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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS DIEGO LUIZ SOUZA MARTINS INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE: UMA ANÁLISE PARA BAHIA E PERNAMBUCO NA ÚLTIMA DÉCADA SALVADOR 2011

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE … LUIZ SOUZA... · Prof. Dr. Henrique Tomé da Costa Mata Universidade Federal da Bahia - UFBA _____ Me Anderson Pereira Viana Leite Secretaria

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS

DIEGO LUIZ SOUZA MARTINS

INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE: UMA ANÁLISE

PARA BAHIA E PERNAMBUCO NA ÚLTIMA DÉCADA

SALVADOR

2011

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DIEGO LUIZ SOUZA MARTINS

INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE: UMA ANÁLISE

PARA BAHIA E PERNAMBUCO NA ÚLTIMA DÉCADA

Trabalho de conclusão de curso apresentado no curso de

Ciências Econômicas da Universidade Federal da Bahia

como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel

em Ciências Econômicas

Orientador: Prof. Ihering Guedes Alcoforado.

SALVADOR

2011

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Ficha catalográfica elaborada por Vânia Magalhães CRB5-960

Martins, Diego Luiz Souza

M379 Investimentos em infraestrutura de transporte: uma análise para Bahia e

Pernambuco na última década./ Diego Luiz Souza Martins. _ Salvador, 2011.

57 f. : il.: mapa; quad.; graf.; tab.

Trabalho de conclusão de curso (Graduação) - Universidade Federal da Bahia,

Faculdade de Ciências Econômicas, 2011.

Orientador: Prof. Ihering Guedes Alcoforado.

1. Transporte – Investimentos – Bahia - Pernambuco . I. Alcoforado, Ihering

Guedes. II.Título. III. Universidade Federal da Bahia.

CDD –380.50981

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DIEGO LUIZ SOUZA MARTINS

INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE: UMA ANÁLISE

PARA BAHIA E PERNAMBUCO NA ÚLTIMA DÉCADA

Trabalho de conclusão de curso apresentado no curso de Ciências Econômicas da

Universidade Federal da Bahia como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em

Ciências Econômicas.

Aprovada em 13 de dezembro de 2011.

Banca Examinadora

_______________________________________________

Prof. Me Ihering Guedes Alcoforado

Universidade Federal da Bahia - UFBA

_______________________________________________

Prof. Dr. Henrique Tomé da Costa Mata

Universidade Federal da Bahia - UFBA

_______________________________________________

Me Anderson Pereira Viana Leite

Secretaria Estadual da Casa Civil – BA

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por tudo e coisas sem explicação. Ao professor orientador Ihering Alcoforado, pelas

conversas e sugestões sempre agradáveis. À minha família, pelo amor e apoio de sempre. Aos

amigos, por servir como exemplos e pelos bons momentos compartilhados. À Residência

Universitária, pela vivência e aprendizado inesquecível. Ao Grupo de Estudos de Relações

Intersetoriais, que facilitou o meu crescimento profissional. A Ciência Econômica que

forneceu a oportunidade de conhecer um pouco a sociedade em que vivemos. E, por fim, ao

Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal por poder continuar a sonhar com grandes

realizações.

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Aos meus pais, avós e meus irmãos

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“Não caminhe atrás de mim, que eu posso não liderar. Não caminhe na minha frente, que eu

posso não seguir. Simplesmente, caminhe ao meu lado e seja meu amigo.”

Albert Camus

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RESUMO

Este trabalho objetiva mostrar a importância dos investimentos em infraestrutura de

transportes, sistematizando a contribuição dada pelos pesquisadores a esse setor em relação a

economia e a sociedade. Assim, especificamente, foi estudado o caso dos investimentos em

Infraestrutura de Transporte na Bahia e Pernambuco, observando os resultados alcançados em

termos de crescimento e desenvolvimento econômico. Para isto, fora estabelecido através de

várias referências que o setor de infraestrutura de transporte é gerador de impacto positivo e

significante na renda. Isso é feito através da consulta e demonstração de uma série de dados,

utilizando diversas fontes para mostrar a realidade da matriz de infraestrutura de transporte

brasileira, baiana e pernambucana. Variáveis como custos de logística, extensão dos modais,

investimentos em transporte, número de estabelecimentos e saldo de emprego gerado, entre

outros, são utilizados. Referenciamos as políticas de desenvolvimento adotado pelos estados e

que resultam em distintos resultados, como uma estratégia logística para Pernambuco e uma

estratégia industrial para a Bahia. Por isso, podemos concluir com a necessidade de maiores

investimentos em transportes, tanto nos estados e no país, porque o setor de transportes não é

somente um setor comum na economia.

Palavras-chave: Transportes. Investimentos. Infraestrutura. Brasil. Bahia. Pernambuco.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Participação do Transporte sobre o PIB ............................................................................. 30

Gráfico 2 – Participação do Transporte sobre as Despesas Totais ........................................................ 32

Gráfico 3 – Taxas de Crescimento do PIB em BA e PE ....................................................................... 47

Gráfico 4 – Despesas Orçamentárias com Transporte BA e PE ........................................................... 48

Gráfico 5 – Participação dos Investimentos em Transporte no PIB ...................................................... 48

Gráfico 6 – Saldo de Admitidos e Demitidos em BA e PE ................................................................... 49

Gráfico 7 – Número de Estabelecimentos ............................................................................................. 50

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LISTA DE MAPAS

Mapa 1 – Transportes do Estado da Bahia ............................................................................................ 34

Mapa 2 - Transportes no Estado da Pernambuco .................................................................................. 41

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Características de Bahia e Pernambuco .............................................................................. 47

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Divisão da matriz de transporte entre os principais modais ................................................. 26

Tabela 2 - Custos Comparativos entre modais de transporte ................................................................ 27

Tabela 3 - Custos de Logística em 2004 (Em % do PIB) ...................................................................... 27

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LISTA DE SIGLAS

AHSFRA Administração da Hidrovia do Rio São Francisco

ANTAQ Agência Nacional de Transportes Aquaviários

BAHIAPLAST Programa Estadual de Desenvolvimento da Indústria de Transformação

Plástica

BID Banco Interamericano de Desenvolvimento

BIRD Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CAGED Cadastro Geral de Empregados e Desempregados

CENTRAN Centro de Excelência em Engenharia de Transportes

CONDEPE/FIDEM Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco

CNT Confederação Nacional de Transporte

DERBA Departamento de Estradas e Rodagem da Bahia

DNER Departamento Nacional de Estradas e Rodagem

DNEF Departamento Nacional de Estradas de Ferro

DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

EC European Commission

FINOR / SUDENE Financiamento do Nordeste / Superintendência de Desenvolvimento do

Nordeste

FNE Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

LDO Lei de Diretriz Orçamentária

LOA Lei Orçamentária Anual

PAC Programa de Aceleração do Crescimento

PAC 2 Programa de Aceleração do Crescimento 2

PCR II Programa de Integração dos Corredores Rodoviários do Estado da Bahia

PELTBAHIA Programa Estadual de Logística de Transportes da Bahia

PGVN Plano Geral de Viação Nacional

PNLT Plano Nacional de Logística & Transportes

PNV Plano Nacional de Viação

PPA Plano Plurianual

PPP Parceria Público-Privada

PREMAR Programa de Restauração e Manutenção de Rodovias no Estado da Bahia

PROAUTO Programa Especial de Incentivo ao Setor Automotivo da Bahia

PROBAHIA Programa de Promoção do Desenvolvimento da Bahia

PROCOMEX Programa de Incentivo ao Comércio Exterior

PRODEPE Programa de Desenvolvimento de Pernambuco

PRODEST Programa de Desenvolvimento do Setor Transportes

PRODETUR II Programa de Desenvolvimento Turístico no Nordeste II

RAIS Registro Anual de Informações Sociais

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REUNI Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das

Universidades Federais

RLAM Refinaria Landulfo Alves Mataripe

RMS Região Metropolitana de Salvador

RMR Região Metropolitana de Recife

SEI Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais do Estado da Bahia

SIAFI Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal

SUDENE Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste

TCE/BA Tribunal de Contas do Estado da Bahia

TKU Tonelada por quilômetro útil

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 14

2 PERSPECTIVAS SOBRE INVESTIMENTO EM INFRAESTRUTURA 16

2.1 INVESTIMENTO EM INFRAESTRUTURA E CRESCIMENTO E

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO 17

2.2 IMPACTOS ECONÔMICOS DE INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA DE

TRANSPORTES 21

3 METODOLOGIA 24

4 PANORAMA DO TRANSPORTE NO BRASIL 25

5 ORÇAMENTO, TRANSPORTE E PIB NO BRASIL 30

6 BAHIA E PERNAMBUCO 34

6.1 ECONOMIA BAIANA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES 34

6.2 INFORMAÇÕES SOBRE A ECONOMIA PERNAMBUCANA 41

6.3 COMPARAÇÕES 47

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 51

REFERÊNCIAS 53

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1 INTRODUÇÃO

A crise iniciada em 2007-2008 trouxe importantes conseqüências para a economia mundial. O

predomínio do setor financeiro no direcionamento das políticas econômicas não diminuiu.

Porém, os Estados Nacionais tiveram a necessidade de impactos reais no produto e no

emprego, logo, efetivaram políticas fiscais que o setor financeiro não permite realizar

facilmente. Os estímulos fornecidos pelos países para combater o desemprego foram

realizados porque houve descolamento da economia financeira da economia real, isso

acontece quando os ativos financeiros atingem dado volume de transações que passam a

formar um mercado excessivamente especulativo. Com isso, o principal papel do mercado

financeiro é alocar os recursos para um melhor funcionamento da economia, sendo o mercado

de capitais um elemento do mercado financeiro necessário para dar liquidez aos ativos das

empresas.

Assim, nessa visão de estimular o setor real da economia, entendendo este como o setor

produtivo (os setores industriais, serviços e agrícola), os países passaram a realizar medidas

para recuperarem suas economias a partir destes setores. No Brasil, houve estímulos a linha

branca (eletrodomésticos), automóveis, o setor agrícola e foi reforçado o primeiro Plano de

Aceleração do Crescimento (PAC) com o lançamento do PAC 2. Como um dos aspectos mais

importantes das medidas para a saída da crise e, fundamental segundo a literatura para o

crescimento e desenvolvimento econômico, o investimento público em infraestrutura assume

novamente papel significativo no arcabouço de medidas econômicas do mundo atual.

A partir deste quadro, será feita a conexão entre os fatos relevantes da atualidade que

incentivaram a realização deste trabalho. Nesse contexto, resolve-se focar analisando os

investimentos públicos em infraestrutura de transporte para o período de 2000-2010,

considerando as diferenças entre os Estados da Bahia e Pernambuco. Isto está relacionado

com a observação dos orçamentos federal e estaduais para a área de transporte. Com a

observação desses dados, serão identificadas as políticas formuladas e os resultados. Em um

segundo momento, trataremos a evolução de alguns indicadores para identificar as possíveis

melhorias na economia.

