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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE FARMÁCIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DE ALIMENTOS JAQUELINE FRONZA WALKER ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO ÓLEO ESSENCIAL DE MANJERONA (Origanum majorana) CONTRA Salmonella enterica sorovar Schwarzengrund MULTIRRESISTENTE EM HORTALIÇAS SALVADOR BA 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE FARMÁCIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DE ALIMENTOS

JAQUELINE FRONZA WALKER

ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO ÓLEO ESSENCIAL DE

MANJERONA (Origanum majorana) CONTRA Salmonella

enterica sorovar Schwarzengrund MULTIRRESISTENTE

EM HORTALIÇAS

SALVADOR – BA

2014

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JAQUELINE FRONZA WALKER

ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO ÓLEO ESSENCIAL DE

MANJERONA (Origanum majorana) CONTRA Salmonella

enterica sorovar Schwarzengrund MULTIRRESISTENTE

EM HORTALIÇAS

Orientador (a): Profa. Dra. Alaíse Gil Guimarães

Coorientador: Prof. Dr. Cleber Alberto Schmidt

Dissertação apresentada à Faculdade de Farmácia da Universidade Federal da Bahia, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos, para obtenção do título de Mestre.

Salvador – BA 2014

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Sistema de Bibliotecas - UFBA

Walker, Jaqueline Fronza.

Atividade antimicrobiana do óleo essencial de manjerona (Origanum majorana) contra

Salmonella enterica sorovar Schwarzengrund multirresistente em hortaliças / Jaqueline Fronza

Walker. - 2014. 60 f.: il.

Inclui anexos e apêndices. Orientadora: Profª. Drª. Alaise Gil Guimarães.

Coorientador: Prof. Dr. Cleber Alberto Schmidt. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Farmácia, Salvador, 2014.

1. Óleos vegetais. 2. Origanum majorana. 3. Alimentos. 4. Salmonela. I. Guimarães, Alaise Gil. II. Schmidt, Cleber Alberto. III. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Farmácia.

IV. Título. CDD - 665.3

CDU - 665.3

4

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, irmã e noivo pelo amor e

compreensão durante toda a minha trajetória acadêmica.

E em especial à minha amiga Jaqueline Fontes Moreau Cruz (in memoriam

e no coração) pelo incentivo em fazer esse mestrado. Nunca esquecerei da

pessoa carinhosa, que dizia todo dia: “Jaque, o edital, Jaque... Já abriu!”. Meu

eterno agradecimento.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ouvir meus pedidos e me conceder bênçãos. Aos meus pais Airton e Beatriz, por não medirem esforços para continuar me apoiando com amor. À minha irmã Priscila, acolhedora de todas as horas, sejam tristes ou felizes. Ela é sensacional! Ao meu noivo Thiago, que sempre me incentivou a continuar minha carreira acadêmica. Obrigada “princhipe”! À minha orientadora Alaíse, pelos ensinamentos, compreensão e disposição SEMPRE prestados. Ao meu co-orientador Cléber, que foi fundamental, com suas ideias, sugestões e mudanças, sempre prestativo. À minha amiga Andréia, estava sempre à disposição para tirar minhas dúvidas, pelas conversas e que me ajudou muito em todas as etapas do estudo. À minha amiga Adriana, que desde a primeira vez que a vi, já gostei! Obrigada pela ajuda com tudo! Às estagiárias Palloma, Marcelle e Edilaine, pelo auxílio no laboratório.

Aos meus colegas do mestrado, que sofreram junto, mas os momentos de felicidade superaram as dificuldades! Às minhas amigas “Meninas”, estamos juntas pra sempre!

Aos meus tios, tias e primos.

À família do noivo, sempre presente na minha vida!

Às amigas Tainah, Neima e Verena pelo ótimo convívio e amizade!

Aos professores do PGALI.

A todos os funcionários da UFBA, em especial àqueles que ajudaram nas constantes mudanças de laboratório. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), pela concessão de auxílio dissertação. E a todos que de alguma forma contribuíram para a concretização deste trabalho.

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SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................ 9

ABSTRACT .......................................................................................................... 10

INTRODUÇÃO GERAL ........................................................................................ 11

OBJETIVOS ......................................................................................................... 13

Objetivo geral ....................................................................................................... 13

Objetivos específicos............................................................................................ 13

CAPÍTULO 1 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................ 14

1. Salmonella spp. .............................................................................................. 14

2. Cultivo orgânico de alimentos ......................................................................... 17

3. Antimicrobianos naturais ................................................................................ 18

3.1. Óleos essenciais ........................................................................................... 20

3.1.1. Óleo essencial de alecrim .......................................................................... 23

3.1.2. Óleo essencial de manjericão .................................................................... 24

3.1.3. Óleo essencial de manjerona ..................................................................... 24

4. Microbiologia de vegetais folhosos ................................................................. 25

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 29

CAPÍTULO 2 - ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO ÓLEO ESSENCIAL DE

MANJERONA (Origanum majorana) CONTRA Salmonella enterica sorovar

Schwarzengrund MULTIRRESISTENTE EM HORTALIÇAS DE CULTIVO

ORGÂNICO .......................................................................................................... 37

RESUMO .............................................................................................................. 38

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 38

2. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................... 39

2.1. Preparação da cultura bacteriana ................................................................. 39

2.2. Hortaliças e óleos essenciais ........................................................................ 40

2.3. Triagem da atividade antimicrobiana dos óleos essenciais ........................... 40

2.4. Soluções do OE para tratamento antimicrobiano .......................................... 41

2.5. Atividade antimicrobiana do óleo essencial contra Salmonella

Schwarzengrund em hortaliças ............................................................................ 41

2.6. Análise sensorial ........................................................................................... 42

8

2.7. Análise estatística.......................................................................................... 42

3. RESULTADOS ............................................................................................... 43

3.1. Triagem da atividade antimicrobiana dos óleos essenciais ........................... 43

3.2. Atividade antimicrobiana do óleo essencial de manjerona contra S.

Schwarzengrund em vegetais orgânicos .............................................................. 43

3.2.1. Atividade do óleo essencial de manjerona comparado com o controle de

hipoclorito de sódio 250 ppm em amostras inoculadas com S. Schwarzengrund 44

3.2.2. Atividade do óleo essencial de manjerona comparado com o controle de

tampão fosfato salino em amostras inoculadas com S. Schwarzengrund ............ 46

3.3. Análise sensorial ........................................................................................... 47

4. DISCUSSÃO .................................................................................................. 48

5. CONCLUSÃO ................................................................................................. 52

6. REFERÊNCIAS .............................................................................................. 52

ANEXOS .............................................................................................................. 57

APÊNDICES ......................................................................................................... 59

9

RESUMO

Os óleos essenciais são produtos extraídos de plantas e exibem importantes propriedades antimicrobianas, antitoxigênicas e antiparasitárias. A garantia da segurança em se ter alimentos livre de patógenos, com características nutricionais e organolépticas conservadas e o fato de que os consumidores estão cada vez mais dando preferência a alimentos mais saudáveis e livres de conservantes sintéticos é o que tem motivado o estudo de óleos essenciais para aplicação em alimentos. O objetivo do trabalho foi avaliar a eficácia do óleo essencial de manjerona quando aplicado em hortaliças orgânicas inoculadas artificialmente com Salmonella enterica sorovar Schwarzengrund. Foi avaliada, primeiramente a atividade antimicrobiana dos óleos essenciais de alecrim, manjericão e manjerona, para saber qual apresentava maior efetividade contra a Salmonella enterica sorovar Schwarzengrund. Esse teste foi realizado pela técnica de difusão em discos de papel filtro estéreis. As amostras de alface lisa, couve e rúcula foram lavadas e deixadas imersas em solução com hipoclorito de sódio 250 ppm por 20 minutos. Após pesagem em porções de 10g, as amostras foram inoculadas por imersão em solução salina a 0,85% contendo 4 log UFC.g-1 de Salmonella enterica sorovar Schwarzengrund, posteriormente imersas separadamente em cada uma das três soluções do óleo essencial a 0,1%, 0,3% e 0,5%, no controle de tampão fosfato-salino e no controle de hipoclorito de sódio 250 ppm, por 1 e 2 minutos. A enumeração de Salmonella foi realizada em três dias consecutivos, por meio de plaqueamento nos meios HE (ágar Entérico de Hecktoen) e XLD (ágar Xilose Lisina Desoxicolato). A concentração de 0,5% do óleo essencial de manjerona proporcionou as maiores reduções na carga microbiana, com diferenças estatisticamente significativas (p<0,05), quando comparada ao controle de hipoclorito de sódio 250 ppm nas folhas de couve e rúcula. Houve uma boa aceitação sensorial das amostras de alface tratadas com o óleo essencial de manjerona incorporado ao azeite de oliva. Além da boa aceitação sensorial, observou-se que nas condições em que os testes foram realizados, os dados obtidos demonstraram que o óleo essencial de manjerona a 0,5% foi mais eficaz que o hipoclorito de sódio na redução da contaminação microbiana em todas as amostras, o que permite propor sua utilização como um complemento na desinfecção de hortaliças, aumentando a segurança na utilização destes alimentos. Palavras-chave: Antimicrobianos naturais. Origanum majorana. Desinfecção. Salmonella.

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ABSTRACT

The essential oils are products extracted from plants that exhibit significant antimicrobial, antiparasitic and antitoxigenic properties. The use of essential oils in the foods or foodstuff area has been motivated by the need to ensure microbiological safety and the maintenance of nutritional and organoleptic characteristics, as well as the fact that consumers are increasingly preferring healthier foods, which are free of synthetic preservatives. The aim of the study was to evaluate the efficacy of the marjoram essential oil when applied to organic vegetables artificially inoculated with Salmonella enterica serovar Schwarzengrund. First, was evaluated the antimicrobial activity of rosemary, sage and majorana essential oils to know which has the greatest effectivity against the Salmonella enterica sorovar Schwarzengrund. This test was conducted by the test of disk diffusion in sterile filter papers. The samples of smooth lettuce, kale and arugula were washed and immersed in solution with 250 ppm sodium hypochlorite for 20 minutes. After weighing in portions of 10g, the samples were inoculated by immersion in 0.85% saline solution containing 4 log CFU.g-1 of Salmonella enterica serovar Schwarzengrund, later immersed separately in three solutions (0.1%, 0.3% and 0.5% concentration) and in the control solutions of sterile phosphate-buffered saline and sodium hypochlorite (250 ppm) during 1 and 2 minutes. The enumeration of Salmonella through plating in HE (Hecktoen Enteric) and XLD (Xylose Lysine Deoxycholate) agar was carried out during 3 consecutive days. In kale and arugula leaves, the marjoram essential oil at 0.5% concentration showed higher antimicrobial activity compared to the control of sodium hypochlorite 250 ppm. There was a good acceptability of lettuce samples treated with the essential oil of marjoram incorporated into the olive oil. Besides the good acceptability, it was observed that under the conditions which the tests were performed, the results showed that 0.5% marjoram essential oil was more effective than the 250 ppm sodium hypochlorite solution in reducing microbial contamination in all samples, allowing us to propose it as a complement to disinfect vegetables, increasing the safety use of these foods.

