas limitações levaram a investigação

científica ao desenvolvimento de métodos de soldagem alternativos e mais eficientes

para o controle dos parâmetros de soldagem. Deste modo, desenvolveu-se o

controle da transferência metálica utilizando a corrente pulsada, possível a partir da

concepção das fontes eletrônicas para a soldagem a arco voltaico. Neste caso, a

transferência metálica no modo spray é controlada para o destacamento de apenas

uma gota em cada pulso de corrente (FRENCH e BOSWORTH, 1995).

Uma das características deste processo alternativo de soldagem é o aumento

no número das variáveis de soldagem em relação ao processo convencional. Desta

forma, os parâmetros a serem ajustados antes da operação e monitorados durante a

soldagem são a corrente de pulso (Ip), tempo de pulso (tp), corrente de base (Ib) e

tempo de base (tb), além da velocidade de alimentação do arame e da tensão de

soldagem. Para uma dada aplicação, neste modo de transferência, o valor da

corrente média de soldagem é sempre inferior ao valor da corrente de transição

obtida na soldagem convencional. A figura 9 ilustra o comportamento gráfico de uma

onda de corrente pulsada e seus respectivos parâmetros de soldagem (ESSERS e

VAN GOMPEL, 1984).

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

44

Figura 9 - Soldagem por corrente pulsada

Inúmeros estudos científicos investigam os fenômenos relacionados à física

do arco voltaico em corrente pulsada. Os mecanismos de destacamento da gota

metálica são principalmente ativados devido à rápida elevação da corrente de base

aos níveis da corrente de pulso, que intensificam a ação das forças eletromagnéticas

causadoras da constrição do filamento metálico que sustenta a gota à extremidade

livre do arame em processo de fusão, sob a ação do calor do arco voltaico. Esta gota

se destaca com um diâmetro preferencialmente próximo ao diâmetro do arame

eletrodo, caracterizando, geralmente, um arco suave e estável.

Os parâmetros de pulso devem ser regulados, portanto, de tal forma que haja

o destacamento de uma gota por pulso. Caso esta condição não seja atingida,

ocorre a instabilidade do arco voltaico com o surgimento e/ou a intensificação da

salpicagem e o conseqüente descontrole do processo de transferência metálica.

Por outro lado, a literatura técnica relaciona algumas possibilidades de

destacamento da gota durante o tempo de pulsação, enquanto a corrente de pulso

ainda permanece em seu valor de referência no tempo de pulso, isto é, no início, no

meio ou no final da duração do pulso, por exemplo. Por esta teoria, caso o

destacamento da gota ocorra próximo da metade do tempo de pico, ela atravessará

o arco com grande aceleração e desprendimento de calor, o que tem implicações na

penetração e na salpicagem (ABREU, 2003).

Uma destas formas alternativas de destacamento da gota estudadas por

alguns pesquisadores e cuja aplicação prática resultou na redução da salpicagem,

indica a preferência pelo destacamento nos instantes próximos ao final da duração

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

45

do tempo de pulso da corrente. Neste caso, segundo estes estudos, a gota estará

ainda em processo de transferência pela coluna do arco voltaico durante uma fração

de tempo que coincide com a entrada dos parâmetros de soldagem nos valores de

base ajustados, ou seja, no tempo e na corrente de base. Desta maneira, para o

controle do destacamento da gota chegou-se, a seguinte relação matemática,

expressa pela equação (7):

Ipntp = D Eq. 7

Onde:

D é uma constante que depende do material e diâmetro do eletrodo e,

também, da composição do gás de proteção;

n é uma constante que possui um valor normalmente entre 1,1 e 2.

Através de experimentos programados e simulações baseadas na formulação

matemática da equação 7, é possível delimitar e caracterizar a região operacional

ótima para a transferência de uma gota por pulso (UGPP).

Diversas técnicas têm sido desenvolvidas e utilizadas para a determinação do

pacote operacional ótimo ou a região UGPP. Dentre as mais utilizadas, podemos

destacar as seguintes:

Análise dos oscilogramas de tensão e de corrente na forma de onda

pulsada;

Análise dos oscilogramas de tensão e de corrente na forma de ondas

continua e constante;

Visualização das gotas em transferência através da “Shadowgrafia”

convencional (Técnica “Back-Lighting”).

“Shadowgrafia” é um termo utilizado na soldagem e que se refere à formação

de uma sombra projetada num anteparo ou um filme fotográfico de um objeto sobre

o qual é incidido um feixe de luz.

A corrente média obtida para uma forma de onda retangular pode, portanto,

ser aproximadamente calculada pela equação 8.

pb

bbppm tt

tItII

+

+= Eq. 8

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

46

Onde: Im é a corrente média;

Ip e Ib – correntes de pico e de base;

tp e tb – tempos de pico e de base;

A corrente média obtida durante a operação de soldagem determina, neste

caso, a taxa de fusão do arame correspondente a sua velocidade de alimentação,

para um comprimento de arco constante. As dificuldades na determinação dos

parâmetros operacionais de soldagem mais adequados ao perfeito equilíbrio da

velocidade de alimentação com a taxa de fusão do arame são as principais razões

para a falta de popularidade do processo MIG Pulsado.

Alguns critérios teóricos permitem controlar a transferência metálica do

consumível pela determinação da amplitude e da duração da corrente de pulso. O

resumo das aproximações sugeridas na literatura técnica é listado conforme os

critérios a seguir.

Critério da fusão. Por este critério a velocidade de alimentação do arame

deve ser balanceada com a taxa de fusão, a fim de que o comprimento do arco seja

mantido constante;

Critério da transferência metálica. Neste caso, a transferência metálica do

tipo spray deve ser produzida mesmo em baixa velocidade de alimentação do

arame, a qual poderia de outra forma resultar em transferência metálica do tipo

globular;

Critério da estabilidade do arco. Este critério considera a definição de um

valor mínimo para a corrente de base, suficiente para a manutenção do arco voltaico

num regime de estabilidade adequado ao modo spray em baixa corrente média.

2.6- MICROESTRUTURAS

Diversos pesquisadores tentam estabelecer relações entre a microestrutura

do metal de solda e o seu comportamento mecânico, principalmente, em relação à

tenacidade. Durante muitos anos estes estudos foram realizados somente com o

auxilio do microscópio ótico.

Os resultados obtidos têm sido satisfatórios e possibilitam concluir que as

propriedades de resistência ao impacto em solda de aços baixo carbono e baixa liga,

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

47

são profundamente afetadas por sua microestrutura, principalmente, no que se

refere à transformação produzida durante o rápido resfriamento da região soldada.

No entanto, os avanços conseguidos nesta área de conhecimento através das

análises pela microscopia ótica têm gerado muitas divergências na interpretação das

estruturas metalográficas, haja vista existirem dificuldades para a adoção de uma

terminologia padronizada que contemple e satisfaça a maioria dos pesquisadores.

Denominações diferentes para uma mesma fase (constituinte) são atribuídas por

diferentes pesquisadores, causando uma grande confusão que dificulta a

interpretação e a discussão dos efeitos da microestrutura das fases sobre a

resistência mecânica e sobre a tenacidade do metal de solda (ALE e JORGE, 1993,

p.18-25; SANTOS,1993, p.02-11).

A necessidade de ser estabelecida uma terminologia unificada para a

descrição dos constituintes microestruturais em soldas (Metal de Solda – MS e Zona

Afetada pelo Calor – ZAC) pode ser explicada a partir de dois fundamentos básicos:

A comparação entre os resultados de pesquisa de diferentes autores

só é possível a partir da padronização na terminologia por eles

adotada;

O estabelecimento da relação entre a microestrutura e as propriedades

mecânicas pressupõem a existência de uma metodologia que permita

identificar os constituintes de maneira clara e inequívoca.

No caso do estudo de microestruturas em soldas a Microscopia Ótica (MO)

ainda é bastante usada como meio e técnica de identificação de constituintes. Neste

caso, adota-se a forma, a distribuição, o tamanho e a localização das fases como

critérios para a sua definição. A resolução limitada desta técnica faz com que, muitas

vezes, seja necessário empregar de maneira complementar a Microscopia Eletrônica

de Varredura (MEV) para revelar detalhes microestruturais mais finos. Assim a MO,

auxiliada pela MEV, tem sido empregada satisfatoriamente na identificação de

constituintes microestruturais tanto no MS quanto na ZAC (ALE e JORGE, 1993,

p.18-25; SANTOS,1993, p.02-11).

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

48

2.6.1 – Classificação das Fases nos Aços C-Mn.

As terminologias correntes para a identificação e classificação de fases nos

aços C-Mn e baixa liga foram propostas e adotadas pelo Intenational Institute of Welding (IIW). Estas conseguem, inclusive, oferecer subsídios razoáveis para o

estabelecimento de relação entre microestrutura e as propriedades mecânicas.

Porém, existem os casos mais complexos onde se pretendem avaliar a relação da

microestrutura com a tenacidade. Nesses casos, torna-se necessário melhor

caracterizar as fases determinando-se, por exemplo, seu plano de hábito na matriz,

coerência ou não de interface, ângulo do contorno de grão, subestrutura de

discordância etc. Isto pressupõe é claro, o emprego da Microscopia Eletrônica de

Transmissão (MET) (ALE e JORGE, 1993, p.18-25; SANTOS,1993, p.02-11).

A terminologia do IIW classifica as fases presentes no aço carbono em

Ferrita Primária (PF), Ferrita de Contorno de Grão [PF(G)], Ferrita Poligonal

Intragranular [PF(I)], Ferrita com Segunda Fase (FS), Ferrita com Segunda Fase

Alinhada [FS(A)], Ferrita com Segunda Fase não Alinhada [FS(NA)], Ferrita Acicular

(AF), Martensita (M), Agregados de Ferrita e Carbetos (FC). As Figuras 10 e 11

ilustram as características principais dessas fases, as quais são descritas a seguir:

Ferrita Primária (PF) – Este constituinte pelo seu aspecto claro e liso

pode ocorrer sob duas formas e computadas como constituintes

distintos, se o observador estiver confiante que a sua diferença é clara:

• Ferrita de Contorno de Grão PF(G) – Constituída por veios de ferrita

associados a contorno de grãos austeníticos. É o constituinte de

mais fácil identificação no metal de solda pelo seu aspecto claro e

liso. Costuma adotar a forma de veios, delineando o contorno de

grão colunar da austenita prévia. Isto se deve ao fato que sua

nucleação e crescimento ocorrem nestes contornos, conferindo-lhes

assim uma forma alongada, Figura 10- a.

• Ferrita Poligonal Intragranular PF(I) – Caracteriza-se como grãos de

ferrita normalmente poligonais, encontradas no interior dos grãos da

Austenita Prévia, mas que apresentam dimensões superiores ao

triplo da largura média das ripas da Ferrita Acicular ou da Ferrita

com Segunda Fase, que as circundam, Figuras 10- bii.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

49

Ferrita com Segunda Fase (FS) – Pode ocorrer em duas formas

computadas como constituintes distintos, se o observador estiver

seguro que a distinção é clara.

• Ferrita com Segunda Fase Alinhada FS(A) – Duas ou mais ripas de

ferritas paralelas. Quando existirem somente duas ripas, deve-se

classificar como Ferrita com Segunda Fase Alinhada somente se

sua razão de aspecto for maior que 4:1. Caso isto não se verifique,

o constituinte deverá ser classificado como Ferrita Acicular ou

Ferrita Poligonal, Figuras 10- ci.

• Ferrita com Segunda Fase não Alinhada FS(NA) – Ferrita

circundante (completamente) às microfases ou às ripas de Ferrita

Acicular.

Ferrita Acicular (AF) – Constituinte intragranular de grão fino, com uma

morfologia emaranhada em grãos se entrecruzando no interior do grão

da austenita prévia, separados por contornos de alto ângulo e razão de

aspecto variando de 3:1 até 10:1. Pode incluir ainda ripas isoladas de

elevada razão de aspecto. Uma região de AF freqüentemente

apresenta a morfologia de uma estrutura de Widmanstatten, mas

também inclui ripas isoladas de comprimento superior a largura,

Figuras 10- bi, 10-cii e 10-di

Martensita (M) – É o micro constituinte que se forma como produto final

de transformação, ocorrendo freqüentemente em soldagens com baixo

aporte térmico. Colônias de martensita maiores que as ripas de ferrita

dentro dos grãos austeníticos prévios adjacentes. Colônias menores

devem ser tratadas como microfases. É o constituinte que se forma

como produto final de transformação.

Agregados Ferrita e Carbetos (FC) – São constituídos por uma

estrutura fina de ferrita e carbetos, incluindo perlita e ferrita com

carbetos interfásicos. Constituinte formado fora do contorno de grão da

austenita. Apresenta uma estrutura interna cuja resolução fica abaixo

da obtida por microscopia ótica, formando áreas escurecidas.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

50

AF

PF

FC

Figura 10 - Representação esquemática de constituintes microestruturais

(ALE e JORGE, 1993, p.18-25; SANTOS,1993, p.02-11).

a)- Fronteira imaginária entre PF(G) e FS.

bi)- Ferrita sob o retículo <3x a largura média da ripas de ferrita que a circundam.

bii)- Ferrita sob o retículo >3x a largura média da ripas de ferrita que a circundam.

ci)- Duas ou mais ripas paralelas e relação comprimento/largura > 4/1.

cii)- Duas ripas com relação comprimento/largura <4/1 ou ripas não alinhadas ou

ripas isoladas de alta relação comprimento/largura.

di)- Área da colônia FC sob o retículo < área individual das ripas de ferrita.

dii)- Área da colônia FC sob o retículo > área individual das ripas de ferrita.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

51

PF- Ferrita primária PF(G)- Ferrita de contorno de grão PF(I)- Ferrita poligonalintragranular AF- Ferrita acicular FS(A)- Ferrita com segunda fase

alinhada FS(NA)- Ferrita com segunda fase

não alinhada FC- Agregados ferrita e carbetos

M- Martensita

Figura 11- Microestrutura do metal depositado com indicação dos diferentes

constituintes (MO) (ALE e JORGE, 1993, p.18-25; SANTOS,1993, p.02-11).

