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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DO PONTAL ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Igor Lima Andrade Utilização do programa Lean Six Sigma para a melhoria de resultados de uma empresa de reciclagem ITUIUTABA 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

FACULDADE DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DO PONTAL

ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Igor Lima Andrade

Utilização do programa Lean Six Sigma para a melhoria de

resultados de uma empresa de reciclagem

ITUIUTABA

2015

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IGOR LIMA ANDRADE

Utilização do programa Lean Six Sigma para a melhoria de resultados

de uma empresa de reciclagem.

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Faculdade de Ciências

Integradas do Pontal como parte dos

requisitos para obtenção do título de

Engenheiro de Produção, Universidade

Federal de Uberlândia.

Área de Concentração: Engenharia de

Produção.

Orientador: Prof. Dr. Antonio Álvaro de

Assis Moura

Co-Orientadora: Profª. Msc. Cynara

Mendonça Moreira Tinoco

ITUIUTABA

2015

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Utilização do programa Lean Six Sigma para a melhoria de resultados

de uma empresa de reciclagem.

Trabalho de Conclusão de Curso,

aprovado para obtenção do título de

Engenheiro de Produção pela

Universidade Federal de Uberlândia pela

banca examinadora formada por:

Ituiutaba, vinte e quatro de agosto de 2015.

Prof. Dr. Antônio Álvaro de Assis Moura, Universidade Federal de

Uberlândia

Prof. Dr. Marcelo Henrique Ongaro Pinheiro, Universidade Federal de

Uberlândia

Prof. Dr. Jorge von Atzingen dos Reis, Universidade Federal de Uberlândia

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Dedicatória

Dedico todo o fruto desse trabalho, aos

meus pais, Leila e Wilson, que foram os

responsáveis por construírem os

alicerces de minha vida, contribuindo

para me tornar o que sou hoje e me

fornecer o suporte necessário para que

eu pudesse lutar pelos meus sonhos e

alcançar esse título, ao meu irmão, que

sempre se mostrou mais do que um

irmão, sendo um amigo fantástico, que

nunca hesitou em me ajudar, e aos meus

avós, “Dado”, Libéria, Joaquim e Ceci,

que foram grandes responsáveis por dar

suporte aos meus pais e a mim.

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AGRADECIMENTOS

Inicialmente, agradeço ao nosso pai celestial por me iluminar e minha família,

nos dando saúde, paz, amor e fé de forma que sejamos capazes de lutar por nossos

sonhos.

Aos principais responsáveis por me guiarem nesses últimos anos de minha

graduação, durante o caminho da pesquisa, os quais se demonstraram muito mais do

que mestres, revelando suas filosofias e valores, enriquecendo-me como pessoa,

aluno e profissional. São eles a Professora Dra. Cynara Mendonça Moreira Tinoco e

o Professor Dr. Antonio Álvaro de Assis Moura.

Aos professores da FACIP UFU, pelo auxílio e contribuição que nos agregaram,

de forma brilhante, em minha graduação. Tendo o prazer de compartilhar grandes

momentos de minha vida, tornando-se parceiros durante essa difícil jornada.

Aos colegas de graduação, pela ajuda nos momentos mais difíceis e pela

compreensão e colaboração na conciliação das atividades.

Minha família recebe meus agradecimentos pelo carinho e suporte que me

ofereceram durante todos esses anos, tornando-me capaz de realizar essa

caminhada. Dedico esse título à minha mãe, Leila, ao meu pai, Wilson, por terem me

ensinado seus princípios e valores, fazendo de mim o que sou hoje, e ao meu irmão,

que nunca desacreditou e me deixou desanimar.

Por fim, reconheço àqueles que eu escolhi, por livre e espontânea vontade,

minha família, os responsáveis por contribuir com meu desenvolvimento, sendo as

melhores companhias, os melhores amigos, meus pilares e minha fonte de inspiração

para vencer. São eles minha parceira Lorena, e meus amigos Antônio, Fernando,

Natália e Thiago.

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“Se cheguei até aqui foi porque me apoiei

nos ombros dos gigantes”.

(Issac Newton)

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RESUMO

O pensamento da produção sustentável não envolve, somente, a busca pela

produtividade, mas também, leva-se em consideração o tema ambiental para a

definição do planejamento organizacional. O segmento da indústria de reciclagem no

Brasil se encontra em fase de consolidação e, por isso, algumas indústrias não

apresentam processos bem definidos, afetando o rendimento da mesma. Neste

estudo, procurar-se definir, através da metodologia Lean Six Sigma, os processos de

uma empresa de reciclagem. A metodologia implementada é a do Método de Análise

e Solução de Problema e Oportunidade (MASPO), unida com a filosofia que aproxima

o Six Sigma, cuja finalidade é identificar, medir e analisar o problema e controlar a

ação, com a filosofia Lean Manufacturing, que, por sua vez, apresenta técnicas e

procedimentos para redução de desperdícios da produção. O trabalho buscou

contribuir com o progresso da empresa, auxiliado pela metodologia escolhida, com

análise de custos, criação de um sistema classificatório de fornecedores, implantação

de indicadores e metas de produção, controle de produtividade e perdas, além de

treinamento para os funcionários, dessa forma espera-se melhorar o fluxo dos

processos e a produção, colaborando com o desenvolvimento do setor. Pode-se notar

que houve uma melhora tanto no processo como na produção, de forma que a

empresa conseguiu otimizar tarefas e iniciar o movimento de uma gestão de produção

presente em seu dia-a-dia.

Palavras-chave: Lean Six Sigma, Reciclagem, MASPO, Produção

Sustentável.

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ABSTRACT

Sustainable production involves both the pursuit of wild productivity and

environmental care to develop an organizational planning. Recycling industries in

Brazil are still in consolidation phase. Therefore, some industries do not have well-

defined processes, which affects their quality. In this study, we seek to define, through

Lean Six Sigma methodology, processes of a recycling company. The methodology

implemented is the Analysis Method and Problem Solving and Opportunity (MASPO),

together with the philosophy approaching Six Sigma, which has a purpose to identify,

measure and analyze the problem and control the action, with a Lean Manufacturing

philosophy that presents techniques and procedures for production waste reduction.

The study sought to contribute to the progress of the company, aided by the chosen

methodology, with cost analysis, creating a classification system vendors,

implementation of indicators and production goals, productivity control and loss, as

well as training for employees, with it is expected to contribute to the development of

the sector. It may be noted that there was an improvement in both the process as in

the production, so that the company was able to optimize tasks and initiate movement

of this production management in their day-to-day.

