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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS DE JATAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E BIOLÓGICAS TCCG – GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA BIOSSEGURANÇA EM SISTEMA INTENSIVO DE PRODUÇÃO DE SUÍNOS Gustavo Geovane Marin Orientador: Prof. Dr. Sivio Luiz de Oliveira JATAÍ 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS DE JATAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E BIOLÓGICAS TCCG – GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA

BIOSSEGURANÇA EM SISTEMA INTENSIVO DE PRODUÇÃO DE SUÍNOS

Gustavo Geovane Marin Orientador: Prof. Dr. Sivio Luiz de Oliveira

JATAÍ 2006

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GUSTAVO GEOVANE MARIN

BIOSSEGURANÇA EM SISTEMA INTENSIVO DE PRODUÇÃO DE SUÍNOS

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Medicina Veterinária no Campus Jataí para obtenção do título de Médico Veterinário junto à Universidade Federal de Goiás

Orientador: Prof. Dr. Silvio Luiz de Oliveira

Supervisor: Méd. Vet. Luiz Carlos Bordin

Jataí 2006

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GUSTAVO GEOVANE MARIN

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação defendido e aprovado em 14 de Dezembro de 2006, pela seguinte Banca Examinadora:

Prof. Dr. Silvio Luiz de Oliveira Orientador

Presidente da Banca Universidade Federal de Goiás

Prof. Dra. Carla Afonso da Silva Bitencourt Braga Membro da banca

Universidade Federal de Goiás

___________________________________________________________________ Prof. Dra. Vera Lúcia Dias da Silva Fontana

Membro da banca Universidade Federal de Goiás

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A P R E S E N T A Ç Ã O

Este Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação (T.C.C.G.)

apresentado ao Curso de Medicina Veterinária do Centro de Ciências Agrárias e

Biológicas da Universidade Federal de Goiás, como requisito parcial para a

obtenção do título de Médico Veterinário é composto de um Relatório de Estágio, no

qual são descritas as atividades realizadas durante o período de 03/08 a

25/10/2006, período este em que estive na Embrapa Suínos e Aves

(CNPSA/Embrapa), localizada no município de Concórdia - SC, cumprindo estágio

curricular e também de uma Revisão Bibliográfica que versa sobre o tema:

Biossegurança em Sistema Intensivo de Produção de Suínos e análise do controle

de enfermidades pela sua implantação.

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“... Dedico este trabalho aos meus amados pais, Lide Baldissera Marin e

Valmor Marin que sempre me incentivaram e nunca deixaram de me apoiar nas

minhas maiores decisões e aos meus tão queridos irmãos, Kely Cristina Marin e

Fernando José Marin, que sempre me apoiaram e me aconselharam nas buscas de

meus sonhos...”.

“À vocês entrego e dedico a minha maior conquista.”

“Orgulho-me por ser parte de vocês.”

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AGRADECIMENTOS

Agradeço...

Incondicionalmente a Deus pela minha existência; aos meus pais pelo

carinho, educação e caráter. Aos meus Irmãos por me incentivarem na busca de

meus objetivos. A todos meus familiares que estavam mesmo de longe me

apoiando. Ao meu Supervisor de estágio, Luiz Carlos Bordin, por todo

conhecimento disposto e pelos imensos esforços em me auxiliar que

extrapolaram de suas obrigações. Ao meu Orientador de Estágio Silvio Luiz de

Oliveira, pela dedicação e paciência empregada ao meu Trabalho. A todos meus

mestres sempre prontificados a colaborar com meus ensinamentos. Ao meu

Saudoso Grande Amigo Otacílio José Meneghetti que sempre estará protegendo-

me, onde quer que eu vá. Aos meus grandes amigos da república Toca do Bode,

Daniel, Thiago, Eduardo, Danilo, João Heber e Roberth.“Amigos vem e vão, mas

conservo os poucos que realmente os fazem serem meus amigos”.

Acompanharam desde o início a minha Jornada, sempre serão recordados com

grande carinho. Aos meus amigos e colegas de sala, sempre estavam ao meu

lado dedicaram-se como eu e estamos conquistando juntos a nossa vitória.

Estarão sempre guardados em um lugar especial e serão lembrados com muita

nostalgia. A todas as pessoas da Universidade que sempre torceram pelo meu

sucesso. Aos estagiários, funcionários e profissionais da Embrapa Suínos e Aves

na cidade de Concórdia - SC, pela receptividade à minha pessoa e pelo carinho e

paciência em meu aprendizado. “Agradeço a todos por ajudarem a me tornar o que sou hoje, sozinho seria

pequeno, mas tenho vocês e me sinto gigante”.

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A mente que se abre a uma nova idéia jamais volta ao seu

tamanho original.”

(Albert Eistein)

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SUMÁRIO

LISTAS DE TABELAS .................................................................. x LISTA DE FIGURAS...................................................................... xi

1 INTRODUÇÃO................................................................................ 01 2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO....................................... 02 3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS.................................................. 03 A Necropsias...................................................................................... 04 B Cursos e Palestras.......................................................................... 05 C Compostagem................................................................................. 07 D Visitas Técnicas.............................................................................. 07

D.1 Visita Técnica a Sistema de Produção de Suínos de Ciclo

Completo.........................................................................................

08

D.1.1 Objetivo........................................................................................... 08 D.1.2 Anamnese....................................................................................... 09 D.1.3 Características Encontradas na granja no momento da visita

Granja.............................................................................................

09 D.1.4 Maternidade.................................................................................... 10 D.1.5 Gestação......................................................................................... 11 D.1.6 Creche............................................................................................ 12 D.1.7 Crescimento e Terminação............................................................. 12

D.1.8 Destino das Carcaças e Restos Biológicos.................................... 13

D.1.9 Necropsias...................................................................................... 13

D.1.10 Diagnóstico..................................................................................... 14

D 1.10.1 Considerações sobre o diagnóstico................................................ 15

D.1.11 Recomendações Técnicas............................................................ 17

4 DISCUSSÕES DAS RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS SUGERIDAS DURANTE A VISITA TÉCNICA...............................

20

4.1 Controle dos Pontos de Perigos Críticos de Introdução de

Agentes Infecciosos........................................................................

20 4.2 Identificação dos Procedimentos Para Diminuição de Riscos

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Para Disseminação de Agentes

Infeccioso.....................................................................................

22 4.2.1 Programa de Biossegurança........................................................ 22 4.3 Sugestões Sobre Diminuição de Riscos de Introdução de

Agentes Patogênicos no SPS (Biossegurança

Externa)..........................................................................................

23 4.3.1 Funcionários................................................................................... 23 4.3.2 Remanejamento da Organização da Granja.................................. 24 4.3.3 Isolamento da Granja...................................................................... 24 4.3.4 Implementação de Escritório na Granja.......................................... 25

4.3.5 Controle de Visitantes..................................................................... 25

4.3.6 Instalação de Sistema de Banho e Troca de Roupas de

Visitantes e Funcionários.............................................................

26 4.3.7 Logística do Fluxo de Animais e de Distribuição de Rações

Dentro da Granja............................................................................

27 4.3.8 Distribuição e Análise Qualitativa e Quantitativa da Água

Fornecida aos Animais...................................................................

30 4.3.9 Controle e Higiene dos Materiais e Equipamentos Utilizados........ 31

4.3.10 Quarentena..................................................................................... 31

4.3.11 Animais de Reprodução Para Reposição....................................... 32

4.3.12 Outros Animais Domésticos E Selvagens...................................... 33

4.3 13 Roedores........................................................................................ 33

4.3.14 Moscas............................................................................................ 34

4.3.15 Aerossóis........................................................................................ 34

4.3.16 Embarque e Desembarque de Animais ......................................... 35

4.4 Sugestões Sobre as Condições Ambientais dos Animais

(Biossegurança Interna)..................................................................

35 4.4.1 Programa de Limpeza e Desinfecção (Pld)................................... 40

4.4.2 Manejo das Instalações.................................................................. 40

4.5 Destinos de Carcaças e Animais Mortos........................................ 42

4.6 Plano de Contingência.................................................................... 43

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5 BEM ESTAR ANIMAL E MEIO AMBIENTE.................................. 44

6 CONCLUSÃO................................................................................. 46

7 REFERÊNCIAS………………………………………………………... 47

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 Atividades desenvolvidas no período de 03/08 a 09/10/2006 no CNPSA/Embrapa

04

TABELA 2 Casuística das enfermidades diagnosticadas durante as atividades de necropsias realizadas no Estágio Supervisionado no CNPSA/Embrapa, no período de 03/08/06 a 25/10/06

05

TABELA 3 Tabela demonstrativa de cursos, com seus respectivos instrutores e carga horária, realizados durante o estágio na Embrapa suínos e aves, no período de 03/08/2006 a 25/10/2006

06 e 07

TABELA 4 Orientações para fluxo de pessoas e vazios sanitário 30

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01 O Representação esquemática de acesso a área limpa de um

SPS

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FIGURA 02 Pirâmide sanitária e de fluxo de produção para granjas com

diferentes “status” de saúde

25

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS.

OPG= Ovos por Grama de Fezes

PIB= Produto Interno Bruto brasileiro

PCV1= Peanut Clump Virus type 1

PCV2= Porcine Circovirus type 2

SPS= Sistema de Produção de suínos

SIPS = Sistema Intensivo de Produção de Suínos

SISCAL= Sistema Intensivo de Criação de Suínos ao Ar Livre

SMGS= Sistema de Melhoramento Genético de Suínos

SMDS= Síndrome do Definhamento Multisistêmico dos Suínos

MAPA= Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento

UD= Unidade Demonstrativa

S= Segundos OC= Grau Celsius

g= Gramas

h= Horas

kg= Quilogramas

min= Minutos

mg= Miligramas

m= Metros

m3= Metro cúbico

%= Porcento

L= Litro

ml= mililitros

CNPSA= Centro Nacional de Pesquisas em suínos e Aves

Embrapa= Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.

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RESUMO

O estágio curricular supervisionado foi realizado no Centro Nacional de

Pesquisa em Suínos e Aves (EMBRAPA), situada no município de Concórdia, Santa

Catarina, no período de 03/08/2006 a 25/10/2006, perfazendo um total de 464 horas,

onde foram acompanhadas, diariamente, as atividades desenvolvidas nas áreas de

patologia, Clínica Suína e Biossegurança de Granjas Suínas, com a supervisão

profissional do médico veterinário Luiz Carlos Bordin e orientação acadêmica do

Professor Doutor Silvio Luiz de Oliveira, responsável pela Disciplina de Bioquímica

do CCAB/CAJ da Universidade Federal de Goiás. O trabalho teve como objetivo

demonstrar a prática profissional e a teoria adquirida e exercida durante o curso de

Medicina Veterinária.

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1. INTRODUÇÃO

O Brasil apresenta o quarto maior rebanho mundial de suínos,

aproximadamente 33 milhões de cabeças, produzindo 2,8 milhões de toneladas de

carne por ano. A suinocultura atinge próximo de seis milhões de propriedades rurais

do país, das quais 80% utilizam mão de obra essencialmente familiar. A região sul

concentra as maiores indústrias do setor suinícola, devido a tal fato, e apesar de

possuir apenas um terço do rebanho suíno, responde por 90% dos animais abatidos

no país (Anualpec/2006).

Neste cenário a suinocultura vem se tornando cada vez mais competitiva

e atribuindo ao produto interno bruto brasileiro (PIB) um considerável superávit na

balança comercial. Conseqüentemente, grandes investimentos são feitos neste

setor agropecuário, aumentando assim a exigência de maior produtividade e por

produtos do processamento de carcaças suínas, originadas de animais saudáveis e

criados dentro de um padrão de conforto e bem estar animal. Em vista disto, novas

técnicas de produção vem sendo adotadas e empregadas com eficiência, deixando

de ser apenas alternativas para melhorar a produtividade, e se tornando essenciais

para o sistema produtivo de suínos, em todas as suas fases.

A grande procura por carne suína no mercado internacional deveria ser

acompanhada pelo aumento no consumo per capita brasileiro. Entretanto, isto não

está ocorrendo nos últimos anos, devido ao relativo preço alto do kilograma de

carne suína quando comparada, principalmente, à carne de aves. Este fator é o

primordial entrave para o alavancar do consumo nacional, o que o torna um produto

“eletizado”.