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O objetivo do trabalho não é contribuir para o debate sobre qual metodologia mais adequada

para a aferição da importância do setor de infraestrutura no produto. Mas, a contribuição

almejada seria no sentido de mostrar os resultados de investimentos em transporte alcançados

por Bahia e Pernambuco, em termos de melhorias na infraestrutura, atração de empresas e de

bem estar social. Outro objetivo importante é demonstrar informações para justificar a

corrente que estabelece o setor de infraestrutura como gerador de impacto positivo e

significante na renda. Esse trabalho se justifica pela afinidade com as áreas de transportes e

planejamento governamental, com relação aos orçamentos federais e estaduais. Mais

especificamente ligados ao setor de infraestrutura, por causa da existência de grandes projetos

e programas nesse sentido e interesse em futuros trabalhos nessa área.

Este trabalho sistematiza a compreensão dos pesquisadores em relação ao setor de infra-

estrutura, mais especificamente o setor de transportes e sua influência sobre a economia. Com

este propósito, o trabalho consta desta introdução e mais seis partes. No item 2, trata-se do

referencial teórico sobre a infraestrutura, crescimento e desenvolvimento econômico e

infraestrutura de transportes, tendo como foco a relação entre gastos governamentais e os

resultados alcançados. O item 3 aborda um resumo com algumas características da matriz de

transportes do Brasil. No item 4, tem-se os direcionamentos realizados pelo Governo Federal

através dos orçamentos, especificamente, para o setor de transportes. No item 5, faz-se a

revelação da metodologia e a forma como o trabalho foi desenvolvido. O item 6, são

reveladas características da economia, política e infraestrutura de transportes de Bahia e

Pernambuco, com informações sobre os orçamentos estaduais e os resultados do período

analisado. Por fim, são feitas as conclusões a respeito do trabalho realizado.

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2 CONSIDERAÇÕES SOBRE INVESTIMENTO EM INFRAESTRUTURA

O moderno debate em torno da relevância do setor de infraestrutura no crescimento e

desenvolvimento econômico possui diversas visões. Observamos uma corrente de autores que

demonstrou por meio de dados e testes econométricos que os investimentos pelo setor público

em infraestrutura, principalmente em transportes, têm uma elevada significância no

crescimento da renda gerada por uma economia. A outra corrente de pensadores discute os

métodos de análise utilizados pela primeira corrente, discordando da evidência encontrada

sobre o verdadeiro papel do investimento em infraestrutura (BRONZINI; PISELLI, 2006;

ASCHAUER, 1990; BRÖCKER; RIETVELD, 2009).

Neste trabalho, será considerada a visão de que o investimento público em infraestrutura é

responsável por benefícios em múltiplos aspectos numa economia. Embora, exista a

possibilidade referenciada na literatura de que o investimento público pode causar o efeito

deslocamento (crowding-out) no setor privado, ou seja, o setor público preencher setores

produtivos que poderiam ser ocupados pela iniciativa privada. Por outro lado, através do

investimento público, pode-se estimular o investimento do setor privado e gerar emprego e

renda na economia. Por exemplo, o investimento pode reduzir os custos privados, seja através

de construção de rodovias, aumento da eficiência na comunicação, a implantação de rede de

esgotamento sanitário, abastecimento de água ou a partir de instalações elétricas. Nesse

sentido, a ação pública consegue com maior direcionamento quantificar os impactos diretos

de suas ações, mas existem os resultados indiretos que não podem ser quantificados,

chamados de externalidades econômicas (ASCHAUER, 1990; MUNNELL, 1992).

A relação entre gasto governamental e crescimento econômico é bastante debatida na teoria

econômica. Para iniciar essa discussão podemos considerar, em linhas gerais, o modelo

keynesiano, o modelo neoclássico e a contribuição dos institucionalistas. O modelo

keynesiano postula, em geral, que aumentos nas despesas do governo levam a altas taxas de

crescimento econômico. Essas despesas que devem ser aumentadas estão relacionadas aos

investimentos em infraestrutura, levando em conta seu grande efeito multiplicador e a

capacidade do Estado em promover esses gastos. O modelo neoclássico não recomenda

política fiscal, pois considera que esta não possui resultado sobre o crescimento do produto.

Essa visão é justificada pela noção de que os mercados se auto-regulam e são competitivos,

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ou seja, não existirão falhas de mercado para a intervenção do Estado. Por fim, os

institucionalistas sugerem a relação entre o grau de organização institucional do país, caso

seja desenvolvido ou em desenvolvimento, considerando que os países desenvolvidos,

possuem instituições mais sólidas e, por conseqüência, uma política consistente com

resultados satisfatórios no setor de infraestrutura bem como na economia. Esta relação

estabelece diferenças na importância do setor de infraestrutura nesses países (NURUDEEN,

USMAN, 2010).

As instituições são definidas como construções sociais para intermediar e moldar as

interações humanas. São através das instituições que são estruturadas e definidas as relações

entre os atores sociais. Ou seja, as instituições fornecem as regras do jogo e possibilitam a

garantia de direitos e deveres para uma sociedade menos desigual. Exemplo prático de

instituição são as leis que definem o direito de propriedade. A importância das instituições

pode ser demonstrada através da influência em diversas partes da economia. São as

instituições que promovem ou direcionam a inovação tecnológica, formam diferentes tipos de

regimes tributários, podem fazer arranjos que influem nos direitos de mobilidade e

regulamentam direitos ambientais (RIETVELD, STOUGH 2006).

2.1 INVESTIMENTO EM INFRAESTRUTURA E CRESCIMENTO E

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

O investimento em infraestrutura pode aumentar a produtividade de regiões que passam por

dificuldades econômicas, atraindo investimentos privados e, por conseqüência, dando

vantagem competitiva em relação a outras regiões. Dessa forma, revela impacto positivo na

produtividade de uma região quando a região vizinha realiza investimentos em infraestrutura.

Os investimentos em infraestrutura podem fomentar a instalação de unidades produtoras de

insumos numa região, favorecendo o aumento do emprego e renda (MUNNELL, 1992;

BRÖCKER; RIETVELD, 2009).

Assim feito, situamos a intervenção pública em infraestrutura como esquecida na literatura

durante as décadas de 1970 e 1980. O ressurgimento de trabalhos voltados para analisar os

efeitos dos investimentos públicos em infraestrutura no produto dos países deve-se ao artigo

de Aschauer (1990), na tentativa de explicar o baixo crescimento dos Estados Unidos nas

décadas de 1970-80. Analisando uma série de dados, Aschauer conclui que o baixo volume de

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gastos em infraestrutura da década de 1970-80 em relação aos anos 1950-60 possui papel

importante na explicação da queda de produtividade e no produto da economia norte-

americana. Aberta a discussão, numerosa literatura confirma impacto positivo e significante

dos gastos em infraestrutura na economia. Podemos utilizar as conclusões de alguns autores

para justificar o papel desempenhado pelos gastos públicos em infraestrutura na economia

(BRONZINI; PISELLI, 2006; ASCHAUER, 1990; MUNNELL, 1992).

Para Munnell (1992), através de seus resultados estatísticos, é confirmada a visão de que o

investimento público em infraestrutura favorece o setor privado no sentido de aumentar suas

taxas de retorno de investimentos. Por exemplo, a construção de hidrelétricas pode viabilizar

o investimento privado, em relação a outros lugares que a capacidade do fornecimento de

energia esteja chegando ao limite. Entretanto, neste artigo foi encontrada evidência de que o

investimento público preenche espaço do setor privado, ou seja, a existência do efeito

deslocamento (crowding-out). Outra contribuição foi que o investimento público em

infraestrutura possui efeito significante e positivo no crescimento do emprego.

Também sugerindo impactos positivos e significantes de investimento público em

infraestrutura no produto, seja em transporte ou em infraestrutura energética, o trabalho de

Canning (1999) relaciona um aspecto não realçado nos outros trabalhos. Como resultado de

seu modelo, Canning encontra alta elasticidade renda do setor de telecomunicações nos

Estados Unidos para o período de 1960-1990. Isso significa que a agilidade na transmissão

das informações, provavelmente resultando em uniformidade de processos produtivos,

demonstra a relevância deste setor na infraestrutura produtiva do país. Outro ganho do

investimento em telecomunicação estaria relacionado com a economia de tempo das pessoas,

melhorando sua qualidade de vida.

Outra conclusão abordada neste trabalho sugere impactos de longo prazo no produto (per

capita) motivados por investimentos públicos em infraestrutura. É preciso ressaltar que essa

conclusão não é uniforme para todos os países analisados, porque é necessário dimensionar as

condições do setor de infraestrutura dos países, observando casos de excesso de investimento.

Assim, por não haver uniformidade de conclusão, podemos levar em conta o efeito provocado

pelas distintas estruturas de transporte dos países, alguns enfatizando o transporte ferroviário,

outros planejam seu sistema logístico a partir de rodovias (como o Brasil), entre outros

(BRÖCKER; RIETVELD, 2009; CANNING; PEDRONI, 2004).

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É preciso alertar que não se pode somente visualizar o investimento público em infraestrutura

como impactando fortemente a produção do setor privado. Porque o investimento público

possui outras intenções, como gerar o bem-estar da população, através da melhoria do

ambiente e outros objetivos que não são facilmente captados pelos dados econômicos. Isso

leva em consideração a função do Estado não só na economia, como em termos sociais, pois o

Estado é necessário para melhor alocar os recursos na sociedade (BRÖCKER; RIETVELD,

2009).

No trabalho de Jayme Jr, Silva, Martins (2009), a relação entre o gasto público em

infraestrutura e o crescimento econômico é central na discussão de crescimento e

desenvolvimento. Os resultados encontrados sugerem imprescindível função do investimento

em infraestrutura no crescimento da produtividade na economia brasileira. Como exemplo, é

possível citar o setor da construção civil, considerado termômetro do crescimento da

economia, reflexo de sua capacidade em movimentar outros setores econômicos. É

confirmado o poder de atração da infraestrutura na localização da indústria brasileira, mesmo

considerando o potencial do mercado, a disposição de capital humano e subsídios

governamentais.

O estabelecimento de política pública para melhorar o investimento em infraestrutura sugere

também a utilização eficaz dos recursos públicos. Isto é necessário porque não adianta realizar

investimentos sem planejamento, pois se pode chegar a situação de países em que

predominam apenas um modal de transporte. Assim, os fatores institucionais desempenham

interessante papel em discutir e estabelecer direções de políticas que contemplem diversos

interesses (CALDERON; SERVEN, 2004).

Calderon e Serven (2004) mostram resultados significantes e positivos de expansões nos

gastos públicos em infraestrutura nos países da América Latina e Leste Asiático, pois a queda

na renda nos anos 1980 e 1990 são explicadas pelo enfraquecimento do investimento em

infraestrutura. Citando vários autores que justificam a idéia acima, chegando até a utilizar a

densidade de telefones numa região como índice de explicação da contribuição da

infraestrutura no crescimento e desenvolvimento dos países.