2.6.2 - Microestrutura em Soldagem Múltiplos Passes

É grande o interesse pelo estudo da microestrutura do metal depositado nas

condições como soldado, haja vista que os dados de resistência ao impacto com

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

52

tratamento térmico pós-soldagem geralmente não são aplicáveis na construção de

grandes estruturas. Por outro lado, de acordo com Mota (1998) e Miranda (1999), a

resposta do metal de solda aos ciclos térmicos depende, em grande escala, da sua

composição química.

A técnica de soldagem em vários passes ou a aplicação de tratamentos

térmicos pós-soldagem promove a superposição de novos ciclos térmicos ao metal

de solda já solidificado. Na soldagem múltiplos passes, o metal depositado é

formado por sucessivas zonas reaquecidas pelos passes subseqüentes. Entende-se

por zona reaquecida, a região do metal depositado que sofreu variações

microestruturais relevantes provocadas pelo aquecimento de passes subseqüentes

acima ou abaixo da linha de transformação A1 (do diagrama de transformação das

ligas Fe–C). A zona reaquecida é formada por uma região recristalizada

propriamente dita (T > A1) e outra região apenas revenida (T < A1) (MIRANDA,

1999). A região recristalizada é normalmente constituída por uma faixa de grãos

grosseiros, onde o reaquecimento atinge temperaturas elevadas dentro do campo

austenítico, acima de A3, e uma faixa de grãos refinados onde a temperatura não

passa do limite A1–A3 (MIRANDA, 1999). A extensão da zona reaquecida aumenta

com os incrementos do aporte térmico e da temperatura de interpasses. Isto leva a

um refinamento da microestrutura colunar e realça a tenacidade do metal de solda

(MOTA, 1998; MIRANDA, 1999).

A microestrutura resultante na zona reaquecida sofre também os efeitos da

microestrutura e da composição química da região de grãos colunares, que a

originou. Elementos como o manganês e o molibdênio, conferem uma certa

estabilidade microestrutural no reaquecimento. Desta maneira, em metais de solda

com estes elementos é possível que a microestrutura da zona reaquecida seja

bastante semelhante àquela microestrutura da região colunar que lhe deu origem,

contudo em proporções diferentes. Já no reaquecimento de soldas com uma baixa

proporção de elementos de liga e sem a participação daqueles elementos

estabilizadores (Mn, Mo), existe uma forte tendência para a transformação total, ou

parcial, da microestrutura da região colunar (MOTA, 1998; MIRANDA, 1999).

Deve-se considerar ainda que além dos efeitos dos elementos de liga sobre a

evolução da microestrutura na zona reaquecida, existem os efeitos do gradiente de

temperatura gerados pelo ciclo térmico de reaquecimento. Neste caso, a

microestrutura do campo de grãos grosseiros na zona reaquecida tende a ser

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

53

bastante semelhante à microestrutura da região de grãos colunares especialmente

em soldas de alta liga. Já os grãos transformados no reaquecimento dentro do

campo dos grãos finos, são consideravelmente menores que os ditos grãos

grosseiros, o que lhes confere um efeito significativo na redução da temperabilidade

do metal de solda (MOTA, 1998; MIRANDA, 1999).

2.6.3 - Relação entre Tenacidade, Microestrutura e Elemento de Liga.

A tenacidade da zona fundida é função dos constituintes da região de grãos

colunares, já que cada um possui uma tenacidade específica. Por sua vez, a

natureza e proporção dos constituintes são função dos elementos de liga presentes

no cordão. Além disso, há que se considerar a influência do teor das inclusões.

Como o ciclo térmico imposto pelos passes subseqüentes pode alterar a proporção

destes constituintes na região reaquecida ou mesmo modificar a sua natureza, é

fundamental avaliar a proporção de grãos colunares e regenerados na zona fundida.

Mais ainda se deve conhecer em que direção a regeneração da microestrutura influi

na tenacidade, melhorando-a ou piorando-a (FBTS-SENAI, 1987; MOTA,1998).

Efeito dos elementos de liga e da microestrutura

Os elementos Mn, Mo, Ni e Si influenciam a tenacidade por duas maneiras:

Eles modificam a microestrutura, sendo o Mn, Mo e Ni formadores de ferrita

acicular;

Eles elevam o limite de escoamento do cordão de solda pela modificação

microestrutural e pelo efeito de endurecimento por solução sólida.

A propagação de trincas na fase ferrita de contorno de grão PF(G) ocorre de

maneira fácil e frágil por clivagem e explica porque a resistência ao impacto Charpy

decresce com o aumento da fração desta microestrutura no cordão de solda.

Embora seja de baixa dureza, a ferrita de contorno de grão é frágil, principalmente

quando apresentar veios de grande espessura. Já a ferrita acicular é vista como a

microestrutura mais desejável para cordões de solda, em virtude dos valores

elevados de resistência mecânica e tenacidade que possui. Esta característica é

creditada ao seu tamanho de grão extremamente fino (1 – 3 μm), à subestrutura de

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

54

discordâncias da ferrita acicular e aos ângulos elevados entre os contornos das

ripas. Este último fator aumenta a resistência à propagação da trinca por clivagem,

pois obriga a trinca a mudar de direção e a reiniciar o processo de propagação, cada

vez que cruza um emaranhado de ripas (FBTS-SENAI, 1987; MOTA,1998).

Alguns elementos de liga quando presentes no cordão de solda atuam no

sentido de aumentar sua temperabilidade, favorecendo desta maneira a formação de

ferrita acicular. Paralelamente a este benefício, a adição destes elementos traz o

efeito indesejável de aumentar a dureza do cordão e torná-lo assim propenso à

fratura frágil. Um elemento de adição será tanto mais desejável e benéfico, quanto

mais fraco for seu poder endurecedor comparativamente a seu efeito sobre a

temperabilidade. Baseado nestes critérios, o boro é sem dúvida nenhuma um

elemento bastante desejável. Sua adição nos teores de 20 a 30 ppm se traduz num

aumento considerável da temperabilidade do cordão, propiciando a formação da

ferrita acicular e diminuindo, senão suprimindo totalmente, a presença de ferrita de

contorno de grão PF(G). Na prática de elaboração de aços ao boro, ou formulações

de consumíveis contendo este elemento, é necessário que ele permaneça livre sem

ligar-se ao nitrogênio, para que possa atuar sobre a temperabilidade. O titânio é o

elemento que, possuindo grande afinidade pelo nitrogênio, preenche esta função

(FBTS-SENAI, 1987; MOTA,1998).

Vários pesquisadores, como Mota (1998), apontam o Ti como elemento

benéfico à resistência ao impacto Charpy. A explicação deste efeito reside no poder

de refino dos grãos austeníticos aliado ao poder de formação de ferrita acicular que

este elemento possui. Há uma faixa de valores ótimos para adição de Ti em soldas,

acima dos teores limites, a microestrutura continua sendo progressivamente

refinada, no entanto, associada ao efeito endurecedor e fragilizante do Ti.

3 - MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 - MATERIAIS NECESSÁRIOS PARA A EXECUÇÃO DAS SOLDAGENS

3.1.1 - Consumíveis

i) Arame

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

55

O arame utilizado na fase experimental deste trabalho será o da classe AWS

E80C-G, com 1,2 mm de diâmetro. É um arame tubular do tipo "Metal Cored" para

soldagem em passe único ou em multipasses, desenvolvido especialmente para

soldagem de aços patináveis resistentes à corrosão do tipo Cor-Ten, USI-SAC 300 e

USI-SAC 350, Cos-Ar-Cor, etc. O arame AWS E80C-G é designado para soldagem

e construção de pontes, viadutos, tanques, vagões e perfis para a construção civil e

plataformas marítimas e construções em contato com água salgada.

As Tabelas 5 e 6 mostram a composição química e as propriedades

mecânicas, respectivamente, do metal de solda depositado pelo arame da classe

AWS E80C-G.

Tabela 5 – Composição química do metal depositado (% em massa). Arame

AWS E80C-G.

ELEMENTO C Si Mn P S Cr Ni Cu

Valor Típico

0,03 0,55 1,10 0,010 0,015 0,50 0,45 0,55

Fonte:Esab

Tabela 6 – Propriedades mecânicas do metal depositado. Arame AWS E80C-G.

Propriedades Mecânicas Norma Típico

Lim. Resistência à tração 620 - 760 MPa 700 Mpa

Lim. Escoamento 550 MPa min. 620 Mpa

Alongamento 20% min. 23%

Impacto (-40°C) 40 J

Fonte:Esab

ii) Gás de proteção

O tipo de arame consumível selecionado (AWS E80C-G) necessita de um gás

externo auxiliar, para uma melhor proteção ao arco voltaico e ao metal fundido. O

gás de proteção mais indicado em relação ao custo é a mistura C25 (75%Ar-

25%CO2). No entanto, o desempenho operacional deste arame também será

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

56

avaliado utilizando Argônio puro como gás de proteção. O Argônio puro será

avaliado, pois segundo Irving (1994), a diferença no custo de gás se torna

insignificante quando comparado com o custo de mão-de-obra, arame, etc. Além

disso, a diferença de preço no gás é compensada pelo gasto adicional de mão-de-

obra que teoricamente seria necessário para remoção de salpicos provenientes da

maior perda de rendimento do processo causada pelo acréscimo de CO2.

3.1.2 - Metal Base

A parte experimental deste trabalho utilizará como metal base chapas de aço

USI-SAC 350 (antigo USI-SAC50), produzidas pela Companhia Siderúrgica

Nacional, cujas propriedades mecânicas e composição química estão nas Tabelas 7

e 8, respectivamente. Este material é bastante utilizado em construção de estruturas

sujeitas a severas solicitações mecânicas e submetidas a ambientes agressivos,

como na construção de pontes metálicas, por exemplo.

Tabela 7 – Propriedades Mecânicas do aço USI – SAC 350.

Material L.R Mpa (N/mm2)

L.E MPa(N/mm2)

Alongamento %

ChV (0ºC) J

USI SAC-350

≥353 ≥490 16 35

Fonte: DIAS, 2004.

Tabela 8 – Composição química (% em massa ) USI – SAC 350.

Material Espessuramm

C Max.

Mn Max.

Si P Max.

S Max.

Cu Cr Outros

USI SAC- 350

6<e≤75

0,18

1,50

0,15~0,55

0,030

0,025

0,25~0,50

0,40~0,65

Ti≤0,150

Nb≤0,050

Fonte: DIAS, 2004.

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

57

3.2 – DESCRIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS

3.2.1 - Central de Soldagem Multiprocessos

Tipo: Fonte eletrônica Transistorizada, Figura 12.a. Modelo: Digitec 600

Fabricante: IMC/LABSOLDA-UFSC

Corrente Nominal: 600 A

Tensão de alimentação: 220, 380 ou 440 V, trifásico

Tensão em vazio: 64 V

Potência máxima consumida: 12 KW

a

b c d

Figura 12 - Bancada de ensaios: fonte DIGITEC 600 (a), sistema de

alimentação de arame (b), tartílope de posicionamento e deslocamento da pistola (c)

e sistema de aquisição de dados (d).

Sistema de alimentação de arame eletrodo, Figura 12.b. Modelo: STA 20/digital, rampa de aceleração e desaceleração da

velocidade do arame.

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

58

Sistema de posicionamento e deslocamento automático da tocha de soldagem, Figura 13.

Modelo: Tartílope IV

Fabricante: IMC/LABSOLDA - UFSC

Faixa de velocidade de deslocamento: 5 a 160 cm/min

Resolução: 0,2 cm/min

Figura 13 – Detalhes do sistema de posicionamento automático da tocha.

Tocha de soldagem

Tipo: “Push”, refrigerada à água e cabo de 3m, equipada com conduíte

de aço.

Fabricante: Binzel

3.2.2- Acessórios Caixa de medição de tempo, comprimento e velocidade de alimentação do

arame eletrodo (Figura 14). Modelo: MVA - 2

Fabricante: IML/LABSOLDA-UFSC.

É responsável pelas medidas de tempo de soldagem, comprimento do arame

eletrodo consumido na soldagem e velocidade instantânea de alimentação do arame

eletrodo.

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

59

Transdutor Ótico

Figura 14 - Sistema de monitoração da produtividade em operações de

soldagem

Sistema de aquisição portátil (SAP) Equipamento utilizado para aquisição e aferição de dados, tais como,

vazão de gás, tensão, corrente e velocidade de alimentação de arame. Este

equipamento pode ser visualizado através da Figura 15.

Figura 15 – Sistema de aquisição portátil (SAP).

