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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA ALESSANDRA CONSONE FERREIRA DA SILVA ACOLHIMENTO EM UMA UNIDADE DE ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA EM CONTAGEM – MINAS GERAIS: UMA PROPOSTA DE ORGANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA BELO HORIZONTE- MINAS GERAIS 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA

ALESSANDRA CONSONE FERREIRA DA SILVA

ACOLHIMENTO EM UMA UNIDADE DE ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA EM CONTAGEM – MINAS GERAIS: UMA PROPOSTA DE

ORGANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA

BELO HORIZONTE- MINAS GERAIS 2015

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ALESSANDRA CONSONE FERREIRA DA SILVA

ACOLHIMENTO EM UMA UNIDADE DE ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA EM CONTAGEM – MINAS GERAIS: UMA PROPOSTA DE

ORGANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização Estratégia Saúde da Família, Universidade Federal de Minas Gerais, para obtenção do Certificado de Especialista.

Orientadora: Profa. Dra. Matilde Meire Miranda Cadete

BELO HORIZONTE- MINAS GERAIS 2015

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ALESSANDRA CONSONE FERREIRA DA SILVA

ACOLHIMENTO EM UMA UNIDADE DE ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA EM CONTAGEM – MINAS GERAIS: UMA PROPOSTA DE

ORGANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA

Banca examinadora

Profa. Dra. Matilde Meire Miranda Cadete – orientadora

Profa. Dra. Maria Rizoneide Negreiros de Araújo - UFMG

Aprovado em Belo Horizonte, em: 27/11/2015

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RESUMO

O acolhimento, momento de primeiro contato entre o usuário e o profissional do sistema de saúde, é um elemento essencial para o atendimento humanizado e resolutivo, além de importante instrumento de organização do serviço de saúde. Uma possível ferramenta facilitadora do processo de acolher é a utilização de protocolos que visem organizar o atendimento com base na priorização e identificação de riscos, interrompendo a perversa rotina de atendimentos por ordem de chegada à unidade de saúde. O objetivo deste estudo foi elaborar um Protocolo com vistas á melhoria do acolhimento na Unidade de Saúde Parque Turista, em Contagem – Minas Gerais, com a perspectiva de organizar e humanizar o processo de trabalho da equipe. Para isso, utilizou-se da revisão bibliográfica de artigos e textos científicos da área, na base de dados da LILACS, com os descritores: Acolhimento, Protocolo e Estratégia Saúde da Família. Foram também utilizados os Manuais do Ministério da Saúde além de dados levantados na própria unidade de saúde em uma estimativa rápida realizada pela equipe de saúde. Espera-se, com a criação deste Protocolo e com a capacitação dos profissionais de saúde envolvidos no processo de acolher, alcançar em longo prazo um Acolhimento efetivo, eficaz e humano na Unidade de Saúde Parque Turista, coerente com os princípios do Sistema Único de Saúde.

Palavras Chave: Acolhimento. Protocolo. Estratégia Saúde da Família.

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ABSTRACT

The host moment of first contact between the user and the professional health system is an essential element for humane and effective care, as well as important organizing tool of the health service. One possible tool facilitating the process of hosting is the use of protocols aimed at organizing the service based on prioritization and identification of risks, breaking the perverse routine calls in order of arrival to the clinic. The objective of this study was to elaborate a protocol in order will improve care at the Health Unit Tourist Park in Contagem - Minas Gerais, with the prospect of organizing and humanize the team work process. For this, we used the literature review articles and scientific texts from the area, in the LILACS database, with the following keywords: Reception, Protocol and the Family Health Strategy. They have also used the Health Ministry manuals as well as data collected at the health unit in a rapid assessment conducted by the health team. It is expected, with the creation of this Protocol and the training of health professionals involved in the process of receiving, achieve long-term effective, effective and humane Reception at the Health Unit Park Tourist, consistent with the principles of the Unified Health System. Keywords: Home. Protocol. Health strategy.

