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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – UFBA INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR EM SAUDE - IMS PROGRAMA MULTICÊNTRICO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FISIOLÓGICAS - SBFIS EVERALDO NERY DE ANDRADE PEPTÍDEO NATRIURÉTICO ATRIAL EM UM MODELO DE OBESIDADE E HIPERTENSÃO INDUZIDAS POR DIETA EM RATAS OVARIECTOMIZADAS Vitória da Conquista – BA 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – UFBA

INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR EM SAUDE - IMS

PROGRAMA MULTICÊNTRICO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS

FISIOLÓGICAS - SBFIS

EVERALDO NERY DE ANDRADE

PEPTÍDEO NATRIURÉTICO ATRIAL EM UM MODELO DE

OBESIDADE E HIPERTENSÃO INDUZIDAS POR DIETA EM RATAS

OVARIECTOMIZADAS

Vitória da Conquista – BA

2010

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EVERALDO NERY DE ANDRADE

PEPTÍDEO NATRIURÉTICO ATRIAL EM UM MODELO DE

OBESIDADE E HIPERTENSÃO INDUZIDAS POR DIETA EM RATAS

OVARIECTOMIZADAS

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa Multicêntrico de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas da Sociedade Brasileira de Fisiologia na Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências Fisiológicas.

Orientadora: Profa. Dra. Najara de Oliveira Belo

Universidade Federal da Bahia - UFBA

Co-Orientadora: Profa. Dra. Adelina Martha dos Reis

Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

Vitória da Conquista – BA

2010

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Biblioteca Universitária Campus Anísio Teixeira - UFBA

Andrade, Everaldo Nery de Peptídeo natriurético atrial em um modelo de obesidade e hipertensão induzidas por dieta em ratas ovariectomizadas / Everaldo Nery de Andrade. - 2010. 100 f. : il. Orientadora: Profa. Dra. Najara de Oliveira Belo, Profa. Co-orientadora Dr.ª Adelina Martha dos Reis. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia, Programa Multicêntrico de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas, 2010

1. Obesidade - Fator Natriurético Atrial. 2. Hipertensão - Fator Natriurético Atrial. 3. Estrógenos. I. Universidade Federal da Bahia. Programa Multicêntrico de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas. II. Título. CDU – 616-056.52

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AGRADECIMENTOS

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AGRADECIMENTOS

A Deus.

À minha mãe, irmã, irmãos, sobrinhos e cunhados pelo carinho e dedicação.

A minha noiva Loreta pela compreensão, carinho e auxílio.

Aos meus cunhados Lorena e Cacau pelo apoio e compreensão no período do

mestrado.

A Profa. Najara de Oliveira Belo pela amizade e por ter acreditado em mim

profissionalmente, orientando e amparando-me nos momentos de dificuldades,

compartilhando suas habilidades e ensinando a superar as barreiras durante este

trabalho.

As Professoras Telma de Jesus Soares e Amélia Cristina Mendes de Magalhães

pela simpatia de ambas e apoio neste projeto nas áreas de função renal e na dieta,

respectivamente.

As colegas Liliany, Ana Carolina, Kelly e Daniela pelo convívio harmonioso,

constante apoio, troca de informações e companheirismo.

À Profa. Adelina Martha dos Reis pela oportunidade de estar ao seu lado durante

todo o período em que estive na UFMG, auxiliando-me nas dificuldades, nos

experimentos, assim como pela sua constante preocupação sobre minha logística

em Belo Horizonte.

Ao Prof. José Rodrigues Antunes pela iniciativa em propagar o conhecimento da

Fisiologia por meio do Programa Multicêntrico em Ciências Fisiológicas e constantes

diálogos incentivadores.

Aos Professores e colegas de turma das Universidades Nucleadoras da USP de

Ribeirão Preto e UFMG pelo acolhimento.

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A Janine Costa Ivo por sua assistência no experimento de radioimunoensaio do

ANP.

A Luciana Firmes pelo constante apoio na realização dos experimentos de RT-PCR

e radioimunoensaio na UFMG.

Aos colegas de iniciação científica Gleisy, Thiago Henrique, Thiago Moreira,

Jussara, Luciano, Carol, Clarisse, Grazielle, Roberta, Alfredo, Jucimara, Welber por

auxílio em algumas partes desse trabalho.

A bibliotecária, Flávia Bulhões de Sousa, pelo auxílio nas normas técnicas da ABNT.

A UESB pela liberação para qualificação docente.

Ao CNPQ, CAPES e FAPESB pelo suporte financeiro.

A todos que direta ou indiretamente colaboraram na realização deste trabalho.

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RESUMO

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RESUMO

Introdução e objetivos: A obesidade é uma doença complexa, multifatorial, de

proporções epidêmicas e é o principal fator de risco para o desenvolvimento da

hipertensão arterial. Na pós-menopausa ocorre um aumento da incidência de

obesidade central e hipertensão. Todavia, os mecanismos envolvidos nesta

associação não estão esclarecidos. Os peptídeos natriuréticos podem participar da

gênese desta fisiopatologia, pois permitem a redução da pressão arterial e evitam a

hipertrofia cardíaca. Desta forma, indivíduos obesos apresentam baixos níveis

plasmáticos de peptídeo natriurético atrial (ANP) e alta quantidade de receptores

natriuréticos de clearance (NPR-C) que favorecem o desenvolvimento de

hipertensão arterial e hipertrofia cardíaca. Assim, o objetivo deste projeto foi estudar

o papel do sistema de peptídeos natriuréticos na patogênese da hipertensão e da

obesidade induzidas por dieta hipercalórica utilizando ratas ovariectomizadas.

Metodologia: Foram utilizadas 30 ratas Wistar pesando entre 150-200g. As ratas

foram ovariectomizadas ou sham-operadas. Os animais receberam as seguintes

dietas: dieta de alto teor de carboidrato ou dieta com alto teor de lipídeos ou dieta

controle. Foram mensuradas a massa corporal, a pressão arterial durante 24

semanas. Em seguida, as ratas foram sacrificadas e o sangue e os tecidos foram

removidos para análises posteriores. Foram realizadas: dosagem de ANP por

radioimunoensaio, mensuração do diâmetro dos cardiomiócitos por análise

morfológica e histológica de ventrículos e, reação em cadeia da polimerase para

determinação da expressão de ANP e seus receptores em rins, tecido adiposo e

coração.

Resultados: As ratas ovariectomizadas sob dieta hiperlipídica mostraram aumento

do peso corporal, da soma total de gorduras, da gordura visceral mesentérica e

parametrial, pressão sanguínea sistólica e média. A pressão arterial sistólica e

média foi correlacionada positivamente com o aumento do peso corporal nas ratas

sob dieta hiperlipídica. Além disso, estas ratas mostraram menor expressão gênica

de ANP cardíaco e plasmático e maior expressão gênica de NPR-C no tecido

adiposo e renal do que o grupo controle. Observou-se ainda uma correlação inversa

entre a expressão gênica de ANP ventricular e o peso cardíaco e correlação positiva

entre o aumento da expressão gênica de NPR-C e a elevação da pressão arterial

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nas ratas ovariectomizadas sob dieta hiperlípidica. A maior razão da massa

cardíaca/corporal, a diminuição do lúmen das câmeras cardíacas, o aumento da

espessura do miocárdio e do diâmetro dos cardiomiócitos ventriculares sugerem

hipertrofia cardíaca concêntrica nas ratas ovariectomizadas sob dieta hiperlipídica.

Conclusão: Estes dados mostram que a combinação da ovariectomia com a dieta

hiperlipídica favorece o desenvolvimento da obesidade, aumento da pressão arterial

e hipertrofia cardíaca. Estes resultados sugerem que a redução da atividade do

sistema de peptídeos natriuréticos pode ser um dos mecanismos envolvidos não

somente no aumento da pressão arterial, mas também na hipertrofia cardíaca

associada com a obesidade em ratas ovariectomizadas.

Palavras-chaves: Hipertensão. Obesidade. Estrógenos. Fator natriurético atrial.

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ABSTRACT

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ABSTRACT

Introduction and aims: Obesity is a major challenge for basic science and clinical

research, since it represents an important risk for serious diet-related chronic

diseases including cardiovascular disease. Among other factors, obesity is an

important contributor to hypertension in humans and it is associated with salt

retention, especially in postmenopausal women. The mechanisms that link obesity

with high blood pressure, cardiac hypertrophy and postmenopausal status have not

been fully elucidated. It has been suggested that the natriuretic peptide system may

contribute to the development of hypertension in obese subjects, once they promotes

blood pressure reduction. Some authors hypothesized that obese individuals may

have an impaired natriuretic response. The present study was designed to study the

involvement of natriuretic peptide system in the mechanisms of obesity hypertension.

Methods: We used female Wistar rats weighting 150-200g. The animals were

ovariectomized or sham-operated and they were divided into six groups:

ovariectomized or sham-operated with high-fat diet, ovariectomized or sham-

operated with control diet, ovariectomized or sham-operated with high-carbohydrate

diet. At the end of every week in the entire study period, body weight and blood

pressure were measured. After 24 weeks of diet, rats were killed and tissues were

removed. Cardiac atrial natriuretic peptide (ANP), clearance receptor (NPr-C) gene

expression was determined by PCR. ANP concentrations were measured in plasma.

Transverse sections of the ventricles were stained with hematoxylin and eosin stain

for measurement of cardiomyocyte diameter and fibrosis.

Results: Ovariectomized fat-fed rats (OF) showed increased body weight, visceral

fat depot and blood pressure compared to others groups. A direct correlation was

observed between body weight and mean blood pressure in ovariectomized rats.

Also, these rats showed higher heart-to-body weight and cell diameters of ventricular

cardiomyocytes and lower cardiac ANP mRNA and plasma ANP than control group.

The adipocyte and renal NPr-C mRNA of OF rats are higher than control. An inverse

correlation was observed between ventricular ANP gene expression and heart weight

in ovariectomized rats. Also, a correlation was observed between adipocyte NPr-C

gene expression and blood pressure in ovariectomized rats. The cardiac

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enlargement in the ovariectomized high-fat diet rats was associated with reduced

chamber lumen and increased wall thickness, indicative of concentric hypertrophy.

Conclusions: Our findings show that a high-fat diet plus ovariectomy promote

decreased synthesis and increased depuration of ANP what can generated obesity,

increase of the blood pressure and cardiac hypertrophy in female animals. These

results suggest that the impairment of natriuretic peptide system may be one of the

mechanisms involved not only in the increase of the blood pressure, but also in

cardiac hypertrophy associated with obesity in ovariectomized rats.

key-words: Hypertension; obesity; estrogen; atrial natriuretic factor.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADH Hormônio anti-diurético

AGP Ácidos graxos poliinsaturados

AGS Ácidos graxos saturados

AIN American Institute of Nutrition (Instituto de Nutrição Americano)

AMPc Adenosina monofosfato cíclico

ANP Atrial Natriuretic Peptide (peptídeo natriurético atrial)

AT Angiotensina

AT1 Receptor de angiotensina do tipo 1

AVC Acidente vascular cerebral

BNP Brain Natriuretic Peptide (peptídeo natriurético cerebral)

cDNA DNA complementar

CNP C-type natriuretic peptide (peptídeo natriurético do tipo C)

DC Dieta controle

DCO Rata ovariectomizadas alimentada com dieta controle

DCS Rata sham alimentada com dieta controle

DEPC Dietilpirocarbonato

DL Dieta com alto teor de lipídios ou dieta hiperlipídica

DLO Rata ovariectomizadas alimentada com dieta hiperlipídica

DLS Rata sham alimentada com dieta hiperlipídica

DNP Dendroaspis natriuretic peptide (peptídeo natriurético dendoraspis)

DNTP Desoxiribonucleotídeo trifosfatado

DS Dieta com alto teor de carboidrato refinado ou dieta hipersacarídica

DSO Rata ovariectomizadas alimentada com dieta hipersacarídica

DSS Rata sham alimentada com dieta hipersacarídica

EDTA ácido etilenodiamino tetra-acético

eNOS Óxido nítrico sintase endotelial

EPN Endopeptidase neutra

ER Receptor de estrógeno

ERα Receptor de estrógeno tipo α

ERαKO Camundongo sem receptor de estrógeno tipo α

ERβ Receptor de estrógeno tipo β

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ERβKO Camundongo sem receptor de estrógeno tipo β

ET-1 Endotelina-1

FENA+ Fração de excreção de sódio

FES Fração de excreção de sódio

FORKO Camundongos nocautes para o receptor de FSH

FSH Hormônio folículo estimulante

GCA Guanilil ciclase A

GMPc Guanosina monofosfato cíclico

GMT Ganho de massa total

GPCR Receptores acoplados a proteína G

GTP Guanosina trifosfato

HPLC Cromatografia líquida de alta pressão

HSL Lipase hormônio sensível

IMC Índice de massa corporal

IMS Instituto Multidisciplinar de Saúde

KATP Canais iônicos de potássio sensíveis a ATP

MAPK Proteína quinase ativada por mitógeno

MCF Massa corporal final

MCI Massa corporal inicial

MMLV Enzima do Moloney Murine Leukemia Vírus

N-ANP N-peptídeo natriurético pré-atrial terminal

NFAT Fator nuclear ativado pela célula T

NO Óxido nítrico

NOS Óxido nítrico sintase

NPR Receptor de peptídeo natriurético

NPR-A Receptor natriurético do tipo A

NPR-B Receptor natriurético do tipo B

NPR-C Receptor natriurético do tipo C

OMS Organização Mundial da Saúde

OVX Ovariectomizadas

PAM Pressão arterial média

PAS Pressão arterial sistólica

PCR Reação em cadeia da polimerase

PDE2 Fosfatidilesterase 2

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PG Prostaglandinas

PGC Proteína guanilil ciclase

PGF2α Prostaglandinas F2α

PGH2 Prostaglandinas H2

PI3-KINASE Fosfatidilinositol-3-OH-inuase

PKA Proteína quinase A

PKC Proteína quinase C

PKG Proteína quinase G

PKGI Proteína quinase GI

PKGII Proteína quinase GII

PMSF Fenilmetilsulfonilfluorido

PN Peptídeos natriuréticos

PREPRO Pré-hormônio

ProANP Pro-peptídeo natriurético atrial

RGS Reguladores da sinalização da proteína G

RIE Radioimunoensaio

RNAm Ácido ribonucléico mensageiro

RT Transcrição reversa

RT-PCR Transcrição reversa-reação em cadeia da polimerase

s2 Variação do erro

SG Soma das gorduras

SRAA Sistema renina-angiotensina-aldosterona

TFG Taxa de filtração glomerular

TG Triglicerídeos

UFBA Universidade Federal da Bahia

UFMG Universidade Federal de Minas Gerais

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SUMÁRIO

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SUMARIO

01. INTRODUÇÃO.....................................................................................................18

03. REVISÃO DE LITERATURA................................................................................22

02. OBJETIVOS .......................................................................................................42

04. MATERIAL E MÉTODOS.....................................................................................44

05. RESULTADOS.....................................................................................................54

06. DISCUSSÃO........................................................................................................73

07. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................82

08. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................84

09. ANEXOS...............................................................................................................99

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INTRODUÇÃO

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01. INTRODUÇÃO

A obesidade, definida como aumento do depósito de triglicérides nas células

adiposas determinado por um desequilíbrio entre consumo e gasto de energia,

(MUST et al., 1999) é considerada uma doença complexa e multifatorial, de

prevalência crescente, que já atingiu proporções epidêmicas na sociedade ocidental.