Keywords: Natural antimicrobials. Origanum majorana. Disinfection. Salmonella.

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INTRODUÇÃO GERAL

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo diário

de 400g de frutas e hortaliças, o que equivale a cinco porções desses alimentos.

As frutas e hortaliças desempenham papel importante na alimentação humana e

são fonte de vitaminas e minerais, sendo importantes componentes de uma dieta

saudável. Investigações revelam o seu efeito protetor na redução do risco de

doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer e também na manutenção do

peso corporal (JAIME et al., 2009; RAMALHO et al., 2012). Segundo o Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010) o consumo anual de hortaliças

per capita, entre os anos de 2008/2009 foi de 27,075kg.

Como as hortaliças são consumidas normalmente cruas, se o processo

de higienização não for realizado corretamente, podem conter micro-organismos

veiculadores de doenças. Dessa forma, esses alimentos estão cada vez mais

relacionados a surtos de gastroenterites, com um aumento progressivo de casos,

passando de sete casos no ano de 2000 para 109 no ano de 2012 (CASTRO-

ROSAS et al., 2012; BRASIL, 2013).

Esse fato pode ser potencializado com o aumento do consumo de

hortaliças orgânicas. Estes produtos são mais suscetíveis a contaminação

microbiológica, uma vez que em seu cultivo não são utilizados produtos químicos

para eliminar os organismos vivos presentes. Então, esses alimentos necessitam

de maior cuidado na etapa de higienização (NGUZ et al., 2005).

A preocupação com a segurança na adição de aditivos químicos em

alimentos tem surgido nos últimos anos, pois os consumidores exigem cada vez

mais o uso de produtos naturais como conservantes alternativos. Particular

interesse tem sido focado no uso de óleos essenciais de plantas como aditivos

alimentares, devido ao seu potencial como ingredientes preservativos ou

tratamentos descontaminantes, e por serem amplamente aceitos pelos

consumidores (GOVARIS et al., 2010; GUTIERREZ et al., 2009).

A garantia da segurança em se obter alimentos com características

nutricionais e organolépticas conservadas é o que tem motivado a busca por

esses conservantes naturais com potencial aplicação em alimentos. Porém, a

12

escolha de antimicrobianos naturais está vinculada à compatibilidade destes com

o alimento alvo, assim como sua efetividade contra micro-organismos

indesejáveis, segurança, entre outras características (HYLDGAARD et al., 2012).

Os óleos essenciais de plantas são um exemplo de potenciais

antimicrobianos naturais bastante estudados para aplicação em alimentos e sua

grande maioria é classificada como GRAS, do termo inglês “generally recognized

as safe” (geralmente reconhecido como seguro). São produtos obtidos de

materiais vegetais, em que seus componentes e óleo extraído exibem

propriedades antimicrobianas, antioxidante, antitoxigênicas e antiparasitárias

(BURT, 2004; CAROVIC-STANKO et al., 2010).

13

OBJETIVOS

Objetivo geral

Determinar qual óleo essencial (alecrim, manjericão e manjerona) possui a melhor

atividade antimicrobiana contra Salmonella enterica sorovar Schwarzengrund

multirresistente, para posterior aplicação em três tipos de hortaliças.

Objetivos específicos

- Realizar testes de triagem da atividade antimicrobiana dos óleos essenciais de

alecrim, manjericão e manjerona contra Salmonella enterica sorovar

Schwarzengrund em ensaios de disco difusão no ágar;

- Estudar a eficácia antimicrobiana do óleo essencial que apresentar melhor

atividade antimicrobiana em diferentes concentrações e tempos de aplicação;

- Comparar a atividade antimicrobiana do óleo essencial que apresentar melhor

atividade antimicrobiana à da solução de hipoclorito de sódio (250 ppm) nos

mesmos tempos de aplicação;

- Avaliar, por meio de teste sensorial, a aceitação e intenção de compra de alface

com óleo essencial misturado ao azeite de oliva.

14

CAPÍTULO 1 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1. Salmonella spp.

O gênero Salmonella pertence à família Enterobacteriaceae, são

bastonetes Gram-negativos, fermentadores, não esporulados, na maioria móveis,

de metabolismo aeróbio ou facultativamente anaeróbio. Estão amplamente

distribuídos na natureza e têm o trato intestinal do homem e animais como seu

hábitat primário. Sua temperatura ideal de desenvolvimento situa-se na faixa de

35 a 37ºC, sendo a mínima de 5ºC e a máxima de 47ºC. O pH ótimo para seu

desenvolvimento fica próximo de 7,0 e valores superiores a 9,0 e inferiores a 4,0

são bactericidas e, não toleram concentrações superiores a 9% de NaCl (JAY,

2005).

Em todo o mundo, Salmonella spp. é um dos principais micro-

organismos responsáveis por gastroenterites em humanos, podendo afetar

qualquer pessoa, principalmente aqueles com sistema imune debilitado. Sua

dinâmica de infecção é variável e pode também ser afetada pelo estilo de vida e

comportamento humano, tecnologia, comércio e turismo. Como as salmonelas

apresentam a habilidade de persistirem no intestino de animais e de invadirem

tecidos, muitos alimentos podem servir como veículos para sua transmissão, o

que representa um desafio maior à segurança alimentar (HUMPHREY, 2004;

WIGLEY et al., 2005; BAJPAI et al., 2012; CARRASCO et al., 2012).

A infecção geralmente decorre da ingestão de água e alimentos

contaminados, tais como temperos e principalmente alimentos de origem animal.

Porém, nos últimos anos, infecções desse tipo têm sido cada vez mais

associadas a alimentos crus, como frutas e hortaliças minimamente processadas,

onde a contaminação ocorre principalmente pela água de irrigação e adubo

orgânico utilizados na produção primária. Com relação às etapas do

processamento dos alimentos, vários fatores como a temperatura de

armazenagem inadequada, cocção insuficiente ou contaminação cruzada

favorecem a multiplicação de micro-organismos (OLIVEIRA et al., 2011;

MUKHOPADHYAY e RAMASWAMY, 2012; ZWEIFEL e STEPHAN, 2012).

15

A carga bacteriana para iniciar uma infecção varia de acordo com a

cepa, o alimento consumido e o estado geral do hospedeiro, estimando-se que

seja necessário de 105 a 1010 UFC (unidades formadoras de colônias) para iniciar

uma infecção. Grande quantidade de inóculo é necessária para superar a barreira

da acidez do estômago e competir com a microbiota do intestino. Porém, a dose

infecciosa é reduzida quando os alimentos contaminados com Salmonella

atravessam o estômago mais rapidamente, como líquidos, ou alimentos que

neutralizam a acidez estomacal. Com isso, indivíduos com pH gástrico mais

elevado são mais suscetíveis à infecção (DARWIN e MILLER, 1999).

As espécies Salmonella enterica e Salmonella bongori são as únicas

que compreendem o gênero Salmonella. Salmonella enterica é subdividida em

seis subespécies, que apresentam diferenças bioquímicas e genômicas entre si e

são designadas por nomes ou números romanos, com um total de 2610 sorotipos

(Tabela 1) (GUIBOURDENCHE et al., 2010).

Tabela 1. Espécie, subespécie e número de sorotipos de Salmonella spp.

Espécie Subespécie N° de sorotipos por

subespécie

S. enterica enterica 1547

S. enterica salamae 513

S. enterica arizonae 100

S. enterica diarizonae 341

S. enterica houtenae 73

S. enterica indica 13

S. bongori 23

Total: 2610

Fonte: Guibourdenche et al., 2010.

Quando são excretadas nas fezes, podem ser transmitidas por insetos

e outros organismos vivos para outras localidades, sendo a água uma delas. Essa

água, quando usada no processamento de alimentos, pode torna-los veículos de

doenças transmitidas por alimentos, caracterizando uma contaminação cruzada

(JAY, 2005).

16

As salmonelas podem ser destruídas pelos desinfetantes mais

utilizados nas indústrias, tais como fenóis, clorados e iodados, além de que são

sensíveis à luz solar e também quando submetidas a altas temperaturas (60°C

por 5 minutos). Porém, o uso inadequado de agentes químicos para limpeza das

linhas de produção nas indústrias de alimentos favorece a manutenção de

patógenos em toda cadeia produtiva, dificultando a eliminação do micro-

organismo e permitindo a ocorrência de surtos de infecções alimentares causadas

pelo consumo de produtos contaminados (CERF et al., 2010).

Historicamente, os sorotipos de Salmonella Enteritidis e Typhimurium

têm sido os maiores causadores de salmonelose não-tifoidal, que geralmente é

uma doença auto limitada, os pacientes se recuperam sem a necessidade de

atenção médica, sendo a administração de antimicrobianos no tratamento de

gastroenterites não recomendado. Já uma pequena parcela de infecções por

Salmonella resulta em salmonelose invasiva, que requer hospitalização e

antibioticoterapia. O que tem agravado esses casos são as salmonelas

multirresistentes, ou seja, cepas que são resistentes a antimicrobianos de

diferentes classes, dificultando o controle e tratamento dessas doenças

(BANGTRAKULNONTH et al., 2004; CERF et al., 2010; BRICHTA-HARHAY et al.,

2011).

Cloete (2003) define a resistência de bactérias aos antimicrobianos

como a capacidade temporária ou permanente de um micro-organismo e sua

descendência de permanecer viável e/ou se multiplicar sob condições que

poderiam destruir ou inibir outros membros da cepa.

