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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA Uso da RMN no Estudo da Despolimerização de Poliuretano Rígido Using NMR to Study the Depolymerization of Rigid Polyurethane Juliana Proliciano Maioli Dissertação de Mestrado em Química Vitória 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA

Uso da RMN no Estudo da Despolimerização de Poliuretano Rígido

Using NMR to Study the Depolymerization of Rigid Polyurethane

Juliana Proliciano Maioli

Dissertação de Mestrado em Química

Vitória 2019

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Juliana Proliciano Maioli

Uso da RMN no Estudo da Despolimerização de Poliuretano Rígido

Dissertação apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em

Química do Centro de Ciências

Exatas da Universidade Federal do

Espírito Santo como requisito parcial

para obtenção do título de Mestre

em Química, na área de Físico-

Química de Soluções e Polímeros.

Orientador: Prof. Dr. Álvaro Cunha

Neto

Co-orientador: Prof. Dr. Eloi Alves da

Silva Filho

VITÓRIA 2019

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Ficha catalográfica disponibilizada pelo Sistema Integrado deBibliotecas - SIBI/UFES e elaborada pelo autor

M217uMaioli, Juliana Proliciano, 1993-MaiUso da RMN no estudo da despolimerização de poliuretanorígido / Juliana Proliciano Maioli. - 2019.Mai71 f. : il.

MaiOrientador: Álvaro Cunha Neto.MaiCoorientador: Eloi Alves da Silva Filho.MaiDissertação (Mestrado em Química) - Universidade Federal doEspírito Santo, Centro de Ciências Exatas.

Mai1. Poliuretano. 2. Glicólise. 3. Glicerol. 4. Ressonância magnética nuclear. 5. Espectroscopia ordenada por difusão. I.Cunha Neto, Álvaro. II. Silva Filho, Eloi Alves da. III.Universidade Federal do Espírito Santo. Centro de CiênciasExatas. IV. Título.

CDU: 54

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À minha família, meu noivo e amigos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter permitido chegar até aqui, por me guiar e me

fortalecer nos momentos difíceis, e por mais esta conquista.

Agradeço meus pais por ser sustento em minha caminhada, aos meus irmãos

pelo apoio.

Ao meu noivo pelo carinho e conselhos.

Aos amigos do laboratório de orgânica 2 e físico-química, por promoverem

momentos de alegrias, risadas, pela força e conselhos, e por toda ajuda que

me deram.

Ao professor Dr. Álvaro Cunha Neto pela excelente orientação.

Ao professor Dr. Eloi Alves da Silva Filho pela excelente coorientação.

Aos que compuseram banca Dr. Marcos Benedito Jose Geraldo de Freitas e

Dr. Luiz Carlos Pimentel Almeida pelos conselhos e contribuição no trabalho.

Agradeço ao professor Dr. Valdemar Lacerda Junior pelas amostras de

catalisadores de nióbio cedidas.

Agradeço ao Vinícius por ter cedido suas amostras dos líquidos iônicos.

Ao João Vitor pelas contribuições no trabalho.

Ao Natã pelos materiais de estudos cedidos.

Ao professor Reginaldo Bezerra dos Santos pela colaboração.

Ao Laboratório de Caracterização e Laboratório de RMN pelas análises

realizadas.

A CAPES, LabPetro/NCQP e ao PPGQUI pelo fomento, atividades

administrativas e espaço ao qual foram inteiramente relevantes para a

realização desse trabalho.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Esquema de reação feita por Otto Bayer et al. ............................... 16

Figura 2 - Grupo funcional uretano. ................................................................. 16

Figura 3 – Esquema de reação de síntese do PU em A, e estrutura de

ressonância do grupo isocianato em B. ........................................................... 17

Figura 4 - Estrutura de ressonância do grupo isocianato quando há um anel

aromático.......................................................................................................... 18

Figura 5 – Principais isocianatos mais utilizados na indústria. ........................ 18

Figura 6 - Esquema de reação de formação de gás carbônico. ...................... 19

Figura 7 - Consumo de PU em 2016 por setor comercial. ............................... 21

Figura 8 - Esquema de reação de glicólise usando glicerol com agente

glicolisante........................................................................................................ 25

Figura 9 - Spins antes (A) e depois (B) da aplicação do campo magnético B0.

......................................................................................................................... 29

Figura 10 – Estados de spin após a aplicação de um campo magnético. ....... 29

Figura 11 - Movimento de precessão dos núcleos e formação do vetor

resultante.......................................................................................................... 30

Figura 12 - Absorção de energia do núcleo. .................................................... 31

Figura 13 - Perda da magnetização no plano x-y. ........................................... 32

Figura 14 – Sinal FID e espectro obtido a partir da transformada de Fourier. . 33

Figura 15 - Comportamento do vetor de magnetização durante a medida de T1.

......................................................................................................................... 34

Figura 16 - Sequência de ecos de spin com gradiente de campo magnético

(PFGSE). .......................................................................................................... 36

Figura 17 - Espectros de 1H 1D mostrando o decaimento das intensidades dos

sinais com o aumento da intensidade do pulso de gradiente em (a) e o espectro

DOSY ilustrativo de uma mistura de compostos em (b). .................................. 37

Figura 18 - Esquema representativo do PU sintetizado. ................................. 40

Figura 19 - Hidrogênio utilizado na integração. ............................................... 42

Figura 20 - Espectro de infravermelho do PU sintetizado. .............................. 43

Figura 21 - Espectro de RMN de 1H do PU sintetizado, em DMSO-d6. ........... 44

Figura 22 - Espectro DOSY-RMN do PU sintetizado, em DMSO-d6. ............... 45

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Figura 23 - Espectro de RMN de H1 do produto de reação que utilizou CTAB

como catalisador. ............................................................................................. 46

Figura 24 - Proposta de mecanismo de glicólise, utilizando glicerol como

solvente e NaOH como catalisador. ................................................................. 46

Figura 25 - Gráficos das taxas de conversão do PU em produto para cada

catalisador em (a) GCL e (b) DEG. .................................................................. 50

Figura 26 - Espectro de RMN de 1H da amostra GCL-NaOH 1, em DMSO-d6.51

Figura 27 - Estrutura química do MDA e Carbamato. ...................................... 51

Figura 28 – Espectro DOSY-RMN da amostra GCL-NaOH 1, em DMSO-d6. .. 52

Figura 29 - Espectro de RMN de 1H da amostra GCL-Nb2O5 4, em DMSO-d6.

......................................................................................................................... 53

Figura 30 - Espectro DOSY-RMN da amostra GCL-Nb2O5 4, em DMSO-d6. .. 53

Figura 31 - Exemplificação de subproduto com terminação de amina. ........... 54

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Integrais dos sinais do hidrogênio do anel aromático e taxa de

conversão do PU em produto para cada amostra em GCL. ............................. 47

Tabela 2 - Integrais dos sinais do hidrogênio do anel aromático e taxa de

conversão do PU em produto para cada amostra em DEG. ............................ 48

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BD - 1,4-Butanodiol

CFCs – Clorofluorcarbonetos

CTAB – Brometo de hexadeciltrimetilamio (Cetyltrimethylammonium bromide)

CASES - Revestimentos, Adesivos, Selantes e Elastômeros (Coatings,

adhesives, sealants, elastomers)

DEG – Dietilenoglicol

DETA – Dietilenotriamina

DEA - Dietanolamina

DPG - Dipropileno glicol

DOSY – Espectroscopia Ordenada por Difusão (Diffusion Ordered

Spectroscopy)

DMF – Dimetilformamida

DMSO-d6 - Dimetilsulfóxidodeuterado

EG - Etileno glicol

FID – Decaimento livre de indução (free induction decay)

GCL – Glicerol

GPC – Cromatografia de permeação em gel (gel permeation chromatography)

IPDI – Isoforonadiisocianato

IV – Infravermelho

KAc - Acetato de potássio

LIMn - Tricloromanganato de 1-butil-3-metilimidazol

LIZn - Triclorozincato de 1-butil-3-metilimidazol

Mw – Peso médio do peso molecular

MDA - 4,4-metilenodianilina

MDC - 4,4-metileno difenilcarbamato

MDI – Difenilmetanodiisocianato

Nb2O5H - Óxido de Nióbio hidratado

PET - Poli(tereftalato de etileno)

PVC - Poli(cloreto de vinila)

PU – Poliuretano

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PEP – Polióis poliésteres

PETP – Polióis poliéteres

PFGSE - Ecos de spin com gradientes de campo pulsado

RF – Radiofrequência

RMN – Ressonância Magnética Nuclear

Scat – sem catalisador

TDI – Toluenodiisocianato

TF – Transformada de Fourier

UV – Ultravioleta

.

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LISTA DE SÍMBOLOS

Kcal mol-1 – Kilocaloria por mol

g mol-1 – Grama por mol

°C – Graus

MPa – Mega Pascal

μ – Momento magnético

L - Momento angular de spin nuclear

γ - Constante magnetogírica

l - Número quântico de spin nuclear

B0 - Campo magnético externo

M0 – Vetor de magnetização

T1 – Relaxação longitudinal

T2 – Relaxação transversal

τ – tempo entre um pulso de RF e outro

J – Fluxo de uma quantidade de matéria por unidade de tempo por unidade de

área

mmol – milimol

T - Tesla

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RESUMO

Os poliuretanos (PUs) vem sendo utilizados cada vez mais em diversos setores do comércio. Com isso, grande quantidade de resíduos são gerados e precisam ser descartados de forma correta. As pesquisas neste campo vêm auxiliando indústrias a aplicarem processos de reciclagem que sejam baratos e com bons rendimentos. Neste trabalho, realizou-se a glicólise de um PU rígido empregando-se diferentes catalisadores. Os catalisadores utilizados foram: um tensoativo (CTAB), o NaOH, dois líquidos iônicos (tricloromanganato de 1-butil-3-metilimidazol e triclorozincato de 1-butil-3-metilimidazol), e quatro sais de Nióbios (óxido de nióbio, óxido de nióbio hidratado, cloreto de nióbio e oxalato amoniacal de nióbio). A técnica de RMN de 1H foi utilizada para a determinação da taxa de despolimerização do PU. Também foi utilizada a técnica RMN de 1H ordenada pela difusão (DOSY), que auxiliou na identificação da composição da mistura do produto. Na glicólise, foram testados glicerol (GCL) e dietileno glicol (DEG) como agente de glicólise. O PU foi sintetizado com a finalidade de se apresentar livre de aditivos no processo de despolimerização. A caracterização do PU foi feita por espectroscopia de infravermelho (FTIR) e de RMN de 1H. A taxa de conversão proporcionou sabermos qual catalisador tem melhor atividade catalítica. O NaOH como catalisador apresentou taxa de conversão de 100 % em 30 min de reação, como já é conhecido na literatura, e os espectros DOSY proporcionou observar produtos que não foram perceptíveis apenas pelo espectro de RMN de 1H. Os Líquidos Iônicos utilizados como catalisadores, apresentaram conversão de quase 80 % em 1h de reação, que podem ser melhorados modificando condições de reações. Os sais de Nióbio tiveram comportamento não catalítico, pois apresentaram taxa de conversão menor que a reação não catalisada. A RMN-DOSY indicou uma mistura complexa de subprodutos da reação, diferentemente do que os dados de RMN de 1H indicaram como sendo a formação de um subproduto simples com terminação de diamina. Palavras-chave: PU. Glicólise. Glicerol. RMN. DOSY.