Dados recentes da Organização Mundial de Saúde mostram que a incidência de

obesidade cresce em crianças e adultos no Brasil. Foi estimado que 60,3% das

mulheres brasileiras com mais de 15 anos possuem um índice de massa corporal

(IMC)≥ 25 Kg/m2 (excesso de peso), 24,5% nessa mesma faixa etária possuem

IMC≥ 30 kg/m² (obesas) e para as mulheres na faixa etária acima de 30 anos a

prevalência de obesas aumenta para 32,1%, enquanto em 2002 apenas 20,5% das

mulheres acima de 30 anos eram consideradas obesas e 58,3% estavam com

excesso de peso (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2010).

Esse aumento também foi apontado pelo Ministério da Saúde do Brasil (2009), o

qual afirma que em 2010 a obesidade aumentou entre os brasileiros, principalmente,

entre mulheres (13,6%), comparado a 1975 em que apenas 2,8% dos homens e

7,8% das mulheres eram obesas e 2002 em que a obesidade atingia 8,8% dos

homens e 12,7% das mulheres. É importante salientar que a obesidade entre

mulheres aumenta mais de três vezes na comparação das faixas etárias de 18 e 24

anos e de 55 a 64 anos: de 6,2% para 21,3%. Já o índice de excesso de peso mais

que dobra na faixa etária dos 45 aos 54 anos (52,9%) em relação a 18-24 anos

(24,9%). (MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL, 2010).

A World Health Organization (2010) relaciona o aumento da prevalência de

sobrepeso e obesidade com muitas doenças crônicas relacionadas com dieta,

incluindo diabetes mellitus, doença cardiovascular, acidente vascular cerebral (AVC),

hipertensão e determinados tipos de câncer. Dentre estas associações, destaca-se a

relação entre obesidade e pressão arterial, sendo o risco de se desenvolver

hipertensão cerca de 3,8 vezes maior em obesos e de 2,4 vezes entre indivíduos

com excesso de peso (JOINT NATIONAL COMMITTEE, 2004). A idade, o IMC e a

circunferência abdominal aumentados são positivamente associados com uma maior

prevalência de hipertensão (CIPULLO et al., 2010). Dessa forma, a obesidade é

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atualmente considerada um importante e independente fator de risco para

morbidade cardiovascular e mortalidade, especialmente quando do tipo visceral

(KISSEBAH, KRAKOWER, 1994).

No Brasil, as doenças cardiovasculares, destacando-se a hipertensão, são

responsáveis por cerca de 30% da mortalidade geral e por 1,2 milhões de

hospitalizações, com um custo aproximado de 650 milhões de dólares/ano

(MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL, 2010). A hipertensão é a causa de diversos

danos corporais, entre esses, a hipertrofia cardíaca concêntrica, caracterizada pelo

aumento da espessura ventricular esquerda, presença ou ausência de redução da

contratilidade e do tamanho da câmera cardíaca no final da diástole (JOINT

NATIONAL COMMITTEE, 2004).

Em mulheres no período pós-menopausal há uma tendência de acúmulo de gordura

abdominal (LOVEJOY, 2003), sendo observada em 73,8% das 157 mulheres em

pós-menopausa avaliadas em ambulatórios públicos da cidade de São Paulo

(FRANÇA, ALDRIGHI, MARUCCI, 2008). Apesar dos mecanismos que ligam a

obesidade com a hipertensão e o estado pós-menopausal não estarem

completamente elucidados, mudanças na composição corporal na menopausa pode

ser causada pela diminuição dos níveis de estrógenos (LOVEJOV, 2003, FERRARA

et al., 2002), já que esse hormônio é o principal fator regulador do tecido adiposo no

desenvolvimento e fase adulta do indivíduo. O estrógeno possui efeito direto na

inibição da lipogênese e na regulação do consumo e gasto energético, o que

contribui para a diminuição da deposição adiposa, além de estar relacionado com o

número de adipócitos (COOKE, NAAZ, 2004).

Associada à alteração dos níveis de estradiol, a hipertensão está relacionada ainda

às mudanças no balanço do sódio (CIPULLO et al., 2010), resultantes de várias

alterações, entre as quais da atividade do sistema nervoso simpático (GUYENET,

2006; XAVIER, VILELA, FONTES, 2008), do sistema renina-angiotensina-

aldosterona (BOUSTANY, 2004) e da sensibilidade insulínica (SARZANI et al.,

2008).

Mais recentemente, a participação do sistema de peptídeos natriuréticos (PN) na

fisiopatologia da hipertensão e obesidade tem sido aventada (WANG et al., 2004;

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DESSÌ-FULGHERI, SARZANI, RAPRELLI, 1998). Entretanto, os dados até agora

apresentados são preliminares e muito estudo ainda se faz necessário para se

determinar as alterações e a importância destes peptídeos e seus receptores na

gênese da hipertensão e obesidade, sobretudo no período pós-menopausal.

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REVISÃO DE LITERATURA

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02. REVISÃO DE LITERATURA

02.1 Peptídeos natriuréticos

A homeostase da pressão sanguínea é mantida em parte por um balanço entre as

ações vasoconstrictoras/antinatriuréticas do Sistema Renina Angiotensina

Aldosterona (SRAA) e as ações vasodilatadoras e natriuréticas dos peptídeos

natriuréticos (SHAH et al., 2010). Entretanto, pouca atenção tem sido dada ao

possível papel dos peptídeos natriuréticos e seus receptores na fisiopatologia da

hipertensão arterial. A família dos peptídeos natriuréticos é composta por três

peptídeos homólogos: peptídeo natriurético atrial (ANP), peptídeo natriurético tipo B

(BNP) e peptídeo natriurético tipo C (CNP) (RICHARDS, 2007; POTTER, ABBEY-

HOSCH, DICKEY, 2006). Além desses, há o peptídeo natriurético tipo D (DNP) e a

urodilatina (GAMA, SOUZA, 2006).

Assim como os demais peptídeos natriuréticos, o ANP é sintetizado como pré-

prohormônio (PREPRO) de 151 aminoácidos de comprimento, cuja clivagem da

sequência terminal resulta em uma estrutura de 126 aminoácidos conhecida como

proANP. O ProANP é a forma de armazenamento predominante nos grânulos atriais

e é clivado durante a sua secreção pela Corina, protease serina cardíaca

transmembrana, para formar a substância biologicamente ativa, o ANP com 28

aminoácidos (POTTER, ABBEY-HOSCH, DICKEY, 2006; CLERICO et al., 2006).

A secreção de ANP aumenta em resposta a expansão do volume e ao aumento da

pressão arterial (De BOLD et al., 2001; DIETZ, 2005; ANEJA et al., 2004). Além

disso, a liberação do ANP pode ser influenciada pela endotelina-1 (SHAH, 2010),

angiotensina (AT) II (AT II), agentes adrenérgicos, citocinas (IL-1, IL-6, TNF), fatores

de coagulação e crescimento, insulina, hormônio do crescimento, tireoidianos,

estrógenos (CLERICO et al., 2006), prostaglandinas (MELO, SONNENBERG, 1995)

e pelos corticosteróides (LAUAND et al., 2007). Segundo Ruskoaho et al. (1997) os

fatores endógenos liberados em resposta ao estiramento dos miócitos atriais são

mais importantes na ativação da secreção do ANP do que o próprio estiramento

muscular por sobrecarga de volume, apesar dos mecanismos dessa interação ainda

não estarem totalmente estabelecidos.

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Em um estudo realizado com 15 pacientes submetidos à circulação extracorpórea,

os níveis plasmáticos de ANP se alteraram negativa e positivamente de acordo com

a diminuição e aumento, respectivamente, da pressão atrial esquerda e direita, o

que favorece o conceito do ANP plasmático como um fator relacionado com as

pressões atriais (FRANÇOIS et al., 2002)

A obesidade é caracterizada pelo aumento da retenção de sódio devido a: ativação

do SRAA por diminuição da perfusão renal em resposta à queda da pressão renal,

contração no volume plasmático e diminuição da chegada de sódio para a mácula

densa (KUROSKI DE BOLD, 1999); aumento da produção de aldosterona pela

ativação simpática, estímulo do hormônio adreno-corticotrópico, aumento da

angiotensina ou mesmo pela ausência da inibição gerada pelos níveis de ANP

(PIECHOTA et al., 2007) que se encontram baixos na obesidade (RICHARDS,

2007); alteração das forças de starling (EDWARDS et al., 1986).

Os peptídeos natriuréticos antagonizam a ação de angiotensina II sobre o tônus

vascular, inibem a secreção de renina e aldosterona, a reabsorção do sódio no

túbulo renal e o crescimento celular vascular (SARZANI et al., 2008; WILKINS,

REDONDO, BROWN, 1997; YOSHIBAYASHI, SAITO, NAKAO, 1996).

Nos rins, o ANP aumenta a taxa de filtração glomerular pela elevação da pressão

nos capilares glomerulares, simultaneamente realizada por meio da dilatação da

arteríola aferente e constricção da arteríola eferente (MARIN-GREZ, FLEMING,

STEINHAUSEN, 1986). Além disso, o ANP inibe a reabsorção de água e sódio no

túbulo proximal pela inibição do estímulo da angiotensina II e nos ductos coletores

pela inibição dos canais de sódio epiteliais sensíveis a amilorida (CLERICO et al.,

2006) que reduz o efluxo de sódio nessa região. No hipotálamo, o ANP suprime o

apetite por sal e a liberação de hormônio anti-diurético (ADH) (SAMSON et al.,

1987), a atividade simpática no tronco cerebral pela sensibilização das fibras vagais

(YUSOF et al., 2009) e atenua a resposta baroreceptora (SCHULTZ et al., 1988).

Assim, o aumento do ANP plasmático está correlacionado com o aumento da

diurese e natriurese (FRANÇOIS et al., 2002).

O efeito inibitório do ANP sobre a renina requer a presença da proteína quinase GII

(PKGII) a qual também permite a redução dos níveis de aldosterona, mas este

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também é influenciado diretamente pelo ANP na zona glomerulosa da glândula

adrenal por mecanismos ainda controversos (CLERICO et al., 2006). Sabe-se que

estes mecanismos podem envolver a formação de guanosina monofosfato cíclico

(GMPc) aumentando a expressão da fosfatidilesterase 2 (PDE2) que degrada

adenosina monofosfato cíclico (AMPc), substrato para a formação da aldosterona na

glomerulosa (MACFARLAND, ZELUS, BEAVO, 1991).

No coração, os peptídeos natriuréticos inibem a hipertrofia e a fibrose (RICHARDS,

2007; LI et al., 2008; MIAO et al., 2010) de maneira autócrina (KNOWLES, 2001),

sendo que a diminuição da expressão gênica do ANP resulta em hipertrofia cardíaca

(FRANCO et al., 2004).

O ANP modula a hipertrofia cardíaca induzida por sobrecarga de volume (MORO,

BERLAN, 2006) por inibição da proliferação de células de músculo liso no vaso e de

secreção de matriz extracelular pelos fibroblastos cardíacos (ROSENKRANZ et al.,

2003), porém os mecanismos ainda não estão completamente esclarecidos. Uma

possível explicação para o efeito anti-hipertrófico do ANP pode ser devido a sua

ação depressora sobre os canais de Ca++, via ativação da proteína guanilil ciclase

(pGC), produção de GMPc e ativação de PDE2 por GMPc com subsequente

depressão da proteína quinase A (PKA) dependente de AMPc no desenvolvimento

inicial dos cardiomiócitos (MIAO et al., 2010).

A inibição da hipertrofia cardíaca pelo ANP pode sofrer a influência da leptina, já que

esta modula a atividade transcricional do gene promotor do ANP por meio da

ativação da NFATc4, um tipo de fator nuclear ativado pela célula T (NFAT). Esse

fator é Ca++-calmodulina dependente e está envolvido na hipertrofia patológica.

Dessa forma, a diminuição da leptina reduz a NFATc4, assim como o ANP cardíaco

(MASCARENO et al., 2009). O ANP ao ser acoplado na guanilil cilclase A (GCA)

ativa a proteína quinase G (PKG), a qual se liga, fosforila e ativa os reguladores da

sinalização da proteína G (RGS) que interage, negativamente, com a sinalização

dos agonistas dos receptores acoplados a proteína G (GPCR), impedindo a ativação

da calcineurina que gera hipertrofia cardíaca. Entretanto, os efeitos da interação do

ANP com a GCA em modular a hipertrofia cardíaca é independente da regulação da

pressão arterial (TOKUDAME et al., 2008).

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Os efeitos do ANP sobre a pressão arterial se devem a combinação dos efeitos

sobre o volume intravascular, natriurese, diurese e relaxamento vascular.

Camundongos transgênicos com maior expressão do gene ANP têm menor pressão

sanguínea, enquanto animais com o gene para ANP inativado são propensos a

desenvolver hipertensão (MELO et al., 1998; MELO et al., 2000). Da mesma forma,

sugere-se que o ANP pode ser importante na hipertensão relacionada com a

obesidade onde os níveis de ANP são menores (DESSÌ-FULGHERI et al., 1997). A

administração exógena de ANP promove uma forte resposta na redução da pressão

arterial, no aumento da natriurese e na excreção urinária de GMPc em indivíduos

obesos (DESSÌ-FULGHERI et al., 1999).

A manutenção dos altos níveis de pressão sanguínea pode estar relacionada a

alterações da resposta do sistema de óxido nítrico ao ANP e aos seus receptores no

coração e aorta de animais hipertensos. Em átrios, ventrículo e aorta, o ANP

interage com receptores NPR-C ativando a óxido nítrico sintase (NOS) endotelial

(eNOS) através da proteína G inibitória. Em ventrículo e aorta, a ativação da NOS

também envolve NPR-A/NPR-B(COSTA et al., 2010).

O relaxamento vascular promovido pelo ANP ocorre por uma via dependente da

proteína quinase GI (PKGI) que permite a diminuição dos níveis de cálcio intracelular

e da sensibilidade ao cálcio pelo sistema de contração muscular (POTTER, ABBEY-

HOSCH, DICKEY, 2006). Essa proteína age diretamente na fosforilação e ativação

dos canais de potássio ativados pelo cálcio (ALIOUA et al., 1998) que aumenta o

efluxo de potássio, causa hiperpolarização da membrana e inibição do influxo de

cálcio pelos canais de cálcio voltagem dependentes.

Desta forma, os peptídeos natriuréticos defendem o organismo contra a retenção de

sódio e água, inibem a produção e ação de peptídeos vasoconstrictores como a

angiotensina II, promovem relaxamento vascular e ainda inibem o sistema nervoso

simpático. Estas ações levam à redução da pressão arterial, principalmente em

situações com elevada volemia (LEVIN, GARDINER, SAMSON, 1998). A

capacidade anti-hipertensiva do ANP pode ser devido à combinação das suas ações

natriuréticas, vasodilatadoras e inibitórias sobre o sistema nervoso simpático e

SRAA.

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Os níveis circulantes de ANP podem ser regulados ou modificados por vários fatores

fisiológicos, entre eles podem-se citar a idade, hábitos alimentares, condições

clínicas e particularmente, o gênero (CLERICO et al., 2006, CLERICO et al., 2009).

Existem duas possíveis vias pelas quais a produção dos peptídeos natriuréticos

pode ser influenciada pelo estrógeno, uma das vias está relacionada ao efeito direto

dos hormônios ovarianos sobre a expressão gênica e liberação cardíaca dos

peptídeos natriuréticos, enquanto a outra se deve a um ou mais mecanismos

mediadores como o SRAA (KUROSKI DE BOLD, 1999; XU et al., 2008). Hong et al.