Segundo Aarestrup e colaboradores (2007) a Salmonella

Schwarzengrund recentemente se tornou um dos principais sorovares isolados de

humanos, animais e alimentos, inclusive multirresistentes a medicamentos. A

preocupação com a existência de Salmonella resistente a medicamentos se deve

ao fato de que pessoas infectadas com esse micro-organismo ficam

hospitalizadas por períodos mais longos do que os pacientes com infecções

causadas por cepas sensíveis, tendo uma maior incidência de óbitos (LEE et al.,

1994; HELMS et al., 2004).

17

2. Cultivo orgânico de alimentos

Para a maioria dos consumidores, a segurança tem se tornado um dos

atributos mais importantes nos alimentos e essa preocupação tem influenciado o

seu padrão de compra. Um desses aspectos tem sido o aumento da demanda por

alimentos cultivados organicamente, onde essa preferência está associada à

crença de que alimentos orgânicos são mais saudáveis (CHASSY et al., 2006;

MAGKOS et al., 2006).

A agricultura orgânica utiliza condições que evitam produtos químicos,

hormônios, antibióticos, engenharia genética e irradiação. Por estar baseada

numa visão holística, esta forma de cultivo promove o desenvolvimento

sustentável dos agroecossistemas, obedecendo a biodiversidade, os ciclos

biogeoquímicos e a atividade biológica do solo utilizando fertilizantes de origem

orgânica e fontes renováveis de energia (CHEN, 2005; CASADO e MOLINA,

2009; FORMAN e SILVERSTEIN, 2012). Segundo o Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento, o objetivo do cultivo orgânico é promover qualidade de

vida com proteção ao meio ambiente (MAPA, 2013).

Os consumidores estão cada vez mais optando por esses alimentos

devido à percepção de que são mais saudáveis e seguros do que aqueles

cultivados em sistema convencional, por não conterem resíduos de pesticidas e

nitratos/nitritos (LV et al., 2012). Frente a este cenário, Andrade e Bertoldi (2012)

caracterizaram, por meio de entrevistas, o mercado consumidor de alimentos

orgânicos na cidade de Belo Horizonte-MG. Quando indagados sobre o conceito

de “alimento orgânico”, 69,7% dos consumidores definiu como isento de

agrotóxicos ou pesticidas e 14,5% de produtos químicos.

Por acreditarem que os alimentos orgânicos tenham um valor

nutricional mais elevado e um maior teor de compostos biologicamente ativos, os

consumidores estão dispostos a pagar maior valor para obtê-los (MAGKOS et al.,

2006; HALLMANN e REMBIALKOWSKA, 2012). Porém, Winter e Davis (2006)

concluíram que esse melhor valor nutricional depende do nutriente avaliado. Entre

estudos que comparam a quantidade de componentes alimentares, os que

tiveram destaque foram os ácidos orgânicos e compostos polifenólicos.

18

Apesar de ter um apelo saudável, autores relatam que os alimentos de

cultivo orgânico têm sido considerados um risco à saúde do consumidor, por

serem mais suscetíveis a contaminação microbiológica devido ao método de

cultivo e processamento, onde fertilizantes naturais como esterco animal são

utilizados em substituição aos fertilizantes químicos (McMAHON e WILSON,

2001; NGUZ et al., 2005).

Em contrapartida, existem no Brasil selos de regulamentação para a

produção de orgânicos. Dentre as normas exigidas, uma delas é a de que a

compostagem do esterco seja realizada de acordo com procedimentos

específicos como, por exemplo, que esse processo seja feito a 55-77°C, e

aplicado com mais de 90 dias antes da colheita. Já no uso em cultivo

convencional, não são exigidos tais procedimentos (CHEN, 2005; WINTER e

DAVIS, 2006).

3. Antimicrobianos naturais

Diversos sistemas de conservação de alimentos utilizam tratamento

térmico e/ou adição de conservantes químicos para controlar o desenvolvimento

de micro-organismos deteriorantes e patogênicos, porém esses sistemas podem

ter efeitos indesejáveis. Dentre os compostos antimicrobianos, antioxidantes e

prebióticos utilizados, as indústrias estão começando a dar preferência àqueles

naturais, evitando dessa forma, a utilização extensiva de aditivos químicos, onde

estudos comprovam a toxicidade de alguns desses compostos, bem como pelo

fato de que os consumidores estão dando maior preferência a alimentos naturais,

livres de aditivos sintéticos (OLASUPO et al., 2003; BURT, 2004; KECHICHIAN et

al., 2010).

Segundo o Codex Alimentarius (2008), antimicrobiano ou agente

antimicrobiano é qualquer substância de origem natural, semissintética ou

sintética que em concentrações adequadas elimina ou inibe o crescimento de

micro-organismos devido à interação com um alvo específico. Os antimicrobianos

podem ser classificados como bactericidas, que eliminam micro-organismos, ou

bacteriostáticos, que inibem o seu desenvolvimento.

19

Existe uma demanda crescente por alimentos minimamente

processados, frescos prontos para o consumo e de preparo rápido. Esses novos

tipos de comércio de alimentos representam grandes desafios para a qualidade e

segurança alimentar. Com isso, os antimicrobianos naturais são utilizados em

alimentos para controlar sua deterioração natural e também como prevenção e/ou

controle do desenvolvimento de micro-organismos, inclusive os patógenos

(TAJKARIMI et al., 2010; LUCERA et al., 2012).

Os antimicrobianos podem agir sobre os micro-organismos de quatro

formas diferentes: inibição da síntese da parede celular; alteração da

permeabilidade da membrana celular ou do transporte ativo através da membrana

celular; inibição da síntese de proteínas e inibição da síntese de ácido nucleico

(ANVISA, 2014; SILVA, 2007). A Figura 1 mostra os efeitos dessa ação, no caso

dos óleos essenciais, com a degradação da parede celular, os danos para a

membrana citoplasmática, danos às proteínas de membrana, coagulação do

citoplasma e esgotamento da força motriz dos prótons (BURT, 2004).

Figura 1. Sítios do mecanismo de ação dos óleos essenciais frente à célula bacteriana (Adaptado de Burt, 2004).

Existem mais de 1340 plantas com compostos antimicrobianos naturais

definidos e mais de 30000 componentes têm sido isolados dos seus óleos

vegetais e que são utilizados na indústria de alimentos. No entanto,

características comerciais úteis estão disponíveis somente em alguns óleos

essenciais (TAJKARIMI et al., 2010).

20

3.1. Óleos essenciais

Óleos essenciais (OE) são também considerados como

antimicrobianos naturais, sendo líquidos aromáticos e voláteis extraídos de alguns

órgãos das plantas como: flores, raízes, sementes, cascas, folhas, frutas ou

madeira e da planta como um todo. Têm sido utilizados durante séculos na

medicina, perfumaria e cosmético, tendo adquirido relevância como agentes

flavorizantes no século XIX (HYLDGAARD et al., 2012).

São metabólitos secundários biossintetizados em estruturas

glandulares de uma célula vegetal. Seus constituintes são uma família diversa de

compostos orgânicos de baixo peso molecular, com grandes diferenças na

atividade antimicrobiana. Os óleos essenciais empregados comercialmente

podem ser isolados ou extraídos utilizando metodologias como extração com

solvente e expressão, porém o mais utilizado é o método de destilação a vapor. E

para determinar a composição detalhada desses produtos são utilizados

normalmente cromatografia e espectrometria de massa, sendo que os

componentes em maior quantidade podem constituir até 85% do óleo essencial

(BURT, 2004; BAJPAI et al., 2012; HYLDGAARD et al., 2012).

Cada óleo essencial exibe uma atividade antimicrobiana, e que

depende do tipo de condimento ou erva, da composição química e teor de

extratos. A composição química é variada, complexa e depende da variedade,

parte da planta utilizada, origem, processamento e condições de armazenamento.

Os componentes dos óleos essenciais são divididos em dois grupos: os de origem

terpênica e os compostos aromáticos. Os compostos fenólicos são os principais

componentes responsáveis pelas propriedades antibacterianas desses produtos,

são capazes de romper a membrana celular, bem como inibir as propriedades

funcionais da célula e eventualmente, saída dos materiais do interior da célula. Na

Tabela 2 estão discriminados os principais componentes de alguns óleos

essenciais que exibem propriedades antimicrobianas (BURT, 2004; BAJPAI et al.,

2012; ALBOOFETILEH et al., 2014).

21

Tabela 2. Principais componentes de óleos essenciais que exibem propriedades antimicrobianas

Nome comum do

OEa

Nome científico da

planta fonte

Principais

componentes

Composição aproximada

b

(%)

Referências

Coentro

Coriandrum sativum

(sementes)

Linalol

E-2-decanal

70%

-

(Delaquis et al., 2002)

Canela

Cinnamomum

zeylandicum

Trans-2-

cinamaldeído

65%

(Lens-Lisbonne et al., 1987)

Orégano

Origanum vulgare

Carvacrol

Timol Γ-Terpineno p-Cimeno

Traço-80%

Traço-64% 2-52%

Traço-52%

(Lawrence, 1984; Prudent et al.,

1995; Charai et al., 1996; Sivropoulou et al., 1996; Kokkini et al., 1997; Russo et al., 1998;

Daferera et al., 2000; Demetzos e Perdetzoglou, 2001; Marino et

al., 2001)

Alecrim

Rosmarinus officinalis

α-pineno acetato Bomyl

Cânfora

1,8-cineol

2-25% 0-17& 2-14%

3-89%

(Daferera et al., 2000, 2003;

Pintore et al., 2002)

Sálvia

Salvia officinalis L.

Cânfora

α-pineno β-pineno 1,8-cineol

α-tujone

6-15%

4-5% 2-10% 6-14%

20-42%

(Marino et al., 2001)

Cravo

Syzygium aromaticum

Eugenol

Acetato eugenilo

75-85%

8-15%

(Bauer et al., 2001)

aÓleos Essenciais que tem demonstrado propriedades antibacterianas in vitro ou em modelos de alimentos e para o

qual a composição pode ser encontrada na literatura. bPorcentagens dos voláteis totais arredondados para o número inteiro mais próximo.

Fonte: Adaptado de Burt (2004).

A maioria dos óleos essenciais é classificada como GRAS e sua

efetividade não é definida por um mecanismo específico e nem pelo grande

número de diferentes compostos químicos presentes, mas sim por vários alvos na

célula que podem contribuir para suas propriedades antimicrobianas (BURT,

2004).

