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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO
BIOLOGIA DE AGENTES INFECCIOSOS E PARASITÁRIOS
CARACTERIZAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA E LABORATORIAL DA
DOENÇA DIARREICA AGUDA EM CRIANÇAS ATENDIDAS EM UN IDADES
DE SAÚDE EM RIO BRANCO, ACRE.
LOURDES OLIVEIRA GOMES
Belém - Pará
2014
CARACTERIZAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA E LABORATORIAL DE
CRIANÇAS COM DIARREIA AGUDA ATENDIDAS EM UNIDADES D E
SAÚDE EM RIO BRANCO, ACRE.
LOURDES OLIVEIRA GOMES
Dissertação apresentada ao programa de
Pós-Graduação em Biologia de Agentes
Infecciosos e Parasitários do Instituto de
Ciências Biológicas da Universidade
Federal do Pará como requisito parcial para
a obtenção do grau de Mestre em Biologia
de Agentes Infecciosos e Parasitários.
Orientador: Prof. Dr. Edvaldo Carlos Brito
Loureiro
Belém - Pará
2014
LOURDES OLIVEIRA GOMES
CARACTERIZAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA E LABORATORIAL DE
CRIANÇAS COM DIARREIA AGUDA ATENDIDAS EM UNIDADES D E
SAÚDE EM RIO BRANCO, ACRE.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Biologia de Agentes
Infecciosos e Parasitários, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal
do Pará, como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Epidemiologia e
Controle de Agentes Infecciosos e Parasitários.
Orientador: Prof. Dr. Edvaldo Carlos Brito Loureiro
Instituto Evandro Chagas / SVS / MS
Banca examinadora: Prof. Dr. Antonio Carlos Rosário Vallinoto
Instituto de Ciências Biológicas, UFPA
Profa. Dra. Karla Tereza Silva Ribeiro
Instituto de Ciências Biológicas, UFPA
Prof. Dr. Haroldo José de Matos
Instituto Evandro Chagas / SVS / MS
Profa. Dra. Rosimar Neris Martins Feitosa
Instituto de Ciências Biológicas, UFPA (Suplente)
Belém, 09 de maio de 2014
Dedico este trabalho a meus pais, como parte da
herança de quem nos permitiu sonhar além do que
parecia ser possível, e por serem exemplos de fé,
trabalho, honestidade e amor.
Se a educação sozinha não pode transformar a
sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda.
Paulo Freire
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, a Deus pelas dadiva me dadas desde o berço, e pelo
amparo espiritual nos momentos penosos;
A meus pais Maria de Nazaré Góes Oliveira Gomes e Moacir Sandim Gomes
sem qual a confiança, o respeito, a orientação e o amor eu não seria o ser humano que
sou hoje. A vocês a minha gratidão eterna;
Aos meus irmãos Lúcio Gomes e Jade Gomes por todo o companheirismo,
amizade e amor;
Ao meu fiel companheiro Allan Kaio Silva, pelo incentivo, paciência e amor,
dedicados a mim ao longo dessa jornada;
A toda a minha família pelos exemplos diários de força e perseverança;
Ao meu orientador Dr. Edvaldo Carlos Brito Loureiro, pela dedicação,
compreensão e pela oportunidade de ampliar meus horizontes de conhecimento;
Ao Dr. Haroldo Matos pelos ensinamentos, sugestões e reflexões no tratamento
estatístico deste trabalho;
Ao programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e
Parasitários do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará, pela
oportunidade de crescimento profissional.
A todos os funcionários do Instituto Evandro Chagas que de alguma forma
contribuíram para a execução do Projeto “Avaliação epidemiológica, clínica e
molecular de enteropatógenos causadores de diarreia aguda em crianças atendidas no
hospital da criança e na unidade de pronto atendimento do I e II distritos, Rio Branco,
Acre”, sem o qual o desenvolvimento desta dissertação não seria possível;
As crianças participantes deste estudo, para as quais nos empenhemos na
conquista de um mundo melhor.
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS E QUADROS 07
RESUMO 09
ABSTRACT 10
1 INTRODUÇÃO 11
1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE DIARREIA AGUDA 11
1.2. ETIOLOGIA DA DIARREIA AGUDA 12
1.2.1 Etiologia Bacteriana 13
1.2.1.1 Escherichia coli Diarreiogênicas 13
1.2.1.1.1. Escherichia coli Enteropatogênica clássica - EPEC 13
1.2.1.1.2. Escherichia coli Enterotoxigênica - ETEC 14
1.2.1.1.3 Escherichia coli Enteroinvasiva - EIEC 15
1.2.1.1.4 Escherichia coli produtora da toxina Shiga - STEC 16
1.2.1.1.5 Escherichia coli Enteroagregativa - EAEC 17
1.2.1.2 Gênero Shigella 17
1.2.1.3 Gênero Salmonella 19
1.2.1.4 Gênero Aeromonas 20
1.2.1.5 Gênero Campylobacter 20
1.2.1.2 Diagnóstico Laboratorial das bactérias enteropatogênicas 21
1.3 PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA DOENÇA DIARREICA
AGUDA
22
1.4 ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA DIARREIA AGUDA 26
1.5 OBJETIVOS 31
1.5.1 Objetivo Geral 31
1.5.2 Objetivos Específicos 31
2 MATERIAL E MÉTODOS 32
2.1 DESENHO DO ESTUDO 32
2.2 ÀREA DE ESTUDO 32
2.3 ASPECTOS ÉTICOS 33
2.4 AMOSTRAGEM E CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO E INCLUSÃO 33
2.5 PROCEDIMENTOS DE COLETA E MÉTODO LABORATORIAL 35
2.5.1 Identificação de Patógenos Bacterianos 35
2.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA 37
3 RESULTADOS
3.1 ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA DOENÇA DIARREICA
AGUDA NO MUNICÍPIO DE RIO BRANCO, ESTADO DO ACRE.
40
40
4 DISCUSSÃO 52
5 CONCLUSÕES 63
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 65
ANEXOS 78
.
7
LISTA DE TABELAS E QUADROS
Tabela 1 Mortalidade proporcional (%) por doença diarreica aguda em
menores de cinco anos de idade, por ano, segundo região.
28
Tabela 2 Mortalidade proporcional (%) por doença diarreica aguda em
menores de cinco anos de idade, Região Norte, 2010.
30
Tabela 3 Distribuição dos participantes do estudo de acordo com a faixa
etária, o gênero e o grupo clínico. Rio Branco, Acre, 2012.
40
Tabela 4 Distribuição dos participantes do estudo, de acordo com a renda
familiar mensal e o número de co-habitantes, Rio Branco, Acre,
2012.
41
Tabela 5 Distribuição de agente etiológicos bacterianos, segundo o grupo
clínico, Rio Branco, Acre, 2012
42
Tabela 6 Distribuição de enteropatógenos bacterianos, segundo a faixa etária
e gênero. Rio Branco, Acre, 2012.
43
Tabela 7 Distribuição da sintomatologia da doença diarreica aguda, segundo a
faixa etária, Rio Branco, Acre, 2012
44
Tabela 8 Distribuição sazonal dos enteropatógenos dos casos diarreicos, Rio
Branco, Acre, 2012
44
Tabela 9 Relação entre a faixa etária materna e o grupo clínico 45
Tabela 10 Relação entre a renda familiar e o grupo clínico. 46
Tabela 11 Odds ratio (OR) e intervalos de confiança da associação bivariada e
multivariada entre diarreia e as variáveis do nível 1, bloco sobre
fatores sócio econômicos.
47
Tabela 12 Odds ratio (OR) e intervalos de confiança da associação bivariada e
multivariada entre diarreia e as variáveis do nível 2, bloco sobre
condições de moradia.
48
Tabela 13 Odds ratio (OR) e intervalos de confiança da associação bivariada e
multivariada entre diarreia e as variáveis do nível 2, bloco sobre
hábitos alimentares.
49
Tabela 14 Odds ratio (OR) e intervalos de confiança da associação bivariada e
multivariada entre diarreia e as variáveis do nível 2, bloco sobre
contato.
50
8
.
Tabela 15 Modelo final da análise multivariada, utilizando-se regressão
logística.
51
Quadro 1 Manejo do paciente com diarreia 23
Quadro 2 Constituição de sais de reidratação oral (SRO) 24
Quadro 3 Classificação molecular das categorias patogênicas de Escherichia
coli.
36
9
RESUMO
A Doença Diarreica Aguda (DDA) ainda se configura como um dos principais
problemas de saúde pública no mundo. Aproximadamente dois milhões de crianças
morrem anualmente, em decorrência das doenças diarreicas. Estes infantes possuem
menos que cinco anos de vida e são oriundos principalmente de países em
desenvolvimento. Assim, a presente pesquisa tem por objetivo principal descrever
aspectos epidemiológicos e laboratorial da doença diarreica aguda em crianças menores
de cinco anos no município de Rio Branco, no período de janeiro a dezembro de 2012.
Trata-se de estudo transversal e retrospectivo com abordagem descritiva e analítica,
onde as amostras de espécimes fecais foram coletadas a partir de busca ativa,
acompanhadas das informações relacionadas ao histórico epidemiológico dos pacientes.
A análise do estudo envolveu 502 participantes, sendo 272 casos e 230 controles. As
variáveis foram testadas utilizando testes não paramétricos e o cálculo de significância
estatística foi estabelecido pelo nível alfa (p< 0,05). A abordagem analítica da pesquisa
foi realizada a partir de um modelo conceitual hierarquico definido durante a realização
do estudo. Assim, amostras positivas para enteropatógenos foram estatisticamente
associada aos casos de diarreia aguda (p < 0,0001), quando comparada com o grupo
controle. A maior frequência das amostras positivas para bactérias enteropatogênicas
ocorreu na faixa etária de 0<1 ano de idade, e quanto ao gênero, esta frequência foi
ligeiramente superior no masculino quando comparada ao gênero feminino. As bactérias
mais presentes nos casos foram as E. coli diarreiogênicas 16 (9,04%), Campylobacter
jejuni/coli, 10 (5,65%), Shigella spp., 7 (3,95 %) e Salmonella spp., 1 (0,56%). O
resultado final do modelo conceitual hierarquizado destaca significância estatista das
associações à diarreia para: outro caso de diarreia na residência (OR = 20,90; IC95%
4,77- 91,62), consumo de alimento suspeito (OR= 9,39; IC95% 4,16 – 21,20),
frequência da coleta de lixo (OR=3,33; IC95% 1,32-8,41) e viagem nos últimos 30 dias
(OR=3,16; IC95%= 1,40-7,14). Os resultados caracterizam-se como importantes
achados para a vigilância epidemiológica e ambiental da doença diarreica aguda, bem
como, à implementação de ações preventivas à doença diarreica aguda em Rio Branco.
Palavras Chave: Diarreia aguda, Epidemiologia, Enteropatógenos, Rio Branco, Acre.
10
ABSTRACT
The Acute Diarrheic Disease (ADI) even if sets as one of the major public health
problems in the world. Approximately two million children die annually, as a result of
diarrheal diseases. These infants have less than five years of life and are mainly coming
in developing countries. Thus, the present research has as main objective to describe
epidemiological and laboratory aspects of acute diarrheal disease in children less than
five years in the city of Rio Branco, in the period from January to December 2012. It’s a
retrospective and cross-sectional study with descriptive and analytical approach, where
the samples of fecal specimens were collected from active search, accompanied by the
information related to the epidemiological history of patients. The analysis of the study
involved 502 participants, with 272 cases and 230 controls. The variables were tested
using non-parametric tests and the statistical significance estimate was established by
alpha level (p< 0.05). The analytical approach of research was carried out from a
hierarchical conceptual model defined during the achievement of the study. Thus,
samples positive for enteric pathogens were statistically associated with cases of acute
diarrhea (p < 0.0001), when compared with the control group. The higher frequency of
positive samples for enteropatogenic bacteria occurred in the age range of 0 <1 year of
age, and as for the sex, this frequency was slightly higher in males when compared to
females. The bacteria most present in cases were E. coli diarrheogenics 16 (9,04 % ),
Campylobacter jejuni/coli, 10 (5.65 % ), Shigella spp., 7 (3.95 %) and Salmonella spp.,
1 (0.56 % ). The end result of hierarchical conceptual model highlights statistical
significance of associations to diarrhea for: another case of diarrhea in residence (OR =
20,90; IC95% 4,77- 91,62), consumption of suspected food (OR= 9,39; IC95% 4,16 –
21,20), frequency of garbage collection (OR=3,33; IC95% 1,32-8,41) and trip in the last
30 days (OR=3,33; IC95% 1,32-8,41). The results are characterized as important
findings for the epidemiological and environmental surveillance of acute diarrheal
disease, as well as, for implementation of preventive actions to acute diarrheic disease
in Rio Branco.
Keywords: Acute diarrheic, Epidemiologic, Enteropathogenics, Rio Branco, Acre.
11
1. INTRODUÇÃO
1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A DIARREIA AGUDA
A Doença Diarreica Aguda (DDA) ainda se configura como um dos principais
problemas de saúde no mundo, provocando mais vítimas do que as catástrofes humanas
(Fagundes Neto, 1998). A doença acomete indivíduos de todas as faixas etárias, no
entanto, sua relevância é configurada pelo impacto na morbidade e mortalidade infantil
e pela complexidade da interação de fatores ambientais, nutricionais, socioeconômicos e
culturais que a envolvem (Guimarães et al., 2001; Pereira & Cabral, 2008).
Aproximadamente dois milhões de crianças morrem anualmente, em decorrência
das doenças diarreicas. Estes infantes possuem menos que cinco anos de vida e são
oriundos principalmente de países em desenvolvimento (Boschi-Pinto et al., 2008;
Fontaine et al., 2009; WHO, 2009).
A diarreia é considerada o principal sinal de distúrbio relacionado ao trato
gastrointestinal, envolvendo ações digestiva, absortiva e secretória. É oriunda do
transporte inadequado de água e eletrólitos no trato digestivo (Daigneau, 2006). Sendo
ainda, definida como uma síndrome identificada a partir do aumento da frequência e
volume das evacuações e redução da consistência das fezes (Brasil, 2003).
Sua etiologia é atribuída a diversos agentes infecciosos tais como vírus, bactérias
e protozoários que normalmente, causam dois tipos básicos de sintomas, diarreia
caracterizada por eliminação de fezes liquefeitas e em grande volume; ou a diarreia
percebida pela eliminação de fezes líquidas e em pequena quantidade e número de
episódios. Esta última esta frequentemente acompanhada de muco, pus e/ou sangue
(Fagundes Neto, 1998).
A classificação da diarreia segundo o protocolo do Ministério da Saúde (Brasil,
2003), apresenta-se em três tipos: diarreia líquida aguda, diarreia persistente e
disenteria. A primeira é responsável pela desidratação de infantes e contribui para a
desnutrição do mesmo. Se esta tiver a duração de 14 dias ou mais é classificada como
persistente. Por fim, a disenteria é a diarreia acompanhada de sangue, com ou sem
muco.
A DDA promove, substancialmente, episódios de náusea, vômito, febre e/ou dor
abdominal. Tais manifestações são extremamente variáveis de individuo para individuo,
bem como para cada microrganismo enteropatogênico. No geral, a diarreia é
autolimitada, variando a sua duração entre 2 a 14 dias, dependendo do agente etiológico.
12
Após a depuração deste, os efeitos diarreicos cessam (Fagundes Neto, 1998; Brasil,
2003; Brasil, 2010).
As principais complicações causadas pela DDA são a desidratação aguda (na
primeira fase) e a desnutrição (na segunda fase). Por isso mesmo, seu tratamento tem
como principal objetivo minimizar os efeitos dessas complicações (Brasil, 2010).
Assim, o enfoque terapêutico está pautado primeiramente, na reposição
hidroeletrolítica e na preservação do estado nutricional, evitando a instalação ou
agravamento da desnutrição. Outro aspecto abordado no tratamento é o combate do
agente infeccioso, quando possível, com o intuito de reduzir a duração do processo
(Fagundes Neto, 1998; Ciesla Junior & Guerrant, 2004; Faria et al., 2009).
1.2 ETIOLOGIA DA DIARREIA AGUDA
A Doença Diarreica Aguda de origem infecciosa é caracterizada por uma
etiologia diversificada, especialmente causada por agentes virais, bacterianos e
protozoários (Podewilset al., 2004; Mascarenhas et al., 2006; Tinuade et al., 2006;
Aranda et al., 2007; Wongstitwilairoong et al., 2007; Ferreira et al., 2008; Loureiro et
al., 2010).