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ABSTRACT

Polyurethanes (PUs) have been widely used in several trade sections. Thereby, large amounts of waste are produced and need to be correctly disposed off. Research on this theme has been helping industries to apply recycling processes that are cheap and efficient. In this work, the glycolysis of a rigid PU was performed using different catalysts. The catalysts used was: a tensoactive (CTAB), the NaOH, two ionics liquids (1-butyl-3-methylimidazole trichloromanganate and 1-butyl-3-methylimidazole trichlorozincate), and four Niobium salts (niobium pentoxide, niobium oxidehydrated, niobium pentachloride and niobium ammoniacal oxalate). 1H NMR technique was used to obtain the rate of PU depolymerization. Also was used the technique diffusion ordered spectroscopy 1H NMR (DOSY-NMR) that assisted in the identification composition of the mixture of products. In the glycolysis, glycerol (GCL) and diethylene glycol (DEG) were tested as glycolysis agents. The PU was synthesized to be free of additives in the depolymerization process, and its characterization was performed using infrared spectroscopy (FTIR) and 1H NMR spectroscopy analyses. The conversion rate provides information about which catalyst has the better catalytic activity. The use of NaOH as a catalyst presented conversion rate of 100 % in 30 min of reaction, as is already known in the literature, and the DOSY-NMR spectrum provided information about products that didn’t perceptible only by 1H NMR spectrum. Ionic liquids (LIs) as catalysts, presented conversion near of 80 % in 1h of reaction, which can be improved by modifying the reaction conditions. To determine the composition of the mixture of products in the depolymerization reaction, diffusion ordered spectroscopy 1H NMR (DOSY-NMR) was used. The Niobium salts had non-catalytic behavior, because they showed conversion rate lower than uncatalyzed reaction. DOSY-NMR indicated a complex mixture of reaction by-products, differently from the 1H NMR data, which indicated the formation of a simple diamine-terminated by-product. Keyword: PU. Glycolysis. Glycerol. NMR. DOSY.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 15

1.1 Histórico sobre o PU ........................................................................... 15

1.2 Poliuretano .......................................................................................... 16

1.2.1 Classificação dos PUs .................................................................. 19

1.3 Reciclagem ......................................................................................... 21

1.4 Ressonância magnética nuclear (RMN) .............................................. 28

1.5 Difusão molecular................................................................................ 34

1.5.1 Espectroscopia Ordenada por Difusão ......................................... 35

2. OBJETIVOS ................................................................................................. 39

2.1 Objetivos Gerais ..................................................................................... 39

2.2 Objetivos Específicos.............................................................................. 39

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ............................................................ 40

3.1 Síntese do PU ......................................................................................... 40

3.2 Reações de despolimerização ................................................................ 40

3.3 Caracterização ........................................................................................ 41

3.3.1 Análise por Infravermelho ................................................................. 41

3.3.2 Análise por RMN .............................................................................. 41

3.3.3 Espectroscopia de RMN ordenada por difusão (DOSY-RMN) ......... 41

3.4 Cálculo da Taxa de conversão ................................................................ 42

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 43

4.1 PU sintetizado ......................................................................................... 43

4.2 Taxa de conversão .................................................................................. 45

4.3 DOSY-RMN ............................................................................................. 50

5. CONCLUSÃO ............................................................................................... 55

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 56

ANEXO A.......................................................................................................... 65

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ANEXO B ......................................................................................................... 66

ANEXO C ......................................................................................................... 69

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15

1. INTRODUÇÃO

1.1 Histórico sobre o PU

Polímeros são macromoléculas formadas por unidades de repetição, os

monômeros, que estão ligados por ligações covalentes. São caracterizados

pelo seu tamanho, sua estrutura química e interações intra e intermoleculares,

e são utilizados desde a antiguidade (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). Possuem

ampla utilização nos dias atuais devido a sua versatilidade, atoxidade, vida útil,

leveza, transparência, por serem moldáveis e encontrados de diversas formas

(LOPES, 2010). Os polímeros podem ser naturais como as fibras de algodão, a

celulose, a seda e as proteínas, ou sintéticos como o poli(tereftalato de etileno)

(PET), o poli(cloreto de vinila) (PVC), o poliuretano (PU), que será descrito

neste trabalho, entre outros, que são produzidos através de uma reação

química.

A primeira síntese de poliuretanos (PUs) foi feita em 1937 na Alemanha

por Otto Bayer e seus colaboradores. Foi utilizado diisocianatos alifáticos e

uma diamina (Figura 1). Nas próximas sínteses utilizaram-se polióis poliésteres

e diisocianatos aromáticos, e em seguida veio o uso de polióis poliéteres por

ter menor custo e ser de mais fácil manuseio. Durante a Segunda Guerra

Mundial houve um atraso nas pesquisas e comercialização dos poliuretanos,

entretanto os PUs foram usados como substituintes da borracha (SERVES,

2007; AKINDOYO et al., 2016). A partir da comercialização de poliisocianatos,

foi possível produzir PU em maior escala, no ano de 1952. Ainda na década de

50 eram utilizados poliuretanos como revestimentos, adesivos e espumas

rígidas. Na década de 60 houve a utilização dos Clorofluorcarbonetos (CFCs)

como agente de expansão das espumas, o que proporcionou um aumento na

sua utilização como isolantes térmicos. Somente a partir da década de 80 que

se iniciou o estudo sobre estrutura molecular e propriedades macroscópicas

dos PUs. A partir da década de 90, a preocupação com o meio ambiente fez

aumentar as pesquisas na área, e por isso retirou-se os CFCs da matéria prima

de síntese. Com isso houve um interesse em matérias primas biodegradável,

de forma que não desprendessem materiais danosos ao meio ambiente.

(SERVES, 2007; ZAFAR e SHARMIN, 2012)

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16

+OCN R1 NCO NH2 R2 NH2 NH

O

NH

R1 R2

Diisocianato alifático DiaminaPoliuréia

Figura 1 - Esquema de reação feita por Otto Bayer et al.

Nos dias atuais existem poliuretanos de diversas propriedades para

atender diversos setores do mercado, tendo ainda uma grande vantagem de

ser de fácil produção.

1.2 Poliuretano

Os PUs são uma classe de polímeros sintéticos que possuem o grupo

funcional uretano (Figura 2) como a unidade principal da cadeia polimérica,

mas difere de outros polímeros por não possuir esta unidade repetida de forma

regular.

NH

O

O

R R1

Figura 2 - Grupo funcional uretano.

O PU é formado pela reação entre um di ou poliisocianato e um diol ou

poliol, através de uma reação de adição, de modo que um nucleófilo prótico

ataca o carbono do grupo isocianato, e o hidrogênio se liga ao nitrogênio, que é

menos eletronegativo que o oxigênio (Figura 3a) (ZECK, 2004; MOTTA, 2011;

ZAFAR e SHARMIN, 2012). Esta reação é possível devido a reatividade do

grupo –NCO que é explicado pelo efeito de ressonância, mostrado na Figura

3b. (ZECK, 2004; MOTTA, 2011)

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17

+ R1NH

O

O

R2NH

O

O

R1

Isocianato Diol

Poliuretano

OH R2 OH

R N C O+-

R N C O+ -

R N C O

R1 N C O+ -

(A)

(B)

Figura 3 – Esquema de reação de síntese do PU em A, e estrutura de ressonância do grupo

isocianato em B.

Esta reação ocorre de forma lenta à temperatura ambiente, quando na

ausência de catalisador (SIMÓN, 2017). É uma reação exotérmica e a entalpia

é da ordem de 24 Kcal mol-1 para cada uretano consumido (MOTTA, 2011).

Os PUs podem ser obtidos pela combinação de uma variedade de

matérias primas, e, por isso, podem haver grupamentos diferentes na sua

cadeia, tais como, anéis aromáticos, cadeias alifáticas, cadeias cíclicas,

funções ésteres, amidas, uréias, éteres, entre outros, que darão características

e propriedades distintas ao polímero (ZECK, 2004; ZAFAR e SHARMIN, 2012).

A combinação de diferentes reagentes fornece diversas propriedades

mecânicas, físicas e químicas ao PU, dentre elas se destacam: força mecânica,

boa abrasão, resistência química e a corrosão, flexibilidade em baixas

temperaturas (dependendo do tipo) e dureza (ZIA et al., 2007; AKINDOYO et

al., 2016). Outros aditivos e catalisadores que podem ser utilizados na reação

também podem modificar as suas características físicas e químicas (SOARES,

2012).

Isocianatos que possuem grupos aromáticos são mais utilizados por

serem mais reativos que isocianatos alifáticos, devido à deslocalização da

carga negativa no anel (Figura 4) (ZAFAR e SHARMIN, 2012). Os mais

utilizados na indústria são o toluenodiisocianato (TDI) e o

difenilmetanodiisocianato (MDI) (Figura 5), sendo que o MDI vem ocupando

maior espaço por não ser tóxico (ZECK, 2004; CANGEMI et al., 2009).

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18

N C O+

-

N C O+

- N C O+

-

Figura 4 - Estrutura de ressonância do grupo isocianato quando há um anel aromático.

OCN NCO

NCOOCN

CH3

NCOOCN

CH3

Figura 5 – Principais isocianatos mais utilizados na indústria.

Os polióis que se destacam para o uso na síntese de PUs são

poliésteres (PEP) e poliéteres (PETP), que definem a formação de ligações

cruzadas e de ramificações no polímero. O grau de ramificação e massa molar

destes polióis dão características diferentes ao PU (MOTTA, 2011; ZAFAR e

SHARMIN, 2012).Tendo em vista que, nos dias atuais, há um grande foco para

as questões ambientais, pesquisadores vem estudando polióis naturais, os

óleos vegetais, em substituição aos polióis de origem não renovável.

Catalisadores e outros aditivos como, agentes de expansão, extensores

de cadeia, surfactantes e corantes, também podem ser inseridos na reação

para promover melhores condições de reação, modificar e finalizar o produto, e

ajudam a definir algumas das propriedades do polímero. (ZECK, 2004;

CANGEMI et al., 2009; ZAFAR e SHARMIN, 2012)

Muitas sínteses são reportadas na literatura (BENES et al., 2012;

DWORAKOWSKA et al., 2014; SARDON et al.,2015; SAKULSAKNIMITR et al.,

2015; LUONG et al., 2016; LUCIO e FUENTE, 2016), algumas trazendo novos

reagentes que facilitam a polimerização. Neumann et al. (2011), sintetizou

espuma de PU utilizando dois PETP diferentes e um novo isocianato derivado

do 5-hidroximetilfurfural, na presença de nitrogênio como agente de expansão.

Coutelier et al. (2012) testou um carbeno N-heterocíclico como catalisador na

síntese de PU baseado em 1,4-butanodiol e isoforonadiisocianato (IPDI), que

teve uma boa eficiência. Motokucho et al. (2017) sintetizou PU rígido utilizando

4,4-MDI 2,6-TDI 2,4-TDI

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19

1,4-butanodiol e MDI em temperatura de 80 °C. Serves (2007) sintetizou

espumas flexíveis de PU utilizando óleo de mamona etoxilado, como poliol.