(1992) demonstraram que a ovariectomia diminuiu o ácido ribonucléico mensageiro

(RNAm) de ANP transcrito no átrio, e após um tratamento por 7 dias, ratas Wistar

recebendo estradiol e progesterona, aumentaram a expressão gênica atrial de ANP.

Os diversos efeitos biológicos dos peptídeos natriuréticos são mediados pela ligação

destes hormônios a receptores específicos associados à membrana, os quais têm

sido encontrados em todos os tecidos em que os peptídeos natriuréticos agem,

incluindo adrenais, coração, tecido adiposo, cérebro, pulmões, rins, músculo liso

vascular, útero, condrócitos (POTTER, ABBEY-HOSCH, DICKEY, 2006). Existem

três subtipos diferentes de receptores de peptídeos natriuréticos (NPR). O receptor

de peptídeo natriurético do tipo A (NPR-A) e o receptor de peptídeo natriurético do

tipo B (NPR-B) são os únicos que contém um domínio catalítico intracelular guanilato

ciclase, o qual media a ação dos peptídeos natriuréticos pela produção do segundo

mensageiro GMPc (RICHARDS, 2007). O terceiro receptor, NPR-C, não está

associado com qualquer mediador intracelular específico e funciona principalmente

na captação, internalização e degradação intracelular (lisossomal) do hormônio

(POTTER, ABBEY-HOSCH, DICKEY, 2006; LEVIN, GARDINER, SAMSON, 1998).

Alguns estudos, usando técnicas de afinidade de ligação, mostraram que o NPR-B

é seletivo para CNP, sendo que este tem baixa afinidade de ligação para NPR-A. O

NPR-A é seletivo para ANP e BNP (SENGENÈS et al., 2002) e tem sua produção

aumentada em estados hipertensivos (YOSHIMOTO et al., 1995). Em contraste, o

NPR-C tem ampla especificidade, ligando-se a todos os três peptídeos natriuréticos,

apesar de ter uma maior afinidade para o ANP (ESPINER et al., 1995).

Os receptores NPR-A e NPR-B possuem um domínio extracelular ligante com

subdomínios aminas e íons cloreto em seu interior, uma região transmembrana

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hidrofóbica, um domínio homólogo quinase intracelular, um domínio de dimerização

e um domínio guanilato ciclase carboxil-terminal com duas proteínas (HSP 70 e 90).

Acredita-se que o domínio catalítico forma um dímero em um arranjo que contém

dois sítios ativos que transforma guanosina trifosfato (GTP) em GMPc. Além disso,

há uma ligação dissulfeto no domínio extracelular. Já o NPR-C possui uma estrutura

que é apenas 30% similar ao domínio extracelular do NPR-A e NPR-B (POTTER,

ABBEY-HOSCH, DICKEY, 2006).

No estado basal, o receptor NPR-A é fosforilado em serinas ou treoninas com seis

sítios fosfatos dentro do domínio homólogo quinase afim de que o mesmo seja

sensível a ativação hormonal. Contudo, a fosforilação em alanina diminui a atividade

guanilato ciclase e consequentemente a sensibilidade do receptor. A ligação do ANP

no NPR-A induz uma mudança na conformação nas regiões do domínio extracelular

que expõe as regiões justamembranas do domínio, sendo que esse sinal é

propagado pela membrana até o domínio guanilato ciclase que permite a sua

dimerização em dois sítios ativos (POTTER, ABBEY-HOSCH, DICKEY, 2006).

Entretanto, em algumas situações patológicas, a exposição prolongada ao ANP

estimula a diminuição da sensibilidade do receptor (CLERICO et al., 2006), pois há a

desfosforilação deste que resulta em diminuição da sua atividade, processo

denominado de desensibilização e inibe o processo de fosforilação necessário para

o acoplamento do ANP no NPR-A. Porém, a liberação do ligante e refosforilação

retorna o receptor ao seu estado basal para novos acoplamentos (POTTER,

ABBEY-HOSCH, DICKEY, 2006), permitindo que o ANP promova os seus efeitos

fisiológicos em um novo acoplamento.

A expressão do NPR-C está aumentada em tecido adiposo humano (SARZANI,

2004), o que aumenta o clearence de ANP e consequentemente, diminui os seus

níveis plasmáticos. A expressão de ANP em tecido adiposo e pré-adipócitos sugeriu

a existência de um sistema autócrino/parácrino de ANP nesse tecido, cujas

implicações na lipólise e na função cardiovascular ainda não foram completamente

estudadas (GARRUTI et al., 2007).

Segundo Wang et al. (2004) o índice de massa corporal foi inversamente associado

com os níveis de peptídeos natriuréticos. O sobrepeso foi associado com níveis

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plasmáticos de peptídeos natriuréticos de 1,4 a 3,5 vezes menores, assim como na

obesidade em que os níveis foram de 1,8 a 4,8 vezes mais baixos. Os níveis

plasmáticos de peptídeos natriuréticos eram 6-27% maiores em indivíduos

hipertensos comparados com não hipertensos. No entanto, indivíduos com

sobrepeso e obesidade e ainda hipertensão, tinham baixos níveis de BNP e N-

peptídeo natriurético pré-atrial terminal (N-ANP) comparados com indivíduos não

hipertensos com IMC normal. Os mesmos autores citam que a redução da atividade

dos peptídeos natriuréticos é uma manifestação da síndrome metabólica que pode

ter importantes implicações clinicas e fisiopatofisiológicas. Porém, os mecanismos

responsáveis pela relação inversa entre os peptídeos natriuréticos e a massa

corporal não foram totalmente esclarecidos (RICHARDS, 2007).

Um possível mecanismo para a redução dos peptídeos natriuréticos em obesos

pode ser devida aos receptores do tipo C, NPR-C, abundantes no tecido adiposo, e

que participam na remoção dos peptídeos natriuréticos da circulação (LAFONTAN et

al., 2005; MORO et al., 2004). A secreção reduzida de peptídeos natriuréticos pela

menor liberação (LICATA et al., 1994) ou pela diminuição de sua síntese

(MORABITO, VALLOTTON, LANG, 2001) pode também ser uma explicação

importante para os baixos níveis de peptídeos natriuréticos no plasma de indivíduos

obesos. Além disso, também é hipotetizado que a endopeptidase neutra (EPN), que

realiza proteólise de peptídeos natriuréticos e está presente na membrana de

adipócitos e pré-adipócitos (SCHLING, SCHA¨FER, 2002), pode está elevada na

obesidade e contribuir para a depuração dos peptídeos natriuréticos circulantes

(MORO et al., 2007).

Foi demonstrado que a ligação de ANP ao receptor NPR-A em adipócitos, induz

mobilização e oxidação lipídica em primatas (SENGENÈS et al., 2000; LAFONTAN

et al., 2005; BIRKENFELD et al., 2005). Em outras espécies como em ratos, a menor

responsividade do tecido adiposo ao ANP pode estar relacionada com a maior

expressão de NPR-C. Além disso, a estimulação da pequena quantidade de NPR-A

existente não é suficiente para promover o aumento do GMPc necessário para a

fosforilação da lipase hormônio sensível (HSL) (LAFONTAN et al., 2005).

Dessa forma, baixos níveis de peptídeos natriuréticos podem reduzir a lipólise e

consequentemente perpetuar o estado obeso (WANG et al., 2004). Nesse caso,

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além da ausência ou diminuição dos efeitos cardioprotetores dos peptídeos

natriuréticos, o quadro da obesidade também se agrava devido à diminuição da

lipólise, constituindo um ciclo vicioso. Os peptídeos natriuréticos também regulam a

proliferação de adipócitos e a expansão do tecido adiposo visceral (SARZANI et al.,

2008).

O efeito lipolítico do ANP envolve uma via dependente de GMPc que não está

relacionada com a PKA, com a inibição da fosfodiesterase PDE-3B ou ainda pela

alteração na produção de AMPc. Esse efeito está relacionado com a ativação da

PKG, a qual promove a fosforilação da perilipina e da HSL (LAFONTAN et al., 2005).

Estes achados, de um novo controle da lipólise pelos peptídeos natriuréticos,

levantam a questão da função fisiológica desta nova via lipolítica e seu possível

envolvimento com o desenvolvimento e a patogênese da obesidade (SENGENÈS et

al., 2000).

Mais recentemente foi demonstrado que o ANP inibe a produção de adipocinas e

citocinas ligadas ao desenvolvimento da resistência à insulina (MORO, BERLAN,

2006) e aumenta a produção de adiponectina, proteína anti-inflamatória nos

adipócitos humanos, com possível efeito benéfico sobre o sistema cardiovascular

(TSUKAMOTO et al., 2009). Também foi verificada associação entre os níveis

plasmáticos de BNP com o desenvolvimento da resistência à insulina na hipertensão

associada à obesidade (TEKES, CIKIM, 2007), assim como com a hipertrofia

cardíaca (RITTER, NEYSES, 2003).

Em um estudo realizado com 3333 indivíduos com insuficiência cardíaca, observou-

se que os níveis plasmáticos de peptídeo natriurético foram inversamente

associados com todos os componentes da síndrome metabólica, exceto com a

pressão sanguínea elevada, o que sugere que a redução da atividade dos peptídeos

natriuréticos é uma manifestação da síndrome metabólica que pode ter importantes

implicações clínicas e fisiopatológicas (WANG et al., 2007).

Sarzani et al (1999) mostraram que variações na região promotora do gene Npr3

que codifica o receptor depurador de peptídeos natriuréticos NPR-C, foi associada

com baixos níveis de ANP e alta pressão sanguínea em pacientes obesos

hipertensivos que tinham uma reduzida taxa de expressão NPR-A/NPR-C no tecido

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adiposo. Em um de seus estudos, Sarzani et al. (2004) mostraram uma possível

associação entre polimorfismo NPR-C C(55)A com índice de massa corporal,

distribuição de gordura corporal e pressão sanguínea em homens. Não houve

diferença significativa nos índices antropométricos, pressão sanguínea e variáveis

bioquímicas relevantes entre os genótipos. Há especulações que a variação

genética Npr3 poderia estar associada com uma alteração funcional no metabolismo

do tecido adiposo, levando a diferenças quantitativas na deposição da gordura

corporal.

Dessì-Fulgheri, Sarzani, Raprelli (1998) buscando elucidar o papel fisiopatológico

dos peptídeos natriuréticos e sua relação com o tecido adiposo, compararam a

expressão gênica de ANP e dos receptores NPR-A e NPR-C nos tecidos adiposos

de humanos e ratos. O ANP plasmático encontrado foi menor em obesos

hipertensivos do que nos normotensivos, entretanto, em sujeitos não-obesos o ANP

plasmático foi maior em hipertensos do que em normotensos. A razão dos níveis de

RNAm NPR-A/NPR-C foi significantemente menor em obesos hipertensos, o que

sugere uma diminuição da atividade biológica e aumento da depuração de peptídeos

natriuréticos no tecido adiposo. Esses dados suportam a hipótese de uma possível

participação do sistema de peptídeos natriuréticos na obesidade relacionada à

hipertensão.

Existem evidências de que a dieta tem um efeito regulador na pressão sanguínea,

bem como na atividade renal (DESSÌ-FULGHERI, SARZANI, RAPRELLI, 1998). Em

um estudo, oito pacientes obesos e hipertensos receberam uma dieta com baixo teor

calórico e em seguida, injeção em bólus de ANP exógeno. A injeção de ANP depois

da dieta foi acompanhada de um aumento nos níveis de ANP similares ao

observado antes da dieta. Uma significante diminuição da pressão sanguínea

sistólica e diastólica foi observada depois de quatro dias de dieta com baixo teor

calórico e o início da fase de perda de peso foi acompanhada por um considerável

aumento na diurese e natriurese. Houve uma significante redução da aldosterona

plasmática observada com a administração de ANP depois da dieta com restrição de

calorias (DESSÌ-FULGHERI et al., 1999). Sengenès et al. (2002) observaram que o

consumo de dieta hipocalórica promoveu a melhora da lipólise. Estes achados

confirmam a importância da captação calórica na modulação da atividade biológica

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de ANP, sugerindo que o sistema de peptídeos natriuréticos pode ter participação

nas mudanças agudas da natriurese e diurese associada com a restrição calórica.

Percebe-se, portanto, a existência de evidências de que o sistema de peptídeos

natriuréticos esteja envolvido no desenvolvimento tanto da hipertensão quanto da

obesidade. O esclarecimento da participação do sistema de peptídeos natriuréticos

na hipertensão e na obesidade, especialmente no quadro da pós-menopausa, trará

contribuições para a prevenção e tratamento das mesmas.

02.2 Hipertensão, menopausa e obesidade

Além dos peptídeos natriuréticos, outras hipóteses a respeito da hipertensão

associada à obesidade na pós-menopausa têm sido estudadas. O estudo da

transição à menopausa e da terapia de reposição hormonal pós-menopausa tem

fornecido evidências de que os esteróides sexuais desempenham função importante

como reguladores da distribuição de gordura e na redução dos fatores de risco para

doenças cardiovasculares. De fato, a menor incidência de doenças cardiovasculares

tanto em mulheres antes da menopausa quanto em ratas e camundongas tem

levantado à hipótese de que os hormônios sexuais, particularmente o estrógeno,

sejam responsáveis por uma proteção cardiovascular (MENDELSOHN, KARAS,

1999; JANKOWSKI et al., 2001; TOSTES et al., 2003) contribuindo para redução

tanto do peso do tecido adiposo (BELO et al., 2008; COOKE, NAAZ, 2004) quanto

da pressão arterial (BELO et al., 2004; WEST et al., 2001).

Vários mecanismos têm sido propostos para tentar elucidar os efeitos diretos e

indiretos do estrógeno no sistema cardiovascular, como por exemplo, redução da

pressão arterial e atividade oxidante, alterações no metabolismo lipídico e de

depósito do tecido adiposo (TOSTES et al., 2003). A administração de estradiol

diminuiu a pressão arterial de mulheres normotensas após dois meses de

tratamento (CAGNACCI et al., 1999). Estradiol administrado oralmente ou por via

transdérmica diminuiu a resistência vascular periférica e consequentemente a

pressão arterial de mulheres na pós-menopausa (WEST et al., 2001).

Os mecanismos pelos quais o estrógeno realiza essas alterações no sistema

cardiovascular ainda são incertos, sendo alvo de inúmeros estudos. Existem

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evidências sugerindo que o estrógeno pode afetar a função cardiovascular, por

reduzi a pressão arterial, via ação direta nos vasos sanguíneos (MURPHY, KHALIL,

2000), ação central no sistema nervoso autônomo (SALEH, CONNELL, SALEH,

2000), formação de substâncias vasodilatadoras, como oxido nítrico (TOSTES et al.,

2003), ou inibição da formação e/ou ação de substâncias vasoconstritoras, como as

prostaglandinas (PG) H2 (PGH2) e F2a (PGF2a) (DANTAS et al., 1999) e angiotensina

II (TAKEDA-MATSUBARA et al., 2002).