Estudos revelam que a etiologia do agente infeccioso da doença diarreica está
relacionada com diversos fatores como: a estação do ano, a localização geográfica, o
tipo e local de residência (urbano e rural), a idade e condições socioeconômicas da
população estudada (Almeida et al., 1998).
No Brasil, as gastroenterites de maior relevância, clínica e epidemiológica, são
aquelas causadas pelas E. coli diarreiogênicas, rotavírus, Salmonella spp, Shigella spp,
Campylobacter jejuni/coli, Cryptosporidium spp, Entamoeba histolytica, Giardia
lamblia (Almeida et al., 1998; Schnack et al., 2003; Pontual et al., 2006; Loureiro et al.,
2010). A distribuição destes agentes pode ser percebida, nas regiões do país, a partir de
fatores como: idade e condições socioeconômicas da população, localização geografia,
entre outros (Almeida et al., 1998; Schnack et al., 2003; Pontual et al., 2006).
Estudos realizados nas regiões Norte e Nordeste do país, evidenciaram que os
agentes etiológicos mais recorrentes nas infecções intestinais, em menores de cinco anos
de idade, são o rotavírus, E. coli diarreiogênicas, Shigella ssp, Salmonella ssp e
Campylobacter (Mascarenhas et al.,1999; Orlandi et al., 2006; Loureiro et al., 2010).
13
1.2.1 Etiologia bacteriana
1.2.1.1 Escherichia coli Diarreiogênicas
As Escherichia coli são identificadas e classificadas em sorogrupos e sorotipos
que levam em consideração a composição/ combinações de antígenos como: O (LPS,
lipopolissacarídeo da parede celular), H (flagelar) e K (capsular) (Campos, 2004). A
classificação sorológica considera que o antígeno O indica dos sorogrupos e, por sua
vez, o antígeno H o sorotipo (Ewing, 1986).
A diferenciação entre as E. coli diarreiogênicas ocorre através da observação de
características clínicas e epidemiológicas, associadas a fatores de virulência próprios de
cada patótipo. A aplicação destes critérios permitiu a identificação de cinco categorias
de E. coli patogênicas reconhecidos na atualidade, sendo estas: E. coli enteropatogênica
clássica (EPEC), E. coli enterotoxigênica (ETEC), E. coli enteroinvasora (EIEC), E. coli
produtora da toxina de Shiga (STEC) e E. coli enteroagregativa (EAEC) (Rodrigues et
al., 2002; Campos et al., 2004; Vidal et al., 2004).
1.2.1.1.1 Escherichia coli enteropatogênica clássica - EPEC
A EPEC teve seus primeiros achados epidemiológicos relacionados com estudos
em diarreia humana, entre os anos de 1920 e 1930, na Alemanha. No ano de 1945, sua
importância em relação à doença foi confirmada em estudos realizados na Inglaterra.
Sua categoria é considerada como a primeira identificada entre as E. coli. (Gomes &
Trabulsi, 2008).
Sua ocorrência é significativa nos países em desenvolvimento, sobretudo em
episódios agudos de diarreia ou na persistência da mesma em crianças menores de cinco
anos de idade. Em adultos e em crianças mais velhas a presença de doença por EPEC é
rara, uma vez que estes grupos desenvolvem imunidade protetora (Murray, 2009).
No Brasil, entre as décadas de 1950 e 1960, as EPEC já foram causa principal
dos episódios de diarreia em crianças, sendo responsáveis por até 30% dos casos.
Atualmente estudos detectaram um declínio importante na prevalência de diarreias por
EPEC (Toporovski et al., 1999; Gomes & Trabulsi, 2008).
As EPEC ultrapassam as barreiras de proteção gástrica, aderindo à mucosa dos
intestinos grosso e delgado, provocando alterações locais que levam as manifestações
clínicas. A doença se apresenta através de diarreia aquosa, com presença de muco e rara
presença de sangue. Pode ser grave e prolongada, com 5-10 evacuações ao dia, podendo
14
ocorrer, ou não, episódios de febre e vômito. Em casos de infecções mais graves
observa-se a destruição completa do epitélio absortivo intestinal, com atrofia vilositária
e afinamento da camada mucosa (Gomes & Trabulsi, 2008; Murray, 2009). Os sorotipos
mais observados nos casos de diarreia são: O18, O44, O55, O88, O111, O112, O114,
O119, O125, O126, O127, O128 ab e O42 (Levine, 1987).
As EPEC possuem como característica marcante a capacidade de adesão
localizada e de indução às lesões histopatológicas do epitélio intestinal. Assim, a
infecção por EPEC tem início a partir da sua ligação com os enterócitos, provocando a
destruição das microvilosidades, denominada de lesão A/E (Attaching and Effacing).
(Rodrigues et al., 2002; Piazza et al., 2009).
A lesão A/E está relacionada com os fatores de virulência das EPEC. Estes por
sua vez, são regulados por genes codificados pela ilha/ região LEE (Locus of Enterocyte
Effacement). A virulência das EPEC esta baseada em três fatores principais que
incluem: BFP (Bundle - forming pilus): fimbria pertencente à classe de fimbrias do tipo
IV, que possui a função de promover a agregação da bactéria; Proteína Intima e o
aparelho de secreção de proteínas tipo III (EPEC secreted proteins) (Gomes & Trabulsi,
2008; Murray, 2009; Sousa, 2010).
As EPEC são subclassificadas em típicas e atípicas, onde a primeira possui o
plasmídeo EAF (EPEC Adherence Factor) e a segunda não possui tal fator. Contudo,
ambas são desprovidas dos genes que codificam a toxina Shiga (Stx) e possuem a
capacidade de promover a lesão A/E (Gomes & Trabulsi, 2008).·.
1.2.1.1.2 Escherichia coli enterotoxigênica - ETEC
Em 1960 a ETEC teve sua importância clínica reconhecida como uma das
principais causas das diarreias infantis em todo o mundo. Estimativas apontam que a
ETEC é responsável por aproximadamente 380.000 mortes anuais, sendo crianças
menores de cinco anos de idade as maiores vítimas. Porém, dados da vigilância
hospitalar apontam um aumento dos casos de diarreia por ETEC em indivíduos acima
dos 10 anos de idade (Guth, 2008; WHO, 2010).
As ETEC apresentam a capacidade de produzir toxina termolábil (LT) e
termoestável (ST). A toxina LT pode ser classificada em LT-I, sendo encontrada em
cepas patogênicas tanto para humanos como para animais, e LT-II observada
15
predominantemente em isolados de animais. A enterotoxina LT apresenta função e
estrutura próximas à toxina colérica (Piazza et al., 2009).
A patogenicidade da ETEC é mediada pela colonização da mucosa intestinal e a
produção das enterotoxinas LT e ST. Deve-se destacar que a colonização é resultado da
capacidade da ETEC em aderir a receptores específicos presentes no epitélio intestinal,
tal fato ocorre através de estruturas filamentosas de natureza proteica, antigênica,
distribuídas na superfície da bactéria, chamadas de fatores de colonização (CFs) (Guth,
2009).
As toxinas LT e ST promovem alterações intracelulares, levando ao
desequilíbrio hidrossalino intestinal, o que provoca a secreção de eletrólitos e, também a
perda da capacidade de absorção de água. Desta forma, a diarreia causada por ETEC
apresenta-se aquosa profusa, acompanha de câimbras abdominais, podendo estar
acompanhada de vômito e febre, no geral a diarreia é leve, sendo autolimitada, com
exceções de alguns casos graves (Guth, 2008; Sousa, 2010).
1.2.1.1.3 Escherichia coli enteroinvasora – EIEC
A EIEC possui valoroso papel como causa das infecções em seres humanos,
sobretudo em crianças maiores de dois anos de idade e em adultos. Sua importância é
percebida pela similaridade entre esta bactéria e a Shigella ssp., pois ambas possuem a
capacidade de invadir e de se multiplicar nas células do intestino, mais especificamente
as células do cólon (Piazza et al., 2009) .Estudos realizados na América Latina revelam
que de 2% a 3% dos casos de diarreia mucosanguinolenta são causadas pelas EIEC,
enquanto que, em São Paulo, 2,3% das crianças com diarreia tiveram este agente isolado
em suas fezes (Prado & O´Ryan, 1994 apud Sousa, 2010).
O processo de invasão e multiplicação das EIEC é subsidiado pelos fatores de
virulência encontrados nestas bactérias, tais como: proteínas de invasão (Ipa - invasion
plasmid antigen, IcsA- intercellular spread e IpgC - invasion plasmid gene). Tais
proteínas são codificadas pelo plasmídeo pInv, denominado plasmídeo de invasão, e
também por genes cromossômicos (Martinez, 2008; Piazza et al., 2009). A patogênese
da EIEC é percebida pela capacidade de invasão e proliferação destas no interior dos
enterócitos, levando a um processo inflamatório, seguida de necrose celular e
disseminação às células circunscritas (Natarro & Kaper, 1998).
16
No geral, a infecção por EIEC é caracterizada, inicialmente, por uma diarreia
aguda aquosa seguida de disenteria bacilar, onde se observa a presença de fezes
contendo muco, sangue e leucócitos. Pode estar acompanhada de dor abdominal,
episódios de febre, vômito e astenia (Martinez, 2008; Sousa, 2010).
1.2.1.1.4 Escherichia coli produtora da toxina de Shiga - STEC
A STEC vem sendo relacionada com episódios de diarreia desde o ano de 1970,
no entanto seu destaque como patógeno humano começou a partir de 1982, com o
aparecimento de surtos de colite hemorrágica (CH) e síndrome hemolítica urêmica
(SHU). Atualmente, sabe-se da existência de mais de 100 sorotipos de STEC, porém
merece destaque o sorotipo O157:H7 (maior causador dos surtos) e os sorotipos que
também estão frequentemente associados às infecções humanas (Guth, 2008; Piazza et
al., 2009).
A patogenicidade das STEC é atribuída a duas enterotoxinas SLT-I e SLT-II
(Toxina ShigaLike) também conhecidas como Verotoxinas (VT-1 e VT-2) e toxina de
Shiga (Stx-1 e Stx-2) (Levine, 1987; Nataro & Kaper, 1998). Outros fatores de
virulência merecem destaque como, a enterotoxina EAST, proteínas codificadas pela
LEE (Locus of enterocite effacement) e a presença de enterohemolisina (Levinson &
Jawetz, 2005; Guth, 2008; Sousa, 2010).
As manifestações clínicas da diarreia por STEC podem estar ausentes ou
apresentar-se de forma branda. No entanto, a capacidade de causar lesão A/E, leva as
STEC a colonizar as células do cólon e produzir a toxina Stx, levando as formas mais
graves da infecção (Guth, 2008).
As diarreias por STEC possuem a duração de 5-10 dias sendo no geral
autolimitada. Contudo, nos casos em que a infecção perdura por mais dias pode haver
ocorrência de casos mais graves da colite hemorrágica, podendo se estender a
complicações extra intestinais. Assim, as bactérias que colonizaram o colón invadem a
corrente sanguínea e instalam-se em células do endotélio renal, causando obstruções da
microvascularização por ação direta das toxinas, levando a forma mais grave da
infecção denominada de Síndrome Hemolítica Urêmica (SHU), outras complicações
podem estar presentes, tais como: púrpura trombocitopenia, apendicite, cistite
hemorrágica e alterações neurológicas. O sorotipo O157:H está fortemente relacionado
à SHU (Levions & Jawetz, 2005; Guth, 2008; Piazza et at.,2009).
17
1.2.1.1.5 Escherichia coli enteroagregativa - EAEC
As EAEC são definidas por seu padrão de adesão a superfícies de células
epiteliais, formando uma aglutinação em arranjo que se assemelha com a imagem de
tijolos empilhados, podendo estar dispostos de maneira heterogênea ou em formas de
cordão (Murray, 2009).
A ocorrência de casos de diarreia, aguda ou persistente, por EAEC vem
crescendo consideravelmente em países em desenvolvimento e desenvolvidos (Piazza et
al., 2009), pesquisas afirmam que esta E.coli é responsável por 15% de diarreias em
crianças residentes em países em desenvolvimento e por 4% nas que vivem em países
desenvolvidos, por esta razão tal patógeno vem sendo considerado como emergente no
mundo todo (Huang et al., 2006; Piazza et al., 2009;).
O padrão de adesão agregativa (AA) é um dos fatores de virulência mais
significativos das EAEC e esta associado à expressão de fimbrias chamadas de
aggregative adherence factores (AAF) I, II, III e IV. Outros fatores de virulência
também são relatados, como a toxina termoestável de EAEC ou EAST-1 (EAEC heat-
stabe toxin); toxina codificada por plasmídeo ou PET (plasmid encoded toxin),
proteínas envolvidas na colonização ou PIC (protein involved in intestinal colonization),
e enterotoxina 1 de Shiglla ou ShETI (Shigella enterotoxin 1). A exemplo das EPEC as
EAEC também são classificadas como Típicas e Atípicas, onde a primeira possui o gene
aggR, codificador de uma proteína regulado global dos genes de virulência. No geral as
EAEC típicas estão mais relacionadas com a diarreia do que as atípicas (Elias Jr &
Gomes, 2008; Murray, 2009; Piazza et al., 2009).
A diarreia por EAEC apresenta-se secretora, mucoide e aquosa, com
manifestações febris raras. Seu período de incubação é curto, e a duração da doença é
igual ou superior a 14 dias (Elias Jr & Gomes, 2008; Murray, 2009).
1.2.1.2 Gênero Shigella
A Shigella é altamente infectante para o homem, podendo ocorrer raramente em
outros primatas como o macaco e chimpanzé (Campos et al., 2008). No mundo,
acredita-se que aproximadamente 90 milhões gastroenterites são causadas pela Shigella,
e que 108 mil mortes por ano ocorrem por conta desta infecção e suas complicações
(WHO, 2010).
18
Em nosso país, a prevalência da Shigella é de aproximadamente 8% a 10% em
crianças menores de um ano e de 15% a 18% em maiores de dois anos, destacando-se
que esta última é a prevalência também em adultos (Brasil, 2008).
A Shigella é classificada de maneira simples, possuindo quatro espécies
diferenciadas por suas peculiaridades bioquímicas e sorológicas, sendo: S. dysenteriae
(sorogrupo A; 13 sorotipos); S. flexneri (grupo B; 6 sorotipos); S. boydii (grupo C; 18
sorotipos); S. sonnei (grupo D; 1 sorotipo) (Campos et al., 2008). A variação do
predomínio destas espécies, ainda não é bem definida, no entanto na região norte a
shigelose é causada em sua maioria por S. flexneri, seguida de S. sonnei (Loureiro et al.,
2010; Bastos et al., 2012). A S. dysenteriae é encontrada em 5% das amostras dos
estudos realizados, merecendo destaque pela capacidade de causar doença severa
(Podewils et al., 2004; Nunes et al., 2012).
Em seu processo patogênico a bactéria adere e invade as células M localizadas
nas placas de Peyer. A produção de quatro proteínas (IpaA, IpaB, IpaC, IpaD) pelo
sistema de secreção tipo III, estão relacionadas com esse processo. Essas proteínas são
introduzidas nas células epiteliais e macrófagos, causando a ondulação da membrana
das células alvo levando ao engolfamento da bactéria. Esta por sua vez, lisa o vacúolo
do fagócito e se multiplica no citoplasma celular, há um rearranjo dos filamentos de
actina e desta maneira as bactérias são impulsionadas de uma célula a outra, protegidas
da remoção mediada pelo sistema imune (Murray, 2009).
Ainda considerando a patogênese da Shigella, deve-se destacar a participação de
várias toxinas entéricas, entre elas, a toxina Shiga produzida pela S. dysenteriae tipo 1 e
semelhante à produzida por STEC, sendo causadora de epidemias de diarreia
sanguinolenta (Podewils et al., 2004; WHO, 2010).
Todas as Shigella em seu processo patogênico apresentam a capacidade de
invadir o epitélio da mucosa do intestino grosso, levando a reação inflamatória intensa.
Sendo assim, a shigelose se manifesta por diarreia sanguinolenta, dores abdominais,
tenesmo e febre. Inicialmente, pode estar presente a eliminação de fezes aquosas e
volumosas, evoluindo para fezes com sangue e de pouco volume. No geral, a doença é
autolimitada, porém pode se apresentar mais grave em pacientes imunodeprimidos
(Campos et al.,2008; Campos, 2009; Nunes et al.,2012).
19
1.2.1.3 Gênero Salmonella
As salmonelas são importantes causadoras de infecção no homem e em outros
animais, domésticos e selvagens, como pássaros, répteis e insetos. Tais bactérias estão
presentes nas fezes dos indivíduos doentes e/ou portadores que contaminam ambientes,
água potável e alimentos (Ferreira & Campos, 2008).