Keywords: Lean Six Sigma, recycling, ATPS, Sustainable production.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Municípios com coleta seletiva no Brasil 12

Figura 2 Distribuição dos tipos de plásticos coletados 13

Figura 3 Cronologia dos sistemas de produção 14

Figura 4 Variação do processo 17

Figura 5 Os sete desperdícios 20

Figura 6 Benefícios da redução de desperdícios 20

Figura 7 Sistema de empresas não integradas 22

Figura 8 Sistema de empresas semi-integradas 22

Figura 9 Relação entre DMAIC e PDCA 24

Figura 10 Fluxograma de todo processo 27

Figura 11 Símbolos utilizados no fluxograma 28

Figura 12 Histograma da Extrusão 29

Figura 13 Histograma de entregas de matérias-primas 30

Figura 14 Mapa de processos 30

Figura 15 Novo mapa de processos 31

Figura 16 Porcentagem de perda da carga por fornecedor 33

Figura 17 Divisão dos materiais recebidos nas cargas 34

Figura 18 Histograma de entregas de matérias-primas recente 35

Figura 19 Produção mensal 36

Figura 20 Ciclo fechado da produção 37

Figura 21 Tempos do processo 37

Figura 22 Forma de armazenamento antes do treinamento 38

Figura 23 Forma de armazenamento após o treinamento 38

Figura 24 Posição do material antes do treinamento 38

Figura 25 Posição do material após o treinamento 38

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABIPLAST Associação Brasileira da Indústria do Plástico

CEP Controle Estatístico do Processo

DMAIC Define, Measure, Analyze, Improve, Control

DPMO Defeitos por milhão de oportunidades

MASPO Método de Análise e Solução de Problemas e Oportunidade

PDCA Plan, Do, Check, Action

PEAD Polietileno de Alta Densidade

PMI Project Management Institute

PMBOK Project Management Body of Knowledge

PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

PP Polipropileno

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12

2. REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................. 16

2.1. SIX SIGMA ...................................................................................................... 16

2.2. LEAN MANUFACTURING ................................................................................... 19

2.3. LOGÍSTICA ...................................................................................................... 20

2.3.1. Logística reversa ................................................................................... 21

2.4. MÉTODO DE ANÁLISE E SOLUÇÃO DE PROBLEMAS E OPORTUNIDADES ................ 23

3. METODOLOGIA ................................................................................................. 25

4. ESTUDO DE CASO............................................................................................ 25

4.1. DESCRIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ANALISADA ......................................................... 25

4.2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ................................................................................ 28

4.3. DISCUSSÃO SOBRE O PROBLEMA E RESULTADOS ALCANÇADOS ........................... 31

4.3.1. Análise de custos ................................................................................... 31

4.3.2. Sistema classificatório de fornecedores ................................................ 32

4.3.3. Indicadores e metas de produção .......................................................... 35

4.3.4. Controle de produtividade e perdas ....................................................... 36

4.3.5. Treinamentos ......................................................................................... 37

5. CONCLUSÃO E TRABALHOS FUTUROS ........................................................ 38

6. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 40

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12

1. INTRODUÇÃO

O setor estudado é o de transformação de plásticos, que é responsável pela

fabricação de diversos produtos utilizados no cotidiano das pessoas. “O consumo per

capita de plástico no país em 2013 foi de 33,9 kg/habitante, enquanto a média mundial

que é de 40 kg/habitante” (ABIPLAST, 2013 – p. 21).

Esse trabalho aborda o termo reciclagem que, para Oliveira (2011), “consiste

em repetir o ciclo de processos de produção de um produto ou serviço, utilizando-se

como matéria-prima o resíduo descartado após o uso do produto”.

No atual contexto brasileiro de reciclagem, aproximadamente 17% dos

municípios brasileiros possuem algum programa de coleta seletiva, atendendo cerca

de 28 milhões de brasileiros (13%), número crescente nos últimos 20 anos, como

mostra a Figura 1. Em 2012, o país perdia, aproximadamente, R$ 8 bilhões ao enterrar

material reciclável (CEMPRE, 2013).

Figura 1 – Municípios com coleta seletiva no Brasil

Fonte: CEMPRE (2014)

A categoria dos plásticos, material manipulado pela empresa estudada,

segundo a CEMPRE, através do relatório Ciclosoft de 2014, representa 24% dos

materiais recolhidos pelos sistemas municipais de coleta seletiva (em peso), sendo

que dessa porcentagem 20% são do tipo PEAD – Polietileno de Alta Densidade, que

segundo Plastivida (2013) são direcionados, principalmente, para embalagens de

limpeza doméstica, industriais, descartáveis e utilidades domésticas, conforme a

81135

192237

327

405443

766

927

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

1994 1999 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014

Municípios com coleta seletiva no Brasil

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13

Figura 2. O IPEA, por sua vez, afirma que, dos materiais descartados, 13,5% são

plásticos.

Figura 2 – Distribuição dos tipos de plásticos coletados

Fonte: CEMPRE (2014)

Diante desse cenário, observa-se que o consumo brasileiro, apesar de inferior

ao mundial, está próximo de alcançar esses números. Essa realidade faz com que,

mesmo com as altas taxas de crescimento econômico e aos constantes avanços

tecnológicos, leve-se a reflexão a cerca do futuro do país, de maneira que surjam

debates com foco, principalmente, na saúde do planeta.

Saito (2002) acredita que a Conferência das Nações Unidas sobre Meio

Ambiente, ocorrida em 1972, em Estocolmo, Suécia, foi o grande marco em prol da

educação ambiental, confirmando Mano (et. al., 2005), onde o mesmo afirmou que

gerações passadas desconheciam a necessidade da preservação ambiental. Para

Domínguez (2009), a conferência resultou, além da internacionalização da discussão

sobre o tema, também, no Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

(PNUMA), o qual evidenciou as divergências de interesses do Norte e do Sul do

planeta, onde países do Norte buscavam priorizar a conservação, enquanto os do Sul,

o desenvolvimento sem preocupação ambiental.

Para Sobral e Peci (2008) a Revolução Industrial foi o movimento histórico que

marcou a mudança de era, indicando o declínio do feudalismo e a consolidação do

34%

20%6%

16%

2%

19%

3%

Tipos de plásticos

PET

PEAD

PP

Misto

PVC

PEBD

PS

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14

capitalismo, originando a partir daí um sistema produtivo. A Figura 3 mostra, segundo

Camelo (2010), a cronologia da mudança dos sistemas de produção.