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Analisando de forma distinta, agora é privilegiada a relação entre investimento em

infraestrutura e seus efeitos na desigualdade de renda entre a população. Considera-se que o

investimento em infraestrutura tem impacto positivo sobre a renda e o bem-estar dos pobres

maior do que o impacto médio no produto. A justificativa para essa afirmação é dada no

sentido do investimento em infraestrutura conectar áreas pobres com as mais desenvolvidas,

gerando maiores oportunidades produtivas. A infraestrutura pode proporcionar resultados

positivos na qualidade de vida das pessoas. O direcionamento de investimentos para a redução

da mortalidade infantil representa ganho de bem-estar para a população (CALDERON;

SERVEN, 2004).

Outros impactos no capital humano podem ser listados, como a melhoria de estradas e

segurança resulta em boas condições de atendimento escolar. A eletricidade estimula o estudo

através do uso de computadores. Sem falar em boa qualidade do sistema de abastecimento de

água e da rede de esgoto impactando na redução da mortalidade infantil. É preciso ressaltar

também que investimentos na construção de escolas e hospitais promovem melhoria da

qualidade do capital humano, favorecendo a produtividade da economia como um todo

(CALDERON; SERVEN, 2004).

Para ampliar a justificativa teórica da escolha do sentido do investimento em infraestrutura

para o crescimento e desenvolvimento econômico, foram encontradas evidencias para a Índia

e China de estreita conexão entre investimentos em infraestrutura e crescimento da

produtividade da economia. Schiffbauer (2007) sugere que investimentos em infraestrutura

afetam a inovação e mudança tecnológica. Especificamente, investimentos em

telecomunicações causam aumentos de pesquisa e desenvolvimento em longos períodos. O

aumento da produtividade ocorre através do crescimento dos níveis de pesquisa e

desenvolvimento que, por conseqüência, influencia a elevação da qualidade das instituições.

Verificam-se diversos aspectos comentados na literatura sobre os resultados mais gerais sobre

o crescimento econômico de investimentos em infraestrutura. É difícil separar as

contribuições sobre impactos no crescimento e desenvolvimento do produto, porque em

muitos casos estes se confundem. É preciso ressaltar a relevância desse gasto para a

sociedade, pois em virtude de discussões políticas e de metodologia podem ser omitidos esses

fatos. Diversos impactos ainda podem ser demonstrados, esse campo da literatura é amplo e

possui lacunas, como a especificação de qual tipo de indústria pode ser mais favorecida a

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determinado investimento em infraestrutura ou quais peculiaridades regionais devem ser

exploradas. Deve ser relatada a importância de se relacionar os investimentos com a vocação

econômica e social das regiões afetadas, juntando conhecimento de outras áreas como a

geografia e a sociologia econômica para tentar compreender a complexidade dos possíveis

efeitos dos investimentos.

2.2 IMPACTOS ECONÔMICOS DE INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA DE

TRANSPORTES

No trabalho de (Canning et al, 2004), foram encontradas evidencias empíricas de que o

impacto do investimento público em infraestrutura no produto possui dois lados, ou seja, os

autores concluíram que elevações de gastos em infraestrutura causam aumento na renda e o

crescimento da renda, por sua vez, demanda aumentos nos gastos em infraestrutura.

Considerando que a literatura consolidou o papel do investimento em infraestrutura e seu

efeito multiplicador, a conclusão de que elevações no produto estimulam o investimento em

infraestrutura é lógica, porque a expansão do produto pressiona a capacidade instalada das

firmas ou da infraestrutura, aumentando a demanda por esse investimento. Nesse ponto,

observa-se a importância do planejamento dos investimentos em infraestrutura, na questão

dos policy makers focalizarem suas ações para melhores resultados.

O setor de transportes não pode ser tratado como um simples setor na economia. Três fatores

ajudam a explicar isso: demanda derivada, diferença temporal entre custos e benefícios e a

necessidade de regulação. Possui demanda derivada de outros setores, pois precisa minimizar

os efeitos das distinções entre oferta e demanda em vários mercados, como transporte de

cargas ou no mercado de trabalho, por exemplo. O sistema de transportes possui múltiplos

custos e benefícios, itens importantes para a formulação de políticas. Enquanto os custos são

delimitados no tempo (construção e manutenção), os benefícios são usufruídos em longos

períodos. Por fim, relacionando os custos internos (combustível, tempo) e os externos

(poluição, congestionamento) dos transportes, conclui-se a necessidade de regulação deste

setor para torná-lo eficiente (LAKSHMANAN; NIJKAMP; RIETVELD; VERHOEF, 2001).

Componente importante quando se falam em investimentos em infraestrutura de transportes,

os custos têm relativa influência no planejamento e na realização de projetos. São distinguidos

em duas partes, custos internos decorrentes do uso do próprio meio de transporte (no caso da

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rodovia, o combustível) e os custos externos derivados de efeitos em outros mercados, como

poluição e acidentes. Esses custos baseiam os tipos de intervenções em infraestrutura de

transportes, a primeira perspectiva é a eficiência alocativa, observando apenas os ganhos

relativos aos custos internos, pois possui lógica individual adotando o tipo de transporte ótimo

sem considerar os custos externos. A perspectiva da equidade é mais sustentável, porque

obedece a lógica setorial, observando os efeitos em outros setores (LAKSHMANAN;

NIJKAMP; RIETVELD; VERHOEF, 2001).

A construção de uma estrada ou a manutenção de estrada em boa condição aumenta a rapidez

do transporte, economizando tempo e recursos para as firmas. Economizando tempo, as

empresas realizam sua produção com menor custo, resultando em preços mais competitivos

no mercado nacional e internacional. Ganhos podem ser citados devido à construção de

rodovias, como o acesso a mercados mais distantes, estabelecimento de estações ou terminais

onde podem se encontrar algumas empresas do setor de serviços, por exemplo. Assim, é

preciso observar tanto a construção de uma estrada quanto sua manutenção. Outros benefícios

podem estar relacionados a segurança nacional, objetivo de maior controle por parte de

políticas de defesa do território, facilitando a fiscalização das fronteiras, portos e aeroportos.

(MUNNELL, 1992; BRÖCKER; RIETVELD, 2009; LAKSHMANAN; NIJKAMP;

RIETVELD; VERHOEF, 2001).

Jayme Jr e outros, 2009, sugerem positivos resultados macroeconômicos dos investimentos

em infraestrutura na economia brasileira, principalmente relacionados ao setor de transportes.

Isso reflete a distância como uma barreira para a integração dos mercados, evidenciando o

transporte como elemento fundamental para a alocação dos recursos produtivos e melhoria da

qualidade de vida da população. Da mesma forma, este resultado sugere políticas estratégicas

para o setor de transporte, no sentido de aumentos de investimentos para evitar gargalos

durante a expansão econômica.

Sobre a relação de infraestrutura e desenvolvimento econômico, a construção de estradas pode

reduzir o congestionamento e provocar melhor qualidade do ar (resultando boa qualidade de

vida da população), melhorar segurança com poucos acidentes, bom acesso a atividades

recreativas, oportunidades econômicas e mais lazer devido a sobra de tempo. Levando em

conta critérios de qualidade de vida como o foco principal de política em infraestrutura. A

condição da infraestrutura de um país é índice importante para demonstrar o dinamismo da

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economia, revelando-se elemento base de nível de sociedade e produtividade econômica. A

ausência de boa infraestrutura demonstra considerável barreira ao crescimento e

competitividade. A perda de produtividade também está relacionada com a queda do bem-

estar. Por exemplo, viagens mais longas e estressantes reduzem o lazer das pessoas, que

poderiam estar aproveitando esse tempo de outra maneira (CRAFTS, 2009).

Melhorias no transporte facilitam a vida das pessoas. O ganho relacionado a integração de

mercados antes desconectados, podem gerar efeitos tributários favoráveis aos governos. Com

a integração de mercados, a maior competitividade pode gerar aumento do número de

empregos e maior consumo, assim, favorecendo o aumento das receitas tributárias decorrentes

de novas atividades. Crafts (2009) sugere insistentemente o uso de tarifação rodoviária para

reduzir os problemas relacionados a velocidade do trânsito e seria uma boa maneira de

financiar o investimento público.

A utilização de diversos trabalhos para a justificativa teórica da relevância do investimento

em infraestrutura de transportes fornece embasamento para a discussão. A idéia de realizar

dado investimento pode parecer simples, porém a concretização não é tão fácil devido a

importância dada pelos policy makers para esses fatos, pois a realidade é complexa e existem

diversos interesses em questão. O setor de transportes não pode ser tratado como um setor

comum e não pode ser analisado isoladamente, é preciso ter cuidado com a relação de custos e

benefícios, para melhores resultados das políticas. Não discutimos a questão de quem inicia o

impacto no outro, entre o crescimento econômico ou o investimento em infraestrutura. Enfim,

tem-se que deixar claro a necessidade de realizar investimentos em infraestrutura de

transportes para alcançar adequado nível de desenvolvimento das forças produtivas.

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3 METODOLOGIA

Na pesquisa empreendida, distintas fontes foram utilizadas, tais como livros, artigos de

periódicos, planos e orçamentos de governo, trabalhos acadêmicos e estatísticas oficiais.

Assim, mais especificamente, para a caracterização do trabalho e no direcionamento de

conclusões, foram utilizados dados das seguintes fontes, entre outros:

- Ministério da Fazenda. Tesouro Nacional, SIAFI, referente a dados orçamentos federais;

- Ao artigo de Carlos Lessa, referente aos dados do transporte por modal, custos e logística;

- Confederação Nacional dos Transportes, referente a dados dos diversos modais de transporte

brasileiro até o ano de 2007;

- A AHSFRA e a ANTAQ, pelos dados das hidrovias do Rio São Francisco e das hidrovias ao

nível nacional.

- Ipeadata, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Superintendência de Estudos

Econômicos e Sociais do Estado da Bahia e Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de

Pernambuco – CONDEPE/FIDEM, referente a dados de produto e do Brasil, Regiões,

Estados e população.

- Tribunal de Contas do Estado da Bahia e o Portal da Transparência do governo de

Pernambuco, pelos dados das despesas dos estados no setor de transportes.

- European Commission – EC, referente aos dados sobre a União Européia, Estados Unidos,

China e Japão até 2006.

A partir da coleta de informações e da metodologia de trabalho apresentada acima, revisando

a literatura e selecionando informações, este trabalho foi direcionado para a pesquisa dos

Orçamentos Estaduais e a visualização de resultados das políticas de transportes adotadas

pelos Estados pesquisados.

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4 PANORAMA DO TRANSPORTE NO BRASIL

A matriz de transporte brasileira é resultado de um processo histórico complexo. Resumindo o

processo de dominância do modal rodoviário sobre os demais no Brasil, que a partir de 1920

começou com a campanha em prol do rodoviarismo, através da criação de diversas

associações particulares destinadas ao estudo e divulgação do rodoviarismo. O Plano Geral de

Viação Nacional (PGVN) de 1934, estabelecido no Governo Getúlio Vargas (1930-1937), foi

o primeiro projeto nacional para os transportes aprovado oficialmente. Em aspectos gerais era

multimodal, mas o direcionamento conferido pelo governo à modalidade rodoviária era

explícito. Esse Plano deveria atender os requisitos de ligar as capitais dos Estados e a Capital

Federal, vigiar e estimular a habitação da fronteira, interligar os diferentes modais e seguir

exigências de ordem militar (BRASIL, 2003a).