Atualmente as salmonelas estão divididas em duas espécies: S. entérica e
S.bongori. A primeira é ainda subdividida em seis subespécies. No entanto, o esquema
de Kaufmann & White é o mais utilizado para a identificação dessas bactérias. Assim,
as salmonelas são descritas com base em três antígenos de superfície celular, o antígeno
O (somático); o antígeno H (flagelar); e o antígeno Vi (capsular). Este último,
encontrado em linhagens de Salmonella causadoras de febres tifóide (S. Typhi) e
paratifóides (S. Paratyphi A, B e C) (Ferreira & Campos, 2008; Campos, 2009; Madigan
et al.,2010). A patogênese da salmonelose se dá após a ingesta do microrganismo, o
mesmo adere a mucosa do intestino delgado, invadindo as células M, presentes nas
placas de Peyer, bem como os enterócitos. A aderência, engolfamento pela membrana e
multiplicação das bactérias são controladas pela ilha de patogenicidade, PAI I (grupo de
genes presentes no cromossomo bacteriano), responsáveis pela codificação de proteínas
de invasão e Ilha de patogenicidade II , PAI II (genes que possibilitam que a bactéria
não seja atacada pelo sistema imune do hospedeiro), observa-se ainda a presença do
sistema de secreção tipo III para a mesma função (Murray, 2009).
As formas de manifestação clínica da salmonelose são basicamente quatro:
gastroenterite, septicemia, febre entérica, colonização assintomática. A primeira é
caracterizada pela presença de náuseas, vômito, diarreia sem sangue, febre, mialgias,
cefaleia e cólicas abdominais, tais sintomas permanecem de dois dias a uma semana. A
septicemia causada por Salmonella é semelhante àquela causada por outras bactérias
Gram negativas, porém podem estar presentes infecções localizadas como: endocardite,
osteomielite, entre outras. A febre entérica é causada principalmente pela Salmonella
Typhi (febre tifoide) e Salmonella Paratyphi A, B e C, essas bactérias atravessam a
parede intestinal, localizando-se no fígado, baço e medula óssea e causando mal estar,
febre, mialgias, anorexia, tais sintomas permanecem por uma semana ou mais. Por fim,
a colonização assintomática/crônica, acomete menos de 1% dos indivíduos (Ferreira &
Campos, 2008; Murray, 2009).
20
No Brasil, a febre tifóide esta relacionada com baixos níveis socioeconômicos e
de saneamento básico, possuindo um caráter endêmico, principalmente nas regiões
Norte e Nordeste (Brasil, 2005).
1.2.1.4 Gênero Aeromonas
As bactérias do gênero Aeromonas são distribuídas universalmente em
ambientes aquáticos (Koneman et al., 2008), se caracterizando como um causadores
das perdas na piscicultura, sendo também encontrados em na água, solo, alimentos,
fezes humanas e animais (Gram et al., 1999). Este gênero é um agente importante dentre
os causadores das gastroenterites transmitidas aos seres humanos pelo contato e
consumo de carne e água contaminadas (Abdullah et al., 2003).
Ghenghesh et al., 2001 reconheceu as Aeromonas spp como patógeno emergente
e oportunista em humanos imunocomprometidos, considerou ainda que as espécies de
Aeromonas têm sido implicadas como agentes causadores de diarréia em crianças e
adultos, sendo a ingestão de água não tratada a forma mais comum de se contaminar
com esses organismos.
As espécies mais relevantes do gênero Aeromonas são A. hydrophila, A. caviae e
A. sóbria estando regularmente associadas com a doença em humanos (Koneman et al.,
2008; Ghenghesh et al., 2001).
A sintomatologia intestinal mais recorrente é a diarréia aquosa por mais de duas
semanas com 2 a 10 evacuações por dia, acompanhada de dor abdominal/cólica,
náuseas/vômitos e febre (Kuijper et al., 1989).
1.2.1.5 Gênero Campylobacter
O Campylobacter possui uma diversidade de reservatórios animais, sendo por
isso considerado causador de infecção zoonótica. No geral, os seres humanos se
contaminam pelo contato com alimentos e água contaminados por C. jejunie C. coli,
sendo possível a contaminação pessoa a pessoa (Veronesi, 2009). Sua importância como
patógeno humano foi observada em 1970 e desde então, vem crescendo
consideravelmente, uma vez que sua associação com casos de gastroenterites é notória
tanto em adultos quanto em crianças (Mshana et al., 2009).
21
A prevalência de Campylobacter spp é 1-13% em crianças com diarreia aguda
residentes em países desenvolvidos e de 1,5% em infantes sem diarreia, já em países em
desenvolvimento este percentual chega a 5-35% (Mshana et al., 2009).
No Brasil, Medeiros et al. (2001), realizou estudo em Ribeirão Preto -SP,
durante os anos de 1994 - 1997, e observou o gênero Campylobacter como o terceiro
mais incidente (5,4%) nos casos de diarreia aguda em crianças menores de 10 nos,
merecendo destaque nas gastroenterites em menores de três anos de idade.
O Campylobacter jejuni provoca lesão histológica na mucosa do jejuno, íleo e
cólon. Edema, ulceração e presença de sangue são características observadas nesta
mucosa. Há também a presença de abscessos nas criptas das glândulas epiteliais e
infiltração por neutrófilos, células mononucleares e eosinófilos. O processo infeccioso
descrito é típico na contaminação do intestino por microrganismos, porém não se tem
exatidão das ações desencadeadas pelas toxinas citopática, enterotoxinas e da atividade
endotóxica observada nas amostras de C. jejuni (Murray, 2009).
Outra espécie que merece destaque Campylobacter coli, este microrganismo
possui propriedade praticamente idênticas ao Campylobacter jejuni sem diferenças na
patogenicidade, composição antigênica e características epidemiológicas, por esse
motivo são estudados de maneira combinada (Fernandez, 2008). Ambos são capazes de
desencadear enterites agudas, com presença de diarreia (10 ou mais episódios ao dia),
febre e dor abdominal, as fezes podem estar acompanhadas de sangue (Murray, 2009).
Uma complicação significativa do processo infeccioso por Campylobacter é a
ocorrência de doença neurológica (Síndrome de Guillain - Barré), mesmo sendo
considerado raro, um episódio a cada mil casos, quando presente traz inúmeras
restrições ao indivíduo acometido. A presença, na superfície da bactéria, de estrutura
lipídica semelhante ao do tecido nervoso humano seria o principal causador do episódio
autoimune (Tortora et al., 2005).
1.2.1.2 Diagnóstico Laboratorial das bactérias enteropatogênicas
O diagnóstico dos casos de diarreia aguda é realizado através de coprocultura,
que visa o isolamento e identificação bioquímica e sorológica de enteropatógenos
bacterianos.
22
1.3 PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA DOENÇA DIARREICA AGUDA
A diarreia aguda é definida como doença infecciosa de transmissão fecal-oral,
que ocorre por contato direto, estando por isso, associada ao consumo (uso) de água e
alimentos contaminados (Silva, 2002). Assim, o controle e prevenção desta patologia
devem ser pensados e executados a partir de investimentos na melhoria da qualidade da
água, no destino adequado ao lixo e outros dejetos, além do controle de vetores e o
reforço com a higiene pessoal e alimentar (Brasil, 2010).
Nas áreas onde se encontram um número elevado de casos de diarreia
(incidência), deve-se desenvolver ações de educação em saúde, fundamentadas nas
orientações relativas às medidas de higiene e de manipulação de água e alimentos. Em
locais como escolas, creches, hospitais, penitenciárias, que podem apresentar riscos
potencializados por conta das condições sanitárias inadequadas, devem ser programadas
atividades de orientações, além de campanhas específicas (Brasil, 2010).
A prevenção da diarreia em crianças pequenas deve ser desenvolvida a partir do
incentivo do prolongamento do tempo do aleitamento materno, pois há evidências de
que o leite materno protege contra a diarreia, principalmente em crianças em condições
socioeconômicas desfavoráveis, uma vez que este leite promove elevada proteção e
reduz o consumo de alimentos e água contaminados (Brasil, 2009).
Deve-se destacar que proteção promovida pelo leite materno pode diminuir
quando o aleitamento não é exclusivo. Oferecer à criança amamentada água ou chás
pode elevar o risco de diarreia nos primeiros seis meses de vida. Além de prevenir a
diarreia, a amamentação também influencia na gravidade desse agravo, pois crianças
não amamentadas apresentam maior risco de desidratarem e de morrerem por diarreia
quando comparadas com as amamentadas (Brasil, 2009).
Ao que se refere o tratamento da diarreia aguda deve-se ter o conhecimento de
duas ações primordiais: a correção da desidratação quando evidenciada e o cuidado com
a alimentação, tais ações são essenciais para a redução da mortalidade infantil por esta
patologia (Brasil, 1993; Silva, 2002).
Para a execução da conduta terapêutica adequada faz-se necessário uma
avaliação eficaz do estado clínico e nutricional da criança, bem como a caracterização
da gravidade do quadro diarreico e da hidratação do infante. O comprometimento
sistêmico deve ser percebido neste contexto. Assim, o quadro diarreico pode ser
considerado como leve, moderado e grave (Quadro 1), (Brasil, 1993; Silva 2002; Brasil,
2009; Brasil, 2010).
23
ETAPAS A B C 1.OBSERVE
Estado geral Bem, alerta Irritado, intraquilo Comatoso, hipotônico Olhos Normais Fundos Muito fundos e secos
Lágrimas Presentes Ausentes Ausentes Sede Bebe normal, sem sede Sedento, bebe rápido e
avidamente Bebe mal ou não é capaz de
beber 2. EXPLORE
Sinal da prega Desaparece rapidamente Desaparece lentamente Desaparece muito lentamente (mais de 2 segundos)
Pulso Normal Rápido, débil (de 3 a 5 seg.) Muito débil ou ausente (mais de 5 seg.)
Enchimento capilar Cheio Prejudicado Muito prejudicado 3. DECIDA
Não tem sinais de desidratação
Se apresentar dois ou mais sinais: TEM
DESIDRATAÇÃO
Se apresentar dois ou mais sinais, incluindo pelo menos um “sinal” TEM DEIDRATAÇÃO
GRAVE 4. TRATE
PLANO A PLANO B PLANO C
PLANO A Para prevenir a desidratação
no domicílio
PLANO B Para prevenir a desidratação
por via oral
PLANO C Para prevenir a desidratação Grave em crianças menores de
5 anos 1. Dar mais líquido do que o habitual para prevenir a desidratação
1. Administrar Sais de Reidratação Oral (SRO)
Fase Rápida
Solução (1:1) Volume Total
Tempo de administração
Metas de Soro Glicosado a 5% e metade de soro fisiológico
100ml/Kg 2 horas
2. Manter a alimentação habitual para prevenir a desnutrição
2. Observar o paciente continuamente, durante a reidratação, e ajudar a família a dar o soro oral
Fase de Manutenção e Reposição
Volume para manutenção
(SG a 5%) 4:1 ( SF) 100ml/kg/24horas
Volume para reposição
(SG a 5%) 4:1 (SF) 100ml/kg / 24horas
KCL a 10% 2ml/100ml
3. Se o paciente não melhorar em dois dias ou se apresentar qualquer um dos sinais de perigo, levá-lo ao serviço de saúde.
3. Durante a reidratação reavaliar o paciente
Quadro 1 – Manejo do paciente com diarreia (Fonte: Adaptado de Brasil, 2010).
24
Assim, o tratamento da doença diarreica aguda é executado a partir das seguintes
medidas:
1. Correção da desidratação e do desequilíbrio eletrolítico;
2. Combate à desnutrição;
3. Uso adequado de medicamentos;
4. Prevenção das complicações.
1. Correção da desidratação e do desequilíbrio eletrolítico
A hidratação por meio do sal de reidratação oral (SRO) vem contribuindo
significativamente para a diminuição da mortalidade por diarreia, seu objetivo maior é a
reidratação ou a prevenção da desidratação, por isso seu uso independe do diagnóstico
etiológico (Brasil, 2010).
O SRO preconizado para a terapia de reidratação oral (TRO) é constituído por
quantidades específicas de sais importantes que são perdidos nas evacuações diarreicas
e o seu uso é permeado pelo conhecimento da fisiopatologia das diarreias e dos
mecanismos de movimentação de água, glicose e eletrólitos na mucosa intestinal
(Brasil, 1993; WGOG, 2012). A nova SRO (recomendada pela OMS e a UNICEF) tem
menos osmolaridade e concentrações reduzidas de sódio e glicose, provoca menos
vômitos, diminui as evacuações e as probabilidades da criança apresentar hipernatremia
(Quadro 2).
Quadro 2 – Constituição de sais de reidratação oral (SRO)
Sódio
75mmol/L
Cloro
65mmol/L
Glicose anidra
75mmol/L
Potássio
20mmol/L
Citrato trissódico
10mmol/L
Osmolaridade total
245mmol/L
(Fonte: Adaptado World Gastroenterology Organisation
Global Guidelines - 2012)
25
2. Combate à desnutrição
A doença diarreica aguda causa desnutrição, caracterizada por anorexia e
síndrome perdedora de proteínas. Após a avaliação, recomenda-se o aumento da
ingestão de líquido, como soro caseiro, sopas e sucos; manter a alimentação habitual,
em especial o leite materno e corrigir eventuais erros alimentares.
3. Uso adequado de medicamentos
A indicação de antimicrobianos deve ocorrer só quando o benefício é
inquestionável, pois a diarreia aguda, grande parte das vezes, tem curso autolimitado.
4. Prevenção das complicações
Prevenir as complicações significa tratar convenientemente a desidratação (com
o uso de terapia de reidratação oral ou venosa), ter uma dieta adequada e usar os
antimicrobianos, quando indicados.
Por fim, devemos destacar que o sucesso do tratamento da diarreia aguda está
diretamente relacionado com o grau de envolvimento e comprometimento da família
com todo esse processo. Por esta razão, entende-se que há necessidade de envolver tais
atores sociais, não apenas como alvo de informação, mas repartindo com eles a
responsabilidade do cuidado, do entendimento e aceitação do tratamento (Pereira,
2008).
26
1.4 ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA DIARREIA AGUDA
No mundo, as doenças diarreicas ainda configuram um importante problema de
saúde pública, sobretudo quando representam a principal causa de morte em menores de
cinco anos. A Organização Mundial de Saúde (WHO - World Health Organization,
2009), estima que aproximadamente 40 % das mortes em crianças nesta faixa etária são
causadas por diarreia e pneumonia a cada ano.
Estudos relatam que 2,5 milhões de mortes em menores de cinco anos são
causadas pela diarreia, esse quantitativo nos leva a proporção de 21% dos óbitos
registrados nesta faixa etária. Nos anos compreendidos entre 2000 e 2003, a diarreia
contribuiu com 18% das 10, 6 milhões de mortes em menores de cinco anos (Kosek et
al., 2003; Bryce et al., 2005).
A mortalidade por diarreia sofreu um decréscimo considerável, nas duas últimas
décadas, indo de 5 milhões a 1,5 milhões de morte em 2004. Mesmo considerando essa
redução, a diarreia ainda permanece como a segunda maior causa de mortes em crianças
menores de cinco anos, matando mais que o sarampo, a malária e AIDS juntas (WHO,
2009; Andrade & Fagundes Neto, 2011).
Corroborando, Petri Jr (2008), Oliveira & Latorre (2010), afirmam que, desde a
década de 1980, as taxas globais de mortes causadas por diarreia vêm sofrendo um
declínio considerável nas diversas regiões do mundo. Porém, tal redução não é
observada nas taxas de incidência da doença, uma vez que esta permanece diretamente
relacionada com as desigualdades socioeconômicas das populações e suas regiões em
todos os países do mundo.
As regiões mais atingidas pela diarreia, ainda são aquelas que agregam países
em desenvolvimento. É possível observar que as diarreias são pontos marcantes da
morbidade e hospitalização em países desenvolvidos (Parashar et al., 2003).
Estima-se que na África 25,2% das mortes infantis são causadas pelas DDA,
enquanto que no Sudeste Asiático esse percentual chega a 31, 3% (Walker et al., 2012).
Pinto et al. (2008), demonstram que estudos globais estabelecem que 22% de todas as
mortes em menores de cinco anos ocorrem na África subsariana, enquanto 23% dessas
mortes ocorrem no Sul da Ásia. Assim, África e a Ásia permanecem com elevados
índices de mortalidade infantil causada pela doença diarreica (Figura 1).