Com relação ao mecanismo de ação dos óleos essenciais, já é

reconhecido que a ação antimicrobiana depende de suas características

hidrofílicas ou lipofílicas, sendo que o mecanismo é relatado com o ataque aos

fosfolipídios presentes na membrana celular, o que resulta em um aumento da

permeabilidade e extravasamento do citoplasma, ou também em interações com

enzimas localizadas na parede celular. O modo de ação desses antimicrobianos

depende também do tipo de micro-organismo (KALEMBA e KUNICKA, 2003;

GÓMEZ-ESTACA et al., 2010).

Embora haja exceções na literatura, geralmente as bactérias Gram-

positivas são mais suscetíveis do que as Gram-negativas aos compostos

22

lipofílicos dos óleos essenciais. Uma possível explicação para esta atividade pode

estar relacionada à dificuldade dos óleos essenciais em se difundirem através da

membrana externa da parede celular, pois existe uma barreira hidrofílica que

impede a passagem de macromoléculas e combinações hidrofóbicas, embora não

seja totalmente impermeável (Figura 2) (KALEMBA e KUNICKA, 2003; BUSATTA

et al., 2008).

Figura 2. Diagrama simplificado da parede celular de bactérias Gram-positivas e Gram-negativas. Fonte: FOX (2010).

O efeito antimicrobiano de um óleo essencial é avaliado inicialmente in

vitro, podendo utilizar o método de difusão em ágar, onde discos de papel filtro

estéril são impregnados com o agente antimicrobiano, colocados sobre a

superfície de placas com ágar previamente inoculadas com o micro-organismo e o

seu halo de inibição é observado. Já a avaliação dos óleos essenciais em

modelos alimentares é necessária para determinar se eles serão agentes

antimicrobianos eficazes dentro da matriz alimentar (FISHER e PHILLIPS, 2008).

Em alimentos de origem vegetal, por exemplo, a eficácia biológica dos

óleos essenciais é atribuída às propriedades intrínsecas e extrínsecas das

amostras, sendo que o conteúdo de gordura de um alimento pode ser um

adversário direto sobre a eficácia dos óleos essenciais quando testados contra os

patógenos, já que a mesma serve de barreira para esses micro-organismos

(BAJPAI et al., 2012).

Koutsoumanis e colaboradores (1999) estudando salada inoculada com

patógeno alimentar, constataram que o óleo essencial de orégano pode suprimir o

número de Salmonella Enteritidis imediatamente após a inoculação e também

proporcionar aumento na taxa de mortalidade desse micro-organismo.

Óleos essenciais podem ser utilizados como antibacterianos, porém o

impacto organoléptico deve ser considerado quando de seu uso como

23

conservantes naturais, uma vez que podem alterar o sabor dos alimentos ou

exceder limiares aceitáveis de sabor (GUTIERREZ et al., 2008). Porém Burt

(2004) afirma que, em se tratando de propriedades organolépticas, os óleos

essenciais podem ser facilmente incorporados em produtos alimentares.

Os óleos essenciais têm sido utilizados pela indústria de alimentos

como conservantes naturais para prevenir a deterioração, aumentar a vida de

prateleira de produtos e controlar o desenvolvimento de patógenos, visto que um

grande problema de saúde pública são as doenças transmitidas por alimentos

(SOLÓRZANO-SANTOS e MIRANDA-NOVALES, 2012).

3.1.1. Óleo essencial de alecrim

Nos países mediterrâneos, o alecrim (Rosmarinus officinalis) nasce

como uma planta selvagem, chegando a 1,5 m de altura pertencendo à família

Lamiaceae. A sua classificação botânica é bastante complexa, pois há várias

espécies dentro do gênero Rosmarinus, com uma gama de variedade e formas.

Devido às propriedades antioxidantes de suas folhas, Rosmarinus officinalis tem

sido amplamente aceito como uma das especiarias com maior atividade

antioxidante (ATTI-SANTOS et al., 2005; WANG et al., 2008).

A Tabela 3 apresenta os micro-organismos que têm sido estudados

frente à ação antimicrobiana do óleo essencial de alecrim, sendo eficiente para

todos.

Tabela 3. Atividade antimicrobiana do óleo essencial de Rosmarinus officinalis

MICRO-ORGANISMOS ESTUDADOS

REFERÊNCIAS

Staphylococcus aureus

OJEDA-SANA et al., 2013; JIANG et al., 2011;

OKOH et al., 2010; BOZIN et al., 2007

Enterococcus faecalis

OJEDA-SANA et al., 2013 Escherichia coli OJEDA-SANA et al., 2013; RIBEIRO et al., 2013

Klebsiella pneumoniae

OJEDA-SANA et al., 2013; OKOH et al., 2010

Bacillus subtilis

JIANG et al., 2011; OKOH et al., 2010; BOZIN et

al., 2007

Proteus vulgaris, Pseudomonas aeruginosa, Candida albicans, Aspergillus niger

JIANG et al., 2011

Salmonella Typhi, Salmonella Enteritidis, Shigella sonei, Micrococcus flavus, Sarcina lutea,

Staphylococcus epidermidis

BOZIN et al., 2007

24

O óleo essencial de alecrim é considerado uma das fontes mais

importantes de compostos voláteis e não-voláteis e a variação da sua composição

foi reportada à sua origem geográfica (OJEDA-SANA et al., 2013).

Estudos realizados com a finalidade de identificar os principais

constituintes do óleo essencial de alecrim, que seriam os responsáveis pela

atividade antioxidante e antimicrobiana desse óleo, constataram que o 1,8-cineol

e α-pineno foram encontrados em maior quantidade (WANG et al., 2008;

BERETTA et al., 2011; JIANG et al., 2011; OJEDA-SANA et al., 2013).

3.1.2. Óleo essencial de manjericão

O manjericão (Ocimum basilicum L.) é membro da família Lamiaceae, e

entre as 150 espécies do gênero Ocimum, é a principal espécie cultivada

comercialmente em muitos países. Pode ser utilizada como uma planta medicinal,

tempero ou condimento e seu óleo essencial pode ser empregado em alimentos e

fragrâncias (HUSSAIN et al., 2008; BLANK et al., 2012).

De acordo com a literatura, os principais componentes do óleo

essencial de manjericão são o linalol e estragol (BAGAMBOULA et al., 2004;

HUSSAIN et al., 2008; BLANK et al., 2012; SIENKIEWICZ et al., 2013). Estudos

comprovam que esse óleo foi mais efetivo que o óleo essencial de alecrim na

inativação de Escherichia coli resistente (SIENKIEWICZ et al., 2013). Foi testado

contra Staphylococcus aureus, Bacillus subtilis, Pasteurella multocida, Escherichia

coli, Aspergillus niger, Mucor mucedo, Fusarium solani, Botryodiplodia

theobromae, Rhizoctonia solani, Escherichia coli O157:H7 e Salmonella

Typhimurium, mostrando efetividade em todos os casos (HUSSAIN et al., 2008;

KARAGÖZLÜ et al., 2011).

3.1.3. Óleo essencial de manjerona

Manjerona (Origanum majorana) é uma planta aromática perene,

herbácea pertencente à família Lamiaceae, nativa da região mediterrânea. Na

indústria de alimentos é utilizada como condimento de salsichas, e em menores

25

relatos nos produtos de panificação, legumes processados, sopas, salgadinhos e

molhos (KOMAITIS, 1999; NOVAK et al., 2002; LEEJA e THOPPIL, 2007).

Além de ser utilizado na perfumaria e cosméticos, devido ao seu odor

picante, o óleo essencial de manjerona é empregado também na manufatura de

fungicidas e em vários produtos farmacêuticos, podendo ter o maior potencial

para uso em aplicações industriais (BUSATTA et al., 2008; BAÂTOUR et al.,

2012). Ainda que pouco estudado, seu principal constituinte é o terpinen-4-ol

(VERA e CHANE-MING, 1999; VÁGI et al., 2005; BUSATTA et al., 2008).

O óleo essencial de manjerona tem sido estudado desde o século XIX,

quando Biltz afirmou que esse óleo continha cerca de 40% de hidrocarbonetos

monoterpênicos, principalmente terpineno. Já em 1906, Wallach demonstrou que

a manjerona doce continha terpineol-4 e α-terpineol. E a partir daí, somente nos

anos sessenta é que prosseguiram as investigações em torno desse óleo

(TASKINEN, 1974).

4. Microbiologia de vegetais folhosos

Recentes surtos de origem alimentar têm levado ao reconhecimento

de produtos frescos como veículos emergentes de doenças transmitidas por

alimentos. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados

Unidos reportou um aumento no número de surtos de doenças transmitidas por

alimentos por produtos frescos entre 1995 e 2005 em todo o mundo (SEOW et al.,

2012). No Brasil, segundo a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS-MS) entre

os anos de 2000 e 2013, foram reportados 110 casos de surtos envolvendo

hortaliças como agente de doenças veiculadas por alimentos (BRASIL, 2013).

A contaminação e potencial desenvolvimento de micro-organismos

patógenos em hortaliças, principalmente em saladas prontas para o consumo tem

sido objeto de estudo. A contaminação de hortaliças por coliformes fecais,

Escherichia coli e seus patotipos, aeróbios mesófilos, aeróbios psicrotróficos,

leveduras, Listeria monocytogenes e Salmonella spp. já foi comprovada

(CASTRO-ROSAS et al., 2012; SANT'ANA et al., 2012; SEOW et al., 2012).

Salmonella é a causa mais frequente relatada em casos de

gastroenterites e tem sido implicada em surtos causados pelo consumo de

26

vegetais contaminados. Em toda a cadeia de produção, os vegetais folhosos

podem ser contaminados com Salmonella. A contaminação por água de irrigação

(excrementos, solo e outros insumos como esgoto podem introduzir

enteropatógenos diretamente para os cursos de água), solo ou esterco

compostado indevidamente durante a produção primária, são consideradas as

fontes mais prováveis (HEATON e JONES, 2008; GÜNDÜZ et al., 2009;

RAVISHANKAR et al., 2010; OLIVEIRA et al., 2011).

Na Tabela 4 estão relacionados surtos que aconteceram no mundo

entre os anos de 1997 e 2007, em que a Salmonella foi o agente etiológico e

frutas e hortaliças os alimentos-veículos.

Tabela 4. Surtos alimentares reportados entre os anos de 1997 e 2007 no mundo com agente etiológico a Salmonella.