Badri et al. (2006) sintetizaram PUs utilizando ésteres de óleo de palma e

isocianato alifático, para ser aplicado como adesivos em madeiras. Outros

trabalhos que utilizaram óleo de palma como matéria prima na síntese de PUs

são encontrados na literatura (BADRI et al., 2000; BADRI et al., 2001; BADRI et

al., 2004).

1.2.1 Classificação dos PUs

Existem diferentes tipos de PUs classificados de acordo com suas

propriedades, dentre eles estão os PUs rígidos, flexíveis, à base de água e

com grupos iônicos (AKINDOYO et al., 2016). Os PUs podem ser divididos

principalmente em espumas e CASEs, sigla em inglês para revestimentos,

adesivos, selantes e elastômeros, sendo que os principais tipos e mais

utilizados são as espumas rígidas, espumas flexíveis e elastômeros (LOPES,

2010; SIMÓN, 2017).

As espumas são obtidas pelo auxílio de um agente de expansão, que

podem ser adicionados na mistura reacional, e deve possuir temperatura de

ebulição um pouco acima da temperatura ambiente. Outro modo mais

empregado é a utilização de gás carbônico, que é liberado pela reação entre a

água e o grupo isocianato, processo secundário que ocorre no decorrer das

reações de poliadição. Ao reagir com o isocianato, primeiro há a formação do

ácido carbâmico, intermediário instável que se decompõe em uma amina e

CO2. Esta reação é mostrada na Figura 6.

N C OR + OH2 R NH

O

OH

Isocianato Água

Ácido carbâmico

R NH2 + C OO

Amina Gás carbônico

Figura 6 - Esquema de reação de formação de gás carbônico.

As espumas flexíveis são produzidas a partir de polióis de alta massa

molecular (1000 – 6000 g mol-1) e com quantidade de hidroxila de 1,8 a 3

(polióis). Ao contrário das espumas rígidas, possuem células abertas

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20

permeáveis ao ar e líquidos, e são reversíveis à deformação. Algumas de suas

aplicações são em estofamento de colchões, travesseiros, almofadas e

assentos automotivos. (ZIA, 2007; SOARES, 2012)

As espumas rígidas possuem uma estrutura reticulada com células

fechadas, que dão características mecânicas e térmicas ao polímero. É

produzido por polióis de baixa massa molecular e funcionalidade de 3 a 12

hidroxilas (SERVES, 2007; LOPES, 2010). Tem principal aplicação como

isolantes em prédios e em refrigeradores e freezers comerciais, na indústria de

transportes e construção civil (ZIA, 2007).

A classe dos CASEs são sintetizadas utilizando polióis de longa ou

media cadeia, possuindo massa molecular entre 1000 a 4000 g mol-1, e

extensores de cadeia de funcionalidade igual a 2 de hidroxila. Possuem

propriedades e funções diferentes e são aplicados principalmente em

estruturas de navio, produtos eletrônicos, calçados esportivos, tintas e pistas

de atletismo. (SIMÓN, 2017)

O poliuretano é o sexto polímero mais usado no mundo com produção

anual chegando a 17.565 milhões de toneladas (BOUJARD et al., 2014;

SIMÓN, 2017). Possui aplicabilidade em quase todo segmento do comércio,

como na medicina, na construção civil, nos móveis residenciais, nos

automóveis, indústria têxtil, embalagens, calçados, etc. Em 2016, o consumo

de PU em móveis residenciais foi o maior destino desse polímero, que chegou

a 5,2 milhões de toneladas, enquanto que na construção civil foi de 2 milhões

de toneladas, como é mostrado na Figura 7. Em eletrodomésticos, o uso do PU

foi de 1,7 milhões de toneladas, e na indústria automotiva foi de 1,5 milhões de

toneladas. Outros segmentos que utilizam o PU somaram 5,6 milhões de

toneladas. Dentro da classificação dos PUs, segundo a

PLASTICSINSIGHT.COM, o mais usado em 2016 foram as espumas flexíveis

(31 %), seguido das espumas rígidas (25 %). (PLASTICSINSIGHT.COM)

O mercado faturou no comércio de PU, no ano de 2016, mais de 56

bilhões de dólares. A previsão é de chegar em 79 bilhões de dólares em 2021.

(PLASTICSINSIGHT.COM)

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21

Figura 7 - Consumo de PU em 2016 por setor comercial.

1.3 Reciclagem

Devido à versatilidade de seus produtos, os poliuretanos assumem uma

posição importante no mercado de polímeros sintéticos. Por terem variadas

aplicações, consequentemente, promovem a geração de grandes quantidades

de resíduos de pós-consumo, e grande quantidade de resíduos no processo de

fabricação do polímero. Se estes resíduos não forem tratados ou descartados

de forma correta, provocam danos ao meio ambiente, como poluição dos rios,

mares e ar, morte de animais marinhos, etc. Quando se trata de meio ambiente

é colocado em foco a sustentabilidade, assim os resíduos devem ser

descartados ou reciclados de maneira sustentável.

Inicialmente, os resíduos eram jogados em aterros sanitários. Porém,

houve uma superlotação nessas áreas, pois estes resíduos são de difícil

compactação e de longo período de vida. Em seguida, novas leis ambientais

determinaram que houvesse outros meios de tratamento para estes resíduos,

com isso entrou em cena a reciclagem. No Brasil, a maior parte dos resíduos

são descartados de forma incorreta no meio ambiente, e a parte que possui

destinação correta ainda são descartados em aterros sanitários. (ROSA e

GUEDES, 2003; FIORIO et al., 2010; WANG et al., 2011; LOPES e BECKER,

2012)

5,2

21,7

1,1

0,4

5,6

0

1

2

3

4

5

6

Mobilia Construção Aparelhos Indústria

automitiva

(espumas

rigidas)

Indústria

automitiva

(espumas

flexíveis)

Outros

Qu

an

tid

ad

e (

mil

es

de

to

n)

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22

A reciclagem desses materiais é o que mais vem sendo testada e

utilizada, por ser uma forma de retirada dos resíduos do ambiente, de modo

que as indústrias podem transformá-los em materiais reutilizáveis para o

comércio ou para a própria empresa. No entanto, só é viável comercialmente

dependendo do seu custo/benefício e de seu desempenho (ROSA e GUEDES,

2003; SIMÓN et al., 2015). O meio cientifico vem pesquisando, ao longo das

décadas, formas de reciclagem baratas e sustentáveis. Os métodos de

reciclagem mais utilizados são: reciclagem mecânica, energética e química.

Na reciclagem mecânica o material residual sofre algum processo

mecânico mantendo suas propriedades originais, e é reutilizado em sua forma

polimérica. Os resíduos são inicialmente moídos, transformando-os em flocos,

grânulos ou pó. Em seguida são submetidos a reprocessamento por

aglomeração, moldagem por compressão ou moldagem por injeção, que

viabilizará o reuso do polímero (LOPES, 2010). A desvantagem deste processo

de reciclagem é de não dar uma destinação final para os resíduos e sim um

novo ciclo de uso. Mais tarde será novamente descartado ou reciclado, sem

saber definir por quantos processos de reciclagem mecânica estes resíduos

podem ser submetidos sem que suas características sejam comprometidas

(MOTTA, 2011). Outra desvantagem é de não ser aplicável a todos os tipos de

PU (SIMÓN et al., 2018). Bolsoni (2008) verificou que sucata de PU e PU não

utilizado podem ser misturados em certas proporções e granulometrias, e

utilizados como isolantes em residências. Carvalho (2008) estudou as

propriedades mecânicas do concreto incorporado com 30% de PU residual.

Verificou que houve diminuição em 55 % na massa e um aumento em 54 % na

condutividade térmica do concreto. Houve diminuição na resistência a

compressão, por isso, não podem ser utilizados para fins estruturais. Rosa e

Guedes (2003) investigaram as propriedades mecânicas de elastômeros de PU

reutilizados em pistas de atletismo e em academias de ginástica, e confirmou

que as propriedades estavam adequadas para o reuso, sendo utilizado na

proporção de 1:20 em massa de PU não utilizado e PU residual,

respectivamente. Quadrini et al. (2012) submeteu os resíduos de PU a

pulverização seguida de moldagem por compressão, para síntese de grandes

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23

discos de borracha com boas propriedades mecânicas, que podem ser

aplicados em pára-choques, suportes, amortecedores ou telhas.

A reciclagem energética consiste na recuperação destes materiais na

forma de energia elétrica ou térmica, por possuírem alto poder calorífico

(ZECK, 2004). Dá-se pela incineração e não é um meio muito interessante de

reciclagem em consequência da produção de gases tóxicos como, o cianeto de

hidrogênio, monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e outros produtos

(BEYLER e HIRSCHLER, 2002; WANG et al., 2011, WANG et al., 2018). Pode

ser bastante favorável quando é feita de forma controlada seguindo os padrões

de emissões de gases, o que requer altas tecnologias. Reduz em

aproximadamente 99% o volume destes resíduos em aterros sanitários. Mas,

não tem provado sustentabilidade e mercado competitivo (ZIA et al., 2007;

LOPES, 2010).

A reciclagem química ocorre através de processos de despolimerização,

onde há a recuperação de pelo menos um dos monômeros. Estes monômeros

podem ser purificados por métodos tradicionais e reutilizado em mistura com a

matéria prima não utilizada, na síntese de novos polímeros com propriedades

iguais ou diferentes em relação ao polímero original, o que faz reduzir o custo

de produção de PUs. Exige que a reciclagem seja feita em condições seguras,

eficientes e favoráveis ao meio ambiente (ZECK, 2004). Hidrólise, alcoólise,

hidroglicólise, aminólise e glicólise são os tipos de reciclagem química que

podem ser aplicados aos resíduos de PU, e se diferenciam apenas no tipo de

solvente e condições de reação (MOTTA, 2011).

Na hidrólise os produtos da despolimerização são poliois e diaminas. É

realizado em temperatura elevadas (180-300°C), e algumas vezes pressões

elevadas (BORDA et al., 2000). Foi o primeiro tipo de reciclagem química

realizada. (MOTTA, 2011; SIMÓN, 2017)

Campbell e Meluch (1976) realizaram a hidrólise do PU a seco com

vapor d’água superaquecido entre 232-316 °C em pressão atmosférica. O poliol

recuperado foi utilizado em 20% na síntese de novo PU. Gerlock et al. (1980)

utilizaram o processo de hidrólise na reciclagem de PU baseado em um PETP,

recuperando um poliol de alta qualidade, uma diamina e liberando gás

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24

carbônico, em uma temperatura de reação entre 190-230 °C. Motokucho et al.

(2017) despolimerizaram o M-PU, baseado em MDI e 1,4-butanodiol, em

temperatura de 190 °C sob pressão elevada de CO2, obtendo 93 % de

conversão em poliol e 4,4-metilenodianilina (MDA). Outros processos de

hidrólise também são descritos na literatura (MATUSZAK et al., 1973; SHI et

al., 2009; WANG et al., 2018).