Nas células endoteliais, o estradiol altera ou modula o fluxo de íons e de receptores

da musculatura lisa. O estradiol aumenta a biodisponibilidade de óxido nítrico (NO)

(TOSTES et al., 2003), diminui a expressão de receptores de angiotensina do tipo 1

(AT1), de angiotensina II pelo NO (NICKENIG et al., 2000) e diminui a endotelina-1

(ET-1) e seus receptores (TOSTES et al., 2003). Também inibi o crescimento da

musculatura lisa vascular promovida pelos receptores AT1 (TAKEDA-MATSUBARA

et al., 2002). Nas células da musculatura lisa vascular, o 17-ß-estradiol pode

desempenhar uma função seletiva na regulação do tônus da musculatura lisa

vascular por modular a permeabilidade dos canais iônicos de K+ sensíveis a ATP

(KATP) (MARTINEZ et al., 2001), assim como dos canais de Ca++ (TOSTES et al.,

2003).

A implicação da ação benéfica e protetora do estrógeno na circulação cardiovascular

necessita ser completamente elucidada para o esclarecimento das condições

fisiopatofisiológicas observadas na pós-menopausa, como por exemplo, a

hipertensão arterial, e para sua aplicação na prática clínica. Como a obesidade é

fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, em especial

hipertensão arterial, a ação do estrógeno no tecido adiposo também merece

destaque.

O estrógeno tem sido descrito como o principal regulador do tecido adiposo em

fêmeas adultas (COOKE, NAAZ, 2004) regulando a sua deposição de maneira

dependente da localização do depósito. As mulheres têm mais tecido adiposo

subcutâneo do que os homens, com uma média de percentual de gordura corporal

em mulheres jovens de 25% contra 15% em homens (CHUMLEA et al., 1981). O

aumento da gordura abdominal nas mulheres na pré-menopausa parece ser inibido

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pelo estrógeno, quando são comparadas com os homens que tendem a ter um

depósito de gordura no abdômen.

Todavia, a gordura abdominal pode aumentar nas mulheres no período pós-

menopausa (LEY, LESS, STEVENSON, 1992), o que está correlacionado com um

aumento no risco de desenvolvimento de várias doenças. No Brasil, a prevalência de

obesidade cresce nas mulheres na pós-menopausa. Na faixa etária de 18 a 24 anos

é de 6,2% e, na faixa etária de 55 a 64 anos é de 21,3%. O mesmo ocorre com o

excesso de peso que aumenta de 24,9% para 52,9% nas mulheres nas mesmas

faixas etárias (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2010).

A ovariectomia em roedores ou a menopausa em mulheres resulta em aumento do

depósito de tecido adiposo (COOKE, NAAZ, 2004) que está correlacionado com

baixos níveis de estradiol (FERRARA et al., 2002). Já o tratamento com estradiol

diminui o tecido adiposo visceral em mulheres na pós-menopausa (MUNOZ,

DERSTINE, GOWER, 2002). Animais manipulados geneticamente fornecem fortes

evidências que o estrógeno modula a quantidade de tecido adiposo. Tanto

camundongas que não expressam o receptor para estrógeno do tipo α, (HEINE et

al., 2000), quanto as que não expressam a enzima aromatase (JONES et al., 2000),

apresentam uma grande quantidade de tecido adiposo. Este efeito do estrógeno

pode acontecer através da diminuição da lipogênese (HOMMA et al., 2000),

aumento da lipólise por meio da ativação da HSL (PALIN et al., 2003), aumento dos

efeitos lipolíticos da epinefrina (SHERWOOD et al., 2010) e da oxidação dos ácidos

graxos (MISSO et al., 2003). Assim, percebe-se que o estrógeno desempenha

também importante função na regulação do tecido adiposo.

Existem dois tipos de receptores de estrógeno (ERs) intracelulares: tipo α (ERα) e

tipo β (ERβ) e seus variantes (MARINO, GALLUZZO, 2008), não totalmente

homólogos e consequentemente, passivos de não possuírem efeitos semelhantes

na interação com o estrógeno (TOSTES et al., 2003). As diferenças fisiológicas na

interação do ERβ em relação ao ERα com o estrógeno ou elementos responsivos a

este se deve a falta de habilidade e capacidade da terminação amina do ERβ

interagir com o domínio carboxil-terminal de ativação dependente de hormônio (LI et

al., 2008).

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A função do receptor de estrógeno tipo α (ERα) no tecido adiposo foi verificada ao

comparar os tecidos adiposos de camundongos selvagens com os que não

expressam ERα (ERαKO). Observou-se que a ausência de ERα causa um aumento

de 100% da massa de tecido adiposo decorrente de hiperplasia e hipertrofia

adipocitárias, além de resistência à insulina e intolerância à glicose (HEINE et al.,

2000). Isso indica que ERα regula a deposição de tecido adiposo (DIEUDONNÉ et

al., 2004).

Para avaliar a participação da sinalização E2/ERβ no tecido adiposo, camundongos

que não expressam ERβ (ERβKO) foram ovariectomizados e observou-se que

nesses animais houve diminuição do tecido adiposo e da massa corporal

comparados aos apenas operados (sham-operados). Isso indica que ERβKO deve

ter um efeito inibitório na deposição do tecido adiposo que é o oposto ao efeito

mediado pelo ERα (NAAZ et al., 2002). Dessa forma, apesar do ERα ser o

modulador predominante dos efeitos do estrógeno no tecido adiposo, ERβ parece

também possuir um papel nos efeitos do estrógeno sobre os adipócitos.

No metabolismo lipídico, a reposição de estrógenos em mulheres na pós-

menopausa demonstrou impacto na diminuição dos níveis séricos de colesterol total

(HAARBO, MARSLEW, 1991) e de lipoproteína de baixa densidade (STAMPFER et

al., 1991). Além disso, o estrógeno é o maior supressor da lipase lipoprotéica

(HOMMA et al., 2000) no tecido adiposo em mulheres, o que contribui para a

prevenção de lesão cardiovascular.

Contrariamente aos seus efeitos gerais anti-lipogênicos e lipolíticos, os estrógenos

em locais específicos, atenuam os efeitos dos receptores adrenérgicos α2A no

tecido adiposo subcutâneo e diminui a lipólise, o que favorece o aumento da

deposição desse tipo de tecido em mulheres comparadas aos homens (PEDERSEN

et al., 2004).

Os mecanismos pelos quais o estrógeno influencia esses efeitos anti-lipogênicos,

lipolíticos, cardioprotetores não são totalmente conhecidos, porém podem ser devido

aos efeitos tardios e de duração prolongada, denominados de efeitos “genômicos”, e

os efeitos de início rápido e curta duração, chamados de efeitos “não-genômicos”.

Os efeitos rápidos levam minutos para ocorrerem, como as mudanças no tônus

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vasomotor, sendo mediados por sinalizações celulares rápidas, enquanto os tardios

incluem, por exemplo, remodelamento e alterações lipídicas que requerem horas ou

dias para ocorrerem e eventos de transcrição de RNA mensageiro e expressão

protéica são necessários. Apesar desses efeitos serem facilmente diferenciados um

dos outros, existem ações rápidas do estradiol que ainda não se sabe se são

oriundas de mecanismos genômicos ou não-genômicos (TOSTES et al., 2003;

MARINO, GALLUZZO, 2008).

Assim como os receptores de outros hormônios esteroidais e tireoidianos, os

receptores de estrógenos pertencem a uma classe de receptores intracelulares que

têm fatores de transcrição relacionados ao núcleo. Dessa forma, a ativação desses

receptores deflagra a ação de uma sequência específica nos genes alvos que

modula a transcrição do RNAm (BEATO, SANCHEZ-PACHECO, 1996). Entretanto,

os efeitos do estrógeno de início rápido (não-genômicos) são mediados por

receptores localizados na superfície da membrana celular que levam a ativação da

proteína quinase ativada por mitógeno (MAPK), produção de GMPc e liberação de

NO. Mais recentemente, observou-se que a sinalização envolve caminhos não

totalmente esclarecidos tais como PKG e segundos mensageiros (RUSSEL et al.,

2000) ou mesmo a mobilização Ca++, proteína quinase C (PKC) e fosfatidilinositol-3-

OH inuase (PI3-kinase) (KELLY, LEVIN, 2001; SIMONCINI et al., 2000).

HODGES et al. (2000) sugerem que os efeitos do estrógeno nas células vasculares

e, possivelmente no miocárdio, dependem da expressão relativa de ERα e ERβ.

Contudo, as funções desses receptores nas funções cardíacas não são conhecidas.

ERα e ERβ distribuem-se diferentemente no organismo. ERα tem alta expressão

identificada na hipófise, rins, epidídimo e glândulas adrenais, enquanto ERβ tem alta

expressão na próstata, pulmões, cérebro e bexiga. Em alguns locais há alta

expressão simultânea desses dois receptores de estrógeno, incluindo ovários,

testículos e útero. Na vasculatura, esses dois receptores têm sido identificados no

endotélio, íntima, adventícia e terminações nervosas adrenérgicas das artérias

(TOSTES et al., 2003). No tecido adiposo, ERs são expressos nos pré-adipócitos

(DIEUDONNÉ et al., 2004) e o estrógeno pode potencialmente regular o

desenvolvimento do pré-adipócito bem como atuar diretamente no adipócito

(COOKE, NAAZ, 2004).

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Os estrógenos são capazes de produzir efeitos nos outros tecidos que regulam o

apetite, o gasto energético ou o metabolismo. ERs são amplamente distribuídos no

hipotálamo, o local primário da regulação do balanço energético ou mesmo no

fígado, onde os efeitos dos estrógenos podem produzir mudanças metabólicas que

afetam a deposição adiposa (COOKE, NAAZ, 2004).

Jankowski et al. (2001) observaram que o RNAm do ERβ foi expresso em alto nível

no átrio esquerdo de ratos e foi 3 a 4 vezes menor nas outras câmeras cardíacas de

ratos jovens. Porém em ratos adultos, o ERβ diminuiu 20 vezes no átrio esquerdo e

em menor extensão nas outras câmeras cardíacas. Com a ovariectomia, observou-

se a diminuição do ERα, da razão átrio/massa corporal e expressão gênica e

protéica de ANP, mas nenhuma alteração na pressão sanguínea sistólica e após a

reposição hormonal, essas mudanças foram revertidas, junto com a diminuição da

frequência cardíaca. Percebe-se que o aumento da expressão e secreção de ANP

em resposta a ativação do ERα pode ser um mecanismo de proteção no coração por

diminuição do consumo de oxigênio secundário à bradicardia.

Existem evidências que camundongos que não expressam o gene para ANP ou

NPR-A apresentam hipertrofia mais evidente nos átrios do que nos ventrículos,

sendo o espessamento cardíaco mais pronunciado em machos do que em fêmeas

(JOHN et al., 1995; OLIVER et al., 1998), o que sugere uma interação dos

estrógenos e ANP na prevenção da hipertrofia cardíaca. A co-localização dos ERs e

ANP nos miócitos cardíacos (BACK, FORSSMANN, STUMPF, 1989) e a

estimulação da secreção de ANP em átrio direito isolado de ratos por 17-β-estradiol

(DENG, KAUFMAN, 1993) sugere que o ANP age como um mediador da ação do

estrógeno. Além disso, muitos dos efeitos cardiovasculares do estrógeno são

semelhantes aos do ANP.

02.3 Modelo experimental de hipertensão e obesidade na pós-menopausa

Vários modelos experimentais são utilizados para estudar a patogênese da

obesidade e de condições associadas como resistência a insulina, diabetes mellitus

tipo 2 e dislipidemia, chamadas em conjunto de síndrome metabólica. Existem

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alguns modelos animais de obesidade, como obesidade induzida por lesão do

núcleo hipotalâmico ventromedial (SHIMIZU et al., 2003), por dietas hipercalóricas e

através de mutações genéticas (ROBINSON, DINULESCO, CONE, 2000). Dentre

estes, o modelo mais simples e o que mais se assemelha a obesidade humana é o

modelo de obesidade exógena, onde é oferecido ao animal um maior aporte

calórico, através de uma sobrecarga de carboidratos ou de gordura, isoladamente ou

em associação (VON DIEMEN, TRINDADE, TRINDADE, 2006). A primeira descrição

de dieta com alto teor de gordura data de 1959 (MASEK, FABRY, 1959). Nestes

modelos experimentais, acrescenta-se ou associa-se, à ração padrão substâncias

altamente calóricas.

Como ressaltado neste estudo, atualmente, uma das doenças de maior relevância,

devido aos altos índices de mortalidade na população mundial, é a hipertensão

associada à obesidade. Diante disto, ressalta-se a importância do uso de modelos

animais apropriados para o estudo dos mecanismos envolvidos entre obesidade e o

desenvolvimento de hipertensão arterial.

Os modelos experimentais de obesidade em roedores como o ob/ob, os ratos

Zucher e os ratos espontaneamente hipertensos e obesos têm sido utilizados na

pesquisa cardiovascular. Entretanto, estes modelos podem não apresentar as

mesmas características que os humanos obesos, como hipertensão, hiperglicemia,

hiperinsulinemia e hipertrofia cardíaca (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005;

CONTI et al., 2004). Ao contrário, os modelos de obesidade induzidos por dieta

mostram-se promissores para o estudo dos mecanismos renais (Hall et al., 1998) e

cardiovasculares (CARROLL, TYAGI, 2005; CARROLL et al., 1996) envolvidos em

doenças relacionadas com a obesidade.

Estudos subsequentes têm revelado que a dieta com alto teor de gordura promove

hiperglicemia e resistência à insulina. Assim, é geralmente aceito que as dietas com

alto teor de gordura podem ser utilizadas como modelo de hipertensão associada à

obesidade (OAKES et al., 1997, AHREN et al., 1999; LINGOHR, BUETTNER,

RHODES, 2002). A maioria dos modelos de hipertensão associada à obesidade

utilizam ratos (LANDA et al., 2007; CARROLL et al., 1996; BARNARD et al. 1998;

COATMELLEC-TAGLIONI et al., 2002; DOBRIAN et al., 2000; DOBRIAN et al.,

2001). A utilização de dietas hipercalóricas com elevada concentração de lipídios,

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em estudos de obesidade em animais de laboratório, baseia-se na correlação

positiva previamente observada entre o consumo de gordura dietética e a incidência

de obesidade e as complicações clínico-metabólicas a ela associadas (WOODS et

al., 2003) como hipertensão, hipertrofia cardíaca e distúrbios renais (DOBRIAN et

al., 2000). Jakobsen et al. (2004) verificaram que o aumento de apenas 5% dos

níveis energéticos de ingestão de gordura saturada foi associado com um aumento

de 36% no risco de doença cardíaca coronariana entre mulheres.

Em um estudo de revisão, Buettner et al. (2007) observaram que gorduras animais e

ômega-6 e 9 contido em óleos de plantas podem ser usados para gerar fenótipos de

obesidade e resistência insulínica em roedores, enquanto animais alimentados com

óleos de peixe não desenvolvem essas desordens. Segundo Jakobsen et al. (2009)

a diminuição de 5% na ingestão de ácidos graxos saturados (AGS) e concomitante

aumento na ingestão de ácidos graxos poliinsaturados (AGP) promoveram a

redução no risco de eventos e mortes por causas coronarianas, mas a mesma

diminuição na ingestão de AGS e a substituição por carboidratos gerou uma

modesta associação entre a introdução de carboidratos e o surgimento de eventos

coronarianos. Entretanto, nesse estudo o tipo de carboidrato utilizado não foi

apresentado, o que dificulta comparações em relação aos efeitos deletérios

proporcionados, por exemplo, por uma dieta hipersacarídica.

Os carboidratos utilizados nas dietas de animais de laboratório consistem

principalmente de açucares mais reduzidos (sacarose, frutose, glicose), amido e

fibras. Dietas contendo elevados teores de sacarose ou frutose têm sido associadas

a distúrbios metabólicos, como hipertrigliceridemia (KEENAN et al., 1999), aumento

dos teores plasmáticos de ácidos graxos não esterificados, aumento do acúmulo de

triacilgliceróis no fígado e coração e hipersinsulinemia acompanhada por resistência

à insulina (LUO et al., 1995).