Ano Patógeno Veículo Referência

1997 Salmonella Enteritidis Couve-flor Anon (2005a)

1997 S. Enteritidis PT4 Pimenta Anon (2005a)

1997 S. Meleagridis Semente germinada (alfafa) Taormina et al. (1999)

1997 S. Infantis ⁄ S. Anatum Semente germinada (alfafa e feijão-da-china)

Taormina et al. (1999)

1997 S. Saphra Melão Sivaplasingham et al. (2004)

1997-8 S. Senftenberg Semente germinada (trevo e alfafa)

Taormina et al. (1999)

1998 S. Havana ⁄ S. Cubana ⁄ S. Tennessee

Semente germinada (alfafa) Taormina et al. (1999)

1998 S. Oranienburg Melão Anon (2001a,b)

1998-99 S. Baildon Tomates Anon (2001a,b)

1999 S. Muenchen Suco de laranja não pasteurizado

Anon (2001a,b)

1999 S. Thompson Coentro Sivaplasingham et al. (2004)

1999 S. paratyphi B var. java Sementes germinadas Stratton et al. (2001)

2000 S. Enteritidis Suco de frutas cítricas não pasteurizado

Anon (2001a,b)

2000 S. Poona Melão CDC (2002a)

2000 S. Typhimurium Alface Horby et al. (2003)

2000 S. Typhimurium DT104 Alface Anon (2005a)

2000 S. Typhimurium DT204B Alface Anon (2005a)

27

Tabela 4. Continuação.

2000 S. Enteritidis 11b Broto de feijão-da-china Harb et al.(2003)

2001 S. Kottbus Semente germinada (alfafa) CDC (2002b)

2001 S. Newport Salada misturada ensacada Anon (2005a)

2001 S. Virchow Salada Anon (2005a)

2001 S. Poona Melão CDC (2002a)

2001 S. Enteritidis Broto de feijão-da-china Honish and Nguyen (2001)

2002 S. Javiana Tomates CDC (2002c)

2002 S. Poona Melão CDC (2002a)

2003-4 S. Enteritidis Amêndoas CDC (2004)

2004 S. Newport Alface Gillespie (2004)

2004 S. Thompson Salada de rúcula Nygard et al. (2004)

2004 S. Braenderup Tomates CDC (2005)

2004 S. Javiana Tomates Anon (2005a)

2005 S. Typhimurium DT104 Alface Takkinen et al. 2005

2005 S. Typhimurium DT104 Alface Anon (2005a)

2005 S. Enteritidis Broto de feijão Anon (2005b)

2006 S. Newport Tomates Anon (2007)

2006 S. Typhimurium Tomates CDC (2006a)

2007 S. Senftenberg Manjericão Pezzoli et al. (2007)

Fonte: Adaptado de HEATON e JONES (2008).

Nas condições do campo, as populações de Salmonella aderidas à

superfície dos vegetais diminuem ao longo do tempo por não ser este um meio

propício, com isso, a proliferação não ocorre. Porém, após a colheita, os

patógenos entéricos têm oportunidades de crescimento, dependendo da

temperatura, disponibilidade de água, danos nos tecidos, nutrientes, microflora

nativa e composição atmosférica de embalagens (OLIVEIRA et al., 2011).

Outro risco de contaminação de vegetais folhosos se dá por meio da

contaminação cruzada, que é a transferência, direta ou indireta, de bactérias ou

vírus de um produto contaminado para um não contaminado. Essa forma de

transferência de contaminação pode ocorrer por meio de práticas deficientes de

28

higiene, equipamento contaminado, armazenamento inadequado e contaminação

por manipuladores de alimentos (CARRASCO et al., 2012).

Ravishankar e colaboradores (2010) avaliaram a ocorrência de

contaminação cruzada de Salmonella enterica de um frango contaminado para

alface. Os autores relatam que após a tábua de corte e faca usadas no

experimento serem lavadas com sabão e água quente não foram detectadas

salmonelas, diferentemente de quando os materiais não foram lavados ou quando

passados na água quente corrente.

Assim sendo, os produtos frescos podem ser contaminados durante a

produção, colheita, processamento, em níveis de varejo ou nas cozinhas das

residências. Seja qual for o ambiente, o método mais estudado para reduzir o

nível de contaminação é o procedimento de lavagem (CARRASCO et al., 2012).

A principal forma de desinfecção utilizada em vegetais folhosos é a

utilização de hipoclorito de sódio, porém tem apresentado algumas limitações e

desvantagens, como redução da eficácia antimicrobiana e formação de

compostos organoclorados cancerígenos, como os trihalometanos, especialmente

quando acontece hipercloração da água para uso em alimentos com elevada

carga orgânica, produzindo níveis inaceitáveis desses produtos carcinogênicos.

Além disso, a preocupação da indústria de alimentos com a redução da utilização

de conservantes químicos tem sido levantada, devido a possibilidade de liberação

de materiais tóxicos no interior de produtos alimentares embalados. Na União

Europeia, produtos clorados já são proibidos no manuseio pós-colheita de

produtos orgânicos (GÜNDÜZ et al., 2009; LÓPEZ-GÁLVEZ et al., 2010;

AZEREDO et al., 2011; BAJPAI et al., 2012).

Estima-se que de 40 a 60% dos casos notificados de doenças

transmitidas por alimentos são resultado de práticas inadequadas de manipulação

de alimentos nas residências (RAVISHANKAR et al., 2010; BRASIL, 2013).

Percebe-se que existem muitas formas de contaminação dos vegetais folhosos e

aliadas a falta de informação dos consumidores sobre higienização eficiente é que

são necessárias cada vez mais, novas técnicas de desinfecção desses alimentos.

Sendo assim, a probabilidade de ocorrer uma doença transmitida por alimentos é

diminuída.

29

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37

CAPÍTULO 2 - ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO ÓLEO ESSENCIAL DE

MANJERONA (Origanum majorana) CONTRA Salmonella enterica sorovar

Schwarzengrund MULTIRRESISTENTE EM HORTALIÇAS DE CULTIVO

ORGÂNICO

ANTIMICROBIAL ACTIVITY OF MARJORAM (Origanum majorana) ESSENTIAL OIL AGAINST ANTIBIOTIC-RESISTANT Salmonella enterica serovar Schwarzengrund INOCULATED IN VEGETABLES FROM ORGANIC FARMING Jaqueline Fronza Walkera, Palloma de Souza Santosb, Cleber Alberto Schmidtc, Thereza Cristina Calmon de Bittencourtd, Alaíse Gil Guimarãesc. a Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos (PGALI), Faculdade de Farmácia, Universidade Federal da Bahia (UFBA). b Aluna de Iniciação Científica do Laboratório de Pesquisa em Microbiologia de Alimentos, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal da Bahia (UFBA). c Professor (a) do Programa de Pós-Graduação em Ciência dos Alimentos (PGALI), Faculdade de Farmácia, Universidade Federal da Bahia (UFBA). d Professora do Departamento de Produção Animal, Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal da Bahia (UFBA).

38

RESUMO

A eficácia antimicrobiana do óleo essencial de manjerona (OEM) quando aplicado a vegetais orgânicos inoculados com 4 log.UFC -1 de Salmonella enterica sorovar Schwarzengrund foi avaliada. Amostras previamente inoculadas de alface lisa (Lactuva sativa), couve (Brassica oleracea) e rúcula (Eruca sativa) foram imersas separadamente em três soluções de óleo essencial de manjerona (0,1%, 0,3% e 0,5%) durante 1 e 2 minutos. Controles de solução salina tamponada e solução de hipoclorito de sódio (250 ppm) foram realizados em paralelo. A enumeração de Salmonella foi realizada durante 3 dias consecutivos. Considerando todas as amostras, o óleo essencial produziu uma redução média na carga microbiana, variando 2,12 - 3,31 log.UFC-1, contra 1,86 - 2,81 log.UFC-1 obtido com o método tradicional de desinfecção com solução de hipoclorito. Em amostras de alface, a concentração de OEM a 0,5% mostrou eficácia semelhante ao controle de hipoclorito. A mesma concentração de óleo essencial testado em couve e rúcula mostraram atividade antimicrobiana significativa quando comparado com o mesmo controle. Testes sensoriais e afetivos mostraram boa aceitação do sabor do óleo essencial de manjerona em folhas de alface. De acordo com este modelo experimental, este óleo tem atividade antimicrobiana promissora contra Salmonella enterica sorovar Schwarzengrund e pode ser utilizado na redução ou substituição do hipoclorito de sódio no processo de desinfecção de produtos hortícolas.

1. INTRODUÇÃO

Entre os anos de 2000 e 2013, o principal agente etiológico identificado

em doenças transmitidas por alimentos (DTAs) foi a Salmonella spp., responsável

por 39,39% dos surtos no Brasil. Em 3409 casos relatados, o principal local de

ocorrência desses surtos foram as residências, o que demonstra a falta de

informação e de cuidado da população na manipulação de alimentos [1].

Dentre os alimentos envolvidos em surtos que tiveram aumento

progressivo dos casos foram as hortaliças, passando de sete no ano de 2000

para 109 casos no ano de 2012 [1]. Esses alimentos desempenham papel

importante na alimentação humana, já que são fontes de vitaminas e minerais.

Porém, as hortaliças são consumidas normalmente cruas e se o processo de

higienização não for realizado corretamente, podem conter micro-organismos

veiculadores de doenças por alimentos. Dessa forma, encontram-se cada vez

mais relacionadas a surtos de gastroenterites [2].

39

A garantia da segurança em se obter alimentos com características

nutricionais e organolépticas conservadas é o que tem motivado a busca por

conservantes naturais com potencial aplicação em alimentos. Porém, a escolha

de antimicrobianos naturais está vinculada à compatibilidade destes com o

alimento alvo, a efetividade contra micro-organismos indesejáveis, segurança,

entre outras características [3].

Os óleos essenciais de plantas são um exemplo de potenciais

antimicrobianos naturais bastante estudados para aplicação em alimentos e sua

grande maioria é classificada como GRAS (geralmente reconhecido como

seguro). São produtos obtidos através de materiais vegetais, em que seus

componentes e óleo extraído exibem propriedades antimicrobianas,

antitoxigênicas e antiparasitárias [4,5].

