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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL WILIAN NASCIMENTO LOPES RESPONSABILIDADE TÉCNICA: CONSEQUÊNCIAS DA FALTA DE UM PROFISSIONAL HABILITADO NO PROJETO E EXECUÇÃO DE UMA EDIFICAÇÃO RESIDENCIAL UNIFAMILIAR Barra do Garças 2019

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS … Nasciment… · Ao meu pai Uhelio por ser a minha referência como ser humano, pela ... agradeço a amizade e tenho orgulho em poder

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

WILIAN NASCIMENTO LOPES

RESPONSABILIDADE TÉCNICA: CONSEQUÊNCIAS DA FALTA DE

UM PROFISSIONAL HABILITADO NO PROJETO E EXECUÇÃO DE UMA

EDIFICAÇÃO RESIDENCIAL UNIFAMILIAR

Barra do Garças

2019

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WILIAN NASCIMENTO LOPES

RESPONSABILIDADE TÉCNICA: CONSEQUÊNCIAS DA FALTA DE

UM PROFISSIONAL HABILITADO NO PROJETO E EXECUÇÃO DE UMA

EDIFICAÇÃO RESIDENCIAL UNIFAMILIAR

Trabalho de conclusão de Curso

apresentado ao curso de Engenharia Civil, da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário

do Araguaia, como parte das exigências para obtenção do grau de bacharel em Engenharia Civil.

Orientadora: Prof.° Esp. Jéssica Nathália Florêncio

Zampieri

Barra do Garças

2019

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Em memória ao meu avô Buluca e minha irmã Elisa, que

infelizmente não puderam estar presentes nessa etapa

tão importante da minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus pelo dom da vida e por não ter me

abandonado nessa caminhada em busca da realização desse sonho.

Ao meu pai Uhelio por ser a minha referência como ser humano, pela

compreensão e carinho, pelos conselhos e pela força, pois sem ele eu não

estaria aqui.

A minha mãe Lilian e a Camilla pelo amor, carinho e compreensão, me

apoiando sempre para que eu não desistisse dos meus objetivos,

principalmente nas horas mais difíceis durante esses anos.

As minhas irmãs Monisi e Priscila pela companhia e bons momentos,

me amando mesmo apesar dos meus erros.

A minha tia Cleide por ter sido uma segunda mãe para mim ao longo

desses quatro anos e as minhas avós Valdenora e Uacy, sempre me ajudando,

me incentivando e me mantendo da melhor maneira possível.

A minha Madrinha Cleidnar e ao meu padrinho Pethersen por cuidarem

de mim e serem exemplos na minha criação.

Aos meus amigos Fabiano Rabaneda e Marcos da Rosa que estiveram

presentes no decorrer do curso, agradeço a amizade e tenho orgulho em poder

tê-los como companheiros de profissão, além da certeza de que os dois

também serão excelentes profissionais.

A minha orientadora Prof. Esp. Jéssica Zampieri, por me direcionar e

por compartilhar seus conhecimentos, dando exemplo de profissionalismo e

competência, repassando seu conhecimento como professora e orientadora e

em especial à concretização deste Trabalho de Conclusão de Curso.

A todos os professores que participaram da minha formação, ao

Grings, ao Ferreto Matemática e outros canais de estudo.

Aos demais familiares e amigos que direta ou indiretamente

participaram dessa conquista e torceram por mim. A todos minha enorme e

humilde gratidão.

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"Prosperei com o suor do meu trabalho. Me guardei,

lutei sem buscar atalho.”

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Projota

RESUMO

Pesquisas encomendadas pelo CAU ao Datafolha e exibidas no

Fantástico em 11 de outubro de 2015, mostraram que 54% dos brasileiros construíram ou reformaram sua moradia, onde deste grupo 85,4% fizeram o serviço sem orientação técnica adequada. Segundo o Código de Obras de Rio

Verde- GO toda obra deve possuir responsável técnico legalmente habilitado para projeto e execuções realizadas dentro do município. O presente trabalho buscou por meio de estudo de caso e através de uma pesquisa de natureza

descritiva, com base em bibliografias, fotos, documentos e aplicação de questionários, estudar uma obra residencial, localizada no município de Rio Verde- GO, apresentando falhas de projeto e execução relacionadas às

consequências da falta de um profissional habilitado, quanto à sua responsabilidade sobre as atividades técnicas descritas na ART emitida por ele. Foi possível, em posse das fotos e dados obtidos, fazer uma análise e

concluir que a obra em estudo está sujeita a problemas como: elementos estruturais em desacordo com as Normas Técnicas e executados com concretos sem nenhum controle de qualidade, defeitos construtivos que podem

vir a gerar mais patologias futuras, execuções em desacordo com o projeto arquitetônico, redução da qualidade do serviço dentro do canteiro de obras e a necessidade de possíveis intervenções futuras para reparos, que segundo

Sitter (1984), o custo relativo para uma intervenção é aumentado em cinco vezes a cada etapa e fase da produção.

Palavras-chave: Responsabilidade Técnica; Estudo de caso; Projeto e

execução; Profissional Habilitado.

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ABSTRACT

Surveys commissioned by the CAU from Datafolha and displayed on Fantástico on October 11, 2015, showed that 54% of Brazilians built or reformed their

homes, where 85.4% of them did the service without adequate technical guidance. According to the Code of Works of Rio Verde - GO, every work must have a legally qualified technician responsible for project and execution carried

out within the municipality. The present work sought through a case study and through a research of a descriptive nature, based on bibliographies, photos, documents and application of questionnaires, study a residential project,

located in the municipality of Rio Verde - GO, presenting project failures and execution related to the consequences of the lack of a qualified professional, as to their responsibility for the technical activities described in the ART issued by

him. It was possible, in possession of the photos and data obtained, to make an analysis and conclude that the work under study is subject to problems such as: structural elements in disagreement with the Technical Norms and executed

with concretes without any quality control, constructive defects that may come to generate more future pathologies, executions in disagreement with the architectural project, reduction of the quality of the service within the

construction site and the need for possible future interventions for repairs, which according to Sitter (1984), the relative cost for an intervention is increased in five times at each stage and stage of production.

Keywords: Technical responsability; Case study; Design and

execution; Qualified professional.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Exemplo de Projeto arquitetônico residencial (fachadas e

cortes). .................................................................................................................. 24

Figura 2 –Exemplo de Projeto arquitetônico residencial. ..................... 25

Figura 3 – Maquete eletrônica em três dimensões ............................... 26

Figura 4 – Esquema de instalação elétrica residencial. ....................... 27

Figura 5 – Planta de projeto elétrico residencial. .................................. 28

Figura 6 – Tubos de PVC soldáveis e roscáveis. ................................. 31

Figura 7 – Instalação predial de água fria. ............................................ 32

Figura 8 – Detalhe isométrico de instalação água fria para banheiro. . 33

Figura 9 – Partes da instalação de esgoto sanitário. ............................ 34

Figura 10 – Planta de um banheiro com detalhamento de esgoto

sanitário. ............................................................................................................... 35

Figura 11 – Perspectiva de parte de edifício: principais elementos

estruturais. ............................................................................................................ 36

Figura 12 – Exemplo de Detalhe da Planta de Forma de uma estrutura.

.............................................................................................................................. 38

Figura 13 – Garagem e posição dos pilares ......................................... 38

Figura 16 – Corrosão de armaduras em subsolo de edifício por

infiltração de água. ............................................................................................... 44

Figura 17 – Ataque em indústria têxtil ................................................... 45

Figura 18 – Ataque por água do mar. .................................................... 46

Figura 19 – Fundação de edifício com manifestação de reação álcali-

agregado. .............................................................................................................. 46

Figura 20 – Relação entre os conceitos de durabilidade e desempenho

das estruturas de concreto armado. .................................................................... 47

Figura 21 – Espaçador Circular. ............................................................ 49

Figura 22 – Utilização de espaçador circular em pilar. ......................... 49

Figura 23 – Espaçador Tipo Torre. ........................................................ 50

Figura 24 – Disposição de espaçadores em laje antes da concretagem.

.............................................................................................................................. 50

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Figura 25 – Interferência geométrica entre viga, tubulação e conduítes.

.............................................................................................................................. 53

Figura 26 – Incompatibilização (arquitetura x estrutural)...................... 54

Figura 27 – Tubulação interceptando o pilar. ........................................ 54

Figura 28 – Integração e compatibilização entre projetos. ................... 55

Figura 29 – Trinca no encamisamento do tubo de decida de água

pluvial. ................................................................................................................... 58

Figura 30 – Trinca em piso de mármore. .............................................. 59

Figura 31 – Trinca em parede................................................................ 59

Figura 32 – Eflorescência causada por infiltração. ............................... 60

Figura 33 – Desenvolvimento metodológico. ........................................ 62

Figura 34 – Mapa da cidade de Rio Verde – GO. ................................. 64

Figura 35 – Planta Baixa ........................................................................ 65

Figura 36 – Prancha inicial do projeto arquitetônico. ............................ 67

Figura 37 – Prancha readequada do projeto arquitetônico. ................. 68

Figura 38 – Observações da SUDERV quanto ao Alvará de Licença. 70

Figura 39 – Carimbo do projeto arquitetônico inicial feito pela pessoa

não habilitada. ...................................................................................................... 71

Figura 40 – Carimbo do projeto arquitetônico refeito por um profissional

habilitado. ............................................................................................................. 72

Figura 41 – Plantas Baixas dos dois projetos arquitetônicos. .............. 73

Figura 42 – Corte B-B do projeto inicial................................................. 74

Figura 43 – Como deveria ser o corte B-B. ........................................... 74

Figura 44 – Erro de detalhe na Janela da Cozinha .............................. 75

Figura 45 – detalhe na Janela da Cozinha corrigido no projeto final ... 75

Figura 46 – Alterações da Atividade Técnica na ART .......................... 76

Figura 47 – Locação da tubulação sanitária do banheiro social .......... 77

Figura 48 – Exemplo de posicionamento correto de tubulação sanitária

.............................................................................................................................. 78

Figura 49– Vão criado para embutimento de armário na suíte 2 ......... 79

Figura 50 – Detalhe da suíte 2 no projeto aprovado ............................. 80

Figura 51 – Detalhe da suíte 2 no projeto aprovado ............................. 81

Figura 52 – Exposição da armadura em pilar ....................................... 81

Figura 53 – Exposição da armadura em viga........................................ 82

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Figura 54 – Execução das vigas da sala ............................................... 84

Figura 55 – Esquema demonstrativo de ferragem 7x14 ....................... 85

Figura 56 – Conduítes na laje ................................................................ 87

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Registro de ARTs por ano em Mato Grosso. ..................... 21

Gráfico 2 - Capacidade de influenciar os custos do empreendimento ao

longo das fases. ................................................................................................... 52

Gráfico 3 – Lei de evolução dos custos ................................................ 61

Gráfico 4 – Respostas em acordo ou desacordo entre os profissionais

.............................................................................................................................. 90

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Classes de agressividade ambiental (CAA). ..................... 40

Quadro 2 – Correspondência entre a classe de agressividade e a

qualidade do concreto. ......................................................................................... 41

Quadro 3 – Correspondência entre a classe de agressividade

ambiental e o cobrimento nominal para Δc= 10 mm. ......................................... 41

Quadro 4 – Valores do coeficiente adicional γn para pilares ............... 86

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................. 15

2. OBJETIVOS ..................................................................................... 16

2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................... 16

2.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS..................................................... 16

3. JUSTIFICATIVA .............................................................................. 17

4. REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................. 19

4.1 ENGENHARIA CIVIL ................................................................ 19

4.1.1 Breve Histórico ................................................................... 19

4.1.2 Responsabilidade Civil...................................................... 19

4.1.3 Assinatura de Responsabilidade Técnica (ART) ........... 20

4.2 PROJETOS ............................................................................... 22

4.2.1 Definição ............................................................................. 23

4.2.2 Projeto Arquitetônico ........................................................ 23

4.2.3 Projeto Elétrico ................................................................... 26

4.2.4 Projeto Hidrossanitário ..................................................... 30

4.2.4.1 Instalação predial de água fria ...................................... 30

4.2.4.2 Sistema de esgoto ......................................................... 34

4.2.5 Concepção Estrutural de estruturas de concreto ......... 36

4.2.5.1 ABNT NBR 6118:2014 .................................................. 39

4.2.5.2 Critérios de projeto para durabilidade de estruturas de

concreto armado .....................................................................................43

4.2.6 Controle de Qualidade....................................................... 51

4.2.7 Compatibilização ................................................................ 52

4.3 VISTORIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL .................................... 56

4.3.1 Conflitos relativos à construção civil ............................. 56

4.3.2 Vícios e Defeitos construtivos ......................................... 57

5. METODOLOGIA .............................................................................. 61

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5.1 DEFINIÇÃO DA EDIFICAÇÃO ................................................. 63

5.2 APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO .......................................... 66

5.3 CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO ARQUITETÔNICO ........ 67

5.4 LEVANTAMENTO DE FALHAS E IRREGULARIDADES DE

PROJETO E EXECUÇÃO ................................................................................ 68

6. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................... 69

6.1 FALHAS DE PROJETO ............................................................ 69

6.1.1 Exigências para aprovação do Alvará de Licença e

falhas de

projeto...................................................................................................70

6.1.1.1 Análise das observações feitas pela SUDERV ............ 70

6.1.1.2 Considerações quanto a ART ....................................... 75

6.1.2 Falhas de execução da obra ............................................. 76

6.1.2.1 Locação da tubulação sanitária do banheiro social ..... 76

6.1.2.2 Vão criado para embutimento de armário na suíte 2 ... 79

6.1.2.3 Exposição da armadura em pilar e viga ....................... 81

6.2 ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO................................................ 83

7. CONCLUSÃO .................................................................................. 91

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................... 92

ANEXO I - Projeto arquitetônico da residência base........................... 103

ANEXO II - Questionários ..................................................................... 110

ANEXO III – Documentos ..................................................................... 111

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1. INTRODUÇÃO

Os conhecimentos estudados durante a graduação em Engenharia

Civil trazem ampla visão para que o engenheiro possa analisar e aplicar

técnicas adequadas para cada tipo de situação, objetivando a otimização dos

dimensionamentos estruturais, economia de material e mão de obra, além de

agilidade e qualidade na execução.