A ingestão de carboidratos, particularmente, de frutose, pode ter um papel

importante nas doenças cardiorenais que pode ser mediado, em parte, pela

habilidade da frutose aumentar o ácido úrico (JOHNSON et al., 2007). Este caminho

explica também por que roedores são relativamente resistentes à frutose, pois esses

animais têm menores concentrações de ácido úrico devido à presença de uma

enzima (uricase) que degrada ácido úrico à alantoína. Além disso, quando uricase é

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inibida no rato, a frutose causa um aumento de cinco vezes nas concentrações de

ácido úrico (STAVRIC et al., 1976).

A frutose é captada nos hepatócitos e em outras células, inlcuindo células tubulares,

adipócitos, células epiteliais intestinais, onde é completamente metabolizada pela

frutoquinase com o consumo de ATP, ao contrário do metabolismo da glicose que

possui mecanismo regulatório negativo para prevenir a depleção de ATP

(PERHEENTUPA, RAIVIO, 1967). Como consequência, o ácido lático e o ácido úrico

são gerados no processo de metabolização da frutose e suas concentrações se

elevam, promovendo efeitos hipertensivos no organismo devido a alterações como a

inibição da NOS na mácula densa, a estimulação da renina e a redução da

biodisponibilidade do óxido nítrico endotelial (MAZZALI et al., 2001; NAKAGAWA et

al., 2006).

Além disso, alguns dos resíduos metabólicos de três carbonos da frutose podem ser

convertidos à glicose através de gliconeogênese ou podem, eventualmente, ser

usados para a síntese de glicerol e ácidos graxos que através da esterificação pode

formar triglicerídeos (TG), ao contrário do metabolismo da glicose, em que há vários

processos que inibem a formação dos TG a partir própria glicose (HAVEL, 2005).

Portanto, alta ingestão de carboidrato refinado pode resultar em alta de síntese de

TG devido à falta de regulação desse caminho.

Dessa forma, indiretamente, a dieta com alto teor de frutose (também a sacarose,

constituída por aproximadamente 50% de frutose) pode constituir um fator de risco

independente para doenças (JOHNSON et al., 2007), por participar do

desenvolvimento da síndrome metabólica e obesidade (NAKAGAWA et al., 2006) e

esta pode estar relacionada à inabilidade da frutose em estimular a insulina e leptina

e inibir a grelina, fatores que são conhecidos por afetar o centro da saciedade no

sistema nervoso central (MAZZALI et al., 2001).

A grande maioria dos modelos animais de dieta disponíveis utiliza ratos machos e os

poucos estudos com fêmeas ou não encontraram aumento de pressão arterial

relacionada com a obesidade induzida por dieta (UEMURA, MORI, 2006;

COATMELLEC-TAGLIONI et al., 2002) ou não mensuraram a pressão arterial

(BARTNESS et al., 1992). Em coelhas foi observado aumento da massa corporal e

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da pressão arterial após 12 semanas com uma dieta contendo 15% de gordura

(CARROLL et al., 1996). Uemura, Mori (2006) relatam que após 3 meses de

consumo de dieta com 50% de gordura na composição, as ratas não apresentaram

qualquer alteração na pressão arterial. Também Coatmellec-Taglioni et al. (2002)

não observaram aumento de pressão arterial em ratas após 10 semanas com uso da

dieta da cafeteria, apesar do aumento significativo da massa corporal.

Por outro lado, modelos animais que foram utilizados para o estudo da hipertensão

semelhantes à pós-menopausa como, por exemplo, ratas espontaneamente

hipertensas ovariectomizadas (BELO et al., 2004), ganham pouco peso e não

podem ser utilizados para estudar a associação entre obesidade e hipertensão.

Assim, um dos objetivos deste trabalho foi padronizar um modelo de hipertensão

associada à obesidade em ratas Wistar através de castração e utilização de dietas

hipercalóricas e verificar a participação do sistema de peptídeos natriuréticos na

hipertensão associada à obesidade induzidas por dieta hipercalórica neste modelo.

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OBJETIVOS

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03. OBJETIVOS

03.1 Objetivo Geral

Determinar a participação do sistema de peptídeos natriuréticos na patogênese da

hipertensão associada à obesidade em ratas Wistar ovariectomizadas alimentadas

com dieta hipercalórica.

03.2 Objetivos Específicos

1. Comparar os efeitos das dietas com alto teor de lipídeos (DL) ou alto teor de

carboidrato refinado (DS) com a dieta controle (DC) na pressão arterial sistólica e

média, massa corporal, na massa de diferentes depósitos de tecido adiposo em

ratas Wistar ovariectomizadas ou sham operadas.

2. Avaliar os níveis de ANP no plasma de ratas Wistar submetidas às dietas de alto

índice calórico.

3. Verificar alterações na síntese de ANP a partir da determinação da expressão

gênica de ANP em átrio direito e esquerdo de ratas Wistar alimentadas com dieta

hipercalórica por transcrição reversa - reação em cadeia polimerase (RT-PCR).

4. Avaliar a expressão gênica de receptores natriuréticos, NPR-A no rim e NPR-C

em tecido adiposo e rim de ratas Wistar alimentadas com dieta hipercalórica por RT-

PCR.

5. Determinar o diâmetro dos cardiomiócitos e verificar a presença de fibrose por

análise morfológica e histológica de ventrículos de ratas Wistar alimentadas com

dieta hipercalórica.

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MATERIAL E MÉTODOS

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04. MATERIAL E MÉTODOS

04.1 Animais

Foram utilizadas 30 ratas Wistar provenientes do Centro de Criação de Animais do

Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Bahia (UFBA), e

mantidas no biotério do Instituto Multidisciplinar em Saúde/UFBA em ambiente com

controle de luz (12 horas de luz, das 7 às 19h) e temperatura (23±3°C) e livre acesso

à água e ração. O transporte ocorreu de acordo com as recomendações do Instituto

Nacional de Saúde para os cuidados e uso de animais de laboratório e esse estudo

foi aprovado pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal da Universidade

Estadual de Feira de Santana, conforme Anexo 1.

Os animais consumiram ração padronizada do Instituto de Nutrição Americana (AIN)

93 (Pragsoluções, São Paulo, SP) descrita por Reeves, Nielsen, Fahey (1993) até o

dia da ovariectomia. As ratas foram ovariectomizadas ou sham-operadas com dez

semanas de idade e a partir desse momento, aleatoriamente, os animais foram

divididos nos seguintes grupos, conforme a dieta recebida:

· Dieta com alto teor de sacarose (52,9%) (dieta hipersacarídica – DS;

Pragsoluções Biociências, SP).

· Dieta contendo 54,4% do total de calorias oriundas de gordura (dieta

hiperlipídica - DL; Pragsoluções Biociências, SP).

· Dieta controle (DC) (ração padronizada AIN 93; Pragsoluções Biociências,

SP).

Após a ovariectomia as ratas foram colocadas em gaiolas metabólicas durante

quatro dias para determinação da ingestão alimentar. O mesmo procedimento foi

realizado na sexta, décima segunda e vigésima quarta semana de dieta. Nos demais

dias, os animais foram acomodados em caixas com cinco animais em cada uma

delas de acordo com a dieta recebida.

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04.2 Dietas experimentais

As dietas experimentais foram calculadas utilizando-se como base a recomendação

para dietas de roedores de laboratórios elaborada pelo American Institute of Nutrition

e reportada por Reeves, Nielsen, Fahey (1993).

As proporções dos ingredientes nas dietas experimentais, expressas na matéria

seca e a composição bromatológica das dietas encontram-se descritas na Tabela 1.

Tabela 1 – Proporções dos ingredientes nas dietas experimentais

Ingredientes DC DL DS -------------------% MS--------------------- Amido de milho 37,38 13,88 2,50 Soja 30,50 30,50 - Caseína - - 14,20 Amido de milho dextrinizado 10,00 10,00 2,90 Sacarose 6,00 6,00 57,00 Óleo de soja 7,50 7,50 14,50 Sebo bovino 0,50 24,00 - Fibra (pó de celulose) 3,17 3,17 4,00 Mistura mineral (AIN-93M-MX) 1 3,50 3,50 3,50 Mistura Vitamínica (AIN-93-VX)2 1,00 1,00 1,00 L-cistina 0,30 0,30 0,18 Bitartarato Colina 0,15 0,15 0,22 Tert-butil-hidroquinona 0,0014 0,0028 0,0030 Total 100,00 100,00 100,00 1Mistura mineral AIN-93G-MX: 35,7% de carbonato de cálcio; 25% de fosfato monobásico de potássio; 7,4% de cloreto de sódio; 4,66% de sulfato de potássio; 2,8% de citrato de potássio; 2,4% de óxido de magnésio; 0,606% de citrato férrico; 0,165% de carbonato de zinco; 0,063% carbonato de manganês; 0,03% de carbonato de cobre; 0,001% de iodato de potássio; 0,001% de selenito de sódio; 0,0008% de paramobdato de amônia; 0,145% de metasilicato de sódio; 0,0275% de sulfato de potássio e cromo; 0,0082% de ácido bórico; 0,00635% de fluoreto de sódio; 0,00318% de carbonato de níquel; 0,00174% de cloreto de lítio; 0,00066% vanadato de amônio; 20,98% de sacarose em pó. 2Mistura vitamínica AIN-93-VX- Composição de vitaminas por kg de dieta: 30mg de ácido nicotínico; 15mg de ácido pantotênico; 6mg de piridoxina; 5mg de tiamina; 6mg de riboflavina; 2mg de ácido fólico; 750ug de vitamina K; 200ug de D-biotina; 25ug de vitamina B-12; 4000UI de vitamina A; 1000UI de vitamina D3; 75UI vitamina E.

As contribuições das frações de proteínas, carboidratos e gorduras no total de

energia metabolizável das dietas experimentais encontram-se descritas na tabela 2.

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Tabela 2 – Contribuição das frações de proteínas, carboidratos e gorduras no total

da energia metabolizável nas dietas experimentais.

Item Dietas experimentais DC DL DS

Energia Metabolizável (Mcal/kg-1) 3,77 4,94 4,31 % de contribuição das frações dietéticas Proteína 20,8 14,4 16,8 Carboidratos 68,6 31,2 52,9 Gorduras 10,6 54,4 30,3

As frações de carboidratos das dietas experimentais foram calculadas de forma que

a dieta DS apresentasse maior contribuição da sacarose, em detrimento da fração

de amido, no fornecimento da energia metabolizável, como se pode constatar na

tabela 3.

Tabela 3 – Contribuição das frações de amido e sacarose no total da energia

metabolizável nas dietas experimentais.

Item Dietas experimentais DC DL DS

Energia Metabolizável dos

carboidratos (Mcal/kg-1)

2,34 1,54 2,28

% de contribuição das frações dietéticas

Amido 84,26 75,96 7,3

Sacarose 15,74 24,04 92,7

04.3 Procedimento experimental

As trinta ratas Wistar com dez semanas (150 a 200g de massa corporal) foram

ovariectomizadas e divididas, aleatoriamente, nos seguintes grupos com cinco

animais cada:

· Ratas ovariectomizadas alimentadas com dieta controle (DCO)

· Ratas ovariectomizadas alimentadas com dieta hiperlipídica (DLO)

· Ratas ovariectomizadas alimentadas com dieta hipersacarídica (DSO)

· Ratas sham alimentadas com dieta controle (DCS)

· Ratas sham alimentadas com dieta hiperlipídica (DLS)

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· Ratas sham alimentadas com dieta hipersacarídica (DSS)

Foram realizadas as medidas da pressão arterial sistólica e média e da frequência

cardíaca pelo método de pletismografia de cauda utilizando-se o medidor LE5001®

(Panlab, Espanha). A massa corporal e a pressão arterial foram mensuradas,

semanalmente, por 24 semanas.

No final das 24 semanas de experimento, as ratas foram sacrificadas por

decapitação e o coração, rins e tecido adiposo dos depósitos mesentérico,

retroperitoneal e parametrial foram removidos, pesados, congelados em nitrogênio

liquido e armazenados em freezer -20°C e, posteriormente, utilizados para análises

de expressão gênica. O sangue do tronco foi coletado em tubos resfriados e

heparinizados contendo inibidores de proteases (fenilmetilsulfonilfluorido - PMSF a

10-5 mol/L; ácido etilenodiamino tetra-acético - EDTA a 10-5 mol/L e 0,5x10-5 mol/L de

pepstatina A, adquiridos na Sigma Chemical Co. St. Louis, MO, USA). Após a

centrifugação (3000 rpm a 4°C por 20 minutos), o plasma foi separado e

armazenado em freezer -20°C até a realização da dosagem de ANP. Foi realizada a

extração do RNA e PCR para determinar a expressão gênica de ANP nos átrios e

seus receptores em tecido adiposo e rim.

04.4 Ovariectomia

Após anestesia com cloridrato de cetamina (Fort Dodge, SP), dose de 50 mg/Kg

(intramuscular) de massa corporal e cloridrato de xilasina (Agener União, SP), dose

de 5mg/Kg (intramuscular) de massa corporal, foram feitas incisões em ambos os

flancos, os ovários foram removidos e em seguida, a pele foi suturada, de acordo

com técnica corrente em endocrinologia. Os animais receberam uma injeção

profilática de antibiótico (pentabiótico, Wyeth Fontoura) na dose de 0,4 ml/animal

(intramuscular).

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04.5 Dosagem de ANP

As dosagens de ANP foram feitas por radioimunoensaio (RIE) de duplo anticorpo

como descrito por Gutkowska et al. (1987). O plasma foi submetido à extração

usando-se colunas Sep-Pak C18 (Waters Associates, Milford, MA). As colunas de

Sep-Pak foram ativadas com 8ml de acetonitrila e lavadas com 8ml de acetato de

amônio a 0,2%, pH 4. A seguir, o plasma foi aplicado à coluna. Após lavagem com

5ml de acetato de amônio, o ANP adsorvido foi eluído com 3 ml de acetonitrila 60%

em acetato de amônio 0,2%. Após a evaporação em Speed-Vac, as amostras foram

reconstituídas com tampão (fosfato de sódio 0,1 M, NaCl 0,14M, albumina bovina

0,1 %, azida sódica 0,01 %, triton X-100 0,1%- pH 7.4) e dosadas por RIE.

04.5.1 Iodação de ANP

A iodação de ANP de rato (Ser99-Tyr126) (Peninsula Laboratories Inc, Belmont,

CA,USA) foi feita pelo método de Lactoperoxidase com 125I-sódico como descrito

por Gutkowska et al (1987). A purificação da fração monoiodinada foi realizada por

cromatografia líquida de alta pressão (HPLC).

04.5.2 Radioimunoensaio para ANP

O ANP extraído do plasma por Sep-Pak foi reconstituído em 0,5 ml de tampão

(fosfato de sódio 0,1 M, NaCl 0,14M, albumina bovina 0,1 %, azida sódica 0,01%,

triton X-100 0,1% - pH 7.4). As amostras de 100µl, em duplicata, foram incubadas

“overnight” com 100µl de anticorpo anti-ANP a 4°C. Adicionou-se 100µl (8000cpm)

de 125I-ANP e em seguida, incubou-se por mais 24 horas. A separação do

imunocomplexo foi feita por precipitação com segundo anticorpo (soro de cabra

antigama-globulina de coelho). Após duas horas à temperatura ambiente adicionou-

se 0,5ml de polietilenoglicol 6,25% em água. Os tubos foram centrifugados por 20

minutos a 3000 g, 4°C, e a radioatividade do imunocomplexo foi determinada por

contador gama (LKB Wallac 1214 RCKBeta®).