Placa de aquisição e processamento de dados

Modelo: INTERDATA, freqüência de aquisição de 100 kHz por canal

Fabricante: IMC/LABSOLDA - UFSC

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

60

Microcomputador Modelo: Pentium 133 MHz

Fabricante: Intel

3.2.3- Equipamentos para Ensaios Metalográficos

Sistema de aquisição óptico computadorizado – Analisador de imagens,

Figura 16. Modelo: Leica DMR, equipado com câmera digital JVC-TK 138 OU e

microcomputador Q 550 IW1 com programa de análise de imagens “Leica QWIN”

Fabricante: Leica

Resolução: 50 a 500X

Microscópio Digital Olympus. Modelo: X51M, equipado com programa de tratamento de imagem e

quantificação de fases- Image-Pro-Pus

Resolução: 50 a 1000X

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

61

Figura 16 - Detalhe do sistema de aquisição óptico computadorizado-

Analisador de imagens.

Máquina de serrar de fita (Figura 17). Modelo: FM18

Fabricante: FRANHO-Máquinas e Equipamentos S/A

Figura 17 – Máquina automática de serrar (serra em fita).

Lixadeira/Politriz

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

62

Modelo: DPU-10

Fabricante: Panambra S/A

Plaina limadora Modelo: ROCCO-500/II

Fabricante: Industrias Emanoel Rocco S/A

Fresadora universal

Modelo: Romi-U30

Fabricante: Industrias Romi S/A

Máquina de ensaio de impacto Modelo: WP 410 Pendulum Impact Tester, 300 Nm

Fabricante: G.U.N.T. Gerätebau GmbH.

3.2.4- Programas Computacionais

Oscilos.SAP – Utilizado na aquisição dos dados instantâneos de tensão e de

corrente durante a soldagem. Fabricante: IMC/LABSOLDA - UFSC

Origin 6.0 – Programa computacional utilizado na geração de gráficos para

análise de resultados. Fabricante: Microcal

Statistica – Utilizado no tratamento estatístico dos dados. Fabricante: Statsoft,

3.3 – PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL

O planejamento experimental deste trabalho foi dividido em cinco etapas: na

primeira etapa, demonstra-se o método utilizado para a determinação dos

parâmetros operacionais de soldagem, em corrente pulsada e convencional; a

segunda etapa concerne na avaliação da geometria do cordão de solda; a terceira

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

63

etapa diz respeito à metodologia de avaliação dos parâmetros econômicos dos

processos; na quarta etapa analisam-se as características metalúrgicas do metal de

solda através das macrografias e micrografias do material; finalmente, na quinta

etapa realiza-se o estudo das propriedades mecânicas de impacto e dureza da junta

soldada.

Este trabalho tem como objetivos estudar os efeitos do tipo de gás de

proteção, do processo de soldagem e do aporte térmico sobre a geometria do

cordão de solda (largura, reforço e penetração), sobre os parâmetros econômicos

(consumo, produção e rendimento), sobre os aspectos metalúrgicos (macrografia e

micrografia) e sobre as propriedades mecânicas de impacto e dureza da junta

soldada. Para isso será utilizado o Projeto e Análise de Experimentos, em especial o

Planejamento Fatorial com replicagem e aleatorização. Os fatores e níveis

estudados estão apresentados na Tabela 9 e os resultados serão processados

estatisticamente pelo método de análise de variância (ANOVA) com o auxílio de um

software comercial.

Tabela 9 – Fatores e níveis do planejamento fatorial

FATORES NÍVEIS

Convencional Processo de Soldagem Pulsado

C25 (75% Argônio – 25% CO2) Gás de Proteção

100% Argônio

15 (kJ/cm)

18 (kJ/cm) Energia do Arco

20 (kJ/cm)

Todas as soldagens serão automatizadas na posição plana e realizadas com

uma fonte eletrônica ajustada em tensão constante e polaridade positiva.

O metal de adição utilizado será o arame composto da classe AWS E80C-G

de 1,2 mm de diâmetro. Serão mantidos constantes: o ângulo de inclinação da tocha

em 15°, o sentido de soldagem empurrando, a distância bocal peça em 15 mm e a

vazão de gás em 15 l/min, tanto para mistura 75%Ar-25%CO2 quanto para Argônio

puro.

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

64

Os cordões de solda serão depositados em chanfro estreito e sobre chapa

(simples deposição). As soldagens em chanfro serão realizadas para obtenção de

corpos de prova para os ensaios metalográficos (macrografia e micrografia) e das

propriedades mecânicas de dureza e impacto. O chanfro utilizado será de 45º, sem

abertura de raiz e sem nariz, usinado em chapas de aço SAC 350 medindo

350x150x16 mm. Já no segundo caso, a soldagem em simples deposição será sobre

chapas de 50x150x6 mm para a análise das suas características econômicas e

geométricas.

Durante as soldagens, os valores instantâneos da corrente e da tensão de

soldagem serão lidos através de uma placa de aquisição de dados em alta

freqüência (10 kHz/canal). O programa de aquisição de dados que fornece os

oscilogramas de tensão e de corrente de soldagem realiza a aquisição dos pontos

corrente-tempo e tensão-tempo a cada 25 ms (milisegundos). Como o tempo de

aquisição utilizado será de um segundo acarretará no fornecimento de um universo

de 4000 pontos para cada ensaio, o que é suficiente para a análise pretendida.

Na soldagem em simples deposição, avalia-se o efeito do aporte térmico, em

três níveis, sobre a geometria do cordão e sobre as características econômicas do

processo. Já na soldagem na condição de chanfro, o aporte térmico permanecerá

constante, tanto na soldagem em corrente convencional como na soldagem em

corrente pulsada. Isto se faz necessário para viabilizar a comparação de resultados

obtidos para os dois processos de soldagem.

A definição do aporte térmico a ser utilizado na soldagem na condição de

chanfro ocorrerá a partir de ajustes sucessivos nos valores de velocidade de

soldagem (variável de maior grau de liberdade e mais fácil de ser alterada), na busca

da maior aproximação possível entre os valores desta variável nos dois processos,

convencional e pulsado.

3.3.1 - Metodologia Experimental

Neste tópico será apresentada a metodologia experimental empregada para a

execução de cada uma das etapas propostas, ou seja: a determinação de

parâmetros de soldagem utilizados em corrente pulsada e em corrente convencional,

geometria do cordão de solda (largura, reforço e penetração), parâmetros

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

65

econômicos (consumo, produção e rendimento), análise metalográfica (macrografia

e micrografia) e as propriedades mecânicas de impacto e dureza da junta soldada.

3.3.1.1 -Metodologia Experimental para Determinação de Parâmetros de Soldagem

A metodologia experimental para a determinação dos parâmetros de pulso

para corrente pulsada é bem mais complexa do que para corrente convencional,

portanto esta etapa será a primeira a ser realizada e encontra-se detalhadamente a

seguir.

i) Determinação de parâmetros para corrente pulsada

A determinação de um pacote operacional otimizado para soldagem em

corrente pulsada consiste na realização de cálculos de parâmetros a partir de

resultados experimentais e de equações disponíveis na literatura, seguindo uma

ordem sequencial que se encontra descrita nos tópicos seguintes. Estas equações

fornecem como resultado os chamados parâmetros de destacamento

(NASCIMENTO et al., 2003).

a - Métodos Utilizados para Determinar a Corrente de Transição

Inicialmente, devem-se determinar os parâmetros de soldagem que geram

uma curva paramétrica que define valores para a corrente de transição no processo

de soldagem em corrente convencional. Para a definição do valor da corrente de

transição, inicialmente com a fonte ajustada no modo corrente constante, devem ser

selecionados, à luz de conhecimentos adquiridos e de dados da literatura técnica,

alguns níveis para a velocidade de alimentação de arame compatíveis com a

operação de soldagem. Neste trabalho, os valores selecionados para a velocidade

de alimentação de arame foram 6, 7, 8 , 9 , 10 e 11 m/min.

A execução de cada experimento será definida a partir de um valor mínimo de

tensão de soldagem nas condições ou níveis estabelecidos para a velocidade de

alimentação do arame (6, 7, 8, 9, 10 e 11 m/min), capaz de manter o arco voltaico

em atividade e garantir a transferência da gota metálica no modo curto-circuito. A

seguir, o valor da tensão passa a ser aumentado progressivamente até atingir um

novo valor que define claramente a passagem para um novo modo de transferência

da gota metálica, ou seja, para o modo em “spray”. Os aumentos progressivos da

tensão de soldagem implicam também, neste caso, em aumentos do comprimento

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

66

do arco, haja vista que no modo tensão constante, a manutenção da velocidade de

alimentação do arame no valor inicialmente ajustado combinada com a elevação do

valor da tensão de soldagem acarretam na elevação da taxa de fusão do arame.

A caracterização da transição do modo de transferência curto-circuito para

globular e deste para o spray será estabelecida por dois critérios conhecidos. O

primeiro será a partir de minuciosas observações visuais sobre a evolução do

comportamento dinâmico do arco e, o segundo, com o auxílio de “software” de

aquisição e processamento de dados que fornece os oscilogramas dos valores

instantâneos da tensão e da corrente de soldagem.

A metodologia experimental estabelece a interrupção da subida da tensão de

soldagem no exato instante em que se observa a passagem do modo de

transferência globular para spray. Caracteriza-se aí um valor para a corrente de

transição. Neste ponto, os dados e os gráficos gerados pelo programa Oscilos 4

devem ser gravados, pra posterior análise.

A Figura 18 mostra um oscilograma típico de Tensão x Tempo onde o

destacamento da gota é indicado pelo pico de tensão.

0 100 200 300 400 5000

10

20

30

40

50

Tens

ão (V

)

Tempo (ms)

Pico de tensão indicando destacamento da gota.

Figura 18 - Oscilograma típico de Tensão x Tempo no processo convencional.

Para cada valor estabelecido na velocidade de alimentação de arame obtém-

se a corrente de transição correspondente. Adotam-se os valores médios da

corrente de transição, Im, obtidos de uma série de experimentos na mesma

velocidade. Estes valores médios serão então correlacionados graficamente com as

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

67

velocidades de alimentação de arame correspondentes, fornecendo uma relação

linear que possibilitará a determinação do fator de fusão m (Burnoff factor), utilizado

no critério de fusão desenvolvido por Amim et al. (1983). A Equação (9) representa a

equação da reta que relaciona a corrente média com a velocidade de alimentação

do arame.

KmVa +=Im Eq. 9

Onde: Im é a corrente média (A);

Va é a velocidade de alimentação do arame (m/min);

m é o fator de fusão (A/m/mim), ou seja, o coeficiente angular da reta;

K é o intercepto, (A), que apresenta o valor zero para as características

que passam pela origem.

Esta relação entre a corrente média e a velocidade de alimentação depende

do tipo e do diâmetro do arame e do gás de proteção. A Figura 19 mostra um gráfico

típico de Im x Va com os respectivos valores de velocidade de alimentação de

arame, da qual podemos obter a equação da curva e conseqüentemente o valor de

m que é o fator de fusão.

6 7 8 9 10 11

200

220

240

260

280

300

Cor

rent

e (A

)

Wa (m/min)Va (m/min)

Figura 19 – Gráfico típico de Corrente média (Im) x Velocidade de

alimentação de arame (Va).

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

68

b - Métodos Utilizados para Determinação do Tempo Modal

A metodologia experimental adotada para aquisição dos dados instantâneos

da tensão e da corrente de soldagem, através do programa Oscilos 4, possibilita a

verificação do intervalo de tempo entre sucessivos destacamentos, os quais são

representados pelos picos de tensão. Embora o tempo entre um destacamento e

outro varie, o intervalo de destacamento médio é aproximadamente constante e

pode ser estimado pelo tempo de destacamento modal (Tm) o qual possui a maior

freqüência de distribuição, como mostra a Figura 20 (RAJASEKARAN et al., 1998;

SUBRAMANIAM, et al., 1999).

O programa Oscilos 4 é uma ferramenta também auxiliar para a confirmação

da maior incidência de intervalos de tempo entre destacamentos consecutivos da

gota metálica.

0 2 4 6 80

50

100

150

200

250

300

350

400Tm

Oco

rrênc

ia

Tempo modal (ms)

HISTOGRAMA

Figura 20 – Histograma de tempo modal típico para Va=10,5 m/min.

c - Métodos Utilizados para Determinar o Volume Modal.

O volume modal representa o volume assumido pela gota destacada. Quando

este é relacionado aos vários valores da corrente média, que varia com a velocidade

de alimentação do arame, pode-se observar graficamente a mudança do

comportamento da transferência metálica, do regime globular para o spray,

caracterizada pela alteração da inclinação da curva.

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

69

O volume modal deve ser calculado para cada valor de velocidade de

alimentação de arame estipulado inicialmente, a partir dos valores do tempo modal

obtidos nos histogramas e utilizando-se a Equação (10).

Eq. 10

Onde: ν = volume modal [mm3];

Tm = tempo modal [ms];

d = diâmetro do arame-eletrodo [mm];

Va = velocidade de alimentação do arame [m/min];

d - Métodos para Determinar o Parâmetro de Destacamento

De posse dos valores do tempo modal (Tm) e do volume modal (ν), assim

como, da corrente média (Im) pode-se traçar gráficos Im x ν e Tm x ν, como os

apresentados nas Figuras 21 e 22, respectivamente. O diâmetro do arame é então

estabelecido como referência para o volume inicial da gota, no entanto, no presente

trabalho adotou-se o diâmetro da gota 20% inferior ao diâmetro do arame, ou seja,

0,96 mm que fornece o volume de 0,463 mm3. Determinam-se, em seguida, os

valores de corrente e do tempo nos gráficos das Figuras 21 e 22. Os valores

encontrados nos gráficos serão utilizados na Equação (11) para determinarmos o

parâmetro de destacamento.