Figura 3 – Cronologia dos sistemas de produção

Século XVIII 1945

Fonte: Camelo et. al.(2010).

Silva (2010) afirma que a expansão da produção está agravando o processo

de destruição da natureza, pois diz serem evidentes as demonstrações de falta de

planejamento e despreocupação com o futuro ambiental, quando evidenciados por

realidades de: escassez de recursos não renováveis; mau

direcionamento/reaproveitamento de dejetos industriais e poluentes diversos;

produção incessante de mercadorias descartáveis. Andrade et. al.(2013) afirma que

as consequências do aumento da demanda apesar de contribuírem para a crescente

produção de bens de consumos colaboram para que a comunidade busque se

aperfeiçoar para o uso de fontes renováveis, além de buscar o reaproveitamento dos

itens.

Movido por essa mudança, Salgado (2009) afirma que devido à alta

competitividade e a globalização, o mercado estrangeiro pressiona a indústria

brasileira a perseguir fortemente a redução de custos e o desenvolvimento de novas

tecnologias, pois, em alguns casos, não se consegue praticar os mesmos preços ou

mesma qualidade de outros países.

Para Galvani e Carpinetti (2013), diante da concorrência do mercado, as

empresas buscam alternativas que possam torná-las mais competitivas, e visualiza a

melhoria da qualidade, de processos e produtos, como uma opção para atingir suas

metas. Entretanto, com essa nova preocupação mundial Boschetti e Bacarji (2009)

destacam que “a gestão ambiental correta e sustentável deixou de ser uma “opção”

para se tornar um diferencial competitivo, contribuindo para a manutenção das

empresas no mercado globalizado”.

Revolução

Industrial

2ª Guerra

Mundial

Produção artesanal

Produção em massa

Produção enxuta

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15

Analisando o cenário econômico do setor da empresa analisada, observa-se

que, segundo a ABIPLAST (2012) o setor de transformação de plástico é responsável

por empregar, aproximadamente, 358 mil trabalhadores, em 11.670 empresas, em

todo o Brasil.

O plástico tipo PEAD, o utilizável na empresa estudada, se aplica em 17,1%

dos produtos, do setor de embalagens de detergentes, amaciantes, produtos de

utilidade doméstica, tampas, potes, tambores, entre outros.

Os números da balança comercial do setor de embalagens plásticas mostram

que, em 2012, movimentou-se US$ 604,4 milhões em exportação e US$ 376,1

milhões em importação, números que representaram um recolhimento de 3,70% e

17,37%, respectivamente, em relação ao ano anterior, porém se analisado, o mesmo

período, o saldo (exportação – importação) é de US$ 228,3 milhões, significando

crescimento de 32,40%. Esses valores são o resultado de 419,6 mil toneladas de

exportação e 259,9 mil toneladas de importação, números que indicam um

recolhimento de 3,23% e 14,19%, respectivamente, em relação a 2011, porém, o

saldo do período, em mil toneladas, alcançou crescimento de 22,18%, representando

159,6 mil toneladas (ABIPLAST, 2013).

De acordo com os dados do ano de 2012, a ABIPLAST (2013) afirma que os

dois principais destinos de exportação da matéria-prima são: MERCOSUL (26%) e

União Europeia (24%). Já os blocos econômicos dos quais o Brasil importa são:

NAFTA, exceto México, (40%) e MERCOSUL (22%), seguidos de União Europeia

(14%), Ásia (11%) e Oriente Médio (7%), por fim os outros países (6%).

Considerando esse cenário, o estudo tem uma abordagem de apoio na

consolidação de uma empresa do setor de reciclagem de plásticos, contribuindo,

também, para o desenvolvimento de seu mercado local, cooperando com a evolução

da cadeia produtiva. Portanto, o objetivo do trabalho é contribuir com o

desenvolvimento da empresa, auxiliado a filosofia Lean Six Sigma, utilizando a

metodologia MASPO, visando analisar os custos, criar um sistema classificatório de

fornecedores, implantar indicadores e metas de produção, controlar a produtividade e

perdas, além de treinar os funcionários, com isso espera-se melhorar o fluxo dos

processos e da produção.

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16

2. REVISÃO DA LITERATURA

A revisão literária tem a preocupação de colaborar com o enriquecimento das

principais proposições conceituais de forma que facilite ao leitor o entendimento do

trabalho.

2.1. Six Sigma

“A concorrência está aumentando a uma taxa nunca vista” (ZYLSTRA, 2008)

e isso leva as empresas a tomarem estratégias diferentes. Trabalhar com processos

operacionais simplificados e reduzir suas falhas são opções que vem sendo adotas.

“Seis Sigma é primariamente uma iniciativa de negócios, e não apenas um

programa de qualidade” (PEIXOTO NETO, 2008 – p. 46). Para Morando e Prates

(2004) o programa é uma abordagem de melhoria de processos, que visa o ganho de

produtividade e a redução de falhas e custos. Considerando outra visão, Rotondaro

(2012) diz que o foco dessa metodologia é a redução de variabilidade do processo,

utilizando métodos clássicos da gestão da qualidade, como, por exemplo, o controle

estatístico do processo (CEP) que, para Montgomery (2000), é “um conjunto de

ferramentas para resolver problemas que podem ser aplicados a qualquer processo”.

O termo Sigma significa, na estatística, “desvio padrão de um processo que

aproximadamente obedece à distribuição normal, que é representado pela letra grega

sigma” (CIACCIA, 2004). O índice Sigma de qualidade, segundo os defeitos por

milhão de oportunidades – DPMO, está detalhado na Tabela 1.

Tabela 1– Demonstração simplificada de conversão em Sigma.

Nível de perfeição DPMO Número Sigma

30,9 % 690.000 1,0

69,2% 308.000 2,0

93,3% 66.800 3,0

99,4% 61.210 4,0

99,98% 320 5,0

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17

99,9997% 3,4 6,0

Fonte: PANDE, NEUMAN, CAVANAGH (2001, apud MORANDO E PRATES, 2004).