Com o avanço tecnológico da produção de suínos e às fortes pressões de

exigências internacionais por animais criados sob condições humanitárias, houve a

necessidade de adoção de modernas técnicas de criação, que compatibilizasse

eficiência produtiva, rentabilidade aceitável ao produtor, bem estar animal e

qualidade ao consumidor, tais como o sistema de criação de suínos sobre cama e o

sistema intensivo de criação de suínos ao ar livre (SISCAL).

Atualmente, no Brasil existem duas formas de produtores de suínos:

aqueles o qual assumem totalmente a responsabilidade técnica, mão de obra e

comercial, sendo denominados de independentes e aqueles que possuem parceria,

convênio ou alguma forma de integração com indústrias de processamento da

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carne suína, não ficando estes totalmente expostos a oscilações cambiais do preço

da carne no mercado, tendo assim, maior garantia da efetiva venda de seus

animais. Porém, a base da produção de suínos no Brasil está no sistema confinado,

o qual apresenta altos custos de implantação e de produção.

O centro nacional de pesquisa de suínos e aves da Empresa Brasileira de

Pesquisa Agropecuária (CNPSA/Embrapa) busca novas alternativas para os

pequenos, médios e grandes produtores de suínos, tendo como missão gerar,

adaptar e promover conhecimento, tecnologias, serviços e insumos para o

desenvolvimento da suinocultura e avicultura em benefício da sociedade,

proporcionando melhor qualidade de vida ao produtor e trabalhadores rurais de todo

o Brasil. Assim, ao longo do tempo a empresa adapta-se às realidades do mundo

globalizado e contribui para aumentar a competitividade das cadeias suinícolas e

avícolas, atuando com projetos que visem à melhoria dos sistemas de produção e a

garantia de segurança dos alimentos. Atua com projetos que visem à melhoria do

meio ambiente via tratamento, valoração e distribuição dos dejetos e também, no

apoio às políticas públicas e ambientais. Também, apóia no controle de doenças

que ameacem esses rebanhos através de treinamentos e aperfeiçoamento de mão-

de-obra, contribuindo para a formação técnica e empresarial dos produtores,

aumentando, assim, a sustentabilidade de sua atividade.

2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

O Centro Nacional de Pesquisa de Suínos e Aves (CNPSA) da Empresa

Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) situa-se na BR 153, km 110, Vila

Tamanduá (Zona Rural) no município de Concórdia, Estado de Santa Catarina, na

região Sul do Brasil.

A Embrapa é uma empresa pública, vinculada ao Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Ela tem sede em Brasília e

unidades de pesquisa distribuídas pelo território nacional.

A Embrapa pesquisa todos os alimentos que compõem a alimentação do

brasileiro, do pão à carne, do leite ao feijão.

Em 1975 a Embrapa criou o Centro Nacional de Pesquisa de Suínos,

unidade destinada à pesquisa em suinocultura. Em 1978 incorporou-se a esse

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Centro a Pesquisa com Aves, quando assumiu a denominação de Centro Nacional

de Pesquisa de Suínos e Aves - CNPSA.

A empresa está localizada em uma área de 210 ha, a 11 km de distância

do centro urbano de Concórdia, com área construída de 42.569 m2, equipada com

recursos técnicos que permitem um suporte às pesquisas e viabilizem uma

abordagem multidisciplinar dos problemas.

A unidade conta com sede própria dotada de laboratórios de sanidade e

físico-químicos, sistemas de produção, unidades experimentais, estação

metereológica, fábrica de rações, prédios para administração, pesquisa e biblioteca,

especializada na área de suínos e aves.

A estrutura de pesquisa está organizada em Núcleos Temáticos nas

áreas de melhoria de produção, meio ambiente, segurança alimentar, organização

da produção e biologia molecular, atuando de forma multidisciplinar, visando à

solução dos problemas prioritários da avicultura e suinocultura.

O CNPSA da Embrapa conta com diferentes granjas suinícolas dentro de

sua área: o Sistema de Produção de Suínos em ciclo completo (SPS) destinado a

produção comercial e de animais para a experimentação; o Sistema de

Melhoramento Genético de Suínos (SMGS) com a produção de machos da

linhagem MS-60, desenvolvida pela Embrapa; a Unidade Demonstrativa (UD), que

se baseia na produção de um pequeno número de suínos para melhor

compreensão do fluxograma da suinocultura aos visitantes e produtores rurais; o

Sistema de Produção de Suínos ao Ar Livre (SISCAL), com a permanência de

animais neste sistema como forma demonstrativa desta técnica de criação. E,

enfim, o Sistema de Criação de Suínos Sobre Cama contendo três galpões com

quatro baias cada, visando também demonstrar uma alternativa na criação de

animais nas fases de crescimento e terminação.

3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Durante o período de estágio, que perdurou dos dias 03 de agosto de

2006 aos dias 25 de Outubro de 2006, perfazendo um total de 464 horas, foram

desenvolvidas uma série de atividades sem distribuição definida previamente. As

atividades que surgiram durante a rotina do CNPSA/Embrapa foram acompanhadas

e realizadas sob supervisão de profissionais.

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18

A Tabela 1, descrita a seguir, demonstra a relação de atividades

realizadas no período de estágio na Embrapa, e suas respectivas quantidades

absolutas e percentuais dentro do total de atividades registradas e desenvolvidas no

referido estágio.

TABELA 1 - Tabela de distribuição de atividades desenvolvidas no estágio

supervisionado realizado no CNPSA/Embrapa, Concórdia - SC, no período de

03/08/2006 a 25/10/2006

ATIVIDADES QUANTIDADES PERCENTAGEM

NECROPSIAS 69 67,64

CURSOS E PALESTRAS 14 13,73

MONTAGEM DE COMPOSTEIRA 1 0,98

VISITAS TÉCNICAS 17 16,66

REVISÃO DE LITERATURA 1 0,98

TOTAL 102 100

A. Necropsias

A realização de necropsias foi a atividade de maior relevância em todo o

período de estágio. Rotineiramente, animais que vieram ao óbito nas granjas da

Embrapa eram encaminhados para o departamento de necropsias afim de que o

Medico Veterinário patologista, responsável pelas necropsias, diagnosticasse a

causa da morte e se possível o agente causador da mesma. Quando da

necessidade, era realizado a coleta e envio de materiais biológicos para análises

laboratoriais, com o intuito de auxílio no diagnóstico definitivo.

Durante o período de estágio, também foram realizadas várias

necropsias de animais provindos das diferentes granjas da Embrapa. Na Tabela 2,

é mostrado a casuística de enfermidades e suas respectivas percentagens.

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TABELA 2 - Casuística das enfermidades diagnosticadas durante as atividades de

necropsias realizadas no Estágio Supervisionado no CNPSA/Embrapa, Concórdia –

SC, no período de 03/08/06 a 25/10/06.

Diagnóstico Necropsias Percentagem %

Autólise 7 10,14

Artrites 1 1,44

Cálculo Renal 2 2,89

Circovirose 11 15,95

Circovirose+HPS+Mycoplasma 1 1,44

Colapso Cárdio – Respiratório 2 2,89

Distrofia Óssea 1 1,44

Doença de Glässer (HPS) 13 18,84

Doença do Edema 2 2,89

Epifisiólise 2 2,89

Meningite Estreptocócica 9 13,04

Pneumonia Enzoótia 5 7,25

Prolapso de reto 2 2,89

Raquitismo 4 5,79

Sacrificado (Coletagem rotina) 1 1,44

Septicemia 2 2,89

Torção de Mesentério 2 2,89

Ulcera Gástrica 2 2,89

Total 69 100

B. Cursos e palestras

Além das necropsias durante período de estágio a Embrapa oferece

rotineiramente aos estagiários treinamentos em forma de minicursos e palestras.

Tais cursos eram ministrados por pesquisadores e/ou técnicos responsáveis pelo

sistema de produção. Estes cursos são oferecidos aos estagiários e funcionários

como forma de aprimoramento e treinamento de tecnologias ligadas à suinocultura.

Foram realizados dez cursos e assistidas quatro palestras durante o período de

execução do estágio.

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20

A Tabela 3 demonstra a relação dos cursos realizados durante o período

de estágio, com respectivos instrutores e carga horária.

TABELA 3 - Tabela demonstrativa de cursos, com seus respectivos instrutores e

carga horária, realizados durante o estágio supervisionado no CNPSA/Embrapa,

Concórdia - SC, no período de 03/08/2006 a 25/10/2006.

CURSO INSTRUTORES CARGA

HORÁRIA

Formulação e Balanceamento de

Dietas para Suínos

Gustavo J.M.M de Lima Quatro horas

Processamento de Dietas para

animais

Gustavo J.M.M de Lima Quatro horas

Cuidados na aplicação de

medicamentos e vacinas na

suinocultura

Vitor Hugo Grings Quatro horas

Suinocultura: Fases de

Reprodução, maternidade, creche

Nilson Woloszyn 12 horas

Suinocultura: Fase de Terminação Nilson Woloszyn Três horas

Ciclo de palestras em suinocultura

e meio ambiente

Nilson Woloszyn Três horas

XI Teórico-Pratico de doenças

respiratórias e entéricas em

suínos

Nelson Mores

Jalusa Deon kich

16 horas

I Simpósio Catarinense de

Nutrição animal

Curso de Zootecnia da

UDESC/CEO

16 horas

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TABELA 3-Tabela demonstrativa de cursos, com seus respectivos instrutores e

carga horária, realizados durante o estágio supervisionado no CNPSA/Embrapa,

Concórdia - SC, no período de 03/08/2006 a 25/10/2006. (continuação)

Planejamento de instalações na

suinocultura

Paulo Armando de Oliveira Quatro horas

Manejo de Frango de Corte

industrial

Márcio Saatkamp Oito horas

C. Compostagem

Durante o período de estágio também fora desenvolvido, mas com menor

freqüência, a montagem de composteira. Esta técnica é de grande importância para

minimizar os problemas com os destinos dos restos biológicos, tornando-se também

atividade de rotina e de bastante estudo e pesquisa pelo CNPSA/Embrapa.

A montagem das células e suas pilhas de material para a compostagem,

tem como objetivo destinar e tornar os resíduos biológicos produzidos pela

produção de suínos e aves uma fonte renovável de substrato, que pode ser utilizado

como fertilizante, evitando danos ambientais e transmissão de doenças entre outros

problemas.

D. Visitas técnicas

As visitas técnicas às granjas de produção de suínos da Embrapa e de

granjeiros diversos, também fazia parte de atividades desenvolvidas no período de

estágio. As visitas aconteciam de forma programada, onde somente após um vazio

sanitário de três noites e dois dias era permitido entrar no Sistema de Produção de

Suínos. Em casos especiais de atendimento clínico imediato, abriam-se exceções a

estas exigências.

Nestas visitas foi acompanhado todo o manejo sanitário, nutricional,

reprodutivo e de reposição e descarte de animais, manejo de limpeza e

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desinfecção, e instalações necessárias para cada fase que ofereçam o maior

conforto aos animais.

Como forma de aproximar a teoria da prática, os estagiários eram

constantemente estimulados a participar da rotina das granjas. Sendo assim, tais

visitas tornaram-se rotina no período em que foi realizado o estágio.

Observando a deficiência de informação técnica e orientações sobre

manejo geral dos animais para diminuir a ocorrência de surtos de doenças nos

planteis pelos seus proprietários e/ou responsáveis pelas granjas, viu-se necessário

à solução de alguns problemas gerais para o auxilio dos mesmos.

A seguir segue um caso descrito de visita realizado pelo estagiário e pelo

supervisor de estágio à uma granja de produção de suínos em ciclo completo,

solicitado pelo proprietário e Médico Veterinário responsável de uma granja

independente do CNPSA/Embrapa.

D.1. Visita técnica a um sistema de produção de suínos de ciclo completo

A visita fora solicitada pelo Médico Veterinário e proprietário de uma

Granja de Suínos de Ciclo Completo com 170 matrizes, realizada em 22 de

setembro de 2006 na região leste do Estado de Santa Catarina, no município de

Braço do Norte, a 150 km da capital Florianópolis/ SC.