DIt pp =3,2 Eq. 11

Onde: tp é Tempo de pulso;

Ip é a corrente de pulso; D é o parâmetro de destacamento.

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

70

120 140 160 180 200 220 240 260

0,5

1,0

0,463

227

Vol

ume

mod

al (m

m3 )

Corrente (A) Figura 21 – Gráfico Corrente média x Volume modal.

0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

2,74

0,463

Tem

po m

odal

(ms)

Volume modal (mm3) Figura 22– Gráfico Volume modal x Tempo modal.

Nesta equação (11), os valores estabelecidos para a corrente e o tempo de

pulso foram os mesmos valores de Tm e Im.

e - Métodos para Determinar os Parâmetros de Pulsação

Os parâmetros de pulsação são a corrente e tempo de duração no pulso e a

corrente e tempo de duração na base.

A partir do parâmetro de destacamento D, mostrado no item anterior, deve-se

estabelecer arbitrariamente um valor para o tempo de pulso e se obtém o valor para

a corrente de pulso, considerando uma determinada velocidade do arame.

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

71

Os valores do período de destacamento devem ser calculados para cada

velocidade de alimentação de arame, através da Equação (12).

a

g

Vdv

T××

×= 2

240π

Eq. 12

Onde: T é o período de destacamento (ms);

νg é o volume da gota (mm3).

Conhecidos o período de destacamento (T) e o tempo de pico (tp), torna-se

possível determinar o valor para o tempo de base através da Equação (13).

T = tp + tb Eq. 13

Para determinarmos o valor de corrente de base será utilizada a equação da

corrente média que é dada pela equação (8), que após tratamento matemático para

o isolamento do valor de Ib, torna-se:

b

pppbb t

tIttI

×−+×=

)(Im Eq. 14

ii) Determinação de parâmetros para corrente convencional

A natureza da corrente é um dos fatores estudados neste trabalho, portanto,

devemos garantir que os resultados referentes a este fator lhe possam ser

indubitavelmente atribuídos. Para isso, os parâmetros a serem utilizados em

corrente convencional devem fornecer um valor de energia de soldagem o mais

próximo possível do valor alcançado quando da utilização do modo corrente

pulsada.

O aporte térmico é calculado através da equação 15. No entanto, o “software”

utilizado para aquisição de dados fornece o valor da potência do arco (W), portanto,

para atingirmos valores de aporte térmico análogos em ambos os processos,

devemos verificar inicialmente o valor do aporte obtido no modo pulsado e, em

seguida, ajustar o valor do aporte no modo convencional através da velocidade de

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

72

soldagem que é o parâmetro de maior grau de liberdade e o mais fácil de ser

alterado, além de ser menos influente no modo de transferência metálica.

vWA

vUxIA TT =⇒= Eq. 15

onde:

U – Tensão de soldagem (V);

I – Intensidade de corrente (A);

W – Potência do arco (Watt);

v – velocidade de soldagem (cm/min);

3.3.1.2 - Metodologia Experimental para Análise das Características Geométricas

A avaliação da geometria do cordão de solda é realizada pela análise

dimensional de sua seção transversal. Em cada corpo de prova soldado (em simples

deposição) será efetuado um corte transversal ao cordão de solda com o intuito de

realização de ensaio macrográfico. Os corpos de prova serão preparados pelo

lixamento até a granulometria de 400 mesh e posterior ataque químico com solução

de ácido nítrico a 4% em álcool etílico, pelo método de imersão. Em seguida serão

medidos os seguintes parâmetros na face do corte transversal da solda: penetração,

largura e reforço, que estão ilustrados na Figura 23. As medições ocorrerão através

do auxílio do software Autocad.

Figura 23 – Esquema do perfil geométrico do cordão de solda.

Onde:

r = reforço;

p = penetração;

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

73

b = largura.

3.3.1.3 - Metodologia Experimental para Análise das Características Econômicas

Nas indústrias sempre se deseja reduzir os custos de fabricação de um

determinado produto, mantendo-se ou melhorando-se a sua qualidade. Uma

alternativa para isto é minimizar o tempo de operação ou o tempo de produção. Para

se alcançar este fim, em relação à soldagem, torna-se necessário melhorar a

produtividade de trabalho, ou seja, aumentar o rendimento do processo (SUBAN e

TUSEK, 2001).

A análise do desempenho operacional de um consumível para soldagem a

arco voltaico, em relação as suas características econômicas, pode ser definida pela

sua taxa de fusão (tf), taxa de deposição (td) e pelo seu rendimento de deposição

(R).

A taxa de fusão é determinada pela massa de metal fundida por unidade de

tempo, já a taxa de deposição é definida como a massa do metal de adição

depositada por unidade de tempo, por sua vez o rendimento de deposição é dado

pela razão entre a taxa de fusão e a taxa de deposição. Contudo, estas

características econômicas podem ser calculadas através das equações 16, 17 e 18.

St

6,3TF lρ= (Kg/h) Eq. 16

Onde:

ℓ - Comprimento do arame consumido (m);

ρ - Densidade linear do arame (g/m);

ts- Tempo de soldagem (s);

( )

S

if

tMM

6,3TD−

= (Kg/h) Eq. 17

Onde:

Mf - Massa final da junta depois da soldagem (g);

Mi - Massa inicial da junta antes da soldagem (g);

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

74

100xTFTDR ⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛= (%) Eq. 18

Onde:

TD - taxa de deposição (Kg/h);

TF - Taxa de fusão (Kg/h);

3.3.1.4 - Metodologia Experimental para Análise Metalográfica

O exame metalográfico consistirá na análise em macrografias e micrografias e

será realizado nas seções transversais das soldas em chanfro estreito. Será

analisado o metal de solda em duas amostras de cada junta soldada. O objetivo

deste exame é identificar nas soldas em multipasses as regiões de grãos colunares

e reaquecidas. Além disso, verificar em cada região as fases presentes

predominantes. A Figura 24 apresenta o lay-out para retirada de amostras da junta

soldada para a realização tanto de exames metalográficos, quanto para os ensaios

de impacto e dureza.

50 50

350

REG

IÃO

DES

CA

RTA

DA

CHARPY - V

SOLD

A

REG

IÃO

DES

CA

RTA

DA

METALOGRAFIA

SOLD

A

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

75

Figura 24- Lay-out para retirada de amostras para a caracterização da junta

soldada. Dimensões em mm.

i) Macrografia

A análise macrográfica será realizada na seção transversal das soldas em

chanfro com o objetivo de caracterizar o perfil macroestrutural nesta seção. Será

verificada a seqüência de deposição dos passes e das camadas de solda, a

proporção entre a região de grãos colunares e a região reaquecida, a incidência de

porosidade, a falta de penetração e de fusão, ocorrência de inclusões, etc. A

preparação da superfície a analisar consistirá em lixamento até a granulometria de

400 mesh, seguido de ataque químico com solução de nital 2%, por um período de 4

minutos.

ii) Micrografia

O objetivo de uma análise micrográfica em uniões soldadas é o de avaliar a

microestrutura do metal de solda e da zona termicamente afetada. As superfícies

das amostras soldadas e utilizadas no exame macrográfico serão, após este ensaio,

novamente preparadas para a sua inspeção micrográfica. No ataque químico será

utilizado o nital 4%, por um período de 6 minutos, pelo método de imersão. As

observações e as análises serão realizadas com o auxilio de um microscópio ótico

de marca Leica DMR, Figura 16, e de fotomicrografias de pontos selecionados na

superfície observada.

Para a identificação dos principais microconstituintes será adotada a

terminologia de padronização proposta pelo “International Institute of Welding” já

discutida no capítulo “revisão bibliográfica”, item 2.6-Microestruturas, deste trabalho.

3.3.1.5 - Metodologia Experimental para Avaliação das Propriedades Mecânicas.

As propriedades mecânicas a serem avaliadas são a resistência ao impacto e

dureza. As soldagens serão automatizadas, na posição plana, em chanfro V de 45º,

sem abertura de raiz e depositadas em chapas de aço USI-SAC 350 medindo

350x150x16 mm, conforme esquema mostrado na Figura 25.

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

76

Acho que é 350x300x16

16150

45°

Figura 25 – Tipo de chanfro e dimensões para soldagem multipasses.

As condições gerais para a realização dos ensaios mecânicos são descritas a

seguir:

i) ENSAIO DE RESISTÊNCIA AO IMPACTO.

A finalidade do ensaio de resistência ao impacto “Charpy-V” será avaliar a

tenacidade do metal de solda e do metal base em três diferentes temperaturas (0ºC,

20ºC e 40ºC). Os corpos de prova utilizados no ensaio serão retirados da secção

transversal ao cordão de solda e usinados para dimensões análogas às da Figura

26, além da geometria do corpo de prova esta figura mostra a posição da região do

entalhe. A Figura 27 apresenta, em detalhes, as dimensões do corpo de prova de

impacto charpy, com entalhe em V.

55.0 ± 1.25

1

Figura 26 - Região de retirada do corpo de prova e posicionamento do entalhe

para ensaio charpy.

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

77

10.0 ± 0.02555.0 ± 1.25

22.5 ± 1.25

8.0±

0.02

5

R 025 ± 0.025

45° ± 1°

10.0

± 0

.025

90º±10°

Figura 27 - Aspecto do corpo de prova de resistência ao impacto charpy-V.

Dimensões em mm.

ii) ENSAIO DE DUREZA

O ensaio de dureza tem como objetivo avaliar a resistência à penetração da

junta soldada (metal base, ZAC e metal de solda) medida pela sua deformação

plástica permanente provocada por um elemento penetrador. Neste trabalho, será

utilizada a técnica Rockwell C com um penetrador de diamante a 120º, pré-carga de

10 kgf e carga principal de 150 kgf. O ensaio será realizado a temperatura ambiente

(25ºC), e as impressões eqüidistantes em 3 mm, ocorrerão sobre uma linha

transversal ao cordão de solda, conforme ilustra a Figura 28.

0,0

3,0

6,0

9,0 312,0

3,0

6,0

9,0

12,0

Figura 28 - Impressões de dureza nos corpos de prova. Dimensões em mm.

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

78

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 – RESULTADOS DA DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS DE SOLDAGEM.

4.1.1 – Parâmetros de Soldagem para Corrente Pulsada.

Seguindo a metodologia descrita no item “Determinação de parâmetros para

corrente pulsada”, obteve-se os dados das Tabelas 10 e 11 que produziram como

resultado final uma série de “pacotes operacionais” para os diferentes valores de

velocidade de alimentação de arame. Sabe-se que os parâmetros de soldagem em

corrente pulsada devem ser reavaliados sempre que se altera alguma variável de

soldagem, como o diâmetro e tipo de arame, o tipo e a vazão de gás, etc. Portanto,

no presente trabalho, os parâmetros foram calculados para o arame da classe AWS

E80C-G utilizando dois tipos de gás de proteção: C25 (75%argônio-25%CO2) e

argônio puro.

A Figura 29 apresenta o gráfico obtido a partir dos valores da corrente média

de transição versus velocidade de alimentação do arame (AWS E80C-G) utilizando

como gás de proteção a mistura C25. Gráfico semelhante foi plotado utilizando o

mesmo arame, mas com o argônio puro como gás de proteção. A partir destes

gráficos, foram obtidos os valores do fator de fusão “m” que é o coeficiente angular

da equação que rege a curva do gráfico, conforme mostrado a seguir.

Para a mistura gasosa C25 (Figura 29) Equação da reta = Im = 17,6 Va +97,06

Fator de fusão: m = 17,6 (A/m/mim)

Para o gás Argônio puro Equação da reta = Im = 21,3 Va + 85,1

Fator de fusão: m = 21,3 (A/m/mim)

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

79

6 7 8 9 10 11

200

220

240

260

280

300

Cor

rent

e (A

)

W (m/min)

Taxa de fusão

Figura 29 - Gráfico de corrente média de transição versus velocidade de

alimentação, para as soldas utilizando gás C25

A partir dos gráficos da corrente média de transição versus volume modal (Im

x ν) e do tempo modal versus volume modal (Tm x ν), Figuras 30 e 31,

respectivamente, pode-se determinar o tempo de pulso e a corrente de pulso através

de um diâmetro de gota de referência selecionado inicialmente. Então,

determinamos o parâmetro de destacamento utilizando a Equação (11).

Para as soldas utilizando C25 como gás de proteção: D = 3,5 x 2252,3

D = 899679,5 A2,3s

200 220 240 260 280 3000,25

0,30

0,35

0,40

0,45

0,50

0,55

0,60

0,65

0,70

Vm (m

m3 )

Corrente (A)

0,463

225

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

80

Figura 30 – Gráfico corrente média X volume modal, para as soldas utilizando

gás C25.

0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50 0,55 0,60 0,65 0,701

2

3

4

5

6

Tem

po m

odal

(ms)

Volume modal (mm3)

0,463

3,5

Figura 31 – Gráfico volume modal X tempo modal, para as soldas utilizando

gás C25.

O mesmo procedimento foi efetuado para os dados referentes às soldas que

utilizaram argônio puro como gás de proteção. Nesta situação o valor do parâmetro

de destacamento está apresentado abaixo:

Para as soldas utilizando argônio puro como gás de proteção: D = 1300362 A2,3s A determinação do parâmetro de destacamento é essencial para avaliar a

limitação da corrente de pico (Ip) e do tempo de pico (tp) segundo as afirmações de

Rajasekaran et al (1998).