Essa metodologia “nasceu no departamento de garantia de qualidade da

Motorola, fruto da aplicação dos conceitos de Deming sobre variação de processos,

cujo objetivo era atacar as causas destas variações como forma de melhorá-los”. Essa

abordagem passou a ser reconhecida após os resultados alcançados pela empresa,

que segundo Kundi (2005) obteve, ao decorrer de 10 anos, uma economia acumulada

de 14 bilhões de dólares, mais tarde a multinacional americana General Eletric (GE),

celebrou uma economia, apenas no ano de 1999, de 1,5 bilhão de dólares,

disseminando ainda mais essa filosofia.

Para a metodologia six sigma a meta de qualidade é de 3,4 defeitos por milhão

de oportunidades, sendo elas, as chances de ocorrer uma falha no processo ou

produto, entretanto o presente estudo não busca a medição do nível sigma dos

processos da empresa. Para Hoerl e Snee (2002, apud Galvani e Carpinetti, 2013),

todo processo esta sujeito à variabilidade, portanto, a meta sugerida pela metodologia

significa a construção de um processo de transformação praticamente perfeito.

Segundo Trad (2006), quanto mais disperso o processo se apresentar, maiores

serão as chances de existir falhas, indo além dos limites das especificações dos

clientes, conforme se pode notar na Figura 4.

Figura 4 – Variação do processo.

Fonte: Retirado de TRAD (2006 – p. 27)

Dispersão muito ampla da variação se comparada às especificações do cliente.

Dispersão estreita da

variação se comparada às

especificações do cliente.

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18

A métrica Six Sigma “significa que a distância entre o valor médio das saídas

do processo e cada um dos limites de especificação é de 6 desvios-padrão do

processo” (TRAD, 2006 – p. 27).

Rodrigues (2014) diz que “um projeto seis sigma, seguindo os ensinamentos

do Guia PMBOK (Project Management Body of Knowledge) do PMI (Project

Management Institute), é dividido em cinco fases”, as quais formam a estrutura DMAIC

(D – Definir; M – Medir; A – Analisar; I – Incorporar; C - Controlar). Para Aguiar (2006)

essa estrutura consiste em:

Definir – Identificar os problemas e optar pelo qual será submetido ao processo de

melhoria;

Medir – Consiste em analisar o problema, através de coletas de dados e demais

informações;

Analisar – Etapa onde se faz o estudo das informações e dados coletados

anteriormente;

Incorporar – Traçar planos de ação para que consiga programar as melhorias

propostas;

Controlar – Etapa responsável pela manutenção e evolução das melhorias, gerando

um ciclo contínuo.

Para Franz (2009) “um dos alicerces da metodologia seis sigma é a formação

de times, que tem a função de trabalhar em projetos para o alcance de melhorias”,

Werkema (2011) complementa detalhando as atribuições dos envolvidos -

patrocinadores e especialistas, nos projetos, tabela 2:

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19

Tabela 2 – Patrocinadores e especialistas do Six Sigma.

Fonte: Retirado de Werkema (2011 – p 17)

2.2. Lean Manufacturing

A filosofia Lean Manufacturing, também conhecida como Produção Enxuta, foi

desenvolvida por Eiiji Toyoda e Taiich Ohno, após a Segunda Guerra Mundial, a qual

deixou o Japão em ruínas e com a economia devastada, necessitando “produzir mais

com menos”. Para Nazareno (et. al., 2001) “é um sistema de manufatura cujo objetivo

é otimizar os processos e procedimentos através da redução contínua de

desperdícios”.

Shigeo Shingo (1996) destaca que a filosofia Lean Manufacturing identifica sete

tipos de desperdícios, os quais são: superprodução; espera; transportes;

processamento; estoque; desperdício de movimentos; desperdício na elaboração de

produtos defeituosos. As características desses desperdícios podem ser vista na

Figura 5, a seguir:

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20

Figura 5 – Os sete desperdícios.

Tipo Característica

Defeitos Produto ou serviço fora dos padrões, que além do custo gerado pós-fabricação possui o custo da fabricação.

Superprodução Produção excessiva ou velocidade de processamento desnecessária, incompatível a necessidade ou a demanda.

Processamento Esforço aplicado desnecessário, criando atividades que não agregam valor.

Estoques Produtos esperando pelo processamento ou pelo consumo, gerando custos com o armazenamento e imobilizando dinheiro e mercadorias.

Movimento Excesso de movimentação das pessoas, fazendo com que saiam constantemente de seus postos de trabalho.

Espera Falta de sincronia entre as etapas produtivas, podendo haver ociosidade entre as etapas.

Transporte Excesso de movimentação de produtos, necessitando sua redução, pois não agrega valor ao produto ou serviço.

Fonte: Baseado em Werkema (2011)

A motivação para a escolha dessa filosofia pode se dar pelos possíveis

benefícios que ela traz, onde se consegue através da Figura 6 visualizar alguns pontos

positivos da redução de desperdícios:

Figura 6 – Benefícios da redução de desperdícios

Fonte: Retirado de Werkema (2011)

2.3. Logística

Aumento

da flexibilidade

da segurança

da motivação dos colaboradores

da capacidade de inovação

Melhoria

da qualidade

da ergonomia

Redução

de custos

das exigências de trabalho

da necessidade de espaço

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21

Novaes (2007) e Leite (2009) destacam que o conceito de logística era bastante

popular em cenários militares, além de sua grande importância em estratégias e

planejamentos de guerra, era fundamental para decidir deslocamento de tropas,

método de fornecimento e a quantidade de suprimentos, instalações das bases,

dentre outros, tratava-se essa ciência como um serviço de apoio.

“A logística pode ser entendida como uma das mais antigas e inerentes atividades humanas na medida em que sua principal missão é disponibilizar bens e serviços gerados por uma sociedade, nos locais, no tempo, nas quantidades e na qualidade em que são necessários aos utilizadores" (LEITE, 2009 – p. 2).

Segundo Leite (2009) a logística empresarial é, atualmente, uma decisão

estratégica, que possui grande participação no planejamento e controle dos fluxos e

processos da organização. Essa ciência, segundo Camelo (et. al. 2010 – p. 5),

“abrange a integração, a informação, o transporte, o inventário, o armazenamento, a

embalagem e a movimentação de materiais”.

2.3.1. Logística reversa

“Logística reversa é a área da logística que trata dos aspectos de retornos de

produtos, embalagens ou materiais ao seu centro produtivo” (DONATO, 2008 – p. 19),

a qual é uma perspectiva de negócios, onde garante “retorno de produtos, redução na

fonte, reciclagem, substituição de materiais, reuso de materiais, disposição de

produtos e embalagens [...]” (STOCK apud LEITE, 2009 - p. 16). Diante desse

contexto, observa-se que há nas empresas diferentes níveis de integração com a

logística reversa, Leite (2009) as apresentam como:

a. Empresas não integrada em reciclagem (Figura 7): são aquelas que

adquirem o material reciclado, capaz de ser reintegrado ao processo industrial,

diretamente da indústria de reciclagem;

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22

Figura 7 – Sistema de empresas não integradas.