A elevação contínua da frota nacional de automóveis resultou na criação de um órgão estatal

para cuidar especificamente das rodovias. Em 1937 foi criado o Departamento Nacional de

Estradas e Rodagem (DNER). Este departamento lançou um plano de viação contemplando

acentuadamente a política rodoviária, deixando o modal ferroviário sem grandes projetos. Em

outro plano, o governo criou o Departamento Nacional de Estradas de Ferro (DNEF), que em

linhas gerais, seria responsável por estabelecer metas para o cumprimento do Plano de

Viação, propor normas gerais para as ferrovias, administrar as empresas da União, fiscalizar

as demais empresas, elaborar projetos e legislação para as ferrovias e organizar as estatísticas

das atividades ferroviárias (BRASIL, 2003a).

Na segunda metade da década de 1940, houve intensificação da construção de estradas,

muitas delas com traçados paralelos aos ferroviários. Normalmente a visão seria de estimular

a integração intermodal de transportes (com a discussão das rodovias como principal

alimentadora das ferrovias), porém foi feito o contrário, com a criação de vários incentivos

através de impostos visando a captação de recursos para investimentos em rodovias. Assim,

acelerando a competição entre rodovias, ferrovias e navegação de cabotagem (BRASIL,

2003a).

Em 1956, o processo de revisão do PGVN/1934 durante o Governo Juscelino Kubitscheck,

tendo em vista a urgência do seu Programa de Metas, solicitou e obteve a aprovação por Lei,

de relações descritivas de um Plano Rodoviário Nacional e de um Plano Ferroviário Nacional.

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Em 1957, no Governo JK, a implantação de uma indústria automobilística no Brasil e a

decisão de construir a nova capital no interior do país, impulsionou o desenvolvimento

rodoviário internamente (BRASIL, 2003a).

Em 1964, o governo militar cria um novo Plano Nacional de Viação (PNV), já com as

prioridades de integração do país a partir de Brasília e de garantia do escoamento da

produção. O plano vigente ainda era o aprovado em 1934, com as mudanças introduzidas

pelos planos provisórios de 1956. O PNV de 1964 definia a localização dos elementos de

infraestrutura de qualquer sistema de viação, vias e terminais, que devem permitir a circulação

nacional, capaz de atender às demandas de bem-estar e segurança do país (BRASIL, 2003a).

Em 1973, foi concebido e aprovado o atual PNV. Nele estão conceituados os sistemas

nacionais rodoviários, ferroviários, aquaviários, portuários e aeroviários. O Programa de

Desenvolvimento do Setor Transportes (PRODEST) – vinculado ao Plano de Metas 1986-

1989, inovou em denominar corredores consolidados de forma sistematizada associada a

modernização, redução de custos e elevação do grau de intermodalidade nas operações de

transporte. Assim, foi estabelecido um conjunto de ações visando a integração regional do

país, buscando a multimodalidade através de participação direta dos Estados envolvidos

(BRASIL, 2003a).

Em 2001, foi extinto o DNER e criado o Departamento Nacional de Infraestrutura de

Transportes (DNIT), que tem como domínio a execução da Política de Transportes ditada pelo

Ministério dos Transportes, conforme determinado na Lei nº 10.233/2001: vias navegáveis,

ferrovias e rodovias federais, instalações e vias de transbordo e de interface intermodal e

instalações portuárias fluviais e lacustres (BRASIL, 2003a).

Em 2003, o Ministério dos Transportes inicia o processo de planejamento de transportes,

consolidado em 2006, com a criação das bases para a elaboração do Plano Nacional de

Logística & Transportes (PNLT), com participação do Centro de Excelência em Engenharia

de Transportes (CENTRAN). O PNLT é um indicativo de médio e longo prazo, de acordo

com a realidade sócio-econômica do país. Por ser de longo prazo, torna-se um plano de

Estado, em âmbito nacional e federativo, envolvendo todos os ramos de transporte e alguns

setores importantes da sociedade. Possui como base as visões de territorialidade, de segurança

e ocupação do território nacional e de desenvolvimento sustentável do País, com equidade e

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justiça social. Os principais objetivos do PNLT são: retomada do processo de planejamento

do setor, sistematizar os custos de toda cadeia logística, necessidade de mudança com

equilíbrio na atual matriz de transportes e cuidados com a preservação ambiental (BRASIL,

2003a).

Assim, estabelecida algumas relações que determinaram a estrutura da matriz de transportes,

chegamos a atual configuração dos transportes no Brasil. Lembrando que políticas recentes

como redução do IPI e a difusão do crédito facilitaram o incremento do setor automobilístico

nos últimos anos. Segundo a Confederação Nacional de Transporte (CNT) 2010, em linhas

gerais, a matriz de transporte brasileira é essencialmente rodoviária, tanto em extensão como

em utilização, pois temos 61% do total de tonelada por quilômetro útil (TKU) transportada

por rodovias. Em seguida, utilizamos o modal ferroviário com 21% e o aquaviário com 14%,

dutoviário com 4% do total de TKU. A tabela a seguir mostra as matrizes de transporte de

alguns países, comparação relevante para dimensionar a situação da matriz de transporte

brasileira.

Tabela 1 - Divisão da matriz de transportes entre os principais modais *

País Rodoviário Ferroviário Hidroviário Dutoviário

(%) (%) (%) (%)

Brasil 61 21 14 4

China 11 25 63 2

Estados Unidos 30 43 13 14

Japão 60 4 36 0

União Européia 46 10 40 3

Fonte: CNT, 2010; EC, 2009

* Os dados do Brasil são de 2007 e os outros de 2006

** Exceto o modal aeroviário

Através deste quadro, apenas o Japão apresenta configuração de transporte semelhante ao

Brasil no que se refere ao setor rodoviário, porém essa matriz pode ser justificada pela

pequena dimensão territorial do Japão, visão que se diferencia do Brasil. Este quadro mostra

que a matriz de transporte brasileira é diferente das matrizes de outros países com

semelhantes tamanhos territoriais (Estados Unidos, China e Rússia). É necessário ressaltar

que diferentes países possuem distintas culturas, instituições que resultam em políticas

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desiguais e na existência de elevados custos de transação internacionais. Exemplificando, o

transporte de carga por ferrovia possui maior participação nos Estados Unidos do que na

União Européia, embora a Europa possua maior tráfego de passageiros por ferrovia do que os

Estados Unidos. Isso pode ser explicado pela existência de regulação nacional e não regional

em termos de transportes de carga. A tabela a seguir, mostra os custos dos modais de

transporte (RIETVELD; STOUGH 2006).

Tabela 2 - Custos Comparativos entre modais de transporte

Modal Aéreo Rodoviário Ferroviário Dutoviário

Balsa e

rebocador

Navio

cargueiro

Navio

graneleiro

US$ centavos

/ ton. Km 14 4,0 - 5,0 0,3 - 1,0 0,1 - 0,3 0,12 - 0,18 0,06 - 0,24 0,02 - 0,04

Fonte: LESSA, 2009

Isto indica que a matriz de transporte brasileira é ineficiente, pois o modal rodoviário que

possui o segundo maior custo é responsável pela maior parte do transporte, cerca de cinco

vezes superior ao custo de utilização do modal ferroviário, por exemplo. Segundo Lessa

(2009), esse excesso de dependência do modal rodoviário é perigoso, pois há uma tendência

mundial de elevação de preços do petróleo e derivados. E, por conseqüência, aumento dos

custos relacionados a este modal, resultando em inúmeros impactos nos preços dos mais

variados produtos na economia.

Lessa (2009) afirma que a atual configuração da matriz de transporte brasileira prejudica a

produtividade da economia, revelada pela fraca presença de transposição intermodal que

alimenta a tendência ao modal rodoviário. A ineficiência gerada pela utilização excessiva do

binômio caminhão-derivado de petróleo pode resultar, em longo prazo, em redução do ritmo

de crescimento da economia, com efeitos sobre o emprego para a sociedade.

Tabela 3 - Custo de logística em 2004 (em % do PIB)

Brasil Estados Unidos

Transporte 7,5 5,0

Estoque 3,9 2,1

Armazenagem 0,7 0,7

Administração 0,5 0,3

Total 12,6 8,1

Custo total em 1996 17 10,2

Fonte: LESSA, 2009

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Esses efeitos na economia podem ser mensurados através dos custos de logística. Lessa

(2009, p. 80), conceitua custos de logística: “engloba as operações de planejamento,

transporte, armazenagem, controle de custos, e distribuição de tecnologia de informação

associada ao abastecimento”. Acima, temos a Tabela 3 sobre os fatores que constituem os

custos de logística, no caso uma comparação feita entre o Brasil e os Estados Unidos,

demonstrando que nossos custos de logística estão altos, mas que reduziram

significativamente em relação a 1996.

As considerações de Lessa (2009) servem para alertar os riscos que sofre o Brasil por manter

ou incentivar esse modelo de logística de transporte. É importante pontuar que as informações

coletadas mostram avanços, porém ainda precisamos realizar esforços para melhorar a

qualidade da infraestrutura. É claro que podemos mudar a estrutura da matriz de transportes,

porém, apenas será possível na medida em que realizarmos mudança institucional para

superar essas barreiras, trabalhando de forma a amenizar as diferenças e buscando a

sustentabilidade. Como próximos passos, podem ser visualizadas ações no sentido de

aumentar o tráfego hidroviário e ferroviário, possibilitando substanciais avanços para a

infraestrutura brasileira.

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5 ORÇAMENTO, TRANSPORTE E PIB NO BRASIL

Para tratar dos Investimentos realizados no Setor de Transportes nos Estados Bahia e

Pernambuco propõem-se analisar a alocação destes recursos no máximo nível possível, ou

seja, analisando os gastos do governo federal através do portal Sistema Integrado de

Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI). Esse portal foi formulado diante da

necessidade do governo central obter dados e informações modernas sobre os gastos públicos.

Esses dados representam o que fora planejado no Planos Plurianuais (PPA), na Lei de Diretriz

Orçamentária (LDO) e na Lei Orçamentária Anual (LOA), mas, executados. Os PPAs são

planos formulados para estabelecer diretrizes para as despesas de capital do Estado Brasileiro,

de acordo com a origem dos recursos e os objetivos de forma continuada. A LDO tem como

objetivo direcionar a elaboração dos orçamentos fiscal e da seguridade social e de

investimento das empresas estatais. A LOA visa realizar os objetivos e metas estabelecidas no

PPA, segundo as diretrizes estabelecidas pela LDO. A proposta da LOA compreende os três

tipos distintos de orçamentos da União: Orçamento Fiscal, da Seguridade Social e

Investimento das Empresas Estatais (BRASIL, 2011).

Este trabalho não se propõe a entrar no debate sobre a gestão dos projetos ou dos recursos,

porém, mostrar a alocação dos recursos realizada no setor de transporte e verificar os

impactos na promoção do emprego e renda dos Estados analisados. Diante disso, serão

consideradas as informações dos orçamentos federais e estaduais, desconsiderando as

informações sobre origem dos recursos, porque são difíceis de serem encontradas. Além da

dificuldade em obter dados mais específicos sobre os investimentos. E, porque as informações

sobre os orçamentos realizados são facilmente encontradas devido à obrigação dos estados em

divulgá-las, podendo ser item de comparação. Assim, inicialmente verificaremos o que

aconteceu com os investimentos em infraestrutura no Brasil no período analisado (1996-

2010), tentando entender através da conjuntura econômica.