A aminólise ocorre sob aquecimento (80-190°C), em atmosfera inerte na

presença de catalisadores, através de processos de transesterificação na

ligação uretana, e os produtos gerados são polióis e uréias di-substituídas. (ZIA

et al.,2007; SIMÓN, 2017)

Xue et al. (1995) estudaram o uso de dietilenotriamina (DETA) como

solvente da reação sem presença de catalisador, e observaram ser uma melhor

opção no lugar de trietilenotetramina e tetraetilenopentamina, devido à redução

na viscosidade do produto e uma melhor taxa de conversão. Chuayjuljit et al.

(2002) realizaram a aminólise de resíduo de espuma rígida de PU utilizando

DETA como solvente e NaOH como catalisador, e perceberam que a taxa de

conversão melhorava em relação a uma reação sem catalisador.

Na alcoólise o solvente usado é o metanol, na ausência de oxigênio sob

pressão e temperatura elevada. São recuperados poliois e carbamatos.

(SPINACÉ e DE PAOLI, 2005; MOTTA, 2011). Liu et al. (2013) utilizaram o

metanol em condições sub- e supercríticas (Tc = 239,5 °C, Pc = 8,09 MPa) na

despolimerização de PU. O 4,4-metileno difenilcarbamato (MDC), produto de

maior interesse, obteve maior rendimento na região subcrítica, e na região

supercrítica o MDC se decompôs em outros subprodutos, tais como: aminas,

THF e macrolídeos de 12 e 24 membros.

A hidroglicólise é basicamente uma glicólise com adição de água,

obtendo produtos simples, como: aminas, carbamatos e poliois. O produto

formado é uma mistura de difícil separação. Para ser reutilizado em uma nova

síntese, necessita-se de purificação, se tornando mais caro que produtos da

glicólise. (MOTTA, 2011)

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25

Gerlock et al. (1984) propuseram que a hidroglicólise seria uma boa rota

de reciclagem quando houvesse uma mistura de resíduos ou contaminação no

PU. Nikje e Mohammadi (2009) despolimerizaram uma espuma flexível de PU

usando radiação microondas em proporções diferentes de

sorbitol/glicerina/água. Esta mistura foi utilizada como solvente e NaOH como

catalisador, em temperatura de 180 °C. A espuma foi degrada com sucesso,

em baixas taxas de sorbitol, e o poliol recuperado foi utilizado na síntese de

espumas rígidas obtendo boas propriedades. Nikje e Tavassoli (2012)

estudaram a hidroglicólise usando várias proporções de DEG/sorbitol/água

como solvente e diferentes catalisadores. Observaram que o aumento da

quantidade de sorbitol proporciona um aumento no tempo de reação, devido ao

aumento de viscosidade do meio.

A glicólise ocorre através de sucessivas reações de transesterificação da

ligação uretana. Utilizam-se glicóis de baixa massa molecular como agente de

glicólise, na presença de catalisador e temperaturas elevadas (170-220°C).

Nesta reação recupera-se o poliol da cadeia polimérica, que pode ser aplicado

na síntese de qualquer tipo de PU (WANG et al., 2011; LOPES e BECKER,

2012). Este processo de reciclagem pode gerar produto com separação de fase

ou não, sendo que produto com separação de fase conduz a um poliol mais

puro, facilitando sua reutilização (SIMÓN, 2017). A Figura 8 demonstra um

esquema de reação de glicólise utilizando o glicerol (GCL) como agente

glicolisante.

R1R NH C O

O

+OH

OH

OHR NH C

O

O

OH

OH + OH R1

cat

Figura 8 - Esquema de reação de glicólise usando glicerol com agente glicolisante. (Adaptado

de KOPCZYNSKA e DATTA, 2017)

O tipo de solvente, catalisador e condições de reação podem mudar o

produto fornecido na glicólise. Por isso, diversos estudos em busca de

melhores condições de reação, solventes e catalisadores vêm ganhando

destaque na literatura (FIORIO et al., 2010; WANG et al., 2011; dos SANTOS

et al., 2013; SIMÓN et al., 2013; ZHU et al., 2014; SIMÓN et al., 2015;

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26

KOPCZYNSKA e DATTA, 2017; DATTA et al., 2018). Borda et al. (2000)

investigaram a despolimerização de espuma flexível de PU e elastômeros em

temperatura entre 170-180°C sem catalisador, utilizando etileno glicol (EG),

1,2-propileno glicol, trietileno glicol, poli(etileno glicol) e dietanolamina (DEA)

como solventes de degradação. Foi observado que uma mistura de 1:1 em

massa de EG-DEA obtinha um produto que apresentou duas fases, que seria

mais favorável à reutilização. Wu et al. (2002) estudaram qual seria o melhor

tempo de reação usando variadas proporções de DEG e acetato de potássio

(KAc), como solvente e catalisador, respectivamente, em relação a resíduos

rígidos de PU de refrigeradores. Os autores observaram que 2h de reação é o

suficiente para obter o produto despolimerizado. A proporção entre DEG e PU

pode ser 1:1 ou 2:1 em massa e 0,5% em massa de KAc. Murai et al. (2003)

investigaram o tempo de dissolução de resíduos de espuma rígida de PU em

vários solventes. Perceberam que temperatura, concentração do solvente, tipo

de catalisador e tamanho de partícula do PU influenciam no tempo de

dissolução. Foram utilizadas as melhores condições nas reações de glicólise,

por isso, dipropileno glicol (DPG) numa taxa de 2:1,5 ou 2:1 em massa em

relação ao PU, KOH como catalisador, temperatura se aproximando de 200°C

e PU com granulação pequena foram utilizados na despolimerização. Nikje e

Nikrah (2007) foram os primeiros a testarem o GCL como solvente de

degradação em variados tempos de reação. O GCL é um subproduto da

síntese do biodiesel que não possui aplicabilidade na indústria, então pode ser

adquirido de forma barata e fácil, reduzindo custos da reciclagem de PU.

Obtiveram um produto com separação de fase, onde a superior correspondia

ao poliol e a inferior possuía outros produtos e o solvente. Concluíram que a

glicólise utilizando o GCL produzia polióis de alta qualidade, igualmente quando

se utilizava outros solventes reportados na literatura. Molero et al. (2009) foram

os pioneiros a estudarem o uso do octoato de estanho como catalisador.

Comparando com octoato de potássio e de cálcio, percebeu-se que a

separação de fase do produto produz um poliol mais puro, em menor tempo de

reação. Benes et al. (2012) desenvolveram um processo de reciclagem mais

barata utilizando fontes renováveis como agente de glicólise. Óleo de peixe

(com hidroxila primária) reagiu mais rápido que o óleo de mamona com

hidroxila secundária, resultando em um poliol recuperado com melhor

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27

qualidade para ser reutilizado. Simón et al. (2015) compararam o uso do

glicerol bruto e do glicerol 99% como agente de glicólise, tendo o octoato

estanho como catalisador. Os resultados ainda foram comparados quando se

utiliza o DEG, que é citado como o melhor agente de glicólise. Concluíram que

não há diferença nos produtos e rendimentos quando se utiliza o GCL bruto em

vez do GCL 99%, e que o poliol obtido na glicólise utilizando GCL apresenta

maior pureza que quando se utiliza DEG.

Algumas pesquisas são voltadas para a reutilização do poliol reciclado

na síntese de novos PUs com propriedades adequadas para o reuso. SIMÓN

et al. (2016) utilizaram poliol reciclado de três reações de glicólise onde os

solventes se diferenciaram entre si. Em uma reação utilizou o GCL bruto, em

outra o GCL 99% e em outra o DEG. Obtiveram rendimentos melhores quando

utilizava o GCL bruto. Entretanto, as propriedades do poliol eram

aproximadamente iguais nos três produtos. Os polióis foram empregados como

parte da matéria prima na síntese de espuma rígida e flexível de PU obtendo

bons resultados. Jutrzenka Trzebiatowska et al. (2017) sintetizaram PU

utilizando produto de glicólise como parte do material partida e obtiveram

produto com propriedades tão boas quanto ao PU de referência (sintetizado

sem utilização do poliol recuperado), que pode ser aplicado na estrutura interna

ou externa de carros e em calçados. Calvo-Correas et al. (2017) sintetizou

elastômero de PU usando poliol recuperado, substituindo em no máximo 25%

em massa o poliol virgem, obtendo PU com boas propriedades. SIMÓN et al.

(2017) utilizou poliol recuperado de reciclagem para sintetizar espuma flexível

de PU que obteve propriedades similares e as vezes até melhores que a

espuma sintetizada apenas com poliol comercial, podendo se substituir em até

50% em massa o poliol virgem.

A glicólise é a reciclagem mais utilizada no meio científico e nas

indústrias européias e japonesas, por ter condições de reações mais brandas e

o produto reciclado possuir propriedades reprodutíveis. Sendo assim, foi

escolhido para ser utilizado neste trabalho. (SPINACÈ e DE PAOLI, 2005, ZIA

et al., 2007; WANG et al., 2011)

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28

1.4 Ressonância magnética nuclear (RMN)

A RMN utiliza a radiofrequência para promover estados de energia

quantizados na molécula. Como é uma radiação de baixa energia do espectro

eletromagnético, só é capaz de promover transições de spin nucleares (PAVIA

et al., 2010).

Todo núcleo que possui número atômico impar, massa atômica ímpar ou

ambos, como, ��� , ��

� , ���� , ��

� , ��� , possuem momento angular de spin e um

momento magnético (μ �). Apenas estes núcleos possuem absorção na RMN. O

momento magnético é intrínseco ao núcleo, pois depende do momento angular

de spin nuclear (L �) e da constante magnetogírica (γ), como é descrito na

Equação 1. (PAVIA et al., 2010)

μ �=L �γ Equação 1

Cada núcleo que possui momento angular de spin nuclear possui

estados de spin permitidos que são determinados pelo número quântico de

spin nuclear (l). O número de estados de spin permitidos é definido por 2l+1.

Como exemplo, o núcleo de hidrogênio, que possui l = ½, possui 2 estados de

spin permitidos (+1/2 e -1/2). Quando não estão na presença de um campo

magnético externo não apresentam separação dos estados de spin (PAVIA et

al., 2010), os núcleos da amostra estão inicialmente desordenados. Quando é

aplicado um campo magnético (B0 emitido pelo equipamento) os momentos

magnéticos dos núcleos se alinham a favor ou contra B0, como é mostrado na

Figura 9. (CLARIDGE, 2009)

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29

(A) (B)

B0

Figura 9 - Spins antes (A) e depois (B) da aplicação do campo magnético B0.

Os núcleos que se alinham na mesma direção de B0 são estados de

menor energia (estados α). Os núcleos que se alinham em direção oposta

possuem maior energia (estados β), o que é mostrado na Figura 10. A

diferença de energia entre os estados α e β é pequena, por isso, a RMN não

possui alta sensibilidade comparada a outras técnicas espectroscópicas como

UV e IV. Esta diferença de energia está relacionada com a intensidade do

campo magnético aplicado, de acordo com a Equação 2. A sensibilidade pode

ser aumentada utilizando um equipamento de maior campo. (CLARIDGE, 2009;

GIL e GERALDES, 2002)

∆E=hγB0

2π Equação 2

Spin + 1/2

alinhado

Spin - 1/2

oposto

Direção de um campo

magnético aplicado (B0)

Energia

- 1/2

+ 1/2

µ

µ

Figura 10 – Estados de spin após a aplicação de um campo magnético.