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 7 2 OBJETIVOS ...........................................................................................................12 3 METODOLOGIA ................................................................................................... 13 4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 14 5 PLANO DE AÇÃO ................................................................................................ 18 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 23 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 24

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1 INTRODUÇÃO

A Atenção Básica à Saúde (ABS), segundo o Ministério da Saúde, constitui “um

conjunto de ações, de caráter individual ou coletivo, situadas no primeiro nível de

atenção dos sistemas de saúde, voltadas para a promoção da saúde, a prevenção

de agravos, o tratamento e a reabilitação” (BRASIL, 2007, p.12). É no nível da ABS,

através das unidades básicas de saúde e das ações do Programa de Saúde da

Família (PSF), que se dá o contato preferencial dos usuários com o SUS.

A Saúde da Família é entendida como uma estratégia de “reorientação do modelo

assistencial da atenção básica, imprimindo uma nova dinâmica de atuação nas

unidades básicas de saúde, com definição de responsabilidades entre os serviços

de saúde e a população” (BRASIL, 2000, p 10). O trabalho de equipe em um PSF

deve ser guiado pelos princípios norteadores da atenção primária: universalidade,

acessibilidade, continuidade, integralidade, responsabilização, humanização,

vínculo, equidade e participação social.

Essas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um número delimitado

de famílias localizadas em um território definido (BRASIL, 2000).

De forma geral pode-se definir três tipos de ações que devem ser desenvolvidas no

trabalho diário de uma equipe de Saúde da Família: atendimento da demanda

espontânea, representada principalmente pelo atendimento dos casos agudos e das

urgências; atendimento de demanda programada, representada principalmente pelo

atendimento a grupos e situações de risco especiais para a saúde; e outras ações

que envolvem diversas finalidades, entre elas ações de natureza gerencial da

unidade e do cuidado de saúde, ações de articulação intersetoriais e ações de

natureza informativo-educativa que busquem aumentar a capacidade de indivíduos,

famílias e a comunidade de compreenderem e atuarem sobre os seus problemas de

saúde e sobre os determinantes desses problemas (FARIA et al., 2010)

Uma das funções da equipe de Saúde da Família é a de acolher o indivíduo que

demanda qualquer tipo de atendimento relacionado à sua saúde. Segundo Souza

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(2008), o Acolhimento é um momento primordial no atendimento em saúde,

momento em que o usuário chega à Unidade e faz o primeiro contato com aquele

que se dispõe a atendê-lo e que ele espera que o ouça, o acolha com presteza e

atenda suas demandas.

No entanto, na prática diária, percebe-se que esse momento do atendimento ao

usuário muitas vezes é banalizado e realizado de maneira inapropriada. Alguns

estudos mostram os principais obstáculos para o desenvolvimento de um

Acolhimento eficaz: tempo reduzido para o atendimento devido a grande demanda, o

imediatismo inerente à sociedade atual, o despreparo dos profissionais para o

trabalho, ausência de protocolo específico e limitação de espaço físico (NERY et al.,

2009; OLIVEIRA; TUNIN; SILVA, 2008; SCHOLZE et al., 2006; KANTORSKI et al.,

2009)

É no município de Contagem que faz parte da região metropolitana de Belo

Horizonte e um dos mais importantes municípios do Estado de Minas Gerais onde

exerço minhas atividades profissionais e onde a atividade do acolhimento me

instigou à busca de alternativas que o tornasse, de fato, acolhimento.

Contagem possui a terceira maior população do estado, isto é, cerca de 643.476

habitantes (IBGE, 2014), estando 99,66% da população concentrada em área

urbana (IBGE, 2014; PREFEITURA DE CONTAGEM, 2014).

A instalação da Cidade Industrial, em 1941, deu início à uma característica essencial

do município, a de sediar indústrias. A maior parte da população economicamente

ativa do município está distribuída nos setores de comércio e serviços, seguido do

setor industrial. O distrito sanitário da Ressaca é região administrativa de Contagem

composta por 40 bairros, uma população com cerca de 99.899 pessoas e onde

situa-se a Unidade de Saúde Parque Turista. Nesse distrito há cobertura de 100%

pela Estratégia da Saúde da Família (PREFEITURA DE CONTAGEM, 2014).

A Unidade de Saúde Parque Turista é uma Unidade Integrada que abriga duas

Equipes de Saúde da Família, a equipe Santa Luzia (equipe 34) e a equipe Parque

Recreio (equipe 35). As duas equipes de saúde funcionam de forma muito

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harmônica e trabalham todo o tempo em conjunto. Elas atendem juntas uma média

de 10.681 pessoas, sendo 6.244 delas adscritas apenas na equipe 34. A faixa etária

predominante nesse território é de 35 a 59 anos.