A partir do valor do parâmetro de destacamento, torna-se possível calcular os

parâmetros de pulso, ou seja, a corrente e o tempo de pulso e a corrente e o tempo

de base, de acordo com a velocidade de alimentação de arame de referência. Esta

combinação de parâmetros, também chamada de pacote operacional, está

apresentada na Tabela 10 para as soldas utilizando o gás C25, e na Tabela 11 para

as soldas com argônio puro.

Tabela 10 - Parâmetros de pulso para a mistura gasosa C25.

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

81

Va (m/min) Tp (ms) Ip (A) Tb (ms) Ib (A)

6 1,6 382 2,5 83

7 1,4 408 2,1 95

8 1,2 432 1,8 108

9 1,1 455 1,6 122

10 1,0 477 1,5 137

11 0,9 497 1,3 153

Tabela 11 - Parâmetros de pulso para o gás Argônio puro.

Va (m/min) Tp (ms Ip (A) Tb (ms Ib (A)

6 1,6 367 2,5 107

7 1,4 393 2,1 125

8 1,2 416 1,8 144

9 1,1 438 1,6 165

10 1,0 459 1,5 186

11 0,9 478 1,3 208

Durante a execução da soldagem com os pacotes operacionais determinados,

podem ocorrer eventuais instabilidades, quando isto acontece, pode-se reduzir ou

eliminar essas instabilidades, ajustando o comprimento do arco ao mesmo nível pré-

determinado na soldagem convencional. O ajuste pode ser feito através de

pequenas alterações no valor da corrente de base. No presente trabalho foi

estabelecido um comprimento de arco de 5 mm, ou seja um terço da distância bocal

peça que era de 15 mm.

Para as soldas realizadas em simples deposição, foram utilizados os pacotes

operacionais referentes às velocidades de alimentação de arame de 6, 8 e 10 m/min.

Já nas soldas realizadas em chanfro estreito, foi utilizado apenas o pacote

operacional referente à velocidade de alimentação de arame de 7 m/min.

4.1.2 – Parâmetros de Soldagem para Corrente Convencional

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

82

Os parâmetros de soldagem para corrente convencional foram calculados a

partir dos resultados de aporte térmico observados nas soldas em corrente pulsada.

Estes valores foram ajustados para corrente convencional através de correções nos

valores da tensão e da velocidade de soldagem, de modo a garantir valores de

aporte térmico, no modo convencional, o mais próximo possível dos experimentados

no modo pulsado, para as três velocidades de alimentação de arame selecionadas.

O resultado final deste ajuste está apresentado na Tabela 12 para as soldagens com

a mistura gasosa C25 e para o Argônio puro.

Tabela 12 – Parâmetros operacionais de soldagem para o modo convencional.

Tensão(V) Va (m/min) Gás C25 Gás Ar

6 31 30

8 32 31

10 33 31

4.1.3 – Análise de Estabilidade de Arco

A análise de estabilidade de arco nos modos pulsado e convencional foi

realizada através dos oscilogramas de corrente e, principalmente, de tensão, que

foram adquiridos durante a execução das soldas.

Após a determinação dos parâmetros de pulso no modo corrente pulsada, os

pacotes operacionais foram testados e avaliados quanto à estabilidade de arco

quando do uso de argônio e C25 como gás de proteção, em três valores de

velocidade de alimentação de arame (6, 8 e 10 m/min).

As Figuras 32 e 33 mostram os oscilogramas de tensão registrados para o

modo pulsado utilizando argônio como gás de proteção e para as velocidades de

alimentação de arame de 10 e 8 m/min, respectivamente. Estes oscilogramas

indicam que houve satisfatória estabilidade de arco, justificada pela maior freqüência

de uma gota em destacamento por pulso indicado pelos picos de tensão, como

evidenciado na Figura 32. Além disso, a estabilidade do arco pode ser confirmada

pelo bom aspecto superficial dos corpos de prova, evidenciado pela ausência de

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

83

salpicos nas laterais dos cordões de solda. A situação mais crítica foi constatada

para a velocidade de alimentação de arame de 6 m/min. Para esta condição pode

ser observado no oscilograma de tensão apresentado na Figura 34, que houveram

indicativos de dois destacamentos por pulso, além disso, a amplitude de alguns

picos de tensão ocorridos durante os períodos de base, sugere também ocorrências

de destacamento de gota neste patamar. Entretanto, quando foi analisado o aspecto

superficial dos corpos de prova soldados nesta situação, observou-se uma baixa

ocorrência de salpicos finos. Este fato sugere que os indicativos de dois

destacamentos por pulso observados na Figura 34, acompanhados de estabilidade

no arco voltaico e da baixa salpicagem, podem estar se contrapondo frontalmente a

premissa do uso da corrente controlada em operações de soldagem, ou seja, da

estabilidade do arco e da qualidade da solda estarem vinculadas a apenas um

destacamento por pulso.

0 10 20 30 40

20

30

40

50

Pico indicando destacamento da gota.

Tens

ão (V

)

Tempo (ms)

Va=10m/min; Ar; Pul

Figura 32 - Oscilograma de tensão para Va=10m/min. Gás argônio e modo

pulsado.

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

84

0 10 20 30 40 50

20

30

40

Tens

ão (V

)

Tempo (ms)

Va=8m/min; Ar; Pul

Figura 33 - Oscilograma de tensão para Va=8m/min. Gás argônio e modo

pulsado.

0 10 20 30 40 50

20

30

40

50

Dois picos indicando duplo destacamento.

Tens

ão (V

)

Tempo (ms)

Va=6 m/min; Ar; Pul

Figura 34 - Oscilograma de tensão para Va=6m/min. Gás argônio e modo

pulsado.

As Figuras 35, 36 e 37 mostram os oscilogramas de tensão para as

velocidades de alimentação de arame de 6, 8 e 10 m/min, respectivamente,

utilizando como gás de proteção o C25 e operando no modo pulsado. Estes

oscilogramas apresentam um aspecto geral melhor do que os verificados nas

Figuras 32, 33 e 34, quando argônio puro foi utilizado como gás de proteção. No

entanto, esta aparente melhoria limitou-se à estabilidade durante o destacamento da

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

85

gota, decorrente de parâmetros de pulsação mais adequados. Contudo, ao

verificarmos o aspecto superficial dos cordões de solda, constatou-se a presença de

salpicos em todos os corpos de prova. Isto pode ser atribuído à natureza do gás de

proteção (C25), que possui em sua composição, a presença de CO2 em teor de

25%, que é um gás ativo e reage com a poça de fusão causando micro-explosões

no interior do arco, justificando a geração de salpicos.

0 10 20 30 40 520

25

30

35

40

45

50

0

Tens

ão (V

)

Tempo (ms)

Va=6 m/min; C25; Pul

Figura 35 - Oscilograma de tensão para Va=6m/min. Gás C25 e modo

pulsado.

0 10 20 30 40 5

25

30

35

40

45

50

0

Tens

ão (V

)

Tempo (ms)

Va=8 m/min; C25; Pul

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

86

Figura 36 - Oscilograma de tensão para Va=8m/min. Gás C25 e modo

pulsado.

10 20 30 40 5015

20

25

30

35

40

45Te

nsão

(V)

Tempo (ms)

Va=10 m/min; C25; Pul

Figura 37 - Oscilograma de tensão para Va=10 m/min. Gás C25 e modo

pulsado.

Para as soldas realizadas no modo convencional, os oscilogramas de tensão

também foram registrados e plotados, conforme mostram as Figuras 38, 39 e 40

para o argônio puro como gás de proteção, e as Figuras 41, 42 e 43 para o gás C25.

A Figura 38 que representa o oscilograma de tensão para velocidade de

alimentação de arame de 6 m/min no modo convencional, mostra a situação mais

crítica deste modo de soldagem. Apenas nesta situação se observou eventuais

curtos-circuitos e instabilidades que podem ter sido provocados pela metodologia de

utilizar parâmetros que proporcionassem energia de arco com o valor o mais

próximo possível do conferido pelo modo pulsado. Nesta condição, a metodologia de

ajuste gerou valores de energia insuficientes para o alcance da transferência

metálica completamente globular ou spray. Além disso, quando comparado com o

oscilograma de tensão apresentado na Figura 41, referente ao cordão de solda

executado com C25 como gás de proteção e com a mesma velocidade de

alimentação de arame (6 m/min), nota-se que o oscilograma da Figura 38 continua

com nível de instabilidade inferior. Isto pode ser explicado pelo fato de o arame

composto (AWS E80C-G) utilizado neste trabalho, comportar-se como um arame

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

87

maciço de soldagem MIG (Metal Inert Gás) e como tal, para soldagem de aços,

necessita do uso de gás de proteção com a adição de elementos oxidantes (O2 ou

CO2) na sua composição, para intensificar a ionização e melhorar a estabilidade do

arco (MACHADO, 1996). Esta dependência da estabilidade do arco ao gás oxidante

deve ser mais crítica em baixos valores de energia, pois para os valores mais altos

experimentados neste trabalho, este fato não foi observado.

Todos os outros oscilogramas para o modo convencional apresentam

indicativos de que a transferência metálica ocorreu no modo globular ou spray, além

da ausência de instabilidades causadas por eventuais curtos-circuitos.

O modo de transferência metálica em soldagem a arco voltaico, segundo os

estudos de Wang, Liu e Jones (1995), pode ser associado aos oscilogramas de

tensão, conforme citado no capítulo revisão bibliográfica deste trabalho, esses

autores propuseram que a transferência em curto-circuito ocorre quando a amplitude

dos valores das diferenças entre os picos e os vales de tensão (ΔU) são maiores que

10 Volts.

Embora os oscilogramas de tensão sugiram razoável estabilidade na

transferência metálica no modo convencional com o gás de proteção C25, ao serem

analisados os aspectos superficiai, verificou-se a presença de salpicos em todos os

cordões de solda, em alguns com nível bastante elevado.

0 250 500 750 1000

5

10

15

20

25

30

35

40

Tens

ão (V

)

Tempo (ms)

Va=6 m/min; Ar; Conv

Figura 38 - Oscilograma de tensão para Va=6m/min. Gás argônio e modo

convencional.

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

88

0 250 500 750 1000

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Tens

ão (V

)

Tempo (ms)

Va=8 m/min; Ar; Conv

Figura 39 - Oscilograma de tensão para Va=8m/min. Gás argônio e modo

convencional.

0 250 500 750 1000

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Tens

ão (V

)

Tempo (ms)

Va=10 m/min; Ar; Conv

Figura 40 - Oscilograma de tensão para Va=10m/min. Gás argônio e modo

convencional.

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

89

0 250 500 750 1000

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Tens

ão (V

)

Tempo (ms)

Va= 6 m/min; C25; Conv

Figura 41 - Oscilograma de tensão para Va=6m/min. Gás C25 e modo

convencional.

0 250 500 750 1000

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Tens

ão (V

)

Tempo (ms)

Va= 8 m/min; C25; Conv

Figura 42 - Oscilograma de tensão para Va= 8m/min. Gás C25 e modo

convencional.

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

90

0 250 500 750 1000

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Tens

ão (V

)

Tempo (ms)

Va= 10 m/min; C25; Conv

Figura 43 - Oscilograma de tensão para Va= 10m/min. Gás C25 e modo

convencional.

4.2 - RESULTADOS CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS

Os processos de soldagem MIG e Arame Tubular vêm experimentando

atualmente grande ascensão no ambiente industrial, decorrente da alta

produtividade e qualidade dos cordões de solda conferidos por estes processos,

além da facilidade de automatização e possibilidade de utilização do modo pulsado.

A soldagem automatizada possibilita que vários ajustes sejam pré-fixados, tais

como, parâmetros de soldagem (velocidade de soldagem, tensão de arco,

velocidade de alimentação de arame, etc.), local exato para início e fim de solda e

manutenção da mesma seqüência de soldagem que influencia na distribuição de

carga térmica da peça evitando empenamentos (RIBEIRO e COSTA, 2001).

A pré-determinação de parâmetros de influência pode ser benéfica à previsão,

com razoável aproximação, da geometria mais adequada ao cordão de solda,

conferindo reprodutibilidade ao processo produtivo, para uma aplicação específica.

Contudo, em soldagem a arco voltaico geralmente os experimentos são conduzidos

variando-se os parâmetros de processo, um de cada vez, até que as características

da geometria do cordão de solda desejadas sejam obtidas.

Na prática industrial, devido a diversos fatores como custo de material,

produtividade da mão-de-obra e capacidade de utilização das máquinas, ou a

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

91

necessidade de cumprir prazos de entrega, nem sempre a realização desses

experimentos são viáveis. Conseqüentemente, os processos de soldagem raramente

operam em suas condições ótimas (MARINHO et al , 2001).

Neste contexto, ferramentas estatísticas vêm sendo utilizadas na tentativa de

elucidar certas particularidades deste tipo de processo de fabricação de modo a

propiciar sua melhor utilização, em função da manipulação das variáveis envolvidas.

Dentre estas ferramentas, o Planejamento de Experimentos tem se destacado, em

muito, das demais, por permitir a redução substancial de tempo e custos financeiros,

fatores decisivos em época de acirrada competição (MARINHO et al, 2001; RIBEIRO

e COSTA, 2001).

Nesta etapa do trabalho foram analisados os efeitos dos fatores energia,

processo e tipo de gás, sobre as características geométricas do cordão de solda

(largura, penetração e reforço). Para isso, foi utilizado um planejamento estatístico,

ou seja, o planejamento fatorial com réplicas e execução aleatória dos experimentos,

obtendo-se então 24 corpos de prova.