O engenheiro civil possui um fundamental papel social e deve se

comportar de maneira profissional durante sua atuação, pois a construção civil

possui o intuito de alavancar e favorecer a sociedade para que o país possa se

desenvolver, seja melhorando estradas, proporcionando novas moradias,

encurtando distâncias ou realizando obras que melhore a qualidade de vida

das pessoas.

Segundo Silva et al. (2011) é fundamental que o engenheiro seja um

profissional coerente, que possua técnica e criatividade, que atue de maneira

crítica e que possua ética para avaliar os danos que uma obra possa causar ao

meio ambiente e se necessário saiba como recompensar para amenizar esses

danos ambientais.

A Lei 5.194 do Confea - Conselho Federal de Engenharia e Agronomia

assegura o exercício da profissão de engenheiro à profissionais que possuam

diploma devidamente reconhecido no país e que estejam registrados nos

Conselhos Regionais. Em seu Art. 6° (item C) a Lei 5.194 trata como “exercício

ilegal da profissão” o ato de um profissional “emprestar seu nome a pessoas,

firmas, organizações ou empresas executoras de obras e serviços sem sua real

participação nos trabalhos delas”.

Os CREAs – Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia,

possuem o papel de fiscalizar o exercício profissional. De acordo com o Código

de Ética do Profissional da Engenharia, da Agronomia, da Geologia, da

Geografia e da Meteorologia (2014) os CREAs possuem o papel de defender a

sociedade das práticas ilegais e orientar os profissionais registrados para que

atuem de maneira ética, profissional e de acordo com as Leis Vigentes. Ao

obter seu registro no Conselho de sua região cada engenheiro deve ter a plena

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consciência de que contigo está a obrigação social de melhorar a qualidade de

vida das pessoas que usufruirão de seus serviços.

“Execução de projetos detalhados e planejamento cuidadoso de

insumos de fornecimento e serviços ainda são exceções nas obras brasileiras.

Este panorama começa a mudar nas grandes cidades.” (BURIN et al, 2009)

Nosso país ainda possui a política de promover manutenções corretivas,

deixando de lado as manutenções preventivas, que seria avaliar e manter a

estrutura bem cuidada de forma periódica ao invés de apenas tomar

providências após a ocorrência do problema. A Resolução n° 345 de 27 de

julho de 1990, do Confea, em seu artigo 3 deixa claro que apenas possui pleno

direito avaliações efetivadas por pessoas físicas ou jurídicas registradas nos

CREAs, ou seja, apenas profissionais habilitados podem realizar avaliações de

obras civis e emitirem parecer legal sobre esta.

O presente trabalho busca apresentar falhas de projeto e execução de

uma residência em estudo, visando a análise das consequências da falta de

um profissional habilitado, quanto à sua responsabilidade sobre as atividades

técnicas descritas na ART emitida por ele.

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Estudar as dificuldades que uma edificação pode vir a sofrer por falta de

acompanhamento técnico no projeto e execução.

2.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS

Identificar as consequências da falta de um profissional habilitado no projeto e

execução de uma edificação residencial unifamiliar;

Analisar os elementos estruturais executados em obra de acordo com a ABNT

NBR 6118:2014;

Apontar falhas de execução em fases distintas da obra;

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3. JUSTIFICATIVA

O ramo da construção civil oscila frequentemente e está ligado

diretamente à economia do país, visto que para se construir é necessário

investimentos. Um dos grandes problemas ligados ao desenvolvimento no

ramo da construção é a baixa cultura do brasileiro em contratar um profissional

especializado para planejar e executar sua obra. Uma pesquisa encomendada

pelo CAU ao Datafolha e exibidas no Fantástico em 11 de outubro de 2015,

mostra que 54% dos brasileiros construíram ou reformaram sua moradia, onde

deste grupo 85,4% fizeram o serviço sem orientação técnica adequada.

Em dezembro de 2018 uma mulher de 57 anos morreu soterrada após

um barraco deslizar sobre sua casa na Região Nordeste de Belo Horizonte.

Segundo o corpo de bombeiros ao site de notícias G1 (2018), um temporal teria

ocasionado um deslizamento de terra em um talude de elevada inclinação, o

que levou ao desastre. Ainda de acordo com o G1 (2018), em reportagem, “o

sargento disse que o que causou o desabamento foi o excesso de chuva e a

provável construção de casas em locais irregulares.” Vale ressaltar que estes

são problemas ligados à engenharia e à fiscalização, uma vez que a

estabilidade de taludes e a regularização de obras além de serem atividades

pertinentes à engenharia civil também são assuntos base dessa tragédia.

Outro caso de desabamento ocorreu em Osasco – SP. Um sobrado de

três andares desabou após moradores escutarem estalos na estrutura e saírem

do local. Segundo o site G1 (2018) “A Sabesp informou ter vistoriado a casa

que desmoronou, em maio de 2017, após solicitação da Prefeitura de Osasco.”

Sabesp é a companhia de saneamento básico de São Paulo, que teria

realizado a vistoria na casa e identificado trincas ainda em 2017. O

desabamento ocorreu em 21 de março de 2018, atingindo todos os três

pavimentos da edificação.

Segundo Pati (2018) em reportagem do site EXAME, ao analisar dados

sobre os profissionais qualificados demitidos, destacou-se que o engenheiro é

o que possui maior índice de demissão, ocasionando sua migração para outras

áreas, ou até mesmo fazendo com que se “prostituam profissionalmente” ao

realizarem serviços cobrando preços incrivelmente baixos em busca de

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minimizar os efeitos da concorrência, que liga a alta quantidade de

profissionais e baixa procura por serviços.

É notório que a construção civil no Brasil é fator fundamental no

desenvolvimento social e econômico do país gerando empregos formais,

informais e diretos, fazendo com que este setor seja um dos nossos grandes

empregadores.

Em reportagem, Silveira apresenta um fato relevante sobre

responsabilidade técnica de engenheiros:

O presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso (Crea/MT), engenheiro agrônomo João Pedro Valente, identificou no início de sua gestão um engenheiro que havia assinado 1.208 Anotações de Responsabilidade Técnica (ARTs), em apenas um ano, o que foi considerado absurdo pelo órgão. Além disso, o novo gestor afirmou que irá intensificar ações contra os conhecidos ‘canetinhas de ouro’, que apenas assinam o documento, mas não acompanham a obra. (SILVEIRA, 2018)

Em Rio Verde- GO a Lei n° 3.636/98 “Dispõe sobre o Código de Obras

do Município e dá outras providências” em sua SEÇÃO III Art. 8° parágrafo 5°

trata de que o requerente deverá, após a aprovação do Anteprojeto ou após

Consulta Prévia apresentar ao órgão competente da Prefeitura os projetos da

obra e a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). Desta forma, toda obra

deve possuir responsável técnico legalmente habilitado para projeto e

execuções realizadas dentro do município.

A lei 5.194/96 “Regula o exercício das profissões de Engenheiro,

Arquiteto e Engenheiro-Agrônomo, e dá outras providências” traz em seu

Capitulo II os seguintes artigos:

Art. 21 – “Sempre que o autor do projeto convocar, para o desempenho do seu

encargo, o concurso de profissionais da organização de profissionais

especializados e legalmente habilitados, serão estes havidos como

corresponsáveis na parte que lhes diga respeito.”;

Art. 22 “Ao autor do projeto ou aos seus prepostos é assegurado o direito de

acompanhar a execução da obra, de modo a garantir a sua realização, de

acordo com as condições, especificações e demais pormenores técnicos nele

estabelecidos.”

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Diante de todas essas considerações, entende-se que a presença do

profissional habilitado dentro e fora do canteiro de obras é fundamental para

sanar ou minimizar efeitos da falta de capacitação da mão de obra, tirar

possíveis duvidas do empreiteiro, manter a obra regularizada e barrar decisões

sem fundamento técnico durante as etapas de execução, fazendo com que a

realidade siga o projeto e que caso necessário sejam feitas as alterações ainda

a tempo de compatibilizá-las.

4. REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 ENGENHARIA CIVIL

4.1.1 Breve Histórico

De acordo com Demétrio (1989) a Educação Profissional a nível

superior no Brasil começou com D. João VI, devido a transferência da Corte

Portuguesa, composta por cerca de 15 mil pessoas que deixava Portugal com

vinda para o Brasil em 1808. Demétrio (1989) relata ainda que través da Carta

Régia, de 4 de dezembro de 1810, foi criada a Academia Real Militar do Rio de

Janeiro, com o intuito de formar especialistas militares em fortificações. Em

1858 a Academia militar passou a se chamar Escola Central, e além de formar

engenheiros civis, também visava ensinar matemática e ciências naturais.

Segundo ele, foram criadas ainda outras escolas destinadas a formação de

engenheiros, sendo algumas delas a Escola de Minas e Metalurgia de Ouro

Preto em 1875, a Escola Politécnica de São Paulo em 1894 e o Mackenzie

College em 1897, hoje conhecido como Escola de Engenharia da Universidade

Mackenzie.

4.1.2 Responsabilidade Civil

A responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por ela mesma praticado,

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por pessoa por quem ela responde, por alguma coisa a ela pertencente ou de simples imposição legal. (DINIZ, 2008 apud SANTOS, p.38, 2008).

De acordo com o Código Civil a Responsabilidade Civil é classificada

em dois tipos que se diferenciam de acordo com a presença ou não de Culpa:

Subjetiva e Objetiva. Na Responsabilidade Subjetiva há a presença da culpa,

enquanto na Responsabilidade Objetiva não há a presença da culpa.

O Engenheiro “é um dos profissionais liberais que mais responde no campo da Responsabilidade Civil, e que eles podem ser responsabilizados tanto objetivamente como subjetivamente, isso vai decorrer da responsabilidade que assumirem.” (OLIVEIRA, 2016)

Ainda segundo Oliveira (2016) apenas com o descumprimento de uma

obrigação, devidamente comprovado por elementos que demonstrem como os

fatores estão interligados, é que surge a Responsabilidade Civil e que ela pode

ser aplicada. Para que danos sejam evitados, o engenheiro deve estar em

constante aperfeiçoamento, melhorando seu conhecimento e técnicas para que

evite ao longo de sua carreira fatores que possam gerar danos.

O artigo 618 do Código Civil (2002) diz que:

“Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o prazo irredutível de cinco anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo. Parágrafo único. Decairá do direito assegurado neste artigo o dono da obra que não propuser a ação contra o empreiteiro, nos cento e oitenta dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito”.

A Responsabilidade Civil está ligada também com o tipo de empreita que

foi negociada, podendo ela ser de dois tipos. O primeiro tipo se trata da

empreita de lavor (de mão de obra), onde o empreiteiro fornece apenas sua

mão de obra, ou a empreita mista (de material), onde o empreiteiro além de

fornecer sua mão de obra também se responsabiliza pelo material utilizado na

execução do serviço.

4.1.3 Assinatura de Responsabilidade Técnica (ART)

Segundo RESOLUÇÃO Nº 1.025, de 30 de outubro de 2009 a ART é o

instrumento que define, para os efeitos legais, os responsáveis técnicos pela

execução de obras ou prestação de serviços relativos às profissões abrangidas

pelo Sistema Confea/Crea. A LEI Nº 6.496 - DE 7 DE DEZ 1977 estabelece

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21

que todo contrato verbal ou escrito para execução ou prestação de quaisquer

serviços de Engenharia, Arquitetura e Agronomia fica sujeito à “Anotação de

Responsabilidade Técnica” (ART).

Além disso, a LEI Nº 6.496 - de 7 DE dezembro de 1977 define que a

ART deve ser feita pelo profissional ou pela empresa no CREA, de acordo com

Resolução do próprio Confea, que por sua vez fixa os valores das taxas

referentes à emissão. A falta da ART sujeita o profissional ou a empresa a

multas previstas no Art. 73 da Lei nº5.194, de 24 DEZ 1966 e demais

penalidades legais.

De acordo com o site do CREA-GO, a cidade de Rio Verde- GO possui,

até a data da pesquisa feita em 07 de fevereiro de 2019, um total de 304

profissionais registrados com o título de Engenheiro Civil. O site não

disponibiliza dados de quantas ARTs foram emitidas anualmente, mas para

que se tenha uma ideia, pode-se analisar os dados estatísticos de emissões

anuais de ARTs em Mato Grosso, de acordo com o CREA-MT, conforme o

Gráfico 1.

Gráfico 1 – Registro de ARTs por ano em Mato Grosso.

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Fonte: CREA-MT (07 de fevereiro de 2019)

De acordo com o gráfico, a média anual de emissões de ARTs é de

131025, desconsiderando o ano de 2019 que ainda não foi finalizado. Também

é notório que entre 2015 e 2018 o número de emissões aumentou

gradativamente em Mato Grosso. Dentre os tipos de ARTs que podem ser

emitidas, o engenheiro civil pode ser o responsável por elaborar projetos de

vários tipos e emitir suas ARTs. Os projetos estruturais, elétricos e hidro-

sanitários são alguns dos tipos de projetos que podem ser elaborados e

assinados pelo engenheiro civil.

4.2 PROJETOS

A busca pela racionalização na construção depende de um projeto bem elaborado. As falhas de projeto e o retrabalho custam infinitamente mais caro. Um projeto representa, em geral, 1 ou 2% do custo total da obra. Ao passo que uma solução bem desenvolvida gera uma economia de 15 a 20%. (BRANDÃO, 1998)

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23

Graziano (2003) relata que por volta dos anos 60, o surgimento de

escritórios de arquitetura, instalações e estrutura começaram a surgir devido à

alta demanda imobiliária, constituídos por profissionais que antes trabalhavam

dentro de empresas que projetavam e construíam, desta forma, era possível a

coordenação dos trabalhos pelo mesmo profissional projetista. Ao longo dos

anos os construtores e projetistas foram tomando caminhos cada vez mais

voltados para seu papel, fazendo com que cada um cuidasse de sua etapa e

não mais participassem do projeto e da execução.