Por se tratar de indivíduos que em sua maioria estão na 4ª e 5ª décadas de vida, há

uma enorme prevalência de doenças crônicas não transmissíveis entre a população

assistida. Em um levantamento feito pela equipe no ano passado, encontrou-se

cerca de 720 hipertensos, 320 diabéticos e 68 doentes renais crônicos no território

de abrangência, o que equivale, juntos, a quase 20% da população. Isso demonstra

a enorme necessidade de acompanhamento longitudinal dos indivíduos assistidos

em consultas periódicas para controle de suas comorbidades. No entanto, existe

uma crença ainda muito presente na população de que o atendimento médico é

necessário apenas quanto há sintomas e de que as medicações são a chave para

todos os problemas de saúde.

Partindo de uma reflexão gerada a partir das discussões do Curso de Especialização

em Estratégia Saúde da Família (CEESF) sobre os principais problemas presentes

na unidade, elegeu-se como prioritária a falta de organização e ineficiência do

acolhimento. O que ocorre atualmente na unidade como forma de acolhimento é um

atendimento inicial à população sem qualquer organização e ainda bem distante do

princípio de humanização tão almejado pelas Equipes de Saúde. O acolhimento na

unidade é realizado por técnicos de enfermagem e visa apenas organizar a

população com base na ordem de chegada dos indivíduos para o atendimento de

demanda espontânea e agendar consultas, quando solicitado pelo paciente. Não há

qualquer tipo de orientação aos pacientes sobre o que se constitui o atendimento de

demanda espontânea diferenciando-o daquele das consultas agendadas, assim

como não há nenhum esclarecimento ao paciente quanto à necessidade e

importância de seu acompanhamento longitudinal e periódico na unidade.

Além disso, o agendamento de consultas no dia do Hiperdia, também realizado

durante o acolhimento, tornou-se completamente distorcido, visando apenas à

renovação de receitas. O tipo de acolhimento que se tem atualmente, além de se

distanciar da humanização no atendimento da população, gera desorganização do

atendimento, insatisfação do usuário e sobrecarga dos profissionais.

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Percebeu-se então, que essa falha primordial que ocorre no acolhimento dos

pacientes acaba por desencadear várias outras falhas no acompanhamento da

população, principalmente no acompanhamento longitudinal tão necessário aos

pacientes portadores de doenças crônicas. Afinal, com a desorganização no

atendimento e no agendamento de consultas torna-se impraticável organizar esse

acompanhamento contínuo de forma eficaz (FIGURA 1)

Figura 1 - Explicitação esquemática do problema de Acolhimento.

Fonte: autora do trabalho, 2015.

Reafirma-se que na Estratégia Saúde da Família Santa Luzia, em Contagem –

Minas Gerais, o acolhimento apresenta diversas falhas, conforme diagnóstico

situacional realizado como atividade do Módulo de Planejamento e avaliação de

ações em saúde (CAMPOS; FARIA;SANTOS, 2010).

Acolhimento Ineficaz

Falta de capacitação dos profissionais

Falta de protocolo de Acolhimento

Falha no agendamento de consultas

Excesso de consultas por

demanda espontânea Baixo acompanhamento

longitudinal das doenças crônicas

População má informada sobre o

funcionamento do PSF

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Na unidade há espaço físico suficiente destinado ao acolhimento e à escuta técnica

qualificada. Acredita-se, entretanto, que o imediatismo da população, o tempo

reduzido para o acolhimento, o despreparo dos profissionais e a ausência de um

protocolo de acolhimento específico sejam os principais fatores determinantes para

a falha no processo de acolher.

O Ministério da Saúde (MS) através da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS), e do

Departamento de Atenção Básica (DAB), tem buscado subsidiar os gestores e

trabalhadores para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) a partir da

Atenção Primária (AP). O Ministério entende que

[...] além de ser uma das principais portas de entrada do sistema de saúde, a atenção básica tem que se constituir numa “porta aberta” capaz de dar respostas “positivas” aos usuários, não podendo se tornar simplesmente um lugar burocrático e obrigatório de passagem para outros tipos de serviços (BRASIL, 2011, p. 14).