D.1.1 Objetivo

O objetivo da visita foi o de identificar as causas de altas taxas de

refugagem e mortalidade dos animais de creche, crescimento e terminação.

Para tal, fora realizada uma avaliação completa de todos os setores da

granja.

D.1.2 Anamnese:

O Médico Veterinário responsável da Granja relatou que surgiram

problemas respiratórios a cerca de quatro meses em animais em terminação,

pesando 90 kg ou mais. Atualmente o problema está ocorrendo em animais de 70

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dias, no final do período de creche. Os animais apresentam sintomas clínicos como,

secreção nasal, tosse e espirros. Também descreve que os casos clínicos ocorrem

de forma aguda sem evidências de fator predisponente. Existe alta condenação de

carcaças por aderência de pleura. Não há evidência de circovirose na granja.

O rebanho foi vacinado com vacina múltipla para Actinobacillus

pleuropeneumoniae (App), Haemophylus parasuis (Hps) e Pasteurella spp. Na

ocorrência de eventos clínicos o tratamento que tem tido sucesso é a administração

de sulfa + trimetoprin + doxiciclina na ração ou ceftiofur injetável. O uso de

amoxicilina ou clortetraciclina não mostrou ser efetivo. Já foi isolado Hps,

Pasteurella e App em materiais enviados à Laboratórios, coletado de necropsias

realizadas pelo Médico Veterinário. Os achados de necropsia relatados pelo Médico

Veterinário consistiam em hepatização pulmonar, secreção catarral nas narinas, e

serosite na cavidade abdominal.

Segundo o Médico Veterinário tem ocorrido “surto” de doenças

respiratórias na circunvizinhança e a granja é dotada de um bom sistema de

limpeza e desinfecção, conferindo uma boa condição higiênico–sanitária.

D.1.3 Características Encontradas na granja no momento da visita

A granja situava-se em um sítio, a menos de 500 m de outras duas

granjas. Os diferentes barracões do Sistema de Produção de Suínos (SPS) ficavam

próximos uns dos outros, sendo que os galpões de creche e terminação eram

separados apenas por uma parede com um portal de acesso entre eles.

A fábrica de ração era anexada ao galpão de terminação, possuía um

estado de higiene precário com presença de fungos, e a ração era acondicionada

em silos de madeira, até o seu consumo.

O funcionário da fábrica de ração era o mesmo para todos os outros

setores da propriedade e tinha livre acesso às demais granjas da circunvizinhança.

Uma prateleira era usada como farmácia e estava totalmente

desorganizada e muito suja. Esta também era utilizada para armazenamento de

outros utensílios, como ferramentas, agrotóxicos e venenos para controle de

vetores.

O sistema de abastecimento de água da granja era feito com

encanamento de mangueira de polietileno preta, que em alguns locais estava

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descoberta e podia ser vista. Fora observado também que a pressão de água dos

bebedouros era deficiente e insuficiente para suprir a necessidade dos animais,

fazendo com que estes passassem muito tempo para ingerir a quantidade de água

necessária. A água provinha de uma fonte natural sem qualquer tipo de proteção ou

contenção física que impedisse o acesso de outros animais.

A granja não contava com escritório e não dispunha de um sistema de

informação de dados gerais, apenas calendário de vacinação estipulado pelo

Médico Veterinário responsável e um esquema de cruzamento entre os

reprodutores e matrizes. A identificação dos animais se dava através do sistema

australiano de mossagem.

Os funcionários da granja, assim como o proprietário, residiam nas

dependências da mesma. Crianças e animais domésticos de outras espécies

tinham acesso às instalações da granja e, facilmente, mantinham contato com os

suínos e ração.

Não havia controle de entrada de veículos e de visitantes nas

dependências da granja.

D.1.4 Maternidade

A maternidade era situada em um único barracão, onde os partos não

eram programados, mas eram acompanhados por uma funcionária, porém não era

oferecido substrato como cama para os leitões. Estes eram secos e imediatamente

colocados no escamoteador. Os leitões permaneciam no escamoteador até o

término do parto e após eram soltos permitido-se a ingestão do colostro.

O escamoteador continha lâmpadas com potência muito superior às

necessidades para aquecer os leitões, estando a temperatura superior a 30º C,

temperatura esta suficiente para dispor conforto térmico aos leitões recém nascidos.

Este fato devia-se ao manejo incorreto das lâmpadas, as quais permaneciam

acesas durante todo o dia.

O barracão não era forrado e as cortinas de retenção dos ventos laterais

apresentavam estado precário de conservação, não impedindo completamente a

corrente de ventos frios. Assim, pôde-se constatar um clima frio e desconfortável no

interior da maternidade.

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No barracão de maternidade foi encontrado fêmeas alojadas com

leitegadas de diferentes idades e ainda aquelas que aguardavam o momento do

parto.

Algumas porcas apresentavam leitegadas desuniformes e aparelho

mamário deficiente de tetos.

Os leitões eram desmamados com 21 dias de vida, com peso médio de

6,2 kg de peso vivo.

O manejo alimentar das porcas de diferentes idades de lactação eram

semelhantes, porém existia diferenças na composição de premix destas rações.

A forma de arraçoamento era do tipo manual, três vezes ao dia e em

cocho de cimento instalado no chão da cela de maternidade. Pôde-se notar sinais

de estresse como, matrizes mordendo canos da cela, no momento do

arraçoamento.

Os bebedouros do tipo concha localizavam-se sobre o comedouro e

contra lateral ao escamoteador.

D.1.5 Gestação

A gestação se localizava em um barracão isolado das outras instalações.

O pé direito do galpão era visivelmente baixo, e isto proporcionava luminosidade

deficiente e ventilação insuficiente no interior do galpão. As condições de higiene

encontradas não eram boas, e os animais eram acondicionados em baias coletivas

com número de cinco animais, sendo que alguns animais apresentavam

escoriações na pele, devido a brigas entre as fêmeas alojadas.

A divisão dos lotes nas baias de gestação eram feitas por ordem de

desmama. Assim, existiam animais de diferentes ordens de parto e tamanho

corporal na mesma baia.

As porcas gestantes eram transferidas para a maternidade quando

apresentavam sinais de parto.

O número de cachaços era suficiente para a quantidade de matrizes na

granja, e estes se apresentavam em boas condições corporais e de saúde. Estavam

alojados no galpão da maternidade.

A monta natural era acompanhada e realizada três vezes na própria baia

do cachaço com intervalo à cada monta de 12 horas.

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A alimentação era a mesma para todos os animais alojados no galpão de

maternidade, e o arraçoamento era realizado três vezes ao dia de forma manual.

A reposição acontecia de forma não programada e o julgamento dos

animais a serem descartados se dava pela observação de mais de dois ciclos

estrais inférteis. As fêmeas de reposição tinham origem na própria granja, e apenas

os cachaços eram adquiridos de plantéis melhoradores.

D.1.6 Creche

O barracão de creche era dividido em salas, sendo que cada uma

possuía quatro baias suspensas com piso ripado, e encontradas em condições de

extrema superlotação ultrapassando visivelmente a lotação mínima de 0, 33 m2 por

leitão. Foram observados espirros, tosses e secreções nasais em alguns leitões.

O manejo alimentar dos leitões era dividido em duas fazes, recebendo

ração com premix apropriado para a devida idade.

Os cochos automáticos dispunham alimento à vontade aos animais

durante todo o dia.

Os bebedouros eram do tipo “chupeta”, fixados na parede e

apresentavam dificuldades à ingestão de água para alguns animais.

As condições de higiene das baias estavam adequadas.

O aquecimento era feito com lâmpadas, e o controle da ventilação por

meio de janelas. Era perceptível a péssima qualidade do ar do interior das salas de

creche devido ao forte cheiro de amônia pela grande quantidade de gases

liberados.

D.1.7 Crescimento/Terminação

Os animais apresentavam estado corporal bom para a idade que

possuíam. Estes eram alojados em baias com número de 100 animais e a

alimentação era à vontade em comedouro do tipo automático. Não foi feita a

mensuração e nem a contagem dos animais alojados nas baias, no entanto

visivelmente pôde-se notar a alta taxa de lotação de animais nas baias. A ração

fornecida aos animais era exposta às aves que se alimentavam sobre os

comedouros.

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As baias apresentavam sistema de lâmina de água e as condições de

higiene eram extremamente ineficientes.

Os bebedouros tipo chupeta eram fixados nas paredes em número de

dois em cada baia.

O embarcadouro localizava-se no final de todo o Sistema de Produção,

obrigando os animais, de entrada ou saída da granja, a transitar por corredores em

várias fases de criação.

A granja contava com uma baia localizada no galpão de

crescimento/terminação, a qual servia para alojar os animais enfermos e refugados.

D.1.8 Destino das carcaças e restos biológicos

Os animais mortos e restos biológicos eram destinados à fossa séptica

localizada fora das dependências do SPS, mas em área pertencente à propriedade.

D.1.9 Necropsia

Para auxiliar no diagnóstico do exame de rebanho, fora amostrados, pelo

Médico Veterinário, dois animais da fase de crescimento e estes foram

necropsiados:

Animal 1: Refugo de aproximadamente 15 kg. Apresentava xifose

acentuada e estado corporal débil. Na necropsia, foi observado poliserosite

generalizada na cavidade torácica e abdominal, com hidrotórax e hidroperitônio, e

na sangria, o sangue apresentava-se “aguado” indicando uma provável baixa no

hematócrito, tais lesões eram sugestivas de Doença de Glässer, causada por

Haemophylus parasuis. Apresentava hepatização da região ântero-ventral do

pulmão sugerindo infecção por Mycoplasma hiopneumonae causador da

Pneumonia Micoplásmica. Foi coletados fragmentos de tecido pulmonar, renal,

linfonodos, porção do íleo das alças intestinais, além de suabes com secreção

nasal, fibrina das lesões de peritonite e também líquido pertencente ao

hidroperitônio. Estes materiais foram encaminhados para exame histopatógico e

bacteriológico, dos laboratórios da Embrapa Suínos e Aves.

Animal 2: peso em torno de 80 kg e estado corporal bom. Foi observado

na necropsia mancha de leite no fígado e encontrado um parasita (provavelmente

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Ascaris suum) no intestino. As manchas presentes no fígado são achados comum

em animais com infestação do parasita Ascaris suum. Estas lesões são provocadas

pela migração larval do ciclo parasitário em sua fase hepática.

Na cavidade torácica foi encontrado um ponto de aderência de pleura no

lobo apical esquerdo do pulmão, com mais ou menos três centímetros de diâmetro.

Na área pulmonar correspondente havia foco de necrose e alguns micro-abscessos,

tais lesões eram sugestivas de infecção por Actinobacillus pleuropeneumoniae

causador da Pleuropneumonia suína. Havia discreta hepatização na ponta dos

lobos apicais sugerindo infecção por Mycoplasma hiopneumonae causador da

Pneumonia Micoplásmica. Foi observado a presença de rinite atrófica grau 1

causada por Pasteurella ssp, com leve lesão do septo nasal. Foi coletado material

para a histopatologia e microbiologia. O material de coleta foi o mesmo do primeiro

animal, porém incluiu-se fragmento de tecido hepático.

Associado ao exame do rebanho e às observações das necropsias,

também fora coletado e enviado material biológico para exames histopatológico e

microbiológico, visando um diagnóstico preciso e definitivo.

OBS: Nos dois animais foram observados discretos pontos brancos na

superfície renal. Os pulmões continuaram “armados”.

D 1.10 Diagnóstico No resultado microbiológico foi identificado Actinobacillus

pleuropeneumoniae (App), Haemophylus parasuis (Hps) e Pasteurella ssp nos

fragmentos de pulmão. No exame histopatológico foi verificado lesões no epitélio

das vias respiratórias superiores, sugerindo infecção por Mycoplasma

hiopneumonae, e nos fragmentos de tecido renal, foi observado lesões histológicas

causadas por circovirus.

Assim, os pesquisadores Médicos Veterinários da Embrapa/CNPSA

chegaram ao diagnóstico de Síndrome Respiratória na referida granja, causada por

diversos agentes, e tendo a circovirose como o imunodepressor e precursor para a

manifestação dos vários agentes envolvidos.