04.6 PCR

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50

04.6.1 Extração de RNAm

O RNA dos átrios direito e esquerdo, dos rins e do tecido adiposo dos depósitos

mesentérico e parametrial dos animais foi isolado de acordo com o método de

thiocionato-fenol-clorofórmio (CHOMCZYNSKI, SACCHI, 1987). Após decapitação

dos animais, os tecidos foram rapidamente removidos e congelados em nitrogênio

liquido. Os tecidos foram armazenados a -20oC. No dia da extração, os tecidos

foram colocados em tubos plásticos estéreis contendo solução de fenol e

isotiocianato de guanidina (Brazolâ), 1mL/100mg de tecido. As amostras foram

trituradas por um homogeneizador elétrico. A adição de clorofórmio (0,2 mL/100mg

de tecido) seguida de centrifugação (10000g, 4 oC, 15 minutos) separou a solução

em três fases, uma fase orgânica no fundo do tubo plástico, uma fase constituída

principalmente por DNA que se localizava na parte média e uma fase aquosa

contendo RNA total, que se situava no sobrenadante, conforme figura 1 abaixo.

Figura 1. Separação das fases da amostra após a adição de clorofórmio

A fase aquosa foi transferida cuidadosamente para novos tubos plásticos estéreis e

identificados. Álcool isopropílico (0,5ml) foi adicionado ao RNA total para promover a

sua precipitação e após 10 minutos de repouso, seguiu-se uma nova centrifugação

(12000 g, 4oC, 20 minutos). O precipitado de RNA foi, então, lavado com 1ml de

etanol a 75% e após, uso lento de vórtex, seguiu-se por centrifugação curta (9500g,

4oC, 5 minutos).

O precipitado de RNA foi ressuspendido em 50µl de água tratada com

dietilpirocarbonato (DEPC) e homogeneizado em vórtex levemente. Em seguida,

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51

colocou-se em banho maria por 10 minutos a 50 graus para desnaturação da cadeia

e armazenou-se em -20 graus para uso na próxima etapa.

04.6.2 Dosagem de RNA

Foi realizada a leitura do RNA com 100% de tramitância em espectrofotômetro SP-

2000UV-VIS® (Spectrum, Shanghai) com comprimento de onda específico: 260nm

(RNA) e 280nm (Proteína). Para tanto, usou-se a amostra diluída numa proporção

de 1:200 em água DEPC em novos eppendorfs. Então, utilizou-se 10µL de RNA e

1,990ml de tampão Tris-HCl 10 mM, pH 8,0, EDTA 1 mM (TE) (diluição de 1:200) e

no branco usou-se 2 ml de tampão TE. Antes da leitura, fez-se rapidamente vórtex

para facilitar a homogeneização. A leitura da proteína serve para se estimar a

quantidade de contaminantes na solução e, portanto, determinar a eficácia da

extração. Uma solução ideal deve apresentar uma relação A260/A280 entre 1,5 e

2,5.

Após a leitura em 260 e 280nm, calculou-se a concentração de RNA (µg/µL)

mediante a fórmula (A260*40*200)/1000.

04.6.3 Síntese do DNA complementar (cDNA) - Transcrição reversa

Após o RNA dos átrios, rins e do tecido adiposo serem extraídos utilizando-se Brazol

como descrito anteriormente, a obtenção do cDNA foi feita através de uma

transcrição reversa (RT) a partir do RNAm, utilizando-se oligonucleotídeos

complementares a cauda poli-A do RNAm.

Em eppendorfs foram pipetados um volume de RNA correspondente à 1µg mais

volume de água suficiente para completar 4µL e 1,0 µL de oligo DT (controle +, no

negativo, a amostra não foi colocada). Dessa forma, foi obtido um volume final de 5

µL. Em seguida, aqueceu-se a 70°C por 5 minutos no termociclador e depois,

colocou-se, imediatamente, em gelo por 5 minutos para interromper a reação.

Para a transcrição reversa foi adicionado ao volume de 5ml da reação anterior, 4ml de

tampão específico (10x) ImProm®, 1mL de desorribonucleotídeo trifosfatado (DNTP)

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52

(10mM), 1,6mL de MgCl2, 6,4µL de nuclease free water, 1µL de inibidor e 1mL de

enzima transcriptase reversa Moloney Murine Leukemia Vírus (MMLV). A solução

final de 20µL foi então mantida a 40°C por 60 minutos para a síntese de c-DNA. Em

seguida, colocou-se no termociclador a 25 graus por 5 minutos, 42 graus por 1 hora

para finalizar a reação.

04.6.4 Reação em cadeia da polimerase (PCR)

Após a síntese do cDNA foi realizada a reação PCR para amplificação do cDNA

para ANP, NPR-A e NPR-C com pares de “primers” baseados em sequências

previamente publicadas. Para amplificar o ANP (425 bp, sequência 90-515) os

seguintes “primers” foram utilizados: 5´-GCCGGTAGAAGATGAGGTCA e 5´-

GGGCTCCAATCCTGTCAATC (SUZUKI et al., 1998); para amplificar o NPR-A

(554bp, sequência 966-1598) 5´-GCAAAGGCAAGGTTGGGACCTATTGGC e 5´-

TGTCCTCTTCGTTCCATTGGCCGTCGA (NUGLOZEH et al., 1997) e para

amplificar o NPR-C (492bp, sequência 279-771), os “primers” foram: 5´-

GCGAAGCCTGAGTTTGAGAA-3’ e 5’-ATACCGATCCCCATTAGCAT-3’ (SUZUKI et

al., 1998). As condições dos PCR foram padronizadas e definidas após realização

de testes.

O PCR foi realizado em triplicata, utilizando-se 0,2µL de primer senso, 0,2µL de

primer anti-senso, 1µL cDNA, 25µL de mistura pré-formada para PCR, 23,6 µL de

água DEPEC. Dessa forma, obtinha-se um volume total de 50µL. As condições do

PCR foram 95°C por 10 minutos, seguidos de 35 ciclos de 94°C por 30 segundos,

60°C por 30 segundos, 72°C por 30 segundos e uma terceira etapa a 72°C por 10

minutos para amplificar o ANP. As condições para a B-actina foram 95°C por 1

minuto, seguidos por 25 ciclos de 95°C por 30 segundos, 59°C por 30 segundos e

72°C por 30 segundos. A amplificação de NPR-A consistiu de 94°C por 1 minuto,

seguidos por 30 ciclos de 94°C por 30 segundos, 59°C por 30 segundos e 72 graus

por 30 segundos e a amplificação do NPR-C foi realizado a 94°C por 2 minutos,

seguido por 40 ciclos a 94°C por 15 segundos, 58°C por 30 segundos, 72°C por 30

segundos e uma terceira etapa a 72°C por 5 minutos.

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53

Os produtos da reação foram analisados por eletroforese em gel de agarose a 1%.

O gel foi revelado com brometo de etídio (1µg/ml), visualizado em luz ultravioleta e

digitalizado. As bandas foram quantificadas através do programa ImageQuant 5®. ß-

Actina foi amplificada como um controle interno de cada PCR usando-se primers

específicos anteriormente descritos (BELO et al., 2008). Os resultados são

referentes a três PCR para cada amostra.

04.7 Mensuração do diâmetro dos cardiomiócitos e fibrose

Os ventrículos foram colocados em formaldeído e embebidos em parafina. Secções

transversas (4µm de espessura) dos ventrículos foram corados com hematoxilina e

eosina ou tricromo de Masson. A imagem foi capturada usando o Software Adobe

Photoshop 4.0® seguida por análises por meio do Software Pro Plus 4.1® (Media

Cybernetics, Silver Spring). Aproximadamente 50 cardiomiócitos foram selecionados

das 5 a 7 imagens capturadas em diferentes lugares do ventrículo, e um valor médio

do diâmetro da secção transversa do coração foi calculado para cada animal. Além

disso, em cada animal, um valor médio da fibrose do coração foi calculado.

04.8 Análise dos dados

O delineamento utilizado nos experimentos foi o inteiramente casualizado. Os

animais de mesmo peso e idade foram distribuídos de maneira aleatória. Foram

mantidos em ambiente com condições ambientais controladas e uniformes, e

submetidos aos mesmos procedimentos (cirurgia e dieta). Existiu, portanto, três

fontes de variação: a individual, a devida à castração e a devida à dieta.

Para comparar as médias entre os grupos estudados foi determinada a variação

individual ou variação do erro (s2), através de análise de variância ANOVA one way.

Foi empregado um teste estatístico mais rigoroso para a comparação de média dos

seis grupos estudados. O teste escolhido foi o teste Newman-Keuls, para controlar a

ocorrência de erro tipo I (atribuir uma significância quando ela realmente não existir)

comum para variável pouco instável. Correlações foram calculadas usando o

coeficiente de correlação de Pearson two-tailed. Os resultados foram expressos

como média mais ou menos o erro padrão da média usando o Software GraphPad

Prism® e como critério para significância, foi considerado p menor que 0,05.

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54

RESULTADOS

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55

05. RESULTADOS

05.1 Massa corporal e dos órgãos e ingestão calórica

A massa corporal dos grupos de ratas alimentadas com a dieta controle, hiperlipídica

e hipersacarídica não ovariectomizadas ou ovariectomizadas foram mensurados

semanalmente. As médias da massa corporal inicial dos seis grupos não diferiram

significantemente. Em termos de ganho de massa corporal, os resultados mostraram

uma diferença entre a massa final das ratas sob dieta hiperlipídica comparada com

as ratas DCS (Tabela 4). Houve um aumento da massa corporal das ratas DLO em

relação às DLS, porém não houve alteração na massa corporal das ratas sob dieta

hipersacarídica após 24 semanas de dieta (Tabela 4). A ovariectomia ou a dieta

hiperlipídica induziram um aumento de três vezes no ganho de massa corporal

comparado às ratas controle. A combinação de ambas, ovariectomia e dieta

hiperlipídica, induziram aumento do ganho de massa corporal quase seis vezes

maior que o das ratas controle (Tabela 4).

A partir da oitava semana de dieta, as ratas do grupo DLO tiveram maior massa

corporal do que as ratas controle, permanecendo maior até o final do experimento

(Figura 2). Na vigésima semana de dieta, a massa corporal das ratas do grupo DLS

foi maior do que o das ratas DCS (Figura 2). Na figura 2, observa-se que os animais

alimentados com dieta hipersacarídica não apresentaram aumento de massa

corporal quando comparados ao grupo controle durante todo o período experimental.

A soma da massa das gorduras foi maior nos grupos DLO, DLS e DCO, quando

comparados com o grupo controle depois de 24 semanas de dieta (Tabela 4). Não

existiu diferença no consumo de ração entre os grupos de dieta controle e

hiperlípídica (Figura 3A), mas devido à maior quantidade energética da dieta

hiperlipídica, a ingestão calórica foi maior nos grupos de dieta hiperlipídica do que

nos grupos de dieta controle (Figura 3B). O grupo sob dieta hipersacarídica

apresentou menor consumo alimentar na 24ª semana de dieta (Figura 3A), fato que

refletiu em uma menor ingestão calórica quando comparado com os demais grupos

(Figura 3B).

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56

As massas de gordura visceral parametrial se elevaram em todos os grupos

experimentais (DLO, DLS, DSO, DSS, DCO) em comparação com as ratas controle

(DCS) (Figura 4C), assim como houve aumento nas massas de gordura visceral

mesentérica nos grupos DLS, DLO e DSO (Figura 4B). Entretanto, a gordura visceral

retroperitoneal (Figura 4A) não foi responsiva à alteração da dieta ou mesmo à

ovariectomia (Figura 4C). É interessante notar que as ratas ovariectomizadas sob

dieta hipersacarídica tiveram maior massa de gordura visceral parametrial do que as

ratas DCO, DLS, DLO e DSS (Figura 4C).

Como esperado, a massa uterina diminuiu nos grupos DCO, DLO e DSO devido à

falta de hormônios ovarianos (0,48±0,25, 0,30±0,05 e 0,96±0,06 versus 2,28±0,33

mg/g massa corporal do grupo DCS, p<0,05). Não se observou diferença na massa

dos rins entre os seis grupos experimentais estudados (dados não mostrados).

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Tabela 4 – Comparação do ganho de massa total e de gordura visceral em ratas

Wistar alimentadas com dieta controle, hiperlipídica e hipersacarídica.

Variável DC DL DS

Sham OVX Sham OVX Sham OVX

MCI (g) 220 ±16 239±10 221±3 235±2 212±20 238±10

MCF (g) 270±6 398±25* 420±9* 520±14*† 275±21 317±29

GMT (g) 50±10 159±13* 199±6* 290±11*† 63±3 79±19

SG (g) 14,2±3,7 33,6±3,2* 36,3±6,8* 47,3±3,3*† 16±3 24±10

Dieta controle (DC); Dieta hiperlipídica (DL); Dieta hipersacarídica (DS); Massa corporal inicial (MCI); Massa corporal final (MCF); Ganho de massa total (GMT); Soma das gorduras (SG); Ovariectomizadas (OVX); * p<0.05 vs ratas controle (ratas DCS); † p<0,05 vs ratas DLS.

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58

Figura 2 - Massa corporal de ratas alimentadas com dieta controle sham (DCS) e

ovariectomizadas (DCO), dieta hiperlipídica sham (DLS) e ovariectomizadas (DLO),

dieta hipersacarídica sham (DSS) e ovariectomizadas (DSO) durante 24 semanas de

dieta. *p< 0,05 vs DCS.

4 8 12 16 20 24

100

200

300

400

500

600

DCS

DCODLS

DLO

** *

**

* *

DSSDSO

Semanas de dieta

Ma

ssa

co

rpo

ral

(g)

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0 6 12 18 240

50

100

150

DCODCS

DLSDLODSSDSO

*

B

Semanas de dieta

Ing

est

ão c

aló

rica

(K

cal/d

ia) *

**

*

Figura 3 - A, Consumo alimentar de ratas sham alimentadas com dieta controle

(DCS), dieta hiperlipídica (DLS), dieta hipersacarídica (DSS) e ratas

ovariectomizadas alimentadas com dieta controle (DCO), dieta hiperlipídica (DLO),

dieta hipersacarídica (DSO) durante 24 semanas de dieta. B, Ingestão calórica de

ratas DCS, DLS, DSS, DCO, DLO ou DSO durante 24 semanas de dieta. *p< 0,05 vs

DCS.

0 6 12 18 240

25

50

75

100

125

150

175C

on

su

mo

alim

en

tar(

g)

/s

em

an

a)

*

A

Semanas de dieta

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Figura 4 - A, Representação gráfica dos depósitos de gordura visceral

retroperitoneal nas ratas sham alimentadas com dieta controle (DCS) ou dieta

hiperlipídica (DLS) ou dieta hipersacarídica (DSS) e ratas ovariectomizadas

alimentadas com dieta controle (DCO) ou dieta hiperlipídica (DLO) ou dieta

hipersacarídica (DSO) após 24 semanas de dieta. B, Representação gráfica dos

depósitos de gordura visceral mesentérica nas ratas DCS, DLS, DSS, DCO, DLO e

DSO após 24 semanas de dieta. C, Representação gráfica dos depósitos de gordura

visceral parametrial nas ratas DCS, DLS, DSS, DCO, DLO e DSO após 24 semanas

de dieta. (*p< 0,05 vs DCS, # p<0,05 vs DCO, DSS, DSO (*p< 0,05 vs DCS, #

p<0,05 vs DCO, DSS, DLS, DLO).