27
Figura 1 – Distribuição da mortalidade por doenças diarreicas em cinco regiões
escolhidas pela WHO (Fonte: Adaptado de Pinto et al., 2008).
Nos países que compreendem a América Latina e no Caribe, na década de 80, a
diarreia permanecia como uma das causas mais comuns de morbidade e mortalidade.
No período de 1998 a 2002 as doenças diarreicas foram responsáveis por 7,1% das
mortes em crianças menores de cinco anos de idade (Guimarães, 2001; Texeira, 2005).
No Brasil, entre os anos de 1980 e 2000, observou-se uma redução das taxas de
mortalidade infantil por diarreia, de 11,9 para 0,2 óbitos por cada 1000 nascidos vivos,
totalizando 98,6% dos óbitos infantis. Tal redução se faz relevante pelo fato de 17,3%
dos óbitos registrados, entre 1985 a 1987, terem como causa a doença diarreica
(Victoria, 2009).
No período de 1995 a 2005, ocorreram aproximadamente, 39.421 mortes por
diarreia e 1.505.800 internações em crianças menores de um ano de idade. As capitais
do país são as de maior concentração destes óbitos com 23,8% e 12,8% correspondem a
internações (Oliveira & Latorre, 2010).
Estudo realizado em 81 cidades brasileiras constatou que cerca de 39270
crianças, menores de cinco anos de idade, foram internadas por conta de diarreia no ano
de 2007, o que representa 58% do total de internações por esta patologia. Em 2008, o
estudo identificou uma elevação no número de casos de diarreia (67.353), perfazendo
um total de 61% das internações em crianças menores de cinco anos de idade. No
entanto, observou-se que mesmo com a elevação do número de internações, o
28
quantitativo de óbitos sofreu considerável redução (Kronemberger & Clevelário Júnior,
2010).
De acordo com a Tabela 1, observa-se que nas duas últimas décadas, o Brasil em
consonância com o restante do mundo, também vem reduzindo seus índices de
mortalidade infantil por diarreia. Tal redução é observada em todas as regiões, no
entanto não ocorre de maneira igualitária, permanecendo ainda as discrepâncias
regionais e dos grupos socioeconômicos (Vasconcelos & Batista Filho, 2008).
Tabela 1 – Mortalidade proporcional (%) por doença diarreica aguda em menores de
cinco anos de idade, por ano, segundo região.
Região 1990 1995 2000 2005 2010
Brasil 10,8 8,3 4,5 4,1 2,1
Região Norte 19,0 9,2 5,0 6,2 3,5
Região Nordeste 12,6 13,0 6,7 6,5 2,9
Região Sudeste 8,2 5,4 2,6 1,7 1,1
Região Sul 9,5 5,8 3,2 1,7 1,1
Região Centro Oeste 9,7 6,8 4,5 3,5 2,4
(Fonte: Adaptado do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) – Brasil, 2010).
Evidenciam-se na Tabela 2, evidenciou-se que o número de episódios/ano de
diarreia, era maior nas regiões Norte e Nordeste quando comparado à Região Sul,
variando de 3, 4 e 1,4 casos para as respectivas regiões. No período de 1987-1992,
estimou-se que os episódios de diarreia nas duas últimas semanas eram de 16% em todo
o Nordeste (Benício et al.,1992 apud Vasconcelos & Batista Filho, 2008).
Em 1996, foram observados os registros de diarreia nas duas últimas semanas, e
identificou-se um percentual de 18 para a região Nordeste e de 13 para o Norte,
contrapondo-se às ocorrências de 10% dos casos nas demais regiões (UNICEF, 1995).
Em estudo realizado na Zona da Mata Meridional de Pernambuco foi
identificado a ocorrência mediana de apenas dois episódios/criança/ano, o que pode ser
considerado relativamente baixo. O mesmo estudo afirma que 21,2% das crianças em
seu primeiro ano de vida, não apresentaram nenhum episódio de diarreia (Lira et al.,
2003). Ainda em Pernambuco, observou-se que, do total de internações (10,7%), o
percentual de 2,7 % eram referentes às internações por diarreia em crianças menores de
cinco anos (Vasconcelos & Batista Filho, 2008).
29
Façanha & Pinheiro (2005) evidenciaram em estudo realizado em Fortaleza, que
a incidência de episódios de diarreia é 3,8 vezes maior entre crianças menores de 1 ano
quando comparados à incidência em crianças entre 1 a 4 anos, bem como 13,5 vezes
maior nas crianças de 5 a 9 anos. Identificaram ainda que entre os anos de 1996 e 2001
a média de incidência de episódios de diarreia em menores de um ano de idade foi de
538,8 casos por cada mil e 150,2 por mil crianças entre 1 e 4 anos.
A análise dos municípios brasileiros com mais de 300.000 habitantes no período
de 2003 a 2008, permitiu a identificação das maiores proporções de internações por
diarreia em menores de cinco anos. Assim, nota-se que: Vitória (82,4%), Macapá
(80,6%), Porto Velho (78,8%), Belém (76,5%), Manaus (74,8%), São Luis (74,6%) e
Campo Grande (73,6%) são as capitais que apresentam maior percentual de internações
por diarreia em infantos (Kronemberger & Clevelário Júnior, 2010). Tal informação
reafirma os dados contidos na Tabela 2, que estabelece a relação entre o número de
óbitos e as regiões do país.
No que tange a região Norte, observa-se a necessidade de estudos, uma vez que
o número de produções cientifica voltado para a temática da mortalidade infantil é
irrisório quando comparado as demais regiões do país (Duarte, 2007).
Silva (2011) observou que entre 1990 e 2007, a taxa de óbitos infantis caiu
gradualmente na região. Mas em 2007, Maranhão, Acre, Pará e Amazonas ainda
registraram os maiores índices de mortalidade infantil da Amazônia, com quedas anuais
inferiores a 5% no período de 2000 a 2007, abaixo da meta anual mínima fixada até 2010.
A Tabela 2 mostra que a mortalidade por diarreia em menores de cinco anos,
sofreu uma redução significativa na região, no entanto, ainda se identifica diferenças
importantes entre estados.
30
Tabela 2– Mortalidade proporcional (%) por doença diarreica aguda em menores de
cinco anos de idade, Região Norte, Brasil, 2010.
Unidade da Federação Proporção de Óbitos
Total 3,5
Rondônia 2,5
Acre 2,9
Amazonas 4,8
Roraima 5,7
Pará 3,3
Amapá 1,8
Tocantins 3,1
(Fonte: Adaptado do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) - Brasil, 2010).
No Pará, Dias et al. (2010) identificaram que no período entre 2000 e 2004, os
casos de diarreia em crianças na faixa etária de um a quatro anos de idade foi em média
de 48.887 casos anuais, enquanto que a faixa etária de menores de 1 ano de idade,
apresentou a média anual de 33.151 casos, no mesmo período. No entanto, mesmo
apresentando uma média anual menor, está faixa etária apresentou o maior número de
óbitos por diarreia.
Em Rondônia, evidenciou-se que a faixa etária com maior taxa de incidência no
estado foi a dos menores de um ano 2007 (222,1‰), 2008 (245,1 ‰) e 2009 (287,5‰),
seguida pela faixa etária de um a quatro anos 2007 (100,1‰), 2008 (114‰) e 2009
(124,6‰), (Costa, 2011).
No Acre em 2005, foi registrado um aumento no número de casos de doença
diarreica aguda na área urbana do município de Rio Branco, caracterizando um surto
desta patologia. Foi notificado um total de 23.195 casos, num período de 10 meses, em
uma área abrangente do estado. Contudo, o número de casos teve uma concentração
maior na capital. Observou-se, ainda, que 67,5% do total de notificações ocorreram por
crianças menos de cinco anos de idade, sendo registrados 57 óbitos (Brasil, 2005).
Em 2010, a proporção de óbitos por doença diarreica aguda em menores de
cinco anos de idade em Rio Branco, foi de 1,4% (Brasil, 2010). Nesta capital, poucos
são os dados relativos ao comportamento das gastrenterites, no entanto sabe-se que este
conhecimento é fundamental para a construção de indicadores epidemiológicos que
possibilitam a implementação de políticas que contemplem a região.
31
1.5 OBJETIVOS
1.5.1 Objetivo Geral
Descrever aspectos epidemiológicos da doença diarréica aguda de etiologia
bacteriana em crianças menores de cinco anos no município de Rio Branco, Acre, no
período de janeiro a dezembro de 2012.
1.5.2 Objetivos Específicos
• Descrever a associação entre as variáveis epidemiológicas (gênero, faixa
etária, distribuição temporal) associadas à transmissão dos enteropatógenos
bacterianos;
• Identificar a ocorrência dos principais enteropatógenos bacterianos nos
casos de diarreia aguda na população estudada;
• Identificar as variáveis epidemiológicas associadas ao risco de
adoecimento;
32
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 DESENHO DO ESTUDO
O presente estudo é retrospectivo e transversal, com abordagem descritiva e
analítica, integrante de um projeto maior intitulado “Avaliação epidemiológica, clínica e
molecular de enteropatógenos causadores de diarreia aguda em crianças atendidas no
hospital da criança e na unidade de pronto atendimento do I e II distrito, Rio Branco,
Acre”.
2.2 ÁREA DE ESTUDO
O estado do Acre está localizado no sudeste da Região Norte. Tem como limites
os estados do Amazonas e Rondônia e os países Bolívia e Peru. Ocupa uma extensão de
16.422.136,05 ha, o que corresponde a 4% da Amazônia brasileira e 1,9% do território
nacional (SEPLAN, 2011). Possui 22 municípios (Figura 2) em duas mesorregiões:
Vale do Acre e Vale do Juruá, com uma população estimada de 733.559 habitantes,
72,6% (532.279) da população reside em área urbana. Aproximadamente 77.365
pertencem a faixa etária de zero a quatro anos e a mortalidade infantil foi de 19,3/1.000
nascidos vivos e a taxa de mortalidade neonatal tardia de 2,5/1.000 nascidos vivos
(SEPLAN, 2011).
No Vale do Acre, está localizada a capital, Rio Branco, com área territorial de
883.143,74ha, sendo o município mais populoso (336.038 hab.) do estado e 91,8%
(308.545 habitantes) reside na área urbana. Em 2010, essa população tinha um número
de crianças, de 0-4 anos, estimado em 30.384 (IBGE, 2010).
33
Figura 2. Mapa do estado do Acre mostrando a localização das sedes
municipais, rios e principais rodovias. Fonte: http://www.guiageo.com/acre.htm
(acesso em 15/05/2012).
2.3 ASPECTOS ÉTICOS
O projeto maior intitulado “Avaliação epidemiológica, clínica e molecular de
enteropatógenos causadores de diarreia aguda em crianças atendidas no hospital da
criança e na unidade de pronto atendimento do I e II distrito, Rio Branco, Acre”, foi
submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Evandro
Chagas/SVS/MS obedeceram a resolução 196/96 e suas complementares , do Conselho
nacional de Saúde/ Ministério da Saúde, CAAE: 0029.0.072.000-11. Enquanto que o
projeto ora apresentado foi submetido a Plataforma Brasil obedecendo às normas e
diretrizes do CONEP (Resoluções 466/2012 e 345/2005), CAAE: 0013.0.072.000-06,
em 29 de janeiro de 2014 (ANEXO 3).
2.4 AMOSTRAGEM E CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO E INCLUSÃO
Foram incluídas no estudo todas as crianças atendidas no projeto maior
intitulado “Avaliação epidemiológica, clínica e molecular de enteropatógenos
causadores de diarreia aguda em crianças atendidas no hospital da criança e na unidade
de pronto atendimento do I e II distrito, Rio Branco, Acre”, realizado em 2012, por
34
ocasião de cinco expedições de equipes do Instituto Evandro Chagas/MS ao município
de Rio Branco/AC.
No período citado foram atendidas 509 crianças, no entanto, 07 crianças foram
excluídas da pesquisa por não atenderem aos critérios de inclusão estabelecidos
previamente Assim, totalizou-se 502 crianças, sendo 272 com diarreia aguda (grupo
diarreico), destas 146 do gênero masculino e 126 do feminino, e 230 crianças sem
diarreia (grupo controle), sendo 110 do gênero masculino e 120 do feminino, nas
Unidades de Pronto Atendimento do I, II distritos, Estratégia Saúde da Família e
Unidades Básicas de Saúde. A coleta de dados foi realizada por técnicos capacitados,
distribuídos nos pontos de atendimento, com o intuito de instruir os pacientes quanto à
coleta adequada das fezes e o recebimento do material fecal, aplicação do termo de
consentimento livre esclarecido (TCLE) e aplicação da ficha clínica- epidemiológica.
As informações do presente estudo foram obtidas pela pesquisa nas fichas
clínico epidemiológicas das crianças (grupo diarreico e grupo controle) (ANEXO 2),
bem como do banco de dados no Excel, constando dos registros de todas as crianças que
participaram do estudo.
Critérios de inclusão:
� Todas as crianças de zero a cinco anos de idade atendidas no Hospital da
Criança e na Unidade de Pronto Atendimento do I e II distritos, no município
de Rio Branco, Acre, no período de janeiro a dezembro de 2012, que fizeram
parte do projeto maior intitulado “Avaliação epidemiológica, clínica e
molecular de enteropatógenos causadores de diarreia aguda em crianças
atendidas nas unidades de pronto atendimento do I e II distritos, Rio Branco,
Acre”,
� TCLE devidamente assinado pelo responsável da criança por ocasião do
estudo maior;
� Ter preenchido integralmente a ficha clínica- epidemiológica;
� Ter idade menor que cinco anos e apresentar quadro DDA (grupo
diarreico);
� Ter idade entre zero e cinco anos e não apresentar quadro de DDA
(grupo controle);
� Crianças que realizaram coprocultura para identificação de
enteropatógenos bacterianos;
35
Como critério de exclusão:
� Não assinatura do TCLE pelo responsável no estudo maior;
� Crianças com idades acima de cinco anos;
� Ter realizado tratamento antiparasitário ou antibacteriano há pelo menos
duas semanas antes da coleta do material fecal;
� Crianças que não realizaram a coprocultura.
2.5 PROCEDIMENTOS DE COLETA E MÉTODO LABORATORIAL
As amostras fecais colhidas foram acondicionadas em caixa isotérmica e
procedida a coprocultura, para identificação dos enteropatógenos bacterianos.
2.5.1 Identificação de Patógenos Bacterianos
Para isolamento das enterobactérias, o material fecal é suspenso em solução
salina a 0,85%, é semeado em meios ágar McConkey – MC e ágar Salmonella-Shigella
– SS. Uma alíquota da suspensão é inoculada em meio de enriquecimento Selenito-
Cistina e incubados à 35ºC por 18-24 horas; após esse período, o meio de
enriquecimento é semeado em ágar SS.
As colônias suspeitas são repicadas para ágar Três Açúcares e Ferro – TSI e ágar
Lisina Ferro – LIA com posterior caracterização bioquímica, para verificar a produção
de gás, de indol, sulfeto de hidrogênio, vermelho de metila, Voges-Proskauer,
motilidade, ureia; utilização do citrato, fenilalanina-desaminase e descarboxilação de
aminoácidos (Winn et al., 2009), utilizando também o sistema automatizado Vitek II
(bioMérieux). Na caracterização sorológica foram utilizados antissoros polivalentes e
monovalentes específicos, para identificar os grupos enteropatogênicos de E. coli,
Shigella spp e Salmonella spp.
Para pesquisa de C. jejuni e C. coli é utilizado kit ELISA comercial
(RIDASCREENCampylobacter jejuni/coli) para diagnóstico em espécimes fecais,
obedecendo ao protocolo do fabricante.
As E. coli diarreiogênicas são classificadas de acordo com a presença dos genes
ou sequências de DNA descritos no Quadro 3 (Campos et al., 2004).
36
Quadro 3 – Classificação molecular das categorias patogênicas de Escherichia coli.
Categorias
patogênicas
Sequências alvos
EPEC1 típica Genes eae (intimina) e bfpA (fímbria BFP), Região EAF com
ausência dos genes stx-1 e stx-2 (toxinas de Shiga)
EPEC1
atípica
Gene eae (intimina) com ausência dos genes stx-1 e stx-2 (toxinas de
Shiga)
EAEC2 Gene aggR (fímbrias de aderência agregativa – AAFs)
ETEC3 Genes elt e est codificadores das enterotoxinas LT e ST
EIEC4 Gene ipaH (plasmídio de invasão)
STEC5 Genes eae (intimina) e stx, codificador da Ttoxina de Shiga (Stx-1 e
Stx-2)
1-Escherichia coli enteropatogênica,;2-Escherichia coli enteroagregativa;3-
Escherichia coli enterotoxigênica;4-Escherichia coli enteroinvasora;5-Escherichia coli
Produtora da Toxina de Shiga.