Ainda de acordo com Graziano (2013), foi em meados dos anos 80 que

surgiu então a necessidade das empresas em compatibilizarem seus projetos,

criando equipes extras, o que levava ao aumento dos custos também com

esses profissionais.

Mikaldo e Scheer (2008) afirmam que outros motivos que justificam a

necessidade de coordenar e compatibilizar projetos são a especialização nas

diferentes áreas de projeto, o aumento crescente de soluções tecnológicas

sendo aplicadas nas obras e a conformação de projetistas.

A compatibilização nos dias atuais pode ser realizada através de softwares, como o CAD e a tecnologia Building Information Modeling (BIM), baseados respectivamente na sobreposição de projetos de diferentes layers e no conceito de projeto integrado. O BIM aumenta a visibilidade dos resultados através do estabelecimento da comunicação entre as partes envolvidas. (ANDRADE et al., 2015)

4.2.1 Definição

De acordo com a NBR 5674:1999 Projeto é a “descrição gráfica e

escrita das características de um serviço ou obra de Engenharia ou de

Arquitetura, definindo seus atributos técnicos, econômicos, financeiros e

legais.”

4.2.2 Projeto Arquitetônico

Segundo Leite (2019) o Projeto Arquitetônico pode ser definido como a

materialização da ideia e do espaço imaginado, de forma que represente a

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concepção projetual, tendo a função de servir como base e orientação para a

execução da edificação para que ela saia conforme planejada.

Rosso (1980) considera que o projeto arquitetônico é parte da família

de processos de decisão em que um projeto pode utilizar a descrição verbal,

gráfica ou simbólica, para antecipar analiticamente um modelo e seu

comportamento. De acordo com Kowaltowski et al., (2006) a legislação,

acesso, orientação, modulação, técnicas construtivas e custos, entre outros,

são parâmetros e exigências que devem ser atendidas durante o processo

projetivo.

Para Kowaltowski et al., (2006), as metodologias de desenvolvimento

de projeto arquitetônico abordam as áreas de conforto ambiental, psicologia

ambiental, processo de projeto, informática aplicada e avaliações de projetos e

obras em pós-ocupação. Para ele a complexibilidade do projeto vem

aumentando devido á cinco razões: avanço rápido da tecnologia, mudança de

percepção e de demanda dos proprietários de edificações, aumento da

importância do prédio como facilitador da produtividade, aumento da troca de

informações e do controle humano e a necessidade de criação de ambientes

sustentáveis, com eficiência energética. A Figura 1 mostra um exemplo de

prancha contendo os cortes e fachadas do projeto arquitetônico de uma

residência unifamiliar localizada no município de Rio Verde - GO.

Figura 1 – Exemplo de Projeto arquitetônico residencial (fachadas e cortes).

Fonte: do autor (2018)

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Algumas das exigências trazidas no Código de Obras do Município de

Rio Verde - GO para aprovação dos projetos na prefeitura são a planta baixa

dos pavimentos, os cortes transversal e longitudinal, as vistas da fachada e da

lateral da edificação caso ela seja de esquina, telhado, planta de localização e

situação. De maneira geral, essas são exigências comuns em projetos

arquitetônicos para aprovação nos municípios. A Figura 2 exemplifica uma

prancha única de um projeto arquitetônico para aprovação na prefeitura,

também de uma residência em Rio Verde – GO e de acordo com o Código de

Obras Municipal.

Figura 2 –Exemplo de Projeto arquitetônico residencial.

Fonte: do autor (2018).

Para que se obtenha um bom resultado de projeto o autor deve elaborar

um Programa de Necessidades, que será base para muitas decisões da

arquitetura. Para isso, Salgado (2004) aponta que é necessário que sejam

abordadas questões que respondam quem é o verdadeiro “cliente” do projeto,

se este cliente possui algum processo de trabalho, se é um usuário especifico e

que tipo de usuário ele é. É preciso saber também quais áreas do

conhecimento deverão ser envolvidas no desenvolvimento do programa de

necessidades, juntamente com qual mensagem se pretende transmitir com o

projeto elaborado. Todo esse levantamento garante que o projeto final atenda

às necessidades reais do cliente.

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No momento do desenvolvimento da planta, o projetista procura resolver os problemas funcionais, apresentados pelo programa de necessidades e pelas restrições vindas do local de implantação. A planta também serve para direcionar a opção formal do projeto. É nesse momento que a terceira dimensão é usada como referência de imagens, mas ainda sem preocupação de precisão. Os estudos volumétricos, comuns nessa fase, são um importante elemento, pois servem para a avaliação formal do projeto e verificação de interferências técnicas, das superfícies da cobertura, por exemplo. (KOWALTOWSKI et al., 2006)

A Figura 3 mostra uma maquete eletrônica em três dimensões de uma

residência unifamiliar.

Figura 3 – Maquete eletrônica em três dimensões

Fonte: do autor (2018)

Através da maquete eletrônica os envolvidos com o empreendimento

podem ter uma noção muito melhor e mais prática do que está sendo

projetado.

4.2.3 Projeto Elétrico

Segundo Ferreira (2010) as instalações elétricas são o conjunto de

materiais e componentes elétricos essenciais para o funcionamento de um

circuito ou sistema elétrico. De acordo com ele, as instalações elétricas são

projetadas de acordo com a ABNT, visando a segurança e a qualidade

energética, entre outros fatores.

Para Carvalho Júnior (2017) o projeto de instalações elétricas prediais

traz dados graficamente e escritos do que pretende ser instalado na edificação,

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de forma detalhada e indicando as localizações de pontos de luz, tomadas,

interruptores, comandos, passagem e trajeto dos condutos. Ainda de acordo

com Carvalho (2017) na elaboração dos projetos elétricos deve ser feita a

consulta a Normas Técnicas da ABNT, destacando a NBR 5410:2004

(Instalações Elétricas de Baixa Tensão – Procedimentos) e também às

concessionárias de energia elétrica que fixam requisitos para a ligação das

unidades consumidoras.

A Figura 4 mostra o exemplo de esquema de instalação elétrica

residencial.

Figura 4 – Esquema de instalação elétrica residencial.

Fonte: Carvalho Júnior (2017, p.22)

Na Figura 4 a Rede da concessionária é responsável por fazer a

alimentação do medidor de energia através do ramal de ligação que os

conecta. O medidor possui a função de registrar o consumo de energia da

residência para que a concessionaria possa fazer a leitura e gerar a cobrança

da taxa de energia. O aterramento da caixa do medidor e do quadro de

distribuição é necessário para estabilizar a tensão em caso de sobrecarga de

energia no sistema. O circuito de alimentação principal é responsável por ligar

a energia elétrica do medidor até o quadro de distribuição, que por sua vez

alimenta os circuitos terminais da residência (luz e pontos elétricos).

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A concessionária de energia Enel é responsável por administrar o

fornecimento de energia elétrica no município de Rio Verde – GO. Em seu

documento ITD-14 (Critérios para Análise de Projetos Prediais) a Enel

determina que para aprovação dos projetos elétricos devem ser apresentadas

nas Agências de Atendimento ou nos Departamentos Regionais o projeto em

duas vias e completos, juntamente da ART expedida pelo CREA.

De acordo com o item 6.1.8.1 da NBR 5410:2004 a instalação deve ser

feita com base em um projeto elétrico específico, que deve conter, no mínimo:

plantas; esquemas unifilares e outros, quando aplicáveis; detalhes de

montagem, quando necessários; memorial descritivo da instalação;

especificação dos componentes (descrição, características nominais e normas

que devem atender); parâmetros de projeto.

A Figura 5 apresenta um exemplo genérico da planta de um projeto

elétrico de uma residência.

Figura 5 – Planta de projeto elétrico residencial.

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Fonte: Adaptado de Prysmian (2006)

Pode-se notar na Figura 5, que a partir da planta o profissional

responsável pela instalação elétrica pode obter dados necessários para fazer a

passagem dos cabos elétricos através dos eletrodutos e efetuar as ligações

dos pontos necessários. Além disso, o construtor também utiliza deste projeto

como base para posicionar os eletrodutos por dentro das lajes e paredes e

também para locar os pontos de luz, interruptores, campainhas, quadro de

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distribuição ou qualquer outro componente que faça parte do sistema elétrico

da edificação.

4.2.4 Projeto Hidrossanitário

Cardoso (2017) conceitua as instalações hidrossanitárias como o

conjunto de tubulações, reservatórios, equipamentos que abastecem aparelhos

e pontos de utilização de água, caracterizando as instalações de água fria e

água quente, além também das tubulações para coleta, transporte, despejo e

tratamento de dejetos, que compõem a rede de esgoto da edificação.

A instalação hidráulica predial é dividida em quatro sistemas:

instalações de água fria, instalações de água quente, sistema de esgoto e

instalações de águas pluviais. Dentre esses quatro sistemas, podemos

destacar as instalações de água fria e o sistema de esgoto, presentes na

maioria das residências, de maneira geral.

4.2.4.1 Instalação predial de água fria

Segundo Botelho (2010) as instalações prediais de água fria devem

obedecer às recomendações trazidas pela NBR 5626:1998 “Instalações

Prediais de Água Fria”, que fixa as condições mínimas e as exigências

referentes ao projeto, execução e manutenção destas instalações.

A NBR 5626:1998 especifica que as instalações prediais de água fria

devem ser projetadas para que seja preservada a potabilidade da água, para

que se tenha economia de água e energia, para que o fornecimento de água de

forma continua com pressões e velocidades compatíveis com o funcionamento

dos aparelhos sanitários seja garantido, para que se evite ruídos inadequados

em ambientes da edificação e para proporcionar conforto atendendo as

exigências dos usuários.

“Uma instalação predial de água fria pode ser alimentada de duas

formas: pela rede pública de abastecimento ou por um sistema privado, quando

a primeira não estiver disponível” (CARVALHO, 2013)

A utilização da rede pública é sempre preferencial em função da água ser potável, o que pode não ocorrer em relação a

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outras fontes, como poços ou mesmo rede privada de água (como no caso de grandes indústrias). O padrão de potabilidade é estabelecido por Portaria n. 518 de 2004 do Ministério da Saúde (BOTELHO, 2010)

Para CARDOSO & SILVEIRA (2017) um dos materiais mais

tradicionais usados (apesar de existirem outros) nas construções em sistemas

de água fria são os tubos e conexões de PVC, que são confeccionados pelo

processo de combinação de cloro e etileno. O PVC é um material que tanto

pode ser rígido como flexível e não compromete a qualidade da água.

Ainda de acordo com CARDOSO & SILVEIRA (2017), as peças de

PVC podem ser roscáveis (a extremidade da tubulação possui rosca e é

utilizado veda rosca para vedação) ou soldáveis (a união das tubulações é feita

por meio de adesivo plástico especifico). A Figura 6 traz do lado esquerdo

exemplos de tubo e conexão de PVC soldáveis (marrom), enquanto do lado

direito da figura é possível ver exemplo de tubo e conexão roscáveis (branco).

Figura 6 – Tubos de PVC soldáveis e roscáveis.

Fonte: Adaptado de TIGRE (2019)

Segundo Botelho (2010), a regra geral ao projetar redes de água fria

residenciais é empregar o sistema de reservatório interno, de modo a garantir o

abastecimento regular da residência mesmo em caso de falta de água na rua.

De acordo com ele a utilização de reservatório é sempre preferível em todos os

aspectos e preconizada pela NBR 5626:1998 e por vários Códigos Sanitários

Estaduais.

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A Figura 7 demonstra um esquema de instalação predial de água fria

com o uso de reservatório interno.

Figura 7 – Instalação predial de água fria.

Fonte: Carvalho (2013)

De maneira geral, todo sistema público que fornece água exige a colocação de um medidor de consumo, chamado “hidrômetro”. Esse dispositivo é instalado em um compartimento de alvenaria ou concreto, juntamente com um registro de gaveta, e a canalização ali existente é chamada de “cavalete”. A canalização que liga o cavalete ao reservatório interno (alimentador predial), geralmente, é da mesma bitola (diâmetro) do ramal predial (interliga a rede pública à instalação predial). (CARVALHO, 2013)

Para Oliva (2017), ao projetar um sistema de água fria é importante

que cada ambiente tenha sua perspectiva isométrica desenhada, geralmente

na escala 1:20 ou 1:25, onde nesses detalhes isométricos são indicados os

posicionamentos e o encaminhamento vertical das tubulações. A Figura 8 traz

um exemplo.

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Figura 8 – Detalhe isométrico de instalação água fria para banheiro.

Fonte: Oliva (2017)

Botelho (2010) considera que o projeto completo deve conter: Memorial

Descritivo e Justificativo; Memorial de Cálculo; Normas adotadas;

Especificações de materiais e equipamentos; Relação de materiais; Plantas

isométricas e todos os detalhes necessários ao entendimento do projeto.

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4.2.4.2 Sistema de esgoto

As instalações prediais de esgoto sanitário são destinadas a coletar, conduzir e afastar da edificação os despejos provenientes do uso de equipamentos sanitários, dando a eles correta destinação. A destinação final do esgoto sanitário será a rede pública de coleta, quando disponível, ou o sistema particular de recebimento e pré-tratamento de efluentes, em regiões sem coleta e tratamento da rede pública (CARVALHO, 2013)

Pela NBR 8160:1999 – Instalações Prediais de Esgoto Sanitário, o

sistema predial de esgoto deve seguir algumas recomendações como: evitar a

contaminação da água; impedir que gases provenientes das instalações

sanitárias retornem dentro da rede de tubulação; permitir o escoamento

adequado dos rejeitos; permitir o acesso para inspeção da rede; impedir o

acesso de corpos ou objetos estranhos no sistema de esgoto.

Para o Sistema de Esgoto o material comumente utilizado também é o

PVC da linha sanitária, podendo também ser utilizada nas linhas normal ou

reforçada de acordo com o uso.

Na Figura 9 é possível ver o perfil de um exemplo de instalação do

esgoto sanitário de um banheiro.

Figura 9 – Partes da instalação de esgoto sanitário.