Parametrial

DC

S

DC

O

DL

S

DL

O

DS

S

DS

O

0.00

0.02

0.04

0.06

* * **

*#

Mas

sa(g

)/m

assa

co

rpo

ral (

g)

CMesentérico

DC

S

DC

O

DL

S

DL

O

DS

S

DS

O

0.000

0.005

0.010

0.015

0.020

0.025

** *

Mas

sa(g

)/m

assa

co

rpo

ral (

g)

B

Retroperitoneal

DC

S

DC

O

DL

S

DL

O

DS

S

DS

O

0.000

0.005

0.010

0.015

0.020

0.025

Mas

sa(g

)/m

assa

co

rpo

ral (

g)

A

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05.2 Pressão arterial e frequência cardíaca

A média da pressão arterial média inicial foi de 91±3mmHg em todas as ratas

usadas no experimento. Depois de 24 semanas de dieta, a pressão arterial média

das ratas DLO foi de 112±3 mmHg, significativamente maior do que nos grupos de

ratas DCO (92±3 mmHg), DLS (94±3 mmHg) ou DCS (92±4 mmHg) (Figura 5A). A

pressão arterial sistólica medida depois de 24 semanas foi significativamente

elevada no grupo DLO (130±2 mmHg) comparada com a do grupo DCS (Figura 5B),

sendo que a diferença apareceu no quinto mês de dieta. A frequência cardíaca não

foi significativamente diferente entre os grupos (dados não mostrados). Uma

correlação direta foi observada entre a massa corporal e a pressão arterial sistólica

(p= 0,0028) ou a pressão arterial média (p= 0,0062) nas ratas sob dieta hiperlipídica

ovariectomizados ou não (Figura 5C). Como não houve alterações na pressão

arterial e massa corporal nas ratas sob dieta hipersacarídica, os demais parâmetros,

foram avaliados, apenas nas ratas sob dieta hiperlipídica e controle.

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Figura 5 - A, Pressão arterial média (PAM) de ratas sham-operadas, alimentadas

por 24 semanas com dieta controle (DCS) ou dieta hiperlipídica (DLS) ou dieta

hipersacarídica (DSS), e de ratas ovariectomizadas, alimentadas com dieta controle

(DCO) ou dieta hiperlipídica (DLO) ou dieta hipersacarídica (DSO). B, Pressão

arterial sistólica (PAS) de DCS, DLS, DCO, DLO, DSS e DSO após 24 semanas de

dieta. C, Correlação entre pressão arterial sistólica e média com a massa corporal de

ratas Wistar ovariectomizadas ou sham operadas e alimentadas com dieta

hiperlípidica por 24 semanas (p<0,01 Pearson r=0, 924). * p<0,05 vs DCS.

DCS DLS DCO DLO DSS DSO0

25

50

75

100

125

150*

B

Pre

ssão

art

eria

l sis

tólic

a(m

mH

g)

200 250 300 350 400 450 500 550 60080

90

100

110

120

130

C

PSMPSS

Massa corporal (g)

Pre

ssão

san

gu

ínea

(m

mH

g)

DCS DLS DCO DLO DSS DSO0

50

100

150

*

A

Pre

ssão

art

eria

l méd

ia(m

mH

g)

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05.3 Função renal e o sistema de peptídeos natriuréticos

Dados de nosso grupo de pesquisa mostraram que a excreção absoluta de sódio

diminuiu no grupo DLO comparada com os outros grupos, DCS, DLS e DCO (dados

não mostrados). Resultados similares do nosso grupo de pesquisa foram obtidos

quando a fração de excreção de sódio foi analisada (FENa+) nesses animais. A

FENa+ foi significativamente reduzida no grupo DLO (0,15±0,06%) comparada com

DCS (0,30±0,08%, p<0,05). Uma correlação inversa foi observada entre a pressão

sanguínea sistólica e a FENa+ em ratas ovariectomizadas (r=-0.689, p=0.003).

Para testar a hipótese de que o aumento do tecido adiposo pode levar a um

aumento da expressão de NPR-C, foi comparada a expressão desse gene por PCR.

Os grupos DLO e DCO apresentaram maior RNAm para NPR-C no depósito de

gordura visceral do que as ratas DCS (figura 6). Uma correlação inversa foi

observada entre a expressão do gene para NPR-C em tecido adiposo e a FENa+ em

ratas ovariectomizadas (r= -0,775, p=0,024), assim como uma correlação positiva

entre a expressão do gene NPR-C e o aumento da pressão arterial média (r=0,9540

p=0,002) de ratas ovariectomizadas. O grupo DLO apresentou maior expressão

renal do gene NPR-C do que o grupo controle. Nenhuma mudança foi observada na

expressão renal do gene NPR-C nos grupos DLS, DCO e DCS (figura 6). A

expressão gênica renal de NPR-A aumentou nas ratas DLO, DLS e DCO em

comparação com as ratas DCS (Figura 7).

O nível plasmático de ANP nas ratas DCO e DLO foi menor do que no grupo DCS e

as ratas DLO apresentaram níveis plasmáticos de ANP menores do que nas ratas

DCO (Figura 8). Ao analisar a expressão gênica do ANP em seus principais locais

de síntese, ou seja, os átrios direito e esquerdo, observamos uma menor expressão

do gene para o ANP em ambos os átrios dos animais ovariectomizados (DLO, DCO)

quando comparados ao grupo controle (figura 9).

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Figura 6 - Expressão do gene NPR-C no tecido adiposo e rim. A expressão deste

gene foi examinada nos níveis de RNAm em tecido adiposo visceral mesentérico e o

tecido renal de ratas ovariectomizadas sob dieta hiperlipídica (DLO), dieta controle

(DCO) e sham-operadas sob dieta hiperlipídica (DLS) e controle (DCS). Painel do

topo: Representa a visualização de brometo de etídio dos produtos RT-PCR de um

dos experimentos. Painel de baixo: Intensidade do sinal NPR-C foram normalizados

para β-actina. * p<0.05 comparado às ratas DCS, (n=5).

Tecido adiposo Tecido renal0

5

10

15DCS

DLS

DCO

DLO*

*

*

Raz

ão N

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B-a

ctin

a e

m u

nid

ades

arb

itrá

rias

Tecido adiposo Tecido renal

DCS DLS DCO DLO DCS DLS DCO DLO NPR-C

B-ACTINA

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66

DCS DCO DLS DLO0.000

0.001

0.002

0.003

0.004

* **

Exp

ress

ão g

ênic

a re

nal

de

NP

r-A

(un

idad

es a

rbit

rári

as)

Figura 7 - Expressão do gene NPR-A no rim. A expressão deste gene foi examinada

nos níveis de RNAm em tecido renal de ratas ovariectomizadas sob dieta

hiperlipídica (DLO), dieta controle (DCO) e sham-operadas sob dieta hiperlipídica

(DLS) e controle (DCS). Painel do topo: Representa a visualização de brometo de

etídio dos produtos RT-PCR de um dos experimentos. Painel de baixo: Intensidade

do sinal NPR-C foram normalizados para β-actina. * p<0.05 comparado às ratas

DCS, (n=5).

NPR-A

B-ACTINA

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67

Figura 8 - Concentração plasmática de ANP de ratas ovariectomizadas sob dieta

hiperlipídica (DLO), dieta controle (DCO) e sham-operadas sob dieta hiperlipídica

(DLS) e controle (DCS) após 24 semanas de dieta. * p<0.05 vs ratas DCS; ** p<0.05

vs ratas DCO.

DCS DCO DLS DLO0

50

100

150

*

*

**

AN

P p

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/ml)

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68

Figura 9 - Expressão do gene de ANP nos átrios. A expressão deste gene foi

examinado nos níveis de RNAm em átrio direito e esquerdo de ratas

ovariectomizadas sob dieta hiperlipídica (DLO), dieta controle (DCO) e sham-

operadas sob dieta hiperlipídica (DLS) e controle (DCS). Painel do topo: Representa

a visualização de brometo de etídio dos produtos RT-PCR de um dos experimentos.

Painel de baixo: Intensidade do sinal NPR-C foram normalizados para β-actina. *

p<0.05 comparado às ratas DCS, (n=5).

Átrio direito Átrio esquerdo

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0DCS

DLSDCO

DLO

**

* *

Raz

ão A

NP

/ B

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ina

em u

nid

ades

arb

itrá

rias

Átrio direito Átrio esquerdo

DCS DLS DCO DLO DCS DLS DCO DLO

ANP

B- ACTINA

Átrio direito Átrio esquerdo

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69

5.4 Morfologia cardíaca e do cardiomiócito

A massa cardíaca relativa das ratas sob dieta hiperlipídica e ovariectomizadas

aumentou em comparação com o grupo sob dieta controle e sham operadas (DCS)

(Figura 10). Análises morfológicas e histológicas do coração revelaram uma

hipertrofia ventricular concêntrica junto com o aumento do diâmetro do cardiomiócito

nas ratas ovariectomizadas sob dieta hiperlipícia (DLO) comparado aos outros

grupos (Figura 11B e 11C).

Na figura 11A, a representação das seções transversa mediana mostra que o

espessamento cardíaco nas ratas ovariectomizadas sob dieta hiperlipídica foi

associado com a redução do lúmen cardíaco e aumento do espessamento da

parede, indicativo de hipertrofia concêntrica. Além disso, a expressão ventricular de

RNAm para ANP diminuiu nas ratas ovariectomizadas sob dieta hiperlipídica (Figura

12).

Uma correlação inversa foi observada entre a expressão gênica ventricular de ANP

e a massa cardíaca nas ratas ovariectomizadas (r= -0,832, p=0,0042). O grau de

fibrose intersticial e perivascular, avaliado pela marcação do Tricrome de Masson

não foi diferente em ratas obesas e controles (Dados não mostrados).

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Figura 10 – Massa cardíaca relativa de ratas ovariectomizadas sob dieta

hiperlipídica (DLO), dieta controle (DCO) e sham-operadas sob dieta hiperlipídica

(DLS) e controle (DCS) em pg/ml após 24 semanas de dieta. * p<0,05 vs ratas

controle (ratas DCS) , (n=5).

DCS DCO DLS DLO0.000

0.001

0.002

0.003 *

Mas

sa c

ard

íaca

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)/m

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Figura 11 - Avaliação morfológica da hipertrofia cardíaca em ratas alimentadas com

dieta hiperlipídica. A, Representação de toda área de secção transversa mediana do

coração corada por hematoxilina e eosina em ratas ovariectomizadas sob dieta

hiperlipídica (DLO), dieta controle (DCO) e sham-operadas sob dieta hiperlipídica

(DLS) e controle (DCS). B, Diâmetro dos cardiomiócitos estimado por morfometria

quantitativa das secções ventriculares coradas com hematoxilina e eosina de DCS,

DLS, DCO e DLO. Linhas azuis indicam os diâmetros dos cardiomiócitos na região

dos núcleos das células que foi significativamente aumentado nos corações das

ratas DLO. C, Diâmetros dos cardiomiócitos dos grupos de ratas DCS, DLS, DCO e

DLO (n = 5 corações/grupo, *p < 0.05 vs. DCS).

C

A B

DCS DCO DLS DLO0

5

10

15

20

25*

Diâ

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o c

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um

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Figura 12 - Expressão do gene para ANP no ventrículo das ratas sob dieta

hiperlipídica (DLO), dieta controle (DCO) e sham-operadas sob dieta hiperlipídica

(DLS) e controle (DCS). Painel do topo: Representa a visualização de brometo de

etídio dos produtos RT-PCR de um dos experimentos. Painel de baixo: Intensidade

do sinal ANP foram normalizados para β-actina. * p<0.05 comparado às ratas DCS,

(n=5).

B-ACTINA

ANP

DCS DCO DLS DLO0.0

0.2

0.4

0.6

**

Raz

ão A

NP/

B-a

ctin

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DISCUSSÃO

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74

06. DISCUSSÃO

Ratas Wistar fêmeas, ovariectomizadas sob dieta hiperlipídica (DLO), foram usadas

como um modelo para se estudar possíveis mecanismos envolvidos na hipertensão

associada à obesidade observada frequentemente na menopausa. Nessas ratas,

foram examinados os efeitos da ovariectomia e/ou dieta hiperlipídica sobre o ganho

de massa de gordura e corporal, pressão sanguínea, função renal, massa cardíaca e

sistema de peptídeos natriuréticos. Encontrou-se que: (1) ou a dieta hiperlipídica ou

a ovariectomia induziram um aumento similar na massa de gordura visceral e

corporal, (2) a ovariectomia, mas não a dieta hiperlipídica diminuiu a síntese de ANP

e (3) a dieta hiperlipídica somada a ovariectomia induziu a hipertrofia cardíaca,

aumento da pressão sanguínea média, o maior aumento da massa de gordura

visceral, da expressão gênica de NPR-C e NPR-A e diminuição da excreção de

sódio (dados anteriores do nosso grupo de pesquisa), níveis plasmáticos de ANP e a

expressão gênica de ANP.

Os resultados deste estudo mostraram que a dieta hiperlipídica ou a ovariectomia

sozinhas não foram capazes de induzir as alterações que ocorrem na obesidade e

hipertensão. Por outro lado, estas duas condições juntas são capazes de promover

algumas mudanças cardiovasculares e renais similares às observadas em mulheres

obesas e hipertensas e mostram uma possível ligação entre a função cardíaca

endócrina e a massa de gordura como mecanismo para o desenvolvimento de

hipertensão e hipertrofia cardíaca em fêmeas.

A elucidação dos mecanismos responsáveis pela hipertensão pós-menopausal e a

obesidade tem sido dificultada devido à falta de um modelo animal. Ratas

espontaneamente hipertensas (SHR) velhas ou SHR ovariectomizadas ganham

pouco peso com a idade ou perda ovariana (RECKELHOFF, FORTEPIANI, 2004).

Camundongos nocautes para o receptor do hormônio folículo estimulante (FSH)

(FORKO) ganham massa corporal e possuem diminuição dos níveis plasmáticos de

estradiol, mas estes animais não exibem aumento do estresse oxidativo, disfunção

endotelial e hipertrofia cardíaca (JAVESHGHANI et al., 2003), fatores que são

comuns em mulheres na pós-menopausa.

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Alguns estudos têm revelado que dietas hiperlipídicas promovem obesidade e

hipertensão em animais machos (CARROLL et al., 1996; BOUSTANY et al., 2004).

Contudo, muitos estudos usando animais fêmeas falharam em mostrar hipertensão e

obesidade induzida pela dieta hiperlipídica (AUBIN et al., 2008; UEMURA, MORI,

2006; TAMAYA-MORI, UEMURA, IGUCHI, 2002), provavelmente devido aos efeitos

de proteção do estrógeno no sistema cardiovascular (MENDELSOHN, KARAS,

1999).

Dietas com carboidratos também são associadas com o surgimento de eventos

coronarianos (JAKOBSEN et al., 2009) e distúrbios metabólicos, especialmente, nas

dietas com elevados teores de sacarose ou frutose (KEENAN et al., 1999). No

presente estudo, entretanto, a dieta hipersacarídica não proporcionou alterações na

pressão arterial sistólica e média nem na massa corporal, semelhantemente, ao

resultado encontrado por Sanchez-Lozada et al. (2007). Além disso, a dieta com alto

teor de carboidrato refinado não promoveu alterações na fração de excreção de

sódio e na massa total de gordura, mas, essa dieta proporcionou o aumento das

gorduras parametrial (grupo DSS e DSO) e mesentérica (DSO). A manutenção da

massa corporal e da soma das gorduras pode estar relacionada com a diminuição

do consumo alimentar nas ratas sob dieta hipersacarídica a partir do quinto mês de

experimento quando comparadas com o grupo controle (DCS), o que refletiu na

diminuição da ingestão calórica.