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Fonte: BRASIL, 2011a; IPEADATA, 2011

O período de 1996-1999 foi marcado no contexto de fim do período inflacionário que

prejudicava o desenvolvimento do país. Assim, como macro-objetivo das políticas do Estado

Brasileiro, buscava-se articular nesse novo processo da economia brasileira, de liberalização

comercial e financeira, com baixa presença do Estado e tentando estimular o setor privado a

intervir na economia. Observando os dados, concluímos que houve um acréscimo de

investimentos no setor de transportes nos primeiros três anos do PPA 1996-1999, porém a

queda de 1999 esclarece e combina de acordo com os macro-objetivos da política estatal.

No período 2000-2003, o projeto do governo era colocar o país na rota da modernidade,

através do desenvolvimento econômico e social, meio ambiente, difusão da informação e do

conhecimento com foco no cidadão. Porém analisando os dados e alguns dos planos previstos

no PPA 2000-2003, evidencia-se uma queda inicial nos investimentos em transportes em

relação ao PIB. O governo ainda confiava na iniciativa privada para ocupar o espaço deixado

pela ausência de investimento público, que em 2000 foi ruim e teve leve recuperação em 2001

e 2002, porém em 2003 houve uma queda muito forte. Esse nível de baixo gasto evidencia a

tendência de apenas atender a manutenção da infraestrutura, sendo estes dispêndios

insuficientes, porque estudos calculam serem necessários aproximadamente mais de 1% do

PIB para a manutenção adequada da infraestrutura (BRASIL, 1999; LESSA, 2009; MATOS,

2002; SERAFIM, 2009).

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Entre 2004-2007, o novo governo mostra sinais de preocupação maior com a infraestrutura. A

questão energética é colocada em pauta para evitar apagões ou racionamento de energia que

ocorreu no governo anterior. No caso dos recursos hídricos, houve maior preocupação com o

fornecimento de água potável aos habitantes do interior e, principalmente, a revitalização e

integração da Bacia do Rio São Francisco com projeto de Transposição, no sentido de

aumentar a área irrigada e promover o desenvolvimento da região. No setor de transportes foi

feito um levantamento por estado da condição dos modais de transporte, de armazenagem,

movimentação e proposições para melhorar o transporte.

Foram levados em conta projetos antigos que estavam em andamento e foi dada prioridade

para projetos que fossem retirar gargalos existentes. Apesar do PPA 2004-2007 voltar-se para

maior intensidade para multimodalidade e a integração com outros países. O investimento em

transporte comparado ao PIB cresce nos anos 2004 e 2005, porém cai nos dois anos seguintes,

mostrando que as intenções de melhorar a infraestrutura de transportes não saíram do papel

(SERAFIM, 2009; BRASIL, 2003b).

Com o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em 2007, o governo

reuniu uma série de projetos voltados para infraestrutura enfatizando o processo de

desenvolvimento voltado para a redução de gargalos e criação de novas oportunidades. Nesse

contexto de PAC e altas taxas de crescimento econômico alcançadas nos anos anteriores, que

o governo brasileiro lançou o PPA 2008-2011, do qual o PAC faz parte. Em linhas gerais, o

plano objetiva o crescimento econômico, a inclusão social e a redução das disparidades

regionais, enfatizando a educação de qualidade (através de medidas como o REUNI -

Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) e

programas de transferência de renda (SERAFIM, 2009).

Voltado para os transportes, em ações delineadas mais especificamente através do PAC, o

PPA 2008-2011 tenta organizar interesses regionais e estratégias para o crescimento

econômico. Nesse sentido, podemos visualizar os investimentos em transportes realizados no

orçamento, que a partir de 2008 cresce em relação aos anos anteriores, mas ainda se encontra

num nível abaixo do necessário e do ano com melhor indicador (SERAFIM, 2009).

Finalizando, segue uma relação que será bem utilizada no próximo capítulo, a participação

dos investimentos planejados em transportes no Orçamento brasileiro para cada ano. Assim,

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fica clara a ausência de uma política consistente para a melhoria da infraestrutura logística no

Brasil. Porque não há condição de realizar os eventos necessários em logística com

participações variáveis no orçamento e PIB, constatada através na redução em 2010 para

0,83% do orçamento, comparado a 1,01% do orçamento em 1996 (SERAFIM, 2009).

Fonte: BRASIL, 2011a; IPEADATA, 2011

As informações reveladas acima dimensionam problemas referentes a ausência de

infraestrutura qualificada para a economia brasileira. Observamos diversos planos em

diferentes períodos, em dois governos com distintos projetos, porém os problemas são os

mesmos. Problemas que resultam na elevação de preços, redução da competitividade e da

qualidade de vida da população frente a outros países. A ausência de políticas consistentes e

permanentes para a nossa infraestrutura vai transformando nosso país em „eterna promessa‟

de potencia mundial.

Após a metodologia, passamos a discutir as especificidades dos Estados Bahia e Pernambuco,

analisando algumas mudanças ocorridas na última década. A fonte de dados é alterada, passa

dos orçamentos do governo federal para a execução demonstrada nos orçamentos estaduais

divulgados pelos Tribunais de Contas dos estados.

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6 BAHIA E PERNAMBUCO

6.1 ECONOMIA BAIANA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Mapa 1: Transportes do Estado da Bahia

Fonte: BRASIL, 2011d

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O Mapa 1 mostra a divisão das regiões da Bahia por áreas econômicas. Revela a grande

dimensão que possui o estado da Bahia, porém, em termos de destaque no cenário nacional,

apenas quatro regiões aparecem como relevantes. Isso não quer dizer que não levamos em

conta a contribuição de outras regiões, mas são regiões sem ou com baixo dinamismo. A

primeira importante é a RMS, por possuir o Complexo Petroquímico de Camaçari, Refinaria

de Petróleo e fábrica automotiva, entre outros. A segunda é o Oeste Baiano, onde se destacam

a grande produção de grãos (milho e soja) e algodão, oriundos da expansão da fronteira

agrícola do centro-oeste brasileiro. A terceira é o Baixo Médio São Francisco, por ser uma

zona de fruticultura irrigada voltada para a exportação. Por fim, temos o Extremo Sul

produzindo celulose e gerando inúmeros empregos, evento derivado da expansão da produção

de celulose oriunda do Espírito Santo (PESSOTI; PESSOTI, 2010).

Algumas características atuais da economia baiana ressaltadas anteriormente e outras como

PIB, participação dos setores no produto, população e a distribuição da renda através das

regiões do estado nem sempre foram organizadas do modo como vemos hoje. Antes do

Complexo Petroquímico de Camaçari, a economia baiana era baseada na cultura cacaueira

voltada para o mercado externo. Apresentava pouco dinamismo interno, sendo a 2ª economia

do Nordeste, atrás de Pernambuco, com 40% da economia de participação do setor primário.

Entretanto, a Bahia era o maior produtor de petróleo do país, sendo beneficiada pela Refinaria

Landulfo Alves Mataripe (RLAM) e, depois pelo Pólo Petroquímico em razão da carência

nacional de insumos da indústria de transformação e da política nacional de redução de

desequilíbrios regionais (PESSOTI; PESSOTI, 2010).

Assim, com a decisão de implantação do Pólo Petroquímico, viabilizada por estudos

econômicos e financeiros e os possíveis impactos para a economia baiana e brasileira têm-se

um processo de fundamental relevância no cenário baiano. Dado importante, a

industrialização e desenvolvimento da economia baiana, mudando a orientação produtiva do

estado, deixando de ser influenciada pela demanda externa para servir insumos a economia

nacional. Outro aspecto foi a geração de externalidades, gerando impactos positivos no setor

de comércio, serviços e construção civil, gerando inúmeros empregos, arrecadação fiscal e

dinamismo para a economia baiana. Enfim, há uma mudança estrutural na economia,

elevando consideravelmente a participação do setor secundário sobre o setor primário

(PESSOTI; PESSOTI, 2010).

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Espacialmente, o centro econômico da economia se desloca da região Sul para a Região

Metropolitana de Salvador (RMS). Isto acentuou a desigualdade entre as regiões do estado,

situação que especialistas denominaram „enigma baiano‟, ou seja, como dinamizar essas

regiões esquecidas economicamente e politicamente. A Bahia se fortaleceu num período em

que o Estado era a figura central no processo de desenvolvimento do país. Porém, com a crise

dos anos 80 e a conseqüente perda de capacidade financeira do Estado para desenvolver

novos projetos provocou baixo desempenho da economia nacional e, conseqüentemente, na

economia baiana. Com o fraco momento da economia baiana, dependente da demanda do

Centro-Sul do país, o segmento químico/petroquímico buscou alianças no mercado externo

para amenizar os efeitos da crise, fato esse que gerou resultados positivos. Como, por

exemplo, o salto das exportações de 1,6% em 1978 para 24,6% em 1994 (PESSOTI;

PESSOTI, 2010).

Entre 1980 e 1990, a composição setorial da economia era praticamente a mesma. O Valor

Agregado Bruto da indústria de transformação na Bahia correspondia em 1995 a 12% do PIB

e 25% da arrecadação estadual, com uma produção de 5 milhões de toneladas por ano, algo

em torno de 55% da produção nacional. Entretanto, apesar de corresponder a significativa

parcela da economia baiana, o setor químico/petroquímico não foi o único a se desenvolver no

estado. Outros segmentos do setor secundário apareceram nesse processo, como metalurgia,

produtos alimentares e, o ramo de papel e papelão. Esse último segmento não foi fruto de

políticas estaduais, como veremos adiante, mas sim de expansões de investimentos realizados

em outros estados, principalmente no Espírito Santo (PESSOTI; PESSOTI, 2010).

Entre as políticas estaduais realizadas para o desenvolvimento do Estado, vamos falar de

algumas como o Probahia, Bahia Plast, Procomex, Proauto e Desenvolve. O Programa de

Promoção do Desenvolvimento da Bahia (Probahia-1994) previa financiamentos com redução

de até 75% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Objetivava

diversificar a estrutura industrial do estado, principalmente com o surgimento de novas

regiões dinâmicas no interior do estado e conseguiu a ampliação da RLAM. O Bahiaplast

(1998) foi criado para estimular a indústria de transformação plástica com a concessão de

créditos. O Procomex (1997) destinava-se a fomentar a produção para o mercado

internacional, direcionado para o ramo calçadista e seus encadeamentos. O Proauto (1999)

ligado a concessão de incentivos fiscais e infra-estrutura para as montadoras e seus parceiros,

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culminando com a instalação da Ford e inúmeros impactos positivos para a economia baiana

(PESSOTI; SAMPAIO, 2009).

Por fim, o programa Desenvolve (2002), um plano de longo prazo, na mesma direção dos

anteriores, ou seja, visando a diversificação da matriz industrial, além da desconcentração

regional por meio de políticas de redução de tributos. Enfim, essas políticas formuladas pelo

governo baiano nos anos 90 objetivavam dinamizar o desenvolvimento do estado.