Fonte: Carvalho (2013)

O Ramal de ventilação e a Coluna de Ventilação possuem o papel de

possibilitar que o ar atmosférico escoe para o interior das tubulações de

esgoto, garantindo o bom funcionamento dos conectores instalados. A Caixa

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sifonada deve estar localizada de forma que permita o recebimento dos ramais

de descarga, tendo como função impedir a passagem de gases no sentido

oposto ao deslocamento do esgoto. O Ramal de esgoto por sua vez recebe os

efluentes provenientes dos ramais de descarga da edificação, lançando-os

para o Tubo de queda que os encaminha para o sistema coletor sanitário.

Segundo (CARVALHO, 2013) os ramais que possuem efluentes

provenientes de gordura, como a pia de cozinha, devem ser conectados à

caixa de gordura, no caso de edificação térrea, ou em tubo de gordura, caso as

instalações estejam em pavimento superior.

A Figura 10 mostra um exemplo de planta com detalhamento de esgoto

sanitário de um banheiro.

Figura 10 – Planta de um banheiro com detalhamento de esgoto sanitário.

Fonte: Oliva (2017)

Oliva (2017) ainda ressalta a importância de ser levada em consideração

o fato de que o sistema de esgoto funciona por gravidade e, por isso, de modo

geral são atribuídas declividades mínimas de 2% para tubulações com

diâmetro nominal igual ou inferior a 75 mm, e 1% de declividade para

tubulações com 100 mm ou mais de diâmetro, exceto os subcoletores.

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4.2.5 Concepção Estrutural de estruturas de concreto

De acordo com Albuquerque (1998) os primeiros edifícios em concreto

armado tiveram a adoção de lajes maciças e, posteriormente, lajes pré-

moldadas. Além disso, esses edifícios possuíam pilares com distancias

pequenas entre eles, sendo algo em torno de quatro metros. O comportamento

do sistema estrutural, a resistência do concreto e as várias simplificações na

modelagem da estrutura eram fatores limitantes na época. Nos dias atuais,

com a evolução tecnológica, fazemos o uso de concretos mais resistentes,

análises e cálculos mais refinados e utilizamos novas opções estruturais. Essas

evoluções permitiram uma maior diversificação nas peças de concreto e

possibilitaram melhores soluções para os edifícios.

A Concepção Estrutural é basicamente a primeira etapa do projeto

estrutural. Segundo Alva (2007) a concepção da estrutura consiste em

estabelecer um arranjo adequado dos vários elementos estruturais do edifício,

assegurando que ele possa atender as finalidades para as quais foi projetado

e, para isso, uma estrutura requer o emprego de diferentes tipos de peças

estruturais que adequadamente combinadas formam o conjunto estrutural

resistente. A Figura 11 aborda os principais elementos estruturais utilizados em

estruturas usuais de concreto armado.

Figura 11 – Perspectiva de parte de edifício: principais elementos estruturais.

Fonte: Alva (adaptado, 2007)

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Segundo a NBR 6118:2014, as vigas e os pilares são considerados

como elementos lineares, em que o comprimento longitudinal supera em pelo

menos três vezes a maior dimensão da seção transversal. As vigas são

elementos em que a flexão é preponderante (item 14.4.1.1, NBR 6118:2014) e

os pilares são elementos de eixo reto, usualmente dispostos na vertical e que

possuem predominantemente forças normais de compressão (item 14.4.1.2,

NBR 6118:2014). As lajes, segundo o item 14.4.2.1 da Norma, são

consideradas como placas. Placas são elementos de superfície plana em que

as ações normais a seu plano são predominantes.

A alvenaria é o material com o qual são constituídas as paredes, e

usualmente é feita em bloco cerâmico. De acordo com a NBR 15270-1:2005 os

blocos cerâmicos de vedação são componentes da alvenaria de vedação que

possuem furos perpendiculares às faces que os contêm.

Albuquerque (1998) faz algumas considerações quanto à concepção da

estrutura e aponta que durante a locação dos pilares o projetista deve se

preocupar com o posicionamento da caixa d’agua e com a formação de

pórticos que suportem as ações do vento, de forma que esses pilares não

interfiram na arquitetura. Segundo ele, as vigas devem ser colocadas alinhadas

com as alvenarias e de acordo com o tipo da laje, vez que as vigas delimitam o

contorno das lajes, podendo ser que haja vigas para dividir painéis de lajes

com grandes vãos. Com as vigas sendo lançadas, Albuquerque (1998) afirma

que o posicionamento das lajes fica praticamente definido.

Na Figura 12 é mostrado o exemplo da planta de forma de um dos

pavimentos de um edifício. Nela é possível observar em destaque os pilares de

acordo com a concepção do projetista, além das vigas e lajes que compõem o

pavimento e suas dimensões e nomenclaturas.

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Figura 12 – Exemplo de Detalhe da Planta de Forma de uma estrutura.

Fonte: Mohr (2019)

Já na Figura 13 é possível ver um exemplo de imposição arquitetônica,

onde os pilares no pavimento garagem devem estar locados de forma que

permitam a compatibilidade com áreas de manobras e de estacionamentos.

Figura 13 – Garagem e posição dos pilares

Fonte: Revista Téchne (2006)

Costa (1997) considera que a qualidade dos projetos é fator direto que

influencia na evolução do processo construtivo e entre os projetos de

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construção civil, se destaca o projeto estrutural. A NBR 6118:2014 é principal

Norma que trata sobre o dimensionamento de elementos de concreto, trazendo

diversas considerações referentes a durabilidade, qualidade e execução de

estruturas em concreto, que devem ser seguidas tanto pelo projetista, quanto

pelo executor da obra.

4.2.5.1 ABNT NBR 6118:2014

A ABNT NBR 6118 foi elaborada no Comitê Brasileiro da Construção Civil (ABNT/CB-02), pela Comissão de Estudo de Estruturas de Concreto – Projeto e Execução (CE-02:124.15). O Projeto circulou em Consulta Nacional conforme Edital nº 08, de 15.08.2013 a 15.10.2013, com o número de Projeto ABNT NBR 6118. (ABNT NBR 6118, 2014)

De acordo com Carvalho & de Figueiredo Filho (2014) a ABNT -

Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 6118:2014 define os critérios

gerais e requisitos para o dimensionamento de estruturas de concreto simples,

armado e protendido para estruturas usuais.

Segundo a própria ABNT NBR 6118:2014, antigamente conhecida

como NB-1, a versão 2014 manteve a mesma filosofia que sua versão anterior

(2007).

De acordo com o capitulo 5 “Requisitos gerais de qualidade da

estrutura e avaliação da conformidade do projeto”, as estruturas de concreto

devem atender aos requisitos mínimos de qualidade classificados no capítulo,

durante sua construção e serviço, sendo eles: capacidade resistente,

desempenho em serviço e durabilidade. Além disso, também deve ser seguido

os requisitos adicionais propostos pelo autor do projeto estrutural e o

contratante.

Ao ser tratado sobre a durabilidade, a norma traz em seu capitulo 6

“Diretrizes para durabilidade das estruturas de concreto” recomendações para

que seja garantida a vida útil do projeto.

Por vida útil de projeto, entende-se o período de tempo durante o qual se mantêm as características das estruturas de concreto, sem intervenções significativas, desde que atendidos os requisitos de uso e manutenção prescritos pelo projetista e pelo construtor, conforme 7.8 e 25.3, bem como de execução dos reparos necessários decorrentes de danos acidentais. (NBR 6118, 2014)

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No projeto de estruturas correntes, o projetista deve considerar a

agressividade ambiental de acordo com a Tabela 1, que traz a Classe de

agressividade ambiental, de acordo com as condições de exposição da

estrutura ou de suas partes.

Quadro 1 – Classes de agressividade ambiental (CAA).

Fonte: NBR 6118:2014, tabela 6.1.

De acordo com o capitulo 7 “Critérios de projeto que visam a

durabilidade”, podemos destacar alguns pontos importantes por parte do

projetista e que devem ser seguidos de forma criteriosa durante a execução

para que a estrutura tenha sua durabilidade resguardada. A qualidade do

concreto e o cobrimento da armadura são critérios tratados no item 7.4 da NBR

6118:2014, que traz algumas especificações como: a relação água/cimento do

concreto deve obedecer a Tabela 2, quando na falta de ensaios

comprobatórios.

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41

Quadro 2 – Correspondência entre a classe de agressividade e a qualidade do concreto.

Fonte: NBR 6118:2014, tabela 7.1.

Vale destacar que a relação água/cimento está ligada diretamente a

resistência mecânica do concreto. “A melhoria das características mecânicas

da pasta e a redução de sua porosidade estão diretamente relacionadas à

redução da relação água/cimento.” (HELENE & ANDRADE, 2007)

Quanto ao cobrimento das armaduras, a NBR 6118:2014 considera

que deve ser respeitado o disposto na Tabela 3 abaixo, especificando que as

dimensões das armaduras e os espaçadores devem respeitar os cobrimentos

nominais estabelecidos pela tabela.

Quadro 3 – Correspondência entre a classe de agressividade ambiental e o cobrimento nominal para Δc= 10 mm.

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42

Fonte: NBR 6118:2014, tabela 7.2.

De acordo com a NBR 6118:2014 item 7.5, para garantir um bom

adensamento do concreto as barras devem ser detalhadas de modo que

permita a entrada da agulha do vibrador, devendo estar dispostas dentro do

componente estrutural e facilitando a boa qualidade das operações de

lançamento do concreto.

Ao abordar sobre as condições de ductilidade em vigas a NBR

6118:2014 em seu item 17.2.3 diz que é necessário garantir boas condições de

ductilidade, respeitando os limites da linha neutra (x/d), sendo adotada

armadura de compressão quando necessário.

Linha Neutra é a reta do plano da seção transversal em que a tensão

normal é nula. Para concretos com fck ≤ 50 MPa. O item 14.6.4.3 indica que

x/d ≤ 0,45.

Segundo o item 17.2.2 da NBR 6118:2014, o estado-limite último

(estado-limite relacionado ao colapso, ou a qualquer outra forma de ruína

estrutural, que determine a paralisação do uso da estrutura) é caracterizado

quando a distribuição das tensões na seção transversal pertencer aos domínios

1, 2, 3 ou 4.

O Domínio 1 e Domínio 2 caracterizam a ruptura convencional por

deformação plástica excessiva, sendo: Domínio 1 - tração não uniforme, sem

compressão; Domínio 2 - flexão simples ou composta sem ruptura à

compressão do concreto (εc < εcu e com o máximo alongamento permitido).

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43

Já o Domínio 3 e Domínio 4 caracterizam a ruptura convencional por

encurtamento-limite do concreto, onde: Domínio 3 - flexão simples (seção

subarmada) ou composta com ruptura à compressão do concreto e com

escoamento do aço (εs ≥ εyd); Domínio 4 - flexão simples (seção superarmada)

ou composta com ruptura à compressão do concreto e aço tracionado sem

escoamento (εs < εyd).

A introdução da armadura de compressão para garantir o atendimento de valores menores da posição da linha neutra (x), que estejam nos domínios 2 ou 3, não conduz a elementos estruturais com ruptura frágil. A ruptura frágil está associada a posições da linha neutra no domínio 4, com ou sem armadura de compressão. (ABNT NBR 6118:2014, item 17.2.3)

A ruptura frágil é caracterizada basicamente pela ruptura brusca do

elemento estrutural.

4.2.5.2 Critérios de projeto para durabilidade de estruturas

de concreto armado

Antigamente as estruturas só eram concebidas e projetadas para satisfazerem às condições de segurança e estabilidade perante as solicitações de origem mecânica que interagiam na mesma. Os aspectos relacionados à questão de durabilidade e desempenho que as estruturas deveriam apresentar durante a sua vida útil não eram levados em consideração, visto que imaginava-se que o concreto armado conservava as suas propriedades físicas, químicas e mecânicas praticamente inalteradas ao longo do tempo. (Andrade, 1997)

Ainda segundo Andrade (1997), este paradigma foi quebrado quando

começou a ser observado que as estruturas de concreto vinham apresentando

elevados níveis de degradação.

De acordo com Brandão (1998) é imprescindível que medidas sejam

tomadas para que seja garantida a durabilidade e qualidade das estruturas,

onde muitas destas medidas devem ser observadas ainda em fase de projeto.

Para isso a NBR 6118:2014 traz critérios que devem ser levados em conta e

atendidos no dimensionamento e execução da estrutura de concreto armado,

como: espessura do cobrimento, detalhamento das armaduras, limitação da

abertura de fissuras e classe de agressividade ambiental. Esses itens estão

ligados ao desempenho e ao conceito de vida útil da estrutura.

Segundo a NBR 6118:2014:

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Por vida útil de projeto, entende-se o período de tempo durante o qual se mantêm as características das estruturas de concreto, sem intervenções significativas, desde que atendidos os requisitos de uso e manutenção prescritos pelo projetista e pelo construtor, conforme 7.8 e 25.3, bem como de execução dos reparos necessários decorrentes de danos acidentais. (NBR 6118:2014, item 6.2.1)

Para Helene (1997) as estruturas de concreto devem ser projetadas

levando em consideração as condições ambientais previstas na época do

projeto, visando conservar a segurança, estabilidade e aptidão da estrutura em

serviço durante no mínimo 50 anos (período de referência mínimo decidido

após muitas discussões da Comissão de Estudos da ABNT). Para ele, a

durabilidade está ligada a desaceleração do processo de deterioração das

partes críticas da estrutura, o que envolve as etapas de planejamento, projeto,

materiais, execução e utilização (operação e manutenção), e qualquer pessoa

que participe de alguma dessas etapas têm sua parcela de responsabilidade.

Helene (1997), assim como Brandão (1998), concorda que deve haver

uma cooperação entre as partes responsabilizadas em que o proprietário deve

definir e deixar clara suas expectativas presentes e futuras para o uso da

estrutura e os projetistas devem preparar especificações de projeto e impor

condições de execução, uso e manutenção, visando a garantia da qualidade.

Juntamente, os construtores devem cumprir as exigências e condições do

projeto e os usuários precisam obedecer às condições de uso da edificação e

efetuar a manutenção prevista para evitar manifestações patológicas na

estrutura.

A Figura 16 traz um exemplo de manifestação patológica, mostrando a

corrosão da armadura em um elemento de concreto armado.