Coletores locais

1ª consolidação regional (varejo) Última consolidação várias regiões (distribuidor) Indústria de reciclagem Indústria utilizadora de matéria-prima secundária executada

Fonte: Leite (2009 – p. 85).

b. Empresas semi-integradas em reciclagem (Figura 8): empresas que

adquirem o material já com certo nível de processamento e separação, por

intermédio dos grupos de “1ª consolidação regional”, o qual posteriormente

será submetido à atividade de reciclagem, para que somente após isso siga o

fluxo.

Figura 8 – Sistema de empresas semi-integradas.

Coletores locais

1ª consolidação regional (varejo)

Indústria utilizadora de matéria-prima secundária executa

Fonte: Leite (2009 – p. 86)

c. Empresas integradas em remanufatura ou reciclagem: seus fornecedores

estão na fonte primária, isso significa que ela própria que realiza a coleta ou

terceiriza essa tarefa, fazendo com que seja a responsável pelo processamento

de reciclagem e de reintegração. A seguir, podem-se observar suas

características:

Coletas locais;

Reintegração da

matéria-prima

secundária

EMPRESA

Reciclagem industrial e reintegração da

matéria-prima secundária

re

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23

Seleção e consolidação regionais;

Reciclagem industrial;

Reintegração de matérias-primas secundárias ao ciclo produtivo.

De acordo com as definições de cada nível de integração apresentadas por

Leite (2009), pode-se afirmar que a Empresa A está inserida no sistema de “Empresas

não integradas em reciclagem”. Para facilitar a identificação de sua posição dentro

desse sistema, indicamos a Figura 9.

A utilização desse tema será direcionada a resolução da problemática de tempo

de fluxo do processo, estoque, fornecedores e movimentação de materiais, visando à

redução de desperdícios de tempo entre os processos, além de buscar a melhor

abordagem para a realidade da empresa analisada.

2.4. Método de Análise e Solução de Problemas e Oportunidades

Para Pereira (2013) o método em questão é deduzido do método QC-Story, de

origem Japonesa, que por sua vez foi baseado no ciclo PDCA.

O objetivo do Método de Análise e Solução de Problemas e Oportunidade é a

manutenção, melhoria e inovação de produtos, serviços e processos a qual

juntamente com o programa Lean Six Sigma, são estruturas baseadas no ciclo PDCA

(do inglês Plan, Do, Check, Act – Planejar, Fazer, Checar e Ação Corretiva), entretanto

o Lean Six Sigma se organiza em um ciclo nomeado de DMAIC, porém sem a

abordagem de inovação, por esse motivo a escolha do MASPO.

O ciclo PDCA (ou Ciclo de Deming) pode ser definido como “um método que

tem por objetivo a manutenção e melhoria dos processos” (MARSHAL JR, I. et. al.

2009 – p.103), Campos (2011 – p. 117) complementa dizendo que “o PDCA é um

processo de tomada de decisões”. O ciclo é representado em quatro etapas, e para

melhor entendimento, a Figura 9 apresenta um esquema comparativo entre a ligação

do DMAIC com PDCA.

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24

Figura 9 – Relação entre DMAIC e PDCA.

Fonte: Retirado de Aguiar (2006).

Com zisso Campos (2011) apresenta, a seguir, os passos de atuação do

PDCA, utilizando a ferramenta MASPO, estrutura escolhida pelo trabalho:

1. Identificação do problema: fase onde se deve definir o problema de forma

precisa;

2. Análise do fenômeno: etapa do desdobramento do problema global;

3. Análise do processo: analisando o processo busca alcançar as causas

fundamentais do problema;

4. Plano de ação: ferramenta utilizada para estruturar a forma de atuar, com

intuito de bloquear as causas problemas;

5. Execução: Bloquear as causas fundamentais;

6. Verificação: Responsável por verificar o bloqueio, se tiver tudo conforme

avança no planejamento, caso não esteja retorna para a análise do

fenômeno (passo 2);

7. Padronização: Caso o bloqueio seja efetivo, essa etapa será o agente que

prevenirá o ressurgimento do problema;

8. Conclusão: Por fim, recapitula-se todo o processo para trabalhos futuros.

Os conjuntos apresentados pela Figura 12, anteriormente, divide os passos do

MASPO, da seguinte maneira: passos 1, 2, 3 e 4 no conjunto de Planejamento (P);

passo 5 no conjunto de Fazer (D); passo 6 no conjunto Checar (C) e, por último,

passos 7 e 8 no conjunto Ação Corretiva (A), complementa Campos (2011)

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25

3. METODOLOGIA

Uma conversa entre orientando e orientadora foi o ponto inicial do trabalho,

após definido os aspectos básicos se realizou a revisão bibliográfica acerca do tema

com intuito de reunir literaturas, que pudessem indicar estudos, pesquisas e estudos

de casos aplicados na área de interesse. Dessa forma, conseguiu identificar aspectos

facilitadores e possíveis agravantes para o progresso do estudo.

Como metodologia de trabalho optou-se realizar um estudo de caso, e para

aplicação da filosofia na empresa utilizou o Método de Análise e Solução de

Problemas e Oportunidade (MASPO). Portanto, considerando o objetivo estabelecido

do estudo, buscou se aprofundar nos conceitos da filosofia Lean Six Sigma, MASPO,

planejamento e controle da produção e logística reversa.

Para o desenvolvimento do estudo, houve visitas orientadas a fábrica, focando

na realidade do chão da fábrica, com o objetivo de identificar os possíveis agentes de

desperdícios, em paralelo, foi realizado o levantamento de informações relevantes ao

estudo para que possa estruturar o cenário e atuar na solução da problemática.

4. ESTUDO DE CASO

Durante o desenvolvimento do trabalho, o autor desempenhou o cargo de

estagiário na empresa, para que pudesse conhecer mais de perto o cenário, as

práticas da empresa e possíveis informações importantes para o sucesso do estudo.