Apesar do Médico Veterinário Supervisor do Estágio ter encontrado

lesões de Ascaris suum durante a necropsia em um dos animais, nenhum destaque

foi realizado pelo mesmo em relação ao diagnóstico e tratamento desta

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enfermidades, que também poderia estar causando aumento na taxa de refugagem

dos animais. Também não foi recomendado a realização de exames específicos no

rebanho, tais como o OPG e a coprocultura, afim de realizar confirmação do achado

das lesões, deste parasita no animal examinado no momento da necropsia. Da

mesma forma, não houve recomendações técnicas direcionadas para o tratamento,

controle e profilaxia de enteroparasitas.

D 1.10.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O DIAGNÓSTICO

O diagnóstico sugerido pelo Médico Veterinário do CNPSA/Embrapa com

auxílio dos pesquisadores, relataram que a manifestação da doença de caráter

multifatorial, foi devido ao envolvimento dos animais pela infecção com o vírus da

Circovirose suína. Segundo Zanella, 2005 os circovírus pertencem à família

Circoviridae, que apresenta dois tipos: o PCV1 e o PCV2 que são geneticamente

diferentes. O PCV1 não é patogênico para suínos. Porém o PCV2 é o vírus

causador da doença conhecida como Síndrome Multisistêmica do Definhamento

dos Suínos (SMDS) ou Circovirose, comprovado por estudos de inoculação

experimental do agente puro em animais livres de agentes patogênicos específicos.

A mesma autora ainda afirma que, estes estudos, de inoculação experimentais e de

reprodução da doença mostraram que as lesões e a manifestação da doença

somente ocorrem na presença do vírus, mas estas são mais brandas, pois faltam os

co-fatores infecciosos e não-infecciosos para a manifestação do quadro clínico

observado no campo. Portanto,a autora conclui que o PCV2 é necessário, mas não

suficiente para causar a doença, o que sugere que a circovirose é uma doença

multifatorial.

A manifestação da doença se dá através da predisposição dos animais a

fatores de risco. Vários fatores de risco causadores de estresse como densidade

elevada, baixa qualidade do ar, ar seco, misturas de lotes com idades diferentes

podem exacerbar os sintomas e a gravidade da doença. Vários desses fatores pode

ser notificados durante a visita os quais favoreciam a manifestação dos agentes

patogênicos. Agentes causadores de doença como o Haemophilus parasuis, até

então raramente diagnosticados na suinocultura brasileira passaram a ter grande

importância após o aparecimento da circovirose (Zanella 2005).

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Os dois tipos de PCV podem ser transmitidos de suínos infectados para

não infectados de forma horizontal e vertical, e a transmissão vertical foi

demonstrada experimentalmente. A transmissão horizontal por via oronasal é a

mais freqüente. O contato com suínos infectados, instalações, equipamentos,

pessoal contaminado e fômites são prováveis fatores na transmissão horizontal do

vírus. Entretanto, o DNA do PCV2 pode ser encontrado no sêmen de machos

infectados, podendo representar uma fonte potencial de disseminação da infecção,

mas isto necessita de comprovação. A associação do PCV-1 e PCV-2 com abortos

e natimortos indicam que a transmissão transplacentária também é um fator

importante, se matrizes soronegativas forem infectadas durante a prenhez (Zanella,

2005).

Segundo Zanella 2005, o vírus PCV2 infecta o suíno entre 5 a 16

semanas de idade por via-oronasal, na maioria das vezes. O DNA de PCV2 é

detectado em órgãos de suínos como linfonodos, amígdalas, pulmões, baço, rins,

pele, fígado principalmente em macrófagos, células histiocíticas, dendríticas e

células de Kuppfer. Durante a infecção ocorre um aumento em monócitos porém

uma redução em linfócitos T e linfócitos B, e a presença de granulócitos imaturos de

baixa densidade, sugerindo uma inabilidade transitória dos suínos afetados com

SMDS em conseguir uma resposta imune eficaz. O vírus infecta células de sistema

imune como macrófagos, linfócitos e células dendríticas e replica em vários tipos

celulares, preferencialmente células em divisão celular ativa. Após a replicação e

infecção de células do sistema imune, o PCV2 causa viremia e é distribuído no

organismo do suíno. Devido à debilidade do animal infetado em montar uma

resposta imune satisfatória, o PCV2 pode infectar as células permissivas nos

órgãos alvo, causar lesões e agravar o quadro clínico. Um desbalanço nas

substancias mediadoras da imunidade, morte celular de linfócitos, falha na

reposição de células linfóides colaboram para esta imunodeficiência (Zanella 2005).

A Circovirose causada pelo PCV2 é caracterizada clinicamente por

apatia, dispnéia, emagrecimento progressivo, aumento do volume dos linfonodos e,

com a evolução da doença, aparecem icterícia, anemia, diarréia e outros sintomas

relacionados com infecções secundárias. As lesões macroscópicas que podem ser

encontradas, envolvem vários órgãos e incluem hipertrofia de linfonodos

mesentéricos mediastínicos, inguinais, submandibulares, hipotrofia do timo,

ausência de colabamento pulmonar, pequenos focos de hepatização pulmonar

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distribuídos em vários lobos pulmonares e, na forma nefropática, aparecem lesões

renais desde pequenos pontos esbranquiçados no parênquima até severa

hipertrofia renal com difusa aderência da cápsula e irregularidade de superfície,

conferindo com os achados observados durante as necropsias dos animais na

granja. Muitos animais com sinais de definhamento apresentam também úlcera

gastro-esofágica. Lesões de pele (manchas avermelhadas) podem ser observadas

em alguns casos. Algumas destas lesões foram também verificadas nas necropsias

realizadas na granja visitada, conferindo, portanto com as lesões relatadas pela

autora, assim sendo pode-se presumir infecção por circovírus, o qual estaria

atuando como precursor de uma doença de caráter mutifatorial na propriedade.

As características mais consistentes no exame histopatológico são

alterações nos tecidos linfóides (linfonodos, baço, timo e placas de Peyer) incluindo

necrose de células linfóides, depleção linfóide e infiltração linfo-histiocítica ou

granulomatosa, pneumonia intersticial, hepatite, nefrite intersticial/glomerulonefrite e

pancreatite (Zanella 2005). Tais alterações no sistema imunológico, com a depleção

do sistema linfocitário explica a ineficiência das vacinas contra os agentes

específicos, administrada pelo proprietário nos animais e também a manifestação

dos sinais clínicos pela infecção por tais agentes patogênicos.

Como feito pelo Médico Veterinário e pesquisadores do CNPSA/Embrapa

e reforçado posteriormente por Zanella, 2005 “O diagnóstico da SMDS deve ser

realizado baseado nas combinações entre os sinais clínicos observados, lesões

patológicas (macro e microscópicas) e na detecção de antígeno ou ácido nucléico

(DNA) de PCV2 nas lesões dos suínos afetados, em células ou cortes histológicos

de órgãos de suínos afetados com a SMDS, relacionando as lesões encontradas

com o nível de atividade viral”.

D.1.11. Recomendações técnicas

Após verificação dos pontos críticos de risco de introdução de agentes no

SPS, o Médico Veterinário Supervisor expôs pontos a serem modificados e

conduzidos de forma que diminuíssem os riscos de introdução de agentes

infecciosos.

A seguir serão apresentadas e discutidas as sugestões que foram feitas

ao proprietário para a melhoria da granja, através da implantação de alguns pontos

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de um programa de biossegurança e suas implicações, baseadas em estudos

realizados por diversos autores.

Como sugerido pelo Médico Veterinário Supervisor, a abrangência do

programa a ser implantado não deverá apenas restringir-se nas melhorias das

condições de criação dos animais na granja, mas também na tentativa de impedir

que novos agentes sejam introduzidos e se disseminem, além de diminuir a

manifestação dos agentes já instalados no SPS.

Portanto, ao elaborar o programa deve-se considerar todas as formas de

transmissão e de possível introdução de agentes no plantel.

Antes de iniciar a discussão dos principais pontos de controle baseados

em referências literárias, achou-se melhor sumarizar todas as sugestões

preconizadas, visando facilitar a compreensão do leitor sobre os pontos a serem

implementados.

Programa de Biossegurança Externo

O número de funcionários deverá ser ampliado para atender às tarefas

diárias da granja e para a realização de um programa eficiente de coleta de

dados zootécnicos sobre a produtividade da granja;

Remanejamento da granja em sua organização seguindo pirâmide sanitária;

Isolamento da granja através de cerca convencional, cerca viva e placas;

Implantação de escritório para armazenar dados da granja, sendo que este

deverá ser localizado o mais distante possível da granja;

Proibição da entrada de pessoas no SPS;

Instalação de sistema de banho e troca de roupas aos funcionários e

visitantes;

Estabelecer logística de transporte e distribuição de ração e de animais com

veículos específicos para cada finalidade;

O descarregamento de insumos deverá ser feito sem que o veículo entre no

perímetro da granja;

A fábrica deverá ser remanejada e o seu local de instalação deverá ser

trocado;

Análise microbiológica e físico-químico da água fornecida aos animais;

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Revisão dos encanamentos de abastecimento de água;

Calibragem da pressão de água para uma vazão adequada;

Controle da higiene dos equipamentos utilizados no manejo dos animais;

Construção de instalações voltadas para a viabilização do quarentenário.

Programa de Biossegurança Interno

Sugestões para a fase de maternidade:

Implantação de programa de produção de suínos em lotes;

Melhoria do conforto térmico aos animais, tais como a implantação de forro,

manutenção das cortinas laterais instalação de controle de temperatura

eletrônico nos escamoteadores;

Desmame dos leitões aos 28 dias de vida;

Instalação de cochos automáticos;

Diagnóstico de infecção urinária nas porcas.

Sugestões para a fase de gestação:

Melhoria da ventilação no interior do galpão através da elevação do pé direito

da instalação;

Instalação de exaustores para melhoria da ventilação;

Divisão em lotes com animais de idade e tamanho corporal aproximados;

Estabelecimento da hierarquia com auxílio de cachaço;

Instalação de divisões nos comedouros das baias coletivas;

Implantação de controle do período de gestação das porcas;

Transferência para maternidade sete dias antes da data prevista para o

parto;

Desinfecção dos animais na transferência de setor da granja para outro;

Estabelecimento de critérios de avaliação para descartes de reprodutores.

Sugestões à fase de creche:

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Redução da taxa de lotação das baias;

Possibilitar que os bebedouros sejam ajustados conforme a altura dos

animais;

Melhoria no manejo das janelas possibilitando melhor qualidade do ar nas

salas.

Sugestões para a fase de crescimento/terminação:

Redução da taxa de lotação das baias;

Disposição de 0,90 m2 de área aos animais possibilitando melhor conforto à

estes animais;

Divisão ao meio das baias.

Outras sugestões:

Implantação de baia hospital;

Implantação de um programa de limpeza e desinfecção;

Implantação de um SPS em lotes com manejo descontínuo de produção

(todos dentro todos fora) preconizando o vazio sanitário das instalações;

Alterar a forma de destino das carcaças;

Implantar programa de tratamento e distribuição de dejetos, sem danificar o

meio ambiente.

Todas as alterações foram sugeridas com o intuito de proporcionar

conforto e bem estar aos animais.

4. DISCUSSÕES DAS RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS SUGERIDAS DURANTE A VISITA TÉCNICA

4.1 Controle dos pontos de perigos críticos de introdução de

agentes infecciosos

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Como relatado anteriormente durante o período de estágio no

CNPSA/Embrapa, na ocasião das visitas realizadas pelo Medico Veterinário

Supervisor e estagiário, pôde-se notar diversas falhas de manejo dos rebanhos que

propiciavam a manifestação de enfermidades latentes e também a introdução de

agentes patogênicos infecciosos novos nos SPS. Em virtude disto, este trabalho

apresentará procedimentos de boas práticas para a diminuição dos riscos de

introdução de enfermidades em plantéis de suínos através da elaboração e

implantação de um programa de biossegurança.