Até serem submetidas aos ensaios moleculares, as amostras isoladas de
Escherichia coli, estocadas em ágar Luria (Difco) estavam armazenadas na bacterioteca
da Seção de Bacteriologia e Micologia do IEC. Depois, estes isolados foram
reidentificados bioquimicamente, através de repiques para tubos de ensaio com ágar TSI
(Difco) e incubados à temperatura de 35 – 37ºC por 18-24h. Foram observadas as
características das amostras de TSI e comparadas com os resultados obtidos do primeiro
isolamento. Depois, o crescimento bacteriano dos tubos de TSI foi repassado através de
repiques, para tubos com ágar Nutriente (Difco) e incubados à temperatura de 35 – 37ºC
por 18 – 24h. Posteriormente, o crescimento bacteriano em ágar Nutriente foi utilizado
nos procedimentos de extração de DNA.
O DNA dos isolados caracterizados fenotipicamente como E. coli e das cepas de
referência utilizadas como controles positivos (E. coli: E2348/69, O42, H10407,
EDL1284 e EDL931) e negativo (K12 DH5α) foram extraídos pelo método de fervura e
congelamento, seguindo às recomendações de Starnbach et al. (1989) e Baloda et al.
(1995).
Para a identificação das categorias de E. coli diarreiogênicas (EPEC, ETEC,
STEC, EIEC e EAEC) foi empregada a técnica de PCR multiplex de acordo com o
37
protocolo de Aranda et al. (2007), modificado por Sousa (2011), utilizando os
marcadores de virulência e respectivos iniciadores descritos por Toma et al. (2003) e
Aranda et al. (2004).
2.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA
A análise do estudo envolveu os 502 participantes, sendo 272 crianças com
diarreia (casos) e 230 sem diarreia (controles). As fichas epidemiológicas dos
indivíduos foram organizadas em banco de dados, sendo observada a perda de algumas
informações. O programa estatístico Excel 14.0 foi utilizado na organização dos dados,
enquanto que as variáveis foram testadas utilizando testes não paramétricos,e com nível
de significância estatística de 0,5 (5%), (AYRES et al., 2011).
O Coeficiente de Contingência C foi utilizado para verificar a associação entre o
número de co-habitantes e o nível salarial e a frequência dos casos positivos nos grupos
diarréicos e controles foi testada pelo Teste Binomial. A distribuição dos
enteropatógenos entre as faixas etárias e a diferença na frequência das categorias de E.
coli diarreiogências foram testadas pelo teste do Qui-Quadrado, enquanto que a relação
entre a faixa etária materna segundo e a renda familiar segundo o grupo clínico foram
testadas pelo teste Qui-Quadrado para tendências. Nesta fase, utilizou-se o programa
estatístico Biostat 6.0 (AYRES et al., 2006).
A abordagem analítica dos resultados deste estudo foi elaborada de acordo com
o modelo conceitual (Figura 3), onde observamos as variáveis explicativas agrupadas
em blocos (condições socioeconômicas; condições de moradia e habitação; hábitos
alimentares; contato) em dois níveis de hierarquia assumindo os fatores
socioeconômicos o primeiro nível determinando os demais (Ferrer, 2007).
38
Figura 3 - Modelo Conceitual proposto para o estudo dos fatores de risco para a doença
diarreica aguda em crianças de zero a cinco anos de idade, Rio Branco, Acre, 2012.
Neste modelo, as variáveis explicativas foram agrupadas em dois níveis e
subdivididas em quatro blocos, tendo o primeiro nível a alocação do bloco dos fatores
socioeconomicos (renda familiar, escolaridade materna, idade da mãe, trabalho da mãe),
que define os demais. No entato, por apresentar colinearidade a variável trabalho da
mãe não foi contemplada no modelo de regressão.
O segundo nível constitui-se por três blocos que estão relacionados com as
condições de moradia e habitação (tipo de edificação, zona, tipo de terreno,
bastecimento de água para consumo, destino dos dejetos, destino do lixo, presença de
vala, frequencia da coleta de lixo), com os hábitos alimentares (come fora de casa,
frequencia que come fora de casa, aleitamento materno, costama lavar as mãos, tempo
de preparo dos alimentos, higienização da mamadeira, água oferecida a criança) e por
fim, o bloco relacionado ao contato (densidade habitacional, frequenta creche, contato
com alguém com diarreia, outro caso de diarreia em casa, viagem nos últimos 30 dias e
hospitalização). Deve-se ressaltar ainda, que estas variáveis independentes são
Fatores Socioeconômicos
Diarreia Infantil
Nível 1
Condições de moradia e habitação
Nível 2
Hábitos Alimentares Contato
39
consideradas vias mais comuns à transmissão de patógenos relacionados a doença
diarreica aguda.
A primeira etapa foi direcionada a análise bivariada com o intuído de verificar
associações entre a doença diarreica aguda e as diversas variáveis de exposição. O nível
de significância de 0,05 (5%). As variáveis que apresentam um p-valor < 0,05 foram
incluídas nas análises multivariadas intrablocos, caracterizando a segunda etapa da
análise. Por fim, as variáveis consideradas significantes, para cada bloco, foram
introduzidas na análise hierárquica, fazendo parte do modelo final.
As análises de regressão logística foram implementadas com o intuito de obter
os coeficientes de regressão que relacionam cada variável de cada bloco do modelo
conceitual. A medida de associação utilizada foi o odds ratio (OR). Tais análises foram
efetuadas utilizando o software Epi Info 7.0.
40
3. RESULTADOS
3.1 ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA DOENÇA DIARREICA AGUDA NO
MUNICÍPIO DE RIO BRANCO, ESTADO DO ACRE.
A população total deste estudo foi constituída de 502 crianças na faixa etária de
zero a cinco anos de idade, sendo 272 com diarreia (casos) e 230 sem diarreia
(controles), estando presente em maior destaque as crianças com idade menor de um
ano e as que se encontram entre um ano e dois anos. Os infantes do gênero masculino
apresentam-se em maior frequência (Tabela 3).
Tabela 3 - Distribuição dos participantes do estudo de acordo com a faixa
etária, o gênero e o grupo clínico. Rio Branco, Acre, 2012.
Gênero
Faixa etária Feminino Masculino Total
(anos) Caso Controle Caso Controle Caso Controle
0 > 1 47 30 52 30 99 60
1 > 2
41 20 48 37 89 57
2 > 3
12 18 20 13 32 31
3 > 4
16 20 13 23 29 43
4 > 5
10 23 13 16 23 39
Total 126 111 146 119 272 230
A Tabela 4 demonstra que a maioria dos indivíduos incluídos no estudo relatou
ter renda familiar mensal de um a dois salários mínimos (50,0%), seguida da renda de
dois a três salários (17,1%). Ao Considerar o número de pessoas residentes por
domicílio, observou-se que a maior frequência coube a faixa 4 a 6 co-habitantes (266),
seguida de 0 a 3 (170). Quando testada a associação entre o número de co-habitantes por
domicílio, observou-se que a associação não foi estatisticamente significativa, uma vez
que, quanto menor a renda familiar menor o número de co-habitantes (p = 0,8577).
41
Tabela 4 - Distribuição dos participantes do estudo, de acordo com a renda
familiar mensal e o número de co-habitantes, Rio Branco, Acre, 2012.
Renda Familiar /
Salário mínimo
Número de Co-habitantes
Total
0-3 04-06 07-10 >10 Nº
<1 28 38 12 0 79
1 < 2 77 142 31 1 252
2 < 3 36 40 9 1 86
3 < 4 8 11 3 0 22
> 4 15 24 4 0 43
NI 6 11 5 0 20
Total de Co-
habitantes
170
266
64
2
502
Das 502 amostras estudadas, 177 apresentaram-se positivas para agentes
etiológicos bacterianos. Destas amostras, 76,8% (136/177) fazem parte do grupo
diarreico, enquanto que 23,1% (41/177) são do grupo controle (Tabela 5). Observando a
análise estatística, pode-se perceber que os casos positivos estão significativamente
associados aos pacientes com doença diarreica aguda (p < 0,0001).
42
Tabela 5 - Distribuição de agente etiológicos bacterianos, segundo o grupo clínico,
Rio Branco, Acre, 2012.
Agente etiológico
bacteriano
Grupo Diarreico Grupo Controle Total
N =272
N=230
N (%) N (%) N (%)
Salmonella spp. 4 2,25 3 1,69 7 3,95
Aeromonas sobria 0 0 1 0,56 1 0,56
E. coli
Diarreiogênicas
109 61,58 33 18,64 142 80,23
Campylobacter
jejuni/coli
12 6,77 4 2,25 16 9,04
Plesiomonas
shigelloides
1 0,56 0 0 1 0,56
Shigella spp 10 5,64 0 0 10 5,65
Total 136 76,8 41 23,1 177 100
Na Tabela 6, observamos que das 177 crianças contaminadas, 142 (80,23%)
estão associados à presença de E. coli diarreiogênica, seguida de 16 (9,04%) por
Campylobacter jejuni/coli, 10 (5,65%) por Shigella spp., 7 (3,95%) por Salmonella
spp., 1 (0,56%) por Aeromonas sobria e 1 (0,56%) de Plesiomonas shigelloides. Ao que
se refere ao Gênero Shigella, observou-se que 1,69% foi representado por S. flexneri,
enquanto que 3,95% por S. sonnei. Evidenciou-se ainda, que as crianças
predominantemente infectadas pelos agentes, citados acima, encontram-se na faixa
etária menor de um ano e entre um e dois anos, sendo o gênero masculino o de maior
acometimento.
43
Tabela 6 - Distribuição de enteropatógenos bacterianos, segundo a faixa etária e gênero. Rio
Branco, Acre, 2012.
*ECD- E.coli diarreiogênica
A Tabela 7, apresenta as frequências das características clínicas (sinal e sintomas
da doença diarreica aguda), evidenciando-se que tais características estão amplamente
distribuídas entre as crianças menores de um ano de idade e naquelas entre um e dois
anos. No momento da entrevista, a presença de diarreia nos casos analisados foi de 272,
seguido de 84 (35,90%) casos com presença concomitante de diarreia/vômito, 55
(23,50%) casos de diarreia/febre e 28 (11,97%) casos com os três sintomas associados
(diarreia/febre/vômito). As crianças mais jovens são aquelas que apresentam maior
percentual (70,66%) das sintomatologias associadas.
Faixa etária (anos) Gênero
Enteropatógenos
bacterianos
0 < 1
1 < 2 2 < 3 3 < 4 4 < 5 Feminino Masculino
N % N %
Salmonella spp. 2 4 1 0 0 1 0,42 6 2,26
Aeromonas 0 1 0 0 0 0 0 1 0,38
ECD* 47 48 12 21 14 64 27,12 78 29,32
C. jejuni/coli 6 4 1 2 3 6 2, 54 10 3,76
Plesiomonas 0 0 1 0 0 0 0 1 0,38
Shigella spp 3 0 2 4 1 5 2,12 5 1,88
44
Tabela 7 - Distribuição da sintomatologia da doença diarreica aguda, segundo a faixa etária, Rio
Branco, Acre, 2012.
Faixa etária
(anos)
Sintomatologia
Diarreia Diarreia/febre Diarreia/vômito Diarreia/fe bre/vômito
0 >1 99 19 27 9
1 > 2 89 20 33 10
2 > 3 32 5 6 3
3 > 4 29 4 9 3
4 >5 23 7 9 3
Total 272 55 84 28
Na Tabela 8 e Figura 4, observa-se a distribuição sazonal das bactérias
envolvidas na doença diarreica aguda, destacando-se um pico na incidência de E. coli
diarreiogênica durante os meses de novembro e dezembro (5ª viagem), tais meses
correspondem ao início do período chuvoso no estado do Acre.
Tabela 8 - Distribuição sazonal dos principais enteropatógenos bacterianos nos
grupos clínico, Rio Branco, Acre, 2012
Período Enteropatógenos
Salmonella
spp.
E. coli
diarreiogênicas
Campylobacter
jejuni/coli
Shigella
spp.
1ª viagem 2 22 4 5
2ª viagem 1 27 3 3
3ª viagem 1 22 4 1
4ª viagem 1 33 5 1
5ª viagem 2 38 0 0
TOTAL 7 142 16 10
*1ª viagem: Janeiro; 2ª viagem: Março/ Abril; 3ª viagem: Junho/Julho; 4ª viagem:
Agosto; 5ª viagem: Novembro/Dezembro).
45
Figura 4 - Distribuição sazonal dos principais enteropatógenos bacterianos nos grupos
clínico, Rio Branco, Acre, 2012.
A abordagem analítica apresentada na Tabela 9, correspondem aos odds ratios
(OR) da associação entre a idade materna e a ocorrência de diarreia entre os grupos
clínicos das crianças participantes do estudo, tal associação se mostrou estatisticamente
significativa, (p < 0,00005), identificando que quanto mais jovem é a mãe maior é o
risco da crianças desenvolver doença diarreica aguda. Ressalta-se que do total avaliado,
doze casos e oito controles não foram considerados (Tabela 9) por falta de informações
nas fichas epidemiológicas.
Tabela 9 - Relação entre a faixa etária materna e o grupo clínico
Faixa etária
materna
Casos Controle Odds Ratio
14 a 19 anos 55 24 1,000
20 a 29 anos 145 106 0,597
30 a 39 anos 36 50 0,314
40 a 49 anos 8 14 0,249
50 a 59 anos 16 28 0,249
No que tange a relação entre a renda familiar e o grupo clínico das crianças
estudadas, percebe-se que esta associação é estatisticamente significativa (p < 0,00051).
Revelando que quanto menor a renda familiar, maior é o risco do infante apresentar
0
20
40
60
80
100
120
140
160
1ª
viagem
2ª
viagem
3ª
viagem
4ª
viagem
5ª
viagem
TOTAL
Nú
me
ro d
e c
ria
nça
s
con
tam
ina
da
s
Sazonalidade
Enteropatógenos
Enteropatógenos
Enteropatógenos
Enteropatógenos
46
diarreia (Tabela 10). Ressalta-se que do total avaliado, cinco casos e nove controles não
foram considerados (Tabela 10) por falta de informações nas fichas epidemiológicas.
Tabela 10 - Relação entre a renda familiar e o grupo clínico
Renda Familiar
(Salário mínimo)
Casos
N
Controle
N
Odds Ratio
Menos que 1 35 11 1,000
1 < 2 158 115 0,432
2 < 3 63 77 0,257
3 < 4 11 18 0,157
Na análise bivariada, entre as variáveis do bloco sobre as condições sócio
econômicas, percebe-se que as relações são significantes estatisticamente, sendo a
Renda Familiar (OR=2,2944; IC95% = 1,3401-3,9284) a variável que representa o
maior risco no processo de desenvolvimento da diarreia aguda, seguida da variável faixa
etária materna (OR=1,9664; IC95% = 1,3477-2,8692). Por outro lado, nota-se que a
variável escolaridade materna (OR = 0,5529; IC95% = 0,3821-0,8002) exerce um papel
protetor quando relacionada a DDA, pois quanto maior é o tempo de estudo materno
menor são as chances da criança apresentar diarreia (Tabela 11).
Na análise multivariada, realizada com os itens supracitados, a variável faixa
etária materna (OR = 2,1223; IC95% 1,4269-3,1565), ganha relevância significativa
para o risco à diarreia, enquanto a variável escolaridade materna (OR=0,5537; IC95% =
0,3699 – 0,8289) permanece exercendo efeito protetor quanto à diarreia (Tabela 11).
47
Tabela 11 – Odds ratio (OR) e intervalos de confiança da associação bivariada e
multivariada entre diarreia e as variáveis do nível 1, bloco sobre fatores sócio econômicos.