Nesse sentido, o DAB disponibilizou o Caderno de Atenção Básica n. 28,

denominado Acolhimento à Demanda Espontânea, como uma ferramenta útil que

ajuda na construção compartilhada e cotidiana de modos de cuidar e gerir (BRASIL,

2011).

Acolher a demanda espontânea, ou seja, atender aos usuários que procuram o

serviço de saúde sem ter feito o agendamento em busca de atendimento médico é

um desafio, porque “[...] queiramos ou não, o usuário também define, com formas e

graus variados, o que é necessidade de saúde para ele” (BRASIL, 2011, p. 20).

Diante desse contexto, espera-se que o plano de ação proposto na Unidade de

Saúde Parque Turista, em Contagem, possa auxiliar na implantação de um

Acolhimento efetivo e de acordo com o demandado pelo Ministério da Saúde

(BRASIL, 2010).

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2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Elaborar um Protocolo com vistas á melhoria do Acolhimento na Unidade de Saúde

Parque Turista com a perspectiva de organizar e humanizar o processo de trabalho

da equipe.

2.2 Específicos

Elaborar uma proposta de Protocolo de Acolhimento;

Desenvolver curso de capacitação para os profissionais responsáveis pelo

Acolhimento na Unidade de Saúde Parque Turistas, Contagem.

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3 METODOLOGIA

A metodologia utilizada para este trabalho foi a de revisão bibliográfica narrativa.

Utilizou-se da pesquisa de artigos e textos científicos em base de dados

da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e de

Manuais sobre Acolhimento do Ministério da Saúde.

A seleção dos textos científicos e artigos aconteceram no mês de maio de 2015,

utilizando-se como descritores:

Acolhimento.

Protocolo.

Estratégia Saúde da Família.

Foram selecionados inicialmente 40 artigos a partir da busca citada e após leitura e

filtragem por tema de maior interesse, restaram 11 artigos de interesse.

Foram analisados dados sobre a população assistida pela equipe Santa Luzia

levantados pela própria equipe no ano de 2014 e nos meses de janeiro a maio de

2015. Além de dados levantados em uma estimativa rápida explicitada mais a frente.

Utilizou-se a revisão bibliográfica realizada e os dados levantados para elaboração

de um Protocolo de Acolhimento próprio e desenvolvimento de um curso rápido, em

dois encontros, para capacitação dos profissionais da equipe.

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4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O acolhimento é o momento do primeiro contato entre o usuário e os profissionais da

equipe de saúde. Nele, os trabalhadores devem ser qualificados para recepcionar,

escutar, conversar, tomar decisão, amparar, orientar e negociar (SOUZA, 2008).

Assim, o acolhimento possui as funções de atender à demanda diária da unidade de

saúde, fazendo com que os usuários tenham resolutividade de seus problemas,

além de ser utilizado como ferramenta para a implantação de novas práticas em

saúde, com base na problematização e reorganização dos processos de trabalho

(COELHO; JORGE, 2009).

Para Franco et al. (1999), autores de uma das publicações pioneiras sobre o

Acolhimento, essa função de reorganização do processo de trabalho é de grande

importância pois é capaz de deslocar o eixo centrado no médico para uma equipe

multiprofissional, capaz de produzir escuta qualificada, responsabilização, vínculo e

resolubilidade. . Julga-se que uma unidade de saúde seria capaz de reorganizar seu processo de

trabalho a partir da utilização do Acolhimento, revendo necessidades e prioridades,

organizando fluxos e realizando a classificação por risco para demandas agudas,

evitando, na medida do possível, as filas por ordem de chegada, e, principalmente, a

espera desnecessária dos usuários (OLIVEIRA et al., 2010).

Segundo Franco, Bueno e Merhy (1999, p. 242), o acolhimento propicia a

reorganização do processo de trabalho ao identificar necessidades dos usuários e

rever o atendimento deles. Dessa forma, consegue ampliar e qualificar o acesso dos

usuários, humaniza o atendimento e impulsiona a reorganização do processo de

trabalho nas unidades de saúde. O acolhimento se torna mais do que uma triagem

qualificada ou uma escuta interessada; torna-se um momento de escuta,

identificação de problemas e intervenções resolutivas para seu enfrentamento. “Isso

pode possibilitar a ampliação da capacidade da equipe de saúde em responder às

demandas dos usuários, reduzindo a centralidade das consultas médicas e melhor

utilizando o potencial dos demais trabalhadores de saúde”.