Segundo a condição de Boltzmann, os estados α se apresentam em

maior população que os estados β. Apenas a população excedente é

observada na RMN. A ressonância ocorre quando os núcleos absorvem

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30

energia na sua mesma frequência de rotação, o que faz mudar a orientação do

spin em relação a B0. (PAVIA et al., 2010)

O campo magnético externo B0 provoca ao núcleo um movimento de

rotação em torno do campo aplicado (eixo z), em formato de cone, e que pode

ser representado por uma resultante denominada vetor de magnetização M0

(Figura 11). Este movimento é chamado de movimento de precessão, que

ocorre a uma frequência chamada de Frequência de Larmor. (CLARIDGE,

2009)

z

x y

z

x y

M0

Figura 11 - Movimento de precessão dos núcleos e formação do vetor resultante. (CLARIDGE,

2009)

Para que ocorra a excitação dos núcleos, é aplicada uma descarga de

energia de radiofrequência, denominado pulso (representado pelo vetor B1). É

preciso que este pulso seja igual em toda amostra, por isso, se faz necessário

ajustá-lo no equipamento. O pulso é aplicado por um tempo determinado e

desligado. É dado na direção perpendicular ao campo externo, na direção do

eixo x. A partir disso, o vetor magnetização muda sua direção do eixo z para o

plano x-y (Figura 12). O vetor se move de acordo com a força do campo de

radiofrequência (rf), e o ângulo em relação ao eixo z dependerá da amplitude e

do tempo de duração do pulso, sendo os pulsos mais comuns são de 90 e 180°

(Figura 12). (CLARIDGE, 2009)

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31

z z

x y

M0

B1x yB1

θ

z

x yB1

pulso de 90º

z

x yB1

pulso de 180º

Figura 12 - Absorção de energia do núcleo. (CLARIDGE, 2009)

Somente a magnetização no plano x-y é capaz de ser detectada. No

momento em que é interrompido o pulso, os núcleos excitados começam a

perder energia e retornam a sua posição de equilíbrio (eixo z), fenômeno

chamado de relaxação. A relaxação pode acontecer de duas maneiras: ao

longo do eixo z, onde é denominado de relaxação longitudinal, ou no plano x-y,

denominado relaxação transversal. (PAVIA et al., 2010)

A relaxação longitudinal é a perda de magnetização ao longo do eixo z,

onde os núcleos retornam à posição de equilíbrio. Este retorno ocorre com

perda de energia na forma de calor para o ambiente. Como é uma energia

muito pequena, não são perceptíveis mudanças de temperatura na amostra.

Este tipo de relaxação também pode ser chamado de relaxação spin-rede.

(CLARIDGE, 2009)

Segundo a teoria de Bloch, a relaxação longitudinal possui um

comportamento exponencial, onde T1 é constante de tempo. Quando se deseja

saber a quantidade representativa de núcleos em toda amostra de um sinal do

espectro, é necessário aguardar um tempo de pelo menos 5T1. Este tempo dá

uma garantia de que 98,9% dos núcleos retornaram ao eixo z, para que seja

dado o próximo pulso. (CLARIDGE, 2009)

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32

A relaxação transversal é a perda de magnetização ao longo do plano x-

y e ocorre paralelamente a relaxação longitudinal. Lembrando que o vetor de

magnetização é o conjunto de vários spins, logo após a aplicação do pulso eles

estão todos em coerência de fase ao longo do eixo y (no caso de aplicação de

um pulso de 90° ao longo do eixo x), ou seja, todos os vetores se localizam no

eixo y. Se todos os núcleos experimentassem o mesmo campo magnético

local, todos os vetores permaneceriam alinhados no plano x-y (ignorando agora

o efeito da relaxação longitudinal), quando o pulso é interrompido. Porém, nem

todos os núcleos de uma molécula experimentam o mesmo campo magnético,

e alguns spins terão frequência de precessão maior que outros, ocasionando a

perda de coerência de fase no plano x-y (Figura 13). A relaxação transversal é

caracterizada pela constante de tempo T2. (CLARIDGE, 2009)

y

x

y

x

-

+

y

x

Tempo

y

x

Figura 13 - Perda da magnetização no plano x-y. (CLARIDGE, 2009)

A experimentação de campo magnético diferentes pelos núcleos se dá

por dois motivos. Primeiramente pela não homogeneidade do campo em toda a

amostra, que é uma limitação instrumental, que pode ser minimizada pela

otimização do campo magnético ao longo da amostra. Segundo, pelas

interações inter e intramoleculares dos núcleos com suas vizinhanças.

Portanto, núcleos diferentes de uma molécula absorvem em frequências

diferentes. (CLARIDGE, 2009)

A relaxação transversal possui natureza entrópica, onde a perda de

energia se dá entre os spins. Pode ser chamada de relaxação spin-spin.

Durante a relaxação, os núcleos liberam a energia absorvida em

frequências diferentes. Essa emissão é denominada decaimento de indução

livre (sigla FID no inglês), que diminui com o tempo de acordo com que os

núcleos atingem seus estados de equilíbrio. O FID é uma junção de todas as

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33

frequências emitas. Convertida num computador por um método matemático

chamado de análise de transformada de Fourier (TF) obtém-se um espectro da

intensidade em função da frequência (Figura14). (PAVIA et al., 2010)

Figura 14 – Sinal FID e espectro obtido a partir da transformada de Fourier. (GIL e

GERALDES, 2002)

Nos trabalhos onde se estuda a reciclagem química de poliuretanos, a

RMN tem sido usada na identificação de grupos funcionais que indicam a

quebra da cadeia polimérica, juntamente com a espectroscopia de

infravermelho, como foi feito por NIKJE e NIKRAH (2007), NIKJE e

MOHAMMADI (2009), WANG et al. (2011), NIKJE E TAVASSOLI (2012), LIU et

al. (2013), KOPCZYNSKA e DATTA (2017), MOTOKUCHO et al. (2017),

DATTA et al. (2018), WANG et al. (2018), JUTRZENKA TRZEBIATOWSKA et

al. (2018).

A RMN também pode ser utilizada para análises quantitativas, com a

vantagem de não precisar de curva de calibração. Em um espectro de

hidrogênio, a área de um sinal é proporcional ao número de hidrogênios

(IZUNOBIE e HIGGINBOTHAM, 2011). Para garantir uma análise quantitativa é

necessário se fazer inicialmente medidas de T1. A medida de T1 é feita pelo

método de inversão-recuperação, onde primeiro é dado um pulso de 180 º,

esperado um tempo τ e dado outro pulso de 90 º. No pulso de 180 º ocorre a

inversão do vetor magnetização M0 para a direção do eixo –z. Com o passar do

tempo, eventualmente o vetor irá retorna a direção +z, onde se chama de

recuperação. Como isso não pode ser observado pelo detector, o vetor é

TF

FID

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34

retornado ao plano x-y com um pulso de 90 º. Quando o tempo τ é zero será

obtido um sinal invertido, por M0 estar no eixo –y. Quando τ é suficientemente

grande o sinal terá sua intensidade máxima. O processo é mostrado na

Figura15. (CLARIDGE, 2009)

z

x y

z

x y

180x

τ

z

x y

z

x y

z

x y

z

x y

τ

90x

90x

Figura 15 - Comportamento do vetor de magnetização durante a medida de T1. (CLARIDGE,

2009)

A RMN será utilizada neste trabalho para determinar a taxa de

conversão do PU em produto, fazendo-se a relação do sinal de um monômero

em relação ao sinal do material de partida. Este tipo de análise não foi visto em

outro trabalho, que utilizasse este polímero.

1.5 Difusão molecular

Difusão molecular são os movimentos aleatórios (brownianos) das

moléculas devido à energia térmica do sistema. Neste contexto as moléculas

possuem distribuição aleatória de velocidade. (SOUZA et al., 2009)

Uma quantidade de matéria que se difunde por unidade de tempo por

unidade de área é chamada de fluxo. O fluxo (J) com que uma molécula se

movimenta é proporcional ao gradiente de concentração do meio. Isto é

descrito pela primeira lei de Fick:

J(x,t) = -D �c(x,t)/�x Equação 3

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35

Onde D é o coeficiente de difusão e ∂c(x,t)/∂x é o gradiente de

concentração. O gradiente de concentração ocorre quando há diferença de

concentração do soluto na solução, isso provoca uma movimentação das

partículas da direção de menor concentração. O coeficiente de difusão

depende da temperatura, pressão e composição da solução. Quanto maior a

partícula e maior o peso molecular, menor será o coeficiente de difusão, pois

menor será sua mobilidade em certo solvente.

O grande interesse em se estudar a difusão é que a partir do coeficiente

de difusão pode-se descobrir o tamanho molecular. O coeficiente de difusão

tem relação com o raio hidrodinâmico da partícula que difunde, de acordo com

a equação de Stokes-Einstein:

� =���

�� ! Equação 4

Onde kB é a constante de Boltzmann, T é a temperatura da solução, η é

a viscosidade do solvente, r o raio hidrodinâmico.

Existem alguns métodos para se medir o coeficiente de difusão, dentre

os principais estão: cela de diafragma, métodos óticos (interferômetros),

métodos eletroquímicos, dispersão de Taylor, injeção de fluxo, espalhamento

de fluxo e RMN. A RMN é uma das poucas técnicas que não necessita de

estabelecer o gradiente de concentração. Outras vantagens da RMN na

medição de coeficientes de difusão estão na preservação da amostra, pois a

espectroscopia de RMN é um método não destrutivo; tempo total de medida é

relativamente curto; possibilita a análise de uma variedade de substâncias,

necessitando apenas que tenha núcleo ativo na RMN; e a análise de

substâncias em equilíbrio. (SOUZA et al., 2009)

1.5.1 Espectroscopia Ordenada por Difusão

A difusão molecular por RMN é denominada espectroscopia ordenada

por difusão (DOSY). Foi desenvolvida por Morris e Johnson em 1992 e se

baseia na metodologia de ecos de spin com gradientes de campo magnético

pulsado (PFGSE). Esta metodologia consiste em uma sequência de ecos de

spin de 90 °-τ-180 °, aplicando um pulso de gradiente de campo magnético

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36

antes e outro depois do pulso de 180 °, como é mostrado na Figura 16.

(SOUZA e LAVERDE, 2002)

τ τ

90ºx 180ºypulsos de RF

pulsos de gradientes

t1t2

δδ

γg

Figura 16 - Sequência de ecos de spin com gradiente de campo magnético (PFGSE). (SOUZA

e LAVERDE, 2002)

A duração do pulso de gradiente (δ) deve ser bem menor que o tempo

entre os pulsos de rf.