Variável Odds Ratio
(Bruto)
IC95% Odds Ratio
(Ajustado)
IC95%
Faixa etária materna 1,9664 1,3477 - 2,8692 2,1223 1,4269 - 3,1565
Renda familiar 2,2944 1,3401 - 3,9284 1,7922 1,0192-3,1516
Escolaridade Materna 0,5529 0,3821-0,8002 0,5537 0,3699-0,8289
Na Tabela 12, estão representadas às associações bivariadas e multivariadas das
variáveis do bloco sobre condições de moradia. Observa-se que na análise bivariada a
frequencia da coleta de lixo (OR= 3,98; IC95% 1,87-8,47) e o destino dos dejetos
(OR=2,22; IC95% 1,54-3,21) foram as variáveis de maior relevância na associação à
diarreia. Enquanto a relação multivariada dos fatores das condições de moradia
demostra que tanto a frequência da coleta de lixo (OR=3,48; IC95% 1,52-7.97) quanto o
destino dos dejetos (OR= 2,00; IC95%=1,32-3,04) permanecem em destaque quando
associadas a ocorrência de diarreia. Na referida relação as variáveis tipo de edificação (p
=0,1123), tipo de terreno (p = 0,2872), tipo de tratamento da água para consumo (p=
0,1095) e presença de vala (p = 0,1024), não apresentam significância estatística.
48
Tabela 12 – Odds ratio (OR) e intervalos de confiança da associação bivariada e multivariada entre
diarreia e as variáveis do nível 2, bloco sobre condições de moradia.
Variável Odds Ratio
(Bruto)
IC95% Odds Ratio
(Ajustado)
IC95%
Tipo de edificação 2,0923 1,4511- 3,0168 1,4153 0,9218 – 2,1730
Tipo de terreno 2,1026 1,3660 - 3,2363 1,3236 0,7899 – 2,2179
Tipo de tratamento da
água para consumo
2,0902 1,3877- 3,1484 1,4604 0,9184 – 2,3222
Destino dos dejetos
(ausência de
esgotamento)
2,2297 1,5442 - 3,2196
2,0043 1,3208 – 3,0416
Frequencia da coleta
de lixo (coleta
irregular)
3,9810 1,8711 - 8,4703
3,4820 1,5201 – 7,9759
Presença de vala 1,5230 1,0225 - 2,2685 1,4562 0,9276 – 2,2859
Na Tabela 13, estão representadas as relações bivariadas e multivariadas do
bloco sobre hábitos alimentares, destas o consumo de alimento suspeito (OR= 7,47;
IC95%= 3,61 – 5,43) e tipo de água ofertada a criança (OR=2,08; IC95%= 1,43 – 3,02)
são os fatores que representam a maior associação à diarreia, seguidas das variáveis
consumo, de sobras de alimentos (OR = 1,94; IC95%= 1,07 - 3,52) e refeições
extradomiciliares (OR=1,45; IC95%=1,01 – 2,09). No entanto, a variável fase de
amamentação (OR = 0,66; IC95%= 0,46 – 0,94) apresenta-se como fator de proteção à
diarreia.
Considerando a associação multivariada do referido bloco, representada na Tabela
13, pode-se observar que as variáveis, consumo de alimento suspeito (OR= 7,51; IC95%=
3,56 – 15,88) permanece como fator de maior associação a diarreia, no entanto, a variável
refeições extradomiciliares (OR = 1,92; IC95%=1,22 – 3,03) passa a representar maior
risco ao adoecimento quando comparada ao tipo de água ofertada a criança (OR = 1,75;
IC95% = 1,12 – 2,73). Ao que se refere a variável amamentação, percebe-se que a mesma
continua representando fator de proteção à diarreia (OR= 0,66; IC 95% = 0,42-1,04).
49
Tabela 13 - Odds ratio (OR) e intervalos de confiança da associação bivariada e multivariada entre
diarreia e as variáveis do nível 2, bloco sobre hábitos alimentares.
Variável Odds Ratio
(Bruto)
IC95% Odds Ratio
(Ajustado)
IC95%
Tipo de água ofertada a criança
2,0802 1,4318 -3,0223 1,7540 1,1235 – 2,7385
Refeições extradomiciliares
1,4597 1,0167-2,0956 1,9283 1,2270 – 3,0303
Consumo de alimento suspeito
7,4716 3,6171 - ,4336 7,5196 3,5605 – 15,8811
Fase de amamentação
0,6619 0,4632 - ,9459 0,6633 0,4220 – 1,0426
Consumo de sobras de alimentos
1,9497 1,0787-3,5240 1,4925 0,7371 – 3,0222
As associações bivariadas entre as variáveis do bloco sobre contato apresentam-
se com significância estatísticas quanto a presença de outro caso de diarreia na
residência (OR=12,72; IC95% 4,51-35,82) e quando do contato com caso diarreico
extradomiciliar (OR = 7,53; IC95% 2,62-21,64). No que tange a relação multivariada
entre as variáveis do bloco contato, observou-se a permanência do destaque às variáveis,
outro caso de diarreia na residência (OR=9,02; IC95% = 3,11 -26,1) e contato com caso
diarreico extradomiciliar (OR=3,90; IC95% = 1,19 - 12,6). Nesta última análise, a
variável hospitalização nos últimos 30 dias (p= 0,31), não demonstra significância
estatística (Tabela 14).
50
Tabela 14 - Odds ratio (OR) e intervalos de confiança da associação bivariada e multivariada
entre diarreia e as variáveis do nível 2, bloco sobre contato.
Variável Odds Ratio
(Bruto)
IC95% Odds Ration
(Ajustado)
IC95%
Viagem nos últimos 30 dias
2,0403 1,1005 – 3,7824 2,0627 1,0768 – 3,9512
Hospitalização nos últimos 30 dias
2,1290 0,9960 – 4,5512 1,5134 0,6730 – 3,4030
Frequenta creche
3,1627 1,8668 – 5,3580 2,9533 1,6911 – 5,1575
Outro caso de diarreia na residência
12,7252 4,5197-35,8282 9,0277 3,1133 – 26,1777
Contato com caso diarreico extradomiciliar
7,5333 2,6225 - 21,6400 3,9013 1,1995 – 12,6889
O resultado da análise hierárquica multivariada encontra-se demonstrado na
Tabela 15, e destaca as variáveis de todos os níveis/blocos que permaneceram
estatisticamente associadas à diarreia após as relações descritas na sequencia
previamente citada. Assim, as variáveis que estão fortemente associadas com a
ocorrência da doença diarreica aguda são: outro caso de diarreia na residência (OR =
20,9080; IC95% = 4,77 – 91,62), consumo de alimento suspeito (OR= 9,39; IC95% =
4,16 – 21, 20), frequência da coleta de lixo (OR=3,33; IC95% = 1,32 - 8,41) e viagem
nos últimos 30 dias (OR=3,16; IC95%= 1,40 – 7,14). As demais variáveis deixaram de
ser significantes para o desfecho.
51
Tabela 15 – Modelo final da análise multivariada, utilizando-se regressão logística.
Variável Odds Ratio IC95% Valor P
Faixa etária materna 2,0747 1,2454 - 3,4565 0,0051
Destino dos dejetos (ausência de esgotamento) 2,0638 1,2686 - 3,3576 0,0035
Frequencia da coleta de lixo (coleta irregular) 3,3386 1,3247 - 8 4141 0,0106
Consumo de alimento suspeito 9,3981 4,1653 21,2048 0,0000
Frequenta creche 2,8435 1,3432 6,0197 0,0063
Outro caso de diarreia na residencia 20,9080 4,7711 91,6233 0,0001
Viagem nos últimos 30 dias 3,1622 1,4004 7,1404 0,0056
52
4. DISCUSSÃO
Considerando as características das crianças envolvidas neste estudo, observou-
se que as crianças de zero a dois anos são as mais associadas à ocorrência da doença
diarreica aguda. Estudos mostram que de fato as crianças mais jovens possuem maiores
chances de adoecimento por gastroenterites infecciosas, sobretudo quando estas se
encontram em condições socioeconômicas desfavoráveis (Fuchs & Victoria, 2002;
Souza et al., 2002; Pontual et al., 2006; Loureiro et al., 2010; Strand et al., 2012; Rocha
et al., 2012; Paz et al., 2012). Deve-se ressaltar ainda, que este maior acometimento
nos primeiros meses de vida pode estar relacionado à incompetência imunológica
caracterizado pela imaturidade deste sistema, ou ainda, pela introdução de outros
alimentos na dieta da criança, principalmente quando estes não são preparadas com os
cuidados higiênicos adequados, transformando-se em fator de risco à ocorrência de
diarreia. Ao que se refere às crianças maiores de um ano, pode-se destacar que estas
possuem maior mobilidade/locomoção, aumentando a chance de contaminação
ambiental.
A renda familiar mantem-se concentrada nas faixas de um a três salários
mínimos, tendo o número de co-habitantes destaque nas faixas de quatro a seis, seguida
de zero a três co-habitantes. Assim, verificou-se que a associação entre a renda familiar
e o número de co-habitantes não se mostrou estatisticamente significativa neste estudo
(p = 0,8577), observando-se que quanto menor a renda familiar, menor o número de
indivíduos daquele domicílio. Contudo, ressalta-se que diversos estudos demonstraram
a importância do poder aquisitivo associado ao número de co - habitantes, estando estes
diretamente envolvidos na casuística da doença diarreica (Toporovski et al., 1999;
França et al., 2001; Lira et al., 2003; Vanderlei et al., 2003). Sabe-se ainda, que a renda
familiar esta diretamente relacionada com as condições de vida e de sobrevivência das
crianças, uma vez que dela depende o acesso à educação, ao serviço de saúde de
qualidade, e a condições adequadas de vida e de moradia (Silva et al.,2002).
Ao que se refere à etiologia da doença diarreica aguda na cidade de Rio Branco, o
presente estudo apresenta um percentual de 35,26% das amostras positivas para
enteropatógenos bacterianos, estas por sua vez, destacaram-se, sobretudo, no grupo
diarreico com 76,8% das amostras e 23,1% para o grupo controle. Tal associação,
mostrou-se significativa apresentando p valor <0,0001, demonstrando que a
contaminação por enterobactérias esta diretamente associada à presença de diarreia. A
observação destes percentuais é similar ao encontrado Souza et al. (2002), tendo estes
53
evidenciado um percentual de 51,3% dos casos e 21,4% dos controles contaminados por
enteropatogenos bacterianos. Ao que se refere ao grupo controle, Toporovski et al.
(1999) afirmaram que em áreas caracterizadas pelas péssimas condições de saneamento,
os enteropatógenos são identificados nos grupos controles em proporções que variam de
25 a 45%, portanto, superiores as que foram encontradas nesta pesquisa (23,1%).
Em estudo realizado por Sousa (2010), no município de Juturi/PA, a incidência
de casos positivos no grupo diarreico foi de 76, 6% e no grupo controle foi de 23,4%,
tais resultados vão ao encontro dos nossos achados, sendo estes ligeiramente superiores
nos casos diarreicos (76,8%) e inferiores nos controles, (23,1%). Tal similaridade, pode
ser explicada pelas condições geográficas, climáticas e socioeconômicas dos municípios
pesquisados. Por fim, faz-se necessário ressaltar que a elevada presença de
enteropatógenos responsáveis pelos casos de diarreia aguda nas crianças participantes
desta pesquisa, estava associada com as precárias condições de educação e de
saneamento básico.
A maior frequência de enteropatógenos bacterianos relacionados à diarreia
aguda nas crianças atendidas neste estudo é representada pelas E. coli diarreiogênicas
(80,23%), Campylobacter jenuni/coli (9,04%), Shigella spp. (5,65%) e Salmonella spp.
(3,95%). Ressalta-se a importante participação das E. coli diarreiogênicas nas diarreias
em Rio Branco, com prevalências mais elevadas do que aquelas encontradas por
Almeida et al. (1998), Toporovski et al. (1999), Regua-Mangia et al. (2004), Franzolin
et al. (2005), Moura et al. (2012) e Talbert et al. (2012). Deve-se salientar que as E.
coli são consideradas como uma das principais causas de diarreia infantil nos países em
desenvolvimento e esta ocorrência está diretamente relacionada com as condições
socioeconômicas em que a população estudada está envolvida.
Outro aspecto identificado neste estudo é a maior frequência absoluta de
meninos acometidos por diarreia, tal observação vai ao encontro dos resultados
encontrados nos estudos realizados por Rocha et al. (2012), Souza et al. (2002);
Boccolini et al. (2012); Strand et al. (2012); Talbert et al. (2012). No entanto, pouco se
pode afirmar acerca da maior prevalência de diarreia em meninos, fazendo-se necessário
a realização de estudos de cunho genético, social e cultural que contemplem a
investigação aprofundada deste achado.
Ao que tange a frequência do Campylobacter jejuni/coli, pode-se observar que
tal agente, recebe importância epidemiológica quando comparado aos resultados
encontrados por Sousa (2010), onde a incidência deste enteropatógeno foi de 6,1%. Em
54
estudo realizado em outros países em desenvolvimento onde a prevalência de infecção
por Campylobacter spp. foi bem similar ao encontrado em nosso estudo, observa-se que
crianças com diarreia aguda apresentaram taxas de contaminação de 9,3% em Uganda e
Zimbabwe, 9,0% no Egito, 11% no Kenia e 18% na Tanzânia (18%) (Mshana et al.,
2009).
De maneira geral, a diarreia causada por Campylobacter spp. nos países em
desenvolvimento é alta em crianças menores de 5 anos de idade, quando comparado
com aquelas de maior idade (Boga et al., 2004; Wang et al., 2008; Mshana et al., 2009).
Em nosso estudo, observou-se que esta frequência foi maior nos infantis que se
encontram na faixa etária menor de dois anos de idade, confirmando a associação
referida.
A prevalência de Shigella spp. entre as crianças com doença diarreica aguda foi
de 5,65%, estando presentes em maior proporção em crianças na faixa etária de três a
quatro anos de idade. Nossos resultados, são superiores aqueles encontrados por Sousa
et al. (2013) e Moura et al. (2012), que encontraram frequências de Shigella spp. de
3,9% e 2,1%, respectivamente. Por outro âmbito, estudo realizado por Loureiro et al.
(2010), no estado do Pará, identificaram a prevalência de Shigella spp. em 13,70% das
amostras, destas 8,4% foram S. flexneri e 5,3% S. sonnei, em contradição a tais
resultados, nossa pesquisa possui percentuais definidos em 3,95% para S. sonnei e
1,69% para S. flexneri. Outros estudos, também associam a maior presença de S.
flexneri quando comparada a presença de S. sonnei (Kotloff et al.,1999; Toporovski et
al., 1999; Tjaniad et al., 2003; Elamreen et al., 2008; Jafari et al., 2008).
Ao que se refere a faixa etária de maior incidência das shigeloses, Nunes et al.
(2012), afirmam que tal infecção é mais presente em crianças menores de dois anos de
idade, nos infantes menores de seis meses a ausência da Shigella é significativa, bem
como nas crianças maiores de quatro anos. Em nossos achados, a maior proporção de
Shigella spp. encontra-se na faixa etária de três a quatro anos, estando presente também
naqueles menores de seis meses. As divergências encontradas em nosso estudo em
relação aos demais autores podem ser explicadas pelas diferenças regionais,
demográficas e ambientais que envolvem a população pesquisada.
A Samonella spp. é considerada um dos agentes mais importantes na etiologia da
doença diarreica no mundo, estando presente principalmente nos indivíduos que vivem
em áreas sem abastecimento de água, com pouca, ou nenhuma, segurança alimentar,
com cuidados básicos de saúde e práticas de higiene inadequados (Pfeiffer et al.,2012).
55
Em nosso estudo, este agente foi isolado apenas em crianças menores de três
anos de idade, estando a sua maioria concentrada na faixa etária de um a dois anos.
Assim, seu percentual de 3,95%, se faz coerente com os trabalhos desenvolvidos por
Almeida et al. (1998), Loureiro et al. (2010), Moura et al. (2012) e Sousa et al. (2013),
onde a incidência de gastroenterites por Samonella spp. foi de 5,6%; 2,7%; 2,1% e
3.2%, respectivamente.
Nunes et al. (2012), realizaram estudo semelhante na região nordeste e
detectaram Salmonella spp. em 2% do grupo de crianças com diarreia, estes resultados
corroboram com nossos achados que também apresentou uma baixa frequência para este
enteropatógeno. No entanto, Souza et al. (2002), foi capaz de identificar incidência de
0,7% em suas amostras, enquanto que Pontual et al. (2006) não observaram nenhum
caso positivo para Salmonella em crianças atendidas em Recife. Deve-se ressaltar que
nenhum caso positivo foi encontrado para S. Typhi, nem tão pouco para Vibrio colerae,
ambos possuem importância epidemiológica por serem responsáveis por surtos da febre
tifoide e da cólera, respectivamente, sendo doenças de notificação compulsória.