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Para Selli et al. (2007), o acolhimento é a peça chave para se tentar modificar o

processo de trabalho e garantir ao usuário resolutividade em suas demandas e

atendimento humanizado, além de possibilitar a oferta de serviços que atendam

suas necessidades, contribuindo para a sua satisfação.

No entanto, essa não é uma tarefa fácil. Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL,

2006), para se colocar em ação o acolhimento é necessária uma nova atitude e

exige protagonismo de todos os sujeitos envolvidos no processo de produção de

saúde, reorganização dos serviços a partir da problematização dos processos de

trabalho, elaboração de projetos terapêuticos individuais e coletivos, além de uma

postura de escuta e compromisso em dar respostas às necessidades de saúde

trazidas pelo usuário, de maneira que inclua sua cultura e seus saberes. Deve-se

estar atendo ainda para o fato de que à medida que o profissional de saúde

incorpora uma ferramenta ou atividade como uma rotina, neste caso o acolhimento,

acaba por esquecer ou não reconhecer sua motivação e seus fundamentos

conceituais, passando a executá-lo de forma acrítica, como colocam Mitre, Andrade,

Cotta (2012).

Além disso, estudos mostram que o acolhimento ainda é uma ação de saúde pouco

clara para os trabalhadores das Unidades de Saúde da Família (BECK, MINUZI,

2008).

Mitre, Andrade, Cotta (2012) observaram diversos estudos que descrevem a

dificuldade de compreensão, pelos profissionais de saúde, do processo de trabalho

no acolhimento, que o reconhecem como uma espécie de “triagem humanizada” e

apontam para a sobrecarga de trabalho nas Unidades de Atenção Primária à Saúde.

Muito se discute sobre a incorporação de protocolos no ato de acolher como

possíveis ferramentas facilitadoras ou norteadoras desse processo.

Werneck; Faria e Campos (2009, p. 31) definem estes protocolos como:

[...] rotinas dos cuidados e das ações de gestão de um determinado serviço, equipe ou departamento, elaboradas a partir do conhecimento científico atual, respaldados em evidências científicas, por profissionais experientes e especialistas em uma área e que servem para orientar fluxos,

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condutas e procedimentos clínicos dos trabalhadores dos serviços de saúde.

Segundo Mitre, Andrade, Cotta (2012), o uso de protocolos garante a priorização do

atendimento por meio da identificação de riscos de grupos ou indivíduos que

apresentam maior vulnerabilidade de morrer, adoecer, ter comprometida sua

qualidade de vida ou comprometida sua autonomia funcional. Assim, a perversa

ordem de entrada nos serviços de saúde por critérios simplesmente burocráticos e

administrativos, como, por exemplo, a distribuição de senhas por ordem de chegada

ao serviço transforma-se em um desalento para a população que busca ações de

saúde da unidade básica de saúde.

No entanto, alguns possíveis pontos negativos em relação à implantação de

protocolos também devem ser observados, como apontam Mitre; Andrade e Cotta

(2012, p.2080): “isto pode levar o usuário a exagerar na sua queixa, ao compreender

que, o profissional que o recebeu é quem irá decidir (por ele) se deve ou não ser

atendido ou por qual profissional será atendido”. Como forma de amenizar tal risco,

as autoras sugerem manter a sensibilização, a participação e a compreensão dos

profissionais de saúde e dos usuários sobre o uso destes protocolos. Elas postulam

ainda que outro ponto essencial nesse processo é “a reconstrução das ações

educativas nos serviços de saúde desde a formação do profissional até a produção

da Educação Permanente, visando o estabelecimento de uma nova cultura, voltada

para os compromissos sociais e para responder as reais demandas da população

brasileira” (MITRE; ANDRADE; COTTA, 2012, p. 2073).

Portanto, a utilização de protocolos ou fluxogramas na organização do Acolhimento,

deve ser vista como uma oferta, um ponto de partida possível, uma estratégia de

visualização e organização do trabalho coletivo na UBS, devendo, sempre que

necessário, ser adaptado, enriquecido, testado e ajustado, considerando a

singularidade de cada lugar, de modo a facilitar o acesso, a escuta qualificada e o

atendimento a necessidades de saúde com equidade (BRASIL, 2013).