Sobestiansky (2002) define programa de biossegurança como “o

desenvolvimento e implementação de um conjunto de normas e procedimentos,

interdependentes e econômicos, que visam reduzir os riscos de introdução de

determinados agentes patogênicos infecciosos no sistema, bem como, limitar a

expressão dos agentes patogênicos infecciosos já existentes no sistema de

produção, que causam elevadas perdas econômicas e/ou interferem na obtenção

de um produto final seguro do ponto de vista alimentar”.

A elaboração de um programa de biossegurança não pode ser atribuída

como uma técnica universal para todos os sistemas de produção de suínos (SPS),

uma vez que tais sistemas já constam com notáveis variações em termos de

localização, manejo, instalações, nutrição, ambiência, genética e assistência

técnicas disponíveis. Portanto, o plano de biossegurança deve ser um processo

dinâmico e adaptado para cada situação mediante a avaliação dos riscos presentes.

É praticamente impossível adotar, para todas as granjas, o mesmo programa. Um

bom programa de biossegurança deve ser, até certo ponto, flexível afim de que em

casos de contaminação do rebanho as condutas sejam direcionadas para o controle

ou erradicação do agente.

O plano de biossegurança em sua abrangência, de acordo com Heck

(2006), dependerá primeiramente do nível de risco que se pretende aceitar. Porém

deve-se considerar o custo do impacto da entrada da doença como um balizador

orçamentário. Nesse sentido, deve-se então estar consciente da elaboração de

programas de biossegurança que viabilizem seu uso, e que este, quando por algum

motivo seja “quebrado”, ocasionando a contaminação do rebanho por algum agente,

deverá ser redesenhado (Sesti, 2001).

Visto a importância da disposição do planejamento sistemático de um

programa de biossegurança bem como a sua viabilização, na tentativa de manter ou

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ampliar o estatus sanitário de SPS, cabe segundo Cardoso et al., (1997) ao médico

veterinário a elaboração, monitoramento e avaliação do programa de

biossegurança, pois para o desenvolvimento deste, existem vários ítens e aspectos

técnicos que necessitam, obrigatoriamente, ser conhecidos e analisados

detalhadamente. Neste contexto, as disciplinas que fazem parte da grade curricular

do curso de medicina veterinária, tais como, Epidemiologia, Medicina Veterinária

Preventiva, Saúde Pública, Doenças Infecciosas, Anatomia Patológica, entre outras,

aliadas ao conhecimento nas áreas de produção e manejo tornam o médico

veterinário o profissional responsável pela biossegurança dos rebanhos suídeos.

Um programa de biossegurança não pode ser confundido como uma

técnica única e isolada, por exemplo, um programa de vacinação, ou programa de

limpeza e desinfecção ou um outro programa qualquer. Com a vacinação, por

exemplo, tem o objetivo de proteger um determinado grupo de suínos dentro de um

rebanho de uma determinada doença específica, como a Pneumonia Enzoótia,

Rinite Atrófica, Leptospirose e etc, enquanto que um programa de biossegurança

envolve um conjunto de procedimentos que devem ser praticados em conjunto,

continuamente e se destinam a proteger uma população, aqui no caso um SIPS,

não contra uma doença específica e sim contra um grupo variado de enfermidades

(Sobestiansky, 2002).

4.2 Identificação dos procedimentos para diminuição de riscos para disseminação de agentes infecciosos

4.2.1 Programa de biossegurança

Diversos autores estudaram os aspectos relativos à transmissão das

doenças e, apesar de ainda existirem divergências, a maior proteção conferida pelo

programa de biossegurança ainda se fundamenta nas barreiras externas do

programa em função de características dos agentes microbianos que se deseja

evitar a presença. Portanto, os cuidados na locação de uma granja, a densidade

populacional, a introdução de material genético, os programas de monitorias entre

outras atividades ainda são os pilares de sustentação de um bom programa de

biossegurança (Meyer et al., 2005).

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Os aspectos relacionados ao programa interno de biossegurança dizem

respeito a todas as variáveis pertinentes ao meio em que os animais são criados e

que podem interferir negativamente sobre o conforto e o estado de saúde dos

animais. O programa de biossegurança interno é importante porque ajuda a

valorizar e conscientizar a todos dos cuidados necessários com a biossegurança,

porém, isoladamente, eles têm baixa participação na proteção contra os agentes

mais conhecidos. O problema em relação à atuação destas barreiras denominadas

internas, é que normalmente a ação destas barreiras somente acontece quando o

problema ou agente já está próximo da granja (Meyer et al., 2005).

As principais variáveis e normalmente contempladas em programas de

biossegurança como as condições das instalações, temperatura ambiente,

ventilação, luminosidade, umidade, espaço por animal, condições das construções

(qualidade do piso, tecnologia aplicada nas instalações etc). Presença de barreiras

sanitárias, cercas, origem e potabilidade da água, entre outros fazem parte deste

programa (Meyer et al., 2005).

4.3 Sugestões sobre diminuição de riscos de introdução de agentes

patogênicos no SPS. (Biossegurança externa)

4.3.1 Funcionários

No setor produtivo dos suínos da granja visitada considerou-se que o

número de funcionários eram insuficiente, devido ao grande número de atividades

desenvolvidas, bem como pela distribuição das instalações. Sugeriu-se, portanto, a

contratação de mais funcionários e distribuição de funções entre eles. Isso permitiria

inclusive a implantação de um sistema de registro de dados adequado para

acompanhamento produtivo do rebanho.

Os funcionários são proibidos por força de contrato de trabalho de

possuírem em suas casas aves ou suínos de fundo de quintal. Quando possível o

funcionário deverá evitar a saída do SIPS e quando isso ocorrer dever tomar banho

e trocar de roupas (Meyer et al., 2005).

Os funcionários devem tomar banho e trocar a roupa todos os dias na

entrada da granja, e serem esclarecidos sobre os princípios de controle de doenças

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para não visitarem outras criações de suínos. Estas medidas foram também

sugeridas ao proprietário para a sua implantação na granja.

4.3.2 Remanejamento da organização da granja

A localização das granjas dentro de um sistema de produção intensivo é

o ponto fundamental para que os outros fatores de risco possam ser controlados de

forma correta, como a elaboração da logística de distribuição de rações, sêmen e

de reprodutores, por exemplo. A correta distribuição das granjas e sua organização

em forma de pirâmide por região ou por “status” sanitário permitem um bom controle

em caso de introdução de doenças. Porém, em função dos aspectos econômicos,

nem sempre todos os requisitos técnicos são observados, pois estes interesses

limitam ou impõe riscos que deverão posteriormente ser monitorados ou

minimizados pelo programa de biossegurança (Meyer et al., 2005).

Na granja em questão fora sugerida a separação das unidades de

produção de suínos de forma adequada para facilitar todos os manejos envolvidos

na granja. Entretanto, tal sugestão foi encarado pelo produtor como uma medida

necessária, porém economicamente inviável, e que não seria possível em um

primeiro momento dispor de recursos monetários para a sua implantação.

4.3.3 Isolamento da granja

Sugeriu-se também que o SIPS deve ter isolamento completo, que pode

ser com cercas perimetrais com uma altura mínima de dois metros. A cerca deve

ser composta por um muro de concreto de 40 cm e completando-se até dois metros

de tela. Junto ao muro, na parte externa recomendou-se o plantio de alguma planta

de modo que o conjunto cerca e plantas seja capaz de interromper a passagem de

animais domésticos e silvestres e ainda de pessoas. A cerca deve ser construída a

uma distância mínima de 20 a 30 m das instalações (Sobestiansky, 2002).

O isolamento tabem pode ser feito com o auxílio de placas de aviso

mantendo afastados possíveis transmissores de patógenos, tais como pessoas e

veículos de transporte. No portão, que deve ser mantido fechado com cadeado,

deve ser afixada uma placa com instruções para visitantes. Na entrada principal

deve haver um sistema de desinfecção de veículos que entram na granja, podendo

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ser utilizada pulverização manual ou mecânica. Com produtos desinfetantes com

baixa ação corrosiva visando a preservação do veículo.

Ao escolher a forma de isolamento do SIPS diversos fatores devem ser

levados em consideração, tais como o equilíbrio com a natureza e a segurança. Em

geral essa cerca é denominada “cinturão verde”. A escolha da planta a ser utilizada

deverá ser feita de acordo com a região, sendo que o proprietário deverá sempre

consultar um técnico. Em alguns casos o SIPS é cercado por dois cinturões verdes

com plantas diferentes, sendo que o mais próximo à cerca é mantido a uma

determinada altura enquanto que o segundo é mais alto. Além disso, é

recomendado o plantio de coroa de cristo (Euphorbia splenden) junto a cerca, assim

dificultando a entrada de roedores e outros animais e aves na área limpa do SIPS.

Outra opção neste caso seria o sansão-do-campo (Mimosa caesapinoideae), que

tem como principais vantagens ser de crescimento rápido, fechar totalmente a

propriedade e, sem dúvida, serve de barreira para animais, é resistente a doenças e

permite o plantio em solo frágil (Sobestiansky, 2002).

4.3.4 Implementação de escritório na granja

Deverá ser implantado um escritório para armazenar dados da granja, e

este deve estar localizado o mais distante possível do SIPS. O escritório deverá

estar localizado de maneira que permita a visão de pessoas e veículos

aproximando-se do SIPS e o controle de entrada e saída de caminhões que

transportam suínos. O responsável pelo escritório tem uma função muito

importante, pois, em determinadas situações, é ele que deve tomar certas decisões

(Sobestiansky, 2002). O mesmo autor ainda relata que em alguns SIPS ou sítios, os

banheiro para funcionários e visitantes está localizado junto ao escritório. Neste

caso o responsável pelo escritório deverá solicitar à eventuais visitantes que

assinem o livro de visitas e tomar as providências para que o banho e a troca de

roupa seja realizada conforme normas da granja.

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4.3.5 Controle de visitantes

O fluxo de pessoas entre as unidades produtoras de suínos normalmente

é muito grande e é, sem dúvida, um importante componente de biossegurança para

esses tipos de criação (Amass & Clark, 1999).

Toda e qualquer pessoa que não faz parte do quadro de funcionários do

SIPS deverá ser considerado como visitante. Assim fora sugerido que a entrada de

visitantes fosse evitada ao máximo.

Não permitir que pessoas entrem na granja antes de um período mínimo

de 24 h após visitarem outros rebanhos suínos, abatedouros ou laboratórios. Deve-

se exigir vazio sanitário (longe do contato com outros suínos e animais domésticos,

laboratórios veterinário, frigorífico, etc) obrigatório, por no mínimo de dois dias e três

noites para os visitantes.

É importante que neste período a pessoa tome pelo menos dois banhos

e realize a troca de roupa completa (Sobestiansky, 2002).

Na ocasião da visita deve-se exigir banho e troca de roupas e solicitar

que o mesmo assine o livro de registro de visitantes com dados pessoais, assim

como telefone, endereço o período de vazio sanitário, objetivo da visita e data em

que visitou a última criação, abatedouro ou laboratórios (Heck, 2006).

Assim o controle do fluxo de pessoas na granja através destas técnicas

foi sugerida ao proprietário para se evitar a transmissão de agentes à granja.

4.3.6 Instalação de sistema de banho e troca de roupas de visitantes e funcionários

Fora sugerido também ao proprietário que dispusesse aos funcionários e

visitantes um sistema de banho e troca de roupas afim de diminuir o trânsito de

agentes infecciosos entre as diferentes granjas, através de roupas e calçados.

É reconhecido o risco potencial da introdução de doenças pela compra

de reprodutores contaminados, pelo contato com dejetos dos animais, através de

veículos estranhos à criação e pelo contato com calçados e fezes. A transmissão

por roupas, pele e cabelos contaminados ainda é questionável devido aos poucos

estudos nesta área. Certamente os perigos de transmissão de agentes patogênicos

estão presentes, com o movimento de pessoas circulando entre as unidades com

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diferentes padrões sanitários. Por este motivo, a construção de instalações

específicas com chuveiros e vestiários que permitam a rotina do banho e da troca

de roupa de rua por uma indumentária higiênica de trabalho reveste-se de

importância (Sobestiansky, 2002). O mesmo autor ainda diz que uma granja de

suínos deve ter apenas uma entrada, a qual deve estar localizada junto ao escritório

de certa forma que os funcionários do escritório possam fiscalizar o acesso de

pessoas à área de produção, uma vez que existe a possibilidade da introdução de

agentes causadores de doenças através de seres humanos.