O espectro DOSY é obtido a partir de vários experimentos onde se

variam a área (q = γgδ) do gradiente de campo magnético. Para cada valor de

área, é gerado um espetro de RMN unidimensional, obtidos por transformada

de Fourier (Figura 17a). Com o aumento da intensidade do gradiente observa-

se uma diminuição exponencial da intensidade dos sinais. Após a transformada

de Fourier é aplicada uma transformada inversa de Laplace, resultando no

espectro DOSY bidimensional do deslocamento químico em uma dimensão e

os coeficientes de difusão em outra (Figura 17b). (SOUZA e LAVERDE, 2002)

Aumento da intensidade do gradiente.

a)

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37

Figura 17 - Espectros de 1H 1D mostrando o decaimento das intensidades dos sinais com o

aumento da intensidade do pulso de gradiente em (a) e o espectro DOSY ilustrativo de uma

mistura de compostos em (b). (Adaptado de CLARIDGE, 2009)

O espectro auxilia na identificação de misturas, de modo que moléculas

de tamanhos diferentes apresentem coeficientes de difusão diferentes. Os

coeficientes de difusão de substâncias distintas podem ser obtidos facilmente

correlacionando com seus sinais de RMN.

Como o coeficiente de difusão depende de vários parâmetros físicos

(temperatura, concentração, e propriedades do solvente, etc), estas condições

devem ser otimizadas. A partir disso, outros parâmetros como tempo de difusão

(Δ) e duração do pulso de gradiente (δ), também devem ser otimizados.

(OLIVEIRA, 2013)

A maior vantagem da técnica DOSY é permitir uma visão global dos

constituintes de mistura, podendo ser moléculas pequenas, macromoléculas,

complexos ou agregados moleculares. Além de detectar impurezas sem

interferências e podemos selecionar moléculas de interesse para análises. A

desvantagem da técnica é a baixa sensibilidade, inerente à RMN. (SOUZA e

LAVERDE, 2002)

Mkhatresh e Heatley (2004) utilizaram a técnica DOSY-RMN em

conjunto com as técnicas de RMN 2-D (COSY, HMQC, HMBC), na

identificação dos compostos formados na degradação termo oxidativa do

poli(oxido de etileno). Identificaram a formação do metanoato de 2-hidroxietil e

b)

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38

do etileno glicol. Li et al. (2012) utilizaram a técnica DOSY-RMN para

acompanhar o peso médio do peso molecular (Mw) do poliestireno na

polimerização. A reação foi acompanhada de 5 min até 2700 min, e os Mw

foram comparados com as análises feitas em GPC. Obtiveram massas bem

próximas comparando as análises feitas nas duas técnicas.

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39

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivos Gerais

Este trabalho teve por objetivo utilizar a espectroscopia de Ressonância

Magnética Nuclear (RMN) na investigação da taxa de conversão do PU, nas

reações de despolimerização, testando catalisadores diferentes.

2.2 Objetivos Específicos

- Sintetizar um PU rígido livre de aditivos;

- Realizar uma reação de glicólise do PU rígido utilizando dois solventes, o

glicerol (GCL) e o dietilenoglicol (DEG), na presença de catalisadores que

ainda não foram citados na literatura para este processo, tais como, o

hexadeciltrimetilamonio (CTAB), o tricloromanganato de 1-butil-3-metilimidazol,

o triclorozincato de 1-butil-3-metilimidazol, o óxido de nióbio, o óxido de nióbio

hidratado, o cloreto de nióbio e o oxalato amoniacal de nióbio;

- Utilizar a técnica DOSY-RMN para auxiliar na identificação de fragmentos dos

produtos.

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40

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1 Síntese do PU

Inicialmente realizou-se uma reação de polimerização entre o 1,4-

Butanodiol (BD) (Sigma-Aldrich, 99%) e o Difenilmetanodiisocianato (MDI)

(Aldrich, 98%) para a produção de um PU livre de outros aditivos de acordo

com Motokucho et al. (2017).

Em um balão de 2 bocas de 100 mL acoplado a um condensador de

refluxo foram adicionados 8,88 g (35,5 mmol) de MDI em 70 mL de

dimetilformamida (DMF) (Synth, PA). A reação foi aquecida utilizando uma

manta até 60°C, e foram adicionados 3,26 g (36,2 mmol) de BD. A partir de

então, a reação ocorreu a 80ºC por 1,5h. Logo após, a mistura reacional foi

vertida em metanol (Vetec, PA) precipitando um sólido branco fino. Este sólido

foi lavado com metanol em um extrator de Soxhlet e secado em estufa. A

Figura 18 mostra o esquema de reação para formação do PU.

OHOH

+NCOOCN

DMF, 80ºC,

1,5hNHNH

O

O

O

O

n

BD MDI PU

Figura 18 - Esquema representativo do PU sintetizado.

3.2 Reações de despolimerização

As reações foram feitas em um balão de 2 bocas de 100 mL acoplado a

um condensador de refluxo, sob agitação e temperatura controlada entre 195-

205 °C, em uma manta aquecedora, por um tempo total de 2h. Foi utilizada

uma proporção de 1:5 m/m de PU e solvente, respectivamente, e 1% em

massa de catalisador. As reações foram feitas utilizando 3 g de PU, 15 g de

solvente e 0,03 g de catalisador. Foram feitas 9 reações utilizando GCL

(Alphatec) como solvente, sendo que em 8 delas foram testados com os

seguintes catalisadores: Brometo de hexadeciltrimetilamio (CTAB),

Tricloromanganato de 1-butil-3-metilimidazol (LIMn), Triclorozincato de 1-butil-

3-metilimidazol (LIZn), Hidróxido de Sódio (NaOH), Óxido de Nióbio (Nb2O5),

Óxido de Nióbio hidratado (Nb2O5H), Cloreto de Nióbio (NbCl5), Oxalato

amoniacal de Nióbio, e uma reação não foi catalisada. Das reações que

utilizaram o DEG (Neon) como solvente, testou-se apenas os catalisadores

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41

LIMn, CTAB e Nb2O5H, para efeito de comparação. A cada 30 min de reação foi

retirada uma alíquota, que foram nomeadas de 1 a 4, para análise e cálculo da

taxa de conversão do PU em produto.

3.3 Caracterização

3.3.1 Análise por Infravermelho

O PU sintetizado foi caracterizado por espectroscopia no infravermelho,

utilizando um espectrômetro SPECTRUM 400 FT-IR/FT-NIR, na região de 650

a 4000 cm-1, pelo método de refletância total atenuada (ATR) usando um cristal

de ZnSe e resolução de 4 cm-1, sendo registrada a média de 16 varreduras.

3.3.2 Análise por RMN

Foi utilizado medidas de RMN de 1H para caracterização do PU e

análise dos produtos de reação, realizados em um espectrômetro

Varian/Agilent modelo VNMRS-400, operando a 9,4 T com uma sonda de 5 mm

BroadBand ¹H/19F/X, utilizando dimetilsulfóxido deuterado (DMSO-d6) como

solvente à 25 °C. As amostras para análise foram preparadas utilizando 30 mg

do produto em 600 μL de DMSO-d6.

Nas análises dos produtos foram feitas primeiro medida da relaxação

longitudinal (T1) de uma mistura de PU e produto. A sequência de pulsos

empregada no experimento foi a sequência de inversão-recuperação. O tempo

de relaxação fornecido pelo equipamento foi multiplicado por 5 e aplicado nas

medidas. Neste experimento o tempo de relaxação foi de 11 s, utilizou-se ainda

uma janela espectral de 6410,3 Hz, o tempo de aquisição de 3,8339 s, foi

aplicado um pulso e 45 ° e uma repetição de 16 scans.

3.3.3 Espectroscopia de RMN ordenada por difusão (DOSY-RMN)

Os experimentos DOSY-RMN foram realizados no mesmo espectrômetro

equipado com uma sonda de 5 mm BroadBand ¹H/19F/X, utilizando DMSO-d6

como solvente.

Foi utilizada a sequência de pulsos Doneshot para a medida dos

coeficientes de difusão dos produtos da despolimerização, utilizando um

gradiente de pulso variando em 25 passos lineares de 0 a 18 G cm-1.

Primeiramente, os gradientes foram calibrados com 1 % H2O/ 99 % D2O, a

25ºC. As constantes de tempo de difusão (Δ) e tempo de aplicação do

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42

gradiente (δ) foram otimizados para cada amostra, conforme indicação do

fabricante.

3.4 Cálculo da Taxa de conversão

Para o cálculo da taxa de conversão, foi feita a integração dos sinais

referentes aos hidrogênios do anel aromático (6,35 - 6,51 ppm e 6,98 - 7,10

ppm) (Figura 19), nos espectros de RMN de 1H dos produtos de reação. Estes

sinais foram escolhidos por serem isolados de outros que apareceram no

espectro, e são atribuídos aos hidrogênios do material de partida e do produto.

Em seguida, as integrações foram convertidas em porcentagem utilizando a

Equação 5, para melhor comparação dos resultados.

NHNH

Har

Figura 19 - Hidrogênio utilizado na integração.

% =#$%&'!(çã+,+-#$(.(/(#0+,&�,2334

#$%&'!(çã+%+%(.5100% Equação 5

O sinal abaixo de 7,0 ppm estava entre 6,35 - 6,51 ppm e a integração

total é a soma das integrações dos sinais 6,35 - 6,51 ppm e 6,98 - 7,10 ppm.

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43

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 PU sintetizado

O espectro de infravermelho do PU é mostrado na Figura 20, onde é

possível perceber as bandas em: 3310 cm-1, referente ao estiramento da

ligação N-H; 1697 cm-1, referente ao estiramento da ligação C=O; 1522 cm-1,

atribuído ao estiramento da ligação C-N e deformação angular da ligação N-H e

1223 cm-1 que foi atribuído ao estiramento da ligação C-O, que são

característicos da estrutura do polímero de acordo com Motokucho et al.

(2017). Comparando o espectro do PU sintetizado com os espectros dos

materiais de partida (Figuras A1 e A2, Anexo A), pode-se perceber uma

mudança de sinais, e que o sinal da ligação –NCO e o sinal forte da ligação -

OH referentes aos materiais de partida não aparecem no espectro do PU.

Figura 20 - Espectro de infravermelho do PU sintetizado.

No espectro de RMN de 1H (Figura 21) também pode-se observar os

sinais referentes ao PU sintetizado. Os sinais denominados como a e i, são

atribuídos aos CH2 em posição β ao grupo uretano (-NH-CO-OCH2CH2-) e da

hidroxila terminal (-CH2CH2CH2-OH), o sinal denominado como b é referente ao

grupo metileno entre os anéis aromáticos (-Ph-CH2-Ph-), o sinal c é atribuído

ao CH2 em posição α do grupo uretano (-NH-CO-OCH2-), o sinal d é atribuído à

hidroxila terminal, os sinais denominados e e f são atribuídos aos hidrogênios

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44

do anel aromático e o sinal g no espectro da Figura 21 é atribuído ao -NH-.

Assim, pôde-se comprovar a formação do PU sintetizado. Outros sinais que

apareceram em 8,0 e 2,75 ppm foram atribuídos ao DMF que não foi retirado

totalmente no processo de lavagem com metanol.

NHNHOOH

O

O

O

O

H

a

gc

b

c c

g i

fe

n

d

a

i

h

Figura 21 - Espectro de RMN de 1H do PU sintetizado, em DMSO-d6.

A comparação das integrações dos sinais do espectro de RMN de 1H

nos dá o número de unidades de repetição (n) do polímero. Para o PU

sintetizado, o número de unidades de repetição foi de 4,87. Este valor

fracionado indica que o polímero sintetizado possui cadeias com tamanhos

diferentes.