Os resultados médios de largura, penetração e reforço para os fatores em

estudo estão apresentados na Tabela 14. A Tabela 15 mostra o resultado da análise

de variância, ANOVA, para um nível de significância, α= 5%, para os fatores

selecionados para análise e suas combinações possíveis.

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

92

Tabela 14 - Valores médios dos parâmetros geométricos

Energia (kJ/cm)

Processo Tipo de Gás b (mm) P (mm) r (mm)

Argônio 9,95 1,51 3,43 Pulsado

C25 11,29 0,84 2,75

Argônio 9,72 2,02 3,60

15

Convencional C25 12,29 1,84 2,87

Argônio 13,97 1,51 3,58 Pulsado

C25 14,67 1,92 2,98

Argônio 13,61 1,43 3,49

18 Convencional

C25 14,74 2,11 3,02

Argônio 15,02 2,42 3,6 Pulsado

C25 16,96 1,99 3,97

Argônio 16,45 1,61 3,65

20 Convencional

C25 17,08 2,12 3,75

Tabela 15 – Análise de Variância (ANOVA) para Características Geométricas.

α (%)

CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS

FATOR LARGURA (l) PENETRAÇÃO (p) REFORÇO (r)

1 – PROCESSO 35,9 38,8 74,8

2 – ENERGIA 0,0 2,3 0,1

3 – GÁS 0,2 51,3 0,2

Interação – 1 x 2 58,5 3,4 44,5

Interação – 1 x 3 86,9 3,5 58,7

Interação – 2 x 3 50,3 6,7 0,2

Interação – 1 x 2 x 3 36,2 60,5 67,1

Os dados apresentados na Tabela 15 indicam que, estatisticamente, apenas

os fatores energia do arco e tipo de gás de proteção exerceram efeito significativo

(α<5%), sobre a largura do cordão de solda. Conforme pode ser visualizado no

gráfico da Figura 44, a largura do cordão de solda tende a aumentar com o aumento

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

93

da energia do arco. Situação parecida pode ser constatada quanto ao fator tipo de

gás de proteção. Valores mais elevados da largura de solda são obtidos com a

utilização da mistura C25 em relação ao argônio puro.

Estes resultados indicam a possibilidade de utilizar com vantagens a condição

de maior energia de arco com o gás de proteção C25, na qual possibilita maior valor

de largura do cordão de solda. Isto pode favorecer a relação custo benefício em

aplicações como, soldagem de revestimento, onde a largura de cordão tem

importância preponderante em relação aos demais parâmetros geométricos.

PROCESSO PULSADOPROCESSO CONVENCI

ARGAS

LAR

GU

RA

(mm

)

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

ENERGIA15

1820

C25GAS

ENERGIA15

1820

Figura 44 – Influência da energia do arco (kJ/cm) sobre a largura do cordão

de solda, para dois níveis de gás de proteção e dois níveis de processo de

soldagem.

Os resultados apresentados na Tabela 15 indicam a energia de soldagem

como o único fator que, estatisticamente, exerceu influência sobre a penetração do

cordão de solda. Além disso, a penetração foi afetada pelas interações entre os

fatores processo de soldagem com energia do arco, e processo de soldagem com

tipo de gás de proteção. Os menores valores de penetração do cordão de solda são

obtidos no modo pulsado, conforme pode ser observado na Tabela 14 e no gráfico

da Figura 45, quando a mistura gasosa C25 é utilizada. Ainda nesta condição o

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

94

aumento da energia de soldagem aumenta significativamente o valor de penetração

do cordão de solda. Estas condições são as mais favoráveis a aplicações onde se

deseja uma redução de custos e baixa penetração. Neste último, o caso da

soldagem de chapas finas, evitando que sofram penetração total e venham a furar

ou sofrer gotejamentos. Outra aplicação seria em soldagens de revestimento, onde

também se deseja baixa penetração dos cordões de solda.

Os menores valores de penetração do cordão de solda, obtidos quando da

utilização em corrente pulsada, pode ser justificado pelos níveis mais baixos de

corrente média fornecidos por este processo, o que favorece sua aplicação em

soldagem fora de posição e em chapas finas. No entanto, este fato só foi confirmado

nas soldas realizadas com a proteção da mistura gasosa C25.

PROCESSO PULSADOPROCESSO CONVENCI

ARGAS

PE

NE

TRA

ÇÃ

O (m

m)

0.6

0.8

1

1.2

1.4

1.6

1.8

2

2.2

2.4

2.6

ENERGIA15

1820

C25GAS

ENERGIA15

1820

Figura 45 – Influência da energia do arco (kJ/cm) sobre a penetração do

cordão de solda.

As informações apresentadas na Tabela 15 indicam que o reforço do cordão

de solda foi afetado significativamente pela energia do arco, pelo tipo de gás de

proteção e pela interação entre esses dois fatores. O processo de soldagem não

exerceu, estatisticamente, influência significativa sobre o reforço do cordão de solda.

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

95

Através da Figura 46 pode-se verificar que nas soldas realizadas com a

mistura gasosa C25, o reforço do cordão aumentou significativamente com o

aumento da energia do arco. Além disso, percebe-se que os valores mais elevados

de reforço das soldas realizadas com a mistura C25, no nível mais alto do aporte

térmico, se mantêm equivalentes aos valores deste parâmetro geométrico obtidos na

soldagem com proteção de Argônio, para todos os níveis de energia.

PROCESSO PULSADOPROCESSO CONVENCI

ARGAS

RE

FOR

ÇO

(mm

)

2.6

2.8

3

3.2

3.4

3.6

3.8

4

4.2

ENERGIA15

1820

C25GAS

ENERGIA15

1820

Figura 46 – Influência da energia do arco (kJ/cm) sobre o reforço do cordão

de solda.

4.3 – RESULTADOS CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS

Nesta seção são apresentados os resultados da análise das características

econômicas para as condições estabelecidas neste trabalho. A Tabela 16 mostra os

valores médios de taxa de fusão (TF), taxa de deposição (TD) e do rendimento (R)

para os experimentos realizados nos processos convencional e pulsado, com

proteção de Argônio puro e da mistura C25, e em três níveis de energia do arco. Já

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

96

a Tabela 17 apresenta os dados de análise de variância, ANOVA, para o nível de

significância, α= 5%.

Tabela 16 - Valores médios dos Parâmetros Econômicos.

Energia (kJ/cm) Processo Tipo de Gás TF (kg/h) TD (kg/h) REND (%)

Argônio 0,234 0,220 94,0 Pulsado

C25 0,233 0,193 82,8

Argônio 0,236 0,218 92,4

15

Convencional

C25 0,233 0,194 83,6

Argônio 0,311 0,293 94,2 Pulsado

C25 0,312 0,273 87,4

Argônio 0,312 0,295 94,6

18 Convencional

C25 0,313 0,267 85,3

Argônio 0,390 0,367 94,2 Pulsado

C25 0,390 0,355 91,1

Argônio 0,390 0,369 94,6

20 Convencional

C25 0,392 0,353 90,2

Tabela 17 – Análise de Variância (ANOVA) para Características Econômicas.

α (%)

CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS

FATORES TF TD R

1 – Processo 17,62 56,85 16,95

2 – Energia 0,00 0,00 0,00

3 – Gás 97,61 0,00 0,00

Interação – 1 x 2 94,96 74,49 77,56

Interação – 1 x 3 84,87 25,55 54,37

Interação – 2 x 3 20,27 0,26 0,003

Interação – 1 x 2 x 3 50,48 18,99 4,09

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

97

A Tabela 16 mostra que o menor valor de rendimento médio obtido (82,8%)

foi para as soldas realizadas com a mistura gasosa C25, energia de arco de 15kJ/cm

no processo convencional de soldagem. Já os maiores valores de rendimento médio

(92 – 94%) foram observados para as soldas que utilizaram argônio puro soldando

no modo pulsado, independente da energia de soldagem.

A Tabela 17 indica que a energia de soldagem foi o único fator que afetou a

taxa de fusão. Esta situação pode ser melhor visualizada através da Figura 47, onde

se percebe que a taxa de fusão cresceu substancialmente à medida que se

aumentou os valores de energia do arco. Enquanto isso, as curvas que representam

os outros fatores mantêm-se praticamente sobrepostas, indicando a ausência de

efeito estatístico sobre a taxa de fusão do arame eletrodo.

PROCESSO PULSADOPROCESSO CONVENCIONAL

ARGAS

TAX

A F

US

ÃO

(kg/

h)

0.2

0.22

0.24

0.26

0.28

0.3

0.32

0.34

0.36

0.38

0.4

0.42

ENERGIA15

1820

C25GAS

ENERGIA15

1820

Figura 47 – Influência da energia do arco (kJ/cm) sobre a taxa de fusão.

A taxa de deposição sofreu efeito significativo da energia do arco e do tipo de

gás de proteção, conforme apresentado na Tabela 17, pois os níveis de significância

(α) foram menores que 5%. Além de estes fatores isolados exercerem influência

sobre a taxa de deposição, a interação entre eles possui efeito similar.

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

98

Estes efeitos podem ser corroborados através do gráfico da Figura 48, onde

se percebe que quando crescem os valores de energia de arco, a taxa de deposição

aumenta sobremaneira. Além disso, melhores resultados de taxa de deposição são

alcançados quando o argônio puro é utilizado como gás de proteção. Por se tratar

de uma mistura com gás ativo, o CO2 reage com a poça de fusão, gerando micro-

explosões no interior do arco voltaico, provocando então salpicos e,

conseqüentemente, redução na taxa de deposição.

Quanto ao tipo de processo utilizado, pulsado ou convencional, a Figura 48

mostra que os resultados de taxa de deposição são equivalentes tanto quando da

utilização do gás C25 quanto do argônio puro. Isto pode ser verificado pela

sobreposição das curvas representativas do modo pulsado e do convencional.

A pequena diferença dos valores de taxa de deposição resultantes entre os

processos convencional e pulsado, pode ser atribuída ao fato dos níveis de energia

experimentados pelas soldas realizadas no modo convencional permitirem um modo

de transferência metálica do tipo spray, que possui como característica, um arco

suave e com transferência metálica mais estável com poucas perturbações, sendo

estas condições bem próximas às observadas no processo pulsado.

PROCESSO PULSADOPROCESSO CONVENCIONAL

ARGAS

TAX

A D

EP

OS

IÇÃ

O (k

g/h)

0.15

0.175

0.2

0.225

0.25

0.275

0.3

0.325

0.35

0.375

0.4

ENERGIA15

1820

C25GAS

ENERGIA15

1820

Figura 48 – Influência da energia do arco ( kJ/cm) sobre a taxa de deposição.

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

99

A variável rendimento foi afetada significativamente pela energia do arco, tipo

de gás de proteção e pela interação destes fatores, como pode ser constatado na

Tabela 17 onde, para estes fatores, o nível de significância (α) revelou-se inferior a

5%.

O tipo de processo (convencional ou pulsado) não exerceu influência sobre a

variável rendimento quando analisado isoladamente, no entanto, este fator

desempenha efeito significativo, quando analisada a sua interação com os outros

dois fatores.

A figura 49 mostra que os maiores valores de rendimento foram alcançados

com o gás argônio puro e que para a mistura gasosa C25, há tendência do

rendimento aumentar, à medida que se eleva os valores de energia do arco.

O gás argônio conferiu maiores resultados de rendimento do que com o gás

C25, devido a presença de CO2 na composição do gás C25 que causou mais baixas

taxas de deposição, como discutido anteriormente, e conseqüentemente perda de

rendimento.

Com base nos resultados expostos, podemos concluir que a pouca diferença

de rendimento entre os processos, convencional e pulsado, sugere que há mais

vantagens econômicas na utilização do processo convencional. Já que, no processo

pulsado os ganhos em rendimento não compensariam os investimentos adicionais

em mão-de-obra especializada, equipamentos, manutenção, etc, necessários a este

processo.

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

100

PROCESSO PULSADOPROCESSO CONVENCIONAL

ARGAS

RE

ND

IME

NTO

(%)

80

82

84

86

88

90

92

94

96

ENERGIA15

1820

C25GAS

ENERGIA15

1820

Figura 49 – Influência da energia do arco (kJ/cm) sobre o rendimento.

4.4 – RESULTADOS DA ANÁLISE METALOGRÁFICA

4.4.1 – Macrografia As Figuras 50, 51, 52 e 53 ilustram o aspecto macrográfico da seção

transversal das juntas soldadas. Através da análise das macrografias apresentadas

podemos perceber que não houve diferenças significativas no percentual de região

de grãos colunares e de grãos refinados gerados pelos múltiplos passes que

preencheram as juntas. Esta situação pode ser atribuída ao fato das juntas terem

sido soldadas com o mesmo número de passes e com a mesma energia de

soldagem ocasionando ciclos térmicos experimentados pelos corpos de prova

bastante aproximados.

Nas Figuras 51, 52 e 53 pode-se perceber a ocorrência de falta de penetração

do passe de raiz, causada por uma falha operacional durante a execução do passe

de reverso, ou seja, no posicionamento do arame eletrodo (arco voltaico) e à falta de

habilidade do operador na operação de goivagem.

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

101

Não foi constatada incidência de porosidades no metal de solda e nem de

inclusão de escória. Este último defeito se configura como uma das principais

vantagens do arame composto em relação aos arames tubulares convencionais,

principalmente em soldas em múltiplos passes, pois a pouca ou nenhuma geração

de escória dos arames compostos permite a ação de limpeza entre passes de menor

intensidade do que com arames convencionais.