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5 PLANO DE AÇÃO

Uma estimativa rápida realizada durante três semanas consecutivas na equipe

Santa Luzia no sentido de levantar dados sobre a questão do acolhimento mostrou

números preocupantes, conforme descrito no Quadro 1.

Quadro 1 – Fatores relacionados ao problema Acolhimento ineficaz, PSF Santa Luzia. 2015.

Fatores* Valores

Total de consultas de demanda espontânea 138 N° de consultas por queixas agudas 83 (60,1%) N° de consultas por agudização de processos crônicos 28 (20,3%) N° de consultas por outras razões 27 (19,6%) N° de pacientes orientados durante o Acolhimento 0

Total de consultas agendadas 75 N° consultas para renovar receitas de pacientes em acompanhamento 25 (55,6%)

N° de consultas para renovar receitas de pacientes sem acompanhamento 20 (44,4%)

N° de pacientes orientados durante o Acolhimento 0 * A fonte dos fatores foi um levantamento feito através da coleta de dados por três semanas utilizando-se protocolo específico criado pela autora do trabalho, 2015.

Das 138 consultas de demanda espontânea, 27 (19,6%) eram de pacientes que não

possuíam queixas agudas e que deveriam estar agendados para consultas mais

completas e demoradas no período da tarde e 28 (20,3%) possuíam agudizações de

processos crônicos, sendo que a maioria destes relatava ausência de

acompanhamento periódico. Em relação às consultas agendadas (75), 45 (60%)

indivíduos compareceram à unidade apenas para renovar receitas, sendo relatado

por 20 (44,4%) pacientes a ausência de acompanhamento longitudinal há mais de 2

anos. Para todos esses pacientes foi questionado se houve alguma orientação

durante o Acolhimento a respeito do tipo de consulta necessário no seu caso e a

importância do acompanhamento periódico de suas comorbidades, todos

responderam negativamente.

O primeiro contato do usuário com a Equipe Saúde da Família Santa Luzia ocorre na

recepção da unidade onde se encontram sempre dois funcionários da equipe. Por

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esse motivo, propõe-se que o Acolhimento seja iniciado neste momento, devendo o

usuário ser bem recepcionado, ouvido quanto suas demandas para que se saibam

os motivos que o levaram à unidade.

É neste momento que se deve criar um vínculo com o indivíduo. Caso não haja

queixa aguda, o profissional deve decidir sobre a melhor forma de resolver o

problema apresentado, orientando, encaminhando ou agendando consultas se

necessário. Em caso de demanda aguda, inicia-se um segundo momento,

denominado neste estudo por Escuta Técnica, realizado por um técnico de

enfermagem e que deve ocorrer em ambiente próprio para este fim, tranquilo e

confortável, atentando-se para uma escuta mais detalhada, qualificada, respeitosa e

educada. A partir de então, o profissional deve resolver o problema que gerou a

busca pelo serviço e, dessa forma, orientar, priorizar e decidir sobre o tipo de

consulta para resolução dos problemas detectados, consulta médica ou de

enfermagem.

Todos os profissionais envolvidos neste processo deverão ser capacitados para

realizar o acolhimento tanto em um atendimento de urgência e emergência, de

demanda espontânea ou programada, responsabilizando-se pelo usuário mesmo

quando encaminhado para outros serviços de saúde. A capacitação deverá ocorrer

inicialmente em dois dias com convidada da rede especialista no tema, enfatizando-

se todos os aspectos envolvidos no acolhimento com o objetivo de apresentar o

Protocolo criado.

A priorização do atendimento de demanda espontânea deverá ser feita conforme

orientações presentes na cartilha “Acolhimento da Demanda Espontânea” do

Ministério da Saúde (BRASIL, 2012), sintetizadas no Quadro 2. Isso porque a

adoção da avaliação/estratificação de risco como ferramenta, contribui para garantia

de acesso ao serviço de saúde com equidade, possibilitando identificar as diferentes

gradações de risco, as situações de maior urgência e, com isso, procedendo às

devidas priorizações (BRASIL, 2013).

O registro de todas as atividades durante o acolhimento é de extrema importância

tanto para resguardar os envolvidos, caso haja alguma eventualidade, quanto para

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fornecer informações sobre o usuário para que se possa, se necessário, discutir o

caso em conjunto com uma equipe multiprofissional e traçar um plano de cuidados.