O espectro DOSY-RMN (Figura 22) mostra que os sinais do PU variam

em uma pequena faixa de coeficiente de difusão. Como cada coeficiente está

relacionado a um raio hidrodinâmico (Equação 4), o espectro da Figura 22

indica que houve a formação de um PU com unidades de repetição de

tamanhos diferentes, o que foi identificado na comparação das integrações dos

sinais do espectro da Figura 21. Isto caracteriza um polímero polidisperso.

Apesar de o PU sintetizado possuir tamanhos de cadeias diferentes, não há

uma grande variação entre elas, visto que as difusões são muito próximas.

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Figura 22 - Espectro DOSY

4.2 Taxa de conversão

Quando se analisou

reações (Anexos B e C), percebeu

ao material de partida.

material de partida e produtos de reação.

elucidação da estrutura dos produtos tendo apenas estes espectros.

23 mostra o espectro de RMN de H

como catalisador.

Sinais

referentes à

água, DMF

e DMSO

Sinais

referentes

ao PU sint.

Espectro DOSY-RMN do PU sintetizado, em DMSO

4.2 Taxa de conversão

Quando se analisou os espectros de RMN de 1H dos produtos das

, percebeu-se algumas diferenças de sinais em

Os espectros mostraram uma mistura de solvente,

de partida e produtos de reação. Por isso, não foi possível fazer a

elucidação da estrutura dos produtos tendo apenas estes espectros.

23 mostra o espectro de RMN de H1 do produto de reação que utilizou CTAB

Sinais

referentes à

água, DMF

e DMSO-d6

referentes

ao PU sint.

45

, em DMSO-d6.

H dos produtos das

se algumas diferenças de sinais em relação

Os espectros mostraram uma mistura de solvente,

não foi possível fazer a

elucidação da estrutura dos produtos tendo apenas estes espectros. A Figura

do produto de reação que utilizou CTAB

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46

Figura 23 - Espectro de RMN de H1 do produto de reação que utilizou CTAB como catalisador.

Os espectros dos produtos apresentaram sinais entre 6,98 - 7,10 ppm e

7,22 - 7,37 ppm, referentes aos hidrogênios e e f do material de partida.

Apresentaram também sinais entre 6,35 - 6,51 ppm e 6,73 - 6,90 ppm,

referentes aos sinais dos hidrogênios do anel aromático do produto

despolimerizado. Estes sinais são confirmados como sendo subprodutos

originados do MDI, assim como Motokucho et al. (2017) e Datta et al. (2018)

observaram em seus espectros. Os subprodutos formados apresentam uma

mudança de ligantes próximos ao anel aromático, o que provoca o

deslocamento químico dos sinais dos hidrogênios do anel, em relação aos

sinais do material de partida. Esta mudança pode ser explicada pelas reações

de transesterificação do PU no processo de despolimerização, proposta na

Figura 24.

OH

OH

OH

NaOH

OH

OH

O-

NH

C O

O

OH

OH

O NH

C

O

O-+ OH

PoliolSubproduto

Figura 24 - Proposta de mecanismo de glicólise, utilizando glicerol como solvente e NaOH

como catalisador. (Adaptado de KOPCZYNSKA e DATTA, 2017)

No Anexo B, estão dispostos os espectros dos produtos brutos das

reações onde se utilizou GCL como solvente, com uma ampliação da região

dos sinais do anel aromático. Foi possível perceber que todos os produtos

apresentaram comportamento semelhante, onde a conversão não foi completa,

0.00.51.01.52.02.53.03.54.04.55.05.56.06.57.07.58.08.59.09.510.010.5f1 (ppm)

6.46.66.87.07.27.4f1 (ppm)

GCL-CTAB 1

GCL-CTAB 2

GCL-CTAB 3

GCL-CTAB 4

e f

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47

com exceção dos produtos onde se utilizou NaOH como catalisador. A

reciclagem química do PU utilizando NaOH foi completa, uma vez que não

apresentaram os sinais e e f (6,98-7,10 e 7,22-7,37 ppm) do material de

partida.

No Anexo C estão apresentados os espectros dos produtos de reação

que utilizaram DEG como solvente. Os espectros também apresentaram sinais

referentes ao material de partida, como ocorreu com os produtos onde o GCL

era o agente glicolisante. Pelos espectros pode-se observar que a conversão

foi menor, julgando pelas integrais dos sinais dos produtos que foi menor que

os sinais do material de partida (e e f) para todas as alíquotas.

Foram escolhidas as regiões dos sinais em 6,35-6,51 e 6,98-7,10 ppm

para suas respectivas integrações e cálculo da taxa de conversão da reação de

despolimerização. A integração do sinal abaixo de 7,0 ppm (sinal

correspondente ao subproduto) convertida em porcentagem, utilizando a

Equação 5, nos mostra graficamente a taxa de conversão em relação ao tempo

de reação para cada catalisador utilizado, em GCL e DEG. A Tabela 1

representa os dados de integração para as amostras em GCL e a Tabela 2 os

dados de integração das amostras em DEG.

Tabela 1 - Integrais dos sinais do hidrogênio do anel aromático e taxa de conversão do PU em

produto para cada amostra em GCL.

Amostra Integrais do sinal acima de 7,0 ppm

Integrais do sinal abaixo de 7,0 ppm

Total das integrais

Taxa de conversão

GCL-CTAB 1 1,37 1,00 2,37 42,19%

GCL-CTAB 2 0,95 1,05 2,00 52,50%

GCL-CTAB 3 1,00 1,63 2,63 61,98%

GCL-CTAB 4 0,97 2,03 3,00 67,67%

GCL-LIMn 1 0,92 2,08 3,00 69,33%

GCL-LIMn 2 0,95 3,05 4,00 76,25%

GCL-LIMn 3 0,93 3,07 4,00 76,75%

GCL-LIMn 4 0,97 3,03 4,00 75,75%

GCL-LIZn 1 1,03 0,97 2,00 48,50%

GCL-LIZn 2 1,08 1,92 3,00 64,00%

GCL-LIZn 3 1,00 2,55 3,55 71,83%

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48

GCL-LIZn 4 0,93 2,07 3,00 69,00%

GCL-NaOH 1 * 1,00 1,00 100,00%

GCL-NaOH 2 * 1,00 1,00 100,00% GCL-NaOH 3 * 1,00 1,00 100,00%

GCL-NaOH 4 * 1,00 1,00 100,00%

GCL-Nb2O5 1 1,58 1,00 2,58 38,76%

GCL-Nb2O5 2 1,04 0,96 2,00 48,00%

GCL-Nb2O5 3 0,93 1,07 2,00 53,50%

GCL-Nb2O5 4 1,00 1,56 2,56 60,94%

GCL-Nb2O5H 1 1,91 1,09 3,00 36,33%

GCL-Nb2O5H 2 1,01 0,99 2,00 49,50%

GCL-Nb2O5H 3 1,01 0,99 2,00 49,50%

GCL-Nb2O5H 4 0,90 1,10 2,00 55,00%

GCL-NbCl5 1 1,57 1,00 2,57 38,91%

GCL-NbCl5 2 1,23 1,00 2,23 44,84%

GCL-NbCl5 3 0,97 1,03 2,00 51,50%

GCL-NbCl5 4 1,00 1,49 2,49 59,84%

GCL-Oxalato 1 1,47 1,00 2,47 40,49%

GCL-Oxalato 2 1,06 0,94 2,00 47,00%

GCL-Oxalato 3 1,00 1,24 2,24 55,36%

GCL-Oxalato 4 1,00 1,46 2,46 59,35% GCL-Scat 1 1,36 1,00 2,36 42,37%

GCL-Scat 2 1,00 1,39 2,39 58,16%

GCL-Scat 3 0,98 2,02 3,00 67,33%

GCL-Scat 4 1,00 2,42 3,42 70,76% * sinais não observados.

Tabela 2 - Integrais dos sinais do hidrogênio do anel aromático e taxa de conversão do PU em

produto para cada amostra em DEG.

Amostra Integrais do sinal acima de 7,0 ppm

Integrais do sinal abaixo de 7,0 ppm

Total das

integrais

Taxa de conversão

DEG-CTAB 1 1,99 1,01 3,00 33,67%

DEG-CTAB 2 2,01 0,99 3,00 33,00%

DEG-CTAB 3 2,01 0,99 3,00 33,00%

DEG-CTAB 4 2,00 1,00 3,00 33,33%

DEG-LIMn 1 1,90 1,10 3,00 36,67%

DEG-LIMn 2 1,92 1,08 3,00 36,00%

DEG-LIMn 3 1,92 1,08 3,00 36,00%

DEG-LIMn 4 1,69 1,00 2,69 37,17%

DEG-Nb2O5H 1 1,96 1,04 3,00 34,67%

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49

DEG-Nb2O5H 2 1,97 1,03 3,00 34,33%

DEG-Nb2O5H 3 1,96 1,04 3,00 34,67%

DEG-Nb2O5H 4 1,96 1,04 3,00 34,67%

A Figura 25 mostra os gráficos da taxa de conversão em função do

tempo de reação. Percebeu-se que quando se utiliza GCL como solvente, o

percentual de conversão do PU em produto chega a 100 % utilizando NaOH

como catalisador, antes de 30 min de reação, que havia sido reportado por

Nikje e Nikrah (2007). O NaOH é o melhor catalisador por ser uma base forte e

de tamanho pequeno, o que facilita estes tipos reações. Quando se observa os

outros catalisadores, o LIMn proporciona a maior conversão próximo a 80 %

em até 1 h de reação. A reação com LIZn tem o seu melhor rendimento em 1,5

h. O CTAB aumenta sua atividade catalítica ao longo da reação. A reação sem

catalisador também obteve boa degradação, tendo em vista que a reatividade

do GCL, que possui 3 hidroxilas em sua molécula, é alta. Os sais de Nióbio não

atuaram como catalisadores neste processo de glicólise, pois a reação não

catalisada apresentou maior conversão. Não é conhecido o comportamento

destes sais nas reações de glicólise feitas neste trabalho, apesar de atuarem

como ácidos de Lewis com boas atividades catalíticas em muitas reações

orgânicas (ARPINI et al., 2015).

Quando se utilizou DEG como solvente da reação de despolimerização,

a taxa de conversão diminuiu consideravelmente, mesmo utilizando os

catalisadores que apresentaram boas atividades catalíticas (LIMn e CTAB). O

teste com os três catalisadores obteve taxas de conversão próxima entre si, o

que é mostrado na Figura 25(b).

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50

Figura 25 - Gráficos das taxas de conversão do PU em produto para cada catalisador em (a)

GCL e (b) DEG.

Tendo em vista que os catalisadores citados anteriormente ainda não

haviam sito estudados nas reações de glicólise de PUs, com exceção do

NaOH, e que a escolha do solvente se mostrou importante no rendimento da

reação de despolimerização, há o interesse em estudar melhores condições de

reação para que alcance taxas de conversão maiores.