Figura 50 – Macrografia da junta soldada com o gás argônio puro e no modo

pulsado.

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

102

Figura 51 – Macrografia da junta soldada com gás C25 e no modo pulsado.

Figura 52 – Macrografia da junta soldada com gás argônio puro e no modo

convencional.

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

103

Figura 53 – Macrografia da junta soldada com gás C25 e no modo

convencional.

4.4.2 – Micrografia

As Figuras 54 a 61 representam as micrografias dos corpos de prova nas

regiões de grãos colunares e de grãos reaquecidos ou refinados do metal de solda.

A análise realizada nessas regiões através das micrografias limita-se à identificação

qualitativa dos microconstituintes que formam o metal de solda, para os dois tipos de

processos utilizados, pulsado e convencional, e para os dois tipos de gás de

proteção, argônio puro e C25 (75%Ar-25%CO2).

A Figura 54 apresenta a microestrutura da região colunar do corpo de prova

soldado pelo processo pulsado com argônio puro. Nesta Figura pode-se verificar a

presença dos microconstituintes ferrita acicular (AF), que possui uma morfologia

emaranhada em grãos se entrecruzando, além da presença de ferrita com segunda

fase (FS).

A Figura 55 representa o mesmo corpo de prova, no entanto, as micrografias

foram geradas a partir da região de grãos refinados. Nesta Figura podemos observar

que também houve a presença da ferrita acicular (AF), mas surgiram além da AF, os

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

104

microconstituintes ferrita primária (PF) e ferrita com segunda fase alinhada FS(A).

Esta última também é uma ferrita com segunda fase, mas neste caso está evidente o

paralelismo entre as ripas de ferrita e com razão de aspecto maior que 4:1 (largura

da ripa no mínimo quatro vezes maior que a espessura) o que caracteriza a ferrita

com segunda fase alinhada.

FS

AF

AF

(a) (b)

Figura 54 – Micrografia da região colunar do CP soldado com gás Argônio e

modo pulsado. (a) aumento de 1000X e (b) 500X.

PF

FS(A)

AF

(a) (b)

Figura 55 – Micrografia da região refinada do CP soldado com gás Argônio e

modo pulsado. (a) aumento de 1000X e (b) 500X.

A Figura 56 apresenta a microestrutura da região colunar do corpo de prova

soldado pelo processo pulsado com a mistura C25 como gás de proteção. Nesta

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

105

Figura pode-se verificar a presença dos microconstituintes ferrita acicular (AF) da

ferrita com segunda fase (FS). As micrografias da Figura 60 representam o mesmo

corpo de prova da Figura 56, mas agora, as micrografias ilustram a região de grãos

refinados do metal de solda. Neste caso, podemos observar que também houve a

presença da ferrita acicular (AF), mas surgiram além da AF, os microconstituintes

ferrita primária (PF) e ferrita com segunda fase alinhada FS(A).

FS

AF

(a) (b)

Figura 56 – Micrografia da região colunar do CP soldado com gás C25 e

modo pulsado. (a) aumento de 1000X e (b) 500X.

(a) (b)

AF

PF

FS(A)

Figura 57 – Micrografia da região refinada do CP soldado com gás C25 e

modo pulsado. (a) aumento de 1000X e (b) 500X.

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

106

A micrografia da Figura 58 representa a região de grãos colunares do corpo

de prova soldado pelo processo convencional com argônio puro como gás de

proteção. Na Figura 61(a), referente ao aumento de 1000X, podemos verificar a

presença dos microconstituintes ferrita acicular (AF), ferrita com segunda fase (FS) e

ferrita primária (PF) podendo também ser classificada como ferrita poligonal

intragranular PF(I), que também é ferrita primária, mas é caracterizada por grãos de

ferrita normalmente poligonais.

AF FS

PF

(a) (b)

Figura 58 – Micrografia da região colunar do CP soldado com gás Argônio e

modo convencional. (a) aumento de 1000X e (b) 500X.

A Figura 59 é uma micrografia proveniente da mesma junta da qual foi obtida

a imagem da Figura 58 que, no entanto, foi gerada em uma região de grãos

refinados. Na Figura 59(a), fica clara a incidência de ferrita primária (PF) com

aspecto típico do tipo poligonal, além da presença de ferrita acicular (AF).

Page 107: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

107

PF

PF

AF

AF

(a) (b)

Figura 59 – Micrografia da região refinada do CP soldado com gás Argônio e

modo convencional. (a) aumento de 1000X e (b) 500X.

A Figura 60 é correspondente às juntas soldadas pelo processo convencional

com gás de proteção C25. Esta microestrutura representa a região de grãos

colunares e é formada por microconstituintes do tipo ferrita acicular (AF) e ferrita

com segunda fase, aparentemente do tipo alinhada.

FS

AF

(a) (b)

Figura 60 – Micrografia da região colunar do CP soldado com gás C25 e

modo convencional. (a) aumento de 1000X e (b) 500X.

A Figura 61 também é representativa da junta soldada com o gás de proteção

C25 e no modo convencional, mas esta foi gerada na região refinada do metal de

Page 108: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

108

solda. Nesta micrografia, é evidente a presença de ferrita com segunda fase

alinhada FS(A), devido a característica deste microconstituinte que é o paralelismo

entre as ripas de ferrita e com razão de aspecto maior que 4:1. Além desta, também

é verificada a presença de ferrita acicular (AF) e de ferrita primária aparentemente

do tipo poligonal.

PF PF

AF

FS(A) FS(A)

(a) (b)

Figura 61 – Micrografia da região refinada do CP soldado com gás C25 e

modo convencional. (a) aumento de 1000X e (b) 500X.

De um modo geral todas as micrografias dos corpos de prova apresentaram

semelhança quanto aos microconstituintes presentes tanto na região colunar quanto

na região refinada do metal de solda. Como o aspecto microestrutural de um metal

de solda é fortemente dependente da composição química e do ciclo térmico que o

metal experimenta, a constatação da aparente similitude dos microconstituintes

presentes nas várias micrografias pode ser atribuída ao fato das juntas soldadas

terem sido preenchidas com o mesmo número de passes e com praticamente a

mesma energia de soldagem e, conseqüentemente, com ciclos térmicos bem

próximos, além do fato de ter sido utilizado um único tipo de arame para a deposição

do metal de solda (AWS E80C-G), o que sugere a homogeneidade da composição

química.

A ferrita acicular (AF) que é vista como a microestrutura mais desejável para

cordões de solda, em virtude dos valores elevados de resistência mecânica e

tenacidade que possui, obteve formação comum em todas as micrografias

Page 109: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

109

analisadas. Este fato pode ser justificado pela presença de elementos

estabilizadores e formadores de ferrita acicular, como o Mn, presente no material de

base e Mn e Ni presentes no material de solda, consoante informações fornecidas

pelos fabricantes do arame e do metal base.

Além da Ferrita Acicular (AF), o microconstituinte mais freqüente nas

micrografias foi a Ferrita com Segunda Fase Alinhada FS(A) que em algumas

condições figurou como elemento predominante (como na micrografia da figura 64).

Sua formação mais comum foi nas regiões de grãos reaquecidos ou refinados.

4.5 - RESULTADOS DO ENSAIO DE IMPACTO (CHARPY).

A Tabela 18 apresenta os resultados médios do ensaio de impacto Charpy V,

realizado variando-se a temperatura de ensaio em três níveis, o processo de

soldagem (convencional e pulsado) e o tipo de gás de proteção (argônio puro e

C25). Nesta tabela pode-se constatar que não houve diferença substancial entre os

resultados obtidos, a partir dos fatores estudados, com exceção do fator temperatura

que já era esperado. O maior resultado de energia absorvida foi de 103J para os

corpos de prova soldados no modo pulsado, com a mistura C25 na temperatura de

40ºC.

No gráfico da Figura 62 pode ser melhor visualizado o comportamento da

tenacidade do metal de solda em função dos fatores analisados. Embora nas curvas

referentes ao Argônio puro ocorra uma tendência a resultados ligeiramente melhores

no modo convencional, estatisticamente esta melhoria não foi em proporções

significativas para se afirmar genericamente que a tenacidade em soldas realizadas

com argônio e no modo convencional seja superior às executadas com o mesmo

gás, mas no modo pulsado. Além disso, nas curvas referentes à mistura C25, nota-

se um comportamento misto para o fator processo de soldagem, pois o resultado em

baixa temperatura no modo pulsado foi inferior ao resultado do modo convencional,

entretanto, verifica-se que o aumento da temperatura gera resultados para o modo

pulsado que superam ligeiramente os resultados obtidos no modo convencional.

A Tabela 19 apresenta os resultados de análise de variância (ANOVA) que

corroboram o que foi exposto no parágrafo anterior. Nesta Tabela verifica-se que o

único fator que afeta significativamente a resistência ao impacto é a temperatura,

Page 110: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

110

nem mesmo a interação deste fator com os outros apresentaram efeitos

significativos sobre os resultados dos ensaios.

Segundo ZEEMANN et al (1992), a resistência mecânica e a tenacidade do

metal de solda são influenciadas pela composição química e pelo ciclo térmico que o

material experimenta, haja vista, que estes fatores tem efeito sobre os constituintes

microestruturais existentes no metal de solda. Consoante ao exposto, podemos

elucidar os resultados obtidos para o ensaio de impacto, pois em relação à

composição química do metal de solda não houveram diferenças substanciais entre

as amostras, já que se tratavam do mesmo metal base (aço SAC-350) e do mesmo

arame consumível (AWS E80C-G). A única diferença foi no gás de proteção onde

foram utilizados dois tipos, argônio puro e o C25 (75%Ar – 25%CO2). Quanto ao

ciclo térmico empregado, procuramos mantê-lo o mais constante possível, através

do preenchimento das juntas com o mesmo número de passes e com a mesma

energia de soldagem em cada um, para garantir a análise apenas do processo

utilizado (pulsado ou convencional). Além disso, os corpos de prova foram retirados

de uma região próxima à face da junta, sendo formado então principalmente pela

região do último passe (região de grãos colunares) e pequena parte da região

reaquecida (grãos refinados), já que essa região é a menos afetada pela história do

ciclo térmico experimentado pela junta.

Portanto, como as condições de composição química e de ciclo térmico foram

praticamente constantes para todas as amostras, os constituintes microestruturais

presentes, foram basicamente os mesmos, apesar de que, em teores aparentemente

diferentes, contudo não foram de influência significativa nos resultados de

tenacidade do metal de solda. Os constituintes mais freqüentes foram a ferrita

acicular, ferrita primária e ferrita com segunda fase, como foi discutido no item: 4.4.2

– Micrografia, deste trabalho.

Page 111: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

111

Tabela 18 – Resultados médios do ensaio de impacto Charpy V, em diferentes

níveis de temperatura. Valores em Joule (J).

Resistência ao impacto, Charpy V (J) PROCESSO GÁS

0ºC 20ºC 40ºC

PULSADO ARGÔNIO 15,8 52,5 89,0

CONVENCIONAL ARGÔNIO 16,2 63,3 92,5

PULSADO C25 15,0 63,1 103,0

CONVENCIONAL C25 20,0 60,0 93,5

Tabela 19 – Resultados de análise de variância (ANOVA), para os ensaios de

impacto Charpy V.

FATOR

Nível de Significância

α (%)

1 – TEMPERATURA 0,00

2 – PROCESSO 77,13

3 – GÁS 31,02

Interação – 1 x 2 75,09

Interação – 1 x 3 82,59

Interação – 2 x 3 36,95

Interação – 1 x 2 x 3 60,24

Page 112: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

112

PROCESSO PULSADOPROCESSO CONVENCIONAL

ARGGAS

EN

ER

G A

BS

OR

V (J

)

0

20

40

60

80

100

120

T (ºC) 0 20 40

C25GAS

T (ºC) 0 20 40

Figura 62 – Energia absorvida em função da temperatura, para dois níveis de

gás de proteção e dois níveis de processo de soldagem.

4.6 - RESULTADOS DO ENSAIO DE DUREZA

Os resultados médios para o ensaio de dureza (HRc) estão apresentados na

Tabela 20. Nesta Tabela podemos observar que os menores valores de dureza

encontram-se a 12mm distante do centro do cordão de solda. Este ponto representa

a região do metal de base que não foi afetada pelo calor. A Tabela 21 apresenta os

resultados de análise de variância (ANOVA) para um nível de significância, α= 5%.

Na Tabela 21 verificamos que a dureza foi significativamente afetada pelo

processo de soldagem (Convencional ou Pulsado) e pela distância do centro do

cordão de solda (que representa as regiões dos pontos de medida na junta).

Page 113: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

113

Tabela 20 – Resultados médios do ensaio de dureza (HRc) em diferentes

distâncias do centro do cordão de solda.

DISTÂNCIA DO CENTRO DO CORDÃO (mm) PROCESSO GÁS

0 3 6 9 12

PULSADO ARGÔNIO 34,5 37,8 38,8 38,8 32,6

CONVENCIONAL ARGÔNIO 36,3 37,8 38,4 38,2 31,9

PULSADO C25 37,0 40,5 41,2 39,2 32,4

CONVENCIONAL C25 31,0 40,9 39,1 35,0 33,3

Tabela 21 – Resultados de análise de variância (ANOVA), para os ensaios de

dureza.