Principalmente através de pulverizar e diversificar o desenvolvimento de diversas regiões,

para superar as dificuldades econômicas. Entretanto, esses programas não lograram o êxito

pretendido quanto a difusão de pólos de desenvolvimento ao redor do estado, porque as

industrias se concentraram na RMS através de inversões muito maiores do que no interior.

Lembrando que houve benefícios no interior do estado, como os muitos empregos gerados

pela indústria calçadista (PESSOTI; SAMPAIO, 2009).

Com a mudança de governo ocorrida em 2007, a economia baiana passa a ser caracterizada

por maior vinculação aos projetos formulados pelo governo federal. Em linhas gerais, a

intenção era melhorar a integração territorial do estado, apoiado em grandes obras de

infraestrutura (leia-se PAC). Essa política fora adotada criticando as políticas fiscais do

governo anterior. Porém, observando o baixo dinamismo econômico do estado e a adoção de

políticas fiscais por outros estados para atração de empresas, o governo da Bahia lançou mão

de um programa semelhante aos realizados no governo anterior, o Acelera Bahia. Feito para

estimular cinco eixos principais (petroquímica, tecnologia, biodiesel, etanol e indústria naval),

concedendo benefícios fiscais, apesar da prioridade para estes setores, os maiores resultados

em termos de investimentos industriais foram realizados pela indústria de celulose e o pólo

naval não deslanchou como previsto (PESSOTI; SAMPAIO, 2009).

Conectando transportes com economia, a economia baiana se industrializou a partir da

produção de bens intermediários, significando a necessidade de ter uma rede de transportes

que atendesse a demanda por insumos e a oferta de produtos. A lógica oeste-leste das ligações

entre as regiões do país mudou, passando a ser norte-sul na década de 1960, com a construção

da BR 116 (Rio - Bahia). Nesse processo, a economia baiana tornou-se a maior do Nordeste

na década de 1980, superando Pernambuco, pois apresentava índices de crescimento

superiores as médias nacionais. A crise do Estado Brasileiro, fez escassear os investimentos

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em infraestrutura, atingindo fortemente a Bahia (FUNDAÇÃO LUIS EDUARDO

MAGALHÃES, 2002; ALCOFORADO, 2011).

Regionalmente, a produção industrial e a matriz de transportes eram voltadas para a Região

Metropolitana de Salvador, pois era e é a região mais dinâmica do estado. Com a crise, o

governo da Bahia procurou desenvolver o interior do estado através de políticas de

interiorização como: fortalecimento dos complexos agro-industriais de grãos, fruticultura

irrigada e celulose, respectivamente, oeste, norte (médio São Francisco) e sul do estado; outra

política foi incentivar o setor de turismo; e, por fim a verticalização dos bens intermediários

em direção à produção de bens finais, através da implantação de inúmeras indústrias

calçadistas pelo interior do estado e o complexo automotivo da Ford (FUNDAÇÃO LUIS

EDUARDO MAGALHÃES, 2002).

Essas mudanças políticas e econômicas escancararam a insuficiência de infraestrutura de

transportes no estado. Agora com múltiplos vetores, a economia baiana necessitava de um

amplo e moderno sistema multimodal, pois cada setor de desenvolvimento possui uma

necessidade distinta em termos de logística. Então, o governo possui o desafio de desenvolver

uma infraestrutura adequada para permitir uma circulação eficaz de mercadorias e pessoas,

entre setores e regiões, bem como de viabilizar maior integração com os mercados nacionais e

globais (FUNDAÇÃO LUIS EDUARDO MAGALHÃES, 2002).

Falando de planos ligados ao setor de transportes, mais especificamente, o governo da Bahia

lançou mão de três planos recentemente. O Programa de Desenvolvimento Turístico no

Nordeste (Prodetur II), projeto voltado para as regiões de Salvador, Costa dos Coqueiros, Pólo

do Descobrimento, Chapada Diamantina e Litoral Sul, que além de gastos com divulgação,

campanhas publicitárias e treinamento de pessoal, prevêem reformas e ampliações das

ligações rodoviárias e aeroportuárias do estado. O Programa de Restauração e Manutenção de

Rodovias no Estado da Bahia (Premar), baseado num acordo com o Banco Mundial (Bird), foi

proposto para reduzir o tempo de percurso nas rodovias pertencentes ao governo do estado e

com maior sobrecarga de transportes (BAHIA, 2011a).

O Premar mostra a intenção do governo estadual de melhorar a articulação logística do Estado

e interligar a estrutura de transportes, movimentos básicos para intensificar a harmonia

espacial e a integração do estado. No sentido de proporcionar o aproveitamento total da

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economia e viabilizar outros setores. Esse programa é uma inovação no setor de transportes

baiano, no qual a mesma empresa que vence o contrato de reforma do trecho de rodovia fica

encarregada pela sua manutenção por cinco anos. Distinta da privatização, uma vez que a

mesma empresa que realizou esta tarefa terá a seu trabalho a manutenção do trecho e por um

prazo menor, com um preço fixo (BAHIA, 2011a).

O Programa de Integração dos Corredores Rodoviários do Estado da Bahia II (PCR II), em

parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), objetiva estimular ações

para concretizar a formação dos eixos secundários do Estado. Reestruturar estradas com má

qualidade e elevar a manutenção para melhorar o transporte. Levando em conta que uma

melhor formação institucional era necessária, foi intensificado plano para modernizar os

processos no Departamento de Estradas e Rodagem da Bahia (Derba) (BAHIA, 2011a).

Para ter conhecimento de suas necessidades e direcionar os investimentos, o Governo da

Bahia, elaborou as diretrizes básicas para o desenvolvimento do 1º Programa Estadual de

Logística de Transportes da Bahia (PELTBAHIA) em 2004. O Peltbahia surgiu da

necessidade de alavancar a economia baiana através da criação de um sistema de transporte

para escoamento dessa produção. Trata-se de uma série de ações (obras e intervenções) que

contemplam a integração dos modais ferroviário, aquaviário, rodoviário, aeroviário, portuário,

logística e sistemas multimodais (BAHIA, 2005).

Outra estratégia adotada pelo governo federal e estadual para o setor de transportes,

especificamente a manutenção adequada das rodovias foi a privatização. Normalmente

implementada no modelo de concessão por certo prazo, a privatização busca minimizar o

efeito da falta de capacidade do estado em conservar sua malha ferroviária. Na Bahia, a

privatização se inicia em 2000 na Estrada do Coco (BA-099) e hoje podemos ver os seguintes

trechos cedidos a iniciativa privada: BA-093, trecho Simões Filho/Pojuca; a Via Parafuso

(BA-535); a CIA/Aeroporto (BA-526), além das rodovias BA-512 (acesso a Camaçari), BA-

521, BA-524 (Canal de Tráfego – liga Camaçari ao Porto de Aratu), BR-324 (Simões Filho e

Amélia Rodrigues) e BR-116 Sul (Feira de Santana até Minas Gerais). No total, são

aproximadamente 700 quilômetros de rodovias privatizadas na Bahia. Estudos preparados

pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) indicam que 86% do pavimento das

estradas privatizadas podem ser avaliados como em perfeitas condições, contra 42,0%

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daqueles gerenciados pelo Estado (LOURENÇO, 2007; ANTT, 2007; PITOMBO, 2009;

PITOMBO, 2010).

Assim, podemos concluir com algumas considerações. Primeiro, o processo histórico de

desenvolvimento ocorrido com a Bahia resultou em mudanças significativas de infraestrutura

e estrutura econômica. Segundo, as políticas promovidas pelos governos estaduais

impactaram no acesso a melhores condições de vida da população, porém, em geral, tinham

os mesmos remédios (isenção ou redução de impostos). Terceiro, os planos ligados ao setor

de transportes revelam como o governo demonstra interesse pelo setor, pouco do previsto foi

feito. Os planos resultaram em poucos investimentos, sem busca pela intermodalidade e

ausência de políticas consistentes. A ausência de significante empreendimento logístico faz a

Bahia perder espaço perante outros estados. Revelando que a atração de empresas através de

benefícios fiscais não resolveu o problema de infraestrutura. Quarto, a privatização das

rodovias pelo modelo de concessão pode ser uma das alternativas para o segmento rodoviário,

mas é preciso fiscalização suficiente para o cumprimento das obrigações por parte das

concessionárias. É preciso ressaltar os dois projetos em curso que podem alavancar inúmeras

externalidades positivas para a Bahia, a Ferrovia Leste-Oeste (Fiol) e o Porto Sul em Ilhéus.

Eventos que ainda se encontram em fase inicial, mas que melhoram significativamente a

infraestrutura do estado. Por último, as quatro regiões do estado mais relevantes

economicamente (RMS, Oeste, Baixo Médio São Francisco e Extremo Sul) são necessárias,

mas insuficientes para elevar os indicadores socioeconômicos do estado, pois ainda hoje há

carências no estado que precisam evoluir como o nível de educação e saúde, por exemplo. A

seguir, para mostrar que uma comparação não é tão simples, pois as características de cada

região fazem as mesmas percorrerem caminhos distintos, discutimos algumas informações

sobre o processo de desenvolvimento recente de Pernambuco.

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6.2 INFORMAÇÕES SOBRE A ECONOMIA PERNAMBUCANA

Mapa 2 – Transportes no Estado de Pernambuco

Fonte: BRASIL, 2011d

A divisão de Pernambuco por regiões econômicas é revelada no Mapa 2. Em termos de

destaque no cenário nacional, podemos listar apenas três regiões, apesar de ser um estado

menor e sem os vazios econômicos que a Bahia apresenta. A primeira, a Região

Metropolitana de Recife (RMR), com o Complexo de Suape e indústrias de transformação de

minerais, do setor farmacêutico, mobiliário, transporte, de energia e um pólo de informática,

entre outros serviços. A segunda, Zona da Mata, tem um conteúdo histórico por cultivar cana

de açúcar desde o inicio de nossa história, apesar da cultura de cana de açúcar estar perdendo

um pouco espaço para a floricultura. A última região significante é o Baixo Médio São

Francisco que conta com a fruticultura irrigada, com elevada participação nas exportações do

estado. Essa distinção não significa desprezo em relação a outras regiões, pois Pernambuco

apresenta um bom número de atividades (LIMA; SICSÚ; PADILHA, 2007;

VASCONCELOS; VERGOLINO, 1999; PERNAMBUCO, 2011a).

Como aspectos relevantes do passado, entre 1963 e 1969, foram para Pernambuco 36,9% dos

investimentos em incentivos fiscais da SUDENE (enquanto para Bahia foram 32,8%). Mais

tarde, entre 1970-1974, essa participação foi ainda de 25,7%, diminuindo para 16,6% entre

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1975-1974. Com importante relação, guardada as devidas proporções, o PIB de Pernambuco

cresceu 10,6% ao ano entre 1970-75, a frente do Nordeste com 10,2% ao ano. Entre 1975-

1980, Pernambuco cresceu 6,6% ao ano e o Nordeste 7,2% ao ano, desempenho fraco

associado à menor participação nos benefícios fiscais da SUDENE. Esse fato acentua-se na

primeira metade de 1980 (1980-85), tendo a média nacional de crescimento caído para 2,4%

em Pernambuco e no Nordeste em 4,4% ao ano (LIMA; SICSÚ; PADILHA, 2007).