Com base na necessidade de desenvolver métodos naturais para

reduzir ou eliminar micro-organismos patogênicos em alimentos, é que a eficácia

do óleo essencial de manjerona (Origanum majorana) foi avaliada quando

aplicado em hortaliças provenientes da agricultura orgânica, inoculadas com

Salmonella enterica sorovar Schwarzengrund multirresistente.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Preparação da cultura bacteriana

A cepa de Salmonella enterica sorotipo Schwarzengrund, isolada de

frango in natura, resistente à ampicilina, cefalotina, cefotaxima, tetraciclina,

ceftriaxona, sulfametoxazol e ácido nalidíxico utilizada no estudo foi obtida da

coleção de culturas do Laboratório de Pesquisa em Microbiologia de Alimentos da

Faculdade de Farmácia-UFBA.

Para a reativação bacteriana, um inóculo da cepa mantida sob -8°C em

Caldo infusão de cérebro e coração (BHI; Himedia), acrescido de glicerol (10%),

foi retirado com o auxílio de alça bacteriológica e inoculado em Ágar triptona de

soja (TSA; Himedia). Em seguida, incubou-se a 37°C durante 24 horas.

40

A suspensão bacteriana foi preparada em solução salina estéril a

0,85% e ajustado com um densitômetro (Biosan®-DEN 1) ao padrão 0,5 da escala

Mac Farland (1,5 x 108 UFC.ml-1).

2.2. Hortaliças e óleos essenciais

Os óleos essenciais de alecrim (Rosmarinus officinalis), manjericão

(Ocimum basilicum) e manjerona (Origanum majorana) foram obtidos

comercialmente da empresa Laszlo Aromalândia (sob registro na ANVISA nº

2.04.758-2).

As hortaliças orgânicas (certificadas como orgânicas pelo Ministério da

Agricultura) utilizadas para este estudo foram adquiridas no comércio da cidade

de Salvador-BA. Foram avaliados três tipos diferentes de vegetais orgânicos:

alface lisa (Lactuva sativa), couve (Brassica oleracea) e rúcula (Eruca sativa).

2.3. Triagem da atividade antimicrobiana dos óleos essenciais

A avaliação da atividade antimicrobiana dos óleos essenciais foi

realizada utilizando a técnica de difusão em ágar com discos de papel de filtro

estéril (69 mg/cm2) [6] contra a cepa de Salmonella. Com o auxílio de um swab, a

suspensão obtida tal como descrito no item 2.1, foi espalhada uniformemente

sobre a superfície de uma placa com Ágar Müeller Hinton (Himedia) em três

direções. Em seguida, 15μL de cada óleo essencial puro (alecrim, manjericão e

manjerona) foram pipetados sobre os discos de papel de filtro estéreis (6 mm de

diâmetro) e dispostos em placas de Petri, as quais foram incubadas a 37°C ± 1°C

durante 24 h. Após a incubação, o diâmetro (mm) das zonas de inibição foram

medidos. Considerou-se como atividade antimicrobiana positiva quando

observada a zona de inibição do crescimento bacteriano de diâmetro superior a

10 mm [7]. Os ensaios foram realizados em duplicata, em três experimentos

independentes. Em paralelo, o mesmo ensaio foi realizado com dimetilsulfóxido

PA (DMSO; Synth), um dos solventes utilizado para a diluição dos óleos

essenciais [5].

41

2.4. Soluções do OE para tratamento antimicrobiano

As soluções do óleo essencial que apresentou melhor atividade

antimicrobiana foram preparadas em tampão fosfato-salino (PBS, pH 7,0), nas

concentrações de 0,1%, 0,3% e 0,5%, para imersão das hortaliças. Para a

incorporação do óleo no preparo destas soluções, foi utilizado dimetilsulfóxido PA

(DMSO) 10%. Após o preparo, as soluções foram utilizadas imediatamente.

2.5. Atividade antimicrobiana do óleo essencial contra Salmonella

Schwarzengrund em hortaliças

Os vegetais orgânicos depois de selecionados, foram lavados com

água potável e, em seguida, com água destilada, ficaram imersos em solução de

hipoclorito de sódio a 250 ppm por 20 minutos [8], para redução da microbiota

inicial. Para escoamento do excesso de hipoclorito de sódio, as folhas passaram

por centrifugação em equipamento manual devidamente esterilizado e

posteriormente foram divididas em pedaços menores e separadas em amostras

de 10g. Após este processo, as amostras foram inoculadas por imersão em

solução salina a 0,85% contendo 4 log UFC.mL-1 de S. Schwarzengrund durante

2 min, removidas da solução com o auxílio de uma pinça estéril, colocadas em

sacos individuais de polietileno estéreis e deixadas em câmara de fluxo laminar

durante 30 minutos para permitir a adesão dos micro-organismos nas folhas.

Cada amostra foi então submersa em uma das três soluções de tratamento do

antimicrobiano (200mL), durante um minuto (T1) e dois minutos (T2), com suave

agitação. Como controle, foram utilizadas amostras inoculadas como descrito

acima, imersas em solução tampão fosfato-salino (PBS, pH 7,0) e em solução de

hipoclorito de sódio a 250 ppm [8]. Imediatamente após o tratamento, as amostras

foram colocadas em sacos individuais de polietileno estéreis e armazenadas a

8°C.

Para determinar se havia contaminação inicial presente nas folhas,

foram analisadas amostras antes da inoculação e antes da secagem.

Para a enumeração de Salmonella, as amostras foram analisadas

imediatamente (dia 0) e também após armazenamento (nos dias 1 e 2). As 10g de

42

cada amostra foram diluídas em 90 mL de água peptonada tamponada e

homogeneizadas com o auxílio de um stomacher (Digital Blender® - MC 1204) por

1 minuto, seguido de plaqueamento nos meios HE (ágar Entérico de Hecktoen;

Himedia) e XLD (ágar Xilose Lisina Desoxicolato; Himedia).

As placas foram incubadas a 37°C durante 24 h. Os experimentos

foram realizados em duplicata em três ensaios independentes.

2.6. Análise sensorial

O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de

Nutrição da UFBA (CEPNUT), sendo aprovado sob o número 661.025 no dia 20

de abril de 2014 (ANEXO A).

Para a análise sensorial, as folhas de alface (obtidas do mesmo

produtor certificado) foram lavadas e higienizadas por imersão em hipoclorito de

sódio a 250 ppm [8]. Foi utilizado o óleo essencial que apresentou melhor

atividade antimicrobiana, bem como a melhor concentração. O azeite de oliva foi

utilizado para diluição do óleo essencial. As folhas de alface foram oferecidas em

pratos descartáveis e com garfos, sendo uma amostra sem tratamento, outra

imersa em azeite de oliva e a última em azeite de oliva com o óleo essencial. A

aceitabilidade das três amostras foi avaliada por meio de testes sensoriais

afetivos. As amostras foram servidas para 50 consumidores não-treinados,

utilizando uma apresentação monádica e uma escala hedônica de nove pontos,

variando de “gostei muitíssimo” e “desgostei muitíssimo” [9]. Os julgadores

também registraram sua intenção de compra para cada amostra na mesma folha

de pontuação, usando uma escala de atitude de cinco pontos [10].

2.7. Análise estatística

Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e a

diferença entre as amostras foi avaliada de acordo com o teste de Tukey a 5% de

significância, no software Statistical Package for the Social Sciences - SPSS,

versão 13.0.

43

3. RESULTADOS

3.1. Triagem da atividade antimicrobiana dos óleos essenciais

A atividade antimicrobiana dos óleos essenciais estudados (alecrim,

manjericão e manjerona) foi testada contra Salmonella enterica sorovar

Schwarzengrund multirresistente, pelo método de difusão em discos (Tabela 1). O

óleo essencial de manjerona mostrou a melhor atividade antimicrobiana. Os óleos

essenciais de alecrim e manjericão evidenciaram um espectro de ação similar

sobre o microrganismo testado. Observou-se em ordem decrescente de atividade

antimicrobiana: manjerona > manjericão > alecrim.

Devido ao seu melhor efeito sobre Salmonella enterica sorovar

Schwarzengrund multirresistente, o óleo essencial de manjerona foi escolhido

para a avaliação de sua atividade sobre três diferentes vegetais orgânicos (alface

lisa, couve e rúcula) artificialmente inoculados com o micro-organismo alvo.

Pela análise cromatográfica enviada pela empresa Laszlo (fornecedora

dos óleos essenciais), o principal componente encontrado no óleo essencial de

manjerona (Origanum majorana) foi o α-terpineol (ANEXO B).

Tabela 1. Atividade antimicrobiana dos três óleos essenciais contra Salmonella enterica sorovar

Schwarzengrund multirresistente determinado pelo método de difusão em discos

ÓLEO ESSENCIAL MÉDIA DO DIÂMETRO DA ZONA DE

INIBIÇÃO ± DP (mm)*

Alecrim 10 ± 1

Manjericão 11,3 ± 0,6

Manjerona 12,1 ± 0,9

(*) n=6

3.2. Atividade antimicrobiana do óleo essencial de manjerona contra

S. Schwarzengrund em vegetais orgânicos

Salmonella spp. não foram detectadas nas amostras tomadas antes da

inoculação, demonstrando que não houve influência da microbiota original sobre

44

as contagens posteriores. As amostras analisadas após a inoculação do micro-

organismo e secagem por 30 minutos, mostraram que os níveis de bactérias

permaneceram ao redor de 4 log UFC.g-1 em todos os vegetais testados.

De um modo geral, observou-se que todos os vegetais folhosos

tratados com as três concentrações do óleo essencial, nos dois tempos testados,

apresentaram redução da carga microbiana, como pode ser observado pela

Figura 1.

Figura 1. Redução da carga microbiana de Salmonella enterica sorovar Schwarzengrund

multirresistente nas folhas de alface, couve e rúcula tratadas com as concentrações de 0,1%,

0,3% e 0,5% do óleo essencial de manjerona nos tempos de contato de um minuto (T1) e dois

minutos (T2).

3.2.1. Atividade do óleo essencial de manjerona comparado com o

controle de hipoclorito de sódio 250 ppm em amostras inoculadas com S.

Schwarzengrund

Na amostra de alface tratada com hipoclorito de sódio, houve uma

redução média de 1,4 log UFC.g-1 no T1 e de 1,74 log UFC.g-1 no T2 (p < 0,05),

quando comparado ao controle com tampão fosfato-salino (Fig. 2). Para esta

amostra, não houve diferença estatística significativa entre as médias das

contagens microbianas entre o tratamento com hipoclorito de sódio e as três

concentrações do óleo essencial de manjerona (p > 0,05).