Quadro 2 - Priorização do Atendimento de Demanda Espontânea

CLASSIFICAÇÃO DO ATENDIMENTO E RISCO

NECESSIDADES

Atendimento imediato Alto risco de vida

Necessita no mesmo momento, obrigatoriamente com a

presença do médico.

Ex: PCR, dificuldade respiratória grave, convulsão, dor

severa.

Atendimento prioritário Risco moderado

Necessita de intervenção breve, podendo ser ofertada

inicialmente medida de conforto pela enfermagem até a

nova avaliação do profissional mais indicado para o

caso.

Ex: crise asmática leve a moderada, febre sem

complicação, gestante com dor abdominal, usuários que

necessitam de isolamento, pessoas com ansiedade

significativa.

Atendimento no dia Risco baixo ou ausência de risco com vulnerabilidade importante

Situação que precisa ser manejada no mesmo dia

levando em conta a estratificação de risco biológico e a

vulnerabilidade psicossocial. O manejo poderá ser feito

pelo enfermeiro e/ou médico dependendo da situação e

dos protocolos locais. Ex: disúria, tosse sem sinais de

risco, dor lombar leve, renovação de medicamento de

uso contínuo que já terminou, conflito familiar, usuário

que não conseguirá acessar o serviço em outro

momento.

Fonte: adaptado pela autora do trabalho do Ministério da Saúde (BRASIL, 2012).

O Protocolo de Acolhimento com os fluxos necessários para orientação dos

profissionais encontra-se ilustrado a seguir (FIGURA 2). Pretende-se fixar cópia do

mesmo na sala de Acolhimento e na recepção da unidade de saúde.

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Figura 2 - Protocolo de Acolhimento – Equipe Santa Luzia, 2015.

Fonte: autora do trabalho, 2015.

O monitoramento das intervenções propostas até o momento encontra-se detalhado

no Quadro 3.

Usuário chega à Unidade de Saúde

Profissional recepciona, escuta, orienta e agenda consulta ou

encaminha aos serviços necessários

O técnico de enfermagem escuta, registra as informações e avalia a forma de solucionar suas

necessidades

Priorização do atendimento e encaminhamento com

responsabilização para a consulta médica ou de

enfermagem

Com queixa aguda Sem queixa aguda

Profissional recepciona, escuta, orienta e encaminha

à Escuta Técnica

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Quadro 3 – Acompanhamento do projeto de intervenção, PSF Santa Luzia. 2015.

Operação 1: CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL

Coordenação: médica da equipe

Produtos Responsável Prazo Situação Atual Justificativa Novo

Prazo Capacitação

em 2 módulos

(2 encontros)

Médica e enfermeira

2 meses Finalizado - -

Operação 2: CRIAÇÃO DE PROTOCOLO DE ACOLHIMENTO

Coordenação: Alessandra C.F.S.

Produtos Responsável Prazo Situação Atual Justificativa Novo

Prazo Criação de

um Protocolo de

Acolhimento específico

Médica 1 mês Finalizado - -

Fonte: autora do trabalho

Assim, este plano de intervenção busca melhorar o Acolhimento na Unidade de

Saúde Parque Turista bem como humanizar o processo de trabalho da equipe.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo ressalta a importância do acolhimento como ferramenta de

humanização do atendimento ao usuário e de organização do processo de trabalho

em uma unidade de saúde.

Foi possível elaborar um Protocolo de Acolhimento e dois encontros objetivando-se

a capacitação dos profissionais, com a expectativa de melhorar a qualidade da

assistência prestada pela Equipe de Saúde da Família Santa Luzia. No então, sabe-

se que essa não é uma tarefa fácil, requer habilidade, conhecimento e prática dos

profissionais de saúde.

Há de se ressaltar que esse processo de aprendizado deve ser contínuo e dinâmico

e que o protocolo deve ser continuamente revisto à medida que se identifiquem

possíveis alterações ou adequações necessárias. É importante ainda que se

introduza a participação da comunidade no processo, tanto como forma de orientar e

informar a população sobre o funcionamento da unidade de saúde, como adquirindo

opiniões dos usuários sobre a forma de trabalho dos profissionais envolvidos no

acolhimento.

Dessa forma, pretende-se alcançar em longo prazo um acolhimento efetivo, eficaz,

humanizado e coerente com os princípios do SUS.

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