Figura 16 – Corrosão de armaduras em subsolo de edifício por infiltração de água.

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Fonte: Medeiros (2010)

A NBR 6118:2014 destaca em seu item 6.3 os “Mecanismos de

envelhecimento e deterioração”, e traz suas seguintes definições: Lixiviação - É

o mecanismo responsável por dissolver e carrear os compostos hidratados da

pasta de cimento por ação de águas puras, carbônicas agressivas, ácidas e

outras. Para prevenir sua ocorrência, recomenda-se restringir a fissuração, de

forma a minimizar a infiltração de água, e proteger as superfícies expostas com

produtos específicos, como os hidrófugos.

Na Figura 17 pode-se observar a exposição dos agregados pela

lixiviação da pasta de cimento em indústria têxtil.

Figura 17 – Ataque em indústria têxtil

Fonte: Medeiros (2010)

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A NBR 6118:2014 conceitua a expansão por sulfato como a expansão

por ação de águas ou solos que contenham ou estejam contaminados com

sulfatos, dando origem a reações expansivas e deletérias com a pasta de

cimento hidratado. Segundo a própria Norma, a prevenção pode ser feita pelo

uso de cimento resistente a sulfatos, conforme ABNT NBR 16697:2018.

Um exemplo de efeitos da ação de sulfatos pode ser observado na

Figura 18, onde segundo Medeiros (2010) a água do mar contribui para

expansão, fissuração e desagregação do concreto devido à ação dos sulfatos.

Figura 18 – Ataque por água do mar.

Fonte: Medeiros (2010)

A NBR 6118:2014 também conceitua a álcali-agregado como a

expansão por ação das reações entre os álcalis do concreto e agregados

reativos. O projetista deve identificar no projeto o tipo de elemento estrutural e

sua situação quanto à presença de água, bem como deve recomendar as

medidas preventivas, quando necessárias, de acordo com a ABNT NBR 15577-

1:2018.

Abaixo, pode ser observado na Figura 19 a fissuração da fundação de

um edifício devido a reação álcali-agregado.

Figura 19 – Fundação de edifício com manifestação de reação álcali-agregado.

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47

Fonte: Medeiros (2010)

A Figura 20 mostra a influência que o projeto, os materiais

empregados, a execução e a cura do concreto possuem sobre o processo de

deterioração da estrutura, demonstrando os efeitos do transporte de

substâncias químicas agressivas através dos poros do concreto, ocasionando

tanto a degradação do concreto quanto da armadura.

Figura 20 – Relação entre os conceitos de durabilidade e desempenho das

estruturas de concreto armado.

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Fonte: CEB (1992)

Para garantir o cobrimento das armaduras dos elementos de concreto

armado o uso de espaçadores é indicado. Os espaçadores são peças que

distanciam a barra de aço da forma antes do processo de concretagem,

ajudando a manter o posicionamento longitudinal da armadura com relação ao

cobrimento até a etapa de concretagem.

Na Figura 21 é possível ver os detalhes de um espaçador circular da

fornecedora CONEKPLAS.

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Figura 21 – Espaçador Circular.

Fonte: CONEKPLAS (2019)

A utilização desse tipo de espaçador circular é bastante simples,

devendo a peça ser encaixada na armadura, conforme exemplificado na Figura

22.

Figura 22 – Utilização de espaçador circular em pilar.

Fonte: Silva (2012)

Outro tipo comum de espaçador utilizado na construção civil é o tipo

torre, ou conhecido também como “cadeirinha”. A Figura 23 traz alguns

modelos de espaçadores tipo torre, comercializados também pela

CONEKPLAS.

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Figura 23 – Espaçador Tipo Torre.

Fonte: CONEKPLAS (2019)

Na Figura 24 uma laje em concreto armado é preparada com a

disposição de espaçadores para as armaduras antes da etapa de concretagem.

Figura 24 – Disposição de espaçadores em laje antes da concretagem.

Fonte: Maran et al. (2015)

O espaçador tipo torre pode ser utilizado em lajes de concreto, porém,

por não possuir boa fixação na armadura, acaba sendo difícil manter seu

posicionamento correto durante a concretagem. Devido a isso, muitas vezes é

preferível o uso de outros modelos.

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4.2.6 Controle de Qualidade

O projeto deve, sempre que possível, ser feito de modo a facilitar as atividades de garantia da qualidade e outras atividades do processo construtivo. Assim, todas as informações utilizadas durante o projeto devem ser documentadas para fins de garantia da qualidade. Além disso, sempre que for previsto o emprego de processos construtivos especiais, devem ser elaboradas especificações detalhadas, descrevendo tais processos. (BRANDÃO, 1998)

Para Novaes (2001) os projetos deixam a desejar na falta do

detalhamento de soluções que devem ser compatibilizadas e por falta de

gerenciamento quanto por exemplo no cumprimento de prazos. Para ele, a

desassociação do projeto com a produção das edificações faz com que sejam

desconsiderados aspectos produtivos indicados durante a elaboração do

projeto, ocasionando omissão nos detalhamentos e atribuindo indevidamente

ao pessoal no canteiro de obra a responsabilidade por decisões.

Assim, em variados níveis de intensidade, os profissionais de projeto devem participar, em conjunto com os demais agentes do processo, nas etapas que antecedem ou sucedem a elaboração dos projetos, desde o planejamento do empreendimento até as avaliações pós-ocupação, e eventuais atividades de manutenção, durante o uso, incluindo-se a produção da edificação. (NOVAES, 2001)

Garcia Meseguer (1991) considera que no processo de projetos de

edifícios, durante a elaboração do projeto o controle deve ser exercido pelo

próprio profissional, respeitando parâmetros relacionados ao tipo específico do

projeto e também respeitando dados trocados entre os profissionais envolvidos

no processo de produção.

Como melhoria na qualidade, Novaes (2001) cita também a análise

crítica de projetos, considerando um complexo exame dos aspectos técnicos

relacionados com a concepção, com o processo e com os resultados finais.

Esta análise deve ser considerada nas diversas etapas do processo do projeto

ou após seu término, incluindo as verificações de: Suposições de projeto;

Códigos e normas aplicáveis; Precisão de cálculos; Adequação de alternativas

selecionadas; Construtibilidade das soluções; Conformidade das soluções em

atendimento às exigências das empresas empreendedora e construtora e aos

objetivos dos profissionais de projeto.

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4.2.7 Compatibilização

Segundo Avila (2011) os projetos no Brasil têm sido tratados pelas

empresas de construção como uma atividade secundária, onde os projetistas

são contratados preponderantemente por critérios de preço do serviço.

Outra característica dos projetos no setor é que eles são orientados para a definição do produto sem considerar adequadamente a forma e as implicações quanto à produção das soluções adotadas. Mesmo as especificações e detalhamentos de produto, muitas vezes, são incompletas e falhas, sendo resolvidas durante a obra, quando a equipe de produção acaba decidindo sobre determinadas características do edifício não previstas em projeto. (AVILA, 2011, p.12-13)

Nascimento (2013) considera que a compatibilização é fundamental no

processo do desenvolvimento dos projetos eliminando problemas ainda na fase

de concepção, evitando retrabalhos que geram custos e reduzindo também

prazos de execução, podendo dessa forma melhorar o empreendimento. O

Gráfico 2 mostra a capacidade de influenciar nos custos do empreendimento

em função das suas etapas ao longo do tempo.

Gráfico 2 - Capacidade de influenciar os custos do empreendimento ao

longo das fases.

Fonte: Costa, 2013 (Adaptado de CII, 1987)

De acordo com o gráfico, quanto antes é identificado e sanado um

possível problema ou interferência no empreendimento, menor são os custos

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53

com correção e maior então a capacidade de influenciar no custo geral da

edificação.

A compatibilidade é definida como atributo do projeto cujos componentes dos sistemas ocupam espaços que não conflitam entre si e, além disso, que possui dados compartilhados com consistência e confiabilidade até o final do processo de projeto e obra. (GRAZIANO,2003)

Para Rodríguez e Heineck (2001) a compatibilização deve acontecer

dês dos estudos preliminares, passando pelo anteprojeto, projetos legais e

executivo, integrando soluções e verificando possíveis interferências

geométricas entre os elementos que irão compor a construção. Para ele, a

compatibilização quando iniciada a partir dos estudos preliminares, acaba se

tornando mais fácil. A Figura 25 traz um exemplo de interferência geométrica.

Figura 25 – Interferência geométrica entre viga, tubulação e conduítes.

Fonte: Dricas (2013)

Nascimento (2014) relata como resultado de entrevistas realizadas com

engenheiros que a falta de detalhamento de projetos está presente nas obras,

onde os entrevistados citaram erros referentes ao projeto de arquitetura e de

instalações hidrossanitárias que não possuíam detalhamentos dos shafts e tipo

de material a ser utilizado em fechamentos na área de visita de manutenção

destes shafts. Nota-se na Figura 26 um exemplo da interferência entre um pilar

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e a janela de um edifício, gerando uma incompatibilização ainda na fase de

projeto.

Figura 26 – Incompatibilização (arquitetura x estrutural).

Fonte: Bedin et al. (2017)

Através do auxílio da computação hoje em dia identificar

incompatibilidade entre projetos vem se tornando cada vez mais fácil. A Figura

27 traz outro exemplo de interferência em fase de projeto, desta vez entre

tubulações e um dos pilares da edificação.

Figura 27 – Tubulação interceptando o pilar.

Fonte: Mikaldo e Scheer (2008)

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55

Como solução atual para evitar interferências com relação aos

diferentes sistemas que compõem um edifício, podemos citar a tecnologia

Building Information Modeling (BIM). Segundo Ywashima e Ilha (2010) a BIM

vem sendo apresentada como tecnologia que agrupa de forma associada

processos para produção, comunicação e análise do modelo de construção,

envolvendo uma pratica de projetos em que todos os participantes da cadeia

da construção atuam de maneira integrada.

“A ferramenta BIM - ArchiCAD da Graphisoft, foi uma das primeiras,

comercialmente disponível no mercado de softwares” (IBRAHIM et al., 2004).

Em sistemas CAD- BIM, os componentes do edifício são objetos digitais codificados que descrevem e representam os componentes do edifício da vida real. Por exemplo, um objeto parede é um objeto com propriedades de paredes e age como uma. Isto quer dizer que este objeto é representado por dimensões como comprimento, largura e altura como também possui seus atributos parametrizáveis como materiais, finalidade, especificações, fabricante e preço. (CRESPO e RUSCHEL, 2007b)

Logo abaixo, na Figura 28, pode-se observar a integração entre o

estrutural, elétrico e hidrossanitário de um edifício através do software

QiBuilder da empresa AutoQi.

Figura 28 – Integração e compatibilização entre projetos.

Fonte: AutoQi (2019)

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56

A AltoQi é uma forte empresa no ramo de softwares que auxiliam na

confecção de projetos de engenharia. Entre os softwares fornecidos pela

empresa estão o Eberick, Lumine, Hydros e o QiBuilder.

4.3 VISTORIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

De acordo com a NBR 14653-1:2001 da ABNT - Associação Brasileira

de Normas Técnicas, vistoria é a "constatação local de fatos, mediante

observações criteriosas em um bem e nos elementos e condições que o

constituem ou o influenciam". A vistoria de obras busca analisar a qualidade e

conformidades de atividades relacionadas à obra civil com o intuito de prevenir

imprevistos e fazer com que os critérios de contrato e de projeto sejam

cumpridos.

“Vistoria pode ser entendido como inspeção judicial feita por um perito

in loco, a partir de uma análise e descrição minuciosa do imóvel, para

caracterizar o bem, sem interesse das causas da vistoria” (VIDAL, 2013).

4.3.1 Conflitos relativos à construção civil

“Na construção civil, as fases necessárias para o planejamento e a

construção de um empreendimento envolvem profissionais de áreas distintas

com um objetivo comum. “ (COELHO, 2008)

Devido à série de particularidades Intrínsecas que possui, a construção civil tem potencial muito grande para geração de conflitos entre os envolvidos direta ou indiretamente, com a obra ou aqueles por ela afetados, desde as fases embrionárias de um projeto até o uso e manutenção de uma obra com idade avançada, passando por todas as etapas e relacionamentos possíveis. (BURIN et al, 2009)

Segundo Burin et al. (2009) a união entre não executar a vistoria e as

deficiências de especificação dos trabalhos ou ainda a contratação de

empresas ou profissionais não preparados ou não habilitados para executá-las,

são as falhas mais comuns que impedem que se aproveite o enorme potencial

que as vistorias possuem. Ao prestar o serviço de vistoria o engenheiro deve

analisar a complexibilidade do vistoriado e se atentar para a realização da

perícia em momento oportuno, colocando em prática a visão adquirida ao longo

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de sua carreira com a finalidade de aumentar o nível de detalhe para cada

elemento do bem vistoriado, gerando resultados e laudos confiáveis.

Por mais que a solução dos conflitos seja hábil, é muito comum que

muitos acabem em discussões que podem tomar rumos judiciais.

Dês da instalação do CDC – Código de Defesa do Consumidor, em

1990, a sociedade vem se conscientizando dos seus direitos com relação a

utilização de produtos e serviços contratados. Segundo a Lei 8.078

“Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou

serviço como destinatário final.”

O CDC, em sua seção II art. 12. considerada prática infrativa colocar

no mercado de consumo qualquer produto ou serviço em desacordo com as

normas técnicas da ABNT. Sendo assim, ao projetar ou executar qualquer tipo

de serviço de engenharia o prestador deve se atentar para que seus produtos

estejam de acordo com as Normas, fazendo valer sua responsabilidade sobre o

serviço prestado.

4.3.2 Vícios e Defeitos construtivos

De acordo com o item 3.75 da ABNT NBR 13752:1996 Vícios são

“anomalias que afetam o desempenho de produtos ou serviços, ou os tornam

inadequados aos fins a que se destinam, causando transtornos ou prejuízos

materiais ao consumidor.

“A falta de observação das normas, bem como deficiências no material e

na mão-de-obra, aliadas à eventual negligência dos construtores, podem

ocasionar vícios e defeitos construtivos” (VITÓRIO, 2003). Os Vícios podem ser

classificados entre aparentes ou ocultos.