A Figura 1 esboça esquematicamente a instalação de um banheiro e a

separação da área limpa e suja de um Sistema Intensivo de Produção de Suínos.

FIGURA 1 - Representação esquemática

de acesso a área limpa de um SPS.

Fonte: Genexpert (2006).

Segundo Sesti (1999), o banheiro deve possuir uma área suja, chuveiro e

uma área limpa, onde devem ficar as roupas e botas da granja, para que o fluxo

entre as áreas seja possível apenas pelo chuveiro.

4.3.7 Logística do fluxo de animais e de distribuição de rações dentro da granja

Como mencionado anteriormente, foi sugerido que a fábrica de ração

fosse instalada fora das dependências do SPS para evitar a transmissão de agentes

através desta, que pode se tornar um veículo de transmissão bastante eficiente.

chuveiros

Área de transição Roupas Objetos pessoais

Área suja

Área Limpa Uniforme da granja

Granja

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Embora existam isolamentos dos agentes infecciosos nos alimentos, não

foi comprovado se a quantidade desses microrganismos patógenos é suficiente

para desenvolver as doenças (Sesti, 1999).

O transporte de insumos e rações deve ser feito com caminhões

específicos, preferencialmente do tipo graneleiro. Não usar caminhões que

transportam suínos. O descarregamento de insumos deve ser feito sem entrar no

perímetro interno da granja. A fábrica de rações, esta deve estar localizada junto a

cerca de isolamento. Sempre que os silos forem esvaziados devem ser limpos a

seco e desinfetados (Heck, 2006). Os insumos utilizados para a fabricação da ração para o SIPS deverão

ser entregue na margem da cerca em sua parte interna, através de um sistema

especial de silos de armazenamento, de forma que o motorista do caminhão, sem

ajuda, abasteça os silos por fora. O mesmo autor ainda afirma que a matéria prima

para a fabricação da ração deve ser de extrema qualidade e comprovada, devendo

ser livre de qualquer agente causador de doenças com interesse em controle

epidemiológico. Evitar a utilização de matéria prima com presença de fungos

(Sobestiansky, 2002).

Os veículos utilizados para o transporte de animais de uma região para

outra não deverão ser utilizados para o transporte de ração. O transporte de ração

deverá seguir rigorosamente a pirâmide sanitária das granjas. Após realizar a última

entrega na granja na base da pirâmide, o caminhão deverá ser lavado e desinfetado

(Sesti, 1999).

O transporte tanto de animais quanto de insumos permite que materiais

externos se aproximem da granja de uma forma muito perigosa, uma vez que nem

sempre teremos controle sobre a rota ou sobre os contatos que estes veículos

tiveram durante seu trajeto (Meyer et al., 2005).

A Figura 2 a seguir demonstra a divisão das unidades de produção de

suínos com diferentes níveis sanitários em uma pirâmide sanitária de um Sistema

Intensivo de Produção de Suínos.

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FIGURA 2 - Pirâmide sanitária e de fluxo de

produção para granjas com diferentes “status” de

saúde.

Fonte: Genexpert (2006).

Nas granjas juntamente com a pirâmide sanitária é estabelecido um

quadro de orientações para as pessoas que freqüentarem o SPS, assim quando há

necessidade de entrar para a área limpa da granja, deverá ser verificado o fluxo

entre granjas de diferentes “status sanitário” das pessoas, evitando assim a

transmissão de patógenos.

A Tabela 4 representa o período de vazio sanitário necessário para o

fluxo de pessoas, entre SPS de diferentes “status sanitário”.

Granja multiplicadora

Unidades terminadoras

Frigorífico

Granja Núcleo

Pirâmide Sanitária

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Tabela 4 - Orientações para fluxo de pessoas e vazios sanitário.

De Para

Gra

nja

Núc

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nja

Mul

tiplic

ado

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Gra

njas

Granjas Núcleo X 01 1 0 0 03*

Granja Multiplicadora 03 X 01 0 0 03* Granja Comercial 03 03 X 0 0 03* Unidade Terminadora 03 03 02 X 0 03* Frigoríficos 03 03 03 03 X 03* Outras Granjas 03* 03* 03* 03* 0 X

4.3.8 Distribuição e análise qualitativa e quantitativa da água

fornecida aos animais

A água é um veículo plausível para a transmissão de enfermidades,

apesar de haver poucos casos documentados (Sobestiansky, 2002).

O suíno bebe água várias vezes durante todo o dia, de modo que se um

agente infeccioso entrar no sistema, rapidamente ele poderá afetar muitos animais.

A fonte de origem de água é crítica e, se for de natureza duvidosa, o tratamento

subseqüente (por exemplo, cloração) desta água torna-se uma questão importante.

Entretanto, a água pode ser contaminada depois de deixar a fonte. Este é

principalmente o caso de caixas de água, que devem ter tampas, pois caso

contrário, poeira, moscas, sapos e ratos podem cair na água. Constantemente a

água de beber dos animais atua como agente de transmissão e disseminação de

doenças dentro das criações. O desinfetante para uso na água de beber deve ser

atóxico, ter amplo espectro de ação, ser ativo na presença de matéria orgânica e

não provocar efeitos colaterais (Sobestiansky, 2002).

Fonte: Genexpert (2006) Vazios sanitários: 3= 3 noites e 2 dias. 2= 2 noites e 1 dia. 1= 1 noite. 0= não precisa de vazio. *= necessário autorização e dias de vazio podem variar.

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Portanto, fora assim indicado ao produtor a análise de agentes

microbiológico e físico-químico da água utilizada, assim como o conseguinte

tratamento da mesma.

Fora também sugerido que os sistemas de abastecimento de água

através de mangueiras pretas de polietileno, fossem trocados por encanamentos de

cano PVC de ¾ polegadas enterrados no solo a uma profundidade de

aproximadamente 40 cm, assim proporcionando aos animais a ingestão de água

fresca e com vazão adequada.

Ressalta-se que a água fornecida aos animais era obtida de uma fonte

natural localizada em um morro próximo à granja. Esta fonte não foi inspecionada

diretamente e também não foi recomendado nenhuma alteração para a sua

utilização.

4.3.9 Controle e higiene dos materiais e equipamentos utilizados

Todo e qualquer material de consumo e equipamentos a serem

introduzidos no SIPS devem estar limpos e desinfetados, e recomenda-se que

sejam passados pelo fumigador (Heck, 2006).

Sendo assim, foi sugerido maior atenção aos equipamentos e materiais

os quais se faz necessário ao manejo dos animais. A situação da farmácia foi

enfatizada e o proprietário alertado sobre possíveis transtornos, como a aplicação

de medicamento errados e/ou vencidos, o risco de injeção de produtos tóxicos por

engano, a contaminação de medicamentos por outros produtos e além da

transmissão de doenças por utensílios como agulhas e seringas já utilizadas.

Equipamentos utilizados para manejo dos animais ou qualquer que seja a

sua serventia no SIPS deverá ser desinfetado. Por exemplo, a utilização de jornal

para secar os leitões quando nascem não é uma conduta muito aceitável, pois

existe uma gama enorme de agentes microbianos, presente neste material, e

portanto recomenda-se a utilização de papel toalha limpo (Heck, 2006).

4.3.10 Quarentena

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Como já mencionado anteriormente o maior risco de introdução de

microrganismos patogênicos em um rebanho é a introdução de animais infectados.

Sobestiansky (2002) diz que o contato direto entre suínos infectados e suínos

sensíveis é o meio mais eficiente de disseminação de doenças. O isolamento de

animais adquiridos fornece segurança contra tais transmissões. O isolamento

oferece, ao médico veterinário, um tempo para a observação e diagnóstico através

de sintomas de possíveis doenças, além de possibilitar ao proprietário testar os

animais com determinadas infecções ao promover o contato com certos agentes

patogênicos e aclimatar ou vacinar o plantel de reprodução contra doenças comuns

no rebanho. O fato de não isolar os animais significa um alto risco de introdução de

microrganismos patogênicos no seu rebanho. Sobestiansky (2002) ainda

recomenda a aclimatação dos animais a serem adquiridos no local de destino dos

mesmos, possibilitando a prévia adaptação ao meio microbiano do seu novo

ambiente, evitando surtos de doenças as quais não tenha imunidade e que o

proprietário venha sofrer prejuízos.

O local de quarentena deve ser afastado das demais instalações e

completamente isolado sob o ponto de vista de circulação de pessoas e animais.

Preferencialmente, deve-se estar localizado no mínimo a 500 m do SIPS e deve

haver árvores entre o quarentenário e o SIPS (Meyer et al.,2005).

4.3.11 Animais de reprodução para reposição

A aquisição de animais para a reprodução sem dúvida nenhuma é uma

porta de entrada a ser considerada. Segundo Meyer et al. (2005), até 70% dos

casos de introdução de uma nova doença em uma população acontecem através da

compra de animais ou sêmen contaminados.

A introdução num meio ambiente contendo uma microbiota

substancialmente diferente daquela em que foram criados gera três tipos de riscos:

introdução de novas doenças no plantel; desequilíbrio da flora microbiana da

criação, precipitando o aparecimento de doenças que se encontram latentes neste

ambiente; ou infecções dos animais introduzidos com agentes patogênicos

presentes no sistema de produção de origem (Sobestiansky et al., 1998).

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Com algumas técnicas modernas de produção a entrada de animais

poderia ser reduzida para sete vezes ou menos ao ano, diminuindo muito a

exposição da granja ou sistema de produção a este fator de risco. As técnicas mais

utilizadas são o quarentenário (Sobestiansky, 2002).

Com a introdução de um quarentenário na propriedade sugerido pelo

Médico Veterinário espera-se diminuir a ocorrência de alguns surtos de

enfermidades remanescentes, através da adaptação dos reprodutores antes de

serem introduzidos no SPS.

4.3.12 Outros animais domésticos e selvagens

Como mencionado anteriormente fora observado a presença de animais

domésticos no interior das granjas e a presença de aves sobre os cochos de

alimentação dos animais.

A transmissão por pássaros ainda não foi demonstrada. Existem

evidencias da transmissão de vírus por pássaros em condições experimentais

(Amass & Clark, 1999).

Embora possível, não existe até o momento prova definitiva de

transmissão natural de agentes víricos de outros animais domésticos ou selvagens.

Porém, foi recomendado pelo Médico Veterinário a instalação de grades

de contenção ou cortinas para impedir a entrada de animais no interior da granja

assim como nas portas impedindo a entrada de animais domésticos.

4.3 13 Roedores

Foram enfatizados pelo Veterinário as situações de vetores na

transmissão de doenças e também de algumas considerações para a diminuição

dos risco de contrair enfermidades através destes vetores.

Os roedores, segundo Amass & Clark (1999), são incriminados na

transmissão de, nada menos que 32 enfermidades ao homem e aos animais. Uma

delas, preocupante na área da suinocultura pelos prejuízos que pode causar num

plantel, é a leptospirose.

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Deve-se criar um ambiente inapropriado para a proliferação dos mesmos,

ou seja, limpeza e organização, eliminando os resíduos e um bom

acondicionamento de ração e seus ingredientes. O combate direto pode ser

realizado por meio de meios mecânicos como a utilização de armadilhas e ratoeiras

ou através de produtos químicos (raticidas), os quais devem ser empregados com

cuidado (dispositivos apropriados) para evitar intoxicação dos animais e

operadores. Esse é um programa permanente (Heck, 2006).

4.3.14 Moscas

Os insetos são vetores importantes na transmissão entre unidades. Foi

descrito que moscas podem voar até uma distancia de 1,5 km entre propriedades

(Amass & Clark, 1999). Segundo Neto (1998) as moscas podem transportar os

agentes causadores das feridas purulentas, das diarréias bem como os agentes de

doenças causadas por vírus como o da Doença de Aujeszky e endoparasitas. Ainda

entre as bactérias, as moscas transmitem a causadora de meningite estreptocócica

que também pode infectar seres humanos (Heck, 2006).