Resumindo, a média de crescimento na década de 1980 foi 3,5% ao ano para Pernambuco e

3,3% para o Nordeste. Fatores como a redução na função de entreposto comercial;

queda/dificuldades existentes na indústria (principalmente na agroindústria álcool-açucareira)

em que os empresários migraram investimentos do estado; e, a concretização de investimentos

em outros estados, como o Pólo Petroquímico de Camaçari na Bahia, o complexo cloro-

químico de Alagoas e Sergipe, o pólo mínero-metalúrgico de São Luís e os esforços cearenses

no setor têxtil-confecções (LIMA; SICSÚ; PADILHA, 2007).

Fazendo uma pequena comparação com os dados disponíveis, observamos o crescimento do

estado de Pernambuco e comparamos ao crescimento do Nordeste e Brasil. Apresentando

crescimento do PIB abaixo da média nacional e nordestino no período 1985/95, refletindo a

falta de políticas consistentes para dinamizar o Estado. Setorialmente, o agropecuário sofreu

estiagem entre 1990/92, porém começou a se recuperar logo depois da estiagem. O setor de

serviços apresentou crescimento similar ao brasileiro e nordestino. O setor industrial, o setor

que mais contribui para o desempenho negativo da economia pernambucana, porque é o setor

com maiores possibilidades de dinamizar a economia impactando outros setores

(VASCONCELOS; VERGOLINO, 1999).

É preciso chamar a atenção para o papel do Estado, tanto em nível nacional quanto local, para

a promoção do desenvolvimento e redução das desigualdades. Assim, em âmbito nacional, na

década de 1990 inicia-se o processo de abertura econômica e, devido a falta de recursos,

pouco se investiu em infraestrutura entre o final dos anos 1980 e nos anos 1990. Ainda em

nível nacional, para o Nordeste e Pernambuco, a maior parte dos investimentos existentes

foram representados pelos financiamentos oriundos do Financiamento do Nordeste /

Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (FINOR/ SUDENE), Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Fundo Constitucional de Financiamento do

Nordeste (FNE). Diante da escassez de recursos, o Governo Estadual demorou a reagir

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perante as iniciativas dos outros estados, porque apenas em 1996 lançou o Programa de

Desenvolvimento de Pernambuco (PRODEPE) para estimular a economia em diversos setores

através de incentivos fiscais que podem vigorar entre oito a quinze anos (VASCONCELOS;

VERGOLINO, 1999).

Em resumo, a economia pernambucana na década de 1990 é pouco encadeada, devido a

existência de setores com fraca ligação e dispersos. Caracterizada pela agricultura

concentrada (43% do produto agrícola voltado para a cana de açúcar e fruticultura), o setor

industrial compreende produtos alimentares (32,8% - inserido a produção de açúcar), ramos

químico, metalúrgico, bebidas, minerais não-metálicos, entre outros. Além do PRODEPE, no

fim dos anos 1990 o Complexo Industrial e Portuário de Suape foi concretizado com maior

vigor. Passando a funcionar como instrumento de incentivo a atração de investimentos no

Estado, significando infraestrutura qualificada e localização privilegiada. Garantindo uma

posição relevante no cenário nacional, além de contar com previsões de investimentos, como

refinaria de petróleo, estaleiro, pólo de poliéster, usina de regaseificação de gás natural e um

terminal de granéis sólidos (LIMA; SICSÚ; PADILHA, 2007).

Com o Prodepe e o Complexo de Suape, a política de desenvolvimento de Pernambuco

envolve atração de investimentos, expansão da infraestrutura, a promoção de arranjos

produtivos e suporte as exportações. Apesar de o Prodepe ter sido modificado através de

vários governos, percebeu-se certo aprofundamento nas mudanças, apesar dos recursos serem

escassos e estarem pulverizados. Por isso, constata-se bom desempenho da economia

pernambucana, porém nenhuma mudança estrutural significativa, o que poderá ocorrer com a

efetivação de investimentos em Suape (LIMA; SICSÚ; PADILHA, 2007).

Enfim, falando sobre as perspectivas de investimentos no estado de Pernambuco, citaremos

alguns empreendimentos que podem mudar a estrutura produtiva da economia. Nesse sentido,

a consolidação do Pólo de Tecnologia da Informação é importante nos aspectos de

qualificação do mercado de trabalho, mais empregos, fortalecendo o setor de serviços. Com

impactos parecidos, a concretização do pólo farmacêutico de Pernambuco (Hemobrás),

produzindo hemoderivados para o mercado interno. Voltado para o setor de serviços, o pólo

médico vem se destacando e ganhando importância com a concentração de diversos serviços,

como atividades de produção e manutenção de equipamentos, produção de medicamentos,

roupas profissionais, entre outros (LIMA; SICSÚ; PADILHA, 2007).

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Atualmente, quando se fala em economia de Pernambuco, um nome chama logo a atenção,

Suape, um projeto que começou como porto, mas que vem se firmando e transformando no

movimento que pode mudar a economia pernambucana. Em primeiro lugar, é o mais

completo pólo para a localização de indústrias e negócios portuários do Nordeste, porque

além das características geográficas já listadas anteriormente, o porto conta com qualificada

infraestrutura. Ligado a infraestrutura, Suape vai estar conectada a Ferrovia Transnordestina,

facilitando o escoamento da produção regional. No ramo naval, vai contar com um Estaleiro

que visa às encomendas da Petrobrás, gerando emprego e renda para a região. Está previsto

também um pólo de poliéster, apoiado em benefícios fiscais e para processar alguns resíduos

químicos oriundos de outro grande investimento, a Refinaria de Petróleo, parceria entre o

governo brasileiro e venezuelano, voltada para a produção de Nafta, diesel e GLP e,

aproveitar a oportunidade de processar óleo pesado do Brasil e Venezuela. Outro projeto

importante é a instalação da fábrica da FIAT, que será outro elemento dinamizador da

economia de Pernambuco (LIMA; SICSÚ; PADILHA, 2007).

É preciso ressaltar a preocupação do Governo Estadual em atender as demandas e interiorizar

o desenvolvimento. Nesse sentido, a Iban (Indústria de Água e Bebidas do Nordeste) que vai

investir R$ 25 milhões numa fábrica de cervejas, água mineral, energéticos e refrigerantes,

fábrica de cimento (Companhia Brasileira de Materiais de Construção), no setor de alimentos,

carbonato de cálcio, ferramentas de construção e jardinagem e uma fábrica de assessórios de

decoração. Além disso, notamos a atração da planta automotiva da FIAT para a cidade de

Goiana (110 quilômetros de Suape), apesar de ter sido por ausência de localização suficiente à

fábrica em Suape (GOVERNO..., 2011b; PE..., 2011; GOVERNO..., 2011a).

Em posição de destaque desde a época colonial, Pernambuco é um exemplo de posição

geográfica privilegiada e que conseguiu ser bem sucedido. Foi, por um período, colonizada

pelos holandeses, um dos pioneiros em utilizar a logística para viabilizar sua economia. Além

de possuir num raio de 300 quilômetros de Recife quatro capitais, dois aeroportos

internacionais, três aeroportos regionais, quatro portos internacionais e uma população de 12

milhões de pessoas, responsável pela movimentação de mais de 35% do Produto Interno

Bruto (PIB) do Nordeste. Observando sua posição geográfica, é natural o posicionamento dos

modais no sentido oeste-leste. Se for estendida para 800 quilômetros, Pernambuco atinge seis

capitais, quatro aeroportos internacionais, cinco portos internacionais e um porto fluvial,

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equivalendo a cerca de 20 milhões de pessoas e 90% do PIB da região. Para melhorar essa

situação, Pernambuco está situado numa das menores distâncias da Europa e tem proximidade

com as grandes rotas comerciais do Atlântico Norte, explicando um pouco a importância do

tema logística na economia pernambucana, considerado um dos vetores de desenvolvimento

do estado (GONÇALVES, 2005).

Pernambuco pode dispor de uma infra-estrutura diferenciada. Além de parte da BR-232 estar

duplicada, Pernambuco conta hoje com um aeroporto internacional, dois aeroportos regionais

(em Petrolina e Caruaru) e 19 aeródromos, e com os portos de Petrolina, Recife e Suape.

Mais especificamente, tem em Suape o segundo maior volume de cabotagem do país.

Explorando a vocação natural brasileira de cerca de sete mil quilômetros de Costa, onde se

encontra grande parte do seu PIB em cidades situadas no litoral, a cabotagem oferece uma

série de vantagens (GONÇALVES, 2005).

Em termos de planos ligados ao setor de Transportes, foram encontradas poucas informações

sobre os planos passados. Por isso, será comentado o plano vigente de infraestrutura

rodoviária de Pernambuco, que prevê ações em cinco direções: conservação, restauração,

implantação, duplicação e requalificação. Nesse sentido, o plano abrange todas as dimensões

necessárias para uma infraestrutura qualificada no setor. Para o segmento rodoviário do

estado, é um plano importante para a redução do tempo de locomoção e ampliação da

intermodalidade do regional (PERNAMBUCO, 2011a).

Não possui plano de transporte como a Bahia, mas existe um conjunto de ações desenvolvidas

com instituições preocupadas com o desenvolvimento da economia pernambucana. Como

exemplo possui o Programa do Desenvolvimento do Estado de Pernambuco (Prodepe),

utilizando subsídios para incentivar a economia local. Por ter uma dimensão territorial menor,

uma posição geográfica e uma política voltada para a multimodalidade e competitiva,

Pernambuco se destaca. Dentre as ações futuras previstas, podemos citar a Ferrovia

Transnordestina, duplicação da BR-104, aumentos dos investimentos em Suape e a instalação

de uma refinaria de petróleo, dinamizando a economia pernambucana (GONÇALVES, 2005).

O outro item importante de Pernambuco, o Complexo Industrial de Suape, atrai a atenção por

possuir um porto de grande calado e importância regional e por fazer parte da conexão da

ferrovia Transnordestina. A Transnordestina é um projeto coordenado pela Companhia

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Siderúrgica Nacional (CSN), com uma extensão total de 2.278 quilômetros, sendo 1,728 km

de construção e 550 km de remodelação, com custo estimado em R$ 5,42 bilhões. Uma

importante conexão da região Nordeste com o Centro-Sul do país, pois visa escoar a produção

de grãos do Centro-Oeste, entre outros objetivos. A Transnordestina ligada ao Porto de Suape

gera significativas externalidades positivas para a economia pernambucana, potencializando a

atração de empreendimentos, algo que podemos constatar a seguir (OBRAS..., 2010).

Dentre outros investimentos, está prevista a instalação da maior usina termelétrica do mundo,

a Térmica Bertim, com investimentos da ordem de R$ 2 bilhões. Esse mesmo projeto planeja

a construção de um Terminal de Armazenagem de Granéis Líquidos. Será a terceira

termelétrica de Pernambuco, necessária para dar conta do crescimento econômico ocorrido e

previsto para o Estado. Além de projetos ligados a geração de energia elétrica, Pernambuco

negocia com empresas da construção civil, derivados do petróleo, eletrodomésticos da Linha

Branca, fabricação de esquadrias, portas e janelas de alumínio, entre outros (GOVERNO...,

2011b).