FATOR α (%)

1 – PROCESSO 0,96090

2 – GÁS 19,6042

3 – DISTÂNCIA 0,00000

Interação – 1 x 2 0,44320

Interação – 1 x 3 9,07650

Interação – 2 x 3 0,50140

Interação – 1 x 2 x 3 0,88190

A Figura 63 apresenta o resultado de dureza em várias distâncias do centro

do cordão de solda, para dois níveis de gás de proteção e dois níveis de processo

de soldagem. Pela disposição das curvas e pelos resultados médios de dureza

mostrados na Tabela 20, pode-se perceber que há uma tendência dos resultados

serem em valores menores no centro do cordão, depois experimentam um aumento

de dureza à medida que os pontos de ensaio se afastam do centro e logo em

seguida ocorre novamente uma redução brusca de valor nos pontos mais afastados

da linha de centro do cordão de solda. Este comportamento pode ser explicado pelo

fato do primeiro ponto de ensaio (centro do cordão), estar posicionado na região de

grãos colunares (região de grãos grosseiros) do último passe. Devido à geometria

parabólica da raiz do último passe, os pontos de impressão subseqüentes foram

Page 114: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

114

posicionados na região de grãos re-aquecidos ou recristalizados (região de grãos

finos) que pelo seu aspecto granulométrico, possui níveis de dureza superiores. Já

os pontos mais distantes (12 mm) do centro do cordão de solda, encontravam-se na

região do metal base que geralmente apresentam propriedades mecânicas inferiores

às do metal de solda. O posicionamento dos pontos de impressão ensaiados pode

ser mais bem visualizado através do esquema representado na macrografia da

figura 64 que também apresenta as regiões de grãos colunares e refinados

O fator processo de soldagem (pulsado ou convencional) apresentou efeito

significativo sobre os resultados de ensaio de dureza. Isto pode ser justificado pelo

fato do processo em corrente pulsada ter apresentado transferência metálica mais

regular e em menores tamanhos de gota, que propiciam maior refino de grão e

conseqüentemente maiores valores de dureza do metal de solda. Além disso, os

microconstituintes, como a ferrita acicular, presentes nas regiões de ensaio para o

modo pulsado podem ter exercido efeito sobre os resultados de dureza do metal de

solda no sentido de aumenta-los.

PROCESSO PULSADOPROCESSO CONVENCIONAL

ARGGAS

DU

RE

ZA H

RC

28

30

32

34

36

38

40

42

44

DIS 0 3 6 9 12

C25GAS

DIS 0 3 6 9 12

Figura 63 – Resultado de dureza em várias distâncias do centro do cordão de

solda, para dois níveis de gás de proteção e dois níveis de processo de soldagem.

Page 115: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

115

Grãos colunares

Grãos refinados

Ponto de medição

Metal base

Figura 64 – Posicionamento dos pontos de medição de dureza.

5. CONCLUSÕES

As soldas realizadas utilizando C25 como gás de proteção forneceram

maior regularidade no destacamento das gotas, devido à presença do teor

de gás oxidante (CO2), contudo, este mesmo gás é responsável por micro-

explosões na atmosfera do arco voltaico, causando a geração de salpicos.

Nas soldas que se utilizou argônio puro como gás de proteção houve a

incidência de duplos destacamentos no modo pulsado, no entanto, sem o

detrimento do bom aspecto superficial do cordão de solda, livre de

salpicos.

O fator processo de soldagem (modo convencional ou pulsado) não

exerceu nenhuma influência significativa sobre as características

geométricas do cordão de solda. No entanto, a sua interação com o fator

gás de proteção ou com a energia de soldagem afetou de forma

significativa a penetração do cordão de solda.

O fator gás de proteção afetou significativamente a largura e o reforço do

cordão de solda.

O fator processo de soldagem não exerceu efeito significativo sobre as

características econômicas do arame. A única influência deste fator foi

Page 116: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

116

sobre a variável rendimento, quando analisada a sua interação com os

fatores gás de proteção e energia de soldagem.

O fator gás de proteção afetou significativamente a taxa de deposição e o

rendimento do arame, independente do processo ou da energia de

soldagem.

Os melhores resultados de taxa de deposição e de rendimento foram

alcançados quando argônio puro foi utilizado como gás de proteção,

devido à presença de CO2 no gás C25 causar geração de salpicos

implicando na perda de material e de rendimento.

A temperatura de ensaio foi o único fator que, estatisticamente, influenciou

os resultados do ensaio de impacto Charpy V do metal de solda. Os outros

fatores (processo de soldagem e tipo de gás de proteção) não exerceram

efeito significativo sobre a tenacidade. Isto se deve, sobretudo, à

similaridade das microestruturas formadas nos diversos corpos de prova.

O fator que influenciou, estatisticamente, nos resultados de dureza foi o

processo de soldagem (Convencional ou Pulsado). Já o gás de proteção,

só exerceu influência significativa quando analisada a interação de seu

efeito com o fator processo de soldagem.

De um modo geral todas as micrografias dos corpos de prova

apresentaram semelhança quanto aos microconstituintes presentes tanto

na região colunar quanto na região refinada do metal de solda.

A ferrita acicular (AF) obteve formação comum em todas as micrografias

analisadas, devido à presença de elementos estabilizadores e formadores

deste microconstituinte, como o Mn, presente no material de base e Mn e

Ni presentes no material de solda.

Para o aço e nas condições estudadas, o processo de soldagem em

corrente pulsada, de um modo geral, não apresentou melhorias

substanciais que justifiquem a sua aplicação comercialmente.

A presença de CO2 no gás de proteção reduz os custos com este

consumível, no entanto, as expensas do rendimento do processo, que

dependendo do volume de solda que se pretende realizar, pode gerar um

prejuízo maior do que o que se gastaria a mais para executar as soldas

com o uso do gás argônio puro.

Page 117: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

117

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Estudo do efeito do ciclo térmico sobre a tenacidade e microestrutura do

metal de solda.

Estudo das características operacionais e metalúrgicas do arame AWS E80C-

G para soldagem fora de posição, em corrente convencional e pulsada.

Estudo das características operacionais e metalúrgicas de um arame tubular

convencional com proteção gasosa de CO2 puro, para soldagem com baixos

níveis de energia e em chanfro estreito.

Page 118: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

118

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, C. B. F. Uma Contribuição ao Estudo da Soldagem MIG Duplamente

Pulsada da Liga Al-Mg 5083. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-

Graduação em Engenharia Mecânica. Universidade Federal do Pará, Belém,

Pará, 2003.

AMIM, M. Pulse current parameters for arc stability and controlled metal transfer

in arc welding. Metal construction, May, 1983.

ALÉ, R. M.; JORGE, J. C. F.; REBELLO, J. M. A. Constituintes microestruturais

de soldas de aços C-Mn baixa liga. Parte I: Conceitos básicos. Soldagem & Materiais, 5(2)-Arquivo técnico, 1(2), p. 18-25, julho/setembro, 1993.

ALÉ, R. M.; JORGE, J. C. F.; REBELLO, J. M. A. Constituintes microestruturais

de soldas de aços C-Mn baixa liga. Parte II: Conceitos básicos. Soldagem & Materiais, 5(3)-Arquivo técnico, 1(1), p. 02 – 11, abril/junho, 1993.

ASME. Código ASME para caldeiras e vasos de pressão, Especificação de

Materiais, Seção II, Parte C – Varetas de Solda, Eletrodos e Metais de Adição,

Julho, 1983.

AWS. Specification for Low-Alloy Steel Electrodes and Rods for Gas Shielded Arc

Welding, AWS A5.28-96, March, 1996.

AWS. Specification for Carbon Steel Electrodes and Rods for Gas Shielded Arc

Welding. AWS A5.18/A5.18M:2001, February, 2001.

BRAGA, E. M. Soldagem a arame tubular autoprotegido em corrente pulsada.

Dissertação de Mestrado - Universidade Federal do Pará, dezembro, Programa

de Pós-graduação em Engenharia Mecânica, Belém, 1997.

Page 119: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

119

DIAS, A. C. D. Aspectos metalúrgicos da soldagem do aço USI-SAC350 com

arame tubular. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Mecânica. Universidade Federal do Pará, Belém, Pará, 2004.

DOMINGUES, J. R. e ROS, D.A. Fatores que Afetam o Teor de Hidrogênio

Difusível na Soldagem com Arame Tubular. In: XXII ENCONTRO NACIONAL DE

TECNOLOGIA DE SOLDAGEM, 1996, Blumenau. Anais.. Blumenau: Associação

Brasileira de Soldagem, 1996. p. 815-826.

ESSERS, W. G.; VAN GOMPEL, M. R. M. Arc Control with Pulsed GMA Welding.

Welding Journal, June, 1984.

ESAB. OK TUBROD WS Arame Tubular. Publicação 1900018 rev 0. Disponível

em: http:// www.esab.com.br. Acesso em: 09/03/2004.

FBTS; SENAI; UFRJ. Curso de tecnologia da soldagem; Pós-Graduação, 1987.

FERREE, S. E. New Generation of Cored Wires Creates Less Fume and Spatter.

Welding Journal, December, 1995.

FIGUEIREDO, K. M. Mapeamento dos Modos de Transferência Metálica na

Soldagem Mig de Alumínio. Dissertação de Mestrado - Universidade Federal de

Uberlândia, Uberlândia, 2000.

FRENCH, I. E.; BOSWORTH, M. R. A Comparison of Pulsed and Conventional

Welding With Basic Flux Cored and Metal Cored Welding Wires. Welding Journal, June, 1995.

IRVING, B. Trying to Make Some Sense Out of Shielding Gases. Welding Journal, May, 1994.

KIM, Y-S.; EAGAR, T. W. Analysis of Metal Transfer in Gas Metal Arc Welding.

Welding Journal, June, 1993.

Page 120: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

120

LYTTLE, K. A.: Metal Cored Wires: where do they fit in your future? Welding Journal, October, 1996.

MACHADO, I. G. Soldagem e técnicas conexas-processos. Universidade Federal

do Rio Grande do Sul, 1996.

MARINHO, L. C. D.; SILVA, S. S.; PARANHOS, R. Análise da Influência das

Variáveis do Processo de Soldagem MIG/MAG Robotizado na Geometria do

Cordão de Solda com Auxílio de Planejamento de Experimentos. In: SIMPÓSIO

BRASILEIRO DE PESQUISA OPERACIONAL, novembro, 2001.

MIRANDA, H. C. Influência da indutância na soldagem MIG/MAG na posição

sobrecabeça. Dissertação de Mestrado - Universidade Federal de Uberlândia,

Uberlândia, 1999.

MIRANDA, H. C. Reconhecimento e Controle da Transferência Metálica no

Processo MIG/MAG Pulsado. Tese de Doutorado - Universidade Federal de

Uberlândia, Uberlândia, 2002.

MOTA, C. A. M. Níquel e manganês como controladores da tenacidade na

soldagem com arames tubulares autoprotegidos. Tese de Doutorado -

Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1998.

NASCIMENTO, A. S. et al. Procedimento Experimental para Seleção de

Parâmetros de Pulso para Soldagem com Arame Tubular em Corrente Pulsada.

In: 2º COBEF, Maio, 2003.

NORRISH, J. Advanced Welding Processes. Institute of Physics Publishing

Bristol, Philadelphia and New York, 1992.

OTEGUI, J. L; DE VEDIA, L. A. Soldadura com Arambres Tubulares Sin

Protección Gaseosa. Boletim Técnico Conarco, nº 81, janeiro, p. 2-14/27-29,

1985.

Page 121: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

121

RAJASEKARAN, S., et al. Droplet Detachment and Plate Fusion Characteristics

in Pulsed Current Gas Metal Arc Welding. Welding Journal, June, 1998.

RAMALHO, José Pinto. Introdução à Tecnologia de Soldagem. 1993.Disponível

em: http://www.infosolda.com.br/. Acesso em: 19 jul. 2004.

RIBEIRO, L. G.; COSTA, S. C. Influência dos Parâmetros de Pulso no Processo

MIG sobre a Geometria do Cordão de Solda. 1º COBEF – Congresso Brasileiro

de Engenharia de Fabricação. Abril, 2001.

SOUSA, P. C. R. D; BRANDI S. D. Análise de transferência metálica na

soldagem a arco elétrico com arame tubular; Soldagem & Inspeção; outubro

2000.

SUBRAMANIAM, S. et al. Experimental Approach to Selection of Pulsing

Parameters in Pulsed GMAW. Welding Journal, may, 1999.

SUBAN, M.; TUSEK, J. Dependence of Melting Rate MIG/MAG Welding on the

Type of Shielding Gas Used. Journal of Materials Processing Technology. p.

119, 2001.

VILARINHO, L. O. Desenvolvimento e Avaliação de um Algoritmo Alternativo

para a Soldagem MIG Sinérgica de Alumínio. Dissertação de Mestrado -

Universidade Federal de Uberlândia, UFU, Uberlândia, 2000.

WAINER, E.; BRANDI, S. D.; MELLO,F. D. H. Soldagem: Processos e

metalurgia. Edgard Blucher Ltda, 1992.

WANG, W.; LIU, S.; JONES, J. E. Flux Cored Arc Welding: Arc Signals,

Processing and Metal Transfer Characterization. Welding Journal, November,

1995.

WIDGERY, D. Tubular Wire Welding. Cambridge, England: Woodhead Publishing

Ltd., 1994.

Page 122: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE … · do tipo de gás de proteção sobre as características operacionais econômicas do processo e sobre as características

122

ZEEMANN, A.; REBELLO, J. M. A.; EVANS G. M.; Microstructure and Toughness

Relationship in C-Mn-Ni All-Weld Metal Deposits. IIW-IIS Document II-A-858-92.