Para o controle de moscas, recomenda-se o "controle integrado" que

envolve medidas mecânicas direcionadas ao destino e tratamento de dejetos, o qual

deve ser realizado permanentemente, somado ao controle químico ou biológico que

eliminam o inseto em alguma fase do seu ciclo de vida. Sempre que houver

aumento da população de insetos na granja, em especial de moscas, deve-se

procurar e eliminar os focos de procriação (Heck, 2006).

4.3.15 Aerossóis

Sobestiansky (2002) considera a transmissão aerotransportada de

microrganismos muito importante, porém difícil de ser avaliada devido a existência

de muitas variáveis que não são controladas.

Os diferentes fatores envolvidos no risco de transmissão de

enfermidades em áreas densamente povoadas por suínos devem ser considerados.

Entre estes fatores, os mais fáceis para se obter uma avaliação objetiva são

segundo Heck (2006), as distâncias entre as granjas, o tamanho e os tipos de

criações.

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Assim sendo, mais uma vez foi enfatizada a necessidade do isolamento

da granja com o sistema de cerca viva formando um “cinturão verde” em torno da

granja.

4.3.16 Embarque e desembarque de animais

Esta é provavelmente a maneira mais comum de introdução de doenças

num sistema de produção de suínos. O embarcadouro, onde os caminhões irão

estacionar, deverá estar localizados distantes das demais instalações da granja. O

motorista e o veículo de transporte de suínos para o abatedouro deverão

permanecer do lado de fora da cerca perimetral. Os caminhões devem ser lavados

e desinfetados ao final do desembarque de animais de reprodução ou abate

(Sobestiansky, 2002).

Sendo assim o Médico Veterinário sugeriu a modificação do sistema de

embarque e desembarque dos animais.

4.4 sugestões sobre as Condições Ambientais dos animais

(biossegurança interna)

O ambiente adotado em um SIPS (sistema intensivo de produção de

suínos) tem profundo efeito sobre o conforto e estado de saúde dos animais.

Em condições adequadas, estabelece-se um estado de equilíbrio entre

os agentes patogênicos presentes no ambiente e os mecanismos de defesa do

animal. Além disso, ocorre uma competição entre os microrganismos comensais e

os agentes patogênicos; e dessa forma se estabelece nas criações de suínos um

equilíbrio microbiano que é próprio a cada granja (Heck, 2006).

A fonte de infecção para a maioria das doenças é o animal infectado. O

meio ambiente serve como meio de transporte entre os hospedeiros, enquanto que

as condições de higiene muitas vezes determinam o tempo de sobrevivência do

agente fora do hospedeiro, bem como sua concentração (Sobestiansky, 2002).

Em criações intensivas, a freqüência e a gravidade de ocorrência de

doenças estão diretamente relacionadas ao nível de contaminação ambiental e

estes, por sua vez, estão relacionados ao sistema de manejo das instalações

(Sobestiansky, 2002).

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Na ocasião da visita, o Médico Veterinário fez sugestões sobre a

adequação de melhorias no meio em que os animais estavam sendo criados

proporcionando-lhes maior conforto, com isso diminuiria o estresse dos animais

diminuindo a susceptibilidade por doenças por aumentar a capacidade por resposta

imunológica e por diminuir a pressão de infecção a qual estes animais estavam

sendo submetidos.

Sugestões à fase de maternidade:

Na maternidade várias sugestões foram feitas, pois de acordo com o

Médico Veterinário, estava neste local o principal ponto crítico da granja.

Foi primeiramente sugerido ao proprietário que solicitasse ao Médico

Veterinário responsável pela granja, a implantação de produção de suínos em lotes

com intervalo entre eles de acordo com a capacidade das instalações da granja e

disponibilidade financeira do proprietário.

A organização do SPS em lotes proporciona ao proprietário melhor

facilidade de manejo dos animais, através do direcionamento de tarefas aos

funcionários otimizando a mão de obra, diminuição da despesa com transporte dos

animais para abatedouros, pois ocorre organização em lotes maiores de animais.

Facilita o manejo de limpeza e desinfecção pois permite a implantação do sistema

de manejo de instalações todos dentro todos fora, viabilizando o vazio sanitário.

O galpão de maternidade em primeira instância não será dividido em

salas, devido a questões de disponibilidade financeira, porém esta alteração foi

considerada como uma importante forma de contenção das doenças e de facilidade

no manejo dos animais. Entretanto, imediatamente, foi sugerido apropriar o clima

aos animais, tanto aos adultos, com a implantação de forro e manutenção das

cortinas laterais visando minimizar a grande variação da amplitude térmica do

interior do galpão, quanto aos leitões, com a adequação da temperatura dos

escamoteadores pela instalação de sistema eletrônico de controle de temperatura

que fixam a temperatura de acordo com a idade do leitão.

O Médico Veterinário sugeriu que os leitões passassem a ser

desmamados com 28 dias, proporcionando à estes melhores condições imunitárias

ao entrar na fase de creche. A preconização desta prática de manejo também

possibilitara ao leitão maior capacidade de ingestão de alimentos de baixa

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digestibilidade e com maior teor de matéria seca, devido a melhor preparação das

vilosidades intestinais favorecendo a melhor absorção de nutrientes.

Também foi proposto a instalação de cochos automáticos na

maternidade, possibilitando o correto arraçoamento dos animais e

consequentemente diminuindo o estresse ocasionado por essa prática.

Na maternidade foi observado fêmeas com tetos involuídos e leitões

refugados. Foi sugerido a execução de um exame minucioso dessas matrizes do

rebanho afim de identificar infecções urinárias.

Sugestões à fase de gestação:

Na gestação foram feitas algumas considerações também pertinentes à

melhoria do conforto dos animais e conseqüentemente do “status sanitário” da

granja. Uma delas é a melhoria da ventilação no interior do galpão através da

elevação do pé direito da instalação, porém o proprietário não dispunha de recursos

financeiros para a modificação da estrutura do galpão de gestação. No entanto,

seria realizada a instalação de exaustores como uma medida provisória para

solucionar este problema. A falta de ventilação ocasionava um aumento da

temperatura no interior do galpão causando intenso desconforto e estresse aos

animais.

Também foi preconizado a melhor higienização das instalações através

da implantação de um programa de limpeza e desinfecção.

As baias coletivas ocasionam melhor conforto aos animais, porém nos

primeiros dias há intensas brigas entre estas fêmeas até o estabelecimento da

hierarquia entre as porcas. Foi sugerido pelo veterinário que permanecesse o

sistema de gestação em baias coletivas, mas que fosse dividido em lotes. Por outro

lado, foi sugerido a adoção de alguns manejos para diminuir o “atrito” entre os

animais, tais como a divisão em lotes com animais de idade e tamanho corporal

aproximados, o estabelecimento da hierarquia com ajuda do cachaço e que fosse

instalado divisões nos comedouros afim de que não haja competição por alimento

entre os animais.

Também foi discutido ao proprietário a necessidade de implantação de

um sistema de controle do período de gestação e que estes animais fossem

transferidos para a maternidade sete dias antes da data prevista para o parto, e que

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ao transferir estas, passassem previamente por um banho de desinfecção com

desinfetante orgânico, para evitar a transferência de agentes infecciosos da

gestação para a maternidade.

A reposição das fêmeas foi argumentada e fortemente discutida. Os

critérios para o descarte de animais deveriam ser mais rígidos, e que o índice de

reposição anual atingisse pelo menos 35% dos animais do plantel.

Sugeriu ao proprietário alguns critérios de avaliação dos animais para

descarte, tais como:

Defeitos graves de aprumos;

Animal com mais de oito partos;

Dois partos consecutivos distócicos;

Falhas de fecundação;

Duas repetições de cios;

Anestros.

Sugestões à fase de creche:

Na fase de creche poucas modificações foram sugeridas ao proprietário,

porém, foi ressaltado que as recomendações realizadas eram de grande

importância para a melhoria das condições sanitária e diminuição dos surtos de

doenças respiratórias que estavam ocorrendo.

As considerações realizadas foram à respeito das altas taxas de lotação

das baias de creche, assim o espaçamento de 0,33 m2 por leitão deveria ser

respeitado, evitando a predisposição de transmissão acentuada pelo contato direto

entre os animais de patógenos. Foi sugerido a modificação dos bebedouros tipo

chupeta, retirando-os da parede e deixando-os móveis para o ajuste de sua altura

em relação ao crescimento dos leitões. E, principalmente, a melhoria da qualidade

do ar nas salas, com o manejo correto das janelas possibilitando a melhor

ventilação e permitindo que a renovação do ar seja mais constante, mas com

atenção para não permitir a entrada de ventos frios nas salas e ainda a higienização

com maior freqüência do fosso de dejetos abaixo das baias suspensas dos leitões.

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Sugestões à fase de crescimento/terminação:

Na fase de crescimento/terminação foram sugeridas algumas

considerações sobre a alta taxa de lotação das baias que se fazia presente. Assim

foi preconizado, pelo Médico Veterinário, a disponibilidade de 0,90 m2 de área aos

animais para melhor conforto, pois estes permaneciam na mesma baia desde o

crescimento até a terminação atingindo o peso de 90 kg para o abate. Outra

sugestão foi a divisão das baias ao meio, pois de acordo com o Médico Veterinário

a menor quantidade de animais e menor densidade proporciona menor competição

por espaço, comida e água, e assim sendo, o animal expressa sua capacidade

máxima de ganho de peso.

Outras sugestões feitas para a granja

Uma observação que o Médico Veterinário enfatizou bastante foi o uso

das chamadas baias hospitais, e o mesmo também afirma que a recuperação dos

animais sob condições adequadas e o tratamento humanitário com aqueles

enfermos, seria muito mais rentável do que simplesmente dispor de uma “baia

depósito” para os animais doentes, e entregues à própria sorte. Esta última, com

certeza, será uma técnica obrigatória em pouco tempo, pois as exigências são cada

vez maiores pelos consumidores por um tratamento humanitário e totais condições

de bem estar aos animais. Assim sendo, a elaboração de uma baia específica à

recuperação dos animais doentes foi sugerida ao proprietário.

A baia hospital deverá ser localizada em dependência à parte das demais

instalações do SPS e ainda contrária às correntes de ventos, de modo a não

permitir a transmissão de patógenos pelo ar. Deve dispor de condições que

favoreçam conforto aos animais como o espaçamento adequado de 1,0 m2 por

animal e controle adequado de temperatura. Deverá dispor de dimensões para

alojar no mínimo 6% do número de animais do plantel. Alguns cuidados deverão ser

requeridos aos animais, além da exclusiva medicação dos enfermos. Cuidados

gerais como o auxílio àqueles que não tem capacidade de procurar água e comida,

curativos diários dos animais lesionados e etc. O Médico Veterinário afirma que se

durante três dias os animais após serem tratados e medicados com dedicação não

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apresentarem nenhum sinal de melhora, estes deverão ser sacrificados por um

método humanitário, como a eletronarcose.

4.4.1 Programa de limpeza e desinfecção (PLD)

Como mencionado anteriormente o Médico Veterinário sugeriu de forma

sistemática a implantação de um programa de limpeza e desinfecção, no entanto

cabe ao proprietário a elaboração e a aplicação deste programa de forma simples,

rápida e eficiente e que não atrapalhe o fluxo de produção.

Um programa de Limpeza e Desinfecção (PLD) é uma técnica de

produção e não um substituto para outras medidas preventivas tais como banho,

troca de roupas ao entrar na granja, proibição da entrada de veículos, composteira,

sistema de eliminação de dejetos, entre outros. Se desejarmos obter um controle

eficiente de doenças, não basta limpar somente as áreas próximas àquelas onde se

encontram os animais alojados os animais ou nas quais estejam ocorrendo

problemas sanitários. É indispensável que se siga um programa de limpeza e de

desinfecção abrangente, envolvendo todas as áreas da granja e sem dúvida, é do

proprietário da granja a decisão sobre a seqüência e as etapas de um programa de

limpeza e desinfecção a serem adotados. Um PLD deve fazer parte do

planejamento da granja, isto é, já por ocasião da elaboração do projeto deve-se

prever a utilização de materiais de fácil limpeza e desinfecção (Sobestiansky, 2002).