Em humanos, a dieta rica em carboidratos refinados favorece a produção de

catabólitos (ácido lático e ácido úrico) pela inibição da via glicolítica que promove

efeitos hipertensivos devido à alteração no sistema de óxido nítrico (MAZZALI et al.,

2001; NAKAGAWA et al., 2006) ou mesmo promovem síndrome metabólica

(NAKAGAWA et al., 2006). Nas ratas submetidas à dieta hipersacarídica deste

estudo, o não desenvolvimento de obesidade e a manutenção dos valores de

pressão arterial podem também estar relacionados à resistência dos roedores à

frutose pela presença da enzima uricase que não permite o aumento suficiente do

ácido úrico (STAVRIC et al., 1976). Sabe-se que o ácido úrico constitui um fator de

risco para o desenvolvimento de síndrome metabólica (JONHSON et al., 2007).

Todavia, o aumento da massa de gordura visceral parametrial nas ratas sob dieta

hipersacarídica, independente da presença ou não de estrógenos, corrobora com

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Queiroz et al. (2009) ao demonstrar que a presença de sacarose pode estar

relacionada com a massa adiposa visceral, mas pouco com a massa corporal total.

Stanhope et al. (2009) observaram que humanos alimentados com carboidrato

refinado (25% do requerimento energético) ganharam em média 1,4Kg durante um

período de oito semanas, o qual foi associado com aumento da área de gordura

intra-abdominal e não de gordura subcutânea. Isto sugere que o consumo de

carboidrato refinado pode promover deposição lipídica no tecido adiposo visceral,

mas não no subcutâneo, de forma a não alterar significativamente, a massa de

gordura total, tal como foi observado em nosso estudo. Entretanto, os mecanismos

relacionados com a preferência de local de deposição adiposa são desconhecidos,

mas devem envolver os efeitos dos diferentes carboidratos (glicose e frutose) sobre

a exposição pós-prandial aos triglicerídeos e lipoproteínas (STANHOPE, HAVEL,

2009).

Está evidente em experimentos animais que a porcentagem de energia derivada de

gordura na dieta é positivamente correlacionada com o conteúdo de gordura

corporal. Interessantemente, as ratas ovariectomizadas sob dieta hiperlipídica (DLO)

mostraram maiores valores de soma das massas de gorduras e massa corporal

quando comparadas com os animais sham operados sob dieta hiperlipídica (DLS),

apesar do consumo similar de alimento entre estes dois grupos. Devido à maior

quantidade energética da dieta hiperlipídica, a ingestão calórica nos grupos com

essa alimentação foi maior do que nos demais grupos.

O aumento de gordura visceral nas ratas sob dieta hiperlipídica ocorreu,

especificamente, nas gorduras parametrial e mesentérica quando comparadas com

o grupo controle (DCS), independentemente da realização da ovariectomia, ao

contrário da dieta hipersacarídica em que não houve aumento da gordura visceral

mesentérica no grupo DSS. Isso demonstra um maior potencial da dieta hiperlipídica

sobre a deposição adiposa do que a dieta hipersacarídica ou controle e

principalmente, sobre a gordura visceral, considerada um fator de risco para o

desenvolvimento das doenças cardiovasculares. Diferentemente do grupo de ratas

sob dieta hipersacarídica, os animais alimentados com a dieta hiperlipídica (DLS e

DLO) apresentaram aumento simultâneo da quantidade de gordura total e das

gorduras parametrial e mesentérica, o que corrobora com Bergman et al. (2006) ao

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afirmar que uma dieta hiperlipídica proporciona o aumento tanto da gordura

subcutânea quanto visceral.

A presença do sebo bovino (24%) na composição da dieta hiperlipídica utilizada em

nosso estudo (Tabela 1) favorece um maior aporte de gorduras saturadas, a qual

está relacionada com o desenvolvimento de obesidade (Buettner et al., 2007) e

doenças cardiovasculares (JAKOBSEN et al., 2009).

Alguns estudos mostraram que a transição para a menopausa, desconsiderando-se

a dieta, pode causar aumento de peso, mostrando que a falta de estrógeno modifica

a taxa metabólica corporal, o que reduz o gasto energético e causa o acúmulo de

gordura (LOVEJOY et al., 2008).

Apesar das ratas sob dieta hiperlipídica apresentarem ganho de massa adiposa,

somente as ratas ovariectomizadas sob dieta hiperlipídica apresentaram aumento da

pressão sanguínea sistólica e média comparada com os animais sham operados sob

dieta controle. Esta resposta é provavelmente devida à falta de estrógeno ao invés

de somente pelo ganho de massa de gordura. Heine et al. (2000) observaram que

camundongas nocautes para o receptor ERα apresentam hiperplasia e hipertrofia

adipocitária, porém no tecido subcutâneo o estrógeno possui efeitos contrários (anti-

lipolíticos e lipogênicos), o que demonstra o potencial dos estrógenos na regulação

do desenvolvimento do pré-adipócito, assim como diretamente no adipócito

(COOKE, NAAZ, 2004).

A perda do estrógeno associado com a menopausa pode aumentar a prevalência de

vários fatores de risco para doenças cardiovasculares, incluindo a elevação da

pressão sanguínea. Investigações anteriores têm indicado que mulheres em período

pós-menopausal são duas vezes mais propensas a serem hipertensas do que

mulheres no período pré-menopausal (TREMOLLIERES et al., 1999). Xu et al.

(2008) demonstraram que a pressão sanguínea e massa corporal em ratas

ovariectomizadas foram significativamente maiores do que em ratas sham. Contudo,

seu estudo falhou em mostrar hipertrofia cardíaca e hipertensão, uma vez que a

pressão sanguínea sistólica mensurada nas ratas ovariectomizadas foi dentro dos

limites normais.

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Os efeitos do estrógeno sobre o sistema cardiovascular podem estar relacionados à

sua ação direta sobre os vasos sanguíneos (MURPHY, KHALIL, 2000), ação central

no sistema nervoso autônomo (SALEH, CONNELL, SALEH, 2000), formação de

substâncias vasodilatadoras (TOSTES et al., 2003) e inibição da formação de

substâncias vasoconstrictoras (DANTAS et al., 1999). Xu et al. (2008) mostraram

que a deficiência de estrógenos diminui o nível de ANP plasmático em ratas

ovariectomizadas, e o tratamento com estrógeno pode reverter esse efeito.

Em nosso estudo, os grupos ovariectomizados mostraram menor expressão gênica

de ANP cardíaco, tanto atrial quanto ventricular e, as ratas ovariectomizadas sob

dieta hiperlipídica tiveram níveis plasmáticos de ANP menores do que no grupo

controle, semelhantemente aos dados encontrados por Jankowshk et al. (2001) e

Hong et al. (1992). O estrógeno afeta o sistema de peptídeos natriuréticos cardíaco

por estimular a liberação de ANP (BELO et al., 2004) e aumentar a expressão

gênica e a produção de ANP atrial (BELO et al., 2004; JANKOWSKI et al., 2001). A

ação do estradiol sobre o ANP no coração parece estar relacionada com a maior

responsividade dos ERα nos átrios, principalmente no átrio direito do que nos

ventrículos. A diminuição dos níveis séricos de estradiol favorece a diminuição da

transcrição e tradução protéica de ERα e consequentemente, a produção de ANP

nos átrios (JANKOWSHK et al., 2001) e seus efeitos cardioprotetores (TOHSE et al.,

1995).

O ANP parece ser um mediador dos efeitos cardiovasculares do estradiol. Estudos

prévios mostraram uma maior correlação entre níveis de ANP plasmático e

diminuição na pressão sanguínea em SHR tratadas com estradiol (BELO et al.,

2004). O efeito do ANP sobre a regulação da pressão sanguínea é bem conhecido.

ANP defende organismo contra o excesso de sal e retenção de água, inibe a

produção e a ação de peptídeos vasoconstrictores e inibe o fluxo simpático

(LEWICKI, PROTTER, 1995). Estas ações levam a uma redução na pressão

sanguínea. Interessantemente, as ratas ovariectomizadas sob dieta hiperlipídica

mostraram menores níveis de ANP plasmático do que as ratas ovariectomizadas sob

dieta controle, o que demonstra um efeito adicional da dieta hiperlipídica nos níveis

de ANP.

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As ratas ovariectomizadas alimentadas com dieta hiperlipídica apresentaram

maiores valores de massa corporal e de gorduras, assim como maior expressão

gênica de NPR-C no rim e no tecido adiposo do que o grupo controle (DCS). Além

disso, estes animais tiveram maior pressão sanguínea sistólica e média comparada

com o grupo controle. Estes resultados mostram que a dieta hipercalórica somada a

ovariectomia podem desencadear a hipertensão e obesidade em ratas fêmeas. Além

disso, o aumento da massa de gordura visceral e da pressão sanguínea foram

altamente correlacionadas com o aumento da expressão gênica de NPR-C.

Recentes achados apontam para a função potencial do tecido adiposo no

desenvolvimento da obesidade relacionada à hipertensão. Em indivíduos com

sobrepeso ou obesidade e ainda hipertensão, os níveis de ANP geralmente são

menores, o que demonstra a possível influência do tecido adiposo sobre o sistema

de peptídeos natriuréticos (RICHARDS, 2007).

Estudos de Sarzani et al. (1995) revelaram uma influência nutricional na expressão

dos receptores de peptídeo natriurético em ratos; o jejum inibiu o NPR-C do tecido

adiposo. Elevada expressão gênica de NPR-C no tecido adiposo de humanos com

obesidade e hipertensão tem sido documentada e alelos variantes deste gene têm

sido associados com menores níveis plasmáticos de ANP (SARZANI et al., 2008;

DESSÌ-FULGHERI et al., 1997). Aumento da expressão de NPR-C no tecido adiposo

pode, portanto, contrabalancear os efeitos vasodilatadores e natriuréticos dos

peptídeos natriuréticos e, consequentemente, promover o desenvolvimento da

hipertensão. Portanto, aumento do NPR-C não somente no tecido adiposo, mas

também nos rins durante o ganho de massa corporal e adiposa pode fornecer uma

explicação razoável para a antinatriurese observada em nosso estudo.

De fato, a obesidade é associada com o aumento da diurese e da reabsorção de

sódio renal (HALL, 2003). O ANP induz natriurese através de um efeito direto sobre

o túbulo proximal renal e inibição da reabsorção de sódio no túbulo distal através de

canais epiteliais de sódio (MORO, BERLAN, 2006) ou mesmo por meio da inibição

do sistema renina, angiotensina e aldosterona (CLERICO et al., 2006). É possível

que a retenção de sódio renal evidenciada pela diminuição na excreção de sódio em

ratas ovariectomizadas sob dieta hiperlipídica pode ser causada, em parte, pelo

impedimento da resposta do peptídeo natriurético nestes animais.

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80

Os resultados de nosso estudo são consistentes com a hipótese que o aumento da

massa de tecido adiposo total dos animais obesos por meio do aumento da

expressão de NPR-C pode influenciar a atividade dos peptídeos natriuréticos, uma

vez que uma grande quantidade de NPR-C pode capturar mais moléculas de ANP

circulantes, dificultando que o ANP se ligue aos seus receptores biologicamente

ativos (NPR-A). Neste estudo, observou-se uma correlação inversa entre a

expressão gênica de NPR-C no adipócito e a excreção de sódio. Portanto, a redução

da atividade do sistema de peptídeos natriuréticos pode contribuir em parte para o

aumento da pressão arterial observada neste estudo.

Dada a possibilidade do envolvimento do ANP no remodelamento cardíaco,

objetivou-se neste estudo elucidar esta função usando a avaliação histológica. As

dimensões dos cardiomiócitos indicam que a hipertrofia celular em corações de ratas

ovariectomizadas alimentadas com dieta hiperlipídica é proeminente. A hipertrofia

cardíaca em ratas ovariectomizadas sob dieta hiperlipídica foi acompanhada por

diminuição da expressão gênica ventricular de ANP. A diminuição da expressão

gênica de ANP nos átrios também ocorreu nas ratas do grupo DLS, porém sem

alteração dos níveis plasmáticos de ANP e sem desenvolvimento de hipertrofia

cardíaca nessas ratas, o que sugere uma ação autócrina/parácrina do ANP no

coração (JOHN et al., 1995), assim como a interação entre a razão de NPR-A/NPR-

C e ANP nos efeitos cardioprotetores ou mesmo com outros tipos de peptídeos

natriuréticos como o BNP (D’SOUZA, DAVISB, BAXTERC, 2004).

Vários modelos de alterações genéticas do sistema de peptídeos natriuréticos

fornecem evidência para as ações anti-hipertróficas do ANP (FRANCO et al., 2004;

ZAHABI et al., 2003). A hipertrofia ventricular vista nos camundongos nocautes para

NPR-A parece refletir, em grande parte, a perda de um efeito antihipertrófico direto

do ANP no coração. O controle farmacológico da pressão sanguínea nestes animais

não foi capaz de reverter a hipertrofia ventricular (KNOWLES et al., 2001). Por outro

lado, a alta expressão de NPR-A cardíaco após a introdução de gene para NPR-A

nos corações dos camundongos nocautes para esse gene resultou em reduções no

tamanho do cardiomiócito (KISHIMOTO, ROSSI, GARBERS, 2001).

É possível que a redução da síntese e liberação de ANP nas ratas ovariectomizadas

sob dieta hiperlipídica não seja somente um mecanismo compensatório, mas que

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81

contribua diretamente para o desenvolvimento da hipertrofia cardíaca. Nesse

sentido, propõe-se que, em ratas ovariectomizadas sob dieta hiperlipídica, a

diminuição da expressão de ANP ventricular pode estar envolvida não somente no

desenvolvimento da hipertensão, mas também da hipertrofia cardíaca.

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82

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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83

07. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os achados deste estudo mostram que a dieta hiperlipídica somada a ovariectomia

promoveram a diminuição da síntese e aumento da depuração de ANP, o que pode

gerar obesidade e alteração pressórica em fêmeas. Além disso, este modelo

mostrou que a hipertrofia cardíaca está associada com a redução da expressão

gênica cardíaca e dos níveis plasmáticos de ANP.

Assim, sugere-se que a abundância de NPR-C no tecido adiposo e rins e a redução

da síntese de ANP podem desempenhar um papel significante em explicar, pelo

menos em parte, o desenvolvimento da hipertrofia cardíaca e aumento dos valores

da pressão sanguínea sistólica e média no modelo proposto.

Este trabalho abre caminho para estudos futuros com objetivos de determinar o

impacto do ganho de massa corporal e da perda do estrógeno não somente no

desenvolvimento da obesidade e hipertensão, mas também na hipertrofia cardíaca

em fêmeas. Este modelo pode também ser útil para o estudo de outras patologias e

condições associadas com a hipertensão e obesidade, tais como alterações na

estrutura e função renal, assim como o papel da reposição hormonal nestas

condições.

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ANEXOS

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ANEXO 1

Parecer do Comitê de Ética no uso de animais

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ANEXO 2

Artigo publicado na Revista Regulatory Peptides

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