4.3 DOSY-RMN

A partir dos dados de taxa de conversão, as amostras GCL-NaOH 1 e

GCL-Nb2O5 4 foram analisadas por espectroscopia de RMN ordenada pela

difusão (DOSY). No espectro de RMN de 1H da amostra GCL-NaOH 1 (Figura

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

110,00%

30 60 90 120

Ta

xa

de

co

nv

ers

ão

, %

Tempo, min

GCL-NaOH

GCL-LIMn

GCL-LIZn

GCL-Scat

GCL-CTAB

GCL-Oxalato

GCL-Nb2O5

GCL-NbCl5

GCL-Nb2O5H

30,00%

31,00%

32,00%

33,00%

34,00%

35,00%

36,00%

37,00%

38,00%

30 60 90 120

Ta

xa

de

co

nv

ers

ão

, %

Tempo, min

DEG-LIMn

DEG-Nb2O5H

DEG-CTAB

B

A

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51

26), foi possível notar uma mistura de sinais sobrepostos referentes ao GCL

(solvente da reação que estava em excesso), ao BD (produto da reação), e a

subprodutos derivados do MDI (hidrogênios aromáticos).

Figura 26 - Espectro de RMN de 1H da amostra GCL-NaOH 1, em DMSO-d6.

Pelo espectro DOSY (Figura 28), foi possível se ter uma ideia melhor

dessa mistura de compostos presentes na amostra, pois coeficientes de

difusão diferentes correspondem a compostos ou agregados diferentes.

De acordo com a literatura (DATTA et al., 2018 e MOTOKUCHO et al.,

2017) e analisando o espectro da Figura 28, sugere-se que os subprodutos

formados sejam a diamina MDA (4,4-metilenodianilina) e carbamatos com

tamanhos de cadeias diferentes (Figura 27). Foi observado carbamatos de

tamanhos de cadeias diferentes, pois os sinais no espectro da Figura 28

aparecem em uma faixa de coeficientes de difusão. Uma das razões de ocorrer

à formação de carbamatos com tamanhos de cadeias diferentes é por se

utilizar um PU com característica polidispersa, como foi confirmado pelo

espectro DOSY da Figura 22. Portanto, o resultado obtido pela taxa de

conversão (100 % de conversão) é confirmado pelo espectro DOSY. Porém,

houve a formação de mais de um subproduto que não puderam ser

identificados separadamente.

NH2 NH2

NH

O

OCH2

CarbamatoMDA

Figura 27 - Estrutura química do MDA e Carbamato.

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Figura 28 – Espectro DOSY

Com o interesse de se

amostra que obteve menor taxa de conversão,

taxa de conversão de 611H (Figura 29) mostrou os mesmos sinais referentes ao GCL, BD e

subprodutos, além de sinais referentes ao PU.

que a anterior no espectro

percebeu-se uma mistura de

de partida numa região de coeficientes de difusão

espectro DOSY pôde confirmar a presença do PU, comparando com os

do espectro da Figura 22

possuem as mesmas estruturas

NaOH 1.

Sinais referentes aos

outros subprodutos

spectro DOSY-RMN da amostra GCL-NaOH 1, em DMSO

nteresse de se compreender melhor os produtos de

amostra que obteve menor taxa de conversão, a amostra GCL-

taxa de conversão de 61 %) foi utilizada nas análises. O espectro de RMN de

) mostrou os mesmos sinais referentes ao GCL, BD e

m de sinais referentes ao PU. Fazendo-se a mesma aná

ectro DOSY (Figura 30) da amostra

se uma mistura de sinais referentes a carbamatos, MDA e material

numa região de coeficientes de difusão próximos

espectro DOSY pôde confirmar a presença do PU, comparando com os

do espectro da Figura 22. Para esta amostra, os subprodutos possivelmente

estruturas dos subprodutos formados na amostra GCL

Sinais referentes aos

outros subprodutos

MDA

Sinais

referentes ao

GCL e BD

52

aOH 1, em DMSO-d6.

compreender melhor os produtos de uma

-Nb2O5 4 (com

O espectro de RMN de

) mostrou os mesmos sinais referentes ao GCL, BD e

se a mesma análise

da amostra GCL-Nb2O5 4,

, MDA e material

próximos entre si. O

espectro DOSY pôde confirmar a presença do PU, comparando com os sinais

Para esta amostra, os subprodutos possivelmente

formados na amostra GCL-

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Figura 29 - Espectro de RMN de

Figura 30 - Espectro

Pelo espectro da Figura 30

carbamatos possuem coeficientes de difusão próximos aos coeficientes de

difusão do PU sintetizado, assim, os

O MDA também foi encontrado como

porém, como está apresentando coeficiente de

carbamatos e ao PU sintetizado (para amostra

subproduto na verdade tenha uma te

de repetição do polímero

Sinais referentes

ao material de

partida

Espectro de RMN de 1H da amostra GCL-Nb2O5 4, em DMSO

Espectro DOSY-RMN da amostra GCL-Nb2O5 4, em DMSO

Pelo espectro da Figura 30, pode-se perceber que os subprodutos

coeficientes de difusão próximos aos coeficientes de

difusão do PU sintetizado, assim, os tamanhos das cadeias são

foi encontrado como subproduto para ambas as amostras,

porém, como está apresentando coeficiente de difusão próximo aos

e ao PU sintetizado (para amostra GCL-Nb2O5 4), é possível que o

subproduto na verdade tenha uma terminação de amina ligado a um

de repetição do polímero, para ambas as amostras. A Figura

Sinais referentes

ao material de

partida

Sinais referentes a

subprodutos

53

4, em DMSO-d6.

4, em DMSO-d6.

se perceber que os subprodutos

coeficientes de difusão próximos aos coeficientes de

das cadeias são semelhantes.

para ambas as amostras,

difusão próximo aos

), é possível que o

rminação de amina ligado a uma unidade

A Figura 31 traz uma

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54

exemplificação deste tipo de subproduto.

NH2NH

O

O

Figura 31 - Exemplificação de subproduto com terminação de amina.

As análises realizadas para estas amostras podem ser representativas

para todas as outras, pois os espectros de RMN 1H (Anexo A) apresentaram

grande semelhança.

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55

5. CONCLUSÃO

Neste trabalho foi possível concluir que a glicólise do PU rígido ocorreu

de forma favorável principalmente quando se utiliza glicerol como solvente e

NaOH como catalisador, chegando a uma conversão de 100 % do PU.

Entretanto, o uso dos líquidos iônicos, que não haviam sido reportados na

literatura como catalisadores deste tipo de reação, também obtiveram boa

atividade catalítica. O CTAB obteve uma taxa de conversão crescente com o

aumento do tempo de reação e os sais de Nióbio não atuaram como

catalisadores. A utilização de dietileno glicol e seu bom desempenho nas

reações de glicólise são bem conhecidos na literatura (WU et al., 2002;

MOLERO et al., 2009; SIMÓN et al., 2013; SIMÓN et al., 2015; FIORIO et al.,

2010; dos SANTOS et al., 2013). Porém, para os catalisadores testados com o

PU utilizado neste trabalhado, não obteve bons resultados. Então é possível

promover a reciclagem química de PU rígido com baixo custo e bons

rendimentos, tendo em vista que o glicerol pode ser obtido como subproduto da

síntese do biodiesel.

Foi possível perceber que a RMN, além de ser ótima ferramenta na

elucidação estrutural de compostos orgânicos, indica a quantidade de produto

formado em relação ao material de partida, em processos de despolimerização

de polímeros.

A espectroscopia de RMN ordenada por difusão (DOSY) se apresentou

como uma ótima técnica quando se deseja identificar compostos de uma

mistura, pois permite separar substâncias a partir de coeficientes de difusão,

que se diferenciam de acordo com o tamanho da molécula. Os espectros de

DOSY puderam identificar uma característica do PU sintetizado, de ser

polidisperso, comprovar a presença do solvente da reação e do glicol (BD)

recuperado nos produtos, e mostrar características dos subprodutos

(carbamatos com cadeias de tamanhos diferentes e com terminação de amina).

A despolimerização do PU foi confirma pelos espectros de RMN de 1H e

DOSY, pela identificação dos sinais referentes ao BD.

Como trabalhos futuros, os subprodutos podem ser melhores estudados,

encontrando métodos cromatográficos que separem os compostos da mistura

do produto e assim identificar as estruturas dos subprodutos formados.

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56

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65

ANEXO A

OHOH

Figura A1 – Espectro de infravermelho do BD.

NCOOCN

Figura A2 – Espectro de infravermelho do MDI.

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66

ANEXO B Produtos de reações que utilizaram GCL como solvente

Figura B1 – Espectro de RMN de 1H do produto de reação que utilizou CTAB como catalisador.

Figura B2 – Espectro de RMN de 1H do produto de reação que utilizou LIMn como catalisador.

Figura B3 – Espectro de RMN de 1H do produto de reação que utilizou LIZn como catalisador.

0.00.51.01.52.02.53.03.54.04.55.05.56.06.57.07.58.08.59.09.510.010.5f1 (ppm)

6.46.66.87.07.27.4f1 (ppm)

GCL-CTAB 1

GCL-CTAB 2

GCL-CTAB 3

GCL-CTAB 4

0.00.51.01.52.02.53.03.54.04.55.05.56.06.57.07.58.08.59.09.510.0f1 (ppm)

GCL-LIMn 1

GCL-LIMn 2

GCL-LIMn 3

GCL-LIMn 4

6.46.66.87.07.27.4f1 (ppm)

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67

Figura B4 – Espectro de RMN de 1H do produto de reação que utilizou NaOH como

catalisador.

Figura B5 – Espectro de RMN de 1H do produto de reação que utilizou Nb2O5 como

catalisador.

Figura B6 – Espectro de RMN de 1H do produto de reação que utilizou Nb2O5H como

catalisador.

0.51.01.52.02.53.03.54.04.55.05.56.06.57.07.58.08.59.09.510.0f1 (ppm)

GCL-Nb2O5 1

GCL-Nb2O5 2

GCL-Nb2O5 3

GCL-Nb2O5 4

6.46.66.87.07.27.4f1 (ppm)

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68

Figura B7 – Espectro de RMN de 1H do produto de reação que utilizou NbCl5 como catalisador.

Figura B8 – Espectro de RMN de 1H do produto de reação que utilizou Oxalato amoniacal de

nióbio como catalisador.

Figura B9 – Espectro de RMN de 1H do produto da reação não catalisada.

0.51.01.52.02.53.03.54.04.55.05.56.06.57.07.58.08.59.09.510.0f1 (ppm)

6.46.66.87.07.27.4f1 (ppm)

GCL-Scat 1

GCL-Scat 2

GCL-Scat 3

GCL-Scat 4

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69

ANEXO C Produtos de reações que utilizaram DEG como solvente

Figura C1 – Espectro de RMN de 1H do produto de reação que utilizou CTAB como catalisador.

Figura C2 – Espectro de RMN de 1H do produto de reação que utilizou LIMn como catalisador.

Figura C3 – Espectro de RMN de 1H do produto de reação que utilizou Nb2O5H como catalisador.

0.00.51.01.52.02.53.03.54.04.55.05.56.06.57.07.58.08.59.09.510.0f1 (ppm)

DEG-CTAB 1

DEG-CTAB 2

DEG-CTAB 3

DEG-CTAB 4

6.46.66.87.07.27.4f1 (ppm)