O estágio ocorreu em todos os setores da empresa. As principais atividades

desenvolvidas foram:

Acompanhamento da produção

Análise e controle da produção

Instalação e acompanhamento de procedimentos

Análise e controle de perdas

Participação em estudos de melhorias de processo

Esta abordagem permitiu ao autor uma maior proximidade com a engenheira

responsável pela fábrica, com os colaboradores da manutenção, encarregados da

produção, operadores e administrativos. Essa aproximação foi extremamente

favorável para o desenvolvimento de todo o trabalho.

4.1. Descrição da organização analisada

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O estudo foi realizado em uma empresa, fundada em 2012, situada na cidade

de Uberlândia, com o intuito de fornecer matéria prima reciclada (PEAD) para uma

empresa de transformação, porém, diante das oportunidades, a mesma passou a

atender outros mercados.

A empresa analisada é fabricante de PEAD granulado, oriundo do processo de

reciclagem. Atualmente, está instalada em uma área territorial de 8.540 m2, com 28

colaboradores trabalhando em 2 turnos (designados como 1 e 3), sendo 21 no turno

1º e 7 no turno 3º.

Baseando na atual distribuição das atividades da empresa, foi elaborado um

fluxograma de processos para visualização de possíveis alterações, simplificações e

adoções de novas tecnologias, Figura 10.

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27

Figura 10 – Fluxograma de todo processo.

Fonte: Dados da pesquisa

Para entender a disposição do fluxograma é necessário conhecer a simbologia

utilizada, Figura 11.

NÃO

SIM

NÃO

SIM

SIM

NÃO

SIM

NÃO

ENTREGA DA

MATERIA PRIMA

DECARGA DA

MATÉRIA PRIMA

SEPARA O MATERIAL

POR COR E TIPO

SIM NÃO

É PP?

CONTABILIZA

DO E

ENVIADO AO

ATERRO

COMPRA DE

MATÉRIA PRIMA

INSERE NO

DESROTULADOR E NO

MOINHO

MATERIAL

PASSA POR

LIMPEZA

MOÍNHO

DISPONÍVEL

?

ESTOQUE

ESTOQUE

PEAD?

PEAD?

POSSUI ESTOQUE?

ESTOQUE

PROCESSADO

EXTRUSORA VENDAS

FIM

INÍCIO

ESTOQUE

ESTOQUE

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28

Figura 11 – Simbolos utilizados no fluxograma

Fonte: Adaptado de CAMPOS (2011).

4.2. Definição do problema

Antes de iniciar a análise interna da empresa escolhida, optou-se por conhecer

a atividade econômica e seu comportamento diante do cenário nacional e

internacional.

A empresa estudada, que está há aproximadamente dois anos e seis meses

em operação, possui sua estrutura dividida em 4 (quatro) operações de trabalho:

Operação 1: Administração;

Operação 2: Separação;

Operação 3: Moinho;

Operação 4: Extrusora.

A operação 1 realiza todas as atividades de planejamento e gestão da fábrica,

desde a compra da matéria prima até a venda do produto final. A operação 2

contempla o processo de reciclagem, onde ocorre a separação de materiais a serem

reciclados e destinação dos materiais a serem utilizados ou descartados. Já a

operação 3 é a etapa de preparação do material, retirando itens indesejados da

matéria principal. Após essa etapa, a operação 4 processa esse material preparado,

transformando-o em produto final.

A empresa ainda não obteve sucesso em implantar e manter um método

sistêmico de análise e controle da produção. Dessa forma, existe possibilidade dos

processos estarem fora de controle, afetando o desempenho da organização e até a

saúde financeira da mesma. Com essa proposição, criou-se um histograma da

produção do PEAD granulado, Figura 12, onde se analisou os meses de fevereiro a

julho de 2014.

Direção do fluxo

Início ou fim do processo

Ação

Estoque

Verificação

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29

Figura 12 – Histograma da Extrusão.

Fonte: Dados da pesquisa.

Com essa amostragem foi capaz de visualizar alguns problemas enfrentados

pela empresa, como a de ausência de controle da produção, de perdas e

indisponibilidade no mercado de matéria prima para abastecimento do processo de

fabricação. Destaca-se que o estudo considera a afirmação de Campos (2011) para

definir o termo “perdas” onde o intitula como anomalias, sendo “todos os eventos que

fogem do normal”, como defeitos em produtos, refugos, retrabalhos e outros. Contudo,

ela também contribuiu para se conhecer outros problemas, dentre eles, a falta de uma

cultura organizacional bem definida. Sendo que esses fatores podem afetar o

rendimento a curto, médio e/ou longo prazo da empresa.

Diante da indisponibilidade de matéria prima, foi feito outra amostragem por

histograma no período de fevereiro a julho de 2014, a qual é apresentada pela Figura

13, (considerando-se os meses de fevereiro a julho de 2014).

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30

Figura 13 – Histograma de entregas de matérias-primas.

Fonte: Dados da pesquisa.

Esse resultado indica problema nas entregas de matérias-primas. Com intuito

de aprofundar no processo, foram feitas visitas orientadas, para definição das etapas

produtivas e um programa de estágio. Dessa forma, foi traçado a estratégia de

abordagem. Após definir essas etapas, o passo seguinte foi o levantamento das

informações do processo, como por exemplo: tempo de processo; forma de execução;

capacidade e controle da produção; produção efetiva; dentre outros.

O fluxo de produção foi descrito, de modo simplificado, no mapa de processos,

pela Figura 14:

Figura 14 – Mapa de processos

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31

Fonte: Dados da pesquisa

4.3. Discussão sobre o problema e resultados alcançados

A análise foi realizada a partir de dados históricos da empresa, coletados nos

anos de 2014, e parte de 2015. Para a análise de preço foi examinado todo o ano de

2014, entretanto para as demais utilizaram os meses de outubro de 2014 a abril de

2015 como base, julgando, também, o que foi presenciado.