Concluindo, em termos de destaque no cenário nacional, podemos listar apenas três regiões:

RMR, Zona da Mata e o Baixo Médio São Francisco. Em posição pioneira desde a época

colonial, Pernambuco é um exemplo de posição geográfica privilegiada e que está

conseguindo ser bem sucedido. Em relação a planos ou projetos ligados ao setor de

Transportes, foram encontradas poucas informações. Porém, a ausência de planos é

compensada com ações que revelam investimentos como o Complexo de Suape, a

Transnordestina e Refinaria de Petróleo. A linha de desenvolvimento econômico do setor de

transportes é distinta da ocorrida na Bahia. Porque a atração de empresas se inicia com força

após a constituição de um empreendimento na área de transportes (Suape), sendo formadas as

bases para grandes mudanças, a partir daí atraindo ferrovia e qualificando sua infraestrutura

para outros investimentos. Diferentemente da década de 1990, os projetos recentes

principalmente ligados a Suape, demonstram encadeamento de setores na economia

pernambucana, com melhores perspectivas. Isso justifica o bom desempenho da economia,

porém, ainda sem relevante mudança estrutural. Os investimentos previstos no estado dão

dimensão a transformação que está ocorrendo e do que poderá acontecer, como a maior

térmica do mundo, entre outros citados anteriormente.

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6.3 COMPARAÇÕES

Quadro 1 - Características de Bahia e Pernambuco

2010 2010 2008 2010 2011 2009

Estado População Área (km²) Rodovias (km) Ferrovias (km) Hidrovias (km) Portos

Bahia 14.016.906 559.951 114.090 1.537 850 3

Pernambuco 8.796.448 98.281 37.423 900 0 2

Fonte: IBGE, 2010; BDE/PE, 2011; BRASIL, 2011e; AHSFRA, 2011; ANTAQ, 2009

Para começar uma série de comparações, respeitadas as devidas proporções e dimensões

históricas de cada Estado, mostramos no Quadro 1 que dimensiona bem cada Estado,

observando que a Bahia é muito superior em praticamente todos os aspectos ressaltados, o que

deveria influir, logicamente, na destinação dos investimentos em transportes e no

desenvolvimento econômico. Também por esta tabela, pode-se teorizar que um Estado

pequeno como Pernambuco, é mais fácil de administrar e também de ser planejado.

Fonte: SEI, 2011

No Gráfico 3, Pernambuco ganha no quesito taxa de crescimento do PIB, pois apenas em

2003, 2004 e 2005, o PIB da Bahia cresce mais que Pernambuco. Em linhas gerais, conjunto

de investimentos realizados pelo Prodepe e o Complexo de Suape para o desenvolvimento de

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Pernambuco proporcionaram melhor desempenho a economia pernambucana que as políticas

pontuais e esparsas promovidas pelo Estado da Bahia.

Fonte: BAHIA, 2011b; PERNAMBUCO, 2011

Nesse item, o Gráfico 4 apresenta informações relevantes ao estudo. Com as devidas

proporções, o Estado que apresenta maior crescimento do PIB é o mesmo que possui a maior

parte do orçamento destinado ao setor de transportes. Alinhado as políticas estaduais que

envolvem a atração de empresas, aumento da infraestrutura, incentivos a arranjos produtivos e

suporte as exportações com relativa concentração de investimentos em Suape. Pernambuco se

destaca devido ao direcionamento realizado pelo seu governo, diferente do que fez o governo

baiano.

Fonte: SEI, 2011; CONDEPE / FIDEM, 2011

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O Gráfico 5 acima mostra a relação entre os Investimentos em Transportes realizados pelos

Estados de Pernambuco e Bahia. Mais uma vez, Pernambuco apresenta melhores índices que

a Bahia e, nesse caso, em todos os anos analisados. Apesar dos índices dos dois Estados

serem insuficientes para a manutenção e ampliação da infraestrutura necessárias. Isso

demonstra o efeito das políticas feitas pelos estados no período, que resultou em melhor

desempenho da economia pernambucana.

Abaixo, no Gráfico 6, temos os dados sobre o saldo entre admitidos e demitidos no mercado

de trabalho, item importante porque reflete o grau de crescimento numa economia, no sentido

de gerar emprego e renda. Nesse item, a Bahia perde para Pernambuco em quatro anos (2001,

2006, 2008 e 2010), dado que mostra bom nível de movimentação no mercado de trabalho,

mas reflete que a Bahia ainda carece de investimentos necessários a geração de mais emprego

renda, dadas as condições geográficas e econômicas.

Fonte: Caged/MTE

Fonte: BRASIL, 2011c

O Gráfico 7 abaixo mostra o número de estabelecimentos em cada estado durante o período

2000-2010, extraído da RAIS/MTE. Através dele podemos perceber que a Bahia possui maior

número de estabelecimentos, maior crescimento relativo no período (aproximadamente 68%,

contra 66% de Pernambuco) e maior número de estabelecimentos com 1.000 ou mais

empregos do que Pernambuco. Esse dado demonstra que esse período não foi tão ruim para

economia baiana, comparado aos outros dados utilizados nessa parte do trabalho.

0

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

120.000

2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001

Gráfico 6: Saldo de Emprego em BA e PE

BA/TOTAL

PE/TOTAL

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Fonte: BRASIL, 2011b

Como objetivo do estudo, mostrar o que estava acontecendo com os Estados de Bahia e

Pernambuco, analisando o desempenho econômico associado aos investimentos realizados no

setor de Transportes referentes aos orçamentos determinados pelos Estados. Desta forma,

foram excluídas as informações dos investimentos realizados pelo governo federal nos

estados, porque estes dados são de difícil mensuração, considerando que as informações sobre

a efetividade dos gastos previstos nos PPA‟s são insuficientes. Especificando, deve-se

ressaltar o caráter primário de acompanhamento dos gastos previstos nos PPA‟s, tanto em

nível federal quanto a nível estadual (LESSA, 2009; MATOS, 2002; SERAFIM, 2009).

Os dados utilizados revelam trajetórias distintas percorridas pelos dois estados e apontam

perspectivas de desempenho nada extraordinário, mas que podem fazer a diferença tanto na

esfera regional quanto nacional. Através destes dados, podemos concluir que Pernambuco tem

realizado maior esforço no segmento transportes que a Bahia, possuindo melhores indicadores

no conjunto de sua economia e considerando suas dimensões. Assim, caminhando para

melhores condições de infraestrutura de transportes, logística para as empresas e qualidade de

vida para a população.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A teoria econômica consegue discutir a relação entre gasto governamental e crescimento

econômico de formas distintas. Existe dificuldade de separar os efeitos dos investimentos em

infraestrutura no produto, porque existem múltiplos aspectos a serem considerados. Porém,

como a forma de debate adotada neste trabalho revela grande significância dos gastos em

infraestrutura no crescimento e desenvolvimento econômico, podemos visualizar e justificar a

relevância deste trabalho. Diversos resultados podem ser demonstrados, pois a literatura é

ampla e a ciência é inesgotável. Ao nível regional fica a mensagem de relacionar os

investimentos com a vocação econômica e social das regiões afetadas, juntando conhecimento

de outras áreas como a geografia e a sociologia econômica para tentar compreender a

complexidade dos possíveis efeitos dos investimentos. A nossa matriz de transportes é

totalmente distorcida do que seria o ideal e o visualizado em outros países, necessitando de

ações urgentes no sentido de aumentar o tráfego hidroviário e ferroviário, possibilitando

substanciais avanços para a infraestrutura brasileira. A realização dos planos previstos, com

certeza, mudariam as nossas atuais perspectivas de „eterna promessa‟ de potência mundial.

Para o Estado da Bahia, os investimentos de empresas, principalmente o Pólo de Camaçari,

resultaram em mudanças significativas de infraestrutura e estrutura econômica. As políticas

feitas pelos governos estaduais melhoraram a qualidade de vida da população, porém ainda

são insuficientes. Os projetos desenvolvidos para o setor de transportes acentuaram a

supremacia das rodovias e a maior parte não saíram do papel. Os planos resultaram em

poucos investimentos, sem busca pela intermodalidade e ausência de políticas consistentes. A

privatização pode ser a solução para a manutenção das rodovias, devendo o governo fiscalizar

a concessionária para garantir a qualidade do serviço.

Para Pernambuco, diferentemente do que ocorreu no passado, os projetos recentes

principalmente ligados a Suape, demonstram encadeamento de setores na economia

pernambucana, com melhores perspectivas. Isso justifica o bom desempenho da economia,

porém, ainda sem relevante mudança estrutural. No entanto, Pernambuco não possui um plano

como a Bahia possui o Peltbahia. Mesmo assim, os esforços políticos vão na direção de

qualificar a infraestrutura do estado a partir de Suape, com portos, ferrovias e rodovias.

Esforços que podem conduzir a alterações na estrutura econômica do estado.

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As informações coletadas revelam trajetórias distintas percorridas pelos dois estados e

apontam perspectivas de desempenho nada extraordinário, mas que podem fazer a diferença

tanto na esfera regional quanto nacional. Através destes dados, podemos concluir que

Pernambuco tem realizado maior esforço no segmento transportes que a Bahia, possuindo

melhores indicadores no conjunto de sua economia e considerando suas dimensões. Assim,

caminhando para melhores condições de infraestrutura de transportes, logística para as

empresas e qualidade de vida para a população.

O Brasil precisa redefinir a política de transportes, privilegiando este setor porque é essencial

para melhorar a eficiência numa esfera global, pois só dessa forma pode conseguir reduzir o

peso logístico no preço dos produtos. O setor de transportes aumenta a cada dia que passa a

participação nas estratégias das empresas, sendo diferencial importante para a atração das

mesmas. Ações nesse sentido são fundamentais para o desenvolvimento e crescimento

econômico brasileiro. Lembrando a necessidade de adequar os investimentos com questões

como sustentabilidade, considerando serem louváveis as ações de infraestrutura que estão

sendo feitas no âmbito dos projetos atuais do governo (PPP e PAC). Mudanças institucionais

podem favorecer esse processo, porque a participação das instituições será necessária para

lograrmos êxito nesse processo. A Bahia também necessita de redefinição da política de

transportes, sobretudo de maneira que aumente os gastos e faça direcionamentos nas despesas

em transportes visando a consolidação de importante figura no cenário do desenvolvimento

econômico brasileiro. É preciso ressaltar que as ações previstas como a Ferrovia Leste-Oeste

e o Porto Sul são importantes, mas são necessários mais investimentos, e a formulação de

políticas mais direcionadas para um planejamento de longo prazo. Pernambuco serve como

exemplo importante para alocação de recursos e resultados interessantes, na medida em que

seja tomada suas peculiaridades regionais e espaciais e que a política de transportes seja

voltada para a intermodalidade e um dos pilares de uma ampla política de desenvolvimento

econômico e social.

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