Pesquisa realizada por Oliva et al., (1997), identificou isoladamente a presença de
84,2% de vômito e 65,8% de febre como sintomas presentes nas crianças estudas, de
maneira similar, Rocha et al., (2012), demonstra que 88,7% dos infantes apresentaram
vômito e 63,8% tiveram febre como sintoma. Moura et al., (2012), afirmam que no
momento da hospitalização 70% das crianças, do seu estudo, apresentavam diarreia,
enquanto que, 25% tinham a febre como sintoma. Os dados presentes em nossos achados
estão abaixo dos encontrados na literatura, tal fato deve ser explicado pela frequência na
associação de tais sintomas.
O clima acreano é do tipo equatorial, quente e úmido. Com temperaturas médias
anuais variando entre 24,5ºC e 32ºC, permanecendo uniforme em todo o estado e
predominando em toda a região amazônica. No geral, ocorrem duas estações, divididas
em período de estiagem e período chuvoso. Durante a estação seca (período de
estiagem), que tem início no mês de maio e prolongando-se até o mês de outubro,
desaparecem as chuvas, sendo comuns as ¨friagens¨. Estas são resultantes do avanço de
uma frente polar impulsionada por uma massa de ar polar atlântica que avança pela
planície do Chaco até a Amazônia Ocidental provocando queda de temperatura (até 10
ºC). A estação chuvosa ocorre de novembro a abril, sendo caracterizado por chuvas
constantes e abundantes. A umidade relativa do ar atinge 90%, índice bastante elevado
56
se comparado ao de outras regiões brasileiras. Já os índices pluviométricos variam de
1.600 mm a 2.750 mm/ano (Portal Acre, 2013).
O referido estudo demonstra que em Rio Branco/Acre a sazonalidade da doença
diarreica, causada por bactérias, teve aumento significativo no mês de agosto e nos
meses de novembro e dezembro, merecendo destaque as E. coli diarreogênicas como
sendo a principal causa das gastroenterites, e foram mais frequentes nos meses
supracitados. O Campylobacter jejuni/coli teve uma redução importante nos meses de
novembro/dezembro, enquanto que, as Shigella spp. tiveram maior frequência nos
meses de janeiro/março/abril.
Resultados semelhantes foram observados por Almeida et al. (1998), Kale et al,
(2004), Melli & Waldman (2009), Dias et al. (2010), que afirmam que as taxa de
morbimortalidade por diarreia aguda são tipicamente maiores nos períodos de
outono/inverno. Nunes et al. (2012), observaram que a presença de Shigella spp. é mais
frequente nos períodos chuvosos, da mesma forma, inquérito sobre MDDA realizado
pelo Núcleo de Epidemiologia do Estado do Ceará, nos anos de 1999 a 2003,
identificou que no referido estado, há elevados percentuais para a diarreia no período
chuvoso.
Dias et al. (2010), afirmam que o aumento do número de casos de diarreia sofre
aumento significativo após altos índices de pluviosidade, devido a ingestão de água
oriunda de fontes diversas, geralmente distintas daquelas utilizadas habitualmente.
Além disso, a contaminação do lençol freático por fossas sépticas e a circulação de
outros agentes etiológicos, são fatores que também elevam o índice de contaminação
bacteriológica das águas. O decréscimo da qualidade da água é uma das principais
causas do aumento dos casos de diarreia no período chuvoso, sobretudo em regiões,
onde a deficiência de saneamento é percebida de forma abrangente.
A observação descritiva do comportamento da doença diarreia e de sua etiologia
em crianças se faz necessária pela importância da dinâmica complexa que esta doença
apresenta, sobretudo em regiões como a estudada nesta pesquisa. Assim, para o grupo
de crianças, de zero a cinco anos de idade, atendido no pronto-atendimento, a profilaxia
da diarreia por infecções bacterianas, perpassa por um enfoque baseado nos programas
da atenção primária, que enfatizem a importância da amamentação, cuidados com
higiene pessoal e reinvindicações de melhora das condições de saneamento básico
(Souza et al., 2002).
57
A saúde infantil, sobretudo nos países em desenvolvimento, é determinada por
um conjunto amplo de fatores relacionados com as condições socioeconômicas,
ambientais, nutricionais e de cuidados com a saúde, entre outras (Mosley & Chen,
1984). Nesse contexto, se encontra particularmente, a doença diarreica aguda
caracterizada por sua abrangência de fatores causais, entre os quais observamos os
fatores socioeconômicos como os de maior importância para a definição da diarreia,
suas causas e consequências.
As associações entre a casuística da doença diarreica e seus potenciais fatores de
risco são avaliadas, em sua maioria, através de modelagem estatística sem descrição das
estratégias empregadas. Em nosso estudo, no entanto, optou-se por uma abordagem
hierarquizada aplicada à avaliação de fatores de risco para doença supracitada. Nessa
perspectiva, foi proposto um modelo conceitual, representado pela figura 8, para o
estudo dos fatores de risco para a doença diarreica aguda em crianças de zero a cincos
de idade na cidade de Rio Branco/Acre. Assim, nossas variáveis foram
hierarquicamente agrupadas em características socioeconômicas, alocada no nível um,
sendo o nível seguinte subdividido em blocos com informações relacionadas às
condições de moradia e habitação, hábitos alimentares e, por fim, contato.
A modelagem hierarquizada, proposta em nosso estudo, é uma opção aplicável a
estudos epidemiológicos com um número significativo de variáveis (Olinto, 1993).
Assim, a hierarquização das variáveis independentes é estabelecida no marco conceitual
e mantida durante a análise dos dados permitindo a seleção daquelas mais fortemente
associadas ao desfecho de interesse. Dessa maneira, gera-se um modelo com um
número de termos necessários para testarem-se as associações, mas não saturado pelo
excesso de variáveis (Fuchs et al., 1996).
A exposição da associação entre a idade materna e a ocorrência de diarreia entre
os grupos de casos e controles, mostrou-se estatisticamente significativa (p < 0,00005),
identificando que quanto mais jovem é a mãe maior é o risco de as crianças
apresentarem doença diarreica. Estudos realizados por Fuchs et al. (1996), Fuchs &
Victoria (2002), Lira et al. (2003), Vanderlei et al. (2003), Pontual et al. (2006), Ferrer
et al., (2008), Geib et al. (2010), mostraram que a morbimortalidade infantil por diarreia
está associada com a idade da mãe, principalmente quando esta vem acompanhada de
risco relacionados a fatores socioeconômicos.
Pesquisas realizadas em Porto Alegre, Belo Horizonte, Aracajú, Recife e
Salvador, destacam que a sobrevivência de famílias com baixas condições financeiras é
58
fator diretamente relacionado com a frequência da ocorrência de diarreia em crianças
(Fuchs et al., 1996; França et al., 2001; Gomes et al.,2005; Pontual et al., 2006; Ferrer
et al., 2008). Da mesma maneira, nossos achados identificaram que a relação entre a
renda familiar e o grupo clínico dos infantes estudados possui importante significância,
uma vez que quanto menor a renda familiar, maior é o risco da criança apresentar
diarreia.
Ao efetuarmos a análise bivariada dos elementos constituintes do nível 1,
presente no modelo conceitual supracitado, percebeu-se que a renda familiar é a
variável que representa o maior risco no processo de desenvolvimento da diarreia
aguda, seguida da variável faixa etária materna como risco. Contudo, nota-se que a
variável escolaridade materna exerce um papel protetor quando relacionada à DDA,
pois quanto maior é o tempo de estudo materno menor são as chances da criança
apresentar diarreia. Ao observar a analise multivariada, percebe-se que a variável faixa
etária materna (OR = 2,1223) ganha relevância significativa quando comparada a
variável renda familiar (OR = 1,7922) para o risco à diarreia, enquanto a variável
escolaridade materna (OR=0,5537) permanece exercendo efeito protetor a esta
patologia.
Os resultados, supracitados, vão ao encontro dos achados de Vanderlei et al.
(2003), que identificaram em seus achados que a idade materna possui importante
significado à casuística da diarreia em crianças, tendo em vista que quanto menor a
idade maior são as chances do adoecimento por diarreia. No entanto, ao que tange
aanálise multivariada, Ferrer et al. (2008), identificaram a renda familiar como fator de
maior significância quando comparado a faixa etária materna.
Para França et al. (2001) a variável escolaridade materna se faz significativa
mesmo quando avaliada concomitantemente com outras variáveis, como: renda,
escolaridade do chefe da família e existência de bens de consumo duráveis. Assim, os
referidos autores consideram que a escolaridade materna possui um efeito próprio e
independente quando comparada a outros fatores socioeconômicos.
A associação bivariada realizada a partir dos fatores relacionados às condições
de moradia, variáveis alocadas no bloco 2, apresenta a frequência da coleta de lixo e o
destino dos dejetos como as variáveis de maior relevância na ocorrência da diarreia
infantil. Esta importância mostra-se permanente quando da análise multivariada dos
referidos fatores, tendo a frequência da coleta de lixo apresentado OR=3,48, enquanto o
destino dos dejetos atingiu OR= 2,00. Nessa perspectiva, crianças residentes em
59
domicílios com coleta de lixo irregular apresentaram maior risco de desenvolver
diarreia, do que aquelas com coleta de lixo regular. Quanto ao destino dos dejetos,
percebe-se que a ausência de rede geral de esgoto constitui um fator de risco
significativo para a população estudada. Ainda considerando a análise multivariada, foi
possível perceber que as variáveis: tipo de edificação, tipo de terreno, tipo de tratamento
da água para consumo e presença de vala, perderam sua significância no processo de
adoecimento de diarreia.
Moraes (2007) observou relação semelhante, verificando que o
acondicionamento de resíduos sólidos expressa influência significativa na incidência de
diarreia, percebendo que os casos desta patologia sempre são maiores nas crianças
residentes em domicílios que não dispõem de coleta de resíduos sólidos e sempre menor
nas crianças, nos quais os domicílios que dispõem de coleta regular. Catapreta & Heller
(1999), sugerem que a inexistência de coleta de resíduos sólidos domiciliares define
fortemente o risco para a saúde de casos e controles quando relacionados a doença
diarreica.
No que tange o destino dos dejetos, Genser et al. (2008), Cairncross et al.
(2010); e Paz et al. (2012), corroboram com nossos achados, definindo que a ausência
da coleta de esgoto representa risco aumentado à presença de diarreia. Afirmam, ainda,
que a inexistência de acesso à rede de esgotos compromete as condições de saúde das
crianças por poluir o ambiente e propiciar a transmissão de doenças relacionadas as
excretas, principalmente as gastroenterites que são causadas pelos mais diversos agentes
etiológicos, e cuja a manifestação clínica mais presente é a diarreia. Giatti et al. (2004),
realizaram pesquisa sobre saneamento na cidade de Iporanga (SP) e verificaram que os
cursos de água pesquisados apresentaram índices microbiológicos que indicam a
poluição por esgotos domésticos decorrente da insuficiência do saneamento básico
local. Nessa perspectiva, acredita-se que estudo semelhante se faz necessário na cidade
de Rio Branco/Acre para identificação e solução das questões de saneamento que
diretamente, ou indiretamente, estão alterando o risco de adoecimento por doenças
infeciosas em sua população infantil.
As variáveis correspondentes aos hábitos alimentares, presente no bloco3, tem
em suas relações bivariadas o fator consumo de alimento suspeito e tipo de água
ofertada a criança como os mais relevantes na associação à diarreia. Ao que se refere a
variável fase de amamentação percebe-se que esta apresenta-se como fator de proteção à
doença diarreica, no sentido que, quanto mais tempo a criança mama, menor é o risco de
60
adoecimento por diarreia. A associação multivariada, do bloco supracitado, demonstra
que as variáveis: consumo de alimento suspeito e tipo de água ofertada as crianças
permanecem como os fatores de maior associação o risco à diarreia infantil, enquanto a
amamentação continua representando fator de proteção a mesma patologia.
Os resultados do presente estudo, são semelhantes aqueles achados por Ferrer et
al. (2008), onde o consumo de alimento suspeito fora de casa apresenta-se como fator
de risco de maior relevância à incidência de diarreia. Da mesma maneira, Penna et al.
(1994) afirmaram que o meio de disseminação mais importante da doença diarreica se
dá pelo manuseio de alimentos e utensílios domésticos por mãos contaminadas, o que
valida os resultados encontrados, onde o maior risco de adoecimento por diarreia
ocorreu em criança que haviam consumido alimentos suspeitos de contaminação. Para
Rodrigues et al. (2001), Strina et al. (2003) e Sobel et al. (2004), tal contaminação pode
estar relacionada com a qualidade do cuidado em preparar os alimentos oferecidos à
criança, o que, por sua vez, não foi medido em nosso estudo.
Ao que se refere a variável tipo de água ofertada a criança, nosso estudo
contempla os resultados evidenciados por Ferrer (2007), uma vez que, o risco do
acometimento por doença diarreica é maior em crianças que consumem água sem
tratamento prévio. Paz et al. (2012), afirma que o acesso e o consumo de água
proveniente de serviço público diminuem a probabilidade de ocorrência de doenças
diarreicas, pois o padrão de potabilidade requerido no sistema garante a qualidade da
água como fonte segura para consumo humano na entrada do domicílio. O mesmo não
acontece quando o abastecimento resulta de fontes alternativas, de qualidade sanitária
duvidosa e de volume nem sempre suficiente para atender às necessidades básicas.
Em nossa análise multivariada, o aleitamento materno assume papel protetor à
ocorrência de diarreia, tal achado, foi evidenciado pela literatura vigente, que afirma o
aumento da prevalência de crianças com menos de seis meses de vida amamentadas
exclusivamente esteve associado à diminuição das taxas de internação hospitalar por
diarreias entre crianças (Fuchs et al., 1996; Fuchs & Victoria et al.2002; Vieira et al.,
2003; Gomes et al., 2005; Bernardi et al., 2011; Bener et al.,2011; Paz et al., 2012).
Ainda considerando a importância do aleitamento materno, Boccolini et al. (2012),
observaram que as capitais que obtiveram maiores aumentos de prevalência de
aleitamento materno exclusivo entre crianças com menos de quatro meses de vida,
reduziram cerca de duas vezes mais seus percentuais de taxas de internação hospitalar
por diarreia do que as capitais com menores índices de prevalência de aleitamento
61
materno exclusivo. Por fim, Araújo et al. (2007), contemplam a abordagem do
aleitamento materno explicitando que o mesmo é “uma ação de promoção da saúde
holística, pois além de favorecer um desenvolvimento biológico precoce, é capaz de
iniciar um vínculo interativo entre mãe e filho, ao estabelecer ação de cuidado,
aceitação, proteção e afeto” (p.79).
A análise bivariada referente ao bloco 3 explicita os fatores relacionados a
contato e demonstra que os fatores de risco para diarreia são aumentados quando da
presença de outro caso de diarreia na residência e o contato com caso diarreico
extradomiciliar. Ao que se refere, a análise multivariada, a mesma, evidencia a
permanência das variáveis supracitadas, como destaques nos riscos aumentados ao
adoecimento por diarreia. Enquanto que, a variável hospitalização nos últimos 30 dias
perde sua significância estatística, sendo, por isso, retirada do modelo final.
Os resultados oriundos desta análise multivariada deixa evidente a importância
do contato pessoa a pessoa na gênese da doença diarreica aguda e demonstram que este
aspecto é permeado por outros fatores de cunho socioeconômico. Ferrer (2007)
observou que 29% dos casos de diarreia tinham como fator relacionados o contato
pessoa-a-pessoa, se expressando como causa da transmissão, assim, um terço de todos
os casos de diarreia na população resultou das exposições no contato pessoa a pessoa.
Para Ethelberg et al. (2006), este padrão encontra-se relacionado à contaminação do
meio ambiente e caracteriza, aos moldes de países em desenvolvimento, o perfil das
relações causais na ocorrência de diarreia. Nesse contexto, Barros & Lunet (2003),
demonstraram que crianças que frequentam creches tem maior risco de diarreia,
especialmente as que estão abaixo de 3 anos da idade. Tal achado enfatiza a importância
do contato direto entre as crianças para a transmissão de agentes patogênicos, sobretudo
aqueles causadores da diarreia.
O modelo final oriundo da análise hierárquica multivariada, realizada neste
estudo, expõe as variáveis de todos os níveis/blocos que permaneceram estatisticamente
associadas à doença diarreia, após as relações descritas na sequência previamente
citada. Assim, as variáveis que estão fortemente associadas com a ocorrência da
diarreica aguda em crianças menores de cinco anos de idade em Rio Branco/Acre, são
as seguintes: outro caso de diarreia na residência; consumo de alimento suspeito;
frequência da coleta de lixo e viagem nos últimos 30 dias; as demais variáveis deixaram
de ser significantes para o desfecho. Deve-se evidenciar que esta última variável só
representou risco significativo quando realizada a análise multivariada no modelo final.