Nas amostras de couve tratadas com hipoclorito de sódio houve uma

redução média de 1,35 log UFC.g-1 para o tempo de contato T1 e 1,79 log UFC.g-1

0,5

0,9

1,3

1,7

2,1

2,5

2,9

3,3

3,7

4,1

4,5

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

Log

UFC

/g

Concentração do OE manjerona (%)

ALFACE T1

ALFACE T2

COUVE T1

COUVE T2

RUCULA T1

RUCULA T2

45

para o tempo de contato T2 (p < 0,05) em comparação ao controle com solução

tampão fosfato-salino (Fig. 3). As folhas de rúcula tratadas com hipoclorito de

sódio quando comparadas ao mesmo controle, apresentaram uma redução média

de 1,76 log UFC.g-1 para T1 e 2,33 log UFC.g-1 para T2 (p < 0,05) (Fig. 4).

Nas folhas de alface, couve e rúcula tratadas com as concentrações de

0,1% e 0,3% do óleo essencial de manjerona não se observou diferença

estatística significativa na média das contagens quando comparadas ao controle

com hipoclorito de sódio (p>0,05). Porém, as amostras de couve tratadas com a

concentração de 0,5% do óleo essencial mostraram reduções significativas nas

contagens médias. Mesmo quando comparado ao hipoclorito de sódio, a

efetividade do óleo essencial a 0,5% foi significativa, apresentando diferença

média de 1 log UFC.g-1 e 0,85 log UFC.g-1 entre estes tratamentos nos tempos de

contato 1 e 2 minutos, respectivamente (p<0.05) (Fig. 3).

Assim como ocorreu com as folhas de couve, observou-se que nas

folhas de rúcula o tratamento com óleo essencial de manjerona na concentração

de 0,5% mostrou maior atividade antimicrobiana que o hipoclorito de sódio. A

diferença média nas contagens microbianas entre estes dois tratamentos foi de

0,69 log UFC.g-1 e 0,5 log UFC.g-1 para T1 e T2, respectivamente (p<0.05) (Fig.

4).

Figura 2. Sobrevivência de Salmonella enterica sorovar Schwarzengrund em alface lisa orgânica utilizando o controle tampão fosfato-salino , controle com hipoclorito de sódio 250 ppm e soluções do óleo essencial de manjerona nas concentrações de 0,1% , 0,3 % e 0,5% nos tempos de tratamento de 1 minuto (A) e 2 minutos (B). n=3. Barra erro=DP.

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

Dia 0 Dia 1 Dia 2

Log

UFC

/g

A

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

Dia 0 Dia 1 Dia 2

Log

UFC

/g

B

46

Figura 3. Sobrevivência de Salmonella enterica sorovar Schwarzengrund em couve orgânica utilizando o controle tampão fosfato-salino , controle com hipoclorito de sódio 250 ppm e soluções do óleo essencial de manjerona nas concentrações de 0,1% , 0,3% e 0,5% nos tempos de tratamento de 1 minuto (A) e 2 minutos (B). n=3. Barra erro=DP.

Figura 4. Sobrevivência de Salmonella enterica sorovar Schwarzengrund em rúcula orgânica utilizando o controle tampão fosfato-salino , controle com hipoclorito de sódio 250 ppm e soluções do óleo essencial de manjerona nas concentrações de 0,1% , 0,3% e 0,5% nos tempos de tratamento de 1 minuto (A) e 2 minutos (B). n=3. Barra erro=DP.

3.2.2. Atividade do óleo essencial de manjerona comparado com o

controle de tampão fosfato salino em amostras inoculadas com S.

Schwarzengrund

Entre as amostras de alface lisa, a única que não mostrou diferença

estatística significativa na redução da carga microbiana inoculada em relação ao

controle de tampão fosfato-salino foi na concentração de 0,1% de óleo essencial

de manjerona no T1 (Fig. 2A). As amostras de alface tratadas com as

concentrações de 0,3% e 0,5% do óleo essencial no T2 (Fig. 2B), mostraram

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

Dia 0 Dia 1 Dia 2

Log

UFC

/g

A

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1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

Dia 0 Dia 1 Dia 2

Log

UFC

/g

B

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

Dia 0 Dia 1 Dia 2

Log

UFC

/g

A

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

Dia 0 Dia 1 Dia 2

Log

UFC

/g

B

47

reduções médias de 1,3 e 1,7 log UFC.g-1, respectivamente, quando comparadas

ao controle (p < 0,05).

Nas amostras de couve, a concentração de 0,5% do óleo essencial de

manjerona mostrou a maior redução média da S. Schwarzengrund, 2,36 log

UFC.g-1 no T1 (Fig. 3A) e 2,64 log UFC.g-1 no T2 (Fig. 3B) (p < 0,05).

As diferenças mais significativas nas médias das contagens da amostra

tratada com o óleo essencial e este controle foram observadas na amostra de

rúcula tratada com a concentração de 0,5% do óleo essencial no T2 (2,84 log

UFC.g-1; p<0,05) e no T1 (2,45 log UFC.g-1; p<0.05) (Fig. 4).

3.3. Análise sensorial

Dos 50 consumidores participantes da pesquisa, 82% eram do sexo

feminino e 18% do sexo masculino, com uma faixa etária de 19 a 43 anos. Os

resultados da análise sensorial podem ser observados na Tabela 2. Entre as

amostras tratadas somente com o azeite de oliva e as tratadas com o óleo

essencial de manjerona na concentração de 0,5% não houve diferença estatística

na aceitabilidade (p>0,05). Houve diferença estatística significativa (p<0,05) entre

as amostras de alface pura e aquelas tratadas com óleo essencial de manjerona e

com azeite de oliva.

Tabela 2. Teste de aceitação sensorial de alface com óleo essencial de manjerona, avaliado por

teste sensorial afetivo com 50 consumidores não treinados utilizando apresentação monádica e

escala hedônica de nove pontos.

Amostras Média da aceitabilidade

Alface 6,12b

Alface com azeite de oliva 6,90a

Alface com óleo essencial de manjerona na concentração de 0,5% incorporado ao azeite de oliva 6,84

a

Médias com a mesma letra não diferem significativamente, pelo teste de Tukey (p<0,05).

A intenção de compra está representada pela Figura 5 com a

porcentagem de consumidores em função de conceitos de compra. A amostra de

48

alface tratada com azeite de oliva apresentou a maior intenção de compra,

representada pelos conceitos “certamente compraria” (40%) e “provavelmente

compraria” (42%). Em seguida, vem a amostra tratada com o óleo essencial, com

36% e 40% de intenção para “certamente compraria” e “provavelmente

compraria”, respectivamente. A amostra de alface pura teve a menor

porcentagem de compra com relação ao conceito “certamente compraria”, com

16%.

Figura 5. Intenção de compra para as amostras de alface tratadas com óleo essencial de manjerona na concentração de 0,5% incorporado ao azeite, comparada ao azeite de oliva e a alface pura, utilizando uma escala de atitude de cinco pontos.

4. DISCUSSÃO

Entre os óleos essenciais testados (alecrim, manjericão e manjerona)

contra a Samonella enterica sorovar Schwarzengrund multirresistente, o que

apresentou melhor atividade antimicrobiana foi o óleo essencial de manjerona.

Alboofetileh e colaboradores [11] analisando a atividade antimicrobiana dos óleos

essenciais de alho, cominho, algaravia, canela, manjerona e coentro contra

Listeria monocytogenes, Staphylococcus aureus e Escherichia coli, concluíram

que o óleo essencial de manjerona também foi o mais efetivo.

A composição química dos óleos essenciais é variada, complexa e

depende da variedade, parte da planta utilizada, origem, processamento e

condições de armazenamento [11,5]. Estudos afirmam que o principal

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

1 2 3 4 5

Co

nsu

mid

ore

s (%

)

1=Certamente compraria; 2= Provavelmente compraria; 3= Talvez compraria/Talvez

não compraria; 4= Provavelmente não compraria; 5= Certamente não compraria.

Alface pura

Alface tratada com óleo essencial demanjerona na concentração de 0,5%

incorporado ao azeite de oliva

Alface tratada com azeite de oliva

49

componente encontrado no óleo essencial de manjerona é o terpinen-4-ol

[12,13,14,15,16,17,18].

A empresa fornecedora dos óleos essenciais utilizados nesse estudo,

realiza periodicamente análises cromatográficas dos seus óleos essenciais

comercializados, para certificação da pureza e autenticidade dos seus produtos.

Na sua última análise, o principal componente encontrado no óleo essencial de

manjerona (Origanum majorana) foi o α-terpineol e segundo Maróstica e Pastore

[20] este é um dos compostos mais utilizados na perfumaria.

O mecanismo de ação dos óleos essenciais em micro-organismos é

complexo, porém já é reconhecido que sua ação antimicrobiana depende de suas

características hidrofílicas ou lipofílicas, sendo que o mecanismo é relatado com a

ruptura aos fosfolipídios presentes na membrana celular, o que resulta em um

aumento da permeabilidade e extravasamento do citoplasma, ou também em

interações com enzimas localizadas na parede celular, sendo que o modo de

ação desses antimicrobianos depende também do tipo de micro-organismo

[20,21].

Baseado no modo de ação, em geral as bactérias Gram-positivas são

mais suscetíveis do que as Gram-negativas aos compostos lipofílicos dos óleos

essenciais, porém o óleo essencial de manjerona desempenha alta atividade

antimicrobiana em especial contra as bactérias Gram-negativas, o fato está

relacionado com a presença de grupos hidroxil nos compostos dos óleos

essenciais [22].

A contaminação e potencial desenvolvimento de micro-organismos

patógenos em hortaliças, principalmente em saladas prontas para o consumo tem

sido objeto de estudo. Recentes surtos de origem alimentar têm levado ao

reconhecimento desses produtos frescos como veículos emergentes de doenças

transmitidas por alimentos e a Salmonella é o micro-organismo mais

frequentemente relatado como causador das gastroenterites [23,24].