Grandiski (2013) conceitua os vícios aparentes como falhas construtivas

detectáveis até mesmo por alguém que não entenda de construções, como por

exemplo cerâmicas com tonalidades diferentes, vidros quebrados ou mal

instalados, fissuras e material de acabamento incoerente com o especificado

no memorial descritivo.

Já os vícios ocultos, segundo Grandiski (2013) são caracterizados por

falhas que só podem ser identificadas por técnicos especializados ou que

sejam inexistentes no momento do repasse do imóvel, como por exemplo

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58

recalques de fundação, problemas de curto circuito elétrico e desplacamento

de pastilhas em fachadas.

Ainda de acordo com o item 3.75 da ABNT NBR 13752:1996 os

Defeitos são “anomalias que podem causar danos efetivos ou representar

ameaça potencial de afetar a saúde ou segurança do dono ou consumidor,

decorrentes de falhas do projeto ou execução de um produto ou serviço, ou

ainda de informação incorreta ou inadequada de sua utilização ou

manutenção.” São alguns exemplos de Defeitos: uso de produtos tóxicos como

tintas não padronizadas, desplacamento de elementos de fachada que possam

cair sobre algum pedestre e elementos cortantes expostos que possam ferir

alguém.

As trincas são manifestações patológicas visivelmente notáveis e se

propagam pelo elemento, conforme pode ser visto na Figura 29.

Figura 29 – Trinca no encamisamento do tubo de decida de água pluvial.

Fonte: Oliveira (2012)

“Quando a solicitação é maior do que a capacidade de resistência do

material, a fissura tem a tendência de aliviar suas tensões.” TÉCHNE (2010). A

Figura 30 mostra o exemplo de trinca em piso de mármore.

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59

Figura 30 – Trinca em piso de mármore.

Fonte: Oliveira (2012)

Segundo a NBR 9575:2010, as microfissuras possuem abertura

inferior a 0,05 mm. As aberturas com até 0,5 mm são chamadas de fissuras e

as maiores de 0,5 mm e menores de 1,0 mm são reconhecidas como trincas. A

Figura 31 demonstra a constatação de um exemplo de trinca em uma parede.

Figura 31 – Trinca em parede.

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60

Fonte: Oliveira (2012)

De acordo com Oliveira (2012) a Figura 32 mostra o exemplo da

Eflorêscencia causada por infiltração em uma parede de uma residencia,

podendo ser caracterizada por manchas brancas em revestimentos devido a

alterações quimicas.

Figura 32 – Eflorescência causada por infiltração.

Fonte: Oliveira (2012)

Segundo Silva (2012) quaisquer componentes construtivos, sejam eles

por exemplo aço ou concreto, estão sujeitos a apresentarem manifestações

patológicas quando empregados de forma inadequada e grande parte delas

podem ser evitadas ainda em fase de projeto, como demonstram os

especialistas.

Para Bueno & Ferreira (2016) o lançamento e adensamento do

concreto são as causas mais comuns que geram defeitos em elementos de

concreto durante o processo de concretagem, porém, erros de detalhamento

das armaduras podem obstruir a passagem da brita entre as ferragens,

também ocasionando defeitos na peça de concreto.

Sitter (1984) aborda no Gráfico 3 que o custo relativo para uma

intevenção é almentado em cinco vezes a cada etapa e fase da produção.

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Gráfico 3 – Lei de evolução dos custos

Fonte: (adaptado de SITTER, 1984)

Desta forma, de acordo com o Gráfico 3, pode-se reforçar o fato

de que quanto mais cedo é identificado e corrigido o problema menores são os

gastos com ele, o que condiz com os resultados analisados também no Gráfico

2.

5. METODOLOGIA

Para o desenvolvimento deste projeto foi realizado um estudo de caso

através de uma pesquisa de natureza descritiva, onde o objeto de estudo foi

uma obra residencial unifamiliar localizada no município de Rio Verde - GO. A

Figura 33 demonstra o desenvolvimento metodológico do trabalho.

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62

Figura 33 – Desenvolvimento metodológico.

Fonte: Do autor (2019)

Para o embasamento teórico, na etapa 1 foi feita uma revisão

bibliográfica (com base em livros, Normas Técnicas, código de obra, sites da

internet, leis, artigos, monografias, teses de doutorado e dissertações de

mestrado), para abordar e descrever do ponto de vista teórico os principais

assuntos relacionados aos possíveis problemas que poderiam ser

identificados na obra estudada. Sendo assim, a revisão bibliográfica

aborda temas como: responsabilidade do engenheiro, noções importantes

de qualidade, elaboração de projetos e execução de estruturas em

concreto, considerações relevantes da NBR 6118:2014 e defeitos

construtivos.

Na etapa 2 foram realizadas visitas até o local da obra, com o objetivo

de obter dados que pudessem embasar o desenvolvimento do trabalho,

buscando registrar falhas de execução através de fotos, obter informações da

procedência dos projetos e dos métodos construtivos adotados, além da

aplicação de questionário para o engenheiro responsável técnico da obra e

para o construtor, que é proprietário da obra e atuou integralmente na

construção até a etapa da realização deste trabalho.

Durante a etapa 3, foi possível em posse das fotos obtidas, identificar

falhas de execução de alguns elementos da obra. Também foi possível analisar

se o layout executado era compatível com o layout do projeto da casa no

projeto aprovado pela prefeitura, ou se houveram alterações durante a

Etapa 1: Levantamento bibliográfico

Revisão bibliográfica

Etapa 2: Obtenção dos dados e fotos da obra e

aplicação do questionário

Etapa 3: Identificação de falhas e irregularidades de

projeto e execução

Etapa 4: Análise e resultados das causas e da

relação entre o engenheiro e os

problemas identificados

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63

execução, além de verificar também se houve falhas na elaboração do projeto,

que inicialmente não foi desenvolvido por um profissional habilitado.

Para a etapa 4 que envolve o desenvolvimento e análise dos resultados

desse estudo de caso, foram utilizados o material e os dados coletados para

que pudessem ser expostas quais foram as consequências da falta do

envolvimento do engenheiro com relação aos problemas identificados.

Foram apresentadas, com base no levantamento fotográfico as falhas de

execução na edificação, bem como os fenômenos por observação visual, e a

indicação das prováveis causas acompanhadas da descrição do mecanismo de

ocorrência de cada falha e soluções.

No item 6.1.2 foi feita a interpretação das imagens das falhas coletadas.

O método como foi feita a análise foi adotado devido ao fato de possibilitar uma

descrição satisfatória das falhas, apontando o acontecimento, analisando o

efeito e solucionando o problema.

Dessa forma, optou-se inicialmente por fazer uma descrição visual

juntamente com a indicação do tipo de manifestação que a imagem

apresentava. Em seguida buscou-se entender que fatores seriam responsáveis

pelo surgimento da falha citada, seguido dos mecanismos de ocorrência

dessas falhas, para que fosse entendido como essas falhas pudessem ter

surgido, finalizando com a indicação de possíveis soluções, buscando

alternativas para soluciona-las através da análise dos mecanismos de

ocorrência.

5.1 DEFINIÇÃO DA EDIFICAÇÃO

Para analisar quais tipos de dificuldade uma residência pode ter devido

à falta de acompanhamento técnico foi inicialmente escolhida uma residência

localizada no Bairro Residencial Jardim Europa no município de Rio Verde –

GO, como indicado em vermelho na Figura 34.

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64

Figura 34 – Mapa da cidade de Rio Verde – GO.

Fonte: Google (2019)

A residência possui um pavimento. Segundo o projeto, o pavimento

térreo possui 182,28m² construídos contendo uma garagem, uma sala de tv,

uma sala de jantar, três quartos, três banheiros, uma cozinha, um jardim de

inverno e uma lavanderia. A edificação está locada em um terreno de 12x30m

totalizando 360 m². A vedação da casa foi feita toda em tijolo cerâmico. O

projeto arquitetônico da residência está disponível no Anexo I para maiores

informações. A Planta Baixa da casa pode ser vista na Figura 35.

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65

Figura 35 – Planta Baixa

Fonte: Dados da obra (2018)

Atualmente a obra está em fase de execução da laje, que é pré-moldada

composta por trilho e enchimento de isopor.

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66

Ao estudar ilegalidades e manifestações incorretas em uma obra,

observa-se a dificuldade de levantamento de dados. Fator esse que acaba

dificultando todo um estudo. Além disso, devido ao fato dela estar localizada

em outro município foram necessárias várias viagens para que pudesse ser

feito o acompanhamento e as fotos nas diferentes etapas da execução.

Com relação a parte de documentação dos projetos e relatório de

análise da Superintendência Municipal de Desenvolvimento Urbano de Rio

Verde- GO, foi possível reunir os documentos sem maiores problemas, pois o

engenheiro responsável pela obra os forneceu sem qualquer imposição.

5.2 APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO

Foram aplicados dois questionários diferentes destinados ao

engenheiro civil responsável técnico pela obra e para o mestre de obras que é

simultaneamente o empreiteiro e proprietário da residência em estudo. As

perguntas dos dois questionários foram abertas e respondidas pessoalmente

pelos entrevistados. Os questionários aplicados estão disponíveis no Anexo II.

O objetivo do questionário foi obter dois diferentes pontos de vista,

sendo um ponto de vista técnico do engenheiro civil, e um ponto de vista

voltado para o lado prático do mestre de obras, para que pudessem ser

comparados e analisados de que forma as diferentes visões de cada um

influenciaram nas etapas e processos da edificação.

Inicialmente pretendia-se entrevistar também os demais profissionais

que participaram da obra, porém, devida a alta rotatividade destes, os

colaboradores que atuaram no início da obra já não trabalhavam mais na fase

em que foram feitas as entrevistas.

A opinião do dono da obra com relação ao motivo dele não ter feito os

projetos desde o início com um profissional habilitado seria interessante e

fundamental, entretanto, como nesse estudo de caso o dono da obra é também

o próprio construtor não foi possível fazer uma abordagem desse levantamento

de forma direta.

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67

5.3 CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO ARQUITETÔNICO

O layout do projeto arquitetônico foi pensado pelos donos, que já

tinham em mente o modelo da casa que queriam e apenas precisavam que a

ideia fosse formalizada em projeto. O projeto arquitetônico pode ser

considerado em dois momentos diferentes. No primeiro momento, inicialmente,

o arquitetônico foi desenvolvido por um estudante de engenharia civil, sem o

acompanhamento técnico de um profissional habilitado. A prancha única do

projeto inicial desenvolvido pelo estudante para os donos da obra pode ser

vista na Figura 36.

Figura 36 – Prancha inicial do projeto arquitetônico.

Fonte: Dados da obra (2019)

No segundo momento, o projeto inicial foi assumido por um engenheiro

civil habilitado que realizou as adequações necessárias e a aprovação do

projeto junto à prefeitura do município de Rio Verde – GO. A Figura 37

demonstra a prancha única do projeto, nesse segundo momento, já adequado

e refeito pelo engenheiro civil responsável pela obra.

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Figura 37 – Prancha readequada do projeto arquitetônico.

Fonte: Dados da obra (2019)

A contratação de um profissional habilitado pelo proprietário foi baseada

na exigência por parte da prefeitura de que a obra possuísse um responsável

técnico, e também pela dificuldade em dar entrada projetos na Secretaria de

Obras sem orientação técnica adequada. Em ambos os momentos foi optado

por manter todo o projeto em prancha única, em tamanho A0.

5.4 LEVANTAMENTO DE FALHAS E IRREGULARIDADES DE

PROJETO E EXECUÇÃO

Como já citado, as falhas e irregularidades de projeto e de execução da

edificação foram registradas por meio de fotografias, em que através delas,

podem ser identificadas falhas de execução de alguns elementos da obra.

Com o projeto arquitetônico em mãos, foi feito um comparativo entre a

execução e o projeto, com o intuito de verificar se a execução seguia o projeto

aprovado pela Secretaria de Obras do município.

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69

Em posse das respostas dos dois questionários aplicados foi buscado

identificar mais algumas falhas e empecilhos que pudessem influenciar também

na qualidade e na conformidade da execução da obra de acordo com as

Normas Técnicas Brasileira: NBR 6118:2014, NBR 5674:1999, NBR

5410:2004, NBR 5626:1998, NBR 8160:1999, NBR 15270-1:2005, NBR

16697:2018, NBR 15577-1:2018, NBR 14653-1:2001, NBR 13752:1996, NBR

15575:2013 e NBR 9575:2010.

Durante essa etapa de levantamento de falhas e irregularidades, foram

observadas questões como: cobrimento das armaduras, posicionamento das

ferragens e quaisquer outros tipos de defeitos construtivos que pudessem ser

registrados.

Devido ao fato de a ART da laje ter sido emitida pela empresa

fornecedora e não pelo engenheiro responsável pela obra, não foram

analisadas questões referentes a laje da edificação.

6. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

6.1 FALHAS DE PROJETO

A seguir, são apresentas falhas através do Relatório de análise emitido

pela Superintendência Municipal de Desenvolvimento Urbano de Rio Verde-

GO (SUDERV) e através da comparação entre o projeto arquitetônico inicial

feito por uma pessoa não habilitada e o projeto refeito por um profissional

habilitado, bem como indicação das prováveis causas em conjunto com a

descrição do mecanismo de ocorrência de cada falha.

Como já mencionado, o projeto se divide em dois momentos. Inicialmente

ele foi feito por alguém sem habilitação técnica, e em um segundo momento ele

foi refeito por um profissional habilitado.

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6.1.1 Exigências para aprovação do Alvará de Licença e

falhas de projeto

A figura 38 mostra, de acordo com o Relatório de análise disponível no

Anexo III, as observações feitas pela SUDERV após ser solicitado o Alvará de

Licença com base no projeto arquitetônico inicial feito por uma pessoa não

habilitada.

Figura 38 – Observações da SUDERV quanto ao Alvará de Licença.

Fonte: Dados da obra (2019)

Pode-se notar que todos os itens mencionados na observação, exceto o

primeiro e o terceiro, são de caráter de projeto, em que a responsabilidade de

apresenta-los corretamente em projeto é do autor do projeto.