Aliados às manobras de desinfecção, os procedimentos de higienização

são parte integrante de um efetivo plano de biossegurança a ser implantado na

produção animal (Sesti, 2006)

Uma boa desinfecção somente será conseguida se, previamente,

tivermos uma boa higienização das instalações e dos animais da granja. Lembrar

que um desinfetante terá sua máxima atividade se encontrar um local ou superfície

limpa com uma mínima carga de matéria orgânica (Paula, 2006).

4.4.2 Manejo das instalações

A forma de manejar os animais nas instalações também foi amplamente

discutida pelo Médico Veterinário e sugestões foram relatadas, afim de diminuir a

pressão de infecção nas baias dos animais. Como já mencionado anteriormente, foi

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sugerido o planejamento do SPS em lotes devido às várias vantagens já descritas.

Assim, o manejo adequado das instalações só será possível se este sistema for

implantado.

A higienização das baias foi preconizada pelo Médico Veterinário, onde

proporcionaria menor pressão de infecção e conforto aos animais, favorecendo

maior capacidade de resposta imunológica.

Em condições confinadas, a freqüência e a gravidade de ocorrência de

doenças estão diretamente relacionadas ao nível de contaminação ambiental e

esta, por sua vez, está relacionada ao sistema de manejo da instalação e ao

programa de limpeza e desinfecção. Atualmente existem dois tipos de sistema de

manejo das instalações, denominados sistema de manejo contínuo (SMC) e

sistema de manejo descontínuo ou todos dentro - todos fora (SM TD-TF)

(Sobestiansky, 2002). O mesmo autor ainda afirma que o SMC é aquele em que

suínos de diferentes idades são mantidos numa instalação e em geral existe a

transferência de novos lotes para as baias sem que ocorra um PLD prévio. Os

animais mais velhos acumulam e transferem uma microbiota para os mais novos,

dessa forma os agentes infecciosos se perpetuam nas instalações e dificilmente

consegue-se manter um nível de infecção abaixo de um limiar crítico.

O SM TD-TF fundamenta-se na formação de grupos de animais que são

todos transferidos de uma instalação para outra dentro da granja ao mesmo tempo,

semanalmente ou quinzenalmente. Considerando o manejo na maternidade, esse

sistema consiste numa série de salas de parto ao invés de uma única, onde um

grupo de porcas pare numa mesma sala num mesmo período de tempo e são todas

desmamadas simultaneamente. Dessa forma, pode se fazer a limpeza e a

desinfecção completas ao mesmo tempo em todas as áreas da sala de parto,

quebrando-se dessa forma o ciclo de transmissão da flora microbiana dos animais

velhos para os mais novos e fornecendo aos leitões um ambiente com

concentração de agentes patogênicos praticamente semelhante ao de uma granja

nova (Sobestiansky, 2002). O autor ainda afirma que através da interrupção do ciclo

de transmissão de doenças dos suínos mais velhos aos mais novos, consegue-se

uma redução na taxa de mortalidade na maternidade e os leitões tendem a

apresentar um melhor desenvolvimento o que pode ser medido por melhores pesos

médios das leitegadas ao desmame. Entretanto, através da adoção do sistema de

manejo todos dentro todos fora, não se consegue evitar a ocorrência daquelas

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doenças infecto-contagiosa cuja prevenção se baseia na imunoprofilaxia ou em

medidas especificas.

Observando tais afirmações é fácil a compreensão pelo proprietário da

implantação de um SPS em lotes com manejo descontinuo de produção,

preconizando o vazio sanitário das instalações.

Bordin (2004) estipulou pontos que são importantes a implementar em um

planejamento de um programa de biossegurança de uma granja de suínos

Impedir o acesso de outras espécies de animais nas instalações

(domésticas ou selvagens);

Visitas somente se necessário;

Providenciar banhos, troca de roupa e calçados (de acordo com o

propósito da granja);

Não permitir a criação de suídeos por parte de funcionários ou na

própria granja;

Instalar cercas teladas e barreira vegetal ao redor das instalações;

Não construir próximo de estradas;

Instalar carregador externo;

Impedir que motoristas entrem nas instalações;

Suínos que já subiram ao caminhão não devem retornar;

Realizar necropsia em local adequado, que possa ser desinfetado;

Instalar sistema de placas e aviso de advertência;

Manter constante sistema de informação sobre origem de insumos,

maravalha etc...

4.5 Destinos de carcaças de animais mortos

A forma de destino das carcaças foi outro ítem extremamente discutido

pelo Médico Veterinário e considerado por ele um fator de alto risco de introdução

de agentes patogênicos no SPS.

As carcaças de animais mortos por uma infecção, geralmente, possuem

altos títulos de agente patogênico causador da doença, aumentando em muito o

risco de difusão do mesmo e a possibilidade de contaminação humana durante a

sua movimentação e eliminação. Com a finalidade não só de proteger a saúde dos

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animais e do pessoal da granja, mas também para evitar a poluição ambiental,

prevenir problemas com o mau cheiro, proliferação de moscas e contaminação para

populações urbanas em áreas próximas às criações, torna-se necessário processos

adequados de eliminação desses restos (Pedroso & Paiva, 2006).

Existem várias formas de destino de carcaças e restos biológicos, mas o

que vem tendo grande destaque é o sistema de compostagem. Segundo Pedroso &

Paiva (2006) este sistema é um processo pelo qual os microrganismos da natureza

degradam a matéria orgânica. Conduzida corretamente a compostagem não causa

poluição do ar e das águas, permitem manejo para evitar a formação de odores,

destrói agentes patogênicos e fornece como produto final um composto orgânico

que pode ser utilizado no solo. Portanto, recicla nutrientes e apresenta custos

competitivos com qualquer outro sistema de destinação de carcaças que busquem

resultados e eficiência.

O sistema de compostagem foi preconizado e bem aceito pelo

proprietário, pois este ainda obteria substrato orgânico como adubo para pomares

de uva da região.

4.6 Plano de contingência

Após intensa discussão sobre o controle dos possíveis pontos de perigos

críticos de controle e da entrada de doenças na granja, foi valorado pelo Médico

Veterinário a importância do plano de contingência.

Segundo Sesti (2001), contingência é a qualidade daquilo que é

contingente, ou seja, incerto, que pode ou não acontecer. Nas áreas de

biossegurança e saúde animal em geral, contingência significa a ocorrência aguda

de um evento crítico tal como a repentina contaminação de um rebanho por

determinado agente patogênico. Plano de contingência refere-se ao conjunto de

procedimentos e decisões emergenciais a serem tomadas no caso de ocorrência

inesperada (ou suspeita de ocorrência) de um evento relacionado com um

programa de saúde do rebanho. O objetivo maior de um plano de contingência é

prever um rápido esclarecimento e uma rápida contenção e/ou solução para o

problema em questão. Ele deve ser direcionado a todas as doenças que possam

causar perdas econômicas ao segmento e que o sistema deseja ser livre, existindo

tanto em nível privado como em nível oficial (MAPA). Em nível oficial, um plano de

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contingência bem elaborado será o fator primordial que evitará maiores prejuízos a

nível nacional e é muito importante à imagem internacional podendo inclusive evitar

a adoção de barreiras de saúde animal à exportação por parte de países

importadores. Então quando bem elaborado e implementado, o plano de

contingência evitará grandes perdas econômicas e proverá tempo para uma análise

da situação e uma tomada de decisões que deverão nortear (produtiva e

economicamente) o sistema, após a ocorrência da contingência que causou a

utilização do plano. E ainda, o mesmo autor afirma que “quando pensamos acerca

da velocidade de implementação de um plano de contingência e na possibilidade de

falhas ocorrerem por problemas de entendimento dos procedimentos emergenciais,

percebe-se que o mais recomendável é ter disponível um plano de contingência

formal para cada uma das enfermidades em questão”.

5 BEM ESTAR ANIMAL E MEIO AMBIENTE

Sobestiansky (2002) definiu bem-estar animal com sendo “o estado de

harmonia entre o animal e seu ambiente, caracterizado por condições física e

fisiológica ótimas e alta qualidade de vida dos animais”.

O tema bem-estar animal vem recebendo crescente atenção nos meios

técnicos, científicos e acadêmicos juntamente com as questões ambientais e

segurança alimentar. O bem-estar animal tem sido considerado entre os três

maiores desafios confrontando a agricultura nos últimos anos (Sobestiansky, 2002).

O processo de produção precisa ser ambientalmente benéfico, eticamente

defensável, socialmente aceitável e relevante aos objetivos, necessidades e

recursos da comunidade para o qual foi elaborado para servir (Fraser, 2002).

Sendo assim, o bem-estar animal, pode ser considerado uma demanda

para que um sistema seja defensável eticamente e aceitável socialmente e, segundo

Sobestiansky (2002), as pessoas desejam comer carne com “qualidade ética”, isto é,

carne oriunda de animais que foram criados, tratados e abatidos em sistemas que

promovam o seu bem-estar, e que sejam sustentáveis e ambientalmente corretos.

O confinamento foi o caminho para reduzir trabalho, perda genética dos

animais e ganhar espaço, colocando os animais sob fácil controle, se atribuindo a tal

sistema, o agrave dos problemas de comportamento e de bem-estar dos animais

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resultando o aumento de doenças, e a produção sem atenção individualizada dos

animais (Sobestiansky, 2002). O mesmo autor ainda afirma que a ausência de bem-

estar pode levar à produção de uma carne de qualidade inferior, o que resulta em

perda de produção e perda de vendas, ou venda de produto de baixa qualidade.

Em relação às questões ambientais, as exigências estão centradas numa

produção de suínos que não provoque nenhuma agressão ao meio ambiente,

mantendo-se o mais natural possível (Konzen, 1988).

Os sistemas de criação de suínos, em sua maioria totalmente confinada,

representam um risco potencial ao meio ambiente em função do acúmulo de

grandes volumes de resíduos concentrados em áreas restritas. Em condições

normais de produção, consideradas tecnificadas, cada matriz suína com sua prole

gera um volume aproximado de 40 m3 de dejetos por ano (Konzen, 1988).

Após ter sido realizada todas as discussões sobre os principais entraves e

as recomendações sugeridas à Granja em questão, o Médico Veterinário Supervisor

comentou que o ideal seria que o proprietário viabilizasse as mudanças para melhor

desempenho e produtividade dos animais. Também, descreveu que pelo volume de

alterações a serem conduzidas e pela experiência adquirida ao longo dos anos com

vários perfis de proprietários, dificilmente aquelas sugestões seriam concretizadas

corretamente.

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6 CONCLUSÃO

O estágio realizado na Embrapa suínos e aves no setor de sanidade

animal, mostrou-se de imensa valia, pois contribuiu com o aprimoramento técnico

dos conhecimentos adquiridos durante o curso de Medicina Veterinária. O convívio

com profissionais experientes e de respaldo na suinocultura, brasileira e

internacional, possibilitou um grande aperfeiçoamento técnico da atividade, além de

ampliar o senso crítico e criar uma visão empreendedora, a qual considero de

grande importância para o ingresso no mercado de trabalho da suinocultura

industrial.

O sistema público de pesquisa sofre com o descaso em alguns setores

da máquina administrativa, mostrando-se fragilizado e sofrendo com problemas

operacionais. Os recursos insuficientes dificultam a pesquisa nacional, deixando,

algumas vezes, países de grande potencial de produção de suínos desacreditados

com alguns resultados de pesquisas encontrados. Apesar disto, o CNPSA/Embrapa

conquistou um importante “status” na pesquisa nacional, sendo vista com bons

olhos pela grande maioria de produtores e indústrias do setor agropecuário

suinícola e avícola de todo o pais, e já possui um importante grupo de

pesquisadores com grande respaldo internacional. Assim, esta empresa é uma

ótima produtora de tecnologias, porém, ainda é pouco explorada e otimizada.

A revisão de literatura realizada mostrou, claramente, a importância do

planejamento, da implantação e da execução de um programa de biossegurança em

Sistemas Intensivos de Produção de Suínos e também das outras atividades

agropecuárias que visam barrar a entrada e/ou manifestação de doenças nos

rebanhos.

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Unidades de

terminação