Buscando conhecer o cenário atual e o sistema adotado pela empresa,

buscou-se apresentar resultados que envolvessem custos e produtividade, pois

assim, traçou-se uma estratégia de abordagem. Além disso, o estudo sugeriu

alterações no formato do fluxo de processos da empresa, o qual tomou o seguinte

formato, Figura 15:

Figura 15 – Novo mapa de processos

Fonte: Dados da pesquisa

4.3.1. Análise de custos

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Em primeiro momento, analisou-se a relação do custo da mercadoria,

comparando o valor pago com o valor agregado durante o processo, onde se

contabilizou os dados da produção e os percentuais de perda. O resultado obtido

nessa etapa pode ser observado na Tabela 3, apresentada a seguir:

Tabela 3 – Custo X Custo Real

ANÁLISE DE PREÇO

FORNECEDOR PREÇO (por Kg) MÉDIA DE PERDAS NOVO PREÇO* VARIAÇÃO

1 R$ 1,40 8,62% R$ 1,50 8%

2 R$ 1,40 12,84% R$ 1,55 11%

3 R$ 1,40 13,21% R$ 1,56 12%

4 R$ 1,25 29,08% R$ 1,67 34%

5 R$ 1,75 0,00% R$ 1,75 0%

6 R$ 1,75 0,00% R$ 1,75 0%

7 R$ 1,45 24,90% R$ 1,84 27%

8 R$ 1,45 26,19% R$ 1,90 31%

9 R$ 1,40 30,43% R$ 1,95 39%

10 R$ 1,55 25,09% R$ 2,03 31%

11 R$ 1,50 30,85% R$ 2,10 40%

12 R$ 1,65 26,99% R$ 2,19 33%

13 R$ 1,55 31,41% R$ 2,21 43%

14 R$ 1,45 38,18% R$ 2,26 56%

* Considerando valores do aterro e outros custos internos.

Fonte: Dados da pesquisa

A Tabela 3 mostra que o valor de compra da matéria-prima dos fornecedores,

exceto nos casos dos fornecedores 5 e 6, não equivalem ao valor agregado no

decorrer do processo, devido algumas implicações, sendo assim, nota-se uma

defasagem na análise de custos da empresa. Essa análise foi feita de acordo com

dados apresentados pela Gerente Industrial.

Após o resultado dessa análise, o Diretor Geral iniciou um processo de auditoria

para colher mais informações, que detalhassem a situação enfrentada, a fim de revisar

o processo de precificação e corte de custos.

4.3.2. Sistema classificatório de fornecedores

Considerando a explicação de Shingo (1996), sobre a preocupação que se

deve ter com os fornecedores, onde ele diz que os mesmos devem “melhorar seus

próprios sistemas de produção para serem capazes de responder rapidamente às

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necessidades da empresa”, buscou-se analisar a relação com os fornecedores para

melhorar o processo interno.

Diante disso, buscou-se classificar os fornecedores evidenciando os principais

fatores para que a empresa os considere bons ou ruins. Com isso a Gerente Industrial

indicou três deles, os quais foram: o custo efetivo pago (considerando a quantidade

de PP presente na carga), a produtividade da carga e confiabilidade da entrega.

O primeiro fator considera a avaliação listada na Tabela 3, já a análise da

relação de produtividade a Figura 16 e para o terceiro fator criou-se a relação do prazo

de entrega sugerido pelo fornecedor com seu prazo efetivo, Figura 17.

As análises gráficas a seguir foram desenvolvidas considerando os dados

meses de Outubro a Abril, exceto os do mês de Janeiro, quando houve problema de

coleta e armazenamento das informações.

Figura 16 – Porcentagem de perda da carga por fornecedor

* Fornecedores de material denominado “boca de moínho” – já processado e pronto para uso.

Fonte: Dados da pesquisa

A Figura 17 mostra a distribuição por material recebido na carga, com intuito de

analisar a perda geral das compras.

8,62

12,8413,21

29,08

0,00 0,00

24,9026,19

30,43

25,09

30,85

26,99

31,41

38,18

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

40,00

45,00

1 2 3 4 5* 6* 7 8 9 10 11 12 13 14

% d

e p

erd

as

Fornecedores

Perda da carga por fornecedor

Perdas

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34

FIgura 17 – Divisão dos materiais recebidos nas cargas.

Fonte: Dados da pesquisa

Observa-se que 21% da matéria-prima adquirida não representa a solicitada

pela empresa, entretanto consideramos o material plástico PP como reaproveitáveis,

onde após processados são destinados à venda, revertendo algum resultado

financeiro para a empresa, já os 7% restantes, denominados pelo gráfico como Perdas

são descartados ao aterro, o qual gera custo extra.

Complementando a análise, preocupou-se em saber se o estudo trouxe alguma

melhoria para o fornecimento, por isso, elaborou-se outro histograma, Figura 18, de

entregas, mas considerando agora os dados de outubro de 2014 a março de 2015.

Figura 18 – Histograma de entregas de matérias-primas recente.

Fonte: Dados de pesquisa. Saída do software Minitab.

79%

14%

7%

Material recebido

PEAD

PP

PERDAS

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Nota-se que apesar de não estar em um estado de alto nível de controle, houve

melhoria no desvio padrão da análise anterior e após o estudo. De 24759 para 10360

quilogramas de matérias entregues.

Para gerar o ranking dos fornecedores, considerou-se a quantidade de pontos

que cada um dos fatores gerados, de acordo com o peso adotado pela empresa, ou

seja:

Fator 1 * peso 1 + Fator 2 * peso 2 + Fator 3 * peso 3 = Ponto final

Dessa forma, a empresa facilitou sua tomada de decisão e criação de

estratégias para a melhoria da relação com os fornecedores, refletindo na qualidade

dos produtos e processos.

4.3.3. Indicadores e metas de produção

Visando aumentar a produtividade diária, empenhou-se na implantação de

indicadores e metas de produção, os quais foram traçados pelo Gerente Industrial e o

Diretor da fábrica. O estudo considera a afirmação do Guideline 3: Key Performance

Indicators (2010) para definir indicadores de desempenho, onde a cartilha afirma que

são ferramentas de definir e medir o progresso da organização em direção as metas

e objetivos estabelecidos.

Para definir as metas foi necessário identificar os níveis de produtividade,

sendo observado pela eficiência das máquinas através da eficiência total, da meta e

da produção real.

As metas foram implantadas utilizando as técnicas do gerenciamento visual,

que segundo Souza e Lindgren (2012), “é um sistema de planejamento, controle e

melhoria contínua que integra ferramentas visuais simples, as quais possibilitam

compreensão de todos, de forma transparente por meios de quadros de exposição da

situação atual”.

O desenvolvimento dessa implantação envolveu toda a administração da

empresa, considerando-se os níveis de produtividade e eficiência das máquinas e

colaboradores. Utilizou-se o formato de gestão à vista, quadro branco fixado em uma

parede no chão de fábrica, onde se inseriu gráficos com a evolução da produção e

planilhas para preenchimento diário da produção, de forma a permitir o

acompanhamento Do delta diário, além dessas informações foi colocado em evidência

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reclamações e sugestões dos clientes. O Gerente Industrial também se preocupou em

incentivar o hábito dos colaboradores de acompanhar esses dados.