6.1.1.1 Análise das observações feitas pela SUDERV

Na Figura 39 é possível ver que conforme notificado pela SUDERV, o

carimbo do projeto arquitetônico inicial não possui o campo para assinatura dos

dois proprietários no projeto e também não possui a metragem quadrada da

área permeável.

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Figura 39 – Carimbo do projeto arquitetônico inicial feito pela pessoa não habilitada.

Fonte: Dados da obra (2019)

É possível também através da Figura 39 ver que, no carimbo, a pessoa

não habilitada que fez o projeto arquitetônico inicial é tratada como “Projetista”.

Quando comparado ao carimbo do projeto inicial, o carimbo do projeto

arquitetônico refeito por um profissional habilitado, apresentado na Figura 40,

atende às observações feitas pela SUDERV, além de ser mais detalhado e

profissional.

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Figura 40 – Carimbo do projeto arquitetônico refeito por um profissional habilitado.

Fonte: Dados da obra (2019)

O carimbo da Figura 41, mais detalhado, traz o campo para assinatura

dos dois proprietários no projeto, a desconsideração da área da claraboia como

área construída e também as informações da metragem quadrada da área

permeável e outros dados, conforme solicitado pela SUDERV. É importante

também destacar o campo “Deferimento”, adicionado pelo profissional

habilitado e fundamental para o controle das revisões e análises do projeto.

Apesar de estar borrado na figura, no final do carimbo o projeto ainda traz o

logotipo do escritório do profissional habilitado.

Outro erro apontado no projeto arquitetônico inicial feito pela pessoa não

habilitada foi não apresentar a locação da Planta Baixa no terreno. A Figura 41

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mostra em seu lado “A” a Planta Baixa inicial sem a devida locação no terreno

e em seu lado “B” a Planta Baixa com a devida correção feita pelo profissional

habilitado, fazendo a locação da planta baixa no terreno.

Figura 41 – Plantas Baixas dos dois projetos arquitetônicos.

Fonte: Dados da obra (2019)

Com relação à observação de corrigir a fachada lateral esquerda do

projeto inicial, o profissional habilitado optou por retirar a fachada lateral

esquerda do projeto, pois só seria obrigatória para a aprovação do projeto caso

a casa fosse de esquina com rua na lateral esquerda.

Na figura 42 é possível ver o erro no corte B-B plotado no projeto feito

pela pessoa não habilitada.

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Figura 42 – Corte B-B do projeto inicial.

Fonte: Dados da obra (2019)

O erro consiste no esboço do muro do fundo do terreno no canto

esquerdo do corte B-B. A imagem 43 mostra como o corte B-B deveria ser.

Figura 43 – Como deveria ser o corte B-B.

Fonte: Dados da obra (2019)

Outra observação é a correção das janelas na Planta Baixa. A figura 44

traz como exemplo a janela da cozinha, que está esboçada sem detalhes que à

caracterize em projeto.

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Figura 44 – Erro de detalhe na Janela da Cozinha

Fonte: Dados da obra (2019)

Os erros de janela foram corrigidos no novo projeto, padronizando os

dados das janelas e adequando-as como por exemplo na Figura 45.

Figura 45 – detalhe na Janela da Cozinha corrigido no projeto final

Fonte: Dados da obra (2019)

6.1.1.2 Considerações quanto a ART

Quanto a correção da ART, solicitada nas observações, o engenheiro

corrigiu o campo “Atividade Técnica”, conforme a Figura 46, emitindo uma ART

de Substituição.

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Figura 46 – Alterações da Atividade Técnica na ART

Fonte: Dados da obra (2019)

De acordo com o Manual de Preenchimento de ART Obra ou Serviço do

CREA-SP, um dos casos em que a ART de Substituição pode ser feita é

quando houver a necessidade de corrigir dados que impliquem a modificação

da

caracterização do objeto ou da atividade técnica contratada.

Nesse caso, houve a necessidade da modificação da atividade técnica,

conforme o item 3.1 do Manual de Preenchimento de ART Obra ou Serviço do

CREA-SP citado anteriormente.

Segundo a SUDERV, o engenheiro deveria emitir ART de execução e

projeto elétrica, estrutural e hidrossanitário para regularização da Solicitação de

Alvará, o que foi corrigido após o engenheiro ter emitindo uma ART de

Substituição.

6.1.2 Falhas de execução da obra

6.1.2.1 Locação da tubulação sanitária do banheiro social

A instalação da tubulação sanitária da casa foi feita logo após o

assentamento da alvenaria de vedação. A Figura 47 mostra uma falha com

relação a execução da parte hidrossanitária da residência em estudo.

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Figura 47 – Locação da tubulação sanitária do banheiro social

Fonte: Do Autor (2019)

Descrição visual: a figura apresenta o posicionamento da tubulação

sanitária de um dos banheiros, realizado de maneira indevida, onde a parte

inferior da viga baldrame foi quebrada para a passagem dos tubos.

Manifestação: observa-se que a baldrame que suporta a carga da

alvenaria sobre ela foi quebrada na sua região de tração, em três locais, para a

passagem de dois tubos de 100 mm e um tubo de 75 mm, comprometendo o

cobrimento das armaduras positivas da viga.

Causas prováveis: as causas foram a falta de Projeto Hidrossanitário

que conteria as devidas especificações técnicas e a falta de acompanhamento

da execução do serviço. A impossibilidade da compatibilização devido à falta

de projetos complementares também é uma das causas da falha, já que hoje

com a metodologia BIM citada em 4.2.7 falhas desse tipo podem ser evitadas

ainda em fase de projeto. Outra causa é a incorreta ordem cronológica da

execução do serviço.

Mecanismo de ocorrência: o mecanismo de ocorrência inicialmente é a

falta de acompanhamento, o que fez com que o pedreiro optasse por quebrar a

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baldrame ao invés de escavar suficientemente para a passagem das

tubulações por baixo da viga. Outro mecanismo é a danificação do cobrimento

da armadura da viga baldrame em sua região de tração, podendo ocorrer a

exposição da armadura, que por sua vez pode estar sujeita ao processo de

corrosão. O cobrimento da armadura é previsto pela NBR 6118:2014 e

abordado no item 4.2.5.1 deste trabalho.

Solução: a solução é fazer a escavação do solo até um nível abaixo da

viga baldrame, em seguida inspecionar se o cobrimento da armadura foi

comprometido. Faz-se a averiguação do grau de comprometimento da

armadura para que se tenha um diagnóstico do seu estado de corrosão. Em

seguida deve ser feita uma limpeza do local, fazendo com que o aço fique

totalmente descoberto em toda a área que apresente oxidação.

Depois da limpeza, o aço que apresente ferrugem deve ser tratado com

a aplicação de inibidor de ferrugem, que tem propriedade fosfatizante,

permitindo uma proteção antioxidante, do tipo pintura, sobre a qual o concreto

novo tem uma boa aderência.

Para finalizar faz-se o cobrimento da parte danificada, utilizando

argamassa polimérica moldável com alta resistência mecânica e elevada

aderência ao concreto da estrutura existente, que impede a penetração de

água e agentes agressivos.

Após o reparo da baldrame, deve ser feita a impermeabilização do local

reparado e a tubulação deve ser reposicionada abaixo da viga, conforme

exemplificado na Figura 48.

Figura 48 – Exemplo de posicionamento correto de tubulação sanitária

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Fonte: JR- Construção (2017)

6.1.2.2 Vão criado para embutimento de armário na suíte 2

Em desacordo com o projeto arquitetônico aprovado pela prefeitura, foi

feito sem a devida alteração do projeto um vão na suíte 2 para inserção de um

armário embutido. A análise dessa falha é feita com base na Figura 49.

Figura 49– Vão criado para embutimento de armário na suíte 2

Fonte: Do Autor (2019)

Descrição visual: na imagem é possível ver um vão incompatível com o

projeto, criado na suíte 2, para a instalação de um armário embutido.

Manifestação: o vão não foi previsto em projeto, o que ocasiona a

incompatibilidade entre o projeto aprovado pela SUDERV e a execução da

obra. A figura 50 traz o detalhe do cômodo no projeto aprovado pelo órgão

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responsável e mostra que a parede da suíte 2 deveria ser contínua e sem o

vão.

Figura 50 – Detalhe da suíte 2 no projeto aprovado

Fonte: Do Autor (2019)

Causas prováveis: a deficiência da pessoa não habilitada em não saber

como estabelecer o programa de necessidades, (conforme abordado em 4.2.2)

para que pudesse ser captada a necessidade do dono da casa em ter o

armário embutido na suíte.

Mecanismo de ocorrência: o mecanismo de ocorrência é a falta de

comunicação entre o construtor e o engenheiro para que fosse feita a

modificação no projeto que foi refeito por ele.

Solução: a solução é a adequação do projeto conforme o que foi

executado no cômodo como exemplificado na Figura 51 e a atualização do

projeto junto ao órgão responsável.

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Figura 51 – Detalhe da suíte 2 no projeto aprovado

Fonte: Do Autor (2019)

6.1.2.3 Exposição da armadura em pilar e viga

A Figura 52 e Figura 53 mostram respectivamente falhas em um

dos pilares e em uma das vigas da residência, onde a armadura dos

elementos estruturais tiveram seu cobrimento comprometido e ficaram

expostas.

Figura 52 – Exposição da armadura em pilar

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Fonte: Do Autor (2019)

Figura 53 – Exposição da armadura em viga

Fonte: Do Autor (2019)

Descrição visual: pelas figuras é possível ver a ausência de cobrimento

da armadura.

Manifestação: é notório que a armadura longitudinal e o estribo estão

aparentes. O aço CA-50 possui uma tendência à oxidação e o concreto além

de possuir função estrutural, também possui função de proteger fisicamente a

armadura impedindo o contato direto como o exterior e proporcionar uma

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proteção química, conferida pelo elevado pH do concreto, formando uma

película passivadora que envolve o aço.

Causas prováveis: a causa é a falta da conferência do uso de

espaçador na armadura além da falta de verificação do posicionamento das

ferragens por parte do engenheiro responsável, antes da etapa de

concretagem. Outra causa é a desforma feita com apenas um dia de cura após

a concretagem, onde o concreto não possui ainda resistência ideal.

Mecanismo de ocorrência: o mecanismo de ocorrência inicial da

exposição é a falta do uso de espaçador na armadura. Outro mecanismo de

ocorrência é a danificação da viga e do pilar no momento da desforma, devido

a uma possível baixa resistência do concreto utilizado, vez que o traço de

concreto não foi feito conforme o especificado pelo engenheiro.

Solução: a solução é a mesma do procedimento descrito no item

6.1.2.1

Primeiramente deve ser feita a averiguação do grau de

comprometimento da armadura para que se tenha um diagnóstico do seu

estado de corrosão. Em seguida deve ser feita uma limpeza do local, fazendo

com que o aço fique totalmente descoberto em toda a área que apresente

oxidação.

Após a limpeza, o aço que apresente ferrugem deve ser tratado com a

aplicação de inibidor de ferrugem, que tem propriedade fosfatizante, permitindo

uma proteção antioxidante, do tipo pintura, sobre a qual o concreto novo tem

uma boa aderência.

Para finalizar faz-se o cobrimento da parte danificada, utilizando

argamassa polimérica moldável com alta resistência mecânica e elevada

aderência ao concreto da estrutura existente, que impede a penetração de

água e agentes agressivos.

6.2 ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO

Através dos questionários presentes no Anexo II e aplicados ao

construtor e ao engenheiro responsável pela obra foi possível entender melhor

a relação entre os dois profissionais. Primeiramente foi constatado que o

construtor é um profissional sem formação técnica ou superior, porém, com

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mais de trinta anos de experiencia em execução de obras, tendo construído

várias casas e atuado também na execução de grandes prédios. O engenheiro

civil, ao responder à questão de número 1 afirma que havia formado

recentemente na época em que foi contratado para essa obra, e hoje possui

aproximadamente um ano de atuação como profissional da área. Ele também

conta que essa foi sua primeira obra após formado.

Ao responder sua pergunta de número 2, que trata sobre ter sido

instruído ou não que fossem feitos os projetos estrutural, elétrico e hidráulico, o

engenheiro civil afirma que a questão de fornecer ou não os projetos é um

pouco delicada, e que de início seu pensamento era de instruir o cliente para

que fosse feita a contratação também desses três projetos, mas que o

construtor não demonstrou interesse e que essa situação fez com que ele não

tivesse confiança para como profissional impor a necessidade dos três

projetos. Em resposta a sua pergunta de número 6 o engenheiro afirma que

não foram feitos os projetos estrutural, elétrico e hidrossanitário. Sobre esse

assunto o construtor afirma que a prefeitura pede os projetos elétrico, estrutural

e hidrossanitário mas que não fiscaliza se o projeto foi realmente feito, apenas

verificando se possui ART de projeto e execução destes, alegando também

que em obras desse porte ele só necessita desses três projetos caso a casa

seja financiada, pois para o financiamento é necessário tê-los em mãos.

Em resposta à pergunta de número 3 feita ao construtor, que trata da

concepção estrutural e ferragem adotada, ele conta que foram baseadas em

sua experiencia de mais de 30 anos de construtor e que foram utilizadas

ferragens “sete por quatorze” (7x14 cm) tanto nas vigas quanto nos pilares,

além de vergas e contra vergas em altura de janela e porta. A altura das vigas

internas da casa foi definida com base na tabua de 30 cm utilizada para as

laterais da caixaria e ficaram com 28 cm de altura final. A Figura 54 mostra a

ferragem das vigas da sala já posicionadas, sem o uso de espaçadores,

apoiadas sobre a alvenaria e na esquerda da imagem parte da caixaria já

montada.

Figura 54 – Execução das vigas da sala

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Fonte: Do Autor (2018)

Sobre a ferragem chamada de “sete por quatorze” pelo construtor,

trata-se de uma armação pronta e padronizada que já é compra pronta, com 4

barras longitudinais de 8 mm e comprimento de 6 metros, estribos de 5 mm a

cada 20 cm e 7 cm e 14 cm de espaçamento entre barras longitudinais,

conforme demonstrado na Figura 55.