62
É importante considerar que, como esta pesquisa envolve um grande número de
variáveis explanatórias, a possibilidade de confundimento ou multicolinearidade poderá
estar sempre presente. Por fim, a pesquisa foi capaz de mostrar a existência de
diferenças importantes no risca relacionada ao adoecimento por diarreia aguda em
menores de cinco anos, mostrando que as crianças, em sua maioria, eram oriundas de
famílias com condições socioeconômicas precárias. A identificação dos fatores de risco
para a doença diarreica aguda nos possibilita uma abordagem consolidada do problema
com o intuito de evitar a sua ocorrência e prevenir efeitos sistêmicos mais complexos
(Batty et al., 2007; Checkley et al., 2008; Ashraf et al., 2013).
Por fim, é necessário destacar que os resultados evidenciados na presente
pesquisa, com o envolvimento de todas as variáveis de todos os níveis do modelo
conceitual adotado, direcionam para a importância da realização de múltiplas ações que
tenham como o intuito principal a redução da ocorrência de diarreia. Tais ações devem
ser elaboradas considerando-se os fatores socioeconômicos, ambientais, sanitários,
dando ênfase aos fatores relacionados ao contato pessoa a pessoa, que intimamente
relacionado com as práticas de higiene inadequadas, favorecendo a transmissão de
agentes bacterianos. Assim, entende-se que a diarreia é uma patologia multifatorial, e
não meramente biológica, pois resulta de aspectos culturais, habitacionais, nutricionais,
familiares e do próprio indivíduo, necessitando dessa maneira, de abordagem
multicausal direcionada ao contexto estudado.
63
5. CONCLUSÕES
• A doença diarréica aguda na cidade de Rio Branco esta diretamente relacionada
com a infecção por enteropatógenos;
• A faixa etária de 0 < 1 ano de idade é a mais acometida pela infecção por
bactérias enteropatogênicas;
• As E. coli diarreiogênicas foram os agentes bacterianos mais relevantes nos
casos de diarreia aguda na região;
• As crianças mais jovens foram as que apresentaram a maior freqüência de sintomatologias associadas;
• A distribuição temporal das amostras positivas para E. coli diarreiogênica teve
maior ocorrência durante os meses de novembro e dezembro correspondentes ao
período chuvoso;
• A associação entre a idade materna e a ocorrência de diarreia nos grupos clínicos
foi estatisticamente significativa;
• A associação entre a renda familiar e o grupo clínico das crianças estudadas é
estatística significativa, revelando que quanto menor a renda familiar, maior é o risco de
o infante apresentar diarreia;
• Em relação às variáveis do nível socioeconômico a faixa etária materna é a que
possui maior significância quanto ao risco de adoecimento por diarreia, enquanto a
escolaridade materna foi observada como fator de proteção;
• Ao que se refere às condições de moradia e habitação observou-se maior risco ao
adoecimento por diarreia quando a freqüência da coleta de lixo é irregular;
• As variáveis relacionadas aos hábitos alimentares demonstraram que as
variáveis: consumo de alimento suspeito, refeições extradomiciliares e o tipo de água
64
ofertada a criança são fatores de maior associação à diarreia infantil, enquanto a
amamentação representa fator de proteção à diarreia;
• O maior risco de adoecimento por DDA foi identificado nas crianças com
contato com outro caso de diarreia na residência e contato com caso diarreico
extradomiciliar como os de maior risco para a doença diarréica;
• O resultado final da análise hierárquica multivariada destaca significância
estatística das associações à diarreia para: outro caso de diarreia na residência; consumo
de alimento suspeito; frequência da coleta de lixo e viagem nos últimos 30 dias.
• O presente estudo mostra a importância das E. coli diarreiogênicas nos casos de
diarréia aguda na cidade de Rio Branco, bem como a associação entre as condições
socioeconômicas, de moradia e habitação, hábitos alimentares e contato aos risco do
adoecimento por diarreia aguda, fornecendo subsídios às medidas de prevenção e
controle da doença.
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78
ANEXO 1
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título do Projeto: Avaliação epidemiológica, clínica e molecular dos casos
de diarreia aguda em crianças atendidas no Hospital da Criança e na Unidade de
Pronto Atendimento do I e II Distritos, Rio Branco, Acre.
O seu filho, ou menor sob sua responsabilidade, está sendo convidado a
participar de uma pesquisa. Por favor, leia as informações cuidadosamente e discuta
com quem desejar. Pergunte-nos se houver algo que não esteja claro ou caso queira
mais informações.
1. Qual é o objetivo do estudo?
É conhecer os micróbios (vírus, bactérias e parasitas) que estão nas fezes de
crianças com diarreia e sem diarreia e contribuir com a Secretaria de Saúde de Rio
Branco para diagnosticar, tratar e informar a população.
2. O que esses micróbios podem fazem?
Alguns micróbios podem dar diarreia, dor de barriga, febre, enjôo, vômito e dor
na cabeça e no corpo. A criança pode deixar de se alimentar e ficar desnutrida.
3. Meu filho (ou menor sob minha responsabilidade) não está doente. Por
que ele foi escolhido?
Porque crianças que não estão doentes também podem ter na barriga alguns
micróbios e não sentir nada.
4. Meu filho (ou menor sob minha responsabilidade) tem que participar da
pesquisa?
Não. Você autoriza a participação do seu filho se quiser e sempre estará livre
para retirar essa participação a qualquer tempo, sem a necessidade de apresentar
explicações. A sua decisão de não deixar seu filho participar em qualquer tempo não
afetará os cuidados médicos do seu filho.
5. O que acontecerá se eu concordar que meu filho (ou menor sob minha
responsabilidade) participe desta pesquisa?
Você deverá assinar este termo de consentimento para que a criança possa
participar. Após assinar, nós vamos entregar um frasco onde você deverá colocar uma
79
pequena quantidade de fezes. Você irá nos devolver o frasco para que possamos realizar
os exames. Será também necessário que você nos dê algumas informações como: nome,
idade, se está com diarreia ou cólica, se fez algum tratamento, etc.
6. Quais são as possíveis desvantagens e riscos para quem participar?
Não há desvantagens em se participar do estudo. Você terá apenas o
desconforto de colocar as fezes no potinho. A criança deve fazer “cocô” sobre um
jornal e depois você deve colocar o material dentro do potinho.
7. Quais são os possíveis benefícios para quem participar?
O exame de fezes serve para saber se a criança tem algum micróbio na barriga
que causa diarreia e depois, se necessário, fazer o tratamento correto. O responsável
pela criança também receberá informações de como as pessoas se contaminam com
esses micróbios e como fazer para evitar. Você não irá pagar pelos exames realizados
e pela consulta médica.
8. A participação do menor sob minha responsabilidade nesse estudo será
confidencial? Sim. Todas as informações sobre a criança serão usadas apenas para
análise dos resultados pelos pesquisadores do projeto. O nome da criança e de seu
responsável bem como todas as informações que você nos der não serão revelados fora
das instituições de pesquisa.
9. O que acontecerá após a entrega das fezes?
Será realizado o exame de fezes e o resultado será entregue a você. O Hospital
da Criança do Acre ou a Unidade de Pronto Atendimento à Saúde onde a criança foi
atendida vai realizar o tratamento do menor.
O que restou das fezes, bem como os isolados de microorganismos e amostras
de DNA obtidas a partir das fezes e culturas serão armazenadas no Instituto Evandro
Chagas e farão parte do patrimônio genético da Instituição. Os mesmos poderão ser
utilizados em estudos futuro a serem desenvolvidos no Instituto Evandro Chagas.
10. Quem está coordenando e pagando pela pesquisa? O Instituto Evandro
Chagas coordena e faz os exames de laboratório. O Hospital da Criança do Estado do
Acre e a Unidade de Pronto Atendimento à Saúde irão fazer o tratamento das pessoas
doentes.
80
12. Como conseguir mais informações?
Procure a equipe de trabalhadores do Instituto Evandro Chagas ou os
profissionais da saúde local no Hospital da Criança do Estado do Acre e na Unidade
de Pronto Atendimento à Saúde. Você poderá falar com os coordenadores da pesquisa
no IEC/Pará: Dr. Edvaldo Loureiro (0-XX-91-3214-2114), Dra Mônica Silva (0-XX-
91-3214-2056), Dra. Izabel Rodrigues (0-XX-91-3214-2103), Dra. Yvone Gabbay (0-
XX-91-3214-2085) e Dra. Joana Mascarenhas (0-XX-91-3214-2016), ou com a
coordenadora da Pesquisa no Acre, a Dra. Rita Uchoa (0-XX-68-3223-8353).
Leia também o que está escrito abaixo, marque com um X no quadrado ao lado
do texto que você está de acordo e, em seguida, assine no local indicado ou dê a sua
impressão digital.
Nome:________________________________________Gênero ( ) M ( ) F.
Idade_____
Endereço:___________________________________________Bairro_____________
Registro do domicílio____________ No do RG do
adulto/responsável_____________
Para autorizar a PARTICIPAÇÃO DA CRIANÇA SOB SUA
RESPONSABILIDADE marque com um “X” se concordar com os termos:
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que
foram lidas para mim sobre o estudo no termo de consentimento livre e esclarecido e
tive a oportunidade de fazer perguntas. Por isso concordo que o menor, cujo nome está
descrito acima, participe da pesquisa.
Local:.............................................................., ................de.............................de..............
______________________________________ _____________________________________
Assinatura do Responsável Assinatura da pessoa que obteve o
ou consentimento
Impressão digital
RODOVIA BR 316 - KM 07, SNº - BAIRRO LEVILÂNDIA . CEP: 67.030-000. ANANINDEUA-PA.
FONE: (91) 3214-2000. http://www.iec.pa.gov.br
81
ANEXO 2
FICHA CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICA
Título do Projeto: Avaliação epidemiológica, clínica e molecular dos casos
de diarreia aguda em crianças atendidas no Hospital da Criança e na Unidade de
Pronto Atendimento do II Distrito, Rio Branco, Acre.
Registro nº __________________ Data do
atendimento:_____/______/_______
Categoria do Atendimento: ( ) Demanda direcionada ( ) Busca ativa
Classificação (Preenchimento posterior): ( ) Grupo diarréico ( ) Grupo controle
DADOS PESSOAIS E OCUPACIONAIS
Nome:_______________________________________________________________________________
_____
Idade: _________ Data de Nascimento: _____/_____/_____ Gênero: ( ) Masculino ( )
Feminino
Filiação:
Pai:_______________________________________________________________________________
Mãe:______________________________________________________________________________
Cidade de nascimento: _______________________________________________ UF:________
Renda familiar mensal: R$_________________________
DADOS DE MORADIA E DE CONDIÇÕES DE HABITAÇÃO
Endereço atual: ___________________________________________________________________
nº_______
Bairro :____________________________________ Cidade:_____________________________
UF:________
Zona: ( ) Urbana ( ) Rural Tempo de moradia atual_________ (anos) Nº de co-
habitantes:________
Tipo de edificação: ( ) Alvenaria ( ) Madeira ( ) Enchimento ( ) Mista ( )
Outros:_______________
Tipo de terreno: ( ) Firme (Seco) ( ) Alagado
Forma de abastecimento de água no domicílio: ( ) Rede Pública ( ) Poço escavado/aberto
( ) Poço artesiano ( ) Rio/igarapé/lago ( ) Outros: _________________________
Origem da água de consumo: ( ) Rede Pública ( ) Poço ( ) Rio/Igarapé ( ) Mineral
Tratamento da água de consumo: ( ) Sim ( ) Não Qual?
___________________________________
Destino dos dejetos: ( ) Rede geral de esgoto ( ) Fossa séptica ( ) Fossa rudimentar ( )
Rio/igarapé
82
( ) Outros:_____________________________
Destino do lixo: ( ) Coleta pública ( ) Queimado ( ) Enterrado ( ) Céu Aberto ( ) Outros:
__________
HÁBITOS ALIMENTARES
Faz refeições fora de casa? ( ) Sim ( ) Não Freqüência (vezes): ________ Semanal ________
Mensal
Nos últimos dias comeu algum alimento que possa ter feito mal: ( ) Sim ( ) Não
Qual? ___________________________ Onde?
________________________________________________
Aleitamento materno: ( ) Sim - Por quanto tempo___________( ) Não
Quando costuma lavar as mãos:
Antes de preparar os alimentos: ( ) Sim ( )Não. Depois de usar o banheiro: ( ) Sim ( ) Não
Depois de trocar as fraldas do bebê: ( ) Sim ( ) Não
Tempo de preparo dos alimentos ofertados a criança:
Prepara os alimentos com mais de 2 horas de antecedência: ( ) Sim ( )Não
Oferece alimentação preparada de véspera(+ de 24h) ( ) Sim ( )Não
Oferece sobra (refeição anterior) de alimentos para a criança ( ) Sim ( ) Não
Uso de mamadeira:
Alimenta o bebê com mamadeira: ( ) Sim ( ) Não
Como lava a mamadeira: ( ) Com água e sabão ( ) Com água, sabão e escova apropriada
( ) Com água, sabão, escova apropriada e fervura. Tempo
fervura______________
Outro produto esterilizante:_______________________
Tempo:_________________
HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL
Ausentou-se da cidade que mora nos últimos 30 dias? ( ) Sim ( ) Não
Em caso afirmativo. Qual a cidade ou
município?____________________________________UF:_________
Há outro caso na casa? ( ) Sim ( ) Não Quantos?
_______________________________________
Esteve hospitalizado? ( ) Sim ( ) Não Quantas vezes? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3
Fez uso de antibióticos/antiparasitário? ( ) Sim ( ) Não Há quanto tempo?
_____________________
Se afirmativo. Qual? ( ) Cloranfenicol ( ) Ampicilina ( ) Ciprofloxacina ( ) Amicacina
( ) Benzetacil ( ) Vancomicina ( ) Sulfametoxazol com trimetoprima
( ) Metronidazol ( ) Mebendazol ( ) Outros: __________________________
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Tomou vacina contra rotavírus? ( ) Não ( ) Sim 1 dose ( ) Sim 2 doses ( ) Sim 3 doses
Procedência:____________________
SINTOMATOLOGIA
Está com febre: ( ) Não ( ) Sim Início:_____/_____/_____ duração : ____ dias
Está com vômitos: ( ) Não ( ) Sim Início:_____/_____/_____ duração : ____ dias
Teve febre? ( ) Não ( ) Sim Início:_____/_____/_____ Término: ____/____/____ duração:
____ dias
Esta com diarreia? ( ) Não ( ) Sim Início: _____/_____/_____ duração: _________ dias
Teve Diarreia? ( ) Não ( ) Sim Início:_____/_____/____ Término:____/____/____ duração:
____ dias
Número de evacuações/dia (24 horas): ________________
Outros Sintomas: (Marque com X os sintomas presentes)
( ) Tosse seca ( ) Tosse Produtiva
( ) Cefaléia ( ) Calafrios ( ) Náuseas ( ) Dor abdominal
( ) Constipação ( ) Icterícia ( ) Mialgia ( ) Artralgia ( ) Prostração
( ) Anorexia ( ) Oligúria ( ) Dor retro-orbitária
( ) Exantema ( ) Petéquias ( ) Desidratação
( ) Distensão abdominal ( ) Coriza ( ) Sangue nas fezes
( ) Hepatomegalia ( ) Esplenomegalia ( ) Déficit sensitivo/motor
( ) Dissociação pulso/temperatura ( ) Conjuntivite
ESTADO NUTRICIONAL
Peso:_______________ Altura:___________
( ) Eutróficas (P/A e A/I normais) ( ) Desnutrido agudo (P/A ≤ -2 A/I
normal)
( ) Desnutrido pregresso (P/A normal e A/I ≤ -2) ( ) Obesas (P/A ≥ 2)
RESULTADO DA AVALIAÇÃO DAS FEZES
Vírus
( ) Rotavírus ( ) Astrovírus ( ) Adenovírus
( ) Norovírus ( ) Calicivírus ( ) Sapovírus
Bactérias
( ) Vibrio ( ) Aeromonas ( ) Plesiomonas
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( ) Campylobacter ( ) EPEC ( ) ETEC
( ) EIEC ( ) STEC ( ) EAEC
( ) Salmonella ( ) Shigella
Protozoários e Helimntos
( ) Crysptosporidium sp ( ) Giardia lamblia ( ) Entamoeba histolytica
( ) A. lumbricoides ( ) T. trichiura ( ) E. vermicularis
( ) S. stercoralis ( ) Ancilostomídeo ( ) Taenia sp
Outros patógenos
observados:_________________________________________________________________