Com intuito de saber a contribuição do estudo nos resultados produtivos da

organização, elaborou-se uma comparação dos resultados mensais, do mesmo

período do ano anterior, antes e após a implantação dos indicadores e metas de

produção. A empresa resolveu modificar seu sistema produtivo, trabalhando pelo

sistema de lotes de acordo com cada fornecedor. Pode-se observar esse resultado na

Figura 19, a seguir:

Figura 19 – Produção mensal.

Fonte: Dados da pesquisa.

As mudanças realizadas no processo produtivo resultaram em crescimento de,

até, 51% da produção diária, porém não se conseguiu um resultado ainda melhor

devido à dificuldade enfrentada pelo setor de compras em encontrar mais matérias-

primas, ou novos fornecedores, contribuindo com que houvesse dias de baixa

produtividade, afetando na análise final.

4.3.4. Controle de produtividade e perdas

Além das análises estatísticas, houve o levantamento de tempos de cada

processo para que se conseguisse definir a capacidade produtiva, lote econômico de

compra, tempo de ciclo, que para Gouvêa (2012) é “a frequência com que uma peça

ou um produto é realmente completado em um processo”, lead time – tempo da

movimentação do produto ao longo de todo o processo, dentre outros indicadores.

97675107315

97250

188297

227331

130725

0

50000

100000

150000

200000

250000

Fevereiro Março Abril

Comparativo de produção (em Kg)

2014

2015

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Para isso, se dividiu a empresa em um ciclo fechado contendo três grandes áreas,

conforme a Figura 20:

Figura 20 – Ciclo fechado da produção.

Ponto inicial

Entrada de carga

Ponto final

Saída de mercadoria

Fonte: Dados da pesquisa.

Com esse ciclo definido, coletou informações suficientes que conseguissem

indicar o tempo médio de ciclo do processo, Figura 21, por bag – sacos de,

aproximadamente, uma tonelada. Realizou-se um estudo de cronoanálise em cada

uma das etapas, porém, na fase da separação, buscou-se conhecer o tempo de

trabalho sobre o insumo de cada fornecedor, criando uma métrica de qualidade por

fornecedor. Com esses tempos, foi possível prever a duração aproximada do estoque

de forma que se pudesse planejar o ritmo de cada etapa, evitando possíveis

problemas.

Figura 21 – Tempos do processo.

Fonte: Dados da pesquisa.

4.3.5. Treinamentos

Durante o estudo, notou-se que algumas atividades eram desempenhadas de

forma incorreta pelos colaboradores, de acordo com a política da empresa. Foram

desenvolvidos treinamentos, que Lôpo (1999) define como o ato de transmitir

conhecimento especifica para aprender, desenvolver ou modificar habilidades e

hábitos visando à preparação e desenvolvimento do colaborador para o trabalho. Essa

preparação foi direcionada a cada área, os quais foram ministrados in loco – não

necessitando o afastamento Do colaborador de seu local de trabalho, pelo novo

Gerente Industrial. conseguiu-se observar a evolução de algumas atividades

monitoradas.

I F Separação Moínho Extrusora

Separação

0h 53min

Moinho

0h 43min

Extrusão

1h 16min

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Figura 22 – Forma de armazenamento antes do treinamento.

Fonte: Dados da pesquisa

Figura 23 – Forma de armazenamento após o treinamento.

Fonte: Dados da pesquisa

Figura 24 – Posição do material antes do

treinamento

Figura 25 – Posição do material após o

treinamento.

Fonte: Dados da pesquisa Fonte: Dados da pesquisa

Essa etapa foi desempenhada em paralelo às demais, sendo que uma delas,

foi a reconfiguração da disposição do método de produção do setor final, o de

Extrusão. A empresa adotou um novo método de armazenamento, passando de sacos

de 25 kg para big bags de aproximadamente 1 ton., e adoção de novos equipamentos

para melhoria do controle produtivo, com isso, fez-se necessário adaptações nas

máquinas e treinamentos com os colaboradores.

5. CONCLUSÃO E TRABALHOS FUTUROS

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39

Acredita-se que a utilização de filosofias presentes em outros setores

produtivos, como por exemplo, no automobilístico, pode trazer uma perspectiva de

melhoria e profissionalização no segmento que cada vez mais ganha visibilidade e

importância no cenário mundial atual.

O trabalho trouxe melhorias significativas no processo da empresa, alcançando

o objetivo principal do estudo, além desse fato resultou em melhoria da gestão de

compras; maior liberdade de análise, negociação e escolha dos fornecedores e suas

matérias-primas; em aumento de, até, 51% da produção de PEAD granulado por dia;

na redução dos desperdícios relacionados à movimentação, estoque e reprocesso,

chegando a evitar a utilização de 12 ton. de insumos contaminados de um fornecedor;

no aumento da segurança no desenvolvimento das atividades, do rendimento por

colaborador e ambiente mais limpo e organizado.

Com base nos resultados apresentados, pode-se concluir que a Metodologia

utilizada foi eficaz para este caso.

Pensando na melhoria contínua, se tem o intuito de utilizar o aprendizado desse

trabalho para dar continuidade a essa melhorias. Para isso, destacamos alguns

possíveis pontos a serem explorados, dentre eles destacamos os seguintes:

Rever o processo de compra de matéria prima, além de aumentar o número de

fornecedores, atualizando e mantendo o sistema implantado.

Análise da qualidade do produto final.

Sistematizar e monitorar os processos, de modo que eles se autofiscalizem,

economizando tempo de outros colaboradores e resultando em indicadores

eficazes.

Treinamentos contínuos visando à redução de falhas de operadores que

ocasione paradas de máquinas ou perdas de materiais.

Aplicar a gestão do conhecimento, para que se consiga diminuir o tempo da

resposta a eventuais problemas de máquinas ou de fabricação.

Monitoramento do consumo de energia, indicado pelos consumos reais de cada

operação ou área, buscando reduzir os gastos com energia ou traçando novas

estratégias para essa situação.

Acredita-se que essas ações auxiliarão o contínuo desenvolvimento da

empresa tornando seu processo sustentável, seja na manutenção ou controle,

representando ganho financeiro ou de tempo para os gestores dedicarem mais

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40

intensamente ao planejamento e controle da produção, significando uma diminuição

das intervenções operacionais não urgentes.

6. REFERÊNCIAS

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