A desinfecção é uma das etapas mais críticas na produção de vegetais

frescos, afetando a qualidade, segurança e vida de prateleira do produto final,

visto que é responsável pela eliminação dos micro-organismos presentes. A

indústria de alimentos tem usado produtos do cloro como um dos sanificantes

mais eficazes para garantir a segurança de seus produtos. No entanto, existe uma

50

tendência em eliminar o cloro do processo de desinfecção de alimentos, já que há

uma preocupação sobre sua eficácia e sobre os riscos ambientais e de saúde

associados com a formação de subprodutos carcinogênicos, como os

trihalometanos, quando sua utilização não é feita da forma correta [25,26].

A avaliação da eficácia de diferentes tecnologias de desinfecção é

afetada por vários fatores, como propriedades físico-químicas da água de

lavagem e também do tipo de produto. Existe dificuldade também na comparação

de agentes descontaminantes pela diferença no método de inoculação, tempo de

secagem antes da lavagem e o método de detecção [27].

Nesse estudo foi realizada a análise da utilização do óleo essencial de

manjerona como método alternativo de desinfecção de vegetais folhosos, os

resultados obtidos mostraram que a concentração de 0,5% do óleo essencial de

manjerona foi mais efetiva do que o hipoclorito de sódio a 250 ppm (redução de

1,35 log UFC.g-1) nas folhas de couve no tempo de contato de 2 minutos (redução

de 2,64 log UFC.g-1). Kondo e colaboradores [28] avaliaram o tratamento de

alface inoculada com Escherichia coli, Samonella Typhimurium DT104 e

Staphylococcus aureus com hipoclorito de sódio a 200 ppm, sendo que a

contagem final ficou abaixo de 2 unidades logarítmicas. A imersão de tomates em

uma solução contendo 110 ppm de cloro por 2 minutos resultou na redução de

1,22 log no número de Salmonella Montevidéu [29]. Alface picada e tomate em

cubos foram inoculados com Salmonella Baildon em nível de 3,60 – 3,86 log

UFC.g-1 e tratadas com 120 ou 200 µg/ml de cloro, resultando em redução menor

que 1 log [30].

Nota-se claramente que a redução na contaminação microbiana, em

todas as amostras, ocorreu em função do tempo de exposição (T1 e T2) e da

concentração do OE, como pode ser observada na Figura 1.

As amostras de alface tratadas com o óleo essencial de manjerona nas

concentrações de 0,3 e 0,5% no tempo de contato de 2 minutos mostraram uma

redução média na carga microbiana inicial de 1,5 log UFC.g-1 quando comparadas

ao controle de tampão fosfato-salino. Moore-Neibel e colaboradores [31]

mostraram que amostras de alface Romana tratadas nas mesmas concentrações

e tempo de contato com o óleo essencial de capim santo tiveram a mesma média

na redução de Salmonella Newport.

51

Tanto para as folhas de couve como de rúcula, as maiores reduções na

contaminação foram observadas na concentração de 0,5% nos tempos de contato

de 1 e 2 minutos, assim como Moore-Neibel e colaboradores [32] mostraram que

essa concentração foi a mais efetiva na redução de Salmonella Newport em

amostras de alface Romana, alface Iceberg (americana) e espinafre orgânico

tratadas com óleo essencial de orégano. A análise de amostras de alface

Romana, alface Iceberg e espinafre tratadas na concentração de 0,5% do óleo

essencial de canela também mostrou maiores reduções da Salmonella Newport

[33].

Em frutas e hortaliças, a eficácia biológica dos óleos essenciais é

atribuída a propriedades intrínsecas (gordura, proteína, conteúdo de água,

antioxidantes, pH, sal) e extrínsecas (temperatura, embalagem, características

dos micro-organismos) desses produtos, sendo que o conteúdo de gordura de um

alimento pode ser um adversário direto sobre a eficácia dos óleos essenciais

quando testados contra os patógenos, já que a mesma serve de barreira para

esses micro-organismos [34,5,35].

O óleo essencial de manjerona mostrou diferenças na efetividade

antimicrobiana nas três hortaliças testadas, sendo mais efetivo nas folhas de

couve e rúcula. Isso se deve, possivelmente, às diferenças na morfologia da

superfície, rugosidade, hidrofobicidade e/ou hidrofilicidade, presença de

metabólitos secundários antimicrobianos nativos na superfície, à composição,

conteúdo de nutrientes e atividades metabólicas das hortaliças [36,37,32].

A menor eficácia do hipoclorito de sódio na eliminação de micro-

organismos em frutas e hortaliças também pode ser devido a fatores relacionados

às características dos vegetais folhosos, como: uma solução aquosa de

hipoclorito pode não molhar a superfície hidrofóbica da cutícula serosa desses

produtos, o contato com o tecido vegetal pode inativar o hipoclorito e a formação

de biofilmes pode proteger os micro-organismos contra os efeitos letais desse

composto [38].

Outro aspecto de fundamental importância para otimizar a aplicação de

óleos essenciais em alimentos é o impacto da aceitabilidade sensorial [22]. Neste

estudo, não houve diferença significativa na aceitação das amostras de alface

tratadas com azeite de oliva e aquelas contendo o óleo essencial de manjerona a

52

0,5% incorporado ao azeite de oliva, demonstrando que houve boa aceitação do

óleo essencial, além de uma intenção de compra de 36% no conceito “certamente

compraria”, seguido de 40% para “provavelmente compraria”.

Azeredo e colaboradores [38] analisaram a aceitabilidade dos óleos

essenciais de orégano e alecrim separadamente e também misturados. Quando

testados separadamente, apesar da eficácia em inibir o crescimento microbiano, a

concentração utilizada causou efeitos indesejáveis sobre os atributos sensoriais.

A maior aceitação sensorial foi dos vegetais tratados com os óleos misturados em

concentrações sub-inibitórias, ou seja, menores que as necessárias para

completa inibição dos micro-organismos.

5. CONCLUSÃO

Apesar da Salmonella utilizada no estudo ser resistente a sete

antimicrobianos, observou-se que os óleos essenciais testados foram efetivos na

redução desse micro-organismo, tanto na avaliação in vitro como nos testes

realizados nos vegetais folhosos. O óleo essencial de manjerona mostrou maior

atividade antimicrobiana contra o micro-organismo estudado. Os resultados

sugerem que esse óleo essencial, na concentração de 0,5% e tempo de contato

de dois minutos, pode desempenhar papel fundamental na substituição ou

redução da utilização de hipoclorito de sódio na desinfecção de hortaliças. Além

de que, suas características sensoriais mostraram boa aceitação por parte dos

consumidores que revelaram intenção de compra favorável para a hortaliça com

óleo essencial de manjerona.

6. REFERÊNCIAS

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57

ANEXOS

Anexo A. Parecer consubstanciado do projeto “Atividade antimicrobiana do óleo essencial de

manjerona contra Salmonella Schwarzengrund multirresistente em hortaliças de cultivo orgânico”,

aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Nutrição da UFBA (CEPNUT).

58

Anexo B. Análise cromatográfica do óleo essencial de manjerona (Origanum majorana)

disponibilizada pela empresa Laszlo Aromalândia.

59

APÊNDICES

Apêndice A. Ficha para avaliação da aceitabilidade (utilizando uma apresentação monádica e

escala hedônica de nove pontos) e intenção de compra (utilizando uma escala de atitude de cinco

pontos) das amostras de alface pura, alface tratada com azeite de oliva e alface tratada com óleo

essencial de manjerona incorporado ao azeite de oliva.

60

Apêndice B. Contagens médias (três dias) de Salmonella enterica sorovar Schwarzengrund (log

UFC.g-1

) das amostras de alface lisa, couve e rúcula orgânicos tratadas com os controles de

tampão fosfato-salino e hipoclorito de sódio (250 ppm), e a solução do óleo essencial de

manjerona nas concentrações de 0,1%, 0,3% e 0,5%, nos tempos de contato de 1 e 2 minutos.

ALFACE

TRATAMENTO TEMPO DE CONTATO

(MIN) Log UFC.g

-1 ± DP

Controle com solução tampão fosfato salino 1 3,65 ± 0,29

Controle com hipoclorito de sódio (250 ppm) 1 2,25 ± 0,41

Concentração de 0,1% do OE de manjerona 1 2,76 ± 0,54

Concentração de 0,3% do OE de manjerona 1 2,50 ± 0,19

Concentração de 0,5% do OE de manjerona 1 2,17 ± 0,30

Controle com solução tampão fosfato salino 2 3,65 ± 0,29

Controle com hipoclorito de sódio (250 ppm) 2 1,91 ± 0,47

Concentração de 0,1% do OE de manjerona 2 2,62 ± 0,63

Concentração de 0,3% do OE de manjerona 2 2,35 ± 0,29

Concentração de 0,5% do OE de manjerona 2 1,95 ± 0,50

COUVE

TRATAMENTO TEMPO DE CONTATO

(MIN) Log UFC.g

-1 ± DP

Controle com solução tampão fosfato salino 1 3,80 ± 0,15

Controle com hipoclorito de sódio (250 ppm) 1 2,45 ± 0,33

Concentração de 0,1% do OE de manjerona 1 2,55 ± 0,13

Concentração de 0,3% do OE de manjerona 1 2,30 ± 0,07

Concentração de 0,5% do OE de manjerona 1 1,44 ± 0,16

Controle com solução tampão fosfato salino 2 3,80 ± 0,15

Controle com hipoclorito de sódio (250 ppm) 2 2,01 ± 0,49

Concentração de 0,1% do OE de manjerona 2 2,47 ± 0,17

Concentração de 0,3% do OE de manjerona 2 2,18 ± 0,10

Concentração de 0,5% do OE de manjerona 2 1,16 ± 0,15

RUCULA

TRATAMENTO TEMPO DE CONTATO

(MIN) Log UFC.g

-1 ± DP

Controle com solução tampão fosfato salino 1 3,85 ± 0,07

Controle com hipoclorito de sódio (250 ppm) 1 2,08 ± 0,23

Concentração de 0,1% do OE de manjerona 1 2,67 ± 0,12

Concentração de 0,3% do OE de manjerona 1 2,38 ± 0,25

Concentração de 0,5% do OE de manjerona 1 1,40 ± 0,26

Controle com solução tampão fosfato salino 2 3,85 ± 0,07

Controle com hipoclorito de sódio (250 ppm) 2 1,51 ± 0,49

Concentração de 0,1% do OE de manjerona 2 2,50 ± 0,11

Concentração de 0,3% do OE de manjerona 2 2,10 ± 0,22

Concentração de 0,5% do OE de manjerona 2 1,00 ± 0,31