Figura 55 – Esquema demonstrativo de ferragem 7x14

Fonte: Do Autor (2019)

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Os pilares adotados pelo construtor para a edificação possuem seção de

10x25 cm, computando uma área de 250 cm². Quanto a área da seção desses

pilares podemos fazer uma análise de acordo com as Normas Técnicas

Brasileiras. A NBR 6118:2014 em seu item 13.2.3- Pilares e pilares-parede diz

que em qualquer caso, não é permitido pilar com seção transversal inferior a

360 cm², e apenas em casos especiais permite-se a consideração de

dimensões entre 19 cm e 14 cm para pilares, desde que os esforços

solicitantes sejam multiplicados por um coeficiente γn de acordo com o Quadro

4.

Quadro 4 – Valores do coeficiente adicional γn para pilares

Fonte: NBR 6118:2014, tabela 13.1

Porém, a NBR 15575-2:2013- Edificações habitacionais – Desempenho

por mais que seja um ano mais nova que a NBR 6118:2014, traz em seu item

7.2.2.1 a orientação de que para residências térreas unifamiliar e sobrados que

não tenham altura maior que 6,0 metros desde o respaldo da fundação mais

baixa até o topo da cobertura, não é necessário atender às dimensões mínimas

dos componentes estruturais estabelecidos pela ABNT NBR 6118 dês de que

seja feita a análise dos elementos conforme a NBR 6118:2014, dimensionando

a estrutura, garantindo segurança e estabilidade, recomendando também o

ensaio destrutivo de um corpo de prova do concreto.

Pelo projeto, presente no Anexo I, é possível verificar que a residência

em estudo possui 5,60 m de altura e é caracterizada como unifamiliar, sendo

assim, seus pilares poderiam ter seção com área inferior a 360 cm² caso

tivesse sido feita a análise dos elementos conforme a NBR 6118:2014,

garantindo os itens citados anteriormente. Como a residência não possui

projeto estrutural, não foi garantida a qualidade do concreto e os elementos

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não foram calculados e verificados, os pilares da residência são então

considerados em desacordo com as Normas.

Referente as perguntas de número 4 e 5 feitas ao construtor e a

pergunta de número 5 feita ao engenheiro civil, que questionam se o

engenheiro esteve presente ou não nas etapas de concretagem e etapas da

execução do elétrico e do hidrossanitário e também se em alguma etapa da

obra o engenheiro civil fez falta para o construtor as respostas foram um pouco

divergentes.

O construtor afirma que o engenheiro fez falta principalmente na parte

da elétrica, pois geralmente pede pro engenheiro conferir pra ele. Segundo o

construtor o engenheiro deveria conferir a ferragem, a elétrica e fundação. Ao

perguntar ao construtor se o engenheiro esteve presente nas etapas para

realizar o acompanhamento técnico ele respondeu que o engenheiro esteve

presente como profissional realizando conferência apenas na etapa de

fundação.

O engenheiro ao responder sua questão de número 5 afirma que esteve

presente na maioria das etapas mencionadas na pergunta, mas não em todas

pois segundo ele, a obra estava paralisada e a etapa da elétrica ainda não

havia sido iniciada. Ao confrontar as respostas que dizem respeito a parte

elétrica da casa é possível notar que o engenheiro realmente não esteve

presente, pois dias antes ao que foi aplicado o questionário a parte da elétrica

já estava iniciada e com os conduítes já lançados, conforme mostrado na

Figura 56.

Figura 56 – Conduítes na laje

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Fonte: Do Autor (2019)

Quanto as etapas de concretagem o engenheiro afirma que esteve na

maioria delas e que a principal questão não era a conferencia, mas sim a

dificuldade de realizar um acompanhamento de forma técnica devido a falta

dos projetos e que para ele esse era um acompanhamento mais voltado para o

aumento de sua experiencia. Ao analisar as respostas dos dois entrevistados

com relação ao acompanhamento da parte de execução do estrutural o

engenheiro afirma que de início estava presente praticamente em todas as

etapas e cita a etapa de fundação, concretagem dos pilares e concretagem das

vigas.

É possível também constatar uma divergência entre a resposta do

construtor e a resposta do engenheiro quanto ao acompanhamento. Um dos

possíveis entendimentos é que, para o construtor, o engenheiro atuou

tecnicamente fazendo verificações e empenhando seu papel apenas na etapa

de fundação, e que nas outras etapas ele pode até ter estado presente, mas

sem impor opiniões técnicas como engenheiro e apenas para adquirir

experiência observando como era feita a execução, seja ela de forma correta

ou não.

Com relação a pergunta de número 6 feita ao construtor e as perguntas

de número 3 e 5 feitas ao engenheiro, sobre ter havido ou não alguma

especificação técnica feita pelo engenheiro e que não tivesse sido seguida, os

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dois relataram a mesma especificação que foi com relação ao traço do

concreto.

O engenheiro destacou a questão do traço do concreto passado por ele

e que não foi seguido em nenhum dos elementos estruturais da obra. De

acordo com ele, houveram várias especificações que tiveram resistência pelo

construtor, alegando não ter sabido lidar com a situação de imposição devido

novamente ao fato ser sua primeira obra e por não possuir experiência, além

também pela personalidade e reações do construtor.

O construtor relata a mesma especificação com relação ao traço do

concreto. Ele diz não ter seguido o traço devido ao fato de descordar que o

traço de concreto indicado pelo engenheiro tenha mais brita que areia em sua

composição e afirmar que pra prédio o traço pode até ser ideal, mas não para

casas baixas.

Ao fazer essa distinção entre casas baixas e prédios, já que durante o

processo de cálculo de um traço de concreto não é considerado em momento

algum o porte da obra em que ele é utilizado, o construtor passa a impressão

de que ousa opinar apenas em obras de pequeno porte e que quando se trata

de prédios ou obras grandes que fujam da sua experiência ele ai então

concorda com orientações técnicas.

Ao fazer uma análise englobando uma visão geral da entrevista, nota-se

que houve um certo conflito entre o construtor e o engenheiro dês do início da

obra, onde de um lado, o construtor por se afirmar experiente suficiente não se

demonstrou flexível em pelo menos trocar experiências com o engenheiro que

por outro lado tentava atuar e repassar a necessidade dos projetos estrutural,

elétrico e hidrossanitário.

É possível perceber também que devido à falta de experiência e por ser

sua primeira obra o engenheiro ao notar que suas imposições não eram

seguidas apenas aceitou e passou a acompanhar a obra somente como

observador, para adquirir experiência e não para atuar de forma técnica

realmente.

Quanto à questão de, segundo o engenheiro, não ter feito um

acompanhamento técnico devido a falta dos projetos há dois pontos a serem

vistos, onde o primeiro ponto é que realmente quando não se tem os projetos

em mãos, não há algo específico para a obra para ser consultado como

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referência e que possa ser usado como base para comparar com a execução.

Porém, por estar se responsabilizando pela execução através da ART o

engenheiro mesmo com dificuldades deveria e poderia persistir em pontos

como pôr exemplo o uso de espaçadores, a verificação da porcentagem dos

desníveis das tubulações de esgoto para averiguar se estavam corretas e

estando presente também na etapa inicial da elétrica, verificando e instruindo o

lançamento dos conduítes.

O Gráfico 4 mostra uma análise numérica das respostas obtidas,

mostrando que, em 66,67% dos temas em comum abordados nos dois

questionários do Anexo II os profissionais estiveram em comum acordo ao

responderem as questões.

Gráfico 4 – Respostas em acordo ou desacordo entre os profissionais

Fonte: Do Autor (2019)

Um profissional habilitado se faz importante no planejamento e na

execução de obras também para evitar que teorias leigas e empíricas sejam

postas em pratica, sem fundamento teórico e muitas vezes sem controle de

qualidade. Dessa forma, é essencial que o engenheiro desempenhe sua

responsabilidade social e profissional, mantendo sua postura e coerência,

instruindo as técnicas corretas de execução da obra e trocando experiências ao

invés de se pôr em uma posição que o permita apenas adquiri-la.

Além disso, a correta comunicação entre o engenheiro e o construtor é

de grande importância, evitando conflitos e melhorando a troca de experiência,

66,67 %

33,33 %

Análise das respostas

Em comum acordo Em desacordo

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formando profissionais melhores e proporcionando melhor qualidade na

execução dos serviços

7. CONCLUSÃO

O presente trabalho apresentou falhas de projeto e execução de uma

residência em estudo, visando a análise da influência da falta de um

profissional habilitado quanto à responsabilidade sobre as atividades técnicas

descritas na ART emitida por ele, porém, é importante destacar que quando

destina-se a fazer um estudo sobre ilegalidades e manifestações incorretas em

uma obra, observa-se a dificuldade de levantamento de dados. Fator esse que

acaba dificultando todo um estudo.

Com relação a parte de projeto, é notório que a qualidade e os níveis de

detalhe do projeto refeito pelo profissional habilitado foram muito maiores

quando comparado ao projeto inicial feito pela pessoa não habilitada. O

relatório de observações emitido pela SUDERV demonstra que a pessoa não

habilitada que inicialmente fez o projeto, por mais que soubesse faze-lo, não

possuía experiência suficiente na parte de detalhamento e também não

conhecia todas as exigências do órgão responsável para a aprovação do

mesmo.

Quanto as etapas de execução, conclui-se que realmente o engenheiro

esteve na fase de fundação realizando o acompanhamento técnico, porém, nas

etapas de instalações elétricas ele não esteve presente. Na execução do

hidrossanitário e concretagem dos pilares e vigas, dar-se a entender que o

engenheiro civil acompanhou, não de forma técnica vistoriando o serviço para

que fosse garantida a execução de acordo com as normas, mas sim, apenas

como observador, para aumentar sua experiência. Nesse caso, acredita-se

que, como mencionado pelo engenheiro, sua falta de experiência fez com que

ele não soubesse impor corretamente suas decisões como responsável técnico

pela obra, mesmo sabendo dos seus deveres como engenheiro ao emitir as

ART’s de projetos que não foram feitos e de execuções que em parte não

foram acompanhadas devidamente.

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Com a análise de todos os dados expostos, é possível entender a

necessidade de que o profissional habilitado antes de assumir serviços de

engenharia conheça e de fato atue com sua responsabilidade em projetar e

acompanhar seus serviços, se preparando cada vez mais para que possa atuar

de forma profissional e de acordo com as Leis e Códigos de Ética profissionais.

Emitir ART’s de projetos que não foram feitos e obras que não foram

acompanhadas devidamente é uma infração e o profissional habilitado pode

ser penalizado por isso.

Sendo assim, pode-se concluir que devido à falta de acompanhamento

técnico, a edificação pode vir a sofrer problemas como: elementos estruturais

em desacordo com as Normas Técnica e executados com concretos sem

nenhum controle de qualidade, defeitos construtivos que podem vir a gerar

mais patologias futuras, execuções em desacordo com o projeto arquitetônico,

redução da qualidade do serviço dentro do canteiro de obras e a necessidade

de possíveis intervenções futuras para reparos, que segundo Sitter (1984), o

custo relativo para uma intervenção é aumentado em cinco vezes a cada etapa

e fase da produção.

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https://www.tigre.com.br/agua-fria/tubos-conexoes-roscaveis

TIGRE. (14 de Fevereiro de 2019). Fonte: Tubos e Conexões Soldáveis:

https://www.tigre.com.br/agua-fria/tubos-conexoes-soldaveis

Vitório, A. (2003). FUNDAMENTOS DA PATOLOGIA DAS ESTRUTURAS

NAS PERÍCIAS DE ENGENHARIA. Recife: Instituto pernambucano de

Avaliações e Perícias de Engenharia.

GRANDISKI, PAULO. (2013). APRENDA A DISTINGUIR “VICIOS” DOS

“DEFEITOS” NAS RELAÇÕES DE CONSUMO. Disponível em: <

http://blogs.pini.com.br/posts/normas-tecnicas-pericias/aprenda-a-distinguir-

vicios-dos-defeitos-nas-relacoes-de-consumo-302126-1.aspx>. Acesso em 13

março 2019.

TÉCHNE. Sem manobras. 2016. Disponível em: <

http://techne17.pini.com.br/engenharia-civil/117/artigo287406-1.aspx>. Acesso

em 11 março 2019.

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ANEXO I - Projeto arquitetônico da residência base.

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ANEXO II - Questionários

Questionário destinado ao Construtor:

1- O senhor possui alguma formação profissional ou técnica, como cursos

técnicos ou graduação na área de construção civil?

2- Porque o senhor optou por não fazer o projeto estrutural, elétrico e

hidrossanitário da obra?

3- A concepção estrutural, as ferragens utilizadas na obra e as dimensões

dos pilares e vigas foram definidas com base em que?

4- Em alguma etapa da obra a presença do engenheiro civil fez falta? Ou

não foi preciso tirar nenhuma dúvida com relação ao projeto ou a

execução da obra até então?

5- O Engenheiro Civil esteve presente durante as etapas de concretagem

dos elementos estruturais para conferir as ferragens e a qualidade do

concreto utilizado, além também das etapas de execução da parte

elétrica e hidrossanitária da obra?

6- Houve alguma especificação técnica que o engenheiro responsável fez e

que foi ignorada, não sendo levada em consideração? Se sim, porque a

especificação não foi seguida?

Questionário destinado ao Engenheiro Civil responsável pela obra:

1- Qual sua formação profissional e quanto tempo você tem de formado?

2- Foi instruído ao dono da obra que fossem feitos os projetos estruturais,

elétrico e hidráulico, além do projeto para aprovação na prefeitura?

3- Houve alguma resistência por parte do construtor em seguir instruções

técnicas em alguma etapa da obra?

4- Houve alguma especificação técnica feita ao construtor que foi ignorada,

não sendo levada em consideração?

5- O senhor esteve presente durante as etapas de concretagem dos

elementos estruturais para conferir as ferragens e a qualidade do

concreto utilizado, e durante as etapas de execução da parte elétrica e

hidrossanitária da obra?

6- Foram feitos os projetos estruturais, elétrico e hidrossanitário para a

obra?

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ANEXO III – Documentos

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